Barreira Jorge Abade
28 de Outubro Âť 28 de Novembro 2016
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Barreira Jorge Abade
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PT
Barreira
Esta exposição, como a generalidade das exposições, é composta por obstáculos – corpos que formam o corpus do que é mostrado. Neste caso são especificamente pinturas em tela, cuja presença física mais tangível é, desde logo, o primeiro obstáculo (barreira). Aquele que, porventura, é o objeto sobre o qual recai a expectativa de uma certa revelação, mais translúcido ou mais opaco, também oculta (vela) nessa sua paradoxal missão de revelação. Qualquer das pinturas, além da evidência mais imediata de ser um corpo, contém em si, como é normal na pintura, um sistema de camadas que articulam inevitavelmente uma combinação de velamentos – uma sucessão de barreiras pictóricas encadeadas. Desta forma, esta exposição, com mais ou menos evidência, tem um especial vínculo a um assunto relacionado com a própria essência da pintura. Marcam estas pinturas (como na generalidade da pintura), uma presença que requer uma detenção, para que se dê o necessário contacto requisitado por elas. São, portanto, barreiras de tempo em si compactado, que propõem uma detenção temporal – promovem, a todos os níveis, tempos em suspenso. Em duas pinturas de formato maior, à primeira vista susceptíveis de uma leitura distinta, surpreende-nos a existência de conceito imponderavelmente transversal, na utilização deliberada de elementos composicionais que provocam obstruções – barreiras representadas ou barreiras formadas por elementos que, na sua aparição, escondem. Entre o provocar uma oclusão, no velamento que cada barreira da exposição provoca, e o desvelar da possibilidade de um mistério, nessa mesma proposição, pode, cada barreira, funcionar como uma espécie de ecrã suspendido. Não é apenas a uma ocultação que se abrem as possibilidades, mas a uma miríade de presunções latentes. Este tipo de obstrução não sonega, sugestiona; o plano de escondimento passa a ser um centro de interesse pela própria sonegação, mas afirma-se também com o seu próprio potencial sugestivo, de larga tradição pictórica. Os elementos de referência, para o que as pinturas têm de imagem, provêm de imagens com um carácter mais ou menos trivial. Esse banal das imagens mistura-se e é convertido em matéria pintura que também é imagem, onde os tempos das várias dimensões de imagem se misturam com os tempos da pura pintura, agora todos num estado suspendido. Há então uma quietude e suspensão no todo que é a barreira geral (cada pintura), mas também em cada dimensão de barreira que a constitui. Provocam, estas entreteceduras de paradoxos, entre velamento e desvelamento, uma ampliação das possibilidades (na própria sublimação de todo o tipo de constituinte material). Tornam-se todas as barreiras, porque de pintura se tratam, obstáculos carregados de simples interesse pictural (num plano mais endógeno à pintura); simultaneamente, porque também são imagens e constituídos de imagens, representam um estado de suspensão (físico e temporal), uma quietude suspensa na imagem que o seu simulacro assegura (num plano de reconhecimento mais imediato). As barreiras são, assim, simultaneamente, demarcações e assunto. 3
Texto de Jorge Abade
Barrier
EN
This exhibition, as most of the exhibitions, is full of obstacles – bodies that made the corpus of what it is shown. In this case they are specifically canvas paints, where the physical presence is more tangible, it is from the beginning the first obstacle (barrier). The one, which can be the object where the expectation relapses from a certain revelation, is more translucent or more opaque, also hidden (sealed) in that paradoxical mission of revelation. Any of the paintings, beyond the mediate evidence of being a body, as in itself, as it happens in painting, a layer system which inevitably articulates a combination of veiling - a succession of pictorial chained barriers. In this way, this exhibition, with more or less evidence, has a special bond to a subject related with the painting essence itself. It marks this paintings (as in the generic paintings), a presence which requires a retention, in order to offer the needed contact required by them. They are barriers on the time itself, compacted, which proposes a temporal retention – promoting, at all levels, times in suspension. In two paintings of a bigger format, susceptible of a distinct reading at first sight, surprise us the existence of a imponderably transversal concept, in the deliberate use of compostable elements leading to obstructions – represented barriers or formed barriers of elements, which when shown, hidden. Between causing an occlusion, in veiling each barrier the exhibition causes, and the open the eventuality of a mystery, in that same proposition, where, each barrier can be like a kind of a suspended screen. It is not only with one occultation that possibilities are open, but a myriad of dormant assumptions. This type of obstruction not only byes, suggest; the plan of hidden starts being the interest of the bye itself, but also claims their suggested potential, of pictorial large tradition. The reference elements, in which the paintings have of image, come from images with a more or less trivial character. The vulgar of the images mixes and is converted in painting material, which is also image, where the times of the few images dimensions, also mix with the times of the pure painting, now all in a suspend mood. There is then a quietness and suspension on the all which is the general barrier (each painting), but also in each dimension of the barrier that constitutes it. These interweaving of paradoxes, between concealment and unveiling, provokes an expansion of possibilities (in the very sublimation of every kind of material constituent).They become all the barriers, because of painting they are treated, obstacles loaded with simple pictorial interest (in a plane more endogenous to the painting); Simultaneously, because they are also images and made up of images, representing a state of suspension (physical and temporal), a stillness suspended in the image that its simulacrum ensures (in a plane of more immediate recognition). Barriers are simultaneously , the demarcation and the subject. Text by Jorge Abade 4
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Galeria Gallery
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Barreira (Barrier), 2009-2015, รณleo sobre tela (oil on canvas), 180 X 130 cm 7
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Lusco-fusco, 2009-2015, รณleo sobre tela (oil on canvas), 144 x 204 cm 9
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O velado (The veiled), 2014, รณleo sobre tela (oil on canvas), 50 X 40 cm 11
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Anamnese (Anamnesis), 2013, รณleo sobre tela (oil on canvas), 40 X 30 cm 13
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Tributo (Tribute), 2012, รณleo sobre tela (oil on canvas), 40 X 30 cm 15
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Cerceamento (Retrenchment), 2013, รณleo sobre tela (oil on canvas), 20 x 20 cm 17
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Vedação (Fence), 2014, óleo sobre tela (oil on canvas), 20 X 20 cm 19
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Intervenção (Intervention), 2014, óleo sobre tela (oil on canvas), 40 X 50 cm 21
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Origem (Origin), 2013-16, รณleo sobre tela (oil on canvas), 30x40cm 23
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Remição em remissão (Redemption in remission), 2014, óleo sobre tela (oil on canvas), 40 x 50 cm 25
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Pulsar (Pulsate), 2013, รณleo sobre tela (oil on canvas), 20 X 20 cm 27
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Desalinhamento (Misalignment), 2014, รณleo sobre tela (oil on canvas), 24 x 30 cm 29
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A profana (The profane), 2011, รณleo sobre tela (oil on canvas), 30 x 30 cm 31
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Sombra (Shadow), 2013, รณleo sobre tela (oil on canvas), 40 X 30 cm 33
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Barreira Jorge Abade
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Exposição Exhibition
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Jorge Abade
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Biografia Biography
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Jorge Abade Lyon (França) 1974 Vive e trabalha no Porto Licenciado em pintura pela Faculdade de Belas Artes do Porto - 2001 Bolseiro do programa Erasmus na (ENSBA) École Nationale dès Beaux Arts, Paris - 2001. Workshop de arte pública integrado no programa internacional do Public Art Observatory, Barcelona - 2001. Professor Assistente de Desenho no curso de Som e Imagem da Universidade Católica (Porto) de 2001 a 2015 (onde foi regente da cadeira). Concluiu doutoramento na área de Estudos Artísticos (sobre pintura), na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa - 2016. Expõe regularmente desde meados dos anos 00. Das exposições individuais, destaca-se: 2016- Moodboard, Galeria Dama Aflita, Porto; 2015- Indelével Intermitência, Espaço Locomotiva, Porto; 2014- Lusco fusco, Galeria Extéril, Porto; “Estado de Quietude” (Quase Galeria/Espaço T, Porto, 2012); “Convergência” (Galeria SOPRO, Lisboa 2009); “Day is Done” (Galeria MCO, Porto, 2009); “Origem” (Galeria Extéril, Porto, 2008); “Murder Ballads” (Galeria Sopro, Lisboa, 2007); “O Idiota” (Galeria MCO, Porto, 2006); “Army of me” (Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, 2006); “Do You Believe In Heroes?” (Galeria Canvas, Porto, 2004). Das exposições colectivas destaca-se: 2016- Detalhes, Casa Museu Abel Salazar (com curadoria de Carlos França), Porto; 2014- Prometheus fecit: terra, água, mão e fogo, (fruto das residências artísticas de cerâmica contemporânea em Alcobaça), Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto; 2013/2014- Estratégias para dem[u]rar o tempo, Casa Museu Marta Ortigão Sampaio, Porto; 2013- Cheia 2, Biblioteca municipal Rocha Peixoto, Póvoa de Varzim; “...Chamo silêncio à linguagem-que-já-não-é-orgão-de-nada (d’après Pascal Quignard)” (Quase Galeria/Espaço T, Porto, 2012); “Cinco séculos de desenho (na coleção das belas artes)”; (Museu Soares dos reis , porto, 2012); “Marginália d´après Edgar Allan Põe” (Plataforma revolver, Lisboa, 2010); “7º Prémio Amadeu de Souza-cardoso” (Museu Municipal Amadeu de souza-Cardoso, Amarante, 2009); “Viarco Express” (Museu da Presidência da República, Lisboa, 2009); “Borcense” (X Certâmen de Artes Plásticas, Cáceres, 2008); “Distorciones y Identidad” (galeria Àngeles Banos, Badajoz, 2007); “Opções & Futuros (plmj)” (Arte contempo, Lisboa, 2006); “Art Salamanca” (Galeria MCO, Salamanca,2006); “Young Painters Giants” (Galeria MCO, Porto, 2006); “Wall Paper” (Stockhouse/Galeria MCO, Porto2006); “Paisagens” (Palácio das Galveias, Lisboa, 2005). Colecções: Colecção Fundação PLMJ, Lisboa; Colecção CAPC, Coimbra; Colecção Consejeria de Cantábria; MEFIC, Múrcia. 49
EN
Jorge Abade Lyon (France) 1974 Lives and works in Oporto Degree in Painting ( Art) by Oporto Faculdade de Belas Artes - 2001 Scholarship on the Erasmus Program in (ENSBA) École Nationale dès Beaux Arts, Paris - 2001. Workshop of public art under the international program Public Art Observatory, Barcelona - 2001. Assistant teacher of Drawing in the course Sound and Image of Catholic University (Oporto) from 2001 to 2015 ( where he was conductor of the subject). PhD in the Artistic Studies (under painting) in the Arts School of the Portuguese Catholic University – 2016 He participates in expositions since 00 From the individual expositions, we can highlight: 2016- Moodboard, Dama Aflita Galery, Oporto; 2015Indelével Intermitência, Espaço Locomotiva, Oporto; 2014- Lusco fusco, Extéril Galery, Oporto; “Estado de Quietude” (Quase Galery/Espaço T, Oporto, 2012); “Convergência” (SOPRO Galery, Lisbon 2009); “Day is Done” (MCO Galery, Oporto, 2009); “Origem” (Extéril Galery, Porto, 2008); “Murder Ballads” (Sopro Galery, Lisboa, 2007); “O Idiota” ( MCO Galery, Oporto, 2006); “Army of me” (Círculo de Artes Plásticas of Coimbra, 2006); “Do You Believe In Heroes?” (Canvas Galery, Oporto, 2004). From the collective exhibitions: 2016- Detalhes, Casa Museu Abel Salazar (Under the trust of Carlos França), Oporto; 2014- Prometheus fecit: terra, água, mão e fogo, (fruto das residências artísticas de cerâmica contemporânea em Alcobaça), Nacional de Soares dos Reis Museum, Oporto; 2013/2014- Estratégias para dem[u]rar o tempo, Casa Museu Marta Ortigão Sampaio, Oporto; 2013- Cheia 2, BRocha Peixoto Council’s Library , Póvoa de Varzim; “...Chamo silêncio à linguagem-que-já-não-é-orgão-de-nada (d’après Pascal Quignard)” (Quase Galeria/Espaço T, Oporto, 2012); “Cinco séculos de desenho (in the fine arts collection)”; (Soares dos Reis Museum , Oporto, 2012); “Marginália d´après Edgar Allan Põe” (Plataforma revolver, Lisbon, 2010); “7th Amadeu de Souza-cardoso’s Prize” ( Municipal Amadeu de souza-Cardoso Museum, Amarante, 2009); “Viarco Express” ( Presidência da República’s Museum, Lisbon, 2009); “Borcense” (X Certâmen of fine arts, Cáceres, 2008); “Distorciones y Identidad” ( Àngeles Banos Galery, Badajoz, 2007); “Opções & Futuros (plmj)” (Arte contempo, Lisbon, 2006); “Art Salamanca” ( MCO Galery, Salamanca,2006); “Young Painters Giants” (MCO Galery, Oporto, 2006); “Wall Paper” (Stockhouse/Galeria MCO, Oporto2006); “Paisagens” (Palácio das Galveias, Lisbon, 2005). Collections: Fundação PLMJ’s collection, Lisbon; CAPC’s collection, Coimbra; Consejeria de Cantábria’s collection; MEFIC, Múrcia. 50
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Segunda a sábado das 11-13h » 14h30-19h30 Monday to Saturday from 11-13h »14h30-19h30
Exposição Barreira Artista Jorge Abade 28 de Outubro de 2016 28 de Novembro de 2016 Produção Galeria SETE
Exhibition Barrier Artist Jorge Abade 28 October 2016 28 November 2016 Production Galeria SETE
Concepção e Coordenação de Montagem Design and Mounting Coordination Jorge Abade Jorge Abade Galeria Sete Galeria Sete TEXTOS Jorge Abade
TEXTS Jorge Abade
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