[História I]
HISTÓRIA SUMÁRIO Unidade 1 – Da Pré-História às Primeiras Civilizações 1.1. Pré-história ................................................................................................................................................. 03 1.2.Os primeiros Estados ................................................................................................................................... 06 1.3. Egito, a “dádiva do Nilo” ............................................................................................................................ 07 1.4. Os povos da mesopotâmia ......................................................................................................................... 09 1.5. Hebreus, fenícios e persas.......................................................................................................................... 11 1.6. Incas, maias e astecas ................................................................................................................................ 12
Unidade 2 –Antiguidade Clássica 2.1. Grécia Antiga .............................................................................................................................................. 13 2.2. Roma Antiga ............................................................................................................................................... 20
Unidade 3 – Mundo Medieval 3.1. Bizantinos, os romanos do Oriente ............................................................................................................ 26 3.2. Árabes e o Islã ............................................................................................................................................ 27 3.3. Nascimento do Feudalismo ........................................................................................................................ 29 3.3. Transformações da Baixa Idade Média (XI-XIII).......................................................................................... 32 3.4. A crise do feudalismo ................................................................................................................................. 34
Unidade 4 – Idade Moderna I 4.1. Monarquias nacionais ................................................................................................................................ 36 4.2. Mercantilismo ............................................................................................................................................ 37 4.3. Expansão comercial marítima .................................................................................................................... 37 4.5. Renascimento cultural................................................................................................................................ 39 4.6. Reforma religiosa ....................................................................................................................................... 41
Unidade 5 – Colonização da América 5.1. Dominação e colonização ........................................................................................................................... 44 5.2. América espanhola ..................................................................................................................................... 46 5.3. América inglesa .......................................................................................................................................... 47 5.4. América portuguesa ................................................................................................................................... 48
Unidade 6 – Brasil: do açúcar ao ouro 6.1. Economia açucareira .................................................................................................................................. 52 6.2. Invasões holandesas................................................................................................................................... 53 6.3. Expansão territorial e tratados................................................................................................................... 54 6.7. Economia Mineradora ................................................................................................................................ 56
Unidade 7 – Idade Moderna II 7.1. Revolução inglesa ....................................................................................................................................... 59 7.2. Iluminismo e Liberalismo ........................................................................................................................... 60 7.3. Revolução Industrial (1º fase) .................................................................................................................... 62
Unidade 8 – Revolução Francesa e Europa do séc. XIX 8.1. Revolução francesa .................................................................................................................................... 63 8.2. Era Napoleônica (1799-1815) ..................................................................................................................... 66 8.3. Congresso de Viena .................................................................................................................................... 67 8.4. Revoluções Liberais .................................................................................................................................... 67
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[Histรณria I]
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UNIDADE 1 DA PRÉ-HISTÓRIA ÀS
PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES 1.1. Pré-história Existe um longo caminho que foi percorrido por nossos ancestrais até começar a fundação do mundo que conhecemos hoje, ou pelo menos de algumas instituições como o Governo (Estado), força policial, comércio, diferenciação de ricos e pobres, etc. Esse longo caminho é cheio de mistérios e vem com grandes descobertas com certa frequência: quais as origens do Homem, por onde percorremos, por qual motivo houve diferenciação social em certo tempo e o fim do comunismo primitivo? O período anterior às grandes transformações como o surgimento do Estado, de sociedades complexas e dos registros escritos foi chamado pelos historiadores do século XIX, os positivistas, de Préhistória, numa referência à falta de escrita. Esse período passa a ser estudado de fato a partir de meados do século passado com a ascensão da Nova História, que dava voz às novas fontes, como os estudos arqueológicos, a arte rupestre e mesmo os estudos da biologia sobre o Homem. O fato é que quando falamos desses primeiros passos, existem muitas pesquisas, controvérsias e teorias. Muitos historiadores, antropólogos, arqueólogos, paleontólogos e outros se ocupam da “préhistória”, que representa perto de 99% do tempo da existência do Homem e seus ancestrais na Terra. Nesse módulo apresentaremos essa transição, entre o homem que não conhecia agricultura, era nômade e vivia em bandos até o homem que se sedentarizou por conta da Revolução Agrícola e depois criou modelos complexos de governo, como do Egito e Mesopotâmia. Depois, seguiremos uma cronologia mais ou menos tradicional, incluindo a História do Brasil também e caminharemos até os dias atuais procurando compreender o homem no tempo e no espaço.
Divisão Tradicional da História
IMAGEM. FONTE: http://slideplayer.com.br/slide/8930070/ (acesso em 24.10.2017)
RASCUNHO
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FONTE: http://altamontanha.com/ Colunas/5387/ o-homem-de-neandertal (acesso em 22.07.2017)
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EVOLUÇÃO DOS HOMINÍDEOS A Pré-história compreende aproximadamente 98% de todo o tempo de existência do Homem sobre a terra e é o período de grandes transformações tanto de nível tecnológico quanto de sociedade ou biológico. Nessa época surgiram nossos ancestrais, que dominaram o fogo, desenvolveram formas de arte como a pintura rupestre, desenvolveram instrumentos de ataque e defesa como arcos e flechas e, no período final da Pré-História, fizeram a Revolução Agrícola. Sabemos que o conceito “Pré-história” deriva da tradição positivista e se refere ao período anterior à escrita (e para os positivistas, se é sem escrita é sem história). Porém, apesar de não termos registros escritos desse período, temos diversas ferramentas que nos permitem um estudo sobre nossos ancestrais, através da antropologia, da paleontologia, dos vestígios de armas e artes deixados pelos primeiros hominídeos e de todo o estudo que a biologia faz sobre a evolução da humanidade. IMAGEM: Homem de Neandertal.
Confira algumas características dos principais hominídeos.
Australopithecus - viveu na África entre 4,2 e 1,4 milhão de anos atrás. - é o mais antigo ancestral conhecido da humanidade. - dividiu-se em espécies diferentes como: afarensis, africanus, garhi e boisei. De uma dessas espécies teria se desenvolvido o gênero homo.
Homo Hablils
Homo Erectus
Homo Sapiens Neanderthalensis - viveu há - entre 1,7 - viveu dos 135 mil aproximadamente milhões de anos e até 34 mil anos 2 milhões de 300 mil anos atrás atrás, na África, anos, na África. se originou na Ásia e Europa. - diferenciou-se África. - desenvolveu na alimentação e, - se dispersou instrumentos de além de comer pela Europa e pedras, como vegetais, incluiu Ásia. facas e pontas de carne. - construía lança. - segundo instrumentos de - cuidava dos pesquisadores, Pedrão com velhos e doentes e construiu os padrão definido. praticava rituais primeiros - caçava de sepultamento. instrumentos de sistematicamente. - possuía pedra e madeira. - passou a utilizar linguagem falada. o fogo.
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Homo Sapiens Sapiens -Estima-se que tenha surgido entre 200 mil e 100 mil anos atrás. - da Europa, África e Ásia acabaram chegando a todo o mundo. - desenvolveu a consciência reflexiva, a capacidade de expressão artística, o senso de moralidade, etc. - Responsável pela “Arte Rupestre”.
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PALEOLÍTICO E NEOLÍTICO A pré-história é, de fato, um período muito extenso e também por isso mostrou transformações significativas entre seu início e fim. Por isso ela é subdivida em períodos menores, mas que basicamente tem a ver com a agricultura: o período Paleolítico vai desde que surgiram os primeiros hominídeos até o surgimento da agricultura; alguns historiadores classificam ainda o período Mesolítico (Paleolítico Superior), quando aos poucos vai surgindo condição para a agricultura. O Neolítico é marcado pela Revolução Agrícola, ou seja, a ascensão da agricultura em algumas áreas do planeta, em especial no Crescente Fértil. Ainda podemos falar em Idade dos Metais, quando o cobre, bronze e ferro passaram a se difundir.
Peças de bronze produzidas nos Bálcãs por volta de 5300 a.C. FONTE: publicadosbrasil.blogspot.com.br/2012/09/ (acesso em 24.10.2016)
Pré-história Início Aparecimento do homem + ou – 4.500.000 a.C.
Término Invenção da escrita + ou – 3.500 a.C.
Paleolítico
Neolítico
De + ou – 4.500.000 a.C, até 10.000 a.C. Selvageria Mesolítico Economia de subsistência. (Paleolítico superior) Não produziam excedentes. Coletores, Transição para o caçadores, e Neolítico pescadores.
De 10.000 a.C., até + ou – 4.000 a.C. (escrita) Barbárie Idade dos metais Revolução neolítica (agrícola).
Controle do fogo. Cooperação social (Comunismo primitivo) Não tinham noção de acumulação. Nômades. Moravam nas entradas das cavernas. Mulher: coesão e unidade familiar. Pintura rupestre; Rituais mágicos; Modelagens em barro.
Surgimento dos clãs
Aos poucos vão se sedentarizando
Agricultura e criação de animais. Barcos, jangadas, roda. Produção de excedente. Aumento da população. Aperfeiçoamento dos instrumentos de pedra polida. Sedentarização Casas e aldeias.
Fim gradual da última grande glaciação
Divisão social do trabalho. Surgimento da religião. Cerâmica e tecelagem.
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Nova revolução tecnológica. Desenvolvimento e difusão do processo de fundição de metais. Três fases: Cobre; Bronze; Ferro.
Da Pré-história para a História Antiga Civilização Aparecimento das classes sociais. Divisão social do trabalho. Aumento da produtividade econômica. Registros escritos. Propriedade privada. Formação do Estado.
[História I]
1.2. Os primeiros Estados Mapa: Crescente Fértil. Fonte: http://historiacapuem. blogspot.com.br/p/blogpage_17.html
A região do planeta onde surgiram os primeiros Estados é chamada de Crescente Fértil. Suas terras férteis banhadas pelos diferentes rios favoreceram a prática da agricultura. Destaques para os vales dos rios Nilo, Eufrates e Tigre. As primeiras civilizações surgiram por volta de 4000 a.C.: egípcia, mesopotâmica, palestina, fenícia e persa. A organização social dos povos do Crescente Fértil tem como marca principal o Modo de Produção Asiático, ou Tributário, que tem como marcas principais a Teocracia e a exploração das comunidades aldeãs por um Estado forte e centralizador.
O MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO A agricultura, economia básica desses Estados, era praticada por comunidades de camponeses presos à terra, que não podiam abandonar seu local de trabalho e viviam submetidos a um regime de servidão coletiva. De fato, estes camponeses (que viviam em aldeias) tinham acesso à coletividade das terras de sua comunidade, ou seja, pelo fato de pertencerem a tal comunidade, eles tinham o direito e o dever de cultivar as terras desta. Todas as comunidades deveriam pagar tributos (em espécie ou serviços) ao Estado ao qual estavam submetidas, representado pela figura do Rei, apoiado numa estrutura complexa de Estado, que se apropriava do excedente agrícola, distribuindo-o entre a nobreza, formada por sacerdotes e guerreiros. Lembrando que este "excedente" era, frequentemente, extorquido mais pelas necessidades da "nobreza" do que por realmente ser um excedente propriamente dito nas comunidades. Além da estrutura burocrática de coerção, as comunidades eram expropriadas pelo fundamento ideológico desses Estados: o rei era considerado representante dos deuses, quando não era visto como um deus (caso dos egípcios), usando da religião como forma de dominação. Estado: - Proprietário das Terras - vinculado com a religião
Comunidades Aldeãs: - produção de excedentes - vivem no regime de servidão coletiva.
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Formado pelo rei, pela nobreza, sacerdotes, escribas, comandantes militares, etc.
Habitadas por camponeses, artesões, soldados, escravos, etc.
[História I]
1.3. Egito, a “dádiva do Nilo” Por volta do 5° milênio antes de Cristo, passaram a se fixar populações às margens do Rio Nilo, no nordeste africano, atraídas pelas cheias e vazantes regulares do rio que possibilitavam a agricultura e consequente sedentarização dos grupos humanos. Surgiram então os nomos, as comunidades primitivas das margens do Nilo, que com o passar do tempo acabaram se aproximando para elaborar obras de contenção das cheias do rio. Da aproximação dos nomos, surgiram dois reinos, o Alto Egito e o Baixo Egito, que teriam sido unificados por Menés em 3200 a.C. e este se tornou o 1° faraó, dando inicio a um período de centralização política e de grandes obras e desenvolvimento do Egito Antigo, umas das mais notáveis civilizações conhecidas.
Fases da História Política do Egito Pré-dinástico (5.000-3.200 a.C) Período que se encontra ainda na passagem da Préhistória para a História, quando aos poucos vai havendo a sedentarização ao redor do Nilo. Surgem os nomos, povoados próximos do rio que começam a cooperar entre si para realizar obras hidráulicas. A união dos nomos faz surgir os reinos do Alto Egito e Baixo Egito, que mais tarde serão unificados por Menés (ou Narmer), o primeiro faraó.
Antigo Império (3.200-2.160 a.C) Os Faraós conquistaram o poder religioso, militar e administrativo. A capital era Mênfis. Destacamos aqui Quéops, Quéfren e Miquerinos, responsáveis pelas Pirâmides de Gizé. Nesta etapa também ocorrem diversas obras monumentais de irrigação e controle do rio Nilo. Por volta de 2400 a.C., revoltas lideradas pelos nomarcas contra os faraós abalaram o império, fazendo o Egito entrar numa fase de distúrbios e lutas internas.
Médio Império (2.160-1.730 a.C) Representantes da nobreza de Tebas conseguem superar a agitação interna, fazendo de sua cidade a capital do Egito. Neste período o Egito atinge estabilidade política, crescimento econômico e desenvolvimento das artes. Aumenta suas fronteiras, conquistando a Núbia, rica em ouro. Por volta de 1750 a.C. iniciaram as invasões dos Hicsos, que dominaram o norte do Egito, permanecendo por mais ou menos 170 anos. Neste período também se instalam no Egito os Hebreus.
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Novo Império (1.500-1.085 a.C) A nobreza tebana conseguiu expulsar os Hicsos, tendo mais uma vez o predomínio do Egito. Os hebreus foram escravizados. Os Faraós criaram exércitos permanentes, conseguindo grande expansão militar (Jerusalém, Assur, Babilônia, etc.). Por volta de 1167 o Império começava a entrar em decadência, devido principalmente às revoltas populares. Ocorre uma divisão interna no Egito, que enfraquece e é invadido pelos Assírios.
Renascimento Saíta (662-525 a.C) Após a invasão dos assírios em 670 a.C. a nobreza da cidade de Sais começou a organizar um exército até conseguir expulsar os invasores. A partir de então a nova capital seria Sais. Depois de poucos anos de retomada, o Egito seria então invadido pelos persas (525 a.C.), depois pelos gregos (Alexandre) e mais tarde pelos romanos. No período medieval esteve sob influencia bizantina e depois árabe islâmica.
[História I]
Características do Egito 1. Política – Centralização do poder nas mãos do faraó e de uma camada de sacerdotes e burocratas que formam o Estado e recolhem tributos das comunidade (nomos). O Estado é proprietário da maior parte das terras e os camponeses devem pagar tributos ao Estado. O Faraó é considerado um deus-vivo (teocracia). 2. Economia – apoiava-se na “servidão coletiva”. Os camponeses eram obrigados a realizar serviços ao Estado (corveia real), trabalhando na construção de obras de irrigação, depósitos, armazéns, palácios e monumentos funerários. A Corveia era quase sempre prestada nas épocas de cheias do Nilo, quando havia a suspensão das atividades agrícolas. O Egito era grande produtor de cereais, sobretudo trigo, além de algodão, linho e papiro. Criavam cabras, carneiros e gansos, e o rio Nilo dava a possibilidade da pesca. 3. Sociedade – tinha uma divisão bem nítida, entre Estado e Comunidades Aldeãs. Diversos grupos formavam estas duas partes de uma sociedade bastante hierarquizada (ver página anterior). As comunidades (nomos), vivam sob o regime de “Servidão Coletiva”, pagando tributos ao Estado sob forma de produto ou trabalho. 4. Escrita – A escrita egípcia, bastante sofisticada, se desenvolveu sob três formas: a hieroglífica, considerada sagrada, mais antiga e composta por mais de 600 caracteres; a hierática, uma simplificação da anterior; a demótica, mais recente e popular. A escrita egípcia, no geral, era do tipo Pictográfica (escrita com figuras). 5. Religião – destaca-se a forma de religião: o politeísmo antropozoomórfico (crença em vários deuses e deuses em formas humanas e animais). A religião egípcia foi muito importante para a manutenção da ordem existente e para o domínio do Estado sobre os camponeses. O Estado era comandado por um deus-vivo (faraó) que comandava um culto politeísta, reflexo das crenças dos vários nomos (comunidades). Os egípcios acreditavam na vida após a morte no reino de Osíris. Imaginavam que os mortos seriam julgados por esse deus e poderiam retornar aos seus corpos se fossem absolvidos. Para isso, seus corpos deveriam ser conservados. Desenvolveram então a técnica de mumificação. A morte entre os egípcios era encarada como uma libertação. 6. Arquitetura – Desenvolveram, sobretudo as grandes Obras Públicas (canais de irrigação, represas e outras obras para contenção das cheias do Nilo) e as Obras funerárias, com destaques para as Pirâmides (destino dos corpos de faraós e membros de sua família), Mastabas e Hipogeus (obras funerárias mais simples). 7. Ciências – desenvolveram os saberes visando resolver os problemas práticos e concretos da vida. Destacamos algumas áreas. Química – surgiu da manipulação de substancias químicas e deu origem à fabricação de diversos remédios e composições. A própria palavra química vem de kemi, que em egípcio significava “terra negra” Matemática – as transações comerciais e a administração dos bens públicos exigiam a padronização de pesos e medidas, ou seja, um sistema de notação numérica e contagem. Desenvolveu-se assim a matemática, com a álgebra e a geometria, úteis também à arquitetura. Astronomia – para a navegação e as atividades agrícolas, os egípcios orientavam-se pelas estrelas. Fizeram então mapas do céu, enumerando e agrupando as estrelas em constelações. Estudando o movimento dos astros, também desenvolveram um calendário de 365 dias. Medicina – associada ao desenvolvimento das técnicas de mumificação. Alguns médicos acabaram se especializando em diferentes partes do corpo, como olhos, cabeça, dentes, etc. 8. literatura – destacamos o “livro dos mortos”, que dava conselhos para os mortos enfrentarem o julgamento de Osíris.
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[História I]
1.4. Os povos da mesopotâmia Região do Oriente Médio onde hoje se localiza o Iraque, localizada entre o rio Tigre e o Eufrates, a Mesopotâmia (Terra entre Rios) foi o berço das primeiras civilizações (aproximadamente 4000 a.C.). Nessa região o desenvolvimento da agricultura e das cidades dependia da construção de canais de irrigação, para levar águas às terras desérticas, e de diques, para conter as cheias dos rios. Assírios, os grandes guerreiros Necessitando de um grande esforço coletivo para estas obras, criou-se da Mesopotâmia. uma administração estatal centralizada, que com o passar do tempo teve seu governante divinizado e sendo considerado proprietário de toda terra. Assim como o Egito, a Mesopotâmia é caracterizada pelo Modo de produção asiático. Com solos férteis e muita água, a Mesopotâmia atraiu vários povos, que, cada um a sua época, tiveram o predomínio da região. Destacamos: Sumérios, Acádios, Amorritas (antigos babilônicos), Assírios e Caldeus (neobabilônicos). Sumérios Acádios Amorritas Assírios Caldeus Vistos como os Os habitantes (babilônios) Vindos do A Assíria era a região (Neobabilônios) criadores da da cidade de deserto da Arábia por que servia de passagem Após o fim do primeira Acad, por volta volta de 2000 a.C., os natural entre a Ásia e o Império Assírio civilização de 2550 a.C., Amoritas se instalaram Mediterrâneo, dominaram a mesopotâmica; invadem as na Babilônia. O maior localizada, numa região Babilônia, fundaram cidades destaque entre os reis disputada e que sofria reconstruindo a cidades-Estado Sumerianas. babilônicos foi ataques constantes. cidade e tornandoimportantes Comandados Hamurábi (1728-1686 Este fator talvez tenha a numa das mais como Ur, Uruk, pelo rei Sargão a.C.), que expandiu seus sido o motivo que belas da Lagash e Nippur. I conquistam e domínios por toda a transformou os Assírios antiguidade. Cada cidade unificam estas Mesopotâmia e num povo guerreiro, Nabucodonosor, possuía um cidades, também é o possuindo um dos principal rei Templo (centro fundando o responsável pelo primeiros exércitos babilônico, foi político, Primeiro primeiro código de leis permanentes do mundo responsável pela econômico e Império escrito que se conhece: e com alta capacidade construção dos religioso) e era Mesopotâmico. o Código de Hamurábi, de combate (lanças, Jardins Suspensos governada por Sucessivas que adota o Princípio escudos, espadas de da Babilônia e, um Patesi (vigário revoltas das de Talião (“Olho por ferro, carros de possivelmente, da de deus), com cidades olho, dente por combate, catapultas, Torre de Babel, poderes políticos, sumerianas e dente”). O código tinha etc.). citada na Bíblia. religiosos e ataques de por objetivo a Os Assírios formaram Apesar de várias militares, que outros povos manutenção da um império por volta de conquistas tinha auxílio de vieram a propriedade privada e a 1880 a.C., tendo um militares os sacerdotes e altos enfraquecer o disciplina da vida vasto território entre Caldeus ou funcionários. império, que econômica. 883 e 612 a.C., quando Neobabilônicos Aos Sumérios por volta de Depois de Hamurábi, o conquistaram não tiveram atribui-se o 2150 a.C. foi império babilônico territórios como a Síria domínio desenvolvimento derrubado entra em decadência, e o Egito. Por volta de duradouro, sendo da escrita pelos Guti. sendo invadido por 612 a.C., Caldeus e subjugados pelo (cuneiforme - em Cassitas e Hititas, que Medos, passaram a Império persa em forma de cunha) causavam grande dominar o império dos 539 a.C. e a invenção da impacto ao usar cavalos Assírios. roda. para fins militares.
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[História I] Mesopotâmia: Características Gerais
IMAGEM: Reconstrução do zigurate de Ur. Fonte: https://pt.wikipedia.org/ wiki/Zigurate_de_Ur
IMAGEM: Marduk, o grande deus da Babilônia. FONTE: https://www.coladaweb. com/artes /arte-e-arquitetura-damesopotamia
1. Política: Como no Egito, na Mesopotâmia a política era vinculada à religião. O Rei impunha-se pelo caráter divino de sua missão, mas não era considerado um deus. Outra característica marcante da política mesopotâmica era a disputa de povos e a consequente sucessão de impérios. 2. Sociedade: No topo da sociedade mesopotâmica estava o rei, que acumulava riquezas fabulosas. Ligado ao rei estavam os membros do Estado, que era composto por nobres, funcionários e sacerdotes, que usufruíam dos impostos arrecadados. A base social estava sedimentada na antiga estrutura tribal, dividida em clãs e famílias, de onde provinha um grande número de chefes, que formavam uma nobreza hierarquizada. Os camponeses e artesãos pagavam impostos aos templos. 3. Economia: Comparado ao Egito, o Estado na mesopotâmia participava menos da economia. As estruturas socioeconômicas, entretanto, eram muito parecidas. A base da economia era a agricultura, que dependia das cheias e vazantes dos rios Tigre e Eufrates. As terras, em sua maioria, eram administradas pelo Estado, que supervisionava toda a atividade econômica. O comércio teve grande desenvolvimento, devido à escassez de certos produtos e pela facilidade de comunicações com outros povos. A atividade comercial esteve ligada muitas vezes ao comércio de escravos, terras e empréstimos. O sistema monetário era pouco desenvolvido: cevada e metais eram utilizados como referência de valor. 4. Religião: os deuses eram numerosos na Mesopotâmia. Os deuses simbolizavam as forças da natureza e os astros do céu. Alguns eram cultuados em toda mesopotâmia, como Anu (deus do céu), Shamash (deus do sol e da justiça), Sin (deusa da lua), Ea (deus das águas). Alguns povos tinham seu deus principal, como Marduk (babilônios) e Assur (assírios). Os povos da mesopotâmia acreditavam que a natureza era povoada por espíritos bons, que protegiam a humanidade, e espíritos maus, que preparavam ciladas. A astrologia, a magia e a adivinhação. Para os deuses, construíam grandes templos, que serviam também de armazém, arquivo, depósito, biblioteca, etc. Sepultavam os mortos em túmulos, para que não perturbassem os vivos. Acreditavam que os mortos habitavam um mundo subterrâneo onde comiam pó pra sempre. 5. Arquitetura: Desenvolveram a arquitetura principalmente nas obras de controle dos rios e nos palácios e templos. Uma construção característica da Mesopotâmia era o zigurate (na imagem ao lado), torre de vários andares sobre a qual havia uma capela para a observação do céu. 6. Ciências: desenvolveram principalmente a astronomia e a Matemática. Na astronomia, nos primeiros tempos associada à astrologia, elaboraram cartas astronômicas, estudaram as diferenças entre estrelas e planetas e fixaram os doze signos do zodíaco. Criaram ainda um calendário lunar de 12 meses (metade dos meses com 30 dias e a outra metade com 29). Na área da Matemática, resolviam complexos problemas de geometria e aritmética. Os mesopotâmicos exerceram grande influência sobre inúmeros povos. Destacamse das suas contribuições: a semana de sete dias; o estudo e a crença nos horóscopos; a divisão do dia em horas, minutos e segundos; a divisão do círculo em 360 graus e o processo de multiplicação. 7. Literatura: os textos mais importantes da literatura mesopotâmica foram O Poema da Criação, o Dilúvio e a Epopeia de Gilgamesh.
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[História I]
1.5. Hebreus, fenícios e persas Outros povos também se destacaram no Crescente Fértil: os hebreus, desenvolvedores do monoteísmo que influenciou as duas maiores religiões atuais – o cristianismo e o islamismo; os fenícios, precursores do alfabeto; e, por fim, os persas, povo do atual Irã que dominou o Crescente Fértil e arredores e depois se lançou sobre a civilização grega.
HEBREUS Povo que não chegou a constituir um império como os demais estudados, porém nos transferiram o legado do monoteísmo. Conduzidos do sul da Mesopotâmia até a palestina, os Hebreus se consideravam o povo eleito de Deus. Uma das grandes características do povo hebreu foi a série de migrações, deslocando-se da Mesopotâmia para Palestina, depois Egito e mais tarde Palestina novamente.
FENÍCIOS
Diáspora – Depois de serem dominados por assírios, caldeus e por Alexandre da Macedônia, a Palestina caiu no controle romano. Houve tentativas de luta contra o domínio romano, mas em 70 d.C. o exército romano sufocou uma rebelião e destruiu o segundo templo de Jerusalém. A partir daí os hebreus dispersaram-se pelo mundo, espalhando-se em pequenas comunidades, que preservaram os elementos básicos de sua cultura e o objetivo comum de retorno à Palestina. Apesar de não terem um Estado, mantiveram-se como Nação (língua, religião, tradição histórica, etc. em como). Apenas em 1948 foi fundado o Estado de Israel, precedida de lutas para expulsão do povo palestino, que habitava a região. Hoje os palestinos lutam pela criação de um Estado independente.
Localizados ao norte da Palestina (atual Líbano), e cercados por um lado pelo mar Mediterrâneo e, por outro, por montanhas, os Fenícios lançaram-se as navegações marítimas estabelecendo relações comerciais com vários povos vizinhos. Foram os primeiros senhores do Mediterrâneo. A necessidade, devido ao comércio, levou os fenícios a desenvolverem o alfabeto fonético uma das mais geniais invenções humanas. Grandes Comerciantes – Como grandes navegadores, a rede comercial dos fenícios abrangia desde a Inglaterra até a Grécia. O comércio era em grande parte escambo – trocavam os produtos locais que estivessem carregando.
MAPA. FONTE: http://historiaehistoriografia2.blogspot.com.br/2016/03/6_33.html
PERSAS Um dos maiores impérios da antiguidade, o Império Persa começou por volta de 550 a.C. quando Ciro unificou persas e Medos. Entre os persas, o rei, de origem divina, era quem comandava o império, dividido em províncias chamadas satrapias, administradas por um sátrapa. Sem capital única, o rei governava de várias cidades como Pasárgada, Persépolis, Ecbatona e Susa. Ao longo do tempo o império persa chegou a conquistar 5 milhões de quilômetros, conquistando a Mesopotâmia e o Egito. O crescimento dos persas foi detido apenas pelos gregos em 490 a.C. na Batalha de Maratona. Uma das contribuições mais originais dos persas foi o zoroatrismo, religião que acreditava na luta constante entre Ormuz (deus do bem) e Arimã (deus do mal). Valorizava-se o livre arbítrio para se escolher o seu caminho.
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[História I]
1.6. Incas, maias e astecas No continente americano diversos povos também constituíram civilizações, com governos ligados à religião, núcleos urbanos importantes, desenvolvimento de comércio e grande agricultura. Desde 2000 a.C., na região do atual México, se destacaram os olmecas, criadores de um calendário muito preciso e que utilizavam o zero em seus cálculos. Mixtecas, Zapotecas, Toltecas e outros povos foram mais tarde dominados pelo Império Asteca, que começou a se Pirâmides de Teotihuacan, no México. Parte do patrimônio arquitetônico asteca. formar no século XIII d.C. Na América do Sul, mais precisamente na região andina, os Império Inca dominou diversos povos e também formou seu império a partir do século XIII. Entretanto, do ponto de vista cultural, diversos historiadores dão grande ênfase aos Maias, que não formaram um império, mas entre o séculos III e IX da Era Cristã apresentaram uma exuberante civilização constituída por cidades-Estado que desenvolveram um complexo calendário, um sistema de escrita, arquitetura muito desenvolvida e influenciaram diversos povos como os astecas. De maneira geral, várias comparações podem ser feitas entre os povos da América e os do Crescente Fértil, como o vínculo entre governo e religião, a base camponesa e a agricultura desenvolvida.
Eram civilizações organizadas sob o MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO. Este Modo de Produção é marcado pela coexistência das comunidades primitivas e de uma classe dirigente, identificada com o Estado. As unidades de produção eram as comunidades primitivas (Aldeias), que pagavam impostos e prestavam serviços (grandes obras hidráulicas) ao Estado. A economia era basicamente agrária, com destaque para a produção do milho. O comércio entre as aldeias praticamente inexistia e o comércio a longa distância era monopolizado pelo Estado. Os comerciantes eram funcionários do Estado. Astecas, Incas e Maias possuíam um complexo sistema religioso, com um corpo de sacerdotes profissionais, os quais obedeciam complexa erigida hierarquia. CARACTERÍSTICAS GERAIS: Estado organizado; Sociedade de Classes; Servidão Coletiva; Governo ligado à religião; Rígida hierarquia social; Base econômica agrícola; Cidades populosas; Arquitetura monumental; Politeísmo. Sacrifícios humanos.
astecas maias incas
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MAPA. FONTE: http://profferdinando.blogspot.com.br/2012/07/maias-astecas-e-incas-mapa.html
Caracterização
[História I]
O Pensador, de Auguste Rodin
UNIDADE 2 ANTIGUIDADE CLÁSSICA Os povos do “Oriente Próximo” (como os europeus chamaram o “Crescente Fértil”) erigiram as primeiras civilizações bem antes do que os gregos existissem – a civilização egípcia, por exemplo, começou a se estruturar gradativamente por volta de 5000 a.C., enquanto os gregos começaram a se formar por volta de 2000 a.C. – e deixaram contribuições muito importantes, como na área da medicina, engenharia (obras monumentais) e astronomia (calendário solar). Porém, no que diz respeito às concepções políticas participativas, egípcios, mesopotâmicos, chineses ou americanos pouco andaram e tiveram seus governos despóticos (autoritários) religiosos. Entretanto, os gregos (e depois os romanos) apresentaram formas de participação popular em seus governos, nos apresentando a noção de cidadania, ou seja, um indivíduo numa comunidade que tem direitos de participar das decisões políticas dessa comunidade. As ideias de participação política do cidadão ascenderam junto com as reflexões acerca da condição humana que apareceram na Grécia dos grandes filósofos – como Sócrates, Platão e Aristóteles – e foram reforçadas na República romana (de onde nasce a palavra República, do latim, onde “Res” é coisa e “Pública” é de todos). Foram os romanos também que nos legaram um direito vasto, que se preocupou na relação homem x homem e homem x Estado (Direito privado e Direito público).
2.1. Grécia Antiga Situada no sul da Europa (Península balcânica), numa região de relevo acidentado e um arquipélago no Mar Egeu, a Grécia foi palco de uma civilização que se desenvolveu além de seus limites geográficos. A civilização grega tem uma grande importância para a formação cultural e política do atual mundo ocidental. Por exemplo, os gregos foram os primeiros a falar em democracia, o “governo do povo”. Para eles, tal sistema deveria ser exercido por cidadãos preparados e conhecedores dos problemas da cidade onde viviam. Daí a importância à educação e à formação dos cidadãos em sua sociedade. A História da Grécia Antiga se estende do século XX a.C. até o século II a.C. quando a região foi conquistada pelos romanos.
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[História I] Veja abaixo a periodização da História Grega: 1. Período Pré-homérico (século XX – XII a.C.); 2. Período Homérico (século XII – VIII a.C.) 3. Período Arcaico (século VIII – VI a.C.) 4. Período Clássico (século VI – IV a.C.) 5. Período Helenístico (século IV –II a.C.)
Período Pré-homérico (séc. XX-XII a.C.)
Civilização Creto-Micênica Na Ilha de Creta, no sul do Mar Egeu, se desenvolveu uma sociedade fundada no comércio com as regiões vizinhas, principalmente o Egito. Creta exerceu o domínio sobre diversas áreas do Mediterrâneo. Nessa ilha formou-se um governo conhecido por Talassocracia (thalassos = mar; cracia = poder), desenvolvendo um verdadeiro império comercial-marítimo. No século XV a.C. os Micênicos (da cidade grega de Micenas) conquistaram Creta, estabelecendo grande intercâmbio comercial entra a Ilha e a Grécia. Houve grande desenvolvimento cultural até que no século XII a.C. os Dórios invadissem a Grécia e acabassem com a civilização creto-micênica.
Período Homérico (séc. XII-VIII a.C.) Nesse período, a Grécia passou por um grande retrocesso cultural, com o fim da civilização cretomicênica e com a ruralização da sociedade. Estudiosos chamam esse período da Idade das Trevas da História grega. Nessa fase predominaram os genos (comunidades gentílicas) – uma espécie de clã familiar – onde os parentes consanguíneos descendiam de um antepassado comum – um herói ou um animal sagrado. O chefe do genos era o pater, detentor da autoridade militar, religiosa e política. O genos se caracterizava por: Economia agropastoril; Propriedade coletiva da terra; Sociedade igualitária, com diferenciação apenas pelo grau de parentesco com o pater. Por volta do século VIII a.C., teve início o processo de desintegração da comunidade gentílica. A produção não acompanhou o crescimento demográfico, levando à falta de alimentos e ao surgimento da propriedade privada e das classes sociais. As tensões sociais e as crises levaram alguns genos a se unir por determinados objetivos comuns, formando as fratrias e outras unidades políticas, passando por um processo de integração que resultaria nas polis [caixa ao lado].
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Deusa-mãe – a maior divindade de Creta
Por volta de 2000 a.C. a península balcânica passou a ser ocupada por povos indo-europeus, estes povos eram: Aqueus: foram os primeiros a chegar, concentraram-se no Peloponeso, submeteram a população local e fundaram várias cidades, entre elas Micenas e Tirinto. Eólios: atingiram várias regiões, entre elas a Tessália. Jônios: estabeleceram-se na região da Ática; fundaram a cidade de Atenas. Dórios: último dos povos a se estabelecer na Grécia. Ocuparam o Peloponeso por volta de 1200 a.C., provocando a dispersão de parte de sua população para o interior e para as ilhas do mar Egeu e a costa da Ásia Menor, no episódio conhecido como Primeira Diáspora grega. Fundaram a cidade de Esparta.
[História I]
Período Arcaico (séc. VIII-VI a.C.) Com o surgimento das Pólis (cidades-Estado) ocorreram várias transformações políticas e sociais na Grécia, como por exemplo: Governo das oligarquias (tipo de governo em que um grupo reduzido de pessoas poderosas domina de acordo com seus próprios interesses) . Enriquecimento da aristocracia (espécie de nobreza, formada por um grupo reduzido de pessoas que detêm o poder econômico ou político). Cresce a desigualdade social (com a propriedade privada). A sociedade foi se tornando escravista, obtendo escravos na guerra, no comércio e no endividamento das pessoas. A Grécia se constituía de mais de cem cidades-Estado, independentes entre si, mas com características culturais (língua, costumes, etc.) que davam unidade para elas.
Segunda Diáspora Grega – O processo de dissolução do genos levou à criação da propriedade privada e a exclusão de alguns membros das novas organizações e do acesso à terra. O crescimento demográfico e a busca de terras férteis fez com que muitos gregos buscassem novas terras, dentro do que chamamos de 2ª diáspora grega, quando foram fundadas colônias em várias regiões: Norte do Egito (Naucrátis), península itálica (Magna Grécia), litoral do Mar Negro e Ásia Menor. As colônias possuíam uma certa autonomia, o colonialismo provocou a expansão da agricultura, da pecuária e do artesanato, desenvolvendo o comércio.
Na Grécia (chamada Hélade pelos gregos), das mais de cem de Pólis que existiram, duas se destacam por terem liderado a Grécia em momentos distintos. Estamos falando de Esparta e Atenas.
ESPARTA Fundada pelos guerreiros dórios, a cidade de Esparta dominou cidades vizinhas e escravizou grandes contingentes humanos. Para manter, entretanto, seu grande volume de cativos, os cidadãos espartanos aperfeiçoaram-se na arte da guerra e do militarismo. Entre suas principais características, destaca-se: Militarismo; Oligarquia dos militares-cidadãos; Ruralização e desprezo às atividades urbanas como artesanato e comércio; Laconismo (expressar-se falando o mínimo); Xenofobia.. Sociedade Espartana Esparciatas – se consideravam descendentes dos dórios, formando uma espécie de nobreza. Tinham controle sobre a vida política e administravam os vastos latifúndios que pertenciam ao Estado. Também recebiam lotes de escravos, que eram propriedade estatal. Desprezavam o comércio, dedicando-se à guerra e à administração de seus latifúndios. Formavam um governo oligárquico, tendo domínio sobre o restante da população. Periecos – pequenos proprietários de terras que habitavam a periferia espartana. Eram homens livres que detinham a propriedade sobre suas terras e podiam vendê-las. Eram descendentes de homens que não fizeram grande resistência à invasão dos dórios no passado. Serviam ao exército. Hilotas – Eram escravos de propriedade Estatal. Não eram vendidos, mas sim distribuídos entre os cidadãos (esparciatas). Eram descendentes dos povos conquistados ou escravos de dívidas (um perieco endividado que não cumpriu seus compromissos financeiros e se tornou escravo, por exemplo). Trabalhavam nas terras do Estado e deviam entregar parte da produção aos esparciatas. Em alguns casos podiam servir ao exército.
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[História I] Política
O governo em Esparta era exercido por dois reis (Diarquia). Entre suas funções, destacavam-se os serviços de caráter militar e religioso. Durante as guerras, um dos reis comandava o exército. Outros órgãos auxiliavam os reis. A Gerúsia era o conselho vitalício dos anciãos, constituído pelos dois reis e 28 esparciatas maiores de 60 anos. Servia como órgão legislativo, de supervisão administrativa e como tribunal superior. Outro órgão era a Apela, que reunia os cidadãos maiores de 30 anos. Elegia os membros da gerúsia e aprovava ou rejeitava as leis propostas. O Conselho de Éforos (eforado), era um grupo de 05 membros escolhidos anualmente pela Ápela. Com o passar do tempo, se tornaram em verdadeiros chefes do governo espartano, coordenando as reuniões da Gerúsia e da Apela e tendo o poder de vetar os projetos de lei e fiscalizar as atividades dos reis.
Educação em Esparta: Sendo uma Pólis militarista, Esparta tinha uma educação voltada para a vida militar. A criança esparciata era analisada ao nascer e tendo algum defeito ela era sacrificada, do contrário, permanecia com a mãe até os 7 anos, quando era entregue ao Estado para ser educada. Aos 12 anos o adolescente tinha que passar por provas de sobrevivência, tendo que conseguir seu próprio alimento e abrigo. Aos 17 anos era realizada a cryptia, onde o jovem realizava seu teste para ingressar no exército, tendo que enfrentar escravos.
ATENAS Foi o grande centro cosmopolita da Grécia, desenvolvendo intensamente as atividades comerciais, pois aproveitava da sua posição privilegiada nas proximidades do mar Egeu. Tinha uma parcela significativa de sua população formada por Estrangeiros (metecos), que muitas vezes eram gregos de outras cidades, mas não eram atenienses. A camada social vinculada ao meio rural era hegemônica inicialmente, mas o crescimento dos setores urbanos – comerciantes, artesãos, etc. – levou à mudanças tanto na economia quanto na política. Daí nasceu a democracia. Principais características: Urbanizada; “berço da democracia”; Desenvolvimento das artes e da filosofia; Comércio. Sociedade Ateniense Eupátridas – Grandes proprietários de terras e de escravos. Os “bem-nascidos” formavam, no início da história ateniense uma elite política e econômica, que comandava o governo, uma oligarquia ou aristocracia. Geomores ou Georghoi – eram pequenos proprietários de terras. Demiurgos – artesões e pessoas ligadas ao comércio, eram trabalhadores livres que viviam no núcleo urbano de Atenas. Thetas – camadas marginais que viviam na cidade. Eram miseráveis ou mesmo assalariados que viviam na pobreza. Metecos – eram os estrangeiros. Normalmente vinham para Atenas para trabalhar em áreas ligadas ao comércio e artesanato. Não possuíam muitos direitos políticos. Por exemplo: não podiam participar da administração pública, não podiam ser proprietários de terras e não podiam casar com cidadãos. Escravos – eram obtidos normalmente através das guerras ou da escravidão por dívidas. Diferente dos hilotas espartanos, os escravos em Atenas pertenciam aos seus senhores, que tinham poder de vida e morte sobre eles. Havia um grande comércio de escravos.
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[História I]
https://gabygnoatto. wordpress. com/2015/12/15/grecia-a-democraciaateniense/
Democracia Por volta de 510 a.C., uma revolta popular liderada por Clístenes derrubou a tirania e criou a democracia, com a participação direta de todos os homens livres nascidos em Atenas.
Organograma: democracia ateniense. Fonte:
A Democracia Ateniense
Política Acompanhe as principais organizações e fases políticas de Atenas. Monarquia Aristocracia Legisladores Tiranias Governo O Arcontado As camadas baixas não Alguns aristocratas não formado substituiu as vinculadas à aristocracia aceitavam a por um rei funções exigiam mudanças e o participação de (basileus) e executivas, governo nomeou legisladores: populares após as a reunião ocupando o - Drácon criou as primeiras reformas de Sólon e das lugar do rei. leis escritas de Atenas; tomaram o poder, famílias - Sólon criou a participação criando a tirania, nobres política por renda e governo de um homem (areópago) estabeleceu o fim da só. Psisitrato, Hiparco e escravidão por dividas. Hípias foram tiranos.
Leitura complementar: A Democracia Antiga - A Democracia é uma concepção genial (penso assim) da Atenas antiga. Os atenienses criaram um modelo copiado por outros gregos e que serviu até mesmo de inspiração para os romanos em sua República. Em determinado momento, todos os homens livres nascidos em Atenas podiam participar da Eclésia, a assembleia popular que se reunia na Ágora (praça central) da cidade. Todos eles tinham o mesmo direito de expressar-se, de votar, de deliberar sobre os temas. Era a primeira forma de democracia e era direta. Muitos dos cargos eram por sorteio e outros por eleição anual, o que fazia com que houvesse um grande envolvimento dos cidadãos nos assuntos da pólis. A Atenas da democracia, da filosofia, das artes, dos cidadãos reunidos na ágora; mas também a Atenas de cidadãos guerreiros que barraram o avanço persa sobre a Grécia na Batalha de Maratona 20 anos depois que surgiu o modelo participativo. Essa é a Atenas que inspirou muita gente ao longo dos tempos. Repara bem no que não digo – Continuo defendendo que a democracia foi em essência genial, mas repare no que falei antes, “todos os homens livres nascidos em Atenas podiam participar”. O que não falei? Mulheres, escravos e estrangeiros estavam fora da cidadania ateniense, ou seja, 90% da população. Note que existia uma concepção estranha aos nossos dias: nem todo habitante da cidade era cidadão. O historiador Moses Finley fala que a democracia ateniense se apresentava como uma moeda de dupla face: de um lado a democracia, de outro o imperialismo; pois quando os atenienses ajudaram a barrar o avanço persa sobre a Grécia (nas Guerras Médicas), tentaram impor seu domínio sobre a Hélade, exigindo tributos das outras cidades, o que teria levado à posterior guerra contra Esparta, na Guerra do Peloponeso. Depois de um século de guerras, os gregos foram dominados pelos macedônios e adiante caíram perante os romanos. Não tivemos a evolução daquela democracia, que ficou sendo escravista, machista, nacionalista e imperialista.
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[História I]
Período Clássico (séc. VI-IV a.C.) Nesse momento aconteceram várias transformações nas cidades Gregas, tais como: A consolidação definitiva das pólis; A diversificação agrícola; Aperfeiçoamento das técnicas agrícolas (melhoria do arado); Ampliação do artesanato; Desenvolvimento de amplo comércio marítimo; Economia monetária em expansão; Escravismo ampliado; Política imperialista por parte de algumas cidades-Estado. Guerras externas e internas.
Gravura do século V a.C. representando a luta entre gregos e persas
Guerras Médicas - Em 490 a.C., o rei persa Dario organizou um poderoso exército e invadiu a Grécia, sendo derrotado pelos atenienses na Batalha de Maratona. Mais tarde seria a vez de seu sucessor, Xerxes, planejar grande invasão à Hélade. Depois da vitória sobre os gregos na Batalha de Termópilas (da qual trata o filme 300), os persas invadiram a região da Ática e incendiaram Atenas. Mais tarde, após as batalhas de Salamina e Platéia, as forças unidas de Atenas, Esparta e outras cidades-Estado gregas conseguiram expulsar os persas do território grego. Em meio à guerra, Atenas organizou uma confederação das cidades gregas, a Atenas serviu-se da Liga de Confederação (ou Liga) de Delos, sob liderança ateniense. Delos para se embelezar e se A Confederação era um pacto, onde as cidades-Estado contribuíam com transformar num grande recursos financeiros, navios, mão-de-obra e mantinham a sua soberania império comercial e político-administrativa. Marítimo. Nesse período Guerra do Peloponeso - A hegemonia ateniense e seu projeto de democracia e expansionismo comercial foram combatidos por Esparta, que passou a liderar a Liga do Peloponeso. Essa disputa acabou originando a Guerra do Peloponeso (431 a.C. – 404 a.C.). Durante essa guerra, Esparta conquistou a hegemonia sobre a Grécia, perdendo campo depois para outra cidadeEstado, Tebas. As constantes lutas debilitaram as Pólis, que se tornaram alvo fácil ao inimigo externo, sendo dominados pelos macedônicos.
destacou-se o governo de Péricles, que governou Atenas durante sua época de ouro, com grande desenvolvimento cultural e ampliação do escravismo, tudo graças a Liga de Delos.
No século V a.C., o estratego Péricles ficou quinze anos consecutivos no poder e foi responsável pela ampliação do sistema democrático, sobretudo ao criar a remuneração para os cargos públicos. Também ampliou o numero de membros das assembleias como a Bulé e Heliéia. No campo da arquitetura foi o responsável pelo Partenon. Porém, muitos historiadores falam da democracia ateniense da época de Péricles como uma “moeda de duas faces”, na qual, por um lado se via a democracia sendo ampliada em Atenas, e por outro, o imperialismo ateniense à frente da Liga de Delos, cominando diversas cidades gregas. "A nossa constituição não imita as leis dos estados vizinhos. Em vez disso, somos um modelo para os outros. O governo favorece a maioria em vez de poucos - por isso é chamado de democracia. Se consultarmos a lei, veremos que ela garante justiça igual para todos em suas diferenças; quanto à condição social, o avanço na vida pública depende da reputação de capacidade. As questões de classe não têm permissão de interferir no mérito, tampouco a pobreza constitui um empecilho; se um homem está apto a servir ao Estado, não será tolhido pela obscuridade da sua condição.." (TUCÍDIDES. Discurso)
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[História I]
Período Helenístico (séc. IV-II a.C.) Nesse período a Grécia foi dominada pelos Macedônios. A Macedônia ficava ao norte da Grécia e era governada pelo rei Felipe II, que se aproveitou do enfraquecimento das cidades gregas, devido à rivalidade que existia entre elas, para iniciar seus planos de conquista das cidades gregas e fazê-las suas aliadas. Em 338 a.C., Felipe II derrotou os gregos na batalha de Queronéia e subjugou a Grécia, dando início à expansão. A Formação do Império Macedônio Em 336 a.C., Felipe II morreu e o poder passou para seu filho Alexandre Magno (visto na imagem ao lado). A política expansionista dos macedônios teve continuidade com Alexandre, que iniciou a conquista da Ásia. Em 334 a.C. Alexandre conquistou a Ásia Menor, mais tarde (em 327 a.C.) Imagem do filme Alexandre (2004) recortado de http://www.filmeurope.sk/movies/252-alexanderinvadiu a Índia. Em 323 a.C., na Babilônia, Alexandre, o velik?locale=en Grande, como ficou conhecido, morreu, abrindo-se assim uma forte disputa entre seus generais, que acabaram por dividir o Império, dando origem a novos Estados. Dessa maneira, Seleuco ficou com a Pérsia, a Mesopotâmia e a Síria. Cassandro ficou com a Macedônia e com a Grécia. Lisímaco obteve para si a Ásia Menor e a Trácia, enquanto Ptolomeu tornou-se Faraó do Egito.
FONTE: http://explorethemed.com/AlexanderPt.asp?c=1
As conquistas de Alexandre Magno
A Cultura Helenística Na época do domínio de Alexandre, ocorreu um fenômeno cultural e social interessante: a fusão de elementos culturais, religiosos, sociais, etc. entre a Grécia de Alexandre e os povos dominados pelo Império Macedônico. Dessa maneira, dentro do território de Alexandre Magno havia a circulação do pensamento e da filosofia gregas, incentivada através da criação de bibliotecas e centros de ensino com a cultura grega. Em contrapartida, deuses egípcios, mesopotâmicos e persas passaram a ser incorporados também à religião grega, e elementos culturais e sociais se fundiam no império. Alexandre também incentivou que os soldados gregos casassem com mulheres da Pérsia e outras regiões. A cultura Helenística pode ser interpretada de duas formas complementares: foi a expansão da cultura grega ruma ao oriente e; foi a fusão de elementos entre a cultura ocidental (grega) e oriental (persa e egípcia).
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[História I]
2.2. Roma Antiga No centro Península Itálica, próxima ao Rio Tibre, surgiu Roma (por volta do ano 1000 a.C.), resultado de uma fortificação erguida por latinos e sabinos em um local estratégico e propício às atividades agropastoris. A fundação de Roma é envolta de lendas e suposições, não se tendo uma clareza exata de quem fundou a vila que, séculos depois, se tornaria em um dos maiores impérios que a História da Humanidade já viu. Roma teria sido influenciada, social e culturalmente, por povos como os Etruscos, os gregos (Magna Grécia), sabinos e latinos, entre outros. Dividimos a história romana em: Monarquia (séc. VIII a.C. – VI a.C.), República (séc. VI a.C. – I a.C.) e Império (séc. I a.C. – séc. V d.C.)
Monarquia (753-509 a.C.) Nesse período, Roma era pouco mais do que uma pequena cidade-Estado de economia essencialmente agrícola. Roma surgiu como uma pequena vila, que teria sido fundada pelos povos latinos da península itálica, sob influência dos etruscos ao norte e dos gregos que viviam no sul da península, na região chamada Magna Grécia. A fase da monarquia teve sete reis, conforme apontam as pesquisas históricas. A documentação desse período, mesmo precária, aponta o nome de Rômulo como primeiro rei. Política: Havia um rei, com funções executivas, judiciais e religiosas. Seu poder, entretanto, era controlado por um senado ou conselho de anciãos. Os demais cidadãos, em idade militar, faziam parte da Assembleia ou Cúria, responsável pela aprovação das leis do Senado. Estes cargos políticos eram comandados pela camada superior da sociedade romana, os Patrícios. Ao final do século VII a.C., os etruscos dominaram Roma, passando a nomear o rei. Sociedade Romana: Patrícios – eram grandes proprietários de terras, rebanhos e escravos. Desfrutavam de direitos políticos e podiam desempenhar altas funções públicas no exército, na religião, na justiça ou na administração. Eram os cidadãos romanos
. Clientes – eram homens livres que se associavam aos patrícios, prestando-lhes diversos serviços pessoais em troca de auxílio econômico e proteção social. Constituíam ponto de apoio da dominação política e militar dos patrícios.
Plebeus – eram homens e mulheres livres que se dedicavam ao comércio, ao artesanato e aos trabalhos agrícolas. Representavam a maioria da população romana e, a princípio, não tinham direitos de cidadãos, não podendo exercer cargos públicos nem participar da assembleia curial. Escravos – eram, inicialmente, os devedores incapazes de pagar suas dívidas. Posteriormente, com a expansão militar, o grupo passou a incluir prisioneiros de guerra. Realizavam as mais diversas atividades, como serviços domésticos e trabalhos agrícolas, e desempenhavam as funções de professor, capataz, artesão, etc. Eram considerados um bem material, uma propriedade, e, assim, o senhor tinha direito de castigá-los, de vendê-los ou alugar seus serviços. * durante a fase da monarquia eram em número reduzido, sendo superados pela população livre. Tornar-se-iam base da mão-de-obra na República e Império.
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[História I]
República (509-27 a.C.) No século VII a.C. os etruscos invadiram Roma e passaram a nomear o rei. No final do século VI a.C. os chefes das grandes famílias aproveitaram-se do enfraquecimento do império etrusco e alegando que o rei Tarquínio, de origem etrusca, aproximou-se demasiadamente da plebe conseguiram depor este e instalaram a República. Com a instalação da República, os patrícios organizaram uma estrutura social e administrativa que lhes permitia exercer o domínio sobre Roma, passando a controlar quase todos os altos cargos da República. Estrutura política Pelas instituições políticas, é possível perceber que o regime republicano de Roma foi o resultado da mistura de elementos monárquicos (Magistraduras), aristocráticos (Senado) e democráticos (Assembleias). Transformações na República
a) Lutas de Patrícios X Plebeus b) Expansão territorial
a) Patrícios X Plebeus (Luta das Ordens) Durante a fase republicana o território romano cresceu, com a conquista de novas áreas. A população também crescia e se agravavam as diferenças entre os Patrícios e os Plebeus. Os patrícios controlavam direta ou indiretamente todas instituições políticas, marginalizando a Plebe. Porém, os plebeus tinham importância fundamental dentro da República Romana, sendo a base do exército e contribuintes dos impostos. Buscando igualdade, por várias vezes a Plebe se rebelou, obtendo, ao longo do tempo, direitos políticos e sociais:
Revolta do Monte Sagrado (494 a.C.) – como resultado, foi criado o cargo de tribuno da plebe, o qual tinha poder de veto sobre as leis que prejudicassem os plebeus, além de ser um cargo inviolável. Lei das XII Tábuas, criadas em 450 a.C., com o estabelecimento de leis escritas. Lei Canuléia (445 a.C.) – permitiu o casamento interclasses de Plebeus e Patrícios. Lei Licínia, de 367 a.C., acabou com a escravidão por dívidas e permitiu aos plebeus ocuparem cargos da magistratura e do Senado.
Na prática, as mudanças políticas beneficiavam apenas os plebeus enriquecidos, que ocupavam os cargos públicos e tinham privilégios. Estes plebeus passavam a desprezar a maioria da plebe, da mesma maneira que um Patrício faria.
b) Expansão Territorial Durante o período republicano, em apenas três séculos (do IV ao II a.C.), Roma conquistou um grande território. Dominou a Macedônia, a Grécia, a Península Ibérica, a Síria, o Egito e toda a Gália. O objetivo maior era controlar o Mar mediterrâneo. Inicialmente, os romanos haviam conquistado a península itálica, derrotando a poderosa confederação etrusca, os gauleses e as tribos latinas que se revoltavam contra Roma. Posteriormente, se lançou contra Cartago, cidade do norte da África que controlava boa parte do comércio Mediterrâneo, gerando as Guerras Púnicas (os romanos chamavam os cartaginenses de puni). Guerras Púnicas (264 – 146 a.C.). O choque entre o expansionismo romano e Cartago deu início a uma guerra que se arrastaria por mais de um século, em sucessivas levadas. Após a destruição de Cartago, Roma passou a ser a cabeça de um império que reunia sob seu jugo povos de culturas diferentes. As regiões conquistadas foram transformadas em províncias, devendo pagar altos impostos à Roma.
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[História I]
A Crise da República Romana Da metade do século II a.C. em diante, a república Romana passaria por uma grave crise, até sucumbir ante o poder dos generais, passando a viver o Império. Os principais elementos dessa crise são: a grande concentração de terras nas mãos dos mais ricos, gerando um êxodo rural e a formação de camadas miseráveis nas cidades; o afastamento da vida política das camadas plebeias, uma vez que os ricos plebeus acabavam por se fundir aos senadores e patrícios deixando de lado seus valores e formando uma verdadeira aristocracia. Por esta época a vida política era tumultuada e muitas conspirações ocorriam em meio ao senado e as magistraduras. Dois grupos se distinguiam no meio político: o Partido Aristocrático, defensor dos privilégios dos grandes proprietários, e o Partido Popular, que pregava melhorias e mais participação para as camadas menos favorecidas. Tentativas de golpes, tomadas repentinas de poder, disputas internas no Senado que levavam a ruína o império conquistado por Roma. Estes e vários outros fatores levavam a República Romana ao declínio. Em meio a isto observamos a ascensão dos militares ao poder, como o general Mário e depois os Triunviratos.
A Crise da República Romana – Destaques Tentativa de Reforma Agrária - Dentro do contexto da Crise Romana, foram eleitos tribunos da plebe, os irmãos Tibério e Caio Graco [imagem abaixo], propondo reformas sociais à Roma. Em 133 a.C., Tibério Graco tentou a aprovação de uma lei que limitaria a extensão das terras dos grandes proprietários, desejando realizar uma reforma Agrária, ao distribuir as terras excedentes ao limite para os plebeus empobrecidos. Acabou sendo assassinado por uma conspiração da aristocracia. Mais tarde, em 123 a.C., Caio Graco, irmão de Tibério, se elegeu tribuno da plebe, retomando o projeto da Reforma agrária, no intuito de distribuir terras, acabou sendo perseguido pelo Senado e foi morto. Sem a aplicação da reforma agrária, a república romana via o agravamento da crise. “os animais selvagens que viviam por toda a Itália tinham pelo menos suas tocas, seus covis e as cavernas onde se abrigavam; os homens, que por ela combatiam e morriam, nada tinham, a não ser o ar e a luz, mas eram obrigados a andar errantes cá e lá, com suas mulheres e filhos sem um lar, sem uma casa onde pudessem viver; (...); vão os pobres homens à guerra combater e morrer para os prazeres, a riqueza e a superfluidade de outros; falsamente são chamados de senhores e dominadores do mundo, quando na verdade não têm uma só polegada de terra que lhes pertença". (Plutarco narrando Tibério Graco) Os Generais no Poder - Mário, líder da plebe, distinguiu-se em campanhas militares na África. Tornou-se Cônsul por seis vezes seguidas, reformando o exército, instituindo o soldo (pagamento) e a possibilidade do soldado receber um lote de terra após 25 anos de serviço militar. Sila, lugar-tenente de Mário, passou a disputar o poder com este, derrotando-o e instalando uma ditadura conservadora. Suspendeu o cargo de tribuno da plebe durante seu governo e se destacou por vencer as Guerras Sociais (revolta dos aliados de Roma da península itálica). Logo mais, abandonou o poder. A Revolta de Espártaco - Em 73 a.C., estourou uma revolta de escravos liderados pelo gladiador Espártaco. Esta revolta chegou a reunir mais de 100.000 escravos que buscavam a liberdade. Em dois anos, cinco exércitos romanos foram aniquilados tentando vencer os revoltosos, que abalaram a República. Em 71 a.C., os escravos rebelados foram vencidos por Licínio Crasso, que mandou crucificar ao longo da via ápia (estrada que levava a Roma) mais de 6 mil escravos, para que servissem de exemplo a futuros revoltosos.
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[História I] Primeiro Triunvirato - Dentro do cenário de crise em que vivia Roma, os grandes generais tiveram aumentada sua importância política e social. Em 60 a.C. formou-se uma junta de governo para comandar os territórios da república romana: o Triunvirato, do qual faziam parte Crasso, Pompeu e Júlio César. Os três membros do triunvirato dividiram os territórios dominados por Roma entre si. Crasso acabou por morrer em combate no oriente e a partir de então Pompeu e César iniciaram uma disputa para ver quem ia se perpetuar no poder. Quando Pompeu tentou afastar César do poder, este invadiu Roma com suas tropas e derrotou Pompeu. César tornou-se ditador vitalício em Roma, e foi considerado Julius Júpiter, encarnação de Júpiter (Zeus para os Romanos). Devido ao seu crescente poder acabou sendo assassinado por uma conspiração do Senado. Segundo Triunvirato – Após o assassinato de César, formou-se um novo triunvirato para tentar contornar a grave crise na qual se encontrava Roma. Lépido, Marco Antônio e Otávio reuniram-se e dividiram o poder entre si. Após os primeiros anos Lépido foi afastado do poder e se iniciou um grande embate entre Marco Antônio e Otávio. Marco Antônio casou com Cleópatra e vivia maior parte do tempo no Egito. Otávio obteve autorização do Senado e atacou Marco Antônio, acusado de tentar criar um império no oriente. Na batalha de Actium (31 a.C.), Otávio derrotou seu oponente e tomou o Egito. Após Otávio proclamaria o Império.
Império (27 a.C. – 476 d.C.) Em 27 a.C. Otávio, que já acumulava títulos como imperator (comandante-em-chefe do exército), princeps (primeiro cidadão), Pontífice Máximo (chefe da religião), ganhou o título de Augusto (divino), tornando-se senhor absoluto de Roma. Mas não se assumiu oficialmente o título de rei e permitiu que as instituições republicanas continuassem existindo em aparência. Otávio Augusto deu início à fase chamada de Alto Império. Durante seu governo, Otávio desenvolveu uma série de reformas sociais e administrativas, promovendo a prosperidade econômica de Roma. O exército foi profissionalizado e o império passou a desfrutar de um período de paz e segurança, a PAX ROMANA. Após a morte de Otávio Augusto, vários imperadores ocuparam o trono romano. O Alto Império vai até 235 d.C. O Baixo Império corresponde à fase final do período imperial. Nesta época o império romano foi sendo corroído por crises sociais, econômicas e políticas.
Alto Império Romano (27 a.C. – 235 d.C.) Durante o Alto Império Romano observamos a Pax Romana (séc. I-II), iniciada no governo de Otávio Augusto, período que é considerado o apogeu do império Romano. Algumas das principais medidas do Alto Império foram: Divinização do imperador; Centralização do poder; Profissionalização do exército; Expansionismo territorial-militar; Conquista de províncias tributarias; Apogeu do sistema escravista; Vasto aparelho burocrático, incorporando os Cavaleiros; Amplo uso do Panis et circensis (Pão e Circo); Nova Ordem Social com critério de renda: Senatorial / Equestre / inferior
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FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vândalos
[História I] Alto Império Romano (235-476) No baixo império, fase de decadência de Roma, destacamos 3 aspectos fundamentais: Crise comercial e agrícola; Pressão dos Povos Germânicos (bárbaros); Fim do expansionismo e crise do escravismo; Dentro do contexto da crise do Império Romano vimos Roma enfrentar diversos problemas: Altos gastos com a estrutura administrativa e militar; Aumento de impostos Revoltas dos Povos dominados; Falta de mão-de-obra; Ruralização (dando origem à villa e ao colonato); Expansão do Cristianismo; Penetração dos “bárbaros” [ao lado: Vândalos saqueiam Roma em 455 d.C.]
Destacam-se os governos de Diocleciano - dividiu o império em quatro partes, IMAGEM: Vândalos atacam Roma. formando uma tetrarquia, porém, este formato não se consolidou. Criou o Édito Máximo (tabelamento de preços) Constantino - através do Edito de Milão em 313 d.C concede liberdade religiosa aos cristãos; funda Constantinopla, capital oriental do império). Teodósio - Assinou o Édito de Tessalônica, através do qual transformou o cristianismo em religião oficial do Império Romano. Em 395 d.C, o império foi dividido em IMPÉRIO ROMANO DO OCIDENTE (sede: Roma) e IMPÉRIO ROMANO DO ORIENTE (sede: Constantinopla), com a intenção de fortalecer as partes para evitar as invasões bárbaras. No governo de Teodósio, um novo problema agravou a situação já caótica em Roma: a intensa penetração dos Bárbaros. Inicialmente recebidos no império como trabalhadores agrícolas, muitas vezes arrendando vastas extensões de terras antes cultivadas por escravos. Esta entrada logo transformou-se em invasão. Em 476, os hérulos invadiram e saquearam a cidade de Roma, derrubando Rômulo Augusto, último imperador. Este fato, marcaria o fim do Império Romano, o menos sua parte Ocidental e o fim de um dos maiores impérios da História da humanidade. Este ano de 476 também é conhecido pelos historiadores como o fim da Idade Antiga e início da Idade Média. MAPA: divisão do Império romano. FONTE: http://eugostodehistoria. blogspot.com.br/2012/11/divisao-do-imperio-romano-e-imperio.html
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UNIDADE 3 MUNDO MEDIEVAL No período que sucede à queda do Império Romano do Ocidente (em 476 d.C.), o Velho Mundo passou por um longo período de mil anos ao qual chamamos de Idade Média. Nesse período, o Império Romano do Oriente, com sede em Constantinopla, se manteve de pé. Na Europa Ocidental, após as invasões “bárbaras”, foram se erigindo diversos reinos, dominados pelo feudalismo. Na península arábica, no Oriente Médio, surgia uma das religiões de maior expressão no mundo atual: o Islamismo. Os “bárbaros”, bizantinos (Império Romano do Oriente) e os muçulmanos se destacam nesse período, marcado pela grande disputa de territórios e as guerras de expansão e pela cultura fortemente influenciada pela religião. Veja no mapa abaixo a divisão do mundo medieval.
No mapa: 1 – “bárbaros”; 2 – Bizantinos; 3 - Muçulmanos
O FALSO CONCEITO DE “IDADE DAS TREVAS” Ainda alguns livros e, sobretudo sites, trazem o conceito de “Idade das Trevas” ou “a noite dos mil anos” para se referir ao período medieval. Porém, devemos observar que esses conceitos são extremados e surgiram na época do Renascimento como forma de criticar o período anterior tomado pela religiosidade e a visão sobrenatural de mundo. Entretanto, o período de estagnação científica e cultural acabou apresentando também novos estilos arquitetônicos, assistiu ao surgimento das universidades e o nascimento da burguesia, que iria depois construir o capitalismo. Não podemos reduzir essa época a “trevas”.
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3.1. Bizantinos, os romanos do Oriente O Império Romano do Oriente, ou império bizantino, manteve-se poderoso ao longo de um milênio, depois da queda de Roma. Síntese de componentes latinos, gregos, orientais e cristãos, a civilização bizantina constituiu, durante toda a Idade Média europeia, o principal baluarte da cristandade contra a expansão muçulmana, e preservou para a cultura universal grande parte dos conhecimentos do mundo antigo, sobretudo o direito romano, fonte das normas jurídicas contemporâneas, e a literatura grega. Características: Intensa atividade comercial e urbana; Cidades luxuosas e movimentadas; Nos primeiros séculos os costumes romanos foram preservados, após houve a predominância da cultura Helenística; IMAGEM: Representação de Justiniano
Justiniano
O reinado mais importante desse império foi o de Justiniano [imagem acima] no século VI. Exerceu uma autoridade despótica, controlando tanto a vida política como religiosa no império, dando a seu poder um caráter quase sagrado. A preocupação com a questão religiosa marcou o reinado de Justiniano, que passou a exercer forte influência sobre a Igreja, instituindo o “cesaropapismo” (assumiu totalmente a chefia do Estado, com o título de César e a chefia da Igreja Católica, Papa) e combateu todas as manifestações, consideradas como heresias, que pudessem dividir a Igreja e afetar seu poder. Justiniano empreendeu uma política expansionista [ver mapa abaixo] cujo objetivo era recuperar o antigo império do ocidente e realizou importantes conquistas no norte da África, derrotando os Vândalos e posteriormente os Ostrogodos na Península Itálica e por último parte da Espanha após derrotar os Visigodos. É responsável também pelo desenvolvimento de obras públicas (hospitais, estradas, aquedutos, pontes e palácios), demonstrando o esplendor do Império Bizantino.
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[História I] Código de Justiniano Durante o governo do imperador Justiniano foi organizada a base do direito para o mundo posterior, o Código de Justiniano, contendo basicamente o corpus juris civilis, compilação do direito romano antigo, e as novelas, leis novas.
A ruptura com a Igreja Romana Após a queda do Império Romano do Ocidente, a sede da Igreja cristã permaneceu em Roma, o que levou a um distanciamento político em relação ao Império bizantino. Por questões políticas e pela incorporação de heresias como a iconoclastia (quebra de imagens sagradas) e o monofisismo (negação da natureza humana de Jesus), os bizantinos acabaram rompendo com a Igreja romana e criando a Igreja Cristão Ortodoxa Grega, no episódio chamado Cisma do Oriente (1054)
3.2. Árabes e o Islã No século VIII, surgiu na península arábica um grande império. No território ocupado por povos semitas, politeístas e nômades, entre os quais não havia unidade política ou religiosa, erigiu-se uma nova religião, influenciada pelo Judaísmo e pelo Cristianismo, que unificaria a Arábia sob um Império Teocrático: o Islamismo, uma das religiões que no mundo atual mais cresce e tem milhões de seguidores, chamados muçulmanos.
ARÁBIA PRÉ-ISLÂMICA Antes de surgir o Islamismo, a Arábia era uma região fragmentada, com uma forte descentralização política, dividia em tribos. O que caracterizava a região na época eram os povos beduínos do deserto, que viviam em constante migração em busca de alimentos e condições de vida e as peregrinações religiosas para regiões sagradas onde se adoravam vários deuses, entre eles até mesmo estatuetas, o que caracterizava o politeísmo.
IMAGEM: Beduíno, parte do povo do deserto da Arábia.
Maomé, o Profeta do Islão Em Meca, no ano de 570 de nossa era, nasceu Maomé (Mohammad). Por volta dos vinte anos de idade, começou a trabalhar como condutor de caravanas comerciais para uma viúva, Cadija, com quem acabou se casando. No ano de 610, Maomé retirou-se para as montanhas para rezar e meditar, vivendo como eremita. Nessa fase começou pregar a existência de um deus único, Alá, e a prática da submissão total a esse deus, o Islão. Meca, nessa época era importante centro religioso que atraía os povos do deserto, transformando a cidade em importante centro comercial. Os mercadores de Meca começaram a perseguir Maomé, pois a pregação do monoteísmo poderia prejudicar as crenças religiosas que atraíam tantos fiéis (e consumidores) à cidade. Perseguido, Maomé teve que se retirar para a cidade de Yatreb, que mais tarde ficou conhecida como Medina (“cidade do profeta”). Hégira – A fuga de Maomé para Yatreb, em 622, recebe o nome de Hégira, e marca o início do calendário muçulmano. A fundação do islamismo – Em Medina, Maomé conquistou adeptos e, no ano de 630, voltou com um poderoso exército de seguidores para destruir os ídolos do politeísmo de Meca, os ídolos da Caaba. Ao conquistar Meca, considera-se que tenha se iniciado o processo de expansão do Islamismo, que passaria a conquistar adeptos por toda Arábia, e mais tarde, em outras regiões do mundo.
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[História I]
Arábia Islâmica Em Medina, Maomé difundiu a religião muçulmana, conseguindo formar um exército que conquistou Meca (630) e destruiu os ídolos da Caaba, que foi transformada num centro de orações islâmicas. (foto ao lado) A partir dessa época, Maomé expandiu o pensamento Islâmico por toda a Arábia, unificando politicamente as diversas tribos em torno da religião. As revelações de Alá feitas a Maomé estão contidas no Alcorão. Além de leituras religiosas, este livro contribui para a preservação da ordem social. Expansão muçulmana Maomé, através da religião, criou o estado muçulmano, um Estado teocrático que se expandiu através de conquistas militares. Após a morte de Maomé (632) o Estado Muçulmano passou a ser governado por Califas, que concentravam o poder militar, religioso e político. Por meio das guerras santas (jihad), a luta contra os infiéis, os Califas expandiram seus domínios para além da Península Arábica. Em meados do século VII, conquistaram a Pérsia, a Síria, a Palestina e o Egito. Desde estas conquistas, até a metade do século VIII houve conquistas no noroeste da China, no norte da África e em quase toda a península Ibérica. Até o século XIII o império Muçulmano expandiu-se por várias partes, como a Europa e outras regiões. Veja no mapa abaixo.
Mapa: expansão do Islã. FONTE: http://outlander-viajandonahistoria. blogspot.com.br/2014/02/onascimento-e-expansao-do-isla_19.html
Princípios básicos do Islamismo (Cinco Pilares) Crer em Alá, deus único, e em Maomé (profeta); Fazer cinco orações diárias voltado para Meca; Ser generoso, dando auxílio aos pobres; Cumprir o Jejum religioso durante o mês do Jejum (Ramadã); Ir em peregrinação à Meca pelo menos uma vez na vida.
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[História I]
3.3. Nascimento do feudalismo No que diz respeito à Europa Ocidental, podemos afirmar que a Idade Média assistiu à formação do feudalismo, que nasceu em meio à desagregação do Império Romano do Ocidente e as invasões dos “bárbaros” germânicos. O feudalismo começa a nascer por volta do século III da era cristã e vai ter sua maturação por volta do século IX-X. É comum dizer, entre os historiadores, que existem três momentos para o feudalismo no medievo: a fase da maturação (até o século X), depois o apogeu feudal (séc. XI-XIII) e a crise dos séculos XIV e XV.
O Castelo de Monte Saint Michel, erguido na França do século XIII, é símbolo de uma época de guerras e insegurança. FONTE DA IMAGEM: http://www.fabulosodestino.com.br/blog/10castelos-medievais-fabulosos/
Muitos historiadores dividem o período medieval em Alta Idade Média e Baixa Idade Média, conforme o esquema:
“Reinos Bárbaros” As invasões bárbaras, que marcaram o final do Império Romano, não cessaram em 476, ocorrendo durante boa parte da Alta Idade Média. A diversidade cultural, a fragmentação política e cultural nos antigos domínios romanos acarretou na formação de diversos reinos bárbaros, cujas principais características eram: Ruralização. Queda do comércio. Fortalecimento do Cristianismo.
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[História I] Dentre estes reinos podemos citar o dos Visigodos, dos Burgúndios, dos Ostrogodos, dos Anglo-Saxões, dos Vândalos, entre outros. O reino mais poderoso a surgir foi o dos Francos.
Reino dos Francos Dinastia Merovíngia: Iniciada em 496 com Clóvis, que organizou o reino franco e se converteu ao Cristianismo. A pouca autoridade dos reis do período valeu-lhes o título de “reis indolentes”, que tinham suas funções delegadas aos major domus, espécie de primeirosministros. Dinastia Carolíngia: Iniciada em 751 com Pepino, O Breve. Filho de Carlos Martel (importante major domus), Pepino depôs o último soberano Merovíngio e centralizou o poder em suas mãos. Pepino também foi o responsável pela doação do Patrimônio de São Pedro à Igreja Católica. Carlos Magno, filho de Pepino dividiu o território em condados e marcas e conquistou novos territórios. No ano 800, recebeu o titulo de Imperador do Papa Leão III. Carlos Magno foi responsável, portanto, por uma experiência centralizadora durante a conturbada Idade Média. O Império Carolíngio não sobreviveu à morte de Carlos Magno (814). Durante o reinado de Luís, o Piedoso, hordas invasoras pressionaram o Império. Em 843, os sucessores de Luís dividiram o reino através do Tratado de Verdun. Tinha fim o Império Carolíngio. Consolidava-se, nesse contexto, o Feudalismo.
O império e o Imperador: na imagem acima, a extensao máxima do Império Carolíngio. Ao lado, Carlos Magno, coroado imperador romano pelo papa no ano 800.
IMAGENS. FONTE: http://historiaespetacul ar.blogspot.com.br/201 1/09/imperiocarolingio.html
O Feudalismo A estrutura econômica, social, política e cultural que predominou na Europa Ocidental durante a Idade Média, em substituição ao Escravismo Antigo, foi chamada de Feudalismo e caracterizou o Modo de Produção do período. O Sistema Feudal apresentava o predomínio da agricultura para o consumo local, com o comércio bastante reduzido ou, em alguns casos, inexistente, com a baixa utilização de moedas. O Feudo era a unidade de produção agrária, que pertencia a uma camada de senhores feudais, nobres ou membros do Alto Clero
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[História I]
Características do Feudalismo O feudalismo foi caracterizado basicamente pela baixa produção (voltada para a subsistência) e mão de obra servil vinculada aos grandes senhores de terras, remanescentes do império romano ou conquistadores de terras da época das invasões germânicas (“bárbaras”). Na política prevaleceu a descentralização, com a formação de feudos e governos locais. Grosso modo, podemos destacar as seguintes características para o regime feudal: Descentralização do poder político e econômico, com legislação e produção local, por feudos; Suserania e vassalagem – sistema de alianças que vinculava os proprietários de terras entre si e deu origem à nobreza europeia. O rei em tese era o “suserano maior”, detentor inicial das terras e que distribuía feudos aos seus grandes guerreiros, mecanismo de criação de vínculos de fidelidade e reciprocidade entre essa elite. O vassalo (recebia terra) e o suserano (doava) tinham o compromisso de auxílio mútuo na defesa do reino, porém sem legislação ou sistema unificado. Direito consuetudinário, baseado em tradições e costumes orais, em um momento que houve um retrocesso cultural que levou ao baixo uso da escrita na Europa ocidental. Mão de obra servil, com vínculo de pequenos camponeses a grandes proprietários. A relação senhor feudal / servo constituía a principal relação de produção do feudalismo. Os camponeses pagavam tributos em troca do uso da terra e de proteção militar. Alta tributação feudal, com tributos como a corveia, banalidades, talha, capitação, tostão de Pedro, formariage e outras taxas que consumiam imensa parte da produção camponesa em proveito dos nobres. Baixa produção, devido às constantes guerras e invasões feudais, ao atraso tecnológico (em boa parte da Idade Média foi deixada de lado a metalurgia, por exemplo) e aos altos tributos. Baixa comércio, por conta da produção de subsistência e, por consequência disso, baixo uso de moedas. Ruralização, incialmente devida às invasões germânicas e depois à baixa produção e ao baixo comércio. Sociedade Estamental, marcada pelo critério de nascimento, sem a existência de ascensão social por enriquecimento. Marcada basicamente pela divisão entre proprietários de terras (nobres e clérigos) e não proprietários (povo em geral, com predomínio de uma massa camponesa servil). Grande instituição: Igreja Católica; instituição que tem raízes no império romano e conseguiu converter aos poucos os povos germânicos (“bárbaros”) ao cristianismo e estabeleceu grande influência sobre a Europa. Tornou-se uma grande senhora de terras. Muito mais que uma instituição de poder religioso, se tornou em um centro de poder político e econômico.
A IGREJA CRISTÃ MEDIEVAL Durante a Idade Média a Igreja Cristã conquistou e manteve grande poder. Possuía muitas terras (talvez 1/3 das terras da Europa), influenciava nas decisões políticas dos reinos, interferia na elaboração das leis e estabelecia padrões de comportamento moral para a sociedade. Como religião única e oficial, a Igreja de Roma não permitia opiniões e posições contrárias aos seus dogmas. Aqueles que desrespeitavam ou questionavam as decisões da Igreja eram perseguidos e punidos. A Igreja criou a Inquisição no século XIII, para combater os hereges (os “desviados” da “verdadeira fé”). A Inquisição prendeu, torturou e mandou para a fogueira milhares de pessoas que não seguiam suas ordens. Por outro lado, alguns integrantes da Igreja foram importantes para a preservação da cultura. Os monges copistas dedicaram-se à copiar e guardar os conhecimentos das civilizações antigas, principalmente, dos sábios gregos. Graças aos monges, houve a preservação da cultura retomada pelo Renascimento. Enquanto parte do alto clero (bispos, arcebispos e cardeais) preocupava-se com as questões políticas e econômicas, muitos integrantes da Igreja colocavam em prática os fundamentos do cristianismo. Os monges franciscanos, por exemplo, deixaram de lado a vida material para dedicarem-se aos pobres. A cultura na Idade Média foi muito influenciada pela religião católica. As pinturas, esculturas e livros eram marcados pela temática religiosa. Os vitrais das igrejas traziam cenas bíblicas, pois era uma forma didática e visual de transmitir o evangelho para uma população quase toda formada por analfabetos.
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[História I] A sociedade europeia feudal A sociedade feudal era composta por duas classes sociais básicas: senhores e servos. A estrutura social praticamente não permitia mobilidade, sendo portanto que a condição de um indivíduo era determinada pelo nascimento, ou seja, quem nasce servo será sempre servo. O senhor era o proprietário de terras, enquanto os servos representavam a grande massa de camponeses que produziam a riqueza social. O clero possuía grande importância no mundo feudal, cumprindo um papel específico em termos de religião, de formação social, moral e ideológica. No entanto esse papel do clero é definido pela hierarquia da Igreja, quer dizer, pelo Alto Clero, que por sua vez é formado por membros da nobreza feudal. Originariamente o clero não é uma classe social, pois seus membros ou são de origem senhorial (alto clero) ou servil (baixo clero). Os membros do Alto Clero também foram os responsáveis pela justificativa da exploração de uns sobre outros. O discurso de Aldeberon de Laon é um dos mais associados à exploração feudal.
Leia o discurso do clérigo Aldeberon de Laon que justificava a sociedade feudal: “O domínio da fé é uno, mas há um triplo estatuto na Ordem. A lei humana impõe duas condições: o nobre e o servo não estão submetidos ao mesmo regime. Os guerreiros são protetores das igrejas. Eles defendem os poderosos e os fracos, protegem todo mundo, inclusive a si próprios. Os servos, por sua vez, têm outra condição. Esta raça de infelizes não tem nada sem sofrimento. Fornecer a todos alimentos e vestimenta: eis a função do servo. A casa de Deus, que parece una, é portanto tripla: uns rezam, outros combatem e outros trabalham. Todos os 3 formam um conjunto e não se separam: a obra de uns permite o trabalho dos outros dois e cada qual (...) presta seu apoio aos outros.”
3.4. Transformações da Baixa Idade Média (séc. XI-XIII) A partir do século XI começaria a Baixa Idade Média (séc. XI-XV), que iniciava com o apogeu do sistema feudal. Era uma época de alguma tranquilidade por conta da diminuição de guerras e invasões feudais e de avanço tecnológico – contrariando a visão de que a Idade Média é a “noite dos mil anos” ou “idade das trevas”, uma época de imobilidade, desenvolvia-se agora a metalurgia, a rotação trienal dos campos, os moinhos de água e vento, as drenagens de pântanos que possibilitavam criar mais áreas agrícolas. Nesse contexto, a Baixa Idade Média viu o aumento da produção e o surgimento do comércio e da burguesia (classe comercial inicialmente). Grupos de historiadores falam que já vivíamos o pré-capitalismo, pois aos poucos o feudalismo iria dar lugar para um novo Modo de Produção. Mesmo as Cruzadas (séculos XI-XIII), demonstrando o fervor religioso e a crise feudal dos séculos XIV-XV não travavam as novas relações que se teciam e impulsionavam esse novo grupo social: a burguesia.
Comércio, urbanização & burguesia O desenvolvimento do comércio e do artesanato possibilitou o surgimento das cidades e da burguesia. As cidades medievais normalmente surgiram próximas aos cruzamentos comerciais, nas regiões das feiras; outras surgiram junto a castelos e fortalezas.
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[História I] As cidades inicialmente eram cercadas por altos muros (BURGOS). Porém, com o tempo, as habitações ultrapassaram este limite, sendo que a principal camada da população que vivia fora do burgo eram os comerciantes e artesãos, que passaram a ser chamados de burgueses. Com o crescente comércio, os burgueses foram adquirindo mais poderes econômicos, passando também a lutar por direitos políticos e sociais. Com isto foram se conseguindo as emancipações das cidades (chamadas COMUNAS), que passaram a não estar sujeitas ao mando da nobreza feudal. As cidades conseguiram autonomia e criaram corpo administrativo próprio, normalmente comandado pelos burgueses. No início do século XIV destacavam-se na Europa as cidades de: Florença, Paris, Milão, Londres, Colônia, Roma e Gênova, todas com população aproximada de 100.000 habitantes. O conjunto de transformações ocorridos neste período (aumento do comércio, urbanização e o surgimento da burguesia) culminou no processo chamado de Revolução Comercial. Aos poucos as cidades foram transformando-se em centros culturais. Nestas cidades destacaram-se as Universidades, que a partir do século XII tornaram-se excelentes centros de ensino. O pensamento da Baixa Idade Média continuava, no entanto, sendo de cunho religioso, porém, passava-se a se dar mais ênfase a Santo Tomaz de Aquino, que propunha a conciliação da fé e da razão. O comércio ganhou significativo impulso com o aumento da produção agrícola, a maior produção artesanal urbana e o contato com os povos orientais. Desenvolveram-se tanto rotas locais de comércio quanto rotas internacionais. Dentre as rotas internacionais, destacamos: Rota Comercial do Norte: realizada através do Mar do Norte, abrangendo Liga Hanseática cidades como Hamburgo e Londres. Era comandada pela Liga Hanseática. associação comercial que reunia cidades do norte Rota Comercial do Sul: Realizada sobretudo no Mar Mediterrâneo, com europeu. Surgiu em 1241, destaque para as cidades de Barcelona, Genova e Veneza. Seus principais com a aliança entre produtos eram as especiarias e artigos de luxo orientais. Hamburgo e Lübeck. No século XV, a Liga Havia uma expansão demográfica significativa devido ao período de Hanseática era uma menos guerras, melhoria das técnicas de produção e crescimento agrícola. Se confederação políticono ano 1000 a Europa Ocidental tinha pouco mais de 22 milhões de econômica com mais de 60 habitantes, estima-se que em 1300 já tinha mais que o dobro, com mais de 50 cidades, possuindo frotas, exércitos e governo próprio. milhões. O crescimento da população no meio rural fazia com que faltassem Equiparava-se a uma terras para todos cultivarem e levava muita gente a migrar para a cidade. Aos potência europeia. poucos as cidades iriam superar os feudos, mas isso efetivamente vai se dar COTRIM, Gilberto. História Global. São Paulo: Saraiva, ao longo da Idade Moderna. 2002
As Cruzadas (séc. XI-XIII) Cristãos X Muçulmanos Disputa pela “Terra Santa” Papa visa runificar cristandade Busca de terras Busca de indulgências Abertura de rotas de comércio
“Renega a ti mesmo e segue a Cruz! (...) Deixem as hordas do Cristo Rei se atracar com o inimigo! Os anjos cantarão suas vitórias! Que os conhecedores da Palavra entrem em Jerusalém portando o estandarte de Nosso Senhor e salvador! Que o símbolo da fé seja mostrado em vermelho sobre o imaculado branco, pureza e sofrimento expressados! E que Sua palavra se faça ouvida como retumbante trovão, trazendo medo e luz para os infiéis! Que agora o exército do Deus único grite em glória sobre os Seus inimigos!” Papa Urbano II. (em 1095, no Concílio de Clermont)
As rotas das primeiras Cruzadas
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[História I] Consequências das Cruzadas Ao fim de oito grandes expedições (incrementadas por expedições menores intermediárias), os católicos conseguiram vencer apenas a primeira Cruzada. A “Terra Santa” ficaria sob o poder muçulmano. Porém, em meio ao insucesso militar cristão, novas rotas comerciais se abriam. Os caminhos usados pelos cavaleiros cruzados agora eram também usados para se trazer especiarias do Oriente. As cidades italianas desenvolviam seu comércio mediterrâneo e impulsionavam o Renascimento Comercial e Urbano. A Guerra Santa dos cristãos Normalmente quando nos referimos ao termo “Guerra Santa” já nos remetemos à jihad dos muçulmanos. O que fazia com que a jihad se tornasse Guerra Santa? A busca de perdão dos pecados e a luta pela religião. Nesse sentido, o que difere a jihad das cruzadas? Praticamente nada. No período medieval, tanto cristão quanto muçulmanos lutaram, mataram, cometeram atrocidades (como a morte de crianças, velhos e mulheres inocentes) em nome da sua religião. A guerra santa, então, não é um conceito restrito apenas ao islã.
3.5. A crise do feudalismo A partir do século XIV eclode a crise do sistema feudal. Uma crise vista como inerente ao próprio sistema e suas contradições internas, uma vez que o feudalismo por si só era de produção para subsistência, mas assistia a um crescimento populacional muito grande e via o embrionário capitalismo surgir, com a burguesia e o comércio internacional. Mas o que desencadeou de fato a crise foi a crise ecológica/agrícola da década de 1330, quando a produção mal dava para alimentar os camponeses, que, subnutridos, ainda tinham que sustentar clero e nobreza. Ai veio a fome, seguiu-se a peste e as revoltas. E para coroar a crise, a Guerra dos Cem Anos. O feudalismo não resistiria, e alternativas foram aparecendo. Era época da formação das Monarquias Nacionais, do crescimento do comércio e da burguesia. Os reis e a burguesia teriam que resolver essa crise (é daí que observamos o nascimento do Absolutismo). A queda de Constantinopla, pelos Turcos Otomanos em 1453 foi o golpe final, pois dificultava ainda mais a situação ao distanciar ainda mais as especiarias dos mercadores ocidentais. Ao mesmo tempo, o Renascimento, com as criticas ao poder católico, estava engatinhando.
Leitura complementar: Arquitetura Medieval A arquitetura medieval diferencia-se entre o Românico e o Gótico. O Românico predominou na Alta Idade Média, refletindo tanto a insegurança quanto a religiosidade do período. Caracterizado por grandes edifícios maciços, com grossas paredes e pequeno número de janelas, o românico tem como destaque a simplicidade. (Observe a figura abaixo/esquerda). Na Baixa Idade Média, surge o estilo gótico, marcado pela imponência e leveza, se comparado ao estilo românico. As catedrais góticas eram construídas dentro das cidades, com novas técnicas que permitiam edificações mais elevadas e paredes menos espessas. Com grandes janelas e vitrais multicoloridos, davam a demonstração da nova sociedade que se erigia: a sociedade burguesa. (figura à direita). Na imagem abaixo um exemplo de arquitetura românica, a Igreja NotreDame la Grande de Poitiers (França). Ao lado a arquitetura gótica, com a Catedral de Chartres (França).
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[História I]
UNIDADE 4 IDADE MODERNA I Em 1453 caiu Constantinopla. Esse foi o marco escolhido por muitos historiadores para ser dado como o fim da Idade Média. O fato é que muitas coisas aconteceriam a partir deste ano, numa série de transformações que vão marcar esse longo período de transição que é a Idade Moderna. O feudalismo desapareceria em seu formato original e os reis começariam a montar os Estados Absolutistas, a economia estagnada deu lugar a um crescente comércio e os comerciantes, na época chamados burgueses, começam a ter cada vez mais importância; era época do capitalismo comercial, das grandes navegações que buscavam acesso direto às “índias” (nome genérico que os europeus davam para as terras orientais) e do mercantilismo. O Renascimento, com da Vinci, Cervantes, Shakespeare e a Reforma Religiosa de Lutero e outros mostravam a mudança de pensamento. Por trás de tudo o capitalismo se desenvolvia e no século XVIII viria a se afirmar com a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Observe o esquema abaixo da idade Moderna, a transição para o capitalismo. Transformações da Idade Moderna:
RASCUNHO
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[História I]
4.1. Monarquias nacionais No quadro final da crise da Idade Média, a centralização política nas mãos dos reis surgiu como alternativa política capaz de restabelecer a ordem e a segurança. Atuando como árbitro entre os senhores feudais e a burguesia, o rei conseguiu, aos poucos, impor sua autoridade sobre todo o território do reino. Nesse processo que se deu desde a Baixa Idade Média, a fragmentação política, tão marcante no feudalismo, deu lugar ao poder centralizado e aos territórios unificados. Surgiram na Europa monarquias centralizadas, como as da França, Inglaterra, Portugal e Espanha, que chamamos de Estado Moderno ou Estado Absolutista. Algumas das formas utilizadas pelo rei para manter o poder em suas mãos: Aproximação com a burguesia; Concessão de cargos à nobreza; Arrecadação centralizada de impostos e moeda nacional; Unificação de pesos e medidas; Formação de exército permanente, normalmente composto de mercenários; Expansão dos territórios nacionais, através da guerra ou de colônias; Organização político-administrativa centralizada. IMAGEM: Luís XIV. Símbolo do Absolutismo europeu, Luís XIV (França),o rei-sol, organizou a etiqueta da vida cortesã em um modelo que os seus descendentes seguiram à risca. Lançou a moda do uso de elaboradas perucas, costume que se prolongou por no mínimo 150 anos nas cortes europeias e nas colônias do novo mundo. Construiu o Palácio dos Inválidos e o luxuoso Palácio de Versalhes, perto de Paris, onde faleceu em 1715. Defensores do Absolutismo ▪ Nicolau Maquiavel: Autor de “O Príncipe”. Defendia que o monarca devia usar de todos os meios para se manter no poder, mesmo que fossem meios imorais (mentira, violência...). Para Maquiavel, “os fins justificam os meios”. ▪ Thomas Hobbes: em “O Leviatã”, dizia que o poder real era virtude de um contrato social que havia sido feito entre os membros da sociedade, os quais atribuíram todo o poder a uma pessoa (o rei) ▪ Jean Bossuet: era defensores da origem divina do poder real, dizendo que o rei era um predestinado por Deus para exercer o poder, não devendo, deste modo, ser contestado.
Trecho de “O Príncipe” de Nicolau Maquiavel “Nasce daí uma questão: se é melhor ser amado que temido ou o contrário. A resposta é de que seria necessário ser uma coisa e outra; mas, como é difícil reuni-las, em tendo que faltar uma das duas é muito mais seguro ser temido do que amado. Isso porque dos homens pode-se dizer, geralmente, que são ingratos, volúveis, simuladores, tementes do perigo, ambiciosos de ganho; e, enquanto lhes fizeres bem, são todos teus, oferecem-te o próprio sangue, os bens, a vida, os filhos, desde que, como se disse acima, a necessidade esteja longe de ti; quando esta se avizinha, porém, revoltamse. E o príncipe que confiou inteiramente em suas palavras, encontrando-se destituído de outros meios de defesa, está perdido: as amizades que se adquirem por dinheiro, e não pela grandeza e nobreza de alma, são compradas mas com elas não se pode contar e, no momento oportuno, não se torna possível utilizá-las.”
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[História I]
4.2. Mercantilismo Marca típica do Estado Moderno Absolutista que se consolidou na Europa da Era Moderna é sua economia, conhecida como Mercantilismo, o qual não se trata de uma economia teorizada ou proposta abertamente pelo Estado, mas é resultado de uma série de medidas dos Estados Absolutistas que se resumem em um ponto: Intervencionismo Estatal (Estatismo), ou seja, o Estado coordenava a economia nacional. Do Mercantilismo tiramos alguns princípios básicos, como:
Ideia Metalista: os mercantilistas avaliavam a riqueza de um país pela quantidade de metais preciosos que possuísse. A riqueza era entendida como acumulação de ouro, prata e metais nobres utilizados para se cunhar moedas. Balança Comercial Favorável: para viabilizar o acúmulo de metais, o governo entendia que uma das melhores maneiras era estimular a exportação e desestimular a importação. Dessa maneira, procurava-se favorecer a entrada de metais preciosos obtidos com as vendas para outros países e impedir sua saída com importações. Protecionismo: a balança comercial favorável era ainda reforçada pela adoção de altas taxas alfandegárias para os produtos manufaturados e taxas menores para matérias-primas, que entravam por baixo preço no país, estimulando a produção de manufaturados, que eram exportados a preços baixos. Incentivo à manufatura: O Estado estimulava o aumento da produção manufatureira vendendo privilégios de fabricação de um determinado produto. Aos que adquiriam tais direitos, o rei assegurava o monopólio, impedindo a concorrência. O Estado também adotava uma política de estímulo ao crescimento demográfico, com finalidade de criar uma mão-de-obra barata. Sistema Colonial: ao passo que cada Estado procurava fechar seu mercado para os produtos estrangeiros, os governantes atribuíam maior importância à posse de colônias, que se tornaram um bem econômico disputadíssimo. As colônias deveriam servir de mercado fornecedor de matérias-primas e consumidor de produtos manufaturados. O sucesso dos empreendimentos coloniais dependia, entretanto, do exclusivismo comercial, da capacidade da metrópole em impedir suas colônias de fazer comércio livremente com outros países. Por isso, o Monopólio ou “exclusivo comercial” converteu-se na espinha dorsal do antigo sistema colonial.
4.3. Expansão comercial marítima Na medida em que os Estados modernos iam se consolidando, os reis e a burguesia trataram de empreender novas atividades lucrativas, na busca de mercados e produtos que pudessem solucionar os problemas internos. As potências europeias se lançaram inicialmente à busca de rotas marítimas que levassem às Índias (nome que se dava genericamente para a Ásia), onde obtinham especiarias e mercadorias de luxo. Nesse contexto, as potências europeias foram conquistando terras até então desconhecidas, inicialmente a costa africana, e formaram verdadeiros impérios coloniais, dominando boa parcela do mundo, e dividindo, através de tratados, as novas terras. Nessa expansão comercial e marítima europeia, os europeus chegaram à América e iniciaram uma longa história de exploração e devastação sobre nosso continente. Baseados nos princípios mercantilistas da época, colonizaram e exploraram nosso continente em benefício dos Estados Europeus.
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[História I] Causas:
Busca de novas rotas para Oriente (Índias); Monopólio comercial Italiano (Genova e Veneza) e árabe no Mediterrâneo; Rei + Burguesia; Época do Mercantilismo; Época do Renascimento; Avanço tecnológico; Propagação do Cristianismo; Queda de Constantinopla (1453); Busca de metais preciosos; Espírito Cruzadista da nobreza; Busca de Novas terras.
Por que Portugal foi pioneiro? Até meados do século XV, a principal rota comercial europeia era a que ligava por terra as cidades da costa do mediterrâneo com as do norte europeu. Porém, com a Guerra dos Cem Anos (1337 – 1453), essa via entrou em declínio. A nova rota comercial foi via marítima, ligando o Mar do Norte e o Mar Mediterrâneo. Portugal começava a ser ponto intermediário dessa rota de comércio. Vários grupos portugueses se interessaram na posterior expansão marítima, destacamos: O Rei: Portugal teve uma unificação precoce em relação às demais nações europeias (Revolução de Avis – ver capítulo sobre Absolutismo). O rei, centralizava o poder e incentivava as navegações, onde poderia obter metais preciosos em novas terras. A Burguesia: desejava encontrar um caminho livre de intermediários para as Índias, expandindo o comércio. A Nobreza: queria conquistar novas terras para si, por isso, defendiam a expansão ultramarina. A Igreja: buscava a expansão do cristianismo, e apoiava a empreitada dos diversos setores sociais que faziam a expansão.
Os Espanhóis chegam à América Com a conquista de Granada, último reduto ibérico em mãos dos muçulmanos (mouros), em 1492, a Espanha foi o segundo país europeu a adquirir condições de empreendimento em viagens marítimas, com o objetivo de atingir as Índias. No mesmo ano, o navegador genovês Cristóvão Colombo, que acreditava poder atingir o Oriente navegando pelo Ocidente, dando a volta ao mundo, convenceu os “reis católicos”, Fernando e Isabel (Espanha) a financiarem tal aventura. Em 1492 Colombo chegava na América. Tratados de Limites Portugal e Espanha foram os precursores das Navegações e fizeram tratados dividindo as áreas coloniais entre si. Os primeiros tratados foram:
FONTE: https://santarosadeviterbo.wordpress.com/2013/03/29/tratado-de-tordesilhas/
1) Bula Intercoetera (1493) – Elaborada pelo papa Alexandre VI, criava uma linha imaginária a 100 léguas para oeste das ilhas de Açores e Cabo Verde. A partir da linha dividiam-se as colônias entre Portugal e Espanha. As colônias do Oeste seriam espanholas e as do Leste caberiam a Portugal. 2) Tratado de Tordesilhas (1494) – O rei de Portugal, D.João II, considerou que seu país fora prejudicado na primeira partilha, forçando a Espanha a fazer novo acordo. O princípio básico era o mesmo do anterior, dividia-se o mundo colonial através de uma linha imaginária, a linha de Tordesilhas, a qual ficaria a 370 léguas de Cabo Verde. É nesse tratado que os portugueses recebem (mesmo que sem ter explorado a região ainda) uma parcela do atual Brasil.
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[História I]
4.4. Renascimento Cultural O Renascimento foi um movimento artístico, cultural e cientifico ocorrido na Europa entre os séculos XIV e XVI, tendo como principal causa o desenvolvimento econômico e a formação de uma nova visão de mundo, baseada no individualismo, humanismo e no racionalismo. Foi um movimento leigo (desvinculado da Igreja) e burguês, de renovação cultural, que transformava o Homem no centro dos acontecimentos. O Renascimento foi protegido e impulsionado pela burguesia e setores da realeza, que possuíam recursos suficientes para patrocinar as atividades artísticas. Em suas obras, interpretavam-se as aspirações e a visão de mundo da burguesia. De forma sintética podemos dizer que o Renascimento se prestou a dois objetivos básicos: criticava o pensamento católico medieval e sua visão marcada pela Revelação; e buscava o resgate de elementos cultura Clássica (Grécia e Roma). Foram os renascentistas que chamaram o Medievo de “Idade das Trevas”, referindo-se a mil anos em que a cultura antiga foi desprezada.
Renascimento Classicismo Humanismo Antropocentrismo Racionalismo Empirismo Individualismo Naturalismo Hedonismo Heliocentrismo
Medievo
X
Medievalismo Escolástica Teocentrismo Revelação Fé e superstição Coletivismo cristão Sobrenaturalismo Ascetismo Geocentrismo
Itália: berço do Renascimento
Causas:
Embora tenha sido um movimento de ampla repercussão, o Renascimento surgiu na península itálica e foi nela que alcançou sua maior expressão. Ali, esse grande movimento de ideias costuma ser dividido em 03 fases: O Trecento (século XIV), o Quattrocento (século XV) e o Cinquecento (século XVI). Desenvolvimento comercial (burguesia) e mecenato; Sede do Antigo Império Romano; Fuga dos sábios bizantinos. Contatos comerciais com os muçulmanos, que tinham livre circulação de obras da Antiguidade. Trecento Considerado por alguns como prérenascentista, por ser o início desse movimento e carregar traços medievais. Os escritores dessa fase já se expressavam no toscano, do qual surgiria o italiano moderno. Criticavam a visão restrita da Igreja.
Quattrocento Nesse período os artistas procuraram aperfeiçoar suas técnicas aproximando-se da ciência. Os pintores passaram a fazer uso da geometria, podendo produzir cenas tridimensionais em tela.
Cinquecento Época da plena maturidade do Renascimento. Destacaram-se gênios como Leonardo da Vinci.
Principais nomes: Leonardo da Vinci (Mona Lisa, A Última Ceia); Principais nomes: Michelangelo (Moisés, Principais nomes: Fillippo Brunelleschi (cúpula da Davi, Pietà); Dante Alighieri (A Divina Comédia); Catedral de Florença); Rafael (inúmeras Francesco Petrarca (“Pai do Sandro Botticelli (Nascimento representações de Nossa Humanismo”); de Vênus); Senhora – Madona); Giovani Boccaccio (Decameron) Donatello. Maquiavel (O Príncipe).
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[História I] A expansão do Renascimento O Renascimento, como vimos, tem por berço a Itália, mas ao longo do século XV e XVI conquistou outras regiões da Europa, como a França, a Espanha, a Alemanha, Portugal, Inglaterra, Países Baixos, etc.
O Renascimento e as Ciências As necessidades econômicas estimularam as descobertas científicas e tecnológicas do Renascimento. Alguns dos principais nomes do período ligados aos avanços científicos são:
Copérnico (1473 – 1543): desenvolveu a teoria Heliocêntrica [figura ao lado], segundo a qual a Terra e os outros planetas giram em torno do Sol, derrubando a velha teoria Geocêntrica, criada por Ptolomeu na Antiguidade e defendida pela Igreja Católica. Miguel de Servet (1511 – 1553): médico e humanista responsável pela descoberta da “pequena circulação” do sangue ou circulação pulmonar. Francis Bacon (1561 – 1626): defensor do método indutivo do conhecimento, pregando que deve se partir da observação das coisas concretas para se chegar às leis e processos gerais/universais. William Harvey (1578 – 1657): fisiologista e anatomista que desvendou a circulação do sangue. Galileu Galilei (1564 – 1642): considerado pai da física moderna, investigou as leis dos movimentos dos corpos. Com um telescópio (construído por ele mesmo), observou o céu e chegou à conclusões próximas às de Copérnico. Johanes Kepler (1571 – 1630): demonstrou que os planetas desenvolvem uma órbita elíptica, não circular como pensava Copérnico.
A Igreja Católica reagiu de modo intolerante a muitas ideias e avanços das ciências, pois colocavam em dúvida alguns dogmas religiosos. Para não perder o poder sobre o conhecimento e os fiéis, não hesitou em recorrer à Inquisição, punindo os que discordavam de seu pensamento. Galileu, por exemplo, processado pela Inquisição, prefere negar publicamente a Teoria Heliocêntrica desenvolvida por Nicolau Copérnico e trocar a pena de morte pela de prisão perpétua. Após nova investigação iniciada em 1979, o papa João Paulo II reconhece, em 1992, o erro da Igreja no caso de Galileu.
Nas imagens podemos comparar o estudo das proporções e formas humanas entre um artista medieval anônimo (abaixo) e um dos precursores do Renascimento, Giotto (direita)
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[História I]
4.5. Reforma religiosa No século XVI, a Cristandade Ocidental passou por profundas alterações, as quais deram origens à novas Igrejas Cristãs, acabando com a hegemonia que existia até então da Igreja Católica. A partir dos movimentos reformistas, o catolicismo teve sua supremacia abalada e sua organização alterada, sendo obrigada a fazer sua reforma (Contrarreforma). À ruptura da unidade Lutero prega as 95 teses. Cena do filme Lutero (2003). do cristianismo dá-se o nome de Reforma Religiosa (ou Reforma Protestante) e tem início na Alemanha, na reforma protagonizada por Martinho Lutero. Após Lutero viriam as Reformas de João Calvino (na Suíça e depois se espalhando pela Europa) e a Reforma Anglicana (Inglaterra), levada adiante pelo próprio Rei, Henrique VIII. Antes da Reforma Antes mesmo do século XVI, no seio do catolicismo surgiram pessoas defendendo reformas. No século XIV, o professor da universidade de Oxford (Inglaterra), John Wyclif, defendeu a redução do poder do clero sobre a sociedade e propôs a simplificação da missa. Foi calado pela Igreja. Já no século XV, Jan Huss se tornou líder de uma revolta ocorrida na Boêmia (atual República Tcheca). A região fazia parte do Sacro Império RomanoGermânico. Professor da Universidade de Praga, Huss pregava a reforma do catolicismo, questionando alguns dogmas como a infalibilidade papal e defendia que o culto fosse feito em língua local para que os fiéis pudessem entender e participar. Jan Huss foi preso e, no Concílio de Constança, intimado a negar seus pontos de vista. Negando-se a mudar de opinião, restou ao religioso a fogueira da Inquisição, na qual foi queimado vivo em 1415 (imagem ao lado). Sua morte gerou uma forte revolta popular na região, mas o catolicismo permanecia sem mudanças.
Contexto da Reforma No século XVI o papado perdia a hegemonia de poder que havia conquistado sobre a Europa na Idade Média; setores nacionais se debelavam contra o poder universal que a Igreja representava. Reis Absolutistas questionavam a autoridade papal e setores da nobreza insatisfeitos com as ingerências do pontífice máximo na política se avolumavam. Ao passo que havia uma disputa política de poder, havia também uma questão econômica fundamental: a partir da Baixa Idade Média e, sobretudo, com as navegações dos séculos XV e XVI a burguesia se fortalecia. Ocorre que a burguesia era sedenta por lucro, enquanto a Igreja, de moral feudal, criticava os usurários (usura, basicamente, é quando dinheiro gera dinheiro, seja por juros bancários ou mesmo lucro comercial). Alguns reis, setores da nobreza e burgueses davam a base para que teólogos como Lutero e Calvino rompessem com a Igreja Medieval.
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[História I]
Reforma Luterana No século XVI, a atual Alemanha era um emaranhado de pequenos principados, ducados, cidades livres e outros territórios que faziam parte do Sacro Império Romano Germânico, maior reino da Europa Cristã. Nesse reino prevalecia o poder local (resquício da Idade Média), com disputa entre os senhores locais. Quem dava verdadeira unidade ao reino era o papa, poder universal. Na região do Sacro Império, o monge Marinho Lutero, professor da Universidade de Wittenberg se revoltou contra a venda de Indulgências (perdão dos pecados), autorizada pelo Papa Leão X, que com a arrecadação de “contribuições” pretendia terminar a construção da nova Basílica de São Pedro. Indignado com a situação, Lutero lançou, em 1517, as 95 Teses, criticando elementos católicos e defendendo: 95 teses Salvação pela fé (nega as “obras” exigidas pelo catolicismo); Apenas 02 sacramentos – batismo e eucaristia (no catolicismo são 07); A Livre interpretação da Bíblia (a Igreja Católica era quem interpretava os textos bíblicos para os fiéis, sendo que as bíblias sequer eram escritas em língua nacional, mas sim em latim); O culto simples; Fim da hierarquia eclesiástica e do celibato clerical. * As 95 teses servem de base para as ideias de Lutero contidas na Confissão de Augsburgo de 1530, documento fundamental para a criação do Luteranismo. Com a doutrina luterana ganhando adeptos nos territórios alemães (os príncipes desejavam se afastar do poder do papa) começou a haver um conflito entre Lutero e a Igreja, resultando nos seguintes fatos: 1518 – O Papa Leão X exige que Lutero se retrate pelas 95 teses. 1520 – O Papa Leão X excomungou Lutero, após ter lançado bula condenando as ideias luteranas. 1521 – Na Dieta de Worms, o Imperador Carlos V declara Lutero como “fora-da-lei”; Lutero recebe apoio dos príncipes alemães favoráveis à Reforma, em especial Frederico, Duque da Saxônia. 1530 – Com o auxílio de Filipe Melanchton, Lutero redigiu a Confissão de Augsburgo, com a doutrina da Igreja Luterana, que tem por base as ideias lançadas nas 95 teses; 1531 – Guerra Civil: inicia a disputas entre a Liga de Smaldake (protestantes) e a Liga Sagrada (católicos). 1555 – A Paz de Augsburgo concedeu aos príncipes definirem a religião de seu Estado
Lutero contra as mudanças sociais A Reforma preconizada por Lutero foi basicamente com e para a nobreza, que tinha interesse em se livrar da influência do Papa sobre a região da Alemanha. Porém, a nobreza não tinha interesse algum em modificar social ou economicamente seus reinos e principados. Porém, no contexto das transformações e disputas políticas eclodiu a Revolta Anabatista (1524-5), criticando as relações feudais e a acumulação de bens. Liderados por Thomaz Muntzer, os anabatistas partiram para saques e incêndios de mosteiros e castelos. A nobreza uniu-se contra os rebeldes e, sob autorização de Lutero, esmagou os camponeses de Muntzer. Mais de cem mil camponeses foram mortos, mas a religião anabatista (quacker) sobreviveu.
Reforma Calvinista
Na Suíça, Ulrich Zwinglio deu início ao movimento reformista, obtendo êxito em partes daquele país. Católicos e protestantes entraram em guerra, onde Zwinglio morreu deixando a liderança do movimento para o sacerdote francês João Calvino (Jean Calvin), que propagou sua doutrina. Dentre os preceitos do calvinismo destacamos: Aceitação apenas das Sagradas Escrituras como instrumento para conhecer a vontade divina; Predestinação absoluta – já se nasce predestinado à salvação ou à condenação. Ênfase no trabalho; Lucro permitido ao bom cristão; justificativa da usura. Eliminação das imagens de santos e de cerimônias pomposas; 02 sacramentos (igual ao luteranismo);
Na França e nos Países Baixos os calvinistas eram chamados de Huguenotes; na Inglaterra de puritanos e na Escócia de Presbiterianos.
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[História I] Calvino e os Hereges Calvino, apesar de ter rompido com o Catolicismo, não era totalmente avesso as ideias católicas e também criticava os “hereges” (mesmo que a Igreja Católica o trata-se como um herege também). Um dos casos mais notórios da intolerância de Calvino contra as heresias esta no caso de Miguel Servet. Servet é um dos grandes nomes atrelados ao Renascimento, medico anatomista que desvendou a pequena circulação. Porém, Servet também se interessava por Teologia e era critico à ideia de “Santíssima Trindade” do Catolicismo (e não negado pelos protestantes). Fugindo da Inquisição francesa, Miguel de Servet foi refugiar-se em Genebra, acreditando que receberia um tratamento menos agressivo de Calvino e seus seguidores em 1553. O médico estava enganado e foi preso pelos calvinistas, que acabaram condenando o mesmo a morte na fogueira por causa do que Calvino chamou de “blasfêmias execráveis” (que seriam o Antitrinitarismo e a contrariedade ao batismo infantil). Antes, porém, da execução de Servet em 27 de outubro de 1553, Calvino consultou a opinião de outros reformadores, como alguns seguidores de Lutero, que foram unânimes em aprovar a execução.
Reforma Anglicana A Reforma na Inglaterra foi provocada por fatores diversos, tais como: A disputa entre o poder nacional (Rei) e o poder universal (Papa); O nacionalismo inglês; O fato de o Papa ter negado a anulação do casamento de Henrique VIII; Pretendendo casar-se com Ana Bolena, Henrique queria anular seu casamento com Catarina de Aragão. Porém, o papa Clemente VII não aceitava a anulação do matrimônio. Para conseguir seu divórcio, Henrique VIII reuniu um tribunal de bispos ingleses que concordaram com o Rei. Como consequência disso, Henrique foi excomungado pelo papa. Em 1534, Henrique fez com que o Parlamento aprovasse o Ato de Supremacia, criando a Igreja Anglicana e transformando o rei da Inglaterra em seu único chefe. É importante associarmos a Reforma Anglicana com o Absolutismo Monárquico que se formava na Inglaterra, concentrando poderes nas mãos do rei. Nesse contexto devemos observar que Henrique recebe apoio da nobreza inglesa, pois soube coopta-la distribuindo terras tomadas da Igreja Católica. Tal fato se da na montagem do absolutismo inglês chamado de “Absolutismo de fato”.
Reforma Católica ou Contrarreforma Ante o avanço das ideias reformistas na Europa, os católicos reagiram com a Contrarreforma, surgida na reunião dos bispos do Concílio de Trento (1545 – 1563) [imagem ao lado]. Em tal Concílio tomaram-se algumas decisões:
Condenação da doutrina da justificação pela fé; Proíbe a intervenção de príncipes nos assuntos religiosos, confirmando que o papa e os bispos detêm poderes outorgados por Jesus Cristo; Mantém os 07 sacramentos, o celibato clerical, a indissolubilidade do matrimônio e o culto aos santos; Uma medida importante do Concilio de Trento foi a Confirma que a interpretação da Bíblia proibição da venda de indulgências, que foi cabe à Igreja; justamente o estopim para a revolta de Lutero. Reafirma a infalibilidade papal; Determinou a criação de seminários (formação de padres) e de um catecismo (resumo da doutrina cristã); Elaborou o Index Libroum Proibithorum, o Índice dos Livros Proibidos; Restabeleceu os tribunais da Inquisição, agora com o nome de Tribunal do Santo Ofício; Reconhecimento oficial da Companhia de Jesus (Jesuítas).
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[História I]
UNIDADE 5 COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA Os europeus começavam a superar as dificuldades econômicas do final da Idade Média, sobretudo lançando mão das práticas mercantilistas, com um governo forte (absolutista) gerenciando a economia e promovendo a expansão comercial. E, nesse momento, o continente americano, assim como o africano, se torna alvo da política econômica e expansionista da Europa. Se, por um lado os europeus vivem transformações que ajudam a criar um processo de racionalização e tolerância no mundo (Renascimento e Reforma), por outro lado acabam impondo suas mentalidades e economia a outros povos, como os indígenas americanos, surgindo então uma visão eurocêntrica de mundo, que só se ampliou durante o período colonial, com a gradual aniquilação dos povos e culturas ameríndias. Até meados do século XVIII, a maior parte do continente americano estava sob a dominação europeia.
MAPA. FONTE: http://fazendohistorianova.blogspot.com.br/2017/11/america-pre-colombiana.html
5.1. Dominação e colonização Os europeus chamaram de “Descobrimento” e “Conquista” o momento de sua chegada ao Novo Mundo e a aculturação e exploração dos povos nativos. Sabemos que essa é uma visão eurocêntrica, pois expõe o lado europeu apenas. Quando se fala em “descobrimento” questionamos: como alguém vai descobrir algo que já está povoado e com civilizações avançadas e diversidade cultural? Sabemos que existiu um processo todo que levou a formação de verdadeiros impérios coloniais que possibilitaram o crescimento econômico da Europa, às custas da aniquilação dos povos americanos. Tal processo foi justificado à época como “expansão da fé cristã”, numa ideia de que os europeus estavam salvando essas almas (conforme sugeriu Pero Vaz de Caminha em sua famosa carta ao rei, em 1500). Um questão, entretanto, que paira no ar muitas vezes é como os europeus, com pequenos exércitos e grupos limitados de exploradores conseguiram desarticular as diversas comunidades americanas e subjugalas, colocando-as sob trabalho forçado em muitos casos (como foi a Mita no império inca dominado). Como os europeus substituíram um mapa – da diversidade de povos, etnias e culturas [mapa ao lado] – pelo mapa colonial que vimos na página anterior? Vamos separar alguns tópicos pra tentar compreender esse processo de dominação e colonização sobre nosso continente. Uso de superioridade tecnológica, com armas de ferro e fogo, além de animais de combate, como cavalos e cães, desconhecidos pelos americanos. No quesito armas, os astecas lutavam, por exemplo, com espadas de madeira e escudos feitos de cascas de árvores;
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[História I]
Rivalidades internas dos impérios americanos, visto que incas e astecas dominavam diversos povos que muitas vezes não desejavam esse domínio. A chegada dos exércitos espanhóis acendeu a possibilidade de luta de diversos grupos contra a dominação de incas ou astecas. No caso do Brasil, existia a rivalidade de etnias, que também foram alimentadas pelos portugueses. Em diversas ocasiões, os lusitanos se aliaram à um grupo para explorar outro, como é o caso da escravização dos tupis-guaranis no sul do país, que eram “Finalmente, em dezembro de 1520, a cidade do México caiu escravizados pelos bandeirantes com apoio em mãos dos espanhóis. Quauhtemoc foi feito prisioneiro, dos charruas. torturado com todos os instrumentos conhecidos pela As crenças religiosas indígenas, que Inquisição, mas nada contou sobre o tesouro de Montezuma. equiparavam os europeus a possíveis Enforcaram-no. Até os dias de hoje, a maior parte daquele divindades ou determinavam o fatalismo tesouro permanece desaparecido. histórico de suas civilizações. Os incas Os espanhóis destruíram casa a casa toda a maior cidade das acreditavam que os espanhóis podiam ser o Américas, incendiaram seus templos, destruíram seus deuses, exército de Viracocha, deus que criou o atulharam os canais que antes abasteciam a cidade com água império e saiu com suas tropas sobre as pura, destruíram as galerias de esgoto. Arrasaram cada águas. Os astecas acreditavam que seu espaço civilizatório que encontraram. império estava próximo do fim quando Trouxeram duas mil famílias de espanhóis para a colonização cristã da cidade do México e, para eles deram 30.000 cabeças Hernan Cortes chegou ao México com seus de índios escravizados. Atrás dos soldados com cavalos e soldados. espadas, seguiram os sacerdotes. D. Juan de Zumarraga, o A guerra biológica, involuntariamente primeiro arcebispo do México, destruiu num gigantesco ato deflagrada pelos europeus, que traziam de fé todos os escritos da civilização asteca que pode consigo doenças como a gripe, varíola e encontrar; bispos e padres imitaram-no e os soldados, com sarampo, que apesar de serem doenças que igual fanatismo, aniquilaram o que poderia restar”. não são tão graves hoje, matavam os indígenas por não possuírem anticorpos. Extraído de http://proust.net.br/blog/?p=228
No processo de dominação sobre nosso continente, as potências europeias desenvolveram dois tipos básicos de colonização, as áreas de exploração (grande maioria do continente) e as áreas de povoamento, praticamente restritas à parcela das 13 colônias inglesas na América do norte. Colônias de Exploração - montadas nos moldes do mercantilismo e pacto colonial, para gerar lucros às metrópoles europeias, com seus metais preciosos ou gêneros tropicais. - economia de Agroexportação, baseada no Latifúndio, Monocultura e a exploração da mãode-obra indígena ou escrava. - exemplo: América portuguesa e espanhola.
Colônias de Povoamento - pouco sofrem o pacto colonial, pois não oferecem boas terras ou metais preciosos que possam auferir lucros a sua metrópole dentro do pensamento mercantilista. - servem de abrigo para perseguidos políticos ou religiosos que vem para a América construir um novo mundo, para povoar a terra e nela viver. - economia voltada para o mercado interno, com o predomínio da pequena propriedade policultora e a utilização da mão-de-obra livre. - exemplo: parte norte das 13 colônias inglesas.
RASCUNHO
5.2. América espanhola [45]
[História I]
Em 1492, Cristóvão Colombo, em nome da Coroa Espanhola chegou à América. Nos anos seguintes se daria um processo de conquista e subjugação dos povos ameríndios. Os espanhóis, então, passariam a dominar boa parte do continente.
Divisão política: Vice-reinos: Nova Espanha, Nova Granada, Peru e Rio da Prata. Capitanias Gerais: Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile.
Organismos de controle na Espanha: Casa de contratación: regulação do comércio (através do sistema de “porto único”) e cobrança de impostos. Conselho de las Índias: responsável pela nomeação de vice-reis e pela fiscalização da administração colonial.
MAPA. FONTE: http://historiapublica.blogspot.com.br/2011/10/colonizacao-da-america-espanhola.html
Sociedade Colonial Espanhola
CHAPETONES: altos funcionários e administradores do governo espanhol na América. Eram espanhóis que vinham para Novo Mundo para garantir a exploração da Espanha sobre suas possessões americanas. CRIOLLOS: descendentes de espanhóis nascidos na América. Apesar de serem grandes proprietários ou homens ricos em geral, não podiam ocupar os altos cargos do governo, sendo reservado a eles apenas os cabildos. MESTIÇOS: pequenos trabalhadores e homens livres em geral. ESCRAVOS NEGROS: em considerável número, porém em menor quantidade que os da América Portuguesa. INDÍGENAS: formavam a base da mão-de-obra, sendo explorados através da mita e da encomienda.
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[História I]
5.3. América inglesa A Dinastia Tudor foi responsável pela adoção do absolutismo na Inglaterra, sendo também promovedora da política mercantilista. Durante o reinado de Elizabeth I foi dado um grande impulso à construção naval e à atividade marítimocomercial. Foi nesse contexto que, em 1585, sir Walter Raleigh chegou a América do Norte, fundando a colônia de Virgínia, a 1° das 13 colônias. Apesar da descoberta de novas colônias, o sistema colonial inglês só foi iniciar na Dinastia Stuart (Jaime I, 16031625), quando o poderio das frotas navais inglesas permitiu que houvesse uma boa passagem pelo atlântico. Além do mais, deve-se salientar o acúmulo de capitais da burguesia inglesa, que procurava novas áreas para investimento.
Quem Veio para a América do Norte? Com o início da colonização, vários grupos sociais vieram para as colônias inglesas, destacando-se os perseguidos religiosos ou políticos, geralmente pessoas de uma boa condição financeira e dispostos a começar uma vida nova, longe dos conflitos. Também existiu o grupo dos sem-terra, pessoas que haviam sido expulsas do campo devido aos cercamentos (enclosures) realizados pelos nobres. Os sem-terra normalmente vinham sob a condição de servos temporários.
Norte e Sul Diferentemente das demais colônias americanas, as colônias inglesas apresentaram uma distinção entre sul e norte (em alguns casos fala-se em colônias do norte e do centro), onde o sul era formado por colônias de exploração (como todo o mundo colonial) e o norte (e centro) era de colônias de povoamento. Esta diferença se dava basicamente devido ao fator geoclimático, uma vez que o norte tinha uma produção econômica parecida com a da Inglaterra (não oferecia, então, produtos de complemento) e o sul produzia os gêneros tropicais inexistentes na Europa e por lá tão solicitados. Colônias de exploração Geórgia, Carolina do Sul e do Norte, Virginia e Mariland.
Colônias de povoamento Delaware, Pensilvânia, Nova Jérsei, Connecticut, Rhode Island, Massachusetts, Nova York e New Hampshire. Produção agrícola baseada na grande propriedade. Produção agrícola baseada na pequena propriedade Destaque para a produção destinada ao mercado externo Desenvolvimento de uma produção manufatureira voltada (produtos agrícolas ou metais preciosos). para o mercado interno. Utilização do trabalho escravo (indígenas ou negros).
Utilização do trabalho livre.
Pacto colonial rígido.
Laços coloniais mais brandos. Comércio Triangular das 13 colônias
Ao longo das décadas de colonização, as 13 colônias tiveram relativa liberdade comercial e desenvolveram um comércio que fugia da lógica do mercantilismo e do sistema colonial; comerciantes das 13 colônias estabeleceram diversos “triângulos” de comércio no Atlântico, gerando desenvolvimento econômico próprio para as colônias. Mapa. FONTE: https://pt.slideshare.net/efzanoni/independncia-dos-eua-26629638
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[História I]
5.4. América portuguesa Em 22 de abril de 1500, inserido nos contextos da Expansão marítima, chegava ao Brasil o navegador Pedro Álvares Cabral, que “descobriu” o Brasil. Há muita discussão sobre a intencionalidade ou não da vinda de Cabral para o nosso continente, uma vez que o objetivo final de sua viagem era chegar à Índia. Porém, um grande número de historiadores acredita que Cabral tenha sido orientado para, na mesma viagem comercial, procurar novas terras à oeste. Assim, os portugueses chegavam ao nosso país.
A Carta de Pero Vaz de Caminha O documento que marca a chegada dos portugueses no Brasil é a carta do escrivão Pero Vaz de Caminha, que descreve os primeiros contatos amistosos com os indígenas e demonstra o interesse mercantilista de Portugal ao afirmar: “Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro”; Caminha descreve as terras brasileiras como férteis e diz que “em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo”. Não bastasse a visão econômica, a Carta também sugere a catequização dos indígenas sugerindo que “o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente”.
Portugal e Brasil: primeiros contatos É evidente o interesse português na fundação de colônias e na exploração das mesmas nessa época, uma vez que a política econômica deste estado estava orientada pelo MERCANTILISMO, alicerçado na busca de metais preciosos e na exploração colonial. Acontece que no Brasil, de imediato, não forma encontrados produtos rentáveis para Portugal (como indica a Carta de Pero Vaz, sobretudo afirmando a não existência de metais preciosos), daí a pouca importância dada pelos portugueses ao Brasil nos primeiros anos, até 1530. Portugal era proprietário do Brasil, como previa o Tratado de Tordesilhas, porém optou por não colonizá-lo, Quadro de Vitor Meireles de 1860, representando a primeira preferindo realizar o lucrativo comércio missa do Brasil, pelo frade Henrique de Coimbra em 26 de abril de 1500. com as Índias. Nesse período pré-colonial, a relação entre Brasil e Portugal deu-se sobretudo através do escambo e da fundação de feitorias. Um dos produtos mais atrativos no Brasil era o pau-brasil, árvore de cujo tronco extrai-se uma tintura avermelhada (brasil), muito aproveitada na pintura de tecidos e que tinha um bom valor comercial na Europa. Através do escambo, os portugueses adquiriam as árvores de pau-brasil pra comerciar na Europa. As feitorias tinham como importante função servir de entreposto comercial, eram instaladas no litoral e recebiam dos indígenas a tão esperada madeira. Em contrapartida os portugueses davam aos indígenas produtos europeus de baixo valor, tais como tecidos, canivetes, espelhos, etc.
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[História I] A Luta pelo Território Brasileiro No período da chegada dos europeus à América, houve a divisão do mundo entre Portugal e Espanha. O problema é que não só estes dois países navegavam. Ao longo do século XVI, ingleses, holandeses e franceses foram se lançando as navegações e contestando esta partilha do Mundo. Ao longo do período pré-colonial o território brasileiro foi ameaçado pelos invasores estrangeiros que procuravam fazer o escambo do pau-brasil com os indígenas ou fundar feitorias. Para a proteção do seu território, os portugueses enviaram ao litoral do Brasil algumas expedições militares, com destaque para as expedições de Cristóvão Jacques, que comandou expedições entre 1516 e 1519 e depois entre 1526 e 1528. Em 1530, devido a uma série de ocorrências, a Coroa Portuguesa decidiu colonizar o Brasil, estabelecendo em definitivo seu domínio sobre sua colônia. 1500 – Por que não colonizar? Comércio lucrativo com o Oriente (Índias); Falta de atrativos econômicos no Brasil (metais preciosos); Falta de recursos econômicos para Portugal sistematizar colonização;
1530 – Por que Colonizar? Declínio do comércio oriental; Pressão estrangeira pela posse da terra; Possibilidade do açúcar;
Processo de Colonização 1530 – Expedição Colonizadora: Portugal enviou a expedição colonizadora do Brasil, chefiada por Martim Afonso de Souza. A colonização do Brasil seria possível, sobretudo, devido à exploração colonial do açúcar, especiaria das mais requisitadas e valiosas na Europa, cujo qual os portugueses já tinham experiência produtiva (das ilhas portuguesas do Atlântico). O solo brasileiro, juntamente com seu clima, era propício ao plantio em larga escala da cana-de-açúcar. Ao vir para o Brasil, Martim Afonso de Souza fez as seguintes realizações: Distribuiu Sesmarias; Trouxe as primeiras mudas de cana-de-açúcar; Fundou a Vila de São Vicente (1532); 1534: Capitanias Hereditárias Não possuindo capitais suficientes para o empreendimento da colonização do Brasil, a Coroa portuguesa viu como alternativa colonizadora viável a utilização do sistema de Capitanias Hereditárias para colonizar seu território americano. Tal sistema de distribuição de terras também já era utilizado por Portugal nas ilhas do Atlântico. Desta forma, em 1534, D. João III dividiu a colônia em 15 faixas paralelas, doadas a nobres portugueses que se chamariam Capitães Donatários.
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[História I] Carta de Doação e Foral A Carta de Doação era um documento da Coroa pelo qual esta fazia a concessão de uma capitania e dos seus direitos sobre ela, a um capitão donatário. Esse documento estabelecia os limites geográficos da capitania e proibia o comércio das suas terras, aceitando a transferência territorial apenas por hereditariedade; regulamentava os limites das capitanias; dava jurisdição civil e criminal sobre a área da capitania. Era complementado pela chamada Carta de Foral, que fixava os direitos e deveres do capitão donatário. Entre os direitos do Capitão Donatário estabelecidos pelo Foral, no inicio do processo de colonização, estavam: podia vilas e distribuir terras a quem desejasse cultivá-las; exercer autoridade no campo judicial e administrativo; escravizar os indígenas para o trabalho na lavoura; entregar 10% do lucro sobre os produtos da terra à Coroa; entregar 20% (quinto) dos metais preciosos encontrados à Coroa; garantir o monopólio régio do pau-brasil.
Porém, apesar de ser um sistema possível para a administração colonial brasileira, as capitanias hereditárias acabaram não obtendo o resultado esperado, ou seja, não conseguiram colonizar e explorar satisfatoriamente o Brasil. Eis alguns dos motivos do fracasso das Capitanias Hereditárias: Falta de comunicação entre capitanias; Ataques de piratas e de alguns grupos indígenas; Algumas capitanias sequer chegaram a ser colonizadas, por falta de recursos do seu capitão Donatário; Apesar do fracasso (ou malogro), o sistema de capitanias hereditárias perdurou até 1759 e conviveu com outras estruturas administrativas criadas pelo governo português, como os governos-gerais. Diante do insucesso, muitas acabaram compradas pelo governo, outras incorporadas por abandono. ARRUDA, José Jobson, e PILETTI, Nelson. Toda a História. São Paulo: Editora Ática, 2000.
1548: Os Governos-Gerais Devido a falta de sucesso das Capitanias no processo de colonização o governo português criou, pelo Regimento de 1548, o Governo-Geral. O Governador-Geral tinha muitos poderes e muitas obrigações como: deveria neutraliza a ameaça constante dos indígenas, combatendo-os ou fazendo alianças com eles, combater os corsários, fundar povoações, construir navios e fortes, garantir o monopólio real do pau-brasil, incentivar a expansão da canade-açúcar, procurar metais preciosos e defender os colonos. Os primeiros governadores gerais deram passos decisivos para a colonização, como a fundação de Salvador (1ª capital do Brasil), a introdução da pecuária, a vinda do primeiro bispo do Brasil e dos primeiros jesuítas. Também acelerou-se a entrada de escravos africanos na colônia.
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[História I]
UNIDADE 6 BRASIL: DO AÇÚCAR AO OURO Entre 1534 (quando foi implantado o sistema de Capitanias Hereditárias) e 1822 (emancipação política brasileira), o Brasil, e sua economia, estiveram subordinados a Portugal, se adequando ao que chamamos de Pacto Colonial, derivado do pensamento mercantilista, de onde vem a busca pelo lucro para a metrópole. O Pacto Colonial, que não se trata de nenhum acordo assinado ou coisa do gênero, mas sim de uma constatação historicamente feita, pressupõe a divisão de tarefas entre duas partes, uma metrópole e uma colônia, conforme o esquema a seguir: Sem autonomia* Economia complementar
Centro de poder
Sem desenvolvimento
(*) apesar da imposição jurídica portuguesa e da falta de autonomia do ponto de vista jurídico para as colônias, sabemos que na prática a metrópole tinha pequena densidade demográfica frente à colônia Brasil e, portanto, mesmo com todo esforço colonizatório deixou brechas de poder para os colonos, que com frequencia questionaram as decisões metropolitanas e fizeram resistência, inclusive com revoltas. Mão-de-obra: Escravidão africana A mão-de-obra escrava era há muito praticada por árabes e europeus na África. Para o caso colonial, a escravidão era vista como uma boa alternativa para a produção monocultora e latifundiária. Quais as principais justificativas da escravidão negra no Brasil? Não adaptação do indígena ao Trabalho Escravo (argumento um pouco defasado nos dias atuais, mas amplamente difundido na época da colonização); Fuga dos indígenas, que conheciam melhor o território e podiam com alguma facilidade se esconder na mata e voltar para a sua tribo. Missão Católica: uma das justificativas do expansionismo ultramarino estava ligada à expansão do catolicismo. O indígena era visto como um fiel a ser conquistado, enquanto o negro africano era muitas vezes associado aos muçulmanos, sendo visto como um infiel, justificando a escravidão negra. Lucro gerado pelo Tráfico Negreiro: O comércio de escravos africanos traria excelentes lucros aos mercadores portugueses, ao passo que o indígena poderia ser capturado dentro da própria colônia. A Cultura Afro-Brasileira A inserção da população negra na sociedade brasileira se deu pelo trabalho, base da organização econômica e da convivência familiar, social e cultural. A miscigenação avança, com um número cada vez maior de mulatos. Nasce uma religiosidade popular em torno das irmandades católicas e dos terreiros de umbanda e candomblé. Em 1800, cerca de dois terços da população do país – 3 milhões de habitantes – eram formados por negros e mulatos, cativos ou libertos. A cultura afro-brasileira é uma das que mais se destacam no cenário do sincretismo religioso no Brasil. A música e a dança dos descendentes africanos são exemplos vivos do que é o patrimônio cultural do continente negro amadurecido ao longo do milênio. Uma história antiga e valiosa pode ser contada através da música, da dança, do teatro, do artesanato, da indumentária e das tradições. IN: http://www.geledes.org.br/historia-da-escravidao-negra-brasil-2
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[História I]
6.1. Economia Açucareira Dentro do espírito mercantilista e de imposição do Pacto Colonial o açúcar foi o grande impulsionador da colonização do Brasil. Portugal já tinha experiência na produção da cana-de-açúcar nas ilhas do Atlântico e encontrou possibilidade de plantar este gênero agrícola nas férteis terras brasileiras. O açúcar, especiaria muito requisitada na Europa no período colonial brasileiro era um produto derivado da cana-de-açúcar, a qual era produzida no litoral da Brasil Colônia. A Consequente aproximação de Portugal com os mercadores e banqueiros de Flandres (norte da Europa), responsáveis pelo financiamento, refino e distribuição do açúcar, possibilitou o acesso dos portugueses à infraestrutura comercial europeia, controlada pelos holandeses, bem como ao seu abundante capital, para o financiamento do empreendimento agrícola brasileiro. VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História para o Ensino Médio. São Paulo: Scipione, 2001. Produção Açucareira: O Engenho O Engenho era a unidade produtiva açucareira da Brasil Colonial. O primeiro engenho foi instalado ainda por Martim Afonso de Souza em 1533 e estes se multiplicaram rapidamente pela costa brasileira. O engenho, mais do que uma simples instalação, era a denominação dada a toda a estrutura produtiva voltada para a obtenção do açúcar. Compunham o engenho: Florestas fornecedoras de madeira; Plantações de cana-de-açúcar; A Casa Grande; A Capela; A Senzala; O Engenho (fábrica do açúcar), composto da moenda, da casa das caldeiras e da casa de IMAGEM. FONTE: http://www.grupoescolar.com/pesquisa/sociedade-colonial-acucareira.html purgar; Sociedade Açucareira A sociedade da Brasil Colônia voltada para a produção do açúcar era uma sociedade dividida basicamente entre senhores e escravos, portanto considerada bipolar, entretanto havia a formação de uma camada intermediária (como profissionais liberais, trabalhadores livres e pequenos proprietários), porém, sem grande expressão social. Essa sociedade era também, marcadamente, rural e patriarcal. Senhores de Engenho; sua família, dependentes e agregados. Homens livres pequenos proprietários, comerciantes, profissionais liberais, etc. Escravos africanos (maioria) ou indígenas
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[História I]
6.2. Invasões holandesas Em 1578, Portugal ficava com o trono desocupado; D. Sebastião, rei português, havia desaparecido em batalha contra os muçulmanos. Como não tinha herdeiros diretos, o Cardeal D. Henrique assumiu o trono português, porém, veio a falecer dois anos mais tarde, também sem deixar sucessores. Nessa crise de sucessão ao trono de Portugal, apareceu a figura do rei de Espanha, Felipe II, neto de D. Manuel, antigo rei português, e, por ordem de sucessão, legitimo futuro rei português. Felipe II tratou de unir as coroas de Portugal e Espanha sob seu comando, dando início à fase denominada União Ibérica.
O Brasil & a União Ibérica No que diz respeito ao Brasil, a União Ibérica causou algumas mudanças. Apesar da relativa autonomia administrativa interna, o Brasil viu o desaparecimento da Linha de Tordesilhas, que tinha por objetivo separar as terras portuguesas e espanholas. Nesse período também ocorreram as Invasões Holandesas. As Invasões Holandesas Na Europa, Holanda e Portugal mantinham um bom relacionamento político-econômico, sendo os holandeses grandes parceiros comerciais de Portugal, responsáveis pela refinação e distribuição do açúcar naquele continente. Porém, os Países Baixos foram, até 1581, domínio político da Espanha. Após sua independência, criou-se um clima inamistoso entre Holandeses e espanhóis. A Holanda era proibida de fazer comércio com a colônia espanhola do Brasil. Para manter relações com as colônias americanas, os holandeses criariam a Companhia das Índias Ocidentais, que foi responsável por invadir a Bahia (1624-25), não obtendo sucesso nessa primeira invasão e depois invadir e dominar o Pernambuco (1630-54), onde obtiverem domínio sobre a região nordeste e criaram aquilo que chamaríamos de “Brasil holandês”. No nordeste os holandeses fizeram pesados investimentos no plantio da canade-açúcar. Domínio Holandês em Pernambuco Por quase 25 anos os holandeses dominaram a região do atual Pernambuco e arredores, constituindo em um domínio de extensão razoável sobre o Brasil. Nos primeiros anos após a Invasão, a população esboçou reação, porém, logo foi vencida militarmente. Os grandes proprietários encontraram vantagens dos governos holandeses, sobretudo de Maurício de Nassau, que governou entre 1637 e 1644.
MAPA. FONTE: http://gabinetedehistoria.blogspot.com.br/2015/04/o-mundo-do-acucar.html
Governo de Mauricio de Nassau (1637-44) O conde holandês Maurício de Nassau representou uma espécie de ápice do açúcar brasileiro, tendo investido pesado na produção canavieira. Trouxe para o Brasil inúmeros banqueiros e investidores para fazerem empréstimos aos colonos; investiu em obras públicas, abrindo estradas e melhorando portos e reformando Recife; criou um regime de tolerância religiosa em uma colônia que era basicamente católica; conquistou pontos estratégicos de fornecimento de mão de obra escrava na África. Foi demitido pela Companhia das Índias Ocidentais em 1644, ao que tudo indica, por gastar muito.
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[História I] Insurreição Pernambucana (1645-1654) Os últimos anos da administração de Maurício de Nassau foram marcados pela queda do preço do açúcar no mercado europeu; pela perda de safras devido a pestes e problemas climáticos. Ainda, a Holanda passava por um momento de dificuldades financeiras e aumentava o juro sobre os empréstimos feitos aos agricultores brasileiros. Em 1644, Nassau era substituído pelo governo holandês. A cobrança dos empréstimos feita de forma compulsória, bem como o fim da liberdade religiosa, foram alguns dos motivos que levaram a população pernambucana a se rebelar contra os holandeses. Iniciava a Insurreição Pernambucana, que teve como resultado final a expulsão dos holandeses do território brasileiro. A Insurreição Pernambucana é considerada a primeira revolta de caráter nativista do Brasil, unindo senhores de engenho, pequenos proprietários, indígenas e escravos contra o invasor holandês. Porém ainda não apresentou ideais de emancipação política em relação a Portugal. Consequências da expulsão dos Holandeses Holandeses passam a produzir cana-deaçúcar em seus domínios nas Antilhas; Concorrência com a produção lusobrasileira; Declínio da economia açucareira do Brasil. Detalhe do quadro Batalha de Guararapes de Victor Meirelles.1879
6.3. Expansão territorial e tratados No período da União Ibérica, a Linha de Tordesilhas ficou sem efeito, permitindo um avanço do território brasileiro rumo ao interior. Duas formas básicas de expedições foram responsáveis pelo avanço ao oeste, as Entradas e as Bandeiras. Entradas
– Patrocinadas pelo governo colonial, visava uma expansão respeitando os limites da Linha de Tordesilhas. Eram feitas desde o período inicial da colonização. Bandeiras – Organizadas por particulares, sobretudo da região onde atualmente fica o estado de São Paulo. A pobreza da inicialmente próspera capitania de São Vicente, frente ao sucesso do empreendimento açucareiro no Nordeste, levou à organização de bandeiras, expedições cujo objetivo era procurar riquezas no interior da colônia e apresamento de nativos, além de ataques contratados a quilombos, como ocorreram posteriormente.(...) (...)Muitas bandeiras atacaram as missões jesuíticas do Oeste e Sul da colônia, capturando dezenas de milhares de nativos e cobrando um valor alto pelos aculturados por estarem mais adaptados ao trabalho agrícola. VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História para o Ensino Médio. São Paulo: Scipione, 2001. As Bandeiras avançavam sem se importar com os limites de Tordesilhas. Os principais tipos de Bandeiras são: a) Monções – Bandeiras de comércio, utilizando bastante a via fluvial; b) Apresadoras – Bandeiras de captura aos índios. Agiam, sobretudo, contra as reduções jesuíticas; c) Sertanismo de Contrato – Contratados para enfrentar tribos hostis ou negros fugitivos (quilombos); d) Prospectoras – Visavam achar metais preciosos (ouro, prata, etc.) no interior brasileiro
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[História I] Ao longo do século XVII (continuando no século XVIII) o Brasil expandiu seu território em várias direções. Diante da nova situação, o Tratado de Tordesilhas se tornava inadequado, sendo necessários novos tratados de fronteira.
Fatores da Expansão do Brasil Região Amazônica – Missões Jesuíticas e “Drogas do Sertão”. Pecuária – Nordeste = zona do sertão / Sul = Vacaria do mar. Oeste – Bandeiras, comércio e economia mineradora.
TRATADOS DE LIMITES - O Brasil teve seu limite expandido ao longo do século XVII e XVIII devido a vários fatores, o que levou ao problema de limitação imposto ainda pelo Tratado de Tordesilhas (1494) e revisto, sobretudo a partir da fundação da Colônia do Santíssimo Sacramento em 1680, pelos portugueses, no sul do atual Uruguai. Vários conflitos envolveram as Coroas de Portugal e Espanha e seus súditos na América no século XVIII e vários tratados foram feitos redefinindo o território brasileiro. Tratado de Lisboa (1681): A Espanha reconhece a Colônia de Sacramento (parte do atual Uruguai) como território português. Tratado de Utrech (1713): troca de terras entre França e Brasil no limite entre a Guiana Francesa e o Brasil. Nesse momento estabelece-se o Rio Oiapoque como fronteira norte do Brasil.
Tratado de Utrech (1715): Espanha reconhece posse portuguesa sobre a Colônia de Sacramento. Este tratado ocorre após dez anos de ocupação de Sacramento pelos castelhanos, entre 1704-14.
Tratado de El Pardo (1761): Anulou as cláusulas do Tratado de Madri referentes ao sul do Brasil. Este tratado se fez necessário após a resistência de jesuítas e índios guaranis, que se negaram a sair dos Sete Povos para cederem a região aos portugueses e acabaram gerando a Guerra Guaranítica (1754-56).
Tratado de Madri (1750): Por meio dele a Coroa portuguesa se assenhoreava do Norte, Centro-Oeste e Sul do Brasil. Este tratado feito sob a tutela de Alexandre de Gusmão utilizava o principio de Uti Possidetis, Ita Possideatis. No sul ocorreria a troca entre os Sete Povos das Missões (Espanha) e a Colônia de Sacramento (Portugal).
Tratado de Santo Ildefonso (1777): Os portugueses entregaram a Colônia de Sacramento à Espanha e ficaram definitivamente com a parte leste do RS, SC e PR. Tratado de Badajós (1801): Consolidou a ocupação efetiva do Brasil na parte atual do oeste sulrio-grandense, delimitando a fronteira entre as possessões portuguesas e espanholas nas margens do Rio Uruguai
TRATADOS DE LIMITES (1713-1801) MAPA. FONTE: http://www.rotamogiana.com/2017/01/o-conceito-de-nordestino-e-social-e.html
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[História I]
6.4. Economia Mineradora No final da União Ibérica, os preços do açúcar tinham caído no mercado mundial, Portugal continuava em grave crise econômica. Com a descoberta do ouro de aluvião, em Minas Gerais, a notícia se espalhou, provocando grande corrida de aventureiros em direção a região. Com a possibilidade de enriquecimento rápido, vinham, além da população colonial, grande quantidade de portugueses, era uma evasão alarmante para um país pequeno como Portugal, que temendo um problema de escassez de mão-de-obra, em 1720, restringe a emigração.
Escravos garimpando e sendo vigiados por feitores para que não roubassem as pepitas de ouro. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mineração_no_Brasil
O século do Ouro Havia, basicamente, dois tipos de processo de exploração do ouro: a lavra (grande Extração) e a faiscação (pequena extração). A lavra consistia em estabelecimentos maiores, com instrumentos especializados, eram exploradas as jazidas de importância, sendo a mão-de-obra amplamente escrava. A faiscação era praticada por pequenos mineradores, trabalhavam sozinhos ou com reduzido número de escravos, exploravam o ouro de aluvião depositado no fundo dos rios e de fácil extração.
As principais mudanças da época do ouro Mudança do eixo econômico, que antes estava embasado no nordeste e agora se deslocava para a região sudeste. Em outra forma de ver: se deslocava do norte pro sul. Formação de uma rede de comunicação e comércio internos, visto que na economia açucareira tínhamos uma produção litorânea que mantinha contato direto com a Europa. No caso do ouro, ocorreu a interiorização econômica, surgindo uma rede de comércio que abastecia as Minas Gerais, sobretudo a partir de São Paulo e Rio de Janeiro (áreas litorâneas que recebiam produtos diretos da Europa). Também áreas periféricas integram-se à economia mineradora, como o atual Rio Grande do Sul que fornecia gado (e mais tarde charque) para a região do ouro; Urbanização das áreas mineradoras. Houve uma corrida por ouro em nosso país, com muita gente vindo de Portugal ou de diversas regiões do Brasil na direção da região aurífera. Isso possibilitou o desenvolvimento de cidades em áreas mineradoras; Desenvolvimento das artes, com ênfase para o Barroco e o Arcadismo, que aparecem em meio a uma sociedade mais dinâmica e rica. O Barroco se destaca na arquitetura (sobretudo de Igrejas) e nas esculturas do mestre Aleijadinho. Na literatura vemos o Arcadismo, com Tomas Antônio Gonzaga e outros. Maior controle de Portugal sobre o Brasil, uma vez que, além do ouro, o Brasil se transformou na última grande riqueza do decadente império português. O controle muito forte se deu com o Marquês de Pombal, primeiro-ministro todo poderoso de Portugal durante o reinado de D. José I (1750-77).
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[História I] A Sociedade Mineradora Caracterizou-se pela existência de uma numerosa classe média. Havia uma relativa mobilidade social, embora fosse escravista. Homens livres pobres poderiam fazer fortuna na mineração e no comércio. Mesmo os escravos, tinham possibilidades de alterarem sua condição através da compra da alforria. Vários centros urbanos se formaram na região, habitados por funcionários reais, comerciantes, tropeiros, artesãos, biscateiros, religiosos, profissionais liberais, mendigos, e etc. conferindo a sociedade mineradora um caráter urbano. Surge um patriarcalismo urbano, assentado nas cidades que nasceram, entre outras, Vila Rica, Mariana, Sabará e Congonhas do Campo. A sociedade mineradora era bastante distinta da açucareira. Enquanto a sociedade do açúcar, que caracterizou o início do processo colonizador era rural e imóvel a sociedade que apareceu ligada ao extrativismo de ouro e diamantes era urbana e apresentava mobilidade social.
A exploração de diamantes A busca pelo ouro também acabou viabilizando a descoberta de locais ricos em pedras preciosas, principalmente o diamante. No ano de 1721 foram descobertas as primeira pedras em Minas Gerais. Depois de muita disputa pelas pedras preciosas, em 1771, sob o governo do Marquês de Pombal, foi criado o Distrito Diamantino, sob controle direto do governo. Administração Portuguesa sobre as minas A principal função da mineração era gerar rendas para a metrópole. Todas as minas pertenciam a Portugal, que via no ouro, a possibilidade de salvar sua economia. Criou-se um rígido sistema de controle e arrecadação fiscal. O principal órgão do esquema administrativo era a Intendência das Minas, criado em 1702, e subordinada diretamente a Lisboa. Dentre as funções da intendência vale ressaltar: Administrativas: era responsável pela distribuição de terras (lotes, chamados de “data”) para a exploração do ouro, e pela fiscalização da mineração. Judiciais: era responsável pela aplicação da justiça. Tributárias: era responsável pela cobrança de impostos. As formas de arrecadação dos tributos estabelecidas pela Coroa variavam no decorrer do tempo, uma das primeiras foi a que, sobre qualquer quantidade de metal extraído, era cobrado imposto no valor de um quinto do total da mesma. Tendo a intendência, como principal função, cobrar o chamado “quinto”. O Sistema de Tributação O sistema do quinto gerou muita fraude e foi substituído pela finta (quantia anual fixa de aproximadamente 30 arrobas). Mas o governo português considerou esse sistema injusto, e para tornar mais eficiente o controle tributário, em 1719, o governo português, proibiu a circulação do ouro em pó ou em pepitas, ordenando a criação das Casas de Fundição, onde todo o ouro deveria, obrigatoriamente, ser fundido e transformado em barras. Ao receber o ouro, as Casa de Fundição já retiravam a parte que correspondia ao “quinto”. O restante era devolvido à circulação com um selo que comprovava o pagamento do quinto, o chamado “ouro quintado”. (ao lado, ouro após quintado pela Casa de Fundição) Quando a exploração aurífera começou a dar sinais de esgotamento, o governo português fixou em 100 arrobas de ouro anuais o mínimo a ser arrecadado em cada município como pagamento do quinto, que passaram a coexistir com o sistema de capitação, que consistiu na cobrança de um imposto por cabeça de escravo, produtivo ou não, de sexo masculino ou feminino, maior de doze anos. Os mineradores sem escravos também pagavam o imposto por cabeça, no caso, sobre si mesmos. Além disso, o tributo era cobrado sobre estabelecimentos como oficinas, lojas, hospedarias, matadouros e outros. Houve ainda a derrama: a cobrança dos quintos em atraso ou de um imposto extraordinário.
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A Revolta de Vila Rica (1720) Quando foi anunciada a criação da Casa de Fundição em Vila Rica, muitos mineradores ficaram descontentes pois haveria um rigor maior na cobrança de impostos do ouro. Aproximadamente dois mil mineradores tentaram impedir o governo português de criar a Casa de Fundição, mas foram derrotados. Seu líder, Filipe dos Santos, acabou sendo enforcado e esquartejado.
[História I] fonte: Wikimedia Commons
O rigor pombalino Como já afirmamos no início do nosso capítulo, a época da mineração foi também a época de maior controle de Portugal sobre o Brasil. O primeiro-ministro Marquês de Pombal tomou uma série de medidas visando o melhor controle sobre a colônia e os metais preciosos. Acompanhemos algumas:
Monumento para o Marquês de Pombal, em Lisboa
Transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro (1763), por ser uma área mais próxima das minas gerais; Fim do sistema de Capitanias Hereditárias; Expulsão dos jesuítas do Brasil (após a Guerra Guaranítica); Estabelecimento das Aulas Régias (sob tutela do governo e não mais de ordens religiosas); Criação de companhias de comércio objetivando intensificar as explorações econômicas regionais: a Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão e a Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba; Aumento da fiscalização das áreas mineradoras; Criação da derrama. Permissão de algumas manufaturas na Colônia;
O maior rigor de Portugal sobre o Brasil, somado à uma sociedade que era mais dinâmica e rica e, ainda, começava a receber influências do iluminismo europeu, filosofia progressista do século XVIII que começava a criticar o Antigo Regime, fez com que a sociedade mineradora passasse a questionar e criticar a administração lusa sobre nosso país. A própria literatura árcade já expunha alguma critica ao governo, em obras como Cartas Chilenas. Os homens enriquecidos pelo ouro ou pelos diamantes começavam a achar pesada a carga tributária e as arbitrariedades de algumas autoridades metropolitanas corruptas. Algumas atitudes desmedidas como o Alvará de 1785 (através do qual D. Maria proibia as manufaturas antes liberadas por Pombal) faziam a insatisfação crescer e acabaram, junto com a derrama servindo de causa para a Inconfidência Mineira (1789). Era o início do questionamento sobre o Sistema Colonial, que entrava em xeque após a independência dos EUA (1776).
EXTRA: O destino do ouro Nos primeiros 70 anos do século XVII, o Brasil produziu mais ouro que toda a América espanhola em 357 anos, totalizando, aproximadamente, 50% de toda a produção mundial entre os séculos XV e XVIII. Contudo, a maior parte do ouro brasileiro escoou para fora do Brasil, servindo ao enriquecimento de outras nações. Nem mesmo Portugal lucrou com o ouro brasileiro, equilibrou-se momentaneamente, não conseguindo livrar-se da dependência econômica da Inglaterra, assumida após aceitar apoio militar e político na luta contra a Espanha durante a União Ibérica. O grande beneficiário do ouro brasileiro foi à Inglaterra, que, pelo Tratado de Methuen, conhecido como o “Tratado de Panos e Vinhos” (1703), fez de Portugal e suas colônias grandes mercados consumidores de suas manufaturas. Portugal exportava produtos agrícolas para a Inglaterra, e dela, importava as caras e vultosas manufaturas, ficando sempre em dívida com a Inglaterra. Acabava recorrendo ao ouro brasileiro para pagar sua dívida. Não só o Tratado de Methuen, mas a mentalidade colonial lusitana contribuiu bastante para a não industrialização de Portugal, enquanto isto, a Inglaterra recebia o ouro brasileiro e desenvolvia seu capitalismo industrial.
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[História I]
UNIDADE 7 IDADE MODERNA II A ascensão da Modernidade trouxe novas perspectivas à Europa. O pensamento racional, o Estado organizado, a economia de acúmulo (mercantilismo) e a superação da crise do final da Idade Média, sobretudo com o fim da crise dos metais, graças ao afluxo de ouro e prata da América Espanhola e depois da América Portuguesa. Os europeus conheciam um novo momento de prosperidade. Ao menos para as elites. Entretanto, o poder dos nobres e da Igreja ainda prevalecia. Quem crescia e projetava um mundo diferenciado dentro de uma ótica progressista era a burguesia, que de um grupo composto por reles comerciantes ainda na Baixa Idade Média, havia se tornado um grupo econômico muito importante para os Estados Absolutistas europeus, afinal eram os burgueses que sustentavam economicamente esses Estados. A burguesia crescia, mas o poder dos nobres persistia. Poder esse traduzido não apenas na propriedade de vastas terras, mas principalmente em privilégios políticos e jurídicos, como o acesso a tribunais e exclusividade na ocupação de cargos públicos. Os privilégios da nobreza tinham origem na época do Feudalismo, e parte dessas relações feudais ainda se mantinham: nobres possuíam terras e camponeses em regime de servidão, tendo isenção tributária e sendo “sanguessugas” do Estado, que dava cargos e pensões aos mesmos. O avanço das forças produtivas fazia, contudo, que a burguesia avançasse e passasse a questionar a nobreza. Nos séculos XVII e XVIII, a burguesia europeia estaria desenvolvendo a indústria, que solidificava o capitalismo; junto a isto o pensamento iluminista e liberal começava a se destacar e soprar novos ares de mudança. A burguesia iniciaria o período que o historiador britânico Eric Hobsbawn chamou de “Era das Revoluções”.
7.1. Revolução Inglesa Fonte: wikimedia commons
A Revolução Inglesa (1642-1689) marca o início de uma época de revoluções burguesas e o processo de queda do Antigo Regime, que é como mais tarde vai ser chamado o regime onde clérigos e nobres tinham privilégios. Foi em meio a este acontecimento inglês que nasceu a critica aguda ao Absolutismo, sobretudo representado, no caso inglês, nos Stuarts, reis que passaram a ser hostilizados pelo parlamento, parte da Nobreza e a burguesia puritana. A dinastia Tudor, havia construído a monarquia centralizada na Inglaterra, tendo à frente Henrique VIII e Elizabeth I no século XVI, que reforçaram a parceria com os setores da nobreza, organizaram o Estado e possibilitaram o crescimento da Inglaterra. Entretanto, os Tudor não haviam imposto um regime absolutista que oprimisse a nobreza, mantendo o parlamento em funcionamento e negociando com as grandes famílias inglesas, naquilo que historiadores classificaram como Absolutismo de Fato, ou seja, sem a necessidade de se sobrepor às instituições, utilizando-se mais do jogo político para o poder. Estátua de Cromwell, um dos grandes líderes da Revolução Inglesa, no Palácio Ocorre que com a morte de Elizabeth I em 1603, assume de Westminster, Londres. seu primo Jaime da Escócia, da Dinastia Stuart, que vindo de uma tradição de governo diferente tenta se sobrepor ao Parlamento, criando a ideia de Absolutismo de Direito. Começariam os atritos que levariam décadas depois à Guerra civil.
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[História I] Os desmandos dos Stuarts Jaime I e seu sucessor Carlos I se digladiaram algumas vezes com o Parlamento, desobedecendo inclusive a Magna Carta, documento ainda de 1215 que obrigava o rei a consultar o Parlamento para a criação de impostos. Ocorreram imposições e situações em que o Parlamento britânico foi fechado, causando atritos que, finalmente em 1642, levaram ao processo revolucionário que culminou com o fim do regime absolutista na Inglaterra, o primeiro país a criar uma monarquia parlamentar liberal. Acompanhe os principais passos abaixo: Guerra Civil (1642-49): Também chamada de Revolução Puritana. O Parlamento forma o exército dos “Cabeças Redondas” liderado por Oliver Cromwell que estabelece o New Model Army (novo modelo de exército) e enfrenta os “Cavaleiros” defensores do Rei Carlos. Com apoio popular, de levellers (niveladores) e diggers (escavadores) o s “Cabeças Redondas” derrubam o rei, que acabou sendo decapitado (imagem acima). República de Cromwell (1649-58): ou Protetorado de Cromwell. Oliver Cromwell, líder do Parlamento torna-se chefe da República estabelecida após a Guerra Civil e decreta os Atos de Navegação, que fortalecem a Inglaterra nos mares ao proibir que navios de terceiros envolvam-se no comércio da Inglaterra com seus parceiros comerciais. Restauração Monárquica (1658-88): Após a morte de Oliver Cromwell o Parlamento inglês decide pelo retorno dos Stuart ao poder. Governaram então Carlos II e Jaime II, tendo este ultimo tomado medidas para tentar restabelecer o Absolutismo no país. Revolução Gloriosa (1688-89): Guilherme de Orange, genro de Jaime II, da um golpe e toma o poder na Inglaterra, tendo recebido apoio do Parlamento. Guilherme assina a Bill of Rights, sintetizada na expressão “o rei reina, o parlamento governa” e da inicio a monarquia parlamentarista na Inglaterra. Com a Revolução Gloriosa e a Bill of Rights a burguesia dava fim ao Antigo Regime na Inglaterra e iniciava uma época marcada pelos avanços políticos e econômicos que teriam como maior fruto a Rev. Industrial.
7.2. Iluminismo e Liberalismo O iluminismo é um movimento cultural que se teve raízes na Inglaterra no século XVII (época da Revolução Inglesa) e se difundiu pela França no século XVIII, de onde se espalhou para diversas partes do mundo. Nessa época, o desenvolvimento intelectual, que vinha ocorrendo desde o Renascimento, deu origem a idéias de liberdade política e econômica, defendidas pela burguesia. Os filósofos e economistas que difundiam essas idéias julgavam-se propagadores da luz e do conhecimento, sendo, por isso, chamados de iluministas. O Iluminismo trouxe consigo grandes avanços que, juntamente com a Revolução Industrial, abriram espaço para a profunda mudança política determinada pela Revolução Francesa. Defendiam, sobretudo, a liberdade, seja ela a liberdade de expressão, liberdade política ou a liberdade econômica. Defendiam também a igualdade, como um dos princípios reguladores da sociedade (pelo menos a igualdade jurídica, esquecendo-se da busca pela igualdade social). Os princípios Iluministas iriam interferir em muito da política e economia do capitalismo que estava se consolidando. Influenciaria nas Independências das colônias americanas, na Revolução Francesa e tantos outros movimentos políticos Europeus e mundiais.
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Primeira página da Enciclopédia de Diderot e D’Alambert. 1752.
[História I] O Caminho até o Iluminismo O Iluminismo expressou a ascensão da burguesia e de sua ideologia. Foi a culminância de um processo que começou no Renascimento, quando se usou a razão para descobrir o mundo, e que ganhou aspecto essencialmente crítico no século XVIII, quando os homens passaram a usar a razão para entenderem a si mesmos no contexto da sociedade. Tal espírito generalizou-se nos clubes, cafés e salões literários. A filosofia considerava a razão indispensável ao estudo de fenômenos naturais e sociais. Até a crença devia ser racionalizada: Os iluministas eram deístas, isto é, acreditavam que Deus está presente na natureza, portanto no próprio homem, que pode descobri-lo através da razão. Para encontrar Deus, bastaria levar vida piedosa e virtuosa; a Igreja tornava-se dispensável. Os iluministas criticavam-na por sua intolerância, ambição política e inutilidade das ordens monásticas. Os iluministas diziam que leis naturais regulam as relações entre os homens, tal como regulam os fenômenos da natureza. Consideravam os homens todos bons e iguais; e que as desigualdades seriam provocadas pelos próprios homens, isto é, pela sociedade. Para corrigi-las, achavam necessário mudar a sociedade, dando a todos liberdade de expressão e culto, e proteção contra a escravidão, a injustiça, a opressão e as guerras. O princípio organizador da sociedade deveria ser a busca da felicidade; ao governo caberia garantir direitos naturais: a liberdade individual e a livre posse de bens; tolerância para a expressão de ideias; igualdade perante a lei; justiça com base na punição dos delitos. A forma política ideal variava: seria a monarquia inglesa, segundo Montesquieu e Voltaire; ou uma república fundada sobre a moralidade e a virtude cívica, segundo Rousseau.
Principais Filósofos Iluministas Montesquieu:
publicou em 1721 as Cartas Persas, em que ridicularizava costumes e instituições. Em 1748, publicou O Espírito das Leis, estudo sobre formas de governo em que destacava a monarquia inglesa e recomendava a independência dos 3 poderes: Executivo; Legislativo, Judiciário. Voltaire: considerado por muitos estudiosos o mais importante. Exilado na Inglaterra, publicou Cartas Inglesas, com ataques ao absolutismo e à intolerância e elogios à liberdade existente naquele país. Fixando-se em Ferney, França, exerceu grande influência por mais de vinte anos, até morrer. Discípulos se espalharam pela Europa e divulgaram suas ideias, especialmente o anticlericalismo. Rousseau: teve origem modesta e vida aventureira. Nascido em Genebra, era contrário ao luxo e à vida mundana. Em Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens (1755), defendeu a tese da bondade natural dos homens, pervertidos pela civilização. Consagrou toda a sua obra à tese da reforma necessária da sociedade corrompida. Propunha uma vida familiar simples; no plano político, uma sociedade baseada na justiça, igualdade e soberania do povo, como mostra em seu texto mais famoso, O Contrato Social. Sua teoria da vontade geral, referida ao povo, foi fundamental na Revolução Francesa e inspirou seus líderes. Diderot e D’Alambert: organizaram a Enciclopédia, publicada entre 1751 e 1772, com ajuda da maioria dos pensadores e escritores. Proibida pelo governo por divulgar as novas ideias, passou a circular clandestinamente.
A Economia Iluminista Dentro do Iluminismo não se desenvolveu apenas o pensamento social e político, mas também surgiram novos pensamentos econômicos que combatiam os preceitos Mercantilistas de intervenção no Estado. Desses pensamentos destacamos a Fisiocracia e o Liberalismo Econômico. Fisiocratas: Os economistas pregaram essencialmente a liberdade econômica e se opunham a toda e qualquer regulamentação. A natureza deveria dirigir a economia; o Estado só interviria para garantir o livre curso da natureza. Eram os fisiocratas, ou partidários da fisiocracia (governo da natureza). Quesnay afirmava que a atividade verdadeiramente produtiva era a agricultura. Gournay propunha total liberdade para as atividades comerciais e industriais, consagrando a frase: “Laissez faire, laissez passar”.(Deixe fazer, deixe passar.). Liberais: O escocês Adam Smith, seu discípulo, escreveu A Riqueza das Nações (1765), em que defendeu: nem a agricultura, como queriam os fisiocratas; nem o comércio, como defendiam os mercantilistas; o trabalho era a fonte da riqueza. O trabalho livre, sem intervenções, guiado espontaneamente pela natureza.
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7.3. Revolução Industrial (1ª fase) Em fins do século XVIII, o capitalismo consolidar-se-ia como sistema econômico e se caracterizaria pela acumulação de capital, pela propriedade privada, pela obtenção de lucro e pelo trabalho assalariado. A Revolução Industrial seria fundamental para esse acontecimento.
Pioneirismo inglês Em meados do século XVIII, a Inglaterra dava os primeiros passos da Revolução Industrial, transformando-se na maior potência da época até princípios do século XX devido ao seu avanço na produção. Acompanhe alguns dos fatores que possibilitaram a Inglaterra ser “mãe” da Revolução Industrial. 1) Políticos: Parlamentarismo: Desde 1688 foi instalado na Inglaterra o sistema parlamentarista de governo, que abriu espaço para a ação da burguesia, dando fim ao Absolutismo Monárquico. Criação do Banco da Inglaterra: ato do Parlamento que facilitou o financiamento da burguesia inglesa para implantação de indústrias. 2) Econômicos: Acúmulo de Capitais: A Idade Moderna é vista como a “fase de acumulação primitiva de capitais”, onde a burguesia comercial, apoiada pelas ideias mercantilistas, teria acumulado capitais para investir na produção industrial. A Inglaterra, como teve um bom desenvolvimento comercial nesse período, reuniu condições para seu desenvolvimento industrial. Reservas Minerais de carvão e ferro: a Inglaterra encontrava em seu território reservas abundantes de carvão e ferro, matérias-primas essenciais para a primeira fase da Revolução Industrial. 3) Geográficos: A Inglaterra estava afastada, no sentido territorial, da maioria dos grandes conflitos europeus, tendo, por isso, um desenvolvimento interno melhorado. Facilidade de transporte naval interno e internacional. 4) Sociais: Mão-de-obra abundante devido as leis de cerceamentos (enclosure acts), que afastavam os camponeses da terra, obrigando-os a partir para a cidade, onde formavam o “exército industrial de reserva”. Pensamento progressista, por parte da burguesia e da nobreza capitalista (Gentry).
As Revoluções Industriais - A Revolução Industrial não se restringiu apenas aos séculos XVIII e XIX, pelo contrário, é uma Revolução permanente, que se aprimora a cada dia. Por questões didáticas e de compreensão global, dividimos a Revolução Industrial em 03 fases:
1ª Revolução Industrial Inglaterra (segunda metade do século XVIII); Máquina a Vapor; Ferro e Carvão.
2ª Revolução Industrial Europa, EUA e Japão (segunda metade do século XIX); Motor a combustão interna e energia elétrica; Aço e Petróleo.
3ª Revolução Industrial Mundo (pós -2ª Guerra Mundial); Biotecnologia e Microeletrônica; Era das Comunicações; Globalização.
Réplica da Spinning Jenny (máquina de fiar hidráulica) de meados do séc. XVIII
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UNIDADE 8 REVOLUÇÃO FRANCESA E
EUROPA DO SÉCULO XIX O final do século XVIII e as primeiras décadas do século XIX abalariam definitivamente as estruturas do Antigo Regime na Europa. As revoluções burguesas, possibilitadas pelo avanço econômico burguês (via Revolução Industrial) e o pensamento iluminista colocariam as forças progressistas (burguesia e camadas populares) contra as forças conservadoras do clero e da nobreza. Até meados do século XIX teríamos uma Europa burguesa e com o Antigo Regime sepultado na maioria dos países.
8.1. Revolução Francesa “Liberdade, igualdade, fraternidade” era o clamor que se ouvia nas ruas francesas de 1789, quando eclodiu um dos mais importantes acontecimentos da história mundial, a Revolução Francesa. Esta revolução é um dos acontecimentos históricos que marcaram a superação do feudalismo pelo capitalismo e é, tradicionalmente, utilizada para assinalar o início da idade contemporânea. Liderado pela burguesia, o movimento contou com a participação de vários grupos sociais: a população miserável das cidades (sans culotes), os pequenos produtores e comerciantes, os camponeses explorados pela servidão, etc. Ao final do longo processo revolucionário, destruindo a decadente estrutura do Antigo regime, a burguesia chegou ao poder e acabou com o privilégio de nascimento da nobreza. Entretanto, em seu lugar, colocou o privilégio social do dinheiro, da conquista de riquezas econômicas. O 3º Estado (povo) carrega o 1º e o 2º (clero e nobreza) – caricatura da época da Revolução Francesa.
A França Pré-revolucionária
A França de 1789 ainda vivia com muitos aspectos do Feudalismo, como a sociedade Estamental (dividida em 03 estamentos ou estados), os privilégios do clero e da nobreza, que além de terem isenção da maioria dos impostos, o clero e a nobreza concentravam a propriedade de mais de 50% das terras, submetendo econômica e politicamente a ampla maioria da população (97%), com o apoio do regime absolutista de governo. Problemas econômicos da França Gastos com a corte e pensões da Nobreza; Envolvimentos com Guerras (Independência dos EUA); Crise da indústria, devido a tratados desvantajosos com a Inglaterra; Crise agrícola, devido a problemas climáticos e más colheitas.
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AS FASES DA REVOLUÇÃO 1) Assembleia Nacional Constituinte (1789-91) Esta fase é a que dá início à Revolução. Inicia em meio aos desacordos de como se daria a votação da Assembleia dos Estados Gerais. Os delegados do Terceiro Estado, com apoio de membros da Nobreza ilustrada e do baixo clero, propunham o voto per capita. Depois de muitas discussões o terceiro estado separou-se e proclamou a Assembleia Constituinte. Dessa fase destacamos os seguintes acontecimentos: Proclamação da Assembleia Constituinte; Tomada da Bastilha (antiga prisão política); “Grande Medo” no campo (camponeses atacam a nobreza); Abolição dos privilégios feudais; Código Civil do Clero (o Estado subordina a Igreja); “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, defendendo a liberdade de expressão e a propriedade privada. A Tomada da Bastilha por Jean-Pierre Hoüel (1789)
2) Monarquia Constitucional (1791-92) Uma vez pronta a Constituição para a França, Luís XVI continuou rei, porem obedecendo à Carta. Destaques: Divisão dos 03 poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário); Criação do Voto Censitário (por renda); Áustria e Prússia declaram guerra à França; Luís XVI tenta fugir e é preso como traidor da Revolução. Esquerda x Direita Dentro da Assembleia, do lado direito 3) República – Convenção Nacional (1792-95) sentavam-se os chamados girondinos, Ao tentar fugir, Luís XVI foi detido e o Palácio de Tulherias foi que eram moderados e queriam o respeito à Constituição. Do lado invadido pela população sob a liderança de homens como Danton, esquerdo, os deputados radicais, que Robespierre e Marat. O exército austro-prussiano foi detido pela queriam a implantação da República, população na Batalha de Valmy. Logo após seria instalada a República, limitando o poder real. Os da esquerda dirigida pela Convenção Nacional. eram chamados de jacobinos (liderados Na Convenção Nacional dividiam-se três tendências políticas: Jacobinos, por Robespierre) e "cordeliers" Pântano e Girondinos. (liderados por Danton e Marat). No dia 21 de Janeiro de 1793, o rei Luís XVI foi condenado a guilhotina, Devido a essa divisão política existente por ser considerado inimigo da revolução. Nesse momento, a divisão na França revolucionária do o século 18, política era forte. até os nossos dias usamos a divisão Jacobinos, apoiados pelos sans-culottes, acusavam o rei. Os girondinos esquerda e direita para nos referirmos não desejam a morte do mesmo. aos partidos políticos. Fazendo uma esquematização didática, a esquerda Alguns fatos do período representa os partidos transformadores, 1ª Coligação contra a França (Áustria, Prússia, Espanha, Inglaterra, com maior preocupação com os pobres, etc.); e a direita representa os conservadores, Revolta de Vendeia (camponeses contrarrevolucionários); com medidas a favor da preservação do Em junho de 1793, os jacobinos tomaram a Convenção e, liderados status quo. FONTE: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/revolucaopor Marat, Hébert, Danton, Saint-Just e Robespierre, expulsaram os francesa-queda-da-bastilha-jacobinos-girondinos-napoleao.htm girondinos, iniciando a convenção montanhesa (ditadura jacobina).
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[História I] 3.1) Convenção Montanhesa e Período do Terror A Revolução estava assistindo a sua fase mais radical. Os jacobinos dirigiam o país por meio do Comitê de Salvação Pública, responsável pela administração e defesa externa da nação. O Comitê de Salvação Nacional cuidava da segurança interna e o Tribunal Revolucionário julgava os opositores da Revolução. Durante o governo montanhês a radicalização A arte serviu à Revolução. Com pinturas como política atingia seu ápice, com a forte atuação popular e o A morte de Marat por Jacques-Louis David grande número de execuções na guilhotina. Em julho de (1793) buscava-se o engajamento popular. 1793 o líder jacobino Marat, ídolo popular, foi assassinado Isso serviria de bases para o romantismo. por uma girondina [imagem ao lado]. Os ânimos se exaltaram. O Terror – Robespierre acabou por centralizar o poder em suas mãos e de seus partidários e dava passos maiores no aprofundamento da revolução. Milhares de pessoas foram condenadas à guilhotina por serem consideradas traidoras do princípio revolucionário, inclusive, muitos jacobinos. Neste período, destacam-se: Grande ação do Tribunal Revolucionário; Distribuição de terras aos camponeses; Lei do Preço Máximo (tabelamento); Fim da escravidão nas colônias; Sufrágio universal masculino Execução de Danton (moderado); Perda de apoio de Robespierre; 3.2) Reação Termidoriana – Alta burguesia retoma o poder e inicia ampla perseguição aos jacobinos, incluindo-se nesse momento a execução por guilhotina de Robespierre.
4) O Diretório (1795-99) A fase radical da revolução chegou ao fim na Reação Termidoriana. Logo depois, os girondinos instalariam uma nova forma de governo para a República, o Diretório. Vejamos os principais acontecimentos: Girondinos no poder; Instabilidade política – pressão dos Jacobinos e dos Realistas (defensores da monarquia); “Conspiração dos Iguais” – Graco Babeuf e sans-culottes Vitórias do exército francês sobre as forças absolutistas internacionais (coligações). Golpe do 18 Brumário de Napoleão Bonaparte. O Diretório, com o predomínio do grupo da Planície, teve um governo marcado pela conturbação, sofrendo a pressão tanto de monarquistas, desejosos de retomar o poder, quanto de jacobinos, que queriam aprofundar a revolução. Houve, neste período, várias agitações populares e também a organização de uma nova coligação (Inglaterra, Áustria, Rússia e Turquia) para invadir a França. Foi nesse período de instabilidade que o jovem general Napoleão Bonaparte, apoiado no exército e na alta burguesia, deu o golpe do 18 Brumário, acabando com a revolução e abrindo caminho para o desenvolvimento do capitalismo francês. “Em todos esses levantes (contra as forças absolutistas) destacou-se a figura de Napoleão Bonaparte, jovem militar brilhante e habilidoso. Necessitando garantir-se e consolidar a República burguesa contra as ameaças internas, os girondinos desfecharam um golpe contra o Diretório, com Bonaparte a frente, no chamado golpe do 18 Brumário (9 de novembro de 1799). O diretório foi substituído por uma nova forma de governo, o Consulado, constituído por três representantes: Napoleão, o abade Sieyès e Roger Ducos. O poder, na realidade, concentrouse nas mãos de Napoleão, que ajudou a consolidar as conquistas burguesas da revolução.” VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História Para o Ensino Médio. Editora Saraiva
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[História I]
8.2. Era Napoleônica (1799-1815) Após derrubar o Diretório, Napoleão Bonaparte tornou-se a figura central da vida política francesa, governando por aproximadamente 15 anos. O governo de Napoleão pode ser dividido em: Consulado (17991804), Império (1804-1815) e Governo dos Cem Dias.
1. Consulado Uma vez derrotado o diretório, instalou-se o consulado, constituído por 3 cônsules. No final de 1799, Napoleão foi eleito 1° Cônsul francês, dando inicio a uma verdadeira ditadura militar disfarçada. Durante o governo do consulado a alta burguesia consolidou-se como a classe dirigente da França. O consulado caracterizou-se pela recuperação econômica da França e por sua organização jurídicaadministrativa. Das realizações de Napoleão destacamos: Centralização administrativa; Criação do Banco da França; Incentivo à indústria; Obras públicas (canais, portos, estradas) e melhorias agrícolas; Educação estatal; Concordata (religião separada do Estado); Código Civil Napoleônico (liberdade individual, igualdade jurídica, direito à propriedade privada, proibição das greves). Devido ao sucesso do seu governo, em 1802, Napoleão foi proclamado cônsul vitalício, com direito de indicar seu sucessor.
2. Império
O BLOQUEIO CONTINENTAL - Não Em 1804 foi realizado um plebiscito, onde quase 60% dos conseguindo subjugar militarmente votantes confirmaram o título de imperador a Napoleão. a Inglaterra, em 1806 Napoleão Como imperador e comandante supremo das forças decretou o bloqueio continental, armadas, Napoleão moveu uma série de guerras para expandir o determinando que todos os países domínio da França. Fortalecido, o exército francês tornou-se o mais do continente europeu fechassem seus portos ao comércio inglês, poderoso da Europa. Agora, aos países europeus não bastava numa tentativa de quebrar o querer atacar a França, tinham que se defender das investidas de poderio econômico deste país. Napoleão. Os países que não aderissem ao Em 1805, Napoleão tentou invadir a Inglaterra, mas a Bloqueio seriam invadidos, caso de marinha francesa foi derrotada pelos ingleses na batalha de Portugal que viu as tropas francesas Trafalgar. Apesar de não conseguir vencer a Inglaterra, Napoleão invadirem o país, obrigando D. João conseguiu vitórias sobre vários países da Europa. Após a derrota a fugir para o Brasil. para os ingleses, Bonaparte adotaria o Bloqueio Continental [ao lado]. Por volta de 1812, o Império Napoleônico atingiu sua máxima extensão, dominando quase toda a Europa ocidental. Porém, a política militarista de Napoleão começou a receber forte contestação. Na França, a população lamentava os milhares de soldados sacrificados nos campos de batalha. Além disso, havia a reação nacionalista dos povos dominados. No plano econômico, o bloqueio continental não dava certo, pois a indústria francesa não conseguiu substituir a indústria inglesa, não conseguindo, desse modo, suprir o mercado europeu. A Rússia, que inicialmente havia aderido ao bloqueio, se viu obrigada a abandoná-lo, pois precisava negociar sua produção de cereais por produtos industriais ingleses. Devido à ruptura da Rússia, Napoleão decidiu invadir esse país, organizando um poderoso exército de quase 600.000 homens. O frio russo, a política de “terra arrasada” e as guerrilhas populares foram demais para Napoleão. A desastrosa campanha do exército francês estimulou outros países europeus a reagirem contra Napoleão. Assim, em 1814, russos, prussianos, austríacos e ingleses invadiram paris, derrubando Napoleão do poder. O trono foi assumido por Luís XVIII.
3. Governo dos Cem Dias Napoleão havia recebido o principado da ilha de Elba; mas, com a impopularidade de Luís XVIII, esse resolveu voltar, conseguindo destituir o rei e novamente instalando-se no poder. Sua permanência no poder, porém, durou apenas cem dias, sendo derrotado por uma coligação liderada pelos ingleses na Batalha de Waterloo (1815). Luís XVIII foi reconduzido ao trono.
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[História I]
8.3. Congresso de Viena FONTE: http://www.clydefitchreport.com/2015/03/vienna-recallshistory-both-great-and-sad/
Após as primeiras derrotas de Napoleão Bonaparte, os dirigentes dos países vencedores organizaram o Congresso de Viena, cujo objetivo básico era o de propor medidas para restabelecer o equilíbrio político da Europa, tendo em vista os interesses das monarquias conservadoras. Os principais países que participaram do congresso foram: Áustria, Inglaterra, Rússia, Prússia e França. Propostas do Congresso de Viena: Restauração e Legitimidade; Equilíbrio; Solidariedade.
Para garantir, em termos práticos, a aplicação das medidas conservadoras do congresso de Viena, foi criada a Santa Aliança, uma organização internacional entre países cristãos que se comprometiam para defesa mútua contra os movimentos liberais, enfrentando os movimentos nacionalistas e emancipatórios. A Inglaterra não participou da Santa Aliança, pois defendia o princípio da não intervenção. Na verdade este princípio era decorrência do apoio britânico à luta de independência da América Latina. Os ingleses visavam os novos mercados que se estabeleciam.
8.4. Revoluções Liberais O século XIX apresentou, na Europa, a consolidação dos ideais burgueses liberais e a vitória sobre as forças conservadoras/reacionárias. O avanço das forças produtivas através da Revolução Industrial – que avançava sobre o continente – vinha junto com a tomada de poder por parte da burguesia. Depois de alguma estabilidade de poucos anos a partir do Congresso de Viena, em 1820 eclode a primeira leva de revoltas liberais. Algumas revoltas foram contidas pela Santa Aliança. - Revolução liberal do Porto - Pedia que D. João voltasse para Portugal e assinasse uma constituição. Portanto, era liberal para os portugueses, porém não foi liberal para os brasileiros, pois se D. João voltasse para Portugal o Brasil voltaria a ser colônia e sofrer como sofria antes. - Revolução liberal de Cádiz (Espanha) – Se dá quando soldados espanhóis se recusaram a vir para América reprimir a luta anticolonial e resolveram forçar o rei Fernando VII a aceitar uma constituição. Revolução liberal de 1830 na França - Carlos X tomou uma série de medidas que devolviam privilégios ao Clero a Nobreza. Isso desagradou a burguesia que iniciou um grande movimento na França. O rei Carlos X foi deposto e em seu lugar os burgueses colocaram um novo rei que defendesse seus interesses, Luís Felipe de Orleans, o rei burguês. Revolução liberal de 1848, a “Primavera do Povos” - Durante o governo de Luís Felipe, a França passa por uma terrível crise na indústria e na agricultura. Culpa-se o governo da crise e começa uma revolta do operariado e do burguês contra o rei. Há a deposição de Luís Felipe e a instauração de uma república. Nessa república acontecem várias revoltas operárias resultantes do choque da Burguesia (capitalismo) X Povo (socialismo). No meio disso tudo, Luís Napoleão Bonaparte (sobrinho de Napoleão) é eleito presidente. Após fazer um plebiscito, ele se torna Imperador e passa a ser chamado de Napoleão III.
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[História I]
EXERCÍCIOS: ENEM + vestibulares UNIDADE 1 – Pré-história e primeiras civilizações
dentro de um outro cofre, submerso pela água da rede de esgoto. Os tesouros, um dos achados arqueológicos mais significativos do século 20, não eram expostos ao público desde a década de 90. Uma equipe de pesquisadores do Museu Britânico chegará na próxima semana a Bagdá para estudar como proteger os objetos.” (O Estado de São Paulo. Versão eletrônica. São Paulo: 07 jun. 2003. Disponível em www.estadao.com.br.)
1. (UFRGS) A chamada revolução urbana foi antecedida pelos avanços verificados no período neolítico, a saber, a sedentarização das comunidades humanas, a domesticação de animais e o surgimento da agricultura. Porém, há cerca de cinco mil anos ocorreram novos avanços, quase simultaneamente, em pelo menos duas regiões do Oriente Próximo: na Mesopotâmia e no Egito. Assinale a única alternativa que não corresponde a transformações ocorridas nesse período. a) Diversificação social: ocorreu o surgimento de uma elite social composta por sacerdotes, príncipes e escribas, diretamente ligada ao poder político e afastada da tarefa primária de produzir alimentos. b) Expansão populacional: verificou-se o surgimento de grandes cidades, densamente povoadas, especialmente na região mesopotâmica. c) Desenvolvimento econômico: a economia deixou de estar baseada somente na produção autossuficiente de alimentos para basear-se na manufatura especializada e no comércio externo de matérias-primas ou de manufaturados. d) Descentralização político-econômica: O controle econômico passou a ser feito pelos poderes locais, sediados nas comunidades aldeãs, que funcionavam como centros de redistribuição da produção. e) Surgimento da escrita: foi uma decorrência do aumento da complexidade contábil. Serviu inicialmente para controlar as atividades econômicas dos templos e palácios, mas depois teve profundas implicações culturais, como o surgimento da literatura.
Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) em relação às sociedades que se desenvolveram naquela região na Antiguidade. 01. A região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje se localizam os territórios do Iraque, do Kweite (Kwait) e parte da Síria, era conhecida como Mesopotâmia. 02. Na Mesopotâmia viveram diversos povos, entre os quais podemos destacar os sumérios, acádios, assírios e babilônios. 04. A religião teve notável influência na vida dos povos da Mesopotâmia. Entre eles surgiu a crença em uma única divindade (monoteísmo). 08. Os babilônios ergueram magníficas construções feitas com blocos de pedra, das quais são exemplos as pirâmides de Gisé. 16. Os povos da Mesopotâmia, além da significativa contribuição no campo da Matemática, destacaram-se na Astronomia e entre eles surgiu um dos mais famosos códigos de leis da Antiguidade, o de Hamurábi. 32. Muitos dos povos da Mesopotâmia possuíram governos autocráticos. Entre os caldeus surgiu o sistema democrático de governo. SOMA:___
2. (UFSC) “Bagdá - O famoso tesouro de Nimrud, desaparecido há dois meses em Bagdá, foi encontrado em boas condições em um cofre no Banco Central do Iraque em Bagdá, submerso em água de esgoto, segundo informaram autoridades do exército norteamericano. Cerca de 50 itens, do Museu Nacional do Iraque, estavam desaparecidos desde os saques que seguiram à invasão de Bagdá pelas forças da coalizão anglo-americana. Os tesouros de Nimrud datam de aproximadamente 900 a.C. e foram descobertos por arqueólogos iraquianos nos anos 80, em quatro túmulos reais na cidade de Nimrud, perto de Mosul, no norte do país. Os objetos, de ouro e pedras preciosas, foram encontrados no cofre do Banco Central, em Bagdá,
3. (ENEM PPL) Os nossos ancestrais dedicavam-se à caça, à pesca e à coleta de frutas e vegetais, garantindo sua subsistência, porque ainda não conheciam as práticas de agricultura e pecuária. Uma vez esgotados os alimentos, viam-se obrigados a transferir o acampamento para outro lugar. O texto refere-se ao movimento migratório denominado a) sedentarismo. b) transumância c) êxodo rural. d) nomadismo. e) pendularismo.
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[História I]
4. (UFRGS) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto abaixo. Durante o período paleolítico, os homens eram em geral ____ e ____ . A chamada Revolução Neolítica assinala o início _______ e _______, levando o homem a um grau maior de domínio da natureza. a) b) c) d) e)
7. (UNIFRA) Um antigo conto mesopotâmico diz o seguinte: “Sargão, o poderoso Rei, de Agade, eu sou. Minha mãe foi uma substituída, meu pai eu não conheci (...) concebeu-me, secretamente ela me fez nascer. Ela me colocou numa cesta de junco, com betume ela selou minha tampa. Ela me jogou ao rio que não me cobriu. O rio me conduziu e me levou até Akki, o tirador de água. Akki (...) retirou-me quando mergulhava seu jarro”. Por sua vez, o nascimento de Moisés é contado na Bíblia de maneira muito semelhante: “Foi-se um homem da casa de Levi e casou com uma descendente de Levi. E a mulher concebeu e deu à luz um filho; e, vendo que era formoso, escondeu-o por três meses. Não podendo, porém, escondê-lo por mais tempo, tomou um cesto de junco, calafetou-o com betume e piche, e, pondo nele o menino, largou-o no carriçal à beira do rio (...) Desceu a filha do Faraó para se banhar no rio (...); vendo ela o cesto, enviou uma criada e o tomou”. Segundo os historiadores da antiguidade, a semelhança entre as duas histórias é resultado
pastores - coletores - da horticultura - da caça agricultores - pastores - da caça - da coleta artesãos - agricultores - da pecuária - da coleta caçadores - coletores - da agricultura - da pecuária horticultores - agricultores - da pecuária - da caça
5. (UCS) Os rios foram extremamente importantes para a formação das primeiras civilizações, tanto na Mesopotâmia como no Egito, na China ou na Índia. Ao redor deles, as populações organizaram seu cotidiano, baseado na agricultura e na pecuária, e aprenderam a lidar com as facilidades e as dificuldades apresentadas durante as estações do ano. (PELLEGRINI, Marco Cesar (Org.). Novo olhar história. São Paulo: FTD, 2010. p. 69.)
Considere as seguintes afirmativas sobre o uso dos recursos hídricos pelos homens desde a Antiguidade. I. Para Heródoto, historiador grego, o Egito era uma “dádiva do Nilo”, pois foi ao longo de suas margens que se desenvolveu uma das mais brilhantes civilizações do Oriente Antigo: a egípcia. II. As terras férteis do Nilo e do Tigre-Eufrates propiciaram a fixação de tribos nômades e impulsionaram o desenvolvimento da agricultura, baseada no sistema de irrigação. III. O Eufrates, com seus cerca de 2.780 quilômetros de extensão, é um dos maiores rios do Oriente Médio e passa por um momento crítico, apresentando uma drástica redução no nível de suas águas, o que causa grande prejuízo à agricultura no Iraque.
da possível incorporação pelos hebreus no Novo Testamento de lendas de outros povos que os antecederam. b) da prática comum das mães da antiguidade afogarem seus filhos quando não podiam criá-los. c) de mera coincidência, pois os Hebreus viveram na península Arábica, portanto muito distante dos mesopotâmicos que viveram no que hoje é o Iraque, o que impossibilitaria qualquer relação entre as duas histórias. d) da possível incorporação pelos hebreus de parte da cultura dos povos que os subjugaram. e) de mera coincidência, já que as referências a Akki e à filha do Faraó indicam que, apesar das semelhanças, são histórias diferentes. a)
Das alternativas acima, pode-se dizer que a) apenas I está correta. b) apenas II está correta. c) apenas I e II estão corretas. d) apenas II e III estão corretas. e) I, II e III estão corretas. 6. (UPF) “Aprimorando a administração, viabilizou os sistemas de impostos e estimulou o intercâmbio comercial com a criação da moeda de ouro, transformada na primeira unidade monetária internacional confiável e aceita no mundo antigo [...]. Continuava a existir o uso local das tradicionais moedas de cobre e prata, cunhadas pelos sátrapas, porém sem a importância da moeda imperial.” (Cláudio Vicentino,
8. (UPF) Com relação a civilização medo-persa é incorreto afirmar: a) Com Ciro I, da Pérsia, houve a unificação dos medopersas e o inicio da dinastia Aquemenida. b) A unificação e a expansão medo-persa respeitaram as diferenças culturais e religiosas dos povos dominados. c) Cambises I foi aprisionado pelo rei egípcio Psametico III quando das lutas pela expansão do seu império. d) No reinado de Dario I foram instituídos um sistema amplo de estradas, de correio e inspetores denominados “olhos e ouvidos do rei”. e) O reinado de Xerxes I foi marcado por revoltas das populações subjugadas, situação que se agravou no governo de seus sucessores.
História Geral)
O texto acima refere-se aos: a) gregos b) macedônios c) medos d) assírios e) persas
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[História I] 9. (UFRGS) Leia os itens abaixo, que contém possíveis condições para o surgimento do Estado nas sociedades da Antiguidade. I. Gradativa diferenciação da sociedade em classes sociais, impulsionada por uma divisão social do trabalho mais intensa, capaz de produzir excedentes de alimentos. II. Passagem da economia comunal para uma economia escravista, estimulada por guerras entre povos vizinhos, propiciando aumento da produção de excedentes e de trocas, com uma divisão do trabalho entre agricultura, pecuária e artesanato. III. Constituição da propriedade da terra e do regime de servidão coletiva nas sociedades orientais para que as grandes construções públicas fossem realizadas sob orientação dos grupos dirigentes. Quais dentre eles apresentam efetivas condições para tal surgimento? a) Apenas I. d) Apenas II e III. b) Apenas I e II. e) I, II e III. c) Apenas I e III.
Sobre as sociedades da América no século XV, encontradas pelos espanhóis a partir de 1492, é possível afirmar: I. Constituíam-se em povos de formação social igualitária, sem diferenciação social ou econômica. Integrados à natureza, entraram em choque com os interesses dos colonizadores espanhóis. II. Segundo a ótica europeia, que os entendia como povos “sem rei, sem lei e sem fé”, eram terreno fértil para a implantação da fé católica e do sistema colonial. III. Entre estes, estavam povos imperiais sedentarizados que, com o domínio da agricultura, desenvolveram grandes obras públicas e formaram estados centralizados e sistemas rígidos de cobrança de tributos.
10. (UFRGS) Durante o reinado e Hamurábi na Babilônia (1792-1750 a.C.), foi escrita uma relação de sentenças legais que, modernamente, é conhecida pelo nome de Código de Hamurábi. O objetivo era estabelecer uma ordem constitucional para fundar o Estado imperial mesopotâmico. b) enaltecer a pessoa do rei, associando-a ao poder, à justiça e à sabedoria. c) proporcionar aos cidadãos do império um código legal universal e aplicável a todas as situações conflituosas. d) impor a lei do Talião como norma exclusiva para a ordem constitucional mesopotâmica. e) promover a igualdade jurídica entre todos os súditos do rei. a)
Está(ão) correta(s) a) apenas I b) apenas II. c) apenas III. d) apenas II e III. e) I, II e III.
11. (UNIFRA) As ilustrações abaixo representam dois aspectos do Império Asteca. Na imagem 1, está representado o sistema de agricultura que desenvolveram. A imagem 2 refere-se a uma reunião do Tlatoani, chefe político e militar, com os nobres.
12. (ENEM) O Império Inca, que corresponde principalmente aos territórios da Bolívia e do Peru, chegou a englobar enorme contingente populacional. Cuzco, a cidade sagrada, era o centro administrativo, com uma sociedade fortemente estratificada e composta por imperadores, nobres, sacerdotes, funcionários do governo, artesãos, camponeses, escravos e soldados. A religião contava com vários deuses, e a base da economia era a agricultura. principalmente o cultivo da batata e do milho. A principal característica da sociedade inca era a a) b) c)
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ditadura teocrática, que igualava a todos. existência da igualdade social e da coletivização da terra. estrutura social desigual compensada pela coletivização de todos os bens.
[História I] d) e)
PINSKY, J. et. al. História da América através de textos. São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).
existência de mobilidade social, o que levou à composição da elite pelo mérito. impossibilidade de se mudar de extrato social e a existência de uma aristocracia hereditária
A dúvida apresentada inseria-se no contexto da chegada dos primeiros europeus à América, e sua origem estava relacionada ao a) domínio da religião e do mito. b) exercício do poder e da política. c) controle da guerra e da conquista. d) nascimento da filosofia e da razão. e) desenvolvimento da ciência e da técnica.
13. (UFSC) Some as corretas sobre a sociedade egípcia: 01. Na parte superior da sociedade estava o Faraó, um verdadeiro deus vivo. 02. Abaixo do faraó, vinham os membros da nobreza, constituída pelos parentes do faraó, pelos altos funcionários do palácio e pelos grandes sacerdotes. 04. os sacerdotes em geral formavam um grupo a parte e gozavam de muito prestígio, devido as funções que exerciam. 08. Os escribas preenchiam funções administrativas; a maioria da população era formada pelos camponeses. 16. Os camponeses, artesãos e escravos em geral tinham um bom nível de vida. SOMA:___
14. (ENEM) O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas de todos os quadrantes do planeta, desejosos de ver com os próprios olhos a grandiosidade do poder esculpida em pedra há milênios: as pirâmides de Gizeh, as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos construídos ao longo do Nilo. O que hoje se transformou em atração turística era, no passado, interpretado de forma muito diferente, pois a) significava, entre outros aspectos, o poder que os faraós tinham para escravizar grandes contingentes populacionais que trabalhavam nesses monumentos. b) representava para as populações do alto Egito a possibilidade de migrar para o sul e encontrar trabalho nos canteiros faraônicos. c) significava a solução para os problemas econômicos, uma vez que os faraós sacrificavam aos deuses suas riquezas, construindo templos. d) representava a possibilidade de o faraó ordenar a sociedade, obrigando os desocupados a trabalharem em obras públicas, que engrandeceram o próprio Egito. e) significava um peso para a população egípcia, que condenava o luxo faraônico e a religião baseada em crenças e superstições.
15. (ENEM) Quando surgiram as primeiras notícias sobre a presença de seres estranhos, chegados em barcos grandes como montanhas, que montavam numa espécie de veados enormes, tinham cães grandes e ferozes e possuíam instrumentos lançadores de fogo, Montezuma e seus conselheiros ficaram pensando: de um lado, talvez Quetzalcóatl houvesse regressado, mas, de outro, não tinham essa confirmação.
GABARITO UNIDADE 1 1.D 8.C 15.A
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2.19 9.E
3.D 10.B
4.D 11.D
5.E 12.E
6.E 13.15
7.A 14.A
[História I]
UNIDADE 2 – Antiguidade Clássica
3. (ENEM PPL) Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seus maridos Orgulho e raça de Atenas. BUARQUE, C.; BOAL, A. “Mulheres de Atenas”. In: Meus caros amigos,1976. Disponível em: http://letras.terra.com.br. Acesso em 4 dez. 2011 (fragmento)
1. (ENEM) Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas”.
Os versos da composição remetem à condição das mulheres na Grécia antiga, caracterizada, naquela época, em razão de a) sua função pedagógica, exercida junto às crianças atenienses. b) sua importância na consolidação da democracia, pelo casamento. c) seu rebaixamento de status social frente aos homens. d) seu afastamento das funções domésticas em períodos de guerra. e) sua igualdade política em relação aos homens.
VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.
O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania a) possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar. b) era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade. c) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica. d) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais. e) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham tempo para resolver os problemas da cidade.
4. (ENEM) Durante a realeza, e nos primeiros anos republicanos, as leis eram transmitidas oralmente de uma geração para outra. A ausência de uma legislação escrita permitia aos patrícios manipular a justiça conforme seus interesses. Em 451 a.C., porém, os plebeus conseguiram eleger uma comissão de dez pessoas – os decênviros – para escrever as leis. Dois deles viajaram a Atenas, na Grécia, para estudar a legislação de Sólon. COULANGES, F. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
A superação da tradição jurídica oral no mundo antigo, descrita no texto, esteve relacionada à a) adoção do sufrágio universal masculino. b) extensão da cidadania aos homens livres. c) afirmação de instituições democráticas. d) implantação de direitos sociais. e) tripartição dos poderes políticos.
2. (ENEM PPL) No contexto da polis grega, as leis comuns nasciam de uma convenção entre cidadãos, definida pelo confronto de suas opiniões em um verdadeiro espaço público, a ágora, confronto esse que concedia a essas convenções a qualidade de instituições públicas.
5. (UFRGS) Em relação à sociedade espartana, assinale a opção que NÃO corresponde à camada social dos hilotas. a) Constituíam a massa de população vencida, subjugada e pertencente ao Estado. b) Enquanto força-de-trabalho, eram expropriados pelos espartanos. c) Cultivavam a terra com os seus instrumentos de trabalho, pagando uma renda fixa em espécie. d) Como prevenção de revoltas e frente ao perigoso aumento demográfico que apresentavam, sofriam regularmente os "kriptios", formas de repressão e extermínio realizados por jovens espartanos. e) Desenvolviam atividades mercantis que lhes possibilitavam acumular pequenas fortunas com as quais compravam títulos de cidadania.
MAGDALENO, F. S. A territorialidade da representação política: vínculos territoriais de compromisso dos deputados fluminenses. São Paulo: Annablume, 2010.
No texto, está relatado cidadania associado ao democrática: a) Direta. c) Socialista. e) Representativa.
um exemplo de exercício da seguinte modelo de prática b) Sindical. d) Corporativista.
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[História I] 6. (ENEM)
Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) I, II e III 8. (UFRGS) Na formação da cidade grega, a pólis esteve vinculada ao processo de desintegração dos clãs patriarcais, os genos. A constituição da pólis grega, com isto, supôs a desagregação desta estrutura tradicional e a formação de uma nova composição social representada pela existência de duas classes sociais antagônicas: a) a dos proprietários de terras e de escravos e a dos escravos. b) a dos comerciantes e a dos escravos. c) a dos comerciantes e a dos artesãos. d) a dos navegadores e a dos comerciantes. e) a dos proprietários de terras e de escravos e a dos eclesiásticos.
A figura apresentada é de um mosaico, produzido por volta do ano 300 d.C., encontrado na cidade de Lod, atual Estado de Israel. Nela, encontram-se elementos que representam uma característica política dos romanos no período, indicada em: a) Cruzadismo — conquista da terra santa. b) Patriotismo — exaltação da cultura local. c) Helenismo — apropriação da estética grega. d) Imperialismo — selvageria dos povos dominados. e) Expansionismo — diversidade dos territórios conquistados.
9. (UFSC) A educação em Esparta Ensinavam a ler e escrever apenas o estritamente necessário. O resto da educação visava acostumá-los à obediência, torná-los duros à adversidade e fazê-los vencer o combate. Do mesmo modo, quando cresciam, eles recebiam um treinamento mais severo: raspavam a cabeça, andavam descalços, brincavam nus a maior parte do tempo. Tais eram seus hábitos. (PLUTARCO. A vida de Licurgo. In: PINSKY, Jaime. 100 textos de História Antiga. 4. ed. São Paulo: Contexto, 1998. p. 109.)
Sobre o papel da educação e da escrita nas sociedades antigas, é CORRETO afirmar que: 01. o Egito antigo, extremamente dependente do rio Nilo e de seu regime de cheias, fez da agricultura sua principal atividade econômica. Esta característica impediu o desenvolvimento da escrita naquela sociedade. 02. a escrita cuneiforme, criada pelos assírios na antiga Mesopotâmia, tinha por função estabelecer acordos comerciais com os etíopes. 04. conforme o trecho acima citado, podemos perceber que a educação tem estreita relação com as características sociais. O militarismo de Esparta influenciou a educação de suas crianças. 08. a educação que uma criança recebia na antiguidade dependia da posição social e do gênero. As mulheres atenienses, por exemplo, recebiam uma educação familiar que lhes qualificava para as atividades domésticas e os cuidados com os filhos. 16. na China, o confucionismo valorizava uma educação pautada no respeito às tradições, ressaltando valores como moderação e harmonia. SOMA:___
7. (UFRGS) Na Antiguidade clássica, a Grécia não existia enquanto entidade política. Antes, configurava uma comunidade linguística (onde se falava o grego, com variantes e dialetos) que compartilhava santuários e crenças, costumes e hábitos, formando uma civilização. Em termos geográficos, porém, era dividida em um grande número de cidades, de tamanho e importância variados, independentes umas das outras e frequentemente rivais. A propósito das características dessas cidades, considere as seguintes afirmações. I - Cada cidade, por constituir um verdadeiro pequeno Estado, possuía um regime político que lhe era próprio e instituições que variavam consideravelmente de uma localidade para outra. II - Atenas foi, sobretudo na época clássica, a mais destacada das cidades. Seu modelo democrático baseava-se no princípio de isonomia, isto é, de igualdade de direitos extensiva ao conjunto de seus cidadãos. III - Em nome da excelência militar e da ação bélica contínua, o regime monárquico espartano concedia a todos os seus habitantes o estatuto de cidadão, pelo qual os grupos sociais exerciam em igualdade de condições os direitos e deveres nos assuntos da cidade.
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[História I] 10. (UNIFRA) Considerando o sistema político vigente em Atenas, após as reformas de Clístenes (510-507 a.C.) e durante a liderança de Péricles (499-429 a.C.), avalie as sentenças abaixo, sobre o regime democrático ateniense. I. O direito à livre expressão era perceptível durante as reuniões da Bulé. II. O ostracismo era a prática de consulta aos oráculos diante das incertezas. III. Pode-se afirmar que a isonomia (igualdade de todos os cidadãos perante a Lei) foi um princípio da democracia ateniense. IV. Tanto Clístenes quanto Péricles admitiram a escravidão por dívidas, pois era algo que não dizia respeito aos cidadãos. Estão corretas apenas a) I e III. b) II e IV. d) I, II e IV. e) I, III e IV.
político, visto que a riqueza era “... um instrumento para agir.” 16. os postos administrativos de destaque na cidade de Atenas estavam vinculados à quantidade de bens que o cidadão ateniense possuía. 32. de acordo com Tucídedes, os povos vizinhos de Atenas eram seus imitadores. Podemos concluir que, dada à proximidade geográfica, Esparta adotou este modelo. 64. pobreza e riqueza não podiam existir paralelamente na cidade de Atenas, razão pela qual devia haver um esforço para evitar a pobreza. Soma:___ 12. (ULBRA) “Ainda que a Grécia continental tenha sofrido invasões de etnias indo-europeias, essas se terão sem dúvida fundido a outras etnias no verdadeiro crisol étnico que era o Mediterrâneo oriental. É o que permite a Isócrates, no século 4 a.C., declarar que são chamados gregos antes os que participam da nossa educação do que os que participam de uma raça comum”. (Antonio Cícero) Esta citação nos remete ao pensamento de que a Grécia: a) no período clássico, representava uma unidade política, cuja hegemonia cultural padronizava o comportamento nas cidades-estados. b) no período de Isócrates, utilizou o crisol étnico para configurar uma estrutura de poder fundamentada nas articulações políticas do senado ateniense. c) estabeleceu para os romanos uma relação de características culturais, que nasceram da fundamentação filosófica pré-socrática. d) possuía um projeto de colonização que desconsiderava as diferenças e estabelecia a aplicação de uma gestão regrada para a Hélade. e) além da presença de Jônios, Aqueus e Dórios em sua formação, conviveu com uma pluralidade cultural que auxiliou no conceito de civilização grega.
c) I, II e III.
11. (UFSC) Leia o texto abaixo com atenção. Nossa forma de governo não se baseia nas instituições dos povos vizinhos. Não imitamos os outros. Servimos de modelo para eles. Somos uma democracia porque a administração pública depende da maioria, e não de poucos. Nessa democracia, todos os cidadãos são iguais perante as leis para resolver os conflitos particulares. Mas quando se trata de escolher um cidadão para a vida pública, o talento e o mérito reconhecidos em cada um dão acesso aos postos mais honrosos. [...] Usamos a riqueza como um instrumento para agir, e não como motivo de orgulho e ostentação. Entre nós, a pobreza não é causa de vergonha. Vergonhoso é não fazer o possível para evitá-la. Todo o cidadão tem o direito de cuidar de sua vida particular e de seus negócios privados. Mas aquele que não manifestar interesse pela política, pela vida pública, é considerado um inútil. Em resumo, digo que nossa cidade é uma escola para toda Hélade, e cada cidadão ateniense, por suas características, mostra-se capaz de realizar as mais variadas formas de atividade. TUCÍDEDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília/São Paulo: UnB/Hucitec, 1986, cap. 37-41, Livro II.
13. (PUCRS) No século V a.C., após as Guerras GrecoPérsicas e com a formação da chamada Confederação de Delos, o mundo grego conheceu um período de hegemonia de Atenas, durante o qual destacaram-se o governo e a política de Péricles. NÃO é uma característica dessa política a) o combate contra o partido aristocrático em Atenas e nas cidades por ela controladas. b) a consolidação de instituições como a Assembleia Popular, o Conselho dos Quinhentos e a Heleia. c) o estabelecimento de remuneração aos cidadãos mais pobres, por participação nas sessões da Assembleia Popular. d) a concessão dos direitos de cidadania aos metecos e às mulheres livres. e) o apoio às manifestações artísticas e culturais em Atenas.
Com base neste texto do historiador ateniense Tucídedes e sobre história antiga ocidental, é CORRETO afirmar que: 01. Atenas era considerada um modelo de cidade para todo o Império Romano. 02. a riqueza mencionada por Tucídedes era vista como ingrediente necessário para projetar a cidade de Atenas no cenário do mundo antigo. 04. o texto evidencia que todos os cidadãos deviam interessar-se por política para não serem considerados inúteis. 08. a mobilização em busca de riqueza era mais importante para a democracia do que o debate
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[História I] 14. (UFSC) "ELEFANTES - Vendo. Para circo ou zoológico. Usados mas em bom estado. Já domados e com baixa do exército. Tratar com Aníbal." (p. 143) "TORRO TUDO - E toco cítara. Tratar com Nero." (p.144)
16. (UPF) Assinale a alternativa que indica a(s) afirmação(ões) correta(s) a respeito do Império Romano. I. As invasões bárbaras derrubaram o último imperador e dividiram o império entre bizantinos, hunos e francos durante a crise do século III. II. O declínio das cidades, do comércio e o colonato foram mudanças econômicas e sociais que marcaram a Antiguidade Tardia. III. A adoção de uma religião monoteísta e exclusiva, o cristianismo, em 395, pelo imperador Teodósio marcou uma ruptura política e cultural na história romana. a) I, II e III b) I e II c) II e III d) I e III e) II apenas
VERISSIMO, Luis Fernando. O Classificado através da História. In: "Comédias para se ler na escola". São Paulo: Objetiva, 2001.
Sobre Roma na Antigüidade, é CORRETO afirmar que: 01. Aníbal foi um conhecido comandante de Cartago, que combateu os romanos durante as Guerras Púnicas. 02. as Guerras Púnicas, que envolveram Cartago e Roma, aconteceram no contexto da expansão territorial romana. 04. a expansão territorial acabou se revelando um fracasso. Isto pode ser percebido pela ausência de alterações nos hábitos da sociedade romana nos períodos que se sucederam. 08. o domínio de Roma no Mediterrâneo favoreceu o fim da República e a ascensão do Império. 16. Nero foi um governante de Roma conhecido pelo apoio que prestou aos cristãos, sendo responsável por elevar o Cristianismo a religião oficial do Império Romano. 32. o período de governo de Nero é conhecido como um momento de decadência do Império Romano, cujos motivos estão, entre outros, nos graves problemas sociais causados pela existência de uma cidadania restrita e pelos abusos administrativos. 64. a escravidão, embora presente, nunca foi economicamente relevante na sociedade romana. SOMA:___
17. (UPF) A respeito das guerras Púnicas, travadas entre Roma e Cartago, e correto afirmar: a) Desencadearam as lutas entre patrícios e plebeus em Roma e, com elas, a crise da Republica. b) Consolidaram Roma como a principal potencia militar e econômica no Mediterrâneo ocidental. c) Marcaram a consolidação do Império Romano sobre as províncias da Dacia e da Tracia. d) Deram inicio a expansão do cristianismo. e) Esgotaram a economia romana e abriram caminho para as invasões bárbaras.
18. (UNISC) O Coliseu Romano é um dos grandes atrativos da capital da Itália. Construído durante a Antiguidade, constitui uma das mais significativas heranças patrimoniais do referido período. Para a sociedade romana do mundo antigo, o Coliseu tinha como função a) sediar apresentações teatrais oriundas da sociedade grega, na época considerada uma província romana. b) ser palco das aparições públicas dos imperadores romanos, que buscavam prestígio junto ao povo, que podia frequentar suas magníficas instalações, fazendo a apresentação de leis destinadas ao bemestar da população. c) consagrar-se como o maior anfiteatro da sociedade romana, sediando diversos eventos de caráter cultural, como as lutas de gladiadores, mantendo a política de controle social do pão e circo, permitindo a presença de diversos grupos sociais nos eventos nele sediados. d) ser o palco da presença do imperador Nero, responsável por sua construção, durante a execução dos primeiros cristãos, extremamente perseguidos no período. e) ser apenas mais uma arena para o combate dos gladiadores, sem prestígio na época, tendo reconhecimento apenas nos dias de hoje por ter sobrevivido à ação do tempo.
15. (UCS) A sociedade ocidental deve muito à cultura e à civilização dos gregos e romanos. Foram inúmeras as contribuições desses povos para o Ocidente. Mesmo na atualidade, nosso modo de pensar e ver o mundo ainda contém influências advindas dessa época. Analise a veracidade (V) ou a falsidade (F) das proposições abaixo, sobre tais contribuições. ( ) A principal contribuição dos romanos foi a filosofia. De certo modo, todas as atuais correntes filosóficas fazem referência aos pensadores romanos, seja para afirmá-los, seja para negá-los. ( ) Os jogos olímpicos representam uma das principais contribuições da Grécia antiga para a civilização atual. Muitos esportes hoje praticados têm sua origem naquele período. ( ) Nosso sistema numérico é uma contribuição direta da sociedade romana, especialmente o conhecimento do zero. Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo. a) V – V – V b) F – V – F c) V – V – F d) V – F – V e) F – F – F
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[História I] 19. (UCS) O cristianismo surgiu a partir das pregações de Jesus Cristo, que nasceu na província romana da Judeia. Seus ideais, difundidos pelos apóstolos após a sua morte, eram baseados principalmente na humildade e no amor ao próximo. Considere as seguintes afirmações sobre a cristianização do Império Romano. I. A religião cristã disseminou-se principalmente entre as camadas humildes, preocupando as autoridades romanas, que passaram a hostilizá-la, pois seus seguidores se recusavam, por exemplo, a servir o exército, a reconhecer a divindade do imperador e a prestar-lhe culto. II. As primeiras perseguições começaram no século I e, com exceção de alguns períodos de trégua, duraram até o início do século IV. Só tiveram fim, porque os imperadores passaram a se aliar aos cristãos, visando à manutenção do poder, pois o cristianismo estava amplamente difundido em todo o império. III. Em 313, foi concedida a liberdade de culto aos cristãos e, em 382, o cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano. As antigas perseguições religiosas terminaram, sendo inclusive permitido o antigo paganismo praticado pelos romanos, uma vez que a condescendência fazia parte do espírito cristão.
21. (UPF) “A grande realização de Roma foi transcender a estreita orientação política da cidadeestado e criar um Estado universal que unificou as diferentes nações do mundo mediterrâneo” (PERRY, Marvin. História Concisa da Civilização Ocidental, 2002). O início da constituição da civilização romana foi marcado pela pluralidade de povos, culturas e formas de governos. Essas características persistiram tanto no período de ascensão quanto no de declínio de Roma. Considerando a diversidade de influências que auxiliaram na constituição da civilização romana é incorreto afirmar que: a) Roma era inicialmente habitada por camponeses que, com o desenvolvimento da cidade, adotaram estilos arquitetônicos, técnicas de construção de estradas, engenharia hidráulica, metalúrgica, entre outros conhecimentos da civilização etrusca. b) os germanos impulsionaram o comércio romano de vinho e azeite no século VI a.C. c) a república romana foi instaurada em fins do século VI a.C., quando os patrícios depuseram o monarca etrusco. d) Roma consolidou seu poder sobre o mundo mediterrâneo ao vencer os cartagineses nas Guerras Púnicas. e) Roma consolidou seu poderio conquistando ou agregando povos e expandindo seu território.
Das afirmativas acima, pode-se dizer que a) apenas I está correta. b) apenas II está correta. c) apenas I e II estão corretas. d) apenas II e III estão corretas. e) I, II e III estão corretas.
20. (UFRGS) No bloco superior abaixo, são listados alguns líderes que atuaram no período republicano da Antiga Roma; no inferior, são citadas ações desses líderes. Associe corretamente o bloco inferior ao superior. 1 – Otávio 2 – Caio Mário 3 – Tibério Graco 4 – Pompeu ( ) Operou uma reforma militar que permitiu o recrutamento de soldados entre a população mais pobre de Roma. ( ) Acumulou uma série de títulos e cargos e acabou por estabelecer em Roma o sistema político imperial. ( ) Tentou implementar uma reforma que permitisse a distribuição de terras públicas entre os cidadãos mais pobres de Roma. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima pra baixo, é a) 2 – 1 – 4. b) 1 – 2 – 4. c) 2 – 1 – 3. d) 1 – 2 – 3. e) 3 – 4 – 2.
GABARITO UNIDADE 2 1.B 8.A 15.B
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2.A 9.28 16.C
3.C 10.A 17.B
4.B 11.6 18.C
5.E 12.E 19.C
6.E 13.D 20.C
7.D 14.43 21.B
[História I]
UNIDADE 3 – Mundo Medieval
instalavam nas cidades nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem uma atividade de professor e erudito, em resumo, um intelectual – esse homem só aparecerá com as cidades.
1. (ENEM) Mas era sobretudo a lã que os compradores, vindos da Flandres ou da Itália, procuravam por toda a parte. Para satisfazê-los, as raças foram melhoradas através do aumento progressivo das suas dimensões. Esse crescimento prosseguiu durante todo o século XIII, as abadias da Ordem de Cister, onde eram utilizados os métodos mais racionais de criação de gado, desempenharam certamente um papel determinante nesse aperfeiçoamento.
LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010
O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia o(a) a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato. b) relação entre desenvolvimento urbano e divisão de trabalho. c) importância organizacional das corporações de ofício. d) progressiva expansão da educação escolar. e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos.
DUBY. G. Economia rural e vida no campo no Ocidente medieval. Lisboa: Estampa, 1987 (adaptado).
O texto aponta para a relação entre aperfeiçoamento da atividade pastoril e avanço técnico na Europa ocidental feudal, que resultou do(a) a) crescimento do trabalho escravo. b) desenvolvimento da vida urbana. c) padronização dos impostos locais. d) uniformização do processo produtivo. e) desconcentração da estrutura fundiária.
4. (ENEM)
2. (ENEM) A casa de Deus, que acreditam una, está, portanto, dividida em três: uns oram, outros combatem, outros, enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem não suportam ser separadas; os serviços prestados por uma são a condição das obras das outras duas; cada uma por sua vez encarrega-se de aliviar o conjunto... Assim a lei pode triunfar e o mundo gozar da paz. ALDALBERON DE LAON. In: SPINOSA, F. Antologia de textos históricos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1981.
A ideologia apresentada por Aldalberon de Laon foi produzida durante a Idade Média. Um objetivo de tal ideologia e um processo que a ela se opôs estão indicados, respectivamente, em: a) Justificar a dominação estamental / revoltas camponesas. b) Subverter a hierarquia social / centralização monárquica. c) Impedir a igualdade jurídica / revoluções burguesas. d) Controlar a exploração econômica / unificação monetária. e) Questionar a ordem divina / Reforma Católica.
Os calendários são fontes históricas importantes, na medida em que expressam a concepção de tempo das sociedades. Essas imagens compõem um calendário medieval (1460-1475) e cada uma delas representa um mês, de janeiro a dezembro. Com base na análise do calendário, apreende-se uma concepção de tempo a) cíclica, marcada pelo mito arcaico do eterno retorno. b) humanista, identificada pelo controle das horas de atividade por parte do trabalhador. c) escatológica, associada a uma visão religiosa sobre o trabalho. d) natural, expressa pelo trabalho realizado de acordo com as estações do ano. e) romântica, definida por uma visão bucólica da sociedade.
3. (ENEM) No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média – no Ocidente – nasceu com elas. Foi com o desenvolvimento urbano ligado às funções comercial e industrial – digamos modestamente artesanal – que ele apareceu, como um desses homens de ofício que se
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[História I] 5. (ENEM) Sou uma pobre e velha mulher, Muito ignorante, que nem sabe ler. Mostraram-me na igreja da minha terra Um Paraíso com harpas pintado E o Inferno onde fervem almas danadas, Um enche-me de júbilo, o outro me aterra.
Grande parte das noites ficamos acordadas E todo o dia para isso ganhar
VILLON. F. In: GOMBRICH, E. História da arte. Lisboa: LTC. 1999.
CHRÉTIEN DE TROYES apud LE GOFF. J. Civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Edições 70, 1992.
Ameaçam-nos de nos moer de pancada Os membros quando descansamos E assim, não nos atrevemos a repousar.
Os versos do poeta francês François Villon fazem referência às imagens presentes nos templos católicos medievais. Nesse contexto, as imagens eram usadas com o objetivo de a) refinar o gosto dos cristãos. b) incorporar ideais heréticos. c) educar os fiéis através do olhar. d) divulgar a genialidade dos artistas católicos. e) valorizar esteticamente os templos religiosos.
Tendo em vista as transformações socioeconômicas da Europa Ocidental durante a Baixa Idade Média, o texto apresenta a seguinte situação: a) Uso da coerção no mundo do trabalho artesanal. b) Deslocamento das trabalhadoras do campo para as cidades. c) Desorganização do trabalho pela introdução do assalariamento. d) Enfraquecimento dos laços que ligavam patrões e empregadas. e) Ganho das artífices pela introdução da remuneração pelo seu trabalho.
6. (ENEM PPL) Veneza, emergindo obscuramente ao longo do início da Idade Média das águas às quais devia sua imunidade a ataques, era nominalmente submetida ao Império Bizantino, mas, na prática, era uma cidade-estado independente na altura do século X. Veneza era única na cristandade por ser uma comunidade comercial: “Essa gente não lavra, semeia ou colhe uvas”, como um surpreso observador do século XI constatou. Comerciantes venezianos puderam negociar termos favoráveis para comerciar com Constantinopla, mas também se relacionaram com mercadores do islã.
8. (ENEM) Se a mania de fechar, verdadeiro habitus da mentalidade medieval nascido talvez de um profundo sentimento de insegurança, estava difundida no mundo rural, estava do mesmo modo no meio urbano, pois que uma das características da cidade era de ser limitada por portas e por uma muralha. DUBY, G. et al. “Séculos XIV-XV”. In: ARIÈS, P.; DUBY, G. História da vida privada da Europa Feudal à Renascença. São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado).
FLETCHER, R. A cruz e o crescente: cristianismo de islã, de Maomé à Reforma. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004.
As práticas e os usos das muralhas sofreram importantes mudanças no final da Idade Média, quando elas assumiram a função de pontos de passagem ou pórticos. Este processo está diretamente relacionado com a) o crescimento das atividades comerciais e urbanas. b) a migração de camponeses e artesãos. c) a expansão dos parques industriais e fabris. d) o aumento do número de castelos e feudos. e) a contenção das epidemias e doenças.
A expansão das atividades de trocas na Baixa Idade Média, dinamizadas por centros como Veneza, reflete o(a) a) importância das cidades comerciais. b) integração entre a cidade e o campo. c) dinamismo econômico da Igreja cristã. d) controle da atividade comercial pela nobreza feudal. e) ação reguladora dos imperadores durante as trocas comerciais.
9. (UPF) Sobre a sistematização do islamismo no século VII e correto afirmar: a) Valorizou as crenças religiosas dos beduínos e dos grupos urbanos. b) Baseou-se em religiões monoteístas, como o judaísmo, o cristianismo e o xintoísmo. c) Tem por base o Alcorão e o livro de regras Hajj. d) Tem como data inicial do calendário árabe a hégira de Maomé. e) Defende o politeísmo da Caaba, lugar de reunião dos fieis ainda hoje.
7. (ENEM PPL) Queixume das operárias da seda Sempre tecemos panos de seda E nem por isso vestiremos melhor [...] Nunca seremos capazes de ganhar tanto Que possamos ter melhor comida [...] Pois a obra de nossas mãos Nenhuma de nós terá para se manter [...] E estamos em grande miséria Mas, com os nossos salários, enriquece aquele para quem trabalhamos
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[História I] 10. (ENEM CANCELADO) A lei dos lombardos (Edictus Rothari), povo que se instalou na Itália no século VII e era considerado bárbaro pelos romanos, estabelecia uma série de reparações pecuniárias (composições) para punir aqueles que matassem, ferissem ou aleijassem os homens livres. A lei dizia: “para todas estas chagas e feridas estabelecemos uma composição maior do que a de nossos antepassados, para que a vingança que é inimizade seja relegada depois de aceita a dita composição e não seja mais exigida nem permaneça o desgosto, mas dê-se a causa por terminada e mantenha-se a amizade.”
reivindicados pelo grupo "Exército de Libertação dos Santuários Islâmicos". Sobre o Islão e os grupos islâmicos fundamentalistas que aterrorizam o ocidente, assinale a(s) proposição(ões) VERDADEIRA(S). 01. O Islão surgiu a partir das pregações de Maomé. 02. No "Alcorão", que segundo a tradição foi transmitido a Maomé, estão as leis e ensinamentos da religião islâmica. 04. Os fundamentalistas islâmicos pretendem um Estado dirigido pelas leis do Alcorão. 08. Um número expressivo de fundamentalistas islâmicos prega a guerra santa contra a sociedade ocidental, principalmente contra os Estados Unidos. SOMA:___
ESPINOSA, F. Antologia de textos históricos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1976 (adaptado).
A justificativa da lei evidencia que a) se procurava acabar com o flagelo das guerras e dos mutilados. b) se pretendia reparar as injustiças causadas por seus antepassados. c) se pretendia transformar velhas práticas que perturbavam a coesão social. d) havia um desejo dos lombardos de se civilizarem, igualando-se aos romanos. e) se instituía uma organização social baseada na classificação de justos e injustos.
13. (ENEM) A Idade Média é um extenso período da História do Ocidente cuja memória é construída e reconstruída segundo as circunstâncias das épocas posteriores. Assim, desde o Renascimento, esse período vem sendo alvo de diversas interpretações que dizem mais sobre o contexto histórico em que são produzidas do que propriamente sobre o Medievo. Um exemplo acerca do que está exposto no texto acima é a) a associação que Hitler estabeleceu entre o III Reich e o Sacro Império Romano Germânico. b) o retorno dos valores cristãos medievais, presentes nos documentos do Concílio Vaticano II. c) a luta dos negros sul-africanos contra o apartheid inspirada por valores dos primeiros cristãos. d) o fortalecimento político de Napoleão Bonaparte, que se justificava na amplitude de poderes que tivera Carlos Magno. e) a tradição heroica da cavalaria medieval, que foi afetada negativamente pelas produções cinematográficas de Hollywood.
11. (UFRGS) Maomé, nascido em Meca, na Arábia, insatisfeito com o paganismo geralmente praticado na região, declarou ter visto o anjo Gabriel que lhe apresentara um texto com a ordem de recitá-lo. Considerando-se então o último e maior de todos os profetas, Maomé promoveu a conversão das tribos da Arábia. A era muçulmana caracterizou-se pela a) divisão das esferas de poder político e de poder religioso, constituindo um Estado laico, onde porém a Igreja assumia um lugar privilegiado. b) expansão territorial do Islã, que se fez inclusive às custas do Império Persa e do Império Bizantino, enfraquecidos por graves crises internas. c) conversão forçada dos povos conquistados à nova religião do Islã, com a proibição dos cultos judeus e cristãos e o confisco de terras. d) rejeição total à assimilação da cultura dos povos conquistados e das culturas antigas, em nome da verdadeira compreensão da palavra de Deus. e) proibição das concentrações urbanas, do comércio e do desenvolvimento de novas técnicas de trabalho, considerados contrários aos preceitos do Corão.
14. (UFRGS) Assinale a alternativa que apresenta um dos resultados do entrecruzamento de culturas no Império Bizantino. a) As artes visuais diversificaram-se a ponto de serem eliminadas as características estéticas de inspiração greco-cristã. b) A adoração popular a ícones religiosos gerou crises na Igreja de Bizâncio. c) Elementos clássicos, como a retórica e a língua grega, foram superados em função da interação cultural cosmopolita. d) A arquitetura passou a primar pela simplicidade, a fim de se adequar à doutrina religiosa ortodoxa. e) A estrutura jurídica do Império Bizantino não sofreu a influência do direito romano.
12. (UFSC) Numa sexta-feira, 8 de agosto de 1998, dois atentados aterrorizaram o mundo. Bombas explodiram nas embaixadas dos Estados Unidos em Nairobi e Dar es-Salaan, deixando 248 mortos. Os atentados foram
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[História I] 15. (UNIFRA) A partir do século III, o Império Romano enfrentou uma séria crise. Porém os efeitos dessa crise não foram sentidos igualmente nas porções ocidental e oriental do Império. Com a divisão feita por Teodósio em 395, passou a existir o Império Romano do Oriente, ou Império Bizantino. Durante o longo período conhecido por Idade Média, várias foram as transformações sofridas tanto no ocidente quanto no oriente. A partir disso, que características são comuns ao Império Romano do Ocidente e ao Império Bizantino? I. Diversidade étnica no território, incluindo os chamados povos bárbaros. II. Centralização política e administrativa, expressa na figura do imperador. III. Sociedade marcada pela concentração de terras em mãos de poucos, onde a Igreja possuía ampla porcentagem da riqueza agrária.
rotas comerciais que ligavam o Mar Mediterrâneo e o Mar Negro à Europa e à Ásia. c) ela é, ainda hoje, considerada a mais genuína representante do estilo gótico. É principalmente na arquitetura religiosa que esse estilo pode ser encontrado, haja vista que a cidade tem mais do que um templo para cada um dos 365 dias do ano. d) sua decadência está ligada à chegada dos portugueses às Índias. A partir de então, os mercadores cristãos não mais para lá se dirigiram para buscar especiarias e artigos de luxo. e) ela foi conquistada em 1453 pelos venezianos, na última das Cruzadas. Esse episódio assinala o fim definitivo do Império Romano do Oriente.
18. (UCS) Considere as seguintes afirmativas sobre os princípios do Islamismo – religião fundada pelo profeta Maomé, no início do século VII, na Arábia – e seus seguidores, os muçulmanos. I. A ideia da guerra santa está presente entre os muçulmanos. Denominada jihad, ela teve um papel decisivo como fundamentação ideológica na expansão do mundo árabe. II. Creem na vida após a morte, aceitam a ideia de alma e compreendem que a salvação está condicionada às boas ações e à obediência cega a Alá. III. São defensores da indissolubilidade do casamento monogâmico, em função da sua herança judaico-cristã.
Das afirmações acima, está(ão) correta(s) a) apenas I. b) apenas III. c) apenas I e II. d) apenas I e III. e) I, II e III.
16. (UCS) Considere as seguintes afirmativas sobre os princípios do Islamismo – religião fundada pelo profeta Maomé, no início do século VII, na Arábia – e seus seguidores, os muçulmanos. I. A ideia da guerra santa está presente entre os muçulmanos. Denominada jihad, ela teve um papel decisivo como fundamentação ideológica na expansão do mundo árabe. II. Creem na vida após a morte, aceitam a ideia de alma e compreendem que a salvação está condicionada às boas ações e à obediência cega a Alá. III. São defensores da indissolubilidade do casamento monogâmico, em função da sua herança judaico-cristã.
Das afirmativas acima, pode-se dizer que está(ão) correta(s) a) apenas I b) apenas II. c) apenas I e II. d) apenas II e III. e) I, II e III.
19. (ACAFE) As transformações na economia ao final da Idade Média, interligadas ao processo de urbanização, crescimento comercial e fortalecimento da burguesia, contribuíram para o desenvolvimento capitalista. Neste contexto, as manifestações artísticas e literárias encontraram condições para seu desenvolvimento. O Renascimento europeu proliferou. Nesse sentido é correto afirmar, exceto: a) A obra “O príncipe” de Nicolau Maquiavel destacou questões políticas. b) A família Médici, em Florença, destacou-se pela prática do mecenato. c) Os temas religiosos foram banidos da pintura renascentista. d) O antropocentrismo foi uma importante característica do renascimento cultural.
Das afirmativas acima, pode-se dizer que a) apenas I está correta. b) apenas II está correta. c) apenas I e II estão corretas. d) apenas II e III estão corretas. e) I, II e III estão corretas.
17. (UNISC) A respeito da cidade de Constantinopla, capital do Império Bizantino, é correto afirmar que a) atualmente ela é conhecida como Alexandria e se localiza no Egito. Apesar de um passado turbulento, seu centro histórico encanta e impressiona muitos turistas devido à riquíssima variedade cultural que dá mostras dos diferentes povos e culturas que por lá passaram. b) o embrião da famosa cidade surgiu quando o imperador romano Constantino I decidiu construir, sobre a antiga cidade grega de Bizâncio, uma nova capital para o Império Romano, mais próxima às
GABARITO UNIDADE 3 1.B 8.A 15.D
[80]
2.A 9.D 16.C
3.B 10.C 17.B
4.D 11.B 18.C
5.C 12.15 19.C
6.A 13.A
7.A 14.B
[História I]
UNIDADE 4 – Idade Moderna I
mercadorias, rico em manufaturas e fecundo em bens de todo tipo, não tendo necessidade de nada e dispensando todas as coisas dos outros Estados. Em conseqüência, ele nada negligencia a fim de aclimatar na França as melhores indústrias de cada país e impede por diversas medidas os outros Estados de introduzir seus produtos no reino [...]. Quanto mais ele se encanta em ver entrar o ouro dos outros no reino, tanto mais é zeloso e cuidadoso em impedir a sua saída, e, para isso, as ordens mais severas são dadas por todos os lugares [...]."
1. (UNIFRA) "Deve-se observar que, ao tomar um Estado, o conquistador deve fazer todas as ofensas necessárias e faze-las todas de uma vez, para não precisar renová-las todos os dias e poder, ao não repeti-las, dar segurança aos homens e conquistar a sua confiança com benefícios. Quem age de outro modo [..] precisa estar sempre com o punhal na mão...". O trecho acima é da obra O Príncipe, de Nicolau Maquiavel. Este, entre outros intelectuais, em sua obra justificou os regimes monárquicos absolutistas na Europa. Sobre estes regimes é incorreto afirmar que a) caracterizaram-se pela concentração de poderes na pessoa do rei, o qual identificava-se diretamente com o Estado. b) em Portugal, a consolidação do absolutismo deu-se com a Dinastia de Avis que promovera a expansão marítima. c) o absolutismo caracterizou o chamado antigo regime que colocou em prática o mercantilismo e foi combatido pela Revolução Francesa. d) os reis implementaram os aparelhos burocráticos e fortaleceram os governos regionais, sobretudo, nas áreas coloniais. e) foram possíveis graças ao financiamento da burguesia e do apoio da Igreja Católica fundamentados nas ideias de pensadores da época.
Citado em BERSTEIN, Serge. Histoire. Paris: Hatier, 1990. p. 29.
Considerando os dados emanados do relatório e a época histórica, a política econômica a que o texto se refere é a) o Feudalismo. b) o Liberalismo. c) o Capitalismo. d) a Fisiocracia. e) o Mercantilismo.
4. (PUCRS) Entre os séculos XV e XVII, a intelectualidade europeia cria novas concepções teóricas sobre o poder do Estado e seu exercício legítimo. Uma das mais célebres dessas concepções buscava estabelecer uma explicação racional para o poder absoluto do soberano a partir do conceito de Estado de Natureza, no qual os indivíduos, egoístas e absolutamente livres, viveriam em constante e violento conflito, resultando daí a necessidade de que tais indivíduos cedessem, por contrato, todos os seus direitos ao Estado, abdicando da liberdade para garantir a segurança e a paz social. Trata-se das ideias de a) Thomas Hobbes. b) Jean Bodin. c) Nicolau Maquiavel. d) Hugo Grotius. e) Jacques Bossuet.
2. (PUCRS) “A comuna [cidade] medieval legou ao Estado Moderno uma sólida tradição de intervenção na vida econômica e social. Ela não era indiferente a nenhuma das atividades profissionais e comerciais de seus burgueses (...). Os Estados monárquicos dos séculos XV e XVI encontraram (...) neste tesouro de experiências e de regulamentos os primeiros elementos de sua política econômica.” (DEYON, Pierre. Apud MARQUES, Adhemar. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001, p. 84).
5. (ENEM) O que se entende por Corte do antigo regime é, em primeiro lugar, a casa de habitação dos reis de França, de suas famílias, de todas as pessoas que, de perto ou de longe, dela fazem parte. As despesas da Corte, da imensa casa dos reis, são consignadas no registro das despesas do reino da França sob a rubrica significativa de Casas Reais.
O texto estabelece uma relação histórica entre a) a servidão da gleba e o sistema manufatureiro. b) a corveia e o colonialismo. c) as corporações de ofício e o mercantilismo. d) o sistema de produção doméstica e o liberalismo. e) o escravismo moderno e as guildas.
ELIAS, N. A sociedade da corte. Lisboa: Estampa, 1987.
Algumas casas de habitação dos reis tiveram grande efetividade política e terminaram por se transformar em patrimônio artístico e cultural, cujo exemplo é a) o palácio de Versalhes. b) o Museu Britânico. c) a catedral de Colônia. d) a Casa Branca. e) a pirâmide do faraó Quéops.
3. (UFRGS) Leia abaixo um trecho do relatório elaborado pelo embaixador veneziano Giustiniani no período em que serviu na França. "Seu objetivo era tornar o país inteiro superior a qualquer outro em opulência, abundante em
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[História I] 6. (UCS) O Antigo Regime foi o estilo de governo que marcou a Europa no período da Idade Moderna. Na esfera política, era caracterizado pelo absolutismo, em que o poder ficava todo concentrado nas mãos do rei. Na economia, vigorava o ideal mercantilista, baseado no acúmulo de metais preciosos pelo Estado.
não obedecem a ninguém, cada um é senhor de si; nem favor, nem graça a qual não lhes é necessária, porque não reina entre eles a cobiça; moram em comum em casas feitas à moda de cabanas muito grandes, e para gente que não têm ferro, nem outro metal qualquer, se pode dizer as suas cabanas, ou casas maravilhosas, porque eu vi casas que são longas duzentos e vinte passos, e larguras 30, e habilmente fabricadas, e numa destas casas estavam quinhentas ou seiscentas almas. [...] As suas comidas raízes de ervas e frutas muito boas, inúmeros peixes, grande abundância de mariscos; e caranguejos, ostras, lagostas, e camarões, e muitas outras coisas, que produz o mar. Com base nos fragmentos mencionados da Carta de Américo Vespúcio, marque a(s) proposição(ões) CORRETA(S) acerca dos habitantes na América:
Sobre o contexto do Antigo Regime, pode-se dizer que a) a expansão marítimo-comercial refletiu o descontentamento da burguesia pelos dogmas da Igreja, como a predestinação, que via todos os homens como pecadores por natureza, alcançando somente alguns a salvação eterna. b) surgiu a burguesia como classe social dominante, que, ao lado do Estado Absolutista, reuniu elementos necessários para combater o prestígio da aristocracia. c) a balança comercial favorável significava manter o nível das importações superior ao das exportações, para o Estado garantir os gastos com a corte e com o exército. d) a autoridade real, aliada ao clero, passou a proteger os crescentes interesses de autonomia dos camponeses, com a cobrança de impostos da nobreza, o que abriu caminho para o desenvolvimento do capitalismo. e) o fortalecimento do poder real era defendido por vários pensadores da época; entre eles, Nicolau Maquiavel, cuja obra apoiava o uso de todos os meios possíveis para o monarca aumentar a sua força política.
01. dominavam técnicas de construção que lhes permitia erguer grandes cabanas, sem a utilização de estruturas de metal. 02. não possuíam bens materiais, nem conheciam limites territoriais. 04. residiam em choupanas de palha e madeira, nas quais as condições higiênicas eram precárias. 08. viviam como animais, impulsionados pela cobiça e preocupados apenas com a sobrevivência individual. 16. passavam dificuldades econômicas, pois eram precários os recursos alimentares oferecidos pela natureza. 32. dispunham com fartura de vários tipos de alimentos de origem vegetal e animal. SOMA:____
7. (UFRGS) Leia o segmento abaixo. O rei tomou o lugar do Estado, o rei é tudo, o Estado não é mais nada. Ele é o ídolo a quem se oferecem as províncias, as cidades, as finanças, os grandes e os pequenos, em uma palavra, tudo.
9. (UPF) “Cada vez mais a nota tônica dos novos tempos percute sobre a navegação oceânica, em direção a Flandres e, dai, para o norte da Europa, com garras ávidas em incursões no mundo árabe, distanciando-se da renda fundiária e da circulação das feiras internas, inaptas a sustentar a grande empresa marítima.” (FAORO, R. Os donos do poder. v.1. Porto Alegre: Globo, 1979, p. 45.)
JURIEN, Pierre. Apud ELIAS, Norbert. A sociedade da corte. Rio de Janeiro, Zahar, 2001. p. 133.
Essa afirmação de um contemporâneo de Luís XIV, na França, diz respeito a uma forma de governo que ficou conhecida como a) Monarquia constitucional. b) Autocracia despótica oriental. c) Autocracia parlamentar. d) Monarquia absolutista. e) Tirania teocrática.
A citação acima diz respeito: a) ao inicio da expansão ultramarina portuguesa, fortemente associada ao fortalecimento do poder monárquico b) ao surgimento de uma burguesia comercial poderosa o suficiente para assumir o controle do Estado português c) a consolidação do Império colonial português, que somava possessões na Europa, América, África e Ásia d) ao declínio do colonialismo português, pressionado pelas novas potencias industriais e pelo liberalismo e) as transformações que desencadearam a Revolução dos Cravos, em Portugal
8. (UFSC) Américo Vespúcio, em Carta enviada de Lisboa a Lorenzo di Pier Francesco de Medici, em setembro de 1502, refere-se aos habitantes da América com os seguintes termos: Não têm lei, nem fé nenhuma, e vivem segundo a natureza. Não conhecem a imortalidade da Alma, não têm entre eles bens próprios, porque tudo é comum; não tem limites de reinos, e de províncias; não têm rei;
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[História I] 10. (UCPel) Os portugueses conquistaram em 1415, a cidade de Ceuta, importante centro comercial dominado pelos árabes. Esse fato assinala a) o apogeu da expansão marítima de Portugal. b) o início das incursões dos portugueses nos mares. c) a chegada dos portugueses ao extremo sul da África. d) o início do ciclo oriental dos descobrimentos e) o fim do poderio marítimo dos países ibéricos.
12. (ULBRA) “A expansão ultramarina europeia iniciada no século XV transformou profundamente a História mundial, ao colocar povos de continentes distantes em um processo de interação econômica, política e cultural.” (www.passeiweb.com) Alguns pesquisadores entenderam ser esta realidade o gérmen de um processo de globalização, que alcançaria seu ápice em finais do século XX. Entretanto, o contato com tantos tempos e espaços distintos permite, também, um questionamento sobre: a) o desenvolvimento econômico medieval e o projeto de formação de um bloco de feudos sob o domínio do mosteiro de Cluny. b) a ideia de uma história universal com períodos padronizados por datas e eras comuns a todos os povos sobre a terra. c) a política democrática articulada pela Revolução Francesa após o período do Terror de Robespierre. d) a influência da cultura Asteca na formação religiosa anticlerical dos dissidentes da contra-reforma. e) o socialismo científico como proposta de revolução em sociedades predominantemente burguesas.
11. (PUCRS) Responder à questão, sobre a prática econômica mercantilista, relacionando a coluna de cima com a coluna inferior. 1. França 2. Espanha 3. Inglaterra 4. Províncias Unidas 5. Alemanha ( ) Metalismo - A metrópole buscava conquistar colônias fornecedoras de metais, visto que, para os metalistas, a riqueza nacional era indicada pelo nível de reservas de metal acumulado. ( ) Mercantilismo Industrial - Desenvolveu manufaturas de luxo, para atender ao sofisticado mercado da Espanha, e expandiu suas companhias de comércio e a construção naval. ( ) Mercantilismo Comercial - Tinha como prática comprar barato e vender caro, ganhar no frete, estimular a construção naval e formar companhias de comércio. ( ) Mercantilismo Cameralista - Na falta de um Estado para conduzir a política econômica, as Ligas das cidades mercantis se organizaram para proteger seu comércio marítimo, agindo como intermediárias sobretudo no comércio de cereais da Europa Oriental para o Ocidente. ( ) Mercantilismo Comercial e Industrial - O país ampliou sua indústria naval e assumiu quase todo o tráfico marítimo internacional no século XVI, formando poderosas companhias de comércio e erguendo um centro financeiro.
13. (UFRGS) Leia o enunciado abaixo. A expansão portuguesa não pode nem deve ser vista como um processo acumulativo: foi marcado por continuidades e descontinuidades, e por quebras e transformações nos padrões das suas atividades, do Atlântico ao Índico, da Índia ao Atlântico Sul, do Brasil à África. BETHENCOURT, Francisco; CURTO, Diogo Ramada (dir.). A expansão marítima portuguesa, 1400-1800. Lisboa: Edições 70, 2010. p.8.
A partir da leitura do enunciado, considere as seguintes afirmações. I. A reduzida capacidade demográfica da metrópole portuguesa não impediu a constante emigração com destino, principalmente ao Brasil. II. O tráfico de escravos, iniciado pelos portugueses, não tardou a envolve, na América, os domínios coloniais de Espanha, Inglaterra, França e Holanda. III. A América Portuguesa foi um exemplo de colônia de povoamento, que serviu para o envio de excedentes populacionais da metrópole.
Associando-se corretamente cada país da coluna da esquerda com a modalidade mercantilista por ele praticada, obtém-se, de cima para baixo, a sequência a) 2 - 3 - 4 - 5 – 1 b) 1 - 4 - 2 - 3 - 5 c) 2 - 1 - 3 - 5 - 4 d) 2 - 5 - 4 - 3 - 1 e) 2 - 1 - 5 - 3 4
Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II. d) Apenas I e III. e) Apenas II e III.
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[História I] 14. (ENEM)
guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes. d) naturalmente racional, vivendo em um estado présocial e portando seus direitos naturais. e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares. c)
16. (UFRGS) Sobre o Renascimento, assinale com V (Verdadeiro) ou com F (FALSO) as afirmações abaixo. ( ) A arte renascentista italiana reforçou a concepção formal hierárquica e cristã herdada da arte românica. ( ) O Humanismo, enquanto elemento importante do Renascentismo, deve ser entendido como um movimento intelectual de valorização da Antiguidade Clássica, sem que se pregasse um retorno ao passado. ( ) Os novos conteúdos e estilos sociais do Renascimento eram exclusivamente burgueses, já que precisavam romper com as práticas do feudalismo. ( ) O racionalismo renascentista pretendia explicar o mundo pela razão do homem e pela ciência. ( ) O teocentrismo e o caráter civil e cortesão foram algumas das características do Renascimento.
Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto de estratégias que visavam sedimentar uma determinada noção de soberania. Neste sentido, a charge apresentada demonstra a) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os adornos próprios à vestimenta real. b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com a vestimenta real representa o público e sem a vestimenta real, o privado. c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento do público a figura de um rei despretencioso e distante do poder político. d) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a elegância dos trajes reais em relação aos de outros membros da corte. e) a importância da vestimenta para a constituição simbólica do rei, pois o corpo político adornado esconde os defeitos do corpo pessoal.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) V - F - F - F - V. b) F - V - F - V - F. c) F - F - V - F - V. d) V - F - F - V - V. e) F - V - V - F - F.
17. (ENEM) Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou seu cumprimento. Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento, sob pretexto de prerrogativa, ou em época e modo diferentes dos designados por ele próprio. Que é indispensável convocar com frequência os Parlamentos para satisfazer os agravos, assim como para corrigir, afirmar e conservar as leis. Declaração dos Direitos. Disponível em
15. (ENEM) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Respondese que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.
http://disciplinas.stoa.usp.br. Acesso em: 20 dez. 2011 (adaptado).
No documento de 1689, identifica-se uma particularidade da Inglaterra diante dos demais Estados europeus na Época Moderna. A peculiaridade inglesa e o regime político que predominavam na Europa continental estão indicados, respectivamente, em: a) Redução da influência do papa — Teocracia. b) Limitação do poder do soberano — Absolutismo. c) Ampliação da dominação da nobreza — República. d) Expansão da força do presidente — Parlamentarismo. e) Restrição da competência do congresso — Presidencialismo.
A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o homem como um ser a) munido de virtude, com disposição nata para praticar o bem a si e aos outros. b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.
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[História I] 18. (ENEM) Acompanhando a intenção da burguesia renascentista de ampliar seu domínio sobre a natureza e sobre o espaço geográfico, através da pesquisa científica e da invenção tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa aventura, tentando conquistar a forma, o movimento, o espaço, a luz, a cor e mesmo a expressão e o sentimento.
aí navegam querer pô-los todos diante dos olhos quando querem empreender suas viagens. J. PT. “Histoire de plusieurs voyages aventureux”. 1600. In: DELUMEAU, J. História do medo no Ocidente: 1300-1800. São Paulo Cia. das Letras. 2009 (adaptado).
Esse relato, associado ao imaginário das viagens marítimas da época moderna, expressa um sentimento a) de gosto pela aventura. b) de fascínio pelo fantástico. c) de temor do desconhecido. d) de interesse pela natureza. e) de purgação dos pecados.
SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Unicamp, 1984.
O texto apresenta um espírito de época que afetou também a produção artística, marcada pela constante relação entre a) fé e misticismo. b) ciência e arte. c) cultura e comércio. d) política e economia. e) astronomia e religião.
22. (ENEM) O texto foi extraído da peça "Tróilo e Créssida" de William Shakespeare, escrita provavelmente, em 1601. "Os próprios céus, os planetas, e este centro reconhecem graus, prioridade, classe, constância, marcha, distância, estação, forma, função e regularidade, sempre iguais; eis porque o glorioso astro Sol está em nobre eminência entronizado e centralizado no meio dos outros, e o seu olhar benfazejo corrige os maus aspectos dos planetas malfazejos, e, qual rei que comanda, ordena sem entraves aos bons e aos maus." (personagem Ulysses, Ato I, cena III).
19. (UNIFRA) Aponte a única alternativa correta para a arte renascentista. a) Foi denominada romântica e inspirou-se na natureza. b) Desenvolveu-se principalmente na França e na Inglaterra, centros culturais europeus. c) Refletia a mentalidade antinaturalista, mística e coletivista da renascença. d) Na literatura, desenvolveu-se o romance, como forma de compreensão burguesa da realidade. e) O Cinquecento testemunhou o auge do renascentismo, destacando-se os artistas Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael.
SHAKESPEARE, W. "Tróilo e Créssida". Porto: Lello & Irmão, 1948.
A descrição feita pelo dramaturgo renascentista inglês se aproxima da teoria a) geocêntrica do grego Claudius Ptolomeu. b) da reflexão da luz do árabe Alhazen. c) heliocêntrica do polonês Nicolau Copérnico. d) da rotação terrestre do italiano Galileu Galilei. e) da gravitação universal do inglês Isaac Newton.
20. (ENEM) No império africano do Mali, no século XIV, Tombuctu foi centro de um comércio internacional onde tudo era negociado – sal, escravos, marfim etc. Havia também um grande comércio de livros de história, medicina, astronomia e matemática, além de grande concentração de estudantes. A importância cultural de Tombuctu pode ser percebida por meio de um velho provérbio: “O sal vem do norte, o ouro vem do sul, mas as palavras de Deus e os tesouros da sabedoria vêm de Tombuctu”. ASSUMPÇÃO, J. E. África: uma
23. (ACAFE) A Contra-Reforma foi uma resposta da Igreja Católica ao avanço do protestantismo na Europa durante o século XVI. Sobre esse contexto e as iniciativas tomadas pelo catolicismo é correto afirmar, exceto: a) Reativação das ações dos Tribunais da Inquisição. b) Abolição do celibato para o clero. c) Manutenção da hierarquia eclesiástica. d) Confirmação da salvação pela fé e boas obras.
história a ser reescrita. In: MACEDO, J. R. (Org.). Desvendando a história da África. Porto Alegre: UFRGS. 2008 (adaptado).
Uma explicação para o dinamismo dessa cidade e sua importância histórica no período mencionado era o(a) a) isolamento geográfico do Saara ocidental. b) exploração intensiva de recursos naturais. c) posição relativa nas redes de circulação. d) tráfico transatlântico de mão de obra servil. e) competição econômica dos reinos da região.
GABARITO UNIDADE 4 21. (ENEM) Todo homem de bom juízo, depois que tiver realizado sua viagem, reconhecerá que é um milagre manifesto ter podido escapar de todos os perigos que se apresentam em sua peregrinação; tanto mais que há tantos outros acidentes que diariamente podem aí ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles que
1.D 8.35 15.C 22.C
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2.C 9.A 16.B 23.A
3.E 10.D 17.B
4.A 11.C 18.B
5.A 12.B 19.E
6.E 13.C 20.
7.D 14.E 21.C
[História I]
UNIDADE 5 – Colonização da América
3. (UNIFRA) Observe as palavras do conquistador espanhol Hernán Cortez sobre a conquista do México no século XVI: matamos mais de seis mil índios entre homens, mulheres e crianças, número que se tornou considerável em vista da ação dos índios nossos amigos, os quais, vendo como íamos conquistando a vitória, iam matando a torto e a direito (CORTEZ, Hernán. Apud: FERREIRA, Jorge Luiz. Conquista e Colonização da América Espanhola. São Paulo: Ática, 1992).
1. (ENEM) O canto triste dos conquistados: os últimos dias de Tenochtitlán Nos caminhos jazem dardos quebrados; os cabelos estão espalhados. Destelhadas estão as casas, Vermelhas estão as águas, os rios, como se alguém as tivesse tingido, Nos escudos esteve nosso resguardo, mas os escudos não detêm a desolação...
O texto expressa o caráter assumido pela conquista espanhola da América, dando origem ao longo processo de colonização. É possível contextualizar a conquista e a colonização da América espanhola, considerando a) a necessidade de uma ação, por parte da Espanha, puramente exploratória, sem nenhuma política de povoamento para a América. b) o interesse europeu em incentivar as economias regionais, fortalecendo atividades produtivas diversas em todo o continente. c) a descentralização administrativa da metrópole e da colônia, a partir da criação dos vice-reinados. d) o rompimento de todos os elementos medievais no que diz respeito à religiosidade e ao senso de justiça implantado na colonização. e) o uso do trabalho compulsório da população nativa na América, visando a atender ao metalismo espanhol.
PINSKY, J. et al. História da América através de textos. São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento).
O texto é um registro asteca, cujo sentido está relacionado ao(à) a) tragédia causada pela destruição da cultura desse povo. b) tentativa frustrada de resistência a um poder considerado superior. c) extermínio das populações indígenas pelo Exército espanhol. d) dissolução da memória sobre os feitos de seus antepassados. e) profetização das consequências da colonização da América.
4. (ENEM) Na América inglesa, não houve nenhum processo sistemático de catequese e de conversão dos índios ao cristianismo, apesar de algumas iniciativas nesse sentido. Brancos e índios confrontaram-se muitas vezes e mantiveram-se separados. Na América portuguesa, a catequese dos índios começou com o próprio processo de colonização, e a mestiçagem teve dimensões significativas. Tanto na América inglesa quanto na portuguesa, as populações indígenas foram muito sacrificadas. Os índios não tinham defesas contra as doenças trazidas pelos brancos, foram derrotados pelas armas de fogo destes últimos e, muitas vezes, escravizados. No processo de colonização das Américas, as populações indígenas da América portuguesa a) foram submetidas a um processo de doutrinação religiosa que não ocorreu com os indígenas da América inglesa. b) mantiveram sua cultura tão intacta quanto a dos indígenas da América inglesa. c) passaram pelo processo de mestiçagem, que ocorreu amplamente com os indígenas da América inglesa. d) diferenciaram-se dos indígenas da América inglesa por terem suas terras devolvidas. e) resistiram, como os indígenas da América inglesa, às doenças trazidas pelos brancos.
2. (ENEM) Mas uma coisa ouso afirmar, porque há muitos testemunhos, e é que vi nesta terra de Veragua [Panamá] maiores indícios de ouro nos dois primeiros dias do que na Hispaniola em quatro anos, e que as terras da região não podem ser mais bonitas nem mais bem lavradas. Ali, se quiserem podem mandar extrair à vontade. Carta de Colombo aos reis da Espanha, julho de 1503. Apud AMADO, J.; FIGUEIREDO, L. C. Colombo e a América: quinhentos anos depois. São Paulo: Atual, 1991 (adaptado).
O documento permite identificar um interesse econômico espanhol na colonização da América a partir do século XV. A implicação desse interesse na ocupação do espaço americano está indicada na a) expulsão dos indígenas para fortalecer o clero católico. b) promoção das guerras justas para conquistar o território. c) imposição da catequese para explorar o trabalho africano. d) opção pela policultura para garantir o povoamento ibérico. e) fundação de cidades para controlar a circulação de riquezas.
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[História I] 5. (ENEM) Em geral, os nossos tupinambás ficaram admirados ao ver os franceses e os outros dos países longínquos terem tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil. Houve uma vez um ancião da tribo que me fez esta pergunta: “Por que vindes vós outros, mairs e pêros (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?”
e) desvalorizava os patrimônios étnicos e culturais das sociedades indígenas e reforçava a missão “civilizadora europeia”, típica do século XIX.
7. (ENEM) De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.;
LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças Sociais no Brasil. São Paulo: Difel, 1974.
O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) reproduz um diálogo travado, em 1557, com um ancião tupinambá, o qual demonstra uma diferença entre a sociedade europeia e a indígena no sentido a) do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas culturais. b) da preocupação com a preservação dos recursos ambientais. c) do interesse de ambas em uma exploração comercial mais lucrativa do pau-brasil. d) da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas. e) da preocupação com o armazenamento de madeira para os períodos de inverno.
FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.
A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o seguinte objetivo: a) Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos. b) Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa. c) Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico existente. d) Realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a superioridade europeia. e) Criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a ausência de trabalho
6. (ENEM) No inicio do século XIX, o naturalista alemão Carl Von Martius esteve no Brasil em missão cientifica para fazer observações sobre a flora e a fauna nativas e sobre a sociedade indígena. Referindo-se ao indígena, ele afirmou: ―Permanecendo em grau inferior da humanidade, moralmente, ainda na infância, a civilização não o altera, nenhum exemplo o excita e nada o impulsiona para um nobre desenvolvimento progressivo (...). Esse estranho e inexplicável estado do indígena americano, ate o presente, tem feito fracassarem todas as tentativas para concilia-lo inteiramente com a Europa vencedora e torna-lo um cidadão satisfeito e feliz.‖
8. (UFSC) Sobre o contato entre europeus e indígenas no Brasil, no século XVI, é CORRETO afirmar que: (01) no período inicial de contato entre europeus e indígenas a idéia que se tinha do Brasil correspondia ao "Paraíso Perdido", o que se verificava pelas relações pacíficas em que viviam as nações indígenas no Brasil. (02) uma única nação habitava o território brasileiro no momento do contato: os tupis-guaranis. (04) o conhecimento da arte de curar era um dos saberes dos indígenas mais cobiçados pelos europeus, que procuraram aprender com eles como utilizar as plantas nativas em benefício próprio. (08) as sociedades indígenas brasileiras não possuíam riquezas em metais preciosos, ao contrário dos povos do México e dos Andes, cujas riquezas foram espoliadas pelos espanhóis. (16) os indígenas brasileiros se organizavam em cidades complexas, com grande concentração populacional e construções monumentais. SOMA:___
Carl Von Martius. O estado do direito entre os autóctones do Brasil. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EDUSP, 1982.
Com base nessa descrição, conclui-se que o naturalista Von Martius a) apoiava a independência do Novo Mundo, acreditando que os índios, diferentemente do que fazia a missão europeia, respeitavam a flora e a fauna do país. b) discriminava preconceituosamente as populações originarias da América e advogava o extermínio dos índios. c) defendia uma posição progressista para o século XIX: a de tornar o indígena cidadão satisfeito e feliz. d) procurava impedir o processo de aculturação, ao descrever cientificamente a cultura das opulações originarias da América.
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[História I] 9. (UFRGS) Na exploração da mão-de-obra indígena na América, os espanhóis criaram duas instituições: a) os adelantados e a reserva. b) as capitanias e os forais. c) a encomienda e a mita. d) os conselhos das Índias e as haciendas. e) os quinhões e os monopólios.
Estão corretas: a) apenas I e III. b) apenas II e IV. c) apenas I, II e III. d) apenas I, III e IV. e) I, II, III e IV.
10. (UFSC) A partir do século XVI, os europeus realizaram múltiplos contatos com as terras e os nativos localizados na América. A conquista e a colonização do Continente prosseguiu nos séculos seguintes. As altitudes dos colonizadores caracterizadas pela destruição do meio ambiente e das civilizações nativas, e pela utilização de mão-de-obra escrava, atendiam as exigências de uma economia voltada para os interesses das metrópoles europeias. Decorridos mais de quinhentos anos da localização da América pelos povos ibéricos, é CORRETO afirmar que: 01. os colonizadores ibéricos, de modo especial, preocuparam-se desenvolver suas possessões na América reinvestindo os recursos econômicos gerados no Continente, especialmente no comércio, na educação e na evangelização. 02. nas áreas da América ocupadas pelos espanhóis habitaram, entre outras nações, maias, incas e astecas, que se destacaram pelo alto grau de organização social, política e econômica. 04. portugueses e espanhóis aplicaram nas suas colônias da América a legislação em vigor nos respectivos reinos e criaram leis específicas quando necessárias para legislar sobre questões coloniais. 08. o predomínio das religiões cristãs na América Latina contemporânea pode ser atribuído ao modelo de colonização implantado pelos povos ibéricos nos séculos XVI e XVII. 16. os escravos negros e os nativos da colônia portuguesa da América receberam dos colonizadores, através da influência dos missionários, tratamento diferenciado. SOMA:____
12. (UPF) Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, ao escrever ao rei de Portugal D. Manuel, em 1º de maio de 1500, relatando o descobrimento do Brasil, afirmou: "Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro, nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os dentre Douro e Minho, porque neste tempo de agora assim os achávamos como os de lá. As águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém, o melhor fruto, que dela se pode tirar, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar." As informações do texto apresentado permitem afirmar: a) As referências ao clima, às águas, ao solo, à natureza e às possibilidades de evangelização confirmam a certeza do cronista de que as terras eram habitadas por um povo culturalmente inferior. b) As atitudes amistosas dos nativos da América para com os portugueses, a inocência de sua nudez e o meio ambiente descrito pelo cronista confirmavam a localização do paraíso terrestre. c) A possibilidade de os nativos serem salvos espiritualmente apresentava-se para o cronista como o principal investimento para os portugueses e estava inserida na mentalidade que proporcionou a expansão europeia. d) As terras avistadas despertaram o entusiasmo do cronista pela extensão e pelas possibilidades que ofereciam quanto à existência de metais preciosos. e) Aos olhos do cronista da frota de Cabral, as terras descobertas seriam um mercado promissor, proporcionando altos lucros ao comércio português.
11. (UNIFRA) A colonização hispânica diferiu da brasileira por diversas razões, entre as quais: I A instalação de Universidades foi mais precoce na colonização hispânica. II A influência da Igreja Católica na colonização espanhola foi superior à ocorrida na colonização do Brasil. III Pela extração de um volume de metais preciosos expressivo, ainda no século XVI, das colônias espanholas. IV A colonização hispânica encerrou-se com a independência de várias Repúblicas, enquanto no caso brasileiro esta forma de governo só foi conhecida no final do século XIX.
13. (UCS) Sobre a colonização do Brasil por Portugal, é correto afirmar que a) mesmo tendo a Metrópole se afastado dos princípios econômicos do sistema colonial, os seus objetivos foram plenamente alcançados. b) a montagem da empresa colonial obedecia aos princípios do mercantilismo e, nesse sentido,
[88]
[História I] Lisboa preocupou-se em incentivar, na Colônia, as atividades complementares à economia metropolitana. c) apesar de o Brasil ser uma colônia de exploração, os princípios mercantilistas não foram aplicados aqui com rigor, o que possibilitou o desenvolvimento de atividades que visavam ao crescimento da Colônia. d) apesar de a colonização atender aos princípios mercantilistas, estes, em grande parte, não foram respeitados, uma vez que a economia colonial se voltou mais para o comércio interno. e) a metrópole se interessava pelo desenvolvimento econômico da Colônia e, por isso, preocupava-se em incentivar toda a atividade que explorasse os recursos que viessem a beneficiar a terra.
Texto II Índio é um conceito construído no processo de conquista da América pelos europeus. Desinteressados pela diversidade cultural, imbuídos de forte preconceito para com o outro, o indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugueses, franceses e anglosaxões terminaram por denominar da mesma forma povos tão díspares quanto os tupinambás e os astecas. SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005.
Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos nativos pelos europeus, durante o período analisado, são reveladoras da a) concepção idealizada do território, entendido como geograficamente indiferenciado. b) percepção corrente de uma ancestralidade comum às populações ameríndias. c) compreensão etnocêntrica acerca das populações dos territórios conquistados. d) transposição direta das categorias originadas no imaginário medieval. e) visão utópica configurada a partir de fantasias de riqueza.
14. (ENEM) A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras; convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e dessa maneira vivem desordenadamente, sem terem além disto conta, nem peso, nem medida. GÂNDAVO, P M. A primeira historia do Brasil: história da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2004 (adaptado).
A observação do cronista português Pero de Magalhães de Gândavo, em 1576, sobre a ausência das letras F, L e R na língua mencionada, demonstra a a) simplicidade da organização social das tribos brasileiras. b) dominação portuguesa imposta aos índios no início da colonização. c) superioridade da sociedade europeia em relação à sociedade indígena. d) incompreensão dos valores socioculturais indígenas pelos portugueses. e) dificuldade experimentada pelos portugueses no aprendizado da língua nativa.
15. (ENEM) Texto I Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes indígenas como “os brasis”, ou “gente brasília” e, ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro” era a eles aplicado, mas as referências ao status econômico e jurídico desses eram muito mais populares. Assim, os termos “negro da terra” e “índios” eram utilizados com mais frequência do que qualquer outro.
GABARITO UNIDADE 5
SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação. Pensando o Brasil: a construção de um povo. In: MOTA, C. G. (Org.). Viagem Incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000 (adaptado).
1.B 8.12 15.C
[89]
2.E 9.C
3.E 10.30
4.A 11.D
5.A 12.C
6.E 13.B
7.A 14.D
[História I]
UNIDADE 6 – Brasil: do Açúcar ao Ouro
3. (ENEM) Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio.
1. (ENEM) O açúcar e suas técnicas de produção foram levados à Europa pelos árabes no século VIII, durante a Idade Média, mas foi principalmente a partir das Cruzadas (séculos XI e XIII) que a sua procura foi aumentando. Nessa época passou a ser importado do Oriente Médio e produzido em pequena escala no sul da Itália, mas continuou a ser um produto de luxo, extremamente caro, chegando a figurar nos dotes de princesas casadoiras. CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716). São Paulo: Atual, 1996.
Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial, o açúcar foi o produto escolhido por Portugal para dar início à colonização brasileira, em virtude de a) o lucro obtido com o seu comércio ser muito vantajoso. b) os árabes serem aliados históricos dos portugueses. c) a mão de obra necessária para o cultivo ser insuficiente. d) as feitorias africanas facilitarem a comercialização desse produto. e) os nativos da América dominarem uma técnica de cultivo semelhante.
VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado).
O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão de Cristo e a) a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros. b) a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana. c) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios. d) o papel dos senhores na administração dos engenhos. e) o trabalho dos escravos na produção de açúcar.
2. (ENEM) Torna-se claro que quem descobriu a África no Brasil, muito antes dos europeus, foram os próprios africanos trazidos como escravos. E esta descoberta não se restringia apenas ao reino linguístico, estendiase também a outras áreas culturais, inclusive à da religião. Há razões para pensar que os africanos, quando misturados e transportados ao Brasil, não demoraram em perceber a existência entre si de elos culturais mais profundos.
4. (ENEM) No final do século XVI, na Bahia, Guiomar de Oliveira denunciou Antônia Nóbrega à Inquisição. Segundo o depoimento, esta lhe dava “uns pós não sabe de quê, e outros pós de osso de finado, os quais pós ela confessante deu a beber em vinho ao dito seu marido para ser seu amigo e serem bem-casados, e que todas estas coisas fez tendo-lhe dito a dita Antônia e ensinado que eram coisas diabólicas e que os diabos lha ensinaram”.
SLENES, R. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do Brasil. Revista USP, n.º 12, dez./jan./fev. 1991-92 (adaptado).
ARAÚJO, E. O teatro dos vícios. Transgressão e transigência na sociedade urbana colonial. Brasília: UnB/José Olympio, 1997.
Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de diferentes partes da África, a experiência da escravidão no Brasil tornou possível a a) formação de uma identidade cultural afrobrasileira. b) superação de aspectos culturais africanos por antigas tradições europeias. c) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos. d) manutenção das características culturais específicas de cada etnia. e) resistência à incorporação de elementos culturais indígenas.
Do ponto de vista da Inquisição, a) o problema dos métodos citados no trecho residia na dissimulação, que acabava por enganar o enfeitiçado. b) o diabo era um concorrente poderoso da autoridade da Igreja e somente a justiça do fogo poderia eliminá-lo. c) os ingredientes em decomposição das poções mágicas eram condenados porque afetavam a saúde da população. d) as feiticeiras representavam séria ameaça à sociedade, pois eram perceptíveis suas tendências feministas.
[90]
[História I] e)
os cristãos deviam preservar a instituição do casamento recorrendo exclusivamente aos ensinamentos da Igreja.
Disponível em http://www.tribunadoplanalto.com.br. Acesso em: 27 nov. 2008.) A criação do feijão tropeiro na culinária brasileira está relacionada à a) atividade comercial exercida pelos homens que trabalhavam nas minas. b) atividade culinária exercida pelos moradores cozinheiros que viviam nas regiões das minas. c) atividade mercantil exercida pelos homens que transportavam gado e mercadoria. d) atividade agropecuária exercida pelos tropeiros que necessitavam dispor de alimentos. e) atividade mineradora exercida pelos tropeiros no auge da exploração do ouro.
5. (ENEM) Para Caio Prado Jr., a formação brasileira se completaria no momento em que fosse superada a nossa herança de inorganicidade social - o oposto da interligação com objetivos internos - trazida da colônia. Este momento alto estaria, ou esteve, no futuro. Se passarmos a Sérgio Buarque de Holanda, encontraremos algo análogo. O país será moderno e estará formado quando superar a sua herança portuguesa, rural e autoritária, quando então teríamos um país democrático. Também aqui o ponto de chegada está mais adiante, na dependência das decisões do presente. Celso Furtado, por seu turno, dirá que a nação não se completa enquanto as alavancas do comando, principalmente do econômico, não passarem para dentro do país. Como para os outros dois, a conclusão do processo encontra-se no futuro, que agora parece remoto. SCHWARZ, R. Os sete fôlegos de um livro. Sequências
7. (UFSC) "No ano de 1649 partiram os moradores de São Paulo para o sertão, em demanda de uma nação de índios distante daquela capitania muitas léguas pela terra adentro, com a intenção de os arrancarem de suas terras e os trazerem às de São Paulo e aí se servirem deles como costumam. Após meses de viagem, encontraram uma aldeia de índios da doutrina dos padres da Companhia, pertencentes à Província do Paraguai. Todos estavam na igreja, e o padre rezava missa, quando entraram os soldados de mão armada na aldeia, e dentro da mesma igreja prenderam todos os índios e índias que não puderam escapar". Carta do Pe. Antônio Vieira, ao Provincial dos Jesuítas, escrita do Maranhão em 1653.
brasileiras. São Paulo: Cia. das Letras,1999 (adaptado).
Acerca das expectativas quanto à formação do Brasil, a sentença que sintetiza os pontos de vista apresentados no texto é: a) Brasil, um país que vai pra frente. b) Brasil, a eterna esperança. c) Brasil, glória no passado, grandeza no presente. d) Brasil, terra bela, pátria grande. e) Brasil, gigante pela própria natureza.
Fundamentado(a) no fragmento da correspondência do Pe. Antônio Vieira e nos seus conhecimentos da História do Brasil Colonial, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
6. (ENEM) Os tropeiros foram figuras decisivas na formação de vilarejos e cidades do Brasil colonial. A palavra tropeiro vem de "tropa" que, no passado, se referia ao conjunto de homens que transportava gado e mercadoria. Por volta do século XVIII, muita coisa era levada de um lugar a outro no lombo de mulas. O tropeirismo acabou associado à atividade mineradora, cujo auge foi a exploração de ouro em Minas Gerais e, mais tarde, em Goiás. A extração de pedras preciosas também atraiu grandes contingentes populacionais para as novas áreas e, por isso, era cada vez mais necessário dispor de alimentos e produtos básicos. A alimentação dos tropeiros era constituída por toucinho, feijão preto, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido). Nos pousos, os tropeiros comiam feijão quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho, que era servido com farofa e couve picada. O feijão tropeiro é um dos pratos típicos da cozinha mineira e recebe esse nome porque era preparado pelos cozinheiros das tropas que conduziam o gado.
(01) Pe. Vieira informava ao seu provincial sobre as ações de apresamento de índios realizadas pelos Bandeirantes. (02) As denúncias do Pe. Vieira eram justificadas, pois durante a colonização do Brasil era proibida a escravização dos índios aldeados. (04) Os Bandeirantes agiam por ordem dos Reis de Portugal, que desejavam enfraquecer o poderio militar dos espanhóis apoiados pelos índios do Paraguai. (08) Foram frequentes os ataques dos Bandeirantes às Reduções Jesuíticas, durante o século XVII, com o objetivo de apresamento de índios a serem utilizados como escravos. (16) Durante o período histórico conhecido como Brasil Colônia, os jesuítas justificavam a escravização dos negros, mas condenavam a escravização dos índios aldeados. (32) A escravização de índios e negros era uma exigência da Santa Sé para facilitar a sua evangelização. SOMA:____
[91]
[História I] 8. (ENEM) A experiência que tenho de lidar com aldeias de diversas nações me tem feito ver, que nunca índio fez grande confiança de branco e, se isto sucede com os que estão já civilizados, como não sucederá o mesmo com esses que estão ainda brutos. NORONHA, M.
e) o Tratado de Madri criou a divisão administrativa da América Portuguesa em Vice-Reinos Oriental e Ocidental.
Carta a J. Caldeira Brant. 2 jan. 1751. Apud CHAIM, M. M. Aldeamentos indígenas (Goiás: 1749-1811). São Paulo: Nobel, Brasília: INL, 1983 (adaptado).
10. (ENEM) Próximo da Igreja dedicada a São Gonçalo nos deparamos com uma impressionante multidão que dançava ao som de suas violas. Tão logo viram o ViceRei, cercaram-no e o obrigaram a dançar e pular, exercício violento e pouco apropriado tanto para sua idade quanto posição. Tivemos nós mesmos que entrar na dança, por bem ou por mal, e não deixou de ser interessante ver numa igreja padres, mulheres, frades, cavalheiros e escravos a dançar e pular misturados, e a gritar a plenos pulmões “Viva São Gonçalo do Amarante”. BARBINAIS, Le Gentil. Noveau Voyage autour du monde. Apud: TINHORÃO, J. R. As festas no Brasil Colonial. São Paulo: Ed. 34, 2000 (adaptado).
Em 1749, ao separar-se de São Paulo, a capitania de Goiás foi governada por D. Marcos de Noronha, que atendeu às diretrizes da política indigenista pombalina que incentivava a criação de aldeamentos em função a) das constantes rebeliões indígenas contra os brancos colonizadores, que ameaçavam a produção de ouro nas regiões mineradoras. b) da propagação de doenças originadas do contato com os colonizadores, que dizimaram boa parte da população indígena. c) do empenho das ordens religiosas em proteger o indígena da exploração, o que garantiu a sua supremacia na administração colonial. d) da política racista da Coroa Portuguesa, contrária à miscigenação, que organizava a sociedade em uma hierarquia dominada pelos brancos. e) da necessidade de controle dos brancos sobre a população indígena, objetivando sua adaptação às exigências do trabalho regular.
O viajante francês, ao descrever suas impressões sobre uma festa ocorrida em Salvador, em 1717, demonstra dificuldade em entendê-la, porque, como outras manifestações religiosas do período colonial, ela a) seguia os preceitos advindos da hierarquia católica romana. b) demarcava a submissão do povo à autoridade constituída. c) definia o pertencimento dos padres às camadas populares. d) afirmava um sentido comunitário de partilha da devoção. e) harmonizava as relações sociais entre escravos e senhores.
9. (ENEM)
11. (ENEM) A recuperação da herança cultural africana deve levar em conta o que é próprio do processo cultural: seu movimento, pluralidade e complexidade. Não se trata, portanto, do resgate ingênuo do passado nem do seu cultivo nostálgico, mas de procurar perceber o próprio rosto cultural brasileiro. O que se quer é captar seu movimento para melhor compreendê-lo historicamente. MINAS GERAIS. Cadernos do Arquivo 1: Escravidão em Minas Gerais. BH: Arquivo Público Mineiro, 1988.
As terras brasileiras foram divididas por meio de tratados entre Portugal e Espanha. De acordo com esses tratados, identificados no mapa, conclui-se que a) Portugal, pelo Tratado de Tordesilhas, detinha o controle da foz do rio Amazonas. b) o Tratado de Tordesilhas utilizava os rios como limite físico da América portuguesa. c) o Tratado de Madri reconheceu a expansão portuguesa além da linha de Tordesilhas. d) Portugal, pelo Tratado de San Ildefonso, perdia territórios na América em relação ao de Tordesilhas.
Com base no texto, a análise de manifestações culturais de origem africana, como a capoeira ou o candomblé, deve considerar que elas a) permanecem como reprodução dos valores e costumes africanos. b) perderam a relação com o seu passado histórico. c) derivam da interação entre valores africanos e a experiência histórica brasileira. d) contribuem para o distanciamento cultural entre negros e brancos no Brasil atual. e) demonstram a maior complexidade cultural dos africanos em relação aos europeus.
[92]
[História I] 12. (ENEM) O mapa abaixo apresenta parte do contorno da América do Sul destacando a bacia amazônica. Os pontos assinalados representam fortificações militares instaladas no século XVIII pelos portugueses. A linha indica o Tratado de Tordesilhas revogado pelo Tratado de Madri, apenas em 1750.
c)
avanço da construção naval em São Paulo, favorecido pelo comercio dessa cidade com as Índias. d) desenvolvimento sucessivo da economia mineradora, cafeicultora e industrial no Sudeste. e) destruição do sistema produtivo de algodão em Pernambuco quando da ocupação holandesa.
14. (PUCRS) Para responder à questão, analisar as afirmativas que seguem, sobre o poder no Brasil Colônia. I. A administração da Colônia estava baseada num sistema centralizado e linear de poderes, que subordinava diretamente as Câmara Municipais ao Conselho Ultramarino. II. Havia uma separação entre os poderes da Igreja e do Estado, este último governando de forma absoluta a sociedade colonial através das Ordenações Manuelinas. III. As enormes distâncias e as dificuldades de comunicação provocavam uma longa demora nas decisões e prejudicavam a eficiência da máquina administrativa. IV. A administração local estava a cargo das Câmaras Municipais, cuja instalação dependia de autorização régia, que agiam conforme os interesses da oligarquia dos "homens bons".
Pode-se afirmar que a construção dos fortes pelos portugueses visava, principalmente, dominar a) militarmente a bacia hidrográfica do Amazonas. b) economicamente as grandes rotas comerciais. c) as fronteiras entre nações indígenas. d) o escoamento da produção agrícola. e) o potencial de pesca da região.
13. (ENEM) No principio do século XVII, era bem insignificante e quase miserável a Vila de São Paulo. Joao de Laet dava-lhe 200 habitantes, entre portugueses e mestiços, em 100 casas; a Câmara, em 1606, informava que eram 190 os moradores, dos quais 65 andavam homiziados*. *homiziados: escondidos da justiça
Pela análise das alternativas, conclui-se que somente estão corretas a) I e II. b) I e IV. c) II, III e IV. d) II e III. e) III e IV.
Nelson Werneck Sodré. Formação histórica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1964.
Na época da invasão holandesa, Olinda era a capital e a cidade mais rica de Pernambuco. Cerca de 10% da população, calculada em aproximadamente 2.000 pessoas, dedicavam-se ao comercio, com o qual muita gente fazia fortuna. Cronistas da época afirmavam que os habitantes ricos de Olinda viviam no maior luxo.
15. (PUCRS) As invasões holandesas no Brasil, no século XVII, estavam relacionadas à necessidade de os Países Baixos manterem e ampliarem sua hegemonia no comércio do açúcar na Europa, que havia sido interrompido a) pela política de monopólio comercial da Coroa Portuguesa, reafirmada em represália à mobilização anticolonial dos grandes proprietários de terra. b) pelos interesses ingleses que dominavam o comércio entre o Brasil e Portugal. c) pela política pombalina, que objetivava desenvolver o beneficiamento do açúcar na própria colônia, com apoio dos ingleses. d) pelos interesses comerciais dos franceses, que estavam presentes no Maranhão, em relação ao açúcar. e) pela Guerra de Independência dos Países Baixos contra a Espanha, e seus consequentes reflexos na colônia portuguesa, devido à União Ibérica.
Hildegard Féist. Pequena história do Brasil holandês. São Paulo: Moderna, 1998 (com adaptações).
Os textos acima retratam, respectivamente, São Paulo e Olinda no inicio do século XVII, quando Olinda era maior e mais rica. São Paulo e, atualmente, a maior metrópole brasileira e uma das maiores do planeta. Essa mudança deveu-se, essencialmente, ao seguinte fator econômico: a) maior desenvolvimento do cultivo da cana-deaçúcar no planalto de Piratininga do que na Zona da Mata Nordestina. b) atraso no desenvolvimento econômico da região de Olinda e Recife, associado a escravidão, inexistente em São Paulo.
[93]
[História I] 16. (PUCRS) Considere as afirmativas a seguir sobre a sociedade brasileira no período colonial.
corretos e que deviam ser imitados por escravos que, em geral, traziam outras crenças de suas terras de origem, muito diferentes das que preconizava a fé católica.
I. A oposição senhor-escravo é uma das formas de explicar a ordenação social no período colonial, embora tenha existido o trabalho livre (assalariado ou não) mesmo nas grandes propriedades açucareiras e fazendas de gado. II. Os escravos trazidos da África pelos traficantes pertenciam a diferentes etnias e foram transformados em trabalhadores cativos empregados tanto nas atividades econômicas mais rentáveis (cana-de-açúcar e mineração) quanto nas atividades domésticas e urbanas. III. Os primeiros escravos foram os Tupis e os Guaranis do litoral, porém, à medida que se desenvolveu a colonização e se criaram missões jesuíticas, no final do século XVI, a escravização indígena extinguiu-se. IV. Os homens livres pobres (lavradores, vaqueiros, pequenos comerciantes, artesãos) podiam concorrer às Câmaras Municipais, pois não havia no Brasil critérios de nobreza ou de propriedade como os que vigoravam na metrópole portuguesa. Estão corretas as afirmativas a) I e II b) I, II e IV d) II e III e) III e IV
17. (ENEM)
OLIVEIRA; A. J. Negra devoção. Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 20, maio 2007 (adaptado).
Posteriormente ressignificados no interior de certas irmandades e no contato com outra matriz religiosa, o ícone e a prática mencionada no texto estiveram desde o século XVII relacionados a um esforço da Igreja Católica para a) reduzir o poder das confrarias. b) cristianizar a população afro-brasileira. c) espoliar recursos materiais dos cativos. d) recrutar libertos para seu corpo eclesiástico. e) atender a demanda popular por padroeiros locais.
18. (ENEM) Quando a Corte chegou ao Rio de Janeiro, a Colônia tinha acabado de passar por uma explosão populacional. Em pouco mais de cem anos, o número de habitantes aumentara dez vezes. GOMES, L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2008 (adaptado).
c) I e IV
A alteração demográfica destacada no período teve como causa a atividade a) cafeeira, com a atração da imigração europeia. b) industrial, com a intensificação do êxodo rural. c) mineradora, com a ampliação do tráfico africano. d) canavieira, com o aumento do apresamento indígena. e) manufatureira, com a incorporação do trabalho assalariado.
TEXTO I
19. (PUCRS) Em dois momentos houve invasão holandesa ao Brasil. Em conflito com a Espanha, o governo holandês, decidido a retomar o comércio da cana de açúcar no nordeste brasileiro, cria a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais ou Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (WIC). A primeira invasão do território brasileiro ocorreu nos anos de 1624 e 1625, __________, na Capitania __________, então sede do Governo Geral. A segunda invasão deu-se no ano de 1630, desta vez _________, na Capitania _________. a) em Salvador - da Bahia - em Olinda e Recife - de
Pernambuco b) em Olinda e Recife - de Pernambuco - em Salvador -
da Bahia
TEXTO II Os santos tornaram-se grandes aliados da Igreja para atrair novos devotos, pois eram obedientes a Deus e ao poder clerical. Contando e estimulando o conhecimento sobre a vida dos santos, a Igreja transmitia aos fiéis os ensinamentos que julgava
c) em Maceió - das Alagoas - em São Luiz do Maranhão d) na Bahia de Todos os Santos - da Bahia - em João
Pessoa - da Paraíba e) no Rio de Janeiro - do Rio de Janeiro - na Baía da
Guanabara - do Rio de Janeiro
[94]
[História I] 20. (UCS) Considere as seguintes afirmativas sobre semelhanças e diferenças da escravidão na Antiguidade e na Idade Moderna. I. Tanto na Antiguidade como na Idade Moderna, a escravidão era uma forma de trabalho compulsório; o proprietário de um escravo podia dele dispor como se fosse um objeto que poderia ser comprado, vendido e mesmo destruído. Foi uma forma de trabalho largamente utilizada para tarefas pesadas e para os trabalhos que, de uma maneira geral, os homens livres se recusavam a realizar. II. Tanto na Antiguidade como na Idade Moderna, foi comum a escravidão por dívidas e a submissão de povos derrotados em guerra. III. Na Idade Moderna, a escravidão esteve associada aos desdobramentos das Grandes Navegações, que levaram à ocupação e à valorização econômica de terras recém descobertas. Em muitas dessas áreas, os nativos foram submetidos à escravidão, e as populações negras da África entraram nesse circuito.
22. (ENEM PPL) Áreas em estabelecimento de atividades econômicas sempre se colocaram como grande chamariz. Foi assim no litoral nordestino, no início da colonização, com o pau-brasil, a cana-deaçúcar, o fumo, as produções de alimentos e o comércio. O enriquecimento rápido exacerbou o espírito de aventura do homem moderno. FARIAS, S. C. A Colônia em movimento. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998 (adaptado).
O processo descrito no texto trouxe como efeito o(a) a) acumulação de capitais na Colônia, propiciando a criação de um ambiente intelectual efervescente. b) surgimento de grandes cidades coloniais, voltadas para o comércio e com grande concentração monetária. c) concentração da população na região litorânea, pela facilidade de escoamento da produção. d) favorecimento dos naturais da Colônia na concessão de títulos de nobreza e fidalguia pela Monarquia. e) construção de relações de trabalho menos desiguais que as da Metrópole, inspiradas pelo empreendedorismo.
Das afirmativas acima, pode-se dizer que a) apenas I está correta. b) apenas II está correta. c) I e III estão corretas. d) II e III estão corretas. e) I, II e III estão corretas.
21. (ENEM) As convicções religiosas dos escravos eram entretanto colocadas a duras provas quando de sua chegada ao Novo Mundo, onde eram batizados obrigatoriamente “para a salvação de sua alma” e deviam curvar-se às doutrinas religiosas de seus mestres. lemanjá, mãe de numerosos outros orixás, foi sincretizada com Nossa Senhora da Conceição, e Nanã Buruku, a mais idosa das divindades das águas, foi comparada a Sant’Ana, mãe da Virgem Maria. VERGER, P. Orixás: deuses iorubás na África e no Novo Mundo. São Paulo: Corrupio, 1981.
O sincretismo religioso no Brasil colônia foi uma estratégia utilizada pelos negros escravizados para a) compreender o papel do sagrado para a cultura europeia. b) garantir a aceitação pelas comunidades dos convertidos. c) preservar as crenças e a sua relação com o sagrado. d) integrar as distintas culturas no Novo Mundo. e) possibilitar a adoração de santos católicos.
GABARITO UNIDADE 6 1.A 8.E 15.E 22.C
[95]
2.A 9.C 16.A
3.E 10.D 17.B
4.E 11.C 18.C
5.B 12.A 19.A
6.C 13.D 20.C
7.27 14.E 21.C
[História I]
UNIDADE 7 – Idade Moderna II
COLUNA II ( ) Criticava a burguesia e a propriedade privada. Defendia a tese de que todo o poder emana do povo (da vontade geral) e é em nome do povo que ele é exercido. ( ) Condenava o mercantilismo, por considerá-lo um entrave lesivo a toda ordem econômica. Defendia que, com a concorrência, a divisão do trabalho e o livre comércio se alcançaria a harmonia e a justiça social. ( ) Combatia o despotismo. Defendia a tese de que a autoridade do governo deve ser desmembrada em três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. ( ) Combatia o absolutismo. Defendia a idéia segundo a qual a vida, a liberdade e a propriedade são direitos naturais. Os governos, para o filósofo, teriam a finalidade de respeitar e assegurar os direitos naturais dos cidadãos.
1. (ENEM) Em virtude da importância dos grandes volumes de matérias-primas na indústria química – eram necessárias dez a doze toneladas de ingredientes para fabricar uma tonelada de soda –, a indústria teve uma localização bem definida quase que desde o início. Os três centros principais eram a área de Glasgow e as margens do Mersey e do Tyne. LANDES, D. S. Prometeu desacorrentado: transformação tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa ocidental, desde 1750 até a nossa época. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.
A relação entre a localização das indústrias químicas e das matérias-primas nos primórdios da Revolução Industrial provocou a) a busca pela isenção de impostos. b) intensa qualificação da mão de obra. c) diminuição da distância dos mercados consumidores. d) concentração da produção em determinadas regiões do país. e) necessidade do desenvolvimento de sistemas de comunicação.
Relacionando-se a coluna da esquerda com a coluna da direita, obtém-se, de cima para baixo, os números na sequência: a) 1, 3, 4, 2 b) 4, 1, 2, 3 c) 3, 1, 4, 2 d) 2, 4, 3, 1 e) 3, 4, 2, 1
4. (UFRGS) Na sua obra clássica, publicada em 1776, "A Riqueza das Nações", o escocês Adam Smith descrevia o funcionamento de uma forma de produção de alfinetes:
2. (ENEM) Fala-se muito nos dias de hoje em direitos do homem. Pois bem: foi no século XVIII — em 1789, precisamente — que uma Assembleia Constituinte produziu e proclamou em Paris a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa Declaração se impôs como necessária para um grupo de revolucionários, por ter sido preparada por uma mudança no plano das ideias e das mentalidades: o iluminismo.
"um homem puxa o arame, o outro o endireita, um terceiro o corta, um quarto o afia, um quinto o esmerilha na outra extremidade para a colocação da cabeça; para se fabricar a cabeça são necessárias duas ou três operações distintas; a colocação da cabeça é muito interessante, e o polimento final dos alfinetes também; até a sua colocação no papel constitui, em si mesma, uma atividade..."
FORTES, L. R. S. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo: Brasiliense, 1981 (adaptado).
Smith dizia que 10 homens, dividindo o trabalho, produziam ao fim de um dia 48 mil alfinetes. Se a produção fosse artesanal, um homem produziria apenas 20 alfinetes por dia e os dez homens juntos somente 200 alfinetes.
Correlacionando temporalidades históricas, o texto apresenta uma concepção de pensamento que tem como uma de suas bases a a) modernização da educação escolar. b) atualização da disciplina moral cristã. c) divulgação de costumes aristocráticos. d) socialização do conhecimento científico. e) universalização do princípio da igualdade civil.
Com base nas informações acima, assinale a alternativa que responde corretamente às questões abaixo. Que forma histórica do trabalho está sendo descrita por Smith? Quais as principais consequências econômicas dessa nova forma de produção, defendida por Smith como real avanço para a sociedade? a) a divisão manufatureira do trabalho - o aumento da produção e a liberdade de comércio b) a produção artesanal - a industrialização e a liberdade de comércio c) a divisão manufatureira do trabalho - o aumento da produção e o monopólio do comércio d) a produção artesanal - o aumento da produção e a liberdade de comércio e) a cooperação fabril - a industrialização e o monopólio do comércio
3. (PUCRS) Responder à questão sobre o pensamento iluminista nos séculos XVII e XVIII, numerando a coluna II de acordo com a coluna I. COLUNA I 1. Adam Smith 2. Barão de Montesquieu 3. John Locke 4. Jean-Jacques Rousseau
[96]
[História I] 5. (UFRGS) As ideias reformistas de Voltaire e as ideias revolucionárias de Rousseau contestavam o tradicionalismo religioso e a desigualdade social em que se apoiava o Antigo Regime, no qual os principais beneficiados eram a) monarquia, Igreja e nobreza. b) Igreja, nobreza e burguesia. c) monarquia, Igreja e campesinato. d) burguesia, Igreja e monarquia. e) campesinato, nobreza e burguesia.
8. (UFRGS) No século XVII, o processo de transformação política da Inglaterra culminou com a derrota da "Restauração Stuart", na Revolução Gloriosa. Como consequência, desenvolveu-se a monarquia constitucional. Como esta era caracterizada? Considere as respostas a seguir. I - Pelo poder de governo concentrado no rei, com aconselhamento do parlamento. II - Pelo governo de maioria parlamentar chefiado pelo primeiro ministro. III - Pela divisão e independência dos poderes legislativo, judiciário e executivo. IV - Pela subordinação definitiva do rei ao parlamento.
6. (UFSC) Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) nas suas referências ao Iluminismo. 01. O Iluminismo, movimento intelectual do século XVIII, caracterizou-se pelas críticas ao absolutismo monárquico, pela defesa da razão e da liberdade dos indivíduos. 02. A fé cristã, associada à razão, foi considerada pelos iluministas a ferramenta necessária para o desenvolvimento das ciências. 04. Os pensadores iluministas também se dedicaram às ciências econômicas. Entre eles, destacaram-se os fisiocratas franceses. 08. Os iluministas defendiam o absolutismo monárquico como a forma ideal de governo, e a revelação divina como instrumento da ciência. 16. Os iluministas consideravam a razão como a luz capaz de iluminar o pensamento humano e de permitir a elaboração de idéias, que explicariam e impulsionariam as atividades humanas. 32. Montesquieu, Voltaire e Rousseau defenderam em seus escritos as idéias iluministas, fornecendo as bases do pensamento liberal do Ocidente. SOMA:___
Quais estão corretas? a) Apenas I, II e III. b) Apenas I, II e IV. c) Apenas I, III e IV. d) Apenas II, III e IV. e) I, II, III e IV.
9. (UNIFRA) Se indagarmos em que consiste precisamente o maior bem de todos, que deve ser o fim de todo o sistema de legislação, achar-se-á que se reduz a estes dois objetivos principais: liberdade e igualdade. A liberdade, porque toda dependência particular é outro tanto de força tirada ao corpo do Estado; a igualdade, porque a liberdade não pode existir sem ela. (ROUSSEAU, Jean-Jacques. O contrato social. Citado por MELLO, Leonel & COSTA, Luís César. In: História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Scipione, 1999, p. 111). A partir do texto acima é incorreto afirmar que: a) O ideário liberal se constrói a partir da crítica ao Absolutismo monárquico e do esforço de diminuir a força do corpo do Estado. b) Rousseau defendia um novo ordenamento jurídico e social, fundado nos princípios da liberdade e igualdade dos cidadãos. c) O iluminismo, do qual Rousseau é uma das figuras proeminentes, inscreve-se no processo de afirmação do Absolutismo monárquico. d) A demanda por liberdade e igualdade, promovida pelos filósofos iluministas, implicava restringir o poder do Estado e extinguir os privilégios do clero e da nobreza. e) Contextualizadas as idéias de Rousseau, entendese que elas expressavam a ascensão da burguesia em choque com os privilégios da sociedade aristocrática do Antigo Regime.
7. (UFRGS) O "Bill of Rights" (Declaração de Direitos) resultou de um processo histórico que apresentou importantes desdobramentos políticos na Inglaterra do século XVII e que se caracterizou a) pelo conflito político-militar que opôs a burguesia manufatureira à nobreza dos cercamentos. b) pela consolidação de uma república social que estendeu aos "niveladores" e "cavadores" os privilégios da aristocracia proprietária. c) pelo confronto entre o absolutismo da dinastia Stuart e as ideias do Parlamento, concluído com a execução de Henrique VIII. d) pela aproximação econômica entre a burguesia comercial-manufatureira e a nobreza dos cercamentos configurada na Revolução Gloriosa. e) pelo avanço dos setores católicos na economia industrial, em detrimento dos puritanos, mantenedores da ordem feudal.
[97]
[História I] 10. (UFRGS) O Renascimento e, posteriormente, o Iluminismo caracterizaram-se por estabelecer novos horizontes em diversas áreas do saber. Sobre suas semelhanças e diferenças, considere as afirmações abaixo. I- Os dois movimentos preconizavam a razão como um meio para a compreensão dos dogmas católicos, no intuito de recolocar a Igreja no centro da sociedade secular. II- Enquanto o Renascimento se destacou principalmente nos planos das letras, das artes e das ciências, o Iluminismo mostrou forte vocação filosófica-política, repercutindo nas principais revoluções da época. III- Ambos se destacaram por recolocar o foco do pensamento filosófico e crítico no ser humano e na razão, sem, no entanto, deixar de abordar as questões metafísicas.
12. (PUCRS) Ao longo dos séc. XVII e XVIII, vários autores, tais como Locke, Montesquieu e Rousseau, produziram obras clássicas, nas quais refletiam sobre os processos de transformação sociopolítica de seu tempo. Para tais autores, as sociedades humanas eram essencialmente compostas por _________; o poder soberano do Estado originava-se de um ato ________; e o exercício da violência como meio de resistir à opressão oficial ilegítima constituía um _________.
a) Apenas I b) Apenas II. c) Apenas I e III.
13. (UCS) O século XVII é conhecido por sua larga produção cultural nas áreas da filosofia, da matemática, da astronomia e da ciência política. Os estudos realizados nesse período consolidaram novos métodos de produção do conhecimento. Relacione os pensadores, apresentados na COLUNA A, às características que os identificam, elencadas na COLUNA B.
a) b) c) d) e)
d) Apenas II e III. e) I, II e III.
11. (PUCRS) Para responder à questão, considere o texto abaixo, do filósofo John Locke (1623-1704), extraído da obra Sobre o Governo Civil. “Se o homem em estado de natureza está tão livre quanto se disse, se é senhor absoluto de sua pessoa e bens (...), sem estar sujeito a quem quer que seja, por que abandonará sua liberdade? Por que (...) se sujeitará ao domínio e controle de algum outro poder? Ao que é evidente responder que, embora em estado de natureza tenha esse direito, o seu gozo é muito incerto (...), a fruição da propriedade que tem nesse estado é muito arriscada e muito insegura; e não é sem razão que procura e está disposto a formar com outros uma sociedade (...) para a preservação mútua de suas vidas, liberdades e bens, a que chamo pelo nome geral de – propriedade”. (Apud FENTON, Edwin. 32 problemas na história universal. São Paulo: Edart, 1974, p. 90-1.)
Indivíduos - religioso - pecado estamentos - contratual - direito indivíduos - contratual - direito estamentos - contratual - pecado indivíduos - religioso - direito
COLUNA A 1. Francis Bacon (1561-1626) 2. René Descartes (1596-1650) 3. Isaac Newton (1642-1727) 4. John Locke (1632-1707) COLUNA B ( ) Filósofo e político inglês, não acreditava nas ideias inatas, ou seja, próprias das pessoas. Para ele, as ideias tinham origem nos sentidos humanos. Contrário à teoria do direito divino dos reis, afirmava que os governos eram criações humanas. ( ) Nasceu na França e, quando jovem, seguiu a carreira militar. Ao abandonar esse ofício, dedicou-se ao estudo da física, da matemática e, sobretudo, da filosofia. Nesse campo, procurou desenvolver um método que produzisse verdades absolutas, inquestionáveis. ( ) Matemático, astrônomo, físico e filósofo inglês, entre suas contribuições mais significativas está a formulação da lei da gravitação universal. ( ) Filósofo inglês, desenvolveu o método experimental, no qual enfatizava a importância da experimentação para o desenvolvimento do conhecimento.
Considerado um dos fundadores do pensamento liberal, Locke, no texto, examina os motivos que levam os indivíduos a saírem do “estado de natureza”, fundando a chamada “sociedade política” (o Estado). O conceito de propriedade está no centro desses motivos, sendo esta considerada como a) uma concessão parcial da sociedade política aos indivíduos. b) uma prerrogativa que nasce com o estabelecimento da sociedade política. c) o fundamento moral para o exercício do poder absoluto do Estado. d) o fruto material da exploração do homem pelo homem. e) um direito natural a ser protegido pela sociedade política.
Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo. a) 1 – 3 – 2 – 4 b) 4 – 2 – 3 – 1 c) 1 – 4 – 2 – 3 d) 3 – 2 – 4 – 1 e) 2 – 1 – 3 – 4
[98]
[História I] 14. (UFRGS) Os Atos de Navegação promulgados por Oliver Cromwell, na Inglaterra, em 1651, foram decisões políticas de alcance mundial. Por quê? Considere as respostas a seguir.
Que é indispensável convocar com frequência os Parlamentos para satisfazer os agravos, assim como para corrigir, afirmar e conservar as leis. Declaração dos Direitos. Disponível em http://disciplinas.stoa.usp.br. Acesso em: 20 dez. 2011 (adaptado).
I - Porque confirmaram a superioridade britânica decorrente da Revolução Industrial. II - Porque levaram à colonização da América do Norte e à conquista da África. III - Porque impediram a Holanda de transportar mercadorias estrangeiras para a Inglaterra. IV - Porque foram conseqüência da união da Inglaterra e Escócia sob o nome de Grã-Bretanha.
No documento de 1689, identifica-se uma particularidade da Inglaterra diante dos demais Estados europeus na Época Moderna. A peculiaridade inglesa e o regime político que predominavam na Europa continental estão indicados, respectivamente, em: f) Redução da influência do papa — Teocracia. g) Limitação do poder do soberano — Absolutismo. h) Ampliação da dominação da nobreza — República. i) Expansão da força do presidente — Parlamentarismo. j) Restrição da competência do congresso — Presidencialismo.
Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas II e IV. e) Apenas I, III e IV.
15. (UCS) A obra dos filósofos iluministas, em seu conjunto, apresentava algumas características comuns, tornando-se porta-voz de mudanças econômicas, políticas e sociais. Analise a veracidade (V) ou a falsidade (F) das proposições abaixo, sobre esse movimento, conhecido como Iluminismo. ( ) Era contrário à tradição e ao fanatismo, defendendo que a razão era a única forma para livrar a sociedade da ignorância e da servidão. ( ) Defendia a liberdade de expressão, a igualdade jurídica entre os homens e a busca da felicidade como princípio organizador da sociedade. ( ) Apregoava a teocracia pontifícia, que justificava a dominação do homem pelo homem e era representada pela manutenção de práticas escravistas nos domínios coloniais. Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo. a) V – V – V b) V – V – F c) F – V – V d) F – F – F e) V – F – V
16. (ENEM) Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou seu cumprimento. Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento, sob pretexto de prerrogativa, ou em época e modo diferentes dos designados por ele próprio.
GABARITO UNIDADE 7 1.D 8.D 15.B
[99]
2.E 9.C 16.B
3.B 10.D
4.A 11.E
5.A 12.C
6.53 13.B
7.D 14.C
[História I]
UNIDADE 8 – Rev. Francesa e Europa do século XIX
b) Ao clero francês, que desejava justiça social e era ligado à alta burguesia. c) A militares oriundos da pequena e média burguesia, que derrotaram as potências rivais e queriam reorganizar a França internamente. d) À nobreza esclarecida, que, em função do seu contato, com os intelectuais iluministas, desejava extinguir o absolutismo francês. e) Aos representantes da pequena e média burguesia e das camadas populares, que desejavam justiça social e direitos políticos.
1. (ENEM PPL) O Estado sou eu. Frase atribuída a Luíz XIV, Rei Sol (1638-1712). Disponível em http://wwwportaldoprofessor.mec.gov.br. Acesso em 30 nov. 2011.
A nação é anterior a tudo. Ela é a fonte de tudo. Sua vontade é sempre legal: na verdade é a própria lei. SIEYÈS, E. J. O que é o Terceiro Estado. Apud ELIAS, N. Os alemães: a luta pelo poder e a evolução do habitus no século XIX e XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
3. (UDESC) “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”. Estas três palavras, somadas à bandeira azul, branca e vermelha, tornaram-se símbolos das ideias defendidas e das reivindicações no movimento chamado Revolução Francesa.
Os textos apresentados expressam alteração na relação entre governantes e governados na Europa. Da frase atribuída ao rei Luis XIV até o pronunciamento de Sieyès, representante das classes médias que integravam o Terceiro Estado Francês, infere-se uma mudança decorrente da a) ampliação dos poderes soberanos do rei, considerado guardião da tradição e protetor de seus súditos e do Império. b) associação entre vontade popular e nação, composta por cidadãos que dividem uma mesma cultura nacional. c) reforma aristocrática, marcada pela adequação dos nobres aos valores modernos, tais como o princípio do mérito. d) organização dos Estados centralizados, acompanhados pelo aprofundamento da eficiência burocrática. e) crítica ao movimento revolucionário, tido corno ilegítimo em meio à ascensão popular conduzida pelo ideário nacionalista.
Com relação à Revolução Francesa, assinale a alternativa correta. a) Das revoluções de esquerda ocorridas no século XIX, a Revolução Francesa é das mais significativas, justamente por ser a primeira a contar exclusivamente com a participação de classes populares. Seu modelo foi reimplementado posteriormente apenas em 1917, durante a Revolução Russa. b) Apesar de sua relevância histórica, a Revolução Francesa não influenciou qualquer movimento revolucionário ou reivindicatório fora do território europeu. c) A relevância da Revolução Francesa pode ser compreendida por ter sido, entre outras coisas, o primeiro movimento político que instaurou popularmente o governo de uma mulher. Esta foi personificada como “Marianne” e foi representada por Delacroix no famoso quadro Liberdade guiando o povo. d) A Revolução Francesa teve reverberações não apenas na Europa, mas também na América. Uma das principais foi, certamente, a influência que exerceu sobre a Independência dos EUA. e) A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada em 1789, ainda que ressaltasse a liberdade e a igualdade dos cidadãos perante a lei, era excludente em relação às mulheres. Tal fato auxilia compreender a composição da Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, escrita por Olympe de Gouges, em 1791.
2. (ENEM) Em nosso país queremos substituir o egoísmo pela moral, a honra pela probidade, os usos pelos princípios, as conveniências pelos deveres, a tirania da moda pelo império da razão, o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo orgulho, a vaidade pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo amor à glória, a boa companhia pelas boas pessoas, a intriga pelo mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o tédio da volúpia pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos grandes pela grandeza do homem. HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada. In: PERROT, M. (Org.) História da Vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991 (adaptado).
O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, do qual o trecho transcrito é parte, relaciona-se a qual dos grupos político-sociais envolvidos na Revolução Francesa? a) À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo francês como força política dominante.
[100]
[História I] 4. (ULBRA) Leia o texto a seguir e responda à questão.
e) Os valores da Revolução Francesa, como igualdade, liberdade, fraternidade, justiça e democracia, não foram questionados nas disputas internas do movimento revolucionário.
“Eram filhas de pequenos camponeses e artesãos, e tinham apelidos como Felicité Vai-de-bom-coração ou Maria Cabeça-de-pau. A maioria era muito jovem, como Ana Quatro-vinténs, que se alistou aos 13 anos, e aos 16 servia na artilharia montada. As irmãs Fernig, com 17 e 22 anos, foram exceções: eram nobres e combateram vestidas de homem no Exército do general Dumouriez (1739-1823), na fronteira da atual Bélgica. Fora da batalha, passeavam com roupas de mulher e carabina ao ombro. Tornaram-se heroínas nacionais.”
6. (UFRGS) A Santa Aliança, coalizão entre Rússia, Prússia e Áustria, criada em setembro de 1815, após a derrota de Napoleão Bonaparte, tinha por objetivo político a) promover e proteger os ideais republicanos e revolucionários franceses em toda a Europa. b) impedir as intenções recolonizadoras dos países ibéricos e apoiar as independências dos países latino-americanos. c) lutar contra a expansão do absolutismo monárquico e a influência do papado em todos os países europeus. d) combater e prevenir a expansão dos ideais republicanos e revolucionários franceses em toda a Europa. e) apoiar o retorno de Napoleão ao governo francês e garantir o equilíbrio entre as potências europeias.
(MORIN, Tânia Machado. Mulheres lutaram ao lado dos homens pelos ideais revolucionários, enfrentando também o preconceito. Disponível em http://www.revistadehistoria.com.br).
A citação aponta para: I. O caráter complexo da Revolução Francesa e a pluralidade de gênero e classes entre seus participantes. II. A ação do movimento feminista liderado por Simone de Beauvoir e ratificado por Jean Paul Sartre. III. As convicções de Michel Foucault, em Vigiar e Punir, no tocante aos projetos estratégicos das revoltas no início da História Contemporânea.
7. (UFRGS) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo, sobre as Revoluções de 1848, ocorridas na Europa.
Está(ão) correta(s): a) Somente a I. b) I e II. c) I e III. d) II e III. e) I, II e III.
( (
( 5. (PUCRS) “A história moderna termina em 1789, com aquilo que a Revolução batizou de ‘Antigo Regime’(...).”
(
(FURET, François. Pensando a Revolução Francesa. São Paulo: Paz e Terra, 1989. P. 17).
) A origem desses conflitos foi o levante espanhol antiabsolutista de 1848. ) A principal meta dos revolucionários foi o restabelecimento do absolutismo nos países europeus. ) Os revolucionários foram extremamente heterogêneos, representando ideologias e setores sociais diversos. ) Os efeitos dos conflitos foram sentidos inclusive no Brasil, como demonstra a Revolta da Praieira.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) F - V - F - V. b) V - F - V - F. c) V - V - F - F. d) F - F - V - V. e) F - V - F - F.
A partir do texto de Furet e dos conhecimentos sobre a Revolução Francesa, é correto afirmar: a) A Santa Aliança foi uma reação repressiva aos movimentos liberais, buscando a restauração do Antigo Regime através de um pacto militar. b) A homogeneidade social da burguesia conferia uma convergência de interesses comuns bem definidos aos rumos do processo revolucionário. c) A Revolução Francesa alçou a burguesia ao poder político, ao derrubar a Monarquia Absolutista, mas, do ponto de vista econômico, manteve privilégios feudais. d) A Revolução Francesa é um movimento que denota a maturidade burguesa ao remover os últimos entraves ao capitalismo, ao liberalismo e à democracia.
[101]
[História I] 8. (ACAFE) Classificada pela história como modelo clássico de Revolução Burguesa, a Revolução Francesa deu sua contribuição para o Ocidente, seja no vocabulário político ou na influência das constituições que adotaram alguns princípios da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
e) A chamada Conspiração dos Iguais, liderada por
Napoleão, consolidou o Diretório (1795-1799).
10. (UCS) A Revolução Francesa, ocorrida no período de 1789 a 1799, teve um grande significado histórico não só para a França, mas para todo o mundo ocidental. Analise a veracidade (V) ou a falsidade (F) das proposições abaixo, sobre as principais transformações decorrentes da Revolução Francesa.
Sobre a revolução francesa é correto afirmar, exceto: a) A Assembleia Nacional aboliu as taxas e impostos que recaiam sobre o campesinato, acabando com os vestígios do feudalismo que ainda perdurava em várias regiões francesas. b) Monarquias como a Prússia e a Áustria assinaram a declaração de Pillnitz e anunciaram a intenção de intervir militarmente na França e deter o processo revolucionário. c) No período do Terror, os excessos de Robespierre fizeram-no perder o apoio político. Posteriormente, o próprio Robespierre foi guilhotinado. d) Os jacobinos defendiam posições moderadas e representavam, sobretudo, os interesses da alta burguesia e do primeiro Estado.
( ) Reforçou o predomínio dos valores aristocráticos da nobreza, o respeito à tradição, a educação controlada pela Igreja e pelo Estado. ( ) Colaborou com o surgimento de uma nova prática política, como governantes submetidos às leis da Constituição e a separação em três poderes. ( ) Difundiu os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade por todo mundo ocidental, da Europa às Américas. Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo. a) F – V – V b) V – V – V c) V – V – F d) V – F – F e) F – F – V
9. (UPF) A imagem abaixo representa o casal de monarcas Luis XVI e Maria Antonieta, na Franca prérevolucionaria. Sobre o contexto dos antecedentes e da própria Revolução Francesa podemos afirmar:
9. (UFRGS) O texto abaixo refere-se à Revolução Francesa. O Terror é doravante um sistema de governo, ou melhor, uma parte essencial do governo revolucionário. Seu braço. (...) Ele é também um meio de governo omnipresente, através do qual a ditadura revolucionária de Paris deve fazer sentir sua mão de ferro em todos os lugares, tanto nas províncias quanto nas forças armadas. FURET, François ; OZOUF, Mona. Diccionnaire critique de la Révolution française. Événements. Paris: Flammarion, 1992. p. 298299.
Considere as seguintes afirmações sobre o denominado Terror. I. O governo jacobino, dirigido por Robespierre, e o Comitê de Salvação Pública foram responsáveis pelo período do Terror. II. O Terror foi uma política de extermínio liderada pelos girondinos de origem burguesa. III. O objetivo dessa política centrava-se na defesa da Revolução contra os inimigos internos e externos.
a) O absolutismo foi mantido pelos revolucionários
jacobinos quando estes chegaram ao poder, valorizando a tradição monárquica como a mais adequada a Franca. b) A imagem sacrossanta dos monarcas foi abalada e criticada pelos súditos franceses. c) As condições econômicas e políticas estiveram estáveis durante o período pré-revolucionário pela destreza do ministro Paine. d) Os três estados tinham direito de voto eqüitativo na reunião dos Estados Gerais (1789) convocada pelo rei.
Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) Apenas I e III.
GABARITO UNIDADE 8 1.B 8.D
[102]
2.E 9.B
3.E 10.A
4.A 11.E
5.A
6.D
7.D
HISTÓRIAI] [História
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AQUINO, Rubim Santos Leão de . et al. História das Sociedades Americanas. 7 ed. Rio de Janeiro: Record, 2000. ARRUDA, José Jobson de A. e PILETTI, Nelson. Toda a História. 4 ed. São Paulo: Ática, 1996. COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2002. DIVALTE Garcia Figueira. História (volume único). São Paulo: Ática, 2002. FRANCO JR, Hilário. A Idade Média: nascimento do Ocidente. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 2001. LOPEZ, Luiz Roberto. História da América Latina. 4 ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1998. ________________. História do Brasil Colonial. 3 ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1984. ORDOÑEZ, Marlene e QUEVEDO, Júlio. História. São Paulo: IBEP, s.d. (Coleção Horizontes). VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História para o Ensino Médio. São Paulo: Scipione, 2001.
* Material didático elaborado pelo professor Éderson da Rosa (Bussunda), licenciado em História pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Mestre em Ensino de História pela mesma. Dá aulas em escolas e cursos pré-vestibulares e ENEM desde 2001.
[103]