BUMBO nº1

Page 1

BUMBO Circulando na cena Edição 1º nov de 2020 R$ 12,00

NOIZE Record Club lança “Assim tocam os MEUS TAMBORES”, de Marcelo D2

DISCO INOVADOR

www.revistabumbo.com.br

Marcelo D2




SUMÁRIO

BUMBO circulando na cena

Nº 1 de novembro 2020

Artigo Cleber Facchi p. 6 - 7

foto Ronaldo Land com arte de Felipe Young (Flip)

Coluna Juarez Fonseca p. 8 -. 9 Notícia p. 10 Notícia p. 11 Entrevista Pedro Ramos p. 12 - 13 Editoria de tecnologia p. 14 - 15 Marcelo D2 grava álbum ao longo de 150 horas de lives

foto ANA alexandrino

Reportagem MARCELO D2 p. 16 - 19 Notícia Ana Frango Elétrico p. 22 Política Djonga p. 23 Editoria de filme /doc/série p. 24 - 25 Notícia Astor Piazzola p. 26 Reportagem LETRUX p. 28 - 31 Notas p. 32

VINÍCIUS ANGELI/DIVULGAÇÃO/JC

Notícia p. 34 - 35 Reportagem DINGO BELLS p. 36 - 39 Você sabia? p. 40 - 41 Artigo Antônio Laudenir p. 42 - 43 Matéria Carne Doce p. 44 - 45 Dingo Bells lança EP acústico com técnicas de distanciamento

4 | BUMBO novembro 2020

Quiz/ você sabia p. 47 Entrevista Daniel Ferro p. 48 - 49 Notícia Felipe Quadros p. 50 - 51

COM PARTICIPAÇÕES DE LINIKER E LOVEFOXX, LETRUX LANÇA O ÁLBUM “AOS PRANTOS”


Foto Ravaneli Mesquita

DIREÇÃO Gabriela Felin EDIÇÃO produção Gabriela Felin Luisa Costa Wesley Fávero REDAÇÃO Antônio Laudenir Ariel Fagundes Augusto Nunez Bráulio Lorentz Brenda Vidal Cleber Facchi Deborah Lima Lucas Brêda Lúcio Ribeiro Marcela Brito Osmar Portilho Raquel Ribeiro Tony Goes Victor Pereira Wesley Fávero Colunista Juarez Fonseca COLABORADOR 89 ArteBlitz G1 RS RIC mais Vagalume

Lia de Itamaracá canta quando as mesmas ondas alcançam seus pés

FOTÓGRAFOS Ana Alexandrino Beta Iribarrem Celso Hartkopf EM/D.A Press Gladyston Rodrigues Hick Duarte Jamie Silveira Kiran CK

Macloys Aquino Raphael Rangel Ravaneli Mesquita Vinícius Angeli Wesley Fávero COORDENAÇÃO Celso Augusto Schröder Luiz Adolfo de Souza 5 | BUMBO novembro 2020


Artigo Foto Ravaneli Mesquita

lia se dedica há mais de 50 anos na ciranda democrática

ciranda de lia

As belezas do mar inspiram a cirandeira pernambucana a cantar, compor e girar e, ela convida todos para a dança. Por Cleber Facchi

Imersa em meio a sintetizadores e ruídos atmosféricos, a voz forte de Lia de Itamaracá rompe com o silêncio, ganha forma e cresce. “Eu amo a falta / De silêncio / Do mar / Odoyá / Na maré cheia / Eu canto / Pra levantar / Na maré seca / Eu deito / Odoyá“, canta, na introdutória Falta de Silêncio, delicada composição que aponta a direção seguida no 6 | BUMBO novembro 2020

quarto e mais recente álbum de estúdio da cantora e compositora pernambucana, Ciranda Sem Fim (2019, Somax). São faixas de essência regionalista, ainda íntimas da mesma ciranda que revelou o trabalho da artista há mais de quatro décadas, mas que se permitem provar de novas possibilidades, como um delicado ponto de ruptura e fina renovação. Parte dessa mudança de

direção vem da escolha da própria artista em estreitar a relação com um time seleto de jovens compositores e músicos. Com produção assinada pelo experiente DJ Dolores e a produtora cultural Ana Freitas, Ciranda Sem Fim, a exemplo de Elza Soares, em A Mulher do Fim do Mundo (2015), e Jards Macalé, no ainda recente Besta Fera (2019), costura passado e presente de forma


7 | BUMBO novembro 2020

sempre provocativa, estrutura que naturalmente preserva a a sonoridade detalhada nos antecessores Rainha da Ciranda (1977), Eu Sou Lia (2000) e Ciranda de Ritmos (2010), porém, se permite avançar criativamente. E isso se reflete logo na abertura do disco, na já citada Falta de Silêncio. Pouco menos de três minutos em que sintetizadores de DJ Tudo e Leo D se espalham em meio a inserções eletrônicas assinadas por Benke Teixeira (Boogarins) e DJ Dolores. Uma propositada perversão do óbvio que se completa pelo lirismo místico de Alessanda Leão, artista que lançou há poucos meses o também delicado Macumbas e Catimbós (2019). Um preparativo para o som eletro-acústico que ganha forma na crescente Meu São Jorge, canção que, mais uma vez, mostra a força da pernambucana em estúdio, como se pensada para as apresentações ao vivo. Partindo dessa estrutura, Lia revela desde criações marcadas pelo forte aspecto folclórico, caso Peixe Mulher, música composta por Ava Rocha, até faixas marcadas por memórias da infância e instantes de

doce nostalgia, marca de Desde Menina, composição escrita por Chico César especialmente para a cantora. Instantes em que a artista pernambucana convida o ouvinte a mergulhar em um universo de referências particulares, porém, sempre tingidas pela novidade, vide o uso destacado das guitarras, texturas e demais componentes antes contidos nos antigos trabalhos da cantora, vide a base cíclica, quase psicodélica que toma conta de Lua Ciranda. Outro elemento curioso na execução do trabalho está no romantismo empoeirado

que surge em momentos estratégicos da obra. São faixas como a inusitada releitura de O Relógio, música originalmente lançada na década de 1950 pelo cantor e compositor mexicano Roberto Cantoral, porém, eternizada por Altemar Dutra. O mesmo direcionamento melancólico acaba se refletindo mais à frente, em Companheiro Solidão, um bolero tropical que parece valorizar a presença de cada instrumentista do trabalho, vide o baixo suculento de Yuri Queiroga. o baixo suculento de Yuri Queiroga. Foto Celso Hartkopf


coluna juarez fonseca Colunista na GZH

Lu Fernandes é pura novidade Já ter trajetória na música não impediu a cantora Gaúcha lançar o primeiro disco, “Lua de Outubro”. Por Juarez Fonseca

Uma voz bela e afirmativa sublinhando um trabalho de forte personalidade. É assim a cantora e compositora Luana Fernandes, que lança nesta sexta-feira (16) seu primeiro disco, o surpreendente Lua de Outubro. Natural de Camaquã, 28 anos, ela cumpriu o ciclo dos festivais pelo interior do RS, até mudar-se para Porto Alegre, onde se formou em Publicidade e Propaganda na PUC. Mas seu destino é mesmo a música, como vão demonstrando faixa a faixa do álbum. Embalado por uma MPB pop com bons momentos de peso e eletricidade, Lua de Outubro alimenta-se de letras incisivas, várias na direção do feminino, do feminismo e da negritude; Luana tanto pode arranhar como afagar. Mesmo já tendo trajetória, ela é pura novidade. Poderia continuar citando letras e agora, ao escrever, me dou conta de que ouvi 8 | BUMBO novembro 2020

o disco sem conhecer os autores, e todas as músicas que anotei são apenas de Luana, sem parceiros. O que não quer dizer que as músicas com parcerias não sejam boas. Poderia continuar citando letras e agora, ao escrever, me dou conta de que ouvi o disco sem conhecer os autores, e todas as músicas que anotei são apenas de Luana, sem parceiros. O que não quer dizer que as músicas com parcerias não sejam boas. O que não quer dizer que as músicas com parcerias não sejam boas. Poderia continuar citando letras e agora, ao escrever, me dou conta de que ouvi o disco sem conhecer os autores, e todas as músicas que anotei são apenas de Luana, sem parceiros. O que não quer dizer que as músicas com parcerias não sejam boas. O principal parceiro, também diretor musical, violonista e baixista, é Ricardo


FOTO Beta Iribarrem

luANA fernandes lança clipe novo, Lua de outubro

Cordeiro. Assim como Luana, trata-se de um melodista inspirado, responsável pela ambientação pegadora. Além dele, a banda básica tem Lorenzo Flach (guitarra), Gisa Haas (teclado) e Fernando Sefrin (bateria). Mais os convidados Douglas Vallejos (sax, harmônica), Gabriel Romano (acordeom), Risomá Cordeiro (baixo), Amaro Neto (programações), Bruno Coelho e Lu Mello (percussão).

O disco começa com Luana recitando Fé Menina, poema de seu pai Catullo, que vale como apresentação. E termina com uma faixa bônus que parece destoar do resto, mas na verdade indica outras possibilidades: a alegre Pôr do Sol no Guaíba, de Barbosa Lessa. O disco começa com Luana recitando Fé Menina, poema de seu pai Catullo. O disco começa com Luana recitando Fé Menina, poema de seu pai Catullo. FOTO divulgação

natural de camaquÂ, lu fernandes vira sucesso 9 | BUMBO novembro 2020


foto divulgação

pianista e compositora jocy oliveira

desdenhada pelo machismo

Artista homenageada no festival Novas Frequências conta que sua obra foi destruída na ditadura. Por Lucas Brêda Jocy de Oliveira queria fazer um “dramaeletrônico” quando criou “Apague Meu Spotlight”, há quase seis décadas. O espetáculo, de coreografias expressionistas, com cenários compostos por luzes e a voz dos atores se misturando à música, seria uma espécie de ópera com música eletroacústica. “Na época, no Brasil, não existia nada em matéria de música eletrônica e muito menos um estúdio”, diz a artista. A solução encontrada por ela foi trabalhar a música de sua peça por correspondência, 10 | BUMBO novembro 2020

enviando e recebendo fitas de Luciano Berio, amigo da artista e nome fundamental da música experimental do século passado, direto do Estúdio de Fonologia de Milão. Segundo Fernanda Montenegro, que atuou na peça, o “Municipal foi sacudido por essa presença sonora única durante dez dias”. No começo dos anos 1960, a criação de Oliveira já estava à frente da tecnologia de seu próprio país. E esse traço de pioneirismo e inovação com a música eletrônica e as peças em formato multimídia guiaram a artista em mais de seis décadas de carreira, com uma obra que


é homenageada na edição de dez anos do festival carioca Novas Frequências, dedicado à música experimental. No evento, realizado de maneira virtual neste ano, ela participa de um babtepapo e segmentos de duas óperas multimídia da artista, “La Loba” e “Naked Diva”, serão recriados visualmente pela artista Lilian Zaremba. As músicas, concebidas para serem ouvidas com uma interpretação cênica, agora ganham vida por meio das imagens. “Zaremba foi convidada a reagir com seu acervo de imagens, independente do áudio, e este é o seu ouvir”, diz Oliveira. “Interessante porque é o inverso no mundo audiovisual —a música vem depois e complementa a imagem que é o elemento

foto divulgação

Jocy foi pioneira da música eletrÔnica

foto divulgação

principal.” “La Loba”, de 1995, diz Oliveira, é inspirada numa lenda do deserto do México, que recria o universo feminino por meio da figura da “loba”. “A mulher que extrapola as barreiras impostas por uma sociedade machista deixando passar sua sexualidade, sua força selvagem e se liberta.” capa DO disco de jocy oliveira

Já “Naked Diva”, de 1998, é inspirada no romance “O Castelo dos Cárpatos”, de Júlio Verne, em que ele imagina a gravação de áudio e vídeo num futuro mundo virtual. Na narrativa, uma diva é perseguida por um homem, que ouve a mulher todas as noites e rouba sua voz e imagem para as reconstruir em seu castelo. Oliveira diz que ainda não viu o resultado do projeto e está ansiosa. 11 | BUMBO novembro 2020


ENTREVISTA | PEDRO RAMOS Por Wesley Fávero

melhor geração do rock nacional Músico das bandas Supercombo e Topaz, acredita que vivemos o melhor momento do rock brasileiro. Lançado há 20 anos, o álbum “Transpiração Contínua e Prolongada” do Charlie Brown Jr rompeu fronteiras e fez a apresentação de uma das bandas mais aclamadas do país. Com repertorio repleto de hits, o álbum teve 250 mil

cópias vendidas e assim dando uma nova cara para o rock nacional. Nos últimos anos, entretanto, o retrato do rock vem mudando diariamente. Ele voltou a suas origens de palcos pequenos e seu

12 | bumbo novembro de 2020

público fiel vem o sustentando. Atualmente, é representado por inúmeros estilos sonoros e formatos nada convencionais. Em geral, as bandas vêm trabalhando temas mais homogêneos ligados a liberdade, pluralidade e


que você precisa fazer para alcança-lo” destaca multiinstrumentista. Na perspectiva do guitarrista, o crescimento das bandas é inevitável devido ao trabalho que está sendo feito. Ele fala, que a persistência das bandas vem trazendo muitas realizações para o movimento. E cita, como esse movimento contempla tanta admiração. “A persistência leva ao aprendizado”.

FOTO raphael rangel

Pedro ATULAMENTE TOCA em duas bandas: GUITARRA NA SUPERCOMBO, E , como VOCALISTA DA BANDA TOPAZ

política. Por isso, Pedro Ramos, vocalista e guitarrista das bandas Supercombo e Tópaz, falou para a Silva Home Reads sobre o atual momento do rock nacional. Ele destaca, que a diversidade de estilos no cenário vem abrangendo um público maior e sem preconceitos. Tendo uma geração mais plural e cativa. Indagado sobre os valores atualmente atribuídos, o músico remete a diversidade de estilos que compõe a cena nacional. “Hoje, você pode tocar em um festival para quinhentas pessoas

tendo uma polarização de bandas gigantesca. Vivemos uma geração muito ativa e preocupada com o que as bandas estão passando”. No ponto de vista do guitarrista, o atual movimento das bandas nacionais é mais coeso que os anteriores. Para ele, as bandas atualmente vêm se destacando sem suporte de grandes gravadoras, como houve no começo dos anos 2000. Ele cita, que a preocupação das bandas em entregar algo mais natural é muito maior que em anos anteriores. “Nossa geração sabe o valor do público e o 13 | bumbo novembro de 2020


TECNOLOGIA

Yamaha une tradição e inovação em novos toca-discos.

inovação em toca-discos

Com pegada moderna, a marca Yamaha traz inovação com sistema wireless para novos toca-discos. Por Ariel Fagundes

Após décadas afastada da produção de toca-discos, a Yamaha anunciou o lançamento de novos modelos que vão mexer com a cabeça de quem ama ouvir música na agulha. O primeiro deles chama-se MusicCast VINYL 500. Apesar de poder ser conectado a um receiver convencional, esse toca-discos 14 | BUMBO novembro 2020

se diferencia por seu sistema wireless. Através dele, você pode conectá-lo às caixas de som e aos pré-amps da série MusicCast, da Yamaha, sem utilizar nenhum fio. O MusicCast VINYL 500 traz embutidas as tecnologia wi-fi, Bluetooth e AirPlay e algumas de suas funcionalidades podem ser controladas com o celular pelo app MusicCast. Outro dos lançamentos é o TT-S303. Esse é


Fotos divulgação

um modelo de entrada e, consequentemente, seu preço é um pouco mais acessível. Ainda assim, é um toca-discos que promete atender às expectativas de ouvintes exigentes. Assim como o MusicCast VINYL 500, esse é um aparelho belt drive e que utiliza um braço reto. Ambos modelos trazem um pré-amp embutido, que pode ser desativado caso a ideia seja usar o canal Phono de um receiver externo. Por fim, há um terceiro modelo chamado GT-5000, que é parte da série “Gigantic and Tremendous”. Essa série é caracterizada por um gabinete pesado e robusto, tanto que seu prato de alumínio pesa impressionantes 5 kg. Seu motor apresenta um mecanismo belt drive customizadwo que promete reduzir interferências no som. Por ser um aparelho

de luxo, pode ter certeza de seu preço será mais salgado, porém é um toca-discos pra lhe acompanhar a vida toda. Todos esses modelos entrarão no mercado nos próximos meses. Para mais informações sobre os toca-discos, confira o site da Yamaha. Por fim, há um terceiro modelo chamado GT-5000, que é parte da série “Gigantic and Tremendous”. Essa série é caracterizada por um gabinete pesado e robusto, tanto que seu prato de alumínio pesa impressionantes 5 kg. Seu motor apresenta um mecanismo belt drive customizadwo que promete reduzir interferências no som. Por ser um aparelho de luxo, pode ter certeza de seu preço será mais salgado, porém é um toca-discos pra lhe acompanhar a vida toda. Todos esses modelos entrarão no mercado nos próximos meses. Para mais informações sobre os toca-discos, confira o site da Yamaha. Fotos divulgação

Novo toca-discos da Yamaha vem com wi-fi.

15 | BUMBO novembro 2020


16 | bumbo novembro de 2020


MARCELO D2 Por Augusto Nunez

Assim tocam os MEUS TAMBORES

a

Marcelo D2 inova ao lançar cd gravado totalmente via livestream.

nova edição do NOIZE Record Club apresenta Assim tocam os MEUS TAMBORES, disco recém finalizado de Marcelo D2. O trabalho foi gravado de forma inovadora ao longo do mês de julho: o rapper carioca expôs o processo criativo – da pesquisa até a mixagem – durante transmissões ao vivo na plataforma Twitch. As mais de 100 horas de live foram assistidas por milhares de pessoas, que colaboraram, conversaram e testemunharam o desenvolvimento de 12 músicas inéditas. Nós temos o prazer de somar nessa história no 40º título do clube, vamos lançar o álbum em vinil translúcido, acompanhado da revista NOIZE #104. Garanta o seu! No decorrer de mais de 20 lives, o artista gravou a participação de diferentes

músicos e produtores. O projeto conta com parceiros de longa data, como os produtores Nave, Nuts, Mario Caldato Jr e Tropkillaz, mas também estreia novos feats com cantoras como Liniker e Juçara Marçal, com o músico Kiko Dinucci e com os rappers Don L, Djonga e Baco Exú do Blues. D2 também recebeu sugestões de fãs para ideias de letras e opções de beats. Esse é o seu oitavo trabalho solo em mais de duas décadas de carreira, e surge após uma troca de ideias com Luiza Machado, sua esposa e a responsável pela direção e produção executiva do projeto. Ao passo em que a epidemia foi se prolongando, a casa da dupla criativa se tornou um estúdio musical e também audiovisual. Todas as decisões criativas foram feitas ao vivo em conversas com convidados, como no bate

papo com o artista plástico Flip, o responsável pela identidade visual de ATOMT. A transmissão de abertura, chamada de “Manifesto de Estreia”, durou 10 horas com programação variada. Para a data, o rapper reuniu a sua turma para dar o pontapé inicial do experimento artístico: DJ set de Nuts, Pathy de Jesus, Gaslamp Killer, Zegon, performance de Sain e bate papo com a cineasta Yasmin Thayná e com os fotógrafos Ronaldo Land e Wilmore Oliveira. O clima intimista registrado em vídeo reflete o momento atual, a época do home studio, assim como celebra o poder – e ressalta – a importância das trocas na construção de uma obra. A tradição da coletividade, traço marcante da história do D2, segue firme, forte e crescendo com a comunidade online

17 | bumbo novembro de 2020


n

ova edição do NOIZE Record Club apresenta Assim tocam os MEUS TAMBORES, disco recém finalizado de Marcelo D2. O trabalho foi gravado de forma inovadora ao longo do mês de julho: o rapper carioca expôs o processo criativo – da pesquisa até a mixagem – durante transmissões ao vivo na plataforma Twitch. As mais de 100 horas de live foram assistidas por milhares de pessoas, que colaboraram, conversaram e testemunharam o desenvolvimento de 12 músicas inéditas. Nós temos o prazer de somar nessa história no 40º título do clube, vamos lançar o álbum em vinil translúcido, acompanhado da revista NOIZE #104. Garanta o seu! No decorrer de mais de 20 lives, o artista gravou a participação de diferentes músicos e produtores. O projeto conta com parceiros de longa data, como os produtores Nave, Nuts, Mario Caldato Jr e Tropkillaz, mas também estreia novos feats com cantoras como Liniker e Juçara Marçal, com o músico Kiko Dinucci e com os rappers Don L, Djonga e Baco Exú do Blues. D2 também recebeu sugestões de fãs para ideias de letras e opções de beats.

Esse é o seu oitavo trabalho solo em mais de duas décadas de carreira, e surge após uma troca de ideias com Luiza Machado, sua esposa e a responsável pela direção e produção executiva do projeto. Ao passo em que a epidemia foi se prolongando, a casa da dupla criativa se tornou um estúdio musical e também audiovisual. Todas as decisões criativas foram feitas ao vivo em conversas com convidados, como no bate papo com o artista plástico Flip, o responsável pela identidade visual de ATOMT. A transmissão de abertura, chamada de “Manifesto de

18 | bumbo novembro de 2020

Estreia”, durou 10 horas com programação variada. Para a data, o rapper reuniu a sua turma para dar o pontapé inicial do experimento artístico: DJ set de Nuts, Pathy de Jesus, Gaslamp Killer, Zegon, performance de Sain e bate papo com a cineasta Yasmin Thayná e com os fotógrafos Ronaldo Land e Wilmore Oliveira. O clima intimista registrado em vídeo reflete o momento atual, a época do home studio, assim como celebra o poder – e ressalta – a importância das trocas na construção de uma obra. A tradição da coletividade, traço marcante.


D2 vai se apresentar em porto alegre no dia 12 de dezembro




Notícia

GRAMMY LATINO

Céu, Ana Frango Elétrico e mais entre os indicados ao Grammy Latino 2020, adaptados em tempos pandêmicos. Por Brenda Vidal

foto Hick Duarte/Reprodução

O Grammy Latino divulgou a lista de indicados para sua edição 2020! A premiação vai se adaptar aos tempos pandêmicos que vivemos e ocorrerá de modo remoto no dia 19 de novembro. A lista geral se concentra na crescente cena do pop/ reggaeaton latino, com nomes em franca ascensão no mainstream: Ozuna, J Balvin, Bad Bunny, Rosalía – que pelos feats entra na conta latina – e Karol G. Mas o Grammy tá de olho também na produção contemporânea da música brasileira, dos

nomes mais radiofônicos aos independentes. Entre os indicados, tem Elza Soares com Planeta Fome (2019), Emicida com AmarElo (2019), Letrux com Letrux Aos Prantos (2020), além de nomes do pop, como Anitta, AnaVitória e Melim. Mas o que deixou o coração aqui da redação quentinho foram as indicações envolvendo duas artistas especiais aqui para a casa: Céu e Ana Frango Elétrico. APKÁ! (2019), de Céu, está concorrendo em duas categorias: “Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa”

e “Melhor Álbum de Engenharia de Gravação“. A canção “Pardo”, composição de Caetano Veloso que integra o disco, concorre em “Melhor Canção em Língua Portuguesa”. Já a carioca Ana Frango Elétrico foi indicada por seu Little Electric Chicken Heart (2019) na categoria “Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa”. Ambos os discos tiveram seu lugar marcado no catálogo do NOIZE Record Club! Nosso clube de assinatura transformou APKÁ! em um vinil verde opaco no kit #031. a carioca Ana Frango Elétrico foi indicada por seu Little Electric Chicken


política

boicote ao carrefour

Rapper engrossou manifestação contra genocídio do povo negro; o caso de racismo ocorreu em Porto Alegre (RS). FOTO Gladyston Rodrigues

djonga como simbolo da cultura negra nacional Por Deborah Lima

A marcha dos manifestantes antirracistas, que ocuparam, nesta sexta-feira, a unidade do Carrefour anexa ao Shopping Cidade, no Centro de Belo Horizonte, contou com um reforço significativo: o rapper Djonga. Símbolo da cultura negra nacional, ele participou do ato em memória de João Alberto Silveira Freitas, 40, assassinado por seguranças de uma das lojas da rede de supermercados, em Porto Alegre (RS). Ao lado do grupo, Djonga caminhou do Carrefour situado entre a Rua Goitacazes e a Avenida Afonso Pena, à loja ao lado do Shopping Cidade. Assim como os outros

participantes, participou da ocupação do estabelecimento. Por cerca de 10 minutos, o músico e seus companheiros bradaram palavras de ordem. “Um, dois, três, quatro, cinco, mil: ou parem o genocídio ou paramos o Brasil” foi um dos cânticos entoados por ele. Depois, o grupo caminhou pela parte interna do centro comercial. Já do lado de fora, seguiram em direção à Praça Sete. O lema que compõe o título deste texto é comumente utilizado por Djonga para levantar a bandeira antirracista. É de uma das mais famosas músicas dele — Olho do Tigre — que deriva a expressão “fogo nos racistas”. 23 | BUMBO novembro 2020


CINEMA FOTOS DIVULGAÇÃO

KIKITO DE OURO PRÊmio oficial do festival

festival de cinema a distÂncia

Festival de Cinema de Gramado aconteceu entre 18 e 26 de setembro pela primeira vez de forma totalmente online. Por G1 RS

O Festival de Cinema de Gramado fez os holofotes se voltarem para a Serra Gaúcha, firmando Gramado como um dos destinos turísticos mais procurados de todo o Brasil e a atração gramadense que mais traz reputação e cobertura de mídia espontânea para o município. Ao longo de sua trajetória, o evento acompanhou todas as fases do cinema nacional, tornando-se pioneiro na realização de eventos do gênero cinematográfico em todo o território brasileiro. 24 | BUMBO novembro 2020

Desde a primeira edição com a consagração de “Toda Nudez Será Castigada”, de Arnaldo Jabor, em 1973, mais de mil Kikitos foram distribuídos entre profissionais do cinema que venceram o Festival em diferentes categorias. Além da celebração da produção brasileira e gaúcha, o evento ainda inclui em sua programação uma mostra competitiva de filmes ibero-americanos desde 1992. Já os troféus Oscarito, Eduardo Abelin, Kikito de Cristal e Cidade de Gramado prestam homenagem a atores, cineastas e


personalidades ligadas ao cinema. O Festival de Cinema de Gramado fez os holofotes se voltarem para a Serra Gaúcha, firmando Gramado como um dos destinos turísticos mais procurados de todo o Brasil e a atração gramadense que mais traz reputação e cobertura de mídia espontânea para o município. Ao longo de sua trajetória, o evento acompanhou todas as fases do cinema nacional, tornando-se pioneiro e referência na realização eventos do gênero cinematográfico em todo o território brasileiro.

Desde a primeira edição com a consagração de “Toda Nudez Será Castigada”, de Arnaldo Jabor, em 1973, mais de mil Kikitos foram distribuídos entre profissionais do cinema que venceram o Festival em diferentes categorias. Além da celebração da produção brasileira e gaúcha, o evento ainda inclui em sua programação uma mostra competitiva de filmes ibero-americanos desde 1992. Já os troféus Oscarito, Eduardo Abelin, Kikito de Cristal e Cidade de Gramado prestam homenagem a atores, cineastas. FOTOS DIVULGAÇÃO

TEN-LOVE (2020) Sinopse: Após um assalto nas ruas de Porto Alegre - RS, Georgia e Bruno terão suas vidas entrelaçadas por um jogo de tênis orquestrado pelo misterioso Joalheiro. Georgia e Bruno terão suas vidas entrelaçadas por um jogo de tênis orquestrado pelo misterioso Joalheiro. ILUSTRAÇÃO DIVULGAÇÃO

O CÉU DA PANDEMIA Sinopse: Eu achei que era um sonho. Não tinha ninguém na rua e eu tava sozinha. Todos os dias são iguais, mas hoje é um dia diferente, é o meu aniversário. Sinopse: Eu achei que era um sonho. Não tinha ninguém na rua e eu tava sozinha. Todos os dias são iguais, mas hoje é um dia diferente, é o meu aniversário. 25 | BUMBO novembro 2020


notícia

26 | BUMBO novembro 2020

ASTOR PiazzolLa em anos de tubarão

A produção longa-metragem abre a nova temporada de documentários, que irá até dezembro. Por Tony

Goes

Astor Piazzola (19921-1992) foi o grande inovador do tango argentino e um dos maiores compositores da segunda metade do século 20. Quase 30 anos depois dee sua morte, finalmente seus arquivos pessoais foram liberados por seu filho Daniel. O resultado é “Piazzola: Os Anos do Tubarão”, premiado documentário dirigido por Daniel Rosenfeld, que combina apresentações do bandeonista com depoimentos inéditos e filmes e áudios caseiros. A premiada produção de Daniel Rosenfeld abre a Temporada de Documentários 2020 da HBO. O documentário foi indicado ao Grammy Latino® e recebeu diversos reconhecimentos, entre eles o Prêmio Condor de Prata e o

Prêmio SUR da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas da Argentina. Com estreia marcada paraa terça-feira, 13 de outubro às 22h, na HBO e na HBO GO. Quase 30 anos depois dee sua morte, finalmente seus arquivos pessoais foram liberados por seu filho Daniel. O resultado é “Piazzola: Os Anos do Tubarão”, premiado documentário dirigido por Daniel Rosenfeld, que combina apresentações do bandeonista com depoimentos inéditos e filmes e áudios caseiros. A premiada produção de Daniel Rosenfeld abre a Temporada de Documentários 2020 da HBO. O documentário foi indicado ao Grammy Latino® e recebeu diversos reconhecimentos, entre eles o Prêmio Condor de Prata.

foto DIVULGAÇÃO

ASTOR piazzola vira tema de documentário



foto ANA alexandrino

“Todo corpo tem lágrima, suor e gozo”. É assim que começa “Letrux Aos Prantos”


letrux AOS PRANTOS

‘Se a gente se organizasse para chorar ia ser melhor do que mentir que está transando’, afirma a cantora carioca. Por Lucas Brêda

Se organizar direito, todo mundo chora”, canta Letícia Novaes em “Deja Vu Frenesi”, a faixa de abertura de seu novo disco, seu segundo como Letrux. Se “Em Noite de Climão”, seu trabalho anterior, era fogo, o novo, “Aos Prantos”, é água —ou, como ela canta, “lágrima, suor e gozo”. “Escolhi essa canção para inaugurar porque resume bem. Tem gente que esconde, mas se a gente for em frente ao Congresso e fizer um flash mob com todo mundo chorando, talvez tenha força”, diz. “E nem todo mundo transa. Já saiu pesquisa dizendo que tem uma geração que não transa. Se a gente se organizasse para chorar ia ser melhor do que mentir que está transando.” “Aos Prantos” chega ao streaming na semana que vem, três anos depois de “Em Noite de Climão”. Nesse período, Letrux deixou de ser conhecida como ex-vocalista do Letuce —banda indie do Rio de Janeiro— para se tornar uma das cantoras mais bemsucedidas da música independente. Bem-humorado, o disco de 2017 era dançante e ficou conhecido pelos shows e pela entrega de Letrux no palco, a ponto de ter sua turnê estendida por três anos. Agora, ela está

mais para o choro e para o suor do que para o gozo. “Às vezes, é mais difícil fazer música dançante. Mas, depois do fogo, você só pode olhar para dentro. O fogo queima, mata. Acho que ‘Climão’ pôs um ponto final —e eu gosto de pontos finais. Depois, só caberia algo denso. Abandonar a ironia, o cinismo, o deboche e olhar para a emoção.” Não por acaso, ela escolheu o mês de março para lançar o disco. Estamos na temporada de peixes, segundo ela, o signo mais sensível do zodíaco. É também um signo de água, elemento constante nas letras e até na feitura de “Aos Prantos”. “Algumas músicas eu fiz no avião. Outras, em casa, nos poucos momentos que tinha. E tive o privilégio de ir para a Grécia, onde fiz duas músicas dentro d’água”, ela conta. “Letrux aos Prantos” foi gravado no segundo semestre do ano passado, mas começou a ser escrito em 2018. Seu processo de composição, ela diz, foi o “contrário da fertilização humana”, em que cria as canções sozinha, a partir, das letras, e depois escolhe timbres e arranjos. “Sou o zigoto, e depois levo para as minhas parcerias fecundarem comigo.” Musicalmente, “Aos Prantos” é mais abrangente do que seu antecessor. Vai de 29 | BUMBO novembro 2020


foto ANA alexandrino

“Todo corpo tem lágrima, suor e gozo”. É assim que começa “Letrux Aos Prantos”

faixas atmosféricas (“Dorme Com Essa”, “Cuidado Paixão”) a um blues lento com Liniker (“Sente o Drama”) e até levadas de disco (“Salve Poseidon”) e synthpop (“Fora da Foda”). Músicos de sua banda, Arthur Braganti e Natália Carrera, responsáveis por sintetizadores e guitarras, assinaram a produção. Já nas letras, o clima de festa e flerte fica de lado. Em vez de passar o dia pensando no look que usaria na festa à noite —como em “Flerte Revival”— ela confunde um “tchau” com “te amo” —em “Cuidado Paixão”. “O ‘Climão’ era mais paquera, mais delicinha. Era flerte e, depois do tesão, ou vai ou racha. Acho que eu me aprofundei nessas paqueras”, diz. “Aos Prantos” é sobre ter coragem para encarar os próprios sentimentos, o contato voluntário com as lágrimas. Para ser retratada chorando na capa do disco, Letrux recorreu 30 | BUMBO novembro 2020

à música de Bach, trilha para seus choros na infância. Quando contou a situação no Twitter, ela virou piada nas redes. “Para fazer a capa, eu precisava chorar. E, criança, eu só ouvia música com letra, aquele era o momento instrumental —e era forte para mim. Acho que [essa reação] é um mix de deboche com recalque, gente que não dá chance à sensibilidade.” Musicalmente, “Aos Prantos” é mais abrangente do que seu antecessor. Vai de faixas atmosféricas (“Dorme Com Essa”, “Cuidado Paixão”) a um blues lento com Liniker (“Sente o Drama”) e até levadas de disco (“Salve Poseidon”) e synthpop (“Fora da Foda”). Músicos de sua banda, Arthur Braganti e Natália Carrera, responsáveis por sintetizadores e guitarras, assinaram a produção. Já nas letras, o clima de festa e flerte fica de lado. Em vez de passar o dia pensando no look


LETRUX que usaria na festa à noite —como em “Flerte Revival”— ela confunde um “tchau” com “te amo” —em “Cuidado Paixão”. “O ‘Climão’ era mais paquera, mais delicinha. Era flerte e, depois do tesão, ou vai ou racha. Acho que eu me aprofundei nessas paqueras”, diz. “Aos Prantos” é sobre ter coragem para encarar os próprios sentimentos, o contato voluntário com as lágrimas. Para ser retratada chorando na capa do disco, Letrux recorreu à música de Bach, trilha para seus choros na infância. Quando contou a situação no Twitter, ela virou piada nas redes. Se organizar direito, todo mundo chora”, canta Letícia Novaes em “Deja Vu Frenesi”, a faixa de abertura de seu novo disco, seu segundo como Letrux. Se “Em Noite de Climão”, seu trabalho anterior, era fogo, o novo, “Aos Prantos”, é água —ou, como ela canta, “lágrima, suor e gozo”. “Escolhi essa canção para inaugurar porque resume bem. Tem gente que esconde, mas se a gente for em frente ao Congresso e fizer um flash mob com todo mundo chorando, talvez tenha força”, diz. “E nem todo mundo transa. Já saiu pesquisa dizendo que tem uma geração que não transa. Se a gente se organizasse para chorar ia ser melhor do que mentir que está transando.” “Aos Prantos” chega ao streaming na semana que vem, três anos depois de “Em Noite de Climão”. Nesse período, Letrux deixou de ser conhecida como ex-vocalista do Letuce —banda indie do Rio de Janeiro— para se tornar uma das cantoras mais bemsucedidas da música independente. Bem-humorado, o disco de 2017 era dançante e ficou conhecido pelos shows e pela

entrega de Letrux no palco, a ponto de ter sua turnê estendida por três anos. Agora, ela está mais para o choro e para o suor do que para o gozo. “Às vezes, é mais difícil fazer música dançante. Mas, depois do fogo, você só pode olhar para dentro. O fogo queima, mata. Acho que ‘Climão’ pôs um ponto final —e eu gosto de pontos finais. Depois, só caberia algo denso. Abandonar a ironia, o cinismo, o deboche e olhar para a emoção.” Não por acaso, ela escolheu o mês de março para lançar o disco. Estamos na temporada de peixes, segundo ela, o signo mais sensível do zodíaco. É também um signo de água, elemento constante nas letras e até na feitura de “Aos Prantos”. “Algumas músicas eu fiz no avião. Outras, em casa, nos poucos momentos que tinha. E tive o privilégio de ir para a Grécia, onde fiz duas músicas dentro d’água”, ela conta. “O ‘Climão’ era mais paquera, mais delicia. É assim que começa “Letrux Aos Prantos”

31 | BUMBO novembro 2020


notas rap nacional

Por Vagalume

O projeto “Poesia Acústica” lançou a sua 10 edição, nesta sexta-feira (27), com a faixa “Recomeçar”. O coletivo Pineapple é um dos mais famosos do cenário de hip hop no Brasil e nesta gravação reuniu nomes como Ludmilla, MC Cabelinho, Orochi, JayA Luuck, PK, Black, Delacruz e Bk.

mpb

Por Arte Blitz

Marcela Brandão lança Sobre Maria, uma homenagem a clássico da MPB. A artista reforça a força da mulher brasileira, assim como a canção de Milton Nascimento e Fernando Brant. Marcela proveitou o período de distanciamento social para refletir e compor.

pop Por Bráulio Lorentz

Vanessa Krongold, do Ludov, lança 1 álbum solo. Vanessa Krongold ficou conhecida como a voz do Ludov, banda que emplacou hits do pop rock nos anos 2000, como “Kriptonita” e “Princesa”. Hoje, o grupo paulistano está em pausa. 32 | BUMBO novembro 2020

funk

rock-in-roll

Por Andréia Bueno

Por 89

Dennis resgata clássicos do funk e lança Dennis das Antigas Após superar a incrível marca de 1 bilhão de visualizações no YouTube, Dennis prepara um lançamento especial após agitar o Brasil durante a quarentena com dezenas de lives e canções inéditas, todas produzidas por ele nas vozes de Mr. Catra, Sapão e Bonde do Tigrão, na compilação histórica “Dennis das Antigas”.

Sociedade Boêmia lança single em nova plataforma de streaming de rock nacional. A banda paulistana Sociedade Boêmia lança com exclusividade na Tribhus, a nova plataforma de streaming para bandas e ouvintes do novo rock nacional.

sertanejo Por Martins Ribeiro

Joel Carlo, nova voz sertaneja que pretende conquistar o país. Artista acaba de lançar uma versão de Você Mudou, hit conhecido dos brasileiros na voz do saudoso Cristiano Araújo. Natural de Bento Gonçalves (RS), o sertanejo de 37 anos alcançou novos públicos e amplificou sua voz por outras regiões do país em 2020. As lives Churrasco & Modão, realizadas durante a pandemia da Covid-19, foram as responsáveis pelo reconhecimento nacional.

eletrônica

Por RIC Mais

Expotrade recebe a sua primeira festa do genero de música eletrônica social no Brasil. Comandada pelos consagrados DJs Eli Iwasa, Murphy e Zac, o evento vai receber aproximadamente 3 mil pessoas, que ficarão em áreas reservadas para até quatro pessoas

pagode Por Marcela Brito

Leandro Brito, de Brasília, é dono do maior canal de pagode do YouTube. Empresário mostra como a internet ajudou grupos locais a alcançarem o sucesso nacional e colocou Brasília entre as cidades do samba e pagode nacional.



notícia

batalha de rimas digital

Realizada em Barueri, a Batalha da Aldeia atrai MC’s das quebradas de várias cidades do estado de São Paulo. FOTO DIVULGAÇÃO

finalistas da batalha da aldeia Por Tamires Rodrigues

A Batalha da Aldeia surgiu da dedicação e visão do seu cofundador Bob Treze. Ao se mudar para Barueri, ele notou que ali havia poucos movimentos sociais articulados pela juventude local, assim, ele resolveu fundar uma batalha de rap, na Praça dos Estudantes, no centro da cidade. Antes de receber a primeira edição da Batalha da Aldeia a Praça dos Estudantes era um point de pichação e local onde os jovens iam socializar. A cada edição da batalha a média de público gira em torno de 1.500 a 2.000 pessoas. 34 | BUMBO novembro 2020

Com o sucesso do evento, os organizadores perceberam que poderiam usar as redes sociais para alcançar outras pessoas que não conseguem ir até a cidade e então começaram a trabalhar com diversas.pessoas que não conseguem ir até a cidade e então começaram a trabalhar com diversas plataformas digitais para produzir conteúdo. Atualmente, o canal da Batalha da Aldeia tem 2,5 milhões de inscritos no YouTube. Em média, os vídeos publicados têm alto índice de visualização, sendo bastante comum atingirem mais de 100 mil views. No Instagram, o perfil da batalha já


FOTO DIVULGAÇÃO

final da batalha da aldeia

alcançou a marca de 817 mil seguidores. Toda segunda-feira, a batalha de rima é transmitida ao vivo na plataforma Twitch, um site de streaming que faz transmissões de jogos online para comunidades de gamers. A equipe da Batalha da Aldeia já pensa em outros meios de divulgação para expandir o seu público fora do ambiente digital, fazendo propaganda nos pontos de ônibus e outdoors pela cidade de Barueri. de conexão com o público. “A gente estava fazendo live pelo YouTube e o Twitch reconheceu nosso potencial. Eles viram os números e tal e se interessaram, chamando a gente para conversar. Aí a gente decidiu transferir nosso conteúdo ao vivo e eles nos ajudam com a estrutura no evento”, diz Lucas. A equipe da Batalha da Aldeia já pensa em outros meios de divulgação para expandir o seu público fora do ambiente digital, fazendo propaganda nos pontos de ônibus e outdoors pela cidade de Barueri. Enquanto isso não acontece, eles continuam tendo as plataformas de streaming e redes sociais como suas principais estratégias de conexão com o público. Hoje eles têm uma pessoa exclusiva para fazer o

planejamento da postagens, organizando o feed e se atualizando sobre o mundo do hip hop para manter sempre o público informado. A organização da Batalha da Aldeia é feita por oito pessoas, e toda renda para manter os gastos do evento vem da monetização dos conteúdos publicados em suas redes sociais. Os integrantes criaram um estrutura de remuneração dentro da equipe: parte do que ganham é usada para pagar salários e a outra parte é reinvestida nas batalhas. Os integrantes criaram um estrutura de remuneração dentro da equipe: parte do que ganham é usada para pagar salários e a outra parte é reinvestida nas batalhas. Os integrantes criaram um estrutura de remuneração dentro da equipe: parte do que ganham é usada para pagar salários e a outra parte é reinvestida nas batalhas. Os integrantes criaram um estrutura. FOTO DIVULGAÇÃO

PLATAFORMA UTILIZADA PARA DIVULGAR AS BATALHAS

35 | BUMBO novembro 2020


Dingo Bells Por Victor Pereira

foto Vinícius Angeli

Dingo Bells está de volta com um novo trabalho de estúdio

Dingo Bells desplugado

Enquanto prepara o terceiro disco, banda gaúcha lança EP com versões acústicas e apresenta a faixa inédita “Antes de Dormir” do álbum Acústico. Do álbum Acústico.

36 | BUMBO novembro 2020


S

ete anos após o single de estreia, a banda gaúcha Dingo Bells decidiu que era o momento de revisitar algumas canções de seu repertório de uma maneira diferente. No último dia 1º, o grupo lançou um EP acústico com sete faixas retrabalhadas, além de outra inédita em um show pocket online realizado em parceria com a Casa Link. Em meados de 2019, surgiu a ideia de circular com alguns shows acústicos, como uma forma de transição, já que a banda está em processo de produção de seu terceiro disco de inéditas. O projeto caminhava e o Dingo Bells chegou a fazer apresentações em Porto Alegre e até a gravar algumas dessas canções no estúdio em São Paulo, tendo em vista o lançamento de um EP. Pouco depois, o grupo fez, em Santa Maria, o último show antes de ser decretada a pandemia. Embora o plano inicial de viajar pelo Brasil tenha se tornado impossível, a proposta do EP acústico se transformou em acalento aos fãs da banda gaúcha, simbolizado, principalmente, pela inédita “Antes de Dormir”. Definida pelos membros do quarteto como “uma canção de ninar para adultos”, a música (já lançada como single antes da estreia do EP) remete perfeitamente ao tempo atual, vivido entre o sonho de um mundo de volta ao “normal” e a forte nostalgia de um tempo antes da pandemia. A “canção de ninar” veio acompanhada de um criativo e esmerado clipe – composto por 3000 desenhos de aquarela e pintura digital –, dirigido por Eduardo Stein Dechtiar

v (também baixista da banda ítalo-brasileira Selton). Eduardo produziu os desenhos em um processo muito intenso, quando estava em pleno lockdown na Itália. Felipe Kautz (baixo), Diogo Brochmann (guitarra e voz), Rodrigo Fischmann (voz e bateria) e Fabrício Gambogi (guitarra) já haviam sinalizado o gosto por animações quando lançaram o clipe do principal sucesso do grupo, “Dinossauros”, em 2016. “A gente adora clipe de animação, acho que é uma coisa que tem como representar muito bem esse universo onírico e principalmente ‘Antes de Dormir’. A gente queria pegar bastante a ideia de música de ninar e de levar para um lado da imaginação. Não à toa, ‘Dinossauros’ é também uma música que o clipe dela original é uma animação, que consegue captar bem o conceito de imaginação e de sonhos”, explica Rodrigo Fischmann. “Dinossauros”, composição também presente nesse novo trabalho, recebeu um trato todo especial e introspectivo nos arranjos e ainda contou com a participação especial da banda Tuyo. A parceria com outros artistas contemporâneos é recorrente no trabalho do Dingo Bells, que já realizou shows com a própria Tuyo e Giovani Cidreira, fez turnê com a Maglore e gravou single com Hélio Flanders (Vanguart), por exemplo. “São parceiros de caminhada. Cada vez que eu olho uma banda como a Tuyo, Maglore e o Vanguart, ali, lançando música, se comunicando e a galera se emocionando, isso nos dá energia e força”, comenta Fischmann. “A música é muito viva. Vai passando o tempo e você ressignifica a letra, encontra outra forma de cantar, tocar e interpretar. 37 | BUMBO novembro 2020


foto Vinícius Angeli

Dingo Bells está de volta com um novo trabalho de estúdio


Rolou um processo meio mágico aí” O projeto acústico, contudo, não se escorou apenas em intimismo e introspecção – “Eu Vim Passear”, por exemplo, ganhou uma versão mais dinâmica e entusiasmada, com referências a Gipsy Kings. Como numa celebração feita em uma roda de amigos, a releitura com o violão acelerado ganhou contornos ainda mais festivos pelo acréscimo de falsetes de Rodrigo. Um clima efusivo e nostálgico. Segundo Fischmann, o processo de escolha das oito músicas veio a partir de dois critérios. “Pelos shows que já havíamos feito, a gente tinha uma noção de quais músicas estavam funcionando legal nessa versão acústica, então o critério foi partir entre as que já têm toda uma história com o público, além de algumas em especial que realmente ficaram bem diferentes da versão original”.

“A música é muito viva. Vai passando o tempo e você ressignifica a letra, encontra outra forma de cantar, tocar e interpretar. Rolou um processo meio mágico aí” Mais do que rememorar o repertório da banda, o EP representa o processo de acrescentar significados e novas camadas a músicas que já tinham uma história consolidada entre os fãs. “A música é muito

viva. Vai passando o tempo e você ressignifica a letra, encontra outra forma de cantar, tocar e interpretar. Rolou um processo meio mágico aí”, relata Fischmann.

EP acústico X terceiro álbum Embora o acústico marque novas temáticas e sonoridades na trajetória dos gaúchos, Fischmann diz que o mais recente trabalho não pontua uma tendência do que será o novo disco e as canções, em sua maioria, retratam um diferente capítulo da banda. “Talvez só ‘Antes de Dormir’ faça parte, talvez, de um outro momento que não é nem do primeiro e nem do segundo disco, por isso que ela iria ser lançada como single”. Algumas inspirações clássicas para o trabalho que virá, no entanto, o vocalista adianta. “O novo disco tem outras coisas, como já tiveram no segundo, de Gilberto Gil e Caetano, talvez um pouco mais presentes, porque também são artistas que tiveram muitas fases e uma obra gigante ao longo de décadas. Tem algo do Djavan que a gente já notou também”. Ainda sem previsão de lançamento, o novo disco, segundo o quarteto, deverá sair só quando for possível voltar a viajar fazendo shows pelo Brasil. Ainda sem previsão de lançamento, o novo disco, segundo o quarteto, deverá sair só quando for possível voltar a viajar fazendo shows pelo Brasil. Só quando for possível viajar. Tem algo do Djavan que a gente já notou também”. Ainda sem previsão de lançamento, o novo disco, segundo o quarteto, deverá sair só quando for possível voltar a viajar fazendo shows pelo Brasil. Ainda sem previsão de lançamento, o novo disco, segundo o quarteto, deverá sair só quando for possível voltar a viajar fazendo shows pelo Brasil. 39 | BUMBO novembro 2020


ANOTA Aí

CIRCULANDO NA CENA

O Festival de Cinema de Gramado aconteceu entre 18 e 26 de setembro pela primeira vez de forma totalmente online. FOTOS DIVULGAÇÃO

plataforma de streaming spotify plataforma de streaming spotify

Por Thaís Monteiro

Um artigo do MIDiA Research revelou que 82% da participação na receita do Spotify em 2019 corresponde ao grupo de grandes gravadoras somadas à Merlin, entidade que reúne selos e independentes. O site Music Non Stop afirma que 2016 foi o ano da música independente no Brasil, pela facilidade que as redes sociais e a internet em geral proporcionam a um extenso mercado, no qual quase não existe competição, uma vez que, na última década, a música independente vem sendo composta por bandas de diversas partes do Brasil, com públicos e gêneros 40 | BUMBO novembro 2020

83%

diferentes. O site Music Non Stop afirma que 2016 foi o ano da música independente no Brasil, pela facilidade que as redes sociais e a internet em geral proporcionam a um extenso mercado, no qual quase não existe competição, uma vez que, na última década, a música independente vem sendo composta por bandas de diversas partes do Brasil, com públicos e gêneros diferentes. com públicos e


vocÊ sabia?

música de rua independente

gêneros diferentes. Uma pesquisa da ABMI – Associação Brasileira de Música Independente revela que 53,5% dos artistas que frequentaram o TOP 200 do Spotify ao longo de 2019 são independentes. Uma pesquisa da ABMI – Associação Brasileira de Música Independente revela que 53,5% dos artistas que frequentaram o TOP 200 do Spotify ao longo de 2019 são independentes.

50%

53%

A Pesquisa do Mercado Brasileiro da Música Independente, realizada pela Associação Brasileira da Música Independente, mostra que 50% do faturamento das 60 empresas pesquisadas, entre editoras, produtoras de eventos, produtoras audiovisuais e estúdios, vêm das plataformas digitais. A Pesquisa do Mercado Brasileiro da Música Independente, realizada pela Associação Brasileira da Música Independente, mostra que 50% do faturamento das 60 empresas pesquisadas, entre editoras, produtoras.ca Independente, realizada pela Associação Brasileira da Música Independente. A Pesquisa do Mercado Brasileiro da Música Independente, realizada pela Associação Brasileira da Música Independente, mostra que 50% do faturamento das 60 empresas. 41 | BUMBO novembro 2020


FOTO Kiran CK

Tempos de ouvir: a importância da música no isolamento Musicoterapeutas, educadores e fãs do som debatem sobre o tema

Por Antonio Laudenir,

Isolamento social necessário ao enfrentamento da Covid-19 estabeleceu outra realidade. Lembro da canção “The Times They Are A-Changin’”. Com ela, em 1963, Bob Dylan alertou da feroz mudança dos tempos. Segue atual.

Um recente debate cruza as fronteiras da cultura, comportamento e saúde. Em meio ao confinamento da quarentena, pode a música agir como antídoto a dias tão preocupantes? Notas, compassos, versos e sonoridades são capazes de amenizar tensões e dissipar

42 | bumbo novembro de 2020

medos? Gigantes da indústria fonográfica consumida via streaming, Deezer e Spotify identificaram sensíveis mudanças nos hábitos dos usuários. Dados de ambas as empresas confirmam que desde o início das recomendações de isolamento, os ouvintes estão interessados em composições


ARTIGO mais “relaxantes”. Isso inclui de faixas instrumentais a segmentos como sons da natureza e meditação. Em Fortaleza, equilibrar o novo cotidiano com bons sons é possível. “A música tem sido meu respiro diário em meio a tanta informação e ansiedade”, divide Cecília Baima. Logo que a recomendação “ficar em casa” foi acionada, a empresária tratou de organizar a playlist “cafuné”. O intuito foi esse mesmo. Imaginar uma demonstração de afeto físico em uma época na qual se evita o toque. Nas caixas de som estão presentes Caetano Veloso, Gil, Marina Lima, entre outras crias que “acalmam”. “Na música, muitas vezes, consigo encontrar palavras para o que eu não consigo descrever”, reflete. Conteúdos musicais são contínuos no dia a dia da relações públicas Clarissa Jereissati. Em 2019, quando a pandemia hoje instalada era algo distante, coisa de ficção científica, os laços musicais foram ainda mais estreitados. A cearense adquiriu um violão e começou a praticar sozinha, estudando por vídeos de YouTube. Hoje, contra a Covid-19 toda animação é

bem-vinda. “Neste momento que já é difícil, tenho tido mais vontade de músicas animadas, com astral bom, que remetam a temas diversos e me façam dançar enquanto estou cozinhando ou fazendo faxina. Não quero escutar temas tristes ou muito cheias de sensibilidade, quiçá ritmos mais lentos ou melancólicos. Prefiro animar”, assume. O médico Ticiano

Recomendações Sampaio colabora com o debate. “Enfrentamos um tempo em que as aglomerações estão contraindicadas e a alegria está escassa, mas é preciso de firmeza”. A recomendação possui um olhar embasado por duas paixões. Além do cotidiano hospitalar, totalmente alterado pela pandemia, o entrevistado gosta de tirar um som nas horas vagas. O convívio com a arte musical com os amigos músicos tem sido fundamental neste momento. “Recomendo que façam o que estou fazendo, mantenham o contato com a boa música, porque é importante colocar alguma beleza nesse cotidiano que ficou mais árido, e também reparar no exemplo de muita

gente boa que está por trás da música, se reinventando, dando exemplo”, citou o médico. Cada depoimento revelou diferentes posturas de lidar com o instante apreensivo. O educador musical e musicoterapeuta Rodrigo Félix observa que cada um de nós reafirma vivências musicais próprias. A busca de relaxamento pela música obedece a lembranças pessoais. Cada pessoa tem uma reação individual com a música.

LEMBRANÇAS Félix cita o que na musicoterapia é chamado de “Princípio de ISO”. É a identidade sonora de cada sujeito. “Ela é construída do período uterino até o dia da morte. Uma música que tem efeitos positivos em mim e seja agradável, necessariamente não terá o mesmo efeito em outras pessoas. Temos outras experiências de vida”, orienta. O fenômeno musical, assevera, guarda a capacidade de alterar o estado de humor. Ter alguma preferência nessa arte e saber utilizar essa qualidade é positivo. Gera um aliado contra o estresse emocional. Com experiência e atuação em escolas.

43 | bumbo novembro de 2020


foto Macloys Aquino e Jamie Silveira

Banda de Goiânia chega ao quarto disco consolidada na cena independente brasileira

interior de carne doce

Mais banda do que nunca, Carne Doce se abre para dentro e lança o incrível “Interior”, seu quarto álbum. Abre para dentro e lança o incrível “Interior”, seu quarto álbum. 44 | BUMBO novembro 2020


O

modo mais imediato e consequentemente fácil de você penetrar pelo delicioso mundo musical da banda goiana carne doce é pela marcante figura da cantora Salma Jô, seja em disco, vídeo ou ao vivo mesmo. Isso está claro desde o primeiro álbum deles, de 2014, “Carne Doce” (Salma?), passando pelo impressionante “Princesa” (Salma?), pelo “maduro” “Tônus” (tônus da Salma?) e agora com o mais recente, “Interior”, quarto álbum e pelas primeiras impressões o melhor disparado do grupo de álbuns bons, lançado na última sexta-feira. Salma é mesmo magnética. Tem uma voz carnuda e doce, raivosa e suave, é visualmente bonita e hipnotizante em ação e consegue botar, com essa voz, a banda em qualquer espectro musical a que o Carne Doce se propõe: seja na nova-MPB, seja no indie, seja na seara das “músicas para tocar no rádio”, seja para aquelas pessoas que têm saudade da “velha MPB”. E tudo isso (tirando a parte visual porque ainda não) “Interior” tem obviamente. Mas o novo disco faz um convite especial para descolar Salma das músicas e prestar atenção na cama sonora que a banda liderada pelo marido, o guitarrista MacLoys Aquino, promove para a cantora deitar. Está mais latente como nunca esteve a combinação de Macloys com a bateria precisa de Fred Valle, o baixo suavemente pulsante de Aderson Maia e a outra guitarra, de João Victor, que casa bonito e caminha paralela a suas programações

diálogo

Por Lúcio Ribeiro

que “enchem” o som do Carne Doce. Para todos os lados, várias vertentes, pluralidade estética linda sem perder a essência que faz o Carne Doce ser o Carne Doce. Sem atropelar Salma e sem deixar ela atropelar essa musicalidade toda, que dá para enxergar elementos da mais pura MPB tradicional, da localidade atual e psicodélica do Booogarins, do requinte indie de bandas americanas classe como Grizzly Bear e Dirty Projectors, de experimentações na linha britânica de James Blake, do reggaezinho do Nordeste e até de trap. Nisso vale ressaltar que este incrível quarto disco do Carne Doce tem a produção assinada por João Victor Santana Campos, a mixagem por Braz Torres Neme e a masterização por Mauricio Gargel. foto Macloys Aquino e Jamie Silveira

A capa do disco é uma fotografia do interior de um pequi, fruto com perigosos espinhos por dentro 45 | BUMBO novembro 2020



vocÊ SABIA?

Artistas independentes para ficar de olho. Veja quem promete marcar este ano com produção autoral forte. LUNA FRANÇA

SASKIA foto divulgação

foto divulgação

luna estreia na bossa nova

saskia expressa sentimentos

Por AzMina

A música está em sua vida desde o berço, nascida numa família musical, já acompanhava seu pai, Dudu França, desde os 15. Iniciou sua carreia como cantora de Bossa Nova e Jazz pelas noites paulistanas quando André Whoong, a convidou para

tocar teclado. Oriunda de Porto Alegre-RS, desde 2010, a cantora, compositora e produtora musical grava suas músicas no melhor estilo “Faça Você Mesma”. Adepta ao lo-fi, suas apresentações são viscerais e exploram sua voz em melodias repletas de personalidade e questionamento.

ANTI-CORPOS foto divulgação

banda feminista de hard core

Anti-Corpos é uma banda lésbica feminista de hardcore hoje radicada na Alemanha. Formada em 2003, Praia GrandeSP, por duas amigas de 13 anos, a banda teve sua história contada aqui. Elas anunciaram uma turnê brasileira em março de 2019 com uma nova formação: Adriessa no vocal,

Marina no baixo, Andrzej na guitarra e Helena na bateria. Participam da coletânea “À Beira do Caos – Tributo Bulimia” (uma homenagem à extinta banda de Brasília), idealizada pelo coletivo Maria Bonita Fest que conta com um financiamento coletivo. idealizada pelo coletivo Maria Bonita Fest que conta . 47 | BUMBO novembro 2020


ENTREVISTA | DANIEL FERRO

Por Osmar Portilho

FOTO divulgação

TUDO PELA MÚSICA TRAZ DEPOIMENTOS DE PITTY, HÉLIO FLANDERS, MIRANDA E MAIS

20 anos de deckdisk Diretor de Tudo Pela Música, Daniel Ferro explica por que documentário sobre os 20 anos da gravadora Deckdisk é um “filme de família”. 48 | bumbo novembro de 2020


D

epois de uma jornada com cerca de 70 entrevistas realizadas ao longo de três anos, nasce o documentário Tudo Pela Música (Os 20 anos da Deck), filme dirigido por Daniel Ferro, que narra a história da gravadora Deck (ex-Deckdisc). O longa, que está no festival In-Edit, faz um recorte não só sobre a trajetória da companhia, mas como o clima de negócio familiar também se infiltrou nos artistas de seu catálogo. “Embora fale sobre um mercado de discos e música, é um lindo filme sobre família”, disse Daniel Ferro, ao UOL, por e-mail. Partindo da trinca fundamental da Deck, formada pelo casal fundador João Augusto e Monica Ramos com o filho e produtor Rafael Ramos, o documentário conta a história da gravadora através do depoimento de seus artistas - Pitty, Alceu Valença, Dead Fish, João Donato, Falamansa, Elza Soares e outros - e também outros profissionais do ramo, como os produtores Miranda, Arnaldo Sacomani e André Midami. De acordo com o cineasta, a

“pilha” surgiu de uma conversa informal com o próprio Rafael Ramos, há três anos, enquanto relembravam algumas histórias antigas da Deck. “Ver artistas assinando, estourando, já outros não, alguns não acontecendo de imediato mas vingando a longo prazo com discografias sólidas? Enfim, esse assunto sempre foi muito instigante para mim”, afirmou. Tudo Pela Música vai num resgate além da própria Deck. Antes da Deck efetivamente existir, o filme mostra como a história de João Augusto impactou - e foi impactada no surgimento de fenômenos musicais, como a deliciosa história de Rafael Ramos descobrindo a fita demo dos Mamonas Assassinas. Aquele gesto, narrado em detalhes pelo produtor, foi o pontapé de uma história reconhecida nacionalmente. A possibilidade de revisitar momentos como este foi um dos pontos altos para Daniel Ferro. “Findada a etapa de gravação, entramos no levantamento de imagens de arquivos da Deck (capas, fonogramas, vídeos, fotos promocionais e planilhas de todos os artistas já lançados lá), além de literalmente revirar baús e caixas de fotos

com arquivos pessoais do João Augusto e Rafael Ramos. Essa parte foi a minha preferida, tenho que admitir”, disse. A aposta de trazer a emoção passando pelo relacionamento familiar - tanto da família Deck em si quanto na relação com seus artistas - se provou consistente no filme. “Eu apostei nesse fio condutor paralelo da emoção, das relações familiares, do amor que une uma família em torno da música e fui premiado durante a entrevista com o Rafa, pois tudo se encaixou. Foi mágico. O Rafa é um cara de coração enorme e captar isso em vídeo foi sublime.

49 | bumbo novembro de 2020


FOTO wesley fávero

Como Antes Músico gaúcho lança novo single

50 | bumbo novembro de 2020


O

novo single de Felipe Quadros, “Como Antes”, contemplando a proposta de uma série de canções envolvendo fases de uma relação, traz: o fim e a vida em movimento. Com metáforas visuais em torno do sentido de um retrato - lembrar do que viveu e sentiu - brinca, na capa, com um rosto borrado atrás de si, desfazendo-se, representando a marca de uma lembrança que se esvai aos poucos. Traz um pop rock com sonoridade orgânica, flertando com samba e bolero, explorando camadas de guitarras e arranjos de teclados, vozes, sintetizadores e orquestra. Desenvolve a letra em uma forma de diário, descrevendo os momentos e sentimentos que um término lhe fez despertar na ordem em que foram sentidos. Isso culmina em um refrão emocionante e revigorante, admitindo que “nada será como antes”, mas que estar vivo é estar em movimento. Assinando a produção musical, ao lado de Felipe Quadros, está Otto de Lima, que também foi responsável pela captação, mixagem e masterização do fonograma. O desenvolvimento da capa foi por conta de Mariana Sartori. “Como Antes” está disponível em todas plataformas digitais O novo single de Felipe Quadros, que um término lhe fez despertar na ordem em que foram sentidos. Isso culmina em um refrão emocionante e revigorante, admitindo que “nada será como antes”, mas que estar vivo é estar em movimento. Assinando a produção musical, ao lado de Felipe Quadros, está Otto de Lima, que também foi responsável pela captação, mixagem e masterização do fonograma. O desenvolvimento da capa foi por conta de Mariana Sartori. “Como Antes” está disponível em todas plataformas

NOTÍCIA | FELIPE QUADROS Por Wesley Fávero

digita O novo single de Felipe Quadros, “Como Antes”, contemplando a proposta de uma série de canções envolvendo fases de uma relação, traz: o fim e a vida em movimento. Com metáforas visuais em torno do sentido de um retrato - lembrar do que viveu e sentiu - brinca, na capa, com um rosto borrado atrás de si, desfazendo-se, representando a marca de uma lembrança que se esvai aos poucos. Traz um pop rock com sonoridade orgânica, flertando com samba e bolero, explorando camadas de guitarras e arranjos de teclados, vozes, sintetizadores e orquestra. Desenvolve a letra em uma forma de diário, descrevendo os momentos e sentimentos que um término lhe fez despertar na ordem em que foram sentidos. Isso culmina em um refrão emocionante e revigorante, admitindo que “nada será como antes”, mas que estar vivo é estar em movimento.

51 | bumbonovembro de 2020





Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.