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CUSTÓDIA COLUNA VERTEBRAL NA TOKENIZAÇÃO DE ATIVOS

Uma das principais conclusões a que se chegou na vizinha Espanha, depois do desenvolvimento do primeiro fundo no país cujas participações foram tokenizadas, tem que ver com o papel chave que desempenha a custódia, sobretudo tendo em conta a futura chegada do Regulamento MiCA.

Na Onyze, o primeiro custodiante da nova geração em Espanha, desenvolveu-se o primeiro fundo na história do país cujas participações foram tokenizadas. Fizemo-lo como depositário da nova geração que somos, em colaboração com duas entidades de ampla trajetória no setor dos fundos de investimento em Espanha: Renta 4 Banco e Allfunds Blockchain. Tudo isto também com o impulso dos reguladores do país.

As avaliações têm sido imbatíveis, tanto para nós como para o supervisor. Uma das conclusões mais importantes tem que ver com o papel fundamental que tem a custódia em qualquer projeto de tokenização de ativos tradicionais, sobretudo tendo em conta o estipulado na futura regulação do mercado de ativos digitais através do Regulamento do Mercado de Ativos digitais (MiCA-Markets in Crypto Assets).

A função principal de um depositário dentro do ecossistema de ativos digitais em que se tem desenvolvido o projeto é garantir a segurança das palavras passe que dão acesso aos tokens que representam as participações do fundo, de tal maneira que ninguém pode aceder nem operar com os token, salvo os legítimos donos das participações.

Aprendemos que, ao tratar-se de um instrumento de investimento institucionalizado, a custódia das referidas palavras passe deve ceder-se a um provedor de confiança, que garanta não só a segurança dos token, mas também o cumprimento para com a regulação vigente. Mediante a participação de um custodiante garante-se também a confiança e tranquilidade para os investidores, pois a própria função deste tipo de provedores evita más práticas ou fraudes por parte de terceiros.

Este projeto não se poderia desenvolver com a regulação vigente se não tivesse sido selecionado o primeiro coorte do sandbox regulatório. Este sandbonx é um espaço de provas e verificação por parte dos reguladores, em que se permite o desenvolvimento de projetos com base tecnológica para a observação, análise e aprendizagem por parte dos promotores e das instituições públicas espanholas de supervisão.

O objetivo final costuma ser o de utilizar todo o conhecimento adquirido durante o projeto em contexto de provas para desenvolver depois a regulação que dite um contexto legal para essa atividade no país.

Nesse sentido, defendemos a necessidade de um contexto regulatório solvente para fazer face às situações da natureza própria do mercado de ativos digitais desde o início da nossa atividade. O regulamento MiCA será aquele que ordena e fornece segurança legal e regulatória a todos os provedores de serviços de ativos digitais na Europa. É precisamente essa nova regulação que coloca o custodiante numa posição de referência e base para desenvolver qualquer produto de investimento destas caraterísticas. Na verdade, há vozes especialistas no ecossistema que preveem que sem a custódia o sistema pode chegar a colapsar ou perder credibilidade.

Transpar Ncia

Como um dos promotores de um projeto tão inovador como é a tokenização das participações de um fundo de investimento destas caraterísticas, obtivemos certas conclusões que são partilhadas pelos nossos colegas de promoção e pelo regulador espanhol (CNVM)

Primeiro, a tokenização aporta transparência e rastreabilidade. A tecnologia DLT e blockchain permitem uma forma totalmente transparente e rastreável de representação das participações e das transações que se desenvolvem com elas. Isto reduz qualquer tipo de opacidade, já que todas as entidades que estão imiscuídas no produto têm a possibilidade de visualizar a informação. Para além disso, a natureza da blockchain permite uma análise forense exaustiva de toda a transação sem restrições de nenhum tipo, o que por sua vez aumenta a proteção e a efetividade no cumprimento da regulação porque tudo é público e invariável no registo e se pode investigar e analisar.

De igual forma, a tokenização aporta mais fluidez e velocidade nas transações entre pares, o que acaba por melhorar a liquidez dos investidores. Ou seja, as participações tokenizadas podem ser vendidas e compradas muito mais rapidamente e com menor carga de gestão documental e tempos de

Porque Que 2023 Pode Ser Um Ano Bom Para A D Vida De Mercados Emergentes

As Participa Es

espera comparativamente com aquilo que se tem de investir na compra e venda de participações tradicionais.

Desintermedia O

Nesse mesmo sentido, os investidores também se veem favorecidos pela automatização e desintermediação que propicia a tokenização. Reduz-se a necessidade de elementos intermediários e, portanto, diminui-se o risco operacional e os processos corretivos, de compensação e liquidez. Para além disso, pode programar-se o comportamento das tokenizações como os dividendos, mais-valias, impostos, ou o envio de informação de todo o tipo.

A conclusão é que a tokenização dos produtos tradicionais de investimento trará benefícios tanto para os investidores, como para as gestoras e para os supervisores institucionais.

Também aprendemos, como se mencionou no início, que os fornecedores de custódia institucional serão essenciais para o bom desenvolvimento destes produtos devido à necessidade de elevados standards de segurança na custódia das palavras passe privadas que dão acesso à propriedade das representações digitais, os tokens. Apenas avançarão estes novos produtos de investimento com a participação destes provedores com elevadas exigências e cumprimento regulatório.

O aumento das taxas de juro nos EUA, a guerra na Ucrânia e a incerteza macroeconómica na China contribuíram para um ambiente de mercado turbulento em 2022. Embora a incerteza continue, ainda existem motivos para encararmos com otimismo as perspetivas sobre a dívida de mercados emergentes (ME). Com um sell-off generalizado, as yields aumentaram em todas as classes de ativos, o que significa que os investidores podem encontrar pontos de entrada bastante atrativos mesmo ao investir defensivamente. Os países e as empresas com pouco risco de default representam oportunidades para obter retornos elevados ao longo do ciclo. Os fundamentais parecem sólidos e melhoraram nos últimos anos, mas isso não se refletiu nos spreads. Falou-se muito das recentes tendências dos EUA e das decisões da Fed, mas também houve desenvolvimentos positivos a nível local nos ME. Estamos particularmente otimistas com a América Latina: a inflação parece ter atingido o nível máximo; alguns bancos centrais estão a chegar ao fim dos seus ciclos de restrição, nomeadamente no Brasil e no México; e chegámos ao fim do ciclo político nos maiores países da região. Embora não haja certeza de quando se atingirá o ponto mais baixo do mercado, investir com um horizonte temporal mais longo permite que os fundamentais entrem em cena. As baixas valuations, os fundamentais sólidos e vários ventos potencialmente favoráveis fazem com que algumas áreas do mercado nos pareçam agora muito atrativas.

As obrigações voltaram. A yield positiva renasceu e a duração já não é inimiga do investidor. Sentámo-nos com April Larusse ainda no meio da incerteza por causa das últimas decisões de política monetária da Fed e do BCE, mas o tom da gestora é indubitavelmente positivo. “Os mercados, finalmente, refletiram no preço um cenário realista. Ainda haverá volatilidade nas obrigações, mas as yields atuais oferecem um colchão muito bom para proteger o capital”, afirma.

Deixámos para trás um mau ano para o investidor; os clientes estão chateados. Tudo o que tinham comprado em 2022 caiu. Apenas existiram algumas exceções no mercado, inclusive as matérias primas corrigiram depois de um arranque de ano positivo. Para April Larusse, responsável de Obrigações da Insight (parte da BNY Mellon IM), é um sentimento compreensível porque, para além disso, a correção de 2022 chegou depois de 2020 e 2021, dois anos carregados das suas próprias vicissitudes. Agora o desafio é como ajudar o investidor a manter a calma. “Os mercados, finalmente, refletiram no preço um cenário realista, ou seja, aceitaram que a inflação não vai desaparecer em breve e que os países desenvolvidos verão, muito provavelmente, uma desaceleração ou recessão leve da sua economia”, explica.

Em 2023, persistirão muitos dos grandes obstáculos de 2022. Larusse recorda que, historicamente, uma inflação a níveis tão altos como os atuais sempre trouxe atrelada uma recessão. Os bancos centrais já não se escondem nas suas projeções. “É quase como se o desejassem”, brinca a gestora. De certo modo a contração da economia e, portanto, a procura, é a ferramenta eleita pelos bancos centrais para combater a subida dos preços.

O problema, vê Larusse, é que se trata de um remendo, uma solução temporária. Há algum excesso de procura depois dos estímulos da pandemia, mas grande parte desta inflação é um problema da oferta. “A inflação é também mental. Os preços podem subir, mas enquanto o consumidor o conseguir permitir, continuará a pagar. Para além disso, o baixo nível de desempenho fomenta que parte dessa inflação se traduza em pressão salarial”, ressalta.

Isto tem, naturalmente, implicações para a política monetária. Depois da era das taxas de juro zero, entramos num período de taxas mais elevadas durante mais tempo. Larusse não prevê necessariamente muitas mais subidas de taxas do ponto de vista atual, mas isso não quer dizer que se vá ver uma política monetária acomodatícia no curto prazo. Ou como quem diz, pensar em cortes de taxas de juro em 2023 é pecar por ser demasiado otimista, na sua opinião.

Isso no que respeita à conjuntura macroeconómica. Com vista à preparação das carteiras para o novo ano, entram em jogo as valorizações. Fazemos a Larusse a pergunta mais difícil que se pode fazer a um gestor: quão cómoda se sente afirmando que o pior da correção já ficou para trás. Para responder, a gestora propõe-nos observar como está posicionado o BNY Mellon Global Credit Fund. O fundo incrementou o beta relativo a crédito. Não é uma posição grande, mas é um começo.

“Apesar das taxas de juro tão baixas e do excesso de liquidez de 2020 e 2021, as empresas portaram-se bem. Na verdade, o nível médio de alavancagem das empresas baixou. Para além disso, muitas aproveitaram para emitir dívida a prazos muito longos, capturando o período de financiamento positivo antes das fortes subidas de taxas em 2022”, conta a gestora.

As Obriga Es Voltaram

É certo que as margens empresariais se estão a ressentir por causa da elevada inflação e a desaceleração económica. Mas, o suficiente para gerar uma onda de incumprimentos? Larusse não vê como provável. O ponto-chave: o cenário que está refletido no preço. “As obrigações, a rentabilidade positiva no rendimento fixo, voltaram”, sentencia.

Dentro do crédito, o segmento mais favorável, na opinião da gestora, é o das emissões com grau de investimento em euros. Especialmente, empresas não europeias que têm emitido dívida denominada em euros. Por setores, estão em alguns cíclicos, encontrando boas ideias em alguns muito castigados, como é o caso do imobiliário.

Também estão positivos na banca, uma indústria que tradicionalmente beneficia das subidas de taxas de juro. Às valorizações deprimidas somam-se os fundamentais sólidos. “Ainda haverá volatilidade nas obrigações, mas as yields atuais oferecem um colchão muito bom para proteger o capital”, defende.

Outra das mudanças na carteira do BNY Mellon Global Credit Fund está relacionada com a duração. “Já não a

Gest O Do Risco Por Unidades

Para April Larusse, a gestão de ativos compõe-se de duas partes. A primeira consiste em encontrar boas ideias. A segunda, mas igualmente importante, em procurar a forma de implementar essa boa ideia dentro da carteira. Na Insight, a boutique nos comandos do BNY Mellon Global Credit Fund, trabalham com um sistema próprio de alocação do risco por unidades para determinar o tamanho adequado de uma posição. “Orçamentar o risco é um fator fundamental”, afirma a gestora.

estamos a evitar; já não é o inimigo”, insiste. Estar curtos de duração foi uma ferramenta poderosa em 2022, mas para Larusse já passou o seu momento.

Como vemos, a gestão da Insight segue um estilo muito ativo. “Todas as posições em carteira estão aí porque são uma oportunidade. Não temos posições adormecidas, nem há uma parte tática face a uma core”, explica. Na sua opinião este é um fator diferenciador do BNY Mellon Global Credit Fund. A seleção de emissões sempre foi um importante contribuidor para a rentabilidade. Demonstra-o o facto do fundo contar com Rating FundsPeople 2023 por conseguir de maneira consistente e a longo prazo uma boa rentabilidade-risco, e ainda um volume significativo de investimento por parte de investidores portugueses

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