Revista GPS Brasília 13

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ANO 5 « Nº 13 « 2016

UMA DEUSA APÓS O CINEMA, MAEVE JINKINGS SE REVELA NA TEVÊ

IARA JEREISSATI

MUSA BRASILEIRA



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Diretora de redação Paula Santana Editora-chefe Marcella Oliveira Reportagem Andressa Furtado, Marina Macêdo e Raquel Jones Edição de arte Chica Magalhães Editor de fotografia Celso Junior Fotografia Sérgio Lima Produção Karine Moreira Lima Colaboradores André Schiliró, Andrhea Depieri, Bento Viana, Bruno Araújo, Duda Portella Amorim, Eliezer Lopes, Fernanda Ferreira, Fernanda Tavares, Giovanna Bembom, João Campello, Larissa Duarte, Marcus Barozzi, Maria Thereza Laudares, Patrícia Justino, Paulo Pimenta, Raphael Mendonça e Sarah Campo Dall’Orto

GPS|BRASÍLIA EDITORA LTDA.

Revisão Jorge Avelino de Souza

SÓCIOS-DIRETORES

Marketing e Relacionamento Guilherme Siqueira

RAFAEL BADRA rafaelbadra@gpsbrasilia.com.br

Comercial e Administrativo Rafael Badra

PAULA SANTANA paulasantana@gpsbrasilia.com.br

Contato Publicitário Adriana Chaves

GUILHERME SIQUEIRA guilhermesiqueira@gpsbrasilia.com.br

Tiragem 30 mil exemplares Circulação e Distribuição EDPRESS Transporte e Logística

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www.gpsbrasilia.com.br

SHIS QI 05, bloco F, sala 122 Centro Comercial Gilberto Salomão CEP: 71615-560 Fone: (61) 3364-4512

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EQUIPE

Chica Magalhães

Marcella Oliveira

Celso Junior

Marina Macêdo

Raquel Jones

Andressa Furtado

Karine Moreira Lima

Sérgio Lima

COLABORADORES

André Schiliró

Andrhea Depieri

Marcus Barozzi

Eliezer Lopes

Paulo Pimenta

Fernanda Tavares

Raphael Mendonça

Larissa Duarte

Sarah Campo Dall´Orto

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ANO 5 – Nº 13 – JAN FEV MAR 2016

Look total e joias Dolce & Gabbana

Look total Gucci, anel Sylvia Ribeiro, anéis Grifith, pulseiras rivieras Marisa Clermann, colar Chris Francini, brincos e pulseira Miranda Castro

Look total Burberry e joias Van Cleef & Arpels

Look total Prada, joias Carla Amorim

Iara Jereissati foi fotografada por André Schiriló, com styling de Raphael Mendonça e beleza de Eliezer Lopes

24.

A CORTE

70.

O LAGO É O CAMPO

30.

MARCO AURÉLIO MELLO

72.

FOI DADA A LARGADA

36.

A MAIS BELA FLOR DO CERRADO

76.

A FÓRMULA DA VIDA

42.

EQUIPE NIEMEYER

80.

INCENTIVO E PROVAÇÃO

48.

NAS SUÍTES DO TEMPO

88.

O TIME BRASIL

54.

CABELO E MAQUIAGEM

90.

A FAVORITA

58.

CAMPEÃ EM DESAFIOS

94.

BLOGAZINE POR MARIA THEREZA LAUDARES

64.

O SONHO DE ÍCARO

O Supremo Tribunal Federal e toda sua imponência Ministro fala sobre o momento em que o país vive Torre de TV Digital encanta pela sua excentricidade

Os causos de três integrantes do time de Niemeyer A memória pelas dependências do tradicional Hotel Nacional Jaira Coca e Luiz Carlos celebram cinco décadas de sucesso

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Os próximos passos do piloto Pedro Piquet no automobilismo As mil e uma facetas do médico Leandro Vaz Fisiculturista Renata Costa vira digital influencer A preparação do COB para as Olimpíadas 2016 RP Carol Sampaio será a responsável pelos eventos Olímpicos

Jornalista indica lugares imperdíveis na Cidade Maravilhosa

Leila Barros: das quadras direto para o gabinete no GDF Paulo Octávio e a tentativa de trazer as Olímpiadas 2000

Equipe brasiliense de polo aquático conquista campeonato

98.

A CIDADE MATARAZZO

O audacioso complexo hoteleiro e residencial em São Paulo

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Colar Catedral em ouro branco e diamantes, Emar Batalha - R$ 4.800

112. UM CAMINHO DE SUCESSO

Alexandre Matias e sua trajetória na construção civil

182. OLHAR POR DUDA PORTELLA AMORIM

Fashionista elenca as tendências mundo afora

116. DURANTE A TEMPESTADE, VEM A BONANÇA

184. UM ESPAÇO PARA O DESIGN

122. TRIBUTO A BÉHAR

216. OS ESCAPISTAS

Executivo Márcio Lobão comanda empresamodelo Designer Yves Béhar é homenageado pela Panerai

124. BRASILIENSE DE CORAÇÃO Cartão BRB lança campanha em homenagem à Capital

Janaína Ortiga e Silvana Castro mesclam moda e decoração As obras da tradicional SP-Arte

218. HÉLIO OITICICA: UMA EXPERIÊNCIA Artista é homenageado em exposição em Fortaleza

128. UMA DEUSA

222. O FRANCÊS QUE ENXERGOU O FUTURO

138. CINEMA PARADISO

226. O SEQUESTRADOR DE OLHARES

140. AINDA TÃO JOVENS

230. ARTE CAPITAL

146. PÉ NA AREIA

234. ARTE POR MAURÍCIO LIMA

Um editorial cheio de personalidade da atriz Maeve Jinkings Vivo Open Air inicia sua intinerância por Brasília Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá em nova turnê pelo Brasil As novidades da temporada do projeto Na Praia 2016

148. VIDA TEM DESSAS COISAS

Os novos bares do chef Dudu Camargo

152. A EMBAIXADORA DO LUXO

Iara Jereissati, a mulher mais elegante do Brasil

162. O HOMEM DAS 250 CAPAS

Giovanni Frasson se lança para o mundo

166. REFRIGERAR A ALMA

A nova aposta da dupla Dolce & Gabbana

180. ENTRE NÓS POR PATRICIA JUSTINO As tendências de lifestyle pelo olhar da brasiliense

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O belo trabalho do mestre Jean François Rauzier A história intrigante do artista cearense Tarciso Viriato Paulino Aversa conta sua trajetória construída em Brasília Cláudio Cretti: entre o bi e o tridimensional

236. DIDICAS

Didi Wagner compartilha seus novos hotspots

238. WELCOME TO TEXAS

As belezas e encantos do estado americano

242. VIDA DE RAINHA

Um mergulho pelos castelos do Vale de Loire

246. OLHA A ÁGUA MINERAL

Parque Nacional de Brasília é o destino de todas as tribos

252. É SURREAL DE LINDO

Os belos ipês que colorem as ruas da Capital

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EDITORIAL

Paula Santana

Rafael Badra Guilherme Siqueira

TEMPO REI A

o longo da confecção desta edição, que dura cerca de cinquenta dias, todos os dias tivemos que lidar com o fator tempo. Não me refiro ao tempo cronológico, do relógio e do prazo – este é inerente à rotina de uma redação –, mas o tempo histórico, aquele que comanda a forma como a vida é compreendida e que contextualiza os acontecimentos de um povo. Ahhh, seu danado! Esse aí nos pegou. São cinco anos de GPS|Brasília e jamais levei tanto tropeção desse velho amigo. Vivemos no nosso País dias tão caóticos e perturbadores, cuja sensação indigesta mal nos permite avaliá-lo, apenas vivenciá-lo, que enquanto estivermos dentro da história será impossível analisá-la com coerência. Os historiadores cumprirão em algumas décadas esse papel melhor que nós. Na ordem prática, no comando de uma equipe que se permite levar pelo factual, reestruturamos o mood desta edição três vezes. Uma verdadeira locomotiva para acompanhar… o tempo. Meus sócios, Rafael e Guilherme, ansiosos para cumprir o tempo, cronológico, e eu lutando para decifrar o tempo histórico em meio ao aniversário daquela que tanto amamos, Brasília. Como extrair o seu melhor, vendo-a ser distorcida a 200 milhões de brasileiros? Uma dose de empirismo e nostalgia poderia nos projetar para um tempo futuro e, assim, exaltá-la. Da natureza extraíamos um de nossos maiores orgulhos,

os ipês. Temos 500 mil pés, quando floridos nos fazem sorrir com a alma. Pertence a nós também a última obra concluída com Oscar Niemeyer em vida, a Torre Digital. Entrevistamos o ministro do STF, Marco Aurélio Mello, que nos auxilia a decifrar o frágil momento atual. Para que a entrevista não se tornasse perecível fomos ao seu encontro três vezes. Ai, ai, ai… tempo. E como não dissertar as dependências e corredores mais vigiados dos últimos tempos, o Supremo Tribunal Federal? Resgatamos perdidos no tempo o cinquentão Hotel Nacional e a equipe de Oscar Niemeyer que o ajudou a construir a capital. Entrevistamos Dado e Bonfá, que três décadas depois recuperam a Legião Urbana e iniciam turnê celebrativa. Sempre é tempo. E, falando de atualidade, temos Iara Jereissati na nossa capa. Elencada a mulher mais elegante do momento, outrora representando o Brasil em concursos de beleza – sim, ela foi miss – a linda morena hoje é a cara do luxo no País, cortejada pelas grandes marcas internacionais. Minha avó diria: “Essa moça é à frente do seu tempo”. É isso, tempo, mano velho. Nos vemos em breve, possivelmente, diferentes de agora.

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PODER

A CORTE

O

prédio é imponente. Comparado ao Executivo e ao Legislativo, é o único que se encontra dentro da Praça dos Três Poderes. Curiosamente é o menor deles. Niemeyer dizia que a Justiça não poderia jamais ostentar. O STF é um prédio de três andares, compacto. Abriga pouco mais de cem funcionários. Diante de uma atmosfera austera, porém acolhedora, a percepção da história do magistrado brasileiro está arraigada. Em sua ambientação, poucos móveis, raras obras de arte. O espaço, porém, não é vazio. Deixa fluir as diretrizes da lei máxima, a Constituição de 1988. Ao adentrar a porta principal do edifício sede, virada para a Praça, passamos pelo hall dos bustos – que é com-

posto por figuras célebres da história jurídica e política nacional, como Rui Barbosa, Pedro Lessa e Dom Pedro I. Vê-se ainda o quadro Os Bandeirantes de Ontem e de Hoje, do artista plástico japonês Massanori Uragami, e móveis que pertenciam à primeira Corte Suprema. Tem ainda um espelho de cristal que não distorce a imagem, estilo Luís XIV, apelidado de “espelho da verdade”. Logo à frente, o rosto da Deusa da Justiça, confeccionado em bronze, pelo artista Alfredo Ceschiatti, decora a porta principal do Plenário. Desde a reforma para ampliação da sala, realizada no final da década de 1970, a entrada é apenas decorativa. Dentro do plenário, os visitantes normalmente fazem o mesmo comentário: como ele é menor do que aparenta pela

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NA PRAÇA DOS TRÊS PODERES, NA DIREÇÃO OPOSTA AO PALÁCIO DO PLANALTO, CATORZE COLUNAS DE MÁRMORE BRANCO, SETE DE CADA LADO, REPRESENTAM O EQUILÍBRIO E A HARMONIA DO PAÍS NA INTERPRETAÇÃO MODERNISTA DE OSCAR NIEMEYER. PILARES QUE CARREGAM A INSTÂNCIA MÁXIMA DA JUSTIÇA BRASILEIRA, CHAMADA DE SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL POR FERNANDA TAVARES « FOTOS CELSO JUNIOR

TV. Ao fundo, chama atenção um painel em mármore bege do artista plástico Athos Bulcão. Há ainda o brasão da República e o crucifixo dourado de Ceschiatti, datado 1977, perto da bandeira do Brasil, que simboliza a única lei acima da dos homens: a Lei Divina. A capacidade é para 240 pessoas, sendo 30 deles reservados para advogados com processos em pauta. O público pode acompanhar – desde que esteja vestido formalmente e identificado na portaria. As 11 cadeiras dos ministros estão ao centro do Plenário da Corte, dispostas no formato da letra U, o que facilita o debate entre eles. O último assento da direita pertence ao magistrado mais novo de casa, apelidado de “a cadeira do novato”. No centro do U, duas cadeiras e uma mesa, que

hoje não são inutilizadas. Até 2002 ficavam as taquígrafas, que mudaram-se para a sala ao lado quando foi criada a TV Justiça pelo ministro Marco Aurélio Mello. Os ministros passam pelo exemplar original da Constituição antes de acessar o Plenário. Por lá também, uma sala com acesso restrito aos magistrados abriga os armários de cada um, que vão do chão ao teto, onde são guardados os processos. A média anual de distribuição de processos por ministro, ano passado, foi em torno de seis mil e quinhentos. É nesse ambiente também que eles se encontram antes das sessões, uma pausa para conversas informais. A primeira sede do STF foi no Rio de Janeiro, com a criação da Corte, em fevereiro de 1829, e se chamava

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RETRANCA

Plenário

Supremo Tribunal de Justiça. Antes, era chamada de Casa da Suplicação do Brasil. O número de ministro sempre foi ímpar, para evitar empates nas votações. Desde Primeira República, eram 15. Hoje, somam 11. No atual comando, estão os ministros Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia. O acesso ao andar de cima é feito por uma escada com tapete vermelho, por onde passam autoridades em visitas oficiais à Corte até o Salão Nobre, onde são recebidas. Lá estão alguns dos presentes ofertados à Suprema Corte durante as visitas. São brasões, vasos decorativos e mobiliário em estilo francês de 1870. Tem a escultura em pedra vulcânica Dois Magistrados, de Remo Bernucci, e um busto de Epitácio Pessoa, ex-presidente da República e ex-ministro do STF. Nesse andar, há uma bela vista da Praça dos Três Poderes. No prédio, inaugurado em 1960, se localiza o gabinete do presidente e uma galeria, com 289 fotos dos ministros desde 1829. Alguns quadros permanecem apenas com o nome porque são de ministros cujas imagens não foram encontradas após pesquisa feita pelo Tribunal. Tem ainda uma sala de reuniões do Tribunal Pleno e a Biblitoteca, 26 « GPSBrasília

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Espelho estilo Luís XIV, chamado de “espelho da verdade”, por ser de cristal e não distorcer a imagem

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que leva o nome do Ministro Victor Nunes Leal, e conta com acervo impressionante. São cem mil obras divididas em livros, periódicos e materiais especiais; nacionais e estrangeiros. Do total, são 90 mil livros, três mil obras raras e sete mil fascículos. Dentre elas, uma coleção das obras de Rui Barbosa e Orationi, de Cícero, que foi editada em 1556 e integra a coleção Pontes de Miranda. A maioria dos casos que chega até o Supremo é analisado em plenário. Os magistrados são nomeados pelo presidente da República, para o cargo vitalício – apesar deles se aposentarem obrigatoriamente aos 75 anos. Os ministros mais antigos são Celso de Mello, indicado em 1989 pelo ex-presidente José Sarney; Marco Aurélio Mello, nomeado em 1990 pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello; e Gilmar Mendes, indicado em 2002 por Fernando Henrique Cardoso. Os outros oito, chamados novatos, foram indicados durante os governos dos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Edson Fachin, o mais novo, assumiu a vaga deixada por Joaquim Barbosa, em 2015.

Galeria dos Ministros

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Exemplar original da Constituição em mobiliário estilo francês

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RETRANCA

Salão Branco

Banhante, de Antônio Canova

Hall dos Bustos

Os Bandeirantes de Ontem e de Hoje, do artista plástico japonês Massanori

Entre as principais atribuições está a de julgar ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual, recurso ordinário de habeas corpus e casos de extradição. Agora, na área penal, destaca-se a competência para julgar o Presidente da República, o vice, parlamentares do Congresso Nacional, ministros de Estado e o procurador geral da República. Julgamentos emblemáticos foram realizados pela Instituição. Um deles foi o pedido de habeas corpus de Olga Benário, em 1936. Na época, ela foi presa com o companheiro Luís Carlos Prestes, no subúrbio carioca do Méier. Prestes era inimigo do presidente Vargas. Os dois foram violentamente separados. A comunista ficou na Casa de Detenção, na capital carioca. Prestes e Olga nunca

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Sala de reuniões do Tribunal Pleno

Painel de Athos Bulcão no plenário

Antessala do Gabinete do Presidente

Biblioteca

mais se viram. Então, em setembro do mesmo ano, ela grávida de sete meses, foi extraditada para a Alemanha. O documento original da decisão da saída da comunista do Brasil encontra-se guardado na Corte. O Supremo tornou-se protagonista de grandes decisões depois do último texto da Constituição Federal, em 1988, como, por exemplo, a ação do ex-presidente Fernando Collor de Melo – que sofreu o processo de impeachment em 1992. Isso porque a Constituição trouxe a simbologia maior da transição de um estado autoritário e, muitas vezes violento, para um estado democrático de direito. Especialistas contam que foi o rito de passagem para a maturidade institucional brasileira. Em pouco mais de 20 anos, a sociedade passou a ter papel fundamental na cobrança dos fatos, manifestando-se por meio da mobilização social na Praça dos Três Poderes. Entre tantos recentes, a validade da Lei da Ficha Limpa, a autorização para o aborto de fetos sem cérebro, a legalidade de pesquisas com células-tronco, a fidelidade partidária. No espectro político esteve à frente do recente caso Mensalão, que envolvia a compra de votos de parlamentares no Congresso Nacional entre os anos de 2005 e 2006. O processo foi concluído em março de 2014. Os ministros dedicaram 69 sessões, encerrado com a condenação de 24 dos 40 denunciados. Agora, a Corte se debruça sobre os processos da operação Lava-Jato, investigando o que pode ser o maior escândalo de corrupção que o País já teve notícia. Este julgamento contou com a ministra Ellen Gracie e traz um fato curioso: a presença feminina na Corte, que até o começo dos anos 2000 era dominada por homens. Apesar de a Justiça ser representada por uma mulher, a deusa Tênis de olhos vendados. Gracie foi a primeira mulher a ingressar no Supremo. O Plenário sequer contava com banheiro feminino. Este teve que ser readaptado para a ministra às pressas. Hoje, todos os cinco tribunais de elite do Judiciário somam 89 ministros em exercício, sendo 16 mulheres – no STF, as ministras Carmen Lucia e Rosa Weber. O legado da nossa Justiça deve-se em grande parte à esta corte. Na prática, é a garantia da plena normalidade da Constituição. É o Poder que protege. Como regra, só corrige quando a política deixa a desejar. Um tribunal digno do nome que carrega: supremo no serviço à democracia brasileira, cujas decisões comungam do devido reconhecimento e expectativa da sociedade. Serviço Supremo Tribunal Federal Praça dos Três Poderes, Brasília (DF) (61) 3217-3000 www.stf.jus.br

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ENTREVISTA

MARCO AURÉLIO MELLO SÃO 25 ANOS DE MAGISTRADO. SEUS PRONUNCIAMENTOS COSTUMAM REPERCUTIR BEM E MAL, MAS SEM O ABALAR. VEEMENTE, DIZ QUE ATUA COM A CIÊNCIA E A CONSCIÊNCIA. ENTRE A LITURGIA DO OFÍCIO, UM ESPÍRITO AVENTUREIRO QUE SE DELEITA COM ROMANCES, O FLAMENGO E UMA MOTOCICLETA POR MARCELLA OLIVEIRA « FOTOS SÉRGIO LIMA

“N

ão vejo com bons olhos o que nós teremos a seguir no Brasil, mesmo sendo um homem otimista”. Assim começa a nossa entrevista com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello. Em meio ao turbilhão de acontecimentos políticos do País, o magistrado conhecido por suas frases polêmicas e sua opiniões firmes é cortês e formal. Com semblante austero e tom de voz inalterável, revela seu sentimento de preocupação: “Estamos diante de um impasse indesejável. O Brasil está sangrando”. Nossa primeira tentativa de entrevistá-lo foi no dia em que o Governo Federal anunciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao cargo de ministro-chefe da Casa Civil. Ele solicitou o adiamento e voltamos em duas semanas, pontualmente na hora marcada – ele não gosta de atrasos. Em um gabinete com vista para a Praça dos Três Poderes, sentamos em uma pequena mesa redonda, com um exemplar da Constituição Federal, a qual ele cita em quase todas as análises. Deu respostas que criticaram severamente o governo, admite achar ruim o processo de impeachment, acredita que a presidente Dilma Rousseff (PT) nunca terá uma boa relação com o Legislativo, defende a renúncia coletiva e diz que o País está desgovernado.

O gabinete acumula histórias de 25 anos de atuação no STF, mas também traz um pouco da vida pessoal. Dezenas de porta-retratos, com fotos da família, momentos no tribunal e de descontração. Imagens de santos barrocos, brasões, placas condecorativas, uma benção do Papa João Paulo II, seu retrato pintado e a mesa oficial impecavelmente arrumada. “É um bom enfeite”. Mas se lá tem um pouco da vida particular, em sua residência tem a vida profissional. “Gosto mais de analisar os processos em casa”, revela. De terça a quinta ele cumpre o expediente no tribunal, participa das sessões plenárias e realiza audiências. Entre sexta e segunda, prefere trabalhar em casa, incluindo finais de semana. Desde o escândalo do mensalão, o STF tem assumido postura de nortear as decisões políticas do Brasil. Diante disso, diariamente ministros do Supremo estão no noticiário por comentários que fazem. Marco Aurélio é perspicaz e não tem problema com polêmicas. Procura ter um discurso isento, sem assumir um lado político. Chegou ao STF indicado pelo então presidente Fernando Collor de Mello, em 13 de junho de 1990, seu primo, após atuar no Direito do Trabalho. Formou-se na tradicional Faculdade Nacional de Direito, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Atuo com a ciência e com a consciência”, costuma dizer.

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É visto como o ministro “voto vencido”, por muitas vezes ser um dos únicos a discordar do relator. Ele é, como gosta de dizer, da velha guarda. Anterior a ele, somente o ministro Celso de Mello, que entrou em 1989. “Sou um juiz à moda antiga”, diz. De sua gestão como presidente da corte, em 2002, ele se orgulha de ter instalado a TV Justiça. Mello assumiria a presidência da República durante viagem de Fernando Henrique Cardoso. Então, em um jantar no Palácio da Alvorada, conversou sobre a matéria com o presidente. “Eu disse a ele: se o senhor for sancionar, gostaria de fazê-lo quando for substituí-lo’. Ele me autorizou e o fiz em solenidade no Palácio do Planalto. Usando um jargão futebolístico, eu posso dizer que bati o escanteio e fui para o gol, cabecear”, comemora. “Foi um grande ganho para a sociedade”. Depois da instalação da tevê e diante de decisões que envolvem a rotina da sociedade, muitos ministros tornaram-se famosos. Por onde anda, é abordado para fotos e recebe questionamentos sobre sua atuação. “Mas não tenho pretensões políticas”, garante. Prestes a completar 70 anos, o ministro vai se aposentar somente aos 75. E, apesar de ser carioca e manter um apartamento no Rio, não pretende deixar Brasília, onde vive há mais de 30 anos. “É uma boa cidade para se viver”, diz. Ele já foi professor, e pensa em atuar como consultor. “Não vou abandonar a atividade, senão morreria de tédio”.

“NEM SEI SE ELA (A PRESIDENTE DILMA) FICANDO DE JOELHOS HOJE TERIA A SIMPATIA DO LEGISLATIVO. E NINGUÉM PODE SE APEAR DE UM CARGO DESSE POR SER A CAMPEÃ EM ANTIPATIA E ARROGÂNCIA”

VIDA LEVE De um lado, o visual impecável, com terno, gravata e abotoaduras. A seriedade e concentração em um dia a dia entre livros e processos. De outro, a vida tranquila em casa-chácara no Setor de Mansões Dom Bosco, no Lago Sul, com direito a leite fresco tirado diretamente da vaca, patos e galinhas e pé de amora. “Amo mexer com a natureza”. Tem ainda uma motocicleta para passeios semanais pela Ponte JK e pela Avenida das Nações. O ministro vive entre o universo magistrado, os livros de romance e uma vida social discreta. Tem um português erudito e um humor quase inglês. Mello é casado há 43 anos com a desembargadora do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Sandra De Santis. Eles têm quatro filhos, dos quais três são atuam no Direito e uma é médica, além de três netos. Flamenguista, não é difícil encontrá-lo na torcida em uma partida no Mané Garrincha ou no Maracanã. Adora falar

de livros, de viagens, dos netos e das notícias do mundo. Apreciador de uma boa gastronomia, aos domingos, às vezes, se aventura pela cozinha. Apesar de comer pouquíssimo. Gosta de vinhos e entende suas uvas. Reserva sempre um tempo para ler romances. “Normalmente, mais de um livro ao mesmo tempo e tenho a mania que minha mulher não entende: todo livro, até os romances, eu leio com uma caneta na mão”. Atualmente, entre as leituras jurídicas, estão os diários do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Os Anjos Bons da Nossa Natureza, porque a violência diminuiu, de Steven Pinker. “Aconselho, inclusive, aos estudantes de Direito terem sempre um romance. Porque tem conflito de interesses e você adota posição. Com isso, aguça a sensibilidade”, diz. Os livros são também seus presentes. Em um arquivo no computador, mantém a relação das pessoas as quais ele presenteou e quais são os exemplares. “E mais do que isso, eu gosto muito de fazer dedicatórias”.

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E se ele fosse presentear um brasileiro com um livro, qual seria? “Há livros e livros. Mas se fosse para um homem público, eu daria o livro sobre Dom Pedro II, do José Murilo de Carvalho. Eu vi em Dom Pedro II o ideal de homem público, preocupado não com o próprio umbigo, mas com a coletividade, além da postura, da lisura e do trato da coisa pública”, declarou. Confira a entrevista exclusiva com a revista GPS|Brasília. O que está acontecendo com o Brasil? Estamos diante de um impasse indesejável. O Brasil está sangrando, está se esvaindo. Não há como implementar certas providências. Quem assumir terá que agir. E aí, vamos viver um ambiente de mil maravilhas? A meu ver, não. Mas há uma ilusão do brasileiro em achar que teremos, no dia seguinte à interrupção do mandato da atual presidente, o Brasil sonhado. E não teremos. Como o senhor vê a relação Executivo-Legislativo? Não vejo com bons olhos. É péssima. Se nós consideramos cláusula básica da Constituição, nós vamos ver que os poderes devem ser harmônicos, o que não ocorre atualmente. Ou seja, eu não sei nem se ela [a presidente Dilma] ficando de joelhos hoje teria a simpatia do Legislativo. E ninguém pode se apear de um cargo desse por ser a campeã em antipatia e arrogância. Hoje, há quem diga que os assessores têm receio de chegar e ponderar alguma coisa que a desagrade. Acho isso impensável. Diante desse cenário, qual sua opinião sobre o impeachment? Ele está previsto na Constituição Federal, por isso não se pode, de início, falar em golpe. Será golpe se for levado de cambulhada. O problema é a fase subsequente que, com ela ou sem ela, será muito difícil. Acredito que essa indignação não pode ser o motivo do afastamento em si. Claro que está todo mundo atribuindo a culpa do que ocorreu a ela. Nós precisávamos deixar que as instituições, que lidam com a investigação, funcionassem e, enquanto isso, trabalhar para buscar a correção de rumos em termos de País, de desenvolvimento, de afastar-se da estagnação. O impeachment seria um retrocesso? Para mim, é. É algo que discrepa da naturalidade. O normal é que alguém seja eleito, diplomado e exerça o mandato até o término. Em uma última análise, o povo

Para o tribunal, o ministro levou objetos pessoais

brasileiro elege o titular, não o vice. O afastamento de um presidente da República é sempre traumático, e tem uma repercussão internacional muito negativa. Para o senhor que vivenciou o impeachment de 1992 quais as diferenças? Hoje é muito diferente. Porque há um partido que, de certa forma, se mostra responsável por ela [Dilma Rousseff] ter sido presidente da República. E esse partido, não podemos subestimar nem achar que está morto, conta com uma força de arregimentação muito grande. O senhor vinha dizendo que o ideal seria uma renúncia coletiva, que um grande estadista optaria por isso nesse momento. Seria uma utopia? Hoje, já se fala em Eleições Gerais. Zerar-se para avançar. Porque em caso de impedimento, continuaríamos com o Congresso que temos, com os políticos que temos. E aí, vamos ter um governo? Acho que isso não está garantido. Não estou assustado com um possível grito de guerra que tenha sido veiculado por este ou aquele cidadão ou parlamentar. Não é isso. É a realidade. GPSBrasília « 33

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Detalhes que decoram o gabinete do ministro

Nós não teríamos que estar pensando na linha sucessória? É um problema que a maioria deixa para pensar no ano das eleições, em 2018. A carência de valores é um grande problema nacional. A corrupção sempre existiu. Claro que, nos dias atuais, não se esconde mais. Temos esse lado que, de início, não constatamos um leque de lideranças capazes de se posicionar como candidaturas e ter uma boa escolha. Mas o senhor visualiza alguém? Nós temos executivos como o governador de São Paulo [Geraldo Alckmin, PSDB] e do Rio Grande do Sul [José Ivo Sartori, PMDB], que pegou um Estado quebrado e está tentando recuperar e colocando em risco o próprio perfil político, que poderiam fazer algo. Como o senhor vê as decisões e postura do juiz Sergio Moro? O Moro merece o meu aplauso em tudo que faça em harmonia com a ordem jurídica. Mas ele extravasou na condução coercitiva do ex-presidente Lula e quando divulgou o alvo de uma interceptação telefônica, quando a lei configura essa divulgação como crime. De modo geral, ele vem fazendo um bom trabalho, com alguns pecadilhos. Por exemplo, não compreendo que alguém permaneça preso até ceder e proceder uma delação, isso para mim seria muito consentâneo com a Idade Média, não com o Século XXI.

O que o senhor acha da imagem de herói que ele ganhou? A sociedade é muito carente de valores. Não temos apenas o íntegro e o trabalhador juiz Sérgio Moro. São milhares de juízes anônimos. Claro que, quando alguém desponta, como o último presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa, tem-se o aplauso generalizado e essa tendência de se exagerar em termos de conceito. Mas o juiz Sergio Moro é como tantos outros juízes. Porque senão seria o caso de fecharmos o judiciário e mandarmos todas as ações para ele, Sergio Moro. Como o senhor vê a nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil? Eu não acho que ele buscou um escudo. Será que ele seria tão egoísta a ponto de buscar essa prerrogativa, esquecendo os familiares? Eu penso que não. Eu vi uma tentativa de dar à presidente, pela intercepção política que ele tem, uma tábua de salvação e uma tentativa de se resgatar o que resta do partido. Ele não permaneceria lá em São Paulo, deixando Brasília do jeito que se encontra hoje. Ele viria para tentar o resgate do que se imagina que é a harmonia entre os Poderes Executivo e Legislativo. Mas, do ponto de vista jurídico, o que muda com Lula ser julgado no STF? A impressão que se tem é que nós passamos a mão na cabeça de quem cometeu desvio de conduta. E não passa-

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mos. Para nós, e falo em nome dos colegas, processo não tem capa, tem conteúdo. Os ministros têm conversado nos bastidores sobre a situação do País? Não. A vida no Supremo é interessantíssima. Nós não nos comunicamos. Eu, por exemplo, não participo de qualquer conversa que envolva uma causa que deva ainda julgar. Não trocamos figurinhas. Você tem que ser espontâneo e deixar seu espirito fluir a partir da sua formação técnica e humanística. É a consciência com a ciência. Eu não mando voto para o colega e não recebo voto de colega. Eu não faço teatro. Não vou para lá de cabeça feita. Eu quero ouvir os advogados, quero ouvir os colegas. É um voto de improviso. Fazendo uma análise sociológica, o senhor acha que a nossa essência é corrupta? Quando o Brasil foi descoberto, não vieram para cá os melhores portugueses, vieram os degradados. Mas não está no nosso sangue a corrupção. O sentimento de impunidade levou certos ocupantes de cargos públicos a baixarem a guarda e a cometerem certos atos. Mas graças a uma imprensa livre e ao funcionamento das instituições, as coisas afloraram e nós estamos procurando a correção de rumos. Eu não tenho a menor dúvida de que, a partir desse mega julgamento da Lava Jato, o detentor de um cargo público vai pensar duas vezes antes de cometer ou praticar alguma falcatrua. A mídia internacional fala de um clima de guerra civil fria. O senhor acha provável que, em um cenário extremista, haja envolvimento das Forças Armadas? Eu só vejo uma hipótese de as Forças Armadas intervirem: em termos tumultos públicos de rua e as forças repressivas, refiro-me a Polícia Militar, não serem capazes de segurar esses conflitos. Primeiro, receio a decepção no dia seguinte do impedimento, daqueles que acham que estaremos com as dificuldades afastadas. Segundo, pelo segmento que o PT se diz porta-voz, dos menos afortunados. O PT sabe fazer oposição e é um estilingue muito eficaz. Você imagina ele ferido como agora? É a sua sobrevivência que está em jogo. O senhor já esteve na presidência da República. Como foi? Sim, mas como zelador do Planalto. Isso é algo que deviam corrigir. Quando o presidente já tinha viagem programada, saiu muito em jornais que o palácio receava a minha assunção, como se eu fosse um macaco na cristaleira. Quando assumi, os jornalistas começaram a questionar

“TEMOS EXECUTIVOS COMO GERALDO ALCKMIN (PSDB-SP) E JOSÉ IVO SARTORI (PMDB-RS), QUE PEGARAM UM ESTADO QUEBRADO E ESTÃO TENTANDO RECUPERAR, COLOCANDO EM RISCO O PRÓPRIO PERFIL POLÍTICO” qual era minha política. Eu dizia: “Não fui eleito. Eu não tenho um mandato de quatro anos. Que política?”. Eu não poderia ter política. Se o senhor recebesse uma ligação da presidente Dilma, convidando para um cafezinho. O que o senhor diria a ela? Primeiro, ela não ligaria para mim, eu não privo dessa intimidade com a nossa chefe do Executivo. Eu não teria o que dizer, a situação é realmente dificílima. Claro que eu não gostaria de estar na pele dela. Não deixaria chegar ao ponto a que chegou. Mas eu sou um homem do diálogo, disposto a ouvir, como todo e qualquer juiz. Agora minha compreensão é toda própria. Hoje, o brasileiro, descrente com o Executivo e com o Legislativo, está apostando as fichas no Judiciário, em especial para o Supremo. O que o senhor tem a dizer a esses brasileiros? Que o Supremo não falte a nacionalidade. E a nacionalidade exige a observância do nosso figurino constitucional. É o papel primordial do supremo ser guarda da Constituição e cada qual dos colegas perceba a responsabilidade que recai na cadeira que está sendo ocupada e personificada por ele. Vamos atuar conforme a legislação. GPSBrasília « 35

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MODERNISMO

A MAIS BELA FLOR DO CERRADO SEU AUTOR, OSCAR NIEMEYER, NÃO A VIU PRONTA. FOI O SEU ÚLTIMO PROJETO EXECUTADO EM BRASÍLIA. A TORRE DE TV DIGITAL ENFIM FLORESCEU NO CONCRETO A MAIS DE MIL METROS ACIMA DO MAR. É PONTO MAIS ALTO DA CAPITAL. DE LÁ, BRASÍLIA É VISTA POR INTEIRO POR MARCELLA OLIVEIRA « FOTOS JOÃO CAMPELLO

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Planalto Central do Brasil é um terreno áspero e seco que abriga árvores pequenas e tortas. Crescer no Cerrado exige força e resistência para enfrentar o fogo e a falta de água. O último projeto do arquiteto Oscar Niemeyer executado em Brasília homenageia uma frágil manifestação da vida que surge neste ambiente inóspito: a flor do Cerrado. Uma torre monumental de concreto em um dos pontos mais altos da cidade, a 20km do centro de Brasília. É vista de todos os lugares e, de lá, todos os lugares podem ser vistos. Mais de 50 anos depois da inauguração da Capital, surgiu a Torre de TV Digital para coroar a modernidade sonhada por JK. Para dar ao límpido céu azul da cidade um complemento. A tulipa que faltava. Apesar do concreto, é poética, assim como os versos da canção de Caetano Veloso: “Da próxima vez que eu for a Brasília eu trago uma flor do Cerrado pra você”. E seja no nascer ou no por do sol, olhar para ela é se encantar. Ela é grandiosa. São 170 metros de altura – 120m de concreto e 50m de estrutura metálica – além das antenas. Construída para receber o sinal digital das TVs, a torre é ainda um projeto turístico que passou a oferecer uma nova perspectiva da cidade. Antes, somente pelas janelas dos aviões era possível ter uma visão tão ampla da Capital. Basta parar o carro e entrar na fila, que normalmente é grande, mas é rápida. Enquanto espera, observa-se um espelho d’água e vários holofotes, que garantem a iluminação à noite, projeto do iluminador Peter Gasper, indicado por Niemeyer. A torre de concreto branca tem uma faixa de vidro preto. “Para dar leveza”, justificava. Parece, em um primeiro momento, um elevador panorâmico. “Mas não é. Quero que o visitante tenha uma surpresa ao chegar ao mirante e ver a cidade lá embaixo”, dizia. O branco já foi tomado por um pouco de poeira. “São os praticantes de rapel que limpam e pintam”, explica um funcionário. Somente 27 pessoas por vez, divididos em três elevadores, sobem até o mirante, o ponto mais alto em que o público tem acesso – a 110m de altura. Por enormes Celso Junior

janelas redondas podem-se ver diferentes áreas. Os visitantes afoitos param de janela em janela para fotografias. Querem uma lembrança de 360 graus da Capital Federal. Preocupam-se com o tempo, são apenas oito minutos – para que a rotatividade seja maior. De um lado, é possível ver o crescimento do Distrito Federal para o Norte, entre casas e prédios. Do outro, todo o Plano Piloto. Pais explicam para os filhos onde ficam os monumentos. “Ali fica a Ponte JK, que a gente passa todos os dias quando vai para a escola”, relata um deles. Quando o tempo se esgota, o comentário é um só: “Queria ficar mais aqui em cima”. Mas já é hora de descer. As duas cúpulas de vidro, situadas uma em cada lateral em diferentes alturas, ajudam a compor o desenho da flor. Elas são feitas com diferentes vidros nos tons de azul. Na mais alta, situada a 80 metros do chão, a ideia é fazer um restaurante, mas isso ainda não se concretizou. A outra, a 60 metros de altura, é destinada a exposições temporárias. Atualmente, elas estão fechadas para visitação. A Torre de TV Digital é um espaço democrático. De crianças a idosos, de todas as classes sociais. Virou ponto de encontro. Foodtrucks, exposição de carros antigos, diversão para crianças lotam o estacionamento de famílias em busca de entretenimento e diversão. Há várias formas de celebrar embaixo da flor do Cerrado.

Vista panorâmica do mirante da Torre Digital

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Fotos: João Campello

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A CONSTRUÇÃO O projeto da Torre de TV Digital surgiu para que as emissoras pudessem ampliar o seus sinais, popularizando a qualidade da TV digital em Brasília. Ao assumir a Secretaria de Cultura do DF, em janeiro de 2007, o jornalista Silvestre Gorgulho pensou em reunir todas as antenas em

uma só torre. Amigo de longa data do arquiteto Oscar Niemeyer, não pensou duas vezes em pegar o telefone e pedir para que ele fizesse o projeto. “A ideia foi que tivéssemos em Brasília uma torre compartilhada por todas as emissoras, para evitar que a cidade virasse um paliteiro, como aconteceu com as antenas de telefonia. E, na época, era para termos um monumento para celebrar os 50 anos de Brasília”, lembra Gorgulho. Primei-

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ro, contatou as emissoras, que consentiram em ficar juntas em uma construção assinada por Niemeyer. O local foi escolhido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), um terreno de 40mil metros quadrados a 1.215 mil metros acima do nível do mar, um dos pontos mais altos do DF. Niemeyer ficou entusiasmado com a ideia e entendeu a urgência: após um mês do primeiro contato, disse que o projeto estava pronto. Gorgulho e o então governador José Roberto

Arruda foram até o Rio de Janeiro, em 14 de fevereiro de 2008. Normalmente, as torres são de metal. Mas Niemeyer deu sua cara ao projeto para a Capital e a fez de concreto. A foto do croqui estava pregada na parede e o arquiteto, em pé ao lado dela, deu sua explicação: “Senti logo que a solução a adotar não deveria ser apenas a utilização da técnica do concreto armado em toda a sua plenitude, mas, principalmente, considerando a altura prevista, que cabia nela integrar

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qualquer coisa que a tornasse ainda mais atraente e justificável. Tenho certeza que Brasília ficará ainda mais bonita”. O arquiteto tinha 101 anos e, segundo Gorgulho, envolver-se novamente com a cidade que ele ajudou a erguer, deu vigor ao amigo. “Ele reviveu. Já tinha mais de cem anos, mas era muito lúdico. Toda semana, havia reunião de engenheiros, eles discutiam detalhes da obra. Foi bonito ver o Oscar tão fascinado com aquilo”, lembra o jornalista. Começou então o processo burocrático. As obras iniciaram somente em junho do ano seguinte, com pressa, porque ela tinha data para ser inaugurada: em 21 de abril de 2010. Aos poucos, ela foi florescendo em meio ao Cerrado. No entanto, com a crise política que acometeu Brasília no final de 2009, que resultou na saída de Arruda após o escândalo conhecido como Mensalão do DEM (Democratas), a construção parou. Depois de Arruda, outros três governadores passaram pelo Palácio do Buriti até o final do mandato, em dezembro de 2010 – Paulo Octávio, Wilson Lima e Rogério Rosso. A cada troca de governador, ele recebia uma ligação de Oscar Niemeyer. “Eu quero que termine a torre, eu não quero que fique um projeto inacabado”, ele afirmava, enfático. De certa forma, ao ouvir isso do criador de Brasília, o chefe do Executivo local se sentia pressionado. E lá ia ela, subindo pouco a pouco. “Essa torre só saiu porque era um projeto do Niemeyer”, analisa Gorgulho. Ao assumir o governo, em 2011, o petista Agnelo Queiroz se reuniu com o arquiteto e também recebeu o pedido. E foi na sua gestão que a torre foi inaugurada, em 21 de abril de 2012, nos 52 anos de Brasília, um custo total de R$ 80 milhões. Durante todo o processo de construção, mesmo já fora do governo, Silvestre Gorgulho foi meio que o responsável pela torre, por ser um dos representantes de Niemeyer na cidade. Tanto que os bastidores foram registrados em um livro, A Flor do Cerrado. Como a última vez que Niemeyer veio a Brasília foi em 2008, não chegou a ver a torre pessoalmente, apenas por foto.

“Ele a achou linda”, lembra Gorgulho. O arquiteto morreu em dezembro daquele ano. Apesar de não ter colocado no papel, ele idealizava um shopping cultural abaixo do estacionamento. “Ele queria que tivesse um hotel, restaurantes, um centro de convenções, uma grande livraria, um cinema e um museu das telecomunicações”, revela Gorgulho. A torre ficou pouco tempo aberta ao público – apenas um ano e meio –, e precisou ser fechada para finalizar a instalação das antenas, reparos na estrutura, além de obras de acessibilidade. O sinal digital já começou a ser emitido e, segundo a Anatel, em outubro desde ano Brasília será a única capital a desligar o sinal analógico. Depois de quase dois anos fechada, voltou a receber visitantes em outubro do ano passado. “Aos poucos vamos resolvendo os problemas. Ainda não é o ideal, mas os moradores e turistas já podem curtir a vista que ela proporciona”, diz o Secretário de Turismo, Jaime Recena. Por fim de semana, cerca de 1,2 mil passam por lá. No ano passado, o GDF publicou um decreto que regulamenta a concessão de espaços públicos para a iniciativa privada. Dentre os locais, a Torre Digital pode ser uma a ter um contrato de arrendamento, concessão, permissão ou parceria público-privada (PPP). “A gestão pode ser mais eficiente se for privada, pode trazer mais benefícios para a cidade. Já recebemos algumas manifestações, mas o governo ainda está estudando quando serão lançados os editais. Não tem data ainda”, explica Recena. Enquanto isso, a Flor do Cerrado vive ainda em meio a terra vermelha. De longe ou de perto. De dia ou de noite. Ela está lá no cantinho da cidade, mas parece abraçá-la por completo. Mais uma vez Niemeyer mostrou que além do concreto, ele trouxe vida para Brasília. E dessa vez, em forma de flor. Serviço Torre de TV Digital Visitação: sábados, domingos e feriados, das 9h às 18h Entrada franca

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MEMÓRIA

A EQUIPE DE NIEMEYER CÉSAR BARNEY

POR ANDRESSA FURTADO FOTOS CELSO JUNIOR

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moção à flor da pele. Eles se lembram bem de uma época de desafios e dificuldades. Do barro vermelho, do barraco de madeira, da correria diária, das broncas e cobranças de Oscar Niemeyer e seu fiel escudeiro Nauro Esteves. Lembram-se também dos apelidos que ganharam, das amizades que fizeram e se eternizaram e, claro, daqueles que já se foram. A nostalgia está presente diariamente na vida do trio Sylvio Schoellkopf, César Barney e Carlos Elias. Presente inclusive nos seus olhos, na maneira como falam, nas fotos que guardaram. Amigos desde meados de 1956, nunca abriram mão de Brasília pela terra natal. Moram aqui até hoje e viram a cidade se transformar completamente. Esses três são alguns dos responsáveis por erguer a Capital do País. Por construir quadras e comércios locais, por dar vida ao concreto em meio ao Cerrado.

O arquiteto é colombiano. Nascido em 1934, na cidade de Calí, durante sua juventude, mudou-se para os Estados Unidos para estudar Arquitetura. Foi lá que ouviu falar da construção de Brasília e, claro, não pensou duas vezes em se alistar para tal desafio. Primeiro fincou raízes na Cidade Maravilhosa, onde terminou sua graduação. Lá, foi estagiário de Burle Marx e o passo seguinte seria desembarcar na terra do barro vermelho. “Cheguei aqui e fui à procura de Oscar Niemeyer para me apresentar no Departamento de Urbanismo e Arquitetura (DUA), o famoso barracão que ficava exatamente onde hoje é o Ministério da Justiça”, lembra. A chance foi dada, mas a proposta não era das melhores. Trabalhar durante dois meses sem receber para ver se dava conta do recado. César aceitou, afinal não é qualquer dia que se tem a oportunidade de construir uma cidade do zero. Sua competência foi tanta que em menos de dois meses já havia sido contratado. O trabalho era pesado. Não tinha descanso. César assinou o projeto de vários pedacinhos dessa cidade. Entre eles, as primeiras escolas, as quadras 107, 108, 307 e 308 Norte, os centros de saúde, a Torre de TV. A primeira casa do Lago Sul também foi feita por ele para o empresário Gilberto Salomão. O bloco B da 115 Norte foi batizado em sua homenagem e ganhou seu nome. César assinou mais de 400 projetos. É adepto do “menos é mais” e após trabalhar com o mestre, apurou um jeito próprio de construir. Uma de suas marcas são os espelhos d’água, que melhoram o ar seco e refletem o céu azul. Hoje, aos 82 anos, mora no Lago Sul ao lado da sua mulher, Elvira, com quem teve três filhos. Ainda está na ativa e assina projetos. Em seu escritório, tem todos os recortes e notícias que saíram sobre sua trajetória. Sobre a Brasília de hoje, não mede palavras: “É caótica”.

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“AQUI É A CIDADE QUE AJUDEI A CONSTRUIR. É A CIDADE QUE AMO”

SYLVIO SCHOELLKOPF O desenhista é o mais emotivo do grupo. Ao se lembrar de Oscar, não conteve as lágrimas. Não o vê apenas como o mestre das linhas sinuosas, o enxerga como um pai, alguém que lhe deu uma chance de fazer algo para ficar na história. Era ele o responsável por criar os desenhos técnicos dos projetos elaborados por Niemeyer. Posicionar perfeitamente as instalações elétricas e fazer os cálculos. Antes de vir para Brasília, Sylvio morava com um tio no Leblon. Após se alistar no Exército, ficou sabendo que estavam recrutando trabalhadores para ajudar a construir a Capital do País. Foi aí que o marechal Alcir de Paula Freitas Coelho o convidou para vir com ele. Sylvio não pensou duas vezes. Deixou sua namorada e atual mulher, Neide, para trás, embarcou em um avião de hélice e desceu no aeroporto de madeira. Schoellkopf tem apenas o Ensino Médio. Aprendeu a desenhar no barracão com os outros colegas. “Niemeyer trouxe muita gente com o objetivo de ajudar. Uma dessas pessoas foi o Baiano, que cuidava da cantina. Ele era um paizão”, diz. Em 1961, Neide, sua namorada, passou em um concurso e mudou-se para perto de Sylvio. Foi aí que se casaram. Na época, Oscar Niemeyer enviou uma carta para Juscelino Kubitschek cedendo um apartamento na 404 Norte para o novo casal morar. Vida nova, casa nova. Em 1978, o desenhista foi convidado para trabalhar na Infraero, onde era o responsável por regularizar todas as áreas de aeroportos do Brasil. Em 1990, aposentou. Atualmente, aos 83 anos, mora com Neide em um dos condomínios do Lago Sul e diz que não troca Brasília por nenhuma outra cidade. “Aqui é a cidade que ajudei a construir. É a cidade que amo”, afirma.

Sylvio era o desenhista. César, o arquiteto, e Elias, o arquivista. Eles ainda mantêm contato. Não tanto quanto antes, mas o afeto e a consideração pelo outro continuam latentes. Em meio à entrevista com Sylvio, César ligou para o amigo. “Estou metendo o sarrafo em você, Barney”, disse rindo. E assim é o clima entre eles. De cumplicidade e carinho. A vida no meio dos tratores, da poeira e da falta de estrutura não foi fácil. Mas os três não se arrependeram. Eram orientados pelo braço direito de Niemeyer, o arquiteto Nauro Esteves. Era ele quem comandava a equipe de 24 pessoas, entre arquitetos, desenhistas, projetistas, produtores de maquete. “Era um ambiente muito informal, apesar de termos muito trabalho. Cada um tinha um apelido. Muitos dados pelo próprio Oscar. O meu era Texas, porque fiz parte da faculdade de Arquitetura nos Estados Unidos”, conta César. Moravam na Fundação Casa Popular, um conjunto de casas feito exclusivamente para quem estava ajudando a construir a cidade onde hoje é a W3 Sul. Um ônibus passava para buscá-los

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“ISSO AQUI ERA UM VERDADEIRO CANTEIRO DE OBRAS. CHEGUEI DE TERNO DE LINHO E GRAVATA. A POEIRA ERA TANTA QUE IMPREGNOU E NUNCA MAIS SAIU. O TECIDO FICOU DURO”

CARLOS ELIAS Ele é um arquivo vivo. Conversar com ele é se surpreender e se emocionar com suas histórias e lembranças. Datas, nomes, detalhes. Ele se lembra de absolutamente tudo. Não é à toa que era o responsável por guardar todos os papéis, desenhos e pranchetas utilizados pelos arquitetos e calculistas. Carlos Elias tem 90 anos e continua na ativa. É o fiel escudeiro do empresário e construtor Gilberto Salomão, e quem cria seus projetos. Nasceu na Zona da Mata, em Minas Gerais. Mas aos três anos de idade, mudou-se para o Rio de Janeiro com sua família, onde viveu até os 34 anos. Em 1950, o burburinho sobre a construção da Nova Capital tomou conta da Cidade Maravilhosa. “Imagina que 60% dos cariocas eram contra a transferência para Brasília”. A luta de JK foi árdua para conquistar tal façanha, mas o final foi feliz e com ele levou Oscar Niemeyer e sua equipe. O pai de Carlos era amigo pessoal de Oscar e foi o próprio que o convidou para ir para Brasília. Elias aceitou, desembarcou animado e pronto para trabalhar. “Isso aqui era um verdadeiro canteiro de obras. Cheguei de terno de linho e gravata. A poeira era tanta que impregnou e nunca mais saiu. O tecido ficou duro”, conta. O mineiro era um homem de confiança. Sabia a temperatura ideal e a melhor maneira de conservação das cartolinas, dos papeis vegetal e manteiga. Os livros de registro também ficavam sob sua escolta. Inclusive foi quem salvou os desenhos de virarem cinzas. É que um incêndio no Departamento de Edificações acabou com tudo que estava lá. Mas Elias havia pressentido que algo aconteceria. “Eu transferi tudo que estava lá para um cofre, do qual só eu tinha o segredo”, relembra. Entre esses projetos, estavam os desenhos de Niemeyer dos palácios, da Catedral e da Esplanada. Se não fosse a sagacidade de Elias, o trabalho de Niemeyer e sua equipe estaria totalmente perdido. Pelo feito, ele foi homenageado por JK e recebeu um abraço de agradecimento do mestre. “Lembro-me como se fosse hoje”, conta, orgulhoso.

e depois os levava de volta para casa. “A poeira era tanta que nós usávamos uma escovinha para limpar as pranchetas. O barro deixava nossas roupas encardidas. Não adiantava lavar que não saía”, relembra Barney. Na época, os três haviam deixado suas namoradas no Rio de Janeiro. Ficaram dois anos sem vê-las, imersos no projeto mais audacioso das suas vidas. Para relaxar, iam para a Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante, ou simplesmente se reuniam para beber cachaça. “Não tinha o que fazer. Nossa alegria era nos encontrar para jogar conversa fora”, diz Sylvio. “De vez em quando também jogávamos bola. Lembro-me bem de um dia que Niemeyer decidiu jogar conosco. Ninguém queria marcá-lo com medo de machucar o chefe. Ele ficava irritado”, completa. Oscar tinha um relacionamento mais distante com a equipe. “Em um dos encontros com ele, recebemos o pedido da construção do Pombal, na Praça dos Três Poderes. Ele veio da mulher do presidente Jânio Quadros, a Eloá. Oscar ficou indignado, xingou-a. Ele não queria construí-lo de jeito algum, mas acabou o fazendo para não criar atritos. Contrariado, rabiscou o desenho ali mesmo na minha frente e pediu para executá-lo”, relembra César. GPSBrasília « 47

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HISTÓRIA

NAS SUÍTES DO TEMPO O CENÁRIO MAIS MARCANTE DO GLAMOUR E DA SOFISTICAÇÃO DAS TRÊS PRIMEIRAS DÉCADAS DE BRASÍLIA CHAMA-SE HOTEL NACIONAL, LOCAL QUE CONTRIBUIU FORTEMENTE PARA A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DA SOCIEDADE LOCAL, ABRIGANDO REIS, PERSONALIDADES, POLÍTICOS E SUAS MEMORÁVEIS HISTÓRIAS POR FERNANDA TAVARES « FOTOS SÉRGIO LIMA

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ra 1961 quando o esqueleto de um prédio ganhou corpo e tornou-se um edifício imponente no centro da Nova Capital. Em cima da terra vermelha batida do Cerrado, surgiam dez andares. Nascia um dos cartões postais de Brasília, o Hotel Nacional. Trinta e cinco suítes em cada andar e uma vista privilegiada da Esplanada dos Ministérios. A cidade tinha apenas um ano desde a sua inauguração e ganhava o maior empreendimento hoteleiro da época. Surgiu já com o status de ponto de encontro da sociedade. Ali aconteceriam grandes momentos. Políticos, diplomatas e personalidades já tinham o destino certo da hospedagem. Nos corredores, bar, piscina e na escada principal o que se via era o melhor da época. Roupas, lenços, pastas, joias, charutos e o entra e sai de pessoas. Na recepção, a campainha era constante. Não mais que cinco minutos e uma nova história. Os mensageiros, vestidos como generais e com a postura impecável, anunciavam a chegava de mais um hóspede. O barulho dos brindes nas taças era ouvido em todos os cantos.

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O empreendedor foi o argentino José Tjurs. Ele era taxista em São Paulo e conheceu o então presidente Juscelino Kubitschek. JK o achava audacioso e lhe ofertou um terreno, com mais de 70 mil metros quadrados, além de ajudá-lo a conseguir o financiamento bancário. A missão deu tão certo que em menos de cinco anos o hotel tornou-se um verdadeiro clube de luxo. Os fins de tarde de Brasília ganharam charme. As noitadas, identidade. Após o fim do expediente no Congresso Nacional, os parlamentares seguiam para o Scotch Bar, no mezanino. A movimentação era diária. O local ficou conhecido como Senadinho. Era de praxe terminar o dia com um bom copo de uísque, vodca ou conhaque. De lá saíam convites para o evento mais disputado da década de 1970: o Carnaval, para seletos 500 convidados com roupas de gala e belas máscaras nos salões vermelho ou azul. Um folião era figura carimbada por lá. O ex-presidente Fernando Collor, que antes de assumir o cargo mais alto do País trabalhava como jornalista e passava horas entre a piscina e a sauna do hotel. Estava em quase todos os eventos. Tjurs prosperou e montou um grupo com mais seis hotéis pelo Brasil, o Horsa Hoteis. Quando faleceu, em 1978, vítima de um infarto, o hotel tinha 17 anos. Era ainda a maior passarela de Brasília.

Moacir Fiorentino, antigo gerente geral do hotel, acompanha visita do rei Pelé

Agradecimento do ex-vice-presidente José de Alencar

As tradicionais festas na beira da piscina

POR AQUI, POR FAVOR No Hotel Nacional, quem faz o receptivo do hóspede é José Souza Pinheiro, funcionário desde a década de 1970. Pinheiro veio da Paraíba aos 18 anos, inicialmente. Começou na limpeza, foi ascensorista do elevador de carga e, depois, do principal. “São mais de 40 anos e continuo com a mesma disposição do primeiro dia de trabalho. Estar aqui é a minha realização profissional e pessoal”, diz. Com os olhos brilhando, lembra-se da movimentação no hotel. “De-

Os políticos Franco Montoro, Tancredo Neves e Leonel Brizola

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pois da porta giratória, o lobby mais parecia um aeroporto. A cidade inteira parecia estar ali”, lembra. A visita mais nobre aconteceu nos primeiros meses de Pinheiro no hotel. Brasília dava as boas-vindas à rainha Elizabeth II, da Inglaterra, e ao príncipe Philip. A suíte presidencial, no 9º andar, seria inaugurada. A placa de abertura do melhor quarto do hotel, com nada menos que 800m², ainda enfeita o corredor de elevadores no térreo. Outras comitivas ilustres passaram por lá, como o ex-presidente francês Charles De Gaulle, o ex-presidente americano Jimmy Carter, o primeiro-ministro de Portugal Cavaco Silva e muitos secretários, ministros, embaixadores e diplomatas. Dessas visitas, Pinheiro lembra com carinho de Jimmy Carter. “Ele quebrou o protocolo e falou com os funcionários”, lembra. Dentre as celebridades, o apresentador Silvio Santos visitava Brasília com frequência. Costumava pedir a suíte 806. “Ele vinha com a mulher e as filhas, que gostavam de brincar nos elevadores. Família humilde”, conta. E se o apresentador é conhecido por dar notas de dinheiro com formato de aviãozinho para a sua plateia, ele não fazia feio nas gorjetas. “Ele encheu o meu cofrinho”. E de nota em nota o mensageiro chegou a guardar USD 2 mil. O rei Roberto Carlos também foi frequentador assíduo. “Ele ficava na suíte 1010 e sempre arrumávamos o quarto com itens na cor azul e branca, suas preferidas”, diz. Numa das visitas, Pinheiro viu uma cena descontraída. “Por acaso estava na recepção quando a mulher dele telefonou. Ele estava na minha frente e lhe passei o telefone. Ele soltou um ‘mas essa mulher não me deixa nem chegar?’, em tom de brincadeira.” Falando em majestade, quem também deu o ar da graça foi a rainha dos baixinhos, Xuxa Meneghel. Nesta visita, Pinheiro viu a maior quantidade de pessoas na porta do hotel. Centenas de fãs que passaram dia e noite atrás da apresentadora.

Suíte onde o ex-vice-presidente José de Alencar morou por oito anos

Escada de acesso ao mezanino

A piscina

ILUSTRE MORADOR Além das visitas, parlamentares fizeram do Hotel Nacional sua casa. Itamar Franco morou alguns meses, mas o que ficou mais tempo, quase uma década, foi o político José de Alencar. Era na suíte master, no sétimo andar, em que residiu enquanto cumpriu o mandato de senador. Setenta metros quadrados preservados até hoje – uma sala enorme com móveis da década de 1960. Fazia questão de acenar sempre com um sorriso aberto. Descia para tomar café da manhã no Coffee Shop e deixava boas gorjetas. Alencar só abandonou o local

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Pinheiro, funcionário do hotel há quase 50 anos

Sala de estar de uma das suítes

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quando assumiu a vice-presidência. O check out foi no final de 2002 para mudar-se para o Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente. No livro de ouro, deixou um extenso agradecimento. No texto, disse que os funcionários faziam parte da família e que o hotel carrega a identidade de Brasília, como marca registrada da audácia do presidente Juscelino. A assinatura é do dia 29 de dezembro.

LUZ, CÂMERA, AÇÃO Todos os anos, no período em que recebia o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, diretores, atores, críticos e cineastas agitavam os corredores do hotel. Uma espécie de extensão do tapete vermelho. John Travolta foi um deles. A piscina ficava repleta de artistas até o amanhecer. Eram festas intermináveis e com direito a alguns barracos. Um deles foi protagonizado pela ex-chacrete Rita Cadillac. Polêmica, ela tirou a blusa e o sutiã para chamar a atenção de quem estava no local. As brigas entre críticos e criticados também eram inevitáveis. Algumas, entre o cineasta Rogério Sganzerla e o crítico Rubens Ewald Filho, em 1971, entraram para a história. Os dois chegaram a se estapear. Ewald, desacordado, foi socorrido por Vera Manhães, mãe da atriz Camila Pitanga, que concorria ao prêmio de Melhor Atriz. As conversas sobre cinema eram regadas a uísques e cigarros. A atriz Leila Diniz causou um frisson ao protagonizar um strip-tease. Outro frequentador famoso era o cantor Raul Seixas. O maluco beleza era sempre visto com um copo de uísque. Cumprimentava todos, oferecendo um trago da bebida, independentemente da hora do dia.

CELEBRAÇÃO Teresinha de Assis tinha pouco mais de vinte anos quando chegou a Brasília, vinda de Manaus. Veio trabalhar no Ministério da Fazenda. Morava na 108 Sul e fez amizades no grupo jovem da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima. Solteira, participava dos eventos da alta sociedade no Hotel Nacional. “Não porque tinha dinheiro ou família conhecida, mas porque o meu trabalho me permitia conhecer muita gente”, conta. Com saudade, ela se lembra dos bailes nos salões. “Sempre gostei de dançar e adorava ver a alegria das pessoas, as roupas bonitas e, de vez em quando, era paquerada”, diz, saudosa.

Na igreja, Teresinha conheceu José Cavalcante, que aos 21 anos deixou São Paulo para trabalhar na unidade em Brasília do Banco Inglês. Logo se apaixonaram. “Baixinha, com os olhos puxados, parecia uma japonesa. O casamento foi celebrado na igrejinha, com a noite de núpcias em uma das suítes mais chiques do Hotel Nacional. A nota fiscal do pagamento está guardada até hoje. Ao completarem 50 anos de casados, retornaram ao hotel e pediram a mesma suíte. “Não existiria lugar melhor para brindar o momento”, diz Teresinha.

A RECONSTRUÇÃO Todo esse glamour do Hotel Nacional não está completamente solto na história. Mas a situação não é a mesma de 50 anos atrás. O declínio, quando os herdeiros de Tjurs assumiram os negócios, foi inevitável. Um dos netos ainda tentou reerguer o local, mas as dificuldades só aumentavam. Na década de 1980, cinco dos dez andares foram interditados provisoriamente em função do corte de gastos. Funcionários foram demitidos. Ficaram pouco mais de duzentos, quando na época da inauguração o número chegava a quase mil trabalhadores. Os clientes, mesmo os mais frequentes, começaram a desistir das hospedagens. No começo da década de 1990, o local começou a perder a identidade. A má gestão somada ao surgimento de novos hotéis acabou levando o Hotel Nacional a pedir concordata à justiça em 1991, ano em que completaria 30 anos. Nessa época, a rede Horsa estava envolvida em uma dívida de USD 20 milhões, quando o patrimônio era avaliado em cerca de USD 21 milhões. Em 1994, empresário Wagner Canhedo, que era dono da Vasp, comprou o empreendimento. Dois anos depois, o nome Tjurs voltaria a aparecer na mídia por causa do suicídio do neto caçula de José, Luiz Cláudio, na frente da noiva, a atriz Ana Paula Arósio. Na época, ele tinha 29 anos e a atriz, 20. A venda, no entanto, não acabou com os problemas. Em 2007, os 310 hóspedes foram despejados por causa de uma confusão do hotel com a Securinvest Holdings S/A. A empresa alegava um calote de R$ 46,5 milhões de parcelas da compra do hotel e conseguiu na Justiça uma decisão de reintegração de posse. Anos depois, o grupo enfrentou alguns problemas com a Justiça Trabalhista. Foram anos de queda. Hoje, o grupo Canhedo continua à frente do hotel. De cinco anos para cá, houve uma mudança na tentativa de resgate da imagem do hotel. E tem dado certo. Melhoraram os números e as parcerias, o que aumentou a circulação de pessoas. GPSBrasília « 51

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PIONEIROS

CABELO & MAQUIAGEM DUAS HISTÓRIAS SE ENTRELAÇAM QUANDO O TEMA É SOCIEDADE, LUXO E BELEZA. JAIRA COCA E LUIZ CARLOS, EM PLENA ATIVIDADE, CELEBRAM CINCO DÉCADAS REALIZANDO O OFÍCIO QUE OS CONSAGROU EM BRASÍLIA E LHES TROUXE DINHEIRO, FAMA E MUITOS AMIGOS POR SARAH CAMPO DALL'ORTO « FOTOS SÉRGIO LIMA

“A

cabou aquele glamour da cidade”. Quem decreta é Luiz Carlos, o primeiro grande maquiador do salão comandado pelo casal Coca e Jaira, no Hotel Nacional, nos primeiros anos da Nova Capital. A cabeleireira faz coro: “Brasília e a atual geração não têm mais disposição para festas e bailes que ocorreram até os anos 80. As memórias lindíssimas de eventos black tie e tantas produções grandiosas que Brasília ostentou pertencem ao passado”. Jaira e Luiz Carlos são egressos da mais fervilhante sociedade local. Brasília era jovem, mas, com a maturidade de uma grande mulher, sabia fazer recepções como ninguém. A cidade inacabada não era um problema, e, sim, um desafio facilmente vencido quando se tratava de estar à altura daqueles que vinham conhecer a terra do futuro, como chefes de estado, reis e príncipes; ou brasileiros que chegavam com suas famílias dispostos a fazer fortuna embarcados no sonho de JK.

O Plano Piloto era uma vila. Pouco mais de 140 mil habitantes. O high society não teve dificuldade em fincar sua bandeira, elencados pelo Itamaraty. Eram promissores empresários e diplomatas, atraindo artistas, servidores do alto escalão do governo, parlamentares e juristas. Juntos, chacoalharam a Capital da República. Em meio a esse universo, estavam aqueles que prestavam o serviço de luxo. Tão sofisticados quanto seus clientes, Jaira e Luiz fizeram carreira que se sustenta até hoje no Lago Sul. Cinquenta anos se passaram. A atmosfera e a dinâmica de Brasília se transformaram completamente. Mas apesar do perfume nostálgico, os legados de ambos não se deixam corromper. A convite da revista GPS|Brasília, os dois voltaram no tempo. Pioneiros, permanecem importantes para as novas gerações que se seguiram. Afinal, o que seria do mercado de beleza local se não fossem os destemidos, ousados e criativos Jaira e Luiz?

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JAIRA COCA Jaira Saffadi Coca nasceu em Córdoba, mas foi criada em Buenos Aires. Ainda menina, ela costumava brincar de fazer perucas para suas bonecas com os fios das espigas de milho. A sensibilidade manual sempre esteve presente. Aos 15 anos, inscreveu-se em uma academia para aprender os ensinamentos clássicos da estética. Rápida, cheia de energia, vibrante. Jaira é uma leonina “meio mãezona e muito guerreira”. “Me achava a mulher maravilha que dava conta de fazer tudo”, assume. Os olhos são jovens, curiosos. Ela é a mais experiente cabeleireira da cidade, com 50 anos de mercado. “Sou argentina, mas brasileiríssima de corazón”, diz, com o sotaque ainda carregado. No Brasil, sua primeira parada foi em São Paulo. Chegou a Brasília na década de 1960, para cobrir férias de outro cabeleireiro espanhol, o Coca. Ela agradou a clientela e também ao estrelado Coca, em seu retorno. Os trinta dias iniciais viraram três meses. Não tardou e eles começaram a namorar. Casaram-se após um ano. Na volta da lua de mel, Jaira e Coca abriram o próprio salão, no Hotel Nacional. Nascia o lendário Coca Cabeleireiros. “Tínhamos uma clientela maravilhosa. Desde a cúpula do governo, com primeiras-damas, até a sociedade que se estabelecia na Capital”. Ao revisitar suas memórias, Jai-

Jaira com os noivos Karina Curi e Rogério Rosso

Com Marita Martins

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“VIVÍAMOS CERCADOS POR SEGURANÇAS PORQUE TRABALHÁVAMOS DIRETAMENTE COM PRINCESAS, AUTORIDADES E ARTISTAS” ra conta que não encaravam o negócio como o mais luxuoso da cidade, mas tinham consciência do alto nível que exigiam dos profissionais. “Nossa preocupação constante era atender com muita qualidade”. O ponto escolhido foi o único hotel que oferecia serviços diferenciados na cidade; e o endereço certo das autoridades e personalidades internacionais que estavam de passagem pelo País. A Rainha Elizabeth II visitou o Brasil em 1968 e lá ficou hospedada. Como tantos outros. Era comum seguir até as suítes presidenciais para atender hóspedes de sangue azul. “Vivíamos cercados por seguranças, porque trabalhávamos diretamente com princesas, autoridades e artistas”, relembra. E os bailes de Carnaval do Nacional? “belíssimos, como os que ainda se fazem no Copacabana Palace”. Durante as festas black tie oferecidas pelo Itamaraty, os bailes nas embaixadas ou os casamentos fabulosos, o salão se transformava no QG da beleza, com 50 profissionais pintando, penteando e embelezando as mulheres mais ricas da sociedade. Dessa época, carrega clientes que se tornaram amigas, como Consuelo Badra e Silvinha Osório. Após 17 anos, já na década de 1980, Jaira abriu um salão na QI 13 do Lago Sul. “Foi uma época em que muitas famílias estavam se mudando para o Lago e não existia um salão fino na região. O sucesso do Jaira Coiffeur foi imediato”, recorda. Cerca de três anos depois da mudança, veio a separação. “O Coca continuou no Hotel Nacional. Tivemos três filhos, Eduardo, Graziela, Rodrigo, e cinco netos. Permanecemos amigos até que ele se foi”. Ela nunca se casou novamente. Ex-membro da organização francesa Intercoiffure Mondial, que reúne a elite dos cabeleireiros do mundo, Jaira focou no business de noivas. Hoje, ela se relaciona com sua terceira geração de clientes e nem pensa em aposentadoria. “Amo o que faço. Não fiquei milionária, mas fiz amigos que carrego para sempre”, após quase 30 anos de Lago Sul. “Fico feliz em ter crescido e evoluído junto com a Capital. Somos duas bravas, acredito”, completa.

Ao lado da amiga Ana Maria Gontijo

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Com Mara Amaral

LUIZ CARLOS Carioca, crescido no Leme, Luiz Carlos Gomes de Alvarenga viveu sua infância e juventude entre Minas Gerais e o Rio de Janeiro. Após se formar na Escola Guignard, de Belo Horizonte, desembarcou em Brasília a convite do amigo Duda, um cabeleireiro profissional que já havia se estabelecido no mercado da capital. O ano era 1968. Veio contra a vontade do pai, um cardiologista durão que seguia os conceitos da maçonaria. “Ele falava que eu não ia conseguir me sustentar e chegou a vir duas vezes com o objetivo de me fazer desistir”. Quando descobriu que o filho andava na companhia da primeira-dama da República, sossegou. “Dona Yolanda Costa e Silva foi minha primeira cliente”, conta. Ele a conheceu numa tarde em que acompanhou Duda, então cabeleireiro dela, ao Palácio do Alvorada. “Ela simpatizou comigo porque, ao fazer uma maquiagem no rosto e perguntar minha opinião, eu coloquei meu perfil artístico para fora e falei: a cor da pele do pescoço está diferente do tom da face. Ela riu, me elogiou e me apresentou o Palácio”, resume. “Na sequência fui contratado pela presidência da República e atuei como funcionário durante todo o governo militar”. O período foi marcado pelo apartamento funcional onde vivia. “Era no Cruzeiro”. Logo recebeu o convite do espanhol Coca para atuar no salão do Hotel Nacional, o mais importante da época. “Aquilo era uma loucura. Lembro de uma série de festas monstruosas com cinco mil convidados, oferecidas pelo Itamaraty. Trabalhava dia e noite”. Maquiava gente como

Carmen Mayrink Veiga e Marita Martins. Foi escalado para maquiar a Rainha Elizabeth II. Enquanto não dava expediente no Coca Cabeleireiros, Luiz Carlos acompanhava a agenda da primeira-dama. Fez um nome com o estimado posto e ficou conhecido nacionalmente como “o maquiador das primeiras-damas”. Além de Yolanda, atendeu Scila Médici, Lucy Geisel, Dulce Figueiredo, Marly Sarney e a ex-primeira-dama do Itamaraty, Lenir Lampréia. E ainda a ex-imperatriz do Irã, Farah Diba. Apesar do sucesso, não estava em seus planos originais ser maquiador. “Queria ser artista. Me especializei em Retratos Crayon, uma prática que trabalha a suavidade do traço”. Essa aptidão serviu como ferramenta essencial para a maquiagem. Em vez de telas, rostos. Saiam de cena os crayons e ganhavam espaço os pincéis, batons e conjuntos de blush. Com 18 anos de casa, foi escalado para acompanhar Jaira na expansão do salão rumo ao Lago Sul. Os novos ares lhe fizeram bem e logo decidiu abrir seu próprio espaço também na QI 13. Perguntado sobre quando focou seu business no mercado de luxo, Luiz Carlos responde rapidamente. “Desde o início”. Ele queria conviver com o poder. “Tinha certeza de que era nesse meio onde iria absorver mais conhecimento”. Adaptou-se rapidamente à cena. Aprendeu o dialeto da sofisticação e sabia agradar a corte. “Foram minhas clientes chiquérrimas que me ensinaram tudo. Hoje posso conversar sobre arte, falar de música, cinema, viagens, história, luxo e política”. E como era maquiar em Brasília, há 40 anos, sem recursos ou marcas especializadas? Ele revela que ganhava produtos importados das clientes ricas. Suas outras clientes-amigas-fiéis? Anna Christina Kubitschek, Ana Maria Gontijo, Mara Amaral, Theresa Neves, Mônica Paes de Andrade, Sonia Sebba, Cleucy Oliveira, Moema Leão, Soraia Debs e Soraia Faraj. Sobre a nova geração de profissionais no mercado brasiliense, Luiz dispara: “Não acredito em maquiador que não seja autodidata. Essa história de fazer curso de maquiagem é o fim. Não se aprende talento em curso algum”, critica. Os planos para a aposentadoria, ele jura, estão próximos. Mesmo atendendo cerca de 600 noivas ao ano, Luiz Carlos ensaia um retorno decisivo à Cidade Maravilhosa. O cenário eleito? O apartamento ricamente decorado no Arpoador. Aliás, é em seu conforto que ele gosta de investir. “Sou exigente com a decoração da minha casa. É onde me dou ao luxo de gastar”. GPSBrasília « 57

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ESPORTE

APÓS SEIS OLIMPÍADAS, EM QUADRA E NA TEVÊ COMO COMENTARISTA, A LEILA DO VÔLEI RETOMA SUA TERRA NATAL E PROMETE NÃO DECEPCIONAR À FRENTE DA SECRETARIA DE ESPORTE, TURISMO E LAZER. “A GERAÇÃO BRASÍLIA CHEGOU” POR

MARCELLA OLIVEIRA « FOTOS SÉRGIO LIMA

CAMPEÃ EM DESAFIOS 58 « GPSBrasília

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Ela trocou as emoções das quadras de vôlei nos ginásios do Brasil e do mundo por uma nova missão no Estádio Nacional Mané Garrincha. O tênis, a joelheira, o short e a camiseta deram lugar à calça jeans, camisa social e salto alto. Em comum, os desafios de horas por dia de dedicação, a rotina intensa e o trabalho em equipe. Da vida de atleta ela carrega o espírito esportivo e, acima de tudo, a vontade de vencer. Apesar de ainda ser conhecida como a Leila do vôlei, a brasiliense Leila Barros é hoje uma autoridade política: secretária de Esportes, Turismo e Lazer do Distrito Federal. A determinação fez Leila sonhar alto, sair de Brasília e conquistar suas vitórias. Agora, de volta à terra natal, ela quer devolver seu amor pela Capital em forma de trabalho. A atacante canhota, que por mais de dez anos vestiu a camisa 8 da seleção brasileira de vôlei, conquistou dois bronzes olímpicos [1996, em Atenas, e 2000, em Sidney], foi três vezes campeã de Grand Prix, levou duas pratas em mundiais e foi campeã pan-americana. Depois, ainda se aventurou pelo vôlei de praia e, a partir de 2004, tornou-se comentarista esportiva da TV Globo. Depois de três olimpíadas como atleta, outras três como comentarista, neste ano será a autoridade do esporte do DF, quando recebermos dez partidas de futebol durante os Jogos Olímpicos do Rio. “Não estamos em um bom momento nem totalmente preparados, mas o mundo depositou essa confiança em nós e espero que o Brasil receba todos com o maior carinho, independentemente dos nossos problemas. Por um mês, esqueçamos as tristezas, as amarguras e a crise”, espera a ex-atleta. Aos 44 anos, Leila não treina como na época de jogadora. Mas a rotina começa cedo: leva o filho para a escola, academia e gabinete. Um dia cheio de reuniões, visitas aos centros olímpicos, encontros com o governador e parceiros, desenvolvimento de projetos. “Se nas Olimpíadas que eu participei eu tivesse feito um estágio de seis meses no Executivo, eu tinha sido tricampeã olímpica”, brinca. Seu principal objetivo na secretaria é investir na base do esporte, ou seja, na prática em escolas públicas e centros olímpicos. Para desenvolver os projetos na pasta, ela aposta na sua experiência como atleta e gestora de projetos sociais e no curso de Gestão em Marketing que fez. “Acho que eu trabalhava menos quando era atleta”, brincou. “A experiência no esporte me ajudou a ter paciência e, no governo, é necessário”, completou. No braço direito chama a atenção uma tatuagem de três ideogramas japoneses, que significam mãe, amor e coragem. Nas costas, outros três ideogramas representam confiança, longevidade e energia, feitos no auge da vida no vôlei. A terceira é uma discreta atrás da orelha: uma borboleta que tem na asa a letra “e”, em homenagem ao marido, o atleta do vôlei de praia Emanuel Rego, com quem está casada há 12 anos e tem Lukas, de cinco anos, que mora em Brasília com ela. Já Emanuel fica mais no apartamento do casal no Rio. O encontro deles, como acontece desde o namoro, é semanal. “Somos um casal fora do padrão. Ele sabe que eu sou do mundo e gosto de lutar pelas minhas guerras.

Por mais de uma década, Leila defendeu a seleção brasileira de vôlei

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A gente preza pela qualidade do tempo junto, não a quantidade”, revela Leila, que por aqui leva uma vida bem caseira. Nos finais de semana, não é difícil encontrá-la no Parque da Cidade, lugar que adora. “Desde os tempos da piscina de ondas”, conta. Filha de um mecânico e uma dona de casa, Leila nasceu e viveu na casa 7 da QSD 39, em Taguatinga. Como era hiperativa, a mãe estimulou a prática esportiva nas escolas públicas de Taguatinga. Primeiro o handball e, depois, o vôlei. “Nunca fiz aulinha, todo o meu contato foi na escola, tenho orgulho de dizer isso”. Sua juventude foi embalada pela turma da Legião Urbana, do Aborto Elétrico e do Capital Inicial. “Eu curtia muito Brasília”. Jogava na rua ou usava o varal de roupas da mãe como rede de vôlei, saltando para atacar. Aos poucos, foi se destacando. Aos 15 anos, ganhou uma bolsa no Colégio Maria Auxiliadora para integrar o time. Jogava também pelo time da AABB. Aquela menina alta e magricela sonhava em representar o Brasil. “Eu sempre fui muito competitiva. Em 1988, assistia ao jogo de vôlei das meninas nas Olimpíadas de Seul enquanto tomava café da manhã. O Brasil enfrentava os Estados Unidos e eu, molhando o pãozinho no café, disse para a minha mãe, pela milésima vez: ‘Ainda vou jogar pelo Brasil’. Ela falou: ‘minha filha, pare de sonhar. Você está em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília. Não espere isso’. Mas eu acreditava”. Poucos meses depois dessa conversa, um olheiro a viu jogar e a convidou para um teste no Minas Clube. Ela topou. O dia que Leila seguiu para Belo Horizonte, no final de 1988, ainda é tão vivo que parece ter acontecido há pouco tempo. Ela tinha apenas 17 anos e relata, com lágrima nos olhos, detalhes dos diálogos que teve com os pais. Se emociona ao contar que saiu de casa contra a vontade do pai, mas com apoio da mãe. A viagem de ônibus até a cidade mineira foi cheia de medo. Dentre duas mil meninas, apenas cinco seriam escolhidas. Durante uma semana, Leila mostrou seu potencial de ataque com a mão esquerda. “Eu era a mais baixa – com 1,79m de altura –, mas ser canhota era meu diferencial. Um técnico me disse para usar isso como meu trunfo. E foi o que fiz”, conta. E conquistou a vaga. Na equipe Minas se consolidou, ganhou títulos e se apresentou para o mundo. Destacou-se nos campeonatos brasileiros e, em 1991, fez seu primeiro jogo pelo Brasil, ainda na seleção juvenil, no Mundial da Tchecoslováquia. Naquele mesmo ano, foi convocada para a seleção adulta do Brasil, no Sulamericano no Ibirapuera. Foi quando recebeu pela primeira vez a camisa 8. Sua

primeira Olimpíada, em 1992, em Barcelona, ao lado de muitas daquelas atletas que, naquele café da manhã antes da escola, ela viu jogar em Seul. O retorno à Capital aconteceu em 2012. Já tinha desenvolvido em Brasília desde 2006 o Instituto Amigos do Vôlei, ao lado ex-jogadora de vôlei Ricarda Lima, que atendeu mais de 50 mil crianças e jovens carentes do DF, por meio de aulas gratuitas de vôlei. Quando chegou na cidade, criou o Brasília Vôlei, que deixou quando assumiu a secretaria. Leila não queria ser apenas uma ex-jogadora de vôlei que deu muito orgulho para Brasília. Queria cumprir a promessa que fez a mãe, falecida em 2003, vítima de um câncer de mama. Depois que fechou o ciclo como atleta, envolveu-se com projetos sociais e ingressou na vida pública, com o objetivo de usar o esporte como objeto de transformação social. “Eu tinha melhor retorno financeiro e mais qualidade de vida, mas o que me move é a possibilidade de deixar um legado”, conta a ex-atleta, que tem apenas um irmão, Marcelo, que mora em Belo Horizonte. “Muitas vezes pensei em desistir, pela saudade, pelas dificuldades. Mas queria mostrar para o meu pai que eu era capaz”, revela. Em 2014, tentou uma vaga na Câmara Legislativa. Obteve 11.125 votos, mas não se elegeu. Mas foi escolhida pelo governador Rodrigo Rollemberg para assumir a Secretaria de Esportes, que há pouco se fundiu com a de Turismo. “Eu e o Jaime [Recena, subsecretário de Turismo,] temos o mesmo intuito, queremos dar a nossa contribuição. A geração de Brasília chegou.” Sobre o curto orçamento, ela diz: “O esporte nunca é prioridade. Mas antes de ser secretária, eu sou cidadã. Eu sei que existem outras prioridades neste momento”, avalia. A chamada “musa das quadras” mantém seu jeito intenso e temperamental, expansiva, conhecido dos tempos de atleta. Leila é paixão. A explosão antes era em quadra, ao cortar a bola certeira sobre a rede nas adversárias. Hoje, o ataque está no entusiasmo em atuar em projetos sociais. Confira o bate-papo exclusivo com a revista GPS|Brasília.

BRASÍLIA

“Muita gente achava que eu era mineira, mas eu fazia questão de dizer que era de Brasília. Eu levei a cidade comigo, no meu jeito de vestir meio hippie, ao falar ‘véi’, ‘massa’, ‘né’. E eu nunca deixei de estar em Brasília. Era aqui que eu curava minhas feridas. Depois de todos os campeonatos, se ganhasse ou perdesse, eu sempre voltava para os meus pais e a minha família.”

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VÔLEI HOJE

“Eu tenho artrose nos dois joelhos e uma ruptura no braço, que me impedem de jogar, nem de brincadeira. Mas sou uma torcedora. A minha geração foi uma das que ajudou o vôlei a chegar aonde chegou, de ser a segunda modalidade mais querida do País. Abrimos as portas para as medalhas, fomos desbravadoras. Então, é como se fosse uma mãe, observando o filho se desenvolver. Eu sou uma torcedora fanática.”

ESPORTE

“Eu sou filha de um mecânico que estudou até a quarta série e uma dona de casa. Olha a mulher que eu me tornei por causa do esporte. Com o vôlei, eu dei uma casa para os meus pais, meu irmão se formou na faculdade. Eu sei o que o esporte pode contribuir para reduzir a violência, ajudar na prevenção de doenças, trazer benefícios a portadores de necessidades especiais. Meus amigos me perguntam porque eu estou nessa. Eu não sei dizer, é mais forte do que eu.”

POLÍTICA

“A política pode ser como o esporte, se as pessoas realmente se comprometerem de forma coletiva. Quando estou trabalhando, penso nas 11 mil pessoas que votaram em mim. Mas sei que tem quem não pense assim. Enquanto as pessoas estiverem na política por interesses pessoais e partidários, nós vamos sofrer muito. E não é um papo demagógico.”

SECRETÁRIA

“Se nas Olimpíadas que eu fui eu tivesse feito um estágio de seis meses no Executivo, eu tinha sido tricampeã olímpica (risos). Isso aqui é uma loucura, é preciso resiliência. No esporte, você tem a objetividade, somos práticos e todos têm uma meta em comum. Aqui, existe um processo, a morosidade, a burocracia e, muitas vezes, o seu objetivo não é o mesmo do de quem está ao seu lado. Se o interesse comum fosse o coletivo, nós estaríamos em outro patamar. Mas eu sou muito otimista.”

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“NO GOVERNO, MUITAS VEZES, O SEU OBJETIVO NÃO É O MESMO DE QUEM ESTÁ AO SEU LADO. MAS EU SOU RESILIENTE E OTIMISTA”

BALANÇO

“No primeiro ano, eu tomei um susto com as dificuldades, e tive paciência de entender que eu tinha que esperar o meu momento. Quando a gente chegou ao governo, a falta de dinheiro era tamanha que como eu poderia exigir alguma coisa de um governador? Quem é do esporte aprende desde cedo a esperar o seu momento. E eu estou esperando o meu. Um deles vai ser agora com as Olimpíadas. E a gente vai construindo esse castelinho, tijolo por tijolo.”

MENINA DOS OLHOS

“São os Centros Olímpicos. Eu acho que tinha que ser um programa de governo, além da secretaria. Ali, atendemos mais de 40 mil pessoas, de crianças a idosos, que praticam esporte e têm lazer gratuitos, e de onde podem sair atletas. Quero investir nos centros e concluir os que estão parados. Peço sempre isso ao governador. É questão de honra.”

LEGADO

“Espero democratizar o esporte, incentivar a prática nas escolas e nos centros olímpicos. Eu tenho um filho de cinco anos hoje que não me viu jogar. Quando você olha para mim, lembra do meu momento de atleta. Eu posso mostrar fotos, mas ele não vai conseguir resgatar essa emoção que ele não teve vendo aquilo ao vivo. Mas eu quero que um dia ele ouça ‘sua mãe foi uma grande atleta, mas também foi uma grande transformadora social, ela ajudou a mudar a história da cidade’. É por isso que estou aqui.”

ESPORTE EM BRASÍLIA

“É uma luta árdua. Há dificuldade para arrumar patrocínios. Quero ir atrás da Lei de Incentivo Distrital para que os atletas tenham mais facilidades para buscar parceiros privados. Essa lei já veio de governos anteriores, mas ninguém de fato fez. Tenho a esperança, para o ano que vem, quando as contas estiverem organizadas. Aí, sim, será o divisor de águas para a cidade. Porque o atleta de alto rendimento é fruto de um trabalho na base bem feito. Dá para investir mais nas crianças, dar mais oportunidade e estrutura, principalmente nas escolas.”

OLIMPÍADAS

“Eu joguei três e fui a outras três comentando. Na primeira, em Barcelona, em 1992, ao entrar no parque olímpico, eu sentei e chorei de emoção. Os Jogos Olímpicos são o sonho de todo atleta. Ele vive, treina, joga e compete para participar de uma olimpíada. Esquece o resto. E, naquele momento, eu pensei: ‘Eu não vou estar viva para ver o Brasil realizar um evento desse’. E hoje, depois de tudo que vivi como atleta, vamos ser anfitriões do evento. É um evento impactante, um momento de paz que o esporte proporciona. A comunidade esportiva e o mundo depositaram essa confiança na gente. O que eu espero é que o Brasil os receba com o maior carinho, independentemente dos nossos problemas. Por um mês, esqueçamos as tristezas, as amarguras e a crise.”

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INCENTIVO

O SONHO DE ÍCARO A IDEIA DE UMA OLIMPÍADA NO BRASIL COMEÇOU AQUI, EM SOLO CANDANGO. EM 1990, O EMPRESÁRIO PAULO OCTÁVIO HOMOLOGOU BRASÍLIA COMO CIDADE CANDIDATA AO ANO 2000. FATOS POLÍTICOS MUDARAM O CURSO DESSA OUSADIA, MAS INSERIU O PAÍS NA ROTA DOS JOGOS OLÍMPICOS POR ANDRESSA FURTADO « FOTO CELSO JUNIOR

N

a década de 1990, um candango plantou uma sementinha: Brasília poderia sediar a edição dos Jogos Olímpicos de 2000. A candidatura foi feita, a cidade foi apresentada para o mundo, mas não vingou. E quem imaginaria que o sonho se concretizaria este ano? Não na Capital Federal, mas no Brasil. No dia 5 de agosto, o Rio de Janeiro receberá as comitivas mundiais, turistas e autoridades e será palco dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Mas Brasília não ficará de fora. O Estádio Nacional Mané Garrincha também receberá jogos de futebol feminino e masculino. O candango citado é o empresário Paulo Octávio, que, apesar de não ter nascido aqui – é natural de Lavras, Minas Gerais –, chegou em Brasília ainda criança e sempre foi engajado na luta pelo desenvolvimento econômico da cidade. Ele não hesitou em apoiar jovens atletas que pediram sua ajuda na época. Eduardo Nascimento, Heleno Fonseca Lima, Augusto Henrique Rauber e Luiz Manzolillo deram o pontapé para o projeto Brasília Olímpica 2000.

Pensaram em Paulo Octávio porque sabiam que ele era um empresário e político bem-relacionado. Recém-eleito deputado federal à época, ele ficou com a missão de sensibilizar os políticos e provocar na imprensa a curiosidade para apoiar o audacioso projeto. “Eu não pensei duas vezes em ajudá-los. Sempre acreditei que Brasília tinha condições de receber um evento desse porte”, relembra o político, que é um grande fã de esportes e acompanha in loco as Olimpíadas desde Moscou, em 1980. O presidente da República, em 1990, era Fernando Collor de Mello. Ele foi o primeiro a aceitar o projeto, porém, com uma condição: o apoio era total, mas não haveria investimento de dinheiro público. Aliança feita, o segundo passo foi conquistar o apoio do Governo do Distrito Federal, na época, comandado por Wanderley Vallim. Daí em diante, mais entusiastas da ideia surgiram, como o camisa 10 do Flamengo, o icônico Zico, e autoridades, como o secretário de Cultura e Esportes do DF, Márcio Cotrim, e o presidente da Embratur, Ronaldo Monte Rosa. En-

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Paulo Octávio recebeu o apoio do craque Pelé

Paulo Octávio com os jogadores Zico e Bebeto

Márcia Kubitschek, filha de JK e então vice-governadora do DF), o presidente da Fifa na época, João Havelange, e PO

tão, foi criada a Comissão Pró-Olímpiadas Brasília 2000, lançada por decreto presidencial dia 31 de outubro de 1990. Não podemos esquecer o apoio de Arthur Nuzman, vitorioso esportista, integrante da Seleção Brasileira de Vôlei que jogou na Olimpíada de Tóquio, foi presidente da Confederação Brasileira de Vôlei e vice-presidente da Federação Internacional. A convite de Paulo Octavio, o atleta tornou-se o diretor-executivo da comissão. Mais para frente, quem também levantaria a bandeira de Brasília seria o empresário das Comunicações, Roberto Marinho. E de onde viria o dinheiro para sustentar o projeto? Decidiram criar uma associação sem fins lucrativos. Foi aí que nasceu a Associação Brasília Olímpica 2000, uma sociedade civil, independente da Comissão, e a busca por patrocinadores. Quando chegou a hora de candidatar a cidade, o próximo passo foi enfrentar preconceitos. “Mesmo com as primeiras vitórias, nenhum de nós imaginávamos o cipoal de dificuldades, preconceitos contra Brasília, pouco caso por parte da mídia carioca

e paulista, dúvidas e inquietações que começaríamos a enfrentar a partir daquele momento. Concorrer com Sidney, Milão, Pequim, Berlim, Manchester e Istambul para sediar a Olimpíada de 2000 era um projeto complexo, profissionalizado e dispendioso, que iria exigir muito mais que abnegação”, conta Paulo Octávio. Para isso, o comitê decidiu começar a estratégia internacional. Cuba foi o primeiro país a apoiar a candidatura brasiliense. Na sequência, as três Américas e o Caribe. A ideia era distribuir as competições pelas regiões administrativas. Em Taguatinga teriam os jogos de futebol; no Gama, Tênis de Mesa; em Sobradinho, Badminton, e por aí vai. De acordo com o projeto, se isso acontecesse, Brasília só teria ganhos. Taguatinga ganharia um estádio de futebol ampliado e moderno para 30 mil pessoas. No Guará, o Estádio do Cave seria ampliado e o Ginásio do Gama receberia dez mil pessoas. Já no Cruzeiro, o Ginásio da Aruc teria uma capacidade de sete mil espectadores. Essas são apenas algumas das propostas benéficas para a cidade que estavam detalhadas no planejamento. Niemeyer acompanhou o processo de perto. Ele era o responsável por desenhar mais uma obra de arte para a cidade, a Vila Olímpica. De imediato, pediu três meses para concluir o projeto. “Ele estava empolgado com a possibilidade de contribuir com uma obra definitiva integrada ao meio ambiente”, lembra o empresário. As Vilas Olímpica e de Mídia seriam construídas no Setor Noroeste, em um espaço de 1,5 milhão de metros quadrados. A Olímpica ocuparia 470 mil metros quadraGPSBrasília « 65

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Com José Mário Tranquilini, judoca medalhista nos Jogos Panamericanos de 1995 O príncipe Albert de Mônaco, o então presidente da Confederação Nacional de Vôlei, Carlos Arthur Nuzman, o ex-jogador Bernard Rajzman e PO

dos de construção e a de Mídia, outros 440 mil, para hospedar nove mil jornalistas de todo o mundo. “A Olímpiada não será um corpo estranho no projeto urbanístico da cidade”, disse o arquiteto à equipe. Ao lado dele, também estavam Ruy Ohtake e Lúcio Costa. Três meses depois o projeto foi entregue. Após um árduo trabalho, a candidatura foi homologada. A logomarca foi criada. Os traços da Catedral em verde, com os arcos-símbolo dos Jogos Olímpicos acima e o escrito “Brasília-2000”. A ideia era celebrar os 500 anos do Brasil com o grande evento na Capital da República. Tudo estava indo muito bem. O então presidente da FIFA e membro destacado do Comitê Olímpico Internacional, João Havelange, visitou a Capital Federal. Ciceroneado por Paulo Octávio e sua comissão, Havelange foi levado a Taguatinga, confirmou as boas chances do Brasil na disputa e declarou apoio total. Daí para frente, o próximo passo era encontrar um apoiador de peso internacional. O escolhido foi o presidente francês daquela época, François Mitterrand. O país teria dois votos e seria um importante aliado. Ele apoiou a candidatura, sem titubear. O que ninguém esperava era que o sonho seria interrompido pelo impeachment do presidente Fernando Collor. A ebulição política provocou danos à estabilidade do projeto. Mesmo assim, Paulo Octávio não esmoreceu. “Eu tinha esperanças de que isso não atrapalharia o nosso trabalho”, conta. Infelizmente, a esperança do empresário não mudou o rumo da situação. Com a troca de Collor por Itamar Fran-

Fidel Castro confirma o apoio de Cuba ao projeto, durante encontro com Anna Christina Kubitschek e Paulo Octávio

co, o projeto perdeu forças. Nomes importantes que estavam compondo a comissão saíram. Patrocinadores retrocederam e lá ficou Paulo Octávio. Só, porém, ainda otimista. Decidiu passar o comando da comissão para Márcia Kubitschek, que pouco tempo depois, retirou a candidatura brasiliense da disputa. Falou-se que o Comitê Olímpico Internacional (COI) havia avaliado a cidade sem estrutura para receber os jogos e as condições econômicas e políticas da época não seriam favoráveis. A competição dos anos 2000 acabou sendo realizada em Sidney, na Austrália. Para Paulo Octávio, a candidatura de Brasília foi uma precursora na realização dos jogos este ano no Rio. A luta da época ficou registrada em um livro desenvolvido pelo empresário, chamado Brasília Olímpica, o Sonho não Acabou, lançado em 2000. “Não era para ser. Fico muito feliz com o trabalho do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Contribuí com todos os meus arquivos para que o Rio de Janeiro conseguisse essa candidatura e sei que essa foi uma semente plantada lá atrás”, finaliza Octávio.

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ÁGUA

O LAGO É O CAMPO USUALMENTE PRATICADO EM PISCINAS, O POLO AQUÁTICO GANHA EXPRESSIVIDADE EM LAGOS E MARES. APÓS CONQUISTAR CAMPEONATO, EQUIPE DE BRASÍLIA PRETENDE TRAZER O TORNEIO PARA A CAPITAL E DINAMIZAR O LAGO PARANOÁ POR LARISSA DUARTE

Equipe campeã do primeiro Torneio Water Polo Caixa D'Aço

A

gilidade, fôlego e preparo físico. Ser atleta de esportes aquáticos não é moleza. Na lista das modalidades mais exaustivas, o polo aquático se destaca. Integrado por atletas empenhados e com aptidão, os times do Minas Brasília Tênis Clube e Iate Clube de Brasília juntaram alguns de seus jogadores para representar a Capital Federal no primeiro Torneio Water Polo Caixa D’Aço. Realizado em Santa Catarina, no município de Porto Belo, o campeonato contou com 150 atletas, com nove times masculinos de seis unidades da federação, além de

duas equipes femininas. "O torneio uniu um lugar maravilhoso e os atletas de todos os cantos do País, que puderam desfrutar do esporte e do mar", conta a organziadora e atleta, Ana Moraes. O time voltou para casa com a medalha de ouro. São Paulo e Curitiba ficaram em segunda e terceira colocação, respectivamente. "Jogamos muito bem e merecemos a medalha de ouro, surpreendendo o favoritismo dos paulistas", afirma Gilberto Mendes, atleta do Iate Clube. Apesar de treinarem ao menos três vezes por semana nas piscinas dos clubes, os atletas reservam um dia para jogar no Lago Paranoá. Faça chuva ou faça sol, lá estão eles. Para o advogado e membro do time campeão Walter Moura, de 36 anos, os treinos no Lago são cruciais para um bom desempenho em alto mar. “Treinamos muito para competir e fazer com que as águas movimentadas não causassem estranheza”, conta. Com quase vinte anos de esporte, ele também participou do Campeonato Espanhol de Polo Aquático, em 2013, no qual seu time saiu vice-campeão. Mesmo que não haja mudanças nas regras ou delimitações das medidas do campo, a adaptação do polo aquático para lagoas, mar e lagos possui alguns fatores dificultosos. Como estes locais são suscetíveis ao vento, a assimetria do campo e a movimentação das águas tornam-se empecilhos. “Quando arremessamos a bola, qualquer onda faz a diferença na jogada, mesmo que seja uma suave”, explica Moura.

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Pelo mesmo motivo, como os jogadores não encostam os pés no chão, a prática em mar aberto exige mais equilíbrio e força nos braços e pernas. “É um dos esportes mais exaustivos e essas condições dificultam”. Porém, no final das contas, Moura confessa que não há grandes prejuízos: “Unir a natureza e o esporte é um prazer. Sempre vale a pena. Ainda mais quando o esforço garante o primeiro lugar no pódio”. Representando todos os times de polo aquático da cidade, o desejo fervoroso da equipe vencedora é realizar um grande campeonato da modalidade no Lago Paranoá no próximo ano. “A boa organização da competição catarinense nos inspirou a realizar um projeto semelhante em Brasília”, conta. O atleta acredita que o Lago pode ser bem melhor utilizado se houver mobilização. “Quando unirmos recursos, conseguiremos facilmente trazer outras atividades aquáticas. Queremos montar um campo fixo dentro da água para que possa ser utilizado por qualquer pessoa e incentivar o esporte”. A comunidade brasiliense agradece. E promete marcar presença na torcida.

CURIOSIDADE Uma corrente de historiadores afirma que quando o esporte surgiu, em meados do século 19, era praticado em lagos e rios britânicos, com atletas posicionados em cima de barris flutuantes. Daí teria surgido o nome em referência ao polo equestre, modalidade na qual que os jo-

gadores ficam montados em cavalos. Com o passar do tempo e a aplicação de regras rígidas, o polo aquático passou a ser praticado em piscinas. No ano 1900, em Paris, entrou para as Olimpíadas como o primeiro esporte coletivo dos jogos. A primeira partida da modalidade noticiada no Brasil aconteceu em 1908, na praia de Santa Luzia, no Rio de Janeiro. Na Liga Mundial da FINA (Federação Internacional de Natação) em 2015, a equipe brasileira masculina conquistou a inédita medalha bronze. Já nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, deu prata. Os resultados só aumentaram as expectativas para as Olimpíadas deste ano. Em outras palavras, bons ares podem vir por aí. Serviço Minas Tênis Clube Setor de Clubes Norte, Trecho 3, Conjunto 6 www.minasbrasilia.com.br Iate Clube de Brasília Setor de Clubes Esportivos Norte, Trecho 2, Conjunto 4 www.iateclubedebrasilia.com.br

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AUTOMOBILISMO

NA HOLANDA, O BRASILIENSE PEDRO PIQUET MERGULHA NA FIA F3 EURO. ALÉM DA AUTOTRAC, EMPRESA DA FAMÍLIA QUE O ACOMPANHA, PETROBRAS E MERCEDES-BENZ ENTRAM EM CENA E INVESTEM NO PILOTO COMO A PRÓXIMA PROMESSA DO AUTOMOBILISMO. A FÓRMULA 1? EM 2019 POR RAQUEL JONES

FOI DADA A LARGADA 72 « GPSBrasília

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O

lhos atentos. Mãos firmes sobre o volante. Nos instantes que precedem uma corrida de automobilismo, é preciso ter a mente focada, o corpo totalmente adaptado ao motor e apego aos detalhes que fazem a diferença. Ser veloz é também ter maturidade, atenção e concentração ao passo que a força física é fator determinante. São tantos elementos exigidos do corpo e da mente para conseguir dominar o carro e vencer as pistas que só mesmo quem tem traços de campeão consegue se estabelecer. Para um jovem de 17 anos, reunir todos esses requisitos em segundos decisivos não é tarefa fácil, mas Pedro Estácio Piquet parece familiarizado com as artimanhas que surgem numa disputa. Filho do tricampeão de Fórmula 1 Nelson Piquet, ainda criança começou a correr de kart nas pistas de todo o Brasil, estimulado pelo pai e incentivado pelo irmão Nelsinho, à época um jovem em ascensão e atualmente correndo na Fórmula E, em que foi campeão, e no Mundial de Endurance. A família sempre o deixou à vontade. O automobilismo nunca foi uma imposição. Mas não havia jeito. Estava no sangue. Era uma paixão. Tão logo identificou o talento do filho, Nelson se dedicou aos ensinamentos do ofício. Para a mãe, Vivianne, ficou a missão de prepará-lo para a árdua rotina. Ser piloto é conviver com regras e privações. Tal qual qualquer atleta. E como o sonho era alto, não havia meio termo. Mas Pedro sempre soube o que quis. As pistas corriam em suas veias. À medida que trocava a infância pela adolescência, Pedro conciliava os estudos com as corridas fora de Brasília, que eram frequentes. Em oito anos, participou de inúmeros campeonatos. Já nessa época, patrocinado pela Autotrac, ele contava com uma equipe formada e também um caminhão que o acompanhava Brasil afora. Os treinos eram diários, no autódromo de Brasília e nos kartódromos espalhados pelo País.

A JORNADA Em 2013, aos 15 anos, teve duas vitórias na etapa italiana do Fia Academy de Kart, em Ortona, na Itália, o principal campeonato mundial da categoria base do automobilismo. A chegada na F3 Brasil ocorreu em 2014, quando foi campeão por antecipação, com 11 vitórias em 16 corridas. O mesmo feito ocorreu em 2015, ao conquistar o bicampeonato, com oito vitórias em dez provas. No mesmo ano, fez uma experiência na Porsche GT3 Cup, em Interlagos, como corrida preliminar do GP Brasil de Fórmula 1. Na primeira vez, fez a pole e venceu a prova. Tal campeonato é inspirado nos que acontecem no exterior, mas com filosofia brasileira: todos os carros participantes estão sob cuidados de um única equipe. Em uma das corridas da Porsche GT3 Brasil, em Goiânia, ano passado, Pedro sofreu um acidente assustador que chocou o País. Antes da curva, seu carro foi tocado pelo carro de Ricardo Baptista. O automóvel catapultou-se e girou nove vezes no ar. Seu maior temor, no entanto, foi com a mão esquerda que ficou para fora do carro . Felizmente saiu ileso. E creditou à Nossa Senhora, de quem é devoto, a sua vida. Mas não pense que Pedro se intimidou. Não demorou um mês e lá estava ele de volta à função, preparando-se para a Fórmula 3 Europeia. “Na segunda curva, quando recebi o toque, eu já sabia que iria capotar e tentei ficar o mais quieto possível no carro, mas depois das duas viradas eu apaguei e não lembro de nada. Só fui acordar na ambulância. Acho que não foi culpa minha, nem dele. Foi um toque de corrida, ali era a curva mais rápida do circuito. Na hora da capotagem eu deveria ter segurado as mãos no cinto, mas eu fiquei com ela no volante e meu corpo ficou solto dentro do carro com os braços para cima. Foi quando o carro torceu, abriu uma fenda na janela e minha mão ficou para fora. Tive muita sorte”, relembra. O currículo e a performance de Pedro fazem jus à expectativa de quem o acompanha para o título de campeão nesta nova fase na carreira: a internacional. Tão logo finalizou os estudos em Brasília, mudou-se para Amsterdã, na Holanda, há poucos meses. Antes, porém, passou cinco semanas na Nova Zelândia. “Acumulei quilometragem e é uma maneira de não ficar parado dois ou três meses sem acelerar um carro de corrida. E isso me ajudou muito a entrar no ritmo de competição, na rotina de classificação e corridas”, explica.

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RETRANCA

Na Porsche GT3 Brasil, Pedro fez pole na primeira disputa e venceu a prova

UM GRANDE PASSO O jovem piloto marca sua estreia no FIA F-3 Euro pela equipe holandesa VAR – Van Amersfoort Racing. Serão dez fins de semana de provas, cada um com três corridas, sendo duas a cada sábado e uma a cada domingo. As pistas são por toda a Europa e muitas delas usadas pela Fórmula 1. O ritmo de trabalho será intenso e requer disciplina e pé no chão. “Vou pilotar em lugares novos para mim, o que pode ser mais difícil, comparando com pilotos mais experientes. Mas vamos brigar sempre para andar o máximo possível na frente”, promete Pedro, que vai morar com o engenheiro brasiliense Felipe Vargas, quem o acompanhou durante a F3 Brasil. A sede de vitória e a consciência de que precisa se aperfeiçoar cada vez mais fazem de Pedro um atleta diferente. É um jovem observador, gosta de assistir televisão e ver as performances dos pilotos. Nas horas de lazer, quando está em Brasília, na casa dos pais, no Lago Sul, recebe os amigos ou joga videogame. Hoje, encara de forma tranquila a distância da família e da namorada, comportamento natural de uma geração que já nasceu sem fronteiras. “Não é mais como na época em que meu pai saiu do Brasil. A tecnologia aproximou bastante as pessoas”, pontua.

O pai o acompanha nas disputas. Além do suporte técnico do tricampeão, conselhos valiosos de quem ajudou a projetar o Brasil para a Fórmula 1. Em Brasília, Pedro cresceu, em meio a histórias memoráveis da F1. Trofeus espalhados pela sala, além do carro usado por Nelson, o Williams de 1987 que ganhou o tricampeonato, que decora uma das paredes da casa. Sem contar a garagem e a oficina mecânica, que o ex-piloto tem nas dependências da vila onde reside a família, com dezenas de carros antigos. O desafio de Pedro agora é se acomodar diante de novos competidores e formatos. “Acho que o tempo de pista competindo na Nova Zelândia vai me ajudar na Europa. Foi importante a experiência. Ir para pista apenas para teste é bastante diferente da realidade de disputar, apesar de o carro ser mais lento que o da F3 em todos os aspectos”, diz. Na bagagem para a Holanda, Pedro levou patrocínios importantes de empresas brasileiras que dão suporte numa carreira que envolve riscos e investimentos altíssimos. Mercedes-Benz e Petrobras se somam a Autotrac – empresa da família, especializada em tecnologias aplicadas ao monitoramento e rastreamento de frotas. Os símbolos dessas grandes marcas estampam o macacão branco e azul do piloto, o carro e o capacete. “É uma enorme responsabilidade. Mas estou preparado. A ideia na F3 é fazer um ano para adaptação: aprender as pistas, entender o carro. E no segundo ano vou brigar pelo título”, define. Piquet é um dos primeiros pilotos a ser patrocinado pela Petrobras. A empresa desenvolveu um programa inédito de incentivo a jovens talentos do automobilismo que atuam na Europa. Essa também será a primeira vez em nove anos que a equipe de Pedro vai usar um motor Mercedes-Benz, após oito anos com o motor Volkswagen, cujo presidente da equipe é o ex-piloto Niki Lauda, juntamente com outro ex-piloto de corridas, Totó Wolff. Com a carreira estrategicamente planejada para haver o mínimo de imprevistos, além dos que já ocorrem ao longo da temporada, em 2018 o garoto entra para a GP2, que é o campeonato preparatório para a Fórmula 1, na Europa e no Oriente Médio. Na sequência, a sonhada Fórmula 1. “Acho que mostrei um bom trabalho no Brasil e farei o melhor na Europa. Quero seguir em busca do meu sonho”. Se o sobrenome pesa na hora da disputa, Pedro é enfático: “No momento da corrida não faz diferença. Todos estão lá para competir. Sobrenome não ganha posição na pista”, finaliza Pedro, marcando seu território. O que leva a concluir que filho de piloto, super piloto é.

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SAÚDE

A FÓRMULA DA VIDA MÉDICO E ATLETA DE PONTA, LEANDRO VAZ PROPAGA O CONCEITO DE QUE DIETA E EXERCÍCIO SÃO HÁBITOS ETERNOS. A VASTA EXPERIÊNCIA ALCANÇADA COM ESTUDOS E PESQUISAS LHE CONFERIU O NOVO DESAFIO: DEIXAR O PILOTO DE FORMULA I FELIPE NASR COM CORPO E MENTE SÃOS POR ANDRESSA FURTADO « FOTO SÉRGIO LIMA

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E

le é um atleta nato. Desde criança pratica atividade física. O esporte sempre foi uma de suas grandes paixões. Futebol, vôlei, basquete, artes marciais, skate, patins... Não importava. Ele queria mesmo era se movimentar. Atrelado a essa paixão, ele cresceu entre microscópios, recipientes de vidro e pesquisas do laboratório da mãe. O nome dele é Leandro Vaz, figura conhecida em Brasília devido a sua fascinação pelo triathlon e por seu trabalho como médico nutrólogo. Casado com Patrícia Justino, é pai de dois meninos, Matteo e Enrico, seus xodós. Atualmente, divide seu tempo entre treinos, família, consultas e vida social, uma vez que é bastante solicitado por amigos e clientes. Diariamente, antes da jornada profissional, dedica de 1h a 2h para a prática de corrida, bicicleta e musculação. Isso acontece logo cedo, por volta de 5h30 da manhã, pois seus pacientes começam a chegar à clínica entre 8h e 9h. Não é preciso dizer que a disposição surge com o nascer do sol. Esteja onde estiver, Leandro está sempre em trânsito mundo afora… Viajar, um de seus prazeres. Na bagagem são sete Ironman – modalidade de triathlon de longas distâncias, compreendendo aproximadamente 3,8 quilômetros de natação, 180 quilômetros de ciclismo e 42,195 quilômetros de corrida –; 20 meio Ironman; 15 maratonas e quatro ultramaratonas. “Tenho alguns troféus, inclusive um de primeiro lugar que ganhei na Jungle Marathon, uma corrida que acontece no meio da Floresta Amazônica,” compartilha. Na vida profissional, formou-se na Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha. É especialista em Medicina do Esporte, em Nutrologia e pós-graduado em Medicina Ortomolecular e em Medicina Antienvelhecimento pela Universidade da Bélgica. Ainda participa do Programa de Educação Médica Continuada da Universidade de Harvard, em Boston, nas áreas de Obesidade e Genética. Leandro enveredou na área da saúde por causa da sua mãe, Janete Vaz, uma das criadoras do Laboratório Sabin. “Ela sempre foi referência para mim. Além de servir de inspiração para minha área de atuação, é exemplo como empreendedora e mulher batalhadora. Me ensinou a trabalhar duro, respeitar o próximo e ser honesto”, diz, sem titubear. Janete é mesmo exemplo de empreendedorismo. Ao lado da amiga Sandra Costa, criou o Laboratório Sabin do zero, que hoje integra o ranking das melhores empresas para se trabalhar no Brasil. E Leandro herdou a garra e a coragem da matriarca. Hoje, administra sua própria clínica: a Golden Clinic, na Asa Sul, onde é sócio-proprietário. A clínica é focada na medicina preventiva: alimentação,

atividade física, suplementos, hormônios e genética. “Temos exames que medem o metabolismo de repouso, para personalizar a dieta, e mostram a composição corporal, já que ao envelhecer perdemos muita massa muscular e desenvolvemos a sarcopenia – que nos traz muitas dores e perda da qualidade de vida. Temos ainda o teste de esforço cardiopulmonar que avalia a função cardíaca e pulmonar e assim podemos prescrever uma atividade física segura”, explica. Não faz muito tempo, o médico ganhou uma nova e desafiadora missão: tornou-se o responsável por acompanhar o piloto brasiliense de Fórmula 1, Felipe Nasr. “Tem sido uma experiência fantástica. Vou a algumas corridas para ajudá-lo a melhorar sua performance, já que é uma rotina muito desgastante, tanto fisicamente como mentalmente”, conta, orgulhoso. No início da carreira, trabalhou em Barcelona. Atualmente, faz alguns atendimentos na cidade para alguns atletas. No Brasil, só atua em Brasília, por opção. A rotina estressante de aeroporto e trânsito não lhe interessa. É adepto da qualidade de vida. Gosta de ficar em casa, ler livros e artigos científicos e curtir seus filhos e mulher. Para relaxar, opta pelo triathlon. “Fiz vários amigos e aprendi muito como médico, já que são três esportes em um. A prática me ajuda a desestressar, a manter o peso, já que tenho uma rotina social intensa. E, como é ao ar livre, me ajuda a pensar e ter boas ideias para o meu dia”, afirma.

SAÚDE E OS BRASILIENSES De acordo com o médico, os brasilienses estão cada dia mais adeptos à prática de atividades físicas. “A dinâmica da cidade ajuda muito. Não temos semáforos em excesso, nem cruzamentos, o que facilita andar de bicicleta. Temos períodos longos sem chuvas, o que favorece esportes ao ar livre. Percebo que pessoas de todas as idades estão buscando melhorar a qualidade de vida. Querem emagrecer, prevenir doenças. Fazem check-up, vão a médicos e nutricionistas regularmente”, analisa. Leandro segue a linha ortomolecular – baseada na teoria de que as doenças, inclusive as mentais, podem ser curadas pela restauração dos níveis ideais de substâncias, como vitaminas e minerais, presentes no organismo. O médico explica que a maioria das doenças começa com processos inflamatórios e com excessos de radicais livres devido aos grandes erros alimentares e ao estresse. GPSBrasília « 77

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A medicina ortomolecular usa suplementos que dificilmente se ganham no dia a dia com alimentação. “Vejo isso nos exames de sangue. Mesmo com uma dieta saudável, não temos todos os nutrientes que precisamos diariamente. Além dos processos de embalagem e conservação, que acabam com eles”, desvenda. Uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, ano passado, revelou que o índice de brasileiros acima do peso segue em crescimento no País – mais da metade da população está nesta categoria, com 52,5%, dos quais 17,9% são obesos. Sobre o assunto, o médico é enfático: “No ponto de vista cultural e de entretenimento, Brasília não tem muito que fazer. Quando o assunto é encontrar os amigos, sempre envolve comida ou bebida. Isso atrapalha a perda de peso, mesmo cuidando do restante da semana. Minha orientação é diminuir o que mais atrapalha. Cada pessoa tem sua válvula de escape de estresse: doce, bebida, pão e salgados”, orienta Leandro.

“TENHO ALGUNS TROFÉUS, INCLUSIVE UM DE PRIMEIRO LUGAR QUE GANHEI NA JUNGLE MARATHON, UMA CORRIDA QUE ACONTECE NO MEIO DA FLORESTA AMAZÔNICA”

E aos que desejam emagrecer, a receita do médico é simples: mudar os hábitos. Não apenas fazer uma dieta radical para o verão ou ir para esteira e ficar horas ali. Tem que reconfigurar o modo de pensar e agir. Ele reforça: dieta e exercício são posturas para o resto da vida. Sempre dá tempo de começar a transformação para obter a vida longa e com qualidade. E, em Brasília, Leandro certamente tem a fórmula em suas mãos. Serviço Golden Clinic – Centro Clínico de Longevidade Centro Médico Júlio Adnet – SEPS 709/909 Bloco B sala T10, Brasília (DF) (61) 3306-1003 | 3522-9919 www.centrolongevidade.com.br

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ntre halteres, pesos e máquinas. O cenário para entreAos 24 anos, vistar uma musa fitness não concluiu o curso de Educapoderia ser outro se não uma ção Física, pela Universidade Paulisacademia. É como se fosse uma ta (UNIP), e começou a ministrar aulas coletisegunda casa para Renata Costa. vas, como alongamento, jump e running class. Mas sua Aos 31 anos, a brasiliense de corpo paixão sempre foi a musculação. Hoje, atua como personal nas esculpido causa frisson por onde pasacademias Bodytech, Dom Bosco e World Gym. Renatinha, sa. Nas redes sociais são mais de 499 como é chamada, ainda faz atendimentos on-line para oumil seguidores no Instagram e 5,3 mil vitros estados e países, com prescrições de treinos e acomsualizações nos vídeos no Snapchat. panhamento via WhatsApp ou Skype. Foi na academia que Renata encontrou Ela está sempre conectada. Em seus perfis nas recom a equipe da revista GPS|Brasília, endes sociais, compartilha treinos, alimentação, cuidatre um aluno e outro. Seu corpo chama atendos com a beleza e seus looksfitness. Mas o corpo ção. Com 1,60m de altura, ela ostenta a barriga musculoso admirado por muitos ainda é alvo de tanquinho invejável, 32cm de braço, 70cm de críticas. “Existe preconceito. Algumas pessoas cintura, 107cm de quadril e 64cm de coxa. O perdizem que meu físico está exagerado, que não centual de gordura é de apenas 10%. Por trás de um há necessidade. Mas elas têm de entender corpo musculoso, um jeito meigo e extrovertido, com que eu trabalho com isso e me sinto bem”. personalidade super feminina, com direito a unhas de Bastante atuante no mundo digital, ela fibra de vidro. sempre reserva um momento do dia para Formada em Educação Física e pós-graduada em perresponder às perguntas que surgem via sonal trainer e fisiologia do exercício, Renata conta que redes sociais. “É muito bacana receo sonho de trabalhar na área surgiu ainda na adolescência. ber esse carinho. Muitos expressam “Desde meus 15 anos tive vontade de fazer Educação Física. um ‘Você me inspira’, ‘Você está Comprava as fitas VHS da Adriane Galisteu e praticava os exermudando minha vida’. Isso tudo cícios no meu quarto. Foi quando minha mãe me matriculou em dá mais força para passar por uma academia. Eu gostava tanto que fui trabalhar na recepção para viver nesse mundo”, lembra. cima de críticas”, acredita.

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O LIFESTYLE DE ATLETA FISICULTURISTA LHE TRANSFORMOU NUMA INFLUENCER DAS REDES SOCIAIS. A PREPARADORA FÍSICA RENATA COSTA UNE MODA, ALIMENTAÇÃO E TREINO PARA MOSTRAR QUE PARA TER O DOMÍNIO DO CORPO BASTA QUERER POR MARINA MACÊDO « FOTOS RAPHAEL SOUZA

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RETRANCA

LIGADA NO 220 Sua rotina é intensa. Quando o relógio marca 5h da manhã, é hora de levantar. Renata toma seu desjejum – vitamina com whey protein e crepioca [uma receita saudável de ovos com goma de tapioca] – e vai para academia, onde dá aulas das 6h até às 10h. Em seguida, faz seu treino e segue para a sua loja, a Fit. Boutique & Gourmet, na 108 Sul, de moda e gastronomia fitness. Por lá, ela passa a tarde. À noite, retorna para a academia para mais aulas. O expediente termina só por volta das 21h, quando volta para casa, vai jantar e preparar as comidas do dia seguinte. “Não peco na alimentação”, garante Renata, que segue uma dieta com sete refeições diárias, além do pré e pós treino. “Às vezes, faço uma refeição livre na semana. Eu adoro torta de uva com chocolate e massa. E uma bebida alcoólica em ocasiões especiais”, revela. Casada com Rafael, filho da bailarina Norma Lillia Biavaty, Renata confessa que nunca aderiu às sapatilhas. “Não foi por falta de incentivo da minha sogra. Ela sempre me chama para fazer aulas de ballet. Mas nunca fiz. O ballet dá leveza e postura. Um dia vou praticar”, promete. Embaixatriz brasileira da empresa de suplementação norte-americana Hardcore Nutrition, Renata resolveu no ano passado cursar Nutrição. “Minhas alunas sempre me questionavam sobre alimentação e suplementos. Como não posso prescrever, resolvi fazer a faculdade para ser uma profissional mais completa”, ressalta a educadora, que defende que o resultado vem da união de uma dieta equilibrada e a prática de exercícios físicos.

CHALLENGE ACCEPTED Com Instagram criado de 2012, Renata acredita que o número de seguidores aumentou após lançar um desafio, batizado de 15 Dias na Pele de um Atleta, quando trabalhou o corpo como se fosse competir, seguindo uma dieta muito restrita e um treino bem puxado. “Fiz isso para fazer umas fotos, foi quando deu um boom. E também, como treino atletas, queria saber o que elas passam”, conta. Ela chegou a cortar completamente o carboidrato. “Eu sofri um pouco, porque eu tinha que trabalhar, dar aulas, cuidar da minha loja. E é o carboidrato que te dá energia. Um dia antes da foto, fiquei 24 horas sem beber água. Cheguei a ter 7% de gordura”. Na época, Renata já tinha um corpo definido. E, em 15 dias, foi de 65,3kg para 60,9kg. Renata treina atletas e famosas. A modelo fitness Roberta Zúñiga e as ex-panicats Thaís Bianca e Juju Salimeni já tiveram seus treinos acompanhados sob os olhos atentos de Renata. Sua postura e foco lhe renderam um lifestyle específico do segmento que pode cruzar hemisférios. No ano passado, Renata morou por dois meses em Miami, nos Estados Unidos, onde estudou o mercado fitness. “Visitei algumas academias e realizei um curso que me deu um certificado que me torna apta a dar aulas de personal trainer nos EUA”, recorda Renata. Na época, treinava alunos ao ar livre e nas praias de Miami. Além dos treinos, aulas de musculação e da vida empreendedora, Renatinha adianta que pretende passar por mais um desafio de atleta. Mas, dessa vez, a ideia é participar de um concurso de fisiculturismo. “Já sondei alguns em Miami”, conclui Renata, que pretende ganhar o mundo, inspirando seus seguidores a ter o controle do corpo por meio da disciplina e da determinação.

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PUBLIEDITORIAL

ROUPA QUE PROTEGE U m tênis, uma calça cirrê, uma regata de cotton e... voilà. Há muito tempo que o dress code da mulher moderna vem sendo a roupa para se exercitar. E a tendência da prática de atividades ao ar livre fez a marca UV.LINE ser pioneira no desenvolvimento de roupas com proteção contra a radiação ultravioleta (UV). Os raios solares, que normalmente atravessam os tecidos comuns e causam danos à pele, são barrados pelas peças que possuem Fator de Proteção Ultravioleta (FPU) 50+. Dá para sair e aproveitar o sol sem se preocupar.

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OLIMPÍADAS

O TIME BRASIL LIDERADO POR UM EX-MEDALHISTA DO TIME DE VÔLEI, O COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO OFERTARÁ ESTRUTURA DE ALTA PERFORMANCE PARA ACOMODAR A DELEGAÇÃO BRASILEIRA, COM O INTUITO DE CHEGAR ENTRE OS DEZ PAÍSES MEDALHISTAS DOS JOGOS DE 2016 POR ANDRHEA DEPIERI

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io de Janeiro – Durante 17 dias, 306 provas serão disputadas. São 42 modalidades de esportes. Entre eles, o golfe retorna à competição após mais de um século afastado; e o rúgbi, após 92 anos. São 32 locais de competição, espalhados em quatro regiões: Deodoro, Maracanã, Barra da Tijuca e Copacabana. A parte emocionante: 10,5 mil atletas de 206 países distintos concentrados na cidade maravilhosa. Difícil não se emocionar. Desde 2014, 39 eventos-teste foram realizados para que tudo ocorra conforme planejado. No comando temos o RIO 2016, órgão que assina organização e execução dos jogos. Estão à venda 7,5 milhões de ingressos. O objetivo: tornar o Brasil uma potência olímpica.

Apesar das dificuldades enfrentadas, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) prepara uma gigantesca estrutura para os atletas locais, incluindo a manutenção da auto-estima desde já. De pronto, lançou o grupo Time Brasil, que reúne 18 personagens amantes de esporte, cuja missão é incentivar a delegação brasileira. Afroreggae, Ivete Sangalo, Preta Gil, Rodrigo Faro, Otaviano Costa, Toni Garrido, Luciano Huck, Claude Troisgros, Carol Sampaio, Ana Carolina, Bruno Chateaubriand, Fábio Porchat, GabyAmarantos, Grazi Massafera, Luan Santana, Roberta Sudbrack, Rodrigo Lombardi e Thiaguinhoforam os eleitos espontaneamente. Também foi criada uma logomarca. E a música de Jairzinho e Simoninha deu o nome de Ginga para o mascote, uma onça pintada. Os atletas terão vários pontos de encontro: o Centro de Treinamento de Alta Performance, na Urca, com estrutura de hospedagem, alimentação, além de área médica e ciência de esporte; na Barra da Tijuca, dois núcleos semelhantes serão instalados; ainda por lá, a Casa do Time Brasil será o ponto de encontro para celebração das conquistas de medalha. Fala-se que a delegação brasileira jamais foi tão bem recebida em outro solo. E um dos maiores responsáveis por todo este trabalho é o diretor executivo do COB, Marcus

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Vinicius Freire. Ex-atleta olímpico e integrante da seleção medalhista de voleibol brasileira em 1984, ele viveu na juventude toda essa atmosfera e sabe bem as necessidades do esportista durante o evento.

ELE É O CARA O gaúcho de 54 anos, casado, pai de dois filhos e escritor de dois livros foi medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 1984. Jogou na Itália por dois anos, mas 1990 uma cirurgia na coluna o obrigou a abandonar o vôlei pro-

fissional, provocando o seu retorno ao Brasil. Decidido a começar outra etapa, foi para a universidade. Formou-se em Economia e em Educação Física. Especializou-se em Marketing e fez MBA em Seguros. “Me tornei executivo do mercado e aí tudo foi se encaixando”, explica. A volta graduada para o esporte começou cinco anos depois, quando aceitou o convite para ser comentarista da emissora Sportv, que havia acabado de comprar os direitos do campeonato italiano de vôlei. Deu certo. “Fui então para a TV Globo comentar jogos da seleção brasileira”, relembra. Com os Jogos Pan Americanos de 1999, em Winnipeg, Canadá, Marcus estreou como chefe de Missão nos Jogos Pan Americanos. No COB, trabalhou como voluntário nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000; de Atenas, em 2004, e de Pequim, em 2008”. Em 2006, ainda, usando o conhecimento adquirido com os esportes e a teoria oriunda dos estudos, tornou-se sócio de Parreira, Bernardinho e Alexandre Accioly na empresa Giveme 5, que atuava na área de Marketing Esportivo, e, mais tarde, foi vendida para a família Medina, dona do grupo Artplan. Dez anos se passaram desde o retorno para o Brasil até que foi convidado a assumir o então recém-criado cargo que ocupa hoje, e que o coloca à frente de cerca de 190 profissionais. Experiente no feito, ele diz: “Nossa produtividade aumentou e por isso o profissionalismo torna-se cada vez maior”. Marcus tem um sonho para esta Olimpíada. “Quero ficar entre os dez primeiros no quadro de medalhas”. Números curiosos nos Jogos Olímpicos de 2016 • 11 milhões de refeições • 25 mil bolas de tênis • 8.400 petecas • 315 cavalos • 60 mil cabides • 100 mil cadeiras • 72 mil mesas • 32 mil camas. • 45 mil voluntários • 85 mil terceirizados • 6.500 funcionários

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NOITE

A RP MAIS BADALADA DO RIO DE JANEIRO, CHACOALHA A CIDADE CARIOCA À FRENTE DOS MAIORES EVENTOS. NAS OLIMPÍADAS, CARREGARÁ A TOCHA OLÍMPICA E INTEGRARÁ NO COB O TIME DE PADRINHOS DO BRASIL POR ANDRHEA DEPIERI

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io de Janeiro – Já ouviu falar de Carol Sampaio? Se curte um bom evento e gosta de estar onde os trendies estão, deveria saber de quem se trata. Até porque receber um convite com a sua assinatura tem o seu valor. E integrar o maling very important people? Um prêmio, praticamente. Ela é carioca típica. Desprendida, ágil, interessante, perspicaz. E gata. Há 18 anos recebeu o pedido de ajuda da prima, que faria a inauguração de uma loja e precisava de um auxílio no convite às pessoas bacanas. Carol, filha de Marli, restauranteur, topou, uma vez que conhecia muita gente que frequentava os estabelecimentos da mãe. Não é preciso dizer que deu super certo. Tanto que veio em seguida a solicitação formal para lançar a cerveja Nova Skin, no Hotel Unique, em São Paulo. Mesmo surpresa com a demanda, ela topou. E pegou mais um, mais outro… Não tardou e lá estava Carol, organizando o Baile do Copacabana, os camarotes da Marquês de Sapucaí. “Eu nunca mais parei. Não deu tempo nem de pensar”, diz, explicando que sua função é organizar, convidar, coordenar e receber os convidados de festas especiais da noite do Rio de Janeiro. De Rock in Rio a Copa do Mundo. Em sua companhia estão artistas, atletas, empresários. Ela é unanimidade. Tanto que seu aniversário anualmente é um colosso. Celebrado sempre em março, no Copacabana Palace, ela reúne mais de mil convidados nos salões. Este ano, para comemorar 34 anos, foram 13 shows. Um badalo só. De Preta Gil a Elba Ramalho. O feito de que mais se orgulha, ultimamente, é com o Baile da Favorita, uma das mais disputadas noites cariocas, que tornou-se itinerante, desembarcando, inclusive, em Miami.

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Le Ble Noir – Tem o melhor crepe da cidade e seu diferencial é a massa sem glúten. Fica em Copacabana Bar do Lado – Astral bem carioca. Eles servem a melhor caipirinha de frutas vermelhas do Rio

Camelo – Melhor pizza do Rio. A casa serve petiscos deliciosos, como o frango a passarinho.

Aníbal – Você está com saudade da comida da mamãe? Então peça pela carne assada com nhoque

Pomar Orgânico – Os sucos mais incríveis do Rio: coloridos e saudáveis. Tem hambúrguer vegano e carpaccio de pera

Irajá – Excelentes saladas, em especial a Caprese. Prove o bolo de chocolate

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Confeitaria Colombo do Forte de Copacabana – Dia de comer muito no café da manhã. Imbatível

Baile da Favorita – União de diferentes tribos que incorporam o funk e dançam até o sol raiar na Quadra da Escola de Samba Unidos da Rocinha, junto ao Túnel Zuzú Angel

Carnes GGL – Os cortes das carnes do Guiseppe Grill são inconfundíveis. Prato cheio para os amantes de proteína.

Para conduzir tantos projetos, um sócio, Michel Diamante, e oito funcionários. O ritmo é frenético. Dormir tarde, acordar cedo. Malhar duas vezes por dia e alimentar-se bem são prioridades para manter-se de pé, respondendo cerca de 150 e-mails diários, sem falar da conta de celular… por volta de R$ 10 mil mensais. O empenho no ofício que tanto ama lhe rendeu um apartamento em Ipanema com vista para a Praça Nossa Senhora da Paz. “Comprei com meu dinheiro”, diz orgulhosa. Diante desse perfil, Carol não poderia ficar de fora das Olimpíadas, uma vez que integra o conselho da prefeitura do Rio de Janeiro, em que se discute melhorias para várias áreas da cidade. “Sou a única conselheira com menos de 50 anos”, conta. Mas não é só. Flamenguista fanática, inclusive tem tatuagem do clube em seu pulso, foi esportista, e das boas. Jogou futebol e levou o título de campeã brasileira de Jiu-Jitsu. “Eu seria atleta, mas rompi os ligamentos e tive que me aposentar precocemente”. Além de fazer parte do Programa de Padrinhos do Time Brasil – que envolve 20 personalidades, como Luciano Huck, Ivete Sangalo, Roberta Sudbrack, Grazi Massafera, Luan Santana, Rodrigo Faro –, eleitos pelo Comitê Olímpico Brasileiro, ela foi convidada pelo prefeito Eduardo Paes para carregar a Tocha Olímpica. “Ela é animada, carismática”, comenta Marcus Vinicius, diretor do COB.

Mr. Lam – Melhor asiático. Satay de entrada, depois a massa com shitaque. Para finalizar, a curiosa sobremesa chamada Ovo: doce de cocada com recheio de maracujá

RAINHA DO FUNK Sobre sua carreira, ela é determinada. “O que posso dizer…Trabalho com o que mais amo, moro em um lugar incrível, sou dona da minha própria empresa, viajei para os lugares que sonhava em conhecer, tenho saúde, participei da Copa, agora das Olimpíadas. O que mais posso pedir, meu Deus?”, pergunta a católica devota de Nossa Senhora. E ela mesma responde: “Um mês de férias em um sítio. Minha família é de Minas Gerais e eu passava férias, durante a infância. Tenho saudade. Então, pensando bem, talvez este seja um sonho meu. Mas acho que terei que esperar um pouco mais”, admite. E o Baile da Favorita? “Aos 50 anos, quero estar lá, dançando até o chão”, brinca a descobridora de nomes, como Ludmilla e Anitta. E reforça que pretende aos poucos concentrar-se na gestão de seus negócios e menos em baladas. “A vida na noite não é para qualquer pessoa e nem para vida inteira”, admite.

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BLOGAZINE POR MARIA THEREZA LAUDARES mtlaudares@blogazine.com.br

A NOVA FORMA DE VER O RIO DE JANEIRO A EXPRESSÃO DESCOLADA FICOU PEQUENA PARA DESCREVER A CIDADE MARAVILHOSA. VISITAR O RIO, HOJE, É VIVER NOVAS EXPERIÊNCIAS COM UM NOVO OLHAR

O CENTRO DA CIDADE Relíquias do século XIX, alguns lugares parecem nos levar de volta ao tempo do Rio Antigo. No Real Gabinete Português de Leitura, além da suntuosa sala de leitura com mais de 400 mil livros antigos, pode-se apreciar a arquitetura em estilo neo-manuelino e suas clarabóias ricas em vitrais. Patrimônio artístico e cultural, a Confeitaria Colombo também se destaca pela enorme claraboia central em vitral, um must-see. Os biscoitos em forma de leque são especialidades da casa vendidos em charmosas latas vintage. Chapéus de todos os modelos expostos em manequins antigos é o atrativo principal da centenária Chapelaria Alberto. Dentro da loja é possível receber explicação sobre cada modelo.

Real Gabinete Português Rua Luís de Camões, 30 www.realgabinete.com.br

Confeitaria Colombo Rua Gonçalves Dias, 32 www.confeitariacolombo.com.br

Chapelaria Alberto Rua Buenos Aires, 73 www.chapelariaalberto.com.br

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LÁ NA GÁVEA

PELAS BANDAS DE IPANEMA A padaria francesa Guerin conta com dois endereços no bairro. Imperdível para degustar um éclair de chocolate ou um croque-monsieur. Vale a pena passar pela Casa Ipanema, a loja conceito das sandálias de praia, que mais parece uma sala de visitas aberta para a rua, um lugar daqueles que a gente chega e fica. Lá também acontecem exposições, cursos, encontros e batepapos. Se recordar é viver, que seja de forma elegante e sofisticada! A papelaria de luxo Ana Be Rose produz álbuns de todos os tamanhos com capa e caixa em couro e gravações em ouro ou prata. E, se na última hora chegar um convite para festa ou casamento, a Powerlook pode ser a sua solução. A badalada boutique online de aluguel de roupas de festa tem seu endereço fixo em Ipanema, com um acervo de mais de 500 peças de marcas como Dior, Versace, e várias nacionais. Guerin padaria e confeitaria de Paris Rua Visconde de Pirajá, 422 e 595.

A cerâmica Luiz Salvador de Itaipava tem seu cantinho na Gávea. As peças, pintadas à mão, de estilo funcional e decorativo, preenchem todos os espaços da loja com muita cor e tradição. Perto do shopping, a sede do Instituto Rio Moda funciona a mil com sua equipe de parceiros, como Farm, Animale, Adidas, Osklen e Lenny, entre outras. Ponte aérea! Direto do Rio, o Instituto Rio Moda traz para Brasília uma programação especial para 2016. Consulte o site para ficar por dentro! Luiz Salvador Shopping da Gávea, 3º piso, loja 315 www.cerâmicaluizsalvador.com.br Instituto Rio Moda www.institutoriomoda.com.br

Casa Ipanema Rua Garcia D’Ávila, 77 – www.sandaliasipanema.com.br Papelaria Ana Be Rose Rua Visconde de Pirajá, 3658, loja 7 – www.anaberose.com.br Powerlook Rua Visconde de Pirajá 550, loja 314 – www.powerlook.com.br

MOMENTOS EXCLUSIVOS

FORA DO HABITUAL! Patrimônio histórico e cultural o Sítio Roberto Burle Marx é um museu a céu aberto. Imagine caminhar em um jardim com 3500 espécies de plantas tropicais e entrar em uma capela do séc. XVII. Tudo está preservado e aberto à visitação na antiga residência do paisagista, a qual ainda conserva as coleções e obras do artista que também era pintor, escultor, ceramista, designer de joias e cristal. Sitio Roberto Burle Marx, 2019 Barra de Guaratiba Agendamento de visitas: (21) 2410-1412 ou pelo e-mail: visitas.srbm@iphan.gov.br

Cozinhas premiadas sempre merecem um momento especial. O restaurante Eleven comandado pelo chef Joachim Koerper, reconhecido pelo guia Michelin, é um templo da gastronomia. Unindo o melhor dos sabores mediterrâneos e tropicais, os pratos encantam pela estética, olfato, cor e, claro, pelo paladar. Aposte nos menus para uma experiência inesquecível. Para dormir e sonhar, o refúgio ideal é o Santa Teresa Hotel. Os quartos enormes são decorados para proporcionar momentos de puro relaxamento. Um oásis na agitada metrópole carioca. Eleven Rua Frei Leandro, 20 – Lagoa Tel. (21) 2266-7591 www.elevenrio.com.br Hotel Santa Teresa MGallery by Sofitel Rua Almirante Alexandrino, 660 www.santa-teresa-hotel.com

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ARQUITETURA

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O ARQUITETO FRANCÊS QUE BUSCA O SIMBOLISMO DE CADA LOCAL ONDE ATUA DIZ QUE NÃO HÁ MAIS RAIZ NO MUNDO. “TUDO É CLONADO” POR PAULA SANTANA 96 « GPSBrasília

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ão Paulo – A aparência sugere austeridade e distância. O enigmático silêncio em seu olhar profundo, buscando respostas para suas certezas, revela a grandiosidade do arquiteto francês, que é capaz de contextualizar retamente uma ideia sem se importar quanto tempo isso leve. Desde que fique claro. Ele não tem preguiça de esclarecer, elucidar. O oposto da impressão primeira. Nouvel nada mais é que uma figura introspectiva, extremamente sensível ao contexto, cuja a criação inicial de sua obra se dá a partir da observação do meio. Da escola contextualista, é de sua fonte que Alexandre Allard bebe ao convocá-lo para levantar a torre do pau-rosa, a Rosewood, dando a continuidade vertical ao complexo Matarazzo, tombado em 1986. Criador de audaciosos cartões-postais mundo afora, como o Instituto do Mundo Árabe e a Fundação Cartier, em Paris; a Torre Agbar, em Barcelona; o prédio 100 Eleventh Avenue, em Nova York; o Louvre, de Abu Dhabi; Copenhague Concert Hall, em Copenhague; ou a Galeria Lafayette de Berlim, seus projetos se transformam em cartões postais. E sua próxima missão seria entre nós. Como foi receber esse projeto? Vim atenuar o contraste. A proposta é continuar com o que já existe. Cidades deveriam ser feitas por sedimentação e mutação. Acho um privilégio explorar a materialidade, manter o simbolismo. Criamos um diálogo com árvores de 15 metros. É possível praticar o contextualismo, sua escola de origem? Vim trabalhar com os costumes brasileiros, enxergar o lado interno e externo. O formidável em São Paulo é o fenômeno da conversão e reversão, uma vez que trabalhamos numa arquitetura existente.

Em 30 anos de carreira, suas obras se transformarão num marco da época? Eu não me interesso pelo futuro, pois só posso agir sobre ele através do presente. O futuro para mim é uma extrema nostalgia. O que sobrará será testemunho. Você diz que não acredita em arquitetura de interiores. Para mim só existe arquitetura e urbanismo. Não há técnicas especializadas. Você se opõe à criações em série? Esse é o ponto de vista americano. É o começo da barbárie. Arquitetos presos a programas de computador, que fazem prédios em série. Isso é uma doença. Os apartamentos atuais estão no nível do prazer de viver? O que pensa sobre a arquitetura do espetáculo? Arquitetura heroica sempre existirá. Mas sem profundidade não tem o meu incentivo. Cada época tem o poder simbólico de uma nova atitude. Se provocar outros contextos urbanos, é positivo. Você é admirador de Oscar Niemeyer? Grande criador. Ele conseguiu criar um simbolismo com economia de meios e materiais. Ele fez um trabalho de escala e Brasilia é uma das provas através do inverso das curvas. Veja a Catedral. São as tensões das construções. Ele cria o encadeamento de coisas simples e evidentes, cujo resultado é muito forte. É universal e acessível a todos. A voluptuosidade das curvas com o vazio traz calma e força. Ele é um Deus.

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AUDACIOSO COMPLEXO HOTELEIRO E RESIDENCIAL FINCA A PEDRA FUNDAMENTAL A MINUTOS DA AVENIDA PAULISTA, COM PROJETO ASSINADO PELO ACLAMADO JEAN NOUVEL E DESIGN DO IRREVERENTE PHILIPPE STARCK POR PAULA SANTANA

A CIDADE MATARAZZO 98 « GPSBrasília

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ão Paulo – “É uma ilha poética diante do caos urbano, abandonada por mais de 30 anos”. Assim, o destemido e quase brasileiro Alexandre Allard, presidente do francês Grupo Allard, define o conhecido Hospital Matarazzo, construção florentina de 27 mil metros quadrados invadidas pela Mata Atlântica, no coração de São Paulo. “Será, inclusive, um minucioso trabalho de restauro”. Inaugurado em 1904, o hospital atendia os imigrantes italianos recém-chegados na capital paulista. Ao longo do século, tornou-se referência em sua área de atuação, assim como na maternidade, em que nasceram 500 mil bebês até 1993.

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ssico euA arquitetura de estilo clá ncia da faropeu revelava a importâ na. “Essa mília para a elite paulista , mas não é uma obra que confronta destrói”, diz Allard. legado Dispostos a reerguer o arquitetudo clã num contexto de mudou-se ra e urbanidade, Allard e debrupara o Brasil, há oito anos, ade Mataçou-se no projeto da Cid to alcança razzo, cujo investimen s próximos R$ 1 bilhão. Ao longo do conservará três anos, o complexo etônicas e as características arquit comercial criará um conglomerado atividade de luxo, um centro de cri arte, moda com estúdios de música, e gastronomia. tour, Nesse cenário, a belle du rig e ab ará a Torre Rosewood, qu 151 quarhotel e residências com sa área de tos, 122 suítes e genero ess. Este entretenimento e welln lácio seis será o primeiro hotel-pa érica Laestrelas do grupo na Am outros, o tina, que assina, dentre

plementando de Paris. ”Estamos im hotel Royal Monceau, é importado, vo treinamento que não uma nova cultura, um no reiros, serdos melhores artesãos, fer e, sim, pensado a partir do Brasil”, explica. ralheiros e marceneiros a ser esta ousadia, Allard, que anunci Para concretizar tamanha que reúne u um corpo de profissionais a “obra da sua vida”, elenco sa. São eles o ís com a excelência france o potencial criativo do Pa arquiteto Jean igner Philippe Stark e o escritório Tryptique, o des to de sua obra. Pritzker 2008 pelo conjun Nouvell, agraciado com o realizado no ior projeto de vanguarda já Juntos, eles erguerão o ma a no enconuma mudança de paradigm País com brasileiros. “Será ia que talvez strução”. Allard confidenc tro da natureza com a con se viu apaixoa conclusão, uma vez que jamais volte à França após ouros artístidetém talentos criativos, tes nado pelo País. “O Brasil insaciável de crescer”. cos inesgotáveis, uma sede

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VIVA O SEU MELHOR MOMENTO, EM CASA

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ouco mais de três décadas e uma história sólida se formatou no segmento de construção e incorporação. Fundada em 1982, a construtora Emplavi tem dezenas de milhares de imóveis comercializados e entregues rigorosamente no prazo. Fundamentada na ética, na gestão de qualidade e no compromisso com o cliente, a empresa investe no Setor Noroeste. Com projeto de arquitetura de Suelene de Paula Wanderley, um imenso jardim se levanta em quatro prédios que mudarão o cenário do bairro. Espaço para uma grande família ou para jovens casais. O que importa é ter o ambiente acolhedor, a linguagem contemporânea e que, sobretudo, seja um espaço de relaxamento e lazer. O Parque das Orquídeas, na SQNW 102, fica bem ao lado do Parque Ecológico Burle Marx, possui apartamentos vazados com 4 suítes, 4 vagas na garagem, halls privativos e metragem entre 195 a 221m². No Jardins dos Ipês, na superquadra 104, há apartamentos vazados de 4 suítes com até 4 vagas na garagem. Todas as unidades são vazadas e variam de 162 a 184m². Em ambos, coberturas privativas de 323m² a 441m². Há ainda dois outros belos jardins na superquadra 106. O Jardim dos Hibiscos, com plantas entre 76 e 89m², com duas vagas na garagem, e coberturas privativas de 166 a 189m² com até 4 vagas e lazer completo na cobertura coletiva. E ainda o Jardim dos Flamboyants, com apartamentos de 3 suítes, com plantas de 125 a 149m² e no mínimo 2 vagas na garagem, além de cobertura privativas com 4 vagas e metragem entre 258 a 299m².

Serviço Emplavi Central de Vendas Noroeste – SQNW 102 www.emplavi.com.br 61 3345-9400

Fotos: Sérgio Lima

A ADVOGADA JULIANA MARQUES ATUA EM CASA E PREZA POR UM ESCRITÓRIO CONFORTÁVEL. NAS HORAS VAGAS, ELA INVESTE EM SUA MÍDIA DIGITAL @JMARQUESS

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RETRANCA

UMA BOA BALADA VEM AÍ. AINDA MAIS SE FOR PRODUZIDA PELA MANIFESTO EXPERIENCE LAB. NA MODERNA SALA DE ESTAR, RAFAELA AMARAL FAZ UM ESQUENTA COM OS AMIGOS EMPRESÁRIOS JULIANA CUNHA CAMPOS, FERNANDO MUJICA E PEDRO NÓBREGA 106 « GPSBrasília

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PUBLIEDITORIAL

CAROL TAURISANO E PRISCILA GONÇALVES NA BELA SUÍTE MASTER, PREPARAM-SE PARA UMA NOITE DIVERTIDA COM AS AMIGAS. A OCASIÃO PEDE UMA SUPERPRODUÇÃO COM LOOKS TRENDIES. ELAS VESTEM US2 STORE

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MAYLA CAVALCANTI DE ARAUJO PREPARA O DELICIOSO BOLO DA IVONE NA AMPLA COZINHA DO APARTAMENTO DE QUATRO SUÍTES Beleza Lidiana Queiroz

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CONSTRUÇÃO

CONHEÇA ALEXANDRE MATIAS, O EMPREENDEDOR QUE APROVEITOU O BOOM DA CONSTRUÇÃO CIVIL, ANTEVENDO A SUA RECESSÃO POUCOS ANOS DEPOIS. O FEITO O ISENTOU DA ATUAL CRISE E LHE RENDEU O POSTO DE UMA DAS DEZ MELHORES CONSTRUTORAS DE BRASÍLIA EM APENAS UMA DÉCADA POR FERNANDA TAVARES « FOTOS SÉRGIO LIMA

UM CAMINHO DE SUCESSO 112 « GPSBrasília

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sa o que, de certa forma, o motivava cada vez mais. Mesmo assim, sentia que deveria ser desafiado em beneficio próprio. Sua mulher, Carolina, dizia que ele deveria sair da zona de conforto, porque sabia do que sua mente ágil era capaz. Chegava a hora de caminhar com suas próprias pernas. Brasília vivia a época de euforia no mercado imobiliário. O crescimento era crescente em todas as regiões administrativas. Sudoeste e, logo depois, Águas Claras abriam espaço para novos investimentos. Alexandre analisou todas as possibilidades, moderando ousadia e cautela, mas não por medo e, sim, porque queria realizar as construções com responsabilidade. E ser reconhecido anos na frente como o empreendedor que fez por onde merecer. Projeto em ação, nascia a Cygnus. Também analisava todos os pontos estratégicos do Distrito Federal. Obras com a possibilidade de expansão comercial. Foi assim que levantou um dos primeiros edifícios, em Ceilândia. Quando olhou o terreno de perto ficou encantado. Viu que a construção traria crescimento para a cidade. “Assim que coloquei o pé no local, imaginei que, quando pronta, o empreendimento poderia ajudar os moradores que trabalham no GDF com possível mudança de centro administrativo”, recorda. O terreno de 10 mil m rendeu 36 mil m de área construída. Foi em 2010 que entregou o condomínio de quatro torres com 320 apartamentos. Ao lado do metrô, do comércio local, do clube e com pista duplicada. Outra obra marcante da carreira foi para a Copa do Mundo. Alexandre construiu um hotel conceito no Setor Hoteleiro Norte, em uma área nobre. Quase 300 suítes, 32 salas e uma loja. A obra foi premiada pelo Top de Vendas e Marketing. Chama-se Hotel Athos Bulcão e é um dos destaques da área central da cidade. O local é uma mistura de obra de arte com hospedagem. No hall de entrada é possível ver quadros e esculturas. O destaque é um painel do artista que dá nome ao hotel e que marca o capricho da realização da obra. Fica a um minuto do Eixo Monumental, com todo o conforto necessário para lazer e negócios. Hoje, Alexandre completa 25 anos de atuação no segmento da construção civil e bagagem empresarial digna dos grandes investidores do País. A Cygnus é responsável pela construção de grandes edifícios comerciais no Plano Piloto, como o edifício Golden Office, na 915 norte. Oito torres com salas 100% comerciais. À frente da empresa, construiu 480 mil metros quadrados de edifícios, o que corresponderia a 2

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primeira sala onde começou o próprio negócio tinha 24m2 e ficava em um prédio comercial na 705 Sul. Em um ano e meio, já contava com 500m2 de área de trabalho. Era o começo de uma era de construções de edifícios em Brasília. Não apenas venda, era o pontapé inicial para a consolidação de uma marca de empresa de engenharia. Números que dão a dimensão de que o sonho de ser o próprio chefe estava dando mais do que certo. Após cursar Engenharia Civil e se formar em Administração, o empresário Alexandre Matias carrega no currículo uma história de empreendedorismo. Nascido em Brasília, Alexandre começou aos 19 anos como corretor de imóveis na antiga construtora Encol. Foi lá que adquiriu conhecimento sobre o setor. Cerca de dois anos depois, foi convidado a fazer parte do time de outra construtora conhecida na época, a Antares. Como diretor comercial, conseguiu alavancar a rentabilidade da empre-

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três estádios do tamanho do Mané Garrincha em área construída. Mais de 30 empreendimentos, cerca de 600 andares e 4,5 mil apartamentos concluídos. Sem contar os prédios empresariais com mil salas prontas. Todos têm localização privilegiada com retorno de investimento. O executivo fez bonito nos anos em que o mercado imobiliário brasiliense viveu seu boom. Do final da década de noventa até 2010, fechou negócios que consolidaram seu nome no mercado. Cerca de 15 empreendimentos foram inaugurados no período. E mesmo com a atual dificuldade financeira enfrentada pelo Brasil, Alexandre garante que até 2017 mais oito novos empreendimentos serão lançados. “Em 2010 eu projetava que depois da Copa do Mundo iríamos passar por um forte período de recessão. Então, eu me programei. Montei sede própria e investi para não ser pego de surpresa. Por isso, hoje sinto mais dificuldade na burocracia para conseguir alvará de construção do que aperto no bolso”, garante. O Grupo Cygnus, do ramo de vendas e incorporação imobiliária, conta hoje com mais de 150 funcionários, na sede própria, no Setor Gráfico, e nos canteiros de obras pelo DF. Trabalha baseado no tripé da organização, responsabilidade e criatividade. “Em qualquer obra minha, você não vê nada fora do lugar, nenhum parafuso no chão. Nada de fazer o trabalho duas vezes, porque isso gera custos. O que ensino aos colaboradores: a empresa é de todos nós. Eu estou no comando, mas todos têm responsabilidades e cada um tem a tarefa primordial de manter o zelo em qualquer atividade”, diz, orgulhoso. Esta metodologia rendeu ainda mais crescimento. Alexandre abriu uma filial da empresa em Águas Claras para comemorar a vitória do Prêmio Empresarial Brasília, concedido pela Academia Brasileira de Arte, Cultura e História, pela atuação eficiente e participação ativa no desenvolvimento do país. É também reconhecida como melhor empresa comercial que investe em tecnologia e inovação. Um dos empreendimentos, localizado no final da Asa Norte, conta com circuito interno na fachada e canteiro de obras. “As imagens são veiculadas no site da companhia 24 horas. Ao vivo, os

clientes acompanham o andamento da obra. O cliente tem canal aberto com a nossa empresa e nos ajuda na melhor qualidade do produto final”, explica. Alexandre conta que, desde o começo da Cygnus, priorizou as construções privadas. Em quase dez anos de mercado não realizou nenhuma obra pública e diz que não é seu foco empresarial. “Mais do que canteiros de obras, nossos projetos são de qualidade de vida. Penso na relação de confiança com aqueles que vão materializar o sonho

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Detalhes do Hotel Athos Bulcão

de ter um apartamento ou o espaço comercial longe dos aluguéis exorbitantes praticados no mercado. Eu quero fazer parte da construção do futuro para Brasília”, garante. Ensinamentos que certamente passará para os três filhos, assim como o incentivo que proporciona às inúmeras famílias que dão o primeiro passo da casa própria. Serviço www.grupocygnus.com Telefone: (61) 3298-9999

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NEGÓCIOS

DURANTE A TEMPESTADE, VEM A BONANÇA E

le carrega no olhar a determinação de um líder. Brasiliense, Márcio Lobão preside hoje a empresa que mais vende produtos de capitalização no País, a Brasilcap. O caminho até este disputado lugar no mercado foi traçado pela ousadia de uma liderança que surgiu ainda na adolescência. Filho do jornalista e político Edison Lobão, Márcio poderia ter seguido a carreira do pai, mas sempre foi movido pelos desafios pessoais. A adolescência, entre os pilotis dos blocos residenciais da Asa Sul e as movimentações políticas da Ditadura Militar e das Diretas Já pela Esplanada dos Ministérios, fez do engajamento em prol do País um motivo sólido para encarar uma carreira de sucesso. Nascido em Brasília, foi aqui que deu os primeiros passos no mundo dos negócios. Estudou em escolas públicas e particulares do Distrito Federal, e cursou Economia pela AEUDF. Iniciou o curso de Direito no UniCeub e concluiu na Universidade Cândido Mendes, no Rio. Porém, a especialização em Direito Empresarial na Universidade Estácio de Sá foi o trampolim da mudança do meio jurídico para o empresarial. Começou a vender carros e, em pouco tempo, abriu a própria concessionária de veículos no Plano Piloto. Era bastante jovem, pouco mais de 25 anos. Foi aí que aprendeu sobre seguros. Dominou o assunto. Gostava de vender, acima de tudo, a confiança. Tanta confiança que o trabalho na Capital começou a despertar o interesse de outras empresas pelo País, principalmente o faro para as vendas e os bons números alcançados no próprio negócio. 116 « GPSBrasília

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OPORTUNIDADE NA CRISE ECONÔMICA BRASILEIRA VIRA META E LUCRO RECORDE DO EXECUTIVO BRASILIENSE MÁRCIO LOBÃO, QUE COMANDA UMA DAS EMPRESAS MAIS RENTÁVEIS DO MUNDO E AINDA INVESTE EM CULTURA E MEIO AMBIENTE POR FERNANDA

TAVARES « FOTOS SÉRGIO LIMA

Com a concessionária consolidada, recebeu o convite para integrar o time da seguradora Brasilveículos. A mudança do próprio negócio para a direção e depois superintendência da seguradora foi um grande desafio pessoal e profissional. No começo dos anos 2000, trocou Brasília pelo Rio de Janeiro, onde fica a sede da companhia. A missão, nada fácil, foi o que mais despertou o interesse do executivo. “Quanto maior o desafio, melhor, por isso assumi encarar os riscos que hoje me rendem bons resultados independentemente do medo”, revela. Foram sete anos de trabalho até mais uma proposta: a presidência da Brasilcap. Márcio não titubeou. Assumiu o cargo mais alto da companhia com menos de 40 anos. Foi o executivo mais jovem do Brasil a comandar uma empresa com lucro acima de R$ 1 bilhão. Por isso, viu que ali estava a oportunidade, a ascensão profissional de que sempre correu atrás. Mas sabia que o comando da empresa estava atrelado a grandes responsabilidades e resultados. “Minha ideia inicial foi transformar o produto de capitalização em demanda, e não oferta. O mercado exigia ousadia e quis criar atrativos para as mais variadas classes sociais”, conta.

Em menos de um ano no cargo, Márcio liderou o lançamento do Ourocap Flex. Na época, chamou a atenção de clientes e investidores. O produto permitia ao comprador investir 20% do aporte em um fundo de ações geridos pela corretora do Banco do Brasil. Mas não parou por aí. O executivo queria o controle dos produtos populares. Foram meses de pesquisa até a próxima sacada: aliar a capitalização com descontos na compra de remédios. “Foi aí que nasceu o Ourocap Reserva. Percebemos, a partir de dados consolidados do IBGE, que a maior parte dos brasileiros dedicava quase 50% da renda familiar para a compra de medicamentos. Então, o produto de baixa renda ajudaria este perfil de consumidor a fazer uma poupança forçada e, além disso, gastaria menos dinheiro por mês para a manutenção da saúde. Fizemos parcerias com inúmeros laboratórios e proporcionamos uma grande cobertura de farmácias em todo o País”, revela. Hoje, quase uma década à frente da Brasilcap, sua marca empresarial está registrada. Aos 46 anos, Márcio é conhecido como o líder que cria produtos que agregam valor ao cliente. O motivo é que os números não param de subir mesmo com a crise econômica. Aliás, por falar em crise, Márcio gosta de um gerenciamento de adversidades. “É neste momento que pesquiso os problemas e logo sugiro um produto que possa agregar valor mesmo com o desempenho baixo do País. O forte desempenho da capitalização não pode cair”, acrescenta. Realmente. Em oito anos, o faturamento acumulado do ano pulou de R$ 1,8 bilhão para R$ 6,5 bilhões. O lucro líquido chega a quase R$ 380 milhões. As reservas técnicas saltaram de R$ 2,6 bilhões em 2007 para R$ 12,4 bilhões. Crescimento de quase 600%. Números que impressionam, como o maior prêmio da história do setor – R$ 20 milhões, com o Ourocap 20 anos, produto alusivo ao aniversário de duas décadas da Companhia, comemorado no ano passado.. A gestão do executivo rende ótimas referências. Para se ter uma ideia, durante quatro anos consecutivos a Brasilcap ocupou o 19º lugar no ranking das 100 melhores empresas para se trabalhar no Brasil, de acordo com o conceituado Instituto Great Place to Work, em parceria com a revista Época. Antenado às mudanças climáticas e conscientização ambiental, ele decidiu que o momento era de dar ênfase também na gestão de projetos sustentáveis. A companhia é hoje uma das empresas brasiGPSBrasília « 117

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leiras que mais investem no setor socioambiental, inclusive conta com um programa de implantação de cisternas de água para a população carente em diversos estados do Brasil. Foi a primeira e única do segmento de capitalização a ser signatária dos Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI, sigla em inglês), compromisso da indústria global de seguros com a Organização das Nações Unidas para tratar riscos e oportunidades ambientais, sociais e de governança. Bom para o meio ambiente, bom para a empresa. Os projetos culturais não ficam para trás. Os patrocínios se estendem a produção de livros, exposições, bibliotecas, programas de alfabetização de jovens e adultos. “A referência de vida que tive em Brasília durante a minha infância e juventude me proporcionam a visão de que o mundo dos negócios não se sustenta apenas de margem de lucro. A boa imagem que passamos para o mercado e nossos clientes é que devemos contribuir de alguma forma para o desenvolvimento do país. Então, enquanto eu estiver no comando, é missão institucional e pessoal contribuir para a cultura, para o meio ambiente e para a sociedade”, afirma. A relação do incentivo à cultura também se deve a influencia e conhecimento da mulher. Marcio é casado com Marta Martins Fadel, grande admiradora da cultura e filha de colecionador de arte. O casamento rendeu dois filhos. A família mora no tradicional bairro do Leme, no Rio de Janeiro, ao lado de Copacabana. Lá, Marcio leva a vida com a mulher e as crianças, mas sempre que pode vem a Brasília. O convívio com familiares e amigos daqui é ainda muito forte. “Lá no Rio de Janeiro é o engravatado Márcio e em Brasília consigo relaxar um pouco mais das obrigações do dia a dia e colocar em prática o apelido da adolescência. Por aqui, eu sou o Marcinho”.

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“É NESTE MOMENTO DE DIFICULDADE QUE PESQUISO OS PROBLEMAS E LOGO SUGIRO O PRODUTO QUE POSSA AGREGAR VALOR”

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CARRO

ON THE ROAD POR GUILHERME PILOTTI « ENVIADO ESPECIAL

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ogi Guaçu (SP) – A marca britânica Jaguar trouxe novidades para o Brasil, o Novo Jaguar XF. O modelo chegou com três diferentes versões: Prestige (R$ 264.700), R- Sport (R$ 288.600) e S (R$ 381.100). As opções Prestige e R-Sport são equipadas com motor 2.0 GTDi Turbo, que desenvolve 240 cv de potência, capaz de chegar a 100 km/h em apenas sete segundos. Já a versão S, topo de linha, é equipada com motor 3.0 V6 Supercharged de 380 cv e leva o modelo aos 100 km/h em apenas 5,3 segundos. O Novo XF chegou com uma proposta mais esportiva que a versão anterior. Além disso, o carro ficou 190kg mais leve por conta da estrutura com 75% de alumínio,

sendo o restante feito em aço para equilibrar o conjunto. Nós testamos as três versões em autoestrada e no Autódromo VelloCitá, em Mogi Guaçu (SP). Sobre o Prestigie e o R-Sport não vimos tanta diferença de um para o outro, ainda mais para quem busca um carro para o uso do dia a dia. Já o S, é muito superior aos outros, ideal para quem está atrás de mais conforto, segurança, tecnologia, estética e luxo. O que chamou atenção foi que, na versão topo de linha possui uma novidade muito interessante, é o alerta de mudança de faixa. Se o sistema perceber que o condutor está invadindo a faixa do lado, ele corrige a trajetória de forma imediata. A marca quer ser líder de mercado e considera seus principais concorrentes o trio alemão: BMW Série 5, Audi A6 e a Mercedes-Benz Classe E.

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RETRANCA Um dos destaques da boutique fica por conta do engenhoso candelabro em forma de discos suspensos, anéis e lâmpadas, que remetem ao mecanismo de um relógio

O designer e empresário cria e desenvolve produtos que integram o social e o design, segundo ele, os pilares de qualquer negócio

O Luminor 1950 10 Days GMT Automatic Ceramica tem caixa de 44mm com vidro de cristal safirado antireflexo. O modelo ainda tem reserva de bateria de 10 dias

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iami – Quem reuniria os importantes Angelo Bonati, CEO da relojoaria florentina Panerai; Craig Robins, co-fundador da Design Miami; e a premiada arquiteta espanhola Patricia Urquiola? O consagrado designer industrial, Yves Béhar. Nascido em Lausanne, Béhar é um artista e empreendedor, pioneiro em integrar design e ações sociais e ambientais transformadoras. Com trabalhos integrando coleções permanentes de museus como o MOMA, Nova York, e o Centre Pompidou, Paris, seu nome circula com vigor desde o Fórum Econômico Mundial de Davos ao Clinton Global Iniative. Em Miami, o encontro foi para premiá-lo. Dessa vez, ele recebeu o Design Miami/Design Visionary Award, que celebra indivíduos que tenham contribuído significativamente para o setor, como colecionadores, curadores, arquitetos e personalidades. Para referendar esse momento tão especial para o segmento, a relojoaria criou uma edição especial Luminor 1950 10 Days GMT Automatic Ceramica em sua homenagem. E não foi só isso: em um jantar de gala para seletos, anunciou que apoiará o See Better to Learn Better,

TRIBUTO A BÉHAR O INFLUENTE DESIGNER, ENVOLVIDO EM CAUSAS SOCIAIS QUE FAZEM O MUNDO SUSPIRAR, É CELEBRADO EM MIAMI E GANHA RELÓGIO EDIÇÃO ESPECIAL DESENVOLVIDO PELA FLORENTINA PANERAI POR PAULA SANTANA

projeto do suíço que distribui anualmente 500 mil óculos para crianças em idade escolar no México e na Califórnia. Suas colaborações envolvem parceiros de renome, como Herman Miller, Puma, Issey Miyake, Prada, SodaStream, Samsung, Swarovski, Canal +, British Gas, Nivea. Ao longo dessas duas décadas, Béhar acumulou mais de 300 prêmios. Dentre eles, o Designer do Ano pela Condé Nast; 25 Visionary Top pela revista Time, e foi recentemente nomeado o designer industrial mais influente do mundo pela revista Forbes. Para a Panerai, a circunstância envolvendo arte e design coincidiu com a nova boutique em Palm Court, no Miami Design District. Trata-se da primeira flagship e maior loja da marca nas Américas. O projeto faz parte da parceria com a arquiteta espanhola Patricia Urquiola. Vale a visita.

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PUBLIEDITORIAL

BRASILIENSE DE CORAÇÃO

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ó quem é de Brasília entende o que é morar numa cidade planejada, com ruas sem esquinas, numa atmosfera urbanística repleta de espaço e com ipês colorindo a paisagem, durante seu inverno seco e com sol forte, e, ainda, poder admirar os cobogós das primeiras quadras residências e as pinceladas de Athos Bulcão e Niemayer nos mais diversos cenários. A cidade que comemora 56 anos recebe uma homenagem da Cartão BRB em sua campanha institucional, que tem trilha sonora exclusiva, assinada por Rogério Midlej e traz como protagonista o ator Brasiliense Murilo Rosa. Fugindo do mote político e dos monumentos tu-

rísticos óbvios, a nova campanha foi produzida levando em conta o estilo de vida do brasiliense, com locações que remetem a arquitetura e urbanismo, como a Torre Digital, a Igrejinha da 308 Sul, a Praça Central de Planaltina, o Eixão, a Torre de TV, o Calçadão da Asa Norte, e outros. Nesse vínculo de amor que o brasiliense mantém com a cidade surgem ídolos nacionais, que, mesmo deixando Brasília, sempre à casa tornam para se reabastecerem ao lado da família e amigos. E não só no quesito cultural. Chefes de cozinha têm impressionado, pontuando a Capital em terceiro lugar no quesito polo gastronômico, perdendo apenas para São Paulo e Rio de Janeiro. Tanto que a companhia investe pelo terceiro ano consecutivo para a viabilização de grandes projetos locais, que pertencem ao calendário do Distrito Federal, como os festivais Brasil Sabor e Bar em Bar.

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de levarmos nossa cidade e nossa marca para o mundo”, destaca Ralil Salomão, presidente da Cartão BRB.

VISA CULTURAL Estimular a comunidade ao lazer é uma das metas. A bandeira Visa, em parceria com o cartão, o único aceito em toda rede Visa Electron no segmento cultural, oferece dezenas de possibilidades quando o intuito é divertir-se: “Essa é uma excelente alternativa para as empresas oferecerem a seus colaboradores experiências culturais. É perfeito para pagar uma entrada de cinema, teatro, show de música e até mesmo para comprar um instrumento musical. E a empresa ainda pode deduzir até 1% no imposto de renda devido”, complementa Ralil, salientando que o cartão é válido em todo o território nacional.

PROGRAMA DE RELACIONAMENTO INVESTIMENTO E PARCERIA COM O ESPORTE E O LAZER SÃO METAS DO CARTÃO BRB PARA FIDELIZAR AQUELES QUE VIVEM NA CAPITAL. PARA TAL, O ATOR MURILO ROSA ENCABEÇA A NOVA CAMPANHA NA CELEBRAÇÃO DOS 56 ANOS DA AMADA BRASILIA POR PAULA TUBINO

ESPORTE VALORIZADO Por fazer parte dessa história e entender a importância de valorizar e desenvolver ações e eventos de Brasília, a Cartão BRB entra o ano de 2016 marcando mais uma cesta, com o patrocínio ao Time de Basquete UniCeub/Cartão BRB/Brasília, que desde o final do ano passado conta com aporte financeiro da empresa e ações exclusivas para o entretenimento local. O time, composto por verdadeiros vencedores, está treinando e disputando partidas em busca do Campeonato Brasileiro. “Acreditamos na importância do desenvolvimento e valorização do esporte para o crescimento de uma juventude saudável e por isso estamos muito orgulhosos de patrocinar o time de basquete, que já é reconhecido internacionalmente por seus resultados. Essa é uma forma

Agora, o cliente Cartão BRB contará com infinidade de estabelecimentos para o resgate dos seus pontos por produtos por meio da plataforma In Mais, novo parceiro da Companhia, que reúne produtos eletrônicos, de beleza, eletroportáteis, celulares, brinquedos, perfumaria, ingressos para cinema, móveis, decoração… E o melhor: é possível, ainda, trocar os pontos por dinheiro. A Cartão BRB disponibiliza também parceria para resgate de pontos com as principais Companhias Aéreas, Grupo Abril, Vantagens e Cash Back, que é o resgate dos pontos para crédito na fatura, para comprar passagens áreas ou adquirir produtos e serviços, com a facilidade de solicitar o resgate pelo site, Central de Atendimento ou até mesmo pelo celular. São mais de 450 estabelecimentos nos mais diversos segmentos.

MUITOS DESCONTOS Quem é Cliente Cartão BRB já sabe: ao pagar na função crédito é possível usufruir de descontos exclusivos na rede Hélio de Institutos de Beleza, Lojas da HC Pneus, GB Clube de Vinhos, Decolando, Vita Instituto de Estética, Óticas Diniz e muitas outras. Serviço www.cartaobrb.com.br

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Look total Tarcísio Brandão

UMA DEUSA VETERANA NO TEATRO E PREMIADA NO CINEMA, ENFIM O GRANDE PÚBLICO PODE DESFRUTAR DA ENERGIA E DO TALENTO DE MAEVE JINKINGS NA NOVELA GLOBAL. SEM TELEVISÃO EM CASA, ELA DIZ QUE SÓ ATUA QUANDO SE APAIXONA PELO PERSONAGEM POR MARCELLA OLIVEIRA « FOTOS CELSO JUNIOR

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m uma visita recente a Brasília, ela foi almoçar em um restaurante que frequenta assiduamente, o Girassol. Ao entrar no local, causou um verdadeiro alvoroço. Ela brincou: “Gente, vocês são muito bobos. Eu venho aqui há anos”. Essa é a atriz brasiliense Maeve Jinkings, a Domingas da novela global A Regra do Jogo. Aquela era mais uma repercussão nas ruas que seu primeiro papel na TV lhe deu. Atriz experiente, com 15 filmes no currículo, foi só aparecer na telinha que o grande público a descobriu. Aos 39 anos, pode-se dizer que Maeve faz parte da ala de artistas da velha guarda. Quem é cinéfilo e acompanha as produções nacionais está familiarizado com seu rosto. Ela não se fez na televisão, tampouco o formato cresceu com ela. Sua formação vem do teatro e do cinema. A arte de fazer ao vivo ou de imergir por um longo período no universo do personagem faz de Maeve uma atriz de talento extraordinário. Os cabelos cacheados soltos na cabeça revelam uma mulher que adora a liberdade. Em seu estilo, não segue tendências, valoriza o trabalho autoral, acessórios feitos a mão, estampas únicas, vestidos soltos no corpo, de cores vivas. A convite da revista GPS|Brasília, Maeve veio à Capital para um ensaio fotográfico no Cine Brasília. O local tem papel especial em sua vida. O primeiro longa-metragem, Falsa Loura (de Carlos Reichenbach), estreou, durante o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em 2007. Ela também já foi premiada com dois Candangos, um de Melhor atriz, por Amor, Plástico e Barulho, em 2013, e outro de Melhor Atriz de Curta em Estátua, em 2014. “Nada mais emocionante que ser reconhecida em casa”, afirma. Maeve nasceu em Brasília, cresceu em Belém, viveu em São Paulo e hoje mora em Recife. Apesar de ser do mundo e se considerar mutante, é na Capital que se recolhe para período sabático, como gosta de dizer. Entre uma mudança e outra ou o fim de um trabalho, uns dias em Brasília são, para ela, renovadores. Ela é uma típica brasiliense. Filha de um comerciante nordestino que veio tentar a vida na Capital e de uma fotojornalista, nasceu no Hospital de Base e cresceu no Plano Piloto. Mas mudou-se ainda criança. Filha de pais separados, passava as férias com o pai em Brasília, com memória repleta de piqueniques no Parque da Cidade, apresentações da Orquestra Sinfônica, pastel com caldo de cana na Rodoviária do Plano Piloto e muita brincadeira embaixo dos blocos da Asa Sul. “As lembranças mais fortes que eu tenho são de alguma maneira ligadas aos espaços abertos ou à arte”, revela. Foi por aqui também que teve contato com lugares que a ajudaram no desenvolvimento da sua habilidade artística, como a Concha Acústica, o Cine Brasília e o Teatro Nacional.

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“Meu pai me levava a muitos concertos. Em um deles, perguntei porque eu estava chorando se não estava triste. Eu devia ter seis anos. Começava a ser tocada pela arte”, recorda. Não é difícil vê-la circulando pela cidade. O pai mora na 408 Sul, além das duas irmãs, Isadora, que mora na 212 Sul, e Nina, que vive na 203 Norte. Circular por Brasília ainda faz parte da sua vida, mesmo que tenha escolhido Recife como morada, ano passado, por conta da potência do cinema pernambucano. “Amo a arquitetura de Brasília, sou apaixonada pelo projeto de Lúcio Costa. Quando vivia aqui, não me dava conta do privilégio que é a liberdade de ir e ir. Brasília tem um espaço urbano que me abraça e não me hostiliza”, confessa.

FORMAÇÃO A formação artística de Maeve se iniciou cedo, lendo romances em casa, ao lado da irmã. Aos dez anos, nascia a plantinha do desejo de ser atriz. Em uma aula de Matemática, em Belém, o professor dividiu a turma em grupos para narrar os contos do livro O Homem que Calculava, do Malba Tahan. No grupo de Maeve, ninguém queria decorar o texto do narrador. Sobrou para a menininha de cabelos encaracolados. “Eu sou péssima em Matemática até hoje, mas nunca esqueci essa experiência”, lembra. O tempo passou e a vontade de atuar ficou guardada. Somente em conversas íntimas revelava o sentimento oculto. Acompanhava o cenário artístico de Belém, marcado pela rica cultura popular. “Minha mãe percebeu meu interesse, chegou a me levar para conhecer grupos teatrais, mas eu não me conectei. Lembro que coisas na televisão e no cinema me impressionavam mais”. Se encantou pela narrativa das novelas, lembra-se de Roque Santeiro e Pedra Sobre Pedra. E, acompanhada da mãe, assistia aos chamados filmes de arte. “Carlitos, de Charles Chaplin; O Baile, de Ettore Scola; e 2001 Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick, me influenciaram muito”, recorda. Com a vontade de ser atriz guardada, seguiu outros caminhos. Apaixonada por Biologia, pensou em seguir a área de saúde. Mas após um teste vocacional, ouviu da psicóloga: “Maeve, você não tem dúvida, você tem medo”. Mas acabou cursando Comunicação Social, com habilitação em Publicidade. “Eu acho que foi uma forma de dar mais uma fugidinha da carreira de atriz”. Formada em Publicidade, decidiu seguir seu coração. Chegou em São Paulo em abril de 2000, para imersão no mundo artístico. “Eu tinha demorado tanto para assumir o meu desejo que cheguei com sangue no olho. Eu queria aula todos os dias. Eu queria estudar”, conta a atriz, que estreou no

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teatro paulistano em 2001, com o musical infanto-juvenil Miranda, do diretor Vladimir Capella. A segunda oportunidade veio inesperadamente. De tanto ensaiar uma peça de Mario Bortolotto, na qual o namorado atuava, conhecia as falas. Na falta da atriz principal, em um fim de semana, ela foi escalada. Maeve estudou por quatro anos na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (USP). Enquanto fazia teatro, em 2006, fez um teste para um pequeno papel no filme Falsa Loura, de Carlos Reichenbach. “Foi comovente estrear no cinema na minha cidade natal. Fiquei nervosa, pois o público de Brasília sempre teve a fama de ser muito exigente. No teatro, você se sente mais no controle, pode até ser ilusório. No cinema, estava pronto, não tinha mais o que fazer. Era só esperar a reação do público. Mas foi lindo, o Carlão foi aplaudido em cena aberta”, lembra. Após concluir o curso, foi passar uns dias em Recife. “Fiquei apaixonada pela cena cultural de lá”. Passou a se envolver cada vez mais com a cidade até que passou no teste para o filme O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho. Sucesso de público e crítica, foi o representante do Brasil no Oscar em 2014. Ela era Bia, uma dona de casa estressada que fumava maconha e se masturbava em cima de uma máquina de lavar roupa ligada. “Foi uma difícil personagem, com intensa entrega de corpo, voz e alma”, disse. O longa a projetou nacionalmente na cena artística. “Foi um divisor de águas na minha vida”. A partir daí, vários filmes nacionais, festivais mundo afora, prêmios expressivos.

Vestido Priscila França Colares e pulseiras Abi Project para Ortiga

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NA TELINHA Maeve já tinha recebido alguns convites para participações em telenovelas, mas nada que a fizesse encher os olhos. “Eu preciso me apaixonar pelo personagem”, confessa. O convite para a novela A Regra do Jogo a atraiu por ser da dupla João Emanuel Carneiro e Amora Mautner. E olha que ela não tem televisão em casa. Naquele momento, veio o frio na barriga. Linguagem diferente, equipe gigantesca. Dentre tantos, o único rosto conhecido era do ator brasiliense, Juliano Cazarré. Tinham passado três meses juntos no sertão nordestino, filmando o longa Boi Neon, que estreou enquanto a novela estava no ar – ela foi indicada ao prêmio de melhor atriz. Entretanto, ali, Maeve fez amigos, como os companheiros de cena Carmo Dalla Vecchia e Cris Vianna, além da veterana Cássia Kiss. “Ela me indicou um livro sobre assédio moral que foi fundamental para a Domingas”, contou, em referência à violência doméstica e moral. “Foi por isso que topei fazer”. O papel teve aceitação imensa do público. “Nas ruas, as pessoas estavam ansiosas para ver aquela mulher ser feliz. Eu levava broncas carinhosas, pessoas perguntando porque eu aceitava aquela opressão. Elas davam conselho, queriam me abraçar. Foi impressionante”, relata. O público acolheu Domingas. “Eu sempre me interessei por viver personagens populares, mas somente depois da novela me senti realmente falando com eles”.

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Sobre a comparação entre o cinema, que abrange a classe média para cima, e a televisão, de enorme efeito popular, ela define: “A gente produz muito, mas a distribuição é o maior problema. Não chega ao grande público. Com a novela, eu me senti, de alguma forma, mais generosa”. A novela abriu portas. “Mas ao mesmo tempo eu não quero perder a oportunidade de atuar em trabalhos que fazem sentido para mim. Eu acho que atores são pontes. O personagem é um pretexto para que eu consiga sentir algo junto com o telespectador. É por isso que amo o que faço”, confessa. Enquanto não volta às telinhas, Maeve espera a estreia de dois filmes para este ano, em fase de finalização: Aquarius, de Kleber Mendonça Filho; e Açúcar, de Renata Pinheiro e Sergio Oliveira, ambos produzidos em Pernambuco. “Sobre televisão, existem paqueras acontecendo. Eu já fui sondada para muita coisa, mas nada ainda que tenha me feito brilhar os olhos”, diz. Sobre seu nome tão sonoro, artístico e incomum, ela diz: “sugestão de minha mãe [tirado do romance, Meu filho, meu filho, de Howard Spring] e me causou alguns constrangimentos na infância, mas sempre gostei. Especialmente após descobrir sua origem na mitologia celta. Acredito que nomes são como mensagens secretas enviadas de longe por nossa ancestralidade”. Significa rainha-loba, uma deusa da guerra. Maeve é uma deusa celta e em seu interior existe muita força, muita paixão.

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Beleza Ricardo Maia Produção de moda Marcus Barozzi Produção executiva Karine Moreira Lima

Look total Avanzzo Joias Cristina Pessoa

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CINEMA

CINEMA PARADISO

A TELA TEM MEDIDA DE UMA QUADRA DE TÊNIS E SUA ALTURA CORRESPONDE A UM PRÉDIO DE SEIS ANDARES. TAMANHA PROPORÇÃO ATENDERÁ 1,1 MIL CINÉFILOS POR NOITE EM SESSÕES A CÉU ABERTO À BEIRA LAGO. TRATA-SE DO VIVO OPEN AIR POR SARAH CAMPO DALL'ORTO

B

rasília, quem diria, terá algo em comum com o glamoroso principado de Mônaco, restrito à costa sul da Europa. Adicione a uma mesma equação a experiência de um cinema ao ar livre + tecnologia suíça + curadoria inteligente + paisagem à beira d’água. O resultado é um momento sob as estrelas digno de filme. Assim como o Vivo Open Air, que desembarca na Capital, o Mônaco Open Air Cinema é temporário e funciona entre os meses do verão europeu, de junho a setembro. A versão da Riviera Francesa costuma reunir fãs de cinema e turistas no Rochedo, com vistas para o azul do mar Medi-

O diretor regional da Vivo, Emerson Martins

terrâneo. Já o maior evento de cinema ao ar livre do mundo tem selo Made in Brazil e promete levar brasilienses para a orla do Lago Paranoá, no Pontão do Lago Sul. Após ter reunido mais de 15 mil pessoas na edição de 2013, o Vivo Open Air escolheu a Capital para lançar sua tem-

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Fotos: Divulgacão

porada 2016. Com quinze dias de evento, vinte e uma sessões de cinema e nove shows com nomes de destaque do cenário musical brasileiro, o evento quer repetir o sucesso anterior com várias noites de ingressos esgotados. “O brasiliense é conhecido por ser muito antenado. É viajado e gosta de consumir tudo antes dos outros. Levamos essas características em consideração quando decidimos trazer o evento para cá”, explica o diretor regional da Vivo, Emerson Martins. Com estrutura que impressiona, o projeto conta com uma tela de cinema de 325 metros quadrados – equivalente ao tamanho de uma quadra tênis –, projeção digital e potente sistema de som. Assim como a versão europeia, o Vivo Open Air utiliza tecnologia suíça, que permite que a tela seja içada em poucos minutos, por meio de um sistema hidráulico. Quando levantado, o painel alcança uma altura de um prédio de 6 andares. A cada noite, cerca de 1,1 mil pessoas terão a oportunidade de acompanhar curtas, pré-estreias, clássicos, produções nacionais, filmes europeus e blockbusters. Na programação, há desde animações, como Minions, até o brasileiro indicado ao Oscar, O Menino e o Mundo; o bem sucedido Batman vs Superman: A Origem da Justiça; o premiado A Garota Dinamarquesa e o vencedor do Oscar Spotlight. A sequência Truque de Mestre 2, que tem no elenco nomes como Mark Ruffalo, Daniel Radcliffe, Woody Harrelson, Michael Caine e Jesse Eisenberg, é uma das estreias confirmadas. Dentre as novidades desse ano estão as sessões especiais aos sábados, sempre às 20h e meia-noite. Já as propostas pensadas para o público infantil deverão ocorrer aos domingos, com filmes às 18h e às 20h40. “Queremos proporcionar entretenimento de alto nível aos brasilienses e a todos os clientes Vivo. A grande ideia é resgatar filmes que marcaram época, como Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore, e apresentá-los para as

novas gerações que só tiveram a oportunidade de assistir essas obras no DVD”, aponta Emerson. “A verdade é que a experiência de ver um filme no cinema, e nesse formato ao ar livre, confortavelmente, entre arquibancada e espreguiçadeiras, é especial. Depois de Brasília, o projeto segue para Recife, no segundo semestre”, celebra o diretor. As entradas inteiras serão vendidas ao valor de R$ 50 e as meias a R$ 25. Tudo com direito a pipoca e refrigerante. Os clientes Vivo Valoriza terão benefícios exclusivos. Do lado gastronômico, neste ano o público terá uma Praça de Alimentação com uma seleção de vários food trucks Ándale Tacos e Waffle Brasil, além do restaurante Risotti D'Oro e do Respeitável Burger. Uma agenda de shows nacionais também está sendo pensada para o VOA. O pacote completo de comidinha, cinema e pocket show ganha ares ainda mais exclusivos para os clientes vips. Com serviço diferenciado, mimos e coquetel, o camarote VIP by Vivo Open Air será movimentado por 250 convidados diários e terá mailing fechado. Serviço Vivo Open Air 2016 Brasília: 4 a 22 de maio (sessões de quarta a domingo) Local: Pontão do Lago Sul Programação e compra de ingressos: www.vivo.com.br/openair ou na bilheteria do evento Entradas a R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). Benefícios especiais para clientes Vivo Valoriza

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MÚSICA

A

migos em volta de uma fogueira, vinho barato, cigarros, muitas cervejas e algumas risadas. Alguém pega um violão e puxa uma música. Não é preciso saber muitas notas musicais. Os minutos que contam a saga de João de Santo Cristo começam a ser cantados, todos sabem a letra e conhecem a estória. Quem nunca ouviu e cantou Faroeste Caboclo em uma roda de violão? Em outro cenário, milhares de jovens entoam os versos: «Nas favelas, no Senado... sujeira pra todo lado... Ninguém respeita a Constituição...”. Surge a pergunta: “Que País é Esse?”. Seja em manifestação ou show de rock, provavelmente você vai ouvir uma resposta pronta: “É a p... do Brasil”. Essas cenas pertencem aos anos 1980, mas acontecem hoje, em 2016. É a arte que ultrapassou o tempo. Maria Lúcia, Pablo, João, Eduardo e Mônica já são personagens do folclore brasileiro imersos no imaginário coletivo. Os versos das canções, ambientadas nos cenários de Brasília, ganharam de novo o País. Da formação original, o guitarrista Dado Villa Lobos e o baterista Marcelo Bonfá revivem os tempos em que juntos com o poeta Renato Russo conquistaram o Brasil. Ao lado de uma recente formação, quando eles sobem ao palco é como voltar no tempo. Para muitos, uma época que nunca viveram, mas que sentem hoje as canções atemporais imortalizadas pela banda brasiliense mais famosa de todos os tempos. A Capital do Rock está mais viva do que nunca. E parte da história da cidade circula pelos palcos do Brasil com a turnê Legião Urbana XXX Anos. Em 2015, Dado e Bonfá, com a gravadora EMI, decidiram iniciar o projeto que surgiu com a proposta de relançar

o primeiro disco da banda, de 1985, que teve a maioria das suas 11 canções entre as mais tocadas nas rádios da época. Além do disco original remasterizado, um CD extra traz gravações há tempos guardadas, demos de fitas K7s feitas em Brasília e no Rio. “A gente foi ouvindo as fitas, vendo fotos, relendo textos, lembrando de como tudo começou e quisemos comemorar a vida da banda e a nossa vida como artistas. Tem falas de Renato que mostram o que a gente esperava fazer e ser”, revela Dado. Eles deixam claro que não é um retorno da Legião Urbana e, sim, uma oportunidade para reviver as canções, a memória, o sentimento e a alma da banda. “Renato é único e insubstituível”, afirma a dupla sobre o vocalista, morto em 1996, vítima de AIDS – fato que provocou o fim da banda. É somente a volta de uma divertida turma que não perdia a oportunidade de alucinar, mas sem perder o olhar crítico. Agora, menos loucos e mais experientes. O que se tem visto por aí – a turnê começou em outubro passado e segue até o fim do ano – são shows lotados de fãs órfãos e uma performance no palco emocionante, que arranca lágrimas dos espectadores. “Estamos indo a lugares onde nunca tocamos com a Legião. Queremos descobrir todo o Brasil”, afirma Dado. Dado e Bonfá convidaram o ator e cantor André Frateschi para o vocal, mas na verdade ele atua como uma espécie de regente do público. A escolha não foi por acaso. Quando tinha 11 anos, em 1986, durante uma apresentação teatral de sua mãe – a atriz Denise Del Vecchio – em Brasília, ele acompanhou o show da Legião com direito a carona no passat de Dado. A banda ainda não tinha saído

AINDA TÃO JOVENS

OS LEGIONÁRIOS DADO VILLA LOBOS E MARCELO BONFÁ LEVAM PARA OS PALCOS DO BRASIL, COM RENOVADO FRESCOR, AS CANÇÕES DA LEGIÃO URBANA. A TURNÊ HOMENAGEIA OS 30 ANOS DO LANÇAMENTO DO PRIMEIRO DISCO POR MARCELLA OLIVEIRA

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Fernando Schlaepfer

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OS LEGIONÁRIOS A Legião Urbana esteve em atividade entre 1982 e 1996 . Foram 16 discos lançados e mais de 25 milhões de cóp ias vendidas. A formação inicia l contava com o baixista Re nato Rocha, o Negrete, que dei xou o grupo em 1989. Ele se envolveu profundamente com as drogas e faleceu ano pas sado. Mas foi o trio formado por Renato Russo, Bonfá e Da do que conquistou o Brasil. Eles trabalhavam junto nas criaçõ es das canções, existencialistas ou não. Desde que a banda estourou, os músicos criaram raízes no Rio de Janeiro, onde vivem até hoje. Dado e Bonfá lev am hoj e uma vida bem diferente daq uela juventude tresloucada qu e tiveram em Brasília. Aos 50 anos, Dado é ciclista apaixo nado, não só como esporte, mas tam bém usa o camelo – como a bike é chamada em Brasília – para se deslocar pelo Rio . Bo nfá, hoje com 51 anos, é intros pectivo, já fez ioga e medit ação, gosta do meio do mato e de natação. Os dois sempre ma ntiveram a amizade. Desde que a Legião acabou, há 20 anos, seguiram carreira solo, ma s sempre conectados, com partici-

Rogerio Avelino

de Brasília, mas conquisto u aquele garotinho. Agora , aos 40 anos, ele integra o gru po. O mais legal é que Frates chi não tenta imitar Renat o, canta no seu próprio tom de voz e é uma espécie de representante dos fãs. O res ultado emociona e ele tem sid o elogiado pela crítica. Da do e Bonfá também assum em os vocais em algumas cançõe s. Os músicos que os aco mp anham são Lucas Vasconce llos, (segunda guitarra), Mauro Berman (baixo) e Roberto Pollo (teclados). Durante os mais de 30 sho ws já realizados pelo Bra sil, diversos artistas foram con vidados para participar, com o os Paralamas do Sucesso, o titã Paulo Miklos e o her ma no Rodrigo Amarante. Aqui em Brasília, o show contar á com Philippe Seabra e André Mueller, da formação ori ginal da Plebe Rude. “Não poderí amos deixar de dividir ess e momento com amigos e parcei ros”, diz Bonfá. A dupla não esconde a em oção de estar junta de nov o no palco. “Tem sido incrível e emocionante. São gerações qu e se encontram, um repertório muito significativo para tod os”, disse Dado. O show é dividido em duas partes. Na primeira , eles tocam na íntegra todo o LP de 1985, começando por Se rá e passando por clássicos com o Geração Coca-Cola, Sol dados e Por Enquanto. Na segunda parte, outras 16 músicas, sucessos como Tempo Perdi do, Fábrica e Pais e Filhos . Para encerrar, Faroeste Caboclo, Índios e Que País é Esse?.

André Frateschi, Bonfá e Dado em turnê: "emoção"

pações em trabalhos music ais um do outro. Dado lançou dois discos solo, Bonfá, três. Ele s também já participaram de turnê da banda Jota Quest. Paral elamente, Bonfá tem uma produção de cachaça em Minas Gerais. Dado é ainda um pre miado produtor de trilhas sonoras, de filmes como O Homem do Ano, Bufo & Spallanzani e Pro Dia Nascer Feliz. A turnê Legião XXX Anos só pôde ser realizada após um longo processo judicial de Dado e Bonfá com a fam ília de Renato Russo. Os direitos de uso da marca Legião Ur ban aea gestão dos direitos artísticos da banda eram o centro da briga, que se arrastou por mais de dez anos. Tudo isso deixav a muito mais difícil a realização de eventos desta natureza. Agora, finalmente livres deste im bróglio jurídico, eles puder am usar o nome e as músicas do gru po em atividades profission ais. Há uma grande expectati va para a apresentação na Capital pelo retorno ao lugar onde tudo começou. Não se tem boas recordações do últim o show por aqui, em jun ho de 1988, no antigo Mané Ga rrincha. “Essa já é uma ferida superada”, garante Dado. No dia, um fã invadiu o pal co e atacou Renato Russo, alé m de objetos terem sido jogados. Renato encerrou o show após 50 minutos. A interr upção causou uma revolva no pú blico de mais de 50 mil pessoas, teve confronto com a polícia, 400 pessoas pre cis aram de atendimento médico, 50 pessoas presas e o est ádio foi depredado. “Saímos do pal co para nos defender”, jus tificou Renato. Depois disso, o cantor sempre dizia qu e não voltaria a tocar na cidade por ela não estar preparada par receber grandes shows. Nós, de Brasília, pedimos licença a todo o Brasil par a dizer que, talvez, sejamos os mais entusiasmados com essa apresentação. Legião Ur bana está impregnada na cid ade e influenciou todas as ger ações desde a década de 1980.

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A formação original da Legião, com Renato Russo e Renato Negrete

Reprodução interne

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Capa do primeiro disco, de 1985, relançado este ano

s 1980, o que Do que vocês viveram nos ano sente mais falta? estava se A cidade tinha 20 anos, e, criando sua descobrindo culturalment muitos filhos identidade. Como tinham gavam e fomos de diplomatas, os LPs che vimento punk muito influenciados pelo mo 70, formamos a rock. Era final dos anos 19 gindo as banTurma da Colina, foram sur Legião. A gente das e finalmente chegou a , na 109 Sul, tocava nos bares da cidade no Gilbertinho. no Centro São Francisco, lescentes que Éramos todos jovens ado os falando de enchíamos a cara e ficávam . música e tocando nas festas ca esteve tão A música Que País é Esse? nun ário político cen atual. Como você vê o atual brasileiro? ma que asEssa música é um fantas há mais de 30 sombra a mim e ao País 79, a gente vianos. Foi composta em 19 impressionante via a Ditadura Militar e é todo o sentido. como ela continua fazendo

a. E agora o, nem Legião sem Brasíli giã Le sem a síli Bra ste Não exi que não teve o Coca-Cola para mostrar teremos o retorno da geraçã . Que mudaram , ainda somos tão jovens tempo perdido e que, sim volta pra casa. dou. E eles estão vindo de as estações, mas nada mu

DADO VILLA-LOBOS

esentação em Brasília? Qual a expectativa para a apr sa cara, o io de 1985. Brasília é a nos Deixamos a cidade em ma causa da gerada. Tudo aconteceu por foi o giã Le a e ond ço, ber nosso ram juntas. Para s se encontravam, cresce cidade, porque as pessoa muito especial. o às nossas origens. Isso é a gente, vai ser um retorn processo? stão judicial. Como foi esse Finalmente resolveram a que uma situação nessa briga judicial. Foi s ano dez de is ma ram Fo gente, que é da usar um nome que é da absurda, não podíamos po e agora é os. Mas tudo tem seu tem uím str con e qu ia, tór his nossa que está um sucesso. coroado com esse projeto

a banda que Como é ter feito parte de um está na cultura a depois de 30 anos ainda viv brasileira? ho juvenil. É a realização de um son a forma muito Tudo aconteceu de um você monta despretensiosa. Quando que você quer uma banda de rock, tudo sua canções é que as pessoas ouçam w recente em para sempre. Em um sho a criança de Ponta Grossa, tinha um as músicas. É dez anos cantando todas o isso fazendo muito interessante ver tud s. Cada vez que sentido depois de 30 ano lizado. subo no palco, me sinto rea . Existe O Renato Russo faleceu jovem ainda tinha ele que ão saç sen sempre aquela muito para oferecer? e artista, O Renato era um grand muito forte. com uma força musical Não sei se, Fomos muito parceiros. a Legião exiscaso ele estivesse vivo,

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t Reprodução interne

A Legião Urbana surgiu em Brasília há mais de 30 anos

ino. Ele era um cara muito tiria ou ele estaria sozinh , a pregente sobe naquele palco tenso. E hoje, quando a letras. avés das melodias, das sença dele é inegável atr o e sempre fará. Ele faz parte de tudo iss uma banda que ultrapasse Hoje, é muito difícil imaginar ira? al cenário da música brasile gerações. Como você vê o atu o vejo Nã . ral sil é muito plu O cenário mudou. O Bra icação. adas no cenário da comun mais tantas bandas projet que toca o, é o popular mesmo. O É uma condição do mund intelixo. Eu encontro o que me no rádio, para mim, é um tando novos sensores. ressa através de filtros, cap

MARCELO BONFÁ

da de fundo de muitas músicas Brasília está viva como pano anos 1980? banda. Como era a Brasília dos que nquila, muito diferente do Era uma cidade muito tra eriexp de como cobaias, servimos é hoje. Nós nos sentimos éramos ade. Eu curti muito. Nós mento desse modelo de cid fazendo que estava sempre junto um bando de moleques mento pós-Ditadura. Era um mo música, naquele momento ensa int sa à política. Foi muita coi de rebeldia, muito ligado nos proporcionado. que só Brasília poderia ter

ortância da Legião Urbana e sua imp Como você avalia a trajetória musical para o Brasil? a ução da indústria fonográfic A gente fez parte da constr uais e são como oráculo, são vis brasileira. As nossas letras Eu vou o tipo de questionamento. são introspectivas para tod de um e nd a relevância muito gra ser modesto, mas vejo um muito paixão, ousadia. Era tudo trabalho feito com força, hoje io, rád música para tocar na diferente. Antes, fazíamos o nível musical no Brasil. é o universo digital. Caiu

? com o Dado e a Legião Urbana Como é retornar aos palcos fapouco melhor o que está Hoje, a gente entende um ens, faépoca, éramos muito jov zendo no palco. Naquela endeAté mesmo as músicas ent zíamos tudo por intuição. que há o tão ou mais intenso do mos melhor hoje. Tem sid show que pouco se vê por aí, um 30 anos. Com um frescor xamos o. Eu e o Dado nunca dei de rock para animar mesm tinho ro, essa turnê tem um gos de nos relacionar, mas, cla de para nuvens por estar com saú especial. Eu me sinto nas er essa lúcido para poder entend viver este momento e mais er col que vivemos hoje e pod situação complexa e difíci A gente com arte e com música. laborar de alguma forma ís. endo a trilha sonora do Pa meio que está, de novo, faz

de Renato Russo? Como avalia o legado poético as ior poeta, conectado com Renato sempre foi o ma a, de so País. Uma pessoa intens coisas e as pessoas do nos mas engraçado. Foi uma perda, altos e baixos, mas muito conta is, de autodestruição por ele vivia momentos difíce er parmais que um privilégio faz das drogas. Para mim, foi Legião ao lado dele. te de um projeto como a k brasileiro? Como você vê o cenário do roc ws Não se consegue fazer sho Hoje tudo é mais difícil. uir trib gravar um CD é caro, dis porque a produção é alta, ples sim is cresceu, o público ma é complicado. O Brasil a mais a, e o rock é uma músic passou a consumir músic os nificando relegado a pequen elaborada. O rock acabou tem seu público cativo. chos. Mas ainda existe e a é empreendedor. Como surgiu Além de músico, você também produção de cachaça? ual tor, criei a identidade vis Eu sou um pequeno produ ória no um link com a minha trajet e o nome, Perfeição. Faz bém sica com esse título] e tam rock [a Legião tem uma mú nas, na r. Minha fazenda é em Mi porque quero fazer a melho por ano zo cerca de três mil litros Serra do Itatiaia, e produ cachaça Agora, estou juntando a e tenho o selo orgânico. sica de do um disco chamado Mú com a música e produzin s que ei canções de grandes artista Alambique, em que regrav dro. ia com meu filho, João Pe falam da pinga, em parcer

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RETRANCA

PÉ NA AREIA NO ÚLTIMO INVERNO DEU PRAIA NO CERRADO. COM NOVIDADES E CAPACIDADE DE PÚBLICO AINDA MAIOR, O PROJETO NA PRAIA VOLTA A TRANSFORMAR A ORLA DO LAGO PARANOÁ EM LITORAL POR LARISSA DUARTE « FOTOS PAULO CAVERA

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m 2015, o sonho de trazer a praia para a Capital Federal foi concluído com sucesso. À frente da produtora de eventos R2 Produções, os jovens empresários Ricardo Emediato, Rafael Damas, Bruno Sartório e Eduardo Alves trabalharam duro com sua equipe para concretizar o Na Praia, projeto que tornou real o sonho que por muito tempo vivia apenas na imaginação dos moradores da cidade: uma praia no Lago Paranoá. 146 « GPSBrasília

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Para a felicidade do brasiliense, a dose praiana voltará a se repetir nesse ano. De 9 de julho a 29 de agosto, o Na Praia 2016 antecipará o Verão com um principal objetivo a ser alcançado: “Em 2015 tínhamos o sonho de realizar uma praia. Desta vez, traremos a praia dos sonhos”, conta Emediato. Em parceria com as empresas Medley Produções, Manifesto Lab, Verri e Verri Produções e Agência Nout, o complexo dobrou o espaço físico para quatro mil m² e aumentou capacidade de público em trinta por cento, ou seja, cerca de 130 mil pessoas são esperadas durante a edição. Entre as novidades, uma divisão de ambiente mais moderna. “Avaliamos os prós e contras do ano passado e voltamos com mais planejamento. O esqueleto do projeto é praticamente o mesmo, porém será separado em três áreas: uma infantil, outra para esportes e uma terceira para festas e shows”. Emediato conta que o primeiro Na Praia, realizado ainda como experiência, acarretou uma série de tópicos a serem aprimorados na nova edição. “Superou as nossas expectativas. Não esperávamos que as pessoas realmente fossem estar na porta às 9h, aguardando os portões serem abertos ou que realmente vestiriam roupas de banho e encarariam o projeto como uma verdadeira praia”, explicou. Por conta disso, esta edição terá um investimento maior em serviços e cenografia. De acordo com os sócios, o complexo contará até com uma pequena vila praiana, projetada com peixaria e frutaria de verdade. “Cada noite de festa ou show terá o nome de uma praia famosa. Trancoso, Jericoacoara, Pipa, São Miguel dos Milagres... Iremos combinar o estilo musical da atração com uma característica da praia específica.” Mas o que seria de uma praia sem seus quitutes típicos? O Na Praia 2016 garante muito biscoito Globo, chá mate, milho verde, churrasquinho, queijo coalho, acarajé, entre outras comidas. Além disso, dez operações de restaurantes da cidade também ocuparão as areias. O restaurante próprio do projeto ficará sob o comando do chef Dudu Camargo, com menu mediterrâneo. Com organização e conforto como foco para a temporada, o complexo desenvolverá um aplicativo exclusivo para dispositivos móveis para manter os frequentadores atualizados. Na ferramenta, será possível acompanhar a pro-

gramação, obter mais informações sobre o projeto, comprar ingressos para os eventos e esclarecer dúvidas.

PROGRAMAÇÃO De terça a quinta-feira, durante as quatro primeiras semanas, o projeto terá uma colônia de férias para a criançada. Nas seguintes, será realizado o Na Praia Social, voltado para crianças e adolescentes carentes, com expectativa de atender mais de oito mil pessoas. As noites das quintas-feiras serão tomadas por um projeto cultural assinado por um dos patrocinadores e contará com apresentações de peças de teatro, shows, entre outras linguagens artísticas apresentadas gratuitamente. Como não poderia ser diferente, a sexta-feira será dia de reunir os amigos. As portas serão abertas no horário do almoço. Assim como na primeira edição, as noites deste dia serão embaladas por happy hours com um DJ diferente a cada semana. O agito se estenderá até às 4h em formato parecido com o fervido BistrotBagatelle, em São Paulo. As manhãs de sábado serão fitness. Além de treinamento funcional, o complexo também abrirá espaço para futevôlei, crossfit, jogos de futebol americano e outras modalidades. As tardes e noites ficarão por conta de festas e shows. Até o momento, Bomfim, Miame Beach, TopLess e Santa Feijuca são alguns dos eventos já confirmados. Domingo é dia de usufruir o melhor do clima de praia. Para os pequenos, o complexo traz brinquedos aquáticos como novidade para a temporada. Ao público adulto, será um dia ideal para relaxar, tomar sol, praticar esportes, degustar uma boa gastronomia e curtir o projeto musical com as bandas Camafeu e Surf Sessions no final da tarde. E aí, nos vemos Na Praia? Serviço Na Praia 2016 Setor de Hotéis e Turismo Norte, atrás da Concha Acústica De 9 de julho a 29 de agosto Horários e programação: www.tevejonapraia.com.br

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GASTRONOMIA

A VIDA TEM DESSAS COISAS AOS VINTE ANOS DE PROFISSÃO, O FRENÉTICO DUDU CAMARGO CONTA COMO É TER TUDO, FICAR SEM NADA E RENASCER MELHOR QUE ANTES. EM NOVA FASE, O INVENTIVO CHEF TEM TRÊS NOVOS PROJETOS PARA A CAPITAL E VAI MAIS LONGE: DESEMBARCA EM SÃO PAULO POR ANDRESSA FURTADO « FOTOS SÉRGIO LIMA

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ar a volta por cima, definitivamente não é para qualquer um. É preciso força de vontade e determinação. Ainda mais quando acontece após já ter chegado a um patamar alto de conquista pessoal e profissional. Seria necessário ter humildade também? “Para recomeçar, com certeza”. Quem afirma isso é o chef paulista de coração e alma brasilienses, Eduardo Camargo. Mais conhecido como Dudu Camargo. Com postura despojada, ele é autodidata. Nunca estudou Gastronomia ou Administração para tocar seus negócios. Aprendeu tudo ali, na vida real. No batidão do dia a dia. Em Brasília, chegou a comandar dez casas ao mesmo tempo.

Todos com sócios diferentes. O desafio não foi nada fácil e nesses vinte anos de profissão precisou se reciclar e começar tudo do zero. Quando morava em Amparo, cidade de 60 mil habitantes, pertinho de Campinas, onde também nasceu, orquestrava o Boteco do Coleguinha, uma casa de frutos de mar e de batidas. Durante o fim de semana, a rotatividade era de mais de mil pessoas, mas a rotina era maçante. Saía de casa às 6h e só voltava no outro dia às 4h da madrugada. Quase não tinha tempo para descansar.

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Ele tinha apenas 18 anos e era recém-casado. Apesar de trabalhar bastante, o dinheiro não era suficiente. Nesta época, seu pai, que também se chamava Eduardo Camargo, já morava em Brasília e era dono do La Via Vechia, restaurante tradicional da cidade que ficava no Setor Hoteleiro Sul. “Ele me convidou para vir a Brasília para ajudá-lo com a parte de eventos da casa. Eu não pensei duas vezes”, lembra. A chegada na Capital não foi fácil. Ao mesmo tempo em que auxiliava o pai, também trabalhava no Ceasa três vezes por semana, carregando caixas. Aos poucos foi conquistando seu espaço e aprimorando técnicas gastronômicas. Teve inclusive um quiosque no supermercado Pão de Açúcar, onde vendia massas. Seu primeiro empreendimento foi o Da Noi. O convite foi feito pela empresária Chieko Aoki, a dona da então rede Blue Tree. A nova casa foi aberta no que hoje é o Golden Tulip, no Setor de Hotéis e Turismo Norte, e servia café da manhã, almoço e jantar. Na sequência veio a Fratello, na 103 Sul. Ele e Vaninho Couto uniram forças e decidiram investir em uma pizzaria. “Sempre quis trazer para Brasília boas influências de São Paulo. Eu sentia que faltavam pizzas mais sofisticadas, que não utilizam ketchup e maionese, apenas azeite”, conta. Depois dela, outra filial foi aberta na 109 Norte. Além dessas casas, Dudu também orquestrou o Fatto, Dudu San, Respeitável Burger, Unanimitá, Your´s, Dudu Bar e o Nix. Seus sócios cuidavam daw administração e ele dos cardápios e das equipes de trabalho. Porém, como sociedade não é tão simples quanto parece, Dudu teve problemas de relacionamento e acabou se desfazendo de todas elas. “Era muito complicado. Precisei ter paciência, mas chegou o momento em que desgastou bastante e a ruptura foi inevitável”, relembra. Seu próximo passo foi abrir um escritório com 40 funcionários para concentrar todas as demandas de seus estabelecimentos. Esse momento culminou na separação da sua primeira mulher. “Foi uma fase muito difícil da minha vida”, diz. Como achava que não tinha aptidão para gerenciar, deixou essa parte de lado em 2008. O resultado? Um rombo de R$ 5 milhões. Seus cartões começaram a ser cortados, ligações do banco e dos fornecedores, estresse para todo o lado. Sua vida virou um caos. “Eu me senti impotente e muito mal. Construí algo bacana e fiquei sem nada. E é nessa hora que você pensa: ou você enfrenta ou você desmorona. Eu decidi enfrentar”, compartilha. Seu primeiro passo foi ir a todos fornecedores e explicar a situação. Visitou cada um e sugeriu: “Não tenho como pagá-los e só conseguirei fazer isso se vocês me derem outra chance. Desta vez, não farei o pagamento a prazo e, sim, à vista”, solucionou. Vendeu a operação do grupo Dudu Camargo para uma agência paulista e foi assim que ressurgiu das cinzas, em 2011. Do tombo veio à lição: “Eu entendi que mesmo tendo um nome consolidado, precisava de pessoas na minha equipe que vestissem a camisa. Na verdade, que tatuasse a empresa nelas”, diz. Foi a partir daí que começou a se reestruturar e decidiu sossegar também. Em 2013, casou-se novamente. A escolhida foi Caroline Gordiano, com quem teve uma filha chamada Maria Eduarda.

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A pequena Dudika tem uma irmã mais velha, a Manuella, empreendedora que tem seguido os passos do pai nos negócios, e um irmão também chamado Eduardo. Um de seus maiores sucessos foi a abertura do Dudu Bar, na 303 Sul, em 2003. Reduto de jovens em busca de diversão e de famílias que não abrem mão de uma boa comida, a casa é parada certa de famosos que desembarcam por aqui. Glória Menezes, Arlindo Lopes, Fabiana Karla, Cissa Guimarães e Luís Fernando Veríssimo já passaram por lá. Quem é morador de Brasília sabe que o bar é um dos endereços mais badalados da cidade. Acredita-se que o motivo se dá à junção de uma grande variedade de drinks e pratos em um ambiente descontraído com DJ. “Eu percebi que o brasiliense queria sair não só para comer, mas queria um programa bacana. Um lugar animado para ser feliz e se divertir”, conta. Em novembro do ano passado, Dudu Camargo abriu a primeira filial do bar, na QI 11 do Lago Sul. E, desde então, quem passa por lá se depara com muito burburinho na porta, gente bonita e casa lotada. Porém, os planos de Dudu sobre a expansão do bar homônimo não vão parar por aí. No segundo semestre, abrirá a primeira filial do Dudu Bar fora de Brasília. A cidade escolhida é São Paulo. Neste processo, três lugares estão sendo cogitados: Morumbi, Jardins e o Jockey Club. Porém, tudo indica que será neste último endereço. “O Jockey Club vai ganhar um Dudu Bar de mil metros quadrados bem pertinho da pista. As negociações estão bem avançadas e o mês previsto é novembro”, desvenda Camargo. Mas Brasília não está fora da rota dos planos de expansão do chef. O bairro de Águas Claras ganhará o restaurante Simples Assim, com duas opções apenas: galeto e parmegiana. “A proposta é que seja uma casa familiar com minha assinatura em um bairro no qual ainda não tem nada meu. Se der certo, vai virar franquia”, adianta seus planos. E outra novidade é o Deck do Dudu, também na QI 11, bem em frente ao Dudu Bar Lago. De segunda a segunda, o novo espaço, com capacidade para cem pessoas, vai servir saboroso café da manhã,. Já durante o almoço, serão quatro pratos que mudarão a cada dois dias. Serão dois pratos de “comidinha de vó” e dois “saradão”, com uma proposta saudável. Já à noite, haverá 14 pratos. Na carta de drinks, dez sabores de caipiroskas que só poderão ser degustadas lá. Aos sábados, feijoada e aos domingos, paella. Vai ter DJ e muita música também. Está achando que para por aí? Dudu ainda pretende criar um food truck do Respeitável Burger. “Quem sabe ele não seja dançante?”, brinca. Definitivamente, recomeçar é a palavra de ordem na vida do chef e, ao que tudo indica, suas novidades têm tudo para vingar. Sorte a nossa.

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IARA A EMBAIXADORA DO LUXO Look total e joias Dolce & Gabbana e sapatos Alexandre Birman

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ATUALMENTE, ELA É A FIGURA MAIS SOFISTICADA DO PAÍS. VESTI-LA É O DESEJO DE MAISONS INTERNACIONAIS. MULHER DO EMPRESÁRIO CARLOS JEREISSATI, ELA SE TRANSFORMA NO RETRATO DA ELEGÂNCIA DURANTE O ANO QUE CELEBRA O CINQUENTENÁRIO DO GRUPO IGUATEMI POR PAULA SANTANA FOTOS ANDRÉ SCHILIRÓ EDIÇÃO DE MODA RAPHAEL MENDONÇA

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ão Paulo – Atraído pelo nome, o parnasiano Olavo Bilac rabiscou eternos versos no soneto que dizia: “Vive dentro de mim, como num rio… Uma linda mulher, esquiva e rara”. Iara é o nome do poema. Com todo o romantismo que o movimento literário carrega, transportado para o presente, há uma Iara tão bela quanto os versos do século XIX. Ela se chama Iara Maria Resende Coelho Jereissati. Uma mulher especialmente primorosa, cuja beleza desde a adolescência transitou entre nós. Era uma menina que brincava com bonecas, enquanto assistia a sua prima se transformar na Miss Minas Gerais. “Eu achava aquilo um sonho”. E todo o ritual esteve em seu imaginário por algum tempo. Aos dez anos, durante cruzeiro de 40 dias pela Europa com os pais, descobriu que a Miss Colômbia estava a bordo. “De novo, fiquei fascinada. Como poderia ser tão linda”. A ligação com esse universo não findou. Imagine que aos 17 anos, ao desembarcar na Bélgica para uma temporada de estudos, a amiga com quem esteve ao longo do ano tornou-se Miss Francofonia, “e lá estava eu acompanhando todo o processo”. Nesse momento, despertou a vontade, uma vez que a abordagem de agências e produtores era grande. “Eu tinha o perfil. Era alta, magra, já havia modelado no Brasil”. Mas ainda não estava na hora. E Iara voltou para o Brasil.

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Em vez de retornar para Luz, a pequena cidade mineira de 15 mil habitantes onde nasceu, rumou para a capital, Belo Horizonte. Passou para Direito na PUC. Enquanto esperava o início do ano letivo, foi convidada para participar de um concurso de beleza. Ela topou. E venceu. “E o engraçado é que você fica viciada com a competição”. Assim teve início sua carreira no universo da beleza, que lhe concedeu o título de Miss Minas Gerais e o segundo lugar no Miss Brasil 2004, cujo o terceiro posto ficou com Grazi Massafera. Iara chegou a representar o País em três concursos internacionais. Mas quiçá o seu destino já estivesse traçado com um dos empresários mais admirados do País, Carlos Jereissati, presidente do Grupo Iguatemi. Durante cerimônia, representando o seu estado, sentaram-se na mesma mesa. O papo fluiu sem que um soubesse quem era o outro. “Desse dia em diante, foram três anos de namoro ininterruptos até a data do casamento”, no Grande Hotel, em Araxá. Maria Clara chegou há cinco anos. “Ele foi muito generoso comigo em querer recomeçar a essa altura da vida. Eu ganhei um presente”, pontua, referindo-se aos anos de diferença entre o casal. “Não tenho dúvida de que ele é a pessoa mais incrível que conheci. Todos os dias, aprendo uma coisa nova com ele. Já no café da manhã, me sinto inebriada. Sou

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Vestido Diane von Furstenberg, colar acervo pessoal e joias Tiffany & Co.

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muito feliz com ele. Quebrei paradigmas e mudei conceitos”. Apesar de sua prioridade pertencer à família, aos poucos ela foi inserindo o trabalho na sua rotina. Ofício este que ela preza, até porque também se formou em Publicidade pela FAAP, e se deleita com tal mercado. Iara é a imagem dos shoppings Iguatemi e JK Iguatemi em São Paulo, ambos referência na alta-moda da América Latina. Uma espécie de embaixadora do luxo, que programa ações e eventos sofisticados, geralmente elencados por algum projeto social. Especialmente esse ano, em que o Iguatemi celebra 50 anos, ela segue agenda intensa de atividades, digna de uma miss atarefada. “Era algo que eu queria muito. Me envolvi com o Grupo aos poucos. Participei de todo o processo de integração. Me preparei, de fato”, explica, ressaltando que os projetos que desenvolve amparam algumas entidades, especialmente Make a Wish, fundação norte-americana, com filial no Brasil, que tem como missão conceder desejos às crianças potencialmente doentes, e Essência Bela, projeto que apoia comunidades com alta vulnerabilidade social. Iara conta que o envolvimento com o próximo sempre esteve presente, ainda mais por ser filha única. Os pais, juiz e orientadora pedagógica, são sócios-fundadores do Lions Clube – entidade internacional que cuida de causas humanitárias – e dedicam parte do tempo a um abrigo para idosos, em Luz. “Meu pai foi Cavaleiro da Ordem do Santo Sepulcro e seminarista. Ajudar as pessoas é uma rotina na minha família”, explica. Por isso, a espiritualidade tornou-se um núcleo vital. “Sou muito grudada em Nossa Senhora. Tenho como meta ir a todos os lugares de sua aparição. Estive em Lourdes, Fátima, fui à Aparecida do Norte diversas vezes. Mas foi na Terra Santa onde vivi uma grande transformação. Aquele lugar que abriga tantas religiões é impressionante. Lá, meus pais renovaram o sacramento do matrimônio em Canaã, na Galileia”. Mas para confluir corpo, mente e alma, Iara se encontra na Ioga. “Minha tia avó me ensinou tudo sobre a prática desde os cinco anos. Há dois anos voltei, e hoje mesclo com treinos funcionais e Muay Thai. É um processo de autoconhecimento do qual não consigo mais me desligar, porque tudo melhora: a pele, a disposição, o sono. Fico mais alegre também”. Isso elencado à uma dieta regrada só favorece. “Eu gosto de ter uma alimentação saudável. Me deixa feliz”. O encontro com a revista para produzir o editorial e a capa revelou uma mulher de gestos serenos. Fala baixo, sabe ouvir, olha nos olhos. Tem gestos minimais, quase contidos. Age com carinho e firmeza. Iara não hesita. Mas sem ímpetos. O senso estético é apuradíssimo. Conhece cada milímetro de si mesma e sabe bem como tirar pro-

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Look total Ralph Lauren, joias Bvlgari e sapatos Schutz

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Look total Louis Vuitton, brincos e aneis H.Stern, gargantilha riviera de diamantes e alianรงas Grifith

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veito de suas qualidades estéticas. “Ahhh, isso a gente aprende sendo miss”. Com ela, sua fiel companheira Chris Francini, consultora de estilo de alto garbo em São Paulo, cuja missão é auxiliá-la no zelo com sua imagem. Falando no tema, quando questionada sobre postura de vida a partir dos mandamentos de uma miss, ela não espera nem a finalização da pergunta. “Ser humilde. Porque percebemos que somos apenas uma no universo de centenas de outras iguais ou melhores que nós. Esse confronto ensina muito”. Quanto às mulheres que admira, Angelina Jolie e Monica Bellucci emergem de seu pensamento sem fazer força. Angelina pelo papel que representa como embaixadora da ONU. E Monica porque tem latente a beleza latina, que não é esquálida. Harmoniza sensualidade e elegância. A altura 1,81m e o corpo esguio é herança de família. Os cabelos também. “Já foram mechados e pintados, mas às vésperas do meu casamento, minha avó olhou para mim e disse: ‘minha filha, você é morena. Seu cabelo tem que ser clássico, escuro em seu tom natural’. Não tive dúvidas. Obedeci e nunca mais usei química”. Admirada e, obviamente, observada, Iara confessa que não se sente obrigada a se montar todos os dias, mas a manhã começa com uma rápida escova e a maquiagem corretiva. “Foi o vício de ser miss. Como dizíamos nos bastidores, ‘em respeito aos outros’”, conta brincando. Falar de Brasília é um dos momentos em que seus olhos brilham e se perdem no pensamento. “Eu amo. Você acredita que passei a minha infância indo à Capital anualmente? Meus pais abrigavam intercambistas. E ele não consentia que eles fossem embora sem conhecer o País, representado por Manaus, Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu, Pantanal e Brasília, que me despertou desde sempre por sua luminosidade impressionante. Conheço tudo e com a abertura do Iguatemi passei a participar mais da cidade”, rememora. “Inclusive, acho as mulheres lindíssimas. Como elas se vestem bem”. A admiração pela Capital da nossa República vem com um sentimento ressentido. “Estou triste com os fatos do País. Acho bacana ir para a rua, mas sou convicta de que a mudança tem que vir de dentro de casa. É postura. Não adianta enfrentar políticos e comprar DVD pirata, ser funcionário fantasma. Adotei a tolerância zero para esse comportamento. Se é para fazer certo, então vamos ser corretos”.

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Beleza Eliezer Lopes Edição de moda Raphael Mendonça Produção de moda Francesco Romano Produção executiva Karine Lima

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Look total Miu Miu, aneis Silvia Furmanovich, anel e brincos Marisa Clermann

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MODA

O HOMEM DAS

CAPAS

Luciana Prezia

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EX-DIRETOR DE MODA DA VOGUE BRASIL, GIOVANNI FRASSON INVESTE EM CARREIRA INTERNACIONAL E LANÇA FOTOBIOGRAFIA QUE REÚNE 30 ANOS DE PURA HISTÓRIA FASHION POR SARAH CAMPO DALL'ORTO

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le sabe exatamente o que fazer para que as mulheres mais belas do Brasil atinjam o nível máximo da perfeição – leia-se a fórmula exata de feminilidade, sensualidade e atitude. E elas sabem que ele é o nome a se recorrer quando o objetivo é alcançar uma imagem de moda poderosa. Giovanni Frasson, um dos nomes

mais influentes do circuito fashion nacional, completa três décadas de trabalho – foram 27 anos na revista Vogue Brasil – com pacote completo: coffee table book + documentário. Editado pela editora Luste, a obra ganhou o nome de Dez Mil Novecentos e Cinquenta Dias de Moda.

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O livro é uma espécie de fotobiografia, com 658 páginas e um pôster com todas as capas que ele assinou para revistas. O trabalho de curadoria durou um ano e meio, a partir de uma seleção entre as mais de 12 mil páginas de trabalho impresso. “Ter a oportunidade de rever seu trabalho depois de trinta anos é algo singular. Não me arrependo de nenhum dia”, diz Giovanni, que deve viajar o Brasil para divulgação. Além disso, 600 cópias serão entregues ao Ministério da Cultura, via Lei Rouanet, para serem distribuídas entre bibliotecas e universidades federais do Brasil. Hoje, aos 52 anos e após 250 capas, o homem nascido João Vicente Frasson dedica-se à carreira internacional na Vogue México e América Latina, além de se lançar como fotógrafo. “Estou começando tudo do zero. Me sinto como se tivesse 20 anos, com a cabeça e a experiência de um homem de 50”, brinca. Em constante movimento, ele vive na ponte aérea entre Nova York, Miami e São Paulo. Exigente, fã de beleza e elegância, ele assume que cobra muito de seus colaboradores. “Não admito que percam o foco em meio a um trabalho. Sempre me dedico por completo”. Essa forma de liderar conquistou as maiores tops do Brasil, como Adriana Lima, Carol Trentini, Isabelli Fontana, Fernanda Tavares, Carol Ribeiro, Michelle Alves, Raquel Zimmermann e, claro, Gisele Bundchen. Sobre a memória de seus 10.950 dias de moda, Giovanni lança, com o bom gosto que tanto domina, uma frase da grande Diana Vreeland: “Eu não quero ser moderna, quero ser eterna”. “Uma imagem eterna fica marcada. Uma imagem moderna morre, porque é um retrato daquele tempo”, filosofa. Em um bate-papo com a revista GPS|Brasília ele fala um pouco dessa nova fase. Confira. Stylist, diretor de moda, fotógrafo, produtor, image maker. Como se define? Sou um amante da moda. Um apaixonado por fotografia de moda. Roupa, criação, tendência, beleza. Esses elementos despertam um encantamento em mim. Adoro as modelos. Amo dirigir fotógrafos. Sou uma pessoa que valoriza a elegância, o novo e o belo. Você diz que gosta de ensinar. Quem foram seus pupilos mais brilhantes? E quem foram seus mestres? A sensação que tenho é que praticamente todos os stylists que estão no mercado trabalharam comigo, como Daniel Ueda e Dudu Bertholini, e os estilistas André Lima e Sandro Barros. Adoro ensinar porque, ao repassar o conhecimento, a gente repensa no que fez. É uma maneira de olhar com outro olho aquilo que já foi feito. Dentre meus

maiores mestres, destaco a Regina Guerreiro, Patrícia e Andrea Carta, além de Costanza Pascolato. Há na memória alguma história de bastidor que te marcou? Tenho várias. Uma que hoje me faz rir foi quando fiquei perdido em meio à selva amazônica. Estava num pequeno grupo e íamos para uma tribo indígena negociar com o cacique para fotografar um editorial. Na volta, ao subir o rio em direção ao barco onde estávamos hospedados, acabou a gasolina da lancha e passamos a noite no meio do rio. Foram horas até nos resgatarem. Há ainda lembranças que guardo com carinho imenso. Vesti a Hebe de terno quando ainda era assistente da Gisela Porto. Vi Gisele Bundchen e Adriana Lima darem seus primeiros passos na profissão; presenciei grandes atrizes como Carolina Ferraz, Debora Bloch e Luiza Brunet darem um show de interpretação emotiva em ensaios marcantes. “Só o Giovanni para me fazer concordar com isso” ou “Só fiz porque era para você”. Como é conseguir com que personagens belas trabalhem com você e façam o que deseja? É uma questão de confiança. Uma capacidade que se adquire com o tempo e muito profissionalismo. Sempre digo que é preciso ter muito respeito aos limites individuais de cada um; faz muita diferença o quanto a pessoa está empenhada naquele momento; e o quanto está interessada em transgredir a imagem imaculada e aparecer de uma maneira totalmente nova. Tenho isso em mente, por exemplo, quando peço a uma mulher para fotografá-la nua. Ou quando peço para ela se vestir de homem, apresentar uma atitude mais sensual, até algo agressivo. Ela precisa confiar em mim e entender que o resultado do ensaio será sempre uma imagem artística. O meu objetivo é deixá-las belas dentro daquele personagem. E eu sei que as deixo bonitas mesmo. GPSBrasília « 163

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RETRANCA • • • •

Nome: João Vicente Patriani Frasson. A mãe, Julieta, era fã do presidente João Goulart e batizou o filho assim, mas o pai, Carlo, e os amigos sempre o chamaram de Giovanni, como seu avô Origem: Paulistano, de família italiana Modelo: Ele já foi modelo e desfilou ao lado de Xuxa Status de relacionamento: Casado com Jacimar Silva

Como avalia as performances das marcas fast fashion no mercado brasileiro? É um movimento comercial. Vejo que o boom de alguns anos já passou e agora essa proposta está se sedimentando. É algo importante porque através dessas redes é possível democratizar uma série de coisas. Mas gostaria que as marcas investissem em um pouco mais de informação de moda. E qualidade, claro. Não é porque é fast fashion que a peça tem que ser tão perecível.

Como foi sua saída da Vogue Brasil e quais os novos planos? Sempre pensei que se completasse 50 anos e estivesse no mesmo veículo, buscaria internacionalizar minha carreira. E usar todo meu conhecimento para atuar junto a marcas com consultoria especializada, além de voltar a fazer desfiles, que tanto adoro. Aos 52 anos estava no topo dentro da Vogue Brasil. Percebi que tinha cumprido meu papel ali. Decidi sair. Não teve nenhum desentendimento ou drama. Logo recebi um convite da Vogue México e América Latina, vi como uma porta para fazer um nome no exterior. É um mercado bem diferente do brasileiro, mas muito interessante. Hoje assino capas e editoriais para eles. Fotografo em Nova York, Miami e Los Angeles. Você acompanhou três décadas de moda no País. Como analisa a evolução da moda nacional e o atual momento? Somos um País novo em termos de moda e agora que as pessoas estão entendendo um pouco melhor como o jogo funciona. O que vejo é que os setores da moda se profissionalizaram rapidamente, mas a produção não acompanhou o mesmo ritmo. Também acho que a grande massa não consome moda, compra-se roupa ou usa a “modinha da novela”, o que a blogueira posta ou a atriz está vestindo. Infelizmente ainda não superamos isso.

As grandes maisons internacionais têm vivido momentos turbulentos com troca-troca de diretores. Vimos isso em Lanvin, Balenciaga, Salvatore Ferragamo. Qual leitura você faz desse alerta vermelho? Existe uma pressão muito grande por causa da velocidade de consumo que o mundo digital exige hoje. Essas marcas de luxo demandam de seus diretores e criadores uma superação total a cada dois meses e, para tal, eles acabam deixando de viver. E nós estamos falando de mentes criativas, sensíveis, que precisam observar para absorver. Ninguém aguenta esse ritmo por muito tempo. Acredita que o desfile ou as fashion weeks, nos moldes que conhecemos, ainda são as melhores opções para apresentar novas coleções ou tendências de moda? Sim. Sempre. Talvez os formatos mudem, mas a melhor maneira de apresentar uma roupa é colocar ela em movimento, com a iluminação certa. Essa polêmica deve permanecer por alguns anos, e vai se destacar a marca que encontrar a plataforma com a qual seu consumidor mais se identifica. O País vive um momento de incertezas absolutas. Você é um criador de imagem. Como apresentaria o Brasil para o mundo? Eu olharia para o passado e resgataria os momentos elegantes da nossa cultura. No passado recente, fomos muito mais elegantes do que somos hoje. Também falaria de respeito. As pessoas precisam respeitar mais a vida. Tentaria apresentar um Brasil menos vulgar do que o que temos hoje. A elegância é algo natural para nós, mas infelizmente anda meio esquecida.

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ESTILO

REFRIGERAR A ALMA A DUPLA SICILIANA TRAFEGA NO UNIVERSO DA DECORAÇÃO AO CONVOCAR ARTISTAS ARTESÃOS QUE REPRODUZEM EM UMA GELADEIRA A HISTÓRIA DA BELA REGIÃO ITALIANA

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s estampas da italiana Dolce&Gabbana encantam. Difícil resistir às rosas, aos limões e à poesia da mediterrânea Sicília tão presentes no trabalho autoral da dupla. A intenção de estender essas belas obras criativas além das passarelas, fez surgir nada menos que um refrigerador, o FAB28, que será apresentado ao público durante o próximo Salone Internazionale del Mobile. Cada um traz imagens de artistas sicilianos que remetem a sua obra à trinacria, o símbolo da ilha, que estampa a bandeira da região, atualmente abrigando cinco milhões de habitantes. São cavaleiros medievais, cenas de batalha, bem como os elementos distintivos do teatro de marionetes da região. Em especial o carrinho de rodas. Trata-se de uma verdadeira ode à terra natal. Não é preciso dizer que a fabricação é artesanal e por tal motivo apenas cem geladeiras serão fabricadas no mundo. O Brasil está na lista de encomendas. A SMEG, empresa que assina o projeto junto com Domenico Dolce e Stefano Gabbana, filtrou a fina flor de artistas regionais. São sete que se esmeraram no ofício milenar. Sebastiano Patania representa a família com o famoso boneco Pupi. Também de Catania, Salvatore Sapienza mostrou seu talento ainda aos 13 anos, decorando carrinhos de arte. Hoje Salvatore trabalha na frutaria e assumiu o lugar de seu avô. Já Alice Valenti formou-se no mesmo ofício. E é a única mulher entre os escassos pintores. Se unem a esses artistas que resgatam o folclore local os irmãos Bevilacqua, que têm uma oficina artesanal familiar, assim como mãe e filha Adriana Zambonelli e Tiziana Nicosia. Por fim, juntam-se os amigos BiagioCastilletti e DamianoRotella, que criaram uma marca com produtos que reproduzem tais ícones. Uma incrível viagem registrada num eletrodoméstico. Modelos vibrantes e intensos. Tal qual a dupla que ganhou o mundo por meio de sua audácia em fazer moda, retratando seus costumes, cercados pelo mais belo mar do planeta.

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PASSARELA Bolsa – R$ 14.430

Pump – 3.760 Loafer – R$ 2.260

RENAISSANCE

Após essa temporada, Alessandro Michele se posiciona como o mais excitante designer do momento. Misturando e combinando a desordem heterogênea. Foi essa confusão estética que ele criou ao pensar numa máquina do tempo em que bairros decadentes de Nova York se misturam aos ateliês de alta-costura parisienses

BURBERRY

INTO THE GROOVY

Jovens celebridades caíram de encantos pela Burberry, que intitulou sua coleção de Retalhos, na qual elementos da essência britânica ganharam inovador requinte e frescor. Como se o ecletismo inglês tivesse sido compilado em performances setentistas. Boemia, glam, rock se fundem em proporções docemente masculinas

Bolsa Banner Bag em couro média – R$ 5.595

LOUIS VUITTON

R$ 4.495

Steamer Graphiti – R$ 19.500

O REINO PERDIDO Sandália - R$ 3.895

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O passado e o futuro. Nicolas Ghesquière move o tempo, o espaço e segue numa cidade subaquática imaginária, Atlantis. Uma jornada arqueológica de emoções e construção, que, como sempre, abre o baú da marca francesa e revigora a tradição centenária de surpreender Sandália – R$ 3.600

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CONTO DAS FADAS

Quem nunca sonhou com uma vida de princesa? Stefano Gabbana e Domenico Dolce fazem isso: tornam real o imaginário feminino. Num trunfo de lantejoulas e aplicações luminescentes, o luxo inspirador traz à tona memoráveis sonhos da nossa velha infância

GUCCI

DOLCE & GABBANA

Bolsa Sicily com aplicações – R$ 12.900 Sapato – R$ 8.400

Dolce box com aplicações- R$ 27 mil

Sling back – R$ 3.800

COMPLEXAS ALMAS

Essa coleção explora o universo feminino. Mergulha na alma das mulheres de hoje, que se sentem feias e bonitas. Bem amadas e mal amadas. É como acordar de manhã e ir vestindo peças que se sobrepõe a partir do que gostariam de ser naquele momento. A viagem pode ser geográfica ou para o interior de si mesma. “Como uma boneca russa colocada uma dentro da outra”, definiu Miuccia Prada

PRADA

Bolsa Pitone Baiadera – R$ 15.850

Bota – R$ 8.110

Sandália – preço sob consulta Galleria bag – preço sob consulta

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PASSARELA

Vetements Lanvin

Louis Vuitton

Tigresse

Etro Andrea Bogosian

John John

Chloé

Chanel Bottega Veneta

O NIRVANA

O momento Kurt Cobain faz uma ode aos anos 90. Dessa vez, mais com pegada high fashion, com o romantismo e a feminilidade que o movimento exige. O xadrez é essencial e cabe em vestidos longos e despretensiosos

Avanzzo

LONGA JORNADA

A referência streetwear na passarela do luxo fez escola vinda do coletivo Vetements, que causou estranheza ao iniciar a tendência das mangas sobrando. Apesar da complexidade, a moda abocanhou a temporada francesa

Gucci

ELE REINA

Pronta para festa? A paleta do brilho foi predominante em Paris. Reluzentes em texturas, aplicações ou bordados que impressionam, a silhueta permite qualquer tipo de peça ou horário

Erdem

J.Crew

Tom Ford Valentino Giuseppe Zanotti Design Christian Louboutin

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WONDER WOMAN

A era Disco ainda vive. Sem sucumbir ao não decorativismo proposto na temporada, a tendência apareceu de maneira modern lady em conjuntos de saia ou blusa, macacões e até calças skinny

Marc Jacobs

Rodarte

Cristiano Burani Valentino

Giuliana Romanno

IMPERIAL GIRL Nicholas Kirkwood Bottega Veneta

Gig

É inegável o luxo contido na textura do veludo molhado. Associados Ellery à realeza, ele volta com força em clima não só medieval, mas contemporâneo. O charme fica por conta dos tons dramáticos

Emannuelle Junqueira

Givenchy

ELE VIVE

Vivienne Wetwood Victoria Beckham

NO. 21

Saint Laurent

Em Londres, na passarela que recebe tão bem o novo e o usual, o cetim causou. Em drapeados, fluidos, sua suavidade arregimentou fashionistas, que se renderam ao sensual toque e ao movimento

The Row Juan Carlos Obando

Peter Pilotto

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PUBLIEDITORIAL

ESSA JOIA É RARA

E

m momento criativo, a joalheira Miranda Castro mergulha nas referências das joias sutis, mas que esculpem. Cada peça tem a sua história, a sua imponência particular. Os anéis estão maxis e transparecem majestosa realeza. Onças, cobras, zebras, Os colares são flexíveis, caem em voltas que envolvem o colo. Espiritualidade vem à tona com o a coleção Os Dez Mandamentos. Esmeraldas, rubis, diamantes, pedras que enobrecem e seduzem qualquer mulher que ama o luxo.

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BRILHO Colar, Bezalel – R$ 4.470

COLARES LONGOS, ENVOLVENDO O PESCOÇO. OU JOGADOS PARA AS COSTAS. OS ANÉIS SÃO GRANDES E QUEREM ATENÇÃO. PODEM ATÉ TER A ILUSÃO DE MÚLTIPLOS E SOBREPOSTOS. OS BRINCOS ENVOLVEM AS ORELHAS DE CIMA PARA BAIXO. E CAEM COM MOVIMENTO. CONCEITOS IRREGULARES OU SIMÉTRICOS. AS PEDRAS PRECIOSAS? OS VERDES E OS AZUIS ESTÃO SE ACHANDO

Colar da coleção Blue Book, Tiffany & Co – preço sob consulta Colar Imaculado Coração de Maria, Carla Amorim – R$ 8.470

Colar, Bezalel – R$ 5.250

Brincos com ágata branca e coral, D'or – R$ 1.850 Brincos azul-iolita e topázio azul, Grifith – R$ 22.300

Anel colorido de turmalinas variadas e água marinha, Grifith – R$ 9.900

Anel, Bezalel – R$ 9.200

BENS DE VALOR

Brincos Leque, Miranda Castro – R$ 5.900

Brincos, Sylvia Ribeiro – R$ 19.600

Pulseira da coleção Blue Book, Tiffany & Co – preço sob consulta

Anel em madeira e ouro 18k, D'or – R$ 1.750

Anel, Antonio Henrique – R$ 7.600

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Gargantilha Espírito Santo, Carla Amorim – R$ 5.720

Escapulário Sagrados Corações, Carla Amorim – R$ 8.430

Colar dez mandamentos, Miranda Castro – R$ 5.900

Brincos, Antonio Henrique – R$ 7 mil Colar, Emar Batalha – preço sob consulta

Brincos, Miranda Castro – R$ 17.900

Pulseira Tesourinha, Jamile El Hajj – R$ 15.830

Brincos, Sylvia Ribeiro – R$ 37.900

Brincos em ouro rosé com diamantes, Emar Batalha – preço sob consulta Brincos turmalina verde, água marinha e turmalinas variadas, Grifith – R$ 22.200

Brincos Alvorada, Jamile El Hajj – R$ 8.870

Anel da coleção Blue Book, Tiffany & Co – preço sob consulta

Pulseira, Bezalel – R$ 6.900

Brincos, Antonio Henrique – R$ 6.400

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PULSO

MARCANDO O TEMPO Pilot's Double Chronograph Ed. ' Antoine de St. Exupéry ', IWC para Grifith – R$ 50 mil

Coleção Christian Louboutin para Jaeger-LeCoultre – preço sob consulta

Omega – R$ 38 mil

FUNCIONALIDADE, DESIGN, ROBUSTEZ. O PODER DE UM RELÓGIO VAI ALÉM DA HORA EM SEU TEMPO. PARA A TEMPORADA, APESAR DE UM BOM RELÓGIO JAMAIS CAIR EM DESUSO, COR E TAMANHO TERÃO O SEU VALOR

Vacheron Constantin – preço sob consulta

Heritage Spirit Calendário Perpétuo em ouro, Montblanc – R$ 92.300

Yacht-master 40 em ouro Everose, Rolex – preço sob consulta

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Panthère Et Colibri em ouro branco, Cartier – preço sob consulta

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MASCULINO

ESSE CARA SOU EU

Ratier – R$ 2.720

VR – R$ 139 Ralph Lauren

Herchcovitch; Alexandre para C&A – R$ 129,99

OS NOVOS HOMENS TÊM UM AR VINTAGE. O TAKE DESTA TEMPORADA SE SOBRESSAI NA ALFAIATARIA, NOS ENFEITES RICOS, NO MILITAR, NO TOQUE DO TECIDO E DO CAIMENTO.

Gucci – R$ 4.530

Ralph Lauren

Reserva – R$ 329

Diesel – R$ 1.180

Prada – R$ 6.430

Gucci – R$ 10.520

Mr. Burberry, 30 ml – R$ 405

Hugo Boss para Safilo – R$ 1.097,80

Prada – R$ 2.760

Reserva – R$ 329 Prada – preço sob consulta Gucci – R$ 3.730

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ENTRE NÓS POR PATRICIA JUSTINO pattyjustino@hotmail.com

MODA E CONTEÚDO Os profissionais da moda em Brasília terão algumas oportunidades de ter suas competências desenvolvidas através do Instituto Rio Moda, centro integrado de referência. Pelo segundo ano consecutivo, a empresa e seus parceiros trazem à Capital uma série de workshops que prometem resultados originários da prática efetiva em um ambiente de troca de conhecimento e reflexão. Destinados a estudantes, profissionais e empresas, os workshops serão realizados uma vez a cada mês entre o período de abril e novembro. A cada encontro, os temas variam e as inscrições são independentes para cada participação. Jornalismo de moda, marketing digital focado em moda e planejamento de vendas e compras em moda são algumas temáticas trabalhadas. Maiores informações no site oficial. www.institutoriomoda.com.br – (21) 99341-0945

MAKE UP Depois do reinado do famoso CC Cream da sulcoreana Amore Pacific (que trata a pele deixando uma suave cobertura), a marca lança no mercado uma poderosa base que já virou a “nova queridinha” dos entendidos do assunto, a Amore Pacific Age CorrectingFoundation. O produto apresenta o mesmo conceito do CC cream, que é reunir vários componentes em um único produto: hidratante, filtro solar e cor. Porém, ela ainda promete a cobertura total das imperfeições da pele sem deixar o rosto com textura e aspecto pesados. O melhor é que o produto vem numa case dourada super chique e a caixa ainda traz um refil extra. Economia extra também! Vendas exclusivas numa loja Neiman Marcus ou on-line pelo site. www.neimanmarcus.com

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PANTONE MANIA A cartela de cores Pantone universe virou inspiração para a criação de vários produtinhos e mimos que a gente adora. Entre eles está uma descolada e moderna linha de calçados. Em versões masculinas e femininas, o difícil é escolher apenas um modelo, que abrangeas despretensiosas birkens, passando por sneakers com e sem cadarços e chinelos fofos. São muitas opções, todas com muito estilo e uma verdadeira explosão de cores e sombras para o nosso dia a dia. O interessante é que muita gente se interessa não só pela estética dos produtos, mas também pela filosofia da marca: eles acreditam que cada cor tem um significado e cada sombra produz um impacto em nossas vidas. Sendo assim, as peças são um convite para que cada pessoa se energize da forma e cor que o seu momento pedir. www.pantoneuniversefootwear.com

SAÚDE PRIME A falta de tempo e vida corrida não são mais desculpas para realizar os seus check-ups de saúde anuais. O Laboratório Sabin acaba de investir R$ 4 milhões para trazer para Brasília o Sabin Prime Check-up Executivo. Em um único espaço, a empresa reúne os exames clínicos, laboratoriais e profissionais especializados para a realização de um check-up completo. Todos os serviços são realizados em um único dia e com agendamento. É o luxo que a sua saúde merece! Edifício Biosphere Health Center Setor Hospitalar Local Norte, Lote 9, Bloco A, Salas 501-512 – Brasília (DF) (61) 3329-8001 – www.sabinprime.com.br

VISION X TIMING “Paixão pelos mínimos detalhes” é o lema da Komono, a marca desenvolvida na Bélgica que aterrissou cheia de bossa aqui no Brasil. Seus produtos são óculos e relógios que chamam a atenção pela pegada minimalista e contemporânea e também pelo cuidado na criação de cada peça. São acetatos e couros 100% italianos, lentes CR39 com proteção UV400, mecanismos Miyota 2035, inox com núcleos conectados, ou seja, a Komono alia tecnologia e beleza e não é à toa que está presente em mais de 80 países e em 4 mil lojas conceito, como Collete, Printemps, Moma, Selfridges&Co, 10 Corso Como, entre outras. Vale a pena o investimento. www.komono.com

VIAJANDO COM ESTILO Reconhecida pelo design e qualidade dos seus produtos, a grife alemã Rimowa, de malas e acessórios para viagens, vez ou outra lança uma edição limitada para celebrar ocasiões. O destaque do momento é uma homenagem à primavera, a elegante linha Limbo, na cor Cream White em policarbonato, com moldura de alumínio. Linda, leve e prática. A variedade dos formatos também é algo incrível. Wishlist, já! www.rimowa.com – (61) 3577-5108

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OLHAR POR DUDA PORTELLA AMORIM

contato@dudaportellaamorim.com.br

ZANINE EM PARIS O brasileiro Zanini de Zanine chega à Cidade Luz para expor seu próprio trabalho na Selected Works, uma mostra individual promovida pela galeria James em parceria com a Espasso, que já representa o designer carioca nos Estados Unidos. Além de peças já conhecidas, como a chaise-longue Balanço, serão apresentadas outras inéditas, como a Cêpo e a Pé, criadas especialmente para a mostra e produzidas pelo ateliê de Zanini com madeiras brasileiras de demolição. A exposição fica em cartaz em Paris até o dia 30 de abri. Imperdível! www.james-paris.com

FOTOGRAFIA Famoso por transformar fotos originalmente tiradas em colorido em preto e branco, nascido na cidade de Ikeda, Daido vive há muito tempo nos arredores de Tokyo e é em meio ao caos da capital japonesa que desenvolve seu trabalho. Formado em grafismo em 1959, Daido começou de imediato a carreira de fotógrafo. Testemunha de um Japão pré e pós Segunda Guerra Mundial, suas fotos transitam entre tradição e modernidade, mas sempre calcadas no agora, no presente. Ele é um fotógrafo da cidade, que anda sem parar: “minha vida é andar.” No mínimo, interessante! Se estiver por Paris, não perca a exposição na Fondation Cartier pour l’art Contemporain. Até o dia 6 de junho. Ingressos a 10,50 Euros. www.fondation.cartier.com

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TAL MÃE, TAL FILHA As marcas de moda estão apostando na tendência ‘tal mãe, tal filha’ para criar looks especiais para mães e filhas curtirem o Dia das Mães na maior sintonia. Entre os lançamentos, está uma linha exclusiva da Hering Kids, fazendo pela primeira vez uma coleção intitulada Tal Mãe, Tal Filha. Algumas outras, como Puc, Salinas e Fit, também entraram no clima e se inspiraram no universo da música e seus instrumentos para atrair os olhares das mamães que quiserem estar conectadas com seus filhotes até na roupa.

TECNOLOGIA E MODA

NA CRIAÇÃO 1 Sou formada em design de produto e recebi o convite da Vanessa Montoro para criar três peças que tenham a minha identidade. O vestido, o top e o cropped foram inspirados em beleza, praticidade e elegância. Eu adoro peças hand made.. O crochê de seda da Vanessa é realmente uma joia. Os produtos estarão à venda na segunda quinzena de abril. www.vanessamontoro.com.br

Palco das exposições mais concorridas de moda do mundo, o Metropolitan Museum of Art (MET), em Nova York, vai exibir, a partir do dia 5 de maio, a mostra Manus x Machina: Fashion in an Age of Technology. Ela fala da união entre a moda e a tecnologia a partir da análise que compara a Alta-Costura com o Prêt-à-Porter, e a forma como a tecnologia surge durante o tempo nas criações de ambas. O acervo inclui mais de 100 peças que datam de 1880 até 2015, assinadas por grandes nomes da moda, como Christian Dior, Karl Lagerfeld para a Chanel, Iris van Herpen e Raf Simons para a Dior. Rendas, bordados e pregas, entre outros trabalhos manuais, serão apresentados ao lado de processos inovadores, tais como impressão 3D, malharia circular, modelagem de computador, colagem e laminação, corte a laser e soldagem ultrassônica! A exposição fica em cartaz até o dia 14 de agosto. Não vai perder, hein?! www.metmuseum.org

NA CRIAÇÃO 2 Em parceria com o Atelier das Calças, marca paulista que vem fazendo enorme sucesso principalmente com as mulheres trabalhadoras que querem sempre estar bem vestidas e confortáveis, desenvolvi uma calça e a nomeei de Brasília. Bati o primeiro martelo das minhas criações com o nome da cidade do meu coração! Linda, discreta e com meu jeans favorito, o azul escuro. www.ateliedecalcas.com.br

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PUBLIEDITORIAL

DUAS EMPRESÁRIAS NOS SEGMENTOS DE MODA E JOALHERIA SE UNEM E ESTREIAM LOJA EM MEIO À MOSTRA DE DECORAÇÃO, ABRINDO NOVA ESTÉTICA PARA ATENDIMENTO DA BRASILIENSE QUE CONSOME LUXO

T

em novidade glamurosa no Lago Sul. Precisamente na loja Artefacto. É lá onde uma dupla de empreendedoras do mercado premium fixará um novo projeto. Trata-se de Janaína Ortiga Abi-Ackel e Silvana Castro. Direcionadas para o segmento de festas e eventos sociais do gênero, ambas estreiam a Ortiga Luxo/Bezalel, integrando o ambiente da nova mostra da loja de decoração, assinado pela arquiteta Marcia Montenegro. “A brasiliense vem se posicionando de forma diferente em suas escolhas de vida. A Ortiga sempre acompanhou essa trajetória ao longo desses vinte anos no mercado de moda. Essa é uma nova forma de nos co-

UM ESPAÇO PARA O DESIGN

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municarmos com nossa cliente. De um modo cuidadoso e especial”, explica Janaína, que divide seu tempo entre Brasília e Belo Horizonte. E claro que toda roupa portentosa vem acompanhada igualmente de uma joia importante. É aí que entra a Bezalel, joalheria instalada no Gilberto Salomão, que abre nova loja neste espaço. “São as pesquisas nas feiras suíças que me inspiram a criar peças especiais, sejam elas clássicas ou modernas. Esmeralda, turmalina Paraíba, água marinha e diamantes serão nossas propostas para a estreia nesse projeto”, diz Silvana, que entregará o comando para seu filho Tiago e a irmã, Sandra. Nas araras, Patrícia Bonaldi, Helô Rocha, Andrea Bogoshian Ateliê, Arte Sacra e a importada Badgley Mischka. Nos acessórios Alexandre Birman, Isla e Serpui Marie. A estilista brasiliense Luisa Farani, que vem crescendo a cada temporada no mercado nacional com suas peças conceituais, autorais e de ótima qualidade, também integra o time de designers com coleção exclusiva. Serviço Ortiga Luxo/ Bezalel Loja Artefacto – Comércio Local QI 21, Lago Sul De segunda-feira a sexta-feira, de 10h às 19h. Sábado, de 10h às 16h

Styling: Michelle Nicolai Fotos: Plinio Ricardo Modelo: Nathália Queiroz para Mega Model Cabelo: Gisele Sales Maquiagem: Laisa Amorim Assistente: Bruno Aguiar Locação: Thatianna Nunes – Arquitetura e Interiores

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CLÁSSICO

Bobstore – R$ 689

Dudalina – R$ 319,90

Adriana Degreas

John Galliano

Ateen – R$ 429 Miu Miu – R$ 710 Chanel

Boutique Moschino – R$ 2.050 Juice Couture – R$ 450

PatBo para Uza Shoes – R$ 399,80

Essie – R$ 39

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Charlotte Olympia – preço sob consulta

ELES CAMINHAM PARALELOS, SOBREPOSTOS, INTERCALADOS, À SOMBRA UM DO OUTRO, MAS SEMPRE JUNTOS. UNIDOS, PARA O BRANCO E O PRETO NÃO HÁ TEMPO, ESTILO OU TENDÊNCIA QUE OS IMPEÇAM DE SE IMPOR ELEMENTARES

John John – R$ 198

Reinaldo Lourenço – R$ 1.979

Prada – R$ 1.460

UM CASO DE AMOR

Iorane – R$ 1.989

Andrea Bogosian – R$ 867

CMINDOV – R$ 1.900

Dolce & Gabbana – R$ 3.300 Luisa Farani para Ortiga – R$ 2.319,90 Versace – R$ 17.800 Chanel – a partir de R$ 37.950

Bottega Veneta – R$ 7.210 Gucci – R$ 3.780 Alexandre de Paris – R$ 1.435

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ESTAMPA

Miu Miu – R$3.400

FLOWERBOMB Arthur Arbesser Cris Barros – R$ 2.672 Printing – R$ 4.950

Farm para Shop2gether – R$ 329

Patricia Bonaldi- 3.100

PatBo – 2.472,50

Apartamento 03 – R$ 3.792,50

Valisere – R$ 149,90

Iorane – R$ 689

Fendi – R$ 14.160

EM MEIO A ESTAMPAS ÓTICAS, SURREAIS, DIGITAIS, AS FLORES SE APRESENTAM EM MEIO A PROFUSÃO DE POSSIBILIDADES, MINIS OU MAXIS MAXIS. O ROMÂNTICO QUE É ALEGRE. QUE INSPIRA E ACOLHE

Valisere – R$ 79,90

Salvatore Ferragamo – R$ 1.980 Silvia Furmanovich – R$ 13.300 L'Occitane – R$ 21

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Sapatilha Repetto em homenagem ao Vic Meirelles – peça em exposição

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TENDÊNCIA

METAL M

Armani Collezione para Farfetch – R$ 2.572

Wanda Nylon para Farfetch – R$ 2.812

Markus Lupfer – R$ 1.800

O SENSO DA MODA SEGUE PARA OS ANOS 1980 E LÁ ESTACIONA. ERA DISCO, MAS O MOVIMENTO É METÁLICO. PRATA OU OURO. E NÃO APENAS NOS ACESSÓRIOS. O LOOK TEM O SEU GLAM AUTORAL

Lanvin – R$ 11.920

Marni – R$ 8.730

Isabel Marant

Marc Jacobs

Fendi – R$ 11.535 Christian Louboutin – R$3.290

Moschino – R$ 970

Proenza Schouler – R$ 14.470

Chanel – a partir de R$ 4.190

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L MANIA Saint Laurent – R$ 3.410

Alberto Zambelli

Marc Jacobs – R$ 7.520

Aquilano.Rimondi

Stella Mccartney – preço sob consulta Ralph Lauren

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RETRANCA

MEIO HIPINHA, UM POUCO LARGADINHA, QUASE HIPSTER. UMA INDIE. AOS FREQUENTADORES DO VERÃO EUROPEU, VALE A LIBERDADE DE ESTILO. O ESPÍRITO LIVRE, O FIGURINO COOL, A MENTE ABERTA

Arme de L'amour Rosantica

Rockins

Frends Isabel Marant

PODE CRER Missoni

Saint Laurent Dolce&Gabbana

Mabu The Beach People

Linda Farrow Bidermann

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SOCIAL

Os noivos Raíssa Araújo e Rafael Lafite

RECÉM-CASADOS RAÍSSA ARAÚJO E RAFAEL LAFITE TROCAM ALIANÇAS EM CERIMÔNIA REALIZADA NA CAPELA CONSTRUÍDA POR LÉO LYNCE RORIZ DE ARAÚJO, PAI DA NOIVA, EM SUA CASA. PARA A OCASIÃO, RAÍSSA USOU O VESTIDO DE NOIVA DA MATRIARCA MARIA TEREZA CAVALCANTI. UMA PEÇA DE RENDA FRANCESA ASSINADA POR GUILHERME GUIMARÃES. FOTOS: CELSO JUNIOR

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Raíssa com a mãe Maria Tereza Cavalcanti A entrada da noiva com o pai Léo Lynce Roriz de Araújo

Os noivos entre Léo, Tatiana, Mayla e Tainah

Raíssa Araújo e Rafael Lafite

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SOCIAL

NA SEQUÊNCIA, RAÍSSA VESTIU UM MODELO IDEALIZADO PELA DESIGNER BRASILIENSE LUISA FARANI. FOI QUANDO EMOCIONOU OS 16 CASAIS DE PADRINHOS E 250 CONVIDADOS AO DANÇAR A PRIMEIRA VALSA DO CASAL, AO SOM DA CANÇÃO LUISA, DE TOM JOBIM.

Camila Nereu, Luiza Nasser, Monnike Falcão, Stephany Barreto e Gabriela Bessa

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Raíssa e Rafael entre José Celso e Ana Maria Gontijo

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SOCIAL

A MANSÃO DOS ARCOS FOI O CENÁRIO ELEITO PARA BRINDAR OS 15 ANOS DE CATARINA HENRIQUES. COM VESTIDO BY PATRÍCIA BONALDI E JOIAS DE CARLA AMORIM, CAT RECEBEU OS CONVIDADOS LADEADA DOS PAIS EDMUR E BEATRIZ ARAÚJO. FOTOS: CELSO JUNIOR E GIOVANNA BEMBOM

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A aniversariante entre os pais Beatriz e Edmur e os irmãos Edmur Araújo Filho e Victória

#CAT1.5

Gabriela, Patrícia, Eliane e Érika Henriques

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Catarina e suas daminhas

A jovem Catarina Henriques

A funkeira Ludmilla

A tão aguardada valsa com o pai

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SOCIAL

Pedro Cunha Campos, Edmur Filho, Lulu Cascão, Catarina e Victória Henriques com o DJ Gigga

Catarina dança coreografia com o avô João Gualberto

SOB OS CUIDADOS DA DECORADORA VALÉRIA LEÃO E DA CERIMONIALISTA DIANA ROCHA, O AUGE DO EVENTO FOI O MOMENTO EM QUE A FUNKEIRA LUDMILLA SUBIU NOS TABLADOS E ENTOOU SEUS FAMOSOS HITS.

Catarina Chehab, Zaira Helena, Isabella Soares e Alissa Seabra

Edmur Araújo Filho tocou saxofone Marco Túlio, Felipe Amorim e Davi

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Juliana Cunha Campos e Vitor Vellasco

Carol Carvalho, Margot Chater, Lulu Cascão, Ana Maria e Ana Cecília Gontijo

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SOCIAL

A jovem Duda Sabá

SABÁ E JUACY BEZERRA DE OLIVEIRA FESTEJAM OS 15 ANOS DE DUDA EM CLIMA DE CONTOS DE FADAS. COM VESTIDO ASSINADO POR FERNANDO PEIXOTO, A ANIVERSARIANTE ENCANTOU OS PRESENTES AO DANÇAR VALSA COM O PAI, O IRMÃO MARCEL LUCCA E O TIO ALEXANDRE CORDEIRO. NA SEQUÊNCIA, O LINE-UP TROUXE OS DJS LUIGI, SHARK E MATHEUS HARTMANN FOTOS: BRUNO ARAÚJO

A debutante com a mãe Sabá Oliveira

NOITE DE PRINCESA A aniversariante entre os avós Maria Antônia e Juacy Bezerra

Duda com o pai Juacy Oliveira

Duda e a avó Sabá Macêdo Sendo recebida pelo irmão Marcel Lucca para a valsa Isabella Lopes, Julia Sathler, Gabriela Furlan, Duda Sabá, Sarah Mendes e DJ Shark

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Leticia Vianna, Duda, Vavá Salomão e Camila Getro

Duda entre André Freitas, Paulo Henrique Almeida, Mateus Carvalho, Felipe Sathler, Hector Coca, Felipe Breder, Mateus Baracat, Victor Bryto, Marcel Lucca, Ruy Barbosa, Gabriel Resende

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Theodoro Rodrigues

BRUNO E CRISTINA RODRIGUES CELEBRAM OS 9 ANOS DE THEODORO NAS ALTURAS. REALIZADO NO IFLY, O EVENTO PROPORCIONOU AOS CONVIDADOS A EXPERIÊNCIA DE VOAR EM UM SIMULADOR DE PARAQUEDISMO INDOOR. FOTOS: GIOVANNA BEMBOM

O aniversariante com os pais Bruno e Cristina Rodrigues Sophia Rodrigues, Victória Lacerda e Gabriela Araújo

ADRENALINA 204 « GPSBrasília

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Mia Sartori, Ana Maria Clarke e Roberto Rocha

Vitória Arantes, Victória Lacerda, Eduarda Domingues e Isabela Farag

Theodoro Rodrigues, Marcus Baustista, Eduardo Barreira, Lucas Chueri, Caio Barreira, João Sarney, Pedro Padro e Maziko Mbwana

Helena Losekan e Grazi Pinheiro

Eduardo Barreira, Marcus Bautista, Maziko Mbwana, Arthur Maia, Leonardo Lima, Theodoro Rodrigues, Grazielle Pinheiro, Helena Losekan, Bernardo Haddad, Geraldo Couto Jr., Sebastian Mazerolle, Jayme Lima, Eva Bulock, Mia Sartori, Anna Maria Claker, Anna Katarina, Belinda Beuke e Ana Maria P. Lima

A PURA [GPS_brasilia_edicao_13.indd 205

Lucas Chueri, Caio Barreira, João Victor, Luiz Guilherme, Arch Stanton, Roberto Rocha, Pedro Prado, Jack Williams, Mussab Alazemi, Oliver Jobim, Tarek Sarairek, Theodoro Rodrigues, João José Sarney, Maria Clara Maia, Jackson Ballard, Manuela Brito, Rebeca Breitman, Davi Moura, Gabriela Cirilo, Giulia Amiridis, Arthur Maia , Eduardo Barreira, Valentina Leyva, Liana Ulbright e Anna Catharina Moreira GPSBrasília « 205

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SOCIAL

Mariana Gonçalves, Júlia Romagnoli, Sophia Máximo, Victória Avelar, Maria Victória Xavier, Valentina Rodrigues, Júlia Machado e Júlia Mendonça

Ana Clara Pedrosa, Victória Lacerda, Eduarda Domingues, Kristine Bakker, Gabriela de Araújo, Isabela Farag e Cecília Farag

João Victor, Caio Barreira, Theodoro Rodrigues e Maria Vitória Campos Ana Cristina Rocha e Daniela O'Connor

COM A TEMÁTICA DO JOGO MINECRAFT, A FESTA GANHOU CAPRICHADA DECORAÇÃO DE FABIANI CHRISTINE, DA DOT PAPER. A COMEMORAÇÃO CONTOU AINDA BOATE E BUS PARTY. JÁ O BUFFET LEVOU ASSINATURA DA UMAMI E OS DOCES DA MARIA DE FÁTIMA

Ms. Sabrina, Ana Cristina Rocha, Valentina Rodrigues, Maria Victória Xavier e Theodoro Rodrigues

Guilherme, Miguelana e João Júnior

Theodoro Rodrigues e DJ Garfield

Lilia, Isabel e Débora

Ms. Débora, Ms. Heather e Ms. Eliane com Luísa e Valentina

Ms. Sherdan, Della, Miss Sabrina e Sarah

Denise Turati,«Alexis e Valentina 206 GPSBrasília

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Patrícia e Paulo Antônio Campos

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SOCIAL

ILCA & LUÍSCA ILCA OLIVEIRA E LUÍSCA CARVALHO UNEM OS LAÇOS EM CERIMÔNIA CHARMOSA E SELETA NO PATÚ ANÚ. COM ATMOSFERA ANOS 20, A FESTA FOI EMBALADA COM BANDAS DE ROCK E CONVIDADOS DO RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO FOTOS: FERNANDA FERREIRA 208 « GPSBrasília

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Elcy Meireles e Cleucy Oliveira

Os noivos Luísca Carvalho e Ilca Oliveira

A tão esperada entrada da noiva com o pai Luiz Estevão

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Kitty Coimbra e Marcelo Hamu Luiza e Luiz Estevão Oliveira com Flávia e Marcelo Guth

CLEUCY, MÃE DA NOIVA, AJUDOU A FILHA A IDEALIZAR O TÃO SONHADO CASAMENTO. A DECORAÇÃO DA NOITE FICOU A CARGO DE MARIA TEREZA CAVALCANTI E OS DOCES, ESCOLHIDOS A DEDO PELA NOIVA, FORAM DE CECÍLIA FALCÃO, TATIANA BARROS E CIRÔNIA

Rodrigo Matos, Rachel Gontijo, Rodrigo Guimarães e Cleucizinha Oliveira

Marcela e Luiz Eduardo Oliveira

Fernanda e Rodrigo Meireles

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Claudia e Marcio Salomão

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SOCIAL

Maria Fernanda com os pais Christiane e Geovani Pinheiro

FESTA DOS SONHOS MARIA FERNANDA PINHEIRO COMEMORA A CHEGADA DOS 15 ANOS EM GRANDE ESTILO. AO LADO DOS PAIS, GEOVANI E CHRISTIANE PINHEIRO, A DEBUTANTE RECEBEU CONVIDADOS DE BRASÍLIA, GOIÂNIA, SÃO PAULO, FORTALEZA E TOCANTINS FOTOS: GIOVANNA BEMBOM

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O brinde com os pais e irmãos

Maria José e Adelmir Santana

Bruna Lelis e Matheus Pinheiro

Bruno e Rafaela Drummond

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SOCIAL

A pista fervendo

Mc Bockaum animou a noite

João Paulo e Felipe Nonino

REALIZADO NO ESPAÇO PATRÍCIA BUFFET, A NOITE TEVE DECORAÇÃO INSPIRADA NA PRIMAVERA, COM DIREITO A TULIPAS, LÍRIOS E ROSAS. A PISTA DE DANÇA FERVEU AO SOM DO FUNKEIRO MC BOCKAUM

Maria e Marcos Padovani

Cristian Rizk, João Pedro e Ivan Reis Donata Fidalgo e Guilherme Silveira

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RETRANCA

Tre uomini, de Michelangelo Pistoletto, Cardy Gallery

Obra de Sergio de Camargo, Galeria Almeida e Dale

INCÓLUMES AO CENÁRIO DE TENSÃO, ARTES VISUAIS SURPREENDEM COM ALTAS CIFRAS NA EDIÇÃO ANUAL DA SP-ARTE E CONFIRMAM A ASCENSÃO DE UMA NOVA GERAÇÃO, ASSIM COMO A PERMANENTE VONTADE DE INVESTIR EM NOMES CONSAGRADOS POR PAULA SANTANA

OS ESCAPISTAS S

ão Paulo – O SP-Arte não é um reduto de galeristas, colecionadores e amantes da arte. A feira, credenciada como a maior da América Latina, tornou-se, ao longo de sua 12 edições, um programa absolutamente necessário, porque não dizer sociológico, na agenda daqueles que têm interesse em desvendar o novo, a partir das intrigantes obras expostas nos corredores do Prédio da Bienal, no Parque Ibirapuera. De galerias veteranas, como a Dan – que comercializou por R$ 16 milhões a obra de Beatriz Milhazes na abertura do evento –, a novos nomes, como o bombeiro brasiliense com morada em Goiânia, Dalton Paula, ganhador do prêmio Illy Sustain Art, cujo feito lhe rendeu

A pintura e a manhã, de Luiz Áquila, Referência Galeria de Arte

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Décimo quarto andar, Praça do Patricarca, David de Almeida, Referência Galeria de Arte

Cadeira Girafa, de Marcelo Ferraz, Marcenaria Baraúna

o frescor de Sofia Borges (Millan), Maria Lynch (Blau Projects), Leonardo Stroka (Warm), Daniel Albuquerque (BFA), Eduardo Berliner, Ana Elisa Egreja e Celina Portella (Inox). De Brasília, a galeria Referência, de Onice Moraes, comercializou Virgílio Neto e João Angelini, ambos de Brasília. “Interessante porque nas grandes feiras os artistas de Brasilia ganham enorme destaque”, diz Onice. Nessa edição, a Referência ainda vendeu Walter Goldfarb, do Rio de Janeiro. E está em negociações avançadas para David Almeida, Rogério Ghomes e Luiz Áquila. A k2o de Karla Osório fez bonito com a venda da arte de Bel Barcellos (RJ), Galeno (PI). Eles estiveram sob olhares críticos de colecionadores norte-americanos, em especial a colecionadora de Miami, Ella Cisneros. “Quem também se encantou com nossos artistas foi Mari Carmen Ramirez, do Fine Art Museum Houston, local que abriga o maior acervo latino-americano do mundo”, explica. Um dos mais expressivos artistas contemporâneos da China, Wang Qinsong, estava representado pela marchand brasiliense, com a obra MOMA Studio.

o convite para participar da próxima Bienal de São Paulo. Artur Lescher, Marcos Chaves, Cildo Meireles, Laura Lima e Marcius Galan, assim como Mira Schendel e Michelangelo Pistoletto foram rapidamente comercializados. Por lá tudo é fresh, tem aroma de curiosidade, e não intimida o iniciante. O formato é didático, dividindo em seções os espaços consagrados, os novos talentos, as exposições individuais. Houve ainda um ambiente de enorme sucesso, destinado ao design brasileiro, com mobiliário modernista e bem familiar à nossa estética brasiliense. Por fim, toda contemporaneidade necessita das sempre enigmáticas instalações, que ganharam um andar só para si. Uma enorme curadoria que mesclava Hélio Oiticica, Volpi, Bill Viola, Carybé, Adriana Varejão, ou a escola de Damien Hirst, Anish Kapoor. Todos confluentes com galerias que trazem Professor, escultura em madeira, Galeno, Gabinete de Arte k2o Dalton Paula e sua obra dispostas em bases de madeira, antigas enciclopédias têm suas capas transformadas em pequenas telas nas quais mulheres e homens negros, alguns deles índios, são retratados com tinta a óleo

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CRIAÇÃO

ADEPTO DO PENSAMENTO DE QUE A OBRA TEM QUE SER VIVIDA, O ARTISTA QUE AJUDOU A CRIAR A TROPICÁLIA É HOMENAGEADO COM EXPOSIÇÃO EM FORTALEZA. SEU TRABALHO NÃO FOI APENAS PRODUZIR O NOVO, MAS INTERFERIR NA REFLEXÃO SOBRE A DEFINIÇÃO DE ARTE POR MARINA MACÊDO « ENVIADA ESPECIAL

UMA EXPERIÊNCIA

HÉLIO OITICICA

F

ortaleza – “O próprio dia a dia, para mim, é a construção de uma obra, o dia completo é a obra”. Essas palavras ditas em uma de suas últimas entrevistas mostram o brilhantismo de um dos nomes mais significativos da arte brasileira. Hélio Oiticica teve uma vida curta – faleceu aos 42 anos –, mas intensa trajetória. Conhecido como um artista plástico revolucionário e ousado, o legado do carioca ganha destaque em 2016, com exposições no Brasil e no exterior. Uma verdadeira imersão no universo de Oiticica. O Espaço Cultural Airton Queiroz, da Universidade de Fortaleza (Unifor), na capital cearense, abriga uma parte significativa de seu trabalho na mostra Hélio Oiticica – Estrutura Corpo Cor. Com curadoria assinada por Celso Favaretto e Paula Braga, 60 obras datadas entre 1950 a 1981 estão divididas em 17 espaços, marcando as diferentes fases desse artista inquieto e pulsante. A viagem começa com as primeiras obras, as cores intensas das figuras geométricas ainda na bidimensionalidade, mas que já mostram sua vontade de sair do quadro e invadir a tridimensionalidade. Segue com os chamados Relevos Espaciais, figuras geométricas que pendem do teto e mostram a mudança do plano para o espaço real. Seu trabalho une público e obra. É uma arte que vai além do quadro ou do objeto. É possível viver experiências com a arte de Oiticica, uma de suas principais características. Como entrar em um cubo gradeado com chão de areia batizado de Macaleia, feito em homenagem ao músico Jardes Macalé. Ou vestir capas coloridas colocadas à disposição dos visitantes e sair dançando pela exposição exibindo seus movimentos. São réplicas de seus famosos Parangolés. Como ele mesmo chamava, é uma “anti-arte por excelência”. O público pode ainda assistir a um filme deitado em colchonetes enquanto lixa a unha com lixas descartáveis em um ambiente batizado de Cosmococa, uma espécie de cinema criado em parceria com o cineasta brasileiro Neville D’Almeida. Faz parte de uma série iniciada em 1973. “Essa parceria continua. Com essa obra já fizemos mais de 40 exposições pelo mundo todo e, hoje, ela está no museu do Inhotim, em Minas Gerais”, diz Neville. Sobre a atualidade de Hélio Oiticica, Celso Favaretto enfatiza que seu trabalho não era de apenas produzir o novo, mas interferir diretamente na reflexão sobre a definição de arte. “Para ele, a arte só poderia existir se fosse ao ambiente e do ambiente se tornasse uma coisa pública. Toda ambição de Oiticica era que seus ambientes labirin-

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Os curadores Celso Favaretto e Paula Braga

Fotos: Jaime Acioli e Ares Soares

Relevo Espacial A22, 1959

tos, chamam-se hoje instalações, deviam estar em lugares públicos e ter utilidade. O uso da estrutura implicava na expressão de vivência”, enfatiza Celso Favaretto. Paula Braga explica que Hélio Oiticica representou um capítulo de redefinição do conceito de arte. “Sempre que se vê algo que vai ser marcante na história da arte, a princípio não se reconhece como arte. Então, quando Hélio mexe na terra que está em uma bacia como obra de arte, isso é muito mais que lançar no mercado um objeto que não existia. É criar uma mutação da arte”. A mostra revela ainda a força de uma arte que, literalmente, ressurgiu das cinzas. Um incêndio acidental na reserva técnica onde ficava o acervo do artista causou uma grande estrago, em outubro de 2009. “É difícil quantificar o tamanho da perda. Mas como todos projetos estavam digitalizados, foi possível restaurar e refazer as obras”, diz Paula Braga. A recriação foi possível devido as centenas de anotações que ele deixou e que estavam digitalizadas. Parece que o próprio artista participou da montagem da exposiGPSBrasília « 219

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Metaesquema, 1958

Ares Soares

Jaime Acioli

O ARTISTA

Nascido no Rio de Janeiro em julho de 1937, Hélio Oiticica respirou arte. Filho do fotógrafo José Oiticica Filho, teve os primeiros ensinamentos sobre pintura com Ivan Serpa, em 1954, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. No ano seguinte, trabalhou com obras bidimensionais, ao criar pinturas geométricas de guache sobre papel. Anos depois, com os Bilaterais e Relevos Espaciais, apresentou as primeiras criações na tridimensionalidade. Em 1964, passou por uma experiência fundamental para sua trajetória ao começar a frequentar a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira e, a partir do convívio com a comunidade, desenvolver seus tão conhecidos Parangolés. Em plena Ditadura Militar, em 1968, no espetáculo de Caetano Veloso na boate Sucata, Hélio exibiu a bandeira “Seja marginal, seja herói”, que foi apreendida e provocou interdição do show. Seus trabalhos também inspiraram o movimento Tropicália.No ano seguinte, expôs na Galeria Whitechapel em Londres, com curadoria assinada por Guy Brett. Em 1970, embarcou para Nova York para mostrar seu trabalho no Museum of Modern Art. Por lá, trouxe à tona os Ninhos na mostra Information. Em 1973, iniciou a série Cosmococa em conjunto com Neville D’Almeida. E, em março de 1980, Hélio faleceu muito jovem, aos 42 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC). Seu trabalho e importância artística são reconhecidos mundialmente.

Penetrável Macaleia

ção, que foi acompanhada de perto pelo seu sobrinho, Cesar Oiticica Filho, o Cesinha. “Participei atendendo as demandas da curadoria no que podia ajudar. Estive presente para garantir que as instalações estivessem fielmente bem reproduzidas”, salienta. No segundo semestre, o nome de Oiticica chegará a exposições pelos Estados Unidos. A primeira parada é no Carnegie Museum of Art, em Pittsburgh. Na sequência, desembarca em Chicago e Nova York. “Será um ano de muito trabalho. Mas será muito gratificante apresentar sua obra nos Estados Unidos”, revela Cesar Oiticica Filho.

DESTINO CULTURAL Notável por suas praias paradisíacas, Fortaleza tem se revelado uma opção aos admiradores da arte. Em especial no Espaço Cultural Airton Queiroz, instalado na Universidade de Fortaleza. Criado em 1988 e ampliado em 2004, o local já recebeu 48 exposições, de artistas brasileiros, como Candido Portinari, Beatriz Milhazes e Adriana Varejão, e internacionais, como Rembrandt e Miró. O chanceler da Unifor, Airton Queiroz, é filho primogênito de Edson Queiroz, um dos mais importantes empresários

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Topological Ready-Made Landscape nº03 Homenagem a Boccioni, 1978

Jaime Acioli

B32 Bólide vidro 15, 1965-1966

Ares Soares

Apropriação – Mesa de Bilhar D’ Après ‘O Café Noturno’ de Van Gogh

do Nordeste. Edson foi responsável por criar a fundação que carrega seu nome, conhecida por seu acervo de arte brasileira, com obras de artistas como Lygia Clark, Di Cavalcanti, Lasar Segall, Tarsila do Amaral e Alfredo Volpi. Além das obras de arte e exposições, o vice-reitor da Unifor, Randal Martins Pompeu, destaca ainda a Biblioteca de Acervos Especiais, que reúne a coleção de livros raros que pertencia ao grande incentivador da arte Francisco Matarazzo Sobrinho, e seu respeitável acervo de artes visuais. “Além da comunidade acadê-

mica, a sociedade em geral pode ter acesso a esse material”, diz. Depois de Oiticica, as próximas mos mostras no espaço já estão programadas. “No final de maio, vamos expor uma coleção do acervo do Airton Queiroz, em comemoração aos seus 70 anos. Já em outubro, haverá uma exposição do artista brasileiro Wesley Duke Lee”, adianta o diretor de arte e cultura da Unifor, Thiago Braga. Serviço Hélio Oiticica – Estrutura Corpo Cor Espaço Cultural Airton Queiroz da Universidade de Fortaleza – Fortaleza (CE)

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RETRANCA

O FRANCÊS QUE ENXERGOU O FUTURO O MESTRE DA HIPERFOTO, JEAN FRANÇOIS RAUZIER, FAZ SÉRIE ESPECIAL PARA BRASÍLIA, ENCANTADO COM O AZUL DO CÉU, O VERMELHO DA TERRA E O BRANCO DOS MONUMENTOS. PARA ELE, A TÉCNICA QUE TANTO O PREMIA É A POSSIBILIDADE DE ASSUMIR O CONTROLE CRIATIVO, PERDIDO NA FOTOGRAFIA ANALÓGICA POR RAQUEL JONES « TRADUÇÃO MARINA MACÊDO 222 « GPSBrasília

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Q

uando garoto, ele viajou ao Sul da França na companhia de seu pai e guardou na memória pinturas modernistas francesas com as quais havia se deparado ao longo do roteiro: Georges Braque, Henri Matisse, FernandLéger. Quase 50 anos depois, um dos maiores fotógrafos contemporâneos de sua geração, Jean François Rauzier se encontra com a cidade ícone do modernismo: Brasília. E se encanta. Profundamente. Nascido na pequena cidade de Sainte-Adresse, Normandia, a mesma região que inspirou o impressionista Claude Monet a fazer seus belos jardins, o francês criador da hiperfotografia apaixonou-se pela cultura tupiniquim. Na Capital Federal, uma certa nostalgia ao descobrir algo totalmente inovador ecoou na sua obra que, como ele mesmo diz, “ganhou um novo sopro, um vento da juventude”. Rauzier desembarca na cidade com a exposição Hiperfoto-Brasília, no Museu Nacional da República. São 31 obras que, segundo Rauzier, “é um verdadeiro testemunho de uma época cheia de entusiasmo”. Aos 64 anos, essa não é a primeira vez que o artista se debruça sobre a cultura brasileira. No ano passado, ele homenageou o Rio de Janeiro numa exposição com cenas de Cristo Redentor, escadarias de Santa Tereza e castelos de areia na praia. Desta vez, Rauzier foi tomado pelo construtivismo, pelos elementos minimalistas e pela luz dourada que colore o Planalto Central. Se antes sua obra vinha sendo concebida pela influência do barroco católico, em Brasília, Rauzier deixou-se levar pelo clima ecumênico, apegando-se à arquitetura de Oscar Niemeyer e seus monumentos de concreto. Sua sagacidade em transformar o real e fazê-lo conforme os seus sonhos lhe rendeu um dos maiores prêmios de fotografia no mundo, o Arcimboldo, concedido na França. Confira a entrevista exclusiva do artista à revista GPS|Brasília. Como começou a sua relação com a arte e, posteriormente, com a fotografia? Comecei fotografar aos 14 anos. Um de meus tios era amante de fotografia e após ver o desenvolvimento da foto no quarto negro, presenciei um momento de pura magia. Nunca mais a larguei. Para mim, ela é uma ferramenta mágica que me permite transformar o mundo. A fotografia não era reconhecia como arte maior e não era ensinada nas Belas Artes. Logo, fiz a escola nacional Louis Lumière e me formei fotógrafo publicitário, como os fotógrafos dessa época, agora reconhecidos como artistas, nomes como Irvin Penn, Sara Moon, Jean-Loup Sieff. Paralelamente aos estudos, pratiquei pintura e escultura. Foi com a chegada da era digital

que tudo mudou, como se eu esperasse essa ferramenta há 30 anos. Finalmente, encontrar a magia da transformação para colar a realidade. Quais artistas lhe inspiraram ao longo da vida? Esta influência cubista é especialmente evidente em Brasília. Os impressionistas também me encantaram, notadamente Monet e suas cores. Para meu trabalho, eu tenho influência de Edward Hopper, assim como todos os fotógrafos. E David Hockney, que antes da hiperfotografia me fascinou com as polaroides do Grand Canyon, as pinturas da Renascença notavelmente flamengas que se associavam à técnica hiperrealista empolgante e à grande busca do sentido pelo símbolo. Eu falo toda hora sobre Sara Moon. Assim como Bernard Plossu. Tem tantos artistas... Quando passou a desenvolver a técnica da hiperfoto? A chegada do digital foi o ponto de partida. A possibilidade de colar as imagens, editar, “pendurar” uma

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RETRANCA

A técnica da Hiperfoto mostra a Catedral de Brasília sob outra ótica

foto na outra. Assumir o controle do processo criativo, perdido na fotografia analógica. Foi numa visita à Toscana que eu quis fazer um grande panorama, juntando as imagens. Não era algo praticado na época. Comecei a fazer mosaico de fotos. O poder de multiplicar a foto não encontra limites. E, assim, não parei de aumentá-las, passando a produzi-la quilômetros de cumprimento. Qual foi o momento decisivo da sua carreira? Acredito que o prêmio Arcimboldo foi muito importante. Minhas exposições na Boulogne Billancourt e no museu Lambinet, em Versailles, permitiram-me ficar conhecido entre o público parisiense. Assim como na Fundação Annenberg, nos Estados Unidos. Algumas imagens foram um grande sucesso e se tornaram icônicas. Por exemplo, a Versailles, que os oito exemplares foram vendidos em duas horas pela Tefaf Maastricht. Os colecionadores não erraram. Como você define a sua arte? O barroco digital me serve bem. A profusão de imagens, liberando a criação deliberante e barroca. Eu sou um ‘católico barroco’ em reação aos ‘puritanos protestantes’. Embora as guerras religiosas estejam no passado distante, ainda existe na França uma oposição entre nossa herança barroca latina que vem do Sul e uma influência alemã minimalista e conceitual. Participei de muitos festivais de fotografia e nunca me senti no meu lugar, pois meu trabalho é muito longe da fotografia original. No entanto, é essencialmente fotográfico.

Como é a sua relação com o Brasil? Eu não sei por quê, mas há uma simpatia entre os dois países. Pude ver no Rio de Janeiro o amor de vocês pela França, muitos edifícios realizados por franceses e notadamente o Cristo Redentor, esculpido por Paul Landowski. A primeira coisa que conheci da cultura brasileira foi a música. A França e, principalmente Paris, tem sido ampliadora da música no mundo, como Chico Buarque, Tom Jobim, Gilberto Gil. No ano passado, impressionou-me a riqueza da arte de rua no Rio. E, claro, o meu trabalho sobre a diversidade e o legado que herdamos de todas as civilizações que nos precederam. E o Brasil é campeão do mundo nesse quesito. Qual foi sua primeira impressão da Capital Federal? Brasília foi uma ruptura do meu trabalho. Minha primeira impressão: o entusiasmo. Nenhuma decepção, apesar das advertências dos cariocas quando me diziam ser uma cidade inabitável. Para mim, Brasília é uma utopia de sucesso. Uma cidade-museu. Fiquei impressionado com a quantidade de obras modernistas que trazem cores de tirar o fôlego. Me impressionaram ainda a pureza do branco e do chão vermelho sob o céu azul, com calor forte e luz ofuscante. Os interiores são de uma frescura como os Jardins do Éden, os palácios das Mil e Uma Noites. Toda exuberância do Brasil parece convergir em Brasilia. Quais foram os pontos marcantes? O requinte e a beleza do Palácio do Jaburu e seu terraço às margens do Lago. Mas, é claro, as partes angulares

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As obras de Rauzier são tomadas pelo surrealismo e pelo cubismo. Na imagem, o Teatro Nacional

dos edifícios da Praça dos Três Poderes, a Biblioteca e o Museu Nacional. Fiquei fascinado com a Universidade de Brasília com sua beleza bruta e primitiva. Brasília é de uma brancura estonteante, mas eu amo também o concreto, como o Palácio de Justiça e suas cascatas. Você acha que a arte brasileira vem atraindo mais atenção internacional? Certamente. A arte contemporânea brasileira exibe um dinamismo refrescante que desperta forte interesse internacional. Os artistas brasileiros se inserem no mercado e nas coleções mundiais. Nós podemos admirar Guerra e Paz, de Cândido Portinari, no Grand Palais, em Paris. Um de meus museus favoritos de Paris é o Palais de Tokyo. As exposições são sempre de deixar os cabelos em pé. Agora uma escultura do brasileiro Henrique Oliveira, artista representado pela galeria Vallois, tornou-se um trabalho permanente. Artistas como Fernanda Gomes, Sérgio Sister ou Macaparana são regularmente apresentados em Paris. Eu mesmo trabalho em Paris com uma curadora franco-brasileira, Nina Sales, que me acompanha na turnê, incluindo o Hiperfoto-Brasil, fundadora da ArtMazone, espaço dedicado à arte contemporânea brasileira. Ainda existe resistência em considerarem a fotografia como obra de arte? Mais que tudo. Eu sofri um longo tempo, mas, agora, a imagem é respeitada. Entretanto, meu trabalho é bastante

pictórico, no cruzamento das artes digitais e visuais. Eu adoro quando alguém exclama: “É incrível como essa pintura parece uma fotografia”. Você lançou um projeto colaborativo inédito no País ao propor que fotógrafos brasileiros amadores ou profissionais enviem suas fotos para serem inseridas em sua obra. Eu espero, sinceramente, fazer um trabalho participativo que me mergulhe ainda mais no universo do Brasil e traga detalhes que não posso ver. E, sobretudo, me coloque em contato com pessoas que vivem no local e têm muito a acrescentar. Algum novo trabalho em vista? De Brasília, eu parto para Azerbaijão e Cazaquistão, onde sou convidado a descobrir e explorar essas regiões. Ainda estou trabalhando em um projeto monumental sobre Paris, uma hiperfotografia com ambição de trazer em uma única imagem toda a capital francesa. Esse trabalho em andamento já está com 4km de cumprimento, e deve ter mais de 20km. Também estou finalizando um trabalho na China. Mas o coração da minha pesquisa atual é sobre a história de Babel. Estou imerso, pesquisando sobre as múltiplas semânticas desse mito. Serviço Hiperfoto-Brasília, Jean François Rauzier No Museu Nacional da República, Setor Cultural Sul, lote 2 – Brasília (DF) Até o dia 5 de junho de 2016 Visitação de terça a domingo, das 9h às 18h30 Entrada franca www.hiperfoto-brasil.com

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ARTE

ELE É PIONEIRO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL DE BRASÍLIA. TROCOU FORTALEZA PELO SONHO DE VIVER NA CAPITAL DA REPÚBLICA. VIAJA O MUNDO, CRIANDO E ANUNCIANDO SUA INEBRIANTE OBRA SEM FRONTEIRA DIANTE DO MUNDARÉU DE CORES POR PAULO PIMENTA « FOTOS SÉRGIO LIMA

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O SEQUESTRADOR DE OLHARES P

erto das três da tarde, a secretária o chamou. Sem demora, surgiu Tarciso. Vestia uma camisa social preta com os botões abertos de cima a baixo e as mangas dobradas na altura dos cotovelos, bermuda e chinelos de dedo. Usava um brinco de pressão na orelha esquerda, um colar comprado na Índia, pulseiras no braço direito e, no esquerdo, relógio. Antes de dizer que a equipe da GPS|Brasília estava um minuto adiantada, reclamou do calor. E não era para menos. No Distrito Federal, naquela ensolarada tarde de sexta-feira, os termômetros marcavam 29ºC. A confirmação do calor vinha com a umidade relativa do ar, que parou nos 42%. Mas a previsão verdadeira era só uma: tela em branco com possibilidade de pancadas de cores em áreas isoladas. O tempo, no fim da tarde, lembrava o mesmo de quando ele chegou na cidade. Tarciso Viriato é artista plástico e cearense. Veio para Brasília em 1978 e daqui nunca mais saiu. Naquele dia, antes de o sol se pôr, deslumbrou-se ao perceber que estava chegando na Capital. A bordo de seu Chevette zero quilômetro, arrepiou-se com a constatação e só conseguiu pensar: “estou aqui”. Quando era mais novo, jamais imaginou morar no DF. Para quem podia pegar o sol com a mão, Goiás e as áreas próximas eram puras selvas. Bom mesmo era a praia. Entretanto, aos 28 anos, desembarcou em Brasília. Deixou em Fortaleza três irmãos e os pais. Graduado em Comunicação Social e Administração, largou a faculdade

de Direito no último semestre quando se decidiu pela mudança. Antes de chegar, deslumbrava-se ao ver fotos do Buraco do Tatu. Tarciso conta que foi a garra e a força de espírito de luta do cearense da gema que o trouxe até aqui. Ele se considera um candango, não o original, aquele que veio erguer tijolo por tijolo. Mas o que ajudou a construir a identidade cultural da cidade. Quem vai dizer que isso também não é uma forma de pioneirismo? A cada ano, desde que trouxe as malas, o amor por Brasília só aumenta. “Quando a gente faz um confronto com outras capitais, você vê que a qualidade de vida aqui é muito superior. Ainda? Ainda”, diz. Em 2003, recebeu o título de Cidadão Honorário de Brasília. “Será que vocês conhecem minha vida para ter coragem de oferecer essa honraria?”, brinca.

AGENTE DE VIAGENS Aos 66 anos, Tarciso Viriato é um dos grandes nomes da arte brasiliense e brasileira. Já ganhou diversos prêmios, expôs na América e na Europa e encontra-se em importantes paredes espalhadas mundo afora. Ele diz que se considera um agente de viagens. “Eu faço um mapa no meu trabalho e cada pessoa tem sua própria viagem. Eu tenho a minha quando faço. Depois, as pessoas que observam meu trabalho têm a própria viagem delas”, destaca.

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Para ele, a maior recompensa que um artista pode receber é quando a arte que fez consegue tocar as pessoas, despertar interesse, levar bem-estar emocional ou elevação do estado de espírito dela. “Elas não compram o trabalho por causa da minha viagem, mas pela viagem que elas vão fazer e que fazem”, afirma. A agência dele é dentro da própria casa, na varanda, ao lado de uma piscina e de frente para um jardim arborizado. Privilégio de poucos. Vive com a mulher, Ana Lúcia Valente, uma secretária que ajuda nas tarefas domésticas e Amélia, um labrador fêmea, preta, já idosa. Nenhum dos três filhos moram com ele. Dezenas de obras enfeitam os cômodos da casa. Só na sala são mais de 25 quadros – dele e de outros artistas. Muitos deles, pintados nas viagens que fez. No ano passado, foi para Índia, Peru, Cuba e Estados Unidos.

O ABSTRATO Em 2003, Tarciso lançou a exposição O Sequestro do Olhar, no Museu de Arte de Brasília. O termo pode até parecer pejorativo, mas é exatamente o que acontece com quem vai ao encontro das obras do artista. Naquele mundaréu de cores vivas, intensas e fortes, os olhos do espectador se tornam reféns da tela. A vítima, então, a depender de onde ela está – a céu aberto ou em um Salão –, é livre para resgatar a si mesma a qualquer momento. E o melhor: o artista não cobra pela liberação. No trabalho abstrato e com muitas referências figurativas, Tarciso se deixa levar por suas experiências. Faz pinturas, colagens, esculturas e ainda trabalha com cerâmica. Não se prende à combinação tradicional, seja de cores ou elementos. “A minha pintura é uma pintura bruta, que vai sendo lapidada com o tempo”, justifica, ao se remeter a um alfabeto próprio de cores e memórias. Longe do academicismo, o artista acredita ter desenvolvido uma palheta de cores próprias e credita os bons resultados das produções ao dom que tem. A primeira vez que foi acusado de sequestrar o olhar de uma pessoa foi em 1966. Em uma exposição no colégio em que estudava, Tarciso deu à obra o título de Mulher. Os professores e outras pessoas observavam o quadro e o questionavam, queriam entender o motivo do nome se eles não viam nenhuma mulher na pintura. O artista era direto: “É ‘Mulher’ porque ninguém entende.”. Para ele, o abstrato desde aquela época não é bem assimilado. “As

pessoas têm um hábito – péssimo, inclusive – de querer entender tudo e esquecem de sentir, de apreciar, de deixar fluir o olhar para aquela obra de arte e daí elas mesmas construírem suas próprias imagens”, desabafa.

CRONISTA URBANO Essa é uma das várias formas de como Tarciso se vê. E, embora não tenha tentação ou intenção de ser um grafiteiro profissional, muitos traços do Grafite são encontrados em suas obras. Isso pode ser reflexo da infância, quando pegava carvões do chão, caídos dos caminhões que chegavam à carvoaria, e riscava os muros brancos dos vizinhos. “Como não sou escritor, procuro ser um cronista urbano, colocando isso nas minhas telas e, eventualmente, nas paredes quando é possível”, revela. Ainda que afirme o contrário, escreve cuidadosamente sua rotina. Principalmente, depois que se aposentou do Banco Central, anos atrás. Às 9h já está de pé e pronto para uma caminhada de 6 km. No retorno, toma café da manhã, lê o jornal do dia – impresso – e depois dá uma olhada no e-mail e navega na internet. Às 10h30, livre, começa a trabalhar. Pausa para o almoço seguido de uma soneca. À tarde, o trabalho dura o tempo do sol. E, depois, vai a atividades culturais, como exposições, teatro, recepções em embaixadas. Cinema, não. Cinema ele gosta de ir durante o dia. Para o cronista urbano, o momento da caminhada é

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um excelente exercício de criatividade. Ele diz ter concebido várias exposições completas – desde o título, local, até como ela seria – caminhando. “É uma forma de começar a trabalhar mais cedo. Não é só um aquecimento corporal, é cerebral também. Os olhos não param. De vez em quando, acho até dinheiro na rua”, afirma.

POETA DA COR Colorista nato, Tarciso sempre desafiou os compêndios relativos à teoria da cor. Nesse impasse de definições sobre o que é a obra dele, ele se autodenomina um “poeta da cor”. E, assim como a maioria de suas obras, a definição continua abstrata. “É como poesia, uma poesia de vanguarda, que permite ousadias contemporâneas e medievais. Eu gosto de misturar referências ao clássico e ao contemporâneo”, lembra. O que pressupõe a existência de um artista é a sua obra. E se Tarciso fosse depender delas para existir, provavelmente, teria vida eterna. São obras universais. Obras que conversam entre si. Cores que falam a mesma língua,

independentemente do país em que são expostas. “O grande barato que acho do meu trabalho é essa capacidade que ele tem de comunicação em vários suportes e ambientes. Ele está inserido na cultura nacional, mas tem a capacidade de dialogar com outras culturas”, justifica. Por pelo menos seis meses no ano, o artista pinta em inglês. É que, geralmente, ele costuma passar o segundo semestre em Nova York, nos Estados Unidos, acompanhado da mulher. Os longos cabelos loiros dela fazem uma boa moldura para seu rosto simpático e sorridente que, antes de oferecer um cafezinho no meio da tarde, revela: “Eu sinto do Tarciso uma grande diversão em pintar. É como se uma criança estivesse experimentando uma coisa nova. Eu nunca vejo ele angustiado com quadro, exposição”. Nas telas de Tarciso sempre aparecem muitas cabeças e cruzes. A cabeça foi o primeiro desenho dele, ainda criança, e ele achava o máximo. Já a cruz tem a história um pouco diferente do que as pessoas que veem seu trabalho imaginam. “A minha cruz não necessariamente tem um apelo religioso. Muito pelo contrário, ela tem um apelo afetuoso, afeto que eu tenho por Brasília. Ela representa o traçado inicial da cidade onde, na realidade, tudo começou.”. O artista diz que sempre levou muito a sério o esquema da produção em função das vendas. “As pessoas que investiram em mim quando eu estava no início, acompanham meu trabalho e são meus maiores críticos. Eu sempre procurei me esmerar”, lembra. Tarciso acredita que pintar não é para os fracos. Segundo ele, a atividade exige muita musculatura cerebral e física. Como quem sobe na bicicleta e começa a pedalar sem parar, Tarciso se dedica à arte. Nos 66 anos de vida, não esconde: fez tudo demais. Viveu intensamente. Jogou bola, farreou, estudou, namorou, protestou. E pintou... Muito. Fez o que tinha e o que não tinha direito. E, assim, Tarciso segue a vida. Um bonvivant genuíno. Alegre, rodeado de pessoas interessantes, andarilho do mundo e, sobretudo, artista impecável. Se fosse um quadro, seria exatamente como um dos que pinta. Forte, colorido, intenso. Se jogou nos becos sem saída da arte e, agora, depois de anos de trabalho, observa a vida que escoa lenta e longa, mas nunca em vão. Derrama a tinta, molha o pincel, passa na tela, lava na água, seca, derrama a tinta, molha o pincel, passa na tela, lava na água, seca, derrama a tinta, molha o pincel... Serviço Ateliê Tarciso Viriato tarciso@tarcisoviriato.com (61) 9248-9285

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RETRANCA

As chuvas chegaram, pastel seco sobre tela

QI 25, Skyline, desenho e airbrush

N

uma estante encostada na parede, um pequeno museu musical chama a atenção de quem adentra o local. Na prateleira, Sex Pistols, ACDC, IRA, Clube da Esquina. Na agulha sobre o vinil, o som de New Order se encarrega da atmosfera nostálgica e ao mesmo tempo revigorante em que trabalha o artista. How does it feel?, canta Peter Hook na canção eletrônica que revolucionou os anos 1980. Assim vive o brasiliense Paulino Aversa. Entre batidas do rock e brinquedos da infância, sua obra se destaca única e visceral, sempre influenciada pela música. Quadros que associam Brasília à sua juventude transviada estão pelas paredes. Naquele tempo, a primeira geração da cidade não tinha nada a ver com James Dean, seu topete de gel e sua jaqueta bomber. A turma era do rock garagem. Preferiam o jeans rasgado, a barba por fazer, a moda punk/dark que os filhos de diplomatas introduziram primeiro por aqui antes do resto do País. Conversar com Aversa é entender um pouco o que foi os anos loucos do rock nacional. Se Brasília foi a vanguarda, ele estava no cerne da questão. Estudou no Colégio Rosário e depois na UnB, frequentou a Escola Parque, integrou o grupo de intervenção urbana Raul de Athayde, era amigo de Renato Russo e Dinho Ouro Preto. “Paulino foi um dos poucos de sua geração que teve a coragem de viver de sua própria arte”, observa Andréa Couto, sua companheira há mais de 30 anos e mãe de seu filho Antônio, de 14 anos.

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ARTE C PRIMEIRO ARTISTA PLÁSTICO BRASILIENSE, PAULINO AVERSA TRANSFORMOU SUA OBRA NUMA COLEÇÃO DE HISTÓRIAS QUE NARRAM A CAPITAL. QUANDO CRIANÇA, USAVA AS MAQUETES DE ATHOS BULCÃO PARA ESTACIONAR SEUS CARRINHOS DE BRINQUEDO POR RAQUEL JONES « FOTOS CELSO JUNIOR

Paulino em seu ateliê

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Setor Comercial Sul, desenho e airbrush Museu da República, técnica mista

E CAPITAL Num tempo em que correr de carro nas autoestradas era praxe, passar madrugadas adentro na boca do inferno das baladas undergrounds da cidade, seguir a carreira de artista nos anos 1980 ainda era algo para os destemidos. “Comecei a fazer uma coisa que ninguém havia feito e hoje está na moda, que foi pintar Brasília. E uma Brasília que ninguém conhecia”, orgulha-se Aversa.

O ARTISTA Antes de começar a entrevista, o artista plástico mostra um convite de 1985. No papel, a reprodução de um quadro seu com duas mulheres punks observando o cenário bucólico da L2 Sul com o prédio do Banco Central ao fundo. No verso, a frase: “aos punks, new waves, bicos finos, hippies, heavys, carecas e cabeludos, convidamos a comparecer a Big Night, com show ao vivo das bandas Legião Urbana e Falha Humana”. O convite era do aniversário de Luciana Péres, irmã da cantora Syang. Um pedaço de papel mostra que Paulino participou ativamente da época cultural e musical mais efervescente que Brasília conheceu. Ele nasceu na cidade, pois seu pai, Salvador Aversa, então engenheiro em São Paulo, integrou a equipe que iria construir a nova Capital. Ele veio como presidente da Novacap para executar as obras do arquiteto Oscar Niemeyer.

Paulino nasceu no ano da inauguração, em 1960. Viveu nos acampamentos da Vila Planalto e depois na 114 Sul, onde passou grande parte da vida. “Eu brincava todos os dias embaixo do bloco e observava aquela imensidão de terra. A cidade era muito vazia, tudo era muito longe, gerava um sentimento de solidão. Tinha quem gostasse e quem achasse bucólico, triste. Eu gostava e comecei a pintar aquela paisagem urbana”, recorda. Tempos depois, morou na QI 5 do Lago Sul, e conheceu sua mulher. Juntos, entraram para o curso de Artes Plásticas na UnB. “Éramos amigos. Naquele tempo, todo mundo se conhecia, éramos os chamados punks de boutique. Quando inaugurou o ParkShopping, em 1983, uma turma trabalhou em lojas como Forum, Cantão, Company. Trabalhei na Yes Brasil e na Phillipe Martin. Todos buscavam sua independência. Do trabalho, íamos para as festas no Lago Norte, no Park Way. Os shows eram no Maristinha, na Escola Parque. Vivíamos no Gilberto e no Gilbertinho. Tinha a boate Gotham City, na 202 Norte, e depois abriu uma boate que a gente chamava de Buraco da Marli, na Praça dos Três Poderes, na época do Sarney. Como éramos da mesma turma, um dia nós começamos a namorar”, lembra Andrea. Naquele tempo, Brasília tinha grande artistas plásticos consagrados e que chegaram de outros estados e aprimoraram sua arte na Capital, como o gaúcho Glênio Bianchetti, GPSBrasília « 231

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RETRANCA

A OBRA

Cota Mil, técnica mista

o baiano Rubem Valentin e o grande Athos Bulcão, todos professores da UnB. “Lembro do Athos sempre na minha casa. Eu brincava de carrinho com as maquetes dele. Uma vez, ele deu falta da maquete do Teatro Nacional enquanto dava uma entrevista. Eu ri comigo mesmo quando assisti, porque só eu sabia que ela havia se perdido em algum lugar junto com meus brinquedos”, diverte-se. Aversa foi da primeira geração de artistas de Brasília nascidos na Capital, formados por esses gênios. Coordenou projetos de inserção social na Fundação Educacional do DF, mas abandonou a instituição para dedicar-se a sua arte. Aversa participou no Brasil e no exterior de inúmeras mostras coletivas. E já realizou mais de 16 exposições individuais conforme a evolução de suas fases artísticas. Possui obras em acervos e coleções particulares no Brasil, Colômbia, Estados Unidos, Inglaterra e França. Paulino vive dos trabalhos artísticos e conta com ajuda da mulher para administrar. Mas também precisou entrar no ramo de decoração. Faz pinturas especiais, de patinas a trabalhos que imitam o concreto. Recebe ainda encomendas de estabelecimentos comerciais, como foi o Sushi Blue do empresário Rodrigo Amaral, onde fez a identidade visual. É um artista sempre acessível. Comprar uma obra sua é poder conhecer o ateliê do artista no Condomínio Quinta do Sol, no Jardim Botânico, um privilégio para poucos.

O olhar de quem viveu a cidade. Seu trabalho é a cara da juventude e do rock brasilienses. Seus desenhos representam cada canto da Capital. “Fui aprofundando o olhar e passei a pintar as coisas mais próximas de mim. Pintei a primeira igreja de Brasília, que já não existe mais; o Hotel Guarapari, que foi feito pelo Niemeyer, transformou-se em um bordel e depois foi demolido. Criei uma série de quadros só sobre a volta ao lago. Na época, era um programa que as famílias faziam aos finais de semana”, conta Aversa. O olhar particular sobre a cidade continua no trabalho Combinação, uma vã filosofia. Há mais de 20 anos, Aversa começou a fotografar kombis, o veículo mais visto nos primeiros anos de Brasília. “A kombi foi a primeira van a ser projetada. Em 2000, ela perdeu a função de transporte e virou loja ambulante, como kombi de borracheiro, de costureiro. Todo mundo que tem uma kombi tem uma história para contar. Eu cheguei a achar que ela ia sumir, mas ela voltou com tudo e está mais legal ainda”, explica Paulino. Hoje, esse é um dos trabalhos do artista mais conhecidos nacionalmente. Um dos grandes diferenciais da obra de Aversa são as molduras. Ele capta trechos da história para fazê-las. “Fiz um quadro de uma kombi transportando freiras, por exemplo, e na moldura juntei várias fotos de santinhos para compor”, complementa. Algumas molduras são potinhos de vidro que guardam objetos garimpados da infância, como um peão de rodar, figurinhas em quadrinhos setentistas. Cada obra, uma história, uma certa melancolia. A pequenez está sempre representada e lhe rendeu um trabalho intitulado Jardins da Infância. Um dos quadros que se destaca é uma caixa de vidro com aviões, barquinhos, pranchas em miniatura feitos de pedaços de tijolos e de areia cor de rosa, elementos que faziam parte do canteiro de obras que era Brasília. As crianças faziam desses objetos badulaques para pendurar no pescoço. Numa tela, um menino observa a obra da Catedral de Brasília, sua sombra é o herói de Gothan City, o Batman. Sempre é Paulino quem está lá representado na tela. Ele diz ser um pouco influenciado pelo surrealismo de Salvador Dali, mas, na verdade, Paulino não é um surrealista e, sim, um realista, pinta sobre sua própria vida. Seu próximo projeto? “Vai se chamar Novo para morrer e velho para o rock and roll”, finaliza. Serviço Ateliê Paulino Aversa Condomínio Quintas do Sol, quadra 2, casa 42, Jardim Botânico – Lago Sul, Brasília (61) 9964-3958

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ARTE POR MAURÍCIO LIMA

Marchand e consultor em investimento em arte « mauricio@galeriaclima.com.br

CLÁUDIO CRETTI: ENTRE O BI E O TRIDIMENSIONAL

ARTISTA QUE COM SEUS DESENHOS E ESCULTURAS EXPLORA AS INTERMEDIAÇÕES ENTRE O BI E O TRIDIMENSIONAL. SUAS OBRAS GERAM UMA SENSAÇÃO DE COMO SE HOUVESSE UMA CONTINUIDADE DOS PAPÉIS PINTADOS PARA O ESPAÇO TRIDIMENSIONAL

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C

om menos de um ano de idade, Cláudio sai de Belém com sua família e se muda para o interior de São Paulo. Alguns anos depois vai para a capital, onde vive e trabalha até os dias de hoje. Em 1981, inicia um período de formação acadêmica no Instituto de Arte e Decoração e percebe que a arte seria sua escolha de vida. Apesar de seu trabalho estar contido no pensamento da arte contemporânea, Cretti carrega consigo algo de movimentos artísticos tradicionais, como o construtivismo, que teve seu início em 1913, na Rússia. Mas mesmo com essa aproximação de movimentos do início do século passado, para o artista, sua obra não poderia ser classificada como clássica: “acho uma palavra muito forte”. Seus desenhos e suas esculturas muitas vezes se unem em uma única obra que extrapola realmente o limite do papel. Em um desses trabalhos, Acima e Abaixo (2009), o artista usa vários materiais, entre eles o papel-arroz pintado, o mármore e a fita adesiva, que atua tanto como suporte quanto como parte da estruturação da obra, que tem seus planos avançando sobre o espaço. Mesmo os trabalhos exclusivamente sobre papel, como os desenhos com bastão oleoso da década de 1990, têm um dialogo íntimo com a produção escultórica, pela densidade da matéria (tinta) e o caráter maciço das formas que tencionam as bordas do papel. Ainda na década de 1990, outra ligação forte entre o bi e o tridimensional se apresentava, obras formadas por colagem de camadas de papéis recobertos por pigmento surgem e dialogavam diretamente com pequenos relevos criados

pelo artista. Esses transitavam entre a definição de pintura e objeto e também foram produzidos pela colagem de camadas, mas dessa vez o material usado foi a fibra de vidro, sobre a qual foram depositadas camadas de pigmento. Claudio Cretti assegura que o desenho é o porto seguro de suas operações. Há, nesse sentido, um caráter de processo onde tudo começa no papel. Um dos suportes para esses desenhos é o papel-arroz, que, por causa de sua porosidade, expele o óleo da tinta, criando uma aura em torno da tinta preta, suavizando seu contorno e criando um certo mistério. Na década de 2010, Cretti continua explorando o desenho, mas agora começa a usar, além da tinta, o grafite em pó e, de uma forma muito assertiva, traz mais matéria para a obra. Pequenos acúmulos de grafite se seguram no papel, esse material também é usado para criar algumas áreas “esfumaçadas”, que geram um contraponto perfeito com a solidez das áreas pintadas com a tinta preta. Em 2014, o artista começa a explorar outros materiais para a criação de esculturas e, com isso, surge a serie Trago, que foi criada com peças de borracha e uma coleção de objetos formada durante anos pelo artista, com cachimbos e peças que propiciam a passagem de ar. As obras de Cretti já fazem parte de importantes coleções, como o Museu de Arte Contemporânea da USP e outras importantes instituições. Segundo a Galeria Clima, que representa o artista em Brasília, na Capital Federal os colecionadores se identificam muito com as pinturas grandes do artista, alguns com mais de dois metros, mas independentemente da escala, o artista consegue mesmo nos menores formatos passar para o trabalho a força que ele precisa.

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VIAGEM

A DOIS

Destino: Veneza, Itália “É um clichê de que não dá para fugir. Veneza é a epítome do amor. A minha dica é visitar a cidade na época da Bienal de Veneza.. Admirar os pavilhões, que é um mais belo que o outro. É um programa que dá ao encontro romântico um toque mágico de arte. Uma parada obrigatória é degustar o original drinque Bellini no Harry’s Bar”.

DIDICAS PÉ NA ESTRADA E PASSAPORTE NAS MÃOS. HÁ DEZ ANOS DESBRAVANDO O MUNDO COM O PROGRAMA DE TELEVISÃO LUGAR INCOMUM,, DO CANAL MULTISHOW, A APRESENTADORA DIDI WAGNER ENTREGA OS SEUS RECENTES DESTINOS PREFERIDOS POR LARISSA DUARTE

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“U

ma mulher a mil por hora”. Se fossemos tentar descrever Didi Wagner em um só conceito, seria esse. Ela não para. Nunca parou. Em 2000, com seus vinte e poucos anos, começou a sua carreira na TV com a apresentação de clipes musicais na MTV. Durante seu crescimento na emissora, migrou de programa em programa até se tornar uma das maiores referências do canal. Didi – apelido de Adriana – estreou no Multishow em 2006 com o programa de destinos Lugar Incomum, que desde então Destino: Pirenópolis, Goiás engrandece sua imagem como influência traveller. Londres, Berlim, Tailân“Além de ser uma cidade colonial dia, Tóquio, Suíça, Milão e Portugal charmosa, Pirenópolis o local é perfeito para você conhecer gente nova e fazer são alguns dos lugares que tiveram amizades. Enquanto houver sol, recomendo guia para quem deseja desbravar cada pedacinho de seu território explo- visitar as cachoeiras e fazer trekking nas o melhor da cidade, partindo das trilhas, sempre tem alguém disposto rado por ela durante a década em que a recomendações de alguém que a coa bater um bom papo. À noite, atração está no ar. Restaurantes, pubs, acomodar-se no barzinho mais nhece muito bem. A publicação traz museus, boates, hotéis, aventuras... Ela se animado da Rua do Lazer.” dicas de programações, gastronomia, joga de mente e braços abertos em tudo. cultura e entretenimento super atualizadas. De todos os destinos, Nova York está na lista Aos 40 anos, a libriana equilibra o casamento de lugares que ocupam um espaço especial na vida de com o empresário Fred Wagner e a criação de suas três Didi. A relação da apresentadora com a cidade começou filhas com a rotina profissional. Em seu Instagram, uma cedo, quando ainda na infância viajou até lá com a mãe compilação de registros de uma mulher sem o pé no freio. e se apaixonou pela selva urbana. O que registrava em Fotos de roteiros de programas, bastidores de gravações, seu caderninho de anotações durante suas visitas acabou cliques em transmissões de festivais, looks do dia, exerse transformando no livro Minha Nova Iorque, o qual teve cícios físicos, momentos em família e muitas, muitas viaa quarta edição lançada em 2014. Como uma espécie de gens. Paralelo à nova temporada de Lugar Incomum, o seu mais novo projeto é ao lado de Paulinho Serra, Bento Ribeiro, Murilo Gun e Bruna Louise no show A Pergunta que Não Quer Calar, recém-inaugurado no Multishow. Em visita à Capital Federal, marcado por extensa agenda da operadora Bancorbrás, a apresentadora fez elogios rasgados ao pôr do sol brasiliense. Foi nesse clima aprazível que Didi entregou seus destinos preferidos para curtir sozinha, em casal e com a família.

VIAGEM SOZINHO

EM FAMÍLIA

Destino: Machu Picchu, Peru “Minha dica é se jogar da caminhada desafiadora de Cusco até Machu Picchu, pela trilha Lares. Além de trazer um momento de aventura em família, esse passeio também gera um convívio de qualidade entre as pessoas. Você consegue tempo para conhecer melhor os seus familiares, por mais próximos que sejam, e trocar experiências. No fim do trajeto, um bom descanso no Hotel Sol y Luna. É um destino marcante e transformador.”

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Fotos: Divulgação

RETRANCA

Fachada do The St Anthony Hotel

Peraux Ballroom

Anacacho Ballroom Hall do hotel

WELCOME TO TEXAS

O ESTADO DA ESTRELA SOLITÁRIA, LOCALIZADO AO SUL DOS ESTADOS UNIDOS, VIVE NOVO HYPE EM MATÉRIA DE TURISMO. HISTÓRIA E ENTRETENIMENTO DÃO CLIMA DE MISTÉRIO E CURIOSIDADE POR SARAH

CAMPO DALL’ORTO « ENVIADA ESPECIAL

Fotos: Getty Images

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Tesouros de San Antonio

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O Álamo, um santuário de história

S

an Antonio, Texas – Gastronomia original, histórias de terror e glamour, missões de 300 anos, design e bairros descolados quase cults. Se, ao pensar no Texas, não é isso que vem à mente, é melhor se atualizar. As paradas obrigatórias? San Antonio, Marfa, Houston, Dallas e a capital Austin. Para entender o motivo de tanto magnetismo embarcamos rumo à região e fomos recebidos em San Antonio com um dos grandes atrativos texanos: o sol. O clima agradável se faz presente em grande parte do ano – a última nevasca por lá foi na década de 1980. O passeio por San Antonio e arredores não pode fugir do tour histórico. Localizada numa região estratégica (em um território que já foi considerado México), a cidade foi palco de inúmeras batalhas, sendo que a mais famosa dá nome ao principal ponto turístico. O lendário Álamo entrou para a história em 1836 não como o símbolo de uma vitória, mas como a recordação de uma sofrida derrota em meio a Revolução do Texas. Chamada de santuário pelos guias turísticos, a antiga missão é super popular, recebe viajantes do mundo inteiro e, em 2015, ganhou da Unesco o status de Patrimônio da Humanidade. O mergulho no passado ganha contornos mais artísticos assim que se conhece a charmosa La Villita, ou a vilazinha, em espanhol. O vilarejo serviu como acampamento para uma das primeiras comunidades que habitaram a cidade. Hoje, as casinhas restauradas abrigam lojas de souvenir, galerias de arte, restaurantes e boutiques. Ali pertinho está o Arneson River Theatre, um anfiteatro ao ar livre que celebra os principais eventos de San Antonio. Caminhar pelos calçadões que margeiam o rio é uma das coisas mais gostosas para fazer na cidade. O famoso River Walk, ou Passeio do Rio, segue na direção norte ao longo do rio e se liga ao San Antonio Museum of Art ao sul. Ao longo de todo o percurso é possível encontrar barzinhos, restaurantes, lojas de souvenir, pubs, hotéis e clubes. Durante o período da Fiesta, uma espécie de Carnaval texano realizado no mês de abril, milhares de turistas e fãs curtem a festa ao longo do rio em um desfile fluvial, com direito a rei, princesa e corte.

Desfile no famoso River Walk

Ainda no centro de San Antonio, nas proximidades do Álamo e do River Walk, os turistas podem conhecer dois importantes endereços históricos. Os imponentes teatros Majestic – construído em 1929 – e o Empire – inaugurado em 1913 – ainda estão em funcionamento e são projetos que conseguiram se reinventar ao longo dos anos. Vale a visita.

CIRCUITO COOL Boa sugestão para equilibrar com o roteiro gastronômico da cidade é bater perna pelo Pearl, o bairro cult e gourmet de San Antonio. Esquecida durante décadas, a área onde funcionava uma antiga cervejaria começou a ser revitalizada há alguns anos e hoje ferve. A vizinhança conta com um campus da Culinary Institute of America (a melhor universidade de gastronomia do mundo); uma feira com produtos orgânicos e música ao vivo; boutiques; duas microcervejarias; e uma série de restaurantes cheios de bossa, além de padarias e bares. Highlight do Pearl: o recém-inaugurado Emma Hotel. Com décor industrial, o hotel boutique de 146 quartos funciona em uma antiga cervejaria. Outro projeto de revitalização urbana que caiu no gosto de quem mora em San Antonio é o Alamo Quarry Market. Mix de shopping com praça de alimentação, salas de cinema e serviços, o Quarry funciona em uma antiga fábrica de cimento (a Alamo Cement Company foi criada em 1908) e ainda é possível ver parte da estrutura gigantesca. Um pouco afastado do centro da cidade (é preciso alugar um carro ou seguir de uber/táxi até lá), o Quarry também rende um passeio especial. GPSBrasília « 239

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Pearl, um bairro cult e gourmet de San Antonio Osteria Il Sogno, um dos melhores restaurantes da cidade

Fotos: Divulgação

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BIENVENIDOS AO MEXICO

River Walk, o famoso passeio no rio

ALÉM DO GUACAMOLE Il Sogno: Localizada em Pearl, a osteria italiana é considerada um dos melhores restaurantes da cidade e é garantia de uma massa artesanal fresca e cheia de sabor. Peça a Cavatelli servida com alcachofras frescas, espinafre e cogumelos. A carta de vinhos é premiada. Biga on the Banks: Restaurante mais badalado do River Walk, o Biga é especializado na nova cozinha americana e comandado pelo chef Bruce Auden. Dica: ideal para quem busca fugir dos endereços sempre cheios da margem do rio. Rebelle: Recém-inaugurado, o restaurante é o queridinho do momento. Localizada no térreo do hotel The St Anthony, a casa pensada pelo restauranteur Andrew Goodman e chefiada pelo criativo Stefan Bowers tem clima sofisticado e menu moderno. As receitas que combinam toque clássico e sabores locais são as mais interessantes. Não deixe de experimentar os drinks da casa (os coquetéis são batizados com o nome dos sete pecados capitais). Bakery Lorraine: Mais um pitstop obrigatório no Pearl e ótima dica para um café da manhã charmoso. A padaria/ confeitaria é cultuada por milhares de fãs e vende os melhores macarons de San Antonio. Alamo Beer Company Brewery: Os texanos são famosos por adorar cerveja; logo, que tal conhecer um pouco da produção local? Não deixe de degustar o carro-chefe da cervejaria, a Alamo Golden Ale, e visitar a sede da Alamo Beer Co. O projeto foi aberto ao público em 2015 e virou point de eventos com food trucks, música ao vivo e gente bacana apaixonada por cerveja. Fig Tree Restaurant: Um cantinho elegante incrustado na histórica La Villita, com vista para o Arneson River Theatre. Restaurante mais indicado de San Antonio, o Fig Tree tem cardápio clássico e ambiente romântico (leia-se caro). Criada na década de 1970, a casa serve um beef Wellington imperdível.

A cultura mexicana marca presença nos mínimos detalhes no sul do Texas. Para se ter uma verdadeira experiência tex-mex basta passear pelo Market Square, ou El Mercado em espanhol. Considerado o maior mercado mexicano dos Estados Unidos, o espaço conta com sobrados que remetem à Nova Orleans, antigas construções inspiradas no Velho Oeste. Não deixe de fazer uma paradinha no super decorado Mi Tierra Café e Panaderia. Uma verdadeira instituição de San Antonio, o restaurante funciona 24hs. Aproveite para degustar uma fatia da Torta de Nozes Pecan (tradicional sobremesa do estado) e saborear uma das margaritas do Mi Tierra. Por fim, tente não fazer uma foto do Elvis Presley mexicano ou dos murais com pinturas de celebridades nascidas no Texas, como a atriz Eva Longoria.

SONO DOS SONHOS Membro da The Luxury Collection e point dos importantes na cidade desde sempre, o hotel The St Anthony passou recentemente por uma reforma milionária e ostenta novo brilho ao completar 107 anos. Com uma piscina na cobertura, um bar-febre localizado no térreo – o Hunt – e localização central, o hotel ainda hoje é chamado de “joia do Texas”. Além de ser conhecido por receber famosos (nomes como George Clooney, Bruce Willis, Demi Moore, Grace Kelly, Cary Grant, John Wayne, Veronica Lake e o diretor Alfred Hitchcock já se hospedaram no prédio), o The St Anthony também carrega a alcunha de ser um dos endereços mais assombrados do estado. As várias histórias sobre crimes ocorridos nas suítes ou nos salões de luxo circulam pela Internet, mas ao vivo, o staff costuma manter o clima de mistério. Verdade ou não, a aura mágica do hotel surpreende.

COMPRINHAS Não é difícil associar o Texas a estereótipos envolvidos por um véu de preconceito (os próprios americanos têm o costume de fazer isso). Mas a verdade é que o tradicional barbecue, os ranchos e a trupe de cowboys texanos fazem parte da história do estado, mas não ditam regra. Quer uma prova? Circule pelo luxuoso outlet a céu aberto La Cantera. Localizado a cerca de meia hora do centro de San Antonio, o endereço faz parte de um empreendimento bilionário, que reúne condomínio premium e clube de golfe. O mix de lojas do La Cantera conta com etiquetas de luxo. *A repórter viajou a convite do The Luxury Collection Hotels & Resorts

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DESTINO

VIDA DE RAINHA VOLTAR NO TEMPO E SENTIR-SE MAJESTOSO, DESBRAVAR OS SÉCULOS, MERGULHAR NA RICA HISTÓRIA MONÁRQUICA DA FRANÇA. ESSA É A PEDIDA PARA DIAS DE DELEITE NO VALE DO LOIRE, UM DOS LOCAIS MAIS BELOS DO MUNDO, AGORA PATRIMÔNIO DA UNESCO POR PAULA SANTANA « ENVIADA ESPECIAL

V

ale do Loire - Poucas horas separam Paris de um dos mais belos e ricos cenários da Europa. Ao longo dos 300km do Vale do Loire, existem cerca de mil castelos, 300 dos quais integram o roteiro turístico da França. Sede da realeza francesa por muitos séculos, esse exuberante e fértil Vale, com suas aldeias e vilas margeando o rio homônimo, foi eternizado por seus lindos castelos e desde 2000 tornou-se Patrimônio Mundial pela Unesco. Ao longo do rio Loire, as terras eram férteis e os animais selvagens atraiam a atenção dos nobres para as caçadas. Era o século 16, a arte fervilhava e a corte francesa voltou seus olhos para o Vale do Loire. O rei Francisco I foi o responsável pela construção ou ampliação de boa parte dos castelos. Um visionário que criou propriedades com identidades distintas, recheadas com obras de arte e acompanhando a evolução da arquitetura, abrindo espaço para a sedutora renascença. A monarquia se esvaiu, mas a história permanece viva e é primorosamente perpetuada. Desde o século XIX, os castelos, cuja administração recebe incentivo do governo, estruturam-se para receber milhares de turistas no local do qual eles se orgulham de exibir. Ao longo de todo o ano, uma intensa programação se reveza de acordo com as es-

tações. Concertos, saraus, exposições, festival de luzes… Um dos momentos mais emocionantes e que a região tanto preza é o Natal nos castelos. Irresistível. Para conhecer com calma e ainda desfrutar das cidades ao redor, o ideal são quatro dias, visitando dois castelos diariamente. A partida é na cidade de Orleans, capital do Loire. Pequenina, com 114 mil habitantes, ela exalta Joana D’Arc que libertou o local dos ingleses. Na despedida, uma parada em Tours, a “cidade grande” do interior, com 140 mil habitantes, dos quais 40 mil são universitários. É conhecida como o jardim da França, como dizia o escritor Honoré de Balzac, nascido lá. Ambas são charmosíssimas, têm ótimos restaurantes, bons hotéis e vida noturna. Adentrando o vale, duas comunidades se destacam por serem as mais próximas dos castelos. Blois tem vida própria, meio agitadinha dentro de seu modo interiorano que abriga 47 mil habitantes. Já Amboise é uma cidadela de 12 mil moradores, com ruas estreitas de pedras medievais. Foi o local onde Leonardo da Vinci passou seus últimos três anos. Por toda a região vale passear a pé, conhecendo as lojinhas e bistrôs. Comida saborosa e bom vinho em qualquer esquina. Sem falar das sobremesas. As pâtisseries são um show à parte. *A repórter viajou a convite da Atout France e Air France

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CHÂTEAU DE CHAMBORD Normalmente é a primeira visita do roteiro, para ter logo o impacto de conhecer o maior e mais prestigioso castelo da Renascença francesa, influenciado pela nova estética de Leonardo da Vinci. Data de 1519. Um colosso de pedra, onde foi possível absorver toda a arte de viver de Francisco I. Em meio a uma floresta, o local era onde o rei costumava caçar. Ao fim de cada temporada, deixava-o sem móveis e desabitado. Nos demais séculos, outros reis mantiveram o hábito de usá-lo. Não perca: a escada interna criada por Da Vinci e os apartamentos de Francisco I e Luís XIV

CHÂTEAU ROYAL DE BLOIS Um castelo adorado pela realeza. Sete reis e dez rainhas da França o elegeram para residir, uma vez que ele fica no centro do Vale do Loire. Todos os dramas, jogos de poder e tramoias se deram entre as quatro alas que formam um quadrado, representando cada movimento da arquitetura. Do gótico da Idade Média, séculos 12 e 13, passando pelo renascimento no século 15, culminando no período clássico do século 16. Lá está o Museu de Belas Artes, com 35 mil obras, onde Ana de Bretanha morou. Não perca: o Studiolo, gabinete real cheio de mistérios, e as paredes secretas do quarto de Catherine de Médici

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CHÂTEAU DE CHAVERNY O elegante château é habitado pela mesma família de financistas Hurault, oriunda do Marquês de Vibraye, há mais de seis séculos. E a última geração reside na ala direita em meio ao vigoroso mobiliário Luiz XVII. Até o quarto do rei da França, que frequentava o local, está mantido intacto. Cercado de jardins notáveis, a fachada Luiz XIII inspirou a criação do castelo Moulinsart, cenário do personagem Tintin idealizado pelo desenhista belga Herg. Não perca: os apartamentos privados e o canil que abriga dezenas de cães tricolores com o V marcado do lado direito da barriga

CHÂTEAU DE VALENCAY Esse castelo tem o seu charme. Trata-se da antiga propriedade do ministro dos Negócios Estrangeiros de Napoleão I, Charles-Maurice de Talleyrand. O estadista comprou o castelo em 1803 e recebia com pompa convidados de prestígio do Império. A vida por lá era uma eterna festa, com salas renascentistas suntuosamente decoradas. Por causa dos banquetes, a cozinha era um espetáculo à parte. Talleyrand se deu ao luxo de construir um teatro para entreter seu hóspede-refém, o príncipe da Espanha, que foi capturado, e desistiu de voltar ao seu país, tamanha eram as atividades no Valençay. O ministro ainda teve que administrar a mulher e a amante no mesmo ambiente. Não perca: as cozinhas, o Grande Labirinto de Napoleão, a Floresta dos Príncipes e o pequeno teatro, conservado intacto

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AMBOISE CHÂTEAU ROYAL Esse castelo tem importância decisiva para a arquitetura. O primeiro fosso data do século IV. Apesar das imensas disputas pelo local no período medieval, foi Francisco I quem deu inicio à entrada definitiva da arte italiana na França, oficializando o movimento renascentista no País em detrimento da construção gótica. Leonardo da Vinci era muito próximo do rei e caminhou três meses da Itália à cidade de Amboise para passar seus últimos anos. Ele trouxe em mão a Monalisa. Quanto à morada, o local era o predileto dos reis para realizar batismos, casamentos, festas familiares. Não perca: o túmulo de Leonardo da Vinci, a vista do rio Loire

CHÂTEAU DE CHENONCEAU Chenonceau foi uma residência disputadíssima. É conhecido na França como o Castelo das Damas. Construído em 1513 sobre o rio Cher. Tempos depois, o rei Henrique II presenteou sua “favorita” Diana de Poitiers. Após a morte do marido, a rainha Catarina de Médici tomou o local para si. E passou a construir belos jardins labirinto para sobrepor a rival. Dois séculos mais tarde, Madame Dupin, rica e culta, resgata o castelo e o transforma num nobre local recheado de obras de arte, onde havia muitos encontros culturais. Durante a Primeira Guerra mundial, ele serviu de hospital, salvando mais de duas mil vidas.

CHAUMONT-SUR-LOIRE Diane de Poitier, a favorita do rei Henrique II, ao ser expulsa de Chanouceau pela rainha Catarina de Médicis, refugiou-se em Chaumont. Com a morte de Charlotte de laMarck, filha de Poitier, 1594, o castelo passou por tempos conturbados e serviu de fazenda, herança, pagamento de dívidas. Ele foi completamente reerguido em 1875 com a construção de baías luxuosas e magníficos jardins. Mais recentemente, sob domínio dos Broglie, família de usineiros, houve recepções esplêndidas. A mudança na vida da princesa de Broglie obrigou-a a vender o Chaumont em 1938 ao Estado. Não perca: a ponte levadiça em funcionamento, os salões de festa

Não perca: a capela com belos vitrais e esculturas, a galeria que servia de salão de baile e abrigou soldados da guerra, os jardins

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NATUREZA

EM MEIO A UM IMENSO CERRADO DE MATA DENSA, UM PEDACINHO DE CIVILIZAÇÃO CHAMADO PARQUE NACIONAL DE BRASÍLIA ABRIGA UM DOS LAZERES A CÉU ABERTO MAIS LINDOS DO DF. O LOCAL É DESTINO DE TODAS AS TRIBOS HÁ CINCO DÉCADAS POR MARINA MACÊDO

OLHA A ÁGUA MINERAL 246 « GPSBrasília

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revisão de dia quente em Brasília. A diversão começa antes do sol raiar. Carros e vans formam fila no acostamento da parte norte da Estrada Parque de Indústria e Abastecimento (EPIA). Alguns chegam discretos, com vidros fechados e pouco barulho. Outros, com som alto e esbanjando animação. Em busca de lazer, dezenas de famílias aguardam ansiosamente horas de fila para entrar no Parque Nacional de Brasília. Localizado na região noroeste do Distrito Federal, o parque recebe diariamente, em média, 400 pessoas. Já aos finais de semana e feriados, atinge sua capacidade máxima, de três mil visitantes por dia. Com isso, tem quem fique do lado de fora, porque há a preocupação de evitar danos à natureza, já que o parque é Unidade de Conservação Federal, de onde sai parte da água consumida na Capital. Popularmente conhecido como Água Mineral, ele tem público variado. Pessoas que vão para desfrutar das piscinas com águas correntes, desbravar as trilhas, visitar a ilha da meditação, fazer piqueniques, montar suas redes nos troncos das árvores ou praticar atividades físicas. Por lá, o grande atrativo são as piscinas, chamadas de Areal e Pedreira, ou Nova e Velha, com água continuamente renovada devido às nascentes em seu interior. A Areal é a maior delas, com 86m de comprimento e 38m de largura, debaixo do sol. A Pedreira tem 43mX45m, com borda e piso revestidos em pedra. Ela é a mais procurada, por ser cercada de árvores, proporcionando disputadas sombras. O parque também é local para reflexão. Uma ilha da meditação recebe os adeptos da vida zen, com direito a bancos de madeira às margens da Represa da Anta. Estar ali é deixar de lado a vida corrida de cidade grande, ver a imensidão do Cerrado refletir na água e desfrutar de um belíssimo pôr do sol. Para os que preferem aventura, há três opções de trilhas: Capivara,

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Cristal Água e Pavimentada. A primeira possui extensão de 1,3 mil metros, onde o silêncio é fundamental e não é permitido praticar corrida. A segunda teve seu percurso ampliado este ano de 5km para 15km, e pode circular com bicicleta. Os adeptos da corrida de rua se aventuram na terceira trilha, que é pavimentada e tem 3,5 quilômetros. “Nas três é possível ver variados tipos de vegetação e aves. Porém, é muito raro encontrar os mamíferos, pois eles se escondem”, conta Antônio dos Santos, o Bigode, um dos cem profissionais que se dedicam ao parque.

PRESERVAÇÃO O que poucos sabem é que a reserva vai muito além da parte de acesso ao público, que representa menos de 1% dos 42 mil hectares do parque. O Parque Nacional de Brasília é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral Federal. Os 99% restantes são restritos a pesquisadores cadastrados, funcionários do parque e autoridades, como Polícia Florestal, Corpo de Bombeiros e Ibama. Para se ter uma ideia da dimensão, ele abrange as regiões administrativas de Brasília, Sobradinho e Brazlândia, além do município goiano de Padre Bernardo. Idealizado em 1961, o parque é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. Foi declarado como Área Núcleo da Reserva da Biosfera do Cerrado, no âmbito do programa O Homem e a Biosfera, da Unesco. Preserva inúmeros tipos de vegetação, como árvores ipês, macaúba, pequi, buriti, entre outras. A fauna também merece destaque por amparar espécies como tamanduás, lobo-guará, antas, capivaras e tatus. “Temos uma amostra do bioma Cerrado do Planalto Central. É uma das mais representativas da região”, comenta Christiane Horowitz, que trabalha no parque há mais de 30 anos e observa mudanças ao redor. “Houve uma transformação da paisagem. A unidade está sendo pressionada pelo crescimento urbano”, analisa.

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DESAFIOS Criado há 54 anos, o parque enfrenta desafios diariamente. O maior deles é o combate aos incêndios, motivados tanto por causa natural, como por raios nas árvores, ou por ação humana, como cigarros mal apagados. "Na seca mesmo, trabalhamos 24 horas por dia”, comenta Juliana de Barros Alves, chefe do parque. Outro fato que atrapalha são as ocupações irregulares. O episódio mais recente ocorreu em dezembro de 2014, quando foram retiradas cerca de 30 famílias que viviam em seu interior. Por fim, o Parque Nacional é refém do vandalismo dos próprios frequentadores. “O parque é um bem público. Às vezes, em vez de investir em novidades, temos que restaurar o que a própria população depreda”, lamenta Juliana. Há a possibilidade do retorno da chamada Caminhada da Lua. Há seis anos desativado, o programa reúne visitantes em dia de lua cheia. E também a realização de visita guiada ministrada pelo grupo Observaves (Observadores de Aves do Planalto Central). “O foco é diversificar o público, que vê o parque apenas como clube, e trazer também pessoas para contemplar a natureza”, finaliza a chefe do parque.

Serviço Parque Nacional de Brasília Via EPIA, Rodovia BR-450 Ingressos – Menores de 12 anos e maiores de 60 anos não pagam; visitante brasileiro ou estrangeiro residente no Brasil, R$ 12; visitante estrangeiro, R$ 24 Mensalidade – R$ 120. Entrada permitida a partir das 6h Visitação geral Diariamente, das 8h às 16h Piscina Pedreira: de sexta-feira a quarta Piscina Areal: de quarta-feira a domingo Trilha Capivara: terça-feira a domingo, das 8h às 16h Trilha Cristal Água: diariamente, das 8h às 15h30 Trilha Pavimentada: diariamente, das 8h às 16h

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OS IPÊS EM SUAS CORES INCANDESCENTES SÃO IRRESISTÍVEIS AOS OLHOS APAIXONADOS DO BRASILIENSE. FLORESCEM ENTRE MAIO E OUTUBRO EM CINCO TONALIDADES DISTINTAS. APESAR DE NÃO SEREM EXCLUSIVOS DO CERRADO, SOMAM QUASE 500 MIL PÉS NO DF. E SUAS BELAS FLORES DURAM APENAS 15 DIAS POR PAULO PIMENTA « FOTOS BENTO VIANA

É SURREAL 252 « GPSBrasília

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DE LINDO GPSBrasília « 253

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paz só é interrompida pelo barulho dos carros que transitam em alta velocidade. Fora isso, o local funciona como um abrigo, ao passo que uma grande mancha escura no gramado delimita o espaço em que essa calmaria pode ser sentida. Sol a pino, céu de brigadeiro, mato aparado e verdinho. Sentar-se embaixo de um ipê é assim. Ainda mais nos primeiros meses do ano, quando a copa da árvore está cheia de folhas e sem flores. Embora Brasília tenha sido planejada, nem de longe seria possível prever a beleza que os ipês trariam à cidade no período de floração. Dos traçados da nova Capital, um ficou de fora: o traço de afetividade que o brasiliense rabiscou em si mesmo, criando laços firmes com as árvores que fazem suspirar. São roxos, amarelos, rosas, brancos e até verdes. Um ipê florido, sozinho ou em grupo, é poesia natural a qualquer vista. Quando mostram o colorido, a grama já não está mais tão verde. As folhas caem. Sombra, nem pensar. Se não servem mais para esconder as nossas cabeças do sol, servem para encher os olhos e provocar suspiros. São mudas que começam como versos simples e crescem até se tornar longas estrofes. Métrica não existe. É um maior que o outro mesmo. E chegam a 40, 50 metros. Imponentes. Impressionantes. Impactantes. Da terra seca sem graça, nasce a graça. São tempos árduos para o brasiliense quando eles resolvem aparecer. A terra é vermelha e batida. O gramado tem aspecto queimado. Nem respirar é uma tarefa fácil. O nariz sangra, os lábios racham e a pele resseca. Mas basta cruzar com um ipê e todos os desafios da estação caem por terra. Impossível não admirá-los, ao menos, por alguns segundos. O número de ipês espalhados pelo DF é muito maior do que a população de algumas regiões administrativas. Segundo a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil, Novacap, existem cerca de 500 mil ipês na Capital e arredores. Para uma população que está perto dos três milhões de habitantes, é praticamente como se houvesse um ipê para cada grupo de seis brasilienses. Os primeiros a darem sinal de floração são os roxos. Em maio, tornam-se as verdadeiras atrações da cidade. As 150 mil árvores de Ipê Roxo exibem belas flores. Quando finda o período, as flores dão lugar aos frutos, que secam depois de um tempo, e as sementes são dispersadas pelo meio ambiente. É quando as folhas verdes começam a aparecer novamente. Os amarelos são os mais conhecidos e os mais populosos, surgem normalmente em agosto. São 180 mil e florescem tão logo os roxos se vão. Cada árvore pode ser GPSBrasília « 255

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apenas de uma cor. Então, não existe substituição da cor, mas, sim, uma troca no período em que cada um floresce. Circular pelo Eixão é apreciar dezenas deles que, enfileirados, formam uma onda amarela pela via. Logo depois vêm os Ipês Rosas. São, aproximadamente, cem mil distribuídos pelas asas de Brasília e bairros próximos. Aparecem em agosto e estão entre os preferidos do brasiliense. Os brancos, mais raros, chegam a 70 mil em setembro, cenário escolhido para muitas fotos. Por fim, existe também a cor que poucos conhecem: os Ipês Verdes. Eles são menos de 1% do total de árvores da espécie. Juntos, somam 500 Ipês Verdes e são os últimos a florescer, em outubro. Engana-se quem pensa que os Ipês são típicos de Brasília. Há espécies espalhadas por todo o Brasil, já que cada bioma tem o seu nativo. Porém, mais errado ainda está quem só os vê como ornamento. Além de enfeitar as cidades, são bons como madeiras para construção de mobiliários e cercas, além de servirem como plantas medicinais. Fora isso, atraem insetos não só para a polinização como também para o consumo dos frutos verdes. Devido às tantas espécies, os ipês podem ser plantados em vários lugares, sejam eles grandes ou pequenos. Tem até

quem os faça como bonsai. Em relação às outras arvores, florescem cedo. Depois de plantados, levam cerca de cinco anos para a primeira floração, o que é considerado um tempo curto. Há também uma série de fatores que favorecem a plantação dessas mudas no DF: os solos são profundos, o clima é ameno – embora a seca seja acentuada, o período chuvoso também é, compensando ambas temperaturas. A principal atividade biológica deles é a reprodução. O fruto seca, abre, a semente é alada; o vento bate, as sementes voam longe. Tudo estratégia. Com isso, germinam em áreas mais distantes. As folhas que caem formam matéria orgânica, alimentam o solo e são importantes para os ciclos biológicos. O período em que exibem suas flores não passa de 15 dias. Começam a perder as cores lentamente e, depois, só no ano seguinte. E assim eles completam o ciclo. Se o céu é o mar de Brasília, os ipês são os corais. Decoram e dão identidade a toda a imensidão de verde e concreto. Desfrutá-los durante uma caminhada, atentos às flores caídas ou suspensas, é fatal para fazer qualquer coração vibrar. Como mergulhadores que enveredam nas belezas marinhas. O outono anuncia a chegada. E lembre-se: vê-los apenas pelo vidro do carro, admirando na velocidade permitida, é pecado sem perdão. GPSBrasília « 257

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ÚLTIMO SUSPIRO

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