Manual do Jovem Agricultor

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Gabinete de Estudos

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onรงalo GBegonha


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ÍNDICE

ÍNDICE ......................................................................................................................................................... 5 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................................ 7 2. CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................................................................................... 8 3. TRACTOR.............................................................................................................................................. 10 4. TERRENO ............................................................................................................................................. 13 5. OPERAÇÕES DE MOBILIZAÇÃO DO SOLO .................................................................................... 15 6. EQUIPAMENTOS DE FERTILIZAÇÃO, SEMENTEIRA E PLANTAÇÃO ......................................... 19 7. EQUIPAMENTOS PARA PROTECÇÃO E DEFESA DAS CULTURAS .............................................. 22 8. EQUIPAMENTO PARA CORTE E ACONDICIONAMENTO DE FORRAGEM ................................ 25 9. SOLO ..................................................................................................................................................... 31 10. CLIMA ................................................................................................................................................. 36 11. CONDICIONAMENTO CLIMÁTICO DAS CULTURAS .................................................................... 42 12. ADUBOS ............................................................................................................................................. 45 13. FENOS E SILAGEM ............................................................................................................................ 47

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1. INTRODUÇÃO A Juventude Popular sempre entendeu que o nosso país não é apenas os grandes centros urbanos, mas que também é constituído por um Portugal rural, que tem vindo cada vez mais a se degradar e a ficar desertificado, merecendo por isso uma atenção especial da nossa parte, temos como politica para o nosso país rural, não só a manutenção de jovens nessas regiões mas também atrair nossos jovens para que se diminua o grande fosso populacional já existente entre os grandes centros populacionais e industrias e as regiões agrícolas. Pensamos que por parte das outras juventudes partidárias não existe esta preocupação, provavelmente por serem distritos que tem pouca população o que faz com que transmitam poucos votos nas eleições, ou por não ser um tema muito na moda. Contudo nos entendemos que o futuro dos jovens e do país não se pode apenas fazer com politicas simpáticas, na vota ou que apenas digam respeito à maioria da população, para a Juventude Popular todo o país e todos os jovens merecem a nossa atenção e são dignos de todo o respeito de igual modo. Defendemos que um Portugal de futuro só se constrói com jovens dinâmicos e interessado por um país que é o seu e que não reneguem o sector agrícola como fonte essencial de prosperidade e criação de riqueza, nenhum país pode evoluir renegando o interior e a agricultura, para se localizar apenas nos grandes centros urbanos e laborar apenas nos grandes pólos industriais. Verificamos que existia uma lacuna para os jovens que se queiram estabelecer como agricultores, principalmente para aqueles que nada tem a ver com esse ramo nem tem quem os ajude a adquirirem conhecimentos, mas que por verem que existe uma parte do pais que esta a ficar para trás é nela que querem investir. Foi a pensar neste jovens, e em todos os que se queiram estabelecer como agricultores que a Juventude Popular criou este manual. Neste manual iram estar descritas todas as alfaias agrícolas, como funcionam e para que é que servem, e quando é que devem ser utilizadas. Esclareceremos também os vários tipos de solo e quais as culturas que se adaptam, fazendo algumas considerações sobre o clima e a sua influencia nas culturas agrícolas. Apresentaremos de igual forma as actividades essenciais para o jovem agricultor que queira se instalar que é a fenação e a silagem, fazendo distinção entre uma e outra, para que se perceba quando é que se deve utilizar uma e quando é que se deve utilizar outra.

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2. CONSIDERAÇÕES GERAIS Agricultor principal É a pessoa singular cujo rendimento provem da exploração agrícola e é igual ou maior a 50% do seu rendimento global e que dedica mais de 50% do tempo total de trabalho. Capacidade profissional adequada à capacidade que têm para se estabelecer como empresário agrícola ou agricultor a titulo principal. É necessário estar habilitado com curso superior médio técnico profissional ou equivalente nos domínios da agricultura pecuária ou silvicultura ou ter frequentado com aproveitamento o curso de formação profissional para empresários agrícolas reconhecido pela secretaria regional do ambiente e recursos naturais ou ter trabalhado por um período não inferior na agricultura, pecuária ou silvicultura como empresário agrícola assalariado ou regime de mão de obra familiar nos 5 anos anteriores à candidatura ou no caso de pessoas colectivas os administradores ou gerentes responsáveis pela exploração reunirem um dos requisitos referidos anteriormente.

Exploração agrícola Unidade técnico-económica na qual se desenvolve a actividade agrícola silvicultura ou pecuária caracterizada pela utilização em comum dos meios de produção submetida a uma única gestão independentemente do tipo de posse do regime jurídico da aérea ou localização.

Jovem agricultor É todo o agricultor que à data da apresentação da candidatura tem mais de 18 anos e menos de 40 e possui habilitação capaz e suficiente e dedica mais de 50% do seu tempo à actividade.

Momento da 1a instalação Corresponde à data da apresentação da candidatura do jovem agricultor às ajudas à primeira instalação das entidades competentes. A primeira instalação corresponde á situação em que o jovem agricultor assume pela primeira vez a titularidade e gestão de uma empresa agrícola.

Terno do projecto de investimento

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Ano a partir do qual se considera estabilizada a produção mais representativa da exploração.

Factores de produção de uma empresa agrícola Conjunto de meios que a empresa usa no processo produtivo, ex.: Terra, maquinas, trabalho, gado, instalações, plantações. Os factores de produção agrupam-se em 2 grupos: Trabalho – actividade exercida pelo Homem; Capital – conjunto de bens, direitos, obrigações que a empresa tem, deve ou tem a haver. Os factores de produção quando permanecem vários anos na exploração dizem-se fixos ou estruturais – terras, máquinas, gado reprodutor. Este conjunto de meios tem um carácter fixo durante vários anos e determina a capacidade de exploração e produção da empresa. Os factores que permanecem na exploração menos de um ano designam-se por factores de produção variável ou operacional – sementes, adubos (consumíveis), dinheiro. Os três factores mais importantes numa empresa são o empresário, trabalho e capital.

Gestão Agrícola Técnica que consiste em orientar uma exploração agrícola de uma forma racional, do ponto de vista técnico e económico. A contabilidade tem por objectivo facultar ao empresário as seguintes indicações: . Se ganha ou perde;. De onde ganha e de onde perde;. Permite tomar opções políticas de actividades mais rentáveis da exploração. Todas as empresas agrícolas têm que fazer contabilidade quando a empresa e sujeito passivo do I.V.A exercendo uma actividade de natureza agrícola.

Património de empresa Conjunto de bens, direitos e obrigações (tudo o que pertence ao passivo e activo).

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Produto Valor monetário do que foi produzido em bens e serviços no exercício (1 ano). Produto = vendas + inventário de fecho – compras – inventário de abertura Receita Valor monetário do que foi vendido no exercício que tenha sido ou não produzido nesse ano, ou seja, é a verba.

Despesas Valor monetário despendido com a aquisição de bens e serviços no exercício, ou seja, nas compras.

Encargos Valor monetário do património usado no exercício. Encargos dividem-se em: . Fixos – mais de um ano na exploração (luz, água, trabalho, etc.).
 . Variáveis – menos de 1 ano (trabalho temporário). Encargos = inventário de abertura + despesa – fecho.

3. TRACTOR Tractor – veículos construídos para desenvolver esforço de tracção, sem comportar carga útil. Tractor agrícola ou florestal – veículos com motor de propulsão, de dois ou mais eixos. Reboque – veículo destinado a transitar atrelado a outro veículo. Semi-reboque – destinado a transitar atrelado a outro veículo, em que o peso da frente assenta no veículo que o reboca e o peso de trás sobre um ou mais eixos. Máquina agrícola ou florestal rebocada – máquina destinada a trabalhos agrícolas ou florestais que só transita na via publica rebocada.

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Máquina auto-motriz – máquina para trabalhos agrícolas ou florestais, que se desloca e executa trabalhos autonomamente. Classificação dos tractores Quanto ao rodado: 

Rodas;

Rasto ou lagartas;

Misto.

Quanto à largura do eixo; 

Normais 1,47 – 1,60m;

Pomateiros 1,32m;

Vinhateiros 0,96m.

Quanto à altura livre acima do solo; 

Normais 0,35 – 0,40m;

Médios 0,60m;

Altos 1m – 1,80m.

 Normas de Segurança 

Antes de pôr o motor em funcionamento, certificar se há boa ventilação, devido aos gases expelidos – monóxido de carbono CO, dióxido de carbono CO2.;

Ter em atenção à presença e movimentações de pessoas, especialmente crianças;

Deixar sempre o tractor de frente para a saída (estacionar em marcha atrás) – pode sempre ocorrer fogo, avaria;

Nunca subir e descer com a máquina em movimento;

Nunca passar pela frente ou por trás da máquina, caso esteja em funcionamento;

Número de pessoas no tractor;

Manter o tubo de escape afastado de palhas e outros materiais facilmente inflamáveis;

Caso o tubo de escape seja vertical deverá ser pelo menos 1 m mais alto que o acento;

Não usar roupas soltas ou folgadas;

Arrancar suavemente;

Não conduzir na estrada sem travão desligado (ou seja por a patilha);

Subir e descer de frente para o tractor;

Não deverá conduzir/trabalhar no tractor sob efeito de substâncias que lhe tirem parte das capacidades;

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Antes de subir, verificar se o calçado se encontra sem óleo ou massa;

Engatar o reboque no local próprio e sempre no ponto mais baixo possível, nunca acima do eixo ou diferencial;

Ajustar o banco quer à distância ao volante e aos pedais, quer ao peso do condutor.

Manutenção do tractor Cuidados diários – após 10h de trabalho Antes de por o motor em funcionamento: 

Verificar o nível de óleo do motor;

Verificar o nível de água do radiador;

Verificar o nível de combustível;

Verificar o estado dos pneus;

Verificar se existem fugas.

Após o trabalho: 

Atestar o depósito com combustível;

Verificar/limpar o filtro de ar (verão mais que uma vez por dia);

Lubrificar o trem dianteiro.

Cuidados semanais – +/- cada 50h de trabalho: 

Manutenção da bateria (ver a água/ colocar gasolina, caso desligar primeiro pólo negativo);

Verificar pressão dos pneus;

Verificar a tenção das correias;

Verificar todos os níveis de óleo;

Verificar a folga do botão de embriaguem (cuidado não vá estar selada - perigo de perda de garantia);

Verificar a folga dos pedais dos travões;

Lavar o tractor;

Lubrificar todos os pontos de lubrificação com massa consistente;

Reapertar porcas e parafusos.

Cuidados anuais – Mais ou menos a cada 1000h de trabalho: 

Substituir óleos de caixa de velocidade, direcção, diferencial, hidráulicos e respectivos filtros;

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Limpar o respirador do motor;

Verificar e limpar o alternador e o motor de arranque;

Limpar o sistema de arrefecimento, substituindo o líquido se for o caso;

Limpar depósito de combustível;

Calibrar os injectores (limpar com enxofre com agulha);

Verificar a folga das válvulas.

Outros cuidados: 

Mudar o óleo do motor (100 – 150h);

Mudar o filtro do óleo do motor (200 – 300h);

Mudar os filtros de combustível (1 filtro – 500h; 2 filtros – 1o 500h, 2o 1000h).

4. TERRENO Adaptação do terreno à cultura Desmatação – eliminação da parte arbórea e arbustiva (parte aérea e subterrânea). Utilizada em pomares, olivais ou florestas. Derrube – consiste na derriba ou deitar por terra a vegetação arbórea e arbustiva. Recorre-se ao machado, serra ou moto-serra, rossadora ou moto-rossadora. O uso depende do tipo de arbustos ou arvores a derrubar, da quantidade da vegetação e da área do terreno. Se a área for grande podemos utilizar tractores florestais, carregador frontal, retro-escavadora, bulldozer, tree clozer; Arranque – consiste na extracção de toiças (cepo e raízes) cepos, etc. que estão enterrados. Em pequenas parcelas ou pouca vegetação picareta ou enchada, alavanca. Em grandes parcelas ou muita vegetação rectro-escavadora, bulldozer com gancho, estripador de cepos ou cortador de cepos; Limpeza – toda a vegetação que foi derrubada e arrancada é geralmente reunida em pequenos

montículos,

sobre

o

próprio

terreno,

que

posteriormente

são

queimados/destroçados/ estilhaçados. Utiliza-se para tal o tractor com carregador hidráulico frontal retro-escavadora e bulldozer com “ancinho”. Caso não exista vegetação arbórea e/ou arbustiva mas somente herbácea e/ou semiarbostiva, utiliza-se grade de discos pesada, corta matos ou capinadeira.

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Características do solo: . Físicas – estrutura (% de areia, argila e limo), agregados; . Biológicas (macro, meso microfauna); . Químicas (elementos minerais – macro nutrientes – N, P, K). - micro nutrientes – S, Ca, Mg. - metais pesados – chumbo, mercúrio. Melhorias das características físicas do solo – é na maioria dos casos adaptação dos terrenos à cultura: 

Arroteia – mobilização profunda do dolo que ainda nunca tenha sido mobilizado ou à muito que não o é. Não há um reviramento total do solo, pois efectua-se com grade de discos pesado;

Ripagem – (muito cara) esta operação consiste na mobilização em profundidade (até 1,50 m) do solo com um ripper. Por ser uma máquina de dentes não há reviramento do solo, verificando-se apenas fendilhamento e fragmentação do solo;

Surriba – mobilização profunda de 0,8 a 1,50 m de profundidade em que se verifica o total reviramento e mistura da terra da camada mobilizada. Máquinas utilizadas: charrua surribadora, rebocadas por bulldozer ou tractores agrícolas de grande potência. Objectivo desta operação – que as raízes das fruteiras ou videiras ou outras árvores se desenvolvam até grande profundidade. Incorporação a grande profundidade de estrume ou outras formas de matéria orgânica, de adubos e correctivos;

Espedrega – consiste em retirar do terreno as pedras existentes e que tenham determinado tamanho. Sendo muito dispendiosa mas muito aconselhável devido às avarias que provoca mas máquinas. Pode ser manual ou mecânica – ajuntador mecânico de pedras, recolhedor de pedras ou triturador de pedras. Deve ser feito dois ou três anos consecutivos, pois as máquinas de mobilização do solo (charruas, escarificadores, etc.) trazem constantemente pedras à superfície do terreno;

Caldeamento- consiste na mistura de camadas de solos com propriedades físicas bastante diferentes, tendo em vista conseguir uma camada arável cujas propriedades se considerem mais vantajosas para as culturas. Para modificar as propriedades físicas dos solos utilizam-se materiais trazidos do exterior. Só em culturas mais rentáveis (hortícolas) ex. calagem para corrigir solos ácidos, enxofragem para corrigir solos básicos;

Nivelamento e regularização – consegue-se facilitar a execução das operações culturais, aumentar o rendimento horário de varias máquinas agrícolas, reduzir as despesas com a água de rega, em terrenos de regadio só em culturas de regadio por razões de culto. Utilizam-se as seguintes máquinas, pá ou barra niveladora acupoladas ao tractor, caixas niveladoras para tractores ou bulldozeres, caixas niveladoras autocarregantes para tractores ou bulldozer;

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Rebaixamento – consiste na remoção de camadas do dolo visando a aproximação da superfície do terreno ao lençol freático, permitindo assim um aproveitamento da água de forma mais económica e, simultaneamente a protecção das culturas contra os ventos;

Drenagem – visa eliminar, por vários processos, o excesso de água existente no solo isto é, toda a água que para além da capacidade de campo.

Preparação do terreno: Principais objectivos: 

Descompactação do solo;

Melhoria das características físicas do solo (porosidade, movimentos da água, agregação de matérias, etc.).

Objectivos secundários: 

Destruição e enterramento de infestantes (planta que infesta uma cultura);

Incorporação de materiais diversos (estrume, fertilizantes, correctivos, restolho e detritos de culturas anteriores);

Estabelecimento de armações no terreno (camalhões).

Perfil cultural – é o conjunto de camadas de terra (estratificada) individualizadas pela intervenção sequencial e combinada das máquinas de mobilização do solo.

5. OPERAÇÕES DE MOBILIZAÇÃO DO SOLO Lavoura – operação de mobilização, conduzindo ao reviramento mais ou menos completo de bandas de terra. Charrua de aiveca – pode ter tipos e modelos consoante o número de corpos, podem ser de três, quatro, dois, um ferros, segundo o sistema de ligação podem ser montadas ou rebocadas, quando à reversibilidade fixa ou móvel (180o meia volta, 90o quarto de volta). Utiliza-se charrua de aiveca quando: 

Pretendemos um solo bem esmiuçado com bastante terra fina;

Quando se pretende incorporar devidamente a vegetação espontânea (as de discos não incorporam tão bem);

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Quando pretendemos fazer uma lavoura a certa profundidade, pois em terrenos muito duros os discos têm certa dificuldade em penetrar no solo (para remediar este aspecto, as charruas de discos são bastante reforçadas para aumentar o peso).

Charrua constituída por: apo, tairó, relha, formão, aiveca, raspa ou canela, calcanhar. Charrua de discos – difere na roda de guia o disco e espera ou descanso. A charrua exerce várias acções sobre o solo; fractura, fendilha, esmiúça, revira e mistura. Utilizam-se charruas de discos quando: 

Se lavra em terreno pedregoso, a alfaia roda e não encrava.

Se se trata de terrenos arenosos – desgaste, gastos de manutenção menores em relação à de aiveca.

A vegetação é muito abundante (os discos ajudam a cortar).

Não formam calo de lavoura.

Peças activas ou que sofrem desgaste: 

Charrua de aiveca – aiveca, relha, raspa, calcanhar e formão.

Charrua de discos – discos.

Principais inconvenientes de lavoura: 

Operação morosa (velocidade, largura de trabalho)

Operação cara (lenta, combustível, desgaste das peças activas, esforço do tractor).

Formação de calo de lavoura

Acentuação dos efeitos de erosão em solos declivosos.

Maior arejamento – Dessecamento (evaporação da água)

Acção microbiana – mineralização da matéria orgânica.

Subsolagem – operação de mobilização profunda do solo que rasga (corta) fragmenta e fractura as camadas situadas abaixo da camada arável, não mobilizadas pela lavoura profunda. Distingue-se da lavoura por não efectuar reviramento do solo; nem misturar a terra das diferentes camadas do solo. A profundidade normal é de 50 a 60cm e pode ir até 80cm.

Tipos de subsolador: 

Pesados;

Um só dente;

Quadro em “V” e dentes curvos;

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Quadro em “V” com dentes com inclinação lateralmente;

Vibratório com seis dentes.

Objectivos da subsolagem: 

Mobilizar o terreno em profundidade, quebrar determinadas camadas compactas do solo;

Aumentar a espessura efectiva;

Aumentar a capacidade de armazenamento de àgua, drenar internamente o solo.

Gradagem – consiste geralmente numa operação de mobilização superficial do solo (nalguns casos poderá ser mais ou menos profunda) que consiste no corte, fragmentação e ligeira mistura de materiais terrosos. Gradagem difere: 

No tipo e disposição dos órgãos activos: Discos, molas, dentes, gaiolas;

Da força do quadro e número de corpos a excentricidade dos corpos e sistemas de ligação ao tractor (montadas, rebocadas);

Existência ou não de movimentos vibratórios.

Grade de discos destina-se principalmente às seguintes finalidades: 

Destruir torrões;

Regularizar o terreno;

Estirpar infestantes;

Incorporar adubos;

Enterrar sementes;

Quebrar a crosta da superfície.

 Escarificação – consiste numa operação de mobilização superficial do solo (nalguns casos poderá ser mais ou menos profunda) que consiste no: 

Corte fragmentação e separação dos materiais terrosos;

Escarificador permite mobilizar o solo sem reviramento.

Tipos de escarificador comuns em Portugal: 

De dentes articulados de molas elicoidais (duplos ou simples);

De dentes quadrados de dupla volta (ou de dentes espiralados);

De dentes vibratórios ou vibrocultor;

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Pesado ou chisel;

Distingue-se chisel do subsolador pela quantidade de dentes, rendimento horário e profundidade.

Situações mais frequentes da realização de uma escarificação: 

Componentes do trabalho da charrua, fragmentação dos torrões formados durante a lavoura;

Substituição de lavouras superficiais, preparação do solo de forma grosseira antes da sementeira de certas culturas, menos exigentes na preparação do solo (tremocilha, aveia para feno);

Conservação de um solo, já lavrado, em bom estado de mobilização;

Limpeza de infestantes;

Enterramento de adubos, correctivos e sementes espalhadas a lanço sobre o terreno;

Sacha de culturas em linha.

Fresagem – consiste na mobilização superficial do solo que conduzem à fragmentação e mistura de agregados e partículas terrosas. Fresas ou cultivadores rottivos, rotavadores ”designação errada uma vez que é uma marca” ou enchadas rotativas. Profundidade de trabalho 15 a 20 cm e 30 cm as pesadas. Tipos de fresas mais comuns em Portugal: 

Fresas de eixo horizontal, centrada de uma velocidade;

Fresa de eixo horizontal centrada de quatro velocidades;

Fresa de eixo horizontal descentrada de quatro velocidades;

Fresa de eixo vertical.

A fresa emprega-se sobretudo para: 

Preparar uma boa cama para a sementeira;

Enterrar estrume;

Para destruir infestantes.

Podem surgir alguns inconvenientes resultantes da utilização das fresas: 

Operação cara e lenta;

A sua utilização frequente origina calo;

Quando se utilizam fora do período de sazão do solo, existe a possibilidade de destruição da estrutura.

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Rolagem – consiste numa operação de mobilização do solo superficial que visa a compressão dando origem à compactação controlada e fragmentação dos constituintes do solo profundidade 3 a 5 cm. Tipos de rolo: 

Rolo liso;

Rolo canelado ou anelado;

Rolo esqueleto;

Rolo cultipaker;

Rolo croskill

Rolo espiral;

Rolo Cambridge;

Rolo compressor frontal pneumático.

Objectivo da rolagem: 

Desfazer os torrões duros existentes à superfície do terreno;

Regularizar (alisar) a superfície do terreno para facilitar o trabalho dos semeadores;

Comprir o solo para aconchegar a terra à semente, aumentando o contacto das partículas terrosas com a semente para acelerar a embebição e a germinação, e portanto, favorecer uma germinação e uma emergência homogénea;

Comprimir (calcar) o solo para reduzir o arejamento excessivo (diminuir os espaços intersticiais).

6. EQUIPAMENTOS DE FERTILIZAÇÃO, SEMENTEIRA E PLANTAÇÃO Espalhadores de estrume – máquina destinada a escolher, no campo, o estrume previamente disposto em montes ou cordões, o que implica duas fases no processo. Há dois tipos de espalhador: 

Projecção lateral – divide e espalha, por projecção lateral o estrume, por intermédio de facas. No espalhador de dentes flexíveis a simples substituição das peças activas pode ser utilizado em aplicação, designadamente na cadeia de fenação, espalhar, encordoar, lacerar a rama da batateira;

Projecção traseira – espalha o estrume quer em montes quer em cordões se parado ou em movimento respectivamente.

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Distribuidores de estrume, reboques distribuidores de estrume – a versão mais corrente é um semi-reboque, cuja caixa é provida de fundo móvel e o órgão rotativo e esmiuçamento e de distribuição fica situado no lugar do taipal traseiro: 

O fundo móvel por duas ou três correntes dispostas longitudinalmente, ligadas entre si por travessas. Taipal dianteiro móvel;

Dispositivo

de

esmiuçamento

e

projecção,

um

ou

vários

tambores

horizontais/verticais. Rutor (veio provido de dentes, de facas ou laminas). Discos dentados; 

Parafuso elicoidal (sem fim distribuidor);

fundo móvel e os órgãos de distribuição podem ser accionados por tomada de força ou roda de suporte.

Tipos de distribuidor: 

De descarga traseira;

De descarga lateral;

Dispositivo de distribuidor aplicável sobre um semi-reboque, distribuidor tipo plataforma.

Distribuidor auto-carregador.

Distribuidores de adubo – Espalha mecanicamente de forma homogénea uma dose determinada de adubo sólido, (granulado ou pulverolento), geralmente de origem química. São constituídos basicamente por: 

Reservatório (tremonha);

Sistema de alimentação (adufa);

Órgãos de distribuição – prato, disco ou tubo.

Existem três tipos principais de distribuidores (quanto à projecção de adubo): 

Por gravidade, pratos e discos – distribuidor de pratos, a largura de distribuição (largura de trabalho) é praticamente igual à tremonha órgão de alimentação e distribuição são accionados pelas rodas de suporte debitam proporcionalmente à velocidade de deslocação;

Centrífugos, discos e tubo oscilante – distribuição por projecção centrifuga, largura de trabalho superior à largura da tremonha, formar tronco-cónico ou piramidal, agitador destruição de torrões e formação de abobadas, promove destruição;

Pneumáticos – o ar gerado por um ventilador centrifugo que transporta o adubo através da tremonha. Rampa provida de deflectores, que fazem melhor repartição transversal do adubo que os modelos anteriores descritos (um, dois discos e oscilante).

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Localizadores de adubo – Foram concebidos para levar o adubo a locais precisos, tendo em conta as exigências da planta: 

Localizador de adubo à superfície – em faixa estreita, junto às plantas a fertilizar. Utiliza-se de preferência, em culturas de entre linhas largas ex.: milho, tomate;

Localização de adubo em profundidade – serve para distribuir adubos sólidos em profundidade, em culturas arbóreas e arbustivas (pomares e vinhas).

Semeadores – máquinas móveis que realizam uma operação de sementeira, a qual consiste em colocar, no solo devidamente preparado, a quantidade conveniente de sementes, segundo a disposição desejada. Há três tipos: A lanço – distribuição dispersa das sementes à superfície do terreno. Utiliza-se para: 

Emprego na sementeira de distribuidores centrífugos de adubo.

Sementeira de semente ( eu retirava “de semente”)miúda de prados, com semeadores associados a rolos do tipo «cultipacker».

Meios aéreos de sementeira.

Em linha – segundo os órgãos de distribuição podem ser: 

Semeadores de colher: – distribuição designada livre, é realizada por uma série de discos verticais, que giram em torno de um eixo comum perpendicular à direcção de avanço;

Semeadores de cilindros canelados: – os elementos de distribuição são montados num veio transversal, colocado por baixo da tremonha cada elemento é constituído por um cilindro, e ferro fundido ou em nylon, tendo na periferia largas larguras rectas ou elicoidais;

Semeadores de cilindros dentados;

Semeadores centrífugos.

Asseguram a distribuição e o enterramento das sementes em linhas regulares, semeando geralmente em número relativamente elevado de linhas em cada passagem. Semeadores monogrão – visa colocar em linha sementes isoladas por uma distância tão constante como possível. Para garantir boas condições de germinação e emergência, estes semeadores são geralmente equipados por um dispositivo, afasta torrões e rodas compressoras ou órgãos de cobertura a traz. De tambor vertical ou rotor vertical. Semeador de distribuição em estrela ou prato obliquo, prato horizontal, de correia, de correias paralelas, pneumático e de precisão (à de precisão que não são monogrão).

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7. EQUIPAMENTOS PARA PROTECÇÃO E DEFESA DAS CULTURAS Pulverizadores – servem para fraccionar e repartir, de forma homogénea, uma determinada quantidade de calda sobre a vegetação ou sobre o solo.
 Para tal é necessário que:
 

A mistura no depósito seja homogénea;

A repartição de calda na barra de pulverização seja perfeita;

volume desejado por hectare seja aplicado com precisão;

A distribuição seja regular no sentido do avanço da máquina.

De pressão – jacto projectado, a pulverização realiza-se por pressão do líquido que é transportado sem fluído auxiliar.

Vantagens: 

São os mais utilizados, logo os mais conhecidos;

Pode utilizar-se qualquer tipo de produto;

Pode realizar-se tratamentos de Inverno em árvores de fruto;

Requerem menos energia motriz;

Mais baratos.

Inconvenientes: 

Grande quantidade de calda por hectare (o que complica) tendo de se fazer várias cargas no pulverizador ou este terá de ser de grandes dimensões.

Má penetração da folhagem;

Gotas retidas no ar ambiente;

Grandes derrames de calda;

Pressão de jacto transportado.

Centrifugo – pulverização por uma pressão no líquido que é transportado, pelo menos, parcialmente por meio de um fluxo de ar. Vantagens: 

Pode utilizar-se qualquer tipo de produto;

O fluxo de ar provoca agitação na folhagem, o que favorece a penetração e melhora o alcance do jacto.

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Inconvenientes: 

Grandes quantidades por hectare implicam, muitas cargas do polverizador ou estes têm de ter grandes dimensões;

Mais caros que os do jacto pulverizado;

Consomem mais energia que os de jacto projectado;

Em algumas situações provocam demasiado fluxo de ar sobre a folhagem.

 Pneumáticos (automizadores) – a pulverização da calda realiza-se por meio de fluxo de ar criado numa turbina. Vantagens: 

Menor volume por hectare do que os pulverizadores de pressão;

Como as partículas são menores, também a perda por escorrimento é menor;

Devido ao fluxo de ar, existe maior penetração na massa vegetal;

Eficaz em fungicidas (menor gota maior eficácia ao fungos);

Calda projectada a maior distância que no de pressão.

Inconvenientes: 

Produtos muito concentrados;

Perigo de produzirem estragos nas culturas vizinhas;

Maior energia absorvida que nos de pressão;

Preço mais elevado.

Jacto projectado – um ou mais orifícios de projecção centrifuga, em que o transporte do líquido se efectua sem fluído auxiliar. Jacto transportado – pulverização realizada centrifugamente, em que o transporte do líquido se efectua numa corrente gasosa, por ventoinha a 60 mps. Térmico – transporta a substância por gás ou vapor quente.

Meios de combate a parasitas da planta podem ser: Preventivos ou profiláticos – tentam impedir o aparecimento do avanço ou pelo menos tentar que a planta seja o menos possível afectada; Curativos ou terapeutas – quando se pretende curar as plantas doentes.

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Existem vários meios de combate, a luta biológica, as práticas culturais, medidas legais, meios físicos e meios químicos. Que devem ser aplicados numa altura óptima, que depende de vários factores: 

Biologia do parasita;

Estado de desenvolvimento da planta;

Condições meteorológicas, as características do meio de combate.

Os pulverizadores quanto à deslocação podem ser: 

Por animais;

Pessoas;

Transporte mecânico – auto motriz;

Avião ou helicóptero;

Tractor – rebocado, suspenso, semi-suspenso.

Luta biológica – entende-se o emprego prudente e orientado de parasitas naturais na destruição de animais e vegetais nocivos ao Homem, aos animais domésticos e plantas cultivadas. Práticas culturais – os meios culturais são todas as operações que se usam na cultura de qualquer vegetal com o fim de o defender da acção dos seus inimigos, aumentando o vigor da planta. Medidas legais – como medida de evitar a propagação de doenças e pragas à medidas legislativas que impõem a quarentena ou o embarque de entrada num país. Meios físicos – este tipo de meio de luta é pouco utilizada e compreende operações em que se capturam os parasitas. Meios químicos ou pesticidas – utiliza produto mineral ou orgânico que destrói os parasitas da planta.

Cuidados a ter na aplicação de produtos químicos: 

Utilizar equipamento pessoal apropriado (EPI) para a aplicação de produtos químicos (jacto apropriado, luvas, máscara, óculos capacete);

Ter sempre um auxiliar;

Ler as instruções do produto e preparar o antídoto;

Durante a aplicação do produto não se deve comer, fumar, beber, satisfazer

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necessidades fisiológicas; 

Ter atenção à direcção do vento;

Respeitar os intervalos de segurança;

Destruir as embalagens vazias;

Lavar bem os materiais usados;

Nunca aplicar herbicida quando os infestantes estiverem em floração e sejam procurados por abelhas;

Guardar os pesticidas longe das crianças e fecha-los à chave.

Constituição de um produto químico: 

Substância activa – matar o parasita;

Diluente – diminuir os inconvenientes do manuseamento e aplicação da substância activa, principalmente se for muito tóxica, tendo de se aplicar em pequenas quantidades;

Adjuvante – aumentar as qualidades da substância activa por meio de substâncias de acção neutralizadora, molhante, adesiva ou emulsionante.

Os produtos fitofarmacêuticos podem ser agrupados em: 

Acaricidas (ácaros);

Antiabrolhantes (inibe abrolhamento = folhas que não desenrolam);

Atractivos (atraem os parasitas animais);

Fungicidas (fungos, bactérias bactericidas);

Herbicidas (ervas); Insecticidas (insectos);

Molhantes (substâncias que favorecem o espalhamento do líquido);

Moluscidas (moluscos, caracóis, lesmas);

Nematodicidas (nematados);

Rodenticidas (roedores, ratos).

8. EQUIPAMENTO PARA CORTE E ACONDICIONAMENTO DE FORRAGEM Alfaias – corte, acondicionamento. Alfaias de corte – gadanheiras, colhedores de forragens. Gadanheiras – máquina móvel destinada a cortar forragem “em pé”. Pode ser rebocada, semimontada, montada. Em relação ao princípio de funcionamento pode ser alternativa ou rotativa. Em associação com outras máquinas ou alfaias podem ser gadanheiras alinhadoras,

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condicionadoras ou moto gadanheira. Gadanheira de corte alternativo – o órgão de corte é fixo por uma das extremidades ao quadro, é composto por uma série de facas triangulares presas a uma barra de aço que passa no interior do suporte dos dedos, apoiando-se no portalamina.
 Quanto ao modo como efectuar o corte pode ser: 

Corte simples – só existe movimento na barra de corte, estando a barra do pente fixa. A velocidade do trabalho é de 5 a 8 km/h.

Corte duplo – existe movimento quer na barra de corte quer na do pente, podendo inclusivamente haver duas barras de corte. Existindo o maior número de corte pm, reduz o risco de empapamento, podendo trabalhar a maior velocidade (12 a 15 km/h).

Gadanheira rotativa de órgãos rotativos – seleccionam os caules por precursão, a grande velocidade, através de laminas escamoteáveis articuladas que giram a grande velocidade possuindo pelo menos dois órgãos rotativos. Existem dois tipos gadanheiras rotativas de tambores ou/e de discos. 

Gadanheira rotativa – constituída por tambores cilíndricos que giram em sentido inverso, dois a dois que permite obter cordões, arejados com espaço suficiente para que o tractor não os pise.

Gadanheira de tambores ou/e discos – constituída por órgãos de corte com diversas configurações (circulares, ovais, etc.) às quais se prendem laminas escamoteáveis, articulas livremente.

Gadanheiras rotativas horizontais – funcionam basicamente com um colhedor picador compreende uma série de martelos articulados livremente num motor que gira em torno de um eixo horizontal. Associação com outras máquinas: Gadanheira alinhadoras – cortam a forragem e encordoamna. Gadanheira condicionadora – cortam a forragem em verde deixando-a encordoada e pré-seca. São constituídas essencialmente por três partes: 

Órgãos de compressão, podem ser constituídos por dedos de metal ou plástico ou rolos lisos canelados ou canelados e lisos;

Órgão de encordoamento, permite que a forragem depois de cortada e comprimida fique encordoada pronta para a enfardadeira. Normalmente são constituídas por uma ou duas chapas de aço que afunilam para traz, para os lados ou orientação variável;

Vantagens da gadanheira condicionadora – retiram parte da água da planta, deixam a cultura já encordoada. Diminuindo o tempo de secagem, logo menores encargos.

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Motogadanheira – automotriz, corta a forragem em verde deixando-a encordoada. Funciona como gadanheira ou gadanheira condicionadora, podendo ser mais ou menos sofisticada. Colhedores de forragens – máquina móvel, rebocada, semi-montada ou automotriz colhem culturas (cortadas ou não), dividem-nas em partículas de pequenas dimensões e carregam-nas automaticamente à velocidade do transporte. 

Corte simples – máquina montada ou semi-montada, motor roda em sentido contrário às rodas motrizes. As facas (em forma de colher) cortam e expulsão a forragem de tamanho irregular (5 a 15 cm) depende da velocidade e distância das facas por tubo de descarga orientável;

Corte duplo – difere do anterior pois corta e divide em pequenos troços é feito por órgãos distintos. A forragem é cortada e depois o picador ventilador envia-as para o tubo de descarga.

Virador/juntador – é uma máquina montada ou semi-montado, tem como função numa passagem virar e arejar a forragem, durante a fenação e coloca-la em cordões. Viradores rotativos de forquilha inclinadas – pode ter um, dois ou quatro tambores, accionados pela tomada de força do tractor, funcionando aos pares. Viradores de tambores de dentes reguláveis – tem quatro pentes direccionados ao solo usufruindo de um sistema de biela ou manivela. Virador juntador de discos (também conhecidos como “girassol”) – tem uma série de discos com mais ou menos 1,30 m de diâmetro, tem dentes compridos flexíveis dobrados e inclinados. Os discos são oblíquos ao sentido do avanço, separados um pouco uns dos outros. Dependendo das posições os discos podem juntar ou virar à frente. A velocidade de rotação dos discos depende da velocidade do avanço, uma vez que é efectuada pelo atrito dos discos com o solo. A velocidade varia de 8 a 15 km/h. Virador juntador de correntes – máquina montada ou semi-montada, ligada à tomada de força e que com a ajuda de um deflector encordoa o feno seco. Opera a grande velocidade, mas provoca falhas e efectua reduzida largura de trabalho. Enfardadeira – máquina destinada a comprimir no campo, o feno e a palha, previamente encordoada, produzindo fardos de forma paralelipipédica ou cilíndrica, atados com arame, fio ou rede. O cordão de material a enfardar é apanhado e levantado por um tambor recolhedor ou “pick-up” e depois comprimida num canal apropriado, denominado câmara de compressão, por um êmbolo animado de movimento alternativo.

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Classificam-se em quatro tipos: 

Enfardadeira de baixa pressão – têm um êmbolo oscilante, de trajectória curvilínea. Os fardos são atados a fio com massa especifica inferior a 100 kg/m3 e com peso médio de 6 a 15 kg. Empregam-se em regiões húmidas;

Enfardadeira de média pressão – possui um êmbolo de forma paralelipipédica, em chapa de aço, animada de movimento rectilíneo alternativo a uma cadência que varia de 65 a 110 golpes por minuto. Os fardos são atados com fio ou arame tendo uma massa específica de 100 a 175 kg/m3 com peso médio unitário de 15 a 35 kg;

Enfardadeira de alta pressão – em tudo semelhante às de média pressão, em que os fardos podem ser atados com arame ou fio, sendo a sua massa especifica entre os 175 e 250 kg/m3 e o seu peso médio está entre os 35 e 890 kg, ocupando menos espaço, facilitando o transporte e manuseamento;

Enfardadeira de fardo cilíndrico – produz fardos com dimensões entre 1,20 – 1,80 m de comprimento e 1,60 a 1,80 de diâmetro. Em que os fardos de palha podem ter entre 250 a 450 kg e depende entre 400 a 750 kg. Pode ser utilizado fio ou rede permitindo uma economia de fio na ordem do 80%.

Restantes alfaias de acondicionamento – pode ser de: Transporte: 

Carregador auto motriz de forragem ou silagem;

Carregador auto motriz de fardos;

Reboque auto-carregador de fardos;

Reboque auto-carregador de forragem ou silagem.

Acondicionamento: 

Envolvedor de plásticos de dois fardos cilíndricos;

Envolvedor de plásticos para fardos paralelipipédicos;

Envolvedor de plásticos para fardos cilíndricos;

Rampa para carrego de fardos para paralelipipédicos pequenos para reboque;

Lança hidráulica para carrego de fardos paralelipipédicos pequenos para reboque;

Reboque de engate em enfardadeira, para dois fardos paralelipipédicos grandes.

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OPERAÇÃO DE MANUTENÇÃO Gadanheiras – seguir as recomendações do manual de instruções. Diariamente (8h de trabalho ou menos se recomendado pelo fabricante): 1. Verificar todas as regulações a fazer na gadanheira; 2. Lubrificar todos os pontos com copos; 3. Verificar o estado das peças de corte e correias e substituir se necessário; 4. Verificar todos os apertos. Final da campanha: 1. Substituir peças danificadas; 2. Lubrificar todos os pontos com copos de massa; 3. Alargar correias e correntes; 4. Olear ou pintar as áreas gastas; 5. Se tiver rodas, assentar a máquina sobre cepos (para que as rodas não estejam em contacto com o solo). Enfardadeiras – seguir as recomendações do manual de instruções: Diariamente (8h de trabalho ou menos se recomendado pelo fabricante): 1. Verificar todas as regulações a fazer na enfardadeira; 2. Lubrificar todos os pontos com copos; 3. Verificar o estado das peças de corte, atamento e correias e substituir se necessário; 4. Verificar todos os apertos; 5. Substituir peças danificadas; 6. Verificar quantidade de arame, fio ou rede. Final da campanha: 1. Substituir peças danificadas; 2. Lubrificar todos os pontos com copos de massa; 3. Alargar correias e correntes; 4. Olear ou pintar as áreas gastas; 5. Se tiver rodas, assentar a máquina sobre cepos (para que as rodas não estejam em contacto com o solo). Restantes alfaias – seguir as recomendações do manual de instruções: Diariamente (8 h de trabalho ou menos se recomendado pelo fabricante): 1. Verificar todas as regulações a fazer na gadanheira; 2. Lubrificar todos os pontos com copos e níveis de óleo; 3. Verificar o estado das peças de corte e correias e substituir se necessário; 4. Verificar todos os apertos; 5. Verificar a quantidade de plásticos ou outro material de desgaste.

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Final da campanha: 1. Substituir peças danificadas; 2. Lubrificar todos os pontos com copos de massa; 3. Alargar correias e correntes; 4. Olear ou pintar as áreas gastas; 5. Se tiver rodas, assentar a máquina sobre cepos (para que as rodas não estejam em contacto com o solo). Carregador de fardos – reboque auto-carregador de fardos. Colheita de grãos – designação geral de «grão» abrange, em agricultura, principalmente os chamados cereais pragnosos (trigo, cevada, aveia, centeio) e o milho – grão. Ceifeira-atadeira – máquina que efectua automaticamente as operações de corte dos colmos, de atamento do cereal agrupado em molhos regulares e efecções destes molhos sobre o terreno. Tem interesse sobretudo para parcelas pequenas e para situações em que a ceifeira- debulhadora não pode ou tem dificuldade em trabalhar, nomeadamente em terrenos muito declivosos ou com árvores. Debulhadora estacionária, debulhadora fixa – funciona fixa numa eira destinada a extrair os grãos das espigas de cerais previamente colhidos pela ceifeira-atadeira ou pela motoceifeita e limpa o produto assim obtido. Uma debulhadora estacionária compreende órgãos de desgranação, separação do grão, da palha e de limpeza próximas dos que equipam uma ceifeira debulhadora. Tarara – máquina estacionária, de acondicionamento manual, ou por motor, destinada à limpeza de grãos após debulhar. Grãos sacudidos por crivos. Animados de movimento oscilatório e atravessados por uma corrente de ar. Ceifeira-debulhadeira – máquina completa de colheita de grãos que, numa só passagem, ceifa os cereais em pé continuando a sua progressão no campo, debulha-os, sacode-os (separando os grãos misturados na palha) limpa e armazena momentaneamente estes grãos. Normas de higiene ambiente e segurança no trabalho com alfaias de corte e acondicionamento de forragens: 

Seguir as recomendações do manual de instruções;

Não mexer nem aproximar de veios de cardans em movimento;

Não mexer nem aproximar de peças móveis com o motor em funcionamento;

Utilizar as protecções que fazem parte integrante da alfaia da máquina;

Utilizar as protecções de segurança individual, quando em trabalho, manutenção

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(luvas, fato de trabalho, botas de biqueira de aço, etc.); 

Quando se trabalha com as máquinas, verificar se existem pessoas ou animais no raio de acção da mesma;

Na manutenção ao utilizar produtos que possam poluir o solo ou lençóis de água, devem tomar-se as protecções devidas.

9. SOLO Meio natural para os desenvolvimento das plantas terrestres, tal como se formou, ou modificado pelo Homem. Funções: 

Suporte físico da planta;

Meio de transformação de matéria morta;

Fornecedor de elementos essenciais para desenvolvimento da planta.

Constituintes: Matéria mineral 

Fragmentos de rocha;

Minerais primários;

Minerais de origem secundária.

Matéria orgânica 

Restos de plantas;

Outros organismos;

Substâncias no estado coloidal.

Água e Ar 

Ocupam os espaços intersticiais entre as partículas que caracterizam a estrutura do solo.

Factores de formação do solo: Horizontes do solo – proporções de limites algo irregulares, paralelos à superfície do terreno, que se diferenciam devido à influência de agentes atmosféricos e soluções formadas pela água das chuvas, com influências biológica. 

Horizonte A – Horizonte mineral localizado à superfície, de máxima acumulação de matéria orgânica;

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Horizonte B – Horizonte que pode formar-se sobre o horizonte A, caracterizado pela acumulação de minerais de argila, ferro, alumínio e matéria orgânica e por apresentar certos tipos de estrutura e modificação de cor;

Horizonte C – Utilizado para classificar horizontes em que o material não se apresenta consolidado;

Horizonte G – Horizonte em que se verifica redução intensa, caracterizado por cores cinzentas, cinzento-azulado, azul, cinzento esverdeado, as quais mudam para cores pardas por exposição ao ar.

Características Físicas: 

Profundidade;

Compactação;

Estrutura;

Cor;

Textura;

Estabilidade estrutural;

Permeabilidade;

Relações solo – água;

Drenagem interna.

Características Químicas: 

Teor em matéria orgânica;

pH;

Calcário activo;

Relação carbono/azoto;

Azoto;

Fósforo;

Potássio;

Micronutrientes;

Metais pesados.

Características Físicas: 

Cor do solo – Está relacionado com várias outras propriedades significativas sob o ponto de vista pedológico e agronómico. É uma propriedade que está intimamente relacionada com os seus constituintes, presença de óxidos de ferro e matéria orgânica do solo. No campo, a sua determinação é normalmente efectuada pela comparação visual de cores, utilizando a carta de Munsell;

Estrutura do solo – Característica física do solo expressa pelo tamanho, forma e arranjo das partículas e dos respectivos vazios, considerando-se não só partículas individuais de areia, limo e argila, mas também as partículas compostas (pedes ou

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agregados estruturais); 

Textura do solo – A textura corresponde a distribuição de minerais (areia, limo e argila) segundo o seu tamanho, independentemente da natureza e da composição desses minerais. O conhecimento da textura é muito importante para saber qual a proporção da fracção que apresenta capacidade de troca e logo o seu poder de absorção e retenção de iões.

Características Químicas: 

Teor em matéria orgânica:Indispensável quer para a avaliação da sua fertilidade, quer para o cálculo das adubações e correcções a efectuar. A matéria orgânica expressa-se em percentagem. Caracteriza-se por uma elevada capacidade de troca catiónica.

pH do solo - O pH de um solo, mede o grau de acidez ou alcalinidade do solo, através da concentração de hidrogeniões (H+) na solução do solo (g/l). A classificação dos solos, contudo faz-se com base no pH em água. pH (H2O)

Designação do Solo

< 4,5

Muito Ácido

4,6 a 5,5

Ácido

5,6 a 6,5

Pouco Ácido

6,6 a 7,5

Neutro

7,6 a 8,5

Pouco Alcalino

8,6 a 9,5

Alcalino

> 9,5

Muito Alcalino

Fertilidade do solo – Capacidade do solo para alimentar as culturas nele instaladas. Deverá ser encarada a nível de: 

Fertilidade química;

Fertilidade física (capacidade de infiltração da água);

Fertilidade biótica (quantidade de microorganismos).

Avaliação da fertilidade do solo com base em: 

Parâmetros químicos;

Análise de terras;

Análise de plantas;

Análise biológica.

Análise de terras: Meio mais utilizado na prática dada a facilidade e rapidez de aplicação Desenvolve-se em três fases: 

1a - Colheita e amostragem;

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2a - Operações preliminares de análise;

3a - Determinações a efectuar: o

Percentagem de terra fina;

o

Densidade aparente;

o

Textura;

o

Matéria orgânica;

o

Azoto;

o

Fósforo assimilável;

o

Potássio assimilável;

o

Calcário total;

o

Calcário activo;

o

Necessidade em cal;

o

Salinidade;

o

Capacidade de troca catiónica;

o

Enxofre.

Classificação dos solos – Dependendo da multiplicidade de combinações possíveis quanto à natureza: 

Do clima;

Dos organismos vivos do solo;

Das características da rocha mãe;

Das formas de relevo;

Das formas de acção do clima e organismos.

Tipos de solos: 

Solos argilosos – Apresentam boa estrutura. Possuem partículas de limo e argila. Formam torrões e quando secos tornam-se difíceis de trabalhar;

Solos calcários – Solos pobres e rochosos, drenam a água rapidamente. O seu elevado nível de pH torna-os muito alcalinos e pouco férteis;

Solos orgânicos Hidromórficos – Solos com horizontes superiores orgânicos em que a acumulação de matéria orgânica se fez em condições de permanente saturação de àgua;

Solos Halomórficos – Solos que apresentam quantidades excessivas de sais solúveis;

Solos Hidromórficos – Solos sujeitos a encharcamento temporário ou permanente que provoca intensos fenómenos de redução;

Solos incipientes – Solos não evoluídos, sem horizontes genéticos claramente diferenciados, praticamente reduzidos ao material originário;

Barros – Solos argilosos com elevada plasticidade e dureza, com pronunciado fendilhamento nas épocas secas;

Solos Argiluviados pouco insaturados – Solos em que o grau de saturação do

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horizonte B é superior a 35% e aumenta com a profundidade e nos horizontes subjacentes; 

Solos Calcários – Solos pouco evoluídos.

Classificação de Solos de Portugal de Carvalho Cardoso Causas de degradação do solo: 

Causas naturais: erosão provocada pela água da chuva, resultando daí a perda de partículas das suas camadas superficiais reduzindo a espessura e a fertilidade da terra arável;

Causas humanas: agravamento pela actividade agrícola, como consequência da aplicação de práticas culturais incorrectas:

Rotações desajustadas as características do solo e/ou do clima;

Excesso de mobilização do solo;

Mobilização do solo segundo a linha de maior declive em terrenos declivosos;
 . Execução de operações culturais quando o solo apresenta condições de humidade inadequadas;

Uso de métodos de rega inadequados às condições do terreno;
 . Má gestão da água de rega;

Deficiente distribuição das culturas pelas diferentes parcelas da exploração.

Defesa e conservação do solo, melhorar a fertilidade do solo: 

Enriquecer o solo em matéria orgânica;

Fertilizar racionalmente as culturas;

Corrigir a acidez do solo.

Defesa do solo contra a erosão: 

Culturas anuais nas áreas plana;

Culturas arbóreas e arbustivas devem ocupar os solos de meia encosta;

Nas explorações de gado, os solos de meia encosta devem ser ocupados com pastagem semeada, ou pastagem natural melhorada;

Terrenos de maior declive destinados a silvo-pastorícia;

Rotações culturais;

Incluir culturas que mantenham o solo revestido durante as épocas de chuva;

Racionalizar a mobilização do solo;

Cuidados especiais no cultivo de terrenos declivosos;

Adaptar as técnicas de regadio ao terreno;

Evitar a compactação do solo.

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10. CLIMA Conjunto das condições meteorológicas de uma determinada área, caracterizado pelo comportamento médio dos elementos meteorológicos numa região durante um período de tempo mais ou menos longo. Tipos de climas: 

Climas zonais ou macroclimas – abarcam extensões superiores a 2000km;

Climas regionais ou mesoclimas – a sua extensão oscila entre 200 e 2000km;

Climas locais – Observados em áreas pequenas, dentro dos climas regionais;

Microclimas – modificações do clima que abarcam áreas extremamente pequenas.

Clima Agrícola – Comportamento médio dos elementos meteorológicos relacionados com as exigências das diversas culturas e as principiais actividades agrícolas. Elementos do clima: 

Temperatura;

Precipitação;

Humidade do ar;

Insolação;

Vento;

Fenómenos e acidentes meteorológicos.

Temperatura Temperatura do ar (num dado instante) – É o valor, em o C, indicado nesse instante por um termómetro. Em meteorologia medem-se as temperaturas, obtendo-se:
 

Temperatura do ar;

Temperatura mínima diária (t);

Temperatura máxima diária (T).

Amplitude térmica diária: 

Diferença entre a temperatura máxima e mínima diurna;

Maior nos meses de verão que nos de Inverno;

Maior no interior dos continentes do que nas zonas costeiras;

É menor nos dias nublados que nos dias de sol.

Temperaturas características de uma espécie:

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Zero de crescimento (t0) – temperatura abaixo da qual se detém o crescimento da planta;

Temperatura mínima (tmin) – temperatura abaixo da qual não se desencadeiam certas fases do desenvolvimento da planta;

Temperatura óptima (top) – temperatura para a qual a velocidade de crescimento é máxima;

Temperatura máxima (tmax) – temperatura acima da qual cessa o crescimento;

Temperatura crítica mínima (tcmin) - temperatura abaixo da qual parte ou toda a planta é destruída;

Temperatura crítica máxima (tcmax) – temperatura acima da qual parte ou toda a planta é destruída.

Estes valores de temperaturas características variam: 

Com a diferença de espécies;

Dentro das espécies variam para as diferentes variedades;

Para cada espécie as temperaturas variam com o estado de desenvolvimento das plantas.

Golpe de calor – A acção combinada de determinados elementos meteorológicos num espaço de tempo muito curto, provoca uma transpiração exagerada das plantas, levando a uma murchidão permanente dos órgãos das plantas e a grandes transtornos do metabolismo celular, ocasionando sérios danos nas plantas e nas colheitas. Vernalização – Indução da floração por acção do frio. Horas de frio – Algumas culturas tem necessidade de um período de temperaturas abaixo de 7o C no Inverno para rebentarem e frutificarem de maneira satisfatória. Temperatura do solo influência os seguintes processos: 

Germinação de sementes;

Actividade funcional das raízes;

Velocidade de crescimento das plantas.

Temperaturas do solo muito baixas podem danificar as raízes mais finas e causar lesões nos caules. Temperaturas muito baixas impedem a absorção de nutrientes minerais. Abaixo de 1o C no solo já não há absorção de água. Solos com temperaturas baixas persistentes levam a que o crescimento das plantas seja muito reduzido ou nulo.

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Precipitação Queda de água no estado líquido ou sólido, das nuvens para a superfície do globo podendo apresentar-se em todas as formas em que o fenómeno pode ocorrer (chuva, neve, chuvisco, granizo, etc). A quantidade de precipitação exprime-se em unidades de volume por unidade de área (l/m2) ou em unidades de comprimento (mm ou cm). Distribuição da precipitação no continente: 

Quatro Meses chuvosos (Dezembro ate Março);

Quatro Meses de transição (Abril, Maio, Outubro, Novembro);

Quatro Meses de fraca precipitação (Junho ate Setembro).

Classificação da precipitação em função das dimensões das gotas do estado físico e da intensidade: 

Chuvisco (∅ < 0,5 mm) – Precipitação bastante uniforme de gotas de água muito pequenas e numerosas;

Chuva (∅ >0,5 mm) – Precipitação líquida, mas de maiores dimensões que as do chuvisco, com gotas de àgua que caem com velocidades superiores a 3m/s;

Neve – Precipitação de ( falta qualquer coisa – talvez água) no estado sólido, sob a forma de cristais de gelo hexagonais, ramificados e estrelados;

Granizo (∅ = 2 a 5 mm) – Precipitação de grãos de gelo transparentes ou translúcidos em geral esféricos;

Saraiva (∅ =5 a 50 mm) – Precipitação de grânulos ou fragmentos de gelo de diâmetro entre 5 a 50 mm, inclusivamente com diâmetro superior a 50 mm;

Aguaceiro – Precipitação, líquida ou sólida, que ocorre em períodos de curta duração, caracterizados por inicio e fins súbitos e com variações rápidas de intensidade.

Humidade do ar Descreve quantidade de vapor de água contida numa dada porção da atmosfera. É maior nas regiões tropicais. É maior junto ao mar. Diminui com a altitude. É maior no Verão. Humidade relativa do ar - Relação entre a massa de vapor de água que existe num volume de ar húmido e a massa de vapor de água que seria necessária para saturar esse ar à mesma temperatura.

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Insolação Número de horas de sol descoberto acima do horizonte. Pode ser expressa em horas de sol por dia, mês, ano ou em percentagem. Insolação em Portugal 

Diminui de Sul para Norte;

Diminui com a altitude;

Diminui de Este para Oeste;

Menores valores nas terras altas do Minho (<1800h/ano);

Maiores valores no litoral algarvio, na raia alentejana e na península de Setúbal (>3000h/ano).

Vento Associado ao movimento horizontal do ar atmosférico. 

Intensidade do vento – Velocidade da deslocação do ar em m/s, km/h.

Efeitos do vento na agricultura

Favoráveis: 

Para as espécies de alogâmicas, anemófilas, facilita a fecundação;

Impede o voo de afídeos (pulgões);

Acelera o enxugo de terras encharcadas;

Auxilia na secagem dos fenos e na maturação de muitas culturas.

Desfavoráveis: 

Incrementa a transpiração das plantas, podendo contribuir em casos extremos para o stress hídrico e os golpes de calor;

Provoca rotura de ramos, queda de folhas e frutos, diminuindo o rendimento das plantas;

As feridas resultantes de roturas permitem a entrada de doenças e pragas;

Os insectos polinizadores têm dificuldade em voar;

Efectua o transporte de sementes de infestantes, esporos e fungos, larvas e ovos de pragas para o interior de campos cultivados sãos;

Pode provocar a acama de searas de cereais ou de outras culturas;

Dificulta o tratamento fitossanitário e a aplicação de fertilizantes a lanço e a rega por aspersão;

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Provoca uma maior evapotranspiração, aumentando as perdas de água;

No litoral, arrasta sais para as áreas cultivadas, provocando danos nas culturas.

Fenómenos e Acidentes Meteorológicos Geada Deposição de cristais de gelo sobre os objectos (plantas, solo, edifícios, etc.). Resulta do facto da temperatura da superfície dos objectos ter descido até valores inferiores a 0oC. Ocorre uma sublimação (passagem directa do vapor de água do estado gasoso ao sólido sem passar pelo estado liquido). Danos provocados pelas geadas: 

Desidratação do protoplasma, com efeitos negativos no metabolismo da célula;

Precipitação irreversível de substâncias no interior das células;

Desequilíbrios osmóticos;

Efeito mecânico dos cristais de gelo, provocando lesões e roturas dos tecidos.

Protecção das culturas contra as geadas: Meios ou métodos indirectos: 

Zonagem de culturas;

Utilização de variedades resistentes;

Eleição da data adequada da sementeira;

Técnicas culturais adequadas.

Meios ou métodos directos:

Fogueiras e aquecedores (lenha, gás, gasóleo, detritos);

Ventiladores (para agitar e misturar o ar);

Nuvens artificiais de fumo ou aerossóis;

Rega por aspersão.

Golpe de calor A acção combinada de determinados elementos meteorológicos (altas temperaturas + baixa humidade relativa do ar + vento), num espaço muito curto, provoca uma transpiração exagerada das plantas, levando a uma murchidão permanente dos órgãos das plantas e transtornos do metabolismo celular.

Orvalho Depósito de gotas de água, por condensação do vapor de àgua do ar, sobre os objectos

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situados à superfície do solo. Forma-se quando as superfícies dos objectos arrefeceram para além do ”ponto de orvalho” do ar ambiente.
 Também se forma quando o ar quente e húmido entra em contacto com a superfície mais fria, cuja temperatura é inferior à do “ponto de orvalho”.

Nevoeiro Suspensão, no ar, de gotículas de água de reduzida dimensão que geralmente reduzem a menos de 1km a visibilidade horizontal à superfície do globo. A humidade relativa de um dia de nevoeiro é geralmente muito próxima de 100%.

O Clima Mediterrânico 

É um clima com características originais que o tornam único entre todos os climas do Mundo;

Clima temperado;

De latitudes médias;

Com verão quente e seco;

Chuvas na estacão fria;

Inverno moderado.

Difere: 

Dos climas tropicais porque tem pelo menos um mês com temperatura média < 18oC;

Dos climas continentais porque nenhum mês tem temperatura média < - 3oC;

Verão seco (praticamente sem chuva);

A precipitação do mês mais seco é inferior a 30 mm e tem menos de 1/3 da precipitação do mês mais chuvoso.

Desvantagens para agricultura: 

Falta de chuva no verão e parte da primavera, o que afecta o crescimento e a produção das plantas;

As precipitações concentram-se na estacão fria (Novembro a Março). Precipitações excessivas levam as situações de encharcamento;

Irregularidade inter-anual e intra-anual do clima (precipitações e temperaturas vantagens;

Temperatura média anual elevada e grande insolação permite a obtenção de uma maturação perfeita de muitas produções vegetais;

Ausência de precipitação durante os meses de verão facilita a colheita das produções

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e favorece a secagem dos produtos; 

Inverno pouco rigoroso e grande insolação permite que se realize horto-floricultura intensiva ao ar livre e em estufa. Também facilita a produção de primores em muitas zonas do litoral.

11. CONDICIONAMENTO CLIMÁTICO DAS CULTURAS Culturas Pratenses Gramíneas: Panasco (Dactylis glomerata): 

Bastante resistente ao frio;

Resiste razoavelmente à secura;

Necessita de 400-500mm de precipitação;

Não tolera o excesso de água;

Pouco exigente em solos.

Azevém Perene (Lolium perenne): 

Adapta-se a diversos tipos de solos, mas sempre com boa fertilidade;

Exigente em água (>700 mm);

Suporta a má drenagem;

Existem algumas cultivares australianas resistentes à secura estival.

Festuca (Festuca arundinacea): 

Requer mais de 700 mm;

Pouco resistente ao frio e às geadas;

Resistente à secura, mas sem crescimento durante o estio;

Prefere bons solos;

Tolera a má drenagem.

Carriço das searas (Phalaris tuberosa): 

Necessita de 400-500 mm;

Suporta bem estios quentes e secos;

Bom crescimento invernal;

Resiste à má drenagem;

Adapta-se a grande variedade de solos.

Erva da Estepe (Ehrharta calycina);

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Bastam 300 mm de precipitação;

Bom crescimento invernal;

Resiste medianamente ao frio e às geadas;

Adapta-se bem a solos arenosos, de baixa fertilidade.

Leguminosas: Luzerna (Medicago sp.): 

Necessita de 350-400mm;

Suporta bem estios quentes e secos;

Resistência ao frio variável com as cultivares;

Muito sensível à má drenagem;

Prefere os solos neutros a alcalino, com fertilidade média e profundos.

Trevo branco (Trifolium repens): 

Muito exigente em água (>700mm);

Resistente às baixas temperaturas;

Pouco resistente à secura (por isso é mais de regadio);

Tolerante à má drenagem;

Adapta-se em grande variedade de solos.

Trevo Subterrâneo (Trifolium subterraneum): 

Necessita de 350-400mm;

Resiste bem ao frio e à secura;

Prefere solos moderadamente ácidos a neutros;

Exigências de clima e solos muito variáveis consoante as cultivares.

Trevo violeta(trifolium pratense): 

Extremamente exigente em água (700-1000mm);

Muito resistente ao frio;

Próprio de climas temperados frios;

Prefere solos bem drenados, neutros a alcalinos.

Serradela brava (Ornithopus compressus): 

Bastam 350-400 mm;

Resistente à secura e ao frio;

Não suporta o excesso de água;

Adapta-se bem em grande variedade de solos, inclusive nos pobres, delgado se ligeiramente ácidos.

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Culturas Forrageiras Crucíferas: Nabos e couves forrageiras (Brassica sp.): 

Muito resistentes ao frio e às geadas;

Com crescimentos razoáveis no Inverno.

Gramíneas: Ferrejos (Ferranhas ou Ferrãs): 

Mistura de cereais, cereais estremes ou mistura de cereais com leguminosas, cortados no cedo (ainda em verde, durante o inverno ou inicio da Primavera);

Adaptável a muitos climas e solos (inclusive os muito pobres);

Crescem bem com as temperaturas baixas;

É possível a rebentação após o corte, se este não for muito baixo.

Azevém (Lolium sp): 

Relativamente resistente ao frio;

Não suporta falta de humidade e altas temperaturas;

Em regiões húmidas dá vários cortes;

Suporta a má drenagem;

Adapta-se a grande variedade de solos.

Leguminosas: Trevo encarnado (Trifolium encarnatum): 

Susceptível ao excesso de água;

Resistente às baixas temperaturas.

Serradela (Ornithopus sp): 

Não suporta o excesso de água;

Suporta razoavelmente a falta de água porque possui um sistema radicular profundante e bem desenvolvido;

Dá-se bem em todos os solos, em particular nos pobres, delgados e ácidos.

Bersim (Trifolium alexandrinum): 

Cortes múltiplos, sobretudo em regadio;

Indicado para solos argilosos e calcários, bem drenados;

Pouca resistência às geadas e às baixas temperaturas.

Fenacho (Trigonella fornum-graecum):

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Indicado para solos calcários;

Não suporta baixas temperaturas.

Anafa (Melilotus segetalis): 

Indicado para os basaltos;

Não suporta baixas temperaturas.

Trevo da Pérsia (Trifolium resupinatum): 

Cortes múltiplos;

Adapta-se a solos muito variados;

Bastante resistente ao excesso de água;

Relativamente resistente ao frio;

Produções razoáveis.

Tremocilha(Lupinus luteus): 

Tremoço de flor amarela;

Não dá corte, só para pastagem directa;

Indicado para solos ácidos.

12. ADUBOS Os adubos podem ter um ou mais elementos nobres. Quando têm apenas um chamam-se elementares, se dois ou mais compostos. Adubos Elementares: 

Azotados (com azoto);

Fosfatados (com fósforo);

Potássicos (com potássio).

Adubos Compostos: 

Binários: com dois elementos, N e P, N e K ou P e K;

Ternários: com três elementos, N, P, K.

Adubos azotados Ureia – (46%) N amídico ( Azoto de reacção lenta e progressiva pode ser aplicado de fundo, de cobertura ou em pulverização). Azoto nítrico:

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Nitrato de Sódio - (15%) N Nítrico (Adubo de acção rápida de cobertura, tanto em temperaturas baixas como em períodos de seca). Solúvel e bastante higroscópio não é retido pelo complexo argilo-húmico, sendo absorvido imediatamente pelas plantas ou lixiviado;

Nitrato de cálcio - (15,5%) N Nítrico (Adubo de acção mais rápida que se conhece de cobertura, tanto em temperatura altas como baixas). Solúvel na água e bastante higroscópio não é retido pelo complexo argilo-húmico. Especial para a aplicação em que houve atraso e em que as carências de azoto por muito acentuadas se arriscam a provocar morte das plantas.

Azoto amoniacal – (Sulfato de amónio) (21%) N amoniacal (Adubo de reacção, de acção lenta sendo utilizado em fundo). Em contacto com o complexo argilo-húmico decompõe-se em, SULFATO DE CÁLCIO. Azoto amídico – (Cianamida cálcica) (20,5%) N amídico (Adubo de reacção alcalina indicado para adubação de fundo não devendo ser utilizado em cobertura devido à sua acção caustica). Em contacto com o solo CARBONATO DE CÁLCIO e UREIA por sua vez dá origem a: CARBONATO DE AMÓNIO e NITRATO DE CÁLCIO. Azoto nitroamoniacal: 

Nitriamoniacal – (20,5% ou 26%) N 1\2 Nítrico 1\2 Amoniacal (Tem interesse para fundo como para cobertura, uma vez que possui parte nítrica (rápida), parte amoniacal (lenta). Em terrenos pouco profundos e em períodos chuvosos, está no entanto contra indicado em climas secos);

Sulfonitrato de amónio – (26%) de N 7% de Nítrico e 19% de Amoniacal (Tem as mesmas características que os nitroamoniacais, especialmente como adubação de fundo). Solúvel em água. Fixação de azoto pelas bactérias das raízes das leguminosas (Rhizobium).

Adubos Fosfatados Superfosfato de cálcio – (18\42%) de fósforo (Adubo fosfatado de efeito mais rápido podendo ser utilizado em fundo como em cobertura, reacção neutra). Obtido pela reacção de ácido sulfúrico sobre fosfatos naturais. Contém 11-12% de enxofre, ferro, zinco, manganês, boro e molibdenio. Fosfato monocálcico pode ser fixado pelo complexo ou sofrer retrogradação em mono-bi-tricálcico (mas estas formas não estão perdidas podendo passar para a solução do solo).

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Adubos Potássicos Cloreto de potássico – (60%) de K (Mais vulgarmente utilizado, deve ser incorporado à sementeira ou mesmo com certa antecedência, não é indicado para a horticultura devido aos cloretos). Adubo obtido da silvíte. Sulfato de potássio – (48%) de K (Por estar isento de cloretos é um adubo indicado para culturas tais como: Horticultura, vitivinicultura, fruticultura e floricultura. Aplicação à sementeira ou plantação sendo de preferir a sua utilização em aplicação tardias).
 Adubo obtido do cloreto de potássico por reacção com ácido sulfúrico.

13. FENOS E SILAGEM A produção irregular de pastagem ao longo do ano (Portugal continental), nas condições de sequeiro obriga a recorrer a determinadas práticas para se obter alimentos para fornecer aos animais em períodos de carência, uma vez que a oferta de alimento ao longo do ano não é constante. Condições Atmosféricas No nosso país há incerteza quanto ao crescimento de pastagem (+/- 6 meses) várias situações podem acontecer, na conjugação da temperatura/chuva, assim temos: 

Se chove em Setembro e essa chuva não tem continuidade, leva ao rebentamento da erva, que morre por falta de humidade;

Se chove em Setembro e tem continuidade, mas a temperatura é baixa para a época, o crescimento das pastagens é deficiente;

Se chove mais tarde e a temperatura é baixa para a época, o crescimento da pastagem é insignificante;

Se chove em Setembro e tem continuidade e a temperatura é normal para a época, existem boas perspectivas para um bom ano forrageiro. É a melhor em termos de cultura.

Posto isto é necessário criar um stock de elementos de reserva, quer seja na forma de palha (feno) ou silagem. A forragem deve ser colhida no estado jovem na altura da floração para as leguminosas e no estado pastoso ou granulado para as gramíneas. Esta deve ser colhida com o máximo de substâncias nutritivas.

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Conforme a origem das forragens, desenvolve-se no estômago dos ruminantes uma microflora e microfauna que ajudam a digestão destes alimentos. Uma elevada percentagem de forragens são digeridas por bactérias, digestão esta na qual se formam entre outras substâncias os ácidos gordos, que são o acético, o sotinico e o propionico, aminoácidos e amoníaco. Os ácidos gordos são importantes para a formação de carne e leite, a partir do ácido acético forma-se a gordura do leite e do ácido propiónico o açúcar do leite.

Fenos A fenação consiste na secagem ao sol da pastagem verde com o objectivo de conservar o alimento para o período de escassez, o teor de humidade não deve ultrapassar os 18%, uma vez que favorece a fermentação e o aquecimento do vegetal quando é enfardado e armazenamento. O valor nutricional do feno depende do tipo de forragem utilizada, do estado de maturação da maneira como foi desidratada, e do armazenamento. Quando o tempo é favorável, a secagem da erva à luz solar conduz a um feno de razoável qualidade, será melhor quando a secagem não for muito prolongada (este ano 2005 – seca – 48 horas chegam).
 Quando o tempo é razoável, as leguminosas perdem cerca de 20% do seu peso enquanto que as gramíneas 2,5 a 3%. A fenação ao sol nas melhores condições atmosféricas pode levar a uma perda de cerca de 30% do valor alimentar que a forragem inicialmente tinha na altura da realização do corte. A preparação do feno visa logo após o corte da forragem, suspender o mais rapidamente possível todos os fenómenos vitais e a decomposição por meio da extracção da água, o que deverá ser o mais rápido possível para evitar o ataque das bactérias a forragem. Desde a forragem acabada de cortar até ao produto final, a erva não perde apenas àgua, a sua matéria seca vai sofrer uma série de transformações que para as forragens inicialmente idênticas decorrem de maneira muito diferentes conforme o estado do tempo e o processo de preparação do feno. Assim a mesma forragem pode originar fenos com qualidades muito diferentes.
 A oportunidade de corte e os métodos de fenação constituem dois tipos importantes factores que influenciam no valor do feno. Além destes existem perdas provocadas pela respiração pelo esmiuçamento da forragem durante a manipulação e pelas condições atmosféricas.

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É de salientar que a produção do feno aumenta desde Maio até finais de Junho ao mesmo tempo que o teor de proteína diminui assim como a digestibilidade. A qualidade dos fenos em Portugal é de baixo valor devido ao corte ser demasiado tarde. O feno proporciona alimentos ricos em sais minerais e vitaminas A e D. Animais alimentados com feno de boa qualidade apresentam desenvolvimento mais rápido, sendo o feno uma boa reserva alimentar no período de seca e de fácil preparação e baixo custo e pode ser armazenado no campo com cobertura ou não.

Processos de secagem A fenação pode ser feita segundo métodos tradicionais, que consiste na secagem da forragem aos raios solares durante 3/ 5 dias. Pode também ser feita com o recurso a diversos tipos de armações, tais como cavaletes de madeira, arame esticado sustentado por postes de madeira. Além destes métodos também pode ser por fenação parcial completada artificialmente, pois é possível armazenar o feno antes de ser atingido no campo o estado de completa fenação. Tal forragem tem em média um teor de humidade de 40 a 45%. Esta forragem conserva as folhas bem agarradas aos caules. A secagem vai ser completada em edifícios próprios dispondo de equipamento para a secagem artificial através do ventilador. A secagem também pode ser feita por desidratação da forragem consiste em fazer baixar rapidamente o teor de água da forragem de 70 a 85% para 20% através de uma corrente de ar aquecida a alta temperatura. Esta operação de desidratação é feita ao longo de um certo tempo com temperaturas na ordem dos 120 a 130o e se for conseguida por tratamento rápido pode ser entre 400 e 1000o. Estes desidratadores são económicos em grandes explorações que permitam obter por exemplo farinha de reserva com a seguinte composição agua 8 a 10%, proteína 18 a 25%, substancias minerais 10%, celulose 15 a 20 % e matérias azotadas 35 As fases do processo de secagem: 

Fase de secagem em que se evapora a água exterior, ou seja, a água de superfície de corte;

Fase perda de água que está contida nos capilares, nos sistemas vasculares e nos espaços inter celulares;

Fase em que se perde a água mais fortemente ligada às células e membrana celular.

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Factores que influenciam o processo de secagem: Estado do tempo, quanto maior for a humidade relativa do ar maior dificuldade de secagem do feno, a influência da forragem no decorrer da secagem, o processo de secagem está dependente do grau de maturação e do teor de agua de planta. A fertilização e a composição botânica também têm importância na secagem, ou seja, forragens bem fertilizadas ricas em nutrientes secam mais lentamente que forragens pobres em nutrientes e ricas em celulose. As gramíneas secam mais rapidamente que as leguminosas. As fases de preparação da forragem: 

Corte;

Revirar;

Encordoar;

Enfardar;

Armazenar.

Silagem Processo de conservação dos alimentos na ausência do oxigénio (anaerobiose), por acidificação da matéria verde vegetal. Na silagem o essencial é proporcionar boas condições aos microrganismos desejáveis para a fermentação, em especial as bactérias lácteas e condições, tanto quanto possível, desejáveis às bactérias prejudiciais. As bactérias lácticas morrem no decorrer de um processo de fermentação correcto, devido ao seu próprio metabolismo. O ácido láctico, principal produto da fermentação láctica, origina aumento da acidez contrariando ao mesmo tempo a actividade das bactérias indesejáveis e inactiva o sistema enzimático que decompõe as proteínas. Com o abaixamento do pH cessa também a actividade de todos os microrganismos prejudiciais, evitando bolores entre outras bactérias não desejáveis. A silagem é feita em silos onde se conserva por dois motivos: 

Fermentação láctica das plantas fermentam o açúcar da forragem e produzem ácido láctico o qual vai reduzir o pH a valores abaixo de 4,5, impedindo que as bactérias se

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desenvolvam e apodreçam a silagem; 

Anaerobiose significa ausência de oxigénio o que vai permitir que certas leveduras e fungos não se desenvolvam e apodreçam a silagem.

Técnicas de silagem Dois aspectos são muito importantes quando se faz a silagem: o fraccionamento, corte em partes maiores ou menores e fecho do silo hermeticamente, o mais rapidamente possível. Estes dois aspectos tendem a eliminar ou diminuir o mais rapidamente possível o oxigénio. O cortar a forragem em bocados maior ou menores vai intervir directamente nos espaços que ficam entre as diferentes partículas da forragem e, por isso, à medida que esses espaços aumentam, aumenta a quantidade de oxigénio no silo. Por outro lado, o fraccionamento ao rasgarem as paredes celulares provoca um maior escorrimento de líquidos celulares. As fermentações que ocorrem a altas temperaturas prejudicam a silagem pois, ocasiona perdas de nutrientes o que torna a silagem menos digestível. Transformações que ocorrem na silagem: 

No inicio dá-se o corte da forragem em que o pH tem o valor de 6.nesta fase ocorrem dois tipos de actividades, que são a respiração celular com consumo de oxigénio em que a respiração da planta vai transformar os açúcares em água, gás carbónico e calor com a consequente perda do valor nutritivo da forragem; modificações estruturais a nível da planta que são provocadas por enzimas. De seguida fecha-se o silo;

De seguida quando se fecha o silo em que o pH é de 6 e termina quando passa para 4,5. As transformações desta fase começam com o desaparecimento do oxigénio devido à acção de microrganismos e bactérias lácticas. Estas baixam o pH dando um sabor agradável à silagem;

Depois o pH baixa até 3,9 e termina com a abertura do silo. Nesta fase, só existe actividade das bactérias lácteas para baixar o pH. Para se tirar maior proveito desta fase pode-se utilizar um inoculante altamente concentrado em bactérias lácteas;

O final começa com a abertura do silo, pH a 3,9 e termina quando se esvazia o silo. Esta fase caracteriza-se pelo aparecimento de alguns fungos ou bolores na parte superficial da silagem.

Acondicionamento da silagem Serve para acelerar o processo de fermentação da silagem, e como conservantes podem-se utilizar:

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Açúcar, pois facilita a conservação da silagem, normalmente utiliza-se 6 a 12 kg de açúcar por 3 de forragem verde. A adição do açúcar melhora o teor de nutrientes e a qualidade da silagem, reduzindo ao mesmo tempo o volume de perdas;

Método A.I.V. originário da Finlândia e baseia-se na mistura de acido sulfúrico a 95% e acido clorídrico a 33% na proporção de 1/1. a mistura é diluída em água na proporção de 1/6 e adicionada à silagem na quantidade de 6 a 8 l por 1000kg de forragem.

Perda da silagem durante a sua preparação No campo, deve-se à respiração celular em que há consumo essencialmente da energia das forragens e perdas no esfarelamento durante a preparação, perdas estas em todos os grupos de nutrientes. No silo, as perdas resultam da fermentação e são muito diferentes consoante o estado da forragem o método de preparação e a compactação da forragem no silo. As perdas que resultam da fermentação devem-se às drenagens dos líquidos que resultam da fermentação e à formação de gases no silo. As perdas de líquido por drenagem dependem do teor de matéria seca da forragem. Com os líquidos de drenagem perdem-se os nutrientes mais facilmente digestíveis.

Qualidade da silagem O aspecto da silagem permite distinguir se é de boa ou má qualidade. Quando se abre o silo podem aparecer zonas com cores diferentes. Além disso, a qualidade da silagem pode variar também com a sua posição no silo. Assim a camada superficial em contacto com o ar apresenta alguns centímetros de silagem acastanhada ou bolorenta., a qual deve ser rejeitada pois é imprópria para consumo. A base da silagem, por vezes, encontra-se ensopada em líquidos originando uma silagem de qualidade medíocre. Características qualitativas de uma boa silagem: 

Deve ter cor verde amarelada e cheiro a fruta ligeiramente ácido;

Quando apresenta cor acastanhada ou cheiro a tabaco ou a caramelo, indica excesso de arejamento, produzindo silagem de baixo valor alimentar;

Silagem verde escura são extremamente perigosas para os animais pois são ricas em ácido bitirico, o que é muito tóxico. Não pode ser dada aos animais.

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Análise de silagem em laboratório Uma silagem de boa qualidade deve ter um boletim de análise que indique: 

Teor em matéria seca igual ou superior a 30%;

Teor em ácido láctico maior a 3% do peso do produto fresco;

Teor em ácido acético maior a 0,5% do peso do produto fresco;

Teor em ácido butirico menor a 0,3% de peso do produto fresco; . O valor do pH deve ser menor a 4,5%.

Tipos da silage Existem dois tipos principais de silagem que são: 

Silagem directa, que consiste em introduzir no silo a forragem logo a seguir ao corte, contendo cerca de 80% de água;

Silagem com pré-fenação, que consiste em armazenar a forragem no silo depois de algumas horas do corte;

Consoante se trate de uma forragem armazenada com 70% de água ou 50% assim vamos distinguir dois casos;

A silagem obtida tem valor alimentar mais baixo e com grandes perdas durante a conservação;

O valor alimentar é maior e conserva-se com mais facilidade.

Vantagens da silagem: 

A colheita da forragem não depende das condições atmosféricas;

Não se verifica a necessidade de cortar com associação de alguns dias sem chuva, como acontece com o feno;

Existe uma maior facilidade para se fazer a colheita de forragem quando está é mais rica em nutrientes;

A silagem permite valorizarem certas culturas forrageiras, tais como o milho o sorgo e desocuparem rapidamente estas terras para outras culturas;

Do ponto de vista alimentar, uma boa silagem apresenta uma composição rica para alimentação de gado.

Normas técnicas da silagem Na silagem, para evitar o desenvolvimento de micróbios parasitas, devem-se tomar as seguintes precauções:

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1. Antes da introdução da forragem no silo: 

A forragem deve ser cortada em fragmentos pequenos e regulares;

De preferência devera proporcionar-lhe com pré-fenação rápida de forma a baixar a humidade para cerca de 65%;

A forragem deve ser calculada cuidadosamente;

Deve-se evitar a introdução de terra ou de outros elementos que prejudiquem a silagem;

O silo deve ser enchido o mais rapidamente possível;

Deve-se ensilar um produto de boa qualidade.

2. Durante a conservação de forragem do silo: 

Impedir a entrada de ar e agua no silo;

A drenagem dos líquidos do silo deve ser assegurada de modo a não apodrecer a ensilagem (bem fenado).

3. Desensilagem: 

Evitar a oxidação da ensilagem o que deve ser conseguido o mais rapidamente possível, e deve-se utilizar um conservante para que este dura mais.

Silos Horizontais Ensilagem os silos trincheiras enterrados e os silos de superfície. Vantagens: 

Utilizam-se em qualquer tipo de forragem e sem enchimento com meios clássicos;

A construção é barata;

Não necessita de mão-de-obra qualificada;

Muitos dos materiais utilizados pode ser recuperados;

Oferece-se a possibilidade de se distribuir o gado directamente.

Desvantagens: 

Ocupam uma grande superfície de terreno por um volume de armazenamento relativamente pequeno;

O acalcamento é feito com o rodado do tractor, é difícil fechar totalmente este silo;

A desensilagem é difícil ser mecanizada e há grandes perdas no valor nutritivo da silagem causada por fungos e bolores.

Silos verticais ou silos torres – os silos verticais dividem-se em: 

Clássicos – Têm as paredes estanques embora a parte superior não consiga evitar o

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contacto com o ar e a forragem oscilada. São os silos torres mais baratos e podem ser construídos em pedra, tijolo, blocos de cimento, betão e cimento; 

Herméticos – São totalmente estanques ao ar e a água. As suas paredes são constituídas por painéis ligados uns aos outros com conjuntos de borracha. Tanto a parte interior como exterior são vitrificadas (vidro), protegidas assim da acidez do meio e da luz solar. Contrariamente ao que sucede com os silos clássicos em que a carga e a descarga se realiza por cima, nestes o carregamento faz-se por cima e a desencilagem por baixo.

Vantagens: 

Ocupam uma superfície de terreno de 5 a 8 vezes menos que os horizontais;

Mais fácil mecanização de enchimento;

Descarga e distribuição de silagem aos animais;

O calcamento é mais perfeito e realiza-se pelo próprio peso da forragem.

Origina uma silagem de boa qualidade e conservando-a melhor.

Desvantagens: 

São mais caros, o que origina uma silagem mais cara;

Necessita de mão-de-obra especializada.

Tamanho dos silos Depende dos seguintes aspectos: 

O número de animais a alimentar, tendo em conta o peso inicial dos animais e a produção a que se destinam;

O número de dias que vão consumir a silagem;

O tamanho do local para a construção dos silos e a sua posição em relação as condições a que se dispõem;

O peso media da silagem por m3 (um m3 pesa +/- 650kg, embora este valor seja variável);

A dimensão da propriedade;

A percentagem de perdas.

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Gabinete de Estudos

onรงalo GBegonha - 56 -


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