EDITORIAL
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a noite de 3 de dezembro de 2009, em Balneário Camboriú (SC), foi lançada a primeira edição da Foto Grafia - Revista Acadêmica de Fotografia, destacando os projetos dos alunos da primeira turma de pós-graduação em fotografia da UNIVALI. Depois de 3 meses, após um significativo aprimoramento gráfico e editorial, é publicada a segunda edição, fomentando e apoiando cada vez mais a produção intelectual universitária. Conseguimos, com a Foto Grafia, abrir espaço para divulgar e incitar trabalhos de dois grupos que por vezes, infelizmente, não recebem seu devido mérito: fotógrafos e universitários. As páginas dessa edição contemplam diversos e admiráveis projetos fotográficos elaborados por acadêmicos de vários locais do Brasil. Temos aqui uma mistura surpreendente de técnicas, ângulos, paisagens, modelos e temas; tudo isso feito não só por profissionais, mas também por amadores e amantes da arte que é fotografar. Inegavelmente, sabe-se que tão importante quanto a produção prática, é a produção teórica. Ela, a teoria, nos revela e explana valiosas informações que são indispensáveis para o crescimento intelectual pessoal, gerando resultados cada vez mais conceituados e elaborados. Incentivar a produção textual científica, nesse caso, na área fotográfica, é, para nós, e acreditamos que para todos, algo recompensador. Por isso, disponibilizamos uma seção destinada unicamente à produção textual acadêmica, onde todos poderão desfrutar a leitura de artigos plausíveis que com certeza abrirão ainda mais o leque do conhecimento de cada leitor. Temos consciência que criamos e estamos firmando um espaço alternativo para publicação de trabalhos acadêmicos na área da fotografia, agora evidenciado por uma diagramação mais atualizada, juntamente com colunas e entrevistas informativas e instigantes, resultando em um projeto editorial que estimula cada vez mais a leitura do conhecimento produzido dentro das universidades. Para finalizar, é fundamental destacar a importância que a UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí - dá às ações de socialização do conhecimento, apoiando iniciativas como esta. O espírito de coletividade da instituição faz-se presente, pois a UNIVALI tornou possível a criação de um espaço alternativo para a publicação e divulgação de novos trabalhos e novos talentos na área da fotografia, onde as oportunidades não se limitam apenas aos seus alunos, mas alcançam a comunidade acadêmica nacional.
n the evening of 3rd of December, 2009, in Balneário Camboriú, Santa Catarina State, it was launched the First Edition of Foto Grafia – The Academic Photogra phy Magazine, highlighting the first graduation class´ students projects of UNIVALI – University of Itajai Valley (Universidade do Vale do Itajai, in portuguese). Three months later, following a remarkable graphic and editorial upgrading, it is published the Second Edition, promoting and increasingly supporting university intellectual production. With Foto Grafia, we are succeeding to disclose and encourage works of two groups that, often, are not getting their deserved recognition: Photographers and Graduates. This edition brings several successful photographic projects prepared by graduates from all over the country. We have here a fascinating mix of techniques, angles, landscapes, models and themes; all brought by professionals, amateurs and lovers of the photography art. It is well known that as well as practice, theoretical production is also important. Theory proves and explains valuable crucial information needed for personal intellectual growth, leading to more elaborated and worthy results. Stimulating the scientific textual production in photography is something fairly rewarding and that is why we have a special section for academic textual production, where you can enjoy must-read articles which will certainly expand every reader’s knowledge. We are well aware that we have created an alternative path and are strengthening it by publishing academic works related to photography, now emphasizing a more up to date layout, along with exciting and informative columns and interviews, making of Foto Grafia a editorial project that stimulates more and more the spreading of the knowledge produced within the university. It is fundamental to highlight how much UNIVALI respects and encourages actions of knowledge sharing like these. UNIVALI’s community appeal is visible, as the institution made possible the creation of an alternative path to publish and advertise new works and talents in photography, where these opportunities benefit not only its students, but also the national academic community.
LAPIS Comunicação e Cultura
LAPIS Communication and Culture.
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EXPEDIENTE Revista Acadêmica Foto Grafia Edição n° 2 ABRIL de 2010
Idealizador/Editor: Ricardo Gallarza Projeto gráfico: LAPIS Comunicação e Cultura Estagiária de jornalismo: Paola Carolina Santos Donner Colunistas: Estúdio Nagô, Janaina Souza, Marcelo Juchem e Santiago Adolfo Ramos Revisão: Marcia Haeser Tradução: Bárbara Dvojatzki Gráfica:COAN Editora: RGF Comunicação e Cultura Balneário Camboriú - Santa Catarina - Brasil fone - 55-47-33490980 www.grupolapis.com.br twitter.com/grupolapis contato@grupolapis.com.br As fotografias e artigos científicos assinados são de total responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. A produção total ou parcial de qualquer texto ou imagem, por qualquer meio, sem autorização dos responsáveis ou da revista é totalmente proibida. A Revista Acadêmica Foto Grafia é um projeto de fomento à produção intelectual universitária. Agradecemos a todos aqueles que participam das seleçõs de projeto, tornando possível a realização desta. Para ser um colaborador confira os editais no site da editora e envie seu material pelo e-mail: projetos@grupolapis.com.br
IMAGEM DE CAPA: Ricardo Dalbosco
Nota de redação
Errata
A revista Foto Grafia é revisda seguindo as normas da última reforma ortográfica brasileira.
Na edição n°1 (set. 2009) da Revista Foto Grafia houve um erro de informação no segundo parágrafo do texto “Baleias Francas” (pg. 10). O massacre ocorreu entre os séculos XVIII, XIX e XX e não entre os séculos XVIII, XIV e XX como mencionado.
4 - Universo Virtual
Veja o que você pode encontrar de melhor sobre fotografia no universo virtual.
29 - Faces da África Ricardo Dalbosco retrata a diversidade de um país pós-guerra
5 - Falando de mercado 30 - Falando de tecnologia 6 - Projetos fotográficos 38 - Artigos científicos 28 - Falando de ensino 49 - English version Mercado de oportunidades
Aprender a ensinar versus ensinar a aprender
Era digital
Universo Virtual Veja o que você pode encontrar de melhor sobre fotografia na internet. Por Janaína Souza, acadêmica de Fotografia da Univali responsável pelo twitter@foto_grafia
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internet oferece novas maneiras de ver e ser visto. O reduto virtual permite-nos aprimorar habilidades, mostrar nosso trabalho, adquirir novas tecnologias e conhecer o que é tendência no mundo todo. A fotografia tem seu lugar garantido nesse universo, ilustrando informações numa linguagem universal. Prova disso é o Google - maior portal de pesquisa do mundo - e sua categoria de busca por imagens. Autointitulando-se “a pesquisa de imagens mais completa da web”, investem pesado em maneiras de manter esse título. Ao fazer uma pesquisa, pode-se escolher a cor predominante da imagem, além de close no rosto, tamanho exato ou aproximado, foto ou desenho, entre outros, a pesquisa por similaridade, em que se pode buscar uma imagem e escolher entre suas semelhantes por visual ou significado. Agora vem aí o Googles, um sistema de busca no qual a imagem é a base para a pesquisa. Utilizando uma foto tirada pelo seu celular, pode-se perguntar o que quiser sobre o que foi fotografado, seja um produto, logotipo ou ponto turístico. Entretanto, para a fotografia, a internet não se resume a uma busca de imagens prontas. Mostramos aqui um pouco do que
podemos encontrar de melhor, para uso online ou não, em diversos setores. Pesquise, compartilhe, aprenda, divulgue. Apenas não deixe de desfrutar de tantas possibilidades. Camera Simulator : www.kamerasimulator.se/eng/ Site sueco que simula on-line as funções de uma câmera fotográfica na configuração manual. É possível testar diversas combinações de ISO, abertura do diafragma e velocidade do obturador. Praticar virtualmente é uma ótima maneira de entender a relação entre eles, serve também como uma eficiente ferramenta de ensino. O site oferece também a possibilidade de relacionar abertura e velocidade para que sejam proporcionais. Site em inglês. Touchpuppet : www.touchpuppet.com Arte, moda e fotografia se reúnem nesse site criado e mantido por um grupo de americanos jovens, estudantes da área. O site contém editoriais das maiores publicações de moda do mundo e é atualizado várias vezes por dia, informando sempre o nome do fotógrafo, modelo e revista em
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de câmeras e objetivas das principais marcas do mercado fotográfico, seu banco de dados contém as especificações detalhadas de todo esse equipamento e uma galeria de fotos tiradas com cada uma delas. Em seu guia de compra, também é possível comparar marcas e modelos, colocando-os lado a Flickr : lado para pesar prós e contras. Indispenwww.flickr.com O Flickr é uma grande saída para com- sável na hora de comprar material ou apropartilhar imagens. O site tornou-se popu- fundar o conhecimento técnico. lar no mundo todo e conta com diversos Site em inglês. recursos como estatísticas de acesso, dados EXIF da foto, busca por tags, georrefer- Picnik : ência, edição e organização de imagens. O www.picnik.com upload de fotos e vídeos contém algumas Editor de imagens on-line que permite alrestrições na versão gratuita, mas pode- terar fotos armazenadas no computador ou se adquirir uma conta anual que permite hospedadas na internet sem a necessidade armazenamento ilimitado. O comparti- de download ou instalação de programas. lhamento é seguro e permite controle de Sua interface amigável possibilita o conprivacidade sobre conteúdo ao seu usuário. trole de cores, saturação e brilho; correção Ideal para portifólio, negócios ou armaze- de olhos vermelhos; girar, redimensionar namento, e é praticamente obrigatório para ou cortar imagens; além de inserir alguns efeitos e contar também com a ferramenta quem trabalha com fotografia. “autocorreção”. Depois de alterada, a foto Site em português e inglês. pode ser salva ou enviada para outros sites. Gratuito e fácil de usar, oferece um serviço Digital Photography Review : prático e de qualidade para retoques rápiwww.dpreview.com Quando o assunto é análise de equipamen- dos ou emergenciais. tos fotográficos, este site é considerado uma Site em português e inglês. autoridade. Além de noticiar lançamentos questão. Inspiração de sobra para quem atua na área de fotografia de moda ou quer se manter informado sobre as tendências do meio. Site em inglês.
FOTO GRAFIA Nº 2 / UNIVERSO VIRTUAL
FALANDO DE MERCADO
Mercado de Oportunidades visite - www.estudionago.com
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estado de Santa Catarina tornouse referência nacional e internacional quando o assunto é moda. A visão de prestadores de serviços qualificados, como fotógrafos e designers, deixou o eixo Rio - São Paulo e as grandes marcas acharam aqui, no estado, prestadores de serviços capacitados para suprir a demanda e direcionar de forma criativa suas ações. A demanda e a concorrência crescem paralelamente, o que acentua a busca e a valorização de quem atua nesse segmento; e só quem está realmente qualificado, permanecerá trabalhando. universidade é um grande alierce para o futuro profissional. É ela quem vai ensinar as técnicas e apresentar os ramos de atuações, mas a produção de material já deve começar ali, na academia. A época de escolher seu campo de atuação e de projetar-se profissionalmente é durante o período universitário, pois é quando há oportunidade de corrigir os erros e aperfeiçoar os trabalhos. Além disso, é onde se pode iniciar um portifólio na área de atuação escolhida, auxiliado por professores e mestres da área. A Universidade não é o limite, deve-se unir as informações acadêmicas à realidade do mercado para produzir um portifólio coerente às necessidades e tendências da área
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em que se pretende atuar, isso deve ser uma constante na formação profissional. A moda está em constante mudança e precisa de novas idéias, pois as marcas lançam de duas a quatro coleções anuais, não tem como ficar parado em um mercado como esse. É gratificante quando os clientes sentem nas ruas o retorno dos materiais desenvolvidos. Isso é resultado de muita pesquisa e percepção das diretrizes do mercado. Quando falamos de mercado, falamos também de resultados. O ensaio fotográfico, o design feito com as imagens e a criação de “uma realidade paralela” à qual vivemos acelera o consumo e é de nossa responsabilidade. Não adianta produzirmos fotografias bonitas e grandes idéias se elas não satisfazem as necessidades do cliente. Nosso objetivo é sempre posicionar da melhor forma a marca e aprimorar resultados nas vendas a cada coleção, o que é só é possível graças a todo o planejamento desenvolvido antecipadamente à execução dos materiais e isso exige muita pesquisa e inovação. Já trabalhamos para concorrentes diretos, mas sempre usamos a ética como fator de separação dos trabalhos. O resultado de uma marca não interfere na outra, o que acaba fidelizando os clientes. O conceito e sua contextualização são as ações-chave para quem pretende ingres-
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sar no mercado de trabalho no ramo de fotografia e ilustração de moda. Além de vender estilos de vida, comportamento e vestimenta, a junção do glamour do mundo fashion com o trivial do dia a dia aproxima “pessoas comuns” do mercado da moda. A imagem é o elo entre a moda e o consumidor. São as figuras que despertam o desejo de compra e criam a identificação do cliente com o produto consumido. or ser tratar de um mercado em constante mutação, isso não nos permite fazer planejamentos longos. Trabalhamos normalmente com períodos de seis meses, tempo médio de duração de uma coleção. Outro fator que interfere em nosso trabalho é a rigorosidade do mercado: ele não permite que você erre. Por esse motivo achamos que a hora de arriscar e produzir é o momento acadêmico. Você tem nesse período tempo suficiente de corrigir seus erros e criar uma linha de trabalho coerente à realidade do mercado em que você pretende atuar. Pois ao entrar no mercado os erros são inadmissíveis. Ressaltamos isso diariamente em nosso Estúdio. O ideal é escolher um segmento e tornar-se referência nele, assim os clientes passam a vê-lo como referência. Por isso, é importante o estudo constante das tendências e saber aonde se quer chegar. Nós optamos
Marcelo e Marcos, idealizadores e proprietários do Estúdio Nagô, falam da realidade do mercado de trabalho em que atuam e da necessidade de especialização de novos profissionais.
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FOTO GRAFIA Nº 2 / MERCADO
por sermos patrões de nós mesmos, mas, antes disso, foram necessários três anos de jornada dupla de trabalho, dividindo nossa atividade profissional entre duas empresas até estruturarmos o Estúdio Nagô.
PROJETOS FOTOGRÁFICOS Um dos maiores objetivos da Foto Grafia é ceder espaço para a publicação autoral de fotografias produzidas por universitários, assim estimulamos a produção e somos surpreendidos com novos talentos.
Os seguintes fotógrafos foram selecionados para esta edição: 07 - Vinicius de Oliveira 08 - Bruno Ropelato 09 - Natália Cunha Mastrela 10 - Flavio Tin 11 - Luana Werb 12 - Davi Spuldaro 13 - Gisele Trevisan 14 - Isabela Nishijima 15 - Thiago Silva Maia 16 - Shester Cardoso Damasco 17 - Rodrigo Acosta
18 - Bruno Alencastro 19 - Thaisa Bezerra Figueiredo 20 - Jusselen Maria Nunes 21 - Pedro Caetano Eboli 22 - Alexandra Martins Costa 23 - Juliano Baby 24 - Julio Cesar Ricó 25 - Alana Linhares 26 - Max Yan Scoz 27 - Lincon Mikail
Consulte os editais de publicação no site
www.grupolapis.com.br
Vinicius de Oliveira Universidade do vale do itajaテュ - univali
www.flickr.com/vinipho vinipho@hotmail.com
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FOTO GRAFIA Nツコ 2 / PROJETOS FOTOGRテ:ICOS
Bruno Ropelato Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC
ropelatu@hotmail.com
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Natália Cunha Mastrela Universidade Federal de Goiás – UFG
www.nataliamastrela.blogspot.com natimastrela@hotmail.com
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Flávio Tin Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI
www.flaviotin.com.br flaviotin@flaviotin.com.br
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Luana Werb Universidade Paulista – UNIP
www.flickr.com/ventodamadrugada luanawerb@hotmail.com
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Davi Spuldaro Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI
www.flickr.com/spuldaro davi.spuldaro@gmail.com
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Giselle Trevisan Universidade Cidade de São Paulo – UNICID
giselle.trevisan@gmail.com
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Isabela Nishijima Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR
www.flickr.com/isanishi isa.nishijima@gmail.com
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Thiago Silva Maia Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF
www.flickr.com/thyagumayah thyago09@yahoo.com.br
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Shester Cardoso Damaceno Universidade Católica de Pelotas – UCPel
www.shesterdamaceno.com contato@shesterdamaceno.com
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Rodrigo Acosta Faculdades Integradas Coração de Jesus – FAINC
morcegoarts@hotmail.com
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Bruno Alencastro Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS
www.blogdephoto.wordpress.com brunoalencastro@gmail.com
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Thaisa Bezerra Figueiredo Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP
www.flickr.com/thaisafigueiredo tautaa@gmail.com
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Jusselen Maria Nunes Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI
www.flickr.com/selennunes jusselen@brturbo.com.br
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Pedro Caetano Eboli Nogueira Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
www.pceboli.multiply.com pcboli@gmail.com
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Alexandra Martins Costa Centro Universitário de Brasília – UniCEUB
br.olhares.com/alexandramartins alexandra.fotografia@uol.com.br
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Juliano Baby Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI
www.usinadabeleza.com juliano@usinadabeleza.com
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Júlio César Riccó Plácido da Silva Universidade Estadual Paulista - UNESP – IASP
www.julioricco.com julio@julioricco.com
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Alana Linhares Universidade Federal do Ceará – UFC
www.flickr.com/malverick alana.linhares@gmail.com
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Max Yan Scoz Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI
www.flickr.com/maxyan_ max_yan@ymail.com
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
Lincon Mikail Zarbietti de Oliveira Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP
www.flickr.com/linconzarbietti linconmikaz@gmail.com
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FOTO GRAFIA Nº 2 / PROJETOS FOTOGRÁFICOS
FALANDO DE MERCADO
APRENDER A ENSINAR VERSUS ENSINAR A APRENDER Marcelo Jushen estudou direito, agronomia e comunicação social até pesquisar sobre fotografia no mestrado em literatura alemã. Atualmente é professor na UNIVALI, onde pensa, faz e ensina fotografia desde 2004.
“Aprendi fotografia sozinho, lendo livros importados e praticando a tentativa e erro”. Se você se interessa pela biografia de grandes fotógrafos nacionais, com certeza já leu ou escutou uma afirmação como esta. Casualmente esta é fictícia, inventei agora, mas cabe perfeitamente à trajetória profissional de diversos fotógrafos de mão cheia e click certeiro.
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m um passado não tão distante, digamos menos de 10 anos, estudar fotografia exigia um enorme esforço autodidata, como fizeram os autores de declarações semelhantes à minha, ou a busca de um curso que, em algum momento, teria algumas disciplinas de fotografia no currículo. Jornalismo, publicidade, arquitetura e artes são alguns deles, nos quais os alunos precisam adquirir e desenvolver conhecimentos de outras esferas para só então ter algum contato com o aprendizado da fotografia propriamente dita, muitas vezes de forma breve e super-
ficial. Não se consideram aqui cursos rápidos de algumas semanas ou meses - cursos esses que também têm seu valor pelo conhecimento que propiciam, mas sim de um ensino ainda mais teórico e aprofundado, aqui no Brasil normalmente associado à Academia. Que diversos grandes fotógrafos contemporâneos afirmem ter aprendido sozinhos certamente é louvável, e saber que hoje existem possibilidades bem mais eficientes, é mais louvável ainda! Se antigamente grandes fotógrafos conseguiram alcançar bons resultados “apenas” tendo a informação, ou seja, aprendendo sozinhos nos raros livros sobre fotografia, hoje em dia estas informações estão muito mais disponíveis seja em livros, cursos rápidos ou mesmo na internet. Mais importante do que ter a informação é saber o que fazer com ela, esse é um dos frutos da sociedade da informação. A sociedade atual exige mais capacitação e conhecimento, pois apenas ser competente
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em determinada área não é mais garantia de sucesso profissional e pessoal, como há alguns anos parecia ser. A especificidade dos atuais cursos de graduação, seja aqui no sul do país, seja em todo o território brasileiro, comprova isso. A SME, Síndrome da Medicina Especializadíssima, patologia que, para efeitos deste raciocínio que acabei de criar, parece ter se espalhado para todos os cursos. Explico: médico é médico; mas cirurgião geral também é médico; ortopedista também é médico; dermatologista, da mesma forma, é médico; e assim por diante. Ou seja, conhecimentos gerais para todos e específicos para cada especialista, com o perdão da redundância. Na prática, quando se tem uma doença específica, busca-se um médico específico, certo? Assim, cada vez mais não basta termos o conhecimento “genérico” (ênfase às aspas) de um curso de graduação, pois nos são exigidos, além deste, os conhecimentos especializados de cada área. De certa forma, procura-se por “generalistas especialistas”: profissionais que tenham conhecimentos amplos e genéricos, mas que, ao mesmo tempo, tenham seu diferencial específico. Isso em partes explica a proliferação de cursos de pós-graduação e a criação de inúmeros outros cursos de graduação inimagináveis há poucos anos. Porém, isso de forma alguma é pejorativo, muito antes pelo contrário. Você prefere um advogado que “entenda um pouco de tudo”, ou um que, além disso, seja especialista em Direito Civil, ou Penal, ou de Família, para resolver um problema civil, ou penal, ou de família? Saber usar as informações acerca da fotografia acaba sendo a maior dificuldade dos aspirantes a fotógrafos. Apenas fotografar é “fácil”: diafragma versus obturador e algumas variantes aqui ou ali. “Pensar” fotografia é muito mais difícil! Saber a importância da fotografia, analisar o ato fotográfico, o objeto fotografia, o equipamento, as novas tecnologias e o profissional fotógrafo acabam sendo muito mais complexos do que “apenas” fotografar.
FOTO GRAFIA Nº 2 / ENSINO
E é para contribuir em todos estes aspectos que temos, hoje em dia, os cursos específicos de fotografia, em âmbito de graduação tecnológica e pós-graduação. Neles, busca-se oferecer alguns conhecimentos genéricos – arte, sociedade, comunicação, e diversos específicos desta arte, tendo o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), a Universidade Anhembi Morumbi de São Paulo, a Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) e a Universidade Estadual de Londrina (UEL) como algumas referências nacionais. Vontade de aprender, a mesma que os autodidatas têm, é obviamente muito bemvinda na Universidade. Conhecimentos técnicos de fotografia sobre equipamentos, suprimentos ou mesmo da prática profissional do fotógrafo, também. Estes, porém, se adquirem ao longo do curso; vontade há que se trazer de casa. O que podemos desenvolver na Academia é a paixão por esta mídia fenomenal que é a fotografia. Analisar, teorizar, praticar, pensar fotografia são objetivos destes cursos acadêmicos, cujos professores com certeza gostariam de ter feito exatamente estes cursos, mas pelo simples fato de que não eram oferecidos, não puderam fazê-los (falo por mim, mas tomo a liberdade de assumir por vários colegas), e buscaram complementar seus estudos em pesquisas paralelas e cursos de pós-graduação, bem como através da prática profissional. or tudo isso, estamos criando uma forma de ensinar fotografia. Amantes e praticantes dessa arte, professores e alunos, todos juntos, estão reinventando uma “Pedagogia da Fotografia”. Precisamos separar nossas paixões fotográficas particulares dos temas e assuntos a serem abordados. Precisamos aproveitar a experiência dos professores e os conhecimentos prévios dos alunos, muitas vezes bastante aprofundados, para a construção do saber fotográfico entre todos nós. E nada disso é fácil. E ninguém disse que seria! E é por isso que ensinar e aprender fotografia só serve para quem encara grandes desafios.
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FALANDO DE TECNOLOGIA
A ERA DIGITAL Analógica e Digital são as duas palavras que definem as diferentes etapas em que podemos dividir a história da fotografia, do cinema e da televisão.
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equipe técnica de Hasselblad declarou há alguns anos que ingressariam na era digital quando concebessem uma máquina cuja imagem fosse da mesma qualidade que a gerada pelas suas câmeras tradicionais. E conseguiram! Lançaram a Hasselblad HD3 II em janeiro de 2007, câmera que possui um chip de 39 megapixels, mas com o custo elevado de aproximadamente USD 30.000. Falando em cinema, Sidney Lumet (85 anos), após ter dirigido os maiores astros de Hollywood, fez seu último filme com câmeras Sony XDCam, configuradas com lentes Arriflex e que registravam no CMOS uma imagem de 1920 por 1080 linhas. Na estréia do filme, o diretor declarou para a imprensa: “Entrei na era digital para não sair mais. Esta é a forma mais prática de filmar a linguagem do cinema atual”. Já o longa-metragem de origem indiana “Quem Quer Ser Milionário” foi filmado integralmente com câmeras S2K, da Sili-
com Imaging (www.siliconimaging.com), tendo como resultado o sucesso internacional conhecido por todos. Se a informação sobre este fato não fosse o suporte da campanha publicitária da Silicom Imaging, ninguém saberia do assunto, já que a qualidade de imagem do filme não mostra diferenças que nos levem a pensar que foram utilizadas câmeras digitais ao invés das tradicionais Panavision. A televisão também está entrando rapidamente na era digital. As mais importantes emissoras do mundo já abandonaram os antigos sistemas analógicos para produzir e gerar programação com imagens de alta qualidade com formato widescreen - “tela em formato de paisagem”. Esse padrão de tela é usado nos cinemas e a relação entre sua altura e largura é de 16:9. As vantagens de produzir com sistemas digitais começam durante o desenvolvimento do projeto, quando descobrimos que o orçamento sofreu uma redução altamente
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significativa. Continuam nas etapas de préprodução e de produção, quando o sistema de storage ficou mais simples e resolvido com uma pequena torre de HDs externos ou quando, no final de uma cena, podemos assisti-la num monitor 2K para decidir se temos que repeti-la ou mandar “imprimila” e passar para a seguinte. 2K é um dos três níveis mínimos de qualidade projetiva para o cinema, proposta em 2005. Sua resolução é de 2048 x 1080 pixels e reproduz 24 quadros por segundo (QPS) ou, do inglês, frames per second (FPS). Definitivamente, a pós-produção digital traz infinitas possibilidades para uma equipe criativa e com um mínimo de equipamentos. Existem inúmeros programas para melhorar as imagens recémproduzidas e levá-las a resultados com um padrão internacional de qualidade. Isso amplia os nossos horizontes e nos permite pensar em coproduzir, juntamente com empresas de outros países, ou em ingressar nossos produtos nos mercados da Europa e do Oriente. Para nós, documentaristas, fica só uma interrogação como conseqüência deste avanço tecnológico: O que acontecerá quando necessitarmos utilizar imagens do nosso arquivo? 16 mm, U-matic, Betacam, SVHS, Hi-8, M II, DV, e DVCam são alguns dos formatos das imagens de um arquivo com milhares de horas de vídeo que, para digitalizá-las e transformá-las em Full HD 16:9, deveremos nos resignar a uma grande perda da qualidade original. este problema não é só nosso. Todas as equipes jornalísticas das emissoras de TV utilizam, quando necessário, seus arquivos para sustentar a informação. Cyril Lollivier, da Gaumont Pathé Archives - empresa de cinema francesa fundada em 1897, há dois anos nos contava que tinham adquirido recentemente os arquivos do Kremlin. Ou seja, são mais de 80 anos da história da Rússia em imagens que não são Full HD 16:9. Contudo, parece haver uma luz no fim do túnel. Em outubro de 2009, durante o MIPCOM - maior mercado de cinema e
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FOTO GRAFIA Nº 2 / TECNOLOGIA
TV do mundo, realizado em Cannes (FR), a maioria das Emissoras e Redes de TV Internacionais optaram por manter o formato 4:3 para as imagens de arquivo, ainda que a emissão normal fosse 16:9 e Full HD. Resumindo: apesar de a maioria das emissoras estarem a caminho de emitir em formato 16:9 ou widescreen, formato muito diferente em tamanho e forma do tradicional 4:3 de “tela quadrada”, o material de arquivo registrado, editado e guardado neste formato quadrado, será utilizado na sua forma original, sem modificações que baixam a qualidade da imagem. É uma excelente notícia para os documentaristas (que utilizam o arquivo constantemente, já que as produções levam anos de trabalho durante os quais a tecnologia sofre mudanças) e para os editores de jornalismo das emissoras que se apoiam no arquivo para sustentar as notícias políticas, econômicas, judiciais, comerciais e tantas outras. ara os fotógrafos, o trânsito entre as duas tecnologias é mais simples. Hoje existem scanneres de grandes tamanhos nos quais é possível colocar o negativo de um filme antigo e, através de um procedimento específico, extrair uma fotografia digital. Depois, a imagem pode ser trabalhada em programas de correção e melhoramento de imagem como se fosse uma fotografia obtida com uma máquina digital. O formato 16:9 deixa a TV mais perto do cinema, o que representa um avanço nas reais possibilidades das pequenas e médias produtoras de realizar uma produção que se insira em grades de programação nacionais e internacionais. O sistema Full HD fornece uma imagem similar à imagem de uma câmera de cinema, resultando em produções com melhor qualidade e muito mais fiéis à realidade que estão documentando. São estes avanços tecnológicos que, apesar de causarem forte impacto na produção de imagens, garantem a longevidade dos registros sobre a geografia, a história, a cultura e os acontecimentos que tanto comovem o nosso Planeta.
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FACES DA ÁFRICA Ricardo Dalbosco retrata a diversidade de um país pós-guerra
À esquerda: Mesmo em um país desiludido após a guerra, reuniões de igrejas são ocasiões para todos usarem suas melhores vestimentas e celebrarem as conquistas com os amigos. Abaixo: Casa típica de Angola, construída por tijolos de adobe (barro) e telhado de zinco com pedras em cima para o telhado não voar. Os tijolos de barro, que são deixados ao sol para secar e serem vendidos, são comercializados em média por 25 Kz cada (aproximadamente R$0,46).
O litoral catarinense e suas belezas, onde Ricardo Dalbosco nasceu e foi criado, serviu como fonte de inspiração para seu ingresso no mundo da fotografia. Da infância à formação profissional, a possibilidade de transpor um pouco da visão e do sentimento dos lugares pelos quais já havia passado foi um modo de aprimorar a arte de fotografar. Com o intuito de beneficiar o meio ambiente através de um trabalho que gerasse resultados realmente visíveis foi que Ricardo optou por cursar Oceanografia para dedicar-se ao planejamento urbano e impactos socioambientais. Seu período de graduação (2002-2008) foi marcado por muito estudo, trabalho e viagens relacionadas aos seus projetos universitários. O roteiro inclui visitas ao Peru e aos estados norte-americanos da Califórnia e Arizona, residência em Montana e Hawaii (EUA), travessia do deserto do Atacama (CHL) e estágio nas cidades de Ubatuba e São José dos Campos (SP). AS CÂMERAS FOTOGRÁFICAS
2004, antes da sua primeira viagem a trabalho nos Estados Unidos. Foi morando ao lado do Parque Nacional de Yellowstone, o parque nacional mais antigo do mundo, e portando uma câmera Canon compacta de filme que sua paixão pela fotografia aumentou. À medida que conhecia outros lugares e expandia seus conhecimentos, esse oceanógrafo percebeu a necessidade de adquirir um equipamento fotográfico melhor e mais completo. pesar da paixão pela fotografia, Ricardo estava ciente de que também necessitava aprofundar seus conhecimentos técnicos e teóricos. Durante o ano de 2005 pesquisou a respeito de câmeras e teve uma breve introdução a respeito do material que desejava adquirir, uma vez que estava ingressando na era digital da fotografia. No final do mesmo ano, foi estagiar no National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA ou, em português, Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) no Hawaii, Ricardo conseguiu economizar dinheiro e comprar uma câmera digital Canon EOS Rebel 300 D, com lentes de 300 mm e de 18-55 mm. Esse foi o passo decisivo para que a dediA primeira câmera fotográfica de Ricardo cação à fotografia se tornasse incansável. foi um presente dado por seus pais em Após esse estágio e de volta ao Brasil, Ri-
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cardo trocou as milhagens do seu cartão fidelidade por passagens ao Chile e Peru, onde leu todo manual de instruções de sua câmera e, aos poucos, deixou de operá-la no modo automático, passando a explorar as paisagens e a luz no modo manual. Após a expedição chilena, o estudante buscou aperfeiçoar suas técnicas fotográficas. Foi então que recorreu aos seus professores e orientadores universitários Marcus Polellte e Ricardo Magoga Gallarza – hoje considerados seus pais e grandes incentivadores quando o assunto é meio-ambiente e fotografia.
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CONHECENDO O VELHO MUNDO Em novembro de 2008, Ricardo recebeu um convite para trabalhar com planejamento urbano e regional e consultoria ambiental, em Angola, principalmente nas áreas mais afetadas pela guerra que terminou em 2002. “Foi aí que vi a oportunidade perfeita para continuar atuando diretamente na minha vertente de formação e aliar com meus trabalhos fotográficos”, afirma Ricardo. Se forem somadas, as guerras em Angola duraram aproximadamente 40 anos e con-
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Oásis no deserto da Namíbia: referência turística em Angola, é conhecido como Arco e mistura deserto, água, conchas pré-históricas e animais.
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tabilizam cerca de 500.000 mortos, segundo o historiador Daniel Santiago Chaves. O confronto entre Angola e Portugal pela independência do país africano aconteceu entre os anos de 1961 e 1975. Já a Guerra Civil Angolana, iniciada no mesmo ano, terminou oficialmente em 2002. pesar de ter se informado previamente a respeito de Luanda – capital de Angola e primeiro lugar onde Ricardo residiu, o espanto com a nova realidade foi grande. “Fui preparado para muito trabalho, ver muito sofrimento, e com a pior imagem possível. Isso não demonstra ser pessimista, demonstra saber para onde estamos indo. O primeiro impacto é o emocional, ter a percepção da impotência que temos de fazer alguma
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ação realmente significativa. É inevitável a mudança no seu modo de ser, sentir e agir após alguns meses no continente africano”, diz Ricardo. Uma viagem a Angola, para quem deseja apenas visitar o país, envolve inúmeras dificuldades. Uma expedição fotográfica no país, segundo estudos do ECA Internacional, custa muito caro; Luanda é a cidade mais cara do mundo para trabalhadores estrangeiros, onde a diária em uma pensão custa cerca de 200 dólares. Luanda também é um local perigoso para andar com um equipamento caro, como o fotográfico, principalmente à noite. Apesar de todas essas dificuldades e diferenças sociais africanas serem mostradas constantemente na televisão e jornais, o
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descaso da população mundial ainda é visível. Há a necessidade de o fotojornalismo ser entendido como uma ferramenta que completa o texto jornalístico, mas que também causa repercussões quando observada isoladamente, estimulando a busca pelo entendimento do meio e dos caminhos frente à resolução dos problemas. Porém, também se faz necessária a intenção de mudar o perfil comportamental dos leitores, de modo que as informações possam ser potencializadas e provoquem mudanças e ações positivas.
Acima: Região sul de Angola, próxima à fronteira com a Namíbia, em meio à Savana e próxima à fonte de água que abastece o gado da região, assim como fonte de água para muitas pessoas. A direita: Tribo das Mumuilas: o colorido dos colares contrasta com a pele escura, o tímido sorriso tenta se opor ao cansaço do trabalho para sobrevivência.
anda e Lubango, cidades de residência de Ricardo, possuem uma beleza cênica ímpar que o fascinaram. “Quando se chega na A OUTRA FACE AFRICANA África, o barro vermelho e os musseques (favelas) intermináveis já são vistos duApesar das dificuldades que o povo enfren- rante o pouso do avião. Depois se nota a ta, Angola é um país de belezas raras. Lu- bagunça no trânsito, a falta de saneamento
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básico e os muitos jovens e crianças na rua, mas essa ‘selva urbana’ não esconde a alegria, as cores, a cultura e a dança desse povo”, afirma. contraste entre as crianças e os tanques de guerras é chocante aos olhos estrangeiros e normais aos olhos de moradores, mas Ricardo consegue parar o tempo e nos permite analisar profundamente a imagem, congelar o instante e revelar uma beleza que jamais seria enxergada em meio ao caos do diaa-dia. O colorido dos colares usados pelas mulheres contrasta com sua pele escura, ao mesmo tempo em que o tímido sorriso tenta se opor ao cansaço do trabalho para
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sobrevivência. Mesmo em um país devastado, mas esperançoso, após a guerra, reuniões de igrejas são ocasiões para todos usarem suas melhores vestimentas e celebrarem as conquistas com os amigos, como se nenhum problema ou dificuldade estivesse presente. A câmera fotográfica é algo que chama a atenção na África, mas a aceitação dos moradores é bem diversa. Ricardo teve a oportunidade de conhecer e fotografar um senhor com idade superior à expectativa de vida angolana – 42 anos segundo a ONU, mas sua reação foi agressiva devido ao medo da câmera. Em contrapartida, Ricardo não encontrou dificuldades para fotografar seis meninos que aproveitavam
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a praia no deserto da Namíbia em um dia de sol forte em fevereiro de 2009. “Todos queriam aparecer na foto e era difícil enquadrá-los, eles não paravam de se mexer e virem cada vez mais próximo da lente. Além disso, todos estavam tomando banho pelados. Uma simpatia os garotos”, lembra. biodiversidade da região destacase por sua beleza e Ricardo teve a oportunidade de retratar alguns desses lugares incomuns. Em junho de 2009, ele esteve em um oásis no deserto da Namíbia, quase no país da Namíbia. O oásis, referência turística em Angola, é conhecido como Arco e mistura deserto, água, conchas pré-históricas e animais.
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“Luanda foi projetada para 500 mil pessoas, mas hoje abriga aproximadamente 6 milhões. A taxa de pobreza é enorme e as dificuldades socioeconômicas e culturais são totalmente diferentes das vividas por mim antes, mas que agora me ajudam a traçar novos objetivos na vida, assim como reavaliar vários aspectos e valores relacionados a minha vida pessoal e profissional”, afirma Ricardo. O FUTURO Apesar de estar inserido há pouco tempo no mercado profissional da fotografia, o próximo projeto de Ricardo Dalbosco é a inserção de suas imagens no calendário de
uma ONG internacional com sede na Itália e atuação em inúmeros países. O material será distribuído em nível mundial e deverá ter grandes repercussões. pós passar um mês no Brasil, o oceanógrafo retorna a Lubango – cidade localizada ao sul de Angola, onde mora atualmente, e retoma seu segundo ano de atividades profissionais na área de planejamento urbano. Porém, a fotografia é um hobby que o acompanha constantemente e o incentiva a ajudar a mostrar a realidade mundial às pessoas, através de uma imagem. “Na África, mais do que nunca, sinto-me incapaz em mudar o mundo através das minhas fotos, mas posso começar a provocar essa mudança para quem a quiser. Angola é um país extremamente difícil para a mídia em geral mas, apesar de restrito, é necessário que o fotojornalismo busque consolidação como forma de uma ferramenta emancipatória a outros questionamentos, assim como crítica, em função da formação de objetivos socioambientais. A contribuição do fotojornalismo é evidente para o processo de informação e educação e essa linha de trabalho deve ser enfatizada. Sendo assim, o uso do fotojornalismo pode ser visto também como um processo educativo, mobilizador e perceptivo quanto à realidade social, estimulando a busca pelo entendimento e resolução dos problemas”, encerra Ricardo.
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À esquerda: Os dois garotos não entendiam nada do meu português… falavam um dialeto. Mas quando comecei a tentar dançar um passos de Kuduro (dança típica no País), a dança tornou-se numa linguagem única. A fotografia dos pés foi consequência da interação com os garotos demonstrando que desde cedo o trabalho duro faz parte desde povo. À direita:
Meninos em Namíbia (Angola):
“Todos queriam aparecer na foto e era difícil enquadrá-los, eles não paravam de se mexer e vir cada vez mais próximo da lente” lembra o fotógrafo.
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ARTIGOS CIENTÍFICOS A informação faz rever conceitos, abre novos horizontes, permite a socialização do conhecimento, instrui fornecendo dados, visões, instruções, percepções, e, acima de tudo, bases teóricas que são princípios elementares de uma arte ou ciência. Como sabemos, fotografar é uma arte e, logicamente, não poderíamos deixar de publicar suas teorias na Foto Grafia.
Apreciem, sem o mínimo de moderação, as produções textuais autorais disponibilizadas nessa seção. O TRABALHO DE JERRY UELSMANN COMO PROVA DA FOTOMONTAGEM A PARTIR DO NEGATIVO FOTOGRÁFICO A FOTOGRAFIA COMO PRODUTO NO MERCADO DA ARTE A CONTRIBUIÇÃO DA FOTOGRAFIA DIGITAL NO PROCESSO PROJETUAL DO DESIGN
Consulte os editais de publicação no site
www.grupolapis.com.br
O trabalho de Jerry Uelsmann como prova da fotomontagem a partir do negativo fotográfico Luciana Nascimento Urtiga Universidade Federal de Campina Grande – UFCG
lucianaurtiga@gmail.com
RESUMO A fotomontagem nasce da fotografia analógica com a manipulação de negativos, não da fotografia digital como se convencionou afirmar. Jerry Uelsmann é um fotógrafo americano que trabalha há 50 anos com esse tipo de manipulação, e por isso é uma prova que apenas confirma essa afirmação. Para a realização deste artigo, uma pesquisa de referências bibliográficas foi efetivada em biblioteca e acervo pessoal, além da própria internet. Sobre Uelsmann foram encontrados apenas artigos na língua inglesa, o que não dificultou o desenvolvimento deste trabalho. Suas fotografias também serviram como fonte de referência, uma vez que servem como comprovação de que o que aqui é exposto verdadeiramente existe. 1 INTRODUÇÃO Com o advento da fotografia digital, a popularização massificada dessa manifestação artística visual fez crescer também a
proliferação de softwares especializados em edição de imagens. Logo, tornou-se mais comum e mais notória a utilização dos mesmos por aqueles que acreditavam que isso não fosse possível ou que fosse uma coisa recente. O fato é que a fotomontagem é tão antiga quanto a própria fotografia e seu berço é no modo analógico da captura de imagem: o negativo. “Apertado o gatilho, nada mais pode mudar” (Barthes, 1980, p. 126). É esse pensamento cartesiano que se pretende mudar com este artigo, apresentando evidências que constatam esse fato e citando um exemplo vivo de que esse tipo de manipulação é possível: Jerry Uelsmann. Esse trabalho será baseado em referências bibliográficas de teóricos renomados no que concerne a Fotografia, tais como Michael Busselle, Boris Kossoy, Philippe Dubois, Vilém Flusser e Roland Barthes.
através de um processo físico e químico, sucessivamente. A luz que incide no conjunto de lentes da câmera escura sofre uma série de reflexões dentro dela, até que chega aos nossos olhos para que vejamos o que será registrado, e, após o clic, o processo físico cede a vez ao químico, que vai gravar em um suporte aquela luz a qual ele é extremamente sensível, tudo isso em uma fração de segundos. Ela nasceu da necessidade do homem em realizar seus desenhos de maneira mais simplista. Isto aconteceu no século XVII, quando o cientista Della Porta inventou a câmara escura: um quarto totalmente vedado, possuindo apenas um orifício que permitia a entrada da luz, que refletia de maneira invertida na sua parede oposta a paisagem exterior à câmara. Desse modo, o trabalho seria apenas copiar os traços dessa imagem e o desenho estava feito. A partir de então surgiu a necessidade de registrar 2 ONDE TUDO COMEÇOU essa tal imagem, de modo que o homem não precisasse intervir com seus lápis e Em sua concepção mais pura, a fotografia pincéis. Foi pensando nisso que Nièpce reé tida como um fragmento de realidade alizou testes e conseguiu, por fim, em 1826, que foi congelado e fixado em um suporte, em um papel banhado em agentes quími-
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cos. Dubois (1999, p. 132) descreve: “É a descoberta da sensibilidade à luz que vai permitir abandonar o trabalho do decalque e da cópia manual da imagem em proveito de um novo meio de registro: a inscrição automática.” Como toda descoberta leva a outra, novas necessidades nasciam a partir das que acabavam de ser desvendadas. Sabendo que era possível registrar a imagem em papel, o que poderia ser feito para que ela ficasse perpetuamente fixada? Foi então que, no Brasil, Hercules Florence iniciou seus estudos de impressão da luz e obteve êxito, em 1832, fazendo uso de cloreto de ouro como agente revelador e amônia como agente fixador. Devido ao alto custo, ele trocou tais produtos por nitrato de prata e a própria urina, respectivamente. Contudo, muitos afirmam que o responsável por tal descoberta foi Louis Jacque Mandé Daguerre, em 1835, que, conhecendo Nièpce, observou que os produtos por ele utilizados limitavam o processo. Testou outros novos agentes, sensibilizou uma chapa e a expôs à luz, porém a imagem não se apresentava. Ele guardou esta chapa em um armário, e dias depois voltou a vê-la. Para sua surpre-
A partir de então apenas aperfeiçoouse tudo que já havia sido inventado, mas deve-se destacar o surgimento da fotografia digital. Seguindo o mesmo princípio da câmara escura, a fotografia digital difere da analógica apenas pelo seu suporte de fixação da imagem, que passa a ser um CCD (Charge-Coupled Device). A luz, em vez de ser gravada em uma película banhada em agentes químicos, sensibiliza aquele dispositivo, que converte para elétricos esses sinais luminosos, gravandoos em um disquete. A primeira câmera digital foi a Mavica, que conseguia gerar 50 imagens, armazenadas em um disco de 1,44MB. Hoje temos modelos dos mais diversos, inclusive adaptações das câmeras de pequeno, médio e grande formato, com capacidade de armazenamento infinitamente superior. 3 NEM TUDO É O QUE PARECE Por sua semelhança com a realidade, a fotografia por muito foi tida como verdade absoluta e incontestável.
sa, a imagem estava nela fixada. A nova necessidade, após essa descoberta, era a de diminuição do tempo de exposição, que era de 15 a 30 minutos. Obtiveram-se duas respostas: a primeira foi a utilização do brometo de prata como acelerador; a segunda foi a criação, em 1830, de uma lente dupla por Josef Petzval, que, devido a sua maior abertura de diafragma, o tempo de exposição reduziu drasticamente. A partir de então a fotografia ganha certa notoriedade e público. Busselle afirma (1977, p. 31): “Mais do que qualquer outro, foi esse
invento o responsável pela imediata popularização do daguerreótipo e, na verdade, da fotografia.” Apesar de ter sido reconhecida, a fotografia ainda não havia chegado à invenção correta, pois a possibilidade de fazer cópia era inviável. Deu-se a William Fox Talbot o reconhecimento de reprodução de cópias em grande quantidade a partir da chapa original, que acabou por influenciar a origem do filme em rolo e, desse modo, “[...] a morte do daguerreótipo, pois além de menos dispendioso, o novo processo possibilitava a obtenção de cópias sem
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A fotografia nunca é mais do que um canto alternado de ‘Olhe’, ‘Veja’, ‘Aqui está’; ela aponta com o dedo um certo frente-a-frente, e não pode sair desta pura linguagem deíctica. [...] teimosia do referente em estar presente, [...] o referente adere. [...] a Referência é a ordem fundadora da Fotografia. [...] esta coisa, que nenhuma pintura realista poderia dar-me: a certeza de que eles estavam lá; aquilo que vejo não é uma recordação, uma imaginação, uma reconstituição, um fragmento da Maya, como a arte prodigaliza, mas o real no estado passado: simultaneamente o passado e o real. [...] A fotografia é crua, em todos os sentidos da palavra [...] é toda evidência. (Barthes, 1980, pp. 18-20,109,117,147,149)
maiores problemas” (idem, 1977, p. 32). O responsável por este foi George Eastman, que conseguiu popularizar a fotografia com a câmera da Kodak, em 1888, com o slogan “Você aperta o botão e nós fazemos o resto”. A chapa de vidro deu lugar a uma base flexível de nitrocelulose que poderia ser enrolada, introduzida à câmera e ficar pronta para fotografar. Tiradas todas as fo- Para Martine Joly (1999, p. 119), a fotogratos, o cliente mandava a câmera de volta ao fia analógica era intocável após sua realizalaboratório de Eastman, onde o filme era ção, afirmando que: revelado em papel, e a câmera reposta com um novo rolo de negativo de 100 poses. [...] a transformação da fotografia em
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uma cena com personagens e situações acrescentadas ou apagadas iria se tornar, em menos de vinte anos, uma possibilidade real através das manipulações que os programas de computação gráfica podem hoje imprimir sobre uma foto. Ora, a manipulação da fotografia já é possível desde a primeira metade do século XIX, quando os fotógrafos mergulhados em seus escuros laboratórios faziam correções de contraste, de manchas em pele etc., e mais tarde, no início do século XX, com as vanguardas Pop Art, Dadaísmo e Cubismo. Boris Kossy, em seu livro Realidades e ficções na trama fotográfica, defende a idéia de que “As possibilidades de o fotógrafo interferir na imagem – e portanto na configuração própria do assunto no contexto da realidade – existem desde a invenção da fotografia.” (2002, p. 30) As fotomontagens nascem em um ambiente reprimido pela Segunda Guerra Mundial, quando os artistas Georg Grosz e John Heartfield resolveram criticar de maneira artística a repressão causada pelo governo alemão. Hoje, com o advento da fotografia digital e de softwares específicos, a fotomontagem está cada vez mais se popularizando e se expandindo. Talvez, por isso,
aqueles autores supracitados acreditem complementares para suas montagens que fogem do real e entram em um universo DUBOIS, P. O ato fotográfico e outros que se trata de uma manifestação atual. ensaios. 3.ed. Campinas: Papirus, 1999. fantástico. (Fotos 1, 2, 3, 4.) 3.1 O FANTÁSTICO MUNDO DE JERFLUSSER, V. Filosofia da Caixa Preta: 5 CONCLUSÃO RY UELSMANN Ensaios para uma futura filosofia da Jerry Uelsmann é um exemplo de que a A fotomontagem hoje apenas está mais fotografia. Rio de Janeiro: Relume Dumanipulação de negativos é fato. Ele é viável e barata, mas isso não significa que mará, 2002. um fotógrafo americano que há cinqüenta por ter entrado em reconhecimento agora anos já realiza trabalhos de fotomontagens graças ao advento digital ela seja nova. JOLY, M. Introdução à análise da imaa partir de seus negativos. Ele defende a É antiga, e essencialmente artesanal. É o gem. 11.ed. Campinas: Papirus, 1999. idéia de que a fotografia não depende ex- processo de criação de uma foto a partir de clusivamente de um único negativo, mas outras, numa criação simulando a própria KOSSOY, B. Realidades e ficções na trada composição a partir de outros. Perce- câmera: o quarto obscuro. Nessa imensidão ma fotográfica. 3.ed. São Paulo: Ateliê bendo isso e observando suas obras, nota- invisível, contando apenas com a ilumina- Editorial, 2002. se que a fotografia passa a ganhar caráter ção de uma pequena luz vermelha, o foartístico-visual de grande poder estético. tógrafo vai agir tal qual a luz, desenhando SOUZA, D. A manipulação fotográfica Uma citação de Flusser (2002, p. 21) pode imagens. Uma metalinguagem: fotografia como processo de representação do real: a reconstrução da realidade. Disponível ser aplicada a ele: “o verdadeiro fotógrafo é da fotografia. em: <http://www.apebfr.org/passagesaquele que procura inserir na imagem uma deparis/editione2009/portugal/Portuinformação não prevista pelo aparelho fo- 6 REFERÊNCIAS gal%20-%20Daniel%20Meirinho.pdf>. tográfico”. Toda sua carreira envereda pelos caminhos BARTHES, R. A câmara clara. Rio de Acesso em: 20 out. 2009. da fotografia, ora como pesquisador, ora Janeiro: Nova Fronteira, 1980. UELSMANN, J. Jerry N. Uelsmann. como professor, sendo este último sua fonte de renda, uma vez que não produz suas BERMAN, L. Jerry Ueslmann Inter- Disponível em: <www.uelsmann.net>. fotomontagens com interesse comercial. view. Disponível em: <http://www. Acesso em: 20 out. 2009 Ele conta que se tornou inquieto tentando bermangraphics.com/press/jerry-uelsachar na câmera uma imagem que o sa- mann.htm>. Acesso em: 20 out. 2009. tisfizesse . A partir de então ele partiu com sua câmera na mão fotografando paisagens BUSSELLE, M. Tudo sobre fotografia. e objetos isolados que ele percebia como São Paulo: Círculo do Livro, 1977.
¹BERMAN, L. Jerry Uelsmann Interview. Disponível em: <http://www.bermangraphics.com/press/jerry-uelsmann.htm> Acesso em: 20 out. 2009
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A fotografia como produto no mercado da arte Vanessa Alves Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI
contato@vanessaalves.com www.vanessaalves.com
INTRODUÇÃO Algumas perguntas e observações sobre a fotografia, seu percurso no reconhecimento como arte, os fotógrafos que as produzem e o mercado hoje estabelecido ao redor da fotografia de arte, trouxeram-me até esta breve explanação do trajeto da fotografia. O percurso escolhido vai desde a sua invenção, à sua aceitação como forma de manifestação artística, à entrada em instituições de arte (museus e galerias) e o mercado que se formou e ainda se forma ao redor destas obras. Por se tratar de algo na fotografia que ainda é manifesto vivo, apresento informações, mas muito mais que isso tento propor questões e caminhos para serem percorridos e respondidos pelo tempo e pela fotografia. O SURGIMENTO DA FOTOGRAFIA O nascimento da fotografia, assim como toda a sua história - afirma Francesca Alinov - baseia-se num equívoco estranho que tem a ver com sua dupla natureza de arte mecânica: o de ser um instrumento preciso e infalível como uma ciência e, ao mesmo tempo, inexato e falso como a arte. A fotografia, em outras palavras, encarna
a forma híbrida de uma “arte exata” e, ao mesmo tempo, de uma “ciência artística”, o que não tem equivalentes na história do pensamento ocidental. [1] Niépce, em suas experiências, traz uma herança artística, patente no uso da câmara escura, no sentido dos valores e do negativo emprestados à gravura e na influência do processo litográfico; uma lógica industrial, derivada sobretudo deste; um vetor científico, presente no uso de lentes de telescópio ou microscópio. Daguerre e Niépce são confrontados diariamente com a crescente demanda social de imagens, sentem a inadequação dos modos de produção tradicionais e a elas tentam responder, dando início a uma serie de experiências que culminarão na daguerreotipia. A daguerreotipia proporciona uma representação precisa e fiel da realidade, retirando da imagem a hipoteca da subjetividade. A imagem, além de ser nítida e detalhada, forma-se rapidamente; o procedimento é simples, acessível a todos, permitindo uma ampla difusão. O ato quase místico e totalizador da criação manual da imagem cede lugar a uma sucessão de gestos mecânicos e químicos parcelados. O fotógrafo não é o autor de um trabalho minucioso, e sim o espectador da “aparição
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autônoma e mágica de uma linguagem química” [2] Não importa que o daguerreótipo seja unico como as técnicas tradicionais da pintura e da miniatura; seu poder de sedução não está na sua exclusividade, e sim na fidelidade da imagem com o referente real. De 1839 aos anos 50, o interesse pela fotografia se restringe a um pequeno número de amadores, provenientes das classes abastadas, que podem pagar os altos preços cobrados pelos “artistas fotógrafos” [3] como Nadar, Carjat, Le Gray, por exemplo. Por volta de 1880, tem início um momento de massificação, quando a fotografia se torna um fenômeno prevalentemente comercial, sem deixar de lado sua pretensão a ser considerada arte. Em afirmação de uma revista da época, a elite social prefere as fotografias pintadas, o que lhes assegura a “fidelidade da fotografia” e “a inteligência do artista”, afirmação esta que reflete como uma parte dos consumidores de fotografia a enxergavam dentro do contexto das artes visuais. Embora não seja o homólogo da realidade, tão enfatizado por seus inventores e por propagandistas entusiastas como Disdéri, a fotografia não escapa facilmente da visão negativa que a acompanha desde o início. Deste modo, a história da fotografia se
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caracteriza, de certo modo, pelo reconhecimento progressivo de uma forma de expressão artística no seu todo, diferente e específica. A ENTRADA DA FOTOGRAFIA NO UNIVERSO DAS ARTES Desde que a fotografia existe, ela nunca deixou de se relacionar com a pintura, e de avaliá-la em relação a ela mesma.A pintura teve influência histórica sobre a fotografia. A fotografia herdou da pintura do século XIX a tradicional separação dos gêneros: retrato, paisagem, nu e natureza morta. A prática da pintura exerceu-se durante vários séculos em função desta classificação temática. Os fotógrafos de século XIX quiseram ser reconhecidos como artistas, apesar de esta reivindicação nem sempre agradar os críticos da época. Baudelaire, um destes críticos, sustentava que a fotografia: “tratava-se de uma arte fria e mecânica, sem alma, incapaz de suscitar emoção”. Também Roland Barthes escreve em sua obra A Câmara Clara que a fotografia foi essencialmente um problema de química, a descoberta de um processo que permitiu fixar a luz. E o que diferencia a fotografia
da pintura é que se trata de uma arte sem matéria. No início se fixou mais a atenção ao processo da “fabricação” da imagem, o recurso à química, portanto a um processo científico que sempre foi, na fotografia, considerado mais importante que o resto, e em particular fez esquecer que o olhar constituía o que mais tarde se admitiu como o essencial do ato fotográfico. A idéia de rivalizar com a grande arte da pintura anima os fotógrafos da época, que seriam reconhecidos como criadores, no mesmo nível de um pintor. Este complexo é tal que os fotógrafos pensam em elevar a fotografia à categoria de uma arte, inspirando-se nos modelos da pintura, e acabam por não perceber que nela existe algo de totalmente original. E é assim que o movimento pictorialista toma forma, pois os fotógrafos se interessam mais pelos efeitos da imagem fotográfica do que pelo ato de fotografar propriamente dito. A solução encontrada pelos pictorialistas na busca de uma fotografia artística resultou em uma verdadeira imitação dos padrões da pintura do século XIX: Romantismo, Naturalismo, Realismo e Impressionismo desfilavam, de forma algo patética, nos salões do mundo inteiro. Na tentativa de elevar-se à categoria de arte a fotografia abdicava de sua própria identidade.Se a fotografia não era arte, a partir de suas intervenções pictoriais tornava-se arte. O pictorialismo influenciou decisivamente a realidade da fotografia como um todo, pois sua atuação determinou o fim da estética documental do século XIX, e foi, em suma, uma reação de ordem romântica que, ignorando as características realmente inovadoras que a fotografia apresentava, tentou introduzi-la no universo da arte através de uma concepção clássica de cultura. O dado positivo do pictorialismo foi dar à fotografia o estatuto de obra de arte e permitir a uma camada de aficcionados da burguesia acesso à expressão artística. O movimento pictorialista vai estender-se a
A Straight Photography não se apresenta todos os países onde se pratica a fotogfia. Assim afirma Gisele Freund sobre o movi- como uma simples alteração nas formas da imagem, trata-se antes da afirmação de mento pictorialista: uma nova concepção do ato fotográfico. Inventam-se novos processos [....], com Paul Strand, fotógrafo que também como auxilio dos quais se tenta tornar a partilha com Stieglitz dos ideais da Straight fotografia cada vez mais parecida com Photography, em 1916, realiza uma foa pintura a óleo, com o desenho, com tografia, “The White Fence” [A barreira a água-forte, litografias e outras téc- branca], que os historiadores são unânimes nicas do domínio da pintura. O seu em considerar como uma imagem-chave efeito principal consiste em substituir na ruptura definitiva com a paisagem pica nitidez da objetiva pela suavidade torialista. De fato ela caracteriza uma nova dos contrastes. Os fotógrafos julga- atitude estética. vam conferir uma nota artística aos A publicação de Stieglitz, Camera Work, seus trabalhos se apagassem o que é representa o produto de uma época em justamente característico da imagem plena efervescência. A fotografia, por seu fotográfica: a sua nitidez [...], Quanto turno, debate-se com o movimento pictomais a fotografia parecesse um substi- rialista. É o reinado dos fotoclubes; e entre tuto da pintura, mais o grande público os mais importantes contam-se o de Viena e os de Paris, onde se discutem e questiopouco culto a achava artística. [4] nam a inclusão da fotografia no mundo da Com o distanciamento e o conhecimen- arte. to bastante completo que hoje temos da época, os historiadores concordam que o A ENTRADA DA FOTOGRAFIA NOS que vai produzir-se após o pictorialismo MUSEUS é uma reação face a todos estes processos que desvirtuaram a fotografia e significa- Em 1901, Alfred Stieglitz organizou uma exposição de fotografias no National Arts ram a sua decadência. Se o pictorialismo recolhe, de certo modo, Club de Nova Iorque, a que deu o titulo de a adesão internacional, a reação não tarda a “An Exhibition of Photography Arranged fazer-se sentir, vindo em primeiro lugar de by the Photo-Secession”, utilizando o termo “secession” de um grupo de pintores de um fotógrafo chamado Alfred Stieglitz. Juntamente com um grupo de fotógrafos Munique. que reúne a sua volta, em Nova Iorque, Em 1910, organiza, em Bufallo, uma sedemarca-se do espírito reinante nos clubes gunda grande exposição fotográfica, que vai contribuir para consolidar o seu empictorialistas da época. Alfred Stieglitz intervém neste momento preendimento, conseguindo concretamente de efervescência e é provável que o picto- o reconhecimento desta arte, visto que o rialismo lhe pareça então, cada vez mais, museu compra cinquenta dos trabalhos como um estilo pertencente ao século pas- expostos, constituindo-se assim a primeira sado, e o academicismo em que a fotografia coleção pública de fotografias. O posicionamento da publicação Cametinha mergulhado devia ser derrubado. Foi neste espírito que organizou ex- ra Work reafirma, através de um de seus posições, abriu em seguida uma galeria e representantes, Edward Steichen, o que a fundou a revista Camera Work, contribuin- fotografia pode ser quando a pintura está do efetivamente com todas estas manifes- afastada de sua descrição. Se a fotografia tações e publicações, para precisar pouco a está misturada nas paredes da galeria e nas pouco a sua idéia de Straight Photography paginas de Camera Work com as restantes (fotografia direta) e também o seu ponto de artes, não é porque nelas encontre modelos estéticos, mas sim porque há que se vista sobre a arte em geral.
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elevar ao mesmo nível, através do desenvolvimento de suas particularidades e das suas diferenças, pelo desabrochar de suas próprias qualidades. Apesar de a fotografia ter nascido na França e ali tenham notabilizado as primeiras grandes figuras da história desta arte, não há duvidas de que foi nos Estados Unidos que foram lançadas as bases do seu comércio. Esta palavra não deve ser entendida apenas no sentido econômico, mas também no sentido de troca, de circulação cultural de imagens. De fato, foi em Nova Iorque, no âmbito do Museu de Arte Moderna, que, nos anos trinta, nasceu a ideia de consagrar à fotografia um espaço específico de exposições e de coleção. É ainda em Nova Iorque, na galeria Julien Levy, que o francês Henri-Cartier-Bresson apresenta a sua primeira exposição (1932). Por estas diferentes razões, o mercado da fotografia desenvolveu-se neste local de forma mais significativa do que em qualquer outra cidade. Nova Iorque é um local onde este mercado ganhou hoje dimensões comparáveis às da pintura conforme atestam os números praticados pelas salas de leilões – e onde os grandes colecionadores têm certeza de encontrar as imagens que lhes interessam. Nos anos sessenta, o mercado organizase realmente ao redor das galerias e dos leilões. Em 1969, Lee Witkin abre em Nova Iorque a primeira galeria importante dedicada exclusivamente à comercialização da fotografia. Só em 1974 é imitado em Paris por Agathe Gaillard. Três anos depois, abre o centro Georges Pompidou, e no âmbito do Museu Nacional de Arte Moderna surge um departamento consagrado à fotografia e ao cinema. Mas na França vai ser necessário aguardar o início dos anos oitenta para assistirmos ao desenvolvimento de um verdadeiro mercado da fotografia e para se realizarem os primeiros leilões que lhe serão inteiramente dedicados. Nos anos oitenta, assiste-se a uma autêntica explosão da fotografia, que se torna um
produto cultural, ao mesmo tempo que a literatura, a música ou o cinema. A fotografia era conhecida, mas não reconhecida como arte. Não se pensava poder pendurá-la nas paredes de uma galeria, da mesma forma que uma tela. Paralelamente ao mercado dos leilões, a fotografia fez o seu aparecimento também em feiras de arte contemporânea, como a Fiac, em Paris, que agrupa as mais importantes galerias atuais.Neste momento, ainda não podendo rivalizar com a pintura, dado o volume e a qualidade de suas transações, a fotografia procurou rapidamente outros espaços que lhe conviessem. Desde então o mercado da fotografia vem evoluindo consideravelmente. Hoje temos, dentro dos museus e galerias, imagens realizadas sob a perspectiva artística, ou através da fotografia como suporte pelos artistas contemporâneos no registro de ações efêmeras ou na construção de situações, alem da inserção da fotografia documental, mais recentemente. Há um registro de que nos últimos cinco anos houve um aumento significativo dos preços e da procura por obras fotográficas. No mercado internacional atual, grandes casas de leilões têm alcançado cifras milionárias com a venda de fotografias, como exemplo podemos citar: em novembro de 2005, “Untitled” (Cowboy), de Richard Prince, foi vendida por U$$ 1,248 milhões, tratava-se de uma fotografia publicitária, e alguns meses depois, a imagem” PondMoonlight”(Lago ao Luar), do pioneiro Steichen, alcançou o valor de U$$ 2,9 milhões. No mercado brasileiro de arte também houve esta valorização da fotografia, que-
bra de tabus por parte dos compradores e aumento considerável da procura. Segundo afirmação de Georgianna Basto, sócia-proprietária da Galeria Tempo, no Rio de Janeiro, “a fotografia é o segmento artístico que mais cresce no mercado; hoje 30% das obras presentes em minha galeria são fotográficas.” Apesar de o mercado de fotografia de arte no Brasil restringi-se quase ao eixo RioSão Paulo, temos fotógrafos e produções fotográficas com forte cotação no mercado internacional. No Brasil, além das galerias e dos colecionadores particulares, alguns museus e institutos vinculados a instituições privadas mantêm importantes acervos de fotografia. O MAM, Museu de Arte Moderna de São Paulo, por exemplo, mantém o clube dos colecionadores de fotografia do MAM, que é um grande aquisitor de imagens, além de incentivador de colecionadores particulares. Podemos citar também o Instituto Moreira Salles, que possui um riquíssimo acervo fotográfico, além de trabalhos em edições de livros e assuntos relacionados. Traçando um breve perfil dos colecionadores particulares de fotografias, vemos que ele é diverso. Encontramos curadores de museus, artistas plásticos e fotógrafos, bem como interessados de um modo geral, empresários e apreciadores de artes visuais. Percebe-se que ainda há uma timidez no mercado brasileiro em relação aos valores das fotografias comercializadas, mas já se tem um registro do primeiro leilão (beneficente) de fotografias realizado no Brasil. Foi em São Paulo, em setembro de 2006,
onde foram vendidas mais de 60 obras e arrecadados R$ 70 mil reais. Tendo em vista o considerável sucesso do leilão, no contexto do mercado brasileiro, abrem-se precedentes para que num futuro próximo, tenhamos outros leilões bem sucedidos e com público crescente.
postas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BAURET. Gabriel. A Fotografia: Historia. Estilos. Tendências e aplicações.
O caminho que a fotografia percorreu desde a sua invenção, no século XIX, nos mostra que desde o seu surgimento trata-se de uma manifestação da criação humana. Ainda que nem sempre com a finalidade primeira de ser arte, a fotografia nunca conseguiu negar seu caráter ideológico e autoral, sendo assim uma manifestação artística. Como arte, institucionalizou-se e, desde então, também é produto comercial de galerias, museus, fotógrafos, colecionadores etc. Mas o tempo ainda não firmou seu depoimento, e hoje temos mais questões a respeito deste tema que respostas propriamente ditas. Algumas questões serão respondidas no futuro. A quanto pode chegar o valor de uma imagem fotográfica? E quantas copias ela terá? O que vale mais para o mercado de fotografias, uma fotografia produzida sob a perspectiva artística, documental, publicitária ou o seu uso para o registro de outras manifestações artísticas? Ou o valor está no fotógrafo? No seu percurso fotográfico? Quem decide e responde a tudo isso? Nesse momento cabe a nós observarmos, apreciarmos e, se for o caso, produzirmos obras para que o tempo traga-nos as res-
1: F. alivoni, “ La fotografia: Illusione della Realu=ita, Bologna, 1981 2: A Roillé, L Empire de la fotographie, Paris, 1982 pp 38-39 3: Denominação usada pela autora Annateresa Fabris em “ A invenção da Fotografia: Repercussões sociais” 4: Freund, Gisele, Fotografia e sociedade 5: Edward Steichen, revista Câmera Work 6: . Benjamin Walter, A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica – 1935
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BARTHES, Roland. A Câmara Clara: notas sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
BENJAMIN. Walter . Obras Escolhidas COSTA, Heloise . A Fotografia Moderna no Brasil SILVA, Renato Rodrigues FABRIS, Annateresa. Imagem e Conhecimento. ED USP Fotografia: Usos e funções no século XIX KOSSOY. Boris . Origens e expansão da fotografia no seculo XIX SAMAIN. Etienne. O Fotográfico ED Senac WITKN. Lee D. The Photography Collector Guide LONDON Barbara Revista Imagem n. 7 ED Unicamp Maio/ agosto/2006 Revista Bien art n. 17 Revista Fotosite n. 14 set/out 2006
A Contribuição da Fotografia Digital no Processo Projetual do Design Júlico César Riccó Plácido da Silva Universidade Estadual Paulista - UNESP – IASP
www.julioricco.com julio@julioricco.com
RESUMO O presente artigo tem como objeto de pesquisa a inserção da fotografia digital no processo projetual do design e pretende discutir o papel das novas tecnologias, suas implicações e ferramentas. Para isso serão analisadas as metodologias existentes do design e se verificará em que momento a fotografia se estabelece como ferramenta ou suporte para o ato projetual. INTRODUÇÃO O papel do designer na configuração da nova sociedade vem sendo construído sistematicamente na relação consumo x novas tecnologias. Para que o design exista, é preciso que a sua produção seja consumida, isto é, inserida na sociedade ,obser-
vando seus desejos e necessidades. As evoluções das novas tecnologias impõem ao profissional da área uma atualização constante e necessária, exigindo a implementação em uma velocidade praticamente imediata. Dessa maneira os processos digitais assustam os novos profissionais, pois as referências estabelecidas ao longo da história são substituídas rapidamente no cenário atual. No processo de criação de novos produtos gráficos ou industriais, o designer utiliza diversas ferramentas para o bom desenvolvimento de suas ações. A construção de um conceito, atualmente, utiliza instrumentos computacionais (softwares) para o estudo, realização e concretização de projetos. Dentre tais instrumentos, a fotografia tem sido subutilizada. A fotografia teve e ainda tem papel significativo na metodologia do design, no en-
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momento se torna abrangente e remete ao estudo histórico do mesmo, o que não é nossa intenção. No entanto, entender seu significado cabe no presente. Denis (2000) realiza uma reflexão pertinente, em que aponta que não faltam no meio profissional definições para o design, o que tem suscitado debates infindáveis e geralmente maçantes. Eles se baseiam na etimologia da palavra, principalmente no Brasil, onde design é um vocábulo de importação relativamente recente e sujeito a confusões e desconfianças. A palavra origina-se do inglês onde o substantivo design se refere tanto à idéia de plano, desígnio, intenção, quanto à de configuração, arranjo, estrutura, tanto de objetos de fabricação REVISÃO BIBLIOGRÁFICA humana como do universo. A origem mais remota da palavra esta no latim designare, O PAPEL DO DESIGN verbo que abrange ambos os sentidos, o de Definir o design e o seu papel no presente designar e o de desenhar. tanto, o que se vê hoje é uma distância do designer dessa técnica, tão necessária para a atividade. Possivelmente um dos aspectos a serem confirmados é a rápida inserção e a evolução significativa do processo digital, ocorrendo num primeiro momento o distanciamento e na seqüência a rejeição frente às novas tecnologias. O artigo tem como objetivo abordar e contextualizar a fotografia e o design; verificar a evolução histórica e sua intenção em cada momento de registro do design, e como as novas tecnologias podem contribuir no processo projetual, especificamente aquele ligado à fotografia e ao design.
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Portanto, do ponto de vista etimológico, o termo já contém nas suas origens uma ambiguidade, uma tensão dinâmica, entre um aspecto abstrato de conceber/projetar/ atribuir e outro concreto de registrar/configurar/formar (DENIS, 2000). Bonsiepe (1978) a partir da definição de desenho industrial idealizada por Maldonado; Y. Soloviev, em 1969, elaborou uma definição que continua atual e sugere reflexões sobre a mesma. El diseño industrial es una actividad creadora que tiende a la constitución de un ambiente material coherente para subvenir de manera óptima a las necesidades materiales y espirituales del hombre. Esta finalidad debe ser alcanzada por medio de una determinación de las propiedades formales de los productos industriales. Por “propiedades formales” no hay que entender exclusivamente los caracteres exteriores y superficiales sino aquellas relaciones estructurales que confieren a un sistema coherencia funcional y formal y. al mismo tiempo, contribuyen al incremento de la productividad. (Bonsiepe, 1978 pg. 22) A produção do design, ou o resultado de sua atividade, remonta, segundo De Moraes (1997) às limitações existentes no
processo de reprodução dos objetos, que inicialmente era realizado de forma artesanal, o que possibilitava sua aquisição ou acesso somente pela classe composta por reis, clero e a burguesia rica da época. AS NOVAS TECNOLOGIAS DA FOTOGRAFIA Com a evolução da sociedade, esse processo sofreu uma reviravolta e os limites acabaram sendo extrapolados, como visto, com a inserção das novas tecnologias, que acabaram gerando baixos custos e, assim, propiciando acesso a todos. Dentre estas, destaca-se a fotografia, ferramenta necessária ao design, de acordo com Denis (2000) que, em capítulo específico de sua obra, destaca que a imagem gerada pela fotografia teve pouco impacto sobre a arte do design gráfico, não tendo sido implementada de imediato. A fotografia permaneceu por um longo tempo como curiosidade tecnológica e de uso exclusivo de poucas pessoas. Causou impacto mais no plano conceitual do que da tecnologia. Com o decorrer do tempo, o desenvolvimento tecnológico e a criação de novas técnicas de produção e reprodução de imagens propiciaram sua proliferação em grande escala, em que a presença de tais imagens não está sendo percebida. Contudo Flüsser (1985) argumenta que a imagem passa
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despercebida em nosso cotidiano pelo fato de que o universo fotográfico está em flutuação e uma fotografia é constantemente substituída por outra. Criando, assim, uma alienação do homem ao instrumento, esquecendo do motivo pelo qual imagens são produzidas. Atualmente a inserção da fotografia está relacionada a novos conceitos e termos que estão aos poucos ocupando o universo do design, as influências das poesias digitais, a virtualidade da imagem panorâmica, a arte interativa, a criação da vida artificial, o universo multimídia, a internet, o hipertexto. Todos estes e os novos adventos da tecnologia contemporânea influem sistematicamente no processo do projeto. Portanto, numa inserção e fundamentação inicial verifica-se a necessidade de estudos mais aprofundados na área. CONSIDERAÇÕES FINAIS Hoje a fotografia ainda tem um papel significativo para os profissionais de design, mas seu papel necessita de uma atualização constante e necessária, pois esses acabam não utilizando todas as ferramentas disponíveis. Tem sido relegada a um segundo plano, não havendo tempo hábil para que seus conceitos sejam considerados no processo projetual do design. Assim, para diluir a alienação ao instru-
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mento fotográfico, nos tempos atuais da cibercultura, é de grande importância a construção de um guia interativo. Devido à nova realidade digital, a construção de um guia para orientação do designer se faz necessária; a inserção da fotografia digital na metodologia projetual poderá implementar novas ações para o Design. Nele o indivíduo poderá participar como coautor ou coprodutor dessa obra em um determinado espaço virtual, onde, através de ações coletivas em um ambiente virtual, desenvolverá possibilidades de criar situações cooperativas de aprendizagem em uma obra aberta com possibilidades infinitas. REFERÊNCIAS BONSIEPE, Gui. Teoria Y Práctica Del desiño industrail. Barcelona: Gustavo Gilli, 1978 DENIS, Rafael Cardoso. Uma introdução a história do design. São Paulo: Edgard Blucher, 2000. DE MORAES, Dijon. Limites do design. São Paulo: Studio Nobel, 1997. FLÜSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta. São Paulo: Hucitec, 1985.
ENGLISH VERSION
Touchpuppet :: www.touchpuppet.com Art, Fashion and Photography are combined in this collaborative cultural website created by a like-minded group of young American students. The website is updated multiple times a day and posts the world’s major fashion publication, informing the photographer, top model and magazine names. It is a valuable inspiration source for those working in the fashion photography industry or for the ones who simply wish to keep up on the latest tendencies. The website is available in English.
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BY JANAINA SOUZA, RESPONSIBLE FOR FOTO_GRAFIA TWITTER
Internet brings us new manners to see and be seen. The virtual stronghold allows us to improve skills, display our work, acquire new technologies and be aware of tendencies from all over the world. Photography has its place guaranteed in this universe, once it illustrates information on a worldwide language. Google – the world’s leading searching engine, proves it with its image browser service, calling themselves “the web’s most complete image search engine” and investing heavily to keep the title. It is possible to search by the predominant colour of an image, besides portraits close ups, exact or approximated image size, photo or drawing and search for similarity, where it is possible to search for an specific image and choose from its similar ones by visual or meaning. Now Googles is being launched with a search engine where image is the foundation for research. With a picture taken from your mobile, you can ask anything about what was shot, whatever it is, be it a product, a logo or a touristic attraction. For photography, internet is not only about searching for ready images. We are giving you a taste of what sort of high tech you can expect regarding the different areas, for on-line usage or not. Research, share, learn and publish on it. Just do not pass the opportunity of experiencing the following tools.
Picnik: www.picnik.com On-line image editor that allows the alteration of images stored in a computer or while browsing in the web with no downloading or software installation required. Its user friendly interface allows easy control over colour, saturation and brightness; it is also possible to fix red eyes, crop, resize or rotate images; besides introducing tons of special effects and a self-correction tool. Once fixed, the image can be saved or sent to other websites. Free and easy to use, Picnik offers a convenient and top-quality service for a quick or emergency retouch. The website is available in English and Portuguese.
PHOTOGRAPHY: QUALIFICATION IS THE KEY! PAG. 5
NAGO STUDIO’S FOUNDERS AND OWNERS, MARCOS AND MARCELO TALK ABOUT THE REALITY OF THEIR MARKET PLACE AND THE NEED OF SPECIALIZATION FROM THE NEW PHOTOGRAPHERS.
Santa Catarina State became national and international reference for Fashion and qualified artists like photographers and designers. Such professionals are now being hunted Camera Simulator : www.kamerasimulator.se/eng/ Swedish website that simulates the manual mode functions of a camera. It is possible to in here, instead of hubs like Rio and Sao Paulo, helping the big Southeastern brands to combine ISO, aperture and shutter. It is a fun and efficient learning tool, where you can find the Innovation and Creativity they were looking for. Demand and Competition grow practice and understand the relation among the three of them. It is also possible to link alike, emphasizing the search and appreciation for those who work in these niches, keeping only the high qualified professionals on the market. aperture and shutter, regulating them.
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already read or heard something like it. Haphazardly this is a fictitious statement, I have just made it up myself, but it fits perfectly to the professional path of several top photographers. Not so long ago, say less than 10 years, to study photography required a good deal of self-taught according to other statements similar to mine or, the search for a course that, at some point, would carry a couple of photography disciplines in its curriculum. Journalism, Public Relations, Architecture and Arts are some of these courses, that students needed to gain and enhance knowledge from different spheres to, only then, get in touch with photography itself and many times in a brief and superficial way. It is not being considered here quick courses of a few weeks or months – which also deserve their merits for the knowledge they provide, but a more theoretical and in depth type of course, that is normally related to University in Brazil. It is praiseworthy having great contemporary photographers declaring their self-taught capacity, and knowing that today there are much more efficient possibilities is even more praiseworthy! Erstwhile great photographers managed to achieve great results by “simply” reading scarce photography books whereas today those sort of information are far easier to find, be it on books, quick courses or on the internet. Having information is not enough, it is necessary to know what to do with it; this is fruit of Information Society. Today´s society demands more training and knowledge once being proficient in a specific area is no longer guarantee of professional success as it used to be a few years ago and the specificity of the graduation courses, all over the country proves it. The Over Specialized Medicine Sindrome (SME in Portuguese), pathology that I have just created myself for this matter, seems to have spread throughout the courses. I will explain: A General Practice doctor is a kind of doctor, but a General Practice Surgeon, an Orthopedist and a Dermatologist are all doctors and so on. In other words, general knowledge for all professionals and specific ones for each one of them, please forgive my redundancy. In the end of the day, when you have a specific condition, you reach for a specific doctor, right? Thus, more and more is not enough having only the knowledge from a graduation course since it is being required from us expertise in our area. Somewhat we look for “General Specialists”: professionals that have the holist view as a foundation and their expertise as a differential. This partly explains the proliferation of specialization and graduation courses, what is fascinating! Would you rather have a lawyer who has got “a little bit of everything” or one that goes further being expert on Civil Rights, Criminal Defense or Family Law to solve one of these related matters? Manage all the information available about photography turns out to be the greatest barrier for the new photographers. Taking a shot is “easy”’, diaphragm versus exposure and some variants here and there but thinking photography takes a lot more then just go out shooting. It means considering the magnitude of photography, analyzing the act of shooting and the photograph as an object, the photography equipment, new technologies and the photographer itself. Nowadays we have courses focused on photography such as Technology Degree and Graduation Programs which tend to offer general knowlWWW.ESTUDIONAGO.COM.BR edge such as Arts, Society, Mass Comunication and many other subjects related to this Art. Among our National references we have National Service of Comercial Learning (SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, in Portuguese), São Paulo’s Anhembi Morumbi University, University of Vale do Itajai (UNIVALI in Portuguese) and the Londrina State University (UEL in Portuguese). Student’s willingness to learn is of course, more than welcome at the University, as it is PAG. 23 technical knowledge about photography equipments, supply or even professional prac“I have learned photography by myself, reading foreign books and practicing trial and tice, these however, are learned over the years whereas willingness has to be brought error”. If you appreciate reading great national photographers’ biography, then you have from home. The University is the big foundation for the success of a professional career. It is where the techniques are learned, the professional career possibilities are introduced and the production should start. It is also when you should project yourself professionally for it is when you can get your mistakes right and improve the quality of your work. Besides, it is where you can start a portfolio according to the chosen field with the help of teachers and masters in the area. And the University is not the limit! It is necessary to bring its knowledge to market reality, researching on it to identify its trends. The biggest problem faced by graduates is the lack of a good portfolio to present as they go looking for a job, that is, whenever they have one. There are vacancies and no qualified professionals to fill them in. Our main question is: Do new professionals have any Idea of the market expectation? Fashion changes constantly and it needs new ideas as brands launching rates ranges from two to four yearly collections and can not afford to stop in the ever-changing market we live in today. It is rewarding whenever our clients inquire on how we manage to be so creative and innovative making such different works for the same Brand or where do so many great ideas come from. They come from of a lot of research, combined with market demand. When talking about market, we also have sales in mind. The creation of a “parallel reality”, the photo session and the designs made with images accelerate consumption and it is our responsibility. There is no use for beautiful pictures and big ideas if they do not sell. Our goal is to sell and by doing so, to keep our clients – and this demands far more innovation. We have worked for direct competitors, never allowing one’s work or idea to interfere into the other’s. The concept and its contextualization are fundamental to those who intend to join in the photography and fashion design fields. Besides selling life style, behavior and clothing, the world fashion glamour combined with day-to-day routine brings “common people” close together on fashion. The image is the link between fashion and the consumer, awakening his buying instinct, creating the identification with a product. Just like any other market, fashion tends to saturate quickly, and its constant transformation does not allow us to have long term commitments. We usually work on a six month season, approximate time of a collection. Market stringency is another factor that interferes on our work: it does not allow you to make mistakes. You have four years at University to make and correct mistakes for once you are in the market, there is no room for them. It is stressed on a daily basis on our studio and insofar, we did not have any issue on this matter. The ideal is to choose a segment and make a reference of it, this way clients will start to take you as point of reference too. And that is why it is so important the constant updating on tendencies and knowing which way to go. We decided to be bosses of ourselves but to get there it was necessary three years of double work – weekdays working as employees and weekends in the studio-to-be to reach our goal. More information on
LEARNING HOW TO TEACH VERSUS TEACHING HOW TO LEARN
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Passion for this phenomenal media is another thing that we develop at University. Analyzing, theorizing, practicing, thinking photography are some of the objectives of these academic courses, which some teachers would have certainly loved to attend if they were available back then (speaking for myself and several colleagues). Still they pursued parallel researches and graduation courses to complement their studies, practicing a lot to make it a perfect package. That’s why we are creating a new way of teaching photography. Professionals and lovers of this Art, teachers and students are altogether launching a new “Photograph Pedagogy”. We need to detach our private photographic passion from texts and subjects to be approached and take advantage of teacher’s experiences and previous student’s scholarship to build and spread the photograph know-how. It is not easy! And nobody said it would be! That’s why teaching and learning photography is for challenge seekers. Marcelo Juchem is a Photography Professor at Univali. Studied Law, Agronomy and Public Relations until researching on photography during his Master Course in German Literature. He thinks, teaches and works on Photography since 2004.
DIGITAL ERA PAG. 29
ANALOG AND DIGITAL ARE TWO WORDS THAT BETTER DEFINE THE DIFFERENT STAGES INTO WHICH WE CAN DIVIDE PHOTOGRAPHY, CINEMA AND TELEVISION HISTORIES. Hasselblad technicians announced a few years ago that they would debut into the digital world whenever they could manage to design a camera with the same quality as their traditional ones. And they did it! Hasselblad HD3 II camera was launched in January, 2007 with a 39 megapixels image sensor and a high cost of around USD 30.000. Talking about cinema, after directing Hollywood`s finest actors, Sidney Lumet (85 years old) produced his most recent movie using Sony XDCams, with Arriflex optics that registered on CMOS a 1920x1080 resolution image. When the movie was released, Mr. Lumet declared to press: “I am in the digital era to stay! This is the most efficient way of shooting the current language of cinema”. The British film Slumdog Millionaire co-directed in India was entirely shot with SI-2K Digital cinema camera system from Silicon Imaging (), resulting on its well-known international success. Nobody would know about these details if the movie had not been mentioned on Silicon Imaging Press Release, since the movie quality does not fall short of the traditional Panavision’s. Television is also quickly stepping into the digital era. Top broadcasters have already abandoned old-fashioned analog systems to produce and develop programming with high quality widescreen movies. The advantages of production with digital system start off with the development of the project, when you notice substantial budget reductions that carry on during pre-production and production processes. It is also noticeable when storage system became simpler and is sorted with a compact external HD or when, finishing shooting a scene, it is possible to watch it in a 2K monitor to decide whether it is necessary to redo it again or store it and move on to the next one. The 2K is one of the three bottom levels of projective quality for cinema brought in 2005 with a 2048 x 1080 pixels and a 24 FPS reproduction. Definitely the digital post production brings endless possibilities for a creative team with minimal shooting equipment. There are many programs to improve newly produced im-
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ages and reach a high standard international quality and that is what expands our horizons allowing us to think about partnership co-production with foreign countries or launching our products in European and Eastern markets. For us, documentarists, there is only one question left behind about this technological progress: What happens when we need to use images from our old format files? 16mm, U-matic, Betacam, S-VHS, Hi-8, M II, DV, DVCam are some of the images formats of a file with thousands of recording hours that, to be digitalized and transformed into Full HD 16:9 will suffer a serious original quality loss. But we are not the only ones facing this problem! All TV broadcasters’ teams use, whenever necessary, their archives to support information. Cyril Lollivier, from Gaumont Pathé Archives – French Film Company founded in 1897, told us two years ago that they had acquired, back then, Kremlin’s archives. It means that for more than 80 years of Russia’s history, images are not in Full HD 16:9. However, there seems to be a light in the end of the tunnel! In Cannes, October 2009, during MIPCOM - the world’s biggest cinema and TV market, most of the Broadcasters and International TV Networks chose to keep 4:3 format to archive images, even when normal broadcast was 16:9 and Full HD. Summarizing: Despite of most broadcasters being prepared to transmit in 16:9 or widescreen (quite different size and format from traditional 4:3 monitors), the archived material registered, edited and kept in this format, will be used in its original format, without any modification that would lower the quality of the image. It is excellent news for documentarists (who need the archive constantly, since productions take years of work with changing technology) and for broadcasters’ news editors that need their archive to support news related to politics, economics, law, business and so on. As for photographers, switching between the two technologies is much simpler. Due to the fact that nowadays we have big sized scanners that upload digital photography from old photo negatives. Then images can be worked on with a correction and improvement image program as if they were taken on a digital camera. The 16:9 format brings TV closer to cinema, what represents a major progress for small and medium sized producers, bringing them a step closer to national and international screen production. The Full HD system offers a similar image to the cinema camera, resulting into a better quality and a more faithful to reality production. These technology advances, in spite of impacting a lot on image production, guarantee the registers’ longevity about Geography, History and Culture among other events that stir our Planet’s emotion.
FACES OF AFRICA PAG. 38
THE OCEANOGRAPHER WHO´S IN LOVE WITH PHOTOGRAPHY, PICTURES THE DIVERSITY OF A POSTWAR COUNTRY The beauty of Santa Catarina State seaside, where Ricardo Dalbosco was born and grew up, served as the inspiration for his start on the photography world. From childhood until adult professional life, the possibility of transposing some of the vision and feelings from the places he has been to was what improved his photographing skills. Aiming to benefit the environment through a sort of work that would generate real noticeable results Ricardo chose Oceanography, this way he would devote himself to Urban
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Planning and Socio-environmental impacts studies. His undergraduate course (2002 – 2008) was marked by extra dedication, work and travel all related to his university projects. His route includes visiting Peru and North America (California and Arizona), living in Montana and Hawaii (USA), crossing Atacama Desert (Chile) and working as an intern in Ubatuba and São José dos Campos (São Paulo). Cameras - Ricardo´s first camera was given by his parents in 2004, before his first business related trip to the USA. It was living nearby the world´s oldest National Park, Yellowstone, with a Canon compact film camera, that his addiction for photography increased. As he got to know different places and expanded his knowledge, Ricardo felt the need to acquire better and more complete photographic equipment. Despite of his passion for photography, Ricardo knew he also needed deeper technical and theoretical knowledge. In 2005 he researched about cameras and had a quick introduction to it while entering the digital era of photography. In the end of the year, he started working as an intern for the National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) in Hawaii and that was how he managed to save some money and buy a Digital Canon EOS Rebel 300D with 300 mm and 18-55 mm lens. That was a decisive step for a non-stop dedication on photography subject. After this internship and back to Brazil, Ricardo used his TAM Fidelity Miles to go to Chile and Peru, where he took some time reading the camera´s manual, learning how to explore landscapes and lighting on manual mode. After his Chilean expedition, the student reached for perfection going after his teachers and masters Marcus Polellte and Ricardo Magoga Gallarza – regarded today as his role models on environment and photography matters. Getting to know the ancient world - In November 2008, Ricardo was invited to work with Regional and Urban Planning and Environmental Consulting in Angola, concentrating on the most war-affected areas in 2002. “That was when I sought an excellent opportunity to keep working on my field, combining it with photographic works”, says Ricardo. In total, the war in Angola lasted for approximately 40 years and accounted for about 500.000 deaths, according to Historian Daniel Santiago Chaves. The confrontation between Angola and Portugal for Angola´s independency happened between 1961 and 1975. Whereas the Civil War that started in the same year, ended officially in 2002. The astonishment with Angola´s new way of life was great, in spite of being informed about it beforehand in Luanda, Ricardo´s first place of residence: “I went there with the worst picture in my mind, prepared to work a lot and see a lot of suffering and that does not mean to be pessimist, it means to be conscious of where we are going to. The first impact is very emotional, the fact of being unable to do anything that would really matter. It is inevitable the change on your overall behaviour after a few months in the African Continent”, says Ricardo. A touristic trip to Angola, requires a lot of effort. A photographic out-source package according to ECA International studies is far too expensive; Luanda is the world´s most expensive city for foreigners, where a hostel can cost you about U$200 per night and it is also a risky place to carry valuable photographic equipment, especially at night. With all their difficulties and social inequity being showed on TV and newspaper, it is still visible the worldwide neglect towards them. Photojournalism needs to be pondered as a tool to finish off a journalistic text, also having its own impact when taken singly and by doing so, to stimulate the comprehension on problem solving. In order to achieve it, it is required from the reader, a change on his behaviour, potentiating and causing significant changes with positive actions. A different side of AfricaAngola is a country of unique beauty, in spite of its people´s
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hard life, Luanda and Lubango, cities in which Ricardo used to live, fascinated him particularly with their exquisite scenic beauty. “While landing in Africa, the endless red mud and musseques (slams) can be seen from the plane. Then comes the traffic jam, lack of sanitation and a lot of youngsters and children on the streets, but this “urban jungle” cannot hide its people´s happiness, coloured lifestyle, culture and beautiful typical dance”, he said. The contrast between children and battle tanks is quite chocking to us but seem normal to the locals, still Ricardo managed to stop the clock allowing us to pay attention to the picture as a whole, freezing that instant and revealing a breathtaking beauty otherwise never noticed amidst the daily caos. Women´s coloured necklaces are beautifully distinguished on their skin tone while the happiness on their faces is clearly the opposite to the excessive work they are forced to in order to make a living. Sadness apart, church is still a reason to dress up in their best clothing and celebrate their achievements with friends, as if no problem has ever affected them. A camera is something that calls attention in Africa yet some locals take it at ease and Ricardo had the opportunity to picture an older man, whose age was above Angola´s life expectation – 42 years old according to UN (United Nations) – even though his reaction was aggressive towards the camera. On the other hand, Ricardo found no obstacles on photographing six boys who were enjoying Namibia´s desert beach on a sunny day in February 2009. “They all wanted to be on the picture and it was hard to frame them as they wouldn´t stop jumping around and coming closer to the lens. Also, they were all bathing naked, they were very happy boys!” recalls. Namibia`s biodiversity is highlighted by its beauty and Ricardo had the chance to picture some of these unusual places. In June, 2009, he has been to an oasis in the Namib Desert, almost border with Namibia. The oasis is a must see in Angola; it is known as Arco and it has desert, fresh water, animals and prehistoric shells all in one place. “Luanda was designed for 500 thousand people, but today is home for 6 million people approximately. Poverty rate is a big issue there. The socioeconomic difficulties and the different culture from what I was used to until then, are now helping me to draw my future, reassessing several values and aspects related to my personal and professional life”, says Ricardo. The future - Despite being working as a professional photographer for a short period of time, Ricardo Dalbosco is planning on having his images on an Italian NGO (Nongovernmental Organization) that operates in many countries. The material will be distributed worldwide and is expected to generate dramatic impacts. After spending a month in Brazil, the oceanographer goes back to Lubango, where he is living at the moment, returning to his second year of professional activities on Urban Planning. However, photography is a hobby that accompanies, encourages and helps him to reveal the world´s reality through images. “Africa makes me feel unable to change the world with my images, but I can arouse this change to those who are willing to be changed by it. Angola is an extremely difficult country on what it refers to media revolution and despite of being restricted in here, photojournalism needs to establish itself as a tool to emancipate self-questioning as well as aim to create socio-environmental objectives. Its contribution is evident for general information and communication so it must be emphasized, this way, it can also be considered as part of the educational process, stimulating the search of it for an overall understanding and problem solving”, says Ricardo, ending the interview.
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