Revista Melhor Escola & Energia I

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Menos é Mais é uma medida financiada no âmbito do Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de energia elétrica, aprovado pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos

A revista Melhor Escola & Energia faz parte do projeto menos é mais promovido pela ADENE em parceria com a Forum Estudante

Regula a energia que a tua escola gasta!


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menosémais A tua equação da Energia!

A eficiência energética está na ordem do dia, nomeadamente por ser um fator essencial para a redução de custos e para a sustentabilidade das empresas, escolas e famílias. Mas afinal como podemos definir eficiência energética? É conseguirmos fazer as mesmas ou mais coisas mas utilizando menos energia. Ao sermos eficientes na utilização da energia, não só estamos a ajudar a economizar os recursos energéticos do planeta como o gás natural, o petróleo e a água, como

também estamos a reduzir a poluição, tornando o ambiente melhor para todos. Para além disso, ao sermos eficientes, conseguimos poupar naquilo que temos de pagar pela energia que consumimos. O consumo de energia é hoje fundamental para praticamente todas as nossas atividades: para termos luz à noite ou em locais pouco iluminados, para termos água quente para os banhos e outras atividades domésticas, para aquecermos as nossas casas, escolas e

locais de trabalhos, para podermos nos deslocar rapidamente de um local para outro, entre outras coisas. É difícil imaginar como seria a nossa vida sem termos acesso a energia de forma tão prática, como ligar um interruptor ou acender um esquentador. Mas a maior parte da energia que usamos vem ainda de fontes finitas (ou não renováveis), que se tornarão cada mais escassas com o passar do tempo, pelo que existem mais do que razões para sermos eficientes e pouparmos energia.


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Deves ser racional na utilização de energia, existindo para isso soluções e gestos simples que podem fazer toda a diferença. Opções simples como adquirir equipamentos etiquetados com boa classificação energética e adotar boas práticas quotidianas como apagar a luz ao sair de uma divisão ou colocar a máquina de lavar a funcionar com a carga completa, são bons exemplos. Nesse sentido e porque é importante que a temática da eficiência energética esteja presente no dia-a-dia, seja na es-

cola ou em casa, surge o projeto “(- é +) A tua equação da Energia!”. Esta é uma iniciativa integrada e inovadora de sensibilização, com o objetivo de induzir alterações comportamentais na escola ou enquanto cidadãos de pleno direito e decisores sobre consumos de energia. Depois da presença mensal na Revista Forum Estudante no Espaço – é +, com a secção “10 passos para poupar energia”, onde foram publicados conteúdos na área da eficiência energética, o passo seguinte para incutir um olhar

mais crítico sobre os consumos de energia e a forma de os reduzir na escola, nasce o “Concurso Melhor Escola & Energia”. Este projeto desafia-vos a realizar um diagnóstico energético e a indicar soluções para a melhoria da eficiência energética na escola, mobilizando-vos para serem parte ativa da solução. O futuro está aí e passa pela eficiência energética. Muda os teus comportamentos. Poupas energia e proteges o ambiente.


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O que é energia?


5 O termo “energia” deriva do grego e significa “capacidade de produzir trabalho”. É uma propriedade associada a todos os corpos que se manifesta de diferentes formas, sendo detetada pelos efeitos que produz. É necessário energia na forma de gasolina ou gasóleo para fazer andar os nossos carros. só com energia podemos congelar ou cozinhar os alimentos, ou ter luz para ler à noite nas nossas casas. Precisamos de energia para correr ou para fazer os T.P.C., em casa ou na escola.

› Energia potencial elétrica é a energia

armazenada num sistema de duas cargas elétricas que se podem atrair ou repelir. A energia cinética é a energia associada ao movimento macroscópico de corpos, como por exemplo, o lançamento de uma bola, o movimento das pás de um gerador eólico, ao movimento dos planetas em torno do sol, etc. A nível atómico ou molecular pode-se falar em energia cinética microscópica que se

paz de converter em trabalho útil toda a energia que recebe – algo que é hoje tecnologicamente impossível. Converter uma forma de energia noutra envolve sempre a perda de alguma energia útil.

FONTES DE ENERGIA Utilizamos diferentes fontes para obter a energia que precisamos para realizar trabalho. As fontes de energia são divididas em dois grupos: renováveis e não renováveis.

FORMAS DE ENERGIA A energia pode assumir diferentes formas, como luz, calor, som e movimento, que podem ser classificadas em dois tipos fundamentais de energia: energia potencial e energia cinética. A energia potencial é a energia armazenada em condições de vir ser utilizada, transformada ou transferida e depende da posição relativa das que constituem o sistema. Podem-se distinguir diversas formas de energia potencial, nomeadamente: › Energia potencial química, que é a energia disponível nas ligações de átomos e moléculas. É a energia que mantém essas partículas juntas. Alguns exemplos de energia química armazenada são a biomassa, o petróleo, a gasolina e o gasóleo, o gás natural e os gases de petróleo liquefeitos (GPL, geralmente propano e butano). › Energia potencial gravítica resulta da interação entre dois corpos com uma determinada massa a uma certa distância entre eles. › Energia nuclear, que é a energia armazenada no núcleo de um átomo e que serve para manter a integridade desse núcleo. Essa energia pode ser libertada quando há combinação de núcleos, como acontece no sol com átomos de hidrogénio, num processo chamado de fusão nuclear, ou como acontece em centrais nucleares, com a fissão de átomos de urânio, para gerar calor e produzir energia elétrica. › Energia potencial elástica, é a energia que uma mola, elástico ou qualquer material que consiga ser distorcido e voltar a sua forma de origem, consegue armazenar. Podemos ver exemplos da força resultante da energia elástica em algumas ações no nosso dia-a-dia, como nas molas de amortecedores de motas e carros ou na utilização de clips e molas para juntar papéis.

Biomassa

manifesta através de movimentos de partículas constituintes de cada material como por exemplo: › Movimento de cargas e que pode levar à produção de corrente elétrica num circuito elétrico. › Movimento de fotões (radiação) que pode gerar, por exemplo, corrente elétrica.

As fontes renováveis de energia são aquelas que se renovam ou restabelecem rapidamente, de forma quase instantânea, no espaço de minutos ou em poucos anos. As fontes não renováveis são aquelas que demoram milhões de anos até se formarem outra vez, o que impossibilita a sua renovação em tempo útil.

A energia não se perde, transforma-se. Quando usamos energia, não a gastamos, apenas a transformamos noutra forma de energia. Por exemplo, quando usamos uma lâmpada incandescente em casa, estamos a transformar energia elétrica em “luz”, que nos permite ver de noite, e em calor, pois a lâmpada também aquece. A forma de energia muda mas a quantidade total mantém-se. É o chamado PRiNCÍPiO DA CONsERVAÇÃO DE ENERGiA. Relacionado com este princípio de conservação de energia, temos o conceito de “eficiência”, que é a quantidade de energia útil que se consegue obter de um sistema. Uma máquina perfeita em termos de eficiência energética seria ca-

As principais fontes de energia renováveis são: a biomassa, o sol, o vento, a água e o calor proveniente do interior da Terra. 1. A BiOMAssA Resulta do aproveitamento energético, através de combustão direta da matéria orgânica (resíduos florestais, agrícolas e urbanos) e dos combustíveis resultantes da sua transformação química ou biológica.


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sol

Combustão direta de matéria orgânica A maior parte da biomassa (biomassa florestal) que usamos é na forma de lenha vinda das florestas, que queimamos para nos aquecermos ou para cozinhar, especialmente nas zonas rurais, ou mesmo para produzir energia elétrica em centrais termoelétricas. Para além da biomassa florestal, existem outras fontes de biomassa sólida que podem ser utilizadas para fins energéticos. Os resíduos da indústria do processamento da madeira e do papel, como os ramos, as cascas, as aparas e a serradura, são exemplo disso, assim como os restos das atividades de poda das árvores de fruto. Nos últimos 20 anos, têm surgido também as culturas energéticas, em que se faz a criação de algumas espécies arbóreas, como o eucalipto, o choupo e o salgueiro, que têm determinadas características, como sejam a rapidez de crescimento e capacidade de rebentação após o corte, que visam produzir uma maior quantidade de biomassa por unidade de superfície e tempo. Transformação química e biológica de matéria orgânica Mas a biomassa pode também ser transformada em energia por outras vias. A produção de combustível líquido (biocombustível) é uma dessas vias, com duas opções mais conhecidas: a conversão química de plantas e de sementes como a soja, a colza, a palma e o girassol em biodiesel para utilização em veículos a gasóleo ou a fermentação bacteriana

Vento

de materiais como milho, beterraba, cana-de-açúcar e mesmo ramos de árvores, produzindo um álcool, o bioetanol, para utilização em motores a gasolina. Outra via é transformação de biomassa em combustível gasoso, como o biogás, que é maioritariamente composto por metano e pode ser usado quase da mesma forma que o gás natural. O biogás resulta da decomposição bacteriana anaeróbia (ou seja, degradação feita por bactérias em condições de ausência de oxigénio) de matéria orgânica como, por exemplo, as lamas de tratamento de esgoto nas ETARs, os resíduos pecuários (estrume e chorume), a parte orgânica do lixo doméstico ou as águas residuais da indústria alimentar.

2. O sOL É a principal fonte de energia da Terra e é muito importante para a vida humana. Esta fonte de energia pode ser utilizada para produzir energia elétrica (através dos coletores fotovoltaicos) e calor (através dos painéis solares). Da energia emitida pelo sol só cerca de metade atinge a superfície terrestre e é mais do que suficiente para suportar toda a vida na Terra. Uma das formas de aproveitar energia do sol é no aquecimento ambiente das nossas casas ou dos locais onde estudamos ou trabalhamos. Os espaços nas casas e em edifícios devem ser projetados para estarem geometricamente orientados de forma a beneficiar da energia solar que passa pelas janelas e que aquece o chão e as paredes. Por ou-

tro lado, no verão deverão ser usadas palas ou dispositivos de sombreamento para evitar o sobreaquecimento. Outra forma de aproveitar a energia solar para produção de calor é no aquecimento de água. Para isso utilizam-se coletores solares que são normalmente instalados nos telhados e que servem para aquecer a água que utilizamos para fins domésticos, como banhos e lavagens de louça e de roupa. Os coletores são preferencialmente orientados a sul (em Portugal), de forma a maximizar a exposição solar, e a água é armazenada num depósito e distribuída pela casa através da rede de água quente habitualmente disponível. Por fim, o aproveitamento da energia solar para produzir energia elétrica pode ser realizado com recurso a painéis solares fotovoltaicos. Estes painéis são constituídos por um conjunto de células fotovoltaicas compostas por duas ou mais camadas finas de material semicondutor, sendo o mais comum o silício. Quando o silício é exposto à radiação solar, há produção de movimento orientado de eletrões, isto é, uma corrente elétrica contínua. O débito de energia elétrica de uma célula singular é reduzido, pelo que são ligadas múltiplas células em conjunto para formar um módulo ou painel. Esta energia consegue pôr em funcionamento dispositivos elétricos (Lâmpadas, campainhas, motores, etc.). Esta produção de energia elétrica ocorre de forma instantânea e silenciosa, muito embora com eficiência limitada, geralmente na ordem dos 15%. Esse tipo de


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Água

solução é cada vez mais utilizada para quem quer produzir a sua própria energia ou vender a energia que produz para a rede elétrica.

3. O VENTO É ar em movimento que resulta do aquecimento desigual da superfície da Terra pela energia radiante do sol. Uma vez que a superfície terrestre é feita de diferentes tipos de solo e água, estes absorvem a energia do sol também de forma diferente. Por exemplo, devido às suas propriedades físicas diferentes, a água normalmente não aquece ou arrefece tão rapidamente quanto o solo. A força do vento é utilizada desde há alguns milhares de anos. Os barcos à vela são o exemplo mais conhecido dessa utilização do vento pelos humanos: há registos históricos sobre a sua utilização, há 5000 anos, na navegação no rio Nilo. Mas também foi utilizado em moinhos para bombagem de água na China, muitos séculos antes da Era Cristã. No nosso país vemos com frequência, no cimo dos montes, as ruínas de muitos moinhos de vento usados para moer cereais que deixaram de funcionar há décadas devido ao progresso tecnológico. Além disso, em muitas quintas podemos ainda ver moinhos para bombagem de água para rega. Alguns abandonados e outros que têm sido recuperados e que estão em funcionamento. Estes moinhos são conhecidos por “moinhos americanos”. Atualmente, o aproveitamento da ener-

gia do vento é feito com moinhos de vento modernos, normalmente chamados de turbinas eólicas. Estas consistem numa elevada estrutura sólida tipo torre, com duas ou três pás aerodinâmicas que podem ser orientadas de acordo com a direção do vento. A passagem do vento acciona as pás e esse movimento é transmitido a um gerador elétrico que produz a energia elétrica. As turbinas eólicas são instaladas em locais ventosos e onde o vento sopre durante quase todo o ano. isso acontece em locais mais altos, como o topo de montanhas ou serras. Nesses locais são normalmente colocadas várias turbinas eólicas próximas umas das outras, formando aquilo que se chama de parque eólico. Também existem turbinas eólicas mais pequenas, chamadas de aerogeradores, para instalação junto a casas ou mesmo em barcos. servem para produzir energia elétrica para lâmpadas ou pequenos equipamentos, de forma semelhante ao que acontece com os painéis fotovoltaicos. Em Portugal já é comum vermos muitos parques eólicos, principalmente nas zonas de serras, onde há mais vento. A par com a energia hídrica, o vento é o recurso que mais contribui para a produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis no nosso país.

4. A ÁGUA A energia da água, energia hídrica, pode ser usada para a produção de energia elétrica, está diretamente relacionada

com a pluviosidade. Através, do ciclo hidrológico e devido à chuva (ou precipitação), que a água evapora das zonas mais baixas, em especial do mar, e regressa às zonas altas como as montanhas, renovando-se assim também o recurso energético. inicialmente, o aproveitamento dessa energia era feito em moinhos de água, por exemplo, para moagem de cereais e produção de farinha, como faziam os Gregos há mais de 2000 anos. No início do século XiX, os europeus e os americanos usavam também moinhos de água para operar as suas fábricas. Eram máquinas simples, em que a água era recolhida ou empurrada em baldes colocados ao longo do perímetro da roda. O peso ou a força da água faziam com que a roda girasse e o movimento de rotação era usado como energia útil para moer grão, serrar madeira ou bombear água. Desde o final do século XiX que a principal função do aproveitamento de desníveis naturais ou artificiais dos cursos de água é a produção de energia elétrica em centrais hidroelétricas. Nestas centrais existem barragens que têm a finalidade de armazenarem grandes quantidades de água e criar um desnível acentuado, aumentando o potencial do curso de água, que desce por gravidade por tubos ou condutas, até passar por turbinas, que fazem girar um gerador elétrico para produzir energia elétrica. Pode-se obter mais ou menos energia, dependendo do desnível, ou seja, da altura da água na barragem e do caudal, ou seja, da quantidade de água que


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Terra

passa por minuto pela conduta. Uma das grandes vantagens da energia hídrica obtida em barragens ou represas é a capacidade destas de armazenar energia. isto porque a água nestes reservatórios é, na realidade, energia potencial gravítica que pode ser libertada como energia cinética de água em movimento e transformada em energia elétrica nas turbinas, apenas quando é necessário. Durante a noite, quando os consumidores utilizam menos energia, as comportas podem ser fechadas e a água mantida no reservatório. Durante o dia, quando é necessária mais energia, a água pode ser utilizada para gerar energia elétrica.

5. A TERRA É formada por uma camada externa, a crosta, que é a mais exterior e pode ter entre 5 a 8 km de espessura debaixo dos oceanos e 25 a 50 km de espessura nas regiões continentais, um manto viscoso, com perto de 3000 km de espessura e um núcleo na parte mais interna. O interior do planeta Terra, quase 6500 km abaixo da superfície, está a temperaturas muito altas, o suficiente para derreter a rocha aí existente, criando o magma que rodeia um núcleo de ferro sólido. Em alguns locais, a rocha quente está mais próxima da superfície e aquece a água que aí existe em reservatórios subterrâneos. Essa é energia que pode brotar naturalmente à superfície em fontes termais ou ser extraída através de poços escavados para bombear a água quente subterrânea até à superfície, para aquecimento ou mesmo para produção de energia elétrica.

Petróleo

A energia geotérmica, energia obtida a partir do calor que proveniente do interior da Terra, foi utilizada por civilizações antigas para aquecimento e banhos. Ainda hoje, as fontes termais são usadas no mundo inteiro e muitas pessoas acreditam que algumas águas quentes de características minerais têm mesmo poderes curativos naturais. A utilização de energia geotérmica para produção de energia elétrica é algo mais recente. A primeira instalação surgiu em itália, no início do século XX e utilizava o vapor que brotava naturalmente do solo para fazer funcionar uma turbina a vapor. As instalações modernas usam vapor seco diretamente proveniente de poços geotérmicos, para fazer funcionar uma turbina e gerador para produzir energia elétrica. O vapor condensado após a passagem pela turbina é de injetado no solo para que possa ser usado novamente, num ciclo contínuo de operação. Outra forma de aproveitar o calor (termia) da terra (geo) é utilizar equipamentos chamados bombas de calor geotérmicas, que fazem circular água por tubos enterrados, aproveitando a diferença de temperaturas que existe sempre entre o solo e o ambiente exterior, para produzir calor ou frio. Dessa forma, é possível aquecer ou arrefecer uma casa sem despender dinheiro em combustível, apenas na energia elétrica que é necessária para fazer funcionar a bomba de calor. Por cada unidade de energia elétrica usada, a bomba de calor geotérmica consegue produzir e colocar no espaço até três unidades de energia térmica.

As fontes de energia não renováveis mais utilizadas são: o petróleo, o gás natural e o carvão. 1. O PETRóLEO Mistura de hidrocarbonetos, também designado de crude, é extraído de debaixo da terra e utilizado para produzir diferentes combustíveis como a gasolina, o gasóleo e os gases de petróleo liquefeitos (GPL), bem como a maioria dos plásticos e das tintas que usamos habitualmente. O petróleo formou-se ao longo de milhões de anos, pela decomposição das plantas e de outros seres vivos que viviam nos mares e que, na altura, cobriam a maioria do planeta. O calor da terra e o peso das rochas transformaram esses restos das plantas e dos seres vivos em petróleo e em gás natural, daí estes serem chamados de combustíveis fósseis. A descoberta deste recurso é feita com a ajuda de geólogos que analisam e interpretam as características do solo e outros elementos à superfície ou em profundidade, os quais possam indiciar a existência de petróleo no local. Quando se conclui pela existência de uma probabilidade elevada de haver petróleo, são avaliados os custos de exploração face ao preço de venda no mercado e, se for propício, feita a abertura do poço para extração, que tem normalmente entre 1 a 2 km de profundidade. Mesmo assim, muitas vezes os poços exploratórios não produzem petróleo em quantidade e qualidade adequadas.


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Gás Natural

O petróleo não pode ser utilizado em bruto, tal como é extraído do subsolo. Tem de ser processado para se transformar nos produtos combustíveis que podemos utilizar, o que é feito em refinarias. Nessas fábricas, o petróleo é refinado, ou seja, é aquecido e destilado numa torre, onde se separaram as diferentes “frações”: nas zonas mais baixas da torre extraem-se o alcatrão, o fuel para barcos e indústria, os óleos lubrificantes, ao passo que das zonas mais elevadas se retiram o diesel, fuel para aviões, aquecimento e energia, gasolina e GPL.

2. O GÁs NATURAL É um combustível fóssil com um processo de formação idêntico ao do petróleo bruto (crude). O gás fica acumulado em bolsas, entre as rochas subterrâneas, um pouco à semelhança do que acontece com a água numa esponja. É preciso escavar poços no chão para o alcançar e extrair através de tubos para a superfície. Aí é processado em máquinas que o limpam de impurezas, para depois ser canalizado até aos locais onde é utilizado. O gás natural é uma mistura de gases, mas a maior parte é gás metano (CH4). O metano não tem cor ou cheiro. Por isso, como medida de segurança e para que possa ser detetado em caso de fuga, as empresas que processam e distribuem o gás adicionam-lhe uma quantidade vestigial (muito pequena) de um odorante, que lhe dá um odor a ovos podres característico dos compostos de enxofre. Os povos das antigas Grécia, Pérsia e Índia descobriram o gás natural há muito tempo. Em alguns locais, o gás escapava

Carvão

até à superfície por fendas no solo e, quando inflamado por algum relampado ou outra faísca, dava origem a uma espécie de “fontes de fogo”. Há cerca de 2500 anos, os Chineses começaram a utilizar essas fontes, canalizando o gás de poços rasos para ser queimado em grandes recipientes para evaporar água do mar e produzir sal. No início do século XiX, o gás começou por ser usado em candeeiros na iluminação pública. Hoje é uma das principais fontes de energia usada em todo o mundo. É usado no fogão, no esquentador e no aquecimento das nossas casas mas também nas fábricas, nas centrais para produção de energia elétrica e mesmo em alguns meios de transporte como autocarros ou camiões. Entre os combustíveis não renováveis, o gás natural é o menos poluente. A prospeção e exploração de poços de gás natural envolvem estudos semelhantes ao que se faz com o petróleo. O gás natural encontra-se normalmente em bolsas próprias no subsolo ou associado a depósitos de petróleo, sendo extraído a profundidades superiores a 1500 metros.

3. O CARVÃO É uma rocha orgânica constituída essencialmente por carbono. Os depósitos de carvão existentes debaixo da terra formaram-se de restos de plantas acumuladas em pântanos, que se decompuseram, fazendo surgir as camadas de turfa. A elevação do nível das águas do mar ou o rebaixamento da terra provocaram o afundamento dessas camadas sob sedimentos marinhos, cujo peso

comprimiu a turfa, transformando-a, sob elevadas pressão e temperatura, em lignite e depois em carvão. Esse carvão é agora extraído em minas, junto à superfície ou nas profundezas do solo. Nas minas de superfície, extrai-se o carvão que está a menos de 60 metros de profundidades. As camadas superiores de solo e rocha são removidas para expor os depósitos de carvão, que é retirado por máquinas enormes. Uma vez concluída a extração, a terra é reposta, de forma a recuperar o terreno para utilização agrícola, florestal ou outra. Nas minas de profundidade, são escavados poços e túneis no solo, até 300 metros de profundidade, de onde é retirado o carvão com recurso a máquinas especiais. Após extração, o carvão é levado a uma instalação de preparação, onde é limpo de impurezas como rochas, cinza e enxofre, o que faz aumentar o conteúdo calorífico do carvão. Depois de limpo, é transportado por comboio ou barco até fábricas ou centrais de produção de energia elétrica. O transporte é um aspeto muito importante da exploração do carvão, pois os custos envolvidos podem encarecer bastante este combustível. A queima deste combustível gera poluição na forma de fumo, pelo que atualmente são usados filtros e outras soluções para tentar reduzir esse impacte ambiental. Um dos compostos em que o carvão é normalmente rico é em enxofre, que pode reagir com o oxigénio para formar dióxido de enxofre. É este composto que, em contato com a humidade, dá origem ao ácido sulfúrico presente nas chuvas ácidas que afetam árvores e recursos hídricos.


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Eficiência energética A energia e o ambiente estão naturalmente ligados. A produção e o consumo de energia têm impacto no ambiente. O exemplo mais conhecido são as alterações climáticas. Estas são, em grande parte, resultantes do aumento da temperatura média da Terra causado pelo aumento da concentração na atmosfera de gases de efeito de estufa, que retêm o calor na atmosfera. O que mais tem contribuído para o aumento da concentração desses gases na atmosfera é a queima de combustíveis de origem fóssil (não renováveis), da qual resultam emissões de dióxido de carbono e de outros gases de efeito de estufa que, de outro modo, permaneceriam debaixo da terra. Mas ainda assim precisamos de queimar esses combustíveis para obter a maior parte da energia que necessitamos. isso enquanto não conseguirmos energia suficiente a partir de fontes renováveis e alternativas. Daí que a eficiência energética seja tão importante para o ambiente e para o nosso futuro. se formos eficientes no uso da energia, vamos conseguir continuar a fazer as mesmas coisas que fazemos hoje, como ver televisão, ir de carro ver os nossos amigos ou produzir nas nossas fábricas, sem prejudicar tanto o ambiente e sem esgotar tão rapidamente as fontes de energia que ainda vamos precisar no futuro.

ENERGIA, pOTêNCIA E RENDIMENTO A unidade internacionalmente reconhecida para expressar a quantidade de energia é o Joule (J). No entanto, existem outras unidades equivalentes que são mais utilizadas, como, por exemplo, a caloria. Uma caloria (cal) corresponde a 4,186 J ou, como é mais habitual, 1 kcal ≈ 4,186 kJ. Esta é a quantidade de energia necessária para aumentar em 1ºC a temperatura de 1 kg de água. Por exemplo, se para fazer 1 litro de chá (que corresponde, mais ou menos, a 1 kg) aqueceres a água da torneira dos 15ºC até aos 100ºC (temperatura de ebulição), então irás precisar de, pelo menos, 85 kcal. A quiloca-

loria (às vezes erradamente designada apenas de caloria) é também a unidade mais usada para exprimir o valor energético dos alimentos, como podes ver nos rótulos e embalagens de muitos produtos. Nas faturas de eletricidade, o consumo de energia elétrica das nossas casas vem expresso em quilowatt hora (kWh), umas das unidades industriais de energia.


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e o ambiente Outro conceito muito importante para entender a eficiência energética é o de potência que nos é mais familiar quando associada aos equipamentos elétricos. A potência elétrica traduz a capacidade de um equipamento produzir ou consumir eletricidade num determinado período de

tempo e pode ser determinada pela expressão matemática p = E/t O conceito de rendimento energético surge, muitas vezes, diretamente associado à eficiência energética como a capacidade de alcançar determinado efeito com a menor quantidade de recursos possíveis. O rendimento energético (η) de uma máquina, isto é a eficiência de um equipamento ou dispositivo, expresso em %, é dado pela relação entre a energia que se obtém do seu funcionamento (energia útil, Eu) e a energia utilizada durante o processo (energia fornecida, Ef ) e pode ser determinado através da relação matemática η = Eu/Ef x 100 Assim quanto maior o valor do rendimento, menos energia é desperdiçada pela máquina. Verifica-se assim que a energia consumida depende de três variáveis: a potência, o rendimento e o tempo de funcionamento. As duas primeiras (potência e rendimento) dependem das caracterís-

ticas dos equipamentos e dos sistemas que usamos para converter ou produzir energia. Por exemplo, para o mesmo intervalo de tempo, uma lâmpada fluorescente de potência 11W, necessita de menos quantidade de energia elétrica para produzir a mesma intensidade luminosa que uma lâmpada incandescente de 60W devido a uma tecnologia mais eficiente que podemos utilizar para poupar energia. Por outro lado, uma utilização adequada ou racional da energia, apenas na medida do necessário e quando dela precisamos, reduz o tempo de funcionamento dos equipamentos e, consequentemente, o consumo de energia. se a isso juntarmos o cuidado para que não ocorram desperdícios, por exemplo, não usando lâmpadas que proporcionem um nível de iluminação maior que o necessário, concluímos que a eficiência energética depende também do nosso comportamento e das nossas opções.


12 ONDE GASTAMOS A NOSSA ENERGIA? Utilizamos energia todos os dias em casa, na escola, nas empresas, nos transportes e em todas as atividades que fazem o nosso dia-a-dia em sociedade. se analisarmos em que usamos essa energia, verificamos que os transportes, em especial os carros, autocarros e camiões, são quem consome mais em Portugal, cerca de 35% do total em 2011. A seguir, os maiores consumidores são as fábricas e empresas do setor industrial, com praticamente um terço do total consumido. A energia que gastamos nas nossas casas é a terceira maior fatia do consumo, com mais de 16% do total. O restante consumo é nos edifícios das empresas e nas atividades agrícolas e de pesca. Cada um destes sectores utiliza energia sob diferentes formas e, em cada caso, existem sempre maneiras de fazer com que essa energia seja utilizada com eficiência. 1. EM CASA Usamos energia em nossa casa para diversos fins: cozinhar, aquecer a água dos banhos, fazer funcionar as máquinas de lavar, iluminação, funcionamento de televisões e computadores, aquecimento ou arrefecimento das diversas divisões da casa. Em Portugal e em média, cerca de 38% da energia que usamos em casa é na forma de eletricidade, sendo o restante normalmente da forma de gás (GPL e gás natural) ou então na forma de lenha (principalmente nas casas fora da cidade). Onde normalmente gastamos mais energia é na cozinha, pois é onde estão a maior parte dos eletrodomésticos que usamos no nosso quotidiano, tais como o frigorífico e as máquinas de lavar. O gás é, normalmente, usado para cozinhar e para aquecer água para banhos e lavagens. A energia consumida na cozinha e nos equipamentos elétricos perfazem logo metade da energia consumida nas habitações. A quantidade de energia que gastamos em casa depende não só dos materiais e dos equipamentos que temos instalado mas também da forma como os utilizamos. Fazendo algumas escolhas acertadas na altura de comprar eletrodomésticos ou outros aparelhos para a casa e passando a ter alguns cuidados simples na utilização da energia, podemos reduzir o nosso gasto de energia entre 10% e 40%. Como temos de pagar por essa

energia, essa redução do consumo também irá permitir poupar dinheiro nas contas da eletricidade e do gás. Eis alguns exemplos que deves partilhar com a tua família, para verem se existem ou podem ser aplicados em tua casa. Alguns aspetos relacionados com a forma como a habitação foi construída têm natural influência nos consumos energéticos e no conforto para os ocupantes quando, depois, a casa está a ser habitada. A orientação das paredes e das janelas deve ser adequada ao clima do local: em regiões mais frias, as divisões de maior uso, como as salas, devem situarse para sul e ter paredes e janelas grandes, para poder entrar mais luz do sol no inverno. Nas regiões mais quentes, devem ser orientadas a norte. As paredes para o exterior, assim como o teto no último piso, devem ter isolamento térmico, ou seja, devem ter uma camada de material especial para reduzir as trocas de calor entre ambientes com diferentes temperaturas. A existência de estores, persianas ou palas permite controlar a entrada de sol pelas janelas, evitando que a casa fique demasiado quente ou que seja preciso

ligar o ar condicionado. A existência de árvores, arbustos e trepadeiras colocados em lugares adequados podem proporcionar sombra ou proteger do vento. se forem plantas de folha caduca, permitem que a luz solar passe no inverno e aqueça a casa, enquanto, no verão, as folhas fazem uma sombra útil. As janelas devem deixar entrar luz suficiente para, durante o dia, não precisarmos de ter algumas lâmpadas acesas em casa. Por outro lado, as janelas devem ser de vidro duplo e ser isolantes o suficiente para que não deixem perder muito calor durante a noite ou no inverno.


13 ciente. Vê se podem ser aplicadas na tua escola e tenta envolver os teus professores e os teus colegas para levarem à prática algumas destas propostas.

2. NA ESCOLA Para a escola funcionar é preciso energia. Esta é usada para as luzes, para os computadores e os ecrãs, para aquecer e arrefecer as salas de aulas, para fazer funcionar o bar ou a cantina e aquecer a água para os balneário e casas de banho, entre outras coisas. A maior parte da energia utilizada nas escolas é na forma de energia elétrica, mas também é normal ser usado gás para os fogões e fornos nas cozinhas da cantina ou do bar e nas caldeiras ou esquentadores que aquecem a água para banhos e lavagens ou mesmo para aquecimento das salas. Eis alguns exemplos e ideias de como utilizar a energia de forma mais efi-

a noite. Mesmo que depois demore uns segundos a voltar a ligar normalmente, vai-se poupar muita energia e aumentar a duração do equipamento. Utilizar equipamentos de maior eficiência energética, quando forem comprados novos ou substituídos os que já existem na escola. É fácil perceber quais são os mais eficientes através das etiquetas desempenho energético que a maior parte destes equipamentos já tem.

Iluminação Desligar as luzes das salas, das casas de banho e de outros locais quando lá não estiver ninguém. Não faz sentido as luzes ficarem ligadas se o espaço estiver vazio mais do que um minuto, por exemplo durante os intervalos para recreio. E isto aplica-se mesmo quando já são utilizadas lâmpadas fluorescentes, normalmente mais económicas. Mudar para lâmpadas mais eficientes, substituindo as lâmpadas mais antigas e que consomem mais energia. Vê se ainda há lâmpadas incandescentes a serem utilizadas e sugere a sua substituição por lâmpadas compactas fluorescentes ou mesmo por lâmpadas LED, para começarem já a poupar energia. Usar a luz natural, sempre que seja suficiente e adequada para as atividades da sala. Muitas vezes, as luzes são acesas sem necessidade, pois a claridade que chega pela janela é suficiente. Ligar apenas uma parte das luzes, quando os interruptores estiverem preparados para isso. Pode acontecer que só uma parte da sala de aula precise de luz artificial pois o resto do espaço é bem iluminado por luz natural que chega pelas janelas. Mesmo que o interruptor seja único, pode ser possível e fácil de instalar outro que permita separar os circuitos.

Aquecimento e arefecimento Manter uma temperatura agradável na sala ajuda à concentração e ao trabalho dos alunos e dos professores. se sentires que está muito quente ou muito frio na sala, fala com o teu professor para ele ver se pode ajustar o aquecimento ou o arrefecimento. Ficas mais confortável e poupa-se energia. Verificar se existem janelas mal vedadas ou outros sítios por onde entre ar frio no inverno. Pergunta aos teus colegas se sentem correntes de ar em algum local da sala de aula ou nas instalações da escola e, se disserem que sim, investiga para descobrir a origem. Depois, se possível, tenta fazer com que a escola arranje o problema, para que não se perca mais energia. Abrir as janelas para entrar ar pode ser uma forma simples de refrescar o ambiente na sala de aula nos dias quentes, evitando ligar aparelhos de ar condicionado ou ventoinhas. Mesmo que o barulho do exterior não permita ter a janela aberta o tempo todo, fazer isso apenas durante o intervalo já vai ajudar. O ar fresco a circular pela sala vai fazer todos sentirem-se mais confortáveis e atentos.

Equipamento informático e audiovisual Utilizar os modos de “desligar ecrã” e de “hibernação” já disponíveis na mais parte dos computadores para fazer com que estes poupem energia quando não são utilizados. Desligar completamente os computadores e os monitores no botão quando não vão ser utilizados por algum tempo. Evita-se assim que estes equipamentos fiquem a consumir alguma energia quando entram em modo de espera (stand by), por exemplo, durante a noite ou quando não há aulas. se forem usados projetores de imagem ou quadros eletrónicos, não deixar esse equipamento ligado durante os intervalos das aulas e muito menos durante

Água quente se tomarem duche nos balneários da escola, tentar ser rápido, para gastar o mínimo possível de água. Não ponhas a água muito quente e desliga-a enquanto te ensaboas. Lembra-te que, para além da água, estás também a gastar o gás ou a eletricidade que é preciso para aquecer a água. Utilizar a energia solar para aquecer a água é uma forma de evitar ou reduzir bastante o consumo de gás ou eletricidade. O calor do sol é captado em equipamentos chamados coletores solares que o usam para aquecer a água. Fala com o teu professor para investigarem se é possível instalar coletores solares na tua escola para esse efeito (se ainda não existirem).


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3. NOS TRANSpORTES Usamos os transportes para nos deslocar de um local para outro. Existem meios de transporte rodoviários (que andam nas estradas ou rodovias), ferroviários (que andam nas linhas de comboio), marítimos ou fluviais (que andam no mar ou nos rios) e aéreos (que voam). É nos carros, camiões e autocarros, que se gasta a maior parte da energia que é utilizada no nosso país para movimentar pessoas e mercadorias. A gasolina e o gasóleo utilizados no transporte rodoviário representam cerca de 95% de toda energia consumida nos transportes em Portugal. O processo de combustão nos motores gera emissões poluentes que têm efeitos nocivos no ser humano e no meio ambiente. Estes efeitos

acentuam-se principalmente nos núcleos urbanos, devido à elevada concentração de veículos. Nas cidades, o automóvel é a principal fonte de poluição e um dos maiores responsáveis pela emissão de gases que contribuem para o efeito de estufa. As emissões de gases dos automóveis variam dependendo do tipo de combustível. Atualmente, existem tecnologias ou tra-

tamentos associados ao processo de combustão relativamente rápidos na redução dos problemas ambientais. O mesmo não se passa com o CO2 cujas emissões são inevitáveis com a utilização de combustíveis fósseis. Daí a importância de mudarmos os nossos hábitos, de forma a consumirmos menos combustível e, assim, emitirmos menos gases poluentes para a atmosfera.


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No caso do transporte de pessoas, é importante distinguir entre os transportes coletivos como autocarros, comboios e barcos que transportam muitas pessoas de cada vez e o transporte particular, como os carros, que às vezes são utilizados apenas para transportar o próprio condutor. A energia consumida por cada pessoa transportada é naturalmente menor no caso dos transportes coletivos.

Também no transporte é possível sermos mais eficientes na forma como utilizamos a energia necessária para nos deslocarmos. Eis alguns ideias que deves tentar por em prática. Usar mais os transportes públicos. Mais de 75% das viagens nas cidades são em carros particulares em que apenas vai o condutor. se as mesmas pessoas fossem de autocarro, apenas seria necessário um terço da energia por pessoa. Vê quais os transportes públicos na tua zona que tu e os teus familiares

podem usar e desafia-os a experimentar. ir a pé pode ser a solução mais prática, barata e saudável para percorrer pequenas distâncias. sabes que, na cidade, metade das viagens que as pessoas fazem de carro são inferiores a 3 km e que uma em cada dez dessas viagens é para uma distância inferior a 500 metros? Para quê levar o carro, quando podemos dar um belo passeio a pé? Dividir o automóvel com outras pessoas que realizem o mesmo percurso. Por exemplo, combinar com os colegas que moram próximo para irem juntos, no mesmo carro, para a escola ou para o trabalho. Além de consumirem menos combustível e poderem dividir os gastos, é bem mais divertido viajar acompanhado. Na hora de comprar ou trocar de carro, escolher um veículo adequado às nossas necessidades, que seja eficiente em termos de consumo e que tenha baixas emissões de gases de efeito de estufa, como o dióxido de carbono (CO2). Os carros novos já têm uma etiqueta informativa de economia de combustível, que permite comparar facilmente o consumo e as emissões de CO2 entre veículos. Também os pneus novos já vêm com uma etiqueta de eficiência energética que ajuda a escolher aqueles que irão ajudar a fazer com que o carro consuma menos combustível. Manter os pneus com a pressão certa também ajudar a poupar na gasolina e no gasóleo. Fazer uma condução eficiente, usando algumas regras simples, permite poupar até 15% de combustível. Por exemplo, evitar travagens bruscas e manter uma velocidade o mais constante possível, são regras que tornam a condução mais segura mas também mais eficiente. Usar o ar condicionado apenas quando é preciso e não andar com o carro carregado sem necessidade são outros exemplos. Fala nisto aos teus pais e vê se podem melhorar ainda mais os seus hábitos de condução, poupando combustível. 4. NAS EMpRESAS E NAS INDÚSTRIAS Os edifícios das empresas como, por

exemplo, escritórios, juntamente com as fábricas das indústrias, representam mais de 40% do consumo de energia em Portugal. Nos edifícios a energia é usada para a iluminação, para o aquecimento ou arrefecimento ambiente, para cozinhar, etc., um pouco à semelhança de como acontece nas escolas. Na indústria, a energia é também utilizada para pôr em funcionamento máquinas e equipamentos próprios dessa indústria. Os sectores que registam maior consumo de energia em Portugal são as indústrias do papel, do cimento, dos químicos e plásticos, da alimentação e bebidas e da cerâmica. só estas indústrias, todas juntas, representam 20% do consumo de energia do país. Como as empresas e as indústrias são normalmente muito diferentes entre si, é difícil indicar medidas de eficiência energética que sirvam para todos os casos. Por isso, é importante analisar caso a caso, fazendo o que se chama de auditoria energética. Não é mais de um estudo de como a energia é consumida na empresa ou na indústria e de quais são as oportunidades que existem para reduzir esse consumo. se as melhorias identificadas na auditoria forem implementadas, isso irá permitir poupar energia e dinheiro aos empresários ou industriais. Muitas vezes, aquilo que vão poupar com as melhorias é suficiente para compensar aquilo que se tem de gastar para fazer essas melhorias. Como exemplos de medidas de eficiência energética para os edifícios de empresas temos a substituição de lâmpadas por outras que assegurem uma iluminação mais eficiente, a colocação de sombreamento nas janelas que evitem a entrada de demasiado calor ou mesmo a mudança dos sistemas de ar condicionado para equipamento mais modernos, com uma boa classe energética. se se colocarem redutores de caudal nas torneiras e chuveiros, também é possível poupar água e energia (se for água quente). Nas indústrias, a utilização de motores elétricos e bombas mais eficientes, o aumento da eficiência das caldeiras que produzem água quente ou a recuperação de calor a partir de vapor, são exemplos de medidas de eficiência energética.


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VERDE SOBRE AZUL As energias alternativas estão na ordem do dia. isto face à insustentabilidade de uma economia mundial baseada nos combustíveis fósseis, principalmente o petróleo, pelo seu preço, pelas suas reservas esgotáveis a médio prazo e, sobretudo, pelos seus altos efeitos poluentes, entre eles a causa principal do aquecimento global e das alterações climáticas do planeta. É preciso investir nas energias renováveis, amigas do ambiente e baseadas em tecnologias limpas. só assim poderemos encarar o problema energético com um sorriso de esperança num futuro menos cinzento e

DICAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ÁREA: ENERGIAS RENOVÁVEIS EM CASA

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O consumo de energia de uma casa tem um grande impacto na nossa qualidade de vida e no rendimento familiar. Por isso, quando adquirir um imóvel deve solicitar informação sobre a eficiência energética da casa, tanto dos seus componentes estruturais como dos sistemas de climatização e de produção de água quente, e ter em conta a qualidade das instalações.

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Os equipamentos destinados ao aproveitamento térmico de energia solar constituem um desenvolvimento tecnológico fiável e rentável para a produção de água quente sanitária.


Sabias que... A quantidade de energia solar que atinge a Terra, em apenas dez dias, equivale a todas as reservas de combustíveis conhecidas no nosso planeta.

Poupar energia é um caminho a seguir As renováveis são o futuro mas, na relação custo/benefício, a eficiência energética é outro dos caminhos a seguir e talvez o mais fácil. Reduzir os consumos e investir nas energias alternativas: eis a fórmula ideal para Portugal conseguir equilibrar a sua balança energética. num mundo mais verde. A par das políticas energéticas seguidas pelos governos em prol do desenvolvimento das energias renováveis, há que destacar também o importante papel desde há muito realizado por algumas instituições de defesa do Ambiente. A instalação de coletores solares térmicos é considerada hoje em dia pelos consumidores como uma mais valia e vista como um investimento rentável no aquecimento de águas sanitárias, tendo contribuído para esta situação os regulamentos que determinam o comportamento térmico e a certificação energética dos edifícios, obrigando mesmo à sua instalação em caso de adequada exposição solar.

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Um edifício eficiente, com boa arquitetura bioclimática, pode atingir poupanças até 70% na climatização e iluminação da casa.

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Quais as fontes de energia ao nosso dispor?

Renováveis em casa

Combustíveis fósseis: petróleo, carvão, gás natural Energia nuclear: de fissão (as sempre polémicas centrais nucleares, baseadas em átomos de urânio, produzem lixos radioativos e o fantasma da sua insegurança parece estar sempre presente) e de fusão (baseada em átomos de hidrogénio) Hídrica: grandes barragens e mini-hídricas Energias renováveis: fontes inesgotáveis de energia que provocam poucos ou nenhuns efeitos negativos no ambiente Biomassa: lenhas, resíduos florestais, lixos e esgotos da indústria agropecuária. Outro exemplo são as algas. Podem cultivar-se em viveiro, ocupam muito menos espaço e têm rendimentos superiores na quantidade de biocombustível que fornecem. Biogás: a partir de efluentes orgânicos Biodiesel: aproveitamento de óleos vegetais ou animais, misturando-os com o gasóleo em motores diesel Biofuel: transformação de madeiras e resíduos florestais em etanol, um álcool adicionável à gasolina Geotérmica: calor do interior da terra que vem à superfície na forma de vapor de água ou de água quente Solar térmica: aproveitamento do calor do Sol incidente sobre painéis Solar fotovoltaica: criação de eletricidade através da excitação de fotões pela radiação solar Eólica: transformação da energia cinética do vento em eletricidade Ondas do mar: conversão da força das ondas do mar em energia elétrica

É possível utilizar as energias renováveis no fornecimento de energia, incorporando equipamentos que aproveitem a energia proveniente do sol, do vento e da biomassa

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Autoconsumo Com a nova legislação de autoconsumo é o utilizador que volta a ter o controlo da sua fatura de eletricidade. É assim possível produzir localmente a própria energia e contribuir diretamente para o abatimento dos custos energéticos da habitação. Os sistemas para autoconsumo podem utilizar mais que uma fonte de energia, como por exemplo solar fotovoltaico e eólico. Caberá ao produtor escolher se quer ou não injetar na rede energética de serviço público (RESP) a energia não consumida. Os sistemas que tenham uma potência até 1,5 kW não necessitam de contador. A partir dessa potência o contador é obrigatório. A energia será vendida a uma tarifa de cerca de €0,06/kWh produzido. Bons ventos... A energia eólica tem sido até agora a renovável onde o desenvolvimento sobe em flecha. Basta passearmos pelo país, para vermos os parques eólicos instalados com as suas imponentes torres e as pás rodando ao sabor dos ventos. Ainda sem grande representação, há já alguns particulares a instalarem microgeradores eólicos nos seus terrenos, jardins e quintais. Ao abrigo do “Programa Renováveis na Hora”, têm direito a 70% de bonificação na tarifa, isto porque é mais baixo o investimento feito do que no caso dos painéis fotovoltaicos.

Desde 2007 generalizou-se em toda a Europa, com carater obrigatório, a certificação energética dos edifícios, a qual proporciona informação sobre as caracteristicas térmicas dos vãos envidraçados, paredes, pavimentos, coberturas, sistemas de climatização e produção de água quente sanitária.


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Usa a luz a teu favor! A luz faz parte do nosso dia a dia. Representa cerca de 14% da eletricidade que consumimos em casa, sendo por isso uma das necessidades energéticas mais importantes das nossas casas. Para conseguir uma boa iluminação, devemos analisar as necessidades de luz em cada uma das divisões da casa. Nem todos os espaços requerem a mesma luminosidade, durante o mesmo tempo, nem com a mesma intensidade É muito comum associar a luz que uma lâmpada difunde à quantidade de eletricidade

necessária para a produzir, mas esta ideia é errada! Por exemplo, dizemos que uma lâmpada de 100 Watts produz uma determinada luminosidade, quando na realidade, o “watt” é uma medida de potência e a luz tem a sua própria unidade de medida: “o lumen”.

Como medimos a luz? A potência de uma luz não é o mesmo que quantidade de eletricidade dispensada, por isso existem duas medidas que traduzem estes diferentes valores. Watt (W): é a unidade de potência do Sistema Internacional de Unidades (SI). É equivalente a um joule por segundo (1 J/s). A unidade watt recebeu este nome em homenagem a James Watt, pelas suas contribuições para o desenvolvimento do motor a vapor, e foi adotada pelo segundo congresso da associação britânica para o avanço da ciência em 1889.

Lumen (lm): é a unidade de medida de fluxo luminoso. Um lúmen é o fluxo luminoso dentro de um cone de 1 esferorradiano (unidade de medida para um ângulo dentro de um cone), emitido por um ponto luminoso com intensidade de uma radiação em todas as direções.

DICAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ÁREA: ILUMINAÇÃO 1 sempre que possível, utiliza luz natural. 2 Prefere cores claras nas paredes e tetos. Esta opção usará melhor a iluminação natural e poderá reduzir a artificial. 3 Não deixes as luzes acesas em divisões que não estão a ser utilizadas.

4 Reduz ao mínimo a iluminação decorativa em zonas exteriores (jardins, etc.). 5 Mantém as lâmpadas e respetivas proteções ou acessórios limpos. Assim, terás mais luminosidade, sem aumentar a potência.

6 Coloca reguladores de intensidade luminosa. 7 substitui as lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes compactas. Para um nível idêntico de iluminação, poupam até 80% de energia e


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Tipos de Lâmpadas Uma das medidas que podes tomar para preservar o ambiente e poupar dinheiro, é adequar as lâmpadas que usas às necessidades de cada espaço. Para isso fica a saber quais as lâmpadas mais consumistas e quais as mais sustentáveis:

Lâmpadas Incandescentes São as que apresentam mais consumo elétrico, as mais baratas e as de menos duração (1000 horas). Este tipo de lâmpadas só aproveita cerca de 5% da energia elétrica que consome em iluminação. Os restantes 95% são transformados em calor, sem aproveitamento luminoso.

Lâmpadas de Halogénos Têm o mesmo princípio das anteriores. Caracterizam-se por uma maior duração e pela qualidade especial da sua luz. Existem lâmpadas de halógenos que necessitam de um transformador: os de tipo eletrónico diminuem as perdas de energia, quando comparadas com os tradicionais, e o consumo final de eletricidade pode ser até 30% inferior ao das lâmpadas convencionais.

duram 8 vezes mais. Na substituição, dá prioridade àquelas que dás mais uso. 8 Adapta a iluminação às tuas necessidades e dá preferência às que são direcionadas a uma zona. Para além de

Lâmpadas fluorescentes tubulares São mais caras do que as lâmpadas incandescentes mas consomem até menos 80% de eletricidade para a mesma emissão luminosa e têm uma duração entre 10 vezes superior;

Lâmpada fluorescente compacta São mais caras do que as tradicionais, se bem que a sua poupança em eletricidade compensa o maior investimento, muito antes de terminar o seu tempo útil de vida (entre 8.000 e 10.000 horas). Duram oito vezes mais que as lâmpadas tradicionais e proporcionam a mesma luz, poupando cerca de 80% de energia quando comparado com as incandescentes;

poupar, conseguirás ambientes mais confortáveis. 9 Usa lâmpadas tubulares fluorescentes onde necessites de luz por muitas horas, como por exemplo, na cozinha.

Lâmpadas LED Conseguem poupanças até 90% de energia na substituição de lâmpadas incandescentes, e embora mais caras do que as lâmpadas de baixo consumo, conseguem assegurar mais de 30.000 horas de funcionamento, 100% de luz imediata quando se ligam a um elevado número de ciclos de ligar/desligar, Esta tecnologia não usa componentes tóxicos na sua composição.

10 Nos halls, garagens ou zonas comuns, coloca detetores de presença para que as luzes se acendam e apaguem automaticamente.


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Equipamentos eficientes Por vezes nem nos apercebemos, mas a quantidade de eletrodomésticos que temos em casa é cada vez maior e são eles que contribuem na maioria para o grande consumo de energia elétrica doméstica e podem fazer com que a conta da eletricidade, de que os teus pais se queixam todos os meses, atinja valores muito elevados. Para minimizar esse efeito é muito importante que os eletrodomésticos que tens em casa sejam o mais eficientes possível em termos energéticos e que a sua utilização seja o mais correta e racional. Muitas vezes, o investimento num eletrodoméstico novo de grande eficiência energética, no momento de substituir o velho que tens em casa, com baixa eficiência, com-

Eletrodomésticos

“Os eletrodomésticos de linha branca (máquinas de lavar, frigoríficos, etc.), os fornos elétricos, o ar condicionado e as fontes de luz são equipamentos de uso comum nas nossas casas.

Frigorifico: Este é o eletrodoméstico que mais energia consome. Por ter um uso contínuo, tem um consumo considerável, ainda que não tenha uma potência elevada comparativamente a um secador que pode chegar a atingir potências de 2.000W. No entanto o tempo de utilização do secador é muito inferior, tal como o seu consumo ao longo do ano.

Máquina de lavar loiça: É outro dos eletrodomésticos que mais energia consome, correspondendo cerca de 90% desse consumo ao aquecimento da água.

Máquina de lavar roupa: A maior parte da energia que uma máquina de lavar roupa consome, entre 40% e 90%, é utilizada para aquecer a água pelo que é recomendável que recorra a programas de baixas temperaturas.

pensa financeiramente ao fim de pouco tempo, pois permite reduzir em grande escala o consumo de kWh. A Nova Etiqueta Energética Como já deves ter reparado, os eletrodomésticos à venda têm sempre uma etiqueta semelhante à da imagem à direita. As etiquetas energéticas existem já há algum tempo e foram sofrendo alterações no sentido de nos fornecerem a melhor e mais detalhada informação sobre o consumo e performance dos eletrodomésticos. A nova Etiqueta Energética da EU tem por objetivo fornecer-nos informações precisas, reconhecíveis e comparáveis no que respeita ao consumo de energia, ao desempenho e a outras características essenciais dos produtos. A Etiqueta Energética permite-nos conhecer o nível de eficiência energética de um produto e que possamos avaliar o potencial de redução de custos de energia que este proporciona. A Eti-

Maquina de secar roupa: É uma grande consumidora de energia, devido às elevadas potências que apresenta e aos longos períodos de funcionamento necessários para um ciclo de secagem.

Micro-ondas: Trata-se de um dos eletrodomésticos com maior taxa de crescimento nos últimos anos. Curiosidade Utilizar o micro-ondas em vez do forno tradicional reduz o consumo de energia com cerca de 60% a 70%, para além de uma poupança significativa de tempo.

DICAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ÁREA: ELETRODOMÉSTICOS FRIGORIFICO 1. Descongela antes que a camada de gelo atinga os 3mm de espessura e poderás poupar até 30%. 2. Quando tirares um alimento do congelador, para consumires no dia seguinte, descongela-o no frigorífico em vez de o colocares no exterior. Deste modo, terás ganhos gratuitos de frio 3. Ajusta o termostato de forma a manter a temperatura de 5.º C no compartimento do frigorífico e 18.ºC no congelador

MÁQUINA DE LAVAR LOIÇA 4. Procura utilizar a máquina quando está completamente cheia. 5. Com meia carga, usa programas curtos ou económicos (eco) 6. Uma boa manutenção melhora o comportamento energético: limpa frequentemente o filtro. 7. Mantém sempre cheios os depósitos de abrilhantador e sal, pois reduzem o consumo de energia na lavagem e secagem, respetivamente

MÁQUINA DE LAVAR ROUPA 8. Aproveita ao máximo a capacidade da máquina e coloca-a em funcionamento sempre com carga completa. 9. Usa programas de baixa temperatura 10. Usa produtos anticalcário para retirar as incrustações da resistência e limpa regularmente o filtro. Assim, melhorarás o seu desempenho, poupando energia.

MÁQUINA DE SECAR ROUPA 11. Antes de cada utilização centrifuga a roupa na máquina de lavar. 12. Não seques a roupa de algodão e a roupa pesada na mesma carga de secagem. 13. O uso deste eletrodoméstico deve ser reservado para o inverno, em caso de condições climatéricas extremas, ou em situações de emergência que não permitam a secagem de roupa ao ar livre.


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Comprar um equipamento eficiente é uma medida fundamental para reduzir o consumo, e fácil de identificar, graças à nova etiqueta energética.” queta prevê a classificação D, C, B, A, A+, A++, A+++, indo do menos eficiente para o mais eficiente. A escala foi alargada em relação à anterior, porque as evoluções tecnológicas criaram a necessidade de diferenciar a categoria ”A”. Este aumento incentiva os fabricantes a serem mais competitivos, desenvolvendo produtos cada vez mais eficientes e permite também transmitir informação aos consumidores de forma mais adequada aos novos produtos, de modo a que lhes seja possível continuar a fazer escolhas informadas e energeticamente inteligentes.

Forno: Existem dois tipos de fornos: a gás e elétricos, sendo que os primeiros são energeticamente mais eficientes.

Elementos comuns a todas as etiquetas Uniformidade: Para cada produto a etiqueta é igual em todos os estados membros da UE27. Não há diferenças de idioma ou outro tipo Setas coloridas: as setas coloridas distinguem os produtos mais eficientes dos menos eficientes energeticamente Classes adicionais para a eficiência energética: A+, A++, A+++ Nome do fornecedor ou marca e identificação do modelo. Pictogramas: Há características e desempenhos cuja informação é evidenciada na etiqueta por meio de pictogramas, conforme previsto na legislação relativa a cada categoria de produtos Consumo anual de energia em kWh. A faixa para a classe energética e/ou os pictogramas podem mudar consoante a categoria de produtos. Os tipos de equipamento que têm estabelecido a nova etiquetagem energética são: Frigoríficos, congeladores, combinados e garrafeiras frigoríficas; Máquinas de lavar roupa; Máquinas de lavar loiça; Televisores.

Pequenos eletrodomésticos sem etiqueta energética: Os pequenos eletrodomésticos que se limitam a realizar alguma ação mecânica (bater, cortar, etc.), com exceção do aspirador, têm geralmente potências baixas. No entanto, os que produzem calor, (ferro, torradeira, secador, etc.) têm potências maiores e, consequentemente, consumos mais significativos.

FORNO 14. Não abras o forno desnecessariamente. Cada vez que o fazes estás a perder no mínimo 20% da energia acumulada no seu interior 15. Não é necessário pré-aquecer o forno para cozinhados com duração superior a 1 hora. 16. Desliga o forno um pouco antes de acabares de cozinhar: o calor residual será suficiente para terminar o processo.

TV e Equipamentos audiovisuais: Tal como acontece com os frigoríficos, a potência unitária destes aparelhos é pequena, mas de grande utilização tornando-os responsáveis por um consumo considerável de energia. Curiosidade Uma televisão em modo de espera (standby), pode consumir até 15% do consumo realizado em funcionamento pleno.

PEQUENOS ELETRODOMÉSTICOS 17. Aproveita o aquecimento do ferro para passar grandes quantidades de roupa de uma só vez, evitando teres que o ligar muitas vezes para pequenas quantidades de roupa. 18. Sempre que possível, evita o uso de um ventilador ou ventoinha, abrindo a janela e provocando correntes de ar naturais.

TV E EQUIPAMENTOS AUDIOVISUAIS 19.Não deixes a televisão em modo de espera 20. Liga a televisão e todos os equipamentos audiovisuais (sistema de som, DVD, descodificador digital, etc.) a uma ficha múltipla com botão de ligar e desligar. Ao desligar este botão, apagas todos os aparelhos, obtendo poupanças superiores a 40€ por ano

Equipamentos informáticos: Na última década, os equipamentos informáticos tiveram um rápido crescimento. Curiosidade Os equipamentos informáticos com a etiqueta Energy star têm a capacidade de passar automaticamente ao modo de baixo consumo algum tempo após deixarem de ser utilizados. Neste estado o seu consumo de energia é apenas 15% do normal.

EQUIPAMENTOS INFORMÁTICOS 21. Compra equipamentos com sistemas de poupança de energia (símbolo Energy Star) e desliga-os completamente caso prevejas ausências superiores a 30 minutos. 22. Os ecrãs LCD poupam cerca de 37% de energia em funcionamento e cerca de 40% em modo de espera. 23. A proteção do ecrã que mais energia poupa é a totalmente negra.


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Sabias que a temperatura a que programamos o aquecimento, condiciona o consumo de energia do próprio sistema? Cada grau de temperatura que aumentamos, implica um acréscimo de consumo de energia em aproximadamente 7%. Ainda que a sensação de conforto seja subjetiva, por norma a temperatura entre os 19º C e os 21º C é suficiente para a maioria das pessoas. Para além disso, durante a noite, nos quartos basta ter uma temperatura de 15º C a 17º C para nos sentirmos confortáveis.

Quentinho, quentinho. Cerca de 22% do consumo de energia em casa de uma família portuguesa, é destinado ao aquecimento do ambiente. A zona climática, o tipo de uso da habitação e dos diferentes sistemas e equipamentos ali instalados, são fatores que devem ser considerados nas nossas escolhas. Lareira e recuperador de calor: Utiliza lenha ou outro tipo de biomassa para produzir calor que é libertado para o espaço. As lareiras abertas são pouco eficientes, com mais de 80% do calor a perder-se pela chaminé, com os fumos. Os recuperadores de calor são uma espécie de lareira fe-

chada, bastante mais eficiente, dotada de dispositivos que permitem recuperar o calor dos gases de combustão, devolvendo esse calor ao espaço ou espalhando-o por outras divisões da casa. Sistemas de aquecimento central: são sistemas destinados ao aquecimento das divisões que podem ainda produzir água quente para uso doméstico Caldeiras: As caldeiras mais eficientes são as caldeiras de temperatura variável e as caldeiras de condensação. Estas, podem produzir poupanças de energia superiores a 25%

DICAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ÁREA: AQUECIMENTO Sistemas de Aquecimentos 1 Uma temperatura de 20oC é suficiente para manter o conforto numa habitação. Nos quartos a temperatura pode variar entre os 15oC e os 17oC. 2 Liga o aquecimento só após teres arejado a casa e fechado as janelas. 3 As válvulas termostáticas em radiadores e os termostatos programáveis são soluções práticas, fáceis de instalar e que podem corresponder a importantes poupanças de energia (entre 8% e 13%).

4 Se te ausentares por umas horas, reduz a posição do termostato para os 15.ºC 5 Não esperes que os aparelhos se degradem. Uma manutenção adequada da caldeira individual pode poupar até 15% em energia. 6 No caso dos radiadores a água, o ar que possam conter no seu interior dificulta a transmissão de calor de água quente para o exterior. É conveniente tirar este ar, pelo menos uma vez por ano, no início da utilização.

7 Não cubras os radiadores nem encostes nenhum objeto, pois dificultará a difusão do ar quente. 8 Para ventilar completamente uma habitação é suficiente abrir janelas por um período de 10 minutos. Não é necessário mais tempo para a renovação do ar. 9 Fecha as persianas e cortinas durante a noite para evitar perdas de calor significativas.

Isolamento 1 Ao construir ou reconstruir uma habitação não se deve poupar no isolamento de todos os acabamentos exteriores. Ganha-se em conforto e poupa-se dinheiro em climatização. 2 Instala janelas com vidro duplo ou janelas duplas e caixilharias com corte térmico. 3 Descubre as correntes de ar. Por exemplo, num dia de muito vento, coloca uma vela acesa junto às janelas, portas, condutas ou qualquer


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Radiadores: Os radiadores são aparelhos onde é feita a troca de calor entre a água aquecida e o espaço que se quer aquecer. Sistema de piso radiante: Os radiadores de água quente podem ser substituídos por uma serpentina em tubo flexível onde circula água quente, embutida no chão das divisões. O solo converte-se em emissor de calor. Radiadores e convetores elétricos: do ponto de vista de eficiência energética, não são aconselháveis. piso radiante elétrico: Estas soluções elétricas não são tão económicas. Sistema de bomba de calor: A vantagem do sistema é a sua alta eficiência. Por cada kWh de calor de eletricidade consumida, transfere-se entre 2 a 4 kWh de calor. Para além disso, a bomba de calor permite não

apenas aquecer a habitação, mas igualmente arrefecê-la. Aquecimento elétrico por acumulação: O aquecimento elétrico por acumulação tem o inconveniente de limitar a recarga ao período noturno anterior, não se podendo adaptar às condições de cada dia. Regulação do Aquecimento As necessidades de aquecimento de uma habitação não são constantes, nem ao longo do ano, nem ao longo do dia, pois existem oscilações de temperatura diária, não sendo necessária a mesma em todas as divisões de uma habitação. Naquelas que se utilizem de dia, a temperatura deverá ser maior do que nos quartos. Há igualmente espaços, como a cozinha, que têm as suas próprias fontes de calor e que requerem menos aquecimento.

Sabias que em condições normais, é suficiente ligar o aquecimento durante a manhã? Durante a noite, exceto em zonas muito frias, deve desligar-se, já que o calor acumulado na habitação costuma ser mais do que suficiente.

É por isso muito importante dispor de um sistema de regulação de aquecimento que adapte as temperaturas da habitação às nossas necessidades.

outro lugar por onde passa o ar exterior. Se a chama oscilar, localizaste um ponto onde se produzem infiltrações de ar. 4 Para tapar as fugas ou diminuir a infiltração de ar de portas e janelas, podes utilizar materiais fáceis e baratos como o silicone, massa ou fitas isolantes.

Arrefecimento 1 Na hora de comprar, aconselha-te com profissionais. 2 Fixa a temperatura de refrigeração nos 25ºC. 3 Quando ligares o aparelho de ar condicionado, não ajustes a temperatura para um valor mais baixo do que o normal: não arrefecerá a casa de forma mais rápida, podendo o arrefecimento ser excessivo e, por

isso, resultar num gasto desnecessário. 4 Instalar toldos, fechar as persianas e correr as cortinas são medidas eficazes para manter a temperatura em casa. 5 No verão, areja a casa quando o ar da rua estiver mais fresco (primeiras horas da manhã ou à noite) 6 Uma ventoinha, especialmente de teto, pode ser suficiente para manter um nível adequado de conforto.

7 É importante colocar os aparelhos de ar condicionado em locais que não sejam atingidos pelo sol ou onde se verifique uma boa circulação de ar. No casa das unidades condensadoras se encontrarem colocadas no telhado, é recomendável criar um sistema de sombreamento. 8 As cores claras em tetos e paredes exteriores refletem a radiação solar evitando, assim, o aquecimento dos espaços interiores.


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Água quente A produção de água quente é o segundo maior fator de consumo de energia em casa. Representa 24% do consumo energético total. NÃO TE ESQUEÇAS ❥ Um bom isolamento é a base da poupança em climatização ❥ O Aquecimento do ambiente e a produção de água quente sanitária representam 45% da energia total que consumimos em casa ❥ Os telhados e as janelas são responsáveis pela saída do calor interior no inverno assim como pela entrada do calor exterior no verão. ❥ É importante ajustar a temperatura do aquecimento às necessidades reais de cada área da habitação. ❥ Para a produção de água quente são aconselháveis os sistemas de acumulação ❥ Analisar e comparar anualmente os consumos de energia é uma mais-valia que permite realizar propostas de melhoria energética e controlar os custos. ❥ A soma de uma correta manutenção e um bom sistema de regulação emite poupanças totais superiores a 20% nos serviços comuns.

A produção de água quente sanitária (AQs) pode ser instantânea ou por acumulação.

AQS instantânea Os sistemas instantâneos aquecem a água quando abrimos um ponto de con-

sumo de água quente, uma torneira ou um chuveiro. É o caso dos esquentadores a gás, elétricos ou de algumas caldeiras murais Já existem caldeiras murais que produzem águas por acumulação. O seu inconveniente é que, até que se

Em geral, os sistemas elétricos de aquecimento e de produção de água quente sanitária não são recomendáveis do ponto de vista energético. Dentro das variantes de aquecimento elétrico, os sistemas mais adequados são a bomba de calor e a acumulação com tarifa bi- horaria. Os menos adequados são os elementos individuais (radiadores elétricos, convectores, etc.) distribuídos pelas habitações.

CONSELHOS PRÁTICOS ■ Os sistemas com acumulação de água quente são mais eficientes do que os sistemas de produção instantâneas e sem acumulação

■ É muito importante que os acumuladores e as tubagens de distribuição de água quente estejam bem isolados. Coloca redutores de caudal de água nas torneiras.

■ Um duche pode consumir cerca de quatro vezes menos água do que um banho de imersão. Tem isso em conta.

■ Evita as fugas e o pingar de torneiras. O simples gotejar de uma torneira pode significar uma perda de 100 litros de água por mês.


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atinja a temperatura desejada, desperdiça-se uma quantidade considerável de água e energia, tanto maior quanto a distância entre o sistema de aquecimento e o ponto de consumo. Outra desvantagem importante é que sempre que se necessita de água quente, o equipamento entra em funcionamento e o “pára-arranca” do sistema aumenta consideravelmente o consumo, bem como deteriora o equipamento. Por outro lado, apresentam igualmente prestações muito limitadas no abastecimento de dois ou mais pontos de consumo em simultâneo. Apesar disto, os sistemas instantâneos continuam a ser os mais habituais na produção de água quente.

■ Os reguladores de temperatura com termostato principalmente no duche, podem poupar entre 4% e 6% de energia.

AQS por acumulação Os sistemas de aquecimento por acumulação podem ser subdivididos em três tipos: › Caldeira de acumulação ou bomba de calor › Termoacumulador de resistência elétrica › Termoacumulador a gás Os sistemas de caldeira com acumulador integrado, são os mais utilizados entre os sistemas de produção centralizada de água quente. A água, uma vez aquecida, é armazenada para uso posterior, num tanque acumulador isolado.

■ Uma temperatura entre os 30ºC e os 35ºC é suficiente para transmitir uma sensação de conforto na higiene pessoal.

Estes sistemas apresentam inúmeras vantagens: › Evitam os permanente “pára-arranca”, passando a trabalhar de forma contínua e, portante, mais eficiente. › A água quente acumulada permite utilizações simultâneas mantendo os níveis de conforto Os termoacumuladores de resistência elétrica são um sistema pouco recomendável do ponto de vista energético e financeiro. Quando a temperatura da água contida baixa a um determinado nível, entra em funcionamento a uma resistência auxiliar. É, por isso, importante que o termoacumulador, para além de estar bem isolado, seja apenas ligada a energia elétrica quando é realmente necessário, através de um relógio programador.

■ Troca as torneiras independentes de água fria e água quente por torneiras que permitem a mistura de água com diferentes temperaturas.

■ Os sistemas de duplo botão ou de descarga parcial para o autoclismo poupam uma grande quantidade de água.


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Modos de transporte Condução Eficiente Para obter uma redução considerável no consumo total de energia no setor dos transportes, uma das medidas mais eficazes consiste em utilizar modos de transporte mais eficientes (comboio e autocarro para viagens urbanas e andar a pé, de bicicleta ou de transporte público na cidade). Mas em situações em que se opte pela utilização do automóvel, também é possível obter grandes poupanças de energia e de emissões de poluentes. Com uma condução eficiente, para além da melhoria do conforto, um aumento de segurança e uma diminuição do tempo de viagem, conseguirás também uma redução do consumo de combustível e das respetivas emissões de poluentes, bem como menores custos de manutenção. (Uma condução eficiente permite alcançar ganhos de até 10% na redução do combustível e emissões de CO2)

Existem grandes diferenças entre os vários modos de transporte no que se refere à energia despendida por cada quilómetro efetuado e passageiro transportado. Assim, ainda que um autocarro tenha um consumo médio maior, tem uma capacidade muito maior que um automóvel. Este facto faz com que o autocarro seja muito mais eficiente que o automóvel, se o conseguirmos otimizar em termos de passageiros transportados. O mesmo acontece com outros modos alternativos, como o comboio e o metro, sendo a bicicleta o modo de transporte mais eficiente. Especialmente em meio urbano (cidade), onde os transportes públicos são mais frequentes, pensa duas vezes antes de ires de carro. Lembra-te que para além de ser mais eficiente, na

maior parte das vezes é mais rápido e barato! UTILIZAÇÃO DO AUTOMÓVEL Mais de 75% das deslocações urbanas realizam-se em veículos privados, apenas com um ocupante, sendo que o índice médio de ocupação é de 1,2 pessoas por veículo. Na cidade, 50% das viagens de carros percorrem menos de 3km. É aconselhável utilizar os transportes públicos ou, como alternativa, considerar a possibilidade de dividir automóvel com outras pessoas que realizem os mesmos percursos. Além de consumir menos combustível por pessoa, poder-se-á dividir os custos. sabias por exemplo que os portugueses fazem cerca de três vezes mais deslocações do que há 20 anos, e que este

À MEIA DÚZIA SAI MAIS BARATO! As 6 regras de ouro para uma condução mais eficiente Arranca e anda! Inicia a marcha assim que ligares o motor e evita tempos desnecessários ao ralenti. Os tempos de aquecimento do motor com o carro parado devem ser evitados pois, para além de não se estar a circular, há vários componentes do veículo (como o motor e o catalisador) que demoram mais tempo a aquecer se o carro estiver ao ralenti. Além disso, quando trabalham a baixas temperaturas a emissão de poluentes atmosféricos é ainda mais elevada.

Conduz por antecipação Quanto maior for o horizonte visual, maior será o teu tempo de reação (aproximação a um semáforo encarnado, congestionamento repentino numa faixa de rodagem,...). Uma condução por antecipação reduz o número de acelerações e travagens, melhorando os consumos médios, aumentando o conforto a bordo e contribuindo também para uma maior segurança rodoviária.

Conduz suavemente e com velocidades moderadas O consumo será tanto maior quanto maior for a velocidade de circulação e o tipo de acelerações efetuadas. Assim, deves conduzir suavemente sem acelerar e travar repentinamente, especialmente nos arranques e quando se circula a velocidades mais altas (p.e. em autoestrada, onde sempre que possível deves manter a velocidade constante).

Por exemplo, se fizeres uma viagem de 100 km a uma velocidade de cruzeiro de 140 km/h vais chegar ao teu destino só 7 minutos mais cedo do que se tivesses feito essa mesma viagem a 120 km/h. Mas... o consumo é cerca de 40% superior! Aprende a utilizar bem a caixa de velocidades Uma condução eficiente depende de uma boa gestão da caixa de velocidades, pois é nas baixas


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O AUTOMÓVEL E A POLUIÇÃO

crescimento tem sido às custas da utilização do transporte individual? CONSUMO Nas últimas décadas o desenvolvimento tecnológico tem conseguido melhorar significativamente o consumo de combustível e as emissões de CO2 dos automóveis. Um automóvel há cerca de 20 anos atrás consumia em média cerca de mais 20% que um automóvel equivalente atualmente. No contexto europeu, Portugal é dos países que vende mais automóveis económicos em termos médios. CUSTOS Para calcular o custo total que representa a utilização de um automóvel, há que ter em conta não só os custos de operação (ou seja, combustível) mas todas as despesas envolvidas na vida útil de um automóvel, tais como: 1. A amortização do custo de aquisição do veículo. Este custo depende do tipo

rotações que se consegue uma maior aproveitamento do combustível injetado no motor, recorrendo às velocidades da caixa mais altas (velocidades da caixa, não velocidades de circulação!) Deves portanto conduzir a baixas rotações, utilizando sempre que possível mudanças mais altas. Como regra geral deves engatar uma nova mudança entre as 2000 e 2500 rpm nos motores a gasolina e entre as 1500 e 2000 rpm nos motores a gasóleo. Se por acaso

de veículo e do número de anos que venha a ser utilizado. só esta parcela é quase sempre superior ao custo do combustível utilizado; 2. O custo do combustível; 3. O imposto de circulação, seguro, estacionamento, manutenção e reparações. CUSTOS EXTERNOS Para além dos custos diretos, o uso do transporte motorizado gera outros custos chamados “externos”. Estes são os impactos negativos que não são normalmente contabilizados pelo que na realidade são suportados por todos nós de forma não direta, em consequência dos acidentes, engarrafamentos, poluição atmosférica e ruído.

o carro tiver mudanças automáticas, modera a pressão do pé no acelerador pois a transmissão encarregar-se-á de selecionar o modo mais eficiente e económico. Saber quando parar... Em paragens prolongadas (por mais de 30-60 segundos) é aconselhável desligar o motor, pois um automóvel gasta aproximadamente 1 litro de combustível por hora ao ralenti. Assim, em

Emissões e Ruído Nas cidades, o automóvel é a principal fonte de poluição e um dos maiores responsáveis pela emissão de gases que contribuem para o efeito de estufa. As emissões de poluentes dos automóveis variam dependendo do tipo de combustível. O trânsito é uma das principais fontes de ruído nas nossas cidades, um problema agravado pelo crescimento do mercado automóvel. O ruído, além de desagradável provoca efeitos negativos na saúde. (20% da população da EU está exposta a níveis de ruído superiores a 65%, o limite estabelecido pela OMS.)

paragens prolongadas compensa desligar o motor. Porém, não o faças no meio do trânsito ou em semáforos... Desacelera mais, trava menos Ao retirar o pé do acelerador, mantendo sempre o veículo engatado, em descidas ou situações de travagem controlada é possível aproveitar mais eficientemente a energia utilizada, pois o carro automaticamente corta a injeção de combustível

(se tiveres computador de bordo podes comprovar este facto no indicador de consumo instantâneo). Assim, deves tentar aproveitar estas situações para manter o movimento do carro, antecipando as paragens de modo a fazer desacelerações controladas com a caixa de velocidades (travar com o motor). Mas lembra-te, sempre com uma mudança engatada e o pé fora do pedal do acelerador!


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O lixo doméstico Cada habitante em Portugal gera em média 1,7 kg de lixo por dia. Os resíduos são uma fonte potencial de energia e de matérias-primas que podem ser aproveitadas nos ciclos produtivos, mediante tratamentos adequados. Cerca de 70% do lixo reciclável vai parar ao caixote do lixo, pelo que apenas uma pequena parte é recuperada. Atualmente, existem formas de não

dros. são os constituintes das vulgares latas, embalagens, garrafas, sacos de plástico, entre outros. Matéria orgânica A quantidade de alimentos que entra em nossa casa diariamente pode ser estimada em aproximadamente 2 kg por pessoa. Quase 90% do lixo que se produz numa casa deriva diretamente do processamento de alimentos (restos or-

É preciso uma maior consciencialização de que é imprescindível separar o lixo e fazer uma recolha seletiva. produzirmos tantos resíduos e de recuperar as matérias-primas e os recursos contidos no lixo. Para que esta situação melhore, todos nós, como cidadãos, devemos assumir a nossa responsabilidade e atuar, adquirindo novos hábitos de compra, reduzindo os resíduos, fazendo a separação seletiva do lixo, bem como solicitar às autoridades e empresas medidas corretivas. Composição do lixo Os lixos domésticos são conhecidos como resíduos sólidos urbanos (RsU). Cada família deita fora anualmente dezenas de quilos de papel, de metal, de plástico e de restos orgânicos. Os resíduos sólidos urbanos são essencialmente constituídos por materiais fermentáveis, papel e cartão, metal e vi-

gânicos e embalagens de alimentos). Os resíduos alimentares podem ser utilizados, nomeadamente como adubo. plásticos Na sua maioria provêm de embalagens. Há que ter em conta que todos os plásticos são fabricados a partir do petróleo. Por isso, ao consumirmos plástico, estamos a contribuir para o fim de um produto não renovável. Os plásticos demoram muito tempo a decompor-se e, caso se opte pela sua incineração, para além de CO2 são também emitidos para a atmosfera contaminantes muito perigosos para a saúde e para o meio ambiente. A reciclagem de plásticos é um processo complexo. papel e cartão são de fácil reciclagem. A procura cres-

cente de papel obriga a recorrer à pasta de celulose, a qual é responsável pelo abate de árvores, bem como pela plantação de espécies de cultivo rápido, como o pinheiro ou o eucalipto, em detrimento das florestas originais. É preciso ter atenção que alguns tipos de papel, como os plastificados, os adesivos, os encerados e os papéis químicos, não podem ser reciclados. Vidro Pelas suas características é a embalagem ideal para praticamente qualquer tipo de alimento ou bebida, no entanto, tem vindo a ser progressivamente substituído por outros tipos de embalagem. O vidro é 100% reciclável. As embalagens de vidro podem ser reutilizadas várias vezes antes de serem recicladas. Um dos problemas que atualmente existe é a generalização de embalagens de vidro “não retornáveis” não havendo uniformização nas garrafas de forma a que possam ser reutilizadas. Latas Apenas podem ser utilizadas uma vez. O seu fabrico implica um grande consumo de energia e de matérias-primas, mas no processo de fabricação é comum a reciclagem de embalagens. Aparelhos eletrónicos e eletrodomésticos Atualmente, todos os pontos de venda são obrigados a aceitar o equipamento velho em troca do novo, sem cobrar qualquer taxa adicional. Contudo, nem todos os lojistas estão sensibilizados para esta responsabilidade. O consumidor pode ainda optar por entregar os equipamentos velhos num centro de

ÁREA: LIXO DOMÉSTICO ■ Sempre que possível, escolhe produtos que venham em embalagens recicláveis. Deposita posteriormente a embalagem nos ecopontos.

■ Escolhe produtos de tamanho familiar, em detrimento dos individuais. Modera a utilização de papel de alumínio e de plástico aderente.

■ Confirma com as entidades municipais onde podes depositar materiais tóxicos, tais como, tintas e sprays e nunca os coloques no caixote do lixo.


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recolha. O fabricante deve assumir todos os custos de recolha e as diferentes administrações públicas devem estar dotadas de centros de reciclagem para tratamento deste tipo de equipamentos. A energia necessária para produzir uma lata de alumínio, corresponde a duas horas de funcionamento de um televisor. Minimizar os problemas originados pelo lixo doméstico depende, em grande parte, dos consumidores. O consumidor responsável deve escolher produtos que não criem resíduos e que sejam recicláveis. Outra ação importante é a separação dos resíduos, facilitando desta forma o

ral, devemos ser mais cuidadosos na compra de produtos descartáveis, como por exemplo, guardanapos de papel ou pratos de plástico. É preferível optar por objetos que possam ser utilizados mais do que uma vez. Ao fazer compras devemos levar os nossos próprios sacos, poupando assim o seu consumo. Reutilizar os produtos antes que estes se convertam em resíduos Consiste em aproveitar todo o potencial que estes produtos nos podem oferecer ou, caso tal não seja possível, devolvêlos ao circuito comercial onde foram adquiridos. Existem alguns tipos de

Para fabricar uma tonelada de papel, são necessárias entre 12 e 16 árvores de tamanho médio, cerca de 50.000 litros de água e mais de 300 kg de petróleo. seu tratamento posterior. A chave para abordar de forma sistemática o lixo doméstico baseia-se nos famosos 3 R’s: Reduzir, Reutilizar, Reciclar. Reduzir o lixo As embalagens familiares são preferíveis às embalagens individuais. Em ge-

■ Evita sacos de plástico. Procura levar sempre o teu próprio saco para transportar as compras.

bebidas que ainda mantêm uma distribuição comercial baseada em garrafas de vidro reutilizáveis, que depois de serem lavadas voltam ao circuito. A utilização de pilhas recarregáveis, nos equipamentos que o permitam, é outra excelente forma de reutilização de produtos.

■ Evita produtos descartáveis. Opta por produtos reutilizáveis.

■ Prefere sempre uma embalagem de vidro ou papel a uma de metal ou plástico.

Os sacos de plástico das compras podem ser reutilizados como sacos de lixo. Já existem tecnologias para transformar borracha e plásticos em combustíveis líquidos ou gasosos. Reciclar o lixo Consiste em colocar os materiais recicláveis nos respectivos ecopontos para que depois de um tratamento adequado, possam ser novamente inseridos no mercado. Deste modo, consegue-se não só evitar a deterioração do meio ambiente, como promover uma poupança significativa de matérias-primas e energia. Os materiais com maior percentagem de reciclagem são o papel, o vidro e os metais. Por exemplo, os pneus podem ser utilizados para materiais redutores de som nas estradas, ou podem igualmente ser aproveitados, dum ponto de vista energético, em substituição de combustíveis fósseis nos fornos das cimenteiras. Atualmente, o óleo alimentar está a ser utilizado na produção de biodiesel. Para além dos conhecidos contentores para reciclagem de embalagens, restos orgânicos e papel, existem também contentores e serviços específicos para recolha de: • Pilhas; • Medicamentos e radiografias; • Roupa; • Eletrodomésticos; • Tonners e tinteiros; • Baterias; • Lâmpadas fluorescentes.

■ Sempre que possível opta por um relógio, calculadora, brinquedo ou máquina fotográfica ou qualquer outro aparelho que não funcione com pilhas ou que utilize pilhas recarregáveis.


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Clima e alteraç Quando os cientistas falam de alterações climáticas, referem-se a mudanças do clima global que acontecem ao longo de muitos anos. Fenómenos naturais como as variações na inclinação do eixo da Terra ou na radiação solar podem originar alterações climáticas periódicas. Nos últimos anos tem-se verificado um aumento da temperatura média da Terra, o qual é designado por aquecimento global. Este aumento da temperatura média tem levado a que aconteçam outros fenómenos ao nível do planeta, como furacões cada vez mais intensos, glaciares que derretem e a redução dos habitats selvagens para os animais. EFEITO DE ESTUFA O planeta Terra está rodeado de uma camada de gases chamada de atmosfera que funciona como uma capa protetora que impede que a radiação solar absorvida escape para o exterior, aumentando a temperatura da superfície terrestre. A esta característica da atmosfera dá-se o nome de Efeito de Estufa. sem esta camada, a Terra seria um planeta gelado, onde a vida seria praticamente impossível. A atmosfera é o que permite à Terra ter uma temperatura média entre 14ºC e 15ºC, que suporta a vida como nós a conhecemos. A atmosfera é feira de diferentes gases, embora a maioria (99%) seja oxigénio e azoto. Os restantes 1% é uma mistura de gases de efeito de estufa, em que os mais conhecidos são o vapor de água, o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o ozono (O3) e os óxidos de azoto (NOx). O CO2 é o gás que produzimos quando respiramos e quando queimamos lenha e combustíveis fósseis. O metano é o principal constituinte do gás natural e é também produzido pela decomposição de matéria orgânica, como plantas, animais ou resíduos. Os restantes gases de efeito de estufa são produzidos pela queima de combustíveis e por

outras vias. O contributo de cada tipo de gás para o efeito de estufa depende da quantidade (ou concentração) em que se encontra na atmosfera, de quanto tempo é capaz de lá durar e da sua capacidade para reter o calor na Terra. Desde a Revolução industrial que se tem verificado um aumento nas emissões de gases de efeito de estufa, principalmente dióxido de carbono, como consequência da queima de derivados de petróleo e carvão, para produção de energia. Também a produção de metano aumentou pela criação intensiva de gado, cujos dejetos ao se decomporem originam aquele gás. À medida que a temperatura do planeta for aumentando, iremos assistir a mais mudanças no nosso clima e no nosso ambiente, mudanças essas que continuarão a afetar pessoas, animais e ecossistemas de muitas formas. Por exemplo, durante os últimos 100 anos, a temperatura média da Terra subiu cerca de 0,74º C, podendo este ser o principal motivo porque se registou um aumento de 12 a 22 cm no nível médio da água do mar durante o mesmo período. Os cientistas acreditam alguns dos fenómenos que hoje já notamos podem ser o prenúncio do que pode acontecer se a temperatura da Terra continuar a aumentar: as épocas habituais das chuvas estão a mudar, o nível do mar está a subir e a neve e gelo estão a derreter mais cedo na primavera e em locais inesperados nos polos Norte e polo sul. Menos chuva vai significar menos água em alguns locais, enquanto chuva a mais vai causar problemas de inundações. Mais dias quentes significam que mais culturas irão secar e que teremos menos comida, com mais pessoas e animais a ficarem com fome e doentes.

Por isso, é importante perceber as principais causas do problema e agir no sentido de reduzir ou evitar mais danos para a planeta. TU FAZES A DIFERENÇA Todos somos afetados e todos podemos fazer a diferença. Eis alguns exemplos de como contribuir para uma solução: Mudar para energias limpas se produzirmos energia a partir de fontes renováveis como o sol, o vento ou a biomassa estaremos a evitar a emissão de dióxido de carbono para a atmosfera que, de outra forma, seria produzido pela queima de combustíveis com o carvão, o petróleo ou o gás natural. Podemos contribuir incentivando à instalação, em casa ou na escola, de equipamentos como coletores solares, painéis fotovoltaicos ou mesmo de mini-geradores eólicos para produção da própria energia elétrica. Podemos também escolher empresas que tenham especial cuidado em relação às fontes da energia que vendem para fornecem a energia para a nossa casa ou para a nossa escola. Usar menos energia A maior parte da energia que consumimos em casa e na escolar resulta da queima de combustíveis fósseis. Usar menos energia significa queima menos combustível e libertar menos gases de efeito de estufa para a atmosfera. Podemos contribuir com algumas escolhas e pequenos cuidados. Por exemplo, ter em conta a etiqueta energética quando se compram eletrodomésticos, televisões e outros produtos, tentando


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ções climáticas fazer com que sejam escolhidos aqueles que tenham melhor classe de desempenho. Por outro lado, devemos evitar deixar as televisões, consolas, computadores e outros equipamentos em modo de “stand-by” (luz vermelha acesa), desligando tudo no botão quando não estão a ser utilizados.

planeadas, por exemplo, para que se tomem os caminhos em que se gaste menos combustível e para que se façam várias tarefas na mesma visita. E, na altura de decidir sobre a compra de um novo carro, não esquecer de ter em atenção os consumos médios de combustível e as emissões de CO2.

poupar combustível Os carros, camiões, aviões e outros tipos de veículos são responsáveis por mais de um terço do consumo de energia em Portugal e são, por isso, a principal fonte de emissões de gases de efeito de estufa no nosso país. Daí que a escolha de meios de transporte eficiente, que utilizamos apenas quando é preciso, pode dar um importante contributo para a redução dessas emissões. se moras perto da tua escola, porque não ir a pé em vez de carro, se for seguro? Ou então combinar com os pais dos teus amigos nas proximidades para irem no mesmo carro ou mesmo irem juntos nos transporte públicos? Além de se poupar, será certamente bem divertido. Em casa, com a família, tenta fazer com que as saídas de carro sejam

Usar água de forma racional Apenas 3% da água em todo o planeta é água doce e, dessa, apenas um terço está disponível em rios, lagos, lençóis freáticos superficiais e na atmosfera. Esta água tem de ser transportada e tratada para que a possamos utilizar. É, assim, necessária muita energia para fazer chegar água potável a nossas casas, ainda mais se aquecermos essa água para usar em lavagens e banhos. sabias que deixar uma torneira de água quente a correr durante 5 minutos usa a mesma energia que uma lâmpada de 60W acesa durante quase toda a noite? Poupar água é também poupar energia e poupar o ambiente. Por isso devemos usar a água com cuidado. Por exemplo, manter a torneira fechada enquanto lavamos os dentes, tomar duches mais rá-

pidos ou colocar as máquinas a lavar a temperaturas baixas e apenas quando estão cheias, são gestos simples mas que todos podemos fazer. Outras formas de contribuir Existem muitas outras formas de contribuir para a redução das emissões de gases de efeito de estufa. Grande parte dessas soluções passa pela simples aplicação dos princípios de reduzir, reutilizar e reciclar, evitando o consumo de energia e de outros recursos na geração de novos produtos. Mas podes ainda fazer outras coisas diferentes, como plantar uma árvore, que transforma dióxido de carbono em oxigénio e, com a sua sombra, ajuda a manter-nos frescos no verão sem precisar de gastar energia com ar condicionado. Ou comprar comida produzida localmente, evitando que tenha de ser transportada desde longe até chegar ao nosso prato. Pensa também tu em mais formas de contribuir para a redução dos consumos de energia e das emissões de gases com efeito de estufa. Tenta ser criativo e passa a palavra. Vais ver que, todos juntos, faremos a diferença.


É possível fazer uma utilização responsável, ou seja, consumir menos energia em cada produto ou serviço que utilizamos, sem alterar o nosso estilo de vida ou sem abdicar do nosso conforto. A isto chama-se eficiência energética e não é um conceito difícil de perceber nem de praticar, mas implica tomar medidas. Junta a equipa da tua turma e um professor coordenador, faz o diagnóstico de energia na tua escola, com o apoio do Manual de Projeto que te damos e faz um projeto de melhoria de eficiência energética. Se o projeto da tua equipa for vencedor, ganha até 5.000€ para o implementares na tua escola.

Este ano TU vais poder agir! Sabe mais em www.melhorescolaenergia.forum.pt

Consumo de energia elétrica, aprovado pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos


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