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3.6 Análise geral dos estudos de caso

3.6 Análise geral dos estudos de caso

O estudo de projetos/obras semelhantes constitui um forte impulso para o entendimento do tema em pauta. Os estudos de casos guardam relação mais com a tipologia do que com a linguagem. Trata-se, tão somente, de avaliar o conjunto e não propriamente da cópia em si, vale se ressaltar que não só a apreciação positiva é proveitosa, saber o que evitar favorece igualmente a concepção. (GALBINSKI, 2008).

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Levando-se isto em consideração, a escolha de tais estudos de caso propiciou e permitiu o levantamento de diferentes pontos, partindo de referenciais e culturas diferentes que agregaram valor de formas distintas. Foram averiguados diferentes programas de necessidades, setorizações, fluxogramas e circulações, comparando-se pontos comuns e distintos, moldando um senso crítico acerca do projeto a ser desenvolvido.

A Casa da Mulher Brasileira abrange um projeto elaborado pelo próprio Governo Federal, a fim de concentrar em um só lugar acolhimento, apoio e serviços sociais e econômicos. Apresenta um programa de necessidades muito mais abrangente que uma casa abrigo, possui uma setorização modular e flexível, permitindo futuras mudanças e usos, possui uma circulação com eixo principal e distribuidora dos fluxos. Entretanto, o projeto base foi feito para ser replicado em todas as capitais brasileiras, com modificações pertinentes somente quanto sua implantação, o que pode acabar causando problemas de conforto ambiental. Mas, apesar disto, o projeto é uma importante referência projetual, levando-se em consideração sua grande articulação de ambientes e como os mesmos são agrupados, permitindo a integração das vitimas e restringindo certos espaços quando necessário.

Já o edifício do Projeto Viver, localizado em São Paulo, tem como principal uso ser um centro comunitário possui um programa reduzido, uma setorização clara e uma circulação quase sem corredores, permitindo fluxos integrados e amplos. Apesar do uso diferente do tema em questão, se torna pertinente quando se tratam de sua implantação em um terreno com desníveis acentuados, a integração, a apropriação do espaço interno/externo e o programa que abrange a capacitação das pessoas.

Em relação à Casa de Acolhimento para Menores, situada na Dinamarca, promove um lugar onde as relações interpessoais são valorizadas, com um programa de necessidades enxuto, com ambientes conectados com as áreas comuns e separados por idade dos moradores. Quanto ao seu fluxograma e circulação pode-se dizer que possui diversos caminhos não lineares, mas que não deixam de ser racionais, aproveitando-se bem os espaços e garantindo que não existam corredores muito extensos. Possui ainda algumas características que são pertinentes ao clima e local onde se insere, mas primordialmente preza pelo sentimento de pertencimento, noções importantes para o projeto de uma casa de acolhimento.

O outro estudo internacional se trata propriamente de um abrigo para vítimas de violência doméstica, localizada em Israel, onde se priorizou a segurança e acolhimento. O programa foi feito de maneira que pudesse ser mantida a privacidade dos moradores, acolher as diferentes necessidades e

mesmo assim garantir espaços de convivência, assim como a setorização também leva em conta os mesmos princípios. A circulação e os fluxos partem de um ponto central de sociabilidade sendo distribuídos pelos demais setores.

O último estudo internacional, localizado na Tanzânia, Casa albergue KWEICO, trouxe outra perspectiva acerca do tema, trazendo em um programa reduzido todas as necessidades primordiais para o acolhimento das mulheres, com uma circulação e setorização claras, e principalmente, a apropriação da cultura e métodos construtivos locais.

Pode-se concluir que todos os estudos de caso, se tratando de usuários fragilizados, têm como premissa projetual alcançar um sentimento de pertencimento, segurança, acolhimento, tal sentimento que é alcançado por meio da disposição do programa de necessidades na setorização, permeando espaços que garantam a privacidade e individualidade necessárias, mas também o convívio e reintegração dos usuários.

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