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O QUE DÁ O EDGE AOS MAIORES HEDGE FUNDS?

Entrámos no mundo sombrio dos hedge funds. Um universo a que poucos têm acesso e que apresenta retornos históricos muito elevados e com pouca correlação com o mercado acionista.

As Cinco Maiores Gestoras De Hedge Funds

Em mil milhões de dólares.

Os primeiros veículos de investimento disponíveis apenas para investidores com elevado património financeiro surgiram durante o histórico bull market da década de 1920. No entanto, apenas em 1949 surgiu o termo hedge fund, quando Alfred Winslow Jones pretendia descrever um fundo hedged porque tinha posições curtas para reduzir risco de mercado. O tipo de instrumento tornou-se popular e o nome mantevese, apesar de nem todos utilizarem esta estratégia em particular.

Ao longo dos anos, os hedge funds tornaram-se cada vez mais populares entre os investidores institucionais. Hoje em dia, existem aproximadamente 15 mil hedge funds em todo o mun- do, e os seus ativos sob gestão ultrapassam os 4,5 biliões de euros, segundo a Pensions & Investments. Quais são os atuais colossos deste segmento? Recorremos ao relatório semestral lançado por esta entidade para definir as cinco entidades gestoras com mais ativos sob gestão. Apresentamos-lhe em seguida as principais gestoras, os seus líderes e ainda os seus fundos bandeira.

Bridgewater Associates

RAYMOND DALIO, FUNDADOR

É a maior gestora de hedge funds do mundo. Rege-se pelos valores muitas vezes proclamados pelo seu líder, com uma abordagem que visa obter retornos positivos em todos os cenários de mercado. Na entidade têm uma filosofia concreta: construir portefólios tendo por base a alocação de risco é mais eficiente do que fixar na alocação de capital. Para a entidade é importante que os investidores diferenciem a alocação estratégica (beta) da alocação tática (alfa).

PURE ALPHA FUND

A Bridgewater Associates gere três hedge funds: um portefólio de gestão ativa (Pure Alpha), um portefólio equivalente, mas com um menor universo investível (Pure Alpha Major Markets) e um asset allocator talhado para qualquer cenário macroeconómico (All Weather). O Pure Alpha é o flagship e faz apostas direcionais em vários mercados (incluindo ações, obrigações, matériaprima e forex), prevendo tendências macroeconómicas com a ajuda de modelos financeiros e algoritmos informáticos.

Man Group

LUKE ELLIS, ATUAL DIRETOR EXECUTIVO

É provavelmente a empresa que mais se destaca na lista de maiores gestoras de hedge funds. Tem sede britânica e é cotada na bolsa de Londres. O grupo foi fundado em 1783 por James Man, no entanto, só 200 anos depois, em 1983, entrou no universo da gestão de ativos. O grupo foi crescendo através de diversas aquisições, sendo as mais notórias a do atual Man AHL (1987) e a do GLG Group (2010). Atualmente conta com cinco subsidiárias diferentes.

MAN AHL ALPHA

O principal hedge fund, a cargo da subsidiária Man AHL, é o Man AHL Alpha. Este fundo pode definir-se como um trend follower que tem em vista criar retorno através de um número elevado de transações espalhadas por diversas classes de ativos e países. Este estilo de investimento “é comprovado por séculos de observações e uma enorme quantidade de literatura associada sobre o mesmo”.

Renaissance Technologies

JAMES SIMONS, FUNDADOR

A gestora americana foi fundada em 1982 pelo matemático Jim Simons. O background do fundador deu o mote para a metedologia que utilizam, já que a entidade se destaca por utilizar modelos matemáticos e algoritmos para gerir todos os seus portefólios. Utilizam portanto sistemas e modelos que são resultado do esforço contínuo de pesquisa feito pela equipa, que conta com qualificações avançadas no campo da matemática e da ciência.

MEDALLION FUND

A estratégia de referência da gestora, o Medallion fund, é considerado por muitos o melhor portefólio de sempre. A Cornell Capital Group (gestora de investimentos americana), numa análise ao hedge fund, destaca os níveis de performance do mesmo. Desde a sua criação, conta com um retorno anualizado líquido que ronda os 39%. O fundo nunca registou um ano negativo, mesmo ultrapassando crises como a crise das dot.com e a grande crise financeira. É gerido recorrendo apenas a algoritmos, ou seja, com zero intervenção humana na tomada de decisão.

Millennium Management

ISRAEL ENGLANDER, FUNDADOR

A entidade fundada por Izzy Englander em 1982 destaca-se das demais pela liberdade acrescida que oferece aos seus gestores. A equipa de gestão é formada por pequenas equipas que contribuem para o sucesso da empresa. O que a entidade reporta é que cada equipa de gestão é livre de tomar as suas decisões de investimento, mas sempre dentro do quadro de risco da instituição, conhecido pela sua rigidez e pouca tolerância. Recentemente, Izzy Englander tem feito um esforço para aumentar o período de lockdown do dinheiro investido no seu fundo. Este processo levou à liquidação de cerca de 16 mil milhões de dólares investidos numa classe que possibilitava o resgate total no espaço de um ano em substituição de uma que apenas permite o resgate no espaço de cinco anos.

Millennium Partners Funds

Muita tinta corre sobre o modus operandi do principal fundo desta entidade gestora. A Mondrian Alpha, entidade que providencia soluções de crescimento aos gestores do buy-side, explica que o fundo principal da casa diversifica o investimento através das diferentes estratégias promovidas pelos gestores de portefólios. É atribuída uma percentagem do património a cada equipa de gestão que é ajustada consoante a sua performance e cumprimento dos limites. São quatro os principais grupos de estratégias onde as equipas de gestão se focam, desde ações fundamentais de valor relativo à arbitragem no mercado acionista, passando por obrigações e modelos quantitativos.

A mesma entidade explica também que cada estratégia conta com os seguintes limites por ciclo (45 a 90 dias úteis): volatilidade média inferior a cerca de 3%, máximo drawdown acumulado de aproximadamente 4% e um value at risk entre 1,75% e 2%.

Citadel

KENNETH GRIFFIN, FUNDADOR

A Citadel é conhecida por dominar o serviço de execução de ordens americano. Ao todo, estima-se que 40% de todas as ordens executadas passem por esta entidade. Este fenómeno traz uma vantagem competitiva importante porque permite aceder a informação sobre o volume de ordens antes da concorrência, permitindo antecipar movimentos, enquanto torna mais barata a execução das próprias operações.

CITADEL WELLINGTON

MULTI-STRATEGY FUND

A Citadel esteve recentemente no escrutínio público dada a sua relação com a broker Robinhood. É prática recorrente o pagamento de um montante pelo acesso à data resultante das ordens dos investidores de retalho, no entanto, os acontecimentos relacionados com a GameStop trouxeram luz ao tema que pode estar perto de chegar ao fim. Apesar de toda a polémica, dados da Reuters apontam que este hedge fund gerido pela Citadel está a ter um ano de 2022 muito positivo, em contraste com a generalidade dos mercados. No final de novembro de 2022, o fundo alegadamente apresentava uma rentabilidade desde o início do ano de 32%.

MULTIATIVOS: ENCONTRAR RENDIMENTOS EM MERCADOS INCERTOS EM 2023

Vemos um aumento das oportunidades nos multiativos, pois acreditamos que algumas classes de ativos serão significativamente reavaliadas este ano. São três os fatores que estão a impulsionar os mercados: inflação, abrandamento económico e as respostas dos bancos centrais. Continuamos a ver os bancos centrais a endurecerem as condições financeiras para combater a inflação, que esperamos que atinja o pico em 2023. Mas, isto terá como consequência o abrandamento económico e os mercados irão mudar o seu foco da inflação para o abrandamento do crescimento. Continuamos defensivamente posicionados, com uma visão cautelosa do crédito e das ações com mais risco, já que os spreads continuam demasiado rígidos para compensar possíveis incumprimentos, enquanto as expectativas de lucros continuam elevadas. As obrigações do Estado terão um papel crescente nos portefólios e oferecerão diversificação e retornos mais elevados. Ao longo do ano, e à medida que as valorizações se ajustam nas ações e no high yield, voltaremos a apostar em risco. As recentes reavaliações dos preços são uma oportunidade para aumentar as nossas distribuições de rendimento. A política dos bancos centrais é chave e os riscos são a velocidade e o número de aumentos que existirão e que podem abrandar a economia. Já a China terá de ser vigiada devido à potencial deterioração da relação com os EUA, à inflação e à evolução da crise do COVID.

por André Lopes

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