estratégia para enfrentar esse período. Planejar a semana, definir objetivos diários alcançáveis ajuda no senso de autocontrole. A rotina de alimentação e das tarefas domésticas podem incluir a participação das crianças, o que fortalece laços e o senso de responsabilidade. O tempo para o autocuidado, com exercícios físicos incluídos na rotina diária da criança e sua família, contribui nesse enfrentamento (WANG et al, 2020; FEGERT et al, 2020). O retorno à vida escolar deverá ser gradual para permitir o aprendizado e construção conjunta de práticas de proteção e cuidados. Esse processo coletivo visa ampliar a sensação de segurança necessária para novas formas de viver em grupo. Enquanto a situação epidemiológica exigir, esse retorno escolar pode ser novamente interrompido ou estarão incluídas medidas como o uso máscaras, higiene frequente das mãos e o distanciamento físico. Para as crianças pequenas, essas estratégias são ainda mais difíceis de realizar e requer tempo e paciência. Estimular a imaginação, desenhar e se inspirar nos heróis permitem às crianças brincarem com a realidade e com isso transformá-la (WINNICOTT, 1975). Sendo gradual, esse processo visa também um a melhor acolhimento de todos - crianças, pais e profissionais -, no sentido de se poder falar dos medos e das experiências durante o distanciamento, construindo sentido a tudo o que vivido. Crianças e jovens geralmente se sentem aliviados se conseguem expressar e comunicar seus sentimentos perturbadores em um ambiente de apoio e segurança. É essencial acolher e conversar sobre a pandemia, sobre sentimentos que persistem, como tristeza e o medo da morte. Alguns podem desenvolver estresse pós-traumático e necessitarão cuidados profissionais. (IASC, 2015; BROOKS et al, 2020). O mais rico aprendizado que poderá ficar desse período é o cuidado mútuo entre as pessoas e destas com o ambiente em que vivem. Os conteúdos acadêmicos podem se transformar e devem ser repensados nesse momento. A pandemia gera uma urgência por aprender, identificar e desenvolver recursos para enfrentar uma nova situação de crise; um aprendizado fundamental para o desenvolvimento individual e coletivo do ser humano e uma estratégia essencial para garantia da saúde mental.
Referências ALMEIDA, S.A. et al. Saúde mental da criança e do adolescente. Barueri: Manole, 2019. 2010p. (Série Pediatria SOPERJ). BRONFENBRENNER, U. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados. Porto Alegre: Artmed, 1996. BROOKS, S.K.et al. The psychological impact of quarantine and how to reduce it: rapid review of the evidence. Lancet, v.395, n.10227, p.912-920, 2020. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/S01406736(20)30460-8>. Acesso em: 3 ago. 2020.
25