Revista GPS Brasília 37

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nosso estilo

nossa identidade

O Brasília Shopping traz na essência a modernidade, a ousadia, o encantamento.

O Brasília é de Brasília. Sua presença é monumental, seu estilo, pulsante.

O Brasília é nossa casa, nossa identidade, e é todo nosso

Diretora de Conteúdo

Paula Santana

Editora-chefe

Marcella Oliveira

Editora de Criação

Chica Magalhães

Fotografia

Celso Junior, JP Rodrigues e João Pontes

Produção Executiva

Karine Moreira Lima

Pesquisa de Imagens

Enaile Nunes

Reportagem

Bruna Nardelli, Caio Barbieri, Carolina

Cardoso, Daniel Cardozo, Larissa Duarte, Morillo Carvalho e Theodora Zaccara

Colaboradores

Fernando Cavalcanti, Isadora Campos, Maria Thereza Laudares, Maurício Lima, Patrícia Justino e Ricardo Vale

Revisão

Jorge Avelino de Souza

Diretor Executivo

Rafael Badra

Gerente Executivo de Contas

Will Madson

Contato Publicitário

José Roberto Silva

Tiragem

30 mil exemplares

Circulação e Distribuição

EDPRESS Transporte e Logística

GPS|Brasília Editora LTDA. www.gpslifetime.com.br

Sócios-diretores

Rafael Badra

Paula Santana

Brasília Shopping – Torre Sul, salas 1313/1314

SCN quadra 5, bloco A – Asa Norte

CEP: 70.715-900 – Brasília-DF

Tel.: (61) 3364-4512

IGUATEMIBRASILIA.COM.BR
PISO 1

Colaboradores

João Pontes Bruna Nardelli
Equipe
Daniel Cardozo Celso Junior Caio Barbieri Enaile Nunes Marcella Oliveira Chica Magalhães Jorge Eduardo Antunes Carolina Cardoso Will Madson Karine Moreira Lima Larissa Duarte Theodora Zaccara Morillo Carvalho
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JP Rodrigues

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ANO 11 # jul.ago.set 2023

18 Um novo ato Teatro Nacional, renovado para voltar aos tempos de glória

22 Com vocês, a BroadW3 Música, teatro, ateliês... a pouco notada W3 Norte exala cultura

26 Evoé, o fazer cênico O despontar de novos diretores de teatro da cidade

30 Rui Faquini, o guardião do cerrado Uma viagem pela carreira do fotógrafo

36 Reminiscências transcedentais A obra do artista Glênio Bianchetti ganha acervo digital

40 Sensibilidade à flor da tela O artista plástico Augusto Corrêa e suas bolinhas

42 Bate coração Três Arquitetura assina lounge do GPS|Brasília na CasaCor

44 O homem que reinventou um banco A trajetória de Paulo Henrique Costa no comando do BRB

48 Para mulheres sábias Empreendedorismo feminino com Camila Farani

52 A literatura de uma protagonista Brasília, fonte de inspiração para a cineasta Cibele Amaral

54 Um tsunami chamado plástico A ativista Maya Gabeira e o trabalho da ONG Oceana

58 A capital da inovação Innova Summit coloca Brasília na rota da tecnologia

60 Artigo por Fernando Cavalcanti Ascensão da IA: quais as principais preocupações dos C-Levels?

Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, foi fotografado por Carol Bruzzone Anel com esmeralda e diamantes em ouro 18k, Silvia Badra - R$ 10, 2 mil Brinco com granada, peridoto e amazonita em ouro 18k, Silvia Badra - R$ 4,9 mil

62 Artigo por Ricardo Vale O autorresgate civilizatório

64 Educar e manter ternura Colegio Seriös entrega educação de excelência

68 O futuro está em novas mãos Rodrigo Lima e o sucesso da cirurgia robótica no DF

70 Lapidador de corpos Enaltecer sem pecar pelo excesso, a missão do cirurgião Rodrigo Bastos

72 Integral Health, o equilíbrio da vida Cuidados com a saúde física e mental no Sensce ClinicSPA

74 O colo necessário Trabalho de Aline França ajuda mães na amamentação

76 Do chá da tarde ao casamento Greenhouse como escolha para grandes eventos

78 Brasília nos seus melhores ângulos Boa música e alta gastronomia na Torre de TV, com o Mezanino

80 No Litoral Sétima edição do Na Praia homenageia o Marrocos

82 Excelência reconhecida Acuas Fitness recebe prêmio por atendimento de excelência aos alunos

84 Memória sobre rodas Aficionados por carros antigos vivem a paixão no V12 Auto Club

86 A grande muralha Grupo Jorlan traz a GWM e expande universo dos carros elétricos

90 This is Duda A ascendência de Duda Portella Amorim, mineira de coração brasiliense

108 Tetê com Estilo Barbie encantando gerações antes mesmo de virar filme

110 A casa de Cris Estilista Cris Barros festeja vinte anos da sua marca

112 Entre Nós, por Patrícia Justino As novidades da arte, moda, beleza e viagens

114 A semente da mudança O açaí como protagonista de skincare da marca Olera

116 Do Brasil para o brasileiro A mostra Rotas Brasileiras exalta os artistas nacionais

118 Diálogo corpóreo da caligrafia A arte de Mira Schendel na mostra Toquinhos

120 Arte por Maurício Lima Luiz Alphonsus, precursor da Land Art no Brasil

122 Ícones por Isadora Campos O centenário do exuberante Copacabana Palace

126 O RP de Jesus Padre Omar, trabalhando pelo Cristo Redentor

128 Explora por Marcella Oliveira Spots deliciosos da capital carioca

130 Os encantos pantaneiros Pousadas, restaurantes, museus... um guia de viagem no Pantanal

134 Bons ventos levam ao Preá A repórter Marcella Oliveira desbrava a Vila Carnaúba, na Praia do Preá

138 O emirado da natureza Ras Al Khaimah desponta como destino de turismo de luxo

140 Costa adriática em sua forma original Conheça o hotel Masseria Torre Maiza em Puglia, Itália

141 Pedalar nos alpes Cruzar a Suíça de bike em rotas turísticas especiais é possível

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Paula Santana e Rafael Badra Sócios-fundadores

GPS|BRASÍLIA, A NOSSA ALVORADA

Se pudesse ser traduzida em uma canção qualquer da história da revista GPS, várias estrofes poderiam surgir na mente de cada profissional que esteve conosco nestes doze anos. Não sei dizer se chegam a centenas, pois nossos times sempre foram coesos e duradouros. Mas os que adolesciam nos anos 80, podem se identificar com o versinho adorable da banda A Cor do Som... “Sim, é como a flor; de água e ar, luz e calor; o amor precisa para viver; de emoção e de alegria; e tem que regar todo dia”.

Enxergamos assim a revista nestes mais de quatro mil dias de longevidade, circulando pela nossa capital e outros estados. Como uma flor, que desabrocha a cada três meses, e se faz na base deste conjunto de elementos. Uma analogia lírica e lúdica, mas que nos remete ao ponto em que nos encontramos agora. Para algo da terra florescer, é preciso (re)conhecer o chão onde ela é plantada. Há de se criar raiz. Esta mesma que nos fortifica e nos recoloca na base da nossa existência como homens que criam identidade em suas origens. No sentido literal, somos o povo originário querendo retornar à base.

Esta edição, sedimenta mais uma fase da nossa trajetória. Seremos como nascemos, GPS|Brasília. A matriz. Mas por que isso? Em 2018 nos transformamos em GPS|Lifetime, um processo evolutivo da terminologia Lifestyle. Tinha muito a ver com a conjuntura da época. A inteligência artificial nos sendo apresentada. E nos questionávamos na nossa incansável ânsia de nos renovarmos a cada instante: ‘de que forma nosso conteúdo seria elencado como produto favorito neste precioso e raro bem, o tempo?’.

E assim surgiu, super cool e intrigante, o Lifetime. Fez enorme efeito, pois logo depois saberíamos, ao sermos assolados por um vírus mortal, o valor do tempo e tudo o que faríamos, ou não, com ele.

Deus sempre nos inspira muito. E fez sentido até aqui. Atualmente não somos mais os mesmos. Fragilizados e ainda vulneráveis, nos tornamos reféns de relações distantes, nos desconectamos do essencial, perdemos a noção de tanta coisa, nos tornamos estranhos. Sem raízes, talvez? Eis que é chegada a hora da busca incessante por nossa história. A investigação acerca das origens. Porque o novo vem das raízes, o futuro nasce do passado. E Brasília nos deu esta oportunidade de nos tornarmos quem somos. Um hub de comunicação completo, atuando em todas as plataformas. Onde nossos valores são inegociáveis, bem como o nosso compromisso em manter essa cidade regada – assim como na música – ‘de emoção e alegria’.

E em nossa capa, temos um assunto especial: o ressurgimento do BRB, instituição fundamental para a capital. Sob a batuta de Paulo Henrique Costa, o banco deixou de ser um foco de escândalos para se tornar um competidor de ponta no acirrado mercado financeiro. Graças a isso, hoje, é parceiro dos esportes, da cultura, da cidade e do povo de Brasília. Ao celebrar seus 57 anos, a nossa homenagem ao BRB de Brasília. E do Brasil.

E quanto a nós, convidamos você, que nos edifica com a sua leitura, a viver o gênesis conosco. GPS|Brasília, a nossa aurora, a nossa alvorada.

Editorial
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UM NOVO ATO

Foram 21 anos entre início e conclusão do projeto. Três décadas como epicentro cultural. Há nove anos está fechado. Atualmente em reforma com previsão de entrega inicial ano que vem, o Teatro Nacional Cláudio Santoro precisa resgatar o seu esplendor

Cultura
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Brasília é uma cidade marcada pela arquitetura única, símbolo da modernidade brasileira. E, no coração da capital, ergueu-se majestosamente o Teatro Nacional Cláudio Santoro, um dos mais importantes espaços culturais do País. Por décadas, a obra de Oscar Niemeyer abrigou inúmeras manifestações artísticas e culturais, sendo palco de peças teatrais, concertos musicais, apresentações de dança e muito mais.

Fechado desde janeiro de 2014, após recomendações por não atender normas de acessibilidade e segurança, o Teatro Nacional passa por uma fase de renovação, com intervenções que visam resgatar seu esplendor original, modernizar suas instalações e garantir a segurança e acessibilidade para o público. “O Teatro Nacional é um ícone, uma referência para todo brasiliense e um teatro da nossa nação; em nenhum outro lugar do Brasil existe um teatro nacional como o de Brasília", destacou o secretário de Cultura do Distrito Federal, Cláudio Abrantes.

Foto: Celso Junior Por Caio Barbieri
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A primeira etapa contempla a reforma da Sala Martins

Pena, com investimento na casa dos R$ 50 milhões, para revitalização das áreas de palco e plateia, além de tratamento das armações expostas e escavação da sala para o gerador de energia. A sala conta com um palco de 235 m², que terá todo o piso restaurado. A capacidade de público será ampliada de 407 para 497 lugares. O projeto inclui a construção de uma nova arquibancada, onde serão dispostas as poltronas e escadas de acesso ao público. O foyer também será renovado com um novo forro, tornando o ambiente ainda mais acolhedor.

“É uma obra complexa, que envolve o patrimônio cultural de Oscar Niemeyer. Projetamos entregar a parte Martins Pena no segundo semestre do próximo ano, com intervenções para o uso da população”, destacou Abrantes.

E não é apenas o interior do teatro que está recebendo atenção: obras significativas também estão em curso no entorno do edifício. Uma das mudanças notáveis é a construção de um reservatório de incêndio na lateral do teatro. Essa estrutura, com área de 202 m², está sendo realizada para assegurar o combate a incêndios e atender a todas as necessidades do teatro, garantindo a segurança de artistas e espectadores.

A segurança e a acessibilidade são prioridades no projeto de renovação do Teatro Nacional Cláudio Santoro. "As obras estão seguindo o cronograma estabelecido e cumprindo todas as exigências legais para garantir acessibilidade e segurança aos espectadores que, em breve, reocuparão o espaço", disse o secretário.

A próxima etapa abrangerá o revestimento de piso, parede e teto dos camarins e das salas de apoio. Além disso, importantes melhorias serão realizadas nas instalações elétricas, hidráulicas e no sistema de ar-condicionado, garantindo o conforto e o bem-estar de todos no nosso cartão-postal, para iniciar a etapa seguinte das obras, que beneficiarão a principal sala, a Villa-Lobos – com capacidade de 1.407 lugares e palco de 450 m². “A parte da Villa-Lobos é extremamente complexa, ainda estamos dialogando com o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural do Brasil) e com a empresa responsável pelo projeto, com captação de recursos positiva. Esperamos lançar a licitação da segunda parte no início do próximo ano", destacou Abrantes.

Fotos: Arquivo Público DF/ARPDF
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Apesar dos transtornos temporários causados pelas obras, a promessa de um Teatro Nacional renovado e deslumbrante é motivo de entusiasmo e esperança para toda a comunidade cultural de Brasília. Em breve, esse icônico espaço cultural voltará a brilhar com todo o seu esplendor. Ouviremos, novamente, o ecoar das vozes, das músicas e dos aplausos.

Sobre o Teatro

Nacional de Brasília

• O icônico Teatro Nacional de Brasília, originalmente chamado assim até 1989, foi concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Em 1958, Niemeyer embarcou em sua primeira onda de projetos para a capital e desenhou o teatro com a intenção de torná-lo o epicentro cultural da nova capital.

• Para dar vida ao projeto, Niemeyer uniu forças com o talentoso pintor e cenógrafo Aldo Calvo. Juntos, eles deram vida a três esboços iniciais, passando de um formato circular para a impressionante forma piramidal que hoje conhecemos.

• Os cálculos estruturais que sustentam o Teatro Nacional foram realizados por Bruno Contarini, engenheiro que colaborou frequentemente com Niemeyer em seus projetos arquitetônicos audaciosos.

• A construção teve início em 30 de julho de 1960, mas após a conclusão da estrutura principal, em

30 de janeiro de 1961, a obra ficou paralisada por cinco anos. Durante essa fase, o espaço foi usado improvisadamente para uma variedade de eventos, desde competições esportivas até missas e festas.

• A renomada Sala Martins Pena, concluída em 1966, permaneceu como a única parte concluída do Teatro Nacional por algum tempo. O famoso painel de blocos nas laterais, criado por Athos Bulcão, conferiu um toque artístico único ao edifício. Anos após, em 1981, a sala Villa-Lobos virou a principal sala do Teatro Nacional e a única sala de ópera e ballet da cidade.

• Em 1975, o Governo do Distrito Federal pediu a ajuda de Niemeyer para concluir o projeto. Embora o arquiteto não pudesse supervisionar a obra, uma equipe de talentosos profissionais, incluindo o arquiteto Milton Ramos, Aldo Calvo, Athos Bulcão e outros, refinou e adaptou o projeto original para as mudanças artísticas que haviam ocorrido desde sua concepção.

• Após anos de esforço, o Teatro Nacional de Brasília finalmente abriu suas portas completas em 21 de abril de 1981, no 21º aniversário da cidade. A última parte da obra, o anexo, completou a visão original.

• A grandiosa construção requereu 16 mil metros cúbicos de concreto e aproximadamente 1.600 toneladas de aço, evidenciando a magnitude do projeto.

• Em 1989, após a morte do maestro e compositor Cláudio Santoro, que dirigiu a orquestra do teatro desde 1979, o local recebeu seu nome atual como uma homenagem a esse importante ícone cultural.

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Estúdios, salas, garagens, palcos, oficinas. Entre portinhas e subsolos, um universo multicultural e cosmopolita se abre e se expande numa ocupação urbana que confirma a verve que o brasiliense traz em seu ID: a eclosão da diversidade artística

COM VOCÊS, A BROADW3

Brasília teria facilmente uma Broadway para chamar de sua. Teria, no futuro do pretérito, porque é claro que ainda não tem. Mas basta um olhar mais poético para o canto mais amalgamado da cidade – exatamente o lugar que escapou das linhas do arquiteto, cuja nomenclatura é incerta e onde cada prédio foi se constituindo como pôde – para chegar à conclusão de que só não temos uma Broadw3 porque não queremos. Se estas 19 iniciativas aqui listadas se unissem e reivindicassem que a Rua das Oficinas – a paralela da W3 Norte, que dá uma equalizada nas relações sociais, que embarreira a mera gentrificação para servir de artéria de encontro a humanos de todos os extratos sociais – e adjacências fosse o pedaço de Broadway

que tanto glamour daria à nossa cidade, é certo que isso seria imparável.

Fica a provocação. E fica também a lembrança de uma vocação: os imensos letreiros que forram a fachada do Conjunto Nacional, tombados como patrimônio histórico de Brasília, foram inspirados nos da Broadway. E, bom, a lista aqui inclui espaços de diversas naturezas, pitadas de gastronomia e não apenas a Rua das Oficinas, mas as imediações. Afinal, a Broadway não é uma rua apenas, é uma ideia que se expande e irradia. O passo inicial, que depende de outro agente importante aqui e não apenas dos empreendedores culturais, está sendo dado: o governo do Distrito Federal acaba de lançar uma consulta pública prevendo a requalificação da região.

Urbe
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Foto: SEDUH/DF

Teatro Brasília Shopping – SCN

O pequeno teatro que fica no cantinho do shopping que dá a largada para a W3 é uma referência geográfica inicial importante. Acolhe diversas produções da cidade, é charmoso e tem no foyer a arte gráfica de Omik, já consagrado grafiteiro que deixa tudo mais colorido e acolhedor.

Casa da Cultura Brasília – 703

A casa da cantora lírica Janete Dornellas é na residencial da 703, bem colada à Rua das Oficinas, e, com quatro salas e um salão, realiza saraus, atividades de formação, oficinas... Delícia pura.

Melodia – 706

Loja de música das mais consagradas e conhecidas da cidade, a Melodia foi aquele caso de "começou com uma portinha, pegou a loja do lado, foi, foi"... Hoje dispõe de café e, não raro, tem mini shows de rock à noite por lá.

Estúdio Sinal Music – 706

É um estúdio musical, numa das casas da 706. Serve a músicos, não realiza eventos nem é de acesso público. Mas está aqui por ser um ótimo espaço de encontro entre bandas e músicos profissionais e para mostrar, mais uma vez, a vocação da região para a arte.

Empório Cultural – 706/707 (Teatro Ana Noceti)

Só esse espaço já daria todo o sentido para essa lista, porque mais Broadway, impossível. Só de montagens da própria Broadway que eles já fizeram, é possível listar Rent, We Will Rock You, Miss Saigon... A lista é imensa!

Referência no teatro musical, o Empório Cultural começou num espaço que já havia abrigado um teatro, até se mudar para a sede definitiva que é... um espetáculo. Além de formar alunos em diversos gêneros artísticos, abriga o Teatro Ana Noceti, onde é possível assistir às apresentações e apreciar a qualidade do trabalho que desenvolvem.

Mapa'ti – 707

A histórica casa de Teresa Padilha, que é toda da arte. Além do teatro, no subsolo, onde ocorrem apresentações e aulas, há um salão espelhado, uma sala-foyer que é puro aconchego e a cozinha. Uma ida ao espaço para assistir Vinicius, em cartaz por lá há sete anos com a Companhia Infiltrados todo último final de semana de cada mês, permite esse encontro completo com o espaço. E é puro afã.

Cida Carvalho Mosaicos – 708

É no bloco C da 708 que Cida Carvalho abriga seu Estúdio de Mosaico, onde ministra aulas e expõe. Desde 2008. Espaço dedicado à arte musiva, Cida está em Brasília desde 2002.

Ateliê Flávia Pinto – 708/709

Artista da cerâmica, Flávia mantém um ateliê com muitas – muitas mesmo – peças na nossa rota. Uma amostra da qualidade da cerâmica brasiliense atual, que se organiza num circuito que, vira e mexe, promove feiras e exposições pela cidade.

Foto: Telmo Ximenes Fotos: Divulgação Teatro Brasília Shopping Teatro Mapa'ti Ateliê Flávia Pinto
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Casa da Cultura Brasília

Casa dos Quatro – 708

É uma casa mesmo: seu foyer é como a sala de uma casa, onde há um espaço expositivo, pequena biblioteca, dispõe de displays para vendas de livros. Há um espaço administrativo que serve de coworking artístico.

E há um teatro, com capacidade de 55 lugares, com extensa programação. O nome remete à casa, aos quatro fundadores e à Brasília, já que um "quadradinho" é formado por quatro pontas. Foi o último grande sonho do teatrólogo Alexandre Ribondi, que é um desses quatro. Este, que escreve esse texto, é outro.

GTR Escola de Música – SCRN 708/9

Instituto de ensino de música, é onde boa parte do rock se formou nos últimos anos e foi fundado pelo guitarrista da banda Angra, Marcelo Barbosa.

Teatro Oficina Perdiz – 710

Histórico na resistência teatral da cidade, o teatro Oficina do Perdiz era comandado por José Perdiz até seu falecimento, em 2022. Inicialmente constituído nos fundos de sua oficina, na 708/9 Norte, o local foi removido sob protestos da classe artística, mas o poder público encontrou o atual espaço, na 710, para que as atividades continuassem. E continuam, agora sob o comando de Bruno Estrela.

TAO Filmes – 711

O ponto onde antes funcionava a Escola Teatral Confins Artísticos (ETCA) desde 2016 tornou-se sede da Tao Filmes. Todo dedicado às artes, dispõe de um café, estúdio de música, salas de aula para aprendizes de teatro e um teatro para 30 lugares muito aconchegante e bem equipado. Comandado pela diretora Luciana Martuchelli e seus sócios, Filipe Lima e Juliana Zancanaro, é espaço de formação e também de apreciação, com ótima programação.

Trupe Trabalhe Essa Ideia / Teatro Engrenagem – 712

Eu disse Broadway? Pois aqui temos outro espaço de formação bastante focado em teatro musical, porém com ampla frente de trabalho para crianças. Desde a fundação, em 2017, está na Rua das Oficinas e, depois de poucos anos de atividade, estruturou-se na 712 Norte, onde ampliou a estrutura e criou o Teatro Engrenagem.

Llola Lab – 714

Nem estão incluídos nessa lista os inúmeros brechós da Rua das Oficinas, porque, só eles, já dariam um roteiro completo. Mas o Llora Lab merece por ter conceito e curadoria. É brechó, mas é também ponto de diálogos artísticos. Em agosto, por exemplo, realizou-se lá uma série de encontros sobre Teoria e Prática de Terrorismo e Guerrilha em Políticas Culturais. Arte.

Fotos: Divulgação Trupe Trabalhe Essa Ideia Scala Companhia de Artes Estúdio Sinal Music

Vetorial Produções Musicais – 714

Mais um estúdio musical que não é de acesso público, mas que dá à rua o movimento artístico que tanto está sendo aqui defendido. São a artéria do rock, estúdios como esse...

Muviola Filmes – 715

Outro ponto desse roteiro que não é espaço de acesso público, mas que consta aqui por promover encontros e se relacionar com esse território criativo: a Muviola é uma produtora de conteúdo audiovisual que faz projetos de ficção, videoclipes, documentários... E que, vira e mexe, realiza crocâncias, como palestras sobre a realização do primeiro longa-metragem – e fez isso, recentemente, na sede da Tao Filmes, viu só como é a coisa do território?

Ashram Casa Jasmin – 716

Numa das casas geminadas, ali contíguas à Rua das Oficinas, uma parede com arte. Na da entrada, a mandala que dá marca ao que se pode viver e experimentar ali: massagem, yoga, meditação, cerâmica, aula e apresentação de música, temperos, palestras, arte, parquinho de criança, horta, parede de escalada, banho de mangueira, canto, dança, culinária, circo, musicalização... A Casa Jasmin é a arte de inspiração oriental, a calma em dias atribulados.

Refinaria Estúdios – 716

Antes chamado de Refinaria Discos, o estúdio fica discretamente localizado numa das esquinas da Rua das Oficinas. Ao entrar, o que o nome de agora propõe: estúdios de música. Com o diferencial de que é possível gravar e fazer um som com público ali. O estúdio maior, a Sala D, tem estantes de livros, iluminação de mini palco, piano e espaço para que se possa sentar e apreciar a música autoral de nossa cidade.

Scala Companhia de Artes – 716

A mais recente iniciativa cultural da lista a dar cor à ideia de que temos uma BroadW3 é também a última deste roteiro, e não sem propósito: está na 716 Norte, ali onde acaba o comércio, a última quadra. E embora seja jovem, nascida em 2019, carrega em seu espaço físico uma trajetória de 26 anos de empreendimento artístico na cidade: fica onde era a unidade da Asa Norte do Instituto Claude Debussy. E, tal como seu antecessor, a Scala começou sendo espaço de dança e rumou para o teatro musical. O espaço da Asa Norte é mais dedicado à formação, enquanto que, na expansão do negócio, a Scala assumiu outro, em Águas Claras, onde há palco e plateia capazes de receber 200 pessoas. Potência.

Foto: SEDUH/DF
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Refinaria Estúdios

EVOÉ, O FAZER CÊNICO

O novo teatro brasiliense está em cena. Multifuncionais, eles dirigem, produzem, atuam. Em projetos e coletivos lutam para sequenciar a verve dramaturga em sua real potência: vanguardista, poética, autoral

do Sul, Espírito Santo. Ambos dedicaram, cada um, ao menos cinco décadas de suas vidas ao teatro brasiliense. E agora, no blecaute, sorriem.

Essa brincadeira pretensiosa de transpor o texto jornalístico em dramatúrgico fica por aqui. É que o teatro é, sobretudo, o espaço das honestidades. E seria desonesto escrever sobre mestres, legados e renovações sem ser assim. Essa reportagem começou falando sobre eles, mas não será sobre eles. Será sobre ausência e presenças. Aos dois, Evoé. É como os artistas do palco desejam boas vibrações, seguindo a tradição de Baco, o deus do teatro da Grécia antiga.

Aqui, conheceremos alguns dos que são a geração de criadores do agora, que ainda estão na casa dos trinta, mas têm experiência suficiente para serem vistos como herdeiros de legados e também dirigem com autoria, renovando a linguagem da cena: Ava Scherdien, Geise Prazeres, Gustavo Haeser e Vinícius Ávlis.

Blecaute. É quando se apagam as luzes de um espetáculo. Ouvem-se as risadas: são os teatrólogos Alexandre Ribondi e Hugo Rodas se encontrando. O escuro representa o lado de lá, o mistério sobre haver existência após o cerrar dos olhos. Hugo partiu em 13 de abril de 2022, 82 anos após nascer em Juan Lacaz, no Uruguai. Ribondi, em 10 de junho de 2023, depois de 70 anos ter nascido em Mimoso

Quem são

Ava é uma mulher trans, negra, não binária. Duplamente habilitada e mestranda em Artes Cênicas pela Universidade de Brasília (UnB). Pesquisa corporeidades, teatro performativo, negritude, decolonialidade e arte educação. Também é onde se formou Gustavo e onde Vinícius estuda. Ávlis criou a Companhia Bisquetes, na Cidade Estrutural, onde

Palco
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Ava Sherdien

vive, e formou-se bailarino e artista cênico em inúmeros espaços, como a Oficina do Ribondi, onde hoje é diretor, e tem três espetáculos autorais. Gustavo tem pelo menos vinte anos de carreira e fundou há dez o Grupo Tripé, que tem três espetáculos e iniciativas como o Prêmio Web de Teatro e uma exposição de imagens de uma década de teatro na cidade. Geise esteve e permanece na Oficina do Ribondi, agora como uma das diretoras. Fez Cênicas na Faculdade Dulcina de Moraes. É negra, mãe solo, moradora de São Sebastião. Dirige peça escrita por Vinicius. Nenhum deles apenas dirige. “Sou diretora, produtora, intérprete, dramaturga e, às vezes, tudo junto. O Coletivo de Teatro Enleio [do qual é fundadora] também segue um padrão da cidade, de fazer peças autorais, que questionam muito poética e diretamente a sociedade”, diz Ava. “A cena é múltipla, tem nomes na comédia do improviso, na performance, no teatro vanguardista. Sinto que há uma busca muito grande no fazer cênico. Não estamos no Eixo Rio-São Paulo, mas nossas produções não ficam por baixo. É um teatro que está cada vez mais performático, o que me intriga e me faz pesquisar cada vez mais”, define Vinícius.

De fato, hoje, entrar no teatro significa acessar muita pesquisa sobre performance, território e vivências. Vinícius fala muito sobre a potência periférica e comunga a pesquisa sobre corpos LGBT com Ava. Para Gustavo, “é um teatro comprometido com a criação e o fortalecimento de comunidades e territórios, com a emancipação dos indivíduos, que está em disputa frontal pela narrativa de uma cidade que se fez voltada para política e que esquece que a política é feita de gente, e não só de prédios bonitos. É plural e politizado”.

Legados

Embora sejam autores e criativos, eles valorizam os legados que herdam. “Fui demitida, não tinha mais como pagar a faculdade e tive que parar. Continuei indo ao Dulcina, participando como atriz em mostras, até que encontrei um tal de Morillo e uma tal de Luísa de Marillac e vim parar na Casa dos Quatro”, conta Geise, aos risos, sobre o autor deste texto e a atriz que, junto com Ribondi e Elisa Mattos, fundaram o espaço cultural. “E foi quando tive contato com o Ribondi e outros diretores da cidade, como o Tullio Guimarães”, completa. Uma relação que ficou.

Espaço também de Vinícius, hoje, diretor na Casa dos Quatro, além de preparador e ensaiador do projeto Felicidade 2, que ocorre no Sol Nascente – no qual Ribondi ia à periferia para dirigir e escrever uma peça com jovens LGBT+. “Em 2015, ganhou uma bolsa para sua Oficina. Em 2017, virou ator do projeto Felicidade, com grupo LGBT da Estrutural. Com olhar de discípulo, vou experimentando também o texto dramatúrgico, pois ele é para mim uma referência na escrita e na territorialidade com Brasília.

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Geise Prazeres

Nunca vou me esquecer de algo que ele me disse depois de assistir a uma peça minha: ‘sempre escreva sobre aquilo que você sabe’. Ribondi foi muito generoso em todas as instâncias, abriu a porta do teatro, alavancou-me como ator, dramaturgo, potencializou-me e me colocou de igual para igual no trabalho cênico. É meu grande mestre”, define.

Haeser trabalhou com ambos. “Com Ribondi fiz curso de iniciação teatral, além de a Casa dos Quatro ser parceira essencial pro Tripé, abrigando ensaios, apresentações, reuniões... Com Hugo, tive uma vivência mais intensa, no Grupo de Técnicas Experimentais em Artes Cênicas que ele conduzia na UnB”, revela. “Tive embates e discussões fortes com os dois, mas sempre num espaço e contexto de respeito e aceitação de divergências. Foram criados muito antes das discussões de hoje, mas sempre fiz questão de apontar, e na maioria das vezes isso rendia conversas maravilhosas e alguns pedidos de desculpa. Tento incorporar o que considero relevante e potente deles, mas em busca de uma simbiose com o que avançamos nos últimos anos nas discussões de gênero, de métodos e formas de trabalho”, recorda.

“Quando se é artista da cidade, respira-se, dedica-se e se cruza com essas figuras emblemáticas das artes, você acaba levando consigo um pouco de cada um. Deixaram seus nomes, estéticas e obras em corpos que continuam fazendo jus a eles”, reflete Ava, ampliando o debate: “o que me entristece talvez é que a cidade em si, o governo, não reconheçam com tanta dignidade. A Faculdade Dulcina de Moraes está em leilão, sendo que deveria virar um patrimônio imaterial, entende?”. Sim: o leilão está marcado para setembro.

Projeções

É importante que se diga que há inúmeros pioneiros do teatro na ativa, outros tantos são do interregno entre os pioneiros e a geração atual – e os entrevistados aqui são parte de um coletivo profuso. E todos, perguntados sobre o amanhã, disseram que só esperam seguir trabalhando, seguir pesquisando.

Vinicius Ávlis
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Gustavo Haeser

Ava pretende estudar imersivamente artes corporais em Bolonha, na Itália, e, por isso, está em campanha de crowdfunding. E é difícil. “As oito peças do Coletivo são autorais. Nós nos apresentamos em quase todos os teatros de Brasília, alguns de fora. Mesmo com perspectiva de sucesso e realização, ainda é um grupo instável, que persiste por campanhas coletivas, apoios e editais”, revela, sem deixar de sonhar: “comecei a me aventurar pro audiovisual como diretora [em filmes como Poderia me Chamar Adeus] e quero traçar muitos caminhos aí. E quero ter um galpão de Artes, abrir caminhos para artistas daqui e de fora. Meu maior sonho é me manter de arte, crescer, ajudar os meus e seguir fazendo o que me dá ânimo de acordar todo dia – que é arte”.

Vinícius já circulou também por boa parte dos palcos brasilienses e se apresentou pelo País e fora, no Peru, com as peças Duas Doses num Único Gole e A Morte nas Mãos de Quem?. “Eu sou fissurado pelo trabalho, pelo teatro, pelo fazer cênico. Pesquisar, estudar mais. Consegui atingir espaços interessantes, meu trabalho tem ganhado esses espaços”. Geise também. “Já tive uma fissura de querer ir

para a TV, mas não. Quero ter sucesso no que estou fazendo e, antes, quero aprender mais, estar preparada. Claro que se algo cair na minha mão não vou perder oportunidade, até porque sou uma favelada preta. Não busco algo maior que meu alcance agora, porque quero cuidar muito bem da base e estou só começando”, diz.

“Quero seguir criando o que a minha pulsão de vida estiver brilhando. Equilibrar bem criações artísticas com projetos de valorização, mapeamento e memória das Artes Cênicas. Quero crescer junto, em coletivo, expandindo a cena cultural do DF e estabelecendo esse lugar como ponto de encontro do Brasil, e não uma ilha da fantasia onde existe uma lei do silêncio para não atrapalharmos o sono daqueles que já tem tudo garantido”, projeta Haeser. “Queremos um movimento cultural forte e do tamanho da sua potência, que é gigante, e é por isso que seguiremos criando outras iniciativas que caminhem nesse sentido. O Distrito Federal transborda teatro!”, conclui.

São experientes o suficiente para ditar rumos. E não estão sós. Evoé!

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RUI FAQUINI O GUARDIÃO DO CERRADO

Ao longo do meio século de dedicação à fotografia, o mestre das lentes enquadrou países como Japão e Suíça, mas jamais desfocou do Planalto Central, sobretudo de sua amada Brasília

Descendente de italiano, goiano de nascimento e brasiliense por escolha, o fotógrafo Rui Faquini foi agraciado com a oportunidade de explorar as belezas naturais, culturais e arquitetônicas de países como o Japão ao longo de meio século de carreira. Apesar das buscas pelo melhor ângulo em territórios estrangeiros, o pioneiro de 79 anos jamais se desfocou do Cerrado, bioma registrado e protegido perenemente por ele.

"Nós, brasileiros, precisamos resgatar a nossa autoestima, o que começa pela valorização das riquezas únicas do nosso País. O Cerrado é um exemplo", declara Faquini, criador de diversos livros e exposições fotográficas sobre o "berço das águas", uma das regiões mais biodiversas do planeta.

Lentes
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Onde moraria o artista e guardião do bioma senão em uma casa em meio à imensidão do Planalto Central? Construída por ele a 45 quilômetros de Brasília, a residência é dividida com Liana, colega de profissão e companheira de Rui há 43 anos. Embalada no interior por música clássica e no exterior pelo doce e potente canto da ave garrinchão-de-barriga-vermelha, a morada abriga o acervo de valor imensurável do mestre das lentes, um homem simples e memorável, como o lar que ergueu para si.

O fotógrafo lembra do início e do fim da vida profissional com verdadeira modéstia. Sozinho, mudou-se para a nova capital federal em 1959, antes da inauguração, a fim de finalizar o Ensino Médio e lançar-se no mercado de trabalho. "O clima em Brasília, embora atrapalhado pela névoa de poeira, era de absoluta esperança. O novo estava emergindo, e todos queríamos fazer parte dele”, resgata na memória.

O primeiro emprego foi o de office boy na Novacap, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital. Anos mais tarde, após casar-se com uma oficial de chancelaria e ter o primeiro de seus quatro filhos, Faquini embarcou rumo ao Irã para acompanhar a família. Com muito tempo em mãos, passou a ajudar na embaixada brasileira.

Ao recepcionar Otto Stupakoff, um generoso fotógrafo paulistano de passagem pelo país, teve seu amor pelas câmeras despertado. "Mas só passei a realmente estudar fotografia em 1969, no Japão, onde morei após o Oriente Médio", rememora. Em solo asiático, terra da Canon e da Nikon, o goiano profissionalizou o hobby e deu início a uma frutífera jornada de cinquenta anos.

Meio século

O brasiliense por escolha atuou em dois eixos de interesse, o publicitário e o documental. Orgulha-se de ter feito parte dos tempos áureos da fotografia, em que grandes estúdios dominavam megalópoles como Tóquio, Londres, Zurique e Milão, as quatro desbravadas por ele a trabalho. As andanças edificantes no exterior eram facilitadas pelo passaporte diplomático que detinha. "Passei a fotografar devido ao meu interesse por histórias e legados. Documentar é preciso", acredita. Não à toa, tem 18 livros publicados. O de maior alcance, o Moradas do Brasil, traz pitorescas casas espalhadas pelo País, também percorrido por ele à exaustão. O Menire, por outro lado, apresenta o trabalho de Rui como o primeiro fotógrafo a clicar as mulheres de um isolado povo indígena na Amazônia.

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Graças aos esforços voltados ao registro da capital federal, cidade que testemunhou o nascer, foi condecorado com o título de Cidadão Honorário em 2002. A Epopeia de Brasília é outro livro recheado com imagens dele, que sempre brincou com o equilíbrio da luz, bem como foi apaixonado por arquitetura e ecologia.

Conforme ganhou notoriedade, também recebeu convites inesperados, como o da China para ser o único brasileiro a colaborar para a criação de livro que lançou a candidatura de Pequim aos Jogos Olímpicos de Verão. O ano era 2000, e o país perdeu por apenas dois votos para Sydney, Austrália.

Advento dos smartphones

Além de lutar pela valorização do Brasil pelo próprio povo, Rui Faquini lamenta o fato de a fotografia raiz ter perdido espaço em tempos de smartphones. "Demorei 50 anos para aprender o que sei, e o meu trabalho não tem mais o mesmo valor de antes. Na era dos Iphones, qualquer um se mete com a mágica da fotografia, mas poucos entendem o processo. Fotografar é mais do que apertar um botão imaginário na tela", sublima o mestre, que guarda a sete chaves seus filmes e máquinas analógicas.

Perigos para o Cerrado

O boom turístico observado na Chapada dos Veadeiros, oásis do estado de Goiás que caiu nas graças de celebridades e jet setters, é visto com bons olhos pelo protetor do bioma. "O turismo não traz grandes riscos ao Cerrado", tranquiliza o especialista.

Segundo ele, o que ameaça de fato a região é a monocultura, o desmatamento e as queimadas, boa parte desencadeada em razão do descaso. "O Cerrado nunca foi valorizado.

Juscelino Kubitschek, quando pediu a Vinícius de Moraes que criasse a música Sinfonia do Alvorada em homenagem a Brasília, já descreveu a região como 'o ermo'. Antes da nova capital emergir, porém, já existia algo, que merecia mais cuidado e respeito", opina.

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Ao contrário de muitos moradores do Planalto Central, Faquini não teme as matas altas de galhos retorcidos. “Sou familiarizado com os bichos, sei como encontrar água. Estudo, preservo, fotografo e vivo o Cerrado intensamente”, vibra.

Fim de uma era

Rui declara-se aposentado. Depois de cinco décadas dedicadas à fotografia, o goiano dá sua missão por cumprida. Agora, passa os dias em seu ateliê de marcenaria em casa, permeada por móveis desenvolvidos por ele.

Já com dificuldades de locomoção devido aos anos bem vividos, diz que só voltaria a fotografar se o trabalho lhe tocasse muito o coração. “E se eu tivesse um ajudante, claro”, acrescenta. O ofício de fotógrafo, como bem lembra, exige bastante fisicamente dos profissionais. Encolher e esticar o corpo são atos múltiplas vezes necessários.

Vida documentada

As novas, mas talvez mais significantes imagens para Faquini, as dos netos, têm lugar de destaque na casa do avô. Logo na entrada, à esquerda da porta principal, estão expostas fotos das crianças em moldura despretensiosa. Carregada de afeto, a peça evidencia que a eternização de momentos (às vezes muito efêmeros, como os da infância) tem morada e lugar especial no lar, sinônimo de calmaria.

Atualmente, na companhia dos familiares e dos animais (a residência abriga também gatos, cachorros, micos, abelhas e outros milhares de bichos), Rui foca em aproveitar a tranquilidade que criou para si — e revisita seu legado, construído com tanto esmero e amor ao Brasil, sobretudo à região central do País, com a leveza de quem não fugiu à luta.

www.faquini.com

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O BRB acredita no poder transformador do esporte e é um dos principais patrocinadores automobilísticos do país. Agora, além do apoio à Stock Car, Rally dos Sertões, FIA F4 e Touring Car Racing, o banco também fará parte da Fórmula 1 com a equipe BTW Alpine. A marca do BRB já estará presente, inclusive, nos carros e capacetes do GP de Interlagos em 2023.

Com a nova parceria, o BRB também pretende criar uma academia de pilotos em Brasília, dando oportunidades para que jovens brasileiros tenham acesso às categorias de automobilismo no exterior.

Projetos e parcerias a toda velocidade que fazem do BRB, cada vez mais, o banco do automobilismo.

Abra sua conta
brb.com.br

REMINISCÊNCIAS TRANSCENDENTAIS

Memorial
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Fotos: Divulgação

De obra magnânima, Glênio Bianchetti será eternizado em Brasília. Sob curadoria de Marília Panitz e acompanhamento de sua neta Joana, o Acervo Digital Glênio Bianchetti e a Casa Atelier Glênio Bianchetti reunirão os setenta anos de vida artística do mestre

A narrativa do artista muitas vezes se entrelaça com a própria trama da cidade que escolheu chamar de lar. Glênio Bianchetti, mais do que um prodigioso legado cultural a Brasília, tornou-se, ele próprio, um patrimônio indissociável da capital. Deixou a cidade, os alunos e a família em 2014, ainda assim, até hoje, sua obra ressoa no sustento memorial para as gerações atuais e futuras.

Nascido em Bagé, frequentou os corredores do Instituto de Belas Artes de Porto Alegre, iniciando sua odisseia artística. Não demorou para que o seu dom inato o pavimentasse como membro do distinto Clube de Gravura de Porto Alegre.

Suas raízes profundas na xilografia e na linoleogravura, na década de 1950, narravam as crônicas dos costumes regionais, destilando uma voz própria e impactante. A magnitude de suas criações era tal que, ao lado de uma confraria que englobava Glauco Rodrigues, Danúbio Gonçalves e o mentor José Moraes, ele abriu um portal de intercâmbio artístico que transcendeu fronteiras, conectou-se com mentes criativas da Índia, Estados Unidos, União Soviética, Itália, França, Alemanha e México.

Em 1962, Darcy Ribeiro, então ministro da Educação, chamou Bianchetti para a recém-nascida capital. A missão era clara: contribuir para o corpo docente da Universidade de Brasília (UnB), a pedra angular do projeto visionário de Darcy.

Bianchetti aportou em Brasília e trouxe toda a família, dona Ailema – hoje com 97 anos – e os seis filhos pequenos. Aqui selou seu destino à terra que o abraçaria até os seus últimos dias. O artista gaúcho por nascimento, mas brasiliense por coração, inicialmente, atuou no curso de Arquitetura, além de ter sido o primeiro diretor do Ateliê de Artes Plásticas e do Setor Gráfico da UnB. Nos pilares da academia, o professor reverberava sua maestria nas artes, deixando marcas permanentes nos jovens que cruzavam seu caminho. Em 1965, entretanto, a Ditadura Militar lhe ceifaria esse papel e o colocaria atrás das grades.

Bianchetti seria um dos últimos professores a sair da prisão. Anos se passaram até que fosse reintegrado ao corpo docente da UnB, retornando em 1988. Durante o intervalo, o seu caminho artístico floresceu. Ele desempenhou um papel crucial na fundação do Museu de Arte de Brasília.

Suas obras também cruzaram oceanos, marcando presença no Salão de Maio em Paris, em 1973. Cinco anos depois, teve um de seus trabalhos escolhidos para homenagear o então presidente francês Giscard d'Estaing, durante uma visita ao Brasil.

Nos círculos artísticos, a notoriedade era inegável. Até mesmo Jorge Amado, em 1972, ergueu a voz para um elogio a Bianchetti, escrevendo: “Sou um velho admirador

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da arte de Bianchetti, mestre inconteste da cor, tomando dela para fazê-la pão e vida, drama e ternura. Seus quadros me comoveram com sua luz profunda, tão buscada e conseguida, tão brasileira”.

O retorno à UnB marcou um renascimento repleto de júbilo. Glênio participou da criação do Instituto de Artes (IdA), na época chamado Instituto de Ciência e Arte, como parte do Conselho Universitário nº 017/88. Isso sucedeu um dos períodos mais tumultuados de sua vida, durante o qual sua bravura e luta política em prol da liberdade e democracia o fizeram conquistar merecidas condecorações. A década de 1990 o saudaria com honras, culminando em uma retrospectiva de sua carreira de cinquenta anos, realizada no Palácio Itamaraty em 1999.

Glênio Bianchetti encontrou voz também em palavras, graças ao trabalho de José Paulo Bertoni, que imortalizou sua jornada em um livro publicado em 2010. Seu percurso foi também eternizado em imagem, com o documentário de Renato Barbieri. Agora, dois grandiosos projetos estão a caminho para honrar seu nome: o Acervo Digital Glênio Bianchetti e a Casa Atelier Glênio Bianchetti, transformando o espaço em um oásis de criação e pesquisa pública.

Sob o comando da renomada professora, diretora de arte e curadora Marília Panitz, o Acervo Digital Glênio Bianchetti emerge como um museu virtual concebido para preservar, nas palavras de Marília, "um patrimônio histórico e artístico de importância ímpar, não só para o Distrito Federal, mas para todo o País". O acervo abarcará uma riqueza de materiais, documentando os setenta anos de vida e carreira de Bianchetti.

Joana Piantino, neta de Bianchetti, também museóloga e produtora cultural, comandará, ao lado de Marília, o projeto, em resposta ao apelo de sua avó, Ailema. O acervo digital será uma vitrine para 21 obras do artista, abarcando desenhos, gravuras, pinturas, xilogravuras, linoleogravuras, litografias, serigrafias, livros e até mesmo cartas.

“Em 2018, a minha avó fez um pedido para que fosse escrito um projeto de preservação do acervo do meu avô. Ela, as tias e os tios ajudaram com informações e memórias que possibilitaram a organização e amarração de tudo que o site abarca e, como de costume, os amigos agregados também participaram”, conta a neta.

Boa parte do material digitalizado é fruto do cuidado e da gentileza de dona Ailema, que durante a carreira do marido teve a atenção de catalogar e organizar o seu trabalho. “Este projeto poderia estar sendo feito por pessoas fora da família pensado que o vô é uma figura de muita importância para o cenário cultural brasileiro, mas felizmente dentro da família existem pessoas empenhadas em preservar e difundir sua arte e sua história”, completa Joana.

A outra parte desse tesouro artístico também será disponibilizado. O projeto da Casa Atelier Glênio Bianchetti, situada em seu espaço original, no Lago Norte, será um

santuário do legado do artista. Apesar de ainda não haver data para abertura, a arte de Bianchetti voltará a ecoar através do tempo, convidando as mentes ávidas por conhecimento e beleza. À frente disso também está a família de Bianchetti por meio dos netos Joana e Lúcio.

“Durante décadas, seus trabalhos contribuíram para a construção da identidade artística de muitos artistas e seu lar será aberto para outros que ainda virão”, afirma. “A Casa Atelier foi pensada pela avó, filhos e netos. A família leva bem a sério as ideias propostas, então, acredito que em algum momento do futuro, a casa de Ailema e de Glênio seja definitivamente um ponto cultural da cidade, pertencendo, oficialmente, ao circuito artístico da capital”, finaliza Joana.

@casaateliergleniobianchetti @acervogleniobianchetti www.acervogleniobianchetti.com.br

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Fotos: Divulgação

SENSIBILIDADE À FLOR DA TELA

Portador de Síndrome de Down, Augusto

Corrêa jamais deixou-se definir pelo cromossomo a mais que integra o seu corpo. O brasiliense vem rompendo barreiras e contribuindo para o cenário artístico da cidade

Aflorada por incentivo dos pais, exímios admiradores da arte que incluem o filho em visitas a museus desde a primeira infância, a sensibilidade do brasiliense Augusto Corrêa resplandece em telas permeadas por bolinhas multicoloridas que compõem universos únicos.

Nascido no ano 2000, o portador de Síndrome de Down jamais deixou-se definir pelo cromossomo a mais que integra o seu corpo. Pelo contrário. Está à frente de exposições, bem como de loja homônima onde empresta a sua arte para comercialização de produtos. Um jovem rompendo barreiras ao passo em que monetiza a aptidão para pintura.

Augusto tomou gosto pelo desenho aos sete anos. À época, rodeava-se de canetinhas e dava início a uma jornada de criação até então pouco compreendida pelos tutores. "Era uma preocupação, até que simplesmente entendemos que essa era a história dele. A fim de incentivá-lo, o matriculamos em uma escola para artistas", compartilham Jack Corrêa e Tatiana Mares Guia.

Os pais dão sequência à viagem no tempo. "Ele desenhou bolinhas em nanquim, aquarela, óleo… mas rapidamente voltou para suas infindáveis canetinhas", rememoram. As canetas foram o instrumento de trabalho escolhido pelo jovem, nas palavras do casal, "especialmente pela forma seca e objetiva do traço".

Além de pintar, o brasiliense expressa a latente veia artística por meio da música: ele toca violão com maestria. Para desestressar, ainda pratica judô. Confirmando que obtém sucesso em tudo o que ama e se propõe a fazer, Augusto conquistou até a faixa preta no esporte, algo raro para portadores da síndrome.

Universo
Fotos Rafael Chaves
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O jovem artista com os pais, Jack Corrêa e Tatiana Mares Guia

Arte e expressão

Embora seja incapaz de delimitar as fronteiras do talento de Corrêa e de onde as telas dele podem chegar, a condição dificulta a fala do artista. Dedicação para evoluir paulatinamente e apoio para tal, entretanto, sobram. "A rotina do meu filho não é simples. Ele malha, estuda, faz atividades extras e trabalha. Tem muitos compromissos — e o queremos mesmo ativo", frisa Tatiana, mãe também de Guilherme.

Conforme o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 300 mil pessoas são diagnosticadas com Síndrome de Down no Brasil e, portanto, lidam com desafios semelhantes aos do jovem. Ter exemplos como ele brilhando nas mais diversas áreas, além de uma inspiração, é um acalento para tantas famílias.

Pintura íntima

O processo criativo de Augusto Corrêa e suas infinitas bolinhas, tracejadas sempre na cor preta, é bastante particular. Não atreva-se a tentar decifrar os métodos e as intenções do fã de Van Gogh e Monet. Concentre-se apenas em apreciar a jornada lúdica que ele propõe.

Em meio às bolinhas, há quem veja formas semelhantes à vela de um barco ou até mesmo à silhueta de Jesus Cristo. O brasiliense sugere, mas não revela. Deixa a criação da narrativa das obras para o espectador.

O trabalho de Augusto, vale ressaltar, cativou muitos admiradores nos últimos anos, entre eles, artistas já consagrados na capital federal, a exemplo de Celso Junior. O fotógrafo assinou a curadoria de Universo de Augusto Corrêa, uma das exposições do jovem criador, em março deste ano.

"O Augusto é apaixonante. Fiquei admirado com a força e o vigor das obras dele. Quando o conheci, entendi tudo. Primeiramente, Augusto é puro amor. É um amor transmissível. Ele vibra, é intenso, tem foco e muita personalidade, exatamente como os seus desenhos", enaltece Celso. "Ele é do mundo, e sabe disso", incrementa. A mostra com curadoria do fotógrafo teve como cenário o Espaço Cultural Athos Bulcão, na Câmara Legislativa, e catapultou o alcance dos traços de Corrêa.

Planos lúdicos

Ao monetizar as peças, trabalho encarado como verdadeiro ofício, o brasiliense pretende pôr em prática objetivos tão lúdicos como as obras que produz. O principal é comprar um castelo na Disney para, enfim, selar a união com a namorada de longa data, Mariana.

O universo encantado de Walt Disney é uma das maiores inspirações do jovem, de acordo com a mãe. "Tão logo finaliza os afazeres diários, ele entra no quarto, liga filminhos, aconchega-se na mesa de trabalho com papel e canetinhas e, se deixar, não para", relata. A revelação não gera estranheza. Afinal, desde que o mundo é mundo, grandes mentes inspiram outras.

@galeriacelsojunior

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Augusto tem suas obras expostas na GaLeRia, de Celso Junior

Três Arquitetura assina Epicentro GPS, ambiente na mostra CasaCor Brasília que estimula as sensações e faz o convite acolhedor para a convivência: prosear, desacelerar, celebrar e deleitar-se no agora

BATE CORAÇÃO

O jeitinho mineiro da dupla Vinicius Alano, 40 anos, e Luciano Pena, 44, é perceptível nos primeiros minutos de conversa. O sotaque entrega a origem e, fazendo jus à fama de um bom mineiro, receber bem é a marca registrada. Sofá acolhedor, espaço multifuncional e o convite a um bom papo. Impossível não se envolver pelo charme do Epicentro GPS.

O lounge que homenageia o GPS é o ambiente que marca a estreia da dupla na CasaCor Brasília, que neste ano repete a ocupação no Arena BRB. À frente do escritório Três Arquitetura, os mineiros de Uberlândia já atuam há 16 anos na capital, há 12 com escritório na cidade. “Curtimos o desafio de criar um lounge, pois é um ótimo espaço para experimentação. Além, é claro, de ser para o GPS, um veículo tão relevante”, explica Vinícius.

Os sócios estudaram Arquitetura na Universidade Federal de Uberlândia. Mas os traços e as curvas da capital do País atraíram a dupla, que aqui fez morada. Especialistas em projetos residenciais, mas também com ambientes comerciais no currículo, são conhecidos pela irreverência, elegância e, principalmente, por contar histórias por meio da arquitetura. Cada projeto reflete a sensibilidade artística de Vinicius e o olhar detalhista de Luciano.

Sala de estar
Fotos: Edgar Cesar Foto: Divulgação

A sintonia entre os dois impressiona, e as personalidades se complementam. De um lado, Vinicius, com um humor irônico. Do outro, Luciano, reservado. Em comum? "Especialmente, o fato de adoramos celebrar". E foi essa verve festiva que ajudou a compor o projeto na CasaCor. "A ideia era ser uma grande praça para os encontros ocorrerem de forma sofisticada", resume Vinicius.

Desde o nascimento do GPS, há doze anos, a CasaCor convida o veículo a ter um espaço no evento. “A Três Arquitetura se encaixou no nosso momento atual, quando estamos nos transformando, mudando para melhor, nos conectando mais ainda com os desejos da nossa cidade”, afirma Paula Santana, sócia-fundadora do GPS.

Pelo espaço de 85 m², muito aconchego. Um enorme sofá disposto em ilha dá liberdade às pessoas sentarem-se onde quiserem. De tecido boucle, com textura rústica, o móvel da Quadra Interior foi estrategicamente posicionado para ir ao encontro com a proposta de ser um espaço que permite encontros, conversas, entrevistas e conexões. “Uma atmosfera vibrante tanto em cores quanto em presenças, e cujos momentos e experiências ali proporcionados ecoassem e deixassem marcas”, descreve Vinicius.

Ao caminhar pelo ambiente, o visitante se encanta com as várias nuances e tonalidades do jogo de cortinas: são duas camadas em tecido, nas cores cinza e rosa, que conferem um

aspecto teatral, completos com o projeto de iluminação e a sonorização de um coração pulsando. Sob o piso, tapetes na cor rosa, desenhados pela dupla, compõem o jogo de cores com o verde das luminárias, o azul das poltronas e a madeira da enorme estante. “Concebemos uma composição de quatro tapetes circulares, cujos desenhos evocam ondas sísmicas e têm em comum o centro do ambiente”, explica Vinicius.

A vibração das cores se faz presente nas obras de arte. A começar pela obra fotográfica do artista visual Celso Junior. A obra Tristão e Isolda, que parece flutuar sobre as cortinas, é de autoria do pintor brasiliense Taigo Meireles. E a segunda foto do espaço é Dona Dirani, exposta no hall de elevadores, de autoria de Bruno Jungmann. “Optamos por poucos quadros, porém suas imagens são impactantes", contam. As esculturas em madeira e cerâmica expostas na estante são da Galeria Reinado da Lua.

Cada detalhe do ambiente foi pensado dentro do tema da mostra: Corpo & Morada. "A intenção desde o começo do projeto foi criar um ambiente vivo, que reagisse a estímulos, como um corpo, um organismo. Assim como um coração que às vezes desacelera, o visitante sente-se instigado a também sentir o espaço de forma mais lenta. Um convite a desacelerar", concluem os arquitetos.

@casacor_brasilia

@tresarquitetura

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Como Paulo Henrique Costa recebeu um uma instituição pública que era palco de escândalos e entregou à sociedade brasiliense um BRB renovado e confiável

O HOMEM QUE REINVENTOU UM BANCO

Com duas décadas de vida ativa no mercado financeiro, e com uma carreira sólida dentro do conglomerado Caixa, o pernambucano Paulo Henrique Costa tinha sua vida de executivo consolidada. Formado em Administração de Empresas pela Universidade Católica de Pernambuco, com pós-graduação em Desenvolvimento Gerencial pela EAESP/FGV e em Inovação Corporativa pela Stanford University, mestrado em Administração de Empresas pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra, e mes-

trado executivo em administração na Kellogg School of Management, nos Estados Unidos, ele poderia esperar um convite para presidir a Caixa Econômica Federal, instituição fundamental na vida dos brasileiros.

Em 2018, o telefone tocou. Mas do outro lado da linha não estava a alta direção da Caixa. Ibaneis Rocha, então governador eleito do Distrito Federal, tinha em mãos seu nome para presidir o Banco de Brasília (BRB), instituição marcada pela ineficiência e por operações policiais e irregularidades. Um banco público sem uma sólida carteira de

Gestão
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clientes e sem importância fora dos quatro ângulos do DF. Para se ter uma ideia, o BRB daquela época possuía apenas 641 mil clientes, carteira de crédito de R$ 8,8 bilhões, e em queda, e ativos de R$ 15 bilhões. Mas Paulo Henrique tinha um motivo para aceitar: a palavra desafio.

"Durante o período de transição, no final de 2018, conversamos muito com o governador para entender qual era a visão de futuro, o planejamento estratégico e o papel que esperava do BRB. E ele sempre disse que queria um banco forte, presente no dia a dia da cidade e que fizesse a diferença para a economia e o social”, conta.

A proposta não poderia ser mais tentadora. Afinal, a visão que Paulo Henrique Costa sempre teve de um banco público, após 25 anos de atuação no sistema financeiro nacional, é que não existe mais espaço para uma instituição pequena, de nicho e que atua com um tipo de produto e só com um cliente. “Precisávamos ser um banco completo, que oferece produtos para todos os segmentos, da pessoa física ao empreendedor, do cheque especial ao cartão de crédito, passando por seguro e banco digital, e em todas as regiões do País, para que a gente tivesse tamanho, modernidade, eficiência, rentabilidade, qualidade de atendimento e pudéssemos competir em qualquer mercado”, define.

O resultado foi significativo e, pouco mais de quatro anos depois, o banco tem 7,2 milhões de clientes, viu a carteira

de crédito chegar a R$ 34 bilhões e seus ativos baterem na casa dos R$ 45 bilhões. “Esse conjunto de informações relativas a crédito, à quantidade de clientes e à presença no País mostra a robustez do BRB e sua capacidade de competir, transformando um banco que tinha um DNA essencialmente local em um banco nacional”, conta.

Para isso, foi preciso adotar medidas ousadas. Uma das chaves foi olhar para um mercado praticamente desprezado: o de financiamentos habitacionais. "Em 2018, o BRB tinha participação de 2,8% neste mercado. Hoje, são 51%. A cada dois financiamentos habitacionais, um é feito no BRB. Isso estimulou a cadeia produtiva da construção civil, em coordenação com sindicatos e entidades representativas da classe. Foi um desejo nosso mostrar que o BRB estava próximo do seu cliente na realização do sonho da casa própria ", destaca.

Ao olhar segmentos desprezados em gestões passadas, o BRB abriu o caminho para novas ousadias. Foi assim que a instituição acabou estampando sua marca na camisa mais desejada do futebol brasileiro. "Essa parceria foi um movimento inovador. Nós lançamos um banco digital com o Flamengo, uma associação de marca e um acordo comercial e estratégico, para que a gente pudesse lançar o BRB para o País. Fizemos uma reflexão e uma análise sobre o retorno que isso traria. E o futebol era a paixão do brasileiro e da brasileira”, rememora.

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Ibaneis Rocha, Paulo Octávio e Paulo Henrique Costa

“Nós tivemos vários dividendos. O primeiro deles foi o retorno de marca acumulado de R$ 2,4 bilhões. A gente não teria capacidade de investir um valor destes diretamente em mídia. Mas investimos uma soma menor neste acordo comercial e estratégico e obtivemos este resultado. A marca BRB passou a ser conhecida no País inteiro e conquistamos clientes fora de Brasília. A parceria está avaliada, hoje, em R$ 1,5 bilhão, com o BRB sendo dono de metade. Estamos falando de geração de valor praticamente do zero, de uma ideia inovadora e que pode ser monetizada a qualquer momento, tanto pelo BRB, quanto pelo Flamengo", conta.

Não foi só valor de marca que a parceria gerou. Uma outra lição importante foi a de como atuar no mundo digital. “O BRB não tinha ação nesta área. Ter lançado este banco permitiu que revíssemos nossos modelos de risco, lançássemos uma plataforma e definíssemos uma forma de comunicação. O BRB, hoje, aprendeu a atuar no mundo digital. Tivemos benefícios de imagem, de novos negócios pelo País e de entendimento e aprendizagem de como atuar no mundo digital”, afirma. O banco cresceu a ponto de, hoje, ser um dos mais modernos e atuais na internet, especialmente após o lançamento de seu novo aplicativo, no começo de julho.

O acordo com o Flamengo também deu a base para iniciativas fortes no esporte. "A compreensão do esporte de maneira mais profunda permitiu que a gente pudesse

avançar em outras modalidades. Hoje, o BRB é o principal apoiador do tênis e do automobilismo no Brasil, com suas confederações”, diz, revelando que, além de assumir a Arena BRB, novo naming rights do Estádio Mané Garrincha, pretende criar uma academia de pilotos do BRB, junto com a gestão do Autódromo Nelson Piquet, que ganhará nova pista até novembro.

Paula Santana, Paulo Henrique Costa e Rafael Badra
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Carolina Mendes, Paulo Henrique Costa, Fernando Cavalcanti e Tainah Mello

O foco no esporte tem como objetivo rejuvenescer a marca. “Além disso, associamos as práticas do BRB a valores e princípios que estes esportes carregam – como velocidade, tecnologia, competitividade, superação e vitórias. É uma estratégia de reposicionamento de marca para gerar uma identidade dos nossos empregados com os valores que praticamos no dia a dia e atrair clientes. Todos os clubes e modalidades que apoiamos também têm sempre de ter uma ação social, pois acreditamos no poder transformador do esporte”, acrescenta.

No meio de tanta revolução, Paulo Henrique, BRB e Brasília tiveram outro desafio para encarar: a pandemia da Covid-19. "Foi um período difícil e desafiador. Lançamos três programas de apoio à economia, o Supera, o Avança e o Acredita, que beneficiaram mais de 330 mil clientes, entre empresas e pessoas físicas, e movimentaram R$ 19 bilhões. Também demos atenção aos programas sociais, apoiamos a Secretaria de Educação, lideramos uma campanha de construção de hospital modular. Deixamos uma mensagem forte para a cidade: Brasília sempre pode contar com o BRB", lembra.

No rastro destas mudanças, o BRB também foi o banco dos 21 programas sociais, que atenderam mais de 300 mil famílias – ou 1,2 milhão de pessoas beneficiadas, que receberam R$ 1,3 bilhão. “Este vínculo emocional do BRB com a cidade faz com que a gente atue em frentes como o esporte e entretenimento da cidade. Agora, estamos arregaçando as mangas para ajudar a reabrir o Teatro Nacional. O que a gente quer com isso? Que as pessoas entendam o valor de ter um banco local, com presença nacional, mas que valoriza a cidade”, conta.

O BRB também abraçou gargalos de gestão do GDF. "Uma forma de restabelecer vínculo com a população era prestar serviços. E isso aconteceu em várias frentes. Assumimos a bilhetagem do transporte público, mudando-a radicalmente, com um nível de tecnologia que permite hoje que o usuário use qualquer cartão de banco nas catracas do metrô, com o pagamento podendo ser feito até em criptomoedas. E isso vai ser estendido aos ônibus. Outra mudança foi no Na Hora. Reformamos seis dos sete pontos, trazendo equipamentos novos e recebendo a população de maneira diferente", destaca.

Toda essa estratégia de Paulo Henrique Costa tem como objetivo final fazer com que as pessoas deem preferência ao BRB, por ser o único que investe de verdade na Capital. “Isso é importante não só pela capacidade de competir, sobreviver e de fazer frente à concorrência e às mudanças no sistema financeiro, mas também para que a gente possa gerar resultados que são aplicados em Brasília. Em quatro anos, demos mais de R$ 1,8 bilhão em resultados, e distribuímos em dividendos mais de R$ 800 milhões. Como o DF tem 96% das nossas ações, o resultado chegou ao dia a dia do cidadão", completa.

Com o cenário de presidir o banco até o final de 2026, Paulo Henrique Costa trabalha com novas prioridades. “Queremos que o BRB se torne mais próximo dos empresários, do micro e do pequeno empreendedor. A gente vai seguir aumentando eficiência e rentabilidade, para reverter benefícios à cidade. Vai ser comum encontrar o BRB presente pelo País, estimulando a cultura e o entretenimento, sendo reconhecido como um banco não só do bolso e da cabeça dos clientes, mas principalmente do coração”, analisa.

Como bom gestor, sua meta é fazer com que o banco ganhe importância e, quem sabe, tornar-se um dos dez maiores do Brasil. "Este é o nosso objetivo estratégico, mas o mais importante é ser reconhecido como um banco moderno, eficiente e competitivo, que valoriza o seu cliente e gera resultados expressivos, não só no campo econômico, mas também no social”, afirma.

"Tem sido um prazer mostrar que uma instituição pública pode ser, sim, competitiva, eficiente e rentável. E temos de reconhecer o papel do governador, pois permitiu que tivéssemos uma gestão técnica e profissional, trazendo profissionais de mercado e reconhecendo os que estão no BRB. Isso nos fez alcançar resultados diferenciados”, afirma. “O governador se propôs a devolver o BRB à população e permitiu que pudéssemos gerir o banco tecnicamente. A consequência são os resultados", finaliza.

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PARA MULHERES SÁBIAS

Nascida com o dom de empreender. Criada com o fruto da prosperidade. Formada com a virtude da coragem. Camila Farani, mulher de força em um mercado competitivo, se propôs ao enfrentamento de seus medos e ao desafio de vencer na vida

O faro nos negócios a levou ao espaço que ocupa atualmente. Proprietária de uma holding que abriga cerca de 45 empresas num ecossistema que movimenta mais de R$ 3,7 bilhões anuais e emprega mais de 15 mil pessoas. A lista de premiações é robusta e segue a trilha de mulher empreendedora à inclusora social. Como ela se apresenta diante de tantas comendas?

Fundadora do Grupo Farani, congrega EdTech, InvestTech, Brand Image e o projeto Ela Vence, comunidade de lideranças femininas. Colunista dos veículos Forbes, Estadão e MIT Technology Review, tem forte presença nas redes sociais, com mais de dois milhões de seguidores. Advogada com pós-graduação em Marketing e especializações em growth, tecnologia e startups em Stanford, MIT e Babson College.

De verve altruísta, Farani vem, cada vez mais, dedicando tempo à versão educadora. O destino é inspirar e capacitar mulheres de todas as idades a alcançarem o sucesso nos negócios. Com o nome Ela Vence o projeto surge como oportunidade de aprendizado. “A nossa missão é mostrar para as mulheres que elas podem ter um negócio de sucesso”.

Em meio à maternidade, o curso trata de temas essenciais para empreendedoras e intraempreendedoras. Psicologia, marketing, finanças e negócios compõem a rede de apoio. Farani explica que a grande maioria ainda não conseguiu ter o resultado que gostaria, porque não teve acesso ao conhecimento assertivo.

“Os diferentes desafios que precisamos superar para alcançar um lugar ao sol no mundo dos negócios: preconceito de gênero, desqualificação, pressão social, demanda doméstica, são alguns dos fatores que tornam o caminho mais difícil

Empreendedorismo
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Fotos: Divulgação

para nós. Mas diante de todos esses obstáculos, o que uma mulher faz? Ela vence!”, explica, lembrando que atualmente são mais de 30 milhões de empreendedoras no Brasil.

O que te tornou esta mulher em que todas se espelham?

Todas as experiências que vivi e vivo diariamente – algumas das quais mencionei aqui. Como eu falei, é preciso ser forte. Mas vale a pena. E agora, tenho um motivo ainda maior para isso: um filho. Ele, mais do que ninguém, terá como referência não apenas uma, mas duas mulheres.

O número de mulheres empreendendo é uma crescente no País?

O mais recente relatório do Global Entrepreneurship Monitor(GEM), divulgado em 2022, demonstrou que, sim, os homens estão mais presentes nas atividades empreendedoras, especialmente nas empresas mais estabelecidas: a proporção é de uma mulher para cada dois homens. Quando falamos em companhias nascentes, essa diferença diminui: 45,4% são do sexo feminino e 54,6% masculino.

O que explica esse gap?

Na minha visão, são os desafios que apenas as mulheres enfrentam e, sistematicamente, tiram delas condições equânimes de seguirem na jornada empreendedora. Os desafios são questões culturais e históricas, falta de rede de apoio (especialmente quando se fala de maternidade) e falta de investimentos. O cenário de capital de risco é predominantemente masculino, e quando se fala em startups, por exemplo, as fundadoras tendem a buscar investidoras – e o número ainda é muito baixo. Estudos das Universidades de Columbia e da Harvard Business School apontaram que empresas de Venture Capital questionam startups lideradas por mulheres com uma abordagem diferente em comparação às lideradas por homens, ou seja, precisamos mudar essa realidade.

Por que ainda é um desafio para mulher se posicionar como líder e gestora?

Muitas mulheres – inclusive eu – sofrem com a síndrome da impostora. Pode acontecer com qualquer um, mas, estatisticamente, afeta mais as mulheres, que acabam se auto sabotando por acreditarem que não estão à altura de determinadas funções, trabalhos ou conquistas. Como já falei, há um contexto histórico, já que, por muito tempo, as mulheres não tinham autonomia e independência para se desenvolverem profissionalmente.

A partir disso, surge esse sentimento de que não deveríamos estar naquele lugar de poder. Sensação que é baseada em crenças e vivências, que vêm até mesmo da infância. Mas eu acredito que precisamos unir forças para ultrapassar esse tipo de barreira invisível. Uma delas é a conexão

– algo que trabalho na minha WomanTech Ela Vence. Por meio de uma lógica de comunidade, criamos um ciclo de alto impacto, em que mais de 650 mil mulheres compartilharam experiências, dividiram conhecimento, conectaram-se como profissionais, fornecedoras e clientes, além de oferecer a oportunidade para elas se desenvolverem por meio de cursos pensados nos desafios que só quem é mulher conhece.

Quais desafios você precisou vencer?

Todos falados até aqui: síndrome de impostora, menos espaço para mulheres no universo de investimento, menos investimento para empresas de mulheres. Mas sempre encarei todos esses desafios como questões a serem superadas e não como desculpas para me fazer desistir.

Que acertos você cometeu no processo?

Eu acredito que meu maior acerto foi perceber que meu perfil não era de alguém que trabalha em apenas um negócio e sim de uma investidora, que gosta de correr risco, busca aprender em todas áreas que atua e quer sempre descobrir novos negócios.

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E quais foram os seus erros?

Tive que aprender a lidar com os erros. Principalmente não me deixar ser derrotada por eles. Os erros não são em vão. Eles sempre trazem aprendizados. No primeiro negócio que eu abri do zero, acreditei que tinha encontrado a chave para o sucesso. Investi todas as minhas economias, que eram R$ 280 mil, e trabalhei duro para fazer acontecer. No primeiro mês, as vendas foram decepcionantes, o que se repetiu no segundo e no terceiro meses. Clientes entravam no meu estabelecimento perguntando por sorvetes e eu não entendia a razão de não estar atraindo a clientela que eu esperava. Até que, conversando com os poucos consumidores que iam ao meu restaurante, percebi que a arquitetura e as cores não estavam adequadas ao público que eu queria atender: ele era branco e lilás, por isso a confusão com a sorveteria. Então mudei tudo, inclusive o conceito. Coloquei os ingredientes das saladas no balcão para que os clientes montassem a refeição conforme eles queriam, troquei as cores e o design, imprimi folders e distribuí de porta em porta. Do quarto mês em diante, meu restaurante passou a ter fila.

Seus medos são os mesmos que você combate nos que te procuram?

Sem dúvidas. Especialmente as mulheres. O primeiro pitch que eu avaliei como investidora anjo, há cerca de 12 anos, foi de uma empreendedora. Enquanto eu a avaliava, percebia que meus colegas investidores não conseguiam se conectar com a dor que ela apresentava. Foi nesse momento que eu tive certeza que queria fazer parte do mundo do investimento de risco.

As mulheres fundadoras de startups recebem menos de 3% de todos os investimentos em capital de risco do mundo. Um dos caminhos para ampliar as chances de receberem mais aportes é termos mais investidoras. Mais adiante, quando elas precisarem de uma segunda rodada de investimento, por exemplo, é urgente que tenhamos mais diversidade nesses setores.

O que você considera vital no comando de uma empresa?

Antes de tudo, é preciso ter empatia e agir com transparência, o que só é possível a partir do autoconhecimento.

E também alguns outros fatores que podem fortalecer a capacidade de liderar dos empreendedores, como propensão a assumir riscos, criatividade, senso de estética, organização e humanidade.

Qual sua recomendação para um filho que se inicia na empresa do pai?

É preciso planejar. Não achar que, por ser a empresa da sua família, você pode agir instintivamente. É necessário que haja uma preparação, principalmente em caso de sucessão. E dentro desse processo, é essencial que haja uma estruturação da equipe, prévia e durante a transição. Deve-se entender que toda mudança de gestão carrega uma alteração em objetivos estratégicos e no estilo de liderar. Um filho que assume a posição do pai na empresa (ou da mãe) não vai agir como tal e os times precisam estar preparados para compreender que a empresa seguirá sendo forte sob o comando de um sucessor.

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Fotos: Divulgação

Quais requisitos de um empresário para ganhar a sua admiração?

Ele precisa ter foco no produto ou serviço que está vendendo, ciente do diferencial e da dor que vai solucionar, além de ser um bom comunicador, recrutador e vendedor. O empreendedor ganha a minha admiração quando demonstra que entende o mercado em que entrou, conhece a tração do seu negócio e o diferencial competitivo.

Dá trabalho ser forte?

Claro. Tanto na vida pessoal, quanto na profissional. Recentemente, quando eu e a minha esposa Tula anunciamos a gravidez do Lucca, por exemplo, foi uma onda de amor e mensagens positivas. Mas, mesmo assim, houve pessoas que questionaram a falta de um pai, escancarando a homofobia por trás dessa suposta preocupação. Nesse caso, veio à minha mente se essas mesmas pessoas demonstram repúdio à notícia de que, em 2022, mais de cem mil crianças foram registradas sem o nome do pai e abandonadas pelo genitor. Mas eu sou uma mulher negra, homossexual, em breve mãe, que lidera um time de milhares de pessoas, em um meio dominado por homens, então a minha única opção é ser forte.

Empreender é um talento?

Empreendedorismo é sobre constância, insistência e resistência. Não sobre talento, ou dom. É sobre aprender com as adversidades e não gastar energia se vai dar certo ou não, e sim buscar a solução para dar certo. Eu sempre digo que é melhor feito do que perfeito. Então não adianta

ter uma ideia incrível, sem colocá-la em prática. Para empreender, é preciso saber negociar. Pelo menos 80% da nossa vida é negociação. Negociação é a forma como você fala, é a forma como você se posiciona, é a forma como você consegue falar o mesmo tipo de linguagem da pessoa.

Brasília é um centro administrativo. Você acredita numa cidade com essa característica como polo empreendedor?

O estímulo ao empreendedorismo e o aporte de capital e de conhecimento são caminhos para transformar a vida das pessoas e dos negócios. Brasília é conhecida por ser uma cidade onde, de fato, há muitos servidores públicos. Mas esses servidores precisam de empresas privadas para comprar insumos para a família, para se divertir, para cuidar da saúde, entre tantas outras atividades que são oferecidas e resolvidas por empreendedores.

Você acredita em Deus?

Acredito que Deus é a causa de todas as coisas, mas que nós, enquanto seres humanos, temos livre arbítrio para agir. Deus me faz crer em uma jornada de evolução, onde somos responsáveis pelas nossas atitudes e as consequências delas.

Qual a mensagem que você deixa que todo mundo deve replicar na vida?

Desistir não é opção. E se ela vence, todas vencem.

Qual o segredo da felicidade?

Encontrar um propósito que te guie é um bom caminho para ser feliz.

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Uma das cineastas mais bem-sucedidas do cenário nacional, Cibele Amaral usa dois elementos inspiracionais para expandir sua mente fervilhante para as telas: Brasília, a terra natal, e a psicologia, uma de suas formações

A LITERATURA DE UMA PROTAGONISTA

“Brasília pode ser diferentes cidades. Em cada projeto, ela se revela com ares e humores distintos. Mas o importante é criar essa identidade. Quando fiz meu primeiro longa, Um Assalto de Fé, ele foi super pirateado e, naquela época, era vendido em DVD por camelôs. As pessoas amavam ver Brasília na tela e contavam a história do filme. Agora, nas plataformas, acontece também a mesma coisa, recebo mensagens no Instagram de pessoas felizes em ver sua cidade fazendo parte da cultura do País”, revela.

Premiada em importantes festivais de cinema, como de Gramado, de Brasília e do Rio de Janeiro, Cibele tem no currículo produções tais como Por que Você Não Chora? e Rir Pra Não Chorar. "Brasília me inspira pelo que tem de bom e de ruim. Já mostrei seu lado mais solar, sua energia, como também seu lado frio, cheio de espaços enormes nos quais o ser humano se sente perdido e solitário", explica.

Narradora brasiliense apaixonada, Cibele Amaral há muito vem tecendo fios de histórias que se entrelaçam no cinema. Com uma energia dinâmica que nunca cessa, ela mantém sempre uma nova empreitada em sua mente fervilhante. Diplomada nas terras italianas, a cineasta transcende as fronteiras convencionais da criatividade, tanto em termos de concepção quanto em alcance geográfico. A raiz de sua inspiração, no entanto, encontra-se firmemente arraigada no solo intelectual de Brasília, uma presença constante e fundamental em sua arena criativa. A cidade molda e é moldada pela visão da diretora, esculpindo os mais diversos cenários que povoam suas narrativas multifacetadas.

No presente, Cibele tece três projetos ao mesmo tempo: a série Réus, para o canal Prime Box Brazil; o longa-metragem de terror O Morto na Sala; e Socorro ou a alternativa O Socorro Não Virá – títulos que tangenciam um projeto de ficção científica utópica, engendrada para sondar as profundezas do narcisismo intelectual.

O escuro e a luz

Desde o início da sua trajetória cinematográfica, Cibele levou para as produções temas inspirados em sua formação acadêmica, a psicologia. "Sempre achei que o ser humano lida muito mal com a porção sombra. A sociopatia é vista

Cinema
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Fotos: Patrick de Jongh

como algo distante e monstruoso, não humano. Mas há um lado sombrio em todos nós que precisa ser revelado, enxergado e necessita de luz", acredita.

E, dentro desse olhar nasce Réus, uma série que ela classifica como "criminal, policial e com muita psicologia". Conta a história de uma menina que sofreu maus tratos inimagináveis na infância e que perde completamente a empatia pelos outros. Seus pais adotivos buscam toda a ajuda e a personagem Larissa consegue crescer e desenvolver essa capacidade novamente. Ela se torna uma excelente policial e detetive e trabalha com casos difíceis. O agente Doria traz o oposto dessa história, alguém que nunca olhou para sombra e que, de repente, acaba sendo devorado por ela.

A atriz brasiliense Juliana Tavares dá vida à personagem. Já Doria é interpretado por Cláudio Heinrich. "Cláudio sofreu uma transformação completa para fazer o personagem. Treino de voz, de luta e muito trabalho de atuação. Ele é um ator dedicado. Juliana é talentosíssima e a cara da personagem. Os dois dão um show", adianta Cibele, que também é atriz, produtora e roteirista.

Para ambientar a história, a diretora foi atrás de uma Brasília sombria e noturna. "Queríamos uma cara de cidade mais típica, urbana e optamos por gravar muitas cenas em Taguatinga e Águas Claras. Temos o Mercado Sul, o Córrego do Cortado, o cemitério de Taguatinga, muitas ruas, becos e casas abandonadas. Também construímos uma delegacia de polícia no Setor Gráfico. Tivemos, ainda, a felicidade de conseguir o prédio da Direção Geral da Polícia Civil do DF para ilustrar o exterior da delegacia", conta.

O lado sombrio de Brasília também é explorado no filme de terror O Morto na Sala. Nele, um grupo de jovens diverso e cheio de energia aluga uma casa por aplicativo para passar um feriado juntos. Por algum motivo, que depois se descobre ser sobrenatural, a casa os prende lá dentro e, para sair, eles terão que encontrar o morto que está ali. Além da capital, o filme terá sequências em regiões do Entorno da capital e fora do País, em Los Angeles.

Já o filme Socorro é sobre um autor, muito narcisista, que sonha em fazer um filme de ficção científica. É uma metalinguagem, um filme dentro do filme, que exprime um mundo utópico que o protagonista criou. É também uma comédia sobre o criador e a criatura e as desventuras desse autor e sua amiga produtora tentando fazer o projeto dar certo. "É um filme que traz locações maravilhosas de Brasília. Fizemos imagens lindas em monumentos de Brasília, em uma fábrica de gelo e em uma mineradora, por exemplo", conta.

Como uma mulher que circula pelo universo cinematográfico, ela não deixa de questionar os desafios. "As melhores oportunidades sempre vão para os homens. Acho que o cinema e o audiovisual ainda estão muito tímidos aqui no Brasil quando se fala de empoderamento feminino. As mulheres são minoria nas funções de protagonismo como roteiro e direção. E mesmo as que estão sempre trabalhando, como eu, devem isso à própria resiliência", analisa. "O audiovisual pode e deve mudar essa realidade, principalmente trazendo para as telas boas relações entre mulheres, histórias contadas por mulheres. Precisamos de oportunidades", finaliza.

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UM TSUNAMI CHAMADO PLÁSTICO

Idolatrada pelos recordes mundiais que conquistou sobre as gigantescas ondas, a surfista Maya Gabeira esteve de passagem por Brasília para enfrentar outro grande desafio: sensibilizar o Congresso Nacional sobre os impactos causados pelo descarte dos plásticos no meio ambiente, especialmente nos oceanos.

Com uma voz poderosa internacionalmente, que clama por uma legislação mais rigorosa sobre a poluição nos mares, a recordista mundial no surfe concedeu uma entrevista exclusiva à GPS, quando compartilhou detalhes sobre um projeto de lei que trata sobre o tema e que tramita no Poder Legislativo.

Maya Gabeira é reconhecida não apenas por suas conquistas no mundo do esporte, mas especialmente por sua dedicação, herdada do pai, o jornalista e ambientalista Fernando Gabeira, em prol da causa ambiental. Mas hoje, com toda a visibilidade que o caminho bem-sucedido no esporte garantiu a ela, a causa de proteção dos oceanos ganhou ainda mais força na sua rotina.

"Meu pai falava muito da floresta, protegia muito o meio ambiente e alertava sobre as mudanças climáticas há mais ou menos 36 anos, quando eu nasci. Eu sempre cresci com

essa questão da mudança climática, aquecimento global. Mas, claro, eu fui ser surfista e o esporte demanda 100% do nosso foco. Então, quando eu saí de casa, com 14 anos, para me profissionalizar e seguir meu caminho, eu deixei meu pai trabalhando. A gente fala, hoje em dia, que ele fez o verde, e agora eu tenho que fazer o azul", afirmou.

Ela é embaixadora da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e representa, há dez anos, a Organização Não Governamental Oceana, responsável pela campanha Pare o Tsunami do Plástico. O objetivo do movimento é chamar a atenção dos congressistas e da sociedade civil para a importância de se aprovar, com urgência, o PL 2524/2022, que cria um marco regulatório para economia circular do plástico no País.

Durante a entrevista, Maya enfatizou que a produção de plástico no Brasil está fora de controle. Ela argumentou que não basta apenas conscientizar os consumidores a evitar o uso de plástico descartável, já que por muitas vezes as pessoas não têm escolha. "Nosso objetivo é promover mudanças na legislação para enfrentar a produção excessiva e irresponsável de plásticos. Hoje, o Brasil é um dos maiores produtores de plástico e também um dos maiores poluidores dos oceanos, despejando cerca de 325 mil toneladas de plástico por ano nos mares", disse.

Ativista
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Desafios

A atleta reconheceu que o cenário político atual é mais propício para a promoção do debate, já que avaliou não ser possível incluir a pauta no governo anterior. Ela reconheceu os desafios enfrentados pela Oceana e outros defensores da causa, dada a influência poderosa da indústria do plástico e do petróleo, mas expressou otimismo na capacidade de criar mudanças significativas na consciência da sociedade.

"Achei que [esse projeto] nem entraria em pauta no governo passado. Não teríamos nenhuma possibilidade de discussão sobre isso. Eu acho que o governo de hoje, com certeza, se posiciona de forma muito mais ativa em conservar e proteger o meio ambiente. Claro que a gente sabe que falar é mais fácil do que fazer, principalmente quando você está indo contra uma indústria tão poderosa que é a indústria do plástico, que vem da indústria do petróleo. Então, a gente sabe que vai ter resistência. Qualquer mudança tem resistência. Ainda mais, uma mudança que atinge um setor econômico tão poderoso, mas a gente tem que ter otimismo", disse.

Maya Gabeira argumentou que o alerta precisa ser feito para as autoridades e a sociedade civil, uma vez que pesquisa recente encontrou a presença de micropartículas plásticas no coração de seres humanos. "Você respira plástico

e você ingere os microplásticos na água, na alimentação, por meio dos peixes e de qualquer vida marinha. São duas questões nessa pauta: a nossa saúde e o meio ambiente. Então, é algo extremamente essencial", pontuou.

Petição

Além do corpo a corpo no Congresso, a medalhista brasileira lembra que há uma petição online para colher assinaturas de apoiadores da causa ambiental, especialmente sobre as consequências do plástico nos oceanos, para enfrentar o lobby das indústrias do produto. "Como vencer essa batalha? Eu acho que é com muito apoio. Acho que é trazendo a sociedade e as pessoas para dentro do Congresso e da política para que acreditem, que queiram levantar essa bandeira, que queiram protagonizar e ser parte dessa mudança. Resistência sempre haverá, mas também sempre haverá algumas pessoas que vão querer encarar e levar a mudança para frente. Então, eu acho que é se articular muito bem, ter os argumentos e ter muito apoio da sociedade", argumentou.

A ativista afirmou que a causa requer urgência, principalmente pela falta de lideranças brasileiras para levantar a bandeira. "Se eu não o fizesse, eu não via quem o faria. Então, foi meio que uma posição natural de falar: 'bom, se ninguém vai fazer, eu vou ter que fazer'", finalizou.

“Meu pai fez o verde, agora eu tenho que fazer o azul”
Em Brasília, a surfista Maya Gabeira tenta sensibilizar o Congresso Nacional sobre os impactos do descarte do material nos oceanos. Filha do jornalista Fernando Gabeira, ela mergulha nesta luta e crê na capacidade de criar mudanças significativas na consciência da sociedade
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O Innova Summit 2023 reuniu mais de 25 mil pessoas durante os três dias, com palestras nacionais e internacionais, networking e relacionamento entre startups e investidores

A CAPITAL DA INOVAÇÃO

Um sucesso de público. Assim pode ser definido o Innova Summit 2023. Com mais de 37 mil inscritos, o evento recebeu um público acima de 25 mil visitantes, crescimento de 70% em relação ao ano anterior, consolidando-se como o maior evento de inovação do Centro-Oeste e um dos maiores da América Latina. Principal media partner, a GPS|Lifetime esteve ao lado de organismos e entidades, como a Brasil Startups, o IJEX (Instituto Jovem Exportador), o Indie Hero e o Grupo Moai, além do Grupo Mulheres do Brasil-DF. A conferência teve o patrocínio do BRB, da Secretaria de Estado de Turismo do Distrito Federal e a realização do Instituto Conecta Brasil.

Presente à abertura do Innova Summit, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, falou sobre a importância de receber um evento desta dimensão na capital. “Brasília é a cidade da inovação, foi criada para ser a capital da Re-

pública e tem um sentido diferente de ser. Nada melhor do que investimento em tecnologia para que tenhamos empresas realmente limpas. E não é por outro motivo que nós estamos apoiando o evento desde o início”, afirmou. “Para nós, do GDF, a parceria nos leva a desenvolver um trabalho no sentido de transformar Brasília em uma cidade inteligente”, completou.

O Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal, Gustavo Amaral, destacou a inovação como elemento motriz para o progresso. "A gente só fala de progresso com inovação. Com inovação, conseguimos fomentar a economia, alterar o critério econômico e mostrar que Brasília tem o DNA da tecnologia. Esse evento é fundamental para isso”, afirmou.

O fundador da conferência, Eduardo Moreira, celebrou os três dias de casa cheia. “Pude ver muitos negócios gerados e muito networking acontecendo. Acredito que o Innova se consolidou de vez como o maior evento de inovação

Inovação
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e empreendedorismo do Centro-Oeste”, comemorou. Cofundador, Diego Reis se emocionou ao lembrar do início do projeto. “Só tenho um recado importante para todos: nunca deixem de acreditar nos seus sonhos. O Innova foi um sonho em 2019, quando parecia impossível, mas, graças aos apoios, às equipes e aos parceiros, estamos aqui”.

A deputada distrital Paula Belmonte visitou o evento e disse ter ficado impactada. “Estamos em um momento de mudança radical das profissões e a tecnologia está tomando espaço. Precisamos trazer essa inovação para as crianças nas escolas. Costumo dizer que o empreendedorismo é uma maneira de ser, uma filosofia de vida e que ela precisa ser implementada na infância, com acesso ao conhecimento do assunto logo nos anos iniciais do ensino fundamental”, disse.

Palestrantes de peso

Nos três dias de palestras, o público lotou o Auditório Master, com capacidade para três mil pessoas. O primeiro a falar foi Flávio Augusto, multiempresário e escritor brasileiro, que dividiu sua experiência como empreendedor. “É legítimo querer crescer, ficar rico, proporcionar uma vida melhor para a família, mas existe uma coisa que é muito melhor que a riqueza: a prosperidade. É a sua capacidade de fazer mais com menos. Realizar independente das circunstâncias em que você se encontra. Mas você precisa ter perspectiva, enxergar de forma ampla sobre o seu destino. É ver que mesmo em meio a uma vida caótica, está destinado a uma vida gloriosa”, incentivou.

Considerada uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina pela Bloomberg Línea, Camila Farani falou sobre o poder da inquietude, o mundo figital (físico e digital) e as habilidades humanas, além do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. “A inquietude vai te levar a lugares onde os acomodados nunca vão estar. Se vocês não fossem inquietos, não estariam prontos para aprender a inovar. Quando entendi como canalizar minha inquietude para ser uma grande mulher de negócios, mesmo com várias pessoas criticando, aprendi a ter constância, estabelecer pequenos objetivos e missões”, explicou.

Joel Jota contou que, quando tinha 13 anos, o nadador Gustavo Borges o viu chorar por perder uma competição e o perguntou o que ele queria da vida. “Eu respondi que queria ser campeão e ele foi direto: ‘você precisa treinar’. Ele então me treinou e no primeiro campeonato com ele, perdi. Assim aprendi que sucesso é treino e que compromisso é uma atitude”, explicou, contando também sobre a gravação do Shark Tank Brasil

No último dia, o “Primo Rico” Thiago Nigro subiu ao palco trazendo o tema Pilares de sucesso de um negócio. Ele explicou cada um dos sete pilares que acredita serem fundamentais para o crescimento das empresas: alinhamento; modelo de negócios e ecossistema; cultura; estrutura de vendas e dados; gestão do negócio; estrutura de custo do negócio; e processos. “Vou finalizar com uma reflexão: não faça ou trabalhe com o que você ama. Acredite, não traz o patrimônio que busca. Você deve amar o que você faz”.

Com a frase “inovação é a capacidade de ver a mudança como uma oportunidade e não como uma ameaça”, de Steve Jobs, Leandro Karnal encerrou o Innova Summit 2023 com a palestra O Futuro Começa Aqui. “Empreender não é acordar pela manhã e achar que tudo vai dar certo. Assim, todos seriam ricos, geniais e grandes líderes. As pessoas têm ideias variadas e nem todas dão certo. A minha dica é: chega de usar a sorte, pois se você acredita nisso, sua função não é empreender. É preciso ter consciência, inquietude e ação”, ensinou Karnal.

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A palavra da moda, a inteligência artificial generativa, é a “febre do momento”, abrangendo aplicativos e ferramentas como o famoso ChatGPT – chatbot com IA, treinado com um banco de dados para gerar respostas articuladas semelhante à humana –, está cada vez mais conquistando a atenção do público. E, com toda essa notoriedade, muitas organizações têm se mostrado empenhadas em estar sempre um passo à frente.

No Brasil, a inteligência artificial já é utilizada por 41% das empresas brasileiras, segundo uma pesquisa realizada pela IBM. Mas, à medida em que tem se tornado cada vez mais popular, a IA também tem fomentado questionamentos e preocupações de grandes líderes sobre os potenciais riscos não só para a comunidade empresarial, como para a sociedade de um modo geral.

Um estudo da EY, promovido com 1.200 CEOs em todo o mundo, detalhou sobre como esses líderes utilizam a IA atualmente, além de revelar alguns dados sobre as principais preocupações acerca dessa ascensão. Segundo os resultados da pesquisa, uma parcela significativa concorda que a IA é uma força para o bem e, de fato, impulsiona a eficiência dos negócios, gerando resultados positivos para todos.

Em contrapartida, 65% acredita que mais trabalho é necessário para lidar com possíveis riscos sociais, éticos e, principalmente, criminais de um futuro alimentado pela inteligência artificial. Essa preocupação gira em torno, por exemplo, de ataques cibernéticos a desinformação e deepfakes – técnica que se utiliza da IA para substituir rostos em vídeos e imagens, imitando voz e distorcendo conteúdos de falas originais.

ASCENSÃO DA IA: QUAIS AS PRINCIPAIS PREOCUPAÇÕES DOS C-LEVELS?

Além disso, existe a preocupação de que, até o momento, ações relevantes para combater e gerenciar essas possíveis implicações e consequências não intencionais não estejam sendo pensadas. Em um país como o Brasil, 11º maior consumidor de tecnologia do mundo e que tende a se tornar ainda mais relevante, com crescimento previsto de 6,2% – ainda segundo a IBM –, é preciso se atentar ainda mais às ameaças que surgem junto à ascensão da IA.

Reguladores do Governo, por exemplo, exercem um papel extremamente importante e significativo no estabelecimento de regras e, principalmente, proteção acerca do uso da IA generativa. E, não só isso. A comunidade empresarial, cada vez mais empenhada e decidida a investir na área, deve desenvolver métodos e regras para que não surjam problemas para a organização – isso envolve implicações éticas e de privacidade.

É claro que o bom uso da IA pode resultar em impactos positivos e fomentar ainda mais o crescimento de uma companhia, são inúmeros recursos que automatizam processos – que antes exigiam um longo período para serem realizados –, e estimulam a criatividade e inovação. Não à toa, muitos CEOs e líderes têm implementado estratégias para uso de capital focado em novas tecnologias.

A inovação orientada pela inteligência artificial é real e é muito possível e, sem dúvidas, devemos abraçar o potencial dela. Mas, abrace esse potencial à medida em que gerencia os riscos que o acompanham, utilizando-o com ética e responsabilidade. Acelere a mudança da sua organização com responsabilidade.

Artigo
Fernando Cavalcanti Economista, vice-presidente e sócio do NWGroup
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Foto: Divulgação

O AUTORRESGATE CIVILIZATÓRIO

Nessa ladeira moral que passamos, todos vimos pessoas do nosso convívio serem seduzidas por um ideal absurdo que propagava o armamento dos civis como forma de autoproteção, tanto que o Centro-Oeste foi a segunda região com o maior número de aquisição de armas no Brasil, conforme dados disponibilizados pela Lei de Acesso à Informação

Ao mesmo tempo em que as mentiras violentas eram disseminadas, os bons índices de redução da violência e morte causados por armas de fogo, que vinham se consolidando desde 2012, graças às políticas públicas, passaram a ser atribuídos à maior circulação de armamentos. Mas as inverdades não se sustentam por muito tempo e logo passamos a acompanhar a explosão de violência banal e o aumento de feminicídios nos noticiários. A causa é multifatorial, mas o caldo de brutalidade em que fomos mergulhados, enquanto sociedade, está cobrando o seu preço.

Deputado Distrital pelo PT

Recentemente li o impensável em uma publicação do site

The Intercept Brasil, um clube de tiros, no interior de São Paulo, ofereceu uma minicolônia de férias para crianças a partir dos quatro anos. Isso mesmo! Pai de três jovens, volto no tempo e penso: o que uma criança na primeira infância tem autonomia para fazer? O Google me ajuda e relembro que elas saltam, correm, buscam os brinquedos, começam a se vestir sozinhas. Um universo lindo de descobertas e que não se comunica com a apologia perversa da violência e das armas.

Nos últimos anos fomos bombardeados com a glamourização das armas, o diálogo foi substituído por gritos, xingamentos, e os maus exemplos vinham de lideranças políticas em horário nobre. No quadriênio passado, fomos regredindo em nossa capacidade de negociação, tolerância e, porque não dizer, como sociedade. O discurso violento, racista, homofóbico perdeu o pudor, passou a figurar com naturalidade em conversas familiares. Claro, o mau exemplo era companhia diária dos brasileiros, e chegamos às raias do absurdo de acompanhar um parlamentar federal afirmar que professores são mais perigosos do que traficantes.

Apresentei no primeiro semestre o PL nº 347/2023, que advoga pela criação de uma política pública que fomente a cultura de paz no Distrito Federal. O projeto é ousado, eu sei. Vai enfrentar muita resistência, mas sinto que cumpre o papel social e político de pautar o debate sobre que tipo de sociedade queremos viver. Um Brasil com crianças de quatro anos segurando armas ou brincando e crescendo com dignidade e respeito em uma fase tão importante?

Infelizmente, o pensamento humanista foi diluído, e quando se fala em Direitos Humanos, há quem realmente acredite que é uma defesa do crime e não do respeito à dignidade básica a que todos da nossa espécie têm.

Muito se fala em defender a família. Há melhor maneira que por meio de uma cultura de paz e respeito aos Direitos Huma nos? Falar em defesa da família sem combater o machismo, sem combater a disseminação da violência entre crianças e jovens é simplesmente um discurso hipócrita e vazio.

Estamos num momento de reconstrução não só do Brasil, mas de nossas bases elementares de civilidade e do retorno do diálogo, e precisamos nos aprofundar nesse autorresgate. Como parlamentar, meu papel público é de também fazer essa provocação, até porque a essência da política é o diálogo, a construção coletiva e o respeito e atendimento às necessidades dos menos favorecidos para que possamos evoluir como sociedade.

Ricardo Vale
Artigo
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Foto: Divulgação SHS Quadra 6, Conjunto A - Bloco D, 2º andar

EDUCAR E MANTER A TERNURA

Uma escola global, inspirada nas melhores práticas internacionais, destinada a quem busca educação efetiva e humanizada, potencializa aptidões por meio de programas multidisciplinares e ensina a viver em sociedade, valoriza conhecimentos acadêmicos e a fluência em inglês. O Colégio Seriös, que celebra 12 anos de feitos inéditos no Brasil, entrega educação de excelência

Inspirado nos arrojados centros de ensino de países como a Finlândia, nação avant-garde (não por acaso eleita pela sexta vez consecutiva a mais feliz pela ONU), o Colégio Seriös, genuinamente brasiliense, celebra o 12º aniversário com conquistas inéditas no âmbito nacional.

A escolha de uma escola deve levar em conta critérios importantes para a família: a proposta pedagógica, a qualificação e o perfil dos profissionais, a estrutura física, a localização e a visão da escola são pontos que merecem muita atenção. A primeira infância requer investimento para o desenvolvimento motor, da linguagem, da autonomia e do entendimento da própria identidade. Uma escola

de Educação Infantil precisa acolher e ensinar ao mesmo tempo. À medida em que as crianças vão crescendo, a escola precisa crescer junto, no sentido de entregar o que é necessário para esse crescimento, ou seja, transformar essa criança em um estudante com responsabilidades, compromisso com os estudos – formando hábitos –, capaz de perceber seu papel na sociedade e despertar nele o desejo de transformá-la, bem como capacitá-la para o futuro.

O Colégio Seriös é uma escola que atende estudantes da Educação Infantil ao Ensino Médio, situada no coração da capital federal, tornou-se motivo de orgulho nacional ao sagrar-se campeã da edição 2022 da British English Olympics (BEO), uma competição acadêmica e artística-cultural, realizada em língua inglesa anualmente na Inglaterra. Pela primeira vez na história, representantes brasileiros alcançaram o pódio da competição, disputada por estudantes do mundo inteiro. Para a escola, é um grande orgulho saber que a equipe conquistou esse feito inédito e também saber que os estudantes são capazes de vencer grandes desafios.

O Colégio Seriös, ciente do valor da proficiência em inglês para os estudantes, ainda destaca-se pelo uso de tecnologias em sala de aula, bem como por valorizar programas multidisciplinares, dentro de contextos atuais e com uma educação socioemocional que promove autoconhecimento, gestão de conflitos e muito aprendizado. "O Seriös foi concebido para ser uma instituição atualizada. O trabalho

Educação
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é feito de maneira interdisciplinar, associa aprendizagens a práticas 'mão na massa', da Educação Infantil ao Ensino Médio", sublinha a diretora da instituição, Vanessa Araújo. A escola não abre mão da sua função social e acadêmica na vida dos estudantes e vive seus valores na plenitude. Nossa equipe pôde atestar como, na prática, as relações são alimentadas: ao longo da entrevista, tivemos a oportunidade de presenciar conversas entre alunos e a direção da escola, que demonstrou respeito, carinho, liderança junto aos estudantes e capacidade de articulação. Sabendo de cor e salteado não apenas o nome, mas detalhes da rotina de boa parte dos jovens, ela evidencia por que o ensino humanizado é mesmo o caminho.

Humanizar e ensinar

Baseada na linha pedagógica sociointeracionista, do psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky, a entidade, que não abre mão de trabalhar valores imprescindíveis para a vida, auxilia os estudantes a identificarem e potencializarem suas aptidões, em vez de medi-los sempre com a mesma e antiquada régua. Todas as atividades são planejadas com intencionalidade pedagógica nas mais diversas modalidades. Nas aulas de Circo, o desenvolvimento global, a consciência corporal e o equilíbrio fazem parte do planejamento. Nas aulas de Gastronomia, o contato com alimentos e a experimentação auxiliam na formação de bons hábitos alimentares, já a manipulação de utensílios ensina sobre segurança na cozinha. Na sala de aula, a Matemática tem conexão com a Educação Física e com a Marcenaria. Língua Portuguesa e Biologia recebem a mesma importância. Tudo isso alinhado com uma rotina de estudo e orientação. É assim que a escola acredita numa formação completa. É dessa forma que os estudantes atuam como protagonistas no processo do aprendizado e conquistam mais autonomia para escolhas acadêmicas e profissionais: preparados para fazerem escolhas entre grandes universidades nacionais e internacionais. Há alunos bem-sucedidos em universidades de destaque no Brasil e no exterior como Sevilha, Toronto, Suécia, UNB e USP. Resultado do trabalho consistente realizado na escola, que não renuncia a importância da educação acadêmica na vida de um cidadão.

Aulas de teatro, artes, esportes, projetos, clube do livro… Tudo isso agrega conhecimento e amplia a visão de mundo, música, danças e modalidades esportivas, a exemplo do xadrez e do judô, também. Júlia Kudiess, ex-aluna que brilha na Seleção Brasileira Feminina de Vôlei, iniciou a prática do esporte nas quadras do Seriös e é motivo de orgulho para a instituição, atual campeão dos Jogos Escolares do Distrito Federal na categoria sub-14.

Tríade de ensino

Por acreditar que a excelência na educação está conectada com a boa relação entre alunos, escola e pais, a instituição de ensino organiza diversas ações e eventos com a participação das famílias ao longo do ano letivo. Eventos pedagógicos e culturais, trabalhos de conclusão de curso com apresentação dos estudantes, musicais, apresentações de teatro, dança, circo e afins, e até mesmo shows de talentos com dress code black tie estão entre as opções.

Os estudantes são incentivados a interagirem com os familiares dos colegas e a participarem efetivamente da educação dos mais jovens por meio de monitorias, em ambiente colaborativo. O Seriös educa todos a conviverem em harmonia, porque a convivência com os pares é importante para o crescimento e com os outros grupos contribui para a promoção da autonomia e ampliação dos ciclos sociais.

Ampla e acolhedora

Fixada em uma extensa área com acesso ao Parque da Cidade, os 5.388,00 m² no centro de Brasília acomodam as amplas e modernas instalações, muitas abrilhantadas por trabalhos manuais dos estudantes — o que dá a eles maior senso de pertencimento ao local. Um exemplo visto por nossa equipe: a escada que dá acesso ao Laboratório de Marcenaria foi pintada pelos estudantes, a horta vertical instalada em uma bela minicidade é cultivada pelos estudantes – onde cada vaso tem o nome de um deles e é de sua inteira responsabilidade cuidar, os projetos de leitura, dos jornais e até o projeto de voluntariado é protagonizado pelos estudantes.

O colégio ainda conta com dois andares de garagem subterrânea, para melhor comodidade dos pais. Ao todo, são 150 vagas cobertas que além de proteger do sol e da chuva, dão segurança para as famílias e comodidade no embarque e desembarque. Auditório com capacidade para 800 pessoas e biblioteca reformada pelos pequenos ainda integram os diferenciais da escola, comprometida, acima de tudo, a preparar cidadãos mantendo a ternura.

www.colegioserios.com.br @colegioserios

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O empreendimento começou de modo intuitivo, ganhou propósito social, tornou-se um negócio estratégico e, atualmente, Peça Rara é a maior franquia de second hand do País. Em expansão constante, o olhar filantrópico ganha força e atende 300 crianças no DF

REDE DE SUSTENTABILIDADE E INCLUSÃO

Bruna Vasconi, 42 anos, CEO e fundadora da rede Peça Rara, nunca pensou no patamar que o seu brechó, inaugurado em 2007, chegaria. A necessidade ter uma segunda renda para ajudar no orçamento da casa, hoje, após 16 anos, se tornou uma marca de franquia ambiciosa. Atualmente, são mais de 100 lojas espalhadas pelo País. A meta para este ano é chegar a 140 unidades, com presença em todas as capitais.

E qual o segredo da marca, que somava "apenas" sete lojas próprias até 2019? Na verdade, o modelo de negócio é o segredo. Lá atrás, quando Bruna não tinha dinheiro para investir, trabalhava com consignação. Ainda hoje, a empresária segue com esse modelo de sucesso.

Para o brechó, o cliente é o fornecedor, e deixa os itens em consignação. Todos passam por uma rigorosa curadoria.

Parte é vetada pelo controle de qualidade por conta do alto volume do mesmo estilo ou mesmo tamanho e cor.

Após passarem pela triagem, todas as peças são etiquetadas e postas à venda. Se em um prazo de três a seis meses não forem vendidas, é solicitado ao fornecedor que as retire ou doe para o Instituto Peça Rara, braço de sustentabilidade da marca. Mais de 90% dos itens são doados.

A entidade filantrópica promove bazares sociais a valores simbólicos – peças de R$ 5 a R$ 50. O valor arrecadado é doado para ações sociais do instituto e seus parceiros. Em apenas quatro anos de existência, o projeto arrecadou mais de R$ 700 mil.

Brechó
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A expansão

Diante da demanda, momento em que a família não conseguia abrir novas lojas, a ideia de franquear a marca tomou vida. José Carlos Semenzato, executivo com expertise em expansão de franquias, procurou Bruna e se ofereceu para ser sócio investidor do negócio. Com isso, o plano de crescimento da marca foi colocado em prática, com o franqueamento da rede de brechós.

“A mudança de comportamento do consumidor tem despertado o interesse em cada vez mais destinar parte do seu orçamento para compras conscientes e de qualidade. Neste sentido, a Peça Rara tem se destacado e enxerga um grande mercado a explorar. Por isso, acredito nesta parceria e aposto que a rede pode se tornar referência em seu setor de atuação”, afirma José Carlos Semenzato, fundador e presidente do Conselho da SMZTO.

Junto a esta sociedade está Deborah Secco, entusiasta da moda circular que se encantou com o propósito da marca. Sua entrada ampliou o alcance do Peça Rara, reforçando o propósito de utilização de itens de segunda mão (second hand) não como modismo, e sim tendência. A atriz influenciou artistas e celebridades, que passaram

a ter consciência da importância de repetir looks, emprestar e doar roupas para que sejam criadas novas histórias. Todos estão preocupados com o futuro do planeta.

“Isso começou a fazer sentido para mim, de fato, quando eu tive a minha filha, Maria, e vi a velocidade em que se perdia armários inteiros de roupas. Eu fui muito abençoada, ganhei muitos presentes. Então, quando a Maria nasceu, eram roupas que nem se eu vestisse sete ou oito looks nela por dia daria para usar tudo. Foi quando entendi a importância de a gente ter um destino para as coisas. Passei a reciclar o armário mês a mês, comecei a estudar sobre este segmento até que cheguei à Peça Rara", relata a atriz e sócia do empreendimento.

As franquias

Os interessados em se tornarem franqueados do Peça Rara têm 100% do apoio da equipe de operações, desde a escolha do local, as obras, os treinamentos e até a inauguração. Bruna, apesar de estar envolvida com outras responsabilidades do negócio, faz questão de estar presente em todas as aberturas de lojas. Outro ponto importante a ressaltar é que todo o sistema de vendas foi desenvolvido exclusivamente para o Peça Rara, utilizando um software sob medida, com tecnologia que monitora cada peça deixada para venda.

Empresária bem-sucedida, Bruna ainda tem grandes projetos. “Há 16 anos, eu só queria abrir uma loja para ajudar no orçamento doméstico e criar meus filhos e, agora, somos um dos principais incentivadores da moda second hand no Brasil. A economia circular não é só utilizar uma peça ou item em várias pessoas, mas é um novo modo de pensar, é a redefinição de consumo, de um estilo de vida. Foi desta percepção que nasceu o coração de nosso projeto: não apenas um brechó, mas um modelo de negócio que conecta fornecedores e consumidores em um ciclo virtuoso no qual recursos não são desperdiçados e têm o uso retomado”.

Com parte do dinheiro arrecadado nos bazares do Instituto Eu Sou Peça Rara, a marca inaugura a primeira creche da rede, no bairro Administrativo Social Santa Luzia, em setembro. A casa poderá abrigar até 300 crianças.

“Meu sonho é construir um espaço social ou creche para cada nova loja Peça Rara. Atualmente, já temos mais de 100 lojas, ou seja, o caminho a percorrer é longo, mas acredito que os sonhos estão aí para serem realizados”.

@pecararabr

Fotos: Divulgação
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Bruna Vasconi, fundadora do Peça Rara

O FUTURO ESTÁ EM NOVAS MÃOS

Toque humano com assistência robótica. O que somente era possível nos Estados Unidos agora realiza-se em Brasília. Desde 2022, com apoio do braço cirúrgico, seletos profissionais estudiosos revolucionam procedimentos na coluna

Responda rápido: notificações ligadas ou modo avião? Contar nos dedos ou usar calculadora? Inteligência Artificial, ChatGPT, realidade aumentada… Você é do physical ou digital?

Calma, não precisa escolher. O natural tem seu charme, lógico, mas a vivência contemporânea não dispensa seus aliados tecnológicos. A mão do homem é irreplicável e insubstituível — o mundo em que vivemos é, inquestionavelmente, híbrido.

“É o futuro da medicina”. Notoriamente um dos profissionais mais bem-sucedidos em seu segmento na capital federal, o ortopedista com especialização em cirurgias na coluna, Rodrigo Lima, não minimiza a importância do toque humano. “É imprescindível dominar a técnica de manuseio”. Mas garante: a assistência robótica veio para ficar.

Há menos de um ano, Brasília foi a primeira cidade da América Latina a receber, pelo Grupo Santa, o equipamento Cirq da marca BrainLab: um braço robótico de última geração que não apenas auxilia médicos durante procedimentos cirúrgicos, mas também moderniza o modus operandi, garantido uma melhor recuperação para os pacientes — e os benefícios não acabam aí.

Além de assegurar um pós-operatório consideravelmente mais rápido, as cirurgias realizadas com acompanhamento do braço cirúrgico Cirq são sumamente mais precisas e consideravelmente menos invasivas. “Uma recuperação que, nas cirurgias feitas a mãos livres, poderia exigir até uma semana de internação, agora se realiza majoritariamente em casa. O paciente em muitos casos consegue retornar

ao lar no mesmo dia do procedimento”, pontua Rodrigo. “Com o auxílio e exatidão dessa ferramenta, conseguimos realizar o procedimento com incisões e cortes menores. Em aproximadamente duas semanas o paciente consegue até mesmo voltar a dirigir”, completa.

Com um software de orientação especializado, responsável por alinhar de forma aproximada à trajetória predefinida, o Cirq domina e imobiliza a anatomia, permitindo que a equipe médica dedique total atenção ao procedimento.

Em sequência, o Módulo de Alinhamento Robótico do Cirq entra em cena para realizar ajustes minuciosos, uma precisão superior em relação ao posicionamento manual isolado. “É um equipamento encantador, que só consegue entregar seu completo potencial se manuseado por especialistas estudados. Trazê-lo para Brasília foi um grande e altamente benéfico investimento”.

Em fase de testes desde outubro de 2022, o assistente tecnológico já participou de cerca de vinte cirurgias de coluna lideradas pela equipe ortopédica do hospital Santa Lúcia. Em junho de 2023, o Cirq se tornou um aparelho definitivo (e muito bem-vindo) nas salas de cirurgia.

“Temos pessoas de todos os estados vindo ao Santa Lúcia para realizar um procedimento que, antes, o local mais próximo era nos Estados Unidos”, afirma. Assim, o futuro nunca esteve tão presente.

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Tecnologia
Por Fotos
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JP Rodrigues
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LAPIDADOR DE CORPOS

Enaltecer a beleza dos pacientes – sem pecar pelo excesso – é a missão do cirurgião plástico Rodrigo Bastos. Antenado, o brasiliense com formação em Nova York encontra na inovação maneiras sutis de tornar o que é bonito ainda mais belo.

O médico cultua a naturalidade e faz uso de técnicas minimamente invasivas. Fundou a própria clínica, a Versona, em 2022. É mestre em Deep Plane Facelift e Deep Necklift, considerado o lifting facial mais avançado da atualidade; bem como em R24R, cirurgia de implantes de silicone com resultados mais naturais e pós-operatório descomplicado. Graças a cortes de até cinco centímetros, as próteses são acomodadas sob uma camada de tecido muscular, permitindo o retorno às atividades normais em 24 horas.

As técnicas de recuperação rápida e fora de ambiente hospitalar trouxeram ascensão ao trabalho de Bastos, que viu a popularidade dos métodos Deep Face e R24R crescer principalmente durante a pandemia, com o auxílio das redes sociais. Ele chegou a ter uma média superior a 60 cirurgias por mês.

"Você é o seu melhor investimento", acredita Rodrigo. Avesso a modismos, o cirurgião diz que o perigo das tendências está na fugacidade. "Procedimentos como bichectomia, próteses de silicone muito grandes ou preenchimentos excessivos no lábio e na região malar estão caindo em desuso, porque já soam artificiais”, comenta.

O profissional, cujo ensino foi fruto da resiliência da mãe, uma professora do ensino público, fez Medicina na Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS). Mas a sua caminhada na Medicina se deu de forma inesperada: filho também de um servidor público, cursou todo o Ensino Fundamental e Médio na Escola Classe da 113 Sul. Por meio do Programa de Avaliação Seriada (PAS), conseguiu passar no vestibular da UnB e, inicialmente, cursou Matemática.

Depois de formado, dedicou-se à área de cirurgia cardiovascular e de cabeça e pescoço, que trata principalmente os cânceres ligados ao uso de cigarro, como boca, faringe e laringe, em Campinas. Tendo em mente que seguiria na Medicina como cirurgião plástico, deixou a Unicamp e seguiu para o Rio de Janeiro, começando uma nova residência no Hospital Federal de Ipanema.

Bastos ainda buscou crescimento profissional no exterior, mais precisamente nos Estados Unidos. Fez estágios na New York University (NYU), em cirurgia plástica reparadora, e em ritidoplastia, com o médico Daniel Baker MD, também em Nova York. Em agosto deste ano, aprimorou-se no lifting cervical, com o Dr. Mike Nayak, sumidade em intervenções estéticas de Saint Louis.

Nome já queridinho dos brasilienses, ele afirma que há como prezar pela harmonia dos traços ao trazer a melhor versão dos pacientes. "Um nariz mais delicado, um pescoço com desenho bonito, uma face rejuvenescida, um lábio maior, uma prótese de silicone com tamanho adequado ao corpo da paciente… Tudo é possível, e sem deixar com cara de plástica”, finaliza.

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A Sensce Clinic SPA foi concebida para ser o refúgio em meio à urbe frenética do cotidiano, integrando beneficios às saúdes física, mental e comportamental em um único espaço. Método desenvolvido pela médica Priscilla Proença, especialista em Medicina do Estilo de Vida

INTEGRAL HEALTH O EQUILÍBRIO DA VIDA

Proporcionar aos pacientes uma sensação verdadeira de conforto e acolhimento, permitindo que eles se desconectem e possam imergir profundamente no seu emocional, enquanto cuidam da saúde física – essa é a principal proposta da Sensce Clinic SPA, uma clínica boutique pensada pela médica Priscilla Proença, que criou o espaço para se tornar um refúgio sensorial.

E é possível notar o zelo da médica em cada atmosfera do ambiente: dos tons claros que desenham o décor até a presença abundante de plantas, e uma música tão suave que também torna possível ouvir o som da água corrente,

Tratamento
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além do aroma e da carta de chás e cafés especiais desenvolvidos com exclusividade pela própria Priscilla. Tudo foi pensado para trazer calmaria, já sugerindo ao paciente que desligue o celular, adie compromissos e se permita no autocuidado.

Além da endocrinologia, Priscilla também tem especializações em metabologia, nutrologia, e estudou extensão em Medicina do Estilo de Vida em Harvard. Ela conta que sempre buscou a força da conexão entre corpo, mente e comportamento: "Por trás de uma doença ou condição, existem muitos problemas associados. Alguns pacientes me procuravam com queixas específicas como ganho de peso, mas estavam sob estresse, ansiosos, com problemas de sono... não adianta tratar o problema olhando somente para a dieta, sem entrar nos outros fatores que influenciam esse ganho de peso", diz.

Essa perspectiva trouxe à Priscilla um novo olhar sobre a medicina e a inspirou a desenvolver um método especial que aliasse o tratamento da saúde física ao bem-estar emocional. Assim nasceu o Integral health, que é oferecido com exclusividade na Sensce Clinic SPA e foi criado com base em seis pilares que amparam os pacientes no alcance de uma vida com mais saúde: alimentação equilibrada, estímulo ao movimento, sono reparador, gerenciamento do estresse, autoconhecimento e equilíbrio metabólico e hormonal.

A prescrição de dietas e tratamentos hormonais injetáveis ficam sob os cuidados de Priscilla, que se dedica ao atendimento exclusivo para cada paciente. Por isso, ela diz que as primeiras consultas podem levar até duas horas, tempo

que considera necessário para entender mais da vida, rotina e hábitos do paciente, um passo que é considerado fundamental para o sucesso dos tratamentos.

É a partir dessa investigação que a médica elabora protocolos personalizados e acompanha as saúdes física, alimentar e emocional dos pacientes. Além disso, Priscilla também dispõe de uma equipe formada por psicólogo, educador físico, massoterapeuta e instrutores de yoga e meditação.

Todo o tratamento é realizado na própria clínica para facilitar a vida do paciente, o que garante a sua privacidade e evita a necessidade de deslocamento para outros espaços. O Integral Health não é voltado apenas para o emagrecimento, ele também auxilia no controle de doenças como diabetes e hipertensão, e no tratamento de condições como ansiedade, insônia, apoio na prática de exercícios físicos e até na menopausa, quando costuma haver um desequilíbrio hormonal. "Eu considero o Integral Health o meu maior diferencial, pois ele me dá uma visão completa de cada paciente e permite que eu investigue e me aprofunde em diversos aspectos da sua vida", finaliza Priscilla.

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O COLO NECESSÁRIO

Para além do conhecimento teórico aplicado nos cuidados com os bebês e amamentação, o trabalho de Aline França também oferece segurança e acolhimento para a mulher recém-mãe

Há quem diga que a experiência de vivenciar a maternidade é tão intensa que se torna praticamente impossível passar por ela sem ter a vida transformada. A frase faz total sentido na vida de Aline França que, durante o pós-parto de sua primeira filha, deparou-se com informações dúbias e, principalmente, pouco acolhimento à puérpera.

Formada em Arquitetura e exercendo a profissão à época do nascimento de sua segunda filha, Aline se redescobriu profissionalmente no caminho dos cuidados e apoio à

mulher no pós-parto, e garante que a carreira de consultora de amamentação faz seus olhos brilharem atualmente.

Ela iniciou sua formação em 2016 e foi construindo seu currículo. Desde então, Aline soma mais de 30 especializações em amamentação e pós-parto, período que ela afirma ser um dos mais negligenciados em termos de acolhimento à mulher. "Assim que o bebê nasce, a maioria dos cuidados se volta para ele. Mas é preciso lembrar que, por trás dele, existe uma mulher que também precisa de cuidados. Meu trabalho se concentra em contribuir para que ela tenha condições de prover o cuidado, o colo e o vínculo que o bebê precisa", diz.

Aline reforça que o período do puerpério é considerado o maior estado de vulnerabilidade da mulher no que diz respeito à saúde mental. Ela passa por uma transição de identidade. Lida, ainda, com informações desatualizadas, que podem vir até de pediatras e enfermeiras, e que a deixam mais confusa sobre o caminho a seguir. "Percebi, ao longo desses anos, que falar sobre o pós-parto ainda na gestação, ao contrário do que se imagina, não é precipitado, é oportuno", afirma.

Maternidade
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A consulta

Aline conta que, com as gestantes, ela faz consultas individuais em que aborda o que é esperado, o que é sinal de alerta, todos cuidados com o bebê, além de avaliar o histórico da dupla: “Existem condições físicas que podem interferir na produção do leite, e ainda na gestação é possível agir preventivamente, identificando e traçando estratégias para questões como cirurgias nas mamas, anatomia das mamas e outras condições de saúde da mãe ou do bebê". Esse trabalho antecipa soluções, ajuda a mãe a passar pelo período de maneira mais tranquila, sabendo identificar o momento oportuno de recorrer ao suporte da consultora, já com o bebê nos braços.

Após o nascimento, Aline faz uma avaliação completa do bebê, da mãe, das mamas e do estado emocional da mulher. As intercorrências mais comuns são dor, ingurgitamento da apojadura (período de descida do leite materno) e fissuras, que com ajustes de pega, posição e orientação adequada, logo se resolvem. E quando Aline se depara com questões mais complexas, como mastite e icterícia do bebê, já faz contato com a equipe médica para conduzirem juntas o caso. Esse suporte salva muitas amamentações, já que a dor é uma das principais causas de desmame precoce.

Aline reforça que a amamentação exclusiva pode não ser o caminho de muitas mães, e ter possibilidades além do "sim" e do "não" traz mais leveza ao processo. "Precisamos desconstruir a ideia do que é sucesso na amamentação. Cada gota de leite é importante", frisa.

E como tudo que começa um dia acaba, a profissional também presta assistência às mães que estão em busca de limitar o acesso do bebê ao seio, fazer o desmame gradual, noturno ou até mesmo o desmame total. Aline costuma dizer que parar com a amamentação é semelhante ao término de um relacionamento. "Você sabe que quer

terminar e que é o melhor caminho, mas é sofrido. Tem um quê de despedida, um luto envolvido, porque o bebê está crescendo", compara Aline.

Apoio emocional

Além da experiência teórica em pós-parto e amamentação, Aline também é vista por muitas pacientes como uma confidente, por saberem que não serão julgadas. A maternidade pode ser um processo muito solitário para a mãe, com muitos sentimentos ambivalentes, cercado de um ideal romântico, que se choca com a realidade.

"É preciso compreender que o amor não é imediato, na maioria das vezes. Muitas mulheres têm a ilusão de que o bebê vai nascer e automaticamente passarão a amá-lo, mas esse amor é uma construção que requer muito tempo. É no banho, na amamentação, na rotina de cuidados... a relação de mãe e filho é como qualquer outra, e pode haver sentimentos diversos".

E a especialista exemplifica: "Às vezes, chego na casa de uma mãe que nunca me viu pessoalmente, mas ela me fala coisas que não dividiria com outra pessoa mais próxima ou familiar e me pede um abraço. Mesmo sendo uma abordagem estritamente profissional, há um vínculo de segurança muito grande.".

E conclui, resumindo seu trabalho: "Sendo mãe de três filhas, a minha experiência serve para que eu tenha um olhar mais empático por ter estado em um lugar parecido com o que elas estão, mas cada uma vive o seu processo de maneira singular. E saber que o meu trabalho faz diferença e proporciona a muitas mulheres um início de maternidade menos complicado e com mais acolhimento é muito gratificante".

@alinefrancamaterna

www.alinefrancamaterna.com.br

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NOVO PALCO DE CELEBRAÇÕES, DO CHÁ DA TARDE AO CASAMENTO

Proporcionar experiência imersiva e de alta gastronomia, em ambiente elegantemente integrado à natureza. A proposta da Greenhouse, recém-inaugurada na QI 21 do Lago Sul, é ideal para chás da tarde despretensiosos, mas também para aniversários e casamentos.

A casa gastronômica Greenhouse oferece menus especiais e de sotaque britânico para aniversariantes e nubentes. O restaurante, elegantemente integrado à natureza, recebe até 200 convidados por evento

Especializada em slow food, movimento que preza pelo consumo consciente dos alimentos, a casa com quê britânico comporta até 200 convidados e elabora menus especiais para eventos.

Os cardápios têm valores a partir de R$ 145 por pessoa. Entrada, prato principal, sobremesa e bebidas fazem parte dos arranjos. Tartare de salmão, Churchill best file, risoto primavera, wine pear e apple crumble estão entre as alternativas à escolha do anfitrião.

Ode à natureza

A ambientação é outro ponto forte do empreendimento, sobretudo para festas. “Inspirada na natureza exuberante da área externa da casa, que se conecta com a interna por meio de paredes de vidro, a decoração refinada é assinada pelo estúdio Choque Design”, detalha Ricky Araújo, sócio-proprietário ao lado de Matilde Gemile.

Lustres de cristal, sofás de veludo em acabamento capitonê e outros toques instagramáveis, como uma cabine telefônica tipicamente londrina colorida em tom de dourado e tomada por folhagens naturais, arrematam o espaço.

Gastronomia
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Fotogênico por si só, o restaurante não requer gastos extras com flores e ornamentos, como vasos e tapetes, tampouco exige a contratação de múltiplos fornecedores — vantagem amplamente apreciada por aniversariantes e nubentes. O local já tem a postos equipe afinada para prestar serviços de alto padrão.

A dupla de sócios recomenda entrar em contato com a Greenhouse para reservar a data desejada com, no mínimo, 30 dias de antecedência.

Deleite para os sentidos

No dia a dia, os brasilienses podem frequentar a casa de terça a sexta-feira, das 12h às 22h, e de sábado a domingo, das 9h às 22h. De manhã e à tarde, o restaurante climatizado é invadido pela beleza dos raios solares, graças ao amplo teto de vidro.

Do menu, pode-se destacar o brunch, servido aos fins de semana e feriados, e o Manzo Cotto, uma carne cozida lentamente e acompanhada de yorkshire pudding e batata baroa. Um verdadeiro deleite, para a visão, o olfato e o paladar.

Para além de fish and chips

Os caminhos dos sócios se cruzaram em Londres. Matilde, com excelente mão para doces, conquistou Ricky, um empresário nato, em sua então confeitaria na capital inglesa. Conterrâneos, não tiveram dificuldade em fazer amizade. Anos mais tarde, elegeram Brasília para firmar sociedade, voltada ao amor de ambos pela gastronomia britânica — erroneamente subjugada por alguns.

A culinária do Reino Unido vai além do clássico fish and chips, tampouco se resume a chá com biscoitos. É resultado de interações com outros países europeus e a importação de ingredientes da América do Norte, bem como da China e da Índia, durante o período do Império Britânico.

O coronation chicken é um exemplo de tradicional prato com referências indianas. Criado em homenagem à rainha Elizabeth II em 1953, o preparo consiste em frango escaldado com molho cremoso de curry. A autoria é da chef Angela Wood.

No cardápio da Greenhouse, fora diversas delícias inglesas, podem ser encontrados pratos mais internacionais, a exemplo do sempre bem-vindo filé à parmegiana. Um toque brasileiro às criações também faz parte da identidade do empreendimento.

www.greenhouselago.com @greenhouselago

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BRASÍLIA NOS SEUS MELHORES ÂNGULOS

Tal qual High Line, em Nova York, e o movimentado LX Factory, em Lisboa. Mezanino, o espaço que reocupou a Torre de TV e revolucionou o coração da capital federal com música, arte, drinks e, claro, boa gastronomia

No coração de Brasília, um espaço repleto de encanto e criatividade captura a essência vibrante da capital. O Mezanino da Torre de TV se ergue majestosamente, atraindo mais de vinte mil visitantes mensalmente e impulsionando mais de cem empregos diretos. Este não é apenas um local de refeições e entretenimento – é um projeto que reconfigura sentidos e sensações do público, fundindo arte, gastronomia e cultura em um cenário deslumbrante que oferece uma visão panorâmica única da cidade.

Batizado de Mezanino BRB, destaca-se por seus espaços instagramáveis, oferta de gastronomia criativa e atrações culturais envolventes. De exposições apresentando renomados artistas a ser um ponto de encontro fundamental para os amantes da música eletrônica da capital, o Mezanino BRB se estabeleceu como um ícone cultural.

Mais do que um restaurante, o projeto é uma experiência completa que redefiniu o Patrimônio Cultural tombado. A ocupação do rooftop da Torre de TV segue as tendências globais de revitalização de espaços públicos e turísticos

metropolitanos, lembrando locais como o parque suspenso High Line, em Nova York, e o movimentado LX Factory, em Lisboa.

O Mezanino BRB tem como sócios os empresários Rafael Godoy, João Felipe Maione, Bruno Barbosa e Lucas Batista, e curadoria artística do artista Bhaskar. O espaço é apresentado pelo Banco BRB e tem o patrocínio da Beck's, Chivas, Absolut, Beefeater e apoio do Café 3 Corações e da Academia Bodytech. Como resultado das ações realizadas pelo projeto de ocupação criativa dos empresários

Experiência
Fotos: Divulgação 78

no monumento público de turismo de Brasília, houve aumento de sua visitação em mais de 58,6% de público e trouxe uma nova circulação de visitantes e turistas no famoso circuito cívico da capital federal.

"O Mezanino BRB traz de volta a memória afetiva e histórica que todos têm do maior monumento icônico e de turismo da capital, que ocupa o centro de Brasília. Ocupar não é simplesmente fazer um projeto arquitetônico e conceito inovador, mas, sim, ressignificar o espaço com novas identidades e ter suas essências de experiências baseadas na arte, arquitetura, gastronomia e cultura. Um novo olhar para o público e aos amantes de espaços revitalizados. Hoje, o Mezanino é uma experiência de vista panorâmica de Brasília, gastronomia, música e conexão de pessoas", compartilha Rafael Godoy.

Esse presente para Brasília não é apenas uma adição arquitetônica, mas uma narrativa que incorpora arte, culinária, lazer e um panorama exclusivo do centro da cidade. Com investimentos superiores a R$ 3,5 milhões e a capacidade de gerar até R$ 1 milhão em receita, o Mezanino BRB em apenas um ano e nove meses de existência é uma prova concreta do poder da revitalização criativa.

A essência do Mezanino BRB está enraizada em sua gastronomia criativa, concebida por chefs de renome. Com um cardápio que homenageia os construtores de Brasília, ele traz influências, especialmente, das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Da entrada ao prato principal, incluindo um almoço executivo e um brunch dominical, opções para vegetarianos e veganos foram cuidadosamente integradas.

“Creio que todo brasiliense quando passava pelo Eixo Monumental pensava: que lugar lindo, pena que não é ocupado, podia ter um restaurante, um café, um bar, uma boate, uma galeria. E o Mezanino veio com todas essas frentes e se tornou um grande polo multicultural e gastronômico da cidade”, comenta João Felipe Maione. “Queremos que o brasiliense seja turista e descubra sua própria cidade, e que os turistas de outras cidades e até países vejam Brasília com outros olhos, uma cidade que, além de linda, vibra cultura e entretenimento”.

As fronteiras da gastronomia se expandem com eventos como o animado happy hour, ocorrendo de terça a quinta-feira, quando drinques exclusivos são servidos com desconto. Além disso, o cativante evento Jazz + Open Wine oferece uma imersão musical em meio aos rótulos de vinho da casa, embalada pelo som envolvente do jazz ao vivo.

O Mezanino BRB abraça sua missão cultural com sua galeria de arte única, apresentando obras de talentos locais e nacionais. O espaço em si se transforma em um cenário instagramável, adornado com cenografia de flores secas do Cerrado, um símbolo artesanal do Planalto Central. O ambiente abriga o icônico painel de azulejos de Athos Bulcão, e oferece vistas panorâmicas da Fonte Luminosa

e da Esplanada dos Ministérios, criando um ambiente mágico, especialmente ao cair da tarde.

À noite, se transforma no epicentro da cena musical da capital, onde renomados artistas nacionais e internacionais do cenário da música eletrônica se apresentam. Ao longo de um ano, o espaço já recebeu nomes como Bhaskar, Cat Dealers, Gabe e muitos outros. Celebridades e artistas globais também escolhem o Mezanino como ponto de encontro quando estão na cidade.

A taxa de manutenção cobrada na entrada permite a manutenção da estrutura e financia as exposições de arte na galeria. Além disso, melhorias significativas, incluindo sistemas de ar condicionado, segurança anti-incêndio e instalações elétricas, permanecerão como um legado duradouro para o público.

O Mezanino BRB não é apenas um local; é um ponto de encontro vibrante, onde a cultura, a arte, a música e a gastronomia se unem para criar uma experiência verdadeiramente única. Em suas próprias palavras, é um novo olhar para Brasília – uma cidade que pulsa com cultura e entretenimento, convidando tanto os habitantes locais quanto os visitantes a descobrir e redescobrir suas riquezas.

@meza.nino

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Um dos maiores eventos do País realiza-se numa praia no Cerrado. Surreal. Durante a temporada anual, Na Praia reúne grandes artistas, promove a cena criativa local, contribui com causas sociais e coloca o quadradinho na rota nacional do entretenimento

NO LITORAL

Depois de se inspirar no azul e branco das ilhas gregas, desbravar praias tailandesas, homenagear a riqueza cultural mexicana e celebrar a ancestralidade havaiana, chegou a vez do Grupo R2 se aventurar pelo continente africano. Em 2023, o já tradicional litoral brasiliense trouxe para o coração do País o Marrocos dos Sonhos. Famoso por suas cores, texturas, aromas e paisagens de tirar o fôlego, o destino foi reproduzido e ressignificado para a sétima edição do festival Na Praia.

Com direito a pórticos, minaretes, tendas, souks – os tradicionais mercados de rua – e até ao vibrante Jardim Majorelle, oásis que pertenceu a Yves Saint Laurent, o complexo de 45 mil metros quadrados à beira do Lago Paranoá recebeu os maiores artistas do Brasil e transportou turistas e moradores da Capital Federal para uma verdadeira viagem ao país tema da temporada.

Toda inspiração veio direto da fonte. A convite da Embaixada do Marrocos, o time R2 cruzou o Atlântico e aterrissou no país localizado no Magreb. Por lá, aventurou-se em

Entretenimento
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Fotos: BS Fotografias

cidades como Casablanca e Marrakech para uma imersão cultural, gastronômica, sensorial e turística, em busca de referências para o evento. E, se em árabe a palavra Magreb significa "onde o Sol se põe", o icônico pôr do sol de Brasília já era uma homenagem predestinada.

Temporada

Marcada por feitos e números inéditos na história do evento, a edição marroquina chegou batendo recordes logo na pré-venda de ingressos, quando mais de 160 mil foram vendidos em 24 horas. Na primeira noite de shows, uma estreia com o maior público de todas as realizações contou com mais de 12 mil pessoas na plateia para curtir Seu Jorge e Alexandre Pires, pelo projeto Irmãos, e o cantor baiano Saulo Fernandes.

Ao final, o festival encerra a temporada com mais de 300 mil pessoas, unindo artistas nacionais dos mais variados estilos, do sertanejo ao funk e do rap ao pop. Ao final das doze semanas de evento, mais de cem atrações. Subiram ao palco nomes consagrados, como Alcione, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Zeca Pagodinho e Bell Marques.

A presença feminina veio forte e contou com cantoras e performances marcantes, entre elas Marina Sena, Ana Castela, Duda Beat, Ludmilla, Gloria Groove e Pabllo Vittar. No sertanejo, os favoritos do gênero também passaram pela arena, como Luan Santana, Jorge & Mateus, Maiara & Maraísa e Matheus & Kauan.

Representando o Distrito Federal, teve Hungria, Natiruts, Tribo da Periferia e Doze por Oito. Dentre outros shows que completaram um line up eclético, diverso e histórico, o praiano ainda assistiu a Leo Santana, Pedro Sampaio, João Gomes, Matuê, Hungria, Alok, Leonardo e Bruno & Marrone, e muito mais.

Compromisso

O festival Na Praia tem como missão ficar marcado não somente pelo lazer que proporciona, mas também pelo seu compromisso por um mundo melhor. Em 2023, dentre todas as ações pautadas nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma agenda global da Organização das Nações Unidas (ONU), o evento reforçou o posicionamento de tolerância zero à desigualdade, à discriminação, ao assédio e à violência.

Por meio de ações do Conta Comigo e Siga Segura, projetos de acolhimento e assistência focados principalmente em mulheres e pessoas em situações de vulnerabilidade foram realizados pela equipe especializada. O complexo totalmente acessivel contou também com lounge exclusivo para pessoas com deficiência, que recebeu mais de 300 PCDs e seus acompanhantes.

Desde 2018, o evento é reconhecido como o maior festival lixo zero do mundo, com certificado do We Are – Zero Waste Youth Global Meeting. Nesta edição, o festival reciclou e compostou mais de 39 toneladas de resíduos. Em parceria com o Sesc-DF, arrecadou mais de 38 toneladas de alimentos não perecíveis por meio da meia-entrada social. Isso representa mais de 190 mil refeições completas. Com enfoque em pessoas negras, jovens, trans, PCDs e idosos, foram gerados cerca de 15,6 mil postos de trabalho diretos e 46,8 mil postos indiretos, totalizando mais de 62,4 mil pessoas empregadas.

Novo projeto

O Grupo R2 tornou possível o sonho do brasiliense de ter uma praia para chamar de sua em 2015, porém, o seu relacionamento com o entretenimento da cidade começou em 2005, fundado por Rafael Damas e Rick Emediato. Foram muitos anos como promoters, panfletagem em bares e portas de faculdades, desafios e aprendizados até o grupo chegar em labels próprias de grande destaque no setor, como a Praia, o Carnaval no Parque e a Surreal, festa que já é uma das maiores do País. Em 2023, quando completam 18 anos de parceria, concretizam outro grande desejo do quadradinho: um Réveillon pé na areia. Um Ano Novo “que Brasília nunca viu”, como prometem os sócios e diretores.

@napraiafestival

@r2com.vc

Fotos: BS Fotografias
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Foto: Shake

EXCELÊNCIA RECONHECIDA

São mais de quinze anos de história, marcados pela missão diária de entregar o melhor em cuidados com saúde e bem-estar a cada um dos alunos que cruzam as portas das seis unidades existentes pela cidade. A trajetória da Acuas Fitness sempre foi motivo de orgulho para seus fundadores, alunos e funcionários, mas, agora, a rede de academias vem alçando voos mais altos.

Recentemente, a rede celebrou o reconhecimento de todo esse cuidado: duas das unidades da Acuas Fitness, localizadas respectivamente na 508 Sul e no Sudoeste, foram premiadas com o Selo de Excelência em experiência do cliente fitness no software We Help, por meio da ferramenta de pesquisa NPS.

Academia
Por Enaile Nunes Acuas Fitness é agraciada com o prêmio de Melhor Experiência do Cliente e posiciona a rede de academias como uma das melhores do País
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Diariamente, os alunos da Acuas recebiam o questionário para avaliar como haviam sido suas experiências na rede. O resultado do semestre foi anunciado durante a IHRSA, considerada a maior feira da indústria fitness da América Latina, que se realizou em São Paulo.

Nome por trás da gerência das seis unidades da Acuas Fitness, Itana Habka se emocionou ao saber da premiação: "Buscamos a excelência em tudo, e sabemos o quão desafiador é acertar em cada momento do cliente dentro da Acuas Fitness. Desde a entrada do aluno na recepção até a limpeza da academia, no atendimento do professor de musculação, na qualidade das aulas coletivas... estamos sempre tentando melhorar. Receber a notícia de que duas das nossas unidades entregaram uma experiência incrível ao cliente neste semestre nos faz acreditar que

estamos indo no caminho certo", diz a empresária, que convidou os coordenadores das unidades para receber o prêmio in loco.

Itana também celebrou que a Acuas Fitness ficou entre os 6% das academias do País que melhor atenderam os alunos durante o período: "Além das unidades do Sudoeste e da 508 Sul, que foram premiadas, todas as demais pontuaram bem no ranking. Estou super orgulhosa da minha equipe, composta de pessoas dedicadas, éticas, interessadas em aprender e comprometidas em entregar a melhor experiência ao cliente", pontua. Agora, a missão é atingir o mesmo nível de reconhecimento em todas as unidades da Acuas Fitness já no próximo semestre.

@acuasfitness

www.acuasfitness.com.br

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Deleite de colecionadores e entusiastas do automobilismo, o V12 Auto Club é um tributo à história desta indústria. Trafegando entre passado e presente, uma centena de veículos antigos estão disponíveis para visitação

MEMÓRIA SOBRE RODAS

Ali perto do Aeroporto Internacional de Brasília, um espaço ganha o olhar dos apaixonados por velocidade. E não estamos falando de turbinas e asas, mas, sim, de motores e latarias. Mais precisamente de um resgate do passado recente. Carros antigos que repousam como relíquias do tempo. São testemunhas silenciosas de eras passadas, onde a engenhosidade mecânica se encontrava com o design artístico. Cada rugido de motor é um eco do passado, uma melodia que ecoa a nostalgia de uma época em que a estrada era uma aventura e o metal tinha alma.

Os carros antigos permanecem como ícones de beleza, elegância e um elo perdido entre o ontem e o hoje. Um tributo à história da indústria automobilística está materializado em Brasília. Os 120 carros clássicos e as 70

Carros
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motos personalizadas formam o acervo do V12 Auto Club que traz modelos clássicos em um espaço feito para os apaixonados por carros. Um lugar onde as memórias afetivas dos visitantes podem ser despertadas. Histórias de família a bordo de carros de décadas atrás são comuns e podem aflorar ao pisar no clube de carros.

O V12 Auto Club é uma ideia de mais de vinte anos dos empresários Gilmar Farias e Laercio Tomaz. O trabalho de restauração de veículos antigos começou nos tempos livres do staff do grupo V12. A aproximação com os clubes de carros foi importante para pavimentar a estrada até a inauguração do local. “É um espaço raro no Brasil, que contempla tanto as culturas hot rod e rat rod, quanto os veículos originais nacionais. Existem museus como esses

espalhados pelo mundo, mas conectam a memória dos brasileiros com os modelos que foram vendidos especificamente no País”, afirma Gilmar.

O complexo de concessionárias do grupo V12 perto do aeroporto foi o local perfeito para receber o museu de carros. Como o conglomerado reúne concessionárias Volkswagen, Suzuki e Royal Enfield, o V12 Auto Club veio para reforçar a vocação automobilística que os idealizadores têm.

Viés social

Já que os automóveis são elementos que ajudam a contar a história, um capítulo que mudou a trajetória do Brasil será contemplado pelo clube. Uma parede no complexo está reservada para mostrar elementos de Brasília. “Queremos resgatar a construção da capital e homenagear os pioneiros que vieram para o Distrito Federal e venceram aqui”, conta Gilmar.

O local já está aberto ao público, com visitação de quarta-feira a domingo, das 9h às 18h, com ingressos que custam a partir de R$ 47,50. As terças-feiras serão reservadas aos alunos de escolas públicas. De forma totalmente gratuita, os estudantes poderão visitar o V12 Auto Club. Já estão em curso ações sociais voltadas a causas relevantes, a exemplo do Setembro Amarelo, que conscientiza a população sobre a prevenção ao suicídio, e em outubro, o mês do idoso.

Em meio a novas missões e novos caminhos, essas obras-primas sobre rodas permanecem como testemunhas silenciosas da evolução do automóvel, lembrando-nos de que, embora o tempo possa avançar, a beleza atemporal do passado nunca se desvanece completamente.

www.v12autoclub.com.br
@v12autocluboficial
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Os empresários Gilmar Farias e Laércio Thomaz

A GRANDE MURALHA

A GWM chega a Brasília com operações comandadas pelo Grupo Jorlan, um grupo de 76 anos de história. Juntos, conectam o tradicional e o futurista, com modelos recheados de tecnologia disruptiva

A Muralha da China, ou A Grande Muralha, é impactante. Com 21 km de extensão e oito metros de altura, sua imponente marca na história mundial foi a inspiração para o nome escolhido pela montadora Great Wall Motors, ou GWM, que surgiu em 1984. Forte no mercado automobilístico chinês, é especialista em SUVs. A linha da marca no Brasil agrega um pacote tecnológico acima da média e modelos recheados de equipamentos desde as versões de entrada.

A tradição do Grupo Jorlan e a modernidade da GWM se encontraram em um projeto ambicioso. As concessionárias da marca chegaram a Brasília e os produtos são competitivos. A chancela do conglomerado de revendas é importante para mostrar que os carros chineses estão em um momento importante, com mais qualidade e valor agregado.

Mais de 300 grupos se inscreveram para serem representantes da marca chinesa, mas apenas 28 foram selecionados. Entre eles, o Grupo Jorlan, um conglomerado com 76 anos de experiência, sendo cinquenta anos presente na capital federal.

ORA 03

O mais recente lançamento da GWM promete aquecer o mercado de elétricos. O ORA 03 é um compacto 100% elétrico com preço de tabela de R$ 150 mil na versão Skin. É um modelo capaz de rodar 310 km com uma recarga segundo o ciclo WLTP. São 171 cv de potência e uma bateria de 48 kWh, com opção de carregamento rápido de 30% a 80% em 30 minutos. O motor é suficiente para levar o carro aos 100 km por hora em 8,2 segundos. Trata-se de um desempenho de esportivo, com o torque de 25Kgfm e instantâneo, o que é característico dos motores elétricos.

O modelo da GWM possui itens como rodas aro 18, central multimídia com conectividade Apple Carplay e Android Auto e faróis e lanternas full led. A segurança é reforçada com controle de cruzeiro adaptativo, um sistema que identifica as placas de velocidade, frenagem autônoma de emergência e sistema de manutenção de faixa.

O ORA 03 GT possui a mesma motorização, mas com bateria de 63 kWh. Esse upgrade eleva a autonomia para 400 km também pelo ciclo WLTP. O preço para essa versão é de R$ 184 mil. O GT traz também um visual mais esportivo, com rodas e para-choques exclusivos, além de apliques em vermelho, teto solar, e sistema de massagem nos bancos.

Importado
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Haval H6

Os primeiros modelos a virem ao Brasil são da linha Haval H6, um SUV de luxo que tem três versões: HEV, PHEV e GT. Em todas elas, o modelo já vem com itens de segurança como controle de cruzeiro adaptativo, alerta e frenagem autônoma de emergência, assistente de manutenção de faixa e desvio inteligente, que afasta o veículo durante ultrapassagem de caminhões.

Os preços do H6 começam em R$ 214 mil, no modelo híbrido convencional. Com potência combinada de 243 cv. O motor a gasolina é 1.5 turbo com injeção direta de gasolina, funcionando pelo ciclo miller que reduz consideravelmente as emissões de gases.

Com valor tabelado de R$ 269 mil, o PHEV pode ser recarregado na tomada. O Powertrain dianteiro que combina motor a combustão com o sistema híbrido DHT a um motor elétrico no eixo traseiro, possibilita 7 modos de condução, incluindo o modo AWD 4x4. Esse conjunto combinado rende 393 cavalos e torque de 77,7Kgfm. É possível rodar até 170 km no modo 100% elétrico. Essa é uma característica que favorece a rodagem na cidade, onde prevalecem os trajetos curtos.

Na também híbrida plugin GT, a carroceria coupé é exclusiva e o padrão de acabamento é superior. O topo de linha custa R$ 315 mil e agrega som premium, pneus Michelin e bancos dianteiros com ajuste elétrico e ventilação, um diferencial em carros vendidos no Brasil. Além disso, o veículo conta com reconhecimento facial que identifica imediatamente o condutor e, assim, altera os ajustes de modo de condução e preferências do sistema. A câmera atua, inclusive, como sensor de fadiga, distração e ação perigosa, enviando alertas para o condutor.

Chegada

A nova onda de carros chineses é forte. A GWM comprou a fábrica da Mercedes em Iracemápolis, São Paulo, e vai montar os veículos em solo brasileiro nos próximos anos. Os importados, da linha Haval, já demonstraram força. No início do ano, a pré-venda ainda era feita exclusivamente pela internet, com modelos exibidos em shoppings. Os test-drives eram levados até os interessados. Embora o modelo soe pouco convencional para uma parte dos consumidores, o sucesso de vendas veio. Os clientes pagavam o sinal antes mesmo de saber o valor final dos carros.

“São vários os motivos para a Jorlan ter embarcado nesse projeto. Um deles é a tecnologia que vem nesses produtos, não apenas em relação à eletrificação. São veículos de alto valor agregado, que entregam muito mais do que os concorrentes, mesmo em faixas de preço mais altas”, explica João Batista Leite Costa, diretor de operações do grupo Jorlan.

O grupo inaugurou um showroom no setor de concessionárias do Aeroporto Internacional de Brasília O espaço foi batizado de Jorlan-ev, em referência a electric vehicle (veículo elétrico, em português). É diferente das revendas tradicionais e tem uma pegada moderna, com ares de lounge. Em setembro, foi inaugurada a concessionária completa, que inclui serviços de pós-venda, no SIA Trecho 2.

A GMW Poer deve ser a primeira pickup eletrificada fabricada no Brasil. O modelo será vendido na América Latina e será híbrido, com um motor flex e um propulsor elétrico. O etanol é uma novidade na marca chinesa e a caminhonete será o primeiro veículo bicombustível desenvolvido pela montadora.

“Estamos comprometidos a liderar as mudanças na indústria automotiva e no comportamento dos consumidores. Além de reduzir as emissões de carbono, ajudar a construir um meio ambiente limpo e sustentável”.

Aeroporto Internacional de Brasília, Setor 07 - Lago Sul

SIA Trecho 2 -lote 320 /340 Sia Sul

@gwmbrasilia

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João Batista Leite Costa no showroom com modelos GMW

39 mil m2 de jardins e lazer

Apartamentos de 3 e 4 quartos

103 m2 a 158 m2

Amplas varandas

2 a 3 vagas de garagem

This is Duda

Com os pilares família, moda e verdade, a influenciadora Duda Portella Amorim ascende nas plataformas digitais e confirma que a sofisticação está na ética como princípio e estilo do bem viver em comunidade

Tudo a seu tempo. A trajetória de Duda Portella Amorim é um exemplo de timing perfeito: o sucesso não veio a galope, mas chegou, ao seu ritmo, no melhor momento. Conhecida pela elegância etérea, a belo-horizontina radicada em Brasília vivencia o ápice de sua carreira – e fez por merecer. Mais que influenciar seguidores sobre consumo, a loira com porte de modelo educada à moda antiga, dá aula de sofisticação com simplicidade. É referência numa era em que trendies permeadas por excessos e bizarrices são priorizadas pelo algoritmo. Por isso, dar follow em Duda diante de conteúdos que se distanciam da vida real é como recobrar a consciência. É lembrar dos genuínos valores: os pilares de uma família estruturada, a convivência respeitosa e o comprometimento com trabalho. E ainda ser reapresentado ao conceito do vestir-se bem.

A ligação com a moda e a aptidão da influenciadora de 38 anos para posar em frente às câmeras vieram da mãe, Daniela Portella, ex-modelo e eterna líder de torcida da única filha mulher. O dom para a comunicação é herança do pai, jornalista e diretor da Rede Manchete por uma vida inteira. Um homem à frente de seu tempo, nas palavras da própria cria. O patriarca foi quem a incentivou a abrir uma conta no Instagram, "plataforma das oportunidades do futuro". A ex-diretora da Vogue Brasil, Daniela Falcão, e a atriz Marina Ruy Barbosa – sim, o networking de Duda é im-pe-cá-vel – reforçaram o seu potencial para as redes sociais e a incentivaram a seguir adiante.

Direção: Paula Santana

Fotos: Celso Junior

Produção Executiva: Karine Lima

Styling: Bruna Slaviero

Beleza: Ricardo Maia

Assistente de produção: Diana Souza

Locação: Brasília Palace Hotel

"O tempo é mesmo sábio. Trouxe os maiores frutos do meu trabalho no momento certo, após a consolidação do meu casamento e da bênção da maternidade", diz, agradecida, a mãe de dois meninos – João Guilherme, prestes a completar cinco anos, e Joaquim, de três –, do casamento com o empresário Juliano Amorim, com quem está há dez anos. Bem-humorada, a designer de produto por formação afirma ser exemplo para quem deseja seguir a profissão na fase mais madura da vida. "Acreditem: vocês podem! Eu iniciei a minha carreira em 2017", incentiva.

Vestido Bo.bô, sandália Birkenstock e joias Tiffany & Co
Look total Bo.bô

All eyes on her

Ao brindar a chegada de 2023 na casa de praia da família em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, Duda não tinha ideia dos bons ventos que o novo ano sopraria em sua direção. Dividir os holofotes com Gisele Bündchen em sua recente vinda ao Brasil. Parar o street style da Semana de Moda de Milão. Posar com Elie Saab em disputado evento. Protagonizar a primeira capa de revista (esta!). Ela coleciona feitos na circunstância mais exitosa de sua jornada no universo digital. As conquistas são resultado de entendimento sobre o meio, bem como de investimentos estratégicos. A mineira entende do ofício: mantém stylist, fotógrafos e videomakers, além de assessoria em São Paulo, CEP onde as marcas internacionais e, consequentemente, seus compromissos de trabalho estão concentrados.

O encontro com a übermodel, ponto alto do ano, é lembrado por Duda com a empolgação de quem concretizou um sonho. "Gisele irradia uma luz difícil de descrever. Ela é realmente incrível. Está sempre plena, calma. Conversamos brevemente sobre Ibitipoca, pequeno vilarejo no meu estado de Minas Gerais em que ela havia passado dias de descanso com a família", relata. A convivência com a falecida Vanda Jacintho, uma das mulheres mais influentes do high society paulistano, bem como as amizades com o designer Vic Meirelles ou o artista Siron Franco contribuíram para o alargamento das relações de Duda fora do eixo local. E Taci Veloso, estrategista de comunicação que acompanha a jornada da influenciadora.

Outro instante de difícil assimilação para a mineira de sotaque preservado e ritmo de fala prazeroso ocorreu na semana de moda italiana, quando ela hipnotizou os fotógrafos do streetstyle de Milão e saiu em sites e revistas mundo afora a bordo de look codificado pelo amigo Guilherme Siqueira, embaixador da Dolce&Gabbana. "Ele me disse que a ousadia do visual era condizente com a minha atual fase profissional — e acertou", comemora.

Brasiliense por amor

Todas querem Duda. "Mineiras e brasilienses comentam que eu as represento bem em eventos, sobretudo no exterior”. Embora ame Belo Horizonte, a influencer não cogita morar em outro lugar no Brasil. "Brasília é a cidade do meu marido, onde os meus dois filhos nasceram. Aqui, construí minha casa, minha família, criei amigos, comecei e consolidei a minha carreira", defende-se.

Apesar da fama de pouco acolhedora, Brasília abraçou rapidamente Portella. "Construí laços rápidos. Paula Santana, sócia-fundadora do Grupo GPS Media, me disse, no meu primeiro dia aqui: ‘você não está aqui a passeio’. E não estava mesmo. Nunca estive", reconhece. Aos pouquinhos, como todo bom mineiro, Duda marcou o seu território. No grupo de amigas, está Bruna Slaviero. A stylist, que assina este shooting, detém um tino aprimorado para a moda. "Conforme os compromissos de trabalho foram aumentando, precisei de alguém como ela para me ajudar a compor os looks. Hoje, trabalhamos juntas em harmonia", pontua.

Potência elevada

Esperar o tempo certo das coisas não é cruzar os braços e aguardar as oportunidades caírem do céu, como bem compreende Duda. O que mais a deixou segura como uma mulher que poderia ir avante não foi o closet repleto de opções fashionistas para toda e qualquer ocasião, tampouco as boas conexões que fez ao longo da vida. O que elevou a sua potência foi a experiência transcendental da maternidade. "Sou mais forte por causa dos meus filhos e para eles. A maternidade me transformou de maneiras inimagináveis", comenta.

Antes de atuar nas plataformas digitais, a mineira concluiu o curso de design de produto. Aos 19 anos, já muito bem inserida, passou a trabalhar com a mãe na área editorial destinada aos consumidores prestige de Belo Horizonte. Atraía negócios com a facilidade com a qual grava stories na atualidade. A entrada na web começou timidamente, com perfil fechado. "Abri o meu Instagram a pedidos. À época, viajava muito. Achei boa a ideia de aparecer mais para compartilhar experiências", rememora. Sem criar desafetos, mantendo a hombridade a todo custo, Duda consegue, hoje, alçar voos em nível de cruzeiro e influenciar mulheres de faixas etárias variadas, mães e filhas.

“Sou mais forte por causa dos meus filhos e para eles. A maternidade me transformou de maneiras inimagináveis”
Look total BOSS e joias Tiffany&Co. Vestido Letícia Gonzaga, sandália Birkenstock e brinco Bo.bô
Look total
Dolce & Gabbana e pulseira Tiffany & Co.
Look total Lucila Pena, brincos Dolce&Gabbana, sandália Éxi Vestido Cris Barros e joias Tiffany & Co.

Closet garimpado

Duda Portella Amorim goza do privilégio de ter em seu closet peças herdadas de suas maiores fontes de inspiração: a mãe e a sogra, Elizabeth Amorim. Fã do estilo hi-low, em que peças statement são combinadas com itens mais despretensiosos, a formadora de opinião tem parcerias duradouras, como a conterrânea Patrícia Bonaldi. O que o seu público mais gosta de ver são looks de festa e maquiagens que fogem do convencional. Fotos de família também são garantia de muitas curtidas. Na hora de montar composições fashionistas, preza por peças feitas à mão e produzidas no Brasil. Pelas andanças por Paris, capital francesa onde tem apartamento – já frequentado por sumidades da moda como Costanza Pascolato –, também adora adquirir itens em lojas, assim como arrematar novidades no Triangle d'Or.

Tocante ao coração

Duda assumiu o propósito de cativar os seguidores de maneira pouco superficial. "Gosto de tocar o coração das pessoas. Quero que elas entrem no meu perfil e saiam melhores", sublinha. Para tal, divide os altos e baixos. Recentemente, ao passar por uma delicada cirurgia para remover um tumor benigno de oito centímetros alocado na tireoide, postou comunicado aos seguidores antes e depois do procedimento. "Cogitei publicar só depois, quando tudo já tivesse dado certo, mas as dificuldades e as inseguranças também precisam ser mostradas. Afinal, elas fazem parte de nós", pondera.

A credibilidade é o seu maior trunfo, na visão da influenciadora. "Trabalho com a verdade. Por isso, dá certo. Divulgo as marcas que fazem parte da minha rotina, respeito os meus limites. Quando algo é agressivo para mim, evito. Doso bem a minha exposição na internet, até porque o meu marido é low profile, vem de uma família muito tradicional. Acredito que esses são os meus segredos. Ser bem assessorada por uma equipe de primeira também é um diferencial", acrescenta.

A mineira/brasiliense não consegue pôr em palavras o que lhe falta conquistar. "Tanta coisa… mas agora, com os filhos mais crescidinhos, quero aumentar as viagens para as semanas de moda internacionais. Abdicar de momentos com a família é sempre muito difícil, mas explico aos meus meninos como a mãe deles ama trabalhar antes de embarcar para uma nova aventura. Quero que eles tenham uma visão positiva do ato de erguer as mangas e ir atrás de objetivos", conta.

No feed da mãe de dois, que adora prosear dentro e fora das redes, dois arrobas não podem faltar: o da mestre em mindfulness Melissa Wood e o do coach e podcaster Jey Shetty. "Estou sempre em busca de evolução” conclui. Duda é esta mulher, que prioriza marido e filhos, cuida da sua família originária, ama o trabalho e sabe impor limites ao excesso. Duda agrada porque é sutil. E leva leve a sua rotina como uma tela que se borda no alpendre... com a delicadeza das mãos, tecendo fio a fio os pontos que formam os desenhos de sua vida. Desfaz, e refaz se preciso for. Com temperança e discrição. Tal qual uma boa mineira cujos pés estão cravados na terra profética onde jorra leite e mel, Brasília.

“Gosto de tocar o coração das pessoas. Quero que elas entrem no meu perfil e saiam melhores”
Jaqueta e calça jeans 7 For All Mankind, sandália Birkenstock e joias Tiffany & Co.

O SILÊNCIO DAS INOCENTES

Por onde transita a vanguarda da moda?

Quiet luxury, os looks familiares a todo instante reforçam a arquitetura da roupa na estrutura do corpo, no tempo presente em que liberam seus movimentos. Uma fluidez premeditada, consentida. As composições são intelectuais, usando volume e cor para criar o impacto da sobrevivência do desejo (PS)

TODS Louis Vuitton Paco Rabanne Burberry Carolina Herrera Blumarine Oscar de la Renta Roberto Cavalli Moschino
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Elie Saab Zuhair Murad Hervé Léger Jil Sander Lanvin Missoni Ralph Lauren Ferragamo Coperni Balmain Off-White

LÁ VEM O POVO DA MODA

Se está na passarela, transcende para a rua. Se está na rua, inspira a passarela. O street style das temporadas de moda europeia traz a mais fantástica montagem criativa. Looks com identidade sui generis que se tornam fortes manifestos, e comunicam (PS)

Style
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SATISFACTION

Os homens se libertam das amarras impositivas e vivem um caso sério de amor com a moda. Eles se misturam, envolvem-se e tornam-se um só. Nada mais os define a não ser o desejo de viver esta grande aventura do vestir-se (PS)

Street

A ARTE DE FAZER ROUPAS

Em relevância e com reverência, a alta-costura traz o seu melhor testemunho de qualificação no fashion universe. Inventiva, purista. Sóbria ou espetacular. Doesn’t matter. A relação é do corpo com suas manufaturas, com as mãos que verdadeiramente tecem e qualificam a roupa como uma obra que vale a pena ser sonhada (PS)

Couture
Balenciaga Stephane Rolland Elie Saab Armani Privé Giambattista Valli Valentino Fendi Alex Mabille Zuhair Murad Schiaparelli Chanel Rahul Mishra
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Alexandre Vauthier

TETÊ COM ESTILO

Maria Thereza Laudares

mtlaudares@gmail.com – @mtlaudares

BARBIE, UMA IDEIA VIVA

Pode uma boneca encantar adultos e crianças, provocar emoções em gerações diferentes? São muitos os questionamentos que nos levam à Barbie, a boneca mais vendida da história. Entenda por que a boneca ainda é um sucesso

Empoderamento feminino

As muitas vidas de Barbie podem ser observadas por um viés histórico e sociológico. Barbie é mais do que apenas um brinquedo, ela é uma reflexão da evolução de sua época. Sua popularidade nasce da sua habilidade em se adaptar às mudanças dos tempos, renovando-se constantemente. Barbie simboliza uma mudança cultu ral desde seu lançamento em 1959. A infância da geração baby boomer era incentivada política e comercialmente pela ideologia dominante do pós-guerra, que preconizava os papéis domésticos e maternais exclusivamente às mu lheres. Para as meninas, as bonecas Barbie representavam

mulheres como elas poderiam se imaginar no futuro, adotando todos os sonhos e ambições da vida contemporânea.

Cada um de nós tem uma memória associada à Barbie, enxergamos a boneca através de diferentes olhares, especialmente quando o tema é feminismo. Recentemente, Barbie entrou para as telas do cinema na produção de Margot Robbie, que também é a estrela do filme, e direção de Greta Gerwig. Segundo elas, ao acreditarmos que homens e mulheres devem ser iguais, somos feministas. Apoiadas nesse discurso, ambas afirmam que Barbie é um filme feminista com objetivo de honrar o legado da boneca e ao mesmo tempo sustentar uma conversa aculturada sobre aquilo a que nos sujeitamos enquanto sociedade hoje. Falar sobre o sentimento de nunca conseguir “fazer direito” dialoga com todos nós. É sobre todos nós, não apenas mulheres.

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Fashionista

história

Um pouco de

Foi em uma viagem de férias à Lucerna, na Suíça, que Ruth Handler conheceu a boneca alemã Lilli, em 1956. Ruth, cofundadora da fábrica de brinquedos Mattel junto com seu marido, Elliot, teve a ideia de criar uma boneca parecida com a alemã. Em março de 1959, Ruth lançava sua boneca na feira internacional de brinquedos de Nova Iorque. O nome Barbie veio do apelido de sua filha Barbara e mais tarde seria seu filho Kenneth a dar vida a Ken. Barbie começou representando o sonho americano, a “American way of life”, porém, com o passar dos anos, a imagem magra e ultra loura da boneca passou a denotar um certo conformismo com a indústria que im punha estereótipos não inclusivos nem globa lizados. Foi então que a empresa abraçou a diversidade, fazendo com que a boneca representasse mais de 150 profissões, 23 cores de cabelo, 18 cores de olhos, oito tons de pele, 14 rostos e quatro silhuetas. Barbie foi astronauta antes mesmo que Neil Armstrong pisasse na lua.

Em 1962, a revista americana Time publicou um artigo no qual conferia o sucesso da boneca Barbie ao fato de ela parecer adulta e que os pais gostavam do preço, apenas três dólares. A boneca era fabricada no Japão. A linha de roupas, bolsas e até vestido de noiva que podia ser comprada à parte também foi um grande sucesso de vendas, assim como Ken, o namorado criado como um dos acessórios de Barbie.

Ao tornar-se um objeto de produção em massa, Barbie atraiu o olhar de Andy Warhol, que imortalizou a boneca em uma série de seus famosos retratos da Pop Art. Ao completar 50 anos, Barbie já tinha batido o recorde de vendas, mais de um bilhão de cópias vendidas em mais de 150 países ao redor do planeta. Em 2016, Barbie tornou-se tema de exposição no Musée des Arts Décoratifs, em Paris. Foi a primeira vez que um museu francês hospedou uma mostra inteiramente dedicada a uma boneca como prova de sua contribuição para a história cultural e social dos séculos 20 e 21.

Uma das maiores diversões com a Barbie é brincar de vestir. Curiosamente, ao considerarmos nossa sociedade e as mídias sociais, observamos que se fantasiar e brincar de “personagens” faz parte da realidade contemporânea. Barbie entrou para o mundo da moda como celebridade. Entre os grandes nomes que criaram looks para ela estão Christian Louboutin, Maison Dior, Jean Paul Gaultier, Maison Martin Margiela, Paco Rabanne, e Versace. Em setembro de 2014, Jeremy Scott, diretor criativo da casa italiana Moschino, dedicou a coleção verão 2015 à Barbie. Na época, Scott declarou: “Ela e eu compartilhamos as mesmas coisas – nós só queremos levar diversão às pessoas”. E certamente ele conseguiu, a passarela teve até uma modelo patinadora.

A cor rosa, considerada o tom Barbie por excelência, surgiu no mundo da boneca na década de 70, com o objetivo de atrair mais meninas novas do que as adolescentes. A estratégia de marketing passou a usar o rosa vivo claro como a cor principal da identidade da marca visual da boneca. E assim a cor Barbie pink 219C passou a representar a Barbieland com direitos autorais Pantone.

A partir dos anos 90, Barbie tornou-se tendênBarbiecore foi divulgada por meio do filme

As Patricinhas de Beverly Hills , seguido de Legalmente Loira e Meninas Malvadas. Sempre vestidas de rosa, celebridades como Paris Hilton, Nicole Richie e a cantora Britney Spears ajudaram a popularizar a trend. Em 2022, foi a vez de Pierpaolo Piccioli apelar para o rosa, mas desta vez o diretor criativo da Valentino também criou seu próprio tom Pantone PinkPP. O filme Barbie, de 2023, traz cinco looks Chanel, afinal, Margot Robbie é uma das embaixadoras da maison francesa.

Finalmente, o que nos faz sonhar, o que nos reúne a todas as Barbies, é a doçura de seu caráter, sua inocência e sua inesgotável vontade de se divertir. Se buscarmos uma receita para seu sucesso, descobriremos: “Você pode ser tudo o que quiser!”.

“Ideias vivem para sempre!”, já dizia Ruth Handler.

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Para brindar os vinte anos da marca homônima, a estilista inaugura a Casa Cris Barros, espaço de fusão entre moda, arquitetura e natureza em São Paulo

A CASA DE CRIS

Um convite à convivência; um dos ca pítulos mais especiais da marca. Assim, com empolgação pubescente, Cris Barros define a Casa Cris Barros, espaço de con vergência. A boa-nova, uma celebração aos vinte anos do império fashion da estilista, chega a tempo de sediar a apresentação do verão 2024 da grife, inspirado no berço da civilização.

"A coleção SS24 Archives | Utopia da Memória em torno da emoção que trago à minha casa/ateliê a partir das referências artísticas que vivencio em viagens e pesquisas pelo mundo. A riqueza de detalhes no Oriente Médio me fascina: tantos saberes ancestrais para criar peças que dialoguem com fragmentos de um passado pelo olhar do nosso presente em uma reinvenção do novo, com modelagens leves e repletas de referências inspiradoras e femininas", descreve Cris.

Para introduzir os itens desejo, influenciadoras e amigas da estilista foram escaladas, entre elas, Thai de Melo Bufrem, Laura Fernandez e Maju Trindade. Tafetá, organza, avalon recortado e lycra drapeado são vistos em saias longas, conjuntos, casaquetos bordados e vestidos acinturados e esvoaçantes. O paisley oriental e a flor romântica são resgatados, bem como o lenço, peça que faz as vezes de cinto, bracelete, top e bandana na estação. Novos drops da etiqueta serão lançados em breve, conforme adianta Cris Barros, para a alegria de suas incontáveis fidèles.

www.crisbarros.com.br @crisbarrosofficial

Ateliê
Bruna Nardelli Juliana Rocha
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ENTRE NÓS

pattyjustino@hotmail.com – @patjustinovaz

Sun is fun

Para quem ama dar um toque de originalidade à sua maneira de vestir, a sunscreen bag, da grife italiana Moschino, é o acessório criativo perfeito para garantir dose extra de personalidade aos looks descontraídos nesta primavera/verão. A bolsa é um modelo com edição limitada e o seu formato, cores e estampa remetem a uma embalagem de protetor solar com estética retrô. Já configurando como um dos itens mais pesquisados no site da marca, a sunscreen bag comunica uma forte afinidade entre a moda e a cultura pop, uma característica que desde sempre fez parte do DNA da Moschino. www.moschino.com

Exposição

O tradicional Museo del Vetro, em Murano, recebe com louvor, através da curadoria de Cristina Beltrami e Chiara Squarcina, em colaboração com a Fondazione Musei Civici Venezia, a mostra One Hundred years of Nason Moretti. The story of a Murano glass family. A renomada marca veneziana celebra os cem anos atuando na produção ativa dos vidros artísticos mais emblemáticos da Itália. A rica história da família Moretti é contada através da belíssima exposição, onde estão exibidas as suas peças icônicas desde 1920 até hoje e que representam a evolução de seu design e técnicas ao longo do tempo. O público do museu poderá apreciar a excelência artesanal e importante contribuição dos Moretti para a tradição local, como também o seu posicionamento pela arte da mesa moderna mantendo a fidelidade à técnica ancestral, porém reinterpretando-se de forma contemporânea. Em cartaz até janeiro de 2024. www.nasonmoretti.com

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Fotos: Divulgação

Cheiro Natalino

Conhecidas por sua alta qualidade, fragrâncias sofisticadas e embalagens elegantes, as velas californianas Voluspa conquistaram o mundo por proporcionar uma queima limpa e duradoura, resultado da perfeita combinação de matériasprimas diferenciadas, como as ceras de coco ou de soja, aliadas aos aromas complexos e únicos desenvolvidos exclusivamente para cada uma de suas coleções. Os amantes da marca já aguardam o fim de ano para o lançamento que promete trazer a alegria do natal: a fragrância Noble Fir Garland. A ideia é que a presença do Abeto Nobre e o Cedro com toques de cardamomo remetam aos ramos perfumados e notas de âmbar brilhantes, que espalham o calor ao redor da árvore. O vidro em relevo Art Déco e tons verde-azulados, com ornamentos dourados pintados à mão, só complementam o clima, simulando uma charmosa árvore de natal. A multimarcas @q.u.a.d.r.a já está aceitando encomendas via DM. Corre lá!

Extraindo o seu melhor

O sonho de qualquer empresário é obter mais lucro e crescimento para o seu negócio, porém, para o Infusão 4.0, um grupo que promove imersões para educação empresarial, esse resultado não deve acontecer a todo custo: o verdadeiro empresário de sucesso precisa equilibrar o pilares que incluem a sua saúde, o seu trabalho e a sua família (STF). Com o foco nessa tríade, o programa de mentoria brasiliense reúne mensalmente turmas de alunos que querem aprender mais sobre gestão, marketing e vendas ao longo de três dias. Nos encontros, os alunos aprendem também a melhorar a comunicação e a adaptação às mudanças, além de adquirir uma visão holística das operações no trabalho e na vida pessoal. Um dos pontos altos do programa é o networking especializado, permitindo que você se conecte a outros profissionais e especialistas na sua região. Informações sobre as próximas turmas: www.infusaoquatropontozero.com.br

Viajando à moda da casa

A experiência única de hospedar-se em casas espetaculares pelo Brasil e mundo afora com serviços sob medida para você é a proposta da agência de viagens com foco no mercado premium, Matueté. Com base em São Paulo, a empresa criou o projeto Matueté Villas, que conta com uma seleção de casas exclusivas em diversos destinos com particularidades para atender a todos os gostos e estilos de famílias. Os serviços incluem o aluguel das propriedades e serviços que vão desde a criação de cardápios personalizados e gerenciamento das compras da casa, organização de transfers e atividades, além da opção de mordomos que podem estar presentes in loco, administrando cada detalhe da estadia. Um verdadeiro luxo.

villas@matuete.com

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Uma molécula retirada da semente do açaí amazônico promete ser o futuro da cosmetologia. Duas jovens brasilienses investem nesta audaciosa missão, lançam marca com valores sustentáveis e apresentam Olera, a nova geração de skincare

A SEMENTE DA MUDANÇA

Em meio à vastidão da Amazônia, uma pequena molécula emerge como um farol de esperança para a indústria de cuidados com a pele. Proveniente da semente do açaí, a TI35® surge como uma inovação brasileira de proporções épicas. Comprovadamente enriquecida com 14 bioativos, ela oferece uma abordagem holística e interna para tratar a pele.

Foram necessários cinco anos e um investimento de quase R$ 3 milhões até que o estudo desenvolvido por João Batista Calixto, do Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos de Santa Catarina (CienP), fosse transformado em produtos de beleza potentes. As responsáveis por trazerem esse achado natural para o universo da cosmetologia foram as empresárias brasilienses Rafaella Carvalho e Virgínia Weinberg, que usaram a molécula TI35® como matéria-prima para a criação dos produtos desenvolvidos pela Olera, marca recém-lançada no mercado.

No processo, foram feitos diversos testes in vivo, os iniciais focados na evolução do tratamento das rugas, aumento de elasticidade, firmeza e hidratação na pele de maneira

Pele
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detalhada e profunda, com medidores de cálculo reais. “Obtivemos resultados excelentes, como 87% de diminuição drástica de linhas e rugas, 87% de melhora significativa na firmeza da pele, 88% de aumento visível da elasticidade, 87% de hidratação imediata e sensação de pele macia e flexível pelo dia inteiro”, conta Rafaella.

Além de todo o benefício para a pele, o estudo e o desenvolvimento desses produtos valorizam, ainda, um dos biomas mais importantes do mundo. "Uma das formas mais nobres de proteger a Amazônia é desenvolver novos estudos científicos naquele bioma de maneira responsável e sustentável", enfatiza a empresária.

E toda essa história começou em 2020, quando Rafaella retornou ao Brasil após uma fase de estudos no exterior e conheceu uma cientista que participava dos estudos. "Ela contou das maravilhas do TI35® e eu, então, sugeri que construíssemos uma marca 100% nacional", relata.

As brasilienses, então, com a pesquisa em mãos, fundaram a marca com uma missão audaciosa: redefinir o horizonte dos cuidados faciais. O primeiro produto é o Serum Molecular. Ele entrega mais do que 14 cremes juntos e torna a skincare muito mais simples. Uma sinfonia de 14 bioativos antioxidantes e calmantes se desdobra neste sérum, engajando-se na batalha contra a oxidação, inflamação e engajando-se na renovação celular.

Empreendedoras por natureza, Virgínia é formada em Economia e Artes Visuais, enquanto que Rafaella traz uma bagagem do Jornalismo e um mestrado em Business e Comunicação de Produto de Moda. Apesar da ausência de formação em química ou farmácia, Virgínia e Rafaella se cercaram de especialistas para trilhar os caminhos da inovação. Cientistas do CienP lideraram as validações da molécula em processo de patenteamento pela Olera, enquanto Alberto Keidi, um renomado formulador da América do Sul, acrescentou sua perícia. Uma seleção das mais notáveis dermatologistas brasileiras auxilia na avaliação dos testes in vivo e na usabilidade dos produtos.

A grande diferença do TI35® para outros ativos disponíveis no mercado é que a molécula natural contém uma quantidade poucas vezes vista de bioativos agentes que são – em totalidade – cientificamente reconhecidos no cuidado com a pele. Os ativos criam e geram as curas de maneira completa, abrangente e generosa na derme humana. “Cabe a nós estudar, comprovar e escalonar essas descobertas. Esse é o papel da Olera e é por isso que estamos focadas nas patentes dessas descobertas, que levam anos, custam caro, mas são o futuro do skincare da próxima geração”, afirma Rafaella.

Os valores sustentáveis da marca se mostram também na embalagem. "Escolhemos nosso frasco atual por algumas razões. A primeira delas é que é uma embalagem de controle, isto é, ela entrega a quantidade certa para o uso indicado. Cada pump libera exato 1 ml: o suficiente para o colo, pescoço e rosto", contam. "Outro ponto que pesou na decisão foi que a embalagem está disponível no Brasil, o que evita uma emissão de carbono desnecessário com transporte. Além disso, ela é feita de plástico nobre, o que garante uma possibilidade alta de reciclagens e também a facilidade da mesma, já que o material utilizado na confecção é um só", completam.

A previsão é de que o próximo produto da Olera seja lançado em dezembro e outro ainda no primeiro trimestre de 2024. Como um dos valores da marca é o minimalismo, as empresárias pretendem simplificar o que chamam de Ritual Olera e trarão ao mercado apenas cinco produtos de alta performance.

"Acreditamos que toda cura vem da natureza e a Amazônia é a maior riqueza natural do planeta. Desde cedo, buscamos a alquimia perfeita entre bem-estar e funcionalidade e foi isso que encontramos nos estudos realizados com os institutos de pesquisa natural. Nosso foco, por ora, é manter a relação com a ciência da Amazônia, mas nada impede que, no futuro, possamos aprender com outros biomas, como o Cerrado, a vegetação da área onde crescemos", conta. www.olera.com.br @olera.io

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Foto: Divulgação

DO BRASIL PARA O BRASILEIRO

Rotas Brasileiras é sobre reimaginar as fronteiras e fazer o resgate da essência artística do País, validando o regionalismo, enaltecendo costumes e alicerçando raízes originárias. A arte nativa e seus contextos sociais em busca de acesso ao mercado

Fernanda Feitosa, idealizadora da SP-Arte, em sua jornada de vinte anos conduzindo os brasileiros a esta imersão cultural entendeu a necessidade e criou a oportunidade de gerar um espaço no mercado para os invisíveis a olhos nus. E lhes ofertou um portal de acesso, o Rotas Brasileiras, que chega em sua segunda edição, assumindo o lugar do SP-Arte Foto, e instalado num galpão industrial chamado ARCA.

Trata-se de uma promessa cumprida. Uma feira secundária, de porte e estrutura, para abrigar as boas produções sem

penetração junto a galerias e aos que bem entendem deste feito. Em meio à ribalta, ao frescor da essência, à beleza da origem, à força da raiz. Bem como os laços de identidade que se formam a partir de costumes oriundos do regionalismo, que somados formam essa incrível brasilidade.

O estrangeiro se encanta, mas o convite, especialmente, é de brasileiro para brasileiro.

“A feira se propõe a expandir perspectivas, ampliar narrativas e romper estereótipos. É um evento em que queremos que as pessoas se identifiquem com as raízes nacionais e que, ao mesmo tempo, tragam dinamismo e oxigenação ao mercado”, explica Fernanda.

Movimento
Paula Santana Fotos: Divulgação
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História do Futuro - Baobá o capítulo da agromancia, Ayrson Heráclito (2015)

Neste contexto, mãos e braços foram dados rumo a este reconhecimento da diversidade e da riqueza da arte brasileira. Foram 70 projetos curados por galerias expressivas especialmente para a ocasião, envolvendo onze estados, incluindo o DF, e apre sentando mais de 300 obras. De Brasília, o artista visual Raylton Parga, formado pela UnB, residente em Taguatinga e representado pela Galeria Casa Albuquerque Cerrado.

O acervo é riquíssimo. Do Movimento Armorial concebido nos anos 1970 pelo escritor Ariano Suassuna ao polonês naturalizado brasileiro Frans Krajcberg. De Belo Horizonte, Luana Vitra se une ao baiano Ayrson Heráclito, ambos selecionados para a 35ª Bienal de São Paulo. Projetos de coletivos gerados em distintos contextos sociais integram o Rotas Brasileiras.

Sertão Negro é um espaço de residência e vivência artística fundado pelo artista goiano Dalton Paula. Novos para Nós, de Renan Quevedo, tem curadoria centrada em diferentes credos do País. Há ainda o grupo Igreja do Reino da Arte, do Rio de Janeiro, fundado por Zé Tepedino, Edu de Barros e Maxwell Alexandre. Xiloceasa, coletivo da região do Ceagesp, e a galeria GDA, gerida por artistas, traz o acervo fotográfico mineiro Retratistas do Morro, de João Mendes e Afonso Pimenta.

@sp_arte

Sem título, Amadeo Luciano Lorenzato (1979) Fotos: Divulgação Bandeira, Maré de Matos Sem título, Heitor dos Prazeres (1962) Zeferina, Dalton Paula (2022) Sem Título, Genaro de Carvalho Sonho do arqueólogo, Artur Barrio Infância, Ariano Suassuna (1984) Sem título, Arrudas (2023)
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Ovo de tartaruga, Erika Verzutti (2021)

DIÁLOGO CORPÓREO DA CALIGRAFÍA

Atuante em quatro Bienais, pela primeira vez um conjunto tão expressivo de Mira Schendel é reunido no País. A mostra Toquinhos considera a relevância ótica tipográfica das letras como arte puramente plástica

Nascida na Suíça, mas residente na Itália. Estudante de Filosofia, mas desenhista compulsória. A Segunda Guerra Mundial afastou Myrrha Dagmar Dub, aos vinte anos, dos estudos e de sua morada. Foi um decreto-lei que proibia a inscrição de judeus estrangeiros nas escolas superiores. Passou a viver na Bulgária, Hungria, Viena, Eslovênia, Croácia, onde conheceu seu marido e junto com ele mudou-se para o Brasil, em 1949. Em Porto Alegre, fixou morada e retomou os estudos artísticos na escola de Belas Artes.

E assim começa a história da artista em solo brasileiro, produzindo vigorosamente até sua morte, em 1989. Sob a alcunha Mira, ela se envolve com desenhos, esculturas, cerâmicas e aprende técnicas gráficas no SENAI. Nessa fase, fica notável a influência de naturezas-mortas e tons terrosos. Não muito tempo depois, 1951, Mira participa da 1ª Bienal Internacional de São Paulo e faz grandes contatos.

Aí começa a sua inserção internacional. Adota o sobrenome do marido, Schendel, muda-se para São Paulo e passa a frequentar um círculo de pensadores, que também foram os seus primeiros críticos: Mário Schenberg, Haroldo de Campos, Theon Spanudis e Vilém Flusser. Em 1955, ela participa com suas pinturas da 3ª Bienal de São Paulo ao lado de Lygia Clark e Alfredo Volpi.

Após o feito, suas criações ganham novo viés. Foram se inclinando para investigações mais abstratas e menos figurativas. Até ser apresentada ao papel de arroz japo-

nês pelo amigo Mario Schenberg, crítico de arte e importante físico brasileiro. Foi quando mergulhou em uma série de experimentações com o material.

A expressão do vazio, a experiência do tempo, o estar no mundo e os mistérios da transparência. Mira havia sido arrebatada. Passou a pintar menos e menos. E surgiram os trabalhos Monotipias, Droguinhas, Objetos Gráficos e Toquinhos. Um dos mais notórios foi a instalação Ondas Paradas de Probabilidade na 10ª Bienal de São Paulo.

Com trechos do livro de Reis, na Bíblia, letraset eram inseridas entre duas placas de acrílico suspensas por fios de nylon e dispersas no espaço, longe das paredes, jogando com a luz, o dentro e o fora, a frente e o verso. Veio também Datiloscritos, datilografia de letras e sinais. Em 1994, a 22ª Bienal Internacional de São Paulo lhe dedicou uma sala especial.

Esta catarse durou duas décadas. Em 1980, sua última década de vida, Mira recupera seu vigor pela pintura. Ao ser questionada, em 1975, pela jornalista Norma Couri: “Por que letras?”, Mira responde: “São o pré-texto ou o pretexto do pós-texto”. E após cinco anos sem sua obra exposta individualmente, Mira retorna ao mercado na galeria Galatea, com curadoria da crítica de arte Lisette Lagnado. @galatea.art_

Gráficos
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Fotos: Isabella Matheus

Rompedor de barreiras neoconcretistas, Ivald Granato vanguardiou sua geração numa crescente produção identitária em seus entornos, transformando-se num artista plural. Atualmente, a família zela por se acervo cinquentenário

GRANATÊS O PAVILHÃO DE “EUS”

está voltando com força total no mundo e por isso a minha escolha”, complementa Rangel, referindo-se ao recorte eleito entre as décadas de 1980 a 2000.

Rangel ainda vai mais longe. E contextualiza o artista como um pop-surrealista na década de 1960, um performático-tropicalista na década de 1970, e um roqueiro-expressionista na década de 1980. Segundo Jacob Klintowitz, crítico de arte brasileiro, o artista tinha sua própria linguagem, intitulada por ele de Granatês. Em 1987, foi capa da revista Veja São Paulo, que o chamou de "O Agitador dos Pincéis".

A conexão com a atemporalidade. A liberdade do experimento. Ivald Granato não se definia. Ele simplesmente “era”. Granato deixou um verdadeiro tesouro para as artes plásticas do Brasil e do mundo. Pioneiro na arte performance, transitou entre desenho, pintura, escultura, vídeo e múltiplos suportes de linguagens, estilos, lugares e pessoas. Sua morte precoce há sete anos, em julho de 2016, fez com que a família criasse uma empresa para conservar e difundir seu legado de 50 anos de dedicação rigorosa à arte.

Em sua recente exposição, Seres, na Dan Galeria, São Paulo, o curador Daniel Rangel explora esse universo inventado por Granato, marcado por sua vibração colorista, traços expressivos e uma constante pulsação rock and roll, que destaca os vários seres criados pelo artista. “O figurativo

E nesta mistura de arte e vida, tangencia-se a produção contemporânea, em especial a de Granato, que rompeu todas as barreiras concretistas e neoconcretistas dos anos setenta. Ulisses Cohn, anfitrião da exposição, complementa: “Ele vem completar a linha do tempo e ocupar o lugar da vanguarda, da expressão contestadora, da pluralidade estética. Renova nosso programa artístico”.

Em 2017, foram iniciadas as atividades de conservação, gestão, catalogação e acondicionamento de obras. Em 2018, surgiu o Acervo Ivald Granato, com o objetivo de preservar e divulgar a trajetória artística e sua memória. Estão à frente a viúva do artista, Laïs Granato, os três filhos de Granato, Alice, Diogo e Pedro, e seus enteados, Nelson e Marcelo. Neste ínterim, foram tratados e digitalizados mais de cinco mil arquivos do artista, que estão disponíveis para pesquisa na página www.acervoivaldgranato.org.

@dangaleria

@ivaldgranato

Linguagens
Por Paula Santana O quadro do salão (1983) Série Prince 2 – Regensburg Germany (1986)
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Fotos: Divulgação

ARTE

“Brasília fez nossa cabeça. Havia uma ligação cósmico-planetária com a cidade que estava nascendo no meio do Brasil, com aquele céu enorme. Era impossível não sentir o impacto da cidade. No início, meu trabalho era expressionista, o de Cildo também. Mesmo o Guilherme, em música, era expressionista. Nós tínhamos uma certa preocupação em discutir a arte por um ângulo científico, mas havia aquele céu sobre nossa cabeça, um lance metafísico. Eu adorava Brasília. Creio também que a cidade impôs ao nosso trabalho uma escala planetária. Por outro lado, começava àquela época a exploração do espaço cósmico, o homem começava a escapar das fronteiras de seu planeta”.

A ARTE CONCEITUAL DE ALPHONSUS

Em setembro, o artista plástico Luiz Alphonsus abrirá uma nova exposição na Galeria Clima, do Rio de Janeiro. Essa será a primeira individual do artista na galeria e será formada por um conjunto de obras da série Pinturas Cósmicas, que Alphonsus vem desenvolvendo desde 1970.

Mineiro de Belo Horizonte, nascido em 1948, Luiz Alphonsus (de Guimaraens) vive e trabalha no Rio de Janeiro, no Leblon, onde convive com formações geográficas de montanhas que estão presentes em vários de seus trabalhos, entre eles fotografia, pintura e escultura.

A cidade de Brasília teve um papel muito importante em sua carreira, foi onde iniciou sua trajetória, no final dos anos de 1960, quando fez parte do grupo formado pelos artistas Cildo Meirelles, Guilherme Vaz e Alfredo Fontes. Essa geração de artistas atravessou o período mais opressor da Ditadura Militar, fato que influenciou fortemente os trabalhos da época.

Em conversa com Frederico Moraes, Alphonsus disse sobre Brasília:

Em 1969, vai para o Rio de Janeiro e lá funda a Unidade Experimental do MAM (Rio de Janeiro) com Frederico Morais, Guilherme Vaz e Cildo Meireles. No ano seguinte, participou da exposição efêmera, organizada por Frederico Morais, Do corpo à terra, com o trabalho Napalm, uma faixa plástica em que o artista ateou fogo em referência à Napalm, bombas incendiárias lançadas na Guerra do Vietnã. Do corpo à terra foi um marco na vanguarda da arte brasileira.

O artista é precursor da Land art no Brasil, trabalhos como Negativo / Positivo (1970) e Encontro num ponto (1970) são obras as quais Alphonsus realizou a partir de intervenções na natureza.

Segundo a curadora Daniela Name, Luiz Alphonsus vem usando diversas linguagens e suportes, sobretudo a fotografia, para realizar uma série de experimentações formais e conceituais em torno da representação da paisagem e da geografia, não apenas no que diz respeito às suas questões naturais, mas também ao contingente humano do Rio de Janeiro – relação e reflexão que podem ser transpostas para qualquer cidade do Brasil e do mundo.

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"Nessas obras, as noções de mapa, itinerário e de inventário aparecem de maneira literal, mas também como ponto de partida para uma reflexão do artista sobre seus papéis e os papéis que cada um pode ter e ocupar numa cidade e no mundo", explica Name.

No MAM – RJ, fez uma exposição individual, Coração 7/7/77 (1977), que, além de ser um discurso emocional sobre as questões populares, enfrentou imposições da censura vigente durante a Ditadura Militar. Dois anos antes, havia participado da IX Bienal de Paris (1975), na França.

Na década de 90, Alphonsus atua como Diretor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage e, mesmo durante esse período, continuou sua produção nas mais diversas formas de arte.

Seu trabalho está presente em importantes coleções, como: MAM – RJ, MAC – SP, Itaú Cultural (Acervo Banco Itaú), Gilberto Chateaubriand, João Leão Sattamini, Rose e Alfredo Setúbal, entre outros colecionadores do Rio de Janeiro, São Paulo e ainda colecionadores estrangeiros, como Leticia e Stanislas Poniatowski. O grande destaque está na coleção do Gilberto Chateaubriand, que está em comodato com o MAM-RJ, mais de 120 obras, que no final da década de 2000 foram mostradas em uma grande exposição intitulada Luiz Alphonsus 2005/1974: 31 anos na Coleção Gilberto – uma das melhores exposições daquele ano.

O mercado de arte hoje tem dois focos principais. Um está em artistas jovens que ainda são incógnitas, alguns irão conseguir traçar uma boa carreira e desenvolver bons trabalhos, outros não. O outro foco está em artistas com importância histórica e que tiveram relevância para a história da arte brasileira. Além de ser precursor da Land art, Alphonsus teve várias contribuições para o desenvolvimento da arte contemporânea conceitual no Brasil.

A Galeria Clima do Rio fica no Fashion Mall, lá serão apresentados 17 trabalhos e uma instalação que é uma junção entre escultura e pintura.

Exposição intitulada Luiz Alphonsus 2005/1974: 31 anos na Coleção Gilberto Foto:Lula Rodrigues/Divulgação
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2012 – 2,00m
1,30m 121
Fotos: Divulgação bilhões de anos no futuro
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Isadora Campos @isadoracampos

CENTENÁRIO DO EMBLEMÁTICO COPACABANA

A mais emblemática das praias brasileiras lidera entre os mais celebrados destinos do mundo. Mas não é apenas a calmaria do seu mar, as areias disputadas ou a vanguardista calçada desenhada por Roberto Burle Marx que asseguram o seu apelo singular: o Copacabana Palace em sua orla é ícone nacional.

Celebrando seus cem anos, o majestoso hotel, que fora idealizado pela prestigiada família Guinle, abre as suas portas para um novo capítulo de sua condecorada história. A sua opulenta e eclética fachada é um proeminente símbolo de luxo na cidade. Desde sua abertura, em 1923, o hotel é sinônimo de alta sociedade – é o lugar para ver e ser visto, talvez por essa razão 40% de seus hóspedes sejam brasileiros.

O Copa foi criado pelo arquiteto francês Joseph Gire como uma instituição icônica do glamour brasileiro à beira-mar. Ele se inspirou nos dois famosos hotéis da Riviera Francesa: o Negresco, em Nice, e o Carlton, na Côte D´Azur, em Cannes. A estrutura, sóbria e imponente, teve sua construção entregue ao engenheiro brasileiro César Melo e Cunha. Ele importou materiais de construção de diversas partes do mundo: mármore de Carrara da Itália, cristais da Boêmia, cimento da Alemanha, vidros e lustres da Tchecoslováquia, e móveis e quase todos os demais materiais vindos da França.

A visão do Presidente Epitácio Pessoa mostrou-se correta, e o Copacabana Palace logo se tornou lugar de encontro da sociedade brasileira e de celebridades internacionais, ultrapassando muito a tímida visão espalhada pela crítica da época de que ninguém se hospedaria em um hotel tão distante do centro. Ainda hoje, os seus salões sobre chão de mármore italiano, decorados com arranjos de flores, os trabalhos de estuque no teto da recepção, nas madeiras

ÍCONES
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Fotos: Divulgação

escuras e exóticas, um som de vozes alegres no ar, um cheiro indefinido conduzem o visitante entorpecido a um oásis de luxúria.

Mais do que um hotel de luxo, o Copa – apelido descontraído dado a um palácio à beira-mar – tornou-se uma instituição de encontro lendário da high society internacional, o endereço permanente dos príncipes, milionários e socialites. O icônico Jorginho Guinle, que exercera as funções de relações públicas do hotel no exterior. “Modéstia à parte, só eu poderia ter trazido tantas estrelas para cá. O País me deve isso. Pelo menos uma medalhinha eu merecia do meu Rio de Janeiro, não?”, brincava Jorginho.

O tio de Jorginho, o fundador do hotel Otavio Guinle, preocupava-se tanto com a qualidade do serviço do hotel que redigiu o Código dos Empregados do Palace, no qual se prescrevia, entre outras regras, a máxima de “não dar opiniões, e, quando solicitadas, evitar o prolongamento da conversa e os comentários”. E ainda estabelecia: “Não demonstrar conhecimento das excentricidades dos clientes, que deverão passar despercebidas, sem manifestações de gestos, palavras ou atos”.

Esse código permanece impecavelmente intrínseco à cultura organizacional do hotel, oferecendo ao Copa o pódio de melhor hotel do País, que em 1989 passou a integrar o grupo Orient-Express, que, em 2014, após um rebranding adotou o nome de Belmond..

Em seu primeiro ano, o Copa teve licença para operar também como cassino. Entretanto, em abril de 1946, após a 2ª Guerra Mundial, o Presidente Eurico Gaspar Dutra proibiu o jogo no País. Conta-se que às 23h do dia 30 de abril de 1946, o diretor do Cassino, José Caribé

Rocha, “com a voz embargada e em tom solene, anunciava a última partida da roleta, encerrando um período inigualável de luxo e glamour”.

Os salões receberam as mais requintadas festas e os extravagantes bailes de Carnaval. Foi palco da premiação de Miss Universo, em 1930, ano em que Yolanda Pereira, primeira miss brasileira, foi eleita, e de apresentações de vozes que marcaram o século, como Maurice Chevalier, Ray Charles, Edith Piaf, Ella Fitzgerald e Nat King Cole.

O local foi o escolhido por hospedar ilustres personagens em suas visitas ao Brasil, como Nelson Mandela, príncipe Charles, princesa Diana, Elton John, Santos Dumont, Walt Disney, Mick Jagger e os seus Rolling Stones, Coldplay, Madonna, Marilyn Monroe, Elizabeth Taylor, Katharine Hepburn, John Wayne e Richard Burton.

Todos assinaram seu Livro de Ouro, e também frequentaram o restaurante do hotel, que se chamava Bife de Ouro, e era tido como favorito dos formadores de opinião, como o jornalista Carlos Lacerda, o então presidente Getúlio Vargas e seu ministro da Fazenda, Oswaldo Aranha. Atualmente,

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a gastronomia do hotel lidera com estrelas Michelin premiando o seu Cipriani e o asiático MEE, além de concorrida agenda no notório Pérgola, que oferece brunch aos domingos e é reduto de eventos corporativos e de moda.

Na década de 80, o Copa quase se afundou em meio à decadência, precisou de uma injeção de um grande investimento para voltar a ter o brilho do passado. Todos os anos, 4% de seu faturamento são reinvestidos na manutenção do prédio. Para a celebração dos cem anos, está a reformulação do espaço da piscina. Com projeto do arquiteto carioca Ivan Rezende, que redesenhou o Teatro Copacabana Palace, em 2021, o glamouroso espaço terá novos guarda-sóis, espreguiçadeiras e tecidos sob medida. A fachada também recebe melhorias. “Vamos fazer com que a nossa grand dame fique ainda mais bonita”, destaca o gerente de comunicação do Copa, Cassiano Vitorino.

Todos os anos, o hotel ganha os holofotes com o emblemático Baile do Copa, abertura oficial do Carnaval. Habitués como Christian Louboutin e Monica Bellucci são vistos em seus trajes black tie em um familiar clima de descontração. Ainda hoje, turistas e cidadãos aglomeram-se à entrada do hotel para ver os hóspedes e seus convidados, garantindo que o evento seja o maior red carpet nacional.

Atualmente, o Copa tem um time de 520 funcionários – 2,4 para atender cada quarto –, o dobro da média dos empreendimentos de cinco-estrelas da Avenida Atlântica. Na última década, o hotel teve média anual de 90 mil hóspedes. Ele é o que mais recebe casais em noite de núpcias no Rio, quiçá no Brasil: são 15 recém-casados por fim de semana.

Com seus 12 mil metros quadrados, já foi eleito como o melhor hotel da América do Sul diversas vezes, como no ano de 2009 que recebeu o prêmio World Travel Award, um dos mais renomados e cobiçados do turismo internacional.

Em agosto, houve um jantar de celebração pelos cem anos que reuniu 450 pessoas, com show do Gilberto Gil e participação do Jorge Ben. No fim do mês mesmo, realizou-se um show do século com o DJ Alok gratuito na praia de Copacabana como um presente do hotel a cidade maravilhosa.

E como a celebração dos cem anos merece um brinde com champagne, o abre-alas se deu pela homenagem feita pela prestigiada Veuve Clicquot. Rótulo do grupo LVMH, a maior holding de luxo do mundo e também responsável pela operação do hotel, a exclusiva bebida honrou o hotel com a sua marca em uma Arrow Veuve Clicquot. Considerados os produtos mais emblemáticos da maison, as embalagens amarelas em forma de seta listam os principais destinos internacionais ao redor do mundo e colocam o hotel como o único homenageado em toda a América do Sul.

Glorioso, ele segue majestoso e recebe os aplausos do País e do mundo.

@belmondcopacabanapalace

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O RP DE JESUS

Tal qual o Pai, padre Omar abriu os braços para o povo de Cristo. Trouxe de volta o contexto religioso ao monumento turístico. Adorado pela comunidade e com inúmeros projetos, o pároco quer deixar o Redentor sustentável, tecnológico, caloroso e inclusivo

Ao adentrar a sala da diretoria na sede do Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, padre Omar Raposo recebe os visitantes com um sorriso fraterno, tão caloroso quanto o abraço do Cristo que vigia. Com um jeito manso de falar, pede desculpas por um leve atraso. A rotina é intensa – e ele faz questão de dedicar atenção a todos. Relata que no dia anterior recebeu um amigo repórter da tevê Globo. Na semana anterior, havia estado em Brasília, debatendo questões orçamentárias no Congresso Nacional. No sábado seguinte, celebraria um casamento. Uma agenda plural, tão multifacetada quanto a administração que empreende no mais icônico símbolo brasileiro de fé e turismo.

No silêncio da sala, somos envolvidos por histórias de devoção, esforços incansáveis e uma visão audaciosa. “Quando se pensa no Cristo, no padre que o maneja, que o protege, que fala em nome dele e por ele é regido, compreende-se que há um compromisso tanto espiritual quanto pelo bem comum”. Quando abraçou o caminho do sacerdócio, é possível que padre Omar não tenha antevisto que sua missão seria muito maior do que presidir celebrações católicas e servir à comunidade. Com sua mente empreendedora, ficou conhecido por ter aproximado o Cristo Redentor das pessoas.

O que lhe rendeu o carinhoso apelido de “o padre do Cristo”.

Como um típico carioca apaixonado pelo Rio, padre Omar abre um largo sorriso no rosto ao falar sobre seu papel junto ao Cristo, sua missão e o impacto que tem provocado. Aos 43 anos e 18 de sacerdócio, mais de 15 são dedicados ao monumento. Ele conta sobre os desafios e os triunfos, das projeções noturnas que se tornaram um púlpito para as causas do bem comum, das homenagens, das campanhas e dos eventos que ecoam pelas montanhas do Corcovado. O Cristo não é apenas uma estátua, é um mensageiro, e padre Omar, seu porta-voz.

“Tudo o que acontece no Cristo tem uma repercussão imediata no Brasil”, acredita. Ao longo dos seus noventa anos, tornou-se uma testemunha da história. "Ele viu as revoluções do País, o crescimento da população, o surgimento de novas correntes religiosas e os avanços tecnológicos", analisa. Com a entrada da era digital, tornou-se um púlpito visual. "Por meio das projeções, ele se aproximou das pessoas. As iluminações sempre carregam um propósito maior, com foco no bem coletivo", afirma. Ele também menciona a tecnologia por trás disso, com um sistema central no Corcovado, que pode ser controlado remotamente a partir de qualquer lugar, até mesmo por meio de um simples tablet.

Santuário
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Padre Omar relembra o momento da escolha e a primeira paróquia, no Complexo do Alemão. “Tinham acabado de matar o Tim Lopes. Estava muito complicado lá. Foi um ano desafiador”. Depois, atuou por nove anos na igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, mas já integrando o Cristo Redentor, começando a fazer a retomada do Cristo para a igreja, que, segundo ele, estava abandonado. “Não tinha ligação, a capela estava fechada. Fui trazendo o Cristo para a igreja de volta, com o sentido que foi criado, de ser um símbolo religioso, não apenas turístico. Mas por ser religioso também é turístico, é cultural. É o nosso maior ativo no País. Ele é termômetro para a economia", analisa. Quando assumiu a função fez um estudo de oportunidades do Cristo. “Ele é a porta de entrada turística do Brasil”, analisa. São mais de dois milhões de visitantes por ano, o quarto ponto turístico mais buscado no Google. E foi ao entender a importância para o Brasil, para além da igreja, que veio a virada da gestão. “Não adianta pensar que como cuidador do Cristo vou receber só quem seja católico, mora no Rio ou é brasileiro… tem que ter a cabeça ampla para todas as culturas, para a diversidade”, acredita.

Padre Omar desenha uma radiante trajetória como um habilidoso comunicador, empregando sua rede de contatos em prol do Cristo. "Essa é uma parte intrínseca da minha personalidade, e também da personalidade do Cristo. Sabendo como explorar isso, o Cristo brilha com destaque merecido. O potencial econômico dessa icônica figura é de proporções gigantescas", afirma. “Alguns me definem como empreendedor, um empreendedor que traz soluções muito customizadas, adequadas ao momento, criativas, e que criam convergências”, acrescenta.

Com um planejamento estratégico que se estende até 2030, e uma visão abrangente que abraça temas como ESG, sustentabilidade, desigualdade social, causas ambientais e culturais, o Cristo se coloca em conformidade, transformando-se em um monumento dinâmico e alinhado a um movimento de governança sólido. "Estamos concebendo um futuro que é sustentável, tecnológico, caloroso e inclusivo", resume.

Missas, casamentos, batizados e vigílias se entrelaçam com uma variedade de eventos, festas e campanhas. "O Cristo está mais acessível do que se pode imaginar, mas tudo precisa ter um propósito. Quando há uma causa que visa o bem comum, estou sempre pronto para avançar. Recebemos muitos pedidos, mas infelizmente não é possível atender a todos", explica. "Antes, não era comum realizar casamentos no Cristo, até que o casamento de Alok trouxe uma visibilidade surpreendente. Também celebramos o casamento do empresário da Madonna, entre outras personalidades", revela.

Ao compartilhar suas histórias, padre Omar demonstra sua habilidade de transitar entre diferentes públicos. Mantém relacionamentos sólidos com a imprensa, artistas, empreendedores e até mesmo políticos. “O Cristo tem um braço

direito e um braço esquerdo, com o coração no meio e a cabeça para pensar. Não adianta querer polarizar o Cristo que eu não deixo. O Cristo permanece imparcial porque ele é de todos”. Já foi agraciado com diversas premiações e condecorações. É muito querido.

No currículo, conhecimentos de Teologia e Filosofia, escola de negócios, empreendedorismo e inovação. Esteve na Escola Superior de Guerra das Forças Armadas. Estudou logística, música, marketing, mediação de conflitos, sustentabilidade. “São todas ferramentas que uso no dia a dia e não paro de estudar”, garante. Sua forte veia artística também é inegável. "Canto, danço e toco piano. Faço parte da Academia Internacional de Música", revela com orgulho. "Já tive a oportunidade de cantar samba ao lado de lendários sambistas", continua. Entre suas muitas atividades, ele atua como consultor para a Rede Globo em novelas que apresentam personagens religiosos.

É inegável que a personalidade de padre Omar desafia a concepção comum de um sacerdote distante. Após absorvermos toda a riqueza de sua história, é hora de redescobrir o Cristo com um olhar renovado. Alguns dias depois, às 5h30 da manhã, sob o céu claro e o sol azul, ascendemos à colina. Naquela altitude, a 710 metros acima do nível do mar, percebe-se a presença de um símbolo de comunicação, um púlpito natural, um espaço que se integra de forma exímia com a natureza. “Gosto de chamá-lo de camarote do Rio de Janeiro, um local abençoado para a convergência de culturas”, diz.

Mesmo aqueles desprovidos de fé ou crença religiosa, ao visitarem o Cristo Redentor, emergem com uma experiência singular. Padre Omar coleciona uma trajetória repleta de realizações notáveis e elenca projetos futuros. No entanto, sua empreitada mais audaciosa pode ser fazer milagre com o santo de casa. "Meu sonho é que cada brasileiro, ao menos uma vez na vida, tenha a oportunidade de visitar o Cristo Redentor". Afinal, ali, aqueles braços estão sempre abertos, esperando para receber a todos.

@padreomaroficial @cristoredentoroficial

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Marcella Oliveira

ALÔ, RIO DE JANEIRO.

AQUELE ABRAÇO!

Que o Rio de Janeiro continua lindo, a gente já sabe. Mas cada visita à Cidade Maravilhosa é um convite a um deleite gastronômico. Em minha última passagem pela cidade, conheci algumas casas que unem alta gastronomia, charme carioca e ambientes gostosos para desfrutar o que a cidade tem de melhor. Enjoy!

Oteque

Um dos mais disputados restaurantes do Rio de Janeiro, o Oteque merece a fama que tem. O premiado chef carioca Alberto Landgraf surpreende não apenas pelo paladar, mas pela experiência que proporciona em seu restaurante em Botafogo. Primeiro, jamais se arrisque ir até lá sem uma reserva. O local é disputado. Atende-se, em média, 650 clientes por mês. E ao visitar o restaurante é que se entende como o local está no atual ranking 50 Best, dos melhores restaurantes do mundo, e também angariou duas estrelas Michelin. A começar pelo ambiente – discreto, elegante e instigante. O menu degustação é único e a cada vez que você for lá, ele pode ser diferente. Opte pelo menu harmonizado, onde a cada etapa o sommelier traz a bebida que harmoniza com o prato e dá a explicação. Impossível não se encantar pela mistura de sabores. Por exemplo, o atum bluefin com vinagrete de alga, pinoli e caviar, e a paleta de cordeiro, com berinjela laqueada e castanha de caju. No dia que eu fui, a sobremesa foi a deliciosa combinação do açaí com morango fresco e rapadura. Ao sair de lá, a vontade é de frequentemente ir até a casa e experimentar as novas criações de Landgraf. E não para por aí: ele se prepara para alçar novos voos com a inauguração do Bossa, novo endereço em Londres, a poucos passos da Embaixada do Brasil. Já estamos ansiosos.

EXPLORA
@marcella_oliveira
@oteque_rj @albertolandgraf

Clan BBQ

Quem curte a boemia e a gastronomia do Rio de Janeiro não pode deixar de ir à rua Dias Ferreira. E ali, entre tantas opções gastronômicas, destaca-se o Clan BBQ. O aviso em neon na parede diz: "Não apague meu fogo. E esse é exatamente o diferencial da casa: preparar carnes, pescados, legumes e frutas frescos no carvão. Um dos charmes do local é sentar de frente para a cozinha e observar o preparo dos alimentos ali na brasa. Difícil selecionar o preferido, mas sem dúvida a linguiça suína com glacê de caldo de porco com suco de uva integral e uvas; a couve-flor cozida e grelhada, com fonduta de queijo de cabra e farofinha de panko com pistache tostado; e o espetinho de coração com aioli de ervas e farofinha são escolhas certas. É claro que também vale a pena investir nos cortes das carnes bovinas, com curadoria da BBQ Shop. Mesmo que você já tenha o seu drink preferido, não deixe de experimentar as criações da casa. Uma ótima pedida para um almoço mais demorado ou um happy hour entre amigos. Vale a visita.

@clanbbq

Lima Cozinha Peruana

Rosto e sabor conhecidos dos brasilienses, o chef peruano Marco Espinoza se aventura em mais uma empreitada no Rio. Desta vez, acaba de abrir o Lima Cozinha Peruana no Barra Shopping, com uma pegada dos bares de ceviche de Lima. Com 250m2, tem capacidade para 70 lugares e uma decoração em branco e azul, que remete ao mar e seus sabores. Comece com um bom drink, que pode ser o tradicional pisco ou um autoral, o Chicha Mule – pisco, infusão de chicha morada, limão siciliano, Ginger beer e espuma de chicha. Se a sua pegada for petiscar, não deixe de experimentar o Wantan de Camarão (massa crocante recheada de camarão e gengibre, com mel de tamarindo) e a Causa de polvo (batata amassada com pimenta amarela, azeite, coberta com polvo na brasa, aioli de azeitona com abacate). Vale a pena, também, pedir a degustação de Ceviche, que vem com três opções do tradicional prato peruano. O menu inclui ainda pratos que misturam culinárias, como o ítalo-peruano fettuccine com molho cremoso de pesto e milanesa de filé mignon. @limacocihaperuana.br

Sardinha Taberna Portuguesa

“Quem quiser ter uma autêntica experiência como se estivesse em Portugal, é só vir ao Sardinha”. É assim que o sócio Gonçalo Carvalho descreve a casa, com aquele sotaque português que entrega a origem. Aliás, todos os ingredientes e insumos que compõem os pratos do menu vêm de terras lusitanas. E mais: o ambiente repleto de azulejos pintados nas cores azul e branco é charmoso e chama a atenção de quem passa na Rua Aristides Espinola, 101, no Leblon. O convite é a viajar até Portugal por meio da sua culinária – e provavelmente quem te recepcionará será o Cecílio, conhecido garçom da noite carioca. Com um menu recheado dos mais tradicionais pratos, impossível não ficar tentado a experimentar o que dá nome ao local: a Tábua de Sardinha. Isso apenas para começar. Como prato principal, a dica é o polvo ou a posta de bacalhau. E não vá embora sem antes degustar o licor Ginginha, uma bebida típica portuguesa feita a partir de cerejinhas vermelhas fermentadas em aguardente com açúcar, água e canela. Vai se sentir um verdadeiro português.

@sardinhataberna

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OS ENCANTOS PANTANEIROS

Recém-criado, novo roteiro propõe um mergulho que une os principais destinos ecológicos do Mato Grosso a uma verdadeira imersão nas raízes culturais e históricas da região

Por Caio Barbieri – Enviado Especial

Pantanal (MT) – Se você já imaginou, mesmo que por um instante, estar num dos mais relevantes ecossistemas do nosso País, nem pense em fugir desta reportagem. Nascido e criado em grandes centros urbanos, confesso que aqueles destinos conhecidos como “raiz” estavam bem distantes das minhas opções de viagens, até conhecer as belezas inexplicáveis do Pantanal mato-grossense.

Na contramão das antigas aventuras de mochila nas costas, uma nova era se descortinou e, graças à integração dos destinos mais procurados do local – como os municípios de Cáceres, Poconé, Santo Antônio de Leverger e Barão de Melgaço –, uma imersão nas raízes culturais e históricas do Pantanal me levou a uma oportunidade única de viver junto a comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas, a possibilidade de testemunhar as tradições seculares da região.

Cerrado
Foto:
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Divulgação

Por iniciativa pioneira liderada pela nova direção do Sebrae-MT, em parceria com a Secretaria de Turismo do estado, roteiros inovadores foram reinventados. "Andando por esses destinos turísticos, percorremos onze municípios no vasto território mato-grossense, onde coexistem três biomas distintos: Pantanal, Cerrado e Amazônia", afirmou André Schelini, diretor técnico do Sebrae-MT.

Imagina só: desfrutar de um café da manhã tradicional, conhecido como "quebra-torto", na Estância Maués; explorar o Museu da Viola de Cocho e a Arte Pantaneira, com uma apresentação especial do mestre Alcides Ribeiro; mergulhar na cultura histórica do Boi à Serra e interagir com comunidades quilombolas. E, claro, não se pode esquecer das apresentações de siriri, a dança folclórica que desempenha um papel central nas festividades locais e celebrações religiosas.

Secretário-adjunto de Turismo do Mato Grosso, Felipe Wellaton, enfatiza a importância de se engajar nessa experiência única de desbravar o Pantanal. "Eu costumo dizer que para desfrutar do turismo, precisamos de produtos. O Sebrae cria produtos, apoia microempresas e empreendedores para fortalecer a cadeia do turismo. Com esses produtos em mãos e a beleza natural que Mato Grosso tem, estamos prontos para receber visitantes de todo o Brasil e do mundo", destaca.

Ao topar o “desafio”, com um total de sete dias, fui motivado a reavaliar meus critérios. E não rendeu arrependimento algum. Ao desembarcar em Cuiabá, a porta de entrada mais acessível do paraíso pantaneiro, descobri uma rede hoteleira capaz de atender quem chega para desbravar as maravilhas pantaneiras e que está acostumado a visitar outras capitais.

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Após um café da manhã farto, fomos com a comitiva para as cidades próximas. São várias e, entre elas, estão: Poconé, Santo Antônio de Leverger e Barão de Melgaço. A depender da sua intenção, qualquer uma delas pode ser uma boa opção.

Optamos pelo roteiro tradicional, que começa por Leverger com chave de ouro: desfrutamos do café da manhã e da tradicional refeição matinal pantaneira conhecida como "quebra-torto", na Estância Maués, assim como o Museu da Viola de Cocho e Arte Pantaneira, com a surpreendente performance do mestre Alcides Ribeiro, referência na região.

"O turismo no bioma Pantanal oferece contemplação da biodiversidade e uma diversidade cultural extraordinária, com destaque para a cultura pantaneira, que é originária da miscigenação de diversas culturas, incluindo as comunidades indígenas", continua Schelini.

Atualmente, no Pantanal, assim como na Chapada dos Veadeiros, há opções mais confortáveis, sem que surja aquele perrengue durante os trajetos. Outra importante questão é que a gastronomia é muito rica e pesa bastante no destino, mas antes disso, vale anotar a dica de amigos: leve repelente forte, esteja aberto a horários diferentes daqueles a que somos habituados e, em especial, permita-se acompanhar o alvorecer e o anoitecer dentro de uma baía ou de um rio pantaneiro.

No início, confesso, é difícil, porque mexe com o relógio biológico e uma série de questões, mas, com o passar do roteiro, admirar a chegada do novo dia e a despedida dele fortalece – e muito – o nosso retorno para a vida cotidiana. A gente testou e aprovou a revoada dos pássaros, a chance de testemunhar o começo do dia da flora, da fauna e de tantas conexões que só o Pantanal pode nos oferecer com a natureza e o seu sentido mais belo.

Para finalizar, a imersão na cultura e na história do nosso País, como a visita ao Quilombo Mata Cavalo, uma comunidade com 400 famílias residentes e que mantém viva as tradições antigas dos povos que conheceram, antes mesmo dos mato-grossenses, os encantos e os poderes naturais da região. Além de pinturas temporárias na pele, o destino também disponibiliza para venda produtos artesanais, como doces, iguarias e até mesmo "remédios" naturais extraídos de plantas da região. Há necessidade de agendamento prévio para a visita.

Na saída, uma parada na Fazenda Jacobina é indispensável. Patrimônio colonial tombado, o local proporciona uma viagem no tempo, com decoração mantida, objetos originais do Brasil Colônia e, o melhor, uma gastronomia rural feita em fogão de lenha e com o sabor que ficará no seu paladar para sempre. O Pantanal é muito mais do que cliques ou da bela natureza, que por si só já merece a visita. Mas a soma de possibilidades geradas a partir do novo roteiro criado transformou o período na região ainda mais rico e inesquecível.

Foto: Divulgação/Secretaria de Turismo
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Foto: Caio Barbieri

Diário de bordo

A partir da experiência, a GPS|Lifetime criou um roteiro com sugestões de excelentes acomodações, restaurantes típicos e atividades para mergulhar na riqueza do Pantanal, tanto no ecoturismo quanto nas tradições culturais locais. Confira:

Cuiabá – Porta de Entrada Vibrante

A capital mato-grossense é um ponto de partida popular para o Pantanal, especialmente para quem chega de avião. A cidade oferece uma ampla gama de hotéis e é conhecida por sua vida noturna animada e rica gastronomia regional.

Estância Maués – Café e Tradição Histórica

Desfrute de um café da manhã tradicional e conheça a rica herança histórica na Estância Maués, onde é servida a autêntica refeição matinal pantaneira conhecida como "quebra-torto".

@estancia_maues

Museu da Viola de Cocho e Arte Pantaneira

Explore o local onde o renomado artista Alcides Ribeiro oferece uma performance especial, compartilhando sua expertise na confecção do icônico instrumento pantaneiro.

@museudavioladecocho

Recanto do Jaó – Sabores pantaneiros em família

Experimente pratos típicos do Pantanal na propriedade familiar que recebe visitantes para degustações autênticas da culinária local.

@recantodojaoturismo

Pousada Siá Mariana – Refúgio à Beira da Baía

Embarque em uma estadia revigorante na pousada situada às margens da pitoresca Baía de Barão de Melgaço, com luxuosas acomodações e passeios memoráveis ao amanhecer e entardecer.

@pousadasiamariana

Pousada Rio Mutum – Natureza em Conforto Desfrute de quartos confortáveis, refeições deliciosas e passeios com biólogos especializados, em uma conexão íntima com a rica fauna e flora da região.

@pousadamutumpantanal

Comunidade Quilombola Mata Cavalo – Tradições Vivas

Mergulhe na história após a abolição da escravatura, explorando sua cultura, artesanato e produtos naturais autênticos.

Pousada Aymara Lodge – O Despertar no Pantanal Admire o espetáculo do nascer do sol nas águas calmas da pousada em Poconé, seguido por um safari fotográfico para avistar a rica vida selvagem da região.

@aymaralodge

Pousada Piuval – Conservação e Experiência Rural Faça uma parada para um pernoite revigorante e conheça os esforços de conservação das onças-pintadas, símbolo da região.

@pousada_piuval

Restaurante Prosa na Orla – Sabores à Beira do Rio Paraguai

Experimente pratos típicos da região no restaurante à beira do Rio Paraguai, a cerca de 90km da divisa do Brasil com a Bolívia, e é reconhecido pela gastronomia típica, com peixes pantaneiros, carne seca e, claro, frango com pequi.

@prosa_naorla

Fazenda Jacobina

Patrimônio colonial tombado. Localizada na beira da estrada, o destino é um verdadeiro tesouro do Pantanal, que convida os visitantes a embarcarem em uma viagem ao passado. Com sua arquitetura preservada e paisagens deslumbrantes, essa fazenda encanta os amantes da história e da cultura local, com gastronomia típica da região.

@fazenda_jacobina

*O repórter viajou a convite do Sebrae-DF

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Vislumbrado no concreto da cidade grande, o projeto criou forma nas areias frescas do Ceará. Seria um vilarejo familiar. Transformou-se na Vila Carnaúba, na Praia do Preá, empreendimento à beira-mar que, em 12 milhões de metros quadrados, erguerá casas, hotéis e beach clubs em meio ao ermo da natureza

BONS VENTOS LEVAM AO PREÁ

Por Marcella Oliveira – Enviada Especial

Cruz (CE) – Ao desembarcar no pequeno aeroporto de Jericoacoara, no Ceará, o calor de 32ºC toma conta imediatamente dos visitantes. Cerca de 15 minutos de carro e estamos na Praia do Preá. Um vento forte – e gostoso –alivia a quentura e dá as boas-vindas a uma das melhores regiões do mundo para a prática de kitesurf que, com seu colorido das pipas, dança sobre o mar, acentuando a beleza da paisagem.

Localizada a poucos quilômetros da agitada Jeri, a atmosfera do Preá ainda mantém o charme de uma vila de

pescadores. Neste recanto, o tempo parece adotar um ritmo único. O hipnotizante oceano, a serenidade dos habitantes locais e a paz de viver à beira-mar criam uma atmosfera completamente distinta da agitação das grandes cidades.

Foi justamente essa calmaria e esse lifestyle que conquistaram Julio Capua, ex-sócio da XP e fundador do Grupo Carnaúba, que trocou ternos e reuniões pelo pé na areia e pelas ondas do mar. Frequentador da região há mais de dez anos, foi ao deixar a corretora de investimentos que pensou: “vou comprar um terreno no Preá e construir um vilarejo com casas sem muro e em meio à natureza para os meus filhos”. Convenceu alguns amigos a abraçar o projeto. E assim, em 2019, adquiriu 500 mil metros quadrados de terreno no município de Cruz.

Mas o seu sangue empreendedor mostrou que estava vivo ali. Um olhar mais atento à região e à vila, hoje batizada de Vila Carnaúba, foi ficando parruda. Envolver a co-

Litoral
Fotos Nicolas Leiva
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Os sócios do empreendimento: Mariana Bokel, Eduardo Juaçaba e Alexia Bergallo

munidade local, desenvolver melhorias e promover um crescimento ordenado tornaram-se uma meta. Por que não fazer daquilo um novo negócio?

Em 2021, o projeto foi ganhando corpo. Os 500 mil se transformaram em 12 milhões de metros quadrados. Ao projeto da vila, foram inseridos um hotel de luxo e um beach club. Robusto e com a chegada de outros investidores, surgia o Grupo Carnaúba – junto a um sonho e a um propósito.

A experiência

Fomos convidados a participar da primeira press trip ao local. A hospedagem foi na Casa Siará, que tem oito quartos. A construção é chique e rústica ao mesmo tempo, aconchegante. O balanço suspenso na sala é convidativo para sentar.

Mais do que apresentar os projetos, o grupo quis que os convidados vivenciassem a experiência do lugar. Ouvir os sócios Mariana Bokel, Alexia Bergallo e Eduardo Juaçaba contarem a própria história e como se integraram ao projeto vai ao encontro dos discursos do negócio, no qual identificamos em cada fala a essência por trás do empreendimento imobiliário. O Vila Carnaúba e o Wind House são mais que produtos, são o reflexo de quem o Edu, a Alexia e a Mari e todos os sócios investidores são. É o estilo de vida que eles mesmo têm e querem propagar.

Capua entende que o Preá tem um grande potencial de desenvolvimento, principalmente após a construção do aeroporto de Jericoacoara em 2017. A ideia é transformar uma região rural de 12 milhões de m2 em uma área sustentável e responsável, com direito a casas de primeira, segunda e terceira moradia para todos os níveis de renda, além de hotéis e clubes, e empregando mão de obra local para gerar milhares de empregos diretos e indiretos.

“A primeira intenção era apenas construir um condomínio de alto padrão, em uma praia que todos os amantes de kite do mundo querem estar, mas que carece de produtos imobiliários e hoteleiros de qualidade. Tudo isso sem perder a simplicidade e a essência do lugar, do rústico e do pé na areia com conforto. Mas não bastava apenas desenvolver a praia. O entorno também precisa ser planejado e receber bons produtos imobiliários para atrair pessoas que irão morar na região, atraídas pela oferta de emprego. Esse é o erro de muitos outros destinos de praia no Brasil – não se preocuparam com o entorno", avalia Capua.

Saindo da Casa Siará, onde ficamos hospedados, fomos visitar a construção do Vila Carnaúba, um condomínio de alto padrão com clube e escola de kite exclusivos, piscina, quadras de tênis e poliesportiva, fitness center, spa, entre outros amenities. Com projeto dos arquitetos Miguel Pinto Guimarães e Sergio Conde Caldas, as obras

já foram iniciadas e a fase um será finalizada em 2024. O condomínio contará também com um hotel da bandeira hoteleira internacional de luxo Anantara. Além da vila, o grupo também aposta no empreendimento Wind House, com um conceito de clube de hospedagem. “A proposta é unir o conforto de uma casa de férias com a estrutura e os amenities de hotel e clube", explica Alexia. Ele terá um número limitado de associados.

O projeto firmou uma parceria com o Rancho do Kite, escola que já formou mais de dez mil alunos nos seus 17 anos de existência. Toda a infraestrutura de aulas, instrutores e equipamentos do Rancho estarão à disposição do associado do Wind House. A escola é do brasiliense Alexandre Rolim, conhecido como Mosquito, que há mais de duas décadas fixou morada na região e passou a se dedicar a passar seu amor – e seu conhecimento – pelo kite adiante. “Aqui é a meca do kitesurf do mundo, devido aos ventos alísios que entram em 45 graus, condição de vento encontrada em pouquíssimos lugares. E ainda com água do mar quente”, descreve. Ele administra o local ao lado da mulher, Vanessa Chastinet. Já um cidadão de Cruz, Mosquito relembra o início. “Quando cheguei, não

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tinha nenhum coqueiro. Plantamos tudo. Estamos aqui há muitos anos e conseguimos passar para a equipe essa cultura do cuidado”, destaca Mosquito.

O propósito

O investimento do empreendimento de alto luxo é de R$ 630 milhões. Esse valor engloba Vila Carnaúba, Wind House e hotel Anantara Preá. Em parceria com a consultoria Visões da Terra, a cooperativa Coopbravo, Prefeitura e Secretaria de Meio Ambiente de Acaraú e comunidade local, a iniciativa voltada à educação ambiental, coleta seletiva e reciclagem contou com 97% de adesão dos moradores.

Além disso, lançaram o projeto piloto chamado de Mais Vida, Menos Lixo pela escola local, que inclui separação dos resíduos, reciclagem e capacitação. Alguns efeitos já começaram a ser sentidos: a instalação de uma lixeira a cada duas casas, além de um ponto de entrega voluntária de materiais recicláveis. Cada rua teve um embaixador para engajar o movimento. “Temos um convívio direto com a comunidade e todos ficaram envolvidos. Assim, todos crescem juntos”, destaca Ronaldo Rocha, presidente da Coopbravo, que gera renda para a cooperativa e suas famílias.

Conhecer o terreno onde serão as construções e ver as maquetes e também visitamos o viveiro de mudas nativas. Mais de dez mil mudas estão em desenvolvimento no local. É feito o resgate, transplantio e desenvolvimento de novas espécies. Tudo devidamente catalogado. “O que vai

tornar mais encantador é saber quais são essas plantas e mudar a cultura da região, trazer valor para isso”, acredita Jardel Batalha, botânico da região que coordena o projeto.

O mar e o vento

Após conhecer os projetos dos empreendimentos, ouvir relatos de moradores da região e ficar encantada pelas pipas que dançam conforme o vento, chegou a hora de experimentar o kitesurfe. Fábio, um dos professores do Rancho do Kite, do casal Mosquito e Vanessa, pacientemente explicou cada detalhe do equipamento. E foi ali, ao entrar no mar com a pipa presa na cintura (seguramente acompanhada pelo instrutor), que entendi de corpo e alma tudo que tinha ouvido até ali. Leve como a brisa do vento, em contato com a água do mar, com o coração entregue à experiência.

Parece mais difícil do que verdadeiramente é. Basta respirar, ter calma e dançar conforme o vento. Não exige muita força no braço, como se imagina. É leve, divertido, gostoso. E, mais do que isso, praticar o kitesurf é meditativo. Uma atividade mindfulness, que te exige estar 100% ali: você, a água, o vento, a pipa e a prancha. Nada mais. Enquanto me concentrava em coordenar o movimento do corpo para acompanhar o vento, o sol se punha formando uma paisagem deslumbrante. Hora de agradecer. Que sempre os bons ventos nos levem para a Praia do Preá.

*A repórter viajou a convite do Grupo Carnaúba

@vivacarnauba

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O EMIRADO DA NATUREZA

O pequeno território às margens do Golfo Pérsico conta com exuberantes paisagens de praia, deserto e montanha. Com apenas 450 mil moradores, é o novo pólo turístico no Oriente Médio

Arábia
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São sete mil anos de fascinante história. De cultura arraigada, Ras Al Khaimah é um dos sete Emirados Árabes que desponta como turismo de luxo repleto de autenticidade e experiências facilmente acessíveis. Refúgio de sol o ano todo, praias imaculadas, exuberante mangue e dunas de terracota se alinham com oásis férteis e vistas dramáticas das montanhas Hajar. Uma tradição relevante e fortemente preservada é o cultivo de pérolas.

Dentre as atrações que formam o local, aspectos da sustentabilidade, conservação e habitabilidade se colocam no centro de seus investimentos. A meta é tornar-se sustentável até 2025. A ousadia é grande com a chegada de dois grandes empreendimentos hoteleiros: o Wynn Al Marjan Island e o Le Méridien.

Uma oportunidade de os brasileiros se conectarem com RAK será em outubro, quando o emirado sediará a Copa do Mundo de society, com a presença da seleção brasileira. Localizado a poucas horas de voo de vários hubs europeus importantes, fica a apenas 45 minutos de carro do Aeroporto Internacional de Dubai.

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COSTA ADRIÁTICA EM EM SUA FORMA ORIGINAL

Em Puglia, vilarejos intemporais que remetem o passado medieval ao presente. Spot europeu, Masseria Torre Maizza é o hotel que abriga o encanto do sossego, da tradição e da sofisticação

Entre os mares Jônico e Adriático, uma região medieval. No calcanhar da Itália, povoados cercados de oliveiras. Vida simples, pessoas afetuosas, culinária saborosa, vinhos regionais. Casas caiadas, as brancas; estilo trulli, tetos em cones; masserias, fazendas agrícolas. E, em meio ao passado, o presente se coloca e convoca entusiastas de vilarejos históricos na Europa como refúgio. E Puglia se consolida como spot de verão com a instalação de hotéis luxuosos e beach clubs sofisticados.

Masseria Torre Maizza é um dos hotéis mais elegantes da região. Escondido entre oliveiras seculares e arbustos mediterrâneos, serviu inicialmente durante como forte para defender a fronteira. Lentamente, ao longo dos anos, transformou-se numa masseria, as chamadas fazendas, culminando neste típico ambiente mediterraneo medieval.

Integrante do grupo Rocco Forte Hotels, o Masseria uniu a herança local com o design contemporâneo, integrado à elegância italiana tão refinada quanto divertida. O passado e os costumes são nutridos e protegidos por centenas de anos. Especialmente na ambientação onde artesãos locais são os artistas que compõem o décor. Bem como no spa multisensorial Irene Forte.

Os restaurantes estão instalados no antigo abrigo de animais da propriedade. Chefs criam cardápio a partir de técnicas intemporais, como as massas artesanais com ervas e vegetais silvestres, os peixes do dia, os queijos e as carnes de produção local. Os hóspedes têm acesso a dois beach clubs: Lido Bambù, um dos lugares mais bonitos da Puglia, e o Le Palme Beach Club, ideal para famílias.

@masseriatorremaizza

Paula Santana
Hotel 140

PEDALAR NOS ALPES

Parece um sonho de verão. Mas ao longo da temporada é possível cruzar a Suíça de bike cercado por toda infraestrutura necessária. Aluguel de bicicleta, hotéis especializados, sistema de transporte interconectado, segurança adaptada. Poucos países no mundo oferecem esta experiência. Especialmente porque os caminhos são em solo firme e com pouco tráfego. Há inclusive uma rota 100% feminina guiada por profissionais femininas do ciclismo. Modalidades como e-bike, gravel, mountain bike ou de estrada em mais de 50 experiências explorando parques, vinhedos e montanhas.

Em caso de relax, a Suíça oferta spas termais de última geração. Basta alterar a rota. A região de Nendaz é destinada ao tour gourmet. Com trajetos mais curtos, o magnífico itinerário na região de Aminona revela paisagens intocadas dos Alpes Valais. Para os amantes do vinho, os vinhedos pitorescos de Lavaux na Rota Rhone em um cenário montanhoso que termina em Genebra. Os aventureiros exploram parques, como a Rota do Jura, com riachos caudalosos. Há também a Rota do Panorama Alpino, um trajeto de nível avançado de oito dias em torno dos desfiladeiros. Outra opção é o parque de Emmetten para aventura em família.

Aventura
Na Suíça, ciclistas entusiastas de cenários idílicos e esportes de aventura dispõem de 12 mil quilômetros de rotas, que incluem trilhas desafiadoras, tours gourmets, spas termais, além de estrutura ao longo do roteiro
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ABENÇOADOS PELO SOL

Rodeados apenas por familiares e amigos mais próximos, Flay Leite e Eduardo Lira oficializaram a união em cerimônia intimista e bucólica nos campos do Fasano Boa Vista, em São Paulo. Flay usou um lindo vestido fluido assinado por Patrícia Bonaldi, presente do sogro, que também a conduziu ao altar até o noivo. Ao fim da cerimônia, os cinquenta convidados do casal se dirigiram até o salão principal do hotel para um almoço animado embalado pela cantora Sophia Stedile e pelo DJ Pedro Sabie

Fotos: Euka Weddings

Social
Depois do “sim”, o beijo apaixonado do casal
A noiva é conduzida ao altar 142
Eduardo entra acompanhado da irmã, Isabela Flay e os padrinhos Família Lira O casal e suas madrinhas Detalhes da cerimônia campestre Elisa Castelo Branco, Mayara Santiago e Vanessa Lobão Luiz Eduardo e Marita posam com os pombinhos A beleza estonteante da noiva
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Luciana e Fabiano Cunha Campos

POR TODA A VIDA

A mansão da pioneira Betty Bettiol serviu de cenário para o enlace de sua neta, Beatriz, com o empresário Felipe Mares Guia. A noiva elegeu dois vestidos para o momento: Um Vivienne Westwood para a cerimônia, e outro Giambattista Valli para a recepção. Marcelo Pimenta orquestrou o momento, que reuniu mais de 400 convidados e teve banquete por Renata La Porta e docinhos Cake Forever. O bar Irmãos Drinks garantiu que os convidados se refrescassem enquanto curtiam o setlist da DJ Gabriella Buzzi e o show do Bloco Divinas Tetas, atração principal da festa

Fotos: JP Rodrigues

Social Os
com seus pais 144
noivos posam
Isadora Bettiol e Luiz Eduardo Estevão Lira Tony e Yasmim Mendes Sônia Gontijo, Márcia Bittar, Cristiane Adriano, Giselle Vieira e Adriana Lopes Yonare e Walter Felippetti, Vitoria Loureiro Bettiol e Luiz Alberto Bettiol Hora de festejar Henrique Neves e In Loon Lim Antonio e Anna Celia, Betty e Luiz Carlos Bettiol, avós da noiva, assistem a cerimônia Arthur Cezar e Isabela Lira
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Guilherme e Letícia dos Mares Guia Martins

CAMINHANDO JUNTOS

Monique Piquet e Natan Teixeira se conheceram na universidade, e tiveram uma longa amizade antes de sentirem o amor florescer em suas vidas. Temente a Deus, o casal recebeu a bênção do pastor da Igreja Presbiteriana Redenção junto dos familiares em pequena cerimônia realizada na mansão de Vivianne Leão Piquet. As flores preferidas do casal foram a escolha de Valéria Leão Bittar para a decoração, e uma canção de Celine Dion embalou o momento com muita leveza

Fotos: Rafael Chaves e Gustavo Gêmeo

Monique é conduzida ao altar pelo avô, Nelson Piquet O beijo apaixonado após o “sim” O noivo faz sua entrada ao lado dos pais Vivianne Leão Piquet, Bella Salvatti, Moema Leão e Tatiana Lacerda Família Piquet posa com os noivos A mãe de Monique, Aline, entra com Marco Piquet O pai de Monique a entrega para o noivo

UM ROMANCE INESPERADO

O que seria uma confraternização entre amigos na residência de Elizabeth Amorim, em Paris, ganhou ares românticos com a presença do artista plástico Antônio Veronese, convidado por uma amiga da anfitriã. E um ano após esse encontro, em meio aos familiares e amigos mais próximos, o casal oficializou sua união com uma celebração petit. Para o momento, Elizabeth elegeu um vestido branco Lanvin adornado com par de brincos de rubis com brilhantes. Cristina Gomes foi a responsável por ciceronear o momento, que teve banquete assinado pela Sweet Cake e mesa de doces por Cecília Falcão e Sonho Meu, além dos chocolates franceses preferidos da noiva

Fotos: Celso Junior

Antes do grande momento A noiva entra com Pedro Prado O filho de Elizabeth, Juliano Amorim, posa com o casal junto da esposa, Duda Portella Amorim Junto ao marido Caio Prado, Daniela Prado celebra a mãe Elizabeth, recém casada A entrada do noivo com Maria Inês Padrão Os recém-casados com Vivianne Leão Piquet, Paula Santana e Celso Junior
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A felicidade dos noivos

INESQUECÍVEL CELEBRAÇÃO

Foi em uma emocionante cerimônia na Catedral Metropolitana de Brasília que o jovem casal Isabella Bittar e Leonardo Lobo disse o seu tão esperado “sim”. Exuberante, a noiva teve beleza assinada pelo maquiador Júnior Mendes e elegeu um modelo ricamente bordado by Zuhair Murad para o enlace. Valéria Leão Bittar, que além de renomada decoradora é mãe de Isabella, entregou um ambiente sofisticado para festejar o grande dia da filha e emocionou os cerca de 700 convidados que chegaram à mansão da família Bittar para a festa, orquestrada com maestria por Cristina Gomes

Fotos: Plínio Ricardo

Social
Mãe e filha se arrumam A preparação para o grande momento As daminhas de honra Entre pajens e daminhas, um beijo apaixonado A exuberante decoração levou a assinatura da mãe da noiva, Valéria Leão Bittar Valéria Leão Bittar e Ítalo Ipojucan Valéria Leão Bittar, Luiza Bittar, Nathália AbiAckel e Ricardo Bittar em meio aos pombinhos Avó da noiva, Moema Leão reza pelo casal Os avós da noiva, Alice e Salim Bittar Paulo Roriz, Valéria Bittar, Luiz Elbel, Claudia Bittar, Marcelo Bittar, Isabela Amarante, Carolina Adriano e Lucas Bittar O noivo faz sua entrada ao lado da mãe Narciza Leão e Dani Cronemberger Fabiano Cunha Campos, Cláudia Salomão, Vivianne Leão Piquet, Valentina e Márcio Salomão
Último suspiro
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