Segunda-dama do Brasil mobiliza a sociedade civil na qualificação de vulneráveis
A capital sob risco
Crescimento indevido, reurbanização necessária. O que seus criadores teriam a dizer sobre o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília?
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Ailane Silva, Bruna Nardelli, Caio Barbieri, Daniel Cardozo, Edson Caldeira, Eric Zambon, Jorge Eduardo Antunes, Larissa Duarte e Pedro Reis
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ano 12 # agosto 2024
A segunda-dama Lu Alckmin foi fotografada por Celso Junior em Brasília
20 Brasília sob risco Aprovação do PPCub pela CLDF divide opiniões
30 O show tem que continuar… A volta ao Teatro Nacional Claudio Santoro
32 O espólio do gênio Projetos de Niemeyer para Brasília nunca realizados
36 Aqui viveu Nonô As histórias de seu Serafim Jardim, amigo de JK
40 A casa é nossa Na Praça dos Três Poderes, a Casa de Chá volta a brilhar
44 O sonho de Brasília-2000 Paulo Octávio e a candidatura da cidade aos Jogos Olímpicos
52 Ícones por Isadora Campos Memorial JK mantém viva a história do ex-presidente
54 Os mistérios abaixo das águas do Paranoá A cidade submersa no lago
58 A Asa Branca do Cerrado A memória da Casa do Cantador, em Ceilândia
62 Artigo por Wellington Luiz Todos unidos contra a violência de gênero
64 Artigo por Souza Prudente PPCub agride o princípio constitucional da proibição do retrocesso ecológico-ambiental
66 Artigo por Fernando Cavalcanti As chaves para o sucesso
68 Predestinado a Brasília Helio Nakanishi celebra 45 anos do seu legado
70 O colecionismo e a preservação do tempo O leiloeiro Fernando Pelloni à frente da Casa Amarela
72 Uma fábrica de arte Casa da Moldura e seu olhar para lírico
74 O dom da mobilização Entrevista com Valcides de Araújo, diretor do SESC-DF
76 O poder do relacionamento O WTC surge como plataforma de networking
78 Uma casa suspensa no coração do Noroeste Casa Nor ganha prêmio Somos Cidade de Arquitetura Contemporânea
80 Odontologia em formato plural Clínica Brunetti está de casa nova
82 A cura da fome emocional A abordagem integral da medicina no combate à obesidade
84 A revolução robótica As novas tecnologias para cirurgia na coluna
86 O veículo que faltava Haval H6 PHEV19, o SUV híbrido da GWM
88 Museu de grandes novidades A paixão pelo automobilismo na V12 Auto Club
90 Compromisso com a sustentabilidade BIG BOX em Águas Claras recebe certificação Lixo Zero
92 O quadrado da cevada As nossas cervejarias artesanais
96 Show de inovação A oitava edição do Na Praia
98 Dona Lu Alckmin A segunda-dama do Brasil e o empreendedorismo social
106 Collabs de gigantes Novidades no mercado da moda
108 A passarela para um amazônida O talentoso designer Maurício Duarte
114 Entre nós por Patrícia Justino As tendências da temporada
119 Bahia, modernidade ancestral Exposição dos artistas Bauer de Sá e Gilberto Filho
120 Arte por Maurício Lima O exposição do artista Miguel Rio Branco
122 O tastemaker O robusto trabalho do escultor Hugo França
124 Narrativas intuitivas O repertório criativo do brasiliense Virgílio Neto
126 Um poema em pedra e luz Um passeio pela Pinacoteca de São Paulo
130 Explora por Marcella Oliveira Achados paulistanos de dar água na boca
132 Hotel Experience As novidades do portfólio da Oetker Collection
134 Entre o céu e o mar Os hotéis Deos Mykonos e Myconian Utopia Resort
136 O melhor da África O majestoso La Mamounia, em Marrocos
138 Social Os eventos que marcaram a sociedade brasiliense
Brincos em ouro e peridoto, Silvia Badra - R$ 6.250
Brincos em titânio e ouro amarelo com diamantes, Tiffany & Co. - R$ 98 mil
Anel em ouro e granadas, Silvia Badra - R$ 5.250
Paula Santana e Rafael Badra
Sócios-fundadores
É BOM PRA QUEM?
Juscelino Kubitschek faria nesta edição da revista – a quadragésima – 122 anos de idade. Quando Brasília nasceu porventura de seu sonho idealista, ele tinha 58. Quando faleceu, a sua capital da esperança completava 16 anos. JK pouco a aproveitou, mas pensemos que ele a deixou intacta tal qual o gabarito ricamente projetado por sua intrépida trupe de arquitetos e urbanistas. Entronizada, certamente, será ela passível de toques e retoques? Ou talvez imexível, imutável, intocável?
Ainda considerada uma bela obra de arte, uma jovem urbe repleta de modernismos e contemporaneidades já estaria precisada de intervenções, segundo uns e outros. E acerca desta polêmica instalada na costumeira vidinha aprazível do Plano Piloto é que surge esta política urbana de nome Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília, o PPCub. Pois bem, foi ela quem nos inspirou a dissertar as próximas páginas, discorrendo Brasília em sua essência. Sabe-se lá como estará a capital da República em seu centenário, daqui quase três décadas.
O que nos cabe, missionários resilientes de JK e os seus, é vivenciar o presente sem a melancolia do passado e a ansiedade do futuro. Mas em vigília pela manutenção do título que ostentamos enquanto Patrimônio Mundial da Humanidade. Em memória, resgatamos os projetos de Oscar Niemeyer que por incumbências políticas ou religiosas jamais saíram do papel. Fomos até o acervo do arquiteto e revelamos os seus traços originais. Construí-los ou não? Também encontramos um grande amigo de JK, morador de Diamantina. A ele coube preservar a casa onde Nonô, apelido do presidente, cresceu e formou o seu caráter. Findando o lirismo de outrora, mergulhamos na cidade submersa do Lago Paranoá. Uma relíquia.
No entanto, Brasília vive seus bons momentos. Com a autoestima em alta, a cidade pulsa. Entretenimento, gastronomia, arte, lazer. São tantos os artistas que surgem. Virgílio Neto e seus traços que rompem o tempo no espaço, empreendedores e o vasto universo das cervejarias artesanais, produtores locais que inserem a cidade no radar do grande eixo do showbiz É verdade que o brasiliense em sua ascendência ao longo desse florescer tornou-se também afetuoso. Erguida por povos originários de outras terras, distantes ou não, candangos e pioneiros sabidos do que foi desembarcar nessa aridez, fizeram-se generosos. Altruístas.
Há um ano e meio, a capital da República recebe uma das personas mais empáticas já sabidas no País. Dona Lu Alckmin, a segunda-dama do Brasil. Missionária por vocação, a mulher do vice-presidente Geraldo Alckmin vive pela obra. Idealizadora da Padaria Artesanal, projeto que qualifica vulneráveis no ofício da panificação, ela dedica integralmente o seu tempo à missão voluntária.
Dona Lu, que também é autora de dois livros, conta em entrevista exclusiva a sua trajetória, vivenciando a política no front por quatro décadas e ainda como referência de mulher multifuncional, que trabalha arduamente, mas preserva a docilidade, a clareza e a coragem.
Uma bela história de vida que vale para todas. A ela, a nossa capa, fotografada por Celso Junior em meio aos jardins urbanos da Asa Sul. Findamos com a expectativa de que, em tempos artificiais, humanistas sejam humanizados pelo perpetuar da humanidade. Afinal, em qualquer circunstância que haja, que tudo ocorra para o bem de todos os envolvidos.
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BRASÍLIA SOB RISCO
Aprovação do PPCub pela CLDF divide opiniões e enfrenta resistência pela preocupação com o futuro da capital federal
Por Caio Barbieri e Jorge Eduardo Antunes
Fotos: Celso Junior
O recente aval do novo Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub) pela Câmara Legislativa (CLDF) desencadeou uma onda de críticas e preocupações entre especialistas e brasilienses sobre os riscos à reconhecida qualidade de vida da capital federal. A ameaça referendada pelo Legislativo local fez com que o texto fosse levado à Justiça, já que a decisão dos distritais ainda pode comprometer o tombamento da cidade como Patrimônio da Humanidade, título conferido em 1989 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A proposta polêmica, que visa atualizar diretrizes de ocupações na cidade projetada por Lucio Costa, enfrenta acusações, como a de comprometer os princípios arquitetônicos e urbanísticos que moldaram Brasília e que ainda garantem a ideia de cidade-parque, uma das maiores preocupações do urbanista que criou o Plano Piloto.
Por exemplo, o aumento do gabarito dos hotéis nas asas Norte e Sul, permitindo edifícios de até 12 andares onde, até então, só eram autorizados três pavimentos. As questões têm gerado temores sobre congestionamentos e sobrecarga na infraestrutura local, como água, luz e estacionamentos, além de suscitar debates acalorados sobre especulação imobiliária, supervalorização dos terrenos comerciais e possível descaracterização arquitetônica da cidade.
“Estamos analisando cuidadosamente cada ponto do PPCub para assegurar que qualquer mudança contribua para o desenvolvimento ordenado da cidade”
Ibaneis Rocha, governador do DF
Outro ponto crítico é a permissão para construções nos lotes do setor Oeste do Eixo Monumental, provocando controvérsias acerca do uso de áreas verdes e da proteção ao Cerrado.
Riscos ambientais
Especialistas em urbanismo, arquitetura e ambientalismo criticam a expansão urbana sem planejamento adequado. Os acadêmicos alertam para os impactos ambientais e sociais no centro da capital.
A proposta também levanta preocupações quanto à preservação do Cerrado às margens do Lago Paranoá, onde novos
projetos imobiliários estão previstos, incluindo unidades residenciais e serviços, como flats, nas proximidades dos palácios da Alvorada e do Jaburu, os quais estão sob as regras da segurança nacional.
Além disso, a possível instalação de funerárias em postos de combustíveis nos eixinhos Norte e Sul e a regularização de estabelecimentos, como hotéis, pousadas e motéis, nas vias W3 Sul e Norte têm sido duramente contestadas pelos defensores da preservação local.
De acordo com o empresário Paulo Octávio, apesar do nome, o recente plano aprovado pelos distritais não favorece a área tombada da capital. “Temos a melhor qualidade de vida do Brasil. Não há nada igual. Mas a Secretaria de Habitação entende que Brasília tem que ser povoada. O PPCub concentra mais de, no mínimo, 200 mil pessoas no Plano Piloto. É uma transformação muito grande. Esse plano não é de preservação e sim de expansão de Brasília”, afirma ele, que é casado com Anna Christina Kubitschek e pai de Felipe Octávio e André Octávio, herdeiros do legado do ex-presidente Juscelino Kubistchek.
Contudo, segundo o governador Ibaneis Rocha (MDB), nenhuma medida será autorizada sem que haja estudos de impactos de densidade populacional e até mesmo ambientais. “Nada será implementado sem um estudo de impacto, especialmente considerando estacionamentos subterrâneos”, garante o governador, responsável por validar ou não a nova e polêmica lei.
“Brasília não foi feita para crescer indefinidamente.
Qualquer alteração que comprometa o espaço verde ou a estrutura urbana original vai contra os princípios que meu bisavô e Lúcio Costa defenderam”
Paulo Niemeyer, bisneto de Oscar Niemeyer
Contra-ataque
A oposição, liderada pelo deputado Chico Vigilante (PT), já se posicionou contra as mudanças, prometendo contestá-las judicialmente. “Este é um plano de destruição, não de preservação. Vamos questionar cada ponto do texto na Justiça”, declara o parlamentar, mencionando a rapidez na aprovação e a potencial ameaça ao título de patrimônio mundial conferido a Brasília pela Unesco.
Outro integrante dos partidos oposicionistas, o deputado Fábio Felix (PSol) apelou para que o governo local observe todos os trechos aprovados e que ameaçam o histórico de planejamento urbanístico da capital federal. “É fundamental que o governador Ibaneis Rocha considere vetar as partes mais controversas do PPCub para garantir que Brasília continue sendo um exemplo de planejamento urbano e arquitetônico”, ressalta.
MP entra na briga
A preocupação com as consequências ambientais e urbanísticas é central nas críticas ao PPCub pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). O órgão também pretende brigar na Justiça contra interferências na área tombada da capital. “Se a pressão com os nobres deputados não foi eficiente, eu vou ter de conclamar a sociedade a fazer a pressão no TJ”, diz a promotora Marilda Fontinele.
Segundo integrante da Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb), “a proteção dos mananciais e das áreas verdes é crucial. Qualquer plano urbanístico deve priorizar a preservação ambiental como base para o desenvolvimento sustentável”, frisa.
A promotora reforçou que o MPDFT está empenhado em questionar a constitucionalidade do PPCub no Tribunal de Justiça do DF (TJDFT). “Estamos diante de um projeto que, se implementado, pode comprometer não apenas a qualidade de vida dos brasilienses, mas também o reconhecimento internacional de Brasília como Patrimônio da Humanidade”, afirma.
Segundo a integrante do MP, a legitimidade do texto aprovado “é muito difícil” e passará pela avaliação dos desembargadores das turmas especiais da Corte local. “Este PPCub passou por aprovação da Câmara Legislativa, composta por 24 deputados. Tristemente, verifico que vamos ter de transferir esta análise para 21 desembargadores, porque o Ministério Público vai ajuizar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade”, revelou a promotora durante audiência pública realizada no Senado Federal.
Riscos
Recentemente, o arquiteto Paulo Niemeyer, bisneto de Oscar Niemeyer, expressou a preocupação com o impacto do plano na concepção original da capital federal. “O PPCub
“Estamos diante de um projeto que, se implementado, pode comprometer não apenas a qualidade de vida dos brasilienses, mas também o reconhecimento internacional de Brasília como patrimônio da humanidade”
Marilda Fontinele, promotora do MPDFT
é a ponta do iceberg. Qualquer alteração nos planos de zoneamento pode ser fatal para a Brasília que conhecemos e amamos”, disse à revista GPS|Brasília.
Conhecido por seu trabalho como urbanista e defensor do patrimônio cultural da capital, Paulo ressaltou a importância de um debate aberto e inclusivo sobre o futuro da cidade. O especialista argumentou que a capital foi concebida por meio de um plano específico e que não previa o crescimento desordenado. “Brasília não foi feita para crescer indefinidamente. Qualquer alteração que comprometa o espaço verde ou a estrutura urbana original vai contra os princípios que meu bisavô e Lucio Costa defenderam”, continua.
As críticas ao PPCub não se limitam apenas aos aspectos urbanísticos. Muitos especialistas e membros da sociedade civil apontaram falhas graves no plano aprovado, especialmente em relação à preservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável. Segundo Paulo Niemeyer, proteger os mananciais e as áreas verdes é crucial. “Não podemos permitir que interesses privados se sobreponham ao bem coletivo e ao patrimônio natural de Brasília”, finaliza.
Críticas de estudiosos
Especialistas respeitados na cidade expressaram sérias preocupações com o recente Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília. Para Benny Schvarsberg, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), o plano não atende aos interesses públicos, mas sim aos interesses privados do mercado imobiliário.
Durante uma recente audiência pública no Senado Federal, requisitada pela senadora Leila Barros (PDT-DF), Benny destacou que os técnicos e movimentos de preservação criticaram diversos pontos do novo plano, enquanto representantes de construtoras e empresas imobiliárias o celebraram. “É muito sintomático que, durante o debate e após a aprovação do PPCub, os setores técnicos, profissionais, movimentos preservacionistas, enfim, a consciência crítica da cidade, manifestaram-se de forma contundente e crítica a vários problemas do plano. Por outro lado, é muito sintomático, também, que ele seja celebrado pelos segmentos empresariais, como Sinduscon [Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal] e Ademi [Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal]”, ressalta.
“Temos a melhor qualidade de vida do Brasil. Não há nada igual. Mas a Secretaria de Habitação entende que Brasília tem que ser povoada. O PPCub concentra mais, no mínimo, 200 mil pessoas no Plano Piloto. É uma transformação muito grande. Esse plano não é de preservação e sim de expansão de Brasília”
Paulo Octávio, empresário
Coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Brasília (Ceub), Alberto Faria defendeu a necessidade de um plano real de preservação para Brasília, mas sublinhou a importância de avaliar o PPCub cuidadosamente, especialmente no que diz respeito à mobilidade urbana. “A questão da mobilidade do ser humano é um aspecto que eu gostaria de colocar como um ponto de reflexão para que a gente pudesse incorporar à política de preservação do Plano Piloto”, destaca.
Emendas negadas
O projeto, que foi aprovado em meio a uma série de críticas e emendas rejeitadas, tem repercutido também entre outros representantes da população. Isso porque inúmeras emendas, apresentadas para barrar no PPCub as mudanças mais controversas, como o adensamento residencial no Setor de Clubes Sul, foram derrotadas no plenário da CLDF.
O deputado distrital Gabriel Magno (PT), por exemplo, tentou, sem sucesso, evitar o adensamento residencial em áreas de segurança nacional, como as próximas aos palácios da Alvorada e do Jaburu. As emendas de autoria do parlamentar foram rejeitadas pela maioria dos colegas.
“Este é um plano de destruição, não de preservação. Vamos questionar cada ponto do texto na Justiça”
Deputado Chico Vigilante (PT)
O cenário se repetiu com outras tentativas, como a emenda de Thiago Manzoni (PL) para preservar os gabaritos dos hotéis no centro de Brasília, igualmente derrubada nas comissões.
Iphan é contra
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) também se pronunciou, negando que tenha validado o PPCub aprovado pelos deputados distritais. Segundo a nota técnica do órgão, “o Governo do Distrito Federal (GDF) é o responsável pela elaboração da proposta”, e que “coube a ele [órgão] acatar ou não as recomendações feitas pela área técnica do Iphan, que não atua como órgão de controle urbano, pois não exerce controle administrativo ou político sobre o GDF”, “tampouco emite normas de uso e ocupação do solo”.
Ainda no texto encaminhado à imprensa, o presidente nacional do órgão, Leandro Grass, esclareceu que o papel do Iphan é consultivo e que não analisou as mudanças
propostas pelos deputados de forma prévia pela instituição que preserva o patrimônio nacional. “Outro ponto a destacar é que o projeto recebeu diversas propostas de alteração através de emendas dos parlamentares, o que é absolutamente natural no processo legislativo, mas estas não foram objeto de análise do Iphan. Fiscalizar este processo é tarefa da sociedade e dos órgãos de controle administrativo”, acrescenta o instituto.
Análise técnica
Diante das polêmicas, o governador Ibaneis Rocha anunciou que ainda revisa itens do projeto e pretende vetar dispositivos que considera prejudiciais à qualidade de vida dos moradores. “Estamos analisando cuidadosamente cada ponto do PPCub para assegurar que qualquer mudança contribua para o desenvolvimento ordenado da nossa cidade”, declara.
Alguns pontos polêmicos:
• Autorização de hotéis e motéis nas vias W3 Sul e Norte
• Permissão de funerárias nos postos de combustíveis do Plano Piloto
• Condomínios residenciais ao lado dos palácios presidenciais no lago
• Camping em terreno próximo ao Aeroporto de Brasília
• Ocupação desordenada de terrenos nas proximidades do Eixo Monumental
• Aumento de andares dos hotéis no centro de Brasília
• Autorização para construir na quadra 901 da Asa Norte
O Setor de Embaixadas também corre risco de ter seu gabarito comprometido com as mudanças sugeridas no novo PPCub
A volta ao Teatro Nacional Claudio Santoro, à cogestão do Cine Brasília, a ampliação da Lei de Incentivo a Cultura. O secretário de Cultura do DF, Cláudio Abrantes, coloca a economia criativa no eixo da capital federal
O SHOW TEM QUE CONTINUAR…
Por Caio Barbieri
A espera está próxima do fim. Pelo menos, parte dela. O secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Cláudio Abrantes, anunciou que a Sala Martins Pena, o primeiro espaço a ser reformado na revitalização do Teatro Nacional Claudio Santoro, será reaberta até o final de 2024. O cartão-postal desenhado por Oscar Niemeyer e adornado por Athos Bulcão está de portas fechadas desde 2014 devido a questões de segurança, deixando Brasília sem um de seus principais palcos culturais por uma década.
Com um investimento de R$ 70 milhões do Governo do Distrito Federal (GDF), a primeira etapa da reforma do Teatro Nacional já está em andamento. O objetivo é resgatar esse importante patrimônio cultural brasileiro, que ao longo dos anos acolheu espetáculos nacionais e internacionais.
Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília
“A reabertura da Sala Martins Pena será um marco para a cultura do DF. Estamos acompanhando de perto as obras e já é possível ver a transformação do espaço”, afirma Cláudio Abrantes em entrevista à Revista GPS|Brasília.
Além da reabertura do Teatro Nacional, o secretário destacou outras ações e projetos realizados durante seu primeiro ano no cargo. Entre eles, a melhoria e ampliação da Lei de Incentivo à Cultura (LIC), visando contemplar um maior número de interessados e incentivar ainda mais a produção artística na região. “Não é possível atender a todos. Hoje, operamos com 20% da capacidade total da LIC. A lei tem um potencial gigante, e nosso desafio é sensibilizar setores do governo para entender que pode ser um divisor de águas também, junto com outras ferramentas, na cultura do Distrito Federal”, disse.
Outro ponto alto é a confirmação da cogestão do Cine Brasília, um dos principais cinemas públicos do País, com uma entidade que reconhece a importância do espaço. Abrantes explicou que a medida visa garantir a continuidade das atividades deste tradicional cinema, que é conhecido por sediar o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e promover o debate e a difusão da cultura cinematográfica. “Firmamos um contrato de cogestão após um edital público. A entidade vencedora, reconhecida por seu projeto, está gerindo o Cine Brasília, mantendo suas características de espaço de resistência e debate, um ícone da cidade”, frisou.
Durante a entrevista, Abrantes também abordou questões polêmicas, como as mudanças no Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub), que permite uma série de intervenções na área tombada da capital. “A Secretaria de Cultura faz parte do Conplan [Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal] e participou da Câmara Técnica. Vimos o esforço da Secretaria de Habitação (Seduh) para elaborar um PPCub completo. Um PPCub ruim deve ser corrigido, mas a ausência de um PPCub não é boa. Fizemos uma série de recomendações tanto para a Seduh quanto para a Câmara Legislativa, visando preservar o nosso maior patrimônio: Brasília com seus traços e escalas. Por conta disso, recentemente, a cidade foi eleita a capital com a melhor qualidade de vida do País e a segunda melhor qualidade de vida entre os municípios”, explicou.
“Um PPCub ruim deve ser corrigido, mas a ausência de um PPCub não é boa”
Cláudio Abrantes Secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal
Junior
Foto: Celso
Em nova fase, Cine Brasília tem gestão compartilhada entre GDF e entidade de interesse social
Ainda segundo Abrantes, o reconhecimento da qualidade de vida em Brasília é fruto da preservação da visão dos pioneiros da nossa capital. “É importante filtrar o que veio da Câmara Legislativa. O que for bom deve ser assimilado; o que for ruim, deve ser vetado para manter Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade. Creio que precisamos ter um comitê gestor abrangente para pensar constantemente na preservação do plano urbanístico de Brasília. A cidade é dinâmica, precisa crescer e se modernizar, mas sempre com o olhar voltado para o seu traçado único, suas escalas e a nossa qualidade de vida”, finalizou.
Da Mala do Livro ao pôr do sol
Há um ano à frente da Secretaria de Cultura, Cláudio Abrantes tem se dedicado a fortalecer e ampliar projetos culturais em Brasília. Um deles é o programa Mala do Livro, que, segundo ele, é essencial para a cidade. “É um projeto muito antigo, e estamos determinados a fomentar e fortalecer essa proposta que leva cultura para a população”, afirmou. Com um investimento previsto de mais de R$ 1 milhão, o Mala do Livro terá um aumento de quase 20%, com a entrega de mais vinte malas para a população.
Além disso, Abrantes anunciou a reativação do Prêmio Candango de Literatura e um edital específico para o Livre Leitura, como parte dos aproximadamente R$ 100 milhões investidos em editais este ano.
Como um bom brasiliense, o secretário destacou a importância da cultura em Brasília e compartilhou alguns pontos imperdíveis para quem visita a capital. Entre eles, o inigualável pôr do sol de Brasília, que ele descreve como uma obra de natureza emocionante. “O pôr do sol é um ponto imperdível. Eu sou muito feliz de ser brasiliense, de coração”, afirmou.
Além do pôr do sol, Abrantes mencionou o Museu Nacional, o Museu de Arte de Brasília (MAB), o Cine Brasília e o Memorial Vivo da Memória Candanga como locais que todos devem conhecer. “Acredito que precisamos acreditar na cultura e respirar Brasília em todas as suas possibilidades”, concluiu.
O ESPÓLIO DO GÊNIO
Esboços e projetos de Oscar Niemeyer para Brasília nunca realizados, interrompidos por questões políticas ou religiosas, tornaram-se uma busca pouco explorada à espera de serem redescobertos e erguidos
Por Pedro Reis
Em sua marcha pelo modernismo, Oscar Niemeyer deixou um legado de tesouros arquitetônicos espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Com destaque para a sonhada e projetada Brasília, onde obras icônicas do arquiteto, como o Congresso Nacional, a Catedral Metropolitana e o Palácio do Planalto, transformaram a paisagem urbana em formas imagéticas jamais imaginadas no século de sua origem. No entanto, além dessas maravilhas concretas, existe uma riqueza escondida: esboços e projetos nunca realizados, interrompidos por questões políticas ou religiosas, que representam a faceta pouco explorada do gênio criativo de Niemeyer, esperando para serem redescobertos, apreciados e, por que não, construídos?
Museu da Bíblia
Essa é uma obra envolta em polêmica. Embora nunca tenha sido construído, o projeto gerou intensos debates, especialmente em torno do nome e dos esboços de Oscar Niemeyer. Em 1987, o arquiteto desenhou o que ele imaginava ser o Templo da Bíblia – Memorial da Bíblia.
Décadas depois, em 2019, os esforços para concretizar essa visão ganharam novo fôlego. O governo e o judiciário se envolveram em uma batalha para aprovar a construção do monumento, que chegou a ter uma pedra fundamental e um local definido. Entretanto, os herdeiros de Niemeyer disputavam o direito de administrar o legado do arquiteto.
Apesar das movimentações, a justiça decidiu que o museu não seria construído. Mesmo que a obra tivesse avançado, a neta de Niemeyer e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal não reconheceriam o projeto como genuinamente seu, pois Niemeyer não teria participado das etapas técnicas da concepção arquitetônica.
O diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, Caio Frederico e Silva, comenta as adversidades. “A polêmica em torno do Museu da Bíblia se deu, em grande parte, à sua localização estratégica no eixo monumental, um local já repleto de obras icônicas de Niemeyer. Isso levantou questões sobre a preservação e a identidade de Brasília”, explica.
Praça da Soberania
“Dos prédios por mim projetados apenas o Palácio do Congresso, que estendi de lado a lado daqueles eixos, permitia ver melhor a sua arquitetura. E preocupava-me não encontrar um edifício mais solto no terreno e, mais ainda, um conjunto de dois ou três prédios que me permitisse criar qualquer coisa com mais movimento, os contrastes de forma mais variados que dão à arquitetura maior surpresa e, não raro, a monumentalidade desejada. Sentia que, além do estacionamento indispensável, faltava ao Plano Piloto a grande praça, atraente e acolhedora, que marca as grandes capitais. A praça existente faz parte do prédio da Rodoviária, modesta demais para ser levada em conta”, escreveu Oscar Niemeyer no livro Oscar Niemeyer (1999-2009).
E era essa a Praça da Soberania. Por questões políticas, o grande conjunto de construções, que contaria com um obelisco de cem metros de altura, não saiu do papel. A ideia era que a praça fosse erguida em um dos gramados entre os ministérios e paralela ao Congresso Nacional.
Em fevereiro de 2009, Oscar aceitou a derrota. Em carta publicada no Correio Braziliense, o arquiteto disse: “Com pesar nos reunimos, eu e meus companheiros de Brasília, para avaliar o que se passava. E chegamos à conclusão de que o governador do Distrito Federal não teria, como nos comunicou, condições para executar aquele projeto que tanto empolgava”.
Residências
Uma estudante, Mariana Jubé, e uma professora de Arquitetura e Urbanismo da UnB, Flaviana Lira, decidiram explorar os projetos arquivados de Oscar Niemeyer. Sua investigação as levou ao Arquivo Público do DF, onde encontraram dois desenhos inéditos: a Residência Oscar Niemeyer e a Casa Suspensa do Parque Residencial Lago.
O primeiro esboço foi projetado em 1960 e estava destinado a ser uma habitação de dois andares nas proximidades do Lago Paranoá. Composto por seis pranchas arquitetônicas detalhadas, o projeto revelava uma disposição de espaços, separando as áreas sociais e de serviço através de um pátio interno. O volume superior, suspenso em pilotis, abrigaria os ambientes mais privativos, enquanto o térreo seria dedicado às áreas de convívio.
O segundo projeto foi concebido por Niemeyer e Marinho Estelita para o empresário Tanit Sanchez Galdeano em novembro de 1989. Localizado no S.M.T. – Trecho Norte, o edifício de seis pavimentos apresentava uma planta quadrangular incomum para Niemeyer. Os quatro primeiros pisos acomodariam apartamentos duplex, enquanto os dois últimos teriam seis triplex. O projeto incluía uma escada trapezoidal central e piscinas de formas irregulares na cobertura. A fachada principal exibia grandes superfícies de vidro e módulos de concreto, enquanto um complexo anexo oferecia diversas comodidades, incluindo áreas comerciais e administrativas.
Fotos: Fundação Oscar Niemeyer
Praça da Soberania
Museu da Água
“Niemeyer tinha uma identidade tão forte que, mesmo nos projetos residenciais, ele trazia a modulação e a lógica do modernismo que vemos em suas obras institucionais. Nas casas, ele conseguia captar a alma e a vontade do cliente, traduzindo isso em projetos que refletiam sua sensibilidade e habilidade arquitetônica”, opina o especialista Caio Frederico e Silva.
Museu da Água
Por fim, há um projeto antigo que não foi executado durante a vida de Oscar Niemeyer, mas que agora finalmente sairá do papel. O Museu da Água será um dos edifícios do Memorial Internacional da Água (MINA), concebido pela Adasa ao lado da Concha Acústica, com o objetivo de unir conscientização ambiental, cultura e educação.
O projeto do Museu da Bíblia visto dos dois ângulos
Fotos: Fundação Oscar Niemeyer
Durante o lançamento da obra, em março de 2024, Gilberto Antunes, que trabalhou por cinquenta anos com Niemeyer, apresentou uma maquete do museu. “São mais de quatrocentas maquetes e meio século ao lado dele, cujo ritmo de trabalho era excepcional. A maquete do museu é impressionante, mistura traços tradicionais e inovadores do Niemeyer”, disse Antunes.
“É um museu circular, praticamente pousado sobre um grande lago. Dois andares de exposições que sobre elas se desenvolvem, ligados por rampas e passagens aéreas. No centro, um grande jato de água. Não bastava ver a água por toda parte; mas sentir a sua presença constante pelo barulho que ela vai provocar. Ligadas ao museu por uma passarela estão as áreas administrativas e didáticas previstas do programa”, escreveu Oscar no livro Minha Arquitetura @f_oscarniemeyer
Projeto Residência Oscar Niemeyer
Esboços do projeto Residencial Lago
“JK me dizia que foi nesta casa onde moldou seu caráter”
AQUI VIVEU NONÔ
Considerado por Juscelino Kubitschek “o amigo de todas as horas”, Serafim Melo Jardim há quatro décadas se dedica na preservação da casa em Diamantina onde cresceu o ex-presidente
Por Larissa Duarte
Fotos Luíz Felipe Ribeiro Pereira
Entre as ladeiras e casarios coloniais de Diamantina, no interior de Minas Gerais, uma casa simples e discreta na Rua São Francisco abriga uma memória difícil de mensurar. Entre os anos 1906 e 1919, foi cenário das primeiras travessuras e aprendizados de Nonô, um garoto que, décadas depois, ficaria mundialmente conhecido por um outro apelido: JK. A casa de número 241, no coração da cidade mineira, não só foi lar da infância e adolescência de Juscelino Kubitschek, como também berço de sonhos que transformaram uma nação.
Atendendo ao pedido feito pessoalmente pelo próprio ex-presidente semanas antes do seu falecimento, o endereço está hoje sob os cuidados de um amigo de confiança. “No dia 9 de agosto de 1976, JK me pediu para comprar a casinha onde viveu na infância, para que fosse restaurada e servisse de moradia quando viesse a Diamantina”, compartilha Serafim Melo Jardim, colega conterrâneo e apelidado “secretário particular” de Juscelino. “Recebi essa missão com muito orgulho. Por essa razão, depois da sua morte, resolvi transformá-la na Casa de Juscelino, um espaço onde tentamos preservar sua história e seu legado”, explica.
Nonô viveu ali dos três aos 17 anos. Morava com sua mãe, Dona Júlia, e a irmã, Maria da Conceição, a Naná. “JK me dizia que foi nesta casa onde moldou seu caráter”, conta Serafim. Entre momentos de altos e baixos, o ex-presidente dizia que tudo lhe agradava na “humilde casa da Rua São Francisco” e que o carinho da mãe e da irmã recompunha o seu equilíbrio interior.
“Nesta casa, como uma criança normal, JK se deleitava com um pé de jabuticaba, sua fruta preferida. Na hora das refeições, sua mãe deixava de comer sob alegação de que estava fazendo dieta para alimentar os dois filhos. Dona Júlia era professora e dava aula em uma escola que ficava a quase três quilômetros. Ele me dizia que a leitura foi uma das coisas mais importante da sua vida”, divide o amigo.
À frente da Casa de Juscelino há quatro décadas, Seu Serafim, aos quase noventa anos, diz que seu principal objetivo em defender e cuidar do imóvel é mostrar para as novas gerações, e também aos atuais políticos, o grande homem que foi JK. Além de objetos, fotos, instrumentos e documentos que fazem parte da trajetória do filho e irmão Nonô, do rapaz apaixonado por música, do médico doutor Juscelino, do ex-presidente do Brasil, do ex-governador de Minas Gerais e do ex-prefeito de Belo Horizonte, a casa testemunha, em sua simplicidade, que a grandeza não depende de onde se começa, mas da coragem de sonhar e realizar.
Amigo de todas as horas
Bastam poucas aulas de história brasileira para compreender os feitos e características marcantes do líder comumente chamado de ousado e visionário. Contudo, poucos tiveram o privilégio de conhecer o JK sentimental e emotivo, o indivíduo que “valorizava a amizade como ninguém”. Serafim teve essa sorte. “Ele costumava dizer que a nossa amizade era uma velha tradição de família”, lembra. Antes de se tornar braço fiel de Juscelino, o tio e pai de Serafim já haviam vivido uma infância e adolescência íntimas com o político.
“Aos sete anos de idade, em Diamantina, já abria a porta da minha casa todas as vezes em que o prefeito Juscelino Kubitschek ia visitar meus pais”, recorda. Longos anos depois, após retornar do exílio, em 1967, JK escolheu esse mesmo menino, agora em seus trinta e poucos anos, para acompanhá-lo. De tanto vê-los lado a lado, o colunista social Wilson Frade passou a chamar Serafim de “secretário particular de JK”. No entanto, o verdadeiro cargo era de “amigo de todas as horas, boas ou difíceis”, como descreveu o ex-presidente em uma dedicatória do livro Por que Construí Brasília ao colega.
Além de ajudar na tomada de decisões, fossem elas políticas ou não, Serafim desfrutou de momentos com Juscelino que ficaram eternizados em sua memória. Entre eles, vale destacar o encontro que aconteceu por coincidência, em 1971, com Fernando Brant, Lô Borges, Márcio Borges e Milton Nascimento, integrantes do icônico Clube da Esquina, quando improvisaram uma roda de violão nas ruas de Diamantina. Ou da inauguração da Toca da Raposa, em 3 de fevereiro de 1973, o primeiro centro de treinamento do Cruzeiro, de onde JK, cruzeirense fanático, saiu todo sorridente.
Um memorial que resiste
Apesar de ter acatado o pedido do amigo como um propósito de vida, Serafim reparte que cuidar deste imenso legado não é uma responsabilidade fácil. Por falta de apoio, a Casa de Juscelino chegou a fechar as portas por mais de um ano, reabrindo em setembro de 2019. “Foram tempos difíceis”, desabafa. Ele conta que o local recebia do governo estadual um pequeno repasse financeiro anual para a sua manutenção, mas que essa ajuda deixou de existir há anos.
Hoje, a Casa permanece aberta graças aos turistas, à ajuda de poucos com quem pode contar e, principalmente, à amizade e lealdade entre dois grandes amigos. “Só por isso ainda tenho forças para cumprir a minha difícil, mas valorosa missão”, confessa Serafim. “JK. Procura-se outro!”.
Casa de Juscelino
Rua São Francisco, 241, Diamantina (MG)
A CASA É NOSSA
Após era melancólica, a Casa de Chá, projeto de Oscar Niemeyer, retoma seu propósito e promove encontros na Praça dos Três Poderes com a saborosa e afetiva gastronomia comandada pelo café-escola do Senac-DF
Por Larissa Duarte
Em uma vastidão de 26 mil metros quadrados, os três edifícios mais poderosos do Brasil se encontram sob testemunho de um céu azul e do branco monumental. Erguidos com distâncias calculadas para um não sobressair diante do outro, os prédios que representam os poderes da República expressam o abraço simbiótico entre arquitetura, política e história. Idealizada por Lucio Costa e projetada por Oscar Niemeyer, a Praça dos Três Poderes já operava há alguns anos quando finalmente chegou “o elemento que faltava”, como definiu o próprio Niemeyer em seu livro Quase Memórias
À época chamado simplesmente de “restaurante da Praça dos Três Poderes”, a Casa de Chá foi concebida pelo arquiteto entre 1965 e 1966 para oferecer um “local para encontros e descanso indispensável” a quem trabalhava no coração do poder brasileiro. Porém, com toda a imponência que já lhe cercava, a ideia era uma construção semienterrada para que não houvesse um novo edifício na praça.
Assim que inaugurado, o “subsolo” modernista de 250 metros quadrados teve seu objetivo alcançado com êxito e virou point pós-expediente. Principalmente entre as
décadas de 1970 e 1980, os momentos descontraídos no “buraco” que ganhou vários apelidos foram regados a festas lotadas que adentravam as noites. As conversas animadas nas rodas de amigos, os brindes dos copos e o som do violão criavam uma sinfonia que refletia o espírito vibrante da jovem capital. Mas, assim como tantas obras de arte, a Casa de Chá também conheceu a melancolia do esquecimento. Nos anos seguintes, por falta de arrendatário, a efervescência deu lugar ao silêncio e ao abandono.
Em 1994, a Casa de Chá chegou a reabrir com a função de ser um Centro de Atendimento ao Turista (CAT), mas, por problemas estruturais, precisou fechar novamente seis anos depois. E adormeceu. O local se findou como incógnita para as gerações que iam chegando. Sempre se observava o espaço interditado durante os tradicionais passeios cívicos da escola ou nas excursões turísticas. Afinal, o que seria aquela casinha enterrada no meio da Praça dos Três Poderes, que nunca ninguém entra ou sai? Sem respostas por mais de uma década, não havia motivos para expectativas.
A partir de 2010, a Casa de Chá convertida em CAT passou por idas e vindas no funcionamento até receber uma revitalização completa e ser reinaugurada em 2019 para continuar o atendimento aos visitantes da praça.
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Apesar do esforço de ressignificação, a construção tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) parecia esperar pacientemente por um despertar que lhe devolvesse o seu real propósito.
Até que ele chegou.
Um café na Praça
Após anos de silêncio, a tal casinha enterrada da Praça dos Três Poderes finalmente voltou à vida e tem até fila de espera para adentrá-la. Em junho de 2024, o espaço foi reentregue à população como um café-escola sob administração do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-DF). Dedicada à gastronomia e à qualificação profissional, a nova Casa de Chá convida turistas e brasilienses para uma experiência única de contemplação, deleite e convívio, honrando a ideia inicial de Niemeyer.
Com janelas por toda a sua extensão, permitindo uma vista livre do horizonte mesmo estando semienterrado, o ambiente passou por uma transformação que incorpora elementos modernos e funcionais, e exalta o traço do seu arquiteto. As áreas internas e externas são decoradas com móveis assinados por designers da capital federal, peças originais da época – como poltronas do ícone modernista Jean Gillon – e cerâmicas de ceramistas brasilienses.
Na cozinha, a tradução de Brasília como uma fusão de histórias e tradições que ecoam desde os quatro cantos do País. E o menu elaborado pelo chef Gil Guimarães – da Baco Pizzaria e da Casa Baco – busca refletir essa diversidade cultural de forma afetiva. Ingredientes dos diversos biomas
Raphael Carmona
Fotos: Cristiano Costa
O
do espaço é assinado pelo chef Gil Guimarães e exalta ingredientes dos diversos biomas brasileiros
A construção semienterrada no centro da Praça dos Três Poderes honra propósito de Niemeyer e incorpora elementos modernos e funcionais
brasileiros foram integrados, como o baru e o pequi do Cerrado, o umbu da Caatinga e o tucupi amazônico. Eles aparecem em pratos e quitutes que remetem à uma cozinha de memórias, como pão de queijo, tapioca, pamonha, pão na chapa e empada.
A homenagem ao fundador da cidade vem com o autêntico sabor mineiro, é claro. Nascido no interior de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek inspirou o “Pão de Queijo JK”, feito com queijos minas artesanais, meia-cura e curados, elaborado a partir de receitas históricas do interior do estado. Outras personalidades, monumentos e elementos da capital também são reverenciados no cardápio. A ex-primeira-dama Sarah Kubitschek, o Congresso, o Itamaraty e até o Céu de Brasília dão nome a sabores de chás, enquanto Oscar Niemeyer e Lucio Costa aparecem nas tartines. Companhias irrecusáveis.
Reconexão
Vibrante em sua nova fase, a Casa de Chá convida brasilienses e turistas a desenterrar um tesouro arquitetônico e vivenciar a simplicidade e a grandiosidade coexistindo em perfeita harmonia. É mais do que a retomada de um espaço físico, é a reconexão com a alma da cidade e testemunho do poder da preservação e da reinvenção. Ao final do dia, a experiência de sentar para tomar um cafezinho enquanto assiste ao sol se pôr entre os prédios do Congresso Nacional celebra a união entre o ontem e o amanhã, a tradição e a inovação, a memória e o sonho.
De quarta a domingo, das 10h às 19h @casadechasenacdf www.casadecha.df.senac.br
Fotos:
Raphael Carmona
Por iniciativa de Paulo Octávio, os Jogos Olímpicos de 2000 quase foram realizados na capital. Graças à paixão do empresário por esportes, a cidade elaborou sua candidatura para organizar a competição
O SONHO DE BRASÍLIA-2000
Por Jorge Eduardo Antunes
A cada quatro anos, o mundo relembra histórias dos Jogos Olímpicos. E, por pouco, eles não foram disputados em Brasília. A paixão por esportes de um empresário e então deputado federal fez com que a capital elaborasse um projeto para sediar a competição de 2000.
Ao longo da vida, Paulo Octávio praticou automobilismo, tênis e judô, entre outras modalidades. Em 1980, com 30 anos, assistiu os Jogos Olímpicos pela primeira vez, em
Moscou. Com sua visão empresarial, encantou-se com as disputas e enxergou um diferencial: o marketing espontâneo em torno da hoje extinta União Soviética.
Saiu da capital da hoje Rússia com uma ideia: Brasília era a cidade ideal para ser a sede da primeira edição do evento na América do Sul. Estava plantada a semente do primeiro projeto olímpico brasileiro. À época, Paulo Octávio chegou a comentar a ideia com o então embaixador Sinízio Nogueira, que servia em Moscou.
Dez anos mais tarde, a ideia ganhou contornos de realidade. Em 8 de março de 1990, juntou-se aos então atletas Eduardo Nascimento e Heleno Fonseca Lima para elaborar o projeto dos Jogos Olímpicos Brasília-2000. O trabalho tinha de ser rápido, já que a candidatura deveria ser lançada durante a Copa do Mundo de 1990, na Itália, quando membros do Comitê Olímpico Internacional (COI), convidados pelo então presidente da FIFA, João Havelange, assistiriam à competição.
O primeiro desafio para Paulo Octávio foi conseguir o aliado mais importante: o presidente da República. Em 27 de março, em audiência no Palácio do Planalto, o então presidente Fernando Collor de Mello conheceu uma síntese do projeto, que objetivava fazer a capital e o Brasil mais conhecidos em todo o mundo.
Inicialmente, comprou a ideia, mas com um senão. “A candidatura de Brasília pode contar com o apoio do Governo Federal, mas não colocarei um centavo de dinheiro público”, alertou. Após o encontro, Paulo Octávio foi visitar Wanderley Vallim, então governador do DF. Saiu com o apoio oficial, que foi chancelado no mesmo dia.
Diante das adesões, ele instalou a equipe do projeto Brasília-2000 em salas de sua propriedade, na 201 Norte. Ganhou, ainda, o apoio de Joaquim Roriz, candidato ao GDF. Após ser eleito deputado federal, voltou a Vallim e a Collor para reforçar apoios e procurou o então secretário
nacional de Desportos da Presidência, Arthur Antunes Coimbra, o Zico, maior jogador da história do Flamengo.
Com Zico, costurou o decreto que constituía a Comissão Pró-Olimpíada Brasília 2000, sancionada em 31 de setembro daquele mesmo ano de 1990. Vallim nomeou os oito membros: Zico, como presidente; Paulo Octávio, como vice; e os membros Márcio Cotrim, Sérgio Graça Lima, Ronaldo Monte Rosa, Ruy de Lima Casaes e Silva, Antônio Simões e Heleno Fonseca Lima.
Sem dinheiro público na empreitada, Paulo Octávio e Zico fundaram a Associação Brasília Olímpica 2000, sociedade civil sem fins lucrativos, independente da comissão, que tinha como objetivo angariar patrocínios. Com o apoio do influente publicitário Mauro Salles, as portas do mundo empresarial nacional foram se abrindo. Quatro empresas decidiram bancar os custos do projeto: Varig, Perdigão, Sanbra e Bradesco se tornaram sócias-beneméritas da Associação.
No dia 10 de dezembro de 1990, a associação foi oficialmente criada. Paulo Octávio era o presidente, tendo como co-fundadores Mário José Gonzaga Petrelli, Eduardo José da Silveira Nascimento, Heleno Fonseca Lima, Luiz Henrique Scala Manzolillo, Gabriel Domingos Barreto Soares, Carlos Eduardo da Silveira Nascimento, Sérgio Lima da Graça, Mauro Salles, João Carlos Di Gênio, Maria Luiza Dornas, Danilo Ferreira Venturini e Luiz Augusto Vasconcellos.
Fotos: Arquivo pessoal
Em 1991, Paulo Octávio decidiu ir a Atlanta, cidade que sediaria, cinco anos mais tarde, os Jogos Olímpicos do centenário. Queria entender mais da organização do evento e da elaboração do projeto. Recebido pelo presidente do Comitê Organizador de Atlanta-1996, William Porter Payne, conheceu os detalhes e ficou impressionado com o apoio das empresas à candidatura.
Por lá, os patrocinadores só apareceram após a aprovação da cidade pelos membros do Comitê Olímpico Internacional (COI). A agenda também teve visita técnica às obras das instalações desportivas, com destaque para as obras da Vila Olímpica. Mas o que o encantou foi o apoio popular ao projeto olímpico.
Em território nacional, o projeto avançava. Após a escolha e escolha da logomarca da candidatura e da realização da primeira maratona do Correio Braziliense, Brasília-2000 ganhou o apoio oficial do maior jornal da capital, com um editorial assinado com o título “O Correio acredita no sonho olímpico”. Pouco antes, em 12 de abril, o governador Joaquim Roriz encaminhou carta ao presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), André Richer, pedindo que Brasília fosse oficializada como candidata aos Jogos de 2000.
O time de técnicos ligados ao projeto cresceu, assim como os apoios de deputados, senadores, governadores e autoridades. Pouco antes de Zico deixar a Secretaria de Desportos, que seria ocupada pelo ex-jogador de vôlei Bernard Rajzman, Paulo Octávio ainda esteve em Barcelona, sede das Olimpíadas de 1992, para as primeiras sondagens em torno da candidatura. A concorrência seria pesada: Brasília disputava com Sydney, Milão, Pequim, Berlim, Manchester e Istambul.
Após a primeira viagem oficial do grupo, a agenda seguinte foi o Congresso da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa), que seria realizado em Havana, capital cubana. Ao
chegar lá, em 31 de julho de 1991, o grupo comandado por Paulo Octávio sabia que Fidel Castro, então líder absoluto de Cuba, nutria simpatia pela candidatura de Brasília aos Jogos Olímpicos. A sinalização havia sido dada pelo embaixador cubano, Jorge Bolaños.
Além de comandar a organização de eventos de divulgação da candidatura e de participar da montagem dos showrooms, Paulo Octávio teve um encontro preliminar com Fidel. Na conversa, falou brevemente da pretensão do Brasil e convidou o líder da revolução cubana de 1959 para que comparecesse a um jantar oferecido aos membros do COI e presidentes dos comitês olímpicos da Odepa.
A candidatura de Brasília ganhou, então, o apoio do presidente da Odepa, Mário Vázquez Raña. Pela primeira vez, um país da América do Sul apresentava-se para tentar sediar a competição e ele, mexicano de nascimento e empresário de comunicação, logo se entusiasmou com a ideia. Mas Paulo Octávio saíra do encontro com Fidel sem a confirmação de que o líder cubano estaria no jantar que seria promovido pela delegação brasileira no restaurante Le Cecilia.
O sim de Fidel viria em 5 de agosto, quando um emissário do cerimonial do presidente confirmou a presença. O evento seria naquela noite e o comandante cubano chegou atrasado e cercado de forte esquema de segurança, pois a ilha caribenha estava lotada de turistas. Mesmo com a retirada repentina da delegação norte-americana, o jantar foi um sucesso.
Anfitrião dos Jogos Pan-Americanos de 1991, que começariam três dias depois, Fidel foi a estrela do jantar. Ao saber que Anna Christina era neta de JK, não economizou nas perguntas sobre o ex-presidente, que conheceu em abril de 1959, quando visitou Brasília ainda em obras, já como novo premiê do regime cubano, que fora reconhecido pelo Brasil. Ao se despedir, anunciou o apoio à candidatura.
“Estarei incondicionalmente ao lado de vocês”, disse um enfático Fidel Castro.
O roadshow por Havana colheu apoio não só de Fidel. Os 17 membros das Américas e do Caribe no COI demonstraram simpatia à candidatura, e Vázquez Raña marcou uma visita para outubro, com o objetivo de conhecer a cidade.
Em consenso com o secretário Bernard Rajzman, Paulo Octávio indicou Carlos Arthur Nuzman para ocupar o cargo de diretor-executivo do grupo. Atleta olímpico defendendo a seleção brasileira de vôlei nos Jogos de Tóquio, em 1964, Nuzman presidia a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) e era vice-presidente da Federação Internacional de Voleibol (FIVB), o que dava mais peso político.
Em 30 de outubro de 1991, Mário Vázquez Raña veio a Brasília e foi recebido pelos executivos que cuidavam da candidatura. E deu importantes dicas da abordagem ao Comitê Olímpico Internacional (COI). Depois, entregou prêmios a
Fotos: Arquivo pessoal
atletas brasileiros, que iriam competir nos Jogos de Barcelona-1992, oferecidos pela comissão da candidatura. Após um dia de compromissos, Vázquez Raña confessou ter aprovado a capital, pelo projeto urbanístico que iria fascinar o mundo.
O projeto vinha ganhando corpo, mas decisivo seria o apoio oficial do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). O GDF já havia encaminhado o pedido de inscrição ao COB, que ficou de analisar a proposta em 10 de dezembro de 1991. Em reunião que contou com expoentes da política desportiva, como João Havelange e Sylvio de Magalhães Padilha, a candidatura poderia ter, enfim, o selo da entidade.
A fala contundente de Havelange coroou os trabalhos. Por aclamação, todos os dirigentes esportivos brasileiros aprovaram a candidatura de Brasília para os Jogos de 2000. Pela primeira vez, a candidatura de Brasília frequentou os mais importantes telejornais do País.
Ainda em 1991, João Havelange viria à capital. O projeto de Brasília-2000 previa a realização do torneio olímpico de futebol em Taguatinga. A visita técnica, feita em 20 de dezembro, deixou boa impressão no então presidente da Fifa, que percorreu os locais destinados às instalações e aprovou os pré-projetos do estádio que iria abrigar as partidas.
Havelange também esteve na sede da Comissão Pró-Olimpíadas, onde sabatinou técnicos, fez sugestões e elogiou o que estava sendo pensado, especialmente a Vila Olímpica e o Centro de Mídias, que ficariam onde hoje é o Noroeste.
A proximidade com os locais de competição, a segurança para os atletas e a possibilidade de as instalações transformarem-se, após os Jogos, em um bairro empolgaram o dirigente. O coroamento do dia seria a reunião de Havelange com o presidente Fernando Collor, na qual o comandante do futebol mundial garantiu que eram boas as chances de Brasília ser escolhida como sede dos Jogos de 2000, e que ele se empenharia para isso.
A vinda de Havelange trouxe prestígio e contatos para a candidatura. Pouco antes de embarcar para o Rio de Janeiro, revelou a Paulo Octávio que iria agendar com o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Juan Antônio Samaranch, a entrega da carta que marcaria a inscrição oficial de Brasília como candidata aos Jogos.
Em janeiro de 1992, Havelange estaria na França, para receber a Légion d’Honneur, entregue pelo presidente François Mitterrand. Hospedado pela Federação Francesa de Futebol no Hotel Ritz, teve a oportunidade de apresentar a candidatura de Brasília a eles, que pleiteavam a realização da Copa do Mundo de 1998. Um acordo tácito para o trabalho em torno das duas candidaturas, pois a França contava com dois votos no COI.
Tudo estava andando em ritmo acelerado para o encontro marcado para 7 de fevereiro de 1992, em Courchevel, nos alpes franceses. Naquela manhã fria, com termômetros marcando – 3°, Paulo Octávio teve o primeiro encontro com Juan Antonio Samaranch, o presidente do COI. Levado por Havelange, ele capitaneava a delegação, composta ainda por Bernard Rajzman, André Richer, Carlos Arthur Nuzman e Ronaldo Monte Rosa.
Um dos maiores defensores dos Jogos de Barcelona, que seriam realizados naquele ano, Havelange havia aberto os caminhos para que Samaranch recebesse bem a delegação brasileira. Em uma hora, o grupo expôs em detalhes os planos para os Jogos de 2000. Documentos importantes foram entregues ao dirigente, como a carta de indicação do COB e as garantias oficiais do governo. Depois de ver o vídeo preparado para ocasião e folhear o livro da candidatura, revelou que pretendia visitar a cidade em setembro, após a visita dos membros do comitê técnico.
Na mesma viagem, Paulo Octávio e o grupo de dirigentes ofereceram um jantar aos membros do 38° Congresso do COI, no Hotel Byblos. Ao final do evento, Havelange e Sylvio de Magalhães Padilha já contavam com 32 votos – 16 das Américas, 11 da África e cinco da Ásia. O quadro ficaria mais fortalecido na noite seguinte, quando Mário Vázquez Raña, da Odepa, organizou recepção para a delegação brasileira, e discursou dando apoio aos Jogos em Brasília.
Paralelo à costura política, a equipe técnica fechava os projetos das 21 instalações desportivas. Um evento em 21 de fevereiro de 1992, na sede da comissão, marcou o engajamento de Joaquim Roriz, então governador do DF, lembrando que o projeto vinha sendo concebido sem dinheiro público, mas acenando com o apoio necessário.
Naquela ocasião, ao lado de Márcia Kubitschek e Oscar Niemeyer, Paulo Octávio anunciou as cinco empresas e consórcios selecionados para executar os projetos relativos à competição. A cereja do bolo era o projeto de Oscar Niemeyer para a Vila Olímpica. Ele pediu três meses para entregá-lo – o que foi cumprido em 4 de junho de 1992. Fora convidado por Paulo Octávio em abril do ano anterior, e sempre se mostrou interessado.
Na tarde daquele dia, ele conheceu os terrenos que abrigariam a Vila Olímpica e a Vila de Mídia – reservada a jornalistas. A instalação para atletas era bem localizada e
Fotos: Arquivo pessoal
fronteiriça a áreas de preservação ambiental. E seu projeto cumpria o prometido, pois integrava-se perfeitamente à capital planejada nos anos 1950: os 19 prédios de seis andares, com 2 mil apartamentos, eram circulares e voltados para jardins com exemplares nativos do Cerrado. Cercado por 6 mil vagas e com uma cidade de serviços de apoio, deixava cada atleta a cerca de 5 quilômetros dos locais de competição.
Um apoio extra daria ainda mais fôlego. Em encontro com Lúcio Costa, no dia 23 de abril de 1992, ele apresentou o pré-projeto e ouviu do urbanista da capital a seguinte frase: “Não pensei em uma Olimpíada quando planejei os espaços de Brasília. Mas não vi nada tão adequado para se adaptar ao projeto original da cidade”.
Descentralização e desenvolvimento
As competições não se resumiriam a Brasília. As cidades estavam integradas no projeto. Taguatinga teria jogos de futebol e competições de luta. O Guará receberia o hóquei e o halterofilismo. Na Granja do Torto seriam sediados os esportes equestres e o pentatlo moderno. Sobradinho ficou com o badminton e o Núcleo Bandeirante com beisebol, esgrima e uma parte da disputa do pentatlo moderno.
O Setor de Clubes Sul receberia tiro e vôlei. O de Clubes Norte, canoagem e remo. A Asa Norte ficaria com arco e flecha e boxe. A Asa Sul com o judô. O Parque da Cidade abrigaria tênis, ginástica e a final do handebol. O complexo olímpico sediaria o atletismo, a final do futebol, hipismo, basquete, natação, pentatlo moderno, polo aquático, saltos ornamentais, nado sincronizado, ciclismo e vôlei.
Essa divisão legaria às cidades instalações desportivas permanentes. Taguatinga teria o Serejão ampliado e modernizado, pronto para abrigar 30 mil pessoas. No Guará, o estádio e o ginásio da Cave passariam a abrigar 25 mil e 6 mil espectadores, com conforto. O ginásio do Gama passaria para 10 mil lugares e o do Cruzeiro, para 7 mil, ocupação quase igual ao de Sobradinho – 6,5 mil. Ainda de pé à época, o Estádio Rei Pelé seria modernizado.
Isso sem contar o que seria construído em instalações já existentes, como o Centro Educacional Leste e o Gisno, além de novos equipamentos esportivos em vários pontos do Plano Piloto – o Mané Garrincha e o Nilson Nelson seriam os lugares que mais receberiam obras. Para buscar apoio, outros estados e cidades foram envolvidos na organização. Haveria futebol em Belo Horizonte, Goiânia e Uberlândia. Búzios seria a sede da vela e o Rio de Janeiro ficaria com o remo.
Consolidando-se internamente, a candidatura de Brasília não esquecia dos parceiros continentais. Em 24 de abril de 1992, Paulo Octávio estava em Acapulco, no México, para a assembleia-geral da Odepa. Ali estariam membros com votos no COI, e era preciso buscar apoios, como fariam cidades rivais. Com Carlos Arthur Nuzman fazendo a apresentação, e dando ênfase ao meio ambiente privile-
giado de Brasília, o projeto surpreendeu. E veio mais uma boa notícia: Juan Antonio Samaranch, presidente do COI, iniciaria por Brasília as visitas às cidades candidatas aos Jogos de 2000, acompanhado por membros do comitê.
O grupo saiu de Acapulco para Mônaco, onde haveria novo encontro com Samaranch na assembleia-geral das Federações Internacionais dos Jogos Olímpicos de Verão. Novamente com Nuzman à frente, recebeu um feedback animador: o presidente da comissão de Milão admitiu que a proposta de Brasília o deixara “de queixo caído”.
Outra parada importante seria em Barcelona, sede dos Jogos de 1992. Com mais de uma tonelada de material da candidatura, o trabalho era abordar membros do COI presentes. Ação que teria em João Havelange um parceiro essencial, pela sua capilaridade no mundo esportivo.
Para auxiliar na dura tarefa, um showroom da candidatura foi montado no mega-iate El Bravo, de Max Frey – bilionário suíço casado com uma brasileira e que o cedeu ao grupo. Em seus 212 pés, as cabines viraram salas de exibição de vídeos e distribuição de materiais. Ancorado no porto de Barcelona, o El Bravo se tornou uma atração à parte no verão espanhol.
Entretanto, nem mesmo o poder de articulação de Paulo Octávio poderia prever alguns problemas. Joaquim Roriz não viajou para Barcelona. E Fernando Collor, que esteve na Cúpula das Américas, realizada em Madri, não estendeu sua permanência na Espanha para acompanhar a abertura dos Jogos de Barcelona. Sua presença, certamente, auxiliaria na percepção de apoio oficial à candidatura de Brasília-2000
Ao mesmo tempo, o COI fixou regras mais rígidas para o lobby das cidades. Vetou atividades sociais – como jantares, almoços e coquetéis – e limitou presentes a um máximo de US$ 100. O El Bravo, então, virou uma espécie de embaixada informal do Brasil, por sugestão do empresário Arthur Falk, amigo de Max Frey e intermediador da cessão do barco. Por ali passaram homens importantes, como Antônio Carlos de Almeida Braga, Havelange, Sylvio de Magalhães Padilha e André Richer.
A presença mais influente foi a do casal Lily e Roberto Marinho. O dono das Organizações Globo, antes reticente com a candidatura de Brasília, saiu de Barcelona como um dos apoiadores, após muitas conversas nos
15 dias em que esteve hospedado no El Bravo – chegou, inclusive, a vestir a camisa da campanha.
Com a candidatura homologada junto ao COI, era preciso elaborar o dificílimo Dossiê Técnico exigido pela entidade para embasar a candidatura de Brasília, comprovando as potencialidades para realizar os Jogos. Era escrito em francês e inglês e sua encadernação deveria permitir o desmembramento dos capítulos.
Escrito e paginado entre novembro de 1992 e janeiro de 1993, era acompanhado da carta-garantia do presidente da República, Itamar Franco, que sucedera a Collor após o impeachment. A obtenção deste importante documento contou com um apoio fundamental: o de Fernando Henrique Cardoso. Então ministro das Relações Exteriores, foi ele que disse a Itamar que o projeto era importante para o Brasil.
Os documentos que oficializavam a candidatura de Brasília junto ao COI foram entregues a Juan Antonio Samaranch e equipe no dia 2 de fevereiro de 1993. Paulo Octávio fez uma breve apresentação, entregou o Dossiê Técnico e passou a palavra a Márcia Kubitschek, que, em francês perfeito, deu suas garantias não só como vice-governadora, mas como filha do fundador de Brasília.
No almoço que se seguiu, Paulo Octávio, João Havelange e membros do comitê fizeram o lobby para convencer o COI que Brasília era a melhor cidade da América do Sul para sediar os jogos. Mas já se sabia que o projeto corria riscos. Mesmo dando aos patrocinadores a garantia que a candidatura de Brasília estava mantida, mudanças feitas por Itamar Franco começaram a atingir a pretensão da cidade.
A primeira foi a saída de Bernard Rajzman da Secretaria de Desportos, absorvida pelo Ministério da Educação e entregue a Márcio Braga, ex-presidente do Flamengo e ex-deputado federal. Com Bernard fora do governo, Nuzman deixou o cargo de diretor executivo da Comissão. E os patrocinadores saíram do projeto em 31 de dezembro de 1992.
Sem apoios, Paulo Octávio passou a bancar salários e custos. Acreditava que novos patrocinadores surgiriam. Mas já se contentava em apenas mostrar a candidatura de Brasília e do Brasil ao mundo em Monte Carlo, no dia 23 de setembro de 1993. Foi com esse espírito que recebeu Juan Antonio Samaranch no dia 15 de fevereiro de 1993.
Em 9 de março, Paulo Octávio e Joaquim Roriz foram a Mar del Plata, na Argentina, para a 30ª Assembleia-Geral da Odepa, onde haveria a chance de retomar o lobby de Brasília. E Roriz fez uma defesa apaixonada da cidade perante os 13 membros do COI ali presentes.
“Essa é a maior oportunidade que o continente sul-americano tem de revelar ao mundo inteiro as riquezas que aqui existem”, discursou.
No entanto, o lançamento da candidatura de Buenos Aires aos Jogos de 2004 deixou uma impressão amarga de que Brasília seria alijada do páreo. No final daquele mês, Paulo Octávio conseguiu novos apoios financeiros para a Associação Brasília Olímpica. Com o caixa reforçado, foi possível receber a missão do COI, que veio avaliar instalações esportivas, condições de infraestrutura e adesão da população.
Em 26 de março, chegaram o sueco Gunnar Ericsson, chefe da inspeção, o nigeriano Henry Edmundo Adefope, o filipino Francisco Elisalde e quatro técnicos e assistentes. Por seis dias, estiveram em 26 eventos, de reuniões técnicas a atividades sociais. Saíram bem impressionados de Brasília, e tudo levava a crer que a candidatura iria chegar com força em Mônaco.
Todavia, dirigentes esportivos nacionais e internacionais começaram a pressionar pela sua retirada. Ao mesmo tempo, o governo federal não demonstrava atitudes firmes para defender a proposta. A credibilidade internacional começou a ruir graças a posições pouco claras de Itamar, Márcio Braga e do então ministro da Educação, Murílio Hingel.
Em 29 de julho, Itamar Franco pediu a Samaranch o adiamento da candidatura de Brasília para os Jogos de 2004. Alegava condições desfavoráveis na política e na economia nacionais. Neste clima, em 15 de agosto de 1993, a candidatura foi oficialmente retirada. No artigo
Morte na Praia, publicado pelo Correio Braziliense, Paulo Octávio resumiu seu sentimento.
“A nossa candidatura, além de ter consumido três anos de trabalho de 40 técnicos, movimentando escritórios do porte de Oscar Niemeyer e Ruy Ohtake, cumpriu todos os requisitos exigidos pelo Comitê Olímpico Internacional. A candidatura estava oficialmente inscrita e homologada. Fizemos todo o percurso, ultrapassamos todas as dificuldades. Não perdemos. Fomos vencidos pela pressão interna e pelo adversário externo”.
A convite de Samaranch, ele esteve em Monte Carlo, no dia 23 de setembro de 1993, ao lado de Márcia e Anna Christina Kubitschek, onde assistiu à vitória de Sydney e os bastidores de como se vence uma disputa olímpica. Saiu de lá com a constatação de que era preciso afinar a sintonia entre poderes. Apesar do compromisso de Havelange, Itamar e Samaranch, o Rio de Janeiro já se movimentava para se candidatar, cooptando executivos que trabalharam em prol de Brasília.
Sentindo o clima favorável aos cariocas, Paulo Octávio retirou a candidatura. O Rio não conseguiu ser a sede de 2004 – os Jogos foram realizados em Atenas. Mas os cariocas tentaram outras vezes, até conseguirem ser escolhidos, em 2 de outubro de 2009, para realizar os Jogos de 2016, derrotando Madri por 66 votos a 32.
Fotos: Arquivo pessoal
ÍCONES
Isadora Campos
@isadoracampos
ETERNO E MEMORÁVEL JK
“Cheguei de surpresa ao Memorial JK e fui recebido com muita alegria pelas crianças. São por elas e pelo futuro que representam que devemos trabalhar”, compartilha André Kubitschek, bisneto de Juscelino Kubitschek. Sua mãe, a filantropa e reconhecida Anna Christina Kubitschek Barbará Pereira, é diretora da Sociedade Civil Memorial Juscelino Kubitschek e está à frente da gestão do monumento que mantém viva a história do fundador de Brasília – e se preocupa em não deixar que as novas gerações deixem de conhecer quem foi que decidiu mudar a capital do Brasil para o centro do País no final dos anos 1950.
Frequentemente, o Memorial recebe visitas guiadas para estudantes de escolas públicas do DF – que precisam ser agendadas. Além disso, livros e obras que contam a história de JK também informam às crianças e adolescentes sobre JK, como o título De Nonô a JK, que faz alusão ao apelido de infância de Juscelino, produzido em parceria com a Secretaria de Cultura do DF.
Em seu auditório, nomeado Márcia Kubitschek, com capacidade para 310 pessoas, são sediados inúmeros espetáculos: apresentações de corais, projeções de filmes, peças de teatro e até palestras. O espaço permite a realização de eventos institucionais, formaturas e congressos,
Um convite a conhecer as histórias entrelaçadas de nossa capital e do presidente fundador
demonstrando o estreito laço com a educação, cultura e empreendedorismo valorizado pela família que carrega o legado do mais celebrado presidente que o nosso País teve.
História e arte
“Alvorada, com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino”. A ambiciosa mudança da capital é recontada em uma viagem ao tempo. Os visitantes são recebidos em um tapete tecido por artesãs de Diamantina, cidade natal do emblemático fundador.
Mãe e filho, Anna Christina e André Kubitschek
Fotos: Divulgação
Erguido a pedido de sua viúva Sarah Kubitschek, em 1981, o complexo arquitetônico abriga obras de arte e diversificadas exposições que ilustram a vida e realizações do ex-presidente. Em icônico traçado de Oscar Niemeyer, que doou o projeto à Sarah por sua profunda amizade e admiração à família, traz também o mausoléu onde está Juscelino, sob uma imponente estátua de bronze feita por Honório Peçanha e vitrais de Marianne Peretti.
Os grandes feitos do visionário fundador fazem parte do acervo, juntamente com simbolismos como seus pertences pessoais, fotos particulares, faixa presidencial, biblioteca pessoal e vasta coleção de condecorações. Além disso, o último carro, Ford Galaxie LTD, e obra de Athos Bulcão completam o espaço tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Presenteado por Athos, o díptico é inspirado na folclórica canção Peixe Vivo, que se converteu em um metafórico hino que saudava o presidente. Também de sua autoria, o painel circular em mármore que envolve a câmara mortuária e o painel em mármore localizado no andar térreo.
Amante das artes, a família Kubitschek também compartilhou suas honrarias oferecidas por amigos e expoentes artistas, como a joalheira Carla Amorim, que presenteou o museu com uma peça sua em ouro amarela nomeada Flor do Cerrado, em homenagem à vegetação nativa, e o arquiteto paulistano Ruy Ohtake que ofereceu um cadeira de design modernista e duas singelas esculturas de vidro cujo traçado relembra as ruas de nossa capital.
Ainda, em celebração ao centenário do nascimento do presidente, em 2002, o artista Darlan Rosa distribuiu pelo jardim esculturas esféricas poéticas, remetendo a fragmentos históricos de Brasília em recortes de aço de carbono fundidos, emoldurando a escultura hiper realista em bronze do casal, Sarah e JK, criada por Roberto Sá.
A imperdível visitação, de terça a domingo, é uma oportunidade para viajar no tempo e compartilhar o sonho da cidade, de seus planos e metas, a suas concretizações que ecoam no coração dos brasilienses, natos ou abrigados. Um lugar dedicado a perpetuar o legado do nosso fundador.
@memorialjk www.memorialjk.com.br
OS MISTÉRIOS ABAIXO DAS ÁGUAS DO PARANOÁ
Cartão-postal de Brasília guarda histórias antigas, até mesmo de uma cidade submersa, cuja população somava 16 mil moradores no ano de 1959
Por Caio Barbieri
Fotos Beto Barata
A responsabilidade de receber o título de um dos mais elogiados pontos turísticos de Brasília também desperta o interesse sobre a história e curiosidades que deram origem ao Lago Paranoá, atualmente um dos maiores reservatórios artificiais de água da América Latina. Com 48 quilômetros quadrados de área total, uma profundidade que chega a 38 metros e cerca de oitenta quilômetros de perímetro, o cartão-postal brasiliense guarda inúmeras excentricidades, não apenas por ter sido idealizado pelo engenheiro, botânico e paisagista francês Auguste François Marie Glaziou, em 1894, durante a 2ª Comissão Cruls, mas também por ter deixado uma cidade submersa após a construção da barragem que represou as águas do Rio Paranoá.
Durante a concepção na Missão Cruls, a ideia era que o lago ajudasse a amenizar o clima da região, que desde então se sabia que passava por um longo período de estiagem, e a existência dele foi um dos fatores decisivos
para a escolha do projeto urbanístico da capital. Com a construção de Brasília, Lucio Costa cumpriu a ideia e, no projeto, chamou o lago de lagoa.
A previsão e o desejo do então presidente do Brasil Juscelino Kubitschek era de que o lago estivesse cheio para a inauguração de Brasília, em 21 de abril de 1960. “Como inaugurar Brasília sem o lago tão amplamente anunciado e que, além do mais, seria a moldura líquida da cidade?”, teria dito o presidente do Brasil. Contudo, não foi tão simples assim.
A primeira vez que o lago recebeu água foi ainda em 1959, em 12 de dezembro, com a inauguração da Barragem do Paranoá. Contudo, foi apenas oito meses depois que o lago atingiu a famosa “cota mil”, a qual hoje dá o nome de um dos famosos clubes da capital.
Ainda em 1959, cerca de 16 mil operários e suas famílias habitavam a chamada Vila Amaury, uma das histórias escondidas e “levadas” pelo enchimento do Lago Paranoá. Até então provisório, o “bairro” abrigava trabalhadores e também era destino certo de quem procurava bares e diversão durante o cansativo período da construção de Brasília.
Para sair do papel, a área precisaria ser desocupada, já que seria inundada pelas águas do rio e, mesmo assim, muitos operários resistiram ao chamado do governo da época.
Para se ter ideia, a vila, hoje desaparecida, estaria localizada nos declives atrás do Iate Clube de Brasília e do Grupamento de Fuzileiros Navais na Asa Norte.
Em 1959, quando o Rio Paranoá foi represado, o lago começou a se encher lentamente ao longo dos meses após a construção da barragem de contenção. Para incentivar o êxodo, as autoridades ofereceram lotes em Sobradinho, Gama e Taguatinga, mas a distância do centro da capital acabou não ajudando a convencer os moradores do acampamento provisório.
O fechamento repentino das comportas, devido ao aumento das chuvas, resultou no rápido enchimento do lago, sem tempo para remover todos os barracos da vila inundada. E, assim, conforme o lago enchia, as casas, as ruas, os bares e todas as memórias ali vividas foram levadas pelas águas.
A cidade segue submersa até os dias de hoje e atrai mergulhadores de vários cantos do Brasil que desejam descobrir os segredos e as relíquias afundadas da Vila Amaury.
Relíquias históricas
Uma das personalidades que mais contribuiu para manter viva a história da Vila Amaury, nome dado ao engenheiro que morava no local, foi o premiado fotógrafo Beto Barata. Renomado pelos cliques políticos, Beto precisou de um tempo da rotina do dia a dia nos palácios para se reconectar, não apenas com a profissão, mas também com novos desafios.
Foi então que decidiu integrar o projeto Lente Cultural, há 14 anos, que juntava duas paixões: a fotografia e o mergulho. Decidido a descobrir o que o Lago Paranoá mantinha em
toda a sua extensão, Barata topou dedicar praticamente um ano de sua trajetória profissional para registrar toda a grandiosidade de nosso ponto turístico, decisão que resultou no livro Brasília Submersa, fonte de pesquisas até os dias atuais.
“Eu sou fotógrafo, tenho trinta anos de carreira. Eu entrei numa crise com a fotografia, com a cobertura política, por ficar trancado dentro de palácios. Comecei a querer uma válvula de escape. Sempre gostei de mergulho, da água, onde me sinto bem. Como brasiliense, sou admirador do Lago Paranoá, sempre achei um local maravilhoso”, conta.
O profissional lembra que, durante um dos primeiros mergulhos assistidos, procurava objetos no fundo do Lago Paranoá, mas acabou se assustando com uma boneca parecida com as de vodu, seita haitiana que invoca imagens de sacrifícios de animais, bonecos e feitiços em troca de algum desejo do autor.
Apesar do susto, Beto descobriu se tratar de uma brincadeira dos professores de mergulho, uma espécie de “batismo” para quem começa a desbravar as profundezas de nosso cartão-postal.
Com mais de cem mergulhos durante um ano em parceria com equipes treinadas e equipadas, Beto Barata conseguiu registrar um dos mais reconhecidos acervos da cidade submersa pelo Lago Paranoá.
Não há, claro, resquícios de ruínas parciais, já que os antigos moradores tiveram tempo de arrancar, por exemplo, portas, telhas, janelas e demais objetos para serem reaproveitados no novo local de moradia. Mesmo assim, corrobora Beto, há ainda paredes de tijolos submersas, um curral e até mesmo um vaso sanitário num local onde, provavelmente, seria um banheiro residencial. “Eu comecei a conversar com os mergulhadores. Sempre ouvi as lendas sobre o Lago, como o que seria um ‘cemitério de trator’, por exemplo. Após nossos papos, mergulhamos nas quatro regiões dele, e uma delas foi a Vila Amaury. Tive de aprender a mergulhar e fotografar ao mesmo tempo”, brincou.
Com uma água turva, o Lago Paranoá não é considerado um local ideal para registros subaquáticos. Beto destaca que, a partir dos dez metros de profundidade, a visibilidade é praticamente inexistente. “Contamos com diversos equipamentos na época para encontrar o que restou da Vila Amaury, incluindo brinquedos deixados pelos moradores”, afirma o artista.
Mesmo com os desafios impostos pelas águas turvas do Lago Paranoá, esses registros trazem à tona histórias e memórias submersas que continuam a fascinar e inspirar. Imagens que são uma janela para um passado oculto, revelando fragmentos de vidas e sonhos que repousam silenciosamente no fundo do lago.
Inspirada na canção de Luiz Gonzaga, a Casa do Cantador, em Ceilândia, tem os traços de Oscar Niemeyer. E o poeta cearense Porfírio, o homem de pedra e sua viola, que celebra a cultura nordestina no DF
A ASA BRANCA DO CERRADO
Por Eric Zambon
Fotos Rayra Paiva
De pernas cruzadas e sorriso no rosto, a estátua de Alberto Porfírio é a primeira coisa que os frequentadores da Casa do Cantador, na QNN 32 em Ceilândia, enxergam ao irem lá. Enquanto dedilha as notas de uma canção desconhecida, o homem de pedra parece se divertir com quem quer que passe por ele, encarando o público de soslaio por detrás dos oclinhos triangulares. Em 2024, o Cantador e a própria Casa completam 38 anos de existência.
O semblante simples nem parece esconder um passado complexo. O artista que dá nome e forma à obra foi um
poeta cearense nascido na década de 1920. Durante a Segunda Guerra Mundial, alistou-se como um dos soldados da borracha, grupo de nordestinos levados ao Amazonas para extrair látex e entregar às tropas aliadas na luta contra os nazistas. Porfírio, porém, era mais chegado na cantoria do que no conflito e desistiu, de última hora, de entrar no navio que o levaria para a missão. A embarcação foi torpedeada e o poeta, salvo pela própria gaiatice, entrou para uma seleta lista de sortudos da humanidade.
O restante da história do cantador, porém, é muito mais importante e interessante do que esse curioso trecho. São seus diversos cordéis publicados, além de sonetos e composições musicais que o fizeram viajar o Brasil com
a sua arte. O seu repente e a poesia o levaram a Brasília, em novembro de 1986, para a inauguração da Casa do Cantador, onde foi homenageado com a estátua.
Seu legado, agora eternizado na pedra, é o guardião de um espaço único em Ceilândia. A Casa foi projetada por Oscar Niemeyer, que se inspirou na canção Asa Branca, de Luiz Gonzaga, e se tornou um importante símbolo cultural da cidade. Felipe Ramón, subsecretário do Patrimônio Cultural do DF, afirma que o espaço foi concebido para promover valorização popular com especial interesse nas tradições do Nordeste. “Ceilândia é uma das cidades com maior influência nordestina no DF, por isso não é à toa que a Casa está ali. Foi pensada inicialmente como pouso de artistas que viriam para cá, mas se tornou muito mais do que isso”, explica.
De acordo com o Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF), mais de 640 mil nordestinos vivem na capital federal, com grande concentração justamente em Ceilândia, região administrativa mais populosa de Brasília, com quase 300 mil habitantes. Felipe ressalta, contudo, que a cultura regional preservada e propagada no local não se restringe ao público que veio do Nordeste. “A Casa do Cantador também escoa a cultura gerada pela própria comunidade ceilandense, que pode ter uma forte influên-
cia das manifestações nordestinas, mas também tem suas características próprias. O espaço virou um ponto para congregar diversos tipos de arte. Por isso que os eventos mais comuns são festas de forró, viola, baião, rastapé e afins, além de leitura de cordéis, mas várias outras coisas acontecem”, diz.
Diversidade na veia
A personificação dessa diversidade está no rapper Marcos Vinícius de Jesus Morais, mais conhecido como Japão. Integrante do Viela 17 e parceiro de longa data de ícones do estilo, como o também brasiliense Genival Oliveira Gonçalves, o GOG, e MV Bill, Japão é o que se pode chamar de “ceilandense da gema”. Nascido em 1971, sua primeira lembrança da Casa do Cantador vem ainda dos anos 1980, pouco após a inauguração, quando costumava frequentar festas de forró junto do pai. Nos anos 1990, retornou ao local já como artista em ascensão e, em 2016, veio a consagração. Gravou o DVD 26 Anos do Rap Nacional no espaço, o que ele descreve como uma apoteose da sua carreira.
Sua relação com o local e a Ceilândia, em si, fizeram-no ter um olhar crítico sobre a situação. “Eu me lembro de ser um lugar sempre lotado na minha época de adolescente, mas
A arquitetura do complexo artístico conserva características de Niemeyer
isso foi se perdendo com o passar do tempo. Não adianta ter um espaço desse e não convidar as pessoas. Se deixar, o tempo corrói”, defende.
A Subsecretaria de Patrimônio do DF afirma que alguns eventos pedem ingressos voluntários para fomentar o trabalho dos artistas locais, mas a maioria dos acontecimentos é gratuito. Conforme a pasta, como não há exposições permanentes, a orientação é buscar as redes da secretaria de Cultura para saber a programação e horários de abertura do lugar.
Para Japão, esse acesso poderia ser liberado sempre e a comunidade poderia ser a verdadeira gestora do espaço. “Lá é um monumento idealizado por Niemeyer e muita gente nem sabe disso. Deveria ser uma casa de convivência aberta à comunidade, para as pessoas se sentirem pertencentes àquele lugar. Poderia estar em 100% de utilização. Deveria abrir mais aos fins de semana, ter convites especiais para a comunidade desfrutar desse espaço. É como ter ouro escondido em casa e não saber onde”, reivindica.
Professora do Departamento de Música da Universidade de Brasília (UnB), Beatriz Magalhães classifica a Casa do Cantador como um abrigo de histórias e vozes do Brasil. “A música é uma referência emocional para as pessoas. Há
casos de pessoas com demência voltarem e ter emoções fortes por meio da música. Ela atinge áreas profundas na construção da personalidade das pessoas, então haver lugares para que se faça essa manifestação é muito importante. Congregar-se em cima de práticas culturais reforça a identidade de uma comunidade e ativa a memória afetiva das pessoas”, explica.
Para ela, aparelhos públicos acessíveis e de qualidade ainda são difíceis de se conseguir no Brasil, portanto lugares como a Casa merecem uma valorização. “Isso afeta até as pessoas a exercerem cidadania e terem sensação de pertencimento. A arquitetura do Niemeyer traz referências que precisam ser transmitidas para as próximas gerações, então a socialização é importante para a formação dos jovens”, conclui.
A Casa do Cantador tem quatro espaços destinados ao uso do público: a sala multiuso do térreo, que abriga o refeitório e também recebe palestras e oficinas; a sala multiuso do 1º andar, para cursos e aulas de música; o anfiteatro, onde as apresentações musicais e cênicas ocorrem, com capacidade de até 350 pessoas; e a cordelteca João Melchiades Ferreira, que disponibiliza mais de 1,5 mil cordéis e livros. Na inauguração da Casa, o próprio Luiz Gonzaga fez uma apresentação especial. Desde então, diversos artistas renomados aportaram em Ceilândia e prestigiaram o local. De Jackson Antunes a Zeca Baleiro, de Geraldo Azevedo a Alceu Valença, dentre outros. Conforme a Subsecretaria de Patrimônio do DF, a Casa do Cantador recebe, em média, cinco mil pessoas por mês.
Cordelteca é um dos tesouros do espaço cultural em Ceilândia
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Deputado
TODOS UNIDOS CONTRA A VIOLÊNCIA DE GÊNERO
Como presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), sinto-me honrado em anunciar que a Lei N° 7.538, de minha autoria, foi sancionada pelo governador Ibaneis Rocha.
A nova legislação estabelece a criação da ferramenta Mulher, não se cale, um canal de denúncia disponível nos sítios eletrônicos e aplicativos da administração direta, autárquica e fundacional do Distrito Federal, com o objetivo de facilitar e incentivar a denúncia de crimes cometidos contra todas as mulheres da nossa capital.
A importância dessa lei se faz ainda mais evidente diante dos dados alarmantes apresentados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que revelou um aumento nos casos de violência contra a mulher no Distrito Federal.
O crescimento nos índices de feminicídios, perseguição, violência psicológica e estupro demonstram a urgência de medidas eficazes, e de todos os setores da sociedade, para proteger o público feminino e garantir que seus direitos sejam respeitados.
É reconhecido pelas autoridades responsáveis por monitorar esses tipos de delitos inadmissíveis que a denúncia ainda é a forma mais eficaz de evitar finais infelizes
“Como legislador, considero fundamental que as instituições públicas e a sociedade civil atuem de forma colaborativa na luta contra a violência de gênero”
para aquelas que sofrem caladas agressões, ameaças e perseguições, por acharem que não terão ajuda para que o criminoso responda por seus atos.
Por isso, a ferramenta Mulher, não se cale passa a proporcionar o acesso direto aos canais de denúncia, como o Disque 190 da Polícia Militar (PMDF), o Maria da Penha Online da Polícia Civil (PCDF) e o canal 180, da Central de Atendimento à Mulher.
Além disso, a lei sancionada prevê ainda a realização de campanhas de divulgação para ampliar o conhecimento da população como um todo sobre a existência e utilização de todos esses recursos, o que pode inibir o agressor na continuidade da violência doméstica.
Como legislador, considero fundamental que as instituições públicas e a sociedade civil atuem de forma colaborativa na luta contra a violência de gênero.
A criação da ferramenta Mulher, não se cale representa um passo importante nesse sentido, mas é apenas o começo: devemos continuar promovendo ações educativas e de conscientização para que as mulheres saibam onde buscar ajuda e como proteger seus direitos.
A Lei N° 7.538 entrou em vigor no mês de julho, quando foi publicada e, sem dúvida, representa um marco na política de proteção às mulheres no Distrito Federal.
Como presidente da Câmara Legislativa, reafirmo meu compromisso em defender os direitos das mulheres e combater os crimes realizados por motivo de gênero em nossa sociedade.
Juntos, podemos construir um futuro mais seguro e igualitário para todas as mulheres do Distrito Federal. Por isso, o nome da lei é muito apropriado: Mulher, não se cale!
distrital e presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF)
NO DIA DOS PAIS ENCONTRE
O SEU
Souza Prudente
Desembargador Federal aposentado, bacharel em Direito pela USP, mestre e doutor em Direito Ambiental pela UFPE, pós-doutor em Direitos Humanos pelas Universidades de Salamanca (Espanha) e de Pisa (Itália) e advogado militante
PPCUB AGRIDE O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA PROIBIÇÃO DO ECOLÓGICO-AMBIENTALRETROCESSO
A Constituição da República Federativa do Brasil garante a todos o direito humano, fundamental e difuso ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações, determinando, ainda, que para assegurar a efetividade desse direito fundamental ao meio ambiente sadio, compete ao poder público, dentre outras atribuições de seu regular poder de polícia ambiental, preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas e definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integralidade dos atributos que justifiquem sua proteção, protegendo a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade (CF, art. 225, § 1º, incisos |, Ill e VII).
Foto: Alquimia
Filmes
“É
necessário tempo para a realização do projeto, que deve responder às conclusões dos estudos prévios e das arbitragens, aceitar os questionamentos, e primar pela qualidade. O produto urbano não é um produto como os outros, e, se não construímos para a eternidade, também não construímos para que seja efêmero”
Nesse contexto, a política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público no Brasil, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes (CF, art. 182, caput), na dimensão protetiva dos ecossistemas familiares, pois “a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado” (CF, art.226. caput), dando eficácia plena ao princípio constitucional do progresso ecológico-ambiental.
Para cumprir esse objetivo constitucional, a Lei nº 10.257, de 10/07/2001 (Estatuto das Cidades) estabeleceu as diretrizes gerais dessa política urbana, garantindo o direito fundamental a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações. Ordenou à cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social, estabelecendo-se uma gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano.
Em artigo publicado no jornal Correio Braziliense (edição de 07/07/2024), os conceituados arquitetos e urbanistas Caio Frederico e Silva, Ricardo Meira, José Leme Galvão Junior e Benny Schvarsberg afirmam que “Brasília é patrimônio histórico e cultural, valorizado não só pelos brasilienses, mas também pelos brasileiros e estrangeiros que a visitam”. Reconhecida como Patrimônio da Humanidade, Brasília é o único exemplar de arquitetura e urbanismo modernos a ser preservado para as gerações atuais e futuras. O modelo de tombamento urbanístico da cidade garante que escalas
monumental, residencial, gregária e bucólica sejam preservadas, sem limitar ou impedir sua complementação e atualização permanente.
Nesse contexto, o recém-aprovado Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub) pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) permite alterações que impactarão fortemente as diversas escalas da cidade. Em tempos de mudanças climáticas e urbanização acelerada, Brasília deve manter seu compromisso com a sustentabilidade, a qualidade de vida e a preservação da sua natureza. Reforçamos que as áreas verdes de Brasília são fundamentais para manter a qualidade do ar, reduzir as ilhas de calor e proporcionar espaços de lazer para a população. Qualquer redução dessas áreas, direta ou indireta, seria um passo atrás nos esforços de sustentabilidade urbana. Além disso, o aumento da densidade e da altura dos edifícios implica uma maior pressão sobre a infraestrutura existente, incluindo transporte, saneamento e serviços públicos. Devem ser evitados adensamentos nas margens do lago, buscando mitigar os impactos da urbanização, e deve-se buscar estratégias de regeneração urbana.
Jacqueline Morand Deviller, em preciso estudo: La ville durable, sujet de droits et de devoirs (“A cidade sustentável, sujeito de direitos e de deveres”), observa que “se a cidade deve preservar certos santuários”, locais de memória e de estática que fazem parte de um patrimônio indestrutível, ela tem vocação para se adaptar às novas circunstâncias, transformando-se e renovando-se. Mas em que ritmo e como? Devemos excluir qualquer precipitação. O projeto urbano precisa de tempo para reflexão e esta deve ser pluridisciplinar, além de amplamente aberta à concertação e ao debate democrático, o que demanda tempo. É necessário tempo para a realização do projeto, que deve responder às conclusões dos estudos prévios e das arbitragens, aceitar os questionamentos, e primar pela qualidade. O produto urbano não é um produto como os outros, e, se não construímos para a eternidade, também não construímos para que seja efêmero.
Não se deve olvidar, assim, que a proteção integral e responsável pelo equilíbrio ecológico do Distrito Federal, abrange, de modo especial, a segurança, a saúde e a vida de todos os que nele habitam, sem descurar de que, na organização político administrativa da República Federativa do Brasil, Brasília é a Capital Federal (CF, art.18, § 10), emoldurada pelo espelho líquido do Lago Paranoá, que toda a coletividade pretende ver ecologicamente protegida e equilibrada para as presentes e futuras gerações, sem discriminações odiosas e privilégios abusivos, com impactos negativos na preservação dos ecossistemas e de toda a população distrital, com aplicação diligente e imediata dos princípios constitucionais da precaução, da responsabilidade social, do progresso ecológico e da proibição do retrocesso ecológico-ambiental, para a felicidade ecológica das presentes e futuras gerações.
AS CHAVES PARA O SUCESSO
É verdade que raros progressos na vida, tanto pessoal quanto empresarial, seguem uma trajetória linear. Muitas vezes, as jornadas de sucesso são marcadas por desafios e reviravoltas significativas.
Um exemplo que ilustra essa complexidade é a história de Bernard Tapie, retratada na série da Netflix As 10 Vidas de Bernard Tapie. Tapie foi um empresário francês cujas empreitadas atravessaram vários campos, desde a música até a política, passando pela administração de empresas como a Adidas e até mesmo times esportivos. Sua carreira foi marcada por ascensões espetaculares e quedas abruptas, demonstrando uma grande capacidade de resiliência.
“A capacidade de manter o foco, mesmo quando o ambiente é incerto, é um traço distintivo daqueles que alcançam seus objetivos”
A série mostra como Tapie enfrentou inúmeros obstáculos em sua trajetória, incluindo escândalos financeiros, controvérsias legais e críticas públicas. No entanto, ele persistiu, reconstruindo-se várias vezes ao longo da vida. O que torna essa história tão marcante é a resiliência que Tapie demonstrou, algo que meu sócio e amigo Nelson Wilians costuma citar como um dos principais componentes do sucesso.
Resiliência é a capacidade de se recuperar rapidamente das dificuldades e continuar avançando. Na história de Bernard Tapie, essa característica é evidente. A série destaca momentos em que ele perdeu tudo e teve que recomeçar do zero, mas sua determinação e sua habilidade de aprender com os erros permitiram que ele seguisse em frente.
Tapie teve um percurso que foi tudo menos linear. As várias reviravoltas em sua vida provam que o caminho para o sucesso pode ser turbulento. O importante é manter o foco no progresso, mesmo quando o caminho se torna difícil. Nelson Wilians frequentemente destaca que o segredo está na capacidade de adaptação e na força para superar os desafios.
Para empresas e empresários, essa lição é inestimável. A capacidade de manter o foco, mesmo quando o ambiente é incerto, é um traço distintivo daqueles que alcançam seus objetivos. A jornada de Tapie mostra que mesmo quando parece que tudo está perdido, ainda há espaço para a recuperação e o crescimento.
Ao olhar para o futuro, lembre-se de que o sucesso pode ser uma estrada sinuosa. O importante é manter a visão clara e a determinação firme.
O sucesso não é sobre a ausência de falhas, mas sobre a capacidade de se levantar cada vez que se cai e continuar caminhando. Seja no mundo dos negócios ou na vida pessoal, a resiliência e a determinação são, sem dúvida, duas das mais poderosas ferramentas para alcançar grandes conquistas. Como bem diz meu sócio, Nelson Wilians, “foco no progresso” é o lema que deve guiar cada passo nessa jornada.
Fernando Cavalcanti
Economista e sócio do NWGroup
Helio Nakanishi celebra 45 anos de empreendedorismo na capital federal. Foi precursor de inúmeras técnicas em seu salão de beleza repleto de personas, bem como pioneiro em formar novos talentos e atuar pela classe no legislativo
PREDESTINADO A BRASÍLIA
Por Bruna Nardelli
Fotos Rayra Paiva
A etimologia do nome confirma: Helio (Sol, na mitologia grega) Nakanishi (junção das palavras “centro” e “oeste” em japonês) estava predestinado a resplandecer na capital do País. O paranaense de Londrina descobriu as versões cabeleireiro e empreendedor em Brasília, onde fundou a rede homônima de salões de beleza há 45 anos. Obstinado e avant-garde, o neto de japoneses começou a trabalhar tão logo alcançou a maioridade. “Meu primeiro corte foi um chanel para uma colunista famosa na época”, lembra. “Trabalhava como ajudante em um salão no Gilberto Salomão e, num dia movimentado, eu me predispus a realizar o corte, que foi parar no jornal”, rememora.
No espaço de 70 m², tempos mais tarde, ele abriu o primeiro Helio Diff. O local fica em frente à atual sede da
empresa, uma mansão de mil metros quadrados na QL 8 do Lago Sul. É na casa, ao som de pássaros e ao lado dos muitos familiares da rede, que ele passa boa parte dos dias. “Empresas familiares podem dar certo. A nossa é um exemplo”, desmistifica.
O segredo de seu reconhecimento, que ultrapassa as fronteiras do Distrito Federal, é a discrição somada à busca constante por inovação. A modéstia é outro traço marcante. Quem o vê com roupas simples e os pulsos desnudos não imagina a grandeza de seus feitos profissionais. “A simplicidade é o máximo da sofisticação”, defende.
A clientela dos salões do grupo, fixados em quatro pontos estratégicos de Brasília, é fiel e igualmente numerosa: não é incomum encontrar nas cadeiras quatro gerações de fidèles . “Lealdade é a palavra. Quem vem, confia no serviço”. Diplomatas, políticos e celebridades como
Lady Di e Fernanda Montenegro integram o histórico de clientes. Damas da sociedade também. “Nosso público não é A, B ou C. Nossos clientes são clientes felizes”, frisa. Agregador, o paranaense encontra em ações filantrópicas, como cortes de cabelo solidários, uma forma de retribuir o acolhimento brasiliense. “Tenho uma responsabilidade social com Brasília, minha eterna capital da esperança”, afirma.
Enquanto cria um origami e degusta o segundo ou o terceiro expresso do dia, o personal beauty passeia pela linha do tempo que o trouxe até aqui. “Meu avô por parte de mãe foi um dos japoneses convocados por Juscelino Kubitschek para formar o cinturão verde que contorna o Distrito Federal, em 1957”, compartilha. Dos antepassados orientais, herdou a disciplina e as habilidades manuais. A característica mais admirada por ele no país de origem da família, nação em que a tradição anda de mãos dadas com a modernidade, é a sede por inovação: “Penso em inovar 24 horas por dia”.
Em família
O CEO do grupo é um sobrinho. Firme sem perder a ternura, Gustavo Nakanishi pilota a equipe de 287 colaboradores há mais de vinte anos. “Comecei varrendo cabelo do chão”, lembra. Além dos quatro salões, ele administra os outros braços da empresa: a escola de formação Beauty Lab (an-
tigo Instituto Helio), no Setor Comercial Sul, responsável pela formação de cinco mil alunos ao longo dos anos; e a H Cosméticos, rede de salões mais acessível, com três unidades e um e-commerce
Apesar da diferença geracional, Gustavo compartilha o mesmo mote do tio de formar mão de obra especializada para o setor. “Nosso objetivo é atender o público mais exigente de Brasília, oferecendo a melhor qualidade. Internamente, entretanto, nossas metas são mais simplistas e ligadas ao nosso verdadeiro propósito: empoderar profissionais da beleza, muitas vezes vindos de realidades financeiras desafiadoras”, declara Gustavo, também presidente do Sindicato dos Salões, Institutos, Centros de Beleza e Estética do Distrito Federal (Simbeleza-DF). Diversos nomes conceituados do mercado foram formados pela academia Helio Diff.
Além dos parentes – Gabriela Nakanishi, a caçula dos três filhos do fundador, é a mais nova contratada pelo clã –, a empresa coleciona colaboradores de longa data. A rotatividade é baixa, como comprova Maria Dinalva Queiroz, cabeleireira desde a fundação, em 1979. “Nosso maior capital é o humano”, atesta o CEO.
Defensor da classe
Precursor de técnicas como a cromoterapia, o segundo maior cliente da L’Oreal Paris no Brasil é considerado um líder pela classe. Peça-chave para a regulamentação da categoria no País, Helio ajudou a mudar a vida de mais de 700 mil profissionais da beleza, antes invisíveis perante a lei.
Respeitado no Congresso Nacional, com frequência, presidentes de entidades recorrem a ele para articular mudanças necessárias para a categoria. Helio se faz presente no parlamento, mas ignora os códigos de vestimenta do legislativo. Afinal, “não precisa de gravata para ser ouvido”. Sua influência foi crucial para a aprovação da Lei do Salão-Parceiro . “Não gosto de contemplar os efêmeros sucessos do passado. Há muita luta pela frente”, pondera. Agora, ele trabalha para ajustar a nova Reforma Tributária.
Apesar de sua influência política, Helio nunca almejou cargo público. Outra ideia que jamais passou pela cabeça dele foi deixar Brasília. “A mistura de sotaques da capital me encanta. Atendo uma pessoa do Sul, depois uma carioca, uma francesa. A diversidade de biotipos aqui é incrível para criar”, justifica. Sobre os próximos 45 anos do império familiar, ele prefere não especular: “Escreveremos o futuro como sempre fizemos, um dia após o outro, com responsabilidade social e gratidão aos brasilienses”.
@heliodiff www.heliodiff.com.br
Helio com o irmão e sócio Hugo e parte da equipe
Um acervo bem curado atrai colecionadores do País aos leilões da Casa Amarela. Com conhecimento criterioso e talento para vender, há três décadas o leiloeiro
Fernando Pelloni dá sequência ao legado da família na capital federal
O COLECIONISMO E A PRESERVAÇÃO DO TEMPO
Por Edson Caldeira
Fotos Vanessa Castro
No comando desse segmento, Fernando Pelloni se apresenta com a postura de um vendedor obstinado que performa diligentemente com as palavras. Diante do quadro Zuila, de Di Cavalcanti, ele discorre sobre os bastidores do artista e da pintura, sabe exatamente a técnica usada e tem cons-
ciência do valor da mercadoria para o proprietário que arrematar a relíquia. “Eu sou leiloeiro. O que é totalmente diferente de um marchand. Eu sou apaixonado pela minha profissão porque ela não se limita apenas a obras de arte. Eu aprendo constantemente sobre novas mercadorias e valores de mercado, seja ela um imóvel, um maquinário industrial, um relógio suíço ou uma joia de grife”, explica.
Fernando ao lado do quadro Maja de Goya, de Siron Franco
Retrato de Zuila, Di Cavalcanti; Sem título, Tomie Othake; Galo, Aldemir Martins
Tal habilidade é considerada um legado de família. A matriarca Silvia Pelloni e o padrasto Waldir de Souza trabalham com o ramo de leilões desde 1979, época em que abriram a Casa República das Artes – que, por alusão criativa, ficava localizada na avenida República do Líbano, em São Paulo. Foi nesse tempo que Fernando teve seu primeiro vislumbre das ferramentas do ofício que não se limitava somente a números, mas também a um conhecimento criterioso e um talento para vender, apresentar-se e compreender o lado técnico de peças e objetos finos e raros.
“A primeira obra que fiquei maravilhado com o resultado do trabalho foi uma de Inimá de Paula. Comprei por R$ 18 mil e consegui vendê-la no mesmo ano por R$ 45 mil. Não tinha nada a ver com a pintura em si, que era muito abstrata, mas sim com a alegria de ter conseguido dar o start na carreira”, rememora.
Com os leilões presenciais da época, o empresário iniciou como demonstrador de obras de arte – ou, como ele gosta de chamar, dealer. Em meados de 1985, fez seu primeiro leilão como preposto da mãe, aos 14 anos, época em que o negócio começou a se expandir. “Quando saímos da Avenida República do Líbano, fomos para a Rua Canadá, perto da Avenida Brasil. No meio de várias casas grandes encontramos uma casa amarela enorme. Como minha mãe estava com uma aura de renovação, porque o Waldir tinha falecido, ela transformou a República das Artes em Casa Amarela”, relembra.
A empresa instalou sua sede no Jardim Paulista em 1989, onde funciona até hoje. Em 1994, chegou a Brasília, mas só em 2010 o leiloeiro faria da capital o seu lar. Além das obras de arte de valor mais expressivo, relógios e até bolsas fazem parte do da empresa responsável também por leiloar itens do Hotel Glória, o primeiro cinco estrelas do Rio de Janeiro, e as joias da célebre apresentadora Hebe Camargo.
O dinamismo do trabalho o fez um expert sobre obras de arte. Tanto é assim, que sua dicção lembra a de um professor de História, mas longe de ser algo entedian te, ele conta curiosidades do acervo de forma insti gante com a prudência de um especialista. “Obra de arte é algo sazonal. O que valia muito na década de 1980 talvez hoje não tenha tanto valor assim. O
paisagismo, o impressionismo e o surrealismo de outrora deram lugar ao modernismo, ao cinético, ao concreto. Um Alfredo Volpi paisagista pode ter um valor inferior a um quadro dele mesmo que tem bandeirinhas de São João”, explica. ”Obras de arte são rentáveis desde que estejam no radar das tendências. Burle Marx no início da década de 2000 era vendido por cerca de R$ 10 mil. O mesmo quadro hoje é arrematado por R$ 300 mil”.
Atualmente, a sede da Casa Amarela em Brasília fica no Complexo Brasil 21 e o acervo conta com obras de Di Cavalcanti, Aldemir Martins, Tomie Ohtake, e muitos outros que passam por uma série rígida de avaliação feita pelo próprio Fernando. “Como perito judicial, eu dou um laudo da autenticidade da obra de arte quando há uma desconfiança. Existe uma equipe formada por diversos profissionais que atestam a veracidade dos itens. Eu posso entender muito bem sobre o mercado de relógios, mas preciso me atentar se houve alguma adulteração”, ressalta o profissional, que desde 2018 tem o título de leiloeiro no Distrito Federal.
Fernando salienta que no Brasil existe um grande mercado interessado em objetos valiosos. A única coisa que mudou com o tempo foi a forma que os licitantes acessam os itens. Com leilões ao vivo cada vez mais migrando para o digital, o acervo da Casa Amarela passa por constantes atualizações online. Recentemente, o empresário adicionou leilões de imóveis aos serviços. A parceria com a plataforma Bom Valor traz reconhecimento ao nome de Fernando porque o coloca lado a lado com outros clientes renomados, como Andrade Gutierrez, Bradesco e Santander. Quanto à vontade de ser um dos colecionadores, ele confessa ser mais desapegado e que a euforia está em vender experiências para novos compradores. “Eu acho que, por lidar com isso, eu adquiri um gosto muito eclético. Então, eu já tive vários Rolex, mas não me apego. Acredito que o leilão é algo democrático. É sempre alguém querendo algo que para outra pessoa já não tem tanto significado. Todos saem ganhando”.
@casaamarelasp www.casaamarelaleiloes.net
Carnaval, Di Cavalcanti
UMA FÁBRICA DE ARTE
Após trinta e cinco anos de mercado, o pioneiro Higino França amplia o negócio e transforma a Casa da Moldura também em uma galeria, com obras de artistas do século XX
Por Ailane Silva
“As paredes brancas não são aceitas numa boa decoração, por mais minimalista que seja. Com obras de arte, você retrata a forma como vê o mundo”. É assim que o empresário Higino França enxerga a importância da arte em um ambiente. Dono de um olhar precursor na capital federal, há 35 anos fundou a Casa da Moldura, responsável pela decoração de milhares de residências e espaços corporativos.
De moldura em moldura, a empresa tornou-se referência no setor, pela variedade, qualidade e sensibilidade de seu Higino e sua equipe, que têm como lema “a moldura é a roupa do quadro”. Cada gravura, impressão, xilografia ou memória emoldurada é uma viagem emocional e estética, revelando a paixão pela arte e a dedicação à beleza que transcende o tempo. E, assim, nasce um novo capítulo do negócio. “Tudo começou com a venda de molduras. Evoluímos e agora somos também uma galeria de arte”, conta animado com a novidade.
A unidade da Asa Norte, localizada na entrequadra 706/707, passa a ser também um santuário onde histórias ganham vida e encontram o seu lar. Resultado de um verdadeiro garimpo por galerias e leilões em todo o Brasil, a Casa da Moldura reúne quadros originais e peças únicas, tanto óleo sobre tela quanto aquarela sobre papel. “A novidade não é apenas o reflexo da minha paixão por arte e decoração, mas também para atender o exigente mercado brasiliense, principalmente de artistas que se identificam com Brasília”, explica França.
Na galeria, há trabalhos renomados que decoram o espaço, cada um com sua forma singular abrilhantando o portfólio. Destacam-se quadros do século XX de Anita Malfatti, uma das primeiras pintoras a receber grande reconhecimento no Brasil. O local também é adornado com obras de Alfredo Volpi, Roberto Burle Marx, Carybé, Cícero Dias, Antônio Poteiro, Maldonado Dias, Ratão, Luís Costa e Tarciso Viriato.
Com o já conhecido sorriso no rosto, óculos redondos e cabelos brancos, seu Higino não esconde a alegria do novo momento. “Quero espalhar ainda mais a minha paixão pela arte e a diferença que ela faz na ambientação de qualquer espaço”, finaliza.
@casadamoldura www.casadamoldura.com.br
Fotos: Rayra Paiva
Higino França apresenta novidades em seu empreendimento
O DOM DA MOBILIZAÇÃO
Mais de 120 mil pessoas beneficiadas no Distrito Federal em 2023. Fruto da união com empresários, cooperativas e produtores rurais, o Sesc-DF quer combater a fome e o desperdício de alimentos. “O nosso S é de Social”, diz Valcides de Araújo, diretor da entidade
Por Daniel Cardozo
Em meio à agitação das grandes cidades e a constante busca por soluções para desafios sociais, entidades ajudam com mobilização e solidariedade. O Serviço Social do Comércio do Distrito Federal (Sesc-DF) tem feito a diferença em eventos grandiosos, em que o altruísmo e a generosidade se encontram em perfeita harmonia. Neste ano de 2024, um feito impressionante já foi alcançado: 45,3 toneladas de alimentos arrecadados, destinados a combater a fome e o desperdício.
Todos os donativos são destinados ao Mesa Brasil, um programa nacional de bancos de alimentos coordenado pelo Sesc. De acordo com o diretor-geral do Sesc-DF, Valcides de Araújo, além de promover a capacitação, a cultura e o lazer, a preocupação com o bem-estar da população é a força motriz da entidade. “O nosso ‘S’ é de Social”, enfatiza Araújo, em entrevista à revista GPS|Brasília
Em todo o Brasil, o Mesa Brasil se beneficia da generosidade de mais de três mil parceiros doadores, entre produtores rurais, empresários e centrais de distribuição. Os excedentes de produção e alimentos fora dos padrões de comercialização são doados, sempre em condições de consumo, e chegam às mãos de quem mais precisa, transformando comida em esperança. Desta forma, pessoas em situação de vulnerabilidade social são assistidas pela iniciativa.
O Sesc-DF é acionado por produtores de eventos para operacionalizar grandes arrecadações para o Mesa Brasil Durante o Festival de Inverno , foram obtidas 3,3 toneladas de alimentos. O Capital Moto Week arrecadou 2,5 toneladas. O público do Na Praia doou 9,5 toneladas. O ápice dessa mobilização foi a arrecadação de 24 to-
“Vamos inaugurar nosso moderno Banco de Alimentos, em Samambaia, que segue à risca as normas sanitárias”
Foto: Vagner Carvalho
neladas durante a partida entre Flamengo e Criciúma, no Estádio Nacional Mané Garrincha, um recorde para eventos de um único dia.
No comando do Sesc-DF desde dezembro de 2021, Valcides traz uma vasta experiência, que inclui passagens pelo Conselho Nacional do Sesi, Conselho Administrativo da Novacap, pela chefia de gabinete do Sebrae nacional, além de ter atuado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Em sua gestão, ele busca promover o diálogo entre diversas esferas e impulsionar o progresso do Sistema S, mantendo a excelência e contribuindo para o sucesso das instituições.
Quais têm sido os resultados do Sesc-DF nas ações de arrecadação de alimentos?
O Sesc Mesa Brasil é um projeto social de absoluto sucesso. Em 2023, nós batemos o recorde histórico de arrecadação no Distrito Federal, totalizando 1,7 milhão de quilos de alimentos distribuídos e mais de 120 mil pessoas beneficiadas. Um crescimento de 21% em relação ao ano anterior. Durante a partida entre Flamengo e Criciúma, batemos mais um recorde em um evento de dia único: foram 24 toneladas de alimentos arrecadados. A arrecadação de alimentos é uma ação que adotamos em todos os nossos eventos. Também estamos presentes em grandes ações realizadas pela cidade. Graças a credibilidade e ao tamanho do Sesc Mesa Brasil, somos convidados por importantes produtoras e empresas. Nossa equipe esteve no Festival Na Praia, no Capital Moto Week e, claro, no nosso Festival de Inverno, realizado no Parque da Cidade. Em todos esses eventos, arrecadamos 40 toneladas de alimentos, que vão ajudar a alimentar mais de cinco mil famílias, cerca de vinte mil pessoas na nossa cidade.
Qual o grande objetivo do Sesc com esse projeto de arrecadação de alimentos?
Nossa meta é combater a fome e o desperdício de alimentos. O nosso “S” é de Social. Trabalhamos para promover o bem-estar do comerciário e de toda população, em especial daquela em estado de vulnerabilidade social. O intuito é garantir o direito humano à alimentação às pessoas.
Quantas toneladas já foram doadas pelo projeto e quantas pessoas beneficiadas?
O projeto Sesc Mesa Brasil é nacional. No Distrito Federal, foi implementado em 2003. Desde então, já foram distribuídas mais de 18 mil toneladas de alimentos. Atualmente, beneficiamos mais de 120 mil pessoas todos os meses. E tudo isso é fruto, também, da união com empresários, comerciantes, cooperativas e produtores rurais do Distrito Federal e Entorno. Essas doações diárias possibilitam que famílias tenham o que comer.
Quais os investimentos realizados nesse processo de combate à fome?
Estamos sempre trabalhando no projeto de expansão das atividades do Sesc. Em breve, vamos inaugurar nosso moderno Banco de Alimentos, em Samambaia, que segue à risca as normas sanitárias. Lá, vamos ter o triplo da capacidade de armazenamento de alimentos que temos hoje, com uma área total de 680 metros quadrados. Também estamos investindo em equipamentos, na compra de um caminhão com capacidade de transportar 16 toneladas de alimentos. Nosso objetivo é alcançar o maior número possível de famílias, ajudando, assim, na erradicação da fome no País.
@sescdf www.sescdf.com.br
Fotos: Shake It
Fotos: Divulgação
O PODER DO RELACIONAMENTO
O WTC International Business Club surge como plataforma de networking, colaboração e crescimento global para amparar executivos e empresários na construção do futuro de seus negócios
No cenário empresarial contemporâneo, em que a velocidade das mudanças é vertiginosa e a inovação tem grande valor, o networking tornou-se uma habilidade essencial. Empresários e executivos estão constantemente em busca de oportunidades não apenas para elevar seus negócios, mas também para se conectar com ideias afins, enfrentar desafios similares e criar soluções inovadoras. É nesse contexto que o WTC International Business Club se destaca como uma plataforma incomparável para networking, negócios e colaboração.
No mundo atual, o networking não é uma escolha, mas uma necessidade vital. Estudos mostram que redes profissionais conduzem a mais oportunidades de negócios, um conhecimento mais amplo e profundo, uma maior capacidade de inovação, avanços mais rápidos na carreira e um maior status e autoridade. Além disso, construir e cultivar relações profissionais melhora a qualidade do trabalho e aumenta a satisfação no ambiente de trabalho. Mas muitos executivos têm aversão ao networking. A boa notícia é que é possível superar e passar a gostar de construir essa rede de contatos.
O clube
O WTC International Business Club é projetado para promover conexões, facilitar o comércio e impulsionar o crescimento dos seus membros. Os participantes obtêm acesso a uma rede diversificada de empreendedores e líderes de vários setores, todos com ideias inovadoras e desafios semelhantes.
Os membros têm acesso a uma infinidade de benefícios e oportunidades. Um robusto sistema de matchmaking conecta os participantes a potenciais parceiros de negócios,
Fotos: Divulgação
O WTC realiza encontros de competitividade do Business Club
Fernando Raupp, Daniella Abreu, Silvana Pampu, Adriano Barros e Marcelo Meirelles
clientes ou investidores que se alinham com seus objetivos. Apresentações comerciais personalizadas e eventos de networking criam um ambiente que estimula conexões significativas e impulsiona a colaboração.
Recursos e conhecimento
Conhecimento é poder. Por isso, o WTC oferece acesso a recursos selecionados, relatórios do setor e insights de mercado. Mantendo os participantes do clube à frente da concorrência com webinars, seminários e workshops educacionais organizados por especialistas do setor.
Os integrantes do WTC International Business Club também obtém acesso à rede global da World Trade Center Association (WTCA) e aos seus membros colaboradores, participam de eventos comerciais internacionais, colaboram em projetos globais e expandem seus horizontes de negócios.
No ambiente de negócios competitivo de hoje, o WTC oferece uma plataforma essencial para empresários e executivos que buscam crescer e prosperar. Presente em mais de 320 cidades, em noventa países, o clube facilita conexões, colaborações e crescimento global.
Ao adotar as estratégias de networking junto ao WTC International Business Club, os participantes passam a integrar uma comunidade que fomenta o desenvolvimento dos seus negócios. No clube, os membros encontram um ambiente que não só facilita as conexões, mas também promove um crescimento autêntico e sustentável para o seu negócio.
@wtcbrasilia www.wtccuritiba.com.br
Pesquisas identificaram quatro estratégias que ajudam a mudar a mentalidade e tornar o networking mais agradável e produtivo:
1. Foco na aprendizagem
Pessoas com mentalidade de promoção veem o networking como uma oportunidade de crescimento, enquanto aquelas com mentalidade de prevenção o enxergam como uma obrigação profissional. Para aqueles focados na promoção, abordam o networking com entusiasmo e curiosidade, enquanto aqueles focados na prevenção o veem como uma tarefa desagradável.
2. Identifique interesses comuns
Redes poderosas são construídas através de atividades compartilhadas que conectam indivíduos com interesses semelhantes. Trabalhar juntos em tarefas que exigem colaboração cria vínculos duradouros e significativos.
3. Pense amplamente sobre o que você pode oferecer
Mesmo que não compartilhe um interesse com alguém, é provável que tenha algo valioso a oferecer. Gratidão sincera, reconhecimento e insights únicos são exemplos de como você pode agregar valor. Isso transforma o networking de uma atividade autopromocional para uma mais altruísta e gratificante.
4. Encontre um propósito superior
Concentrar-se em benefícios coletivos torna o networking mais autêntico. Todas as atividades se tornam mais atrativas quando estão vinculadas a um objetivo maior, o coletivo, a conexão.
World Trade Center San Salvador, hub de negócios internacionais de El Salvador
Carlos Marques, Gustavo Gontijo, Marcelo Meirelles, Cecília Parente e Alexandre Villain
Localizado no coração do Noroeste, o empreendimento recebe selo de Arquitetura Contemporânea
EDIFÍCIO CASA NOR GANHA PRÊMIO SOMOS CIDADE
O Casa Nor, o novo ícone de sofisticação e inovação em Brasília, conquista o selo de Edifício do Ano na 1ª edição do Prêmio Somos Cidade de Arquitetura Contemporânea, que celebra as obras arquitetônicas mais impactantes do Brasil, destacando a excelência, originalidade e integração urbana dos empreendimentos. “Esse prêmio é a certeza de que estamos no caminho certo ao investir em projetos com conceitos únicos e diferenciais exclusivos como o Casa Nor. Uma joia arquitetônica que contou com profissionais renomados do segmento para garantir um imóvel que promete redefinir os parâmetros dos empreendimentos de alto padrão da capital federal”, afirma Cesar Durão, diretor-regional da Terral DF.
Com um projeto arquitetônico assinado pela Dávila Arquitetura e intervenção arquitetônica da fachada desenvolvida pelo escritório franco-brasileiro Triptyque Architecture, o Casa Nor exibe uma combinação única de originalidade e tecnologia. O paisagismo, concebido por Sérgio Santana, destaca a exuberância do Cerrado, enquanto a decoração das áreas comuns, assinada por Fernanda Marques, do renomado escritório paulista que leva seu nome, inclui mo-
Salão de jogos
Piscina da cobertura social
Fotos Gilberto Evangelista
biliário de design exclusivo nos pilotis e demais áreas comuns do edifício localizado no bloco F, da quadra 303 do Noroeste. A comunicação visual, desenvolvida pelo AO-Architects Office, adiciona mais um toque de excelência ao empreendimento. Desenvolvido pela Terral Incorporadora e TECNA Construtora, o projeto é uma fusão perfeita de design inovador e brasilidade, criando um espaço onde a arte e a sofisticação se encontram.
O Casa Nor, que teve a assinatura de Denise Zuba no apartamento decorado, oferece trinta unidades residenciais que variam de 201 a 398 metros quadrados, incluindo quatro coberturas duplex e dois apartamentos duplex com piscina na varanda, únicos na cidade, e que seguem a tendência dos empreendimentos boutique, privilegiando o lazer exclusivo com vistas contemplativas. Entre os diferenciais do edifício, destaca-se o elevador delivery , que permite aos moradores o conforto de receber encomendas diretamente no hall do seu pavimento, sem precisar descer ao pilotis. A tecnologia também está presente no acesso touchless por reconhecimento facial 3D e no sistema de circulação de ar mecanizado, garantindo ventilação constante nos ambientes de serviço. Na cobertura comum, os moradores podem desfrutar de piscina, academia de ginástica e um espaço de massagem. No térreo, um espaço gourmet e de festa, que contou com a consultoria do chef Marcelo Petrarca, salão de jogos e uma brinquedoteca completam os ambientes oferecidos aos moradores.
Confira como foi o evento exclusivo para celebrar a entrega do empreendimento a seus futuros proprietários, no dia 1º de agosto. @casanor.nw www.terralincorporadora.com.br
Equipe Terral
Eduardo Cunha, Fábio Oliveira, Cesar Durão, Luizângelo Oliveira, João Carlos Lopes, Bruno Crema, Gina Marcellini e Felipe Crema
Fernanda, Eduardo e Márcia Salazar
Alexandre Guerra e Bruna Mothé
Marcus Vinícius Viana, Cesar Durão e Marcus Vinícius Viana
Academia
Salvador Pinhati, Graça Pinhati, Júlia Alencar e Marconi Pinhati
Mauro e Raísa Lacerda
Fernanda Marquês
Espaço gourmet Sala de massagem
Estética, tecnologia, inovação e design, os pilares que compõem o novo formato da Clínica Brunetti, em endereço nobre e conceito à frente de seu tempo
ODONTOLOGIA EM FORMATO PLURAL
Por Ailane Silva
Embebido de um conceito autoral, um inovador projeto que une a mais alta tecnologia a uma sofisticada arquitetura que vai reconfigurar o padrão de atendimento da Brunetti Odontologia Especializada. Localizada na QI 11 do Lago Sul, a unidade passará a atender em novo endereço e terá o título de maior clínica chairside do país, já que contará com equipamentos avançados para realizar procedimentos dentários com as mais modernas técnicas. A nova clínica apresenta a pluralidade de preceitos definidos pelos sócios Jonas Brunetti e Fabiane Rossi Brunetti. Para eles, priorizar o conforto, a qualidade e a modernidade são pilares fundamentais que proporcionam experiência única aos pacientes. Quem assina a nova era Brunetti é o escritório de arquitetura Nascimento & Co.
Ao todo, são dois pavimentos do novo prédio Onze, localizado no conjunto K da mesma quadra onde a clínica funciona atualmente. O espaço será destinado quase exclusivamente ao paciente, totalizando uma área superior a 350 metros quadrados que deve ser inaugurada até o final do ano. Além dos consultórios e foyers de experiência, a clínica também dispõe de um laboratório altamente
Fotos: Divulgação
Foto: Vanessa Castro
tecnológico. A recente unidade destaca instalações, minimamente pensadas, com uso de chapas de pedra natural moldadas uma a uma e que se misturam a lâminas de madeira, concreto, chapas de aço e, prioritariamente, desenho meticuloso. Os metais usados trazem um toque de beleza, com destaque, por exemplo, para as torneiras de design e esculturas, que representam elementos de contemporaneidade e sofisticação.
O design marcante e expressivo, empregado na arquitetura e nas peças de mobiliário, foi concebido por um anseio latente de se opor a estéticas recorrentes em empreendimentos voltados à saúde. “Esse projeto é mais um sonho que estamos realizando para entregar um serviço melhor aos nossos pacientes. Oferecer o máximo de conforto nesse novo espaço é reconhecer a importância dos nossos clientes”, ressalta Fabiane, ao destacar que os consultórios poderão abrigar distintas especialidades, até mesmo na área da medicina.
Tecnologia e design
Para colocar em prática as ideias, a equipe do escritório de arquitetura realizou um briefing detalhado e um trabalho de pesquisa e curadoria, os quais também contaram com sensibilidade artística e tecnologia. “Foi por pensar assim que estabelecemos, logo no início, que o espaço exalasse a arte. Além disso, valorizamos a colaboração com designers de diferentes disciplinas, como artistas plásticos, estilistas, escultores e poetas. E isso tudo acaba ficando explícito nos detalhes, tais como o pesponto dobrado no tapete de pele natural e a curadoria de obras de arte de renomados artistas brasileiros espalhados pela clínica”, detalha Lucas Nascimento, arquiteto à frente do projeto.
Nascimento buscou a sutileza, delicadeza e simplicidade, no que diz respeito às escolhas realizadas, propondo ainda um apelo estético autoral e designado a causar emoções. “O objetivo do design é criar atmosfera para acompanhar de perto todo esse enredo proposto, e não se restringindo a um espaço de presença, função e reflexo”, pontua.
Além de vertentes do design, a nova Brunetti se apropria de muita tecnologia. O modelo chairside [em tradução livre, “ao lado da cadeira”] significa que a clínica realiza o processo de diagnóstico, desenho e fabricação, restaurações dentárias, facetas e coroas na própria clínica. Para isso, a unidade será equipada com high technology na área de odontologia. O paciente é submetido ao escaneamento intraoral, e toda a sequência chamada de CAD/CAM (Computer-Aided Design/Computer-Aided Manufacturing), que permite a execução de restaurações dentárias personalizadas e de alta precisão.
“Essa nova estrutura vem para redefinir o nosso padrão de trabalho e transformar a percepção dos pacientes no que se refere a qualidade e precisão. Com equipamentos de ponta, também vamos redirecionar o processo de reabilitação oral, tornando-nos mais precisos, rápidos e eficientes”, destaca Jonas, que há 15 anos atua na odontologia em Brasília.
O mundo Brunetti
A clínica Brunetti existe há quatro anos, especializada na colocação de lentes de contato dentais. Em seu squad, profissionais habilitados, que realizam trabalho de forma 100% digital a partir do Laboratório Digital. A imagem é projetada em 3D no computador para que o dentista faça o planejamento estético e estrutural das lentes.
A clínica também conta com o LiteTouch, um laser de alta potência que remove em cerca de dez minutos as lentes de contato que precisam ser trocadas. “Hoje, nossa clínica é uma das poucas no DF que oferece esse aparelho. Nos casos em que o paciente não tem essa tecnologia, o dentista usa uma broca para remover a lente, o que pode gerar ainda mais traumas ao dente, além da demora do procedimento”, detalha Brunetti. A clínica atua ainda com implantes dentários, reabilitação oral, periodontia estética, harmonização orofacial, odontologia estética, endodontia, entre outros procedimentos.
@brunettiodonto www.brunettiodonto.com.br
A CURA DA FOME EMOCIONAL
A comida tem atuado como forma de alívio e compensação para as emoções negativas.
A abordagem integral da medicina, aliada às inovações farmacológicas, é o método mais eficaz no combate à obesidade
Por Ailane Silva Foto Luciano Gurgel
Novas abordagens têm ampliado as perspectivas para o tratamento do sobrepeso e da obesidade no Brasil. Rompendo com a ideia de que uma ação individualizada possa atingir os resultados desejados, as terapias modernas revelam que um conjunto de ações pode ser mais eficaz para a perda de peso e a manutenção dos resultados a longo prazo.
“A obesidade pode ter inúmeras origens. Portanto, como uma doença multifatorial, o tratamento ideal deve abordar todas as causas envolvidas no ganho de peso. É necessário um cuidado integral de corpo, mente e comportamento”, esclarece a médica pós-graduada em nutrologia e endocrinologia, Priscilla Proença.
Segundo ela, muitas vezes, as pessoas tentam ajustar um ou dois fatores, mas outros permanecem inalterados. Causas emocionais, por exemplo, contribuem significativamente para o ganho de peso. “Pacientes que sofrem de ansiedade e estresse frequentemente usam a comida como forma de alívio e compensação para as emoções negativas. Nesse grupo, há aquelas que usam as famosas canetas para emagrecimento, mas não obtêm resultados. Em sua maioria, elas têm o que chamo de fome emocional”, detalha.
A médica também aponta que fatores comportamentais, como sedentarismo e má alimentação, falta de sono reparador e desequilíbrios hormonais, como a deficiência de testosterona, alterações do climatério e a menopausa são comuns e contribuem para a dificuldade em perder peso.
Tratamentos modernos
Priscilla Proença destaca que a medicina tem avançado não só na abordagem integral, mas também com inovações. Entre as terapias farmacológicas, estão os implantes hormonais para mulheres, que oferecem uma reposição segura e contínua, e as canetas para emagrecimento, como
a tirzepatida, comparável até mesmo a uma cirurgia bariátrica. “As canetas emagrecedoras são eficazes, mas devem ser usadas com critério e acompanhamento. Pessoas que ganham peso devido a fatores emocionais podem não obter resultados apenas com essa ferramenta, necessitando de outras intervenções”, alerta.
Em casos extremos, a cirurgia bariátrica pode ser necessária, mas há opções menos invasivas com recuperação mais rápida. “O processo de emagrecimento precisa de acompanhamento para evitar o efeito sanfona. Muitos tratamentos devem ser contínuos devido ao caráter crônico da doença”, finaliza. Segundo o Atlas da Obesidade 2024, divulgado pela Federação Mundial de Obesidade, o Brasil terá 127 milhões de adultos com sobrepeso ou obesidade, com uma taxa de crescimento de 1,9% anual. Atualmente, um terço das crianças no Brasil está nessa condição, com projeção de aumentar para metade até 2035.
Inteligência Artificial, óculos de realidade virtual e transmissão ao vivo permitem resultado exímio em cirurgias de coluna. Pioneiro em Brasília, o médico Rodrigo Lima inseriu esta revolução em sua rotina
Por Ailane Silva
Tecnologias médicas avançadas têm revolucionado as cirurgias de coluna. Em um ambiente que lembra cenário de filme futurista, robôs de última geração realizam movimentos com precisão milimétrica, minimizando o risco de erro humano e garantindo cortes exatos. Simultaneamente, um sistema de neuronavegação funciona como um GPS, localizando com exatidão o ponto a ser operado.
Os cirurgiões também contam com óculos de realidade virtual que permitem visualizar a anatomia do paciente em três dimensões, eliminando a necessidade de grandes incisões, tornando os procedimentos mais seguros e eficientes. Para os pacientes, isso representa uma evolução que reduz o medo de complicações pós-cirúrgicas.
Em Brasília, este arsenal tecnológico é comandado pelo ortopedista especializado em cirurgia de coluna Rodrigo Lima. Pioneiro em cirurgia robótica de coluna na América Latina, o médico destaca que essas inovações estão dispo-
níveis no Centro Cirúrgico do Hospital Santa Lúcia da Asa Sul, que tem investido na aquisição dessas tecnologias. “Esta é uma das estruturas mais modernas em termos de tecnologia na América Latina. São vários equipamentos que proporcionam segurança e uma recuperação rápida ao paciente, posicionando o hospital entre os três mais tecnológicos do Brasil”, detalha.
Segundo Lima, a Inteligência Artificial desempenha um papel crucial nesse ambiente futurista. “A IA auxilia no diagnóstico, analisando rapidamente dados médicos e oferecendo sugestões de tratamento baseadas em um vasto banco de informações. Além disso, conseguimos realizar impressões 3D que reproduzem a anatomia exata dos pacientes com biomateriais específicos, proporcionando maior precisão nas cirurgias”, complementa.
Fotos:
Saulo
Brandão
Ele detalha que o centro cirúrgico também conta com transmissão ao vivo das imagens captadas pelos equipamentos, mediada pela IA e pela realidade virtual, permitindo a colaboração em tempo real entre outros cirurgiões. “Quando você combina a inteligência artificial, os óculos de realidade virtual e a transmissão ao vivo, o resultado do tratamento é significativamente superior”, afirma Lima.
A implantação da robotização nas cirurgias de coluna enfrenta o desafio de aprendizado e experiência. “Para começar uma nova técnica, é preciso acompanhar um médico com uma boa vivência em operar com a nova rotina robótica”, afirma Lima.
Tecnologia que transforma
A internalização dessa modernização e a operacionalização do centro cirúrgico tornaram-se realidade graças a um extenso trabalho de pesquisa internacional. Lima realizou intercâmbios de capacitação em países como os Estados Unidos e a Alemanha, onde essas tecnologias já eram rotineiramente utilizadas. “Visitei pessoalmente a fábrica dos robôs na Alemanha, conheci e entendi como funcionam. Também pratiquei e aperfeiçoei meu conhecimento nos Estados Unidos para implementar essas técnicas no Brasil. Hoje, realizar cirurgias robóticas faz parte da minha rotina no hospital”, relata.
O médico enfatiza que a adoção de tecnologias avançadas transformou completamente a abordagem das
cirurgias de coluna. Comparando com métodos antigos, que exigiam grandes incisões que resultavam em sangramentos intensos, complicações e maior risco de infecção, ele destaca que as operações modernas são significativamente mais seguras, eficazes e cada vez menos invasivas. Essas técnicas minimamente invasivas reduzem as lesões nos tecidos, permitindo uma recuperação mais rápida e segura para os pacientes.
Os benefícios dessas novas abordagens incluem menores cortes, maior precisão e menor trauma muscular, resultando em alta hospitalar rápida e retorno acelerado às atividades rotineiras. Além disso, o risco de complicações é significativamente reduzido, possibilitando que pacientes idosos sejam operados com segurança.
Os avanços tecnológicos também diminuíram o tempo de cirurgia e a necessidade de transfusões sanguíneas. Pacientes que passam por cirurgias minimamente invasivas frequentemente recebem alta no mesmo dia. “Quando isso acontece, significa que eles já saem caminhando e em bom estado geral. Essa experiência melhora imediatamente a qualidade de vida do paciente”, detalha Lima. “Tivemos uma paciente de 82 anos que, após uma cirurgia com um corte de apenas três centímetros, foi para casa no dia seguinte sem dores”, exemplifica.
Rodrigo Lima reforça a importância de pacientes que necessitam de cirurgias na coluna buscarem profissionais e hospitais que ofereçam essas tecnologias e técnicas avançadas. “Hoje, a capital federal se tornou uma referência nacional e internacional. Recebemos médicos e pacientes de todo o Brasil e do mundo para operar. Posso dizer que estamos escrevendo uma nova história para a cirurgia de coluna”, finaliza.
@dr.rodrigo_lima
Haval H6 PHEV19 é o SUV híbrido da GWM que desafia a concorrência, com potência ao máximo, tecnologia de sobra e robustez contemporânea
O VEÍCULO QUE FALTAVA
Por Daniel Cardozo
A gama agora está completa. A linha Haval da GWM estreia uma opção de híbrido plug-in com preço competitivo e oferta generosa de equipamentos. O H6 PHEV19 preenche uma lacuna importante de preço, mas sempre com motorização e acabamentos de qualidade, uma marca da montadora no Brasil. A nova versão está disponível na Jorlan-ev.
A linha Haval no Brasil já conta com o HEV2, um híbrido leve que custa R$ 216 mil e o PHEV34, com bateria de 34 kilowatts (KW) e preço de R$ 281 mil. A versão esportiva é a GT, que é vendida por R$ 319 mil e entrega 393 cavalos.
Por R$ 239 mil, o PHEV19 está posicionado entre o HEV2 e o PHEV34. O lançamento da GWM tem uma bateria de 19 KW, o que é capaz de rodar uma distância de 115 quilômetros utilizando apenas o motor elétrico. O conjunto mecânico tem 326 cavalos de potência e 54 kgfm
de torque, graças ao motor 1.5 turbo de injeção direta de gasolina combinado ao propulsor elétrico.
A combinação desses dois motores traz um desempenho interessante. São necessários 7,6 segundos para atingir os 100 km por hora. No ciclo híbrido, o consumo de combustível ultrapassa os 20 km por litro. Essa versão tem tração dianteira 4x2, o que é mais do que suficiente para a rodagem urbana, já que são poucos os donos que vão precisar enfrentar o off Road
É possível recarregar a bateria até 100% em três horas em corrente alternada (AC). Para carregadores de corrente contínua DC, o carregamento vai de 30% a 80% em 28 minutos. É um prazo suficiente, por exemplo, para uma parada de almoço.
São quatro modos de condução: eco, normal, sport e neve. O motorista escolhe o ajuste a depender do percurso a ser feito, o que interfere na aceleração e no consumo de gasolina e de bateria. O condutor também escolhe se pelos modos híbrido ou 100% elétrico.
Design contemporâneo
O PHEV19 inaugura uma nova padronagem no interior, a mescla de preto e off-white, com um friso em bronze. No resto da linha Haval, o estofamento escuro é uma tradição. A parte interna do modelo tem comodidades como bancos em couro, acabamento em soft touch, teto solar, central multimídia de 12,3 polegadas (conectividade com Android Auto e Apple Car Play sem fio), carregador de celular por indução de 15 watts e wi-fi 4G para os passageiros.
Os bancos da frente têm ajuste elétrico e ventilação, com ajuste de lombar para o motorista. O head up display projeta no parabrisas o velocímetro, informações sobre chamadas e navegação. Além da possibilidade de conectar smartphones, o PHEV19 tem GPS nativo com função live traffic, o que ajuda nas rotas de navegação em tempo real. O ar-condicionado é dual zone com saídas para o banco traseiro. Os ocupantes têm também à disposição quatro entradas USB para carregamento de equipamentos.
Na parte exterior, a estética é a mesma da linha Haval, mas com rodas de liga leve de 19 polegadas com desenho exclusivo da versão. O conjunto óptico é integralmente composto de LEDs. O design remete à robustez com linhas contemporâneas. O cliente pode optar por seis opções de cor: azul topázio, branco ágata (fotos), cinza diamante, marrom citrino, preto hematita e vermelho granada.
Tecnologia e automação
Os equipamentos de segurança são uma marca registrada da GWM. O veículo tem condução semiautônoma nível 2+, o que significa que o carro acelera, freia e se mantém na pista automaticamente, mas com a supervisão do motorista. São cinco câmeras e dois radares que monitoram os arredores do veículo. Esse sistema é capaz de acionar frenagens autônomas em baixas velocidades. As placas de trânsito e os limites de velocidade são monitorados constantemente pelo sistema.
O PHEV19 conta ainda com controle de cruzeiro adaptativo, freios dotados de ABS e EBD com distribuição eletrônica de frenagem, controle de tração, sistema Second Collision Mitigation, que aciona os freios em caso de colisão traseira para evitar engavetamento, Smart Cornering, que adapta a velocidade de acordo com as curvas e assistente de descida em declive, e assistente de ponto cego.
Uma comodidade interessante desse modelo da GWM é o Auto Reverse Assistance. Ao ativar esse recurso, o carro refaz os últimos 50 metros percorridos e reconhece novos obstáculos. Ou seja, é possível até voltar para buscar um objetivo esquecido em casa.
Com carga na bateria, é possível habilitar uma função para usufruir da energia armazenada. A porta de carregamento externa vira, com o auxílio de um adaptador, uma tomada de 20 amperes. Assim, caso o motorista esteja em um local sem eletricidade, poderá utilizar o carro como um gerador.
@gwmbrasilia
Condições
O preço de tabela do PHEV19 é de R$ 239 mil, o que inclui um wallbox, uma tomada para recarga residencial. A Jorlan-ev oferece uma condição de pagamento com 60% de entrada mais 24 parcelas sem juros. Os clientes contam ainda com um bônus de R$ 10 mil no carro usado para entrada.
A paixão pelo automobilismo criou o V12 Auto Club, um espaço para abrigar veículos de coleção que reúne visitantes de todo o País. Simuladores de corrida, exposição de relíquias, mercado de pulgas e até cafeteria. Um ponto de encontro e memórias
MUSEU DE GRANDES NOVIDADES
Por Ailane Silva
A paixão pelos automóveis e a vontade de realizar um trabalho social foram o combustível usado pelo grupo V12 para conceber um grande projeto construído em solo brasiliense focado na história automobilística: o V12 Auto Club. Inaugurado em 7 de julho de 2023, o museu de veículos, localizado próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitschek, recebe visitantes de todo o Brasil para conhecer os mais de duzentos veículos clássicos, modelos modificados, além de motos e bicicletas.
“Estamos no ramo de compra e venda de automóveis há 32 anos com o grupo V12 e, nesse período, tivemos várias lojas de seminovos e representação de várias marcas de veículos zero quilômetro, além da prestação de serviços automotivos. Durante esse tempo, surgiram ótimas ideias, dentre elas, a criação do V12 Auto Club, que representa nossa relação histórica com os veículos e com seus amantes”, conta Gilmar Farias.
Entre os diferentes modelos de carro, a exposição conta com o icônico e memorável Brasília, que a Volkswagen criou em homenagem à nova capital federal. Há ainda os clássicos 170 S da Mercedes-Benz e o Nash Rambler, um veículo norte-americano produzido pela divisão Nash Motors. Na categoria duas rodas, um dos destaques é a motocicleta Jawa, do ano de 1951.
Apesar da diversidade no portfólio, o empresário diz não conseguir escolher um modelo preferido. “Tenho muitas dúvidas em eleger um carro como destaque na coleção,
porque todos são especiais. O que posso dizer é que estamos surpreendendo os visitantes. Eu, minha esposa, Rejane Farias, meu sócio, Laércio Tomaz, e os colaboradores nos sentimos honrados ao receber as pessoas em nossa exposição”, afirma.
O V12 Auto Club também oferece outros atrativos, como os simuladores de corrida de F1 e Drift. Há também um mercado de pulgas, uma exposição de relíquias, uma loja com produtos exclusivos, objetos de coleção e uma cafeteria.
Como parte integrante das ações de cunho social, o V12 Auto Club já recebeu centenas de alunos de escolas públicas, além de instituições que fazem trabalhos solidários, e instituições sem fins lucrativos, que podem agendar uma visitação gratuita.
Segundo o proprietário, a intenção da V12 Motors não é somente vender um veículo, mas fazer com que o cliente se torne um amigo e faça parte dessa experiência. Por isso, para cada veículo vendido pelo grupo, novo ou seminovo, o cliente recebe uma cortesia de visitação. “Celebramos o primeiro ano da exposição com a certeza de que esse projeto superou as nossas expectativas e foi um aprendizado para seguir melhorando. Nesse período, tivemos a oportunidade de entender o perfil dos visitantes, que inclui crianças, adolescentes, mulheres e homens que têm no sangue a paixão pela história do automobilismo”, finaliza.
@v12autocluboficial www.v12autoclub.com.br
Fotos: Lucas de Souza
O BIG BOX, em Águas Claras, recebe título inédito no Brasil: o certificado Lixo Zero. Atualmente, apenas 4% dos rejeitos da loja são enviados ao aterro sanitário. Em toda a rede, a média de descarte no aterro é de 10%
COMPROMISSO COM A SUSTENTABILIDADE
Por Ailane Silva
Criar alternativas sustentáveis aliadas à responsabilidade social faz parte de uma agenda fundamental debatida no cenário mundial. Sob esse olhar, em 2020, um trabalho em prol do meio ambiente começou a ser realizado pelo grupo brasiliense BIG BOX e ULTRABOX. A rede passou a adotar uma gestão altamente sustentável, pautada na separação e no reaproveitamento de resíduos. Foi graças a esse trabalho de dedicação e mudanças intensas que a unidade BIG BOX Castanheiras, em Águas Claras, recebeu um título que, até então, era inédito no Brasil: o certificado Lixo Zero. O documento, conferido pelo Instituto Lixo
Zero Brasil, foi conquistado após a unidade comprovar que apenas 4% de rejeitos são enviados ao aterro sanitário.
Toda essa mudança precisou de soluções inteligentes. De acordo com a analista de sustentabilidade da rede, Cleusa Skalee, atualmente, 54% dos resíduos orgânicos são destinados para a compostagem. E outros 3%, que ainda estão em condições de consumo, mas são retirados das prateleiras por terem perdido o brilho ou estarem amassados, são doados para várias instituições, inclusive o programa Mesa Brasil. A iniciativa atende pessoas em vulnerabilidade social. Os 39% restantes são encaminhados para cooperativas, onde passam por processo de reciclagem e voltam a ser comercializados.
Pedro Helou, Larissa Victória, José Alexandre Seabra, Renata Rebouças, Cleusa Skalee e Geraldo Rezende Sobrinhos
“Tudo teve início quando começamos a implantar nas lojas a separação dos resíduos em três frações: orgânicos, recicláveis e rejeitos. Esse foi um processo que demorou cerca de três anos para conseguirmos implantar em todas as lojas do BIG BOX e ULTRABOX. É uma grande honra saber que o nosso projeto está à frente de todos os supermercados do Brasil”, celebra Cleusa.
O trabalho conduzido pelo grupo precisou contar com a sensibilização de todos os funcionários. Para isso, foram realizados treinamentos para que os colaboradores seguissem as orientações e normas de sustentabilidade. “Explicamos para eles que, quanto mais esses resíduos são aproveitados, com mais eficiência eles voltam para a economia circular e contribuem para aumentar a vida útil do aterro sanitário”, relata.
A empresa Lux Tree, que trabalha com a gestão de resíduos, foi responsável pelos treinamentos em educação ambiental, além de elaborar o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), instrumento fundamental para todas as lojas do grupo BIG BOX e ULTRABOX.
Atualmente, depois de todas essas mudanças, o grupo envia uma média de apenas 10% de rejeitos ao aterro sanitário. E a unidade de Águas Claras se destacou enviando menos de 10%. Ou seja, apenas 4% de todos os resíduos são destinados ao aterro sanitário. Para comprovar esses dados, a loja passou por um processo rigoroso de avaliação, envio de documentos e auditoria.
“Nós tivemos que mudar a comunicação visual das lixeiras, instalar adesivos com imagens para que o colaborador pudesse saber onde jogar cada tipo de lixo. Com o decorrer da coleta seletiva, novos projetos acabaram surgindo, entre eles, o da transformação do orgânico em adubo. Também tem o da doação do orgânico que ainda está em bom estado, como, por exemplo, aquela fruta amassada que o cliente não compra, mas está apta para ser consumida. São 14 toneladas mensais de doação”, contabiliza o consultor de sustentabilidade do grupo BIG BOX, Pedro Helou.
Os resíduos separados nas lojas pelos agentes ambientais passam por uma triagem. A Chácara Cerrado Orgânico é responsável por realizar todo o processo de compostagem dos resíduos orgânicos oriundos do grupo de supermercados. “Os itens coletados chegam na nossa chácara já totalmente livres de qualquer plástico e resíduo contaminante. Realizamos o processo de compostagem para utilizar o adubo na produção das nossas hortaliças e vegetais. Posteriormente, devolvemos para o BIG BOX esse produto para que seja comercializado”, conta a produtora de orgânicos Renata Rebouças.
Medidas como essas reforçam o compromisso do BIG BOX e ULTRABOX com a sustentabilidade. O grupo também tem o Selo de Energia Limpa na modalidade Prata. A meta é que, até dezembro de 2024, 100% de todas as lojas utilizem energia limpa – hoje, faltam apenas duas unidades para serem enquadradas nesta modalidade. Outra medida é o Cupom Verde, em que o cliente tem um cupom fiscal digital pelo aplicativo no celular, ao invés da impressão em papel. E, ainda, dentro do compromisso da empresa com os animais, o BIG BOX quer, até 2028, comercializar somente ovos de galinhas livres de gaiola.
Brasília tem 17 cervejarias artesanais em operação. Com conceitos característicos do Cerrado, elas se espalham por galpões e imprimem nova identidade à noite da capital
O QUADRADO DA CEVADA
Por Eric Zambon
Uma corridinha pelo Eixão em um domingo qualquer, quando a avenida é interditada para carros e aberta aos pedestres, pode revelar como a cena cervejeira da capital é relevante. Nos canteiros que dividem a pista central dos Eixinhos, diversas barraquinhas oferecem produtos e serviços e não é difícil esbarrar em vans com cervejas artesanais ou estandes que representam marcas locais. Várias delas operam há pelo menos uma década em Brasília e evoluíram junto com a cidade.
A produção do que hoje é conhecido como cerveja data de seis mil anos atrás e, desde então, a bebida esteve atrelada a diversos acontecimentos históricos e civilizações distintas. No Brasil, acredita-se que a bebida tenha aportado há cerca de quatrocentos anos, com Maurício de Nassau.
Nunca mais deixou o gosto popular. A fabricação, assim como o vinho, envolve fermentação e processos como a brassagem e a fervura e é no acréscimo, seja de ingredientes ou de tempo, em algumas dessas etapas que se modificam os sabores do produto final.
De acordo com a Secretaria de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura e Pecuária, Brasília tem 17 cervejarias artesanais em operação – uma a cada 182 mil habitantes. Algumas evocam figuras características da região, como as simpáticas capivaras, outras se referem a símbolos da cidade, e há até aquelas que lembram contextos históricos. Independentemente da razão por trás do nome, a variedade é enorme e elas estão espalhadas por diferentes pontos da capital.
Fotos:
Divulgação
Cruls Cervejaria
Em operação desde 2017, a cervejaria tem seu nome inspirado na Missão Cruls, uma expedição do começo da década de 1890 que ajudou a mapear o Planalto Central em busca do lugar ideal para instalar a nova capital do Brasil. Na atualidade, mantém a ideia exploradora e costuma lançar diferentes sabores anualmente para todos os gostos e retrogostos. Com essa atuação, acumula 38 premiações em sua história, inclusive a de melhor microcervejaria do Centro-Oeste da Copa Cerveja Brasil de 2023.
Para degustar as várias criações da Cruls, a principal opção é o boteco na comercial da 413 Norte, aberto de terça a sábado das 16h à meia-noite. Os interessados também podem fazer uma visita guiada à fábrica, na área rural de Santa Maria, com agendamento pelo site.
Atualmente, a Cruls distribui suas criações em quatro linhas de sabores: a Clássica, Cosmos, Sours e Sazonal. Foram mais de quarenta criações da empresa desde 2017 e uma busca constante por novas receitas. Uma das mais premiadas é a Kristall Weiss, da linha clássica, uma cerveja de trigo com notas de banana, cravo e pão. Os produtos podem ser encomendados on-line.
Uma das coisas mais marcantes na apresentação da Corina é a comunicação. Ao abrir o site, uma das primeiras frases que aparecem é: “Corina é cerveja. É rebeldia. É colaboração. De chinelo no pé, recusam-se rótulos; afundam-se os clichês”. Esse mote permeia tudo que envolve a marca, da embalagem de um litro em um garrafão, semelhante a uma garrafa PET, às descrições de alguns produtos. Um dos carros-chefe da cervejaria é a gráuler “linda, leve e solta (pêiu êiu)”.
Como eles destacam, a Corina começou distribuindo suas criações em uma kombi, uma espécie de serviço itinerante, e evoluiu até, atualmente, oferecer um espaço de convivência no SOF Norte. A empresa também aceita encomendas. Além das gráulers de um litro, a cervejaria oferece uma lata de 473ml da IPA de manga.
SOF Norte, Quadra 01, Conjunto B, Lote 11 @corinacervejas | www.corinacervejas.com.br/corina
Hop Capital Beer
Outra cervejaria premiada e com uma variedade de sabores a oferecer. Encravada no SIA, oferece um espaço de convivência com shows ao vivo e opções de alimentação. Em 2023, dentre as cervejas premiadas, destaque para a Cajueira Catharina Sour, medalha de ouro no Concurso Brasileiro de Cervejas, de Blumenau (SC).
A cervejaria também aceita encomendas para retirada na fábrica, com oferta de 16 tipos diferentes de sabores, entre Lagers, Ale, IPAs e outras. Como o boteco e a fábrica coexistem, alguns protocolos são seguidos na hora de finalizar o atendimento do pub, o que a Hop chama de “Last Call”. Meia hora antes do encerramento das atividades, que costuma acontecer à meia-noite em dias de semana e às 2h aos sábados, duas badaladas de um sino ecoam pelo espaço para avisar aos frequentadores sobre o fim da farra. Um jeito divertido de preservar o ambiente fabril para a produção do dia seguinte e gentilmente convidar a todos para encerrarem a noite por ali.
SIA Trecho 17, Rua 3, Lote 160 @hopcapitalbeer | www.hopcapital.com.br
Madstein
Entre Águas Claras e o Núcleo Bandeirante, há o Setor de Indústrias Bernardo Sayão e lá está a cervejaria Madstein, que ocupa um divertido galpão em meio a gráficas e outras lojas industriais. Com música ao vivo em alguns dias e uma oferta variada de bebidas alcoólicas e comidinhas, a Madstein oferece alguns sabores inusitados.
Entre chopes feitos com cacau ou pitanga, há também bebidas com avelã e até doce de abóbora. A variedade é bem-vinda para quem quer fazer uma degustação.
Como um plus, algumas das marcas das outras cervejarias que já foram citadas também enchem as torneiras do local. Assim como as demais, a Madstein aceita encomendas e atua online.
Quadra 1, Conjunto B, Lote 13, SIBS Setor de Indústrias Bernardo Sayão, Núcleo Bandeirante @madstein.beer | madstein.menudino.com
Fotos: Divulgação
SHOW DE INOVAÇÃO
Na Praia Festival investe em mochilas vibrotáteis para deficientes auditivos, vagas especiais PcD, serviço de concierge exclusivo e cadeiras de rodas motorizada
Tecnologia a favor da inclusão. Esta é a grande novidade da oitava edição do Na Praia, que será realizado até o dia 14 de setembro no Setor de Clubes Sul. O festival, reconhecido internacionalmente como o maior evento lixo zero do mundo, aposta cada vez mais na acessibilidade e na Redução das Desigualdades, um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), agenda global da Organização das Nações Unidas (ONU).
“No Na Praia 2024, acessibilidade significa proporcionar igualdade de acesso e oportunidades para todos. Estamos orgulhosos de oferecer uma infraestrutura totalmente adaptada e serviços inovadores para atender às necessidades de todos os participantes”, afirma Eduardo Alves, diretor de Sustentabilidade do Grupo R2.
Em 2024, não são apenas os artistas que brilham no festival. As mochilas vibrotáteis também são estrelas
Fotos: BS Fotografias e Shake It
Ainda pautado no ODS 11 (Redução das Desigualdades), o público PcD tem acesso ao Kit Livre com cadeiras de rodas motorizadas, proporcionando mais mobilidade e autonomia, cardápios e sinalização em Braille, e audiodescrição e plataforma de atendimento em língua de sinais. Todos esses serviços estão disponíveis no Concierge PcD, novo espaço dedicado especialmente ao atendimento desse público, com entrada diferenciada.
Igualdade de gênero
nesta edição. Elas permitem que pessoas com deficiência auditiva sintam as vibrações das músicas apresentadas no evento. São duas unidades do dispositivo, disponíveis no momento dos shows. Para proporcionar ainda mais conforto, uma Área PcD maior e mais perto do palco, com uma visão privilegiada das performances.
Vagas exclusivas para pessoas com espectro autista e PcD, logo na entrada, também são diferenciais. Outra novidade é o Cordão de Girassol, feito especialmente para pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista), que funciona como identificação para que os funcionários do local, já treinados, consigam auxiliar o cliente e seus familiares em qualquer situação de necessidade. Estes também recebem um kit sensorial, com abafador de som e óculos, que auxiliam pessoas com sensibilidade auditiva e visual.
O Conta Comigo e o Siga Segura, projetos de acolhimento e assistência focados principalmente em mulheres e pessoas em situações de vulnerabilidade, realizou, em 2023, mais de 230 atendimentos por uma equipe treinada e especializada, promovendo um ambiente seguro e inclusivo. O Siga Segura propõe o acompanhamento, desde a saída do evento, até a espera pela plataforma de aplicativo de mobilidade, carro ou carona.
“Estamos empenhados em combater o assédio e promover a equidade de gênero. O Conta Comigo oferece acolhimento especializado, enquanto o Siga Segura garante segurança no deslocamento das mulheres. Juntos, estamos construindo um festival em que todas se sintam protegidas e valorizadas”, garante Kallel Kopp, diretor de Sustentabilidade do Na Praia . @napraiafestival www.r2com.vc
Data: até 14 de setembro
Local: Na Praia Parque (Setor de Clubes Sul, trecho 2) Ingressos: pelo app/site R2com.vc
LU ALCKMIN
“Meu gabinete é dentro da padaria”
Por Paula Santana Fotos Celso Junior
Dos palácios oficiais à periferia, a segunda-dama do Brasil vive e convive com a política há quatro décadas. Antes da vice-presidência, o marido, doutor Geraldo Alckmin, médico anestesista, foi vereador, prefeito, deputado estadual e federal, duas vezes vice-governador e quatro vezes governador por São Paulo. Casados há 45 anos, desde então optaram por trabalhar pelo País. Ele na política, ela em obras sociais.
Idealizadora da Padaria Artesanal, projeto que capacita pessoas em vulnerabilidade na panificação e os estimula a se tornarem multiplicadores em suas comunidades, dona Lu, como carinhosamente é conhecida, tem o desejo de transformar os milhares de contemplados nestes 23 anos de atuação em milhões de beneficiados, ampliando padarias para todo o Brasil, com a mobilização somente da sociedade civil. E trabalha vigorosamente para isso.
Avó de sete netos, mãe de três filhos, Sophia, Geraldo e Thomaz, falecido em 2015 na queda de um helicóptero, dona Lu discorre, em lágrimas, palavras de força e coragem sobre a ausência física do filho. Conta que o ouve e o sente a cada testemunho de um aluno que refaz a sua vida por meio do empreendedorismo social. “Às vezes eu até posso senti-lo na minha pele”. Fruto dessa dor surgiu o
livro Amor que Transforma, um relato comovente contado por ela própria sobre como foram os momentos e toda a trajetória posterior ao trágico acidente.
Com perfil discreto, voz doce, beleza elegante e coração doador, ela faz do Palácio do Jaburu o seu cantinho da paz. Em meio a emas e pássaros, Joaquim, um coelhinho, tornou-se mais um companheiro de suas caminhadas matinais nas dependências do palácio. Jogos de Paciência, horas de conversa com o marido, leituras de moda, arte e literatura são os seus hobbies. Também o desenho. Dona Lu adora desenhar. E, sim, a expectativa de sempre que possível receber os netos, que residem em São Paulo. “O Jaburu é a casa da vovó”.
A referência de sua família é iminente em sua formação. Tudo começou com dona Renata. Com ela, Maria Lúcia Guimarães Ribeiro ainda criança aprendeu a comportar-se frente à vida, perante os outros e consigo mesma. Dona Renata era uma sábia mulher. E a mãe de dona Lu. “Eu sou o que minha mãe foi. Eu sempre quis ser igual a ela”. Ao lado de seus dez irmãos, filha de pai engenheiro, nasceu em São Paulo e cresceu em Pindamonhangaba. Tornou-se normalista, quando conheceu o estudante de Medicina residente em Taubaté. Casou-se com 28 anos. “Quando entendi que a política também é uma forma de servir, tal qual a Medicina, eu nunca mais saí de perto do meu marido. Esta é a nossa missão. Onde ele está, eu estou”.
“E eu tenho uma admiração profunda pelo Geraldo. É um homem íntegro e ético”
Como surgiu o empreendedorismo social na sua vida?
Em 2000. Eu sempre gostei de fazer o trabalho social e era voluntária do Fundo Social de Solidariedade, projeto de Dona Lila Covas, mulher do governador Mário Covas à época. Naquele ano, andando pela periferia de São Paulo e conversando com mulheres em situação de vulnerabilidade, querendo ouvir as suas necessidades, eu percebi que muitas não prestavam atenção. Eu pensei: “eu vou embora”, pois elas não se mostravam interessadas. Até que uma delas levantou a mão, e disse: “Dona Lu, a gente está com fome, a gente não comeu até agora”. Aquilo cortou meu coração. Perguntei: “O que eu posso fazer por vocês?”. Elas responderam: “Nós queremos comer pão”.
E assim nasceu a Padaria Artesanal?
Sim. No ano seguinte, em 2001, Mário Covas faleceu. E o Geraldo, que era vice-governador, assumiu o governo de São Paulo. E quando eu me tornei presidente do Fundo Social, chamei toda a equipe e falei: “Nós vamos desenvolver um projeto em que ensinaremos a população a fazer pães. Porque foi isso que eles me pediram”. São 23 anos que eu me dedico, que eu amo e que tem transformado vidas. Em São Paulo, foram mais de dez mil padarias artesanais. Qualificamos homens e mulheres nas artes de fazer pães nutritivos, saborosos e de alto valor comercial.
Como funciona?
Eles aprendem a fazer dez tipos de pães num curso que dura um dia. Eles chegam tímidos, inseguros. Ao final, na hora de receber o diploma, eles estão animados, felizes, realizados. Trocam contato um com o outro, fazem planos.
Tornam-se empreendedores. E saem como multiplicadores, cuja missão é capacitar outras pessoas de suas comunidades. Eu sempre volto para fazer avaliações e há histórias lindas. Uma vez, no interior de São Paulo, uma moça chamada Renata deu o testemunho. Ela chegou no curso com muito esforço. Tinha síndrome do pânico, estava sem amigos e não conseguia sair de casa. Ao final, estava ganhando dinheiro, vendendo os pães e havia sido curada do pânico.
E para implementar em Brasília?
Quando cheguei no ano passado eu não conhecia ninguém. Mas queria trazer o projeto, ele me faz bem e eu não saberia viver sem o trabalho social. Um dia na missa, o Dom Paulo César me viu, me abraçou e perguntou: “Dona Lu, o que a senhora vai fazer aqui em Brasília?”. Eu falei que estava triste, pois não havia como desenvolver a Padaria. Ele quis saber do que eu precisava. E eu disse: “De uma cozinha”. Ele me apresentou o Frei Rogerio, à época pároco na igreja Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora das Mercês, na Asa Sul. Ele tinha uma cozinha sem uso. Eu pedi para usá-la. Ele disse sim. Eu pedi para adaptá-la para Brasília tornar-se o polo da Padaria Artesanal. Ele também concordou.
Em São Paulo, a senhora atuou sem recursos públicos. Como é aqui na capital da República?
Eu nunca faço nada que tenha ônus para a União. Eu trago a sociedade civil. Em Brasília, eu fiz a parceria com o Sistema S. O Senac-DF é meu parceiro em primeiro lugar. E o Campeão das Construções, indicado pelo padre. Derrubou e refez tudo nos mesmos moldes de São Paulo. Brasília tem sido maravilhosa. Eu vejo, sabe, que as pessoas precisam somente “de uma mãozinha” para começar. Elas vão à luta. Não só as mulheres, os homens também são muito habilidosos.
A senhora é voluntária, trabalha muito e todo dia. Isso preenche o seu coração?
Tínhamos que ter essa consciência. De pensar naquele que mais precisa. No final somos todos irmãos. Nem sempre é o dinheiro. Às vezes, conversar com alguém que está triste, ouvir a pessoa, respeitar o seu sentimento. Um sorriso pode mudar o dia. Todo mundo tem que ter um papel social. Então, quero dizer que nós somos os maiores beneficiados quando nos dispomos para o bem.
Como é a sua relação com a primeira-dama?
Olha, eu sou de outra época. Eu admiro a Janja, ela tem um trabalho belíssimo. Ela se importa, assim como eu também, com as mulheres e quer trazê-las para a política. Cada vez mais participativas, dando a sua voz, o seu testemunho. Buscando a sua transformação e ajudando umas as outras. A Janja faz isso.
Almeja algum projeto social juntas?
Nós trabalhamos em frentes diferentes, mas que são importantes e convergem de alguma forma. Ao final, o que nós duas queremos mesmo é ajudar o nosso semelhante.
A senhora de volta. A primeira vez, com o doutor Geraldo na Câmara dos Deputados, e agora no Palácio do Planalto. Qual a sua relação com Brasília?
Ah... eu morei aqui há mais de trinta anos, quando meus filhos ainda eram pequenininhos. Eu amava aquela época. E, agora, de volta, vejo que a cidade cresceu muito. Quando a observei de cima, no avião, me assustei. Brasília está linda. Esse céu azul diário é um presente. Nunca vi nada tão lindo.
Sente falta da capital paulista?
Não sinto. Eu amo São Paulo, eu tenho meu apartamento e lá é o meu lar. Aqui eu estou de passagem. Mas acho que a gente tem de estar no agora. E eu estou vivendo um momento muito feliz. Além do mais, senti a cidade muito calorosa comigo.
A senhora passou boa parte da sua vida dentro de palácios. Bandeirantes e Jaburu. É possível transformar residências oficiais em um lar?
Para mim, coisas não são importantes e, sim, pessoas. Então, o lugar pouco influi. E mais, o Jaburu tem muitos animais. Emas, pássaros e agora eu tenho um coelho, o Joaquim, que é novidade. É um lugar de muita tranquilidade, muita paz e onde eu caminho todos os dias.
Fez interferências na ambientação, no mobiliário, trouxe objetos pessoais?
Não, não, tudo é muito bonito. Eu trouxe o que eu amo. São meus livros. Eu gosto de ler e vieram comigo os de arte e de moda. Eu gosto muito de moda.
O casal desembarcou em Brasília com muita sutileza e poucos compromissos sociais. Como é a rotina de vocês?
Então, Geraldo trabalha de segunda a segunda. Ele é non-stop. Aos sábados e domingos, vai às padarias, toma o cafezinho que ele adora. Volta e almoçamos juntos. Nós conversamos muito. Também jogamos Paciência e ele gosta que eu fique do lado dele.
Vocês parecem ser muito amigos!
São 45 anos, né? E eu sempre digo: “para amar alguém, tem que admirar”. E eu tenho uma admiração profunda pelo Geraldo. É um homem íntegro e ético. Ele é uma pessoa boa, sabe? Tenho o maior respeito por ele. Eu sou apaixonada pelo meu marido.
E qual a admiração que ele tem pela senhora?
Eu acho que é essa paixão que eu tenho pelo trabalho social. Porque é o que eu amo, é o que eu aprendi com a minha família.
A sua mãe, dona Renata, sempre foi uma referência?
Ela teve 11 filhos, e mais um para criar. E nunca nos faltou amor nem carinho. Meu pai tinha que trabalhar e ajudava no final de semana. Durante a semana, ela tomava conta da gente e das pessoas carentes. Eu olhava aquela mãe linda, que eu amava, e falava: “quero ser igual. Ela é o meu exemplo de vida”. Então, hoje, eu sou o que a minha mãe foi.
E esses valores a senhora aplicou na condução da sua família?
Sim, porque o filho, quando ama os pais, quer ser igual a eles. Eu até escrevi um livro, O ABC dos Coelhinhos, pela editora Senac. Eu procurei levar todos os ensinamentos que eu tive durante a minha vida por meio de uma família de coelhinhos. Em cada letra do alfabeto existe um aprendizado. Eu fiz os textos e os desenhos também são meus. Eu sempre gostei de desenhar.
A leitura é uma de suas paixões, e da sua família também?
E é fundamental. Nossa felicidade está ligada à leitura. Porque, quando se tem conhecimento, faz-se melhores escolhas. Eu passei isso para a minha família. Meus filhos leem toda noite e os seus filhos também. Fazemos isso por um mundo melhor. Se cada pai, cada mãe tirar 15 minutos do seu dia para sentar e ler para a criança, de corpo e alma, longe do celular...
E a senhora recebe os seus netos na residência oficial?
Sim, sempre. É uma farra. Eu não largo eles. A gente brinca, conversa, joga, desenha. O Jaburu é a casa da vovó.
Dona Lu, como é ser mulher de um governante?
Quando eu conheci o Geraldo, ele era vereador. Me casei com ele, prefeito de Pindamonhangaba por seis anos, e tive os três filhos. Já deputado estadual, fui morar em São Paulo. Depois, viemos para Brasília, morei oito anos aqui. Em seguida, foi vice-governador de Mário Covas, duas
“Nossa felicidade está ligada à leitura. Porque, quando se tem conhecimento, faz-se melhores escolhas”
vezes e quatro vezes governador de São Paulo. E agora estou aqui, ele vice-presidente. Então, pra mim, não tem nada de diferente. A minha vida tem sido assim desde o início. Onde ele está, eu estou junto.
A sua vida se tornou a trajetória do doutor Geraldo?
Sim, mas eu sempre digo que o meu sonho é ajudar as pessoas e foi ele quem me deu essa oportunidade.
E nessa caminhada, o que a política te impôs?
Não há nada que me seja imposto. Nada. Eu amo política.
Doutor Geraldo chegou a exercer a medicina?
Quando ele se formou já era prefeito. Então, na parte da manhã, ele trabalhava na prefeitura, à tarde atendia no hospital. E, aos fins de semana, ia para São Paulo, dirigindo, fazer residência, eu já grávida. Ele é anestesista, chegou a fazer três mil cirurgias.
Como foi o começo do relacionamento de vocês?
Eu vou até contar para você um pedacinho da nossa história. Quando ele me conheceu, era vereador e estudante de Medicina. E na semana que a gente começou a namorar ele me disse que seria a prefeito. Eu falei: “como você fará política se você vai salvar vidas?”. Ele me respondeu: “Lu, a política é ciência de fazer o bem. Nós estamos aqui para servir”. A partir daí, nunca mais deixei de acompanhá-lo. O Geraldo quer trabalhar pelas pessoas. Quer não, ele trabalha.
“Quando alguém reclama, eu sempre digo: vai ao Hospital das Clínicas, na sessão de queimados. Vai ver como você é feliz”
A senhora é uma grande parceira?
Ele gosta. Eu respeito. Nunca cobrei o Geraldo. Por isso que a gente vive tão bem. Eu acho que a vida é isso. Um respeitar o outro. E eu também sou muito independente.
Como é o doutor Geraldo no dia a dia?
Olha, ele é uma pessoa muito animada, apesar de parecer todo certinho. Ele gosta muito de contar histórias. Eu escuto todas, às vezes a mesma daquela época... mas ele conta de um jeito diferente, envolvente, e todo mundo dá risada.
O quão influente a senhora é nas decisões dele?
Ele é vice-presidente, mas, também, Ministro da Indústria e Comércio. Ele chega entusiasmado em casa, falando sobre a nova indústria, o que pretende refazer. Fala que nós temos tudo aqui. E precisamos valorizar o que temos. Então, eu escuto e torço.
Mas a senhora não dá aquele “pitacozinho”?
A gente troca umas figurinhas. Mas você sabe que ele vem com a coisa tão redonda que nem precisa. E, daí, eu acabo contando do meu trabalho.
O que o poder te ensinou?
Olha, graças a Deus, uma coisa que eu aprendi, que eu acho fundamental, é que a gente tem que ser e não ter. Por exemplo, hoje eu posso ser esposa do vice-presidente. Segunda-dama do Brasil que fala, né? Amanhã eu posso não estar mais. Tudo é muito passageiro. Eu sempre procuro ser a mesma pessoa. E, se eu estiver em uma outra posição, eu sempre serei a Lu. Jamais me achar melhor que o outro. Isso eu levo muita à risca.
Então, vou até contar uma historinha...
Ahh, contadora de histórias que nem o marido…
Foi em uma ocasião em que Geraldo, vice, tornou-se governador no lugar de Mário Covas. Quando chegávamos ao Palácio, havia um elevador privativo e os seguranças já esperavam com as portas abertas. Num dia, após o retorno de Covas, a minha ajudante veio para mim extremamente chateada e disse: “Dona Lu, eu tenho uma coisa para falar... a senhora não poderá entrar nesse elevador porque não é mais a primeira-dama”. Aquilo para mim não era problema algum. Não mudava em nada a minha vida. Eu a consolei e entrei no elevador comum a todos. E é isso. Estamos sempre de passagem.
A senhora tem um gabinete lá na vice-presidência?
Não. O meu gabinete é dentro da padaria.
Dona Lu, a senhora tem uma postura conservadora. Convive na comunidade, de uma ponta à outra.
Acha que é importante o olhar progressista?
Eu não sou conservadora, porque eu acho que em todos os momentos as coisas evoluem. Então procuro evoluir e acompanho o que vier.
A que a senhora credita esse estado de saúde mental delicado ao qual o mundo passa atualmente?
Olha, para mim é a falta de fé. É a falta de Deus. Eu sou católica, mas eu acho que todas as religiões levam a Deus. Então, o que faz sentido é amar o próximo, o primeiro mandamento de Deus.
A senhora conversa com Deus?
Converso muito. Às vezes eu fico assim, não me sentindo bem, e pergunto: “Será que eu fiz alguma coisa errada? Será que eu fui indelicada? Daí chega a noite, eu converso
com Ele. E falo: Deus, por favor, me dê sabedoria. Me dê humildade”. Porque eu sou humana. Eu posso errar. E Deus me traz paz. Eu acordo de vez em quando falando com Ele. Eu sempre tenho um caderninho. Na cabeceira. Eu acho que Deus mandou essa mensagem. Devo fazer isso. Eu anoto. É verdade. Parece brincadeira, mas é. Verdade.
Na fatalidade que acometeu a sua família em 2015, com o seu filho, Thomaz, onde que a senhora buscou forças para seguir em frente? Quais os recursos que vieram para que atravessasse essa fase que nenhuma mãe espera passar um dia?
Foi Deus. E aí quando ele partiu eu falei com Deus mais uma vez. E nesse momento, eu conversei com Thomaz. E disse: “Thomaz, você vai continuar ao meu lado”. Aliás, ele está neste momento aqui comigo. Ele pode não estar fisicamente, mas espiritualmente ele está. Porque cada vez que alguém testemunha que teve sua vida transformada, por meio do nosso trabalho social, eu fecho os olhos. Ninguém percebe. E eu digo: “Thomaz, você está fazendo através de mim”. Então isso me dá uma força enorme. Assim, eu o vejo, sabe? Ele vivendo em mim.
“E eu posso te garantir que, agora e sempre, eu jamais serei candidata a nada”
E além dessa força natural, dessa coragem que a senhora tem, o que te faz feliz? O que a faz acordar todos os dias e proclamar, “hoje é um novo dia”?
Olhar para esse céu azulinho com essas nuvens brancas. Saber que meus netos estão bem, que tenho amigos e pessoas que amo por perto. Isso me faz feliz.
Então, vamos falar de mulheres ao lado de seus maridos chefes de estado. Hillary Clinton, Michelle Obama, no Brasil, Michelle Bolsonaro. A senhora acha que existe ascensão na política para efetivamente trabalhar pelo País?
Não existe. Eu já trabalho pelo País, ajudando as pessoas. E eu posso te garantir que, agora e sempre, eu jamais serei candidata a nada. Não é o meu perfil. Eu sou voluntária, minha missão é trazer a sociedade civil a participar.
Mas já houve abordagem?
Sim, várias vezes. Eu faço o que faço porque eu amo fazer. Não tem nada por trás disso.
Dona Lu, e essa beleza? O que a senhora faz? Alguns procedimentos estéticos?
Bondade sua, mas eu nunca fiz nada plástico. Nem um botox. Eu tenho marcas aqui e ali, mas é parte da minha vida. É a minha história. Deixem elas aí. O que é mais importante é que eu sou muito feliz. Entende? A beleza tem que estar dentro porque faz a gente sentir-se vivo, faz a gente viver em paz, olhar com bondade, não julgar. “Quando alguém reclama, eu sempre digo: vai ao Hospital das Clínicas, na sessão de queimados. Vai ver como você é feliz”. Nós estamos aqui hoje com saúde. Eu só tenho a agradecer a Deus por isso.
COLLABS DE GIGANTES
Oriente e Ocidente
A HUGO une forças com a marca de streetwear Les Benjamins, sediada em Istambul, para lançar uma coleção que explora a interculturalidade de histórias compartilhadas e diálogos culturais. Fundada em 2011 pelo designer e fotógrafo Bünyamin Aydin, a Les Benjamins chegou à vanguarda do luxo, misturando a herança turca com a cultura contemporânea.
E a label alemã, reconhecida por sua alfaiataria junto ao estilo de rua característico, traz sua habilidade artesanal. A collab é um tributo à narrativa global. A seleção de 18 peças inclui estilos masculinos, femininos e de gênero. Um emblema de cisne esboçado serve como símbolo da união entre a Turquia e a Alemanha, enquanto os detalhes de rosas bordadas significam o amor que conecta famílias e parceiros.
Fotos: Divulgação
Piloto e designer
A Maison Dior elege o heptacampeão mundial de F1, Lewis Hamilton, como embaixador para a moda masculina. Ele vem para incorporar o seu carisma, ousadia e modernidade para a casa francesa. Ao lado do diretor criativo Kim Jones, o piloto também assinará a coleção como designer convidado. Juntos, criam uma cápsula de lifestyle, inspirada em seu poderoso e emocionante universo. Um diálogo criativo e inventivo que mixa sonhos e excelência em peças que que podem ser alta-costura e enaltecer a funcionalidade ao mesmo tempo. A cultura outdoor com as exigências do luxo.
Futuro orgânico
Um design radical na intersecção entre moda e arquitetura. Nascida em 1925, em meio ao surpreendente patrimônio arquitetônico de Roma, Fendi promoveu um profundo compromisso com atos multidisciplinares que celebram o design, a arquitetura, o luxo e a moda em escala internacional. Iniciado por Silvia Venturini Fendi, diretora artística de Acessórios e Moda Masculina, um conjunto de bolsas e sapatos foram projetados com a tecnologia MAD Architects, com sede em Pequim. Para a ousada transformação, a bolsa Peekaboo ISeeU da Fendi Men e o novo tênis Fendi MAD promoveram peças com uma pegada futurista entre o homem e a natureza.
Mentes especialistas
Louis Vuitton e Timberland apresentam uma coleção cápsula, explorando as origens do faroeste norte-americano no workwear. A fusão dândi-esca de elegância, utilidade e conforto. As silhuetas sofisticadas alinhadas com a Keepall 50 Toolbox numa interpretação inspirada na utilidade da bolsa emblemática da maison. LV Boot se manifesta em cinco formas diferentes, cada uma apresentando o solado de borracha. E por fim, a LV 6-Inch Exceptional Edition, a bota de trabalho em couro italiano premium, flexível e à prova d’água. Embelezada com iniciais de língua LV em ouro 18K, ilhós, pontas de cadarço e ferragens de etiqueta. As iniciais LV na língua são inscritas com as palavras “The sun is shining on us” um sentimento expresso pelo diretor criativo masculino, Pharrell Williams.
Indígena do povo Kaixana, o designer Maurício Duarte prepara-se para estrear no circuito de moda internacional, a começar pela New York Fashion Week
A PASSARELA PARA UM AMAZÔNIDA
Por Bruna Nardelli
A vocação de Maurício Duarte para a moda é clara como as águas do rio Tapajós, o único cristalino entre os afluentes do Amazonas, berço do estilista de 29 anos. Primeiro designer indígena a integrar o line-up da São Paulo Fashion Week, o manauara coleciona feitos profissionais importantes. O mais recente: desfilar a coleção Piracema pelas rampas curvilíneas do Museu Nacional da República, que marcou a inauguração da terceira edição do Brasília Design Week 2024, conferindo status de arte ao trabalho do jovem estilista.
O próximo grande triunfo está à espreita: o designer e amigo da primeira-dama do Brasil, Janja Silva, fará seu debut em uma semana de moda internacional. “Serei o único brasileiro a integrar um time de designers da América Latina na próxima New York Fashion Week. Será muito especial. Apresentarei uma versão 2.0 da coleção Piracema”, esmiúça Maurício Duarte, em primeira mão à revista GPS|Brasília. A nova leva será permeada por criações que tocam a alma do amazonense e, como de costume, reverenciam os seus ancestrais.
O designer usa recursos naturais para levar às passarelas a moda originária
Foto: Bruno Barreto
Filho de artesãos da etnia Kaixana, o criador passou parte da infância em uma comunidade formada por indígenas e povos ribeirinhos em Iranduba, a 40 quilômetros de Manaus. Aos 15 anos, para dar vazão à criatividade, começou a pintar camisetas à mão, estreitando os laços com o mundo do design. Ex-aluno de Desenho Industrial, Maurício cursou moda somente quando foi contemplado com uma bolsa de estudos em um concurso de vitrinismo do Senai. Seguiu, então, para a Faculdade Santa Marcelina, na Grande São Paulo, onde, em 2019, ano de sua formatura, fundou o próprio e homônimo ateliê.
As peças assinadas pelo defensor de uma moda consciente, justa e brasileira fazem ode a técnicas ancestrais e materiais regio nais, muitos de difícil acesso. Sementes de igapó e escamas de pirarucu dão vida a vestidos de algodão e seda que insinuam o movimento das águas dos rios ou mimetizam as manobras de reprodução dos cardumes, criando colírios para o olhar. Biodegradáveis, as indumentárias podem um dia retornar ao local de origem, sem influir no ecossistema.
Ciente do ecoar de suas ações, o estilista empenha-se em conceber peças em parceria com artesãos de diversas etnias, a fim de somar à luta contra a invisibilidade indígena. “O meu casting de modelos também é marcado por negros e indígenas. Minhas irmãs, inclusive, já desfilaram para mim. Não me vejo crescer longe dos meus. Sou movido pela resiliência em conjunto”, declara o cria tivo amazônida.
Apadrinhada ascensão
O designer manauara despontou ao ves tir a primeira-dama Janja Silva para um evento de sustentabilidade internacio nal em 2023. O vestido escolhido para a ocasião foi o Rio Vermelho Igarapé avaliado em R$ 1.499. O modelo em tons rubros e negros foi apresentado na SPFW e representa, nas palavras do criador, força. Inicialmente profissional, o contato entre as personalidades virou amizade. Maurício está entre as poucas pessoas seguidas por Janja no Instagram. Cada conquista do amazonense rende um
Sonia Guajajara também apadrinhou o jovem talento. Até Yaponã Guajajara, filho da ministra dos Povos Indígenas, não mede esforços para pulverizar o trabalho do amigo, uma potente voz dos povos originários de sua geração. Celebridades como Gkay e o ambientalista Ailton Krenak incrementam a lista de apoiadores do designer, destaque na categoria de moda da
A cada impulso recebido e barreira quebrada, Maurício transborda gratidão. “Sonhar vale a pena”, exclama. Sem fingir costume com os últimos acontecimentos da carreira, ele convida o choro a entrar sem cerimônia. Para além da fama e do dinheiro, a maior bonificação do estilista é “inspirar as pessoas” por meio de suas criações, sobretudo em centros de valorização cultural. Para quem um dia precisou vender peças na Avenida Paulista a fim de garantir o próprio sustento, ter o apoio de patrocinadores e expor seu trabalho em um museu é um bálsamo. A vitória é constantemente celebrada com uma prece no altar itinerante que o acompanha aos quatros cantos.
@mauricioduartebrand
Fotos: Bruno
Barreto
Atemporalidade com novas abordagens. Identidade conceitual da moda Resort. Roupas de negócios beach club em itinerários de luxo. Perspectivas de looks leves, ecletismo de paleta, complexidade de materiais. Silhuetas que se movem lindamente. Na eterna ambiência da aristocracia. Como é chique ser mediterrâneo. (PS)
CONSTRUTORES DE LEVEZA
Naheem Khan
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Helmut Lang
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LENTES DO DESIGN
Uma perspectiva refinada do design. O minimalismo sutilmente futurista triunfa em designs híbridos, em roupas cotidianas que podem se transformar em alta-costura ou na convenção decretada de construções art déco Minimal. Sensual. Escultural. Um legado de ativismo feminista permanece na dramática passarela da couture parisiense. (PS)
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Moda Slow para um universo contemporâneo
ENTRE NÓS
Patricia Justino
pattyjustino@hotmail.com – @patjustinovaz
Após uma longa jornada lado a lado com suas clientes brasilienses, época em que se dedicava exclusivamente à consultoria de imagem e assessoria de vendas no varejo de moda, a estilista Lu Garcia, mineira de Uberlândia radicada na capital do País, teve em mãos o que poucos criadores conseguiram ter antes de enveredarem pela arte de construir coleções de roupas: o privilégio de conviver previamente em seu dia a dia, entender gostos pessoais, desejos e anseios daquelas que viriam a ser o seu público-alvo e fiéis consumidoras mais tarde. Foi assim que Lu Garcia deu início à sua carreira de estilista e isso explica como suas peças funcionam tão bem para as mulheres de Brasília, a quem dedicou sua última coleção, com o tema Gardens. Crepes, chiffons e pedras naturais, compuseram com perfeição os conjuntinhos, saias e os vestidos, carros-chefes da marca, que vieram repletos de cores, movimentos, delicadas aplicações de flores e muita sofisticação, tais quais os belos jardins de sua inspiração. Quer saber mais sobre a coleção Gardens Navegue nos seus pontos oficiais de venda: @lugarciabrand e @q.u.a.d.r.a
Arte, Design e muitas doses de originalidade
O pernambucano Fábio Melo, conhecido por combinar referências da cultura popular do Nordeste com design minimalista e contemporâneo, vem se mantendo um dos mais cotados e criativos designers de mobiliário no cenário brasileiro. Começou o ano causando suspiros ao expor um sofisticadíssimo banco totalmente handmade por artesãos nordestinos no Fuori Salone, em Milão, meses depois segue encantando com os seus lançamentos, a exemplo de sua participação na Fenearte (PE), a maior feira de artesania da América Latina, onde a sua instigante Banqueta Barroca, uma peça que, quase em antagonismo ao que se espera de uma leitura mais rápida do barroco brasileiro, chamou a atenção pela sua aparência clean e aspecto brutalista. Tendo como principal fonte de inspiração o Mosteiro de São Bento, em Olinda, com uma ornamentação maximalista, detalhes marcantes em ourivesaria e muito rebuscamento são fortes referências, Fábio, porém, seguiu sua intuição peculiar e surpreendeu a todos ao dispensar a riqueza de detalhes do movimento barroco ali presente e focou o desenvolvimento da sua obra nas formas marcantes da sua fachada e nos vãos arquitetônicos que se revelam quando se tira o olhar daquela “capa” e observa-se o minimalismo que está por trás, sustentando toda aquela opulência. Verdadeiramente, genial! www.fabiomelodesign.com.br
Chef revolucionária
Anne-Sophie Pic é uma “super chef” que há anos vem fazendo história no mundo da alta gastronomia. Entre os seus muitos feitos, não somente foi a primeira francesa a ganhar três estrelas no Guia Michelin com o seu restaurante La Dame de Pic, em Valence (próximo a Lyon), como também foi a quarta mulher no mundo a atingir esse marco. Madame Pic, visionária e sempre à frente do seu tempo, seguiu montando restaurantes em locais estratégicos no mundo, como Londres, Dubai e Paris, por exemplo. Ao todo são 11 estrelas Michelins, todas as casas levam o nome La Dame de Pic e seguem a mesma linha culinária: uma cozinha exigente e audaciosa que une equilíbrio e complexidade aromática, sabores marcantes e delicados. Os menus assinados por Anne Sophie Pic são verdadeiros convites a um universo gastronômico imaginativo, elegante e inovador. Experiências únicas! www.anne-sophie-pic.com
A arte das biojoias
Tramas em seda, metais e muranos são alguns dos materiais nobres que dão vida à arte da paraense Neida Freitas Aboud, a mente criativa por trás da Chames Bio, marca carioca de biojoias que, organicamente, vêm gerando peças-desejo para atingir um público consciente do novo luxo, que valoriza o trabalho artesanal, com olhar de design, estética e a originalidade brasileira. Desde a concepção da marca à jornada de desenvolvimento das peças, até mesmo nas formas de expor os produtos, percebe-se todo um cuidado para que sejam percebidos valores importantes da marca: forte herança cultural, sustentabilidade, empoderamento feminino e o compromisso de uma conexão entre a arte, significados e beleza.
Queime. Preencha. Repita
Para atender aos nossos desejos olfativos mais especiais, a Anova Trade – distribuidora oficial no Brasil das velas californianas Voluspa – traz uma grande novidade aos revendedores da marca: o refil de cera de coco para suas clientes desfrutarem de mais 60 horas de uso nos clássicos copos de vidro da coleção Japônica, um dos seus carroschefes de vendas. Disponível inicialmente em 11 fragrâncias: Goji Tarocco Orange, Baltic Amber, French Cade Lavender, Momo Bamboo, Santa Vanille, Forbidden Fig, Sparkling Cuvée, Jasmine Midnight Blooms, Temple Möss, California Summers e Foraged Wildberry, ou seja, as mais populares e que “agradam a gregos e troianos”, os refis vieram dando um passo que reforça a mentalidade sustentável da Voluspa, atendendo um antigo pedido dos fãs da marca, como também pensando na ecologia e economia por parte dos seus usuários. Sucesso absoluto. www.voluspa.com
Atualmente, uma encantadora mostra intitulada Origem, Força e Poder, na galeria Filomena, dentro do hotel Rosewood São Paulo, apresenta um acervo de colares icônicos da Chames, além de peças exclusivas que homenageiam mulheres de muita inspiração. Imperdível. www.chamesbio.com.br
GREENWASHING
Homens imersos num mar verde. Em maré alta, variações da cor do equilíbrio evocam frescor, tranquilidade e leveza, abrindo as águas para a nova temporada. Estampas e padronagens também evocam a atmosfera em formas, imagens e contornos ópticos, simplistas ou psicodélicos. Ousada declaração da moda ao meio ambiente. (PS)
Fendi
Joeone
Louis Vuitton
Dolce & Gabbana
Gucci
Kenzo
Ermenegildo Zegna
Dior
JW Anderson
Issey Miyake
Gucci Fotos:
CELESTE, CELESTIAL
Quando tudo pede um pouco mais de calma. Surge um azul com o tom da alma. Cerúleo, que vem do céu. Equilíbrio, abrigo. Desacelerar, respirar, clarear...clareou. (PS)
Nina Ricci para Farfetch - R$ 8.552
Miu Miu - R$ 6.800
Kilian Kerner
Fendi - preço sob consulta
Dior - preço sob consulta
Bottega Veneta - preço sob consulta
Dior - preço sob consulta
Louis Vuitton - R$ 17.500
Valentino - R$ 6.900
Mykita - R$ 4.808
Dolce & Gabbana - R$ 9.750
BE NORMAL
Há uma ambiência para o extravagante desde que seja elegante. Há o espaço para os boêmios com acesso para os esportistas. Atemporalidade em sintonia com diversidade. Os clássicos seguem seu fluxo e flertam com os preppies. (PS)
Louis Vuitton - preço sob consulta
Gucci - R$ 23.173
Fendi - R$ 12.200
Burberry - preço sob consulta
Bottega Veneta - R$ 52 mil
Panerai - R$ 156 mil
Zegna - R$ 4.118
Dior - preço sob consulta
Dior - preço sob consulta
Hermès
Burberry - preço sob consulta
Louis Vuitton
Dolce & Gabbana - R$ 9.248
Símbolo de resistência da população negra, Bauer de Sá e Gilberto Filho criam poéticas distintas em estéticas e trajetórias comprometidas com o ativismo negro
Por Paula Santana
Bahia Afrofuturista: Bauer Sá e Gilberto Filho
Uma mostra, dois núcleos expositivos. No primei ro, um conjunto de trinta fotografias de Bauer Sá, produzidas entre os anos 1990 e 2000. No segundo, Gilberto Filho apresenta 15 esculturas em madeira que datam desde 1992 até o presente. Em comum, a ancestralidade afro-brasileira por meio de temáticas raciais e divindades africanas.
O texto é assinado pelo artista e curador Ayrson Heráclito, reconhecido por seu trabalho que aborda a cultura afro-brasileira e suas conexões históricas, e pelo escritor e historiador Beto Heráclito. “A exposição, ao promover o diálogo entre dois artistas negros com poéticas distintas, apresenta diferentes abordagens dessa nova estética. As linguagens eleitas pelos artistas – a fotografia e a escultura – servem como estraté gia para experimentação de conceitos como a corporeidade e a espacialidade em perspectiva afirmativa e afrocentrada”.
Bauer Sá (1950) reforça a tradição dos negros baianos que se destacaram como fotógrafos ou fotojornalistas. A sua obra se coloca em um sofisticado circuito de instituições e coleções de artes visuais, que é predominantemente branco no Brasil. Bauer explora as formas de representação do povo e do corpo negro. Ao lado do contemporâneo Mário Cravo Neto integram a geração que elevou a fotografia baiana ao status de arte.
Gilberto Filho (1953) iniciou sua carreira como aprendiz de marceneiro na oficina do pai, no Recôncavo Baiano. Desafiou a concepção tradicional de temporalidade, suspendendo a ideia linear do tempo. Uma imaginação que cria cidades futuristas. E causa estranhamento poético ao esculpir megalópoles afrofuturistas. Madeiras nobres e de demolição levantam o futuro sobre as ruínas do passado que lembram cidades de ficção científica.
@galatea.art_ www.galatea.art
Offering, série Nós, Bauer Sá (1991) Olhos de Xangô, série Nós, Bauer Sá (1991)
Retrato Gilberto Filho
Edifício Salvador, Gilberto Filho (1993)
Foto: Bauer Sá e Galatea
Foto: Bauer Sá e Galatea
Foto: Rafael Martins
ARTE
Maurício Lima
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DESDE TOKYO BLUES ATÉ GRITOS SURDOS MIGUEL RIO BRANCO
A exposição Desde Tokyo Blues até Gritos Surdos é uma fascinante viagem pelo universo visual do fotógrafo brasileiro Miguel Rio Branco. Realizada na Sala de Fotografia do Centro Niemeyer, em Avilés, na Espanha, a mostra ficará em exibição até o dia 3 de novembro.
Origens e Metamorfoses
O projeto teve origem em uma viagem de Miguel Rio Branco ao Japão, país que sempre o fascinou por sua rica cultura, arte, cinema e arquitetura. Durante o centenário de imigração de japoneses ao Brasil, foi feita uma exposição na qual o fotógrafo japonês Daido Moriyama veio para São Paulo e Miguel Rio Branco foi para Tokyo, resultando em uma série de imagens cruzadas. Nas mãos de Rio Branco, essas fotografias tiradas em Tokyo se transformaram em outras peças, como se passassem por uma verdadeira metamorfose.
“Desde o início, sempre confiei na mistura. A união da pintura e da fotografia. A mistura de desenho e colagem, filme e fotografia, música e poesia, poesia e montagem.
Todas essas misturas fazem parte das muitas encruzilhadas na busca pela compreensão e expressão de mim mesmo, em relação ao mundo”, afirma o artista Miguel Rio Branco.
Tokyo Long Neck: uma síntese do Japão
No coração da exposição, encontramos a obra mais complexa e fluida: Tokyo Long Neck. Essa composição se estende por 17 metros na Sala de Fotografia, representando a essência do que Miguel Rio Branco sentiu durante sua estadia no Japão. Aqui, ele conecta imagens de maneira única, criando um discurso visual atemporal. Não se trata apenas de documentação, mas também de simbolismo, poesia e visão pessoal.
Fotos: Manuel Carranza
Diálogos e reflexões
O espaço curvo da montagem leva a novas leituras, criando diálogos entre vida e morte, Ocidente e Oriente, luz e sombra. A exposição transcende o mero registro fotográfico; ela nos convida a refletir sobre nossa própria existência e a sociedade em que vivemos.
Miguel Rio Branco: um artista multifacetado
Miguel Rio Branco (1946) é muito mais do que um fotógrafo. Ele é pintor, cineasta e criador de instalações multimídia. Seu trabalho é reconhecido internacionalmente, com obras presentes em museus importantes, como o Metropolitan Museum e o MoMA de Nova York. No Brasil, o Instituto Inhotim dedicou um pavilhão inteiro à sua arte.
A arte contemporânea e a reflexão social
A exposição de Miguel Rio Branco nos lembra da função da arte contemporânea: não apenas ser entendida, mas também nos lançar em esferas mentais de reflexão e questionamento. Suas obras desafiam padrões e nos convidam a olhar além do óbvio, criando um raciocínio diferente do contexto em que vivemos.
@miguelriobranco
Transformar resíduos naturais em arte única num gesto de resiliência e respeito ao meio ambiente.
O escultor Hugo França faz de sua robusta obra um manifesto e a julga simples e intuitiva
O TASTEMAKER
Por Eric Zambon
Fotos Rayra Paiva
Uma obra de arte pode ser carregada de significados, mas também pode ser apenas aquilo que o observador enxerga. Quando René Magritte escreveu que “Isto não é um cachimbo” embaixo do desenho de um cachimbo e intitulou a obra como A Traição das Imagens uma série de interpretações. Houve quem destacasse o viés surrealista da obra do pintor belga e especu lasse sobre as influências de Freud ou um grande paradoxo existencial. Talvez apenas não fosse um cachimbo mesmo e fim de história.
Em um contexto diferente, o artista plástico porto-alegrense Hugo França levou a exposição Textura e o Orgânico como Formas à Galeria Karla Osorio, no Lago Sul. Ao chegar à mostra, com um jardim amplo e adornado, havia pedaços de madeira em alguns locais e até tocos de árvores e um gigan tesco banco semelhante a um grande tronco. Sem conhecer previamente as imediações, seria muito fácil achar que tudo fazia parte da paisagem ou algo parecido. Aqueles elementos, na verdade, integravam a exposição e tratavam-se de itens muito valiosos.
Ao comentar sobre o processo de criação, Hugo chamou o trabalho de “simples” e ainda revelou que costuma pensar em como cada obra vai ficar enquanto a cria, sem um grande planejamento prévio. Portanto, às vezes, mesmo em uma exposição festejada como a dele, um banquinho de madeira é apenas um banquinho de madeira. E isso não é demérito algum. Como Magritte provou, ao ter suas peças reconhecidas e exibidas nos locais mais prestigiados pelo planeta, a realidade é justamente o contrário.
Arte funcional
Utilizando os chamados resíduos ambientais, ou seja, restos orgânicos – em especial, madeira – de áreas desmatadas ou vítimas de queimadas, ele esculpe formas que, por vezes, parecem transformar aquela árvore morta em algo mais vivo do que jamais esteve. Um dos carros-chefes da exposição, por exemplo, é uma robusta escultura em pau-ferro, um dos tipos de madeira mais duros já descobertos e também resistente ao fogo.
Nas mãos de Hugo, o que antes era uma enorme raiz se transformou em um entalhe de formas arredondadas, como se uma gota gigante tivesse caído dos céus e cristalizado antes de fazer o “splash”. Apesar da descrição pomposa, a melhor parte é que também serve de banco e qualquer um pode se sentar. “Classifico minhas obras como esculturas mobiliárias. Por isso, são peças únicas. É um processo sim ples e complexo ao mesmo tempo. Não faço um projeto na madeira nem nada do tipo. Olhar a matéria-prima bruta é o que me inspira e o que sai é resultado de observação e até de um certo improviso”, explica.
Segundo ele, a maioria das peças foi feita também a partir de raízes e isso gera um simbolismo, porque traz à tona justamente a parte das árvores que as pessoas não costumam visualizar. O gaúcho ainda se diverte ao revelar sua principal ferramenta de trabalho: a motosserra. E não qualquer uma. Um equipamento muitas vezes tão robusto que ele precisa importar sabres de mais de 1,8 metro dos Estados Unidos ou da Alemanha, pois não há fabricação nacional.
“É muito legal poder ressignificar esse instrumento que é tão comumente associado ao desmatamento ilegal. Uso ela e uma lixadeira ondulada para o acabamento. O verdadeiro símbolo do corte ilegal da vegetação deveria ser a falta de cuidado das pessoas com o meio ambiente, principalmente com a Amazônia, formada sobre sedimentos dos Andes. Tirar a floresta para fazer cultivos em um solo que rende, no máximo, por uns cinco anos não vale a pena”, reivindica.
Origem e reconhecimento
Formado em Engenharia, Hugo estreitou sua relação com a natureza na década de 1980, por volta dos trinta anos, ao mudar-se para Trancoso, no litoral sul da Bahia, onde reside até hoje. O interesse foi pela rica vegetação baiana. “Para conseguir insumos e matéria-prima para eu poder trabalhar, faço um garimpo de material por todo o sul da Bahia, mas é complicado. Várias áreas são de difícil acesso e mesmo para aproveitar madeira apreendida é muita burocracia e nem sempre é possível”, explica.
Na região, sua vivência com a dura realidade de desmatamento e extração de madeira pautou sua visão de mundo e trabalho. Ao observar nativos pataxós confeccionando canoas, aproveitou o conceito e o transformou em sua própria arte. Várias de suas peças são feitas a partir de canoas descartadas por pescadores regionais.
Suas obras são pesadíssimas, com uma delas pesando uma tonelada, mas, ao mesmo tempo, inspiram e transpiram uma leveza incomum. Essa característica já lhe rendeu reconhecimento nacional e internacional, com várias peças atualmente ocupando galerias de sheiks árabes, inclusive. Está presente de modo magistral em Inhotim (MG) e na Usina de Arte (PE), os dois maiores parques de escultura e arte contemporânea do Brasil.
Hugo venceu o prêmio Top Ten Brasil Faz
Tastemakers
lançou livro sobre sua obra, escrito por Evelise Grunow e editado pela Viana & Mosley, e, em 2008, o livro Tree – projeto homônimo e simultâneo à sua exposição individual na Galeria R & Company, de Nova York.
Em uma era na qual o desperdício de recursos é um tema central, Hugo França nos lembra que a arte pode ser tanto funcional quanto sustentável. Suas es culturas mobiliárias não apenas embele zam espaços, mas também carregam consigo uma mensagem de resiliência e respeito pelo meio ambiente.
@atelierhugofranca @galeriakarlaosorio
Entre o tempo e o espaço, a ausência de limites. O repertório criativo de Virgilio Neto permite desenho e escrita, vazio e paisagem. O surrealismo minimalista que ganha o mundo
NARRATIVAS INTUITIVAS
Imagine um mundo em que não há fronteiras e onde as paisagens do Cerrado se fundem com cenários de biomas inexistentes no Brasil. É assim o mundo do artista plástico Virgílio Neto, é onde as vivências se transportam para telas, papéis, paredes ou onde ele coloca seu olhar, sem limítrofes, sem diferenciar espaço e tempo. Sua estética delicada e curiosa revela a infinita possibilidade no mundo da arte e da crítica social, capturando a essência de simplesmente poder transmitir uma sensação.
Essa ausência de limites geográficos é um reflexo do próprio percurso de Virgílio. Nascido em Brasília, criado em Anápolis e de volta à capital federal para cursar Desenho Industrial na Universidade de Brasília (UnB), ele descobriu, no vibrante ambiente acadêmico, a infinitude de possibilidades criativas. As oportunidades foram surgindo, levando Virgílio a expor suas obras em Campo Grande e Rio de Janeiro, e viver em Londres e no Canadá.
Atualmente residente em São Paulo, ele se prepara para uma nova aventura: uma residência artística no Japão.
É um destino que nem o jovem de 38 anos acreditava ser possível, mas apostou ao ser questionado pelo Palácio do Itamaraty sobre qual região ele gostaria de fazer um intercâmbio cultural. “Sempre sonhei em conhecer o Japão, um país que tem muito a ver com meu trabalho, tem muita relação com desenho, escrita e me interessa a maneira como eles pensam o espaço em branco e o vazio na arte. Não sei prever o que vem a seguir, mas estou bem empolgado com a oportunidade de explorar algo tão diferente”, diz.
O entusiasmo de Virgílio também se reflete em projetos recentes, como o painel realizado no Hotel Rosewood São Paulo. A convite do curador francês radicado no Brasil Marc Pottier, ele criou uma obra começando com um desenho modesto e evoluindo para um mural expansivo.
Fotos: Virgílio
Neto
“Foi desafiador e empolgante trabalhar diretamente na parede, em meio à construção, durante dois meses. Eu nunca havia feito algo tão grande”, relata o artista. O painel, que ocupa toda a parede do que hoje abriga um restaurante no último andar do prédio, explora o imaginário brasileiro e dialoga com a estética peculiar do local, que remete a uma atmosfera acolhedora e repleta de histórias.
Virgílio vê suas obras como narrativas intuitivas, permitindo que o espectador crie suas próprias interpretações. Ele refuta a ideia de que é necessário ser um expert para apreciar a arte, comparando-a a um filme onde a opinião é imediata, não técnica. “Ninguém termina de ver um filme e diz que não pode opinar porque não entende de cinema. As pessoas acham o filme bom ou ruim, e deveria ser assim com as artes visuais também. A interação com crianças, por exemplo, nas exposições é sempre espontânea, elas dizem tudo o que pensam, não têm medo”.
A conexão de Virgílio com seu público é tão vital quanto sua interação com o mundo ao seu redor. Além do painel no Rosewood, uma de suas obras mais marcantes foi a instalação site specific no Sesc 24 de Maio, exposta entre outubro de 2023 e fevereiro de 2024. A obra, composta de desenhos, imagens e pequenos fragmentos de texto, convidava o público a uma viagem, novamente sem limitações de tempo e espaço, onde os destinos flutuam.
Para percorrer todo esse caminho, porém, o artista teve antes de descobrir que era possível ser artista. A interdisciplinaridade da UnB permitiu que Virgílio cursasse disciplinas optativas em Artes Plásticas e fizesse um
mestrado na área, enquanto conhecia pessoas essenciais para seu crescimento. “Elas me inspiraram, ajudaram e continuam a inspirar meu trabalho”, reflete.
Foi com o apoio e as oportunidades que surgiram ao longo do caminho que Virgílio entendeu ser possível viver como artista. Suas primeiras exposições confirmaram o valor de seu trabalho, revelando que seu talento era reconhecido. “Eu percebi que havia pessoas me enxergando. Continuava com design, que era minha principal fonte de renda, mas soube que era possível seguir essa trajetória”, diz. Desde então, percorreu um caminho marcado por ambientações criativas, nas quais as fronteiras se desfazem e as experiências se transformam em arte.
Entre 2011 e 2015, Virgílio foi sócio-fundador do Espaço Cultural Laje, em Brasília, e, entre 2018 e 2020, co-fundou o Espaço BREU, em São Paulo. Ambos foram centros de efervescência artística, funcionando como ateliês coletivos e locais de encontro para artistas e apreciadores.
Enquanto ele se prepara para a experiência que o aguarda no Japão, seu olhar permanece voltado para o horizonte, pronto para explorar novas possibilidades e horizontes criativos. Com uma trajetória marcada pela constante evolução e pela busca incessante por novas formas de expressão, Virgílio continua a redefinir as fronteiras da arte, sempre em busca de transformar o mundo ao seu redor em um espaço sem limites para a imaginação.
@virgilio__neto www.virgilio-neto.com
Instalação site specific, exposta no Sesc 24 de Maio
Casarão suntuoso, a Pinacoteca se coloca como o acesso à arte para novas gerações numa convergência entre o passado de resistência e a contemporaneidade inclusiva. Um espaço expositivo de encontro dinâmico e memorial para notórias expressões artísticas
UM POEMA EM PEDRA E LUZ
Por Marcella Oliveira
Quando o trajeto de dentro do carro permite uma vista mais ampla na Avenida Tiradentes no coração pulsante de São Paulo, as árvores do Parque Luz parecem abraçar o edifício de tijolinhos vermelhos e colunas clássicas que evocam uma grandiosidade histórica. A parada em frente à escadaria da entrada principal provoca um momento de silêncio e contemplação, mesmo que não seja a primeira visita. O visitante ao seu lado faz o mesmo. O burburinho de um grupo de jovens te traz de volta ao presente. É hora de subir as escadas e entrar nessa construção testemunha do passado, guardiã do presente e de olho no futuro: a Pinacoteca de São Paulo.
Cada passo permite uma descoberta contínua. As paredes de tijolos, os vãos iluminados, as passarelas de metal. Obras contemporâneas espalhadas pelo casarão. A caminhada pela galeria, onde está parte do acervo próprio de 12 mil obras do museu, coloca-nos frente a frente com quadros como Antropofagia, de Tarsila do Amaral, e Saudade, de Almeida Júnior. É uma viagem pela história da arte no edifício Pina Luz. Há Portinari, Di Cavalcante, Beatriz Milhazes, Adriana Varejão.
O Pina Luz foi concebido no final do século XIX pelo renomado arquiteto Ramos de Azevedo – responsável por projetos como o Mercado Municipal e o Theatro Municipal de SP – para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios. E no fim de
1905 torna-se oficialmente sede da Pinacoteca e símbolo de expressão da arte brasileira, abrigando diversidade, diferentes formas de expressão e muita paz.
Ao sair do icônico prédio de tijolinhos, o Parque Jardim da Luz surpreende com suas esculturas em meio às árvores. O museu conta ainda com outros dois edifícios: a Pina Estação e a recém-inaugurada Pina Contemporânea. Cada espaço tem sua própria identidade e papel na promoção da arte. Pina Estação carrega uma forte memória histórica como ex-sede da repressão política durante a Ditadura Militar e agora se dedica à arte e à memória democrática. Aberta em 2023, Pina Contemporânea, por sua vez, representa um marco na inclusão e na modernidade, adaptada para receber grandes obras contemporâneas e oferecer espaços abertos ao público.
Juntos, os três edifícios abrigam, em média, 16 exposições por ano e, em 2023, receberam cerca de 880 mil visitantes. A responsabilidade de captar recursos, cuidar da comunicação e do atendimento ao público é do diretor de relações institucionais da Pinacoteca, Paulo Vicelli. Considerando o museu também um espaço de resistência e transformação social, Paulo enfatiza a importância de atrair jovens, tornando a Pinacoteca relevante e acessível. “Eu começo meu dia sempre pensando em como posso tornar um museu relevante para uma jovem de 13, 14 anos, que já saiu de casa sabendo tudo que está acontecendo pelo mundo”, diz. Para ele, a comunicação eficaz e a inclusão de novas linguagens são essenciais para capturar a atenção do público e diversificar o acesso à arte. “Quero fazer da Pina um lugar cada vez mais acessível”, contempla.
Na instituição há 12 anos, divide a gestão com o diretor-geral, Jochen Volz, também responsável pela curadoria, e com o diretor administrativo e financeiro, Marcelo Costa Dantas. Sob a direção de Vicelli, a Pinacoteca passou por transformações significativas. Desde a implementação de uma estratégia de comunicação robusta até a modernização das redes sociais do museu – ele moldou uma nova era para a instituição. “Quando eu cheguei, nem redes sociais o museu tinha”, lembra. Hoje, a Pinacoteca não é apenas um espaço expositivo, mas um ponto de encontro dinâmico para diferentes formas de expressão artística e um portal de entrada para muitos visitantes que têm seu primeiro contato com a arte ali. “Atualmente, de 80 a 90% do nosso público é o que a gente chama primo visitante, ou seja, está visitando o primeiro museu da vida aqui. Então, a Pina tem uma responsabilidade muito grande de ser essa porta de entrada”, analisa.
Ao destacar o poder da comunicação, rebate pensamentos do gênero “uma foto no Instagram de uma exposição pode não atrair um visitante, que já terá visto os vídeos na internet”. “É como quando alguém posta um hambúrguer. Ele serve para te dar desejo e não suprir sua vontade. É um gatilho para você ir até a lanchonete. Com a arte é a mesma coisa. O contato com a obra já vem antes de você
sair de casa”, acredita. “Aqui no museu você vai viver a experiência. Como é recebido, o que vê, se a obra é menor ou maior do que você esperava, como a luz bate nela. Se a sala está cheia ou não, se passa alguém com um perfume forte perto de você. Arte é uma vivência que não pode ser resumida por uma foto no Instagram, ela tem que ser o que vai te motivar a ir e viver essa experiência”, descreve.
Feito por pessoas
Com um jeito tranquilo e simples de falar, Vicelli comenta alguns desafios. “Comunicar uma exposição dos Gêmeos é fácil. Mas há outras que exigem uma estratégia mais desafiadora”, conta. Abrir as portas do museu para eventos, por exemplo, é uma forma de trazer o público para perto, prática que tem sido adotada há cerca de dez anos. Almoços corporativos, desfiles de moda, espetáculos de música. “A partir dessas experiências, quem vem pode ser capturado pela Pina. Por isso também é importante ter outras linguagens, não só artes visuais, para que as pessoas comecem a se abrir”, afirma.
Criar uma comunidade de apoiadores também faz parte da diretoria de Vicelli. “Temos um programa de amigos a partir de R$ 200 por ano. Buscamos o entendimento do brasileiro para a causa, de doar para promover esse
tesouro nacional”, acredita. “Somos um museu vivo graças ao envolvimento da comunidade e da sociedade civil, que doa recursos para que possam ser adquiridas obras de arte contemporânea brasileira”, acrescenta.
Aos 44 anos, Vicelli reflete sobre sua própria jornada. Nascido em Rio Claro, no interior de São Paulo, a paixão pela arte começou com uma coleção de LPs de música clássica do pai e livros de arte, como um estampado na capa a obra A Leiteira, do pintor Johannes Vermeer. “Sou aficcionado por Vermeer, sua habilidade técnica para pintar, representar a luz, o silêncio. Ele tem 37 quadros, sendo 35 em exibição, e já percorri o mundo para vê-los”, conta, para enfatizar sua paixão pela arte.
O edifício Pina Estação foi reformado em 2004
O Jardim Luz é repleto de esculturas
A Pina Contemporânea foi inaugurada em 2023 com espaços para receber grandes obras e instalações de arte
Foto: Manuel Sá/Pinacoteca de São Paulo
Fotos: Levi Fanan/Pinacoteca de São Paulo
Com o sonho de ser diplomata, mudou-se para São Paulo para cursar Relações Internacionais na PUC. Mas foi o intercâmbio na Inglaterra aos 18 anos que o transformou. A vivência internacional abriu-lhe os olhos para a oportunidade de trabalhar com arte e cultura. De volta ao Brasil, o último estágio antes de se formar foi no Itaú Cultural, onde ficou por dez anos. Em 2012, chega à Pinacoteca já com o cargo atual. “Mantenho aquela essência de curiosidade. Foi uma construção, né? Sair do interior sem nenhum contato e hoje conversar com grandes doadores, grandes colecionadores, ter acesso às coisas que eu tenho como diretor da Pinacoteca é um privilégio”, conclui.
Mais que um museu, a Pinacoteca de São Paulo é um símbolo de resiliência, transformação e esperança. É um espaço onde a arte não apenas é exibida, mas vivida e compartilhada, unindo pessoas de todas as idades e origens em uma celebração contínua da criatividade e da expressão humana. É uma poesia feita de pedra, luz, sombra, cores, dores e amores. Um lugar onde cada visitante pode encontrar um pedaço de si mesmo e levar a inspiração e a beleza que a Pinacoteca tão generosamente oferece.
@pinacotecasp www.pinacoteca.org.br
A obra Saudade, de Almeida Júnior, é uma das mais queridas pelo público
Fotos: Isabella Matheus/Pinacoteca de São Paulo
O museu tem vários quadros da artista Tarsila do Amaral
Foto: Pinacoteca de São Paulo
EXPLORA
Marcella Oliveira
@marcella_oliveira
ACHADOS PAULISTANOS DE DAR ÁGUA NA BOCA
São Paulo é uma cidade onde a inovação gastronômica nunca para e onde cada esquina pode esconder um novo sabor. Em meio à efervescência urbana, a capital paulista está repleta de descobertas culinárias que surpreendem e encantam. Viver ou visitar São Paulo é uma verdadeira aventura gastronômica, onde sempre há algo novo e excitante para provar.
From Rio to São Paulo
O Galeto Rainha, famoso por trazer o autêntico sabor das galeterias cariocas, chegou ao Itaim Bibi. Fundado pelo premiado chef Pedro de Artagão, o novo endereço tem uma proposta diferente do Boteco Rainha, que fica a poucos metros da nova casa. No menu, há clássicos petiscos cariocas, como Torresmo de Barriga, Pastelzinho De Catupiry e Croquete de Lagosta. No entanto, o destaque da unidade é a brasa, de onde saem delícias como o galeto, lombinho, carré de cordeiro e polvo. São muitas opções de acompanhamentos, mas sugiro o arroz maluco ou a farofa de ovo com banana. Ah, e, claro, um chopp geladinho. O Galeto Rainha faz parte da proposta de expansão do Grupo Alife Nino. @boteco_rainha
Borbulhantes brasileiros
Um dia desses, fui até o tradicional restaurante Banana Verde, que existe há 18 anos na Vila Madalena, e me deparei com uma novidade super interessante: a casa acaba de inaugurar um bar, batizado de Borbú Banana Bar. Para acompanhar as delícias da culinária natural e inovadora desenvolvida pela chef Priscilla Herrera, o menu de drinks – assinado por Isadora Fornari – oferece uma imersão nos sabores brasileiros. O bar é uma parceria com a Companhia dos Fermentados, e traz vermutes de caju e de jabuticaba e botânicos atlânticos, drinks autorais como o vínico, seco e refrescante Tinto de Verano (uma sangritta dos fermentados, laranja, manjericão, hibisco e aceto de cúrcuma), e borbulhantes, a exemplo do cítrico e refrescante Perrengue Chique (borbú de cambuci dos fermentados, gin, goiaba, gengibre, limão e folhas de pitanga). Diferentes e saborosos. Vale experimentar.
@borbu.bar
Foto: Alexander Landau
Foto: Marcella Oliveira
Foto: Rafael Cusato
O “quarteirão” do Claude
O chef Claude Troisgros segue surpreendendo. O Le Quartier, seu complexo gastronômico localizado no Itaim Bibi, é parada obrigatória. O Bar du Quartier é simplesmente incrível, com decoração a meia luz, drinks clássicos e autorais e uma experiência ainda mais gostosa em noites de música ao vivo. A dica é começar a noite por lá, antes de seguir para um dos restaurantes: o Chez Claude ou o Bistrot Du Quartier. O menu do Chez Claude tem muitas delícias, mas minha sugestão é a costela braseada por cinco horas, acompanhada por aligot e picles de jiló – que vão te surpreender. Já no Bistrot, o mais novo deles, receitas clássicas francesas são o destaque, como a sopa de cebola com paio, escargot com manteiga aromática e salmão com creme de azedinha, além de opções vegetarianas como aspargos com ovo poche e salada com chèvre chaud. Em tradução livre, “o quarteirão” do Claude merece muitas visitas. @lequartiersp
Cozinha interiorana
Logo ao passar pelo quase escondido corredor que leva ao restaurante Refúgio, no bairro Jardins, a gente se depara com os protagonistas da casa: a churrasqueira e o fogão à lenha. Parece um ambiente de fazenda, daquele tipo bem acolhedor e que nos leva a memórias afetivas. O restaurante se destaca por resgatar receitas interioranas e cada garfada é um afago no peito. Pratos que mesclam influências internacionais com toques brasileiros, como pamonha cremosa e pato feito na churrasqueira acompanhado de batata assada na crosta de sal e dourada na gordura do pato com páprica. Não deixe de experimentar a cartola de sobremesa, impecável. Com uma carta de vinhos curada por Péricles Gomes, da adega A Casa do Porto, o Refúgio promete uma experiência gastronômica rica e acolhedora. A casa também dispõe de uma sala privativa para eventos. @refugiojardins
It’s vegan
Confesso que não tinha muita familiaridade com a culinária vegana, e recentemente conheci um novo café em Pinheiros que me surpreendeu. A Cacau Vanilla abriu as portas há poucos meses, após uma década de sucesso em encomendas das criações da nutricionista e chef confeiteira Renata Baldin. Claro que os doces se destacam, como a torta de limão e os brigadeiros funcionais. Mas também vale experimentar o pão de queijo prensado com queijo vegano e o quibe de abóbora e quinoa com cebola caramelizada e cream cheese de castanha. Para refrescar, a dica é o mocha de brigadeiro e o inovador Cookie Shot, que combina cookie e café expresso. A casa também tem um menu executivo no almoço, em parceria com o chef marroquino Zakaria Alaoui, que o muda a cada semana. Tudo saudável e saboroso. @cacauvanilla
Fotos: Eduardo
Borges
Fotos: Divulgação
Fotos: Ricardo D'Angelo
HOTEL EXPERIENCE
Num exímio diálogo com natureza, arte e tradição, hotéis sofisticados convidam visitantes a explorar os vínculos entre história e contemporaneidade, numa oportunidade única de celebrar a diversidade da expressão artística e criativa do admirável universo do luxo
Herança cultural
O luxuoso e centenário hotel The Woodward, que integra o seleto portfólio da Oetker Collection, anuncia a abertura do 37, um refúgio intimista no coração de Genebra. Projetado pelo renomado designer de interiores Pierre-Yves Rochon, o 37 tem cenário para o Lago de Genebra e para as montanhas. Inspirado no conceito do famoso Bar Bastion de Nova York, traz a criatividade culinária em uma atmosfera musical com performances semanais. O Chef Executivo Olivier Jean, com duas estrelas Michelin, e o Chef de Confeitaria Titouan Claudet incrementam o squad. O menu de cocktails reflete a herança cultural de Genebra. O design do bar, inspirado em um elegante jardim de inverno, destaca um piano Steinway de 1920 e um impressionante bar de mármore verde escuro. O ambiente inclui cortinas verde-escuras, poltronas de veludo vermelho e grandes árvores. @thewoodwardgeneva
Por Paula Santana
Fotos: Divulgação
Tradição sensorial
No Caribe mexicano, o icônico resort Nizuc Resort&Spa, reconhecido mundialmente com prêmios como AAA Five Diamonds e Forbes Travel Guide Five Star, orquestra colaboração com a Dom Pérignon, que anuncia a abertura de sua nova e exclusiva adega no Restaurante Ramona, com a promessa de levar a experiência gastronômica a novos níveis de sofisticação e luxo. A tradição do champanhe com a criatividade culinária do chef Sylvain Desbois dão vida a uma série de encontros sensoriais exclusivos que mergulharão os hóspedes no universo da Dom Pérignon, com degustações privadas e jantares harmonizados. @nizucresort
Jardim de obras-primas
A serenidade da Côte d’Azur, o brilho do mar Mediterrâneo e os pinheiros centenários oferecem ambiência para a exposição de obras de arte no lendário Hotel du Cap-EdenRoc. Artistas do século XX, como Henri Matisse, Pablo Picasso, Marc Chagall e Fernand Léger, deixaram sua marca no local que, mantendo a tradição, convida o galerista Kamel Mennour a apresentar esculturas monumentais de cinco artistas contemporâneos de destaque, Daniel Buren, Alicja Kwade, Bertrand Lavier, Ugo Rondinone e Lee Ufan, que iniciam um diálogo atemporal entre arte e natureza sob uma nova perspectiva. Nos jardins do hotel, as obras surpreendem com jogos de espelhos, formas e cores. Daniel Buren combina cor e transparência, lembrando que “sem o céu e os raios do sol, metade da obra desaparece”. Alicja Kwade transforma a matéria em um poético jogo de espelhos entre uma rocha. A escultura de Bertrand Lavier, da série Walt Disney Productions, traz a ficção para a realidade. Ugo Rondinone explora estereótipos da escultura com uma imensa figura humana. Lee Ufan confronta pedra e aço, simbolizando o equilíbrio entre natureza e cultura. @hotelducapedenroc
ENTRE O CÉU E O MAR
Grupo Myconian Collection inaugura o luxuoso Deos. Sob as águas do Egeu, o selo The Set Collection traz alta gastronomia, galeria de arte e acomodações elegantes em meio à natureza inacabada
Por Karine Lima
Enviada Especial
Mykonos – A ilha grega de Mykonos é um eterno convite a desfrutar os encantos do mar Egeu. A cada janela que se abre, um mundo azul e branco se apresenta. Conhecida por suas praias deslumbrantes, vida noturna vibrante e ruas de paralelepípedos brancos, é um destino que encapsula a essência do verão europeu. É em meio a esse cenário paradisíaco que estão localizados os hotéis de luxo do grupo Myconian Collection, o Deos Mykonos e Myconian Utopia Resort.
O recém-inaugurado Deos está incrustado numa falésia como se fosse um luxuoso camarote com vista para o mar e para o vilarejo de Chora, também conhecido como Mykonos Town. Olhando para a piscina a partir do terraço, tem-se a sensação de flutuar sem peso entre o mar e o céu, acariciado pelo sol e por uma brisa suave, ao nível dos olhos com o pôr do sol e o luar sobre o Egeu.
Em todo o requinte descontraído das instalações, o luxo é um toque leve. O projeto conta com belíssimas obras de artistas gregos e móveis assinados, que fazem do hotel uma deslumbrante galeria de arte. As acomodações têm requinte, elegância e conforto, com design
Fotos: Divulgação
personalizado que se conecta à beleza da natureza, a exemplo da suíte Beta, com terraço com vista para o mar, piscina privativa e área de estar mobiliada à sombra de uma pérgola.
O Deos também tem espaço wellness com academia e um amplo spa com piscina coberta, sauna e área de relaxamento com menu de tratamentos exclusivos.
O restaurante retorna às raízes gastronômicas da Myconian Collection, com uma celebração da cultura culinária grega, com base em ingredientes caseiros e produtos sazonais. Uma dieta mediterrânea valorizada por seus benefícios à saúde é celebrada em suntuosos cafés da manhã e almoços leves à beira da piscina.
O staff se destaca pela presteza e zelo com cada detalhe da estada. Menção especial a Dimos, guest relation do Deos, um simpatissíssimo grego apaixonado pelo Brasil, que fala perfeitamente o português e tem as melhores dicas para se aproveitar a ilha. Desde a chegada no aeroporto, passando pela recepção carinhosa, o delicioso restaurante, até os passeios a Chora com carrinhos de golfe.
Como diz o significado da palavra utopia, lugar ou estado ideal de completa felicidade e harmonia entre os indivíduos, a experiência do Myconian Utopia Resort realmente faz jus ao seu nome. Com vista para as magníficas águas azuis do mar Egeu, de sua posição vantajosa a 250 metros acima da famosa praia Elia, combinando o esplendor deslumbrante da natureza intocada com a delicadeza do design moderno, a decoração é elegante, refletindo a beleza e a cultura de Mykonos. Todos os espaços do hotel são com vista para o mar.
Espreguiçadeiras confortáveis, charmosos guarda-sóis, convidam ao relaxamento e à contemplação. A piscina de borda infinita proporciona fotos incríveis além de ser um local perfeito para os drinques de final de tarde. O hotel pertence à rede Relais Chateaux, o que inevitavelmente nos remete à alta gastronomia.
Os quartos, suítes e vilas do hotel oferecem uma verdadeira experiência na art de vivre. Os espaçosos quartos principais e as elegantes salas de estar são decorados com pedra entalhada sob medida, tecidos naturais suaves e bonitos toques de design. As vilas incluem cozinhas totalmente equipadas e áreas para refeições, bem como terraços com uma grande piscina de borda infinita privativa, áreas para churrasco e vista ampla para o mar.
A culinária e o serviço estão no centro da hospitalidade, com laços estreitos cultivados por duas gerações com fazendeiros e pescadores locais que fornecem uma colheita diária de produtos sazonais e orgânicos da terra e do mar, proporcionando um verdadeiro banquete de peixe fresco, lagosta ou cordeiro de criação caseira com sabores mediterrâneos.
No Brasil, a Dom Collection representa o grupo Myconian Collection, que conta em seu portfólio com nada menos que 11 hotéis estrategicamente distribuídos pelas praias mais famosas e paradisíacas da ilha.
A DOM Co. nasceu em 2015 e hoje abrange um portfólio diverso e amplo, com uma seleção cuidadosa de propriedades espalhadas pelo mundo, com parceiros que figuram nas listas mais exigentes em experiências de hospitalidade, como Guide Michelin, Fine Hotels & Resorts e Forbes. A excelência em hospitalidade é primordial no critério de seleção de Dominic Ladet, que acumula uma experiência de mais de vinte anos com marcas que são referência no mercado de turismo de luxo, uma das poucas empresas de representação hoteleira certificadas por importantes consórcios internacionais, como Virtuoso e Serandipians. @dom.collection @myconiandeos @myconianutopia
The World’s 50 Best Hotels 2023 elenca o La Mamounia, em Marrocos, o sexto melhor do mundo. A antiga propriedade de um sultão tem em seu livro de hóspedes personalidades como Charles Chaplin
O MELHOR DA ÁFRICA
Dois séculos depois, a Companhia Ferroviária Marroquina transformou o local em um hotel, projetado pelos arquitetos franceses Henri Prost e Antoine Marchisio, que combinaram a arquitetura marroquina ancestral com o estilo Art Déco. Para o centenário, comemorado no fim de 2023, o designer francês Patrick Jouin e o arquiteto canadense Sanjit Manku foram os responsáveis pelas obras de renovação.
Fotos:
Por Marcella Oliveira
Ao atravessar os portões majestosos do centenário Hotel La Mamounia, o visitante é imediatamente envolto por um senso de história e elegância que transcende o tempo. Os gentis doormen, devidamente uniformizados, abrem as portas e os hóspedes se deparam com um lustre esplendoroso, enquanto são recebidos com leite com amêndoas e água de flor de laranjeira, além de tâmaras, conhecidas como “a fruta dos reis”. A regra é clara: o visitante precisa se sentir em casa e se conectar com a cultura local.
Este icônico hotel, situado a poucos passos da efervescente praça Jemaa el-Fna, é um convite para uma jornada sensorial que entrelaça o passado glorioso e o presente vibrante de Marrakech. Ele ocupa uma propriedade que, no século XVIII, o então sultão da região presenteou o filho na ocasião do seu casamento.
A suntuosa construção conta com 135 quartos a partir de 28 m2, 65 suítes, seis suítes excepcionais e três riads – vilas típicas marroquinas com 700 m2, piscina privativa e três quartos cada um –, todos adornados com artes marroquinas. Grande parte das acomodações têm terraços com vista para os jardins, os picos nevados da Cordilheira do Atlas ou para o minarete de Koutoubia.
Uma das principais referências de hospitalidade de excelência do mundo, o La Mamounia conquistou o título de melhor hotel da África e o sexto melhor do Mundo pelo ranking The World’s 50 Best Hotels 2023, e tem no livro de visitas personalidades como Charles Chaplin, Marcello Mastroianni e Francis Ford Coppola. O local também foi cenário do filme O Homem Que Sabia Demais, de Alfred Hitchcock.
O hotel oferece uma série de atividades que permitem uma imersão profunda na cultura local. Para os amantes da gastronomia, a doçaria é obra de Pierre Hermé, que assina o cardápio dos dois salons de thé. Jean-Georges Vongerichten criou os cardápios de dois dos três restaurantes do hotel: o L’Asiatique e a trattoria L’Italien.
Em recente visita ao Brasil, o diretor-geral Pierre Jochem reconheceu a importância do mercado brasileiro, que responde por 5% do faturamento do hotel e encontra-se entre as Top 10 nacionalidades que se hospedam com frequência. “Tirando Estados Unidos, o próprio Marrocos e a Europa, o Brasil é o único país presente neste ranking, um dado que comprova sua importância estratégica e reafirma seu potencial de expansão nos próximos anos”, avalia o executivo.
@lamamouniamarrakech www.mamounia.com
CELEBRAÇÃO DOS SONHOS
Uma grande festa marcou a união de Renata Cortopassi e Francisco Siqueira Campos. O Recanto das Águas foi o espaço escolhido para receber os duzentos convidados do casal. A noiva fez sua entrada usando um modelo delicado de rendas e bordados assinado por Fernando Peixoto. Após a bênção, todos seguiram para a recepção, que ficou aos cuidados de Mariana e Cristine Dias, mãe e irmã da noiva. Os presentes se deliciaram com o menu elaborado por Junior Menezes, mesa de doces by TB Cake and Sweet e bem-casados de Cecília Falcão.
Fotos: Plínio Ricardo
Depois do "sim", o beijo apaixonado
Momento da bênção ao casal
Flores embelezaram o décor da recepção
Gislaine Dias, avó da noiva, entrou com as alianças
Francisco e a mãe, Marilúcia Siqueira Campos
Renato e Cristiane Dias, pais da noiva
Renata e Francisco
O pai da noiva beija a mão da filha antes de entregá-la a Francisco
Noiva e irmã abraçadas
Renata e Francisco em sua primeira dança
Renata e Francisco posam com os padrinhos e madrinhas
UNIÃO SELADA
O casal Nathalia Pacini e Cecin Sarkis Filho festejou o grande dia de suas vidas com festa especial no Lago Sul, em meio a 150 convidados. Com beleza assinada por Lázaro Rezende, a noiva fez sua entrada em um deslumbrante vestido Martha Medeiros. A festa, capitaneada pelo cerimonial Léo Oliveira, foi regada a muito champagne Veuve Clicquot, teve setlist especial do DJ DUMORERA e show com a dupla sertaneja Hudson e Felipe, que garantiu a animação de todos os presentes.
Fotos: Celso Junior
Sandra Martins ajuda a filha a se arrumar
Momento dos votos
Nathalia e Cecin após a celebração
Momentos antes de jogar o buquê
Os noivos posam com pajens e daminhas
A primeira dança de Nathalia e Cecin, já casados
Cecin e os filhos antes do grande momento
Noiva e amigas em momento de descontração
O noivo faz sua entrada ao lado dos pais
Camila Nereu e Emmanuel Sarkis felicitam os noivos
Fernanda Leão e Marcelo Araújo
João Paulo Verano e Débora Sarkis Verano
Isabella Carpaneda e Darc Sarkis
Os pais do noivo oram pelo casal
Os pajens em momento descontraído
ENLACE NA FAZENDA
Após celebração religiosa intimista reservada para familiares, Maria Eduarda Fachini e Bruno Zebral selaram sua união em meio a trezentos convidados na fazenda da família do noivo, em Luziânia (GO). O maquiador Junior Leali assinou a beleza da noiva, que encantou os presentes com um vestido Maria Virgínia. Cristina Gomes foi quem orquestrou a cerimônia e recepção, que contou com buffet e doces da Sweet Cake. A pista ferveu ao som da Banda Balalaica, do DJ Rafa Rios e do músico Samuel Rocha, que entregaram o melhor do sertanejo e forró.
Fotos: Celso Junior
O beijo para selar a união
Maria Eduarda faz sua entrada ao lado do pai O noivo entra de mãos dadas com a mãe, Vanessa
Os noivos posam com Helder Zebral, pai de Bruno
Família reunida após a cerimônia
Detalhes do décor
Os amigos celebram Maria Eduarda
Momento de carinho entre a noiva e sua avó
A noiva joga o buquê
Daminha e pajens dão ar mais fofo à celebração
Detalhes do ensaio de Maria Eduarda
Hora do bolo!
O músico Samuel Rocha anima a recepção
O altar da celebração
UMA FESTA DE ARROMBA
O tão esperado “Sim” de Nathalia Kanhouche e Egon Otto ocorreu em cerimônia emocionante diante de oitocentos convidados na chácara da família da noiva, no Lago Norte. Marcelo Pimenta foi o responsável por ciceronear a recepção, que contou com décor de Valéria Leão Bittar e Joel Matsuoka, bolo Isabella Suplicy e docinhos Pati Piva e Cake Forever. A noiva usou um modelo Junior Santaella, acessórios Dôra Thiago e maquiagem by Júnior Mendes. Os sertanejos da dupla Israel & Rodolffo ficaram com a missão de agitar a festa, que também contou com apresentação das bandas Shabab e Kaiss Ramah, exaltando a origem árabe da noiva.
Fotos: Celso Junior
Detalhes da entrada da noiva
A alegria dos noivos
Julieta Azevedo conduz o filho ao altar A noiva entra com o pai, Moussa Kanhouche
Daminhas e pajens fazem a entrada
Egon Rehn e Sônia Farah
Oficialmente casados O brinde com as famílias
Nathalia posa para fotos antes da cerimônia
Egon se diverte na recepção
A dupla Israel & Rodolffo
A noiva joga o buquê durante show da dupla Israel e Rodolffo
As amigas do casal
Nathalia aproveitando a festa
Não faltou música para entreter os convidados
FELIZES PARA SEMPRE
Rodeados de amigos e familiares, Ayanda Taveira e Luan Gomes escolheram a icônica Catedral Metropolitana de Brasília para se casar. A noiva arrancou suspiros dos convidados na cerimônia com um modelo by Fernando Peixoto e beleza por Eliel Almeida. A recepção, no Unique Palace, ficou aos cuidados de Laís Bergmann e ganhou ares de sofisticação com a decoração de Valéria Leão Bittar. Para fazer a pista ferver até altas horas, os cantores Alexandre Peixe e os sertanejos Yuri e Rafael não deixaram nenhum convidado parado. A festa contou ainda com show especial do cantor Bruno, da dupla com Marrone.
Fotos: Celso Junior
A entrada da noiva
Ayanda e Luan junto dos familiares
O beijo na exuberante Catedral, cenário do enlace
As crianças roubam a cena
As avós dos noivos tiveram participação especial na cerimônia
O cantor Bruno fechou a noite em grande estilo
O noivo entra ao lado da mãe, Marilene
Convidadas aproveitam os shows
Detalhes da festa, decoração e atrações musicais
Registros da noiva no local da festa
Ayanda e Luan, felizes após o "sim"
Os noivos se divertem com as atrações musicais
Momento de oração
O cantor Alexandre Peixe fez todos tirarem o pé do chão
AMOR EM PORTUGAL
Um seleto grupo de brasilienses desembarcou em Sintra para o enlace de Vitória Cruz e Paulo Henrique Chaves. Foram três dias de celebração, que se iniciaram com um chá da tarde requintado na varanda do icônico Palácio de Seteais, que hospedou o casal e seus convidados. O grande dia teve como palco a Igreja de São Martinho, e a noiva emocionou os convidados vestindo um modelo romântico assinado por Wanda Borges. O palácio foi fechado para a recepção e os presentes desfrutaram de um jantar à francesa inesquecível e festejaram até altas horas com o setlist do DJ Lipe Napoli. Um after party descontraído no restaurante JNcQUOI, em Lisboa, fechou com chave de ouro as comemorações.
Fotos: DuoBorgatto e Lucas Freitas
Vitória Cruz e Paulo Henrique Chaves
Os noivos nos mirante do Palácio de Seteais em Sintra
Karine Lima e o filho Paulo Henrique Chaves Vitória Cruz e o pai Paulo Araújo
Agenor Chaves, Paulo Henrique e Adriana Chaves
A noiva no Palácio de Seteais
Paulo Henrique e sua esposa Vitória
Paulo Henrique e Vitória com os padrinhos Paulo Henrique e Vitória com as madrinhas
Júlia Bastos e Vitória Cruz Jade Santana, Paula Santana e Suely Chaves
Paulo Araújo, Heloísa Cruz, Vitória Cruz, Paulo Henrique, Agenor Chaves, Adriana Chaves, Yanko Lima e Karine Lima
Os noivos com os avós Augusto Cruz, Ireny Cruz, Suely Chaves e Dária Silva Agenor Chaves e o filho Paulo Henrique
Paulo Araújo, Manuella Cruz, Vitória Cruz e Heloisa Cruz
Igor Claudino, Vitória Cruz, Manuella Cruz e Helena Claudino
Valentina Lima, Vitória Cruz, Paulo Henrique e José Vitor Senatore