CAPÍTULO IV ASPECTOS NUTRICIONAIS A pandemia de COVID ‐ 19 apresenta efeitos colaterais que se estendem além daqueles da infecção viral direta (Ahmed et al, 2020). Embora a COVID não aparente ter efeitos severos diretos na população infantil, os efeitos indiretos da pandemia são relevantes. Dentre estes podemos citar agravos referentes ao estado nutricional (ZAR et al, 2020). Os bloqueios globais relacionados à COVID-19 obstruíram todos os estágios da cadeia de suprimento de alimentos incluindo processamento e produção, transporte e distribuição e consumo, forçando milhares de famílias a acessar alternativas pobres em nutrientes. Como resultado da escassez de alimentos, aumento dos preços dos alimentos e / ou perda de renda devido ao aumento das taxas de desemprego, alertas globais de insegurança alimentar foram emitidos. Entre crianças e adolescentes, a exposição à insegurança alimentar está associada a inadequações alimentares, comprometimento do crescimento e desenvolvimento, baixa escolaridade, déficits cognitivos, problemas crônicos de saúde física e mental e morte (PASLAKIS et al, 2020; FORE et al, 2020). Por outro lado, práticas restritivas de alimentação infantil estão constantemente ligadas ao risco de obesidade pediátrica, contribuindo assim para a epidemia da obesidade infantil. (PASLAKIS et al, 2020). Acredita-se que esses efeitos nutricionais projetados da pandemia global podem estar subestimados, pois não levam em conta o efeito potencial na nutrição materna, deficiências de micronutrientes e crescimento intrauterino, bem como impactos em programas de saúde materna e infantil que podem impactar crescimento linear e baixa estatura na infância (AKSEER et al, 2020). A Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) é compreendida como o direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis (BICALHO; LIMA, 2020). No Brasil o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é considerado a política pública mais abrangente e exitosa em vigor. Criada entre as décadas de 40 e 50, oferece refeições a mais de 40 milhões de estudantes brasileiros (REIS et al, 2020; SIPIONI et al, 2020). A alimentação escolar brasileira cumpre um papel de proteção social, ao proporcionar, não apenas a eliminação da fome, mas também contribui no crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, na aprendizagem, no rendimento escolar, bem como na formação de práticas alimentares saudáveis, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e
34