OCALIVRE
GOVERNOTERCERIZAGESTÃODE DUASESCOLASESTADUAIS
CIDADE
ProjetoMenarcajá ajudou mais de 70 mil meninas em 20 anos
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VERSÃO DIGITAL
ESPORTES
Faturamento do Operário sofre baixa e time busca patrocinadores para retornar à série B
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Apenas duas
POLÍTICA
Ponta Grossa enfrenta precarização na saúde pública
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SAÚDE
Lista de espera para receber órgãos no PR é de 3 mil receptores cadastrados
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JORNALISMO UEPGEDITORIAL
Volta às aulas presenciais com restrições, greve por falta severa de professores, reposição de aulas e ano letivo que se encerra apenas em fevereiro de 2023: essas foramalgumasdasdificuldadesque nós tivemos que enfrentar durante o ano passado. Mesmo com todas as adversidades, nós conseguimos concluir o ano de 2022 (mas não o ano letivo!) e entregamos mais uma ediçãodoFocaLivre!
Todos os obstáculos enfrentados pela nossa turma nos ensinaram a fazer um jornalismo sério e com‐prometido com a comunidade Com a certeza de que estamos en‐
tregando um material de qualidade para os nossos leitores, fechamos o anocomorgulhodetodasasprodu‐çõeseediçõespublicadas
A preocupação com a educação pública de qualidade marca tanto nossoanode2022quantoestaedição: nosso ESPECIAL contextualiza a dis‐cussãosobreaterceirizaçãodagestão de colégios estaduais Na editoria SAÚDE, destacamos a atuação do ProjetoMenarcadurante 20 anos e o reconhecimento de Ponta Grossa na eliminação da Transmissão Ver‐ticaldoHIV NaseçãodeCULTURA, mostramos como ciência e teatro podem se combinar em um espetá‐
culo para todos os públicos e conta‐mosumpoucosobreoprimeiromu‐seumunicipaldanossacidade.Con‐firatambémoENSAIOsobreaPara‐daLGBTQIA+queespalhouorgulho, amor e diversidade pela cidade no
As ferramentas jornalísticas e seus porquês
OMBUDSMAN
AFONSOVERNER*
Aprática do Jornalismo é um desafio diário. Tal desafio co‐meça em tentar dar sentido a acontecimentos esparsos e muitas vezes sem conexão com nossa re‐alidade, chegando à necessidade de comunicar de forma clara e efi‐ciente em uma sociedade cada vez mais submersa em informação, quase numa 'infodemia'. Dito isso, a edição 226 do Foca Livre, publi‐cada em novembro de 2022, nos permite refletir sobre as ferra‐mentas jornalísticas disponíveis para o desafio diário do Jornalis‐mo: dar sentido aquilo que parece não ter ou revelar os sentidos sub‐jacentes
Ditoisso,destacoaquiodesafioda Turma36‐grupoquesofrecomafal‐ta de docentes no Curso ‐ em produ‐zirmaisumaediçãodoFocaLivredi‐ante de condições adversas Ironica‐mente, minha primeira observação dirige‐se exatamente à reportagem quetratadoaniversáriode53anosda UEPG, UEL e UEM e das condições de ensino nestas instituições de ensino superior Por mais que cite la‐conicamente que as universidades
EXPEDIENTE
Editoras‐chefes
Amanda Dal'Bosco, Iasmin Gow‐dak e Júlia Andrade
Editoresdeimagem
Alex Dolgan, JoãoVitorPizani e Quiara Camargo
Editoras/editoresdetexto
Daphinne Pimenta, Eduarda Gui‐marães, Emelli Schneider, Gabrie‐la Oliveira, Heloisa RibasBida, João Paulo Fagundes, Kailani Czornei, Larissa Del Pozo, Lívia
"aindaprecisamderecursos",otexto, em sua maioria, assume a versão as‐sessoria: a universidade pública fun‐cionaperfeitamente.
Ao contrário do que poderia se esperar, não há uma fonte sequer que tensione de forma incisiva a versão institucional: boas coloca‐ções nos diferentes rankings, tudo segue maravilhosamente bem A única (e tímida) menção ao questi‐onamento aparece no último pará‐grafo, de forma quase envergo‐nhada Na prática, a reportagem é o sonho de qualquer assessoria de imprensa: 'compra' a versão de ex‐celência no ensino e na estrutura sem maiores questionamentos. Curiosamente o questionamento mais incisivo está no editorial des‐ta edição Fica o aprendizado: por ofício, o(a) jornalista sempre duvi‐da e questiona, ainda mais quando a realidade no seu entorno con‐trastadaquiloqueelereporta.
Outro ponto crítico da edição 226 do Foca Livre diz respeito aos títulos e usos do espaço em branco Cabe lembrar: o "branco" é para o design (diagramação) uma ferra‐menta importante, de descanso da leitura e deve ser corretamente uti‐
lizado O equívoco começa já na primeira página: há vazios em títu‐los, como o da editoria Especial, que não se justificam.Tal expedien‐te se repete, como na página qua‐tro, com um título evasivo e que poucoocupaoespaçodisposto
Para além do uso inadequado do espaço em branco, o desafio de ti‐tular notícias ainda precisa ser en‐carado e vencido pelaequipe do Fo‐ca Há diversas notícias com titula‐ções vagas, pouco incisivas. Aqui recorro às palavras do rapper Mano Brown, do grupo Racionais MCs, que diz: "Minha palavra vale um ti‐ro e eu tenho muita munição". Na titulação das reportagens desta edi‐ção,amuniçãopareceteracabado
Quer um exemplo? Há títulos lacônicos como "Aprovada há 11 anos, LAI segue em evolução" ou "Preço da gasolina não enfrenta reajustes desde o início do semes‐tre". No primeiro caso, a expres‐são "segue em evolução" diz pou‐co, quase nada No segundo caso, a opção pelo uso negativo (não) torna a frase truncada e pouco compreensiva. Não seria mais adequado dizer que o preço da ga‐solina está estável há um determi‐
mêsdedezembrode2022
Nós, alunos do segundo ano de Jornalismo UEPG, desejamos uma boaleituraavocê,leitor Queoano de 2023 nos traga realizações e produçõescadavezmelhores!
Hasman, Manuela Rocha, Maria Eduarda Kobilarz, Naiomi Mainar‐des,Vanessa Galvão eVitóriaTesta
Chefedediagramação
Leonardo Czerski
Diagramadores
BiancaVoinaroski, Camila Ribeiro, Camila Souza, Carolina Olegário, João Iansen, Kauan Ribeiro, Mariana Real, PamelaTischer, Rafaela Col‐man, Sara Dalzoto, Tayná Landarin eWesley Machado
Repórteres Consulte a autoria de textos, fotografiase ilustraçõesdiretamente na página
FocaLivreéojornal‐laboratóriodo cursodeJornalismodaUEPG
Jornalproduzido,publicadoeeditado peladisciplina“NúcleodeRedaçãoInte‐gradaI”
Profa Fernanda Cavassana e Profa Luíza Carolina dosSantos
nado número de meses? Exatidão e precisão, sempre
Por fim, a reportagem mais rica daediçãoemtermosdeinformação (o especial sobre o JOIA) acaba per‐dendo destaque ‐ em termos de va‐lor‐notícia, o texto tem muito mais potencial do que a notícia escolhida como manchete Neste caso, a equi‐pe de edição pecou na escolha e na avaliaçãodoscritérios Aperguntaa ser feita aqui é: quantos jornais pautaram o boom do álbum da Co‐pa do Mundo e quantos trataram do JOIAcomoeventoesportivoecultu‐ral?Arespostaéauto‐explicativa Cadaferramentajornalísticatem um uso acompanhado de um porquê Qual motivo leva uma notí‐cia a escalar ao posto de manchete? O que faz um verbo ser usado e não outro? Esses (e tantos outros) são caminhos jornalísticos que os membros da Turma 36 ainda vão aprender, seja na produção do Foca Livre ou em outros ambientes pro‐dutivosdocurso
*Afonso Ferreira Verner é jornalista formado pela turma 25 da UEPG, mestre em Jornalismo e doutorandoemComunicação
Notíciasintegradasàsdisciplina“Produ‐çãoeEdiçãodeTextosJornalísticosIeII”
Profs Felipe Simão Pontes, Karina
JanzWoitowicz, Paula Melani
Rocha e RicardoTesseroli
Projetográficointegradoàdisciplina “DesignemJornalismo”
Prof Maurício Liesen
Contato
Departamento de Jornalismo
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UEPG aparece como 40ª melhor universidade do Brasil em ranking internacional
Revista americana classificou mais de 2.100 instituições no mundo
RAFAELACOLMAN
A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) é a 40º me‐lhor universidade do Brasil, se‐gundo o ranking anual de Me‐lhores Universidades Globais de 2022‐2023 da revista americana US News & World Report, publi‐cado em novembro de 2022 Fo‐ram avaliadas mais de 2 100 ins‐tituições de ensino superior em 95 países dos cinco continentes Ao todo, foram classificadas 114 universidades da América Lati‐na, públicas e privadas, sendo 52 do Brasil
Essa é a segunda vez que a instituição aparece no ranking internacional, mantendo a mes‐ma posição de 2021. A revista também classificou a UEPG co‐mo a 82º melhor universidade da América Latina A nível glo‐bal, a instituição destacou‐se em Ciências Agrárias, sendo considerada a 160º melhor uni‐versidade do mundo na área de conhecimento
Para a elaboração do ranking são utilizados 13 indicadores que se dividem entre ensino, pesqui‐sa, citações, internacionalização e transferência de conhecimento para a indústria Os dados anali‐sados para os indicadores são fornecidos pela empresa anglo‐americana de pesquisa científica e acadêmica Clarivate e pela pla‐taforma Web of Science, que for‐nece serviços de análises e aces‐so a bancos de dados de periódi‐cos acadêmicos.
O chefe de gabinete da reito‐ria da UEPG, Rauli Gross Junior, afirma que o título pode influen‐ciar na reputação da universida‐de. “Esse ranking demonstra que a universidade está no caminho certo e que devemos investir mais ainda na pesquisa científi‐ca, campo no qual a UEPG tem firmado diversos convênios no âmbito internacional.” Gross aponta que a universidade está comprometida com a moderni‐zação da estrutura pedagógica dos cursos, com o objetivo de
consolidar o processo de inter‐nacionalização que já ocorre no campo de ensino e pesquisa.
A professora do curso de Histó‐ria da UEPG, Angela RibeiroFerrei‐ra, acredita que o ranking só terá impacto efetivo se o governo esta‐dualinvestiremmaisfinanciamen‐tos para pesquisa Ferreira explica
que a Universidade tem muitos do‐centes com projetos e parcerias in‐ternacionais,consequênciademui‐to trabalho e dedicação “É mérito dos docentes e estudantes que fa‐zem excelentes trabalhos de pes‐quisa A sociedade precisa conhe‐cer e reconhecer esse papel social dauniversidadepública",analisa
Projeto acolhe mulheres vítimas de violência doméstica
CAMILASOUZA
Conforme dados apresenta‐dos pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP), a cada hora, seis mulheres sofrem vio‐lência física ou psicológica no Paraná. Foram mais de 28 mil casos desse tipo de violência re‐gistrados somente nos primeiros meses de 2022 De acordo com dados disponibilizados pelo Tri‐bunal de Justiça do Paraná, hou‐ve aumento no pedido de medi‐das protetivas de urgência no mesmo período, totalizando mais de 20 mil solicitações
Tendo em vista o aumento do número de vítimas que precisam de ajuda, o Estado criou o Nú‐cleo Maria da Penha (NUMAPE), que, em parceria com as univer‐sidades públicas de cidades co‐mo Londrina, Maringá e Ponta Grossa, presta atendimento jurí‐dico e psicológico gratuito à mu‐lheres com renda de até três sa‐lários mínimos Entre seus obje‐tivos, visa informar sobre os ti‐pos de violências existentes e como a mulher pode identificá‐los. Alguns dos serviços oferta‐dos são: divórcio, reconheci‐
mento e dissolução de união es‐tável, regulamentação da guarda dos filhos, partilha de bens e pensão alimentícia
O projeto também busca prestar um atendimento humanizado, con‐forme conta a assistente social do NUMAPE‐UEPG, Adrielly Vieira: “A gente privilegia prestar atendimen‐tos agendados, porque a mulher precisa contar, chorar, desabafar Entendemos a mulher em toda a complexidade da vida dela e busca‐mos dar esse atendimento digno a ela, pois sabemos que muitas mu‐lheres desistem de denunciar por nãoterumatendimentoacolhedor”, afirma. Segundo a assistente social, a violência doméstica não parte so‐mente do marido ou namorado, ela pode vir através de qualquer pessoa quetenhavínculoafetivocomamu‐lher,sejasogro,irmãosoupais
Existem diversos tipos de vio‐lência. A advogada do NUMAPE‐UEPG, Camila Franzo, conta que a violência não parte somente de agressões físicas ou xingamentos “Registramos praticamente todos os tipos de violência aqui Tem aquele tipo de violência em que a mulher é impedida de acessar a sua conta bancária, também há
casos que o agressor quebra obje‐toseatémesmorasgaasroupasda vítima”,afirmaCamila
Os tipos de violência mais regis‐trados no NUMAPE são a violência psicológica (93% dos casos), física (63,1%), moral (61,5%), e violência patrimonial (55,6%). Conforme o banco de dados dos atendimentos, das mulheres que buscam os servi‐çosdainstituição,54%seautodecla‐raram brancas e 28,9% se declara‐ram pardas, negras são 9,6% e 1,1% indígenas Das mulheres que busca‐ram pelo NUMAPE, 40,6% estão de‐sempregadas ou estão em situação de dependência financeira do mari‐do. A faixa etária que mais buscou ajuda foram mulheres de 36 a 40 anos (15%), seguido por 26 a 30 anos (14%), embora já tenham sido realizados atendimentos para mu‐lheres menores de 18 anos e de 60 anosoumais
As demandas para esses aten‐dimentos chegam em sua maioria por meio de encaminhamentos de advogados e delegacias, mas também parte de hospitais, con‐forme conta a assistente social Adrielly Ela considera que essas parcerias com órgãos públicos fortalecem a intersetorialidade do
município: “As demandas tam‐bém chegam através dos hospi‐tais, inclusive agora estamos com um pedido da UPA Santana Essas parcerias com esses órgãos públi‐cos facilitam o acesso a esses ti‐posdecasos”,declara
Comobuscarajuda
Caso alguém sofra ou presencie alguma situação de violência do‐méstica, pode ligar gratuitamente para a Polícia Militar no telefone 190 Uma viatura se deslocará até o local e oferecerá suporte à vítima. Para ajudar outra pessoa ou prestar denúncias posteriores, basta telefo‐narparaaCentraldeAtendimentoà Mulher, nos números 180 ou 181 O serviço escuta e fornece uma aco‐lhida qualificada para essas vítimas, além de encaminhar denúncias de violênciaaosórgãoscompetentes JáoNúcleoMariadaPenhaaten‐de nas redes sociais e também no WhatsApp através do número (42) 99929‐2600, além de oferecer escla‐recimentos presenciais para poste‐riores agendamentos O NUMAPE‐UEPGatendenoprédiodoNúcleode Práticas Jurídicas (NPJ) localizado na RuaMariaRitaPerpétuadaCruz,nú‐mero111,atrásdaArenaMultiuso
Projeto Menarca instrui meninas sobre saúde feminina em Ponta Grossa
Em 20 anos de atuação, o projeto ajudou mais de 70 mil meninas
HELOISA RIBAS BIDAO Projeto Menarca vido pelo Colégio SEPAM de Ponta Grossa, completou anos de atividade em foco do projeto é zação de meninas sobre gravi dez na adolescê contraceptivos, quest cas de saúde menstrual e higi ene íntima e os riscos de in fecções sexualmente transmis síveis (IST's). Ao longo dos anos de atuação, das cerca de 72 da comunidade pontagrossen se, com o apoio de mais de alunas entre o 9 no Fundamental e Ensino Médio que atuaram co mo voluntárias
O nome do projeto foi esco lhido em função de seu p co‐alvo: meninas entre anos, idade em que geralmente ocorre a primeira menstrua ção, que é chamada de menar ca O Projeto visa a conscienti zação da saúde menstrual e fe minina e, para isso lestras em escolas p centros de atendimento a me‐nores infratores, com o intuito de promover um bate‐papo en‐tre as meninas
O projeto foi criado em 2002 e cresceu com o trabalho con‐junto do Colégio SEPAM, que faz a gestão do projeto e das alunas da própria escola, que atuam como voluntárias Ao longo dos anos, o projeto con‐quistou quatro prêmios nacio‐nais: o Prêmio Escola de Incen‐tivo à Prevenção de DST`s, Aids e drogas (UNESCO/ONU – 2003), o Prêmio Jovem Semeador (Ibe‐rá Sementes – 2004), o Prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio ODM Brasil (Gover‐no Brasileiro – 2005) e o Prê‐mio Construindo a Nação (CNI/ SESI – 2007).
A voluntária do projeto, Ana Clara Lima Dias, destaca que o maior objetivo das ações reali‐zadas “é levar informação para quem não tem”. As conversas acontecem sem a presença de adultos, para que as garotas se sintam confortáveis no ambi‐ente e participem ativamente do diálogo. Ou seja, é “uma conversa de menina para me‐nina, sobre coisas de menina”, como diz o slogan do projeto
“Elas acabam se sentindo mais à vontade para conversar com ou‐tras pessoas que também pas‐sam pelo mesmo que elas, e por termos a mesma faixa etária fa‐cilita ainda mais”, destaca a voluntária Ana Clara
“Desde março nós começa‐mos as visitas nas escolas e cen‐tros educacionais que solicitam, para atender o máximo de luga‐res possíveis”, explica a profes‐sora Larissa Anyela Pasturczak, orientadora do projeto desde 2015 Ela afirma que o grupo ministra palestras em 40 luga‐res diferentes, além de amparar e instruir cerca de 500 meninas todos os anos “Mesmo assim, sempre tem fila de espera As escolas, principalmente, en‐tram em contato com o projeto para irmos pela primeira vez ou para voltarmos”, ressalta A vo‐luntária Ana Júlia Aparecida Spinardi, conta que poder parti‐cipar do Menarca é uma realiza‐ção pessoal, pois, já estudou em escola pública e sabe como é não ter acesso as informa‐ções Para ela é muito gratifi‐cante poder ajudar essas meni‐
nas a entenderem sobre os pró‐prios corpos e levar informa‐ções importantes para elas
Preparação
A professora Larissa conta que antes das voluntárias co‐meçarem as palestras, elas conversam com uma médica ginecologista, para entender melhor sobre o assunto que irão trabalhar e tirarem suas dúvidas Elas também conver‐sam com uma psicóloga, para não absorver os problemas das meninas que visitam “A dife‐rença de realidade é chocante, principalmente no começo, en‐tão a psicóloga nos prepara pa‐ra encontrarmos esses confli‐tos e não nos atingirmos”, ex‐plica Ana Clara
Mesmo com preparação psi‐cológica, as voluntárias rela‐tam que ainda se sentem afeta‐das em algumas situações. Ca‐tarina Litzinger conta que a pa‐lestra mais marcante para ela foi quando a coordenadora de um colégio assistido a chamou e pediu para as palestrantes discutirem sobre relaciona‐
mentos abusivos e prostitui‐ção, já que haviam casos sus‐peitos dessa situação naquela escola “As meninas nesse ca‐so estavam no 8° ano, eram novas, e não estamos acostu‐madas com esse tipo de situa‐ção, é impactante”, conta. Ca‐tarina também aponta que por esses motivos decidiu entrar no projeto, para transformar o mundo
Ex‐participante do Menar‐ca, Vitória Costa Moro, diz que o projeto a ensinou a valorizar as informações a que sempre teve acesso, seja por meio de pesquisas ou conversas com outras mulheres “Eu tive mui‐ta sorte de ter uma boa rela‐ção com a minha mãe, tudo o que eu preciso eu posso con‐versar com ela”, explica Vitó‐ria relembra o fato de que muitas meninas não tinham acesso a informações básicas, o que para ela parecia fácil de se alcançar: “Nem na escola elas aprendem sobre a menar‐ca e os próprios corpos, isso deve nos fazer refletir”, com‐pleta a ex‐voluntária.
Ponta Grossa é a quarta cidade com mais ocorrências de LGBTfobia no Paraná
56 denúncias foram registradas na cidade entre janeiro e novembro de 2022
ALEXDOLGAN“Eu estava andando com uma amiga e nem estávamos de mãos dadas, passou um casal heterose‐xual nos empurrando Depois fala‐ram tínhamos que ir para casa se pegar”; esse relato da bissexual Francielle Raush já é conhecido por inúmeros LGBTQIA+.Em2022, Ponta Grossa ficou em quarto lu‐gar nas cidades do Paraná com maior número de denúncias de LGBTfobia por habitantes A cida‐deregistrou56casosnoperíodode janeiro a novembro de 2022, o que equivale a 0,15 por mil habitantes. Entretanto, nem todas as agressões à comunidade LGBT+ são registra‐dasoficialmente Dados divulgados via e‐mail pelo Centro de Análise, Planejamento e Estatísticas da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (Sesp‐PR) mostram que em 2022 o número de ocorrências envolvendo homofobiaetransfobiacaiunoesta‐do Em 2021 foram registradas 1560 ao todo. No período de janeiro a no‐vembro de 2022 o número decres‐ceu para 1.382. Porém, deste núme‐ro não estão computadas ocorrênci‐as referentes ao mês de dezembro e tambémoscasossubnotificados.
A advogada Thaís Boamorte, in‐tegrantedoConselhoMunicipaldos Direitos LGBT de Ponta Grossa (CMLGBT) pela cadeira da Aliança Nacional LGBTI+, explica que casos subnotificados são aqueles enqua‐dradosnoboletimdeocorrênciaco‐mo outros crimes, mesmo que a agressão seja movida pelo precon‐ceito a pessoas LGBT+ “São diver‐sos motivos para que isso aconteça, masoprincipaléafaltadeconheci‐mento técnico nas delegacias. Os crimes podem ser enquadrados em vias de fato, lesão corporal leve ou grave”, aponta A advogada alerta paraqueasvítimasfaçamoboletim de ocorrência junto com um advo‐gado, para que o crime “realmente sejaregistradocomoLGBTfobia”.
No ano de 2022, Ponta Grossa apresentou queda no número de ocorrências de homofobia e trans‐fobia, diminuindo de 183 para 56 ocorrências registradas. Entretanto os números podem não correspon‐der com a realidade da violência LGBT+ na cidade como destaca Thaís Boamorte, “A violência deve ser maior do que mostram os nú‐meros Dependemos dos critérios da Sesp para registar esses boletins, dessaforma,existeumaaltasubno‐tificação mesmo que a LGBTfobia
seja equiparado ao crime de racis‐mo” A cidade é a única do Paraná quepossuiumConselhoLGBT.
Para Ulisses Massinhan, de 50 anos,opreconceitonoúltimogover‐no Bolsonaro, voltou a ser escanca‐rado como em sua juventude: “Per‐demos o direito de viver nesses últi‐mos anos Aconteceram tantos as‐sassinatos e tanta violência para a comunidade”, analisa No contexto nacional, os números de violência contra a comunidade LGBTQIA+ vêm aumentando nos últimos anos O levantamento do Anuário Brasilei‐ro de Segurança Pública de 2022 aponta que os registros de crime de lesão corporal dolosa cresceram 494,1%,sendooParanácomamaior variação dos casos Em 2020 foram computados17casosdelesãocorpo‐ral no estado, em 2021 esse número aumentoupara101registros
Os dados de LGBTfobia ainda não foram mapeados com o intuito de promover políticas públicas, mos‐trandoumapagamentodogrupo De acordo com Thaís Boamorte, “o apa‐gamento da comunidade LGBT+ co‐meçadesdeoCensodoIBGEquenão se preocupa em conhecer a popula‐ção dessa comunidade Então isso é maisumapagamentoparaaproteção dacomunidadeLGBT”.
Comodenunciar?
A ocorrência pode ser realizada em qualquer delegacia, não sendo necessário ser uma delegacia espe‐cífica de crimes de LGBTfobia. Quando os crimes forem feitos com o uso da internet podem ser feitos no site SaferNet. Para esse tipo de crime é necessário que a vítima salve as mensagens para que se possacomprovarocrime
Ao fazer a denúncia de LGBTfo‐bia, a vítima deve contar com deta‐lhesaagressão,oferecendoamaior quantidade de informações possí‐veis como o nome e o local onde o agressor reside (caso souber), no‐mes e endereços de testemunhas que presenciaram a agressão Os casos envolvendo mulheres traves‐tis, transexuais e intersexo podem seratendidasnasdelegaciasespeci‐alizadasdeatendimentoàmulher
As denúncias podem ser rea‐lizadas pelo Disque 100, especifi‐camente na Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos No caso de mulheres LBTI a denúncia pode ser feita pelo Disque 180 podendo recorrer à Lei Maria da Penha. Os serviços funcionam 24 horas por dia, nos sete dias da semana, incluindo feriados A li‐gação é gratuita.
Documentário retrata as vidas travestis em PG
IOLANDALIMA,LARISSADELPOZO EMATEUSAMANTINO
“A gente tem que mostrar nossa realidade,afaltadeoportunidade,tra‐balho, de uma formação”, analisa uma das protagonistas do documen‐tário “Sobre Vivências Travestis”, De‐borahLee Lançadoemnovembrode 2022, a produção apresenta os relatos de vida de duas sobreviventes de um grupodetravestis,nasdécadasde80e 90, em Ponta Grossa Nesse período, muitas morreram, assassinadas ou porcausadaAids.
O documentário “SobreVivências Travestis” exibe a trajetória das pri‐meiras travestis da cidade, Deborah Lee e Fernanda Riquelme, e da mili‐tância exercida junto à comunidade LGBTQIA+ Os relatos revelam a tra‐jetória destas personalidades diante darepressão,àepidemiadeHIV/Aids e as diversas violências que marca‐ram suas vidas. A produção foi reali‐zada pelo projeto de extensão Elos ‐Jornalismo,DireitosHumanoseFor‐
mação Cidadã, do Curso de Jornalis‐modaUniversidadeEstadualdePon‐taGrossa(UEPG),emparceriacoma ONGRenascer.
Deborahexpõecomoarejeiçãoda sociedade ocasiona a marginalização do trabalho e da sociabilização das travestis, o que resulta, muitas vezes, naprostituiçãodegrandeparcelades‐tegrupo Alémdisso,elaressaltaaim‐portânciadedebater estafragilização dacomunidadetravesticomoumaal‐ternativadelutarcontraopreconcei‐to,vistoqueaexpectativadevidades‐segrupoéde35anos,efatorescomo a violência, preconceito e doenças contribuemparaessenúmero
De acordo com a professora da área de gênero e participante do do‐cumentário,JoseliMariaSilva,ovalor davidadastravestisdeveserquestio‐nado dentro da sociedade brasileira “Amorteéumtemapolítico,ecomo tal,devemosdebatersobreele”,desta‐ca.Elaesperaqueotrabalhocolabore comoumdispositivodedebatesocial sobre a luta das mulheres transsexu‐
aisetravestisnacidade Paraapesqui‐sadora, essa população sofre uma si‐tuaçãodemortelenta,emqueocora‐çãopulsa,masoindivíduonãoéacei‐todentrodecasa,escolaeespaçospú‐blicos,oque,deacordocomela,seria oápicedaexclusãosocial.
Segundoorelatóriopublicadope‐
la Transgender Europe, o Brasil é o país com maior número de assassi‐natos contra travestis no mundo, li‐derando a posição por 13 anos con‐secutivos De acordo com o Antra (Associação Nacional de Travestis e Transsexuais), em 2020, o Brasil re‐gistrou175mortesdetravestis.
Pesquisa revela falta de políticas públicas para o tratamento de transtornos alimentares
Mapeamento aponta apenas seis programas pelo país e nenhum no Paraná
LARISSAONORIO
Uma pesquisa de iniciação ci‐entífica realizada por Thais Gabri‐ely Aniskievicz, aluna do curso de Serviço Social da Universidade Es‐tadual de Ponta Grossa (UEPG), aborda os aspectos psicológicos e socioculturais dos transtornos ali‐mentares em adolescentes A aca‐dêmica também fez um mapea‐mento das políticas públicas de saúdeexistentesparaotratamento dessaspatologias
Segundo a pesquisa, foram en‐contradosseisprogramasofertados pela rede pública de saúde dedica‐dosatratarTAsnopaís,localizados nascapitaisdeSãoPauloeBrasília, enosestadosdeMinasGeraiseCe‐ará São eles: o Ambulatório de Bu‐limia e Transtornos Alimentares (AMBULIM), o Núcleo de Atendi‐mento aos Transtornos Alimenta‐res (PROATA), o Instituto de Psico‐logia–GrupodeAtendimentoeEs‐tudos Psicanalíticos em Transtor‐nos Alimentares, o Centro de Transtornos Alimentares (CETRA‐TA), o Programa de Tratamento de Transtornos Alimentares (PROTAL) eoGrupodeAssistênciaemTrans‐tornos Alimentares (GRATA).
Calcula‐se que mais de 70 mi‐lhões de pessoas nomundosofram detranstornosalimentares(TA),se‐gundo a Associação Brasileira de Psiquiatria Já a Organização Mun‐dial da Saúde estima que cerca de 4,7% dos brasileiros possuem al‐gum transtorno alimentar, que su‐pera a média mundial de 2,5% No entanto, não há serviços es‐pecializados no assunto como esses sendo ofertados no Paraná “Obser‐vou‐se a existência de poucos pro‐gramas na rede pública para aten‐
der estes indivíduos. Grande parte concentra‐se na rede privada, oca‐sionando a exclusão de muitos jo‐vens que não possuem condições financeiras para realizar atendi‐mentos”, aponta a pesquisa. Visto que o tratamento necessário se en‐contra disponível somente na rede privada, foi onde Gabriela*, de 22 anos, teve de recorrer para tratar a anorexianervosa.
Gabriela é natural de Curitiba, mas mora em Ponta Grossa desde 2018, quando se mudou para fazer faculdade Nessa época, ela tinha obesidade e chegou a pesar 94 kg Tomou a iniciativa de emagrecer no início de 2020, a partir de aulas sobre qualidade de vida que tinha no curso. “Eu comecei a fazer uma dieta extremamente restrita, con‐sumia cerca de 600 calorias por dia Mas todo mundo começou a elogiar e isso foi um grande incen‐tivo para continuar”, conta. A Or‐ganização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um consumo que varia de 1800 a 2500 calorias diárias para um adulto
Em menos de um ano, Gabriela perdeu 47 kg A família começou a se preocupar e a encaminharam paraumapsiquiatra,queadiagnos‐ticou com anorexia nervosa Desde então, ela iniciou um tratamento intensivo para recuperar peso e saúde mental. Era acompanhada porpsicóloga,psiquiatraenutricio‐nista, todas especializadas em transtorno alimentar Gabriela des‐taca que “não é qualquer profissio‐nal, não é qualquer psicólogo ou qualquer nutricionista que pode atender uma pessoa com transtor‐no alimentar Ser especializado faz total diferença”. E mesmo na rede privadadesaúde,aestudanterelata
a dificuldade em encontrar profis‐sionais especializados no assunto
De acordo com a acadêmica, o tratamento do distúrbio custa ca‐ro “Eu dou graças a Deus que meus pais tinham condições financeiras de bancar tudo, por‐quenãoéumtratamentobarato.É extremamente caro”, afirma Ela ainda comenta que espera ver uma mudança, tanto nas institui‐çõesdeensino,quantonasocieda‐de, em relação a conscientização sobre os transtornos alimentares
Sobreostranstornos
De acordo com o Manual Diag‐nóstico e Estatístico deTranstornos Mentais (DSM), transtornos ali‐mentares são distúrbios do com‐portamento alimentar que resul‐tam em uma alteração do consumo de alimentos e prejudicam a saúde física ou o funcionamento psicos‐social.NapesquisadeThaisAniski‐evicz, são citadas as seguintes pato‐logias: Transtorno Alimentar Res‐tritivo/Evitativo (TARE), Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa e Trans‐torno de Compulsão Alimentar. A psicóloga Sarah Renata específica cadaumdeles.
OTranstornoAlimentar Restriti‐vo/Evitativo (TARE) acontece quan‐do a pessoa come em pequenas quantidades e é seletiva na escolha dos alimentos, devido ao impacto sensorial que a comida pode cau‐sar, como aversão à cor, textura, odor, ou por questões emocionais No caso da anorexia, os pacientes têm uma imagem distorcida dos próprios corpos e se veem com so‐brepeso equivocadamente, de for‐ma que passam longos períodos sem comer, exageram em ativida‐des físicas e usam laxantes Segun‐
do Sarah, nos casos mais graves, a anorexia pode gerar gastrite, hipo‐termia e a inibição do ciclo mens‐trualemmulheres.
A compulsão alimentar ocorre quando a pessoa ingere muita co‐mida (entre 5 mil a 10 mil calorias) em um curto período de tempo. O comportamento se repete e, se muito frequente, pode se desenvol‐ver em um caso de bulimia. Em ambas está presente o medo de jul‐gamento e a sensação de culpa por comerdemais Adiferençaéquena bulimia há comportamentos de compensação após os episódios de compulsão, como por exemplo in‐dução de vômito, exercício físico emexcesso,usoderemédioslaxan‐tesoudiuréticos.
A psicóloga explica o que pode causar os distúrbios “As causas dos Transtornos Alimentares são multifatoriais, desde traumas de infância, restrição alimentar devi‐do a dificuldades financeiras, por razões sociais, psicológicas, bioló‐gicas, devido a profissão, por uma distorção da imagem corporal, ou pelo desejo se enquadrar nos pa‐drões que estão impostos pela so‐ciedade”,esclarece.
O tratamento dos TAs envolve uma equipe multidisciplinar de profissionais da saúde que atuam em conjunto O papel do psicólo‐go nesse momento é entender a relação do paciente com a comi‐da. “Entender quais as crenças e pensamentos fazem parte da vida deles hoje, buscar a normalização da alimentação juntamente com um nutricionista, trabalhar com a imagem corporal e também res‐gatar a confiança, esperança e au‐toestima”, afirma Sara. (*Nome fic‐tícioapedidodafonte).
Nomes de ruas e avenidas revelam machismo em Ponta Grossa
LÍVIAHASMANE NAIOMIMAINARDES
“Ruas são tradicionalmente esco‐lhidas por vereadores; grande parte delessãoconservadores,eissoacaba refletindononomedasruas”,explica oprofessordehistóriaMatheusCruz sobre o processo por trás da nomea‐ção das ruas da cidade. Segundo o historiador, os nomes são decididos por meio de processos de lei discuti‐dos pela Câmara dos Vereadores “Temos um grande número de ho‐mensaindaocupandoespaçonapo‐lítica,dentrodoCongressoNacional, na Câmara de Vereadores, e isso se refletenessasdecisões”,revela Segundo o levantamento realiza‐do pela reportagem por meio do site
dosCorreios,200ruasforamanalisa‐das, sendo 136 nomeadas em home‐nagem a alguma pessoa. Desse total, 85%sãohomenagensafigurashistó‐ricasmasculinaseapenas15%levam nomesfemininos,comoaRuaHele‐naNastasSallumeaRuaAnitaGari‐baldi Apesquisa tambémincluiual‐gumas das principais avenidas da ci‐dade.De15avenidas,apenasumale‐va nome feminino: a Avenida Maria AvelinaBraga.
Ao falar sobre o número de ruas com nomes majoritariamente mas‐culinos,oprofessoresclarece queis‐soéapenasumreflexodaculturada sociedade. Para que haja mudança, segundoele,énecessárioumprojeto de base, que envolve instituições co‐mo igrejas, escolas e centros acadê‐
micos Matheusenfatizaqueoproje‐todebaseprecisaserfeitodesdeain‐fância, mudandoa estrutura da soci‐edade através da conscientização “A maioria das crianças que estudam história acabam tendo muitos exemplos de figuras masculinas, e inconscientemente crescem achan‐do que homens são mais relevantes queasmulheres,justamenteporessa falta de exemplos dentro da própria escola”,lamenta.
Ahistóriaportrásdaprincipal avenidadacidade
Vicente Machado, nome da prin‐cipalavenidadePontaGrossa,éuma forma de homenagem ao ex‐gover‐nadordoParanáqueexerceuocargo no ano de 1883 Também advogado,
Vicente Machado foi o responsável por absolver Alfredo Marques de Campos, assassino de Corina Portu‐gal, vítima de feminicídio considera‐dasantapormuitospontagrossenses
Em 2015, houve a tentativa de mu‐dançanonomedaavenidacomofor‐ma de homenagem à Corina, com a propostasendolevadaparaaCâmara dosVereadores O projeto, no entan‐to,foirecusado Segundooprofessor de história, esse tipo de mobilização pode gerar reflexões na população, pois“mesmosemamudançadono‐me,arepercussãoqueissopodecau‐sar põe em cheque uma discussão”. Contudo, Matheus Cruz acrescenta que sem a pressão popular não há questionamentosediscussõesacerca doassunto
Falta de atendimento básico afeta saúde em Ponta Grossa
População do município aguarda atendimento em hospitais superlotados
EMELLISCHNEIDER
Para além do Pronto Socorro Municipal fechado, atualmente a saúde pública de Ponta Gros‐sa enfrenta sérias dificuldades como a falta de médicos, as su‐perlotações nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e a falta de estrutura e acolhimen‐to nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Nos últimos me‐ses, os ponta‐grossenses tam‐bém tiveram que lidar com mé‐dicos em greve devido a falta de pagamento e vacinas contra a Covid‐19 vencidas. A situação gera grandes filas de espera por um leito, transferências para outras cidades e dá ainda mais destaque à ausência do atendi‐mento no Pronto Socorro Muni‐cipal, que segue fechado Com todos esses problemas na saúde pública do município, alguns vereadores da cidade pro‐puseram uma Comissão Parla‐mentar de Inquérito (CPI) para debater o assunto e investigar a gestão O vereador Celso Cieslak (PRTB) assumiu como presidente e Geraldo Stocco (PV) como rela‐tor A vereadora Joce Canto (PSC) e os vereadores Jairton da Far‐mácia (União Brasil) e Léo Far‐macêutico (PV) também foram membros da comissão A CPI te‐ve início em maio e durou quase seis meses Com 66 convocações, 40 pessoas foram ouvidas em 18 reuniões oficiais O inquérito identificou diversas irregulari‐dades. O relatório final da CPI foi entregue em 21 de novembro de 2022 junto com o pedido de abertura de uma Comissão Par‐lamentar Processante (CPP) con‐tra a atual prefeita do município Elizabeth Schmidt (PSD). Contu‐do, com 12 votos contra e 2 a favor, o pedido da CPP foi rejei‐tado pela Câmara de verdeado‐res de Ponta Grossa
A vereadora Joce Canto expli‐cou o motivo do fechamento do Pronto Socorro afetar tanto a po‐pulação e a saúde na cidade, “Te‐nho cobrado bastante pelo fecha‐mento do Pronto Socorro, que im‐pactou demais na saúde do muni‐cípio, porque quando essa porta se fechou muitas pessoas passa‐ram a ficar muito tempo nas UPAs. Tivemos 109 mortes nos primeiros 6 meses na UPA Santa‐na e 67 na UPA Santa Paula”, de‐clarou a vereadora Ela ressaltou
que as cirurgias eram realizadas, ainda que demorassem de cinco a sete dias, mas que agora, a situa‐ção piorou e os pacientes preci‐sam entrar numa fila para esperar uma única cirurgia ou até mesmo um leito em outras cidades, além de situação sobrecarregar o Hos‐pital Regional Karen Romani, por exemplo, precisou de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para internar o irmão dela (4 anos) em um caso de emergên‐cia entre os dias 3 e 14 de outubro e não conseguiu A criança diag nosticada com diabetes tipo transferida para um hospital em
Campo Largo, cidade localizada a 86 km de Ponta Grossa. Como a criança necessita de um acompa‐nhamento especializado, a famí‐lia tentou mantê‐lo em um hospi‐tal da cidade, mas não conseguiu devidoafaltadeumavaga.
Canto também reforçou im‐portância e a necessidade de for‐talecer as Unidades Básicas de Saúde, porque muitas vezes as pessoas vão para as UPAs devido a problemas com atendimento primário realizado nas UBSs co‐mo a falta de médicos recursos e ela pediu
para a CPI apurar por quê a faixa etária da vacinação no município não avançava Ao verificar a de‐manda, a comissão descobriu que o motivo da estagnação va‐cinal era por conta de que as vacinas estavam vencidas.
Em setembro de 2022, a Pre‐feitura Municipal de Ponta Gros‐sa informou que iniciaria a re‐forma do Pronto Socorro para que ele deixasse de ser um hospital e passasse a ser um ambulatório, administrado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Segundo a vereadora Joce Can‐to, a reforma do prédio custará cerca de R$14 mi Entretanto, o ambulatório abrangerá vários ser‐viços como consultas médicas, avaliações de condições clínicas como pressão arterial, tempera‐tura, exames e procedimentos ci‐rúrgicos de baixa complexidade Portanto, não serão realizadas ci‐rurgias, nem internamentos, ser‐viços que a população da cidade mais necessita atualmente. Caso o paciente precise de interna‐mento, ele terá que ser transfe‐rido para hospitais dentro da fila de espera da Central de Re‐gulação de Leitos, administra‐da pelo Estado do Paraná
Essa não é a primeira vez que a prefeitura repassa a res‐ponsabilidade de serviços mu‐nicipais para a UEPG. O coman‐do do Hospital da Criança do município, por exemplo, foi pas‐sado para a universidade em ju‐nho de 2021 A reportagem en‐trou em contato com a Secretaria de Saúde do município, para possíveis esclarecimentos, mas não obteve respostas
EMELLI SCHNEIDER E JOÃO PIZANIGoverno do Paraná repassa a gestão de duas
ALEX DOLGANNo final do ano de 2022 o go‐verno do estado do Paraná lan‐çou o edital “Parceiros da Esco‐la”, que previa repassar a admi‐nistração de 27 escolas parana‐enses à iniciativa privada Antes da implementação do novo mo‐delo, as empresas contratadas apresentaram suas propostas e consultaram a comunidade es‐colar, que optaram pela adoção do novo formato ou a manuten‐ção do antigo Ao final do pro‐cesso, apenas duas escolas acei‐taram a proposta: o Colégio Es‐tadual Anibal Khury Neto, de Curitiba, e o Colégio Estadual Anita Canet, de São José dos Pi‐nhais Em Ponta Grossa, o Colé‐gio Nossa Se‐nhora da Glória, o Colégio Gene‐ral Osório e o Colégio Francis‐co Pires Macha‐do foram con‐templados pelo edital, mas re‐cusaram a pri‐vatização da gestão No total, doze colégios rejeitaram a medida e as outras treze instituições não tiveram a quantidade mínima obrigatória de membros presentes para aprovar essa decisão.
Ao longo dos últimos meses
o projeto gerou debate, preocu‐pação e reações de oposição de professores e profissionais da rede pública estadual A APP Sindicato dos Trabalhadores de Educação Pública do Paraná se mostrou contrária à terceiriza‐ção desde o início O Coordena‐dor de Comunicação da APP‐Sindicato, Luiz Damasceno, diz que foi uma vitória significativa para a educação pública, sobre‐tudo da comunidade escolar em rejeitar o projeto. “Foi um reca‐do claro no sentido de que a co‐munidade escolar não quer perder o caráter público, em vez de suas escolas serem ad‐ministradas por empresários que só estão interessados em lucrar”, anali‐sa
rigentes da APP de todas as re‐giões visitaram as escolas para contrapor os argumentos do go‐verno
O presidente do Núcleo Regi‐onal da APP Sindicato de Ponta Grossa, Tércio Alves do Nasci‐mento, relata que a primeira ação realizada no âmbito do município foi buscar diálogo com as escolas pré‐selecionadas para o novo modelo. Dos três colégios da cidade nessa situa‐ção, apenas a direção do Colé‐gio Francisco Pires Machado ha‐via aceitado uma conversa com o sindicato para esclarecimen‐tos “No Colégio Nossa Senhora da Glória a direção defendia que a privatização seria bom para a escola, então vimos que ali não podíamos contar com nada No General Osório a diretora não quis conversar comigo”. A re‐portagem do Foca Livre entrou em contato com a diretora do colégio Nossa Senhora da Gló‐ria, que recusou a entrevista.
gral às questões pedagógicas, em diálogo com docentes e alu‐nos, para promover melhorias no processo de ensino‐aprendi‐zagem”, apontou a assessoria. Ainda, conforme a Seed‐PR, o diretor pedagógico, que será mantido no quadro de funcioná‐rios, pode focar nas questões pedagógicas, criando planeja‐mentos e estratégias para que os estudantes possam apresentar melhoria no aprendizado
Após a pu‐blicação do edital, o sindi‐cato realizou ações de en‐frentamento e repasse de in‐formações de forma transpa‐rente para a comunidade escolar Entre as ações adota‐das, está a distribuição panfle‐tos para a comunidade geral, publicações em redes sociais e investimento na divulgação lo‐cal com carros de sons e publi‐cidade paga. Além disso, os di‐
‐AdrianeBucco
Em resposta ao jornal, a as‐sessoria de comunicação da Se‐cretaria de Educação e do Es‐porte do Paraná (Seed‐PR) in‐formou que nunca se tratou de uma privatização das escolas, mas, como o nome do projeto diz, um parceiro privado para as instituições Essa parceria vi‐sa possibilitar que os diretores das instituições de ensino pos‐sam “se dedicar em tempo inte‐
A professora de Geografia do colégio Nossa Senhora da Glória, Adriane Bucco, analisa que, na prática, o novo programa de ensi‐no vai de encontro ao que é divul‐gado pela Seed‐PR. “As empresas visam lucro e por isso não vão es‐tar preocupadas com a identidade da escola e dos estudantes Vão es‐tar preocupadas em atingir metas Metas não significam uma educa‐ção de qualidade”, analisa Adriane A professora também destaca o pa‐pel de uma escola estadual, “Os alunos devem saber a importância da ciência Escola boa é a que ensi‐na o conhecimento científico”.
Projeto
No edital de lançamento da iniciativa, o Governo do Estado apresentou o objetivo do progra‐ma Parceiros da Escola como um caminho para melhorar a qualidade do ensino paranaen‐se, visto que as 27 escolas pré‐selecionadas foram as que tive‐
ColégiosestaduaisdePGqu
Os colégios são de Curitiba e São José dos Pinhais. As três esco
pesar da pré-seleção do governo do PR, a comunidade escolar votou con
"Asempresas visamlucroepor issonãovãoestar preocupadascom aidentidadeda escolaedos estudantes."
duas escolas públicas para o setor privado
scolas pontagrossenses indicadas no edital rejeitaram a proposta
ram a menor média no Índice de Desenvolvimento da Educa‐ção Básica (Ideb) de 2019 A Se‐ed‐PR ressalta que o estado já tem uma das melhores médias, portanto, o projeto pode ser um meio para que essas escolas me‐lhorassem suas notas e frequên‐cia, conforme a secretaria
Conforme o edital, as empre‐sas licenciadas têm a missão de gerenciar a área administrativa, financeira e infraestrutural das escolas, além de supervisionar e apoiar a gestão pedagógica da Instituição de Ensino. Para a contratação de funcionários existem dois métodos, que serão geridos de forma distinta: os concursos públicos e os Proces‐sos Seletivos Simplificados (PSS). Para os concursados, a gestão continua com o Estado, o qual ficará responsável pelo paga‐mento da remuneração e benefí‐cios A empresa ficará responsá‐vel pela contratação, remunera‐ção e demissão dos funcionários específicos do PSS
Para o presidente da APP Sin‐dicato de Ponta Grossa, Tércio Alves do Nascimento, o projeto foi criado pelo Governo por não conseguir administrar as 2 109 escolas estaduais do Paraná “O que fica claro de fato é a incom‐petência dos dirigentes da Seed nesse momento Se temos um Governo que se diz incapaz de dirigir as escolas, é porque al‐
guma coisa está errada”, afirma Por outro lado, a Seed‐PR defen‐de que o projeto não foi criado por causa de uma dificuldade
“A implementação do projeto não se deve a uma dificuldade de administrar todas as escolas, mas sim à necessidade de apri‐morar o processo de ensino‐aprendizagem em alguns colégi‐os”, afirma a Seed‐PR
A prestação do serviço de as‐sistência gerencial visa atingir
os resultados, metas e indica‐dores de desempenho seguindo normativas necessárias para o investimento A empresa ga‐nhadora pagará a remuneração (salário e benefícios) dos funci‐onários PSS, fornecerão meren‐da aos estudantes e funcionári‐os, cuidarão da limpeza e con‐servação das dependências do colégio (incluindo com os gas‐tos dos materiais usados) e também serão responsáveis por
querecusaramprivatização
disponibilizar internet gratuita e fornecer dois kits de unifor‐mes para os alunos. O valor in‐vestido pelo Estado para que as empresas cumpram as norma‐tivas do edital é de R$ 800,00 por aluno matriculado na rede de ensino De acordo com le‐vantamento da APP Sindicato, descontando todos os gastos previstos no edital, as empre‐sas terão lucro de 35% do valor repassado
Fundadoem1938
Ansiedade para provas afeta vestibulandos
Pressão para escolher um curso de graduação, cobrança de bom desempenho e a rotina de preparação impacta os estudantes no período de provas
RAFAELAKOLODA
A pesquisa “Juventude e a Pandemia: E agora?”, realizada em julho de 2022, ouviu cerca de 16 mil jovens brasileiros e cons‐tatou que 63% deles sofrem com crises de ansiedade A rotina de preparação para provas de vesti‐bular, a cobrança por resultados e a pressão para escolher um curso podem fazer com que a an‐siedade e o estresse apareçam de forma mais acentuada nesse pe‐ríodo De acordo com uma pes‐quisa realizada em 2019 pelo Pro‐grama de Avaliação Internacional de Estudantes (PISA), o estresse durante os estudos afeta 55% dos estudantes brasileiros
O professor de cursinho pré‐vestibular, Luis Carlos Borba
percebe que a ansiedade durante esse período afeta os jovens, principalmente por conta da pressão em escolher um curso, sendo agravada pelas provas ocorrendo em datas próximas “Eu sinto que falta acompanha‐mento psicológico para os vesti‐bulandos”, destaca. Borba expli‐ca que o chamado “aulão de revi‐são”, onde os alunos reveem os conteúdos realizados alguns dias antes do vestibular, ajuda o aluno a ficar mais tranquilo. Para alivi‐ar a tensão pré‐prova, os profes‐sores se fantasiam e fazem brin‐cadeiras, porém ele ressalta que são repassadas dicas para um bom desempenho durante a pro‐va “Não é só brincadeira, o au‐lão não é só você se fantasiar, cantar e fazer palhaçada, sempre
tem aquela dica final para o alu‐no”, aponta o professor
A vestibulanda Giovana Wro‐blewski está se preparando para prestar cinco vestibulares até março de 2023 Ela relata que o esgotamento durante esse perío‐do é inevitável, pois a dedicação aos estudos durante o ano é can‐sativa e, no momento da realiza‐ção da prova, há sempre a expec‐tativa de conseguir ter um bom desempenho “Fico apreensiva durante as semanas de provas, porque esperamos ir bem e isso interfere na saúde emocional e física, ficamos com muito sono, estressados e os estudos não ren‐dem”, comenta a estudante
A psicóloga Ana Paula Orlan‐dini Niehues explica que muitos jovens acreditam que o vestibu‐
lar é uma forma de validar os es‐tudos e passam a se cobrar por resultados, causando ansiedade e estresse “O vestibulando acre‐dita que é na prova que terá a va‐lidação de que fez a coisa certa, seu desempenho será medido pelo resultado final. Isso é um fator que acaba mexendo com a cabeça deles”, afirma Além dis‐so, a cobrança social também é um elemento, uma vez que a fa‐mília e os amigos colocam ex‐pectativa na aprovação, além de haver a preocupação de como a pessoa será vista caso não obte‐nha a aprovação em uma Univer‐sidade "Vem a cobrança externa, familiares e amigos que esperam bons resultados, além da questão de status, e como será visto se não conseguir isso", completa.
Doenças psicológicas afetam qualidade do sono
DAPHINNEPIMENTA
Estudo realizado por pesqui‐sadores da USP e Unifesp, publi‐cado em 2022, na revista Sleep Epidemiology, mostra que 65,5% da população geral brasileira têm problemas associados ao sono Esse contexto se agrava com pessoas que possuem transtornos mentais, uma vez que doenças psicológicas ten‐dem a desregular o sono dos in‐divíduos e influenciar na execu‐ção de atividades rotineiras. Es‐pecialistas apontam que dormir menos ou mais do que o neces‐sário pode agravar alguns sinto‐mas de transtornos mentais, co‐mo a irritabilidade e a falta de atenção Técnicas como a higie‐ne do sono podem auxiliar os pacientes no aumento de sua qualidade do sono
A psiquiatra Cynthia Cybulski aponta que dormir menos do que o necessário pode agravar os sintomas de transtornos mentais. “Piora, principalmen‐te, a irritabilidade, cansaço, fa‐diga, sonolência e a parte cogni‐tiva, ou seja, a atenção, o foco e a memória”, explica A médica revelou ainda que a pessoa que dorme muito além do necessá‐rio, também pode ser afetada. “Dormir demais reforça sinto‐mas depressivos, aumenta o de‐
sinteresse e pode deixar a pes‐soa com a sensação de falta de energia”, completa.
Cynthia afirma que é possível dormir bem mesmo que as doen‐ças psicológicas alterem a quali‐dade do sono “Dormir bem é possível, principalmente, por meio da higiene do sono, que são medidas comportamentais para melhorar o sono sem o uso de medicação”, destaca a psiqui‐atra Algumas das estratégias pa‐ra a higiene do sono são: dormir e acordar sempre no mesmo ho‐rário, fazer exercícios físicos an‐tes do período da noite, não co‐mer alimentos pesados e gordu‐rosos à noite, não ingerir bebidas alcoólicas ou energéticas perto do horário de dormir Para a hi‐
giene do sono também é impor‐tante: usar a cama somente para dormir, não dormir em quartos iluminados, não tirar cochilos à tarde e não usar nenhuma tela (televisão, celular, computador) antes de dormir
Cybulski explica que o sono é dividido em três fases: “Na pri‐meira fase, o sono é mais superfi‐cial porque você começou a dor‐mir há pouco tempo. Na segunda e terceira fases são os momentos que mais descansamos, ou seja, o cérebro descansa mais e aconte‐cem alguns processos cognitivos, como o desenvolvimento da me‐mória e da aprendizagem”. A psi‐quiatra informa que a qualidade do sono pode ser avaliada pelo médico em uma consulta de roti‐
na e que um adulto deve dormir, em média, de sete a oito horas por noite para desenvolver bem as atividades no dia seguinte.
A bióloga, Ana Carolina Padu‐ki, diz que sofre de depressão e transtorno bipolar, por isso, quando estava em crise tinha insônia ou sono excessivo. “Crise depressiva me faz dormir muito, crise hipomaníaca da bipolarida‐de me faz dormir pouco e me sentir com muita energia”. Ana Carolina comenta que as doen‐ças afetam também a qualidade de vida e interferem com a roti‐na dela “Tento manter a rotina sempre, janto e procuro dormir antes da meia noite, evito comi‐das pesadas à noite e café, medi‐to, faço acompanhamento psico‐lógico e psiquiátrico”, relata
A vestibulanda, Larissa Blood, foi diagnosticada com depressão e ansiedade, por esse motivo, busca fazer exercícios físicos e manter a rotina para não preci‐sar usar medicação para dormir. “Sempre tento fazer meditação e atividade física e, quando faço, consigo dormir bem Nos dias que não faço, acabo dormindo mal. Quando vai chegando meu horário de dormir, tomo um ba‐nho quente para relaxar, tento evitar televisão, celular e compu‐tador; ler e meditar também tem me ajudado”, conta Larissa
Adesão à doação de órgãos segue em baixa no Paraná
Apenas 39,6% das potenciais doações foram realizadas em 2022
LAURAURBANO
A lista de espera para receber um órgão ou tecido no estado do Paraná conta com cerca de 3000 receptores cadastrados. Segundo dados do Sistema Estadual de Transplantes (SET‐PR), entre ja‐neiro e maio de 2022, ocorreram cerca de 500 notificações sobre potenciais doadores, mas apenas 198 doações foram efetivadas, o que corresponde a 39,6% do total potencial No mesmo período, em Ponta Grossa, foram registradas 29 notificações e 11 doações efeti‐vas Fatores como condições clí‐nicas dos doadores e recusa fami‐liar são os principais impedimen‐tos para que as doações sejam re‐alizadas
A enfermeira e integrante do Departamento de Enfermagem da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Neide Knihs, detalha o funcionamento do aceite para doação “Aqui no Brasil a autorização funciona por meio de consentimento Quem au‐toriza a doação são familiares até segundo grau na linha sucessória Então quem pode autorizar são os pais, esposo ou esposa, irmãos e filhosmaioresdeidade”,explica
A rejeição familiar repre‐senta 26% das não doações no estado A falta de informações e a não comunicação com a fa‐mília são determinantes para o índice de recusa permanecer al‐to Conforme Lei nº 9434/1997, a remoção de órgãos e tecidos só deve ser feita após a permis‐são da família Desta forma, é importante que haja a manifes‐
tação do desejo de doação de forma explícita entre o paciente e os familiares, pois isso ajuda na decisão final da família A comparação entre os me‐ses de janeiro a maio de 2021 e 2022, feita pelo Paraná Trans‐plantes, mostra um crescimento de 36 transplantes Apesar do aumento, o índice de doações ainda é insuficiente para redu‐
zir a fila de pacientes na espera de órgãos e tecidos O município de Ponta Gros‐sa, pertencente à Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO) de Curitiba, conta com quatro hospitais qualificados para remoção de órgãos: Hos‐pital Unimed, Hospital Bom Je‐sus, Hospital Universitário Re‐gional e Hospital Santa Casa
PG elimina transmissão vertical do HIV
SARADALZOTTO
Ponta Grossa recebeu do Ministério da Saúde a certifi‐cação da eliminação da Trans‐missão Vertical do HIV em de‐zembro de 2022, mês que ocor‐re a Campanha Nacional de Prevenção ao HIV/AIDS. O re‐conhecimento ressalta o trata‐mento da fase pré‐natal até o pós‐parto, já que esse é o tipo de transmissão em que o vírus passa da mãe para o feto no útero ou durante o parto No Estado, também foram reco‐nhecidos os municípios de Ma‐ringá e Pinhais, além de Gua‐rapuava, que ainda foi certifi‐cado pela eliminação da Sífilis e fez com que o Paraná fosse o primeiro estado brasileiro a receber certificação dupla.
Emanuelle Araújo Augusto (31), possui HIV há onze anos,
mas convive com a carga viral indetectável Ela está em um relacionamento sorodiscordan‐te com seu esposo há oito anos, com quem teve duas filhas, e ambas nasceram sem o vírus. Ela conta que descobriu o vírus quando seu ex‐namorado a pe‐diu para fazer o exame de soro‐logia “Descobri o resultado e desde então passei a ser amea‐çada pelo meu ex Ele sabia que tinha o vírus, não contou para mim, não se tratava e es‐condia das pessoas Depois de um tempo, descobri não ser a primeira vítima dele, e infe‐lizmente também não fui a úl‐tima”, desabafa
O HIV é um vírus que ataca as células de defesa do organis‐mo e quanto maior a replicação dele no sangue, mais a imuni‐dade cai De acordo com a in‐fectologista Gabriela Gehring, o
tratamento será melhor se a do‐ença for diagnosticada mais ce‐do. Se o paciente possuir o vírus e não realizar o tratamento, pode desenvolver doenças, como cân‐cer, tuberculose e meningite por fungo, quando isso acontece, classifica‐se o vírus por Aids Ela explica que o ideal é que cada pessoa, com vida sexual ativa ou não, esteja disposta a realizar exames ao menos uma vez na vi‐da, para investigar a possibilida‐de do resultado positivo O teste pode ser feito gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Em caso de relação sexual sem proteção, a indicação do Ministé‐rio da Saúde é que se espere um intervalo de 30 dias após a expo‐sição para realizar a testagem
Quebrar o tabu
A Campanha Nacional de Pre‐venção ao HIV/AIDS (Dezembro
Vermelho) tem como principal objetivo informar a população sobre a doença, orientar sobre os cuidados de tratamento e preven‐ção. Entreelas,estãoousodepreser‐vativos,testagemregular,otratamento precoce e profilaxia pré‐exposição (medicaçãoparaevitarainfecção).
Emanuelle afirma que falar so‐bre o vírus ainda é um tabu, mas possui um perfil aberto no Insta‐gram, @dialogosoropositivo, que utiliza para explicar sobre a doen‐ça e trocar experiências com seus seguidores O perfil nasceu junto com sua primeira filha, inicial‐mente com o objetivo de mostrar para outras mulheres que tam‐bém vivem com HIV que é possí‐vel construir uma família mesmo com a doença “Desde então é is‐so que tento fazer, mostrar para as pessoas que vivem como eu, que o vírus não me fez menos que ninguém”, acrescenta
Aumentam casos de suícidio de jovens no PR
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o número de ocorrências de suicídio cresceu quase 50% nos últimos cinco anos no Brasil
PAMELATISCHER
O combate ao suicídio é um caso de saúde pública que vem crescendo no Paraná, es‐pecialmente entre os jovens. Segundo dados do site do Anuário Brasileiro de Segu‐rança Pública, os casos de sui‐cídio nos últimos cinco anos quase dobraram: de 379 mor‐tes em 2016, o número subiu para 718 no ano de 2021. Se‐gundo especialistas, os diag‐nósticos mais prevalentes em relação ao suicídio entre os jo‐vens são transtorno de perso‐nalidade borderline, depres‐são, transtornos de ansiedade, transtorno bipolar e pânico. Em Ponta Grossa, psiquiatras apontam aumento na procura
por tratamento psiquiátrico para depressão, pensamentos suicidas e outros transtornos em seus consultórios na mes‐mafaixaetária.
A especialista em psiquiatria da infância e adolescência, Cynthia Cybulski, relata que notou em seu consultório au‐mento na procura de jovens por atendimento e aponta que seus colegas também vêm rela‐tando aumento “Ainda existe um estigma muito grande em procurar pelo profissional psi‐quiatra, principalmente no in‐terior e aqui em Ponta Grossa”, avalia a psiquiatra, que tam‐bém atende em São Paulo. Ape‐sar do estigma, a especialista conta que as pessoas estão pro‐curando tratamento mais cedo
Clínica Solidária realiza tratamento gratuito a pessoas com câncer
TAYNÁLANDARIN
A Rede Feminina de Comba‐te ao Câncer (RFCC) atende mais de 420 pessoas por mês na Clínica Solidária em Ponta Grossa, inaugurada em 2022. A partir de um acordo de coope‐ração com a Universidade Es‐tadual de Ponta Grossa (UEPG), a clínica oferece aten‐dimento multiprofissional a pacientes com câncer, cuja renda familiar mensal é de até dois salários mínimos
De acordo com a presidente da RFCC, Vani Quadros Fadel, por meio desse convênio, foi possível aumentar os atendi‐mentos Ela explica que alu‐nos dos cursos de medicina, enfermagem e odontologia da UEPG são instruídos por seus professores a fazer residência na clínica “É um atendimento muito bom e humanizado”, atesta Além dos estudantes da universidade, a instituição conta com a participação vo‐luntária de profissionais for‐mados, como o caso da assis‐tente social Flávia Soares Se‐gundo ela, a motivação dos profissionais para realizarem
o trabalho na clínica é o amor ao próximo “Percebemos que fazemos uma diferença na vi‐da dos pacientes, mesmo que seja pequena e em tão pouco tempo”, afirma Soares Segundo a presidente da RFCC, a ideia de fundar a Clí‐nica Solidária surgiu quando a rede estava com um espaço li‐mitado para atendimento mé‐dico durante a pandemia de Covid‐19. “Os pacientes que nós atendemos são carentes e o diferencial do nosso trabalho é a rapidez com que realizamos os atendimentos, evitando com que eles tenham que ficar por muito tempo em uma lista de espera” revela Vani.
Além dos pacientes que mo‐ram na cidade, a clínica aten‐de pessoas que vêm de outros municípios, oferece hospeda‐gem para os pacientes e seus acompanhantes durante o tra‐tamento. A instituição tam‐bém oferta medicamentos de forma gratuita e realiza acom‐panhamentos psicológicos, te‐rapêuticos, odontológicos, nu‐tricionais, fisioterapias, assis‐tência social, assistência jurí‐dica e visitas domiciliares.
e com isso os transtornos tam‐bém aparecem antes A psiquiatra aponta que pode haver vários fatores por trás do aumento nos casos de suicídio entre jovens e um deles pode ser o isolamento social causado pela pandemia. O aumento dos transtornos mentais na juventu‐de e o crescimento do uso de substâncias psicoativas podem levar a uma ampliação de casos
As substâncias psicoativas são substâncias que atuam no siste‐ma nervoso central alterando o humor, a percepção e o com‐portamento do indivíduo São exemplos destas substâncias tanto drogas lícitas, como o ál‐cool, drogas ilícitas, como a co‐caína, e medicamentos contro‐lados como os antidepressivos
O psiquiatra Brunno Partica da Silva conta que a região Sul também pode apresentar núme‐ros altos de suicídio por conta de questões socioeconômicas, políticas, culturais e até mesmo de temperatura, pois regiões mais frias têm tendência a apre‐sentar altos índices de suicídio Brunno explica que mulheres planejam mais o suicídio do que os homens "A gente considera que as mulheres têm [mais] de‐sejos e tentativas do que ho‐mens, mas os homens conse‐guem finalizar o ato mais do que as mulheres".
Silvarecomendaprocurarajuda já nos primeiros sintomas depres‐sivos. Pessoas sem condições de pagar podem procurar o Centro de AtençãoPsicossocial(CAPS).
Quimioterapia afeta autoestima de jovens em tratamento
LUIZMIGUELMDELEMOS
A quimioterapia e a radiotera‐pia, tratamentos preventivos da neoplasia, mudam a vida e a roti‐na dos pacientes, causando efei‐tos físicos e também psicológi‐cos Com as alterações causadas no organismo das pessoas, sur‐gem problemas e inseguranças ao longo do tratamento, princi‐palmente de jovens que estão passando por uma etapa de cres‐cimento fisiológico e mental. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), entre 2020 e 2022, o Brasil registrou 8 460 ca‐sos de câncer em adolescentes
A médica oncologista pediátri‐ca Tania Hissa Anegawa, do Hos‐pital do Câncer de Londrina, re‐porta que seus pacientes jovens sofrem o impacto dos efeitos cola‐terais da quimioterapia, especial‐mente com o retorno presencial às escolas. Ela explica que a qui‐mioterapia causa mudanças no corpo do indivíduo pela morte ce‐lular de tecidos, por isso há a que‐da do cabelo, perda ou ganho de peso e maior sensibilidade ao am‐biente Tania observa também que ospacientesjovenssãoaindamais afetados por ser um período de
mudanças em que a autoestima estásendodesenvolvida
Em Ponta Grossa, a Santa Casa possui psicólogos e assistentes sociais que ajudam no auxílio e conforto mental dos pacientes, como é o caso da Fernanda Men‐des de Souza, assistente social do hospital “Os pacientes buscam essa janela para conversar, em busca de porto seguro, o que aju‐da a aliviar um pouco o peso do tratamento”, relata. Segundo da‐dos do INCA, a média de mortali‐dade por câncer em jovens é de 67 por 1 milhão, taxa que se en‐contra estável em um período de análise de cinco anos
Leonardo Mendes de Souza, jo‐vem que está passando pela quimi‐oterapia, diz que sua vida mudou completamente e teve que abrir mão momentaneamente de alguns deseus objetivos parafazer otrata‐mento Ele conta que no começo foi uma surpresa e se encontrava bem desmotivado, entretanto ao longo do tratamento percebeu que não poderia se deixar vencer e, com apoio médico, de seus famili‐ares e sua fé, diz que se sente bem melhor e com forças para dar con‐tinuidade do tratamento e espe‐rançadevencerocâncer.
Setor de turismo cresce após pandemia
vendas de pacotes
LARISSA
DELPOZO
Após dois anos críticos, as agên‐cias de viagens de Ponta Grossa au‐mentaram as vendas de pacotes pa‐raasfestasdeviradadeano Segun‐do a turismóloga Gianini Sother Pucci, gerente de uma das agências da cidade, essa normalização pro‐gressiva das atividades do turismo favoreceu as expectativas de vendas para viagens de final de ano, muito maior que anos anteriores Segundo ela, “não dá nem para comparar o valor de vendas que tivemos nestes últimos meses em relação ao mes‐moperíododoanopassado Éprati‐camente o dobro do valor”. Além disso, a gerente comenta sobre a di‐minuição expressiva das viagens lo‐go no início de 2020 e como isso chegou a afetar negativamente os lucrosdaempresa
De acordo com dados do Institu‐toBrasileirodeGeografiaeEstatísti‐ca (IBGE), os índices das atividades turísticas realizadas no ano de 2020 despencaramquase37%emrelação aoanoanterior Porcontadapande‐mia da Covid‐19, o turismo mundial foi afetado e, consequentemente, também os restaurantes, hotéis, transportes aéreos e as agências de viagens Sobre isso, o consultor de
turismo, Carlos EduardoNeves, afir‐ma que também percebeu uma re‐dução na procura de viagens no pri‐meiroanodepandemiaeatribuies‐ses resultados às restrições de via‐gens,aofechamentodasfronteirase aos cancelamentos de voos Neves acrescentaqueasinsegurançaspara a realização das viagens de fim de ano em 2020 também foi um fator que colaborou para a diminuição da procuradosdestinosturísticosneste período “Asviagenstiveramumadi‐minuição muito grande porque ti‐nha a incerteza doturista em ir visi‐tar o lugar e as atrações estarem fe‐chadas”,relembra
Em contraponto, o Panorama do Turismo de novembro de 2022, bo‐letim da Confederação Nacional do ComérciodeBens,ServiçoseTuris‐mo (CNC), revela a relação dos flu‐xos internacionais de turistas e a percepção desta retomada do ramo turístico Entre janeiro e julho de 2022 os gastos de turistas estrangei‐ros no Brasil totalizaram mais de US$2,7bilhões,eosgastosdeturis‐tas brasileiros no exterior totaliza‐ramUS$7,0bilhões,maiorpatamar desde2019,oquerepresentaaforte retomadadaáreadoturismo
Neste cenário, o diretor de ope‐rações, Leopoldo Suarez, afirma
que percebeu um crescimento na quantidade de turistas que viajaram para o exterior após a retomada do turismo e acredita que esta amplifi‐cação da demanda também seja responsável pelo aumento do preço dos voos "Acho que a pandemia deu uma represada na vontade das pessoas viajarem, e, agora, desde o começo do ano, todos estão que‐rendo viajar depois de dois anos de dificuldadesnoturismo”,destaca.
Segundo a funcionária de outra agência do município, Hellen Cristine da Silva, o movimento au‐mentou bastante nos últimos me‐
ses, principalmente quando se analisa a quantidade de clientes quesolicitamcotaçõesdedestinos pelas plataformas digitais. Hellen acredita que esta migração para o on‐line, como consequência da pandemia, reconfigurou as for‐mas de atendimento realizadas na agência e que as expectativas para este final de ano são grandes di‐ante das facilidades da comunica‐ção com os clientes tidas acerca deste movimento “Por ser o pri‐meiro fim de ano depois da pan‐demia, nós esperamos vender bastante”,comenta.
Novo rótulo nutricional facilita a informação
JOÃOVÍTORPIZANI
As novas regras de rotulagem nutricional, estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), visam facilitar a compreensão das informações nutricionais e auxiliar o consumi‐dor em escolhas mais saudáveis. As mudanças estão em vigor des‐de outubro de 2022 e especialistas indicam que podem acarretar transformações na indústria ali‐mentícia e na relação entre mar‐caseconsumidores
A grande novidade da regula‐mentação é a adoção da rotulagem nutricional frontal. As marcas de‐vem incluir na frente da embala‐gem um símbolo informativo aler‐tando,semprequeforocaso,sobre o alto índice de açúcares adiciona‐dos, gorduras saturadas e sódio. Outra alteração é a formatação pa‐dronizada da tabela nutricional, que agora terá obrigatoriamente um fundo branco e letras na cor preta,facilitandoavisualização.
Quem for ao mercado, ainda terá dificuldade para encontrar
produtos com o novo padr rotulagem, pois as regras estão em período de adaptação So‐mente produtos novos, lançados a partir de outubro, deverão aplicar imediatamente os novos requisitos de rotulagem nutrici‐onal Os produtos que já se en‐contram no mercado terão até outubro de 2023 para adotarem a nova embalagem Já para os alimentos fabricados por pe‐quenos produtores, como agri‐cultores familiares e microem‐preendedores, o prazo de adap‐tação se estende até 2024.
Nova rotulagem nutricional frontal utiliza o símbolo de uma lupa para identificar o alto teor de três nutrientes
bito alimentar dapopulação
O consumo de alimentos industrializados e ultrapro‐cessados faz parte da dieta de muitos brasileiros Com isso, uma pesquisa promovida pelo Datafolha apontou que, apro‐ximadamente 48% dos brasi‐leiros não têm o hábito de ler o rótulo dos alimentos Entre os 52% que leem esses dados, 35% entendem apenas “mais ou menos” as informações, 3% não entendem nada e ape‐nas 14% dizem entender cor‐retamente
De acordo com a nutricionista Michele Stavski, o alerta sobre o al‐to teor de ingredientes que possam representar um risco à saúde fará comqueoconsumidoranalisesuas escolhas antes de comprar um ali‐mento ultraprocessado e compare um produto com outro. A nutricio‐nista destaca também o impacto das novas regras na indústria de alimentos “Essaadequaçãofaráela se adaptar e lançar alternativas mais saudáveis para compensar umpossívelprejuízo”,afirma Para a consultora alimentar Jan‐diara Pavei, que presta serviços de rotulagem nutricional, as mudan‐ças na legislação não garantem que os alimentos se tornarão mais sau‐dáveis, mas que as pessoas passa‐rão a questionar mais e diminuir o consumo daquilo que faz mal à saúde Porém, ela acredita que ha‐verá a necessidade das marcas mu‐darem a composição dos seus pro‐dutos, visando retirar o alerta de nutrientes em excesso, para que eles se tornem mais atraentes aos olhosdosconsumidores.
Agentes de viagens apresentam otimismo diante dasRegião nordeste é o destino mais procurado por ponta-grossensses JOÃO VÍTOR PIZANI
Operário enfrenta baixa no faturamento em 2023
VITÓRIATESTA
Recém‐rebaixado para a Sé‐rie C do Campeonato Brasilei‐ro, o Operário Ferroviário Clu‐be (OFEC) precisará se adaptar a novas condições salariais para as contratações do próxi‐mo ano Em 2022, o fatura‐mento do OFEC foi de R$18 milhões. Sem o dinheiro pro‐veniente da televisão, o fatu‐ramento do clube deve cair pela metade em 2023 Com is‐so, o time deve apostar em pa‐trocinadores e novas formas de gerir os gastos para fazer um bom campeonato e aten‐der as expectativas dos torce‐dores, que esperam um elenco capaz de fazer a equipe retor‐nar à série B
Segundo o gerente de fute‐bol do OFEC, Bruno Batata, a comissão técnica vai começar um trabalho totalmente do ze‐ro, já que o clube passou por reformulação em todos os de‐partamentos Batata ressalta também que a quebra salarial do time e a mudança no elen‐co, que será todo renovado, tornaram o OFEC menos com‐
petitivo na compra e venda de jogadores em relação a outros times. “A gente tem que usar a criatividade e também a credi‐bilidade do clube. O Operário é um clube organizado, estrutu‐rado e com seus compromissos em dia, isso é um atrativo para atletas”, analisa
O Fantasma foi o time que menos venceu no Campeonato Brasileiro da Série B com sete vitórias em trinta e oito roda‐das A equipe de Vila Oficinas terminou na 19ª colocação com trinta e quatro pontos Em 2023, o OFEC terá o Campeona‐to Paranaense de Futebol, a Co‐pa do Brasil e a Série C do Cam‐peonato Brasileiro de Futebol em disputa Tendo em vista as competições de 2023 e a baixa prevista no faturamento, o tor‐cedor e participante da Associ‐ação Avante Fantasma (AAFA), João Paulo Rodrigues, espera uma gestão equilibrada do clu‐be “Ano passado tivemos um investimento alto mas que não deu resultado nas contrata‐ções”, aponta.
Para a próxima temporada, o time anunciou a contratação do
técnico Rafael Guanaes que chegou em novembro De acordo com Bruno Batata, a escolha do treinador se baseou nas campanhas feitas anterior‐mente em outros clubes da sé‐rie C O novo treinador traz ao Operário jogadores de sua con‐fiança que, segundo o torcedor Dyego Marçal, possibilitam a
formação de um elenco mais homogêneo, o que não aconte‐ceu em 2022 Já o torcedor Je‐an Martins aguarda um bom trabalho do grupo gestor para 2023 “Espero que tenha aprendido com tudo que deu errado, pelo rebaixamento, pe‐las contratações que não fo‐ram bem estudadas”, declara
Ponta Grossa fica entre as dez melhores nos
Jogos Escolares Brasileiros
JOÃOIANSEN
Após conquistar o título dos Jogos Escolares Paranaenses em julho de 2022, a Escola San‐ta Terezinha representou o Pa‐raná nos Jogos Escolares Brasi‐leiros (JEB 's) na categoria de 12 a 14 anos em novembro A equipe conquistou quatro vitó‐rias em seis jogos disputados, o que levou o time à categoria ouro e em sexto lugar na classi‐ficação geral da modalidade O torneio foi disputado no Rio de Janeiro, em quadras do Parque Olímpico, da Arena da Juventu‐de e na Universidade da Força Aérea (Unifa) em novembro de 2022. Os JEB’s são uma compe‐tição organizada pela Confede‐ração Brasileira de Desporto Escolar (CBDE) em que se reú‐nem alunos dos 27 estados do país para disputar, ao todo, de‐zessete modalidades
O professor e treinador da equipe do Colégio Santa Tere‐
zinha, Rafael Dimbarre, conta que a preparação dos atletas não é apenas para as competi‐ções, mas também para o de‐senvolvimento futuro dos alu‐nos Para o professor, seus alunos não são apenas atletas, são crianças que estão sendo inseridas na sociedade e estão descobrindo onde se encai‐xam “O esporte é fundamen‐tal para essa formação da pes‐soa, pois eles acabam conhe‐cendo novas pessoas e reali‐dades, os levando a ter maio‐res vivências, mesmo jovens”, pontua Rafael.
O aluno Gabriel Lossnitz, que joga desde os 6 anos, co‐menta que o esporte sempre o fez se sentir bem, pois foi por meio dele que começou a fazer seus primeiros amigos Hoje, Gabriel diz sentir orgulho da trajetória construída jogando pela Escola, porém acredita que é apenas o começo “Meus pais e o treinador sempre fa‐
lam que tenho muito a cami‐nhar e que devo levar o espor‐te por enquanto como um hob‐bie, sempre focando nos estu‐dos”, conta Gabriel.
A diretora da Escola, Rosa Martins, diz acreditar que o es‐porte deve fazer parte da vida de todas as crianças “Não digo apenas esportes tradicionais, assim como é o futsal, mas qualquer um, como dança, xa‐drez, entre outros”. Ela aponta que é por meio do contato com outras crianças e da prática de exercícios que a pessoa molda o próprio caráter.
A competição
A Escola Santa Terezinha ganhou todos os três jogos disputados na primeira fase da competição, organizada em formato de grupos. Os placa‐res dos jogos ganhos foram: 4
a 2 contra a Escola Municipal Nossa Senhora do Carmo, de Amazonas; 9 a 3 contra a Es‐
cola Municipal Dr José Otino de Freitas, de Rondônia; 5 a 1 contra o Curso Integral Socie‐dade Simples Ltda, da Bahia Com a primeira colocação em seu grupo, a equipe da Es‐cola Santa Terezinha se classifi‐cou para a chave ouro, a mais alta do campeonato. Logo no primeiro jogo, a equipe foi der‐rotada pelo Colégio Contato Maceió, de Alagoas, com placar de 6 a 3 Por conta disto, o time disputou a classificação entre o oitavo e o quinto lugar No jogo seguinte, a equipe da Santa Te‐rezinha enfrentou o Colégio Odete São Paio, do Rio de Janei‐ro, vencendo por 6 a 1 A vitória garantiu que a Es‐cola ficasse entre as seis me‐lhores e disputasse a quinta posição. Entretanto, o time foi derrotado pelo Rotary do Alto do Pascoal, de Pernambuco, em disputa de pênaltis com placar de 4x2, terminando a competição em sexto lugar.
Mansão Villa Hilda abriga o primeiro
Museu Municipal de Ponta Grossa
A reforma deve terminar em março, antes do 200º aniversário da cidade
MARIAEDUARDAEURICH
A Mansão Villa Hilda, que abrigava a Secretaria Municipal de Cultura (SMC), deve passar a abrigar o primeiro Museu Muni‐cipal de Ponta Grossa Construí‐da em 1926, a mansão passa por um processo de revitalização, com reformas no ambiente ex‐terno e interno, antes de sediar o museu O objetivo é que o es‐paço também conte a história de Ponta Grossa, que chega aos seus 200 anos em setembro de 2023 A expectativa de conclu‐são da reforma é para março de 2023, seis meses antes do ani‐versário da cidade
A ideia é fazer com que a Mansão se torne um importan‐te atrativo para a visitação e tu‐rismo da cidade O Secretário de Cultura, Alberto Portugal, afirma que como uma reparti‐ção pública a comunidade tinha menos acesso, com o museu esse acesso será ampliado “Nós acreditamos que, como uma repartição pública, a co‐munidade tinha menos acesso, como vai ter agora sendo um museu Por ser um grande car‐tão postal da cidade de Ponta Grossa, ela merece esse desti‐no nobre que estamos propon‐do”. Assim que a reforma for encerrada, o acervo que ocu‐pará o museu já será instalado
cretaria Municipal de Cultura reforma se deve a quest téticas, já que não havia ne‐nhum problema estrutural, elé‐trico ou hidráulico, nem que oferecesse risco aos funcionári‐os e visitantes que transitavam pelo imóvel As visitas estão suspensas, mas após o término da reforma o casarão estará li‐berado para visitação.
O projeto da reforma foi aprova‐do pela Coordenadoria do Patrimô‐nio Cultural do Estado do Paraná, visto que é patrimônio tombado pelo Estado Desde o dia 24 de ou‐tubro, a Secretaria Municipal de Cultura ocupa uma nova sede, na RuaSetedeSetembro,número572,
unidade cultural e pode receber visitas em sua nova sede.
O gerente da Casa da Memó‐ria de Ponta Grossa, Eduardo Terleski, destaca que a reforma da Mansão Villa Hilda é de ex‐trema importância para a pre‐servação histórica e cultural do município, pois representa di‐versas perspectivas do período em que foi construída. “A Villa Hilda está presente no dia a dia do ponta‐grossense como um ponto de referência, pela sua imponência que se destaca em comparação ao seu entorno”, enfatiza
Ele reforça ainda mais a neces‐sidade de reforma devido a nova o do imóvel e detalha o futu‐ro acervo do museu. “O primeiro museu municipal da cidade será formado por um acervo riquíssi‐mo adquirido em forma de doa‐o do antigo Museu Época Por‐a reforma levará a manu‐o de um bem histórico e da‐um novo significado ao imóvel sediando o Museu Municipal”, ex‐plicaTerleski.
oVillaHilda
A Mansão Villa Hilda foi cons‐da em 1926 pelo industrial Al‐berto Thielen, figura importante ria de Ponta Grossa O no‐me dado à mansão é uma home‐sua esposa HildaThielen vel de 600m² possui dois pa‐vimentos e servia de moradia para a família e seus funcionários Na parte interna da mansão, são vis‐tas pinturas de paisagens europei‐asealgumaspaisagenslocais. Por anos o casarão foi sede da Biblioteca Pública Municipal de Ponta Grossa. No ano de 1996, pas‐sou a sediar a então Fundação Mu‐nicipal de Cultura. Entre os anos 2009 até 2015 foi sede da Fundação Municipal de Turismo O casarão tem influência da arquitetura fran‐cesa neoclássica e art‐nouveau Foi tombado em 1990 como Patrimô‐nio Cultural do Paraná pela Secre‐tariaEstadualdeCultura.
Grupo de Teatro da UEPG aborda a ciência a partir da arte
WESLEYMACHADO
O Grupo de Teatro Científico da UEPG foi criado com a inten‐ção de relacionar conhecimen‐tos e saberes multidisciplinares, articulando ciência, arte e di‐vulgação científica Composto por estudantes e docentes de di‐versos cursos da UEPG, pessoas da comunidade externa e artis‐tas profissionais, o grupo é um projeto de extensão multidisci‐plinar que tem como objetivo trabalhar aspectos da ciência a partir das artes cênicas A peça de estreia do grupo, “Coração em Chagas”, conta a história do cientista Carlos Chagas e teve suas duas primeiras exibições no segundo semestre de 2022, uma delas no Festival Nacional de Teatro (FENATA).
A coordenadora do projeto de extensão e professora do curso de química na UEPG, Leila Frei‐re, relata que a ideia surgiu por‐que não havia um teatro na uni‐versidade “Eu faço parte de outro grupo de teatro de ciên‐cia e pensamos que não tínha‐mos na UEPG nenhum grupo de teatro, então criamos um”, comenta Leila conta que o grupo teve diversas ideias para a escolha do tema para a peça e, pela quantidade de atores envolvidos que trabalham na área da biologia, a escolha foi a de abordar e representar o ci‐entista Carlos Chagas
Em outubro de 2022, houve a primeira apresentação do grupo com o espetáculo “Coração em Chagas”, que conta a história das descobertas de um cientista e
traz à tona o contexto social e a vida cotidiana como fonte de conhecimento. Em novembro, o grupo teve sua segunda apre‐sentação no 50ª FENATA, que acontece anualmente em Ponta Grossa, com a mesma peça
DoençadeChagas
Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas foi um biólogo, médico sanitarista, infectologista, cien‐tista e bacteriologista brasileiro Trabalhou como clínico e pesqui‐sador atuante na saúde pública do Brasil e descobriu a doença do barbeiro. A doença de Chagas, reconhecida há mais de um sé‐culo, é uma doença infecciosa causada por um parasita encon‐trado nas fezes do inseto bar‐beiro e acomete principalmente populações negligenciadas A do‐
ença pode ser leve, causando in‐chaço e febre, ou pode durar por muito tempo; se não for tratada, pode causar insuficiência cardía‐ca congestiva. O tratamento para a doença de Chagas se concen‐tra no uso de medicamentos que matam o parasita e controlam os sintomas
O espectador que esteve presente nas duas apresenta‐ções do grupo, Anselmo Bar‐ros, ficou com medo de não entender a peça porque o gru‐po trabalha muito com termos científicos, mas que ao final se surpreendeu. “Eu desconhecia muita coisa e, mesmo assim, achei incrível. Eu nem sabia que ainda existia essa doença, mas a peça me mostrou que muitas pessoas ainda convivem com ela”, relata
Foca na diversidade
O Foca Livre acompanhou a Pa‐rada Cultural LGBTQIA+ dos Campos Gerais e espera que a foto‐grafia seja capaz de impulsionar o res‐peito e mostrar um pouco das possibilida‐des artísti‐cas e da be‐leza da di‐versidade.
PAMELA TISCHER