BUMBO nº1

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ARTIGO mais “relaxantes”. Isso inclui de faixas instrumentais a segmentos como sons da natureza e meditação. Em Fortaleza, equilibrar o novo cotidiano com bons sons é possível. “A música tem sido meu respiro diário em meio a tanta informação e ansiedade”, divide Cecília Baima. Logo que a recomendação “ficar em casa” foi acionada, a empresária tratou de organizar a playlist “cafuné”. O intuito foi esse mesmo. Imaginar uma demonstração de afeto físico em uma época na qual se evita o toque. Nas caixas de som estão presentes Caetano Veloso, Gil, Marina Lima, entre outras crias que “acalmam”. “Na música, muitas vezes, consigo encontrar palavras para o que eu não consigo descrever”, reflete. Conteúdos musicais são contínuos no dia a dia da relações públicas Clarissa Jereissati. Em 2019, quando a pandemia hoje instalada era algo distante, coisa de ficção científica, os laços musicais foram ainda mais estreitados. A cearense adquiriu um violão e começou a praticar sozinha, estudando por vídeos de YouTube. Hoje, contra a Covid-19 toda animação é

bem-vinda. “Neste momento que já é difícil, tenho tido mais vontade de músicas animadas, com astral bom, que remetam a temas diversos e me façam dançar enquanto estou cozinhando ou fazendo faxina. Não quero escutar temas tristes ou muito cheias de sensibilidade, quiçá ritmos mais lentos ou melancólicos. Prefiro animar”, assume. O médico Ticiano

Recomendações Sampaio colabora com o debate. “Enfrentamos um tempo em que as aglomerações estão contraindicadas e a alegria está escassa, mas é preciso de firmeza”. A recomendação possui um olhar embasado por duas paixões. Além do cotidiano hospitalar, totalmente alterado pela pandemia, o entrevistado gosta de tirar um som nas horas vagas. O convívio com a arte musical com os amigos músicos tem sido fundamental neste momento. “Recomendo que façam o que estou fazendo, mantenham o contato com a boa música, porque é importante colocar alguma beleza nesse cotidiano que ficou mais árido, e também reparar no exemplo de muita

gente boa que está por trás da música, se reinventando, dando exemplo”, citou o médico. Cada depoimento revelou diferentes posturas de lidar com o instante apreensivo. O educador musical e musicoterapeuta Rodrigo Félix observa que cada um de nós reafirma vivências musicais próprias. A busca de relaxamento pela música obedece a lembranças pessoais. Cada pessoa tem uma reação individual com a música.

LEMBRANÇAS Félix cita o que na musicoterapia é chamado de “Princípio de ISO”. É a identidade sonora de cada sujeito. “Ela é construída do período uterino até o dia da morte. Uma música que tem efeitos positivos em mim e seja agradável, necessariamente não terá o mesmo efeito em outras pessoas. Temos outras experiências de vida”, orienta. O fenômeno musical, assevera, guarda a capacidade de alterar o estado de humor. Ter alguma preferência nessa arte e saber utilizar essa qualidade é positivo. Gera um aliado contra o estresse emocional. Com experiência e atuação em escolas.

43 | bumbo novembro de 2020


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