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DÍVIDA EUROPEIA OPORTUNIDADE À VISTA
Há muito tempo que não se via um consenso tão amplo entre as gestoras de fundos sobre a oportunidade de investimento que surgiu no mercado de crédito europeu depois da forte queda sofrida pelos preços das obrigações em 2022.
As obrigações voltaram. É a mensagem que mais se ouve ultimamente na indústria. A era das taxas negativas parece já coisa do passado. As yields das obrigações alcançaram níveis que elevam a atratividade de uma classe de ativos que recuperou o conceito do carry. No caso das yields das obrigações em euros, encontram-se no nível mais elevado da última década, o que permite ao cupão atuar como colchão.
Morningstar Direct. Dados de património em milhões de euros. Dados referentes a 31 de dezembro de 2022. Fundos da categoria EAA Fund EUR Diversified Bond. São considerados os seis fundos com Rating FundsPeople 2022 nas três geografias.
“O mecanismo é simples: para perder dinheiro, o rendimento da obrigação atual teria que desaparecer”, analisa Tatjana Greil Castro, gestora do Muzinich Enhancedyield Short Term Fund.
Há muito tempo que não se via um consenso tão amplo entre as gestoras internacionais sobre a oportunidade que oferecem neste momento as obrigações europeias, sobretudo no que diz respeito ao crédito com grau de investimento. “A dívida corporativa investment grade em euros é atrativa em todos os cenários, tanto de um ponto de vista absoluto como relativo. Os spreads descontam atualmente uma imensa quantidade de más notícias e movem-se nos seus níveis mais amplos desde 2008”, sublinha Ario Emami Nejad, gestor da Fidelity International.
A Grande Anomalia
A instabilidade geopolítica que a Europa vive está a pesar no seu mercado. É algo que se vê de maneira muito clara no segmento de high yield, onde se abriu uma diferença de spread com os EUA na ordem de 80 pontos base. “É algo muito incomum. O índice europeu de high yield costuma ter mais qualidade (maior percentagem em empresas BB e mais exposição ao setor financeiro) do que o americano (mais exposto a energia e matérias primas). O facto de em 2022 o spread ter dado a volta, oferece-nos um bom ponto de entrada”, destaca Ana Gil, diretora de Investimentos na M&G Investments.
A qualidade média dos índices de investment grade é a mais alta dos últi-
RENTABILIDADE 1 ANO: RENTABILIDADE 3 ANOS: RENTABILIDADE 5 ANOS:
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Blackrock Global Funds Euro Bond
Bluebay Investment Grade Euro Aggregate Bond
Gestor Michael Krautzberger
Procura De Valor Relativo
Este produto europeu de rendimento fixo da BlackRock adota uma abordagem de risco diversificada. É concebido com o objetivo de poder acrescentar valor aos investidores de forma consistente e progressiva ao longo do tempo. Na verdade, o valor relativo está no centro da sua filosofia de investimento. Na prática, isso significa que, em vez de depender de ativos de maior risco para gerar rentabilidade, como títulos de mercados emergentes ou dívida high yield, a equipa usa uma ampla gama de estratégias de valor relativo, identificando onde é que se ampliaram as relações entre os ativos de elevada qualidade. Além de explorar o valor relativo ao longo da curva de yields, entre os diferentes setores e entre títulos individuais, também procuram identificar múltiplas fontes de valor acrescentado através da exposição ativa a fatores de país, moeda e duração em relação ao índice de referência.
Gestores Mark
DOWDING E KASPAR HENSE
Fontes De Alfa Granulares
O processo de investimento deste veículo é baseado na avaliação de fundamentais, as valorizações, aspetos técnicos e considerações ESG. O seu objetivo é decompor o universo de investimento em fontes de alfa granulares com o objetivo de gerar um conjunto mais amplo de oportunidades de investimento das quais se pode extrair valor. Os gestores podem até olhar para fora do universo investível, desde que o tracking error permaneça na faixa entre 0% e 3%. Isso é algo importante para eles, especialmente considerando que acreditam fortemente que a existência de muitos fundos passivos no mercado está a criar ineficiências de preços significativas, que podem ser exploradas por uma gestão ativa de alta qualidade. Estão habilitados a usar derivados para fins de investimento e cobertura, o que lhes permite construir posições longas e curtas com o objetivo de gerar alfa em todos os ambientes de mercado.
Eurizon Fund Bond Aggregate Eur
Gestora Maria Luisa Matarrelli
Partindo Da Parte Macro
A filosofia deste fundo de investimento consiste em seguir uma estratégia de gestão de obrigações baseada em fundamentais. Utilizam um enfoque de análise macroeconómica e adicionam uma exposição dinâmica a diferentes temas de investimento. Partem da identificação do cenário macro e, a partir daí, atribuem o risco às diferentes classes de ativos (obrigações do Estado, relacionadas com o governo, corporativas, com grau de investimento e dívida high yield, de países emergentes, moedas). O seu objetivo é obter uma rentabilidade adicional a médio prazo face ao índice de referência, no caso o Barclays Euro Aggregate. A carteira atualmente tem uma duração maior do que o índice. O contributo mais importante para aquela duração da carteira advém das obrigações de empresas emitidas em euros com uma classificação investment grade, que oferecem, na opinião do gestor do produto, um bom ponto de entrada em termos de yield.
Gestor David Zahn
Gestor Sem Restri Es
Este fundo de investimento é gerido por uma equipa de gestores com experiência na indústria e uma longa permanência na Franklin Templeton. É uma estratégia pan-europeia que pode aproveitar todo o espetro do mercado europeu de rendimento fixo. Não está sujeito a nenhum índice. Sem restrições, pode ajustar ativamente o posicionamento no seu setor, a duração e a divisa para capitalizar as oportunidades do mercado e proteger o capital. Em títulos do governo e obrigações corporativas investment grade, pode mover-se dentro do intervalo de 0%-100%, enquanto que em high yield, titularizações e moedas distintas do euro, pode ir entre o intervalo de 0% a 30%. A estratégia é artigo 8º e realiza uma análise ESG integrada, com exclusões baseadas em produtos e serviços, uma estratégia de engagement e uma análise ESG soberana e corporativa. O desempenho superior da estratégia nos últimos três anos veio principalmente da seleção de títulos e da alocação setorial.
Gestor Lyndon Man
Flexibilidade Na Aloca O E Dura O
É um fundo que investe principalmente em rendimento fixo com grau de investimento e denominado em euros, tanto em obrigações governamentais como de empresas. No entanto, Lyndon Man, cogestor da estratégia, tem flexibilidade para procurar valor noutros segmentos como o high yield, mercados emergentes e outras moedas europeias (geralmente cobertas) para diversificar e encontrar boas oportunidades de investimento. Além da flexibilidade de alocação de ativos, também gerem ativamente a duração, que pode ser até três anos acima ou abaixo do índice de referência, no caso o Bloomberg Barclays Euro Aggregate Index. Não seguem um benchmark. Só o utilizam para fins comparativos. Com um forte foco na alocação de ativos, aplicam uma análise bottom-up ao processo de investimento ao procurar oportunidades que apresentem uma boa relação entre o risco assumido e a rentabilidade.
Gestores Paul Grainger E
JAMES RINGER
Aposta Nos Aaa
Este fundo procura superar o Bloomberg Euro Aggregate Index num período de três a cinco anos, investindo em títulos denominados em euros. Para isso, os gestores da estratégia realizam uma gestão ativa, investindo pelo menos dois terços dos ativos em títulos denominados em euros e emitidos por governos, organismos públicos, supranacionais e empresas de todo o mundo. A carteira tem características ESG, sendo artigo 8º, pelo que os avaliam os fatores de sustentabilidade, tanto no mercado soberano como de crédito, a par dos fatores macroeconómicos ao longo do processo de investimento. Em termos de emissões, têm atualmente preferência por treasuries de emitentes de maior qualidade, como é o caso da Alemanha. Na verdade, estão sobreponderados em emissões AAA. No entanto, também veem valor nos segmentos AA e BBB de países como França e Itália. Atualmente, estão a tentar tirar partido das divergências de mercado impulsionadas pelas políticas fiscais e monetárias.
4 5 6 4 5 6 4 5 6 mos cinco anos, algo que também se aplica ao high yield devido ao facto de muitas empresas CCC terem desaparecido depois dos estragos provocados pela crise do COVID-19. Mas, de futuro, o ponto chave voltará a estar onde esteve sempre, na evolução da saúde empresarial.
Por agora, os fundamentais das empresas estão a aguentar, embora seja de esperar que se assista a uma certa deterioração da qualidade em alguns setores e títulos, sobretudo num mais do que previsível contexto de recessão económica.
“Será importante realizar uma seleção cuidadosa procurando, sobretudo, emitentes com fluxos de liquidez que se incrementem com a inflação ou modelos de negócio resilientes à desaceleração”, recomenda Patrick Vogel, gestor do Schroder ISF Euro Corporate Bond.
De momento, os sinais de aviso relativamente à deterioração dos lucros estão a ver-se em alguns setores, como o transporte e os produtos químicos. Mas, por outro lado, também há outros que poderão sair muito reforçados, como o financeiro.
“Os bancos deverão desfrutar de margens de juros record em 2023 graças às taxas de juro mais elevadas que suportam, por exemplo, os seus instrumentos subordinados”, destaca Mondher Bettaieb-Loriot, gestor do Vontobel Euro Corporate Bond.
Em linhas gerais, a maioria dos gestores continuam a destacar a solidez dos fundamentais das empresas. “As empresas têm gerado liquidez nos últimos trimestres, implementando eficiências de custos na era de COVID-19 e poderão gerir uma desaceleração sem cortes significativos de rating ou incumprimentos”, augura Richard Ford. No entanto, este gestor do Morgan Stanley Euro Corporate Bond também avisa que as margens das empresas se verão pressionadas e que manter as receitas brutas será um desafio.
Certa Cautela
No mercado europeu de obrigações é no âmbito da dívida soberana onde ainda se observa uma certa cautela. “Espera-se que a emissão líquida seja elevada em 2023. O BCE deixou de aplicar a flexibilização quantitativa e existe a possibilidade de que se realizem novas emissões para financiar os programas de apoio aos preços da energia”, aponta Michael Krautzberger, gestor do BlackRock Euro Short Duration Bond.
Relativamente ao risco que representam para a classe de ativos as previsíveis subidas de taxas de juro que aplicarão os bancos centrais, o gestor mostra-se convencido de que as autoridades monetárias não poderão finalmente levar a cabo as subidas previstas pelos mercados antes de ter que fazer uma pausa perante uma recessão. “Além disso, o endurecimento da política monetária é um fator que os mercados já têm em conta”, acrescenta Maria-Anne Allier, gestora do Carmignac Securité.
Ninguém tem uma bola de cristal para saber qual é o ponto de entrada ótimo. O contexto é complexo e poderão produzir-se novos impactos externos que compliquem ainda mais as coisas. No entanto, do ponto de vista da valorização do mercado, o facto dos preços atuais já descontarem boa parte dos riscos leva muitos gestores a coincidir na mesma mensagem: no crédito europeu, oportunidade à vista.
A informação sobre Organismos de Investimento Coletivo ou outros instrumentos financeiros incluída na FundsPeople é apresentada apenas com fim informativo e ilustrativo e não deve ser interpretada como uma oferta de venda ou recomendação de investimento. A informação não representa uma descrição completa dos OIC ou outros instrumentos financeiros e mercados a que faz referência.
DE TAXAS DE JURO NEGATIVAS
A UM DOS AUMENTOS MAIS
RÁPIDOS DE SEMPRE, 2022
CAUSOU MUITO SOFRIMENTO PARA QUEM PROCURAVA
DIVERSIFICAÇÃO OU RETORNOS NO MERCADO DE OBRIGAÇÕES DE ALTO
RENDIMENTO. MAS EM APENAS UM ANO, O MUNDO MUDOU
BASTANTE E A CATEGORIA DE INVESTIMENTO PODE VOLTAR A FAZER MANCHETES.
Na íngreme escalada das taxas de juro, o mercado de obrigações high yield a nível global enfrentou um dos piores anos de que há registo. Entre as crescentes preocupações com uma recessão, a persistência da inflação e uma guerra que não parece ter fim, 2022 afundou o índice europeu e norte-americano de obrigações high yield em mais de 10%, com apenas o segundo semestre a providenciar alguma estabilização.
Mas nem tudo são más notícias. Depois de um longo período com taxas de juro baixas e até negativas, o panorama de investimento em crédito mudou e tem agora boas hipóteses de se tornar uma escolha de topo na agenda dos investidores, em 2023 e nos anos seguintes. E, tal como muitos profissionais têm apontado, perante uma elevada yield efetiva, tal como foi a da média do mercado no final do ano, a roçar os nove pontos percentuais, seria necessária uma avalanche de casos de incumprimento para trazer problemas aos investidores.
Perante este contexto fotografamos o mercado através de cinco fundos na categoria Global High Yield Bond que obtiveram Rating FundsPeople 2022 em Portugal, Espanha e Itália, expondo a sua posição de mercado, tipo de obrigações em carteira e o rendimento que oferecem aos seus clientes.
Na dimensão, o destaque vai para o fundo da PIMCO que regista mais de três mil milhões de euros em ativos sob gestão, mais do dobro do segundo maior fundo na lista. O fundo de menor dimensão, o BlueBay Global High Yield ESG Bond Fund, também o único em análise com uma estratégia centrada em ESG, é o que apresenta menor duração, situando-se nos 3,78 anos, com os restantes fundos a apresentarem durações bastante semelhantes entre si entre os 4,25 e os 4,53 anos. Por outro lado, a maior yield to maturity é detida pelo fundo da T. Rowe Price, com 9,63%, seguida de perto apenas pelo fundo da Janus Henderson com uma yield mais em linha com os restantes fundos.
Olhando para a distribuição geográfica, a forte alocação dos ativos de rendimento fixo na América do Norte destaca-se de imediato. O Janus Henderson Horizon Global High Yield Bond Fund apesar de ser o fundo com menor alocação ao continente norte-americano tem ainda 55% da sua carteira em ativos da região, enquanto que o fundo da T. Rowe Price é o mais exposto à mesma, configurando perto de 86% do seu portefólio.
EXPOSIÇÃO GEOGRÁFICA (%)
Fonte: Dados de alocação mais recentes disponíveis a 5 de janeiro de 2023. Fundos de Global High Yield Bond, distinguidos com Rating FundsPeople 2022 em Portugal, e Itália.
Fonte: Dados em euros, à data mais recente disponível de 5 de janeiro de 2023. Fundos de Global High Yield Bond, distinguidos com Rating FundsPeople 2022 em Portugal, Espanha e Itália com informação disponível na Morningstar Direct. O Rating indicado na tabela é o Rating FundsPeople 2023.
Distribui O Por Rating De Cr Ditos
Dados à data mais recente disponível a 5 de janeiro de 2023. Em percentagem.
Produtos Carteiras
Aloca O Setorial L Quida
O Papel Dos Alternativos L Quidos Nas Carteiras
Na distribuição por rating de crédito nestas cinco carteiras, denotamos um forte peso em crédito com rating B e BB. Já o fundo da BlackRock é o que mostra uma maior parcela do portefólio em investment grade, ou seja, crédito avaliado entre BBB e AAA, mas também o que detém uma maior proporção em crédito não avaliado. Abaixo do rating B, o fundo da T. Rowe Price é o fundo mais exposto, com cerca de 12% do seu portefólio nas restantes categorias de rating.
Por último, no que diz respeito à distribuição setorial, vemos um maior peso em crédito proveniente de empresas de serviços financeiros, do setor industrial e de consumo cíclico. O fundo da BlackRock é o mais exposto tanto ao setor financeiro como ao setor industrial, com o primeiro a ocupar 20,04% e o segundo 19,86% do valor em carteira. Já no setor de consumo cíclico o fundo mais exposto é o da T. Rowe Price, ocupando 20,34% do seu portefólio.
As condições que prevaleceram nos últimos 10 anos já não são válidas, com taxas de juro crescentes e uma inflação que exercerá pressão sobre as obrigações e as ações durante algum tempo. Isto levou à revisão, por parte dos investidores, das suas estratégias de alocação, procurando diversificação em classes de ativos alternativas como matérias-primas, infraestruturas, imobiliário, capital de risco ou hedge funds. Global macro, long/short credit, long/short equity, arbitragem de fusões, special situations e CTA são algumas estratégias alternativas líquidas que podem ajudar a diversificar as carteiras na procura por retornos absolutos com uma volatilidade moderada. Estas estratégias alternativas líquidas ganharam interesse nos últimos anos, especialmente em períodos de maior volatilidade e incerteza quando os investidores procuram soluções pouco correlacionadas para diversificar a sua exposição tradicional a ações e obrigações. A disponibilidade destas estratégias em formato UCITS oferece também um enquadramento regulado e flexível.
Com um universo crescente de estratégias alternativas, muitas vezes heterogéneas, e com processos de investimento mais complexos do que o dos fundos tradicionais, o processo de seleção é fundamental.