LUIZ GARRIDO SERGIO BURGI CINEMATOGRAFIA CLICK LITERÁRIO ENSAIOS ARTIGOS
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INDICAÇÕES
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REVISTA DIGITAL DE FOTOGRAFIA ACESSE LEIA CONTRIBUA D I V U LG U E
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EDITORIAL O e s t u d o e o debate so bre D ireito à I magem e Dire ito Au to ra l sã o a çõ es de ex t rem a im p or t ânc ia aos fo tó grafo s, o pera do res do di reito e à soc ied ad e, m as o tema a i n da trata do co m negligênc ia. D e q ue m an e ira po demo s mu da r esta realid ad e?
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LEITURTA DE PORTFÓLIO Com a ex p er i ê n c i a a dq u i r i da e m ma i s de 4 0 a n o s d ed ic ad os à fo to gra fi a , Lu i z G a r r i do a n a l i s a de fo r ma c r ít ic a e d ire t a o p o r t fó l i o de re t rato s da fo tó gra fa p aulist ana B e l l a Toz i n i
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OPINIÃO S e rgi o Bu rgi , co o rde n a do r e s u p e r vi s o r re s p o ns áve l p e l a p a r te de p re s e r va çã o do s a rqui vo s fo to grá fi co s do I n s t i t u to M o re i ra S a l le s, f ala s o b re a i mp o r t â n c i a da p re s e r va çã o i co n o gráf i c a p ara a s o c i e da de
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ENSAIOS FOTOGRÁFICOS
ARTIGOS CIENTÍFICOS
INDICAÇÕES NA REDE
R e t rato s ca ptu ra do s n a v i l a de N im b in, na Aust rália, fo to graf i a s do cu menta i s de C her nobyl, Uc rânia, e n ar rat iva s co m três i ma gen s de inst antes regist rad os n o B ras il co mpõ em o s en sa i os selec ionad os p ara sua ap re c i açã o. I n spi re -se e env i e o seu
Autor ret rato fo to grá fi co, fo to gra fi a mo r t u á r i a e á l b uns d e foto gra fi a o n l i n e s ã o o s p r i n c i p a i s a s s u nto s ab ord ad os n o s a r t i g o s de s t a e di çã o : o dow n l o a d é grat uito e a l e i t u ra i n di s p e n s áve l
S e l e çã o de co nte ú do s o n l i n e, l i vro s e f i lm e s re lac i o n a do s a o s a s s u nto s de s t a e di çã o e à fo to graf i a e m g e ra l
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NA CAPA E n s aio d e retrato s pro du z i do p or R iq ue Fróes d urante a Fo l i a de R ei s, cel ebra ção t rad ic ional c r ist ã re al iz ad a a n u a l mente em co m emoraç ão à visit a d os R e is M ago s a o M en i n o Jesu s
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UNIVERSO FOTOGRÁFICO M ais d o q ue fo to gra fi a c i n e mato grá fi c a , o te r mo c inem atogra fi a é e nte n di do co mo a a r te de fa ze r c inem a. Comp re e n da o p ro ce s s o de t ra n s fo r ma çã o d o roteiro em i ma g e n s e a re l a çã o e nt re fo to gra fi a est át ic a e d e c i n e ma
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CLICK LITERÁRIO “S o b re Fo to gra fi a”, da a u to ra a me r i c ana S us an S o nt a g, é u m do s l i vro s ma i s c i t a do s e re co m e nd ado s n o ce n á r i o fo to grá fi co. S a i b a p o r que e s t a o b ra to r n o u - s e u m c l á s s i co do ra mo
exp e d i e nte
Editor: Ricardo Gallarza / Diretor de Ar te: Felipe H. Gallarza / Diretor de Redação: Sergio Antonio Ulber / Colunista: Marcelo Juchem / Revisores: Iacami Enapupê Gevaerd - Sergio Antonio Ulber / Colaboradores desta edição: Ana Rodrigues - Bella Tozini - Camila Lopes Garcia - Diogo Ramos Israel Souto Campos - Lilian P. Barbon - Luiz Garrido - Renato Negrão - Rique Fróes - Sergio Burgi - Tulio Seawright llustração (pg 06): Carpintaria Estúdio - Ilustração (pg 24 e 50): Felipe Gallarza Imagem de capa: Rique Fróes ISSN: 2178-8596 Editora: RGF Comunicação e Cultura / Balneário Camboriú - Santa Catarina - Brasil / contato@grupolapis.com.br As fotografias e os ar tigos científicos assinados são de total responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da re vista. A produção total ou parcial de qualquer tex to ou imagem, por qualquer meio de reprodução, sem autorização dos responsáveis ou da revista é totalmente proibida. Para par ticipar da seleção para publicação confira as instruções no site da revista. A revista Foto Grafia é um projeto de fomento à produção fotográfica. A Lapis Comunicação e Cultura agradece a todos que colaboram com a Foto Grafia e aos autores que par ticipam das seleções de projeto, tornando possível a realização desta edição.
Editorial / Ilustração - Carpintaria Estúdio
Ed i t o ri al P o r D iog o Fr e i t as Ram o s
A IMPORTÂNCIA DO DIREITO À IMAGEM E DO DIREITO AUTORAL O desenvolvimento tecnológico permitiu um acesso mais amplo e mais barato a equipamentos com capacidade de produzir fotografias e vídeos. Além das câmeras já destinadas a tal finalidade, celulares e tablets saem das fábricas com a função de registrar e publicar imagens. Esse desenvolvimento naturalmente ocasiona um aumento da produção de fotografias e vídeos no mundo todo e sua consequente publicação em mídias eletrônicas e impressas. O reflexo deste aumento é uma preocupação ainda maior com os temas de Direito à Imagem e Direito Autoral, considerando que a legislação destes temas não evolui com a mesma velocidade com que os equipamentos são criados e lançados no mercado diariamente. É verdade que o debate sobre estes assuntos ainda é muito incipiente, pois pouco se discute sobre as implicações (e complicações) de tamanha produção fotográfica no Brasil e pouco se produz em matéria de estudos e publicação de livros, sejam voltados para fotógrafos ou para operadores do direito. A principal fonte de estudo acaba sendo a própria jurisprudência, fruto de decisões de conflitos gerados por publicações
indevidas ou abusivas, ou violações de direitos do autor. Uma maior abrangência dos debates relacionados ao Direito à Imagem e Direito Autoral, e uma maior produção intelectual de obras acerca do tema, geraria frutos não somente nos tribunais, mas em toda a sociedade. A observância dos cuidados necessários ao se produzir e reproduzir uma imagem, seja ela de uma pessoa, objeto ou patrimônio, ocasionaria uma consequente diminuição dos casos de danos materiais e morais que abarrotam nos tribunais do país afora. Portanto, é de suma importância que a sociedade se preocupe com estes temas já que a evolução destes direitos reflete diretamente sobre o cidadão, uma vez que este pode se encontrar em ambos os pólos: defendendo seu direito como autor de uma fotografia, ou ainda como uma potencial vítima de uma ilegalidade na publicação ou divulgação de uma imagem indevidamente, por exemplo. A internet, ferramenta das mais eficazes e baratas na capacidade e abrangência de informação, também pode ser utilizada no auxílio deste debate. Diariamente centenas de tópicos são criados
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“É DE SUMA IMPORTÂNCIA QUE A SOCIEDADE SE PREOCUPE COM ESTES TEMAS JÁ QUE A EVOLUÇÃO DESTES DIREITOS REFLETE DIRETAMENTE SOBRE O CIDADÃO” em fóruns de discussão, direcionados à fotografia, visando o debate sobre técnicas e equipamentos. Porém, o que pouco se vê é algum tópico sendo iniciado para discutir acerca dos assuntos de Direito à Imagem e/ou Direito Autoral. Ficam os questionamentos: de que maneira podemos mudar a realidade atual? Será que nossos profissionais da fotografia estão preparados, ou se sentem motivados a discutir sobre matérias que não parecem ser tão atraentes? É possível falarmos de legislação em fóruns de fotografia com responsabilidade sem sermos enfadonhos? A resposta vai muito além da motivação: a necessidade do mercado exige que estejamos informados! Não é necessário que dominemos todos os assuntos que circundam o mundo da fotografia, porém é crucial para o desenvolvimento de toda a categoria que tenhamos, pelo menos, uma compreensão dos nossos direitos e deveres para que possamos reivindicá-los e cumpri-los, e também para que possamos cobrar dos legisladores a atualização destes. Importante também é a ampliação destes estudos dentro dos próprios cursos de Direito, uma vez que as matérias em voga são tratadas com muita superficialidade e são de extrema importância, a exemplo do Direito à Imagem que foi previsto pelo legislador dentro da nossa Constituição como um direito fundamental, se igualando aos direitos à vida e à liberdade.
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O reflexo da má formação do operador do direito perante estes dois temas é tão ou mais nocivo do que a desinformação dos fotógrafos. O primeiro, se precariamente instruído, pode orientar de maneira errônea ou, no pior dos casos, desconstituir uma garantia fundada, e o segundo, se desinformado sobre os direitos que lhe cabe, pode acabar acatando uma orientação que nem sempre lhe é a mais devida, sem ao menos ponderar ou discutir a sua validade ou eficácia. O estudo e o debate destes direitos, além dos outros diversos direitos que emanam destas duas fontes, é de vital importância para o operador do direito e para o profissional da fotografia, ou de profissões correspondentes com a criação, modificação e/ou divulgação de imagens. A evolução destes direitos e de direitos futuros nascidos a partir do progresso tecnológico e social depende do fomento dado ao debate e à produção intelectual. A transformação está em nossas mãos.
DONO DE UM ARQUIVO COM MAIS DE 750 RETRATOS, LUIZ GARRIDO POSSUI FOTOGRAFIAS DE CELEBRIDADES COMO JOHN LENNON, TOM JOBIM, ALFRED HITCHCOCK E OSCAR NIEMEYER. NESTA EDIÇÃO, ELE ANALISA O PORTIFÓLIO DA PAULISTANA BELLA TOZINI, FOTÓGRAFA PROFISSIONAL HÁ DOIS ANOS
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á anos Garrido fotografa personalidades brasileiras e estrangeiras das mais diversas áreas. Sua carreira como fotógrafo teve início em 1968, quando largou a faculdade de economia e foi para Paris, França. Lá estudou fotografia na Faculdade de Vincennes e na Escola Nacional de Fotografia Francesa (École Nationale de Photographie Française), passando a atuar como repórter fotográfico na sucursal da revista Manchete. Foi nesta época que Garrido conheceu John Lennon e Yoko Ono, durante a jornada “Bed-in-Peace”, e foi convidado por ela
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a fotografar o casal também em Londres, Inglaterra e Amsterdã, Holanda. Foi ainda em Paris que Garrido fotografou Alfred Hitchcock, Alain Delon e outras celebridades internacionais que eram notícia na época. Retornou ao Rio de Janeiro em meados da década de 70, prestou serviços como fotógrafo de moda e publicidade, tornou-se colaborador assíduo de importantes revistas como a Vogue (brasileira e francesa), Elle (brasileira, francesa e italiana), Playboy e G.Q. (britânica). Em 1982, fundou a Agência e Estúdio Casa da Foto e passou a desenvolver projetos
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Luiz Garrido / Foto - João Garrido
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Portifólio de Bella Tozini
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Bella Tozini / Foto - Cintia Colosio
pessoais, sendo hoje proprietário do laboratório fotográfico profissional Casa 2. Em janeiro de 1996 seu arquivo de retratos foi aberto pela primeira vez, em uma contribuição para o resgate do alto astral da cidade do Rio de Janeiro, na exposição “Riso do Rio”, que contou com fotos de 18 humoristas em retratos surpreendentes. Em agosto do mesmo ano 60 retratos foram expostos na “I Bienal Internacional de Fotografia – Cidade de Curitiba”, no Paraná. Em 2011 lançou o livro “Retratos: técnica, composição e direção”, onde contou como foram realizados os retratos de 26 personalidades brasileiras. Suas fotografias são destaques em diversos livros e dezenas de exposições completam seu currículo.
É
com a experiência adquirida ao longo de 40 anos de uma carreira bem sucedida que Garrido analisa o trabalho de Bella Tozini, jovem fotógrafa paulistana de 31 anos de idade apaixonada por cinema desde sua adolescência. Seu primeiro contato mais relevante com a fotografia aconteceu no início da faculdade de Cinema da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), curso pelo qual é graduada. Bella morou durante dois anos na Polônia, onde conclui sua especialização em direção cinematográfica na Escola de Cinema de Lodz, mesma escola que formou Roman Polanski e Krzysztof Kieslowski. Há dois anos voltou sua atenção e dedicação exclusivamente à fotografia, trocou de carreira e se assumiu fotógrafa. Em 2010 fez um curso de fotografia em Santa Fé, Novo México, EUA, com a fotógrafa Nevada Wier. Fã de Hitchcock, Polanski, Antonioni e Scorsese, Bella traz a influência destes cineastas em seu olhar. “Acabei de voltar
de uma longa jornada de seis meses viajando e fotografando a Espanha, Portugal, Turquia e Polônia. Quero evocar sensações e sentimentos que vejo nos rostos e nos lugares que fotografo, inspirar os outros a vivenciar essas culturas”, comenta a fotógrafa. Suas viagens geralmente são realizadas com orçamentos baixíssimos na procura de situações desafiadoras, as quais ela registra utilizando apenas a luz natural e sua câmera.
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Vou começar a analisar as fotos de Bella dentro de uma crítica bem direta, pois esse é o meu jeito de ver e de ser, sou bem crítico e espero que esta visão possa sempre somar. Como analisei foto por foto, escrevo esta análise comentando cada imagem. Começo pela do cachorro com óculos escuros dentro de um carro (foto 1), uma visão diferente e ao mesmo tempo real. Eu acho ótima esta imagem, o olhar do personagem para o animal é que faz a foto ser realmente boa. O olhar é tudo nesta imagem. Foi justamente a falta de um o-
lhar envolvente que tirou a força dos retratos onde aparece um jovem fumando seu cachimbo (foto 15) e outro de boné com os braços cruzados (foto 14). O mesmo ocorre na imagem da senhora com uma criança ao lado (foto 16), este olhar, por exemplo, faltou pouco para ser ótimo. Já na dos homens sentados em um banco (foto 17), o olhar do personagem em primeiro plano é muito forte e, em segundo plano, o outro dormindo completa a composição perfeita desta foto. O uso de uma grande angular sempre dá mais força a uma imagem. Ótima fotografia, retrato perfeito.
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Na fotografia do senhor de bigode (foto 2), a mão em foco com os dedos sujos diz tudo. O detalhe do anel dá um toque com a cor diferenciada e a escolha da lente, uma grande angular, foi pontual. Para mim é um retrato perfeito que conta uma historia. Aproveitando o assunto, acredito que, na imagem da peixaria (foto 4), o foco deveria estar no peixe e não nos funcionários, isto daria mais força ao retrato. Outras imagens que para mim não têm tanta intensidade são a do homem negro de chapéu marrom (foto 3), do senhor de costas com uma
boina (foto 5), a da senhora envolta em um lenço azul (foto 6), da menina com a mão no queixo (foto 7), do senhor de terno azul (foto 8) e a do homem de chapéu segurando a imagem de um sapo (foto 12). São fotos boas, mas normais, falta algum detalhe para deixar estas fotografias surpreendentes. Na foto 5, por exemplo, foi boa a idéia de fotografar o personagem de costas, mas faltou ousar na perspectiva. O mesmo ocorre com a foto 8, falta um olhar envolvente. A 12 poderia ficar melhor se transmitisse mais emoção, acho que faltou um corte mais audacioso. Um exemplo
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“ASSIM QUE EU ACHO QUE UM FOTÓGRAFO DEVE SE COMPORTAR, SEMPRE QUEBRANDO OS LIMITES PRÉ-ESTABELECIDOS” Mais de Luiz Garrido em
www.casa2imagem.com.br Mais de Bella Tozini em
www.bellatozini.com
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do que considero um bom corte está na imagem do homem de barba, óculos escuros e chapéu (foto 11), novamente o uso da tele objetiva deu uma força extra para este retrato. A do casal (foto 13) também é uma boa fotografia, possui um bom corte e olhar envolvente, é naturalmente boa. Para o final guardei as que considero maravilhosas, me refiro a da criança fantasiada de cavalheiro (foto 10), que de tão boa não tenho nada a acrescentar, e a fotografia das mãos que seguram o café e o cigarro (foto 9). Esta última fala mais que qualquer retrato, tem um corte super criativo e, como a primeira analisada, contou uma
história, ótimo retrato! Enfim, para completar a rápida analise do trabalho de Bella Tozini, acho que ela deve ousar nos cortes, usar a grande angular como uma forma de fazer um retrato diferente. Usar o recurso do foco para dar mais força à imagem é uma alternativa bem interessante. As fotos 1, 2, 9, 10, 11 e 17 são as que considero mais fortes, elas têm uma característica diferente, seja no uso da grande angular, de um corte mais ousado, um fora de foco, é assim que eu acho que um fotógrafo deve se comportar, sempre quebrando os limites pré-estabelecidos. Bom trabalho, Bella.
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opinião
Entrevista com Sergio Burgi COORDENADOR E SUPERVISOR RESPONSÁVEL PELA PARTE DE PRESERVAÇÃO DOS ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS DO INSTITUTO MOREIRA SALLES
Sergio Burgi / Ilustração - Felipe Gallarza
O Instituto Moreira Salles possui um arquivo com mais de 650 mil imagens fotográficas criadas a partir do século XIX. Sérgio Burgi explica a importância da preservação destes registros para a sociedade e fala sobre a preservação dos arquivos digitais Toda a representação visual em torno de uma região ou de um país pode ser entendida, em um sentido amplo, como iconografia, conforme explica o coordenador. A construção iconográfica do Brasil, por exemplo, se dá a partir da produção pictórica, somado à produção fotográfica que se realiza a partir do século XIX. Estes arquivos, criados com intenção documental, passam, então, a construir a imagem do Brasil.
Foto Grafia - Qual é o registro iconográfico brasileiro mais antigo que o IMS possui? Sergio Burgi Temos registros anteriores à invenção da fotografia criados pelos artistas viajantes de 1810, 1820, como, por exemplo, Von Martius e também uma paisagem feita por Frans Post, que faz parte da pinacoteca do IMS. Fotográfico, propriamente,
é o experimento de Hercule Florence, que possui o aspecto de ser o objeto mais antigo das Américas realizado com tecnologia fotográfica, algo muito significativo para a coleção e para nós brasileiros.
Qual a contribuição de um acervo iconográfico para a sociedade? Enorme, no sentido de um registro histórico e de memória. Em países de estruturação recente, como acontece nas Américas, mesmo com a representação existente na arte pré-colombiana, você acaba tendo um período relativamente curto de construção de nacionalidade em que a imagem tem uma importância muito grande. No Brasil você tem a imagem em grande desenvolvimento ao mesmo tempo em que você tem mudanças muito significativas na história do país como, por exemplo, a vinda da Família
Real portuguesa, que trás para o Brasil, a partir do inicio do século XIX, a possibilidade de produzir conhecimento. Passa-se, portanto, a imprimir no Brasil, a ter uma academia de belas artes, passa-se a ter uma produção litográfica, que já é uma produção visual, e isso tudo cerca de 30 anos antes da invenção da fotografia. Através da iconografia você tem um acompanhamento da evolução do país, ao mesmo tempo em que estas imagens constroem uma imagem do país no exterior. Esta função é permanente, a circula-
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ção das imagens tem que ser sempre pensada neste contexto, as imagens foram normalmente produzidas para circularem como comunicação visual, depois vão se multiplicar com os processos de impressão e esta comunicação vai ser
ainda mais intensa. Então, a importância da iconografia é enorme na construção de um país e, depois, como memória desse mesmo país em função dos seus aspectos documentais.
Como o Instituto Moreira Sales identifica trabalhos que podem contribuir para o registro iconográfico do Brasil? Principalmente através da pesquisa. Claro que no trabalho de preservação, em alguns momentos, você tem, digamos assim, situações do ponto de vista de oportunidade, no sentido de que,
eventualmente, um trabalho que vem até a instituição é de óbvia relevância, e ai é uma questão de avaliar se não é o caso de incorporá-lo ao acervo de alguma maneira.
Isso em relação ao trabalho de fotógrafos contemporâneos também? Isso principalmente em relação aos acervos históricos, tentando responder de uma forma ampla, mas no fundo é isso: você pesquisa e avalia. É claro que o IMS não pretende e nem nunca dará conta de cuidar de toda memória de um país ou da preservação de trabalhos muito expressivos e numericamente muito quantitativos. Essa é uma questão nossa, cultural, como a gente vai ir trabalhando a questão de memória no país e como que a gente vai, de certo modo, se equipando para preservar a produção do século XX, a produção contemporânea, a produção de toda uma geração de fotógrafos que hoje está chegando ao final da carreira com seus 60, 70 anos, com trabalhos muito significativos
acumulados. Isto precisará encontrar um porto seguro em instituições que sejam capazes de processar, trabalhar e preservar estes acervos. O IMS está fazendo isso com vários conjuntos, mas é apenas mais uma contribuição num contexto mais amplo que precisa urgentemente de mais projetos semelhantes ou equivalentes, que dêem conta de lidar com essa questão primordial da preservação, porque existem muitos conjuntos que são extremamente importantes, mas que, em nosso processo de trabalho atual, não teríamos condições de absorvê-los imediatamente, mas temos todo interesse de cooperar para que estes acervos encontrem em soluções adequadas de preservação.
O IMS possui um acervo com cerca de 650 mil imagens. Dentre estes trabalhos, qual você considera o mais representativo? Em sua maior parte, os arquivos dos fotógrafos que nós temos incorporado ao IMS, principalmente de fotógrafos do século XX que atuaram
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em 1940, 50, 60, 70, são todos nomes importantes da fotografia brasileira e seus acervos pessoais, coleções de negativos e arquivos estão no
Instituto. São, por exemplo, arquivos de Marcel Gautherot, com cerca de 25 mil imagens, José Medeiros, com cerca de 16 mil, Otto Stupakoff, também com 16 mil, Thomaz Farkas, com 40 mil imagens. Estes conjuntos são muito expressivos e possuem quantidades significativas de imagens que permitem, fundamentalmente, uma leitura da trajetória do fotógrafo, da sua obra e de como aconteceu o desenvolvimento do seu trabalho. Daria para dizer que o aspecto mais relevante do perfil do acervo do IMS é este, de reunir obras completas de cerca de 20 autores que contribuem para este número expressivo de 650 mil imagens, mas este não é um numero exorbitante, muitos arquivos de imprensa tem quantidades superiores a esta. O mais relevante, no caso, é que são grandes conjuntos das obras destes importantes nomes da fotografia brasileira. Nós temos no acervo do século XIX o que podemos considerar a obra completa de Marc Ferrez, que
veio como parte integrante da coleção Gilberto Ferrez, neto do Marc Ferrez, e foi adquirido, então, do próprio Gilberto. Esta coleção é muito importante e, por ter uma grande coleção de negativos, a obra permite fazer uma leitura sobre um fotógrafo do século XIX, algo muito próximo ao procedimento que fazemos com os acervos de fotógrafos do século XX, como no caso dos já mencionados Marcel Gautherot e José Medeiros, que é você olhar a trajetória completa e ter uma compreensão de vários momentos da vida destes fotógrafos, de como eles trabalhavam. Então, se é para mencionar um único fotógrafo, eu tenderia a valorizar o Marc Ferrez. Ele é um excelente fotógrafo, talvez o mais importante do século XIX, mas existe um fato adicional, pois seu arquivo é muito completo, permite sempre leituras e releituras. Isto dá, de fato, uma dimensão especial.
A acessibilidade atual do consumidor aos equipamentos fotográficos contribuiu para ampliar a produção imagética no Brasil e no mundo. Um fotógrafo amador pode vir a contribuir com a construção iconográfica de um país ou isto é algo restrito aos profissionais da etnografia e da fotografia? Pode, certamente. Existe um aspecto muito importante na história da fotografia que é a fotografia vernacular, ou fotografia anônima, produzida por amadores, que registra momentos do cotidiano das comunidades, da vida familiar e possui uma importância enorme para a pesquisa histórica e também para a pesquisa da linguagem da própria fotografia. Inclusive, do ponto de vista de uma crítica pós-moderna, a fotografia conceitual dos anos de 1960 e 1970 estrutura-se a partir de uma produção realizada por artistas que promovem uma negação crítica da autoria de seu trabalho, emulando uma linguagem próxima da fotografia vernacular. São trabalhos artísticos que fazem uma crítica à supervalorização da auto-
ria do período moderno e clássico da fotografia, criando, em contraposição, imagens de aparente banalidade e insignificância, como o discurso da própria arte. Este é apenas um exemplo para demonstrar que não existe uma produção fotográfica, artística ou documental que esteja solta e que não dialogue com estes usos múltiplos da própria imagem, enquanto produção vernacular ou anônima. Eu acho que vai ser o caso, também, da análise futura do momento digital em que estamos. Apesar de existirem novos parâmetros e quantidades nunca antes imaginadas de imagens, há, contudo, a questão da disponibilidade delas ao longo do tempo, quer dizer, saber se o que está sendo produzido hoje
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vai permanecer no futuro. Você tem atualmente neste universo amador algo muito interessante para analisar e, inclusive, compreender o que as pessoas estão fazendo. Existe hoje na fotografia digital a possibilidade de um aprendizado de linguagem, de certa forma pragmática, por erro e acerto, que permite uma avaliação crítica baseada na possibilidade de você poder avaliar rapidamente o resultado obtido e, eventualmente, descartá-lo ou refazê-lo. Hoje se produz uma quantidade extremamente maior de imagens do que anteriormente e este ato de produção atual tem o potencial de se transformar em um ato crítico, porque, quando você gera uma imagem
hoje, ainda que amadoramente, ela pode, eventualmente, vir a estabelecer uma conexão com algum ícone de referência da produção artística em função da intensa circulação e difusão das imagens através dos meios eletrônicos. Portanto, eu vejo que a fotografia no âmbito digital está entrando em um momento novo, ou seja, não é só a questão quantitativa da produção de imagens, há uma questão qualitativa de como as pessoas irão desenvolver e incorporar esta prática ao longo de suas vidas, seja como uma ferramenta de comunicação ou como uma ferramenta poética de expressão pessoal e artística.
Grande parte do arquivo iconográfico do IMS é composto por obras e negativos originais. Como vocês arquivam, ou pretendem arquivar, os registros gerados com as câmeras digitais? Buscando, fundamentalmente, preservá-los em sua resolução original e sendo muito ativos em relação não só à realização imediata de backups, como também à migração para suportes que acompanhem o desenvolvimento tecnológico e observando, ao mesmo tempo, questões relativas ligadas aos softwares e aos formatos de imagem. Por exemplo, você precisa, eventualmente, sair de um arquivo TIFF para outro formato que seja mais compatível com os softwares daquele momento, desde que não danifique a qualidade do formato original. Existe também a questão da preservação dos metadados, quer dizer, manter toda a informação possível associada àquele registro e acompanhar a evolução
tecnológica que envolve a padronização e aprimoramento dos metadados. Existe uma tendência em relação à incorporação plena dos metadados em arquivos de imagens, pois atualmente a maior parte dos arquivos digitais que o IMS possui não incorpora ainda todos os metadados nos arquivos de imagem. Em um futuro próximo realizaremos um trabalho de incorporação plena de metadados dentro de um protocolo universal, ainda a ser plenamente estabelecido, que permita o tráfego destes arquivos e que estes possam ser acessados facilmente a partir de qualquer plataforma. Em relação aos metadados, estas são questões fundamentais.
Para ver mais do Instituto Moreira Salles acesse www.ims.uol.com.br
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Foto - Mar tin Lazarev
fotos / Rique Fróes
Uma parede de tijolos deu o contraste e a textura que Henrique Fróes de Oliveira (48) procurava para fazer seus retratos na Folia de Reis, uma celebração tradicional e religiosa trazida para o Brasil pelos portugueses no século XVIII. Entre 24 de dezembro e 6 de janeiro, este último considerado o Dia de Reis para a religião cristã, um grupo de cantadores e instrumentistas percorre a cidade entoando versos relativos à visita dos Reis Magos ao Menino Jesus. E é justamente no dia 6 de janeiro que, no Vale do Paraíba (localizado entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro), acontece uma festa tradicional, onde várias folias se encontram e encerram, assim, as festividades do Natal. O ensaio de capa desta edição foi realizado pelo fotógrafo neste encontro de Folias, enquanto participava de um passeio fotográfico do Fotoclube Câmera e Luz, de São José dos Campos (SP), do qual ele faz
parte. Algumas fotografias desta série levaram o primeiro prêmio na categoria Ensaio, do Mapa Cultural Paulista, em 2011. Com 30 anos de profissão, além de fotógrafo Rique Fróes é também publicitário e diretor de arte. Começou a fotografar há três anos para aprimorar seu olhar e aumentar as possibilidades artísticas. investe seu tempo na criação de imagens com caráter autoral, ensaio e retratos. Para ele, o importante é buscar a emoção que quer transmitir em uma imagem, pois acredita que a boa foto pode estar em qualquer lugar. “Qualquer assunto fica interessante se mostrado da forma correta. Não estou preso a formas e equipamentos, minha formação como ilustrador me deu liberdade para experimentar cores, texturas e tratamentos diferenciados em minhas fotos”, diz Rique.
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MUITO AL DA LUZ EM MOVIMEN FOTOGRAFIAS ANIMADAS REPRESENTAM PARTE DA ARTE DE FAZER CINEMA. ENTENDA O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO ROTEIRO EM IMAGENS E A ABRANGÊNCIA DA CINEMATOGRAFIA NA OPINIÃO DE QUEM PENSA E FAZ O CINEMA NACIONAL por Sergio Antonio Ulber
LÉM M ENTO
Se
a arte nasceu nas cavernas, a origem do cinema não poderia ser diferente. Enquanto algumas teorias sobre sua história iniciam sustentando-se em fatos sobre a primeira sequência de fotografias animadas, ou o primeiro equipamento que produziu fotos sequenciais, o autor Arlindo Machado, no livro “Pré-Cinemas e Pós Cinemas” (Ed. Papirus), conta que nas paredes de Altamira, Lascaux e Font-de-Gaume (cavernas préhistóricas) há registro de gravuras feitas em relevo na rocha com sulcos pintados em cores variadas. De acordo com a locomoção do observador dentro da caverna, a luz tênue da lanterna (ou tocha, na época) ilumina e obscurece parte dos desenhos. Portanto, em determinadas posições as imagens simulam movimentos e, sendo assim, curiosamente o cinema já nasce em uma “sala” escura. Edward Wachtel diz, em 1993, que eles (os da caverna) já faziam cinema “underground”, o termo nunca se encaixou tão bem. Já o francês Edgar Morin, em 1956, foi mais radical e afirmou, na obra “O cinema ou o homem imaginário”, que o nascimento da sétima arte é algo indefinível, pois quem quer que se interrogue sobre ele perde-se no caminho e desiste. O chavão “cinema é fotografia em movimento” é uma
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definição comum para esta arte, mas nela há muito mais do que imagens animadas. Toda a magia inicia na vontade de alguém em contar uma história, depois vem o roteiro, formação da equipe, discussão de ideias, seleção de equipamentos, enfim, são tantas etapas que fotografias em movimento é uma definição correta, porém muito condensada. De maneira literal e simplificada, o significado do termo cinematografia se assemelha ao do cinema, tendo como definição “escrita da luz em movimento” ou “escrita do cinema”. Não poderia ser diferente também a abrangência deste termo, que, como cinema, vai muito além de luz em movimento. A cinematografia de um filme nasce no processo de criação e está diretamente envolvida ao roteiro. Ao ler este roteiro, um mundo é criado instantaneamente no imaginário do fotógrafo, mundo este que será descrito, avaliado, projetado, modificado e definido em conjunto com a equipe para, posteriormente, ser consumido pelo espectador. Ricardo Della Rosa, diretor de fotografia com 19 anos de carreira, explica cinematografia como uma “maneira de transformar o que está no papel em imagens” e comenta que para isso existem infinitas fer-
“O NASCIMENTO DA SÉTIMA ARTE É ALGO INDEFINÍVEL, POIS QUEM QUER QUE SE INTERROGUE SOBRE ELE PERDE-SE NO CAMINHO E DESISTE”
Heloísa Passos / Foto - Stefanie Kremser
Paulo Fehlauer / Foto - Rodrigo Marcondes
Daraca / Foto - Bernard Machado
Gabriel Barros / Foto - Divulgaçáo
Ricardo Della Rosa / Foto - Ariela Bueno
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“A FOTOGRAFIA DE CINEMA QUE EU FAÇO NÃO ESTÁ A SERVIÇO DE SER UM ESPETÁCULO...”
Heloísa Passos
ramentas: “cabe a cada um encontrar as que melhor se encaixam. Tentar enxergar com olhos de quem vai assistir é uma das minhas prediletas”. Dentre o vasto portfólio de Della Rosa constam a direção de fotografia dos longas Olga (2004) e Casa de Areia (2005), este último indicado ao Sapo de Ouro na categoria melhor fotografia no Camerimage (2006, Polônia) e no Grande Prêmio Cinema Brasil (2006). Outros conceituados fotógrafos brasileiros de cinema também não conseguem definir o termo apenas como escrita da luz em movimento. Mesmo quando mencionam o significado literal, eles naturalmente complementam a resposta por considerarem este vago, mas não incorreto. “Na Associação Brasileira de Cinematografia (ABCine), onde o termo foi ampliado para outras artes correlacionadas (som e direção de arte), cinematografia é entendido como a arte de fazer cinema e não apenas como fotografia cinematográfica”, explica a fotógrafa e professora de fotografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Andréa C. Scansani, conhecida como Daraca. Como todas as etapas da criação e produção de um filme estão diretamente relacionadas com a cinematografia, talvez, atualmente, seja esta a melhor definição para o termo: execução imaginária e prática do cinema, ou a arte de fazer cinema. Apesar da abrangência do termo, deve-se compreender que o principal responsável por materializar as idéias e o conceito do filme em imagens envolventes é o fotógrafo.
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Direção de fotografia No documentário Cinematografia (2008), de Gabriel Barros, diretor e diretor de fotografia com 10 anos de carreira, produzido pela Tango Zulu Filmes, mais de 50 profissionais são entrevistados e questionados sobre a função do diretor de fotografia. É claro que cada um tem sua visão particular, ainda mais que não existe nenhum documento estabelecendo as atividades deste profissional, mas, genericamente, todos concordam que uma das principais funções é interpretar visualmente e materializar o roteiro do filme. “A fotografia de cinema que eu faço não está a serviço de ser um espetáculo, ela está a serviço de conversar com o roteiro que eu li e que me convenceu a fazer o filme”, diz Heloísa Passos, diretora de fotografia há 15 anos, premiada dezenas de vezes no Brasil e no exterior. Mais do que definir luz, equipamento, locação, movimento e enquadramento, o diretor de fotografia deve ter liderança suficiente para coordenar sua equipe, atividade que pode se tornar um grande desafio caso o profissional tenha dificuldades administrativas. Como a equipe é, no geral, estabelecida de forma hierárquica, as decisões que envolvem a imagem do filme não cabem unicamente ao diretor de
Cena do filme “Viajo porque preciso volto porque te amo” / Reprodução Globo Filmes
Cena do filme “Olga” / Reprodução Globo Filmes
fotografia, requerem também a aprovação do diretor geral. E este é outro grande desafio: adaptar-se ao diretor. A profissão pode, então, ser interpretada de diferentes formas, mas, no fim, todas estão relacionadas à arte, técnica, administração e sensibilidade.
Fotógrafo e fotógrafo de cinema Daraca vê o “fotógrafo estático” como um profissional que trabalha só, com autonomia e com poder de experimentação maior do que possui um diretor de fotografia. “Este último é um co-autor, quero dizer, está a favor de um roteiro e com a tarefa de transformar as ideias do roteirista unido à estética do diretor em imagens, sempre em conjunto com a direção de arte”, complementa. Passos, que além de diretora de fotografia é fotógrafa há 25 anos, compartilha esta
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mesma opinião ao interpretar a fotografia de cinema como obra de um coletivo e a fixa como, na maioria dos casos, autoral. Outra grande diferença apontada por Barros é que, além de trabalhar em equipe, o fotógrafo de cinema deve saber comandar essa equipe. Mesmo que seja uma produção intimista, o profissional não pode abrir mão do grupo e este tende a não ser pequeno. O fotógrafo estático tem essa vantagem, que é a opção de fazer tudo sozinho ou de comandar uma equipe relativamente menor. A similaridade entre fotografia fixa com fotografia móvel surge no desenvolvimento tecnológico do cinema que, conforme explica Daraca, se deu a partir de experimentos fotográficos como os realizados pelo inglês Eadweard Muybridge. A imagem é, portanto, a principal relação entre fotografia e cinema. A professora fotógrafa também cita que “as duas fotografias trabalham a espacialidade e a temporalidade de formas distintas, uma sendo uma linguagem em
Cena do filme “Casa de areia” / Reprodução Globo Filmes
si, outra parte de uma linguagem maior que é o cinema”. Entre as linguagens, portanto, as diferenças destacadas são espaço e tempo. “O fotógrafo (estático) trabalha com tempo específico e limitado, seja com o shutter (tempo de exposição) baixo ou longo. Na cinematografia não, o tempo é algo que você não pode abrir mão. Mesmo que seja um plano fixo e que nada aconteça, você está criando um tempo àquilo”, explica Barros. “O desafio do diretor de fotografia de cinema é entender a luz e o movimento no tempo. Eu, quando trabalho como fotógrafo de cinema, nunca paro de pensar nisso: quanto tempo aquilo está sendo visto e que significado tem esse tempo para o espectador”, completa.
Fusão O campo da fotografia sempre esteve ligado à evolução tecnológica e, por isso, foi e sempre será
mutável. A chegada da fotografia digital sacudiu o mercado e popularizou o ato fotográfico. Enquanto muitos viam esta popularização como algo ruim, outros conseguiram enxergar o lado bom, como a crítica Simonetta Persichetti, explicando que isto ocorre desde o início da fotografia e, ao questionar qual mal que existe na difusão do ato de fotografar, deixa claro sua percepção de que quanto mais as pessoas fotografarem, maior será a capacidade de alfabetização visual. Fato semelhante acontece hoje com o lançamento das câmeras fotográficas que filmam em alta qualidade, acontecimento que torna popular a produção audiovisual. Mas, afinal, qual é o impacto que isto gera, ou pode gerar, no fazer e no pensar cinematográfico? “Vejo com muito bons olhos essa proliferação dos modos de se fazer cinema”, revela Daraca, que considera a fusão das linguagens em um único equipamento uma quebra de barreiras, propiciando ao profissional ou iniciante a oportuni-
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dade de trabalhar com as duas formas de expressão de acordo com suas necessidades, mas “câmera nunca fez, nem nunca fará filme”, alerta. Para contar uma história não basta sair gravando, é necessário saber como contá-la. Atualmente tem muita gente produzindo e, em meio a isso, podem surgir artistas interessantes pela ousadia, mas acontece que quantidade não é qualidade: “eu não acho que os festivais de longa e de curta metragem melhoraram com a acessibilidade das câmeras no sentido de receberem produções mais incríveis”, diz Heloísa Passos. A acessibilidade que a fotógrafa se refere está ligada ao valor do novo equipamento que, comparado às câmeras filmadoras profissionais de cinema, tem um preço baixo. Inclusive, para Paulo Fehlauer, este é o principal impacto desta fusão, a simplificação dos processos e o equilíbrio entre a relação custo e qualidade. Fehlauer é jornalista e fotógrafo integrante do Coletivo Garapa. “Hoje em dia você tem uma câmera com uma qualidade muito parecida com o cinema por um preço muito acessível, por isso que foi esse sucesso tremendo”, observa Barros, que considera a atual produção audiovisual banalizada. Apesar de o termo possuir um tom depreciativo, ele não considera a banalização algo ruim. “Ruim é a busca por imagens belas e sem conceito”, explica. Outra vantagem apontada pelo diretor e também por Heloísa Passos é a valorização do profissional, porque quem se aventura em criar um filme percebe que a câmera por si só ajuda, mas não resolve. “Isso demora um pouco, mas as pessoas acabam percebendo que o talento é o que mais importa”, diz Barros.
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Fotografia brasileira no cinema A linguagem fotográfica antes atribuída ao cinema nacional, conforme explica Della Rosa, era a que utilizava a luz dura e quente do norte e nordeste do país. Com a globalização do estilo brasileiro e com o intercambio entre profissionais da área fotográfica, esta não é mais uma característica que define o nosso cinema. Barros relaciona a luz ardente com os filmes e laboratórios da época do Cinema Novo (década de 50), pois, se retelecinados através das tecnologias disponíveis atualmente, a estética dos filmes pode mudar completamente. Outro fator contribuinte para a indefinição de uma fotografia brasileira no cinema está relacionado ao vasto território do país. Gravar no Sul ou no Norte são coisas completamente diferentes, enquanto em um lugar você capta umidade e frio, no outro se capta o inverso. “Quando eu vou fotografar em Curitiba, por exemplo, é claro que eu imprimo umidade, uma timidez, roupas de inverno, casacos, e isso também é Brasil”, descreve Passos para contrapor a estética do Cinema Novo. A heterogeneidade da luz que incide no Brasil é, portanto, insuficiente para definir uma linguagem. Para Daraca, o que unifica o cinema nacional “é muito mais o modo de fazer, dentro de uma formação empírica e autodidata, do que a estética fotográfica”.
“O QUE UNIFICA O CINEMA NACIONAL É MUITO MAIS O MODO DE FAZER, DENTRO DE UMA FORMAÇÃO EMPÍRICA E AUTODIDATA, DO QUE A ESTÉTICA FOTOGRÁFICA” Futuro De forma geral, as expectativas para o futuro do cinema nacional estão na chegada de novos diretores, algo que pode trazer uma renovação muito positiva, no melhoramento das salas de cinema digital, bem como dos equipamentos, e no apoio cada vez maior de um público livre dos preconceitos criados com a Pornochanchada (gênero comum da década de 70), que ainda leva muita gente a pensar nos filmes brasileiros apenas como uma mistura de palavrão e sacanagem. E enquanto o cinema brasileiro segue seu caminho, partilhamos a expectativa exprimida por Gabriel Barros: “que cresça”. Cenas extraídas do trailer do documentário “Cinematografia” / reprodução Tango Zulu Filmes
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CLICK LITERÁRIO
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EIS UM CLÁSSICO! “SOBRE FOTOGRAFIA”, DA AUTORA AMERICANA SUSAN SONTAG (1933 – 2004), ALIMENTA MUITAS DISCUSSÕES SOBRE FOTOGRAFIA. MARCELO JUCHEM EXPLICA PORQUE ESTA É UMA LEITURA OBRIGATÓRIA E TÃO REFERENCIADA NO CENÁRIO FOTOGRÁFICO
Marcelo Juchem / Ilustração - Felipe Gallarza
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Capa do livro “ Sobre fotografia ”, lançado em 1983 pela editora Companhia Das Letras
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Se uma obra, para ser considerada um clássico, precisa estar sempre atual, ou mesmo trazer questões atuais, este livro é, no melhor sentido, um clássico. Se uma obra, para ser considerada um clássico, precisa cumprir seu dever contemporâneo com excelência, este livro também é, no melhor sentido, um clássico. Se, porém, uma obra, para ser considerada um clássico, precisa virar referência a outros autores e pensadores, este livro é, no melhor dos melhores sentidos, um clássico. Eis um clássico! “Sobre fotografia” não é apenas um livro que trata de fotografia. É, sim, uma aula. E das boas! Não se trata de técnica fotográfica, mas sim da relevância da fotografia para a sociedade atual. Atual, no caso, é termo amplo: o livro foi lançado no final da década de 70, mas as tantas questões levantadas continuam atualíssimas. “A razão final para a necessidade de fotografar tudo repousa na própria lógica do consumo em si” (p. 195) é apenas uma das suas frases que dão (muito) o que pensar. Este, aliás, é o maior objetivo – e qualidade! – do livro: nos fazer pensar sobre o que a fotografia representa para nós, desde seu surgimento até hoje. Ao nos fazer refletir sobre questões tão amplas, Sontag ainda aponta exemplos práticos dos excelentes raciocínios que elabora, inclusive em linguagem bastante acessível, o que faz com que a “aula” sirva também como uma excelente retrospectiva histórica. Ao discutir moral e ciência na fotografia (filosofia é isso aí!), por exemplo, a autora lembra o caso do August Sander, pioneiro da fotografia documental do início do século passado, e sobre seu trabalho afirma: “Cada pessoa fotografada era um emblema de determinada classe, ofício ou profissão. Todos os seus temas são representativos, igualmente representativos, de determinada realidade social – a deles mesmos. O olhar de Sander não
é brutal; é permissivo, não julga” (p. 74). O livro é dividido em seis ensaios curtos que, embora não sejam explicitamente interligados, muitas vezes tratam de temas afins. As abordagens da autora, filósofa de formação e, é bom que se registre, outra “pensadora não-fotógrafa”, embora bastante próxima do mundo fotográfico, inclusive em seus relacionamentos pessoais, vão desde Platão e sua conhecida Caverna até a atualidade artística da fotografia: “Hoje, toda arte aspira à condição da fotografia” (p. 99), é como ela finaliza um dos ensaios. Ao repensar a fotografia junto a outras artes, Sontag transita ainda pela sociologia, antropologia e história, muita história da fotografia e da sociedade em geral (e ética, e estética, e filosofia, e por aí vai...). Trata-se, como se vê, de obra densa, profunda e bastante reflexiva, o que é ótimo. Daí a importância da sua leitura. Além de que, fique atento caro amigo fotógrafo e apaixonado por fotografia, é obra muito citada por aí em palestras, entrevistas, curadorias, cursos ou em mesas de bar mesmo (filosofia é isso aí!). Pra finalizar, lembremos da última parte do livro, rica e peculiar: um apanhado de citações, curtas ou nem tanto, de pessoas conhecidas ou nem tanto, sobre fotografia. Desde textos publicitários até autores como Walter Benjamin e Baudelaire, retomando fotógrafos como Ansel Adams, Lázlo Moholy-Nagy e Julia Margareth Cameron, ainda com pitacos de Nietzsche, Kafka e Kiekergaard, como bem cabe a um livro filosófico sobre foto.
LEIA TAMBÉM Estética da fotografia: perda e permanência, de François Soulages, lançado pela editora Senac SP (2010), tem duplo objetivo: descrever os contornos de uma estética da fotografia e, dessa forma, permitir ao leitor perguntar-se sobre o status de arte que ela pode ter, enfocando as questões teóricas que não cessam de se colocar. Essa reflexão se apoia sobre a análise de numerosas obras fotográficas e funda-se sobre a definição de conceitos novos, elaborados à luz da estética, da filosofia e da psicanálise. A obra se articula em torno de três grandes problemáticas: Que relações a fotografia mantém com o real? Qual é a especificidade de uma obra fotográfica? De que forma a arte fotográfica está no centro das discussões da arte contemporânea? Capa do livro “Estética da Fotografia Perda e Permanência”, lançado em 2010 pela editora Senac SP
Eis, decididamente, um clássico. Boa leitura e até a próxima, Professor Marcelo
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Chernobyl Pripyat: vestígios da existência Re n a t o N e g r ã o
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Nimbin Tu l i o S e a w r i g h t
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Chernobyl Pripyat:
vestígios da existência As fotografias de Renato Negrão revelam o abandono dos habitantes do município de Pripyat, Ucrânia, desertado desde 1986 devido ao acidente nuclear da usina de Chernobyl. As imagens mostram interiores de ambientes privados em estado de ruína, o concreto cedendo à natureza e objetos largados as pressas por causa da ordem de evacuação. Nos espaços públicos se percebe a significativa infraestrutura construída pelo regime comunista Soviético, cuja atual degradação se opõe ao projeto progressista que marcou sua construção. Detalhes de vestígios humanos, como pinturas, pichações, grafites, fotografias e, inclusive, os objetos pessoais, criam uma atmosfera de mistério transmitida através deste ensaio de Negrão. Chernobyl Pripyat: vestígios de existência está exposto até dia 18 de dezembro no Hall de Exposições do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, SP.
Sobre o au tor Renato Negrão (41) nasceu na cidade de Santa Cruz do Monte Castelo, Paraná. Apaixonado por viagens, literatura e cinema, Negrão é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pós-graduado em Fotografia pelo Senac SP. Seu interesse por fotografa surgiu pelo gosto que tem por artes em geral e pela capacidade que as fotografias têm de contar histórias. Negrão é fotógrafo há 10 anos, tem planos para fotografar o Afeganistão e Cuba e também desenvolve há três anos um projeto de documentação da revitalização do Centro de São Paulo (SP), que pode ser visto no site - www.paisagemememoria.com.br . Ve j a m a i s d e Re n a t o N e g r ã o e m - w w w. r e n a t o n e g r a o. c o m. b r
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N im bin Nimbin é uma pequena vila situada às margens de um extinto vulcão, no estado de New South Wales, Austrália. Considerada um paraíso natural e também conhecida como “capital alternativa” da Austrália, a vila é habitada por cerca de 400 pessoas que buscam formas naturais para seu desenvolvimento e sobrevivência, produzindo sua própria comida, construindo suas próprias casas e vivendo em comunidade. No estado, o cultivo, a venda e a posse de cannabis são ilegais, mas, em Nimbin, estas atividades são consideradas parte da cultura e, por isso, liberadas. Para apoiar a causa e o fim da proibição da erva no país, desde 1993 acontece o Festival MardiGrass, em que, no primeiro final de semana de junho, milhares de pessoas seguem para Nimbin e participam da marcha em prol da legalização. Curiosamente esta é a única época do ano em que o consumo e a venda da erva são proibidos. Os retratos deste ensaio são de participantes do MardiGrass 2011.
Sobre o au tor Tulio Seawright (36) nasceu em São Paulo e reside em Gold Coast, Austrália, há quatro anos. Sobrinho de fotógrafo, sempre foi fascinado pelo laboratório que seu tio tinha em casa, “não tanto pela imagem, mas pela alquimia”, explica. As raras vezes que seu tio deu permissão para ele acompanhar seu trabalho foram suficientes para trilhar o destino de Tulio no universo fotográfico. Com formação em Fotografia (Senac), Publicidade (Anhembi Morumbi) e em Design Gráfico (Australian International College of Arts), o fotógrafo desenvolve há seis anos um trabalho sobre rotas de peregrinação no Brasil, México, Europa, Oriente Médio e Japão. Outro projeto como o Nimbin também faz parte dos planos de Tulio, que pretende fotografar diversas tribos no Paquistão e na Tailândia durante o próximo ano. Ve j a m a i s d e Tu l i o S e a w r i g h t e m - w w w. s e a w r i g t h. c o m. b r
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Haikai Haikai é a forma poética de dizer o máximo com o mínimo, feita com apenas três versos breves em um total de dezessete sílabas. A fotógrafa Ana Rodrigues inspirou-se nesta arte de origem japonesa para contemplar belos gestos naturais que estão sempre à nossa volta e, por vezes, passam despercebidos. Ana narra o instante com três imagens para instigar o público a descobrir poesia e encontrar mistérios nos mais simples acontecimentos: “a ideia é despertar histórias na cabeça de quem vê, ou simplesmente permitir que as pessoas criem suas próprias histórias”, explica. Sem a intervenção da fotógrafa, as cenas captam um instante de experiência e falam por si mesmas, mostrando apenas o real cercado de pureza, simplicidade e sinceridade e, talvez por isso mesmo, tão incomparável.
Sobre a au tora Há seis anos Ana Rodrigues (40) trabalha com fotografia publicitária no coletivo Páprica (paprica.com.br). Entre outros trabalhos em projeções e exposições, destaca as coletivas “Marrimage, um Olhar, un Regard” e “Formato Polaroid”. Com especialização no Ateliê da Imagem, Ana integra o grupo de acompanhamento de trabalho de Cláudia Tavares e foi fotógrafa residente no projeto Jogos Coreográficos. Desde 2010, a ideia de levar arte para todos seduziu e conduziu os caminhos da fotógrafa ao coletivo O Estendal (oestendal.wordpress.com ), com ações produzidas no Brasil e em Portugal. “Acredito na arte como ferramenta de educação e o que espero com o Estendal é a troca que tenho com o público”, revela. Ve j a m a i s d e A n a Ro d r i g u e s e m - w w w. a n a p h o t o. c o m. b r
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COLEÇÕES DE IMAGENS FLUTUANTES:
ÁLBUNS FOTOGRÁFICOS DIGITAIS ONLINE Camila Lopes Garcia
Palavras Chaves: fotografia; colecionismo fotográfico; álbum; redes sociais. A pesquisa “Coleções de imagens flutuantes: álbuns fotográficos digitais on-line” analisa o colecionismo fotográfico na passagem da mídia secundária para a mídia terciária, isto é, na transição do álbum de fotos tradicional para o álbum de fotos digital online alocado em redes sociais como o Orkut, o Facebook e o Flickr. São estudadas as transformações ocorridas no hábito fotográfico amador, no que tange à lógica de arquivo e sua função social, em virtude da substituição tecnológica e da individualização do aparelho produtor de imagens. Para tanto, a partir das perspectivas históricas e teóricas, pensa-se a imagem e sua relação com a morte - desde as pinturas rupestres às tecno-imagens, presente nos estudos de Ivan Bystrina, Edgard Morin, Régis Debray e Hans Belting - e o
compartilhamento dos álbuns de fotos da vida privada em ambiente digital, apoiando-se nos conceitos de “não coisa”, “gula” e “cérebro cósmico” de Vilém Flusser, na “iconofagia” de Norval Baitello, na “crise da visibilidade” de Dietmar Kamper e na ideia de “existência em tempo real” e “simulacro” de Eugênio Trivinho e Jean Baudrillard, respectivamente. Três álbuns de fotos digitais on-line foram analisados, o que possibilitou a identificação de duas categorias diferentes de colecionismo fotográfico na internet: os que conferem “existência real” ao perfil do integrante da rede e os que contribuem para um mapeamento coletivo do mundo, em função da utilização de um modelo de busca, ou recuperação das informações, por meio de tags folksonômicas.
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Comunicação e Semiótica, sob a orientação do Professor Doutor Norval Baitello Junior.
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A ÓTICA DO INEVITÁVEL: REFLEXÕES SOBRE O FIM DA AURA NA FOTOGRAFIA MORTUÁRIA BRASILEIRA Israel Souto Campos
Palavras Chaves: Fotografia; Morte; Luto; Aura. Com o intuito de analisar as relações entre morte, luto e fotografia no Brasil, propõese, nesta resenha, uma reflexão sobre os possíveis fatores que contribuíram para o detrimento da modalidade fotográfica mortuária, esta em voga no Brasil do século
XIX, uma vez que junto à perda de sua aura com base no fenômeno, aqui intitulado “ótica do inevitável”, ou seja, a reprodutibilidade banal da imagem da morte, tem seu declínio a partir da década de 1980.
Universidade Federal do Ceará. Mestrando em Comunicação Social. Bolsista Funcap -Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico
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artigos
O AUTORRETRATO FOTOGRÁFICO: ENCENAÇÃO, DESPERSONIFICAÇÃO E DESAPARECIMENTO Lilian P. Barbon
Palavras Chaves: Fotografia; Identidade. Este artigo apresenta uma análise do autorretrato na fotografia, assim como algumas formas de autorrepresentação fotográfica utilizadas por artistas contemporâneos. Para tal procedimento, o artigo foi dividido em partes que analisam determinadas
estratégias utilizadas por artistas, a fim de levantar questões pertinentes acerca do autorretrato fotográfico, como, por exemplo, a encenação, despersonificação e o desaparecimento do Eu.
Mestranda em Artes Visuais na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), na linha de pesquisa Teoria e História das Artes Visuais. Especialista em Fotografia: Práxis e Discurso Fotográfico, pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), 2007. Bacharel em Artes Visuais pela UDESC, 2006.
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CONTEÚDO INDICADO seleção de conteúdos encontrados na rede relacionados às matérias desta edição e à fotografia em geral
Cinematografia Documentário
Revista Serrote Revista
Icônica Blog
Utilizado como base para o desenvolvimento da matéria sobre fotografia de cinema, publicada nesta edição, o documentário Cinematografia (TZ Editora), de Gabriel Barros, é composto por entrevistas realizadas com 54 conceituados diretores de fotografia atuantes no Brasil. O filme tem pouco mais de 50 minutos de duração e, conforme define David Stump, diretor de fotografia e membro da American Society of Cinematographers (ASC), é uma profunda reflexão sobre o quê pensam os diretores de fotografia, seu senso de integridade e sua relação com o trabalho.
Publicada pelo Instituto Moreira Salles, a revista Serrote é um periódico quadrimestral sobre fotografia e cultura em geral. Durante o intervalo de quatro meses entre uma edição e outra há muito que se ler e discutir, por isso a revista conta com um site de apoio com espaço aberto para a participação de leitores e colaboradores. A versão virtual da revista, também disponível no site, conversa diretamente com a versão impressa através de materiais complementares e exclusivos ao que é enviado para as livrarias.
Criado em setembro de 2009 com a participação de Rubens Fernandes Junior, doutor em Comunicação e Semiótica (PUCSP), e Ronaldo Entler, Doutor em Artes (ECA-USP), o Icônica surge com o objetivo de relacionar pesquisas com experiências cotidianas e, dessa forma, ampliar o diálogo sobre temas debatidos em ambientes acadêmicos. Atualmente, Claudia Linhares Sanz, doutora em Comunicação (UFF), e Maurício Lissovsky, doutor em Comunicação (UFRJ), também fazem parte da equipe. Os autores compartilham suas conversas sobre fotografia com pesquisadores, críticos e artistas através de postagens independentes, sem a preocupação de refletir um pensamento comum ao grupo.
SAIBA MAIS
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Cristo 360° Foto
Catarse Projeto
Após 4 dias de trabalho, totalizando 13 horas e 30 minutos fotografando, o carioca AYRTON360 produziu 4528 fotografias, gerando um total de 91 GB de arquivos originais. Depois de analisar e decupar o material, o fotógrafo utilizou 1063 fotos (29.8 GB) para compor a panorâmica em 360° que simula a visão do Cristo Redentor, ponto turístico da cidade do Rio de Janeiro. Na imagem estão identificados outros 10 pontos turísticos vistos de um ponto de vista privilegiado. Segundo Ayrton, esta é a maior Gigafoto de 360 graus já feita no Brasil. As imagens foram capturadas em setembro de 2011 em comemoração aos 80 anos do Redentor.
O Catarse é uma plataforma de crowdfunding lançada em 2011 pela empresa Softa. Crowndfunding é, de maneira resumida, um termo usado para definir iniciativas de financiamento colaborativas. E é assim que o Catarse funciona, divulgando ideias a fim de arrecadar financiamentos providos da colaboração do público para executá-las. Acessando o site você pode contribuir com os projetos individualmente fornecendo qualquer valor acima de R$ 10 ou inscrever o seu para aprovação. Atualmente o Catarse é representado pelo grupo Comum, formado pela integração das plataformas Catarse e Multidão. SAIBA MAIS
Fotolivros Latino-americanos Livro Resultado de pesquisas realizadas em onze países ao longo de quatro anos, Fotolivros latino-americanos lista as 150 publicações mais importantes no gênero fotográfico lançadas a partir do século XX. Além de ser uma história fotográfica do continente, a obra é também um panorama estético, social e cultural da América Latina. Coordenada pelo curador e historiador espanhol Horacio Fernández, com o apoio de um conselho de curadores de cinco nacionalidades, a edição brasileira foi publicada pela Cosac Naify, possui 256 páginas, 350 imagens e pode ser adquirida no site da editora.
SAIBA MAIS SAIBA MAIS
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w w w. re v is tafo to graf ia. co m . br
Foto - Mar tin Lazarev