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1979-1983: De volta à luz do dia
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O público pressiona os deputados no dia da votação da Anistia (22 de agosto de 1979); uma Câmara ainda submissa vota a lei que a ditadura quer, restrita e “recíproca”; 11 presos políticos (quatro deles do PCdoB) são libertos no dia 28; outros 42 continuam encarcerados, pois foram condenados por “crimes de sangue”
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Manifestação de familiares dos desaparecidos políticos
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No mesmo mês da Anistia, o arcebispo de São Paulo, do Paulo Evaristo Arns (acima) inicia o Projeto Brasil Nunca Mais, que em 1985 produz o livro ao lado; com apoio do rabino Henry Sobel e do pastor Jaime Wright, o Projeto faz um levantamento sistemático dos crimes da ditadura, inclusive listando 444 torturadores
PRESOS LIBERTOS, EXILADOS DE VOLTA
Teotônio Vilela com Elza Monnerat quando ele visitava os presos políticos um pouco antes da decretação da anistia. A imagem é um frame extraído do filme O Evangelho segundo Teotônio do diretor Vladimir Carvalho
29 de agosto de 1979: Elza Monnerat, sorridente, deixa a prisão
Aldo Arantes ao ser libertado, com a esposa Dodora e os filhos André e Priscila; abaixo, Haroldo Lima pouco antes da Anistia, entrevistado pelo jornal Movimento, e já de volta à militância na Bahia
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Arruda é recepcionado por militantes em aeroporto de Campinas (SP). Embaixo, em debate com o militante da Convergência Socialista e presidente da Adunicamp, José Vitório Zago
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Arruda cumprimenta José Salles (PCB) diante de Apolônio de Carvalho Renato Rabelo, ao lado de Artur de Paula, é recepcionado no aeroporto de Salvador
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Haroldo Lima, assinalado, e Renato Rabelo noutro ângulo da recepção em Salvador. Assinalada Ana Guedes militante dos direitos humanos da Bahia
O RETORNO DE AMAZONAS
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Última foto de Arruda, já mostrando visível desconforto
Enterro de Arruda: Elza Monnerat rende tributo, Antônio Barbosa, José Duarte, Genoíno, José Novaes e Haroldo Lima acompanham; a bandeira do Partido que cobre o caixão é provavelmente a primeira a aparecer em público desde 1964 Maria Trindade, presa durante a chacina da Lapa, abraça João Amazonas; acima, convite para o ato no aeroporto, onde a recepção foi impactada pela fulminante morte de Diógenes Arruda
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Cartaz de Pestana para homenagem a Arruda em 1989
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O sepultamento de Diógenes Arruda, no Cemitério São Paulo, é um testemunho de que a causa que conduziu sua existência vai prosseguir. Estão à vista na foto Florestan Fernandes, José Luís Guedes, José Dalmo Ribas, Elza Monnerat, Olívia Rangel, José Genoíno, Lejeune Mirhan, Dilair Aguiar, José Novaes, Barbosinha, entre outros.
A TRIBUNA
Em outubro de 1979 o PCdoB lança a Tribuna da Luta Operária (TLO), jornal de massas, quinzenal no início, semanal após a 61ª edição; Rogério Lustosa é o diretor e Bernardo Joffily o redator-chefe; a Tribuna passa a ser uma expressão legal do Partido, ainda formalmente proibido; Elifas Andreato cria o logotipo do jornal; e presenteia também o quadro ao lado, que passa a ser uma espécie de símbolo
A Tribuna Operária sofre perseguição ditatorial: as duas edições (à esq. e abaixo), entre outras, são apreendidas pela Polícia Federal; muitos “tribuneiros” são presos ou agredidos nas ruas e portas de fábrica; à direita, a primeira edição do jornal 23
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Protesto no Rio contra atentado anterior (1980), que que explode bomba na sucursal carioca da Tribuna
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02/1982 - Valorosa equipe da Tribuna da Luta Operária (TLO), comandada por Rogério Lustosa. Além dele, aparece Bernardo Joffily, Olívia Rangel, Divo Guisoni, Carlos Pompe, Altamiro Borges, Luiz Gonzaga, Domingos de Abreu, Márcia Viotto, Luís Carlos Leite, Múcio Rodolfo Neto e Eliandre (lia). O jornalista responsável era Pedro de Oliveira.; abaixo, inauguração da sucursal de Campinas (SP); as sucursais funcionam como sedes informais do ainda proibido PCdoB
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Ronald Freitas, diretor administrativo dos primeiros tempos da Tribuna, fala a militantes do Ceará
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Trabalhadores de fábrica de Barrinha (SP) leem a Tribuna
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Rogério Lustosa no lançamento do jornal no Rio (acima, ao centro da foto) e em palestra em Alagoas (à esquerda)
Acima e ao lado, leitores da Tribuna na estiva do Acre
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“Tribuneiros” Augusto Buonicore, 21 anos, e Carlos Daniel Toni, oito anos; os “tribuneiros” são a alma do jornal, garantem que ele chegue ao povo
Escombros os arquivos do jornal depois do incêndio criminoso na madrugada da Páscoa de 1984 (três dias antes da emenda das diretas ser votada); após o fogo, a Polícia Federal saqueia o acervo dos arquivos e nunca os devolveu Policial exibe cartaz assinado pelo Partido
O deputado estadual Benedito Cintra e o vereador Walter Feldman, ambos do PCdoB, visitam a redação após o ataque; ; acima, charge de Jaime Leão; muitos outros se solidarizam, do cantor Ivan Lins ao escritor Fernando Morais, Ulysses Guimarães, Orestes Quércia, Fernando Henrique Cardoso...
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O trabalho de reconstrução começa imediatamente, com mão de obra e recursos vindos da solidariedade “tribuneira” Rogério Lustosa, diretor da Tribuna, e o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh denunciam o confisco de mais de 8 mil fotos pela PF, acima, em coletiva de imprensa, e abaixo, em ato de protesto na Assembleia Legislativa paulista
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Metalúrgicos de São Bernardo (SP) em assembleia no estádio de Vila Euclides durante a greve de 41 dias em 1980, a mais longa e radical, da maré grevista iniciada em 1978, com intervenção no Sindicato, prisão de Lula e outros líderes Sobrado da Rua Capitão Macedo, Vila Mariana, que sedia o Comitê Regional do PCdoB-SP; mais tarde torna-se a sede da campanha pela legalidade
ASCENSO DO MOVIMENTO CAMPONÊS, OPERÁRIO E ESTUDANTIL
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No 1º de Maio de 1980, em plena greve, o governo interdita o Vila Euclides; a PM cerca a multidão na Praça da Matriz; por fim, o governo cede; acima, o comunista João Batista Lemos, operário da Volks, discursa para 100 mil pessoas no Vila Euclides
55 Raimundo Lima, o Gringo, entrevistado pela Tribuna, 1980; sindicalista de Conceição do Araguaia, bem onde houve a Guerrilha, será morto dias depois
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Programa e ficha da Judepro, organização juvenil herdeira da UJP e precursora da UJS; embaixo, 300 jovens na reunião de fundação e Luciano Martorano, presidente da Judepro; Aldo Rebelo em dois momentos do 32º Congresso da UNE, Piracicaba (SP), outubro de 1980; um mês depois ele será o único presidente da UNE escolhido em eleição direta, com 380 mil votantes
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1982: Congresso em Piracicaba (SP) elege Clara Araújo; pela primeira vez uma mulher preside a entidade
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O Partido atua nas escolas por meio da tendência estudantil Viração (cartaz acima)
Campanha da Viração para o DCE da PUC-São Paulo em 1981
VIRAÇÃO
A Viração lidera as campanhas do movimento estudantil que tem como centro as lutas em defesa da democracia dentro das universidades
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Prisão de Javier Alfaya, presidente da UNE (1982); como ele nasceu na Espanha (veio para o Brasil com sete anos), a ditadura tenta extraditá-lo; à direita, cartaz e manifestação de rua em defesa de Javier
Galera da Viração secundarista de São Paulo em 1982. A chapa deles ficou em segundo lugar na eleição direta para direção da UPES ocorrida naquele ano, perdendo para o pessoal do Alicerce. Mas a Viração era uma tendência em rápida ascensão e ganharia a entidade em 1985, tendo à frente Sueli Scutti. Na foto aparecem: Marta Regina Maia, candidata à presidenta da UPES, Iracema Guizoni, Laldert Castelo Branco, Janaína Telles, Nicola Martorano entre outros
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Mesa do Congresso de Reconstrução da Ubes no Paraná em outubro de 1981. No microfone, Breno Altman. Na foto à esq., parte da bancada da Viração secundarista. Na foto aparecem Marta Maia e Cláudia, membros da Viração. E Breno Altman e Sérgio Amadeu, que seria eleito primeiro presidente da Ubes reconstruída
Três dirigentes da gestão de reconstrução da UBES, ligados à Viração, dão entrevista à Tribuna da Luta Operária em junho de 1982. Eram eles Apolinário Rebelo (vicepresidente), Virgílio Alencar (departamento de imprensa) e Marta Maia (departamento feminino). No ano seguinte Apolinário seria eleito presidente da entidade num congresso em Campinas
10 de setembro de 1980 – O secretário-geral do PCdoB João Amazonas ministra palestra na sede da Associação Brasileira de Imprensa em São Paulo durante o lançamento do livro O Imperialismo e a Revolução, de Enver Hodja. Esta foi a primeira publicação da editora Anita Garibaldi. A promoção coube ao Centro de Cultura Operária (CCO). À mesa, estão o veterano comunista José Duarte, João Amazonas e Ronald Freitas e, também, Antonio Barbosa (o Barbosinha) que não aparece na foto
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O aniversário da Revolução Russa em 1980 é um teste de força para o Partido nas condições pós-Anistia; 1.800 militantes, na maioria operários, lotam o cine Roxy, no Brás, Zona Leste de São Paulo, para ouvir João Amazonas; “Também o Brasil será socialista”, antevê o palestrante; acima, aspecto da plateia, Amazonas durante a palestra e cartaz de convocação para a atividade; abaixo, mesa do evento
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PROPAGANDA DO SOCIALISMO NA SEMICLANDESTINIDADE
Ascenso da mobilização popular contra a ditadura
Amazonas fala no lançamento do CCO na Bahia
Ato em 14 de março de 1983 homenageia Karl Marx no centenário de sua morte. Na Bahia, o representante da Tribuna, Arthur de Paula, abre palestra sobre Karl Marx
77 Primeiro livro de Amazonas depois da Anistia: circula legalmente
Primeira reunião da diretoria do centro de cultura operária em maio de 1980, pouco depois de sua fundação, dirigido por Zé Duarte. Na foto aparecem Vital Nolasco, Cesar Telles, Amélia Telles, Barbosinha, entre outros
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Edição número 1 do Cadernos de Cultura Operária, uma publicação do Centro de Cultura Operária. A primeira edição é uma homenagem ao centenário de Karl Marx em 14 de março de 1983
Acima, faixa da Tribuna e lema comunista na Conclat (Conferência da Classe Trabalhadora), Praia Grande (SP), agosto de 1981; abaixo, o jornalista Carlos Pompe, da Comissão Executiva da Conclat, cujo boné orientou a bancada do PCdoB nas votações
RETOMADA DO MOVIMENTO SINDICAL
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Acima, Aurélio, apoiado por Teotônio Vilela (de óculos), lidera a Chapa 3 no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (1981) e apoia Vital Nolasco (de bigode, na foto abaixo) na chapa da situação (1984); o Partido testa diferentes vias para estreitar o laço com a classe Realiza-se na cidade de Praia Grande, de 4 a 6 de novembro de 1983, o 1º Congresso Nacional da Classe Trabalhadora. Sob forte divisão do movimento sindical desde a Primeira Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora) o Conclat de 1983 tem como uma de suas bandeiras a reunificação do movimento sindical na Central Única dos Trabalhadores. (CUT). Ao microfone, na foto ao lado, Alice Portugal
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Pedro de Oliveira, diretor do Sindicato dos Jornalistas de SP, fala em evento intersindical
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Chapa de oposição à diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, então presidido por Lula, na eleição sindical de 1981. O grupo oposicionista era composto por elementos do PCdoB, MR-8, PCB. Na foto à direita: o pcdobista João Batista Lemos (de barba) e o encabeçador da chapa, Osmarzinho
LUTA POR MORADIA
Com o início da abertura democrática e a crise social que alarmava o país, cresceram em volume e importância os diversos movimentos ligados às questões de moradia. Em todos os conglomerados urbanos as associações de moradores cresciam e desenvolviam lutas nos bairros populares e operários.
91 João Batista Lemos, metalúrgico demitido pela Volks, em 1982 lidera a ocupação das casas abandonadas do conjunto Centreville, por 600 famílias sem-teto de Santo André (SP)
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04 de novembro de 1981. Anna Martins entrega documento para secretário do prefeito de São Paulo com exigências para o não aumento das tarifas de ônibus, aumento esse que contribuiria com a carestia Inácio Arruda, presidente da Associação de Bairros e Favelas de Fortaleza, em agitação de rua do movimento cearense de moradores
Francisco Monteiro, Benedito Cintra e Aurélio Peres, respectivamente candidatos a vereador, deputado estadual e federal. Em campanha na cidade de Campinas
Haroldo Lima na campanha eleitoral de 1982; o confronto na Bahia é especialmente acirrado: o governador Antonio Carlos Magalhães, ou ACM, acusa o PCdoB de instigar a grande revolta popular de agosto de 1981 (à esquerda) contra o aumento dos ônibus; cerca de cem comunistas são presos, inclusive Haroldo
Materiais de campanha; o PCdoB, proibido, lança seus nomes pela legenda do PMDB
A ELEIÇÃO DE 1982
100 Paulo Fonteles discursa no comício em Palestina, São João do Araguaia (PA), na campanha que o elege deputado estadual
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O Partido reelege Aurélio (SP) e envia à Câmara Federal Aldo Arantes (GO), Haroldo Lima (BA) e José Luís Guedes (MG, ao lado), que retorna do exílio após a Anistia Aldo Arantes pede votos em Goiânia pelo Bloco Popular do PMDB; assinalados, Adalberto Monteiro e Euler Ivo, futuros vereadores na cidade
Rogério Lustosa, João Amazonas e José Duarte em palestra sobre socialismo na SBPC, Unicamp, Campinas, 1982
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Cartaz, mesa e público do 60º aniversário do PCdoB com palestra de Joao Amazonas no Sindicato dos Jornalistas – São Paulo 25-03-82; ainda proibido, o Partido se vale da Tribuna Operária e de subterfúgios para fazer a comemoração
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60 ANOS DO PCdoB
O aniversário de 60 anos do Partido Comunista do Brasil empolgou a militância que engrossava a campanha pela legalidade e as fileiras da luta contra o arbítrio
O PCdoB defende a constituinte desde 1966 e lutou pela sua convocação
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Eron Bezerra (de boné) nos anos 1980 leva o trabalho do Partido aos índios Tenharim, no sul do Estado do Amazonas
A crise da dívida externa gera demissões e o PCdoB mobiliza os sem-emprego; após comício de Aurélio Peres no Largo 13 de Maio, Zona Sul paulistana (abril de 1983), desempregados deflagram onda de saques
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21 de julho de 1983: primeira greve geral nacional desde o golpe de 1964; a ditadura intervém no Sindicato dos Metroviários de São Paulo, pelo papel deste na paralisação; à esquerda, comunistas alagoanos presos durante a greve, entre eles Ênio Lins
PCdoB NA SEMICLANDESTINIDADE LIDERA AS LUTAS COM O POVO
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À esquerda Aldo Rebelo encabeça manifestação de desempregados. Acima, o deputado Aurélio Peres aparece na frente das grades do Palácio dos Bandeirantes, derrubada pelos manifestantes
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Marco Zero de São Paulo, 1º de Maio de 1983: as bandeiras comunistas voltam à praça pública, agora em quantidade
Em 1981, João Amazona lança Princípios, “revista teórica, política e de informação”; ao lado, capa do número de estreia
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116 A ilustração com os rostos de Marx, Engels, Lênin e Stalin é amplamente usada no material partidário neste período
Lúcia Poço, 24 anos, quadro operário do PCdoB, dirige o 1º Congresso da Mulher Metalúrgica de São Paulo, em 1979; acima, o cartaz de Laerte para o Congresso Janeiro de 1983 - 6º Congresso do PCdoB – o último realizado na clandestinidade. (Composição das capas das resoluções)