Foca Livre 218

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Entrevista

Cultura

FOCA LIVRE Jornalismo UEPG · Agosto de 2021 · nº 218

Violência contra crianças, adolescentes e mulheres cresce durante a pandemia

Perigo no Jardim Carvalho

Educação

Sociedade

Cidade

Economia


OPINIÃO FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

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Editorial

O

jornal laborato­ rial Foca Livre, do curso de Jor­ nalismo da UEPG, tem como compromisso le­ var informação aos pon­ ta­grossenses. Sabemos que o Foca Livre é um jornal impresso, porém, durante a pandemia o curso optou por não o realizar desta forma. Is­ so não significa que ele deixou de cumprir a sua principal função, que é informar. Mesmo em meio a uma pandemia, o jornal continua a ser produzido de maneira remota pelo segundo ano consecutivo. Tudo para abordar pautas pertinentes a Ponta Grossa e região e para deixar a todos informa­ dos. Pois, reconhecemos o nosso dever e entende­ mos o direito de todos em saber sobre o que acontece na cidade. A pandemia ainda segue afetando milhões de pessoas pelo mundo. No Brasil, o número de mortos se aproxima de 600 mil. Em Ponta Grossa, de 2 mil. Núme­ ro perverso, que englo­ ba tantos Joões, Marias, Josés, Ritas, Francis­ cos... Justamente por is­ so, a imprensa não pode se ver isenta em não di­ vulgar tantas notícias ruins em um curto espa­

Estudantes e professores fizeram o fechamento do jornal trabalhando de casa

ço de tempo. Com a edi­ ção 218 do Foca Livre não foi diferente. Neste contexto, as­ suntos como o processo de fiscalização dos de­ cretos municipais im­ postos pela Prefeitura Municipal da cidade, além das próprias medi­ das tomadas pelo mu­ nicípio para conter a pandemia contemplam as páginas desta edição. Temas com a eco­ nomia local, saúde como um todo, turismo, inves­ timentos por parte da prefeitura no combate contra a Covid­19 refor­ çam o comprometimento da edição em continuar abordando a pauta sobre a pandemia. Embora o momen­ to seja de atenção à saú­ de, esta edição também aborda outros assuntos, como o posicionamento do sindicato dos profes­ sores sobre aulas pre­

Expediente Editoras­chefe: Isadora Ricardo, Leriany Barbosa, Quézia Bonato, Tamires Limurci. Edição de texto: Ana Carolina Barbato, Ana Luiza Bertelli Dimbarre, Carlos Solek, Carolina Olegário, Cassiana Tozati, Diego Chila, Helena Denck, Kathleen Schenberger, Lilian Magalhães, Lucas Ribeiro, Maria Eduarda Ribeiro, Maria Luiza Pontaldi, Mariana Gonçalves, Mariana Real, Sabrina Luz.

senciais e o prejuízo de estudantes que, presos a contratos, continuam pagando o aluguel mes­ mo sem utilizar os imó­ veis. Pautas referente ao assédio moral e violência contra mulheres, crian­ ças e idosos estão em destaque. Tópicos sobre cultura e educação, du­ rante o cenário pandê­ mico, também estão no Foca Livre 218. A entrevista desta edição foi com o jogador ponta­grossense Bruno Fuchs, que foi convoca­ do pela Seleção Brasilei­ ra de Futebol para disputar os Jogos Olím­ picos de Tóquio 2020. Bruno fala sobre a con­ vocação, a falta de torci­ da nos estádios e a experiência de represen­ tar o Brasil em um mo­ mento histórico. Para elaborar a edição 218 do jornal, to­ das as reuniões foram

realizadas de maneira remota, com cada aluno e professor em suas res­ pectivas casas. Muitos estão fora de Ponta Grossa. Há quem esteja, inclusive, fora do Para­ ná. Em nenhum momen­ to os alunos precisaram sair à rua para realizar as reportagens e entrevistas. Foi preciso comprometi­ mento por parte da turma e dos professores para en­ tregá­lo. Os poucos re­ cursos e, lógico, o mo­ mento turbulento ao qual vivemos, não nos impediu de entregar mais uma edição do jornal Foca Livre. Aos amantes da li­ teratura, o Foca traz uma lista de livros de poemas paranaenses. A escolha surgiu porque, neste mês de agosto, co­ memora­se o aniversá­ rio do saudoso escritor e poeta, Paulo Leminski. Por fim, esta edição dei­

xa um ar de esperança a todos os leitores. Com o avanço do calendário de vacinação no Brasil, muitos pais, avós e demais parentes dos alunos já foram imunizados contra o co­ ronavírus. Por isso, o ensaio mostra a felicida­ de das pessoas em po­ derem exibir suas carteirinhas de vacina­ ção com o espaço para as doses dos imunizan­ tes preenchidos. As fotos retratam pessoas que sobrevivem a uma pandemia, que venceram os obstáculos impostos durante esse último ano e que conti­ nuam persistindo. Caso não tenha sido vacinado ainda, que você, caro leitor, até a próxima edição já tenha conquis­ tado, ao menos, a sua primeira dose do imu­ nizante. Cuide­se e tenha uma boa leitura!

Foca Livre é o jornal­laboratório do curso de Jornalismo da UEPG Contato: uepgfocalivre@gmail.com Departamento de Jornalismo UEPG ­ Campus Central ­ Praça Santos Andrade, n°01 ­ Centro CEP: 84010­330 ­ Ponta Grossa ­ PR ­ Telefone: + 55 (42) 3220­3389

Edição de imagens: Catharina Iavorski, Janaína Cassol, Kadu Mendes, Valéria Laroca.

Jornal produzido e editado na disciplina “Núcleo de Redação Integrada I” Professores responsáveis: Jeferson Bertolini e Rafael Kondlatsch (MTB 6730 ­ PR)

Diagramadores: Ana Moraes, Amanda Martins, Heryvelton Martins, Lincoln Buch, Malu Bueno, Matheus Gaston, Vinicius Sampaio, Victória Sellares, Vittória Mulfait, William Brasil.

Notícias integradas com a disciplina “Produção e Edição de Textos Jornalísticos II” Responsável: Prof. Muriel Emídio Pessoa do Amaral (MTB 6963 ­ PR)

Repórteres: Consulte a autoria das reportagens diretamente na página da notícia.

Projeto gráfico integrado com a disciplina “Design em Jornalismo” Responsável: Prof. Maurício Liesen (MTB 2666 ­ PB)

As fotos dessa edição são todas de arquivo dos alunos e tiradas antes da pandemia ou fotografadas seguindo as normas de isolamento social (ensaio)


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FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

UEPG

Estudantes relatam sintomas de ansiedade e depressão com ensino remoto Aulas presenciais foram suspensas em 2020 Lilian Magalhães

P

or causa da pan­ demia, em março de 2020 a Uni­ versidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) precisou adotar o ensi­ no remoto para preser­ var a saúde de alunos, professores e demais servidores. Passados 16 meses, especialmente por causa do excesso de tempo na frente do computador, não é di­ fícil encontrar estu­ dantes que se queixam de problemas de saúde mental, como ansieda­ de e depressão. A instituição cri­ ou, em 2018, um servi­ ço de apoio a alunos e professores, o UEPG Abraça. A iniciativa chegou a expandir o atendimento a todos os moradores de Ponta Grossa, ajudando espe­ cialmente em casos de ansiedade e solidão, mas encerrou as ativi­ dades em 2020. Um estudante de

Direito da UEPG que preferiu não ser iden­ tificado diz que, com a pandemia, precisou de ajuda para lidar com a ansiedade. Ele lamenta o fim do Abraça UEPG. “O período pandêmico é o momento em que os alunos mais preci­ sam de atendimento psicológico”, diz. Uma acadêmica de Jornalismo que tam­ bém preferiu o anoni­ mato diz que seu desempenho estudantil foi afetado durante a pandemia. “Tenho cri­ ses e pensamentos de­ pressivos que me induzem a querer tran­ car o curso por achar que não sou mental­ mente capaz. E, por es­ sas razões, paro de acompanhar as aulas por um período”, conta a aluna. Saúde mental De acordo com a psicopedagoga Franci­ ane Martinazzo, o sis­ tema remoto é um

LILIAN MAGALHÃES

Excesso de tempo diante do computador é principal queixa de estudantes

desafio aos estudantes. “A ansiedade atrapalha na concentração, gera sofrimento e, conse­ quentemente, uma di­ fícil aprendizagem.” Martinazzo que é preciso ter cuidados com a saúde mental. “As pessoas precisam do profissional psicólogo. Mas este ainda é um serviço que não é priori­ zado pela maioria das pessoas, o que se agrava com o fato de estarmos vivendo numa crise econômica.”

A neuropsicóloga Lorena Rafaele Elias diz que criar uma roti­ na de estudos pode ajudar a diminuir a an­ siedade. “Criando uma rotina de previsibilida­ de e segurança, o cére­ bro se sente no controle e diminui a li­ beração de substâncias causadoras de estresse. Também é recomendado fazer atividades físicas prazerosas, como um alongamento, pois auxi­ liam na respiração mais calma e controlada”.

A neuropsicóloga avalia que mesmo após o retorno presencial ainda existirão desafios na sociabilidade. “A vol­ ta ao ensino presencial é algo positivo para a so­ cialização dentro da for­ mação profissional, mas assim como alguns sin­ tomas do transtorno de estresse pós­traumático, muitos estarão desgas­ tados e ansiosos, crian­ do um sentimento receoso dentro do mun­ do social”, acrescenta a profissional.

Trabalhadoras perdem renda com fechamento temporário de feira JOÃO GUILHERME CASTRO/ARQUIVO

Matheus Gaston Em um mês com boas vendas, Maria He­ lena Gonçalves arreca­ dava, em média, R$ 2 mil. Com o início da pandemia, a feirante passou a ganhar menos de R$ 500. O dinheiro obtido a partir da co­ mercialização de artesa­ nato e produtos alimentícios auxilia no sustento dela, do mari­ do e do neto. A redução de ren­ da se tornou a realidade de membros da Associ­ ação de Feirantes de Economia Solidária (AFESOL). O grupo participa da Feira de Economia Solidária, que acontece há nove

Participante da Feira de Economia Solidária na UEPG

anos no pátio do cam­ pus Central da Universi­ dade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Como medida de prevenção, a instituição de ensino foi fechada e a feira inter­ rompida. O último en­ contro aconteceu em março de 2020. Com a impossibili­

dade de realizar vendas presencialmente, as fei­ rantes apostam na di­ vulgação em redes sociais e em grupos de venda online. No entan­ to, o número de enco­ mendas é baixo. “Está difícil vender. Poucas pessoas conhecem a economia solidária”, diz

Maria Helena. Uma es­ tratégia adotada pela feirante é a comerciali­ zação de produtos na vi­ zinhança. “Os vizinhos se tornaram a minha freguesia”, relata. Renda Para complemen­ tar a renda, a feirante solicitou o Auxílio Emergencial do governo federal. No ano passado, a beneficiária recebia parcelas de R$ 600. Agora, após a reformu­ lação do benefício, rece­ be apenas R$ 250. A quantia é destinada pa­ ra a compra de medica­ mentos. “A gente tá fazendo o possível pra deixar as coisas no jeito. Bom não tá, mas serve”,

desabafa a feirante. Daluz Aparecida Chaves, agente de segu­ rança patrimonial da UEPG, compra produ­ tos da AFESOL desde o início da Feira de Eco­ nomia Solidária, iniciada em 2011. Mesmo com a pandemia, Daluz ainda consome os itens pro­ duzidos pelas feirantes. “Eu faço a encomenda pelo telefone e elas en­ tregam no meu traba­ lho, tomando os cuidados, com máscara e distanciamento social. É um ganho extra, mas elas foram prejudicadas pela pandemia”, explica a agente que reconhece a importância das ven­ das para as feirantes.


EDUCAÇÃO FOCA LIVRE | AGOSTO 2021 04 Sindicato dos professores defende retorno das aulas após 70% da população vacinada Associação entende que momento não é propício para ensino presencial TAÍS FERREIRA/ARQUIVO

Lucas Ribeiro

O

Sindicato dos Professores da Universidade Estadual de Ponta Gros­ sa (SindUEPG) defende publicamente que o re­ torno das aulas presen­ ciais na universidade ocorra só após a vacina­ ção de 70% da popula­ ção da cidade. O Sindicato entende que o momento não é propício para o retorno das aulas, já que grande parte da população do município, incluindo os alunos, ain­ da não foi vacinada con­ tra a Covid­19. A professora da UEPG Regina Stori, membro da direção do SindUEPG, reitera que o retorno às aulas deve acontecer após a imuni­ zação em massa. Ela to­ ma como base a pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) que apontou

Prédio do Campus Central da UEPG antes da suspensão de aulas presenciais

70% como o número necessário para o retor­ no das atividades esco­ lares. “É somente a partir de 70% que te­ mos a possibilidade de criar uma imunidade coletiva, antes disso o risco de retorno das ati­ vidades é grande de­ mais”, diz. Saúde A

infectologista

Gabriela Gehring expli­ ca que a porcentagem entre 60% e 70% é a fai­ xa em que a população de um local passa a de­ senvolver a chamada “imunidade coletiva”, também conhecida po­ pularmente como “imu­ nidade de rebanho”. Nesse momento, ocorre menor circulação do ví­ rus graças à intensa imunização. Gabriela

afirma que a primeira dose da vacina já surte um efeito imunizante na pessoa, mas apenas após as duas doses que a imunização se completa. “A pessoa está definiti­ vamente vacinada de­ pois de duas semanas após a aplicação das duas doses.” Ivan Bomfim, pro­ fessor do departamento de Jornalismo da

UEPG, não vê a menor possibilidade de retor­ no às aulas presenciais na instituição antes que toda a população de Ponta Grossa receba as vacinas. Para ele, a pru­ dência e a responsabili­ dade no combate à pandemia devem ser mantidas em primeiro lugar durante este pe­ ríodo até que, de forma segura e com vacina pa­ ra todos, as aulas pos­ sam retornar. “Eu espero que a decisão de não voltar com as aulas seja mantida enquanto a situação da pandemia não estiver controlada”, comenta o professor universitário. A Universidade Estadual de Ponta Grossa, por meio da co­ ordenadoria de comu­ nicação social, afirma ainda não haver nenhu­ ma previsão de retorno das aulas presenciais na instituição durante o ano de 2021.

Alta de infecções e baixa vacinação não impedem continuidade do ensino híbrido em PG Carolina Olegário Os mais de 48 mil casos de Covid­19 em Ponta Grossa e os mais de mil óbitos, incluindo os de professores e pro­ fessoras, não afetaram as decisões do governo em relação às aulas pre­ senciais no município. Segundo a Secre­ taria Municipal de Edu­ cação (SME), as escolas e CMEIS estão total­ mente aptas para rece­ ber os alunos cujos pais optaram pelo ensino hí­ brido. "O planejamento de retorno foi colocado em prática respeitando todas as características do momento atual da pandemia e o aprendi­

zado em relação à bios­ segurança", informa. Professores A professora Rommy Salomão, que trabalha na Escola Mu­ nicipal Ruth H. Ribas, explica que o formato híbrido proporciona atendimento individua­ lizado aos estudantes, mas herdou as dificul­ dades advindas do ensi­ no remoto. "A paralisação das aulas desencadeou um vácuo muito grande no processo de aprendiza­ gem e a escola não tem respostas de como re­ cuperar esse tempo", lamenta. Rommy acre­ dita que as aulas deve­

riam permanecer no formato remoto até a imunização completa dos professores. Mas segundo dados do Va­ cinômetro PG do dia 23 de junho, pouco mais de 4 mil docentes da educação básica recebe­ ram a primeira dose da vacina contra a Covid­ 19, e somente 31 profis­ sionais receberam a se­ gunda dose. "Eu acredito que os profes­ sores merecem traba­ lhar com segurança; portanto, aguardar pela segunda dose para que tudo volte passo a pas­ so", defende. Solange Dubiel Bi­ ancke, mãe de Benja­ mim e Pedro Augusto,

alunos do 1° e 3° anos da Escola Municipal Jo­ sé Pinto Rosas, vê o en­ sino híbrido com positividade. "Tive mui­ to problema com as ati­ vidades [dos meus filhos]. Não tenho ensi­ no superior, muita coisa eu tento fazer pesquisas no Google". Solange notou grande diferença no rendimento escolar dos filhos com a vinda do sistema híbrido. "Eles aprendem melhor. Em casa, eles não fazem [as atividades] direito". Para Cristina Pe­ reira Rocha, mãe de Miguel (aluno do 2° ano na Escola Municipal Dr. Raul Pinheiro Macha­

do), o formato híbrido é instável. "A criança co­ meça a entrar no ritmo e já [precisa ficar] uma semana no online. Se ti­ ver sintomas de gripe, mais uma semana. É muita instabilidade em pouco tempo", argu­ menta a mãe. Cristina defende a permanência das aulas remotas. "[Se­ ria melhor] manter on­ line, com mais assistência dos profes­ sores e videochamadas individuais. Quando melhorar, todos retor­ nam [ao presencial]". O retorno às aulas presenciais é um desa­ fio no mundo. No Bra­ sil, os estados também enfrentam dificuldades.


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FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

SAÚDE

Campanha alerta sobre riscos de hepatite viral, mal que debilita o fígado Doença atinge mais de 30 mil brasileiros por ano; no Paraná são cerca de 2 mil


SAÚDE FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

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Serviço de fisioterapia pós-covid atende oito por dia em Ponta Grossa As sessões podem ser agendadas nas Unidades Básicas de Saúde Diego Chila

O

serviço de fisioterapia criado pela prefeitura de Ponta Grossa para reabilitar pessoas que ficaram com algum tipo de sequela após ter covid tem atendido até oito pessoas por dia. Na maioria dos casos, diz Lúcia Lebioda, são pessoas na faixa dos 50 anos de idade. Mas já teve pacientes com 27 anos, o que mostra o efeito da doença entre os mais jovens. O atendimento é feito por fisioterapeuta e dura em média 45 minutos. “Cada profissional atende um paciente por horário”, acrescenta Lebioda. Edher Antunes, profissional de educação física que também atua no serviço, diz que a maioria dos pacientes

apresenta redução das capacidades físicas e pulmonar. Além disso, é observado um grande impacto emocional nos pacientes. A fisioterapeuta Lúcia Lebioda, especialista em saúde do idoso que atua na reabilitação do Hospital Universitário, comenta que a principal queixa observada é a fraqueza muscular generalizada: “São pacientes que passaram por longos internamentos, por Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e que possuem consequências relacionadas tanto ao tempo de internamento quanto à própria doença ou comorbidades. A fraqueza muscular tem sido relatada pela maioria deles, sendo esta a queixa principal, dificultando atividades de vida diária e atividades instru-

mentais.” De acordo com Lebioda, as atividades desenvolvidas no ambulatório são pensadas em função de cada tipo de sequela. Para evitar risco de contaminação, os profissionais que prestam o serviço usam equipamentos de proteção, como máscara de proteção facial e luvas cirúrgicas. O serviço de reabilitação é prestado nas clínicas Francine Bello, SHS e Hidrofisio e no Hospital Universitário Regional. O atendimento é pago pelo SUS. Além dos atendimentos nas clínicas conveniadas, é ofertado o tratamento em casa para quem, por exemplo, não pode sair da cama. Ele só é realizado por meio de pedido médico atestando a necessidade de atendimento.

ALINE JASPER/DIVULGAÇÃO/ARQUIVO

Pacientes em tratamento de reabilitação Inscrição Para usar o serviço, os pacientes que têm guia do médico especialista do SUS ou que receberam alta hospitalar deverão ir até a Central de Agendamentos, próximo à rodoviária, nos períodos da manhã e tarde, munidos com seu cartão SUS, RG e a guia do especialista para o agen-

damento imediato das sessões de fisioterapia. Os pacientes que não têm a solicitação de fisioterapia devem procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência para que o médico insira o paciente no sistema e o pedido seja regularizado e agendado nas clínicas credenciadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Investimentos para combater Covid-19 caem 21% em 2021 Vinicius Sampaio

O investimento da prefeitura de Ponta Grossa para combater a pandemia caiu 21% no primeiro semestre de 2021 em comparação com o segundo semestre de 2020. De acordo com dados publicados no Portal de Transparência, entre julho e dezembro de 2020 foram empenhados R$ 7.566.547,14. Entre janeiro e junho de 2021, foram destinados R$ 5.931.282, 72. Seringas, kit nebulização, máscaras cirúrgicas, contratos para fornecimento de oxigênio, álcool em gel e medicamentos são alguns dos principais itens presentes na lista de

gastos da prefeitura durante o primeiro semestre. Em março de 2021, o município registrou 8794 casos e 256 mortes. Foi o pior resultado desde o início da pandemia. Em abril, houve queda no índice de novos casos confirmados, mas em maio (4628 casos) e junho (6134 casos) as estatísticas voltaram a aumentar. Testagem Para Isaías Cantoia, especialista em saúde pública, o município deveria investir em testagem em massa e na compra de oxímetros para controlar a pandemia: “Aumentar a testagem é muito importante para que haja o controle da transmissão do vírus e de novas

variantes entre a população’’, afirma. Segundo o especialista, o oxímetro evitaria que pacientes procurassem o serviço de saúde quando os pulmões já estivessem comprometidos pela doença, evitando possíveis óbitos: “O equipamento poderia ser disponibilizado aos pacientes para o acompanhamento em domicílio, para que, caso haja agravamento, o paciente procure o sistema de saúde. Haveria a devolução do equipamento assim que recebesse alta’’, explica. O epidemiologista Péricles Martim vê a queda nos investimentos como algo normal: “Em primeiro momento, a adequação, ampli-

ação e compra de equipamentos hospitalares faz com que os gastos sejam maiores com a infraestrutura’’, diz. Ele afirma que após isto, os gastos tendem a ser menores: ‘’O investimento que é destinado à manutenção, materiais médicos hospitalares e medicamentos tende a ser menor do que os gastos com a infraestrutura’’, diz Péricles. Prefeitura A Prefeitura de Ponta Grossa informou em nota que a redução de 21% nos gastos pois no mês de janeiro não houve valor aplicado, devido à transição de governos, entre o exprefeito Marcelo Rangel e a prefeita Elizabeth Schmidt (PSD).

A administração municipal não especificou valores a serem direcionados à Covid-19 no segundo semestre de 2021. Informou apenas que os valores investidos neste ano também englobam a manutenção da UPA Santa Paula e de Unidades de Saúde do município. A reportagem do Foca Livre entrou em contato com a UPA para questionar se ainda há falta de insumos e superlotação de leitos, entretanto a unidade apenas informou que, após a restrição de atendimentos, a Unidade de Pronto Atendimento do bairro Santa Paula voltou a atender todos os pacientes com problemas respiratórios a partir de 9 de julho.


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FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

SAÚDE

Doações de sangue caem 50% em Ponta Grossa durante a pandemia De acordo com Hemepar, estoque está em estado crítico Mariana Gonçalves

A

s doações de san­ gue em Ponta Grossa durante a pandemia caíram 50%, segundo o Hemepar da cidade. Isso prejudica pa­ cientes de tratamentos contínuos, como é o caso dos portadores de talas­ semia (uma forma de anemia crônica, de ori­ gem genética) e de alguns tipos de câncer, como leucemias e linfomas. Além disso, pessoas com quadros de tromboses ve­ nosas e arteriais, doenças hemorrágicas e hemoglo­ binopatias precisam, de maneira contínua, de uma quantidade signifi­ cativa de sangue. Danielle Chiarello Oberg da Cruz, técnica administrativa do Heme­ par de Ponta Grossa, diz que o estoque do banco de sangue se encontra em estado crítico por causa da queda das doações. "Estamos contando com doadores de repetição, aqueles doadores que li­ gamos para que venham doar." Danielle explica que o Hemepar de Ponta Grossa tinha uma média

de 30% de doadores de primeira doação e que es­ se número caiu para 5% depois da pandemia. "Aqueles que não conhe­ cem o serviço não estão vindo", conclui. Doadores Apesar da baixa procura, doadores como Hevelyn Villalba Santos continuam comparecen­ do aos hemocentros. He­ velyn conta que a inspiração para a atitude veio de seu pai, que foi doador assíduo dos 18 aos 50 anos. Para ela, a importância de doar está em retribuir a saúde que Deus lhe deu. "Uma bol­ sa de sangue pode ajudar a salvar até quatro pesso­ as, e isso é incrível!" conclui a voluntária. Hevelyn, que doa de uma a duas vezes por ano, afirma que mesmo com a pandemia se sente segura. "O ambiente no Hemepar é limpo e a doa­ ção é feita por agenda­ mento, assim não tem filas nem aglomeração. Os materiais usados são todos lacrados, abertos na nossa frente. É tudo mui­ to higienizado e sempre

foi assim", explica O que levou Maria Helena Denck Almeida para as sa­ las de doação foram as campanhas espalhadas pela cidade. "Quando co­ mecei a doar sangue foi para ajudar as pessoas, já que sempre via na cidade recados avisando o quanto era necessário, e o quanto algumas pessoas estavam precisando de doações pa­ ra sobreviver." Maria Helena, que doa pelo menos uma vez por ano desde que come­ çou, compartilha da opi­ nião de Hevelyn sobre a segurança em doar em meio à pandemia. "No lo­ cal onde retiramos o san­ gue, podia entrar apenas uma pessoa por vez. O lanche foi mais rápido que o normal para evitar contato sem máscara. Me senti muito segura". Além de contribuir com tratamentos contínu­ os, a doação de sangue ou plasma de pacientes que se recuperaram da Covid­ 19 é um dos recursos utili­ zados no tratamento da doença. Até o momento, o Paraná registra mais de 10 mil transfusões de sangue, sendo 3 mil aplicadas em

MARIA FERNANDA DE LIMA/AGOSTO DE 2018

Pacientes precisam agendar horário para fazer doação

pacientes de Covid­19, que apresentaram melho­ ra em 65% dos casos, se­ gundo a Divisão de Hemoterapia do Heme­ par da cidade. Serviço As doações de plasma podem ser feitas de maneira convencio­ nal, por meio da doação de sangue. Nesse proces­ so, o sangue é centrifu­ gado para separar o plasma de outros com­ ponentes. Outra forma disponível é a retirada apenas do plasma conva­ lescente (hiperimune) do doador. A coleta de san­ gue pode ser feita em qualquer unidade da He­ morrede PR. Já a coleta do plasma, nas doações por aférese, é feita apenas

em Curitiba. Para evitar aglo­ merações, o Hemepar pe­ de que as doações de sangue sejam agendadas pelo site da Secretaria de Saúde do Paraná, ou pelo telefone (42) 3223­1616. Para doar, a pessoa deve ter entre 16 e 69 anos, pe­ sar no mínimo 51 quilos e estar em boas condições de saúde. Entre os proto­ colos de segurança adota­ dos pelo Hemepar estão o agendamento, a recepção de apenas seis pessoas a cada meia hora, higieniza­ ção dos espaços comuns e a utilização de álcool gel 70%, além dos equipa­ mentos de proteção indi­ vidual utilizados pelos profissionais do atendi­ mento tudo para evitar contaminações.

Medo de reações adversas afasta moradores de vacina da covid­19 Malu Ferreira Bueno

A

imunização con­ tra a Covid­19 em Ponta Grossa co­ meçou em fevereiro deste ano. Até o dia 14 de julho deste ano, 167 mil pessoas tinham sido vacinadas com a primeira dose na cidade de Ponta Grossa. Com o andamento da vacinação, relatos de vacinados que tiveram reações começaram a cir­ cular. E isso fez surgir um contingente de pessoas que sentem medo de to­ mar o imunizante. O pro­ blema não acontece só

em Ponta Grossa. Além dos relatos de reações, a situação se agrava com outros problemas, como a declaração do presidente da República, Jair Bolso­ naro, em evento em Porto Seguro (BA), sobre a efi­ cácia da vacina do Labo­ ratório Pfizer: “Se você virar um jacaré, é proble­ ma apenas seu". Reações Elisangela Gueiber Montes, professora e es­ pecialista em microbiolo­ gia e imunologia, diz que as reações adversas acon­

tecem como resposta do sistema imunológico às substâncias presentes

A única prevenção é a vacina! nesses imunizantes. “Co­ mo uma forma de comba­ ter algo estranho, as células do nosso sistema imunológico produzem substâncias inflamatórias que geram reações.” Ela também explica que as reações mais comuns são

febre, dor e vermelhidão local e mal­estar, seme­ lhantes aos sintomas de um resfriado comum. Adriana Burgath, 25 anos, teve reações à vacina do Laboratório As­ traZeneca. Seus sintomas foram febre, dores de ca­ beça intensas, cansaço, dor na região de aplicação e um episódio de vômito. Adriana conta que pes­ quisou antes sobre como a vacina age para comba­ ter o vírus. “Sabia que po­ deria ter as reações que tive e, sinceramente, eu enfrentaria qualquer rea­ ção”, diz Burgath.

Cláudio Bayer, 63 anos, também teve rea­ ções à vacina da AstraZe­ neca, mas afirma que se sente mais tranquilo e mantém os cuidados re­ comendados pela ciência. Sua esposa, Celia Wille Bayer, defende a vacina­ ção independentemente das reações: “Não existe nenhum medicamento, nenhum procedimento que seja eficaz no comba­ te ao Covid. Penso que a possível reação é nada se comparado à violência do vírus, ninguém sabe como seu organismo vai reagir se infectado"diz.


SOCIEDADE FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

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Alunas de cursos de Engenharia relatam sofrer assédio moral Pesquisa indica que maioria das estudantes já foram alvo ou presenciaram o problema Valéria Laroca

“Já ouvi de um professor que eu seria melhor lavando as cue­ cas dele do que cursan­ do a sua matéria”. “Escutei de meus cole­ gas que só passei em uma disciplina porque sou bonita”. “Para meu professor, bom mesmo era quando só homem cursava engenharia”. Estes são relatos de es­ tudantes de Engenhari­ as em Ponta Grossa. Elas preferem não ser identificadas. Uma pesquisa fei­ ta pela reportagem com 58 acadêmicas dos cur­ sos de engenharias de universidades da cida­ de mostra que 62,9% delas já se sentiram in­ timidadas, excluídas e desconfortáveis por se­ rem mulheres ou pre­ senciaram alguma si­ tuação desagradável vi­ vida por alguma colega do curso de graduação. As engenheiras em formação reclamam principalmente da difi­ culdade de validação das opiniões e do ques­ tionamento frequente do profissionalismo. Para Lara Wasi­ levski, estudante do 3° período de Engenharia de Materiais, ter senso de profissionalismo dentro do curso é uma tarefa difícil e por mui­ tas vezes desanimado­ ra. “Não é fácil sentir na pele que alguém acima de você na hierarquia não ouve suas ideias apenas por ser mulher”, desabafa Lara. Especialista De acordo com Maria Rosa Lombardi, pós­doutora em Ciênci­ as Sociais com enfoque em Gênero e Trabalho e pesquisadora da Fun­ dação Carlos Chagas, a naturalização dos com­

portamentos machistas de colegas de classe e professores como “ca­ racterística” do perfil da engenharia é um dos principais fatores que levam as estudantes a criarem mecanismos de defesa para serem acei­ tas e respeitadas. Para a pesquisa­ dora, as mulheres inse­ ridas em núcleos mais masculinos como a En­ genharia Mecânica e a Civil criam uma espécie de barreira para a pro­ teção de si mesmas nestes ambientes ainda na faculdade. “Desde o início da formação elas precisam ser fortes, re­ sistir à rudeza e ao as­ sédio moral que impera nestes locais. Muitas vezes o fazem adotando comportamentos este­ reotipados masculinos, falando alto por exem­ plo”, explica Lombardi. A menção de Ma­ ria Rosa vai ao encontro do relato de Mariana Moiada, aluna do 10° período de Engenharia Mecânica. A estudante diz que, por conta das situações e piadas desa­ gradáveis durante o cur­ so, precisou desenvolver uma postura rígida para reprimir atitudes ma­ chistas dos colegas. “Ainda que eu tenha de­ senvolvido mecanismos de defesa, sinto que não sofro muito assédio por ter muitos amigos ho­ mens, infelizmente ho­ mem só tem medo de homem”, comenta. Denúncias Na UEPG, foi cria­ do um canal para rece­ ber denúncias de as­ sédio. Trata­se do Canal de Escuta Gênero e Di­ versidades. “É um canal de comunicação entre a universidade e a comu­ nidade acadêmica", diz Ione Jovino, pró­reitora de Assuntos Estudantis.

VALÉRIA LAROCA

“Para o meu professor, bom mesmo era quando só homens cursavam engenharia.”

“Escutei de meus colegas que só passei em uma disciplina porque sou bonita.”

Participação A falta de partici­ pação feminina nos cur­ sos dificulta a criação de uma rede de proteção maior entre as estudan­ tes. Conforme a pesquisa feita pela reportagem, 28,57% das acadêmicas não se sentem confortá­ veis ou têm medo de re­ latar os episódios de assédio moral. Como consequência, fatores importantes de mudan­ ça, como a denúncia, o informe à coordenação dos cursos e o comunica­ do às universidades são fragilizados. De acordo com Paula Melani, doutora em Ciências Sociais, o

primeiro passo para eli­ minar o medo institucio­ nalizado da denúncia é tomar consciência dela em todos os setores da sociedade. “Só tratamos uma ferida quando reco­ nhecemos sua existência, por isso a necessidade de frentes de políticas públi­ cas para romper esses valores e tratar nossos fe­ rimentos”, diz Paula. Iniciativas acadê­ micas voltadas à promo­ ção da mulher nas en­ genharias são frentes de mudança importantes dentro do ambiente universitário. O Coletivo Marie Curie e o Projeto de Ex­ tensão Mulheres na En­ genharia da UTFPR são

exemplos de práticas que colaboram com esse ob­ jetivo. Contudo, para Mariana Moia, deveria haver mais incentivo na fase escolar. “Se as enge­ nheiras e estudantes em formação dessem pales­ tras nas escolas, as me­ ninas se sentiriam apoi­ adas para seguir a pro­ fissão, crescemos acredi­ tando que é uma área masculina”, reitera. Na opinião de Pau­ la Melani as modifica­ ções devem atingir o âmbito político também, escolhendo representan­ tes que reconhecem as desigualdades de gênero e que defendem políticas públicas em prol da igualdade.


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FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

SOCIEDADE

Falta de dados oficiais ofusca realidade da comunidade LGBTQI+ Grupo diz que levantamento seria necessário para encaminhar ajuda na pandemia SAORI HONORATO/ARQUIVO/LENTE QUENTE

Catharina Iavorski

A

falta de dados ofi­ ciais sobre pessoas LGBTQI+ em Pon­ ta Grossa dificulta a análise da situação da comunidade na cidade. Dados nacionais do coletivo #VOTELGBT mostram aumento da vulne­ rabilidade da população LGBTQIA+ no período da pandemia de Covid­19. De acordo com o co­ letivo, houve uma piora da saúde mental e na obtenção de renda após a Covid­19. Pesquisa realizada entre abril e maio de 2021 revela que seis em cada 10 pessoas LGBTQIA+ sofreram com a diminuição ou ausência de renda, 59,47% estão desem­ pregados há um ano ou mais e 55,19% relataram uma piora na saúde mental diante dos problemas decor­ rentes da pandemia. Entretanto, em Ponta Grossa não é possível ter uma dimensão da con­ dição da comunidade, visto que não existem levanta­ mentos oficiais sobre este

grupo. Atualmente o cuida­ do com os indivíduos em vulnerabilidade recai sobre as ONG 's e instituições com foco na comunidade LGBTQIA+. Segundo Débora Lee, educadora social e fun­ dadora do Grupo Renascer, percebe­se uma piora na si­ tuação da comunidade em diversas áreas e, principal­ mente, um agravamento da condição das mulheres tra­ vestis e transsexuais. “Eu que trabalho diretamente com a população vejo que aumentou a vulnerabilidade não só social, mas também a saúde integral da nossa po­ pulação, perdendo o direito à moradia, um trabalho dig­ no e formal, direito à educa­ ção, direito a uma família LGBTQIA+.” Ações De acordo com Bru­ na Iara Chagas, assistente social, pesquisadora sobre políticas públicas LGBT+ e integrante da Associação Flor de Lis LGBT, para que houvesse uma melhora no

Manifestação a favor dos direitos da comunidade LGBTQIA+ em Ponta Grossa

auxílio à população LGBTQIA+ de Ponta Grossa seria necessário ao menos duas ações do poder públi­ co: a operacionalização das políticas públicas e a produ­ ção de dados oficiais em re­ lação à comunidade. “Há uma lacuna entre o que é previsto nas políticas e nos planos, e o que é realizado em termos de ação, e a au­ sência de dados oficiais es­ tanca o processo de planejamento de políticas públicas específicas que po­ deriam ser sustentadas a partir destas informações.”

Em Ponta Grossa, as instituições se mobiliza­ ram para cuidar das neces­ sidades básicas da população LGBTQIA+. O Grupo Renascer apresenta no momento uma lista de espera para auxílio psicoló­ gico e também colaborou com a distribuição de uma média de 248 cestas básicas para a população. . “Essa é a realidade de uma cidade provinciana e preconceituo­ sa, que nessa pandemia, fin­ gem não ver aquela população que está à mar­ gem da sociedade sem di­

reito algum, em vulnerabili­ dade social acrescida” enfati­ za Débora Lee Em março de 2020 foi realizado o Fórum Muni­ cipal LGBTQIA+ na sede da Ordem dos Advogados do Brasil em Ponta Grossa para indicação dos representantes da sociedade civil, mas por conta da falta de candidatos para a formação da nova re­ presentação do conselho ele acabou sendo impossibilita­ do e também diante do agra­ vamento da pandemia o planejamento de um novo fórum foi adiado.

Com isolamento, denúncias de maus-tratos contra idosos crescem no país Maria Eduarda Ribeiro

O

número de denún­ cias de violência e maus­tratos con­ tra a pessoa idosa cresceu 59% no Brasil durante a pandemia da Covid­19. Dados publicados pelo Disque 100, número que recebe denúncias de casos que violam os Direitos Hu­ manos, revelam que, só no primeiro semestre deste ano, mais de 33 mil casos de desrespeito e agressão foram registrados contra o idoso no país. As reclama­ ções mais frequentes são casos de violência física, verbal e emocional. Segundo dados di­ vulgados pela Secretaria da Segurança Pública do

Paraná (Sesp­PR), no pri­ meiro semestre de 2019 o estado contabilizou 618 denúncias de algum tipo de violência. Já em 2020, ano em que a pandemia eclodiu, o número de re­ gistros no mesmo período subiu para 966 casos de agressão ao idoso. E ape­ nas de janeiro a junho des­ te ano houve 676 denúncias de maus­tratos. Apenas em PG, fo­ ram registradas quase 400 denúncias de violação de direitos ao idoso em 2020. Em casos mais graves co­ mo violência física e aban­ dono, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) é acionado e dis­ ponibiliza atendimento às vítimas em instituições

conveniadas com o municí­ pio de Ponta Grossa. Informações publi­ cadas pelo Departamento da Política para a Pessoa Idosa da Secretaria, apon­ tam que o isolamento soci­ al possibilitou maior contato entre membros de famílias que antes da pan­ demia, possuíam uma roti­ na de vida agitada e cheia de afazeres. Contudo, ago­ ra que as pessoas convivem mais tempo juntas e isola­ das em casa com os idosos, a convivência poderia ser mais intensa, porém, não se pode garantir com segu­ rança que essa relação sau­ dável se faz presente em todas as casas paranaenses. Segundo Fernanda de Almeida Silva, assisten­ te social do Asilo São Vi­

cente de Paulo, que atende vítimas de maus­tratos, há um cuidado diferenciado no acolhimento das pesso­ as que passaram por algum episódio de violência e des­ respeito. “A equipe do asilo é muito dedicada. Temos uma equipe multidiscipli­ nar de fonoaudiólogos, psi­ cólogas entre outros profissionais que traba­ lham diariamente seguindo um planejamento, a fim de dar um carinho e resgatar a dignidade dos nossos ido­ sos”, afirma. Para ela, aqueles que já estavam em uma situação de vulnerabi­ lidade, encontrar uma mo­ radia permanente como a do Asilo, é garantia de que será bem cuidado, acom­ panhado e não passará por mais situações de risco.

De acordo com a pesquisa realizada pela en­ fermeira Fabiana Martins para a sua dissertação de mestrado, intitulada Pa­ drões de violência contra idosos: análise pelo Siste­ ma de Vigilância de Vio­ lências e Acidentes, no Brasil, há um perfil das ví­ timas que sofrem de vio­ lência. Os dados mostram que a maioria das vítimas que sofreram violência do­ méstica é formada por pes­ soas de 60 a 69 anos de idade, os idosos. No Para­ ná, de acordo com a pes­ quisa, nos primeiros 3 meses de 2021, as ocorrên­ cias especificamente de vi­ olência doméstica contra o idoso tiveram como faixa etária pessoas com 60 anos ou mais.


ESPECIAL FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

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VIOLÊNCIA NA PANDEMIA

Agressões contra crianças e adolescentes crescem 235% em PG CARLOS EDUARDO MENDES

De janeiro a abril de 2021, foram registradas 729 ocorrências. Conselheiros tutelares relacionam números ao isolamento social

Felipe Amaro número de atendimentos de casos de violên­ cia contra crianças e adolescentes cresceu 235% durante a pande­ mia em Ponta Grossa. Segundo os Conselhos Tutelares Norte, Leste e Oeste, de janeiro a abril de 2021 foram contabi­ lizados 729 atendimen­ tos. No mesmo período de 2020, foram 310. No caso da violên­ cia física, em 2020 in­ teiro foram atendidos 669 casos. Em 2021, só de janeiro a abril, fo­ ram 217, o que repre­ senta 32% do total do ano anterior. Em relação à vio­ lência psicológica, o Conselho Tutelar aten­ deu 561 casos no ano passado, De janeiro a abril de 2021, foram 309 casos, ou 55% do total de 2020. Sobre casos de vi­ olência sexual, em 2020 foram atendidos 452 casos, já o primeiro quadrimestre de 2021

O

Isolamento social aumenta a insegurança de crianças e adolescentes que sofrem violência dentro de casa

somam 203 casos. Es­ tes dados de 2021 che­ gam a 45% do número total do ano de 2020. Para a conselheira tutelar Josiane Apareci­ da Vezine Brabicoski, o aumento no número de atendimentos de casos de violência infanto­ juvenil tem relação com o isolamento social e o fechamento de institui­ ções educacionais, de onde partia parte das denúncias de agressão. “A escola era o canal de acionamento para o plantão do Conselho, e agora a gente não tem mais esse contato”, diz Josiane Brabicoski. A conselheira afir­ ma que o Conselho Tu­ telar tem o apoio do Ministério Público, do Núcleo de Proteção à Criança e Adolescente (NUCRIA) e de entida­ des hospitalares para a realização de atendi­ mentos, investigações e penalizações nos casos de violências infanto­ juvenis.

Família A professora do Departamento de Servi­ ço Social da Universi­ dade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Cleide Lavoratti, analisa o his­ tórico da violência in­ fanto­juvenil. Ela afir­ ma que a família, como instituição, é o retrato da sociedade. “Se você vive numa sociedade vi­ olenta, intolerante, dis­ criminatória e opres­ siva, assim também as famílias vão ter um re­ lacionamento pautado nessa forma com que a sociedade se relaciona entre seus membros”, declara Cleide. A professora rela­ ciona o aumento de ca­ sos de violência intra­ familiar com o fecha­ mento dos espaços es­ colares e de lazer, onde a criança passava parte de seu dia, agora fica integralmente sob cui­ dados dos pais. Cleide também destaca que o isolamen­ to familiar gera insegu­

rança, fator que resulta nessas violências do­ mésticas contra crian­ ças e adolescentes. “Muitas famílias vivem a questão da inseguran­ ça não só com a questão da contaminação, mas também insegurança da falta de renda, pois muitos pais tiveram perda do seu emprego”, aponta a professora. Ela entende que a família é um espaço contraditório. “Ao mes­ mo tempo que é um es­ paço de afeto, de garantias de direito, o melhor lugar para a cri­ ança viver, também po­ de ser um lugar de violação de direitos e pode ser o pior lugar para a criança ficar”. Denúncia No Brasil, existem políticas públicas que visam enfrentar a vio­ lência infanto­juvenil. Segundo Cleide Lavo­ ratti, a Constituição Fe­ deral de 1988 e o Estatuto da Criança são

algumas das políticas públicas, mas não são o suficiente para reduzir o número de casos de violência contra crian­ ças e adolescentes. “O enfrentamento à vio­ lência tem que se dar de maneira articulada. A gente sabe que não é só uma política que tem responsabilidade para enfrentar a violência, mas são necessárias in­ tervenções intersetori­ ais e interinstituci­ onais”, afirma Cleide sobre a importância da família e da população nas denúncias contra estas violências. Os casos de vio­ lência infanto­juvenil podem ser denunciados através do Disque 100; para o Núcleo de Prote­ ção à Criança e Adoles­ cente (NUCRIA), pelo telefone (42) 3225­ 3856; ou para o Conse­ lho Tutelar de Ponta Grossa, pelos números (42) 99155­4110, (42) 99144­6127 e por meio do (42) 9144­1343.


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FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

ESPECIAL

Pedidos de medida protetiva aumentam em Ponta Grossa durante pandemia MARIA FERNANDA DE LIMA

O Juizado de Violência contra a Mulher registrou 890 solicitações entre 1° de janeiro e 13 de julho de 2021. A média é de 4,6 por dia.

A maior parte dos agressores são cônjuges ou ex-cônjuges

Ana Carolina Barbato Dias e Carlos Eduardo Mendes isolamento so­ cial é uma das medidas mais eficazes para interrom­ per a transmissão da Covid­19, segundo es­ pecialistas da área da saúde. Contudo, a qua­ rentena não traz segu­ rança para todos. É o caso de muitas mulhe­ res que são vítimas de violência doméstica. Para elas, o ambiente familiar nem sempre é um espaço de paz e tranquilidade. Há casos onde o lar se torna pal­ co de várias demonstra­ ções de violências, como violência sexual, simbólica e psicológica. Conforme o Juiza­ do de Violência Domés­ tica e Familiar contra a Mulher de Ponta Gros­ sa, de 1º de janeiro a 13 de julho de 2021 foram registrados 890 pedi­ dos de medidas proteti­ vas à mulheres que sofreram algum tipo de

O

violência, média de 4,6 por dia. Em todo o ano passado foram 1490 solicitações, média de quatro pedidos por dia. Segundo Bruna Woinorvski de Miran­ da, assistente social ju­ diciária que estuda a violência contra mu­ lher, a tendência é que o número de denúncias em 2021 supere o do ano passado. “Neste ano, houve um aumen­ to no número de pedi­ dos de medidas pro­ tetivas em comparação ao mesmo período no ano passado, pois foi gradativamente que re­ cuperamos que as mu­ lheres chegassem até nós trazendo denúncias de violência domésti­ ca”, afirma Bruna. Na pandemia, diz a assistente social judi­ ciária, o tipo de agres­ são mais relatada pelas vítimas é a psicológica. Outros problemas são violência física, moral, sexual e patrimonial. Entre 2014 e 2020, segundo o relató­

rio “As Silhuetas da Vi­ olência Contra Mulher em Tempos de Pande­ mia”, escrito por Bruna de Miranda e Lislei Te­ resinha Preuss, houve um aumento de 424% no número de pedidos de medidas protetivas no município. Passou de 284 a 1490. Na pesquisa de Bruna também apare­ cem casos em que o marido ameaça se ex­ por ao coronavírus para infectar propositalmen­ te a mulher; o compa­ nheiro ameaça danifi­ car os aparelhos digitais da vítima, como com­ putador, roteador e fios da internet, com a in­ tenção de impedi­la de trabalhar ou estudar. De acordo com a especialista, mesmo em pandemia os fatores que induzem à violên­ cia não se diferenciam dos existentes em um período convencional. Normalmente se relata que a causa da agressão foi o estresse e desem­ prego (maiores durante

a pandemia) dos agres­ sores, além do uso abu­ sivo de álcool e outras drogas. Além da violência direta, feita contra o corpo e o emocional, a violência estrutural (aquela que está insti­ tucionalizada na socie­ dade) ficou mais evidente na pandemia. De acordo com Bruna, há estudos que compro­ vam que a maior sobre­ carga dos cuidados sanitários durante a pandemia está sobre a mulher, como é o caso da desinfecção das compras de mercado, lavagem de roupas e aquisição de máscaras para a família. “A vio­ lência estrutural cobra que a mulher desempe­ nhe com sucesso aquilo que se espera dela co­ mo papel social”, afir­ ma Bruna de Miranda. Atendimento Com a pandemia, algumas organizações não­governamentais (ONGs) pararam de re­

ceber atendimento pre­ sencial. O Núcleo Maria da Penha da Universi­ dade Estadual de Ponta Grossa (NUMAPE UEPG), que oferece au­ xílio jurídico e psicoló­ gico a mulheres em condição de vulnerabi­ lidade desde 2018, no momento está fisica­ mente fechado e só rea­ liza atendimentos pelas redes sociais e por plantão telefônico. Mas, por conviver mais tempo com o agressor, algumas mulheres não se sentem seguras e confortáveis em fazer o atendimento via telefo­ ne, o que também difi­ culta a atuação do NUMAPE em muitos casos. Outras institui­ ções que atendem casos de violência contra mu­ lher também precisa­ ram se adequar ao distanciamento social. É o caso do Juizado de Violência Contra Mu­ lher, que passou a aten­ der via WhatsApp, e da Patrulha Maria da Pe­ nha, que possui o apli­ cativo “Botão Maria da Penha” para fiscalizar a situação de mulheres com medidas proteti­ vas. Além disso, surgiu o Boletim de Ocor­ rência online, que pode ser feito no site da Polícia Civil.


SAÚDE FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

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Medidas contra a pandemia: PG já editou 93 decretos para frear o avanço do coronavírus Mesmo assim, a cidade não conseguiu parar a doença e mais de mil pessoas morreram em um ano Ana Luiza Bertelli

N

o dia 30 de junho de 2021 Ponta Grossa chegou à marca dos 1.115 óbitos em decorrência do novo coro­ navírus. De acordo com os dados do Boletim Epide­ miológico divulgados pela Prefeitura, a cidade encer­ rou o primeiro semestre deste ano com quase 46 mil casos confirmados da doença desde o início da pandemia. Uma das for­ mas de tentar frear o avanço do coronavírus, fo­ ram as medidas de restri­ ção impostas pelos decretos municipais. Ao todo, o Executivo publicou 93 decretos des­ de o dia 16 de março de 2020. A maioria destes decretos limita a circula­ ção e permanência de pes­ soas em espaços coletivos, como igrejas e praças, e também reduz os horários de funcionamento dos ser­ viços não essenciais (aca­ demias, shoppings, bares, lanchonetes, clubes, asso­ ciações recreativas, além de áreas comuns de prédi­ os e condomínios, entre outras atividades). Essas medidas são tomadas pelo Comitê Emergencial da Covid­19 de Ponta Grossa, compos­ to por nove integrantes da gestão correspondentes às áreas econômica, jurídica, educacional, saúde/sani­ tária, da segurança pública

e do gabinete da prefeita. O Comitê de 2021 foi ins­ tituído em 05 de janeiro, por meio do decreto 18.240, e atualizado no dia 19 do mesmo mês, segun­ do o decreto 18.324. As determinações restritivas em combate à pandemia são feitas a par­ tir do consenso e da avali­ ação técnica entre o Comitê, que se reúne se­ manalmente ou em frequência maior, confor­ me o aumento do número de casos e da ocupação dos leitos na cidade. Na sequência, a prefeita Eli­ zabeth Schmidt é quem avalia e determina a publi­ cação como ato do Execu­ tivo. Caso não haja a aprovação por parte da Prefeitura, o grupo res­ ponsável pode reavaliar segundo as solicitações. A farmacêutica Bár­ bara Luiza Mendes Schuinski, especialista em Saúde Coletiva, defende a ideia de um fechamento rigoroso enquanto toda a população não recebe a vacina. Para ela, as medi­ das tomadas pela Prefeitu­ ra foram ineficazes. “Até hoje o cenário é crítico e não tivemos um lockdown de verdade. Se teve, foi quando a cidade contava com um número de casos irrisórios perto do que te­ mos hoje. Depois que houve um surto de casos diários, entende­se que eles largaram a mão”, re­

lata a profissional. No primeiro mês da pandemia, a Prefeitura chegou a determinar um fechamento mais rigoroso durante 15 dias corridos, de 23 de março a 06 de abril de 2020. O decreto 17.144 previa a suspensão das atividades comerciais e não essenciais que, pos­ teriormente, retornaram de forma escalonada. Após estas primeiras me­ didas, ao longo de 2020, as demais trataram da restrição de circulação, da capacidade de permanên­ cia de pessoas em um mesmo espaço, do toque de recolher e a variação dos horários de funciona­ mento das atividades não essenciais. Ao todo foram 71 decretos impostos em 2020 e nenhum determi­ nou o fechamento total em Ponta Grossa. Apenas em 2021, devido à elevada taxa de contaminação e lotação das alas covid­19, a Prefei­ tura voltaria a suspender as atividades não essenci­ ais entre os dias 18 de março e 11 de abril por meio dos decretos 18.765 e 18.797. Na sequência, ações restritivas com me­ nor rigor foram adotadas. Segundo dados divulgados pelo Hospital Universitá­ rio de Ponta Grossa (HU), no dia 18 de março deste ano completou­se um mês consecutivo com a lotação máxima das UTIs Covid. E

o mês de abril iniciou com 100% de ocupação dos lei­ tos clínicos, de pronto atendimento e, novamen­ te, das Unidades de Trata­ mento Intensivo. Resultados De acordo com o Comitê Emergencial da Covid­19, o que se espera­ va com essas e outras me­ didas seria a diminuição da necessidade de atendi­ mentos e ocupação hospi­ talar por conta da contaminação do vírus, al­ go que não aconteceu. Um mês após a vigência das medidas mais rigorosas, o HU continuava com 100% de ocupação dos leitos clí­ nicos e de UTI da Covid, enquanto o pronto atendi­ mento apresentava 125% de ocupação. Mariele de Fátima Leandro, moradora do bairro de Uvaranas, afirma que não se sente segura com os decretos por não serem rigorosos. Além disso, ela afirma que não percebeu fiscali­ zações constantes nos lo­ cais que frequenta. “As pessoas deixaram de res­ peitar as medidas sanitá­ rias e de distanciamento social quando observa­ ram que não estava ha­ vendo fiscalizações frequentes em toda a ci­ dade por parte da Prefei­ tura", comenta. Segundo o Comitê, até o dia 30 de julho deste

ano 115 pessoas foram pe­ nalizadas em mil reais e 28 mil estabelecimentos fo­ ram vistoriados, sendo que 138 receberam multas por não cumprirem as deter­ minações impostas. Dentre as irregularidades estão a ocupação dos estabeleci­ mentos e locais privados acima do permitido, des­ cumprimento do toque de recolher e aglomerações. No dia 12 de junho deste ano, quando a cidade chegou aos mil óbitos, a Prefeitura decretou luto oficial por três dias em me­ mória e solidariedade às vítimas da Covid­19. No entanto, até agora, nenhu­ ma ação mais rigorosa foi tomada para evitar que a cidade ampliasse os núme­ ros. Em pouco mais de um mês, segundo o boletim do dia 30 de julho, mais de 170 pessoas morreram da doença. Se a estatística se mantiver, em menos de um ano Ponta Grossa con­ tará com mais mil vítimas de Covid­19. A infectologista Ga­ briela Margraf Gehring aponta que não há nenhu­ ma perspectiva de melhora no cenário pandêmico de Ponta Grossa para os pró­ ximos meses. “Enquanto houver aglomerações, falta de orientação por parte da Prefeitura e a não consci­ entização da população, não iremos avançar até to­ da a cidade ser vacinada' conclui a especialista.


FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

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SAÚDE

Risco de morte reforça necessidade de higienização na gestação e pós-parto Desde janeiro, 105 grávidas e puérperas morreram por coronavirus no Paraná Helena Denck

KADU MENDES

D

ados do informe epidemiológico divulgado diaria­ mente pela Secretaria da Saúde do Estado revelam que, de janeiro a julho de 2021, 105 gestantes e mulheres que tiveram fi­ lhos há menos de 45 dias faleceram por complica­ ções do coronavírus no Paraná. Além das mortes, outras 943 pessoas deste grupo foram hospitaliza­ das pela doença no mes­ mo período. Por conta da preo­ cupação com a segurança de gestantes na pande­ mia, providências sanitá­ rias mais rígidas no decorrer da gravidez e do trabalho de parto foram adotadas para garantir que mães e acompanhan­ tes não sejam infectados. De acordo com o médico ginecologista e obstetra Diego Damasio, algumas medidas de higi­ enização aplicadas na sala de cirurgia e durante a estadia da gestante no hospital devem ser refor­ çadas para a segurança dos pais, acompanhantes e da criança recém­nasci­ da. "Em casos de infecção da gestante, são necessá­ rios o uso da proteção

Para proteção de bebês, rigor com limpeza deve ser do hospital até a casa da criança

com viseira, a higieniza­ ção das mãos mais constante e o seguimento para o isolamento após o procedimento", explica. Segundo o médico, os lei­ tos destinados às pessoas que recém saíram do par­ to têm dois metros de distância e a máscara, que também é utilizada pela mãe durante o nasci­ mento, deve ser trocada de duas em duas horas. "As mães devem higieni­ zar as mãos com mais frequência para realizar a amamentação", adiciona. Algumas medidas básicas de higiene em­ pregadas em ambientes hospitalares se manti­ veram importantes, co­ mo a utilização dos equi­

pamentos de proteção in­ dividual (EPIs). Além disso, a limpeza das su­ perfícies com álcool 70% é indispensável. Antes do parto, as gestantes recebem o teste do coronavírus pa­ ra verificar o seu estado de saúde e também pro­ porcionar uma maior esta­ bilidade no procedimento. Relato As inseguranças di­ ante da pandemia afetam as gestantes que temem a infecção pelo vírus du­ rante a gravidez ou após darem à luz, correndo o risco de não poder convi­ ver com seus filhos nos primeiros momentos de vida. Rebeca Bernardi te­ ve sua filha em maio de

2021 e enfrentou inúme­ ras dificuldades durante a gravidez, como o fato de ter que utilizar o trans­ porte público para ir tra­ balhar, o que a causava crises de ansiedade. Para o dia do parto, ela reforça a importância do apoio da equipe médica para não sentir medo e o quanto a higienização foi importante para que sua segurança fosse preserva­ da. “No hospital, tudo es­ tava muito bem higi­ enizado e todos os profissi­ onais foram responsáveis quanto a essa questão”, afirma Rebeca. Emanuele Mensen Inglez e Jean Inglez, que tornaram­se pais em ju­ nho de 2021, se adap­

taram à pandemia e evi­ taram sair para a compra do enxoval, recorrendo às compras on­line. Para ela, o coronavírus foi um fator constante de preo­ cupação, pois, mesmo fi­ cando em casa no final da gravidez, seu esposo ain­ da precisava sair para trabalhar. Emanuele ex­ pressou confiança no hos­ pital, na equipe mé­dica e nas medidas de segurança tomadas para que tudo ocorresse da melhor ma­ neira possível. “Como é inevitável ir para o hospi­ tal durante o parto, confi­ amos na equipe, sabendo que eles estavam toman­ do todas as medidas de precaução”, conta. Vacinação Entre os dias 21 e 23 de junho, foi realizada a aplicação da primeira dose da vacina contra a coronavírus nas gestan­ tes e puérperas de 18 a 55 anos em Ponta Gros­ sa. A medida de incluir ambos os grupos no pla­ no nacional de vacinação contra a doença também foi seguida pelos outros estados. Com a inclusão dos dois públicos, a expectativa é de diminui­ ção de casos fatais de Covid­19 em gestantes.

Ponta Grossa cria sistema de repescagem para quem escolhe vacina Amanda Martins A prefeitura deci­ diu colocar no fim da fila aqueles que não compa­ recerem para receber a segunda dose da vacina contra o coronavírus. A administração do município informou que os “públicos têm respon­ dido de maneira positiva” em relação à segunda do­ se. Mas mesmo assim, foi necessário criar um sis­

tema de “repescagem”. Stela Godoy, coor­ denadora de Imunização da cidade, afirma que há pessoas que não apare­ cem para tomar a dose complementar. “Esta­ mos indo atrás dos que faltam.” Ela aponta que um dos principais moti­ vos do não retorno é a perda da carteirinha de vacinação. "Eles acabam não sabendo o dia que está agendada a segunda

dose”, completa. Apesar das vacinas possuírem uma grande eficácia na proteção con­ tra o Coronavírus, muitos ainda a temem. É o caso de um catador de reciclá­ veis de 78 anos. Para ele, a vacina não é segura. “Eu senti como se fosse morrer”, comenta. “Não quero morrer por causa de uma vacina". De acordo com a Organização Mundial da

Saúde (OMS), vacinar­se é uma forma de preven­ ção. Após a vacina, o cor­ po desenvolve defesas que tornam o sistema imunológico preparado para combater a doença. Carla Dias, técnica em enfermagem nas li­ nhas de frente contra a COVID­19 no Hospital Universitário de Ponta Grossa (HU), alerta para que as pessoas que po­ dem tomar a vacina o fa­

çam. “Trabalhamos so­ brecarregados na UTI. Preparamos um óbito e outro ocupa a vaga”, co­ menta a técnica. Agendamento O cadastro para a vacinação em Ponta Grossa deve ser feito no site da prefeitura. Todos que comparecerem de­ vem estar com RG ou do­ cumento com foto, CPF e carteirinha de vacinação.


CIDADE FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

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Infratores pagam apenas 15% das multas da pandemia em Ponta Grossa De 198 infrações aplicadas em 2020, a prefeitura recebeu o pagamento de apenas 30 VERIDIANE PARIZE

Leriany Barbosa

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urante a pande­ mia, para fisca­ lizar o bem­estar público em Ponta Grossa, a equipe composta pela Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e Polícia Mili­ tar é responsável por aplicar multas a quem descumprir medidas impostas pelos decretos municipais. As punições por irregularidades va­ riam de R$ 1 mil a R$ 10 mil. No ano passado, foram aplicadas 198 multas, das quais ape­ nas 30 foram pagas. Até o final do mês de julho deste ano, foram aplica­ das 238 infrações e so­ mente sete foram quitadas até agora. Segundo a Secre­ taria Municipal de Cida­ dania e Segurança Pública (SMCSP), após o recebimento das de­ núncias, representantes da equipe se deslocam

Decretos fecharam o comércio durante a pandemia para combater o vírus para averiguar se houve ou não o descumpri­ mento do decreto. Caso haja infração, a pessoa recebe a multa que deve ser paga em 30 dias A SMCSP diz que, até o final do mês de ju­ lho deste ano, a Prefei­ tura Municipal de Ponta Grossa recebeu 342 de­ núncias através dos ca­ nais 156 ou 153 da Guarda Municipal. No dia 27 de maio deste ano, as multas aos

estabelecimentos que desrespeitam os 50% de ocupação passou de R$ 5 mil para R$ 10 mil. Em caso de reincidên­ cia, o valor dobra e o local é interditado por sete dias. Arrecadação O não pagamento da multa leva à divida ativa no município. A cobrança é realizada pe­ la administração muni­ cipal, em conjunto à

Vara da Fazenda. De acordo com a prefeitura, em 2020 fo­ ram arrecadados R$ 20,9 mil em multas re­ lacionadas ao descum­ primento de decretos municipais. O total do valor previsto na arreca­ dação seria de R$138.600,00. O decreto publica­ do no final do mês de maio passa o valor arrecadado com as multas para o Fundo

Municipal de Saúde pa­ ra compra de medica­ mentos usados nos pacientes internados. No ano passado, o valor arrecadado foi uti­ lizado na compra de cesta básica repassadas para a Fundação de As­ sistência Social de Ponta Grossa (FASPG). Já no primeiro se­ mestre do ano, a Secretaria de Segurança Pública aplicou R$ 750 mil em multas. Porém, não há nenhuma garan­ tia que a Prefeitura ar­ recade este valor. Eduardo Verschoor, di­ retor do Departamento de Receita, vinculado à Secretaria da Fazenda – setor responsável pela coordenação das ações de fiscalização, lamenta as situações de irregula­ ridades. “O desrespeito de alguns acaba resul­ tando no aumento no número de casos e pre­ judicando aqueles que respeitam as regras”, conclui o diretor.

Cruzamento em PG é cenário comum de acidentes Maria Luiza Pontaldi

E

m 12 de junho de 2016, um aciden­ te entre dois car­ ros deixou quatro pessoas feridas. Já em 23 de setembro de 2020, uma jovem de 18 anos ficou gravemente ferida ao se envolver em um acidente com um caminhão. Em 22 de fe­ vereiro de 2021, um jo­ vem se feriu em uma colisão. Em junho do mesmo ano, dois veícu­ los colidiram. Esses aci­ dentes não teriam relevância se não fos­ sem no mesmo local: o cruzamento da Rua Antônio João com a Avenida Ernani Batis­ ta Rosas, no bairro Jar­ dim Carvalho.

Além de todas es­ sas colisões noticiadas neste cruzamento, mo­ radores dos arredores relatam muitas outras. “Nós moramos aqui desde dezembro de 2013 e já vimos mais de dez, com certeza”, diz Deize Basílio Aguiar, moradora de um prédio na esquina.“Durante es­ ses três anos que estou aqui na clínica, houve vários acidentes e sem­ pre chamamos a polícia e o Samu”, conta Maria­ na Borges dos Santos. Porém, as colisões não são consequência ape­ nas da falta de sinaliza­ ção do cruzamento. São vários os problemas que tornam o local perigoso. A faixa de estaciona­ mento em frente ao Edi­ fício Champagnat, na

Rua Antônio João, atra­ palha a visão do moto­ rista que deseja atravessar a mesma rua. Por este motivo, no ano de 2016, a Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte de Ponta Grossa (AMTT) fez uma nova pintura da faixa no trecho, proibindo esta­ cionar nas esquinas. Apesar disso, os moto­ ristas descumprem a re­ gra prejudicando a visão de quem trafega na via. O desrespeito dos condutores também é um fator recorrente. A alteração repentina na preferencial da Avenida Ernani Batista Rosas passa despercebida por muitos, fazendo com que cruzem a preferen­ cial. Outra mudança na região aconteceu em

março de 2019 com a al­ teração de sentido da Rua Antônio João, que passou a ser mão única. Na opinião de Elivelton Dias Hammerschmidt, essa mudança foi um passo positivo. “Ameni­ zou um pouco os trans­ tornos, mas mesmo assim a quantidade de acidentes é considerá­ vel”, afirma. Houve a instalação de um radar na rua Antônio João, porém, até a data de fechamento desta edi­ ção, este não está em funcionamento. Para diminuir os acidentes, os moradores sugerem mudanças para que o trecho se torne mais seguro. Entre as propostas destacadas por eles, estão a coloca­ ção de um semáforo na

esquina, a mudança do radar para antes do cru­ zamento e a construção de uma faixa elevada no local. "Ajudaria muito, até porque temos uma escola na próxima qua­ dra, o que justifica a instalação” comenta Deize Basílio Aguiar. De acordo com a AMTT, não há registros de solicitações para mu­ danças no cruzamento entre a rua Antônio João e Avenida Ernani Batista Rosas no perío­ do de janeiro a junho de 2021. Mas o órgão in­ forma que está avalian­ do a possibilidade de reativar o radar na rua Antônio João e enviar funcionarios para que haja verificação do tre­ cho e formulação de no­ vas melhorias.


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FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

ENTREVISTA

“Sonhava estar nas Olimpíadas’’, diz jogador de Ponta Grossa que esteve em Tóquio 2020 Zagueiro Bruno Fuchs joga atualmente no futebol russo Isadora Ricardo e Cristiane de Melo

LUCAS FIGUEIREDO/CBF

O

zagueiro Bruno Fuchs, 22 anos, nascido em Ponta Grossa, defendeu a Seleção Brasileira de Futebol nas Olimpíadas de Tóquio 2020. O time disputou a terceira final seguida. No Japão, enfrentou a Espanha. Ficou com a medalha de ouro e se consagrou bicampeão olímpico. Fuchs estreou profissionalmente em julho de 2019 pelo Internacional de Porto Alegre (RS), time pelo qual treinava desde 2009. Ele nunca jogou pelo Operário Ferroviário, time de Ponta Grossa, pois na época não havia grupo de base no time. Com apenas 10 anos de idade foi selecionado para jogar no Internacional, equipe que participou até ser comprado pelo time CSKA Moscou, da Rússia. O jogador já teve oito convocações para a seleção. Mesmo tendo sofrido uma lesão em agosto de 2020 que o deixou parado por 10 meses, foi convocado pelo técnico André Jardine para disputar as Olimpíadas. Bruno foi titular do time que disputou o préolímpico do ano passado, na Colômbia. Ele conta que jogar nas Olimpíadas foi a realização de um sonho. Por telefone, de Tóquio, durante os jogos, ele conversou com o Foca Livre sobre a experiência. Foca Livre: Como você se sente por de­ fender a seleção em um torneio mundi­ al? Bruno Fuchs: Acho que é a realização de um sonho. Acho que todo atleta brasileiro, desde

po que já se conhece muito bem. Então a preparação foi facilitada graças a isso, e obviamente que só tem jogadores craques o que facilita o treinamento e o entendimento, então a preparação foi muito boa. FL: A pandemia pre­ judicou os treinos em Tóquio? BF: Não. A gente faz teste todo dia, então não tem com o que se preocupar em relação a isso. O treinamento é normal. FL: A pandemia in­ fluencia no emocio­ nal para participar das Olimpíadas? BF: Atletas de alto nível não podem deixar o emocional tomar conta. Tem que saber dosar o emocional, não deixar se levar muito.

Bruno Fuchs representa a seleção brasileira na Pré-Olimpíada na Colômbia 2020

pequeno, tem o sonho de estar representando a Seleção. O maior sonho de muitos atletas, e com certeza é a realização de um sonho estar na Olimpíada, que é o maior evento esportivo do mundo. Então estou muito feliz e agradecido.

em qualquer competição. Todas as competições que a Seleção Brasileira de Futebol entra é para disputar o título. Então, com certeza, é um sentimento de alegria e de responsabilidade ao mesmo tempo.

FL: Como você ava­ lia a falta de torcida nas Olimpíadas? BF: Todos nós, com certeza, queríamos ter torcida. Não só no futebol, mas em todos os esportes a torcida move muito um jogo. A gente já está vindo de longo tempo adaptado sem torcida.

FL: Sua convocação para as Olimpíadas foi uma surpresa ou já esperava por isso? BF: Não esperava porque estava um longo tempo parado, sem jogar, então não esperava ser convocado. Sonhava em estar nas Olimpíadas, tinha uma pequena esperança, não era muita por não estar jogando por causa da lesão.

FL: Qual o senti­ mento de voltar a jo­ gar pela seleção logo em uma competição tão importante? BF: A felicidade é muito grande. A gente sabe o peso que é representar a camisa do Brasil

FL: Acredita que sua convocação traz re­ presentatividade pa­ ra Ponta Grossa? BF: Acredito que leva o nome da cidade porque não é todo dia que tem

um atleta disputando as Olimpíadas na nossa cidade. Eu acredito que leva o nome, e graças a Deus é positivamente. FL: Sua família con­ tinua morando em Ponta Grossa. Sente a falta deles nesse momento da sua carreira? BF: Sim, toda minha família mora em Ponta Grossa, e obviamente que queria todos presentes, não só neste momento, mas em todos os momentos da minha vida. Família é tudo, mas infelizmente não podemos. FL: Como foi a pre­ paração para as Olimpíadas? BF: A preparação foi muito boa. Esse grupo vem sendo formado desde 2019 no Torneio de Toulon, onde a gente foi campeão. Eu estive presente também. É um gru-

FL: Quando perce­ beu que podia se tornar profissional? BF: Meu sonho desde pequeno era me tornar profissional, sempre tive isso na minha cabeça. Desde que comecei a jogar futebol, bem pequeno, sempre almejei sonhos altos. Então desde que comecei a jogar futebol acreditava que podia me tornar profissional. FL: Atualmente você joga na Rússia. Gos­ taria de voltar a jo­ gar por algum clube brasileiro? BF: Quem sabe lá na frente possa retornar para o futebol brasileiro, até porque tive pouco jogos, nem consegui completar uma temporada toda no Brasil, mas isso ainda não vem na minha cabeça. Agora meus sonhos são outros, mas quem sabe algum dia eu possa retornar para o futebol brasileiro.


ECONOMIA FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

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Trabalhadores essenciais não são prioridade na vacinação contra Covid-19 no Brasil Operadores de caixa, vendedores de loja e frentistas estão neste grupo Kathleen Schenberger

Manu Benício

E

ntre 2020 e 2021, o Brasil registrou um aumento signi­ ficativo no desligamento por morte de trabalhado­ res dos serviços essenciais, conforme aponta o Cadas­ tro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Dentre estes estão caixas de supermercados, fren­ tistas, trabalhadores do transporte público e co­ merciantes, categorias que não interromperam ativi­ dades durante a pandemia e foram continuamente expostas à Covid­19. Expostos Uma análise feita em 2020 pela Universida­ de Federal do Rio de Ja­ neiro (UFRJ) já revelava que os trabalhadores do comércio tinham 53% mais risco de contrair o ví­ rus comparado a outras profissões. As mortes en­ tre operadores de caixa de supermercado, por exem­ plo, aumentaram 68% em 2021 em relação ao mes­ mo período de 2020. Mes­ mo com adaptação às

As vacinas são o único meio eficaz de garantir imunização

medidas de segurança, co­ mo distanciamento social e redução de público, a in­ fecção dos empregados dos setores mais expostos não foi controlada. Este é o caso da cai­ xa de supermercado Lisia­ ne Justus, que contraiu o coronavírus em setembro de 2020 durante o traba­ lho. “Peguei a forma mais leve da doença, mas ainda assim passei muito mal, o olfato demorou mais de dois meses para voltar ao normal”, relata. Lisiane foi vacinada em função de sua idade, mas outros funcio­ nários ainda não tiveram a mesma oportunidade. Ela acredita que a vacinação dos trabalhadores de mer­

cado deveria ter sido prio­ rizada. “É um lugar essen­ cial, pois não fechou em nenhum dia. Pelo contrá­ rio, o movimento só au­ mentou ainda mais depois do decreto de fechar aos domingos. Teve filas e aglomerações”, ressalta. Jorge Kalatai, ge­ rente de uma loja de tintas de Ponta Grossa, também acredita que a priorização da vacinação dos trabalha­ dores do comércio seria o meio mais eficaz para con­ ter o avanço da doença. “O pessoal do comércio deveria, sim, ter um plano de imunização porque es­ tão muito expostos e tra­ balhando diretamente com o público”, frisa. Se­

gundo ele, os decretos de fechamento do comércio são ineficazes , pois nem todos os setores fecham, e os que não podem parar de funcionar sofrem gra­ ves prejuízos. “A maneira como foi feito o fechamen­ to do comércio em Ponta Grossa não foi eficiente. O certo seria fechar tudo”, opina o comerciante. De acordo com a Prefeitura, o município se­ gue o Plano Nacional da Imunização (PNI) e as ori­ entações estaduais. Assim, a vacinação dos comerci­ antes e dos demais traba­ lhadores essenciais deve ocorrer por faixa etária. Esse cenário desagrada, pois há lentidão na aplica­ ção das vacinas e um con­ tínuo aumento no número de infectados na cidade. A antecipação da vacinação dos empregados dos servi­ ços essenciais até esteve em discussão, mas estes não foram incluídos nas prioridades do PNI. Entidades Em Ponta Grossa, supermercados e outros serviços essenciais não fe­

charam na pandemia e o comércio geral seguiu os decretos municipais. A As­ sociação Comercial, In­ dustrial e Empresarial de Ponta Grossa (ACIPG) se posiciona a favor da conti­ nuidade das atividades, obedecendo os protocolos sanitários para funcionári­ os e clientes. A diretora de Comércio da ACIPG, Flá­ via Barrichello, afirma que todos do comércio foram afetados, mas defende que o calendário de vacinação siga sem priorizar os tra­ balhadores do setor. “Toda a população deve ser vaci­ nada, independente da ca­ tegoria de trabalho que represente”, aponta. O ex­presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Ponta Grossa (SECPG), José Ti­ moteo, destaca a impor­ tância da vacinação, mas também reforça que os trabalhadores precisam aguardar e seguir o plano nacional de vacinação proposto pelo Ministério da Saúde. Segundo ele, a fiscalização das medidas de segurança também de­ veria ser mais rígida.

Procura por cursos de idiomas cresce durante a pandemia Isadora Ricardo O isolamento social permitiu que grande parte da população tivesse mai­ or flexibilização de horári­ os e que houvesse migração ao home­office. Essa nova realidade fez com que muitas pessoas se matriculassem em cursos de idiomas durante a pan­ demia visando uma maior qualificação profissional, principalmente na língua mais procurada do mun­ do, o inglês. Dados da rede de ensino de idiomas online Duolingo apontam um crescimento de 23% no número de alunos nos meses de março e abril de

2020, os primeiros da quarentena. As pesquisas ressaltam que 61% dos alunos listados aprendem inglês, sendo o idioma mais estudado no Brasil, seguido do espanhol e também do francês. Jéssica de Andrade, gerente comercial de uma escola de idiomas em Pon­ ta Grossa, confirma a pro­ cura por cursos como forma de se colocar ou se realocar no mercado. “As pessoas já entendem que precisam estar prontas pa­ ra o mercado de trabalho pós­pandemia e este é o momento para se preparar para as melhores oportu­ nidades’’, afirma. Para ela, a mentalidade em relação

à necessidade de aprender uma nova língua está mu­ dando e o inglês está se tornando essencial. Iago Claro e Silva conta que houve um crescimento de 200% no número de matriculados da escola que dirige. Se­ gundo ele, houve busca por aulas remotas, prin­ cipalmente para adultos. “A pandemia deu a chance de enxergar no­ vas oportunidades, o que consideramos extre­ mamente positivo para nosso crescimento expo­ nencial a cada mês”. A médica Ana Paula Fernandes é uma dessas pessoas que iniciou o curso de inglês no último trimes­

Isadora Ricardo

Aluna realiza curso de idiomas de forma remota

tre de 2020. A motivação, de acordo com ela, foi a necessidade profissional, pois o idioma é muito exi­ gido tanto na leitura de ar­ tigos quanto na escuta de aulas e congressos de medicina. “Não é agradá­ vel ouvir aulas em tradu­ ção simultânea, gostaria de conseguir entender

sem precisar recorrer a es­ se dispositivo’’, explica. Ana Paula afirma ainda que seu desempenho não foi afetado por conta das limitações causadas pelo isolamento social, e mes­ mo apenas com aulas re­ motas, conseguiu se adaptar às restrições de uma forma eficiente.


ECONOMIA

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FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

Empresas informais no Instagram crescem durante a pandemia em PG Desde a Covid-19, muitos usaram as redes sociais para divulgar seus produtos e empreender Quézia Bonato

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

C

om a pandemia, Ponta Grossa pre­ senciou um au­ mento no número de lojas informais pelo Instagram. Segundo dados nacionais do levantamento realizado pela PayPal Brasil e Big Data Corp, o mercado de comércio on­line cresceu cerca de 40,7% entre 2019 e 2020, atingindo o núme­ ro de 1,3 milhão de lojas virtuais. Muitas das em­ presas que anteriormente ocupavam somente o meio físico, migraram também para as redes sociais. Esses dados contribuem para enfatizar a pesquisa do Centro Regional de Estu­ dos do Brasil, que aponta que 78% das empresas brasileiras de grande ou pequeno porte estão pre­ sentes em ao menos uma mídia social. Empreendendo Para muitos, a cria­ ção de lojas nas redes soci­ ais foi a alternativa encontrada para manter a renda em meio a crise cau­ sada pela Covid­19. É nas

Exemplo de lojas virtuais no Instagram

Exemplo do feed de uma loja virtual no Instagram

redes sociais que seus pro­ dutos e serviços são publi­ cados, e por essa razão, plataformas como o Insta­ gram crescem cada vez mais quando o quesito é exposição de produtos no universo on­line. Em ju­ nho de 2021, o casal de noivos Paulo Bren e Bianca Britto optou pela abertura de sua confeitaria apenas no espaço virtual, com o intuito de conquistar uma renda extra. Com o início das aulas da faculdade de medicina, Paulo abriu mão do cargo na empresa em que trabalhava para se de­ dicar ao curso. Como a

única fonte de renda seria o salário de Bianca, o casal optou pelo empreendi­ mento virtual e criou a Confeitaria Purpose Start no Instagram. “Meu noivo iniciou as aulas de medici­ na e precisávamos do di­ nheiro tanto para o casamento quanto para suprir as necessidades de casa”, conta Bianca. Gabriela Bourguig­ non e Raphaela Pacheco, estudantes de Engenharia Química na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), também investem na internet. Do­ nas da loja Serène, elas

oferecem roupas de diver­ sos estilos para o público que acompanha o perfil da loja. Segundo Raphaela, essa plataforma deixou de ser apenas uma rede social e passou a ser um dos maiores responsáveis pelo bombardeio de propagan­ das todos os dias em seu feed. Por isso, para elas, a ideia inicial sempre foi abrir uma loja no ambien­ te virtual, independente da pandemia. “O Instagram não cobra nada para você divulgar o seu produto, não precisa gastar com o aluguel de uma loja física e com todos os empecilhos”,

destaca Gabriela. Diferente do casal confeiteiro, as amigas cria­ ram a Serène com o intuito de torná­la sua principal fonte de renda. “O Insta­ gram é o principal e único meio de divulgação dos produtos que oferecemos, ele engloba o nosso públi­ co­alvo, além de facilitar a parte da compra e venda com as ferramentas que ele mesmo oferece”, diz. Para os consumido­ res, a lógica parece ser a mesma. Bruno Martins Oliveira da Silva, estudante de Administração na Uni­ versidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), afirma ter passado mais tempo nas redes sociais desde o início da pande­ mia, o que contribuiu para a descoberta de novos ne­ gócios dentro do aplicativo. “Sempre gostei de com­ prar, mas nesse período a oportunidade cresceu, co­ nheci muitas lojas e mar­ cas novas, empresas formais e informais, come­ cei a me arriscar mais e acabei gostando bastante”, relata o estudante.

Em crise, aplicativo de transporte vira fonte de renda Heryvelton Martins Com alta no de­ semprego, aplicativos de transporte se tornaram alternativa de renda de muitas pessoas durante a pandemia. No Brasil, só no Uber o número de motoristas e entregado­ res já ultrapassa 1 mi­ lhão de pessoas. Embora alguns motoristas digam que o aplicativo permite horá­ rios flexíveis, trabalhar para este tipo de serviço traz perda de garantias trabalhistas como 13º, férias e a garantia de pa­ gamentos mesmo com atestado médico.

Para agravar, esses trabalhadores enfren­ tam os custos de manu­ tenção do veículo e o preço dos combustíveis, que subiu cerca de 27% em 2021 frente a 2019. No início de julho, o preço da gasolina ultra­ passava os R$ 5; em 2016, era pouco mais que R$ 3. Encher o tan­ que de um carro popular em 2016 representava cerca de 15% do salário mínimo. Já em 2021, custa cerca de 20%. Renda A motorista Kari­ ne Barbosa Staudt tra­ balha com aplicativos

de transporte desde 2018. Ela deixou o em­ prego fixo para ser Uber. Segundo ela, a maior dificuldade para quem está começando é ajustar os ganhos, já que os pagamentos são feitos de forma semanal e não mensal. A maioria dos aplicativos funciona com pagamentos sema­ nais ou diários, depen­ dendo do acordo entre o motorista e a empre­ sa. Em média, segundo Karine, os rendimentos brutos giram em torno de R$ 200 a cada 12 ho­ ras. Se o motorista fol­ gar dois dias na

semana, ele encerra o mês com remuneração bruta aproximada de R$2.400. Com os cus­ tos do combustível em torno de R$80 por dia, ao final do mês ele ob­ tém lucro de apenas R$800, quantia que é menor que o salário mí­ nimo no Brasil. Esse va­ lor não inclui os gastos adicionais de manuten­ ção do veículo. Diego Santana também é motorista de aplicativo. Para ele, mesmo com os altos custos, a alternativa é rentável. Ele já pensou em outras formas de trabalho, mas nunca

desistiu do aplicativo. Mesmo não gozando de todos os benefícios tra­ balhistas, Santana não vislumbra deixar a fun­ ção de motorista. No primeiro tri­ mestre de 2021, segun­ do dados do IBGE, a taxa de desemprego no Brasil bateu recordes, ultrapassando 14,7%, cerca de 14,8 milhões de brasileiros. Em com­ paração ao mesmo pe­ ríodo de 2020, houve um aumento de 6,3%. No decorrer de apenas 1 ano, 1,956 milhão de brasileiros entraram na estatística de desem­ prego em todo o país.


ECONOMIA FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

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Presos a contratos, estudantes pagam aluguel em Ponta Grossa Muitos alunos estão fora da cidade por causa das aulas remotas Tamires Limurci

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om as aulas presenciais suspensas, estudantes universitários que não moram em Ponta Grossa continuam pagando o aluguel, mas sem previsão de retorno. Em março de 2020, as instituições de ensino publicaram avisos de 15 dias de suspensão das aulas, com isso diversos acadêmicos que não moravam na cidade decidiram fazer as malas - com um par de meia e o carregador do celular-, e retornar às casas de suas famílias. Entretanto, ninguém imaginou que, meses depois, ainda não teriam retornado para suas moradias. A falta de posicionamento da reitoria e a carência de políticas públicas por parte dos Governos Federal e Estadual foram alguns dos motivos para os estudantes continuarem pagando seus aluguéis. Segundo eles, a prorrogação de reuniões, a inexistência de diálogo

com os alunos, a não consideração das respostas dadas aos formulários da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), em especial da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), fizeram com que os estudantes permanecessem inseguros em quebrar os contratos, que normalmente são anuais. Em alguns casos as instituições de ensino disponibilizaram auxílios estudantis, no entanto não foram para todos e nem para todas as situações. A solução encontrada por esses estudantes foi tentar renegociar os valores e buscar diminuir outros gastos, como internet e condomínio, visto que ainda não há uma perspectiva de retorno. Outra dificuldade observada foi a rescisão dos aluguéis. A acadêmica de Agronomia UEPG, Maria Fernanda Kalusz, de Fernandes Pinheiro (PR), tem um contrato de três anos com a imobiliária e, durante esse período, buscou alternativas pa-

HELENA DENCK

Universitários têm problemas burocráticos com imóveis alugados

ra diminuir os custos mensais para não precisar rescindir e pagar a multa. “Durante esse período, a imobiliária quis aumentar o valor, mas entramos em contato e, diretamente com o locador, conseguimos um desconto de 25% [desde abril de 2020], o que ajudou bastante”, afirma. A estudante também aponta que ficou apreensiva em abrir mão do seu apartamento por conta da possibi-

lidade de retorno. “Possivelmente, se tivesse desistido e voltassem às aulas, o valor estaria mais alto e, também, seria mais difícil de conseguir”, conclui Maria. Contudo, nem todos os alunos tiveram a sorte de diminuir o aluguel e manter sua moradia. Esse é o caso de Evandro Massuline, acadêmico de engenharia elétrica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná em Ponta Grossa

(UTFPR/PG), que retornou definitivamente para Teixeira Soares, onde morava antes de passar no vestibular. Com um aumento do aluguel durante esse período, a solução encontrada foi rescindir o contrato e pagar a multa de 10%. “Tentei encontrar alguma outra opção para não ter que pagar a multa, afinal não tinha como continuar com o aluguel. Infelizmente, acabei pagando para cancelar o contrato”, comenta.

Ponta Grossa investe no turismo regional como opção para viagens durante pandemia Janaina Cassol O turismo foi um dos setores mais impactados durante a pandemia. Enquanto segmentos como hotelaria, eventos e atrativos culturais reduziram os atendimentos e até encerraram as atividades, outras áreas como o turismo regional foram amplamente fortalecidas. Isso porque, com a baixa procura por viagens internacionais e o receio de transportes coletivos para locais mais distantes, os passeios mais próximos

se mostraram como uma boa opção. Turistas optaram por viajar de carro ou por excursões ao ar livre em atividades de aventura e na natureza. É o caso do personal trainer Herikison Rodrigues, que escolheu as atrações dos Campos Gerais por possuírem locais arejados e número de pessoas limitado para evitar as aglomerações. “Durante a pandemia optei por viajar dentro do país, até porque a grande maioria não aceitava brasileiros e existe

toda uma burocracia envolvida para viajar ao exterior”, afirma. Além dos turistas, as empresas também tiveram que se adaptar e investir em novos recursos para retomar a economia do setor. Em Ponta Grossa, órgãos públicos e gestores realizam divulgações nas redes sociais e ações voltadas às atrações naturais do município e região. Descontos nos pacotes e serviços são estratégias de marketing para chamar a atenção e

fidelizar turistas. “Realizamos um planejamento antes de montar uma viagem e divulgamos nas redes sociais, para gerar uma aceitação e adquirir uma carta de clientes fiéis para possíveis viagens futuras”, explica Denize Regina Olenik, proprietária de agência. A Secretaria Municipal de Turismo de Ponta Grossa (Setur) promove atividades para auxiliar no processo de adequação às normas sanitárias e permitir a reabertura de

atrativos de maneira segura. Segundo o secretário de Turismo, Paulo Stachowiak, a Setur investe em desenvolvimento de opções e exploração das áreas naturais. “Estima-se a criação de um polo turístico em Itaiacoca e Alagados para auxiliar o desdobramento do turismo organizado no local e também estuda-se a participação do município em feiras regionais para a divulgação e atração de turistas para a cidade”, afirma.


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FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

CULTURA

Consumo de literatura fantástica cresce durante o isolamento social na pandemia Obras de fantasia podem ajudar leitores na pandemia Cassiana Tozati

A

literatura fantás­ tica é muito po­ pular por pro­ mover a imaginação dos leitores. O gênero ga­ nhou ainda mais desta­ que durante a pandemia, que impôs uma realidade repleta de medos e inse­ guranças, em que os he­ róis da fantasia podem trazer inspiração para enfrentar o momento. Uma pesquisa feita pela empresa de Inteli­ gência de Mercado Growth from Knowledge (GFK) mostra que o fatu­ ramento das obras de Li­ teratura Estrangeira, na qual estão muitos títulos da literatura fantástica, cresceu 61% em 2021 em relação a 2020. Os livros infanto­juvenis apresen­ taram crescimento de 24%. Na lista dos livros mais vendidos da Ama­ zon, nas categorias apon­ tadas na pesquisa da GFK, estão as sagas Percy Jackson, Harry

Potter, Corte de Espi­ nhos, A Rainha Verme­ lha e O Príncipe Cruel. O box da trilogia de Senhor dos Anéis também está na lista, mesmo após 67 anos de sua primeira publicação. Na lista de Mais Vendidos das Livrarias Curitiba outra vez apare­ cem os livros da coleção A Rainha Vermelha e Corte de Espinhos. Em Ponta Grossa, livros da saga Harry Potter e simi­ lares são bastante procu­ rados. “Entre 10 livros que são vendidos, quatro ou cinco são de fantasia", explica Taynara da Silva Matos, vendedora de um sebo no Centro de PG. A estudante de Di­ reito na UEPG Fernanda Rank diz que começou a ler mais livros de fantasia no período pandêmico. Ela destaca a coleção A Rainha Vermelha, que escolheu retomar a leitu­ ra em 2021, anos após terminar o primeiro li­ vro. Para ela, os livros

CASSIANA TOZATI

têm um objetivo além da distração. “Mesmo sendo livros de fantasia, acre­ dito que sempre se pode interpretá­los de forma que se encaixem à nossa realidade.” Psicologia A atração pelo mundo da fantasia du­ rante a pandemia é expli­ cada pela psicóloga Ana Paula Malysz. “Muitos procuraram os livros co­ mo forma de fuga. Alguns especificamente procuraram os livros de fantasia para fugir da trá­ gica realidade que esta­ mos enfrentando.” A jornada do herói é comumente retratada nos livros. Na obra de Carl Jung (1875­1961), fundador da psicologia analítica, o herói aparece como um símbolo útil para vencer dificuldades emocionais, representa coragem, criatividade, superação do medo. Para Ana Paula, os personagens da literatura

Série de livros do Harry Potter conta com sete volumes

fantástica podem influ­ enciar na vida dos leito­ res. “Existem diversos personagens que pode­ mos trazer para o nosso cotidiano como forma de inspiração, e a partir de suas atitudes resolver­ mos algumas questões ocultas para o paciente”. A doutora em psi­ cologia Elisabeth Becker explica que diante de uma situação atípica co­ mo a que vivemos agora, é comum buscar consolo na possibilidade de exis­ tência de heróis e de en­ frentamento mágico de riscos. “Sabemos que pa­

ra o enfrentamento da pandemia não terá nada de mágico, mas busca­ mos esses exemplos he­ róicos. Buscamos na fantasia a ativação de re­ cursos heróicos para re­ sistência”, aponta. Elisabeth acrescen­ ta que é importante saber acionar os melhores re­ cursos e capacidades emocionais, e é possível usar a fantasia para isso. “Existe o famoso conceito de resiliência, que signi­ fica ativar sua possibili­ dade de enfrentamento em situações de crise e se fortalecer.”

Obras poéticas de autores paranaenses para (re)conhecer na pandemia Helena Denck, Kathleen Schenberger e Tamires Limurci

“Ilusão” Marco Aurélio de Souza Marco Auré­ lio de Souza lançou em julho de 2021 seu livro de poesi­ as “Ilusão”. Essa é a oitiava publica­ ção do autor, nas­ cido em Rio Negro (PR), que neste li­ vro presta uma homenagem ao poeta cu­ ritibano Emiliano Perneta, fazendo uma releitura de suas obras. Utilizando um humor singular, interessante e unica­ mente poético, Marco Aurélio aborda tó­ picos universais: o amor, a solidão, a vida em sociedade e o ato de escrever. Seus poemas são agradáveis, rápidos e conse­ guem agradar a qualquer público dispos­ to a viver uma bela ilusão.

“A palavra Algo” Luci Collin Flertando com a poesia do caos, Luci Collin celebra a metalinguagem em A palavra algo (Iluminuras, 2016) ­ livro que lhe con­ cedeu o segundo lu­ gar no Prêmio Jabuti 2017, na ca­ tegoria poemas. Em 112 páginas, o livro apresenta temas como o discurso poético e a sua irradiação, a construção da lingua­ gem, a ficcionalidade do poema e a inter­ textualidade nas poesias, em que a autora referencia outros poetas, como Fernando Pessoa e Casimiro de Abreu. A Palavra Al­ go é um livro rápido, humorado e múlti­ plo, onde o caos e a técnica se encontram na procura do “algo”.

“Toda Poesia” Paulo Leminiski Toda Poesia é um livro que reú­ ne a coletânea de poemas do curiti­ bano. A obra traz produções de dife­ rentes períodos de escrita da vida do autor e é composta por textos que ex­ ploram o visual (como os haicais), trazem muitos sentimentos e reflexões sobre a vi­ da. Brincando com as palavras, ele traba­ lha com ditados populares, gírias e cotidiano. Em um contexto de contracul­ tura, Leminski consegue entregar poesias que flertam entre a formalidade e a des­ construção das regras, revolucionando a maneira de se fazer e ler poesia, com uma escrita sensível e muito arquitetada.


ENSAIO FOCA LIVRE | AGOSTO 2021

A

s fotos que estampam esta página são de familiares de estudantes que fizeram esta edição do Foca Livre. As imagens tentam retratar a alegria de quem conseguiu se vacinar contra o coronavírus. As imagens foram feitas em casa, depois da vaci-

nação. As pessoas aparecem sem máscara por estarem em suas residências. É desejo da equipe do Foca Livre que o calendário da vacinação continue avançando para que, em breve, possamos retornar às atividades normais com mais tranquilidade e segurança.

20 LILIAN MAGALHÃES

LERIANY BARBOSA

Avó: Elza Rebonatto Barbosa - Avô: Antonio Pereira Barbosa JANAINA CASSOL

Mãe: Eliziane Costa Ferreira - Pai: Jorge Rodrigues Magalhães VICTORIA SELLARES

Mãe: Elisabete Tavares Cassol ISADORA RICARDO

Mã e : C a t a ri n a E d i ma r S e l l a re s d e C a n d i a VICTORIA SELLARES

Mãe: Maria do Socorro - Pai: José Geraldo MATHEUS GASTON

Pai: Ozi Freitas de Candia ANA LUIZA BERTELLI

Mãe: Tereza de Souza Rocha Pai: Luis Carlos Gastaldon

Mãe: Juliana Bertelli Dimbarre Pai: Rafael Mikowski Dimbarre


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