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TENDÊNCIAS PLANIFICAÇÃO FINANCEIRA
Gest O De Terceiros Na Carteira Do Fefss
Fonte: Relatório e Contas 2021 do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social estratégica, “são incluídos investimentos considerados estratégicos pelo estado português ou com um horizonte de investimento de longo prazo e a que se exige um prémio de risco significativo”.
Em 2021, o FEFSS viu nas ações e imobiliário as classes de ativos com melhor rentabilidade, ao registarem variações positivas de 25,32% e 23,86%, respetivamente. Em sentido inverso, a parcela da carteira investida em títulos de rendimento fixo gerou um retorno negativo de -2,05%. Olhando para a composição final da carteira em 2021, vemos uma proporção de 66,23% em rendimento fixo, 21,91% em ações, liquidez com um peso de 11,36% e o imobiliário a perfazer 0,48% do portefólio.
Na proporção da carteira afeta a rendimento fixo e excluindo os títulos de dívida portuguesa, o destaque vai para as treasury bills. Os títulos de dívida pública americana tomam o primeiro lugar entre os emissores de dívida pública estrangeira presentes na carteira, com o equivalente a quase três mil milhões de euros, representando mais de 12% do portefólio. Seguem-se os volumes de dívida pública britânica, francesa e italiana que, ao rondar 500 milhões de euros cada, ocupam os restantes lugares do pódio.
Para Carlos Bastardo, professor do ISEG e profissional com experiência na gestão de ativos nacional, o FEFSS é um instrumento de poupança de muito longo prazo, e, por isso, “deverá existir um equilíbrio entre os diferentes ativos na carteira”. Na sua opinião, a gestão deveria ser ativa e adequada ao ciclo vivido nos mercados financeiros, dando o passado recente como exemplo desta necessidade. “Ter 2/3 em obrigações na alocação no final de 2021 era eleva-
O PRESIDENTE DA APFIPP ACREDITA SER NECESSÁRIO JUNTAR A CAIXA GERAL DE APOSENTAÇÕES COM O REGIME NORMAL, PARA AFERIR A VERDADEIRA DIMENSÃO DOS DESEQUILÍBRIOS DO MODELO ATUAL
do, quando a inflação já estava a subir e era mais que certa a subida das taxas de juro”, recordou o profissional.
Gest O De Terceiros
Se na exposição a obrigações o investimento direto é rei, olhando para a exposição a ações, verificamos que veículos de investimento de terceiros predominam, nomeadamente, gestão passiva. Entre estes, o Vanguard Institutional Index Fund destaca-se em primeiro lugar com um valor em carteira a ascender aos 1.126 milhões de euros. Falamos de um fundo indexado com o objetivo de acompanhar a performance do S&P500. No entanto, a iShares (BlackRock), entre os seus quatro ETF, mostra-se o provedor de gestão com maior predominância no FEFSS, pesando mais de 1.400 milhões de euros na carteira, relegando assim a Vanguard para o segundo lugar. Os restantes lugares do Top cinco são ocupados pelos ETF da StateStreet Global Advisors, DWS Xtrackers e Nikko Asset Management, com valores acima dos 500 milhões de euros.
Na componente alternativa da carteira, em específico no imobiliário, destaca-se o Goodman European Logistics Fund como a maior posição, conferindo à Arlington Securities o primeiro lugar entre as sociedades gestoras de fundos de investimento imobiliário. A segunda gestora melhor representada nesta categoria, através de três instrumentos distintos, é a Fundista- mo com unidades de participação que totalizam mais de 7 milhões de euros. A fechar o pódio está a Caixa Gestão de Ativos, com mais de 6 milhões de euros no seu único fundo presente.
Nos últimos cinco anos vemos um declínio da proporção total do fundo alocada a rendimento fixo de mais de 75% em 2017, para os cerca de 66% já referidos no final de 2021. Este decréscimo em rendimento fixo deu lugar a uma maior exposição ao mercado acionista e um ligeiro aumento a liquidez. Não obstante a evolução, segundo Carlos Bastardo, não só a atual composição da carteira poderá colocar em causa a sustentabilidade das reformas dos portugueses, mas também o atual modelo de pensões não é adequado. “Defendo há muito um modelo misto ao nível das pensões: uma base pública e um complemento privado”, afirmou.
Já para João Pratas a problemática reside, também, nos desequilíbrios do modelo atual. “Temos um défice enorme, todos os anos, para as pensões da Segurança Social, e esse défice vai aumentar. Neste momento, fala-se de algum equilíbrio da Segurança Social, mas é um equilíbrio falso”. Na sua perspetiva, para aferir a exata dimensão do problema deve-se “juntar a Caixa Geral de Aposentações com o regime normal”. “Há que olhar para as reformas de forma global”, deixou em tom de conclusão, mas também deixando em aberto um debate que, certamente, perdurará no tempo.
ROBECO, SUSTENTABILIDADE E RECURSOS NATURAIS
Energia e recursos minerais são as ferramentas básicas do nosso progresso, mas são obtidas de uma forma ambiental, social e economicamente sustentável, ou seja, sob o escrutínio das responsabilidades ESG. A velocidade procurada na transição energética na sua luta contra as alterações climáticas está a acelerar a produção de certos minerais para limites sem precedentes, questões que exigem uma merecida análise singularizada. Uma velocidade que, por sua vez, coloca dilemas como a presença do gás, da energia nuclear ou a recuperação de carvão.
Estes temas, juntamente com a presença crescente da geopolítica, a descarbonização das carteiras, a medida do impacto, a proteção da biodiversidade ou a justiça social, farão parte da cátedra que a Robeco, no seu espírito pioneiro, está a criar com a Escola Superior Técnica de Engenheiros de Minas e Energia (Universidade Politécnica de Madrid).
Trata-se de uma cátedra abrangente que tratará em pormenor os aspetos relacionados com a sustentabilidade e o investimento sustentável, sem esquecer a necessidade de recursos minerais e energéticos na realização do novo modelo de sociedade pretendido, e que permitirá à Robeco partilhar o seu conhecimento através do programa anual de atividades.