Arquivo final c406d 2

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O PÉROLA

Facha Faculdades Integradas Hélio Alonso Comunicação Social Jornalismo Editoração Eletrônica II

1o semestre de 2015

Cannes 2015 Acompanhe todos os detalhes das principais premiações

Europa Conheça os melhores lugares para conhecer pelo velho continente

Gastronomia Conheça os alimentos que são produzidos em comunidades carentes

Esporte Filipe Toledo a nova cara do surfe 1o semestre 2015 - Nome Revista .

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Revista Pérola E D I Ç Ã O 1 | junho 2015

Editor Juliana Soares soaresdjuliana@gmail.com Projeto Gráfico e Coordenação Gráfica Bárbara Christie barbara.christiee@gmail.com Gabriela Mendes gabrielamamendes@hotmail.com Juliana Mafra juliana.mafra013@gmail.com Juliana Soares soaresdjuliana@gmail.com Luiza Morato lumorato@hotmail.com Marcella Biage marcellabiage@gmail.com Samantha Monteiro saahmonteiro@gmail.com Stephanie Lopes stephaaanie__@hotmail.com

Professor da Disciplina Gilvan Nascimento

2 . Nome Revista - 1o semestre 2015

e d i t o r i a l É um fato conhecido de todos que um leitor se distrairá com o conteúdo de texto legível de uma página quando estiver examinando sua diagramação. A vantagem de usar Lorem Ipsum é que ele tem uma distribuição normal de letras, ao contrário de “Conteúdo aqui, conteúdo aqui”, fazendo com que ele tenha uma aparência similar a de um texto legível. Muitos softwares de publicação e editores de páginas na internet agora usam Lorem Ipsum como texto-modelo padrão, e uma rápida busca por ‘lorem ipsum’ mostra vários websites ainda em sua fase de construção. Várias versões novas surgiram ao longo dos anos, eventualmente por acidente, e às vezes de propósito (injetando humor, e coisas do gênero).

e x p e d i e n t e Desenvolvida, como projeto acadêmico - VF, pelas alunas da disciplina Editoração Eletrônica II (C406D) do curso de Comunicação Social (Jornalismo, 4o período) da Facha – Faculdades Integradas Hélio Alonso, Rio de Janeiro/RJ - 1o Sem/2015. Nesta edição você encontrará matérias interligadas com temas diversos. A orientação foi dada pelo professor da disciplina, Gilvan Nascimento, que não conta com nenhum apoio ou intenção financeira. As matérias podem não ser originais, bem como as imagens. Aquelas que não foram produzidas pelos alunos terão seus créditos devidamente inseridos. Acima de tudo, vale ressaltar que toda a diagramação, planejamento e programação visual foi feita pelos alunos, com a supervisão do professor da disciplina, e que foram mantidos os erros cometidos pelos mesmos na produção do trabalho.


sumário 04

Turismo Um guia especial pela Europa em apenas 6 páginas

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30

os melhores looks do Festival de Cannes 2015

10

População culpa Papa Francisco por diminuição do catolicismo no mundo

Gastronomia Conheça o roteiro dos melhores bares das comunidades cariocas

44Esporte

Filipe Toledo é o novo campeão do Festival de Surf WQS

36acompanhe todos os detalhes das principais premiações de Cannes 2015

Botica Urbana

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Portal Conservador

Cultura Rock in Rio EUA 2015 arrastou 172 mil pessoas em sua primeira edição

1o semestre 2015 - Nome Revista .

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cultura

220 volts Juliana Mafra Costa

De: Globo.com 13/03/2015 Depois de temporadas de sucesso no Rio de Janeiro e de passar por 12 cidades do país, o sucesso “220 Volts”, de Paulo Gustavo, estreia neste sábado em São Paulo para uma temporada até o final de junho, no Teatro Procópio Ferreira. Baseada no programa de TVhomônimo do canal Multishow, exibido entre 2011 e 2014, a montagem relembra alguns dos principais personagens femininos do ator, entre elas a Senhora do Absurdo, a Mulher Feia e Ivonete. O espetáculo traça um recorte do complexo universo feminino, em seis esquetes que representam tipos totalmente diferentes entre si, mas que têm como elo a assinatura marcante de Paulo Gustavo, que além de atuar, assina o texto e a direção da peça em parceria com Fil Braz. Para ele, a ideia de transpor “220 Volts” para os palcos surgiu com o fim do programa e o desejo de manter vivos as personagens mais marcantes: – Ouço com frequência pessoas pedindo a volta do programa, então resolvi fazer um espetáculo no qual eu pudesse trazer para o palco as seis personagens mais bombadas, as mais queridas. Assim, eu poderia continuar fazendo outras coisas na TV e manter essas figuras vivas no teatro. 4 . Nome Revista - 1o semestre 2015

Teatro Procópio Ferreira ENDEREÇO\ R. Augusta, 2823 - Jardim América Tel.:(11) 3083-4475 CIDADE SÃO PAULO / SP CLASSIFICAÇÃO Espetáculo não recomendado para menores de 12 anos DIRETORES Paulo Gustavo e Fil Braz ELENCO Paulo Gustavo, Marcus Majella, Márcio Kieling e Christian Monassa PERÍODO EM CARTAZ de 14-03-2015 a 28-06-2015 HORÁRIOS DAS SESSÕES Sábado, 18h e 20h30; domingo, 16h e 18h30 SINOPSE Esquetes das personagens femininas de maior destaque do programa: Mulher Famosa, uma brincadeira com a questão da fama; a Mulher Feia, que defende a ideia de que quem deve dar palestra sobre beleza é justamente quem não é belo; a lendária Senhora dos Absurdos, uma mulher preconceituosa que mora no Leblon, odeia gays, negros e todos aqueles que considera minoria; a Vagaba, totalmente contra o casamento ou qualquer tipo de compromisso; uma apresentadora de programa de culinária mau caráter que cozinha e vende produtos; e Ivonete, a Negona, uma sambista que mora no morro.


Musical

conta a vida de Charlie Chaplin

Juliana Mafra Costa

Fonte: Maria Luísa Barsanelli De: Folha de S. Paulo 14/05/2015 A imagem mais marcante do cineasta inglês Charlie Chaplin (1889-1977) é a de seu personagem Carlitos, ou o Vagabundo, um sujeito ingênuo e de trejeitos engraçados. “Uma figura complexa, muito tímido, muito difícil, muito louco pelo poder”, diz a atriz Claudia Raia, quem produz o musical que estreia nesta quinta (14), em São Paulo, e conta a vida do cineasta da infância à velhice. Versão do musical da Broadway, de 2012, o espetáculo chega com modificações. Foram incluídas cinco músicas -escritas pelo compositor da obra original, Christopher Curtis, a pedido da produção brasileira- e feitas alterações no texto. O musical acontece no Theatro Net, shopping Vila Olímpia. QUANDO: qui. e sex., às 21h, sáb., às 18h e às 21h30, dom. às 18h; de 14/5 a 12/7 QUANTO: R$ 50 a R$ 180 CLASSIFICAÇÃO: livre

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Rock in Juliana Mafra Costa

radiofônica “All of me” no fim.

Após um dia quase só de cantoras e pop mais teen, o sábado (17) de Rock in Rio USA foi quase todo voltado para sons que bebem do R&B e da música soul. Teve groove de todo o tipo na despedida do festival.

Joss Stone Descalça e com vestido esvoaçante, Joss pouca muda com o passar do tempo. Apresentou set igual ao tocado em março no Brasil. A voz da cantora inglesa de neosoul (ah, esse rótulo) é inegavelmente precisa, mas falta algo ali. Alma, talvez. Mas há certa espontaneidade. Ela falou de BB King, morto na última quinta-feira (14), e se mostrou incomodada com as batidas da tenda eletrônica. Por isso, encurtou a balada “Right to be wrong”. Simpaticona, ainda disse “Obrigada” para um fã com bandeira do Brasil na primeira fila.

De: Portal G1 15/03/2015

Outra tendência que ficou clara foi o fato de que o palco Evolution, o segundo maior, receber atrações antes associadas a outros artistas. Charlie XCX, Magic! e Mikky Ekko compunham para popstars antes de se arriscarem por conta própria. Bruno Mars Estar no auge deve ser isso aí. Bruno Mars foi de coadjuvante de luxo (é famoso por parcerias) a um dos mais completos popstars vivos. O cantor americano fez show direto ao ponto: 15 músicas em pouco mais de uma hora. Toca guitarra (“Billionaire”), dança sozinho cheio de molejo (“Show me”) e faz coreografias com sua banda, no estilo Jackson 5. Sem pausas e sem pressa, Bruno vai pulando de música em música. Vai dos gemidos e contorcidas sensuais (“Our first time”) ao hit dos pedidos de casamento (“Marry you”, bem aquém do resto do repertório). Depois de “Nothing on you”, dispensa a banda. Só com pianista, a balada “When I was your man” foi gritada verso a verso pela plateia, cheia de casais. Comoção parecida veio com a igualmente romântica “Just the way you are”. Como festivais pedem concessões, Bruno tocou ainda “Uptown funk”, que deixa de lado nos shows. A canção é cantada por ele, mas está em disco do inglês Mark Ronson. John Legend É maldade, mas qualquer observador menos atento notou. Em nenhum outro show, o gramado teve tanta gente sentada. Entretida, mas sentada. Culpa de baladas tão sonolentas quanto bonitinhas como “Caught up” e “Ordinary people”. Só “Green light” deu uma agitada. “Meu amigo Sam Smith deveria estar aqui... Fizemos uma canção juntos recentemente e vou cantá-la agora”, disse, antes de “Lay me down”. Sam cantaria no Rock in Rio, mas cancelou por ter que operar as cordas vocais. Escalado para substituir o amigo, Legend tocaria no palco menor. Lidou bem com o upgrade: ainda mais com “Glory” (ganhadora do Oscar, pelo filme “Selma”) e a

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Empire of the Sun Em qualquer festival, o duo australiano destoa das outras atrações. Em um dia de programação tão coesa, as bizarrices do Empire of Sun ficaram ainda mais bizarras. O som tem sintetizadores nervosos, como em “Walking on a dream” e “Tiger by my side”. O pop meio enjoativo com vozes processadas botou gente para dançar. Magic! De onde veio a mais que memorável “Rude”, não parece que vai sair mais algo de bom, viu. O baterista usa camisa da Jamaica, o vocalista confunde pose com preguiça e por aí vai. Tudo parecia um rascunho mal escrito do Police, até que veio uma cover de “Message in a bottle”, do Police. “Se não dermos um passo para a conscientização, nunca teremos paz no mundo, essa música se chama ‘No Evil’”, anunciou o vocal. Chuta de qual banda ela parece ser? Big Sean O rapper atraiu mas curiosos do que fãs ao abrir a programação do palco principal. Falou bastante e rápido entre as músicas. Falou bastante e rápido durante as músicas. “Quem me ama levanta a mão”, convocou. Contei 20. Mikky Ekko O americano foi a grande surpresa, mesmo tocando para poucos. Dava para contar nos dedos (das mãos e dos pés) quem estava de fato prestando atenção no começo do show do rapaz de 30 anos e um disco recém-lançado. Quem fez isso não se arrependeu. Além de “Stay”, bela balada desesperada feita por ele e gravada com Rihanna, ele mostrou ser um artista para se ficar de olho.


Rio USA

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Rio recebe exposição de

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e Pablo Picasso em junho

Juliana Mafra Costa De: Catraca Livre 03/03/2015 A exposição “Picasso e a Modernidade Espanhola”, que reúne obras de Pablo Picasso e obras de artistas espanhóis, chega ao Rio de Janeiro no meio do ano. A mostra ficará em cartaz no CCBB- Rio, entre os dias 24 de junho e 7 de setembro e terá entrada Catraca Livre. A exposição, com obras de 37 autores, aborda a contribuição de Pablo Picasso ao cenário espanhol e inter-

nacional da arte e a influência do fundador do cubismo e de seus contemporâneos. A maioria das obras de outros artistas são do pintor malaguenho, pertencentes ao Museu Rainha Sofía de Madri. Entre as obras de Picasso presentes na mostra destacam-se Cabeza de Mujer (1910), Busto y Paleta (1932), Retrato de Dora Maar (1939), El Pintor e la Modelo (1963) e Mujer Sentada Apoyada Sobre los Codos (1939). Entre as pinturas, esculturas, desenhos e gravuras da mostra também destacam-se as obras Siurana, el Camino, de Miró; El Violín, de Juan Gris e Composición

Cósmica, de Óscar Domínguez. A mostra estará dividida em oito salas, entre as quais Picasso: O Trabalho do Artista e Picasso, Variações, que mostram a relação do artista com a modernidade e sua diversidade criativa. Uma terceira sala entra no imaginário do artista para tentar descrever como ele concebeu Guernica e inclui estudos da obra sobre o bombardeio nazista sofrido por essa cidade. Os outros espaços mostram de forma transversal a relação do pintor malaguenho e dos demais modernistas espanhóis.

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A CRISE DA IGREJA CATÓLICA

religião

Marcella Biage

Fernando Vasconcellos Os resultados mostram que o número de pessoas que se declaram protestantes continua crescendo em todo o continente e que pessoas criadas no catolicismo vem deixando a religião em favor da fé propagada por igrejas evangélicas. “Se temos hoje o primeiro papa latino-americano é principalmente por causa da competição pentecostal na América Latina. A Igreja Católica está em uma crise de pânico. Se não conseguirem parar o avanço protestante no continente, que abriga 40% dos católicos do mundo, o futuro da instituição está 10 . Nome Revista - 1o semestre 2015

seriamente ameaçado”, disse à BBC Brasil Andrew Chesnut, professor da Virginia Commonwealth University e um dos autores da pesquisa. “O Brasil ainda tem a maior população católica do planeta, mas agora só 61% se dizem católicos. Em 2030, o país já não deverá ter uma maioria católica.” A aprovação de Francisco entre os católicos é alta: acima dos 70% deles dizem ter uma opinião favorável ao papa em todos os países onde o estudo foi feito. O número passa de 90% em países como Brasil e Colômbia e chega a

98% na Argentina, seu país de origem. No entanto, o estudo afirma que é edo para dizer se o papa conseguirá diminuir ou reverter o êxodo de católicos. “O papa Francisco ainda não impressionou a todos”, afirma o instituto. “Os ex-católicos são mais céticos a respeito do papa. Em todos os países pesquisados, exceto na Argentina e no Uruguai, pouco menos da metade têm uma opinião favorável a ele e acham que seu papado pode significar mudança na Igreja.” Agora, de acordo com fontes, os católicos estão virando protestantes.


1)- Papa, o Senhor se sente inseguro? R: Eu não sinto medo. Sei que ninguém morre de véspera. Quando acontecer, o que Deus permitir, será. Eu não poderia vir ver este povo, que tem um coração tão grande, de trás de uma caixa de vidro. As duas seguranças (do Vaticano e do Brasil) trabalharam muito bem. Mas ambas sabem que sou um indisciplinado nesse aspecto. 2) - O que acha da rivalidade entre Brasil e Argentina? R: “O povo brasileiro tem um grande coração. Quanto à rivalidade, creio que já está totalmente superada. Porque negociamos bem: o Papa é argentino e Deus é brasileiro.” 3) - O que tem a declarar sobre a pobreza e a ostentação? Penso que temos que dar testemunho de uma certa simplicidade - eu diria, inclusive, de pobreza. O povo sente seu coração magoado quando nós, as pessoas consagradas, são apegadas a dinheiro. 4) - O que tem a declarar quanto a perda de fiéis? R: Não saberia explicar esse fenômeno. Vou levantar uma hipótese. Pra mim é fundamental a proximidade da Igreja. Porque a Igreja é mãe, e nem você nem eu conhecemos uma mãe por

correspondência. A mãe... dá carinho, toca, beija, ama. Quando a Igreja, ocupada com mil coisas, se descuida dessa proximidade, se descuida disso e só se comunica com documentos, é como uma mãe que se comunica com seu filho por carta. Não sei se foi isso o que aconteceu no Brasil. Não sei, mas sei que em alguns lugares da Argentina que conheço isso aconteceu. 5) - Os escandalos acontecem com frequência no Vaticano. Isso pode prejudicar? R: Agora mesmo, temos um escândalo de transferência de 10 ou 20 milhões de dólares de monsenhor. Belo favor faz esse senhor à Igreja, não é? Mas é preciso reconhecer que ele agiu mal, e a Igreja tem que dar a ele a punição que merece, pois agiu mal. No momento do conclave, antes temos o que chamamos congregações gerais - uma semana de reuniões dos cardeais. Naquela ocasião, falamos claramente dos problemas. Falamos de tudo. Porque estávamos sozinhos, e para saber qual era a realidade e traçar o perfil do novo Papa. E dali saíram problemas sérios, derivados em parte de tudo o que vocês conhecem: do Vatileaks e assim por diante. Havia problemas de escândalos. Mas também havia os santos. Esses homens que deram sua vida para trabalhar pela

Igreja de maneira silenciosa no Conselho Apostólico. 6) - O que acha da juventude fazendo protestos? Isso te agrada ou te deixa acanhado de alguma forma? R: Com toda a franqueza lhe digo: não sei bem por que os jovens estão protestando. Esse é o primeiro ponto. Segundo ponto: um jovem que não protesta não me agrada. Porque o jovem tem a ilusão da utopia, e a utopia não é sempre ruim. A utopia é respirar e olhar adiante. O jovem é mais espontâneo, não tem tanta experiência de vida, é verdade. Mas às vezes a experiência nos freia. E ele tem mais energia para defender suas ideias. O jovem é essencialmente um inconformista. E isso é muito lindo! É preciso ouvir os jovens, dar-lhes lugares para se expressar, e cuidar para que não sejam manipulados. 7)-Os Argentinos gostam de você? Os argentinos, quando viram um papa argentino, se esqueceram de todos os que estavam a favor ou contra o papa argentino. Nós, argentinos, que não somos humildes e que somos muito vaidosos... Você sabe como um argentino se suicida? Ele sobe em cima de seu ego e se joga lá de cima. Eu sou muito apegado ao habitat, é uma neurose. Descubra suas neuroses. 1o semestre 2015 - Nome Revista .

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A FÉ

QUE FAZ BEM A SAÚDE Marcella Biage

A

capacidade inata de procurar a explicação de um fenômeno é uma das diferenças entre o ser humano e outros animais. O homem primitivo não tinha como entender eventos mais complexos, como a erupção de um vulcão, um eclipse ou um raio. A busca de explicações sobrenaturais pode ser considerada natural. Mas por que ela desembocou na fé e no surgimento das religiões? Cientistas de diferentes áreas se debruçaram sobre a questão nos últimos anos e chegaram a conclusões surpreendentes. Não só a fé parece estar programada em nosso cérebro, como teria benefícios para a saúde. Com sua intuição genial, Charles Darwin, criador da teoria da evolução há 150 anos, já havia registrado ideia semelhante no livro A descendência do homem, em 1871: “Uma crença em agentes espirituais onipresentes parece ser universal”. “Somos predispostos biologicamente a ter crenças, entre elas a religiosa”, diz Jordan Grafman, chefe do departamento de neurociência cognitiva do Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e Derrame (leia a entrevista). Grafman é o autor de uma das pesquisas mais recentes sobre o tema, publicada neste mês na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences. Em seu estudo, Grafman analisou o cérebro de 40 pessoas – religiosas e não religiosas – enquanto liam frases que confirmavam ou confrontavam a crença em Deus. Usando 12 . Nome Revista - 1o semestre 2015

imagens de ressonância magnética funcional – que mede a oxigenação do cérebro –, o neurocientista descobriu que as partes ativadas durante a leitura de frases relacionadas à fé eram quase as mesmas usadas para entender as emoções e as intenções de outras pessoas. Isso quer dizer, segundo Grafman, que a capacidade de crer em um ser ou ordem superior possivelmente surgiu ao mesmo tempo que a habilidade de prever o comportamento de outra pessoa – fundamental para a sobrevivência da espécie e a formação da sociedade. E para estabelecer relações de causa e efeito. A interferência de um ser muito poderoso seria uma explicação eficiente para aplacar a necessidade de entender o que não se consegue explicar com o conhecimento comum. Mas o que levaria o ser humano, dotado de razão, a acreditar que um velhinho de barba branca, em cima de uma nuvem, atira raios sobre a Terra? Ou que 72 virgens aguardam os fiéis no Paraíso? “Tendemos a atribuir características humanas às coisas, inclusive ao ser divino”, diz Andrew Newberg, neurocientista da Universidade da Pensilvânia (leia a entrevista), autor de outro importante estudo sobre o poder da meditação e da oração. “A crença religiosa surgiu como um efeito colateral da maneira como nossa mente é organizada, da maneira como ela funciona naturalmente”, diz Justin Barrett, antropólogo e professor da Universidade de Oxford.


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Em meados da década de 30, o presidente Getúlio Vargas determinou que os restos mortais dos Inconfidentes degredados para a África fossem trazidos de volta ao Brasil. Cumprida a missão, os ossos que puderam ser exumados chegaram em 1937. Numa época em que o resgate da memória brasileira se tornava prioridade tanto para governo quanto para intelectuais, o local para depósito daquelas relíquias só podia ser Ouro Preto.

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Após as reformas para adaptação em 1944, o primeiro museu da grande porte instalado fora do litoral do país abria as suas portas. Formado por mais de 4 mil peças, o acervo do Museu da Inconfidência possui exemplares de praticamente todas as esferas da vida sócio-cultural mineira dos séculos XVIII e XIX. Praça Tiradentes, 139, Centro, CEP 35400-000 – Ouro Preto, Minas Gerais.

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moda

Peças-chave do guarda-roupas

O top 8 dos essenciais de todo bom closet! LUIZA MORATO Fonte: mdemulher.abril.com.br ESCARPIM Sexy, o sapato de bico fino e salto alto mostra seu dinamismo ao passear por diferentes estilos. Não à toa, agrada nove em cada dez mulheres. Versões envernizadas são clássicas e ainda atendem à tendência glossy. Para quem deseja uma peça statement, os metalizados são perfeitos para as Cinderelas do século 21.

LBD Quem não se lembra do vestido assinado por Hubert de Givenchy e usado por Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo? O modelo é um exemplo claro do poder que um vestido preto pode ter. Peça fundamental do closet, encara looks do dia à noite, com os complementos certos, é claro. 16 . Nome Revista - 1o semestre 2015

JAQUETA DE COURO Símbolo da turma rocker e dos músicos mais descolados do planeta, a leather jacket conquistou espaço cativo no nosso guarda-roupa. Versátil, foi ganhando diferentes modelagens ao longo do tempo. E a cor mais bacana para esse clássico, sem dúvida nenhuma, ainda é o preto.


CAMISA BRANCA Direto do closet deles para o nosso, a peça, marca registrada de mulheres sofisticadas, como Carolina Herrera, é uma figurinha carimbada dos looks clássicos. Mas não só deles. Ela já deu suas piruetas no red carpet na companhia de saias longas, à la Jil Sander. CLUTCH A amada bolsa de mão é um dos itens mais democráticos no quesito acessório. Provando que tamanho não é documento, as pequenas it-bags, em versão box ou envelope, fecham com produções casuais ou sofisticadas, passando pelo work look - sim, você pode levá-la para o trabalho. SAPATILHA Ela é confortável, versátil e chic. Com esses três adjetivos, a sapatilha ocupa, provavelmente, o pódio entre os sapatos mais usados pelo time feminino. E também ganha destaque no quesito variedade: são muitas as versões, as cores e os materiais.

CARDIGÃ Que casaco de vovó que nada! Nos anos 2000, o tricô levinho figura entre as peças mais usadas pelas meninas descoladas durante a temporada de inverno. Afinal, o casaqueto é ideal para criar diversas sobreposições. E os modelos deste inverno trazem boas surpresas: botões arrojados, bordados e tecidos metalizados.

PÉROLAS Imortalizado por Coco Chanel, o colar de pérolas nunca saiu de moda. Pelo contrário. Com o passar do tempo, a joia feita com a mais antiga das gemas passou a ser cada vez mais usada no dia a dia, completando o duo jeans + T-shirt. As mais ousadas podem apostar em pérolas grandes ou nas negras, superchics. 1o semestre 2015 - Nome Revista .

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Festival de Cannes Os melhores looks de 2015

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Os 6 produtos de maquiagem mais indicados pelas blogueiras brasileiras

Conheça os queridinhos das gurus de beleza que testam e aprovam centenas de produtos brasileiros e importados 2. Blush Orgasm, Nars R$128 na Sephora

1. Batom Ruby Woo, MAC R$66 na MAC

3. Base Studio Fix, MAC R$119 na MAC

5. Paleta de sombras Naked, Urban Decay R$199 na Sephora

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LUIZA MORATO Fonte: dicasdemulher.com.br

4. Máscara de Cílios, Maybelline R$23,90 nas Americanas

6. Delineador em pasta, Contém 1g R$43 na Contém 1g


LongBob hair

LUIZA MORATO Fonte: dicasdemulher.com.br

O corte reto na altura do ombro é a nova tendência “Esse é o novo curto. Ele tem agradado muito àquelas que gostam de ter cabelo comprido, mas querem variar sem radicalizar. Além disso, é um comprimento que deixa o visual muito feminino”, conta o hair stylist Celso Kamura. A versatilidade também define bem essa tendência. “O longo bob combina com todos os tipos de mulheres e cabelos. Enquanto, o chanel na altura do queixo exigia um pescoço mais esguio e longo, o long bob surge sem restrições, sem comprometer ninguém”, complementa o cabeleireiro Junior Carvalho, de São Paulo. E mais: lisos, ondulados e até cacheados aceitam bem o corte. O corte é bem simples: “A base é cortada reta, quatro dedos abaixo do ombro, porque o cabelo encolhe quando seco. Isso faz com que ele fique certinho na altura dos ombros. Depois, a parte de traz é toda desfiada. A frente aparece bem menos repicada e com um leve bico. Nada acentuado, para evitar que ele fique arredondado quando pronto. E a franja é longa”, explica Kamura.

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turismo

Falta de grana não te impede mais de viajar

Uma das raves mais famosas do mundo, a Kaballah, realizada em Paris em 2009

Samantha Monteiro saahmonteiro@gmail.com

À

s vezes as pessoas têm medo de se jogar no mundo. Geralmente, pensam que vão gastar uma fortuna, que pode ser perigoso, que não vão conseguir entender os idiomas completamente diferentes e por aí vai... A artista plástica Alice Fernandes, de 24 anos conseguiu provar que viajar é possível e, mais que isso, confiar nas pessoas e viver experiências! “Minha viagem começou em junho desse ano, a partir daí foram 92 dias na Europa, passando por 13 países e 30 cidades, dentre elas: Amsterdam, Berlim, Paris, Londres, Veneza, Budapeste, Praga e Viena.” contou Alice sobre o começo da aventura. Ao ser perguntada como conseguiu fazer a viagem, Alice se empolgou: “Só que para deixar a história um pouquinho mais interessante: eu resolvi viajar sem dinheiro 22 . Nome Revista - 1o semestre 2015

Felippe Garcia

nenhum. Comprei minhas passagens de ida e volta e saí do Rio de Janeiro sem nada de dinheiro e nem cartões de crédito. Nem mesmo para o caso de uma emergência. O objetivo era estar num lugar totalmente novo, num determinado período de tempo, confiando inteiramente no poder das relações interpessoais, ressaltando a bondade humana para além de bens materiais e mostrar ao mundo o quanto se é possível atingir a partir do momento que a ele você deposita total confiança e bondade.” Ela optou por fazer essa viagem sem dinheiro, para contradizer o que muitos acreditam em relação ao mesmo. Para demonstrar que é um equívoco enorme associar a renda bancária ao que você está ou não está hábil a realizar. Bloqueio e medos pessoais podem ser enfrentados para muito além da quantidade monetária acumulada numa conta bancária. Pessoas sempre deveriam ser mais valorizadas do que coisas, pois são aqueles que por nossas vidas passam, que nos proporcionam momentos sinceros e


Constatou ela, depois dessa grande experiência de vida. A artista plástica dormiu em 38 casas diferentes e viveu situações que dinheiro nenhum paga, simplesmente pelo ato de confiar nas pessoas. Deveríamos todos aprender a enfrentar o medo de portas abertas. Afinal, o perigo na grande maioria das vezes é ilusório. Ao ser perguntada se passou por alguma situação difícil, ou teve medo em algum momento, ela disse: “Se porventura passar por uma situação não tão agradável, acredite: é porque algo espetacular está para acontecer logo logo. Ao menos foi assim comigo inclusive durante as 54 caronas que peguei na estrada. Passei por alguns momentos difíceis, como pegando carona debaixo de chuva e à noite. Mas surpreendentemente, todos os momentos difíceis vieram seguidos por outros positivamente incríveis. Como por exemplo certa vez, em que eu estava na estrada à noite, debaixo de um temporal e tive que atravessar, sozinha, uma rua desativada e sem iluminação alguma, passando por baixo da auto estrada (este foi um dos momentos mais tensos da viagem), e eu acabei a noite num apartamento de uma artista plástica renomada, relaxando numa banheira quente, com sais de banho especiais e Juliana fazendo yoga na frente da Torre Eifell Placa num bar em Londres escrito: ˜Sopa do dia: Tequila˜

inesquecíveis. Seja no dia-a-dia ou numa viagem. Alice disse que acredita no lado bom das pessoas e que, a partir do momento em que se está aberto ao desconhecido, aberto ao mundo, muito se pode alcançar, de uma forma pura, honesta e sim, livre de interesses materiais. “Sobretudo depois dessa viagem, eu passei a acreditar bastante nesse negócio de energia... o que você atrai para sua vida é o próprio reflexo das suas atitudes perante o próximo. Se faz o bem, o bem vem. Simples assim.”

“Não tenha medo do desconhecido, eu estive lá e posso garantir que ele é carregado de bondade e positivas surpresas. .” 1o semestre 2015 - Nome Revista .

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tudo, rindo para a chuva gelada que ainda caía do lado de fora. Momentos difíceis não vêm à toa, vêm para fortalecer e servirem de incentivo a olhar adiante e na possível seguinte escuridão confiar.” “Mas, nossa, pegar carona é demais! É uma maneira de fazer do trajeto, parte significativa da viagem. Às vezes eu passava dias na estrada (como foi o caso de Londres-Belgrado, três dias de viagem) e nem sequer sentia o tempo passar. É bem diferente de uma viagem de ônibus ou trem... A sensação de conhecer pessoas pelo caminho, trocar de carro várias vezes durante um trajeto, fazer novas amizades, compartilhar... Na Sérvia por exemplo, eu peguei carona com um senhorzinho de uns 70 anos que não falava uma palavra em inglês. Seguimos e ao som de música balcânica às alturas... Demais” E por fim ela dá alguns conselhos: “Isso é viajar! Isso é se deixar viver: confiar. Confiar sobretudo em si próprio... Confiar que sim, você pode ir atrás dos seus sonhos. Você pode viajar. Eu sei que é bem fácil pensar em um milhão de desculpas para não o fazer... Porém hoje eu afirmo que, se alguma coisa falta para o passo adiante ser dado, essa coisa é Alice pedindo carona na estrada

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Rio Santa Giustina, um doa 177 canais de Veneza, na Itália. Lugar onde Alice se Jack Grey


coragem. Nada além disso. Não tenha medo do desconhecido, eu estive lá e posso garantir que ele é carregado de bondade e positivas surpresas. Abra suas portas ao mundo, viaje.”

Os especialistas apoiam

encantou com as paisagens e arquitetura. As luzes iluminando o Rio Santa Giustina à noite

Joana Pinho

Largar emprego, vender a casa, juntar as economias e correr atrás de um sonho parece coisa de cinema, fora do mundo ‘real’ - onde as pessoas têm que trabalhar, ter bens e estabelecer uma família. No entanto, tem gente, com coragem e determinação, que vive pela filosofia de que sem o sonho é impossível viver e ser feliz. “Muitas vezes a gente se engana nas nossas escolhas. A sociedade nos convida a acreditar que atingir certo status significa felicidade, só que felicidade pode não ser nada disso”, explica a psicóloga Antônia Garrido. Casamento, carreira, família: diversas áreas da vida exigem essas escolhas. O problema, segundo a psicóloga, é quando elas são motivadas pelas razões erradas. “Os caminhos traçados com o coração nos enchem de sentido e significado, de que estamos realizando algo maior. Caminhos sem o coração são mais fáceis, mas não nos levam a esse lugar de satisfação”, destaca. Carlos da Costa

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Alice conhecendo as praias da Grécia.

E as pressões vêm de todos os lados. Segundo Antônia, vivemos em uma sociedade paradoxal. Ao mesmo tempo em que ela nos oferece inúmeras condições de satisfação, ela aumenta e estimula nossas expectativas para o consumo. “Somos convidados à confusão de se sentir bem com a idéia de ter muitas coisas. Nesse sentido, temos de entender que satisfação pessoal não é possuir. O que estamos fazendo é criando um buraco maior ainda”, comenta. E por isso é cada vez mais raro ver pessoas fazendo mudanças radicais, como abandonar tudo e correr atrás de um sonho. “Muitas pessoas ficam presas em situações durante a vida toda, que não é o que eles queriam ser ou fazer, vivendo em uma cidade ou situação que não os fazem sentir bem; ou em grupos que não refletem seus valores”. A insegurança é um dos principais motivos da estagnação frente ao desgosto. Aliada a ela, também aparecem a falta de formação adequada, de personalidade e o equivoco de crença. Mas, especialmente, o desânimo frente às dificuldades que aparecerem ao se correr atrás de um sonho. É quando a dor mental ultrapassa o limite do aceitável que algumas pessoas desenvolvem coragem para enfrentar os riscos envolvidos nas mudanças. “Essencialmente, essas pessoas apostam. Elas se dispõem a correr o risco de perder e estarem enganados” diz a psicóloga, e ainda alerta: “Fazer um sonho acontecer exige esforço. A realização é feita por 1% de inspiração e 99% de transpiração. Esta satisfação exige engajamento”. 26 . Nome Revista - 1o semestre 2015

Julia Isnard

À procura do emprego perfeito

Outra pessoa a passar por essa experiência foi Hugo Barreto, 21, hoje formado em música na França. Tudo começou aos 17 anos quando ele foi estudar na Alemanha, como seus pais eram alemães, já possuía cidadania européia. “Comecei estudando em Berlim, na capital, fazendo o ensino médio ainda, com uma bolsa de estudos que consegui fazendo prova para uma escola de lá. No primeiro mês eu fiquei em albergue, depois já consegui um emprego de pedreiro e assim consegui dividir um apartamento com outros estrangeiros.” No começo foi um pouco difícil, mas como já sabia inglês, conseguiu se comunicar com outros intercambistas e todos conseguiam compreender. “Pra mim foi fácil aprender a língua alemã, acho que já estava no sangue. Enquanto estava lá pude viajar por quase todos os países da Europa, são tantos que já até perdi as contas. Tudo isso apenas de trem e uns aviões menores que são absurdamente mais baratos que no Brasil, com preços que variam de 3 a 20 euros.” “Depois de me formar, comecei a participar como organizador de eventos de música eletrônica pela Europa, e como na escola já havia feito muitos trabalhos ligados a música, decidi que esse era o meu caminho. Fui morar na França, fazendo alguns bicos como garçom e animador


em festa de crianças consegui pagar um curso de artes e música e assim consegui contatos para trabalhar na Barclay Records, uma gravadora francesa. E nela consigo gravar músicas de rap, reggae e hip hop de minha própria autoria, e nos quatro idiomas que aprendi. São poucos que imaginam a loucura que é ter 4 idiomas diferentes circulando na sua cabeça. Menos ainda sabem como é. “ Conta Hugo sobre tudo que passou para conquistar seus objetivos. Pensando no futuro, Hugo diz que não que dinheiro, não é seu principal interesse no momento. “Quero viajar, mostrar minha capacidade, fazer novos amigos e conhecer novas culturas. Com dinheiro dá pra fazer isso tudo, mas artificialmente. Quero fazer isso tudo por mim pra mostrar que ainda temos conexão com a naturalidade da vida.” Que viajar faz bem para o corpo e a alma todo mundo já sabe. Mas a ciência resolveu comprovar em diversas pesquisas vários benefícios de sair de casa. Nos Estados Unidos, o professor de neurociência David Eagleman, do Baylor College of Medicine, fez uma série de experimentos sobre rotina e aprendizado. Ele comprovou que a forma mais fácil de refrescar seu cérebro é viajar pelo mundo e conhecer lugares diferentes. Nesses momentos, seu cérebro vai voltar a trabalhar com força total. Já uma pesquisa As belas luzes de Amsterdam à noite

da Universidade de Indiana, na cidade de Bloomington, convidou voluntários para um teste. Eles precisavam criar soluções de transporte para a cidade. Enquanto um grupo vivia em Bloomington, o outro morava na Grécia. As ideias mais criativas saíram dos estudantes de fora. A constatação é que quando você se distancia do problema, seja geograficamente, com uma viagem de férias, você encontra soluções menos óbvias. Sentir medo antes de uma viagem é natural e todos sentem, pois estamos indo rumo ao desconhecido, com culturas, idiomas, pessoas e costumes diferentes. Mas a diferença entre o medo e a coragem está na atitude de ver tudo isso como um grande desafio, uma experiência única com inúmeros aprendizados. Você nunca voltará o mesmo de uma viagem de intercâmbio porque mudamos nosso modo de pensar, e com certeza sempre para melhor. Passamos a dar valor para pequenas coisas que antes não nos importávamos. Passamos a ver o mundo como ele realmente é, e não mais só através de fotos, revistas, jornais, televisão. Vivemos em um mundo maravilhoso, e só os corajosos são os merecedores desta sabedoria e terão o grande prazer de vivenciar e sentir isso. E não se esqueça: temos apenas uma vida pra viver.

Debora Cardoso

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FAVELAS

gastronomia gastronomia

GASTRONOMIA DAS

D

o morro para o asfalto e também para o mundo. E não é do samba que estamos falando, mas da gastronomia das comunidades cariocas. O recente processo de instalação de Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) em favelas no Rio permitiu que seus temperos e sabores, antes restritos apenas aos moradores, fossem revelados. E o melhor: mostram que não é preciso pagar caro para comer bem. O Bar do David, no alto da ladeira do Chapéu Mangueira, no Leme, já recebeu celebridades nacionais e internacionais, e até prêmios. O boteco, conhecido por seu feijão tropeiro (R$ 24,90) e a feijoada de frutos do mar (R$ 29,90), saiu até no “New York Times” e no “Discovery Channel”. A novidade da casa é o Dubai Carioca (R$ 22.90), que disputou o concurso “Comida Di Buteco 2014”. A iguaria é servida em uma porção de oito bolinhos. A massa é preparada com arroz e molhos de sardinha e alcaparras. Na decoração, um quadro com assinaturas das estrelas de Hollywood e chefs renomados que já visitaram o lugar. Perto dali, na ladeira Ary Barroso, no Morro da Babilônia, também no Leme, o Bar do Alto, inaugurado em janeiro deste ano, tem uma vista privilegiada das praias do Leme e de Copacabana. Ideal para ser apreciada ao entardecer com

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O roteiro dos pratos oferecidos nos melhores bares das comunidades da Zona Sul

Por Gabriela Mendes Fonte: O Globo Online

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boa companhia e cerveja - ou drinques inventivos, como a mistura de suco de tangerina, vodca e espuma de limão. Além do visual, os outros pontos altos da casa são o frango com alecrim e limão (R$ 22), o risoto com bobó de camarão (R$ 24.50) e a moqueca nordestina (R$ 27). Na vizinha Copacabana, o botequim mais popular da Ladeira dos Tabajaras, o Point Lanches, é comandado por Ivan de Avelar, o Baiano. A casa começou como uma loja de sucos e sanduíches, mas depois da inauguração da UPP na comunidade, ele a mulher Waldirene foram mudando de ramo, até virar um típico pé-sujo. No cardápio, destaque para a tilápia com baião de dois (R$32), os bolinhos de bacalhau (R$ 16) e o frango à passarinho (R$18). Um pouco mais longe dali, no Vidigal, a boa pedida é conhecer o Bar Lacubaco, que tem uma linda vista para o mar. Quem assina o cardápio é Fábio Pimenta, que há quatro anos, depois de um acidente no joelho, resolveu se arriscar e abrir um negócio com a mulher. Hoje colhe os frutos com a casa cheia. Entre os pratos mais pedidos estão o filé mignon com arroz à piamontesa (R$28) e a peixada (R$ 24), uma caldeirada de frutos do mar com feijão branco, que leva polvo, marisco, camarão e peixe. 1o semestre 2015 - Nome Revista .

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MESA FARTA da comunidade para o asfalto

MESA FARTA da comunidade para o asfalto

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Por Gabriela Mendes Fonte: O Globo Online Em 11/06/2015 1o semestre 2015 - Nome Revista .

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NOS CURSOS DE CULINÁRIA, RECEITA PARA GARANTIR O GANHA-PÃO

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ão basta aprender a cozinhar, tem que melhorar de vida. A frase é simples, e a receita de sucesso, garantida. Com esta ideia como ingrediente principal, cresce o número de iniciativas que buscam a inserção social de moradores de comunidades carentes por meio de aulas de culinária. A safra de bons exemplos da força da gastronomia como agente de transformação social inclui os projetos Maré dos Sabores, Gastromotiva e Favela Orgânica, que, além de ensinar técnicas e truques culinários, incentivam a geração de renda, a promoção de direitos humanos e o consumo responsável de alimentos. E eles já dão frutos. Braço gastronômico da ONG Redes de Desenvolvimento da Maré — que oferece projetos gratuitos de arte, cultura, comunicação, educação e segurança pública —, o Maré dos Sabores surgiu em 2010 por uma demanda das moradoras da comunidade e une gastronomia e direitos humanos em um só cardápio. Deu tão certo que recebeu, em 2012, o prêmio de Objetivos do Milênio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) pela promoção da igualdade entre os sexos e a valorização da mulher. À frente da iniciativa está Mariana Aleixo, de

26 anos, moradora da Maré. Formada em gastronomia e com doutorado em engenharia de produção, ela sonhava ser chef e chegou a trabalhar na cozinha do Copacabana Palace e de restaurantes sofisticados. Até que começou a se incomodar com a disparidade entre os preços dos pratos servidos e os salários das pessoas que os preparavam. — Revi meu conceito sobre a área e quis me dedicar a um projeto com mulheres da minha comunidade — conta Mariana. Hoje, o curso forma 30 mulheres por semestre. Parte das ex-alunas trabalha no bufê do projeto, que prepara, sob encomenda, refeições vendidas não só na comunidade, mas também fora. A maioria das receitas é nordestina e preparada com produtos orgânicos conseguidos graças à uma parceria com a UFRJ. Para o futuro, sonham com um restaurante próprio. De aluna a dona de dois bares Outra iniciativa de sucesso é a Gastromotiva, uma organização sem fins lucrativos fundada em 2010 pelo chef

O Gastromotiva é comandado pelo chef David Hetrz e oferece cursos de gastronomia para pessoas com baixa renda

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Projetos como Maré de Sabores, Favela Orgânica e Gastromotiva promovem inserção social David Hertz, em São Paulo, e que chegou ao Rio em 2013 para oferecer cursos gratuitos de gastronomia a pessoas em situação de vulnerabilidade econômica. Tudo graças a parcerias com 25 restaurantes, que ajudam nas despesas e depois contratam ex-alunos, e da Unisuam, em Bonsucesso. Cerca de três mil pessoas se candidataram a uma vaga no último trimestre, mas a turma comporta apenas 50 alunos de cada vez. Dona do Bar Lacubaco, no Vidigal, Fabíola Barroso, hoje com 31 anos, conseguiu uma vaga na primeira turma, no ano passado. Ela conta que, graças ao curso intensivo, aprendeu técnicas de culinária que a ajudaram nos negócios: —Minha vida mudou, em todos os sentidos. Meu negócio está mais sólido. Aprendi a cozinhar na marra, sem técnica. Agora, com estudo qualificado, também virei sócia do Bar da Laje. No Morro da Babilônia, no Leme, merece destaque a Favela Orgânica, que ensina moradores a ter uma alimentação sustentável, mostrando o preparo de pratos e quitutes com ingredientes que seriam descartados, como cascas, talos e sementes. Criado pela paraibana Regina

Tchelly, de 31 anos, o grupo — que começou incentivando a plantação de uma horta na comunidade e, em 2011, ganhou apoio do movimento Slow Food Brasil, — cresceu, e o projeto chegou a estados como Pernambuco, Paraíba, Ceará e São Paulo. A hoje empreendedora social Regina dá aula de capacitação profissional e emprega moradores da comunidade no Bufê de Gastronomia Alternativa, com receitas que visam o máximo de aproveitamento dos alimentos. Capacitação no menu A capacitação profissional também está no menu do Rio Gastronomia. Desde sua primeira edição, o evento — uma realização de O GLOBO, com apresentação da RioTur, patrocínio master da CEG e do Sebrae, patrocínio do Azeite Gallo e Nextel, apoio Senac, Volkswagen Caminhões e Ônibus, Air France e Deli Delícia, parceria do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes (SindRio) — oferece cursos como os de garçom, cozinheiro e sushiman para a equipe dos restaurantes inscritos no Roteiro Gastronômico. As aulas são no SindRio, e cada estabelecimento pode inscrever dois funcionários.

Regina Tchelly, do Favela Orgânica, ensina os moradores do Morro da Babilônia a ter uma alimentação sustentável

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‘Game of Thrones’ se liberta de livros e decola

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m desavisado que começou a assistir a quinta temporada de “Game of Thrones” (HBO) após desdenhar todas as anteriores, entediado com os episódios iniciais em 2011, se pegou esperando ansiosamente por uma prometida batalha, fisgado pelos acontecimentos que se sucederam nas telas nos últimos domingos. Nas telas, mas não nos livros. As mudanças que provocaram surpresa e reclamações dos fãs da interminável série literária de George R. R. Martin também tornaram a versão para a TV mais ágil e instigante para quem não leu o original. É natural que roteiros inspirados em livros condensem personagens e porções narrativas das tramas em que se baseiam para que estas caibam em uma limitada quantidade de horas. Às vezes, a tela pede soluções explícitas para aquilo que no papel era sutileza ou insinuação. Os roteiristas de “Game of Thrones” têm

sacudido a história de tal modo, porém, que personagens centrais tiveram a trajetória virada do avesso – e com aval de Martin. “O que acontece com Sansa é novidade para quem leu e quem não leu o livro”, diz a jornalista Natasha Madov, que releu os cinco volumes já lançados do que promete ser uma “septualogia” (esta colunista não leu e foi ouvir especialistas). “Os dois últimos livros não têm ação.” Não é difícil supor um temor dos produtores de o autor não terminar os livros dentro do cronograma previsto para a série (o primeiro foi lançado em 1996; o quinto, em 2011). Dada a enorme audiência e sua expectativa, isso já seria motivo suficiente para pisar fundo no acelerador e correr pelo acostamento. Mas as mudanças também consertaram uma história que já patinava e, com tantos fóruns on-line para debatê-la, não surpreendia. Westeros inteira parece ter despertado com uma overdose de cafeína. Além de Sansa (Sophie Turner), que protagonizou uma cena cruel destinada a uma personagem menor no livro, foram alvo

do surto criativo dos roteiristas Jorah Mormont (Iain Glen) e Tyrion (Peter Dinklage); Jaime (Nikolaj Coster-Waldau); Littlefinger (Aidan Gillen); Mance Rayder (Ciarán Hinds) e Brienne (Gwendoline Christie). E não foi só a ação que ganhou espaço; a política e a crítica social, com a ascensão mais rápida e destacada do fanatismo religioso na narrativa, mudaram o tom da série para melhor. Parte dos personagens secundários ficou de lado, dando uma nova dinâmica à edição. O próprio Martin, assediado por fãs dos livros que exigiam fidelidade máxima nas telas, explicou com enfado em seu site, no último dia 18, que “são dois jeitos de contar a mesma história” e elogiou a HBO por haver avançado mais de 40 horas na tarefa “impossível de adaptar romances extremamente longos e exageradamente complexos com centenas de personagens e subtramas”. “Há diferenças desde o início, e, em efeito borboleta, pequenas mudanças causam grandes que levam a outras enormes”, concluiu. Que bom que as borboletas de Martin parecem ter asas de dragão.

cinema

Stephanie Lopes Fonte: http://www1.folha.uol.com.br 30 de maio de 2015

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OS GRANDES VENCEDORES

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Fonte: http://g1.globo.com

24 de maio de 2015

Palma de Ouro O filme “Dheepan”, do francês Jacques Audiard, recebeu na noite deste domingo (24), no Festival de Cannes, a Palma de Ouro da 68ª edição. O filme conta a história de um ex-guerrilheiro do grupo Tigres de Libertação da Pátria Tamil do Sri Lanka que chega a França com um passaporte falso, ao lado de uma jovem e de uma criança que se passam por sua família. Grande Prêmio O filme “Saul Fia” (“Son of Saul”), uma impactante história em um campo de concentração, do jovem cineasta húngaro Laszlo Nemes, foi premiado com o Grande Prêmio do Festival de Cannes. “Saul Fia” conta o drama de um prisioneiro em um campo de concentração que acredita descobrir o corpo de seu filho entre uma pilha de mortos na câmara de gás e em meio à barbárie nazista tenta enterrá-lo segundo o ritual judeu. “Este continente ainda está habitado pelo tema”, disse Nemes ao receber o prêmio. Melhor diretor O taiwanês Hou Hsiao-Hsien recebeu o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes pelo filme “The Assassin”, sobre uma assassina na China da dinastia Tang. Protagonizada pela grande estrela do cinema de Taiwan Shu Qi, o filme é construído como uma série de quadros e se mantém afastada do gênero das artes marciais, ainda que elas estejam presentes, maravilhosamente coreografadas. Ambientado no século 9, o filme é visto como uma pintura antiga e difícil de ser entendido por uma visão ocidental. Câmera de Ouro O filme “La tierra y la sombra”, do colombiano César Acevedo, sobre as relações de uma família em uma

plantação de açúcar, foi o vencedor da categoria Câmera de Ouro, que premia o melhor filme de um diretor estreante no Festival de Cannes. Exibido na “Semana da Crítica”, o filme já havia recebido o Grande Prêmio desta mostra paralela. Melhor roteiro O filme “Chronic” do mexicano Michel Franco, impactante retrato de um enfermeiro que cuida de pacientes em estado terminal interpretado pelo britânico Tim Roth, venceu o prêmio de melhor roteiro do Festival de Cannes. Rodado em inglês, “Chronic” era o único filme da América Latina na mostra oficial este ano em Cannes, onde o cineasta mexicano de 35 anos foi premiado em 2012 na mostra Um Certo Olhar com “Después de Lucía”. Melhor Atriz A americana Rooney Mara (“Carol”) e a francesa Emmanuelle Bercot (“Mon Roi”) foram anunciadas neste domingo como as vencedoras do prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes. A decisão do júri pegou quase todos de surpresa, já que muitos apostavam em um prêmio para a australiana Cate Blanchett, que interpreta a mulher que se apaixona pela personagem de Rooney Mara no filme “Carol”, do americano Todd Haynes. O júri, presidido pelos irmãos Joel e Ethan Coen, decidiu dividir o prêmio entre Mara e Bercot, protagonista do filme “Mon Roi”, da diretora francesa Maiwenn. Melhor ator O ator francês Vincent Lindon venceu o prêmio de interpretação masculina do Festival de Cannes por seu papel de desempregado no filme “La loi du marché” “(A lei do mercado”), do diretor francês Stéphane Brizé. Curta-Metragem O prêmio foi para o filme “Waves ‘98”, do diretor libanês Ely Dagher. 1o semestre 2015 - Nome Revista .

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A ninfomanĂ­aca de Lars Von Trier

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Escrito por Pablo Villaça 09 de junho de 2015

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scrito por von Trier a partir de sua já notória natureza depressiva, o filme tem início em uma vizinhança melancólica, marrom e chuvosa que, disposta em becos estreitos, exibe o corpo inconsciente de Joe (Gainsbourg). Resgatada por um habitante local (Skarsgård), ela passa a narrar as circunstâncias que a levaram a se transformar numa mulher coberta de sangue e traumas, deixando claro, desde o princípio, que não poupará a si mesma: “Eu sou um ser humano ruim”, afirma já de cara. A partir daí, saltamos para uma série de flashbacks que acompanham a moça da infância à fase adulta, quando passa a encarar o sexo com a diligência de uma vítima de transtorno obsessivo-compulsivo. Episódico por natureza, Ninfomaníaca emprega a conversa entre Joe e o pacato Seligman (o personagem de Skarsgård) como âncora narrativa, usando as associações livres feitas pelo sujeito como pontes para as novas passagens – ou capítulos – da vida da protagonista. Assim, uma observação sobre a polifonia nas composições de Bach dá origem a um flashback sobre três amantes importantes na vida da garota, ao passo que as (muitas) referências a pescaria com mosca inspiram a mulher a relembrar suas primeiras buscas por múltiplos parceiros em um trem. O curioso é que

estas divagações feitas por von Trier acabam se tornando atrativos à parte, mesmo que usadas como meras transições – e ver Seligman diferenciar as pessoas entre aquelas que cortam primeiro as unhas da mão esquerda e as que cortam as da mão direita é algo que eventualmente se converte em passagens que poderiam sobreviver isoladamente sem qualquer problema. De forma similar, é interessante perceber como o filme frequentemente comenta a própria narrativa, como, por exemplo, ao apontar que determinada coincidência na história de Joe é implausível apenas para observar que, para aproveitarmos melhor a experiência, devemos aceitar aqueles absurdos sem questionar. Surpreendentemente moralista ao insistir em julgar a protagonista por suas obsessões sexuais (ela é a primeira a se condenar por elas), Ninfomaníaca é o reforço que qualquer misógino quer ouvir acerca de suas percepções equivocadas, já que Joe mente sobre o orgasmo apenas para manipular os parceiros, jogando com seus companheiros de cama apenas para mantê-los presos ao seu sexo – e, neste aspecto, é um problema grave que este “Volume 1” aborde apenas metade da trajetória da moça, já que chegamos ao fim sem que um quadro completo sobre Joe seja pintado, o que pode levar o espectador a um julgamento crítico provavelmente equivocado sobre as intenções finais do cineasta, que, aqui e ali, indica ter uma visão mais compreensiva sobre Joe.

Outros longas de lARS VON TRIER Melancolia, 2011

O Anticristo, 2009

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Woody Allen:

“A única coisa que faz sentido na vida é distrair as pessoas.”

Fonte: http://brasil.elpais.com 15 de maio de 2015

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o próximo dia 1º de dezembro Woody Allen, fará 80 anos. O cineasta nova-iorquino não parece se importar muito com a mudança de década e assegurou na última edição de Cannes que não vai mudar de estilo, não abandonará o humor para entrar em análises profundas. “Outros artistas e muita gente em geral tem feito isso, porque a perspectiva muda com a idade. Mas não vai ser meu caso, não vou ficar sério, tipo Bergman. Meu talento está no humor, ninguém me dará dinheiro para rodar dramas. Já fui sério em minha juventude: dei entrevistas chatas e fiz filmes chatos”, contava com seu meio sorriso na apresentação à imprensa de Irrational Man. O protagonista desse filme noir é um professor de filosofia, Abe Lucas (Joaquin Phoenix) carismático e emocionalmente devastado, que sente que nenhuma das atividades a que se dedica (aulas, ativismo político, de ajuda humanitária) faz muita diferença. Nem quando se muda para uma pequena faculdade, onde começa a combinar duas relações: com uma professora – Parker Posey – presa em um casamento frustrante, e com sua aluna mais brilhante – Emma Stone. De repente, ao ouvir uma conversa em um restaurante, Lucas encontra uma motivação, um impulso vital que o transforma de repente, e lhe dá forças… embora esse estímulo o leve ao crime. Como professor de filosofia, Lucas fala sobre Kant, os existencialistas, Kierkegaard e –obviamente falando de crimes – há uma referência a Hannah Arendt e a “banalidade do mal”. Allen considera que não trouxe nada de novo à filosofia, mas seu 40 . Nome Revista - 1o semestre 2015

cinema é produto dos filósofos que leu. No entanto, refletiu amplamente em Cannes sobre a importância das decisões e das crenças na vida do ser humano. “Não acho que tenha dado espaço à irracionalidade neste filme, mas todos na vida temos de escolher, um fato que normalmente acontece de repente. Se a escolha for correta, tudo bem. Mas meu personagem Lucas se inclina para o irracional. Acho que o ser humano precisa acreditar, daí as religiões”. E aprofundou: “Li Primo Levi, e posteriormente outros sobreviventes de campos de concentração, e me dava conta de que, se tinham saído vivos daquele horror, foi por seu fervoroso comunismo. Tinham uma motivação. Então, em que acredita Woody Allen? Que sentido tem para ele a vida? “A vida passa, nós estamos acostumados a cavalgar em uma posição ruim… Devemos encará-la de forma positiva. Afinal, não há nenhum significa-

do nem sentido ulterior. Tudo o que foi criado se desvanece. As grandes obras de Shakespeare, Beethoven… puff, desaparecem. Para mim, a única coisa que faz sentido na vida é distrair as pessoas. Quando faço cinema, primeiro distraio a mim mesmo, e depois distraio o público. Durante uma hora e meia se esquecem do mau humor, da morte… É gratificante ver as pessoas rirem com seu trabalho, e no meu caso é ótimo me manter ocupado e não encarar a realidade”.


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esporte

DNA de

CAMPEテグ

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Bárbara Christie

Fonte: terra.com.br 26 de maio de 2015 Gabriel Medina? Mick Fanning? John John Florence? Kelly Slater? Esqueça os quatro primeiros colocados do Circuito Mundial de Surfe (WCT) no ano passado. O vencedor da tradicional etapa de Gold Coast , que abriu a temporada 2015 da Liga Mundial de Surfe (WSL), não tem o peso dos grandes nomes do esporte no momento, mas promete escrever uma bonita história em um futuro não tão distante. Filipe Toledo, ou Filipinho, como preferir, derrubou favoritos, ignorou torcedores locais, passou por cima de qualquer previsão precoce e faturou o cobiçado título na lendária praia de Snapper Rocks, nesta sexta-feira, na Austrália. Mas quem é Filipe Toledo? Para começar, é necessário ressaltar que o jovem de 19 anos, nascido em Ubatuba, no litoral norte de São

Paulo, é simplesmente o mais novo dos 34 surfistas que disputam a elite do esporte em 2015. Só isso. E ele ganhou na Gold Coast. Mas não foi uma simples vitória... Filipinho deu show em um dos picos mais conceituados do planeta. Depois de derrota para Dusty Payne e Adriano de Souza na primeira rodada (que não é eliminatória), o brasileiro emendou uma sequência de triunfos dominantes sobre rivais como Adam Melling, Kolohe Andino, Jordy Smith, Matt Wilkinson, Bede Durbidge, Adriano de Souza e Julian Wilson. Tudo foi coroado com uma nota 10 na última onda do campeonato. Filipinho é um dos principais expoentes da chamada Brazilian Storm (ou “Tempestade Brasileira”), como é chamada a atual e promissora geração do surfe brasileiro . Ela tem Gabriel Medina como maior nome, Adriano de Souza como o mais experiente, e Miguel Pupo, Jadson André, Ítalo Ferreira e Wiggolly Dantas como excelentes

valores. Dos quatro semifinalistas na Gold Coast, três eram brasileiros (Pupo, Toledo e Souza). Deles, só o caçula sobreviveu. Isto espantou. O site da WSL, por exemplo, classificou como “expressiva” a vitória de Filipinho na Austrália. “Você ainda está impressionado?”, perguntava a manchete da publicação, ainda atônita com o triunfo do jovem. Quem acompanha a carreira do jovem, contudo, sabe que não... a vitória dele na Gold Coast não é tão surpreendente assim. Filipinho está em franca evolução na ainda curta carreira e pode fazer verdadeiros estragos na elite mundial daqui a alguns anos. O brasileiro foi o 17º colocado no WCT do ano passado e terminou 2014 como líder do ranking da WQS – espécie de categoria de acesso do surfe. A participação na WSL de 2015 é apenas a terceira da carreira do ubatubense, que ingressou entre os “gigantes” do esporte com somente 17 anos – ele foi 15º colocado em 2013.

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ABSO

Com 17 medalhas, Brasil confirma hegemonia continental e é

Bárbara Christie

Fonte: cbj.com.br 26 de maio de 2015 Retorno de Mayra Aguiar aos tatames depois do título mundial em 2014, expectativa pelo fim do jejum de nove meses sem pódio para Sarah Menezes, equipe masculina favorita em várias categorias, seis medalhistas olímpicos e quatro campeões mundiais convocados. Antes mesmo da primeira luta, o Campeonato Pan-americano de 2015, realizado em Edmonton, no Canadá, de 24 a 26 de abril, já prometia grandes emoções para a seleção brasileira. E não decepcionou no Campeonato. Ao final dos três dias de competição, a equipe formada por Sarah Menezes (48kg), Érika Miranda (52kg), Rafaela Silva (57kg), Mariana Silva (63kg), Ketleyn Quadros (63kg), Maria Portela (70kg), Barbara Timo (70kg), Mayra Aguiar (78kg) e Rochele Nunes (+78kg), no feminino; Felipe Kitadai (60kg), Eric Takabatake (60kg), Charles Chibana (66kg),

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Alex Pombo (73kg), Victor Penalber (81kg), Tiago Camilo (90kg), Luciano Corrêa (100kg), Rafael Silva (+100kg) e David Moura (+100kg), no masculino, conquistou 17 medalhas, sendo nove ouros, sete pratas e um bronze. Um resultado que deu ao Brasil o primeiro lugar geral na competição, muito à frente do seu grande rival nas Américas, a seleção de Cuba, que ficou em segundo com quatro ouros, duas pratas e oito bronzes. O meio médio (81kg) Victor Penalber foi quem puxou a “chuva de ouros” brasileira. No primeiro dia de combates, superou o colombiano Pedro Castro, o americano Travis Stevens e, na final, o argentino Emmanuel Lucenti, subindo no lugar mais alto do pódio. “O resultado foi importante. É uma competição com uma pontuação muito alta e, neste ano, que vai ser uma corrida olímpica, esses 400 pontos (no ranking mundial) vão ser muito importantes”, avaliou Penalber, que agora tem quatro títulos pan-americanos. “Tomara que esse primeiro ouro tenha sido o ‘abre-alas’

e que a gente traga muitas medalhas desse Pan-americano”, finalizou em tom de profecia. No mesmo dia, o time masculino conquistaria mais duas medalhas de ouro, com as vitórias de Tiago Camilo (90kg) e David Moura (+100kg), e duas pratas de Luciano Corrêa (100kg) e Rafael Silva (+100kg), que fez final verde e amarela contra César Moura e obteve a vitória.


LUTO

campeรฃo pan-americano de 2016 em Edmonton no Canadรก

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ARTHUR ZANETTI

Bárbara Christie Fonte: sport.com.br 26 de maio de 2015

Só faltou ter uma faixa “Eu já sabia”. Assim que Arthur Zanetti terminou sua série nas argolas na etapa de São Paulo da Copa do Mundo de ginástica, os mais de sete mil presentes no ginásio do Ibirapuera ecoaram: “É Campeão”. Após mais uma apresentação espetacular, Zanetti recebeu a nota de 15,900, pior do que a feita nas eliminatórias, mas ainda assim digna de aplausos de pé. Afinal, foi a mesma pontuação que fez para conquistar o ouro olímpico em 2012. A festa foi dupla para o Bra46 . Nome Revista - 1o semestre 2015

sil: Henrique Flores, companheiro de treinos de Zanetti, ficou com a prata (15,1000), deixando para trás o argentino finalista olímpico Federico Molinari (15,000). - Foi tudo bem planejado, consegui trazer essa medalha maravilhosa. Foi muito bom competir em casa. Eu estava praticamente no final da minha série e estava respirando, estava tranquilo. Tinha força para gastar à vontade. Sentimos mesmo a força do povo brasileiro, faz a diferença. Fiquei feliz pelo Henrique também. É um cara muito dedicado, que trabalha muito e conseguiu uma medalha em etapa de Copa do Mundo do Brasil. - disse o brasileiro. Zanetti não fez uma série tão limpa como

nas eliminatórias, quando conseguiu a maior nota da carreira (16,050). As cordas dar argolas balançaram um pouco mais e a saída não foi cravada, e sim seguida de um pequeno passo. Algo que fez a diferença na nota final, mas pouco influenciou no resultado: Arthur era ouro. No pódio, uma cena emocionante. Com duas bandeiras do Brasil e um Ibirapuera praticamente lotado, o hino nacional foi tocado e, após 45 segundos, desligado, como de costume nos grandes eventos. A torcida seguiu à capela até o fim da primeira parte. Após a cerimônia, Juliana Gatto, namorada de Zanetti, ganhou o buquê de flores que foi entregue ao campeão.


FLAVIA SARAIVA

Bárbara Christie Fonte: sport.com.br 26 de maio de 2015

No mesmo ginásio onde Daiane dos Santos foi campeã da SuperFinal da Copa do Mundo em 2006, quando o sistema de som deu problema e a torcida bateu palma no ritmo da música, outra brasileira brilhou. A pequena Flavia Saraiva, ou Flavinha como já vem sendo chamada pelos torcedores, conquistou neste domingo a medalha de ouro no solo na Copa do Mundo de São Paulo. Desta vez, não precisou o áudio dar problema para a torcida entrar em ação. Bastou um pequeno desequilíbrio na segunda acrobacia (dupla e meia pirueta) para o público bater palmas no ritmo da música e erguer a moral da brasileira. No

fim, nota de 13,625 e o título, deixando para trás a alemã Elizabeth Seitz (13,400) e Leah Griesser (13,325). Outra brasileira na prova, Lorrane Oliveira, sofreu uma queda e ficou em oitavo. Era a primeira apresentação de solo em uma competição adulta internacional de Flavia. Ao som de Andre Rieu, a brasileira não começou bem. No início, uma aterrissagem falha que lhe tirou alguns décimos. Depois, saltos e piruetas quase perfeitos, até que na penúltima série, outro erro. Pisou fora do tablado no duplo carpado, foi punida e perdeu pontos. Ainda assim, continuou com sorriso no rosto e com a graciosidade que já conquistou o público. O ginásio “veio abaixo” ao término da apresentação da brasileira. A angústia da nota durou pouco mais

de um minuto. Neste período, a torcida ainda aplaudia e gritava o nome de Flavia e do Brasil, esperando a divulgação do resultado. Flavia aparecia no telão, calma, fazendo um coração com as mãos para todos que a viam no ginásio e pela TV. Quando foi divulgada a nota de 13,625, o sorriso tomou conta da jovem brasileira e o barulho no Ibirapuera foi ensurdecedor. No mínimo a prata estava garantida, pois ainda faltava a apresentação de Leah Griesser, da Alemanha.. Mesmo sabendo que a europeia podia “estragar” a festa brasileira, o público aplaudiu de pé a apresentação de Griesser. A alemã foi muito bem no tablado, mas não o suficiente para tirar o título de Flavia. Ficou com o bronze, e pontuação de 13,325.

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