Revista Fazer Bem - Edição 10

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R E V I S T A

Segurança Alimentar Responsabilidade Social Nutrição

Publicação da Rede de Bancos de Alimentos do RS ANO 10 | EDIÇÃO 10 | JANEIRO 2021 SUMÁRIO

Opinião – Editorial Acontece na Rede Tecnologia social Segurança alimentar e nutricional Opinião – Artigo Matéria Principal: O maior desafio do Banco de Alimentos nos seus 20 anos Matéria Especial: Um doloroso mas necessário impulso para a solidariedade Voluntariado Conversando com os beneficiários Perfil Social Qualidade e capacitação Internacional Bancos sociais

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EXPEDIENTE CONSELHO EDITORIAL Adir Fração, Paulo Renê Bernhard, Antonio Parissi, Denise Zaffari, Adriana da Silva Lockmann e Paola Weiss Monti JORNALISTA RESPONSÁVEL Vanessa Fernandes (MTB/RS 11.256) PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Plus | Publicidade + Jornalismo FOTOS Arquivo Rede de Bancos de Alimentos/RS IMPRESSÃO Gráfica Comunicação Impressa Tiragem desta edição: 3.000 exemplares Periodicidade: Semestral

Rede de Bancos de Alimentos do RS Av. Assis Brasil, 8.787 – CEP 91140-001 Porto Alegre/RS Jorge Luiz Buneder Presidente do Conselho de Administração do Banco de Alimentos/RS

Paulo Renê Bernhard Presidente da Rede de Bancos de Alimentos/RS Entre em contato conosco fazerbem@redebancodealimentos.org.br www.redebancodealimentos.org.br

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OPINIÃO – EDITORIAL

Uma pandemia que marcou nossa história

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este ano de 2020 em que o Banco de Alimentos completou duas décadas, nosso maior desafio se apresentou. A pandemia do novo coronavírus se impôs em todo o mundo, não apenas levando o desconhecido e o medo do contágio, mas também deixando milhares de pessoas ainda mais em estado de vulnerabilidade social. No que tange ao contingente expressivo de brasileiros em situação de fome, os números só cresceram. E a Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul se viu, neste contexto, com sua responsabilidade e missão amplificada e destacada. Foi preciso agir com mais criatividade, presteza e coragem. Não faltou solidariedade, que chegou de muitas pessoas e de todos os lados. Não faltaram voluntários, que se colocaram a postos imediatamente. Não faltaram empresários que, parceiros como sempre, aderiram e se prontificaram aumentando suas ações de doação. E a nós dos Bancos de Alimentos coube utilizar imediatamente a nossa estrutura consolidada para iniciar um movimento intenso de arregimentação e arrecadação de doações, fazendo chegar com prontidão alimentos e materiais de higiene e limpeza a quem mais precisa no Estado. Naturalmente, como todos, precisamos nos reinventar em alguns quesitos, formatos e procedimentos, transformando algumas formas de operar e repensando estratégias para atuar com excelência a partir das características impostas pelo momento. Mas conseguimos, com êxito e com a participação de todos. Os números que atingimos – mais de 3,8 milhões de quilos de alimentos – retratam não apenas a grande quantidade de alimentos e produtos que conseguimos angariar com o apoio de toda a sociedade, mas, sobretudo, a gigantesca participação social para o enfrentamento deste momento inédito da nossa história recente. Parceiros se apresentaram e o nosso chamamento por doações através de nossos diversos canais foi amplamente atendido. Estamos todos profundamente tocados por isto, e orgulhosos e felizes por constatarmos que, como instituição a serviço da população e do combate à fome, estávamos preparados com nossa estrutura profissional para este trabalho. Uma estrutura que foi sedimentada e validada ao longo de 20 anos de muita dedicação, entrega, profissionalismo e obstinação por esta causa social. O resultado essencial deste trabalho é que milhares de gaúchos foram e continuam sendo atendidos em suas necessidades. Aproveitamos para agradecer toda a sociedade que, sensibilizada, doou e continua doando. E agradecemos pela confiança depositada no comprometimento da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul para executar essa tarefa, dando encaminhamento correto e urgente ao que é doado para as pessoas que mais precisam. Entretanto, não apenas a pandemia ainda não terminou, como o nosso desafio permanece, agora levando em conta um cenário não menos desafiador que contempla o agravamento das condições econômicas de parte importante da população ao nascer de 2021. A relevância do nosso trabalho continuará para fazer chegar alimentos nas casas de muitas pessoas atingidas pela pressão econômica. E para isso continuaremos contando com o apoio e a adesão solidária da sociedade. Estaremos juntos nessa missão, mais uma vez. Estou certo disso.

JORGE LUIZ BUNEDER Presidente do Conselho de Administração do Banco de Alimentos e Coordenador do Conselho de Cidadania da FIERGS

Não faltou solidariedade, que chegou de muitas pessoas e de todos os lados.

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ACONTECE NA REDE

Rede de Bancos de Alimentos do RS e Grupo RBS lançam 6ª edição do Natal do Bem Procurando tornar o Natal mais feliz, igualitário e fraterno, a Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul e o Grupo RBS deram as mãos para lançar em 2020 a 6ª edição do Natal do Bem, buscando ajudar a população que continua lutando contra o COVID-19 e a fome. A campanha acontece de 1º de dezembro/2020 até 30 de janeiro/2021, em todo o Estado.

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sentimento de solidariedade tomou conta da população em 2020, quando a sociedade não mediu esforços para ajudar as pessoas que necessitavam neste momento de pandemia. E o Natal do Bem é mais uma dessas correntes de solidariedade entre pessoas dispostas a oferecer o seu auxilio àqueles que pouco ou nada têm. Em cinco anos de campanha, mais de 1,4 milhão de quilos de alimentos já foram doados, equivalendo a 4.446.000 pratos de alimentos. Para atender os protocolos de saúde durante a pandemia, nesta edição o Natal do Bem ocorre de forma virtual, através de doações pelo site www.doealimentos.com.br. E além dos habituais parceiros do Rotary, Lions, Maçonaria e universitários, neste ano o Banco de Alimentos conta com o apoio de dois grandes parceiros, o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) e os

Escoteiros do Brasil-Rio Grande do Sul, que participam da campanha e estimulam as doações. Conheça quem participa da causa do Natal do Bem: Grupo RBS, RBS TV, Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, Jornal do Almoço, Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Escoteiros do Brasil-Rio Grande do Sul, Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Rotary, Lions, Agência Conjunto, Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul SETCERGS, PluGzOne, entre outros parceiros e empresas.

Números que refletem a solidariedade Em 2019, o Natal do Bem alcançou recorde de doações: foram

591 toneladas de alimentos arrecadados e distribuídos para mais de 800 entidades de 157 cidades gaúchas. Esta campanha é hoje a maior fonte de arrecadação dos Bancos de Alimentos no Estado, conquistando a população e levando o espírito de solidariedade para todos os lares gaúchos. Em cinco anos, a campanha já arrecadou 1.482.000 quilos de alimentos, o que representa quase 5 milhões de refeições na mesa das pessoas que mais precisam. No primeiro ano do Natal do Bem, em 2015, 60 toneladas de alimentos não perecíveis foram arrecadadas. Em 2016, 111 toneladas. Já em 2017, foram arrecadadas 266 toneladas. Em 2018, com a realização da primeira Cavalgada do Bem, os números aumentaram ainda mais, chegando a 454 toneladas de alimentos.

5ª edição do Natal do Bem comemorada pela RBSTV e Banco de Alimentos

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ACONTECE NA REDE

Rede de Bancos de Alimentos recebe visita do Presidente do Simers

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Rede de Bancos de Alimentos da FIERGS recebeu a visita do Presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul-Simers, Dr. Marcelo Matias, e Diretoria. O encontro teve como objetivo reforçar a parceria já existente no Trote Solidário e demais ações desenvolvidas. O Presidente empossado do Simers, Dr. Marcelo Matias, foi agraciado com a comenda do Banco de Alimentos de Porto Alegre e uma placa descerrada na Galeria de Honra. Através do Trote Solidário Simers já foram arrecadadas 217 toneladas de alimentos, uma parceria que está ajudando a combater a fome no Rio Grande do Sul. “É muito bonito ver quando a sociedade se une para trazer benefícios para o próximo. Os médicos, historicamente, sempre fizeram um trabalho social importante, e quero reforçar a parceria do Simers com a Rede de Banco de Alimentos. A tendência é de que nossas ações somente cresçam”, afirmou Dr. Matias. Participaram também da visita as autoridades do Simers: Dr. Vinícius de Souza, Diretor da Assessoria de Projetos Especiais; Rita Fernandes, Superintendente; Bruna Favero, Presidente do Núcleo Acadêmico; Simone Correa, Coordenadora da Assessoria de Projetos Especiais; Lisiani Mottini, Jornalista; além dos integrantes da Rede de Bancos de Alimentos RS.

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Projeto Formiguinha supera 100 toneladas de alimentos em 2020

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Projeto Formiguinha bateu um novo recorde de doações, arrecadando 93 toneladas de alimentos somente em 2020! Com essa quantidade, cerca de 300.000 pessoas puderam ser alimentadas com uma refeição. A campanha, iniciada em 2016, já arrecadou 116 toneladas de alimentos em prol do Banco de Ali-

mentos de Porto Alegre. O Formiguinha é liderado por dois Diretores do Banco de Alimentos de Porto Alegre pertencentes ao LIONS Clube Santa Flora, do Distrito LD-3: Cloé Fernandes, Assessora do Banco de Alimentos do Distrito LD-3 e José Manoel Fernandes, Secretário Adjunto do LCPA Santa Flora.

Festival do Japão RS promove live durante a pandemia e arrecada para o Banco de Alimentos

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ealizado em 2020 em versão online eno dia 15 de agosto, o Festival do Japão Rio Grande do Sul, que acontece em homenagem ao dia do imigrante japonês no Estado (18 de agosto) foi transmitido pelas suas redes sociais (Youtube e Facebook). A live apresentou atrações artísticas, depoimentos de autorida-

des, interações da comunidade japonesa local e participações diretamente do Japão. O evento manteve a parceria realizada com o Banco de Alimentos para incentivar doações para mais de 300 entidades assistenciais. As doações foram realizadas através do QR Code disponibilizado no dia do evento.


ACONTECE NA REDE – PORTO ALEGRE

Pioneirismo: Banco de Alimentos de Porto Alegre comemora 20 anos Na virada do milênio, exatamente no ano 2000, era criada por um grupo de empresas, sindicatos e entidades reunidos no Conselho de Cidadania da FIERGS uma iniciativa pioneira no país: o primeiro Banco de Alimentos do Brasil, em Porto Alegre.

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e lá pra cá, passados 20 anos, a instituição já arrecadou e distribuiu mais de 55 milhões de quilos de alimentos para instituições carentes de todos os bairros da capital. As doações representam 165 milhões de pratos de alimentos na mesa de quem mais precisa. Além de ter marcado em 6 de dezembro/2020 as suas duas déca-

das de operação contínua, o Banco de Porto Alegre também celebrou a expressiva quantidade de doações realizadas no ano: quase 2 milhões de quilos de alimentos distribuídos somente na capital para entidades e ví-

Organizações que participaram da criação do Banco de Porto Alegre

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ssociação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS), Associação Leopoldina Juvenil, Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Serviço Social da Indústria do Rio Grande do Sul (SESI-RS), Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho (FMSS), Lions, Fundação dos Rotarianos de Porto Alegre, Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (SETCERGS), Sindicato das Indústrias da Alimentação do Estado do Rio Grande do Sul (SIA), Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região (SINDHA), UNISINOS e WMcCANN. A FIERGS, presidida pelo Industrial Gilberto Porcello Petry, foi o berço do Banco de Alimentos de Porto Alegre. O projeto está inserido no organograma da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais da FIERGS como uma das fortes ações de economia circular desenvolvidas no Estado, devido ao seu alto potencial de transformar desperdícios e resíduos em beneficio social. Além dos habituais alimentos doados, cerca de 800 mil refeições de cozinhas industriais são salvas por ano, graças à prática desenvolvida.

timas da Covid-19, beneficiando 120 mil famílias e 480 mil pessoas. “Durante a pandemia, o Banco de Alimentos, assim como seus diretores, funcionários e voluntários não pararam, pois a distribuição de alimentos é um serviço essencial para a nossa sociedade. Superamos todas as metas e realizamos a maior doação da história do Banco de Alimentos de Porto Alegre”, ressalta Jorge Luiz Buneder, Presidente do Conselho de Administração do Banco de Alimentos. O Banco da capital foi instituído na gestão do então presidente da FIERGS, Francisco Renan Oronoz Proença, e contou com a coordenação do Industrial Jorge Luiz Buneder. Atualmente, é presidido por Paulo Renê Bernhard, conta com importantes líderes da sociedade que compõem a sua Diretoria Voluntária e beneficia mais de 300 instituições de toda a capital gaúcha. “O Banco se constituiu em uma iniciativa de grande relevância construída pela sociedade e para a sociedade’’, destaca Bernhard. REVISTA FAZER BEM • 7


ACONTECE NA REDE – PORTO ALEGRE

Banco de Porto Alegre homenageia seus colaboradores

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m dezembro/2020, outro momento simbólico e de gratidão: os funcionários do Banco de Alimentos de Porto Alegre que atuam na instituição há mais de 10 anos receberam o reconhecimento e a homenagem por sua dedicação e profissionalismo a esta causa tão relevante para toda a sociedade.

Foram homenageados: • Adriana da Silva Lockmann • Cristiane Pires da Rosa • Elisângela dos Santos Lima • Everton Castro de Souza • Fernando Rodrigues da Rosa • Gilmar Ximenes da Luz • Lauro Augusto de Oliveira Elias • Lucelene Areal Navarro Oliveira • Luciano da Silva Machado • Maicon Rez Domingues • Mara Rodrigues Brum • Maria Alice Franco Antunes • Neli Miotto • Paola Weiss Monti • Paulo Renê Bernhard

Banco de Alimentos é apresentado no CONET

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ebater os assuntos mais relevantes do cenário nacional para o setor de transporte de cargas e logística. Este foi o principal objetivo do CONET&Intersindical 2020, que reuniu 410 empresários de todo o país em Curitiba, no Paraná. Nove federações e 43 sindicatos participaram dos debates, incluindo a FETRANSUL, Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no RS, e quatro sindicatos gaúchos. O vice-presidente de Responsabilidade Social da NTC&Logística, João Pierotto Neto, representando a Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul, da qual é um dos fundadores,

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falou sobre o sucesso da iniciativa no Rio Grande do Sul. Na palestra, Pierotto mostrou que o Brasil tem mais de oito milhões de pessoas passando fome. “Não podemos aceitar isso e podemos ajudar. Nosso setor tem a logística, que são os caminhões para distribuir os alimentos. O SETCERGS, que eu já presidi, foi um dos fundadores do Banco de Alimentos de Porto Alegre, há 20 anos. Nós queremos lançar esta ideia para todo o país. O transportador de carga já mostrou sua força e tem mais um viés para mostrar, que é a força social”. O RS tem hoje 20 bancos de alimentos em 26 cidades.


Empresas fazem a diferença no volume de arrecadações durante a pandemia Atender as amplas necessidades decorrentes da pandemia só está sendo possível, claro, com muita solidariedade. E o Banco de Alimentos de Porto Alegre contou e conta com a adesão e parceria de inúmeras pessoas e empresas para fazer frente ao desafio de atender um contingente enorme de pessoas e instituições.

Mais de 100 toneladas de alimentos doados • Associação dos Notários e Registradores do Rio Grande do Sul (Anoreg/RS) • BrazilFoundation-Fundo Luz Alliance/ Gisele Bündchen • BrazilFoundation-Vivara • BrazilFoundation-XP • Cooperativa PIÁ • Cooperativa SANTA CLARA • Grupo BIG • Instituto WALMART • Sodexo - Instituto Stop Hunger • Supper Rissul

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Mais de 50 toneladas de alimentos doados • Coopergesa • Fundação Banco do Brasil • Grupo Gerdau • Supermercados CARREFOUR

Banco de Alimentos da Capital agradece a cada um que contribuiu e permanece engajado na causa do combate à fome junto com a entidade. Estas são apenas algumas das centenas de empresas que doaram quantidades significativas de itens para o Banco, resultando em toneladas de alimentos:

Mais de 500 toneladas de alimentos doados • Grupo QUERO QUERO • Instituto Cultural Floresta

Mais de 20 toneladas de alimentos doados • Associação Gaúcha de Supermercados – AGAS • ATACADÃO • Família GERDAU • Farmácias São João • Grupo DIMED • Sementes CONDESSA

Outros parceiros doadores de alimentos durante a pandemia • Afuse – Assoc. dos Func. do Sebrae RS • Apsen Farmacêutica • AIAMU – Associação dos Auditores Fiscais da Receita Municipal de Porto Alegre • ARCHEL Engenharia • Astoria Papeis Ltda • Augusto Massena • Bliss estratégia de negócios • Centro de Distribuição Loja DIA • Cesar Oliveira e Rogério Melo • CNH Industrial Brasil • Confraria Pipe do Bem • Dell Technologies • Dipam Gaucha Distribuidora • Engenho CORADINI • ENGIE Brasil • Flavio Ronald Burin • Genesis Assessoria Empresarial • Geraldo Toffanello • Grupo APISUL • Grupo Cortel • Grupo Via Porto • Instituto CYRELLA • João Vontobel • Moinho do Nordeste • MTG • Naturovos • Oniz Distribuidora • Orquídea Alimentos • Pandemonicos • Rafael Toro - Academia de Finanças • SIA-Serviço de Inteligência em Agronegócios • SINOSCAR • SINPRF/RS • SOUTH SYSTEM • Tássio Crusius • Trontec Automação • Via Laser

Banco de Alimentos aprova Contas e Relatório 2019

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Assembleia Geral do Banco de Alimentos do Rio Grande do Sul, realizada virtualmente em 1º de outubro/2020, reuniu Conselheiros, Conselheiros Fiscais, Auditores Externos e Diretores do Banco de Alimentos para avaliação do Relatório Anual e Prestação de Contas 2019, e Previsão Orçamentária e Plano de Ação 2020, que foram aprovados por unanimidade. O Relatório do Banco de Alimentos pode ser visualizado integralmente no site do Banco de Alimentos.

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ACONTECE NA REDE –RS

Sérgio Gabardo é eleito novo presidente do SETCERGS e assume a vice-presidência do Banco de Alimentos de Porto Alegre

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empresário Sérgio Mário Gabardo foi eleito, em 3 de novembro/ 2020, como novo presidente do SETCERGS (2021-2022), sucedendo o presidente João Jorge Couto da Silva. Automaticamente, Gabardo assume também a vice-presidência do Banco de Alimentos de Porto Alegre. O SETCERGS é um dos principais pilares do Banco de Alimentos desde a sua fundação em 2000, por seu papel logístico. Para o presidente eleito, o momento é de muita alegria e responsabilidade: “Estou muito feliz e honrado, mas principalmente ciente da responsabilidade que é presidir o SETCERGS, uma entidade com 61 anos de história, o maior sindicato do TRC no Estado e o segundo maior do país. Muito obrigado a todos pelo voto e pela confiança”. Gabardo é um dos empresários mais respeitados e conhecidos do setor de transporte rodoviário de cargas e logística do Rio Grande do Sul e também do país. Sua empresa, a Transportes Gabardo, foi fundada na capital em 1989.

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CACHOEIRINHA

Projeto Indústria Solidária beneficia Banco de Cachoeirinha

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ançado em maio/2020 pelo Centro das Indústrias de Cachoeirinha, o Projeto Indústria Solidária incentiva as empresas associadas ao CIC que estiverem fazendo aniversário de fundação a doarem cestas de alimentos em números correspondentes aos anos festejados. Os alimentos arrecadados são destinados ao Banco de Alimentos de Cachoeirinha, que faz a distribuição às famílias carentes cadastradas. Desde então, o Banco de Cachoeirinha já recebeu e distribuiu mais de 1.600 kg de alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade, e a campanha vem superando

as expectativas com o engajamento do empresariado local, como Aços Favorit Arauterm, Brutt Metalúrgica, Innovare Consultoria, Jimo Química e Sidersul.

GRAVATAÍ

Banco de Alimentos de Gravataí recebe doações da Fundação Banco do Brasil

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urante a pandemia, o Banco de Gravataí recebeu uma doação de 1.000 cestas básicas feita pelo Banco do Brasil, Banco BV, BB Seguros e a Coperforte, cujos recursos foram repassados através da Fundação Banco do Brasil. O Banco de Alimentos da cidade teve 15 dias de prazo para realizar a compra dos produtos, a entrega e a prestação de contas, em uma ação considerada muito bem-sucedida. Estas doações alcançaram as entidades cadastradas no Banco de Alimentos, além de famílias em vulnerabilidade com pedidos de alimentos junto aos Cras do Município. O Banco de Alimentos de Gravataí também se inscreveu no programa “Ação Voluntária” do projeto “Pátria Voluntária” do Governo Federal, e foi a única instituição contemplada no Rio Grande do Sul com recursos suficientes para a compra de cerca de 1.000 cestas básicas.


CANOAS

Para incentivar solidariedade, músicos gaúchos lançam clipe “Do lado do bem”

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mundo das artes tem sido destaque nas redes sociais por conta das ações sociais promovidas por artistas em “lives” solidárias. Pensando nisso, o presidente do Banco de Alimentos de Canoas, Henrique Ferrite, reuniu músicos e produtores gaúchos e lançou a música “Do Lado do Bem”. A iniciativa pretende sensibilizar as pessoas para que levem alimento, carinho e esperança para quem mais precisa neste momento de pandemia. O clipe pode ser acessado no canal da rede de Bancos de Alimentos RS no Youtube (link: https://www.youtube.com/watch? v=87fVuH1ykM4) Com nomes conhecidos dos gaúchos, o clipe conta com a participação dos cantores Ernesto Fagundes, Miguel Castilhos, Tom Amorim, Fabrício Beck (Vera Loca), Rodrigo Sollton, Luiza Barbosa (finalista do The Voice Kids), Adilson Magrão e Eduardo Cancelli. No instrumental, um time de respeito com Diego Dias no acordeon, Vera Loca e The Beatles no Acordeon, Sandro Coelho no baixo, Sandro Bonato

na bateria, Jairo Borba na guitarra e Rick Ferreira na “Steel Guitar”, guitarra havaiana. Rick Ferreira foi produtor e guitarrista de todos os discos de Raul Seixas, por quem era chamado carinhosamente de “Meu Fiel Escudeiro”. Composta por Adilson Magrão em parceria com Henrique Ferrite e Tom Amorim, a música já está virando hino dos 23 bancos de alimento espalhados pelo Estado. “Muitos municípios estão adotando a canção como trilha sonora para divulgar ações de doação e motivar outras pessoas a se engajar nesse movimento solidário”, destaca o presidente Ferrite, que também é músico. De acordo com ele, muitos artistas já pensam em transformar o movimento em algo permanente e até criar uma banda, a Turma do Bem. O clipe ajuda a divulgar o site Doe Alimentos (www.doealimentos. com.br), criado pela Rede de Bancos de Alimentos RS. Por meio do site, de forma prática e rápida os internautas podem montar e doar uma cesta de alimentos e beneficiar instituições de 34 cidades gaúchas.

Drive Thru solidário

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Banco de Alimentos de Canoas realizou em 25 de abril/2020 o Drive Thru Solidário, em frente à prefeitura de Canoas, arrecadando 2.296 kg de alimentos. A parceria foi realizada com o município e contou com a parceria da EPTC, que facilitou o espaço para que ocorressem as doações. A ação foi divulgada nas redes sociais da Prefeitura de Canoas e contou com a ajuda de voluntários da prefeitura e do Banco de Alimentos. A logística foi realizada pela Modular Cargas, que estava presente com um motorista voluntário e cedeu o caminhão para participar da ação durante todo o dia.

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ACONTECE NA REDE –RS CAXIAS DO SUL

Campanha Caxias do Amor arrecada mais de 90 toneladas

E Sábado Solidário arrecadou quase oito mil quilos de doações em Caxias

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primeira edição do ano do Sábado Solidário ocorreu em 11 de janeiro/2020, ainda no formato presencial, e arrecadou 7,9 mil quilos de doações. A ação é promovida pela Secretaria Municipal da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Smapa), por meio do Banco de Alimentos, e conta com o apoio da comunidade para fazer a arrecadação de mantimentos em cerca de 40 mercados de Caxias do Sul.

Doações em drive thru para o Banco de Alimentos na Semana da Pátria e Semana Farroupilha

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o dia 7 de setembro/2020, a Prefeitura de Caxias do Sul, por meio da Secretaria do Esporte e Lazer (Smel), com o apoio do 16º Distrito Escoteiro, promoveu a Semana da Pátria 2020. No lugar do tradicional Desfile Cívico no feriado

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do dia 7 de Setembro, ocorreu o drive thru solidário na Praça Dante Alighieri, em Caxias. A ação arrecadou mais de 700 quilos de alimentos e 40kg de produtos de higiene e limpeza, doados ao Bando de Alimentos. A Campanha Caxias do Amor também promoveu um drive thru solidário alusivo à Semana Farroupilha para arrecadar doações para o Banco de Alimentos, a fim de auxiliar com itens fundamentais para o preenchimento de cestas básicas, visto que houve diminuição das doações. O Banco de Alimentos, em parceria com a Fundação de Assistência Social (FAS), tem atendido cerca de dez mil famílias por mês entre fornecimento de cestas e refeições.

m 25 de março/2020, teve início a Campanha Caxias do Amor, como uma alternativa ao Sábado Solidário durante a pandemia. A iniciativa foi criada numa parceria entre a Prefeitura de Caxias, Banco de Alimentos de Caxias do Sul, Mitra Diocesana, Fundação de Assistência Social (FAS) e outras entidades, e manteve postos de arrecadação e caixas de coleta de alimentos em 91 supermercados da cidade, farmácias, postos de combustíveis, além de secretarias e unidades de governo. Doações para a campanha também puderam ser feitas sem sair de casa, com o auxílio de uma equipe da prefeitura que se deslocava para receber os donativos. O Banco de Alimentos coleta as doações arrecadadas e faz a entrega de cestas básicas por meio da FAS para as comunidades em vulnerabilidade social do Município. Em vigor desde o início da pandemia, a campanha já arrecadou mais de 90 toneladas.


Banco de Alimentos recebe quatro toneladas de alimentos do Desafio Solidário

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Secretaria Municipal do Esporte e Lazer de Caxias do Sul (Smel) e o Clube de Corredores da cidade promoveram em agosto o Desafio Solidário: 12 horas em esteira. Ao todo, 15 equipes participaram do evento que arrecadou 4,3 toneladas de alimentos. Os donativos foram entregues ao Banco de Alimentos de Caxias do Sul e o Desafio Solidário contou com a participação de 287 corredores. A campeã do Desafio foi a equipe que atingiu a maior pontuação pela doação de alimentos, quilometragem percorrida e sexo (gênero) dos corredores.

CRUZ ALTA

Banco de Alimentos doa mais de 50 toneladas

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o longo da pandemia, o Banco de Cruz Alta vem contando com o esforço e a solidariedade de milhares de pessoas que estão ajudando a entidade a manter o seu propósito nesse momento tão difícil. As doações somam mais de 50 toneladas de alimentos, que chegam de diversas formas: em ações desenvolvidas

individualmente, por grupos como Rotary e Lyons Club, empresas e na ação Cruz Alta Unida - Canal Solidário, realizada em abril/2020 em uma parceria do Banco de Alimentos de Cruz Alta, com Corpo de Bombeiros, Exército Brasileiro, Ministério Público, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Unicruz.

Assim que os alimentos chegam até a sede do Banco é feita uma triagem para analisar se os produtos estão dentro do prazo de validade e com segurança alimentar. A partir daí um grupo composto por voluntários e militares do exército faz a separação de acordo com a necessidade das entidades cadastradas no Banco de Alimentos de Cruz Alta. A presidente da unidade de Cruz Alta, Suzy Matheus, lembra que as instituições atendidas mensalmente pelo Banco de Alimentos chegaram a 46, e que, além destas, também estão sendo entregues sacolas com alimentos para pessoas que fazem parte do Cadastro Único.

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ACONTECE NA REDE –RS GUAÍBA

Músicos promoveram ação solidária em benefício do Banco de Alimentos

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o dia 31 de maio/2020, diversos guaibenses organizaram uma live solidária em benefício do Banco de Alimentos, com a realização do leilão online de uma obra de arte e doações espontâneas via depósito bancário. A ação resultou no valor de R$ 2.214,38, que foram repassados ao Banco de Alimentos para a compra de cestas básicas. Participaram João Bosco Ayala, Robledo Martins, Mário Terres, entre outros, com apresentação de Denise Santos. O encontro teve inspiração nos clássicos festivais da música nativista e teve ampla participação do público.

Banco de Guaíba recebe cestas básicas do Sport Clube Internacional

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Banco de Alimentos de Guaíba pôde atender mais famílias em vulnerabilidade por meio de 30 cestas básicas doadas pelo Sport Clube Internacional. As doações foram encaminhadas à população pelo presidente do Banco, Victor Grunberg.

Desafio 42 Km na esteira em prol do Banco de Alimentos de Guaíba

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maratonista e treinador Chico Ferrari realizou uma ação criativa e inspiradora em benefício do Banco de Alimentos de Guaíba. No dia 31 de maio/2020, às 7h, ele correu 42km na esteira com transmissão ao vivo pelo Instagram, e estimulou as pessoas a ajudarem o Banco por meio de depósitos via transferência bancária para compra de alimentos, material de higiene e cestas básicas.

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Consulado do Grêmio de Guaíba entrega R$ 1.000,00 em doações ao Banco de Alimentos

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promoção de vendas de máscaras de proteção personalizadas organizada pelo Consulado do Grêmio de Guaíba, em maio/2020, resultou em R$ 1.000,00 que foram convertidos em alimentos entregues ao Banco de Alimentos. As doações fizeram parte das cestas básicas encaminhadas às entidades cadastradas, durante o mês de junho.

Tchê Barbaridade se declara embaixador do Banco de Guaíba

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Grupo Tchê Barbaridade se declarou, durante uma live, embaixador oficial do Banco de Alimentos de Guaíba. O Grupo está aju-

dando a divulgar o Banco de Alimentos em suas redes sociais e eventos, e estuda arrecadações em shows presenciais no futuro.

PELOTAS

Banco de Alimentos de Pelotas se reinventa durante a pandemia

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Sábado Solidário, umas das maiores fontes de arrecadação do Banco de Alimentos de Pelotas, foi naturalmente suspenso durante a pandemia. Com a demanda por doações aumentando e a arrecadação caindo, a entidade se reinventou e estabeleceu ótimas parcerias para dar continuidade ao trabalho neste momento delicado. Assim, as mais de 40 instituições atendidas pelo Banco permaneceram sendo contempladas por meio de diversas parcerias como a realizada com a Aliança Pelotas, com as Lojas Quero-Quero, com o Laboratório Bem Me Quer e SICREDI. REVISTA FAZER BEM • 15


ACONTECE NA REDE –RS REGIÃO DO CALÇADO

Live Gente do Bem arrecada mais de 4 toneladas para o Banco da Região do Calçado

Venda de camisetas de artistas do Vale dos Sinos ajuda Banco no combate à fome

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utra ação do Banco de Alimentos da Região do Calçado (BARC) que teve toda a renda revertida para o combate à fome durante a pandemia foi a venda de 400 camisetas doadas pelo Jornal NH (Coluna Bom Exemplo), com estampas de quatro artistas do Vale do Sinos: Magna Sperb, Ariadne Decker, Bruno Schilling e o cartunista Tacho. Todas as camisetas foram vendidas rapidamente, num importante engajamento da comunidade.

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Banco de Alimentos da Região do Calçado (BARC) realizou em julho/2020 a live Gente do Bem, transmitida ao vivo pelo canal do Youtube e página do Facebook da instituição. Foram cerca de 4.000 espectadores e 4.475kg de alimentos arrecadados durante o evento, que contou com a participação das bandas Tchê Guri e The Dogs, e apresentação da jornalista Stephany Sander. Além de divertir o público com as atrações musicais, a live sorteou brindes e também informou a comunidade sobre a importância da doação e do trabalho do BARC no combate à fome na região.


SANTA MARIA

Banco de Alimentos de Santa Maria bate meta anual de doações

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ais de 167 toneladas de alimentos foram arrecadadas pelo Banco de Santa Maria até o final de outubro/2020, ultrapassando a meta anual de cerca de 100 toneladas. Um resultado conquistado com trabalho forte da instituição e de seus 140 voluntários atuantes. Com a arrecadação recorde, aproximadamente 55 entidades cadastradas foram atendidas, significando milhares de pessoas beneficiadas. Para que o Banco tivesse todo esse sucesso foi necessário o empenho dos diretores, mantenedores e voluntários, que estiveram completamente engajados. Iniciada em abril/2020, a campanha de arrecadação de alimentos e recursos financeiros também contou com a adesão da mídia local, como o Diário de Santa Maria, Rádio Imembuí e Programa do Norton Cezar, e RBS TV. Os mantenedores fiéis como Centers Empreendimentos, Beltrame Supermercados, Posto Padoin e

Ipiranga Assessoria Contábil, e parceiros como Rede Vivo, Nacional, Big, Gaúcha e Nativa foram fundamentais para que a demanda mensal pudesse ser atendida. Arroz Fighera, Domelly, Moinho Santa Maria, Massas Corrieri, Supermercado Royal, Construtora Nima e Podal Distribuidora também doaram ao Banco de Alimentos mesmo com a crise provocada pela pandemia. O trabalho do Banco resultou ainda em doações de pessoas físicas e instituições, com destaque para a de um jogador de futebol profissional brasileiro que atua no clube turco Konyaspor. Ele realizou uma doação significativa para a instituição, mas pediu para que a quantia não fosse divulgada. A unidade Santa Maria da Associação dos

PODAL doa mais de 10 toneladas

Auditores Fiscais da Receita Estadual (AFISVEC) também doou quantia superior a R$ 20.000,00. O Banco de Alimentos de Santa Maria continua fortalecendo as suas doações por meio de ações locais e novas parcerias para que a comunidade continue sendo atendida.

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empresa Podal Distribuidora de Alimentos realizou a doação de R$ 30.000,00, que foram convertidos em cerca de 600 cestas básicas, ou 10 toneladas de alimentos, destinados ao Banco de Santa Maria durante a pandemia. A ação da Podal foi criada pelo empresário Izair Antônio Pozzer que, com a ajuda de parceiros de representação, conseguiu arrecadar as doações para atender milhares de pessoas que vivem em vulnerabilidade social. Visando promover ações como a que foi realizada, o vereador Manoel Badke, que também é membro fundador do Banco de Alimentos de Santa Maria, por meio de sua proposição enquanto parlamentar na Câmara de Vereadores fez uma Moção de Congratulações aos 30 anos de atuação empresarial em constante crescimento econômico e social da PODAL Distribuidora de Alimentos. REVISTA FAZER BEM • 17


ACONTECE NA REDE –RS RIO GRANDE

Ações do Banco de Rio Grande são reformuladas durante a pandemia

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pandemia mudou também a rotina do Banco de Alimentos de Rio Grande, que durante o ano não realizou nenhuma edição do Sábado Solidário, focando suas ações na distribuição de alimentos em bairros do município com grandes necessidades básicas. Cerca de 40 voluntários fizeram as entregas desde junho/2020 nos bairros Atlântico Sul e Maria dos Anjos. Também conseguiram realizar ação de distribuição de leite em parceria com Unimed e OAB e de alimentos em conjunto com a rede Quero-Quero.

URUGUAIANA

Banco arrecada 11 toneladas de alimentos e recebe doações da Rede e da Quero-Quero

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esmo com a impossibilidade de realizar o Sábado Solidário, o Banco de Alimentos de Uruguaiana teve grande mobilização de seus 15 voluntários e conseguiu arrecadar durante a pandemia 11 toneladas de alimentos. Essas arrecadações beneficiaram 12 entidades, atingindo um total de 240 famílias. O Banco de Uruguaiana também recebeu cestas básicas das Lojas Quero-Quero e da Rede de Bancos de Alimentos do RS.

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VENÂNCIO AIRES

Banco de Venâncio Aires com trabalho intenso na pandemia

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m 2020, o Banco de Alimentos de Venâncio Aires conseguiu realizar o Sábado Solidário nos meses de abril, junho e agosto. No período, também distribuiu, entre outras doações, 520 cestas básicas adquiridas com recursos repassados pela Rede de Bancos de Alimentos RS, além de agasalhos, móveis, itens de higiene e limpeza e cestas básicas aos flagelados da enchente no distrito de Vila Mariante. Realizou ainda ação em conjunto com a Comunidade Católica São Sebastião Mártir de Venâncio Aires, com arrecadação de 2.400 kg de alimentos e 650 itens de higiene e limpeza, como fraldas infantis, fraldas geriátricas, sabonetes e creme dental.

Por fim, ativou também campanha ecológica com a distribuição de 1.500 mudas de árvores frutíferas nativas, em conjunto com o Rotary Club Venâncio Aires e AFUBRA.

VALE DO SINOS

Banco de Alimentos do Vale do Sinos arrecada mais de 80.000 Kg de alimentos no auge da pandemia

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Banco do Vale do Sinos vem atuando fortemente ao longo da pandemia, por meio da atuação de sua coordenação e de seus 150 voluntários. Esse trabalho conseguiu arrecadar, somente até outubro/2020, mais de 80.000 Kg de alimentos que beneficiaram 48 entidades cadastradas, representando 13.400 pessoas atendidas. Entre os projetos que estão sendo apoiados pelo Banco neste período está o PASEC – Programa de Ação Socioeducativa na Comunidade, que oferece serviços de convivência e fortalecimento de vínculos com ênfase em atividades socioeducativas no âmbito das ações de proteção social básica, de acordo com a Política Nacional de Assistência Social. O PASEC atua especialmente com ações voltadas para as demandas com crianças e adolescentes (na faixa de 6 a 15 anos) em situação de vulnerabilidade social. A equipe do PASEC é composta por acadêmicos e profissionais das áreas da Biologia, Nutrição, Psicologia e Serviço Social da Unisinos. REVISTA FAZER BEM • 19


TECNOLOGIA SOCIAL

Site Doe Alimentos foi o grande destaque de captação durante a pandemia Praticidade, segurança e resultados. Portal do Banco de Alimentos registra arrecadação recorde.

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ais do que nunca, o portal www.doealimentos.com.br da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul está tendo um papel muito relevante como ferramenta para as pessoas e empresas que querem doar aos Bancos de Alimentos gaúchos e beneficiar milhares de pessoas. Desenvolvido já há alguns anos, em 2020 o Doe Alimentos se converteu em uma plataforma essencial que está fazendo a diferença entre as formas e canais de doação durante a pandemia. Com as ações tradicionais e periódicas presenciais como o Sábado Solidário pausadas em atenção ao momento de isolamento social, a Rede ativou, em abril, uma campanha aberta de arrecadação 100% digital. O objetivo: auxiliar a população mais afetada pela pandemia da Covid-19, por meio do beneficiamento de instituições cadastradas aos Bancos de Alimentos em 34 cidades gaúchas. Para isso, foi destacado o Doe Alimentos que, além de arrecadar, entrega os produtos por meio da logística própria dos Bancos no Estado.

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“O site foi de extrema importância, pois o Banco de Alimentos pôde trabalhar com um formato em que as pessoas não precisavam se deslocar para comprar os produtos que queriam doar, bastando fazer a doação online em poucos cliques por meio de seu computador ou smartphone”, explica Paulo Renê Bernhard, Presidente da Rede de Bancos de Alimentos do RS.

Sucesso absoluto Ao longo da pandemia, o site conquistou a população, que aderiu em massa em um gesto de solidariedade e empatia, passando a utilizá-lo para ajudar e doar. A plataforma teve o seu auge de arrecadações durante os meses abril e maio, com um pico de doações. E os resultados gerais são extremamente positivos: apenas

até dezembro/2020, foram arrecadados R$ 1.660.033,37.

Como funciona? Os interessados em contribuir podem acessar o site, fazer um breve cadastro e, de forma rápida, montar a sua sacola de doações com diversos itens. Sem quantidade mínima, o doador pode escolher doar produtos como arroz, leite, feijão, café, farinha de trigo e óleo de soja, em valores variados, ou comprar cestas prontas nos valores de R$ 30,00, R$ 60,00 ou R$ 120,00. Ainda existe a possibilidade de doação recorrente mensal por meio de cartão de crédito.

Parcerias que incentivaram as doações A grande campanha promovida pela Rede de Bancos de Ali-


mentos do RS em prol do Doe Alimentos contou com as parcerias da PluGzOne, empresa responsável pelo desenvolvimento do site; da Agência Conjunto, que criou todo o trabalho publicitário com filme para TV, anúncio para jornal e spot de rádio e internet, e do Grupo RBS, que disponibilizou espaço em todas as suas mídias e realizou matérias em toda a programação destacando o Doe Alimentos como facilitador e uma das principais formas para realizar doa-

ções para o Banco de Alimentos na pandemia. Outra parte muito importante da campanha foram as inúmeras lives – só em Porto Alegre foram 40 – com artistas diversos que estimulavam doações por meio da exibição de QR Codes direcionando para o Doe Alimentos. Participaram das lives artistas independentes e também consagrados como Borguetinho, Humberto Gessinger, Guri de Uruguaiana, César Oliveira e Rogério

Melo, e ainda o coletivo de comunicadores Pandemônicos, que realizaram uma maratona de 7 horas em prol do Banco de Alimentos. O Doe Alimentos permanecerá sendo uma plataforma digital facilitadora à disposição da sociedade, e, em 2021, será parte importante dos esforços de arrecadação de alimentos para quem mais precisa.

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SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

Sancionada a lei de combate ao desperdício de alimentos A Lei facilita e incentiva a doação de excedentes de alimentos para consumo humano.

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m um cenário de enorme desperdício de alimentos, em que, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em apenas um ano o Brasil perde ou desperdiça 26,3 milhões de toneladas de alimentos (representando 10% dos alimentos disponíveis), e em que, conforme dados recentes do IBGE, 10 milhões de brasileiros são atingidos pela fome, foi sancionada em junho/2020 pelo Governo Federal a Lei nº 14.016/2020. A norma autoriza os estabelecimentos que produzem e fornecem

alimentos in natura, industrializados e refeições prontas para o consumo a doarem gratuitamente os excedentes não comercializados e ainda próprios para o consumo. Estes estabelecimentos incluem hotéis, bares, supermercados, cooperativas, restaurantes, lanchonetes e todas as demais empresas que oferecem alimentos para o consumo. Como condição para a doação, a lei estabelece que os alimentos precisam estar dentro da data de validade e conservados nas condições especificadas pelo fabricante; que sua integridade e segurança sanitária não

estejam comprometidas; e que estejam mantidas as suas propriedades nutricionais. As doações podem ser realizadas diretamente, mediante colaboração do Poder Público, ou para os bancos de alimentos de outras entidades beneficentes de assistência social ou de entidades religiosas. A Rede de Bancos de Alimentos do RS comemora a aprovação desta nova Lei contra o desperdício que beneficiará milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade ou de risco alimentar ou nutricional, pois é uma conquista pela qual a entidade trabalha há muito tempo.

Ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, Banco de Alimentos do Vale do Sinos arrecada visita o Banco demais Porto Alegre de 80.000 Kg de alimentos o dia 01 de outubro/2020, o Ministro da Cidadania, no auge da pandemia Onyx Lorenzoni visitou as

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instalações do Banco de Alimentos de Porto Alegre, dando início às comemorações do 20° aniversário do Banco de Alimentos. Foram discutidas as leis recentemente sancionadas pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, que tratam do aproveitamento de desperdício de alimentos e da criação da Rede Nacional de Bancos de Alimentos. O Ministro Onyx enalteceu a forte atuação do Banco de Alimentos de Porto Alegre e da Rede de Bancos

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Governo Federal cria decreto estabelecendo Rede Brasileira de Bancos de Alimentos Nova estrutura está subordinada ao Ministério da Cidadania

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oi dado em setembro/2020 o pontapé inicial para a concretização de uma das maiores iniciativas do Brasil para a ampliação do trabalho dos Bancos de Alimentos no país. Por meio do decreto 10.490, a Presidência da República criou a Rede Brasileira de Bancos de Alimentos, com o objetivo de “contribuir para a diminuição do desperdício de alimentos no País e para a garantia do direito humano à alimentação adequada”. A Rede Brasileira buscará estimular a criação de Bancos de Alimentos em todo o território nacional, a exemplo do Rio Grande do Sul.

de Alimentos do Rio Grande do Sul, principalmente no período de pandemia, destacando, ainda, a inédita iniciativa da FIERGS com relação ao Projeto dos Bancos Sociais que utilizam o processo de economia circular “A solidariedade é um caminho muito importante para poder minorar as dificuldades, e todo esse expertise acumulado no Banco de Alimentos e nos Bancos Sociais, que ainda agregam outras áreas para atender, deixam uma lição espetacular. Vim com muita humildade para poder olhar com atenção e aprender, e aproximaremos ainda mais a equipe técnica do Ministério para ajudar a multiplicar essa a ideia, que se Deus quiser, frutificará no Brasil todo”, disse.

A visita teve a presença das autoridades: Vereador Reginaldo Pujol, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Carlos Roberto Bestetti, Superintendente da CONAB no Rio Grande do Sul; Júlio César de Magalhães, Chefe de Gabinete da Presidência da FIERGS; Hipérides Ferreira de Mello, Presidente da Fundação Sogipa de Comunicações; Paulo Renê Bernhard, Presidente da Rede de Bancos de Alimentos do RS; Waldir da Silveira, Presidente do Banco de Livros; Adir Fração, Diretor do Banco de Alimentos; Francisco Oderich, Diretor do Banco de Alimentos; Marcelo Sanábio, Diretor do Banco de Alimentos; Patricia Sanábio, Diretora do Banco de Alimentos; e Beatriz Acunha, Chefe-Escoteiro do Grupo Escoteiro Laçador.

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OPINIAO – ARTIGO

Segurança alimentar e responsabilidade civil em tempos de pandemia Reflexões iniciais sobre a lei 14.016/20 No contexto de Pandemia alguns temas sensíveis relacionados aos Direitos Humanos assumem especial relevância. Se o Direito Humano Fundamental à Vida está no epicentro da tutela jurídica prioritária no mundo e no Brasil, também é certo que para assegurá-lo diversos outros Direitos merecem especial atenção do Estado.

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Constituição Federal brasileira trouxe em seu artigo 6º, além do Direito à saúde, o Direito Fundamental Social à alimentação, para que fossem criadas políticas voltadas à implementação do acesso à população vulnerável brasileira. Internacionalmente, o Direito Humano à alimentação adequada está contemplado no artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Sua definição foi ampliada em outros dispositivos do Direito Internacional, como o artigo 11 do Pacto de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e o Comentário Geral nº 12 da ONU, e sua aplicação ainda é um desafio a ser enfrentado. Nesse sentido, no atual momento histórico a pandemia da Covid-19 representa uma ameaça à segurança alimentar, especialmente para as comunidades mais vulnerá-

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veis do mundo, segundo relatório da ONU sobre o tema lançado neste mês de junho de 2020. Este ano, cerca de 49 milhões de pessoas podem cair na pobreza extrema devido à crise da Covid-19, segundo o documento, o qual lembra que muitos já vivem numa crise alimentar mesmo antes da pandemia, pois centenas de milhões de pessoas lutavam contra a fome e a desnutrição. E o Brasil, que saiu do Mapa da Fome em 2014, agora está caminhando a passos largos para voltar, com mais de 5% da população em pobreza extrema, levando em conta anos anteriores. A estimativa é de que cerca de 5,4 milhões de pessoas passem para a extrema pobreza por conta da pandemia. O total chegaria a quase 14,7 milhões de pessoas até o fim de 2020, ou cerca de 7% da população, segundo estudos do Banco Mundial. Como um instrumento de enfrentamento do problema, foi publicada no dia 23 de junho de 2020 a lei Federal 14.016, a qual “dispõe sobre o combate ao desperdício de alimentos e doação de excedentes de alimentos para o consumo humano”, concretizando a possibilidade de os estabelecimentos dedicados à produção e ao fornecimento de alimentos, incluídos alimentos in natura, produtos industrializados e refeições prontas para o consumo, doarem os excedentes não comercializados e ainda próprios para o consumo humano desde que atendidos os critérios nela expostos.

Do ponto de vista político, econômico e principalmente social, a novel legislação chega em boa hora, haja vista as discrepantes realidades quanto ao desperdício de alimentos constatado especialmente em estabelecimentos comerciais, em contraposição ao número de pessoas sem acesso à alimentação adequada no que diz respeito à quantidade mínima para subsistência, conforme os dados mencionados acima. Contudo, sob o aspecto jurídico, o artigo 3º traz à lume o longo debate acerca da responsabilidade civil dos doadores, ao estabelecer: “art. 3º. O doador e o intermediário somente responderão nas esferas civil e administrativa por danos causados pelos alimentos doados se agirem com dolo. § 1º A responsabilidade do doador encerra-se no momento da primeira entrega do alimento ao intermediário ou, no caso de doação direta, ao beneficiário final. § 2º A responsabilidade do intermediário encerra-se no momento da primeira entrega do alimento ao beneficiário final. § 3º Entende-se por primeira entrega o primeiro desfazimento do objeto doado pelo doador ao intermediário ou ao beneficiário final, ou pelo intermediário ao beneficiário final”. É cediço que no Brasil, país reconhecido mundialmente por sua nação solidária, não se teria qualquer problema de implementar, independentemente de lei, iniciativas humanitárias como essa agora normatizada. Mas foi a preocupação com a


CAROLINE VAZ Promotora de Justiça, Doutora em Direito pela Universidade de Zaragoza, e Professora de Direito Civil da PUC/RS e da FMP

responsabilidade civil, administrativa e até mesmo penal dos doadores, que atravancou diversas intenções nesse sentido. Ou seja, o alimento e sua ingestão é indubitavelmente um fator de risco à saúde e à própria vida, o que gera complexidade quanto à análise do tema. Aliás, Segundo Rafaelli Di Giorgi, “a análise do risco na sociedade contemporânea pode ter a função de racionalizar o medo [...] o tema do risco tornou-se objeto de interesse e preocupação da opinião púbica quando o problema da ameaça ecológica permitiu a compreensão de que a sociedade produziria tecnologias que poderiam acarretar danos incontroláveis”. Entretanto, existem duas alternativas de tratamento do risco, segundo o autor, consequência da verificação de que a segurança é um artefato em que não se pode confiar. “A primeira seria tratar o risco como uma condição existencial, o resultado de uma condenação à liberdade, que explicava a insegurança como o reflexo de caráter arriscado da existência. [...]

a outra trata da hipótese da segunda modernidade, também chamada de contra-modernidade ou sociedade de risco. [...] esta sociedade começa aí onde falham pela sua incapacidade de controlar as ameaças que provêm das decisões. Tais ameaças são de natureza ecológica, tecnológica, política, e as decisões são resultado de relações que derivam da racionalidade universal”. Por essa razão, sem aprofundar a análise científica (qualitativa e quantitativa) feita pelos experts em alimentos, compreende-se configurado o risco alimentar quando há a probabilidade de, por meio da ingestão de alimentos, ocorrer dano à vida ou à saúde do ser humano, situação esta decorrente da insegurança acerca das condições em que o alimento se encontra para ser ingerido e as consequências ao organismo. Por isso não se pode deixar de considerar que a relação do risco com

a segurança alimentar deve ser analisada cum grano salis. Como bem referiu Alves Paz em congresso nacional sobre os alimentos no Brasil, a “segurança alimentar possui diversas dimensões fundamentais, estabelecidas pela própria FAO: quantidade de alimentos suficiente; qualidade e sanidade da alimentação e garantia de acesso digno a esses alimentos”, e a Agência de Vigilância Sanitária brasileira repercute no seu codex alimentarius referidas dimensões, divulgando como deve ser feita a avaliação do risco no que concerne aos alimentos colocados à disposição dos destinatários no país, visando a evitar consequências adversas à saúde, respeitando o contexto nacional. Já os demais órgãos relacionados à regulação e fiscalização, Estadual e Municipal, especificam as normas federais de acordo com as peculiaridades locais. Assim surge a dicotomia: segurança alimentar do ponto de vista da quantidade suficiente (food security), mas também do ponto de vista da qualidade do alimento (food safety). A primeira reflexão que o novo texto legal suscita é quanto aos efeitos a quem entrega um alimento que não seja seguro. Se este causa danos à saúde de alguém, ocorrendo a análise do fato sob o prisma das relações de consumo (artigos 12 e 18 da Lei nº 8078/90 (Código de Defesa do Consumidor), teríamos a responsabilidade civil objetiva do fornecedor (definido no artigo 3º). Mas a legislação sobre a doação de alimentos tem outro viés. A proteção do Direito Fundamental à alimentação, excluindo expressamente, embora não o precisasse fazer, a caracterização de relação consumerista (art.2º, parágrafo único).

Do ponto de vista político, econômico e principalmente social, a novel legislação chega em boa hora. REVISTA FAZER BEM • 25


OPINIAO – ARTIGO Sobre a espécie de responsabilidade civil e a sua caracterização e até mesmo eventuais excludentes, reside urgência da reflexão sobre o artigo 3º. Ao referir que os doadores somente respondem por danos causados pelos alimentos doados quando “agirem com dolo”, traz à responsabilidade civil um paradoxo sistêmico, inclusive acerca da preponderância de direitos fundamentais. Partindo-se da premissa de ser o prejuízo decorrente de ilícito, superando-se a divisão da responsabilidade em contratual e extracontratual, já que decorre do dever geral de não lesar outrem, bem como considerando a natureza extrapatrimonial dos danos, surgem algumas interpretações possíveis. Talvez o principal debate se dê em torno da conduta dos doadores e sua censurabilidade, grife-se, “estabelecimentos dedicados à produção e ao fornecimento de alimentos”, nos termos do artigo 1º. Ou seja, quando se entregam alimentos de forma remunerada, como produto, são fornecedores e exercem atividade de risco, daí a responsabilidade civil objetiva. Contudo, quando os entregam como excedentes, de forma gratuita, o risco desaparece, sendo necessária a comprovação da culpa na sua modalidade mais extrema, o dolo, a intenção direta ou indireta de causar prejuízo aos donatários?! Pelo menos alguns aspectos, como outras espécies de culpa lato senso, poderiam ser também considerados. Por exemplo, para a caracterização da responsabilidade, a culpa grave poderia estar nessa previsão. Afinal, todo aquele que produz e comercializa um alimento assim como os intermediadores até o destinatário final devem adotar as normas técnicas nessa cadeia. Existe uma gama enorme de atos normativos estabelecidos pela ANVISA e pelos órgãos da fiscalização Sanitária e Agropecuária dos Estados e Municípios, além das práticas previstas pelas áreas voltadas 26 • REVISTA FAZER BEM

à saúde, como nutrição, a química, a biologia, etc que asseguram a integridade do alimento. Se não são observadas tais regras o alimento não pode ser fornecido a consumidores, que também são vulneráveis, nos termos da lei 8.078/90, e nem entregues a donatários vulneráveis, nos termos da lei 14.016/20, pois há o risco de contaminação pela ingestão. E isso, a inobservância das regras vigentes para o setor, não configuraria por si só conduta dolosa, ou seja, intenção direta ou indireta de causar danos a terceiros. Percebe-se, igualmente, nos parágrafos 1º a 3º, do artigo 3º, a preocupação em estabelecer, ao contrário do que ocorre na maior parte das relações de consumo, uma redação que afaste a solidariedade entre eventuais colaboradores no processo até o o “beneficiário final”. Ou seja, o legislador estabeleceu uma responsabilidade exclusiva e subjetiva do doador e do intermediário, salvaguardando corresponsabilidade nesse processo. Portanto, a vítima do dano, a quem se volta a responsabilidade civil, terá o ônus de, além de demonstrar a culpa do agente, identificar em que momento o alimento deixou de ser idôneo para sua ingestão?! Por outro lado, poder-se-ia abordar, ainda, o caráter da urgência da alimentação para a manutenção da vida e entender que quem entrega o alimento age sob o “manto” do “estado de necessidade de terceiro”, o que afastaria a responsabilização a quem alegasse tal excludente de ilicitude quando adviesse um prejuízo à saúde do donatário? Não se pode perder de vista que evitar a lesão à saúde e à própria vida das pessoas, nessa esteira de raciocínio, incita um conjunto amplo de políticas públicas pelo Estado, sendo que a segurança alimentar, no que concerne à quantidade, não

Percebe-se por vezes a disparidade das previsões normativas; daí a necessidade de legislações de forma sistematizada. pode descuidar da qualidade do alimento. Urge, pois, a preocupação com a regulamentação da matéria de acordo com a espécie de estabelecimento ou doador (supermercados, padarias, restaurantes, fruteiras, etc), já que para a manutenção da própria sobrevivência o ser humano tem a necessidade de se alimentar diversas vezes, diariamente, e cada setor tem suas normativas próprias para que esse alimento se mantenha hígido. A preocupação com o assunto tem despertado considerável interesse por parte da biologia, sociologia, medicina, entre outros ramos do conhecimento, inclusive o Jurídico. Porém, percebe-se por vezes a disparidade das previsões normativas, outras vezes sobreposições. Daí a necessidade de legislações de forma sistematizada. A normatização por Lei Federal da doação de alimentos excedentes dos estabelecimentos é louvável diante do cenário de Pandemia em que a luta contra a fome no Brasil (e no mundo) passa a ser novamente tema de preocupação do governo e da sociedade em geral. Porém, quanto aos aspectos da responsabilidade civil e até mesmo administrativa merece maior debate e reflexão. Iria além, merece uma conscientização de quem doa e de quem recebe o alimento. Avaliar as condições deste antes de ingerir, se for possível, sobreleva-se para precaução do risco alimentar, pouco importando se o acesso se deu de forma gratuita ou onerosa, para que a cultura da doação não se dê somente em épocas de pandemia e, menos ainda, para que as legislações não gerem a falta da efetividade e eficácia pretendidas, preservando-se, acima de tudo, o direito à saúde e à vida.



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O maior desafio do Banco de Alimentos nos seus 20 anos A partir de uma grande mobilização solidária envolvendo voluntários, empresas, veículos de comunicação e a sociedade como um todo, a Rede de Bancos de Alimentos fez chegar ajuda a milhares de pessoas na pandemia.

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ano de 2020 marcou exatos 20 anos desde a fundação do primeiro Banco de Alimentos do Brasil, o Banco de Porto Alegre. E quis a história que este também fosse o ano mais desafiador para a instituição e para todos os outros 22 Bancos pertencentes à Rede de Bancos de Alimentos no Estado. Em março, a pandemia surgia acelerada no Brasil, paralisando as atividades não essenciais e colocando as pessoas em absoluto compasso de incerteza e perplexidade. Este fato inédito nos últimos cem anos do planeta impôs a necessidade urgente da reação de todos, e, sobretudo, demandou mudanças nas formas de se pensar e agir. Não foi diferente com a Rede de Bancos de Alimentos do RS. A instituição, que não apenas implementou adaptações para continuar atendendo com força de presença à medida que o momento ia gradualmente se agravando, se viu diante da

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consciência de seu papel claro de serviço essencial voltado à população que mais necessita de atendimento. “O Banco de Alimentos foi criado para atender permanentemente, e nesses 20 anos não paramos nunca. Mesmo na pandemia, não faltamos para quem precisa de nós”, diz Paulo Renê Bernhard, presidente da Rede de Bancos de Alimentos do RS, destacando a vocação social e histórica da instituição. A pandemia do coronavírus ainda surgiu em meio a outra pandemia em crescimento nos países mais pobres: a da fome. Conforme a ONU, em 2021 o mundo viverá a sua maior crise humanitária desde a Segunda Guerra, com 235 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade. No Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas já estão sem acesso à alimentação básica, de acordo com divulgação do IBGE feita em setembro/2020. Portanto, o desafio é gigante. E mesmo acostumado a operar em situações difíceis como secas,

enchentes, tempestades que assolam deixando a descoberto comunidades inteiras, Paulo Renê afirma que este é, certamente, o maior chamamento do Banco de Alimentos em duas décadas: “Estivemos e ainda estamos diante de um adversário invisível e a situação pandêmica se prolongou demais. Temos que lidar não apenas com a fome, mas com a questão econômica que também atinge as famílias e agrava o problema como um todo”, reflete.

Estrutura, gestão e confiança a serviço do enorme desafio Três pontos foram diferenciais e continuam sendo fundamen-


tais para que o Banco de Alimentos possa atuar ao longo da pandemia: a estrutura da instituição preparada para atender; a sua metodologia inovadora que, além de arregimentar, organiza e aproveita tudo a partir de uma gestão de qualidade; e a confiança da sociedade no trabalho do Banco. “A história do Banco sempre esteve alicerçada no combate ao desperdício. Na pandemia, essa estrutura serviu para atuarmos fortemente no auxílio à sociedade”, pondera Paulo Renê. O presidente se refere não apenas à estrutura física da entidade, que comporta depósitos, equipamentos, câmaras frias, empi-

lhadeiras, etc, mas também ao corpo de pessoal, aos voluntários, à logística profissional, aos processos de segurança alimentar e à capacidade de arregimentação envolvendo clubes de serviço e comunidades; todos esses elementos necessários para materializar o trabalho com consistência e excelência. “Conseguimos reagir bem ao enfrentamento. Captamos e distribuímos de forma adequada”, ele complementa. Toda essa expertise teve o reconhecimento das pessoas, que depositaram nos Bancos de Alimentos a confiança de que suas doações chegariam a quem mais precisa. Uma responsabilidade que sempre demanda profissionalismo, prontidão, espírito solidário e método.

Adaptações necessárias e precisão de informações Como todas as pessoas, empresas e instituições, os Bancos de Alimentos tiveram que fazer muitas

adaptações para operar na pandemia, e que seguem ativas em alguma medida. “Tivemos que nos reorganizar, criando novos protocolos. Ninguém deixou de trabalhar e se disponibilizaram de forma muito corajosa para trabalharmos como serviço essencial”, lembra Paulo Renê. Primeiro, a instituição se submeteu aos protocolos oficiais. A nutricionista-chefe do Banco de Porto Alegre, Adriana Lockmann, criou o processo de gerenciamento de todo o trabalho, que incluiu os procedimentos de controle necessários para a entrada nas instalações, como medição de temperatura rigorosa, higienização dos ambientes e das toneladas de alimentos estocados ou que chegavam ao depósito, além de boas práticas de higienização dos produtos perecíveis como hortifrutigranjeiros (que dentro da cadeia de desperdício são o maior percentual), e do controle preciso da entrada e saída de cada alimento doado para a posterior REVISTA FAZER BEM • 29


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prestação de contas. “Triplicamos os cuidados e não tivemos nenhum registro de Covid-19 na nossa equipe. Para essa operação, manteve-se o mesmo grupo de trabalho fixo do Banco, pois não tínhamos condição de expandir a equipe de profissionais. Portanto, a exigência se tornou maior para nós. Mas conseguimos”, destaca Bernhard. Outro ponto de fundamental importância que contribuiu para o enfrentamento bem-sucedido da operação do Banco de Alimentos de Porto Alegre ao longo da crise diz respeito à sua metodologia de trabalho. A entidade dispõe de um cadastro completo, um mapa social constantemente atualizado das instituições que recebem as doações em cada bairro da cidade. “Na prática, isso impacta na qualidade de todo o processo, pois

sabemos que estamos entregando corretamente conforme as necessidades dos beneficiários. Sabemos tudo sobre as instituições. Esta foi a primeira coisa que fizemos quando criamos o Banco da capital. A partir do cadastro, conseguimos dimensionar o tamanho do trabalho”, pondera o presidente.

A inteligência e o engajamento logístico É graças ao Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Estado do Rio Grande do Sul, o SETCERGS, e suas empresas associadas, que o gerenciamento das entregas de todos os produtos doados é feito. E durante o auge da pandemia, a logística profissional e solidária teve um peso enorme para

garantir a eficiência do processo que andava em ritmo intenso. Mais de cem mil quilômetros foram rodados por uma frota aumentada para atender a demanda de Porto Alegre, com o engajamento triplicado das empresas transportadoras, incluindo seus motoristas de caminhão e outros funcionários que atuaram como voluntários em nome do bem comum.

Voluntários fizeram a diferença E eles, os voluntários, vieram em massa. Toda a Rede de Bancos de Alimentos do RS contou – além de seus participantes sempre presentes nas ações tradicionais – com mais de 3 mil novos voluntários atuando. Sensíveis à necessidade, eles aderiram à causa dedicando tempo e esforço. Houve aporte de voluntários de Rotary, Lions, escoteiros, estudantes universitários, entre outras pessoas que se dedicaram à tarefa da montagem de cestas de alimentos e itens de higiene e limpeza, e da entrega nas institui-

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ções conveniadas. A l é m dos voluntários, o trabalho também teve o apoio do Exército e das polícias militar e civil que fizeram o acompanhamento das frotas com doações em alguns locais das cidades atendidas. “Houve um envolvimento espetacular de voluntários. O Banco se tornou um grande articulador da sociedade para a causa da fome. Isso nos orgulha muito e me impressiona ver a quantidade de pessoas que movimentamos em prol da causa. Isto é a verdadeira disposição para a solidariedade”, comemora Paulo Renê.

Tecnologia social – Doe Alimentos Ao longo dos primeiros meses da pandemia, outro aspecto que contribuiu muito para o trabalho dos Bancos de Alimentos foi a tecnologia. Por meio dela, foi possível facilitar para a sociedade a realização de doações pelo site Doe Alimentos (leia matéria nesta edição) que são 100% destinadas à compra de alimentos, além de realizar lives e shows artísticos de arrecadação REVISTA FAZER BEM • 31


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nas redes sociais, e possibilitar a continuidade dos projetos do Banco de Alimentos de promoção da saúde junto às entidades beneficiárias e seus usuários (veja matéria aqui na revista, na seção “Qualidade e Capacitação”). Neste sentindo, a tecnologia oportunizou o trabalho e envio de vídeos educativos a idosos, e a relação essencial de cooperação do Banco com as universidades garantiu todo o trabalho profissional em segurança alimentar com orientações aos usuários das entidades atendidas através de diversos materiais e conteúdos criados. 32 • REVISTA FAZER BEM

As arrecadações e os impactos na sociedade Todos esses movimentos de engajamento e trabalho comprometido geraram resultados fantásticos, ajudando milhares de pessoas em todo o Estado. Apenas pelo site Doe Alimentos, foram arrecadados R$ 1.660.033,37 em 2020, que foram compartilhados com a Rede. Empresas, pessoas físicas, artistas, grupos de comunicação, imprensa, todos se engajaram. E o atendimento realizado pelo Banco de Alimentos representou a sobrevi-

vência e a saúde de muitas famílias, certamente contribuindo para diminuir os índices de desnutrição. “Mais de 70% das doações foram de alimentos, mas também conseguimos atender outras ne cessidades das pessoas, incluindo a destinação de mais de 40 mil máscaras e kits de higiene e limpeza, e mais de 12 mil cobertores, totalizando mais de 400 mil itens doados”, conta Paulo. Outro impacto importante do trabalho do Banco revelado na pandemia está se dando sobre o seu mapa social. Novas instituições que nunca procuraram a entidade passaram a fazer contato em busca de auxílio para necessidades emergenciais momentâneas, além de pessoas em situação de desemprego e também atuando em segmentos inativados, como cultura e produção musical e de eventos. Isso ainda fez com que o Banco incluísse outro formato em seu processo, doando também para as famílias das instituições beneficiadas.


Aprendizados e os próximos desafios O auge da pandemia foi amparado com a solidariedade em peso da sociedade. Mas a partir de outubro/2020, o Banco começou a ter uma demonstração do impacto sobre a econ omia com um esvaziamento de doações. Outro agravante foi o aumento do consumo de alimentos, gerando níveis de escassez e aumento de preços de produtos básicos, o que também recaiu sobre o volume de doações. “A tendência natural é termos um reordenamento da pandemia e uma situação social muito grave. Precisaremos enfrentar os problemas decorrentes da situação econômica. Assim, o nosso compromisso é mudar o foco e sermos ainda mais ativos e criativos. Temos também a plena consciência da importância de pessoas, entidades e empresas terem descoberto o Banco como uma referência no terceiro setor e como um fiel depositário para a gestão de doações. Novas instituições e organizações nos descobriram e se valeram

do Banco para ajudar o público, e esta é uma grande responsabilidade. Gostaria de agradecer o engajamento de todos e dizer que o primeiro grande confronto vencemos, mas o

desafio continua. E para isso contamos novamente com o carinho e o apoio de toda a sociedade”, convida o presidente da Rede de Bancos de Alimentos do RS.

Rede de Bancos de Alimentos do RS: A solidariedade traduzida em números (Janeiro a dezembro/2020) Total de quilos de alimentos arrecadados: 3.876.415 Total de refeições: 11.629.245 Entidades beneficiadas/mês: 968 Total de pessoas beneficiadas: 1.033.710 Total de voluntários/mês: 3.151

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MATÉRIA ESPECIAL

Um doloroso mas necessário impulso para a solidariedade A pandemia jogou luz sobre a empatia, fazendo nascer uma outra perspectiva de valorização: do individual para o coletivo.

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negável a constatação de que a pandemia do coronavírus, desde o seu início, nos trouxe a visão clara do mundo individualista, materialista e consumista em que vivemos. E nos freou. Fomos colocados diante de um fato novo para a imensa maioria das gerações, que está nos oportunizando a reflexão sobre comportamentos, mudanças de paradigma e revisão de posturas em que o “eu individual” é sempre o protagonista. Ao termos tido nosso fluir da vida rompido, inevitavelmente questionamos a estrutura já consolidada das coisas e fomos chamados, como coletividade, a dar uma resposta mais criativa no sentido de reconstruirmos nossas formas de nos relacionar com tudo e todos. Uma forma mais solidária.

Somos seres que precisam de cuidados Diante de um grande obstáculo ou enfrentamento como a pandemia que vivenciamos, uma das tendências que podem surgir em nós como seres humanos é o florescimento da empatia pelo sofrimento do outro e uma necessidade de união. Esta é uma dimensão de querer o bem do outro, uma chama para criarmos formas de ajudar, um combustível para a solidariedade e que nos traz novo sentido à vida. 34 • REVISTA FAZER BEM

Mais do que qualquer espécie, o homem precisa dos cuidados de outro ser humano para sobreviver desde o início de sua vida. Este é um fato, mas que não costumava andar presente conscientemente no cotidiano das pessoas. Aí veio a dolorosa pandemia... E agora? O sentimento de muitas pessoas no Brasil foi de dor pelos que mais estavam sofrendo e o impulso incontido de ajudar. Nascia uma onda gigante de solidariedade que se espalhou por todos os cantos do país. Soluções criativas para antigos e para o novo problema, e uma energia de coragem e desprendimento emergiram em prol dos que mais necessitavam de suporte: ou porque viviam em áreas vulneráveis, ou porque perderam seus empregos, ou porque ficaram doentes. Pura impulsão de empatia. A empatia é uma qualidade não apenas de conseguir se colocar no lugar do outro, mas um sentimento de conexão e unidade com o outro. Ela permite nos descolarmos de nós mesmos e sermos capazes de criar responsabilidade com todos aqueles da comunidade humana à qual pertencemos.

Mas e agora? Continuaremos a ser mais solidários? Esta é uma pergunta sobre a qual devemos mergulhar em profundidade e com seriedade. A solidariedade exige consistência e é um valor a ser construído e alimentado. Passado o auge do conflito com a pandemia, é preciso, em nome da coletividade, que o aprendizado seja fixado e ampliado. Conforme reflete a psicóloga e educadora da Rede Marista, Luciana Winck, pensando na força e nas ideias que deverão fazer girar e concretizar a renovação transformada em ações, se vê a chance de ampliar a solidariedade. “Mais do que nunca, o pensamento precisa ser coletivo, ainda que não unânime, se quisermos um 2021 que traga diferença e esperança. O que se mostra real em nossos esforços para que


este novo ano tenha crédito como oportunidade de virada, pode estar em uma solidariedade no pensar, quer seja de soluções, caminhos ou experiências, mas pelo olhar coletivo. Esforços individuais podem estar fadados à negatividade e à limitação, pois sabemos que quando se constrói uma ponte, por exemplo, ela necessitará de muitas mãos e pensamentos até que seja possível que por ela passem, com segurança, veículos e pessoas, ligando lugares e histórias”, diz Luciana. Assim, parece claro que para manter de forma mais consciente e consistente a prática da empatia e da solidariedade no mundo póspandemia em processo de transformação, é essencial também mudar a nossa mentalidade. “Precisamos que o nosso pensamento considere

ainda mais o cuidado com o outro e que exercitemos um modelo mental e uma atitude que realmente direcionem esforços para agir em conjunto. Se nossa mente não busca o outro

para criar novos caminhos, talvez sigamos na ilha de nós mesmos”, conclui Luciana. Este pode ser o aspecto positivo e esperançoso se tivermos aprendido com a pandemia. REVISTA FAZER BEM • 35


VOLUNTARIADO

Ser voluntário é doar-se para servir A pandemia acendeu o impulso para a doação de si a serviço do outro: a cultura do voluntariado ganha mais fôlego.

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edicar atenção, habilidades e horas do próprio tempo para uma causa que atenda o coletivo é um ato de desprendimento e cuidado com o outro ou com algo que impacte um grupo, não apenas um único ser. Este é o propósito do voluntário, uma pessoa dire-

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cionada a atender necessidades que não são as dele. Uma pessoa voltada a servir ao próximo. Desde o início da pandemia, o contexto social brasileiro motivou um aumento no contingente de voluntários no Brasil atuando em prol de atender incansavelmente as necessidades mais bá-

sicas da população desassistida, como alimentos, refeições e materiais de higiene. Esse movimento, felizmente, vem interrompendo um patamar ruim de engajamento voluntário no país. Dados de pesquisa do IBGE divulgados em junho/2020 revelam que antes da pandemia provocar grandes movi-

mentos de solidariedade, o trabalhado voluntário estava em tendência de baixa, sendo que menos de 7 milhões de brasileiros realizaram algum tipo de trabalho neste sentido em 2019, 300 mil a menos do que em 2018. Mas apesar da queda da quantidade de pessoas, a média de horas dedicadas ao trabalho voluntário cresceu de 6,5 horas para 6,6 horas semanais entre 2018 e 2019, conforme a pesquisa. Outro dado é que dos 6,9 milhões de brasileiros que se voluntariaram em 2019, 90,7% o fizeram por meio de empresas, organizações ou instituições; e 79,6% estavam ligados a alguma congregação religiosa, sin-


dicato, condomínio, partido político, escola, hospital ou asilo.

A Cultura do Voluntariado Esses dados oficiais nos fazem refletir sobre um ponto fundamental: como está hoje e como podemos ampliar a Cultura do Voluntariado organizado? Pois sim, trata-se de alimentar o crescimento do desenvolvimento de uma cultura, um conjunto de valores da sociedade que esteja de fato voltado para o comprometimento com a solidariedade voluntária. Conforme a avalição de organizações e consultorias do Terceiro Setor no Brasil, o voluntariado não está relacionado, por exemplo, com a renda de uma pessoa, ou mesmo com a elevação de sua renda e qualidade de vida. A crença mais presente entre as instituições é que o fortalecimento de uma cultura de doação dos próprios recursos envolve outros aspectos do desenvolvimento social como a ampliação da visão de mundo dos indivíduos de uma determinada sociedade, a melhoria na qualidade da sua educação, o acesso à informação e o conhecimento sobre as causas da desigualdade social, que muitas vezes não são tão evidentes para todos. Ou seja, o desenvolvimento de uma atmosfera, de uma cultura para a participação voluntária passa pelo desenvolvimento em si de uma sociedade.

O desenvolvimento voluntário Grandes fomentadores da organização e arregimentação de pessoas para o trabalho voluntário, as empresas, as redes de voluntários e as inúmeras outras instituições do terceiro setor voltadas às causas sociais hoje são as hospedeiras dos indivíduos que atendem ao chamado para o voluntariado. Mas esse é um trabalho que não para, pois como a cultura do voluntariado no Brasil ainda é algo a ser ampliado, estes agentes necessitam estar em constante movimento de engajamento por meio de programas organizacionais de responsabilidade social, campanhas de convocação e chamamentos constantes.

Mas em tempos de transformação social, a consciência e o comprometimento individual e cidadão em benefício da coletividade precisarão fazer a diferença. Como diz a fundadora e membro do Conselho de Administração da ONG Parceiros Voluntários, Maria Helena Pereira Johannpeter, quando uma pessoa consegue colocar em prática em sua vida este propósito de doação de si, exerce cidadania. Na Rede de Bancos de Alimentos do RS, no auge e ao longo da pandemia mais de 3 mil pessoas estiveram envolvidas corajosamente dedicando sua determinação em atender quem mais precisa. Diversos grupos de voluntários

participaram das ações de entrega de doações, entre eles grupos de Rotary, Lions, Escoteiros, Diaconias, Maçonaria, Polícia Civil, Brigada Militar, Defesa Civil, Exército, Parceiros Voluntários, MTG, CTGs, motoristas e ajudantes, funcionários de Empresas, músicos, artistas, universitários e estudantes. A atuação voluntária constitui uma das formas de realização de uma cidadania ativa e participativa, materializando a solidariedade. Assim, deve ser sempre estimulada como meio de prestação de auxílio, fortalecimento da integração e dos vínculos, promoção da igualdade e da inclusão, elevação humana e fraternidade universal.

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CONVERSANDO COM OS BENEFICIÁRIOS Agora com a retomada gradual das atividades e ainda dentro de um contexto de limitações de interação social, o trabalho das entidades – que sobrevivem majoritariamente por meio de doações – continua intenso. E o apoio do Banco de Alimentos permanecerá em 2021, sobretudo com a perspectiva de acentuação dos efeitos econômicos gerados pela pandemia.

Sempre próximos da comunidade Um dos tantos exemplos de instituição que atuou fortemente e que ainda vêm trabalhando muito para dar conta de atender o seu público é a Casa do Excepcional Santa Rita de Cássia, localizada na zona norte de Porto Alegre. Há 43 anos, ela presta atendimento integral a crianças, adolescentes e adultos com necessidades especiais decorrentes de lesão cerebral. Conforme conta a presidente da Casa, Maria Irene Simões Pessoa Abrantes Zenhas, as necessidades foram muitas no auge da pandemia. “Naquele momento, nosso consumo interno aumentou bastante, tanto com nossos atendidos quanto com os mais de 40 funcionários. E o Banco de Alimentos nos atendeu prontamente”. Ela também destaca a parceria de longa data. “Desde a criação do Banco de Alimentos, nossa Casa sempre foi beneficiária. Fomos ajudados desde o começo. Não sei o que seria sem essa parceria. Sinto muita alegria e orgulho por isso, pois conheço o trabalho transparente do Banco”, diz. Outra entidade conveniada ao Banco de Alimentos, a Pequena Casa da Criança, situada no bairro Partenon na capital gaúcha, teve interrompidos os seus atendimentos presenciais a crianças, jovens,

Entidades foram o grande suporte para socorrer as comunidades carentes Na pandemia, instituições precisaram concentrar os trabalhos em atender a população com alimentação. E o Banco de Alimentos esteve presente com suas conveniadas nesta missão.

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entenas de entidades beneficiadas pela Rede de Bancos de Alimentos no Rio Grande do Sul trabalharam e continuam trabalhando continuamente para atender milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Quando a pandemia iniciou, muitas delas tiveram

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que alterar ou interromper os seus formatos usuais de atendimento e se direcionar para suprir uma carência ainda mais básica: a alimentação de inúmeras famílias. Se antes recebiam crianças, adolescentes, idosos e famílias em suas instalações para a realização de atividades, com o distanciamento social precisaram continuar fazendo o alimento chegar às pessoas. A tarefa teve o apoio permanente dos Bancos de Alimentos do Estado, que não apenas destinavam alimentos, mas também materiais de higiene, limpeza, cobertores e máscaras. No auge da pandemia, a distribuição de cestas básicas e de kits de higiene foi fundamental, e continua sendo.


família e idosos. A Casa promove a educação integral através do ensino regular, profissionalizante e de cursos livres de capacitação profissional. “A solução foi redirecionar os cuidados para levar semanalmente cestas básicas às famílias dos nossos atendidos. Foi um grande número de famílias que recebeu este auxílio vindo do Banco de Alimentos e de outras pessoas físicas. Isso representou muito para elas que, sem essa ajuda, passariam fome. Agora, mesmo com a retomada parcial dos atendimentos presenciais, a entrega de cestas continua com o apoio significativo do Banco de Alimentos, sem o qual não

Campo da Tuca

será possível continuarmos atendendo quem precisa, conta a presidente da Casa, Irmã Pierina Lorenzoni. Também localizada no Partenon, a Associação Comunitária do Campo da Tuca precisou de muito auxílio durante os momentos mais fortes da pandemia. Com mais de 40 anos de atuação, a Associação é referência na comunidade do entorno do bairro trabalhando com educação infantil, assistência social, escolinhas de futebol, cultura e reciclagem de resíduos sólidos, mantendo uma relação social com os moradores visando a melhoria da qualidade de vida. Diego Centeno, educador da Associação e membro do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMD-

CA), lembra que quando os serviços tiveram que ser interrompidos, eles passaram a servir marmitas com refeições e cestas básicas para os atendidos. “Quando a prefeitura suspendeu as atividades, não tínhamos repasse de verbas para alimentos, e nossos recursos são escassos. A ajuda do Banco de Alimentos foi fundamental para manter o atendimento alimentar, tão essencial naquele momento. Foram mais de 1.500 marmitas e 3.500 cestas básicas distribuídas, contemplando direta e indiretamente mais de 5 mil famílias com recursos vindos do Banco de Alimentos e parceiros, de maio a dezembro. O Banco nos ajudou a continuar atuando como um braço forte para a comunidade”, conclui Diego.

Pequena Casa da Criança

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PERFIL SOCIAL

Anjos da comunidade Maria Irene Abrantes Zenhas

Irmã Pierina Lorenzoni

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presidente da Casa do Excepcional Santa Rita de Cássia, instituição conveniada ao Banco de Alimentos de Porto Alegre, Maria Irene Abrantes Zenhas, 87 anos, é portuguesa de nascimento. Natural da aldeia de Bustos, em Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro, aos 19 anos ela conheceu o Brasil em uma viagem que ganhou como presente de casamento de um tio que morava na capital gaúcha, e um dos fundadores do Hospital Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre. O casal logo fez amigos e participava de grupos de debates sobre questões envolvendo as comunidades necessitadas da cidade. Eles decidem ficar no país e Maria Irene começa a se envolver com ações solidárias. Era procurada por mães que não tinham onde morar e deixar seus filhos portadores de deficiências severas e profundas. Isso foi um incentivo para fundar a Casa do Excepcional Santa Rita de Cássia, organização não-governamental sem fins lucrativos em operação há mais de 40 anos. Dona Irene é conhecida por seu desprendimento e energia sempre renovadas para dedicação voluntária e integral no apoio às crianças, adolescentes e adultos que mais precisam.

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esde muito jovem, uma vida dedicada à religiosidade e ao auxílio aos mais necessitados. Este foi o compromisso pessoal firmado pela Irmã Pierina Lorenzoni, hoje à frente da Pequena Casa da Criança, também uma instituição conveniada ao Banco de Alimentos de Porto Alegre. Irmã Pierina, de 78 anos, é natural de Passo Fundo (RS), sendo a quarta filha de 10 irmãos. Ela ingressou na Congregação das Missionárias de Jesus Crucificado aos 20 anos de idade e, desde então, dedicou-se aos estudos e trabalhos missionários. Teóloga formada pela PUC/RS, também iniciou sua extensa trajetória na vida religiosa passando por muitas instituições e atividades, como a formação de catequistas, professores de educação religiosa, e ministros da Eucaristia na Arquidiocese de Porto Alegre e Diocese de Foz do Iguaçu. Ainda coordenou a Regional Sul da Congregação. Desde 2002, com o falecimento da Irmã Nely Capuzzo, fundadora da Pequena Casa da Criança, foi eleita presidente da entidade, onde vem desenvolvendo atividades cada vez mais qualificadas aos tempos atuais e às necessidades da comunidade da Vila Maria da Conceição, onde atende cerca de 800 pessoas em vulnerabilidade. Sempre prestativa, Irmã Pierina segue seu trabalho com a mesma entrega e disponibilidade para auxílio ao próximo de quando iniciou sua jornada.


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QUALIDADE E CAPACITAÇÃO

Pandemia não parou os programas de promoção à saúde do Banco de Alimentos Adaptação com persistência, humanidade e profissionalismo garantiu a continuidade dos projetos realizados pelo Banco da Capital.

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oi preciso refletir, entender e decidir. Como poderia ser possível dar sequência, em meio à pandemia, aos programas de promoção da saúde voltados ao contingente significativo de idosos, crianças e adolescentes regularmente atendidos por mais de 300 instituições cadastradas ao Banco de Alimentos de Porto Alegre? Em março/2020, as equipes dos programas Passos da Longevidade, Funcionalidade para Idosos, Oficina do Sabor, Nutrindo o Amanhã, Primeiros Passos e Cozinha Nota 10 se viram com este desafio enorme. Afinal, era preciso continuar com a prestação dos serviços que até então eram integralmente realizados presencialmente nas instalações do Banco ou nas entidades cadastradas. A alternativa foi virtualizar o atendimento. E deu certo. Não apenas as equipes dos programas se reinventaram, mas também a população atendida por eles. Idosos, pais de crianças e adolescentes, e colaboradores das instituições cadastradas não ficaram sem essas verdadeiras redes de apoio. Os programas, criados pelo Banco de Alimentos de

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Porto Alegre e disponíveis para aplicação em todos os Bancos da Rede, visam promover a saúde a partir da vigilância nutricional e de ações planejadas, como intervenções de educação nutricional e em saúde com atividades lúdicas e atendimentos individuais e em grupos. Conheça um pouco mais sobre cada projeto e como eles estiveram e ainda estão presentes na vida de muitas pessoas ao longo desta pandemia.

PASSOS DA LONGEVIDADE Desenvolvido com o objetivo de promover e manter a qualidade de vida e a saúde da população idosa, o programa Passos da Longevidade tem na sua essência a realização de visitas semanais para promover

ações de educação e av a l i a ç õ e s amplas do estado nutricional de mais de 100 idosos em instituições atendidas pelo Banco de Alimentos. Trabalha com os pilares da nutrição, psicologia, assistência


da possível e consequente diminuição da imunidade. “Devemos enxergar e priorizar essa questão emocional, psicossocial, que impacta na saúde geral deles”, reforça Adriana. Por meio dos grupos virtuais, uma vez por semana as profissionais compartilhavam materiais informativos, vídeos, exercícios e jogos especialmente preparados para o ambiente digital, com temas que trabalhavam os sentimentos, a saúde mental, os estados psicológicos e de humor, a memória, entre outros tópicos. As intervenções também incluíram a indicação de alimentos que minimizam a ansiedade e a prestação de atendimento por psicóloga. “Era muito importante sabermos como os idosos estavam se sentindo e se precisavam de algo. Assim poderíamos continuar levando todos os cuidados e o acolhimento possível nas questões ligadas à depressão por conta do momento vivido”, conclui Adriana. Os contatos virtuais pelo WhatsApp ainda seguem até ser possível a retomada das ações presenciais.

FUNCIONALIDADE PARA IDOSOS Atividade do programa Oficina do Sabor, antes da pandemia

social e fisioterapia, identificando a ingestão de alimentos, função cognitiva, capacidade funcional e alterações de mobilidade, além de planejar e executar ações para promover ou recuperar a saúde dos idosos. O programa tem na equipe a nutricionista Adriana Lockmann, a psicóloga Ana Paula Mendes Matos, a assistente social Bibiana Gonzalez, a nutricionista voluntária Estela Scariot, além de acadêmicas de nutrição. Ao longo da pandemia, para conseguir manter o contato periódico com a população assistida, incluída entre os públicos de risco para a Covid-19, a solução encontrada foi criar 10 grupos de WhatsApp onde as profissionais puderam se comunicar com as pessoas normalmente atendidas presencialmente. “Nunca

tínhamos feito isso. Foi um verdadeiro desafio sair da nossa forma habitual de fazer as coisas, o que nos exigiu muita criatividade. Os grupos de WhatsApp são um meio de oferecermos diálogo e escuta, facilitarmos a interação, além de incentivarmos a inclusão e o desenvolvimento digital dos idosos”, explica a nutricionista e coordenadora do programa, Adriana Lockmann.

Atenção ao lado emocional Neste período de distanciamento social, o programa teve o seu foco ampliado para promover maior autonomia e independência dos idosos. E para isso, o ponto que ganhou mais destaque foi a prestação de apoio emocional em razão do aumento da ansiedade, do isolamento e

O programa, coordenado pela fisioterapeuta Priscila dos Santos, integra o Passos da Longevidade e foi criado em 2019 com a proposta de prevenir doenças e evitar agravos à saúde, promovendo integração social de idosos através da prática de exercícios físicos orientados e alimentação adequada. Para manter a assistência à população de idosos, antes feita presencialmente e em grupos, a equipe do Funcionalidade, composta também por nutricionista e acadêmicos de nutrição e fisioterapia, realizou adaptações e aprimoramentos das REVISTA FAZER BEM • 43


QUALIDADE E CAPACITAÇÃO

OFICINA DO SABOR O objetivo central deste programa é incentivar as pessoas a realizarem escolhas alimentares adequadas, tendo a culinária como seu eixo estruturante. Para isso, oferece oficinas na cozinha experimental do Banco de Alimentos que, até o início da pandemia, eram realizadas presencialmente. Para continuar atendendo um de seus públicos, o de idosos, no período de distanciamento social, o projeto foi também para o ambiente virtual. Em abril/2020, o Oficina do Sabor, coordenado pela nutricionista Nathalia Perazzo Martins, deu início a três grupos de WhatsApp, cada um incluindo idosos de uma instituição atendida, totalizando 64 pessoas. Pelos grupos virtuais, os idosos pu44 • REVISTA FAZER BEM

atividades para o período de distanciamento social, conforme as necessidades que se apresentavam. “Queríamos manter o acompanhamento aos idosos durante esse momento delicado, e para isso precisávamos estar mais presentes com eles”, conta Priscila. O programa realizou telemonitoramento do público em modalidade de atendimento assín-

crona (comunicação à distância não realizada em tempo real) e síncrona (comunicação à distância realizada em tempo real), com os idosos sendo estimulados a manter a integração social por meio de grupos de WhatsApp. Nestes grupos, a equipe propôs a manutenção dos exercícios terapêuticos e repassou orientações nutricionais em vídeos, cartilhas, e-books e materiais informativos, com a finalidade de promover a autonomia e a redução de dores crônicas. O projeto ainda disponibiliza seus materiais no Youtube, Facebook e Instagram, e realiza consultoria para tirar dúvidas. A população alcançada durante a pandemia foi de 31 idosos, 77% do previsto em razão de que muitos possuem limitações tecnológicas e não têm acesso à internet.

deram interagir uns com os outros e com a equipe do programa, debater sobre temas de alimentação e saúde, receber vídeos produzidos pelas nutricionistas e acadêmicas do projeto com receitas simples para uma alimentação saudável em casa, ter acesso a jogos e tutoriais em vídeo de alimentação, além de informações sobre como manter uma pequena horta em casa, mesmo em ambien-

tes pequenos. O programa também hospedou os materiais trabalhados para acesso nas redes sociais. “Avaliamos os resultados e retorno deles como muito positivos. Eles fazem as receitas, interagem, mandam fotos... Estão até combinando de se conhecerem pessoalmente quando for possível”, conta, satisfeita, a coordenadora Nathalia.


NUTRINDO O AMANHÃ, PRIMEIROS PASSOS E COZINHA NOTA 10 Como os demais, estes três programas do Banco de Alimentos eram basicamente realizados por meio do contato presencial até a pandemia. E, claro, também precisaram ser repensados para o momento. “Tivemos que nos transformar para continuar atendendo da melhor forma possível, uma vez que as escolas e outras instituições que atendemos foram fechadas”, explica o nutricionista Kayode Assis, coordenador dos projetos. O Nutrindo o Amanhã e o Primeiros Passos, criados para promover a saúde de crianças e adolescentes matriculados em instituições conveniadas ao Banco de Alimentos por meio de diversas atividades como oficinas, avaliações nutricionais, palestras e capacitações com pais, educadores e funcionários, tiveram nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp as suas plataformas de contatos com seus públicos. A equipe produziu vídeos e materiais sobre temas de educação alimentar, saúde e higiene, além de receitas e brincadeiras sobre alimentos que foram compartilhados nestes ambientes com os pais dos alunos para que pudessem aplicar com seus filhos em casa. Já o Cozinha Nota 10, que tem como objetivo promover qualidade, segurança alimentar e boas práticas na produção de alimentos nas instituições conveniadas por meio de capacitação dos cozinheiros e auxiliares de cozinha, teve as suas atividades tradicionais totalmente interrompidas no auge da pandemia. Porém, as famílias dos alunos atendidos nas entidades receberam apoio através de cestas básicas. Em novembro/2020, os três programas iniciaram a retomada gradual de suas atividades presenciais nas instituições, com as equipes tendo o sentimento claro de vitória por terem continuado ao lado de seus públicos neste momento desafiador para todos. REVISTA FAZER BEM • 45


INTERNACIONAL

Compartilhamento internacional:

Diretores visitam Bancos de Alimentos europeus

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s Diretores do Banco de Alimentos de Porto Alegre Adir Luiz Fração e Denise Zaffari estiveram, em 2019, intercambiando conhecimentos sobre operação com os Bancos de Alimentos europeus de Nice e Lisboa. Lá, conheceram um pouco mais sobre os diferenciais de “modus operandi” e levaram o conceito e modelo da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul.

Adir Luiz Fração esteve no Banque Alimentaire des Alpes-Maritimes (França) Localizado na cidade litorânea de Nice, no sul francês, o Banque Alimentaire des Alpes-Maritimes trabalha com a doação de alimentos perecíveis e não-perecíveis para 30 municípios dos Alpes Marítimos. O Diretor do Banco de Alimentos de Porto Alegre, Adir Luiz Fração,

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acompanhado da esposa Laci Maria Iop Fração e da filha Giane Scherer Fração visitou as instalações da entidade e constatou a significativa participação voluntária dos clubes de serviço. “O Banco de Alimentos de Nice possui uma grande estrutura e é destaque o fato da maior parte do trabalho ser realizado por voluntários, principalmente Rotarianos e Leões que doam seu tempo para ajudar o próximo”, conta o diretor. A França possui mais de 70 Bancos de Alimentos e destaca-se pela forte participação do Governo e da União Europeia, que arcam com 65% dos custeios dos Bancos locais.

Denise Zaffari visita o Banco de Alimentos de Lisboa A metodologia do Banco Alimentar de Lisboa, em Portugal, foi inspiração para a criação do primeiro Banco de Alimentos da Rede no Rio

Grande do Sul, o da Capital. Conforme conta Denise Zaffari, que foi recebida pela Presidente da entidade Isabel Jonet, um dos principais diferenciais deste Banco português são as fontes de doações. “O Banco recebe alimentos provenientes do varejo, da indústria e da sociedade civil, mas a maior parte da arrecadação vem de pessoas física”, descreve a Diretora do Banco de Alimentos de Porto Alegre, que também é Coordenadora do Curso de Nutrição Campos POA e Professora do Mestrado em Nutrição e Alimentos da UNISINOS. Além arrecadar, separar e doar alimentos, o Banco Alimentar de Lisboa também conta com um espaço para receber outros itens, de brinquedos a eletrônicos, constituindo o Movimento “Entrajuda”, semelhante ao trabalho desenvolvido pela Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais, que transforma os resíduos e o desperdício em benefício social.


BANCOS SOCIAIS

FGBS e Rede de Bancos de Alimentos do RS participam da Nota Fiscal Gaúcha

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Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais (FGBS) e o Banco de Alimentos do RS estão participando da Nota Fiscal Gaúcha. Pelo Programa, é possível se inscrever e escolher uma das entidades para receber pontos e doações. Assim, é possível realizar doações sem pagar nada. Pelo programa, ao realizar uma comprar basta informar o CPF para acumular pontos para as entidades escolhidas, e ainda concorrer a prêmios em dinheiro e desconto no IPVA. Para participar, basta acessar o site: bit.ly/entidadenfg

Bancos Sociais recebem estudantes alemães

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studantes da Alemanha e professores do Colégio Farroupilha, de Porto Alegre, conheceram a Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais e o Banco de Alimentos de Porto Alegre, tendo contato com a metodologia inovadora dos Bancos Sociais da FIERGS e as ações desenvolvidas no Rio Grande do Sul. O projeto dos Bancos Sociais foi apresentado pelo Diretor do Banco de Alimentos Francisco Oderich, pelo Presidente da Rede de Bancos de Alimentos RS Paulo Renê Bernhard, pela Diretora do Banco de Alimentos, Denise Zaffari, além de Tiago Pereira Neto, do CODEMA-FIERGS.

Conselheiros aprovam Relatório de Atividades e Balanço 2019 da Fundação dos Bancos Sociais da FIERGS

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s Conselhos de Curadores e de Administração, presididos respectivamente pelos senhores Gilberto Porcello Petry e Jorge Luiz Buneder, aprovaram por unanimidade, em agosto/2020, o Relatório de Atividades e Balanço de 2019, e o Plano de Ação e Orçamento de 2020 da Fundação dos Bancos Sociais da FIERGS. Na oportunidade, os Conselheiros conferiram os expressivos resultados alcançados pela Fundação no ano de 2019 em benefício da sociedade gaúcha. O Relatório da FGBS pode ser visualizado integralmente no site dos Bancos Sociais. REVISTA FAZER BEM • 47


BANCOS SOCIAIS

Comitiva do Rotary Internacional, da Suécia, visita os Bancos Sociais

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s Bancos Sociais da FIERGS receberam a visita de uma Comitiva do Rotary Internacional, da Suécia, que vieram conhecer os trabalhos desenvolvidos pelos Bancos Sociais conforme o conceito de economia circular. Eles foram igualmente recebidos por Paulo Renê Bernhard, Francisco Oderich e Denise Zaffari, que, além de mostraram as instalações dos Bancos Sociais, palestraram sobre os temas da economia circular, da responsabilidade social, e da alimentação e segurança alimentar. O Projeto dos Bancos Sociais é pioneiro no Brasil, já com 16 anos de existência e seguindo o slogan de “Transformar o desperdício em benefício social”. A Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais da FIERGS oferece às comunidades carentes excedentes industriais dos mais variados segmentos, além de proporcionar cursos de capacitação profissional e treinamentos, e introduzir as técnicas de gestão empresarial ao Terceiro Setor, que somam mais de 800 entidades assistenciais no estado do RS.

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Brasil dá um passo definitivo para a autorização e regulamentação do uso de membrana amniótica no tratamento de pacientes queimados. O Conselho Federal de Medicina deu parecer favorável no dia 21 de dezembro/2020 para que o tecido seja incluído no rol de órgãos e tecidos de transplantes. Após a avaliação do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), a membrana amniótica deverá seguir a mesma legislação dos demais órgãos. “O Banco de Tecidos do Rio Grande do Sul realizou um esforço incalculável para a utilização da membrana amniótica em casos clínicos relevantes desde o acontecimento trágico da Boate Kiss, em janeiro de 2013. Nesta ocasião, recebemos pele humana e membrana amniótica para o tratamento das vítimas”, explica o cirurgião plástico Dr. Eduardo Chem, Presidente e responsável técnico do Banco de Tecido

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Humano-Pele, instalado na Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e integrante dos Bancos Sociais da FIERGS. O sonho da criação do Banco de pele foi materializado na FIERGS, por intermédio da Fundação dos Bancos Sociais, coordenada por Jorge Luiz Buneder. Sua fundação deu-se em 2005, idealizado pelo Dr. Roberto Corrêa Chem, tendo sido à época o primeiro Banco de Pele do País e o terceiro da América Latina. O Banco recebeu sua primeira doação de pele em 2007.

Utilização A membrana amniótica já é amplamente utilizada em países da América do Norte, União Europeia e América Latina, não somente em pacientes queimados, mas também em procedimentos oftalmológicos (queimadura química), neurocirurgia, malformações urogenitais, mediastinites,

Foto: Dudu Leal

FIERGS comemora aprovação do uso da membrana amniótica para transplantes de queimados

Dr. Eduardo Chem, Presidente do Banco de Pele (à esq.) e Jorge Luiz Buneder, Coordenador do Conselho de Cidadania da FIERGS (à dir.).

entre outros. A novidade oportunizará o aproveitamento da membrana amniótica nas maternidades, trazendo um benefício incalculável a milhares de pessoas no País, sem custo algum ao paciente. Nos últimos anos, a regulamentação do uso da membrana amniótica foi amplamente discutida no Senado Federal, e contou com o apoio decisivo, dos então Senadores Lasier Martins e Ana Amélia Lemos.


Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais recebe prêmio do Ministério Público do RS

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Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais da FIERGS recebeu também o Prêmio Miguel Velasquez de Direitos Humanos concedido pelo Ministério Público do RS, na categoria Instituição ou Personalidade. O Presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry, recebeu o prêmio das mãos do procuradorgeral de Justiça, Fabiano Dallazen. Criado em 2015, o “Prêmio Miguel Velasquez de Direitos Humanos” reconhece formalmente a dedicação e a relevância dos serviços prestados ao MP e na defesa dos direitos humanos e na proteção à infância e juventude pelo promotor de Justiça Miguel Granato Velasquez, falecido em 2014. O objetivo é homenagear membros e servidores do Ministério Público, personalidades, instituições, jornalistas e empresas com atuação no Estado por seus méritos e serviços prestados na área.

Prêmios Top Cidadania e Mérito Top Cidadania da ABRH-RS são entregues aos Bancos Sociais da FIERGS

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m cerimônia realizada no dia 2 de outubro/2019, no Grêmio Náutico União, em Porto Alegre, os Bancos Sociais foram agraciados pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RS) com três premiações. O Banco de Alimentos e o Banco de Vestuários receberam o Prêmio “Top Cidadania”, sendo que o Banco de Alimentos recebeu também o “Mérito Top Cidadania”, concedido às organizações que são premiadas cinco vezes em um período de seis anos. Receberam as distinções pelo Banco de Alimentos o Superintendente Geral do Sistema FIERGS/ CIERGS, Carlos Heitor Zuanazzi; e o Presidente da Rede de Bancos de Alimentos do RS, Paulo Renê Bernhard. O case premiado, “Oficina do Sabor e o impacto nutricional na saúde dos idosos”, foi inscrito pela professora do Curso de Nutrição e Alimentos, Coordenadora do Curso de Nutrição Campus POA e do Projeto Social Banco de Alimentos/UNISINOS, Denise Zaffari; e pela nutricionista do Banco de Alimentos, Nathalia Perazzo Martins. O projeto Oficina do Sabor foi implantado a partir de de-

mandas oriundas das atividades de educação em saúde realizadas para os idosos que participam de grupos de convivência e de fortalecimento de vínculos nas instituições atendidas pelo Banco de Alimentos. Nestes grupos foi identificado, a partir das ações desenvolvidas, as limitações que os idosos apresentam na adesão a uma alimentação adequada às necessidades impostas pelas doenças crônicas (obesidade, diabetes, hipertensão e dislipidemia). Já pelo Banco de Vestuários, o prêmio foi recebido pela presi-

dente do Banco, Lucila Osório. O Banco de Vestuários da FIERGS tem como missão ser um catalisador do desperdício da indústria têxtil e indústria do vestuário, transformando suas aparas, retalhos e sobras de tecidos em produtos. A empresa doadora, além de evitar um passivo ambiental, contribui para uma melhor condição das comunidades carentes e geração de renda. O Banco também oferece gratuitamente a este público cursos profissionais, contribuindo para a sua inserção no mercado de trabalho. REVISTA FAZER BEM • 49


BANCOS SOCIAIS

Principais atividades do Banco de Livros nesses 10 anos:

Dez anos do Banco de Livros

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Banco de Livros é uma das iniciativas da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais da FIERGS, criada para garantir maior acesso da população à cultura. O Banco monta espaços de leitura e bibliotecas em locais de baixa renda como comunidades carentes, hospitais, escolas, presídios e asilos. E em celebração do aniversário dos 10 anos de fundação do Banco de Livros em 2019, foi realizado um coquetel no Memorial do Rio Grande do Sul, reunindo parceiros, voluntários e empresas que fizeram parte dessa história de conquistas, em que mais de 1 milhão e 500 mil

livros foram arrecadados e doados para novos leitores.

Por dentro do Banco O Banco de Livros recebe doações de livros novos e usados de pessoas físicas, empresas e adquiridos através de campanhas. No recebimento, uma equipe faz a triagem e a higienização dos exemplares, verificando as necessidades das instituições quanto à infraestrutura e acervo, definindo o perfil do leitor, selecionando o acervo de acordo com o perfil do público-alvo, organizando o espaço de leitura e entregando os livros.

•Milhares de livros doados. •Atendimento a mais de 1.200 bibliotecas e espaços de leitura com livros, mobiliário e computadores. •Entrega de 99 espaços de leitura com mais de 190.000 livros nos presídios gaúchos. •Lançamento de quatro volumes do Livro “Vozes de um Tempo”, escrito pelos apenados do sistema prisional do Rio Grande do Sul. •Lançamento do livro “Vozes, pincéis e Dobras”, primeiro livro dos internos da Fase. •16 espaços de leitura criados em Postos de Saúde, em Porto Alegre.

Banco de Livros lançou a 4ª Edição do livro Vozes de um Tempo

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m novembro de 2019, o Banco de Livros, a Secretaria da Administração Penitenciária do Rio Grande do Sul e a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) realizaram o lançamento da 4ª edição do Livro “Vozes de um Tempo”, durante a 65ª Feira do Livro de Porto Alegre. A coletânea de textos foi escrita por pessoas detentas de todo o Estado, e contou com sessão de autógrafos. A obra tem como finalidade reunir contos, crônicas, poesias, nar-

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rativas e ilustrações de pessoas que, em sua grande maioria, nunca tiveram acesso à literatura e nem mesmo pensaram que suas produções pudessem ser eternizadas em um livro. O Projeto Passaporte para o Futuro, uma parceria entre Banco de Livros e Susepe, já montou 99 espaços de leitura nas Unidades Prisionais do Estado, ofertando às pessoas privadas de liberdade livros dos mais diversos gêneros, estimulando a prática da leitura e a produção de textos. Como fruto

deste trabalho foram coletadas cerca de 400 produções, que, após a seleção da Comissão, reuniram 183 textos e ilustrações de 169 autores de diferentes Unidades Prisionais. São apoiadores deste projeto a Susepe, o Banco de Livros, as professoras Simone Schroeder e Aline Pagnossin, e SAGE Foundation.




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