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Obe Ejikeme
NÚMERO 46 SETEMBRO E OUTUBRO 2022 .
ENTREVISTAS MICHAEL KRAUTZBERGER, BLACKROCK PEDRO FERNANDES, HEED CAPITAL NEGÓCIO PORTUGAL- MERCADO TITÃ EM FUNDOS DE INVESTIMENTO ESTRANGEIROS ESTRATÉGIAS OS FUNDOS PORTUGUESES MAIS RENTÁVEIS NA ÚLTIMA DÉCADA
ESTILO VOLTA AO MUNDO EM 10 ANOS 10 ANOS DE FESTA FUNDSPEOPLE
ANOS
UMA DÉCADA DE TRANSFORMAÇÃO
27/09/2022 12:21
“Então e o S?”, ouvimos e perguntamos muitas vezes quando se analisa um fundo ESG. No novo Carmignac Portfolio Human Xperience podemos esquecer essa pergunta por completo. A componente social é o motor de arranque do novo fundo da gestora francesa, e Obe Ejikeme não tem dúvidas de que a fórmula cliente e colaborador feliz resulta em empresas mais rentáveis. O trabalho de análise de dados para chegarem a essas empresas é grande, mas no terreno também há trabalho a fazer, uma das razões pelas quais a Carmignac se uniu à Shareaction’s Workforce Disclosure Initiative.
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NER T PAR
ENTREVISTAS MICHAEL KRAUTZBERGER, BLACKROCK PEDRO FERNANDES, HEED CAPITAL NEGÓCIO PORTUGAL- MERCADO TITÃ EM FUNDOS DE INVESTIMENTO ESTRANGEIROS ESTRATÉGIAS OS FUNDOS PORTUGUESES MAIS RENTÁVEIS NA ÚLTIMA DÉCADA
ESTILO VOLTA AO MUNDO EM 10 ANOS 10 ANOS DE FESTA FUNDSPEOPLE
NÚMERO 46 SETEMBRO E OUTUBRO 2022 .
ANOS
UMA DÉCADA DE TRANSFORMAÇÃO
27/09/2022 12:21
E
ntão e o S? É uma das questões mais colocadas quando se analisa um fundo ESG. A verdade é que, muitas vezes, o S aparece como o parente pobre da sigla. A componente difícil de medir, de investir, onde os dados, por vezes, mais divergem, etc. Obe Ejikeme, à frente de um dos novos fundos da Carmignac, mostra-nos que não tem de ser assim. Aliás, o Carmignac Portfolio Human Xperience não assenta em nenhuma destas premissas. Pelo contrário. O novo fundo da gestora francesa olha precisamente para a componente de investimento social. “O produto foca-se nas empresas que demonstram uma forte satisfação do consumidor e do colaborador”, começa por descrever o gestor em entrevista à FundsPeople.
E as tais dificuldades de investimento nesta componente parecem não existir para a gestora. No processo de investimento usam “uma base de dados proprietária única e extensa de fatores relacionados com a componente social”, e tiram partido de outras fontes de informação, como os “questionários a clientes”, “o feedback dos empregados”, “fluxos de notícias”, bem como “relatórios financeiros”. As empresas eleitas para entrar em carteira têm então um rating atribuído às suas contribuições sociais, após entrar em jogo a avaliação dos especialistas de setor da Carmignac, que analisam o potencial de retorno e risco. “O resultado é um portefólio concentrado, com baixo turnover, e cerca de 40 posições de todo o espetro de mercados de ações globais que vão ao encontro dos nossos restritos critérios de entrada, e que usam o melhor de dois mundos: a análise quantitativa e a qualitativa”, explica Obe Ejikeme.
MENOS ATENÇÃO, MAIS OPORTUNIDADES
Obviamente que esta convicção da entidade na importância da componente social não acontece por acaso. Antes do lançamento do Carmignac Portfolio Human Xperience, a entidade realizou um back-test relativamente aos principais fatores sociais, e concluiu que as “empresas que demonstram elevados níveis de satisfação dos clienO ESG PODE DAR LUGAR AO BOM INVESTIMENTO
Desafios e incertezas é o que mais tem marcado a vida do ESG na última década. Contudo, Obe Ejikeme acredita que nos próximos 10 anos o ESG será a norma. “O acrónimo pode até desaparecer e ser considerado apenas como bom investimento”, diz o responsável. O gestor acredita que “as gestoras de ativos precisam de se adaptar às expetativas das próximas gerações e aproveitar essa oportunidade estrutural para inovar”.
tes e trabalhadores têm melhor desempenho ao longo do tempo”. Mas este não é um trabalho de um dia só, como se costuma dizer. As contínuas melhorias nos dados relativos a funcionários e clientes ajudará, acredita a Carmignac, a conseguirem “identificar as empresas bem sucedidas, com a cultura certa implementada para gerar retornos sustentáveis”.
Neste novo fundo classificado como artigo 9º da SFDR, o desafio passa mesmo por tirar partido e entender “os conjuntos de dados únicos disponíveis”, interpretar os que têm maior materialidade, e depois então selecionar as empresas que consideram que vão ser mais lucrativas. “A análise de fatores sociais está a ganhar momentum junto dos investidores, apesar de serem menos tangíveis do que os fatores ambientais”, confessa Obe Ejikeme. Mas esta pouca atenção que ainda é dada ao S acaba por ser frutífera, de certo modo, pois conduz a equipa a “oportunidades de investimento subestimadas”.
Embora a entidade não classifique o produto como um fundo de impacto, este é classificado como artigo 9º, e tem deliberadamente um objetivo de investimento sustentável, pois o objetivo final é tornar-se “líderes nas ideias de investimento neste novo espaço em rápido crescimento”, encorajando a outros a sê-lo também. E são setores como as utilities, a energia e as finanças que, na opinião do gestor, poderão beneficiar mais deste foco no aspeto social. “Embora tenham feito progressos na melhoria do seu ambiente de trabalho, continuam a sofrer com os fracos níveis de atendimento ao cliente, pelo que ainda têm muito trabalho pela frente”, elenca.
Por outro lado, os setores de tecnologia e o consumo básico estão “aptos a demonstrar que é possível focarem-se em cuidar tanto dos consumidores, como do bem-estar dos seus funcionários, sendo por isso um bom benchmark para alguns dos setores mais atrasados”, aponta. Mas dentro de um mesmo setor há diferenças grandes, e Obe Ejikeme mostra-nos um exemplo concreto. “A Southwest Airlines é líder em termos sociais e investe
significativamente na experiência do consumidor, tendo um score mais elevado de satisfação, enquanto o seu concorrente na Europa, a Ryanair, mostra um considerável menor nível de satisfação dos clientes. Durante o nosso período de back-test (2011-2021), a Southwest Airlines entregou um retorno 50% maior do que a Ryanair, considerando os ajustes cambiais”, descreve o responsável.
CONSEGUE MEDIR, CONSEGUE GERIR
Mas não é só a análise dos dados que faz parte do trabalho da gestora. O engagement com as empresas é fundamental, e não apenas neste fundo: em todos. “Temos um compromisso com os representantes das empresas, incluindo com a equipa de gestão e os conselhos de administração, mas também na manutenção de diálogos com especialistas da indústria e outros stakeholders chave”, apresenta. Mais concretamente, a entidade estabelece três tópicos principais quando o assunto é o engagement com as empresas nas quais investem: mudança climática, empoderamento e liderança. Obe Ejikeme explica que na parte social - ou seja na componente de empoderamento - são crentes de que o funcionário, quando bem tratado, é o ativo mais valioso de uma empresa. Desse modo, incentivam as empresas nas quais investem a “gerir de forma eficiente os seus recursos humanos”, e assim aumentar o envolvimento com clientes e funcionários, mas também encorajam essas empresas a “divulgar dados sociais mais standardizados tendo em mente que o que se consegue medir (e comparar) consegue também ser gerido”. A Carmignac impulsiona portanto as empresas em que investem a irem mais além: a darem poder à sua força de trabalho através das suas operações, mas também através das cadeias de fornecimento. Obe Ejikeme conclui com um exemplo do que a sua firma defende: “Ao juntarmo-nos à Shareaction’s Workforce Disclosure Initiative intensificamos o nosso compromisso e iremos trabalhar com outros investidores para melhorar a transparência corporativa e a responsabilidade nas métricas S no ESG”, concluiu.