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GASTRONOMIA

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Três histórias de como a guerra desenraíza a vida na Ucrânia

País passa por momento crítico, o que abre espaço para histórias trágicas e desumanas

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Caio Dutra e Kaio Sauaia 24/05/2022 Fonte: www.istoedinheiro.com.br A parlamentar Inna enviou seu filho para uma cidade mais segura, mas seguiu em Kiev. Victor, especialista em TI, levou esposa e filhas para fora de Kharkiv, e retornou sozinho. Yurii passou dias com a família na estrada. Inna Sovsun está em constante movimento. Neste momento, sentada com seu laptop em uma casa perto de Kiev, ela conversa com jornalistas enquanto tropas russas se aproximam cada vez mais da capital ucraniana. Enquanto combates violentos ocorrem em subúrbios como Irpin, balas zunem e bombas caem sobre casas. Às vezes, ela continua falando mesmo quando ouve o alarme de ataque aéreo.

Falar é agora sua missão.

De manhã até a noite, a parlamentar ucraniana dá entrevistas – ela fala inglês fluente, estudou na Suécia e viveu nos Estados Unidos. Agora, ela explica a guerra em seu país para a mídia do Ocidente. E faz um pedido urgente de ajuda. “As sanções, até agora, não são suficientemente duras”, diz. “Estamos pedindo um embargo comercial completo. Sanções que paralisem a economia russa para que não haja mais dinheiro para comprar armas.” Ela quer dizer boicotar o petróleo, o gás e o carvão da Rússia. Inna Sovsun tem uma cadeira no Parlamento pelo partido liberal e pró-europeu Golos Zmin. Ela parece cansada durante a entrevista via Zoom à DW. Nas últimas duas semanas, ela mal dormiu três horas por noite. Atualmente, ela vive com amigos que têm uma boa conexão de internet e seu próprio porão – ela não tem um em seu apartamento em Kiev. Inna não sabe quantas vezes teve que procurar abrigo no porão, e já parou de contar. A cada algumas horas, diz, há um alarme. É terça-feira, o 13º dia da guerra, quando a DW consegue falar com ela. Inna Sovsun não vê seu filho, de 9 anos de idade, desde que o ataque russo começou. Ela o tirou de Kiev como precaução, e ele está com o pai no oeste do país, onde é mais seguro neste momento. Para ela, fugir da capital estava fora de questão. O lugar dela agora é aqui. Também e especialmente para seu filho. Ele é a sua motivação para lutar com todas as suas forças pelo futuro do país. Quando ela falou com ele ao telefone pela primeira vez após a separação, ele lhe perguntou: “Mamãe, quando nos veremos novamente?” Então ela apenas chorou. Fugir de Kharkiv e voltar No caso de Victor, é a filha do meio de seus três filhos com quem ele mais se preocupa. A menina de 12 anos

Soldado ucraniano abraça mulher em Lviv.

às vezes fica desesperada de medo. A irmã mais velha aparenta ser muito calma. E a mais nova, de apenas 6 anos, ainda não entende muito bem o que está acontecendo. A DW está em contato com Victor desde o início de março. Ele envia mensagens curtas via WhatsApp todos os dias, sempre que ousa sair do porão ou ir para o pátio e tem sinal no telefone celular. A família vive com um cão e dois gatos na sitiada Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, no nordeste do país. Victor é um especialista em TI, e a família tem sua própria casa. Às 8h do dia 1º de março, um míssil de cruzeiro destruiu o prédio da administração regional na Praça da Liberdade, em Kharkiv. Menos de 10 minutos depois, uma segunda explosão fez tremer o centro da cidade. Victor e sua família puderam ouvir e sentir os impactos, sua casa fica a apenas cerca de quatro quilômetros de distância. A região ao redor de sua casa seguiu relativamente calma, ele escreve no dia seguinte ao ataque. Mas, por dentro, é corroído pelo medo de que possam ser atingidos a qualquer momento. “É um ato de equilíbrio constante entre ir e ficar. Neste momento, sentimos que é mais seguro aqui embaixo em nosso porão do que em algum lugar na rua.” Os pais tentam oferecer um clima de normalidade para as crianças sempre que podem. No porão, eles criaram o ambiente mais confortável possível. As crianças têm livros e podem jogar jogos em seus telefones celulares, tablets e laptops. “E nós também temos doces para distraí-los.” Mas as constantes explosões os estão desgastando. Nesta segunda-feira, a família finalmente decidiu deixar Kharkiv por causa dos pesados ataques aéreos. Eles se tornam refugiados em seu próprio país e viajam de ônibus para a cidade de Poltava, a quase 150 quilômetros de distância. Ali, encontram alojamento em um apartamento temporário. Victor, no entanto, só fica por uma noite. Ele logo embarca em um trem de volta para Kharkiv. “Quero me juntar aos voluntários.” Separar-se de sua esposa e três filhas tem sido difícil, diz ele. “Mas nós acreditamos piamente que nos encontraremos novamente em breve.” Victor quer fazer algo, quer entregar água e comida para as pessoas que ainda estão em Kharkiv e não conseguem se sustentar. Ele quer remover os escombros. Será que ele não tem medo? “Não”, responde de forma sucinta.

Mudança para a região dos Cárpatos

Yurii também deixou Kharkiv, junto com sua esposa e sua filha de 17 anos. Eles rodaram de carro por vários dias, diz. A casa onde moravam ainda está de pé, mas muitos edifícios nas proximidades foram destruídos, inclusive a casa ao lado, atingida pouco depois que eles saíram. O destino da família é uma pequena cidade na região montanhosa dos Cárpatos. O empregador de Yurii alugou um quarto de hotel lá para eles. “Chegamos. Aqui não há bombas”, ele escreve em 7 de março. Pela primeira vez desde que a guerra eclodiu, ele conseguiu dormir a noite inteira. “Temos sorte de ter saído de Kharkiv ilesos. E meu empregador pagou o quarto por duas semanas.” Para o período em seguida, o proprietário do hotel fez uma oferta generosa à família.

“Ele sugeriu que nos mudássemos para sua casa particular, em um vilarejo aos pés das montanhas”. E o proprietário não cobrou nada por isso. “Nós aceitamos, é claro.” Na verdade, Yurii também preferiria voltar para Kharkiv. “Se isso será possível, só o tempo dirá.” Deixar seu país por completo é algo que ele mal pode imaginar. “Eu amo a Ucrânia.” Ele e Victor nem teriam permissão para sair do país neste momento. Todos os homens recrutados devem ficar para apoiar o exército em caso de necessidade e defender sua pátria com armas. Yurii mal aguenta ver a sua cidade natal ser cada vez mais reduzida a escombros a cada dia que passa. Ainda assim, ele não consegue entender por que tantas pessoas no país estão desapontadas ou bravas por causa da negativa da Otan em criar uma zona de exclusão aérea, que o presidente ucraniano Volodimir Zelenski continua pedindo. “Sei que esta não é a guerra de vocês. Cada governo tem que cuidar primeiro de seus próprios cidadãos”, diz Yurii. Ele sente muito apoio vindo de todo o mundo, diz. “Nós venceremos. Vamos fazer isso com nossas próprias forças.”

Decepção com o Ocidente

“Ainda estamos de pé”, Victor escreve por WhatsApp, a partir de Kharkiv. Ao contrário de Yurii, ele está profundamente desapontado com o Ocidente. “A incapacidade da Otan de estabelecer uma zona de exclusão aérea ou pelo menos nos equipar com armas modernas de defesa aérea me deixa irritado.” O tom de Inna Sovsun também fica enérgico quando trata dessa questão. “A Ucrânia desistiu de suas armas nucleares em 1994 porque o Ocidente nos assegurou que nos daria uma garantia de segurança. Mas tudo o que temos agora é uma desculpa sobre por que isso não é possível”, disse. “Enquanto isso, os russos continuam a lançar bombas sobre nossas cabeças.” Analistas concordam que a Rússia se moverá para atacar a capital ucraniana nos próximos dias. O mínimo que a Ucrânia precisaria é de jatos de combate, diz Inna. “Precisamos desses jatos para poder bombardear as tropas russas do ar e garantir que Kiev não seja cercada.” Inna repete a sua exigência diversas vezes. Somente com a ajuda dos jatos, Kiev poderia ser defendida, e somente dessa forma a morte de muitos civis poderia ser evitada. “Eles estão planejando repetir em Kiev o que fizeram em Irpin. Havia ordens para atirar em civis. E eles farão o mesmo [aqui].” O lado russo, por outro lado, mantém sua versão oficial de que apenas alvos militares estão sendo atacados. Mas há evidências de que alvos civis, como áreas residenciais e hospitais, foram atingidos diversas vezes. A Organização Mundial da Saúde divulga em seu site uma lista de hospitais danificados. Entre eles estão hospitais nas áreas de Kharkiv e Kiev, onde Victor, Yurii e Inna viviam em paz até 15 dias atrás.

Foto: www.otempo.com.br Soldado ucraniano em fronte de Horlivka.

Os dias intensos de negociação entre potências ocidentais e os russos não foram capazes de evitar um conflito. Há 3 meses atrás, a Rússia iniciou bombardeios que se espalharam por várias cidades da Ucrânia ao longo do dia, após quatro meses de crise com o Ocident Em pronunciamento feito às 5h45 (horário local), o presidente Vladimir Putin anunciou uma operação militar como forma de “proteger a população de Donbass”. No local, ficam duas repúblicas separatistas pró-Rússia (Donetsk e Luhansk), que foram reconhecidas como independentes pelo chefe do Kremlin nesta semana, em uma cerimônia de assinatura exibida pela televisão estatal.

Dois ex-militares do Exército brasileiro integram a Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia

A tropa é formada por cerca de 20 mil estrangeiros com treinamento militar que queiram combater os russos, de acordo com o governo ucraniano. Eles contaram ao portal UOL como tem sido a experiência

Caio Dutra e Kaio Sauaia 24/05/2022 Fonte: www.metroworldnews.com.br O paulista André Kirvaitis e o pernambucano Leanderson Paulino, ambos de 27 anos e com residência fixa na Europa, disseram integrar uma unidade especial com outro combatente brasileiro e dois portugueses. “Eu fui convidado para fazer parte de uma tropa especial, não estou mais como um militar convencional. No meu pelotão, estão os melhores. Militares de várias nacionalidades, que já operaram no Afeganistão, Iraque e Síria. São guerreiros experientes”, disse Paulino à reportagem. Ele deixou Londres, na Inglaterra, para se apresentar às forças ucranianas. Já Kirvaitis contou que foi de carro da Alemanha até a Polônia, onde se alistou na fronteira com a Ucrânia. “A gente veio para ajudar a Ucrânia, porque os outros países não estão fazendo nada. Não tem como deixar o povo à mercê de ser invadido por outro país.”

Brasil estampado na farda

A reportagem do UOL destacou que no braço esquerdo do uniforme de Paulino é possível ver as bandeiras da Ucrânia e do Brasil. Logo abaixo, se lê “Caatinga”, em referência ao centro de instrução e operações do Exército brasileiro destinado à formação de combatentes com técnicas de sobrevivência em Petrolina, interior pernambucano. Já Kirvaitis exibe em seu uniforme uma bandeira da França, uma vez que nos últimos anos integrou a legião estrangeira francesa.

Paradeiro desconhecido

Por questão de segurança, os ex-militares não

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podem revelar sua localização na Ucrânia. Nas redes sociais, porém, compartilham imagens em zonas de combate. “Nem a minha mãe sabe da minha exata localização. Ela só sabe que estou na Ucrânia”, disse Paulino, que conta com mais de 46 mil seguidores em seu perfil no Instagram. Kirvaitis mostrou em suas redes sociais imagens do seu deslocamento até a fronteira com a Polônia há uma semana. Ao UOL, fez um apelo: “Tem sempre uma forma de ajudar, com doações, postando alguma coisa na internet ou fazendo manifestação para essa guerra acabar”.

À esquerda Leandro e ao centro André

Foto: Instagram André Kirvatis

U2 faz show improvisado no metrô de Kiev em solidariedade à Ucrânia

Banda cantou clásssicos e uma versão da canção “Stand By Me”

Foto: diariodonordeste.verdesmares.com.br

Cantor irlandês Bono e o guitarrista The Edge, do grupo U2, se apresentaram na Ucrânia

Caio Dutra e Kaio Sauaia 24/05/2022 Fonte: g1.globo.com e diariodonordeste.verdesmares.com.br O vocalista Bono e o guitarrista The Edge, do U2, fizeram um concerto improvisado no metrô de Kiev, capital da Ucrânia, invadida pela Rússia desde 24 de fevereiro. O show surpresa ocorreu na estação de metrô Khreschatyk e reuniu uma pequena multidão. Bono cantou uma versão da canção Stand By Me com a banda ucraniana Antytela. Também tocou clássicos: ‘Sunday Bloody Sunday’, ‘Desire’ e ‘With or without you’. O cantor elogiou a luta da Ucrânia pela liberdade e até fez uma oração pela paz. Anteriormente, ele já havia apoiado e dedicado um poema à Ucrânia. Em um post no Twitter, a banda afirma que foi convidada pelo presidente da Ucrânia para tocar em Kiev como uma demonstração de solidariedade ao povo ucraniano. Da plataforma de estação do metro, o vocalista ainda fez referência aos conflitos que devastaram seu país, a Irlanda, e os problemas que foram desencadeados com seu poderoso vizinho britânico. “Rezamos para que em breve desfrutem um pouco de paz”, acrescentou. A apresentação surpresa de Bono - que ao longo de sua carreira colaborou em múltiplas causas, incluindo a luta contra a pobreza e a aids - ocorreu quando as sirenes antiaéreas eram ouvidas na capital e no leste do país, onde os combates se intensificaram. Entre o pequeno público que assistiu à apresentação estavam membros das forças armadas ucranianas.

Foto: diariodonordeste.verdesmares.com.br Bono convidou um soldado ucraniano a cantar uma versão de “Stand by me”

Qual a realidade por trás das armas a laser declaradas pela Rússia

A Rússia afirma ter usado armas a laser no campo de batalha na Ucrânia, embora os EUA digam que não viram nenhuma evidência disso, e a Ucrânia tenha ridicularizado a alegação, classificando como propaganda.

Foto: br.rbth.com/ Arma laser.

Caio Dutra e Kaio Sauaia 24/05/2022 Fonte: www.bbc.com Mas, afinal, o que são armas a laser e quão eficazes elas podem ser no conflito? Yury Borisov, vice-primeiro-ministro russo responsável pelo desenvolvimento militar, disse à TV estatal que um protótipo a laser chamado Zadira estava sendo usado na Ucrânia e que havia queimado um drone ucraniano em cinco segundos a uma distância de 5 km. Ele se soma a um sistema de laser anterior chamado Peresvet — em homenagem a um monge guerreiro ortodoxo medieval —, que pode ser usado para ofuscar satélites orbitando bem acima da Terra e impedi-los de coletar informações. No entanto, uma autoridade do Departamento de Defesa dos EUA disse que não viu “nada que corrobore os relatos sobre uso de lasers” na Ucrânia. Enquanto isso, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, zombou da alegação russa, comparando-a com as chamadas “armas milagrosas” que a Alemanha nazista alegou estar desenvolvendo durante a Segunda Guerra Mundial. “Quanto mais claro ficava que eles não tinham chance na guerra, mais propaganda havia sobre uma arma incrível que seria tão poderosa a ponto de garantir uma reviravolta”, disse ele em um

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discurso em vídeo. O que as armas a laser podem — e não podem — fazer Pouco se sabe sobre o sistema de laser Zadira, mas em 2017, a mídia russa afirmou que a Rosatom, agência nuclear estatal, ajudou a desenvolvê-lo como parte de um programa para criar armas baseadas em novos princípios da física, informou a agência de notícias Reuters. Mas há pelo menos um país que desenvolveu uma arma a laser. No mês passado, Israel divulgou um vídeo mostrando um sistema de laser derrubando foguetes e drones. O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, disse que poderia derrubar drones, morteiros e foguetes por apenas US$ 3,50 por disparo. “Pode parecer ficção científica, mas é real”, afirmou. Mas o especialista em defesa antimísseis Uzi Rubin, do Instituto de Estratégia e Segurança de Jerusalém (JISS, na sigla em inglês), acredita que a tecnologia de armas a laser não alteraria o equilíbrio de poder no campo de batalha na Ucrânia. “Zelensky está certo — não é uma arma milagrosa”, diz ele à BBC. “Levaram vários segundos para derrubar o UAV (sigla em inglês para “veículo aéreo não tripulado”, mais conhecido como drone). Há maneiras muito melhores de fazer isso, usar um Stinger ou qualquer míssil antiaéreo teria sido mais barato, mais rápido e de maior alcance.” Os lasers funcionam enviando um feixe de luz infravermelha que aquece seu alvo até que entre em combustão. Rubin afirma que até mesmo a potência de armas a laser avançadas ainda era muito fraca para fazer uma diferença significativa no campo de batalha, e lembra que estas armas têm uma “taxa de letalidade” baixa.

Starbucks vai deixar a Rússia após 15 anos

Rede de cafeterias já tinha suspendido operações no país em março; McDonald’s também vendeu suas operações no país.

Caio Dutra e Kaio Sauaia 24/05/2022 Fonte: g1.globo.com A rede de cafeterias Starbucks anunciou nesta segunda-feira (23) que vai deixar o mercado da Rússia depois de quase 15 anos – se juntando ao McDonald’s, que na semana passada, chegou a um acordo para vender sua rede de restaurantes a um empresário local. A Starbucks, que tem sede em Seattle, nos Estados Unidos, tem 130 lojas na Rússia, operadas pelo licenciado Alshaya Group. São cerca de 2 mil funcionários no país, onde está desde 2007, de acordo com a Reuters. As lojas da rede estavam fechadas no país desde março, quando a Starbucks suspendeu todas as suas atividades na Rússia – incluindo o envio de produtos – depois da invasão da Ucrânia. Em nota, o presidente da rede, Kevin Johnson, afirma que “a Starbucks tomou a decisão de sair e não mais ter sua marca presente no mercado (russo)”. O texto não afirma como se dará a saída da empresa, mas afirma que os trabalhadores serão pagos por seis meses e receberão assistência para buscar novas colocações fora da rede de cafeterias. Outras empresas já deixaram suas operações na Rússia: além da Starbucks e do McDonald’s, a montadora francesa Renault vendeu suas fábricas ao Estado russo – a empresa detinha 67,69% da AvtoVAZ, a maior fabricante de automóveis Lada na Rússia

Logo Starbucks.

Foto: newsbulletin247.com

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