Revista por um mundo melhor edição 07

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ANO III abril/maio/jun 2019 BRASÍLIA - DF EDITORA PALOMITAS ISSN: 2358-3207

TAMAR: EM DEFESA DE UM SANTUÁRIO

MEMÓRIA: BRANCA DE NEVE EM AUSCHWITZ INCLUSÃO: ACESSIBILIDADE NO DF

PORQUE O MUNDO TAMBÉM É REPLETO DE BOAS NOTÍCIAS E PESSOAS EXTRAORDINÁRIAS 1


SUAS CORES E FORMAS SÃO AINDA MAIS BELAS QUANDO A IMPRESSÃO É DE QUALIDADE.

Empresa certificada


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| editorial UM PATRIMÔNIO DO BRASIL E DO MUNDO Os impactos devastadores ao meio ambiente, aos ecossistemas e às vidas também humanas, infelizmente, nunca estiveram tão em destaque na imprensa atual. Neste sentido, as chagas de Brumadinho e Mariana restam como feridas ainda abertas, como a nos lembrar o que a irresponsabilidade da pegada antrópica pode representar para toda a existência planetária. Trabalhando incansavelmente em sentido oposto, o Projeto Tamar é a maior prova do compromisso que o ser humano tem para com a vida. Não por acaso, a iniciativa brasileira é tida como um legítimo patrimônio não só do nosso país, mas como também do mundo. E não é só uma louvável mudança de consciência e de paradigmas do homem que pode explicar isso, porque o Projeto Tamar é, sobretudo, uma experiência bem-sucedida de amor. Nesta edição da revista Por Um Mundo Melhor, apresentamos como matéria de capa essa excelente iniciativa que atende pelo nome de Projeto Tamar, mas não apenas isso: falamos também de como a personagem de Branca de Neve foi importante para uma artista judia tentar salvar vidas com o seu talento em pleno campo de concentração de Auschwitz, na II Guerra Mundial.

Além disso, destacamos como os espaços culturais de Brasília são ou não acessíveis ao público portador de necessidades especiais e como a acessibilidade pode ser um verdadeiro exercício de cidadania. Na seção de cultura, abordamos o filme “O Menino que Descobriu o Vento”, atualmente em cartaz na Netflix, cuja história foi mostrada antes aqui, na primeira edição da revista Por Um Mundo Melhor (2015). De igual modo, apresentamos uma iniciativa louvável da Cultura Inglesa, de concessão de bolsas de estudo de idiomas para alunos carentes da rede pública de ensino em vários estados do país, inclusive no DF. Leiam isso e muito mais nesta edição, que preparamos com muito carinho para vocês.

Esperamos que vocês gostem. Até a próxima edição.

expediente | A revista Por Um Mundo Melhor é uma publicação trimestral da Editora Palomitas e não tem fins lucrativos. Todos os recursos advindos da comercialização de seus anúncios se destinam à sustentabilidade do periódico, à remuneração de seus profissionais e ao apoio a projetos sociais, ambientais e de defesa dos vulneráveis. Editora Palomitas CNPJ: 19.920.208/0001-57 Fundador e editor-chefe: Paulo Henrique de Castro e Faria RP MTb: 4136/DF Projeto gráfico e Diagramação: Léo Silva Contatos: 55 61 99819 9828 / 99964 7263

Representação comercial, consultoria em produção gráfica: Cleber de Albuquerque | Colônia Editora Independente Eirelli CNPJ: 24.206.387/0001-03 coloniaeditora.com.br Tel.: (61) 99964-7263 Impressão: Qualidade Gráfica e Editora Tiragem: 3.000 exemplares ISSN: 2358-3207 Distribuição gratuita

revistaporummundomelhor.com.br Revista Por Um Mundo Melhor

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SUMARIO | 4

TAMAR: EM DEFESA DE UM SANTUÁRIO

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BRANCA DE NEVE EM AUSCHWITZ

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TRANSPONDO FRONTEIRAS COMO O VENTO

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CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL

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POR UMA CULTURA DE ACESSIBILIDADE

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UMA AULA DE INCLUSÃO

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CULTURA INGLESA LANÇA PROGRAMA DE BOLSAS DE ESTUDO PARA JOVENS Mostre para o mundo o qu

Nós sinalizamos ações POR U

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de matérias sobre saúde, educação, cultura, ações sociais, direitos dos animais e responsabilidade socioambiental. Em reconhecimento a todos os apoiadores e patrocinadores que tornam possível o sonho deste Acesse o nosso site: www.revistap projeto, deixamos nosso mais sincero agradecimento. revistaporummundome Sem vocês, não teríamos chegado 55 61 99819 9828 até aqui. Acesse o nosso site: www.revistaporummundomelhor.com.br Acesse o nosso site: www.revistaporummundomelhor.com.br Acesse o nosso site: www.revistaporummundomelhor.com.br um de vocês, à sua maneira, revistaporummundomelhor@gmail.comCada também contribui Por Um Mundo revistaporummundomelhor@gmail.com revistaporummundomelhor@gmail.com nosso site: www.revistaporummundomelhor.com.br 55 61 99819 9828 - 99964 7263Melhor.

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MATÉRIA DE CAPA

TAMAR: EM DEFESA DE UM SANTUÁRIO Um dos mais bem-sucedidos projetos de defesa da vida animal no Brasil mostra como é possível conciliar preservação ambiental, defesa da biodiversidade e constante resistência às agressões da pegada humana na natureza

DA REDAÇÃO

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FOTO: PROJETO TAMAR.

esde 1980, quando foi fundado, o Projeto Tamar – tendo resistido, a duras penas, aos muitos revezes complexos, desmedidos e numerosos a quem busca, no Brasil, preservar biomas e toda sua riquíssima biodiversidade – mostra, com o passar dessas quatro décadas de maturidade, que é um patrimônio não só do Brasil, mas de todo o planeta, assim como os delicados seres que luta por preservar. O Projeto Tamar trabalha na pesquisa, na proteção e no manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas existentes no país, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Reconhecido internacionalmente como uma das mais bem-sucedidas experiências de conservação marinha do mundo, seu trabalho socioambiental, desenvolvido com as comunidades costeiras do Brasil, serve de modelo para outros países.

Papel de multiplicador da consciência ambiental Tão fundamental quanto o próprio trabalho de pesquisa, proteção, manejo, monitoramento e logística – a fim de propiciar a sobrevivência das tartarugas e dos santuários das espécies protegidas pelo projeto – é, sem dúvida, o perfil do Tamar de multiplicador da

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Filhote de tartaruga saindo do ovo

consciência ambiental, graças à sensibilização e à educação. Nas regiões litorâneas com potencial turístico, o Tamar tem centros de visitantes e


lojas que fazem parte do programa de conservação das tartarugas e ajudam a promover a autossustentação da iniciativa e das comunidades que apoiam o trabalho de pesquisa e proteção desde o início. Os produtos artesanais são feitos por filhas e mulheres de pescadores como alternativas de renda.

formativos, réplicas de tartarugas marinhas em tamanho natural e silhuetas, espaços para exposições, palestras e exibição de vídeos, restaurantes e lojas para venda de produtos exclusivos. Há programas de visitas orientadas para alunos de escolas do ensino fundamental e médio e de universidades.

Os centros de visitantes funcionam como núcleos de pesquisa e divulgação da vida marinha, de sensibilização e educação ambiental, lazer e serviços, além de gerar oportunidades de trabalho. Possuem tanques e aquários, painéis in-

Além disso, atividades de sensibilização e educação ambiental ocorrem nos centros de visitantes do projeto e em colônias, associações de pescadores, condomínios e empreendimentos turísticos e comerciais próximos às praias de desova.

FOTOS: PROJETO TAMAR.

Esforços de muitos profissionais para que milhões de tartarugas consigam chegar ao oceano

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FOTO: PROJETO TAMAR.

Biólogas por um dia Com um mergulho profundo no conhecimento, com a interação e a vivência com as tartarugas marinhas e com quem cuida delas há 39 anos, o propósito do programa educativo do Tamar e de suas atividades, além de despertar nas pessoas a curiosidade para a pesquisa e a ciência, é promover a sensibilização e o olhar de amor e cuidado para a conservação dos ecossistemas marinhos. Os filhos participam, os pais também e, assim, toda a família acaba se engajando na proteção às tartarugas marinhas e aos oceanos. A partir da vivência de se tornarem biólogas por um dia, as crianças seguem os passos diários da equipe no centro de visitação e educação ambiental e de veterinária, realizando atividades, como cuidados às tartarugas, além de preparo e alimentação dos animais, para que os jovens aprendizes conheçam o porquê de todo esse trabalho.

Crianças participantes do Programa de Educação Ambiental do Tamar

Ameaças às espécies O momento presente, infelizmente, ainda é de alerta sobre a mortalidade de tartarugas pela captura incidental por pesca, a maior das ameaças às espécies. Redes de pesca, anzóis, degradação de áreas de desova, luzes artificiais e poluição dos oceanos, além das mudanças climáticas, são os principais inimigos das tartarugas e podem interromper sua chance de recuperação.

FOTO: PROJETO TAMAR.

No verão, quando as tartarugas estão em plena reprodução, aumenta a quantidade de pessoas nas praias, o que, juntamente com o crescimento de áreas urbanas e a implantação de empreendimentos turísticos no litoral, causa impactos às condições naturais das áreas de desova e de alimentação das tartarugas marinhas.

O acompanhamento das espécies é feito até dentro do oceano

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FOTOS: PROJETO TAMAR.

Profissionais coletam dados biométricos das tartarugas, como parte do seu monitoramento

83 mil 1980/84

764 mil 1985/89

1,6 milhões 1990/94

3,1 milhões 2000/04

8,4 milhões 2010/14

NÚMERO DE FILHOTES E GERAÇÕES NO TAMAR

O amor em números temporada, mais de 2 milhões de novas tartaruguinhas protegidas pela iniciativa precursora no país.

Considerada a parceria mais longa da Petrobras com um projeto de conservação, cujo patrocínio se mantém há mais de 36 anos, o Projeto Tamar está em sua 38ª temporada, contabilizando quase 40 anos de existência e esforços empreendidos em 1.100 quilômetros do nosso litoral e de ilhas oceânicas. Na temporada de reprodução encerrada em março de 2018, 30 mil ninhos de tartarugas marinhas foram protegidos e 2 milhões de filhotes foram devolvidos ao mar. Até hoje, o Tamar registra já ter devolvido mais de 37 milhões de tartarugas ao oceano.

Com a utilização de técnicas de telemetria para monitorar tartarugonas e tartaruguinhas, a produção científica dos últimos anos busca respostas sobre o impacto das mudanças climáticas sobre as espécies e continua com as coletas para alimentar um sistema de informações com mais de 36 anos de dados sistematizados e padronizados. Já são mais de 640 publicações científicas sobre a conservação de tartarugas marinhas, além de diversos convênios e parcerias científicas com universidades no Brasil e em outros países.

Por causa da intensa atuação do projeto, os litorais de Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, além das ilhas oceânicas de Fernando de Noronha (PE) e Trindade (ES), devem gerar, somente nesta

O Projeto Tamar é uma louvável evidência de que a preservação ambiental é possível e imensamente desejada no Brasil. Além disso, é uma das maiores provas do que o amor à vida pode representar.

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FOTO: PROJETO TAMAR.

Uma vitória do projeto, do planeta e da vida

• O projeto realiza 100% de cobertura nas principais praias de desova (1.100 km). • Há presença contínua da iniciativa em 26 localidades de nove estados brasileiros. • Cerca de 30 mil ninhos são protegidos a cada ano. • São mais de 37 milhões de tartaruguinhas devolvidas ao mar em 38 anos.

• Há 36 anos é feita a coleta sistemática de dados padronizados. • Foram criadas 1.800 oportunidades de emprego. • São mais de 1 milhão de pessoas por ano nos centros de visitantes. • Aproximadamente 50% a 60% dos recursos gerados se deram a partir de atividades sustentáveis.

FOTO: PROJETO TAMAR.

• As cinco espécies de tartarugas marinhas que existem no Brasil estão se recuperando.

Inscrição no Projeto Tamar É possível inscrever crianças de várias idades em cada unidade do Tamar. Consulte por telefone para saber. Localidades da iniciativa Praia do Forte (BA): (71) 3676-0321 / Aracaju (SE): (79) 3243-3214 / Vitória (ES): (27) 3225-3787 / Ubatuba (SP): (12) 38326202 / Florianópolis (SC): (48) 3236-2015 Tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea)

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Se a natureza não tiver futuro, nós também não teremos.

NOS AJUDE A

PROTEGER A VIDA O WWF-Brasil desenvolve, há mais de 20 anos, projetos e iniciativas de conservação do meio ambiente para que a sociedade brasileira conviva em harmonia com a natureza, em benefício das gerações atual e futura.

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#JuntosÉpossível doe.wwf.org.br


PERFIL

BRANCA DE NEVE EM AUSCHWITZ Há 75 anos, a artista judia Dina Babbitt tentou salvar prisioneiros das câmaras de gás apenas com seu talento... e sua ousadia

PAULO CASTRO

P

ode parecer exagero pensar assim. Mas até que ponto a arte pode servir à vida? Para Dina Babbitt, a resposta foi o que a salvou, juntamente com sua mãe, da morte certa na Polônia durante a II Guerra Mundial. Mas isso para ela não foi o suficiente: Dina tentou, com todas as suas forças, salvar todos os que estavam aos cuidados dos seus pincéis.

ARTIN.C HRISTAM

OM

Nascida em 1923 em Brno, na então Tchecoslováquia, Annemarie Dinah Gottliebova desde cedo mostrou aptidão artística e, quando criança, foi inscrita por sua mãe na Academia de Belas Artes, em Praga, para onde ambas se mudaram. Aos 14 anos, Dina se sentiu completamente maravilhada ao ver, no cinema, o filme “Branca de Neve e os 7 Anões”, de Walt Disney. Ela então não teria como saber, mas isso foi certamente o

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FOTO: NEAL AD

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1- Dina Babbitt em Hollywood; 2-Página da graphic novel de Neal Adams

FOTO: LO

S ANGEL

FOTO: C

ES TIMES

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No início de 1942, mãe e filha foram detidas pelos nazistas e, no ano seguinte, levadas ao campo de concentração de Auschwitz. Na chegada, ambas foram separadas. Dina ficou na zona destinada às crianças. Certo dia, ao conhecer o seu talento, um colega prisioneiro pediu para Dina pintar um mural que pudesse aliviar parte do sofrimento dos pequeninos do lugar. Recordando o filme que ela havia visto em 1937, mesmo arriscando ser executada por sua ação, Dina decidiu pintar, na parede de um alojamento, uma cena de Branca de Neve.

O interesse do Anjo da Morte Em pouco tempo, um soldado da SS entrou no alojamento e viu a arte que Dina havia pintado. Em seguida, Dina foi jogada dentro de um jipe. Durante o caminho, ela pensou, desesperada: “Vou morrer”. Foi levada a Birkenau, para o escritório do Dr. Joseph Mengele, conhecido como Anjo da Morte, devido às experiências monstruosas que realizava em seres humanos, utilizados como cobaias. Determinado a comprovar sua hedionda teoria sobre a inferioridade de outros povos em relação à “raça ariana”, Mengele forçou Dina a pintar retratos que captassem o exato tom da pele dos ciganos, nuance que faltava às fotografias da época. Em troca, Mengele disse que salvaria Dina.

tos, um alívio bem-vindo para Dina. “Foi uma fuga para mim”, disse ela, em 2006, em uma entrevista à TV americana. “Você não sabe o que é sentir fome sem qualquer chance de se satisfazer. Então, eu estava sentada lá, pintando, e – por um momento – eu podia esquecer tudo aquilo”. Mengele forneceu-lhe um bloco, aquarelas e duas cadeiras: uma para usar como cavalete, a outra para os “modelos compulsórios” se sentarem. Entre eles estava uma garota chamada Celine, pintada usando um lenço azul. “Ela tinha acabado de perder o bebê, que tinha dois meses e morreu de fome. Ela não tinha leite, não havia como alimentá-lo. Felizmente, Mengele enviou para mim seu enfermeiro, que me trazia sopa e pão branco todos os dias, que eu podia compartilhar. E é claro que eu os dividi com Celine”, afirmou Dina. Foi, então, que ela percebeu que, retardando a execução dos retratos, teria como retardar a execução dos prisioneiros, apelando para a esperança de que as mortes, enfim, não FOTO: WORDPRESS

que salvaria a jovem artista e sua mãe apenas sete anos depois. Em 1939, as tropas alemãs ocuparam seu país e, como Dina era judia, foi obrigada a abandonar seus estudos.

Apelando para um blefe ousado, mas eficaz, Dina – banhada em lágrimas – bradou para o médico que se mataria se, além de sua vida, sua mãe também não fosse poupada. Temendo ficar sem a artista que comprovaria sua tese, Mengele aceitou a proposta e perguntou: “Qual é o número dela?”. Os prisioneiros, então, eram identificados com a numeração tatuada em seus braços. Em desespero, Dina não se lembrava do número de sua mãe. Mesmo assim, ela foi encontrada e seu nome entrou na lista dos salvos.

Retardando as execuções Em comparação com as agonias inenarráveis do campo, o trabalho de pintura foi, em alguns aspec-

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Com uma reprodução da aquarela de Celine


FOTO: NEAL ADAMS

ocorressem. Dina pintou bem devagar o retrato da cigana, porque queria estar com ela o maior tempo possível: “Acho que levou uma semana para fazer Celine”. No total, foram 11 telas de diferentes prisioneiros, todos ciganos. As pinturas perderam-se quando as tropas soviéticas libertaram o campo, em 1945. Todavia, infelizmente, as obras não puderam salvar Celine ou qualquer outro dos retratados, pois todos foram assassinados depois de posarem para a artista.

Ironia inacreditável Após o armistício, as telas da pintora tiveram um destino quase tão milagroso quanto o dela e de sua mãe: os desenhos não teriam sido identificados como da autoria de Dina, se Mengele não tivesse notado, depois que ela completou seu primeiro tema, que a artista não havia assinado seu trabalho. “E, no começo, eu perguntei a ele: ‘Você quer dizer meu nome ou meu número?’”, lembrou Dina. “E ele me disse: ‘Seu nome’”. As nove pinturas sobreviventes ainda hoje têm a assinatura: “Dinah, 1944”, mas sua autora, que conseguiu recomeçar sua vida em Paris, achava na época que eles haviam sido destruídos no caos do fim da guerra. Enquanto isso, ainda morando na capital francesa, com a mãe, Dina se candidatou para trabalhar na companhia cinematográfica Warner Bros, como animadora. Por uma ironia inacreditável, ela foi entrevistada justamente por Art Babbitt, um dos animadores que trabalhou

A obra de Neal Adams em outra perspectiva

no filme “Branca de Neve”. O começo do relacionamento foi uma questão de tempo. Depois que eles se casaram, os noivos se mudaram para Los Angeles, onde trabalharam em mais de uma centena de projetos para desenhos animados, comerciais e filmes.

Disputa judicial perdida em vida De volta à Polônia, as aquarelas de Dina Babbitt haviam, de fato, sobrevivido. Segundo o Museu Auschwitz-Birkenau, elas foram dadas por um prisioneiro a uma família local, como recompensa por sua gentileza em adotar uma menina húngara órfã, Ewa, após a liberação do campo. Foi Ewa, então dentista, que vendeu as pinturas para o museu em 1963. Mas apenas seis anos depois é que o então chefe das coleções do museu foi capaz de identificar – e rastrear – a artista por trás delas. Foi o começo de uma longa disputa judicial, perdida por Dina Babbitt. Após ser contatada pelo museu, a artista voltou para Auschwitz em 1973 e, em-

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bora tenha recebido reproduções fotográficas de seus trabalhos, ela não conseguiu reivindicar a propriedade dos originais, que até hoje são do museu, ainda que uma ampla campanha de décadas tenha sido empreendida por Dina, por artistas do mundo todo e até pelo próprio governo americano, para que o museu cedesse as obras à sua legítima proprietária. Tudo em vão.

FOTO: NEAL

ADAMS

Dina e Art tiveram duas filhas (Michele Kane e Karin Babbitt), mas acabaram se divorciando. Em 2008, Dina foi diagnosticada com um câncer agressivo e veio a falecer em 2009, aos 86 anos, sem ter voltado a ver, em vida, os originais de seu trabalho, que pintou em tão drásticas condições, mas que lhe salvou dos fornos crematórios de Auschwitz.

Páginas de “Dina Babbitt: The Last Outrage”

Porém, um pouco antes de sua morte, ainda em 2008, três dos maiores nomes dos comics norte-americanos juntaram-se para contar, em HQ, a história de vida de Dina Babbitt: ninguém mais, ninguém menos do que Stan Lee (criador, entre outros, do Homem-Aranha e dos X-Men), Neal Adams (responsável, nos anos de 1970, pela modernização do Lanterna Verde e do Batman) e Joe Kubert (veterano autor do Sargento Rock e criador da aplaudida graphic novel: “Fax de Sarajevo)”. Surgiu, assim, a obra: “Dina Babbitt: The Last Outrage” (“O Último Ultraje”).

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FOTO: DINA BABBITT (ARQUIVO PESSOAL)

Em 2017, em entrevista ao “The Jewish News of Northern California”, Karin Babbitt, uma das filhas da pintora, ainda empenhada em reaver as aquarelas da mãe, afirmou que, antes do falecimento da artista, Dina havia recebido, do museu, “uma carta, que dizia que, se as pinturas pertencem a alguém, elas pertencem ao Dr. Mengele e aos seus herdeiros, porque foram pintadas sob suas ordens”, disse Karin, com incredulidade. Após chorar copiosamente, Karin procurou se recompor e completou: “Se minha mãe soubesse que estou chorando, ela ficaria furiosa e diria: ‘Se você chorar, eles vencem’”. Hoje, os desenhos de Dina Babbitt estão pendurados nas paredes do bloco de Auschwitz onde se localiza a exposição dos ciganos, vítimas de uma barbárie que não pode ser esquecida.

Dina e sua mãe em Paris, após o pesadelo de Auschwitz

Narrativa em animação da vida de Dina Babbitt: Acesse: www.youtube.com/watch?v=p8Q-7_jLMs4

IMAGENS: CANAL DISNEY EDUCATIONAL PRODUCTIONS | YOUTUBE

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CULTURA

TRANSPONDO FRONTEIRAS... COMO O VENTO “O filme fala sobre mudança climática e economia, o que faz o público se relacionar com a trama de maneira mais ampla e política. Há diálogos sobre democracia e individualismo, e tudo isso me parece urgente e autêntico, para além do contexto do Maláui de 2001” (Chiwetel Ejiofor, diretor do filme, ator de “12 Anos de Escravidão”)

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streia na Netflix “O Menino que Descobriu o Vento”, filme indicado ao Oscar 2019, que conta uma história baseada em fatos reais, que mostramos na primeira edição da revista Por Um Mundo Melhor (2015). O filme conta a história do jovem William Kamkwamba, que, ainda adolescente, para salvar sua família de uma terrível seca no Maláui, em 2001, construiu uma turbina eólica a partir de árvores, peças de bicicleta e material de ferro-velho, para gerar energia elétrica para toda sua aldeia.

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“O Menino que Descobriu o Vento” (2019) Direção: Chiwetel Ejiofor Baseado no livro de William Kamkwamba Distribuição: Netflix

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1) Cartaz do filme 2) Foto do próprio William Kamkwamba, com sua invenção 3) Capa da primeira edição da revista Por Um Mundo Melhor, em que publicamos a história 4) Cartaz do filme 5) O ator Maxwell Simba interpretando William Kamkwamba 6) Edições Chinesa e Inglesa da obra

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MEIO AMBIENTE

CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL Cresce em Brasília a consciência sobre a necessidade de cuidar do lixo

MARCIO GODINHO

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lei que proíbe o uso de canudos e copos plásticos no DF (Lei Distrital nº 6226) entrou em vigor em 2019 já causando polêmica. A principal reclamação dos proprietários de restaurantes é o veto do governador ao prazo de 90 dias para acontecer a substituição desses produtos, que acabou sendo derrubado pela Câmara Legislativa. O mais importante, porém, é o espírito da lei, que deixa claro que todos nós temos responsabilidade sobre a poluição diária que praticamos com o nosso lixo. O canudo plástico pode ser considerado um elemento minúsculo dentro da cadeia de materiais descartáveis que utilizamos todos os dias. Mas ele é emblemático, por simbolizar os produtos que são utilizados por poucos minutos e descartados sem maiores preocupações com o destino que eles poderão ter. As imagens de animais marinhos com canudinhos entalados na boca e nas narinas ajudaram a chamar a atenção mundial para as consequências do ato displicente de jogar fora aquilo de que não precisamos mais. Já o copo plástico tem um peso mais significativo na economia circular, nome dado à reinserção dos materiais recicláveis na cadeia produtiva. Teoricamente, o canudo é reciclável, mas na prática deixa de ser, pela dificuldade de coletá-lo em grandes volumes, a ponto de interessar à indústria de reciclagem. Os catadores separam os materiais recicláveis por

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categoria e vendem em grandes fardos aos intermediários ou diretamente à indústria, para serem novamente transformados em matéria-prima. O canudinho fica perdido no meio do papel, do papelão, da garrafa pet, dos plásticos de todos os tipos, das latas de metal e vidro.

A charada do vidro O vidro é um caso à parte na lista de contradições do mundo moderno. Embora ele seja 100% reciclável, possui baixo índice de aproveitamento por problema de logística. Em quase todos os municípios, esse material acaba sendo descartado em aterros sanitários e lixões, embora seja um material que pode ser transformado inúmeras vezes, gerando uma grande economia de energia elétrica em relação à produção de vidro novo. O problema se repete em Brasília, porque não há uma fábrica na região. Na verdade, existem apenas cinco no país e a mais próxima da capital federal está a mais de 800 km, em Porto Ferreira (SP). Para viabilizar a reciclagem, é necessário planejar cuidadosamente a logística, devido aos custos de coleta e transporte. Do contrário, a operação gera prejuízo, já que o valor agregado do vidro não é alto. Cada tonelada de vidro prensado e limpo custa entre R$ 70,00 e R$ 200,00, dependendo da região.


FOTO: PAULO MELLO (ARQUIVO PESSOAL)

tinados ao aterro sanitário ou descartados em pontos clandestinos.

O exemplo do Instituto Ecozinha Um dos clientes dessa empresa é o Instituto Ecozinha, que reúne 74 restaurantes da capital federal para fazer a gestão coletiva dos resíduos gerados. Paulo Mello, dono do restaurante Dona Lenha e idealizador do Instituto, conta que o Ecozinha instalou 36 coletores próximos aos restaurantes associados para coletar o vidro, iniciativa que atrai o interesse dos moradores vizinhos, que levam as garrafas de casa para descartar. Como o acesso é restrito, eles costumam deixar o material ao lado do contêiner, uma demonstração de que a população quer fazer a coisa certa. Mello tem certeza de que é apenas uma questão de tempo para o vidro ter a destinação adequada no DF. “Brasília tem tudo para se tornar um modelo em gestão de resíduos, porque a população tem consciência e está pronta para agir”, afirma.

Logística reversa Paulo Mello, idealizador do Instituto Ecozinha

Mas existem saídas, e uma empresa, chamada Green Ambiental, achou um caminho para viabilizar a reciclagem do vidro descartado pelos brasilenses: ela compra o vidro que chega às cooperativas de catadores (contratados pelo governo para fazer a triagem de recicláveis) e fechou contrato com grandes empresas geradoras, que são obrigadas, por lei, a fazer a gestão dos resíduos que produzem. Com isso, a coleta de vidro ganhou escala. A Green destina cerca de 600 toneladas de vidro por mês a uma fábrica no Rio de Janeiro, a 1.100 km de distância. Tal volume significa cerca de 15% do total de vidro gerado mensalmente no DF. Segundo José Siqueira, diretor de operações da empresa, “o céu é o limite”, porque o potencial de Brasília é muito grande, uma vez que “muitas empresas e a comunidade apoiam a ideia”. Se, por um lado, a notícia é boa, por outro é preciso lembrar que 85% de vidros continuam sendo des-

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O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) não considera economicamente viável a coleta de vidro como reciclável e recomenda que esse material seja destinado aos coletores particulares ou então colocado junto com o lixo indiferenciado para a coleta oficial. Na verdade, é uma tentativa de forçar os verdadeiros responsáveis pela coleta e destinação do vidro a assumir a responsabilidade. A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece a responsabilidade dos fabricantes, comerciantes e importadores, para que deem a destinação correta às embalagens que colocam no mercado. O Governo Federal já assinou alguns acordos setoriais com fabricantes de fertilizantes, embalagens de óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes e embalagens em geral, mas os resultados são pífios. Na verdade, a responsabilidade continua nas costas do poder público, de algumas iniciativas privadas e dos catadores de materiais re-


FOTO: INSTITUTO ECOZINHA

Coletores de vidro do Instituto Ecozinha

cicláveis, que conseguem tirar seu sustento fazendo o trabalho de coleta, triagem e comercialização do material, que é de responsabilidade dos fabricantes e comerciantes. Como essas iniciativas conseguem retirar apenas uma pequena fração do material reciclável, que gira em torno de 1% a 3%, dependendo do local, dá para imaginar o tamanho do problema que se acumula nas centenas de lixões e aterros sanitários existentes no país, sem falar nos descartes clandestinos, que poluem a terra, a água e o ar.

cação ambiental e de mobilização da prefeita da quadra, Raquel Andrade, moradores dos 11 blocos se sensibilizaram e passaram a fazer a separação dos resíduos em três lixeiras diferentes: uma para os orgânicos, que são encaminhados a um pátio de compostagem, outra para os recicláveis – coletados por uma cooperativa de catadores – e a terceira para os rejeitos, cujo destino é o Aterro Sanitário de Brasília, via coleta pelo SLU.

Consciência popular

“O envolvimento da sociedade é a mola-mestra para um projeto dar certo”, diz a prefeita. Ela acredita que a transparência faz mobilizar as pessoas. “Desde o início, tomamos muito cuidado para mostrar com clareza o quanto estávamos desviando do aterro, o quanto estávamos ajudando a cooperativa, e isso fez as pessoas se envolverem, trabalharem juntas. Foi muito interessante”, conclui Raquel.

A solução para o impasse virá de onde deve vir: daquela voz na consciência de cada um, alertando que não podemos continuar ignorando o problema do lixo. É essa consciência coletiva que exige soluções do poder público ou promove iniciativas ousadas. Um exemplo disso aconteceu na SQS 113, no Plano Piloto, que resolveu se transformar em “Quadra Lixo Zero”. Graças ao trabalho de edu-

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INCLUSÃO

POR UMA CULTURA DE ACESSIBILIDADE Os espaços culturais de Brasília são acessíveis a pessoas com deficiência? PAULO CASTRO

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ntre os direitos de um cidadão para ter uma vida digna está o direito de acesso a bens culturais e a espaços de lazer. Em Brasília (DF), a ideia de acessibilidade começa a aparecer nos espaços culturais em reformas ou em novos projetos. Os locais destinados à produção cultural, como exposições, espetáculos, eventos de audiovisual, cursos, oficinas e todos os demais tipos de eventos, devem oferecer um conjunto de adequações e atitudes que proporcionem bem-estar, acolhimento e acesso à fruição cultural para pessoas com deficiência. Foi pensando nisso que as arquitetas e urbanistas Georgeana Gonçalves, Suzana Souza e Maria de Fatima Vasconcelos visitaram e avaliaram as condições de acesso a três referências de Brasília quando se fala de cultura: o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul e o Centro Cultural da ADUnB, localizado na Universidade de Brasília (UnB). O resultado, em geral, é animador.

CCBB acessível Dos três locais, o CCBB é considerado o mais acessível ao público em geral. Embora o complexo conte com estacionamento bem amplo, há vagas reservadas para idosos e pessoas com

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Arquitetas: Maria de Fatima Vasconcelos, Suzana Souza e Georgeana Gonçalves

deficiência próximas à edificação principal, onde ocorre a maior parte das atividades do Centro Cultural. No tocante à circulação, as atividades oferecidas pelo CCBB, distribuídas pelos vários espaços existentes, podem ser acessadas em rotas internas e externas com sinalização clara e objetiva, sem obstáculos. Os desníveis existentes são vencidos por rampas. Há piso tátil, que conduz as pessoas às principais atividades do Centro Cultural. No entanto, existem peças com larguras e cores diferentes. A sinalização tátil no piso objetiva prover segurança, orientação e mobilidade a todas as pessoas, principalmente

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1) Rampa: acesso ao teatro; 2) Cinema: espaço reservado para pessoas em cadeiras de rodas; 3} Estacionamento: vagas reservadas

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FOTO: MARIA DE FATIMA VASCONCELOS

lentim; o ateliê de pintura; a Biblioteca de Artes Ethel Dornas, com gibiteca e musiteca; a Sala Multiuso para oficinas, espetáculos e ensaios; o Galpão das Artes (artes visuais), bem como a Praça Central e o Mezanino, destinados a atividades diversas, como exposições, shows e saraus.

às com deficiência visual, que não são apenas as completamente cegas. Pessoas com baixa visão também podem utilizar essa informação para um deslocamento mais seguro e autônomo. Existem dois conjuntos de sanitários para o público na edificação principal do CCBB, ambos acessíveis, executados de acordo com as normas. A identificação nos banheiros é facilitada pela sinalização visual existente. No cinema, o CCBB conta com tecnologias assistivas, como a audiodescrição, que permitem que pessoas com deficiência visual participem da projeção de filmes e de outras formas de expressão visual. Porém, a iluminação mais suave, o pouco contraste visual entre os materiais de revestimento da sala e a ausência de sinalização visual dificultam a identificação dos lugares reservados para pessoas obesas e com mobilidade reduzida. Em relação à galeria de exposições, o CCBB conta com quatro salas para exposições e uma menor, multiuso. Todas acessíveis.

As salas de teatro e os espaços de exposição estão distribuídos em vários níveis, mas os acessos contam com rampas associadas a escadas. Há duas circulações verticais: a que dá acesso ao meza-

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Tradição em cultura em plena W3 Sul O Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul (ECRR) abrange salas, galerias e teatros com perfis variados para receber apresentações artísticas e culturais de diferentes linguagens. São dois teatros: o Teatro Galpão e o renovado Teatro de Bolso, agora batizado de Robson Graia, em homenagem ao grande e saudoso dramaturgo da cidade, a quem tive a honra de ter como amigo. Esse ponto de cultura ainda contempla o cineteatro Sala Marco Antônio Guimarães, as galerias para exposições Parangolé e Rubem Va-

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1) Vista do acesso ao Teatro Galpão: escada e rampa; 2) Acesso posterior ao ECRR (W2 Sul): rampa; 3) Escada e plataforma de acesso ao mezanino; 4) Mapa tátil na entrada; 5) Fachada principal do Espaço Cultural Renato Russo (W3 Sul)

FOTO: GEORGEANA GONÇALVES

CCBB: edificação principal

O ECRR passou por uma reforma completa, que incluiu adequações às normas de acessibilidade. Os espaços e as vias de acesso ao local são amplos e permitem a circulação e o giro de pessoas em cadeiras de rodas. Há piso tátil, que define a rota aos principais pontos de interesse, associado a um mapa tátil localizado na entrada pela W3.


FOTO: SUZANA SOUZA

nino conta com escada e plataforma elevatória e a que dá acesso ao pavimento onde funcionam a Biblioteca e a Rádio Cultura FM conta com escada e um elevador. Para cada conjunto de sanitários, há também os acessíveis para pessoas com deficiência, que contam com barras verticais e horizontais, dimensões adequadas para giro e aproximação das pessoas em cadeira de rodas e alarme de emergência.

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Espaço universitário Por fim, o Centro Cultural da ADUnB, situado no Campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte, é composto por um auditório para 520 lugares, que possui cabine de tradução e de projeção. Possui, ainda, dois espaços multiusos contíguos ao foyer, que comportam ambientes de estar, exposições e apresentações. Na entrada principal, existe apenas uma escada para vencer o desnível; não existe rampa. Os degraus não são sinalizados e são vazados. Os corrimãos não são duplos, mas são adequados à versão da norma de acessibilidade vigente no período da construção. Existe um acesso lateral com rampa para o auditório. Também existem duas rampas internas que levam a espaços de exposição/foyer em níveis diferentes. As rampas e escadas internas não são sinalizadas e os corrimãos atendem à versão da norma vigente na época. Os ambientes de circulação e os halls são amplos e as portas têm dimensões adequadas para a passagem da pessoa em cadeira de rodas. Não existem pisos táteis nas áreas comuns. A sinalização é restrita a poucas salas e o contraste das placas existentes não é suficiente para uma boa visualização. No prédio existe um sanitário acessível para ambos os sexos, localizado próximo ao auditório e às áreas de exposições. O sanitário só não atende à versão anterior da norma pela ausência de barras de apoio no lavatório e pela falta de alarme de emergência.

5 1)Acesso principal: escadas; 2) Auditório: acesso ao palco; 3) Sanitário acessível; 4) Espaço para exposições: rampas; 5) Fachada interna: estacionamento

com o atendimento às suas necessidades”. Elas explicam que “os requisitos de acessibilidade previstos na legislação têm por finalidade garantir autonomia e independência para todas as pessoas. O fato de que as adequações necessárias às pessoas com deficiência estejam respaldadas na legislação brasileira propicia que esses cidadãos possam ter maior participação na sociedade”. Elas concluem, enfatizando que “a acessibilidade garante à pessoa com deficiência viver de forma independente e exercer sua cidadania e participação social. A acessibilidade arquitetônica apresenta-se como um direito, sem o qual não é possível, muitas vezes, exercer, com dignidade, autonomia e independência, outros direitos, como educação, saúde, lazer, trabalho e moradia”.

Acessibilidade é cidadania As arquitetas afirmaram que, “quanto mais nos aproximamos da realidade e das necessidades das pessoas com deficiência e compreendemos os requisitos legais, mais fácil se torna colaborar

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EDUCAÇÃO

UMA AULA DE INCLUSÃO Campus da UnB em Ceilândia realiza ação de extensão para contato e vivências com a Libras e com surdos para possibilitar a formação de profissionais de saúde sensibilizados com a comunicação sem barreiras DA REDAÇÃO

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FOTOS: PAULO CASTRO/ED. PALOMITAS

er saúde e dar saúde consiste em um gesto de cuidado que pressupõe o vínculo com o paciente. “Mas esse vínculo se torna impossível se não houver comunicação entre o profissional de saúde e o paciente. E é isso o que acontece quando o paciente é surdo e o terapeuta não domina a Libras [Língua Brasileira de Sinais]”. A afirmação é de Jeremias Oliveira, estudante recém-formado em Fisioterapia pela Universidade de Brasília (UnB) e um dos idealizadores da ação de extensão “Libras: ampliando o convívio social”, que é aberto à comunidade acadêmica e oferecido na Faculdade de Ciências da Saúde do Campus de Ceilândia da UnB. Tendo começado como grupo de estudos em 2016, o projeto começou efetivamente em 2017, com grande interesse da comunidade acadêmica da Faculdade de Ceilândia, contando também, com o tempo, com a presença de alunos do Campus Darcy Ribeiro e até de servidores da FUB. O curso também foi idealizado por outra estudante recém-graduada em Fisioterapia, Adriele Lopes. Ela comenta: “É essencial facilitar esse contato dos estudantes e profissionais da área da Saúde com os surdos, para possibilitar a acessibilidade e a comu-

Jeremias e Adriele: idealizadores da iniciativa

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FOTOS: PAULO CASTRO/ED. PALOMITAS FOTOS: PAULO CASTRO/ED. PALOMITAS

Professores de Libras

nicação. Embora as aulas sejam abertas para alunos de qualquer curso, procuramos priorizar o convite aos estudantes da área da Saúde, porque no futuro eles vão se tornar profissionais que precisam entender uma pessoa para que possam atender bem. Porque a falta de comunicação pode prejudicar o diagnóstico, o tratamento, e isso pode custar uma vida”, afirma.

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Interesse em ser útil e cuidar Tanto Jeremias quanto Adriele têm histórias pessoais interessantes, que os aproximaram do auxílio aos surdos antes mesmo da sua opção acadêmica. Jeremias ficou tocado ao ver, na sua igreja, os intérpretes de Libras passando os ensinamentos bíblicos para os portadores de necessidades auditivas. Já Adriele, desde a adolescência, tem


FOTOS: PAULO CASTRO/ED. PALOMITAS

uma amiga surda, que foi o que a motivou a se comunicar por meio da Libras. Jeremias e Adriele – que tanto aprenderam com a dura realidade daqueles que não são compreendidos, principalmente nos momentos em que mais precisam de compreensão –, com o tempo de formação universitária, perceberam que a temática da inclusão dos surdos, tão essencial a quem escolheu a profissão de cuidar, servir e curar, não era abordada em nenhuma disciplina e não se conformaram. Adriele explica que, durante um tempo, ela e Jeremias organizaram os grupos de estudo até que um coordenador de curso ou professor se interessasse em ofertar a disciplina para a comunidade acadêmica. Foi, então, que apareceu a professora Isabella Monteiro de C. Silva, que ministrava a disciplina “Surdez: Cultura, Língua e Sociedade” no curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ceilândia da UnB. “Aí, tivemos todo o apoio”, ressalta ela. O projeto conta com o apoio da bolsa PIBEX-UnB, sob coordenação da professora desde 2017. Adriele e Jeremias contam que a adesão à iniciativa foi tão maciça que eles precisaram do espaço do auditório da faculdade para abrigar todo mundo. “Apareceram mais de 200 pessoas! Ficamos surpresos”, afirma ela. O projeto está em seu quinto semestre e já propiciou vivências entre ouvintes e surdos, por meio da Libras, para mais de 700 pessoas que não tinham contato anterior com surdos ou com a nova língua.

Sonho acadêmico Jeremias e Adriele não escondem o interesse de que a iniciativa deles continue após a formatura de ambos. Que o esforço plantado por eles possa frutificar e ter continuidade, como bem atestam as palavras de Jeremias: “Viemos com essa proposta de intervenção nessa realidade que a gente vive aqui no Campus [da UnB] em Ceilândia, mas a intenção é que isso se amplie para a grade curricular de todos os cursos”, neste esforço de inclusão tão necessário aos anseios de um público que também precisa ser compreendido por quem não tem as limitações da ausência de audição.

Fim de aula: momento de descontração

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RESPONSABILIDADE SOCIAL

CULTURA INGLESA LANÇA PROGRAMA DE BOLSAS DE ESTUDO PARA JOVENS

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m parceria com a rede de escolas de inglês Cultura Inglesa, a Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace), de Brasília (DF), selecionou dez jovens com idades entre 11 e 17 anos para ingressar em cursos regulares com bolsas de estudo integrais. O objetivo da ação – parte da iniciativa “Passion for Teaching”, lançada em 2019 pela Spot Educação, holding que engloba a Cultura Inglesa RJ, DF, GO, ES e RS – é possibilitar, para estudantes que integram famílias de baixa renda, o acesso ao aprendizado da língua inglesa, aliado ao desenvolvimento de diversas habilidades socioemocionais. Abrindo portas para o futuro: programa será realizado anualmente pela Cultura Inglesa Todos os escolhidos, selecionados por meio de análise de documentos e entrevistas, são cadastrados na Abrace, instituição que dá assistência a crianças e jovens em dificuldades socioeconômicas e familiares que participam da batalha contra a doença ainda na infância.

Além de desenvolver diversos trabalhos para acolher famílias e atuar sempre em busca de melhorias para o Hospital da Criança de Brasília José de Alencar (HCB), com o programa realizado pela Cultura Inglesa, a associação vai atuar como uma ponte para promover o acesso à língua global para quem não pode arcar com os custos de um curso complementar. “Acreditamos no inglês como uma ferramenta de transformação, do ensino e de vidas para todos. Sem dúvida, é um meio para

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FOTO: CULTURA INGLESA

Os selecionados iniciaram os estudos no primeiro semestre de 2019


FOTO: CULTURA INGLESA

Sandra Pires, da Cultura Inglesa, e Luciana Leão, da Abrace, com Erick da Conceição, um dos bolsistas selecionados.

desenvolver habilidades muito valorizadas no mundo, desde a comunicação até a cidadania global”, destaca a CEO da Spot Educação, Marina Fontoura. “Estendemos o programa para todos os cinco estados onde estamos presentes com a Cultura Inglesa, sempre em parceria com instituições sérias focadas em inclusão social”, acrescenta. Os novos alunos da escola de inglês são matriculados também na rede pública de ensino, possuem renda familiar de até três salários mínimos e comprovaram bom desempenho escolar (com média mínima de 7 em todas as disciplinas curriculares). Após a seleção, foram encaminhados para fazer inscrição na unidade da Cultura Inglesa mais próxima de suas casas e iniciaram as aulas no mês de fevereiro. Todos os materiais didáticos foram oferecidos gratuitamente.

Habilidades muito além do idioma A iniciativa “Passion for Teaching” será realizada anualmente em todos os territórios em que a Cultura Inglesa atua, oferecendo vagas para diferentes níveis de conhecimento da língua, do nível iniciante ao avançado. Os bolsistas vão poder completar todos os módulos até se formarem em inglês, desde que mantenham a frequência de pelo menos 75% nas aulas e a média necessária para aprovação em cada módulo. Em 2019, serão concedidas, ao todo, 90 bolsas de estudo.

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Em Goiás, foi firmada parceria com a Rede Permanente pela Paz, para escolher seis dos jovens de até 15 anos, que a instituição atende em atividades variadas. Já no Rio de Janeiro, o Núcleo de Estudo e Ação sobre o Menor (NEAM/PUC/RJ) foi a instituição parceira escolhida, que atua com formação complementar, qualificação profissionais e ações sociais. No Espírito Santo, o Instituto Ponte selecionou jovens entre seus alunos que participam de programações no contraturno de seus estudos em escolas públicas da Grande Vitória. No Rio Grande do Sul, a parceria é com a Associação Junior Achievement, que realiza projetos de empreendedorismo, para preparar estudantes para o mercado de trabalho. Com mais de 84 anos de atuação no segmento de ensino de idioma, a Cultura Inglesa mantém sua missão de fazer a diferença no ensino do país, formando cidadãos globais. Unindo tradição e inovação, a rede de escolas de inglês incentiva o aprendizado de habilidades socioemocionais – como criatividade, comunicação, colaboração e senso crítico – que vão muito além da língua.


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