ed. LEITURA DE PORTFÓLIO COM KAZUO OKUBO
MOSTRA `UM CERTO BRASIL`
CLICK LITERÁRIO COM MARCELO JUCHEM
PROJETOS FOTOGRÁFICOS
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ARTIGOS CIENTÍFICOS
grafia universo fotográfico
Publique na quinta edição da revista Foto Grafia
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participe, acesse, leia e divulgue!
veja como participar Clique aqui e leia as instruções necessárias para nos enviar seu projeto fotográfico, artigo científico, ilustração ou sugestão de pauta. Cumprindo com as especificações descritas você tem muito mais chance de ser selecionado. O procedimento é simples e objetivo, participe e boa sorte!
Acreditam e contribuem com este projeto
Revista Foto Grafia Edição n° 4 Janeiro de 2011
Idealizador/Editor: Ricardo Gallarza Diretor de Arte: Felipe H. Gallarza Diretor de Redação: Sergio Antonio Ulber Colunista: Marcelo Juchem Revisora Ortográfica: Jane Cardozo da Silveira - SC00187JP Colaboradores desta edição: Alessandro Gruetzmacher, Ana Carolina Lima Santos, Ângela Magalhães, Davilym Dourado, Fábio Augusto Almeida de Oliveira, Júlio César Riccó Plácido da Silva, Kazuo Okubo, Lourenço Lima Cardoso, Maria Augusta Baptista Gaissler, Michel de Oliveira Silva, Nadja Peregrino, Raphael Delesderrier e Rogerio Zanetti Gomes. Imagem de capa e paginas 08, 34 e 66: Davilym Dourado Ilustração paginas 20, 56 e 62: Felipe H. Gallarza ISSN: 2178-8596 Editora: RGF Comunicação e Cultura Balneário Camboriú - SC - Brasil www.grupolapis.com.br contato@grupolapis.com.br As fotografias e os artigos científicos assinados são de total responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. A produção total ou parcial de qualquer texto ou imagem, por qualquer meio, sem autorização dos responsáveis ou da revista é totalmente proibido. Para participar da seleção para publicação confira as instruções no site da revista. A revista Foto Grafia é um projeto de fomento à produção fotográfica. A LAPIS Comunicação e Cultura agradece a todos que colaboram com a revista Foto Grafia: Universo Fotográfico e aos autores que participam das seleções de projeto, tornando possível a realização desta.
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Editorial
Um Certo Brasil Foi
Ricardo Gallarza fala sobre a migração da Foto Grafia para o meio digital como forma de democratizar informação fazendo uso das tecnologias atuais. Confira também a apresentação do conteúdo desta edição nas palavras do Editor.
Conheça a Mostra, o brasileiras que foram International Photogra maiores festivais de fot alizado na cidade de
10 Leitura de Portfólio Há mais de 30 anos atuando no mercado fotográfico, experiência profissional é o que não falta ao Kazuo Okubo, Fotógrafo que analisa o projeto “Como Você Se Vê?”, de Raphael Delesderrier, artista com 4 anos de carreira.
i à China
os artistas e as obras ao PIP 2010 (Pingyao aphy Festival), um dos tografia do mundo, rePingyao, China.
36 Projetos Fotográficos Confira os trabalhos selecionados para esta edição e veja como enviar o seu.
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Click Literário
Artigos Científicos
O Professor Marcelo Juchem estréia sua Coluna sobre obras literárias fornecendo diversas dicas para auxiliar os Fotógrafos na hora de escolher o melhor livro para tirar da prateleira.
Aprimore seu conhecimento intelectual no ramo da fotografia e fique por dentro dos estudos que estão acontecendo dentro das universidades.
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Capa - Davilym Dourado
Palavra do Editor Ao darmos início às atividades de 2011 com o lançamento da quarta edição, estamos, também, cumprindo com a primeira etapa do nosso mais importante projeto, a consolidação da Revista Foto Grafia como um periódico voltado exclusivamente para a mídia digital. Foram quatro edições que transitaram da versão impressa à digital em busca de uma identidade própria, mas que, antes de tudo, mantiveram o foco nos objetivos da LAPIS Comunicação e Cultura. E chegamos a um modelo que acreditamos ser o mais coerente e possível do que projetamos para o futuro, uma revista que propicie a democratização da informação fazendo uso das tecnologias disponíveis no seu tempo, permitindo, assim, que cada vez mais um número maior de pessoas tenha acesso gratuito aos conteúdos específicos do mundo da fotografia. Nesta edição, portanto, colocamos em prática a ideia de que, mais do que nunca, e hoje contamos com a tecnologia necessária e acessível para isso, podemos aproximar de uma forma definitiva e interativa o leitor do próprio autor, criando links diretos entre seus textos e trabalhos com seus espaços próprios de divulgação. A Revista Foto Grafia só existe porque estabeleceu esta relação com seus leitores e colaboradores, mas temos consciência de que necessitamos empreender de forma dedicada nossas idéias em prol da fotografia. No que tange ao conteúdo desta edição, contamos com a colaboração de duas importantes autoras, Ângela Magalhães e Nadja Peregrino, que, por suas trajetórias tão bem percorridas, nos permitem um vínculo com a história da fotografia no Brasil de forma indiscutível, mas, muito mais do que isso, nos remetem ao futuro ao mostrarem uma visão diferenciada do presente fotográfico brasileiro. Apresentam um grupo de artistas com produção atual, contemporânea e que fizeram parte da mostra “Um Certo Brasil”, exibida no PIP 2010 (Pingyao International Photography Festival), na China. A matéria escrita por Ângela e Nadja vem muito bem acompanhada pela presença contemporânea de Kazuo Okubo, fazendo uma leitura do trabalho de um fotógrafo iniciante como forma de orientar a nova geração em busca de um espaço de notoriedade no fazer artístico. Outro aspecto importante do conteúdo desta edição é a criação de um espaço voltado para a orientação de leitura relacionada à fotografia, muito bem conduzida pelo Prof. Marcelo Juchem que mostrará aspectos fundamentais da escolha de uma boa leitura, indicando títulos que podem compor a biblioteca particular do nosso leitor. E como forma de cumprirmos com um dos mais importantes propósitos da Revista Foto Grafia, que é o incentivo à produção fotográfica, complementamos com duas seções que julgamos de fundamental importância, Projetos Fotográficos que busca dar visibilidade à produção de novos fotógrafos e Artigos Científicos que nos permite afirmar que a Revista Foto Grafia, embora busque permanentemente a atualização e a ampliação de seus horizontes, se mantém fiel ao núcleo acadêmico que foi e tem sido grande incentivador deste periódico e continua firme no propósito de aproximar sua produção de outros meios produtivos do conhecimento fotográfico. Ricardo Gallarza Editor-Chefe da Foto Grafia e Diretor da LAPIS Comunicação e Cultura
Leitura de Portfólio Kazuo Okubo analisa o projeto “Como Você Se Vê?”, desenvolvido por Raphael Delesderrier
kazuookubo.com.br foto Andre Kazuo
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acasadaluzvermelha.com
otógrafo publicitário brasiliense com mais de 30 anos de carreira, Kazuo tem em seu portfólio diversos trabalhos reconhecidos e premiados. Desde 2006 procura em seu projeto autoral novas formas de abordar o nu. O fotógrafo também é proprietário da Casa da Luz Vermelha, a primeira galeria de Brasília (DF) exclusivamente voltada à fotografia. Kazuo foi convidado para inaugurar a Leitura de Portfólio e analisar o projeto “Como Você Se Vê?”, elaborado por Raphael Delesderrier, 26 anos, como trabalho de graduação no Curso de Fotografia do UVV (Centro Universitário de Vila Velha), Espírito Santo. Na academia, Raphael teve contato com Cinema e Vídeo Arte, porém optou por se dedicar unicamente à fotografia, pois, segundo ele, foi onde se encontrou verdadeiramente.
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Co m o Você Se V ê ?
Projeto desenvolvido por Raphael Delesderrier flickr.com/rdelesderrier
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aptar as diversas realidades e dimensões da vida urbana: as suas contradições, a sua humanidade, a sua desumanidade. A obra de arte “instantânea”, no sentido fotográfico do termo, concede ao observador, a qualquer amante de arte, o grato prazer de apreciar e contemplar as diferentes “paisagens”, tal como, da mesma forma, a pintura o permite. O trabalho apresenta, por meio da arte contemporânea, ensaios fotográficos com uma estética surrealista, proporcionando ao espectador um deslocamento da realidade do objeto fotografado. O projeto desenvolve uma abordagem psicológica e social do mundo, buscando causar um impacto veemente no público através de possíveis identificações geradas diante das imagens expostas.
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A Análise de Kazuo Okubo De início, é preciso expor o sentimento de estranheza e desconforto obtido no primeiro contato com as imagens. Da mesma forma, também é preciso deixar claro que a Arte é subjetiva e relativa, o que torna impossível afirmar, ou definir, um trabalho artístico como bom ou ruim, pois isso é uma conclusão variante que resulta da opinião pessoal de cada observador.
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trabalho de Raphael tem uma proposta de elaboração interessante, mas o resultado final não a acompanha. Algumas imagens são apenas detalhes de outras, causando a impressão de mesmice, isso torna difícil avaliar a intenção de forma concreta, mas, vamos lá. Mostrar as diversas realidades da vida urbana ele tenta, elaborando cenários e figurinos; mas a luz, sempre a mesma, homogeneíza o resultado tirando a individualidade das imagens, deixando o ensaio todo muito igual. Por outra perspectiva, manter alguns elementos de linguagem pode caracterizar as imagens como um só projeto. No texto, o autor afirma que o instantâneo tem relação direta com a pintura. Justamente o oposto, a pintura tem uma elaboração (que ele pretende nos retratos) de composição de fundo, de luz, de tonalidades.
O Instantâneo como linguagem fotográfica não permite esta elaboração de figurino, maquiagem, entre outros, que ele apresenta no ensaio. Raphael busca isto nas imagens, mas foi pouco elaborado. Ele também propôs apresentar uma estética surrealista, mas não foi esse o sentimento despertado. O amadurecimento de um artista não acontece por acaso, envolve muita dedicação ao trabalho, ao estudo; é um reflexo de experiências vividas, de crises, de taras, de referências. O que se pode concluir, nesta análise, é a necessidade que o autor apresenta de trabalhar mais, no sentido de estabelecer uma linguagem própria, fazendo com que os elementos utilizados na montagem cênica sejam, de fato, representativos de uma essência pessoal do autor. É a partir deste raciocínio que o Raphael conseguirá elaborar um trabalho fotográfico autoral e de expressão.
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I l u s t r a c a o - F e l i p e G a l l a r z a
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Um Certo Brasil Foi à China
Exibida em setembro de 2010 a décima edição do PIP (Pingyao International Photography Festival), um dos maiores festivais de fotografia da China e do mundo, a mostra “Um Certo Brasil” levou originalidade brasileira ao exterior Por Ângela Magalhães e Nadja Peregrino, Curadoras e Pesquisadoras Associadas, responsáveis pela mostra “Um Certo Brasil”
Foto - Tiago Santana
Foto - Michael Ende
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exuberância da paisagem amazônica, a arquitetura dos aglomerados urbanos, a descontrolada explosão populacional brasileira, os singelos interiores das casas rurais, o misticismo religioso e a cultura sincrética - eis aqui alguns símbolos brasileiros que fazem parte desta proposta de exposição. Todavia, sob uma perspectiva mais alargada, estimulam uma nova mirada direcionada para muito além do foco nacionalista. Não por deixarem de ser o que são - enquanto marcas da história de nossa cultura - mas porque põem em pauta uma expressão poética e um sentimento de re-ligação da realidade sociocultural com o corpo da arte. De alguma maneira, a realização desta mostra, intitulada “Um Certo Brasil”, transcende a simples observação de um olhar turístico recoberto de aspectos exóticos bem peculiares àqueles que querem simplesmente con-
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sumir culturas alheias. Assim, os fotógrafos-artistas - participantes deste projeto - mostram que é possível transcender os estereótipos culturais, que se mostram cada vez mais presentes no cotidiano virtual e globalizado do século XXI. Estereótipos que, com suas “logomarcas visuais”, como no Brasil o carnaval e o futebol, constroem uma visão parcial e enganadora da cultura, bem diferente do que esta mostra deixa entrever, como se pode avaliar no conjunto de imagens aqui selecionadas. As diversas abordagens apontam para a apreciação de um novo foco - induzem o espectador a perceber a visão do próprio artista como produtor de conhecimento. Trazem o encontro de uma vontade de saber pela lente de uma imaginação simbolizadora. Ou seja, diante do que é exaustivamente dito, é a arte que pode fazer transcender estes limites através do imaginário. Daqui emerge também uma vivência pauta-
da pelo sentimento do artista de estar muito próximo do contexto de nossa cultura. O que implica compreender o Brasil, um país com enorme extensão territorial, não como um ponto geográfico distanciado e, portanto, livre de quaisquer conexões. Sem dúvida, um aspecto importante a ser considerado porque nos propicia cogitar sobre o sentido da obra numa dimensão íntima, afetiva e universal. Daí emerge o campo de trocas culturais como uma instância de intersecção onde a fotografia é o fio condutor que liga espaço público e privado. Não sem razão, a conhecida escritora ucraniana Clarice Lispector (1925-1977) dizia que a intensa vontade de pertencer é que a fazia brasileira. E é neste pertencer que a essência da produção brasileira se consome, sem deixar de lado outras referências pelas quais o fotógrafo enuncia ou mesmo desestabiliza o foco nacionalista.
Foto - João Urban
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Foto - Jo達o Urban
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Foto - Iat達 Cannabrava
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Os Fotógrafos e as Obras
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Mostra foi composta por fotografias de Alexandre Sequeira, Elza Lima, Guy Veloso, Iatã Cannabrava, João Urban, Joaquim Paiva, Leonardo Wen, Luiz Frota, Luiz Santos, Mestre Júlio, Michael Ende, Pedro Lobo, Rosa Gauditano, Tiago Santana e Tonho Ceará. Ao todo, são 15 Fotógrafos e 15 ensaios que levaram ao oriente recortes de um Brasil raro, desconhecido até mesmo por muitos brasileiros. Artistas como Rosa Gauditano, Elza Lima e Alexandre Sequeira colocam a cultura regional amazônica como principal fulcro de suas obras. Gauditano reafirma e traduz a iconografia projetada da região – o habitat das nações indígenas, a pintura corporal ali praticada e os ritos de iniciação dos jovens adolescentes – enquanto Elza Lima põe em foco dezesseis comunidades afro-brasileiras, descendentes dos escravos fugidios do século XIX, que vivem às margens do extenso rio Trombetas, um dos maiores afluentes do Rio Amazonas. Já Sequeira estabelece relações estreitas com a comunidade do vilarejo de Nazaré do Mocajuba, localizado a 150 km de Belém, cidade da Região Norte do país. Produz uma série de imagens fotográficas impressas sobre os próprios pertences dos moradores: objetos cotidianos como redes, lençóis, mosquiteiros. Do viés do seu trabalho surge uma dimensão afetiva baseada na confiança e no respeito mútuo. Luiz Santos também se sintoniza com Sequeira em direção a uma fotografia compartilhada. Trilhando outro universo, Santos produz em parceria com o lambe-lambe Tonho Ceará e com o foto-pintor Mestre Júlio – diversos retratos que permitem agregar os códigos visuais da chamada fotografia popular ao cenário da arte contemporânea. Na verdade, os processos artesanais, que dão corpo aos retratos aqui expostos, se diferenciam da tecnologia digital que, em sua rapidez e facilidade, os superam e substituem num movimento contínuo e ininterrupto. No caso de João Urban, esse inventário memo-
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Foto - Elza Lima
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Foto - Pedro lobo
rialístico é estendido para o resgate da cultura polonesa no Paraná, um estado situado na Região Sul do Brasil. Ao mergulhar em suas origens, Urban traz para suas imagens a força indicial da fotografia colorida: uma espécie de irradiação que se projeta sobre os signos arquitetônicos e religiosos ainda mantidos pelos descendentes dos poloneses, imigrantes que chegaram da Europa em 1869. Outro artista que parte de sua própria vivência é Tiago Santana. Suas fotos estão entrelaçadas com o antológico livro Vidas Secas (1938) do escritor brasileiro Graciliano Ramos e a paisagem árida do sertão nordestino. Empenhado em registrar esse canto do mundo de forma vívida, Tiago percorre sua longa extensão de Alagoas a Pernambuco, num trajeto em que não somente acentua os elementos característicos da cultura local – a casa de pau a pique, os animais, os cactos – como também instaura uma dinâmica concretizada pelo estilo fotográfico espontâneo e vibrante. Leonardo Wen, Pedro Lobo e Iatã Cannabrava situam-se num mundo diametralmente oposto ao de Tiago. Somos agora levados a espreitar não apenas o sertão, com sua inquietante placidez, mas também a amplitude espacial e a face convulsiva das metrópoles brasileiras. Assim, Leonardo capta com desolação os vestígios da arquitetura planejada de Brasília, enquanto que Pedro mostra, com seu ensaio “Arquitetura de Sobrevivência”, as formas labirínticas e desordenadas das favelas do Rio de Janeiro, cidade banhada pelo mar e delimitada pela deslumbrante topografia montanhosa. Esses aglomerados urbanos são a tradução de uma hidra contemporânea - um “bicho de sete cabeças” que se espraia com voracidade pelas grandes cidades brasileiras, formando complexas redes de sociabilidade.
Já Cannabrava delineia uma faceta menos visível da cidade de São Paulo, a maior megalópole da América Latina. De suas fotos emana a pulsão do cotidiano da periferia em seus múltiplos contornos: a gravidez precoce das meninas adolescentes, a precariedade das moradias, as manifestações de alegria traduzidas no sorriso largo dos personagens que retrata. Por outra via, Joaquim Paiva expõe a topografia do céu de Brasília como mapa de devaneio. É como se olhássemos para uma cidade que, projetada no horizonte, não inspira riscos nem inquietude, porque se encontra envolvida por um ponto de vista mais metafísico. Tal como Paiva, o fotógrafo Luiz Frota segue uma linha oblíqua para representar a paixão do brasileiro pelo futebol. Não vemos em seus registros os grandes estádios cheios de torcedores, muito menos imagens dos jogadores – heróis em campo, que pontuam com excesso a mídia
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Foto - Rosa Gauditano
globalizada. Ao contrário. O futebol aparece ancorado nas cenas corriqueiras captadas nos espaços improvisados de um viaduto em plena São Paulo, bem como na ocupação de uma praia no Maranhão. São anônimos, anti-heróis, que trazem o futebol entranhado na existência como fonte de prazer lúdico e sonho de redenção de uma vida de pobreza. Guy Veloso também se soma a Frota ao colocar em foco a religiosidade como um tema visceral para a cultura brasileira. O mosaico conformado pelo artista está impregnado pelo misticismo e pela poética ritualística. Há uma ambiguidade de sentido na representação dos homens encapuzados quando comparados aos violentos Ku-Klux-Klan, ao emblemático Chador das mulheres muçulmanas e aos sequestradores contemporâneos que evocam o clima de insegurança tão presente no mundo globalizado. Além disto, Guy corrobora o clima misterioso de suas fotos através da linguagem em preto e branco, que reforça o caráter circunspecto das vestes e da expressão gestual dos penitentes.
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Por fim, o caráter orgiástico da mostra “Um Certo Brasil” foi ressaltado pelo fotógrafo alemãocarioca-chinês Michael Ende, em seu extenso ensaio “Rio by Night”, onde enfoca os bailes Funk e a vida noturna dos travestis no Rio de Janeiro. De origem norte-americana, o funk se traduz pelo ritmo sincopado, e pelas frases e palavras de ordem cantadas pelos funkeiros, que exploram a violência, o consumo das drogas, o tráfico de armas, o sexo livre e o cotidiano das favelas. É, como diria o jornalista Zuenir Ventura, o reflexo de uma cidade partida com territórios geográficos quase intocados pelo poder público, que começa a intervir amiúde com políticas socializantes. No corajoso ensaio de Ende há uma espécie de transbordamento que emerge através do erotismo perturbador e transgressivo identificado nos gestos ousados, na exposição e transformação dos corpos desnudos, com a subversão de parâmetros comportamentais. São visões de um certo Brasil atravessadas pela ambiguidade entre o que o artista vê, cria e imagina sinais do enigma da visibilidade.
Foto - Alexandre Sequeira
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Foto - Alexandre Sequeira
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Foto - Guy Veloso
O Evento
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naugurado em 2001, o PIP está entre os dez mais aclamados eventos de fotografia da China, sendo o único a ocupar uma cidade tombada pelo patrimônio. O desafio de seus organizadores é dar visibilidade mundial ao evento, mantendo seu espírito profissional e artístico, fato que tem ocorrido nas nove edições anteriores. Seu calendário de atividades é ambicioso e vem envolvendo curadores e fotógrafos de mais de 50 países. Na última edição, por exemplo, as ruas da cidade de Pingyao foram tomadas por uma plateia de mais de um milhão e seiscentos mil visitantes, que percorreram exposições produzidas por cerca de 1300 fotógrafos-artistas. As mostras são reunidas, em sua maioria, num grandioso espaço expositivo, onde também ocorrem os fóruns de discussão. Ali, descortinam-se os mais distintos aspectos da linguagem fotográfica - desde suas raízes históricas às questões da poética visual contemporânea. O evento é assistido de perto pela comunidade acadêmica que participa, também, da leitura de portfólios junto com curadores chineses e estrangeiros. Os canais de intercâmbio aqui es-
tabelecidos fomentam a cultura visual de boa parte dos museus e galerias internacionais, que vêm participando há alguns anos da extensa programação do festival. Trata-se, portanto, de um espaço privilegiado para a inserção da fotografia brasileira contemporânea, pela primeira vez convidada para integrar a edição PIP/2010, realizada entre os dias 19 e 25 de setembro. Cabe lembrar que a apresentação da rica e complexa produção nacional, sintetizada na mostra “Um Certo Brasil”, com curadoria de Ângela Magalhães e Nadja Peregrino, e co-curadoria de Michael Ende, reveste-se de significação especial, à medida que se somará ao crescente intercâmbio cultural proposto entre as duas nações. Nesse sentido, veja-se o projeto de exposição “Distant Neighbors”, um diálogo entre fotógrafos chineses e brasileiros, já em curso para os próximos anos. Por outro lado, deverá estimular também o promissor mercado de arte no qual a fotografia se insere, na atualidade, com grande vigor.
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Foto - Davilym Dourado
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Projetos
FOTO GRĂ FICOS. ENVIE SEU TRABALHO: Acesse www.revistafotografia.com.br e veja como participar.
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A VIDA NA SELVA
Maria Augusta Baptista Gaissler
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LAJテグ
Lourenテァo Lima Cardoso
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ILHAS DA MAGIA
Alessandro Gruetzmacher
A vida na selva
Por Maria Augusta Baptista Gaissler Curitiba (PR) EMBAP (Escola de Música e Belas Artes do Paraná) www.oficinaprojetos.blogspot.com
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ste é um estudo imagético da interação entre o habitat natural e o urbano. Busca refletir sobre como o homemmacaco se adapta, se relaciona e se locomove na cidade. Utiliza a linguagem de fotomontagem digital, em que as imagens captadas adquirem maior significado após serem sobrepostas, revelando a poesia da transparência, do véu de percepção sutil que tanto encobre quanto revela a vida na terra. Todas as fotografias foram tiradas no centro da cidade de Curitiba (PR).
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Lajão Por Lourenço Lima Cardoso Brasília (DF) UNB (Universidade de Brasília) www.flickr.com/lourenco_cardoso
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ajão é o resultado de um ano de registro fotográfico sobre o cotidiano de homens que extraem quartzito nas minas da cidade de Pirenópolis, estado de Goiás. Realizado entre os anos de 2008 e 2009, o projeto virou livro e teve patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do Governo do Distrito Federal (FAC). Esse conjunto de imagens é uma proposta de incluir na margem fotográfica aqueles que, às margens, sempre se encontraram. Expõe uma visão crítica sobre essa cidade, comumente observada pela face do turismo e da arquitetura colonial.
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Ilhas da Magia Por Alessandro Gruetzmacher Florianópolis (SC) UNIVALI (Universidade do Vale do Itajaí) www.grutzfotografia.com.br
s imagens deste projeto têm o A objetivo de despertar a admiração do público por estas pai-
sagens, para que a preservação destes pequenos espaços de terra seja almejada. As ilhas estão localizadas ao redor de Florianópolis, capital catarinense, também conhecida como Ilha da Magia. Como forma de referenciar a técnica utilizada no surgimento da fotografia (quando uma imagem demorava até oito horas para ser registrada), o Fotógrafo fez estas com longas exposições de um a quatro minutos.
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LIterário O que ler ou o que não ler, eis a questão Por Marcelo Juchem Formado em Comunicação Social pela UFRGS, ao longo do curso de Publicidade e Propaganda Marcelo aprendeu, trabalhou com e passou a ensinar fotografia em cursos de extensão. Durante seu mestrado em Literatura Alemã (UFRGS e Bonn Universität, Alemanha) pesquisou possíveis relações entre fotografia, pintura e literatura. Atualmente é professor de graduação e pós-gradução em Fotografia, Comunicação e Literatura na UNIVALI e na FURB, em Santa Catarina
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lá, caríssimo leitor, caro fotógrafo, caríssima fotógrafa, caros estudantes, amantes e interessados em fotografia em geral. Estou aqui para trocar algumas ideias sobre duas grandes paixões: fotografia e literatura. Ao longo das próximas edições vou apresentar alguns livros que podem e devem ser lidos por nós que fazemos, pensamos e admiramos fotografia. É sabida a importância da leitura na formação de todos os profissionais que pretendem se destacar em suas respectivas áreas. Fotógrafos, em especial, ao executarem seus trabalhos, não estão apenas operando um equipamento, como algumas pessoas pensavam quando surgiu a fotografia, em meados do século XIX. Em tempo: não vou, hoje, tratar da invenção da Daguerreotipia (processo fotográfico criado pelo francês Daguerre no século XIX), mas registre-se que a discussão é longa e as controvérsias são muitas. Aceitemos 1839 como o ano do registro oficial da fotografia na França. Vamos pensar que, na época, diversas pessoas tratavam o novo medium como um simples e automático aparelho que desenhava sozinho, sem a interferência do fotógrafo, do artista ou do operador. Dessa forma, sendo o fotógrafo muito mais do que apenas um operador de equipamento, é importante que este profissional tenha conhecimentos variados e aprofundados. Fotógrafo trabalha com imagens de pessoas, objetos e lugares. Trabalha com diferentes indivíduos, sociedades e culturas. O fotógrafo é um profissional multitarefa de quem se espera muito! Deve ser inteligente, estar bem informado e ser conhecedor não só da sua área de especialidade, mas também de muitas outras
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áreas. Chame-se isso de massa crítica, bagagem cultural ou outro termo bonito de citar e difícil de construir, o importante para nós, neste momento, é que a literatura pode nos ajudar nessa difícil, mas prazerosa, tarefa. Pense comigo: quantas declarações de bons fotógrafos você já leu e ouviu afirmando justamente que estudos e leituras são importantes? Pois, então! Não é à toa que tantos conselhos dos bem sucedidos vão justamente neste caminho: leia, estude, procure conhecimento. E mais: só leitura também não soluciona todos os nossos problemas, há que se praticar! Mas esta tarefa eu deixo pra você, caro leitor, caro fotógrafo, pois estou aqui pra te ajudar a selecionar melhor o quê e o porquê ler. Antes de tratarmos de uma ou outra obra específica, como pretendo fazer nas próximas edições da Foto Grafia, gostaria de começar sugerindo algumas maneiras eficientes de avaliar um livro que ainda está na prateleira.
Capa O dito popular diz que não deve ser o único julgamento. Tem razão o popularesco neste caso, assim como também tem quando afirma que “as aparências enganam”. A explicação é fácil: apenas a capa não dá conta do conteúdo, ou melhor, da qualidade do conteúdo do livro. Mas, que é importante, é; ainda mais num livro de fotografia. Nesse sentido,
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também é a cultura popular que nos auxilia: “A primeira impressão é a que fica”. Disso, tomo a liberdade para afirmar o óbvio: capa não é tudo, mas tem seu valor. Imagine-se na frente de uma prateleira repleta de livros e perguntese até que ponto uma bela capa, seja uma boa imagem, uma composição diferenciada ou algo do tipo pode chamar sua atenção e despertar seu interesse para a leitura daquela obra. Neste mesmo raciocínio podemos incluir outros aspectos gráficos do livro, que não são exatamente os definidores da excelência do dito cujo, mas podem lhe acrescentar algumas qualidades: tipo de papel, impressões especiais, encadernações, capas duras etc. Quem de nós não gosta de ter em mãos um livro bonito e bem impresso?
Título O título merece atenção, mas devemos lembrar que é uma tarefa árdua e, muitas vezes, o resultado não agrada nem ao próprio pai da criança, seja ela um livro, uma fotografia, um filme, uma música, uma pintura e por aí vai. Particularmente sou um apaixonado por bons títulos, inclusive já desenvolvi algumas pesquisas acadêmicas sobre o tema, buscando justamente entender o como e o porquê de um bom título, mas os resultados não foram sa-tisfatórios: nem os autores sabem! Porém, nenhum dúvida da potencialidade de um título.
Pense você no seu livro preferido: por que justamente aquele título? Não teríamos uma opção mais eficiente para despertarmos a atenção do leitor ou mesmo contribuir com a história? E se você acha que é fácil criar um bom título, pense nos e-mails que enviou e recebeu hoje: qual a função do “assunto”? Por vezes deve ser informativo, um resumo do que está sendo tratado. Em outras vezes pode ser mais livre, mais engraçadinho, algo até poético. Já em outros casos pode despertar justamente a curiosidade do futuro leitor – os divulgadores de vírus que o digam! Além disso, um título de livro não é decisão autônoma do autor. É de óbvio interesse dos editores que os títulos sejam vendáveis, e isso gera algumas discussões e até insatisfações entre autores, editores e outros preocupados com questões comerciais das publicações. No caso específico da nossa área, temos outro grande problema, pois é difícil nomear um livro de fotografia sem usar a palavra... Fotografia! Se por um lado é uma referência clara e direta sobre o assunto a ser abordado, por outro a repetição do termo nos títulos de livros acaba por limitar a criatividade dos autores no que tange aos nomes de seus filhos. Vez ou outra encontramos algumas soluções criativas e interessantes por meio do uso do subtítulo, que pode esclarecer um pouco mais sobre a obra. Assim como a capa, o título não é o mais eficiente argumento para julgarmos um bom livro, mas tem lá sua importância, principalmente em despertar a atenção do leitor no primeiro momento.
Autor Fator importante no julgamento é quem afinal está afirmando tudo aquilo, ou seja, nosso amigo autor. Quem é esse cara? O que ele sabe de fotografia? Qual sua capacidade de reflexão sobre aquele assunto? Tem uma sólida formação teórica, tem bons trabalhos práticos? Não é apenas o fato de ter publicado um livro que torna qualquer um especialista para dar seus pitacos sobre fotografia. Por isso, é muito útil conhecermos o autor e sua história, na medida do possível, e sempre com certa dose de criticidade. Autores também erram, e não é por ter escrito um, dois ou vários livros muito bons que qualquer coisa que Fulano ou Beltrano escrever será ótima, embora a experiência muitas vezes leve à excelência, devemos lembrar. Por outro lado, também devemos dar atenção aos autores novos, que se não têm lá aprofundadas experiências práticas e teóricas, podem, por vezes, compensar com outras qualidades, uma visão diferenciada sobre o assunto, mais contemporânea ou atualizada, por exemplo. Ou seja, podemos duvidar do autor, seja ele pensador emergente ou já consolidado na reflexão sobre fotografia, mas devemos dar-lhe um voto de confiança. Seja sobre o autor ou sobre qualquer aspecto do livro, preconceito decididamente não ajuda em nada!
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Editora Temos também outro aspecto importante que pode influenciar na qualidade de certas publicações: a editora. Mais ou menos no mesmo raciocínio aplicado ao autor, qualquer obra de editora que você já conheça e goste tem inicialmente pontos positivos, mas não é resultado garantido para todas as publicações. Gosto de pensar em editora como minha padaria preferida: gosto do pão, gosto da torta de chocolate e gosto dos salgados bem sequinhos. Logo, se eu for lá amanhã e tiver alguma novidade, vou experimentar com otimismo e alta expectativa, afinal tudo o que experimentei daquela padaria muito me agradou. O raciocínio parece absurdo, mas veja você, caro leitor, que tem lógica. Por isso, dê atenção às editoras de que você gosta, sejam de publicações caras ou baratas, de autores conhecidos ou nem tanto, mas esteja aberto a sugestões de outras editoras que você não conhece ou mesmo não goste tanto, pois poderá ser positivamente surpreendido. E mais: nem só das grandes e conhecidas editoras surgem bons trabalhos sobre fotografia! Editoras menores, por vezes, surpreendem com a qualidade de forma e conteúdo de seus livros. Se por um lado não conseguem distribuir suas obras em todo território,
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por outro, muitas vezes vendem pela internet. Pois bem: vi a bela capa do livro, interesseime pelo título criativo, conheço um pouco o autor e gosto das suas abordagens, já tive contato com alguns livros daquela editora - e agora, será que vou gostar deste livro?
Contracapa e orelhas Bem sabemos que livros não são objetos baratos aqui no Brasil, e já que estamos falando da escolha do que ler, tem razão a preocupação de se fazer a melhor escolha possível. Com o livro em mãos, leia contracapa e orelhas, pois sempre trazem informações úteis sobre a obra, geralmente um breve resumo. Por mais que estas apresentações sejam feitas pelo editor ou pessoa da área geralmente conhecida do próprio autor do livro, o que normalmente resulta em comentários bastante elogiosos e positivos, pode-se ter uma ideia geral sobre a obra. E não se culpe, estimado leitor! Por muitas vezes temos ótimas obras em mãos, mas não nos sentimos interessados naquele momento, não é nosso foco, nossa preocupação atual. É triste, mas é verdade: é impossível ler tudo o que queremos. E esse, aliás, é outro motivo para escolher bem o
que ler. Então, sigamos: lidas contracapa e orelhas, já temos uma ideia geral da obra. Querendo mais informações, leia a apresentação completa que deve estar nas primeiras páginas. Esta, por vezes, escrita pelo próprio autor ou por um convidado. O prefácio, nem sempre presente, também pode ser útil, pois trata de forma um pouco mais aprofundada sobre o livro em geral. Posfácio, por sua vez, também raro, pretende dar um fechamento à obra, ou comentá-la, analisá-la, contextualizá-la para que o leitor tenha uma compreensão ainda melhor – e por isso merece sua atenção. Analise também o índice para saber como o livro está estruturado: é possível que algum tópico ou capítulo lhe interesse bastante e justifique a leitura de todo o livro. Outra dica bastante útil é conferir as referências bibliográficas utilizadas, ou seja, o que o autor leu antes de escrever o livro. Embora nem sempre os autores informem isso, é bastante eficiente: é possível entendermos um pouco mais da abordagem e dos raciocínios do autor a partir das suas escolhas anteriores, e se não conhecermos todos os livros citados – aliás, dificilmente isso acontece – com o tempo vamos perceber que diversos livros se repetem, ou seja, temos também os clássicos na literatura sobre fotografia.
Hoje tratamos de livros em geral, desde a apresentação concreta da obra, passando pelas autoridades do autor e da editora, chegando aos primeiros contatos com o conteúdo e a estrutura do livro, e eu espero que tenha ajudado. Na sequência, pretendo comentar algumas obras específicas para facilitar sua vida de leitor junto a nossa querida e estimada fotografia, para que com isso você consiga fazer escolhas mais conscientes do que pode, deve e quer ler. Conte comigo nessa jornada e até a próxima! Forte abraço, Professor Marcelo.
E sobre estes clássicos também trataremos aqui, estimado leitor, nas colunas seguintes.
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ARTIGOS
científicos ENVIE SEU TRABALHO: Acesse www.revistafotografia.com.br e veja como participar.
As reduções das titulações acadêmicas dos autores foram feitas baseadas no vocabulário ortográfico disponibilizado pela Associação Brasileira de Letras (ABL).
IMAGINÁRIO CROMÁTICO
UM OLHAR SOBRE OS REGISTROS FOTOGRÁFICOS DE MIGUEL RIO BRANCO Fábio Augusto Almeida de Oliveira M.e Rogerio Zanetti Gomes
Palavras Chaves: fotografia documental contemporânea, imaginário fotográfico, cromático. O subjetivo, o imaginário e as relações cromáticas estabelecidas na imagem figuram neste artigo como pontos de partida para se discutir a fotografia do nosso tempo. Tendo como marco referencial estudos realizados pelo antropólogo Durand e o filósofo Goethe, entre outros, três registros fotográficos de Miguel Rio Branco são analisados pelo acadêmico do Curso de Artes Visuais – Multimídia da Universidade Norte do Paraná, Fábio Augusto Almeida de Oliveira, e por seu orientador, o professor Rogério Ghomes, ambos da UNOPAR.
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A VELOCIDADE DAS NOVAS TECNOLOGIAS: O MOVIMENTO AUTOMATIZADO NO MOMENTO DECISIVO B.el Júlio César Riccó Plácido da Silva
Palavras-chave: Fotografia. Digital. Antropofagia. Artes Visuais A constante discussão no plano teórico sobre a fotografia em tempos atuais é resultado de alterações no processo de captura, em que o aparelho mecânico foi transformado em digital, e a imagem é memorizada de forma numérica e não mais por processos químicos. Entretanto, essa constante discussão ocorre pelo fato de a fotografia ser a base tecnológica, conceitual e ideológica de diversas mídias contemporâneas (MACHADO, 2000), revelando grande importância nos meios de comunicação que se beneficiam constantemente desse advento. Sua atual natureza tecnológica resulta em algumas restrições de suas possibilidades em seu meio criativo, reduzindo-a a um destino simplesmente documental, e parte de seu processo sofre uma hipertrofia do “momento decisivo” (MACHADO, 2000). Mas o objetivo do artigo não é criar uma discussão sobre a forma de se obter imagens ou por quais meios elas podem ser obtidas, isto é, através de recursos mecânicos ou de processos digitais, e nem mesmo a interferência por meio da manipulação digital muito questionada no mundo acadêmico e publicitário. Esse estudo busca questionar a forma como as imagens estão sendo utilizadas no meio midiático e como incentivar o desenvolvimento de outros processos fotográficos que não apresentem os fatos como eles realmente são, possibilitando a expressão de novas realidades interpretativas daquele que observa ou vê.
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A FOTOGRAFIA COMO NEGAÇÃO DA MORTE
ELA FIXA LACUNAS DE TEMPO E ESPAÇO QUE TRAZEM DE VOLTA AS LEMBRANÇAS DE ENTES QUERIDOS PERDIDOS Michel de Oliveira Silva M.ª Ana Carolina Lima Santos
Palavras-chave: fotografia, memória, morte. Discutir o papel da fotografia no ato de rememorar os que se foram é o que motiva os autores deste artigo, Michel de Oliveira Santos e Ana Carolina Lima Santos. Orientadora deste estudo, ela é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais, mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia e graduada em Comunicação Social – Bacharel em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe, instituição em que Michel cursa o 7º semestre do Curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo. O texto aqui publicado é uma versão revisada e ampliada de parte do artigo ‘Saudades Eternas: a fotografia como culto à memória daqueles que já se foram’, apresentado no Intercom Júnior – Jornada de Iniciação Científica em Comunicação do XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, em 2009.
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Capa - Davilym Dourado