Patrimônio e inovação. A capital se mobiliza para o futuro
O universo aos seus pés
Patrimônio e inovação. A capital se mobiliza para o futuro
O universo aos seus pés
No céu, a luz.
Nas asas, o traço.
Na cidade, um jeito de viver.
Nos eixos, ousadia.
Nas curvas, movimento. No espelho, um estilo de ser.
Diretora de Conteúdo
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Editora-chefe
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Editora de Criação
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Reportagem
Ailane Silva, Bruna Nardelli, Caio Barbieri, Daniel Cardozo, Edson Caldeira, Emanuelly Fernandes, Eric Zambon, Fernanda Moura, Larissa Duarte, Marina Adorno, Pedro Reis e Theodora Zaccara
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Alok foi fotografado por Filipe Miranda no alto do Conic, no centro de Brasília
58 O essencial para a vida A trajetória de seis anos da GPS|Foundation
62 Ícones por Isadora Campos O trabalho feito por Valéria Cabral na Fundação Athos Bulcão
64 O pão de queijo do Seu Ferreira Empreendedor fala da parceria com o Laboratório Sabin
66 O molde perfeito Os 35 anos da Casa da Moldura
68 A força e a inovação feminina WeForum reúne quinhentas empresárias do Brasil e do mundo
70 A urgência da ação A passagem da nigeriana Obiageli Ezekwesili por Brasília
72 A favor do tempo Os destaques do prêmio
118 SP-Arte, 20 anos A feira reuniu 32 mil visitantes e 190 expositores
120 Paralelos urbanos Movimentos artísticos no Circuito da SP-Arte
122 Era uma casa muito engraçada A casa do futuro do arquiteto Isay Weinfeld
124 Convergências do mesmo olhar Obras do casal Elza e Gerson são resgatadas
125 Templos de entusiasmo O design autoexplicativo de Jader Almeida
126 Linguagens artísticas O jovem talento do piauiense Santídio Pereira
128 Uma mente inquieta Phil Moretzsohn encanta com seu surrealismo latente
132 Alexandre Herchcovitch, 30 anos além da moda O estilista ganha exposição sobre sua influência na moda
134 Entre nós por Patrícia Justino Dicas sobre moda, saúde, cultura e arte
136 Explora por Marcella Oliveira Dois achados escondidos em São Paulo e Rio de Janeiro
olhar da cidade pelos traços de Daniel Jacaré
106 O vazio está sempre cheio As formas e cores do artista Jaildo Marinho
110 O universo aos pés de Alok O artista e DJ que cresceu em Brasília estampa nossa capa
116 Território ancestral Na Bienal de Veneza, a resistência dos povos originários no Brasil
138 Ser parisiense Três hospedagens em Paris repletas de design e elegância
139 Retiros gastronômicos Os novos restaurantes dos hotéis Rocco Forte no sul da Itália
140 Social Celebrações que marcaram a sociedade neste trimestre
148 Moda As tendências e referências da temporada atual
Paula Santana e Rafael Badra
Sócios-fundadores
“Em tempos de guerra, nunca pare de lutar...”. Esta frase é de uma canção cristã, encorajando a não baixar a guarda. Vivemos tempos de conflitos de inúmeras espécies. Geográficos, religiosos, políticos e emocionais. O que dirão os livros – se ainda houver – de história sobre esta década? Uns creem nas profecias e outros pragmatizam com estratégias. E todos lutam com as armas que possuem. O que importa é o sobre viver.
É fato que habitamos em cima de uma enorme jazida de cristal? Ela estaria submersa pontualmente na Rodoviária do Plano Piloto, coração do Planalto Central, o Marco Zero da capital. Conta a saga que, impossibilitados de explorá-la em função do andamento da construção, o concreto a soterrou. Em sua gênese, Brasília já nasceu mística. Diversa em sua organização espacial com seus valores culturais e geográficos muito particulares. E se formos de fato o berço da nova civilização? Profetas e poetas afirmam.
Giuseppe Drago escreveu em 1968: “Brasília se me afigura como essa nova terra de promissão, capaz de abrigar um aglomerado humano de todas as raças, religiões e ideologias, aptas a converterem-se na Capital da América e do mundo, como centro irradiador de uma nova civilização, com preparo moral, cultural, político e social e, mais que tudo, espiritual suficiente para superar as lutas ideológicas e raciais e estabelecer o bem-estar social”.
Contudo, a cada ano, celebramos Brasília, nesta edição com 64 anos. O que temos feito por ela, que carrega tamanho encanto? Será que seremos responsáveis por sua morredura?
Ou manteremos vivo esse solo sagrado? Cidade modernista ou terra prometida? Foi neste contexto que elencamos Alok, artista místico que preserva o planeta, a família e a alma. Nascido em Goiânia, criado em Brasília, vivendo no mundo. Alok Achkar Peres Petrillo, 32 anos, há vinte no mercado de produção musical e repleto de honrarias e méritos.
E em solo de oportunidades, sempre em reverência ao nosso fundador JK – foi por sua ousadia que estamos aqui hoje –, construímos essa narrativa nas páginas a seguir. Falaremos do ano de 1957 sob a perspectiva da argentina Mercedes Urquiza e fotos do sueco Åke Borglund. Contemplamos, e indagamos, as Asas originais do Sul e Norte do Plano Piloto. Celebramos os duzentos anos do Senado Federal. E visitamos os santuários católicos que não integram o roteiro turístico. Paulo Niemeyer, bisneto de Oscar, traz para Brasília o Fórum Niemeyer e promove debate sobre sustentabilidade e urbanismo.
Por fim, dentre tantos outros assuntos aprazíveis, mostramos como Brasília se coloca protagonista na causa e na luta pelo empreendedorismo feminino. Mulheres ainda em batalha para validação do que é notório, porém velado: suas capacidades de gerir e gestar empresas, casas, famílias, projetos e pessoas. Mas nem sempre a si mesmas. Pesquisa realizada pelo Sebrae-DF as revela ainda em extrema vulnerabilidade, independentemente da renda. Nomes como Rose Rainha, Margarete Coelho, Ana Claudia Badra, Mônica Monteiro e Beatriz Guimarães, em suas dedicadas funções, são missionárias desta era vindoura que fixará a mulher no altar da competência.
(Planaltina-DF)
Localizada em Planaltina, essa igreja histórica foi construída em 1890 por escravos. Sua arquitetura do século XVIII traz simplicidade e elegância. A capela abriga três imagens de gesso: a de Cristo, da Virgem Maria e do santo padroeiro, São Sebastião. A construção da igreja foi um pedido das famílias Gomes Rabelo e Carlos de Alarcão, que doaram terras para a Diocese de Goiás em cumprimento de uma promessa. Nas proximidades da Igreja de São Sebastião, encontra-se a Pedra Fundamental de Brasília, que marca o nascimento da capital brasileira. Em 19 de agosto de 1982, o local foi tombado como patrimônio histórico e artístico do DF.
A Brasília mística, que abriga templos religiosos e ecumênicos compondo a essência identitária da capital, esconde verdadeiros santuários cristãos fora da rota turística, mas que arregimenta fiéis em busca de contemplação, conversão e salvação
Por Emanuelly FernandesDesde sua inauguração em 1960, Brasília tem se colocado não apenas como centro político, celeiro cultural ou reduto arquitetônico do Brasil, mas também como caldeirão da diversidade religiosa. O último censo do IBGE, de 2022, revelou a presença de 5.429 templos religiosos espalhados pela capital.
A cidade desponta como um destino de turismo místico em franca ascensão, e os olhos dos visitantes frequentemente se voltam para os monumentos projetados por Oscar Niemeyer, como a imponente Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, localizada no coração da Esplanada dos Ministérios, e a serena Catedral Rainha da Paz, erguida no Eixo Monumental.
Além dessas obras monumentais, Brasília abriga uma variedade de templos espirituais, refletindo a riqueza da fé de seus habitantes. Na Asa Sul, é possível encontrar um templo budista, enquanto na Asa Norte uma mesquita se ergue em meio à paisagem urbana. O Templo da Boa Vontade, localizado no extremo sul da cidade e, com seu formato distintivo de pirâmide, destaca-se como ponto de encontro ecumênico.
Explorar esses templos e santuários oferece aos visitantes uma jornada espiritual única, proporcionando momentos de serenidade e reflexão em meio à urbanidade. Enquanto a Catedral e o Templo da Boa Vontade continuam atraindo multidões, nos recantos menos explorados da cidade também podemos descobrir tesouros espirituais, cada um contribuindo para a tapeçaria religiosa e cultural de Brasília.
(Lago Norte)
Próximo à Torre Digital, este santuário é a junção de tranquilidade e devoção, com jardins bem cuidados e vistas panorâmicas dos arredores da cidade. No centro do local, encontra-se uma pequena igreja dedicada ao título de Mãe e Rainha, cuja arquitetura segue o padrão característico dos santuários de Schoenstatt, como o encontrado em Atibaia, São Paulo. Fundado em março de 2000, o Santuário da Mãe e Rainha surgiu com o objetivo de ser o Tabor da Esperança, um lugar onde fiéis encontram descanso e renovação. A presença de Schoenstatt em Brasília iniciou-se em 1988, quando as Irmãs de Maria chegaram e iniciaram o trabalho com a Campanha da Mãe Peregrina.
O Santuário Menino Jesus de Praga, em Brazlândia, é símbolo de fé e devoção popular. Com capacidade para acomodar até 15 mil fiéis durante as celebrações, é considerado o segundo maior templo religioso do País, atrás apenas da Basílica de Aparecida, em São Paulo. Este santuário é uma homenagem à imagem venerável do Menino Jesus, que chegou à cidade em 1972. Antes disso, sua história começa em abril de 1971, quando um humilde menino engraxate avistou, próximo a um arbusto no centro de Brazlândia, uma escada misteriosa que se elevava em direção aos céus. Este acontecimento alcançou os ouvidos do padre local, que, inspirado pela visão, prometeu a construção de um grande santuário em honra ao Menino Jesus.
Fotos: Rafael Chaves
(Gama/Ponte Alta)
Localizada no Núcleo Rural Casa Grande, entre as Regiões Administrativas do Gama e Recanto das Emas, a Capela São Francisco de Assis, também é conhecida como Igrejinha do Gama. Sua Pedra Fundamental foi lançada em 28 de março de 1999, e sua inauguração aconteceu em 2004. O caminho até a Capela São Francisco de Assis já é uma experiência diferenciada, com o relevo íngreme do vale proporcionando uma vista de tirar o fôlego. A Igrejinha ficou popular para realizações de casamentos, e possui uma longa lista de espera.
(Vila Planalto)
A igreja que nasceu com Brasília. Localizada na Vila Planalto, entre o Palácio do Planalto e o Palácio da Alvorada, foi fundada em 1959 pelo Frei dominicano Marcos Lacerda de Camargo, a Nossa Senhora do Rosário de Pompéia foi erguida para acolher os trabalhadores que ajudaram a construir a capital. Ela foi erguida em madeira, com uma nave única e um campanário no canto esquerdo de sua fachada. Em 2000, o local sofreu com um incêndio que destruiu a construção original, mas com mobilização da comunidade foi reconstruída com materiais e aparência idênticas à original, sendo reinaugurada em 16 de dezembro de 2007.
Fotos: Rayra Paiva
Jovem argentina trocou a alta sociedade de Buenos Aires pelo faroeste do Cerrado. A bordo de um jipe da II Guerra Mundial, Mercedes Urquiza viajou quatro mil quilômetros em 48 dias. Com seu marido, chegou a Brasília em 1957. E aqui permanece
Na história de Brasília é possível encontrar inúmeros candangos que fizeram parte do nascimento da capital. Muitos narram sobre suas origens e a busca de um novo começo num grande espaço de terra onde só havia mato e terra vermelha. Mas poucas pessoas têm uma história tão passional com a cidade quanto Mercedes Urquiza. Natural de Buenos Aires, a curadora de arte sempre teve dentro de si um senso desbravador. Desembarcou naquilo que seria a capital federal em 1957, após viajar 48 dias de jipe para fazer de Brasília seu lar.
Para os historiadores mais ferrenhos, o sobrenome de Mercedes é familiar. O general Justo José de Urquiza,
que governou a capital argentina entre 1854 e 1860, é seu tataravô. É dele a estátua que decora o ponto central do bairro de Palermo em Buenos Aires e é para ele a homenagem da rua General Urquiza, no Leblon, no Rio de Janeiro. Mesmo com todo peso de seu clã, Mercedes é categórica ao desinteresse por títulos. Sua obstinação desde a adolescência era se tornar uma mulher independente e bem-sucedida.
“Desde os meus 15 anos, eu me preparava para ser uma executiva. Quer dizer, o máximo que podia ser na época era secretária executiva, mas eu já estava estudando. Fiz taquigrafia em inglês e em espanhol, além do curso de datilografia”, relembra a expositora, ressaltando que
Foto: Celso Junior Foto: Ake Borglund1957 / Coleção de Mercedes UrquizaAs primeiras casas em construção na W3 Sul, em 1957
sempre gostou de “viver livre, solta, me comunicando, conhecendo lugares e pessoas”.
Absorta em sua própria liberdade, ela começou um namoro com Hugo Maschwitz, que em pouco tempo viraria casamento. A festa realizada na igreja San Martín de Tours foi o último vislumbre de luxo que teria. “A cerimônia marcou o fim da vida na alta sociedade e o começo de um faroeste”. Pouco tempo depois do casamento, um amigo italiano do casal mostrou despretensiosamente um recorte de um jornal brasileiro falando sobre a mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasília. “Aquela notícia foi um impacto grande, porque também dizia que a nova capital ia ser construída no meio de um deserto. Decidimos ir. Sem dinheiro, sem família, sem amigos, sem bens materiais, sem roupa, sem emprego. O único certo era que iríamos levar o cachorrinho de seis meses que acabávamos de ganhar, um vira-lata que batizamos de Fleck”.
O trajeto não foi nada fácil. A bordo de um jipe inglês Land Rover da II Guerra Mundial, o casal fez quatro mil quilômetros em 48 dias de viagem. Chegaram a Brasília no dia 18 de novembro de 1957. Menos de dois meses antes, no dia 1º de outubro de 1957, o presidente Juscelino Kubitschek assinou a Lei nº 3.273, agendando para 21 de abril de 1960 a transferência da capital federal do
Rio de Janeiro para Brasília. Detalhes sobre essa aventura são contados no primeiro livro de Mercedes A Trilha do Jaguar: na Alvorada de Brasília, publicado em 2018, em que Mercedes relata os primeiros mil dias da capital. “O que mais me lembro era a forma de entrar na cidade. Tínhamos que atravessar duas tábuas de madeira sobre o córrego Vicente Pires e ir se equilibrando nas duas tábuas para não cair na água. Só tinha gente andando a cavalo, bicicleta e a pé em faixas de terra cheias de buracos”, relembra a curadora que a princípio residiu na Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante.
Ser testemunha ocular do nascimento de Brasília também promoveu encontros inesperados e amizades consolidadas. Uma delas foi com o sueco Åke Borglund, renomado fotógrafo do Expressen , na época o principal jornal de Estocolmo. Em viagem pela América do Sul, ele decidiu documentar o início da construção de Brasília e Mercedes foi sua intérprete, auxiliando-o na produção de alguns dos registros mais marcantes da capital. “Em 1958, ele me ofereceu quase quarenta imagens selecionadas por ele. Mandou pelo correio acompanhado de uma carta de agradecimento. Isso acendeu a chama em mim de querer obter as quase 800 imagens que fizemos juntos em Brasília, muitas delas publicadas no Life Magazine , Paris Match e National Geographic ”.
Foto: Ake Borglund1957O tempo passou e Mercedes se tornou uma das historiadoras mais reconhecidas da capital. As fotos de Borglund ilustraram exposições, galerias de arte e ela viajou o País narrando pontos altos da criação da cidade. Reencontrou o fotógrafo em Estocolmo 45 anos depois e relatou que chorou de emoção quando viu registros remanescentes e inéditos do Distrito Federal. “Tenho muito orgulho de mostrar ao mundo a maior saga do século 20, que foi a construção de Brasília. Já visitei sessenta países e não consigo parar até hoje”.
A energia de Mercedes é comprovada com o lançamento de seu segundo livro: A Nova Trilha do Jaguar: De Brasília, Minhas Memórias. A nova autobiografia fala sobre o lado jornalista, empresária de turismo e mãe de duas filhas, cinco netos e seis bisnetos, mas também explana como lhe foi consolidado o título de autêntica embaixadora não oficial da cidade.
Curiosidades sobre relatos de festas de gala e visitas de figuras icônicas à nova capital do Brasil, como Che Guevara, rainha Elizabeth II e rainha Silvia da Suécia, além de artistas de fama internacional, que vieram conhecer a cidade modernista de Lucio Costa e Oscar Niemeyer, também estão no livro, que, segundo a autora, é uma prova de amor pela cidade. “Contar minha história em livro é gratificante pelo prazer de transmitir para as novas gerações fatos de nossa cidade que muitos desconhecem. O Brasil mudou sua história contemporânea depois de Brasília e precisamos continuar divulgando isso”, conclui.
Um casarão português, Palácio Monroe, Congresso Nacional. Desde a primeira senadora do Brasil, a princesa Isabel, a Casa se coloca como guardiã da Constituição, aquela que busca o diálogo e o consenso num ambiente de divergências
Um prédio é apenas um prédio, a menos que seus ocupantes lhe confiram significado. Por isso que a celebração dos 200 anos do Senado Federal, comemorados em 25 de março de 2024, não se refere somente à icônica sede em Brasília, construída sob o semi-círculo virado para baixo no Congresso Nacional. Ela se refere em especial à instituição criada na Constituição de 1824 e que já esteve em outros dois locais antes de se assentar sob os traços de Oscar Niemeyer no Planalto Central.
Hoje, é difícil desassociar o Senado do mármore branco que reveste a estrutura externa do Congresso. Para quem frequenta comissões e gabinetes de parlamentares, talvez a lembrança imediata seja o painel de granito do Salão
Negro ou o carpete azul que identifica o território dos senadores e é cortado pelo verde ao se encontrar com a Câmara dos Deputados. São características marcantes, e mesmo quando elas foram depredadas durante os ataques de 8 de janeiro ou interditadas por governos autoritários do passado, tais afrontas não significaram o seu fim.
Durante a sessão solene do bicentenário, em 25 de março, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que a Casa é uma guardiã da Constituição desde a época do império e, independentemente do seu formato, atua como garantidora de direitos civis. “O Senado atua realizando a boa e a verdadeira política, aquela que busca diálogo, aquela que busca consenso, num ambiente de divergências absolutamente natural. Ele tem a glória
de completar seus duzentos anos como um farol da vida pública brasileira, um farol e um esteio. O farol se manteve aceso, mesmo quando as forças da política relegaram o País à escuridão de autoritarismos”, disse.
O Senado nasceu antes mesmo de existir, se é que isso faz sentido. A Casa teve sua criação prevista na primeira Constituição brasileira, outorgada em 25 de março de 1824 pelo imperador Dom Pedro I, e é essa a data celebrada. Mas a instituição só foi devidamente instalada e começou a funcionar de fato mais de dois anos depois, em 6 de maio de 1826, no Palácio Conde dos Arcos, no centro do Rio de Janeiro, antigo lar do último vice-rei do Brasil antes da vinda da família real ao País, Dom Marcos de Noronha e Brito.
Para receber a Casa Legislativa, o edifício foi reformado sob coordenação do arquiteto oficial do Império, Pedro Alexandre Cravoé, que se inspirou nas tendências europeias do século 19. Portanto, esqueça as retas longas e curvas arrojadas. Naquela época, o Senado estava em uma espécie de casarão português, com balaustradas sobre a entrada principal e janelas retangulares dando a austeridade que os governantes da época pensavam ser o correto para um local tão importante.
Foto: Ana Volpe/Agência Senado Fotos: Agência SenadoGrandes decisões foram tomadas ali, como a assinatura da Lei do Ventre Livre, responsável por conceder liberdade a todos os filhos de pessoas escravizadas, pela primeira senadora do Brasil, a Princesa Isabel. O processo abriu caminho para a abolição da escravatura em 1888. Infelizmente, o simbolismo e a relevância da edificação
não foram suficientes para conquistar os principais frequentadores do lugar. Após quase cem anos de uso, as reclamações eram variadas.
“Olhando para o teto, vi que já está rachando em diversos lugares. Em outros, a pintura dos afrescos já se vai quebrando, fragmentando. E também há muito já está o teto caindo aos pedaços sobre as nossas cabeças”, queixou-se o senador Irineu Machado, em junho de 1923, conforme registro no Arquivo do Senado Federal. E ele não foi o único.
Sob pressão dos políticos, o Senado ganhou uma nova sede em 1925, repleta de pompa. No final da Avenida Rio Branco, entre a Cinelândia e a Baía de Guanabara, estava o Palácio Monroe, uma robusta edificação que fazia o
Fotos: Celso Junior Conhecido como o Túnel do Tempo, corredor que liga os anexos do Senado, expõe momentos históricos da Casa Mobiliário das sedes antigas é preservado e exposto aos visitantesConde dos Arcos parecer uma casa de veraneio. Com traços afrancesados, o Monroe era emoldurado por 36 colunas e coroado com uma cúpula monumental. Cada uma das duas portas de entrada era vigiada por um par de leões de 2,5 metros de altura talhados em mármore de Carrara. Em 1960, houve a transferência da capital para Brasília e o resto é história.
Um prédio é apenas um prédio. O Palácio Conde dos Arcos hoje em dia pertence à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e nele está a Faculdade de Direito. Já o Monroe foi demolido em 1976 para dar lugar a um estacionamento e uma praça pouco frequentada. Reformulado, reformado, reconstruído ou realocado, o Senado mantém sua importância além das edificações.
É claro que isso não diminui a importância de Brasília para a relevância da Casa legislativa. Pelo contrário. A capital federal potencializa as virtudes do Senado. O fato de ela ser uma cidade planejada e pensada para representar o coração político da nação deu nova importância à instituição.
Já na primeira sessão plenária em solo candango, em 21 de abril de 1960, essa noção foi atestada pelas testemunhas do momento histórico. O jornalista Manoel Vilela de Magalhães registrou o acontecimento em um relato bem humorado, preservado na revista Senatus, parte do acervo do Senado Federal. Oriundo de São Paulo, a primeira coisa que ele nota sobre Brasília é muita “poeira e vento”. Em sua visita ao Congresso, destaca detalhes como a falta de sinalização interna e até a escassez de aparelhos de telefone.
Sobre o impacto da mudança de sede, Manoel é categórico. “O Congresso Nacional, a partir daquele ano, já era Brasília [...] E assim tem sido. No começo, uma semana antes da inauguração, o choque diante do Cerrado e sua vegetação retorcida. Tudo diferente do restante do Brasil, felizmente dando força ao Legislativo e ao Brasil para a renovação de costumes e métodos”.
O Palácio Monroe foi projetado pelo engenheiro Souza Aguiar, que dá nome a um importante hospital no Rio de Janeiro, como pavilhão brasileiro na Exposição Universal de Saint Louis, nos EUA, em 1904. A edificação recebeu a medalha de ouro como a mais bela do evento, o primeiro reconhecimento internacional da arquitetura brasileira.
Após vencer a competição, ele foi todo desmontado e as peças foram despachadas de navio para o Rio, sendo reconstruído peça por peça no centro da então capital do Brasil. Em sua famosa visita ao País, o ex-presidente dos EUA Theodore Roosevelt inspecionou o palácio e não poupou elogios.
Algumas peças do Monroe, inclusive parte do antigo Plenário, estão expostas no anexo 2 do Senado.
Após as depredações sofridas nos ataques de 8 de janeiro, o Senado levou cerca de um mês para restaurar os danos estruturais e voltar ao funcionamento normal.
Desde a criação da Assembleia Geral do Brasil, em 1823, ainda sob o império português, o parlamento nacional já foi dissolvido ou fechado 18 vezes. A primeira delas apenas seis meses após sua instalação, o que levou Dom Pedro I a criar um conselho para redigir a primeira constituição brasileira, em 1824. Em seus primeiros 65 anos de existência, o Senado concedia mandatos vitalícios a seus parlamentares. O mais longevo foi o Marquês de Muritiba, representante da Bahia, que permaneceu no cargo por 38 anos.
Os mandatos vitalícios foram revogados com a queda da monarquia, em 1889. Com a Constituição de 1891, o tempo de mandato foi reduzido inicialmente para nove anos e, posteriormente, para oito, o que perdura até os dias atuais. @senadofederal www.senado.leg.br
Gabaritos e escalas definiram e mantiveram o exótico modus vivendi de Brasília. Superquadras arborizadas com até quatro mil habitantes, comodidades internas, vias de veículos e pedestres bem definidas, pilotis públicos. Blocos afastados, banhados pelo sol e bem ventilados
Explicar Brasília para quem jamais a visitou pode ser considerada uma experiência antropológica. Ruas batizadas por números e não por nomes de personalidades, ausência de quarteirões, presença de eixos, curvas em tesouras, blocos em superquadras. Estas com divisões bem claras do que é comercial e residencial. São tentativas bem intencionadas, e nem sempre bem-sucedidas, de elucidar ao forasteiro o mistério simplificado da geografia do Quadradinho.
Do caos urbano, nasceu uma influente metrópole notória por sua qualidade de vida e funcionalidade. Sessenta e quatro anos depois, o reconhecimento da singularidade de Brasília nos levou à lista do The New York Times, que elegeu os 52 melhores destinos para se visitar em 2024 e a definiu como “ofuscada” pelos habituais roteiros Rio de Janeiro e Bahia. Porém com seus “edifícios futuristas” merecidamente reconhecidos.
Dos croquis e desenhos explicativos desenvolvidos por Lucio Costa e da arquitetura de Oscar Niemeyer, surgiu o estilo de vida do brasiliense. O Plano Piloto, por exemplo, segue um definido padrão visual, apesar de não haver legislação obrigando que as superquadras mantenham o mesmo molde estético. As ideias originárias, no entanto, permanecem até hoje e o próprio brasiliense se empenha em mantê-las como legado. O projeto vencedor de 1957, de Lucio Costa, propôs planos de zoneamento de atividades, prevendo quadras residenciais arborizadas com grandes blocos afastados, banhados pelo sol e bem ventilados, distribuídos em uma cidade cortada por grandes vias. Dessa forma, foram pensadas nas Unidades de Vizinhança, tendo como critério a possibilidade de agrupar de três a quatro mil habitantes em torno de uma escola primária ou jardim de infância.
“As áreas destinadas ao comércio permitem a implantação de 5.400 m² de área construída de lojas na Asa Sul e de 6.160
m2 na Asa Norte”, explica a arquiteta e urbanista Maria Eduarda Almeida. Ou seja, a ideia era considerar um número generoso em relação às áreas comerciais, o que serviria para atender, inclusive, aos moradores de outras quadras, atraídos ou pela qualidade dos serviços ou pela disponibilidade de atividades culturais.
As superquadras devem obedecer a dois princípios gerais: “a do gabarito uniforme, com talvez seis pavimentos e pilotis, e a de separação do tráfego de veículos do trânsito de pedestres, mormente acesso à escola primária e às comodidades existentes no interior de cada quadra”. “A concepção era tida como apropriada à época, pois significava uma resposta concreta para o esforço que se fazia, no mundo, em se equacionar o problema da configuração das
Cenas da Quadra Modelo, a SQS 308cidades ao que se julgava serem as necessidades do homem moderno”, comenta Maria Eduarda.
Mas a dúvida é: as diretrizes estabelecidas para a sessentona fazem sentido até hoje? Apesar de permanecerem fiéis às ideias, após diversas mudanças nos Códigos de Obras, os blocos diferem dos mais antigos no que tange à sua implantação, volume, acabamentos e cores. Os novos prédios têm mais recortes nas fachadas, efeitos de cheio-vazio e sacadas. São mais altos, devido ao aparecimento das coberturas.
Segundo o professor Caio Frederico e Silva, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, como a cidade é um Patrimônio Mundial da UNESCO, a maior parte das normas originais de Lucio Costa ainda é seguida para preservar sua visão arquitetônica e urbanística. “Existem algumas flexibilidades e ajustes que foram feitos para adaptar o espaço às necessidades contemporâneas, mas o essencial do projeto original, especialmente a integração com áreas verdes e a separação funcional das áreas, continua sendo respeitada. A escala de Brasília não pode ser alterada”.
O poder do tempo não poderia agir de forma diferente em Brasília. Assim como em outros lugares, aqui também resultou em mudanças, mas transformar por completo as características originais da cidade não seria tão simples. A arquitetura e o urbanismo concebidos pela dupla Costa e Niemeyer continuam a definir o estilo de vida dos brasilienses. Embora ajustes e adaptações tenham sido feitos ao longo do tempo para atender às demandas da comunidade, a estética permanece preservada, refletindo a visão arquitetônica e urbanística única que tornou Brasília patrimônio da humanidade.
• As superquadras são áreas verdes com dimensões aproximadas de 280m x 280m, onde se encontram implantados os edifícios residenciais, geralmente sobre pilotis, cercados por renques de árvores de copa densa.
• A superquadra residencial tem prédios com alturas de seis ou três pavimentos, cercadas em todo seu perímetro com uma densa faixa arborizada, alternadas por entrequadras com comércios locais e equipamentos comunitários de vizinhança.
• As superquadras 100, 200 e 300 possuem no máximo 11 blocos, enquanto as 400 podem ter até 20 edifícios.
• As fachadas dos edifícios dispostos nos limites das quadras costumam ser voltadas para o exterior do quadrilátero, e os do interior, para a área verde interna ou para lotes de equipamentos públicos.
• Não existem cercamentos nem muros, e os vazios são áreas verdes, gramadas e densamente arborizadas, chegando a 84% da área do quadrado.
• As projeções dos edifícios no terreno determinam de maneira muito clara que o pilotis deve ser de domínio público, enquanto o prédio em si determina o domínio privado.
Foto: Arquivo Público DF Fotos: Celso Junior Vista da entrequadra da 107 e 108 SulProjeto que moderniza regras no centro da capital federal será analisado pelos deputados distritais e terá a participação dos brasilienses
Por Caio BarbieriO desenvolvimento do centro da capital federal, que inclui o plano original de Lucio Costa, tombado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio da Humanidade, será uma das principais pautas da Câmara Legislativa (CLDF) deste ano.
No início de março, o texto do Plano de Preservação do Complexo Urbanístico de Brasília (PPCUB) foi encaminhado pelo Palácio do Buriti para a análise dos deputados distritais, com a esperada participação da sociedade. A ideia é modernizar algumas regras para adaptar a cidade aos tempos atuais.
A proposta pretende atualizar o ordenamento na área tombada no Plano Piloto, bem como as normas de uso e de ocupação do solo que abrange as regiões do Cruzeiro, Candangolândia, Sudoeste/Octogonal e o Setor de Indústrias Gráficas (SIG).
O Complexo Urbanístico de Brasília (CUB) é o principal artefato urbano produzido de acordo com os princípios do movimento moderno e, por esse motivo, requer a atenção cuidadosa das autoridades do Executivo e Legislativo, além da participação ativa de vários setores da população.
O presidente da CLDF, Wellington Luiz (MDB), já adiantou que os deputados ficarão debruçados nas atualizações propostas no texto e que a Câmara terá responsabilidade para não comprometer as características originais que fazem Brasília ser admirada internacionalmente pela organização e áreas de convivência. “Sem dúvida nenhuma, o PPCUB é um dos mais importantes projetos na área fundiária da capital na última década e se faz extremamente necessário, exatamente pela importância da modernização aliada à preservação do Patrimônio Histórico. Então, tudo isso torna o projeto extremamente delicado, mas também muito importante. Acredito que ele seja votado até o mês de junho para que possamos deixar um legado extremamente importante para o DF”, disse.
A versão mais recente do texto se baseia em três pilares principais, segundo o governo local: a preservação do patrimônio urbanístico e arquitetônico de Brasília; o uso e ocupação do solo; e os planos, programas e projetos para o futuro da capital. “Esse projeto vem para trazer segurança jurídica ao setor produtivo. O objetivo é fazer com que a cidade fique livre dos percalços e dificuldades, para que a gente facilite a vida de quem quer empreender”, declarou o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).
Em debate há anos no âmbito local, o projeto nunca avançou. Porém, o texto já foi amplamente discutido com vários setores da sociedade e do Executivo local nos últimos meses, incluindo o Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal (Conplan). O órgão, integrado por vários representantes do governo e da sociedade, autorizou a tramitação do PPCUB no fim do ano passado. Agora, a proposta deverá, enfim, sair do papel, caso haja acordo entre os 24 parlamentares da Câmara Legislativa. “São, pelo menos, 15 anos de discussão para aprovar esse plano que traz para Brasília uma segurança jurídica”, disse o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação do DF, Marcelo Vaz.
• Plano de preservação: proteção do patrimônio urbanístico e arquitetônico de Brasília, tratando das quatro escalas urbanas: residencial, monumental, gregária (onde se situam os setores bancário, hoteleiro, comercial e de diversões) e bucólica (áreas livres e arborizadas).
• Plano de desenvolvimento local: trata da elaboração de estudos, planos, programas e projetos para o futuro de Brasília.
• Uso e ocupação do solo: atualização das normas de uso, ampliando o rol de atividades permitidas e padronizando os parâmetros de ocupação do solo.
Mil visitantes diariamente se divertem nos brinquedos do Nicolândia, que colorem
o skyline da capital e iluminam o Parque da Cidade há 45 anos. Os filhos e a viúva de seu Nico, o fundador, investem em pirotecnia italiana para manter o legado vivo
Foto: Arquivo pessoal
Por Bruna Nardelli
Fotos Vanessa Castro
Visionário. É assim que os filhos de Antônio Hilário de Souza, o fundador do parque de diversões Nicolândia, descrevem o patriarca, falecido em 2001. Responsável por idealizar e erguer o patrimônio dos sonhos no Parque da Cidade em 1978, seu Nico, como era conhecido, trocou as roletas de cassino por montanhas-russas e investiu no carisma com as crianças para dar vida ao mais lúdico cartão-postal de Brasília. O business, ainda familiar, resiste ao tempo e atrai mais de mil visitantes ao dia.
O homem por trás das luzes pirotécnicas e dos brinquedos marcados no imaginário brasiliense nasceu em uma família humilde de Mariana, no interior de Minas Gerais. Obstinado a usar a imaginação fértil para ascender, o caçula de quatro filhos deu o primeiro passo para a construção do parque onírico no início da vida adulta, ao embarcar para o Rio de Janeiro e tão logo começar os trabalhos no ramo do entretenimento. Inicialmente, seu Nico caiu no breu empesteado por cigarro dos cassinos.
Anos se passaram, mas a avidez dele por dias menos cinzentos permaneceu. Após tomar fôlego como empreendedor na noite,
Seu Nico, o fundadoro mineiro ganhou dois brinquedos em um acerto de contas e apostou as fichas no jeito com as crianças para abrir o próprio parque temático, em princípio itinerante. O playground rodou o Brasil até estacionar em Goiânia. A parada despretensiosa na capital de Goiás viria a definir o futuro do sonhador e, de certa forma, do Parque da Cidade em Brasília.
O lema de Walt Disney, para um encantador de crianças como seu Nico, convém. Na cidade vizinha ao Distrito Federal, o mineiro conheceu o amor da vida, dona Maria, e tomou conhecimento da data de inauguração da nova e promissora capital do País. O empresário acreditou em Brasília e sonhou junto com Juscelino Kubitschek, tomando a decisão de concretizar dois dos desejos mais latentes no coração do Planalto Central: constituir família e fixar o parque de brinquedos.
Entre altos e baixos dignos de montanha-russa, com passagens velozes por lugares como o estacionamento da Torre de TV e o da Igrejinha, o Nicolândia de seu Nico foi inaugurado oficialmente na mesma data em que foi o Parque da Cidade, há 45 anos. “Foi uma correria até a
inauguração. Estreamos com dez brinquedos, em uma Brasília ainda em construção”, rememora a viúva Maria, hoje com setenta anos. Ela admite sempre ter dado pitacos no negócio do marido, com quem viveu por três décadas.
O centro de recreação, então, mudou de lugar novamente, mesmo sem sair do parque. A alteração para mais perto do Parque Ana Lídia, onde permanece até hoje, foi essencial para o deslanchar da empresa, nas palavras de dona Maria. A sugestão do ponto mais chamativo para as crianças e de fácil acesso, inclusive, foi dela. Já expandido ao limite, o playground ocupa 17 mil metros.
Mãe de Marcelo e Marco Antônio, de 52 e 47 anos, respectivamente, a goiana criou os filhos pelos “corredores” do Nicolândia. “Marcelo chegou a tomar um choque na infância ao brincar descalço nos trilhos do trem fantasma”, conta, afirmando que as normas de segurança felizmente endureceram com o tempo, sobretudo com a chegada da ABNT NBR 15.926, em 2011. A regra regulariza o uso de brinquedos em parques de diversões no Brasil, assegurando o bem-estar dos visitantes e resguardando a empresa em caso de eventuais acidentes.
Seu Nico frequentou e lapidou o império até os últimos dias de vida, ciceroneado por Maria e os dois filhos. Ele faleceu aos 87 anos. Marcelo e Marco, por escolha, nunca tiveram outro emprego. Aprenderam a força do trabalho no “quintalzinho de casa”, observando o pai. “Vital ter muito amor e dedicação pelo parque, que funciona nos piores dias para se trabalhar: sexta, sábado, domingo e feriados”, pondera o caçula. O local ainda abre de terça a domingo durante as férias escolares.
Recentemente, graças ao empenho dos sucessores, a empresa modernizou os brinquedos — alcançando a marca de 32 atrações — e passou por um rebranding. No aniversário de Brasília de 2023, ganhou o nome de Novo Nicolândia, além de um logo diferenciado com o emblema de um quadradinho, em referência ao formato do DF. “Somos um dos parques de diversões mais longevos do País e temos orgulho da nossa capital”, exclama o primogênito.
Importados da Itália, os brinquedos do Nicolândia recebem manutenção e são personalizados por uma equipe local. Destaque para a atração radical 360, único exemplar da América Latina. Mas a mais emblemática é a suntuosa roda-gigante, claro. O playground emprega 120 pessoas e o mais antigo funcionário ostenta 30 anos de casa.
O maior looping enfrentado pela empresa até então foi a pandemia de Covid-19. A sobrevivência do negócio só foi possível graças ao Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), um auxílio do governo voltado aos setores de entretenimento e turismo. Sob risco de interrupção, o salva-vidas ainda está em vigor.
O Nicolândia já iniciou os preparativos para a festa de 50 anos. Em 2028, além de ações diversas, deve receber a primeira atração aquática, um investimento astronômico. A boa-nova é revelada com exclusividade à GPS. O fator novidade somado ao clima seco da capital federal parecem ser a receita para o sucesso, e é nisso que os proprietários apostam.
Outros lançamentos ainda devem ser trazidos até lá, haja vista que a vida útil de megabrinquedos é reduzida. “O público também gosta e precisa de novidades. Reunimos diversas faixas etárias de uma mesma família no nosso parque justamente por sabermos mesclar bem os brinquedos clássicos, como o tobogã, com os mais radicais, a exemplo do Super Frisbee”, declaram, em coro, Marcelo e Marco.
De lá de cima, apesar das ofuscantes luzes das atrações mais modernas tentarem roubar a cena, seu Nico de certo está orgulhoso, sobretudo ao ver a terceira geração do clã de mangas erguidas no playground. De geração em geração, os bisnetos Marcelo Henrique, Luana Maria e Marco Antônio Filho já atuam no parque.
@nicolandiaparqueurbano www.novanicolandia.com.br
Encontro erguido para mulheres empreendedoras recebe mais de 1,5 mil participantes, reunindo acadêmicos, magistrados, representantes dos três poderes, setor produtivo e entidades para debater a urgência da equidade de gênero. A cantora Alcione abriu a noite
Por Paula SantanaUma pesquisa reveladora, um encontro com o mesmo propósito, uma tarefa a ser cumprida. A tríade que traça o início de uma jornada de transformação social. Objetivo: fomentar o empreendedorismo feminino. O desafio: equidade de gênero. A missão: despertar a sociedade civil para este chamamento. O caminho: um evento de nome Movimente – mulheres criativas quebrando barreiras, realizado pelo Sebrae-DF, envolvendo elenco de grandes nomes de Brasília e do Brasil imbuídos do mesmo vigor.
E assim surgiu o mais audacioso projeto já realizado no DF em busca de iniciativas que acelerem empreendedoras em seus negócios, sejam eles de que proporção for. Em sua primeira edição, o Movimente já nasceu com claras e concretas decisões. A de criar políticas públicas efetivas que contribuam para a performance de mulheres que diariamente são colocadas diante de desafios, responsabilidades e inseguranças que as impedem de potencializar a sua verve de levar adiante um empreendimento.
Muitas vezes não somente em busca de sucesso profissional, mas pontualmente determinadas a gerar impacto social em suas vidas, famílias e comunidades. Mas esta jornada não é tão lírica quanto parece. A desigualdade ainda assola mulheres, independentemente de classes sociais. Em comum, a apuração da pesquisa indica que empreender é o resultado da busca pelo protagonismo pessoal, mesmo sem receber qualquer estímulo, vindo de pais, cônjuge, familiares ou até mesmo de instituições de ensino. Uma decisão solitária, e corajosa.
Sob idealização de Rose Rainha, superintendente do Sebrae-DF, o Movimente veio sendo preparado durante meses. Tudo começou com a Pesquisa sobre Empreendedorismo Feminino no DF, um mapeamento amplo sobre o perfil destas mulheres. Suas habilidades, competências, dores e necessidades. A partir desta intenção e diagnóstico, um grupo de trabalho técnico foi constituído para dar corpo, forma, conteúdo e alma ao evento. Afinal, seriam mulheres, dialogando com outras mulheres em sintonia e sororidade.
O Movimente então se cristalizou em dois dias de evento, no Centro de Convenções Brasil 21, divididos em três momentos distintos: abertura com autoridades e show da cantora Alcione; um fórum reunindo especialistas do setor produtivo, profissionais de notório saber, embaixadoras e representantes dos três poderes para discutirem programas e iniciativas; um seminário recebendo nove painelistas de alcance nacional, abordando temas que condicionam a mulher a se posicionar no mercado.
Ao final, diante do benéfico efeito aos presentes, que somaram 1,5 mil pessoas, a entrega da pesquisa analisada, cujo desdobramento se transformara num documento oficial a ser trabalhado e desvencilhado em políticas públicas que tragam concretude a este segmento. ”Este movimento só está começando. O Sebrae-DF abraçou esta pauta diante do imenso gargalo que as mulheres enfrentam para empreender. O cenário precisa mudar e nós seremos não somente as protagonistas, mas as agentes que iniciaram esse processo. E temos pressa. Precisamos ser pragmáticas e assertivas”, diz Rose Rainha.
Margarete Coelho, diretora nacional do Sebrae Celina Leão, vice-governadora do DF Rose Rainha, superintendente do Sebrae-DF Alcione se apresentou na noite de aberturaFomentar a cultura que valoriza e apoia mulheres empreendedoras, desafiando estereótipos de gênero e promovendo a igualdade de oportunidades. Essa é uma das missões de Rose Rainha, superintendente do Sebrae-DF, eleita em 2023 para mandato de quatro anos. Por unanimidade, com forte apoio de representantes do setor produtivo e dos governos local e federal, esta é a primeira vez que a diretoria executiva do Sebrae-DF será composta exclusivamente por mulheres. Rose, administradora especialista em gestão e projetos, comandará a entidade privada ao lado de Adélia Bonfim e Diná Rocha.
O que te impulsionou a assumir o protagonismo de incentivo à equidade de gênero no empreendedorismo feminino no DF?!
Não me vejo como protagonista. Na verdade, há desde grandes empresárias que dão o exemplo à capacidade e tenacidade em seus negócios, assim como lideranças políticas e pequenas empreendedoras que lutam todos os dias para assegurar a sobrevivência de sua família.
Você acredita que políticas públicas poderão de fato se tornar reais a curto prazo? Existe essa urgência por parte do estado?
Não só acredito como sou testemunha de que já fazem. E sim, vejo o estado como comprometido com essas políticas. Agora, cabe a toda a sociedade colaborar para que essas políticas públicas sejam exequíveis. A cidadania exige participação, cobrança e trabalho, para que possa vir a ser efetivamente exercida e usufruída.
Mesmo nos tempos atuais as mulheres ainda precisam se posicionar. Você viu alguma evolução ao longo dos últimos tempos?
Sim, identificamos muitas evoluções, mas não devemos fechar os olhos para os retrocessos a que ainda estamos sujeitas. O próprio Sebrae no DF é um exemplo de como estamos avançando. Hoje, pela primeira vez, nossa diretoria executiva é composta exclusivamente por mulheres. Isso não é uma condição, ou um favor, mas uma constatação obtida pelo trabalho de cada uma.
O que as mulheres precisam aprender sobre outras mulheres. E o que os homens precisam aprender com elas?
Gosto em especial dessa pergunta porque ela toca em um ponto que sempre abordo. Não vamos mudar essa realidade se insistirmos na política do nós, mulheres, versus eles, os homens. Precisamos que eles sejam parceiros nessa mudança como muitos já são. Então precisamos ensinar aos nossos filhos e netos, o respeito necessário para essa construção conjunta. Quanto às mulheres, eu mesma noto em minha mãe e filhas, colaboradoras, colegas da diretoria, e todo o dia aprendo um pouco mais sobre a dor e a delícia de ser mulher.
O Sebrae tem diversos programas ligados a esta pauta. Em que eles de fato se tornam efetivos na vida empreendedora?
Atuamos na criação de um ambiente propício ao empreendedorismo, proporcionando conhecimento e networking. O Projeto de Empreendedorismo Feminino do Sebrae no DF fortalece o ecossistema de negócios, cria oportunidades e fornece suporte necessário para o crescimento. Além disso, eventos como o Movimente ativam discussões e formulação de políticas públicas, buscando soluções para desafios sociais e econômicos, incluindo independência financeira, ascensão social e redução das desigualdades de gênero.
Por que as mulheres estão tão vulneráveis fisicamente e mentalmente?
São desafios que contribuem para o adoecimento, incluindo questões de saúde e a pressão sociocultural. Esses fatores escoam para o estresse e a ansiedade. Por isso, existe uma necessidade crucial de promover o bem-estar físico e mental, pois não só a beneficia individualmente, mas também gera um impacto positivo em suas famílias e comunidades.
Promover a igualdade de gênero, estimular o crescimento econômico, zelar pela saúde e fomentar a inovação se tornaram pautas prioritárias do Fórum Movimente, que elencou profissionais de notório saber para um denso debate
Por Paula SantanaA pesquisa sobre empreendedorismo feminino que deu início ao Movimente desempenhou um papel crucial na compreensão e no desenvolvimento para um mercado equitativo e próspero. Ao investigar e analisar tendências enfrentadas pelas mulheres, insights valiosos poderão promover toda essa transformação. Nos últimos anos, houve um aumento significativo daquelas que optaram por iniciar seus próprios negócios, ultrapassando barreiras históricas. No entanto, os obstáculos ainda são impeditivos.
O estudo foi dividido em duas etapas, totalizando mais de mil entrevistas com empreendedoras de alta e baixa rendas em pontos regionais do DF. O resultado gerou insumos para o Fórum Movimente, realizado durante o evento Com dados em mãos, 98 participantes dos quatro fóruns temáticos tiveram uma manhã de debates. Compuseram os grupos de trabalho, acadêmicos, magistrados, entidades, organizações, empresários e representantes do Legislativo e Executivo.
Juntos, a missão seria, a partir da discussão coletiva, comprimir propostas reais com a intenção de ação imediata. Ao final, 90 propostas foram entregues para o Sebrae-DF, que as transformou em 55 pautas que servirão de base para a construção de uma agenda efetiva. Um documento também foi gerado e entregue para o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha.
Consciência Social
Temas: acessibilidade, igualdade e diversidade, movimento social, governança e cultura/educação
Vulnerabilidade
Temas: agressão e importunação, assédio moral e sexual, segurança pública e segurança patrimonial
Empreendedorismo e Inovação
Temas: educação, STEAM, sucessão familiar e acesso a crédito
Saúde da Mulher
Temas: aspectos mentais, fisiológicos, questões de maternidade e planejamento familiar
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O Movimente reuniu palestrantes inspiradoras que compartilharam experiências e promoveram o fortalecimento mútuo. Desde a emocionante narrativa de Dona Lu Alckmin até os debates sobre Desafios e Oportunidades para o Empreendedorismo Feminino, com Janete Vaz e Mônica Monteiro, bem como o painel Rompendo o Ciclo da Violência Moral e Patrimonial, com Ana Hickmann e Daniella Marques. As
Empresária e apresentadora
Com vinte anos de atuação no mercado de moda e beleza, com produtos próprios e mais de trezentas unidades de franquias, há 19 anos Ana é apresentadora na Record TV. Em suas redes sociais, impacta mais de 37 milhões de pessoas. Ana falou sobre violência patrimonial e alertou sobre a importância de cuidar das finanças de sua empresa.
plenárias não apenas celebraram conquistas, mas também propuseram soluções para os desafios enfrentados no Distrito Federal e no Brasil. Nos dois dias de evento, as nove palestras trouxeram insights valiosos para as mais de 600 ouvintes. Com isso, o Movimente reforça o seu compromisso em transformar ideias em realizações concretas e construir um futuro inclusivo e empoderador para todas as mulheres.
Primeira-dama do DF
A jovem advogada tem se destacado por sua dedicação à assistência social. Coordenou campanhas anuais de solidariedade integradas ao calendário do GDF, beneficiando centenas de milhares de famílias. A primeira-dama do DF falou sobre seu trabalho, liderando campanhas de solidariedade anuais e seu papel na promoção do bem-estar social do DF.
Segunda-dama do Brasil
Casada com o vice-presidente, Geraldo Alckmin. Desde a juventude trilhou sua caminhada como voluntária no empreendedorismo social, levando qualificação profissional. Dona Lu compartilhou detalhes do projeto Padaria Artesanal, idealizado por ela em 2001 e implementado no estado de São Paulo, capacitando mais de cem mil pessoas. Em 2023, em parceria com a Arquidiocese de Brasília, a CNBB, o Sistema S e empresários da região, implementou o projeto no DF.
Sócia-fundadora do Grupo Sabin
Bioquímica, tem MBA em Gestão de Negócios e MBA em Gestão Empresarial. Foi eleita em 2016 e 2017, pela Revista Forbes, como uma das Mulheres mais Poderosas do Brasil e como uma das Mulheres de Destaque do Setor de Saúde. Referência no empreendedorismo feminino no Brasil, em sua palestra falou sobre o momento de virada do Sabin, quando optaram pela expansão por todo o Brasil.
Empresária
Ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella atuou diretamente em programas de empreendedorismo feminino e orientação financeira às mulheres por meio do Caixa pra Elas e do programa Brasil pra Elas, em parceria com o Sebrae, atingindo mais de 30 milhões de mulheres. Hoje, Daniella é sócia e chairwoman do board da Legend Invest Capital. Em sua explanação, falou sobre inclusão e promoção financeira de mulheres.
É presidente do Fórum Industrial da Mulher Empresária no âmbito da CNI; diretora institucional na Band Pay TV; e diretora consultiva do Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura. Também é Capítulo Brasileiro da BRICS Women’s Business Alliance e presidente do Women Entrepreneur Forum (WeForum). Sua fala discorreu sobre oportunidades para o empreendedorismo no mundo.
Especialista sênior em gênero no Banco Mundial
Brasiliense residindo em Washington, a advogada tem mais de 15 anos de experiência em desenvolvimento internacional e promoção de legislação e políticas públicas em prol da igualdade de gênero, empoderamento econômico das mulheres e desenvolvimento do setor privado. Paula trouxe uma pesquisa sobre O Papel da Mulher no Empreendedorismo Mundial
Embaixadora da Dinamarca
Em Brasília há dois anos, desde que assumiu a representação do seu País no Brasil, tem mais de 17 anos de atuação no Ministério das Relações Exteriores da Dinamarca. Com ampla experiência em negócios internacionais, falou sobre a realidade das mulheres empreendedoras na Dinamarca.
Adida comercial da Embaixada do Quênia em Brasília
Bacharel em Empreendedorismo, tem mestrado em Ciências em Finanças e é analista de Políticas Públicas e especialista em Políticas Comerciais Internacionais e Leis Comerciais. Beatrice falou sobre as relações diplomáticas e sobre exemplos de como o governo queniano atua no empoderamento de mulheres.
Ao longo de dois dias, mais de 1,5 mil pessoas estiveram presentes no Centro de Convenções Brasil 21 para participar do Movimente Abertura, show, fórum, plenária e exposição reuniram entusiastas dos segmentos produtivo, político, acadêmico e social do DF. Um encontro que marca o início de uma nova era para o empreendedorismo feminino local.
Fotos: Arquivos GPS|Brasília e Sebrae-DF Nara de Deus, Beatriz Guimarães, Daniela Vieira, Giselle Ferreira, Sandra Costa, Janete Vaz, Cosete Ramos, Hélvia Paranaguá, Sueli Rodrigues e Sandra Rodrigues Cláudia Pereira, Paula Santana e Eda Machado Coronel Mônica Mesquita, Tatiane Araújo e Coronel Ana Paula Habka Tatiana Farah, Mônica Monteiro, Samanta Sallum, Bia Guimarães e Sandra Rodrigues Fabiano Cunha Campos e Paula Santana Estefânia Viveiros, Ludmila Galvão e Adélia Bonfim A cantora Alcione abriu o evento Bernardete Martins, Sebastião Abritta e Janine Brito Rafael e Silvia Badra Fernanda Machado e Karina CuriPaula Tavares estuda direitos das mulheres ao redor do mundo e destaca lacunas que precisam ser preenchidas no Brasil. Acesso a crédito, vulnerabilidade social e equidade de gênero são algumas dores
Por Daniel CardozoUm estudo do Banco Mundial concluiu que nenhum país tem relações igualitárias entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Enquanto isso, em território nacional, foram registrados 1,4 mil feminicídios no ano de 2023. Por conta de um cenário global ainda distante do ideal, a igualdade de gênero se tornou uma missão para a advogada brasiliense Paula Tavares, radicada nos Estados Unidos. Funcionária do Banco Mundial há quase 14 anos, a profissional se dedica a gerar conhecimento sobre os obstáculos postos às mulheres ao redor do mundo.
A desigualdade de gênero é um tema que acompanha Paula desde que iniciou sua carreira jurídica, ainda em Brasília, como analista legislativo na Câmara dos Deputados, antes de se aventurar em Washington DC. “Sempre me interessei pelas organizações internacionais”, relembra.
Apesar de ter nascido na França – quando seus pais estudavam fora – e viver há 17 anos em Washington DC, é para a capital brasileira que Paula dá o título de “hometown” – e para onde volta vez ou outra para visitar a família, o que concilia, muitas vezes, com a agenda de trabalho. Foi aqui que viveu a infância e adolescência, onde estudou Direito, no Centro Universitário de Brasília, e se pós-graduou em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília. A lei em âmbito mundial sempre foi um de seus interesses e, por isso, Paula decidiu fazer mestrado em Direito Internacional na Universidade de Georgetown, na capital norte-americana. “De certo modo, as duas cidades têm suas similaridades, como a questão política e as representações internacionais”, diz.
Essa origem multicultural e a vivência internacional deram à profissional um olhar diverso das questões do mundo e
a levaram a ocupar o espaço em que hoje atua, como especialista sênior de gênero no Banco Mundial. A instituição financeira tem como principal objetivo apoiar iniciativas em países em desenvolvimento. Mas a entidade tem um braço importante, que contribui com o debate de políticas públicas. É aqui que a atuação de Paula Tavares se encaixa, com visão crítica dos dados colhidos em diferentes realidades.
Como representante da instituição, Paula viaja o mundo palestrando sobre cases de sucesso em igualdade de gênero e como as políticas públicas bem elaboradas podem gerar efeitos positivos para a sociedade como um todo, não apenas para as mulheres.
“É preciso conceder crédito a mulheres empreendedoras”
Por mais que estude e conheça a realidade da questão mundo afora, as raízes brasileiras fazem com que Paula esteja atenta ao que acontece por aqui sobre a questão de gênero, comparando os indicativos de igualdade entre homens e mulheres ao redor do globo. A advogada vê progressos, a exemplo da lei que prevê igualdade salarial, sancionada no ano passado. Mas ainda são necessários avanços em questões relacionadas às condições de trabalho. A discriminação no mercado se dá de forma muitas vezes implícita. “Mulheres ainda são perguntadas em entrevistas de emprego se têm ou pretendem ter filhos no futuro”, lembra.
Atualmente, a legislação nacional prevê que a mãe tem direito a quatro meses de licença-maternidade para acompanhar o início da vida do filho, enquanto os pais são dispensados do trabalho por apenas cinco dias. A licença parental é um dos exemplos de medidas consideradas necessárias pela especialista. Equilibrar os cuidados com as crianças entre o homem e a mulher pode ser uma medida de impacto. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que, após 24 meses, mais da metade das mães estão fora do mercado de trabalho, sendo que boa parte das saídas se dá por iniciativa do empregador. “Os países nórdicos foram pioneiros a implementar a licença parental. No início, os homens resistiram à ideia. Os governos tiveram que dar benefícios financeiros para estimular que os cuidados com bebês não ficassem restritos a mulheres. Assim, foi-se mudando a cultura e hoje o período de licença já é melhor dividido”, analisa.
Embora o número de mulheres assassinadas por questão de gênero tenha crescido 1,6% entre 2022 e 2023, a especialista acredita que o Brasil tem uma legislação avançada sobre o tema, incluindo a Lei Maria da Penha. Para Paula, é preciso seguir fortalecendo o arcabouço legal para proteger as mulheres em questões como o casamento infantil – quando uma das partes, geralmente as meninas, tem menos de 18 anos. “É uma questão intimamente associada à gravidez precoce, à evolução escolar e ao impacto nas futuras oportunidades profissionais e econômicas das meninas e mulheres e em relação à proteção contra o assédio sexual”, analisa.
Em uma vinda recente ao Brasil, Paula participou do evento Movimente, organizado pelo Sebrae-DF, sobre empreendedorismo feminino. As oportunidades dadas às mulheres, segundo ela, precisam ser melhor difundidas. Uma das medidas para incentivar o ingresso de mulheres no empreendedorismo passa pelo financiamento dos negócios. “É
“Mulheres ainda são perguntadas em entrevistas de emprego se têm ou pretendem ter filhos”
preciso conceder crédito a mulheres empreendedoras, porque sabemos que, na prática, muitas têm os pedidos negados. Linhas de crédito exclusivas para mulheres são uma boa ideia, mas o melhor cenário seria o acesso a empréstimos ocorrer, independentemente de cotas”, lembra.
Na política, a representação feminina também pode ser aprimorada. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, de 2016 a 2022, o Brasil teve, em média, 52% do eleitorado constituído por mulheres, 33% de candidaturas femininas e 15% de eleitas. No Poder Legislativo, apenas 18% das cadeiras são ocupadas por mulheres.
“Se as mulheres chegam a ser mais da metade da população e os cargos ocupados estão abaixo do ideal, é necessário, sim, termos cotas em cargos eletivos e de confiança”, afirma. É com esse espírito que a especialista resume que as mulheres devem alcançar mais oportunidades, nos ambientes público e privado, para que a sociedade tenha progressos significativos.
O brasiliense Marcelo Braga é um dos profissionais mais proeminentes na tecnologia do País. Presidente da IBM Brasil, ele diz que nos próximos cinco anos a computação quântica aliada à IA transformarão todos os aspectos da vida cotidiana
Por Marcella OliveiraPouco antes do aniversário de dois anos de Marcelo, sua mãe, Suely, decidiu abrir uma loja de artigos para festas na Asa Norte. Ali, entre pratinhos, bexigas e decorações temáticas, Marcelo mergulhou no universo do comércio. “Lembro de separar os balões e talheres de plástico em dúzias para deixar pronto para a venda. Tinha contato com o cliente, estruturava receita, despesa, fazia pedido, recebia mercadoria”, recorda. Sem nem imaginar, o hoje presidente da IBM Brasil, Marcelo Braga, tinha ali as primeiras conexões com o mundo de vendas, gestão de negócios e até mesmo ideias precursoras de CRM (Gestão de Relacionamento com o Cliente), que mais tarde se tornariam parte de seu repertório profissional.
Foi essa imersão no gerenciamento de negócios que despertou em Marcelo o interesse pelo Processamento de Dados na Universidade Católica de Brasília, onde também fez sua pós-graduação em Desenvolvimento de Sistemas. Braga ingressou no mundo profissional como estagiário no Serpro e, depois, bolsista na Embrapa, onde testemunhou de perto o início da revolução digital. “A Embrapa foi uma das primeiras empresas do governo a ter acesso à internet. Eu trabalhei na área de publicações, em que fizemos as primeiras obras digitais”, lembra, sobre meados dos anos 90.
Já graduado, recebeu o convite para participar de um processo seletivo na IBM. “Eu tinha 21 anos. Eles queriam uma pessoa que fosse vender soluções de gestão de dados para órgãos públicos e eu me senti inseguro por não ter experiência na área comercial, apesar do background de comércio. Eu demorei três meses para aceitar”, lembra.
O contato com colegas mais experientes não o intimidou. “Se experiência você só adquire vivendo, conhecimento você adquire ralando”, acredita. Na sua trajetória, dedicou-se a expandir seu conhecimento técnico, cursando
marketing, finanças e gestão de empresas. “Eu acho que o tripé que faz o mundo girar hoje é: tecnologias, pessoas e gestão”, completa.
Aos 48 anos, Braga acumula 26 anos dedicados à IBM. “O mais gratificante é observar o impacto direto do nosso trabalho na vida das pessoas. Por exemplo, lembro-me do início da entrega do Imposto de Renda pela internet”. Entre 2003 e 2005, Braga viveu em São Paulo. De volta à capital em 2006, assumiu a responsabilidade pelo atendimento
aos bancos federais. “A complexidade de instituições muito grandes, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, foi uma escola fundamental para que eu conseguisse entender como essas coisas funcionavam e ganhar musculatura para poder voltar para São Paulo em 2015, como vice-presidente da área de vendas e de cloud da IBM”, conta.
Desde então, São Paulo se tornou o lar de Braga e sua família. Ao lado da mulher, Mariana Spezia, e dos filhos gêmeos, Lucas e Miguel, de seis anos, ele recorda com nostalgia as raízes brasilienses. “Nasci em Anápolis (GO), mas fiquei lá literalmente 15 dias antes de chegar em Brasília”, diz. Morou no Lago Norte e na Asa Sul. No currículo escolar, os colégios Maria Auxiliadora e Leonardo da Vinci, e, depois, na Universidade Católica de Brasília. “Amo Brasília e sempre estou na cidade”.
Ele atribui sua trajetória de sucesso a dois fatores principais: sua curiosidade e as oportunidades que encontrou ao longo do caminho. “Brinco que devo ter mudado de função umas seis ou sete vezes sem jamais ter trocado de CNPJ. A oportunidade de interagir com pessoas de alto nível intelectual somado a complexidade do ambiente corporativo moldaram minha jornada profissional de forma significativa”, compartilha.
A interconexão de tudo, alimentada por dados e impulsionada pela inteligência artificial, está redefinindo o panorama atual. E traz um alerta sobre o uso e proteção dos dados. Braga enfatiza: “os dados são o novo petróleo do mundo”, ressaltando a importância da conscientização sobre privacidade e regulamentações como a LGPD para garantir transparência e segurança diante do fácil acesso e processamento de informações no mundo digital. “A tecnologia não tem sentido por si só, mas um meio para resolver uma variedade de desafios”.
Quando se trata de Inteligência Artificial, Braga defende que não é mais uma visão de futuro, mas sim uma realidade presente. “A maior probabilidade não é a IA tirar o emprego de alguém, mas alguém que use a IA tirar de outro que não a utiliza. Ela traz produtividade e simplificação de tarefas cotidianas. É aceitar, abraçar e usá-la ao nosso favor”, acredita.
Olhando para o futuro, Braga prevê uma maturidade significativa no uso de tecnologias nos próximos três a cinco anos, juntamente com avanços na computação quântica. Ele destaca o potencial transformador dessas inovações, que prometem redefinir modelos de negócio, profissões e aspectos da vida cotidiana. “A computação quântica possibilitará processar grandes volumes de dados de maneira inédita, abrindo portas para a criação de novas moléculas, previsões meteorológicas precisas e detecção de fraudes em tempo real. No Brasil, algumas empresas já estão investindo nesse avanço tecnológico”.
Ao conversar com Braga, percebe-se que o menino curioso que observava atentamente tudo ao seu redor ainda está presente. Se por um lado sua trajetória profissional é um testemunho inspirador de como a determinação e a visão podem moldar não apenas uma carreira, mas também o futuro de uma indústria inteira, por outro, conseguimos ver um homem de família que também sabe viver longe de suas reuniões, podcasts e leituras digitais. “Valorizo cada momento que passo com minha mulher e meus filhos”, diz. O que ele quer deixar para seus herdeiros?
A mesma lição que aprendeu com os pais e com a vida: “o mundo é cheio de oportunidades, mas temos que nos preparar e nos esforçar para que elas aconteçam”.
Fernando Cavalcanti
Economista, vice-presidente e sócio do NWGroup @fernandocavalcanti
Em abril, Brasília completa seus 64 anos de histórias e negócios, e eu não poderia deixar de prestar minha homenagem à cidade que me acolheu tão bem, desde que, por causa do trabalho, fiz dela o meu lar. Decidir morar em Brasília foi uma escolha que não apenas transformou minha vida, mas também redefiniu minha perspectiva sobre o potencial econômico e cultural desta cidade tão extraordinária.
Ao celebrarmos o aniversário de Brasília, é oportuno refletir sobre os motivos que me levaram, como vice-presidente do NWADV, a fazer desta cidade também a minha casa e local de trabalho, assumindo o controle das operações na empresa na capital do País. Mais do que uma simples capital, Brasília representa o coração pulsante do país, um centro político, econômico e cultural que atrai pessoas de todas as partes do Brasil e do mundo.
A decisão de estabelecer uma das principais filiais da NWADV em Brasília foi guiada não apenas pela importância estratégica da cidade como capital federal, mas também pela sua crescente influência como hub de negócios e investimentos. Em um mundo cada vez mais conectado, Brasília se destaca como um ponto de convergência para empresas e empreendedores que buscam oportunidades de crescimento e expansão.
Tanto é assim que, em 2022, a cidade alcançou o 5º lugar no Índice de Concorrência dos Municípios (ICM), uma pesquisa elaborada pelo Ministério da Fazenda em que são avaliados itens como tributação, empreendedorismo e infraestrutura para o desenvolvimento das empresas. E este resultado ainda corrobora o crescimento constante da cidade, que, no ano anterior, alcançou a 14ª posição entre os 199 municípios incluídos na pesquisa.
A presença de instituições governamentais e órgãos reguladores em Brasília não apenas confere à cidade um status de destaque no cenário nacional, como também cria um ambiente propício para a realização de negócios e parcerias estratégicas. Estar localizado no epicentro das decisões políticas e jurídicas do país nos permite não apenas estar próximos de nossos clientes e parceiros, mas também influenciar ativamente o desenvolvimento do ambiente de negócios no Brasil.
Mas Brasília é muito mais do que uma cidade de negócios; é um lugar de história, cultura e beleza incomparáveis. Projetada pelos visionários Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, a arquitetura modernista da cidade é um testemunho da audácia e criatividade do povo brasileiro. Dos monumentos imponentes à simplicidade elegante dos prédios residenciais, Brasília é um verdadeiro museu a céu aberto, onde cada esquina conta uma história única sobre nosso passado e nosso presente.
Nessa cidade, vivemos tão imersos em arte e histórias que chega a ser difícil não exercitar a criatividade e a inspiração todos os dias, para resolver problemas de forma mais efetiva. Para um amante de arte, como eu, a vida imersa nesse ambiente artístico chega a ser até mais produtiva dessa forma.
Em resumo, a diversidade cultural de Brasília é um reflexo da riqueza e da pluralidade do povo brasileiro. Brasília é uma cidade de contrastes, onde o tradicional se encontra com o contemporâneo, e o local se mistura com o global em um enlace de culturas e ideias. Por isso mesmo, espero que viver ou visitar essa cidade sejam lembretes constantes não apenas de nossa história e tradição, mas também de nosso compromisso compartilhado de construir um futuro mais próspero e inclusivo para todos os que chamam Brasília de lar.
Em seis anos de atuação no terceiro setor, a GPS|Foundation arrecadou com setor produtivo e sociedade civil mais de R$ 2 milhões, impactando por meio da educação mais de duas mil crianças do DF. Próximo passo é adequar o seio familiar
Por Theodora ZaccaraNo começo, tudo era sonho. Uma Brasília justa, segura, digna. Um Distrito Federal acolhedor. Um lar bom para todos… simples, mas verdadeiramente de difícil manutenção. “Existe um dever, e ele pertence a todos nós”. Em 2018, quatro nomes se juntaram em busca do dito propósito. Com sede de mudança e banhados de vontade, Vivianne Leão Piquet, Eduardo Lira, Paula Santana e Rafael Badra se uniram.
Criaram então a GPS|Foundation, uma organização filantrópica composta somente por voluntários, sem vínculo com o governo, pensada e planejada para atender às necessidades da população do Distrito Federal, em especial crianças e adolescentes ligados às causas dos direitos humanos. Dito e feito. Entraram como presidente, vice-presidente, diretora de Comunicação e diretor Financeiro, respectivamente, ergueram as mangas e foram à luta. “Nosso maior desafio é a conscientização. As pessoas não imaginam o quão profunda é a carência do básico no coração do nosso País”, afirma.
Passados seis anos, a entidade é sinônimo de benevolência na capital federal. Ergueu três galas beneficentes, eventos que foram sucesso à parte. Centenas de itens foram a leilão em nome da generosidade, trocando o energético “Quem dá mais!” pelo sonoro “Vamos ajudar!” do altruísmo. Noites
inesquecíveis das quais todos saíram ganhando. “Nossa missão é amparar a vida de cidadãos em vulnerabilidade social, especialmente crianças e mulheres, por meio de eventos e ações, envolvendo o Setor Produtivo do DF”, declara a presidente. “Para isso, contamos com o apoio de empresas e órgãos tanto do setor público, como do privado, como o Sesc, o IBL, o GDF e uma seleção de empresários e influentes da cena brasiliense”.
Outros projetos que se convertem em arrecadação incluem o Leilão Arte&Experiência, a marca de moda colaborativa ALTRUM, que prega a sustentabilidade social e ambiental através de artigos femininos desenhados com ética e o Bingo Esperança. Ao todo, as frentes de captação da GPS|Foundation somam mais de R$ 2 milhões arrecadados e direcionados a numerosas redes de apoio da região, como a Casa do Candango, o Instituto Mãos Solidárias, o
Colégio Mão Amiga e o Instituto Proeza, assistindo mais de duas mil crianças, além da rede de amparo e segurança alimentar para vinte comunidades, 32 instituições.
Foram mais de 12 toneladas de alimento nesta jornada. Mas nada é tão grande que não possa crescer, e o desejo de criar oportunidades não vê limites. Em 2024, a GPS|-
Ao longo de seis anos, foram realizados três bailes GALA com atrações musicais nacionais, bem como a presença de nomes influentes contribuindo na arrecadação de recursos
Foundation encara, junto ao seu sexto aniversário, uma jornada de evolução. O trabalho acaba de começar.
“Tudo que foi conquistado até hoje é, sem dúvidas, impressionante. Agora, precisamos olhar para o futuro, solidificando a empresa GPS|Foundation e aprimorando a comunicação da causa”, explica Pedro Barbosa, head de Marketing Socioambiental encarregado de mapear os próximos passos da fundação. “Queremos proporcionar mais protagonismo aos líderes, às entidades e aos projetos sociais que apoiamos, comunicando com transparência o impacto positivo causado no terceiro setor, principalmente nos trabalhos atrelados à primeira infância, juventude, ao seio familiar e a idosos”.
Atuando comedidamente no seio familiar, a GPS|Foundation enxerga a reestruturação social por meio de um olhar 360: bebês, crianças, mães e idosos. “Para melhorar a realidade, é preciso impedir que ciclos se repitam”, desvenda. “Garantir o futuro de uma criança é impossível se ela vive dentro de um ambiente de abuso, onde uma mãe, sem renda, depende de um pai violento”, conjectura. “O trabalho que realizamos, para ser bem-sucedido, precisa envolver o emocional e o psicológico”.
Com isso, Barbosa tende a concordar: “Agregar uma equipe multidisciplinar para dar apoio psicológico e jurídico é uma de nossas muitas prioridades”, garante o gestor. “Visamos criar um ecossistema de proteção, atendendo a todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, esclarece, citando a coleção de metas estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), que inclui a erradicação da fome, redução da desigualdade, saúde e bem-estar, equidade de género e mais. “Nossa intenção é mobilizar todo o Centro-Oeste ao redor dessas pautas sociais”, finaliza. @gpsfoundation
Em 2024, o Instituto Mão Amiga recebeu R$ 400 mil destinados à educação de crianças e adolescentes em sua sede, em São Sebastião
A creche Casa do Candango fez reforma elétrica e hidráulica das suas instalações em 2019, sob comando da atual presidente Margarida Posadas
Fotos: Arquivo GPS|Brasília
O Instituto Mãos Solidárias ampliou as instalações da sua creche, cujo prédio levou o nome da presidente da GPS|Foundation, Vivianne Leão Piquet
“Trabalho social não é exclusivamente sobre dinheiro ou bens, é sobre doar seu tempo, seu carinho, sua atenção”
Vivianne Leão Piquet
Em 2023, construção de um parque adaptado para pessoas com deficiência (PCD) para o Centro de Ensino Especial 2, na Asa Sul
Com os recursos destinados, o Instituto Proeza concluiu as obras da sua sede, no Recanto das Emas, e capacitou mães no ofício do bordado Produtos de moda criados em parceria com as marcas Avanzzo, Confraria e Silvia Badra JoiasMonumento a céu aberto, Brasília é contemplada pela sua arquitetura modernista e reconhecida pelos mármores brancos e concretos que revestem o geometrismo de suas fachadas. Mas também é aclamada pelo icônico trabalho daquele que coloriu a capital com sua arte: Athos Bulcão.
Os seus esculturais painéis, em azulejos, pinturas, mármores ou aços, dão a bossa do carioca que adotou Brasília como seu lar. Há 15 anos de saudosismo do consagrado artista, o seu legado permanece vivo por meio do trabalho de seu braço direito e grande amiga, Valéria Maria Lopes Cabral, secretária executiva e face da Fundação Athos Bulcão.
Athos faz parte do tripé artístico que desenhou com maestria a cidade, ao lado de Oscar Niemeyer e Roberto Burle Marx, e reprojetou o modernismo nacional. Ele nos deixou em 31 de julho de 2008, aos 90 anos.
Quinze anos de saudosismo do homem que coloriu Brasília
Desde a inauguração da fundação, em 1992, Valéria entrelaça a sua história, na fundação e em Brasília, junto à do artista. Essa amizade e esmero têm projetado a sua Fundação à luz internacional. “Uma amizade criativa, bem humorada, permeada por idas à exposições, cinema, almoços, broas de milho e excelentes conversas.”, relembra.
Valéria, de fato, vive a arte de Athos. Não apenas em seu trabalho, mas em sua residência, onde um painel exclusivo foi desenhado pelo artista para ela. “As obras de integração
na arquitetura criadas por Athos Bulcão não têm nome. Meu painel foi criado para minha casa. Ele acompanhou o projeto, fizemos a maquete e ele os desenhou especialmente para os locais que escolheu”, sintetiza.
São cerca de trinta categorias de produtos comercializados com autorização da Fundação, cuja receita é integralmente destinada à manutenção da sede, hoje situada na 510 Sul, em espaço alugado, enquanto o sonho da sede própria não sai do papel
“Habitualmente comemoramos o aniversário do professor e o da instituição. Nessas datas, sempre lançamos novos produtos, catálogo do acervo, realizamos exposições, dentre outros eventos”, apresenta sobre as campanhas idealizadas para ajudar “na manutenção da instituição e alcançar a tão sonhado terreno para a construção de um espaço definitivo para a Fundação”, completa sobre a principal meta neste marco de 15 anos da morte do valorado artista.
Entre os produtos com maior procura, estão as reconhecidas serigrafias, painéis e molduras de azulejos e artigos variados, habitualmente encontrados em museus mundo afora. Em Brasília tem aproximadamente 260 obras em órgãos públicos – Congresso Nacional, Ministério da Saúde, Hospital Regional de Taguatinga, Catedral, Batistério, Torre de TV, Teatro Cláudio Santoro, Escolas Classe, UnB, Jardins de Infância e Rede Sarah.
Aos admiradores que queiram adquirir um painel para sua residência, Valeria apresenta essa oportunidade por intermédio da Fundação. É necessária a aprovação para a reprodução, além de cuidados com a área escolhida.
@fundathos
www.fundathos.org.br
O famoso lanchinho oferecido pelo laboratório Sabin após a realização dos exames é feito pelas mãos de um mineiro. De uma modesta cozinha a uma fábrica de delícias, José Ferreira cresceu fortemente junto com o empreendimento bioquímico, e sonha em exportar a iguaria
Por Larissa Duarte Fotos Vanessa CastroÉ manhã de exame de sangue. Na fila, um aroma transcende o ambiente laboratorial enquanto a senha não surge no painel. O irresistível cheirinho de pão de queijo assando no forno suaviza o frio na barriga e quase faz esquecer a agulha que está por vir. Até o jejum parece se conformar em esperar só mais alguns minutos quando lembra do combo de recompensa que virá ao final da coleta. A porção de pão de queijo quentinho em uma mão e o chocolate quente na outra curam o desconforto do procedimento e aquecem o coração para começar mais um dia.
Um dos principais quitutes do imaginário brasiliense ficou famoso não por estar em um balcão de lanchonete de rua ou cafeteria, mas sim em um laboratório. Com uma parceria que já soma mais de vinte anos, o pão de queijo Delícia de Minas e o Grupo Sabin são responsáveis pelo mais tradicional desjejum pós-exame de milhares de moradores de Brasília e de vários outros estados. No entanto, a história do salgado por trás da longa e celebrada colaboração é pouco conhecida.
Natural de Serra do Salitre, na região do Alto Paranaíba, o mineiro José Ferreira Sobrinho já havia se mudado para Goiânia com a família e trabalhava em uma companhia de cigarros quando foi transferido para a capital federal. Na cidade, deixou a antiga empresa e resolveu montar uma distribuidora de doces e chocolates. Com a aposentadoria da primeira esposa, Zilda, veio também a ideia de montar uma produção da receita do pão de queijo herdada da família da companheira.
“Eu percebi que o pão de queijo seria a principal renda da minha família quando comecei a sair à rua para fazer as vendas. Notei que o nosso produto era de primeira qualidade quando todo mundo o aceitou com muita facilidade e elogios”, lembra Seu Ferreira, hoje, aos 79 anos.
Seu Ferreira conta que a parceria com o Sabin surgiu quando uma cunhada o apresentou para Janete Vaz e Sandra Costa, bioquímicas e fundadoras do grupo. À época, a tímida produção ainda era suficiente para abastecer os pedidos das duas sócias, mas, com o passar dos anos e a expansão da rede de medicina diagnóstica, o comércio de Seu Ferreira precisava se aquecer para acompanhar a demanda.
Uma vez que parar de oferecer o quitute aos pacientes não era opção para as bioquímicas, e, por outro lado, elas também eram as principais clientes do mineiro, Sandra e Janete decidiram ajudá-lo a alavancar a produção e transformá-la em empresa de fato. A cada nova unidade do Sabin, mais demanda de pão de queijo para seu Ferreira, até chegar ao momento de surgir a necessidade de se profissionalizar. Foi preciso abrir um CNPJ e uma fábrica melhor estruturada, afinal, junto ao processo de expansão do laboratório, seu Ferreira também foi crescendo.
A fornada que começou na cozinha de casa hoje produz toneladas de pães de queijo por ano. A fábrica da Delícia de Minas fica na avenida Samdu Norte de Taguatinga. “Quem administra atualmente a produção é minha filha mais velha, Fernanda, e o restante da família a auxilia. Hoje, além dos pães de queijo, também fabricamos biscoito de queijo e waffle”, explica.
Nas redes sociais, a fama do quitute se confirma com comentários bem-humorados. “Amanhã é o melhor dia do ano: tirar sangue no Sabin, comer pão de queijo e tomar chocolate quente!”, escreveu um. “Hoje cometi um delito: peguei dois saquinhos de pão de queijo”, brincou outra. “Tem coisas que só o pão de queijo do Sabin faz por você”, confessa uma seguidora.
Com receita simples e de ingredientes descomplicados, Seu Ferreira defende que o segredo de tanto sabor está na qualidade e no afeto que envolve a produção. “O nosso pão de queijo é feito com o maior carinho. Ele é escaldado, leva queijo de primeira linha, leite puro, ovos de verdade... Não usamos essência, nem corante”, revela.
Além das cantinas dos laboratórios, o cobiçado pão de queijo também é revendido para bancas de revistas, padarias, hotéis, clínicas, entre outros comércios. Mas quem quiser também pode garantir os produtos direto da fonte, via encomenda. Para o futuro da empresa, a família almeja o aumento da produção para conquistar ainda mais espaço Brasil afora. “Fico muito feliz com a repercussão dos nossos produtos. Quem experimenta elogia, não só pelo sabor, mas pela qualidade. Me sinto muito realizado”, compartilha Seu Ferreira. @deliciademinaspaodequeijo
Ao longo de cinco décadas de Brasília e 35 anos à frente da Casa da Moldura, Higino França tornou-se personagem da cidade. Não pelo rosto que estampa a publicidade de seu negócio, mas pelo carisma inigualável e sua coleção de 250 mil clientes
Por Theodora Zaccara
Fotos Rayra Paiva
“Se Deus me deu é porque sabia que eu ia partilhar”. De óculos redondos, cabelos brancos e simpático sorriso, Seu Higino é como se vê nos outdoors espalhados pelo Distrito Federal. A diferença, hoje, está nas lágrimas. “Chego a me emocionar”, desculpa-se, inclinando a cabeça para conter o pranto. Após 35 anos, não é a fama nem o sucesso que marejam os olhos do empresário, mas, sim, o privilégio de poder ajudar. “O que me move é a minha fé, meus bons propósitos, minha família e meu senso de empatia”, assegura.
Oriundo do Ceará, Higino França chegou a Brasília à margem dos 18 anos. Numa expressão ou outra, carrega o sotaque da terrinha. “Mas nasci no Rio de Janeiro, acredita?”, entrega. “Brinco que sou carioca de nascimento, cearense de coração e candango por opção”. Era 1974, e a capital era um sonho que o então estudante de Economia ajudou a construir. Tornou-se nome e rosto por trás da
Casa da Moldura, empreendimento que completa suas “bodas de Coral” neste 2024. Um dos mais tradicionais e bem-sucedidos negócios da capital – e uma figura marcada cidade afora.
No final da década de 1980, um já muito bem estabelecido Higino dava adeus ao setor público, ao qual se dedicou durante seus primeiros anos no Planalto Central. Enxergou uma oportunidade, e o sonho era fazer diferente. “Sempre tive muito carinho pelas artes plásticas, de modo que identifiquei uma lacuna no mercado”, afirma. “Uma loja que abordasse as molduras com um tato especial. Isso sim seria novidade!”, relembra.
Esqueça displays frios e impessoais característicos do segmento. Na operação de Seu Higino, os espaços se tornariam intimistas, aconchegantes, aproximando cliente e vendedor. Pegar nas amostras, acariciar a madeira, viver o momento, questionar, tocar, sentir, ver, ouvir (“a gente partiu primeiro para o rádio! Depois outdoor, revista, jornal… Chegamos a já investir 35% do nosso faturamento
em publicidade”)… Práticas pertencentes ao universo do luxo se tornaram padrão na Casa da Moldura e, logo, o espaço se tornou referência em excelência e exclusividade. “Criei aquilo que eu, apreciador de arte e consumidor desse serviço, gostaria de encontrar no mercado”.
Seguiram-se as décadas de trabalho duro, de noites em claro. De sacrifícios e privações, de esforços e inovações. Na jornada, o apoio familiar, o faro criativo e a sede por conhecimento se destacam como aliados. “A informação é demasiado importante”, dispara. “Sempre busquei me aperfeiçoar no entendimento das obras, concedendo, assim, o tratamento adequado a cada peça que passa pelas nossas
mãos”, garante. “A moldura é a roupa de um quadro, e para satisfazer o consumidor, é essencial entender qual vestimenta melhor se encaixa no contexto da obra”, completa.
Introduziu-se na efervescente cena artística brasiliense, aliando-se a nomes como Maldonado Dias, Luiz “Ratão” Antunes, Ralf Braga, Tarciso Viriato, Clausen Bonifácio, Toninho Euzébio e numerosos outros. “São dezenas de talentos locais que fazem parte do nosso portfólio exclusivo”, orgulha-se. “Muitas pessoas partilham da noção equivocada de que fabricamos apenas molduras, mas a realidade é que trabalhamos também com gravuras assinadas, xilografias e impressões chanceladas”, esclarece, ressaltando o trabalho com a Fundação Athos Bulcão, da qual possui a autorização exclusiva para comercializar sete raras variações de reproduções do ícone carioca, com a chancela de garantia da entidade.
Entre as novidades do setor, Higino destaca a aplicação de filtragem UV e anti-reflexo: aditivos que auxiliam na conservação de obras, inexistentes na concorrência do Centro-Oeste. Além dos lançamentos tecnológicos, a Casa da Moldura também prospera na tradição artesanal da madeira talhada à mão e outras técnicas centenárias na personalização de molduras. “Das nossas molduras, 99% são feitas sob encomenda, a partir das configurações escolhidas pelo cliente”, abre. “São mais de 250 mil clientes atendidos ao longo desses 35 anos. Cheguei aqui tão jovem, morando numa pensão na W3 Sul”, as lágrimas tornam a molhar o rosto. “Hoje, tenho a sensação de dever cumprido”.
@casadamoldura
www.casadamoldura.com.br
O WeForum reúne quinhentas empresárias do Brasil e de 19 países para discutir sobretudo a equidade de gênero. Pragmáticas, ainda fizeram negócios na casa dos R$ 50 milhões entre elas, e se posicionam quanto ao acesso a indústria, tecnologia, energia, finanças e infraestrutura
Um conglomerado de mulheres bem posicionadas no comércio e na indústria. À frente de seus empreendimentos, elas se reuniram em Brasília para debater com doçura e pragmatismo novas oportunidades de negócios com o viés da equidade de gênero. Sim, mesmo grandes empresárias ainda precisam se empoderar para se fazerem ouvidas, bem como deixarem claro suas multifuncionalidades diante das demais – e não menos importantes – atribuições, a exemplo da família.
Duas gestoras natas lideraram esta edição. Ana Claudia Badra Cotait, presidente do Conselho Nacional da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC), da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB). E Mônica Monteiro, presidente do Fórum Industrial da Mulher Empresária da CNI e do BRICS WBA Brasil. Juntas, reuniram na sede da Confederação Nacional da Indústria mais de seiscentas convidadas inscritas para dois dias de trocas, conexões e geração de oportunidades.
“Não tem volta”, diz o anfitrião, Ricardo Alban, presidente da CNI, sobre a liderança da mulher empreendedora no mer-
cado. “Elas têm mais determinação, gana e vontade que os homens”. Foram seis painéis reunindo mulheres de 19 países, além do projeto Business Networking, em que empresárias brasileiras negociaram com compradoras internacionais da Argentina, Estados Unidos, Rússia, República Dominicana e Peru em mais de 110 reuniões B2B, cujo movimento gerou em torno de R$ 50 milhões em negócios.
“A colaboração entre as mulheres de todo o mundo fortalece a mentalidade empreendedora. Atualmente, o CMEC está distribuído em 750 conselhos por todos os estados do Brasil. Hoje, somos mais de 200 mil mulheres”, celebra a organizadora do evento, Ana Claudia. E Mônica emenda: “Aqui nos destacamos não só como gestoras, mas como verdadeiras pioneiras, encarnando a força, a determinação e a inovação feminina”.
Fotos: SomniareDiretora do BNDES
Diretora de Mercado de Capitais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Natalia Dias destacou a importância do papel dos bancos de fomento na promoção da inclusão de gênero no mercado financeiro. A executiva destacou a necessidade da inclusão de gênero no setor e a atuação do banco brasileiro na promoção da equidade salarial e de oportunidades. “Eu sempre fui acostumada a ser a única mulher dentro da sala e, no começo da nossa carreira, a gente avança num ritmo que é muito correlacionado à nossa competência. “Quando tive a oportunidade de participar de um processo seletivo para uma posição de CEO e venci a competição com nove homens, percebi a importância de nos posicionarmos e acreditarmos em nós mesmas”, destacou.
Presidente da ABCR
Presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Marco Aurélio Barcelos enfatizou a participação feminina no mercado de infraestrutura durante sua palestra no WeForum. O gestor ressaltou as oportunidades de negócios no setor de transportes e destacou a importância de combater o machismo e promover a equidade de gênero na sociedade. Barcelos ressaltou a necessidade de os homens compreenderem os desafios enfrentados pelas mulheres e defendeu uma postura colaborativa entre os gêneros. “É preciso superar o machismo e promover uma cultura de igualdade de direitos”, disse.
Sobre os painéis, discussão sobre: políticas públicas e a importância de iniciativas governamentais para promover a equidade de gênero; ecossistemas de inovação e tecnologia inclusivos; os desafios e estratégias para a mulher na indústria; insights sobre o acesso ao crédito e financiamento; concepção, construção e gestão de infraestruturas; mulheres na transição energética e na promoção de fontes renováveis; e sobre o consumo e experiências em internacionalização.
Dentre as mulheres mais esperadas, a nigeriana Oby Ezekwesili, presidente da Human Capital Africa. “Nós somos a arma secreta para mudar o mundo”. WeForum marcou o fim do primeiro ciclo do programa Mulheres Globais, realizado pela CNI e ApexBrasil. E também a assinatura da carta de apoio e compromisso de equidade de gênero entre Apex Brasil e CMEC Nacional.
Diretora-geral do banco do Brics
“O Brics tem um papel muito importante em relação ao futuro da economia mundial”, destacou a diretora-geral do NDB, o banco do Brics, Sharmilla Navmit Govind, durante entrevista ao GPS|Brasília. Durante o WeForum, a executiva internacional ressaltou a importância da união do grupo de países emergentes para o desenvolvimento mundial. Govind também enfatizou a relevância da inclusão de mulheres em posições de liderança, com objetivo de alcançar 40% de representatividade feminina dentro do banco de algumas das maiores potências mundiais. A diretora-geral destacou a importância do empoderamento econômico e social das mulheres e o compromisso do Brics em promover a igualdade de gênero.
CEO da EuroChem
CEO da EuroChem, Gustavo Horbach destacou a importância da equidade de gênero em posições de liderança. Ele ressaltou a necessidade de mais oportunidades e inclusão para as mulheres, citando estatísticas que mostram a disparidade salarial e de liderança entre os dois gêneros. Horbach também mencionou a importância de criar um ambiente onde as filhas de hoje possam ter as mesmas oportunidades que os filhos, sem a necessidade de fóruns para promover a igualdade de gênero. Ele enfatizou a importância da educação para garantir um futuro mais equitativo para as próximas gerações. “É importante para os homens e as mulheres entendermos e darmos oportunidades de inclusão para as mulheres, com as mesmas condições”, frisou.
Foto: Somniare Foto: Rayra Paiva Foto: Rayra PaivaA mulher mais popular do país de origem, a Nigéria, a indicada ao Prêmio Nobel da Paz Obiageli Ezekwesili percorre o mundo no combate à desigualdade de gênero e chama de ultrapassadas as empresas que subjugam mulheres em postos de liderança
Por Bruna NardelliErguer a voz e sair às ruas com os punhos em riste não é mandatório para promover mudanças. De vestido, Obiageli Ezekwesili, ou simplesmente Oby, quebra paradigmas sem exaltar o tom. Indicada ao Prêmio Nobel da Paz em 2018, a nigeriana de sessenta anos é referência em capital humano, equidade de gênero e boa governança. Munida tão somente de benevolência e conhecimento, a ativista doutrina líderes do mundo inteiro em auditórios e salas de conferência, o seu tipo de campo de batalha, ao mesmo passo em que cativa fãs.
Ex-candidata à presidência da Nigéria e co-fundadora da ONG Transparência Internacional (TI), Oby foi indicada à sui generis premiação Nobel, fato que a trouxe enorme visibilidade internacional, “por tornar o planeta menos corrupto”. A paráfrase é do norueguês Henrik Urdal, diretor do Instituto de Pesquisa da Paz Oslo (PRIO), responsável por nomear os merecedores da honraria anual.
Em recente passagem por Brasília para participar da terceira edição do Women Entrepreneur Forum (WeForum), um dos mais prestigiados encontros globais de empreendedorismo feminino, a africana de nobres predicados discorreu sobre a importância da valorização da força de trabalho das mulheres para a indústria. “É evidente que não há outro caminho para acelerar o progresso global sem apressar a liderança feminina nos negócios”, exclama a também consultora econômica sênior no púlpito.
Foto: Rayra Paiva
Amicíssima de Janete Vaz, co-fundadora do Grupo Sabin, a quem chama de irmã, a nigeriana ainda cedeu uma entrevista exclusiva à GPS|Brasília. No talk realizado em inglês, ela atestou: “A equidade de gênero é vital para a democracia. Nós, homens e mulheres, precisamos unir forças para irmos além como sociedade”. Sonhadora fervorosa da união entre os gêneros e os povos, a representante do país mais populoso do continente africano sublinhou a competência feminina no âmbito profissional e o desejo de estreitar os laços da Nigéria com o Brasil.
Além de indicar políticas públicas e a educação como o caminho para um futuro mais gentil com o sexo feminino, Obiageli Ezekwesili tachou as empresas que, em pleno século 21, subjugam e excluem as mulheres dos postos de trabalho e de liderança como “ultrapassadas e pouco inteligentes”. Ainda lamentou que apenas 25% dos parlamentares do planeta sejam mulheres. “Há uma longa jornada pela frente”, diz, sem esmorecer. “Se tivermos intencionalidade e agirmos estrategicamente, conseguimos reverter tal número”, incrementou.
Ao mudar o cenário, iniciativas mais assertivas ganharão destaque, na visão dela, uma vez que as mulheres são movidas à entrega de bons resultados. “Os meios empresarial e governamental precisam se lembrar de que representamos 50% da população e de que temos habilidades distintas e sedutoras, como comprovado cientificamente”, salientou. A aguerrida africana, então, embarcou para a Alemanha, depois para a Coreia do Sul, a fim de também passar a palavra de esperança, irmandade e urgência de ação.
Durante evento do Lide, grupo que reúne os principais empresários da capital, a Neoenergia anuncia investimento de R$ 1,4 bilhão para melhorar a rede elétrica do Distrito Federal até 2028
Importante hub de conexão de negócios no Distrito Federal, o Lide Brasília, responsável por reunir os principais empresários que atuam na capital, recebeu uma notícia que beneficia toda a população brasiliense: durante recente encontro, realizado no Royal Tulip, a Neoenergia anunciou investimentos de R$ 1,4 bilhão para expansão, modernização e infraestrutura da rede elétrica do DF nos próximos cinco anos.
Convidado da edição, o diretor-presidente da Neoenergia Brasília, Frederico Candian, revelou os planos diante de uma plateia de cerca de duzentas pessoas e afirmou que, com os R$ 800 milhões já aplicados nos três primeiros anos da concessão, o valor total atingirá o montante de R$ 2,2 bilhões. “Estamos comprometidos em modernizar a distribuição de energia em Brasília, acompanhando o crescimento da cidade e garantindo um fornecimento de qualidade para a população”, destacou o gestor.
Além dos investimentos planejados, a empresa já regularizou a ligação de energia para 37 mil famílias nos últimos três anos e pretende estender esse benefício a mais 40 mil lares nos próximos cinco anos. Para isso, será necessário um investimento de aproximadamente R$ 150 milhões.
Segundo Candian, após a empresa assumir o controle do serviço, foi registrada redução de 37% na quantidade de interrupções da energia e 24% na redução do tempo das interrupções, em comparação ao mesmo período antes da concessão. Os dados, reforçou o gestor, são públicos, apurados e auditados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e estão disponíveis no site da agência reguladora.
Também presente no almoço-debate, o CEO da Neoenergia Brasil, o espanhol Eduardo Capelastegui, ressaltou a atuação da empresa, que atende mais de 45 milhões de clientes em todo o País. “É gratificante para a Neoenergia estar em um evento como o Lide, pois é uma ótima oportunidade para fazermos um balanço dos primeiros três anos da companhia em Brasília e, prin -
cipalmente, para apresentar os próximos cinco anos de investimentos em todo o sistema elétrico do DF. Temos o compromisso de fazer da Neoenergia Brasília uma das melhores empresas do País”, reforçou.
Antes das palestras, o presidente do Lide Brasília, Paulo Octávio, relembrou a história da Brasília entre o final dos anos 1950 e os anos 1960. “Na construção da cidade, não havia energia, apenas geradores e improvisações. Fico imaginando o que os candangos passaram naquele período de mil dias”, destacou, acrescentando que apenas em 1968 foi inaugurada a Companhia Energética de Brasília (CEB), que geriu por 52 anos o fornecimento de energia da cidade.
O empresário também destacou que a privatização no setor de energia veio no momento certo. “A Neoenergia pagou R$ 2,5 bilhões para comprar a CEB Distribuição e tem investido nas cidades. Esse encontro do Lide é impactante, pelo compromisso da Neoenergia em investir mais nas nossas cidades”, emendou.
Presente ao encontro, o governador Ibaneis Rocha (MDB) foi chamado por Paulo Octávio ao palco e fez um balanço da atuação da empresa e do processo de privatização. Para chefe do Executivo local, a Neoenergia ampliou o atendimento a todas as classes, em especial às mais carentes. “Temos de agradecer por este atendimento social. E continuamos cobrando, enquanto governo, para que possamos chegar, dentro de poucos anos, a um nível de eficiência que a cidade merece”, afirmou.
O governador Ibaneis Rocha fez um balanço sobre a atuação da Neoenergia João Paulo Neves, Eduardo Capelastegui, Solange Ribeiro, Frederico Candian e Paulo OctávioMelhorar vidas e proteger o planeta para as gerações futuras. Com jurados de educadores, exploradores e cientistas, o prêmio Rolex Awards for Enterprise há quatro décadas atrai inventores de todos os cantos do mundo
Em 1976, André J. Heiniger, então CEO da Rolex, queria celebrar o 50º aniversário do Rolex Oyster, o primeiro relógio de pulso à prova d’água da relojoaria, de um modo tão inovador quanto o invento. Deveria ser algo relevante e interessante. Uma premiação. Mas teria que atrair pessoas do mundo inteiro. O propósito, então, personificava aqueles que contribuíssem para a perpetuação do planeta. Assim nasceu o Rolex Awards for Enterprise.
Desde então, o prêmio transformou-se em um programa contínuo que, nos anos seguintes, apoiou 160 laureados. De acordo com Heiniger, “iniciamos o Rolex Awards for Enterprise com a convicção de que tínhamos a responsabilidade, como empresa, de ter um interesse ativo na melhoria da vida em nosso planeta e no desejo de promover os valores que prezamos: qualidade, engenhosidade, determinação e, acima de tudo, espírito empreendedor.”
O próprio fundador da Rolex, Hans Wilsdorf, dizia que o mundo era como um laboratório vivo. E o utilizava como campo de testes para seus protótipos, enviando-os aos locais mais extremos, bem como apoiava exploradores que se aventuravam no desconhecido.
O biólogo ampliará seu programa de restauração e proteção de ecossistemas florestais centrado na comunidade nos altos Andes. Ele fundou a Asociación Ecosistemas Andinos (ECOAN) em 2000, foi cofundador da Accion Andina em 2018, plantou 4,5 milhões de árvores, envolveu mais de 60 comunidades locais e criou 16 áreas protegidas nas montanhas do Peru.
O primatologista protegerá uma floresta rica em biodiversidade na Costa do Marfim, salvaguardando ao mesmo tempo a sua fauna ameaçada e reduzindo a pobreza na área. Após anos de trabalho com pessoas da região, os esforços de Koné resultaram na transformação da Floresta Tanoe-Ehy em uma reserva natural administrada pela comunidade em 2021.
A jovem empreendedora queniana fornecerá geradores movidos a energia solar que captam água do ar para três mil pessoas em dez comunidades. Desde a cofundação da sua startup em 2017, os geradores de água atmosférica de Koigi estão produzindo mais de duzentos mil litros de água limpa por mês para mais de 1,9 mil pessoas. No Quénia, metade da população não tem acesso a água potável.
O especialista em detecção remota estudará os habitats dos camelos selvagens com vista à criação de duas novas reservas de conservação para salvar os últimos rebanhos selvagens restantes. Com base na sua experiência científica, Liu Shaochuang vai rastrear estes animais por satélite nas regiões do deserto de Gobi, na China e na Mongólia, para apoiar a sua conservação futura.
Atualmente, os prémios da casa suíça não são concebidos para reconhecer realizações passadas, e sim projetos novos ou em curso. Os candidatos devem ter 18 anos ou mais e não há requisitos acadêmicos ou profissionais, nem restrições de gênero ou nacionalidade – qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode se candidatar. Desde a primeira edição, cerca de 37 mil pessoas se inscreveram nos Prêmios.
O júri é um capítulo que merece atenção. Normalmente, inclui conservacionistas, médicos, educadores, exploradores e cientistas. E já tiveram nomes como Edmund Hillary e Junko Tabei, os primeiros a escalar o Monte Everest; a defensora do meio ambiente global Yolanda Kakabadse; Chris Hadfield, ex-comandante da Estação Espacial Inter-
A empreendedora social irá expandir a sua cadeia regenerativa de fornecimento de vestuário, fortalecendo o empoderamento das mulheres e preservando as culturas locais da Indonésia. Após uma carreira acadêmica de sucesso como economista, Riadini-Flesch fundou a SukkhaCitta, trabalhando com artesãs rurais na Indonésia para fornecer-lhes habilidades empresariais, educação em gestão ambiental e clientes em 32 países.
nacional; o geneticista Steve Jones; e o astrofísico Brian Schmidt, ganhador do Nobel. Do Brasil, Antonio Arantes, especialista em patrimônio cultural, reconhecido por suas contribuições para a antropologia brasileira.
Os benefícios são tangíveis. Aos diretamente relacionados ao meio ambiente, foram plantadas 28 milhões de árvores, incluindo 57.600 km2 de floresta amazônica; 53 expedições desafiadoras foram concluídas; 49 tecnologias inovadoras foram desenvolvidas para diversas aplicações. Os vencedores do Rolex Awards for Enterprise de 2023 são cinco pioneiros, cujos projetos ambiciosos ajudarão a melhorar vidas e, ao mesmo tempo, protegerão o planeta para as gerações futuras.
Para o odontólogo Silvio Arouca, o tratamento eficaz se fundamenta em três princípios: a saúde, a função dos dentes e a estética. A boca é uma engrenagem que precisa funcionar em sua completude
Por Ailane Silva Fotos Vanessa CastroTransformar a vida por meio do sorriso é o propósito que move diariamente o trabalho do dentista reabilitador oral Silvio Arouca. Para ele, elevar a autoestima e a confiança dos pacientes é parte fundamental na odontologia. O empresário faz questão de destacar a crença de que o sorriso abre portas para tudo: trabalho, relacionamento social e bem-estar. “Para mim, a imagem do sorriso agrega muito à vida de uma pessoa em todos os sentidos, porque traz empoderamento, satisfação pessoal, estética e apresentação pessoal. A primeira impressão que causamos em uma pessoa é pelo sorriso, que é a melhor forma de receber alguém”, acredita.
Foi com essa motivação que, em 2001, ele chegou a Brasília e se instalou pela primeira vez, quando atuou em clínicas do Plano Piloto por dois anos. Após um período fora para fazer pós-graduação e mestrado em
dentística restauradora e prótese pela Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho em Araraquara (UNESP), voltou para a capital.
Com mais de 25 anos de experiência, oferece um portfólio completo de serviços odontológicos. Em qualquer tratamento, ele conta que não abre mão de três princípios: a saúde, a função dos dentes e a estética. “Só ficar bonito e não funcionar bem não adianta. A boca é uma engrenagem que precisa estar funcionando completamente, porque você consegue mastigar melhor e engolir um alimento bem processado. Quando isso não acontece, são diversos os problemas que podem se desencadear em um paciente”, diz.
Atualmente, o seu principal foco é a colocação de lentes de contato dental e reabilitação oral, que é a restauração e reconstrução da saúde bucal. Com um aparato de equipamentos modernos e sofisticados, ele utiliza odontologia digital para fazer o planejamento dos pacientes, estratégia que conta com escaneamento oral e foto de estúdio. “O tratamento é personalizado. Com o trabalho apurado e atualização constante, disponibilizo o que há de melhor no mercado para atender meus pacientes”, afirma.
Devido à expertise do dentista, são necessárias apenas duas consultas de aproximadamente três horas cada para montar a estratégia do tratamento. “Sei que muitas pessoas têm uma rotina cheia de compromissos a serem cumpridos, então,
consigo prestar um atendimento de qualidade poupando tempo. Na primeira consulta, faço o planejamento e preparo dos dentes naturais. Depois, o paciente aguarda por dez dias até as lentes ficarem prontas. Na segunda consulta, as lentes são colocadas. É claro que há a opção de colocar lentes provisórias na segunda consulta para fazer o ‘test drive do sorriso’. Então, depois de alguns dias, fazemos uma terceira sessão para inserir os laminados definitivos”, conta.
Segundo ele, na maioria das vezes, o desgaste nos dentes trata-se de uma remoção extremamente fina feita sob microscopia, mas que garante a adaptação perfeita à lente. “Lembrando que o desgaste é o mínimo necessário, quase que imperceptível a olhos nus, para que se tenha a adaptação perfeita da lente ao dente, trazendo como resultado final muita naturalidade ao conjunto lente e dente”, afirma.
Para atender quem vem de fora de Brasília, há a possibilidade de fazer a primeira consulta virtual. Por videochamada, ele conversa com o paciente, entende suas demandas, solicita exames, inclusive, de imagem, para análise completa. Assim, quando o paciente vem para a segunda consulta, todo o planejamento do tratamento já está definido para ser executado.
Muitos pacientes chegam ao consultório de Silvio Arouca também para recolocar lentes de contato dental por vários motivos, entre eles, formato indesejado, cor artificial e volu-
me em excesso que gera inflamação da gengiva. “Faço esse trabalho usando o laser Lite Touch, a última tecnologia para remoção de lentes. Com esse equipamento, não é necessário usar brocas que causam desgastes nos dentes”, explica.
O trabalho de colocação de lentes é realizado com microscópio e lupas de aumento, garantindo maior visibilidade de todas as estruturas e evitando a má adaptação das próteses. Para a limpeza, que faz parte da manutenção tanto de dentes naturais quanto de lentes, a clínica conta com o aparelho suíço mais eficaz e moderno do mundo, que se chama Airflow, o qual não arranha as lentes, nem gera danos, mas promove uma limpeza de alto padrão. “O que determina a longevidade do tratamento é o cuidado desde o planejamento, o preparo, até a colagem das lentes”, conta.
Silvio Arouca esclarece que, muitas vezes, há um entendimento de que a colocação de lentes de contato é apenas uma questão de estética, no entanto, envolve também a parte da saúde e funcionalidade dos dentes. “Quem sofre de bruxismo, que é apertar a mandíbula sem perceber enquanto dorme, pode ter diversos danos aos dentes. Essas pessoas têm uma indicação para uso de lentes de contato que, além de recuperar o dente danificado, protege as outras partes”, finaliza.
@drsilvioarouca
www.silvioarouca.com.br
Pela quarta vez desde o seu nascimento, em 2011, o Grupo GPS vence o Prêmio Colunistas, evento reconhecido na área de Comunicação entre publicitários e jornalistas desde a sua primeira edição, em 1968
Por Pedro Reisde arte, Chica Magalhães; a editora-chefe, Marcella Oliveira; o curador de fotografia, Celso Junior, e a produtora executiva, Karine Moreira Lima, continua até os dias de hoje. Na área comercial, Will Madson. Mas sempre com a adição de novos profissionais, trazendo o olhar jovem desta geração que chega. “O GPS continua a se empenhar e se revitalizar a cada ano que passa investindo, trazendo novos profissionais, criando novas editorias”, explica Badra.
Mais de R$ 1,4 bilhão serão investidos em expansão e modernização da rede elétrica no DF nos próximos 5 anos.
“É muito importante separar e manter um olhar que prestigie o impresso, nesse mundo tão digital, mesmo que de forma periódica, mas não pode acabar”, defende Fernando Vasconcelos, presidente do júri do Prêmio Colunistas, sobre a categoria Veículo Impresso do Ano, a qual a revista GPS|Brasília venceu a edição de 2023.
E é nessa resistência que a GPS|Brasília se encontra, mantendo vivo o impresso. “A opinião do mercado publicitário e a premiação nos faz crer que o trabalho realmente tem sido realizado de maneira assertiva. Este reconhecimento nos impulsiona a seguir em frente. Há mercado para o impresso”, afirma Rafael Badra, sócio-fundador da revista.
A revista existe há 12 anos e nasceu meses após a criação do portal. Desde então, diversas personalidades do Brasil e do mundo passaram pelas edições. A capa de estreia, em abril de 2012, foi estampada pela apresentadora Sabrina Sato. De lá para cá, já tivemos Cauã Reymond, Juliana Paes, Deborah Secco, Paolla Oliveira, dentre outras personalidades, além de capas de arte e personagens relevantes.
O tempo passou e a evolução foi grande, mas sem abandonar as raízes. A equipe original, incluindo a diretora
O Prêmio Colunistas é essencialmente publicitário, mas tem forte vínculo no jornalismo, especialmente pelos fundadores – os jornalistas Armando Ferrentini, Eloy Simões e Cícero Silveira. A categoria vencida pelo GPS|Brasília, por exemplo, é uma das poucas que acontece por indicação e não por inscrição. Foi a quarta vez que o Grupo GPS figura entre os vencedores desde a sua criação, em 2011.
Armando, Eloy e Cícero estrearam a premiação em 1968, com o objetivo de destacar os trabalhos mais criativos em nível nacional. Não passou muito tempo, e foi necessário regionalizar o prêmio. “As boas agências do Nordeste e do Norte, à época, concorriam com as grandes empresas do Sudeste, todas em uma única inscrição, e muitos valores criativos não eram aproveitados ou reconhecidos”, explica Vasconcelos.
Assim, logo nos primeiros anos de prêmio foram feitas divisões, modelo que segue até os dias de hoje. São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Norte-Nordeste, Centro-Oeste e Sul formam as seis regionais. Contudo, a grande condecoração nacional se torna o ápice. Atualmente, as regionais funcionam também como classificatória para a premiação principal final de cada ano.
@premiocolunistasbrasilia
Foto: Vanessa CastroQualidade.
Mais de 37% de melhoria na qualidade da energia no DF até 2028.
A Neoenergia vai investir mais de R$ 1,4 bilhão nos próximos 5 anos no DF.
E tem mais.
Oportunidade.
Aumento de mais de 30% da força de trabalho no DF.
Muito já foi feito e muito mais vem por aí.
ACESSE neoenergia.com e conheça nossas iniciativas.
Cidadania.
Mais de 40 mil novas famílias com energia regularizada no DF.
Energia para fazer cada vez mais.
Autora de Tarsila, a Brasileira, emblemático musical estrelado por Claudia Raia e grande elenco, Anna Toledo fala sobre a contribuição para a cultura e identidade brasileiras, levando ao palco dores e ideais da maior pintora do Brasil no século 20
Era pandemia, em seu auge, no segundo semestre de 2020. Claudia Raia convida Anna Toledo para escrever o musical Tarsila, a Brasileira, uma superprodução sobre cultura e identidade do nosso País. “Eu aprendi a não duvidar de Claudia Raia. Se ela diz que vai acontecer, é porque vai”, relata Anna, que assina o roteiro e as letras do musical ao lado do diretor José Possi.
Atriz e autora, natural de Curitiba, Anna celebra o imenso sucesso do espetáculo em cartaz no Teatro Santander. Dos palcos no Sul do País, a Boston e Nova York, é em São Paulo onde a artista atualmente vive este bom momento na carreira de 36 anos.
Não é a primeira vez que ela cruza caminhos com Raia. Foi ao lado dela que Anna estrelou seu primeiro trabalho na capital paulista, O Beijo da Mulher Aranha, em 2001. “Quando cheguei em São Paulo, era como se tivesse um currículo em branco, pois ninguém me conhecia. Fiz uma audição, e foi a própria Claudia quem me comunicou que eu havia sido escolhida. Tenho uma enorme gratidão por essa oportunidade”, lembra.
Hoje com 54 anos e mais de 30 espetáculos como atriz, ela divide a paixão pelo teatro em duas frentes: palco e escrita. Outro trabalho exitoso com Raia foi Conserto para Dois, com sucesso de público em Portugal, São Paulo, Rio de Janeiro e em outras cidades do Brasil. Recebeu o Prêmio PRIO de Humor por Melhor Espetáculo de Humor em 2023 e o Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Musical Brasileiro
Sobre Tarsila, foi um ano e meio de construção, incluindo a composição de letras e músicas. “Antes de começarmos, levamos um bom tempo discutindo ideias, quais partes da nossa pesquisa seriam destacadas, se o espetáculo teria um tom leve ou dramático. Lemos muito, trocamos referências artísticas, debatemos política e até preferências culinárias”, revela.
Para a escrita da rica narrativa da personagem, Anna insere farsa e melodrama a um tom épico. “Precisava conhecê-la melhor, e há muitos livros bons. Estão aí as publicações sobre a Semana de Arte Moderna, o Manifesto Pau-Brasil, as obras de Oswald e Mário de Andrade, as biografias de Anita Malfatti a Pagu”.
Ao longo de duas horas, o público se conecta totalmente. Envolvido na trama, deixa o teatro não apenas informado, mas engajado e envolvido com ideias e ideais daqueles personagens. “É emocionante, visto que a maioria das pessoas não conhece a fundo a história de Tarsila do Amaral. Acho que prestamos um serviço à nossa cultura”, orgulha-se.
@tarsilaabrasileira
Por Paula SantanaO maior festival de inverno do Brasil, Funn Festival terá este ano mais de 45 atrações musicais e pretende receber mais de 300 mil pessoas. Com o tema Terra do Nunca, a diversão e a imaginação prometem dois meses de alegria
Em um momento mágico em 2017, o Parque da Cidade, um refúgio para famílias, esportistas e visitantes, recebeu uma visita peculiar: um urso azul como nunca antes visto por ali. De óculos escuros e com muito carisma, foi carinhosamente batizado de “Funnfarrão”. Desde então, quando ele aparece, a cidade já sabe: é hora de se divertir. E, assim, o mascote e anfitrião dá as boas-vindas ao Funn Festival.
Completando oito anos em 2024, o festival de inverno organizado pelo Grupo Funn se prepara para abrir as portas de mais uma edição. Desta vez, a temática do evento se inspira na clássica história de Peter Pan e Sininho, do escritor escocês J. M. Barrie, e cria uma Terra do Nunca em solo brasiliense. “Não é qualquer Terra do Nunca, essa é a nossa. Sem Peter Pan e Sininho. O conceito deste ano é sobre o simbolismo desse mundo imaginário. Um mundo
Foto: João Pontesde aventuras, com seres mágicos e onde a diversão não tem fim”, descreve o sócio e idealizador do Funn Festival, Pedro Caetano.
De 10 de maio a 29 de junho, a Praça das Fontes, no coração do Parque da Cidade, será transformada em um espaço encantado, convidando a todos que desejam escapar da rotina para mergulhar em um universo de sonhos. A atmosfera será permeada por atrações musicais de destaque, uma variedade de opções gastronômicas, programação esportiva, atividades infantis e algumas novidades. Destaque para o estrelismo do Funnfarrão, que além de animar o evento, irá compartilhar as histórias de sua origem e dos portais mágicos que guarda consigo.
O Grupo Funn, um dos pioneiros e maiores grupos de entretenimento do Centro-Oeste, celebra a consolidação do evento no calendário da cidade. A cada ano, recebe renomados nomes da música nacional e uma atração internacional em sua arena musical, além de atrair milhares de pessoas para seu parque de diversões próprio, com opções para adultos e crianças, entre elas, a montanha-russa, o carrossel e a roda gigante. Ao todo, chegam a passar por volta de 20 mil pessoas por dia na arena de shows (área noturna) e no complexo de diversão (área diurna), com a previsão de movimentar mais de 300 mil pessoas nesta edição.
Além do entretenimento, o Funn Festival tem se destacado por sua preocupação com questões sociais, ambientais e econômicas. Em 2023, o evento gerou 1,5 mil empregos temporários e contribuiu para a destinação correta de mais de 70 toneladas de resíduos, além de realizar doações de alimentos arrecadados durante o festival.
Conhecido como o Funn Family, o Complexo do Funn Festival será o ponto central das atividades, oferecendo espaço para até cinco mil pessoas desfrutarem de uma experiência única. Com áreas dedicadas a esportes e gastronomia, o complexo, que é um espaço pet friendly, promete encantar visitantes de todas as idades. Outra novidade é a inclusão de apresentações teatrais que serão realizadas em uma área com capacidade para até mil pessoas.
O complexo funcionará aos finais de semana, com programação esportiva, Área Kids (brinquedoteca), parque de diversões, Vila Gastronômica, espetáculo de teatro infantil e apresentação infantil especial de princesas e heróis (nos sábados), espetáculo no castelo com personagens (aos domingos), Pocket Show de mágica no Spaten Garten, Cortejo da Alegria no Castelo, Desfile Encantado e Funn Magic Hour no Castelo.
Nas sextas-feiras, a partir das 18h, e aos sábados, domingos e feriados, a partir das 9h, outras atrações são: som na adega (jazz, brasilidades, música internacional); show no
coreto (jazz, DJ e orquestra); atrações infantis na arena de shows; e desfiles dos personagens.
A arena de shows funcionará às sextas, sábados e vésperas de feriados, com programação que engloba diferentes estilos musicais. Muitos artistas renomados já passaram pelo palco do Funn Festival. Neste ano, a abertura, no dia 10 de maio, contará com apresentação da banda Os Paralamas do Sucesso, e dos músicos Frejat e Humberto Gessinger. O line-up tem mais de 45 atrações e inclui nomes como Thiaguinho, Leonardo, Bruno & Marrone, Zé Ramalho, Nando Reis, Péricles, Lulu Santos, L7nnon e a banda norte-americana Boyce.
O Funn Festival promete transportar os brasilienses para a Terra do Nunca, onde a imaginação não tem limites e a diversão é eterna.
Maio
• Sexta – 10/05 (Os Paralamas do Sucesso + Frejat + Humberto Gessinger)
• Sábado – 11/05 (Thiaguinho + KVSH + Fica Comigo)
• Sexta – 17/05 (Djonga + Marcelo D2 + Criolo + Gog + Tasha & Tracie)
• Sábado – 18/05 (Eduardo Costa + Edson & Hudson + Gian & Giovani + Trio Parada Dura)
• Sexta – 24/05 (Zé Ramalho + Zeca Baleiro + Chico César)
• Sábado – 25/05 (Péricles + Ferrugem + Pixote)
• Quarta – 29/05 (L7nnon + MC Cabelinho + Chefin)
• Sexta – 31/05 (Elba Ramalho + Falamansa + Geraldo Azevedo)
Junho
• Sábado – 01/06 (Bruno & Marrone + Marcos & Belutti)
• Sexta – 07/06 (Nando Reis + Barão Vermelho + Biquini)
• Sábado – 08/06 (Israel & Rodolffo)
• Sexta – 14/06 (Boyce Avenue + Lagum +Vitor Kley)
• Sábado – 15/06 (César Menotti & Fabiano + Leonardo + Thiago Carvalho)
• Sexta – 21/06 (Atração surpresa + Fundo de Quintal)
• Sábado – 22/06 (Filipe Ret + Caio Lucas + MC Maneirinho)
• Sexta – 28/06 (Lulu Santos + Samuel Rosa)
• Sábado – 29/06 (Belo + atração surpresa + Turma do Pagode)
@funnfestival
www.ingresse.com/funnfestival
Gosto por carros antigos originou a V12 Auto Club, um verdadeiro museu com experiência sensorial e olfativa. Os duzentos veículos, entre clássicos, modificados e motos, recebem diariamente escolas públicas, projetos sociais e visitantes de todo o País
Por mais que as fotos e os vídeos das redes sociais mostrem os detalhes do V12 Auto Club, conhecer o espaço tem um impacto mais profundo. Perto do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, está exposto um pedaço da história dos automóveis e, também, um espaço de transformação social. A viagem no tempo e o resgate da memória afetiva alcançaram alunos de escolas públicas e associações beneficentes que passaram por lá ao longo de oito meses de inauguração.
Desde que o espaço foi inaugurado, em julho de 2023, o V12 Auto Club já recebeu 735 visitantes oriundos de projetos sociais. Pessoas com deficiência, pacientes em tratamento oncológico e idosos que vivem em abrigos se encantaram com o que viram. Já estão agendadas para os próximos meses visitas dos alunos da Secretaria de Educação, Instituto Federal de Brasília (IFB) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Ao total, foram 23 ações sociais, que incluíram a distribuição de cestas básicas e panetones no fim do ano passado.
Às terças-feiras, o espaço é exclusivo para projetos sociais, escolas públicas e entidades sem fins lucrativos, com passeios regulares. Gilmar Farias e Laércio Tomaz, empresários e fundadores do V12 Auto Club, juntaram a paixão por carros antigos com a veia social. A missão, então, ficou com a esposa, Rejane Farias, diretora. Depois de 32 anos como professora da rede pública do DF, ela conta que se “desaposentou” para tocar a
empreitada. “Fiz design de interiores justamente para projetar esse espaço”, conta. “Fico muito satisfeita em saber que tudo que eu coloquei no papel virou realidade, pedacinho por pedacinho”, celebra. O V12 Auto Club conta com auditório, sala de reuniões, café, simulador de corrida e loja de souvenirs
O acervo é composto por mais de 200 veículos personalizados nacionais e importados. O museu é dividido em segmentos como clássicos, hat rods, hot rods, bicicletas e motos. Todos os modelos estão em perfeito estado de conservação para colecionador nenhum botar defeito. Quando o V12 Auto Club completar um ano, em julho, parte do acervo será renovada, para que os visitantes sempre tenham novidades.
Os mais de 1,2 mil visitantes mensais têm espalhado a mensagem de que o museu é uma opção interessante de lazer. “Quem nos visitou saiu emocionado. É uma volta ao passado, já que todos têm uma memória, uma nostalgia, com carros. Muitos nos dizem ‘vou voltar para trazer meu pai’. É essa satisfação que nos move”, afirma Rejane.
Não é incomum ver visitantes com bagagens. Devido à proximidade do aeroporto, alguns acabam aproveitando o tempo de conexão para conhecer o local. Aos poucos, o V12 Auto Club vem atraindo olhares e ganhando cada vez mais atenção de quem é da cidade ou de quem está apenas de passagem.
@v12autocluboficial
www.v12autoclub.com.br (61) 99596-7555
Um dos principais clubes de negócios do mundo, o World Trade Center se instalará na capital e pretende conectá-la a uma rede internacional de investidores. O projeto, com ambientes corporativo, residencial e hoteleiro, tem assinatura do arquiteto francês Greg Bousquet
Há mais de meio século, uma robusta organização mundial conecta grandes metrópoles aos negócios internacionais e impulsiona empresas a ingressarem em novos mercados e a desenvolverem parcerias estratégicas. O World Trade Center (WTC), criado em Nova York pela renomada família estadunidense Rockefeller, é um dos principais clubes de negócios do planeta. Gigante por estar presente em 320 cidades de noventa países, tem como marco, em cada um dos locais que chega, a construção de grandes projetos arquitetônicos corporativos para reunir grupos empresariais públicos e privados, estimulando oportunidades de comércio e investimento.
São 15 mil profissionais atuando em várias partes do mundo para identificar parceiros em âmbito global dentro da plataforma da WTC Association. Em seu escopo, o WTC tem como pilar três plataformas. A primeira é o clube de negócios, que reúne altos executivos de empresas nacionais e multinacionais e oferece infraestrutura física, tecnológica, de eventos e serviços para empresários. A segunda envolve os projetos de real estate, quando a organização se instala com seus grandes projetos arquitetônicos. A terceira é o fomento ao trade internacional, focado em eventos, parcerias e networking.
No Brasil há 15 anos, a organização se instalou primeiro em São Paulo (SP) e tem projetos em construção em Curitiba (PR), Joinville (SC), Porto Alegre (RS) e Sinop (MT). Em novembro de 2023, veio o anúncio de sua chegada a
Fotos: Divulgação O World Trade Center em Nova YorkBrasília, onde executará um empreendimento moderno e robusto, o qual o World Trade Center acredita que se tornará um dos mais famosos do mundo. “Nós conectamos grandes metrópoles do mundo para fomentar negócios internacionais e abrimos portas para um universo de possibilidades. Interligamos investidores e impulsionamos a geração de oportunidades onde estamos presentes, entre os maiores players globais. É isso que estamos trazendo para Brasília”, ressalta a presidente do WTC Brasília, Daniella Abreu.
A gestora é uma das sócias e também preside a World Trade Center em Porto Alegre, Balneário Camboriú, Joinville, Curitiba, Brasília e Sinop. Lidera, ainda, o MAC (Member Advisory Council) de Trade Services das Américas, grupo que tem como foco debater temas de interesse da organização e colocar em prática iniciativas para fortalecer a rede internacional de negócios entre os membros do WTC. Ela também é membro do conselho da World Trade Center Association (WTCA) para América Latina, que reúne os World Trade Centers no mundo.
As estruturas dos WTCs podem ser locadas por empresas dos mais variados setores, que se tornam membros da associação. Além disso, os complexos sediam debates e encontros de diversos tipos. Uma das agendas realizadas é o Fórum do Investidor, que reúne os principais players do Brasil para apresentar oportunidades selecionadas, conteúdo diferenciado e relacionamento.
Outra iniciativa é o Programa de Competitividade, constituído por grupos estratégicos que têm em sua composição CEOs e executivos de empresas. O objetivo é aumentar a competitividade das empresas por intermédio de conteúdo compartilhado, troca de experiências, melhores práticas e networking. O WTC também intermedeia visitas de empresas interessadas em fechar negócios com empreendimentos associados.
Em solo brasiliense, o complexo de negócios terá uma área construída de 120 mil metros quadrados, a maior entre os empreendimentos da organização no Brasil, em um investimento de R$ 700 milhões. As obras no Parque Tecnológico de Brasília (Biotic) estão previstas para começar ainda neste semestre. Criado em 2017 pelo governo local por meio da Terracap, o Biotic está alinhado com o projeto WTC e visa se estabelecer como o principal polo de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação da capital.
Gestora do Fundo Imobiliário Biotic, a Integral Brei foi fundamental na consolidação do projeto, ao levá-lo para o parque tecnológico, além de ser o fundo responsável em parceria com o WTC. “As grandes cidades do mundo têm um World Trade Center. Em Brasília, o WTC vem para ser essa conexão entre a capital do Brasil com outras 320 cidades. Ou seja, vamos conectar Brasília a uma rede internacional de negócios”, ressalta Daniella.
A gestora explica que a expansão da World Trade Center foi considerada importante em razão do grande potencial da região, além do status de capital do Brasil. “Estamos em outras cidades, mas entendemos que Brasília é um ponto muito importante de conexão. A gente se coloca como um hub de negócios internacionais, abre a porta para esses investidores, faz a conexão com os multinacionais e coloca realmente a cidade num mundo de negócios”, afirma, ao detalhar que a WTC realiza somente no Brasil, em média, 50 eventos por ano, com mais de dois mil participantes.
Daniella Abreu afirma que o projeto, que poderá atrair mais empresas, fomentará os negócios já existentes na região, que hoje tem sua matriz econômica focada em serviço. No entanto, poderá proporcionar robustez aos setores comerciais. “Depois que os prédios estiverem alocados, geramos um fluxo de pessoas, a cidade ganha um novo eixo. Em São Paulo, por exemplo, há duas torres corporativas, então, a ocupação da parte dos escritórios é feita por empresas que se instalam. Também há um hotel e um centro de eventos, uma vez que prezamos por agendas corporativas. Tudo isso gera um fluxo comercial”, detalha.
A empresa francesa Architects Office, liderada pelo arquiteto francês Greg Bousquet, foi responsável por conceber o projeto em Brasília. Com formas orgânicas, modernas e designer icônico, a estrutura vai compor de forma harmônica os traços da cidade moderna. Toda a área construída será dividida entre centro de eventos, prédio corporativo, edifício residencial, além de área hoteleira com duzentos quartos. Em torno de uma grande estrutura arborizada, haverá uma área comercial de restaurantes, cafeterias e lojas, compondo o conceito de work live play. “É um projeto onde as pessoas podem trabalhar, morar e se divertir
em uma ‘cidade tecnológica de negócios’. Além disso, Brasília tem uma arquitetura icônica, então, o conceito é bem aberto, com praças e está em sintonia com o Biotic”, descreve Daniella.
Com conceito inovador de urbanismo, arquitetura internacional e tecnologia, o projeto tem Certificação LEED Platinum, uma das mais altas certificações internacionais de sustentabilidade do mundo por ter eficiência energética, usar materiais sustentáveis e ter a preocupação com o uso da água. “Muito democrático e inovador, o complexo também será aberto à comunidade, ou seja, não será apenas para empresas”, diz.
Com tecnologias construtivas inovadoras, a obra será executada ao longo de dez anos. A primeira das quatro fases está prevista para ficar pronta em três anos e meio. Já foram iniciados os trabalhos topográficos e laudo de sondagem. À medida que as estruturas ficarem prontas, as empresas poderão se instalar e o clube de negócios oferece todo o suporte para que elas façam os melhores negócios. Todo o complexo será dedicado também para embaixadas, comunidade internacional e para debates entre o poder público e a iniciativa privada. “Seremos uma ponte para empresários conhecerem Brasília e fecharem novos negócios, ou seja, um portal que abre as portas da capital do Brasil para o mundo”, finaliza Daniella.
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Academia Acuas Fitness cria metodologia para controle da pressão arterial por meio de exercícios físicos. Aferições são anotadas e controladas por profissionais, que montam treinos a partir do acompanhamento desta doença metabólica
Não é de hoje que entendemos que a atividade física é uma grande aliada na busca pela qualidade de vida e bem-estar, com inúmeros benefícios para a saúde física e mental. De acordo com o Ministério da Saúde, a hipertensão, condição crônica que tem como característica os níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias, integra o grupo das principais doenças que afetam o coração. E manter uma rotina de atividade física focada na musculação é fundamental para controlar a hipertensão.
A pressão alta ataca os vasos sanguíneos, coração, cérebro, olhos e pode, até mesmo, causar a paralisação dos rins. A situação torna-se preocupante quando os níveis ficam acima de 140 milímetros de mercúrio (mmHg), ao se tratar da pressão arterial sistólica (que é o maior valor verificado durante a aferição de pressão arterial) e acima de 90 mmHg ao se tratar da pressão diastólica (menor valor aferido). O valor ideal é 120x80 mmHg, ou seja, a famosa pressão 12 por 8.
Com foco nesse grupo populacional, a Rede de Academias Acuas Fitness criou o Monitoramento 12/8, uma iniciativa que ganhou esse nome em alusão ao valor considerado
ideal para a pressão arterial. O educador físico e gerente de uma das unidades da rede, Marcos Freire, explica que a pressão alta é uma doença metabólica que, apesar de não ter cura, com a prática regular de exercício aliada a uma boa alimentação e qualidade do sono, pode ser controlada e reduzida.
“Alguns estudos mostram que o exercício cardiovascular somado ao exercício de força podem reduzir em até 20% a pressão arterial logo após a prática. Então, em uma sessão de treino já ocorre uma redução aguda da pressão arterial”, disse, ao citar a pesquisa da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), publicada em janeiro de 2023, na revista científica Scientific Reports, que concluiu que o treinamento de força, desde que realizado com carga moderada a vigorosa, de duas a três vezes na semana, é a melhor estratégia natural.
Em uma análise a longo prazo, Marcos Freire destaca que os resultados do treino podem ser obtidos de forma permanente. “Com a prática rotineira de exercícios, a ideia é atingir uma redução definitiva da hipertensão, minimizando o uso de medicamentos. Por isso, fazemos o acompanhamento diário desses alunos por meio do nosso protocolo de monitoramento da pressão arterial. No dia do treino, medimos a pressão arterial em três momentos: antes, durante e depois do exercício. Todas as aferições são anotadas em uma ficha individual. Ao longo do tempo, temos percebido que muitos alunos têm apresentado uma efetiva diminuição e equilíbrio dos níveis da pressão arterial”, disse. Se houver qualquer alteração considerada um risco, o treino do dia pode ser suspenso.
O educador físico explica que a atividade física age diretamente no corpo, possibilitando diversos benefícios para redução dos fatores de aumento da pressão arterial, entre eles, qualidade do sono e liberação de hormônios como a endorfina e a serotonina, que impactam no humor e na
disposição. “Com a atividade física, há a diminuição do peso e da gordura corporal, o que faz com que o coração e todo o sistema cardiovascular funcionem melhor. Consequentemente, caem as taxas de colesterol e triglicerídeos, diminuindo a pressão arterial”, detalhou.
Boa parte das pessoas adeptas ao Monitoramento 12/8 busca o método por indicação médica. Em um exame de rotina com o cardiologista, o aposentado Valdir Pires foi alertado de que estava entrando em uma condição limítrofe para hipertensão e foi orientado pelo médico sobre os cuidados que deveria ter. “Sei que uma vez que uma pessoa é diagnosticada com hipertensão, não tem mais volta, mas é possível fazer o controle. Então, atualmente, eu pratico exercícios regularmente para manter a pressão controlada”, relatou.
As fichas do Monitoramento 12/8 são preenchidas pela equipe técnica e são úteis no retorno ao médico. “Quando a gente envia o relatório com o registro de 30 a 40 sessões de treino, o médico tem mais ferramentas para ajustar a medicação. Muitas vezes, a dosagem pode ser reduzida se o paciente tiver conseguido diminuir a pressão arterial com a rotina de treino”, acredita. “Ao contrário do que se pensa, quem tem hipertensão pode sim praticar atividade física, desde que com acompanhamento de um profissional de educação física e de uma liberação médica para a prática”, conclui Freire, reforçando a importância de um tratamento multidisciplinar.
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Durante o procedimento de lentes de contato dental, a visão tridimensional aliada à evolução de técnicas aumentam a exatidão do resultado final. Recursos digitais de máxima precisão promovem a transformação que pode durar uma vida inteira
No mundo da odontologia estética, as lentes de contato dental conquistaram os corações – e os sorrisos – de muitos que buscam aprimorar sua aparência dental. Apesar de a técnica já ser utilizada com frequência, muitos pacientes ainda têm receio e dúvidas sobre o desgaste realizado nos dentes naturais, para que as finas camadas de cerâmica se encaixem e proporcionem o resultado estético desejado.
“É compreensível que as pessoas ainda se preocupem com o desgaste dos dentes naturais durante o procedimento das lentes de contato dental. No entanto, é importante entender que esse desgaste é fundamental para garantir uma adaptação precisa e natural das lentes, sem precisar adicionar um volume excessivo aos
dentes, o que afetaria a estética e poderia ser prejudicial à saúde gengival”, explica o dentista reabilitador oral da Brunetti Odontologia, Jonas Brunetti.
O especialista destaca que a evolução das técnicas e equipamentos utilizados no preparo dos dentes para receber as lentes de contato dentária têm sido notáveis nos últimos anos. A utilização das lupas de magnificação e microscopia, por exemplo, associada à experiência clínica do dentista, permitem que os procedimentos dentários minimamente invasivos sejam executados, tornando o processo mais delicado e preciso, resultando em menos desconforto ao paciente. “Ao buscar profissionais especializados e uma clínica com equipamentos modernos, na maioria das vezes, é possível fazer a remoção mínima necessária de esmalte na superfície dos dentes para adaptar a peça protética, diferentemente de antigamente, quando não se contava com essas ferramentas e era preciso um desgaste maior”, esclarece.
A utilização das canetas multiplicadoras elétricas no lugar da caneta de alta rotação convencional é mais uma ferramenta que pode ser utilizada para conseguir um preparo delicado e uniforme. “Reduz o ruído e aumenta a exatidão dos movimentos sobre o dente devido ao seu maior controle de rotação”, descreveu. “Na Brunetti Odontologia, adotamos uma abordagem tecnológica e digital para garantir a máxima precisão em cada etapa do processo. Desde a avaliação inicial até a colocação das lentes permanentes, nossos pacientes se beneficiam de uma visão tridimensional do resultado final, garantindo uma experiência personalizada e satisfatória”, acrescentou.
Para preservar os dentes após o desgaste necessário, enquanto os laminados cerâmicos permanentes são confeccionados, são aplicadas restaurações provisórias. Assim que os laminados estão prontos, eles são cuidadosamente cimentados, processo de fixação permanente na superfície dos dentes. “É crucial destacar que cada paciente e situação demandam uma abordagem personalizada no preparo dos dentes. A partir de uma avaliação inicial abrangente da saúde bucal do paciente, discutimos suas necessidades estéticas. Com base na análise da estrutura dental e nos objetivos estéticos individuais, elaboramos um plano de tratamento específico”, elucidou o especialista. “A excelência do procedimento está em cada detalhe, desde o conhecimento teórico e prático até recursos tecnológicos para atingir um preparo perfeito para adaptar a peça”, completou.
Após a aplicação das lentes de contato, cuidados adequados são essenciais para manter a saúde bucal e a durabilidade do procedimento. Rotinas simples garantem um sorriso bonito e saudável por muitos anos. “A escovação regular após as refeições, e uso de fio dental diariamente para remover placas bacterianas e evitar cáries são fundamentais. Além disso, consultas de acompanhamento garantem a manutenção e limpeza correta”, afirma Brunetti.
Com um olhar cauteloso sobre o processo e os cuidados pós-tratamento, as lentes de contato dental oferecem uma oportunidade única para transformar o sorriso e elevar a autoconfiança dos pacientes.
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Brasília torna-se referência em cirurgia robótica de coluna, atraindo países da América do Sul em busca da técnica inovadora com resultados notáveis. O cirurgião Rodrigo Lima conduz aulas e debates de casos clínicos
Por Ailane Silva
Fotos Vanessa Castro
Em pouco mais de um ano, desde a realização pioneira da primeira cirurgia robótica em novembro de 2022, Brasília ergue-se como uma referência na realização de procedimentos minimamente invasivos na coluna vertebral, não apenas no Brasil, mas também na América Latina. Sob a expertise do ortopedista Rodrigo Lima, mais de sessenta pacientes foram submetidos a essa técnica inovadora com resultados notáveis. O sucesso desses procedimentos tem atraído especialistas ávidos para conhecer e adotar essa abordagem que promete segurança, eficácia e uma recuperação pós-operatória em tempo recorde.
Lima esclarece que a técnica utiliza a assistência da tecnologia robótica para aprimorar as intervenções cirúrgicas na coluna vertebral. Durante esses procedimentos, os braços mecânicos do robô são controlados pelo cirurgião por meio de uma pequena incisão. Essa abordagem não apenas assegura a precisão dos movimentos, mas também minimiza danos e reduz as chances de complicações. “A tecnologia
“A tecnologia robótica proporciona uma visão tridimensional detalhada e um alto controle dos instrumentos cirúrgicos, resultando em benefícios como uma recuperação mais rápida e menos desconforto pós-operatório para os pacientes”
robótica proporciona uma visão tridimensional detalhada e um alto controle dos instrumentos cirúrgicos, resultando em benefícios como uma recuperação mais rápida e menos desconforto pós-operatório para os pacientes”, enfatiza o médico, destacando que condições como hérnias de disco e deformidades na coluna são tratadas com sucesso por meio dessa técnica avançada.
“Atualmente, Brasília recebe médicos não só do Brasil, mas também de países como Peru, Colômbia e Chile para conhecer a abordagem. Implementamos um programa que facilita essas visitas, permitindo que os profissionais participem de aulas e debates de casos clínicos. Além disso, têm a oportunidade de observar diretamente como as técnicas minimamente invasivas são aplicadas e como a cirurgia robótica é realizada. Eles têm acesso ao centro cirúrgico para assistir às operações ao vivo”, descreve Lima.
Durante esses períodos de observação, os médicos visitantes aprendem métodos para aprimorar suas habilidades na execução da cirurgia robótica minimamente invasiva. “Para adquirir esse conhecimento e introduzir essa téc-
nica em Brasília, precisei buscar especialização fora do Brasil. Passei um tempo nos Estados Unidos e depois na Alemanha, aprofundando meu entendimento sobre essa abordagem. Por fim, foi necessário planejar e trazer toda essa tecnologia para Brasília”, detalhou.
Segundo o especialista, foi essencial estabelecer parcerias entre um hospital privado, o distribuidor dos equipamentos e outros médicos brasileiros igualmente pioneiros nessa técnica robótica para transformar esse sucesso em realidade. “Estamos testemunhando um marco na história da medicina. Brasília está se destacando como um polo de excelência e tecnologia em cirurgia robótica na coluna vertebral. Estamos escrevendo um novo capítulo com o futuro que imaginamos, um futuro que já se tornou presente. A era da medicina robótica está ao alcance de todos os pacientes em todo o Brasil, que agora podem buscar tratamentos que verdadeiramente transformam vidas”, conclui Lima.
@dr.rodrigo_lima
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Um terço da vida da mulher é vivida dentro do processo de queda gradual dos seus hormônios. A médica Priscilla Proença ressalta a importância da terapia de reposição para conter os sintomas dos desequilíbrios
Por Ailane Silva Fotos Luciano GurgelOs desconfortos trazidos pela menopausa, muitas vezes, tornam a rotina das mulheres desafiadora. Entre os sintomas dessa fase estão ondas de calor, suores, instabilidade emocional, cansaço, ganho de peso e, até mesmo, perda de massa óssea e risco aumentado para doenças cardiovasculares e neurodegenerativas. Essas mudanças costumam ocorrer por volta dos 50 anos de idade, sendo que a ausência da menstruação por 12 meses é o principal marco de início a essa etapa feminina.
Médica com pós-graduação em Endocrinologia, Priscilla Proença explica que buscar apoio especializado e tratamentos são fundamentais para amenizar esses sintomas. “A partir dos 40 anos, a mulher já começa a passar pelo climatério, período que antecede a menopausa e quando ocorrem desequilíbrios hormonais que provocam irregularidade menstrual, mudança do humor, cansaço, inchaço e dores nas mamas”, detalha.
a diminuição da incidência de doenças cardiovasculares, entre elas, o infarto do miocárdio”, destaca.
A médica esclarece que a reposição hormonal pode ser realizada por meio de comprimidos, adesivos, géis e implantes hormonais, sendo que estes últimos, estão entre os métodos mais modernos para fazer a reposição segura e contínua. A terapia de reposição hormonal (TRH) é importante, já que o desequilíbrio ocorre devido à diminuição de dois hormônios fundamentais para as mulheres: a progesterona e o estrogênio. A ausência de ambos gera uma série de mudanças no corpo e na mente da mulher, seja a curto, médio ou longo prazos.
“A aproximação e a chegada da menopausa podem causar alteração no humor – com possíveis episódios de irritação, ansiedade e depressão –, baixa libido, ganho de peso e alteração da memória. Depois, além da diminuição do desejo sexual, pode ocorrer dificuldade de lubrificação vaginal. Já a longo prazo, pode haver uma maior propensão à osteoporose, a doenças neurodegenerativas e cardiovasculares”, explica.
No Brasil, um estudo colaborativo publicado em 2022 na revista científica Climateric mostra que 73,1% das mulheres sentem sintomas no período do climatério até a menopausa e 78,4% na fase pós-menopausa. No entanto, somente 52% fazem algum tipo de tratamento e apenas 22% realizam a terapia de reposição hormonal. “A terapia hormonal é o tratamento de primeira linha para mulheres que sofrem com sintomas da menopausa. Além disso, contribui para
Um fator destacado pela médica é que a fase entre climatério e a pós-menopausa pode durar entre dez e trinta anos, já que a expectativa de vida das mulheres atingiu 79,3 anos, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 2022. “Ou seja, um terço da vida da mulher é vivida dentro deste processo de queda gradual dos seus hormônios, o que requer tratamento especializado e acompanhamento para maior qualidade de vida”, recomenda.
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O Terraço chega aos 25 anos trazendo na bagagem experiências, descobertas, delícias e sabores. Sua praça a céu aberto é um convite ao encontro, brincadeiras e às melhores lembranças de uma vida vivida com emoção, alegria e muitas histórias pra contar.
Bisneto de Oscar Niemeyer, Paulo Sérgio traz a Brasília o Fórum Niemeyer, de onde pretende extrair propostas concretas para um urbanismo sustentável, interagir com outros países e ter a capital como laboratório mundial do pensamento arquitetônico
Na infância e em parte da vida adulta, Paulo Sérgio via o bisavô receber figuras ilustres do Brasil e do mundo na casa que compartilhavam, no Rio de Janeiro. Eram conversas animadas, às vezes bem longas, que descambavam para uma miríade de assuntos. Arquitetura, arte, filosofia, cosmologia, política... Simplesmente não havia limites.
Muitas vezes, era ele próprio quem participava dessas reuniões, o que permanece ainda hoje em sua memória e o inspira diariamente. Seu bisavô, que em vários momentos ele chama apenas de vô, era Oscar Niemeyer.
Seguindo o legado da família, Paulo Sérgio, agora com 54 anos, também é arquiteto e artista visual. Das várias conversas com o parente ilustre surgiu a inspiração de reproduzir aqueles instantes em escala maior. Ele criou, assim, o Fórum Mundial Niemeyer, que está em sua 3ª edição e, em 2024, é realizado em Brasília. Sob o tema A revolução Pós – Desafios e Metas para um Mundo Sustentável, o evento reúne profissionais de diversos campos de atuação e de cinco países para debater o futuro sob o prisma da arquitetura e urbanismo.
O sobrenome famoso da família no título do fórum, porém, não significa que as discussões se restringem a obras específicas. A visão de mundo do grande arquiteto e as ideias que ele propagava são apenas o ponto de partida. “Não falo só de Niemeyer. Ele é o mote porque era um homem global. Um diplomata mesmo sem ser um de fato. Ele contemplava a união de vários países e pessoas e o fórum dá continuidade a esse legado, lembrando também os encontros que tínhamos no escritório dele”, explica.
Na frieza da descrição de um dicionário, sustentabilidade significa: capacidade de criar meios para suprir as necessidades básicas do presente sem que isso afete as gerações futuras, normalmente se relaciona com ações econômicas, sociais, culturais e ambientais. No calor de uma abordagem prática para aplicar esse conceito a uma cidade, ou mesmo a um bairro, Paulo Sérgio acredita que a aplicação passa pela diminuição das desigualdades sociais. “Enquanto não abordarmos o viés socioeconômico, não resolveremos nada”, opina.
Na visão dele, isso tem atingido também classes sociais mais altas e, com cidades cada vez mais amontoadas e com menos opções gratuitas a todos, feito muita gente fugir dos grandes centros. Nesse ponto, discussões sobre Internet das Coisas (IoT) e Cidades Inteligentes, que em tese prenunciam conectividade total em serviços públicos e amplo acesso à internet, tornam-se menores diante da realidade.
Mesmo Brasília, que completa 64 anos desde a inauguração, não é um modelo ideal. Na visão do herdeiro do arquiteto da cidade, a capital não é justa ainda e, segundo ele, “pede socorro”. “Ao usar transporte por aqui, é preciso usar carro. Brasília ficou, como as outras cidades grandes, subjugada pelos mesmos grandes problemas das outras metrópoles. Vi muitos engarrafamentos em vários locais da cidade recentemente”, cita.
Ele conta que Oscar Niemeyer, dois anos antes de falecer, aos 102 anos, cismou em pensar em uma solução de mobilidade para a capital. Paulo Sergio e o bisavô debateram o assunto e começaram a desenhar uma proposta, mas ele morreu antes de concluí-la. “Ele queria um veículo de transporte de massa no Eixo Monumental, que fizesse o fluxo do trânsito fluir melhor e reduzisse a quantidade de veículos”, revela.
A interação com outros países é fundamental para a resolução de alguns desses problemas, mas Paulo Sérgio lembra que toda solução pode acabar gerando problemas mais complexos, então a necessidade de avaliação é constante. O arquiteto cita como exemplo Amsterdã, na Holanda, também conhecida como a capital das bicicletas. O carro não é um problema tão grande por lá, mas a bicicleta se popularizou a um ponto que, de tanta quantidade, pessoas estão jogando as suas até nos rios. O mesmo aconteceu na China, que tentou atacar problemas como a poluição e os engarrafamentos com o mesmo modo de transporte, e agora lida com galpões entulhados de bicicletas descartadas.
“A rigor, já deveríamos discutir a implantação de trens de transporte em massa, como no Japão. Mas o Brasil não consegue implementar o trem, e o que existe costuma ser entregue para a iniciativa privada. Temos que interagir mais
“Enquanto não abordarmos o viés socioeconômico, não resolveremos nada”
com outros países e aprender conceitos mais interessantes. Nós privatizamos nossos transportes sem nenhuma crítica. Só que as empresas visam lucro, não investimento. São todos temas do fórum e que precisam ser endereçados”, conclui.
A ideia é não apenas abordar esses desafios, mas também propor respostas práticas. Ao fim do evento, os organizadores vão elaborar a chamada Carta Niemeyer, com um protocolo de intenções da sociedade civil, autoridades governamentais e profissionais do ramo da habitação, para ser entregue à Organização das Nações Unidas (ONU).
• Nas primeiras duas edições, o Fórum foi realizado em São Paulo e Rio de Janeiro.
• Em 2024, também se celebra o Ano Niemeyer e destaca Brasília como exemplo de inventividade e maestria de Oscar, classificando a capital como laboratório de pensamento urbanístico e arquitetônico.
• O último projeto de Niemeyer foi um templo para a Arquidiocese de Belo Horizonte (MG). A chamada Catedral Cristo Rei foi desenhada em 2006 e está em construção desde 2013, com previsão de finalização da obra para 2025.
• Niemeyer participou de mais de 600 obras ao longo dos 104 anos de vida, incluindo a sede da ONU, em Nova York, nos Estados Unidos.
@forummundialniemeyer
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Com paixão latente pelo projeto da capital, a Bloco Arquitetos se consolida como um dos escritórios mais premiados do Brasil, imprimindo o luxo na busca meticulosa da simplicidade em detrimento da ostentação
Por Caio BarbieriHá 26 anos, durante as andanças na Universidade de Brasília (UnB), três estudantes decidiram se unir por um sonho em comum: criar um escritório de arquitetura e que, não imaginavam, tornar-se-ia, hoje, um dos mais respeitados da capital federal e do Brasil.
Com dezenas de importantes premiações, inclusive internacionais, o patamar alcançado pela sociedade de Daniel
Mangabeira, Matheus Seco e Henrique Coutinho, da Bloco Arquitetos, não se concretizou à toa.
As rotinas acadêmicas pelos corredores intermináveis do majestoso Instituto Central de Ciências (ICC), mais conhecido como Minhocão, projeto de Oscar Niemeyer e colaboração de João Filgueiras Lima (Lelé), de 1963, ajudaram a definir o norte da nova empresa: preservar o legado e as inspirações dos inúmeros nomes que, por meio de suas edificações, fizeram de Brasília uma das maiores obras urbanísticas do mundo.
Vila Tupin“Sempre que fazemos a apresentação fora de Brasília e fora do País, colocamos a nossa cidade como referência. Então, somos, sentimos e gostamos de dizer que temos um escritório com projetos internacionais, mas com essa raiz da cidade onde vivemos”, destaca Daniel Mangabeira, que chegou a presidir o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-DF).
Embora tenha a capital aniversariante como paixão em comum, cada um dos sócios registra uma origem diferente, uma das principais características de quem mora no quadradinho. Mangabeira é nascido em Itabuna (BA) e Matheus Seco, em Niterói (RJ). Henrique Coutinho é o único brasiliense de fato, embora todos sejam de direito.
“Quando falamos em originalidade, falamos na relação com a palavra origem, a nossa origem. Essa raiz que Brasília tem na cultura brasileira e, quando recebemos arquitetos de fora daqui do Brasil eles sentem o impacto quando visitam uma Superquadra da nossa cidade, que foi detalhada no projeto de Lúcio Costa com essa rede de conexão das unidades de vizinhança, que hoje, 64 anos após, se consolidou, o que nos serve como referência, pela simplicidade e economia”, completa Matheus.
Os arquitetos lembram que, pela concepção original da cidade, cada quadra deveria obedecer a algumas regras, já que várias delas foram construídas por uma empreiteira
específica e o resultado não poderia destoar do plano original do urbanista que venceu o projeto de Brasília. “Quando observamos as primeiras quadras de Brasília, e o que aconteceu depois, essa unidade inicial se perdeu um pouco porque os lotes foram construídos de forma isolada e cada arquiteto e cada construtora decidiu dar o seu máximo para aparecer ali”, acrescentou Mangabeira.
O foco na concepção defendida por Lucio Costa fez com que o trio do Bloco Arquitetos passasse a criar soluções arquitetônicas que fogem do modismo importado do
exterior, para valorizar poucos elementos e, criando um ambiente de luxo e elegância, justamente por apostar na simplicidade do conjunto da obra. “O luxo não tem a ver com o material ser caro. A simplicidade tem a sua beleza. As coisas simples podem ser igualmente bonitas também. A beleza do espaço está do jeito que você usa o material e essa simplicidade aplicada é uma coisa que a gente admira muito”, pontua Matheus.
Para Henrique Coutinho, o veterano dos sócios, a decisão de apostar no simples, em poucos materiais e na qualidade de vida para os clientes, reflete no perfil de quem busca os projetos elegantes e, ao mesmo tempo, contemporâneos do trio de arquitetos. “Por causa da comunicação que temos feito, o cliente do escritório nos procura por gostar, estudar e consumir arquitetura. Mas nem sempre foi assim. É uma vitória conseguirmos direcionar o nosso trabalho para esse público que não quer ostentar e, sim, que entende da área”, finaliza.
O resultado dessa parceria é de encher de orgulho qualquer cidadão apaixonado por Brasília: o trio de arquitetos já ganhou prêmios internacionais, como o Prix Versailles 2023, categoria Shoppings Malls, com o projeto do Mané Mercado; foi premiado pela revista britânica Monocle ; ficou em 4º lugar na lista do site holandês Archello , com os 25 melhores escritórios de arquitetura no Brasil; e a Casa dos Tijolos Brancos e o Mercado Mané foram vencedores na Categoria Edificações e Projeto do Prêmio IAB 2023 – Seção DF.
@bloco_arq
@jonas.brunetti
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Casa Vila Rica Mané Mercado Fotos: Joana FrançaIndividualidade preservada, criatividade compartilhada, estética unificada. A dupla de arquitetos Walléria Teixeira e Ney Lima faz história no design pela contemporaneidade, leveza, tecnologia e requinte
Meu Lugar é uma profunda reflexão sobre a identidade, a história e os valores que moldam nossas vidas. E sob este tema, a Mostra Artefacto Brasília 2024 provocou arquitetos e designers a irem além da elaboração de um espaço, com a missão de unir o conhecimento e a estética arquitetônicos à essência e ao estilo de vida de um homenageado.
“A edição deste ano traz ambientes para você chamar de seu. Arte e design. Música e mobiliário. Cinema e alusões à moda. Do aroma ao grau de luminosidade, são muitos os fatores e materiais captados pelos cinco sentidos, que envolvem a percepção de cada espaço”, explica Denise Zuba, responsável pela franquia da Artefacto em Brasília.
Artefacto 2024Walléria Teixeira e Ney Lima abraçaram o desafio de criar um ambiente especial na mostra, dedicado à jornalista Paula Santana, sócia-fundadora do grupo GPS|Brasília. Com um olhar atento às demandas contemporâneas por conforto e funcionalidade, os profissionais conceberam um home office que reflete a personalidade da homenageada, sem deixar de atender às necessidades práticas do dia a dia. “Nós tínhamos em mente fazer um ambiente corporativo, um lounge com uma sala de reunião. E pensamos em eleger uma pessoa que fosse atuante na cidade. Nada melhor do que chamar uma jornalista como a Paula Santana, que tem um veículo e está em todos os lugares da capital”, diz Walléria.
Ao projetar o espaço, Walléria e Ney se inspiraram na personalidade vibrante de Paula, integrando tendências de mercado e conceitos de neuroarquitetura. “Fizemos uma sala que, logo de entrada, tem uma mini recepção, mas tudo super aconchegante”, conta Teixeira. “A Paula é muito articulada e ativa em Brasília. É uma mulher de relacionamentos e precisa de um espaço para fazer constantes reuniões. Pensamos em um local apropriado para o trabalho online, ligações ou qualquer tipo de comunicação”, complementa Lima.
O uso de tons de cinza e bege, aliado a tecidos texturizados como o linho, cria uma atmosfera acolhedora e convidativa, enquanto móveis ergonômicos e funcionalidades tecnológicas garantem a praticidade e o conforto necessários para um ambiente de trabalho moderno. “Utilizar essas peças já faz parte do nosso trabalho e combina com a identidade da Paula”, afirma Ney.
Walléria e Ney participam juntos de exibições de arquitetura e design há pouco mais de cinco anos. No entanto, a conexão da dupla é de longa data. “Nós somos amigos há muitos anos e entendemos que as mostras são locais onde podemos expressar as nossas ideias em conjunto”, conta Walléria.
Os dois são formados em Arquitetura e Urbanismo pela PUC Goiás, e é de lá que vem o início deste vínculo. Algum tempo depois, reencontraram-se em Brasília, quando Ney se mudou para a cidade. “Quando eu vim para a capital, em 1999, Walléria já morava aqui e, a partir deste período, começamos uma amizade mais próxima, que estreitou nosso relacionamento profissional”, diz.
Por projetarem juntos e serem muito amigos, é bem comum que achem que Walléria e Ney dividem um único escritório. Mas não é bem assim. Cada um é dono de sua própria empresa, e aproveitam oportunidades de em alguns momentos criarem em conjunto. “Eu tenho o meu próprio escritório, o Studio Walléria Teixeira, e o Ney tem o dele, o Ney Lima Arquitetos. Mas em todas as mostras nós participamos juntos, porque prezamos por espaços integrados”, esclarece Walléria.
Apesar da individualidade física dos escritórios, os dois dividem um ambiente de coworking no Lago Sul. Assim, a troca de ideias e ajuda acontece de forma livre, tanto entre as duas principais cabeças pensantes dos projetos quanto entre os times de Walléria e Ney.
Além da Mostra Artefacto, a CasaCor é outro evento que já está acostumado a ter os dois projetistas juntos. Individualmente, cada um tem mais de 20 participações e, desde 2019, o casamento arquitetônico da dupla contempla Brasília com projetos impressionantes. “No total, foram cinco edições da CasaCor, além de outras participações na Artefacto. Desenvolvemos projetos juntos que nos fazem compartilhar ideias e equipe. O que acaba por ser muito enriquecedor para ambos”, finaliza Ney.
@walleriateixeira @neylimaarquitetura
Artefacto 2024 Fotos: Raphael Briest Casacor 2022 Casacor 2023 Foto: Edgar CesarEm aquarela, giz pastel, carvão, serigrafia e desenhos digitais, o traço denso do arquiteto Daniel Jacaré ganha notoriedade em espaços culturais e estabelecimentos. Um novo olhar da monumental Brasília
Antes de revelar ao mundo os seus hipnotizantes pincéis de cores, a borboleta tece o seu destino às escondidas, em segredo. Enquanto por fora um casulo silencioso sugere algo adormecido ou inativo, dentro, uma transformação estrondosa acontece. Assim como o pequeno e fascinante animal, o artista plástico brasiliense Daniel Jacaré também viveu uma jornada de transformação e autodescoberta para, enfim, alcançar a mais bela fase da sua metamorfose: o seu “borboletear”, como ele mesmo denomina.
Formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de Brasília em 2009, Daniel se aventurava nos traços muito antes disso virar profissão ou ilustrar paredes e molduras. Na época da escola, parecia concentrado em tomar notas durante as aulas, enquanto o lápis percorria o caderno com afinco, quando, na realidade, estava dedicado em criar mais uma caricatura de professor. Por mais que o resultado surpreendesse e divertisse os colegas e os próprios docentes, tudo não passava de uma distração prazerosa.
“Meu estilo de desenho sempre foi muito expressivo e carregado e, quando criança, eu entendia isso como sujo, feio e errado. Achava que os colegas que tinham traços delicados desenhavam muito melhor e que essa era a forma correta de desenhar”, conta o artista. Esse pensamento foi chacoalhado pela primeira vez quando sua professora de artes o convidou para participar de uma exposição com outros colegas. “Na mesma hora, assustei e não entendi a proposta. Falei que o que eu fazia era apenas uma brincadeira, que havia outros alunos que desenhavam muito melhor. Ela disse que eu realmente não veria desenhos como os meus ali, pois o que eu fazia era original, algo somente meu”, recorda.
Quando a faculdade bateu à porta, mesmo de flerte com cursos como Biologia e Engenharia Civil, o desenho arrematou o coração de Daniel e o levou para a FAU. Logo que graduou, fundou com um sócio o Quintal, escritório que inicialmente desenvolvia projetos de arquitetura e design, mas hoje atua na área de prototipagem digital, impressão 3D, entre outros.
Já alçando voos como arquiteto, mas ainda encasulado como artista, Daniel só foi revisitar aquele momento com a antiga professora quando também começou a dar aulas, em 2013, na Universidade Católica de Brasília, após se especializar em Artes Visuais, no ano anterior. Por lá, lecionou durante nove anos nos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Design Visual, além de participar do grupo de Desenhos Urbanos, em que saía de sala com os alunos para explorar espaços urbanos de Brasília por meio de desenhos ao ar livre. “Foi com essa experiência que amadureci a ideia de que não existe traço feio: o feio é não ter traço”, reflete.
Um empurrãozinho do amigo e sócio Thiago foi o pontapé no processo da autodescoberta artística de Daniel. Antes de uma viagem à Europa, em 2014, o colega lhe atribuiu uma missão. “Ele me deu um caderninho de notas e disse: ‘você vai desenhar a sua viagem!’”, lembra. Apesar de hesitar de primeira, topou. A tarefa virou hábito e o hábito virou regra. “Sempre que viajo levo meus cadernos. São meus álbuns fotográficos, minhas memórias, meus diários. Não escrevo nada, só desenho”.
De volta a Brasília, a prática começou a ser utilizada também nas aulas, preenchendo as páginas em branco com croquis de paisagens típicas da capital. Anos depois, em 2017, quando foi morar sozinho, decidiu fazer de uma parede desocupada do novo apartamento uma folha do caderno. No mesmo estilo e traço que colecionava no “álbum”, desenhou uma composição com dois clássicos da arquitetura brasiliense: um bloco de Superquadra e a Torre de TV.
O despretensioso mural ganhou repercussão a partir das visitas de amigos, que registravam e compartilhavam o desenho nas redes sociais. Os elogios e mensagens de “eu
também quero!” ou “quanto é?” se intensificaram até furar a bolha do círculo de colegas e familiares. Não demorou muito para que o arquiteto entendesse que o hobby, até então, tinha grande potencial para evoluir. De forma orgânica, assim aconteceu, e chegou no momento em que aquilo que Daniel fazia com prazer já poderia lhe sustentar profissionalmente. Era hora de romper o casulo.
“Reconhecer-me como artista foi o processo mais importante da minha vida até agora. Quando identifiquei que o meu traço era único e que o que eu fazia era arte, eu ‘borboletei’. Deixei de dar aulas e me dediquei a estudar muito mais e a expandir a técnica. Hoje, vivo de arte, estou seguro, e é isso o que eu quero”, expõe.
Desde então, o artista já se aventurou em aquarela, pintura acrílica, giz pastel, carvão, serigrafia e desenhos digitais. Como era de se esperar, os pedidos de croquis da monumental e moderna Brasília comandam a demanda do ateliê.
“Como brasiliense e arquiteto, tenho uma identificação muito forte com a cidade, então, sinto-me super confortável em representá-la. Está na raiz”, destaca.
Com sua arte já presente em muitos lares, espaços culturais, eventos, restaurantes, bares e empreendimentos pela capital, Daniel deseja potencializar ainda mais a sua expressão artística. “Brasília vai sempre estar no meu coração, mas quero me sentir apto para representar tudo que tem relação humana com espaço urbano e habitável. Quero voar para o mundo”, revela.
@danieljacare
Há décadas, Jaildo Marinho é um nome conhecido nas artes mundiais. Do abstracionismo multidimensional a formas geométricas em cores vibrantes, variações de sombras e luz, o artista francobrasileiro extraiu beleza na convergência da rigidez do Vale do São Francisco à efervescência parisiense
Por Edson Caldeira“Eu não tinha consciência do meu destino, mas desde cedo havia em mim uma necessidade de ser artista”. Com essa reflexão, Jaildo Marinho remonta sua jornada quando indagado sobre suas origens e o êxito profissional alcançado. A ironia do discurso reside na surpresa do acaso. Nascido em Santa Maria da Boa Vista, uma pequena cidade no sertão de Pernambuco, o escultor cultivou o amor pela arte. Com coragem, talento e seu jeito espontâneo, ele consolidou carreira em Paris, o berço dos grandes movimentos artísticos.
Embora sua biografia seja tão fascinante quanto suas criações, o deslumbre da capital francesa é pano de fundo para suas conquistas. O artista afirma que elementos de sua terra natal, a pequena comunidade do Vale do São Francisco, são os verdadeiros protagonistas de sua trajetória. “Na minha infância, o acesso à arte era praticamente inexistente. Lembro-me da minha avó, uma verdadeira artista aos meus olhos, transformando banhas de animais em sabão branco. Aquilo para mim já era uma obra de arte, uma escultura minimalista”.
Começava ali a visão embrionária do pequeno artista. Para ele, era mágico testemunhar as habilidades de uma tia em produzir balas e pirulitos a partir do melaço de açúcar, e observar o cuidado meticuloso durante o processo de embalar e vender o produto numa tábua de madeira toda furada. As feiras locais repletas de artesanato, os indígenas com suas cerâmicas, potes e utensílios de madeira, e as visitas às olarias para ver a fabricação de blocos e telhas, tudo isso contribuiu para a sua apreciação do trabalho manual e da arte.
No entanto, todas essas referências nostálgicas alinham-se ao conceito amargo e paradoxal do “vazio” do sertão, que vai além da cartografia. “Na lei da física, o vazio sempre está cheio. Mas quando falamos em sentimentos humanos, vazio é aquele momento de tristeza. Assim como fome, falta de cultura e miséria são “vazios”. Então, minha ideia foi pegar o conceito de vazio e transformar em arte. Nas minhas pinturas, a parede não é mais um suporte, mas sim parte integrante”, explica o artista ao exemplificar que seus quadros, quando colocados nas paredes, não se limitam a um espaço, mas sim a vibração da luz.
A partir do momento que foi para a escola, teve seu primeiro contato com artistas, desde
os mais famosos da Grécia antiga até mais contemporâneos, como Portinari, Di Cavalcanti, Belmiro de Almeida e Cícero Dias – com quem iria realizar o sonho de partilhar uma amizade no futuro. A inquietude na infância o fez descobrir o poder multiforme da argila e, aos 12 anos, já trabalhava em um Centro de Estudos de Gemas e Minerais, dirigido pelo governo de Pernambuco. Mas a clarividência acidental do pequeno garoto ganha contornos muito mais interessantes quando ele se recorda dos passeios em sua cidade à Serra do Cruzeiro. “Essa serra era uma grande montanha de ametista com túneis cheios de cristais. Quando eu recebi o convite para fazer a exposição no Museu de Arte Moderna do Rio, em 2017, o que veio na minha mente foi essa grande cristalização. Então, transformei a mostra num geodo de ametista, e ao mesmo tempo pude usar referências do passado e homenagear todas aquelas belezas naturais da minha infância”.
Na adolescência, Jaildo direcionou seu desenvolvimento artístico para o âmbito intelectual e conceitual. Aos 16 anos, ingressou no curso ministrado por João Batista Queiroz na Universidade Federal de Pernambuco, onde aprofundou seus conhecimentos em escultura por três anos, explorando técnicas de fundição e entalhe. Nessa jornada, as obras de Paul Cézanne exerceram uma influência marcante, especialmente suas representações de paisagens com uma abordagem moderna, rica em variações de tons, sombras e luz.
Além disso, em sua obra é perceptível a influência da escultura abstrata multidimensional da polonesa Katarzyna Kobro, assim como o uso inovador de formas geométricas e cores vibrantes de Sonia Delaunay. Jaildo ressalta também a importância de Sophie Taeuber: “Ela é, para mim, a artista mais significativa. Sua habilidade de adaptar-se tanto ao espaço emocional quanto ao físico é fascinante. Porque uma obra de arte, em sua essência, tem o propósito de enriquecer, embelezar e despertar sensibilidade”.
A satisfação na voz do artista é perceptível quando ele fala da época de transição do Brasil para a França. Longe de ser um arrivista, Jaildo confessa que o processo foi natural quando se instalou em Paris, em 1993, com apenas 22 anos de idade. “O sonho de todo artista é ir para Paris, onde se encontravam e se encontram os intelectuais. E eu nunca fui atrás de nada. O próprio trabalho foi abrindo portas de maneira espontânea
“Minha ideia foi pegar o conceito de vazio e transformar em arte”
e automática. Não foi um processo fácil, aprender a cultura, a língua, ir em busca dos movimentos que estão acontecendo, conhecer os colecionadores e outros artistas e se entrosar. Isso leva um certo tempo, mas fui bem acolhido por amigos e tive sorte”, confessa.
Seja sorte ou destino, a chegada a Paris o aproximou de um de seus ídolos, o artista Cícero Dias. A partir daí, entrou em círculos de amizades com grandes críticos, pensadores e filósofos. Nesse meio tempo, aprendeu o Joi de vivre francês na companhia do venezuelano Jesús Rafael Soto, um dos precursores da arte cinética, e construiu um elo de amizade com o famoso poeta Lêdo Ivo, que o convidou para fazer uma exposição na Academia Brasileira de Letras.
Desde os anos 2000, Jaildo Marinho é um nome conhecido no meio artístico. Suas conquistas incluem instalações no Palais de La Porte Dorée e Palais Omnisports de Paris-Bercy e diversas exposições em galerias como Galerie Nery Marino, Meyer Zafra, sendo agora representado pela Galerie Denise René.
Apesar de compor diversas obras e esculturas de arte, o artista franco-brasileiro garante que sua favorita está em Brasília. Em 2023, em comemoração aos 130 anos do Tribunal de Contas da União, ele inaugurou a escultura Jangada Brasil, atualmente instalada no jardim do Instituto Serzedello Corrêa (ISC), a escola superior do TCU. “Minha ideia foi fazer a jangada como símbolo brasileiro, porque três pescadores saíram de Fortaleza e fizeram 2.700 quilômetros para falar com o presidente da época para reivindicar seus direitos
trabalhistas. Eu acho que isso tem um peso imenso na nossa história e na nossa constituição”, sintetiza.
Sobre o futuro, Jaildo é paradoxal em dizer que o tempo corre muito rápido para o número de objetivos que deseja atingir. Atualmente, produz um projeto com o Museu do Louvre, mas confessa, em tom leve e tranquilo, que se tem uma coisa que o menino do interior do Pernambuco que se alimentava com suas próprias lágrimas sabe fazer é ter paciência. “As coisas foram acontecendo, pouco a pouco. Tudo é um conjunto. Quando você está concentrado no seu trabalho, fazendo a sua pesquisa, o mundo vai se abrindo para você. E a partir daí, você vai lembrando do seu mundinho de antes, e que o seu mundinho te dava uma fonte inesgotável de inspirações e de ideias”. @jaildomarinho_art
o frio não pode te para r. FLAYBRAND.COM.BR
Goiânia, Brasília, mundo. Aos 32 anos, o DJ e produtor musical Alok Petrillo usou a referência dos pais para mergulhar na cena eletrônica e chegar ao topo do sucesso musical. Com fé em Deus, amor à arte e dedicação à família, ele busca como missão a valorização dos povos originários e a minimização dos males cometidos pelo homem ao Planeta Terra
“Muitas histórias e memórias da minha vida têm Brasília como cenário”
Por Caio Barbieri
Um dos artistas mais expressivos no Brasil e do mundo, Alok é unanimidade pelo talento e a capacidade quase que natural de mobilizar milhares de pessoas em suas performances futuristas por todos os continentes. O DJ e produtor hipnotiza o público com seu som performático e com sua alma alumiada.
Atração especial da celebração de aniversário da capital deste ano em uma apresentação gratuita na Esplanada dos Ministérios, Alok falou da sua conexão com a cidade em entrevista à revista GPS|Brasília: “Acho que posso me considerar brasiliense”. Nascido em Goiânia, criado em Brasília e vivendo no mundo, Alok Achkar Peres Petrillo é considerado o melhor DJ latino-americano e o 4º no mundo, segundo a revista britânica DJ Mag, principal ranking da cena eletrônica.
Com 32 anos e rotina de mega star – com viagem neste semestre para maratona de shows na Europa e nos Estados Unidos, além de um tour na Ásia –, o brasileiro tenta conciliar a agenda de espetáculos com as responsabilidades de marido, pai e filho. “Criei um dinamismo de não passar muito tempo longe da minha família. Se estou fora, fazemos videochamada todos os dias. Se estou em casa, levo à escola, almoçamos juntos. Quando posso, os levo comigo. Eu me faço presente”, revela. “Com meus pais, combinamos no ano passado de passar todo verão europeu juntos, para nos divertirmos e desconectarmos. Pretendemos cumprir essa promessa. Isso me traz mais equilíbrio”, completa.
Seus números nos canais digitais impressionam: são 28,6 milhões de seguidores no Instagram, 13,8 milhões no Tik Tok, 6,6 milhões no YouTube e, no Spotify, são 22,6 milhões de ouvintes mensais e 5 bilhões de streamings. Recentemente, lançou o álbum O Futuro É Ancestral ao lado de oito etnias indígenas brasileiras. Além dos palcos, os próximos passos incluem também atividades via Instituto Alok. “Para 2025, temos um projeto muito especial, que será anunciado em breve”, adiantou.
Durante a entrevista, Alok lembrou da sua formação musical, falou sobre a percepção em torno da fé e comentou sobre a decisão de usar a própria visibilidade para dar notoriedade a bandeiras, pautas e novos talentos do País. É nessa dualidade entre a grandiosidade dos palcos internacionais e a simplicidade do lar que Alok se consagra não apenas como um ícone da música eletrônica, mas da conexão humana.
Como é a sua relação com Brasília, cidade onde muitos ainda acreditam ser sua terra natal? O que ela representa para você como artista?
Acho que posso me considerar brasiliense. Fiquei até os cinco anos de idade e depois voltei aos 12. Foi onde cresci, estudei, comecei a faculdade de Relações Internacionais e dei os primeiros passos mais largos como artista da cena eletrônica.
Novo álbum tem parceria com mais de 60 músicos indígenas
“O Futuro é Ancestral é um movimento para reflorestar o imaginário da nossa sociedade e sua percepção em relação aos povos indígenas”
Muitas histórias e memórias da minha vida têm Brasília como cenário. Parte da família mora na capital, é um lugar a que sempre retorno de alguma forma e que me conecta a “um eu” da época em que ainda tinha dúvidas sobre o que era ser DJ, qual profissão seguir, ir para a diplomacia ou para a música. E, agora, com o passar dos anos, venho a Brasília com isso definido e convidado para tocar no aniversário da cidade, em um dos lugares mais emblemáticos e simbólicos do País.
Sua família tem forte ligação com a música, seu pai e sua mãe também são nomes importantes na cena eletrônica. Como foi crescer em um ambiente tão musical e como isso influenciou sua carreira até chegar a ser o maior DJ do mundo?
Minha maior inspiração na cena eletrônica são meus pais. A gente os tem, às vezes inconscientemente, como referência e acaba herdando algumas habilidades e gostos. Tentei ir para outros caminhos, mas a música acabou prevalecendo. Aprendo diariamente com eles, então, o que eu sei hoje é graças aos ensinamentos deles, tanto como profissional e também como ser humano. Depois que me tornei pai, me reconectei com eles de uma outra maneira. Um dos meus primeiros contatos com a música foi na Europa, quando minha mãe trabalhava e eu e meu irmão não tínhamos com quem ficar. Íamos trabalhar com ela e ficávamos ouvindo música eletrônica. Desde criança a música sempre esteve comigo aonde eu fosse.
Seu irmão, Bhaskar, também é DJ e vocês já se apresentaram juntos. Como é trabalhar em parceria com ele?
O começo da minha carreira foi com o Bhaskar. Juntos, tivemos o projeto Lógica, focado em trance music, um som mais pesado do que aquele que faço hoje. Nós somos gêmeos e começamos nossas carreiras tocando juntos aos 12 anos de idade, fazendo remix. Aos 14, já tínhamos contrato e cachê para as nossas apresentações. Mais tarde, decidimos seguir separadamente, porque desenvolvemos outras estratégias artísticas, mas isso não significa que rompemos de vez.
Ainda hoje tocamos juntos. Por exemplo, na última edição do Universo Paralello, em janeiro deste ano, fizemos uma apresentação como Lógica. Eu sou um grande fã do meu irmão. Nossa parceria musical permanece, está no DNA.
Temos visto que nas suas últimas apresentações, além de toda a tecnologia envolvida, os seus conteúdos nas redes sociais são cinematográficos. Qual a importância dos canais digitais hoje nos seus projetos?
A tecnologia sempre é uma peça-chave das minhas apresentações, é uma ferramenta que tenho para me expressar artisticamente. Eu não canto nem danço, então, uso os aparatos tecnológicos para construir e passar a narrativa do show, fazer com que o público se conecte pela música, mas também por outros sentidos que são despertados. As redes sociais são plataformas importantes para eu dialogar com o público e também como meio de divulgação dos projetos e trabalhos, fazem parte da estratégia de comunicação. Eu tenho uma equipe criativa que me ajuda a elaborar os conteúdos e buscar por novas linguagens e maneiras de inovar, mas é uma preocupação muito mais no sentido de ter um canal que esteja integrado aos direcionamentos artísticos, do que viralizar ou seguir alguma trend. Se acontecer, ótimo, mas não é uma obrigação. Um exemplo foi a música Liberdade Quando o Grave Bate Forte, que quando saiu não aconteceu nada com ela por quatro meses. Daí uma garota fez uma trend com coreografia no Tik Tok e a música cresceu em uma semana mais de 1.000% nas plataformas de streaming.
Quais são os artistas que mais inspiram você e sua música? Quais são as influências que você busca transmitir em suas produções e apresentações?
Meus pais sempre me inspiraram, tanto que segui a profissão deles. Acho que eles me deram uma percepção do que é o trabalho de produtor musical, os bônus e ônus. Mas ao longo da minha trajetória profissional fui tendo contato com outros artistas, expandindo os conhecimentos e somando outras inspirações. A diversidade regional brasileira é algo inspirador para mim, por isso busco diálogo com vários gêneros musicais, eu toco desde festivais eletrônicos como o Tomorrowland até São João ou em eventos como este de Brasília, para uma multidão. Então, preciso saber me adaptar a cada nova situação, mas sem perder a essência que me constitui como artista. Hoje, os indígenas são fonte de aprendizado para mim.
Como você lida com a responsabilidade de ser uma figura pública e ter a atenção de tantos fãs e seguidores, seja no Brasil ou no mundo? Como você procura inspirar e transmitir mensagens positivas por meio da sua música e das suas redes sociais?
É, sem dúvidas, uma responsabilidade, mas aprendi a entendê-la e aceitá-la. Hoje, jogo isso a meu favor, ou melhor, a favor das coisas que acredito. Uso a minha imagem pública como plataforma para maximizar os projetos a que me associo, porque nunca é apenas uma mera postagem, mas como isso vai reverberar. Minha equipe e eu sempre temos a preocupação de: “será que tal coisa vai gerar algum tipo de desconforto em alguém?”. Se sim, a gente elabora um outro caminho. Os números de seguidores só fazem sentido se for assim. Tem músicas que são feitas para animar, agitar uma pista de dança, aumentar a energia, a vibração, para a gente se divertir. Tem outras (músicas) que quero passar mensagem de amor, de superação, de acolhimento, muitas vezes inspiradas em episódios da minha vida ou de pessoas próximas a mim.
Sua dedicação às causas sociais também é bem conhecida. Atualmente, qual projeto é um dos mais importantes na sua avaliação?
A criação do Instituto Alok vem no sentido de pensar de forma mais estratégica as ações e projetos com que nos envolvemos. A maior parte deles é de médio a longo prazo, isso porque queremos criar uma rede solidária e promover mudanças significativas nas pessoas assistidas pelos projetos. Ou seja, aqueles que hoje recebem algum tipo de auxílio, futuramente poderão ser aqueles que promoverão o auxílio. Atualmente, tenho o O Futuro é Ancestral junto a oito etnias indígenas e todos os royalties serão doados a eles. Quando procuramos soluções para a questão climática, a única certeza que tenho é de que precisamos ouvir o que a natureza tem a dizer, nos reconectarmos com a floresta, com a sabedoria milenar. O Futuro é Ancestral não é somente um projeto musical, ele é um movimento para reflorestar o imaginário da nossa sociedade e sua percepção em relação aos povos indígenas e à importância de sua presença em múltiplos territórios.
Sua carreira também é marcada por dar visibilidade, por meio de parcerias, a artistas pouco conhecidos pelo público, mas com grande talento, como foi o caso do cantor Zeeba. Em um ambiente com tanta vaidade, como é usar seu espaço de sucesso para dar voz a novos ídolos?
Tenho exemplos recentes disso. Este ano, lancei Scatman (Aumenta o Som) com o cantor Pedrinha Moraes. A música é um piseiro sampleado que mantém o refrão “Pi Po Po Po Ro Po” e atingiu o primeiro lugar da playlist de virais globais do Spotify. Passei todos os meus direitos autorais para o Pedrinha, já que a música é uma arte dele, eu só dei o meu toque final. Recentemente, viralizou nas redes sociais o Naldinho dos Teclados cantando e tocando Hear Me Now. Nos encontramos no Domingão com Huck e o convidei para participar do show em Brasília. Eu sempre olho para o talento do artista e a conexão que ele tem com a música. Para mim, se a pessoa é conhecida ou não, não faz diferença, o importante é ter paixão pelo que faz. Acredito que a colaboração e o apoio mútuo dos artistas são essenciais no mundo da música. E cada dia mais acredito em parcerias, em trazer diversidade para os palcos. Isso enriquece o meu repertório, faz o meu som chegar a mais pessoas, mais lugares.
Quais são os desafios de se manter relevante e inovador na cena da música eletrônica, que está sempre em constante evolução? Como você busca se reinventar e surpreender o seu público?
Eu me desafio constantemente a buscar maneiras diferentes de me conectar com o público. Não porque quero ser o primeiro a fazer tal coisa, mas porque sou uma pessoa curiosa e tenho uma equipe atenta e interessada por novidades. A
O novo projeto do artista está sendo divulgado em todo o mundo
“Eu toco desde festivais eletrônicos, como o Tomorrowland, até São João”
tecnologia é uma aliada nas minhas apresentações, é uma ferramenta que possibilita um diálogo com o público e me ajuda a contar a narrativa que busco para determinados momentos do show. Já disse algumas vezes que sou um espírito livre e gosto desta definição, no sentido de que não vou ficar preso a um gênero musical ou uma tendência. Onde a arte me chamar, eu vou. O Brasil é geograficamente imenso, com uma diversidade cultural absurda, eu sou um artista que tenho a chance de tocar de Norte a Sul do País e preciso modular isso por onde passo, preciso entender quem é o meu público daquele lugar, o que posso agregar para a melhor experiência dele naquelas horas que vamos passar juntos. Se as pessoas saírem dos meus shows mais contentes, mais leves e felizes do que quando chegaram, meu objetivo foi cumprido.
Sua fé ajuda a enfrentar as dificuldades? Como é sua relação com o espiritual?
Eu sou muito apegado a Deus e minha fé desempenha um papel fundamental em minha vida, porque me ajuda a enfrentar desafios e encontrar significado e força nos momentos difíceis. Minha relação com o espiritual é pessoal e me traz conforto, inspiração e orientação.
Foto: Livi SáNa Bienal de Veneza, artistas e comunidades narram uma história da resistência indígena no Brasil, a força do corpo presente, a resiliência e as retomadas, bem como as urgências climáticas e o diálogo com novas gerações
O Pavilhão Hãhãwpuá emerge como um símbolo poderoso na 60ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia, representando a profunda conexão dos povos originários no Brasil pós-colônia. Sob a curadoria de Arissana Pataxó, Denilson Baniwa e Gustavo Caboco Wapichana, a exposição Ka’a Pûera: nós somos pássaros que andam marca uma virada histórica, oferecendo uma voz inédita aos povos indígenas brasileiros no palco da Bienal de Veneza, com obras e curadores indígenas.
Explorando temas como marginalização, desterritorialização e violação de direitos, as obras dos artistas Glicéria
Tupinambá – com a Comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro e Olivença, na Bahia –, Olinda Tupinambá e Ziel Karapotó desvelam narrativas de resistência e a interconexão essencial entre humanidade, pássaros, memória e natureza.
“A mostra reúne a Comunidade Tupinambá e artistas pertencentes a povos do litoral – os primeiros a serem transformados em estrangeiros no seu próprio Hãhãw (território ancestral) –, a fim de expressar outra perspectiva sobre o amplo local onde vivem mais de trezentos povos indígenas (Hãhãwpuá). O Pavilhão Hãhãwpuá narra uma história da resistência indígena no Brasil, a força do corpo presente nas retomadas de território e as adaptações frente às urgências climáticas”, afirmam os curadores.
Foto: Ziel KarapotóO Pavilhão Hãhãwpuá emerge como um testemunho vivo da resiliência indígena no Brasil. Na instalação Okará Assojaba , Glicéria Tupinambá colabora com sua comunidade para criar um manto coletivo, acompanhado por cartas enviadas aos museus detentores de artefatos tupinambás e outras partes de sua cultura. Em sua videoinstalação Dobra do Tempo Infinito, ela tece diálogos entre gerações por meio de sementes, terra, redes de pesca e jererés, em que as tramas das redes de pesca e a dos trajes tradicionais se conectam.
Olinda Tupinambá, por sua vez, confronta a relação destrutiva da civilização com o planeta em Equilíbrio, enquanto Ziel Karapotó mergulha na resistência indígena em Cardume, uma instalação que ecoa a luta histórica por territórios por meio de elementos simbólicos e sonoros, entre torés (cantos tradicionais do povo Karapotó) e sons de disparos de armas de fogo.
Este fascinante panorama estará em exibição no Pavilhão do Brasil ao longo da Bienal de Veneza, de 20 de abril a 24 de novembro de 2024, prometendo uma jornada reveladora por meio das narrativas e expressões dos povos originários do Brasil.
@bienalsaopaulo www.bienal.org.br
Foto: Maurício Requião Foto: Micaela Menezes Foto: DivulgaçãoGalerias de arte nacionais e internacionais, estúdios de design, editoras, instituições culturais e espaços independentes. A SP-Arte 2024 comemora vinte anos no Pavilhão da Bienal, celebrada por 32 mil visitantes e com presença de 190 expositores de várias partes do mundo
Esta edição reafirma a sua relevância e reputação no cenário internacional. Entre os aspectos positivos destacados pelos próprios expositores estão o alto nível dos trabalhos apresentados no evento e o perfil qualificado de compradores, muitos deles jovens bem informados e interessados em consumir arte e design.
Foram expostas verdadeiras raridades de artistas modernos, como Di Cavalcanti (Pinakotheke), Victor Brecheret (Paulo Kuczynski) e Ismael Nery (Fólio). Destaque para a presença de nomes internacionais como o italiano Lucio Fontana e o mexicano Gabriel Orozco (Almeida & Dale).
Jovens artistas também ganharam destaque na feira, como Froiid (Albuquerque Contemporânea), Diambe (Simões de Assis), Gustavo Diógenes (Leonardo Leal) e Tadáskía (FDAG). Um dos pontos altos foi a presença de debates e palestras com artistas no lounge do Iguatemi, um dos patrocinadores do evento.
“O saldo da feira foi positivo em todos os sentidos. O mais positivo é que dos negócios, 60% foram para novos clientes. Essa é uma resposta sensacional, pois é a construção de novas gerações de colecionadores, de novos mercados”, ressalta Fernanda Feitosa, idealizadora do encontro, que teve também na fachada uma instalação de 50 m² feita
com faixas em lã de 31.500 garrafas plásticas. O projeto foi assinado pelo Superlimão.
O maior desafio, no entanto, foi a questão da tributação incidente sobre a comercialização de obras de arte, em particular do ICMS e do imposto de importação. Reconhecidas no mundo todo como bens de caráter cultural, obras de arte são sujeitas a impostos que variam de 0 a 7%. No Brasil, o ICMS é de 18% e na importação a carga total alcança 58%. O alto valor incide tanto na importação de obras de artistas estrangeiros vindas do exterior quanto na repatriação de obras de nossos artistas.
@sp_arte
www.sp-arte.com
Circuito SP-Arte, que transita em torno da feira de nome homônimo, visita galerias de arte e design da capital paulistana e instiga movimentos artísticos a dialogar entre si sem fronteiras
No icônico edifício modernista projetado por Rino Leviy, o artista Allan Weber faz sua estreia solo na cidade de São Paulo com Allan Weber: Novo Balanço, fruto do desdobramento de sua pesquisa sobre lonas usadas nos bailes funks do Rio de Janeiro. Em Novo Balanço, Weber dá continuidade ao movimento que iniciou em sua primeira individual, Existe uma vida inteira que tu não conhece (2020), para ampliar os acessos ao seu lugar de origem, a sua comunidade, que é superfície central de suas referências, que inspiram e atravessam suas manobras estéticas.
Estudos cromáticos, materialidades, suportes e interseções com arquiteturas e espaços compõem a pesquisa de Allan, que caminha interessada em disputas sociais, geopolíticas e simbólicas. Assim, surgem interfaces das experimentações em pinturas expandidas, esculturas e instalações. “Weber, nascido e criado na favela 5 Bocas, no Rio de Janeiro, segue sacudindo esse panorama, na capilaridade de enxergar nesses espaços os conceitos, as manufaturas e seus códigos e tecnologias, perspectivas estas que incidem esteticamente no pensamento e na plasticidade de sua produção”, afirma Jean Carlos Azuos, autor do texto crítico da mostra.
No início de sua trajetória, Knopp Ferro fez experimentações buscando um material que pudesse se encaixar melhor com seu processo artístico. O fascínio pela maneira com que o calor e a soldagem criam ligações, deformações e fusões o aproximou rapidamente do metal. Levitating Colour, esculturas suspensas do cinético, apresenta obras inéditas, entre desenhos e os marcantes móbiles que desafiam a gravidade e orbitam levemente em movimento contínuo e provocam diferentes pontos de vista e sensações.
“Em contraste com o peso específico do ferro, busquei leveza com o material até a dissolução da gravidade diante do campo de visão. Isto está ligado à busca da redução, ao jogo com linhas, verticais e horizontais, e aos espaços resultantes. Com isso, novas perspectivas da escultura surgem constantemente, novos espaços são criados. Portanto, elas nunca estão concluídas, mas sempre em processo”, afirma o artista que também faz referência ao livro Obra Aberta, de Umberto Eco. Objet
Revelações luminosas: os relevos de Luis Tomasello, uma síntese de quase 40 anos, de 1976 a 2012, da produção criativa do pioneiro ao explorar relevos geométricos que refletem sobre os efeitos das cores e os fenômenos da luz. A exposição celebra o legado do argentino na arte cinética latina. Inspirado pelo princípio de Mondrian, que instigava a buscar o máximo com o mínimo, Tomasello desenvolveu seus Objet plastique e Atmosphère chromoplastique, invocando uma observação expandida da escultura como textura, escala e tridimensionalidade.
A experiência é completa quando o corpo de quem observa se locomove a ponto de perceber as cores e os volumes, pois há uma intenção de compartilhamento do movimento entre público e obra. Atualmente, as criações de Tomasello enriquecem diversas coleções notáveis, tanto públicas quanto privadas. “Este alquimista não procurou congelar a luz em metal precioso, mas exatamente o contrário: um objeto sólido e imóvel se dilata em luz e cor, estremece no espaço, palpita com o mesmo coração de quem o contempla”, afirma Júlio Cortáz, referência da literatura argentina, sobre a obra de Tomasello.
@dangaleria
@galatea
Uma ocupação numa residência projetada pelo artista e arquiteto Flávio de Carvalho (18991973). Em seu interior, arte contemporânea e design referentes aos 50 anos de carreira de Isay Weinfeld. Chamada de Funil, a mostra é o recente invento do espaço Casa SP-Arte, instalado nesta construção erguida nos anos 30, como a versão conceitual de moradia do futuro.
Em referência à criação do “novo morar” da época, Weinfeld entra e convida o público a pensar numa vivência dentro deste espaço a partir do resultado de uma vida inteira, refletida nas escolhas e na disposição das obras, dos móveis e dos tecidos. Uma interpretação particular diante de trabalhos carregados de simbolismo, memórias e relações afetivas.
Na mostra é possível conferir um sofá que Weinfeld desenhou especialmente para a ocasião, e que ocupará o espaço com artigos do mobiliário moderno brasileiro e obras de artistas como: Mira Schendel, Fernanda Gomes, Sergio Camargo, Nino Cais, Lucas Arruda, Efrain Almeida, Bruno Baptistelli, entre outros. Tudo sempre embalado tanto por contextos pessoais quanto universais.
@casa_sparte
O arquiteto Isay Weinfeld adentra a casa do futuro dos anos 30 projetada pelo artista Flávio de Carvalho e a transforma num espaço de vivência compartilhada em seus cinquenta anos de carreira
Pouso (Isaque), por Efrain Almeida (2022) Droguinhas (Little Nothings), por Mira Schendel (1965/66) Sem título (#448), por Sergio Camargo (1979) Pássaro pancada (Oiseau marteau) e Patinho, por Julio Villiani (2020) Garatuja, por Guga Szabzon (2020)Negligenciados pelo mercado da época, as obras do casal Elza e Gerson são resgatadas após cinco décadas. A identidade da dupla ficou marcada pela essência da brasilidade e as profundas raízes do cotidiano
Por Paula SantanaElza era dotada de sensibilidade lírica. Gerson tinha a habilidade de retratar a nudez humana. Elza e Gerson, um casal que se complementava em vida e obra. Enquanto Gerson percorria as ruas da Lapa capturando o olhar das pessoas, Elza adicionava uma camada de sutileza às suas criações. Juntos, faziam-se notáveis em criar uma conexão direta com o espectador.
Oriundos de Pernambuco, ao se estabelecerem no Rio de Janeiro, em 1946, encontraram inspiração para retratar a boemia carioca e a vida cotidiana da cidade. Por meio da pintura e cores vibrantes, surgiram cenas de Carnaval e figuras religiosas; além de composições de tom onírico e surreal. Em 1959, Gerson já estava inserido em mostras importantes, como a 5ª Bienal de São Paulo. Elza, por sua vez, desenvolvia sua produção após estudar com Ivan Serpa no MAM Rio entre 1962 e 1963.
Cinco décadas após a última exposição conjunta realizada no Rio de Janeiro, em 1970, Elza & Gerson: cada indivíduo é um universo retoma o diálogo da produção do casal e pega emprestada a frase que Gerson gravava no verso de suas pinturas, que dá, agora, o fio da abordagem curatorial, voltada às múltiplas e diversas formas de existir, narradas no trabalho dos dois em um conjunto de 42 obras produzidas entre 1950 e 1990.
Com texto crítico de Luiz Fernando Pontes e Tomás Toledo, a mostra se alinha com o reposicionamento histórico da galeria Galatea. “A complementaridade do trabalho dos dois sempre existiu, sobretudo, pela centralidade da figura humana. Esse foi o grande molde da vida dos dois, que não eram pintores de paisagem, tampouco retratistas, eram pessoas que criavam seus personagens observando, pesquisando e sentindo a realidade”, afirma o pesquisador e colecionador Luiz Fernando Pontes.
Atualmente, o trabalho de Elza integra o acervo de instituições como o MAM Rio e o MASP. Em 2007, Gerson realizou sua última individual na vida, uma grande retrospectiva no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro. Seu trabalho integra coleções como a do Musée d’ Art Naïf et d’Arts Singuliers, em Laval, na França.
@galatea
A travesti Foto: Rafael Salim Elza e Gerson Sem título (1967) Sem título Foto: Rafael Salim Foto: Ding Musa“O bom design é autoexplicativo”, costuma dizer o designer Jader Almeida. Avesso a retóricas decoradas, o arquiteto de formação mantém-se leal aos princípios filosóficos da escola Bauhaus e apresenta uma seleção de produtos icônicos, fruto de suas últimas décadas de atuação. Pela primeira vez na SP-Arte, sua exposição expressa em linhas finas e estética refinada.
Com abordagem humanística ao design, Jader Almeida sugere a interseção com a arte e se inspira no legado do modernismo brasileiro ao selecionar objetos que capturam a combinação dinâmica de leveza e robustez. Entre suas características, a sensibilidade em explorar formas, a elegância dos detalhes e a virtude da artesania. Ao total, são mais de 1,2 mil produtos lançados ao longo de sua trajetória. O que lhe rendeu cerca de 120 premiações no Brasil e mundo afora.
@jaderalmeida.official www.jaderalmeida.com
Santídio Pereira tem uma trajetória permeada pela experimentação e estudo constante impulsionado pelo desejo de criação e inovação de padrões pré-estabelecidos. O jovem talento desponta a partir de sua vivência diversa e imersa do bioma brasileiro
Obras muitas vezes maiores que o corpo humano. Obras que precisam de respiro, de espaço, de fluidez. Santídio Pereira, um artista original do Piauí, manifesta desde cedo sua vontade de imaginar a natureza. De mudança para São Paulo, aos oito anos, entrou em contato com uma imensa variedade de técnicas artísticas. Suas passagens pelo Instituto Acaia e Xiloceasa lhe fizeram chegar à graduação em Artes Visuais pela Fundação Armando Álvares Penteado.
Atualmente, aos 28 anos, o jovem talento desponta no MAM com Paisagens Férteis, sob curadoria de Cauê Alves, curador-chefe do museu. Com uma trajetória profícua em instituições brasileiras e mundo afora, a sua pesquisa se dá em torno das imagens de biomas brasileiros, da Amazônia à Mata Atlântica, passando por parte de suas vivências. Gravuras, objetos
e pinturas trazem imagens de paisagens montanhosas e de plantas como bromélias e mandacarus.
Ele conta com experiências imersivas nos biomas brasileiros, observando a geografia e a vegetação com atenção. “Sua história de vida é uma exceção, e a visibilidade que seu trabalho alcançou é atípica no meio da arte. Ele soube relacionar sua liberdade com aquilo que era, de fato, necessário para ele, apostando na invenção, mas sem renunciar ao trabalho ou abandonar suas origens”, interpreta Cauê.
Conhecido inicialmente por sua obra com xilogravura, Santídio começou a se dedicar também à pintura com guache e à feitura de objetos nos últimos anos. “São trabalhos relativamente menores que as xilogravuras, mas levam para um lugar completamente distinto. Não pelo tema, mas pela materialidade”, explica, ressaltando a presença de sua arte em instituições brasileiras e internacionais, além de coleções e acervos importantes.
@mamsaopaulo
Por Marina Adorno
Fotos Rayra Paiva
“Elzinha aqui está se sentindo uma rainha”. Foi assim que a cantora Elza Soares se descreveu por meio de um post no Instagram em 22 de fevereiro de 2019. Na ocasião, ela usava um adereço de cabeça dourado minuciosamente bordado pelo brasiliense Phil Moretzsohn.
Nascido na capital federal, viveu a infância no Rio de Janeiro, a adolescência em Brasília e, aos 16, voltou à Cidade Maravilhosa para estudar na escola de Belas-Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Ele costura, esculpe, pinta. Faz visagismo, cenografia e direção de arte. O multiartista Phil Moretzsohn transita entre os palcos estrelados e o anonimato de seu ateliê em Brasília, arquitetando seu surrealismo latente
(UFRJ). A trajetória profissional de Phil é como um quebra-cabeça, o audiovisual foi a primeira peça. “Mostrei meu trabalho para uma renomada figurinista, ela se impressionou, me reconheceu como estilista e me indicou para a primeira peça de teatro”.
No entanto, a relação com a moda teve início ainda na infância. A avó paterna costurava, e bastava ela se ausentar para o curioso Phil se aventurar na máquina de costura, que hoje se tornou a fiel escudeira de trabalho. Apesar da postura inicialmente relutante em passar o ofício para o único neto homem, a avó foi uma mentora importante.
“Tenho uma essência de chapeleiro maluco. Sinto que vou atingir o ápice da minha carreira quando atingir o ápice da minha loucura”
“Meu primeiro figurino foi para uma peça que falava sobre a abolição dos escravos, em que eles eram retratados como monumentos de pedra que ganhavam vida. Fiz todo à mão em moulage [técnica que consiste em construir a roupa no corpo do modelo] e utilizei um tecido plástico prateado”. A diretora e bailarina Regina Miranda não acreditou quando soube da utilização da técnica. “Eu não sabia que eu estava fazendo uma coisa tão grandiosa, eu fiz no corpo porque era mais fácil”, reconhece.
Esse trabalho trouxe um grande reconhecimento e diferenciou Phil no mercado como profissional que não
Fotos: Acervo pessoal
somente desenha, mas executa as próprias criações, mesmo sem uma graduação formal em moda. “Me tornei um criador megalomaníaco que faz coisas diferentes”, destaca. A partir disso, o currículo passou a acumular trabalhos e nomes de peso, como Paulo Gustavo, Elza Soares, Xuxa, Iza, Clarice Falcão, Gloria Groove, Fernanda Souza, Fabiana Karla e algumas das Angels da Victoria’s Secret no Carnaval do Rio de Janeiro. Apesar da vocação, a mãe dizia que ele passaria fome. “Enquanto artista, como vou eu saber que fui promovido no trabalho? Quando associo meu nome às pessoas que admiro”, comemora. Aos poucos ele conquistou o respeito e reconhecimento da família. E hoje, aos 35 anos, transborda ao ouvir a mãe falar que tem um filho artista.
“Sou muito lúdico, muito criativo. Tenho déficit de atenção e sou bem doido, sou artista literal mesmo, aquele maluco. O que é genial para quem trabalha com criação. Ter essa loucura é incrível e me diferencia no meio”, observa.
Botticelli, Michelangelo, Alexander McQueen, John Galliano, Thierry Mugler e Tim Burton ocupam postos notáveis dentro da sua cabeça acelerada. “Eles criam coisas que tornam difícil inovar. Eu os uso como referência e me desafio constantemente a criar coisas completamente inéditas para também me colocar nesse lugar, mas é impossível”, constata.
Ele se reconhece como um artista surrealista, mas o mercado acaba limitando as concepções loucas que saem da sua cabeça. “Tenho uma essência de chapeleiro maluco. Sinto que vou atingir o ápice da minha carreira quando atingir o ápice da minha loucura”, reflete.
“Quem entra no ateliê fala: Phil, é como entrar na sua cabeça. É uma confusão que dá certo, mas é uma confusão”. Entre idas e vindas, Brasília continua sendo o seu porto seguro, onde está o seu refúgio criativo. O espaço é repleto de bonecos esculpidos à mão, telas, figurinos e Barbies com looks de Alta-Costura, que retratam a beleza do caos criativo que ocupa a mente inquieta de Moretzsohn.
Dentre a lista de clientes que prestigiam o trabalho do conterrâneo estão Adriana Samartini, Duda Portella Amorim, Adriana Chaves e Paula Santana. “Ele é artista de todas as formas. O que eu mais admiro é a complexidade do trabalho dele”, enaltece Adriana Chaves. “Expliquei o que eu queria e em dois dias ele me entregou exatamente o que pedi. Ele tem uma sensibilidade única”, afirma Adriana Samartini, sobre a cabeça dourada para sua estreia no Carnaval de Salvador 2024.
Phil se declara completamente apaixonado pelo que faz, e garante que não saberia viver de outra coisa que não seja a arte. “Não criar me enferruja, me deixa triste e é por isso que eu costuro, esculpo, pinto, trabalho com visagismo, com cenografia, com direção de arte e estou sempre criando. Posso não ser um bom marketeiro, um bom financeiro para a minha empresa, mas na criação eu sou excelente”. E finaliza: “não quero me tornar popular, quero ser objeto de desejo. Quero a minha arte reconhecida, mas não faço questão de ser conhecido”.
@philmoretzsohn
Um dos mais profícuos e talentosos estilistas brasileiros ganha exposição no retrato de um artista que exprimiu a influência de seu DNA judaico. Sempre em diálogo com outras perspectivas e identidades, subverteu o olhar da moda nacional das últimas décadas
De volta à origem. Alexandre Herchcovitch celebra trinta anos de carreira e mergulha em seu próprio baú, repleto de histórias, criações e pirações que marcaram o final do século 20, bem como transgrediram o mainstream da nova era. As tribulações em meio à carreira, proporcionadas pelas volatilidades do fashion business, foram convertidas em introspecção seguida de eclosão criativa que não cessa de impactar a moda nacional.
Este universo único, multifacetado e subversivo está distribuído nos espaços expositivos do Museu Judaico de São Paulo. Mais do que ter acesso a um acervo de roupas, sapatos, bolsas, chapéus, fotos e vídeos exclusivos de desfiles, o público poderá conhecer mais sobre a trajetória e o processo criativo do filho de imigrantes judeus de segunda geração que deu seus primeiros passos como estilista ao aprender com sua mãe Regina Herchcovitch, dona de uma confecção de lingeries na época, a costurar e logo pôs suas ideias em prática ao criar roupas para ela.
Foto: Gustavo Scatena/Agência Fotosite
Foto: Marcelo Soubhia/Agência Fotosite
Fotos: Marcelo Soubhia/Agência Fotosite
“Estou bastante feliz em poder mostrar parte do meu acervo e de minhas ideias ao grande público. Sempre sonhei com este momento”, diz Alexandre. A curadoria de Maurício Ianês reconta os anos de trabalho árduo, criativo e impecável de Herchcovitch, que o levaram para as principais semanas de moda de São Paulo, Rio de Janeiro, Londres, Paris e Nova York; e a vestir personalidades como a estrela islandesa Björk e a atriz estadunidense Scarlett Johansson, além de grandes modelos, como Gisele Bündchen, Caroline Ribeiro e Fernanda Tavares, ícones da moda internacional nos anos 1990 e 2000.
Já no fim da adolescência, desenhou uma cavei ra, que, junto da sua assinatura, tornou-se a sua primeira logomarca, em 1986. Inspirada em imagens de livros de anatomia, foi também a sua primeira estampa, um símbolo da sua produção que é utilizado – e desejado – até os dias de hoje. Aluno do curso de moda na Faculdade Santa Marcelina, Alexandre fez da moda uma ferramenta de questionamento dos padrões de gênero e de representatividade ao colocar abaixo com sua força criativa os preconceitos e limites de um mercado exclusivo, reconstruindo um sistema desde as suas bases a partir de um olhar queer.
Esse universo criado pelo estilista, fica eviden te na instalação criada pelo Estúdio Campo que ocupa todas as paredes da galeria em um grande papel de parede. São dezenas de foto grafias de família, desfiles, bastidores e editoriais, que servem como fundo para 30 pequenos mo nitores que apresentam os desfiles das coleções.
Dias de Oliveira
Foto: Otávio
Foto: Agência Fotosite
Foto: Pisco del Gaiso/Agência Fotosite
A efervescente noite paulistana o aproximou de drag queens, travestis, transexuais e de toda a multiplicidade de personagens que compunham a cena da música eletrônica desse período. “Este olhar nunca deixou de levar em conta as vivências de Herchcovitch como judeu, mas abrange também suas outras vivências, sociais e políticas, de forma intensa”, afirma Ianês, relembrando também a inclusão de indígenas, negros, asiáticos e marginalizados pela normatividade hegemônica. O curador completa: “essas parcerias e universos marginais foram centrais para Herchcovitch, e essa exposição é uma celebração desse caleidoscópio mutante que é a cabeça do criador”.
Nos bastidores da carreira estrelada, o estilista nunca deixou de prezar por sua família, seu círculo de amigos e sua origem judaica. Alexandre Herchcovitch: 30 anos além da moda também aborda como a estética das mulheres judias religiosas, sempre com um pé nas comunidades alternativas que o receberam quando era jovem: os punks, góticos, ravers. O Museu Judaico de São Paulo cultiva e apresenta a diversidade das expressões de sua cultura, dedicando-se à defesa dos direitos humanos e ao combate ao antissemitismo e a todas as formas de preconceito. Fruto de uma mobilização da sociedade civil, o MUJ foi inaugurado em 2021.
@alexandreherchcovitch
@museujudaicosp
Com a proposta de oferecer logo no primeiro contato sensações de bem-estar, acolhimento e evolução, acaba de ser inaugurada em Brasília a primeira academia com o conceito “seis estrelas” do Brasil: a Six Sport Life Tratase de um espaço ultra premium concebido para os que buscam o equilíbrio entre corpo e mente aliado à alta performance. Os sócios do luxuoso empreendimento não somente investiram em tecnologia de ponta, como também criaram com riqueza de detalhes programas diferenciados e um ambiente “all inclusive, all exclusive”. Todos os mimos e serviços oferecidos ficam à disposição dos membros, que não pagam nada além da mensalidade para usufruir, bem como uma lista gigante de benefícios: manobristas, chapelaria com serviços de passadoria, Dj’s, fones de ouvido esterilizados, vestuários com manicure, cabeleireira, sauna, banheiras de crioterapia individualizadas para homens e mulheres, amenities especiais tais quais em hotelaria: toalhas, cosméticos e produtos de higiene. Também encontram buffet de snacks, frutas e comidinhas saudáveis, variedade de bebidas para proporcionar melhor performance e saúde, como: isotônicos, whey protein, água de côco, águas gaseificadas, drinks de colágeno, diferentes tipos de cafés, como Ultra coffee, vinhos e champanhes para confraternização nos finais de semana nas terrazas da academia. Um verdadeiro clube de relacionamento. Todos os profissionais envolvidos no projeto foram incansavelmente treinados para proporcionar ao privilegiado grupo dos 500 membros (mesmo com capacidade física maior, limitaram nesse número a quantidade de matrículas), uma verdadeira experiência high-end no mercado fitness. Se você preza por boas relações, exclusividade e adora ser “mimado”, esse é o lugar!
@sixsport.life
Do desenho à execução, é impossível não se encantar pela história e delicadeza de cada joia desenvolvida pela grife MOI TOI. De Brasília para o mundo, a marca de Renata e Gilberto Bolognani se diferencia por carregar uma simbologia única em cada peça, com significados que renovam a fé e trazem esperança. “É uma forma de utilizarmos o design contemporâneo de nossas criações para levar mensagens do bem para o bem, de Deus para todos”, revela o casal, contando sobre o lindo propósito da Moi Toi. Um dos exemplos, em meio a uma infinidade de peças icônicas, versáteis e atemporais, é o brinco Noite Estrelada – chapas de Ônix lapidadas cuidadosamente e envoltas numa estrutura de ouro amarelo com esmeraldas cravadas sobre ela. Um brinco com um desenho inusitado para aquelas que buscam peças únicas que representam seu estilo próprio de ser. “O brinco Noite Estrelada diz que Deus conhece cada estrela do céu e as chama pelo seu nome, assim como nos conhece e nos oferece noites estreladas como um bálsamo nos dias difíceis”. Surpreendente e especial, não é mesmo?
@moitoi.com.br
Popular entre os influenciadores de moda e celebridades mais descolados mundo afora, incluindo modelos, atrizes, como Paris Hilton, Kourtney Kardashian e Gemma Lee Farrell, a marca americana de beach wear Montce, desde 2009 vem ganhando corpo e espaço em editoriais de estilo para publicações importantes. E o sucesso não é à toa: os entusiastas pela marca propagam com fartura a versatilidade dos modelos de biquínis, maiôs e roupas de praia, que permite que pessoas de diferentes idades, estilos e tipos de corpo encontre algo muito estiloso, feminino e de altíssima qualidade, que se adapte ao seu gosto e referências pessoais. Algumas de suas estampas e padronagens, como o vichy, o vintage floral e o light blue jeans, tornaram-se tendências e passaram a fazer parte das wish lists de figuras habitués nos balneários mais sofisticados nas últimas temporadas de verão. A fundadora e mente criativa por trás da marca, Alexandra Grief, colhe hoje os frutos do nome forte e marca sustentável que construiu. O e-commerce da marca faz delivery globalmente e sua loja física no Miami Design District, na Flórida, vai de vento em popa! Vale a pena conferir! www.montce.com
Numa das regiões mais charmosas de Londres, no coração de St. James Street, um espaço elegante e envolvente tornou-se refúgio cultural para os nativos e spot privilegiado para quem está de passagem e aprecia a arte do bom viver: a Maison Assouline. Verdadeiramente, lá é o lugar que não somente pode ser traduzido como uma livraria de luxo, mas um espaço descolado onde se pode encontrar gifts de design, títulos raros dedicados à moda, arte, arquitetura, fotografia e viagens, além de usufruir de experiências gastronômicas como o famoso chá inglês, ou ainda degustar drinks exclusivos cercado de gente interessante, muita opulência e “pitadas” contemporâneas de estilo. Estando por lá, a visita é obrigatória! www.maisonassouline.com
A empresa dinamarquesa Bang & Olufsen (B&O), que projeta os mais incríveis produtos de áudio e televisores high-end para o mercado de luxo, não se cansa de inovar. Vira e mexe ela lança algo disruptivo nessa área com design e qualidade diferenciadas – as mais perfeitas combinações entre formas e funções. Em parceria com o Studio SLAATTO, a B&O investiu na criação do Beosound Shape, um sistema de som wireless para ser montado em paredes com a finalidade de formar desenhos artísticos com módulos hexagonais que se encaixam perfeitamente. O melhor é que cada peça pode ser distribuída geometricamente de acordo com o gosto pessoal de cada cliente, especialmente no que se refere a cores e tamanhos, proporcionando uma experiência imersiva acústica e visuais surpreendentes. De tirar o fôlego!
www.bang-olufsen.com
Quando vi a fachada do Edifício Renata Sampaio Ferreira, senti uma familiaridade com a modernidade de Brasília, especialmente pelos elementos vazados, característica dos projetos do arquiteto Oswaldo Bratke. Construído nos idos da década de 1950, o edifício integra um seleto grupo de seis construções tombadas em 2012 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo, reconhecido por seu valor histórico e arquitetônico. Após passar por um retrofit, o Edifício Renata foi reinventado como um destino de hospedagem para quem deseja explorar a região. Durante a DW! Semana de Design de São Paulo, ele foi escolhido como uma das hospedagens oficiais do evento, ao oferecer uma experiência incomparável aos participantes em um ambiente que harmoniza com maestria passado e presente.
Marcella Oliveira @marcella_oliveiraÀ medida que visitamos uma cidade com mais frequência, exploramos lugares diferentes e encontramos encantos escondidos. Tem sido assim comigo em São Paulo e no Rio de Janeiro. É possível perder-se nas ruas estreitas e cheias de história do centro da capital paulista ou se deixar levar por um ritmo mais calmo do encontrado nas praias de Copacabana e Ipanema. É um olhar renovado sobre essas metrópoles pulsantes.
O renovo, conduzido pela Planta.Inc, foi executado em consonância com o tombamento. “O Edifício Renata é mais um passo nos planos da Planta de readequar edifícios subutilizados no centro. O prédio é um marco da região não somente por sua arquitetura única como também pela proximidade com a melhor oferta de serviços e infraestrutura da cidade. São justamente essas peculiaridades que exigiram que o Edifício Renata tivesse um complexo de hospitalidade acima do normal. Torná-lo um prédio que funciona
como hotel e também como residencial é fazer do local um endereço de trocas e de experiências entre novos moradores, hóspedes e frequentadores do centro”, explicou o CEO da Planta, Guil Blanche.
Um dos destaques desta transformação é a intervenção realizada na fachada, que criou varandas para as unidades e resgatou a beleza dos elementos vazados. Além disso, a piscina na esquina do edifício tornouse um ponto focal, proporcionando uma vista deslumbrante da paisagem urbana de São Paulo.
Com 93 unidades que variam de 25 m² a 284 m², as reservas são feitas pela operadora de hospedagem Tabas by Blueground. Em breve, serão inaugurados no térreo uma padaria, um restaurante e um bar, voltados para as movimentadas ruas que delimitam o lote – a Major Sertório e a Araújo. “Essa revitalização e proposta de ocupação é importante para requalificar um edifício que é patrimônio da cidade e adequá-lo ao novo momento do centro. E mostrar que é possível revitalizar a região por meio de parcerias bem-sucedidas entre a iniciativa privada e o poder público”, finaliza Blanche.
@renata.edificio
O caminho para o hotel não é a movimentada orla de Copacabana, mas, sim, as pitorescas ladeiras de Santa Teresa. Um cenário singular, onde os carros dividem as ruas com os emblemáticos bondinhos e onde a boemia se torna sinfonia. Com a promessa de uma das mais bonitas vistas da Cidade Maravilhosa, o Hotel Santa Teresa MGallery está localizado no alto de uma colina e longe do burburinho característico da cidade carioca. O acesso pelo jardim repleto de orquídeas e bromélias revelou um ambiente distinto. Nenhum traço de grandiosidade arquitetônica ou modernidade excessiva se fazia presente. Ali, um casarão encantador teve sua história preservada e, mesmo após uma cuidadosa repaginação, não perdeu a sua essência.
“O casarão foi construído em uma fazenda de café de 1850”, explica a gentil recepcionista que me acompanha até o dormitório. Guiados por corredores permeados pelo aroma do café – com grãos dispostos em sacas de juta –, somos envolvidos por uma decoração que evoca a elegância da época do cacau. Os tijolos originais, a porta da fazenda e os detalhes em cimento queimado, cal, ardósia, vinho ou dourada, e madeiras tropicais contam uma história que transcende as barreiras do tempo. A harmonia entre passado e presente é evidenciada por elementos contemporâneos assinados por nomes como Sergio Rodrigues, Rock Lane, Studio Vitty, Zemog e Oficina de Agosto.
Tradicionalmente elegante, seus espaços coletivos são um convite ao deleite, especialmente no bar na área da piscina, com a vista deslumbrante da cidade, do bairro de Santa Tereza até a Baía de Guanabara. Pela manhã, se já é difícil deixar passar o café da manhã de hotel, neste eu diria que é impossível. Um típico café da manhã de fazenda te espera, “servido tal qual uma fazenda de café”, explica o garçom. Produtos naturais e homemade, mesa farta, como as pessoas da fazenda gostavam. Pão de queijo, tapioca, queijos variados, geleias saborosas e a vista linda proporcionam um momento especial logo cedo. Ainda dentro da experiência gastronômica, o restaurante Térèze conta com menu que destaca a riqueza da gastronomia local com toques latino-americanos. Já o bar dos Descasados é o point para bons drinks e boa música.
Longe das praias, mas imerso em um acervo cultural riquíssimo, o Hotel Santa Teresa MGallery redefine a experiência de se hospedar no Rio de Janeiro. É para quem quer vivenciar a essência da Cidade Maravilhosa sob uma perspectiva poética, quando cada detalhe é uma estrofe, e cada momento, um verso inesquecível.
@santateresamgallery
Paris, a cidade das luzes, sempre deslumbrou o mundo com sua elegância, história e charme inigualáveis. Por séculos, tem sido o epicentro da cultura, da moda e das artes, atraindo viajantes ávidos por sua atmosfera única. No entanto, este ano, Paris se prepara para sediar os Jogos Olímpicos, entre os dias 26 de julho e 11 de agosto. Sob a sombra da icônica Torre Eiffel, atletas de todo o globo se reunirão na Cidade Luz. Além de testemunharem o esporte, os cerca de 15 milhões de visitantes que são esperados vão poder curtir a atmosfera vibrante de Paris. E, claro, seus hotéis igualmente charmosos. Separamos três dicas de hospedagem para quem tiver como destino a capital francesa.
O novo SO/Paris personifica o espírito vanguardista da capital francesa. Com 162 quartos e suítes espaçosos, inundados de luz natural e decorados com obras de arte contemporânea, e com amplas janelas com vista para o rio Sena, o Bonnie, restaurante e lounge no terraço, está situado nos dois últimos andares do edifício, oferece vistas deslumbrantes da cidade e uma atmosfera retrô inspirada nas décadas de 1960 e 1970. O SO/Paris também conta com um luxuoso spa da marca francesa Codage Paris. @soparishotel
O Hotel Les Grands Voyageurs, situado no sofisticado bairro de Saint-Germain, é um verdadeiro tributo à elegância parisiense. Com uma decoração inspirada na Idade de Ouro das viagens, cada detalhe foi cuidadosamente concebido pelo renomado designer Fabrizio Casiraghi, transportando os hóspedes para o refinado ambiente de uma residência de colecionador de arte parisiense. Com 138 quartos e suítes adornados com uma seleção meticulosa de arte de todo o mundo, o hotel oferece uma experiência única, onde litografias de Gustav Klimt e Marc Chagall, espelhos artesanais e esculturas em baixo-relevo de François Gilles se misturam harmoniosamente. No coração do hotel, La Brasserie encanta os paladares com uma fusão transatlântica de influências francesas e americanas, especialmente destacando-se pelos frutos do mar frescos.
@hoteldesgrandsvoyageurs
Das novidades hoteleiras na cidade, temos também o La Fantaisie. Com interiores concebidos pelo renomado designer Martin Brudnizki, cada um dos 63 quartos e dez suítes do hotel ganha vida com uma paleta de cores inspirada na natureza, criando um ambiente sereno e relaxante. O restaurante Golden Poppy oferece uma experiência gastronômica de alto nível e é liderado pela chef Dominique Crenn, a primeira – e única – chef mulher a receber três estrelas Michelin nos Estados Unidos. O spa do hotel proporciona momentos de indulgência e relaxamento com seus banhos inspirados em rituais antigos de cura e uma variedade de tratamentos holísticos. @lafantaisieparis
Fotos: DivulgaçãoDuas estações ideais para desfrutar do fabuloso mundo da culinária italiana em uma região extremamente relevante para a gastronomia mundial: o Sul da Itália. Em Puglia e na Sicília, os hotéis Rocco Forte se preparam para oferecer uma imersão na cozinha local, embalada pelo tradicional luxo europeu. Com curadoria do chef Fulvio Pierangelini, estrela Michelin, tais experiências exclusivas combinam cultura e descoberta. A paixão por ingredientes simples, bem cozidos, colocou Fulvio na vanguarda da indústria culinária e o frisson dos entusiastas é a possibilidade de aprender com o mestre a excepcional arte de cozinhar. Uma aventura que vale provar.
Entender a rica história culinária de Palermo com uma estadia luxuosa na joia da coroa da Rocco Forte, a Villa Igiea. Comece com uma visita aos vibrantes mercados Capo e Ballaro para comprar produtos frescos. Depois, uma aula de culinária, elaborando pratos com ingredientes recém-colhidos. A aventura continua com a arte da mistura de vinhos na Tasca d’Almerita, engarrafando uma criação personalizada, seguido de almoço na Adega Tasca d’Almerita. O auge desta jornada é um passeio pela Villa Chiaramonte Bordonaro – uma expedição às receitas aristocráticas da era Gattopardo, guiada por Fulvio Pierangelini e pelo chef do hotel. À medida que o dia chega ao fim, navegue em um barco pitoresco para jantar tendo como pano de fundo o pôr do sol siciliano de tirar o fôlego.
Uma viagem culinária de três dias na Puglia, a terra do “ouro verde”. Experimente a paisagem gastronômica com um espetáculo matinal de barcos de pesca, retornando com o pescado do dia. Participe de uma aula de culinária no idílico Citrus Garden do resort com Fulvio Pierangelini, seguida de
uma exploração da histórica vila de Alberobello e um charmoso almoço Trulli. Escolha entre um cenário panorâmico no topo de uma colina ou as cavernas de Ostuni para jantar. A viagem inclui uma exploração da colheita de azeite e um almoço privado no olival, onde o ouro líquido ganha destaque. Aprenda a arte de fazer queijo em uma fazenda leiteira, domine os segredos da fabricação de pão em Altmura e mergulhe nas tradições da região.
Esta expedição culinária promete mergulhar profundamente nas tradições do interior da Sicília. O retiro culinário começa no próprio jardim orgânico do Verdura Resort. É aqui que a aprendizagem se inicia, com aulas de culinária e uma refeição. Você pode dominar como fazer um pesto exemplar ou incorporar castanhas da Sicília, romãs ou pêssegos espinhosos em pratos deliciosos. Testemunhe a origem dos ingredientes em primeira mão, seguida de uma aula de culinária inspirada no jardim liderada por Fulvio Pierangelini. A jornada continua com o roteiro da azeitona, do pomar à colheita. Prepare sua própria mistura de azeite no moinho, sob a orientação do produtor local. Almoce com bruschettas tradicionais, antes de relaxar com uma massagem em nosso belo spa. As noites são repletas de jantares tranquilos na praia.
O Lago Sul ferveu com o festão de aniversário de Maria Valentina Salomão. Vestida em um Paco Rabanne deslumbrante, a estudante de Medicina celebrou a nova idade com 12 horas de agitação, ao lado da família e dos amigos. Com o tema Drunk in Love e influência da era Disco, os 400 convidados entraram no clima com o décor por Filipi Britto, da Archstudio. Embalados ao som das duplas Enrico e Carmo, e Fatu e Lúcio Morais, além dos Djs Lipe Napoli e Sony, os convidados ainda se deliciaram com o menu do chef Marcelo Petrarca
Fotos: Rayra Paiva
Enrico e Carmo animam os convidados da festa André Braga e Júlio Ayres A aniversariante posa com o avô, o pioneiro Gilberto Salomão Agenor Neto, Adriana Chaves, Celso Junior e Paula Santana Bruno Gomes, Catarina Henriques, Edmur Araújo, Bia Araújo, Edmur Filho e Maria Antônia BrazFoi em cerimônia esplêndida no Recanto das Águas que a empresária baiana Andrea Saraiva e o piloto carioca Ricardo Falcão disseram o tão esperado “sim”. Ciceroneada pela equipe de Jacqueline Wendpap, a decoradora Fernanda Brinço transformou a recepção em um verdadeiro jardim dos sonhos e encantou os 400 convidados. Todos se refrescaram com os drinks Del Carlo e dançaram até o amanhecer ao som de Milton Guedes e Tatau, ex-Araketu.
Fotos: Monjardim Noleto
Em uma noite emocionante, Maria Fernanda Grassi Medina Osório festejou seus quinze anos junto a 500 convidados no requintado salão de festas Espaço Alvorada. A jovem teve beleza assinada por Ricardo Maia para o grande momento e elegeu três looks da estilista Adriana Kavietz para a ocasião. A festa foi orquestrada pelo Santas Cerimonial e teve décor por Daniel Cruz e menu Renata La Porta. Para brindar a aniversariante, uísque Macallan 18 anos e champagne Taittinger
Fotos: Celso Junior e Vanessa Castro
Ibaneis Rocha e Mayara Rocha Ivone Patrícia Osório, José Osório, Maria Fernanda Grassi Medina Osório, Ana Grassi, Patrícia Grassi Osório e Fábio Medina Osório Ministro Marco Aurélio Mello e Patrícia Grassi OsórioPara celebrar a inauguração da cobertura de lazer do Ennius Muniz Residencial, no Noroeste, a CONBRAL promoveu um evento intimista com degustação especial no rooftop do empreendimento. O presidente, que dá nome ao edifício, foi o anfitrião da noite e, ao lado da mulher, Márcia Corrêa, recebeu clientes e empreendedores de Brasília. Sob os cuidados do chef Lucas Queiroz e do sommelier Rodrigo de Sousa Sucena, sócio-administrador da vinícola Ercoara e da Vinícola Brasília, os invitados puderam desfrutar de uma seleção requintada de queijos e carnes nobres, harmonizadas com vinhos cuidadosamente selecionados.
Fotos: Runa Comunicações
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Elegância sensata ou códigos indescritíveis? Quiet luxury ou avant-garde? A moda masculina flertou com o bizarro e o caótico. Uma mensagem inconformista. A celebração da expressão. Manifesto no brado à queda do rígido (PS)
Autonomia do corpo. Esconder e revelar. Transparências em camadas. Romance sobreposto, sensualidade em texturas. Um minimalismo inesperado. Em despretensioso foco na silhueta (PS)
O clássico é construído em arquétipos que abraçam o corpo. A feminilidade no limite do oculto. Alegorias que promovem a sensualidade clássica . Detalhes estruturais de roupas íntimas revestem conceitualmente as formas (PS)
Delicadeza, leveza difundidas em vanguardismo. Densidade têxtil, artesania em sua maior dimensão. Toques e texturas magistrais. Integridade estrutural, beleza ornamental. Complexidade em sua essência híbrida (PS)
Drama e poder. O vinho avermelhado invoca majestosa postura. Tem sensualidade e ar noturno, soturno. Mas em cortes e texturas perde a formalidade e ganha luz
Uma tonalidade distinta, apelo temporal, testemunho da funcionalidade. Color trend da temporada, o oliva traz uma discreta sofisticação com a sensação refinada de contemporaneidade. Natureza em sua proeminente performance de sustentabilidade (PS
Perseguir o campo. Nobreza ao ar livre em estilo inglês. Paleta suave retratada na natureza. Xadrez e tweeds. Efeito Carhartt. A tradição em uma ruptura inesperada, revestida de conceitos destacados e códigos literais em versões atualizadas. Temporada de escapismo (PS)
Blood, cherry ou o clássico vinho. O made in Italy investiu na cor e em toda a sua potência como fashion desire. Nesta temporada, acompanhado dos tons da terra ou no full look, a cor se coloca e faz a entrega com autoridade e sensualidade. (PS)