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POR UM MUNDO COM MAIS NOTÍCIAS BOAS

O jornalismo positivo vem conquistando cada vez mais espaço e público, deixando de ser apenas uma matéria de encerramento dos jornais e ganhando a internet. O número de mídias que focam em notícias boas cresceu e tem transformado a visão de grandes veículos de comunicação

ARISSON TAVARES

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Tudo começou de maneira despretensiosa em um pequeno blog, que falava de coisas boas. Era uma válvula de escape para o jornalista Rinaldo de Oliveira, cansado de falar sobre violência no jornal local que apresentava na TV. Porém, em 2009, era extremamente complicado encontrar informações

positivas para alimentar o projeto. “Não havia uma fonte. Era difícil publicar uma notícia por dia, porque não encontrávamos. Fomos construindo isso aos poucos, dia por dia, até descobrir novas fontes, fazer o publico leitor se acostumar e também começar a pautar a gente”, explica.

ACERVO PESSOAL

Rinaldo de Oliveira: pioneiro no segmento e premiações

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Paula Roosch: uma rede de empatia que ganhou força na internet

O blog se transformou em portal, o SóNotíciaBoa, inaugurado em 2011. O site virou referência em jornalismo positivo, recebendo – um ano depois da estreia – o Prêmio Engenho de Comunicação, pela inovação jornalística. De lá para cá, o projeto não parou de crescer, ganhando força, com o surgimento de novas redes sociais digitais. A iniciativa hoje tem 273 mil seguidores só no Instagram e recebeu outras premiações, com destaque para o Prêmio CNBB de Comunicação (2017). “Quando surgiu a ideia do SóNotíciaBoa, não havia nada parecido no país. Até então, a notícia boa era tratada como ‘perfumaria’ e era deixada para o final do telejornal, para o apresentador poder dizer ‘boa noite’ e sorrir. Fomos pioneiros e, com muita alegria, estamos quebrando paradigmas”, destaca ele, que recebe contribuições de profissionais do país e do exterior. Apesar do olhar diferenciado do convencional, a busca pela qualidade e pela checagem das informações é a mesma de qualquer outro veículo jornalístico. “A diferença entre o mundo da notícia boa e o do mercado tradicional de notícia está apenas no foco. Usamos todas as técnicas do jornalismo, que aprendemos ao longo de 30 anos, trabalhando nas maiores redes de rádio e televisão do Brasil. Só que aplicamos essas técnicas para fazer matérias positivas”, enfatiza Rinaldo.

União que dá força e inspira

Assim como o portal SóNotíciaBoa, surgiram outros projetos com o mesmo foco, como o site Razões para Acreditar, inaugurado em 2012. Ao invés de competitividade, mãos dadas e incentivo mútuo. Os dois sites já chegaram a fazer uma transmissão ao vivo nas redes sociais, mostrando que não existe concorrência entre eles. “Juntos somos mais fortes. Esta frase vale para tudo. Também tem lugar para todo mundo na internet”, disse Rinaldo.

Com a força das redes sociais, o compartilhamento de notícias positivas não se limitou apenas aos profissionais de comunicação. Com o desejo de estimular as pessoas a enxergarem a vida com um olhar mais otimista, Paula Roosch criou o Mídiamor em 2017. “Como não sou jornalista de formação, a principal dificuldade no início do projeto era verificar a veracidade das histórias, além de conciliar com meu trabalho na época. Acredite, existem fake news até positivas e ainda recebemos histórias que não são reais, apesar de serem divulgadas como verdadeiras. Prezamos muito pela qualidade do que compartilhamos”, conta a fundadora.

O time do Mídiamor cresceu e hoje distribui boas notícias para mais de 177 mil seguidores no Instagram. “Acredito que nossa rede cresce rapidamente não só pelo seu teor positivo, como também pela carga emocional das histórias que contamos. Quando as pessoas veem uma de nos-

LÉO SILVA / BOOKS MAZE PUBLISHING HOUSE

Paulo Castro: opção consciente pelo jornalismo positivo

sas histórias, elas se conectam aos sentimentos mais bonitos que moram na alma: o amor, a empatia, a compaixão, o altruísmo”, conclui Paula.

Desafio que vale a pena encarar

Embora grandes revistas por assinatura estejam fechando as portas por falta de patrocínio, a Revista Por um Mundo Melhor (RPMM) chega à sua 11ª edição com distribuição gratuita e impressão em material de alta qualidade. Isso só foi possível devido a uma rede de solidariedade e empresas que abraçaram a causa. O resultado é fruto de três anos de esforços e dedicação da equipe, que entrega trimestralmente três mil exemplares, além de disponibilizar a versão digital da revista na internet.

Paulo Castro, publisher e editor-chefe da revista, resume o trabalho da equipe: “A repercussão entusiasmada do público nos mostra que estamos no caminho certo. Não é o caminho mais fácil, nem o mais compensador financeiramente, porque teríamos mais recursos com uma comunicação aliada à política partidária, à economia predatória, às fofocas de celebridades, ao sensacionalismo, à pornografia, à venda de bebidas alcoólicas, a tudo isso que condenamos. Não é o caminho mais fácil, mas é o que nossos corações escolheram seguir”, explica ele. Paulo Castro diz que a equipe fez “uma opção consciente por uma linha editorial que mostra que a vida é muito mais do que a imprensa tradicional nos mostra. A filosofia da revista se destina a um segmento sedento por publicações que fujam do imediatismo das breaking news centradas na estética da miséria humana como artifício de vendagem editorial”, argumenta. Em seguida, finaliza. “Se a vida nos dá tudo – e a natureza está aí para comprovar essa premissa –, não podemos dar menos do que tudo de nós para que a vida seja o ideal que buscamos. E isso começa na visibilidade que damos às iniciativas que fazem a diferença nas vidas de muitos. É uma simples contribuição de nossa parte por um mundo melhor, mas não menos sincera e honesta”.

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