Revista InForme - C406D - Facha - 2020/1

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A ameaça Bolsonaro “Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda toma tubaína”

Revolta contra a morte de George Floyd se intensifica em Minneapolis Página 30

Por que o Real é a moeda que mais perdeu em relação ao dólar em 2020 Página 24

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10 Dicas de séries e filmes sobre gastronomia para ver na Netflix Página 58

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EXPEDIENTE: Revista InForme Trabalho Acadêmico válido como AV2. EDITORIAL: Caro leitor, Esta edição da Revista Informe do 1º semestre de 2020, foi realizada de maneira distinta. O Brasil se encontra no meio da pandemia por Coronavírus e infelizmente este projeto não pode ser realizado como usualmente seria, e sim por contato virtual entre todos os colaboradores. Informamos que, todas as matérias contidas nesta revista foram produzidas pelos próprios alunos ou foram retiradas de matérias já publicadas em algum veículo midiático, que tiveram seus créditos devidamente inseridos, assim como as imagens.

FACHA - Faculdades Integradas Hélio Alonso. Campus: Botafogo. Disciplina: Editoração Eletrônica II. Curso: Comunicação Social - Jornalismo. Turma: C406D - 1º Semestre de 2020. Prof.: Gilvan Nascimento. Revista impressa desenvolvida como trabalho acadêmico válido como verificação final, idealizada para os alunos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Facha - Faculdades Integradas Hélio Alonso. As matérias podem não ser originais, bem como as imagens. As que não foram produzidas pelos alunos, deverão ter seus créditos devidamente inseridos. Vale ressaltar que os alunos da turma foram responsáveis por toda a diagramação, planejamento e programação visual com a orientação do professor da disciplina e que foram mantidos os erros cometidos pelos mesmos na produção como forma de avaliação. Alunos que participaram deste projeto: EDITORA: Larissa Ribeiro da Silveira EQUIPE: Bruno Fajardo Mendes, Eduardo Raddi Meier, Guilherme Freitas Lacerda, Laren Aniceto Moreira, Luis Eduardo de Figueiredo Gonçalves e Maria Clara Ferreira da Silva

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Nacional............... ......................06 Política ....................................... 13 Economia .................................. 21 Internacional ............................. 30

Sumário

Sociedade .................................. 39

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Gastronomia ............................. 52

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NACIONAL

Bolsonaro amplia uso da cloroquina e admite que pode trazer efeitos colaterais graves Protocolo do Ministério da Saúde agora vale para casos com sintomas leves. E exige que pacientes assinem termos se responsabilizando por riscos Luis Eduardo de Figueiredo Fonte: www.brasil.elpais.com Em: 20/05/20

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ele sabe que não há estudos conclusivos de que a cloroquina melhoraria seu quadro de saúde e conhece os inúmeros efeitos colaterais que o medicamento pode causar, como problemas cardíacos, disfunção do fígado e problemas de visão. Esse remédio é usado para tratamentos de outras doenças, como: malária, lúpus e artrite.

avozdacidade.com

m um novo protocolo, em que admite que não há comprovação de eficácia e assume a possibilidade de riscos colaterais graves da cloroquina, o Governo de Jair Bolsonaro mudou nesta quarta-feira a

orientação para médicos que tratam pacientes com a covid-19. O documento assinado pelo Ministério da Saúde, pasta ainda sem um ministro oficial, afirma que a droga pode ser receitada até no caso de sintomas leves da doença. Para isso, entretanto, o paciente precisa assinar um termo de consentimento, que afirma expressamente que

Remédio cloroquina Trabalho acadêmico válido como AV2 da turma C406D de Editoração Eletrônica da FACHA - 2020/1

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É só uma Gripezinha

Presidente Jair Bolsonaro

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A pasta liderada pelo general Eduardo Pazuello desde a saída do ministro Nelson Teich há menos de uma semana já autorizava, desde a gestão de Luiz Henrique Mandetta, o uso do medicamento desde que médico e paciente assumissem juntos os riscos de efeitos colaterais. Seguia um parecer técnico do Conselho Federal de Medicina, que autoriza a prescrição da cloroquina em caso excepcional e diante da falta de medicamentos eficazes para tratamento da covid-19, mas não a recomenda. Tanto Mandetta quanto seu sucessor Teich orientavam que apenas casos graves fossem tratados com o medicamento, dentro dos hospitais, onde há estrutura para fazer o monitoramento do paciente caso ele apresente arritmia cardíaca, por exemplo. Mas nas últimas semanas, Bolsonaro elevou a pres- Nelson Teich, ex-ministro da saúde folhavitoria.com.br/

Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da saúde

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diariodepernambuco.com.br/

são para mudar o protocolo, culminando com a demissão de seu segundo ministro da Saúde. Ainda no início da crise, o presidente havia determinado um salto na produção do medicamento pelo Exército. O presidente que tem defendido repetidas vezes a necessidade de reabrir a economia mesmo quando a curva de contágios ainda segue crescente e o país já ultrapassa o registro de 1.000 mortes diárias tem dito que cabia a ele a decisão e que, embora no futuro a ciência possa concluir que a cloroquina tinha apenas um efeito placebo, ele quer que o próprio paciente decida se será tratado com o medicamento. Bolsonaro não comentou os efeitos colaterais graves que a cloroquina pode causar e voltou a polarizar seu uso. “Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda toma Tubaína”, chegou a declarar, rindo, em uma entrevista online a um jornalista nesta terça-feira (19). 7


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documento divulgado pelo Ministério da Saúde não obriga médicos a prescreverem a cloroquina, mas dá uma mensagem expressa com orientações para o seu uso. A pasta traz uma classificação de quais são os sintomas leves, moderados e graves da covid-19. E estipula a dosagem e o número de dias para o uso do medicamento. Argumenta que ainda não há medicamentos com eficácia comprovada e que já há hospitais privados com protocolos próprios, então a ideia é ampliar o uso da cloroquina no SUS. Especialistas ouvidos pelo EL PAÍS rechaçam que haja benefício

Ministério da Saúde

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no uso precoce do remédio e há unidades de saúde, como o Hospital das Clínicas, que não o utilizam sequer nos casos graves, já que não há estudos que embasem sua eficácia. Os Estados Unidos, país citado várias vezes por Bolsonaro como exemplo no uso do medicamento, já retiraram a recomendação do uso de altas doses de cloroquina para o tratamento da doença fora de hospitais. Na última segunda-feira, a Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) desaconselhou o uso do medicamento, “visto que diferentes estudos mostram não haver benefícios para os pacientes” que a utilizaram e devido aos efeitos colaterais

(principalmente problemas cardíacos) que podem levar à morte dos pacientes. A orientação para o uso da cloroquina associada a outros medicamentos é o primeiro de três pontos que o Ministério da Saúde está revisando para o manejo de pacientes com o novo coronavírus. Além do uso de fármacos, o Ministério deve dar novas orientações relacionadas ao uso de equipamentos e recursos humanos. Por enquanto, a pasta só divulgou a primeira parte das novas orientações. “O Ministério da Saúde está consolidando as orientações para o manejo de pacientes com a covid-19”, diz a pasta.

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Investigado, Witzel atua para afastar ‘banda podre’ do governo Em meio a uma avalanche de denúncias de corrupção, o governador do Rio de Janeiro, se desdobra para salvar a própria pele e a carreira política alerj.rj.gov.br

Edmar Santos, secretário de saúde afastado

Luis Eduardo de Figueiredo Fonte: www.veja.abril.com.br Em: 29/05/20

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m reunião de emergência até altas horas da noite desta quinta-feira, 28, no Palácio Guanabara, Witzel demitiu dois secretários estaduais de uma tacada só e se prepara para afastar outros subordinados. Ele também já se movimenta para deixar o PSC, partido que o elegeu sob o comandado do pastor Everaldo Dias Pereira, da Assembleia de Deus. De possível candidato à Presidência da República em 2022, o ex-juiz federal, que na

campanha eleitoral de 2018 prometeu combater os maus feitos de antecessores, agora, quer se livrar da “banda podre” da gestão iniciada há menos de dois anos e ganhar fôlego para sobreviver a cinco pedidos de impeachment na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Witzel e sua mulher, a primeira-dama Helena, são investigados. As operações Marcadores do Caos, Favorito e Placebo revelaram como funciona a engrenagem de desvio de dinheiro público, principalmente na área da Saúde. Witzel teve três celulares e três computadores levados pela

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Polícia Federal na última terça-feira. Na noite de quinta-feira, o governador pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para depor. Witzel argumenta ser vítima de perseguição política. Ele responsabilizou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), seu inimigo político, que parabenizou a PF pela ação. Cinco ex-governadores que foram eleitos no Rio e estão vivos já foram presos: Moreira Franco, Anthony Garotinho, Rosinha Matheus, Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão. Todos respondem em liberdade, menos Cabral, preso em Bangu 8 desde novembro de 2016. 9


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s reuniões de emergência no Palácio Guanabara continuaram nesta sexta-feira, 29. Pressionado, Wilson Witzel exonerou os secretários da Casa Civil, André Moura, e de Fazenda, Luis Cláudio Rodrigues de Carvalho. Aliado do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (preso na Lava-Jato) e integrante histórico do PSC, Moura foi indicado por Everaldo ao cargo. Embora negue, o pastor é responsável por indicações estratégicas no governo. Os dois aparecem em uma proposta de delação premiada do empresário Arthur Soares, o Rei Arthur, como revelou VEJA com exclusividade. Nela, o governador é apontado como o “chefe supremo” de um esquema montado para extorquir empresas prestadoras de serviço, com participação de Everaldo e Moura. O ex-secretário André Moura tinha papel fundamental para que Witzel afastasse o fantasma do impeachment na Alerj. A saída dele, no entanto, causou efeito cascata na Assembleia: o líder do governo Márcio Pacheco e o vice-líder Léo Vieira, ambos do PSC, deixaram as funções, agravando a crise. O PSL, ex-legenda de Bolsonaro, pode ser o destino do governador. Procurado por VEJA, Moura não respondeu. Na rede social, ele comentou sobre a demissão: “Após conversa com o governador Wilson Witzel, na noite da quinta-feira, 28, me despedi do cargo de chefe da Casa Civil e Governança do Rio de Janeiro, função que vinha desempenhando com todo respeito e responsabilidade, nos últimos oito meses. A decisão foi tomada em conjunto com o chefe do executivo do estado de forma amistosa”. Pastor Everaldo não atendeu as ligações. A assessoria de imprensa do PSC negou que Witzel vá deixar o partido. Anteriormente, Witzel exonerou o 10

secretário estadual de Saúde, Edmar Santos. O governador, porém, criou um novo cargo para o aliado, mantendo-o na gestão. Só que a Justiça impediu Edmar Santos de continuar no emprego. Preso na Operação Mercadores do Caos, Gabriell Neves, ex-subsecretário executivo da pasta, também foi afastado por Witzel. Em entrevista exclusiva à VEJA, Neves revelou que Edmar Santos sabia de todas as contratações emergenciais sem licitação feitas pela secretaria. Em depoimento ao Ministério Público no presídio de Bangu 8, ele confirmou as declarações a VEJA e admitiu as fraudes, uma delas vinculada ao Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas) para a montagem de sete hospitais de campanha por 835 milhões de

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pai de Felipe e ex-prefeito de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, aparece em um grampo telefônico da Operação Favorito. Nelson conversava com Luiz Roberto Martins Soares, preso na ação e ligado ao empresário Mário Peixoto. Os dois falaram sobre a revogação feita por Witzel de uma resolução que desclassificou o Instituto Unir para gerir UPAs. “Continuo trabalhando. Participei até da reunião do secretariado. O que vai acontecer, não sei. Soube (da possível saída) pela imprensa”, disse Felipe Bornier. Procurado por VEJA, Leonardo Rodrigues, por meio da assessoria, diz não ter conhecimento de sua substituição.

blogs.oglobo.globo.com

reais. Apenas um, o do Maracanã, funciona. Outros dois secretários estaduais estão na mira de Witzel: Leonardo Rodrigues, titular da pasta de Ciência, Tecnologia e Inovação, e Felipe Bornier, de Esporte, Lazer e Juventude. Segundo suplente do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), Rodrigues é responsável pela Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) e pela Fundação Centro de Ciências e Educação Superior à Distância (Cecierj), órgãos onde, segundo procuradores da Lava-Jato, há indícios de irregularidades em contratos. Já Nelson Bornier,

Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro Trabalho acadêmico válido como AV2 da turma C406D de Editoração Eletrônica da FACHA - 2020/1

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www.odebateon.com.br

Lucas Tristão, secretário exonerado

novo coronavírus. Na decisão do STJ que deflagrou a ação, Tristão é mencionado como o elo do governador com Peixoto. Segundo o despacho do ministro Benedito Gonçalves, empresas de Mário Peixoto fizeram depósitos de R$ 225 mil para o escritório de advocacia de Lucas Tristão. O secretário sempre negou irregularidades. Ex-aluno Direito de Witzel no Espírito Santo e ex-coordenador de campanha do então candidato, Tristão também atua fortemente nos bastidores da

Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico (Agenersa). O secretário influenciou diretamente na abertura do mercado de gás no estado para permitir a construção bilionária de gasodutos por empresas como a Marlim Azul Energia S/A. Quem conduziu todo o processo foi o então conselheiro do órgão, José Bismarck. Mesmo após o fim do mandato, Bismarck ganhou um presente do amigo Tristão: foi reconduzido ao cargo de assessor especial da presidência da Agenersa. alerj.rj.gov.br

Apesar das trocas no primeiro escalão para descolar a imagem dos casos de corrupção, Witzel manteve Lucas Tristão, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais, homem forte do governador. Nos bastidores, Tristão ganha força com as mudanças no Palácio Guanabara e com a saída de desafetos, como os ex-secretários demitidos André Moura e Luiz Cláudio Rodrigues. Mas continua sendo alvo de deputados que ainda querem a sua cabeça. Um dos pedidos de impeachment contra Witzel é justamente porque Tristão foi acusado pelos parlamentares de produzir dossiês ilegais, por meio de escutas telefônicas, sobre esses políticos da Alerj. Os cinco requerimentos para afastar o governador estão nas mãos do presidente da Casa, André Ceciliano (PT). “Parece que ele (Witzel) quer confronto com os deputados. Está dando força a um cara (Lucas Tristão) suspeito de fazer grampos e dossiês”, afirmou Ceciliano em entrevista a VEJA. Tristão é amigo e ex-advogado do empresário Mário Peixoto, preso na Operação Favorito no último dia 14. Quase um mês antes, o secretário almoçou com Peixoto no domingo de Páscoa em meio à quarentena do

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Witzel discurssando na Alerj

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POLÍTICA

Protestos por George Floyd: a ‘vingança’ de China, Rússia e Irã e ao criticar repressão policial nos EUA Em países que frequentemente recebem críticas dos EUA por políticas repressivas, boa parte da cobertura da imprensa e da repercussão em redes sociais parece aproveitar o momento para mostrar como os protestos em massa viraram o jogo contra Washington. Imagem: insider.com

Manifestantes antiracistas de punhos pro ar Eduardo Raddi Fonte:: www.bbc.com Em: 31/06/20.

China O jornal estatal chinês Global Times contrapõe a resposta dos EUA aos protestos contra a morte de George Floyd ao apoio anterior de Washington aos manifestantes de Hong Kong, lembrando aos leitores que políticos dos EUA descreveram os atos em Hong Kong um “belo sinal” de democracia. O editor-chefe do jornal, Hu Xijin, escreveu que “o caos em Hong Kong durou mais de um ano e as forças militares não foram enviadas. No entanto, após apenas

três dias de caos em Minnesota, Trump levantou publicamente a possibilidade de o uso do poder de fogo e disse que forças militares poderiam ser empregadas”. Irã Poucos países têm relações tão tensas com os EUA quanto o Irã - um país em descompasso com Washington desde a Revolução Islâmica de 1979 e sujeito a duras sanções impostas por Washington. Logo depois que os protestos por George Floyd começaram nos EUA, a agência de notícias Fars do Irã publicou um comentário pedindo ao presidente Trump que cumprisse as obrigações ameri-

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canas sob o direito internacional de proteger suas comunidades negras. “Os EUA repreendem outros países por supostas violações de direitos humanos”, aponta o artigo, “mas se recusam de forma consistente e deliberada a reconhecer e abordar seu próprio histórico sombrio, assim como os de seus aliados no Oriente Médio.” A mídia do Irã também divulgou extensivamente um tuíte do ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, que comparou a brutalidade da polícia dos EUA contra afro-americanos às sanções do país 13


Imagem: diariodoacionista.com.br

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Trump em oratória

um país em que uma criança foi morta após ser atingida na cabeça por uma lata de gás lacrimogêneo, referindo-se a Berkin Elvan, de 13 anos, morto durante os protestos de 2013. Outros apontam para a atitude de “dois pesos e duas medidas” dos governantes turcos ao destacar o racismo nos EUA, enquanto “permanecem calados” em relação à violência nas províncias curdas da Turquia. “Como estão hoje os racistas do meu país que são contra o racismo nos EUA? Se suas críticas acabaram, deixe-me levá-los a Mardin”, diz o jornalista Nurcan Baysal.Junto à mensagem, Baysal compartilhou um relatório

sobre uma sepultura coletiva recentemente descoberta na cidade de Mardin, no sudeste do país, onde acredita-se que estejam os restos de 40 pessoas.

Imagem : epocanegocios.globo.com

Rússia Os EUA também foram acusados ​​de hipocrisia pela imprensa russa. O jornalista Dmitry Kiselyov disse na televisão que, se algo semelhante tivesse acontecido na Rússia, os EUA e outros países estariam pedindo a imposição de “novas sanções” contra Moscou. Desde a anexação da Crimeia pela Rússia, autoridades dos EUA impuseram sanções políticas e comerciais contra os russos. Kiselyov questiona por que Washington tentaria “ensinar o planeta a viver”, se os EUA não só têm cenas de “violência e brutalidade, mas também tem o maior número de mortes por coronavírus”. No programa de TV Itogi Nedeli, as políticas de Trump foram comparadas a um “cenário chinês”, no qual ele implementa “medidas duras contra manifestantes e uma proibição severa em redes sociais” - uma referência à ordem executiva do presidente dos EUA que busca impor maior responsabilidade às plataformas pelo conteúdo que nelas circula. O noticiário noturno Vremya, exibido no Canal Um da Rússia, fez observação semelhantes, dizendo que os EUA estavam reagindo aos protestos com táticas semelhantes às empregadas pelas autoridades da Turquia e do Egito, que Washington havia considerado anteriormente como “criminosas”. Mas a crítica turca aos EUA também provocou crítica de usuários turcos, que acusam Erdogan e seus apoiadores de hipocrisia. Em um popular fórum de debates online, um usuário diz que Erdogan é o presidente de

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Bolsonaristas copiam Ku Klux Klan em ato contra STF

Integrantes de grupo de extrema-direita marcharam com máscaras e tochas em Brasília Imagem: www.correiodopovo.com.br

Grupo “300” pelo Brasil na frente do planalto

Eduardo Raddi Fonte: congressoemfoco.com.br Em: 29/05/20 Os membros do grupo auto-intitulado “300 pelo Brasil” que apoiam o presidente Jair Bolsonaro e defendem o fechamento das instituições democráticas, marcharam nesta madrugada, com máscaras e tochas de fogo, até o Supremo Tribunal Federal (STF), onde protestaram aos gritos contra a corte e o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news. O ato se assemelha a manifestações feitas por racistas

americanos da Ku Klux Klan. As imagens também remetem às manifestações feitas por supremacistas brancos na Universidade da Virginia, em 2017, em Charlottesville. O episódio foi marcado pela violência deflagrada pelo movimento neonazista “Unite the right” (unir a direita, em português) contra a comunidade negra. Em frente ao Supremo, os participantes do grupo, que está acampado na Esplanada dos Ministérios, fizeram uma performance, com fundo musical, e gritavam “ahu”, expressão que tem sido utilizada por mmentos de extrema-direita em vários países. “Viemos cobrar, o STF não vai nos

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calar” e “Careca togado, Alexandre descarado”, repetiam os manifestantes sob o comando da líder, Sara Winter, um dos alvos do inquérito das fake news e da operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal na última quarta (27). Sara fez novos ataques ao ministro depois da ação dos policiais e o desafio a prendê-la. Moraes remeteu o caso dela para a primeira instância no sábado (05/06) O grupo 300 do Brasil está fazendo treinamentos paramilitares, onde ensinam técnicas de desobediência civil e serviços de inteligência antirrevolucionária.

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Planalto registra pelo menos 35 servidores infectados pelo novo coronavírus

Em média, cada um dos funcionários públicos ficou 14 dias afastado de suas funções no Palácio do Planalto Imagem: agazeta.com,br

Eduardo Raddi Fonte: www.istoe.com.br Em: 29/05/20 Ao menos 35 servidores da Presidência da República foram contaminados pelo novo coronavírus, sete deles auxiliares diretos do presidente Jair Bolsonaro. Os dados foram obtidos pelo Estadão por meio da Lei de Acesso à Informação e se referem ao início de março até o dia 20 de maio. Em média, cada um dos funcionários públicos ficou 14 dias afastado de suas funções no Palácio do Planalto. Até o dia 20 de maio, 76 exames haviam sido realizados nos ambulatórios da Coordenadoria de Saúde da Presidência (Cosau), dos quais seis testaram positivo para a covid-19. Os demais diagnósticos foram feitos em laboratórios externos. Após disputa judicial com o Estadão, o presidente apresentou, no dia 13 de maio, o resultado de seus três testes, que indicaram que ele não foi infectado pelo coronavírus. Desde o início da pandemia, o presidente tem descumprido as orientações das autoridades mundiais de Saúde para distanciamento social, indo a manifestações e visitando comércios. Nessas ocasiões, Bolsonaro, acompanhando por diversos auxiliares, frequentemente dispensa o uso da máscara, cumprimenta apoiadores com as mãos, faz selfies e pega crianças no colo. No Distrito Federal, o uso de máscara é obrigatório em locais públicos. A multa pelo falta do equipamento é de até R$ 2 mil, mas o presidente não foi punido apesar de infringir a regra. Em 16

Brasília

reuniões e eventos no Planalto, as medidas de proteção não são adotadas de forma unânime. O uso da máscara é adotado conforme a vontade de cada um nos encontros em salas fechadas. O Palácio do Planalto emprega atualmente 3.395 servidores, que trabalham na Casa Civil, Secretaria de Governo, Secretaria-Geral da Presidência e Gabinete de Segurança Institucional. Eles se dividem no prédio principal e nos anexos do Planalto. Por medida de segurança, pessoas acima de 60 anos e integrantes do grupo de risco puderam adotar o home-office. Quando um caso é confirmado, todos os outros funcionários que atuam no mesmo setor são encaminhados para testes. O primeiro caso de covid-19 confirmado no Planalto foi o do chefe da Secretaria Especial de Comunicação (Secom), Fabio Wajngarten, após viagem aos Estados Unidos com o presidente. Após Wajngarten testar positivo em 12 de março, Bolsonaro passou a ser monitorado e realizou três testes, mas

se recusou a exibir os resultados. Os documentos só foram entregues após ação judicial do Estadão. Após a viagem, outros servidores do Planalto também testaram positivo. Entre eles, o ministro-chefe do GSI, Augusto Heleno; o ajudante de ordens major Mauro César Barbosa Cid; o chefe do cerimonial, Carlos França, e o assessor especial para Relações Exteriores, Filipe Martins. Então diretor do Departamento de Segurança Presidencial, coronel Gustavo Suarez, também foi infectado. Pelo menos 23 pessoas da comitiva brasileira aos Estados Unidos foram infectadas, incluindo funcionários de Presidência, integrantes de outros ministérios, parlamentares e empresários. Entre os auxiliares diretos do presidente, o caso mais recente de contaminação foi o do porta-voz Otávio Rêgo Barros, que não viajou aos Estados Unidos. Diagnosticado no dia 5 de maio, ele tem a volta ao trabalho no Palácio do Planalto programada para esta quarta-feira, 3.

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De helicóptero e a cavalo, Bolsonaro prestigia ato contra STF e Congresso Presidente não segue os protocolos exigidos pelo Ministério da Saúde, não segue a lei do DF que exige o uso de máscaras e ainda gera aglomerações durante a pandemia de coronavírus Eduardo Raddi Fonte: www.otempo.com.br Em: 29/05/20 O presidente Jair Bolsonaro requisitou um helicóptero oficial para sobrevoar a Esplanada dos Ministérios neste domingo (31/05) e prestigiar mais uma manifestação a favor de seu governo e contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso. Depois, desceu e caminhou para cumprimentar seus apoiadores que estavam em frente ao Planalto. Ele não utilizava máscara, obrigatória no Distrito Federal como medida de combate à Covid-19. Em seguida, andou a cavalo diante de manifestantes. O presidente não deu declarações. No domingo passado (24/05), o presidente também havia utilizado um helicóptero para sobrevoar a área. Desta vez, uma carreata e pessoas à pé se dirigiram à Praça dos Três Poderes, onde um grupo se aglomerou à espera do presidente da República. O helicóptero, em um passeio de 40 minutos, deu pelo menos seis voltas na Esplanada e pousou por volta das 12h no Palácio do Planalto. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo, acompanhou o presidente. Após cumprimentar apoiadores, em frente ao Planalto, Bolsonaro retornou ao Alvorada de helicóptero. Como tem ocorrido constantemente, o STF foi o principal alvo das palavras de ordem e das placas carregadas por manifestantes. ​ Placas

afirmavam: “Supremo é o povo” e “Abaixo a ditadura do STF”. Faixas faziam ataques ao Supremo e pediam intervenção militar. Congressistas foram chamados de corruptos. Manifestantes demonstraram ainda apoio aos ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Abraham Weintraub (Educação). “Fake news não é crime”, dizia uma faixa. O número de manifestantes deste domingo era um pouco maior do que o da semana passada. Nesse sábado (30/05), sem compromissos oficiais previstos, Bolsonaro também usou um helicóptero, desta vez para visitar cidades de Goiás que ficam próximas a Brasília. De acordo com imagens publicadas por apoiadores nas redes sociais, sem usar máscara, o presidente causou aglomeração em uma lanchonete no município de Abadiânia, contrariando orientações sanitárias e repetindo cenas provocadas por ele durante a pandemia do coronavírús. No início da madrugada deste domingo, um grupo de pessoas mascaradas carregando tochas protestou em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal). Os manifestantes eram liderados por Sara Winter, investigada no inquérito contra fake news que tramita no STF. Ela é um dos líderes do chamado movimento “Os 300 do Brasil”, grupo armado de extrema direita formado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que acampam em Brasília. Com máscaras, roupas pretas e tochas, o grupo, formado por poucas

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Imagem: estadao.com.br

Bolsonaro em ato contra STF

dezenas de pessoas, desceu a Esplanada e, segundo imagens divulgadas por eles nas redes, se posicionou em frente ao Supremo. Mais cedo, Bolsonaro voltou a fazer ataques à imprensa em publicação em redes sociais. “O maior dos fake news é o ‘gabinete do ódio’ inventado pela imprensa”, afirmou, em referência ao grupo alvo de investigação no inquérito das fake news. “Até o momento a Folha, Globo, Estadão... não apontaram uma só fake news produzida pelo tal ‘gabinete’”, afirmou. Depois, Bolsonaro falou em “mídia podre” e citou ações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre disparos de mensagens em massa de WhatsApp na campanha eleitoral. “Será que, se eu chamar essa imprensa e negociar com ela alguns bilhões de reais em propaganda, tudo isso se acaba?”, afirmou.

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Estudantes pró-democracia protestam contra o governo 18 Trabalho acadêmico válido como AV2 da turma C406D de Editoração Eletrônica da FACHA - 2020/1


Imagem: notificas.uol.com.br

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Com novas adesões, manifestos pró-democracia puxam ‘onda’ e veem espaço para crescer Movimentos suprapartidários em reação a Bolsonaro ganham apoio que vai de ex-ministros do STF a trabalhadores de profissões variadas Eduardo Raddi Fonte: www.1.folha.uol.com.br Em: 29/05/20

Iniciativas suprapartidárias surgidas nos últimos dias para defender a democracia e reagir ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) viram o número de adesões disparar nesta segunda-feira (1º), em meio a um clima que tem sido comparado ao das Diretas Já. A lembrança é evocada porque, assim como o movimento de 1984, a onda de manifestos de agora une adversários ideológicos e começa a abraçar cidadãos comuns, para além de líderes sociais e políticos, artistas e personalidades. Os expoentes da nova leva são o Movimento Estamos Juntos —que foi lançado no sábado (30) e alcançou nesta segunda a marca de 224 mil assinaturas—, a campanha Somos 70% —criada a partir da iniciativa anterior e viralizada nas redes sociais— e o Basta! —que agrega advogados e juristas. Com a repercussão, entidades se pronunciaram nesta segunda em defesa de pilares constitucionais. A seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil divulgou uma conclamação pública, pedindo que a sociedade diga “um veemente não às ameaças de quebra da ordem democrática”. A Federação Nacional dos Advogados também publicou nota para conclamar os profissionais a “defender as instituições e os valores que conformam a democracia”. 20

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), replicou em rede social mensagem do deputado federal Fábio Trad (PSD-MS) afirmando que “liderar é saber o momento de superar diferenças para unir forças pelo essencial”. Sem citar os manifestos, Trad pediu que políticos como o próprio Maia, os ex-presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e João Amoêdo (Novo), o ex-presidente Lula (PT) e os governadores João Doria (PSDB-SP) e Flávio Dino (PCdoB-MA) “se deem as mãos em nome da nossa democracia”. No Estamos Juntos, que tem um site aberto para qualquer pessoa declarar apoio, a quantidade de adesões dobrou de domingo para segunda. A página contabilizou 8 milhões de acessos, segundo a organização. O movimento informou ainda que foram criados grupos de WhatsApp (120 no total) para espalhar a iniciativa em todos os estados do país. Há um esforço para manter o caráter suprapartidário da ideia e evitar uma personalização. A lista inicial de apoios tinha, por exemplo, os músicos Lobão (um bolsonarista arrependido) e Caetano Veloso (que sempre criticou o presidente e declarou voto no petista Fernando Haddad no segundo turno de 2018). Nas últimas horas, de acordo com porta-vozes da coalizão, os dois

cantores ganharam a companhia de anônimos de profissões variadas, que vão de doméstica a bancária, de motorista de Uber a bartender, de cozinheira a petroleira. Muitos desempregados também se engajaram. De nomes conhecidos, foi registrada a adesão do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que saiu do cargo após ser fritado por Bolsonaro já em meio à pandemia do novo coronavírus. Os ex-presidentes do Banco Central Arminio Fraga e Pérsio Arida foram outros que aderiram. Líderes do grupo, contudo, veem a necessidade de ampliar ainda mais o alcance. Uma live está sendo planejada para os próximos dias, no esforço de atrair apoios e visibilidade. A ideia é reunir na transmissão ao vivo pela internet parte dos artistas que militam na causa. Criador da hashtag #somos70porcento, que faz referência à aprovação de cerca de 30% dos brasileiros a Bolsonaro registrada em pesquisas, o economista Eduardo Moreira afirmou nesta segunda no Twitter que um vídeo de divulgação da campanha sofreu ataques de perfis bolsonaristas. “Acertamos o alvo... O outro lado gritou”, escreveu. Na gravação, ele diz: “Nós somos a maioria. Nós somos mais do que o dobro deles. Nós temos o direito de escolher o caminho deste país”.

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ECONOMIA

Brasil deve perder posto no top 10 das maiores economias Queda do PIB e desvalorização do real devem expulsar o país do seleto grupo com Canadá, Coreia do Sul e Rússia passando à frente Guilherme Lacerda Fonte: veja.abril.com.br Em: 14/05/20

O FMI prevê que o PIB do Brasil irá encolher 5,3% no período. A perda de posições não significa uma queda adicional para a economia. Ela apenas reflete a perda de dinamismo da atividade econômica do país frente a outras nações, algumas delas competidores diretos do Brasil. Isso poderá gerar um efeito psicológico sobre os mercados. Investidores tendem a olhar para os maiores mercados consumidores e tirarem conclusões sobre o tamanho das economias para decidirem onde investir. Getty Images/iStockphoto/luoman

Com a perda de valor do real frente ao dólar, o Brasil pode ser ejetado do seleto grupo das maiores economias do mundo. Com a desvalorização da moeda brasileira de 46% só este ano, o Produto Interno Bruto (PIB) do país murchará quando cotado em dólar, o deflator comum para fazer comparações entre os tamanhos das economias. De acordo com estudo realizado pela agência de

avaliação de crédito soberano Austin Ratings, o Brasil cairá da posição de 9ª maior economia do mundo para a 12ª colocação. O país já chegou a alcançar o 7º lugar, em 2011, à frente de Reino Unido e Itália. As três nações que devem ultrapassar o Brasil são Canadá, Coreia do Sul e Rússia. O motivo, contudo, não está apenas na desvalorização do real. A previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o crescimento da economia brasileira este ano também é um fator preponderante para a queda no ranking.

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O Brasil caminha para a

insolvência Aumento da dívida pública e queda do PIB se combinam de maneira dramática por causa da crise do coronavírus e podem levar o Brasil ao colapso econômico a curto prazo Guilherme Lacerda Fonte: istoe.com.br Em: 14/05/20

tas por economistas consultados pelo Banco Central são igualmente catastróficas: queda de 5,12%

A insolvência do Estado se instala quando o tamanho da dívida pública se iguala e começa a ficar maior do que o Produto Interno Bruto (PIB). Nesse ponto, as contas entram em colapso, o governo não consegue mais cumprir suas obrigações e sua capacidade de investimento desaparece. A máquina governamental não tem mais como cobrir seus custos e o risco sistêmico do País, definido pelas agências de classificação, vai às alturas. No Brasil, previa-se que, com as reformas estruturais, essa situação de insolvência fosse adiada. Mas, por causa da necessidade de enfrentamento da pandemia, há uma explosão de gastos públicos e, ao mesmo tempo, no lado do PIB, uma previsão de queda vertiginosa por causa da paralisação econômica. Um estudo coordenado pelo economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, revela que os gastos extraordinários por causa da pandemia de coronavírus deverão superar R$ 900 bilhões, o que elevará o déficit das contas públicas a R$ 1,2 trilhão no final do ano e a relação dívida-PIB a 100%. Já as últimas previsões para o PIB fei-

Pagamento da Conta

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“O Brasil está ficando mais pobre, fragilizado economicamente, mais desequilibrado do ponto de vista fiscal e mais endividado”,

diz o economista e ex-ministro Mailson da Nóbrega.

“Além disso, chegaremos numa relação dívida-PIB que pode chegar a 100%, enquanto esse índice, na média dos países emergentes, é de 50%”. Para Mailson, o cenário se torna ainda mais pessimista por causa da falta de coordenação do governo para pensar a conjuntura e elaborar um plano de retomada. Se nada for feito, segundo o ex-ministro, a fuga de capitais irá se intensificar, a classificação de risco de investimento do País

se tornará altamente negativa e se instalará uma situação de dominância fiscal, quando o Banco Central perde capacidade de ação, a política monetária perde eficácia e a inflação volta. “Ainda não sabemos como pagaremos a conta deixada pela pandemia”, completa. Outro efeito inevitável da crise atual será o aumento do desemprego e da desigualdade social. Não há qualquer perspectiva de reação econômica e verifica-se uma redução brutal na produção industrial e na prestação de serviços. Os pedidos de recuperação judicial e as falências começam a disparar. Os números já divulgados das empresas de capital aberto referentes ao primeiro trimestre deste ano revelam perdas expressivas. Mesmo considerando que os efeitos da pandemia só foram sentidos a partir de março, quatro grandes empresas brasileiras – Petrobras, Suzano, Azul e JBS, segundo a consultoria Economática, registraram prejuízos recordes no primeiro trimestre, que estão entre os maiores de suas histórias. A Petrobras, afetada pela queda dos preços do petróleo, teve um resultado negativo de R$ 48,5 bilhões entre janeiro e março. A indústria automobilística, um dos setores que puxam a economia, por sua vez, teve, em abril, seu pior volume de

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Ranking das maiores economias em 2020 Posição

1º 2º

País Estados Unidos

PIB em US$

21.004,8

China

14.746,1

Japão

4.988,9

Alemanha

3.622,3

Índia

3.157,3

França

2.515,7

Reino Unido

2.426,9

Itália

1.790,3

Canadá

1.615,8

10º

Coreia do Sul

1.610,4

11º

Rússia

1.496,1

12º

Brasil

1.398,4

13º

Espanha

1.296,1

Fonte: Fundo Monetário Internacional

carros.ig.com.br

produção desde 1957. Apenas 1,8 mil carros foram fabricados, uma queda de 99,4% em relação ao mesmo período de 2019. “A crise é global, mas tudo indica que será pior no Brasil”, afirma o presidente da Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes. “A situação é crítica, dramática, e a nossa leitura é que 2020 será um ano horroroso”. No final de abril, as montadoras tinham um estoque de 237,3 mil veículos em seus pátios e concessionárias, correspondente a quatro meses de produção. Isso indica que a retomada das linhas de montagem, quando acontecer, será lenta e gradual. Antes da pandemia, o rombo previsto nas contas públicas era de R$ 115 bilhões, segundo o estudo “Impacto Fiscal da Pandemia: Andando sobre Gelo Fino”, coordenado por Marcos Lisboa. O déficit agora estimado de R$ 1,2 trilhão representa um aumento de dez vezes em relação às projeções anteriores. Se nada for feito, a insolvência será inevitável e, junto com ela, virá o encolhimento do mercado e crescimento da pobreza. O Brasil, neste momento, é uma nau à deriva que está indo firmemente em direção a um iceberg.

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Porque o real é a moeda que mais perdeu em relação ao dólar em 2020

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Marcos Santos

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Depois do avanço do coronavírus, o desempenho da moeda brasileira em relação à americana tem se mostrado pior que o de outras moedas de países emergentes comparáveis ao Brasil Guilherme Lacerda Fonte: www.bbc.com Em: 06/03/20 Em 2020, enquanto o real já caiu mais de 15% em relação ao dólar, outros países acumulam perdas menores na mesma comparação. A perda em relação a moeda dos EUA foi de 4,98% na moeda do México (peso mexicano), 9,40% da África do Sul (rand), e 12,75% da Turquia (lira turca). Desde o Carnaval, o dólar subiu 6% em relação ao real. Mas, fora o coronavírus, que fatores influenciam essa desvalorização ainda mais forte da moeda brasileira diante das turbulências globais? “Tem uma parte aí dessa desvalorização do câmbio que é um movimento global: tem um monte de gente querendo saber sobre o coronavírus, como isso vai afetar o crescimento global. e tem impacto sobre várias moedas, não só o real”, explica Julia Gottlieb, economista do Itaú Unibanco, que acrescenta que, no caso brasileiro, há também o impacto de algumas questões domésticas, como juros, crescimento baixo e preço de commodities. Nunca juros tão baixos, com economia fraca

da, o longo ciclo de retração dos juros básicos da economia. A redução sucessiva da Selic a patamares mínimos históricos (a taxa está atualmente em 4,25% ao ano) tornou alguns rendimentos baseados na taxa de juros brasileira menos atraentes para o investidor estrangeiro, o que recentemente prejudicou o desempenho do real. Desde meados do ano passado, a moeda americana já vinha escalando para se firmar em patamares mais próximos aos R$ 4. Cotado a R$ 4,20 em setembro, o dólar chegou a fechar 2019 cotado a R$ 4,03.

Fim do atrativo Na prática, o mercado brasileiro nunca viveu juros tão baixos; historicamente, o país era atrativo para investidores que tomavam dinheiro emprestado no exterior e aplicavam no Brasil, de olho na diferença entre as taxas de juros. Na nova realidade, a perspectiva é que menos dólares entrem no Brasil, o que, pela lei da oferta, valoriza o preço da moeda americana. Dados do fluxo cambial, divulgados pelo Banco Central, mostraSteve MacAllister/Getty Images

A desvalorização do real e a ascensão do dólar. Em 2020, enquanto o real já caiu 15,5% em relação ao dólar, outros países acumulam perdas menores na mesma comparação

A primeira peculiaridade do cenário brasileiro a jogar para cima as cotações do dólar é, sem dúvi26

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ram saída de US$ 4,8 bilhões do país em janeiro e fevereiro, resultado de déficit na conta financeira de US$ 10,8 bilhões e superávit de US$ 6 bilhões na comercial. Na terça-feira (3), o Banco Central afirmou em nota sobre o surto de coronavírus que, diante do risco de “desaceleração adicional do crescimento global”, a autoridade monetária monitorará atentamente os efeitos do surto sobre a inflação nas próximas duas semanas. Recado que, na avaliação do banco Fibra, sinalizou intenção de baixar ainda mais a Selic. A projeção do Fibra agora é que o Comitê de Política Monetária promova novos cortes na taxa Selic nas próximas três reuniões do comitê, levando a Selic a 3,25% ao ano. Para Cristiano Oliveira, economista-chefe do Fibra, o Brasil poderia voltar a atrair investidores mesmo com os juros baixos, caso a economia apresentasse crescimento expressivo. “Quando começou o corte de juros, o Brasil começou a se tornar um país mais ‘normal’. No mundo ideal, o que deveria ter substiuído isso? Crescimento. Um país que cresce atrai capital, mas o crescimento não está vindo”, afirma o economista, que reduziu a estimativa para a taxa de crescimento do PIB em 2020 de 2,6% para 1,8%. Parcela significativa da redução na expectativa deve-se à esperada desaceleração da economia chinesa e global, por conta do coronavírus. “O que eu tenho dito é que o real vai ser uma moeda estruturalmente fraca por um período grande, provavelmente anos. Enquanto não houver taxas de crescimento mais expressivas o país não vai atrair capital”. Na avaliação de Oliveira, os ru-

ídos políticos gerados pelo próprio governo atrasam a perspectiva de que mais reformas importantes para a economia sejam realizadas, o que piora as projeções econômicas. “São diversos fatores conspirando contra a nossa moeda. PIB potencial baixo; a agenda de reformas está parada. Poderíamos estar aumentando a produtividade do país se as reformas estivessem andando. O ambiente político também tem peso, com certeza”.

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“O que eu tenho dito é que o real vai ser uma moeda estruturalmente fraca por um período grande, provavelmente anos”. disse o ecnomista-chefe do Fibra, Cristiano Oliveira

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diariodocomercio.com.br

Menos comércio, preço menor de commodities Com a economia da China crescendo menos em razão de todos os entraves ao comércio e à atividade das empresas em razão do coronavírus, outro efeito que se vê na economia é a queda no preço das commodities, que afeta em especial a economia brasileira, exportadora de matérias-primas. Atualmente, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, sendo o destino de 28,1% das exportações brasileiras, com as vendas especialmente de soja, petróleo bruto, minério de ferro, carne bovina. “Tem uma parte aí dessa desvalorização do câmbio que é um movimento global: tem um monte de gente querendo saber sobre o coronavírus, como isso vai afetar o crescimento global. E tem questões mais domésticas. Essa questão de coronavírus afeta preço de commodities e, toda vez que o preço das commodities cai ele tem impacto na moeda brasileira, que acaba sendo muito ligada a esse preço”, afirma Julia Gottlieb, 28

economista do Itaú Unibanco. Na quinta-feira, diante da valorização da moeda, o Banco Central realizou três leilões de swaps cambiais (novos) ao longo do dia, colocando US$ 3 bilhões no mercado. A oferta de dólares, contudo, teve pouco efeito sobre a cotação do dólar, que atingiu R$ 4,66 na máxima do dia. A economista do Itaú destaca que o BC não atua para controlar a taxa de câmbio, que é flutuante, mas apenas para atingir metas de inflação. “O que a gente trabalha é com um câmbio, no final do ano, mais apreciado, a R$ 4,15. A gente acha que à medida que o choque global for se dissipando e o crescimento retornando o capital vai retornar ao país. No curto prazo deve continuar depreciado, mas o fundamento é de uma moeda mais apreciada”. Para o chefe de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, a perspectiva de que o BC baixe ainda mais os juros favorece ainda mais o cenário de alta do dólar. Ele diz que, aliado aos

efeitos do coronavírus sobre o mercado financeiro, tal sinalização do BC é prejudicial ao cenário. O fato de a cotação do dólar não haver baixado após os leilões do BC, torna mais evidente que o comportamento da moeda americana reflete a preocupação do mercado com o coronavírus, e não se trata apenas de especulação. “O dólar mudou de patamar, não vai voltar mais aos R$ 4. Se o quadro se reverter e houver muita notícia boa: vacina, cura, pode chegar a R$ 4,10, R$ 4,15”. Na visão do economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, o Banco Central deve seguir o sistema de câmbio flutuante e, diante dos movimentos globais, deixar a cotação do dólar variar. “Se a desvalorização do câmbio é um movimento global de moedas emergentes em relação ao dólar, o Banco Central não pode ir na contramão. Deve começar dizendo que o regime é de metas de inflação e não de metas de câmbio”, afirma.

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INTERNACIONAL wikimedia.org

A SOMBRA DO RACISMO 30

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Revolta contra a morte de George Floyd se intensifica em Minneapolis Manifestantes desafiam o toque de recolher decretado na cidade com uma nova noite de protestos e incêndios brasil.elpais.com

Um homem observa o fogo de um edifício em Minneapolis

Laren Aniceto Moreira Em 01.06.2020 Fonte: brasil.elpais.com

L

etreiros que dizem: “proprietário negro”, apareceram em estabelecimentos do centro de Minneapolis. Lembram o passado sombrio da segregação racial, porém hoje, seus donos fazem essa advertência para evitar ser

alvo de vandalismo. Na sexta-feira, faltavam duas horas para o toque de recolher, decretado para às oito horas da noite, nessa cidade dos Estados Unidos. Comércios e restaurantes começavam a fechar vidraças, portas e janelas. Os rios de jovens que se dirigiam a diferentes concentrações ao grito de “Não posso respirar” previam outra noite de revolta pela morte do afro-ame-

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ricano George Floyd, desafiando a ordem de voltar para casa. O caos se apoderou dessa localidade no quarto dia consecutivo de protestos contra a violência policial racista, agora espalhados com virulência por todo o país. O governador de Minnesota, Tim Walz, reconheceu sua impotência em uma entrevista coletiva de madrugada. “Simplesmente, eles são mais do que 31


nbcnews.com

Protesto de 2014 pela morte de Eric Garner, outro caso de afro-americano estrangulado por policial branco nos Estados Unidos

nós”, afirmou. “Não podemos deter as pessoas que resistem por uma questão de puro tamanho e a dinâmica da violência gratuita que resulta disso”. Grupos de manifestantes novamente atearam fogo em diversos pontos da cidade, nos quais se repetiram saques e destruição enquanto a polícia lançava gás lacrimogêneo e balas de borracha. Na rua Lake, onde ocorreram alguns dos episódios mais violentos, por volta de uma da madrugada (horário local) chamas ainda queimavam em vários edifícios, muitos deles destruídos, como a delegacia queimada na noite de quinta-feira. As autoridades evitam reprimir com mais força os atos de vandalismo para minimizar feridos e algo pior do que isso em uma cidade revoltada pela última morte de um negro desarmado durante uma violenta abordagem policial. A escalada de violência, entretanto, não cessa e no sábado ocorrerá

a mobilização total da Guarda Nacional com a finalidade de “restaurar a ordem”. O Pentágono ordenou ao Exército que prepare o envio de unidades, uma medida que, de acordo com a agência de notícias Associated Press, não é utilizada desde os distúrbios de 1992 em Los Angeles após a absolvição dos policiais que espancaram o negro Rodney King. Naqueles protestos morreram de 53 a 63 pessoas em seis dias de violência. Nada tão grave voltou a acontecer, ainda que a lista de símbolos do abuso contra os negros por parte das forças de segurança não tenha deixado de crescer: Michael Brown, Eric Garner, Laquan MdDonald… Um estudo da Rutgers University do período de 2013-2018 revela que um de cada 1.000 homens negros podem esperar morrer pelas mãos da polícia, uma taxa 2,5 vezes superior à dos brancos. Ocorre em Estados progressistas e em Estados conservadores, pngwing.com

nyt.com

Por favor, por favor, não posso respirar Floyd, 2020 George Floyd, mais uma vítima de violência policial contra negros nos Estados Unidos

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com presidentes republicanos e democratas, até mesmo com um afro-americano na Casa Branca. A ferida da raça, um trauma fundacional deste país, continua sem cicatrizar e agora sangra por Minneapolis. Uma figura inquietante se destacava na sexta-feira em meio ao tumulto, exatamente entre a avenida Chicago e a rua 38, onde aconteceu a prisão e morte do afro-americano. Um homem fantasiado de Coringa andava somente com um cartaz pedindo “Justiça para George”. Com o cabelo verde e comprido, a roupa escandalosa e uma careta sofrida pintada no rosto, Joseph Pudwill representava a última versão cinematográfica do macabro palhaço interpretado por Joaquin Phoenix no famoso filme norte-americano. Nele, um Coringa maltratado pela vida se torna um sangrento assassino. “O Coringa se transformou em um modelo da injustiça social, o reconhecimento das tragédias que acontecem, me apaixonei pelo personagem e acho que hoje serve para levar a mensagem adiante”, disse Pudwill, funcionário de supermercado de 36 anos. O filme Coringa despertou críticas entre os que, mais do que denúncia social, viram uma justificativa da violência. É a natureza e a legitimidade desta o que em boa medida se discute nestes dias nefastos nos Estados Unidos, o uso da força pelas autoridades, o protesto dos afro-americanos, as consequências de todos esses confrontos, os feridos e os danos a bens públicos. Jovens em sua maioria, de diversas origens e etnias, se reúnem em frente a Cup Foods, a loja de bairro onde começou o trágico episódio e que se transformou

em um muro das lamentações, com flores, desenhos e escritos dedicados a Floyd. Lá, na segunda-feira, o homem de 46 anos foi preso como suspeito por tentativa de pagamento com uma nota falsa. Durante a detenção, captada pelas câmeras de vídeo de várias testemunhas, Floyd aparece algemado e deitado com o rosto voltado ao solo, enquanto os joelhos do agente Derek Chauvin, branco, apertam seu pescoço contra o solo, indiferente às súplicas do afro-americano: “Por favor, por favor, por favor, não consigo respirar”. Em outro vídeo, se vê como outros dois policiais também o imobilizam com seus joelhos pressionando o restante do corpo. Os documentos publicados na tarde de sexta-feira pela Promotoria revelam que Chauvin o imobilizou desse modo durante quase nove minutos, incluindo dois minutos e 53 segundos em que Floyd aparecia inerte. O ocorrido causou tamanho espanto que chefes de polícia da Georgia, Kentucky e Califórnia criticaram a ação de seus colegas de Minnesota, quando normalmente costumam optar por posições prudentes enquanto as investigações acontecem. “Claro que vejo duas medidas”, afirma diante do local dos fatos Molubah Seley, um jovem de 21 anos cuja família emigrou da Namíbia quando ele era uma criança. “Eu não preciso usar uma arma, pela cor da minha pele já se pressupõe que estou armado, sinto esse perigo todos os dias, e se acontecimentos como esse não são gravados em vídeo, tudo

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fica impune”, diz. Na sexta-feira, lamentava que a imagem que percorre o mundo, a dos manifestantes violentos, contribuiria para “criminalizar” o movimento contra os abusos. Minneapolis, com aproximadamente 500.000 habitantes, tem somente 20% de população afro-americana, mas as estatísticas mostram que essa comunidade é mais propensa às prisões e batidas. Todos na cidade se lembram do caso de Philando Castile, que morreu em um subúrbio próximo dentro de seu carro pelos tiros de um agente que o parou por um farol quebrado. Sua namorada, dentro do carro com sua filha, transmitiu ao vivo pelo Facebook. Castile havia informado ao policial que tinha uma arma com porte no porta-luvas. O policial, que alegou medo, foi absolvido. Um ano depois, uma mulher australiana, Justin Damond,

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independent.co.uk

Manifestantes pacíficos foram presos e algemados depois que a polícia de Minneapolis disparou gás lacrimogêneo para cercá-los

perdeu a vida em outra intervenção inexplicável: a mulher ligou para o 911 (serviço de emergência) para alertar sobre uma possível agressão sexual perto de sua casa, quando saiu à rua e se aproximou do carro patrulha, um dos agentes a matou. Este, chamado Mohamed Noor, foi condenado 34

por homicídio em terceiro grau. Chauvin, demitido com os outros três agentes que participaram da prisão, foi acusado na sexta-feira de homicídio em terceiro grau. Como se fosse o capricho de um roteirista, o policial e o falecido se conheciam e haviam trabalhado juntos no ano anterior como seguranças no Nue-

vo Rodeo, um clube latino. Chauvin recebia um dinheiro extra para complementar seu salário e Floyd dividia esse com outros trabalhos. Os dois mantinham a ordem do salão. Na segunda-feira, em plena luz do dia, seus caminhos se cruzaram novamente, mas somente um deles encarnava a lei e a ordem.

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Trump culpa a “extrema esquerda” pelos protestos violentos contra a morte de George Floyd Como introdução ao discurso sobre o foguete Falcon 9, da SpaceX, o presidente dos Estados Unidos teceu comentários a respeito do caso de George Floyd e a onda de protestos no país brasil.elpais.com

Donald Trump no Centro Espacial Kennedy, onde ocorreu o lançamento da SpaceX Trabalho acadêmico válido como AV2 da turma C406D de Editoração Eletrônica da FACHA - 2020/1

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Laren Aniceto Moreira Em 01.06.2020 Fonte: brasil.elpais.com

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ra uma mensagem para a história. O presidente americano discursou no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, depois que os Estados Unidos estabeleceram um novo marco na corrida espacial, colocando em órbita dois astronautas a partir do solo americano pela primeira vez em uma década —e, pela primeira vez na história, a bordo de uma nave de uma empresa privada, a Space X—. Mas Donald Trump dedicou a primeira parte de seu longo discurso no sábado à tarde aos conflitos que, pela quinta noite seguida, incendiaram o país depois da morte de George Floyd, um homem negro, sob custódia policial em Minne-

apolis. Após um marco com potencial para elevar o moral e a coesão de um país atingido pela pandemia do coronavírus e por uma revolta social, o presidente, como tinha feito horas antes pelo Twitter, responsabilizou “os antifascistas e a extrema esquerda” pelos protestos violentos. “Entendo a dor que as pessoas sentem”, disse Trump. “Apoiamos o direito dos manifestantes pacíficos e ouvimos seus apelos. Mas o que estamos vendo agora nas ruas de nossas cidades não tem nada a ver com justiça ou paz. A memória de George Floyd está sendo desonrada por desordeiros, saqueadores e anarquistas.” Os moradores afetados pelos protestos violentos são agora “as principais vítimas desta situação horrível”, afirmou o presidente. “[Os culpados] são os antifascistas e a

extrema esquerda. Não joguem a culpa nos outros!”, tuitou antes. Antes de viajar para a Flórida, quando ainda estava nos jardins da Casa Branca, Trump criticou as autoridades de Minneapolis por permitir que os protestos pela morte de Floyd desandassem para a violência. “Vocês devem ser mais duros, e sendo mais duros honrarão sua memória”, disse. A administração ofereceu ao governador de Minnesota a ajuda do Exército para reprimir os protestos. No Twitter, o presidente fez postagens contra os veículos de comunicação (voltando a chamá-los de “inimigos do povo”) e contra os governadores “progressistas”, afirmando que estes “devem ser mais duros ou o Governo federal entrará e fará o que precisa ser feito”. theblerdgurl.com

A justiça cega dos Estados Unidos em mandato de Donald Trump

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the-sun.com

Multidões protestam na frente à Casa Branca, pessoas são jogadas ao chão e recebem spray de pimenta em meio ao caos

As declarações de Trump não foram mais polidas do que o tom em seus tuítes, desde que centenas de manifestantes se concentraram em frente à Casa Branca na noite de sexta-feira. “[Os agentes do Serviço Secreto que protegiam a Casa Branca] Deixaram os manifestantes gritarem e reclamarem o quanto quisessem, mas quando alguém ficava muito brincalhão ou saía da linha, caíam rapidamente em cima deles, duramente. Não sabiam o que os havia atingido”,

escreveu Trump em uma série de publicações. “Uma grande multidão, profissionalmente organizada, mas ninguém chegou perto de atravessar a cerca. Se tivessem feito isso, teriam sido recebidos pelos cães mais ferozes e pelas armas mais ameaçadoras que já vi. É aí que as pessoas poderiam ter sido gravemente feridas, no mínimo. Muitos agentes do Serviço Secreto só estavam esperando para entrar em ação.” O presidente terminou sua sequ-

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ência de tuítes de sexta-feira com uma mensagem que pareceu ser um chamado para que seus partidários também se concentrassem diante da Casa Branca: “Esta noite, pelo que entendo, é noite de MAGA [sigla em inglês de ‘faça a América grande de novo’, seu slogan de campanha] na Casa Branca?”, escreveu. Indagado depois sobre se o tuíte era um convite à violência, respondeu: “Não tenho nem ideia se vão estar aqui, só estava perguntando”. 37


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SOCIEDADE

A história do sociólogo autor do primeiro livro brasileiro sobre casamento moçambicano Rhuann Fernandes é sociólgo e cientista social e fez do seu TCC um livro sobre o tradicional casamento do povo Bantu, o lobolo Maria Clara Silva informesociedadefachac201d4@gmail.com Rhuann Fernandes / Acervo Pessoal

Parte do ritual de casamento lobolo Trabalho acadêmico válido como AV2 da turma C406D de Editoração Eletrônica da FACHA - 2020/1

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O sociólogo, cientista social, pesquisador e escritor Rhuann Fernandes escreveu o livro “Casamento tradicional Bantu: o Lobolo no sul de Moçambique”, o primeiro livro com essa temática no Brasil. O jovem de 23 anos é original da cidade de São Gonçalo, situada na região metropolitana do Rio de Janeiro. Rhuann se formou em Ciências Sociais pela UERJ com ênfase em sociologia e cursa o mestrado em Ciências Sociais da mesma universidade estadual. Entrevistamos o sociólogo para compreender sua trajetória enquanto jovem negro periférico, a escolha de Moçambique como intercâmbio, a escolha do seu TCC e a cultura bantu. Confira! ]Rhuann Fernandes / Acervo Pessoal

MARIA CLARA SILVA: Qual sua relação com a sua cidade natal? RHUANN FERNANDES: Minha relação com o Jardim Catarina, bairro periférico de São Gonçalo, sempre foi continua. Morei lá até 2016, quando me mudei para Mangueira, no Rio, para ficar próximo a UERJ campus Maracanã. Em 2015 fundei com amigos do bairro a organização comunitária “Nós por Nós”, voltada para a desigualdade social, instituição que viabiliza projetos sociais e educacionais emancipatórios, uma vez que leva em consideração a precariedade do bairro. MCS: No seu processo de graduação o que te fez acreditar no seu curso? RHUANN FERNANDES: O que foi determinante no meu curso é que ele me possibilitou ferramentas para investigar a realidade social e decifrá-lá, entendê-lá. Me facilitou em todas as situações possíveis. A formação, em termos de pensar, a realidade social a partir de uma metodologia e conseguir respostas para determinados problemas sociais.

MCS: Ao longo da sua vida, como foi sua relação com a leitura e a escrita? RHUANN FERNANDES: Por ter sido o primeiro da família a entrar na graduação muitas coisas foram contra, sobretudo o incentivo. Quando você tem alguém na família que te dá uma orientação, diz “pega aqui, leia”, é uma coisa; quando não se tem ninguém, as pessoas desacreditam do estudo, dizem “ninguém conseguiu nada com estudo na nossa família, por que você vai conseguir?”. Então o que é melhor (nesse cenário) é o trabalho. Minha trajetória foi muito conturbada: nunca valorizei a escola, não prestava atenção nas aulas. Isso só mudou no terceiro ano do ensino médio quando eu tive minha primeira professora negra, de sociologia, Juliana. Ela modificou toda a minha visão de mundo! (...) Após um trabalho bem feito nessa disciplina, sobre a relação de uma canção do “Racionais MC’S” com a sociologia, percebi que tinha aptidão para refletir sobre o social.

“Ter sido aprovado numa universidade trouxe muitos efeitos positivos não só para mim, mas para meus familiares e para a favela” O sociólogo Rhuann Fernandes também atua como professor

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MCS: Como foi a escolha do seu curso de graduação? Que tipo de influência sua vida teve nessa escolha? RHUANN FERNANDES: Então, jamais imaginei que fosse cursar ciências sociais. Na realidade, no início de minha trajetória escolar “oficial” optei pelo concurso de sargento das armas (exército). É claro que isso tem a ver com aspectos estruturais, como a socialização familiar, isto é, uma estrutura que condicione inicialmente o indivíduo a desenvolver características como concentração, pensamento prospectivo e disciplina. Esses aspectos são primordiais para o mercado de trabalho. Aliás, faço parte de um dado mais geral: a maioria das famílias negras, estatisticamente, possui uma estrutura familiar fragmentada/desestruturada. Tive um pai ausente, cresci em meio à violências múltiplas, desde doméstica a criminalidade, vendo vários amigos morrendo no portão de casa. Nós só pensamos no presente, sem expectativa do que será o amanhã. Fui exceção. E só pude ser essa exceção, acredito, por duas razões: a leitura da Autobiografia de Malcolm X e o contato com a cultura hip-hop, mais especificamente um de seus elementos centrais, o rap. O livro do Malcolm abriu minha mente para problematizar por qual razão nós, negros, vivíamos em condições de subalternidade. Aquilo me criou um grau de insatisfação muito grande, não conseguia entender por que nos matávamos tão facilmente. Quem me ajudou na resposta foram os Racionais Mc’s, com o disco “sobrevivendo no inferno”. Esses caras

foram responsáveis de desenvolver um pensamento social único, que evidenciava facilmente o que vivenciávamos enquanto pretos e moradores de favela. Depois de não ser classificado na prova de sargento, voltei meus olhares para as áreas de humanidades. Inicialmente, meus interesses foram história e economia, muito por conta de um professor de história que tive no pré-vestibular. Com isso, foquei nestes dois cursos para o ENEM e deixei em terceiro plano Ciências Sociais, na UERJ. No fim, escolhi a UERJ pelo fato da instituição oferecer bolsa permanência, de ser uma instituição mais inclusiva que permita não só o ingresso dos estudantes pelo sistema de cotas, mas que também consiga mantê-los. Ter sido aprovado numa universidade trouxe muitos efeitos positivos não apenas para mim, mas para meus familiares e para favela. Assim que fui aprovado, tive uma foto minha colocada nos principais ônibus de São Gonçalo e isso gerou muita visibilidade. Na verdade, já era conhecido e isso impactou muita gente, várias pessoas no dia seguinte me ligaram, perguntando: “Como assim, é você mesmo? Você nunca quis nada com estudos...” (risos). Por mais que muitas pessoas não soubessem do que se tratava a área de ciências sociais, confundindo, por vezes, com serviço social, foi impactante... Antes, as pessoas achavam que ingressar em uma universidade pública era só pagando, sabe? Havia um desconhecimento sobre esse lugar e com minha aprovação essas pessoas se informaram e quiseram seguir os mesmos rumos em cursos diferentes.

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Um ano depois, três amigos meus foram aprovados, dois anos depois, mais dois e, hoje, quase todo meu ciclo de amizade está na universidade.

“(Na escola) Fui tirado, por vezes, como um estudante problemático, com déficit de atenção e que não parava quieto. (...) muitos professores duvidaram do meu potencial e deduziram o meu triste fim.” Rhuann Fernandes / Acervo Pessoal

Livro “Casamento tradicional Bantu: o lobolo no sul de Moçambique

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MCS: Sua graduação teve ênfase em sociologia. Como aplicou esse conhecimento na realidade cotidiana? RHUANN FERNANDES: Assumo que é difícil para mim comentar sobre minha infância e adolescência no que se refere ao ambiente escolar. A maioria das pessoas que se formam no ensino médio público, feito para as classes abandonadas, em sua maioria negra, se forma analfabeta funcional. Quando frequentava a escola, não considerava o aprendizado, os professores, os funcionários. Fui tirado, por vezes, como um estudante problemático, com déficit de atenção e que não parava quieto. Chamavam minha mãe de modo recorrente e falavam que eu necessitava de um psicólogo, ao ponto de minha responsável se sentir culpada pelo meu péssimo desempenho, argumentando que era consequência do difícil processo de separação do meu pai. Hoje, portanto, entendo que eles, assim como nosso sistema escolar, não conseguem lidar com genialidade quando a cor da pele do aluno é preta. Encontram outras razões, argumentam: “tem problemas psicológicos”, acabando por eliminar sonhos e desperdiçar potenciais. Mas, se esse estudante é tão problemático, e a escola, não poderia ajudá-lo? Não, a melhor forma de auxiliá-lo é excluí-lo, culpando os seus familiares pelo seus resultados. A dúvida que eu carrego, até hoje, é a mesma de um verso do rapper Djonga: “porque tanto Einstein no morro morre e não desponta?”. Na escola, muitos professores duvidaram do meu potencial e deduziram o meu triste fim. Mas permaneci vivo, reergui-me de modo

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surpreendente e dediquei-me aos estudos. Como consequência, fui o primeiro da minha família a ingressar em uma Universidade, modificando, portanto, minha estrutura familiar e todo convívio no meu âmbito social, tornando-me referência e liderança comunitária na localidade. Desde então, me vi obrigado a trazer um retorno para minha favela, em especial para pessoas negras que passaram e ainda passam por processos similares ao meu. Por conta disso, fundei em seguida, no Jardim Catarina, a Organização Comunitária Nós por Nós que, atualmente, é auto organizada por oito pessoas negras e desenvolve diversas atividades que buscam, em especial, a promoção da igualdade racial.

cionado, estudos não significava sinônimo de vitória, uma vez que a própria universidade pública foi consolidada como sinônimo de elite. Assim, sem referências, fiquei, durante muito tempo, inerte ao mapa de possibilidades que poderia promover minhas escolhas. Não havia influência, não havia conselhos, era um campo escasso para perfis como o meu. Imaginávamos o destino... Os meus sonhos começam a surgir desse lugar improvável. Hoje sou referência intelectual para muitos e, por intermédio de ações sociais, busco alterar a nossa realidade que se mostra tão desigual, na tentativa de dar oportunidades àqueles que nunca tiveram.

Apesar das drásticas perdas que tive de amigos próximos – em sua maioria para o tráfico de drogas – me mantive firme e, felizmente, consegui chegar numa posição inimaginável, ora por mim, ora por entes queridos, sendo uma exceção à regra. Até porque, quem diria que seria eu, o primeiro alcançar uma Universidade Pública na minha família e estar próximo de me formar. Além disso, de onde venho, estudos nunca foram saída ou solução para os nossos obstáculos. A ausência de recursos está diretamente associada a alguns instrumentos que promove a mobilidade e a participação dos grupos hegemônicos de modo mais efetivo, esses grupos são a elite branca brasileira e a classe média. Se ninguém em minha área ou em minha família teve a possibilidade de frequentar uma universidade, dificilmente eu irei buscar essa via. Na realidade, como já men-

Parte do ritual lobolo

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MCS: Como um estudante negro, qual foi sua maior dificuldade? E enquanto profissional? RHUANN FERNANDES: Como estudante negro tive maior dificuldade com a ausência de oportunidades. O que chamo de instituição do racismo, que promove a ausência de oportunidades, não possibilitando enxergar as coisas. A universidade é muito branca. O conhecimento produzido nela também. Romper isso é muito difícil, uma vez que a branquitude toma conta de um dos poderes mais efetivos da sociedade - a produção de conhecimento - você, enquanto pessoa negra, acaba sendo um corpo marginalizado naquele espaço (de maioria branca). Você, dificilmente, será visto como intelectual ali. Rhuann Fernandes / Acervo Pessoal

Por mais que eu tenha tido destaque na faculdade, ainda assim, tive que me esforçar duplamente em relação aos brancos. Apesar de ter uma formação consolidada e uma carreira administrada, vejo pessoas brancas “limitadas” - por desleixo delas - mesmo assim, conseguirem alcançar o pódio com maior facilidade. Com base em constatação de pesquisa: por mais que o negro tenha um diploma tão qualificado quanto o branco, o último tem maior projeção no mercado de trabalho. Com o mesmo diploma, o branco tem mais oportunidades e ganha salários maiores. MCS: Ao escolher seu intercâmbio, por que fugiu do padrão europeu - estadunidense? RHUANN FERNANDES: Bem, confesso que a escolha por Moçambique foi um ato político, uma vez que tive a oportunidade de optar por países europeus, uma tendência comum quando se resolve estudar fora. Entretanto, havia uma necessidade afetiva de confrontar as escolhas comuns pelas epistemologias do Norte, de um conhecimento produzido na Europa, nos EUA e no Canadá e reproduzido por autores do Sul. De acordo com o sociólogo Boaventura Sousa Santos, isso é parte do império cognitivo. Ademais, o fato de ser um estudante negro profundamente influenciado pela cultura africana e afro-brasileira também me orientou na decisão. Resolvi escutar outras vozes. MCS: Desfrutando da experiência de Moçambique o que o motivou a escolher o ritual Lobolo? Como ouviu falar dele? RHUANN FERNANDES: Bem,

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em Moçambique, tive muitos conflitos raciais com brancos brasileiros. Fiquei muito incomodado pela maneira a qual eles observavam os costumes tradicionais, eram muito etnocêntricos, demonstravam um ar de superioridade e pouco se relacionavam com os moçambicanos. É claro que havia exceções, inclusive fiz muitas amizades por lá. Mas algumas dessas pessoas falavam negativamente do lobolo, interpretando-o a partir de teorias eurocêntricas, extremamente localizadas, sem considerar o contexto histórico, cultural e político do país, como por exemplo, o feminismo, como algumas das mulheres brancas que tive contato intitulavam-se. Dessas implicações e conflitos surgiu minha curiosidade, mas não o desejo de investigar o casamento entre as pessoas do Sul do país. Uma semana após chegar à instituição, encontrei duas amigas brasileiras (negras) que estavam indo à secretaria de humanidades. Explicitei o meu interesse em algumas disciplinas e pedi orientações. Por sorte, elas disseram que deveria pegar uma disciplina que havia descartado: Antropologia Cultural de Moçambique. A ironia é que acertaram, pois foi a cadeira que mudou os rumos dos meus estudos no país. A disciplina na qual não iria me inscrever foi a que mais me chamou atenção e a que me fez mudar o tema da monografia. O professor responsável, Dr. Aurélio Miambo, passou-me os textos e os materiais das aulas que havia perdido. O assunto havia sido introduzido por uma perspectiva euroamericana da Antropologia e, posteriormente, foram sendo

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abordados autoras e autores moçambicanos. Na quarta aula, tive contato com o tema do casamento bantu no sul de Moçambique, conhecido como lobolo. Nesse momento, fui afetado pela riqueza de signos presentes nesta cerimônia. Pude compreender as razões pelas quais a antropologia desenvolvida no Sul de Moçambique e os principais debates teóricos giravam em torno desse casamento. O mais interessante foi o fato de o professor, durante quase dois meses, discutir as distintas interpretações desse fenômeno na história do país. À medida que frequentava a disciplina e debatia os textos, tornava-me cada vez mais próximo do tema. Então, decidi selecioná-lo para discussão em minha monografia, efetuando uma troca. Na realidade, correlacionei os dois temas e julguei que iria discutir o “lobolo pós-colonial”.

“O papel do lobolo é basicamente conversar com os antepassados para identificar os perigos da vida e, ao mesmo tempo, encontrar respostas para promover o bem-estar social do casal. “ 44

Rhuann Fernandes / Acervo Pessoal

Início do ritual lobolo

MCS: Qual o grande diferencial do ritual Lobolo para os casamentos que costumamos assistir? RHUANN FERNANDES: Esta é uma ótima pergunta. A questão principal do lobolo é a espiritualidade e os laços de parentesco, caracterizado pela patrilinearidade. Então, diria que a diferença central é a característica espiritual. O lobolo representa hoje modos de solidariedade que contestam o puro liberalismo capitalista. Para além de cerimônia nupcial com distribuição de dinheiro e presentes, o lobolo aparece aqui como uma potente afirmação de outros modos de viver a economia. É uma continuidade de uma tradição que prova que toda troca econômica é um ato moral. Em minhas experiências, percebi que o lobolo pode ser compreendido como um rito que une conjugalmente um homem e uma mulher e que os conecta a uma comunidade de vivos e uma cons-

trução histórica feita pelos antepassados que é respeitada no ato da cerimônia. A instituição dos laços e conexões entre os vivos e os mortos faz com que a prática continue sendo efetuada. No sul de Moçambique, esse rito consagra diretamente o matrimônio, sendo substancialmente mais importante que casamentos de outra ordem. A transcendentalidade do lobolo sobre o amor é algo assumido, evidenciando a relação com o mundo dos antepassados do noivo e da noiva, em um contato direto entre vivos e mortos. A harmonia social entre noivos e famílias ocorre por meio da ligação com os espíritos antepassados e com o cumprimento de suas exigências. Se tudo ocorre de acordo esses vínculos e exigências, haverá bênçãos e garantia de prosperidade à nova família que se formou. Ou seja, o lobolo transcende o amor, uma vez que é feito para os antepassados. Não há uma ideia de amor romântico, tal como no modelo monogâmico que nós

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tanto cultuamos. Em contato com a espiritualidade, diria que presenciei a noção de um casamento integrado entre os espíritos e os vivos, passado e presente, a vida é observada de trás para frente. Assim, o casamento não significa pensar apenas no futuro, não é uma busca incessante por ele. Não é algo que vai apenas organizar e gerar estabilidade. É, inicialmente, pensado a partir do passado, representa a pulsação de vidas que vieram antes e os antepassados estarão com o casal interminavelmente, se isso for respeitado. O papel do lobolo é basicamente conversar com os antepassados para identificar os perigos da vida e, ao mesmo tempo, encontrar respostas para promover o bem-estar social do casal

MCS: Em que momento a escolha do TCC se tornou um livro? RHUANN FERNANDES: Foi um processo mais rápido que esperava. Assim que defendi a monografia com êxito e ganhei duas premiações com a pesquisa, conversei com a editora e fechamos o contrato. Não vou mentir que tinha um objetivo de publicar a monografia como livro e, por isso, me dediquei tanto. Antes de chegar ao Brasil, já havia notado que não tinha nenhum livro sobre o tema no Brasil e, a partir daí, fiz minhas projeções e sustentei minha ambição. Pelo visto funcionou, né? (risos). MCS: Qual experiência teremos ao ler o livro?

RHUANN FERNANDES: Olha, o que mais me agrada nesta obra é que não se trata de um debate puramente acadêmico, mas de histórias de dois casamentos incríveis, que descrevo com muita preciosidade, para fazer o leitor se sentir lá, na cerimônia de lobolo. Então, posso dizer que a experiência que o leitor terá é sentir o Sul de Moçambique na pele, perpassando pela história política do país, as principais contribuições civilizatórias dos povos bantu daquela região e conhecerá outras formas de matrimônio possíveis para o nosso contexto. Enfim, parafraseando a querida Pauline Chiziane, diria que contei uma história para levar as mentes no voo da imaginação e trazê-las de volta ao mundo da reflexão.

Rhuann Fernandes / Acervo Pessoal

Casamento Bantu, ritual lobolo do Sul de Moçambique

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Conheça a história por trás da “Tapioca das Pretas”, a mais famosa tapiocaria de Goiás As irmãs que conquistaram o público através das tapiocas batizadas com nomes de mulheres negras influentes Maria Clara Silva Fonte: mundonegro.inf.br Em: 23/05/2020

Tapioca das Pretas / Acervo Pessoal

“Enfrentamos preconceito, atos racistas. A gente pegou, colocou no bolso e seguiu, continuou o nosso empreendimento. Para mulher parece que as coisas são mais complicadas ainda.”

As irmãs Preta Josi e Preta Neiva são famosas pelas suas tapiocas

A história da “Tapioca das Pretas” explica tamanho sucesso. Vindas de uma pequena cidade do interior de Tocantins tentar a sorte na capital de Goiás, enfrentaram racismo, preconceito e as dificulda46

des de abrir um novo negócio. As irmãs Preta Josi e Preta Neiva, nome artístico adotado por elas, são sócias e tocam juntas o empreendimento desde 2015. Participaram do programa de TV

“Caldeirão do Huck”, da Rede Globo, em novembro de 2018 e ganharam grande visibilidade desde então. Confira na íntegra a entrevista inspiradora com as irmãs:

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MARIA CLARA SILVA: O que as levou a sair de Tocantins para Goiás? TAPIOCA DAS PRETAS: Bom essa é uma história longa, temos motivos diferentes. Nossa vida no Tocantins era bastante simples, crescemos juntas, nossos pais são lavradores, vivíamos da roça. Nós duas sempre fomos vendedoras vendíamos coisas para terceiros, colocávamos a bacia na cabeça e íamos trabalhar. A Josi foi a primeira a se aventurar. Assim que terminou ensino médio, decidiu r para Goiânia, porque lá no interior as pessoas falavam muita fantasia da capital de Goiás. Para nós, lá era a melhor capital do mundo! Então ao completar 18 anos, em 2011, ela decidiu que se mudaria para Goiana para estudar, ter uma profissão e dar uma vida melhor aos pais. O sonho é reformar a casa deles! A Neiva era casada, trabalhava, tinha filha, porém as coisas não seguiram como ela planejou; se separou, e a convite da irmã, deixou tudo e também foi para o estado de Goiás.

MCS: Qual a maior dificuldade enfrentaram ao empreender?

MCS:Qual o segredo do sucesso do “Tapioca das Pretas”?

TAPIOCA DAS PRETAS: Nós empreendemos no momento de necessidade. Quando a Neiva chegou em Goiânia encontrou a Josi desempregada e sem receber o acerto trabalhista; lembro que não tínhamos dinheiro, começamos com R$50 e com ajuda de nossa família. Começar não foi nada fácil! O financeiro dificultou muito. Consolidar nosso empreendimento foi uma tarefa complicada, cada dia uma dificuldade diferente! Encontrar nosso espaço aqui foi muito difícil; fazer os clientes confiarem no nosso trabalho, desafiador. Aí você imagina: 30 dias empurrando um carrinho e, no fim do mês, retirar R$50 cada uma para comer, pagar aluguel, água, luz... Chegava a ser assustador! Mas não desistimos, persistimos até hoje (risos).

TAPIOCA DAS PRETAS: Costumamos dizer que Deus sempre nos abençoou e a forma nós trabalhamos fez todo sucesso. A gente trabalha levando alegria para pessoas! Além de vendermos as tapiocas, levamos alegria através de nosso produto; o cliente tem uma experiência com a gente, fazemos a diferença, mesmo que pequena, no dia dele. Alegria é o nosso nome! Nós fazíamos um auê quando tínhamos o carrinho: andávamos nas ruas empurrando ele e não tinha um ser vivo que a gente não mexia! Quem olhava a gente nessa alegria achava que estávamos derramando dinheiro. (risos)

Tapioca das Pretas / Acervo Pessoal

MCS: Qual a relação de vocês com a tapioca?

MCS: O que mudou após a aparição no Caldeirão do Huck? TAPIOCA DAS PRETAS: Depois que participamos do Caldeirão do Huck nosso empreendimento estava, por exemplo, em 2% e passou para 99%, mudou tudo! Vieram mais pessoas, mais pessoas conheceram nosso trabalho. Nas redes sociais a procura foi muito grande. A gente não conseguia atender todo mundo! (...) A experiência foi muito boa. Ganhamos muito aprendizado!

TAPIOCA DAS PRETAS: Desde criança temos contato com “beiju”* era nosso alimento primário, já que nossos pais plantavam mandioca. *Beiju = “tapioca”, na cidade natal das irmãs.

As sócias preparam pessoalmente as tapiocas Trabalho acadêmico válido como AV2 da turma C406D de Editoração Eletrônica da FACHA - 2020/1

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Tapioca das Pretas / Acervo Pessoal

“A gente quer ver os pretos dominando o mercado. Quem estiver pensando em empreender, bote a ideia no papel e arrisca! Não tenha medo, ele impede muitas coisas. Lugar de preto é onde ele quiser estar.”

Tapioca das Pretas no programa de \TV “Caldeirão do Huck”, Rede Globo

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MCS:Qual critério utilizaram para escolher o nome que batizariam cada tapioca? Por que mulheres pretas? TAPIOCA DAS PRETAS: Quando estávamos na parte de criação da empresa discutimos entre os nomes da empresa, os quais seriam: Tapioca Tocantinense ou Tapioca das Pretas; fizemos uma votação entre a família e Tapioca das Pretas venceu. Combinava mais com nós duas, pela história de vida e dificuldades que enfrentamos desde pequenas; então, com esse nome, teríamos um escudo de força, de empoderamento, usaríamos esse nome como arma de luta diária e para enaltecer as nossas origens. Josi fazia faculdade e compartilhou com colegas e professora sua ideia de empreender; nesse meio tempo essa professora sugeriu que batizassemos a tapioca com nomes de mulheres negras - já que o nome tinha uma referência direta a nós mulheres negras. Gostamos da ideia e fomos pesquisar nomes de mulheres de referência e inspiração para nós, para batizar as tapiocas com, inclusive nossas genitoras. A escolha de cada tapioca ao respectivos nomes foram aleatórios.Começamos com cardápio com nomes de quase 40 mulheres, queríamos homenagear todo mundo! (risos) Hoje nosso cardápio leva com inspiração nomes como: Elza Soares, Taís Araújo, Sheron Menezzes, Dandara dos Palmares, Marielle Franco, Zezé Mota, Viola Davis, Michele Obama, Iza, Glória Maria, Alcione, nossas mães. Tem até lista de espera! (risos)

Tapioca das Pretas / Acervo Pessoal

Tapioca das Pretas em seu antigo carrinho

Tapioca das Pretas / Acervo Pessoal

Cardápio da Tapioca das Pretas

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GASTRONOMIA

Crédito: Purepeople

“O mundo vai mudar daqui para frente” Destaque na TV e pela cozinha francesa, chef destaca efeitos da pandemia Bruno Fajardo Mendes Por Jennifer Ann Thomas 3 de abril de 2020, 15h13 Erick Jacquin, chef francês e naturalizado brasileiro, conquistou popularidade entre os públicos de diferentes preferências gastronômicas após 2014, quando estreou como um dos jurados do programa MasterChef, transmitido pela Band. Antes da fama conferida pela televisão, o chef já era reconhecido como um dos principais nomes da gastronomia francesa em São Paulo. Em dezembro passado, Jacquin abriu o restaurante Président e, em quatro meses, teve que fechar as portas por causa da quarentena instaurada em razão da pandemia do coronavírus — ainda assim, continua a preparar refeições para fazer entregas por delivery. O chef falou sobre a nova rotina em reportagem da VEJA. Em casa com Rosângela, sua esposa, e os filhos gêmeos de dois anos, a crise trouxe reflexões sobre a vida pessoal, as dificuldades econômicas que terá de enfrentar e até mesmo o receio pela possibilidade de soltura da falsa babá que furtou objetos da residência da família. Como o senhor está se adaptando ao atual momento? Sempre falei que nunca mais ia abrir um restaurante. Quando decidi investir em uma nova casa, tive que fechá-la depois de quatro meses por conta de uma crise como a do coronavírus. Mas eu não sou o único, não é só o meu restaurante. É economia do Brasil, do mundo. Tem gente que é a favor de trabalhar, tem quem é contra. Mas a proteção da população, das crianças, dos idosos, das pessoas, vem à frente de tudo. A gente não pode fazer as pessoas irem trabalhar e arriscar a saúde delas. Ao mesmo tempo, muitas pessoas precisam trabalhar para comer amanhã. Ninguém sabe se o governo pode assumir essa situação e qual o poder financeiro deles. A bolsa de valores é uma coisa, mas a realidade, a geladeira dentro das casas das pessoas, é outra. O senhor enxerga uma solução para o curto prazo?

O Chef Erick Jacquin posa para foto.

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O Chef Erick Jacquin em ensaio fotográfico.

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Crédito: Estadão

O grande problema é o que vai acontecer depois de tudo isso, quais vão ser os resultados. Como as pessoas vão viver amanhã, qual o resultado dessa crise nas escolas, na economia, na segurança pública, no nosso futuro? Ninguém sabe. A gente é privilegiado, mas e os outros? Quem vai fazer as contas no final? Quem vai explicar isso para nós? Vamos mudar a sociedade? Vamos mudar a forma de fazer política no Brasil? O presidente fala uma coisa, o governador e o ministro falam outras coisas. Ninguém se entende. O meu restaurante é um pingo de água dentro do oceano. A gente decidiu fazer delivery no Président até como alternativa para manter o emprego das pessoas. Qual é a sua principal preocupação?

A gente é privilegiado, mas e os outros? Quem vai fazer as contas no final? Quem vai explicar isso para nós? Vamos mudar a sociedade? Vamos mudar a forma de fazer política no Brasil? O presidente fala uma coisa, o governador e o ministro falam outras coisas. Ninguém se entende.

O que me preocupa é o futuro da minha família. Eu tenho três filhos. Cadê o futuro deles depois disso? Até mesmo na segurança, qual o impacto disso? A babá que fez a pior coisa da vida com a minha família talvez seja solta. O pior é o futuro, o que vai acontecer depois que passarmos por tudo isso. Eu estou rezando para o futuro dos meus filhos. Já vivi mais da metade da minha vida. E os meus filhos? Um com 23 e os bebês com 2 anos? Esse país maravilhoso que tem tudo para ser o melhor do mundo, cadê o resultado do Brasil? Devia ser mil. Mas a gente não está nem com nota dois. Quais medidas a sua família tomou dentro de casa? A gente não fez estoque de alimentos em casa. Eu tenho cozinhado todo dia e redescobri alguns momentos em família. Eu não sabia que cuidar de dois bebês dava tanto trabalho. Me fez admirar ainda mais Trabalho acadêmico válido como AV2 da turma C406D de Editoração Eletrônica da FACHA - 2020/1

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Mas eu acho que a gente não pode entrar em pânico e não precisa estocar muita coisa em casa. Vai ter tudo no mercado e não será necessário.

a Rosângela porque ela cuida deles sozinha. E agora eu estou ajudando durante o dia e consigo participar mais. Faço as papinhas deles, aprendo a fazer testes e cozinhar para os bebês de uma forma diferente. Eu e a Rô, a gente não precisa de muita coisa. A gente come coisas simples, normal, como quiche com salada. A única coisa que comprei bastante, e acho que exagerei um pouco, foi na água mineral, pensando nos bebês. Mas eu acho que a gente não pode entrar em pânico e não precisa estocar muita coisa em casa. Vai ter tudo no mercado e não será necessário. Do que o senhor sente mais falta? Sinto muita saudade de ir às feiras de rua. Eu adorava ir à feira do Pacaembu, da Alameda Lorena para comprar as saladas e outras coisas. Isso eu sinto muita falta. Mas está sendo um prazer muito grande ficar mais tempo com a família. Eu virei escravo da casa. Mas eu amo isso. Eu sou privilegiado. É o lado bom do confinamento. Até mesmo ligar para quem está longe ou para os amigos de infância, rever os filmes clássicos que a gente já assistiu dez vezes, as músicas que já ouvimos mil vezes, ler livros. Refazer as coisas que a gente não tinha tempo de fazer e que agora não tem mais desculpa. Para quem está em isolamento, em casa, como aproveitar melhor a cozinha? A gente deve aproveitar esse período para reaprender a fazer as coisas que a gente gosta de comer, para cozinhar coisas simples e até mesmo para fazer aquelas que demoram mais tempo para preparar. Comidas da infância, de família, simples para não gastar dinheiro. Fazer o que temos vontade de comer e cozinhar para as pessoas que estão perto da gente também. Aproveite para arrumar a casa, tem muita coisa que nem sabemos que temos. Olhe os livros que você tem. Eu estou fazendo isso. Já arrumei a área de serviço e 54

O Chef Erick Jacquin.

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Crédito: TV Foco

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Crédito: Band

O Chef Erick Jacquin em gravação do Master Chef.

Depois da crise, o que o senhor espera que aconteça? Cozinhar é um hobby, uma terapia. A gente pode procurar fazer algo de infância, da avó, da mãe. Ou então eu procuraria fazer a minha própria história, criar o meu livro de receitas com o que eu gosto de fazer para a minha família. O que a gente gosta de comer juntos, com o que tem na geladeira. Pode ser um modo de começar de novo, do zero. Porque esse momento que estamos vivendo vai mudar o mundo daqui para frente, vai mudar a sociedade. É um fenômeno que nunca existiu. É uma revolução que ninguém imaginou, só se via no cinema. O planeta está em guerra. Precisamos pensar no futuro para que isso não aconteça mais. Não podemos ficar confinados só pensando no passado. É um momento de reflexão. Ver a nossa família em casa, todo mundo junto e ter tempo para aproveitar isso. Eu acho que vamos tirar algo muito positivo. É uma forma diferente de viver em família e espero que a gente mude e aprenda a ajudar mais um ao outro, inclusive em casa. Pensar mais na família, na felicidade e no amor. 56

Crédito: Bares SP

a cozinha. Organize as panelas, a gente precisa aprender a cuidar das nossas coisas, é a nossa casa. Precisamos cuidar da nossa geladeira, não deixar estragar comida porque pode ser que tenha gente que precise de ajuda.

Président, restaurante do Chef Erick Jacquin.

O planeta está em guerra. Precisamos pensar no futuro para que isso não aconteça mais. Não podemos ficar confinados só pensando no passado. É um momento de reflexão.

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10 dicas de séries e filmes sobre gastronomia para ver na Netflix Sugestões para quem adora histórias relacionadas com a culinária de diversos Países

Bruno Fajardo Mendes Por Nathalia Fabro 09 de maio de 2020 - 7h58. Atualizado em 15 de maio de 2020 - 7h17 O entretenimento audiovisual de culinária não é feito apenas de reality shows. Há filmes e séries que abordam o tema da gastronomia com o viés de ficção. Reunimos dez programas da Netflix para assistir e ficar com água na boca! Confira: 1. Midnight Diner -

Crédito: Elo7

Tokyo Stories

Baseada em um mangá de mesmo nome, criado por Yarō Abe, a série mostra como as pessoas podem estar conectadas por um prato de comida que adoram. Há duas temporadas disponíveis. Midnight Diner - Tokyo Stories

Gentefied

Morando em Los Angeles, os primos Morales trabalham para que o restaurante de tacos da família não entre em falência. Além disso, precisam enfrentar dilemas da herança mexicana com a realidade dos Estados Unidos.

Nesta série, o ator Naoto Takenaka interpreta o personagem Takeshi Kasumi, um senhor que acabou de se aposentar e passa a redescobrir os prazeres da vida por meio da gastronomia. A história é baseada em quadrinhos. 4. Meu Eterno Talvez Crédito: Acsta

Crédito: Nflxso

2. Gentefied

Após 15 anos sem conversar, a chef de cozinha Sasha e o músico Marcus se reencontram e começam a questionar como a vida deles teria sido diferente, caso tivessem continuado a relação. 5. Comer, Rezar, Amar

Crédito: Nflxso

3. Samurai Gourmet

Meu eterno talvez

Trabalho acadêmico válido como AV2 da turma C406D de Editoração Eletrônica da FACHA - 2020/1

Samurai Gourmet

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fera Buchmann e Cássio Gabus Mendes, o filme brasileiro narra a história de um chef que está com problemas em seu restaurante. Uma auditora fica no seu pé para forçá-lo a criar um novo menu e tentar salvar o estabelecimento.

6. Gosto Se Discute

7. Feed The Beast

Estrelado por Ké-

Com David Schwimmer (o

Crédito: Minha série

Crédito: Mlcdn

Crédito: Medium

Comer, rezar, amar

A atriz Julia Roberts é Liz Gilbert, uma jornalista que passou por um divórcio e decide viajar para a Itália, Índia e Bali em busca de novos propósitos.

Gosto se discute Feed the Beast

eterno Ross, de Friends), a série mostra o plano de um sommelier alcoólatra que decide abrir um novo restaurante no Bronx, em Nova York. Os dez episódios são repletos de suspense, ação e mistério. 8. Let’s Eat (Vamos Comer)

Os 16 episódios da série

Let’s eat

10. Notas de Rebeldia

O jovem Elijah quer se 58

Crédito: thaysmdelima

coreana são repletos de romance e drama. Na história, uma chef de cozinha e um médico que não come chocolate se reencontram ao trabalhar juntos em um asilo. Chocolate

Crédito: CinePop

9. Chocolate

Crédito: O blog pave

Produzida na Coreia, a série de comédia narra como uma mulher divorciada aprende a equilibrar os momentos da vida sozinha com uma dieta saudável. Há duas temporadas.

tornar um mestre dos vinhos, mas precisa lidar com as expectativas de seu pai, que espera que o filho assuma o restaurante da família.

Notas de rebeldia

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