Entendendo a vontade de Deus

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Revista Lar Crist達o

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Lar Cristão

{ SUMÁRIO }

jul/ago 2008 – nº 103

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Pra Início de Conversa Conhecer para obedecerl { Jaime Kemp }

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Superando conflitos Uma hierarquia desordenada? { Marcos Antonio Garcia }

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Família Investimento na família { Hernandes Dias Lopes }

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Capa

Entendendo a vontade de Deus

O propósito de Deus A vida bem-sucedida { Carlos Alberto Bezerra }

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{ Tânia Cecília }

Relacionamento A praça e a vontade de Deus { Josué Campanhã }

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Harmonia nos relacionamentos O discipulado de Mical { Aécio Ribeiro }

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Oração Quando Deus nos tira da zona de conforto { Dora Bomilcar }

18 As surpresas

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Noé

Discipulando filhos A influência de um pai { Adhemar de Campos }

de Deus

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{ Jaime Kemp }

Saúde O médico da alma { Luiz Antonio Caseira }

6 94 anos de ilimitada

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Entrevista

dedicação à obra do Senhor

Boa Leitura Finanças para a vida A vontade de Deus na vida financeira { Paulo de Tarso }

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Teoria na prática Decisões são tomadas à luz da Palavra e da mente humana { Iara Vasconcellos }

{ Pr. Enéas Tognini }

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Kids com Mig e Meg { Márcia M. d’Haese } Revista Lar Cristão

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{ PRA INÍCIO

DE

CONVERSA }

Lar Cristão Julho/Agosto 2008

Conhecer para obedecer A Palavra de Deus como referencial de vida. Se alguém me perguntar qual é, em minha opinião, o maior problema que nossos lares estão enfrentando no presente momento, responderei que é a falta de compreensão, tanto do marido quanto da esposa, em relação ao papel que devem assumir e desempenhar no lar. O marido que leva Deus a sério pergunta: “Senhor, como posso ser o marido que tu queres que eu seja?”. E a esposa também faz a mesma pergunta: “Senhor, como posso ser a esposa que tu queres que eu seja?”. Ambos chegam à presença de Deus e declaram querer saber a vontade dele, para que a obedeçam. Mas... como saber qual é a vontade de Deus? Uma das primeiras notícias dadas a uma pessoa que toma a decisão de seguir a Jesus é a de que a Bíblia é sua nova regra de vida e fé. Ela também aprende que existe uma “respiração”, que é a leitura da Bíblia e a oração. Só que a maioria acha que essa função se limita apenas à vida espiritual, com os preceitos e orientações somente quanto à comunhão com Deus. No entanto, a Palavra é tremendamente prática e engloba todas as áreas da vida, como a familiar, a profissional, a fraternal, a eclesiástica, a lúdica, a acadêmica etc. Teremos, nesta edição, inúmeras referências, sugestões, ordens bíblicas para o nosso dia-a-dia. Devemos aproveitar as áreas de ensino de nossas igrejas, as classes de Escola Dominical, os seminários, as pregações e nossa meditação pessoal para ampliarmos nosso conhecimento bíblico. Esse é o primeiro passo. Conhecer para obedecer, que é o segundo. Veremos também como agir nas áreas em que a Bíblia não é específica e como entender a vontade de Deus nos momentos difíceis da vida. Enfim, que esta edição seja mais uma forma de ajuda no conhecimento da vontade do Pai. Tenham boa e proveitosa leitura.

Jaime Kemp

A Revista Lar Cristão é uma publicação da Editora Fôlego Ltda. dirigida à família brasileira. Seu conteúdo oferece orientação bíblica, clara e segura. Diretor Jaime Kemp Editores Emilio Fernandes Junior Rosana Espinosa Fernandes Jornalista Responsável Luiz Francisco de Viveiros MTB 23258 Revisor Paulo César de Oliveira Projeto Gráfico e Diagramação Neriel Lopez (NLopez Publicidade) Matéria de Capa Tania Cecília Fernandes Moraes Atendimento Adriana Lemos França Cunha adriana@editorafolego.com.br (11) 3013-2213 Publicidade Deve ser encaminhada para NLopez Publicidade: Alameda Orquídea, 911 – Jd. Estância Brasil CEP 12.949-119 – Atibaia – SP Fone/fax: (11) 4415-1438 nlpubli@terra.com.br Seções Permanentes Adhemar de Campos, Aécio Ribeiro, Carlos Alberto Bezerra, Iara Vasconcellos, Jaime Kemp, Luiz Antonio Caseira, Márcia M. d’Haese, Marcos Antonio Garcia, Paulo de Tarso Conselho Editorial Pr. Ivailton dos Santos – psicólogo clínico cristão (Vinhedo/SP); Rev. Hernandes Dias Lopes (Igreja Presbiteriana de Vitória); Dr. Luiz Antonio Caseira – médico e missionário de Vencedores por Cristo (RJ/ RJ); Pr. Ismail Sperandio (Curitiba/PR); Alex Dias Ribeiro – diretor de Atletas de Cristo (SP/SP); Ary Velloso – Igreja Batista do Morumbi (SP/SP); Sonia Emilia Andreotti – redatora do Ministério Lar Cristão (SP/SP); Pr. Edson Alves de Souza – Igreja Batista de São Gonçalo (S. Gonçalo/RJ); Pr. Armando Bispo – Igreja Batista de Fortaleza (Fortaleza/CE); Dr. Carlos Oswaldo Cardoso Pinto – Seminário Bíblico Palavra da Vida (Atibaia/SP). Correspondentes Internacionais Dr. Luiz Palau – escritor e evangelista argentino (EUA); Paul Landrey – Christ for the Cities; Dr. Bill Lawrence – teólogo e professor no Dallas Theological Seminary (EUA); Hans Wilhelm – vice-diretor da Chinese International Mission. Material Jornalístico e de Divulgação Deve ser encaminhado para a Editora Fôlego: redacao@revistalarcristao.com.br www.revistalarcristao.com.br Caixa Postal 16.575 – São Paulo/SP CEP 03149-970 – Tel./fax: (11) 5539-4329 As fotos utilizadas nesta edição, quando não identificadas pelo crédito, são de CDs autorizados. PhotoDisc, Diamar Portfolios, Key Photos, Photo Gallery2, PhotoStudio. A Revista Lar Cristão não se responsabiliza pelo conteúdo e pelos conceitos emitidos nos artigos assinados, pois não representam, necessariamente, a opinião da revista. É permitida a reprodução, total ou parcial, do conteúdo do material editorial publicado, desde que citada a fonte e com autorização prévia e documentada da Revista Lar Cristão.

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{ E N T R E V I S TA }

94 anos de ilimitada dedicação à obra do Senhor A

Revista Lar Cristão teve a honra de entrevistar Enéas Tognini, um dos pastores mais respeitáveis de nosso país, que tem influenciado gerações. Conheça um pouco mais sobre sua vida e ministério. O Pr. Enéas Tognini nasceu em 20 de abril de 1914 em Avaré - SP. Formou-se em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, no Rio de Janeiro. Pastoreou a Igreja Batista do Barro Preto, em Belo Horizonte, e a Igreja Batista de Perdizes, em São Paulo. Viajou por mais de 20 anos pelo Brasil, tornando-se um dos pioneiros da propagação de Renovação Espiritual em nossa pátria. Fundou, em 1981, a Igreja Batista do Povo, em São Paulo.

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Autor de mais de 46 livros, foi condecorado confrade da Academia Evangélica de Letras. Recebeu também o título de Cidadão Paulistano. Atualmente o Pr. Enéas Tognini é Pastor Emérito da Igreja Batista do Povo e Presidente da Sociedade Bíblica do Brasil. É casado com Élia Tognini e pai de Edinéia, Edna e Noemi. Tem três netos e três bisnetos. Conte-nos um pouco sobre sua vida, seu ministério. Eu nasci em Avaré, SP, e com dois anos de idade meu pai se transferiu para Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Lá eu me converti, aos 19 anos, e depois da conversão senti o chamado para o ministério.

Fui recomendado para o seminário do Rio de Janeiro, onde estudei durante quatro anos. Então fui convidado para pastorear a Segunda Igreja Batista de Belo Horizonte, chamada de Barro Preto, e lá permaneci por cinco anos. No seminário aprendi a teoria e lá na igreja aprendi a prática. Em 1946, depois de cinco anos em Belo Horizonte, recebi o convite para vir para São Paulo e servir como orientador do Colégio Batista e também pastorear a igreja


logo mandou uma casa para morarmos, de aluguel, mas nunca pedi dinheiro! Trabalhava; se a igreja quisesse me dar uma gratificação, aceitava, senão ficava por isso mesmo, mas todas davam. Hoje tenho 46 livros publicados, alguns de estudos, mas a maior parte sobre avivamento. Esses livros de avivamento têm sido uma bênção para todo mundo, porque todos nós precisamos de avivamento.

de Perdizes. Então começamos a evangelizar o bairro, e a igreja começou a crescer. Depois de quatro anos à frente da igreja tive uma chamada de Deus, uma experiência gloriosa que se chama Batismo com o Espírito Santo. Foi uma coisa fora do comum o poder que eu senti. Deus falou comigo para deixar o colégio, a igreja, então larguei tudo e comecei a viajar. Viajei 18 anos pelo Brasil e me tornei muito conhecido. Durante esses 18 anos fiz um trabalho de

avivamento e de evangelização. E Deus nos deu milhares e milhares de almas. Foi o trabalho que Deus me deu para fazer. E isso me custou, ficar longe da família, não ter igreja, salário, não ter nada! No colégio tinha uma casa boa, tinha comida, salário, e quando saí foi de mão vazia, porque não quis indenização nem do colégio nem da igreja. Minha primeira esposa, já falecida, dizia: “Como é que vamos viver?”. Eu disse: “Deus vai prover!”. E Deus

Além dos 46 livros publicados, o sr. hoje representa algumas instituições, como o Conselho de Pastores de São Paulo e a SBB. Fale um pouco sobre isso e sobre a igreja da qual o sr. é pastor emérito. Eu estou na Sociedade Bíblica há 40 anos. Comecei no Rio de Janeiro, passei por Brasília, de lá para Alphaville e depois Tamboré, onde estamos hoje. Quanto às honrarias, acho que é uma questão de idade. A igreja de Perdizes, onde fui pastor por 17 anos, fez uma reunião especial, me convidou e fui eleito Pastor Emérito. Aqui na Igreja Batista do Povo, onde trabalhei por 19 anos, também me elegeram Pastor Emérito. Estou recebendo honrarias de todo lado, mas eu transfiro tudo para Jesus! Por que o que o homem pode fazer? Não pode fazer nada! Eu creio que a honra e a glória pertencem ao Senhor Jesus! E assim estamos trabalhando e fazendo a obra! O sr. hoje é casado. Fale-nos sobre sua família, filhos. Eu me casei duas vezes. A primeira

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{ E N T R E V I S TA | P A S T O R E N É A S T O G N I N I } vez foi em 29 de novembro de 1941. Mudamos para Belo Horizonte e lá nasceram as nossas três filhas: Ednéia, a primogênita, Edna e Noemia. Com essa esposa, chamada Nadir, convivi 39 anos. Ela não viajava comigo, porque tinha que cuidar da casa. Eu ia para lugares distantes, como Recife, Manaus, Porto Alegre, então minha esposa tinha que cuidar da casa e trabalhar no colégio. Mesmo quando estava viajando, fiz um voto diante de Deus de que nunca deixaria de sustentar a família, porque a família está em primeiro lugar. Quando minha esposa faleceu, faltavam 20 dias para completarmos 39 anos de casados. Então disse ao Senhor que iria pendurar as chuteiras, não iria trabalhar mais, pois minha esposa tinha morrido. Completei alguns compromissos que tinha e parei. Aí Deus falou ao meu coração para começar uma igreja, à qual dei o nome de Igreja Batista do Povo. Como Deus mandou fundar a igreja, tive que casar. Catorze meses depois da morte da minha esposa, casei-me com Élia, que é de uma família tradicional batista, é a terceira geração. Do segundo casamento não tive filhos. Eu sempre dei ênfase à família, porque o obreiro que não tem uma família que o auxilia pode fazer muito pouco. E uma esposa que não tem cuidado com as finanças também prejudica o pastor. Eu ensino no seminário que qualquer pessoa pode ter dívidas, mas o pastor não. Tem que ser como o apóstolo Paulo: viver com o que tem, e não com o que gostaria de ter!

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Em todos os lugares aos quais fui sempre dei ênfase à família. Nós estamos orando por um avivamento nos lares. Eu fiz um programa de rádio aqui em São Paulo que se chamava Igreja Evangélica do Lar. Durante três meses eu só falei sobre o lar. Recebi uma infinidade de cartas, e foi um trabalho grande que Deus me deu para realizar através da rádio. Enquanto estava viajando, deixava os programas gravados, e Deus ia trabalhando nos lares.

Eu sempre dei ênfase à família, porque o obreiro que não tem uma família que o auxilia pode fazer muito pouco.

A igreja é o que são as famílias! Se as famílias são de oração, a igreja será de oração; se for de Bíblia, a igreja será de Bíblia, e assim por diante. O sr. tem netos? Tenho três netos e três bisnetos. Só tive filhas, agora tenho dois netos homens e uma mulher e também dois bisnetos e uma bisneta. Nos dias de hoje somos constantemente impulsionados a tomar decisões. Como administrar situações simulta-

neamente num mundo tão agitado? O mundo sempre esteve agitado, e para entender a vontade de Deus em nossa vida temos que buscá-lo em primeiro lugar em oração. Nós temos que escutar a vontade de Deus. Hoje temos um mecanismo para tantas coisas, o mundo está mecanizado, mas quando buscamos a Deus, Ele fala! Quando o apóstolo Paulo, na sua segunda viagem missionária, estava no porto de Trôade, na Ásia, ele queria ir para Éfeso, queria ir para a Bitínia, mas Deus não permitiu. Então naquela noite Deus falou com ele: passe para a Macedônia. A vontade de Paulo era ir para a Bítinia ou para Éfeso, mas a vontade de Deus era que ele fosse para a Europa. Então creio que nós podemos fazer a vontade de Deus buscando a sua face, porque Deus fala! Assim como falou com Samuel ainda adolescente, ele fala conosco hoje. Ele tem uma missão para nós. Diante de uma decisão ficamos confusos, não sabemos para onde ir. Qual é a primeira barreira a superar diante da confusão? Devemos ir por eliminatória. Nós não vamos fazer a vontade de Deus por dinheiro, nem por fama, nem por glória. Temos que ficar firmes em Deus, e se Ele não falar audivelmente, Ele fala ao nosso coração. Deus pode falar fechando portas, como fez com Paulo: fechou uma, fechou outra, até que ele acertou a porta. Eu creio que devemos fazer a mesma coisa, porque não adianta fazer um trabalho que não seja da


vontade de Deus. Temos que ser chamados para fazer a vontade de Deus, e Ele irá nos mostrar. Muitas vezes uma decisão familiar envolve, além da pessoa, outros integrantes da família. Qual é o conselho que o sr. daria para que sejam tomadas decisões corretas, sem prejudicar os familiares? Eu creio que nunca podemos contar cem por cento com a família. Quando me converti, minha mãe e um irmão eram muito católicos, então eles se opuseram tremendamente quando eu disse que iria para o Rio de Janeiro estudar no seminário. Foi um “Deus nos acuda”. Minha mãe chorou para que eu não fosse. Então, se não ficarmos firmes e olharmos para Jesus, iremos fracassar. Quando fui para o Rio de Janeiro eu era o penúltimo filho de uma família de 11 pessoas. A diferença entre mim e o meu irmão mais novo era de três anos. Foi uma coisa tremenda, pois eu estava arraigado, tinha uma profissão, ganhava meu dinheiro. Meu pai já era idoso, ele era construtor de casas. Às vezes ele estava no telhado, e aquilo me constrangia, ficava com pena, eu deveria estar ali sustentando a família. Eu tive que largar tudo, e meus pais não morreram de fome. E a vontade de Deus foi feita. Quando o líder toma uma decisão errada, como ele pode mudar a situação? Se ele tomou uma decisão errada, tem que ter muito cuidado para aceitar, porque é difícil aceitar. Se ele é solteiro, naturalmente é fácil se desvencilhar de qualquer coisa. Por exemplo: quando eu era diretor

da faculdade de teologia aqui em São Paulo, havia um rapaz que queria fazer medicina, então ele fez um voto com Deus. Se fosse reprovado em medicina, é porque Deus o queria no ministério. Foi reprovado em Campinas, voltou para São Paulo e se matriculou no seminário. Ele fez uma escolha errada, e qualquer pessoa pode fazer uma escolha errada. Mas para o ministério é muito difícil fazer uma escolha errada, porque o ministério é de penúria, é de sofrimento, é de

Para o ministério é muito difícil fazer uma escolha errada, porque o ministério é de penúria, é de sofrimento, é de carência, não tem muito dinheiro. carência, não tem muito dinheiro. Ninguém vai trocar uma carreira pelo seminário. Se ele faz seminário, é porque realmente foi chamado. Mas se ele errou tem que consertar, tem que voltar, explicar, mostrar arrependimento, então ele continua na carreira certa. Se ele fracassou, tem que mostrar arrependimento, voltar para o seminário e mostrar frutos. O meu pastor era um americano lá em Campo Grande, e ele me entregou uma congregação pratica-

mente falida, tinha seis pessoas, e ali Deus trabalhou. Quando saí de lá deixei uma igreja formada, e hoje é a segunda grande igreja da cidade. Quando um líder de família toma uma decisão errada e reconhece o erro, como ele pode tratar esse assunto com a esposa, os filhos, orientá-los para que todos tomem um rumo correto? Quando a pessoa tem família e já fez uma escolha errada, para entrar no caminho certo vai ter muita dificuldade, porque há as responsabilidades da família, ela não pode brincar. No seminário há alguns chefes de família que estão estudando, que sentiram o chamado de Deus para o ministério e estão de acordo com a família e vão ser ordenados pastores. É mais fácil um chefe de família consultar a família, estudar à noite, fazer um pouco de sacrifício, até que termine o curso, seja ordenado pastor, assuma uma igreja e então continue sustentando a família. Uma decisão pode contrariar a vontade de Deus? Como alcançar e entender melhor o caminho e a direção a seguir? É uma questão um pouco complicada! Havia um rapaz em Belo Horizonte cujo pai era rico e queria que ele fosse pastor. Ele fez o seminário, foi ordenado, mas foi barrado. Então teve que procurar outra coisa, pois viu que não tinha dom para o ministério. Se a pessoa errou e diante de Deus acha que fez uma escolha errada, tem que ter a idoneidade de dizer: “Eu errei! Eu tive uma simpatia para o ministério, mas não fui chamado!”.

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{ E N T R E V I S TA | P A S T O R E N É A S T O G N I N I } Com sua experiência, que conselhos o sr. daria para que as pessoas pudessem entender melhor a vontade de Deus? Eu creio que, em primeiro lugar, é preciso resolver o problema intimamente. Se a pessoa é casada, tem que resolver com seu cônjuge e a família. Quando fui chamado para o trabalho geral, tive que combinar com minha esposa, e a princípio ela não concordava. É lógico que com três filhas adolescentes a esposa não iria concordar, mas ela entendeu depois. Vendo o fruto do trabalho, ela entendeu. E ela morreu sabendo que fez a vontade de Deus. Se a pessoa errar, deve falar com a família: “Errei!”. E tem de ser humilde. O que faz muita falta nos obreiros hoje é a humildade. Para fazermos a vontade de Deus precisamos ouvir a sua voz e com toda a humildade falar com a família e a igreja. Quando fui chamado para o trabalho geral, tive de deixar a igreja de Perdizes, mas passei um ano tentando convencer a igreja que tinha de sair. A igreja não concordava, então eu disse: “Concordando ou não, tenho de fazer a vontade de Deus”. E fiz. Larguei a igreja, procurei um pastor, dei na mão dele, não deu certo, procuraram outro e outro, mas entreguei a igreja e mostrei que a vontade de Deus tinha de ser feita. Fale sobre uma decisão importante que teve de tomar e como Deus o dirigiu nisso. No meu caso eu ouvi a voz de Deus! Eu estava na casa pastoral em Perdizes, eram quatro horas da tarde, estava ajoelhado orando, e toda a minha família estava no colégio. Então Deus falou claramente, e eu ouvi a sua voz: “Eis que estou para fazer

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uma coisa nova”. Eu não entendi! No dia em que fui batizado com o Espírito Santo também ouvi a voz de Deus outra vez. Depois nunca mais! E Deus dizia: “Entregue! Entregue!”. Entregue o quê? “Entregue a biblioteca, entregue a igreja, a faculdade, o colégio e entregue a família!” As outras coisas eu entreguei, demorei três anos para entregar tudo, mas nunca larguei a minha família. A família ficou em segundo plano porque o trabalho exigia isso, mas eu sempre estava presente em casa e nunca deixei de sustentar a família.

Se a pessoa errar, deve falar com a família:“Errei!”. E tem de ser humilde. O que faz muita falta nos obreiros hoje é a humildade. Ninguém pode pensar assim: como o Enéas foi chamado, assim também tenho de ser chamado! Não! Deus chama de diversas maneiras. Temos de ouvir a voz de Deus. Quando cheguei a Belo Horizonte, o secretário de missões mundiais me convidou para abrir um trabalho na Bolívia. Eu fiquei numa revolução! Estava assumindo a igreja de Barro Preto e durante três meses não podia ouvir falar em missões. Falei para minha esposa: “Eu tenho de resolver esse problema da missão. Eu não quero ir, mas se Deus quer que

eu vá, eu irei”. Eu me tranquei no escritório e disse: “Senhor, eu não vou sair daqui até ter uma resposta sua”. Que modo Deus falou eu não sei, mas meu coração ficou fechado para a Bolívia. Então eu disse para minha esposa: “Deus disse que não é para eu ir!”. Acabou! Eu tinha plena convicção. Qual é a vontade de Deus para a família? A vontade de Deus para a família é estar em harmonia com a família, reunir-se pelo menos uma vez ao dia, fazer culto doméstico e ter estampado em vários lugares, como na minha casa, por exemplo, Deuteronômio 6.6-7. O pai, como autoridade do lar, deve dirigir o culto doméstico, porque esse culto une a família. Em minha casa sempre fizemos esse culto no lar! No programa de rádio que fazia falava sobre o lar e dizia que a família que ora junto permanece unida e é abençoada por Deus. Minhas filhas nasceram, cresceram e foram criadas dentro da Palavra. Eu creio que a Palavra de Deus deve prevalecer em nossa casa, porque Deuteronômio 6.6-7 diz para ensinarmos a Palavra quando estivermos sentados, andando, ou seja, de todas as maneiras. Temos que falar da Palavra, pois ela e a oração mantêm o lar unido. Obrigado, pastor Enéas. Espero que essa reportagem ajude muitas famílias que precisam entender qual é a vontade de Deus. Que Deus possa abençoar a todos, porque a resposta vem dele. Temos de pedir e esperar, e Deus vai orientar, porque Deus não falha, Ele é fiel.


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{ M AT É R I A

DE

C A PA }

Entendendo a vontade de Deus Tania Cecília Fernandes Moraes

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emos vivido em uma época em que o tempo parece correr de forma desenfreada. Diariamente somos bombardeados por milhares de informações, e à medida que elas chegam até nós absorvemos grande parte delas sem fazermos nenhum tipo de análise. É como se nos tornássemos robôs, préprogramados, sem nenhuma capacidade para algum tipo de questionamento. E é exatamente neste momento que a maioria de nós, muitas vezes, toma decisões impensadas, que acarretarão conseqüências significativas para nossa vida futura e para a estrutura familiar em que estamos inseridos, gerando também conseqüências para aqueles que estão à nossa volta. Por diversas vezes temos vivido um padrão de vida totalmente contrário ao que Deus planejou para nós. Temos trocado a ordem das prioridades, considerando certos objetivos mais importantes do que aqueles que Deus realmente gostaria que considerássemos. É o caso, por exemplo, de muitas mulheres, consideradas grandes líderes profissionais, que acabam deixando para

segundo plano o sonho de constituir uma família e passado muito tempo vêem seu sonho não se concretizar, ou como o caso de um grande empresário que, tomado por inúmeras atividades no seu ramo profissional, dá muito pouco tempo ou quase nada dele para a família, deixando de acompanhar a infância e o desenvolvimento de seus filhos. Por isso, é de extrema relevância que façamos

maiores que a vontade de Deus para a nossa vida e algumas vezes agimos por impulso e erramos. No decorrer de nossa jornada passamos por diversas situações em que é necessário tomar decisões, e sempre que isso acontecer devemos nos perguntar: o que Deus faria em meu lugar? Será que a minha decisão é a mesma de Deus? Por essa razão, precisamos tomar decisões baseados na Palavra de

Passamos horas entretidos em tarefas pouco proveitosas para a nossa vida emocional e espiritual e assim nos distanciamos cada vez mais das coisas que realmente são essenciais. uma análise de como temos vivido e o que verdadeiramente temos considerado importante. Muitas vezes perdemos tempo quando achamos que ganhamos. Passamos horas entretidos em tarefas pouco proveitosas para a nossa vida emocional e espiritual e assim nos distanciamos cada vez mais das coisas que realmente são essenciais. Deixamos que as nossas vontades e desejos sejam

Deus, pedindo que Ele nos oriente e nos capacite a escolhermos o melhor, segundo a sua perfeita vontade. Devemos buscálo verdadeiramente, com inteireza de coração, sendo sempre constantes. Uma recente pesquisa publicada pela revista Exame apresentou o retrato dos novos consumidores brasileiros, devido à recente escalada de uma grande quantidade de pessoas para classes

superiores de consumo. A pesquisa revelou ainda que tal transformação ocorreu devido a algumas tendências que estão modificando a estrutura familiar, como o avanço desenfreado das mulheres no mercado de trabalho, a decisão cada vez mais freqüente de casais por não terem filhos e o crescente aumento do número de pessoas morando sozinhas. Tais situações impulsionam o mercado, fazendo com que esses consumidores tenham cada vez mais poder aquisitivo e conseqüentemente poder de compra. Apesar de a pesquisa tratar a respeito das questões relativas ao consumo, podemos notar o quanto essa nova dinâmica na vida das pessoas algumas vezes é contrária àquilo que Deus havia anteriormente planejado para elas. Ainda segundo a pesquisa, o inegável avanço na estrutura econômica das mulheres tem reforçado um componente social e comportamental: as decisões de compra nas famílias estão cada vez mais nas mãos delas, fazendo com que o mercado dê uma atenção especial para este público. É certo que esta nova mulher contribui e muito para o orçamento doméstico,

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mas é necessário avaliarmos até que ponto ela tem tomado decisões em seu lar e se as estas são tomadas junto com seu cônjuge, pois, segundo o padrão bíblico, Deus criou a mulher para que fosse uma auxiliadora do homem, a fim de que fossem apenas um. A pesquisa apontou ainda o crescente aumento do número de pessoas vivendo sozinhas (por opção), o que reforça a questão da individualidade, atualmente tão proclamada pelos meios de comunicação. Constantemente ouvimos jovens dizendo que não pretendem se casar e muito menos dividir um teto com outra pessoa. Parece que este tipo de comportamento tem se tornado uma constante na vida das pessoas. Certamente ser independente é muito bom, mas creio que não querer dividir a vida com ninguém e optar por ser solitário seja algo que foge dos padrões estabelecidos por Deus. Encontramos na teologia uma questão muito interessante que é a vontade permissiva de Deus e a sua vontade perfeita. A vontade permissiva é aquela em que o Senhor, mesmo não tendo planejado, permite

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que aconteça. Já a vontade perfeita é quando aquilo que Deus planejou acontece, ou seja, quando o homem cumpre o desejo do coração do Pai, quando está no centro da vontade de Deus. Por exemplo: a Palavra nos orienta que não devemos estabelecer relacionamentos com jugo desigual, ou seja, o melhor seria que um cristão sempre se casasse com um cristão. Infelizmente, nem sempre isso acontece e é justamente aí que entra a permissão de Deus. Embora não tenha planejado isso, Ele permite que esta situação aconteça, mesmo sabendo dos possíveis danos que poderão ser causados. Os maiores homens de Deus foram aqueles que andaram segundo a vontade dele, que estabeleceram com o Senhor um relacionamento de amor e submissão. É o caso de Samuel, que ainda muito jovem ouviu a voz de Deus e se colocou à sua disposição, tornando-se um grande profeta, num período em que a palavra do Senhor era muito rara e as visões não eram freqüentes. E assim cresceu Samuel, e o Senhor era com ele e nenhuma de suas palavras deixou cair em terra, como está escrito no livro

Muitas vezes somos pressionados a tomar decisões rapidamente e não respeitamos este tempo de busca ao Senhor e acabamos fazendo escolhas erradas.


de 1 Samuel 3.20. É o caso também do apóstolo Paulo, que, dirigido pelo Espírito Santo de Deus, testemunhou em muitos lugares, levando a palavra do Senhor aonde quer que Ele o enviasse, sendo até apedrejado, rejeitado e preso. Paulo tornou-se um fiel seguidor de Cristo, um missionário totalmente dedicado e um líder respeitado na Igreja Primitiva. Ele sabia qual era a vontade de Deus para a sua vida e permitiu que Ele planejasse seu futuro entendendo com obediência sua vontade. Assim como Paulo, precisamos estar diante de Deus. Precisamos estar sujeitos à sua vontade, a buscá-lo, a fim de conhecermos seus projetos para nossa vida. Jesus, ao proferir a oração do Pai Nosso, em Mateus 6.10, encorajou a todo aquele que crê em Deus a aceitar com alegria aquilo que Ele preparou, entendendo que tudo colabora para o bem daqueles que amam a Deus. Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. Venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu… Quando fazemos esta

oração estamos anelando sinceramente que a vontade e o propósito de Deus se cumpram em nossa vida e na vida de nossa família. Por isso, precisamos fazer as escolhas certas, renunciando aos nossos desejos, caso não estejam de acordo com os de Deus. Toda vez que tomarmos uma decisão, precisamos, antes de tudo, buscar a Deus e a sua Palavra, pedindo a Ele que nos oriente. Muitas vezes somos pressionados a tomar decisões rapidamente e não respeitamos este tempo de busca ao Senhor e acabamos fazendo escolhas erradas. Devemos avaliar todos os fatores: as conseqüências, os benefícios, os malefícios, as mudanças que tal decisão ocasionará, se outras pessoas envolvidas poderão sofrer algum tipo de dano... Enfim, nossas decisões devem ser tomadas sempre à luz da Palavra e o nosso coração deve estar alicerçado no Senhor e na vida abundante que Ele nos prometeu. Em Mateus 6.19-21 encontramos Cristo falando a respeito da solicitude pela vida. Ele afirma que onde estiver o

nosso tesouro, aí estará o nosso coração. Portanto, precisamos descobrir onde está o nosso coração. Se está em Deus, na família, no emprego, nas coisas materiais que adquirimos, nas futilidades da vida... só assim saberemos quais as mudanças necessárias que precisaremos fazer e o que devemos priorizar. Dessa forma, começaremos a entender também se estamos permitindo que Deus realize a sua vontade em nós, pois certamente ela é boa, perfeita e agradável. Deus escreveu uma história diferente para cada um e certamente se alegra quando compreendemos que Ele tem o melhor para a nossa vida, pois seu amor é incondicional e sem limites. Para cada situação há uma resposta de Deus. Precisamos apenas saber ouvi-la, entendendo que somente Ele tem o melhor para nos dar. Tania Cecilia Fernandes Moraes, casada, tem uma filha. É membro da Igreja Batista do Povo situada em Vila Mariana, São Paulo. É graduada em Licenciatura em Letras pela UNIFAI e pós-graduada em Comunicação com o Mercado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing.

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{ SUPERANDO CONFLITOS }

Uma hierarquia desordenada? Portanto, cada um vocês também ame a sua mu-lher como a si mesmo, e a mulher trate o marido com todo o respeito. Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. “Honra teu pai e tua mãe”... (Efésios 5.33-6.1-2 – leia Efésios 5.22-6.9).

Q “

uem manda em sua casa?” Quantas vezes ouvimos esta pergunta? Alguém falando em tom sério ou mesmo brincando, questionando o papel de cada integrante na família. Fui educado quando criança ainda sob os ares da ditadura militar: “Manda quem pode, obedece que tem juízo”; “Você sabe com quem está falando?”; “Aqui em casa mando eu”. Você já se perguntou: qual é o meu papel no lar, no espaço da família? Emerson Eggerichs, em seu livro Amor o que ela mais deseja, e respeito o que ele mais precisa, defende a tese do que ele chama “círculo insano: ele reage sem amor, ela reage sem respeito”, e como conseqüência uma ação gera outra reação, num círculo interminável. E isso também se aplica ao relacionamento com os filhos, quando não se tem orientação, limites, educação no sentido mais amplo e transformador da palavra. Hoje não é incomum ver crianças dominando seus pais. Na verdade, a casa gira em torno delas. Está comprovado, por meio de pesquisas, que em uma porcentagem expressiva são os filhos até 17 anos que influenciam seus pais na compra do “próximo carro”, compra da alimentação etc.

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A Bíblia foi escrita no contexto de uma sociedade patriarcal. O marido era responsável pela missão do lar – trabalhar, prover recursos necessários para a sobrevivência da família – e a mulher deveria ser “submissa”, ou, numa melhor tradução, estar ‘sob a missão’ do marido, ou seja, ser uma auxiliadora na administração do lar,


Marcos Antonio Garcia é pastor na Catedral Metodista de São Paulo, no bairro da Liberdade, mestre e doutor em Ciências da Religião,Teologia Prática e Sociedade pela Universidade Metodista de São Paulo, professor no Centro Metodista de Capacitação – Cemec e palestrante em encontro de casais. É casado com Ivana há 20 anos e pai de Mateus, 17 anos, e Larissa, 12 anos.

na educação dos filhos etc. Veja os exemplos de Eva, ou da mulher virtuosa, que apontam para a missão da mulher na Bíblia. Ou ainda os Salmos 127 e 128, que nos falam do relacionamento familiar idealizado por Deus. Haveria espaço para esta discussão em nossos dias? Quando discutimos “papéis no lar”, na verdade estamos discutindo de forma mais profunda a questão do poder! Se nossa oração fosse sempre: Senhor, mais do que poder de Deus, eu quero ter o caráter de Deus na minha vida, família, trabalho, igreja, etc., com certeza o exercício dos papéis em casa seriam diferenciados. Muitas pessoas insistem numa hierarquia familiar. Prefiro acreditar que a liderança em casa não se dá por meio do exercício do poder e controle, mas da submissão mútua (Efésios 5.21). Encontramos no texto de Efésios o autor pedindo que os maridos deveriam ser imitadores de Jesus, eles teriam uma liderança espiritual

e deveriam amar com amor sacrifical, ou seja, uma entrega total. O marido deve amar a mulher como a si mesmo; a esposa deve respeitar o seu esposo; os filhos devem cumprir o mandamento de Deus, honrar pai e mãe. A organização familiar é muito simples: somos submissos um ao outro em amor. A Bíblia diz que precisamos considerar o outro superior a nós mesmos, e a família deve ter Cristo como seu Senhor e cabeça do lar! Devemos buscar como referência familiar a orientação de Jesus. O modelo está estabelecido. Não devemos medir forças, mas cada um deve procurar respeitar seu espaço em casa. A grande crise ocorre quando não respeitamos o outro no lar, não aceitamos as decisões, contrariamos princípios. Somos desafiados a buscar o querer de Deus para nossa família e com isso a harmonia proposta pelo Pai para o nosso lar. A ordem de Deus é sermos bênção uns para os outros (Gênesis 12).

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DEUS } NOÉ

As s de urpr De esa us s

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iversas vezes ficamos admirados com o modo como Deus dirige os nossos passos. Em determinado momento achamos que sabemos exatamente o que Ele está fazendo; contudo, no instante seguinte, Ele modifica sua maneira de agir, surpreendendo-nos. Às vezes o Senhor introduz o que não é comum, o que não é usual em nossas vidas. Então sentimos medo, confusão e frustração. Porém, aqueles que permitem que Deus seja soberano e procuram aceitar suas surpresas certamente são sábios. Há uma resposta parcial para esta atitude divina em Romanos 11.33. O apóstolo Paulo está justamente falando sobre a atuação do Senhor na vida das pessoas. Então, no final de sua explanação, ele explode em louvor: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria, como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos!”. No tocante às obras de Deus, nós, humanos, não podemos compreender o raciocínio divino. Nunca poderemos desvendar inteiramente seu plano para as nossas vidas. Eles são insondá-


veis, inescrutáveis. O Senhor Deus é infinito, surpreendente, absolutamente único e singular em seus desígnios. Há na Bíblia uma família que viveu uma aventura que jamais se repetiu na história humana, fruto das surpresas que Deus planeja e realiza. Eles são Noé, sua esposa, filhos e noras. No tempo de Noé, a sociedade era semelhante à atual. Era um mundo acostumado ao pecado, violento, cruel, depravado e cínico, com o coração endurecido em relação ao espiritual (Gênesis 6.5-6). Dias difíceis! Violência incontrolável e contaminação moral. Porém, houve uma exceção. E é justamente nela que o relato ganha fascínio e empolgação. Uma família conseguiu fazer diferença na história: “Porém Noé achou graça diante do Senhor” (Gênesis 6.8). Esta é uma prova de que o ambiente não determina o caráter das pessoas. A vida de Noé e sua família eram como um riacho cristalino e puro correndo ao lado do esgoto: “Eis a história de Noé: Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus” (Gênesis 6.9). Deus derramou sua graça sobre

Noé e sua família. Noé, por sua vez, estava pronto e disposto a ser utilizado como seu instrumento (Gênesis 6.7, 13, 17). Foi uma experiência inédita e radical na Terra. Noé deve ter ficado de “queixo caído” quando soube o que o Senhor planejava realizar. No entanto, Deus também derramou sua graça sobre aquele povo mau e corrupto quando

(Gênesis 6.14-15), simultaneamente anunciavam a uma geração perversa que Deus não os pouparia do juízo eterno. A arca era maior que um campo de futebol, com capacidade para carregar 522 carros de passeio. Imagine o impacto causado por um monstro arquitetônico sendo construído no quintal do vizinho. Além disso,

A arca era maior que um campo de futebol, com capacidade para carregar 522 carros de passeio. Imagine o impacto causado por um monstro arquitetônico sendo construído no quintal do vizinho. concedeu dez décadas para que a família de Noé os alertasse sobre o juízo divino que certamente viria sobre eles (conferir Gênesis 5.32 e 6.6). Mas, infelizmente, eles não se arrependeram. Na segunda carta de Pedro (2.5), o apóstolo define Noé como um pregador da justiça. A palavra grega é a mesma usada para arauto. Durante os cem anos que Noé e sua família construíram a arca, seguindo fielmente as orientações que o Senhor havia dado

tornava-se mais difícil dar crédito à ameaça à medida que ela era pouco plausível: eles viviam a mais ou menos setecentos quilômetros longe do mar; até então nunca tinham presenciado uma chuva torrencial. Convenhamos, parecia ser algo totalmente insano construir uma gigantesca arca no quintal de casa, profetizando que a Terra seria coberta pelas águas. Que águas? Afinal, até ali, Deus regava o solo com

uma chuva moderada. O maior enfoque e o melhor exemplo da vida de Noé foram sua obediência e fé: “Assim fez Noé, consoante a tudo o que Deus lhe ordenara” (Gênesis 6.22). Noé realmente andou com Deus. Então, as surpresas começaram a acontecer: “Disse o Senhor a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque reconheço que tens sido justo, diante de mim, no meio desta geração” (Gênesis 7.1). Finalmente, o zoológico flutuante estava com sua lotação completa. Depois que todos entraram, o próprio Deus fechou a porta da arca. Pode ser que o povo daquele lugar estivesse morrendo de rir, pensando: “Que espécie de loucos são essas pessoas?”. Mas, de repente, grossas gotas de água começaram a cair sobre seus rostos. Pela primeira vez, eles ficaram em dúvida: “Será que tudo o que ele disse é verdade?”. A chuva aumentou, e ficou impossível sair de casa. A dúvida deu lugar ao medo; o medo ao pavor e ao desespero. Era tarde demais! Este é o testemunho de Jó sobre um julgamento incrível e um resgate sobrenatural: “Ele apanha os sábios na sua própria

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astúcia; e o conselho dos que tramam se precipita. Eles de dia encontram as trevas; ao meio-dia andam como de noite, às apalpadelas. Porém Deus salva o necessitado da mão do poderoso” (Jó 5.13-15). Como o Senhor prometera, toda criatura que não estava na arca morreu. Um ano depois as águas baixaram, a terra secou e Deus orientou Noé para que ele e sua família saíssem da arca (Gênesis 8.16-18). Quando Noé e sua família saíram, sua primeira preocupação foi erguer um altar, e essas oito pessoas – sozinhas em um vasto mundo – declararam sua fé e confiança em um Deus imutável. Sua oferta de gratidão e louvor ao Senhor chegou até o céu como aroma suave, e Ele fez uma promessa: “E o Senhor aspirou o suave cheiro, e disse consigo mesmo: Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz. Enquanto durar a terra não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” (Gênesis 8.21-22). E para assegurar que sua promessa se realizaria, Deus providenciou algo

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para lembrá-los disso: o arco-íris (Gênesis 9.13). Toda família, ao passar por fases complicadas, precisa da verdade bíblica, ter convicção da soberania de Deus, do seu poder, do seu amor, da sua perseverança em relação aos seus filhos e da sua graça.

rança e do prazer em prol da disponibilidade Seja moderado e ponderado em relação à segurança, prazer, lazer e até aposentadoria. Não sepulte antecipadamente desafios futuros. 4. Escute seus filhos quando eles desejarem

Você estaria pronto a correr o risco de ser ridicularizado, discriminado para assumir a concretização de uma das surpresas divinas? Como aplicar a história milenar de Noé às pessoas do século XXI? 1. Tenha em mente que Deus é um Deus de surpresas Cabe a nós termos disposição de quebrar os moldes do previsível para conseguir o inacreditável. 2. Para andar com o Deus de surpresas, permita que Ele exercite sua fé Deus quer nos usar como sal e luz. Ele se agrada daqueles que refletem sua graça e amor. 3. Lute contra a acomodação da segu-

fazer algo diferente com vocês. Às vezes Deus fala aos pais por meio dos filhos. Não tenha medo de realizar com eles alguma coisa que saia da rotina, que envolva riscos. Não perca a oportunidade de participar de algo maravilhoso que o Senhor quer fazer à vida deles por meio de vocês, seus pais. A história de Noé nos ensina que a vida não teria sentido se Deus não existisse. Como é sua vida? Cheia de surpresas ou você só age dentro dos limites de segurança? As pessoas olham para você indagando qual será o seu

próximo passo? Será que Deus quer realizar algo diferente, extraordinário em sua família, até para que ela se torne um exemplo positivo para muitos? Você estaria pronto a correr o risco de ser ridicularizado, discriminado para assumir a concretização de uma das surpresas divinas? Será que você tem medo de permitir que Deus faça algo aparentemente impossível entre e por meio de você? Nos séculos que se sucederam, outro evento despertaria o mesmo impacto, conflito e reação. A salvação não viria por uma arca, mas de uma cruz. Ela foi erguida por uma só pessoa: o Filho Unigênito de Deus. Nosso Salvador pagou a penalidade dos nossos pecados para que fôssemos poupados do juízo do Senhor. Jesus Cristo foi a maior e melhor surpresa de Deus para reconciliar o homem caído com seu Pai eterno! Jaime Kemp é doutor em Ministério Familiar e diretor do Lar Cristão. Foi missionário da Sepal por 31 anos e fundador dos Vencedores por Cristo. É palestrante e autor de 50 títulos. Casado com Judith, é pai de 3 filhas e avô de 2 netos.


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Investimento na família A

família deve ser o principal canteiro de semeadura da nossa vida. Investir na família é um privilégio, uma necessidade e um dever. Quando o marido investe na sua esposa, está investindo em si mesmo, pois a Bíblia diz que ninguém jamais odiou a sua própria carne, antes a alimenta e dela cuida (Efésios 5.29). Quero, neste artigo,

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destacar algumas áreas de investimento que devemos fazer na família. O marido deve investir na vida intelectual da esposa – deve alimentar os sonhos da esposa e ajudá-la a realizar esses sonhos. Ele deve investir no crescimento intelectual da esposa, encorajando-a a estudar e ajudando-a a galgar os degraus da universidade. Não é salutar para o casamento

quando a esposa abdica de seus sonhos para investir apenas no crescimento intelectual e profissional do marido. O casal precisa crescer junto. Marido e mulher precisam ter o mesmo nível intelectual, a fim de que tenham afinidade em todas as áreas da vida. Onde há desnível intelectual cessa o diálogo e onde cessa o diálogo aumenta o distanciamento do casal, e isso desemboca

em rupturas traumáticas. O marido deve investir nos sonhos profissionais da esposa. O casamento é um solo fértil para o cultivo dos projetos mais ousados. O marido precisa ser alavanca para a esposa e esta deve ser uma incentivadora do marido. A Bíblia fala da mulher virtuosa que fazia bem a seu marido todos os dias da sua vida, e ele, conseqüentemente, era um juiz


Divulgação

estimado na praça. Por sua vez, esse marido elogiava e apoiava sua mulher, e ela era uma empresária bemsucedida que fazia lucrativos investimentos fora do lar sem deixar de cuidar atentamente da sua vida, da vida dos filhos e da sua casa. O marido precisa ser pródigo em elogiar sua esposa, sendo seu maior incentivador. A mulher precisa reconhecer o valor do seu marido e ser uma alavanca em sua vida. O marido deve investir na vida emocional da esposa. O casamento não pode cair na rotina. Nada é mais fatal para o casamento do que a mesmice. O marido precisa ser generoso na comunicação, amável no trato, bondoso nas atitudes, gentil nos gestos. Nenhuma mulher sente-se bem com um homem rude no trato, agressivo em palavras ou indiferente em suas atitudes. O papel do marido não é o do detetive que fica investigando os pontos falhos da esposa, mas fixar-se nas virtudes dela, acentuan-

Cena do filme Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, 2008.

O papel do marido também não é o do arqueologista, que fica cavando o passado em busca de provas que alimentem as suspeitas do presente. do-as. O papel do marido também não é o do arqueologista, que fica cavando o passado em busca de provas que alimentem as suspeitas do presente. O papel do marido é amar a esposa como Cristo ama a Igreja, ou seja, com um amor perseverante, sacrifical, santificador e romântico. O marido deve investir na vida espiritual da

esposa. O amor do marido deve santificar a esposa. Uma mulher amada pelo marido é poupada de muitas tentações e perigos. O amor é uma muralha protetora. Nenhuma pessoa deveria influenciar mais positivamente a vida da esposa que o próprio marido. Ele precisa ser o sacerdote do seu lar. Ele precisa ser um exemplo de vida piedosa dentro da sua

casa e um referencial de santidade para a esposa e os filhos. O marido precisa liderar sua casa também no aspecto espiritual. Cabe a ele o papel de amar sua mulher com amor santificador e criar os filhos na disciplina e admoestação do Senhor. A esposa deve investir na vida do marido. A Bíblia fala que a mulher virtuosa fazia bem a seu

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DEUS } FAMÍLIA

Arquivo

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A Bíblia diz que os filhos são como flechas nas mãos do guerreiro. Uma flecha é inicialmente carregada pelo guerreiro, depois lançada para longe, no alvo certo. marido todos os dias da sua vida. Ela era um bálsamo e não um pesadelo. Ela era uma pessoa equilibrada emocional e psicologicamente. Era uma pessoa estável e previsível. Ela era amiga, confidente e aliviadora de tensões. A Bíblia fala que é melhor morar no eirado ou no deserto do que com uma mulher rixosa. E a Bíblia também diz que a mulher sábia é coroa do marido e essa mulher edifica a sua casa. Nenhum investimento é mais precioso do que aquele que a esposa faz na vida do seu marido. Quem

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planta amor colhe amor. Quem semeia amizade ceifa amizade. Quando investimos no cônjuge recebemos dele investimento. Bebemos o refluxo do nosso próprio fluxo. Os pais precisam investir nos filhos. Os pais entesouram para os filhos. Eles devem investir na vida física, emocional, intelectual e espiritual dos filhos. Os pais investem sonhos, dinheiro, tempo e vida nos filhos. São noites mal dormidas, madrugadas insones. São lágrimas silenciosas, apreensões mil que se multiplicam. Mas

esse é um investimento bendito. Preparamos os nossos filhos não para nós, mas para a vida. Fazemos deles flechas e as lançamos na direção do projeto de Deus. A Bíblia diz que os filhos são como flechas nas mãos do guerreiro. Uma flecha é inicialmente carregada pelo guerreiro, depois lançada para longe, no alvo certo. Os pais carregam os filhos na mente, no coração, no ventre, no colo, no bolso. Depois os lançam para longe, mas não sem direção. Lançamos os filhos na direção dos

sonhos de Deus. Os filhos devem investir nos pais. Os filhos devem honrar pai e mãe. E honrar implica cuidar, proteger e sustentar. No começo os pais cuidam e sustentam os filhos, depois os filhos precisam amparar os pais. Os filhos investem nos pais vivendo de forma tal que eles não sejam envergonhados. Os filhos investem nos pais honrando-os e fazendo jus ao investimento que eles fizeram e também investem cuidando deles na velhice. Esse cuidado não é apenas financeiro, mas também, e sobretudo, emocional. Os pais não podem ser descartados como uma peça imprestável. Eles devem ser tratados com a máxima consideração e grande honra pelos filhos. A família é o terreno mais fértil para a semeadura mais rica. A família é o campo mais produtivo para a colheita mais abundante. O investimento na família tem retorno garantido agora e na eternidade! Rev. Hernandes Dias Lopes, Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória, Doutor em Ministério, conferencista e escritor com mais de 50 livros publicados.


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{ O PROPÓSITO

DE

DEUS }

A vida bem-sucedida

A

construção de uma família é, em verdade, o maior empreendimento que um casal pode realizar neste mundo. É cooperar com o Criador na execução do seu maior projeto: ter uma família, com muitos filhos, parecidos com Jesus (Romanos 8.29; Efésios 1.4). Lamentavelmente deparamos com pais que não perceberam que sua vida não estava sendo utilizada para cumprir o que era importante aos olhos de Deus. Seus projetos pessoais, planos, alvos e objetivos nesta vida visavam tão-somente seu próprio ideal. O resultado foi tão terrível quanto a escolha: famílias destruídas, lares desintegrados, casamentos infelizes, filhos viciados, negócios errados e uma série incontável de prejuízos. A falta de um propósito definido para a vida familiar e o desconhecimento das prioridades de Deus para a vida de seus filhos são os responsáveis por tantos erros cometidos e sucessivos fracassos. Temos responsabilidade por nossa vida e pelos dias que Deus nos proporcionou. Jesus demonstrou claramente este princípio quando, ao fim de sua existência, afirmou na Cruz do Calvário: “Está consumado!” (João 19.30). Da mesma forma Paulo, que após uma intensa atividade, ao final de sua existência afirmou: “... Acabei a carreira...” (2 Timóteo 4.7). Diante destas experiências tão reais, podemos concluir que mesmo vivendo inteiramente as diversas funções e atividades propostas, jamais poderemos perder de vista a importância de definir, com clareza, entre o que é importante e o que é urgente. A falta desse 28

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discernimento pode trazer grandes prejuízos na consecução do grande e eterno projeto de nosso Pai. Daí a necessidade de descobrirmos e definirmos o supremo objetivo de nossa vida, para conquistarmos os desafios propostos (Salmos 90.10-12). Para Moisés, o supremo objetivo era conquistar um coração sábio, a fim de que pudesse viver cada dia de acordo com o ponto de vista de Deus. Ao descobrirmos o objetivo supremo, descobrimos também as prioridades de Deus para a nossa vida. Davi viu Golias sob o ponto de vista de Deus e disse: “Hoje mesmo o Senhor te entregará na minha mão” (1 Samuel 17.15-47). Saul enfrentou o mesmo problema, mas olhou sob seu ponto de vista e temeu (1 Samuel 17.11). O mesmo


Carlos Alberto Bezerra é fundador e líder nacional da Comunidade da Graça no Brasil. Casado com a pastora Suely Bezerra, é pai de 6 filhos e avô de 12 netos.

sucedeu com os doze espias em Canaã. Somente dois deles, Josué e Calebe, viram de acordo com o ponto de vista de Deus (Números 13.32-33; 14.6-9). Sabedoria, portanto, é olhar a vida sob o ponto de vista de Deus, segundo sua ótica, é “viver em função do direito que Deus tem sobre minha vida. Este direito tem prioridade sobre os outros interesses humanos” (Larry Coy, Conflitos da vida). É o resultado da obra regeneradora em nós operada pela Palavra e pelo Espírito Santo, transformando-nos em uma nova criatura, que não vive mais para si mesma, mas para cumprir o propósito do Pai (2 Coríntios 5.14-15, 17). Cristo, agora, é a cabeça que dirige e organiza todas as coisas, expressando sua vida por meio daqueles que foram transformados em filhos de Deus (Efésios 4.15; Filipenses 2.13). A ordem das prioridades de Deus na vida dos nossos filhos é a seguinte:

A vida regenerada (Efésios 5.18-19) É ser conformado à imagem de Jesus, transformado numa nova criatura e com um novo coração (Romanos 8.28; João 1.12-13; Ezequiel 36.26-27). É pelo novo nascimento que se ganha a capacidade de um relacionamento perfeito com Deus, o Pai, e com seus filhos, nossos irmãos (1 João 4.7-8).

O casamento – Relacionamento Conjugal Ajustado (5.21-33) A principal responsabilidade dos casados é o seu cônjuge. As obrigações são recíprocas no que diz respeito às necessidades um do outro (1 Coríntios 7.33; 1 Pedro 3.7; 2 Timóteo 5.8). Ao homem compete a liderança, e à mulher a honrosa contribuição de ajudadora idônea (2 Coríntios 11.3, 8-12; Gênesis 2.18).

A família – Reproduzir Herdeiros Tementes (6.1-4) Um casal deve multiplicar-se em herdeiros tementes que reflitam a imagem de Deus. Os filhos são dados aos pais com o propósito de se tornarem parecidos com Jesus, aprendendo a amar e viver com pessoas imperfeitas. O lar é a oficina para o crescimento espiritual das crianças, que aprendem melhor com o exemplo de seus

pais (1 Timóteo 3.5; Provérbios 22.6; Deuteronômio 6.6-8; Salmos 132.12; 144:12).

Sabedoria, portanto, é olhar a vida sob o ponto de vista de Deus, segundo sua ótica, é viver em função do direito que Deus tem sobre minha vida. A profissão – Suprindo Necessidades Básicas (6.5-9) O ofício ou o emprego visa o suprimento das necessidades básicas da família e nunca deve ocupar lugar e maior importância que as demais prioridades. É um meio de sustento, e não um fim em si mesmo (Provérbios 10.4-5; Mateus 6.33; Efésios 4.1; 1 Tessalonicenses 4.1012; 2 Tessalonicenses 3.10).

O ministério – Expressando Cristo ao Mundo (6.11-12) É a expressão da vida de Cristo que vive em mim em favor do mundo carente. É levar Cristo aonde ainda não é conhecido, a fim de que apresentemos todo o homem perfeito em Cristo. Não é receber cargos ou funções, mas refletir e projetar Cristo no mundo, até que experimentem sua graça salvadora (Colossenses 1.26-29; 1 Tessalonicenses 1.5-7; 2.10-12; 2 Coríntios 4.11 e 15; 2 Coríntios 6.4-10; Mateus 7.22-23).

Os resultados da prática da sabedoria 1. 2. 3. 4.

Cada dia é expressivo (Salmos 90.14) Constante alegria (Salmos 90.15) Bênçãos sobre a posteridade (Salmos 90.16) Confirmação de resultados permanentes (Salmos 90.17)

Que as abundâncias da graça de nosso Deus e Pai, na pessoa de seu Filho Jesus, se manifestem constantemente em todos aqueles que crêem e experimentam sua Palavra. Com o novo coração podemos viver Cristo, aqui e agora! Revista Lar Cristão

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A praรงa e a vontade de Deus

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A V O N TA D E D E

uma manhã de segunda-feira fui caminhar na minha “praça de oração”, na região sul de São Paulo. Eu a considero “minha”, apesar de ela ser pública e de caminharem centenas de pessoas por ali. Há também muitos carros que circulam por ali e casas muito bonitas construídas ao redor da praça. Ela deve ter cerca de um quilômetro de diâmetro e possui muitas árvores bem altas, algumas chegando a uns 40 metros de altura. Há também pássaros, grama e algumas flores. O lugar é muito agradável. Naquela manhã do início de semana comecei a olhar para a praça, a conversar com Deus e a entender melhor a sua vontade. Que coisa estranha, você deve estar pensando. Um homem caminhando por uma praça de São Paulo e ainda falando sozinho. Pode parecer estranho, mas esta figura me ampliou a compreensão sobre o poder de Deus. Ao redor daquela praça existem casas que valem cerca de um milhão de reais a preço de mercado, mas nenhuma delas pode superar o valor de uma só daquelas árvores

DEUS } R ELACIONAMENTO

feitas por Deus. Naquelas casas existem carros que valem cerca de trezentos mil reais cada, bonitos e velozes. No entanto, nenhum deles vale mais do que um simples pássaro que por ali voa e que pode embebedar nosso ouvido com seu canto. Ao redor daquela praça existem prédios com cerca de 30 andares de altura, construídos pelo homem e com toda a sua imponência. Entretanto, nenhum deles vale mais do que o oxigênio produzido

poluídas do mundo, recebendo a agressão do homem diariamente, sem nenhum cuidado especial de um jardineiro e cercada de prédios construídos pelos homens. No entanto, ela sobrevive, e não apenas sobrevive, mas dá vida ao lugar onde está. Eu fui caminhar nessa praça porque ela é um oásis no meio da selva de pedra. Fiquei pensando que aquilo que o homem faz com essa praça é aquilo que fazemos com a vontade de Deus. Colocamos a

Colocamos a vontade de Deus no meio de um lugar poluído pelos nossos interesses e intenções. Não cuidamos da vontade de Deus como um jardineiro deveria cuidar da praça. pela fotossíntese das plantas que estão nessa praça. Sem o oxigênio nenhuma pessoa poderia habitar o prédio de 30 andares. A partir dessas comparações percebi uma grande verdade. A vontade de Deus é assim. Mesmo com todos os erros que o homem possa cometer, ela se sobressai e se concretiza. A praça está no meio de uma das cidades mais

vontade de Deus no meio de um lugar poluído pelos nossos interesses e intenções. Não cuidamos da vontade de Deus como um jardineiro deveria cuidar da praça. Construímos ao redor da vontade de Deus prédios gigantescos por meio da nossa capacidade, apenas para mostrarmos que somos capazes de fazer alguma coisa. Porém, depois que construímos tudo isso,

quando queremos respirar um pouco de ar puro, corremos para a praça da vontade de Deus. Quando desejamos ouvir um pássaro cantar ou sentir o perfume de uma flor, corremos para a praça, onde Deus está nos aguardando. Quando queremos um oásis para nossa vida, ele está na praça da vontade de Deus. É interessante observar que, apesar de toda a agressão do homem, a praça sobrevive, com suas árvores, flores e pássaros. O mesmo acontece com a vontade de Deus. Apesar de agredirmos a vontade de Deus em muitos momentos, ela sempre está viva e permanece. Aliás, a vontade de Deus não apenas sobrevive em meio ao caos que criamos, mas sempre se sobressai, por causa da soberania e do poder de Deus. Lembre-se sempre do seguinte: se você já construiu muita coisa ao redor da vontade de Deus, mas nada disso ainda o satisfez, corra para a “praça” da vontade de Deus. Se você ainda não começou a construir algo que pode camuflar a praça, caminhe pelo meio das árvores, ouça o canto dos pássaros e sinta o perfume das flores. Revista Lar Cristão

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{ ENTENDENDO

A V O N TA D E D E

DEUS } RELACIONAMENTO

Deus é VIDA – Ele tem a vida em si mesmo (João 5.26). É Ele quem dá a vida para sua família. PERSONALIDADE – Eu Sou o que Sou (Êxodo 3.14). Ele nunca fala de si mesmo usando pronomes neutros. Quem a sua família é em Deus? INFINITO - EXISTÊNCIA PRÓPRIA – Por sermos finitos e limitados não podemos pôr limites a Deus (Salmos 145.3; Romanos 11.33). Você imagina que Deus tem planos limitados para sua família? UNIDADE – Alejandro Maclaren disse: “Os pagãos têm muitos deuses porque não têm nenhum que preencha inteiramente seus corações ou que corresponda a seus ideais inconscientes” (Deuteronômio 6.4; 1 Coríntios 8.4). Sua família

A praça da vontade de Deus tem muito a lhe ensinar.

Você conhece Deus? Muita gente pergunta: “Como identificar a vontade de Deus?”. Existem centenas de circunstâncias numa família que levam a essa pergunta: é hora de mudar de emprego ou de cidade? É hora de aceitar mais responsabilidades na 32

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depende só de Deus ou de mais alguma coisa? IMUTÁVEL – Ao dizermos que é imutável não estamos dizendo que é imóvel e que não é ativo (Malaquias 3.6; Tiago 1.17). Deus não muda, mas age todos os dias na sua família. ONISCIENTE – Nada pode deixá-lo perplexo. Nada é novidade para Ele (Jó 37.16; 38.33; Salmos 104.19). Nada do que acontece na sua família é novo para Ele. PERFEITO – Isso compreende verdade, amor e santidade. A verdade é o que é verdadeiro em Deus. O amor de Deus está eternamente implícito na comunicação de si mesmo. Santidade quer dizer o estado de ser santo, puro e íntegro (2 Coríntios 7.1; Hebreus 12.29).

igreja? Devemos permitir que nossos filhos mudem de cidade ou comecem a namorar? Certa vez perguntaram a R. C. Sproul, filósofo e teólogo: “Qual é, hoje, a maior necessidade espiritual do mundo?”. Sproul respondeu: “A maior necessidade na vida das pessoas hoje é descobrir a verdadeira identidade de Deus”. Então tornaram a

perguntar: “Qual é, em sua opinião, a maior necessidade espiritual na vida da família?”. Ele respondeu: “Descobrir a verdadeira identidade de Deus. Se as famílias realmente compreendessem o caráter, a pessoalidade e a natureza de Deus, isso revolucionaria suas vidas”. A descoberta da vontade de Deus na família depende da desco-

berta da verdadeira identidade de Deus. Agora pergunto: você conhece o Deus em torno do qual gira tudo que fazemos? Há algumas famílias que ainda estão questionando o próprio Deus e nunca conheceram sua natureza. Outros sabem algo sobre aquilo que Deus faz, mas muito pouco a respeito daquilo que Ele é. Se fosse preciso falar sobre quem é Deus por uma meia hora, o que você diria? Se você ainda não aprendeu a descobrir a vontade de Deus, talvez seja preciso conhecer a identidade dele primeiro. Se você conhecesse Deus um pouco mais, teria muito menos dificuldade em entender sua vida e sua família. Faça uma revolução em sua família. Conheça Deus um pouco mais. Josué Campanhã é casado com Raquel e tem dois filhos, Danilo (21) e Samara (20). Tem formação em Teologia, Administração de Empresas e mestrado em Liderança. Atualmente serve como diretor da Sepal – Servindo aos Pastores e Líderes e é membro da equipe pastoral da Igreja Batista do Morumbi – SP. Tem vários livros publicados, entre eles Líder do Amanhã, Vida de Líder e Família S/A, pela Editora Hagnos. josue@sepal.org.br


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{ HARMONIA

NOS

RELACIONAMENTOS }

O discipulado de Mical

Então Davi, com grande festa, foi à casa de ObedeEdom e ordenou que levassem a arca de Deus para a Cidade de Davi (2 Samuel 6.12).

D

avi parecia feliz com o sucesso de sua emprei tada. Celebrava com danças e gestos extrava gantes, comuns a qualquer pessoa embriagada pela alegria – seja estimulada pela vitória de seu time, seja pela conquista de um novo empreendimento em sua carreira. Davi estava notadamente feliz por promover o retorno da arca de Deus para Jerusalém.

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Depois de consagrar ao Senhor no templo, Davi seguiu para “abençoar sua casa”. No entanto, foi recebido com o desaforo de Mical, sua mulher. Enciumada, ela ironizou a vitória de Davi e o insultou (2 Samuel 6.16-22). Homens normalmente carecem de palavras afirmativas que os encorajem. São guerreiros que gostam de compartilhar cada conquista e ser valorizados por elas. Não importa se foi uma pequena ou grande conquista, todo homem se sente bem quando seu sucesso é reconhecido. No entanto, Mical tem feito discípulas. Não poucas vezes acompanho as frustrações masculinas resultantes da ausência de uma palavra de encorajamento das esposas. Os homens não querem objetos sexuais em casa. Querem companheiras que celebrem a alegria das conquistas não apenas no quarto, mas também na sala. É muito bom para um marido contar com o entusiasmo de sua esposa e com ela compartilhar os momentos significativos de suas empreitadas. As mulheres, com a invejável habilidade de “domar” os homens, devem se utilizar de todo este potencial para perpetuar com seus maridos uma relação harmoniosa. Normalmente os conflitos de relacionamento são provocados pela indiferença e pela desconfiança. Claro que esta premissa se aplica a ambos os cônjuges, mas principalmente às mulheres – cuja sabedoria edifica a casa. Estou tomando o partido dos homens, e não corro risco por isso. Homens muitas vezes são desatentos, ego-


Aécio Ribeiro é formado em Letras e Teologia, mestrando em Teologia Pastoral, pastor adjunto da Assembléia de Deus Bom Retiro e secretário-executivo do Conselho de Pastores do Estado de São Paulo. É casado com Jesiana Rita e tem dois filhos: Kemuel e Kandace.

ístas e indelicados, mas nem por isso insensíveis. A alma do homem carece de palavras afirmativas untadas com a delicadeza esperada de suas esposas. São essas palavras que vão abastecer seu coração de ânimo para seus novos desafios. Quando isso não acontece, tudo desafina. Mical não celebrou com Davi seu sucesso. Antes, desprezou-o no seu coração. O desprezo dói mais profundamente que uma agulhada. O desprezo de Mical foi movido pelo seu ciúme. Ela não gostou da roupa que Davi usava, talvez semelhante à dos dançarinos, e acusou-o de se expor para as mulheres como um homem vulgar. As palavras de Mical provocaram o desentendimento. Falou Mical, falou Davi. O tom deste diálogo parece tenso, comum a casais que discordam do comportamento um do outro. As seguidoras de Mical ainda se utilizam desta estratégia. Desavisadas, optam por não acolher seus maridos nos momentos tão precisos. Marcam negativamente o relaci-

onamento e provocam a ira masculina com suas insinuações doentias, seus temores e as “neuras” que alimentam de que seus maridos estão sempre se “atirando” para outras mulheres. Assim os desprezam em seus corações. Atitudes muito simples parecem resolver este problema. As mulheres devem estar atentas aos desafios masculinos. Tal atenção é por demais significativa. Depois, procurar cercar-se de palavras e ações que venham revelar ao homem sua força diante dos desafios. Não é preciso cobrar com exigência demasiada – os homens detestam esse tipo de cobrança. As mulheres precisam se utilizar de uma metodologia sábia e companheira para manter a harmonia no seu relacionamento, projetando sempre seu amado em busca da realização de seus ideais. Por fim, nada pode superar a força da comunicação sempre aberta e transparente. É por ela que se processa o mais excelente caminho para uma vida conjugal saudável e alegre, cúmplice e destemida.

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{ ENTENDENDO

A V O N TA D E D E

DEUS } ORAÇÃO

Quando Deus nos tira da zona de conforto

C

reio que essa questão envolve vários aspectos, mas, na verdade, todos eles são relevantes e fundamentais para aqueles que desejam, de coração, experimentar tudo aquilo que Deus de antemão preparou para os que o buscam. Gostaria de abordar aqui um aspecto muito importante da questão de sairmos da zona de conforto e para isso quero compartilhar a história de uma mulher que, por várias vezes e em diferentes situações, teve de sair da sua zona de conforto. Edivânia é uma Débora (grupo de mães que têm como ministério orar por seus filhos) e junto com seu marido e filhos desenvolve um trabalho missionário na Ilha das Canárias, no Maranhão. 36

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No momento estão em São José dos Campos, no seu ano sabático. Mesmo vivendo um tempo de descanso, Deus fez com que ela e sua família saíssem de sua (literalmente) zona de conforto e vivessem uma experiência prática de trabalho e ação. Os shoppings da cidade de São José dos Campos têm experimentado um novo tipo de problema. Os jovens da cidade, geralmente em bando, têm se encontrado ali para causarem, por pura diversão, tumulto. Infelizmente, não são jovens querendo passear e se divertir. O tumulto inclui a violência entre eles e também com outros que ali estão. Começaram seus encontros em um shopping glamuroso, e logo foram expulsos, mas continuaram suas práticas nos


outros shoppings da cidade. Um rapaz que passeava por um desses lugares sofreu agressão, foi levado para o hospital e teve de levar dezessete pontos na testa. Algo está errado, muito errado, e é aí que Edivânia entra. Ciente dos acontecimentos, ela se uniu com sua família e um exército de Déboras e decidiram intervir na situação. Assim, na sexta-feira seguinte, um grupo de mães de oração se dirigiu ao shopping a fim de orar pelos jovens que entravam no local. Essas mães deixavam a proteção e a segurança de suas casas para oferecer o que tinham de precioso: suas orações. Então, enchendo-se de coragem, e sem saber direito o que fazer, o grupo se dividiu pelas várias entradas, orando

pelas pessoas que passavam por ali. Oraram pelos seguranças, pelas pessoas que trabalhavam nas lojas, pelas famílias que passeavam no local, pelos grupos de moças e rapazes que entravam e saíam do shopping. Depois de alguns dias, elas receberam a

percebeu uma agitação logo na entrada. Havia uma quantidade incomum de seguranças e um grande número de jovens vestidos com roupas e bonés característicos. Ela ficou observando de longe, mas seu filho advertiu-a a não olhar,

Deus fez com que ela e sua família saíssem de sua (literalmente) zona de conforto e vivessem uma experiência prática de trabalho e ação. notícia de que a situação havia se acalmado e que a paz voltara àquele lugar. “Acho que agora a situação está sob controle”, pensou Edivânia. Porém, ao se dirigir a outro shopping nas proximidades da via Dutra, ela

pois eles poderiam ficar bravos. Edivânia, porém, respondeu: “Não, filho, vou continuar a olhar e também vou orar por eles”. E foi o que ela fez. O ambiente foi ficando cada vez mais pesado. Quando ela e o filho se

aproximaram da porta, levaram um grande susto. Havia cerca de 500 jovens! Como os seguranças haviam impedido a entrada deles no shopping, estavam provocando um grande tumulto na porta. A polícia foi avisada da confusão, e os jovens corriam de um lado para o outro, fugindo dos policiais. Mas o que mais impressionou Edivânia é que os jovens pareciam se divertir com tudo aquilo. Enquanto os policiais e os seguranças corriam atrás deles gritando “vamos colocar os porcos para fora!”, eles davam risada! Ao presenciar essa cena chocante, Edivânia, indignada, começou a chorar e ouviu de seu marido, também entristecido com tudo aquilo, a seguinte frase: “Querida, esses jovens serão, num

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{ ENTENDENDO

A V O N TA D E D E

futuro próximo, médicos, advogados, administradores, balconistas, motoristas, pais e mães da nossa nação... Precisamos nos colocar de joelhos e orar por essa geração, pois senão o que será do nosso país?”. Ainda me sinto chocada com esse relato. Temos uma arma poderosa nas mãos e devemos fazer uso dela com fervor. Nossa arma é a oração. Somente Deus pode penetrar no coração desses jovens e endireitar suas veredas. A ORAÇÃO PODE MUDAR TUDO! Você crê nisso? Eu creio! Devemos nos unir e clamar em prol desta nova geração! Precisamos que mais “Déboras” se levantem para orar por seus filhos biológicos, adotivos ou espirituais. Precisamos de pais e

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DEUS } ORAÇÃO

mães que se coloquem na brecha para orar pelos jovens. Agora mesmo muitos pais e mães estão alertas, orando pelos grupos de jovens reunidos em shoppings, praças, bares etc. Eles ouviram o chamado do Senhor, saíram de sua zona de conforto e foram se arriscar! Fico pensando quantas vezes Edivânia precisou fazer mudanças em sua vida. Primeiro saiu de São Paulo com seu marido e filhos para ir trabalhar na Ilha das Canárias (no litoral do Maranhão). Depois de sete anos trabalhando junto aos pescadores, voltou para sua cidade, São José dos Campos, para um período de descanso, mas continuou trabalhando com a oração nos shoppings da

cidade. Isto é missão. É estarmos sempre prontos para servir ao nosso general! Quando me lembro da história de Rute e das decisões importantes que ela teve de tomar – deixar sua terra, sua parentela, para acompanhar sua sogra em uma viagem para um lugar desconhecido – fico pensando onde ela foi buscar forças para enfrentar tudo isso... Quantas vezes não colocamos a culpa em Deus pelas situações difíceis que temos de enfrentar? Qual é a nossa reação quando nos encontramos diante de uma situação diferente da que esperávamos encontrar? Rute precisou tomar uma decisão importante em sua vida. Ir para uma terra distante e desconhecida não era uma decisão fácil. Envolvia passar fome,

ser tratada como estrangeira, adaptar-se a costumes diferentes etc. Nossas decisões envolvem, muitas vezes, uma mudança de emprego, escolha profissional, escolha do cônjuge, filhos, mudança de cidade ou mesmo de país. Não existem fórmulas prontas para indicar automaticamente a vontade de Deus. Precisa-


A pessoa que ignora as Escrituras ou não leva em conta a presença interior do Espírito Santo e sua influência dificilmente poderá conhecer a vontade de Deus. mos buscá-la em sua Palavra. Deus pode nos falar também por meio da palavra dos pais, de conselheiros cristãos, pastores e mentores. Lembre-se de que o Espírito Santo fala por meio da Bíblia e sempre de maneira consistente. A pessoa que ignora as Escrituras ou não leva em conta a presença interior do Espírito Santo e sua influência dificilmente poderá conhecer a vontade de Deus. Veja a seguir algumas dicas do que podemos fazer quando Deus nos

tira de nossa zona de conforto: 1. Procure descobrir coisas novas e úteis com o inesperado. Permita que as experiências inesperadas aconteçam e aprenda com elas. 2. A única pessoa que você pode mudar é você mesmo. É inútil tentar mudar aqueles que estão a sua volta ou impedir que aconteçam situações não planejadas. 3. Se você for pego de surpresa, permita que

Deus use isso para mudá-lo e reaja com determinação e confiança nele. 4. Não dependa dos outros para ser feliz. Não caia no mito de que “uma mão lava a outra” e não espere que os outros proporcionem a você uma vida confortável. 5. Assuma a responsabilidade pelos seus atos; confesse seus erros e não culpe ninguém pelas reviravoltas na sua vida. Seu filho saiu de casa? Seu cônjuge o deixou? Você está enfrentando sérias dificuldades financeiras? Ou alguma doença grave? Se você está ressentido, inseguro, perplexo, desapontado, envergonhado, preocupado ou mesmo aborrecido com Deus porque Ele o tirou da sua zona de conforto, saiba que Deus tem o controle sobre todas as coisas, e que dele, por Ele e para Ele são todas as coisas (Romanos 11.36). Leia a Bíblia, ore, procure o conselho de pais e de amigos e, o mais importante, busque a Deus na intimidade do seu quarto para saber tomar decisões importantes em sua vida. Algumas deci-

sões muitas vezes farão toda a diferença na eternidade. As “Déboras” de todo o Brasil têm aprendido a sair de suas casas e oferecer o que elas têm de mais precioso e sabem fazer: orar, orar e orar! Pelos filhos e pela juventude deste país, nas praças, nas ruas, nos shoppings, nos lares, nos supermercados, nas cadeias, nos colégios e onde Deus chamá-las. Edivânia não saiu do conforto da Ilha das Canárias para ir orar no meio de 500 jovens no caos dos shoppings em São José dos Campos por acaso. Deus estava com ela e certamente Deus estará com você nas situações inesperadas da vida. Aprenda a depender dele e a reconhecer o seu amor quando Ele levá-lo a sair de sua zona de estabilidade e conforto. Dora Bomilcar é formada em Teologia e Pedagogia. Atualmente é missionária da MPC- Desperta Débora para o Sul do Brasil e São Paulo. Mantém acesa a chama da oração pelos filhos nas comunidades e igrejas. É radialista e apresenta o programa “Entre Amigas” na Rádio Transmundial. É casada há 28 anos com Paulo, que é pastor e médico, e mãe de três filhos. www.despertadeboras.com.br dora@ibmorumbi.com.br

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{ DISCIPULANDO FILHOS }

A influência de um pai Como é feliz quem teme ao Senhor, quem anda em seus caminhos! (…) Sua mulher será como a videira frutífera em sua casa; seus filhos serão como brotos de oliveira ao redor da sua mesa. (Salmos 128.1, 3-4)

E

sse salmo deixa claro que sobre o homem repousa a grande responsabilidade da direção do lar. Ele é a pessoa de maior influência no contexto familiar por ocupar uma função dupla: sacerdote e pai. Como pai deve saber o quanto sua influência é determinante na vida e na formação do caráter de seus filhos. Pais que por meio do Senhor exercem uma influência sadia produzem nos filhos firmeza e estabilidade. Existem algumas áreas vitais nas quais um pai pode e deve influenciar os filhos de forma intencional, continua e intensa.

Vida espiritual … mas buscou o Deus de seu pai e obedeceu aos seus mandamentos, e não imitou as práticas de Israel. (2 Crônicas 17.4)

Esse versículo fala sobre um dos reis de Judá, Josafá, e nos revela que ele viu em seu pai alguém comprometido com o Senhor, alguém que levava a Palavra de Deus a sério. O estilo de vida desse pai com certeza se transformou num legado para seu filho. A maneira como nos relacionamos com Deus e com sua Palavra precisa ser evidente aos nossos filhos, pois essa é a maior herança que temos para oferecer-lhes. 40

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Adhemar de Campos é cantor, músico, compositor e pastor auxiliar da igreja sede da Comunidade da Graça no Brasil, localizada na Vila Carrão, São Paulo. É casado com Aurora e tem três filhos.

Caráter moral Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles. (Provérbios 22.6)

A sociedade de hoje está se distanciando cada vez mais dos valores morais responsáveis por uma vida verdadeiramente digna. O resultado disso é visível no comportamento desajustado e agressivo da grande maioria das pessoas. É nesse ambiente hostil que vivemos e precisamos ensinar nossos filhos. É mais do que certo que nossos atos falam mais do que nossas palavras. Para ensinar sobre humildade e serviço Jesus lavou e enxugou os pés dos discípulos. Se um pai vive e anda em integridade, estará modelando o caráter de seus filhos e garantindo-lhes um futuro feliz.

Vida emocional O pai do justo exultará de júbilo; quem tem filho sábio nele se alegra. (Provérbios 23.24)

Há muitas crianças, adolescentes e jovens que desconhecem a alegria e a felicidade. Muitos desses nunca viram ou não receberam dos pais a atenção devida que lhes permitisse viver uma vida melhor. A maioria dos pais peca por não ser atenciosa com seus filhos. Um pai temente a Deus sabe que o segredo da estabilidade emocional de um filho resulta de atenção concentrada, contato físico e momentos de lazer desde a infância. A simples prática desses princípios, somada ao ensino bíblico e à oração, certamente fará com que tenhamos filhos emocionalmente saudáveis. Portanto, cabe aos pais ajudar seus filhos a desenvolverem essas áreas de suas vidas. É uma missão intransferível e extremamente compensadora, que gerará frutos para a eternidade. Pais, com a ajuda do Senhor, mãos à obra!

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{ SAÚDE }

O médico da alma S

e há uma situação para a qual o ser humano nunca estará preparado para enfrentar é a morte. Isso é explicado pelo fato de a morte não estar nos planos originais traçados por Deus. Foi só depois do pecado de Adão que a morte chegou ao homem. Por essa razão, desde pequenos somos criados para a vida. Fazemos planos para o futuro, pensamos em crescer, e nesse afã raramente percebemos que as pessoas queridas por nós – pais, avós – começam a envelhecer e, quando menos esperamos, elas partem. Se para os adultos a perda de alguém próximo já é algo doloroso (mesmo sabendo que aquela pessoa, por já ter recebido a Jesus como Salvador, partiu para uma vida eterna com Deus), imagine para uma criança! Deus, porém, em sua soberania, nos dá dicas para que possamos ajudar as crianças. A própria vida é uma lição. Perde-se o sorvete quando este cai ao chão. Perde-se a bala. Perde-se o animal de estimação. Perde-se o amigo quando há transferência de 42

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escola e, por fim, perde-se alguém querido como os avós. A criança, até os dois anos, tem um mundo muito individual. Dos 2 aos 6 ela começa a perceber seu contexto e as mudanças sofridas. Dos 7 aos 12 ela diminui o egocentrismo e passa a entender a irreversibilidade e a universalidade da morte. Por isso, numa situação de falecimento dos avós ou de qualquer outra pessoa querida, devemos agir naturalmente com ela, conversando, confortando e esclarecendo suas dúvidas. Uma dor não compartilhada dói muito mais. Tendo em vista a saúde emocional da criança, deve-se explicar que a vovó ou o vovô morreu e que vai haver uma

despedida dele (ou dela). É importante colocar que a alma que morava dentro do corpo não está mais ali. Se a criança desejar ir ao sepultamento, leve-a, mas não a obrigue a nada. Procure perceber como ela se conduzirá e deixe que, espontaneamente, expresse seus sentimentos.

Não engane... Fale a verdade com jeito! É bem melhor contar a verdade de forma adequada à idade do que dar desculpas que são, de modo geral, mais complicadas que a própria realidade: – Vovó foi viajar e não vai mais voltar. – Vovô foi morar nas nuvens... E por aí vão as tentativas de enrolar a criança. Outros partem para o extremo e obrigam a criança a ir ao velório, a ficar vendo tudo e até a beijar o falecido. Depois, reclamam que ela faz muitas perguntas: – Por que ele está deitado ali? – Por que ele não responde? – Por que ele está tão frio?


Infelizmente, muitos pais acabam ficando bravos e se recusam a responder. Procure não agir dessa forma. As perguntas são válidas e estão incomodando a criança. Suas respostas poderão acalmar-lhe o coração.

Ensinamentos a serem transmitidos Precisamos ensinar nossos filhos, desde cedo, que: – A vida tem uma duração que é definida por Deus. Uns vivem mais e outros menos. – Deus tem um propósito para cada pessoa e por isso vivemos. – A morte não é o fim de tudo. – A morte não é momento de desespero para quem entregou seu coração para Jesus. Para isso, porém, os pais precisam entender o plano de Deus para a vida do homem. Mas como falar de vida eterna se não se tem certeza de como obtê-la? Daí a importância de estarmos convictos de que compreendemos e aceitamos esse

Pesar é a aflição experimentada por quem perde uma pessoa significativa. Luto é o trabalho psíquico da elaboração da perda. plano para que possamos transmitilo aos nossos filhos e assim eles possam se sentir confortados em um momento tão doloroso. Além disso, a época da morte dos avós não é hora de reprimir o choro por causa das crianças. Mostre a elas que o choro faz parte da saudade que as pessoas deixam em nós, pelo que fizeram de bom. Se os avós estavam idosos e doentes, devemos mostrar que estavam sofrendo com a doença e que Deus resolveu aliviar o sofrimento deles. Em conversa calma explique que o céu é a nossa morada definitiva e que todos os que têm Jesus no coração lá estarão um dia. Fale que Deus manda a paz para acalmar a saudade dos que ficam. Gostaria de ressaltar que há uma diferença entre pesar e luto. Pesar é a aflição experimentada por quem perde uma pessoa significativa. Luto é o trabalho psíquico da elaboração dessa perda.

Providências e tratamentos, se necessário Se você notar que a criança, passados alguns dias, perdeu o brilho dos olhos, perdeu o prazer nas brincadeiras, permanece chorosa, tem sono agitado, insônia ou dorme excessivamente, está na hora

de levá-la a um psiquiatra ou psicólogo cristão. Dependendo do vínculo das crianças com os avós (muitas são mais chegadas aos avós do que aos pais) poderão sentir muita falta deles e entrar num processo de Depressão Infantil, que é um distúrbio grave e necessita de tratamento médico o mais cedo possível. Uma das possíveis causas dessa situação é o fato de não terem conseguido ou de terem sido impedidas de expressar seu pesar. Outra coisa: devemos tomar cuidado para não deixar que a criança experimente sentimentos de culpa pela morte dos avós. Às vezes, situações se inter-relacionam e acabam sendo interpretadas erroneamente pela criança, por exemplo: – Meu avô morreu porque brigou comigo e eu respondi para ele! – Não aproveitei o tempo com meus avós! E muitos não imaginam o que os médicos ouvem em seus consultórios por ocasião da morte de pessoas queridas como os avós. Medite sobre o assunto. Dr. Luiz Antonio Caseira, médico. Foi Professor do Curso de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro. Vice-Diretor do Ministério Vencedores por Cristo – SP. Membro da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro.

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{ BOA LEITURA }

Adore a Deus

A excelência da adoração Autor: Ronaldo Bezerra Páginas: 72 Formato: 14x21cm Categoria: Adoração Editora: Fôlego O Senhor quer levantar uma nação que o adore, que o ame acima de qualquer coisa. No entanto, para que isso aconteça, precisamos esclarecer, antes de tudo, o que é adoração. E ninguém melhor do que o próprio Deus para nos ensinar. Por isso, a sua Palavra serve como base e fundamento para tudo o que há neste livro. Á medida que folhear as páginas deste livro, o Espírito de Deus falará ao coração do leitor, a fim de que o Pai encontre amor, devoção, gratidão, temor e adoração em tudo o que pensa, diz, faz, canta, enfim, em tudo que é.

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Casados e felizes Autor: Hernandes Dias Lopes Páginas: 160 Formato: não fornecido Categoria: Casamento Editora: Hagnos Nesta obra, o autor compara o casamento com uma mala velha, pesada e sem alça. A figura parece estranha e negativa, mas é sugestiva. Este é um livro de leitura indispensável para aqueles que desejam uma qualidade de vida conjugal excelente, pois um casamento feliz é construído com inteligência, dedicação e esforço.

Pregação pura e simples Autor: Stuart Olyott Páginas: 160 Formato: 14x21cm Categoria: Homilética Editora: Fiel O autor insiste que um sermão tem de ser fundamentado em exatidão exegética e caracterizado por conteúdo doutrinário; ser cristocêntrico e ter autoridade sobrenatural. Também deve ser claro, cheio de vida, franco, eficiente e constrangedor. Este livro explica por quê.

Você nasceu para { AGENDA } liderar Autor: John C. Maxwell Páginas: 232 Formato: 14x21cm Categoria: Liderança Editora: Thomas Nelson Brasil Para Maxwell, a liderança é uma característica que precisa ser desenvolvida, e não “descoberta”. O objetivo do livro é mostrar que liderar significa exercer influência e ainda fazer com que o leitor comece a aprender a liderar. “Este livro fornecerá princípios sobre liderança, o leitor entra com o desejo”, explica o autor.

Conte até 3 Autor: Les Parrot Páginas: 184 Formato: 14x21cm Editora: Vida Conte até 3 mostra como liberar recursos internos que podem mover o leitor a um nível totalmente novo de sucesso. Trata-se de seis impulsos previsíveis que a maioria das pessoas aceita sem considerar uma segunda opinião. O autor mostra como contar até 3 pode engrandecer uma vida.

Família bem-sucedida Família S/A Autor: Josué Campanhã Páginas: 240 Formato: 13,5x20,5cm Editora: Hagnos Josué Campanhã fornece diretrizes para a família que deseja uma vida mais estruturada, equilibrada e bem-sucedida. O autor ainda responde a importantes questões como: . Como planejar levando em conta as expectativas de cada membro? . Que tipo de investimento será necessário? . E se no fim as coisas não derem certo?


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{ FINANÇAS

PA R A A

VIDA }

A vontade de Deus na vida financeira

P

ara início de conversa, entender a vontade de Deus não é uma coisa simples. Na verdade eu acho que conseguir fazer uma leitura apropriada do plano de Deus é a grande aventura da vida.

O sucesso financeiro Todas as pessoas desejam sucesso em suas finanças. Então precisamos saber, afinal de contas, o que é o sucesso financeiro na perspectiva de Deus para que não copiemos o sucesso financeiro secular, ou seja, daqueles que não conhecem Deus. Neste sentido, a primeira coisa que precisamos saber é que, para Deus, o dinheiro cumpre um papel acessório em nossa vida. O fato é que Deus tem um plano para nossa existência e, dentro desse plano, o dinheiro entra como coadjuvante, e não como ator principal. É comum no pensamento secular que a acumulação do dinheiro fará a diferença entre o sucesso e o fracasso. Para Deus não. Vejamos dois grandes exemplos bíblicos para ilustrar este meu ponto de vista. No Antigo Testamento, José foi, em minha opinião, o grande administrador financeiro. No entanto, em cada fase da sua vida ele esteve sempre administrando riquezas que não lhe pertenciam. Na casa de Potifar, no cárcere e como primeiro-ministro do Egito, o bemestar de todo o mundo de sua época passou por suas mãos. No Novo Testamento, Jesus foi o grande sábio para nos ensinar como lidar com o dinheiro. No entanto, Ele próprio abriu mão de qualquer riqueza material, dando-nos o exemplo de que, mesmo sem grandes quantias de dinheiro, o impacto de uma vida segundo a vontade de Deus pode ser crucial para um mundo tão carente.

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Paulo de Tarso é engenheiro civil. É o idealizador e organizador do site Palestra e Seminário Finanças para a Vida (paulodetarso@financasparaavida.com.br).

Princípios que nos fazem prosperar De uma forma prática quero deixar pelo menos três princípios que, independentemente da quantidade de dinheiro que se possua, fará com que sejamos pessoas financeiramente bem-sucedidas. Ser um doador generoso – O maior alvo prático da vida cristã em termos de gestão financeira. A generosidade foi a marca da Igreja Primitiva, e foi muito elogiada por Jesus. É interessante perceber como na visão secular o sucesso financeiro se dá essencialmente em termos de acumulação de capital, enquanto na vida cristã a distribuição equilibrada e até mesmo sacrifical do dinheiro é elogiada. Fazer reservas – Pode parecer paradoxal, mas não é. Principalmente em tempos de endividamento desmedido, construir reservas para atender às necessida-

des de curto, médio e longo prazo é uma medida de sabedoria daqueles que abriram mão do “aqui e agora” para ter paciência, um dos frutos do Espírito, e pensar a longo prazo. Gastar com sabedoria – Saber diferenciar o essencial do supérfluo e o que é prioritário para cumprir nossa missão enquanto estamos aqui. Parece ser algo simples, mas, na prática, poucas pessoas conseguem realizar bem esta tarefa e por isso estão quase que constantemente em desequilíbrio financeiro. Resumindo, fazer a vontade de Deus na área financeira não requer necessariamente a posse de grandes quantias de dinheiro. O foco no plano de Deus e a aplicação prática de princípios simples de sabedoria financeira nos levarão ao sucesso que Deus tanto deseja.

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{ TEORIA

NA

PRÁTICA }

Decisões são tomadas à luz da Palavra e da mente humana Podemos e devemos planejar, mas a solução final sempre será de Deus.

A

o longo do tempo, as sociedades têm estabelecido diretrizes para nortear seu comportamento. O não-cumprimento de suas regras acarreta conseqüências e penalidades. Há sempre escolhas a serem feitas. Decisões a serem tomadas. Algumas são motivadas pelo prazer de caminhar da forma adequada e outras, simplesmente, para evadir-se de punições. Da mesma forma que há comunidades virtuais com integrantes provenientes de todas as partes do planeta, a Igreja de Cristo também é formada por membros espalhados pela face da Terra. Porém, nem todos os participantes das igrejas locais fazem parte dessa comunidade. Há muitos que freqüentam igrejas cristãs, evangélicas, têm seus nomes inscritos no rol de membros, mas não no livro da Vida e, conseqüentemente, não fazem parte da Igreja invisível, não passaram pelo novo nascimento (João 3.16), não pertencem ao povo mais incrível da Terra! Ou seja, ao Corpo de Cristo (Romanos 12.5), noiva de Cristo (Efésios 5.22-33), esposa do Cordeiro (Apocalipse 21.9b), nação santa, raça eleita, sacerdócio real, povo de propriedade exclusiva de Deus (1 Pedro 2.9). Só depois da experiência de arrependimento e conversão é que saímos da esfera das trevas e entramos na esfera da luz. Então, a decisão mais importante da vida é essa mudança. A partir daí inicia-se o aprendizado das novas normas setoriais, por meio do conhecimento das Escrituras. É dela que extraímos a nossa linha de procedimento para todas as situações. É da Palavra de

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Há muitos que são salvos, freqüentam igrejas, mas fazem uma tremenda dissociação entre a fé cristã e a vida prática.


Iara Vasconcellos é tradutora e produtora editorial da Sociedade Religiosa Lar Cristão. Casada com João Marcos Vasconcellos, freqüentam a Igreja Batista do Morumbi, em São Paulo.

Deus que provém a orientação segura para as nossas decisões, sejam quais forem. Há muitos que são salvos, freqüentam igrejas, mas fazem uma tremenda dissociação entre a fé cristã e a vida prática, tomando-a por algo transcendental, reflexiva, alienada das atividades cotidianas. A Bíblia, porém, faz um estreito e inseparável relacionamento entre esse binômio. A carta de Paulo aos colossenses, capítulo 2, versículo 6, diz: “Portanto, assim como vocês receberam Cristo Jesus, o Senhor, continuem viver nele”. E como é que se recebe a Cristo? Pela graça, por meio da fé, como vemos em Efésios 2.8-9. Então, também é pela graça e mediante a fé que devemos viver, nos relacionar e tomar decisões. A cada nova manhã, ao abrirmos os olhos, já começamos a decidir o que fazer, que roupa vestir, o que tomar de café, o que colocar na lancheira do filho, e assim por diante. As decisões vão das mais simples às mais complexas e são dos mais variados âmbitos – domésticos, familiares, eclesiásticos, emocionais, profissionais etc. Infelizmente na Bíblia não estão escritos bilhetes específicos com os nossos nomes, e há muitas ocasiões em que ficamos sem saber o que fazer. E então? Estamos neste universo, nesta galáxia, neste planeta, neste hemisfério, neste continente, neste país, nesta cidade, neste bairro, nesta família, nesta residência e, portanto, sujeitos às leis legais e físicas, à cultura, às heranças familiares, aos costumes de nosso grupo, às condutas profissionais. Tudo isso compõe subsídios que conduzem nossas escolhas, pois cada área possui regras e normas próprias, as quais, muitas vezes, condicionam nosso comportamento. Se, por exemplo, olharmos para o mundo corporativo notaremos passos estabelecidos por experts da área administrativa1, exatamente para ajudar nas tomadas de decisão. Vejamos:

1. 2. 3. 4. 5. 6.

Apresentação do problema

Os princípios que nos Avaliação de seu impacto Análise e levantamento alternativas para a solução mostram como deser referenciais Tomada de decisão baseada na melhor alternativa são todos recados, dicas, Implementação da decisão para reverter o problema Resultado da tomada de decisão exigências de Deus para nós. Porém, se somente levarmos Quando apresentamos nossos problemas em oração, o primeiro passo. emdamos conta a simples letra, Quando falamos com Deus sobre nossos temores reficaremos frustrados porque lativos ao problema, damos o segundo passo. Quando conversamos com Deus, perguntando logo vamos descobrir nossa o que fazer, possibilidades vão surgindo em nossa mente como incapacidade de manter a passo. alternativas para a solução – é o terceiro A paz de Cristo é o árbitro em nossos corações, que é imagem ideal.

um dos indicadores da decisão acertada – é o quarto passo. Decisão tomada, rumo traçado para melhor caminhar, nesse ponto usamos novamente as capacidades pessoais, direcionamentos da Palavra, aconselhamento de irmãos mais experientes etc. – é o quinto passo. Depois da situação encaminhada, uma avaliação dos prós e contras é sempre útil para ter uma visão geral da ação de Deus e de nossa participação nela – é o sexto passo.

Mas como a Bíblia pode nos ajudar? Quanto mais conhecemos as Escrituras, de forma a extrairmos dali princípios para conduzir nossas vidas, mais possibilidades teremos de fazer a vontade de Deus. Provérbios 16.1 diz: “Ao homem pertencem os planos do coração, mas do Senhor vem a resposta da língua”. Deus nos deu inteligência, sabedoria, sensibilidade para que avaliássemos as situações, tomássemos rumos condizentes com a Palavra e decidíssemos à luz de nossa ótica o caminho a seguir, confiando, porém, que a resposta final virá dele, com a viabilização, ou não, de nosso permitido planejamento. Temos, assim, uma forma consciente de transformar em prática a teoria de como decidir. 1

www.artigos.com/artigos/sociais/administracao/tomadade-decisao,-como-faze_la?-2104/artigo/

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{ KIDS

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COM

MIG

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