Revista GPS Brasília 15

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ANO 5 « Nº 15 « 2016

LETÍCIA BIRKHEUER

ELA ARRASA CRISTOVAM BUARQUE

O professor SENAI BRASIL FASHION

EDUCAÇÃO EM MODA

COSTANZA PASCOLATO

ARISTOCRATA DO ESTILO














Diretora de redação Paula Santana Editora-chefe Marcella Oliveira Reportagem Andressa Furtado, Marina Macêdo e Raquel Jones Editora de criação Chica Magalhães Editor de fotografia Celso Junior Fotografia Adriano Machado Produção e Projetos Karine Moreira Lima Colaboradores Alê Duprat, Bruno Stuckert, César Rebouças, Daniel Fama, Duda Portella Amorim, Edilson Ferreira, Fernanda Tavares, Fernando Veler, Giovanna Bembom, Larissa Duarte, Luara Baggi, Maria Thereza Laudares, Mariana Rosa, Mariza de Macêdo Soares, Patrícia Justino, Patrícia Viana, Pedro Lira, Pedro Wolff, Renata Varandas, Ricardo Penna e Sonia Vilas Boas Revisão Jorge Avelino de Souza Marketing e Relacionamento Guilherme Siqueira Comercial e Administrativo Rafael Badra Contato Publicitário Adriana Chaves Tiragem 30 mil exemplares Circulação e Distribuição EDPRESS Transporte e Logística

GPS|BRASÍLIA EDITORA LTDA. www.gpsbrasilia.com.br

SÓCIOS-DIRETORES RAFAEL BADRA rafaelbadra@gpsbrasilia.com.br PAULA SANTANA paulasantana@gpsbrasilia.com.br GUILHERME SIQUEIRA guilhermesiqueira@gpsbrasilia.com.br SHIS QI 05, bloco F, sala 122 Centro Comercial Gilberto Salomão CEP: 71615-560 Fone: (61) 3364-4512



EQUIPE

Chica Magalhães

Marcella Oliveira

Celso Junior

Raquel Jones

Andressa Furtado

Karine Moreira Lima

Marina Macêdo

Adriano Machado

COLABORADORES

Fernanda Tavares

Larissa Duarte

Mariana Rosa

Mariza de Macêdo Soares

Patrícia Viana

Pedro Lira

Pedro Wolff

Renata Varandas

Sonia Vilas Boas

Ricardo Penna

Alê Duprat

Edilson Ferreira

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ANO 5 – Nº 15 – OUT NOV DEZ 2016

Costanza Pascolato fotografada por Celso Junior

25.

A CÂMARA ALTA

66.

UM TESOURO ITALIANO

68.

ARTE POR MAURÍCIO LIMA

UM CASO DE AMOR

72.

ARTIGO POR SÉRGIO BORGES

Sarah Abrahão, a mais antiga servidora do Senado

74.

O HOMEM DO AMANHÃ

78.

UM ELEMENTO DE CONTEMPLAÇÃO

Hamilton de Holanda: o maior instrumentista do País é daqui

82.

DE FLORESTA EM FLORESTA

DE SAMBA PRA GENTE SAMBAR

86.

DESIGN EM HARMONIA

Os autênticos representantes do gênero musical

90.

UM HITMAKER

O artista autodidata e seu modernismo que encanta

92.

O SENTIDO DE UM NOVO LUGAR

O IDEALISMO FEITO EM AÇO

96.

POMBO-CORREIO, VOA DEPRESSA

Por dentro do Senado Federal

32.

CRISTOVAM BUARQUE, O PROFESSOR Senador analisa o cenário político do País

36.

42.

EM CONSTANTE ESTREIA Bernardo Felinto desponta no cenário nacional

46.

50.

56.

62.

O GÊNIO DAS CORDAS

GALENO

As obras de cor laranja de Sanagê Cardoso

[GPS_brasilia_edicao_15 2.indd 18

Os encantos do antiquário no Brasil 21 A exposição do artista Miguel Rio Branco O arquiteto fala sobre a nova era dos escritórios Os 50 anos de história de Índio da Costa As nuances do trabalho do designer Jader Almeida Etel Carmona e o resgate da marcenaria A expansão da marca brasileira Artefacto Philippe Starck e seu envolvimento com o País Complexo reúne os maiores designers Estratégias novas do presidente dos Correios

04/12/16 17:23



100. A EQUAÇÃO DA VIDA FELIZ

Roberto Shinyashiki e o segredo do sucesso

104. O ALERTA NECESSÁRIO

A importância do exame preventivo ao câncer de próstata

106. CIRCULANDO POR MIAMI Um ano da revista GPS|Miami

112. O GINGADO QUE TRANSFORMA VIDAS O projeto solidário de Paulo Uchôa no Congo

114. BOLA NA ÁGUA

Polo aquático domina as águas do Lago Paranoá

116. TERRA SAGRADA

O misticismo que vive na Capital

122. O PORTAL

Chapada dos Veadeiros e suas belezas naturais

160. COSTANZA PASCOLATO

A trajetória de uma grande mulher

168. ELA ARRASA MUITO

Letícia Birkheuer estampa o editorial no Rio

184. UM MUSEU COM GRANDES NOVIDADES

Os bastidores do Senai Brasil Fashion

206. SONHAR ACORDADA

Estilista Maria Virgínia e seus belos vestidos de noiva

214. UMA MENIRE

Nathalia Abi-Ackel conta como criou sua nova coleção

220. JOÃO BRAGA: UM HOMEM DE ÉPOCA Um bate-papo sobre moda com o historiador

228. À MODA INGLESA

A visita ao Brasil da jornalista Suzy Menkes

236. VIVER É MARAVILHOSO

Iguatemi São Paulo celebra 50 anos

238. TESOURO RECUPERADO Obra-prima A última ceia é restaurada pela Prada

240. ENTRE NÓS POR PATRICIA JUSTINO Patricia Justino e seus achadinhos

242. TERRA DOS GRIMALDI

Mônaco, um destino elegante e discreto

246. OLHAR POR DUDA PORTELLA AMORIM Dicas imperdíveis da fashionista

248. DESVENDA-ME SE FOR CAPAZ Uma viagem por New Orleans, Memphis e Nashville

254. TETÊ COM ESTILO

Os trend topics de Maria Thereza Laudares

256. É LINDO DEMAIS

As belezas das Ilhas Maurício, na Costa Africana

260. AS SATÉLITES DA CAPITAL

Zuleika de Souza e as cidadelas em torno de Brasília

Louis Vuitton - preço sob consulta



EDITORIAL

Paula Santana

Guilherme Siqueira Rafael Badra

CINCO… SEIS, SETE, OITO...

A

capa da revista sempre fica para o final, pois nela estampamos o contexto da edição. Nunca é apenas uma mulher bonita, vivendo um bom momento profissional. Buscamos links e um conteúdo intrínseco que nos abasteça de conhecimento e não só de beleza. Durante o Senai Brasil Fashion, evento esplendoroso de cunho educacional que elegeu Brasília como cidade anfitriã, uma leva de top models estava na cidade e nossa intenção era eleger uma delas. Foi quando vimos Costanza Pascolato sentada na primeira fila, deslumbrante. Nosso coração bateu mais forte. Ela… somente ela. Era o que precisávamos para ilustrar nossos cinco anos de vida, de trabalho, de luta e de vitória. Queríamos alguém que tivesse experiência, brilho, vivacidade, que nos inspirasse ainda mais e que tivesse natural elegância. Costanza foi extremamente solícita e uma semana depois estávamos em sua casa, em São Paulo, para uma tarde inesquecível, que gerou a capa clicada por Celso Junior. E, acreditando em sintonias, descobrimos que ela celebra 50 anos de carreira. São as “Deuscidências”. À altura da nossa duquesa do estilo, surgiu Letícia Birkheuer, experiente modelo e atriz, bafônica, diga-se de passagem, que se prepara para ótimos trabalhos em 2017. Fomos para o Rio de Janeiro fotografá-

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-la para o editorial de moda. Ou seja, tínhamos duas mulheres que nos representam. Das nossas entrevistas que sempre amamos fazer, aprendemos com Suzy Menkes e Philippe Starck, inglesa e francês, que estiveram no Brasil recentemente. Viajamos para Ilhas Maurício, que delícia. Fomos monarcas em Mônaco. Nos divertimos em New Orleans. E nossa Brasília? Está representada pelo discurso analítico do senador Cristovam Buarque em sua casa, o Senado Federal. E pelas lentes da veterana Zuleika de Souza, que ilustra o lado bom da vida nas cidades-satélites que cercam Brasília. Sobre arte e design, não vivemos sem eles, Galeno, Jader Almeida, Índio da Costa, nomes cujo talento viaja o mundo. E que tal conhecer melhor Hamilton de Holanda, nosso representante no cenário musical, considerado o gênio dos bandolins? Para as férias, assunto bom não vai faltar. Nos vemos já, já, em 2017… mergulhados na certeza de que “tudo, tudo, tudo vai dar pé”, já dizia Gil. Para encerrar, a nossa gratidão à toda equipe GPS nesses cinco anos de comprometimento, sobretudo com o jornalismo e com Brasília.



RETRANCA

O Plenário

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A CÂMARA ALTA ENTRE GABINETES, CORREDORES E SALÕES, A CASA QUE PROPÕE, DISCUTE E FISCALIZA VIVE DIAS DE CONTUNDENTE POSICIONAMENTO ÉTICO FRENTE À NAÇÃO, ENQUANTO ABRIGA ORGULHOSAMENTE GRANDIOSO ACERVO ARQUITETÔNICO, HISTÓRICO E CONSTITUCIONAL CONSTRUÍDO POR MAIS DE TRÊS MIL SENADORES EM 190 ANOS DE PARLAMENTO POR RENATA

VARANDAS « FOTOS CELSO JUNIOR

Q

uarta-feira, início de tarde. Nos termômetros de rua em Brasília, 32º. A umidade está em 20%. Nas principais entradas da Câmara dos Deputados, dezenas de pessoas se aglomeram na fila que leva ao detector de metal. Logo nota-se que é o dia de maior atividade na Casa. Aqueles que chegam desavisados ouvem, atrás da massa que ser forma, uma voz com autoridade: “identidade nas mãos”. Trata-se de um policial legislativo tentando agilizar o processo de cadastramento, finalizado num dos guinches de identificação. Ao passar pelo credenciamento, a sensação térmica sentida do lado de fora do prédio permanece. Boa parte daqueles que estavam na fila agora disputam espaço nos corredores das Comissões, onde temas de interesse estão sendo discutidos pelos deputados. A poucos metros dali, no Salão Verde, outros grupos pressionam os parlamentares com gritos, palavras de ordem e faixas. Em meio a todo o empurra-empurra, pelos cantos, há também aqueles que preferem permanecer no anonimato e conversam de forma discreta, ao pé do ouvido. Ao se desvencilhar dos manifestantes e servidores, é possível notar na outra extremidade do Salão Verde, uma

discreta parede de vidro. Ali se inicia o Senado Federal. Ao passar pela porta de blindex que separa os dois ambientes, todo o rebuliço parece ficar para trás. Colocando os pés no agora tapete azul, não se está mais na “Casa do Povo”, mas na Casa dos representantes dos Estados. A dinâmica ali é outra e, de certa forma, foi predefinida nos primeiros rabiscos do arquiteto Oscar Niemeyer, idealizador do Palácio Nereu Ramos, mais conhecido como Congresso Nacional. Na visão dele, a concha virada para o céu, onde fica a Câmara, demonstraria que o poder vem de baixo para cima, numa alusão de que aquela Casa está aberta às ideologias e anseios da população. A cúpula menor, virada para baixo, abriga o Senado e representa o poder que vem de cima, dos Estados, para baixo, para o povo. “O Senado é melhor que o paraíso, porque para chegar lá não é preciso morrer”, disse, certa vez, o então senador, sociólogo e antropólogo Darcy Ribeiro. O “éden” citado pelo sociólogo começou a ganhar forma em solos tupiniquins em 25 de março de 1824, na primeira Constituição do Império. A instituição só passou a funcionar, contudo, dois anos depois, em maio de 1826. Com a Proclamação da República, adotou-se um modelo semelhante ao americano, que rege até hoje. Inicialmente, havia 50 cadeiras para aqueles que queriam o cargo de senador, que simbolizavam as antigas províncias. Naquela época, o cargo era vitalício. O posto exigia, contudo, a idade mínima de 40 anos e rendimento mínimo anual de 800 mil réis, que nos padrões de hoje, grosso modo, representa a soma de um quilo de ouro. Atualmente, não se exige contra-cheque aos candidatos ao Senado, mas a idade mínima ainda permanece como pré-requisito. Mudada em janeiro deste ano e com previsão de entrar em vigor nas eleições de 2018, uma nova regra determina que, para ocupar uma vaga na “Câmara Alta”, o candidato tem que ter, no mínimo, 29 anos, em vez dos 35 que eram requisitados até então. GPSBrasília « 25


O Plenário original

Os senadores são eleitos pelo sistema de votação majoritário, ou seja, ganha quem obteve mais votos nas urnas. A permanência no cargo não é mais para a vida toda, como era no tempo do Império, tem a duração de oito anos. Ao transitar pelos corredores da Casa, frequentemente se encontrará senhores, em sua grande maioria, com mais de sessenta anos, que trazem nos cabelos grisalhos um pouco da história da política brasileira. Entre eles estão ex-governadores, ex-ministros de Estado e até ex-presidente da República. Os mais atentos também poderão perceber que as mulheres senadoras ainda são poucas, apenas 12, menos de 15% das 81 cadeiras do Senado atualmente. São três representantes de cada uma das 27 unidades da federação. O ambiente predominantemente masculino também é percebido nos gabinetes ou dependências. As cores fechadas dos ternos e das gravatas perdem seu efeito, no entanto, quando se cruza por algumas das obras e curiosidades deixadas por artistas renomados.

Ala Alexandre Costa

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RELÍQUIA No gabinete 11, da ala Teotônio Vilela, encontram-se em uma das paredes desenhos feitos à mão por Niemeyer. O local foi ocupado anteriormente por Darcy Ribeiro. Certo dia, ele marcou de se encontrar com o arquiteto, mas acabou preso em outro compromisso e deixou o amigo esperando no gabinete. Com o avançar da hora e já entediado com a demora, Niemeyer sacou uma caneta do bolso e disse a um assessor do senador que não poderia mais ficar, mas que deixaria um recado para Darcy. Se dirigiu a uma parede e fez vários desenhos nela. Todos de obras dele, de monumentos do Rio de Janeiro. Após a “travessura”, deixou o recado: “para Darcy, meu irmão, que contribuiu diretamente para todos esses projetos. Oscar.”. A parede foi preservada. Além da arte, Niemeyer também fez um

Túnel do Tempo


pedido para que apenas senadores do Rio de Janeiro ocupassem o gabinete 11. No local, despacha atualmente o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Apesar de poder desfrutar da relíquia deixada por Niemeyer, o senador fluminense fica a certa distância do chamado “Leblon do Senado”. Trata-se dos gabinetes que ficam no anexo 1, prédio de 28 andares conhecido popularmente como o “H”. O espaço é super disputado e conta com apenas 23 gabinetes. Na teoria, a prioridade de escolha é de quem tem mais tempo de Casa, mas o que se vê na prática é que quem tem mais proximidade com os integrantes da Comissão Diretora acaba sendo um dos inquilinos. Prevalece, contudo, a regra de que quanto mais alto o andar, mais prestígio (ou mais amizades) o senador tem. O prédio é afastado do Plenário e das comissões, o que garante mais privacidade aos senadores, que podem chegar e sair de seus gabinetes pelo elevador privativo e sem medo de serem incomodados por visitantes e, principalmente, jornalistas. Há gabinetes que chegam a tomar um andar inteiro do prédio. As janelas são amplas e quanto mais alto o andar melhor a vista para o Lago Paranoá. Só quem tem a maior vantagem em termos de localização é o presidente da Casa, atualmente o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). O gabinete fica a poucos metros do Plenário e tem suas paredes decoradas com o painel de azulejos Ventania, de Athos Bulcão. Desde o último mês de março, o presidente pode despachar no local sem sofrer com o barulho ensurdecedor da campainha que é ativada quando há apenas 16 dos senadores em Plenário ou quando não houve quorum para votação de matérias. O barulho atordoante, que lembrava o som de um alarme de incêndio, chegava a 90 decibéis e tocava por dez minutos sem interrupção. Era como se uma pessoa andasse com um liquidificador ligado próximo ao ouvido. O novo sistema sonoro implantado lembra a uma campainha de uma residência e é mais baixo, 75 decibéis.

A fachada noturna do Congresso

DESENHOS A poucos passos do gabinete do presidente da Casa está a entrada privativa dos senadores para o Plenário. Entrar nele é um misto de encantamento e decepção. Quem vê na televisão, acha que o espaço é bem maior do que de fato é. No entanto, ao vivo, o plenário traz detalhes que são encantadores. O teto é de tirar o fôlego. São 135 mil plaquinhas de alumínio penduradas por toda a sua extensão. GPSBrasília « 27


Acesso ao Túnel do Tempo

Além de mágica, a obra de arte tem a função de equalizar o som. Atrás da Mesa há também um amplo painel, ambas as obras de Athos Bulcão. Outro artista, bem menos conhecido e reconhecido, também deixa sua obra de arte no carpete que reveste a tribuna e a Mesa do Plenário. A cada quinze dias, delicados desenhos feitos com aspirador de pó e uma escovinha de aço são criados por Clodoaldo Silva, que, apesar de ter o mesmo nome do atleta paralímpico, é o coordenador da equipe de limpeza do Senado. De um lado, sempre a bandeira do Brasil; do outro, um símbolo de Brasília, como a Catedral. A obra de arte de Clodoaldo foi feita pela

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primeira vez em oito de abril de 1998, em um momento de intensa alegria: o filho, Marcos Vinícius, havia nascido naquele dia e Clodoaldo, de tão eufórico, extrapolou a alegria, desenhando a bandeira brasileira no carpete sem que ninguém pedisse ou soubesse. Os senadores gostaram tanto que pediram que a figura fosse preservada. De lá pra cá, a cada quinze dias, religiosamente, os desenhos são refeitos. Depois do episódio do Mensalão, Clodoaldo deixou de escrever “Ordem e Progresso” na bandeira. Segundo ele, o Brasil está sem ambas as virtudes. O Plenário tem 83 cadeiras, para 81 senadores, duas a mais porque, se não fosse assim, destoaria a harmonia da


decoração. A este espaço, apenas os parlamentares e poucos assessores diretos têm acesso. Com lugares marcados, os senadores se sentam em ordem alfabética por Estados, por isso, é comum ver dois inimigos políticos do mesmo estado sendo obrigados ficar lado a lado. A tribuna de honra, reservada aos convidados, fica paralela à tribuna de imprensa, onde estão os jornalistas. Atrás da presidência, acomoda–se a equipe da secretaria geral da mesa e, embaixo, de frente para os senadores, os taquígrafos, responsáveis pela ata da sessão. Nas atas são registrados todos os discursos feitos em Plenário e, normalmente, também trazem as discussões mais acaloradas,

Sala de Comissão

mas omitem as ofensas pessoais que vez ou outra são proferidas contra desafetos políticos. No último dia 31 de agosto, o local foi palco do mais novo momento histórico com a votação do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Enquanto a Câmara apenas aprovou a admissibilidade do processo, coube ao Senado dar a palavra final, afastando a petista definitivamente do cargo, por crime de responsabilidade. “Bom dia a todos. Havendo número regimental, declaro aberta a presente sessão”, declarou, na ocasião, o então presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, responsável pela condução da sessão de impeachment.

Escada que liga o Salão Negro ao Salão Azul

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TIROS NO SENADO

Salão Azul

Museu do Senado

Painel Athos Bulcão

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A briga entre dois senadores já fez do Plenário do Senado palco de um homicídio, em dezembro de 1963. O pai do atual senador e ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello, Arnon de Mello, tinha uma rixa política com o senador Silvestre Péricles que se estendia há anos. Ambos do Estado de Alagoas, o senador Silvestre chegou a dizer durante um discurso que mataria seu desafeto Arnon de Mello. A partir daí, o pai de Fernando Collor passou a ostentar uma “Smith Wesson 38” na cintura. No dia 4 de dezembro de 63, Arnon, ao subir na tribuna para discursar, disse que queria falar olhando no olho do rival. O senador Silvestre Péricles atendeu ao pedido chamando-o de “crápula”. Numa cena digna de Faroeste Caboclo, música de Renato Russo, ambos começaram a atirar. Para evitar uma tragédia, os senadores João Agripino, tio do atual senador José Agripino, e o senador José Kairala, do Acre, tentaram apartar a briga, imobilizando o senador Silvestre Péricles. Foi quando se ouviu o disparo fatal. O senador Arnon de Mello, que estava a pouquíssimos metros de Silvestre Péricles, atirou duas vezes contra o desafeto, mas os tiros acertaram o abdome do senador José Kairala, que ainda chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Os dois senadores atiradores foram presos em agrante, mas logo depois soltos e absolvidos pelo Tribunal do Juri de Brasília. O mais curioso é que o visitante que for fazer o tour guiado pelo Senado não receberá detalhes do ocorrido. Os monitores estão orientados a não falar sobre o assunto. Se alguém pergunta, a resposta é curta: “Sim, aconteceu um homicídio dentro deste Plenário.”. Engana-se, então, quem achava que o senador Delcídio do Amaral tinha sido o primeiro senador da história a ser preso no exercício do mandato. Serviço Por dia, passam 400 visitantes pelo Congresso e, nos fins de semana, che am a mil s visitas uiadas nas duas asas acontecem todos os dias, inclusive em fins de semana e feriados rupos com menos de pessoas n o precisam de agendamento com antecedência, apenas se houver necessidade de intérprete de língua estrangeira ou de libras s visitas podem ser a endadas pelo pr prio site con ressonacional le br s sa das s o a cada minutos e duram, em m dia, minutos o permitido entrar de chinelos, bermudas e camisetas cavadas or conta dos recentes riscos de invasão, a segurança está bem mais rígida – recentemente, o Plenário da Câmara dos Deputados foi invadido por manifestantes que pediam interven o militar l m das visitas serem suspensas quando há risco de manifestação em frente ao Congresso, dependendo de qual matéria será apreciada naquele dia, fica permitida somente a entrada de funcionários e da imprensa credenciada



POLÍTICA

CRISTOVAM BUARQUE, O PROFESSOR DE FALA MANSA E DE PROFUNDAS REFLEXÕES, O SENADOR DO DF AFIRMA QUE A POLÍTICA ESGOTOU O SEU CRÉDITO COM O POVO, MAS APOIA QUE O BRASIL SEJA PASSADO A LIMPO EM TODOS OS ESTÁGIOS DA CORRUPÇÃO ATÉ O FIM. E LAMENTA, DIZENDO QUE INFELIZMENTE EDUCAÇÃO NUNCA FOI A BANDEIRA DO POVO BRASILEIRO POR RENATA VARANDAS « FOTOS CELSO JUNIOR 32 « GPSBrasília


S

obram páginas de currículo para definir Cristovam Buarque. O pernambucano, aquariano de 72 anos é engenheiro mecânico, economista, educador, professor universitário e autor de 33 livros. Foi o primeiro reitor da Universidade de Brasília por eleição direta de 1985 a 1989, governador do Distrito Federal de 1995 a 1998, ministro da Educação no primeiro mandato do governo do ex-presidente Lula, candidato à Presidência da República pelo PDT e hoje é senador pela segunda vez, tendo sido o parlamentar mais votado, mais de 833 mil votos, e o primeiro senador a se reeleger no Distrito Federal. Filho de pais de classe média baixa, Cristovam Buarque foi o primeiro filho a entrar em uma universidade. No período da ditadura militar, pelo movimento estudantil, o jovem rapaz, de apenas 20 anos, tornou-se militante político na Ação Popular, liderado por Herbet de Souza, o Betinho. Perseguido pela ditadura, ficou exilado em Paris, onde fez seu doutorado na Universidade de Paris-Sorbonne. No início da década de 80, voltou ao Brasil para dar aula na UnB. Em 1986, quando lecionava no Departamento de Economia, projetou o Bolsa-Escola e três anos depois saiu da universidade diretamente para o governo do DF para implementar o projeto. Atualmente, filiado ao Partido Popular Socialista (PPS), tem mandato até dezembro de 2018. Morador da Asa Norte, Cristovam é uma pessoa de hábitos discretos e extremamente gentil, assim como sua mulher, Gladys, com quem é casado há 46 anos e tem duas filhas e três netos. O senador conversou com a nossa equipe de reportagem e falou sobre PEC do Teto, Lava Jato, abuso de poder, Distrito Federal e, claro, educação. Em um papo franco, com aquele tom de voz manso característico do político, Cristovam confidenciou que pensa em sair candidato à presidência nas eleições de 2018. O senhor escreveu um livro sobre a nova es uerda final, como ela é? Acredito que a esquerda velha, que eu chamo de ex-querda, não foi capaz de entender o que estava acontecendo no mundo. Alguns dizem que a esquerda não existe mais. Esquerda é a palavra que se dá ao conjunto de pessoas que tem três características: o descontentamento com a realidade atual, o sonho de uma sociedade diferente e a crença de que esse sonho não será atingido pelo mercado. É preciso militância política para construir esse sonho. Isso é esquerda. O Partido dos Trabalhadores deixou de ser esquerda? Lamentavelmente, o PT é um exemplo de ex-querda. Perdeu o sonho, caiu no presente. Passou a defender di-

reitos privados. Eu não acho que seja de esquerda quem barra o avanço técnico. Tem que usar o avanço técnico a serviço desse sonho. Por isso, eles cometem erros. Que tipos de erros? Primeiro, a economia não é um lugar de debate ideológico, como estão fazendo agora em relação a PEC do Teto (Proposta de Emenda à Constituição que limita os gastos públicos). Estão achando que é de esquerda ficar contra o teto. O lugar do debate político direita versus esquerda não é na economia. Segundo, o que caracteriza uma pessoa de esquerda é saber se ela defende que a escola do mais pobre seja tão boa quanto a do mais rico. Defender que a escola seja melhor, todos defendem, mas defender que seja a mesma, aí são poucos. Terceiro: o propósito que define uma sociedade rica, não é mais o Produto Interno Bruto, tem que ser o bem-estar das pessoas. Por último e muito importante: Estado não é sinônimo de público. O PT deixou de defender o interesse público? Sim, deixou de defender a saúde pública para defender o direito do trabalhador do hospital estatal, passou a ser o defensor dos servidores e não dos doentes, por exemplo. A esquerda que está aí não tem compromisso público, tem compromisso com o Estado e com os servidores. O senhor começou em movimentos de esquerda e iniciou a carreira pol tica no O senhor saiu ma oado por ter sido demitido do ministério da Educação? Por que eu sairia magoado? A única razão que tem para dizerem que eu saí magoado foi porque eu fui demitido por telefone. Mas eu deixei o PT dois anos depois porque percebi que o partido estava conservador, defendendo direitos e privilégios e caminhando para perder a vergonha. E você me pergunta se sou de esquerda por que saí do PT? O PT deixou de ser de esquerda porque faltou com o compromisso com a austeridade. A esquerda que está aí ficou consumista, depredadora. Eu sou favorável à austeridade: nos gastos, no dia a dia, no consumo. sua escolha foi o D por ue era um partido de oposi o o meio do caminho, o PDT vira base aliada… O PDT tanto era oposição que me fez candidato à presidência contra o Lula. Só que passaram seis meses, Lula foi eleito, ofereceu um ministério a Carlos Luppi, presidente do partido, e ele passou a ser o mais fiel servidor de Lula. E isso, vamos elogiá-lo, ele se mantém até hoje. Ele não acredita em nada do que a Justiça está dizendo. Eu digo isso em elogio a ele. Eu critico a cegueira, mas elogio a fidelidade. GPSBrasília « 33


"DEFENDER QUE A ESCOLA SEJA MELHOR, TODOS DEFENDEM, MAS DEFENDER QUE SEJA A MESMA, AÍ SÃO POUCOS"

No processo de impeachment de Dilma Rousseff, o senhor votou pela admissibilidade do processo, mas repetiu reiteradas vezes ue isso n o si nificaria votar pela cassa o o entanto, no dia do ul amento, o senhor votou pelo impeachment O ue o fe mudar de ideia? Eu não mudei de ideia. Naquele momento, eu ainda não tinha decidido se votaria sim ou não. Eu defendia a necessidade de julgar. Se eu votasse contra a admissibilidade, estava propondo colocar debaixo do tapete todas as suspeitas e eu queria apuração. Votei pelo impeachment com muita tristeza, porque acho que não é bom para a República interromper mandato de presidente, mas às vezes é preciso porque a continuação seria pior ainda. Eu estou convencido de que o governo Dilma levaria o Brasil para o que eu tenho chamado de “Grezuela”, uma mistura de Grécia com Venezuela. Eu cheguei à conclusão de que não dava para continuar o governo Dilma, que cometeu dois pequenos crimes, mas cometeu. Com a saída de Dilma Rousseff, o senhor também era a favor de ue fossem reali adas novas elei es O senhor n o confiava no que seria a gestão de Michel Temer? Não é o Temer. Nós temos que reconhecer que nós todos, eu inclusive, estamos passando a imagem de que não estamos à altura do momento. Não estamos criando um grande acordo nacional para tirar o Brasil do estado de falência, concordata. Uma eleição geral seria bom para o Brasil. Temer chegou com a legitimidade da Constituição, mas ele não tinha a credibilidade do voto, assim como João Goulart, como Itamar. Michel Temer passa credibilidade? Eu temo que hoje o governo esteja perdendo-a. Por exemplo, não está conseguindo explicar para o povo a im34 « GPSBrasília

portância de limitar os gastos. Eu acredito que essa deva ser a principal tarefa de Temer. Cada gesto dele deveria ser pensando nisso. Se ele adquirir credibilidade, a gente consegue o resto. O senhor se disse favorável à PEC que limita os gastos do funcionalismo p blico O senhor, como educador, n o teme cortes de verba para a Educação? Não vejo que será um retrocesso na educação, até porque não tem muito para onde retroagir. Escrevi um texto chamado PEC é Educação. Ela limita o teto de todos os gastos, mas não de cada gasto. Cada rubrica pode aumentar os seus gastos, só que agora vai ter que mostrar de onde tirar. Isso vai fortalecer o movimento educacionista. Se você fizer uma pesquisa no Senado, todos, sem exceção, vão dizer que são favoráveis à educação. Se você perguntar se são a favor de aumentar salário de professor, todos concordam, mas se você perguntar se são a favor de diminuir o salário de senador para aumentar o do professor, vai perder 90% da adesão. E se o senador defender que se deixe de fazer uma estrada nova para construir uma escola, vai perder 50% dos favoráveis. Assim, a gente vai descobrir quais são os interesses de cada um. Há desperdício de dinheiro na Educação? Sim, por mais que gastemos, a educação não melhora. A maneira como nós fazemos política provoca um mau exemplo. Eu defendo mais recursos, mas eu não digo que vai melhorar porque há anos a gente vem aumentando e não melhora. A PEC vai obrigar a reflexão se nós estamos aplicando bem o dinheiro. Vai obrigar não apenas a buscar mais recursos, mas enfrentar os que os desperdiçam.


"TEM A CORRUPÇÃO DAS PRIORIDADES, POR EXEMPLO, CONSTRUIR UM ESTÁDIO EM VEZ DE UMA ESCOLA"

Em 2006, quando se candidatou à presidência da República com uma proposta de promover a inclusão social por meio da educa o teve apenas , milh es de votos O brasileiro n o está preocupado? Se pensar nos poucos votos, essa é uma razão, mas eu também disputei com a liderança do Lula, no auge da sua presidência. Eu enfrentei o ex-governador do maior estado do Brasil, São Paulo, que tem dez vezes mais eleitores que o meu Distrito Federal. Eu enfrentei o charme da Heloisa Helena, que naquela época representava todos os raivosos e provavelmente os meus trejeitos de professor tiraram a capacidade de comunicação com o eleitor. Eu acho que foi mais isso. Agora, além disso, de fato, a educação não é a bandeira do povo brasileiro. Como senhor vê a Operação Lava Jato? Acho que foi uma das melhores coisas que já aconteceram na história do Brasil. Não interessa quem vai pagar por isso, mesmo que sejamos todos os políticos dessa geração. O Brasil precisa ser passado a limpo. Eu lamento que a gente não esteja evidenciando também as outras formas de corrupção, porque tem a corrupção do comportamento e das prioridades: construir um estádio em vez de uma escola, por exemplo. Será que não há um desvio de finalidade? O juiz Sérgio Moro se transformou numa espécie de mito? É natural. O Brasil está sem líderes e aí surge um cara que está com a maior preocupação: a corrupção. Isso há pouco tempo era ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal. Já foram os militares. Espero que um dia seja um professor. O projeto de abuso de poder é uma tentativa de barrar a Lava Jato? Eu vejo esse projeto como uma aberração, porque ainda que fosse bom, não era hora de fazer. Neste momento, é um projeto de proteção de autoridades. Vai diminuir a credibilidade do Congresso Nacional se nós cometermos o

equívoco de aprovar. E nós não temos mais gordura de créditos, estamos esqueléticos. Eu vou fazer o possível para que a gente não aprove isso. O senhor foi overnador entre e , mas n o conse uiu se reele er or ue perdeu a uela elei o Muitas razões. A principal foi: o povo preferiu Roriz. Um dos motivos foi aquele debate que ele prometeu 28% de aumento para o funcionalismo e eu disse que isso não era possível. E ele não deu. Outros dizem que eu me comportei de forma muito arrogante. Outros dizem que foi porque eu falei para as mães do bolsa-escola: “vocês não precisam votar em mim se não quiserem”. E depois tinha uma memória muito forte dos lotes que ele distribuiu. Ninguém esquece lote. A gente poderia perguntar como um governo que fez tanta coisa perde? O povo gosta de obras. Eu não fui um governador de obras. Eu fui um governador de projetos que mudaram a cultura, a maneira de ser da sociedade. As obras eram escondidas. Eu fiz saneamento em todas as casas, mas o eleitor pensa assim: “isso daqui ele deu pra todos”, agora quando ganha um lote ele diz: “isso daqui foi pra mim”. O DF está vivendo um momento de penumbra desde José oberto rruda a ora odri o ollember , ue foi apoiado pelo senhor, vem sofrendo duras cr ticas O D tem eito Tem, mas não se vê candidatos que tenham condições de fato de recuperar o DF. Se continuar assim, vamos perder a autonomia, até os próprios brasilienses vão dizer: “melhor que o presidente nomeie o governador”. Eu acho que, em 2018, se nós não escolhermos bem, pode ser a última eleição de governador no DF. O Brasil não vai aguentar financiar o Distrito Federal sem ver resultados. O senhor pretende se candidatar em Eu não tenho a menor ideia. Ninguém sabe as consequências da Lava Jato sobre o clima político. Não se faz política sozinho, não se sabe quem vai ser atingido. Os partidos que estão aí, inclusive o meu, não convencem a opinião pública. Estou com 72 anos, até tenho dito que eu tenho direito de não ser candidato por mais que ame o meu País. Ao mesmo tempo, olhando ao redor, eu penso: ”será que eu tenho direito de entregar o meu lugar para essas outras pessoas?”. Cogita governo do DF ou presidência? A governador eu não serei. Perdi a reeleição. A senador ou presidente pode ser. Tem que deixar passar um tempo e ver o que vai acontecer. GPSBrasília « 35


PERFIL

Senadores prestigiam servidora no lançamento de seu livro

UM CASO DE AMOR H

á 56 anos, os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, representações estrangeiras, militares, religiosos, empresários e cidadãos eram convidados para a inauguração da Nova Capital Federal. Em novembro de 2016, um rol semelhante de autoridades também recebeu um convite especial. Dessa vez, para o lançamento do livro Memórias do Senado. A publicação narra os 53 anos de dedicação exclusiva da funcionária mais antiga da Casa, Sarah Abrahão, ao Senado Federal. 36 « GPSBrasília

A MAIS ANTIGA SERVIDORA DO SENADO FEDERAL, SARAH ABRAHÃO, COMPLETA 90 ANOS E LANÇA LIVRO SOBRE A HISTÓRIA DA CASA, QUE, SEGUNDO ELA, TORNOU-SE SEU SEGUNDO MARIDO POR MARIANA ROSA «

FOTOS CELSO JUNIOR

A funcionária concursada completou 90 anos dia oito de outubro. Fisicamente, mantém-se lúcida, simpática e elegante. Atribui o feito a leitura, estudo e trabalho cultivados ao longo da vida. “Minha memória é melhor que a sua”, brinca, apontando para a única neta, Sarah, que tem um terço da sua idade. Cita perfeitamente nome e sobrenome de senadores e políticos com os quais conviveu, lembra com carinho de como o Senado era um lugar distinto, emociona-se ao falar em como venceu o machismo por


trabalhar em um ambiente tradicionalmente masculino. O prefácio do livro de memória é escrito por José Sarney. O ex-presidente e ex-senador abre o discurso dizendo que “O Senado tem uma santa de altar: D. Sarah Abrahão”, e agradece a ela por ser uma referência de capacidade, liderança e respeito. Em diversos momentos, a publicação é narrada pela advogada em primeira pessoa; apresenta diálogos em detalhes; fotos históricas; e documentos respeitáveis que corroboram a importância dessa mulher no cenário político brasileiro. Mostra, por exemplo, quando o ex-presidente americano Jimmy Carter visitou o Brasil – em plena Ditadura Militar – e deixou para D. Sarah uma carta de agradecimento pelo “seu trabalho, que contribuiu para o sucesso da viagem”. Dessa forma, a credibilidade da advogada apenas aumentava. Sarah foi a primeira mulher a assumir o respeitado cargo de Secretária-Geral da Mesa, em 1973. Posto ocupado por seis anos e conquistado pelo ardor com a qual exercia as atividades. Precisava afirmar diariamente a competência nata naquele ambiente, era a única maneira de driblar o preconceito inerente ao meio político, por isso, dominava como ninguém o regimento interno, assim como o trâmite de aprovação de uma lei ou emenda. Palavra de quem entende Sarah é especialista em leis brasileiras. Acompanhou a revogação de Atos Institucionais, com o fim da Ditadura Militar, viu as Constituições de 1967 e 1988 serem promulgadas, colaborou diretamente com a criação do Regimento Interno do Senado Federal – o qual sabe de cor e salteado –, participou da elaboração do Código Civil, um marco entre as leis brasileiras. Tudo isso sendo apartidária. “Queriam que eu me filiasse ao Arena, partido político da época, mas eu disse que era inconcebível conciliar com o meu trabalho. Concordaram comigo e só assim desistiram de tentar me filiar”, relembra. Atualmente, lamenta os rumos que a política brasileira tomou. “As coisas mudaram demais. Na minha época, o Senado era um lugar distinto. A começar pelo traje e porte das pessoas. Um lugar sério, respeitado, uma corte de verdade”. E completa: “os senadores eram ex-governadores que voltavam a se eleger. Pessoas formadas na política, entende?, com bagagem, com crédito, não como hoje”. Por isso, destaca a importância dos assessores parlamentares na carreira dos políticos. “Se não fossem os assessores, os políticos estariam perdidos”, sorri, fazendo referência a si mesma e aos colegas de trabalho.

Melhor do que falar sobre Sarah Abrahão é ouvir de quem trabalhou com ela, a expressividade dessa mulher no cenário político do Brasil. As aspas são trechos de cartas e integram as homenagens aos 50 anos de serviço prestado pela jurista ao Senado Federal. A in uência que exercia provinha de seu meticuloso conhecimento dos trâmites legislativos, amparado na autoridade moral por todos reconhecida e acatada. Sarah Abrahão servirá sempre de modelo e exemplo no que o serviço público brasileiro possui de melhor” Ibrahim Abi-Ackel “Ela faz parte do Senado, onde, com sabedoria e cultura, deu sustentação aos nossos trabalhos, em todos os setores, desde os assuntos administrativos até a Assessoria da Mesa, onde assistiu a muitos presidentes em suas decisões, sempre com profundo conhecimento regimental e de Direito Legislativo” José Sarney “Deixei o Senado em 1983, mas nunca deixei de acompanhar a trajetória profissional de arah, que chega, sem mácula, aos 50 anos de serviço, merecedora, sempre do elogio de todos os que tiveram o privilégio de com ela conviver” Jarbas Passarinho. “Nos últimos 50 anos, grande período da história do Senado Brasileiro esteve ligado à vida e ao trabalho desenvolvido por Sarah Abrahão na Secretaria Geral da Mesa. (...) foi testemunha dos importantes momentos e das profundas transformações por que passaram o Brasil e o Poder Legislativo” Marco Maciel “Sarah Abrahão é um sorriso que a gente não esquece. Uma mulher ativa, amiga, gentil, competente, bonita, honesta e muito mais. Sua presença lá será sempre um presente ao Senado e ao País” – Orestes Quércia “É importante ressaltar que Dona Sarah foi a primeira mulher a exercer este relevante cargo de SecretáriaGeral da Mesa no Senado Federal. Domina o trajeto das matérias legislativas como poucos” Pedro Simon

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Sobre as prisões de políticos e autoridades, escândalos de corrupção e todo esse descrédito eleitoral que o Brasil vive hoje, a maior especialista em leis do País suspira profundamente, pensa e afirma: “Temos que mudar os políticos e os partidos. Para que tantos partidos políticos? Acaba que uma única pessoa se transforma no partido todo. E tantas Emendas à Constituição. Não dá para governar assim”.

BIOGRAFIA Sarah casou-se duas vezes. A primeira com o falecido marido Edison Tolentino, com quem teve dois filhos: Cláudio e Cláudia. A segunda vez e a mais sólida das relações, com o Senado Federal. “Pode escrever isso”, enfatiza a filha caçula, que acompanhou a entrevista no apartamento da jurista, na Asa Sul. O filho mais velho seguiu o caminho político. É vereador reeleito na cidade mineira que leva o seu nome, Cláudio. A filha Cláudia seguiu os passos da mãe e trabalhou no Senado Federal e deu a neta mais velha à matriarca da família. Sarah Tolentino é a única que não seguiu carreira política. Formou-se em publicidade e é a companheira da avó. As duas vivem juntas no mesmo apartamento e trocam elogios e carinhos a todo tempo. “Quero demais um bisneto”, comenta a advogada, olhando enfaticamente para a neta. 38 « GPSBrasília

Na ocasião da entrevista, Sarah Abrahão reforçou algumas vezes a formatura em Direito na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. “O amigo do meu pai disse para eu ser costureira. Meu pai perguntou o que eu achava e eu disse que queria estudar. Ele voltou-se para o amigo e disse: ‘pode ser que as suas filhas queiram ser costureiras, mas a minha não’. Logo depois, eu fui estudar no Rio de Janeiro”, conta, com orgulho. A família é natural do Líbano. Chegaram ao Brasil no final do século XIX. Instalaram-se em Catalão, Goiás. O patriarca, Abrahão, era mascate. Do lombo do cavalo tirava o sustento dos sete filhos: Norma, Geni, Sônia, Mariana, Chafi, Sarah e Jorge. A mãe, Julieta, era rigorosa. Cuidava da família na ausência do marido. Sarah foi para o Rio morar com a irmã Mariana, que já trabalhava como enfermeira no Ministério do Exército. Depois de concluída a faculdade, por insistência de uma amiga concursanda, prestou o concurso para o Senado. Ela passou, a amiga não. Assim, em 1956 assumiu o cargo de Auxiliar Legislativo do Senado Federal. Quatro anos depois, a Capital do País foi transferida para o Centro-Oeste. Junto ao órgão legislativo, mudou de cidade e em Brasília construiu sua vida e ajudou a construir tantas outras histórias de sucesso. Tornou-se mais que uma pioneira, uma personagem importante do Brasil e da sua política.





TEATRO

EM CONSTANTE ESTREIA BERNARDO FELINTO INTEGRA A LISTA DA NOVA GERAÇÃO DE ATORES BRASILIENSES QUE ASCENDE NO TEATRO E NA TELEVISÃO. COM PARTICIPAÇÕES EM DEZ NOVELAS, ELE PREFERE MORAR NA CAPITAL, ONDE TAMBÉM ESCREVE E LECIONA POR MARINA MACÊDO « FOTOS CELSO JUNIOR

O

cenário não poderia ser outro. Uma manhã quente, com céu azul deslumbrante, tipicamente brasiliense, no Instituto de Artes Cênicas no campus da Universidade de Brasília (UnB), onde jovens ensaiavam na Concha Acústica do Instituto de Artes (IDA). Ao fundo, o emblemático prédio do departamento de cênicas, revestido em azulejos do artista plástico Athos Bulcão. Foi assim que a equipe do GPS|Brasília entrevistou o ator Bernardo Felinto. Aos 31 anos e com 15 anos de carreira, ele soma mais de 25 peças teatrais e papéis na Rede Globo. Com pinta de galã, Bernardo encontrou nossa equipe com um visual descolado. Usava uma t-shirt preta, calça bordô, óculos escuros e argola na orelha esquerda. Mesmo com um clima quente, ele não deixou de tomar seu inseparável cafezinho na lanchonete mais próxima. Recentemente, o brasiliense foi visto na novela A Lei do Amor, quando interpretou Rally, em breves capítulos, um repórter policial. Bernardo já é conhecido na cidade. Está há uma década nos palcos. E estampou 30 campanhas publicitárias. Foi no teatro que tudo começou. Morava na 315 Sul e foi ali no vizinho Teatro dos Bancários que descobriu seu talento. Tinha 15 anos quando fez o primeiro curso. “Lembro-me até hoje o nome: Mergulho Teatral ano 2000. Logo na aula inaugural, eu pensei: É isso que quero fazer”, recorda. Conciliava os cursos de teatro com as aulas no colégio Maristão, da 615 Sul. A escolha no PAS (Programa de Avaliação Seriada), da UnB, foi para Artes Cênicas. Mas,

a pedido do pai, paralelamente se matriculou em Relações Internacionais na UniEuro. “Ele dizia que ser artista no Brasil era muito instável. Fui às aulas por uma semana e passei uns três meses mentindo que estava indo. Até que falei que só queria Artes Cênicas mesmo”, conta, sobre o pai, o médico João Felinto de Oliveira Neto. A estreia nos palcos foi em 2003, na icônica Sala Martins Penna do Teatro Nacional. Batizada de Pluft – O Fantasminha, a peça de Maria Clara Machado teve direção de Patrícia Marjorie e Lidiane Araújo. Em 2005, formou

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com os amigos um grupo de comédia chamado De 4 é Melhor, que revelou nomes como Flávio Nardelli, Fabianna Kami e Márcio Minervino e atuou ao longo de oito anos na cena nacional. Dentre as peças estão A Noite; Assexuados; É Tudo Mentira; De Volta aos Anos 90; Eu Tenho a Última Temporada. Porém, o grande legado da companhia foi o espetáculo Não Durma De Conchinha, com mais de 60 mil espectadores em Brasília e no Rio de Janeiro. “Como sabíamos que o gênero comédia era muito forte em Brasília, pensamos que esse era o caminho”, rememora Bernardo. Entretanto, o nome causou polêmica. “Tivemos alguns problemas e chegamos a mudar para De 4

Naipes. Tudo para não perdermos alguns patrocinadores”, recorda. Depois de uma temporada de seis meses no Rio de Janeiro, em 2011, o grupo se desfez. “Éramos quatro artistas diferentes e cada um querendo fazer sua carreira solo”, diz Bernardo. Antes do Rio, o grupo já tinha se arriscado por São Paulo. “Foi muito difícil. São Paulo é a terra do teatro. Concorríamos com 200 espetáculos por dia e nós não éramos muito conhecidos”, contou, sobre o período com a peça Eu Tenho a Última Temporada, em 2009. “Quando o avião pousou em Brasília, me senti em casa. Peguei meu carro e fui para todos os lugares que mais gosto da cidade. Fui no meu primeiro colégio chamado Integração, na 707 Sul. No Leonardo da Vinci e no Maristão. Por fim, na UnB e no Parque da Cidade”, lembra. Com o fim do grupo, Bernardo começou a fazer outros trabalhos. Além das participações em TV, continuou no teatro como ator e também como roteirista. Escreveu Como Não Arruinar o Seu Relacionamento, que obteve 50 mil espectadores. Quando sobe nos palcos de Brasília, Bernardo se sente à vontade. “Aqui o público já me conhece. É mais confortável. E, ao mesmo tempo, sinto uma responsabilidade maior. Mas confesso que fico mais nervoso que em apresentar em outras cidades”, conta o ator, que vive em um hotel às margens do Lago Paranoá, para facilitar as viagens por conta do trabalho. O brasiliense acha importante passar adiante seu conhecimento. Por isso, decidiu dar aulas de teatro. Aos sábados, leciona um curso de teatro, na Escola Parque da 308 Sul, não só para quem quer seguir a carreira, mas também para quem busca autoconhecimento e melhorar a oratória e expressão corporal. Hoje, o ator tem cerca de 35 alunos.

VEÍCULOS DE MASSA Apesar de o teatro ser sua base, a magia da TV o conquistou. “O teatro é a arte de raiz. É feito de maneira mais artesanal. As pessoas estão presentes. Não podemos parar e refazer GPSBrasília « 43


Em cena, nas peças Tudo Sobre a Nossa Vida Sexual e Procura-se: Homem Fiel; e no Instituto de Artes da UnB

a cena. Já na televisão, tem a edição, entre outros elementos. É outra dinâmica”, compara. Há cinco anos, vira e mexe, Bernardo é visto na telinha da Globo. A participação em A Lei do Amor foi mais uma para o currículo, que inclui mais de 15 trabalhos, como Amor eterno amor, Amor à Vida, Cheias de Charme, Avenida Brasil, Lado a Lado, Em Família, Império, A Grande Família, Tapas e Beijos. Foi durante uma temporada no Rio de Janeiro, em 2011, que vieram os primeiros testes. “Antes de fazer minha primeira participação em Zorra Total, em 2012, já tinha feito uns seis testes”, lembra. O primeiro papel foi na novela Joia Rara, em 2013, quando viveu o garçom Juca. Morou oito meses na Cidade Maravilhosa. “Trabalhar com um contrato é diferente porque você faz parte daquele produto. Fica mais à vontade”. Em 2014, viveu seu segundo papel, o detetive Moura, em Malhação, e ficou mais cinco meses na cidade. Contracenar com grandes nomes do segmento agregou ainda mais na bagagem do ator. “Em Tapas e Beijos, gravei duas participações com Vladimir Brichta. Ele foi extremamente generoso”, lembra. Em Avenida Brasil, dividiu cenas com o conterrâneo Juliano Cazarré. “Ele também estudou na UnB. Quando eu entrei na universidade, ele estava quase se formando. Chegamos a nos cruzar em uma disciplina. Naquela época, eu já prestava muita atenção nele”, conta. Ao aparecer na TV, a repercussão profissional é maior. “Quando acabei de gravar as novelas e retornei para Brasília, em 2013, tive um feedback que demoraria anos no teatro para conquistar. Queria estar nessa mídia grande. Foi quando vi que precisava de um meio de massa e surgiu a ideia do canal de humor no YouTube”, recorda, sobre a criação do Canal Só 1 Minuto, junto com Flávio Nardelli, Diego Brandão, Guilherme Melo e Tony Rangel. Tem 17 milhões de visualizações e 170 mil inscritos.

Na era da informação, ter um canal próprio se tornou algo acessível. Em contraponto, destacar-se no meio da multidão não é fácil. “Não adianta você ter um bom vídeo e não ter uma boa divulgação. Como o Nardelli é assessor de imprensa, divulga nossos vídeos em blogs de humor”, diz. Cerca de 90% do conteúdo produzido é sobre relacionamentos. O brasiliense confessa que se inspira em vivências pessoais e de amigos. “Meus amigos sabem que, se eles me contarem alguma história boa, há chance de virar uma adaptação para o canal”, conta. No cinema, fez participações em filmes como Neófito, de Jetro Osytek, e Faroeste Caboclo, de René Sampaio. “É um universo que me interessa muito. Brasília, inclusive, está se destacando nesse cenário, com nomes como Iberê Carvalho, José Eduardo Belmonte e René Sampaio. Além de termos o Festival de Cinema de Brasília, que é fortíssimo”, pontua. Em breve, ele retornará aos palcos da Capital. No primeiro semestre de 2017, ele volta com a peça Tudo Sobre Nossa Vida Sexual, que agitou a cena cultural da cidade em setembro. “Certamente é o papel que atuei até hoje com que mais me identifiquei”, afirma. Bernardo deseja ainda escrever novas peças e continuar ministrando cursos, e também morar novamente no Rio ou São Paulo.

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MÚSICA

O GÊNIO DAS DEZ CORDAS

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combinação de sons e ritmos forma a música. Em grego, música significa a arte das musas. As musas, segundo a mitologia, são capazes de inspirar a criação artística. A arte é a capacidade humana de expressar suas habilidades. Dessas habilidades nascem deuses, gênios, fenômenos. Não há um registro sequer de uma civilização sem manifestações musicais. O Brasil, claro, é hors concours nesse campo. Faz música como ninguém, possui inumeráveis ídolos, consegue absorver com maestria todos os gêneros musicais. Dessa bagunça organizada, nascem fenômenos como Hamilton de Holanda. Não à toa, o bandolinista tornou-se o maior musicista instrumental brasileiro dos últimos tempos. Ele acaba de vencer a edição de 2016 do Grammy Latino na 46 « GPSBrasília

categoria Melhor Álbum Instrumental com o disco Samba de Chico, um tributo a Chico Buarque. Ele já tinha vencido o Grammy Latino em 2015 na categoria Melhor Canção Brasileira. E mais: oito de seus 28 discos estão nas listas de indicações do prêmio, as onze vitórias do Prêmio da Música Brasileira em diferentes categorias, a indicação ao prêmio alemão Echo Jazz, entre os melhores instrumentistas de jazz do mundo, os shows por todos os continentes, as parcerias com artistas consagrados e a agenda lotada de shows. Aos 40 anos de idade, Hamilton de Holanda passou 35 deles ao lado do bandolim tocando choro – um dos estilos musicais mais prestigiados da música brasileira, devido à sonoridade requintada e de excelência. O choro e o samba formaram a carreira do artista símbolo da nova


DESDE OS CINCO ANOS ELE SUBIA AO PALCO COM O PAI PARA SE APRESENTAR NO CLUBE DO CHORO. AOS 40, HAMILTON DE HOLANDA É CONSIDERADO O MAIOR INSTRUMENTISTA DO PAÍS. COM SEU BANDOLIM, ELE GIRA CONTINENTES EM TURNÊS, ENQUANTO COMPÕE ININTERRUPTAMENTE. “EU SOU UM LIFEAHOLIC” POR MARIANA ROSA « FOTOS ADRIANO MACHADO

geração brasileira. Desenvolver canções com o bandolim e instrumentos de cordas é o que mais inspira o bon vivant. O músico é um workaholic assumido. Destina a maior parte do tempo pensando, compondo, cuidando da família e dos três filhos. Entretanto, faz questão de enfatizar: “Sou também um lifeaholic. Existe essa expressão? Se não existe acabei de inventar! Eu tento fazer a vida ser agradável e ter bem-estar diante de tudo isso, porque não está fácil com esse mundo cheio de mazelas e injustiças...” De fato, o termo lifeaholic existe. A expressão representa o oposto de workaholic. Trabalhar muito e, ao mesmo tempo, aproveitar a vida, parecem opostos, mas a dicotomia convive em paz no dia a dia do carioca. É o que ajuda a fazer de Hamilton uma figura ímpar

no cenário mundial da música instrumental, ao conseguir trabalhar com precisão os elementos essenciais da arte – melodia, ritmo e harmonia – ao mesmo tempo que convive com as adversidades da vida moderna. Em passagem por Brasília para o lançamento do novo CD Alegria, o chorão – como é conhecido quem toca choro – inaugurou o trabalho para o público infantil, em parceria com a Orquestra do Estado do Mato Grosso. Durante o show beneficente no Shopping Conjunto Nacional, o cachê dos artistas foi doado para a instituição Abrace. E, de fato, foi bonito ver a interação do músico com os pequenos na plateia, cantando juntos clássicos como o Sítio do Pica-Pau Amarelo, A Pantera Cor-de-Rosa, Super Mario Bros e composições próprias. GPSBrasília « 47


COMPONDO A HISTÓRIA A relação do artista com a música começou muito cedo. Em 1977, com apenas oito meses de idade, Hamilton de Holanda e a família mudaram-se do Rio de Janeiro para Brasília. Aos cinco, ganhou o primeiro instrumento musical, uma escaleta, com a qual fez a estreia para o público, no Clube do Choro de Brasília, ao lado do irmão Fernando César e do pai José Américo. O bandolim apareceu um ano depois, presente do avô. Daí em diante, com a inexistência de professores de bandolim na cidade, tornou-se autodidata no instrumento, enquanto estudava outros aparelhos musicais como piano e violão. Chegou até a formar uma banda de rock: “Os entregadores de pizza” era o nome do grupo com o qual tocava em reuniões no salão de festas do bloco I da quadra 103 Sul. “Eu nunca fui fechado, escuto de tudo. Se vou gostar ou não, isso é outro papo”, conta e, com entusiasmo, relembra: “Eu estava naquele show da Legião Urbana no Estádio Mané Garrincha, quando um grande tumulto feriu 400 pessoas, houve apedrejamento de ônibus e muros pichados. Foi em 1988, eu tinha 12 anos e desde aquela época escuto Capital Inicial, Legião, Plebe Rude, Paralamas do Sucesso”. Reforçando o respeito e admiração mútua entre os artistas brasilienses, comenta que recentemente o músico Digão, da banda Raimundos, prestigiou o seu evento de choro e samba Baile do Almeidinha, no Rio de Janeiro. Na década de 1980, enquanto a Capital Federal borbulhava com a eminência do rock, Hamilton de Holanda passava a infância no Clube do Choro e na Escola de Música de Brasília, ia para lá tocar com o pai e o irmão. Começou os estudos no Colégio Dom Bosco. Na 5ª série, mudou para o colégio Sigma e lá permaneceu até o fim do Ensino Médio. Passou no vestibular para Engenharia Civil na Universidade de Brasília (UnB) e para Contabilidade no UniCeub. Mas o talento musical falou mais forte. Trocou as contas pelo curso de Música na UnB. “Meu pai me apoiava, mas minha mãe morria de medo. Mas eu encarei e disse: ‘Mãe, fica tranquila.’ E, hoje, ela morre de orgulho!”, relembra. Depois de formado, ele passou uma temporada de um ano de estudos na Cité International des Arts, em Paris. De volta ao Brasil, em 2002, mudou-se para o Rio de Janeiro. Hamilton não pensa em voltar a viver em Brasília. “Hoje em dia eu estou bem carioca”, confessa. Mas sempre que pode está na Capital. No final do ano, é certo. Vem visitar os pais, irmão e sobrinhos. No bar Beirute, acontece o encontro com os amigos. “É até difícil vir a Brasília, porque não 48 « GPSBrasília

consigo ver todo mundo. Às vezes dá confusão, dizem que eu não apareço. Mas, a minha vida é tão corrida. Venho mais para fazer shows. Nem sempre dá para dormir na casa da minha mãe. Ela fica brava, mas tenho que dormir no hotel, por causa do corre-corre de horários”, explica.

INSPIRAÇÃO ILIMITADA Mesmo após os 35 anos de carreira, o bandolinista continua apaixonado pelo que faz. “Graças a Deus esse problema de falta de inspiração eu não tenho. Estou sempre compondo. A vida, por si só, me inspira, porque música é sentimento. Parece que, na minha cabeça, cada nota musical está ligada a um sentimento. Então, eu vou trabalhando, me divertindo nessa ligação”, revela. Hamilton tornou-se o artista oficial do bandolim de dez cordas. O instrumento original possui oito. A um amigo, pediu o acréscimo das duas cordas extras, por sentir a necessidade de aproveitar todo o potencial do instrumento. Estruturalmente, a concepção de um bandolim pede que o músico toque com palheta, porque a corda é muito dura, feita de aço. Além disso, o movimento repetitivo pode causar lesões. A atividade de um músico profissional assemelha-se às atividades de um atleta de alto rendimento. Semelhança, inclusive, na seara das dores. “Eu já tive muita dor, até que descobri a origem do problema. A dor não está aqui – aponta para as mãos – , a dor está aqui – aponta para a cabeça. É muito mais a mente quem manda no corpo”, explica o musicista. Na nova geração de músicos, Hamilton afirma escutar de tudo. Adora a dupla sertaneja Victor e Léo, escuta pop e admira o trabalho do norte-americano Bruno Mars. “Música boa tem em todo lugar do mundo. Eu gosto de música indiana, cubana, tenho uma relação muito forte com o flamenco por causa do Raphael Rabelo, porque ele se aproximou muito do Paco de Lucía, um grande guitarrista espanhol de flamenco. Então, é assim, a minha língua materna é o choro e o samba, mas eu aprendo a falar inglês, italiano, francês, tocar jazz...” elucida. Da geração consolidada, inspira-se em Raphael Rabello, Baden Powell, Pixinguinha, Tom Jobim e Hermeto Pascoal. E, claro, no pai. O maior ídolo e primeiro professor de quem sempre recebeu e ainda recebe ensinamentos marcantes: “Meu pai sempre dizia para eu aprender a tocar algum instrumento musical, que eu faria muitos amigos. De fato, a música tem esse grande poder de agregar, de juntar as pessoas. Me orgulho de fazer parte disso tudo”, conclui Hamilton de Holanda.



TRADIÇÃO

JUNTOU DOIS, JUNTOU TRÊS… JÁ É SAMBA. EM BRASÍLIA TAMBÉM É ASSIM. CONHEÇA OS AUTÊNTICOS REPRESENTANTES DO AMADO GÊNERO MUSICAL QUE ESTÃO ESPALHADOS ENTRE RODAS, QUADRAS E BOTECOS DA CAPITAL POR FERNANDA TAVARES «

FOTOS ADRIANO MACHADO

DE SAMBA PRA GENTE SAMBAR M

úsica tipicamente brasileira. Aquela que encanta gringos e faz a gente ter vontade de tirar o pé do chão. O samba nasceu dos antigos tambores trazidos pelos africanos que vieram como escravos para o Brasil. Tradução de sons associados a elementos religiosos. Foi aí que os negros estabeleceram uma espécie de ritual por meio da percussão e de movimentos do corpo. Mas o cenário de enriquecimento da música foi mesmo no Rio de Janeiro, no século XIX. Pelas ondas do rádio, passou a ser encarado como símbolo nacional na década de 40, durante o governo de Getúlio Vargas. Era o samba entrando na casa dos brasileiros. Harmonia feita por instrumentos de corda, como o cavaquinho e o violão, embalado pelo surdo e pelo pandeiro. Tinha até flauta, piano e saxofone sendo incorporados.

Nomes expressivos marcam a era de ouro do samba: Noel Rosa, com a brasileiríssima Conversa de Botequim; Cartola com As Rosas Não Falam; Dorival Caymmi de O que É que a Baiana Tem; Ary Barroso, com a Aquarela do Brasil; Adoniram Barbosa, de Trem das Onze. Nas décadas de 70 e 80, começa a surgir uma nova geração de sambistas: Paulinho da Viola, Jorge Aragão, João Nogueira, Beth Carvalho, Elza Soares, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Chico Buarque, João Bosco, Aldir Blanc. É... Lendo agora essa lista certamente você pensou: conheço um pouco de samba, não? É que o ritmo faz parte da identidade e da história do nosso País. Está ligado a nossas raízes culturais. Em 2016, comemorou–se seu centenário. Como dizem os moradores do Méier, subúrbio carioca: “Quintal é Moa, presidente da Aruc,juntou a maior escola de samba da cidade lugar sagrado, dois, juntou três, já é samba”.

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Othon Neves, organizador do Círculo Operário

NO CRUZEIRO Com a transferência da capital do Brasil do Rio de Janeiro para Brasília, muitos cariocas desembarcaram por aqui. Com eles, o samba. Assim, em vários cantos da cidade o ritmo foi sendo batucado, especialmente no Cruzeiro, a região com maior concentração de rodas de samba do Distrito Federal. Em 1961, um ano após a inauguração da Capital Federal, surgia uma das mais tradicionais escolas de samba da cidade, a Aruc – Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro, nas cores branco e azul, em homenagem à Portela. “No Cruzeiro vivem cariocas que vieram fazer história na cidade. Um local de alma e essência fluminenses, que traduzimos nos churrascos embalados pelo samba, vizinhos que são verdadeiros amigos – hábito que já chega nas terceiras e quartas gerações dos que moram aqui”, conta orgulhoso o jornalista Moacyr Oliveira, conhecido como Moa, o presidente da Aruc. A quadra da escola é o ponto de encontro dos bambas, considerado o templo do samba no Cerrado. Reconhecido até mesmo pelas escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo. A Aruc conta com mais de trinta títulos do Carnaval brasiliense. O primeiro desfile, nos moldes do Carnaval carioca, foi em 1962. Mas, por conta da crise econômica do Governo do

Distrito Federal, em 2017 já serão três anos sem desfilar. “Mas a Liga das Escolas já está em articulação com o governo para que, em 2018, a passarela do samba volte a funcionar”, esclarece Moa. Entretanto, mesmo sem a produção das alegorias e fantasias para o desfile, a escola não para. Para esquentar os tamborins, tem samba quintas-feiras e sextas-feiras à noite. Além da tradicional feijoada mensal, com a participação de um artista nacional. “Já tivemos grandes nomes do samba e do pagode da velha e da nova geração, como Jamelão, Nelson Sargento, Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, dentre outros”, diz Moa.

VELHO GUERREIRO E se tem uma pessoa que é a cara do samba de Brasília, é Carlos Elias. Aos 84 anos, por conta de problemas de saúde, não tem mais o samba no pé, mas o guarda na memória e no coração. A alegria contagiante sempre foi seu DNA. Mineiro, morava no Rio de Janeiro e pertencia à Ala de Compositores da Portela, em 1970, quando veio transferido para ocupar um cargo de confiança no Palácio do Itamaraty. Decidiu visitar a Aruc e logo foi convidado a fazer parte do grupo de compositores da escola. Foram GPSBrasília « 51


Marcelo Sena, cantor e fundador do grupo Coisa Nossa

longos anos escrevendo os sambas-enredos. Elias também foi atuante no Botequim Aruc. Ele também criou projetos como o Clube do Samba e a Feira de Música, nos anos 70 e 80. Era presença cativa no Clube do Choro em apresentações para mais de 400 pessoas.

FALA, MALANDRAGEM Perto da quadra da Aruc, tem mais uma parada: o Círculo Operário, no Cruzeiro Velho, todas as sextas-feiras à noite. Um dos responsáveis pela festa, Oton Neves, conta que tudo começou como brincadeira. Reunia alguns bons amigos em torno de uma mesa com batuque e cerveja até o anoitecer. Os moradores reclamaram do barulho para a Agência de Fiscalização e o quiosque, então, foi notificado muitas vezes. “Chegou o momento em que não poderíamos mais incomodar a vizinhança e precisávamos de um espaço. Conseguimos montar uma base fixa. Já são mais de quinze anos fazendo música de raiz num local que está sempre lotado. Tem dias que contamos com 500 pessoas. É uma farra muito boa”, diz, entusiasmado. 52 « GPSBrasília

NAS ASAS Nas Asa Norte e Asa Sul, as rodas de samba lotam bares e restaurantes. Aos sábados, é só passar na frente do Bar Brahma, 201 Sul, para ouvir o bum bum baticum bum. Quem toca lá duas vezes por mês é o grupo Bom Partido. Os sete músicos têm pegada tipicamente carioca. Levam ao público repertório de Noel Rosa, Cartola, João Nogueira, Paulinho da Viola, Chico Buarque e outros grandes sambistas. Além dos tradicionais instrumentos, como cavaco e percussão, os músicos chamam a atenção pela flauta transversal e o violão de sete cordas. Em outra esquina, na Asa Norte, o pandeiro canta solto. O bar Armazém do Ferreira, 202 Norte, é chamado de “a esquina carioca de Brasília”. Há quase uma década o Grupo Candanguero, formado por cinco músicos, se apresenta, com participações ilustres, entre elas, Noca da Portela, Carlos Elias, Oswaldinho da Cuíca, Délcio Carvalho, Gabrielzinho do Irajá, Dudu Nobre, Sérgio Magalhães e Cacá Pereira, entre outros. “Chamamos o local de casa de resistência. Viver de música é complicado, mas gratificante. Então, vamos tocando o barco. Respeitamos a lei


SAMBA-CANÇÃO

Surge na década de 1920, com ritmos lentos e letras sentimentais e românticas. Exemplo: Ai, Ioiô (1929), de Luís Peixoto.

SAMBA-ENREDO

Surge no Rio de Janeiro na década de 1930. Geralmente segue temas sociais ou culturais. le que define toda a coreografia e cenografia utilizada no desfile da escola de samba.

SAMBA-EXALTAÇÃO

Com letras patrióticas e ressaltando as maravilhas do Brasil, com acompanhamento de orquestra. Aquarela do Brasil, de Ary Barros.

SAMBA DE GAFIEIRA

Foi criado na década de 1940 e tem acompanhamento de orquestra. Rápido e pontuado na parte instrumental, é muito usado nas danças de salão.

SAMBALANÇO

urgiu nos anos em boates de ão Paulo e io de aneiro. ecebeu in uência do jazz. Um dos mais significativos representantes é orge Ben Jor.

SAMBA DE PARTIDO ALTO

om letras improvisadas, fala sobre a realidade dos morros e regiões carentes. É o estilo dos grandes mestres do samba, como Moreira da ilva, Martinho da ila e eca Pagodinho.

PAGODE

Nasceu no Rio de Janeiro, na década de . Tem ritmo repetitivo e utiliza sons eletrônicos. Espalhou-se rapidamente graças às letras simples e românticas de Fundo de Quintal, Negritude Jr., Só Pra Contrariar, Raça Negra…

SAMBA CARNAVALESCO

Marchinhas e sambas feitos para dan ar e cantar nos bailes. xemplos Abre alas, Apaga a vela, Aurora, Balancê, Cabeleira do Zezé, Bandeira Branca, Chiquita Bacana, Colombina, Cidade Maravilhosa.

ONDE SAMBAR Círculo Operário rea special, Lote , ruzeiro elho (61) 3234-1043 Projeto Círculo do Samba Sextas-feiras, a partir das 22h. Entrada: R$ 10 Aruc rea special n. , ruzeiro elho (61) 3361-1649. Quinta-feira: das 19h às 22h. Couvert artístico: R$10. Sexta-feira: das 17h às 22h. Entrada franca Armazém do Ferreira CLN 202 Bloco A, Asa Norte (61) 3227-0167. Aos sábados, rupo andanguero, a partir do meio-dia. Couvert artístico: R$ 10 Clube do Choro ixo Monumental, atrás do entro de onven es l sses Guimarães. Programação no site: .clubedochoro.com. br. Comida e Arte CLN 410, Asa Norte – (61) 3222-2221 Grupo Bom Partido Aos sábados a partir do meio-dia. Couvert artístico: R$ 10 Outro Calaf SBS quadra 2, Asa Sul – (61) 3322-9581 Sambista Marcelo Sena Programação no site: .outrocalaf.com.br Bar Brahma CLS 202, Asa Sul – (61) 3224-9313 Programação no site: .barbrahmabrasilia.com.br

do silêncio e democraticamente tocamos de um jeito leve, mantendo nossa identidade”, declara Diego Considera. Ainda na Asa Norte, a proposta do Comida e Arte, 410 Norte, é trazer um pouco da alma carioca. “Somos uma família de cinco pessoas, que cuida do estabelecimento. Nossos clientes fazem do bar a segunda casa, tal qual nas escolas de samba do Rio de Janeiro”, diz o proprietário, Luiz de Lima.

BOEMIA Um dos mais conhecidos músicos do gênero é o cantor Marcelo Sena. A carreira começou no momento em que Brasília vivia o cenário do rock nacional. Mas foi com o ritmo dos mestres que se tornou sambista reconhecido em todo o País. Marcelo e seu pandeiro estão na ativa há mais GPSBrasília « 53

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Sambista Dhi Ribeiro fez sua carreira na Capital

de trinta anos. Ele foi o fundador do grupo Coisa Nossa. “Eu tracei os primeiros passos num ritmo musical completamente diferente do rock, influenciado pelos meus pais. Não foi difícil porque tinha espaço para todo mundo. Hoje é mais complicado por conta da ascensão de sertanejo e funk. Mas eu sigo em frente, já dizia a música: “quem não gosta de samba, bom sujeito não é”. E sou um bom sujeito”, declara, rindo. A presença da banda de Marcelo é cativa quase todos os sábados no Outro Calaf, um dos locais que mais preservam a identidade sambista em Brasília.

ESSAS MENINAS As vozes femininas também conquistam multidões. Natural de Nilópolis, no Rio, Dhi Ribeiro radicou-se em Brasília. Aqui, fez do samba a sua vida. “Recebi o convite para vir a Brasília quando era bem jovem. A ideia seria ficar apenas seis meses para ajudar na identidade 54 « GPSBrasília

de uma banda. Mas já estou 25 anos nessa cidade que, para mim, é maravilhosa”, conta. Dhi tem na cantora Alcione a sua grande inspiração. Além da carreira solo, faz parte do grupo Nós Negras, que homenageia divas negras do samba. A agenda é lotada. “Hoje, tenho carinho com alguns projetos que merecem mais espaço, que são os blocos de rua no nosso Carnaval. O custo não é grande e podemos proporcionar ao público horas e horas de folia”, diz. Para ouvir sua voz marcante, dá uma escapadinha ao galpão da escola do coração, a Aruc. Ainda no cenário feminino, quem gosta de festa pode aproveitar as noitadas com a talentosa Renata Jambeiro. Brasiliense da gema, como assim é conhecida, já foi finalista do Prêmio da Música Brasileira 2016 – categoria Melhor Cantora de Samba. Também foi premiada com o mais recente álbum, Fogaréu. Sua voz embalou músicas de novela e sempre anima festas da capital. Tem ainda Teresa Lopes, Kris Maciel, Cris Pereira. Não faltam nomes e pandeiros para fazer o samba sambar em Brasília.



ARTE

O cabelo rebelde chama a atenção. Agora, grisalho, contrasta com a pele bronzeada de sol. De botina de couro, calça jeans e regata, ele compõe o visual com pulseiras nos dois pulsos, anéis de ouro e brincos de argola. Francisco Galeno parece vestir sua própria história. É um homem da praia e também do campo. Neto de vaqueiro, filho de pai pescador e mãe rendeira, o artista nasceu numa das ilhas do Delta do Parnaíba, no Piauí, e cresceu em Brasília. Tem estilo único. Lembra um roqueiro cowboy ou um curumim arteiro, apelido com o qual ficou conhecido pelo documentário de Marcelo Diaz, que faz uma trajetória à sua terra natal. Galeno é uma joia rara da história da arte brasileira. Autodidata, aprendeu a pintar, observando os grandes mestres, inebriado pelas obras de Alfredo Volpi, Rubem Valentim e Athos Bulcão. Foi olhando para dentro de si, rememorando sua infância nordestina, que atingiu repercussão internacional. Sua obra está eternizada nos painéis da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, na 308 Sul, no salão de recepção do Palácio do Itamaraty, bem ao lado da bela e rara tapeçaria feita por Burle Marx.Entrevistar Galeno não é tarefa fácil. São seis meses do ano morando no Delta e o restante em Brazlândia, região administrativa que fica a 45 quilômetros de Brasília.

GALENO 56 « GPSBrasília


Na época em que se deu o primeiro contato, estávamos apreensivos. Além da distância, corria o boato de que estava gravemente doente, com um tumor na laringe. Não havia o que fazer, senão esperar notícias de um dos últimos modernistas vivos de sua geração. Mas para a nossa surpresa, ele atendeu a nossa ligação de primeira. Com a voz de timbre forte e ao mesmo tempo suave, prontamente marcou a entrevista e nos encontramos em seu ateliê. Aparentando um pouco mais magro que o de costume, ele confidenciou a enfermidade. “Tive muita sorte. Comecei a sentir um incômodo no ouvido e já estava sem 80% da audição. Achei que fosse água no ouvido, mas o médico que me atendeu no Delta diagnosticou o câncer. Dois dias depois, chegou de Teresina o resultado, confirmando. Foram 30 sessões de radioterapia e seis de

quimioterapia”, confidencia o artista, de 59 anos. O câncer de Galeno foi o mesmo do conhecido ator norte-americano Michael Douglas, com chances de cura de 90%. “Eles ficaram admirados com minha recuperação. Foram três meses da época em que descobri até ficar curado, em maio”, revela. Renovado, pronto para o trabalho, o artista está a todo vapor. A galerista Karla Osório detém a exclusividade de sua obra. Em dezembro, Galeno parte para o Delta, onde mantém um ateliê. Passar pelas dunas de areia, pelas carnaúbas de sua terra natal tem sido um resgate de suas origens. Foi aos oito anos de idade que Galeno partiu com a família para a nova Capital e ficou 23 anos sem voltar para o Morro da Mariana, a ilha em que nasceu. “Estou completando a infância que eu não vivi lá. O artesão que trabalha comigo é como se fosse o meu avô. Espiritualmente, estou ali conversando com meus antepassados”. GPSBrasília « 57


O INÍCIO Corre em suas veias a predileção pela arte. Nascido numa família de artesãos, o trabalho manual era uma realidade. Seu bisavô era o Mestre Capina, morava na beira do Rio Longa, no Piauí, era capataz do Almirante Gervásio e fazia cela, arreio e canoas. Seu pai herdou a habilidade em lidar na fazenda. Plantava, colhia, vendia o excesso e o restante servia para sua subsistência. Em 1964, seu pai subiu num pau de arara, numa viagem que duraria um mês com destino a Brasília. “Ele chegou no dia do Golpe (Militar) e felizmente conseguiu desembarcar, pois conhecia um encarregado. Depois de dois anos, mandou nos buscar”, conta. Galeno, a mãe e os quatro irmãos chegaram à Cidade Livre e, uma semana depois, foram parar em Brazlândia, onde o artista vive até hoje. No começo, Galeno queria ser jogador de futebol, mas o esporte era incipiente na cidade. Foi acompanhando o irmão Batista, que fazia esculturas, que Galeno começou a se aproximar da arte. Curioso, que58 « GPSBrasília

ria estar perto dos artesãos da cidade. Aos 18 anos, foi para a Marinha e, nas horas vagas, desenhava. Galeno passou a ler livros de História da Arte. Na cabeceira da cama, Picasso, Cézanne, Van Gogh, Lautrec, Renoir. O jovem também adorava música. Foram dois anos de teoria na Escola de Música de Brasília. “Foi muito importante para a minha formação artística. Hoje, sei distinguir o que é um fagote, uma viola. A diferença de uma sinfonia, uma orquestra”, conta. Galeno estudava flauta, mas não teve tempo para aprofundar, a Escola de Música começava um curso à noite, mas ainda estava sendo implantado. Inquieto, Galeno foi para o Teatro Galpão nos anos 1970. Na época, trabalhava no Banco Central e, após o expediente, ensaiava as peças. “Não existia profissionalismo na época. Tudo estava acontecendo no teatro, na música, na arte. Vivi momentos muito importantes. Convivíamos com as pessoas sem saber quem eram, como o Renato Russo e o pessoal do Aborto Elétrico”, lembra. “Era mais um espectador daquela efervescência que rolava no Plano Piloto. Quando você é jovem, tudo é bonito”, completa.


“NO DELTA DO PARNAÍBA, ESTOU COMPLETANDO A INFÂNCIA QUE EU NÃO VIVI. SE ME PERGUNTASSEM HOJE O QUE EU QUERIA SER, EU DIRIA: ‘QUERO SER MENINO’”

A PINTURA Foi nos anos 1970 que Galeno fez um curso de pintura no Centro da Criatividade onde funcionava a Fundação Cultural, com direção do pintor Luiz Aquila, em Brasília. “Foi a primeira vez que eu usei modelo vivo. Lá comecei a usar as cores fortes. Um dia, uma mulher disse que eu tinha que sujar um pouco a cor senão as pessoas não conseguiriam olhar para a minha obra. O que ela não sabia é que na mesma época artistas do Parque Lage, no Rio de Janeiro, já declinavam para esse formato de pintura”, conta. Foi convivendo com Athos Bulcão e Rubem Valentim que Galeno foi desenvolvendo sua obra. Freqüentava exposições em galerias onde estavam os mestres e participava de salões de arte onde eles eram jurados. Um dia, foi até a casa de Valentim para lhe mostrar seu trabalho. O pintor que chegou a lecionar na UnB disse que ele daria um bom ilustrador. Mas Galeno quis ir além e Valentim foi convencido disso. Tempos depois, no Salão de Arte Riachuelo, Valentim era jurado da banca examinadora e deu o prêmio de primeiro lugar para Galeno.

Naquela época, Galeno pintava figura e paisagem. Com o tempo, passou a pintar elementos da infância que estavam no seu inconsciente imaginário e que se tornaram característicos de seu trabalho. Das lembranças, a pipa, o carretel, a lamparina, o anzol e as rendas que saíam das mãos de sua mãe. O artista autodidata se consagrou no cenário nacional. Foram muitos prêmios. Foi ganhador do Salão das Cidades Satélites que foi de suma importância para o desenvolvimento de seu trabalho, pois os artistas não tinham local para mostrar o que estavam fazendo. Em 1982, foi selecionado para o Salão Nacional, mas o primeiro lugar só aconteceu em 1986. “Foi emblemático para mim. Era casado, tinha filhos, morava de aluguel. Com o dinheiro do prêmio, comprei uma casa e assim resolvi sair do banco e passei a me dedicar integralmente à pintura”, conta. Nesse período, Galeno conheceu Vera Brant, uma dama da sociedade brasiliense, entusiasta da arte e dos novos talentos. “Ela me aconselhou a mostrar meu trabalho para Ana Maria Niemeyer que tinha uma galeria no Shopping da Gávea. Quando fui para o Rio, passei no endereço e deixei meus catálogos com um cartão. Seis meses depois, recebi um recado dela me convidando para um exposição na cidade carioca. Achei até que fosse brincadeira, mas era verdade”, lembra. Galeno pintava e os desenhos que fazia pediam para saltar da tela e ganhar vida. Assim, começou a fazer esculturas com seus objetos. Sempre os elementos da infância são protagonistas. “Não falo de um mundo que não me pertence, esses objetos definem quem eu sou, de onde vim, a minha família. É a minha alma”, enfatiza. GPSBrasília « 59


A IGREJINHA Não há como não comparar Galeno com Alfredo Volpi, que foi um grande defensor da cultura popular brasileira. Coincidência ou não, Galeno foi eleito pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para pintar os painéis da Igrejinha que antes foram criados pelo pintor ítalo-brasileiro. Os painéis de Volpi foram destruídos por atos de vandalismo. Há sete anos, Galeno recebeu a missão de substituir os painéis, pois eram irrecuperáveis. “A Igrejinha foi importante porque eu coloquei o pé em Brasília”, explica o artista, que confidencia a resistência das pessoas por ser um artista de uma “Cidade Satélite”. Isso foi bastante latente, quando Galeno começou os primeiros esboços, alguns moradores diziam não ser apropriado. “Acho que houve certo preconceito. Alguns preferiam um artista mineiro para pintar a Via Sacra, mas Brasília não foi feita nesta visão. Comecei a tocar o projeto independente e aí está o resultado”, diz. Assim como Portinari que pintou a Igreja da Pampulha e foi execrado na época, Galeno foi alvo de comentários maldosos, mas nada que abalasse a sua autoestima. Na época, muitos fiéis criticaram o fato de a Virgem Maria não ter rosto e segurar uma pipa nas mãos, enviando um abaixo-assinado ao IPHAN. Mas, o superintendente do instituto na época, Alfredo Gastal, saiu em defesa do artista. Com o trabalho finalizado, os ruídos deram lugar a elogios. Muitos se emocionaram com a Virgem que, além de carregar a pipa, tinha flores ao invés de coroa e ainda um carretel de linha em volta do pescoço. Hoje, um quadro de Galeno é uma verdadeira obra-prima. É colecionado por chefes de estado. Começou com o ex-presidente Fernando Collor de Melo, que fazia questão de presentear personalidades com a sua obra. 60 « GPSBrasília

Depois, Fernando Henrique Cardoso começou a propagar sua arte para o mundo. O último a receber um trabalho seu foi o presidente norte-americano Barack Obama, pelas mãos da ex-presidente Dilma Rousseff. Ele é o artista mais novo que está ao lado de Portinari, Di Cavalcanti e Bruno Giorgi no Palácio do Itamaraty. Entretanto, nada tira de Galeno o ar simples do menino que adorava pular no rio quando garoto, brincar nas dunas de areia, um jovem que só almejava a liberdade. Pai de seis filhos, Galeno não se prendeu nem ao casamento. Foram três, dos quais teve dois filhos com cada mulher. Morou junto com mais de seis mulheres. A última havia saído há duas semanas de sua casa quando fizemos a entrevista. “Não sou uma pessoa difícil, mas o meu universo é diferente. O artista tem seus momentos de introspecção. Meu ateliê também é na rua ou quando estou viajando, às vezes estou sonhando acordado”, explica. Sobre seus sonhos ou projetos que quer realizar, Galeno não se programa. “Nunca fui preparado para aquela coisa de ‘busque seus sonhos’. Para mim, sonho é aquele doce que, se você não encontrar numa padaria, deve ir em outra”, brinca. Do futuro, o que se espera é o presente. É ir para o Delta e produzir sua obra. Um poema escrito em um catálogo seu define muito a sua vida. Trata-se de Fernando Sabino. “Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam: o que você quer ser quando crescer? Hoje não perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que quero ser menino”. Serviço Instagram: @galenoart Gabinete de Arte k²o abinetedearte o com



ESCULTURA

AS OBRAS DE COR LARANJA REFORÇAM A CONTAGIANTE ENERGIA DE SANAGÊ CARDOSO, ESCULTOR QUE ELEGEU COMO GALERIA OS GRAMADOS DE BRASÍLIA PARA EXPOR SUA ARTE GEOMÉTRICA E DIMENSIONAL POR MARIANA ROSA « FOTOS ADRIANO MACHADO

Obra Quero entrar na roda

O IDEALISMO FEITO EM AÇO 62 « GPSBrasília


de levar para casa, todas geometricamente trabalhadas em três dimensões, na cor laranja – a cor da alegria, da energia, do sucesso –, em formas livres e volumosas. Dessa maneira, o artista interage com mestres das artes plásticas, como Servulo Esmeraldo e Franz Weissmann. Foi o que, certa vez, afirmou o crítico de arte Marcus Lontra a respeito do trabalho de Sanagê. “Questionam como eu deslanchei tão rápido nas artes. Digo que não é bem assim. Há 30 anos venho construindo o trabalho que apresento hoje. Ao invés de ver novela, eu leio livros de arte. Tenho uma biblioteca enorme e dedicação exclusiva ao trabalho”, revela. Com obras expostas em prédios por toda a cidade, integrando acervo pessoal de colecionadores, o artista atrai a atenção de marchands. Além do talento particular, simpatia nata, otimismo contagiante e veia empreendedora, Sanagê é um idealista. “Eu quero ter, pelo menos, uma obra no MoMA – Museu de Arte Moderna de Nova York -, por que não? Eu penso em trabalho 24 horas por dia, em busca das minhas dez mil horas de dedicação para obter sucesso”, revela.

QUANDO TUDO COMEÇOU Obra da exposição Neoclipes

S

abe aquele clipe que as pessoas costumam usar para prender papéis? Você já parou para observar as dimensões, traços, formas desse objeto feito ora de plástico ora de metal, inventado pelo norueguês Johan Vaaler, em 1899? Provavelmente, não. Possivelmente, esse mero objeto, tão trivial no dia a dia, passe mesmo despercebido. Mas para Sanagê Cardoso, não. O renomado artista carioca, brasiliense desde 1972, destaca-se na remodelagem de clipes. Ou seja, a arte que envolve desconstruir a proporção áurea da peça e dar novo formato ao arame. O protótipo se transformará em uma grande escultura de aço. “Toda obra que eu faço começa em um clipe. Ele está presente em todas elas”, explica. Da obsessão por esse material surgiram as esculturas da exposição Neoclipes – A Tradição e o Contemporâneo. Entre os formatos, todos exclusivos, a imaginação ganha liberdade. Existem obras de dez metros; outras que pesam mais de uma tonelada; miniaturas de 25 centímetros com menos de um quilo; trabalhos conceituais que provocam olhares céticos. E a grande maioria das peças dá vontade

Imagine-se no lugar de um jovem carioca de 18 anos recém-chegado a Brasília dos anos 1960. Você possui talento para a fotografia e investe na arte. Passa a fazer sucesso, torna-se respeitado e admirado. Nas horas vagas, possui a mania, ou o hobby quase inconsciente, de remodelar clipes de metal. Com os próprios dedos, dá formatos diferentes àqueles arames de aço. Quase sem querer vai guardando as novas formas em uma caixinha. Logo, ela fica cheia deles. E agora? O que fazer com tantos clipes distorcidos? Bem, com a máquina fotográfica sempre próxima, Sanagê trabalhou luz, cenários, ângulos e começou a registrar os clipes estilizados. Após algumas exposições dessas imagens inusitadas, aquela famosa luz inspiradora apareceu para Sanagê. A ideia passou a ser maximizar os clipes e transformá-los em algo palpável, de preferência, em aço. Assim, apresentou a proposta de esculturas para diversos metalúrgicos. Todos rejeitaram a ideia. Para resolver o problema, o artista foi prático. Abriu uma pequena fábrica e começou a fazer as peças em aço carbono e inox. “Não entendiam e recusaram-se a executar. Já que ninguém quis fazer, eu mesmo decidi aprender a cortar, soldar e até fundir o aço para dar origem às minhas obras”, conta. GPSBrasília « 63


Em busca da profissionalização e para solidificar o status de artista, iniciou, nos anos 2000, o curso de Artes Plásticas na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. “Eu queria ser reconhecido como o artista Sanagê e não como ‘aquele artista negão’ e outros preconceitos. Por isso, fui em busca desse respeito”, desabafa. Logo na primeira mostra de trabalhos da faculdade, o professor-avaliador lhe proferiu diversos elogios eloquentes ao ver suas obras. “’Sanagê, você não faz ideia do potencial da sua arte. Já existe literatura a respeito, precursores, todo um movimento artístico onde o seu trabalho se encaixa’, me disse o professor”, relembra, orgulhoso. Foi assim que, teoricamente, o Neoconcretismo – de Ferreira Gullar, Lygia Clark, Lygia Pape e companhia – efetivou-se na vida do artista. O Neoconcretismo é um movimento de contracultura nascido no Rio de Janeiro por volta de 1950. Pretendia agregar sentimento às expressões artísticas, em contraposição ao Concretismo Puro, predominante na época, que enxergava a arte como mero objeto. Partindo do pressuposto de inserir sensibilidade às esculturas, hoje, Sanagê Cardoso é o precursor da Neoclipe. Em livre interpretação, o neologismo é classificado como o resultado das proporções do clipe ou prendedor, com significados e desdobramentos de soluções.

ALÉM DOS CLIPES Entretanto, não apenas da Neoclipe vive a arte de Sanagê. O Lado Quadrado de Brasília foi a exposição que solidificou o trabalho do artista. O feito foi transportar para o aço carbono monumentos e símbolos estratégicos da cidade como as asas Sul e Norte, a Catedral, os Cogobós, o Santuário Dom Bosco. Brasília também foi inspiração para outra mostra de Sanagê. A exuberância do trabalho de Athos Bulcão espalhada pela cidade inspirou o escultor a produzir as obras do azulejista em terceira dimensão. Athos Vive foi a exposição mais viajada de Sanagê até o momento. Além de Brasília, passou por Rio de Janeiro, Sergipe, Goiânia, dentre outras capitais.

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A PRODUÇÃO No Lago Sul, uma bela placa laranja em formato de clipes com quase dois metros de altura por um de comprimento anuncia: Ateliê Sanagê. O lugar ocupa uma generosa área de oito mil metros quarados numa rua sem saída. Atua mais como um espaço de exposição a céu aberto do que estúdio de produção. Esculturas de todas as fases artísticas podem ser vistas ali. Também no local, o artista recebe grupos de estudantes de faculdades de todo o País, amigos, curiosos e admiradores. Inclusive, ficar ali con conversando sobre arte é uma das ativida atividades que Sanagê mais gosta. As obras, de fato, são produzidas em uma metalurgia em Águas Claras, mesma região onde o artista mora. São 38 km até o Lago Sul. percur“Faço, feliz, esse percur so todo dia.”, revela. Aos 62 anos de idade, sorriso no rosto e um bom papo, Sanagê é casado há 14 anos. Tem um filho de 22 anos que preferiu construir o próprio caminho ao entrar na faculdade de Educação Física. “Acho até bom meu mifilho ter sua vida. Essa história é mi nha, não dele”, opina. prenunPara o próprio futuro, Sanagê prenun cia com exclusividade para a GPS|Brasília: uma linha de móveis. Alguns já são realidade e podem ser admirados no ateliê. É o caso do sofá em aço carbono com os pés em formato de clipes; o divã que possui o encosto lembrando o objeto; ou a cadeira de três pés. “A evolução será aperfeiçoar a proposta existente e criar novas formas na arte do design de interiores”, revela. Serviço sana e com br



VINTAGE

UM TESOURO ITALIANO UMA LOJA DISCRETA NO COMPLEXO BRASIL 21 EXIBE UMA MOSTRA SECULAR ADQUIRIDA POR DOIS ANTIQUÁRIOS QUE HÁ QUARENTA ANOS VIAJAM O MUNDO, ARREMATANDO OBRAS QUE EMOCIONAM OS AMANTES DA ARTE POR MARIZA DE

MACEDO-SOARES « FOTOS CRISTIANO SÉRGIO

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a Capital Federal o que não faltam são surpresas – agradáveis ou não – que se revelam aos que deixam de lado a preguiça e saem por aí explorando shoppings, galerias, quadras e endereços em busca de algo que, quando encontrado, provoca alegria, desperta a incrível sensação da descoberta do belo, o desejo da posse, a vontade de continuar procurando coisas que mexam com sentimentos, além dos sentidos. Pois Brasília tem uma joia que merece ser vista de perto, bem no centro da cidade, no térreo do Brasil 21: um anti-

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quário que, por ser discreto, chama a atenção do passante e desperta nele uma curiosidade incontrolável: a vontade de entrar e explorar seus ambientes, sentir-se numa casa muito bem arrumada, chique, elegante sem ser pedante, com móveis, quadros, tapetes e objetos que reforçam tais conceitos e – como se não bastasse – deixam evidente o aconchego do lugar. É o Perez & Prado Antiquários, fundado há pouco mais de sete anos por Ney do Prado e Vicente Perez, que resolveram juntar seus acervos resultados de 40 anos de garimpo e pesquisa mundo afora. Criaram um antiquá-


rio diferente do que se vê por aí, com exposições temáticas – a de inauguração trouxe ao público um ambiente inteiramente art déco, composto por móveis, tapetes, obras de arte, livros e por aí vai. Nesse belo e perfeito ambiente que remetia aos anos 1920, recebiam convidados para drinques e conversas – uma elegante e simpática maneira de divulgar o empreendimento, criar uma cartela de clientes fidelíssimos que com o tempo e convívio se transformaram em amigos igualmente fiéis. Tempos depois, saíram de cena os anos 1920/1930 e em seu lugar surgiram ambientes que exploravam Brasília nos anos 1950 e, dessa forma, eram retratados nos móveis e luminárias o estilo de vida, o modo de viver da Capital da República. O mesmo se deu com a temporada que expôs exclusivos móveis franceses e, mais tarde, móveis em carvalho. Atualmente, entre peças garimpadas por décadas em países como Suíça, Uruguai, Argentina, Alemanha, Arábia Saudita e Chile, compondo a ambientação da casa, que se revela logo na entrada do primeiro ambiente, estão expostos móveis no melhor e elegante estilo colonial vitoriano. Nas paredes, 26 obras que compõem a Pintores Italianos no Brasil – Séculos XIX e XX. A mostra comemora o aniversário do antiquário. São trabalhos assinados por artistas que imigraram da Itália para o Brasil, sobretudo para São Paulo e Rio de Janeiro.

Dos 26 perfeitamente emoldurados quadros, apenas um não pertence ao acervo de Ney do Prado. É inadmissível deixar de contar como Ney formou seu acervo: há dez anos, o antiquário, então diplomata, leu uma crítica negativa que Monteiro Lobato publicou sobre um óleo de um pintor italiano – Nicolo Petrilli (1900 – 1920). Os dizeres de Lobato chamaram a atenção do leitor e isso o motivou a comprar o quadro. Nesse momento começava a incrível coleção que está à disposição de amantes das artes, curiosos e quem mais se apresentar, na quadra 6 do Setor Hoteleiro Sul, conjunto A, bloco B, loja 43, sempre a partir das 14h. Vale o passeio – não é sempre que se têm à disposição obras como Os Pés, da modernista Pietrina Checcatti, uma paisagem pintada pelo pós-impressionista Alfredo Volpi, o Nu Masculino, do modernista Dario Mecatti, o deslumbrante Retrato de Negro, do realista Gaetano De Gennaro, obra que já foi exposta no Salão de Paris em 1930, e muitas outras de igual importância e beleza. Desnecessário dizer que todas essas maravilhas podem ser compradas, mas admirá-las já fará bem ao espírito e proporcionará leveza à alma. Serviço Pintores Italianos no Brasil – Séculos XIX e XX Perez & Prado Antiquários , uadra , on unto , loco , o a rasil

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ARTE POR MAURÍCIO LIMA* mauricio

aleriaclima com br Flavio Oliveira

MIGUEL RIO BRANCO E A EXPOSIÇÃO MÉCANIQUE DES FEMMES Fotos: Miguel Rio Branco

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tradicional Feira Internacional de Arte de Miami, uma ramificação da Art Basel da Suíça, é um dos um dos eventos artísticos mais importantes do mundo. Em Miami, a semana da Art Basel é um acontecimento cultural que combina a feira de arte com um intenso programa de atividades culturais, exposições, festas e eventos multidisciplinares de música, cinema, arquitetura e design. Um desses eventos paralelos que ganha destaque esse ano é a exposição de um dos artistas plásticos mais importantes do Brasil. Miguel Rio Branco apresentará na Galeria Clima Miami a exposição Mécanique des femmes, que reúne um conjunto de obras de diferentes épocas, tendo em foco a questão da figura feminina.

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O artista é conhecido pelo uso de cores fortes em seus trabalhos. Em suas fotos, os contrastes cromáticos são constantes, muitas vezes a sombra cria novos contornos ou dá a sensação de ausência se contrapondo com a luz. A passagem do tempo, a violência, a sensualidade e a morte são temas constantes. A trajetória de Miguel Rio Branco já conta com uma história de mais de 50 anos, o artista é muito conhecido por seu trabalho fotográfico, mas é um artista contemporâneo multimídia, destacando-se também em suas instalações, pinturas e filmes. Ainda na década de 1960, mesmo sem formação em artes plásticas, começa a pintar e, em 1964, faz sua primeira exposição numa galeria


Um exemplo dessa força é a série Pelourinho (1979), fotografada na parte mais antiga do bairro do Pelourinho, em Salvador (BA), área que se encontrava muito degradada, tanto no seu aspecto arquitetônico quanto na sua ligação à prostituição. Essa série mostra a penumbra, evidencia cicatrizes nos corpos, como sinal da violência sofrida pelas pessoas, enfatiza o que o tempo e os maus-tratos causaram nas casas e nos prédios arruinados. Nos anos 1980, cria suas primeiras instalações, utilizando fotografia, pintura, cinema e vários outros materiais pertinentes à sua pesquisa. Durante esse período, já expunha com frequência no Brasil e no exterior. Em setembro de 2010, no Museu de Inhotim, nos arredores de Belo Horizonte (MG), resultado de um longo processo de colaboração entre Inhotim e o artista, foi inaugurado um pavilhão dedicado à obra de Miguel Rio Branco, que abriga trabalhos exemplares

em Berna, na Suíça. Em 1966, encontrava-se nos EUA e começou a estudar no New York Institute of Photography (Instituto de Fotografia de Nova York). Em seguida, volta para o Rio de Janeiro e ingressa na Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi). Na década de 1970, dedica-se à fotografia e cinema experimental e atua como fotógrafo documental paralelamente. De1978 até os dias atuais é correspondente de uma das agências mais prestigiadas de fotografia do mundo, a Agência Magnum, em Paris. Desde o início ele se destacou pelo uso de cores fortes e saturadas, marca ainda presente em sua produção atual. A escolha de temas fortes também está em seus trabalhos.

de sua trajetória, evidenciando os principais traços de sua prática artística dos últimos 30 anos até suas instalações mais recentes. O espaço dedicado ao artista conta com uma apresentação abrangente de sua produção e tem a imagem fotográfica em diversos suportes, como fotos individuais, polípticos, painéis, filme, instalações audiovisuais e multimídia, oferecendo uma grande colagem multifocal da obra do artista. *Marchand e consultor em investimento em arte Serviço Mécanique des femmes, de Miguel Rio Branco Visita o de de de embro a de fevereiro aleria lima iami th t, iami perto do aeroporto internacional

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ARTIGO POR SÉRGIO BORGES

Arquiteto pela UnB, especialista em arquitetura corporativa e colunista da BandNewsFM Brasília nsta ram

ati a ar uitetura corporativa

O FUTURO DOS ESCRITÓRIOS

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á pouco fomos conferir a Orgatec, maior feira dedicada à Arquitetura corporativa no mundo. Essa Bienal, sediada na cidade alemã de Colônia, é uma referência para o mercado mundial de escritórios. Durante uma semana, arquitetos, designers e fabricantes dos cinco continentes discutiram conceitos, soluções e inovações que darão o norte aos escritórios do futuro. Entre palestras, debates e exposições, abordando diversas soluções para o ambiente de trabalho, áreas de coworking, conectividade, vídeo conferência, novos materiais, podemos destacar alguns pontos. Muitos deles observados em outras feiras igualmente importantes e consolidados como tendência na Orgatec. Estamos falando de cabines de acústica e estações de trabalho que permitem o trabalho em pé. Depois da consolidação, no início desse século, dos espaços abertos nos escritórios, integrando as equipes, uma discussão veio à tona: como resolver o problema da acústica sem as paredes das salas fechadas? Diversos estudos ganharam forma nos últimos anos e as soluções estão sendo entregues agora, anos depois. Painéis acústicos, em várias formas e cores e com variados acabamentos, surgiram integrados às estações de trabalho e em conjuntos de iluminação. Nessa área, o maior destaque são as cabines de som. Há alguns anos já temos aplicado em nossos projetos o conceito de ambientes que acomodam uma ou duas pessoas para conference calls. Mas agora o mercado está oferecendo essas soluções prontas: cabines à prova de

som, para atender equipes que trabalham em áreas abertas. Outra proposta bem-sucedida que se consolidou são as estações com regulagem para o trabalho em pé ou standing desks em tradução livre do inglês. Essas estações são uma arma contra um dos males do mundo moderno: a constatação de que permanecer sentado por muito tempo encurta a vida. Imagine que você está trabalhando sentado e de repente resolve dar uma “esticada”. Por meio do acionamento de um botão, a sua mesa começa a subir até uma altura que lhe permita trabalhar em pé, dispensando a cadeira. Estudos da University of Chester na Inglaterra, dentre outros, apontam que trabalhar em pé, entre duas a três horas por dia, gera uma perda média de oito quilos por ano e ainda combate o estresse do trabalho. O mercado foi ágil e tratou de oferecer diversas soluções com essa regulagem de altura, incluindo mesas de reunião... Isso mesmo, todo mundo em pé em volta da mesa para discutir o futuro da empresa. Praticamente todos os expositores da feira dispunham dessa solução em seus móveis. Acredite ou não, grandes escritórios pela Europa e Estados Unidos já estão adotando o método e pelo jeito você também vai trabalhar assim um dia. Algumas empresas brasileiras, do ramo de mobiliário corporativo já se adiantaram.

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ARQUITETURA

COM 50 ANOS DE CARREIRA, ÍNDIO DA COSTA ESCREVE O TERCEIRO LIVRO E DESVENDA O LEGADO DE URBANIDADE QUE DEIXARÁ PELO MUNDO POR MARIANA ROSA

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patriarca da família Índio da Costa é Luiz Eduardo. Casado com a designer de interiores Ana Maria de Siqueira, o gaúcho construiu um legado mundialmente sólido e respeitado. “Se eu criei um legado, o que é afirmativa sua, acho que só o tempo dirá, mas me sinto muito feliz de ter me dedicado com afinco e entusiasmo ao meu trabalho e feito sempre o melhor que podia”, replica, com sabedoria.

O HOMEM DO AMANHÃ Aos 78 anos de idade e 50 de carreira, o arquiteto construiu no Rio de Janeiro um dos mais importantes escritórios de arquitetura, a Índio da Costa A.U.D.T. (arquitetura, urbanismo, design e transporte), com projetos por todo o mundo, inclusive Dubai, Finlândia e Itália; além de inspirar quatro filhos – a marchand Gabriela, o designer de produtos Luiz Augusto (Guto), o político Antônio Pedro e a designer de interiores Mariana. Polêmico, o arquiteto é categórico ao afirmar, por exemplo, que projetaria a Capital Federal diferente da que foi planejada por Oscar Niemeyer, “seria mais voltada para o pedestre”, explica. Por esse e outros pensamentos contemporâneos, foi o primeiro arquiteto a ganhar a Comenda Niemeyer do Instituto de Arquitetos do Brasil, em 2006.

Dez anos depois da premiação, Luiz Eduardo lança o terceiro livro. A publicação Índio da Costa, Ar como Arquitetura apresenta detalhes dos principais projetos dessa década, como exuberantes residências cariocas e importantes contribuições do arquiteto e urbanista para a Cidade Maravilhosa. Entre eles, espaços, mobiliário e quiosques do calçadão de Copacabana,

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Mario Grisolli

Mario Grisolli

Patricia Parinejad

Casa Mata Atlântica

Ipanema e Leblon. Com exclusividade, o arquiteto conversou com a equipe da GPS|Brasília.

perfeitos. Confesso que amo as imperfeições humanas, mais do que a perfeição, e acho que as imprevisibilidades da vida a tornam muito mais estimulante e interessante.

O que o leitor pode esperar do livro Índio da Costa, Ar como Arquitetura? Ele foi escrito com a intenção de compartilhar o meu trabalho e, se possível, dar a minha contribuição profissional ao mundo arquitetônico e a todos aqueles que são emocionalmente envolvidos com o tema. Estão todos convidados a ler e espero que o livro lhes seja de alguma utilidade.

O que acha da arquitetura de Brasília? Possui algum projeto na cidade? Admiro muito a maioria dos projetos do Oscar (Niemeyer) em Brasília, mas não vejo qualidade na arquitetura que predomina em toda a cidade (arquitetura do cotidiano), principalmente nas casas. No momento, estou trabalhando, por meio de participação em concurso público, num projeto para Brasília.

Quais cidades no mundo lhe chamam à atenção por causa da arquitetura? Paris, Londres e Barcelona, pela capacidade de inclusão, e Nova York, por sua exuberância estimulante e desafiadora. Como seria uma cidade perfeita aos olhos de Índio da Costa? Cidade perfeita? Será que isto existirá algum dia? Acredito em cidades melhores, mas para que existissem cidades perfeitas, elas só poderiam ser consequência de habitantes

ipoteticamente, se estiv ssemos em , como seria o desenho de Índio da Costa para o Concurso Nacional do Plano iloto da ova apital e o concurso fosse ho e, em , como pensaria a cidade? Hoje, como, aliás, mesmo na ocasião do concurso, eu me preocuparia em projetar uma cidade mais voltada para o pedestre e menos para os veículos. Também sobreporia funções, evitando o deslocamento e não teria superquadras segregando convívios por atividade profissional. Eu acredito numa cidade plural e que ofereça multiplicidade de opções aos seus moradores. GPSBrasília « 75


Renan Cepeda

PRÊMIOS • Casa em Concreto

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Como imagina o futuro da arquitetura? Acredito que teremos um futuro com energia muito barata (eólica, solar etc.) e que o automóvel perderá a sua predominância, sendo substituído por transportes coletivos de alta eficiência ou mesmo individuais aéreos, como drones e helicópteros. Espero, também, que as cidades e a sua arquitetura venham a se preocupar mais com sustentabilidade, conscientes de que os bens da natureza não são inesgotáveis, como nos fez crer a sociedade americana, a partir da Segunda-Guerra Mundial. Poderia apontar algum projeto urbano que merece destaque? O projeto urbano mais trabalhoso, também o mais bem executado e bem-sucedido, foi o Rio Cidade Leblon. Com reconhecimento internacional, o projeto foi finalista na premiação Mies Van der Rohe para a América Latina e foi exposto no Moma, em Nova York, entre outros projetos urbanísticos de qualidade. Se pudesse voltar no tempo, mudaria alguma coisa no mundo, em você mesmo ou em seus trabalhos? Acredito que sim, mas eu não sou muito voltado a hipóteses. Sou muito atento ao presente e um pouco voltado para o futuro. O passado é sempre uma fase superada. Acredito que o meu melhor projeto será o próximo. Acho que sempre procurei fazer o que podia na ocasião e, considerando as circunstâncias, do momento em que foram feitas. 76 « GPSBrasília

Prêmio Sergio Bernardes – ASBEA RJ 2014 – pelo conjunto da obra Prêmio oberto láudio dos antos A alo A B A Nacional 2010 – pelo conjunto da obra Comenda Oscar Niemeyer outorgada pelo Conselho Superior do IAB no XVIII Congresso Brasileiro de Arquitetos, “por sua exemplar contribuição para a produção da melhor arquitetura no Brasil”, em 2006

PRINCIPAIS PROJETOS • • • • •

Revitalização do Pier Mauá, 1996 Rio-Cidade Leblon, 1995 Colégio Veiga de Almeida, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro,1986 Sesc Madureira, Rio de Janeiro,1974 Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO/RJ), 1973

Qual costuma ser o seu primeiro pensamento do dia? E o último? De manhã, eu diria: que bom, posso começar do zero! De noite, eu diria; missão cumprida. Existe algum sonho que ainda gostaria de realizar? Muitos. Os sonhos nunca morrem, renovam-se sempre e são altamente estimulantes. Eu diria mesmo indispensáveis. Sem sonhos, não há vida. Or ulha se do filho uto ndio da osta ter se uido seus passos Qual conselho daria a ele em relação ao design? Me orgulho de todos os filhos, mas, efetivamente, o Guto é o filho que tem mais afinidade profissional comigo. Trabalhamos muito juntos, de forma complementar e isso é estimulante e enriquecedor. Em relação a aconselhamento, prefiro me aconselhar com ele, em vez de dar conselhos. Quais os planos para depois do lançamento do livro? Continuar projetando, tanto no campo da arquitetura, quanto no do urbanismo.



CRIAÇÃO

ENTUSIASTA DO MODERNISMO, O PREMIADO DESIGNER JADER ALMEIDA ENGRANDECE O MOBILIÁRIO BRASILEIRO MUNDO AFORA EM DESENHOS ORGÂNICOS DE SENSUALIDADE CONTIDA POR RAQUEL JONES

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UM ELEMENTO DE CONTEMPLAÇÃO 78 « GPSBrasília

Divulgação/SOLLOS

esde criança, ele rabisca no papel desenhos que irrompem sua mente criativa. Enquanto os colegas almejavam ser professor, bombeiro, astronauta, o designer Jader Almeida tinha algumas respostas na ponta da língua que oscilavam entre tornar-se engenheiro, pintor, estilista e arquiteto. “Sempre fui ligado ao ato de desenhar e construir alguma coisa”, conta o catarinense de 35 anos. Considerado por muitos como o Sergio Rodrigues de sua geração, Almeida se aproxima do mestre não pela similaridade de sua obra, uma vez que o trabalho de ambos são opostos do ponto de vista das proporções, mas pelos títulos internacionais que ambos carregam. Em 2010, o jovem nascido na pequena cidade de Videira (SC), situado no Vale do Rio do Peixe, foi premiado com um IDEA Award pela poltrona Linna e um IF Product Design Award pela estante Clip. Prêmios considerados pela classe como o Oscar do design mundial.


Erivelton Viana

Espaço Jader Almeida na Hill House

Seus produtos são comercializados nos Estados Unidos, Canadá, Londres, Paris, Tóquio, Austrália, Espanha, Suíça e Nova Zelândia. Mas como um jovem alcançou o ápice tão cedo num mercado onde o design brasileiro nem de longe guarda a tradição, além dos preços competitivos da Europa e dos Estados Unidos? Jader Almeida nos conta com a objetividade o que lhe é peculiar. Quase tudo se resume em capacitação técnica. “Design não é só a ideia criativa, envolve pesquisa, testes de engenharia, prototipagem, o tratamento da informação. Transformar um produto em mercadoria exige muitos dados”, resume. Foi aos 14 anos que Almeida

experimentou o que era projetar profissionalmente. O garoto fez um curso de Desenho Técnico em que aprendeu a desenhar objetos com toda a sua complexidade. Desenhava desde um parafuso a um controle remoto em várias dimensões, respeitando as normas internacionais. No curso de Elétrica, aprimorou seus conhecimentos na execução dos trabalhos. Aos 16 anos, Almeida começou a trabalhar em uma fábrica de móveis em Chapecó, o passaporte que lhe faltava para embarcar numa carreira voltada para a indústria. “Ali comecei a entender toda a cadeia, desde a maté matéria-prima aos mercados”. Mas o ponto da virada, no qual se viu determinado a ser um designer, foi durante uma exposição dedicada a Joaquim Tenreiro. “Era como se a minha vida até aquele momento fosse em preto e branco e depois desse episódio passou a ser colorida e a fazer sentido. Aquela exposição me tocou de tal maneira como se fosse uma picada”, conta Almeida, que ficou inebriado com as criações do designer brasileiro que revolucionou o mobiliário nos anos 20. “Passei a ter referências e saber o caminho que queria seguir”. Jader Almeida estudou Arquitetura. Logo no início do curso, escolheu fazer um trabalho sobre o arquiteto finlandês Alvar

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Aalto, sobre o Sanatório de Paimio. “Foi quando eu descobri sobre formas, proporções e comecei a ter a dimensão da arquitetura e do design como um todo”. Sobre a comparação com Sergio Rodrigues, Almeida se sente honrado. “Tive a oportunidade de trabalhar na empresa que editou os seus produtos e consegui todo o background de colocar os desenhos técnicos dele em produção. Isto me influenciou de certa forma. Hoje, é bem perceptível a diferença entre nossos produtos. Sergio era muito generoso dentro das formas, manipulava com facilidade. Meu trabalho vai para uma silhueta fina, mais esguia. Basicamente, não somos parecidos, mas temos esta emoção”, confidencia. Se Jader Almeida não foi um pupilo nato de Sergio Rodrigues, foi no modernismo que encontrou a sua maior fonte de inspiração. “Enquanto o mundo pós-Segunda-Guerra se reconstruía, o Brasil erguia a sua Capital

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Espaço Jader Almeida na Hill House

no meio do nada. Foi algo que ninguém jamais viu. Formas, proporções, uma nova interpretação, uma nova forma de vida. O modernismo faz total parte de mim. Isso se reflete no meu trabalho, do ponto de vista da amplitude, dos grandes vãos. O desenho orgânico, a sensualidade contida”, revela. É pensando no arquiteto brasileiro Vilanova Artigas que Jader Almeida explica o que é causar emoção por meio do mobiliário. “Ele dizia que quando se olha uma construção e ali há um elemento que nega a gravidade, que não toca o chão, aquilo faz as pessoas se questiona questionarem”. É desta maneira que Almeida se apresenta. O as assento fica solto da estrutura, um detalhe se une a outro, a herança modernista é nítida. Quando perguntado qual sua criação preferida ou mais emblemática que revela o seu pensamento, Almeida não se apressa em eleger um item. “Não tenho um produto especifico. É um conjunto da obra. O todo é uma linguagem, uma narrativa. Pro Produtos são como palavras e, juntos, eles con contam uma história, formam um texto, contam ao mundo quem somos”, diz. De acordo com especialistas, as peças de Almeida cumprem uma função prosaica, mas observatambém poética, sendo um objeto de observa Ferção e de contemplação. “Uma frase do Fer reira Gullar que cabe nesse momento é ele dizendo que a arte existe porque a vida não basta. E o design tem um pouco desta função também, fazer com que o belo impacte a vida das pessoas. Frank Lloyd Wright falava erraque investir no belo é jamais investir no erra do. Então, é mais ou menos isso que eu digo. produQuando as pessoas compram os meus produ tos, estão levando esses valores”, diz.


O pensamento deu certo. Um mobiliário de Jader Almeida se tornou peça desejo. A cadeira Bossa passou a integrar o acervo do Museu da Casa Brasileira. Em 2013, o designer entrou para o time de designers da marca alemã ClassiCon. Almeida ainda comanda a indústria Sollos, em Santa Catarina, onde há 500 pessoas envolvidas na manufatura, na industrialização como um todo. São 11 designers que trabalham em desenvolvimento e pesquisa. O ritmo de vida de Almeida não poderia ser diferente ao colocar em prática tantos projetos. Hoje, está no Brasil, amanhã numa feira na Alemanha, na outra semana, em outro continente e em 2025 pretende estar em todos eles. Vive em escalas, em grandes metrópoles. Passa muito tempo sozinho, viajando. “O silencio é uma sabedoria. É de onde tiro minhas reflexões”, confidencia. Trajando calça de alfaiataria e camisa bem talhados no corpo, ambos na cor preta, Jader Almeida já na primeira

impressão mostra ser um homem sofisticado, porém simples. Se apresenta assim como a sua obra, discreto e silencioso. Seu mobiliário não agride, mas conecta as pessoas, pois aquilo que é protagonista tende a ficar cansativo. Nos estudos de História da Arte já é sabido que aquilo que ostenta demonstra certa fragilidade. O mobiliário de Almeida vai de encontro a isso. “Costumo dizer que não é apenas para agora. São para as próximas gerações”.

Serviço aderalmeida com

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MOBILIÁRIO

DE FLORESTA EM FLORESTA ELA PISOU EM TERRAS NÃO DESBRAVADAS EM BUSCA DE MADEIRA. CONSEGUIU EXTRAÍLA DE MODO SUSTENTÁVEL, ENVOLVEU A COMUNIDADE EM AÇÕES SOCIAIS E COLECIONA CERTIFICAÇÕES INTERNACIONAIS. ETEL CARMONA TRAZ O RESGATE DA MARCENARIA EM SUA MELHOR FORMA: O ECOCHIQUE POR SONIA VILAS BOAS « FOTOS FERNANDO VELER

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em só de pedras preciosas se fazem joias. Para a designer autodidata Etel Carmona, a riqueza das florestas vale tanto quanto um diamante lapidado. Nascida em Paraisópolis, Minas Gerais, e criada em São Paulo, Etel se apaixonou cedo pela madeira como matéria-prima de móveis. O amor prematuro começou na garagem do seu sítio, no interior paulista, nos anos 1980, quando fazia reconstrução de peças antigas. Há 30 anos, fundou a ETEL, empresa destinada à fabricação de mobiliários ecochiques, com o resgate da arte da marcenaria. “O design brasileiro tem uma história imensa, cheia de personagens muito importantes para o


crescimento desse ramo no País. Eu precisava buscar isso. As pessoas têm que conhecer os grandes nomes por trás das peças que produzimos”, afirma Etel. Com o olhar que transmite paixão pelo que faz, Etel conta que o respeito e o dinheiro foram consequências do trabalho que começou e continua a ser feito sem pretensão alguma. “O amor pela arte, pelas pessoas e pela natureza foi o que me moveu. O sucesso foi uma consequência de tudo isso, e me sinto honrada em saber que tenho clientes em todos os cantos do mundo.”.

Envolvida em causas sustentáveis, Etel pisou em terras pouco desbravadas por boa parte dos brasileiros. Foi em Xapurí, no estado do Acre, que a mineira encontrou sua fonte de madeira de manejo florestal, fazendo com que, em 2001, a ETEL fosse uma das primeiras empresas moveleiras do Brasil a conquistar a certificação do Forest Stewardship Council – FSC, responsável por reconhecer produtos provenientes da madeira extraída de forma que não agrida o meio ambiente. Em 2002, Etel fundou a AVER Amazônia, onde confecciona peças com o selo verde do FSC. Além disso, é sócia fundadora da AMATA, empresa que explora a floresta com atividades que tenham efeito redutor do aquecimento global. Com seu envolvimento na região, a designer colaborou para a primeira floresta comunitária certificada do Brasil. “Levo meu trabalho muito a sério. Temos um programa na fábrica que pega meninos carentes e os capacita para atuar conosco, criando renda para as famílias locais”, explica. Após tantos anos de investimento, trabalho, muita pesquisa e estudo, a designer conseguiu levar a ETEL Interiores para uma belíssima mansão, em uma região nobre de São Paulo, nos Jardins. “Depositamos tanta energia e trabalho, que os clientes sentem e entendem a essência da marca. Pensamos nos mínimos detalhes, quebramos cabeça, trabalhamos de forma incessante, e quando vemos o produto final, enxergamos que tudo valeu a pena”, conta. Todo esse trabalho conta com ajuda e parceria de anos do mestre marceneiro, Moacir Tozzo, responsável por tocar o galpão de dois mil metros quadrados, em Valinhos, São Paulo, e que a própria designer intitula como “o melhor de todos os mestres”. GPSBrasília « 83


DE GERAÇÕES PASSADAS Etel criou há pouco um estúdio para fazer reedições de peças de artistas brasileiros de décadas passadas. “Esse projeto começou por consequência de pesquisas. Comecei fazendo testes com peças da loja paulista Branco & Preto, da década de 50. Com o passar do tempo, familiares de nomes importantes começaram a me procurar.”.

Hoje, peças de artistas como Lasar Segall, que desenhou pouquíssimas peças para presentear seus amigos, Jorge Zalszupin e Paulo Werneck fazem parte do leque de opções de peças de luxo feitas pela Etel Interiores. “Tudo está meio interligado. E as reedições são consequência de tudo isso”, explica.

DICAS DA ETEL Com peças que se encaixam em todo e qualquer cômodo da casa, a designer separou cinco peças para quem preza por móveis que dão um ar rústico para os ambientes. “Quem compra uma peça Etel, tem minha palavra e minha garantia para o resto da vida. Nossos móveis são feitos para serem passados de geração em geração”, explica.

Quarto: Cama Parábola

Escritório: Livreiros Jatobá

Área externa: Divã Carro de Boi

Sala de jantar: Mesa Forquilha Sala de estar: Aparador Vila Rica

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EXTERIOR

DESIGN EM HARMONIA À FRENTE DA ARTEFACTO, PAULO BACCHI NÃO SÓ A EXPANDIU PARA AS AMÉRICAS, COMO TRANSFORMOU O NEGÓCIO DE FAMÍLIA EM ÍCONE DE ELEGÂNCIA NA DÉCOR POR PEDRO LIRA

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om a agenda constantemente cheia graças, ao comando de uma das maiores marcas do mercado moveleiro de luxo das Américas, Paulo Bacchi, CEO da Artefacto, separou um tempo durante merecidas férias com a família, nas Bahamas, para conversar com a GPS|Brasília. Em pauta, suas lojas bem-sucedidas e os desafios enfrentados na liderança da marca brasileira, que se expande desenfreadamente no exterior. Duas décadas de história marcam a trajetória da Artefacto. Sob o comando de Paulo desde 2013, a marca se instalou em terras americanas em 2002 e hoje é líder em faturamento no ramo na Flórida, desbancando concorrentes italianas e americanas. Os desafios foram muitos. “Daria para escrever um livro, talvez o faça mais para frente”, diz Paulo. “Vir de um mercado onde você é conhecido para um em que você não é ninguém foi a grande barreira”, complementa. A ideia de se estabelecer em Miami foi pensada e planejada com antecedência. A escolha da cidade, não só para edificar uma nova vertente da Artefacto, mas para morar, aconteceu por inúmeros motivos. “Miami, por ser o maior centro de compras da América Latina, me ajudaria a impulsionar crescimento em qualquer área. A cidade estava em profundo processo de expansão. Além

disso, sempre gostei de cidades de praia”, compartilha. Para receber a primeira loja, o bairro escolhido foi o sofisticado Coral Gables. O timing não podia ser melhor. Na mesma época, lojas como Gucci, Jimmy Choo e Carolina Herrera haviam acabado de inaugurar no shopping a céu aberto Village of Merrick Park. O sucesso da Artefacto foi rápido. E um dos motivos para esse boom foi a agilidade na entrega, sempre tendo produtos em estoque. O resultado? Outras filiais foram abertas. “Logo após o sucesso da primeira loja de Coral Gables, comecei a expansão da Artefacto pela América. Palm Beach foi a primeira, seguida de Washington DC, Atlanta e Fort Lauderdale”, relembra. Os negócios iam bem até 2008, quando a crise bancária americana acabou com a liquidez de mercado e consequentemente estagnou todos os lançamentos imobiliários. “Eu percebi que seria muito longo esse processo, como realmente foi. Recolhemos nosso time e focamos na Flórida, que, diferentemente do resto do país, não dependia de americanos, mas, sim, de estrangeiros em sua maioria latino-americanos e europeus”, explica Bacchi. Foi assim que surgiu a maior loja e showroom da Artefacto, em Aventura, seguida posteriormente pela de Doral. GPSBrasília « 87


O LIFESTYLE BACCHI De descendência italiana, Paulo é filho de Albino Bacchi, responsável por criar a marca Artefacto em 1976. Hoje, o filho o tem como um mentor. “Nossa relação não poderia estar melhor. Ele sempre me aconselha, respeitando minha liderança, nunca me forçando a tomar tal escolha”, conta. Apoio para Paulo é o que não falta quando se trata de família. Casado com Lais Bacchi, o empresário relembra os primeiros anos na Flórida, quando precisava abrir e fechar a loja todos os dias, o que o deixou sem tempo livre para curtir a mulher e os filhos. “O apoio dela foi fundamental para o nosso sucesso. Lembro sempre o dia, quando levantei a questão de viver em Miami, que ela me disse: ‘eu te apoiarei, onde você for eu vou e tenho certeza que dará certo’. E deu!”, diz apaixonado. Os filhos mudaram-se para Miami ainda pequenos, mas hoje são jovens que se preparam para seguir os passos do pai. Os gêmeos Pietro e Bruno, de 19 anos, estudam Administração na Universidade de Miami. “Gêmeos com características distintas, um é um vendedor nato e o outro tem uma ótima percepção financeira. Formam juntos uma boa equipe”, elogia o pai coruja. 88 « GPSBrasília

Apesar de toda a família estar no contexto Artefacto, Paulo gosta de deixar as coisas separadas de forma saudável. “A empresa hoje é 100% profissionalizada. Minha ideia é nunca misturar família com negócios”, afirma. Mesmo assim, a mulher Laís é mais que solicitada em tempo de itinerância pelas 11 lojas espalhadas pelo Brasil. Juntos, compõem o chamado “Casal 20”. São bonitos, bem relacionados, sofisticados, atléticos, viajam o mundo e aproveitam a vida nas brechas que o traba-


lho oferece. Em todas Mostra Artefacto, evento anual que a marca realiza em cada unidade, eles são as figuras mais esperadas. Quando surgem, encantam. Laís leva jeito para designer. Vira e mexe usa o seu bom gosto parta desenvolver complementos para a marca. Já os jovens Bruno e Pietro observam atentamente os ensinamentos do pai entusiasta. Pretendem passar por várias outras empresas para aprender diferentes técnicas de governança e administração até chegada a hora de eles assumirem o ofício. “Espero que todos encontrem seu caminho, pois quero manter a relação pai e filho prazerosa”, diz Bacchi.

SOFISTICAÇÃO PARTICULAR O CEO acredita que Miami tem um estilo particular. E ele atribui isso ao fato de grandes designers do mundo possuirem sua marca na cidade. “Saota, Herzog & De Meuron, Cesar Pelli e muitos outros entenderam a luz diferenciada da capital. Além disso, a maravilhosa mistura cultural que está por todos os lados também compõe o que é Miami”, explica. E foi essa harmonia de costumes que ajudou a Artefacto. Diferentemente do restante dos Estados Unidos, esse estilo já veio do Brasil nos produtos da marca. “Os brasileiros foram muito importantes na Flórida nos últimos seis anos e vão continuar a ser influenciadores aqui por muito tempo”, aposta. A economia brasileira, no entanto, tem relação direta com essa influência. Por ser uma cidade turística, Miami sente diretamente as economias de cada país. “Hoje, brasileiros não passam de 10% da nossa clientela. Quem tem dominado as compras são os próprios americanos e europeus”, confidencia. Sobre as tendências do mercado, Bacchi diz que está em alta agora é mobiliário orgânico. “O estilo neutro dá espaço para valorizar as coleções de arte que estão por todos os lados”, conclui o empresário, que este ano celebra os 40 anos da marca e colhe os frutos de ter se tornado o ícone de elegância contemporânea no segmento.

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DESIGN

UM HITMAKER HÁ SETE ANOS VISITANDO O BRASIL, PHILIPPE STARCK FALA DE SEU ENVOLVIMENTO COM O PAÍS AO USAR MATÉRIA-PRIMA E MÃO DE OBRA 100% NACIONAIS EM SEU PRIMEIRO PROJETO ASSINADO NA CAPITAL PAULISTA POR PAULA SANTANA

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ão Paulo – Em maio de 2015, tive a oportunidade de entrevistar Philippe Starck. A revista era uma das três que ele havia escolhido para conversar reservadamente sobre um projeto que estava lançando no Brasil, a loja TOG – All Creators Together –, cuja proposta oferece design democrático assinado por grandes criadores. Foi estimulante o encontro, para não dizer inesquecível. Starck atua em todas as frentes – de casas e hotéis a óculos e escova de dentes, iates e motocicletas. Ele pensa rápido, sabe de tudo, tem ideias transgressoras e ainda quer salvar o mundo, preservando o verde e usando a tecnologia. Ele se diz um doente mental, que tem visões. Sua palavra mágica é “por quê?”. Francês, são mais de três décadas nessa missão, estimulada por seu pai, um inventor e engenheiro aeronáutico, que sempre incentivou no filho a capacidade de sonhar e de criar. Há sete anos, ele tem visitado o Brasil, desde a idealização do audacioso Rosewood São Paulo, um retiro urbano dentro da Cidade Matarazzo. Trata-se de seu primeiro empreendimento em São Paulo, cujo ofício foi reinventar o luxo paulistano, dentro da identidade brasileira, respeitando o meio ambiente e sem se desfazer da aura do antigo hospital Matarazzo, onde nasceram 500 mil paulistanos. “Eu trabalho muito e o único benefício que tenho desse sucesso é que eu posso escolher os meus clientes, e quando isso acontece é porque nós estamos pensando a mesma coisa, nós estamos na mesma página, nós estamos apaixonados, nós somos amigos bem próximos. E vira um negócio de família. Em negócios de família, quando alguém precisa de você, você não diz ‘Não’. Você diz: ‘Eu vou dar um jeito’”. E, há poucas semanas, durante a apresentação desse gigante desafio de Starck em terras brasileiras, veio a chance de estar com ele novamente por alguns minutos – irrecusável. Nesse encontro em um dos ambientes decorados, a sua energia estava canalizada para as suítes Rosewood. “Honestidade e longevidade são os parâmetros pós-modernos que superam modismos efêmeros e passageiros”, reforça sua proposta, enquanto, a cada resposta explicativa,

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inquieta e ágil, lançava um olhar para a mulher, Jasmine, com quem está casado há dez anos, como se dissesse, “Me tire daqui em breve”. “Tudo é low-tech, high-tech. É por isso que se você quiser ser atemporal nos seus projetos, tem que entender e usar a próxima super tecnologia. Não se trata de uma escolha. Mas antes de tudo nós temos que proteger a humanidade. Às vezes, algumas tecnologias matam”. Você tem um envolvimento estrito com materiais sintéticos, o plástico, de onde sur em suas cria es Eu sou o presidente mundial do Clube de Admiração da Inteligência Humana. O plástico é um produto criado pela inteligência humana. Nós não criamos a madeira, não criamos a pedra, não criamos o ferro. Nós criamos o plástico. Hoje alguns produtos sintéticos são muito melhores, de melhor qualidade, mais inteligentes do que alguns produtos naturais. E é por isso que, se eu puder, eu uso plástico para honrar a inteligência humana. E também eu não mato uma árvore, eu não mato nada. Isso significa que o plástico não mata ninguém. Eu sou o presidente mundial do Clube de Não Mortes, o que significa que não precisamos matar para viver. Voc ent o á tem o seu le ado definido O maior desafio é não esquecer minha essência, é não querer fazer a “obra-prima do Starck”. Você precisa ser muito forte consigo mesmo para não pensar “Eu sou rei da criatividade”. Na verdade, estamos falando de ser um criador puro. Eu tive que ir mais fundo na cultura, ler livros que eu nunca havia lido e esse foi absolutamente outro desafio. Eu estou muito feliz porque esse novo processo me levou para outro lugar, me deu uma nova qualidade de trabalho. Eu respondi exatamente essa mesma pergunta para o criador desse projeto, que disse que queria representar o Brasil desde suas raízes até a alma, a cultura. Desde a pedra e a madeira até o artefato Brasília. rabalhar com m o de obra e mat ria prima do rasil foi um desafio Não, não para mim. Outras pessoas eu acho que tiveram problema porque existe uma grande diferença entre eles. O caminho foi ir até a alma do Brasil. Por isso foi possível criar essa imagem. O meu trabalho é sempre encontrar o centro. Quando eu começo, eu digo: “Por que isso? Por que esse mistério, essa mágica? A floresta, a umidade…”. Depois eu percebo: “Ah, isso é por causa disso”, e começa a lógica de tudo. Assim, você se torna brasileiro e você passa a ser brasileiro por séculos. Depois, eu faço isso para um cliente africano, para o cliente italiano... O principal é sempre “o porquê”.

esses sete anos voc acabou se envolvendo muito com o rasil Passou a admirá-lo? O Brasil é rico, rico, rico e isso combina comigo, porque existe uma loucura. Tem paixão, escuridão, claridade, cor, som... coisas assim que me tocam. É um prazer estar no Brasil. Voc

multifuncional omo se define Não sou um pouco de tudo, é diferente. Eu não sou um arquiteto, não sou designer e eu não quero ser nenhum desses dois porque não me interessa pessoalmente. Foi o trabalho que me escolheu mais do que eu escolhi o trabalho. A primeira regra é que todo mundo precisa de legitimidade para viver. Para mim, que não sou muito inteligente, a mais fácil legitimidade é servir. Porque eu tenho uma doença mental. O meu nível de criatividade é doentio. Eu tenho ideias, eu tenho visões. Isso significa que meu trabalho não é construir um prédio, é ter uma ideia do que a cidade deve ser. Eu uso uma cadeira, eu uso perfume, eu uso meus óculos para falar sobre mutação porque isso é biomecânico, que faz parte da biogêneses, que é o próximo futuro. E como consegue tornar real tantas invenções em sincronia com a demanda da sociedade? É quando você passa sua vida com alguém chamado sociedade e civilização. Imagine sua mulher ou marido falando apenas sobre uma coisa pelo resto da vida, você fugiria. E é por isso que um dia eu farei uma pedra, outro dia um avião, um dia um carro elétrico, um dia um moinho de vento, um dia óculos. O meu trabalho é de comunicação. Eu proponho ideias e não imponho nada. Mas, sobre tudo o que falo, eu entendo muito. Quando é sobre algum avião, o técnico me pergunta “Como você sabe disso?”. E eu respondo: “Eu não sei, mas eu sei”. E morar no mundo não te cansa? Ficar distante de casa? Para mim é muito fácil porque eu sou um viajante, eu sou nômade e eu trago a minha casa comigo, que é a minha mulher. Eu sempre viajo com a minha mulher, que é a minha casa, e isso é o suficiente. Com ela eu tenho música boa, eu tenho um sorriso, eu tenho elegância, eu tenho beleza, eu tenho amor, eu tenho calor, eu tenho tudo. Nós nunca nos separamos. Somos sozinhos no ar, somos um casal solitário. Eu sou um pouco autista e é por isso que minha mulher é a minha única relação com o mundo. Hoje eu falo porque eu sou obrigado a falar. Não... é um prazer falar com vocês, mas normalmente não é meu trabalho falar. Em geral, eu não abro minha boca. GPSBrasília « 91


PROJETO

CANDIDATO A SE TORNAR REFERÊNCIA DO LUXO MUNDIAL, NASCE O ROSEWOOD SÃO PAULO, AMBICIOSO COMPLEXO ENVOLVENDO OS MAIORES ESPECIALISTAS DO DESIGN DA ATUALIDADE, QUE ATUARÃO NA ÉPICA CIDADE MATARAZZO POR PAULA SANTANA

O SENTIDO DE UM NOVO LUGAR

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ão Paulo – Explicar a engrenagem do mais audacioso empreendimento a ser erguido a poucos quilômetros da Avenida Paulista, em São Paulo, pode parecer uma aventura dissertativa. Pois imaginar que a revitalização da Cidade Matarazzo apresenta investimento de USD 1,2 bilhão – reunindo os melhores profissionais criativos do mundo, que reinventarão a sofisticação paulistana, inspirada na essência brasileira, respeitando o meio ambiente e, o melhor, utilizando 100% de mão de obra e matéria-prima nacionais – pode parecer um grande sonho. E, de fato, é. “Um conto maravilhoso, debaixo de uma redoma vigiada por fadas”, definiu o designer Philippe Starck ao se deparar pela primeira vez com a Cidade, sete anos atrás. O complexo conservará as características originais de suas edificações seculares distribuídas em 28 mil metros quadrados, de onde surgirão um espaço de eventos, trinta restaurantes e uma área comercial com lojas. E o antigo

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hospital abrigará a Torre Rosewood, hotel seis estrelas da rede que atualmente comanda 18 propriedades, cuja fachada foi assinada pelo arquiteto francês Jean Nouvel, em abril. Starck entra a partir de agora, com a missão de assinar a direção criativa e superar todos os padrões de luxo da atualidade. Para isso convocou o Ateliers de France para assinar o acabamento, Louis Benech no paisagismo e projeto executivo da Triptyque – uma equipe de porte. Há oito anos o Rosewood São Paulo vem sendo projetado. O idealizador, o francês Alexandre Allard, presidente do Grupo Allard, apaixonado pelo Brasil, deu o início a essa saga arquitetônica ao mudar-se com a família para o Rio de Janeiro e instalar escritório em São Paulo. “Vamos mostrar que a qualidade brasileira resultará no mais avançado empreendimento imobiliário que já houve no mundo. É um desafio, mas seremos referência, utilizando unicamente fábricas, talentos e materiais locais”, explica, referindo-se ao fato de que é preciso que o brasileiro quebre o conceito de que luxo tem que ser importado, quando nosso País tem muito mais recursos naturais. “É o lugar mais lindo do mundo”, disse ao telefone Allard para Starck, ao avistar a Cidade Matarazzo pela primeira vez. “E eu comprei”. Algum tempo depois, tão logo aceito o convite para atuar no projeto, Starck passou a visitar o Brasil com frequência. “Comecei a viver essa paixão brasileira. E a sonhar com Allard. Esse é o mais ambicioso projeto em que já trabalhei”, diz, empolgado, ao contar que seu escritório era uma portinha em que ficava o lixo da maternidade. “Eu precisava sentir o espírito dos Matarazzo. Fiz muitos passeios solitários e quanto mais eu entendia o Brasil, mais eu pensava em humildade e respeito”, diz Starck. Ao contrário das redes internacionais que repetem o mesmo padrão, independentemente do local onde estão inseridos, o Rosewood São Paulo seguirá a tendência slow luxury. Um dos atrativos será preservar o parque vegetal repleto de plantas raras e árvores típicas da ameaçada Mata Atlântica. Essa filosofia também se revela nos deta-

lhes do projeto. Starck criará ambientes espaçosos e meticulosos, com mobiliário de Sérgio Rodrigues, Oscar Niemeyer, Fernando Jaeger, Jader Almeida, Tora Brasil. “É fundamental que aquilo que criamos em um determinado lugar hoje possa se manter pertinente no futuro”, enfatiza. Os proprietários terão opções de customização com diversos tipos de madeiras obtidas de plantações sustentáveis ou com mármores vindos de jazidas baianas e paranaenses. Em inúmeras instâncias, Starck se inspirou nas amalgamadas raízes da cultura brasileira: utensílios indígenas conversam com imagens da geométrica arquitetura modernista de Oscar Niemeyer, por exemplo. Entusiasmado, ele reforça: “Entendam que vocês são o último país do mundo que escolheram viver antes de qualquer outra coisa”, pontua. “Eu amo vocês porque vocês são loucos e aqui há forças que não existem mais. A materialidade dominou o mundo e vocês são os únicos humanos que restaram”, finaliza. Serviço Hotel & Suíte Rosewood Cidade Matarazzo, São Paulo u tes entre m e m com @rosewoodhotels

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ECONOMIA

POMBO-CORREIO, VOA DEPRESSA UMA DAS EMPRESAS QUE GERA MAIOR EMPATIA NO BRASILEIRO, OS CORREIOS ATRAVESSAM GRAVE CRISE FINANCEIRA E LUTAM PARA NÃO SEREM ENGOLIDOS PELA TECNOLOGIA. O NOVO PRESIDENTE, GUILHERME CAMPOS, ASSUME COM O DESAFIO DE REINVENTÁ-LA URGENTEMENTE. O PRIMEIRO PASSO: A MUDANÇA DO NOME POR FERNANDA TAVARES E EDINHO MAGALHÃES « FOTOS CELSO JUNIOR

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Guilherme Campos, presidente dos Correios

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á quanto tempo você não envia uma carta? Consegue lembrar qual foi a última vez que teve a notícia de um familiar ou amigo por um telegrama? Certamente, há muitos anos. E não é à toa. Com o crescimento acelerado da tecnologia e das centenas de ferramentas de conversa instantânea, fica até difícil imaginar a ideia de enviar uma correspondência. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que mais da metade da população brasileira usa a internet diariamente. Em números, são mais de 95 milhões de pessoas conectadas. O consumo acelerado da internet traz à tona o desafio para algumas empresas. É o caso dos Correios: aliar a imagem do carteiro, que entrega carta de casa em casa, à modernidade do comércio eletrônico, dos serviços bancários e das exportações simplificadas. E não é fácil se adaptar a esta mudança que nasceu da necessidade de resgatar a imagem sólida das entregas, tentando manter o cliente moderno. E ao completar 353 anos, os Correios vivem o momento mais importante da sua história. O resgate da identidade está atrelado ao renascimento da empresa, que deve passar por fases ainda mais complicadas para não ir à falência. “Estamos restabelecendo as diretrizes da empresa, senão seremos engolidos pela concorrência. Ou avançamos ou perdemos a batalha”, diz preocupado o presidente dos Correios, Guilherme Campos.

Aos 53 anos, Campos é casado e pai de duas filhas. Ele está à frente dos Correios desde junho. Natural de Campinas (SP) e formado em Engenharia Civil pela USP, Campos já foi vice-prefeito na cidade, além de dois mandatos de deputado federal. Ele é vice-presidente do Partido Social Democrático (PSD) e foi indicado pelo presidente Michel Temer. Para ele, atuar nos Correios é uma tarefa extremamente difícil. Hoje, o prejuízo é de mais de R$ 2 bilhões. Os grandes responsáveis por estes números negativos, quase 80% deste valor, são as operadoras de previdência privada e de plano de saúde dos servidores e familiares, o Postalis e a Postal Saúde. “É realmente devastadora a nossa situação. Existe, sim, uma expectativa positiva de superação, e por isso o corte se fará necessário para a retomada do crescimento. A ordem é simples, devemos gastar menos”, esclarece. Para isso, será implantado ainda este ano o programa de demissões voluntárias, com o corte de 25% do quadro de servidores, que atualmente envolve um universo de 117 mil pessoas em todo o País. Ao que tudo indica, mesmo com as demissões, o atendimento nas 6.500 agências próprias de todo o País continua operando da mesma maneira. Além dos pontos fixos, os Correios ainda contam com quase 12 mil locais de atendimento somados aos postos comunitários e agências franqueadas.

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OS QUERIDINHOS Era 1843 quando o Brasil lançou o primeiro selo, a famosa série Olho de Boi. Depois da Inglaterra, foi o segundo País no mundo a emitir o produto. Em 1900 foram divulgados os primeiros selos comemorativos durante a celebração do 4º centenário do Descobrimento do Brasil, mas, de acordo com os Correios, somente seis anos depois que foram liberados ao público. Até 1968, a impressão era apenas de uma cor. Na década de 70, foram aprimoradas técnicas de várias cores e mecanismos para evitar a falsifica ão. m 2002 lançou o primeiro selo redondo na campanha Campeões do Mundo de Futebol do século XX. Os países que já tinham ganhado o campeonato, como Argentina, Alemanha, Itália, França, Uruguai e Inglaterra, participaram do projeto. No ano seguinte, mais uma novidade: foi lançado o selo de Natal, em formato triangular e autoadesivo. Neste ano, a empresa realizou sua homenagem aos Jogos Rio 2016, formando um painel que destaca a identidade visual da competição, a folha com os selos foi feita por meio de técnicas digitais e tradicionais pelo designer gráfico e ilustrador osé Carlos Braga. A tiragem foi de 2,4 milhões de selos a R$ 1,40 cada.

Outra redução, que chegará a marca de 80%, é dos investimentos com marketing institucional e patrocínio esportivo. “Tive que dar a péssima notícia aos comitês esportivos de handebol, tênis e esportes aquáticos, que não podemos mais liberar patrocínio. Foram mais de dez anos de parceria. É muito triste não ajudar, de forma efetiva e importante, no sonho destes atletas brasileiros. Ainda espero resgatar este projeto, que enche a empresa de orgulho”, lamenta. Mas em meio a tantas dificuldades, Guilherme ainda enxerga prospecção após as mudanças. O primeiro passo foi dado. Este ano, conseguiu evitar uma paralisação de servidores. Foram horas de negociação com 36 sindicatos para evitar uma greve por conta da negociação da data base salarial. Deu certo. Os sindicatos ainda se mostraram dispostos em ajudar durante as Olimpíadas e Paralimpíadas do Rio de Janeiro. Mais uma marca histórica: nenhuma ocorrência foi registrada. 100% de aproveitamento no serviço de transporte de mercadorias 98 « GPSBrasília

O MAIS NOVO Dentre os selos que vão circular em 2017 estão os da série Tatuagem: uma arte na pele. O tatuador Paulão Tattoo foi um dos escolhidos e desenvolveu um que tem um mapa antigo da América do Sul; uma rosa dos ventos; os primeiros equipamentos rudimentares para tatuar: tatau e tebori; o rosto de um índio; um desenho oriental; e a atual máquina utilizada pelos tatuadores.

dos atletas e das delegações estrangeiras no Brasil. Com este resultado positivo, a empresa garante a responsabilidade de mudança e internacionalização. Com isso, os Correios ganharão um novo nome: Empresa de Correios e Logística. Aviões próprios serão adquiridos. Hoje, o serviço é terceirizado. Redimensionar a rota das entregas também será uma nova realidade. O aeroporto de Natal será o grande braço dessa nova fase de internacionalização, devido ao seu excelente posicionamento geográfico. A ideia é começar a se projetar como as grandes companhias de entrega, como a americana Fedex. Atualmente, ela dispõe de 650 aviões, 44 mil carros e mais de 280 mil funcionários, e foi uma das primeiras empresas a usar o código de barras em escala industrial. “Não é luxo, ainda mais diante da fase que vivemos. Trata-se de uma realidade ter os próprios meios de transporte. Estamos dez anos atrasados em relação a inovação e tecnologia. Agora, vamos apresentar à sociedade o modelo de viabilidade do projeto”, adianta.



Fotos: Divulgação

LIDERANÇA

A EQUAÇÃO DA VIDA FELIZ MISSÃO, MÉTODO E COMPETÊNCIA SÃO OS TRÊS PILARES QUE O MÉDICO ROBERTO SHINYASHIKI PREGA MUNDO AFORA EM SUAS DISPUTADAS PALESTRAS E LIVROS COM RECORDE DE VENDAS POR PEDRO LIRA 100 « GPSBrasília

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ão 19 livros publicados e cerca de oito milhões de cópias vendidas. Não é de se surpreender que Roberto Shinyashiki seja um dos palestrantes mais disputados do Brasil e o maior nome no mercado de autoajuda nacional. Médico-psiquiatra com MBA em Gestão de Negócios e doutorado em Administração de Empresas, pela Universidade de São Paulo (USP), o Guru dos Negócios, como é chamado, divide sua disputada agenda entre palestras, seminários, convenções no Brasil e no exterior, administração de sua editora e, claro, a família.


OS LIVROS MAIS COMENTADOS Sempre em Frente (2008) – O autor convida os jovens a perceberem que são capazes de enfrentar o medo do futuro, de superar seus desafios e de realizar seus sonhos. Heróis de Verdade ste livro mostra que há uma nova maneira de se posicionar perante a vida, sem deixar que as press es e as cobran as nos dominem. Os Segredos dos Campeões oberto hin ashi i mostra como organizar sua carreira profissional.

Dentre os 1,5 mil convites de palestras que recebe por ano, Brasília é escolhida a dedo entre os vinte que normalmente aceita. O motivo? Para o especialista, a cidade é um expoente no mundo empresarial. “Brasília está produzindo uma nova maneira de ver negócios. A cidade é um centro de startup que promete muito para o mundo empresarial”, garante. Especialista em felicidade profissional, Roberto aborda em seus livros temas como carreira, depressão, sucesso e dinheiro, de forma simples e inovadora, misturando psicologia e capacitação profissional. “A mensagem que tento passar para meu público é a integração de felicidade e sucesso. Vemos muita gente bem-sucedida destruída em depressão e, ao mesmo tempo, pessoas que buscam a felicidade desempregadas. O sucesso é integrar esses dois”, explica. Apesar de parecer difícil, o coach garante que o segredo é seguir três passos simples: missão de vida, método e competência. “É preciso saber o que você quer para a sua vida. Qual sua missão?”, conta. Depois disso, trabalhar o método. “Quem não sabe como fazer, todos os dias fura um poço novo em vez de cavar apenas um até encontrar água”, compara. Então, o terceiro passo, o mais importante, segundo ele. “O mundo fala de fé, mas eu digo que competência é fundamental. O brasileiro faz faculdade e acha que acabou ali. É imprescindível não parar de estudar e acompanhar as constantes exigências do mercado”, afirma. A falta da competência é um dos precursores para a depressão, que segundo a Organização Mundial da Saúde, será a doença mais comum até 2030. “Muito do que se fala hoje em dia sobre estresse é ocasionado pela falta de competência. É preciso trabalhar isso para que sejamos felizes, senão, sempre seremos atormentados pelo medo da demissão”, explica Roberto. A doença, conhecida como o mal do século, já aflige 5% da população mundial, cerca de 350 milhões de pes-

soas. A razão para tanta crise existencial? A falta de missão e vida por aparências. “Os valores caíram por terra. O sujeito se mata para pagar prestação do carro do ano, ou se enche de bolsas de grife falsificadas… Nada disso traz felicidade”, defende Shinyashiki. “O mundo já está povoado de pessoas que vivem de glamour e tomam antidepressivos. Ninguém consegue viver de imagem, mas de missão.” E como ser uma pessoa bem-sucedida e feliz? A pergunta de um milhão de reais tem uma resposta diferente para cada um. “Não existe um segredo, porque não há jeito certo de viver. Casar, emprego estável, ter filhos, corpo sarado… Nada disso é obrigatório. Essas são falácias dos tempos modernos que só levam à infelicidade”, explica. “Ser feliz é ter cumprido sua meta de vida. A da minha mãe, por exemplo, era formar os quatro filhos. Ela morreu feliz”, compartilha. Crítico do sistema educacional, Roberto é contrário a seguir modelos. “MBA, faculdades, especializações. Eles te ensinam a seguir modelos. Te mostram como pensava Steve Jobs, ou como tocava Beethoven, mas o próprio Carl Jung, da Psicologia, dizia que tinha pena de quem viria depois dele, pois os jovens teriam que ser junguianos”, conta. “Isso não deve existir. Se queremos ser algo nessa vida, precisamos ser nós mesmos e parar de seguir os outros”.

JEITINHO BRASILEIRO Admirador do espírito festeiro do Brasil, Roberto é um defensor ferrenho do estilo de vida brasileiro. “Acredito que assim como as pessoas hoje vão para os EUA fazer MBA, no futuro virão estudar aqui. Nós sabemos ser felizes. Somos desorganizados, mas temos virtudes inigualáveis”, acredita. Em suas viagens, Roberto já visitou mais de 20 países e garante que nenhum deles GPSBrasília « 101

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O m dico recebe mais de , mil convites para palestras por ano Dessas, escolhe apenas

se compara a sua terra natal. “O mundo vai procurar o Brasil por água e estilo de vida”, aposta. O especialista diz que admira a metodologia de países expoentes, mas não admira um estilo de vida que ele considera destrutivo. “Estudos mostram que ao menos 25% da população norte-americana irá tomar antidepressivos ao menos uma vez na vida. Exemplo de disciplina e mão de obra qualificada, o Japão é o país com maior número de suicídio infantil do mundo. Enquanto isso, aqui no Brasil, em vez de brigar, nós tomamos cerveja”, brinca Roberto. Segundo o médico, é bom que as escolas nacionais olhem e se baseiem em países como China, Japão e EUA, mas não se esqueçam de olhar também para os cases de sucesso nacionais. “Quantos empreendedores brasileiros não têm trabalhos sociais? É claro que devemos ser mais politizados, mas na vida existem outras coisas, como família, amor, saúde”. Quando questionado sobre os planos para o futuro, Roberto tem a resposta na ponta da língua: continuar ajudando as pessoas a resolverem problemas. “Meu plano é permanecer estudando e evoluindo cada vez mais. Quero publicar livros, treinar pessoas e, acima de tudo, trabalhar para o Brasil ser um país honesto, onde os valores prevaleçam”, conta. O objetivo faz parte da dica dada pelo autor das três formas de como ficar rico. “Existem três jeitos simples de enriquecer. Primeiro, ajudar as pessoas a ficarem ricas. Segundo, ajudar as pessoas a resolverem seus problemas. E, terceiro, ajudar as pessoas a terem autoconfiança”, revela. Mas antes de chegar lá, Roberto ressalta. “Ame o dinheiro, mas não aquele que te tira coisas. Ter dinheiro e não ter felicidade é uma espécie de fracasso”, conclui o especialista. 102 « GPSBrasília

DICAS DE SHINYASHIKI 1 – Corra atrás dos seus sonhos Uma vez alguém me perguntou: e se eu me frustrar? Minha resposta foi simples: “Não existe ninguém que venceu na vida e que não tenha se esforçado e trabalhado muito para chegar lá. A frustra ão vem quando não se faz o suficiente e, logo, não consegue realizar o sonho.” 2 – Não deixe o dinheiro te tirar coisas Acredito que ser milionário não vale a pena se você sempre perder o jantar com sua mulher e seu filho. preciso amar o dinheiro, mas não aquele que te priva de viver e ser feliz. Digo que ser rico e não ter felicidade é uma espécie de fracasso 3 – Equação do sucesso Para ter sucesso, indico uma equação simples: método + intensidade + mentor. Saber o que está fazendo e da forma certa, junto de muito trabalho e esforço, acompanhado por um mentor que te inspire, é sucesso garantido 4 – Não pode se cansar do amor Nunca chegue em casa cansado demais para dar aten ão ao seu filho ou curtir seu marido ou mulher. Nós não devemos nunca estar cansados demais para o amor 5 – A felicidade é um fluxo Esse conceito de que a felicidade é uma coleção de dias felizes ou um eterno estado de euforia é que leva as pessoas aos vícios. A felicidade é um uxo de realiza es e frustra es. aiba celebrar, quando a ocasião pedir, ou aprender quando necessário



SAÚDE

POR RECEIO DO PROCEDIMENTO, HOMENS POSTERGAM O EXAME PREVENTIVO AO CÂNCER DE PRÓSTATA. O HOSPITAL UROLÓGICO ALERTA: UM A CADA SEIS HOMENS DESENVOLVERÁ A DOENÇA AO LONGO DA VIDA POR SONIA

VILAS BOAS « FOTO ADRIANO MACHADO

O ALERTA NECESSÁRIO 104 « GPSBrasília


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ão, está tudo bem, já já passa!” Quem nunca ouviu essa frase vinda de um homem depois de aconselhá-lo a ir ao médico? Seja uma pequena gripe ou um exame de rotina, a resistência em grande maioria existe. Estudos mostram que o número de homens que faz consultas preventivas é 30% menor que o de mulheres. E quando se fala no exame preventivo de câncer de próstata? Ainda um tabu na sociedade, o preconceito é real e existe por causa de um simples procedimento que pode evitar consequências graves no futuro. O câncer de próstata é o segundo câncer mais frequente entre os homens, ficando atrás somente do de pele não melanoma. E é também o que mais mata, perdendo somente para o de pulmão. Segundo estatísticas do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), apenas em 2016 teremos 62 mil novos casos da doença nos homens. Estima-se que 13 mil venham a óbito. Sempre em novembro, o País se volta para o problema por meio da campanha Novembro Azul, realizada anualmente. A proposta é conscientizar a sociedade, em especial os homens, a respeito da prevenção e diagnóstico precoce dessa silenciosa doença. Ações, mutirões, consultas gratuitas. A mobilização sempre é grande para alertar sobre o mal. Mas, independentemente de época, o trabalho é feito constantemente nos consultórios. “Procuramos diariamente informar aos homens sobre a importância dos exames de rotina. 17% deles correm o risco de desenvolver a doença ao longo da vida, o que seria um a cada seis. Uma estatística muito grande para algo que pode ser prevenido e identificado em fase inicial”, explica o médico Ériston Wendt Uhmann, diretor administrativo do Hospital Urológico de Brasília, que há 15 anos atua na Capital. Além da próstata, o hospital é especialista também em tratamentos de incontinência urinária, disfunções sexuais, fimose, cálculos urinários e ejaculação precoce. Os médicos recomendam que os exames sejam feitos anualmente a partir dos 45 anos, caso o paciente não tenha histórico na família. Se por acaso algum parente tenha sido diagnosticado, a recomendação é começar a prevenção aos 40 anos. “É importante ressaltar que esse câncer específico é assintomático, portanto, não possui sintomas em fase inicial. Por isso não é aconselhado que fique esperando algo mudar no corpo para procurar um urologista”, esclarece Uhmann, que atua na área desde 1991. Dentro da comunidade, principalmente entre os homens, existe certo preconceito com o exame de toque, mas é importante relembrar, que nas avaliações existem muitos

FATOS CURIOSOS • • • • •

Negros têm mais câncer que os brancos, que, por sua vez, têm mais do que os asiáticos O câncer de próstata também está ligado a um fator hormonal A alimenta ão pode in uenciar. Dietas ricas em vegetais, cereais e legumes são mais recomendadas do que ricas em gordura Alimentos com licopenos e fenóis, encontrados no chá verde, são recomendados Todos os exames feitos são de rastreamento e não evitam o desenvolvimento do câncer

outros procedimentos a serem feitos para que haja o rastreamento da doença. Ao entrar em um consultório, antes de mais nada, é feito o mapeamento familiar, seguido de outros exames físicos além do toque, como o PSA, abreviação para Antígeno Prostático Específico, que monitora a dosagem e, se houver alguma alteração, pode-se desconfiar do desenvolvimento do câncer. Além da ecografia, exame complementar avalia o tamanho do órgão e a relação dele com a micção. A dificuldade para urinar pode ser um dos sintomas, mas que não necessariamente está ligado à doença. “Devemos lembrar que todos os exames previamente realizados são de sondagem. O que realmente identifica o câncer é o recolhimento do material da próstata por meio e uma agulha, que enviamos para a biópsia, e aí sim conseguimos dar o diagnóstico completo”, conta o médico. No hospital, todas as etapas são realizadas, da consulta primária de rastreamento até o diagnóstico e tratamento. Assim que diagnosticado, os pacientes são classificados com o grau de agressividade da doença e então encaminhados para o melhor tipo de tratamento, o que, via de regra, resume-se a cirurgia e radioterapia, dependendo do caso. A que obtém mais sucesso, chegando a 90% de chance de cura, é a braquitomia, que nada mais é do que uma radiologia interna, em que é colocada a fonte dentro da próstata. Serviço Hospital Urológico de Brasília loco , dif cio anta aria hubrasilia com br

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REVISTA

CIRCULANDO POR MIAMI REVISTA GPS|MIAMI COMEMORA UM ANO DE CIRCULAÇÃO NA CIDADE NORTE-AMERICANA. COM TRÊS EDIÇÕES ANUAIS, A PUBLICAÇÃO LEVA PARA OS BRASILEIROS UM POUCO DO LIFESTYLE DA FLÓRIDA POR MARCELLA OLIVEIRA

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ão é difícil se encantar pela cidade mais popular da Flórida. Miami é mágica, onde o sol colore lindos prédios art déco e derrama cor sobre a baía da Flórida. A editora GPS, que nasceu para atender o mercado premium de Brasília, deixou–se levar por essa atmosfera única e há um ano desembarcou na cidade com a revista GPS|Miami. Sob o comando dos sócios Guilherme Siqueira, Paula Santana e Rafael Badra e do empresário Marcelo Araújo, em dezembro de 2015, foi rodada a primeira edição. Com tiragem de 10 mil exemplares, o veículo segue a linha editorial da GPS|Brasilia, no mercado há cinco anos. A GPS|Miami é bilingue e tem conquistado o mercado na cidade. As empresas brasileiras Artefacto e Ornare, as concessionárias Lamborguini e Porsche, as relojoarias Hublot e Panerai, além das construtoras J.Milton e Turnberry acreditaram na proposta. Hoje, é possível encontrar um exemplar nos principais hotéis, como W, Mandarin Oriental, Faena, e nos hotspots de gastronomia, como Bagatelle, Villa Azur e Paris 6. Além dos aeroportos da Inframérica, também está nas salas VIPs da LATAM do Chile, Argentina e Miami. Nas três edições, várias histórias foram contadas. Falamos sobre a construtora J.Milton; a criação dos carros pelo argentino Horacio Pagani; o design da construtora Pininfarina; entrevistamos brasileiros como Hugo Gloss. Falamos sobre o trem que ligará Miami a Orlando e do maior shopping das Américas, o American Dream Miami Mall. Quem curte um agito, fica sabendo dos eventos da temporada e tem um roteiro dos restaurantes mais badalados. Tem sido um prazer levar um pouco de Miami para turistas e moradores brasileiros. A cada edição, a publicação ganha mais parceiros e credibilidade. Um sonho que vem sendo construído junto com brasileiros e norte-americanos. O luxo e o charme de Miami junto com o estilo GPS de ser.


AVENTURA LEARNING CENTER

ENSINO DO MATERNAL AO FUNDAMENTAL






LEGADO

O GINGADO QUE TRANSFORMA VIDAS DE VOLTA AO BRASIL, O EMBAIXADOR BRASILIENSE PAULO UCHÔA TRAZ EM SEU CURRÍCULO A IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETO NO CONGO QUE RESSOCIALIZA CRIANÇAS-SOLDADO POR MEIO DA CAPOEIRA POR PEDRO LIRA

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embaixador Paulo Uchôa Ribeiro Filho, mais conhecido como Paulinho, termina uma temporada de sucesso em Kinshasa, República Democrática do Congo, país africano onde atuou nos últimos anos. Primeiro brasiliense da categoria no Palácio do Itamaraty, logo que chegou em seu primeiro posto como embaixador, adotou como missão deixar seu legado. E foi a capoeira que o fez cumprir sua meta com bastante êxito e que tem ajudado milhares de crianças ex-soldados a se ressocializar e também incorporar na rotina os valores da arte marcial abrasileirada. 112 « GPSBrasília

A dança e luta afro-brasileira que alia música, gingado, acrobacias e combate não violento é um esporte no qual não há nem vencedor, nem vencido. No projeto Capoeira pela Paz, idealizado por Uchôa, os vencedores são as crianças da República do Congo, que foram recrutadas à força por grupos armados. “Quando cheguei ao país, me deparei com um universo de problemas. Eu decidi ajudar a resolver com uma contribuição brasileira”, conta. Foi em um jantar em torno da visita da princesa Carolina de Mônaco que ambos decidiram apostar na capoeira como


Fotos: Divulgação

O embaixador Paulo Uchôa e a princesa Carolina de Mônaco

forma de terapia para dizimar o sofrimento dessas crianças que passavam boa parte da infância portando armas. O passo seguinte: tornar real a ideia, que contou com o apoio da Associação Mundial de Amigos da Infância (AMADE, em francês), ONG presidida pela princesa, ao lado do Fundo das Nações Unidas para a Infância e da embaixada do Brasil. O Capoeira pela Paz foi introduzido com uma gama de atividades psicossociais nos centros de reabilitação em Goma, capital da Província do Kivu do Norte. No local, uma espécie de internato, os jovens são ressocializados com aulas que são ministradas quatro vezes por semana. Ao final de cada edição, mais de mil crianças têm

a oportunidade de praticar o esporte, que é coordenado por dois capoeiristas voluntários das Nações Unidas. Já os aspectos pedagógico e técnico do programa são preparados por consultores em colaboração com a UNICEF. “Eu fui capoeirista quando adolescente em Brasília, e já adulto, em Beirute. Sempre tive consciência de que a capoeira oferece mais do que apenas um esporte”, defende Paulinho. A visão mais sensível à prática foi influenciada pelo convívio com o então ministro da Cultura Gilberto Gil, durante os anos de preparação do Ano do Brasil na França, em 2005. “Em diversas situações, Gil promoveu e defendeu a prática da capoeira não só como esporte, mas como atividade social e cultural, que pode fortalecer muito a personalidade”, relembra. Segundo o embaixador, antes do projeto as crianças mostravam dificuldade de relacionamento. “Eles brigavam muito entre si, não tinham interesse em ir à escola e eram difíceis de lidar”. Um dos trunfos do Capoeira pela Paz é transmitir, junto da dança, códigos de consciência social, como a necessidade dos estudos, o perigo das drogas, a importância do sexo seguro e o respeito às mulheres. Para Uchôa, o projeto não é suficiente para resolver o problema da violência no país, mas é de extrema ajuda. “Com essa reeducação, acontece uma alteração na dinâmica do local. Você quebra o círculo defeituoso de propagação de violência e começa a recriá-lo de forma saudável”, explica. “O que me satisfaz hoje é ver que o projeto mudou vidas, dando nova perspectiva de futuro”. Paulo Uchôa volta ao Brasil em 2017, onde irá morar pelos próximos anos. “Fui recrutado novamente pela Secretaria de Estado e devo ficar por aqui até que a próxima missão apareça”. Sobre a implementação do Capoeira pela Paz em outros países, Paulo também defende a ideia. “A Capoeira existe em mais de 150 locais do mundo. O sucesso no Congo é mais uma prova de que o esporte realmente transforma”, conclui. GPSBrasília « 113


RETRANCA

BOLA NA ÁGUA

O LAGO PARANOÁ TEM MAIS UM ESPORTE OFICIAL SOB SUAS CORRENTES. É O POLO AQUÁTICO, QUE ESTREOU O PRIMEIRO CAMPEONATO PRÓXIMO À ERMIDA DOM BOSCO E JÁ É COMPARADO À PRÁTICA EM PRAIAS E CACHOEIRAS POR MARINA MACÊDO « FOTOS LUARA BAGGI

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uas traves posicionadas no meio da água. Jogadores com toucas que protegem os ouvidos – metade de uma cor, metade de outra – e uma bola em movimento, passando de mão em mão. O foco é o gol do adversário. O tradicional campo do polo aquático é a piscina – de uns tempos para cá até o mar –, mas essa cena agora tem sido vista no meio do Lago Paranoá. Isso mesmo, além de treinos, o lago também se tornou um local de competição. Seguindo as tendências internacionais, o esporte ganhou a primeira edição do Open Lago Paranoá neste semestre. Organizado pelos atletas veteranos Guilherme Sari e Walter Moura, a disputa reuniu sete times masculinos e dois femininos, cerca de 120 atletas, durante dois dias. “Quem acompanha os campeonatos de polo aquático mundo afora, em especial na Europa, pode identificar que as competições têm seguido a proposta de serem sediadas em praias paradisíacas. Foi quando nos perguntamos por que não ocupamos o Lago Paranoá, já que ele também é paradisíaco?”, lembra Walter, de 37 anos, advogado que pratica o esporte desde 1997 e, com outros atletas de Brasília, competiu na Copa Espanhola.


Sediado no Centro de Convenções Israel Pinheiro, próximo a Ermida Dom Bosco, no Lago Sul, o evento desafiou os atletas a jogar em condições diferentes das tradicionais. “A piscina proporciona mais estabilidade, pois sofre menos influência do vento e ondulações das águas. Agora, quando o cenário é em água aberta ou corrente, esses fatores são mais acentuados. Porém, é muito prazeroso. Pois não apenas jogamos como também enchemos os olhos e a alma com a natureza”, diz Moura. Walter acrescenta que os campeonatos fora das piscinas são classificados como extraoficiais, mas que os atletas se empenham igual aos oficiais. Os treinos para ambos são exaustivos: três vezes por semana participam de jogos coletivos nas piscinas do Minas Brasília Tênis Clube e do Iate Clube de Brasília. E no restante dos dias eles praticam natação e musculação. “Para melhorar o desempenho nas competições no lago, precisamos de um suporte. Seria importante o apoio de algum clube às margens do lago para treinarmos com maior frequência”, enfatiza. Guilherme Sari revela que a segunda edição do Open Lago Paranoá já tem previsão para 2017, no feriado de 7 de setembro. Enquanto isso, os atletas embarcam para os mais variados destinos para competições. Em janeiro, ocorrerá um torneio em Copacabana, no Rio de Janeiro. Em fevereiro, haverá um em Arraial do Cabo, no Rio, e outro na praia do Caixa D’Aço, em Santa Catarina. Em maio, é a vez da Chapada dos Veadeiros. No segundo semestre, ocorrerá em Morro de São Paulo, na Bahia, e na Praia do Rosa, litoral catarinense.

RENOVAÇÃO Incluído nos Jogos Olímpicos de Paris 1900, o polo aquático é uma das modalidades mais difíceis do mundo. A Olimpíada do Rio-2016 entrou para história do esporte, pois marcou a estreia da seleção brasileira feminina. Em Brasília, teve seu auge nos anos 1980, com mais de 300 praticantes. Atualmente, são cerca de 150 adeptos, dos quais um terço é classificado como master, ou seja, a partir de 30 anos. Para o corpo, além da tonificação muscular, há melhora na capacidade cardiorrespiratória e cardiovascular. Sobre revelar talentos em nível nacional, o jogador Peter Sola ressalta que a capital possui suas estrelas. “Temos

grandes nomes jogando na cidade como Murilo Lobato e Álvaro Sanches, ambos acima dos 60 anos, que jogaram no Mundial Master no ano passado, no Rio de Janeiro”. Atrair os jovens é um desafio. “Dos esportes aquáticos, o polo é pouco prestigiado. Natação, saltos ornamentais e nado sincronizado são modalidades mais difundidas. Por isso, é fundamental divulgarmos o esporte e contarmos com escolinhas da modalidade para revelar novos atletas”, acredita Walter. Em Brasília, há três escolas: na Secretaria de Esportes do DF; no Minas Brasília Tênis Clube; e no Iate Clube de Brasília. A pouca visibilidade acarreta ainda em falta de patrocínio e investimento. Onde praticar Secretaria de Esportes do DF Professor Paulo Pita Complexo Aquático do Complexo Poliesportivo Ayrton Senna Minas Brasília Tênis Clube Professor Brigadeiro etor de lubes orte, recho , on unto Iate Clube de Brasília Professor Peter Sola Setor de Clubes Esportivos Norte, Trecho 2, Conjunto 4

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ESPIRITUALIDADE

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ocê sabia que alguns estudiosos e místicos garantem que Brasília foi construída numa área de grande energia cósmica? E que a cidade repousa sob um manto de cristais, incrustados em seu subsolo? Uma das teorias é baseada no sonho do padre italiano Dom Bosco. “Entre os paralelos 15º e 20º havia um leito muito extenso, que partia de um ponto onde se formava um lago. Então, uma voz disse repetidamente: ‘Quando escavarem as minas escondidas no meio destes montes aparecerá aqui a grande civilização, a terra prometida, onde jorrará leite e mel. Será uma riqueza inconcebível’”, previu ele. O sonho foi interpretado como uma depressão larga e comprida, partindo do ponto no qual se formava um grande lago, entre os paralelos 15 e 20 do Hemisfério Sul. Daí em diante, acredita-se que a cidade nasceu desse sonho premonitório. Inclusive, esse texto está exposto na porta da Ermida Dom Bosco, o primeiro templo erguido na Capital Federal, à beira do Lago Paranoá. Veio daí a homenagem ao santo que, anos depois, se tornou o segundo padroeiro da cidade, ao lado de Nossa Senhora de Aparecida. “Astrologicamente analisando, o nascimento da Capital Federal foi marcado por um forte aspecto do Sol com Netuno, o que, segundo os entendidos no assunto, determina uma inevitável vocação mística”, afirma a professora do Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília, Mara Flora Lottici. Existe ainda a teoria da professora Iara Kern, egiptóloga, por meio de estudos e pesquisas realizadas durante seis anos, e publicada em 1984: seria Brasília uma réplica da cidade egípcia de Akhetaton? E Juscelino Kubitschek uma reencarnação do faraó responsável por construí-la? 116 « GPSBrasília

TERRA SAGRADA MÍSTICA, ESOTÉRICA, HOLÍSTICA. HÁ QUEM ACREDITE QUE BRASÍLIA SE FORMOU SOB UM MANTO DE CRISTAL. E QUE TAL ENERGIA FAZ COM QUE O DISTRITO FEDERAL TENHA NADA MENOS QUE TRÊS MIL TEMPLOS DE DIVERSAS DOUTRINAS. EM COMUM? A BUSCA PELO AUTOCONHECIMENTO POR ANDRESSA FURTADO


Intitulada De Akhetaton a JK – Das Pirâmides a Brasília, o livro da professora mostra que a Capital tem inúmeras semelhanças com a cidade de Akhetaton, que existiu há 3,6 mil anos, no Egito. O faraó Akhetaton representou um marco na história político-religiosa e na engenharia e arquitetura mundial. Ele construiu uma cidade em menos de quatro anos, substituindo a técnica tradicional, que utilizava gigantescos blocos de pedra, pelo uso de pequenos blocos de tijolos de 30cm a 40cm. A cidade egípcia também foi organizada em setores, distribuídos em suas asas Norte e Sul, que representava uma grande ave voando em direção Leste. Era a figura de Íbis, uma divindade egípcia guardiã das pirâmides e dos mortos. A distribuição dos edifícios públicos, a equidistância dos monumentos e a simetria da cidade não só guardam proporções visuais relativas à Akhetaton, como faz de Brasília uma cidade apropriada para reunir pessoas das mais diversas correntes: mística, esotérica e espiritual. Ainda de acordo com estudos feitos por Kern, tudo

Fotos: André Fernand

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Divulgação

Cristal Sagrado

em Brasília está traçado dentro da numerologia do Tarot Egípcio e da Cabala Hebraica. Por exemplo, os prédios de cada lado do “H” do Congresso Nacional têm 28 andares, se somados (28 + 28 = 56) é o número de arcanos menores do Tarot Egípcio. Os edifícios da cidade têm andares em números múltiplos de 12. Em cada superquadra existem onze edifícios de seis andares (11 x 6 = 66; 6 + 6 = 12). As quadras duplas têm 22 prédios e três andares (22 x 3 = 66; 6 + 6 = 12). O número 12 rege o Universo. A Catedral e o Palácio da Alvorada são sustentados por 16 colunas. Dezesseis é o número do templo. Seriam simples coincidências ou seria Brasília considerada a capital do terceiro milênio? Contra toda essa teoria mística, à época, Lúcio Costa explicou em seu projeto que esse traçado surgiu de maneira natural. “Brasília nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz”. Simples assim. GPSBrasília « 117


MISTICISMO E ESOTERISMO Independentemente de crenças pessoais, fato é que os fundadores da cidade jamais imaginariam que ela abrigaria a maior concentração de religiões, templos e seitas do País. Hoje, o DF tem mais de três mil templos. E a quantidade de doutrinas é incalculável. Além de religiões conhecidas e tradicionais, ainda hoje continuam a ser fundados seitas e agrupamentos místicos criados sob as mais diferentes motivações. A cidade e seus arredores tornaram-se um verdadeiro caldeirão de manifestações místicas e esotéricas e um polo de pessoas interessadas em descobrir o “sentido da vida”. Em seu livro, As Novas Religiosidades no Ocidente – Brasília, Cidade Mística, Deis Siqueira segmenta o turismo de três formas: o religioso, o místico- esotérico. Segundo ela, essas duas vertentes são completamente diferentes. O religioso está vinculado às pessoas que se deslocam por motivações religiosas e/ou participação em eventos de caráter religioso, como por exemplo: romarias, peregrinações e visitação a espaços, festas, espetáculos e atividades religiosas. E o segundo caso é definido pelo trânsito dos adeptos, dos valores, dos símbolos, dos rituais e de uma postura ecumênica diante das diferentes religiões e religiosidades. Um dos locais muito procurados ao redor do DF e que entra no segmento criado por Deis é a Chapada dos Veadeiros. Brasília é a porta de entrada para Alto Paraíso, considerado o lugar mais místico do País, reunindo entre seus habitantes, representantes de mais de 40 religiões e inúmeros grandes templos. Sua localização está sobre a maior rocha de cristal do planeta, o que, segundo os estudiosos de esoterismo, atrai energia cósmica. Além disso, Alto Paraíso foi erguida sobre o paralelo 14, na mesma linha da misteriosa Machu Pichu, no Peru. De acordo com ufólogos, a chapada é um perfeito campo de pouso para visitantes extraterrestres. Quem já passou por lá, sabe que esse papo em torno de seres de outro planeta é comum. Localizada a 26 km de Brasília, existe a Cidade da Paz. Local onde está situada a Universidade Internacional da Paz, mais conhecida como Unipaz, que foi criada com o objetivo de desenvolver projetos específicos e inter-relacionados à cultura de paz, alicerçada na visão holística e na abordagem transdisciplinar. Atualmente, está multiplicada por unidades instaladas no Brasil. 118 « GPSBrasília

Já em Santo Antônio do Descoberto existe a Cidade Eclética. Lá, prega-se a unificação de todas as religiões. O eixo principal dessa religião é kardecista e umbandista de linha oriental. Para participar dos trabalhos espirituais as mulheres devem usar roupas discretas: saia abaixo dos joelhos, nenhum decote nem adereços espalhafatosos. Conheça locais e profetas que arrebanham seguidores ao redor do DF:

VALE DO AMANHECER Seria estranho, se não fosse normal. No Vale do Amanhecer, é comum se deparar com magos, guerreiros, príncipes maias e ninfas. É que ao chegar lá, pessoas vestidas com roupas coloridas inspiradas em civilizações passadas e futuras transitam pelo templo e participam de rituais para se conectar com o além. Localizado a 40 km de Brasília, em Planaltina, a comunidade, que contabiliza cerca de 100 mil médiuns, nasceu nos anos 1960, juntamente com Brasília, pelas mãos da viúva, caminhoneira e clarividente Neiva Chaves Zelaya, falecida em 1985. Chamada de Tia Neiva, ela foi a responsável por criar este segmento espiritual que se define em “várias doutrinas em uma só”, instruída pelo seu mentor, Pai Seta Branca. Segundo o filho de Neiva, Raul Zelaya, essa doutrina vem do Himalaia.


Fotos: Divulgação

CASA DE DOM INÁCIO Os seguidores do vale acreditam que são a reencarnação de espartanos, romanos e de povos daquela época, e que voltaram para ter uma segunda chance. O objetivo desse retorno é ajeitar os erros do passado e não deixar pendências nesse plano. “Um dia, quando for a vontade de Deus, nós retornaremos”, afirma o adjunto Zerone, José Tolentino. O altar de mais destaque é dedicado a Flecha Branca, um índio da fronteira do Peru com a Bolívia, considerado o espírito mais evoluído e uma reencarnação de São Francisco de Assis. Ao chegar ao vale, os visitantes aguardam em filas para receber curas mediadas pelos espíritos, limpar a alma ou alcançar o contato com o além. Serviço: às margens da DF-130, acesso pela DF-20, Planaltina-GO / E-mail: portal@valedoamanhecer.com

A 70 km de Brasília, a cidade de Abadiânia recebe milhares de romeiros da fé que, toda semana, desembarcam para consultar o médium mais famoso do Brasil, João de Deus. Ele já atendeu celebridades do mundo inteiro e ganhou fama internacional, após aparecer em uma matéria do programa de tevê americana da apresentadora Oprah Winfrey. Chamado de John of God pelos seus pacientes internacionais, o médium disse em recente entrevista que “nunca curou ninguém” e “quem cura é Deus”. Seu nome de nascimento é João Teixeira de Faria. Nasceu em Cachoeiro da Fumaça (GO), filho de um alfaiate e uma dona de casa e caçula de seis irmãos. Atualmente, é um dos mais famosos e respeitados médiuns em atividade no mundo. Cerca de nove milhões de pessoas já se deslocaram até o interior de Goiás para se consultar com ele. GPSBrasília « 119

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André Fernandes

Espiral

Ao chegar à Casa de Dom Inácio, local onde acontecem as cirurgias espirituais, o visitante é direcionado para a secretaria e preenche uma ficha com seu caso: primeira vez, segunda vez, revisão ou agradecimentos. Em seguida, segue para um pátio coberto, onde voluntários fazem a primeira prece. Daí em diante, as pessoas passam pelo médium, sem muito tempo para explicar seu problema. E são divididas em dois casos: cirurgias sem corte e cirurgias com corte. A escolha é do paciente. As mais comuns são as de olho e fossas nasais. No caso de corte, João de Deus pega uma faca de cozinha, para a raspagem do globo ocular, e uma agulha ou pinça de pressão com algodão cheio de água fluidificada – água abençoada – para introduzi-la pelo nariz. No total, são 1,5 mil leitos de recuperação. O que mais intriga os pacientes e não crentes na medicina espiritual é que as cirurgias são indolores e não existe nenhum caso de infecção pós-operatória. Apesar de realizar cirurgias espirituais, o médium se diz católico e recomenda que seus pacientes não abram mão da medicina tradicional e não deixem de usar os medicamentos prescritos por seus médicos. ervi o venida rontal, n

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LEGIÃO DA BOA VONTADE (LBV) Intitulada como entidade brasileira de assistência social, o templo tem como objetivo aproximar todos os homens entre si na base do amor fraterno, sem levar em conta as diferenças religiosas. O nome de Legião da Boa Vontade é inspirado pelo texto bíblico, do livro de Lucas, capítulo 2, versículo 14: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”. Com este texto, Alziro Zarur, criador da LBV, pretendia unir todos os homens num Grande Parlamento Mundial da Fraternidade, passando por cima de todas as diferenças de religião, raça e cultura. Em Brasília, a LBV construiu o Templo da Boa Vontade, em forma de pirâmide, cujo ápice traz um cristal. No pavimento do Templo há sete círculos concêntricos pretos e sete brancos, que as pessoas percorrem para chegar finalmente debaixo do cristal, tido como portador de boas energias. Segundo dados oficiais da Secretaria de Estado de Turismo do Distrito Federal (Setur-DF), o monumento é o mais visitado da capital brasileira, recebendo anualmente


mais de um milhão de pessoas. São 100 mil visitantes por mês na pirâmide, que fica aberta 24 horas por dia. Desde sua inauguração, em 21 de outubro de 1989, suas portas permanecem abertas dia e noite. “Se há necessidade de um teto para as pessoas se protegerem das intempéries atmosféricas, urgente se faz um local que as abrigue das tormentas do sentimento, esquecidas as suas diferenças religiosas, ideológicas, políticas, econômicas, de modo a se refazerem espiritualmente, descansando das procelas íntimas. Todo mundo tem uma dor que não conta a ninguém, desde o mais poderoso ao mais simples dos homens, até mesmo os irmãos ateus”, afirma o fundador do Templo da Paz e diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV), o jornalista e escritor José de Paiva Netto. ervi o

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SRI PREM BABA Sentado em uma poltrona dourada, ao redor de arranjos florais e com os pés descansados em uma almofada, Sri Prem Baba fala, ao microfone, sobre os percalços da vida e como superá-los. Baba, assim como é chamado pelos seus seguidores, desembarcou em Brasília para ministrar a palestra Para que Você Nasceu. Suas visitas por aqui são sempre disputadas, com longas filas de espera. “‘Qual o sentido da vida?’ – meu objetivo com esse curso é trazer luz para essa tema. Brasília tem um público muito conectado com a proposta de autoconhecimento. Existe sede de descoberta. Acredito que essa abertura esteja relacionada com a própria configuração da cidade. Aqui você consegue ver o céu”, afirma Baba. O líder humanitário possui um ashram em Alto Paraí-

so desde 2014. Ashram, na antiga Índia, era um eremitério hindu onde os sábios viviam em paz e tranquilidade no meio da natureza. Hoje, o termo é, normalmente, usado para designar uma comunidade formada intencionalmente com o intuito de promover a evolução espiritual dos seus membros, frequentemente orientado por um místico ou líder religioso. “Esse ano, fiz minha terceira temporada, entre maio e julho, em Alto Paraíso. Ano que vem, estou pensando em ficar um pouco mais. É preciso viajar menos. Então, talvez eu faça duas temporadas aqui”, adianta. Ao longo do ano, Sri Prem Baba passa temporadas mais longas na Índia, entre janeiro e abril, na cidade de Rishikeshi, onde fica o Sachcha Dham Ashram, tradicional centro de práticas espirituais da linhagem a que pertence. O paulista dedica sua vida integralmente ao despertar da consciência amorosa na humanidade. Sri Prem Baba também é chamado de Guru do Amor. “Fui preparado pelo meu mestre Osho durante anos. Após ele deixar o corpo, iniciei meu despertar de amor pelo mundo. E, dessa vez, tenho claro que só vamos promover esse mudança de consciência. Acredito que isso só vai acontecer, em grande escala, por meio do autoconhecimento, com a prática do silêncio. Ou seja, com a meditação”, completa. Seu nome de batismo é Janderson Fernandes de Oliveira. Nascido em 1965, no bairro da Aclimação, na capital paulista, o brasileiro teve uma infância tranquila. Brincava de pega-pega e esconde-esconde, empinava pipa, jogava bolinha de gude. Na adolescência começou a praticar yoga, artes marciais e meditação e um dia escutou uma voz interior que o instruía a ir para a cidade Rishikeshi, na Índia, quando completasse 33 anos. Foi aí que teve sua vida transformada. ervi o

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HOT SPOT DO TURISMO MÍSTICO-RELIGIOSO, A CHAPADA DOS VEADEIROS É, A CADA DIA, MAIS UM DESTINO PROCURADO POR PÚBLICO SELETO QUE BUSCA NA NATUREZA BEM-ESTAR E O SENTIDO DA VIDA POR PEDRO WOLFF

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paraíso na Terra existe e fica bem pertinho de Brasília. Joia do estado de Goiás, a Chapada dos Veadeiros está em uma zona de transição entre o Cerrado e a região Norte. Meca da peregrinação alternativa, cachoeiras de beleza cinematográfica, trilhas em diferentes tipos de vegetação, cânions e mirantes dão àquele lugar um microcosmo de atrações. Dos oito municípios que a compõem, na Chapada prevalecem dois destinos: Alto Paraíso de Goiás, com a Vila São Jorge, e Cavalcante, 89 km distante de Brasília. São duas horas e meia de viagem até chegar ao monumento en-

cravado no balão da cidade, um colosso que parece a mistura de um disco voador com algo meio indefinido. Alto é a base do turismo na Chapada, cidade melhor estruturada, que conta com bons restaurantes e hotéis. Com astral um pouco diferente, São Jorge tem certo ar praiano por abrigar a portaria do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. E Cavalcante tem um padrão rústico-confortável, que não carrega tanto esoterismo. Tudo o que hoje nos remete à Chapada está relacionado com o cristal abundante na composição de sua terra: o quartzo-rosa. Por cima, o Cerrado de altitude possui vegetação rasteira, com árvores de pequeno porte dispostas em campos limpo, campo sujo e cerradão. Com diversos tipos raros, já foram identificadas cerca de 1,5 mil espécies de plantas. Seu relevo de morros e cânions é explicado por estes cristais. “O quartzo tem a característica de ser resistente às ações do vento, da chuva, do frio, do calor. Ou seja, resistente às intempéries químicas e físicas”, explica a professora de geologia da Universidade Estadual do Estado de Goiás (UEG), Priscila Barbosa.

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O MUSEU Passear dentro do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é percorrer o caminho deixado pelos garimpeiros quando São Jorge teve a corrida do ouro. Em seu auge, já teve três mil garimpeiros trabalhando onde hoje é o parque. As primeiras minas de cristais foram descobertas em meados de 1912, mas a explosão populacional ocorreu em decorrência da Segunda-Guerra Mundial, quando o quartzo teve a alta no mercado internacional. O declínio ocorreu a partir da criação de seu similar sintético. Nessa debandada, a maioria da população foi trabalhar na construção de Brasília. Para o caipira que ficou, era preciso arrumar uma profissão com urgência. E assim, aos poucos, foram nascendo em São Jorge os guias locais. Com uma picareta, uma pá e um martelinho consegue-se garimpar igual faziam nossos recentes antepassados. Mas o fator determinante foi a criação de uma unidade de conservação do meio ambiente, com área dez vezes maior que a atual. Ocorreu nos anos JK, tendo como primeiro nome Parque Nacional do Tocantins. Hoje, o parque e seu entorno correspondem a maior área de preservação do bioma Cerrado do Brasil. E carrega título dado pela Unesco de reserva da Biosfera do Cerrado, o que garante proteção internacional para sua fauna e flora. Paralelo à debandada no garimpo, no final dos anos 1950, deu-se origem ao misticismo da região. Entretanto, há quem diga que ele já ocorre há muito mais tempo. “Os relatos dos desbravadores sobre bolas de fogo no céu datam a década de 1870”, afirma Rosah Almeida, 51 anos. Paulistana, ela escolheu o local como seu lar há mais de vinte anos. A experiente guia contextualiza que naquela época não havia eletricidade, logo o único referencial que o caipira tinha para luzes no céu era o fogo. Ela mesmo disse que já viu luzes coloridas naquele céu, mas não se atreve a dizer que é um disco voador. Hoje, parte dos turistas que ela atende são grupos que aguardam por “avistamento” de extraterrestres. Para Rosah, Alto Paraíso corresponde ao sonho de Dom Bosco no que diz respeito a congregar religiões e seitas de todas as nacionalidades. Soma-se a este contexto o fato da tradição católica muito forte no estado de Goiás. Em época de grandes romarias, a cidade fica deserta.

NATIVO Uma semana não é o suficiente para conhecer todas as cachoeiras, trilhas e mirantes da chapada, mas mesmo assim vale a pena tirar pelo menos uma tarde para descansar exaustas pernas e pisar no misticismo. Comece a minijornada com uma visita ao Tom das Ervas. Espécie de curandeiro, ele trabalha com plantas há 30 anos, com sabedoria herdada de antepassados no Pará. Na sua casa, é possível comprar poções, tinturas, chás, garrafadas, sabonetes, pomadas e essências para todo tipo de problema. Desde calvície e depressão até tumores. Na avenida principal da cidade, você encontra uma simples loja de cristais, cuja somatória de seus produtos acumula um patrimônio na casa dos milhares

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NARCIZA LEÃO

Passeio de balão

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de reais. Os moradores da cidade explicam que o cristal tem o poder de potencializar as características, sejam elas boas ou ruins. E se você gosta de mantras para expansão da consciência, dirija-se ao Espaço Caliandra, templo com formato de gota onde a cantora Geetika propõe a vivência de harmonização pelo som através de cânticos sagrados e instrumentos raros. Agora, se você já é mais virado num Hare Krishina, conheça a fazenda Paraíso dos Pândava e cultive valores da não violência, dieta vegetariana, ajuda ao próximo e a busca da conexão com o divino, com direito a ouvir canto de mantras ao final do dia. Ainda surfando pelo Oriente, mas agora no taoísmo, conheça a Associação Holística Vale do Sol. Lá ocorre uma medicina que trata a raiz dos problemas e realiza diagnósticos por meio de entrevista e radiestesia – técnica milenar chinesa na utilização de pêndulos.

O PARAÍSO Em 2015, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros trouxe cerca de 60 mil visitantes, o equivalente a sete vezes a população de Alto Paraíso. Para 2017, está previsto um aumento dos atuais 65 mil hectares para 242 mil. Hoje, 60% do parque está dentro do município de Cavalcante e 40% em Alto Paraíso. Com a ampliação, crescerá em direção das cidades de Nova Roma, Teresina de Goiás e São João da Aliança. “Temos conhecimentos de cinco grandes belíssimas cachoeiras que ainda não são exploradas susten-

“Vou para a Chapada há muitos anos. Sempre fui a Alto Paraíso, mas foi em Cavalcante onde comprei um terreno. Minha intenção é construir uma casinha e me aposentar lá. Eu acho a região mais bonita da Chapada. Tem a água menos gelada do que Alto Paraíso, um cerrado denso e uma mata forte. A região tem muitos lugares deslumbrantes. Ali, decidi junto com amigos preservar os rios da região. E, é claro, não pode se falar de Cavalcante sem parar para comer na pizza da Júlia.”

MARIA PAULA atriz e escritora

“Eu frequento desde a adolescência e tenho casa há quase 20 anos. Escolhi esse lugar porque é mágico. Toda aquela placa de quartzo rosa faz uma vibração muito positiva, muito elevada. E tem uma população incrível com visitação de estrangeiros o ano inteiro. Eu recomendo visitar o Vale da Lua, uma formação rochosa que você não vê em nenhum lugar do mundo, talvez na Lua. Acho que lá é o lugar que reúne diferentes qualidades físicas. Daquele astral de ter muitos gurus, mestres e monges. De todo um movimento de gente espiritualizada, meditando em diferentes lugares ao mesmo tempo.”

RAINER CADETE ator

“Vou desde criança para a Chapada e já passei quatro Réveillons lá. Entrar em uma cachoeira me deixa renovado e tenho a sensação de que lá é a praia dos brasilienses. Eu recomendo para quem deseja conhecer algo mais rústico visitar Cavalcante. Atualmente, considero a Cachoeira do Segredo a mais linda. É uma trilha intensa que passa rio e sobe montanhas quando surge uma cachoeira gigantesca. Ela é bem poética e delicada. Vale a pena conhecer também o Paraíso dos Pândavas, para quem gosta de comida vegana, e tem um mestre de Hare Krishina, que ainda conta com a temporada de palestras do Siri Prem Baba. É um lugar que você pode trabalhar não só consigo mesmo, mas com Deus. Agora para quem quer conhecer uma comidinha nova eu recomendo experimentar uma iguaria muito boa do local, a castanha do baru, extremamente afrodisíaca.”

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São Bento

Foto Danie l

Carnie lli/Sh

utters tock

Catarata dos Couros

tavelmente”, adianta o diretor do parque, Fernando Tatagiba. As atrações seguem com grotas e com cânions que podem ter mais de 200 metros de altura, sendo necessários sete lances de rapel para descer. Novas mudanças devem ocorrer no parque. O Ministro do Meio ambiente José Sarney Filho anunciou recentemente a concessão de serviços de apoio à visitação. A direção do parque continuará sob administração do ICMBio, mas ficará a cargo da iniciativa privada organizar pagamento da entrada, transporte interno, estacionamento, lojas de conveniência e lanchonetes, aluguel de bicicletas e centro de visitantes com auditório e espaço para eventos.

ESCOLHA UMA CACHOEIRA Os valores variam entre R$ 15 e R$ 30.

ALTO PARAÍSO • • • • • • • •

SÃO JORGE •

ONDE FICAR TATIANA MANDELLI, empresária “Eu me apaixonei pela região em 2009. Depois disso resolvi fazer três anos sabáticos e me mudei para lá. Construí minha casa em Alto Paraíso. Depois vieram as dificuldades na educa ão do filho e tive que voltar para a cidade. Hoje, minha casa se transformou na Pousada Casa da Lua, onde eu recebo gente interessante. Um bom lugar para se conhecer é a feirinha orgânica que ocorre aos sábados em Alto. Ali você vê a população local no seu dia a dia, e tem a impressão de que está na Índia ou mesmo em outro planeta, diante de tanta gente estranha. E o mais interessante é a quantidade de gente ilustre nessa feira, e você nem fica sabendo quem é.

O QUE LEVAR Mochila pequena, roupas confortáveis, agasalho, sapatos de trilha impermeáveis, capa de chuva, cantil, lanterna pequena, maiô, shorts, boné, repelente, protetor solar, toalha pequena para os passeios e c mera fotográfica, claro

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Cachoeira da Loquinhas: distante 3km. Um complexo de sete poços. Trilha: 80m. Nível Fácil. Sertão Zen: Precisa de guia. Distante 6km. Trilha: 16km de ida e volta. Nível difícil. Cachoeiras Almécegas I e II: distante 9km. Na Almécegas I, nível de dificuldade médio pela subida e descida. Na , fácil. Trilha: 2km. Cachoeira São Bento: distante 9km. Trilha suspensa de madeira e tirolesa. No local são realizados campeonatos de polo aquático. Nível fácil. Trilha: 400m. Cachoeira dos Cristais: formada por várias cachoeiras charmosas. Distante 8km. Trilha: 400m. Nível: Fácil/Médio Catarata dos Couros: distante 50km (voltando para Brasília). Trilha: 2km. Nível: Fácil/Médio Anjos e Arcanjos – distante 14km. Trilha: Anjos 1km – Arcanjos 3km. Nível: Anjos Fácil – Arcanjos Médio/Difícil. Passeio de Balão: Uma hora de voo. Paisagens: limites do parque não acessíveis por terra e diversas serras da paisagem da região. Valor individual de R$ 590 no balão para oito pessoas ou R$ 1,8 mil no balão para duas pessoas.

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Saltos do Rio Preto: distante 1km. Trilha: 5km. Nível de dificuldade alto. Canyon 2 e Cariocas: Trilha de 4km. O Canyon 2 é um estreitamento do Rio Preto que entre rochas de quartzo forma em seu final um delicioso po o. Mais aproximadamente m de trilha e aparecem entre as pedras do Rio Preto em um espetáculo de quedas as Carioquinhas. Nível médio. Vale da Lua: distante 10km. Trilha: 700m. Nível fácil. Morada do Sol: distante 3km. Trilha: 1km. Nível fácil. Abismo: linda caminhada de aproximadamente 40 minutos a partir do mirante do pôr do sol com vista panorâmica da Estrada de Colinas. Nível médio. Raizama: distante 3km. Trilha: 2km. Nível: fácil, atenção com os cânions. Cachoeira Segredo: distante 14km. Trilha 8km cruzando o Rio São Miguel até sete vezes. Nível difícil.

CAVALCANTE •

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Santa Bárbara: 22km até chegar ao povoado dos Kalungas, quilombolas que vivem em estrutura semelhante a uma aldeia indígena. Trilha: 6km. Melhor horário: entre 11h e 13h quando a incidência do sol deixa a transparência da água ainda mais nítida. Nível: médio para difícil. Capivara: distante 22km. Trilha: 1km. Nível: Fácil. Cachoeira do Poço Encantado: distante 23km. Trilha: 1km. Nível fácil.





SOCIAL

Isabella Paolilo nas picapes

BELLA 4.5 AO LADO DE FAMILIARES E AMIGOS, A MÉDICA ISABELLA PAOLILO CALAZANS CORRÊA BRINDOU MAIS UM ANO DE VIDA NA LUXUOSA Q5 CLUB. REALIZADA PARA SELETOS CONVIDADOS, A FESTA FERVEU AO SOM DO DJ RAAS E DA BANDA CARIOCA JPG FOTOS: CE SO U OR

Os anfitri es da noite

aniversariante recebendo os parab ns

rederico orr a e sabella aolilo entre os filhos o o Victor, eovanna e o o arcos

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asal com o o amalho, da banda

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Pajens e daminha durante a cerimônia

BEMCASADOS Camila Zambelli e Zainun Bassem

CAMILA ZAMBELLI E ZAINUN BASSEM SE CASAM NO ICÔNICO SANTUÁRIO DOM BOSCO AO SOM DE ROGÉRIO MIDLEJ. NA SEQUÊNCIA, OS NOIVOS RECEBERAM OS 800 CONVIDADOS EM ANIMADA RECEPÇÃO NO UNIQUE PALACE FOTOS: FER A

ernando ois com a filha

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O E ER


O noivo entre os pais Bassam Massouh e Jacqueline Fassiha O noivo Zainun

Camila recebe o carinho da mãe Ludimila Zambelli

A festa trouxe cultura árabe

Giovana Pohl Nadia Yusuf

Os noivos abrem a pista de dança

Flaviany Leite e Eduardo Lira

Beijo apaixonado do casal

Matheus e Fernanda Menezes

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Tatiana Januário, Ivana, Gabriel Tomé, Diomédio Santos e Margot Albuquerque

HORÁRIO NOBRE IVANA E GABRIEL TOMÉ ABRIRAM AS PORTAS DE SUA RESIDÊNCIA EM GOIÂNIA PARA APRESENTAR O RELÓGIO CLÉ DE CARTIER STEEL. PROMOVIDO PELA JOALHERIA GRIFITH, O ENCONTRO TEVE DECORAÇÃO DE FABI GATTAI E FOI REGADO A PERRIER JOUËT FOTOS: A

Stephane Rassi, Victor Tomé e Fernanda Gomes

E FA A

Fernando e Natália Campos

Humberto Queiroz e Ângela Motta

s anfitri s com os n ela otta DJ Sony nas picapes

Andreia e Clara Rocha Lima

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Flávia Gouveia com Ivana Tomé

Marcelo Lourenço



Roberto Rosa, Cláudia Rosa e Tatiana Januário

Diomédio Santos, Isabella Ferreira, Erik Figueiredo e Margot Albuquerque

Kiko e Janaina Caputo

Carlos Campana e Marcelo Soares Jordana e Otávio Noronha

Felipe Regis e Bernadette Vitorino

HORA DE LUXO DIOMÉDIO SANTOS, MARGOT ALBUQUERQUE E TATIANA JANUÁRIO APRESENTAM A NOVA COLEÇÃO PILOT IWC. ORGANIZADO NA LOJA GRIFITH DO SHOPPING IGUATEMI, O COQUETEL DE LANÇAMENTO TEVE BUFFET ASSINADO POR UMAMI FOTOS:

O A

A BE BO

Rodrigo dos Anjos e Paulo Marcelo Leite

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Romero Hatem

Thiago Zardo e Bosco Santos



SOCIAL

Jacopo Bellati e Isadora Badra

ISADORA & JACOPO A entrada da noiva com Rafael Badra

JACOPO BELLATI E ISADORA BADRA UNEM OS LAÇOS EM CERIMÔNIA INTIMISTA NO LAGO SUL. COM CERIMONIAL ASSINADO POR FELIPE CARVALHO, O EVENTO TEVE DECORAÇÃO DE VALÉRIA LEÃO E BUFFET RENATA LA PORTA FOTOS: FER A

O E ER

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Rafael e Silvia Badra

Daniel Badra

A cerimônia foi conduzida por Pedro Cassar

Os pais do noivo

A noiva entre as amigas

Júlia Zardo pegou o buquê

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ofia ei oto

Julia Peixoto e Giampiero Rosmo

Romy Tokarski

Lourenço e Rosália Peixoto

Maria Tereza Rosmo com Giampiero

JULIA & GIAMPIERO Julia e Lourenço Peixoto

Sarah Tolentino e Khalil Faraj

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JULIA PEIXOTO E GIAMPIERO ROSMO TROCAM ALIANÇAS EM PIRENÓPOLIS, GOIÁS. REALIZADA NA CAPELA DE SANTO ANTÔNIO, NA FAZENDA DA FAMÍLIA DA NOIVA, A UNIÃO CONTOU COM BÊNÇÃOS DE FREI OSLAN E A PRESENÇA DE 600 CONVIDADOS FOTOS: CÉSAR REBOUÇAS

Joana Peixoto

A charmosa Capela de Santo Antônio na Fazenda Coqueiral

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Maria Luiza entre Dadinha e Luiz Baracat

NOITE DOS SONHOS Lucyanna Baracat e George Pantazis

MARIA LUIZA BARACAT COMEMORA 15 ANOS EM GRANDE ESTILO. ORGANIZADA NA MANSÃO FLAMBOYANT, A FESTA PARA 550 CONVIDADOS FERVEU AO SOM DOS DJS SHARK, DENNIS E MATHEUS HARTMANN FOTOS: FER A

O E ER

A debutante entre Luiz Felipe e Pedro Baracat

Christo, Paula e Nicole Rodopoulos Lorena, Karen, Karina e Roberta Rosso Gustavo, Mônica e Nadim Haddad

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Izabella Sena e Maria Luísa Cascão

Lucas Augusto e Pedro Maciel



Pedro Henrique Valadares e Nathália Abi-Ackel

Os noivos Carlos Flávio Marcílio e Janete Vaz

AMOR ENCANTADO PEDRO HENRIQUE VALADARES E NATHÁLIA ABI-ACKEL SE CASAM EM CERIMÔNIA NA IGREJINHA DO CENTRO CULTURAL INHOTIM, EM BRUMADINHO, MINAS GERAIS. PARA A OCASIÃO, A DESIGNER INOVOU AO DEIXAR DE LADO O TRADICIONAL VESTIDO BRANCO DE NOIVA E OPTAR POR UM MODELO COLORIDO BELÍSSIMO DA GRIFE GUCCI FOTOS: BRUNO STUCKERT

Renata An

A noiva com a tia Vivianne Piquet

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A mãe da noiva Valéria Leão

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Cláudia e Guto Valadares

Luiza e Isabella Bittar

A entrada de Nathy com o pai Paulo Abi-Ackel

A graciosa Sophia

Janaína Ortiga com Paulinho Moema Leão

Renata Antunes, Mayra Sarkis e Carlos Issa

Valéria Bittar emocionou os presentes

Pedro entre os padrinhos

Daminhas e pajens

Abraço de Babi Souza

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bela ofia ar ie ic

A valsa com o pai

CONTO DE FADAS ROGÉRIO E MARIA LETÍCIA MARKIEWICZ CELEBRAM A CHEGADA DOS 15 ANOS DE SOFIA. PARA OCASIÃO, A JOVEM VESTIU UM MODELO ROMÂNTICO ASSINADO POR PATRÍCIA BONALDI E ELEGEU UM LETICIA MANZAN PARA DANÇAR A VALSA FOTOS: UARA BA

o rio, ofia, et cia e

lia brindam a data

Vict ria aciel e aria duarda arreto

Marília e Rodrigo Nogueira A aniversariante entre as amigas

Lucas Santana, Raquel e Isadora Lemos

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Maria Teresa, Maria Helena e Bárbara Lemos Daniel Rodrigues, Gabriel Camargo e Mateus Bernardes



Priscila Davis, Júlia Catita, Gabriela Dourado e Isabel Oliveira

Tatiana Lupiano e Guilherme Davis

A noiva com o irmão Ricardo Lupiano Andrade

Gabi com o pai Swedenburg Paula Lupiano

TATI & GUILHERME

Os noivos entre Luis Fernando Resende e Vivianne Rocha

TATIANA LUPIANO E GUILHERME DAVIS SELAM O AMOR EM CERIMÔNIA AO AR LIVRE NO PARK WAY. TRAJADA EM UM MODELO DA ESTILISTA MARIA VIRGÍNIA, A NOIVA EMOCIONOU OS CONVIDADOS AO ENTRAR NA NAVE ACOMPANHADA DO IRMÃO RICARDO FOTOS: FER A

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Patrícia Lupiano e Luciano Guará

148 « GPSBrasília Fernando Carvalho e Rodrigo Rollemberg



Basile Pantazis e Rozana BaracatO noivo com a mãe Maria

Vanessa Souza Lima e Daniel Conde

VANESSA & DANIEL

A entrada de Vanessa com Luiz Lima

O SANTUÁRIO DOM BOSCO FOI O CENÁRIO ELEITO PARA O MATRIMÔNIO DE VANESSA SOUZA LIMA E DANIEL CONDE. A AGITADA FESTA FOI NO HÍPICA HALL, EMBALADA POR WAGNER SIMÃO, MC SAPÃO E DJ GUILHERME GUERREIRO FOTOS: FER A

O E ER

Denise Lima

Jorge Palhares e Isadora Campos

Marina e Fabrício Galvão

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Pedro Marra, Camila Cenci e Eduardo Baron

O cantor sertanejo Wagner Simão

Monnike Falcão



SOCIAL

A graciosa debutante

NATY, 15 DANIELA E SÉRGIO KNIGGENDORF FESTEJAM O ANIVERSÁRIO DE 15 ANOS DE NATALIA EM NOITE MEMORÁVEL. APÓS A VALSA COM O PAI E O PADRINHO GUGA, A JOVEM ABRIU A PISTA DE DANÇA AO SOM DO TRIO DE DJS MAKE U SWEAT FOTOS: CE SO U

OR

Daniela, Natalia, Júlia e Sérgio Kniggendorf

Naty nas picapes

A valsa com o pai Sérgio

O trio de DJs Make U Sweat

A jovem entre as daminhas

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SOCIAL

Marcelo Petrarca e Marcella Pinho

UM GRANDE AMOR

Os noivos recebendo a bênção

Marcelo Petrarca e Marcella Pinho entre os padrinhos

O CHAPADÃO DE PIPA, RIO GRANDE DO NORTE, FOI O LOCAL ELEITO PARA O CASAMENTO DE MARCELO PETRARCA E MARCELLA PINHO. COM VISTA PARADISÍACA, A CERIMÔNIA FOI EMBALADA PELA ORQUESTRA AMISTAD E A NOIVA USOU UM VESTIDO ASSINADO PELA ESTILISTA BRASILIENSE LUISA FARANI FOTOS: CE SO U

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Os recém-casados entre os familiares

Petrarca emocionado

Paulo e Ana Paula Gontijo

O brinde dos noivos

Os novios no paradisíaco Chapadão de Pipa

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DANI & LUCAS DANIELA BITTAR E LUCAS BORGES SE CASAM NA CHARMOSA IGREJA NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO. COM CERIMONIAL ASSINADO POR MARCELO PIMENTA, A RECEPÇÃO REUNIU 400 CONVIDADOS NA MANSÃO DOS FLAMBOYANT, NO PARK WAY FOTOS: CE SO U

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Lucas Borges e Daniela Bittar

O casal apaixonado

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O brinde dos noivos com os pais

Marcelo, Valéria, Luiz Elbel, Cláudia e Lucas Bittar

A noiva com Alice Bittar

Família Bittar reunida

Família Borges ernanda ittar com o filho

Nos embalos da dança árabe Brincando com o véu da noiva

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COSTANZA PASCOLATO POR PAULA SANTANA FOTOS CELSO JUNIOR

S

ão Paulo – Um navio italiano trazia uma menininha de cinco anos agarrada à barra da saia de sua mãe, cujo destino para ela ainda era desconhecido. O que seria o Brasil exatamente para Costanza Maria Teresa Ida Clotilde Giuseppina Pallavicini Pascolato? Com os pais, Michele e Gabriella, e o irmão mais novo, Alessandro, em 1946, a garotinha primogênita da aristocracia de Siena desembarca em São Paulo para o início sua bela história. A família, fugida da Segunda-Guerra Mundial chegava sem nada. Poucas eram as roupas. Haviam deixado o patrimônio para trás: palecetes na cidade, casa no lago, fazenda, terras. Todos os bens materiais foram saqueados, invadidos, roubados. Mas alguns elementos não lhes foram tirados: a força do trabalho, a esperança do recomeço, a alegria da oportunidade. E a herança cultural, legado este que se transformaria, em seguida, no maior tesouro de Costanza. Foi essa a história de boas-vindas que recebemos ao chegar ao apartamento de Costanza, em Higienópolis, para uma tarde com a mais impressionante mente da moda brasileira, cuja experiência em 72 anos de Brasil e 50 de carreira ainda em plena atividade é cobiçada por grandes marcas. Com olhar infalível para a moda, ela desvenda o momento, analisa o compor-

tamento, antecipa a tendência. “Eu sei que eu sei. Mas não sei como eu sei, entende? Eu tenho o olhar. Essa é a minha expertise”. Mas até chegar ao tema Moda, algumas horas de puro deleite se passaram. Tínhamos muito o que conversar. Aliás, eu tinha muito o que aprender. Minha sábia missão deveria ser: ouvir e observar. Foi o que fiz. Costanza é de uma generosidade tão grande que um de seus prazeres é dividir o que sabe. Ela não omite nada. Debate tudo, até ficar bem claro. “Presta atenção”, “Entendeu?”, “Não é isso…”, “Para e pensa”, dizia minha mestra ao longo da nossa entrevista, sempre buscando saber se eu estava atenta. Claro que sim. “Meus pais perderam tudo e eles nunca se incomodaram. Chegamos pobres aqui. Mas aos poucos fomos recuperando e trazendo as coisas de volta”, conta. “Você tem noção do que é uma guerra? Sabe a Síria, aquele cenário trágico? Londres, Alemanha ficaram daquele jeito em algumas partes”. E segue: “Mas eles chegaram ao Brasil com a intenção de recomeçar. Porque eram cultos, educados e tinham dignidade e coragem. Ambos me ensinaram: ‘Quer as coisas? Então, trabalhe’”. Costanza discorria sobre esse assunto porque falávamos do belo


apartamento onde mora. Já na chegada, os brasões da família em tamanho real bordados a fio de seda e emoldurados no hall de entrada. Desde que sua mãe, dona Gabriella, morreu, a amiga Marilu Beer refez os ambientes para acomodar todo o acervo da família Pascolato. “Eu dou muito valor às coisas da minha mãe por causa dessa guerra que te contei. Aqui, tem peças dos séculos XVII e XVIII”, conta, viajando no tempo. “Pouca coisa minha, de estilo moderno, sobrou”. Quando aportaram em São Paulo, foram recebidos pelos Matarazzo. “O Matarazzo passou uma semana de lua de mel na casa do meu avô, em Veneza, durante a Bienal de 1936. Então, a gente não veio pra cá de migrante desconhecido. Nós não tínhamos nada, estávamos pobres, e eles eram muito, muito, ricos, a quinta fortuna do mundo. Mas frequentávamos a casa deles. Era ótimo. Fiz amigos de tudo quanto é jeito. Minha mãe pegava o tecido da cortina, lavava e mandava fazer roupa pra gente. Mas sabe que eu nunca tive complexo de inferioridade por isso?”. Nesse momento, estávamos sentadas num recamier em uma das salas, quando ela cessa sua fala, e num tom baixinho, confidencia: “Eu tô até transpirando de vergonha, contando tudo isso para você. É a minha história, eu gosto dela, mas, pelo amor de Deus, eu não quero ser esnobe”. Em 1947, a família abriu a tecelagem Santaconstância e tudo passou a fluir. Costanza conta que, tão logo as coisas se acomodaram por aqui, voltou a

frequentar anualmente a Itália, em 1951. Em Florença, ela cursava História da Arte, uma de suas paixões. Na verdade, Costanza não tinha como fugir dessa sensibilidade estética. Os pais e avós eram intelectuais. De alto garbo. “Tinham salões literários e musicais na casa do meu avô. Os convidados ficavam semanas, meses hospedados na casa de Veneza, discutindo questões sociológicas”, relata, lembrando que cresceu ouvindo Vivaldi. “Mas depois fiquei rebelde e pulei para os russos, encantada com Tchaikovsky e Stravinski”. Não era surpresa, portanto, a sociedade paulistana querer que os Pascolato estivessem em todas as rodas sociais. O tempo passou, e Costanza debutou com um lindo vestido Dior. É evidente que nessa época seu apuro pela moda já existia. Sua mãe, que comandava a tecelagem, a mantinha informada de qualquer novidade. Ela até viu Coco Chanel, de longe, durante uma viagem a trabalho com dona Gabriella a Paris. ”Quando minha mãe começou não existiam confecções, apenas costureiras e ateliês que atendiam em casa. e gente vendia a metro”. Costanza foi criada num ambiente severo. Os pais achavam que criança não tinha vontade. “Mas eu era um pouco rebelde, considerada uma filha difícil porque tinha ideias próprias. Eu não tenho tantas ideias próprias assim, mas eu sempre segui o caminho que queria”. Os anos chegavam a 60. “Vou falar, vai… eu era lindona, e sabia que era”. Ela se casou, vestida de Balenciaga, em 1962, com GPSBrasília « 161

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JUVENTUDE

Eu montei um totem de mim mesma. Preciso dos óculos para enxergar, mas também para me esconder um pouco porque a juventude não está mais ali. Eu levo uma hora e meia pra montar essa cara. Vou ao salão semanalmente e os demais dias me arrumo sozinha em casa.

JOVENS

O chato é que eles querem tudo imediatamente. Isso tira a curtição da coisa. Eles recebem tudo pronto. Por causa da velocidade dos novos tempos, não conhecem o tempo de maturação, o tempo da espera para que as coisas sejam feitas da melhor maneira.

o banqueiro Robert Hefley Blocker. Em 64, nasceu Consuelo e, em 66, Alessandra. Em 1970, a família mudou-se para o Rio de Janeiro e, enquanto o apartamento não ficava pronto, eles moraram no Copacabana Palace. Foram onze anos de casamento até que o marquês italiano Giulio Cattaneo surge e tudo vira de cabeça para baixo. “Fui viver o amor da minha vida”. Michele, pai de Costanza, indignado, a deserdou. “Foi complicado. Tive que começar de novo. Meu pai achava que eu não tinha juízo. Mas quer saber… foi bom pra mim”. Costanza ficou sem as filhas, deixou a tecelagem e começou a trabalhar na editora Abril. “Eu não sabia escrever uma frase. Tive que aprender”, conta sobre o começo da carreira na Claudia. “Eu fui rejeitada pelas jornalistas, que me chamavam de dondoca”. Mas lá ela atuou com maestria por 20 anos no comando da revista. Em 1987, deixou a editora, pois seu pai estava doente e ela precisava voltar para a fábrica da família. Passou a escrever uma coluna na Folha de S. Paulo e em 1991 começou na Vogue, onde está até hoje. “Eu trabalhei no período mais legal. Tínhamos influência. O impresso viveu o auge junto com a expansão da indústria da confecção”, rememora. “Vamos lá… Quais foram as marcas que começaram a fazer moda nos anos 80? As de jeans. Zoomp, Forum, Company, Yes Brazil. Foi a era do índigo e a indústria têxtil ganhou muito dinheiro”. Mas se Costanza estava no auge de sua relação com a moda, o pior chegaria em seguida. Giulio morre de enfarte em 1990. Vem a depressão, e dois anos depois a descoberta do câncer de mama – pela primeira vez. “Ele foi meu

MILLENNIALS

Eu sou fascinada com comportamento. E me interessa muito essa geração que nasceu após a internet. Eles têm uma mentalidade diferente e buscam roupas e objetos que lhes proporcionem uma nova experiência.

BRASIL

Minha terra é o Brasil, tanto que nunca pensei em mudar. Eu devo tudo ao Brasil. Você acha que eu seria toda essa coisa se eu estivesse na Itália? Claro que não. O Brasil é de uma generosidade extraordinária.

único amor. Até hoje”. Em 1995, ela conhece o jornalista e produtor Nelson Motta. Vivem um romance à distância, entre Nova York e São Paulo. Casam-se em 1999, no Harlem, mas em 2001 encerram a relação. “Eu parei por aí, né?”, diz. “Eu vivo em perpétua lua de mel comigo mesma. A vida inteira foi assim”, responde quando pergunto se ela se sente sozinha. Os netos nasceram nessa época. Hoje, Cosimo, 23, e Allegra, 20. Ele estuda Administração com foco em luxo. E ela, cinema para internet. “O estudo dos meus netos é por minha conta. Um em Londres e outro nos Estados Unidos. É o legado que deixarei pra eles. Você sabe que sou melhor avó do que fui mãe, né?”. Um pouquinho do que sabe e muito do que ensina foi parar em livros que se tornaram best-sellers. Em 1999 ela lança Essencial, reeditado recentemente pelas filhas, e em 2009, Confidencial. Em 2008, o reconhecimento: condecorada “Commendatore dell’Ordine della Stella” pelo governo italiano como uma de suas cidadãs ilustres. A primeira década do século para Costanza caminhou calmamente. “Eu sou uma das poucas pessoas no País que têm a experiência de ter a oportunidade de ver tudo até hoje. Quando eu cheguei ao Brasil tinha telefone à manivela. Hoje eu tenho dois celulares e dois iPads”. E eu pergunto: 'por que dois de cada?'. Ela responde: “porque eu sou uma anta tecnológica e não sei fazer duas coisas ao mesmo tempo. Tipo falar e procurar algo”. A morte de dona Gabriella, em 2010, foi outro baque para Costanza. “Eu sabia que ela estava velhinha, e tal, mas conversando com meu psicanalista, vi que a causa de tudo era porque não havia mais ninguém atrás de mim. Isso

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LUXO

MODA

mexeu comigo”, confidencia, já no final da nossa conversa, depois de me levar para percorrer a casa, me apresentar os quadros e, por fim, me mostrar a famosa biblioteca. “Essa é do tempo que se comprava livro”. E lá vem sua generosidade de novo: “vem cá. Eu quero ler para você um artigo da The New Yorker sobre geopolítica, publicado na revista Piauí. Você precisa saber disso”. O título era: Trump e os limites da democracia. Por que os Estados Unidos se tornaram um terreno fértil para a tirania. O tema era bastante complexo e eu precisaria de, ao menos, mais um turno com ela. Vale ressaltar que Costanza, desde 2014, segue anualmente para Nova York para se reciclar neste tema. Entretanto, voltando… falávamos de morte e trauma. Até porque, pouco tempo depois, Blanche Raval, a governanta suíça que lhe ensinou a ler e a escrever, morreu também. “Ela foi minha mãe simbólica. Eu a amava. Era uma irmã para a minha mãe. Deixou tudo no seu país para nos acompanhar. Criou meus filhos e meus netos”. E Costanza reage: “eu já sabia… Veio o câncer de novo, dessa vez na outra mama. A sorte é que eu pego sempre no comecinho e estava nas melhores mãos. Mas não tem jeito. Eu fico apavorada, depois deprimida, me sinto fraca. Peguei tudo quanto é doença… por causa do sistema imunológico baixo. Mas eu sempre reajo. Eu reclamo, bufo, mas não desisto”. Eu pergunto se ela acha que se tornou uma pessoa diferente depois da doença. Ela responde: “Eu fiquei mais suave. Porque sempre fui muito rígida. Mas eu tenho tanto reconhecimento, gentileza por parte de tanta gente… eu não entendo como as pessoas

ainda me dão bola”. A minha pergunta: “Você é autoritária?”. “Sou. Mas só porque eu sei o que eu quero”. E, já que ela resolveu falar mais sobre si mesma… até então falávamos de histórias, descobri que seu ascendente é Sagitário. “Eu sou uma virginiana que tem uma bengala para desentortar os quadros mais altos. Quando descobri que era também sagitariana, foi uma alegria. Pensa… 77 anos e faço cinco consultorias, escrevo todo dia. Até cinco anos atrás era moleza. Mas hoje o dia passa e quando vejo fiz duas coisicas bobas”. E vem a dúvida de como ela consegue ter tanta informação, uma memória tão precisa… “Eu sou uma desmemoriada, sabe. Mas nem me importo. Acho até bom. Eu me cerco de coisas de qualidade, vamos falar a verdade. Até porque sou muito tendenciosa. Procuro competência e qualidade de informação. Eu tenho amigos que são inteligentes e presto atenção”. Todavia, insisto: “quer saber o que eu tenho? Um raciocínio sobre o contemporâneo. Mas eu leio muito. Notícia pra mim é pela manhã no rádio para entender em qual encrenca a gente se meteu naquele dia”, diz, rindo. Nessa hora, ela levanta. “Vou lá dentro vestir um casaquinho porque já está esfriando. Ela volta ainda mais elegante com um cashmere preto sobre a skinny e a blusa igualmente pretas. O tênis branco. “E esse anel de caveira?”, pergunto. “Meu neto me deu”. Senti que era o momento de irmos, apesar do pedido para ficarmos para mais um café. Nosso tempo ali era finito. Que pena, Costanza é prosa para uma revista inteira e ainda assim faltarão páginas em branco para ser preenchidas.

É o que é raro, portanto, caro. O que as marcas de moda fizeram foi esculhambar com isso numa gestão brilhante, onde todos acreditavam que tinham direito. Agora desvalorizou demais. Luxo também é estilo de vida. Para mim, hoje em dia, é saúde. Ter uma família que cuida de você, que te respeita, que te dá valor.

A moda no Brasil acompanha o padrão norte-americano, que é baseado no varejo. A moda de nicho, a de pequenas marcas que se distinguem do fast fashion, vai continuar existindo porque ninguém mais quer ser igual ao outro. De resto, se acontecer um gênio criativo é ótimo para um ou outro que usará essa roupa. Mas é só. Nunca poderemos ir além da necessidade do consumidor.

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RETRANCA

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ELA ARRASA MUITO UMA ESPETACULAR CARREIRA DE MODELO NO INÍCIO DOS ANOS 2000 FEZ DA GAÚCHA UMA DAS TOPS MAIS BEM PAGAS DE SUA GERAÇÃO. DESDE QUE VOLTOU PARA O PAÍS, ATUA COMO ATRIZ E SE PREPARA EM 2017 PARA ESTREAR NO CINEMA AO LADO DE BRUNO GAGLIASSO E VIVER UM ÉPICO TEATRAL COM RÔMULO ARANTES NETO

L LETÍCIA BIRKHEUER POR PAULA SANTANA FOTOS RICARDO PENNA STYLING ALÊ DUPRAT

R

io de Janeiro – Letícia Birkheuer tem o conjunto de atributos necessários para elevar o astral, dar uma boa risada, ouvir uma ótima história num eventual dia cinzento. A sobriedade alemã definitivamente se limitou ao sobrenome paterno. Talvez ela tenha herdado a vivacidade italiana, outro pedacinho seu, que visivelmente prevalece no modo de se comportar. Apenas isso já faria da atriz uma excelente companhia. Se acrescentar a beleza sulista, do Rio Grande do Sul, incrementada pela bossa carioca, a mistura está perfeita. O resultado, segundo seus amigos: “A Letícia é bafo”. Ela é bafônica, sim: despachada, rápida, autêntica e bem-humorada – extrovertida. Aquela lista de exigências típicas de atrizes e seus agentes para um trabalho profissional? Que nada! “Quero arrasar”, ela brada. E basta. Para o shooting, uma franja. O novo visual pós-temporada de Malhação, em que interpreta Monique, a professora de Educação Física. Segundo ela, “tira um pouco do personagem

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da tevê”, uma vez que, por ora, dedica-se ao teatro, no qual atua ao lado do ator Allan Souza Lima na peça Dedo Podre, baseada no livro de nome homônimo, assinado por Nivea Stelmann e Lua Veiga. “Eu não saio do palco. Estou em todas as cenas, querida”, diz com voz cheia de energia. A sessão fotográfica foi no novíssimo Yoo2, em Botafogo, cujo um dos associados é Philippe Starck. Ao saberem que se tratava de Letícia, o hotel preparou a melhor suíte com a mais espetacular vista da Baía de Guanabara. “Nós adoramos a Letícia”, disse Marcelo Marinho, diretor do empreendimento. Ao longo da tarde, vários convites surgiram: uma festa na Lagoa, um fim de tarde no Baixo Gávea, um trabalho bacana para a manhã seguinte e até o convite especial de um pretendente, quem sabe. Ela rejeitou todos. “Vou ficar com meu filho. Atualmente, meu tempo livre é todo para ele”, gaba-se, referindo a João Guilherme, cinco anos, fruto de seu casamento com o joalheiro Alexandre Furmanovich, de quem se separou há três anos.

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Vestido e sandรกlia Ateen rincos e anel rifith


Tratamento de imagem: Estúdio Insônia Beleza: Edilson Ferreira Produção de moda: Marcella Klimoviczk Produção executiva: Karine Lima Locação: Yoo2 Hotel

Maiô e quimono Lenny Niemeyer Brincos e pulseira Camila Klein Sandália Schutz



Aos 38 anos, taurina com ascendente em Sagitário, Letícia vive ótima fase profissional. “Eu corro atrás. Não fico parada, não”. Desde 2014, vem colhendo ainda os frutos de sua performance ao lado de Paulo Betti na novela Império. Juntos, incendiavam a sociedade com um blog noticioso, vivendo os jornalistas Erika e Teo. “Foi um presente do Aguinaldo Silva. Eu me preparei muito para o papel”, relembra. Vale dizer que a primeira vez que atuou em novela foi na pele de outra Érica, em Belíssima, de Sílvio de Abreu. Letícia sempre foi muito determinada e disposta a se jogar nas oportunidades que lhe apareceram ao longo da carreira. Se fosse para manter o script, ela seria uma exímia jogadora de vôlei no time de Passo Fundo. Mas como discorre o relato de lindas adolescentes do Sul do País, um olheiro lhe achou nas quadras esportivas e imediatamente providenciou o seu estrelato nas passarelas. Foi aí que começou a sua ascensão, coincidindo com a fase áurea da moda nacional. O sucesso não tardou e ela explodiu na Europa. Birkheuer assinou contratos com importantes maisons. Definitivamente, era o seu momento. Estampou campanhas milionárias de Helena Rubinstein e foi pessoalmente escolhida por Giorgio Armani para lançar o perfume Armani Mania. À época, ele disse que a modelo era a mais bonita do mundo. Também lançou Purê Poison da Dior, com John Galliano na direção criativa da marca, e uma linha de maquiagem para Chanel. Na passarela, Jean Paul Gaultier, Louis Vuitton, Valentino e Versace. O mais importante

convite veio em 2002, quando foi escolhida para ser uma das angels da Victoria’s Secret . Foram dois anos consecutivos. ”Olha que máximo essa campanha do Armani”, mostra a foto de seu celular, rememorando a ocasião quando estava de cabelos bem curtos. Mas nada de nostalgia… “É para frente que se anda”. Com o cofre bem abastecido em função dos anos em que trabalhou fora do País – ela foi a sétima modelo mais bem paga do mercado –, Letícia decidiu tornar-se atriz. Foi aluna da New York Film Academy. De lá para cá, dez anos se passaram desde a sua estreia na TV Globo, em 2005. Para já, Letícia anda empolgadíssima com dois trabalhos para 2017. “Vou interpretar uma das namoradas de Jorginho Guinle no filme O Diário de um Playboy”, revela, anunciando Bruno Gagliasso na pele do bon vivant, que torrou sua fortuna em festas e viveu no Copacabana Palace até falecer de aneurisma. Outra boa novidade que faz os olhos de Birkheuer brilhar é sua interpretação na Paixão de Cristo, em Nova Jerusalém, Pernambuco. Ela será Maria. “Imagina o tanto que já estou me preparando emocionalmente para viver esse personagem?”, indaga. O momento é bastante especial. O espetáculo completa 50 anos. Ela contracenará com Rômulo Arantes Neto, que viverá Jesus Cristo. “Estou animada. 2017 será um grande ano. Com a proteção de Maria”. E finaliza: “Ah, avisa para Brasilia que eu quero levar minha peça para lá, hein?”.


Panneaux e saia Ortiga olar rifith


Blusa e saia Louis Vuitton Brincos e pulseiras Camila Klein


Vestido Prada Brincos e anel Carla Amorim Sandรกlia Schutz


MaiĂ´ e saia Dolce&Gabbana Brincos e anel Carla Amorim SandĂĄlia Schutz



BiquĂ­ni e saĂ­da de praia Adriana Degreas para Quadra


Vestido Burberry Bolsa Gucci Brincos e anel Carla Amorim


MaiĂ´ Lenny Niemeyer Colete Ateen olar rifith





EDUCAÇÃO

UM MUSEU COM GRANDES NOVIDADES

D

e grandiosidade ímpar e prodigiosa, o desfile Senai Brasil Fashion iluminou a Capital Federal em todos os sentidos. Em novembro de 2016, nomes locais e nacionais do universo da moda se reuniram em Brasília, nas dependências do Museu Nacional da República, para prestigiar a última etapa do projeto, que se realizou paralelamente à Olimpíada do Conhecimento 2016, a maior competição de educação profissional das Américas, promovida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, o Senai. 184 « GPSBrasília

Com o objetivo de revelar novos talentos da moda do País e fomentar a indústria têxtil nacional, o projeto educacional SBF é resultado de uma parceria de sucesso entre o Senai e a Confederação Nacional da Indústria, a CNI. Tudo acontece no formato de um reality show: após a seleção de 12 alunos de diferentes estados por meio de edital, eles recebem orientações de quatro renomados estilistas sobre todas as etapas de desenvolvimento de uma coleção de roupa. Nesta


BRASÍLIA É ANFITRIÃ DO MAIOR ENCONTRO EDUCACIONAL DE MODA DO PAÍS, O SENAI BRASIL FASHION, QUE REVELOU O TRABALHO DE 12 JOVENS TALENTOS NUMA BELA APRESENTAÇÃO NAS DEPENDÊNCIAS DO MUSEU NACIONAL POR LARISSA DUARTE « FOTOS CELSO JUNIOR

edição, o time de coaches foi elencado por ninguém menos que Alexandre Herchcovitch, Ronaldo Fraga, Lino Villaventura e Lenny Niemeyer. Para o diretor-executivo do Senai Cetiqt, Sérgio Motta, o projeto não só colabora para o futuro da moda brasileira, como também fortalece a educação profissional dentro do País. “Após a conclusão desse projeto, os alunos passam a ser multiplicadores para a indústria. O setor de vestuário e confecção depende de um design

estratégico para ser fortalecido, e é isso que esses novos estilistas trazem”, explica. “A formação técnica facilita a entrada no mercado de trabalho e abre oportunidades para jovens brasileiros que não têm acesso ao ensino superior. Este é o momento certo de investir em educação para que o jovem e o trabalhador desempregado estejam mais qualificados quando o crescimento econômico for retomado”, disse Robson Braga na abertura do grande evento. GPSBrasília « 185


RETRANCA

O GRANDE DIA A noite que revelou as coleções finais dos 12 estudantes se deu com welcome drink na área de convivência do Museu. Após a recepção e os primeiros cumprimentos entre os convidados, eles se dirigiram para o interior da cúpula do monumento, lindamente iluminado com projeções ultra tecnológicas, para assistir à cerimônia seguida de desfile comandado pela modelo e apresentadora Mariana Weickert.

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A seguir, os convidados assistiriam ao resultado de meses de trabalho com jovens talentos estudantes do Senai, que tinham a missão de traduzir a estética de Inhotim, museu a céu aberto em Minas Gerais, onde todos ficaram imersos para que suas inspirações particulares viessem à tona antes de iniciar o processo criativo e de desenvolvimento ao lado de seus coaches. O tema: Transformação.


No front row da passarela, personalidades influentes – Glória Kalil, Lilian Pacce e Costanza Pascolato – prestigiaram a criatividade da nova geração. Além delas, digital influencers como Hugo Gloss e Niina Secrets também ocupavam as primeiras cadeiras, registrando o desfile ao vivo para os internautas de plantão. Representando a Capital, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, acompanhado da primeira-dama, Márcia Rollem-

berg, e o secretário de Cultura Guilherme Reis. “A moda é uma indústria que cada vez mais desperta interesse e movimenta a criatividade, o talento e a inovação. Brasília tem a característica de sediar eventos que representam a modernidade e, ao lado disso tudo, projetos como esse colaboram para a geração de oportunidades, empregos e movimentação da economia”, analisa Rollemberg.

Antes de cada pocket show, um pequeno filme apresentava cada estilista, a sua origem e inspiração. Na sequência, entre três e seis modelos adentravam a passarela com as criações repletas de conceito, sonho e atitude. Cada talento tinha a sua top model e um casting de new faces. Em um jogo de luz e som, a característica singular das coleções era evidenciada com projeções personalizadas, assim como as trilhas sonoras. Foi um verdadeiro espetáculo que emocionou o público presente. “É muito gratificante saber que existe um projeto social de tal porte que veja a moda como caminho para futuros profissionais que desejem fomentar esse segmento”, diz a designer Carla Amorim.

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A TRANSFORMAÇÃO DIANTE DE GRANDES NOMES DA MODA NACIONAL, ESTUDANTES SELECIONADOS APRESENTAM SUAS MINICOLEÇÕES EM CENÁRIO TECNOLÓGICO Na hora de finalmente fazer a passarela do Senai Brasil Fashion 2016 brilhar, nada poderia ter sido diferente. Muita expectativa e orgulho para Alexandre Herchcovitch, Ronaldo Fraga, Lino Villaventura e Lenny Niemeyer ao verem os alunos realizados. Com um combo cinematográfico de luzes, projeções, som e a autenticidade dos looks na passarela, os quatro observavam atenciosamente as criações dos seus 12 alunos sendo apresentadas ao público. No fim do desfile, a nova geração de estilistas não escondeu a emoção ao presenciar seus ídolos e personalidades da moda nacional aplaudirem suas peças da primeira fileira. As modelos vestiam roupas inspiradas em histórias de vida, elementos da natureza, sentimentos, fruta e até inseto.

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Lenny Niemeyer, Ronaldo Fraga, Lino Villaventura e Alexandre Herhcovitch

OS MESTRES

A

poesia de Ronaldo Fraga, a precisão de Alexandre Herhcovitch, a identidade de Lino Villaventura, a gestão de Lenny Niemeyer são alguns dos atributos desses grandiosos estilistas que há décadas elencam o primeiro-escalão da moda nacional e servem de referência e inspiração para uma nova geração que busca conceito, técnica e personalidade

Qual a importância de um projeto dessa grandiosidade para o segmento?

colocam em prática a teoria antes de se lançarem no mercado de trabalho.

Alexandre – Total. Projetos que revelam novos designers e mostram que há várias possibilidades de trabalho na moda são importantíssimos. Novas gerações têm muito a dizer também.

Lino – É muito importante tanto para nós, que passamos informações, coragem e segurança, quanto para eles, que tem oportunidade de mostrar a capacidade de produção. É uma troca.

Ronaldo – Oxigenar o mercado lançando novos profissionais com domínio técnico e conceitual.

O que você ensina como orientador dessa nova geração de estilistas?

Lenny – Altamente incentivador, pois abordamos todas as etapas de uma coleção, de maneira que eles

Alexandre – Observo como a nova geração pensa e passo a eles tudo aquilo que aprendi até agora.

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Ronaldo – Incentivo a aproximar o conceito e a pesquisa ao domínio técnico. Lenny – Não basta criar, é preciso entender como gerir uma empresa. Ter humildade e persistência para superar os obstáculos e imprevistos. Lino – A parte técnica e a fazer um trabalho com personalidade, voltado para a grande indústria, com matéria-prima de qualidade.

De que o aluno precisa para se destacar e se consolidar nesse mercado? Alexandre – Ter personalidade e deixá-la visível em seu trabalho.

Que legado o SBF deixará para a moda nacional?

Alexandre – Além do trabalho de cada um, o sinal de que a moda nacional tem de lançar novos talentos. Ronaldo – Valorização e reinvenção do curso técnico na formação de novos estilistas. Lenny – Uma grande oportunidade que gera acesso à informação e orientação que pode mudar uma trajetória profissional. Lino – Oportunidade para um time que trabalhará com originalidade. É um projeto heroico.

omo dar vida s roupas e emocionar

Ronaldo – Ter um olhar difuso sobre as questões da atualidade e apuro técnico.

Alexandre – Acreditando no que é o mais forte no seu trabalho.

Lenny – Ser fiel à sua marca. Saber esperar, agarrar as oportunidades e acreditar no que se propõe a fazer.

Ronaldo – Com repertório, pesquisa e análise crítica.

Lino – Identidade e qualidade. Qualquer trabalho, por mais popular que seja, deve exigir isso.

Quais são os anseios do mercado de moda atualmente? Alexandre – Entender a cabeça do consumidor. Este é o maior desejo hoje de quem faz moda e quer ser reconhecido por isso.

Lenny – Com DNA e estilo, descobrindo o seu diferencial. Lino – Escolhendo o seu caminho com segurança.

p s tantos anos, poss vel manter viva a chama da pai o pela moda Alexandre – Estou mais maduro, porém com a mesma coragem e força.

Ronaldo – Estímulo na produção e redução de impostos.

Ronaldo – Sem dúvida. Minha profissão é um dos canais onde expresso a minha visão de mundo.

Lenny – Uma empresa é gerida por uma organização, na qual existem especialistas em cada um desses departamentos.

Lenny – Claro. Consolidar uma marca leva tempo e o desafio é mantê-la no mercado.

Lino – Na moda o futuro é incerto, mas com certeza sempre será gratificante.

Lino – Sim. Há um fio condutor entre o princípio e o agora. Eu sempre consegui imprimir a minha identidade, mas o amadurecimento é evidente. GPSBrasília « 193


TOP MADRI N

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ana a iniciativ a design de ajudar no vo ers a se guirem s sonhos seus . É um m especia omento ln uma pa a vida deles e rticipaç ão incrí para nó vel s”


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ALAVANCAR A INDÚSTRIA DA CONFECÇÃO NO PAÍS É O GRANDE OBJETIVO DO SENAI CETIQT, QUE TEM COMO MISSIONÁRIO NESSA JORNADA O DIRETOREXECUTIVO DA INSTITUIÇÃO SÉRGIO MOTTA

U

m dos orgulhos dos profissionais que atuam na moda nacional chama-se SENAI CETIQT (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil), escola que desde 1949 age como principal célula formadora de profissionais para o segmento e é um dos mais destacados centros do mundo. Fica no Rio de Janeiro e tem sob seu comando um executivo que luta por esse mercado com garra e veemência. Ele se chama Sérgio Motta. Não poderia ser diferente. A infraestrutura oferecida pelo CETIQT é admirável e única na América Latina. Possui laboratórios completos, com serviços tecnológicos de ponta. Suas plantas-piloto reproduzem o ambiente produtivo industrial. Para se ter ideia, estudam-se fibras químicas, manufatura avançada, inovação, tecelagem, malharia, confecção e fiação, sem

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contar o aprendizado em informática, física, estamparia, tinturaria e lavanderia. E ainda aprendem-se técnicas de responsabilidade sócio ambiental e de sustentabilidade, itens tão preciosos atualmente. Sérgio conta que os estudantes muitas vezes entram no Senai sem noção de que possuem tanto poder de criação. E a partir dessas ferramentas, eles passam a acreditar em si mesmos e a desenvolver seu potencial e até sua identidade. “Nós queremos alavancar a indústria da confecção. Um fator importante para isso é ter o design como diferencial para a competitividade. Esse projeto vem para potencializar o conhecimento dos estudantes, que vão contribuir futuramente com o setor”, destaca.

Isso envolve gestão e vendas? Claro, a cadeia é puxada pela assertividade da venda. O foco final é o consumo. Todo esse processo tem que ser tangebilizado em peças de qualidade, pois o consumidor vê, gosta e compra.

Como funciona essa engrenagem do Senai CETIQT? É uma conectividade dinâmica, formada pela inter-relação das áreas de Educação, Tecnologia e Inovação. A ideia é oferecer ao mercado um leque de serviços transversais que possam ser aplicados à cadeia produtiva.

A indústria do design de fato tem demanda? Sim, muita. Por isso o Senai CETIQT quer chegar na casa de nove mil alunos. Nosso próximo investimento será em São Paulo, Ceará e Minas Gerais. No Distrito Federal, a cidade eleita foi Taguatinga.

ual o rande desafio do centro É integrar os setores têxtil e de confecção. O caminho é prover soluções em inovação tecnológica e ao mesmo tempo proporcionar educação profissional para a cadeia e seus subsetores.

O Senai Fashion Brasil, além do conhecimento da experiência de viver o ápice do estilista que é a passarela, agrega o que mais para o aluno? O empoderamento. Nós entendemos o seu potencial e o ajudamos a construir a sua identidade dentro de um processo industrial. É uma enorme transformação.

A dedicação do aluno é essencial? Sim, pois precisamos que eles saiam aptos para serem contratados por empresas. Para isso, temos que aumentar a assertividade em seu desenvolvimento. Queremos imprimir o selo qualitativo no aluno CETIQT e fazer com que sua presença eleve o nível no mercado onde atuará. Qual a maior carência no mercado, atualmente? Ter um profissional completo que tenha a visão global da cadeia de moda. É o que buscamos, pois falta conhecimento têxtil. Há também carência na linha de produção.

Como anda o setor têxtil? Atualmente são 33 mil empresas, sendo 80% delas confecções. Esse mercado gera 1,6 milhão de empregos diretos, sendo 75% de mão de obra feminina. Representa 16,7% dos empregos e 5,7% do faturamento da indústria de transformação, com faturamento USD 36,2 bilhões. São números expressivos.

E o desdobramento de tudo isso? Nós sempre unimos teoria à prática. Esses alunos passam a ser multiplicadores dentro do mercado. Ano que vem, eles voltam como assistentes dos coaches, dando suporte e orientando os calouros. É uma engrenagem de capacitação que não para. Esse é o terceiro ano do projeto. Sempre será surpreendente? Mais que isso. Sempre será emocionante.

O AGENTE TRANSFORMADOR GPSBrasília « 197

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LUZ NA PASSARELA O BRASIL FASHION MARCOU O ENCERRAMENTO DA OLIMPÍADA DO CONHECIMENTO, COM DESFILE EXCLUSIVO PARA 400 CONVIDADOS, QUE SE ENCANTARAM COM A ESTRUTURA MONTADA NO MONUMENTO


CONFRARIA OS ESTILISTAS RONALDO FRAGA, ALEXANDRE HERCHCOVITCH, LENNY NIEMEYER E LINO VILLAVENTURA VIERAM CONFERIR DE PERTO AO LADO DE UMA EQUIPE DE PENSADORES DE MODA


TEVE GLAMOUR EM AMBIENTE CINEMATOGRÁFICO DE LUZES E PROJEÇÕES, GLÓRIA KALIL, LILIAN PACCE, COSTANZA PASCOLATO E HUGO GLOSS FORAM ALGUNS DOS NOMES QUE OCUPARAM A PRIMEIRA FILA


MODA E EDUCAÇÃO AO LADO DO PRESIDENTE DA CNI, ROBSON BRAGA, E SUA MULHER, CRISTIANA, O GOVERNADOR RODRIGO ROLLEMBERG, E A PRIMEIRA-DAMA, MÁRCIA, ACOMPANHARAM A GRANDE NOITE




JOIAS

VALE OURO

Brincos Sempre Viva com pedra, arla morim

Brincos com brilhantes negros, D or

Colar Aquarela em ouro amarelo com ametista e esmeraldas, rifith

Bracelete Love em ouro rosé e diamantes, iffan o

Formas e movimentos cada vez mais autorais deixam designers livres. Em tempos de escapismo, usar as joias que viajem para onde a imaginação permitir é um bom plano. As gemas são poderosas. Natureza e realeza sempre agradam. As estruturas esculpem e se as peças forem destacáveis, então a peça ganha mais valor em suas mutações

Brincos em ouro branco, diamante e ametista, Silvia urmanovich mil

Pulseira T Square tricolor em prata de lei, ouro rosé e cerâmica ne ra, iffan o

Brincos em ouro, diamante light brown, ametista e marchetaria roxa, ilvia urmanovich

Anel com kunzita e ouro ne ro, D or Pulseira, Antonio Henrique preço sob consulta

Anel da coleção Aquarela em ouro amarelo com quartzo rosa e esmeraldas, rifith

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CASAMENTO

SONHAR ACORDADA COM SORRISO NOS OLHOS E GESTOS SUAVES, A ESTILISTA MARIA VIRGÍNIA CONTA HISTÓRIAS ENQUANTO EXECUTA COM PUREZA E EXCELÊNCIA O SEU OFÍCIO: CRIAR VESTIDOS DE NOIVA POR LARISSA DUARTE FOTOS CELSO JUNIOR

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om 43 anos de carreira, a vivência e intimidade de Maria Virgínia com o universo da moda é admirável. A estilista recorda com orgulho cada detalhe da sua trajetória, assim como os altos e baixos que o segmento enfrentou ao longo dos anos no País. Seus primeiros passos no ramo foram dados aos 22 anos, em sua cidade natal, Belo Horizonte, Minas Gerais. Aprendeu a costurar com um dos nomes que fizeram a moda brasileira nas décadas de 1950 e 1960, o modelista Gil Brandão. Além dele, quando aprofundou-se nas artes plásticas na renomada Escola Guignard, teve a chance de ser aluna das pintoras Arlinda Corrêa Lima e Nelly Frade, com quem cultivou amizade por toda a vida. Responsável por linhas de vestido de noiva prestigiadas mundo afora, ela entrou no mercado por outro viés, trabalhando com o couro. Blusas casa de abelha, vestidos com saia godê, vestidos envelopes, batas ombro a ombro. Todas essas peças trabalhadas no material eram inéditas, o que lhe rendeu matérias e editoriais em renomadas revistas de moda até chegar às grandes lojas do Rio e São Paulo.

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Uma das primeiras grandes emoções da sua carreira foi quando desembarcou no Rio para fazer um atendimento na loja Biba, uma das mais famosas butiques de moda feminina das décadas de 1960 e 1970. “Assim que cheguei à entrada principal, havia umas 20 pessoas namorando a vitrine, que estava toda montada com as minhas peças. Eu não conseguia nem falar. Eu era muito nova para tudo aquilo”, lembra, com um sorriso no rosto. E as vitrines marcantes não pararam por aí. Quando a icônica Company abriu as portas em Ipanema, seus vestidos bandage, com influência hippie-chic, estampavam a frente da loja.


SE REINVENTANDO Aos 27 anos, Maria Virgínia veio para a Capital Federal por conta do trabalho do marido, que era engenheiro. Para se adaptar e conhecer melhor o ritmo da cidade, decidiu parar um pouco com as suas atividades. Porém, a paixão por criar logo falou mais alto e, aos poucos, em meio à crise do início dos anos 90, a estilista foi retomando seu trabalho. Foi quando a linha para noivas entrou com tudo em seu processo criativo, com um “empurrãozinho” do governo Collor. “As crises são maneiras de você tentar se reinventar. O governo de Collor involuntariamente contribuiu pra moda, pois abriu o Brasil às importações. Chegaram os primeiros tecidos, afetando diretamente a indústria têxtil e de confecção no Brasil”. Para ela, o insight que os brasileiros tiveram nesse período foi essencial para que os criadores de moda buscassem um diferencial daquilo que estava chegando de fora. E ela garantiu o seu destaque. “Eu precisava fazer alguma coisa diferente, que não chegaria por importação. Os vestidos de noiva deram certo porque era uma proposta muito inovadora. Naquela época, os vestidos de aluguel eram feitos com cetim de estofado. Nós entramos com o tecido luxuoso”, conta. Para isso continuar firme, era necessário muito punho e, é claro, gosto pelo trabalho. A estilista lembra que precisou aprender a lavar roupa e montar uma lavanderia, tudo isso em apenas seis meses. O resultado disso nós sabemos. Por aqui, as brasilienses recepcionaram a novidade com entusiasmo. Mundo afora, Maria Virgínia vestiu noivas na Rússia, Japão, Nova Zelândia, Londres, Paris e outros países que elencam uma prestigiada lista. Os anos seguiram e mais crises vieram. Nada que assustasse muito a estilista, que confia muito em seu taco e não se deixa abalar fácil. “Eu peguei vários momentos complicados na economia, mas a atual é de longe a que trouxe um maior problema. Mexeram nas instituições e os alicerces do País foram abalados, afetando a máquina total. Mas sou otimista e acho que isso vai passar. E quando isso acontecer, sentiremos mais segurança em investir novamente. A gente sempre faz uma ‘gracinha’ e dribla esse revés de alguma maneira.” Para ela, a noiva vive hoje o movimento da “não tendência”, ou seja, a liberdade de ignorar algo que esteja na moda, não apenas por desejo, mas por identidade e esti-

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no Lago Sul. Em um ano, chega a vestir até 450 noivas. Entre seus instrumentos de trabalho, o cristal é o protagonista: ela só borda com ele. Nos tecidos, se aventura com organzas, cetim, tule, musseline, entre outros nobres e importados.

NO SANGUE

O filho da estilista, Daniel Valadares, criou uma fábrica de sapatos para noivas e festas

lo. Maria Virgínia trabalha com cada uma de modo único. Ela diz que, quando a porta da igreja se abre e as pessoas elogiam a noiva, não é por causa do tecido ou da cor do vestido, mas, sim, pela composição. “Me preocupo com especificidades de cada mulher, pois o corte do vestido deve valorizar o que a noiva tem de bonito.”. Tudo isso faz parte do seu processo criativo. Sua bagagem pela pintura lhe dá liberdade e facilidade para ir atrás do que falta em uma criação, como montar uma paleta de cores própria. “Eu me inspiro nas coisas mais bobas do mundo. Já tive inspirações vindas dos quadros de Gustav Klimt, por exemplo. Nunca tiro ideias de desfiles que assisto”. Aos 66 anos, com a mineirice em evidência – seja pelo carisma ou sotaque ainda presente –, a estilista confecciona com a sua equipe cerca de 120 vestidos por mês em seu ateliê

Dos quatro filhos que teve, dois construíram carreira como advogado e administrador, e os outros seguiram seus passos, mesmo que de maneira surpreendente. Diana cresceu no ateliê de sua mãe e não tinha o menor interesse em entrar no segmento. Por ironia do destino, acabou se apaixonando por figurino de cinema, teatro e televisão, e chegou a trabalhar 13 anos na Rede Globo. Hoje, segue como free lancer no canal. “Apesar de trocarmos um palpite ou outro, não sou de opinar sobre os trabalhos dos meus filhos para não influenciar na criatividade deles”, conta Maria Virgínia, que também passou pela emissora, na qual fez um grande trabalho, assinando 216 roupas para a minissérie JK. Ela repetiu a dose em Amazônia, quando vestiu Débora Bloch e Vera Fisher. Daniel Leste Valadares é seu outro filho que “caiu de paraquedas” no mercado da moda. Sem grandes pretensões, ele começou a trabalhar na loja de sua mãe durante a época do vestibular e por lá permaneceu até conquistar o cargo de administrador. Foi quando surgiu uma oportunidade interessante, porém totalmente fora da sua zona de conforto. A fábrica que fornecia os sapatos ao ateliê faliu e Maria Virgínia sugeriu que Daniel desse uma olhada no local. “Eu gostei tanto das pessoas de lá que acabei abraçando a oportunidade por causa disso. Então comecei a estudar muito sobre sapato e bolsa, pois eu não entendia nada mesmo”, lembra. Hoje, com 40 anos de idade, e quase uma década após assumir a fábrica, Daniel está à frente da marca que leva seu próprio nome. Além do ateliê, ele cria para lojistas, como Miguel Alcade, Julia Penteado, Denise Barbosa, Neimar Sinício, entre outros. Entre sapatos, bolsas, clutches de acrílico e carteiras, seu trabalho como designer se destaca por fugir do comum. Montou sua oficina nos moldes de uma oficina italiana, onde tudo feito à mão, em Goiânia. “Nos calçados, o diferencial é o acolchoado. Sou como a minha mãe, não tenho medo de criar”. Outra peça que merece destaque é a sua linha impermeável, que logo imaginamos alguma criação que foge do belo, mas não é nada disso. Daniel estudou e desenvolveu técnicas para que o conforto e sofisticação dos sapatos se complementem. E deu certo. Serviço Atelier Maria Virgínia SHIS QI 11 Bloco L Loja 54, Lago Sul, Brasília (DF) (61) 3248-1833 – www.mariavirginia.com.br

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AMOR

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ORIGEM

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ará – Uma viagem que até então só estava na minha imaginação. Seguir para a Floresta Amazônica em busca das Índias Kaiapós. A intenção era fazer pesquisa em busca de um novo conceito para a marca, a Abi-Project. Um ano antes, havia escutado falar do Projeto Menire, momento em que a Abi estava só no papel. Aconteceu que me deparei com o projeto no ateliê de uma amiga, a designer Silvia Badra. Ali comecei a me apaixonar pela arte indígena. Aos poucos, a Abi foi se consolidando e me levando para mulheres fortes. Quando o Projeto voltou à cena, tive a sensação de que conseguiria, finalmente, manter o meu viés, mas inserindo o apelo social. Foi quando comecei a conversar com a idealizadora, Carmem. Fui observando, desenhando colares já criados pelas Índias Kayapós. E assim a coleção foi nascendo. Após ver as fotos da aldeia, e os primeiros pilotos, decidi que a coleção só seria completa se eu fosse até lá. Com o meu marido, Pedro, e o fotógrafo Bruno, embarcamos com muitas escalas para o nosso destino final, a Aldeia Pukanu. Brasília, Manaus, Santarém, Itaituba. No dia seguinte, pegamos um monomotor, em que qualquer pessoa bem resolvida com aviões se questionaria de sua sorte.

Após 30 minutos, e mais uma parada, estávamos todos maravilhados com tamanha beleza da selva amazônica. Parecia um filme. Foi Emocionante. De longe, a aldeia e a expectativa. Estava toda a tribo nos esperando na oca principal. Confesso que durante o ritual de apresentação meu olhar não se continha em examinar os colares que as índias usavam. Mal conseguia me concentrar. Estava nervosa, pois tinha a missão de convencê-las da minha boa-fé por meio de um tradutor. De pronto descobri que a palavra Menire, significava mulher. Pensei: “eu estou no caminho certo”. Começamos a trabalhar em grupos. A interação era difícil, mas nos entendíamos. E ríamos. Elas se referiam a mim como merine. Ao longo do trabalho, tudo foi ficando mais silencioso. E começou a fazer sentido. O artesanato é o reflexo do que elas vivem: os grafismos, as cores, a pintura corporal… tudo ia se cristalizando nas miçangas. Uma hora depois, fui a uma das ocas para ser pintada com genipapo e carvão. Uma das experiências mais incríveis que já vivi, pois a pintura vem acompanhada de uma mensagem espiritual. E, no meu caso, o desenho era de um jabuti e uma sucuri. A natureza intocada é surpreendente – rio limpo, com centenas de borboletas sobrevoando-o, o céu azul. O tempo é um fator que conta muito. Um dia parece três. Na hora de folga, pescamos, fotografamos, conhecemos as ervas, participamos de uma partida de futebol. Dormimos em rede e no meio de noites mal-dormidas, acordávamos com o barulho de macacos bugios. A viagem chegou ao fim. Para marcar o momento, uma última pintura de urucum no meu rosto e a foto de todas as designers juntas. E lá fomos nós, de volta à realidade, depois de uma viagem curta, mas carregada de aprendizados. E, assim que o celular voltou a funcionar, eu lamentei. E perguntei: “por que tanta pressa, pra que tanta correria?”. A pintura no meu braço permaneceu por quase vinte dias, assim como as picadas de mosquito. Na bagagem, além do coração pulsando, 50 peças inéditas entre colares, pulseiras, brincos, cintos e bolsa. E também a memória, que guardarei como tesouro para contar aos meus netos. GPSBrasília « 215


PERDIDOS NA SELVA

… MAS QUE TREMENDA AVENTURA. A JUNGLE VIBE TRAZ A NATUREZA E A SUA EXUBERÂNCIA. O BRAZIL ESTÁ NA MODA

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OLHAR PARA O FUTURO

Karina Zambrana

BEM-ESTAR

Os s cios r io araiva, Sebastião José Ferreira Neto e Celso Boianovsky com a diretora executiva Selma Moraes e a gerente comercial Ana Carolina Garcia

Fabianna Cavalcante

NOVO CENTRO CIRÚRGICO DA OFTALMED REÚNE CONFORTO E TECNOLOGIA

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Oftalmed está investindo em um centro cirúrgico oftalmológico mais amplo e moderno na unidade da Asa Sul. Com mais de 250m² de área, o novo espaço tem infraestrutura de ponta e está preparado para a realização simultânea de grandes procedimentos. A inauguração do local, que inclui salas de cirurgia, áreas de pós-operatório, recuperação, esterilização e vestiários individuais para pacientes e médicos, será realizada em janeiro de 2017. “Além da ampliação para atender à demanda e facilitar o atendimento, oferecendo mais conforto e segurança aos pacientes e profissionais, o novo centro cirúrgico estará equipado com os mais avançados aparelhos, que contribuirão para a certeza de excelentes resultados”, revela o oftalmologista especialista em cirurgia refrativa, Sérgio Saraiva, um dos sócios da Oftalmed. Segundo o especialista em catarata e também sócio, Celso Boianovsky, a reformulação adequa as instalações de acordo com as normas da Anvisa e do Ministério da Saúde. “Ao reorganizar os fluxos de trabalho e de pacientes, queremos que as pessoas percebam os aspectos de conforto, mobilidade, tranquilidade e praticidade que pensamos para este novo espaço”, enfatiza. O atendimento integral aos pacientes não será interrompido durante a obra. É o que assegura o oftalmologista Sebastião José Ferreira Neto, especialista em retina e também sócio. “Vamos continuar atendendo os pacientes da mesma forma, realizando os procedimentos cirúrgicos e ofertando, inclusive, serviços emergenciais. Para isso, va-

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Espaço projetado para oferecer comodidade e segurança aos pacientes e profissionais conta com modernos e uipamentos

mos utilizar temporariamente um outro espaço, de acordo com as necessidades do nosso público”, revela. As adequações do novo centro cirúrgico também visam atender as principais exigências de entidades certificadoras de serviços de saúde, como a Organização Nacional de Acreditação (ONA). Isto porque a Oftalmed já está trabalhando para conquistar a Acreditação em 2017. “Estamos nos comprometendo a aperfeiçoar todos os nossos processos para assegurar cada vez mais qualidade e segurança aos pacientes, certificando os protocolos assistenciais, estimulando as melhores práticas e minimizando riscos. Vamos entrar em 2017 com muitas novidades”, resume a diretora executiva, Selma Moraes. Serviço Oftalmed entral de marca o de consultas e e ames oftalmed com br sa ul , on D, entro ecutivo abin , e andares uas laras venida raucárias, , andar a uatin a ul , entro l nico ospital anta arta, sala



MODA

JOÃO BRAGA É UM DOS NOMES INFLUENTES DA MODA. HISTORIADOR, ELE NÃO USA CELULAR, NÃO TEM COMPUTADOR, MAS CARREGA AS MAIS RECENTES INFORMAÇÕES DESSE MERCADO POR LARISSA DUARTE

UM HOMEM DE ÉPOCA

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olecionar conhecimentos e passá-los adiante é um prazer que vai além da sua profissão. Para quem não é adepto ao uso de celular ou computador – e nem faz questão de se tornar –, João Braga parece mais conectado ao mundo do que qualquer outra pessoa. Referência quando o assunto é história da moda, o professor da renomada instituição paulista Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) tem como bagagem intelectual, profissional e cultural suas pilhas e pilhas de livros lidos sobre todos os temas que se pode 220 « GPSBrasília


imaginar. Essa lista inclui onze prestigiadas obras escritas pelo próprio. Ele é a maior referência nesse segmento. Em bate-papo descontraído e construtivo com a GPS|Brasília, o professor falou de moda, viajando por revoluções histórias, tecnologia e sustentabilidade. or ue importante estudar a hist ria da moda História significa investigação, mas as pessoas a vinculam muito com o passado. Não é bem assim. Não é apenas sobre datas. A intenção da história é fazer um elo entre passado, presente e futuro. Entender o que aconteceu aumenta as chances de programar melhor o futuro. Existe uma possibilidade de, com o conhecimento do passado, entender melhor o presente e também planejar melhor o que virá. E em áreas criativas isso é importantíssimo. Você vai entender como as pessoas pensavam e o que fizeram para você simplesmente não repetir e achar que está inventando a roda. Como a moda se conecta na era digital? É inegável que há pontos positivos e negativos. Assim como em outros momentos no tempo, sempre há problema, não importa a época. Na Revolução Industrial, por exemplo, o grande benefício foi o aumento da produção, alcançando o maior número de pessoas. Por outro lado, trouxe o problema da massificação. Para a moda, essa época foi marcada por uma super sofisticação com o surgimento do conceito da alta-costura. Se passamos por várias revoluções no passado, hoje vivemos o momento

histórico da revolução da informática. Se não tenho condições de estar em Paris, Londres ou Nova York para assistir a um lançamento, posso simplesmente acompanhá-lo em tempo real na palma da minha mão. Isso é, evidentemente, um benefício de facilidade de comunicação. Por outro lado, isso facilitou a cópia mais rápida. Como você disse, a falta de conhecimento em determinados assuntos faz com que as pessoas acreditem que estão inventando al o novo sso se refor a com a era di ital É uma consequência. Muitas vezes, pessoas que não são da área de moda têm a possibilidade de ter acesso a essa informação. A moda está ultrademocratizada, seja isso benéfico ou não para as marcas. A tecnologia é um caminho sem volta. Hoje, as pessoas não têm paciência para mais nada. Andam de cabeças baixas, quase trombando umas na outras por estarem plugadas. Por essa facilidade de acesso, elas querem a informação muito rápido. Por isso os blogueiros estão tão valorizados? Nós somos mais visuais do que qualquer outro sentido, principalmente na moda. Logo, a imagem fala muito alto e os textos breves cabem no tempo das pessoas. A pessoa que não tem formação específica, seja na moda ou em qualquer outra área, acaba entregando a informação de uma maneira mais rápida. Para uns, torna-se benefício, para outros, banalização. Por serem jovens e saberem manipular muito bem um aparelho, recebem mais valorização como novos informadores e, consequentemente, ganham esse prestígio. Há pessoas com formação especializada que não conseguem ser tão valorizados quanto eles. Mas não tenho nada contra. Sorte a deles que fizeram a fama e deitaram na cama. Há espaço para o slow fashion e fast fashion? Definitivamente. Como já diz o nome, o fast fashion traz a informação mais rápida, apesar de menos duradoura. A roupa não tem tanta qualidade, porém, em compensação, você se insere na proposta do momento. Por outro lado, a corrente tendência da moda é o autoral. O trabalho criativo e artesanal está muito bem valorizado e o Brasil tem isso em sua identidade. Nomes que privilegiam o tradicional, como Ronaldo Fraga, Lino Villaventura e Martha Medeiros, dialogam muito mais com o slow fashion, mas tudo acaba sendo uma grande troca. Por ser mais acessível, o fast acaba tendo resultado mais agressivo, mas isso não aniquila o slow. GPSBrasília « 221


iste al o no decorrer da hist ria da moda ue está ficando para trás? E o que se fortalece? Eu gosto muito de lidar com isso utilizando a palavra alemã zeitgeist, que significa “ar dos tempos” ou “espírito de uma época”. Eu digo que cada época tem o seu zeitgeist. Estamos vivendo uma grande novidade, definitivamente. Hoje, algo que já existe há 160 anos está indo por água abaixo: o lançamento de coleção por extensão. Hoje temos o See Now, Buy Now, ou “veja agora, compre agora”. É uma novidade para moda, uma super-realidade que vai se consolidar para todas as marcas daqui a dois, três ou cinco anos. Além disso, atualmente também se fala muito de sustentabilidade e moda inclusiva. Você tem que estar atento em tudo que acontece ao redor do mundo em todas as áreas, pois isso pode transformar o processo histórico em todos os segmentos. Pode dar um exemplo? A preocupação com a moda ecológica só foi realmente pensada no final do Século XX, após o acidente nuclear de Chernobyl, na Ucrânia. Foi esse fato de 1986 que acordou o mundo para essa questão. Logo após, a moda começou a privilegiar cores naturais, fibras naturais e uma série de materiais e técnicas inusitadas. Você acha que o Brasil tem acompanhado o zeitgeist? Com certeza. É claro que temos algo em função de realidade econômica. São altos e baixos que colocam a situação em um pedestal mais alto ou baixo. Mas isso também não é responsabilidade da moda e nem atinge somente essa área. O olhar estrangeiro está direto aqui. Se não fossemos um mercado consumidor suficiente para satisfazer as exigências, as labels não estariam ocupando os shoppings daqui. E a moda brasileira vista lá de fora? Ela é bem vista de uma expectativa de criatividade. A moda aqui está com a bola da vez e tem uma grande chance pela frente. É um País que cada vez mais se posiciona em diversas áreas do segmento, como o jeans e a moda-praia. Temos também nomes desenhando marcas lá fora, o que é muito bom. Em outras palavras, estamos inseridos na globalização. O Brasil é o País que tem mais cursos superiores de moda, são cerca de 180, um número maior do que qualquer país da Europa e dos Estados Unidos.

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O que ainda deixamos a desejar? Precisamos cada vez mais acreditar e credibilizar o nosso processo criativo. O brasileiro, por ter sido colonizado, culturalmente acredita que o que vem de fora é melhor do que o que é produzido aqui. De certa forma, nós ainda temos esse comportamento, apesar de estarmos valorizando as nossas marcas e o nosso DNA. Na Capital Federal, há espaço para falarmos de moda? O Brasil não tem a capital política como um difusor de moda, esse papel fica para Rio de Janeiro e São Paulo. É mais ou menos como na Itália, onde Florença e Milão têm poder maior de divulgar moda do que a capital política, que é Roma. Porém, é fascinante como o brasiliense é interessado e interessante para esse universo. A FAAP tem a intenção de trazer formações e informações para o público daqui. É algo que estamos determinados a fazer.



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ENTREVISTA

À MODA INGLESA SUZY MENKES É UMA DAS JORNALISTAS MAIS RESPEITADAS DO FASHION FASHION WORLD. DE PASSAGEM PELO BRASIL, ELA DIZ QUE O SEGMENTO VIVE DIAS DE TÉDIO, MAS QUE O ENCONTRO DA TECNOLOGIA COM O ARTESANAL É O FUTURO QUE SE APROXIMA POR PAULA SANTANA – ENVIADA ESPECIAL

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ão Paulo – Suzy Menkes jamais faltou a uma semana de moda. Seus comentários excitantes e pragmáticos podem dar novo rumo a uma coleção recém-saída da passarela. Obter uma crítica construtiva sobre suas criações é o que um estilista mais deseja. Ou teme. Ela soma quatro décadas de jornalismo. Diferentemente de grandes editoras e absurdamente avessa ao novo time das proclamadoras da moda, as blogueiras, sua vaidade é intelectual. Mesmo mermer gulhada em livros, fábricas, escolas e showrooms,, ela admite: “Quem trabalha c o m moda precisa desenvolver sua identidade por meio da imagem, é claro. É uma maneira de ser um ícone. Eu fiz isso com o meu cabelo, pois apesar de meu falecido marido não gostar, o penteado é bastante prático. Eu fui uma das primeiras pessoas a usar computador e ter que administrar fios

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caindo em frente dos olhos não refeé uma boa coisa”, explica, refe rindo-se ao famoso coque que usa em cima da testa. Há pouco, Suzy deixou o Internacional Herald Tri Tribune e seguiu para a Vogue online, sua primeira experiexperi ência no jornalismo digidigi tal. Foram cerca de seis meses para se adaptar à nova rotina. “São vinte revistas no munmun do e eu estou em todos esses países. O último lançamento foi a Vogue Arabia e imagine que lá a revista saiu primeiro digital para depois vir impressa. Esse é o movimento correto, atualmente”. De passagem pelo Brasil, país que tanto admira, Suzy veio convidada de Carlos Jereissati para uma rodada de debates sobre o tema no evento Fio da Meada, evento no shopping Iguatemi São Paulo. Entre encontros sociais, visitas a estilistas, ela reservou um almoço para converconver sar com a GPS|Brasília. GPS|Brasília Confidenciou que ama joias e um desejo seria es escrever um livro sobre as joias da família


Você é admirada por sua liberdade de pensamento e opinião pra mática omo voc construiu esse perfil em sua carreira Eu venho trabalhando duro por muito tempo como todo mundo. Sabe, eu comecei apenas como uma jornalista local, escrevendo sobre notícias e devagar eu fui construindo meu caminho até o topo. Isso foi durante o período de mais de 20 anos em que trabalhei para o International Herald Tribune, em que aprendi muitas coisas. Uma das coisas que aprendemos foi tentar sermos corretos, checar tudo, sermos honestos em relação a tudo. Esses são os princípios básicos para ser um jornalista. Os seus comentários n o falam de tend ncia om as m dias sociais t o superficiais, o ue acha relevante abordar e como isso pode se tornar mais atraente que um post vindo de uma celebridade Existem diferentes tipos de abordagem para a moda. O trabalho de algumas pessoas é sentar na primeira fileira, pois muitas pessoas querem saber sobre as celebridades. Mas existem outros aspectos, como modelos desfilando. Eu não acho que um tenha que ofuscar o outro, necessariamente. O que está acontecendo hoje com a moda? Acho que essa é uma pergunta muito boa porque a verdade é que você pode ter tudo, você pode ter formas diferentes

Reprodução/Instagram

real inglesa. Quando se refere ao Brasil, jornalista que é, usa a retórica para buscar informações. “Sou fascinada por cultura. Preciso compreender o país onde estou. Me diga mais, você, sobre a moda brasileira”, pontua. O luxo sempre é um questionamento e motivo de pesquisa para Suzy. “Não se trata mais de lançamento de novas bolsas. É preciso pensar sobre isso. Além da busca por novas experiências, há a concorrência. Na Ásia, um queixo novo custa o mesmo que um sapato de USD 2 mil”, diz, confidenciando que sua busca agora está na Índia e em países árabes. Mesmo assim, Brasília sempre esteve no seu caderninho de anotações. Durante o almoço, ela pediu que eu anotasse os lugares que ela deveria visitar na cidade de Oscar Niemeyer. “Catedral e Palácio do Itamaraty”, foi a imediata escrita desta repórter. Dito e feito. Suzy, no dia seguinte, fugindo da agenda, desembarcou em Brasília antes de seguir viagem. Almoçou no restaurante Francisco e se deliciou com Pato no Tucupi, adorou farofa e declarou amor eterno pelos pastéis. Em seu Instagram postou inúmeras fotos com comentários elogiosos à arquitetura e aos monumentos. “Tenho muito o que andar ainda. Gosto de escalar montanhas e aprender todos os dias. Tudo o que faço é com integridade e paixão”.

INSTAGRAM “Deve haver mais realismo. Ser feliz o tempo todo não é real” TECNOLOGIA “Mais difícil que acompanhar é parar. É divertido, mas delirante” MODA erá que são apenas as ardashians que definem a moda?” SUCESSO “Trabalho, trabalho, trabalho” BLOGGERS “Sacudiram o mercado, mas alguns não valem o telefone que escrevem” CONSUMO “Novas bolsas, não é só isso. É preciso saber para aonde as coisas estão indo” DESIGNERS “Antes era sobre fazer algo. Hoje é ser algo. Estes últimos não durarão”

de olhar o que é luxuoso. Eu acho que o see now, buy now é algo bem difícil de absorver por agora. É bem apropriado para alguns tipos de estilos, como esporte, mas obviamente não funcionará em couture. Também existem outras coisas que eu acredito que não deveriam ser forçadas tão rapidamente. Por exemplo, aqui no Brasil, eu vi trabalhos feitos à mão inacreditavelmente incríveis, em couro, que eu mal pude acreditar, GPSBrasília « 229


e até perguntei: “Couro? Você tem certeza?”, enquanto tocava nele. Existem coisas que não podem ser feitas aceleradamente. Nós precisamos de equilíbrio. Você acha que as pessoas que realmente tem dinheiro buscam algo mais além de sapatos novos a cada temporada? Eu não sei, é muito difícil enxergar o que está acontecendo. Pessoas gastando é óbvio que é sobre o tanto de dinheiro que elas tem para gastar, mas é também algo emocional. Eu tenho o sentimento de que elas agora estão olhando as coisas de outra forma, estão procurando experiências em vez de comprar um par de sapatos novos. Eu sinto que existe algo pairando no ar, mas ainda há uma enorme indústria do luxo, incorporada a uma quantidade de dinheiro ao redor do globo. Os países têm diferentes estágios, então não é como se o mundo inteiro tivesse decidido ir para um spa sensorial em vez de comprar um casaco novo. Você condena a moda muito barata, mas também questiona bolsas ue valem mais ue um carro á um caminho do meio Acredite, se eu soubesse a resposta para essa pergunta eu não seria uma jornalista, eu estaria com certeza fazendo muito dinheiro em algum lugar. Mas por estar no mercado por tanto tempo, gostaria de dizer que antimoda também é moda. Optar por não usar roupas chiques ainda assim é um movimento fashion. O que acha que falta para o Brasil deslanchar na moda mundial como produto e não apenas como estilo? Quando citamos moda francesa ou moda italiana não estamos falando exatamente daqueles países, e, sim, sobre pessoas que mostraram tais roupas nesses lugares. E eu não sei o que a moda brasileira é como unidade. Eu realmente acho que o Brasil tem uma fachada interessante. Os trabalhos feitos à mão… É incrível a habilidade e o número de pessoas envolvidas. Eu diria que a maioria dos países europeus, assim como a Itália, não produz nada realmente artesanal que seja significante. Então eu acho que o Brasil tem muito a oferecer – sempre uma importante fonte de busca. Qual o caminho para um designer não se perder na construção de sua marca Faça devagar. Escolha como fazer. Você pode começar online. Esse é um dos caminhos a seguir. Ou pode tentar as grandes marcas de delivery na internet. E se te aceitarem, ótimo, porque eles não precisam dizer muito sobre você. E nem você se posicionar: “Ai, eu vendo para essa pessoa, eu conheço aquela outra…”. Mas a forma tradicional, obviamente, é encontrar uma loja, multimarca e crescer a partir dali. 230 « GPSBrasília

O que você tem visto do Brasil que te agradou nesta vinda? Bom, é difícil dizer, porque eu sinto que eu ainda não vi o suficiente. Reinaldo Lourenço é bem interessante, porque ele é um designer consagrado e eu me lembro de ter visto o filho, Pedro Lourenço, em Paris, por volta de cinco anos atrás. Ele tem uma coleção muito forte. A Osklen teve muito sucesso. É o tipo de marca que se importa com o planeta. A forma como cria as roupas, a sua atitude é o oposto do “querer aparecer”, entende? É um tipo de antikardashian. Como ele já é conhecido no mundo, acho que só vai crescer, porque mais e mais pessoas estão olhando na direção do que ele faz. Você gostaria de me recomendar algo? Não, não é piada, é uma pergunta séria. A saída do Reino Unido da União Europeia interferirá nos ne cios de moda Ah... Eu apoiava muito a nossa estadia no Reino Unido. Não queria, mas temos que aceitar a decisão do povo. Espero que não afete o mundo da moda, pois será confuso se não pudermos viajar internamente de forma fácil, principalmente para estudantes. O Reino Unido é bem conhecido pela excelente forma de ensino para jovens designers. Se eles tiverem dificuldade em ser registrados, eu ficaria muito triste pela moda.


me apaixonei assim que o vi. Eu ainda me envolvo com roupas, mas eu tenho uma casa pra gerenciar, agora eu tenho netos. Eu e outras pessoas da minha idade somos a primeira geração de avós trabalhadoras.

Os lugares que ela considerou como os mais incríveis de Brasília: Memorial JK, Palácio do Itamaraty e Catedral

As grandes escolas de moda estão cada vez mais cosmopolitas, pois recebem alunos do mundo todo e eralmente abastados sso mudará o perfil da moda Eu acho que essa é uma pergunta muito, muito boa, porque não há duvidas de que esse crescimento de crianças ricas em faculdades mudou o cenário de quando Alexander McQueen era um estudante. Provavelmente ele foi expulso por mau comportamento, então... famílias ricas sempre vão ter mais chances. Se você encontrasse alguém muito brilhante no Brasil, como você faria pra mandá-lo para uma faculdade em Londres? Seria muito difícil, a não ser que os pais pagassem para isso. Eu odeio o fato de não existirem bolsas suficientes para as pessoas. Existem novos estilistas como McQueen? Eu acho que ele era único, infelizmente também um indivíduo perturbado, com uma vida muito difícil. Mas existem outras pessoas criativas e artísticas de formas diferentes. Com certeza elas vão aparecer. Consumir ainda é um desejo? Ou seus desejos seguem outra direção? Bom, eu ainda tenho desejos. Eu comprei um casaco da Gucci e eu amo muito a ele. Usei ontem à noite e as pessoas me paravam na rua, perguntando de onde era. Eu

Você acha que o street style está prevalecendo sobre a passarela? Eu acho que é um pouco mais complicado que isso agora, porque a rapidez da moda mudou. Praticamente antes de um designer conseguir entregar suas peças na loja, tudo já foi copiado – por exemplo, minha Gucci com cobra. Eu fui na TopShop em Londres e tinha cobra em todos os jeans. É o que acontece agora. E a peça da Gucci ainda nem tinha sido entregue. Mas eu acredito que você tem que trabalhar com a realidade. Exatamente como o que eu disse sobre jornalismo, não faz sentido você dizer: “Eu prefiro escrever meus artigos com uma caneta”. Da mesma forma designers não podem falar: “Mas essa ideia foi minha! Alguém roubou!”. ara eles, como conviver com a c pia Eu daria a Karl Lagerfeld o crédito, quando ele diz à frente da Chanel: “É uma honra ver que você ainda está copiando isso, enquanto eu já estou trabalhando na próxima coleção”. A moda caminha para um destino certo? É raro eu ver alguma coisa que eu ache excitante. Imagino que quando a impressão 3D for perfeita, isso vai ser um desafio real porque não precisaremos das pessoas que necessariamente criaram. Você e eu aqui nessa mesa poderíamos copiar. Iríamos para casa trabalhar no 3D e ter uma cópia exata de qualquer coisa. Não chegamos nesse estágio ainda, mas será logo. Esse é o link entre o mundo digital e o feito à mão. É ultrapassar o limite do que as roupas realmente são. Voc tem enorme curiosidade sobre ras lia omo a v Eu sempre quis minha vida inteira ir a Brasília. Sempre esperei que fosse um dos lugares mais extraordinários por onde passaria. Acho que nenhum arquiteto teve essa visão. O modernismo do Brasil é um bom exemplo de não rotular um país a certo estilo. Eu tenho certeza de que você pode achar em um minuto algum artigo sobre a moda brasileira que diz: “É tudo biquíni, cores e sexo”. E, ao mesmo tempo, descobrir sobre coisas incríveis que o Niemeyer fez.


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TAPETE VERMELHO

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“EU ADORO ESSA COR!”. TONS VÊM DITANDO, E MUITO, O NOSSO DESEJO. PARA O VERÃO, AS NUANCES DO VERMELHO E ROSA

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RETRANCA

VEJO CORES EM VOCÊ Eles podem ter inspiração vintage, uma forte tendência, ou partirem para o esportivo sofisticado. Tanto faz. Os relógios que estão ornando os pulsos nobres trazem muita cor. O classicismo está destinado à tradição da marca, porque, no quesito conceito, o movimento segue o caminho ao arco-íris

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ontblanc



RETRANCA

A atual fachada do shopping

Carlos Jereissati: “Nossa vocação sempre foi inovar” O mall nos anos

O IGUATEMI SÃO PAULO ENCERRA PROGRAMAÇÃO QUE CELEBRA SEUS 50 ANOS, REUNINDO GRANDES NOMES DO DESIGN MUNDIAL PARA FALAR DE MODA, CONSUMO E ARTE POR PAULA SANTANA

VIVER É MARAVILHOSO

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ão Paulo – “E se a idade fosse contada pelo que realmente importa, pelos fatos inesquecíveis e não pelo tempo que passou. Quantos anos você teria?”. Foi com essa prerrogativa que Carlos Jereissati Filho, presidente da rede Iguatemi, idealizou ao longo de 2016 a comemoração dos 50 anos do shopping Iguatemi São Paulo, que compartilhou com seu público inúmeras ações onde arte, design e moda interagiram o tempo todo. Um belo filme institucional, estrelado por Costanza Pascolato, emocionou ao transformar a idade em histórias vividas, sempre projetando perspectivas boas para o futuro próximo. Por que não comprar uma bicicleta aos 40? Ou mudar de profissão aos 50? Encontrar um grande amor aos 60? Na narrativa da empresária tão cultuada no segmento

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de luxo, a ideia é deixar claro que viver sempre será um grande prazer. Basta saber viver. Para transformar esse espírito em realidade, Jereissati pensou que a melhor maneira de transmitir tudo isso era, de fato, proporcionando experiências. “Sentindo na pele”, como se diz na filosofia pop, de uma maneira onde o way of life do shopping prevalecesse. Foi aí que surgiram dezenas de presentes especiais ao consumidor. Em comum, sempre a interação com nomes que de algum modo reportassem por meio de suas expertises algo revigorante, questionador e prazeroso – um aprendizado. Três momentos foram bastante especiais. Em Changing Rooms, o artista Leandro Erlich ofereceu uma experiência física e visual intrigante, usando provadores


Os provadores ilusionistas de Leandro Erlich

e peri ncia sensorial em romati ue

VIAGEM NO TEMPO de roupa e espelhos. Ao entrar nessas salas de prova, atravessava-se uma fronteira entre realidade e ficção. Com Aromatique, deu-se uma viagem sensorial através da história dos perfumes. Cada passo, uma fragrância de época que despertava lembranças guardadas – tudo sob cuidado da perfumista Renata Ashcar, com paisagismo de Gica Mesiara. Por fim, um encerramento à altura do Grupo, em que especialistas do segmento foram convidados a aprender um pouco mais sobre moda, arte, mercado, consumo com o Fio da Meada. Um time expressivo compôs essa banca que, ao longo de onze dias, trocou ideias e pensamentos com o público. Os jornalistas ingleses Suzy Menkes, Hamish Bowles, a americana Cecilia Dean e a trend forecaster holandesa Lia Edelkoort se uniram a um time de profissionais brasileiros. Um grande encontro de Titãs. “Em seus 50 anos de história, fomos protagonistas das muitas transformações nos hábitos dos paulistanos e no cenário urbano que moldaram a metrópole vibrante, moderna e cosmopolita que vivemos hoje. Nossa vocação sempre foi inovar. E é assim que vamos continuar atuando nos próximos 10, 20, 50 anos”, comenta Carlos.

Em 1966, quando o conceito de shopping center ainda era inédito no Brasil, o Iguatemi São Paulo, inspirado no varejo norte-americano, transformou a região do Jardim Paulistano em uma das mais valorizadas regiões da cidade. A novidade era que as donas de casa podiam fazer as suas compras todas em um só lugar. Até então, a tradicional Rua Augusta, era onde elas renovavam seu guarda-roupa. A inauguração foi marcada por um grande evento na cidade, com shows de Chico Buarque, Nara Leão, Eliana e Booker Pittman, e Chico Anísio. Mais de cinco mil pessoas participaram da grande festa do espetacular empreendimento, que mobilizou 2.500 trabalhadores durante dezesseis meses. Em cinco anos, já havia 160 operações e fluxo de quase um milhão de pessoas por mês. Os anos 80 foram inesquecíveis, com a chegada do relógio d’água, recentemente reformado, e desde então o maior ícone do shopping criado pelo físico francês Gitton Bernard. Só existem outros quatro como ele no mundo. No início do novo século, a Ala Nova trouxe as primeiras marcas de luxo para o Brasil. Ainda nesta primeira década, o shopping revelou seu interesse pelo design, apoiando o São Paulo Fashion Week e a SP-Arte. Em 2015, outra nova fase com a estreia do Terraço Iguatemi, abrigando mais grifes internacionais. GPSBrasília « 237


RESTAURAÇÃO

Restauração da obra A última Ceia de Giorgio Vasari

TESOURO RECUPERADO A ÚLTIMA CEIA, OBRA-PRIMA QUE FALTAVA SER RESTAURADA DESDE O DILÚVIO DO RIO ARNO, QUE DEVASTOU PATRIMÔNIO EM FLORENÇA, FICA PRONTA COM A COLABORAÇÃO IRRESTRITA DA ITALIANA PRADA

A

admiração dos italianos por sua contribuição à história da civilização é notória. Aliado à moda, o patrimônio artístico da Itália vem sendo conservado e restaurado graças ao empenho de maisons que se aliam ao Ministério de Assuntos Culturais e recuperam incríveis monumentos por todo o país. A Prada é uma delas. Desde 2010 sua colaboração tem sido ininterrupta. Começou em Bolonha, continuou em Padova em 2012, seguiu para Bari em 2013.

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Há dois anos, Miuccia Prada iniciou em Florença a mais esperada restauração dentre todas: a pintura Última Ceia (1546) de Giorgio Vasari, obra-prima gravemente danificada por causa de uma inundação na cidade em 1966, que a manteve guardada num armazém nos últimos 50 anos. Na ocasião, técnicos qualificados de todo o mundo chegaram rapidamente ao local da catástrofe na tentativa de salvar o patrimônio.


Fotos: Divulgação

“Esse é um sonho se tornando realidade e a vitória final sobre danos considerados irreversíveis”, explica Marco Ciatti, diretor da Opificio delle Pietre Dure, laboratório que atuou em colaboração com a Fondo Ambiente Italiano. “Para a FAI, é um privilégio poder contribuir ativamente para este importante projeto ao lado da Prada, que sempre nos apoiou na missão de guardar o nosso patrimônio artístico”, complementa Marco Magnifico, vice-presidente executivo da FAI. Para concretizar o projeto, que deveria ser concluído este ano, e teve início com a abertura da nova Prada em Florença, houve várias fases, envolvendo a Fundação Getty, o Instituto de Conservação Getty e o Museu J. Paul Getty: a inicial foi de diagnóstico e pré-consolidação da cor, seguida pela recuperação do suporte. Por fim, a recomposição da superfície pintada. A obra de 262 x 660cm, dividida em 5 painéis e que permaneceu sob as inundações do Rio Arno por mais de 48 horas, teve 110 técnicos envolvidos no seu restauro.

Galleria Vittorio Emanuele

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ENTRE NÓS POR PATRICIA JUSTINO pattyjustino@hotmail.com

ARTE NA PAREDE

ESPETÁCULO Dica imperdível para quem está em São Paulo e curte uma noite badalada com tudo o que se tem direito: a nova casa de espetáculos Burlesque, dentro do espaço Paris 6 by Night. O local tem inspiração nos luxuosos cabarés parisienses e acaba de receber a primeira montagem: Banquete, que deve ficar em cartaz por aproximadamente um ano. No show, são apresentados figurinos incríveis, números aéreos, ilusionismos, acrobacias dignas do Cirque du Soleil, muita música e dança. O ingresso dá direito ao show e, durante a apresentação, tem um jantar harmonizado preparado pelo restaurante Paris 6 (coidealizador do projeto junto com a Chaim Produções). A ideia é que as pessoas desfrutem de uma experiência multissensorial que agrega arte e gastronomia. Vale a pena conferir Paris 6 by Night – Burlesque ua u usta, , ardins, o aulo

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Do tipo “temos que ter” é a série de quadros criados pela empresa de design Mimem Decor. Usando técnicas de colagem em papel especial com efeitos tridimensionais, a fotógrafa Carol Ihitz e o animador Gian Burani retratam com muita fofura e humor várias personalidades pop da moda, música e personagens que fizeram história de forma geral. Frida Kahlo, Einstein, Karl Lagerfeld e Amy Whinehouse são apenas algum deles, dá até vontade de começar uma cole ão mimemdecor com br

MAS VOCÊ VAI SOZINHA? Essa frase clichê (e chata) que muitas mulheres escutam virou título de um livro super bacana que conta relatos divertidos sobre como é sair pelo mundo sozinha. A jornalista, expert em viagens e ex-VJ da MTV, Gaia Passareli, encontrou na ilustradora Anália Moraes a sua dupla perfeita para mostrar por meio de textos leves e imagens encantadoras muitas histórias inspiradoras para todas nós. Segundo a própria autora: “o livro não tem nada de autoajuda nem sobre lugares que “tem que ir”. É sobre coisas que fazemos quando estamos viajando e sobre não ter desculpas e ir viver a sua vida”. Se identificou uper recomendo


BY PHILIPPE STARCK A nossa queridinha Miami está sempre se reinventando e trazendo novidades que nos enchem os olhos rescendo a gama dos incríveis hotéis de design da cidade, acaba de ser lançado em downtown o mais novo SLS Brickell (Hotel & Residences). Com o toque moderno e irreverente do designer Philippe Starck, o hotel é moderno, tem uma piscina incrível, com vista panorâmica da cidade, além de restaurantes maravilhosos que prometem movimentar a cidade, como o Bazaar Mar, com especialidade em frutos do mar e comandado pelo top chef José Andrés, e o italiano Fi’lia, pelo premiado Michael Schwartz. Tudo muito convidativo para quem deseja viver novas experiências gastronômicas e de bem-estar. outh iami venue ric ell,

DIGA XIIIIISSS!! Acaba de ser lançada a mais nova e moderna câmera instantânea do mercado: a Leica Sofort, um mimo para os amantes da fotografia com a tecnologia da gigante e tradicional marca alemã Leica. O bacana é o design da câmera, moderna, fininha e em três vers es de cores branco, laranja e menta. Além disso, a empresa lan ou os próprios filmes, mas a ofort também pode ser usada com os filmes da instax, a concorrente da Fuji. Mais prática, impossível leica com

DUO GOURMET Dois amigos de infância que cresceram cultuando a arte gastronômica se especializaram e uniram-se pela paixão por cozinhar para realizar um projeto super bacana em Brasília: fundaram a empresa Duo Gourmet, que oferece serviços de delivery de menus especiais para datas comemorativas. A parceria começou com a elaboração de ceias natalinas, mas a ideia é continuar com montagens especiais para outras datas, como o dia das mães, a Páscoa ou até mesmo menus exclusivos, de acordo com a demanda dos clientes. Entre os vários segredinhos dos chefs, utilizam a técnica de cozimento ous- ide , que em francês significa sob vácuo , referindo-se ao modo de cozinhar em sacolas plásticas seladas a vácuo, em baixas temperaturas, por um tempo maior que o tradicional, que pode variar entre duas e h. Detalhes que fazem a diferen a Duo ourmet duo ourmetbsb mail com @duogoumetbsb

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DESTINO

TERRA DOS GRIMALDI ENTRE A FRANÇA E O MEDITERRÂNEO, O PRINCIPADO DE MÔNACO EXIBE OS DOIS QUILÔMETROS QUADRADOS MAIS SOFISTICADOS DA EUROPA, ONDE DISCRIÇÃO E DESCONTRAÇÃO CAMINHAM JUNTOS COM A REALEZA POR PATRÍCIA VIANA – ENVIADA ESPECIAL

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ônaco – Um daqueles lugares especiais que eu sonhava conhecer, inspirada pelos filmes de Grace Kelly. Minha expectativa foi superada em muito pela realidade. O Principado é uma bolha no mundo atual e, se você sonha com um lugar que tenha sofisticação, despretensão e muita elegância, Mônaco é para você. Coisa de cinema, glamour hollywoodiano, um filme de 007: cassinos elegantes, carros de luxo, iates incríveis, helicópteros...

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Todavia, o Principado é, em primeiro lugar, um destino turístico excepcional. Vamos dizer que o turismo ocupe o trono junto com o Príncipe Albert, pois foi a partir daí que Mônaco tornou-se o que é hoje, com alta concentração de hotéis luxuosos, alta gastronomia, segurança, excelência de serviço e vida noturna vibrante. O Príncipe Charles III construiu o Cassino de Mônaco em 1863 para buscar uma fonte de renda para o Principado. Na


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sequência surgiu o Hotel de Paris, 1864, primeiro do mundo com banheiro no quarto. Daí não parou mais de atrair importantes do mundo inteiro. Entretanto, mesmo atraindo ricos e famosos, é um lugar de pessoas discretas. Os paparazzi são proibidos e a Família Real transita com tranquilidade. Pude comprovar em duas ocasiões, logo na minha primeira noite. Estávamos jantando no restaurante italiano La Salière quando Lolo Aquilina, do Turismo de Mônaco, me disse: “Pati, esse rapaz que acaba de passar por nós é o filho mais novo da Princesa Carolina”. Os monegascos fazem questão da presença e do convívio com a realeza e, portanto, cuidam em manter a absoluta normalidade. Outra ocasião foi quando tomava um café com o Cônsul do Brasil, André de Montigny, e sua mulher, a bela Luciana de Montigny, presidente da Sociedade Brasil – Mônaco. Estávamos no Bar Cristal do Hotel Hermitage. Luciana perguntou discretamente a André: “Como é mesmo o nome deste piloto de Fórmula1?”. Era o David Coulthard. Os dois quilômetros quadrados mais sofisticados do mundo, entre a França e o Mediterrâneo, também são lugar de todas as possibilidades e fácil acesso, seja por via terrestre, marítima, aérea ou férrea. De helicóptero levei seis minutinhos pela Monacair, desde o aeroporto de Nice. A chegada foi à noite, com uma iluminação deslumbrante. O retorno foi num dia incrivelmente ensolarado. Sobrevoar as águas de um azul espelhado com seus rochedos escarpados também foi incrível. Recomendo as duas experiências. O black card para hóspedes do Hotel Hermitage dá acesso a experiências exclusivas, como acompanhar jogos nas salas privativas do Cassino de Monte Carlo. Esses jogos têm um mínimo

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exorbitante de apostas e o acesso é restrito. Fiquei por ali acompanhando. O silêncio era absoluto, com poucos jogadores trajando black tie, numa a atmosfera de absoluto glamour. O L’Hermitage Monte-Carlo é um clássico palácio Belle Epoque, propriedade da The Leading Hotels of the World. Impossível não me sentir a própria Grace Kelly instalada na sua Diomond Suíte – um sonho. O hotel é extremamente feminino e cada detalhe chama a atenção. Sentar à mesa do chef que coleciona a maior quantidade de estrelas Michelin no mundo, Joël Robuchon, é outra experiência imperdível. Localizado no Hôtel Metropole Monte-Carlo, o conceito de cozinha aberta garante a experiência da culinária interativa. Nenhum prato pode apresentar mais do que três sabores. Optei pela Codorna, que fica marinando horas e alcança todas as texturas na sua finalização. Fui transportada para outra dimensão da experiência gastronômica. O Hotel Metrópole é o menor hotel de luxo de Mônaco e oferece nada menos do que excelência aos seus hóspedes: decór by Jacques Garcia com o arquiteto Didier Gomez. Karl Lagerfeld desenhou a piscina Beatrice Ardisson DJ e em fevereiro a casa Givenchy abrirá seu primeiro spa por lá. Mônaco também tem muitas baladas. O Nikki Beach, instalado no Terraço do Hotel Fairmont, tem uma vista fantástica da cidade. Por lá há também hotspots, como Buddha Bar Monte-Carlo e Jimmy’z Sporting Monte-Carlo. Mas, antes de se jogar na balada, vale esquentar, tomando um drink e escutando o melhor do jazz, no Bar Americain do icônico Hotel de Paris, que busca retornar a posição de melhor do mundo. Para isso estão sendo investidos 250 milhões de euros na sua renovação.

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OLHAR POR DUDA PORTELLA AMORIM

contatodudapa@gmail.com

TAOKAN

ARTE Se estiver em visita à Cidade Luz, aproveite para ir ao Musée d’Art Moderne de Paris, que está com uma retrospectiva da obra do pintor Bernard Buffet (1928-1999), considerado um dos pintores franceses mais in uentes e polêmicos do século XX. A exposição tem mais de cem telas do artista, inclusive a mais comentada, que é a obra de seu amante, Pierre Bergé. Dizem que foi ele quem propulsou a carreira do artista, assim como fez com seu companheiro de anos, Yves Saint Laurent. Exposição Bernard Buffet t de fevereiro de Musée d’ArtModerne de laVille de Paris , venue du r sident ilson

aris

Apesar de a culinária parisiense ser encantadora, na cidade há opções para quem quer experimentar o sabor de outras partes do mundo. A dica é o Taokan, um restaurante chinês, mas com atmosfera pra lá de parisiense, muito bem localizado na rue Du Mont Thabor, com clientela estrelada como Olivia Palermo e Catherine Deneuve. E ainda tem o melhor pekinduck e gyoza que já comi. Vale conhecer. tao an fr

4 EM 1 Os panneaux da Vanda Jacintho são o must have do verão. Podem ser usados com sandálias, rasteirinhas ou até mesmo com tênis, para uma pegada mais cool. É fácil e atemporal, podendo ser usado de quatro maneiras. Uma peça democrática, perfeita para o verão. Atende a mulher prática, descomplicada, que não quer levar muita coisa na mala para a viagem para a praia. As estampas são fáceis, versáteis e divertidas. You must, darling! vanda acintho com

SECADOR CREAM DE LA CREAM A marca britânica Dyson lançou um secador de cabelo que não faz tanto barulho e com a promessa de não estragar os fios. D son upersonic mede a temperatura 20 vezes por segundo, evitando que os fios estraguem com o aquecimento. Desenvolvido pelo designer britânico James Dyson, o mesmo que inventou o primeiro aspirador de pó com tecnologia de sucção à vácuo, o eletrodoméstico passou por um estudo primoroso até ser finalizado. resultado é além de lindo, é mais leve e fácil de manusear. Não é à toa que Jen Atkin, cabeleireira da família Kardashian, é a embaixadora da marca. d son com

VERÃO AUSTRALIANO Que tal um destino de verão diferente? A cidade de Byron Bay, na Austrália, é um paraíso, cercada pelo Mar de Coral. O turismo na região tem crescido, ligado ao entretenimento, ao luxo e à vida saudável. Se gosta de praia e verde, indico o hotel The B ron at B ron, na oresta tropical, com um acesso privilegiado para Tallo Beach, uma das praias locais mais bonitas para o surf. A cidade tem um estilo de vida natureba. Além de ser um reduto theb ronatb ron com au do surf, tem muitas cachoeiras. Um destino imperdível.

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TURISMO

DESVENDA-ME SE FOR CAPAZ CONHECER A ORIGEM DO ROCK, DO JAZZ, DO BLUES E DO COUNTRY EMBALADOS COM GASTRONOMIA CREOLE EM ATMOSFERA DE CIDADE ANTIGA SÃO OS ELEMENTOS QUE FAZEM DO SUL NORTE-AMERICANO UMA AVENTURA A SER EXPLORADA POR ANDRESSA FURTADO – ENVIADA ESPECIAL

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ew Orleans – Viajar de carro pelos Estados Unidos pode ser uma ótima alternativa para quem quer conhecer o Sul do País. É possível montar um roteiro focado em gastronomia e boa música e fazê-lo sem preocupação com a estrada. O fato é que as highways americanas são seguras, tranquilas e convidativas. Aumente o som, monte sua malinha de snacks e pise no acelerador. Nesta edição, a GPS|Brasília te convida a conhecer New Orleans, Memphis e Nashville. Em dez dias é possível fazer um roteiro nas três cidades.


WELCOME TO NOLA Quando você pensa em New Orleans o que vem à sua mente? Provavelmente, o jazz e o blues. Mas essa pequena cidade de mais de 370 mil habitantes, conhecida por exportar um dos maiores nomes da música, o grandioso Louis Armstrong, não se resume a apenas esses dois gêneros musicais. New Orleans é também Carnaval, hotéis mal-assombrados, gastronomia bem definida, muita arte e outlets. Este ano, a cidade completou onze anos após o furacão Katrina ter devastado 80% da região metropolitana da Grande New Orleans. Foi o mais destrutivo e mais caro desastre natural na história dos Estados Unidos. Seu dano total é estimado em USD 81,2 bilhões. Atualmente, 60% de Nola foram reconstruídas, os outros 40% estão em fase de melhorias. Porém, nada será como antes. Seus habitantes ainda sofrem com a tragédia e lutam para se desgarrar das mazelas do passado. É possível ver igrejas, casas e estabelecimentos destruídos em completo abandono. O acontecimento, inclusive, transformou-se em tour. Os turistas que desejarem saber mais sobre o desastre natural e suas consequências vão dispor de, em média, USD 50 para perambular pelos destroços e ouvir de um guia dados sobre o local. Durante a noite, se escolher se hospedar no French Quarter, ou Quarteirão Francês, um bairro de casas e estabelecimentos comerciais que mantêm a arquitetura da época da colonização, em estilo francês e espanhol, você irá se deparar

com dezenas de grupos guiados por um morador. São os ghosts tours, os fantasmas. Sim, de acordo com seus habitantes, a cidade é mal-assombrada. O Bourbon New Orleans, hotel a uma quadra da Bourbon Street, é famoso por ser aterrorizante. O próprio gerente mostrou uma foto tirada por um dos seus funcionários, em que aparece um fantasma na entrada do elevador principal. É possível ver nitidamente a aparição. Em outra hospedagem, no hotel boutique Provincial, a exatas quatro quadras da Frenchmen Street, o burburinho é que antes de se tornar hotel, o prédio era um hospital e, claro, muitas pessoas morreram ali. Os inúmeros cemitérios e a prática do vodu também contribuem para a imagem macabra que a cidade tem. Criada pelos escravos, essa religião tinha como figura principal Marie Laveau, considerada a rainha do vodu em New Orleans. Ela era muito respeitada até pelas pessoas mais poderosas da época. A magia continua também na literatura. Uma das moradoras mais notórias da cidade é Anne Rice, escritora famosa de contos sobre bruxas e vampiros. Uma de suas obras conhecidas é Entrevista com o Vampiro, que virou o filme cuja história se passa na cidade. New Orleans é cortada pelo rio Mississipi, o terceiro maior rio do mundo, perdendo posição para os rios AmazoGPSBrasília « 249


nas e Nilo. Para entreter seus visitantes, a cidade oferece passeios de barco com direito a jazz no almoço ou no jantar. No Natchez Cruise, o capitão faz uma longa explicação sobre a história da cidade, enquanto o navio passa por diversos pontos. Bem ao lado do porto, há o Outlet River, com marcas famosas a preços ótimos. Na Jackson Square, você pode fazer um tour de carruagem e, mais na frente, aproveitar o mercado de pulgas French Market. No quesito música, o blues, ragtime e o rock ditam o ritmo de Nola, que vive de diversão e acordes para deleite dos seus visitantes. Festivais de jazz e outros ritmos ocorrem durante o ano, mas o jazz é o hino local. De Buddy Bolden, Louis Armstrong, os Marsalis até os Neville Brothers, New Orleans é uma fábrica de sons e improvisos musicais. E não podemos esquecer o famoso Carnaval da cidade, o Mardi Grass. Quem curte badalação precisa visitar Nola nessa época. É uma experiência completamente diferente.

COZINHA CREOLE E CAJUN A cultura gastronômica de New Orleans é a creole, uma mistura inglesa, francesa, espanhola e africana. O prato típico é o gumbo, uma sopa com aspecto de feijoada que usa ingredientes como cebola, aipo, molho de tomate, frango, carne, frutos do mar, entre outros. Creole é o nome dado aos descendentes dos franceses e espanhóis que colonizaram a região, e a palavra passou a ser usada também para designar o estilo culinário que une receitas africanas e caribenhas. O termo cajun, por sua vez, classifica a cozinha dos acadianos – franceses que saíram do Canadá e desembarcaram em Louisiana. Carne de porco, muitas aves e lagostas, lagostins, crawfishs, lulas, camarões e mexilhões são ingredientes típicos, servidos de todas as maneiras possíveis. A sopa de tartaruga também é cultura. Isso mesmo. Não hesite em experimentar essa iguaria, sem culpa. Já o prailiné é o doce típico, que você pode degustar em vários cafés e restaurantes da cidade. E, por último, mas não menos importante, há também o Po’Boy, o sanduíche típico, feito com pão francês e repleto de bons recheios, que variam conforme o restaurante. O de camarão é uma maravilha. Não deixe de provar as beignets, um doce que lembra a massa de churros e é polvilhado com açúcar de confeiteiro. O melhor lugar para comê-lo, acompanhado de uma xícara de cafe au lait, é no Café du Monde, o mais tradicional, disputadíssimo e vive cheio. 250 « GPSBrasília

MEMPHIS OU MELVIS? A segunda parada é em Memphis. Para os amantes de Elvis Presley, esse destino é obrigatório. A maior cidade do Tennessee, com mais de um milhão de habitantes em sua região metropolitana, é considerada uma das mais importantes na história da música norte-americana. De porte médio e com poucos arranha-céus, uma de suas famosas ruas é a Beale Street. Caminhar nela é se sentir num filme. Há uma grande quantidade de motoqueiros, a música exala dos estabelecimentos e o sentimento é de curiosidade. Bares pequenos, com meia luz, sem muita pompa, servem de cenário para cantores extraordinários. Outra rua que vale a visita é a Main Street. Charmosa, possui um bondinho que é muito mais utilizado de forma turística do que como transporte coletivo. O Rio Mississipi e toda a sua história abraçam a cidade. A pirâmide de Memphis é a construção mais famosa da região. A obra foi concluída em 1991 e causou quase tanta polêmica quanto a pirâmide de vidro construída no Louvre de Paris. Está situada em Mud Island, ilha formada pelas águas do rio, bem em frente ao centro da cidade, e serviu como cenário do filme A Firma, com Tom Cruise. Lá em cima, há um restaurante com vista infinita. É incrível. Memphis tem muita história, e muita música. Grandes nomes do blues, do jazz e até do pop cresceram nela e saí-


The Arcade Restaurant Casa do Elvis Presley

ram para ganhar o mundo. Elvis Presley, Aretha Franklin, Isaac Hayes, Otis Redding, Jerry Lee Lewis, Roy Orbinson, Johnny Cash são alguns nomes de artistas que nasceram ou começaram seus passos por lá. Estúdios como o Sun e o Stax também fazem parte dessa bagagem. A cidade é também chamada de Melvis, uma mistura de Memphis com Elvis. E um dos pontos turísticos mais visitados é Graceland, a mansão que o cantor comprou aos 23 anos de idade e morou até sua morte, em 1977. São mais de 600 mil pessoas visitando o local por ano. Nele, você pode mergulhar na história do rei do rock’n’roll de maneira emocionante. O estúdio onde ele gravava suas canções, seus aviões, seu quarto, sala de jantar, de música e tantos outros cômodos podem ser vistos de pertinho. Elvis chegou à cidade aos 13 anos, ainda um menino tímido e pobre. Cantava música gospel nas igrejas e adorava ouvir o blues da Beale Street. Da mistura de ritmos, começou a cantar o rock. De repente, virou sensação internacional e não parou mais. O astro é personificado em toda Memphis. Há estabelecimentos que possuem uma mesa, até hoje, em sua homenagem. Um exemplo é o Arcade Restaurant, o café mais antigo da cidade, fundado em 1919. Era um dos preferidos do Elvis e a mesa que ele costumava sentar está lá toda decorada com fotos. Quem também não pode ser esquecido é o icônico Martin Luther King. O Museu Nacional dos Direitos Civis foi construído dentro do hotel em que o líder político foi assassinado. Aos que têm interesse em conhecer a história da luta dos negros, essa é uma visita de emocionar. É possível observar o local exato em que ele estava quando levou tiros de rifle, no dia 4 de abril de 1968. O carro do atirador também foi encontrado e está exposto.

Quer visitar uma atração que remete aos tempos de convivência relativamente harmoniosa entre negros e brancos em Memphis nos anos 50 e 60? Vá ao Stax Museum. Uma exceção no meio de uma sociedade dominada pelo racismo e pela segregação. O local conta a história da Stax Records, uma gravadora de muito sucesso entre os anos 60 e 70, que revelou artistas como Otis Redding, Carla Thomas e contou com gravações famosas em seu acervo. Era um celeiro de talentosos artistas brancos e negros, mas acabou entrando em decadência na década de 70, até ser finalmente fechada. No quesito gastronomia, aliás, Memphis está muito bem servida, com deliciosas opções em Downtown, como o sofisticado McEwen’s on Monroe, e ainda com o famoso barbecue do Tennessee, que encontra sua melhor expressão no Central BBQ, com algumas unidades espalhadas pela cidade. É a intrigante gastronomia sulista aliada ao charme hospitaleiro e à cultura country. GPSBrasília « 251


Country Music Hall Off Ryman Auditorium

Honky-Tonks

Honky-Tonks

NASHVILLE, CORAÇÃO DO COUNTRY Esse destino é apelidado de Cidade da Música. Depois de falar de New Orleans e Memphis é difícil dizer que Nashville possui essa fama. Afinal, todas as três cidades são musicais. Porém, na verdade, um gênero toma conta de Nashville. É o country. Com mais de 120 espaços de música ao vivo, há opções para todos os gostos. Você verá guitarristas e compositores de toda a cidade, em lugares como o espaço de bluegrass Station Inn; o ambiente de rock Exit/In; os honky tonks na Broadway; o Bluebird Cafe, voltado para canções; ou o célebre Ryman Auditorium. Especificamente na Broadway, completando o cenário, há lojas vendendo produtos típicos dessa cultura, como botas e chapéus de couro, a deliciosa loja de doces Savannah Candy Kitchen e algumas das melhores atrações da cidade, como o Johnny Cash Museum. É nessa rua inclusive que, à noite, o fervo acontece. Há uma grande quantidade de jovens e de noivas curtindo suas despedidas da vida solteira. Sim, meninas, Nashville pode ser uma ótima alternativa para quem quer curtir seus últimos dias de solteirice. Você não pode passar por Nashville sem ver o Country Music Hall of Fame and Museum. O complexo é conhecido como o maior museu de música popular do mundo. Existem milhares de exposições para apreciar, desde carros até microfones, figurinos e muito mais. Também há um restaurante e inúmeras lojinhas para comprar aquela recordação musical perfeita da sua visita. 252 « GPSBrasília

Se você estiver à procura de um passeio musical nostálgico, um ônibus do RCA Studio B parte todos os dias do museu. Esse espaço costuma ser considerado o berço da Música de Nashville, e foi onde Elvis Presley gravou mais de 200 músicas. Acompanhados por um guia, os visitantes passam pelos diversos ambientes do estúdio, culminando em uma sala onde é possível ouvir gravações originais de Elvis Presley. É de arrepiar. Apesar de o rei do rock sempre ser associado a Memphis, sua história está bastante ligada a Nashville, já que ele assinou contrato com a RCA depois de estourar nas paradas pela Sun Records, gravadora local. Ouvir uma de suas gravações originais no estúdio onde ele as fez é emocionante. Nashville também é chamada de Atenas do Sul. O motivo? A cidade conta com uma réplica do Parthenon, em tamanho natural, no Centennial Park, completada com a estátua de Athena, de 12,8 metros de altura, a escultura interna mais alta do mundo ocidental. Saia e explore os bairros próximos, e descubra alguns excelentes restaurantes locais, lojas, espaços musicais e muito mais. Para se hospedar, não tenha dúvidas: o Loews Vanderbilt Hotel é feito para quem gosta de ser bem atendido e de uma estadia bem localizada. rep rter via ou a convite da rand , ravel outh e opa irlines com seguro viagem da GTA – Global Travel Assistance

COMO CHEGAR A Copa Airlines opera voos para New Orleans de Brasília, com escala no Panamá. Essa parada foi programada para oferecer conexões convenientes para diversos destinos, como cidades na Colômbia, incluindo Bogotá, Medellín, Cali, Barranquilla e Cartagena. Os passageiros em trânsito não passam pela imigração ou alfândega e têm a bagagem despachada automaticamente para o destino final. Panamá é uma ótima escala para os consumistas. Em nenhuma loja do Duty Free do aeroporto paga-se por imposto. É tudo Tax Free.



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SUÍÇA Dividida em cant es e com quatro línguas oficiais, a uí a é símbolo de bem-estar social, cheia de riquezas culturais para visitar e se encantar. Do final de novembro até o início de maio, o país convive com a temporada de inverno que promove intensamente o lifestyle das pistas de esqui.

ARTESÃO DO SABOR

DESACELERAR Aberto na década de 20, Gstaad respira um certo glamour cheio de tradição e elegância. Nem todo mundo vai até lá para esquiar, de fato 40% dos turistas gostam de passear pela região. Atração turística, o centenário hotel Gstaad Palace lembra aqueles castelos mágicos mantidos em uma bola de cristal com ocos de neve. A visita é obrigatória. À noite, o clube Green Go esquenta o inverno com seu peculiar design anos 1970. Ponto de encontro de famosos, como o estilista Valentino Garavani, o magnata da Fórmula 1 Bernie Ecclestone e a cantora Madonna, a pequenina Gstaad continua a ser referência para bons vivants. Talvez, por essa razão, dizem que a frase que define a cidade é: “Somente aquilo que se renova pode permanecer como é”. staad alace

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O chef patissier Robert Speth se destaca na alta gastronomia por sua Apfelstrudel, que é considerada a melhor torta de maçã dos alpes suíços. Em seu restaurante Chesery, uma antiga queijaria na pequenina cidade de Saanen, o chef continua a surpreender sua clientela com a constante renovação do cardápio e mantendo sua estrela Michelin por mais de 30 anos. heser restaurant

PASSEIO MÁGICO Em 1796, o relojoeiro Antoine Favre-Salomon inventou um relógio de bolso musical e, desde então, ele é considerado o inventor da caixa de música. E assim a pequenina cidade de Sainte-Croix tornou-se a capital da música mecânica. Hoje, há um grande número de artesãos dedicados à arte da fabricação de caixas de música e automatons – mecanismos automáticos de movimento e música. Sainte-Croix abriga ainda o CIMA Museum, inteiramente dedicado à arte das caixas de música. Entre as preciosidades em exposição, destaca-se um fonógrafo cilíndrico inventado por Thomas Edison. useum

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ESPETACULAR Todos os anos, no mês de janeiro, a paisagem dos céus de Château-d’Oex se enche de cor, é o Festival Internacional de Balões. Durante dez dias, mais de vinte países habitam os ares com algo perto de uma centena de balões de ar quente. Criado em 1979, o festival atrai turistas do mundo inteiro com uma programação diurna e noturna que conta com um dia inteiro especialmente dedicado às crianças. De

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PRECIOSIDADES Dotada de excelente reputação, a renda de Saint-Gall tem como cliente a alta costura e suas maisons, como Chanel, Alexander McQueen, Valentino e Giorgio Armani. As rendas Saint-Gall vivem, atualmente, um período de inovação do mercado têxtil, com máquinas de alta tecnologia, para garantir a qualidade. Para quem gosta de adquirir algo especial de moda, a boa pedida é a loja de fábrica da Bischoff Textil, recheada de rendas e tiras bordadas com descontos preciosos. ischoff e til

THE BEST Considerado atualmente o melhor lugar para se esquiar na Suíça, Samnau Engadin lidera pela modernidade da infraestrutura e arquitetura. Localizada na região da Engadin, próxima à fronteira com a Áustria, Samnau possui 238km de pistas nível intermediário e avançado. A estação se destaca como atração para os amantes do snowboarding. Os restaurantes oferecem vistas de beleza impar com surpreendente toque de futurismo. www.samnau.ch

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GASTRONOMIA VIVA TURISMO DE EXPERIÊNCIA A cidadezinha de La Chaux de Fonds é a metrópole da famosa relojoaria suíça. Nos últimos anos, as fábricas abriram suas portas e tornou-se possível ver de perto a técnica da fabricação relojoeira, uma oportunidade surpreendente. A agência Swiss Watch Tours organiza visitas guiadas durante todo o ano. iss atch ours

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O pequeno vilarejo Emmental é responsável pela produção do queijo que leva seu nome e é símbolo da Suíça. Seja em um caldeirão antigo ou moderno, a demonstração da fabricação do queijo Emmental é uma experiência única de pura tradição. Após a demonstração, vem a degustação para selar a visita com todas as experiências sensoriais. As visitas guiadas são feitas o ano todo, mediante reserva. mmentaler chau serei schau aeserei ch

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PARAÍSO

É LINDO DEMAIS

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NA COSTA AFRICANA, AS ILHAS MAURÍCIO ENCANTAM PELA NATUREZA EXUBERANTE E A ALEGRIA DE SEU POVO MISCIGENADO. RESORTS PARADISÍACOS SÃO A GRANDE ATRAÇÃO PARA QUEM QUER ROMANCE E SOSSEGO POR RAFAEL BADRA – ENVIADO ESPECIAL

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ort Luis, Ilhas Maurício – Paisagens deslumbrantes, mar azul-turquesa com água cristalina, bangalôs em meio à areia branca e hotéis luxuosos. Não é à toa que as Ilhas Maurício, no Oceano Índico, distante dois mil quilômetros da costa africana, sempre figuram entre os destinos mais procurados para lua de mel. Mas esse país de aproximadamente 1,2 milhão de habitantes tem muito mais a oferecer aos visitantes, que somam um milhão ao longo do ano. Quem para lá viaja pode curtir, além da praia, os esportes aquáticos e de aventura, os passeios de barco, os safáris marítimos, a natureza e um pouco de história. As Ilhas Maurício, cuja a capital é Port Luis, foram descobertas pelos portugueses no início do século XVI, mas os holandeses foram os primeiros colonizadores. O nome veio daí, uma homenagem a Maurício de Nassau. Nos séculos seguintes, mais precisamente XVIII e XIX, franceses e ingleses também brigaram pelo território. Por isso, são três as línguas oficiais de Maurício: inglês, francês e crioulo. A última foi criada pelos escravos que misturavam o francês com palavras inventadas para que seus donos não conseguissem entendê-los. GPSBrasília « 257


Talvez a miscigenação de raças seja o ponto alto de Maurício. O povo local é uma atração à parte. Alegres, dão o toque especial na viagem de férias com muita música e dança. Os passinhos da sega, ritmo típico da ilha, têm pegada caribenha e muito agrada os brasileiros que passam por lá. As Ilhas Maurício tiveram também grande influência asiática na culinária, nas tradições e na religião. Encontrar um templo hindu em um passeio pela ilha pode chamar a atenção do turista. Metade da população tem origem indiana. Os imigrantes chegaram na metade do século XIX, com o fim da abolição da escravatura, em busca de uma vida melhor. O açúcar e alguns produtos derivados, como o rum, são grande fonte para a economia local. O país também tem tradição na comercialização de chás, especialmente o de baunilha. Não deixe de experimentar.

AS PRAIAS Elas são, sem dúvida, o maior atrativo do país de clima tropical. As mais belas estão na região norte e leste da

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ilha: Trou Aux Biches, Belle Mare e Grand Bay. Ficam cercadas por uma barreira de corais, que deixa as águas calmas próximo à areia. A temperatura é propícia tanto no verão quanto no inverno. Esse cenário paradisíaco é um destino muito procurado por casais. A ilha exala romance. Uma das áreas mais badaladas da região é Port Louis. Além de capital, é a maior cidade das Ilhas. Seus mercados vendem diversos produtos, mas o aroma doce e inconfundível da baunilha merece destaque. O contato com a natureza é a grande vedete. Áreas de proteção ambiental, como o Jardim Pamplemousse (um estilo de jardim botânico local), destacam-se por possuir centenas de exemplares de um animal raríssimo vivendo em seu habitat natural: as tartarugas gigantes, com mais de um metro de altura e pesando 200kg. Maurício esconde mistérios e atrações. Por isso, é sempre bom andar acompanhado de um guia de turismo local. Em Casela, no lado oeste da ilha, há uma reserva de vida selvagem que ocupa 14 hectares. A grande aventura deste parque é a possibilidade de andar lado a lado com felinos, como leões e guepardos. Tudo com total segurança. Fora a beleza das praias e da natureza exuberante, a ilha está repleta de programas. Explorar o alto mar, que parece uma tela pintada à mão, é imperdível. Pescar. Pelo menos um dia da viagem, vale acordar cedo para ver o nascer do

sol. Mas apreciar o entardecer de frente para o mar é recomendável fazer diariamente, tamanha a beleza. Se o paraíso existe, ele fica nas Ilhas Maurício.

CHARME NA HOSPEDAGEM Situado no lado leste da ilha, em Belle Mare, o The Residence Mauritius foi aberto em 1998 e é um hotel que cria a atmosfera local dos anos 1920, com arquitetura da Maurício colonial. É clássica, com pé direito alto, mas com toque moderno. Uma das marcas registradas do hotel é o perfume de uma planta originária da Ásia chamada Ylang Ylang, que desde o século XVII se espalha pela ilha. O hotel tem como ponto central a piscina. À sua volta estão os restaurantes Dining Room, de cozinha sofisticada The erandah, para refei es leves; e The Plantation, de frutos do mar. Há 163 quartos, de 54 a 164m², e o SPA. À disposição dos hóspedes tem um buttler, o chamado mordomo, que está ali para tornar a estadia inesquecível. Ele abre e fecha a mala do visitante e prepara banhos relaxantes, só para citar alguns caprichos. Todas as reservas incluem meia pensão. Destaque para os sucos frescos, como o de maçã; as frutas, queijos, panquecas e waffles. Para famílias com crianças, há um clube com monitores e várias atividades.

COMO CHEGAR São 12 horas de vôo do Brasil via África do Sul. A volta dura 14 horas. O caminho mais curto é por Johanesburgo, pela South African Airways. São dez vôos semanais, saindo às 18h30 de São Paulo, com apenas uma escala.

VISTO E VACINA Brasileiros não precisam de visto. Mas é necessário tomar a vacina contra febre amarela com, no mínimo, dez dias de antecedência. O viajante que não estiver imune deve procurar um posto de saúde mais próximo. Depois, é preciso procurar o posto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para retirar o ertificado nternacional de acina. • • • • •

Capital: Port Louis Moeda: Rúpia mauriciana (RS$) Idioma: Inglês e francês Clima: As temperaturas variam entre 22ºC no inverno e 34ºC no verão Eletricidade: 220 volts.

Serviço The Residence Mauritius Coasted Road, Belle Mare | Mauritius info mauritius theresidence com ceni aro com theresidence mauritius Sega Tours & Cruises

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ENSAIO

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