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Opinião, Renato Carreira
Gestão de frotas para motociclos
—— Com a entrada recente no serviço de gestão de frotas de motociclos, a empresa, que nasceu há dez anos, desbrava um novo segmento no mercado de gestão de viaturas
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Poucas empresas se podem orgulhar de dizer que 2020 terá sido o seu melhor ano. Ainda mais, se a sua atividade estiver centrada no sector automóvel, quando este foi um dos mais penalizados nesse período. Mas a Boxer tem vindo a dar sinais de resiliência e experiência no mercado, desde que foi fundada há dez anos. A última novidade terá sido o avanço para a gestão de frotas de motociclos, com os ctt, na qual teve que definir 150 fornecedores por todo o território e montar os processos de gestão e reporte com essas empresas.
A ideia para o negócio de motociclos surgiu de um desafio lançado pelos ctt, que possuem uma frota de veículos de duas rodas para as entregas de correio e encomendas em Portugal. “Iniciámos este projeto com um conjunto pequeno de viaturas, a fim de definir procedimentos e estudar quais as melhores práticas para este serviço”, diz Rui Pinto, diretor-geral da Boxer. O projeto começou com um testepiloto, que durou 18 meses e terminou em março de 2021. “A experiência permitiu afinar processos e escolher as metodologias mais eficazes para que possamos, neste momento, gerir toda a frota de motociclos e ciclomotores dos ctt”.
Os desafios da gestão de frotas de motociclos são diferentes da gestão de frota de automóveis. Um deles passou pela criação de parcerias com 150 oficinas de motas, englobando todo o território nacional.
“Na sua maioria, são pequenas oficinas, fora dos grandes centros urbanos, que prestavam serviços unicamente a nível local”, diz Rui Pinto. “Tivemos que definir procedimentos comuns a todas e dar-lhes formação para esses mesmos processos, incluindo relatórios semanais e mensais (de acordo com indicadores de desempenho previamente definidos), autorização para manutenções e reparações e procedimentos de faturação integrados”.
Este foi mais um passo na história da Boxer. Antes deste projeto, já tinha um acordo com a TraXall a nível internacional. Esta empresa escolheu a Boxer para ser a sua representante em Portugal, o que significa que os seus clientes, em território nacional, são encaminhados para a Boxer.
“Para nós, é uma parceria muito vantajosa, até porque a TraXall trabalha com métodos inovadores e de vanguarda, que partilha connosco, de forma a cumprirmos todos os requisitos exigidos nos seus regulamentos internos”, diz o diretor-geral.
Outro projeto importante é com a Europcar, já no terceiro ano de atividade. A Boxer gere, atualmente, uma frota com cerca de 1.000 viaturas, destinadas ao aluguer de longa duração. “Ao longo deste período, temos criado e cimentado uma extraordinária relação de envolvimento com toda a equipa da Europcar, no sentido de fazer crescer esta recente área de negócio”.
A empresa tem esperança nos próximos tempos. “O ano de 2020 foi o nosso melhor ano de sempre em termos de crescimento e de resultados, os quais foram fruto do nosso empenho e trabalho árduo diário, ao longo destes 12 anos. Encaramos o futuro com otimismo, tal como sempre o fizemos!”
Opinião
Renato Carreira
PARTNER DELOITTE
A mobilidade assente em energia renovável
São cada vez mais visíveis nas nossas estradas os veículos automóveis movidos parcial ou totalmente a energia elétrica. Mas se a oferta de veículos automóveis se tem vindo a adaptar às novas tendências, alargando cada vez mais o número de modelos disponíveis que são movidos, no todo ou em parte, através de energia elétrica, importa perceber o impacto que o aumento do consumo precisamente de energia elétrica poderá ter sobre a economia e o ambiente e se o nosso país terá capacidade de aumentar a produção da energia elétrica necessária com base em fontes renováveis, uma vez que, só assim, se conseguirá assegurar o impacto positivo sobre o meio ambiente que todos esperamos que esta mudança de paradigma ao nível da mobilidade nos possa trazer.
Neste sentido, importa destacar o Estudo realizado em 2019 pela Deloitte para a Associação
Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), que visou avaliar o impacto da eletricidade de origem renovável, no sistema elétrico e na economia nacional, tendo por base o período decorrido entre 2014 e 2018, bem como projetar esses impactos no contexto da política energética e nos objetivos estabelecidos pelo país até 2030 (ano em que se estima que o sector das energias renováveis em Portugal possa contribuir em mais de 80% para o mix de produção de eletricidade no país).
impacto económico/social do sector
Em termos de impacto no PIB, o Estudo em referência sinaliza que, no período 2014-2018, a contribuição das fontes de energia renovável atingiu cerca de três mil milhões de euros por ano (em média), o que equivale a aproximadamente 1,7% do PIB. Para 2030, esta contribuição deverá ascender a cerca de 11 mil milhões de euros (cerca de 4,6% do PIB).
Ao nível da capacidade de geração de emprego, o Estudo concluiu que, em 2018, o sector de produção renovável tinha cerca de 46 mil colaboradores (gerando um PIB por trabalhador de aproximadamente 70,7 mil euros). A estimativa do número de colaboradores das fontes de energia renovável em 2030 é de cerca de 160 mil (então com uma contribuição anual estimada para a Segurança Social de cerca de 116 milhões de euros).
Quanto ao imposto sobre os lucros que é estimado para o conjunto das empresas do sector de produção de eletricidade com base em fontes de energia renovável, o Estudo aponta para um total acumulado de cerca de seis mil milhões de euros com IRC e Derrama Municipal no período 2019-2030 (o que equivale ao total das receitas do IRC arrecadadas em 2019 pelo Estado de todas as empresas, ainda antes da queda significativa destas mesmas receitas verificadas em 2020 em virtude da pandemia provocada pela doença da COVID-19).
impacto ambiental do sector
Já no que se refere à contribuição da produção elétrica através de fontes de energia renovável para o ambiente, as conclusões do Estudo indicam que a produção de energia renovável, entre 2014 e 2018, permitiu evitar a emissão de mais de 55 milhões de toneladas de CO2 e poupar mais de 427 milhões de euros com licenças de CO2. No período entre 2018 e 2030, é estimado um aumento 6,7% por ano dos valores das emissões evitadas de CO2 em virtude do reforço previsto da utilização de fontes de energia renovável na produção de eletricidade.
impacto do sector na dependência energética Com referência ao impacto da dependência energética, o mesmo é estimado no Estudo com base na quantificação do efeito de substituição de importações de energia elétrica e de combustíveis fósseis para geração de eletricidade, nomeadamente carvão e gás natural, bem como na determinação do impacto dessa substituição na taxa de dependência energética.
Assim, as conclusões do Estudo apontam para que em 2018 se evitaram cerca de 1,2 mil milhões de euros em importações de combustíveis fósseis em Portugal para a produção de eletricidade. Para o período de 2018 a 2030, as poupanças nas importações de combustíveis fósseis deverão ascender a mais de 27 mil milhões de euros.
Contudo, importa salientar que, em 2018, a dependência energética de Portugal face ao exterior atingiu quase 77%, sendo expetável uma redução gradual dessa dependência de combustíveis fósseis importados até 2030, quando se espera atingir os 65,8%.
Podemos assim concluir que são múltiplos os planos onde se esperam benefícios para o país decorrentes do aumento da capacidade de produção elétrica com base em fontes de energia renovável, aos quais se acrescentam a capacidade de fornecer, de modo mais autónomo e ambientalmente sustentável, energia elétrica para o crescente número de veículos automóveis movidos a este tipo de energia e permitindo a gradual redução do recurso a veículos movidos a motor de combustão. Esperase que o quadro regulatório e tributário aplicável aos veículos ambientalmente mais sustentáveis continue a incutir uma diferenciação positiva face às formas de mobilidade mais poluentes.