Revista FundsPeople julho e agosto

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PRODUTOS ISR

por Oscar del Diego Ereza, CFA

COMO ATRIBUIR UM

PREÇO AO CLIMA

Cumprir o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa não é tarefa fácil. Mas tentar fazê-lo representará a geração de um grande e variado novo universo de oportunidades de investimento.

N

o passado mês de abril o governo americano aumentou os seus objetivos de redução de emissões de gases de efeito estufa em 50-52% até 2030 (com referência aos dados de 2005 ou equivalente a uma redução de 25-42% face a 1990); o que o coloca no caminho de conseguir emissões líquidas zero em 2050. Traduzido para graus Celsius, diríamos que os EUA estão a cumprir a sua parte para conseguir manter o aquecimento global abaixo de 1,5oC até ao fim do século. Metade do G20 aderiu a esta iniciativa de uma forma mais ou menos rigorosa; 106  FUNDSPEOPLE I JULHO E AGOSTO

os planos da UE (55% desde 1990) e do Reino Unido (68%) são até mais ambiciosos. Mas ainda há muito trabalho pela frente: a ONU continua a estimar que com as medidas anunciadas ainda estamos a 2,5oC. A COP26 de Glasglow, em novembro, pode dar um empurrão à tendência: a Austrália, Índia, Rússia e Indonésia podem ser os próximos. Cumprir estes objetivos de redução de emissões não é tarefa fácil. A nível global, aproximadamente 24% das emissões de gases de efeito estufa vêm da energia de uso industrial, 16% dos transportes, 18% da energia de uso em edifícios, 15% de outros usos energéticos, 5% dos pro-

cessos industriais, 3% do tratamento de resíduos e 18% da agricultura e florestas. Se quisermos alcançar as zero emissões não podemos deixar nenhum setor sem analisar, mesmo sabendo que nem todas as emissões são fáceis de cortar.

FONTES RENOVÁVEIS

Felizmente, graças aos avanços da produtividade na geração de eletricidade através de fontes renováveis, em especial a fotovoltaica e a eólica, situamo-nos no momento da história recente em que é mais barato conseguir uma economia sustentável. Há 15 ou 20 anos, a eletrificação de determinadas atividades representava ter de aumentar a produção de ciclos combinados de gás ou apostar decididamente na energia nuclear. Agora, se tivéssemos de desenhar uma indústria elétrica partindo do zero, fá-lo-íamos quase exclusivamente com moinhos e painéis solares. Como o vento tem o capricho de não soprar uniformemente e o sol de não brilhar à noite, construiríamos plantas de ciclos combinados de gás para acender e apagar quando as necessitássemos, o menos possível, e desenvolveríamos as tecnologias de armazenagem de energia (baterias) e as chamadas redes elétricas inteligentes (smart grids). Tudo com o objetivo de adequar a produção à procura. Teríamos carregado de uma só vez todas as emissões das térmicas de carvão, que representam cerca de 25% de todo o CO2 que se lança para a atmosfera e que voltarão a atingir um máximo histórico neste 2021. Portanto, os países com objetivos de redução de emissões deverão aumentar a sua produção elétrica renovável conforme forem capazes, tentando minimizar as restrições normativas. Além disso, estes avanços não só nos fazem sonhar com substituir essa ele-


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