sonhos e projetos
para recomeçar , ousar e fazer diferente. Que 2023 seja feito de momentos incríveis, reencontros deliciosos e novos caminhos O BrasíliaShopping estará com você nessa jornada, a cada passo, a cada conquista. Vamos juntos , e que seja um ano inesquecível
anos. É muito Brasília.
Diretora de Conteúdo Paula Santana
Editora-chefe Marcella Oliveira
Editora de Criação Chica Magalhães
Fotografia Celso Junior e JP Rodrigues
Produção Executiva Karine Moreira Lima
Pesquisa de Imagens Enaile Nunes
Reportagem
Daniel Cardozo, Éric Zambon, Gabriel Lisita, Gilberto Evangelista, Larissa Duarte e Theodora Zaccara
Colaboradores
Fernanda Moura, Fernando Cavalcanti, Isadora Campos, Maria Thereza Laudares, Maurício Lima, Ravell Nava e Patrícia Justino
Revisão Jorge Avelino de Souza
Diretor Executivo Rafael Badra
Gerente Comercial Will Madson
Contato Publicitário José Roberto Silva Tiragem 30 mil exemplares
Circulação e Distribuição EDPRESS Transporte e Logística
GPS|BRASÍLIA EDITORA LTDA. www.gpslifetime.com.br
SÓCIOS-DIRETORES
Rafael Badra Paula Santana
Brasília Shopping – Torre Sul, salas 1313/1314 SCN quadra 5, bloco A – Asa Norte CEP: 70.715-900 – Brasília-DF Tel.: (61) 3364-4512
O IGU ATEM I
COLABORADORES
Fernanda Moura2023CONVERGIR PARA RESISTIR
Relaxa! Provavelmente, assim como você, ninguém conseguiu responder todas as mensagens recebidas, fazer todos os posts nas redes sociais, cumprir toda a agenda prioritária, implementar todos os projetos. Vamos começar 2023 entendendo que “todo” não pode ser mais agente dominante da nossa performance. Trata-se apenas de um vocábulo e que não condiz mais com a realidade. Existe o “cada” parte do “todo”. Esta, sim, precisa fazer mais sentido. Também parece que está entendido que o “ou” deve ser substituído pelo “e”.
A desgastante polarização, de certo modo, levou-nos para este ponto de encontro vital. Não se trata mais de procurar os iguais, mas descobrir valor nos diferentes. É preciso compartilhar concepções. O resiliente com o eficiente. O touch com o tech. A relação com os dados. O singular com o padrão. O projeto com o negócio. O micro com o macro. Sabe por quê?! Porque a intenção necessita do método. Porque o empreendedor precisa do empresário. Nesta trajetória, o amadurecimento consiste em compreender o presente e satisfazer-se nele.
Nossas redes agora se descolaram do tempo, do espaço e entramos num obscuro buraco transicional. Agora sim, faz valer a célebre questão… “de onde vim, para onde vou?”. Ou para ser mais contundente: “onde estou?”. Os projetos daqui para frente, se quisermos que sejam efetivos e funcionais, serão intergeracionais. Se a geração X viveu a era da resiliência. Os filhos da X, a geração Z, vivem a criatividade! Tempos de convergência. Esta sim é a nova união. Chega de certo e errado. Vale o resultado. Sabe o
que é isso: futurismo, design de futuro, cuja expertise é creditada a Lala Deheinzelin.
Foi a partir deste movimento que esta edição foi sendo gerada. A começar pelo deputado distrital mais bem eleito da história do DF, com 51 mil votos: Fábio Félix (PSol), cuja bandeira se destina aos direitos humanos. Humanos que somos, ou não mais, desvendamos a tecnologia a partir da tão falada inteligência artificial e o impacto dela nas nossas vidas em alguns poucos anos. Henrique Zaga, nosso darling brasiliense que nos representa no admirável mundo cinematográfico internacional nos prova o fim das fronteiras. Ou mesmo Thankur S. Powdyel, educador butanês que prega o crescimento de uma nação a partir da felicidade e o que ela gera dentro de cada um de nós. Olha aí a força do “cada” no produto final.
Daí seguimos para a convergência das prováveis divergências. A volta estrelar de Odair José, a valorização corporal da dramaturga Denise Stoklos e o frescor inquieto dos multiartistas Gabriel Wickbold e João Angelini. E neste contexto de experimentar e “experienciar” visitamos lugares místicos e holísticos. Trouxemos a força da moda como manifesto com suas revoluções codificadas, ressignificando conglomerados. E arrebatamos este ano com Marixi, a Mariana Ximenes, artista que transpassa ou transpõe pontes das circunstâncias e claramente nos representa neste momento em que ser genuíno, efetivo e consistente é o único caminho para a lucidez. São novos os tempos, e o futuro desejado pode ser viável, desde que não sejamos ingênuos. E implementemos métodos para a recente reforma do viver. Para que seja leve, releve.
16Um Brasil em alta temperatura O que esperar do novo ciclo eleitoral no País
18"Ser LGBT não me limita a apenas uma pauta" Uma entrevista com o distrital Fábio Félix
26Artigo por Fernando Cavalcanti C-Level: desenvolva profissionais melhores do que você
28Henrique Zaga, licença poética para amá-lo Ator brasiliense fala sobre sucesso internacional 32Velocidade máxima A ascensão do jovem piloto Pedro Clerot 36A arte de pé vermelho O ateliê do artista João Angelini 40Artigo por Ravell Nava Quem está revolucionando a educação corporativa? 42A costura da esperança Instituto Proeza e suas mulheres crocheteiras 46Entre nós por Patrícia Justino As novidades da temporada 48Raízes originárias de um futuro que se instala Os trinta anos da CasaCor Brasília 54O sonho de José Maria Por trás da rede de panificadoras Cinco Estrelas 56Camarim privê Casa Boho, um estúdio de beleza para chamar de seu
58Excelência: legado de pai para filhos A trajetória de 21 anos do Complexo Brasil 21
60Conhecimento, e currículo, sem fronteiras O ensino da Broward International University Brazil
62Grupo Voga se associa ao BTG Pactual A união de grandes nomes do mercado financeiro
64A visão do futuro PO Mídia expande sua atuação pelo DF
66A nova Revolução Industrial A inteligência artificial no modelo de negócio
68Uma mãozinha da tecnologia Rodrigo Lima fala sobre a cirurgia robótica de coluna
72À procura da Felicidade Interna Bruta Um dia com o educador butanes Thakur S. Powdyel
76Denise Stoklos – O gesto das palavras As facetas da multiartista
80Odair José: Não conto histórias, vou na ferida Sua trajetória de sucesso nos anos 70
84Mariana Ximenes: a elegância do equilíbrio Atriz estampa nossa capa
94Ícones por Isadora Campos Os casamentos que movimentaram a sociedade
110Antártica, sob o solo das geleiras Cruzeiros exploram pólos do mundo
112Sertão, ser tanto Uma submersão na Pousada Trijunção
116O bálsamo de Sampa City O novo JW Marriott Hotel na Avenida das Nações Unidas
118Comunicação, experiência e fidelidade A rede hoteleira HPlus lança ferramenta digital
120Sol, mar e casamento Um passeio pelo Tivoli Ecoresort Praia do Forte 122Explora por Marcella Oliveira Uma jornada pelos spots de Salvador
124Madalena, uma cabeça cheia de miolos A pintura e a tapeçaria de Madalena Santos Reinbolt
126Experimentos fora da caixinha A arte do fotógrafo Gabriel Wickbold na capital
128Paisagens Encarceradas As criações da artista plástica paulistana Marina Hachem
130Da evangelização à devoção A exposição poética na Arte132 Galeria
132Arte por Maurício Lima Investir em um novo ou consagrado artista?
146Bvlgari, Inside the Dream A nova filial da joalheria romana em Goiânia
UM BRASIL EM ALTA TEMPERATURA
País chegará em
2023
ampliando as cisões dos últimos dez anos
Por Jorge Eduardo Antunes Foto Celso JuniorDepois do processo eleitoral mais curto de sua história (e, paradoxalmente, mais complexo e intrincado), o Brasil escolheu seus representantes e evidenciou que as batalhas ideológicas surgidas a partir dos protestos de 2013 ainda estão longe de acabar. De um lado, temos a volta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto, eleito presidente da República pela terceira vez, fato inédito na história do País. Do outro, temos a maior bancada conservadora, após significativo aumento na Legislatura atual e que ganhou mais corpo na última eleição. Espera-se que parte dela forme uma oposição sistemática e ideológica forte.
No chamado “presidencialismo de coalizão”, eufemismo nacional para o troca-troca de cargos que Executivo e Legislativo fazem na democracia brasileira, ter oposições sistemáticas não chega a ser negativo. Afinal, o papel das oposições é fiscalizar com eficiência os atos do Executivo. Também não pode ser encarado como ruim a existência de pautas ideológicas em ambos os espectros políticos, especialmente em um País que sempre se caracterizou pelo fisiologismo. Afinal, a sociedade precisa ter representantes de todos os lados – exceto aqueles que podem ser criminalizados pela luz da lei, como os simpatizantes de nazistas.
Neste mapa, lá está o centrão, cada vez mais firme e forte com os votos que recebeu no primeiro turno. Entra ano, sai ano, entra governo, sai governo e seus deputados e senadores estão prontos para integrar uma administração, seja ela de direita, de esquerda ou de centro. Não importa o presidente ou o espectro político. O centrão está sempre pronto para garantir a chamada “governabilidade” – apelido tupiniquim para o escambo de favores (ou de votos para propostas) que se estabelece a cada pauta polêmica ou necessária para o Executivo.
Não existe presidente que tenha recebido a faixa, das mãos do sucessor ou não, que não tenha topado lotear seus cargos com o centrão. Salvo raras – e impichadas – exceções, de Fernando Henrique Cardoso a Jair Bolsonaro, quase todos os mandatários nacionais precisaram do apoio. Todos deram, em troca, espaços, cargos e participações estratégicas. Todos, também, acabaram respingados pela lama da corrupção nossa de cada dia.
O Lula de 2023, provavelmente, não escapará desta ciranda, assim como o Lula de 2003 não escapou – e foi engolfado por Mensalão e Petrolão. Espera-se que esteja vacinado pelos problemas enfrentados no passado. Mas terá de ceder, inevitavelmente, lotes do governo a partidos que, até meia hora atrás, faziam carinhos e juras de amor ao seu maior rival, Jair Bolsonaro. E Bolsonaro que não estranhe. Ele também teve de compor com tudo aquilo que jurou nunca estar ao lado. Como outros já fizeram antes e farão depois.
A economia é o primeiro desafio
o maior desafio do primeiro ano do terceiro governo de Lula será reestruturar a economia. A base para o trabalho não é de todo ruim, já que o desemprego vem caindo –mesmo apoiado no crescimento da contratação de MEIs e outras novas formas de trabalho não formais. Além disso, cresceu vertiginosamente a dependência das classes menos favorecidas aos programas sociais.
Esse movimento é fruto de uma variação fácil de entender: entre 1997 e 2002 (era FHC), o Brasil teve um crescimento médio de 2,2% ao ano; de 2003 a 2010 (era Lula, parte 1), este patamar chegou a 4%. Mas aquilo que se desenhava como uma rota exponencial estagnou-se na década passada. Entre 2011 e 2016, a média de crescimento despencou para 0,4%, com retração em 2015 e 2016, ambiente que levou ao impeachment de Dilma Rousseff pelas alegadas pedaladas – um eufemismo para justificar uma espécie de demissão por justa causa pelo péssimo desempenho econômico.
Michel Temer, em dois anos, retomou o crescimento a uma média de 1,6%, mas é preciso se considerar o tamanho da base anterior, que viera de uma desastrada gestão econômica. Na sequência, o governo Bolsonaro retomou os índices medíocres de crescimento, com insignificantes 0,7% entre 2019 e 2021, parte por conta da gravíssima pandemia da covid-19. Mas não desprezemos o trabalho desleixado de Paulo Guedes, o antigo “Posto Ipiranga” – que, ao contrário do original, quase nunca tinha combustível a preço acessível ou estoque necessário.
Caso Lula vença a dificuldade econômica do primeiro ano, terá pela frente outro desafio monumental: fechar a fenda política que dividiu o País em suas células principais, como as famílias, os amigos, os vizinhos e a própria sociedade. Essa guerra “Eles x Nós” vai perdurar por muito tempo, se não houver uma proposta clara de (re)conciliação – como fez Juscelino Kubitschek, maior presidente da República de todos os tempos, que uniu o Brasil e o fez crescer a taxas nunca mais igualadas. Mas este é um desafio posterior. Por enquanto, basta garantir lucro aos empresários; ajuda aos necessitados; emprego aos desempregados; e confiança aos investidores.
Convenhamos, não será nada fácil.
Fenômeno de votos na eleição para a Câmara Legislativa do Distrito Federal, Fábio Félix (PSOL) detalha sua atuação na defesa dos direitos humanos e abre o jogo sobre polêmicas, como legalização das drogas, violência policial e ressocialização de presos
“SER LGBT NÃO ME LIMITA A APENAS UMA PAUTA”
Um phainomenon para os gregos era algo que “aparecia”, que se tornava “visível” e “observável”. Nada mais justo para o personagem desta entrevista. Fábio Félix Silveira, 36 anos como tantos, brasiliense como muitos, gay como outros, mas fenômeno das urnas como nenhum outro. Nunca na história da política do Distrito Federal um candidato a uma vaga na Câmara Legislativa recebeu tantos votos. Para ser mais exato, 51.792 votos. Provavelmente você não conhece 51.792 pessoas, nem ele. Mas 51.792 pessoas acordaram em um certo domingo de outubro e depositaram sua confiança em um certo Fábio, que até achava que ia ser reeleito, mas jamais imaginou tanta gente.
Goste ou não, Fábio é um fenômeno. Vamos lá, seguindo o checklist dos gregos. O deputado distrital “apareceu”. Eleito pelo PSOL em 2018 com 10.955 votos, passou a ser “observável”, com uma atuação voltada para a defesa dos direitos humanos, sem deixar de tocar em feridas incômodas. Só que, acima de tudo, Fábio Félix se tornou “visível”. Primeiro parlamentar assumidamente LGBTQIA+ da capital, tornou-se visível para trazer aos nossos olhos parcelas da população negligenciadas, esquecidas e marginalizadas.
São crianças e adolescentes em situação de rua, gays, lésbicas e trans abandonados por suas famílias, mulheres violentadas e aquele cara no fundo de uma cela qualquer. Em uma hora de conversa com Fábio, na redação da GPS, o que mais se ouviu foi “políticas públicas”, duas, três, cinco, incontáveis vezes. Isso dá uma amostra da visão do deputado distrital, que acredita no Poder Público como indutor
e responsável por mudanças sociais e vê no Legislativo um poder transformador das propostas executadas pelo governo. “Podendo pressionar outros atores da sociedade, você também tem resultados concretos na mudança real das…”, adivinhem, “...políticas públicas”, aponta ele. Interessante observar este fenômeno em meio a um cenário político tão polarizado. Se Fábio Félix foi o distrital mais votado, outros dois candidatos de esquerda vieram em segundo e terceiro lugares. Isto em um Distrito Federal que reelegeu o governador Ibaneis Rocha (MDB), que foi um dos redutos de peso de Jair Bolsonaro e que elegeu Damares Alves para o Senado Federal. Todos nomes alinhados a políticas mais conservadoras de direita.
O que explica isso? A resposta exata é impossível saber, mas duas hipóteses são claras. A primeira é a de que ninguém é obrigado a ter uma “racionalidade” em seu voto. “Tem muito voto casado com candidaturas que eu faço confronto, que eu faço oposição”, palpita Fábio. “E tá tudo bem”, como virou moda dizer.
A segunda é uma reflexão mais profunda que ainda não parece óbvia para muita gente. Ao se tornarem visíveis, com uma cadeira na mesa das decisões, as camadas da sociedade negligenciadas durante tantos anos não estão ali apenas para fazer figuração. “Ser LGBT não me limita a discutir e a ter capacidade intelectual para intervir em apenas uma pauta”, diz Fábio. “Por muito tempo a gente não teve capacidade e condições objetivas de estar na política, porque sequer a nossa cidadania era garantida, os nossos direitos civis não eram garantidos, quanto mais estar na política”, lembra.
O gabinete na Câmara Legislativa pode até ser o 24, que Fábio fez questão de adotar para quebrar o gelo do preconceito na sua chegada por lá. Mas a cadeira não é pintada como um arco-íris. “Representatividade é todo mundo que votou em mim estar de acordo com o mandato de um parlamentar que fiscaliza, que estuda, que se posiciona, que tem qualificação, que discute território, cidade, periferia e uma série de temas que são fundamentais para as políticas públicas. Isso que é representatividade: provar que nós, LGBT, podemos estar nos espaços de poder e por todos”, reflete.
Em uma conversa franca comigo e com a jornalista Paula Santana, diretora de conteúdo, Fábio Félix falou sobre a vida parlamentar, a luta pelos direitos humanos, as conquistas para a população LGBTQIA+, a atuação nas comissões do feminicídio e da vacina, além de abrir o jogo sobre assuntos polêmicos, como violência policial e legalização das drogas.
Senhoras e senhores, com vocês, o assistente social, deputado distrital mais votado da história e fã de novela, Fábio Félix.
Paula Santana – Deputado, o senhor é assistente social, ativista LGBTQIA+ e professor formado pela UnB. É servidor do sistema socioeducativo, trabalhou com crianças e adolescentes em situação de rua. Foi o primeiro deputado distrital gay e, em 2022, foi o mais votado da história do Distrito Federal. Luta por grandes causas e assuntos urgentes para camadas que já não podem mais ser consideradas minorias e que precisam de políticas públicas que solucionem suas demandas.
Com certeza, são vários setores da sociedade que precisam acessar o seu direito à cidadania e as políticas públicas precisam estar de portas abertas. Acho que nosso mandato tem sido mais uma voz ativa nesse sentido.
Gabriel Lisita – Deputado, em 2018 o senhor conseguiu 10.955 votos. Agora, em 2022, alcançou 51.792 votos. Andando nas ruas, indo nas bases, em algum momento chegou a pensar que seria o mais votado da história?
Não. Confesso que eu me surpreendi muito com o resultado das urnas. Eu imaginava que seria eleito, acho que a gente fez um trabalho muito forte, trabalhamos muito ao longo de quatro anos em temas diversos. Não foi mandato de uma nota só, que expressava uma pauta apenas, mas muitas pautas. Foi um reconhecimento histórico desse trabalho e eu acho que têm muitos elementos que explicam essa votação. Um deles é o trabalho combativo. As pessoas têm expectativas de que o Legislativo seja independente, que possa fiscalizar o governo, questionar. O papel do Legislativo, na sua vocação, é questionador. Outro ponto é a representatividade. As pessoas querem outros corpos, outros grupos sociais representados nos espaços de poder.
GL – O senhor foi o mais votado, o Chico Vigilante, do PT, foi o segundo mais votado e o Max Maciel, do seu partido, foi o terceiro. Isso em uma Unidade Federativa que colocou o presidente Jair Bolsonaro como o mais votado em 2018 e em 2022. Como o senhor explica esse cenário?
É difícil. A votação proporcional leva em consideração muitos elementos. Então, as pessoas nem sempre têm uma coerência na sua chapa de votação do presidente ao distrital. Elas têm uma empatia com uma candidata ou um candidato a distrital que, muitas vezes, tem uma posição diferente do governo. A explicação, então, não é tão simples. Tem muito voto casado com candidaturas que eu faço confronto. Eu percebi isso quando declaravam voto. O recado dado pelos mais votados para deputado distrital é que as pessoas têm expectativa de Câmara Legislativa independente e capacidade de lutar por políticas públicas.
PS – Pegando um pouco esse seu raciocínio, a Câmara não tem uma atuação executiva, ou seja, não lida diretamente com as políticas públicas. O trabalho de um parlamentar é
criar e delegar. Existe, internamente, no Fábio, um confronto entre o legislar e o executar dentro do imediatismo que suas causas pedem?
Eu acho que tem uma coisa interessante no Legislativo. Nós acabamos tendo que homologar e deliberar sobre uma série de proposições do governo. Então, isso faz com que a gente tenha um poder transformador de emendar, de tensionar os projetos, e aquilo depois vai ser executado de alguma forma. Então, mesmo que você não execute uma política pública diretamente, através dos projetos que são mudados você incide naquele tema.
PS – Hoje o senhor já está bem acomodado na Câmara, mas como foi a sua chegada na Casa, em 2019, como um candidato eleito assumidamente gay e com foco nas causas sociais defendidas pelo seu mandato?
Eu tenho muito orgulho de ser o primeiro LGBT assumido eleito deputado distrital. Por muito tempo a gente não teve capacidade e condições objetivas de estar na política, porque sequer a nossa cidadania era garantida, os nossos direitos civis não eram garantidos, quanto mais estar na política. Foi um momento de enorme emoção poder chegar lá com tranquilidade e falar sobre o tema LGBTQIA+, mas não só sobre esse tema. Tem um "causo" engraçado da minha chegada na Câmara que foi a escolha do gabinete.
Quando eu cheguei, em dezembro, ainda antes da posse, ia ter o sorteio dos gabinetes. E aí, teve uma brincadeira na sala, uma piada de quem ia ficar com o Gabinete 24. Uma piada comum, mas muitas vezes recheada de homofobia e violência. Esse tipo de estrutura social LGBTfóbica existe, por mais que a pessoa não tenha uma intenção objetiva, individual. Todos ficaram meio assim, mas ficamos com o Gabinete 24 e tenho muito orgulho disso.
PS – Qual a história que o senhor queria contar na sua jornada a partir daquele momento?
A história de que um mandato que tem um representante LGBTQIA+ não trata apenas desta pauta. Eu fui relator da CPI do Feminicídio, presidente da Comissão da Vacina, fizemos um trabalho em defesa da educação, da saúde, da cultura. Ser LGBT não me limita a discutir e a ter capacidade intelectual para intervir em apenas uma pauta. Então, representatividade é todo mundo da sociedade, essas 51 mil pessoas diversas que votaram em mim estarem de acordo com o mandato de um parlamentar que fiscaliza, que estuda e se posiciona. Isso que é representatividade: provar que nós, LGBT, podemos estar nos espaços de poder e por todos.
GL – Esse Fábio do Gabinete 24 que entrou há quatro anos, agora foi reconduzido com uma responsabilidade maior. Como o senhor se prepara para essa nova etapa?
Existe uma diferença de energia. Quando você chega de novo e reconduzido com essa vitória histórica, tem uma responsabilidade ainda maior. Quando você chega, a responsabilidade é grande para se provar, para mostrar que tem qualidade e capacidade, mas, quando você volta, a responsabilidade é ainda maior, porque as pessoas querem ver muitas entregas que não foram possíveis.
“As pessoas querem outros corpos representados nos espaços de poder”
PS – Dados da Câmara Legislativa dizem que as denúncias sobre violações quadruplicaram de três anos para cá. Parece-me que isso tem alguma coisa de urgente, alguma coisa gritando aí. A que você confere esse aumento?
Quando eu assumi a presidência da Comissão de Direitos Humanos, em 2019, a gente recebia uma média de oitenta a cem denúncias. Hoje, já temos mais de mil denúncias. Eu atribuo esse volume de violações a três coisas. A primeira é o contexto político federal, houve um desmonte das políticas de defesa dos direitos humanos. Isso gera um ambiente hostil propício a violações. O segundo é uma comissão que funciona. As pessoas se convencem mais a denunciar. O aumento das denúncias não quer dizer exatamente que houve um aumento de violações. Elas aconteciam, mas as pessoas não viam portas abertas para denunciar. O terceiro foi a pandemia. As pessoas começaram a ficar mais dentro de casa e muitas violações contra mulheres, crianças e adolescentes, inclusive sexuais, acontecem neste contexto.
GL – O Instituto de Pesquisa Estatística do DF soltou uma pesquisa sobre a população em situação de rua na capital e também um perfil sócio-demográfico da população LGBTQIA+, temas muito abordados pelo seu mandato. Gostaria que o senhor falasse sobre essas duas questões.
As pessoas não estão na rua porque querem. Existem estruturas sociais que proporcionam esse aumento das pessoas nas ruas. Precisamos de uma assistência social que funcione. Sobre o diagnóstico da população LGBTQIA+, ele ajuda a dar luz ao problema e auxilia a própria assistência social a buscar alternativas. Depois de muita luta, conseguimos incluir orientação sexual e identidade de gênero no levantamento. É o único Estado do Brasil com esse tipo de censo. Temos esse primeiro dado, de mais de 87 mil pessoas, que não é uma informação completa, mas que mostra a relevância desse segmento, que também passa por uma série de vulnerabilidades. Quando a gente se assume, não sabemos o que esperar. Às vezes tem uma expectativa de que essa família vai te abraçar, mas ela te coloca na rua.
PS – Como foi no seu caso?
Eu tive a sorte de ter uma família que me abraçou e me amou. Isso foi maravilhoso. Eu só sou a pessoa que eu sou por conta dessa trajetória e da minha família, que me acolheu. Agora, muita gente não tem essa mesma história e acaba fora de casa. Por isso, eu tenho um carinho enorme pelo projeto das repúblicas, um dos projetos-piloto do nosso mandato.
PS – Como são essas casas?
As pessoas podem ficar por até um ano nas repúblicas. São locais com uma maior autonomia, diferente de um abrigo. São casas, apartamentos, onde ficam de seis a nove pessoas, que compartilham as tarefas de casa. Os atendidos saem para trabalhar e voltam. Temos lá atendimento de uma coordenação que acompanha a casa e faz um plano individual de atendimento, com metas de profissionalização, de empregabilidade, de educação e, muitas vezes, de retomada do vínculo familiar, quando ainda é possível.
GL – Uma questão muito ligada à população de rua é o uso de drogas. Como o senhor enxerga o debate sobre a legalização das drogas?
Sou muito transparente em relação a isso. Eu sou a favor da legalização, porque eu acho que é diferente da liberação. Hoje, as drogas são liberadas e criminalizadas para juventudes pobres, negras e periféricas. Ninguém criminaliza a juventude da classe média. O tráfico existe e gera uma onda de criminalidade nacional. Um quinto da população carcerária brasileira é produto dessa guerra às drogas. A legalização põe limite. Você tira algo que está na sombra e coloca na luz do dia, faz uma discussão com a sociedade com seriedade. É preciso tratar as drogas como problema de saúde e não de segurança pública.
PS – Não vejo a sociedade preparada para esse debate. Essa pauta um dia vai vir à tona de fato?
Eu pergunto se o Brasil está preparado para a proibição. A proibição tem gerado violência em escala nacional, com crime organizado nas favelas, com o tráfico organizado por pessoas de colarinho branco, que estão ganhando muito dinheiro. Nós não temos arrecadação do Estado, que não é um tema central, mas é importante. Nós não conversamos honestamente com a juventude por conta disso. As consequências da proibição são muito piores do que as da legalização.
GL – Mudando um pouco o eixo do debate, qual a sua expectativa dos próximos quatro anos de um governo Lula?
Tenho acompanhado os trabalhos dos grupos através de seminários temáticos. Minha expectativa é positiva. Vamos enfrentar um Brasil ainda muito dividido, em condições econômicas, sociais e políticas muito ruins, pós-pandemia, com várias dificuldades nas políticas públicas. Será um momento de reconstrução nacional.
PS – Deputado, o senhor fala muito sobre o sistema prisional e violência policial, temas delicados. Como estão essas questões no dia a dia?
São assuntos delicados e que muitas pessoas preferem não abordar. Eu trato o sistema penitenciário como qualquer
política pública que precisa ser fiscalizada. Todo mundo quer saber os dados da saúde. Está todo dia no jornal. Só que a gente não se atenta a algumas políticas públicas. O sistema penitenciário, no Brasil, tem mais de 800 mil presos, no Distrito Federal são 16 mil. Qual é a qualidade do atendimento? Dos 16 mil presos, menos de dois mil frequentam a escola. Esse sistema tem uma finalidade, que é a ressocialização. As pessoas estão sendo ressocializadas? Há mais de 40% de reincidência. Então, é uma política pública cara, paga do bolso do contribuinte e não tem dado resultado. Essas pessoas, quer você queira ou não, vão voltar para a sociedade.
GL – Quem assiste às sessões da Câmara Legislativa vê um Fábio muito combativo. Quando o Fábio tira o crachá de deputado e vai para casa como um cidadão brasiliense, faz o quê? Quem é esse Fábio?
Dizem que a nossa praia é o bar, né? (Risos) A praia do brasiliense é essa e eu adoro um boteco. Gosto muito de assistir séries, sou viciado…
PS – Qual está assistindo agora?
Estou vendo algumas, especialmente uma novela da Globoplay chamada Todas as Flores. Estou adorando. Também
estou assistindo The Handmaid’s Tale, que traz muitas reflexões sobre o que nós estamos vivendo nestes tempos atuais. Assisto uma atrás da outra, todo tempo livre que eu tenho estou eu e meu companheiro assistindo série, indo aos botecos. É um pouco da minha vida cotidiana. Também leio coisas diversas. Recentemente terminei a trilogia do Elio Gaspari sobre a ditadura. Queria ter mais tempo para ler. Nas férias coloco metas para a leitura.
GL – E deputado tem tempo para isso?
Tem pouco tempo (risos). A gente tenta, lê num avião, vai para um canto, pega o celular e assiste uma série para conseguir avançar.
GL – Com essa evidência que o senhor ganhou, o pessoal já reconhece, aborda no bar para falar um pouco?
Consigo e fico muito alegre com o reconhecimento das pessoas, que é positivo. Enquanto você vê tanto político sendo escrachado por divergência, às vezes até com violência, porque muita gente tem perdido a linha, eu tenho tido abordagens sempre carinhosas. Muitas vezes também chega trabalho. Você senta num boteco para tomar uma cerveja e acaba tendo que trabalhar. Só que isso faz parte do trabalho de deputado. O crachá parece que não sai, não existe uma fronteira de expediente.
PS – Fazendo uma releitura na sua cronologia, quais os frutos colhidos? Quais são as perspectivas para os próximos anos?
Aprendemos muito. O resultado é a experiência do manejo legislativo. O Legislativo precisa funcionar, porque se essa engrenagem funciona e você tem bons legisladores, você tem mais pressão na política pública, você muda a realidade das pessoas. Uma segunda coisa é o relatório da CPI do Feminicídio, um relatório com mais de oitenta recomendações ao poder público, algumas delas já viraram realidade. Precisamos de serviços de atendimento à mulher que possam prevenir a violência, especialmente a violência que leva à morte. Outro ponto foi a comissão da vacina, que mudou a realidade das pessoas. Tivemos dias com mais de cem mil pessoas vacinadas no DF e a comissão atuou muito na fiscalização. Temos as repúblicas LGBT, uma entrega concreta, que a população reconhece e entende a importância de casas de acolhimento que sejam direcionadas a alguns grupos em situação de vulnerabilidade. Como último ponto, acho fundamental colocar a escola pública como espaço de promoção da diversidade e o nosso mandato será um motor para que aconteçam mudanças concretas nas mais de 600 escolas espalhadas pelo DF.
C-LEVEL: DESENVOLVA PROFISSIONAIS MELHORES DO QUE VOCÊ
Vice-presidente e sócio do NWGroup
Há alguns dias, li uma frase que chamou a minha atenção e me fez refletir: “Um líder fica feliz em construir profissionais melhores do que ele”. Costumo utilizar o jargão “com os melhores sempre” para me referir aos profissionais que tenho ao meu lado, uma das maneiras que encontrei de enfatizar minha admiração pela minha equipe.
Como c-level, sei da importância em reconhecer o empenho da equipe e acredito que tal fato seja um importante incentivo ao crescimento profissional. Um colaborador reconhecido, certamente, será mais engajado e contribuirá para o pleno desenvolvimento dos negócios. A liderança tem um papel-chave neste processo: orientar, apoiar e ressaltar os resultados.
Um estudo realizado pela Gallup em 142 países, apresentado no relatório State of the Global Workplace, mostra um cenário positivo no Brasil: 27% dos profissionais são engajados, altamente produtivos e comprometidos com a organização em que atuam, enquanto que somente 12% se encontram ativamente desengajados. O país se encontra em uma posição favorável frente aos 20 países da América Latina que também foram estudados considerando este contexto.
Entretanto, ao analisar o estudo, vejo a conclusão por uma ótica diferente. O ambiente corporativo do Brasil não é ruim, mas pode ser muito melhor. Apesar de pequena a parcela de profissionais desengajados, é preciso entender o motivo e mudar este cenário. Dentre as justificativas para a falta de engajamento apontada pela pesquisa está a falta de motivação, que tem feito com que esses
colaboradores, simplesmente, “levem a vida” durante a jornada de trabalho.
E é aqui que chegamos ao ponto principal: como atuar para que o profissional da sua empresa invista energia e não apenas tempo em sua jornada diária de trabalho?
Como mencionado no início, o incentivo e a orientação caminham lado a lado para que essa realidade seja transformada. Trata-se de uma via de mão dupla, ao mesmo tempo em que o líder trabalha para engajar esses profissionais, deve ter de forma sincera a felicidade e o prazer de vê-los se desenvolvendo e crescendo.
O uso do termo “sinceridade” é o mais ideal quando falamos de desenvolvimento e crescimento. Sempre houve e, naturalmente, continuará existindo a competitividade dentro do ambiente corporativo. Contudo, o papel daquele que está em posição de liderança e quer, verdadeiramente, ser visto e reconhecido como líder, é guiar e orientar esses profissionais. Em uma empresa que preza pelo crescimento sustentável do negócio e de seus colaboradores, há espaço para todos que querem se desenvolver.
O exemplo deve partir da gestão. Demonstre admiração, enalteça os resultados positivos, oriente quando há erros ou deslizes. O líder, um dia, já passou pela experiência de ser liderado. O que o seu eu, lá do início, acharia de ser liderado por você? Essa é uma pergunta que pode orientá-lo a reavaliar suas estratégias e métodos atuais.
Lembre-se: um líder deve ficar feliz em desenvolver profissionais melhores do que ele!
Fernando CavalcantiHENRIQUE ZAGA
LICENÇA POÉTICA PARA AMÁ-LO
O jovem brasiliense que ganhou fama e reconhecimento nos Estados Unidos, ao longo de dez anos investindo na carreira de ator, arrebata definitivamente o coração dos brasileiros
“Eu tenho um quadro com azulejos do Athos Bulcão no meu quarto, vou buscar para você ver”, disse o ator Henrique Zaga, quando perguntei se havia algo de Brasília em sua casa, em Los Angeles, na Califórnia, onde vive há dez anos. Voltou exibindo para a câmera da nossa chamada de vídeo dois azulejos da Igrejinha emoldurados. Brasiliense apaixonado, continuou: “moro numa região que me lembra muito Brasília, pelo contato com a natureza e pela tranquilidade. Dá espaço para criar, respirar”.
Com uma trajetória de uma década construída em solo norte-americano, Henrique mostra as raízes brasileiras em detalhes. “Olha o que eu trouxe do Brasil, um filtro de barro, meu xodó. Tem a melhor água do mundo. Foi um perrengue trazê-lo, enchi de plástico bolha”, disse, aos risos, ao mostrar o objeto ao fundo. Caseiro, gosta de receber os amigos para um churrasco. "Adoro cozinhar para eles", revelou, mostrando-se um bom anfitrião na casa onde vive com os cachorros Brando e Parker.
Aos 29 anos e com trabalhos em grandes produções internacionais no currículo, como as séries 13 Reasons Why e Teen Wolf , e o longa Os Novos Mutantes , da Marvel, Henrique conquistou seu espaço em Hollywood, consagrou-se ator, mas o triunfo veio mesmo neste ano, quando sua terra natal reconheceu seu talento. Afinal, quem não se apaixonou pelo médico Gabriel, do filme Depois do Universo? E não estamos falando só da beleza física do alto de seus 1,80m de altura.
“Até então, conhecia o cinema nacional só como espectador. Atuar em uma produção brasileira era um sonho antigo que se concretizou na hora certa”, confessa. Sorridente e educado, Henrique mostra semelhança com a leveza de seu personagem no longa-metragem que protagonizou ao lado da cantora Giulia Be e que se tornou o quarto filme de língua não inglesa mais visto globalmente na Netflix e o primeiro no Brasil.
Henrique já havia recebido convites para trabalhos no Brasil, mas até então não tinha dado certo por questões de agenda. E, no meio da pandemia, em um momento em que estava muito sensível, o projeto chegou em suas mãos. "Eu tinha acabado de pegar Covid, ainda não tinha vacina, não estava bem emocionalmente. E aquela história mudou meu momento, despertou em mim um sentimento de gratidão. Me deu uma revigorada, me encheu de esperança", revela.
O ator conta que não há diferença de técnica de atuação nem de tecnologia em trabalhos no Brasil. "É tudo muito globalizado hoje. A gente cria o projeto para o mundo, não só para o país onde ele é produzido. Trabalhamos com câmeras que eu vi em produções dos EUA", diz. O que mudou neste trabalho foi o fato de acompanhar a pré-produção, inclusive a busca pela intérprete da Nina. "Foi um grande aprendizado, nunca tinha participado
como uma pessoa de poder criativo em um projeto, de estar nos bastidores, de dar palpite, de acrescentar ao personagem, dar ideias no roteiro. Trouxe uma outra visão do processo. A partir daí, comecei a sonhar em produzir um projeto", afirma.
Foram cinco meses morando em São Paulo para a produção do filme. "Me apaixonei pela cidade, me senti até meio que traindo Brasília", brinca, mostrando em mãos o livro Guia Fantástico de São Paulo, um presente de uma amiga que traz uma turista entendendo a capital paulista do jeito que os paulistas explicam. "É muito engraçado", adianta.
Aliás, seus interesses artísticos e culturais podem ser vistos nas suas redes sociais, pois ele faz questão de compartilhar um livro que está lendo, um filme que assistiu, uma exposição que visitou, além dos destinos turísticos e bastidores de filmagens. Discreto e sossegado, vez ou outra podemos ver um pouco da sua vida pessoal, seus interesses – por montanhismo, corrida e natureza – e suas conquistas, como quando entrou para a lista da Forbes Under 30 na categoria Artes Dramáticas.
O roteirista
Após uma temporada de filmagens de um projeto no Canadá e no aguardo de outros trabalhos em Los Angeles para 2023, um próximo filme já é certo: um segundo longa-metragem brasileiro dirigido por Diego Freitas, o mesmo de Depois do Universo. A novidade será a estreia de Henrique como roteirista, além de ator. "Escrevi um roteiro há três anos, mostrei para o Diego e estamos trabalhando para tirá-lo do papel. A intenção é gravar no ano que vem", revela, animado.
O enredo conta a história de uma norte-americana que vai para o Rio de Janeiro, hospeda-se em um hotel cinco estrelas e conhece Thiago, um carioca de classe média funcionário do local. Eles se apaixonam nos dois cenários: no Rio de ilusões de um turista e no Rio de verdade, do Thiago.
"Sempre me incomodou o quão deturpada é a visão do turista que vem ao Brasil, acha que conhece o País por ficar alguns dias em um hotel e, muitas vezes, menospreza a cultura rica que a gente tem. Eu cresci indo muito para o Rio porque meu pai é carioca, então, eu acredito que eu tenho uma licença levemente poética de acrescentar sobre o que o Rio significa pra mim e para outras pessoas que vivem as diferentes camadas da cidade e o quão apaixonante cada uma pode ser", explica.
Ele ter escrito essa história reforça sua brasilidade. "Eu me sinto muito brasileiro. Muita gente fica surpreso quando eu falo português bem, acho que esperam um sotaque por eu estar há tanto tempo fora. Mas eu sou do Brasil, até os 18 anos morava em Brasília e vou pelo menos uma vez ao ano ao País", conta.
Esse reencontro com seu país e sua brasilidade trouxe junto uma mudança de nome. "Na verdade, eu não mudei. Eu 'desmudei'", brincou. É que quando ele foi para os Estados Unidos, adotou o nome artístico de Henry. "Nunca me senti 100% Henry. Cheguei sem conhecer ninguém, sem nenhuma promessa de trabalho e tinha uma insegurança de ser tachado como latino. Hoje eu entendo o que eu senti na época. E foi muito importante voltar para o meu nome de batismo, admitir minha brasilidade e abraçar a minha história", revela.
Uma década depois, Henrique é outro. Um recado para aquele jovem sonhador? "Eu daria um abraço e diria: ‘vai fundo, que você tem muita gente que te apoia, que acredita em você. Seja seu próprio amigo e se enalteça'. Às vezes, nos colocamos para baixo achando que as pessoas vão receber algo de forma negativa. Mas a gente precisa acreditar na gente", analisa.
O ator lembra o que ouviu dos pais quando resolveu arriscar tudo e mudar para Los Angeles. "Eles falavam para eu aceitar e entender minhas fraquezas como ator e trabalhá-las. Aquilo foi primordial. É uma carreira que mexe muito com o ego, com o emocional, com a sua vida pessoal. Então, mexer com as suas fraquezas às vezes machuca. Depois de dez anos trabalhando nas minhas fragilidades, que era meu sotaque, por exemplo, hoje eu vejo e respeito meu valor como um brasileiro no mercado
cada vez mais para a pluralidade de raças e culturas. "Hoje, há vários projetos interessados nas culturas, nas peculiaridades de cada uma. Tem sido bacana participar disso aqui nos EUA, mas de acompanhar essa mudança no cenário cinematográfico daqui. E nós, brasileiros, temos muito a agregar ao cinema internacional", acredita.
From Brasília
Quando criança, Henrique tinha uma vida bem brasiliense. Vestiu os uniformes Candanguinho, do Marista, do Galois e da Escola Americana. "Fui de representante de turma à bagunceiro número um", brinca. Frequentou o Bier Fass, no Gilberto Salomão. "Nasci e cresci em Brasília, me aventurei pelas asas e eixos por mais de 18 anos: do tio do churros no portão da escola, ao caminhar até o Pátio Brasil no horário de almoço com os colegas nos tempos de Galois. Do eco de uma risada embaixo dos blocos das superquadras, ao vai e vem das pontes, que tanto fazia em condução escolar", elenca.
Filho de advogados, chegou a imaginar um futuro no Direito, mas cultivava uma paixão pela arte, sempre fascinado pela cultura norte-americana e pelo cinema. Até que, aos 16 anos, em uma apresentação teatral na Escola Americana, vestiu o figurino e subiu no palco numa montagem de Hairspray. Amigos e familiares na plateia se surpreenderam com sua desenvoltura em cena. Foi quando ele entendeu o que queria: ser ator. Sonhava longe, mas será que pensou que aquele menino da apresentação teatral da escola chegaria a Hollywood?
Henrique deixou o Brasil rumo a um novo trabalho dois dias após a estreia de Depois do Universo Colheu os frutos do sucesso à distância. A expectativa? Voltar à sua terra natal para sentir de perto o carinho dos fãs brasileiros, especialmente os brasilienses, para o verão. O protagonista do sucesso da Netflix de 2022 está doido para sentar em um barzinho de uma surprequadra da Asa Sul com os amigos, como nos velhos tempos. Só que desta vez, não será apenas o Henrique. Será o nosso Henrique Zaga, orgulho brasiliense.
Detention, MDMA
ONDE VER HENRIQUE ZAGA
Depois do Universo, Os Novos Mutantes, XOXO, Deadly
Séries
13 Reasons Why, Teen Wolf, The Stand Trinkets, Looking For Alaska, The Mysteries of Laura
hollywoodiaVELOCIDADE MÁXIMA
Por Daniel Cardozo Fotos JP RodriguesO brasiliense Pedro Clerot tem apenas 15 anos, mas conseguiu um grande feito: sagrou-se o primeiro campeão da Fórmula 4 Brasil. E de forma dominante. Para vencer o campeonato, subiu no lugar mais alto do pódio em sete das 18 corridas da temporada.. O alvo é ambicioso, a Fórmula 1, naturalmente. Mas, até lá, a dedicação ao automobilismo é total e inclui horas de simulador, treinos físicos diários e de kart.
Os bons resultados nesse ano credenciaram Pedro a assinar com a MP Motorsport, equipe da Fórmula 4 espanhola, para a temporada 2023. A presença na Espanha pode ser importante para a carreira do piloto, já que o mundo do automobilismo é centrado na Europa.
Quem encontra Pedro fora das pistas pode nem entender que se trata de um rapaz que conduz um monoposto de 160 cavalos de potência, capaz de passar dos 200km/h. Com
1,77m de altura, ele aparenta ser um típico adolescente, mas basta começar a falar sobre pistas e carros para ver a maturidade e foco nos planos para o futuro, na admiração pelos seus ídolos e até sobre questões financeiras, fundamentais para a carreira que escolheu. Apesar de empolgado, Pedro vê com um olhar bem realista a chance de chegar até a principal categoria do automobilismo.
“Meu sonho é a Fórmula 1, mesmo que pareça impossível. Eu vou tentar até eu ver que não dá mais. É minha prioridade”, afirma. O principal obstáculo é realmente o financeiro, já que a desvalorização do Real frente ao Euro é uma barreira considerável. O último brasileiro a correr na categoria foi o paulistano Felipe Massa, que teve uma carreira longa, com 15 temporadas. Um ano antes dele, o brasiliense Felipe Nasr deixou a F1 após dois anos. Para chegar lá, é preciso se destacar nas categorias de base, a exemplo da Fórmula 4 Brasil, e contar com investidores e patrocinadores. Nem sempre o talento prevalece, já que existem os chamados “pilotos-pagantes”, que, graças a aportes financeiros, mantêm-se nas equipes.
Na caminhada, Pedro Clerot tem feito a própria parte para alcançar seus objetivos. Ele estuda no Accelerated Sports Program, na Williamstown High School, uma escola em Viena, na Áustria, destinada a atletas de alto desempenho. Totalmente online e flexível, o colégio é feito para quem tem uma rotina diferente do usual, com treinos e competições. Pedro faz treinos físicos diários e passa cinco horas todos os dias no simulador, dentro de casa. Além disso, a preparação inclui voltas de kart duas vezes por semana. Todavia, é no simulador que Pedro se mantém imerso. Em um mezanino no próprio quarto, ao lado de troféus, medalhas e capacetes, o adolescente tem contato com os principais circuitos do mundo. A simulação é perfeita e o equipamento, de primeira. “O freio é de 100 kg”, revela. A dedicação é tanta que o jovem revela abdicar da vida pessoal pelo sonho de ser piloto. "Neste ano, devo ter ido em duas festas, no máximo”, disse. Afinal, as viagens para autódromos nos estados de São Paulo, Goiás e Rio Grande do Sul tomam tempo. Outra situação inerente à idade tem a ver com não poder dirigir, mesmo que tenha alcançado precisão nas pistas. “É horrível. Ainda faltam três anos”, brinca.
Histórico
Pedro iniciou no automobilismo aos nove anos. Segundo ele, foi preciso correr atrás do tempo perdido, já que boa parte dos pilotos dá as primeiras voltas alguns anos antes. “A maioria dos meninos começa com cinco ou seis anos de idade”, disse. Nos primeiros anos no kart, foi tricampeão brasiliense e venceu duas vezes o open nacional da modalidade.
Em 2020, o rapaz liderava a Copa São Paulo Light de kart, quando sofreu um grave acidente no kartódromo do Guará. Dois carros colidiram à frente e não houve
tempo de Pedro desviar. Ele capotou e ficou com os pés presos nos pedais. O resultado foi doloroso: quebrou uma perna e sofreu uma luxação na outra. Foram 45 dias sem caminhar e, obviamente, sem entrar em um carro de corrida. Pedro confessa que, mesmo assim, continuou pilotando o simulador dentro de casa e subindo escadas. Com os resultados de antes do acidente, ainda conseguiu ficar em segundo no campeonato, sem correr as últimas etapas.
No ano seguinte, ele fez a transição do kart para a Fórmula Delta. Nessa categoria, o brasiliense foi o mais jovem a conquistar uma pole position. Pedro foi o vice-campeão, com três vitórias, ficando atrás de Gabriel Fonseca. Os resultados foram positivos e foi possível almejar uma vaga na Fórmula 4, um campeonato homologado pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e que estrearia no Brasil.
Para se preparar, o piloto realizou uma pré-temporada na Itália, pilotando o mesmo carro nas etapas do país. Lá, ele correu nos circuitos de Monza e Imola, que estão atualmente no calendário da Fórmula 1, e também em Cremona e Misano.
Nesse ano de Fórmula 4, Pedro andou ao lado de pilotos como Fernando Barrichello, Felipe Barrichello Bartz e Nicolas Giaffone. Os sobrenomes são famosos. Os dois primeiros são o filho e o sobrinho de Rubens Barrichello, vice-campeão de Fórmula 1. Nicolas é de uma família que está na terceira geração de pilotos.
Sem parente no automobilismo, Pedro Clerot não enfrentou qualquer tipo de preconceito. O fato de não pertencer a uma dinastia de pilotos pode até ser encarado como positivo, segundo ele. “Não acho que faça uma grande diferença. Em algumas situações, ajuda. Em outras, não é bom. Cria uma expectativa na cabeça do piloto”, acredita.
Com ou sem padrinho famoso, o ambiente é bom. Fora do carro, Pedro se enturma com os adversários da pista, que acabaram se tornando amigos. “A gente fica na maior resenha, falamos besteira pra caramba. Todo mundo tem 15 anos de idade, então é meio ‘crianção’. Vira uma família”, conta. Mas é preciso separar as situações. “Tenho amigos dentro da pista, mas, depois que nós colocamos o capacete, cada um é cada um”.
O contato com pilotos transcende a categoria que Pedro disputou em 2022. Por conta do simulador que joga, o brasiliense acabou se aproximando de vários pilotos, a exemplo de Felipe Drugovich, paranaense campeão da Fórmula 2, a principal porta de entrada para a Fórmula 1. Mas, por ter um ranking alto dentro do software, o jovem de 15 anos já competiu com grandes nomes do automobilismo. “Já corri com Max Verstappen, George Russell e Alexander Albon”, cita nomes atuais da Fórmula 1.
A cada ídolo citado por Pedro, um brilho no olhar para um dia chegar fisicamente no circuito mundial e disputar posições com eles. Entre simuladores, treinos e pistas, o sonho de ser recompensado pela dedicação ao automobilismo desde a infância.
A ARTE DE PÉ VERMELHO
Por Larissa Duarte Fotos JP RodriguesEm um gesto que se permite interpretar como um misto de gratidão, fidelidade e sobrevivência, a jabuticaba cresce abraçada à árvore que lhe dá a vida. É o melhor lugar que encontra para florescer, proteger-se e frutificar fartamente até preencher por completo seu tronco e galhos. Se ter uma jabuticabeira no próprio quintal reproduz a lealdade desta planta, os artistas do Pé Vermelho nunca estarão sozinhos.
A enorme árvore há muito já habitava o lote 6 da quadra 57 da Avenida 13 de Maio, na cidade de Planaltina, quando João Angelini idealizou ali um espaço contemporâneo dedicado à valorização da produção artística não sudestina e cerratense. Anunciado por anos como um artista plástico e pesquisador brasiliense, hoje o premiado profissional se apresenta pelo gentílico que mais lhe faz sentido: goiano.
Ele nasceu e cresceu na cidade periférica de Brasília localizada a 40 km da branquitude monumental, que, apesar de ter parte inserida no quadrilátero do Distrito Federal, entoa o ar rural do interior do Centro-Oeste. Formado em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília (UnB) em 2006, sua trajetória reúne uma década de experiência no renomado
Grupo EmpreZa, residências nacionais e internacionais, e trabalhos de produção individual expostos em mostras Brasil e mundo afora ou incorporados a coleções privadas e públicas em acervos diversos.
No quesito carreira, era de se esperar que em algum momento o circuito de arte tirasse João de Planaltina e o levasse ao central Plano Piloto, onde viveu e trabalhou por muito tempo. Voltou a ser morador da região 15 anos depois, quando, assim como o fruto da jabuticabeira, entendeu que abraçar-se à sua base seria necessário para evoluir – e "revoluir".
Mudança de Planos
Em 2017, tinha seu ateliê instalado no Conic, no centro de Brasília. Na companhia da mulher e também artista Marcela Campos, João estava prestes a seguir o "caminho dado" para um artista não sudestino e se mudar para São Paulo, onde cravaria um novo endereço para o ateliê e, consequentemente, ocuparia um lugar mais confortável no mercado. Em meio às buscas por apartamentos na requisitada Bela Vista, o que de fato encontrou foram motivos para não avançar com a mudança.
Uma jabuticabeira, a vida no interior, uma escola contemporânea. João Angelini, artista multigesto, aparta-se do êxodo da arte, e vê sua obra endereçada à Bienal de Veneza
"Quando você começa a se inserir nacionalmente, você repara uma estrutura excludente, forte e violenta com os artistas. Uma organização bandeirantista muito caricata. Percebemos que não fazia sentido pegar um recurso que juntamos durante tanto tempo para se reposicionar dentro desta estrutura em um lugar de ainda mais privilégio e poder. Não podíamos reforçar algo que, na verdade, queremos destruir", explica o artista.
O veredito ia muito além de simplesmente não ir para São Paulo e violar o "êxodo forçado", como João traduz. Era sobre voltar à periferia e adentrá-la. E, apesar de alguns julgarem válido alertar, a escolha para ele nunca significou dar um passo para trás. Era um salto político, ideológico e moral. "Ouvimos que a gente não sabia o que estava fazendo e que isso nos atrasaria. Não entendiam que era uma escolha consciente, que queríamos chegar em um outro lugar. Virou missão trabalhar ao máximo para diminuir essas distâncias, não só pra mim, mas por todos os nossos", revela.
O novo lar em Planaltina foi escolhido a dedo. Tinha que ser ao redor da Praça São Sebastião, no centro histórico da cidade. Ali, João plantou o Pé Vermelho, em 2018, que surgiu inicialmente como ateliê, mas já com a intenção de se estender a um ambiente de formação, produção e fomentação da arte contemporânea fora da bolha sudestina e da acomodada perspectiva bandeirantista sobre o Brasil. O lote da jabuticabeira foi conquistado e adaptado a partir de muito trabalho e união.
Artista multigesto
Os vários percursos entre o rural e o urbano, o colonial e o moderno – e todas as reflexões sociais, políticas e econômicas que podem sair destes contrastes – são notórios na arte de João.
Como um artista multimídia e multigesto, na hora de colocar significado no seu trabalho, vale tudo que faça sentido. Cinzas de queimadas, notas de dinheiro, osso de boi, grão de soja, mármore, paredes e escombros podem compor instalações, animações, intervenções, gravuras, pinturas, performances, vídeos-objetos, NFT… Não há limites.
“Há alguns anos, passei a querer discutir questões e descobrir qual gesto ou materialidade é mais interessante, eloquente e compõe melhor com o que eu estou discutindo. Às vezes, penso em uma imagem que posso realizar em foto, em vídeo, em animação, desenho, gravura… Sabendo que cada gesto vai reforçar ou esvaziar algum significado”, diz.
Na série Suberinas (2022), seu xodó, árvores do Cerrado são representadas em pratos de ágata a partir de cinzas recolhidas em áreas queimadas do bioma que domina o Centro-Oeste brasileiro. A imagem feita do pó é montada
Escaneie o QR Code para assistir à produção da obra.
com estêncil, originalmente sem fixação. E quando exposta verticalmente, a fuligem vai se soltando, dando início ao processo de apagamento das plantas, que pode ser assistido durante dias dentro da mostra – e por isso é categorizada como performance.
Também em ágata, mas agora utilizando uma broca de dentista, João grava em um pires o olho de Louis Cruls, astrônomo e geógrafo belga que em 1922 liderou a missão de demarcar a área da futura capital federal, oficializada com a instalação da Pedra Fundamental no Morro do Centenário, em Planaltina.
A gravura faz parte da instalação performática tão de olho aqui (olho do Cruls) (2020) e é apresentada diante de uma miniatura da Pedra Fundamental feita com farinha de osso. Independente de onde montada a obra, o olho deve ser instalado apontando geograficamente para as coordenadas cartográficas do local do monumento. Com o tempo, o pó fino do obelisco vai se desmoronando – ou não.
tão de olho aqui (olho do Cruls) (2020)
Suberinas (série) (2022)Um cofre, um cubo de mármore branco típico das construções dos palácios de Brasília e um monte de terra vermelha retirada do Cerrado desmatado se encontram em depois de Anhanguera Nº2 (2020). Neste vídeo-objeto, o cubo dentro do cofre é enterrado na terra apanhada das imensas plantações de soja e três bichinhos holográficos sobrevoam a rocha. As imagens foram feitas com insetos reais muito comuns durante a época de chuva no DF.
tudo que é sólido… (série) (2021)
Em 2022, João levou suas reflexões territoriais acerca do interior brasileiro para a 59ª Bienal de Veneza. Representado pela Galeria Leme, o goiano foi selecionado para o Pavilhão de Camarões, inteiramente dedicado a NFTs. Para isso, ele transformou uma série de fotografias em obra digital.
No início teve resistência ao universo cripto, mas refletiu que as fotos de tudo que é sólido... (2021) poderiam ganhar muito a nível de discussão e até potencializar a narrativa da obra. As imagens são geradas durante a queda de um cubo de mármore branco arremessado ao ar em paisagens do Cerrado desmatadas para plantações de soja e milho. Tudo acabou conversando. A virtualidade da queda infinita do cubo, a especulação de criptomoedas, a imaterialidade do NFT e o vazio que tomou conta das paisagens que antes preenchiam a infância de João em Planaltina.
Mesmo se juntarmos aqui todas as suas obras, elas compreendem somente uma mostra do que o prolífico artista tem descoberto, refletido e trabalhado para exteriorizar nos últimos anos: uma diversidade de gestos, suportes e possibilidades, amarrados por uma preocupação, investigação e afeto em torno daquilo que o fez.
@joao.angelini @pevermelhoec
Escaneie o QR Code para assistir à obra.Desde pequeno, sonhava em empreender para ter mais liberdade, principalmente financeira. Admirava muito os empresários que conhecia e decidi que aquela era a carreira que eu queria.
Aos 16 anos, tornei-me vendedor em uma loja de tênis. No primeiro mês já fui o melhor vendedor da rede; no segundo, já fui convidado a assumir a sub-gerência da loja. Tinha muito orgulho de trabalhar no comércio!
O negócio cresceu rápido, expandindo sua atuação também para atuação como agência de publicidade. Em 2016 as coisas voltaram a se complicar e enfrentei uma grande crise que me colocou em um verdadeiro limbo financeiro, que durou até 2018.
Aos 17, quando ingressei na faculdade de Publicidade e Propaganda, decidi empreender à minha maneira. Nos primeiros anos tive muito lucro e achei que aquele modelo de negócio prosperaria para sempre. No entanto, eu quebrei, levando calote de um fornecedor.
Então, consegui trabalho em uma empresa de comunicação visual, onde atuei em todos os setores possíveis. Permaneci por dois anos e dali para frente já voltei para a minha paixão: empreender!
Junto com um sócio, arrendei um painel de led móvel que ficava na traseira de um caminhão – e assim nasceu a Dois Ellis, uma empresa de mídia exterior (naquela época). O negócio cresceu rápido, expandindo sua atuação também como agência de publicidade.
QUEM É O BRASILIENSE QUE ESTÁ REVOLUCIONANDO A EDUCAÇÃO CORPORATIVA NO BRASIL?
No entanto, em 2016, as coisas voltaram a se complicar e enfrentei uma grande crise que me colocou naquele limbo financeiro, que durou até 2018. Foi nesta fase difícil que descobri: o crescimento da empresa traz complexidade à gestão. E isso pode ser uma arma silenciosa, que leva uma empresa que não se atualiza à falência.
Então dei um basta. Foi quando decidi estudar e me dedicar a fundo para manter meu negócio com um faturamento saudável e um crescimento constante. E este movimento deu uma guinada na minha carreira.
Desenvolvi a metodologia de gestão que tirou meu negócio do vermelho e o possibilitou voltar a prosperar. Aliás, esse método fez muito mais que isso! Com ele, já ajudei mais de 600 empresários brasilienses a também colocar suas empresas na rota do crescimento, por meio do treinamento Infusão 4.0.
Trata-se de uma imersão educacional voltada a empresários que ensina, na prática, como alcançar alta performance financeira, em gestão de pessoas, em marketing e em vendas. O treinamento se repete algumas vezes ao longo do ano. Caso tenha interesse, confira em nosso site a próxima turma: infusaoquatropontozero.com.br.
Quer saber um pouco mais sobre como foi difícil essa fase da crise da minha agência? Eu contei esse capítulo da minha vida lá na minha coluna do Portal GPS Lifetime online. Confere lá e me conta o que achou?
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A COSTURA DA ESPERANÇA
Mãos que tecem o amanhã. Instituto Proeza capacita 108 mulheres em estado de vulnerabilidade para crochetar 150 mil metros de fios. Ao longo de dois anos pandêmicos, elas transformaram o local que as abriga em uma imensa instalação de arte
Por Theodora Zaccara Fotos Telmo XimenesUma linha, duas agulhas, movimentos circulares com os dedos. O corpo está em transe: pupila dilata, boca fecha, respiração entra em ritmo de pausa. Pura concentração. Em questão de minutos, o emaranhado toma forma e se transforma. Ganha trama e roteiro — vira novela, história, poesia. Nas mãos certas, crochetar é como escrever um poema sem caneta. Versar sem papel, rimar sem palavras. É tipo nobre de arte quente, que não recusa o toque e convida para o abraço.
No Instituto Proeza, o crochê salva vidas. “Cresci vendo minha mãe e minha avó crochetando, mas, hoje, certamente o crochê tem para mim um novo significado”, conta Kátia Ferreira, fundadora da ONG que desde 2003 atua no Distrito Federal capacitando mulheres em situação de vulnerabilidade – um trabalho lindo e inspirador, que, como tantos outros, viu-se cercado e rendido às inconsistências da pandemia.
Em 2020, durante os mais gélidos meses de um lockdown, Kátia viu sua arte mais necessária do que nunca. Saltos foram trocados por pantufas, roupas apertadas abriram espaço para o loungewear e todo mundo queria se arriscar
na técnica tie-dye. Durante meses, o confortável e aconchegante era lei absoluta, e o crochê nadou com a maré.
Foi então que Kátia teve sua mais monumental ideia — até agora. “O que fazemos quando não podemos nos reunir? Buscamos outras conexões. Estávamos todos em casa, deprimidos, frágeis de um modo ou de outro… mas nossa capacidade para inspiração estava lá!”, entrega, com esperança ligada à voz. “Essa é a coisa mais maravilhosa desse mundo conectado: ser constantemente impactado por pessoas e imagens”.
Nos caminhos da internet, observou essa crescente ascensão. Estava em mantas, casacos e cobertores? Sim, mas também estava em obras e instalações de arte salpicadas por todo o mundo. “Me apaixonei muito pelas obras da artista portuguesa Joana Vasconcelos e pelo modo como ela consegue expandir a técnica de forma surrealista e fantasiosa".
Num estalo, a imagem se acendeu como uma lâmpada sobre a cabeça. “Se alguém te revela que pretende cobrir um prédio inteiro com crochê… você não demora a chamar a pessoa de doida!”. Assim, vestida de loucura e trajada de coragem, Kátia deu início ao projeto Tecendo o Amanhã Dois anos e alguns "quebrados" depois, a missão havia sido cumprida.
Ao todo, 108 mulheres trabalharam na obra, 80% delas assistidas pela entidade. “A maioria era composta por moradoras do Recanto das Emas e Riacho Fundo II, que já trabalham conosco no Instituto”, destaca. “Contudo, recebemos também mulheres de outras regiões administrativas, que entraram no nosso grupo buscando um propósito, uma felicidade em meio à tristeza do isolamento”.
Mais de 150 mil metros de linha foram usados para cobrir as partes externa e interna dos cinco andares do edifício-sede, que hoje está aberto para visitação guiada no Recanto das Emas. Basta o olho bater na fachada que a imaginação já está convidada para o encanto. “É uma verdadeira instalação de arte! Busquei referência em símbolos nacionais e locais, incorporando essa mistura de culturas que é o Brasil e que é Brasília!”, relata a filantropa. “Aqui, todo mundo vem de algum lugar, todo mundo tem família de outras partes, e era isso que eu queria representar: diversidade”.
Ao entrar, o pescoço trabalha hora extra, angulando o olhar na direção dos mais maravilhosos detalhes: bolas brancas que pendulam do teto, cobrinhas coloridas que "rastejam" entre as dobras das paredes, bandeirinhas e pipas típicas de São João numa bela homenagem ao Nordeste brasileiro, abelhas, corações, flores, bocas, estrelas… não há nada que não tenha ganhado uma lúdica e afetuosa versão em crochê. “Tivemos o apoio de muitos indivíduos e companhias fundamentais em diversas fases do projeto. O estilista Dudu Bertholini, meu grande amigo, nos visitou lá no início, assim como o crocheteiro de mão cheia Marcelo Nunes, de quem sou fã”, abre. “A empresa de fios Euroroma também nos foi de grande ajuda, assim como a Circo e, claro, não posso esquecer de agradecer imensamente ao Ministério do Turismo e à Fundação Banco do Brasil, que patrocinaram a ação”.
A resposta do público e da mídia também foi de surpreender. Procurada por grandes portais de notícia, Kátia confessa que não esperava tamanho aplauso. “Vem gente de todo lugar nos visitar. Recentemente, recebemos uma senhora que nos disse que esse era um passeio melhor que a Disney”, resgata, em risos. “O fazer manual foi por muito tempo considerado ‘menor’, então observar e participar dessa nova fase e status de um trabalho que tem tanto simbolismo para tanta gente…”, buscando palavras entre a sincera felicidade, Kátia pausa. “É arte”.
@InstitutoproezaENTRE NÓS
Patricia Justino pattyjustino@hotmail.com – @patjustinovazEternal Gold
A aclamada marca italiana Prada lançou recentemente sua primeira linha de jóias especiais e, desde então, vem dando o que falar. Politicamente correta, a grife reforçou o movimento da sustentabilidade mundial ao utilizar resíduos industriais e joias usadas para fabricar a sua nobre coleção de 48 peças, que têm o ouro e os diamantes como carros-chefe nas suas composições. Sem abrir mão da contemporaneidade que, normalmente, agrada a todos os gêneros, o design das peças transita do passado para o presente por meio de elementos básicos, como corações, triângulos, cobras e correntes, porém, explorando volumes e arquétipos esculturais. São anéis, braceletes, colares e brincos que tanto encantam pela sua beleza, como também pela tecnologia que a marca usou a seu favor: além de sustentável, cada peça tem um cartão que informa, por meio de uma plataforma digital, a autenticidade e origem dos metais e diamantes, tudo assinado pela entidade responsável que certifica as boas práticas do setor joalheiro no mundo. Um exemplo a seguir. www.prada.com
Luxury Hand Made
Experts em arquitetura e apaixonadas por bolsas e design, as cunhadas Beatriz Piatti e Rafaela Malta Piatti uniram-se para criar a charmosíssima Carlotte, uma marca de bolsas que já nasceu com identidade forte, explorando diferentes formas, cores e texturas em suas modernas criações. A dupla, alagoana de natureza, imprimiu uma sofisticada brasilidade em suas peças, trazendo toques da artesania local e manufatura especializada às linhas geométricas que permeiam a maioria dos seus acessórios – dignos de transitar em galerias de arte, nos circuitos de moda internacionais, ou mesmo no lifestyle diário da mulher bacana e bem informada. Definitivamente, as bolsas da Carlotte possuem beleza, autenticidade e são funcionais... ou seja, tudo o que desejamos! Prepare-se para se apaixonar!
www.carlotte.com.br
Itália à moda antiga
Viajar à Itália sempre tem os seus encantos, mas algumas de suas regiões vão além, conseguindo manter vivo o glamour de experiências clássicas vividas desde o século passado, aprimorar o que já era bom e agregar ao que temos de melhor nos tempos de hoje. É o caso do Lago de Como, que abriga em suas margens propriedades centenárias, com serviços e privilégios dignos da realeza. O Grand Hotel Tremezzo é um desses encantos: um palácio Art Nouveau tal qual aos da era Belle Époque, com vista para o pitoresco Vilarejo de Bellagio; que garante aos seus hóspedes o usufruto da “arte do bemservir”, uma tradição no passado, mesclada aos serviços do luxo contemporâneo, tão desejado no presente. Entre os mimos em sua hospedagem estão: um irresistível mergulho na piscina flutuante no lago, praia particular de areia natural e seus charmosos ombrelones e espreguiçadeiras brancos, gastronomia de ponta, spa com terapias milenares, quadras de tênis (saibro e grama), marina e barcos luxuosos com passeios exclusivos para os hóspedes ... a verdadeira “la dolce vitta”. www.grandhoteltremezzo.com
Colméia das maravilhas
Há mais de uma década a marca francesa Guerlain investe suas fichas em pesquisas dedicadas às abelhas, ao mel e à geléia real, um trabalho contínuo e essencial para desenvolver a sua linha mais poderosa de produtos antienvelhecimento, a Abeille Royale. Após comprovar a eficácia e os poderes reparadores das substâncias naturais que as abelhas produzem, a marca criou um programa de tratamento com sua exclusiva tecnologia
GCN011
Um dos quadriláteros mais cool e charmoso de São Paulo, mais precisamente entre a rua Gabriel Monteiro da Silva e a Rebouças, acaba de receber em sua estrelada vizinhança, a casa/loja/galeria do estilista e artista Guto Carvalhoneto. Um criador nato, especialista na arte da alfaiataria clássica e contemporânea, Guto firmou sua carreira em seu ateliê no Rio, onde construiu um nome sólido na história da moda nacional. Visionário e sempre à frente do seu tempo, o estilista é mestre em desenvolver lindos projetos nas mais variadas vertentes, que envolvem arte, design e a moda, sua grande paixão. Não é à toa que toda essa mistura fará parte do universo do Guto nesse espaço híbrido e cheio de estilo, como exposições de objetos de artes visuais, suas famosas esculturas têxteis, gravuras, fotografias de arte, cerâmicas e joalheria contemporânea de convidados mais que especiais, como André Lasmar, Virgilio Bahde, Bruna Pegurier, Francis Petrucci, Hana Englund, Rodrigo Masina, Nagabe Shinji e Rafael Alonso, entre outros. Além do novíssimo espaço GCN011, as criações de Guto podem ser encontradas na multimarcas Pinga, em São Paulo, em seu charmoso ateliê em Botafogo, no Rio de Janeiro, e também em seu e-commerce: www. gutocarvalhoneto.com
“Blackbee repair”, que estimula os principais mecanismos do processo rejuvenescedor da pele, ajudando a corrigir as rugas e a perda de firmeza dos tecidos. São diversos os produtos que compõem o programa de tratamentos Abeille Royale, inclusive, existem kits prontos para quem deseja começar os cuidados na pele a partir dos produtos-base, porém toda a linha também é vendida individualmente. Os hidratantes para o rosto, tanto o do dia quanto o da noite, além do creme para a área dos olhos, são alguns dos carros-chefe em vendas e os experts no assunto revelam que valem cada centavo do investimento.
www.guerlain.com
Celebração de três décadas, a união de três mentes inventivas, uma arena esportiva com ideais de Oscar Niemeyer. Esta é a CasaCor Brasília
RAÍZES ORIGINÁRIAS DE UM FUTURO QUE SE INSTALA
Por Paula SantanaO termo setentista que designa o luxo – pompa e circunstância – tornou-se um clássico para identificar situações e pessoas que de algum modo tornam-se um acontecimento numa sociedade. Pois os dois adjetivos cabem perfeitamente a esta ocasião. Eliane Martins, Moema Leão e Sheila Podestá realizaram a maior mostra da franquia, com 52 ambientes, no local mais inesperado que se possa ser imaginado. Arena BRB Mané Garrincha, obra brutalista e sinuosa em que o concreto se impõe ao verde do campo e ao vermelho das cadeiras.
Pois foi neste espaço que a mostra ficou bem à vontade, trocando ao longo de sessenta dias eventos esportivos e culturais por belos ambientes de decoração, paisagismo, ao reunir o alto garbo de arquitetura, design, arte. E gastronomia. Como definição, foram entre as duzentas e oitenta e nove colunas de 36 metros de altura que circundam a construção de concreto bruto que 80 profissionais do segmento apresentaram suas inovações distribuídas em 6,5 mil m2
Infinito Particular foi o tema definido para o coletivo, a partir da pesquisa de tendências coordenada por seus curadores, servindo de referência. A partir daí o universo se abre. Em comum, a busca por uma construção ainda mais sustentável em projetos que privilegiam as formas orgânicas, numa ode à arquitetura biofílica, com elementos naturais, espaços integrados e bastante tecnologia. Do ângulo emocional, o resgate de casas biográficas, extrapolando o decorativismo. O convite é para espaços que atendam corpo, mente e espírito num encontro inevitável com o conforto, o propósito e o equilíbrio. O maior desafio, no entanto: unir estética e sustentabilidade.
Angela Castilho Arquitetura Choque Arquitetura e Design Jorge Carneiro Hélio Albuquerque Lie ArquitetasEntre tons fleumáticos, cores vibrantes, que provocam os sentidos e instigam a euforia com elegância. A tecnologia chega com o aconchego. O conceito open space, ou seja, planta livre, agrada por ambientes integrados, valorizando extremamente o espaço externo. Isso não embute a necessidade de grandes intervenções para projetar um espaço contemporâneo com todas essas novas evidências existenciais. O que está em pauta é o bem-estar na escrita literal da palavra, tendo como princípio escolhas pessoais que se remetam à própria história.
Entretanto, claro, a evolução consiste sobretudo na estética que se impõe suavemente. Os anos 70 foram protagonistas, adaptados a estilos, vontades, saberes e claramente à
tecnologia. O mobiliário revelou nas formas sinuosas o perfume futurista, bem como paredes curvas e padrões circulares. O rústico, a raiz, a origem trouxe os elementos da natureza transformados em conceito, a exemplo da filosofia wabi-sabi, biribas suspensas, espelhos d'água, barros e cerâmicas. A força vem da rocha e traz pedras naturais expostas em mesas, cabeceiras, paredes e estantes.
O propósito biofílico impõe a consciência sustentável com a urgência necessária. Sendo assim, estruturas metálicas como base construtiva no pensamento onde matérias recicláveis ou de descarte ganham notoriedade.
@casacor_brasilia www.casacor.com.br
Fotos: Edgar Cesar Studio Gontijo Ney Lima e Walleria TeixeiraConheça um novo mundo e desfrute do máximo conforto!
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mel ia.com
SH S QUA DR A 6,C ON JU NT O A,BLOCODEmpreendimento familiar, produção artesanal e afeto saindo do forno todos os dias. Cinco Estrelas se reposiciona no segmento de panificação e patisserie convergindo tradição e inovação
O SONHO DE JOSÉ MARIA
Por Daniel Cardozo Fotos JP RodriguesA família Bomtempo, responsável pela rede de panificadoras Cinco Estrelas, jamais imaginava que chegaria, 28 anos depois do início das atividades, a 2022 com um modelo de negócio tão estruturado e vocacionado. O sonho de José Maria Natalício, o mineiro da cidade de Tiros, começou em uma vendinha no Guará e cresceu a ponto de virar referência em pães de fabricação própria.
Administrada hoje pelas três filhas de José, a rede acabou de inaugurar uma loja na 214 Sul, a sétima unidade, marcando uma robusta fase de expansão e reposicionamento. Samyra, Simone e Gabriela se dividem para gerir a marca, que só prospera, sempre com o olhar atento da mãe, Margareth, que deixou oficialmente as atividades, mas auxilia com a experiência de décadas como empresária. Também há panificadoras no Guará I, Guará II, Águas Claras, Sudoeste e Noroeste.
A Cinco Estrelas tem um enorme diferencial, o que lhe confere valor agregado que o brasiliense adora e apoia: a produção própria, direto da matriz, no Guará I. Do catálogo de produtos, 90% é assinado pela marca. E a política da empresa é bem clara: zero conservantes e prazos de validades curtos, para que tudo seja fresco. O padrão das mercadorias conquistou inclusive contas empresariais. O fornecimento de produtos para hospitais, de médicos a pacientes, já é uma rotina para a companhia.
Entretanto, para entender como tudo se encaixou é preciso voltar onze anos atrás. Em 2011, o patriarca faleceu e a família precisou decidir pela continuidade dos negócios. À época, além da matriz, no Guará, o grupo administrava dois postos de gasolina e um bar. Em vez de vender tudo e desistir do comércio, Margareth fez questão de manter o legado do marido. E mais... alcançaria voos altos em sua memória. Precisaria das asas para voar, que eram os filhos, a nova geração.
“Um mês antes do falecimento do meu pai, eu havia avisado a ele que em dois anos eu queria me desfazer do bar. Era rentável, mas cansativo”, disse Simone, que é formada em Biomedicina e até então trabalhava em um hospital. O pedido da mãe foi claro. “Ela me disse: ‘abre mão da sua profissão, porque nós vamos trabalhar em um ramo só'”, conta. O sonho do pai era que os filhos também fossem empreendedores. Assim, as três irmãs e o irmão, Daniel, concentraram todas as energias na Cinco Estrelas.
Samyra e Gabriela são formadas em Nutrição, mas também atenderam ao chamado da família. Para entender onde cada um se encaixava, a família recorreu a uma consultoria comportamental, que distribuiu as tarefas. Assim, em um desenho quase inalterado até hoje, ficou decidido que Simone seria a responsável pela produção, Gabriela assumiria as atividades administrativas e financeiras e Samyra cuidaria da parte de gestão de pessoas, marketing e operações de lojas. Daniel atuou na rede de padarias até 2019.
Qualidade
Três anos atrás, começou um ponto de virada na rede. As irmãs fizeram questão de retrabalhar a marca, que passaria a ter a cara delas. “Não podíamos perder a imagem de empresa familiar, tradicional”, disse Samyra. Mas era preciso reforçar a qualidade e deixar os conceitos claros. “Somos uma padaria, mas não aquela que você vai buscar pão, queijo, presunto e leite. Existe um café a cada esquina, mas padaria de qualidade são poucas, ainda mais com ambiente acolhedor e preço justo”, afirma.
O desafio de comunicação foi dado e a rede passou a se mostrar como uma empresa capaz de fornecer os produtos diários, mas também bolos de festa e receitas mais
elaboradas. “Nós prezamos muito pela qualidade dos nossos produtos e pelas matérias-primas que utilizamos”, complementa Gabriela.
Com esses conceitos entranhados, chegou a hora da expansão. Foram inauguradas novas lojas no Guará II, Águas Claras (Quadra 301 e Avenida Pau Brasil), Sudoeste, Noroeste e Asa Sul, sendo que a nova roupagem e o rebranding foram aplicados nas últimas quatro unidades. Mas a proposta de fidelizar os clientes permanece no DNA da empresa. “No início, meu pai dizia que toda criança que entrasse na loja, ganharia uma bala, para conquistar. Se a gente ganhasse o filho, ele sempre chamaria o pai para voltar”, relembra Gabriela.
Assim, uma das ideias para o futuro será a produção da Bala do Zé, um projeto que está sendo formatado pela família para criar as tão importantes experiências que o atual mercado pede, bem como aguçar memórias afetivas ao cliente.
Mais empreitadas podem surgir nos próximos anos. A família pensa em abrir novas lojas e manter o processo de inovação. Está no radar da Cinco Estrelas um ponto de venda express, com menos itens, mas com o mesmo padrão de qualidade e atendimento. A produção do Guará também pode ser trocada por uma indústria ainda maior, para que a demanda seja atendida. Inovar é o que os move.
Quando elas olham para trás e pensam no caminho trilhado, é impossível esquecer os esforços do passado. Eram tempos mais difíceis, quando a família chegou a morar no porão da loja. Daniel fazia pão, Margareth cuidava do caixa e as três irmãs, desde muito cedo, revezavam-se no balcão, atendendo os clientes. “Temos muita gratidão à educação e aos valores que recebemos dos nossos pais: fé, caráter e excelência em tudo que se propõe a fazer”, revela Samyra.
E a dona Margareth se empolga com as realizações e com tudo que construiu. “Eu fico muito grata, feliz demais, de elas serem tão empolgadas do jeito que são. Tudo que elas fazem é muito bem feito”, comemora. O legado de José Maria permanece vivo e próspero.
@cincoestrelascasadepaes www.cincoestrelascasadepaes.com.br
CAMARIM PRIVÊ
Ideia inovadora num formato funcional em ambiente harmônico e minimalista. Esta é a Casa Boho, um estúdio de beleza completo que funciona por locação de horas
Por Theodora ZaccaraA recepção é um mar de areia, clara, convidativa. O aroma que abraça logo na porta é de natureza pura, dança nas narinas um passo manso. No canto esquerdo da sala, o verde das plantas encontra os beges do décor, os marrons, o amarelo quente da iluminação indireta e o azul sagrado do céu de Brasília.
No coração da capital, a poucos minutos da Esplanada dos Ministérios, um pouco de Trancoso, de Tulum, de Bali. É a Casa Boho, e aqui, a viagem é para dentro. Inaugurado há poucos meses no Planalto Central, o empreendimento capitaneado pelo casal Christiano e Larissa Cunha casa inovação e simplicidade de um modo tão harmônico que não falha em ser genial: “chamamos de ‘camarim privê’”, entregam.
Dividido em quatro cômodos, o local funciona como um estúdio de beleza com acesso via agendamento apenas para aluguel do espaço, não há profissionais nem nenhum tipo de serviço fixo. “Suponha que você e suas amigas queiram se aprontar juntas para uma festa. O grupo contrata seus profissionais de preferência e aluga um lugar espaçoso, aconchegante, com iluminação pensada para maquiagem, diversas entradas para equipamentos de beleza e todas as conveniências necessárias para tornar esse momento mais aprazível”, pontua.
Com todos os outlets, soluções tecnológicas e estratégias de design para ser um "quarto da arrumação" saído dos sonhos, a Casa Boho dispensa os arquétipos "de menina", que costumam acompanhar o conceito e aposta numa cliente-mulher: decidida, atarefada, sem tempo para jogar fora. “Nossa consumidora é exigente, demanda excelência. Ela vive uma vida de muitos amigos, excessivos compromissos, poucas horas — e nenhuma delas para perder”.
Assim, a empreitada funciona não apenas para os momentos de puro lazer e euforia, entregando o pré-festa perfeito com direito a uma carta de drinks farta – “desenvolvida pelo mixologista Alex Ferreira, responsável pela coquetelaria do Universal Diner e do Na Mata! Releituras de clássicos
como o Negroni e a Gin Tônica” –, snacks on-the-go e, principalmente, uma estrutura ponta de linha que atende às necessidades de qualquer profissional de beleza. “Boho vem de boemia, de desfrutar com bossa até os mundanos momentos, de estar em conexão não só com o outro, mas consigo também”, elabora a proprietária, responsável por assinar o visual do estabelecimento. “Criamos uma zona inteligente, com cômodos que podem ser totalmente integrados um ao outro ou separados via cortinas e portas. Assim, cada área se mantém independente, sem excluir a possibilidade de conexão”, esclarece.
O espaço
O tour começa pelo hall de entrada único, um mesclado de tons claros que de pronto já te imerge num estado de deleite sensorial. Os cheiros, os toques são de natureza suave, e o sistema de som integrado fica às ordens da cliente. À direita, as bancadas Shine & Gloss separa um novo universo, dedicado a cabelo e maquiagem. O lavatório tem ajuste eletrônico de conforto e pequenos cubs se encontram por todos os lados. “Não importa quantos equipamentos sejam trazidos, desenvolvemos soluções que permitem que todos eles estejam sempre guardados de modo organizado”, certifica Christiano.
A poucos passos, a Sala Oásis tem pé no mundo wellness, e, além da maca para massagem, conta com uma mesa de consultório destinada aos profissionais da saúde estética. Assim, dermatologistas, nutricionistas e variados outros clínicos podem se sentir em casa.
Ao lado do bar, o Camarim Boho é o favorito das noivas: um cantinho de pura privacidade, com iluminação em tela tensionada e aparato perfeito para gravação de conteúdo. “Essa luz é muito usada na arquitetura, mas pouco explorada como alternativa para ambientes de beleza. É ideal pois não dá nenhum ponto de sombra”, ensina Cunha. “Sabemos que o dia do casamento começa com pura agitação, e que, muitas vezes, a noiva precisa de momentos de calmaria e paz para se sentir conectada com o presente. Esse quarto é nosso presente para ela”.
A ideia surgiu durante a pandemia, ao observar o quanto o segmento se transportou para o ambiente do lar. Em vez de irem até os profissionais, as clientes os recebiam dentro de casa. “Comecei a imaginar se já não havia algum modelo de negócio que se utilizasse dessa demanda e, após muita pesquisa, não achei nada que se assemelhasse à configuração que aplicamos hoje”, explica Christiano.
Para automatizar a experiência, reservas podem ser feitas com até 1h de antecedência no site oficial ou no aplicativo Casa Boho, e funcionam em sistemas de planos que quantificam bancos de horas. “Você pode adquirir nossos pacotes Timeless e Primer, que constituem 1h e 2h de uso do espaço, respectivamente, ou investir em nossas assinaturas mais longas, de 12h a 24h, que podem ser utilizadas no espaço de semanas ou meses”, relata o business man. Em tempos onde beleza é cuidado e luxo é tempo, nada como um espaço para se sentir acolhido – e em casa.
@casaboho.bsb www.casaboho.com.br
EXCELÊNCIA: LEGADO DE PAI PARA FILHOS
Por Marcella OliveiraQuando vinha acompanhar a construção de Brasília, Juscelino Kubitschek parava na Praça do Cruzeiro, no Eixo Monumental, o ponto mais alto da cidade, para observar a cidade que saía do papel. Anos depois, um pouco abaixo deste ponto, um pioneiro visionário ergueu, no coração de Brasília, um complexo que permite aos seus visitantes também observar a capital federal.
Era Arnaldo Cunha Campos. O empresário conheceu o conceito na Alemanha e encomendou um projeto com torres comerciais, hotéis, residencial com serviço, lojas, centro de convenções e muitas vagas de garagem para atender o público. "Sempre foi um sonho do meu pai, desde a aquisição do terreno até a escolha do parceiro para executar a obra e a definição de todo o projeto. Foi uma emoção ver nascer no ponto mais central da cidade o primeiro complexo multiuso de Brasília", relata Fabiano Cunha Campos, hoje à frente do legado do pai.
Arnaldo faleceu em 2020, vítima de Covid, mas deixou sua marca nos negócios e nas pessoas. Em frente ao Centro de Eventos do Complexo, voltado para JK, o busto do empresário serve como inspiração para todos, especialmente para seus filhos e netos. "Quando tenho que tomar uma decisão importante ou delicada, eu penso: 'o que ele faria?'. Ele foi meu guru e grande companheiro. Ter a oportunidade de trabalhar com ele por 37 anos foi uma oportunidade ímpar", diz Fabiano.
O empresário conduz, hoje, todas as unidades de negócios do Complexo, que completa 21 anos. "É uma satisfação imensa para todos nós do Brasil 21 chegarmos à maioridade com tanto reconhecimento pelos serviços que prestamos. Todos os prêmios nas áreas de hotelaria, gastronomia e eventos são um estímulo para continuarmos nosso trabalho", declara.
E são muitas conquistas. O Centro de Eventos é o mais premiado da região Centro-Oeste, com 18 prêmios Caio,
que é o mais relevante e reconhecido por todo o setor de eventos; a vacância de suas três torres comerciais e das lojas é das menores de Brasília e os seus três hotéis, geridos em parceria com a rede Meliá, foram considerados os melhores pela eleição do Tripadvisor, sendo o Meliá Brasil 21 incluído na lista dos melhores do País.
Para Fabiano, o segredo de estar sempre no topo do ranking da preferência de hóspedes e usuários do complexo está no tripé excelência na prestação de serviços, com treinamentos constantes, instalações de qualidade e sempre atualizadas, além de novidades tecnológicas e retrofits de atualização de acordo com as demandas do mercado em todas as áreas. "Vamos continuar fazendo trabalhos de retrofit e atualizações constantes para estarmos sempre na vanguarda e podermos atender da melhor maneira possível os nossos condôminos, usuários e clientes, sem esquecer todos os nossos valores", afirma.
O complexo
Localizado entre a Torre de TV e o Parque da Cidade, um destaque do Brasil 21 é o heliponto, com uma das vistas mais bonitas da cidade, tanto que não é utilizado apenas para pousos e decolagens de helicópteros dos condôminos, hóspedes e inquilinos das torres comerciais, mas também tem sido palco de pedidos de casamento. A gastronomia é um capítulo à parte. O restaurante Norton foi eleito um dos mais bonitos do mundo dentro de hotéis em concurso internacional e o bar Churchill confere uma atmosfera cosmopolita ao hall do Meliá Brasil 21.
A rede internacional Meliá administra as torres de hotelaria (a primeira rede internacional a se instalar em Brasília e que permanece até hoje gerindo os três hotéis). O empreendimento conta com outros parceiros de prestadores de serviço, como a Multipark (empresa nacional de gestão de garagens rotativas), a MC 2 (de automação predial), a Limpidus (com as equipes de limpeza e manutenção), além da Ágil (com os agentes patrimoniais, recepcionistas e equipes de segurança).
Sempre com o olhar para a inovação, foi o primeiro empreendimento a ter pontos de carga elétrica para veículos e conta com dois coworkings super sofisticados, sendo um voltado exclusivamente para a área de saúde. O complexo também movimenta a cena cultural e esportiva da cidade, sendo um dos principais parceiros de organizadores de shows, peças de teatro e jogos esportivos, especialmente pela sua localização central e de fácil acesso. "Isso permite uma ocupação também aos fins de semana, quando o público corporativo não está em Brasília", explica Fabiano.
Seus cerca de 500 colaboradores, entre os próprios e os terceirizados, trabalham 24 horas por dia, durante todos os dias do ano, para poder prestar o serviço de excelência pelo qual o empreendimento é reconhecido. "O trabalho de todos é para que continue sendo um marco na cidade, uma referência na qualidade de prestação de serviços e sempre oferecendo o que houver de mais moderno em termos de instalações e facilidades aos seus usuários", conclui Fabiano.
@complexobrasil21 www.complexobrasil21.com.br
A excelência do ensino norte-americano é realidade na capital federal. Fundada em 1960, a Broward International University Brazil chega com conceito inovador de educação internacional
CONHECIMENTO, E CURRÍCULO, SEM FRONTEIRAS
A transição do ensino médio para uma universidade é um momento de mudança, adaptação e planejamento. Para quem tem o sonho de estudar no exterior, os planos precisam ser cuidadosamente pensados, para evitar desencontros e frustrações, ainda que a pouca idade possa atrair certa indecisão. Estar longe de casa e sem a assistência dos pais e dos amigos pode dificultar ainda mais a jornada. Mas existem caminhos, especialmente para quem deseja alcançar um diploma norte-americano.
A excelência das universidades dos Estados Unidos atrai estudantes de todo o planeta. Segundo o departamento de estado norte-americano, são cerca de 914 mil alunos matriculados nas instituições de ensino superior de todos os 50 estados e territórios americanos. Para os brasileiros, a missão de concluir a graduação longe de casa requer preparação, burocracia e, é claro, investimento.
A partir de 2023, quem planeja estudar nos Estados Unidos poderá se matricular em uma operação inovadora no Brasil que se instalará em Brasília, a Broward International University Brazil (BIUB). As aulas serão ministradas presencialmente, em inglês, com o formato norte-americano. Após um período de dois anos, o estudante terá as ferramentas para ser aceito em uma universidade norte-americana, já tendo concluído 60 créditos. Na maior parte dos cursos de graduação, são necessários 120 créditos, em média.
Não se trata de um cursinho preparatório ou coisa parecida, já que os estudantes estarão, desde o primeiro dia, matriculados na Broward da Flórida, sediada em Fort Lauderdale, cidade que fica a 50 minutos de carro de Miami. Fundada em 1960, a Broward já formou mais de um milhão de estudantes. Coincidência ou não, esse também foi o ano de inauguração de Brasília.
As operações internacionais da Broward começaram há mais de 40 anos. Além do campus na Flórida, há operações internacionais presentes em 12 localidades diferentes, em países como China, Espanha e Peru. Mas é no Sri Lanka onde está a filial mais bem-sucedida, com mais de cinco mil alunos matriculados.
O advogado Joel Moreira, CEO da Broward Brasília, fala com entusiasmo do projeto que conduz. Afinal, segundo ele, é o melhor caminho entre o estudante brasileiro e um diploma de uma universidade americana. “A grande vantagem para o nosso aluno é ter a oportunidade de se adaptar ao modelo de educação norte-americano, sem sair do nosso País, ao lado da família e com o acompanhamento de um time capaz de ajudar nos primeiros passos rumo a uma formação internacional", afirma.
Em tempos de dólar acima de R$ 5, poder estudar uma parte do curso no Brasil se torna uma vantagem competitiva,
com a redução considerável dos custos com moradia, alimentação e deslocamento. "Além do fator financeiro, da adaptação, do amadurecimento dos alunos, outro importante diferencial é ajudar a construir um currículo para que nossos alunos sejam desejados pelas instituições de ensino superior nos Estados Unidos”, diz Moreira.
Grade
Dos 60 créditos a serem concluídos no Brasil, 36 são generalistas e se adequam ao currículo inicial de vários cursos. Em vez de se matricular em uma graduação com grade engessada, o aluno escolhe seus passos, dentro de quatro áreas de conhecimento: artes, exatas, humanas e biológicas. Dentro de cada um desses estudos, entram os outros 24 créditos.
Essa é uma vantagem em relação às universidades brasileiras, já que a migração ou desistência de cursos superiores no Brasil passa dos 50%. A situação é diferente do formato americano, em que os créditos podem ser aproveitados na nova área do conhecimento escolhida.
Para que o estudante faça as melhores escolhas, a equipe pedagógica está presente para ajudá-lo a traçar metas individuais e acompanhar seu desempenho. A cada semestre, as turmas viajam para os Estados Unidos e visitam campos de universidades para ajudar na escolha do local onde o aluno finalizará sua graduação.
Na segunda etapa o aluno pode terminar o curso na própria Broward em Fort Lauderdale ou optar por uma das mais de 5000 instituições de ensino superior dos Estados Unidos. Essa etapa depende dos parâmetros utilizados por cada uma das instituições, que passam por desempenho escolar, características pessoais e critérios subjetivos. O fato é que um diploma emitido por uma universidade norte-americana pode fazer toda a diferença em um currículo.
@browarduniversitybrazilGRUPO VOGA SE ASSOCIA AO BTG PACTUAL
Por Fernanda MouraEm 2017 nasceu a Voga. Como resultado da parceria entre os sócios Tiago Alvim, João Victor Beze e Daniel Cambraia, os anos de trajetória do grupo são definidos pela palavra dedicação. Agora, uma nova jornada será traçada. Após anos associados à XP, a Voga migra para o BTG, o maior Banco de Investimentos da América Latina.
O grupo abriu as portas em Brasília no Complexo Brasil 21 e, desde então, numa constante evolução. Em 2019, a sede do escritório mudou-se para a QI 3 do Lago Sul, um novo espaço cinco vezes maior, tornando-se a maior estrutura private do Centro-Oeste. Ainda em 2019, a Voga fechou o ano com um crescimento de mais de 200% e, hoje, detém mais de R$ 2,5 bilhões sob custódia.
"Nosso objetivo era distribuir investimentos e linkar os investidores ao que de fato interessa. Contudo, a Voga não se limita a ser apenas uma distribuidora, é muito maior que isso. É um ecossistema de empresas financeiras que se complementam", afirma Tiago Alvim.
A Voga sai de um parceiro para um sócio, o BTG. De acordo com Daniel, essa mudança aconteceu como consequência de um forte alinhamento de cultura. "Vimos soluções mais robustas, principalmente do ponto de vista de PJ, que é muito do nosso DNA. Vemos um futuro muito positivo".
"A XP nos atendeu muito bem, mas chegou uma hora que o nosso cliente precisava também de um serviço de banking mais amplo. Era o que faltava para nós", comenta João Victor.
Atualmente, o Grupo Voga conta com cinco empresas: Voga | BTG Pactual, Bluebridge Advisors, Bluemetrix Asset, BridgeHub e Voga Wealth.
Com relação aos planos futuros, os sócios afirmam que agregar os benefícios do BTG aos clientes, e consolidar Brasília como um novo complexo financeiro, atendendo às demandas e fortificando a bandeira, são apenas alguns dos diferenciais.
www.vogainvest.com
O dinamismo da publicidade digital revigora o mercado e traz novo visual à cidade. Nesta frente, PO Mídia expande para atingir dez milhões de visualizações a cada mês
A VISÃO DO FUTURO
Por Daniel Cardozo Fotos JP RodriguesBrasília está cada vez mais digital, com painéis gigantes de LED instalados em pontos com grande circulação de pessoas por toda a capital federal, como vias movimentadas e shoppings. É nesse nicho que a PO Mídia atua, com investimento em tecnologia e inovação na comunicação visual. Os investimentos chegarão a R$ 10 milhões até 2023, para gerar conteúdo para o consumidor e resultados para os anunciantes.
A PO Mídia é um braço das Organizações Paulo Octávio que administra painéis de LED nos quatro centros comerciais do grupo (Brasília Shopping, Terraço Shopping, Taguatinga Shopping e JK Shopping) e em vias importantes do Distrito Federal. Até 2019, a operação era terceirizada, mas chegou o momento de tomar conta desse nicho. O investimento inicial foi de R$ 2,5 milhões, voltado inicialmente aos terminais dentro dos shoppings. Veio a operação externa, que demandou outro aporte de R$ 4 milhões. E, para 2023, o valor chegará a R$ 10 milhões.
A nova fase da PO Mídia trouxe painéis de grandes proporções, como o de impressionantes 90 metros quadrados na fachada do Taguatinga Shopping, voltada ao Pistão Sul, em Taguatinga. Diariamente, passam por lá 2,5 milhões de pessoas. Outra tela está instalada no Brasília
Shopping, onde todos os dias circulam 1,7 milhão de pedestres e motoristas que serão impactados pela tela de 40 metros quadrados.
Também há LEDs instalados em Águas Claras, com potencial de visualização de 800 mil pessoas a cada dia, e no Setor de Indústrias Gráficas, onde há circulação de 700 mil pessoas. Nesses dois lugares, as telas possuem 19 metros quadrados, com a diferença de que em Águas Claras o painel é dupla face.
Os resultados impressionam: com os equipamentos atuais, são dez milhões de pessoas impactadas todos os meses, entre quem transita pelas vias e circula pelos shoppings do grupo, em seis regiões administrativas. As mídias totalizam 336 horas por mês de exibição de conteúdo. Os tempos de outdoors feitos de lona ficaram no passado. Os custos com impressão, instalação e retirada são consideravelmente mais altos e os anúncios, menos dinâmicos.
“Os painéis publicitários de LED são uma tendência no mundo inteiro. A vantagem é impactar o cliente de várias formas. Antes, a mídia estática permitia a exposição de só uma marca, mas agora é possível incluir diversos anunciantes por dia em lugares com grandes concentrações de pessoas”, explica Sidney Pereira Turchetto, diretor de mídia e malls das Organizações Paulo Octávio.
Um dos diferenciais da empresa é explorar novos nichos e não apenas no varejo. “Antes, o trabalho era focado em lojistas e salistas de shoppings, mas agora temos foco em instituições de ensino e clínicas, por exemplo. Ou seja, os anunciantes não são necessariamente aqueles que operam nos malls”, completa. O portfólio de clientes também foi incrementado com contas governamentais. Campanhas de vacinação e de utilidade pública, por exemplo, passaram a ser expostas nos painéis, em nome do Governo Federal e do Governo do Distrito Federal.
Mercado
Virada de ano é um período especial para as operações da PO Mídia. Afinal, o mercado está aquecido, com mais dinheiro circulando. “Nosso faturamento com anunciantes aumenta 250%”, comemora Turchetto. O executivo conta que existia resistência de alguns players do mercado em investir na publicidade digital. “Principalmente nas empresas geridas por pessoas pouco afeitas à tecnologia, mas esse pensamento tem mudado”, afirma. Essa mudança envolve também uma adaptação nas agências de publicidade, que precisam pensar em campanhas cada vez mais interligadas com as redes sociais. Se antes o conteúdo era estático, agora os LEDs dão dinamismo.
Uma estratégia de marketing eficaz deve mesclar diferentes tipos de canais, mas a gerente da PO Mídia, Marília Goulart, explica que existem especificidades no caso dos painéis de LED. “A mídia de elevador é sempre um tiro certo, porque as pessoas sempre vão, em algum momento, olhar para aquela tela. E, dentro do shopping, o consumidor está observando vitrines e mais propenso a receber publicidade”, opina. Nesse caso, um anúncio em um centro comercial pode ter eficácia de uma forma diferente das redes sociais. “Como consumidores que somos, muitas vezes cansa ver anúncios pagos na internet”, analisa. Nesse contexto, a mídia Out of Home (OOH) chega para impactar um potencial comprador em um momento favorável.
Para 2023, a tendência é continuar a expansão, com a instalação de painéis em outros empreendimentos, a exemplo da tela de 88 polegadas no PO 700, edifício na Asa Norte que abriga o Ministério da Saúde, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF), a Secretaria de Economia e a Secretaria de Saúde. As mídias devem ser implementadas ainda nos saguões e nos elevadores dos cinco hotéis do grupo: Brasília Palace, St. Paul Plaza, Kubitschek Plaza, Manhattan Plaza e Royal Tulip. A empresa abriu concorrência entre fornecedores parceiros. E os planos não param por aí, em breve, novas aquisições podem ser anunciadas.
@pomidia www.paulooctaviomidia.com.br
A NOVA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Por Paula SantanaUm dos marcos da Segunda Revolução Industrial, que começou no fim do século 19, foi o advento da eletricidade nos meios de produção, em substituição às máquinas movidas a vapor. Para garantir a sobrevivência e competitividade no mercado, as indústrias passaram a adotar a eletricidade em substituição ao carvão.
Adotada nas indústrias como uma forma mais barata, limpa e eficiente de produzir, a eletricidade tornou-se um ativo fundamental em qualquer companhia. A mesma analogia podemos fazer atualmente em relação à tecnologia: para permanecerem no mercado, todas as empresas deverão adotar a inovação tecnológica em seus processos e modos de produção.
“Da mesma maneira que todas as empresas se tornaram elétricas na Segunda Revolução Industrial para se manterem competitivas, todas as empresas daqui em diante se tornarão necessariamente digitais”, diz Denis Balaguer, diretor de inovação e do EY wavespace para América Latina Sul, durante palestra na Futurecom, maior evento de tecnologia da América Latina realizado em São Paulo.
Balaguer recorreu à História para explicar como os modelos de negócios em todos os setores estão em constante transformação e a necessidade de adaptarem e criarem oportunidades para um salto nos negócios, em especial com a implementação das novas tecnologias, como o 5G. A quinta geração da internet móvel obriga as empresas a
A inovação bate fortemente à porta das empresas. Até 2030, o consumo estará totalmente tecnológico. E não será somente a inteligência artificial, e sim o modelo de negócio
se adaptarem a um novo mercado consumidor, cada vez mais exigente e igualmente tecnológico. A palavra-chave para essa conquista é a inovação.
“Todo mundo sabe a importância da inovação. A dificuldade, às vezes, é saber por onde começar e entender como elaborar a estratégia do negócio”, diz Balaguer. “O problema não é a velocidade da mudança, mas entender o propósito da mudança para o negócio”, completa. E essa mudança não implica apenas na aplicação da tecnologia, mas no treinamento dos colaboradores, na análise dos rumos do setor ao qual está inserida a companhia e, principalmente, em entender os anseios do consumidor.
Quando se fala em inovação, não se trata apenas de tecnologia, mas ela é a força motriz dessas transformações. “Cabe a nós analisarmos o que deve acontecer no futuro em termos de organização e as decisões certas que devem ser tomadas por parte da empresa”, completa. Entre as tendências que devem ser levadas em consideração no ecossistema de negócios, hoje e no futuro, estão as novas práticas de sustentabilidade, as mudanças demográficas e um consumidor cada vez mais inovador e empoderado. Esse consumidor não se contenta mais apenas com aquilo que as empresas querem que ele consuma.
“Tudo isso são grandes desafios, mas também oportunidades para as empresas em sua jornada rumo ao futuro”, diz Balaguer, lembrando que o desafio é ainda maior às grandes e tradicionais empresas que estão no mercado há muito tempo e devem se adaptar para que não sejam tragadas em um mundo em constante transformação, como ocorreu com antigas fábricas de máquinas de escrever e máquinas fotográficas analógicas. “A disrupção não é provocada pela tecnologia, e sim o modelo de negócio”, explica Balanguer.
A grande virada
Segundo José Ronaldo Rocha, sócio da EY e líder de consultoria para Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações, muitas empresas devem desaparecer e surgir nos próximos anos em decorrência das exigências proporcionadas pelas inovações tecnológicas, mas não será um processo tão grave como ocorreu no passado com as gigantes de produtos analógicos, como a Kodak. “Será um processo mais natural do que aquele que ocorreu no passado. Pode-se não perceber a transição de um produto para o outro”, diz, citando os antigos iPods que foram gradativamente substituídos por novas tecnologias.
Para o pesquisador Paulo Rufino, o ano de 2030 é colocado pelos especialistas como um marco para o mundo presenciar a consolidação da quinta revolução industrial, que será estimulada por todas as possibilidades das aplicações a serem desenvolvidas em torno das redes móveis 5G e 6G.
Segundo Rufino, PhD Researcher em 6G na universidade de Aarhus, na Dinamarca, a rede 6G apresentará atributos como hiperconectividade (IoB), sendo inteligente, onipresente e focada em energia verde e eficiência. “Será humanizada, ultrarrápida, descentralizada e segura, inteligente e cognitiva, com novas tecnologias, heterogênea e de orquestração múltipla”. Nesse sentido, o 6G parte de um princípio diferente das tecnologias anteriores, buscando considerar aspectos humanos prioritariamente.
E se a tecnologia traz inúmeros benefícios, por outro lado é necessário estar atento aos possíveis problemas. Crimes cibernéticos e vazamento de dados sensíveis, de acordo com Solano de Camargo, presidente da Comissão de Privacidade e Proteção de Dados da OAB/SP. Camargo abordou as medidas jurídicas de proteção contra-ataques hackers, principalmente sobre a legislação brasileira, que, inclusive, são anteriores à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
“Os casos de má-fé são em menor número do que os casos de ataques. Temos notícia de órgãos públicos sendo atacados por hackers já há muito tempo”, observa Camargo. E ressalta: “a pandemia digitalizou o mundo todo, fez com que todos ficássemos cada vez mais dependentes da internet e, por isso, tivemos uma pandemia de ataques cibernéticos tão intensa quanto a pandemia da Covid”. Quem paga essa conta mesmo são principalmente as startups, que vão arcar com uma conta ainda maior quando entrar o marco civil da Inteligência Artificial.
UMA MÃOZINHA DA TECNOLOGIA
Um novo tempo chega para dar fim às dores lombares. Equipe composta pelo médico ortopedista Rodrigo Lima realiza a primeira cirurgia robótica de coluna na América Latina, aplicada a diversos tipos de lesões e traumas na região
Por Theodora ZaccaraDor. Substantivo primitivo. Visceral. Indelével. Sobrepõe-se a toda outra sensação, mascara o entusiasmo, contamina a felicidade, furta, tira, apaga. Viver com dor é viver sob condições, enxergando o mundo por uma lente deturpada, que rouba cores e embaça prazeres. Viver com dor é vida, mas que tipo de vida é?
Rodrigo Lima entende de dor. Médico ortopedista especialista em tratamento da coluna vertebral e lombar. Há décadas assiste diariamente aos impactos degenerativos causados por lesões na região – e sabe as consequências dessa brutal e sofrível batalha. “Os pacientes que chegam até mim sentem muita dor nas costas e, com isso, sofrem muitas limitações para executar atividades simples, como caminhar, pegar peso e até simplesmente permanecer sentados por longos períodos”, conta.
Para permanecer no poder, a dor se apoia no medo, no temor, na fobia do desconhecido. “Muitas pessoas ainda possuem uma visão arcaica do que a cirurgia na coluna é. Muitos pontos, recuperação difícil, agonias… isso está no passado”. E, graças à sempre surpreendente ajuda da tecnologia robótica, o passado está longe.
Em novembro de 2022, foi realizada, em Brasília, a primeira cirurgia robótica de coluna na América Latina. Com a assistência do sistema alemão BrainLab, a equipe de médicos do Hospital Santa Lúcia fez história: mínima invasão, poucos cortes, nenhuma lesão no tecido muscular. O início da era eletrônica é também o fim da era da dor.
Responsável por imaginar e fabricar o equipamento, a empresa de origem europeia trabalha há mais de 25 anos desenvolvendo soluções
que beiram o futurismo. Da ortopedia à neurocirurgia, a integração de artifícios inovadores como inteligência artificial e realidade mista – uma fusão de realidade aumentada e realidade virtual – tem numerosos benefícios, como uma constante coleta de informações sobre o status do paciente durante procedimento, inteligência artificial intuitiva para realizar movimentos de tratamento, menor exposição do paciente ao raio X e mais, cruzando a última fronteira em direção a uma medicina mais limpa, mais precisa e, ironicamente, mais humanizada. “Essa técnica e maquinário nos permitem ter acesso à zona problemática sem abrir de fato a coluna, de modo que a recuperação do paciente se torna extremamente mais rápida e agradável”, explica, e o vídeo publicado nas redes sociais do clínico verificam a afirmação.
Poucas horas após o procedimento pioneiro, o indivíduo, que antes vivia enormes aflições ao realizar tarefas do dia a dia, já não sentia mais angústia alguma. Sentou-se, levantou-se, surpreendeu-se. “Nenhuma dor, nenhum incômodo”, confessou no clipe. Após rápidas 24h de observação, foi liberado para sair do hospital… andando. “Além do tempo de internação ser consideravelmente menor, o pós-operatório é sumamente mais tranquilo”, garante o especialista. “A ideia dessa novidade é que, com o passar das semanas, você esqueça até que fez a cirurgia. Sua vida e cotidiano retornam a um normal tão sonhado”.
O preparo que precede a operação é importante tanto para paciente quanto para médico. Rodrigo, que se aprofundou em cirurgias minimamente invasivas por meio do programa de fellowship do Cedars-Sinai Medical Center, em Los Angeles, já estava familiarizado com a técnica, e teve facilidade na hora de dominar o equipamento – que tem intuição própria, mas opera exclusivamente sobre a orientação das mãos e olhos do médico. Ainda assim,
numa profissão em que o toque é um valioso e confiável instrumento, trocar o tato por uma manipulação robotizada é algo que exige estudo, atenção e treinamento. “É uma evolução muito grande, e com isso nosso mindset vai mudando um pouco”, afirma. “É necessário observar muito, e praticar mais ainda. Não obstante, o equipamento é bem intuitivo e prático, não é difícil pegar o jeito”, assegura. Após uma performance tão bem-sucedida, a técnica agora pode ser aplicada a diversos tipos de lesões, dores e traumas na região lombar, e é deveras recomendada a indivíduos que não tiveram sucesso com outras vias de tratamento. “No caso deste primeiro paciente, já havíamos tentado caminhos mais conservadores, como a fisioterapia e os medicamentos orais. Ainda assim, a dor não melhorava e o quadro só aumentava”, resgata. “Depois de efetuarmos uma bateria de exames, radiografias e um planejamento médico, confiamos que ele seria o caso perfeito para tratarmos com essa tecnologia. Inserimos os parafusos que alinham o posicionamento da coluna e em pouco tempo de cirurgia já havíamos concluído.”, resgata, entusiasmado com a perspectiva de um novo tempo para toda a cadeia de tratamento da coluna lombar. E, assim, dor, no more.
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O educador butanes Thakur S. Powdyel prega mundo afora que o verdadeiro crescimento de uma nação surge a partir do acesso a cultura, bem-estar psicológico, educação, filantropia e vitalidade
À PROCURA DA FELICIDADE INTERNA BRUTA
Por Eric Zambon Fotos Luiz FinottiO currículo de Thakur S. Powdyel é imponente a ponto de assustar de início: ex-ministro da Educação do Butão, ganhador de prêmios internacionais de pacifismo e educação e autor de obras sobre sua visão holística do mundo traduzidas para diversas línguas. Quando sua figura atarracada aparece para um almoço no restaurante Lago, em Brasília, com a reportagem da revista GPS|Lifetime e ele, sorridente, junta as mãos para uma reverência de boas-vindas, a sensação é de relaxamento.
Seja na túnica quadriculada, no tom de voz sereno, na fala calma e pausada ou no modo atento de ouvir seu interlocutor, Powdyel quebra qualquer estereótipo – principalmente brasileiro – de um político tradicional e se impõe como um pensador. Seu nome costuma estar associado à Felicidade Interna Bruta (FIB), um conceito criado em seu país na década de 1970 como forma de indicar o crescimento de uma nação com base, além de aspectos econômicos, no acesso a cultura, bem-estar psicológico, educação e vitalidade. O ex-ministro ajudou a implementar isso no sistema de ensino do seu país e tenta espalhar a abordagem pelo planeta.
"Vivo a vida com dois princípios como educador: esperança e possibilidade", resume, acrescentando que o único caminho de integração e evolução das sociedades modernas é por meio da formação intelectual dos jovens. "O mundo não é perfeito. Mas com seus esforços e das pessoas próximas a você é possível, sim, fazer dele um lugar melhor. Se você abandona isso, não há sentido em construir escolas. São nelas que os jovens adquirem esperança de se tornarem pessoas melhores. E é por isso que faz sentido ir para a escola, para a universidade etc. Quando se perde esse propósito, estamos acabados", acredita.
Powdyel esteve no Brasil para palestrar no Congresso Internacional de Felicidade, realizado em Curitiba, e para visitar, em Brasília, acompanhado de Carla Furtado, do Instituto Feliciência, a Escola da Árvore, no Lago Norte. O centro educacional, por sinal, bebe bastante do conceito de Green School que o butanês apresentou entre 2009 e 2013 em seu país, quando exerceu o cargo de ministro, e implementou o ensino em oito dimensões: ambiental, intelectual, acadêmica, social, cultural, espiritual, estética e moral.
Em solo candango, ele se deliciou com a liberdade dos meninos e meninas, que desfrutaram de bastante autonomia e desinibição para pedir que ele retirasse os sapatos ao adentrar uma sala de aula, por exemplo. Esses pequenos detalhes pareceram encantar Powdyel mais do que conversas complexas sobre crises e modelos socioeconômicos. Não que não sejam importantes, mas a simplicidade e franqueza das reações de uma criança parecem fasciná-lo mais. Talvez a explicação esteja em sua visão crítica sobre sistemas de ensino mundo afora e a elitização de direitos básicos dos alunos. "Nem tudo o que acontece em nome da educação é educação", avisa. "Ela é feita para tornar as pessoas nobres, graciosas, generosas, pacíficas e harmoniosas. Mas hoje em dia é cada vez mais um negócio, uma indústria. Perdemos o senso de prioridade e isso talvez explique a sociedade. Meu desejo é que a educação volte a ser o que ela deve representar", reivindica.
Feitos de sua jornada pela educação e suas qualificações profissionais desde a década de 1970 podem ser encontrados com certa facilidade pela internet. No almoço vegetariano que compartilhou com a reportagem, contudo, o ex-ministro fez questão de corrigir uma informação que consta em quase todos os resultados: o Butão não é o país mais feliz do mundo. O próprio Powdyel reconhece que, mesmo pelos critérios da FIB, o pequeno país monárquico do sul asiático – em dimensões, é menor do que o estado do Rio de Janeiro e, em número de habitantes, menor que Brasília – sequer está no Top 10.
Na verdade, uma busca rápida em mecanismos especializados vai mostrar que esse título pertence a algum país escandinavo, como Dinamarca ou Finlândia, a depender do ano e do critério adotado. Ele corrige, porém, que o Butão é uma das nações que mais buscam esse conceito no planeta e vem tomando esforços há décadas para difundir isso. Segundo ele, o caminho não é outro senão uma educação humana, cidadã e edificadora em todos os aspectos dos jovens.
Sem nenhuma autocomiseração, ele explica a visão dele sobre como isso pode ser alcançado resgatando uma história de sua formação acadêmica. Conforme relata sua suposta tolice à época, parece se divertir mais e mais com
“O mundo não é perfeito. Mas com seus esforços e das pessoas próximas a você é possível, sim, fazer dele um lugar melhor”
o quão ignorante já foi. Powdyel relata que, no Butão, é costumeiro universitários recém-formados ou prestes a colar grau realizarem uma espécie de serviço comunitário sob tutela do governo nacional. Na vez dele, há mais de 40 anos, deixou a capital Timbu rumo ao oeste do país asiático para ajudar vilarejos com difícil acesso a recursos da cidade grande.
"Eu cheguei pensando que era o salvador deles, mas depois de um tempo você percebe que todos sabem cuidar de suas vidas muito bem sem você. Muitas vezes, nós precisávamos de itens de higiene e outros e eram eles que iam até a cidade mais próxima arranjar para nós. Eles que nos salvavam", diverte-se o butanês. Segundo ele, isso fez crescer um enorme respeito por comunidades que mantém a originalidade e ainda se prendem a suas raízes, como vários povos indígenas.
"Conhecimento é importante, mas nunca pode virar arrogância. Eu aprendi isso. Podemos ter informação, mas de nada serve se não tivermos entendimento pleno das coisas. Muitas vezes não é sobre os livros, mas sobre a experiência de vida. O universitário acha que aprendeu tudo e pode resolver todos os problemas. É uma visão linda que os define e é importante para que depois haja esse processo de evolução", pontua.
A serenidade com que Powdyel compartilha – e essa é a palavra correta para definir uma conversa com ele – seu conhecimento torna fascinante tudo o que ele diz.
A Felicidade Interna Bruta (FIB)
A FIB foi incorporada como indicador pela Organização das Nações Unidas (ONU) para que as análises sociais e de desenvolvimento dos países pudessem ser mais abrangentes. A expressão foi cunhada a partir do Produto Interno Bruto (PIB), que, em miúdos, mede a riqueza e atividade econômica de determinado país.
O conceito original da FIB remete a contratos sociais estabelecidos no Butão ainda no século XVII, baseados em ensinamentos e preceitos da religião predominante daquela nação, o budismo. Já nos anos 1700, a monarquia do pequeno país asiático começou a promover leis baseadas no conceito amplo de felicidade, mas foi apenas em 2006 que o FIB foi oficialmente adotado pelo governo real do Butão e tratado como meta da gestão do rei Khesar.
Apesar de tentar metrificar a felicidade em nove dimensões, o FIB trabalha, na verdade, com 72 indicadores, divididos entre os seguintes tópicos: bemestar psicológico, ecologia, saúde, educação, padrão de vida, uso de tempo, vitalidade comunitária e boa governança. Alguns desses indicadores são intimamente ligados à filantropia e à liberdade de expressão, como disponibilidade para apoio social e confiança na imprensa. A felicidade pode ser mais complexa do que efetivamente se sentir alegre. O coletivo é fundamental.
DENISE STOKLOS
O GESTO DAS PALAVRAS
No destino artístico é possível reunir três forças da natureza. Denise, Elis e Clarice. Corpo, voz e escrita. A existencialidade permanente que jamais morre na alma
Um encontro casual entres três artistas. Denise, Elias Andreato e Wellington Andrade. Da fusão criativa destes mestres da dramaturgia nasceu o mais recente espetáculo da multiartista Denise Stoklos, Abjeto-Sujeito: Clarice Lispector, em turnê pelo Brasil. A intenção desde o início era não classificar Clarice, aquela figura hermética construída ao longo dos anos por entusiastas esmerados em desvendá-la. A tríade queria a transparência, a essência da escritora. Para pontuar a intensidade de suas narrativas, a música de Elis Regina. Duas mulheres vítimas da morte corpórea, mas pertinentes com os dias atuais, cujo efeito em vidas ainda é permanente e existencial. A busca por algo supremo e próximo de nossa alma. “Clarice e Elis sempre serão uma continuidade”, pontua Stoklos.
No palco, esta celebração rememora o convite de Fauzi Arap para criar um espetáculo com textos de Clarice Lispector. Stoklos, idealizadora do teatro essencial, entendeu que era chegada a hora de mergulhar na obra clariceana sem amarras como convém a uma artista que nunca fez do palco um lugar de teatralidades superficiais. O resultado é uma investigação de um novo corpo dominado pelo gesto com a densidade da voz. Três mulheres reunidas em corpo, intenção e espírito. Em entrevista à GPS, a atriz discorre sobre etarismo, família, tecnologia, juventude e arte. Inquieta e atlética desde a infância, circundou o mundo, estudou mímica, malabarismo, acrobacia e clown. Fez do corpo o seu instrumento de trabalho em espetáculos solo. Jornalista, socióloga, mãe de dois filhos e avó de duas meninas. Stoklos sempre estará em seu melhor momento.
Paula Santana – Antes de Clarice, você decidiu interpretar Elis Regina, logo após a sua morte. Qual o sentido dessa decisão à época?
Denise – Foi no embalo daquela saudade tão repentina, da falta daquela mulher. Por um acaso, eu quase a conheci pessoalmente. A assistente de direção do espetáculo que eu fazia com o Antônio Abujamra era afilhada dela e disse: “vou te apresentar a Elis”. Combinamos de eu ir até a sua casa, mas não deu tempo. Então eu pensei: ainda tenho um encontro marcado com ela.
PS – Nessa época dos anos 1980, você esteve na África, estabeleceu-se em Londres. Uma das suas filhas estava nascendo, você ascendia profissionalmente, e de repente retorna e encontra um Brasil impactado pela morte da cantora. Foi uma catarse?
Denise – É, eu pensei que a única coisa que faltava naquele momento para Elis era o seu corpo, porque a voz dela estaria aí, eterna. Então eu daria este corpo no espetáculo. E proporcionaria para as pessoas, que diriam: "vou sair de casa para ver o show da Elis".
Gilberto Evangelista – E como foi?
Denise – Eu estava saindo da escola de mímica, então foi um espetáculo extremamente corporal. Coisa que eu fui deixando ao longo do tempo, juntando voz com gesto. E agora estou chegando nesse estágio, em que eu quero alcançar o momento em que eu possa não falar nada, não mexer nada no palco e ainda ser teatro, só pela presença dramática. É uma coisa difícil. Por isso esse espetáculo atual não tem tantos malabarismos de gestos. Existe a presença do texto, do papel, que era o mundo da Clarice (Lispector).
GE – É como se fosse uma relação com o papel. Você o toca de um jeito… seus movimentos são um levantar de sobrancelhas.
Denise – É como se eu estivesse acabado de datilografar e estivesse lendo e me revelando a cada frase que eu lia. Tanto que, há um momento em que ela (Clarice) fala de que tem vontade de lamber a barata esmagada. E eu lambo o papel, porque o papel é a barata.
GE – Clarice Lispector e Denise Stoklos são atemporais.
Denise – É um espetáculo para este momento, porque ele é profundo, é sobre o eu, é sobre o valor de ser. São coisas que há algum tempo a gente talvez não pudesse fazer, porque seria muito texto, profundo e chato. Mas agora existe o desejo coletivo de refletir sobre nós mesmos. Então dá para arriscar um espetáculo denso.
GE – E como tem sido a turnê?
Denise – Estou elogiadíssima de ter sido chamada para Brasília. Eu considero o Festival Dulcina um ato de resistência. Porque não estão acontecendo eventos assim no Brasil. Há uma dificuldade enorme. E sei que o público de Brasília adora teatro. Eu sempre fui tão bem recebida.
PS – Nesta sua nova fase você traz o silêncio físico e ao mesmo tempo preenche o palco. Como você consegue esse domínio de palco, trabalhando sempre solo, dirigindo, encenando e prendendo a atenção do início ao fim?
Denise – Eu acho que são as transformações estéticas que vão ocorrendo com o artista, onde ele vai se adaptando às suas etapas. O mestre Cunningham dançava até os oitenta e tantos anos, adaptado ao corpo que ele ganhava com a idade. Era magnífico! É interessante porque isso nos mostra que todo ser humano tem sua expressão de corpo, de estilo, de comunicação. O Hélio Pelegrino quando perguntado o que é mais importante na peça, ele diz: "o outro". Porque o outro sou eu, e eu sou o outro.
PS – O seu trabalho, ele tem uma convergência de opostos?
Ao mesmo tempo que você precisa da catarse, você também utiliza a técnica.
Denise – É justamente na presença. Entender que o que estou fazendo precisa ter sentido pra cada um que está na platéia e foi ao teatro buscar algo que transformasse a sua vida.
GE – Multiartista que é... como enxerga hoje a produção teatral?
Denise – Acho que atravessamos um período político de dificuldades para colocar teatro em cena. A produção teatral dos jovens está imensa e variadíssima, com diversas propostas estéticas. Nós precisamos dessa diversidade e eu acredito muito nas novas gerações.
PS – O que você aprende com os seus alunos e o que você degusta da sua platéia?
Denise – Eu aprendo muito com os meus alunos pela coragem que eles têm em abordar qualquer tema e dedicar-se a eles com profundidade de entrega. Eu acho que arte é um comportamento que veio de herança da ditadura militar, dos resistentes. E está aí o resultado: essa geração acredita. Tudo isso chega para mim como um presente, um orvalho, um vento gostoso que só me inspira. Eles são muito respeitosos e extremamente afetivos comigo.
GE – As mídias digitais e todo o impacto de conteúdo que ela tem na rotina dos jovens te incomoda?
Denise – Eu acho tudo isso válido, porque mostra a velocidade de comunicação. Logo tudo é superado, assumido, aceito, mas em seguida já vem uma nova fase. E vem outra.
Eles estão sempre desenvolvendo técnicas cerebrais. Eu acredito que esse tipo de informação eletrônica tem um alcance bem maior daquilo que a gente só vê na superfície.
PS – Os analógicos têm uma certa dificuldade em encontrar beleza nessa superficialidade. Porque esta geração chamada Z está programada para viver somente o agora. Você não questiona esse modelo?
Denise – Eu acho que eles estão mais inquisitivos. E eles falam tudo “na lata”. Dizem o que quer que seja que estão pensando, sem problemas de autoritarismo. Eles interpelam, solicitam respostas para os seus próprios crescimentos e eu acho isso maravilhoso. Antes havia apenas o respeito. Eu considero isso um avanço.
PS – Com todas as acrobacias ao longo da sua jornada, você sente dor no corpo?
Denise – Ainda não. Sempre fui muito atlética desde cedo. Sou de Irati, Paraná, cidade pequena... fazia barra com os meninos, jogava futebol e vôlei na escola. Nasci com essa vontade.
GE – O etarismo está em voga. Como você lida com a idade e o corpo, que é seu instrumento de trabalho, e suas limitações?
Denise – Sou natureba total. Nunca fiz intervenção estética. Achei que era o melhor jeito de ir convivendo comigo. E esses dias eu ouvi: “esse meu corpo é o corpo que tenho desde neném, então ele é muito meu, todo meu, e ele carrega a minha história”. Isso é lindo. É o que eu faço com as minhas rugas e peles. Elas servem para as minhas netas brincarem com a minha pele.
Líder nos vetos de música na ditadura militar, o cantor brega dos anos 70 tornase cult aos cinquenta anos de carreira e oitenta milhões de discos vendidos
ODAIR JOSÉ “NÃO CONTO HISTÓRIAS, VOU
NA FERIDA”
Por Danilo CasalettiAos 74 anos de idade e mais de cinquenta de carreira, o goiano Odair José carrega muitos rótulos. O mais cruel: o de brega, dado por intelectuais que torciam o nariz para suas canções românticas que dominavam as paradas de sucesso e faziam dele campeão de venda de discos nos anos 1970.
Com o passar do tempo, foi reconhecido como cult pelo disco O Filho de José e Maria, de 1977, pelo qual foi achincalhado pela crítica, mas redescoberto pelos fãs mais jovens que agora frequentam seus shows. Neste 2022, seu primeiro hit, Vou Tirar Você Desse Lugar, completa cinquenta anos.
Um dos campeões de vetos da censura na ditadura militar, Odair sempre esteve perto do povo. Cantou para prostitutas, mulheres separadas, homossexuais, trabalhadoras domésticas. "É minha forma de participar do mundo como ser humano", diz ele.
Hoje, de vida pacata e tranquila ao lado da mulher, Jane, com quem vive há quarenta anos, tem agenda constante e divide palco e músicas com personas como os cantores e compositores Otto e Arnaldo Antunes.
Com Antunes, Odair compôs seis letras para o longa-metragem Meu Álbum de Amores, dirigido por Rafael Gomes. Nesta trajetória, lançou mais de 40 discos, vendeu oitenta milhões de cópias e escreveu cerca de 400 canções.
A plateia jovem está sempre te descobrindo, não?
Eu comecei a observar melhor o meu trabalho depois que esta geração olhou para mim. Muitos vão pelo disco Filhos de José e Maria. Hoje, vejo qualidade até onde eu não via antes, até no meu primeiro trabalho. São álbuns muito bem gravados.
O que te perturbou mais durante a carreira: a censura moral ou o preconceito intelectual?
A moral, sem dúvida.
Os intelectuais te chamavam de brega...
Um absurdo. É ofensivo. O cara que diz isso é mal-intencionado ou não entendeu nada. Até onde eu sei, brega é algo de mau gosto. Eu pensava: não estão olhando direito para o meu trabalho. Ele pode não ser tão genial, mas também não é ruim. Há muita gente pelo Brasil afora que prefere ouvir Odair a Chico Buarque. Chico faz coisas que eu nunca vou fazer, mas meu trabalho atinge pessoas que o dele não atinge. É preciso respeitar.
O seu estilo romântico sempre foi cheio de mensagens, não?
Sim, é um romântico investigativo. Certa vez, o Caetano disse que meu iê-iê-iê era realístico. Não conto histórias, vou na ferida. Não tem "eu te darei o céu" e sim "essa noite você vai ser minha". Isso, talvez, venha da minha vivência nas boates, no início de carreira.
Mas, e esse olhar humano, de trazer para sua música as prostitutas, mulheres separadas, casais homoafetivos?
É algo meu. Até hoje sou assim. Me sinto bem. É minha forma de participar do mundo. Faço uma reportagem musical. Lembro que, nos anos 1970, eu conversava com o Raul (Seixas) de que forma poderíamos colocar nosso trabalho na boca do povo. Já existia a Bossa Nova, a Tropicália, a Velha Guarda, a Jovem Guarda. O que poderíamos fazer? Achamos nossa maneira.
Há uma máxima lendária de que você e o Evaldo Braga, nos anos 1970, bancavam o pessoal da chamada MPB, que tinha muito prestígio, mas não vendia discos. É isso mesmo?
“Eu comecei a observar melhor o meu trabalho depois que esta geração olhou para mim”
Isso é fato. Comecei na CBS (gravadora), que detinha 80% do mercado de discos. Eu vendia cerca de 15, 20 mil discos. O Roberto Carlos vendia 150, 200 mil. Quando eu gravei o compacto com a música Vou Tirar Você Desse Lugar, no primeiro trimestre de 1972, vendeu um milhão de cópias. Eu já não tinha mais contrato. Passei, então, a ser disputado pelas gravadoras. O que eu queria era sair do esquema de som da CBS, que queria algo padronizado em cima do que o Roberto fazia. Queria fazer algo como Neil Young e Cat Stevens. A Philips me ofereceu uma grana boa, um adiantamento que daria para eu comprar um apartamento à vista no Rio e um carro. Eu não quis. Disse que queria fazer meu disco e que ninguém se metesse nele. Eles permitiram. De 1972 a 1976, fui um dos caras que mais venderam discos no Brasil.
No Festival Phono 73, que juntou o elenco da Philips, como Gilberto Gil, Elis Regina, Chico Buarque, Gal Costa, Maria Bethânia, Jorge Ben Jor. Você fez dueto com Caetano e foi vaiado.
Eu sabia do evento, mas pensava que não fosse participar, porque era algo ligado à MPB, e eu era considerado um cara de rádio, popular. Eu nem tinha tempo, fazia trinta shows por mês. O convite partiu do Caetano. Fui me encontrar com ele no interior de São Paulo. Ele me disse que queria cantar só com o violão. Perguntei o que íamos cantar. Ele disse: menos a da pílula (Uma Vida Só). Ele não gostava dessa. Pediu para cantar Vou Tirar Você Desse Lugar Naquele momento, achei legal, mas confesso que não vi
como algo importante na minha carreira. Tanto que o André Midani (presidente da Philips no Brasil), quando soube das vaias, me ligou de Paris. Ele percebeu que eu não estava nem aí para aquilo. Ele me disse: "Odair, isso vai ficar para sempre na sua vida". E ficou.
Como era sua relação com esse pessoal da MPB?
Convivi muito com eles, nos estúdios, nos corredores. Naquela época, todo mundo gostava de jogar bola. Eu tinha um terreno na Barra da Tijuca, onde fiz um sítio com campo de futebol. A gravadora também tinha um campo. Jogava com Chico, Ivan Lins, Gil. Era uma convivência boa. Todos educados. Eu conversava muito com o Tom Jobim, a gente se encontrava em um restaurante lá no Rio.
Falavam sobre música?
Não, raramente. Por conta do sucesso de minhas músicas, às vezes, isso gerava algum tipo de brincadeira. Sempre com respeito. Certa vez, no pátio da gravadora, a Elis estava lá com o filho mais velho (João Marcello Bôscoli). Ela me chamou. Fiquei meio receoso, ela era sempre muito direta. Ela veio até mim, com o filho pendurado na saia, e disse para ele: “você não gosta do cantor da pílula? Olha ele aí”. Você mandava música para esse pessoal gravar?
Sempre compus para eu cantar. Uma vez, mostrei uma música para a Gal, no início de 1972. Se chamava Eu Gosto Dele. Achava que era a cara dela. No mesmo dia, o Raul Seixas também mostrou uma composição. Ela não gravou nem a minha nem a dele.
O disco Hibernar tem a música chamada Rapaz Caipira A letra fala de um cara que chega a uma cidade grande e se depara com "uma bandeja de pó e cerveja". Você passou por isso?
Sim. Gosto muito dessa música. Não é uma crítica, e sim um alerta. Eu, quando cheguei de Goiás, não bebia nem fumava. Estava estressado. Comecei a beber muito. De repente, me vi usando drogas. Fumava maconha, cheirava cocaína. No começo, era legal. Depois, foi um grande estrago na minha vida. Não conseguia mais ser respeitado profissionalmente. Foi um período que começou em 1976 e durou uns vinte anos.
Há uma nova geração de artistas de Goiás, muitos no sertanejo pop. Como você vê essa cena?
Sei que eles fazem muito sucesso. Levam multidões por onde vão. Não acompanho. Tentei ver alguma coisa. Confesso que gostaria que fosse um trabalho com mais qualidade no nível de produção. São músicas que daqui a um ano ninguém se lembra mais. Mas é preciso respeitar o gosto do povo.
MARIANA XIMENES
A ELEGÂNCIA DO EQUILÍBRIO
Uma das carreiras mais consistentes da televisão brasileira, construída de maneira efetiva e incessante, consolida a atriz e suas múltiplas virtudes
Por Marcella Oliveira Fotos Giselle Dias"Respeito muito minhas lágrimas… Mas ainda mais minha risada… Inscrevo, assim, minhas palavras". É citando os versos de Vaca Profana, letra de Caetano Veloso eternizada na voz de Gal Costa, que a atriz Mariana Ximenes descreve como se sente aos 41 anos. "De alma lavada". Demonstra ter encontrado o equilíbrio. Especialmente nas pausas na vida atribulada. "Para entendermos onde estamos e para termos clareza em como seguir a jornada".
Depois de emendar as gravações da novela Nos Tempos do Imperador com seu programa, Happy Hour com Mariana Ximenes, e com a série da Turma da Mônica, a atriz ficou fora por alguns meses. "Viajei, visitei amigos, revisitei lugares que amava, conheci outros, trabalhei também. Esse tempo – os silêncios, as aventuras, o novo – trouxe uma conexão maior comigo mesma, aguçou meus instintos e me deixou ainda mais pronta para este novo ciclo que começou ano passado", revela, referindo-se a passagem dos quarenta anos.
"Sou cuidadosa e gosto de cultivar minhas amizades"
Envelhecer não é um medo para a atriz. "Quero envelhecer com lucidez, com boas decisões, rodeada por afetos, colecionando histórias e amigos, tendo consciência do que é meu desejo e do que talvez seja algo que eu esteja fazendo para atender uma expectativa alheia. Assim posso ser cada vez mais fiel a mim. O passar dos anos é transformador. Quero continuar seguindo inteira, amadurecendo, experimentando, mostrando que a idade não é barreira para nada", declara, citando mulheres que admira, como Fernanda Montenegro, Meryl Streep, Jane Fonda, Angela Davis, Clarice Lispector e Viola Davis.
Equilíbrio também sempre foi preciso em relação às cobranças externas. "Nós, mulheres, somos muito cobradas desde que nascemos. Nos desvencilharmos disso é muito difícil", diz. E complementa: "Falamos tanto sobre a mulher ter liberdade para fazer escolhas, estamos avançando neste aspecto. Mas, ao mesmo tempo, ainda querem que nós tenhamos aquela família tradicional: casar, ter filhos, criar os filhos… Eu não tenho nada contra, mas há mulheres que não vêem nisso o ápice da felicidade. Eu quero sim ter filhos, mas ainda não aconteceu".
No caso de Mariana, a cobrança externa veio com o agravante de ser uma pessoa pública e ter vivido todos os desafios que o amadurecimento traz sob os holofotes. "Mas acho que também tentava colocar isso em perspectiva para não ficar refém dessa cobrança e desse olhar. Esse é o ônus, se é que eu posso colocar assim, de ganhar a vida fazendo o que eu amo. Sempre me preservei muito também, o que fez com que o público e a imprensa respeitassem esse espaço mais privado", analisa. Equilíbrio também busca nos cuidados com mente, corpo e alma. A alimentação é balanceada, mas de vez em quando escuta seus desejos. Faz musculação e ioga. Cuida da pele e não vê problema em se render a alguns tratamentos corporais. "Precisamos ajudar a genética (risos)". Meditação está na rotina diária. E, claro, o respiro para a mente: "visito exposições, tiro um tempo para deitar numa rede e ler um livro, vejo filmes, séries, vou ao teatro, adoro curtir um show. Procuro me nutrir de tudo que me instiga, que alimenta a minha alma também".
Foi em busca do equilíbrio que sobreviveu à pandemia. "Ela foi muito dura. Mexeu muito comigo pessoalmente e profissionalmente." Perdeu pessoas próximas e queridas, sofreu com a distância da natureza e por não poder reunir os amigos. "Fiquei sem mar durante sete meses. Quando fui ao Rio trabalhar, e a Roberta Sá me levou para dar um mergulho, eu chorei. Foi uma emoção ter contato de novo com água salgada, o cheiro, a sensação".
Sensível ao falar da natureza, vem à tona no papo como a causa ambiental a toca. "No meu dia a dia, procuro marcas sustentáveis, evito o consumo desenfreado, adoro moda de brechós, por exemplo. Assim vamos mudando a mente das pessoas, mostrando que dá para fazer diferente", acredita. Por duas vezes, fez a campanha Não Esqueça Mariana, para cobrar os responsáveis pela tragédia com a barragem em Minas Gerais. Em 2022, participou do Ato pela Terra, que cobrava que os projetos conhecidos como Pacote da Destruição fossem barrados. "O que estamos deixando para as próximas gerações? Não podemos usufruir de tudo sem nos preocuparmos com o todo, sem nos preocuparmos com a finitude dos recursos naturais. Precisamos usufruir do que a natureza oferece com responsabilidade, de maneira mais pacífica e sustentável", defende.
Em ação
Mocinha, vilã, engraçada, sensual, de época. Ana Francisca, Clara, Bionda, Tancinha, Condessa de Barral. Quantas Marianas temos conhecido ao longo dos seus mais de vinte anos de carreira. Em 2022, foi possível, em determinado período, assistir três versões dela no ar: em Ilha de Ferro , A Favorita e Chocolate com Pimenta . "Para mim, é muito bom olhar para esses trabalhos e me ver de maneiras tão diferentes. Para o ator, isso é um desafio maravilhoso", confessa.
Mais do que sua beleza física – e as mudanças de visual que muitas vezes uma trama exige –, Mariana entrega às suas personagens também suas emoções. "Gosto de traçar um perfil psicológico de cada personagem e quem trabalha isso comigo é a Kátia Achcar, que é psicanalista e vai encontrando os caminhos para aquela pessoa vir à tona. Porque é isso: cada uma é a pessoa com quem vou conviver por alguns meses", conta.
Enquanto colhe os frutos de 2022, Mariana analisa projetos para 2023. "Estou estudando algumas propostas e muito animada com a possibilidade de voltar a atuar, seja na tevê, no cinema ou no streaming", diz, sem adiantar muito.
Paralelo ao trabalho de atriz, Mariana também transita pela moda. "Moda é expressão, é comportamento. Não é apenas uma roupa, é o que a gente comunica ou quer comunicar com aquilo que está vestindo. É o que os estilistas e as marcas almejam ao criarem uma coleção. A moda é também um reflexo do seu tempo, como toda manifestação artística", analisa.
Em novembro, esteve na primeira fileira no desfile da Dior na Semana de Alta-Costura de Paris. "Pude conhecer a Maria Grazia Chiuri, diretora criativa da Dior, no fim do desfile. Acho ela uma mulher muito forte, com ideias na moda bastante progressistas, que fala sobre feminismo, sobre a força da mulher. Viver aquele momento foi mágico", relembra. "Temos coisas lindas sendo feitas no Brasil também. São Paulo é uma cidade que me permite viver essa relação com a moda, o design, a arquitetura, com a arte de uma maneira geral de maneira bem próxima", afirma.
Prazer, Mariana
Em 2022, mais do que seu talento para viver personagens, conhecemos melhor a Mariana pessoa. Elegante e clássica, doce e carinhosa, inteligente e sagaz. Divertida e dona de uma risada gostosa, seus papos na série Happy Hour, da GNT, aproximaram-nos dela. "Foi a primeira vez que o público me viu em uma posição em que eu não estava interpretando uma personagem. Foi uma experiência bem diferente para mim".
Foi uma oportunidade de reencontro com amigos após a pandemia. Ainda mais para um drink. O seu preferido? "Depende da ocasião", diz, aos risos. "Eu adoro o Martini e suas versões. Acho um charme a maneira como ele é servido, sem contar que é um drink que aparece muito no cinema e na literatura. Mas também o Manhattan, que eu aprendi com o programa e ele entra numa cena antológica da Marilyn Monroe, Tony Curtis e Jack Lemmon em um dos filmes que eu mais gosto na vida: Quanto Mais Quente Melhor", revela.
Aliás, seu jeito extrovertido e carinhoso com os convidados do programa revela como Mariana é. "Sou cuidadosa e gosto de cultivar minhas amizades, meus laços afetivos. Adoro receber em casa, por exemplo, promover encontros, agregar pessoas em volta de uma boa mesa", conta.
Esse carinho se reflete em suas redes sociais. Quem acompanha vê como ela enaltece os amigos. E, claro, é uma forma de ela se conectar com seus fãs. "Minha relação com as redes sociais está cada vez mais natural. Eu gosto de estar ali, de ter essa relação mais direta com o público", confessa, sobre as postagens em que mostra seu dia a dia, suas viagens, o que gosta de ver, ler, assistir e ouvir. "Procuro criar lugar para discussões que eu acho importantes. Para mim, a rede social é um espaço de diálogo, de troca", define.
A busca do equilíbrio envolve também seu habitat. "Eu me divido entre São Paulo e Rio de Janeiro. Agora estou vivendo mais a minha raiz paulistana", revela. Faz da sua casa seu refúgio. Vive entre livros, arte, plantas e memórias. "Crio meus lares de acordo com minhas vivências, tenho objetos de todos os lugares que já visitei, 'bugigangas afetivas' (risos)", conta. E, claro, quando está no Rio, não deixa dar um mergulho no mar, ir a uma cachoeira ou fazer uma trilha. "E encontrar um lugar ao ar livre para fazer yoga".
Com o equilíbrio entre tranquilidade e energia, calmaria e agito, Mariana vai vivendo a vida. Seu lema? A poesia de Gilberto Gil: "andar com fé". Entre a disciplina do trabalho e a leveza que permeia seu dia a dia por meio da arte, Mariana gosta de dançar. E, num equilíbrio entre o que se tem controle e o que não se tem, Mariana dança conforme a música, como repete no verso de seu amigo Zeca Pagodinho: "eu deixo a vida me levar…"
"Procuro marcas sustentáveis, evito o consumo desenfreado"
"Eu deixo a vida me levar…"
ÍCONES ENFIM, FELIZES
O encontro de almas transcende a vida
Casais ressignificam o amor em seus matrimônios, reassegurando a esperança e a poesia por dias ainda mais plenos de alegria. Em diferentes cenários, mas sempre em um cinematográfico enlace de ternura, fazem com que nossa fé seja renovada do quão grandioso é o amor.
Ana Carolina & Caetano
O encantador casal formado pela gerente de marketing Ana Carolina Valença Santiago Tonet Camargo e pelo jornalista Caetano Tonet Camargo teve seu esperado matrimônio orquestrado em um dos lugares mais sublimes, uma vinícola em Punta del Este.
Habitués dos veraneios no Uruguai, onde a família Tonet Camargo mantém um charmoso pied-à-terre, o casal compartilhou com seus amigos e familiares as razões pelo seu amor pelo balneário.
“Amo os valores e a maneira tão amorosa que cuida de mim e de toda família”, compartilhou Ana Carolina, que contou
Isadora Campos @isadoracamposcom a assessoria de Bettina Becker e de sua amorosa sogra, Valeska, para concretizar o seu sonho.
Ainda, o estilista portoalegrense Carlos Bacchi foi o eleito pela noiva para criar o modelo clássico, moderno e arquitetônico vestido por ela na ocasião.
“Priorizamos o corte, tecido e acabamento impecáveis. Acho que fui uma noiva atemporal, clássica, mas ao mesmo tempo moderna”, sintetiza ela. “Espero que a gente siga sempre se admirando tanto, que sigamos caminhando juntos, construindo e conquistando tantas coisas juntos! Vai ser incrível!”, antecipa.
Carolina & Lucas
A bucólica e paradisíaca Portofino, na Itália, foi o cenário escolhido pela arquiteta Carolina de Carvalho Adriano Bittar Elbel e do empresário Lucas Bittar Elbel para o seu cinematográfico matrimônio.
Esteta nata e minuciosamente cuidadosa, Carolina foi a grande articuladora de seu casamento, oferecendo uma composição memorável aos convidados que se deliciaram nos três dias de festas que antecederam o esperado "sim" do lindo e jovem casal.
Vestindo um modelo exclusivo de Dolce & Gabbana, feito com esmero pelo próprio estilista Domenico Dolce e acompanhado com esmero pelo grande amigo das famílias Guilherme Siqueira, Carolina estava exuberante, delicada, romântica e moderna para consolidar a sua história de sete anos com Lucas.
Aos seus futuros filhos, estimam que vivam a cumplicidade, parceria e união que são tão valoradas em seu relacionamento, e assertivamente assegura: “Acreditem no amor!”.
Maria Emilia & César
Às margens do Lago di Como, na Itália, o casamento da advogada Maria Emília de Rueda e do economista Antônio César Polezzi foi descrito como de uma beleza ímpar. Realizado no Hotel Tremezzo, o matrimônio teve a presença de amigos e familiares que acompanham os dois anos de relacionamento “alegre e companheiro”, como descrevem, do casal.
Vestindo o estilista libanesa Reem Acra, Mila foi a maestra dos três dias de festas que celebrou o amor e a família do casal. “Foram três dias de festas celebrados com muita alegria. E é nessa sintonia que queremos continuar a nossa vida”. Nos planos do casal: seguir a cuidar dos filhos e a “ensiná-los nossos valores com muito carinho. E sempre que possível viajar conhecendo novos lugares”.
Luiza & João Pedro
Reconhecidos pela paixão e cumplicidade que compartilham, a publicitária e empresária Luiza Christine Lima e o engenheiro e incorporador João Pedro Pinheiro Gurgulino firmaram seu noivado após quase cinco anos de terna história.
“Admiro a humildade, integridade, companheirismo e bom humor do João. Ele é o meu melhor amigo e maior apoiador”, confidencia Luiza. “Amo a autenticidade da Luiza. Ela consegue equilibrar a seriedade e a leveza, ser responsável sem deixar de ser divertida, o realismo e o encanto pela vida. Esse é um dos grandes motivos por ela ser minha companhia favorita!”, completa o noivo.
Apaixonados por Brasília, os noivos ofereceram uma verdadeira homenagem à Capital em seu noivado. O local escolhido foi o Brasília Palace Hotel, obra de Oscar Niemeyer e cercado por jardins de Roberto Burle Marx e painéis de Athos Bulcão. Lá, ofereceu aos seus familiares presentes da sua Remembear criados com aquarelas dos principais monumentos da cidade.
Isadora & Luis Felipe
Dos mais animados casais, a publicitária Isadora Nunes Argello e Luis Felipe Argello celebraram seus sete anos de história com um casamento pleno em alegrias. Das alianças, levadas pelo filho do casal, Theodoro, até o repertório musical fervoroso, a noite foi memorável.
“Maravilhosa a experiência, o casamento ficou como eu sempre imaginei! Nos divertimos muito e a vibe foi indescritível e surreal! Todos os convidados estavam dançando e curtindo com a gente, do mais novo ao mais velho, super animado!”, celebra ela, que vestiu dois modelos na ocasião: “o da cerimônia na igreja foi comprado na Kleinfeld Bridal e o da festa é da Milla Nova da Espaço WM”. Em seus planos futuros, assegura que “cuidar sempre da nossa família do melhor jeito possível juntos e unidos, pro que der vier” é sua grande prioridade.
Fotos: Celso JuniorMariana & Daniel
A diplomada Mariana Fonseca De’Carli e o engenheiro espanhol Daniel Ortí Gonzalez escolheram o Rio de Janeiro como cenário para o matrimônio internacional. Residentes da Arábia Saudita, o casal reuniu amigos de diversos continentes, sobretudo de Brasília, que desembarcaram para celebrá-los.
No Jockey Clube Brasileiro, Mariana confirmou o amor que compartilham há três anos, entre poesias, encontros e reencontros. Daniel assegurou acreditar em amor à primeira vista e se declarou melhor ao lado da amada, em animada festa pelo DJ Matheus Hartmann.
Foto: The Pavan's
Em referências românticas e também modernistas, Luiza fez novamente uma homenagem à cidade ao escolher vestir a estilista Lucila Pena e ter o maquiador Lázaro Resende assinando sua produção.
“Queremos que os nossos (futuros) filhos saibam o quanto amamos nossas famílias e nossa amada Brasília, pois aqui nascemos, crescemos e foi onde o nosso amor floresceu”.
Maria Victoria & Eugênio Filho
Herdeira e sucessora do clã Salomão, a arquiteta Maria Victoria confirmou seus votos de matrimônio ao empresário baiano Eugênio Carvalho Filho em uma suntuosa festa na residência do patriarca da pioneira família, Gilberto Salomão.
O espaço foi lindamente decorado por Valéria Leão Bittar e contou com cerimonial de Tiago Correia e banquete do chef Marcelo Petrarca.
Majestosa, Maria Victoria usou um modelo icônico criado exclusivamente por Domenico Dolce, da Dolce & Gabbana, valorizado por uma esplendorosa saia em camadas de tule, que posteriormente deu lugar a um modelo fashionista, como a própria noiva.
“Espero uma vida em que possamos juntos evoluir, com sabedoria, companheirismo, alegria, um pouco de aventura e muito respeito e amor para construir a nossa família com uma base sólida”, compartilha.
Tayane & Diego
Em seus votos, o economista Diego Cavallini Pessoa descreveu sua amada Tayane Lacerda Canhedo como “um furacão de luz” que entrou em sua vida. Cheia de alegria, Tatá é reconhecida pela sua animação e carisma, e seu matrimônio não poderia ser diferente.
Na paradisíaca praia de São Miguel dos Milagres, o casal confirmou a união que é enobrecida pelo nascimento da primogênita Maria Sofia.
Vestindo um modelo fashionista criado por Helô Rocha, Tayane compartilhou a sua admiração pela “garra, determinação e ambição” do noivo, e completou ao assegurar que ele desempenha com maestria o seu papel como pai.
“Foi mágico e ter a Maria Sofia presente, a personificação do nosso amor, só colaborou para que esse dia fosse melhor do que em nossos sonhos!”, confidencia ela.
Manuella & Igor
Uma poética declaração de amor. Assim foi o casamento da psicóloga Manuella Cruz Araujo Claudino e do administrador Igor Damando Claudino, celebrado às margens do Lago Paranoá. “Admiro seu caráter, sua bondade, sua integridade e sua busca diária para se tornar uma pessoa melhor. Admiro o fato de ele não poupar esforços para fazer todos aqueles que o rodeiam felizes e estar sempre com o sorriso estampado no rosto”, afirmou a noiva em seus votos após 4 anos de namoro. Completando a amada, Igor disse: “Admiro todo o carinho, dedicação e afeto que ela tem com a família e os amigos próximos. Sua força de vontade de ir atrás de tudo o que deseja até que alcance seus objetivos. E a fé que ela tem em Deus para que tudo seja possível. Dentre tantas outras qualidades que a tornam uma mulher única e especial”.
Apaixonada por moda, Manuella optou por um modelo romântico da estilista Wanda Borges, seguindo a vestir um segundo vestido Dolce & Gabbana para a festa, ambas celebradas na residência do clã Claudino. Com décor de Valéria Leão Bittar, cerimonial de Marcelo Pimenta e banquete Unique.
"Uma vida de cumplicidade, de alegria, de superação e muito amor. Que possamos envelhecer juntos com muita saúde, histórias para contar e risadas de doer a barriga” é o que estimam os dois, garantindo que esse foi o dia mais feliz de suas vidas até a chegada dos esperados e futuros filhos.
Maria Augusta & Thiago Lucas
Das maiores antecipações, o casamento dos advogados Maria Augusta Mantovani Piran e Thiago Lucas Noronha foi celebrado no recém-inaugurado Hotel Rosewood na Cidade Matarazzo, em São Paulo.
Reunindo os mais íntimos amigos do casal, a cerimônia foi antecipada pelo welcome drinks no rooftop do empreendimento e por uma série de celebrações aos amados noivos, do noivado em Brasília ao chá em São Paulo, onde atualmente reside a matriarca Koka Mantovani.
Conhecida pelo estilo impecável e fashionista, Maria Augusta surpreendeu ao vestir um modelo sur mesure de Zuhair Murad, enquanto sua mãe portava um Dior Haute Couture. Ambas, em jóias Cartier e Tiffany, da Alta Joalheria, completaram sua beleza assinada por Junior Mendes e pelo brasiliense Eliel Almeida. “Estamos muito felizes. E esperamos construir a nossa família com muito amor e alegria”, completou o noivo.
Fotos: Celso JuniorIsabella & Leonardo
De maneira grandiosa, a influenciadora e gastrônoma Isabella Bittar reuniu cerca de 160 familiares e amigos na casa de sua família, no Lago Sul, para festejar a oficialização de seu noivado com Leonardo Lobo. Filha de uma das mais renomadas decoradoras do País, era de se esperar que a noiva confiasse à sua mãe a missão de cuidar da ambientação da festa. E assim foi feito. Com muita sofisticação, elegância e carinho, Valéria Leão Bittar entregou um ambiente único para que todos festejassem esse momento especial na vida de sua filha. As flores de Clarice Mukai e Joel Matsuoka e o Jazz de Anderson Estima chegaram para somar e deram um tom quase poético ao local. A noiva brilhou com um modelo exclusivo Martinah Couture. Para o deleite dos convidados, o menu do Unique Buffet com doces Tatiana Barros e Cake Forever e bebidinhas do bar Irmãos Drinks foram as escolhas. E para ferver a pista, os DJs Bola e DUMORERA fecharam a noite na maior animação.
Giovanna & Daniel
Foi no Mosteiro de São Bento que Giovanna Pamplona e Daniel Serra trocaram olhares e palavras pela primeira vez. Cinco anos se passaram de lá pra cá, e em pleno dia de São João Paulo II, padroeiro das famílias, o casal voltou ao local onde suas histórias se cruzaram para professar seus votos de amor e fidelidade eternos diante apenas de seus pais, alguns familiares e padrinhos. A Comunidade Católica Shalom executou com maestria algumas das canções de maior significado para o casal, que emocionou todos os presentes ao oferecer uma cerimônia especial e repleta de significados. Após o tão esperado "sim", os noivos se juntaram aos amigos, que já aguardavam ansiosamente para celebrar a união, com recepção na Mansão dos Arcos.
ANTÁRTICA, SOB O SOLO DAS GELEIRAS
Por Paula SantanaExpedições culturais, destinos inusitados, roteiros não explorados. Parece desafiador, mas na verdade é um deleite. E tem se fortalecido com forte tendência em alto-mar. Na verdade, uma retro trendy, uma vez que nos anos 50 destemidos homens nômades desbravaram estes roteiros que hoje são fugas sofisticadas do caos urbano.
Um representante deste estilo de viver é a frota Swan Hellenic, que tem base em raízes britânicas há sete décadas e há dois anos relançou seu espírito originário de cruzeiros globais no conceito de “ver o que os outros não veem”. São três navios. Um deles, o SH Vega, que esteve no País recentemente apresentando suas credenciais ao povo brasileiro. Foi amor à primeira vista, quando os trópicos se encantaram com as geleiras.
O SH Vega é requinte puro. Navio cinco estrelas, classe polar PC 5, próprio para expedições de gelo. Acomoda 152 hóspedes em suas espaçosas 76 cabines, a grande maioria suítes com varandas. E o conforto de ter 140 pessoas na tripulação, basicamente um por pessoa. O foco agora é a temporada de Antártida até o início de março,
Cruzeiros que percorrem lugares distantes em rotas exóticas aportam em solo brasileiro com previsão de levar aventureiros a explorar pólos do mundo
com roteiros de 10 a 19 noites a partir de Ushuaia. Pela peculiaridade do local, entre a tripulação estão especialistas a bordo, ofertando conhecimento e treinamento aos passageiros em temas como biologia, arqueologia, história, geografia, antropologia.
Uma parte bastante especial é a presença do velejador medalhista olímpico Lars Grael em alguns roteiros. O motivo será celebrativo, uma vez que o velejador retorna à Antártida cinquenta anos após ter visitado o continente gelado pela primeira vez junto da família. Ele participa não apenas das expedições, mas também interagindo com os demais hóspedes durante a viagem com palestra sobre a experiência e os dias de navegação.
Além da Antártida, o Vega e os outros dois navios da frota – Minerva e Diana – percorrem rotas no Ártico, na Oceania, em ambas as costas africanas, no Mediterrâneo, no Oriente Médio e na Ásia. O Swan Hellenic tem sede em Chipre e escritórios em Londres, Dusseldorf, Mônaco, Fort Lauderdale e Hong Kong, bem como parcerias atendendo Índia, Japão e Austrália, Escandinávia e Islândia, e agora o Brasil.
Acordar com as araras, dormir com os lobos: submergir na Pousada Trijunção, uma viagem para dentro num oásis de relaxamento no encontro entre Bahia, Goiás e Minas Gerais
SERTÃO, SER TANTO
Por Theodora Zaccara Enviada EspecialTrijunção – O vento fresco é do que mais lembro. Gélido, vivo, feroz. Desperta quem vivia em estado de sonambulismo metropolitano, sedado por luzes de tela, anestesiado pelo trânsito e pela pressa. Faltam postes e faltam prédios, berros e buzinas. Estamos sobre um solo mágico. Sobre vida. Sobre Cerrado.
O mar de árvores tortas e flora cor-de-areia acaba de receber a Chuva do Caju – primeiro banho d’água após a longa seca. Para chegar aqui, viajamos por pouco menos de 1h,
entre nuvens e quase nenhuma turbulência. A pequena (mas sumamente confiável) aeronave Caravan tem espaço para oito passageiros. O trajeto até nosso destino final, localizado a 380km da capital federal, leva 3h de carro. Piso sobre o solo cor-de-telha e esqueço o cansaço, a fadiga, o meu – muitas vezes sigiloso – medo de avião. Estou em Minas Gerais, em terra goiana, no sul da Bahia. Estou no pedaço de chão onde esses três estados se encontram. “Isso aqui é o coração da natureza“, entrega João Soares, gerente do espaço que com calor nos recepciona. Subimos a bordo dos SUVs estilo safari e, em cerca de meia hora, chegamos à pousada.
A pousada
Menos popular que o primo "açaí", o juçaí tem gosto e riqueza semelhantes. Sobre a mesa de madeira sem verniz, o refresco aguardava nossa chegada. “Esperamos que essa imersão no Cerrado seja uma experiência transformadora, confortável e única”, dizia o bilhete na minha mesa de cabeceira, paralela à cama king size trajada de lençóis Trousseau.
Cada uma das sete suítes carrega um caráter original. Em todas, contudo, uma similaridade. Estamos a poucos quilômetros do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, reserva natural que dá forma às palavras de Guimarães Rosa, encontradas em numerosos cantos do meu luxuoso pernoite. “Sertão: é dentro da gente”, escreveu. Um gole do drink, um arrepio no braço. “Te entendo, Guimarães”.
A Pousada Trijunção foi inaugurada em 2018 com intenção de abrir os olhos da camada turística. O Cerrado é um evento, o mundo merece vê-lo — a hospedagem, de quebra, é o colírio. Tem clima intimista, alma rústica e postura nobre, é o encontro perfeito entre o natural e o pomposo. Seu design calmante cai nos gostos não só dos hóspedes, mas também de seus residentes honorários: pequenos preás, macacos, e a loba Nhorinhá.
Esta, a adorada "pernuda" — como é chamada entre o staff — é a única fêmea da espécie de lobo-guará que por aqui circula. Um bicho raro, que pode ser observado nos passeios de avistamento, ou, com sorte, rodeando sem pretensões a recepção. O que na selva de concreto encontramos na nota de R$ 200, passeia à noite pelas portas de nossos aposentos, sem cerimônia, validando o intrínseco e ilimitado contato com a natureza.
Aqui, ela se pinta em bege, tons de dourado e de caramelo. Cantos rosados de araras vermelhas, que pousam em dupla sobre enormes buritis. Frutas doces como a lobeira, que provamos direto da raiz.
O Cerrado se gaba de mais de 300 mil espécies de animais, 150 das quais correm risco de extinção: uma métrica que o turismo ambiental aqui instalado pretende reverter. Em prosa com os guias, eles contam fábulas de encontros com onças-pardas, dos hábitos dos lobos, do canto das corujas.
Os passeios
Uma fresta de dourado iluminava o canto da parede. Vesti tênis, boné, roupa esportiva. Garrafa de água em mãos e binóculos no pescoço. A "passarinhada", passeio destinado à observação e estudo das aves, acontece a pé e sem rota. No silêncio da manhã, seguimos o chamado de araras e curicacas. Calma, serena, zen.
De supetão, um aulido: fomos interrompidos pelo grito da loba. Até então, Nhorinhá não passava de uma ideia. O avistamento do lobo-guará se deu na noite anterior, poucas horas após pousarmos, e não foi bem-sucedido. Existem cerca de 17 mil indivíduos da espécie no mundo, 90% dos quais estão no Brasil. A grande área que contorna a pousada conta com 13, e nas proximidades do espaço, habitam dois. Saímos sobre quatro rodas na expectativa de encontrá-la, mas não tivemos sorte. Retornamos com a promessa de uma nova tentativa e, no dia seguinte, o inimaginável aconteceu.
Nhorinhá apareceu entre as folhagens secas e os ninhos de João-bobo, bonita demais para ser real, viva demais para ser pintura. Desfilava como se o mundo fosse dela. E, naquele momento, acreditei ser.
Poucos hóspedes esbarram com a sorte de avistar o lobo a pé. Os pássaros haveriam de esperar e, mantendo sempre a distância de segurança recomendada, começamos a seguir seus passos longos, inebriados pelo carácter sobrenatural daquele encontro. Foi o mais perto que já cheguei de um animal selvagem. Sem jaulas, sem grades. Eu, ele, e esse vão de terra parado no tempo.
O amanhecer
A fumaça cobria as águas como um lençol. No termómetro, algo em torno de 10, 11 graus. No relógio, cinco e pouquinho da manhã. Banhada em tons de rosa, laranja e roxo, a Lagoa das Araras abraçava um amanhecer tão fauvista que nem Henri Matisse teria tintas para pintar, Era a terceira e última vez que voltávamos ao corpo d’água, que em pouco se assemelhava ao refúgio quente e azulado que conhecemos poucos dias atrás. O oasis embrulhado por folhagens verdes se tornou um íntimo amigo durante os dias em Trijunção, e três passeios o tem como destino: o "giro" de caiaque, regado a cerveja gelada e camadas de filtro solar, o avistamento do jacaré-anão, acompanhado de uma madrugada tão estrelada que a olho nu se via a constelação da Ursa Maior, e, o mais emocionante de todos, o café da manhã de despedida, montado no deck de frente para a alvorada.
Durante as horas glaciais do dia, há sempre um chocolate quente em mãos, além de felpudas mantas e bolsas de água fervente nos assentos dos carros. A todo momento, a equipe de guias carrega cestas de piquenique fartas com sucos naturais, água, cerveja, sanduíches e outros lanches. Não há tempo para sentir fome, frio ou incômodo: cuidam de nosso interior para que foquemos tão somente no mundo exterior. Para que gravado na memória fique esse amanhecer tão saturado, tão puro, tão perfeito.
Os sabores
Sentar à mesa era mais que um ritual: era o sopro do apito de uma diária missão. “O objetivo é zerar o cardápio”, era o acordo geral. Difícil, pois cada prato despertava o instinto do "repeteco". Seguindo modelo all inclusive, a Pousada Trijunção compreende café da manhã, almoço e jantar em sua diária, além de bebidas não alcoólicas e cerveja.
Desenvolvido para fundir culinárias goiana, baiana e mineira, o cardápio abrange tudo: a moqueca de camarão foi uma das favoritas, assim como o arroz de carne seca e o ovacionado suflê de queijo com calda de goiabada. A mandioca frita e os chips de batata doce foram eleitos "snacks favoritos para saborear na piscina", e eram violentamente mergulhados no aioli e no creme de pequi — que a querida Maria sempre trazia em dobro. O waffle de pão de queijo reinou absoluto no desjejum, ao lado do pão com gotas de chocolate e de um croissant tão crocante que parisiense algum colocaria defeito.
A salada da estação pode parecer desinteressante, mas encabeça todo o sucesso da gastronomia local: o frescor e qualidade dos ingredientes são a alma que preenche a porcelana. A poucos metros de onde almoçamos, a horta local cresce com os frutos que alimentam e nutrem — mas todo cuidado é pouco! Afinal, Nhorinhá também é fã de uma "boquinha" vespertina.
A gente
Partir foi necessário, mas doído. Foram cinco dias de uma conexão pura, ininterrupta, de riso autêntico de gente genuína. Difícil não criar laços com os guias, recepcionistas, camareiras, garçonetes. Despedir com caloroso abraço e agradecer por cada minuto, por cada planta que nos mostraram, cada pássaro que apontaram, cada história que nos contaram. No sertão, encontra-se mais que natureza: encontra-se seu estado mais natural de ser, tão humano. @pousadatrijuncao www.pousadatrijuncao.com.br
Foto: Divulgação Foto: Gabi TemerO BÁLSAMO DE SAMPA CITY
JW Marriott Hotel se acomoda na Avenida das Nações Unidas e oferta o high end da sofisticação e acolhimento, uma das exigências de seu fundador, John Willard Marriott
Por Gilberto Evangelista Enviado EspecialSão Paulo – O título desta matéria não é nenhum eufemismo. Ao contrário. Faço o alerta, pois, para muita gente, São Paulo é sinônimo de correria, de cidade tumultuada, com congestionamentos, o puro estresse. E vamos combinar que essas não são inverdades, mas a megalópole tem muita coisa boa para oferecer, a exemplo de um dos mais novos endereços de hotelaria luxury que surgiu, recentemente, na boa e velha Sampa City.
"É um oásis no coração da cidade”, define Rosana Okamoto, gerente-geral do JW Marriott Hotel São Paulo, durante o evento de inauguração. A executiva lembra que o nome
do hotel foi uma homenagem que o presidente emérito da Marriott International, John Willard Marriott Jr., fez ao batizar um de seus novos hotéis com o nome de seu pai. Afinal, “o fundador do grupo era um workaholic, mas que, quando estava com a família, dedicava-se igualmente para que as raras ocasiões se transformassem em verdadeiros momentos de descanso e lazer”.
A homenagem virou uma grife em que o hábito do fundador serve de filosofia aos hotéis JW Marriott, que integram o extraordinário portfólio do Marriott Bonvoy, e que oferecem hospedagem em propriedades renomadas nos destinos mais inesquecíveis do mundo, reunidas em trinta marcas, como The Ritz-Carlton, St. Regis e W Hotels.
Com mais de cem endereços em mais de 35 países e territórios ao redor do mundo, a JW Marriott se destina a “viajantes sofisticados e conscientes de que estejam em busca de experiências que promovam atenção plena, conexões relevantes e o cuidado com a alma”, como bem sinalizaram Lidiane Andreatta e Andrea Satt, que fazem parte do squad que desvenda o hotel e seus encantos, este que é o segundo JW Marriott do País – o primeiro fica no Rio de Janeiro.
Histórias e conceitos à parte, o fato é que o número 14.401 da Avenida das Nações Unidas investe na experiência do luxo, que está no cuidado e na atenção aos detalhes; e ela só existe de fato quando o fator humano está impregnado naquilo que se é consumido, seja um produto, mas, sobretudo, quando falamos de serviços.
O renomado escritório de arquitetura norte-americano HKS assina o projeto; e o paisagismo é do arquiteto Sérgio Santana, que optou por árvores da floresta Atlântica e flora do bioma natural para atrair pássaros e animais nativos. Pelo saguão do hotel, quadro by Burle Marx entre tantos outros do pintor e designer paulistano Antônio Malta. Ah! Atenção também quando for fazer o check-in, pois acima da recepção há uma instalação de fibras ópticas e cristais, representando um céu estrelado que nos leva a querer (e de fato) fazer cliques incríveis para postar nas redes sociais.
Entre os highlights do JW Marriott está o Executive Lounge, espaço exclusivo para fidèles e clientes estrelados. Ali, a vista do rio Pinheiros deixa mais gostoso ainda o happy hour repleto de comidinhas e bebidinhas para relaxar ao cair da noite. Peça para a Denilsa (a atendente) os ovos beneditinos feitos à perfeição no café da manhã.
Há também o restaurante italiano Neto. O ambiente e a comida resumem a excelência do conceito comfy, e dá vontade de passar horas saboreando o menu especial do chef Ícaro Rizzo – estilo bad boy com mil tatuagens, que encanta pela simpatia e histórias sobre suas origens, inspirações, escolhas e aventuras culinárias.
Cuidado também com o carisma do Leonardo Félix, um dos bartenders do bar Caju, que fica ao lado da icônica escada em espiral do JW Marriott SP. Especialista na arte de ouvir e preparar drinks autorais incríveis, ele apresenta
um copo de cognac Louis XIII com imensa chance de haver uma segunda dose, pois “está com special price”, apenas R$ 1.650 (a dose)”, na época.
Depois do festim gastronômico e etílico, durma como um anjo nos modernos aposentos, onde te esperam lençóis de algodão egípcio e colchões extremamente confortáveis. O abre-cama tem sempre um bombom fino com bilhetinho de boa noite da eficiente e discreta camareira Edyr. Para completar o ciclo de uma hospedagem perfeita que vai nutrir corpo, mente e alma, não se despeça deste hotel sem antes dar um mergulho na sua piscina de cinema, e nem de se entregar aos cuidados de Nathália e sua equipe do SPA by JW. Esse tal de John Willard Marriott sabia das coisas, viu!
@jwmarriottsaopaulo www.marriott.com.br
A rede hoteleira Hplus lança programa Lifestyle, em que membros têm acesso a pontos que se convergem em vantagens dentro da rede e em empresas parceiras
COMUNICAÇÃO, EXPERIÊNCIA E FIDELIDADE
Por Theodora ZaccaraA cama é das mais macias. Aromática, terapêutica. Tão confortável que tudo cura. O carpete sob os pés, suave de tal maneira, faz querer andar sempre descalço. É demasiado cedo, mas nada motiva o despertar como a promessa de um mitológico "café da manhã de hotel": recorte de paraíso que estapeia o sono do mais incorrigível dorminhoco.
Se o que te trouxe até aqui foi trabalho, família, turismo ou lazer, já não importa: independentemente da razão, a experiência de hospedar-se num hotel é um regozijo quase universal, um descanso para os sentidos, uma pausa. É sentir-se na mais imperturbada versão de “casa”.
Seja no Distrito Federal, em João Pessoa ou em Palmas, a rede Hplus Hotelaria entende e saúda seus mais variados estilos de clientes: homens e mulheres de negócios, famílias em férias escolares, casais em celebração romântica… cada um dos 16 empreendimentos Hplus — divididos entre sete hotéis de diárias e nove apart-hotéis — é pensado para uma única e inolvidável fase da vida.
Com intenção de polir essa vivência até seu máximo estado de desfrute e despreocupação, a cadeia brasiliense, que celebra em 2022 seu vigésimo ano de mercado, lança o Lifestyle Hplus: um programa de benefícios acessível via aplicativo para smartphone, no qual cada R$ 1 gasto em diárias da rede Hplus é convertido em 3,5 pontos.
Dividida em três frentes, a plataforma integra comunicação, estudando e compreendendo o comportamento do usuário para, assim, elevar a experiência de hospedagem; fidelidade, implementando um sistema de pontos que, quando acumulados, podem ser trocados por regalias e vantagens nos hotéis da rede; e, por fim, suporte, disponibilizando uma rica lista de parceiros em diferentes segmentos, que hão de proporcionar uma estadia mais cômoda e conveniente.
“O diferencial da ferramenta é o acesso dos membros a um programa de parceiros qualificados, que atende às necessidades dos hóspedes com restaurantes, farmácias, bares, transfers, ingressos, city tour, lojas e diversos outros estabelecimentos que oferecem descontos e vantagens”, explica Fernando Bellini, diretor de vendas e marketing da empresa. As camadas de fidelidade se dividem entre Lifestyle Green, Lifestyle Gold e, a mais exclusiva, Lifestyle Black. “De acordo com o nível em que se encontra o membro do Lifestyle Hplus, ele poderá trocar os pontos por diferentes vantagens”, completa Bellini. Entre os benefícios, early check-in a partir das 10h, late check-out até às 14h, descontos que vão de tarifas institucionais a experiências gastronômicas, welcome drink, prioridade nas cortesias para shows e eventos… a lista é farta.
A proposta de criar um outlet de troca e comunicação nasceu da vontade de validar a experiência do cliente e entender ainda mais seu mindset. “O programa foi desenvolvido de forma intuitiva e fácil navegação, em um formato de aplicativo APPWEB para não ocupar a memória do celular e ser facilmente baixado”, garante. "A expectativa é que a plataforma sirva como um canal de comunicação com os membros do Lifestyle Hplus, podendo contribuir enviando mensagens e passando feedbacks que, com certeza, enriquecerão o programa. A expectativa é de ultrapassar mil membros no primeiro semestre de 2023”. Após o considerável enfraquecimento do setor hoteleiro sofrido desde 2020 em decorrência da pandemia, a projeção de Bellini está alinhada com a possibilidade de normalização do segmento.
Encomendado pela JLL em parceria com o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), o estudo Hotelaria em Números 2022 apontou diversos fatores que simbolizam a instabilidade do campo, como uma queda de 0,7% na diária média em 2021 contra 2020 — estudo, esse, que também destacou a Hplus como uma das principais redes hoteleiras do País. Para 2023, as projeções parecem mais favoráveis, indicando um fortalecimento triunfal em todas as esferas do turismo. Afinal, viajar é preciso, e um bom hotel no meio do caminho é mais que uma estadia, é parte da jornada.
@hplushotelaria www.hplus.com.br
SOL, MAR E CASAMENTO
Por Marcella Oliveira Enviada EspecialPraia do Forte – O portentoso túnel de bambuzal que atravessamos ao desembarcar no aeroporto de Salvador tem um apelido carinhoso, segundo a motorista do transfer: "túnel da alegria, quando está chegando; túnel da saudade, quando está indo embora". Foi popularmente batizado pelo sentimento que desperta no folião nos dias de Carnaval na Bahia. Mas nosso destino ali era o oposto ao da folia: o da calmaria.
No trajeto de uma hora de carro até a Praia do Forte, torna-se impossível, para um apaixonado por Carnaval, não entoar os versos de We Are Carnaval: "Ah, que bom você chegou. Bem-vindo a Salvador. Coração do Brasil". Ao chegar perto das dependências do Tivoli Ecoresort, o calor ainda é baiano, mas a energia agora não é pular atrás do trio, é de descanso.
Com um coqueiral a perder de vista e o clima de veraneio – por mais que o tempo estivesse nublado –, enquanto o luxo e a sofisticação encantam os olhares, são os detalhes que aquecem o coração. A começar pelo bom dia cortês e pela água de coco geladinha de boas-vindas.
As instalações do Tivoli surpreendem pela grandiosidade: são trezentos mil metros quadrados de terreno. O caminho
até o quarto leva uma boa caminhada – ou você pode ir de carrinho elétrico. Bom para ir sentindo a proposta: uma arquitetura que integra prédios e jardins, exalando requinte, construções com matéria-prima nativa e arte local em sua decoração. É silêncio. Reconexão.
É como se a natureza fosse a protagonista, e os prédios e as construções, a forma de apreciá-la. Hóspedes e funcionários convivem de forma harmônica com pequenos animais silvestres, como micos, passarinhos e lagartos – só não pode deixar a porta do quarto aberta. Aliás, até mesmo dentro do quarto a proposta de integração com a natureza se mantém: todos os 287 apartamentos são voltados para o mar. Na varanda, uma rede convidativa torna-se irresistível a uma contemplação. Uma imersão à proposta do Tivoli.
Casais, famílias com filhos. Diferentes faixas etárias. O destino atrai variados públicos e oferece opções para todos. Há privacidade em algumas piscinas e também no Anantara Spa – parada obrigatória para um momento relax. Há ainda opções de esportes náuticos, mergulho, pesca, aulas de ioga, dança e caminhadas esportivas.
O Tivoli Ecoresort Praia do Forte integra a rede de hotéis de luxo Preferred Hotels & Resorts, e foi eleito como o Melhor Resort Familiar da América Latina pela World
Travel News. Com isso, um espaço especial é destinado às crianças, o clube Careta Careta. A área infantil tem quatro mil metros quadrados, com refeitório, parque aquático, arvorismo e quadras de esporte. Por trás de toda a estrutura, o valor agregado é o da educação ambiental: os pequenos têm atividades com biólogos.
Aguçando os sentidos
Os desafios de gerir a cozinha de um resort grandioso como o Tivoli é do chef executivo Frederico Miranda. O carioca, com uma trajetória pela pâtisserie, está no local desde 2017. O que ele destaca? "Tudo o que servimos é produzido aqui, não há nada processado".
Com cozinha regional e internacional, as sete operações gastronômicas (entre bares e restaurantes) agradam diferentes paladares e prezam pela qualidade. "A moqueca é o prato mais procurado", revela. O convite à degustação é no restaurante Tabaréu, deliciosamente posicionado à beira da praia, com culinária baiana. É o clássico: "Estou na Bahia" – experiência completada pela cocada de sobremesa.
Com cardápio à la carte, o À Sombra do Coqueiral tem uma pegada internacional e mediterrânea. O maior restaurante é o Goa, com buffet com mais de cem itens da culinária baiana e internacional. No café da manhã, impossível não destacar a qualidade dos pães e a leveza do croissant – reflexo da origem do chef na confeitaria.
O Tivoli também proporciona experiências. Como proposta intimista, há opções de piquenique, jantar japonês, jantar de frutos do mar, Champagne Sunset e o disputadíssimo Candle Light Dinner. Quem resiste a uma lagosta saborosamente preparada ou um tradicional filé Wellington com risoto de cogumelos trufado? E, se me permite a sugestão, não saia sem provar a torta de amêndoas com caramelo.
Ao fim dos dias de reconexão e com todos os sentidos aguçados, o sentimento se traduz nos versos de Baianidade Nagô: "Eu queria que essa fantasia fosse eterna. Quem sabe um dia a paz vence a guerra. E viver será só festejar". E o festejo pode ser atrás do trio, mas, como bem provou o Tivoli, também pode ser sob a sombra do coqueiro, com a sinfonia das ondas do mar.
We Are Wedding
E como estamos falando da Bahia, a terra do Carnaval, o hotel também é procurado para realização de eventos –especialmente casamentos e bodas –, e inaugurou, no fim de novembro, o novo espaço Solar das Orquídeas, projeto por Sidney Quintela Arquitetos. "Tínhamos uma demanda antiga que não conseguíamos atender, especialmente para receber convidados de fora, acesso separado das dependências do hotel e festas com duração até mais tarde. Mas agora isso já será possível", comemora João Eça Pinheiro, diretor-geral do hotel. O salão tem 2,2 mil m2, está localizado próximo às suítes de convidados (é preciso reservar um mínimo de 60 quartos por pelo menos duas noites) e tem isolamento acústico para não incomodar outros hóspedes. "Ele traz uma perspectiva tecnológica e moderna, sem deixar de lado a essência da conexão com o meio ambiente do Tivoli Ecoresort Praia do Forte. A ideia é fazer um casamento por mês. Tudo é possível, desde que combinado com antecedência. Trabalhar para encantar", conclui Pinheiro. O espaço tem capacidade para receber até setecentas pessoas com área no jardim para cerimônias ao ar livre. @tivoliecoresort www.tivolihotels.com/tivoliecoresort *A repórter viajou a convite do Tivoli Ecoresort Praia do Forte
EXPLORA
Marcella Oliveira
@marcella_oliveiraDE TANTOS ENCANTOS E AXÉ
Subir a ladeira, andar pelas ruas, comer acarajé e cocada. Ouvir axé. Sentir a alegria do povo baiano. Visitar Salvador é como conhecer nossas origens, mergulhar na nossa história. Além do Carnaval, os encantos da cidade são muitos. Os tradicionais Elevador Lacerda, Pelourinho, Praça Castro Alves, Farol da Barra, Igreja do Bonfim são paradas obrigatórias. Mas separei algumas outras dicas para explorar quando estiver em terras soteropolitanas. Prepare o coração, a emoção, os sentidos. E como diz o trecho de Chame Gente: “Alegria, alegria é o estado que chamamos Bahia”. Axé!
Charme hoteleiro
No centro histórico de Salvador, a cem metros da famosa Praça Castro Alves, a fachada de um prédio no estilo Art Déco chama a atenção pelo seu formato triangular –inspirado no Flatiron Building, de Nova York. Do lado de dentro, a elegante arquitetura tem história e é um convite a uma viagem no tempo, e os mais atentos vão lembrar de cenas do filme Dona Flor e Seus Dois Maridos. O Fera Palace Hotel foi inaugurado em 2017, mas a construção abrigou no passado o Palace Hotel, o primeiro de luxo da cidade, que viveu seus tempos áureos nos anos 1930 – e que ainda se mantém vivo em alguns detalhes, como nas lajotinhas brancas e pretas dos banheiros e nos pisos originais de taco de madeira e mármore. São 81 suítes e o destaque fica para a Tower Suíte, com vista para a Baía de Todos os Santos. Mas se não estiver hospedado nela, não tem problema, basta subir ao rooftop para curtir o visual acompanhado de um drink no Fera Lounge. E não deixe de saborear os pratos do restaurante Omí, da dupla de chefs baianos Fabrício Lemos e Lisiane Arouca. @ferahoteis | www.ferahoteis.com
Fotos: DivulgaçãoSabores baianos
Falando nos chefs Fabrício Lemos e Lisiane Arouca, o casal movimenta a cena gastronômica de Salvador. Além do já citado Omí, a dupla assina as experiências gastronômicas do Grupo Origem, que tem três diferentes operações: Origem, Ori e Gem. Cada um tem seu estilo, mas convergem numa mesma característica: a identidade da gastronomia da Bahia. Localizados lado a lado, o Origem e o Gem podem ser aproveitados na mesma noite. Comece com um drink no minibar Gem, com carta assinada por Izadora Fornari, a Isadinha, que, assim como o menu dos chefs, prioriza matériaprima baiana. Entre os drinks autorais, impossível não se apaixonar pelo Senhor do Bonfim, de vinho do porto branco, mel de cacau, campari e ervas, lindamente decorado com uma fitinha. Para começar, a sugestão é o snack de costelinha suína, tarê, saladinha de chuchu, pimenta dedo de moça, amendoim e gergelim. Depois siga para o restaurante – e surpreenda-se com o menu degustação em 14 etapas montado diariamente de acordo com a sazonalidade dos ingredientes. Neste ano, conquistou a 52ª posição na lista Latin America's 50 Best Restaurants. Em outro endereço, localizado no Horto Florestal, o Ori tem opções tanto de carne quanto de frutos do mar. Vale a pena saborear a carne de sol com pirão de leite e tropeiro de cuscuz. E como a expertise de Lisiane é a confeitaria, não deixe de degustar alguma sobremesa. Seja qual for a sua escolha, será uma explosão de sabores. @restauranteorigem | @minibargem | @orisalvador
Uma tarde em Itapuã
À beira-mar, o suntuoso farol de 21 metros de altura pintado de vermelho e branco é um dos cartões-postais de Salvador. Atravessando a rua, o destino é a Casa di Vina. Na parede logo na entrada, um convite emoldurado: “O ninho está pronto. Fica no Jardim Encantamento, Farol de Itapoan”, assinado pela atriz baiana Gessy Gesse e pelo poeta carioca Vinicius de Moraes. Foi ali que o poetinha viveu nos anos 1970. Hoje, a casa é um hotel e abriga um restaurante aberto ao público. Antes de sentar para saborear as delícias do menu – destaque para o Risoto de Caipirinha, com camarão, alcaçuz, limão, hortelã e cachaça – vale uma
Se for de paz, pode entrar
Rua Alagoinhas, 33, no boêmio bairro do Rio Vermelho. Azulejos identificam o endereço, com dois corações entrelaçados com os nomes "Zélia" e "Jorge". A Casa do Rio Vermelho. Foi ali que o casal de escritores Zélia Gattai e Jorge Amado viveu. Hoje, a casa-museu é aberta ao público para conhecer mais da história e obra da dupla. Um lindo jardim dá as boas-vindas. A casa tem clima de veraneio, cheia de referências artísticas e a cara dos donos. Quadros, artesanato, cores, esculturas, muita arte, roupas, objetos pessoais. Incontáveis cantos têm azulejos, como a escada de mosaicos, ideia da arquiteta Lina Bo Bardi. É uma viagem no tempo ler as cartas trocadas entre Zélia e Jorge com amigos. Vídeos dão ainda mais vida ao espaço: seja a cozinheira Dadá ensinando uma receita (que você pode receber por e-mail) ou personalidades lendo trechos de livros de Jorge. Antes de ir embora, ou no meio do passeio, a cafeteria é um convite para tomar um café e aproveitar o clima da residência. Tudo ali é tão vivo que apreciar a vista com a xícara em mãos é se perder na imaginação e, por um segundo, imaginar o casal chegando para compartilhar a mesa com você. "Na Europa me chamam de mestre, mas é caminhando pelas ruas de Salvador que me sinto à vontade", dizia Jorge Amado. Passeio imperdível.
@casadoriovermelho
volta pelo local para conhecer um pouco mais da história da Bossa Nova por meio de objetos e textos de Vinicius, como violão e a máquina de escrever. Se der sorte, a Suíte Vinícius estará desocupada e poderá ver o quarto onde o artista costumava dormir, com fotos e objetos originais. Uma ótima opção para “passar uma tarde em Itapuã…”
@casadivinabahia | www.casadivinabahia.com.br
Uma pequena fazenda em Vitória da Conquista, Bahia, guardava uma gigante na arte da pintura e da tapeçaria: Madalena Santos Reinbolt. Era início do século vinte. Antes de revelar-se artista em Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, ainda na infância teve seus primeiros contatos com o bordado, a tecelagem, a cerâmica e a pintura. Mas foi em Petrópolis que seu talento foi identificado ao despertar a atenção das patroas.
Reinbolt foi trabalhar na fazenda da arquiteta Lota Macedo Soares e sua companheira, a escritora estadunidense Elizabeth Bishop. Ambas, surpresas com a sua arte, começaram a vendê-la. A artista, então, passou a se dedicar à produção de pinturas, traçando figuras sintéticas com pinceladas expressivas e utilizando suportes frágeis, como papel ou palha, indicando a importância da materialidade em sua produção.
Mais tarde, no final da década de 1960, Santos Reinbolt iniciou a produção de seus singulares e pioneiros quadros de lã, realizados com 154 agulhas, em diversas cores, em movimento de pinceladas sobre a estopa ou a talagarça. “A agulha torna-se um prolongamento da mão, como o pincel na pintura. É assim que ela obtém a movimentada superfície de suas tapeçarias, dinâmicas, volumétricas e altamente cromáticas”, descreve Amanda Carneiro, curadora do MASP.
Em sua essência criativa, expressões do cotidiano figuravam entre seus pensamentos reimaginados. Personagens, fauna e flora, cidades, parques, igrejas e lagoas em cenas amplas e dimensionais. Mas o fato é: Santos Reinbolt foi pouco reconhecida em vida, ainda hoje há um grande silêncio dos museus e galerias em relação ao pioneirismo, algo que a mostra Uma Cabeça Cheia de Planetas, no MASP, faz agora, tirando-a dignamente da margem.
Reinbolt também não obteve autonomia financeira e tampouco reconhecimento do sistema artístico para viver somente de sua
produção. “A artista produziu de forma solitária, em uma situação de intimidade e de evidente separação de classe das divisões de trabalho e do racismo estrutural, tão enraizados nas relações sociais no Brasil e que ainda impactam profundamente a posição da mulher negra na sociedade", pontua o curador do museu André Mesquita.
O título da exposição se deve a uma declaração da artista, das poucas que concedeu publicamente, quando foi questionada pela curadora e crítica de arte Lélia Coelho Frota acerca da razão de suas escolhas de temas e elementos contidos na obra Árvore do Pai Bié (1974): “Era todos os bichos viajando tudo com fome pelo uma ilha, e já estavam com muita fome. Era muita seca, e tava lá os pé de fruta madura. Eles não sabiam se comia ou não, mas o macaco sabia que comia. O macaco avançou na fruta e tiraram e comeram todas pencas madura e virou pros outros bichos, que era bobo, e falou: bicharada, as frutas vocês podem comer, não mata ninguém, chama árvore do pai bié. Essas são histórias do meu miolo, sabe, eu tenho a cabeça cheia de planetas”.
Nazaré Foto: Daniel Cabrel Sem título Sem título Foto: Eduardo OrtegaEXPERIMENTOS FORA DA CAIXINHA
Multiartista desde a infância e empreendedor por natureza, o fotógrafo Gabriel Wickbold mira Brasília e o mundo para expandir seu conceito de arte na plenitude
Por Gilberto Evangelista Fotos JP RodriguesImagine você, aos 21 anos de idade, motivado por um professor, dar um tempo da faculdade, pegar um carro e percorrer dez mil quilômetros margeando o curso do Rio São Francisco? A cada comunidade ribeirinha avistada pelo caminho, uma parada e vários cliques. Depois de 35 dias, a aventura rendeu a série fotográfica Brasileiros – o primeiro de muitos projetos autorais de Gabriel Wickbold,
nome expoente em uma seara repleta de grandes mestres da imagem com reconhecimento, como Mario Cravo Neto, Walter Firmo, Cláudia Jaguaribe, Araquém Alcântara, Nair Benedicto e o supremo Sebastião Salgado.
Depois de dezesseis anos clicando por aí, Wickbold acumula conquistas dignas de admiração. Produziu seis séries autorais e tem no currículo exposições pelo mundo. Ele é responsável por inúmeros retratos de celebridades, DJ Alok entre elas; um de seus quadros está pendurado em uma das paredes do palácio do sheik Al Qasimi em Sharjah, nos Emirados Árabes; tem obras em coleções permanentes de importantes museus, como Erarta (São Petersburgo, Rússia) e MAB (São Paulo); e, neste ano, atingiu a cifra de R$ 1 milhão com um de seus trabalhos. No entanto, para o artista de 38 anos, este momento ainda é apenas o começo, sua mira está projetada para atingir alvos muito mais longe ainda.
de sua intensidade
Em passagem recente por Brasília, com a exposição SurFace, Gabriel ficou encantado com a possibilidade de expor seu trabalho em um dos cartões-postais mais icônicos da cidade, a Torre de TV. “Acho este espaço maravilhoso, é como uma nave espacial no meio da cidade. Poder estar aqui com minhas obras, com todos vocês, é uma grande honra”, disse na ocasião do vernissage que rolou no gastrobar Mezanino.
Em uma private talk com a revista GPS|Lifetime, o artista confirmou os rumores de que pretende sim abrir uma galeria na cidade em breve: “devido à base de colecionadores que já tenho por aqui, sinto um mercado bastante receptivo para o meu trabalho”, avalia. E se os planos realmente se concretizarem, esse será apenas mais um passo na estratégia de expansão de Wickbold, dentro e fora do País, já que ano passado inaugurou uma nova galeria em Londres, além da recente abertura de um novo espaço com 1,5 mil metros quadrados na Avenida Oscar Freire, em São Paulo.
Filho de mãe artista plástica e pai músico dentro de uma família que há 85 anos está à frente da Wickbold, produtora de pães industrializados, o carioca Gabriel tem nas suas veias a arte e o dom de empreender. Aos 12 anos, já escrevia poemas e depois fez parte de uma banda musical, mas foi com a fotografia que sentiu que podia comunicar e se conectar com as pessoas em um nível superior. “O artista pode fazer de tudo, pode fazer um móvel, um projeto de arquitetura, essa liberdade para trafegar livremente é a nossa capacidade de experimentação, e nunca se colocar dentro de uma caixa”.
Irrequieto, quer continuar empreendendo cada vez mais. Criativo e inconformado, desenha até as próprias roupas que veste. “Na verdade, esse também é um plano para um futuro próximo, desenvolver uma coleção cápsula, junto com uma linha de mobiliário. Então, o projeto What’s Next que vou fazer em São Paulo vai trazer uma fase de muita reinvenção, em que vou apresentar vários trabalhos que eu sempre tive vontade de fazer e nunca fiz, com outras mídias, mais coisas da minha parte musical também, ou seja, um momento de muita expansão criativa”, prevê Gabriel.
@gabrielwickbold www.gabrielwickbold.com.br
PAISAGENS ENCARCERADAS
Manifesto acerca da destruição planetária traz lixões e aterros como protagonistas de uma realidade que carece de horizonte frutífero nas mãos humanas
Por Paula SantanaUm cemitério de pneus visto em imagens de satélites. Desconforto que provoca a reflexão, e a ação. Mas para onde vão os que não têm mais uso, bem como todo o lixo que a humanidade produz? Foi a partir da descoberta de um cemitério no Kuwait que a jovem artista plástica paulistana Marina Hachem se encorajou a criar a exposição Ensaio Sobre o Fim do Mundo, na Galeria Lume, de São Paulo, sob a curadoria de Agnaldo Farias.
Estaria o homem, de fato, ensaiando o fim do seu mundo? A indignação é a tônica dessa série que engloba técnicas mistas, bem como as emoções provocadas em quem as observa com mais atenção. Daí a opção pelo preto e por variações do branco e do cinza que se tonificam em paisagens medonhas, fumegantes e fedorentas. A partir dessa representação, a artista reconstitui em imagens um cenário singular e assustador.
“O que mais me interessa nessa série é a quantidade de pneus e o sombreamento entre um e outro. Cria-se uma ideia de movimento e fluidez, de permanente correnteza. Se você fica olhando por muito tempo, parece que a imagem está se mexendo”, explica. “Eu queria, a partir de então, reinterpretar essas imagens e relacioná-las na materialidade, de alguma forma, com a natureza", finaliza.
Marina apropriou-se e transferiu as fotografias para as telas, recortando-as, alterando seus enquadramentos, ampliando ou reduzindo alguns de seus detalhes e reais dimensões. À base de pastel oleoso de cor preta, as produções da artista foram parcialmente encobertas por camadas de cimento branco e cinza, finalizadas com uma crosta de telas de galinheiro. O resultado das obras é áspero, crispado, convulso.
A prova da destruição não está apenas no Pantanal, na Floresta Amazônica, no degelo do Círculo Ártico, como demonstra a artista: “A prova de tudo isso está aqui, colada a nós, moradores das grandes cidades, personificada nos lixões e aterros sanitários, pontuados pelas chamas permanentes da queima do metano, formando um imenso fogão com bocas escancaradas ao céu aberto”, completa o curador, Agnaldo Farias.
DA EVANGELIZAÇÃO À DEVOÇÃO
Século XIX, circuito Bolívia-São Paulo. No trecho, pinturas devocionais e esculturas de santos. Um culto religioso contrito num peculiar contexto artístico. Detentor desta histórica narrativa, o colecionador e antiquário Marcelo de Medeiros reúne seu acervo e apresenta na Arte132 Galeria a exposição Arte Devocional no século XIX: Pintura sobre metal e Paulistinhas.
Em pequenos formatos, foram denominados Paulistinhas. Confeccionados manualmente sob barro queimado em uma base oca, eram executadas pelos chamados santeiros, que faziam surgir Jesus Cristo, Nossa Senhora da Conceição, Santo Antônio, São José, São Sebastião, Nossa Senhora das Dores, Sant’Ana e São Pedro. O curioso: eram realizadas exclusivamente no estado de São Paulo.
Marcelo de Medeiros, curador da mostra, explica que “os Paulistinhas supriram a demanda vinda com o aumento da população, trazendo a possibilidade de o povo ter um santinho dentro de casa; uma arte religiosa que distinguia-se por ser acessível, bem como as pinturas sacras bolivianas, que não se encontravam nas igrejas, eram destinadas ao ambiente doméstico”.
A travessia de costumes
Com a conquista do Peru pelos espanhóis em 1532, imediatamente se fez necessária a manufatura de bens religiosos tanto para o culto europeu quanto para a evangelização dos indígenas. Para tanto, vieram executores de Espanha, Itália e Flandres com a incumbência de ilustrar variadas técnicas, associadas aos reis que tinham por meta converter o gentio, salvando-lhes as almas.
A pintura então inicia-se austera e ganha identidade própria ao receber atributos indígenas. Tal panorama começa a mudar radicalmente no século XIX, em função dos ares vindos das revoluções norte-americana e francesa. Nesta época, intensificaram-se ainda mais a busca por bens religiosos, instituindo a postura devocional, o que trouxe às imagens alegria, cor, inscrições e mensagens.
O forte senso estético e poético do católico cria imagens religiosas, que se transformam em arte ao mesmo tempo em que revelam influência indígena e europeia
Comprar uma obra de arte para sua casa é algo maravilhoso, a convivência com ela deixa a residência muito mais agradável e culturalmente rica. Mas a grande pergunta sempre é: qual artista escolher? A obra de arte não deve ser encarada simplesmente como um objeto decorativo, sem dúvida ela tem um valor muito maior que sua estética: além do cultural, há o valor financeiro.
Ao comprar uma obra de arte, muitas pessoas argumentam que não estão comprando para revender. Então, uma possível valorização não é o objetivo principal. Todavia, ter um patrimônio que dobrou ou triplicou de valor é algo muito bom, pois, mesmo que a ideia não seja comprar para revender, em um momento de dificuldade financeira aquele quadro na parede pode lhe ajudar a resolver a questão.
ARTE
Maurício Lima
Consultor em investimento em arte mauricio@galeriaclima.com.brVocê se identificar e gostar muito de uma obra de arte deve ser sempre o principal motivo para a compra, pois, independentemente se a obra vai valorizar ou não, você conviverá com ela e essa vivência deve ser a mais agradável possível. Então, ao analisarmos se devemos comprar uma obra de um artista jovem ou um consagrado, é importante considerar que a pessoa gosta de ambos artistas. Assim, tiramos esse fator da análise.
Aqui estão alguns prós e contras para lhe ajudar na escolha:
Os prós do artista Jovem:
•as obras tendem a ser bem mais baratas e, por isso, o valor do investimento é muito menor;
•grande quantidade de artistas para se escolher;
•uso de materiais experimentais;
•há no mercado artistas jovens de grande qualidade e com boas obras.
Os contras do artista jovem:
•o começo da carreira é uma época de muita experimentação, pois normalmente o artista demora muito tempo para encontrar uma linha de pensamento que deixe ele e o mercado satisfeitos. Assim, a pessoa
pode comprar uma obra e depois o artista ganhar notoriedade por outra série de trabalhos, deixando esses trabalhos iniciais com menos importância;
•a vida de artista é muito difícil, até conseguir uma independência financeira é um longo caminho e, por isso, muitos desistem e procuram outras profissões. Nesses casos, a obra passa a ter um valor financeiro muito baixo;
•artistas jovens são menos conhecidos e dão menos peso a uma coleção;
•alguns artistas fazem obras maravilhosas no começo de suas carreiras e depois não conseguem manter o mesmo nível e acabam perdendo espaço no mercado;
•baixa liquidez.
Prós dos artistas consagrados:
•o artista consolidado no mercado já tem um conjunto de colecionadores que compram suas obras e isso gera liquidez à obra.
•obras desses artistas têm uma chance maior de valorização, o que faz ser um investimento mais seguro;
•obras de arte importantes deixam a casa mais importante e imponente;
•obras de arte importantes podem ser solicitadas por curadores e museus para exposições, o que ajuda na valorização da obra.
Contras dos artistas consagrados:
•valor a ser investido é maior.
Uma coisa que é importante salientar é que há muitos artistas consagrados que ainda não têm um mercado forte, mas isso não tira sua importância e, normalmente, o mercado eventualmente revisita esse artista e seu preço tende a disparar. É o caso do Rubem Valentim, que há menos de dez anos se encontrava quadros por R$ 15 a 20 mil e, hoje, boas obras da década de 60 podem chegar a mais de R$ 500 mil. Esse e outros artistas passaram anos e anos com preços baixos no mercado e quem comprou fez um ótimo investimento.
Há muitas oportunidades. Entre os artistas jovens, vale a pena sempre tentar comprar algo que você goste muito, pois se a obra não valorizar, a convivência com ela já valerá o investimento.
Já entre artistas mais consagrados, há ótimas oportunidades no mercado, como aqueles da geração 60, entre eles Artur Barrio, Waltercio Caldas e Eduardo Sued.
Acrílica sobre tela de Eduardo SuedTETÊ COM ESTILO
Maria Thereza Laudares
RENASCER E REINVENTAR
Como a indústria da moda se prepara para o futuro
“A moda é sobre avançar e não sobre recuar”, já alertava Chanel em 1959. Moda, essa estranha força que nos faz tomar consciência do nosso presente e, ao mesmo tempo, exige o deslocamento de nosso pensar na direção do futuro.
O século XXI tem nos exigido repensar valores e encontrar novas soluções. As gerações que chegam ao mercado de trabalho adotam tais demandas como suas ambições. A indústria da moda, parte integrante do sistema produtivo da sociedade, promove novos posicionamentos e, seu futuro depende das decisões que tomamos hoje.
Entretanto, o que é moda, é uma pergunta que precisamos responder hoje para construirmos um amanhã saudável. Inclusão e sustentabilidade revelam-se peças-chave para o discurso ético e atual da moda. E, a sustentabilidade é um desses novos parâmetros comportamentais que encontramos tanto no ocidente quanto no oriente.
O comportamento social vai na direção de uma nova conscientização, em que a necessidade urgente procura criar novas práticas de compartilhamento, não apenas de intenções, mas de caminhos que visam reconhecer a interconectividade de todas as vidas, não somente as humanas, mas de todos os seres vivos.
Os italianos entendem a moda como arte e por isso acreditam merecer respeito; uma abordagem que reconhece na sustentabilidade um caminho para essa indústria que se fundamenta na criação humana. O conceito do Bello ben fatto, belo bem feito, sintetiza a integração da fabricação italiana em que a ideia da qualidade estética é aliada àquela da fabricação.
A Valentino e a valorização do ser humano
Desde que assumiu a direção criativa da maison Valentino, Pierpaolo Piccioli tem reposicionado a marca com posturas éticas claras e valores de transparência. “Eu acredito verdadeiramente que o futuro é encontrar pessoas e a capacidade de fazer isso está nos pequenos gestos de cada ser humano e no respeito à individualidade de cada história pessoal. O trabalho que estou fazendo com a Valentino é direcionado para os valores de confiança, essência para a diversidade, igualdade e, acima de tudo, amor. Meu objetivo é fazer o periférico tornar-se essencial com a possibilidade de construir um futuro onde as pessoas possam ser o centro de tudo. Valentino era uma marca reconhecida por sua exclusividade, excelência em capturar a essência daquilo que significava viver uma vida de privilégio. Hoje o privilégio vem com a responsabilidade. Hoje para ser relevante é preciso abraçar a inclusão, a igualdade e a beleza de se abrir para diversos territórios e regiões do mundo”, declarou Pierpaolo Piccioli em seu discurso na noite de premiação do Sustainable Fashion Awards em Milão.
O caminho seria distanciar-se do molde “Pega, faz e joga fora” que por anos tem dominado a indústria da moda por décadas. É preciso mostrar consideração para com os milhões de trabalhadores que atuam por trás das máquinas de costura pelo mundo afora.
Prada e a educação
O grupo Prada em parceria com a UNESCO criou o programa educacional Sea Beyond. Acreditando que a educação é o caminho para a conscientização na preservação dos oceanos. O projeto direcionado para escolas de ensino médio é sustentado pelas vendas dos produtos feitos em nylon regenerado, uma coleção lançada em 2019 com o nome de Prada Re-Nylon. Em 2021, Lorenzo Bertelli, filho do casal Miuccia Prada e Patrizio Bertelli, liderou o grupo para a abolição do nylon como matéria virgem, encorajando o uso apenas do material reciclado.
“A indústria da moda é um dos maiores contribuintes para a entrada de microfibras nos oceanos. Para resolver o problema, precisamos reinventar a moda” afirmou Patrizio Bertelli.
A natureza é o princípio Gucci
Investir no início da cadeia produtiva apresenta-se como a escolha acertada para a Gucci. Colaborar com produtores agrícolas na promoção da recuperação de áreas faz parte das medidas para enfrentar as mudanças climáticas. Essa nova visão envolve dez empresas trabalhando em colaboração, incluindo La Soledad, uma fazenda no Uruguai que produz lã de carneiro em cultura extensiva. Traçar todas as etapas de produção a partir do cultivo da matéria-prima assegura o conhecimento de todas as fases do produto oferecido por uma marca. Mudar processos e mindset caracterizam o compromisso. “Clima não tem fronteiras, então onde existir uma possibilidade, onde tiver pessoas com vontade de fazer algo de novo, querendo mudar a forma que pensamos, nós iremos em frente,” declara Marco Bizzari CEO da Gucci.
A moda encara a contemporaneidade, define mas nunca a encerra. A moda é uma linguagem universal e delicada que se adequa ao tempo presente questionando e alterando nossa ideia de beleza. É preciso continuar para que se crie a próxima estação e de preferência em um caminho de colaboração. Coco Chanel dizia que ao mudar a moda, não sabemos aonde ela nos levará. E assim veremos na moda o grande observatório contemporâneo que evolui junto com a arte e por que não dizer junto com a arte de viver.
Pierpaolo Piccioli, diretor criativo da maison ValentinoA moda segue seu curso. E o futuro está em boas mãos. Novos nomes, jovens talentos. Empolgantes, empolgados.
expandidas, criadores em expansão. A vitalidade da alma abraça o corpo e explora a roupa. Hardware. Maxi. Intensidade. É fluido, é lúdico, é histórico. Desconstrução de vanguarda. Tem vida, tem arte, tem vontade. O força da moda está de volta. Sem sequelas. (PS)
Chanel Balmain Saint Laurent BurberryO PODER DO VESTIR
Os mais elevados níveis do luxo transcritos num guarda-roupa poético. Modernidade e exotismo na essência do cultivo ao clássico. Senso de intelectualismo. Espírito de confiança. A sensualidade é atrevida. Flexibilidade surge esportiva e funcional. A modernidade vem do gênero. Origem, identidade, cultivo à nova ordem no mainstream. (PS)
FRONT ROW
Lily Allen, Jourdan Dunn, Emily Carey, Miram Leone, Chiara Ferragni e Leonetta Luciano (Fendi) Karlie Kloss, Joan Smalls e Poppy Delevigne (Stella McCartney) Elie Saab Max Mara Donatella Versace (Versace) Helena Bordon (Dior) Avani Gregg (Prada) Maximilian Davis (Ferragamo) Paris Hilton (Versace) Lil Nas X (Ferragamo) Gaia Repossi (Bottega Veneta) Giambattista Valli Kiwi Lee (Burberry) Kylie Jenner (Loewe)Fidèles. Nobres. Influentes. Intercessores. Titulares de suas identidades. Representantes de um código. Manifestantes de seu tempo. Dominantes em denominados. A moda, a marca, o produto manifestam-se neles, gente, corpo com alma. Pessoas se conectando a pessoas. Personificações. Drama, cena, teatro. Admiradores e seguidores. Comunidade. (PS)
Bruna Marquezine (Versace) Lanvin Kim Kardashian (Dolce & Gabbana) Victoria Vergara (Missoni) Lady Amelia Windsor (Versace) Khloé Kardashian (Balenciaga) Charlotte e Abby Roberts (Alexander McQueen) Sasha Meneghel (Fendi) Givenchy Emily Ratajkowski (Bally) Ib Kamara e Ellen von Unwerth (Off-White) Kristen Stewart (Chanel)Cenários que desvendam a travessia da moda. Neste instante. Caminhos revelados em atmosferas distintas. O coração transborda enquanto os olhos veem. Enxergar a essência, provocar os sentidos. Concluir. Interpretar. Sonhar junto. Um espetáculo que precede o show. (PS)
A GRANDEZA DO AGORA
TRANSFUSÃO DE POVOS
Uma mistura empolgante de rostos familiares e recém-chegados. Etnia, traços, cores. Continentes e costumes. Valores e heranças. O belo não é feio, nem bonito. O corpo é alma. A roupa, vestimenta. A mente quebra fronteiras. América Gonzales, o rosto da temporada, 36 fashion shows. África, América, Ásia, Europa. Não há velho, nem novo mundo. Tem gente. Status flexíveis, disseminação de raças. As dez tops da primavera 2023. (PS)
O minimalismo se revela no preto. A esperança se ilumina no dourado. A sobriedade de um na exuberância do outro. Tudo bem caminhar sozinhos. Mas, em harmonia, a roupa vira código e anuncia que a elegância no vestir tem mais sentido quando a alma se exulta na aurora. (PS)
BVLGARI, INSIDE THE DREAM
Primeira filial da joalheria romana no Brasil insere Goiânia na rota das preciosidades e encanta com seu centenário acervo Serpenti
Por Gilberto Evangelista Enviado EspecialGoiânia – Você já se perguntou qual é o caminho que uma pedra preciosa faz para chegar até nós em forma de colares, brincos, anéis e pulseiras? Não se trata de uma regra, mas o docufilme Inside the Dream traz essa resposta ao revelar os bastidores da centenária grife de alta joalheria romana Bulgari. Inclusive, fica a dica, pois a película dirigida pelo talento iniciante Matthieu Menu está no catálogo da Prime Video.
O curioso desse documentário é que ele mostra detalhes da rotina de trabalho exaustivo da toda poderosa Lucia Silvestri, diretora criativa, e como ela faz para achar as pedras mais incríveis do mundo. O filme conta tudo, ou quase tudo, desde a busca em Jaipur, na Índia, até a concepção de peças únicas na sede da empresa em Roma e por meio da produção artesanal magistral na Oficina da Bulgari.
O filme detalha como são feitas joias excepcionais, como o colar Serpenti Hypnotic Emerald, que tem uma impressionante esmeralda colombiana de 93,83 quilates com corte cabochão (característico da grife gloriosamente brilhante e generosamente curvilíneo, e que evoca as imponentes cúpulas de Roma), usado pela primeira vez por Zendaya em sua chegada hipnótica ao lendário tapete vermelho do 78º Festival Internacional de Cinema de Veneza.
O roteiro traçado no documentário é o mesmo que resulta também nas incríveis peças que hoje estão nas vitrines da boutique temporária que a Bulgari inaugurou em 2022 no Flamboyant Shopping, em Goiânia. Entre os produtos disponíveis nessa primeira filial fora de São Paulo, estão peças de todo o universo Bulgari, como as importantes coleções Serpenti, Bvlgari Bvlgari, Divas's Dream, Fiorever e B.Zero1; os magníficos relógios da coleção Octo Finissimo e Bvlgari Aluminium.
Em perfeito contraste e fusão, o design da loja mistura a cor magenta e tons de açafrão, as icônicas cores da maison, que transmitem uma sensação tocante do brilho, do calor e da alegria de Roma. Enquanto elementos de malha metálica de latão e mármore, uma referência à arquitetura da Cidade Eterna, acrescentam ao espaço a riqueza e a elegância associadas às criações da joalheira.
Parte do plano de expansão no Brasil, a abertura da nova loja é um testemunho da convicção da Bulgari no potencial do País e principalmente da região Centro-Oeste, uma vez que “Goiânia sempre esteve no topo entre as cidades que mais consomem nossos produtos”, comentou Elodie Thellier, presidente da marca para a América Latina.
A casa italiana de 134 anos, que abriu sua primeira unidade brasileira em 2012, pretende seguir investindo nas operações locais nos próximos anos, devido ao crescimento significativo e consistente que vem experimentando ao longo dos anos. E Brasília pode se imaginar Inside the Dream? “Sim, evidentemente, mas isso só o futuro nos dirá. A verdade é que a capital federal sempre figura na lista das cidades que estão no nosso radar, ou seja, não é impossível”, avaliou Thellier.
experimen
Minimalismo silencioso. Pérolas e metais preciosos. Delicadeza e artesania. Florais, corações, desenhos, lettering. O comprimento se estende, os fios afinam, o volume enfeita. Os diamantes são o acontecimento, o ouro ainda reluz, as pedras colorem e enaltecem (PS)
ENFEITADA
Colar Bypass em platina e ouro amarelo com diamantes, Tiffany&Co. - R$ 414 mil
Brinco geométrico em ouro, Silvia Badra - R$ 3.300
Brinco longo em platina e ouro amarelo com diamantes, Tiffany&Co. - R$ 232 mil
Anel Alvorada em ouro amarelo, Grifith - R$ 9.900
Anel Lagos com brilhantes, Carla Amorim - R$ 59.260
Brinco em ouro amarelo com ágata verde e ametista, Silvia Badra - R$ 3.200
Brinco Cobogó em ouro amarelo, Grifith - R$ 8.250
Brinco Esplêndido oval, Carla Amorim - R$ 434.739
Pulseira em ouro rosa com pavé de diamantes, Tiffany&Co. - R$ 206 mil
Anel em ouro amarelo, ametista e topázio branco, Silvia Badra - R$ 3.300
Aliança Alvorada em ouro rose, Grifith - R$ 3.600
Panerai - R$ 48.800
Cartier para Grifith - R$ 49.200
Patek Philippe - preço sob consulta