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Sumário
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Nem tudo é como queremos Jaime Kemp
10 Impacto do conflito conjugal nos filhos
Clarice Mosmann e Denise Falcke
12 Comunicação falha (muros que separam)
Nelson Luiz Campos
14 Como um divórcio pode afetar os filhos
Siméa de Souza Meldrum
16 A separação deixou de ser “tragédia”
e virou “moda”!
Mário Simões
Artigos
20 Falta de compromisso no casamento Hernandes Dias Lopes
18 Linguagens do amor
30 Tudo não passou de um engano
24 Adoração em família
Ivana Aguiar Garcia
34 Relacionamento sexual adequado
Jonas Neves
36 Pensamentos fora de controle
Valéria Lima
Gilson Bifano
Giovani Luiz Zimermann
29 Finanças em família
Marcos Antonio Garcia
32 Comunicação & ação
Lourenço Stelio Rega
40 A vida é curta demais para sermos o
38 Pais e filhos – amigos para sempre
tempo todo infelizes
Judith Kemp
44 Relacionamento entre os sogros e o casal
Sergio e Magali Leoto
42 Namoro cristão
Lucia Thomazi
Paulo Klawa
48 Vida conjugal 46 O desafio de harmonizar a vida
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familiar e ministerial
David Sales
Marcos Antonio Peres
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Pra início de conversa novembro/dezembro 2017 A Revista Lar Cristão é uma publicação da Editora Fôlego Ltda. dirigida à família brasileira. Seu conteúdo oferece orientação bíblica, clara e segura. Diretor Jaime Kemp Editores Emilio Fernandes Junior Rosana Espinosa Fernandes
Vigie para que não haja brechas
Editora Ministério Lar Cristão Iara Vasconcellos Jornalista Responsável Luiz Francisco de Viveiros MTB 23258 Revisor Paulo César de Oliveira Projeto Gráfico e Diagramação NLopez Comunicação Atendimento Editora Fôlego assinatura@revistalarcristao.com.br (11) 2122-4243 Publicidade Editora Fôlego Fone: (11) 2122.4243 anuncios@revistalarcristao.com.br Seções Permanentes Adhemar de Campos, Aécio Ribeiro, Carlos Alberto Bezerra, Iara Vasconcellos, Jaime Kemp, Luiz Antonio Caseira, Márcia M. d’Haese, Marcos Antonio Garcia, Paulo de Tarso, Ivonildo Teixeira, Magno Paganelli, Judith Kemp, Dora Bomilcar, Julio Lima. Conselho Editorial Rev. Hernandes Dias Lopes – Igreja Presbiteriana de Vitória (Vitória/ES); Dr. Luiz Antonio Caseira – médico e missionário de Vencedores por Cristo (RJ/RJ); Pr. Ismail Sperandio (Curitiba/PR); Alex Dias Ribeiro – diretor de Atletas de Cristo (SP/SP); Sonia Emilia Andreotti – redatora do Ministério Lar Cristão (SP/SP); Pr. Edson Alves de Souza – Igreja Batista de São Gonçalo (S. Gonçalo/RJ); Pr. Armando Bispo – Igreja Batista de Fortaleza (Fortaleza/CE). Correspondentes Internacionais Dr. Luiz Palau – escritor e evangelista argentino (EUA); Paul Landrey – Christ for the Cities; Dr. Bill Lawrence – teólogo e professor no Dallas Theological Seminary (EUA); Hans Wilhelm – vice-diretor da Chinese International Mission. Material Jornalístico e de Divulgação Deve ser encaminhado para a Editora Fôlego: falecom@revistalarcristao.com.br www.revistalarcristao.com.br Caixa Postal 16610 – São Paulo/SP CEP 03149-970 – Tel: (11) 2122.4243 Fax: (11) 5539.4329 A Revista Lar Cristão não se responsabiliza pelo conteúdo e pelos conceitos emitidos nos artigos assinados, pois não representam, necessariamente, a opinião da revista. É permitida a reprodução, total ou parcial, do conteúdo do material editorial publicado, desde que citada a fonte e com autorização prévia e documentada da Revista Lar Cristão. As imagens publicadas nesta edição, pertencem ao banco de imagens com utilização permitida.
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Não passa pela minha cabeça, e pela cabeça da minha esposa, a possibilidade de nos separarmos ou nos divorciarmos. Na verdade, nunca passou. E saibam que somos casados há mais de cinquenta anos! Nós não usamos a palavra divórcio como uma ameaça quando a pressão está muito forte, quando há impasses e desentendimentos. Periodicamente, Judith e eu reafirmamos os votos que assumimos no dia do nosso casamento. Reafirmamos verbalmente a disposição e o desejo de sermos leais um ao outro. Quando o casal desiste, geralmente leva com ele, do primeiro casamento, as incompreensões, mágoas e incoerências. Elas marcam a alma e é muito provável que reapareçam, de alguma forma, em uma segunda tentativa. Às vezes o amor morre porque não é feito nada para mantê-lo vivo. O amor é dinâmico, não é estático. Ele precisa ser cuidado. Muitos casais não investem em seu relacionamento, e quando isso acontece, a vida conjugal passa a ser monótona, chata, cheia de contrariedades e brigas. Portanto, não devemos economizar demonstrações de afeto ao nosso cônjuge. Enfim, toda união conjugal enfrenta conflitos. Não existe um lar que não sofra um transtorno, uma desavença, uma crise. Mesmo que o amor entre ambos seja sincero e profundo. Para que o casamento seja real, bem-sucedido, apesar dos conflitos, devo ressaltar a dinâmica espiritual, ou seja, a fé, o praticar da Palavra, que é uma força motivadora de Deus para permanecermos casados. O tema é atual e muito sério. O inimigo de nossas almas tem atacado obstinadamente a família para nos desestabilizar como indivíduos, pois a família é um dos alicerces que nos sustentam. Leia com atenção os artigos desta nova edição da Revista Lar Cristão. Avalie seu casamento, procure descobrir, por meio dos ensinamentos da Palavra, se há alguma brecha que coloque em perigo a estabilidade de sua família, por onde Satanás possa se infiltrar. Revista-se com a armadura de Deus e lute contra ele, tenazmente, para manter a solidez do seu casamento e do seu lar. Não aceite outro resultado senão a vitória que o poder do Senhor quer lhe conceder. Jaime Kemp
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Nem tudo é como queremos JAIME KEMP
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Tristeza era bela, mas em seus olhos havia a sombra de quem já desistiu de esperar a alegria. A Alegria também era linda, seu sorriso contagiante e as lágrimas eram estranhas em seus olhos. Certo dia seus caminhos se cruzaram: – Nós nunca podemos estar juntas e unidas – disse a Tristeza, chateada. – Não, nunca – e surpreendentemente a Alegria ficou com seu rosto, sempre radiante, bem sério e preocupado. – O meu caminho atravessa campos ensolarados, as roseiras florescem quando eu passo e os pássaros cantam felizes – contou a Alegria. – O meu caminho – disse a Tristeza se afastando bem devagar – atravessa a mata sombria e minhas mãos só colhem flores noturnas. Adeus, Alegria. Quando ela acabou de falar, ambas perceberam a presença de alguém próxima a elas. Uma atmosfera de realeza, reverência e santidade tomou conta do lugar e fez com que elas se ajoelhassem perante ele. – Eu o vejo como Rei da Alegria – murmurou a Tristeza –, pois sobre a sua cabeça estão muitas coroas, e as marcas das suas mãos e pés são sinais de uma grande vitória. Diante dele toda a minha tristeza está se transformando em amor e alegria e eu me dou a ele para sempre. 6
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– Não, Tristeza – sussurrou a Alegria –, eu o vejo como o Rei da dor, sua coroa é de espinhos, e as marcas de suas mãos e pés são marcas de uma grande agonia. Eu
também me dou a ele para sempre, pois a tristeza com ele deve ser muito mais doce do que qualquer alegria que conheço. “Então nele somos só uma” –
exclamaram – “pois somente ele pode unir a Alegria e a Tristeza” (baseado em texto do livro Mananciais no deserto, de Lettie Cowman, Editora Betânia, 3. ed., p. 223).
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Cada vez que um casal se casa, acontece uma união de duas personalidades, dois temperamentos, duas culturas, duas famílias, duas formas diferentes de ver a vida, dois tipos de gostos diferentes, etc. Algumas vezes, todas essas características se chocam e em muitos casos o marido e/ou a esposa se decepcionam. O que acontece é que, por motivações falsas e fontes enganosas, são construídas expectativas altas demais sobre o cônjuge e quando, no decorrer da relação, elas não são alcançadas, rapidamente irrompem decepções e frustrações entre ambos. Essas expectativas são diversas, desde o desempenho sexual até a disciplina dos filhos. São pressuposições antecipadas e imaginadas pelo homem e/ou pela mulher e não verbalizadas. Eu gostaria de encorajar os casais a conversarem sobre essas expectativas e trazê-las ao nível da realidade, analisando-as, assim como a possibilidade ou não de elas serem realizadas. Quando essas expectativas não são comunicadas, mas acalentadas no coração de um dos dois, um alerta de perigo é acionado no casamento, isso porque a aceitação do cônjuge passa a basear-se no desempenho. Perigosamente, o desempenho torna-se a linha tênue que mal sustenta a relação, mas esse padrão é insuficiente para dar continuidade a um relacionamento sólido, saudável e prazeroso, como todo casal deseja. A experiência de doar-se não deve basear-se no fato de o cônjuge merecer ou não. Se fosse assim, os casais só seriam afetuosos um com o outro caso o parceiro fizesse por merecer essa afeição e conseguisse agradar totalmente o(a) parceiro(a). Durante o namoro, noivado, lua de mel, o clima é favorável porque o romantismo
A convivência entre casais seria bem mais tranquila e harmoniosa se eles entendessem que nem sempre um agradará ao outro em tudo. está à flor da pele. Porém, quando o casal volta à rotina e à correria do dia a dia com suas tensões, há uma diminuição considerável do tempo dedicado ao romantismo. E é exatamente nesse momento que o casal passa a focalizar sua atenção nos pontos fracos de cada um. Quero contar algo curioso que descobri por meio dos meus seminários sobre a família. Quando peço aos casais que façam uma lista dos pontos positivos e negativos de seu cônjuge, é impressionante notar como é fácil para eles destacar mais os pontos negativos do que os positivos. Por que isso acontece? Porque cada um possui sua própria lista pessoal de expecta-
tivas que, quando não cumpridas, provocam decepção e desilusão, e isso pode levar um casal a um afastamento relacional. Vou citar três razões por que as expectativas não atingidas causam desapontamento: 1. Desconhecimento das expectativas do cônjuge; 2. Falta de condições de atingi-las; 3. Falta de vontade de realizá-las. A convivência entre casais seria bem mais tranquila e harmoniosa se eles entendessem que nem sempre um agradará ao outro em tudo. Jamais um cônjuge conseguirá suprir todas as expectativas e necessidades do outro nem poderá agradá-lo totalmente.
Duas pessoas casadas são muito mais do que a soma de duas pessoas distintas. Cada uma, apesar de ser completa em si, como já disse, leva ao casamento características que, se aceitas e compreendidas, enriquecem uma à outra. Quando um permite que o outro seja como realmente é, a interação entre ambos torna-se quase completa. No entanto, se há expectativas irreais e sufocação de uma ou de ambas as partes, sem comunicação, aceitação e apoio, o casamento nunca chega a ser o que potencialmente poderia se tornar, e muitas vezes até fracassa. Os casais deveriam encarar a vida conjugal sob o objetivo de ter os interesses, anseios, expectativas,
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sonhos, derrotas, tristezas, alegrias, vitória de um como vitória do outro. Não estou dizendo que no casamento a individualidade precisa ser esquecida, a personalidade asfixiada e o temperamento destruído. Estou dizendo que os cônjuges devem ser sinceros entre si e se esforçarem para se completarem, aproveitando e priorizando sempre o melhor que cada um pode oferecer.
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As expectativas da Tristeza e da Alegria eram opostas. Em certo momento de seu caminho, ambas acharam que era impossível estar juntas, conseguirem se unir. Somente a presença santa do Senhor Jesus ao seu lado pôde fazê-las compreender que ele é capaz de nos ajudar a valorizar mais a pessoa que amamos do que as expectativas que esperamos que elas atinjam. “Nele somos só uma”, elas concluíram. Apesar de ter caminhos com expectativas distintas, em Jesus elas encontraram a união e o consenso. Somos seres dinâmicos. Se aplicarmos os conceitos de “um ao outro” em nossos casamentos, será possível desenvolvermos cada dia os princípios de relacionamento ensinados por Jesus Cristo: “amai uns aos outros”; “honrai uns aos outros”; “perdoai uns aos outros”; “considerai uns aos outros superio-
res a si mesmo”, etc. Enfim, quando um tentar alegrar e satisfazer o outro, torná-lo feliz e realizado no casamento, apesar de este não preencher todas as suas expectativas, o amor torna-se mais concreto, evidente e estimulado. Que a insubstituível presença de Jesus seja sempre bem recebida em sua vida conjugal e que Ele ajude você e seu cônjuge em seu mútuo caminhar.
Jaime Kemp é doutor em Ministério Familiar e diretor do Ministério Lar Cristão. Foi missionário da Sepal por 31 anos e fundador dos Vencedores por Cristo. É palestrante e autor de 50 títulos. Casado com Judith, é pai de três filhas e avô de três netos.
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Impacto do conflito conjugal nos f ilhos CLARICE MOSMANN E DENISE FALCKE
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a dinâmica das relações familiares, pode-se observar que a vida conjugal dos pais interfere no bem-estar dos filhos de diversas maneiras. Ainda que seja importante que as questões do casal sejam mantidas entre os cônjuges, buscando não envolver os filhos no espaço conjugal, a qualidade da interação do casal exerce uma importante contribuição para o clima familiar como um todo. Pesquisas destacam que há um transbordamento das vivências da conjugalidade para a relação pais-filhos, fazendo com que a satisfação na vida conjugal possibilite práticas parentais mais saudáveis. Do mesmo modo, uma interação conjugal conflituosa pode contribuir para um ambiente familiar disfuncional, impactando na saúde mental dos filhos (Mosmann & Falcke, 2017). O conflito em si não caracteriza problemas familiares, pois em qualquer relacionamento sempre existirão divergências, mas é importante atentar para a intensidade com que o conflito se manifesta e as estratégias que são utilizadas para lidar com ele. Casais que conseguem negociar seus conflitos, respeitando as diferenças de opinião e os sentimentos de cada um, fornecem um importante exemplo para os filhos de como lidar com situações difíceis. Por outro lado, quando são utilizadas estratégias destrutivas de ataque (ofensas, gritos ou qualquer outra manifestação de violência) ou de evitação de conflitos (sair 10
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no meio de uma discussão ou negar-se a dialogar), os filhos podem apresentar níveis mais elevados de ansiedade e depressão, entre outros sintomas. A exposição ao conflito conjugal também pode ter repercussão nos relacionamentos futuros dos filhos, uma vez que a conjugalidade dos pais se constitui no modelo de vida a dois que os filhos levam para sua vida. Pessoas que testemunham relações conflituosas ou violentas na infância tendem a se envolver em relações com padrões semelhantes na vida adulta. Isso ocorre possivelmente por elas naturalizarem essa forma de dinâmica conjugal como se fosse
comum a todas as relações interpessoais. Desse modo, além dos cuidados dirigidos diretamente aos filhos, os pais também devem preocupar-se com as outras interações que estabelecem na presença deles, especialmente a conjugal, pela proximidade na convivência diária. Até mesmo nos casos de separação conjugal há que se ter maturidade para que se possa entender que o vínculo que se rompe é o conjugal, mas ambos os parceiros devem continuar juntos na missão de educar os filhos. Nesse caso, mais uma vez, exige-se que os cônjuges busquem manter preservadas as questões conjugais, para que elas não repercutam negati-
vamente na relação pais-filhos. Mais do que por meio de palavras, a educação dos filhos se dá pelos exemplos que os pais fornecem a partir dos seus modos de ser e de agir. Sendo assim, os impactos do conflito conjugal na vida dos filhos podem ser positivos ou negativos, dependendo da forma com que o casal conduz a sua resolução. Clarisse Mosmann e Denise Falcke Delatorre são autoras da Editora Sinodal. MOSMANN, Clarisse; FALCKE, Denise. As repercussões da violência conjugal e do conflito entre pais e filhos na saúde mental de adolescentes. In: FÉRES-CARNEIRO, Terezinha (org.). Casal e família: teoria, pesquisa e clínica. Rio de Janeiro: PUC-Rio/Prospectiva, 2017, p. 53-63.
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Comunicação falha (muros que separam) NELSON LUIZ CAMPOS
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comunicação entre os casais e familiares é fundamental para que tenhamos bons relacionamentos. Nós nos comunicamos por meio de palavras, gestos, sons, sinais, marcas que nos caracterizam. Nem sempre conseguimos comunicar aos que amamos aquilo que desejamos. Há ruídos e barreiras na comunicação, e quando isso acontece, podemos dizer que houve uma “falha”. Há falhas que criam obstáculos, gerando sentimentos, memórias, marcas e estigmas que são difíceis de ser superados. Vamos tratar a respeito do tema da comunicação, em especial entre casais, dar alguns exemplos e procurar localizar barreiras que poderão estar presentes em nossos relacionamentos familiares. O apóstolo Paulo fala a respeito de um “muro de separação” em Efésios 2.11-22. É claro que ele não está falando diretamente a respeito de muros que possam existir entre o casal ou a família,
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mas podemos, a partir da sua reflexão, aplicar esse fato no relacionamento entre esposo e esposa. A graça divina presente em Cristo quebra a “barreira de separação” entre judeus e gentios, circuncidados e incircuncisos, aproximando-os por meio
de Cristo. Ele é a nossa paz, a nossa reconciliação, que nos aproxima uns dos outros e derruba a barreira de separação. A boa nova do evangelho uniu os que estavam longe, tornando-os bem próximos. Dessa forma, já não são mais estrangeiros, mas concidadãos dos santos e família de Deus. Esse extraordinário texto, que sinaliza e concretiza o nosso relacionamento com Deus e a universalidade da fé, fundamentada na graça, torna-se básico para guiar e sustentar o relacionamento familiar e a vivência do casal. Há três aspectos na vida de um casal: comunicação, convivência e comu-
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Todos nós desejamos ser ouvidos, compreendidos, e isso não é automático, mas requer esforço, domínio próprio, atenção e amor. nhão, e existe uma interação entre eles. O que tem impedido a comunicação? Algumas barreiras presentes na comunicação: a. A tendência ao individualismo e o egocentrismo. Quando as pessoas se fecham em torno de suas ideias, interesses, necessidades, posicionamento, etc., a dificuldade na comunicação é grande, surgindo inúmeras barreiras entre os membros de uma família. Paulo nos diz em Filipenses 2.4: “Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros”. Isso significa cada um colocar-se no lugar da outra pessoa, colocar o sapato do(a) outro(a). É uma verdadeira empatia gerada pelo amor.
b. Falta de conhecimento de si e da outra pessoa. Não é fácil conhecer a si mesmo(a), muito menos a outra pessoa. O namoro deveria ser um tempo de mútuo conhecimento, e o noivado um aprimoramento desse fato. Mas esse conhecimento de si e da outra pessoa é contínuo e prossegue no casamento e nos anos vividos juntos. Podemos nos conhecer melhor quando colocamos a nossa vida perante Deus, quando temos a confiança e a liberdade de nos abrir com outra pessoa, quando temos vida devocional, de leitura bíblica, oração e reflexão e quando permitimos ao nosso cônjuge revelar-nos algo a nosso respeito. c. Ausência de diálogo. O que, de
certa forma, existia no namoro e noivado, aos poucos vai deixando de existir. Muitas pessoas subjugam a outra por meio da palavra. Falam demasiadamente e de forma descuidada. Conforme Paulo, o nosso falar deve ser edificante e transmitir graça a quem nos dirigimos (Efésios 4.29). Torpe não é apenas a palavra maliciosa, mas a que não transmite graça nem edifica. Ouvir é um dos aspectos fundamentais para o diálogo, e não é apenas a respeito da pessoa com quem nos relacionamos na família, mas tem amplitude maior, alcançando todos os aspectos e áreas do nosso viver. Ouvir de forma amorosa, sincera, com interesse, sem prepa-
rar uma resposta. Respeito e atenção são importantes no ouvir, pois sem ouvir não há diálogo. É necessário permitir à outra pessoa expressar suas ideias, sentimentos, necessidades, interesses e ideais. Precisamos criar momentos para o diálogo e para isso necessitamos abrir espaços para a convivência no relacionamento por meio de momentos devocionais, lazer, viagens, férias, frequência à igreja... Todos nós desejamos ser ouvidos, compreendidos, e isso não é automático, mas requer esforço, domínio próprio, atenção e amor. Tiago nos diz para estarmos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se (Tiago 1.19). O diálogo – ouvir, falar e calar – ajuda-nos a perceber o quanto necessitamos aceitar e acolher a pessoa amada. Oração “Senhor Jesus, somos gratos por nos ouvires e falares
conosco por tua Palavra e pelo Espírito. Buscamos-te para nos ajudares com a tua graça visando a nos aceitar um ao outro, a dialogar, compreender e aperfeiçoar o nosso relacionamento conjugal e familiar. Confessamos que muitas vezes temos nos imposto um ao outro por meio da força da palavra, usando-a com desamor. Perdoa-nos e dá-nos o desejo sincero de nos tratarmos com transparência, respeito e afetividade, falando a verdade em amor. Em teu nome. Amém!”
Nelson Luiz Campos Leite exerceu por 54 anos o ministério na Igreja Metodista no Brasil, na Terceira Região Eclesiástica (capital, Grande São Paulo, Vale do Paraíba, Litoral, Sorocaba e região, incluindo Vale do Ribeira e Itapeva). É casado há 54 anos com Elcy Cesar Campos Leite e tem três filhas e três netas.
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Como um divórcio pode afetar os filhos SIMÉA DE SOUZA MELDRUM
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ivórcio não é um tema fácil, porque vivemos dias em que se relativiza tudo e muitas pessoas já casam com a intenção de se separar caso não gostem da experiência ou não se adaptem. Porém, o divórcio não é algo tão fácil de enfrentar. A união matrimonial teve origem na criação, e Deus fez tudo para ser prazerosa e segura para a saúde física e mental do casal, a fim de ser uma proteção à continuidade da raça humana e da segurança na formação de pessoas saudáveis e sociedades justas e equilibradas (Hebreus 13.4). Porém, a queda introduziu a vontade humana e o desejo de conhecer a vida fora dos padrões divinos até chegar aos dias atuais. A sociedade vem aumentando as consequências das violações dos vínculos familiares. Muitas crianças já nascem sem seus direitos básicos a uma família que as proteja, cuide e ame. Filhos de casais separados sofrem e carregam um vazio que irá se manifestar de várias formas (Malaquias 2.16). Deus amou o mundo de tal maneira que enviou seu Filho Jesus Cristo para viver e morrer por nossos pecados, então as pessoas que desejam viver sob a sua direção buscam relacionamentos baseados na Palavra de Deus. Muitos têm encontrado restauração para seus casamentos e cura para seus vínculos familiares por meio de uma vida orientada por Deus, mas nem todos têm a paciência ou suportam perseverar na forma 14
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como Deus age, o que, na maioria dos casos, exige tempo e mudança de atitudes (Mateus 19.3-9). Há casos em que não se pode esperar, pois envolve risco de morte e de integridade física, moral e psicológica. Então, não podemos aguardar que o pior aconteça. Quando o adúltero não demonstra
arrependimento genuíno, repetindo esse ato vil que abala a confiança do cônjuge, machuca-o e desestrutura o vínculo conjugal, também é um caso que necessita da carta de divórcio. Quando existe violência física e moral, o coração está endurecido e não se submete a um acompanhamento
pastoral ou até a um tratamento psicológico ou psiquiátrico. Deus não se agrada do divórcio, principalmente quando os motivos são banais e sem justificativas reais, como, por exemplo, “Ah, não gosto mais, por isso vou pedir o divórcio” ou “Encontrei outra pessoa”.
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Há casos em que não se pode esperar, pois envolve risco de morte e de integridade física, moral e psicológica. Então, não podemos aguardar que o pior aconteça. A relação sexual é um pacto de sangue, e os cientistas Elizabeth Hammock e Larry Young demonstraram que a fidelidade conjugal é comprovada geneticamente. Eles realizaram estudos com
roedores e com humanos que revelaram que a monogamia, ou seja, a fidelidade conjugal, é comprovada pelo desenvolvimento do gene receptor de vasopressina, que é um hormônio que tem efeitos poderosos em comportamentos sociais como confiança, empatia e vínculo sexual em humanos e outros animais. Portanto, faz sentido que mutações no gene receptor de vasopressina – que pode alterar sua função – poderiam afetar o comportamento
sexual humano. Porém, esses mesmos cientistas dizem que esse desenvolvimento genético está ligado à cultura desses indivíduos. Ou seja, vai depender do ambiente familiar em que foram criados (1 Coríntios 7.39). Estamos inseridos numa sociedade relativista, mas para aqueles que desejam usufruir de uma relação familiar plena e abundante, existe a Palavra de Deus para orientar e
proteger esse maior bem que Deus nos deu: a família (Malaquias 4.5-6).
Siméa de Souza Meldrum é pastora da diocese anglicana do Recife e coordenadora nacional do Ministério Mulheres de Visão, da Visão Mundial. Casada com o Pr. Ian Meldrum há 39 anos, é mãe de Timóteo, John e Hudson e avó de Cecília e Mateus.
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A separação deixou de ser “tragédia” e virou “moda”! MÁRIO SIMÕES
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nualmente, as grandes empresas de moda internacional fazem os lançamentos de suas novas coleções de primavera, verão, outono e inverno. São megaeventos realizados nos hotéis mais luxuosos do mundo e contam com a presença de supermodelos, designers, artistas, imprensa, marcas e mídia internacional. O consumismo mundial fomenta a criação e produção de novos estilos de roupa que determinam a cultura fashion de determinada estação. Em muitos casos, o que era simples e casual vira moda da noite para o dia. O cônjuge não pode ser comparado a uma peça de roupa que é trocada nas diferentes estações do ano ou da vida. Mesmo que o casal passe pelo outono de perdas financeiras, profissionais, relacionais ou físicas, ele deve permanecer unido. Ainda que 16
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enfrente as baixas temperaturas do inverno de reclusão e isolamento, deve permanecer junto, pois em breve chegará a primavera de alegria de vida e novas possibilidades. Porém, a melhor estação do casamento é o verão! É o momento apropriado para o casal trabalhar, frutificar e realizar a vontade de Deus, sendo bênção na vida um do outro e também para outras pessoas (leia o livro As 4 estações da vida – www.mariosimoes.com). A durabilidade do casamento não pode se tornar moda. Na realidade, o casamento foi feito pelo maior Designer da história e deve durar para sempre. Seu casamento foi desenhado para durar para sempre!
Sua família foi feita para vencer! Mesmo que os artistas, a mídia e a sociedade promovam uma cultura em que é moda o casal se separar, rejeite essa tendência e estilo de vida. Certas coisas foram criadas para nunca serem alteradas, e o casamento é uma delas. A união entre um homem e uma mulher é instituída e abençoada por Deus. Nas vestes conjugais consta uma etiqueta escrita com as seguintes palavras: “até que a morte nos separe”. A grande verdade sobre a MODA é que um casamento feliz, saudável, frutífero e abençoado por Deus incoMODA o nosso adversário e arqui-inimigo de Deus, que deseja roubar, matar e destruir toda bela
criação e intenção do Criador. Concluo com as seguintes sugestões: vista a camisa da fidelidade; não troque de cônjuge, mas de atitude e expectativa para ter um casamento duradouro; não renove seu guarda-roupa, mas seu compromisso de amor por seu marido e sua esposa. Ah, se essa moda pega! Abraços e muito sucesso!
Mário Kaschel Simões é escritor, palestrante, treinador e coach certificado pelo John Maxwell Team, docente internacional do Haggai International e fundador da Escola Internacional Preparando Gerações. É casado com Priscila e pai de Felipe e Davi.
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Linguagens do amor
AS CINCO LINGUAGENS DO AMOR
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uase todos os casais cristãos, de alguma maneira, já ouviram falar em “linguagens do amor”, terminologia cunhada pelo escritor americano Gary Chapman em seu famoso livro As cinco linguagens do amor, publicado no Brasil pela Editora Mundo Cristão. Ele popularizou e sistematizou, e isso foi muito bom, o que o psicanalista, filósofo e sociólogo alemão Erich Fromm já tinha escrito, na década de 50, no seu livro A arte de amar, no qual usou a expressão “símbolos do amor”. Ambos os autores foram importantes para compreendermos o amor. Chapman nos ensinou, e ainda nos ensina, que o amor deve, acima de tudo, ser demonstrado de forma concreta nas relações humanas. Erich Fromm, por sua vez, escreveu o que se poderia chamar de um tratado sobre o amor. Para ele, o amor, como a música, a pintura, a carpintaria ou exercer a medicina ou a engenharia, deveria ser aprendido. O amor é algo ensinável. Talvez você já tenha ouvido algum preletor para casais dizer que o amor é uma decisão, e esse conceito foi criado por Erich Fromm: “O amor é uma decisão, é um julgamento, é uma promessa. Se o amor fosse só um sentimento, não haveria base para a promessa de amar um ao outro para sempre. Um sentimento vem e pode ir”. Se uma pessoa ama a outra, de verdade, ela não nutre apenas um sentimento, mas decide amar, e aqui surge a grande contribuição de Gary Chapman. Para ele, o amor é demonstrado de cinco maneiras: toque físico, tempo de qualidade, palavras de afirmação, presentes e atos de serviços. Demonstramos amor por meio de abraços, beijos, andar de mãos dadas, do carinho, das massagens relaxantes, do cafuné; quando passeamos juntos ou sentamos no sofá para ver um filme; ao dirigir palavras positivas, de encorajamento, de ânimo, de elogio, que fazem bem às emoções e fortalecem e levantam a
autoestima do(a) nosso(a) amado(a); quando lhe damos presentes ocasionalmente, em datas especiais; e também quando participamos dos afazeres domésticos. O grande desafio, segundo Chapman, não é apenas demonstrar o amor por meio dessas linguagens, mas também conhecer a linguagem de amor que o amado ou a amada mais se satisfaz e que preenche suas necessidades de ser amado e a partir daí concentrar-se nessa linguagem, sem se esquecer das demais. Os conceitos de Erich Fromn e de Gary Chapman são importantes para o relacionamento na família e no casamento, mas o maior tratado de amor está na Palavra de Deus, em 1 Coríntios 13. Esse amor foi vivenciado, na sua plenitude, por Jesus. Ele não apenas ensinou sobre o amor, mas viveu o amor. Ele é o próprio AMOR.
Gilson Bifano é o fundador e diretor do Ministério OIKOS (Ministério Cristão de Apoio à Família), preletor, escritor e coach na área de família e casamento.
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Falta de compromisso no casamento HERNANDES DIAS LOPES
A
s cerimônias de casamento estão ficando mais lindas e os casamentos mais feios. Há muito investimento na cerimônia e pouco preparo para o relacionamento conjugal. O véu das noivas está ficando cada vez mais longo e os casamentos cada vez mais curtos. As festas de casamento estão ficando cada vez mais caras e os casamentos cada vez mais pobres. Cerca de cinquenta por cento dos casais que começam com juras de amor no altar terminam feridos, nas barras de um tribunal, por um doloroso divórcio. Por que os casamentos acabam? Por que os cônjuges se separam? Por que o divórcio tornou-se tão frequente? Daremos, aqui, dez razões: 20
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Em primeiro lugar, o casamento entra em colapso porque os cônjuges deixaram Deus de fora da relação. Construir um lar sem a presença e sem a bênção de Deus é como edificar uma casa sobre a areia. Esse casamento não se mantém de pé nas tempestades da vida. Se o Senhor não edifi-
car a casa, em vão trabalham aqueles que a edificam. A maior necessidade do casamento não é de coisas, mas de Deus. É o cordão de três dobras que não se quebra. Quando Deus está dentro da relação conjugal, o casal supera as crises, triunfa nas tempestades e mantém o relacionamento inviolável. Em segundo lugar, o casamento entra em colapso porque os cônjuges estão confusos acerca da natureza dele. O casamento é uma aliança de amor, em que os cônjuges devem um ao outro respeito e fidelidade. Nessa aliança há deveres e responsabilidades, investimento e renúncia, enco-
rajamento e apoio. Nenhum casamento sobrevive saudável onde impera o egoísmo. Nenhum casamento exala o perfume da felicidade onde há competição e ciúme. Nenhum casamento cumpre seu objetivo onde a mágoa é maior do que a disposição de perdoar. Casamento não é a união de dois iguais, mas de dois diferentes. Portanto, o perdão é vital para haver saúde física, emocional e espiritual. Em terceiro lugar, o casamento entra em colapso porque os cônjuges estão confusos quanto ao seu papel. Deus constituiu o marido como líder de sua casa e como cabeça de seu lar. Cabe a
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Vivemos a cultura do descartável. Os relacionamentos não passam de um contrato de risco. A geração contemporânea prefere acabar com o casamento e partir para uma nova aventura a superar uma crise. ele liderar sua família, adotando uma liderança timbrada pelo amor. O marido é conclamado a amar sua mulher como Cristo amou a Igreja. Sendo o cabeça da Igreja, Cristo a serviu. Porque amou a Igreja, Cristo deu sua vida por ela. Mesmo a Igreja sendo imperfeita, Cristo a amou, e amou-a até o fim. Esse é o papel do marido, amar sua mulher com amor perseverante, sacrificial e santificador. Cabe à mulher sujeitar-se a seu marido no Senhor, sendo-lhe auxiliadora idônea. Seu papel é dar suporte ao marido para que ele cumpra seu papel de cabeça de sua família. A sujeição da esposa não a coloca numa
posição de inferioridade nem a liderança do marido coloca-o numa posição de superioridade. Marido e mulher não competem, completam-se. Em quarto lugar, o casamento entra em colapso porque os cônjuges estão fechando os canais de comunicação. Na era dos milagres da tecnologia da comunicação, os casais assistem à morte do diálogo. Os cônjuges estão conectados com milhares de amigos virtuais, mas perdem a comunicação dentro de casa. São bombardeados de informações a cada dia, mas não têm tempo para uma conversa amigável, olho no olho, para tratar das coisas do coração. Como a morte e a vida estão no poder da língua, muitos casais matam o casamento por falarem demais ou por silenciarem demais. A tecnologia da comunicação avança e a comunicação no casamento recua. A felicidade conjugal depende da disposição de ouvir sempre, falar com cautela e não guardar mágoa. Em quinto lugar, o casamento entra em colapso porque os cônjuges colocaram coisas no lugar de pessoas. Vivemos a era do materialismo consumista. Coisas passaram a valer mais do que pessoas. O ter passou a ser mais importante do que o ser. A busca pelos bens materiais suplantou os relacionamentos. O amor ao dinheiro triunfou sobre o amor à família. Conquista-se robusto patrimônio e perde-se o casamento. Ajuntam-se riquezas e perdem-se os filhos.
Amealham-se tesouros e atormenta-se a alma com muitos flagelos. Precisamos, antes de tudo, adorar a Deus, amar as pessoas e usar as coisas em vez de amar as coisas, usar as pessoas e esquecer-se de Deus. Em sexto lugar, o casamento entra em colapso porque os cônjuges desaprenderam a lidar com crises. Vivemos a cultura do descartável. Os relacionamentos não passam de um contrato de risco. A geração contemporânea prefere acabar com o casamento e partir para uma nova aventura a superar uma crise. Em nome da modernidade, aplaudem o divórcio, para descobrir que o segundo casamento é ainda mais turbulento do que o primeiro para setenta por cento dos divorciados que se casam de novo. Não há pessoas perfeitas nem casamentos perfeitos. Todo casamento exige investimento, renúncia, amor e também perdão, começo e recomeço.
Em sétimo lugar, o casamento entra em colapso porque os cônjuges fazem um pífio investimento no relacionamento. Casamento é igual conta bancária. Para manter um saldo positivo é preciso fazer mais depósitos do que saques. Há cônjuges que só sabem cobrar e criticar. Não elogiam nem encorajam. São parasitas. Sugam o tempo todo, mas não fazem nenhum investimento na relação. O casamento requer romantismo. Necessita de afeto. Carece de cuidado. Onde falta a ternura e só resta a dureza no trato, o relacionamento desidrata, adoece e morre. Em oitavo lugar, o casamento entra em colapso porque os cônjuges competem mais do que cooperam. Casamento é igual a um jogo de frescobol. Marido e esposa jogam não como rivais, mas como parceiros. Não exploram os erros um do outro, mas se recebe uma bola quadrada,
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esforça-se para devolvê-la redonda. Os cônjuges precisam ser amigos. Precisam ter afinidade. Precisam ser aliviadores de tensão. Onde há queda de braço e disputa de espaço e poder, a relação conjugal se fragiliza, o casamento adoece e a família fracassa. Em nono lugar, o casamento entra em colapso porque os cônjuges se rendem à cultura do relativismo moral. Com o advento da internet, cerca de trinta por cento dos homens e vinte por cento das mulheres são viciados em pornografia. Há muita lama no leito conjugal. Há muito lixo entrando na câmara conjugal. A pornografia é como uma droga: vicia, entorpece, degrada e destrói. Há muitos casais escravos desse vício degradante. Há muitos casamentos enfermos por causa dessas práticas aviltantes e entrando em colapso porque a pureza da relação sexual foi substituída pela sujeira da promiscuidade sexual. A Palavra de Deus é categórica em
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afirmar que é digno de honra entre todos o matrimônio e o leito sem mácula (Hebreus 13.4). Em décimo lugar, o casamento entra em colapso porque os cônjuges deixaram de orar juntos. Na vasta maioria dos lares, o altar da adoração a Deus está em ruínas. A Bíblia é apenas um livro de decoração. O fogo do incenso da oração já está apagado. O culto doméstico morreu. Os cânticos espirituais cessaram.
No lugar da conversa piedosa e boa ao redor da mesa foram colocadas as telenovelas, eivadas de apelos a todo tipo de degradação moral. Se quisermos ver a restauração da família, os cônjuges precisam orar juntos, servir de suporte um ao outro, encorajar um ao outro e ser bênção um para o outro. Só assim teremos casamentos fortes, cônjuges felizes, filhos saudáveis e famílias abençoadas e abençoadoras!
Hernandes Dias Lopes é natural de Venécia, cidade pertencente ao Estado do Espírito Santo. É bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas (SP), e cursou seu doutorado em Ministério no Reformed Theological Seminary. Casado com Udemilta, tem dois filhos.
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Adoração em família
UM LUGAR DE PAZ
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uero levar você a fazer uma breve reflexão sobre o tema em questão e sei que existem muitos estudos profundos sobre o assunto, porém a minha intenção é falar de algumas atitudes práticas que farão a sua casa ser “um lugar de PAZ”. Creio que mais importante do que um ensino teórico é a aplicação desse princípio da Palavra de Deus, que está esquecido por grande parte das famílias cristãs dessa era pós-moderna. Creio que a maioria dos pais e mães até gostariam de desenvolver um ambiente de adoração em família, porém se rendem à modernidade e desistem facilmente, fazendo com que o tempo em família se resuma apenas a assistir a um filme e comer pipoca com os filhos. O texto de Deuteronômio 6.4-9 nos ensina que devemos amar a Deus de todo o coração e ensinar, com persistência, aos nossos filhos a amarem e obedecerem a Deus. Amar é sinônimo de adorar, pois quem ama busca e tem prazer em estar com o Amado! E o que
significa na prática a expressão “adoração em família”? Nos tempos modernos em que vivemos, cultivar uma vida em família é cada vez mais um desafio considerável, e quando falamos de ter tempo para adorar o nosso Deus junto da nossa família, o desafio se torna, por vezes, ainda maior para a maioria de nós. A concepção bíblica da adoração vai além de apenas um “culto doméstico” (que também está em extinção), pois o ambiente familiar de adoração deve ser algo criado intencionalmente pelos pais por meio do exemplo e promovendo oportunidades de, literalmente, parar para ter momentos dedicados a essa prática de buscar o nosso Deus, a sós e com a família. E a adoração em família seria apenas um momento semanal ou quinzenal, predeterminado pelos pais? Creio que não! Em nossa prática, temos experimentado períodos de muita adoração em família em diversas ocasiões do nosso dia a dia, como durante as refeições, antes de colocar as crianças para dormir e nas viagens de carro, que são oportunidades de agradecer e de lembrar quem Deus é para nós e nossa família. Algo que também podemos fazer é usar jogos educativos que ensinem princípios bíblicos e a música, essa linguagem tão maravilhosa que Deus nos deu, para criar um ambiente de adoração em família. Essas são algumas das práticas que sempre procuramos fazer com nossa família, e elas têm se mostrado bastante produtivas no que diz respeito ao ensino dos princípios e à afirmação da nossa fé em Deus. É possível promover isso em nossa casa. É possível vencer os eletrônicos e ter tempo de qualidade e de edificação em família. É possível gerar nos filhos o interesse pela Palavra de Deus. O nosso desejo é que sua família seja um lugar de paz. Então, a nossa prioridade é dedicarmos MAIS do nosso TEMPO e dos nossos RECURSOS. Invista na sua família. Que vocês sejam verdadeiros adoradores, que adoram o Pai em espírito e em verdade (João 4.23-24).
Giovani Luiz Zimmermann é casado com Elisabeth e tem 4 filhos e 11 netos, todos servindo ao Senhor. Ambos são escritores e conselheiros familiares. www.mfamiliareal.com.br
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Finanças em família
ATÉ QUE AS DÍVIDAS NOS SEPAREM...
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título deste artigo foi retirado de um livro, mas existem inúmeros textos sobre conflitos familiares, separações, em especial por conta das questões financeiras. Tenho ministrado em retiros de casais e também na preparação de noivos e sempre afirmo que existem três grandes áreas de conflito num casamento. Nenhuma é mais importante do que a outra, mas interferem diretamente no relacionamento conjugal: comunicação, sexo e dinheiro. Em relação à última, peço que você leia dois textos da Palavra de Deus: Lucas 14.28-32 e 12.16-20. O primeiro texto fala sobre orçamento, e quando não conseguimos viver dentro do orçamento familiar e discutir as prioridades, com certeza vamos discutir outras questões e podemos chegar a um nível de estresse que poderá acarretar até mesmo o divórcio. Tenho atendido muitos casais cuja única infidelidade praticada foi a financeira; nunca se traíram nem mesmo com o olhar, mas são infiéis um ao outro nas finanças. Qualquer casal ou família que não tem uma orientação financeira está caminhando em direção ao abismo. O segundo texto fala de alguém que tem muito dinheiro, mas está sozinho. Trabalhou, prosperou, construiu, tem para o presente e o futuro, mas não tem ninguém ao seu lado. Muitas pessoas me dizem: “Pastor, agora é a hora, preciso ganhar dinheiro”, e até conseguem, mas a que custo? Perdem sua saúde, sua família, têm propriedades, mas não têm uma família. Deram o melhor para os filhos, educação, conforto e saúde, mas nunca ofereceram atenção, amor, carinho, afetividade. Estiveram ausentes da casa do Senhor, com a desculpa do cansaço, mas agora os filhos não querem ir à igreja, e então procuram culpar alguém por isso. A sua saúde financeira é um reflexo da sua saúde emocional e espiritual. Você precisa encontrar
equilíbrio entre os sonhos, projetos, desejos e sua realidade financeira. É um caminho árduo, construído a partir de muita conversa, de muito cuidado um com o outro. Não adianta enriquecer materialmente e perder a saúde, a família, a eternidade. Assim, recomendo que você prepare seu orçamento familiar. Torne sua vida financeira saudável. Reserve em seu orçamento recursos para lazer, viagem, tempo em família. Seja fiel nas contribuições, nos dízimos e ofertas. Crie um ambiente para conversar sobre finanças em sua casa, mas evite o momento das refeições ou na cama antes de dormir, pois é uma conversa que pode azedar com muita facilidade. Muitos casais têm se separado não porque não se amavam, mas porque não conseguiram organizar suas finanças. Crie uma planilha para seu orçamento familiar, isso ajudará você e sua família (recomendo a leitura do artigo “Estamos mais preocupados com o fim do mês do que com o fim do mundo…” [Lar Cristão n. 106, p. 30]). Cuide das suas finanças e tenha cuidado com seu casamento, pois as dívidas podem separar casais ou os filhos de seus pais. Lembre-se da promessa: “… aos seus amados ele o dá enquanto dormem” (Salmos 127.2b).
Marcos Antonio Garcia é pastor da Igreja Metodista em Santo Amaro, doutor em Ciências da Religião e Sociedade, professor no CEMEC e ministra em encontros de casais e família. É casado há 30 anos com Ivana e tem dois filhos: Mateus e Larissa.
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Tudo não passou de um engano! IVANA AGUIAR GARCIA
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uantas vezes você já pensou nisso? Na nossa vida cotidiana, temos muitas oportunidades e escolhas que nos levam a agir ou a aceitar situações sem parar para refletir o que significaria o seu real valor. Na vida sentimental/conjugal não é muito diferente. Tenho acompanhado muitas mulheres que se envolveram com seus companheiros no início da vida amorosa e hoje questionam seu relacionamento, pois estão passando por algum tipo de situação contrária ao que sonharam. Casei por amor ou apaixonada? Parece que não, mas são coisas distintas. A paixão é envolvente e gera em nós sentimentos de tamanha euforia que não refletimos sobre o relacionamento; tudo é gostoso e mágico, tanto que usamos a expressão “o amor é cego”. Mas o amor é um processo diário de construção de uma vida amorosa, uma vida a dois. E quem não consegue perceber isso passa por crises no relacionamento, pois a base dele é fraca. A Palavra de Deus nos diz que “o verdadeiro amor lança fora todo medo” (1 João 4.18), pois ele traz segurança e confiabilidade de que o outro será suporte. No momento em que escrevo este texto, estou em um hospital com uma mulher que iniciou sua vida amorosa com um homem a quem a princípio não amava. Hoje 30
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eles têm 60 anos de vida conjugal, três filhos e um amor imenso um pelo outro. Agora, a sua maior preocupação é o esposo. Ela não desistiu em meio às dificuldades que a vida apresentou – e eles tiveram muitas – antes de terem
a Cristo na vida conjugal e também depois, só que agora, com o amor de Deus, ganharam muito mais força para a caminhada. Não sei qual é a sua situação, mas sei que o Senhor é Deus de amor e pode mudar toda e
qualquer circunstância. Creio que Ele pode reavivar o sentimento de amor. A fé ativa o amor e nos ajuda a sermos mais suscetíveis a escolhas melhores para a nossa vida conjugal. Podem existir situações que sejam
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irreversíveis e a solução é o distanciamento conjugal, embora este não seja o propósito de Deus. Contudo, o Senhor não nos criou para sobrevivermos numa relação afetiva, mas sim para vivermos um amor saudável, em que um possa levar o outro a uma experiência de respeito e amor verdadeiro. O número de divórcios nos diz quão frágeis estão os sentimentos nos dias de hoje. A dureza de coração é um dos motivos que têm levado a essa situação. O nosso eu fala mais alto, e o nosso querer e a busca da felicidade pessoal estão em primeiro lugar. Só quem constrói um relacionamento firmado no amor e traz os valores do compartilhamento para a vida conjugal poderá ter uma relação sadia. “… se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus”
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(Mateus 18.19). Que maravilhosa é essa promessa! O Senhor quer nos abençoar como casal. Não deixe as dúvidas tomarem conta de seus pensamentos, não deixe nada confundir ou dividir seus sentimentos, não abra brechas. Se precisar, busque ajuda, mas não deixe nada neste mundo ameaçar sua vida conjugal. Olhe para seu cônjuge como se fosse a primeira vez. Creia que você
fez a escolha certa! Deixo aqui parte de uma bênção judaica de casamento: “Deus os guarde da crença de que nós humanos tudo podemos ter e que tudo podemos fazer. Ele lhes conceda a serenidade e a sensatez que suporta a dificuldade. Mas, antes de tudo, Deus lhes dê a percepção para os sinais da felicidade, de modo que possam resguardar ternura e carinho – até o final. E
assim os abençoe o Altíssimo, o Eterno abençoe o seu caminho de modo que, ao fim, um leve o outro ao Reino Celestial”.
Ivana Aguiar Garcia é presidente da Confederação Metodista de Mulheres, casada com Marcos Garcia e mãe de Mateus e Larissa.
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Comunicação & Ação
RESGATANDO A COMUNICAÇÃO
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a narrativa da criação, Deus demonstra que não era bom que a humanidade fosse composta só por um ser e por seres masculinos (Gênesis 2.18). Fico imaginando que Adão, depois de dar nome a todos os animais, observava a sua convivência em pares, os traços de comunicação que havia entre eles, e olhando à sua volta não tinha com quem conviver, se relacionar, se comunicar. A solidão, então, foi o primeiro sentimento negativo que vemos nas Escrituras. Isso nos ensina que Deus criou o ser humano como ser relacional, comunicativo, e a convivência se torna um componente matricial da constituição da raça humana. Em Gênesis 2.18, infelizmente nem sempre bem traduzido do hebraico, vemos que a mulher foi formada para trazer o que faltava para que a humanidade fosse completa (no hebraico “ezer”, socorro, completar o que falta. Não é uma palavra com significação hierárquica, tanto que é utilizada para descrever Deus como nosso socorro – Salmos 46.1), e ela foi colocada diante do homem (no hebraico “kenegdo”, diante de) para que, entre os dois, houvesse diálogo interativo, colegiado, entre iguais (conforme Gênesis 1.26-28: no hebraico “adam”, ser humano – geralmente traduzido por “homem”, mas “zakar”, macho, “nequebah”, fêmea). Aos dois foi dada a primeira tarefa, a primeira ação, dominar a natureza criada (Gênesis 1.26 – “radah”, governar, ter domínio). Para esse trabalho de gestão da criação, eles precisariam dialogar, combinar expectativas, tomar conhecimento sobre os planos do Criador. Então a ação exigia comunicação plena num ambiente de decisões colegiadas, colaborativas. Depois da queda, inicia-se o processo de rebeldia do ser humano contra Deus e seu plano criativo.
Consequentemente, surgem situações de desagregação entre o ser humano e Deus, mas também entre macho e fêmea. Se antes o ambiente de comunicação e ação era colegiado, pacífico, agora se torna ambiente de tensão, de comando, de poder, pois os dois deveriam dominar e governar juntos, mas o macho irá dominar a fêmea (Gênesis 3.16). A liderança colegiada e colaborativa dá lugar à liderança hierárquica, em que a ação é determinada, em vez de ser fruto de comunicação e aprendizagem. Isso vai refletir na vida humana, e a história mundial demonstra a desvalorização, por exemplo, da mulher. Santo Agostinho descreve a mulher como escrava do homem, e Napoleão também. Para Tomás de Aquino, a mulher foi considerada um ser medíocre e defeituoso. Mas não somente isso, a comunicação humana vai se tornando cada vez mais complexa e tensa, gerando diversos conflitos pessoais e também entre povos, nações, a ponto de muitas pessoas terem sua vida destruída por guerras. A ação humana vai se tornando destrutiva, egoísta, e hoje mais ainda, a era da hipermodernidade, em que o narcisismo é um imperativo de vida e o que vale é o que cada pessoa sente e pensa, de modo que suas decisões e ações são validadas pela vontade pessoal e não precisam ser justificadas, pois para as paixões e para o coração não há explicação. Os resultados de tudo isso se tornam visíveis: o aumento progressivo da violência e da promiscuidade, confusões no campo da ética, a aceitação da identidade de gênero, defesa da homossexualidade, divórcios, casamentos por contrato, legitimação da união estável, etc. Ação e comunicação necessitam ser resgatadas pelo evangelho para que cumpram seu papel estabelecido na criação divina.
Lourenço Stelio Rega é eticista, educador, escritor e diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo.
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Relacionamento sexual adequado JONAS NEVES
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uando falamos sobre aquecer a relação conjugal, é quase inevitável não pensarmos no relacionamento sexual. Nessa questão, é preciso diagnosticar que a intimidade está se esvaindo, ficando apenas o rastro do desejo. E desejo sem intimidade só pode culminar em prazer egoísta, que levará ao abuso, emocional ou físico. Meu prazer, seu prazer ou nosso prazer? O que buscar no ato sexual? Esse é o mais alto nível, a nota mais alta (não a mais importante) no relacionamento entre um homem e uma mulher casados. Prazer sexual fora do casamento é luxúria, é lascívia, é sensua-
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lidade, portanto grave pecado. O ato sexual deve ser como uma sinfonia. Os movimentos devem ir de pianíssimo a fortíssimo. Na sinfonia do casamento, os carinhos mantêm o ritmo suave (pianíssimo), até que as notas começam a ficar mais altas e o ritmo mais intenso – as carícias
levam aos tons mais altos (fortíssimo). A Bíblia nos oferece uma sinfonia completa para o amor conjugal: o Cântico dos Cânticos. A maioria dos casais, nos dias de hoje, não percebe que bom sexo começa com uma boa conversa. Palavras são sementes, alimento para a alma, mas podem estar carregadas de fel de amargura, de veneno mortal. Casais brigam, discutem, faltam com o respeito, depreciam, desvalorizam, diminuem um ao outro e depois esperam colher uma boa intimidade. Como? Isso é no mínimo tolice. Ninguém acende uma fogueira com um balde de água, nem fria – não há
desejo, nem intimidade – nem quente – muito desejo, nada de intimidade. A Bíblia ensina tudo o que é necessário para vivermos uma vida que agrada a Deus. E uma intimidade conjugal saudável, recheada de uma sexualidade madura e respeitosa, o Criador não deixou para trás em sua revelação. Vejamos então o que a Bíblia ensina por meio desse livro: 1. Liberdade de entregar-se: tanto o marido como a esposa devem ser intencionais quanto ao ato sexual. Pense em sexo com seu cônjuge. Deseje-o e crie maneiras atraentes de se entregar. Capriche no visual e no asseio pessoal.
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2. Responsabilidade de dar prazer: uma relação sexual madura sempre tem foco na outra parte. Marido e esposa devem se dedicar ao prazer um do outro. Por isso, precisam de intimidade – conhecerem bem um ao outro. Saber o que dá ou não prazer ao cônjuge. Aqui também entra a frequência da relação, que deve ser satisfatória para ambos. 3. Desprendimento na comunicação íntima: alguém disse que não se fala de sexo,
mas se faz sexo. Com base em Cânticos, fala-se de sexo e se faz sexo! O casal deve investir em conversar sobre sexo. Tratar tabus, preconceitos, princípios, preferências, sempre zelando pela pureza e santidade do ato (Hebreus 13.4). 4. Ter consciência de que intimidade é para a vida toda: não precisamos nos delongar aqui para que todos entendam que virilidade tem prazo de validade, mas a intimidade não. É possível manter a relação sexual
aquecida mesmo em idade avançada ou diante de outros impedimentos, tanto físicos como emocionais. O órgão que mantém a relação sempre prazerosa é o coração e não a genitália. 5. Amor e respeito: em todo o tempo, e em qualquer lugar (da cozinha à cama), amor e respeito mútuo sempre manterão a relação sexual em alta e criarão boas oportunidades de renovarem a aliança um com o outro: sendo uma só carne e sem nenhum
constrangimento de se desnudarem um diante do outro. Para aquecer a relação conjugal, antes de esquentar o lado de fora, invista acendendo a chama no coração com um diálogo amoroso, respeitoso. Capriche nos elogios, na qualidade de tempo juntos (namorem muito), no toque físico (abracem, beijem, deem carinho um ao outro), presenteiem e sejam solícitos um com o outro (ajudem-se).
Jonas Neves é pastor presidente da Igreja Batista do Povo - SP e graduou-se bacharel em Teologia pelo STEBFATEBAN - Faculdade Teológica Batista Nacional. É casado com Solange, tem cinco filhos, Aline, Ádila, Anny, Iva e Alisson e tem cinco netos.
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Pensamentos fora de controle VALÉRIA LIMA
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onsciente ou inconscientemente, nossa mente pode fabricar até milhares de pensamentos diariamente. Muitos deles são intrusivos, negativos, depreciativos, ansiosos, preocupantes. Evidentemente, todos nós temos esses tipos de pensamento, e em alguns momentos eles podem até fazer sentido e serem benéficos, mas quando são recorrentes, incisivos e começam a nos afetar negativamente, lidar com eles pode ser um tormento. 36
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Muitas vezes usamos esses pensamentos como munição contra nós mesmos. Em outras ocasiões, usamos também contra as pessoas que amamos, como o cônjuge. Construímos cenários catastró-
ficos e ensaiamos mentalmente problemas, preocupações e os resultados que podem ou não vir a manifestar-se. Dedicamo-nos a especulações negativas e imaginamos os mais diversos motivos para o comportamento do outro. Perdemos o valor dos relacionamentos e prejudicamos o nosso bem-estar e estabilidade emocional, porque na grande maioria das vezes repetimos esses pensamentos incessantemente e continuamos a acrescentar mais negatividade ao cenário catastrófico. Eles parecem estar fora de controle, e seu conteúdo pode ser estranho e ameaçador.
Lembre-se de que é apenas um pensamento. Nem tudo o que pensamos é real, aconteceu ou vai acontecer. Entretanto, não podemos ficar à mercê desses pensamentos e muito menos não fazer nada. Esses pensamentos geram, ainda, descontrole emocional, alimentados por uma ansiedade, que é um mal que atinge a todos. A agitação da vida moderna, a falta de comunicação no lar, o isolamento das pessoas e a falta de comunhão com Deus abrem a porta para a ansiedade. Jesus nos orienta a não andarmos ansiosos com respeito ao dia de amanhã.
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A ansiedade é incoerente, pois sofremos hoje por algo que jamais vai acontecer. É um ato de incredulidade. Não administramos o futuro, por isso não podemos sofrer por algo que ainda está para acontecer. A ansiedade é incoerente, pois sofremos hoje por algo que jamais vai acontecer. É um ato de incredulidade.
A fim de nos livrarmos desses pensamentos, desse descontrole emocional e dessa ansiedade, será necessário focar nossa atenção em outros pensamentos e relembrarmos alguns conceitos. A batalha contra a ansiedade é travada na mente. Se focarmos nossos pensamentos nos problemas, seremos vencidos por eles, mas se voltarmos nossos pensamentos para Deus, ganharemos a luta. Precisamos saturar nossa mente com a Palavra de Deus. “Finalmente,
irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama […] seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Filipenses 4.8). Agindo assim, certamente nossas reações serão outras e viveremos a plenitude do relacionamento conjugal pautado na Palavra e nas promessas de Deus. Lembre-se de que a vitória sobre
esses pensamentos não está apenas no campo do conhecimento, mas sobretudo na prática, na obediência aos preceitos da Palavra.
Valéria Ap. Messias Lima é advogada e pastora da Betel Church Guarulhos. É casada com Júlio César há 25 anos e mãe de João Victor, Caio César e Lorenzo Henrique.
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Pais e filhos – Amigos para sempre
UM PROCESSO QUE LEVA TEMPO
A
consanguinidade não nos torna amigos. Amizade é algo que se conquista. É um processo que leva tempo. Precisamos desenvolver vínculos para que exista a amizade. O primeiro vínculo que o bebê faz é com a mãe e em seguida com o pai. Essa amizade é construída numa interação sadia e de boa convivência. Só que nem sempre é isso que acontece. Levamos em nossa bagagem a maneira como fomos educados, nossas limitações de temperamento, tempo e dúvidas de como proceder em nosso relacionamento de pais e filhos. Há um velho ditado que diz: “Quem ouve as abobrinhas dos filhos mais tarde irá ouvir os seus abacaxis”. Isso quer dizer que, para ganhar a amizade do(a) seu(sua) filho(a), muitas vezes terá de ouvir histórias que você julga banais e com um conteúdo raso. Assim, quando tiver uma crise (existencial ou espiritual) muito profunda, ele(a) poderá se abrir com você. Contará algo que está no fundo do seu coração, pois terá a certeza de que não será ridicularizado(a), mas acolhido(a). Você lhe deu atenção quando ele(a) contou problemas que eram simples. Consequência: ganhou a confiança do(a) seu(sua) filho(a)! A geração denominada de “Millennials” (nascidos após 1980 até meados da década de 1990, sendo sucedida pela geração Z) possui uma nova forma de se relacionar: não quer uma convivência hierarquizada, de cima para baixo, mas um contato horizontal, sem ameaças e coerção. As explicações devem ser feitas tipo “olho no olho” e com abertura para o diálogo. Isso muda a maneira como os pais devem fazer vínculo com seus filhos. As fórmulas antigas de relacionamento não funcionam mais. É preciso conhecer e aprender a viver no mundo em que os filhos vivem. Aliás, os pais também estão no mesmo mundo! A amizade com o(a) filho(a) dessa “nova geração” é conquistada desde pequeno(a). Assim, quando o distanciamento natural acontecer (a partir da adolescência), haverá mais garantias de que não se quebrará o vínculo já conquistado. Os pais que buscaram um engajamento anterior e ainda mantiveram uma disposição de se comunicar de forma mais próxima com seu(sua) filho(a) terão grandes possibilidades de não quebrar essa amizade. Como conquistar a amizade do(a) seu(sua) filho(a)? Os filhos querem ser respeitados e ouvidos em suas opiniões. Isso vai além de serem compreendidos pelas diferentes ideias e visões de mundo. Se na infância eles já viveram um clima favorável, na adolescência, juventude
e até na sua vida adulta terão em seus pais a confiança necessária para continuarem desenvolvendo essa amizade. Como pais, muitas vezes teremos de dar limites aos nossos filhos dizendo-lhes “não!”. Essa nova geração até aceita as negativas dos pais, mas quer “entender o porquê”. E dependendo da idade, os pais devem se preparar para as respostas. Essa é a “geração Google”, que procura explicações desde a infância. Os pais que conseguirem dizer “não!” da forma mais sensata possível ganharão pontos em desenvolver a amizade com seus filhos. São necessárias algumas precauções para criar o ambiente para uma boa convivência. Veja algumas dicas do que não fazer no diálogo com seus filhos: NÃO SEJA AUTORITÁRIO(A): “Faça porque estou mandando” (explique a ordem para que ele não obedeça por “medo”, mas por entender o princípio). NÃO AMEACE: “Um dia você vai ver só”, “Ai de você se fizer isso de novo”. NÃO LHE CAUSE VERGONHA: “Você não tem vergonha do que fez, você é muito mau”. NÃO O(A) REJEITE: “Eu o(a) odeio, saia daqui, não quero mais saber de você”. NÃO LHE CULPE: “Você viu o que fez com seu irmão? Veja como ele ficou, coitadinho!” NÃO RECUSE AFETO: “Não faça isso porque eu vou ficar triste!” Você conquistará a amizade do(a) seu(sua) filho(a) buscando ser equilibrado(a), coerente, firme nas suas convicções e valores. Seja claro(a), colocando limites ponderados e principalmente tendo uma vida coerente: o que se fala é o que se vive. Claro que estamos falando em tentar praticar isso “na maior parte do tempo”. Existirão momentos em que não vamos conseguir, vamos falhar. Ser pai e mãe é algo que se aprende. Ninguém é perfeito nem nasce sabendo. A Bíblia nos orienta: quando precisamos de sabedoria, Deus nos dá. Quantas vezes estivemos em situações difíceis na infância ou adolescência de nossa filha Jessica, com as quais não sabíamos lidar ou como lhe dar uma resposta! Buscávamos em Deus, com oração, em sua Palavra ou lendo bons livros, uma boa solução para um problema. E Deus, com sua graça e bondade, nos iluminava. Faça o propósito de caminhar para adquirir ou conservar uma boa amizade com seu(sua) filho(a). Vai valer a pena! É o melhor tesouro que você pode ter e o maior presente que lhe pode dar.
Sergio e Magali Leoto são escritores e palestrantes. www.sergioemagalileoto.com.br
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Separação
A vida é curta demais para sermos o tempo todo infelizes JUDITH KEMP
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uantas vezes ouvimos essa justificativa quando um casal se separa ou se divorcia? É claro que eu não sei como está a sua situação em particular, mas questiono as pessoas que pensam assim. Não há dúvida de que a vida é curta. Lemos em Tiago 4.14: “Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instantes e logo se dissipa”. Diante disso, a grande questão é: o que vamos fazer com esses poucos anos que o Senhor nos dá? Vamos aceitar a filosofia do mundo, que desconhece a Deus e diz: “Comamos e bebamos porque amanhã morreremos” (Isaías 22.13) ou vamos aprender a contar os nossos dias para alcançar um coração sábio (Salmos 90.12)? A vida é curta demais para não buscarmos a Deus e a vontade dele, que é boa, agradável e perfeita (Romanos 12.2). A Bíblia afirma que a alegria do Senhor é a nossa força (Neemias 8.10). Como é a sua vida devocional? Você conhece intimamente o seu Deus? Você está investindo em valores eternos? A vida é curta demais para ficarmos tentando mudar de situação cada vez que nos sentimos infelizes. Você estava feliz no início do seu casamento? Quando você começou a se sentir infeliz? O seu cônjuge é feliz? Você tem investido parte do seu tempo para fazê-lo(a) feliz? Vocês têm 40
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orado juntos? Têm procurado conselho com pessoas capazes, pessoas que conhecem a Palavra de Deus? Vocês têm um grupo de apoio na igreja? Temos todos os recursos necessários disponíveis. Será que só o seu cônjuge é o problema ou você também é responsável por ele?
Se for assim, você levará esses mesmos defeitos e problemas para um novo relacionamento e logo estará reclamando novamente. A vida é curta demais para sermos o tempo todo infelizes! A vida é curta demais para não investirmos sabiamente na vida dos nossos filhos. Vocês
têm filhos? Qual será o impacto que a separação dos pais causará na vida deles? Vão sentir-se abandonados? Você terá o mesmo tempo de convivência com eles para influenciar suas vidas? Dias atrás um amigo nos contou, com muita tristeza, que seu filho, um universitário, é ateu.
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Deus, que ressuscitou Jesus da morte, é o mesmo que pode ressuscitar um casamento “morto”, um amor que já morreu. Em seguida, ele disse: “Acho que é porque ele ficou muito decepcionado quando sua mãe e eu nos separamos”. Você gostaria que seu filho fosse um dos jovens que pensam: “Por que vou me casar? Jamais vi um casamento em que as pessoas são felizes”. A vida é curta demais, e todos nós temos pessoas queridas, familiares, vizinhos e amigos que ainda não conhecem a Jesus como Salvador. Qual é o exemplo que sua vida cristã passa para eles?
Infelizmente, o índice de divórcio na igreja está quase semelhante ao de casais que não a frequentam. Se nossa prática de cristianismo não funciona dentro de nossos lares, certamente não
funcionará diante daqueles que ainda não creem em Jesus. Não existe um testemunho mais significativo para este mundo, que precisa de Jesus, do que o testemunho de um lar unido e afetuoso. Deus, que ressuscitou Jesus da morte, é o mesmo que pode ressuscitar um casamento “morto”, um amor que já morreu. Nada é difícil demais para Ele. Deus é poderoso
para fazer “infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós” (Efésios 3.20). Hoje é tempo de buscar a Deus!
Judith Kemp é esposa do Pr. Jaime Kemp, mãe de Melinda, Márcia e Annie, avó de três netos. É enfermeira, escritora e palestrante.
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Namoro cristão
RELACIONAMENTO PAUTADO EM PUREZA
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ste é um tema em que não existe unanimidade entre os cristãos, e cada um entende que deve ser de uma forma. Mas em um ponto todos concordam: a cada dia os padrões de namoro cristão estão mais próximos dos padrões de quem não tem a Palavra de Deus como parâmetro. Embora não exista relato de namoro na Bíliba, é preciso entender o contexto cultural. Naquele tempo não existia namoro, porque a escolha era dos pais e não da própria pessoa. Dessa forma, o namoro era totalmente dispensável, já que ele tem a finalidade de conhecer a pessoa com quem se pretende dividir o resto de sua vida. Se os jovens entendessem com clareza a importância do namoro para um casamento saudável, muitos problemas conjugais seriam evitados. O namoro é um tempo precioso para conhecer um ao outro: conhecer os sonhos, o caráter, a integridade, as
manias, a forma de ver a vida e até mesmo os defeitos e qualidades. É tempo de compartilhar para saberem se, mais que atração, existe compatibilidade de expectativas de vida e ministeriais. Mas, como se diz, o amor é cego. E cegueira numa escolha tão importante não é uma virtude! Às vezes, ou melhor, muitas vezes, a atração, a paixão e o enganoso coração fazem com que se ignorem todos os sinais de que um relacionamento está fadado ao fracasso. O período de namoro passa a ser somente o suprimento de afeto, perdendo o verdadeiro motivo de existir. Quando o namoro se resume a apenas um suprimento de afeto, e não para valorizar o conhecimento um do outro, a busca de intimidade espiritual, passa a ser um relacionamento pautado em toques, beijos e tudo o que faça com que os desejos da carne sejam satisfeitos. A intimidade espiritual e o conhecimento um do outro são substituídos por intimidade carnal, afeto suprido por toques. Essa intimidade é para ser desenvolvida no casamento, depois que o casal assumiu diante de Deus, dos pais e da sociedade que existe um compromisso entre eles para toda a vida. A intimidade física, sexual, não é um teste: se não der certo, tento com outro(a). Em um relacionamento sexual, o homem e a mulher se tornam um. Como é possível ser um com uma pessoa em um dia e com outra em outro dia? É dessa forma que a promiscuidade entra sorrateiramente na vida de um cristão desavisado. Aos poucos ele perde o senso de valor próprio, e quando menos percebe se entrega com facilidade a quem ofereça um pouco de afeto e amor mentiroso. O namoro cristão é um relacionamento pautado em pureza e tem um porquê. O cristão não brinca com sua própria vida nem com suas escolhas. Ele usa com sabedoria o tempo com a pessoa amada para poder construir uma vida a dois com a bênção do Senhor.
Lucia Thomazi é pastora e líder do Ministério Aliança, em São Paulo, psicóloga, palestrante e autora. Casada com Marco Thomazi, tem três filhos e duas netas.
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Separação
Relacionamento entre os sogros e o casal PAULO KLAWA
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erta vez, em um casamento, minha esposa Andréa percebeu que o rapaz sentado ao seu lado estava com os olhos cheios de lágrimas. Ao questioná-lo, ele respondeu que estava imaginando o casamento de sua filha. Detalhe: na época, a menina estava com apenas três anos de idade! Para muitos pais, o casamento de seus filhos é um misto de alegrias e tristezas. “Perderem-nos” não é tarefa fácil. O relacionamento entre os sogros e o casal costuma apresentar dificuldades de 44
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ambas as partes quando existe competição pelo amor e atenção da mesma pessoa, no caso o(a) filho(a). Apesar de conhecermos tantas brincadeiras entre genros e sogras, geralmente esse tipo de relacionamento é mais tranquilo,
o que nem sempre se vê entre sogras e noras. Qualquer tipo de brincadeira entre elas não é tolerado ou aceito com tanta facilidade. Em alguns casos, existe uma competição velada ou acirrada. Creio que o problema toma proporções maiores
quando a sogra/ mãe perde a noção de que seu “bebê” cresceu, achando que sem ela seus filhos não conseguirão resolver seus problemas sozinhos, dando palpites não solicitados na vida do casal, desrespeitando assim a intimidade e
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“Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguirte; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rute 1.16). as decisões dele. Os pais não devem achar que o ato de abençoar financeiramente seus filhos lhes dá o direito de mandar nas decisões do casal. Algumas sogras se colocam como donas da verdade e querem estabelecer suas experiências ao casal. Impõem suas ideias e, não contente em apenas opinar, fazem questão de serem ouvidas e atendidas. Se não forem reconhecidas, magoam-se profundamente. A mágoa se manifesta de ambos os lados, e, em decorrência dela, o genro ou nora se afasta da sogra e o cônjuge se afasta da mãe também. Quando resolve ficar ao lado dela, as brigas se dão entre o casal. Temos de reconhecer que a experiência de vida de uma sogra é muito maior e superior, porém, assim como ela logrou tal experiência com seus erros e acertos, deve permitir esse crescimento na vida de seus filhos. Nesse momento, cabe a ela o conselho amigável (e não a imposição) e, como intercessora, se colocar na brecha em favor do casal para que o Espírito Santo possa conduzi-lo a resolver suas questões. O casal recém-casado precisa de privacidade, precisa aprender a resolver suas dificuldades aos pés do Senhor, sabendo que sempre terá o apoio e os conselhos amorosos e sábios de seus pais/sogros quando solicitados.
A Bíblia nos instrui que o homem deve deixar pai e mãe e se tornar uma só carne com sua esposa (Efésios 5.31), ou seja, formar uma nova família, mas muitos homens se casam e não conseguem sair da “barra da saia” da mãe, não cortam o “cordão umbilical”, o que traz sérios prejuízos ao casal. Algumas esposas, ao se desentenderem com o marido, correm para a casa dos pais e fazem críticas severas ao esposo, gerando um enorme desconforto entre eles e até mesmo colocando seu casamento em perigo. Alguém já disse que não é bom
morar muito longe dos sogros, para que eles não venham de mala pronta para passar uns dias em sua casa, nem muito perto, para que eles não passem todos os dias. Claro que sempre será prazeroso receber pais e sogros em casa, porém isso não pode interferir na liberdade/intimidade do casal. Acredito que em todos os relacionamentos o amor, o respeito e o perdão são chaves para o sucesso. Melhor será se a sogra entender que ganhou uma filha e não uma competidora. Melhor a nora entender que ganhou uma mãe para amar e honrar. Unidas em amor, farão de seus lares um pedacinho do céu e não um campo de batalha. Os sogros sábios sempre serão bênçãos na vida de seus filhos quando souberem amar e respeitar. Apesar de não muito comum, o relacionamento que Noemi e Rute tinham sempre
será uma fonte de inspiração. Um dos versículos mais lindos da Bíblia foi dito por uma nora a sua sogra: “Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rute 1.16). Sempre haverá espaço no coração do homem para amar sua esposa sem deixar de amar seus pais. Sempre haverá espaço no coração da mulher para amar seu marido sem deixar de amar seus pais. No amor do Pai.
Paulo Klawa é pastor e vice-presidente da Primeira Igreja Batista da Lapa e diretor e professor do Seminário Teológico Batista da Lapa. Casado com Andréa Alves Klawa, tem dois filhos.
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O desafio de harmonizar a vida familiar e ministerial DAVID SALES
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dedicação ao ministério deve preceder a família? A família deve ser prioridade antes do ministério? Ministério e família são a mesma coisa? Afinal, qual dessas perspectivas é a mais correta? É possível que você já tenha ouvido defensores de cada uma dessas correntes de pensamento. Elas ecoam em nosso mundo eclesiástico cada vez mais diversificado e confuso. Refletindo sobre esse tema, lembrei-me da experiência de Moisés e o dilema enfrentado por ele em harmonizar a vida familiar e ministerial. Êxodo 18.1-12 comunica para mim alguns sinais de uma família em perigo por causa dessa tensão, dessa linha tênue, na 46
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qual se encontram muitos pastores, líderes e membros em nossas igrejas. Esse texto mostra Moisés no pleno exercício de seu ministério como líder e pastor do povo de Israel. Mas o que poucas pessoas percebem é que, por trás de toda dedicação que ele tinha por seu chamado, sua família corria alguns riscos muito sérios.
1. Cônjuges distantes um do outro (vv. 1-2): Moisés havia deixado sua esposa, Zípora, na casa de seu sogro Jetro. Enquanto isso, entregava-se ao trabalho de liderar o povo rumo à terra prometida. Essa situação criou um ambiente de distância física, geográfica e emocional. Ele voltava todos os dias para sua tenda e não tinha ali sua esposa para aquecê-lo, ouvi-lo. Ele não tinha Zípora ao seu lado para namorar, curtir, cuidar dela e viver a vida comum do lar. Isso deixava ambos vulneráveis a conflitos, inseguranças, crises e à separação. 2. Pais distantes dos filhos (vv. 1-2): Note que essa
distância também se aplicava aos filhos de Moisés, Gérson e Eliezer. Eles estavam crescendo sem a presença do pai e correndo o risco de se tornarem “órfãos” de pai vivo. Esse tipo de situação, muito comum entre nossos líderes, tem causado um terrível estrago no processo de formação emocional das crianças, que se desenvolvem com feridas paternas, com um vazio na alma que tem um custo muito caro ao se tornarem adultas. O compromisso de criar e educar os filhos pertence ao casal. Deve ser um trabalho em equipe, parceria, interdependência. Pais e filhos devem colecionar memórias de todas as
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etapas no processo de desenvolvimento. 3. Família dependente dos pais (vv. 1-4): Jetro tinha todas as condições de criar, dar suporte e apoio para sua filha e genro. Imagino que para ele era algo até mesmo prazeroso ter a companhia da filha e dos netos em sua casa. Mas a ordem é clara para aqueles que se casam: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”
(Gênesis 2.24). O núcleo familiar, constituído pelo pai, mãe e filhos, precisa ser bem trabalhado, precisa ter seu próprio espaço. Isso contribui para firmar o referencial de autoridade e construir a identidade de um ambiente familiar saudável, equilibrado, sem interferência dos parentes. A família de Moisés corria esse risco. 4. Confusão de valores (vv. 5, 13-24): Quando Jetro leva sua filha Zípora e os netos para devolvê-los a Moisés, encontra-o dedicado ao ministério. Jetro agiu com muita sabedoria. Como um mentor, fez perguntas inteligentes ao seu genro. Para mim, os questionamentos revelam que Moisés estava confundindo os valores, as prioridades, colocando o ministério na frente da sua família. Era como se a família não existisse na vida de Moisés. Sua família estava em perigo. Preste atenção! Família não pode ser um apêndice na sua vida, algo à parte, uma
estrutura secundária e muito menos um peso. A família também é seu ministério. Não faça disso uma dicotomia! Família é lugar de acolhimento, apoio, ajuda, refúgio, descanso, refrigério. Se sua família está em perigo, pare, puxe o freio de mão. Coloque ordem em sua vida, no seu ritmo, na sua agenda. Acerte as coisas com sua esposa e com seus filhos. Quem não cuida da sua família é pior que o incrédulo (1 Timóteo 5.8).
A) Com quais desses sinais de uma família em perigo você se identifica? B) Quais passos práticos você poderia dar para harmonizar sua família e ministério?
David R. Sales é ministro presbiteriano, missionário da Sepal, psicólogo e líder nacional do Ministério Casal em Foco. www.psicocasalemfoco. com.br
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Vida conjugal
E O VENTO NÃO LEVOU... “… e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha.” Mateus 7.25
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esde a queda do homem, relatada em Gênesis 3, a família e a vida conjugal têm sofrido enormes prejuízos. A Bíblia relata que, com a queda, a visão da sexualidade foi distorcida e houve fuga da comunhão com Deus, os primeiros conflitos conjugais, o fratricídio, a poligamia, o adultério, a fornicação, o incesto, o estupro, a prostituição, a sedução e outros pecados que foram corroendo a instituição criada por Deus para o bem-estar do homem e da mulher: a família. Deus, pela sua graça e misericórdia, demonstrou seu amor para com o homem caído mediante a promessa daquele que viria para restituir tudo aquilo que estava caído. Sim, Jesus veio para trazer vida, paz e harmonia para o coração do homem e sua família. Essa visão fica clara na experiência de Paulo e Silas com o carcereiro de Filipos (Atos 16.30-31), que perguntou: “Senhores, que devo fazer para que seja salvo?”, e recebeu como resposta: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”. Não há dúvida de que o propósito de Deus é resgatar o indivíduo e a família! A tempestade chega para todos, os ventos sopram com violência e os rios transbordam, mas a vida daquele que está firmado na Rocha que é Cristo Jesus há de prevalecer. Que o investimento em comunhão e em boa reflexão possa contribuir para vencermos como família o dia mal e resistirmos firmes às investidas de Satanás, nosso adversário. Firmados na Rocha que é Cristo vamos sentir o vento soprar, mas não seremos abalados. O vento não vai levar nosso casamento, nossos filhos, nem nossas promessas de bênçãos no Senhor. Para vencer os conflitos, nada melhor do que buscar o bom exemplo bíblico do lar da família de Lázaro, Maria e Marta:
Onde Jesus é bem-vindo e servido – o exemplo de Marta (Lucas 10.38); Onde as Palavras de Jesus são ouvidas – o exemplo de Maria (Lucas 11.39); Onde as exortações de Jesus são bem-vindas – o exemplo de Marta (Lucas 11.41); Onde se escolhe a melhor parte – o exemplo de Maria (Lucas 11.42).
E na narrativa do evangelho de João aprendemos com essa família que, para vencer os conflitos, é preciso ser um lar: Onde se clama pelo nome de Jesus – o exemplo das irmãs Marta e Maria (João 11.3); Onde Jesus ama as pessoas da família – os irmãos (João 11.5); Onde se crê que a presença de Jesus faz toda diferença entre a vida e a morte – o exemplo de Marta (João 11.21); Onde se crê no Senhor Jesus como a “ressurreição e a vida” – o exemplo de Marta (João 11.27); Onde se tem liberdade para chorar – “Jesus chorou” (João 11.35); Onde os milagres de Jesus acontecem – o exemplo de Lázaro (João 11.43); Onde se obedece à voz do Senhor Jesus – o exemplo de Lázaro (João 11.43); Onde o melhor era depositado aos pés do Senhor Jesus – o exemplo de Maria, para todas as gerações (João 12.1-3; Marcos 14.9); Onde se testemunha dos milagres de Jesus – a ressurreição de Lázaro (João 12.9).
Sem dúvida, assim como essa família pôde enfrentar os conflitos e vencê-los, você também poderá alcançar o milagre que Jesus tem preparado para sua vida e toda a sua família.
Marcos Antonio Peres é pastor da Primeira Igreja Batista do Brás.
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Fique por Dentro
Bíblia em ação – Quadrinhos (Devocional) Jeremy V. Jones Geográfica
O dia está mais bonito porque você me ama Shannon Lindsay, Cate Mezyk e Stephanie Sample Geográfica
Deus, revelação e autoridade Carl F. H. Henry Hagnos
Igrejas que transformam o Brasil Ed Stetzer & Sérgio Queiroz Mundo Cristão
Quatro segredos para um casamento duradouro Michael Letney & Karen Hardin Geográfica
Cristianismo descomplicado Augustus Nicodemus Mundo Cristão
Amor & cura Darleide Alves Assim Editora Cultural
Bom dia! Leituras diárias com Stormie Omartian Volume 2 Mundo Cristão
Quando o céu toca o chão Rubinho Piola Geográfica
Money bo$$ Marcos Silvestre Valores Editorial
Perdão – A chave para a cura interior Jaime Kemp Fôlego
Do chamado ao campo (2ª edição) Oswaldo Prado e Paulo Fenimann Betel Brasileiro Publicações
Não existem mães perfeitas Jill Savage Geográfica
Devocional Diário Caminhada de fé Emilio Fernandes Junior Fôlego
Antes de fazer os votos John Coblentz Literatura Monte Sião do Brasil
Esta seção é gratuita, e os lançamentos devem ser enviados para a Caixa Postal 16.610 – CEP 03149-970 – São Paulo – SP aos cuidados de Editora Fôlego – Seção Fique por Dentro / Lar Cristão.
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