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Artigo Brasília, o mundo está aqui

Ricardo Medina

Jornalista, escritor e consultor de comunicação

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BRASÍLIA, O MUNDO ESTÁ AQUI

Brasília chega aos seus 62 anos com um chamado urgente: assumir de vez sua vocação cosmopolita, rompendo definitivamente o distanciamento que ainda atinge alguns de seus principais círculos sociais.

Aí está um dos maiores desafios das capitais nacionais. Porque desse convívio virão não apenas a riqueza cultural, melhor instrumento de troca que existe, mas também informações fundamentais para estarmos plenamente conectados ao mundo. A questão é de sobrevivência, nossa e das gerações futuras.

Neste aniversário de Brasília, lembrei-me de um fato que marcou o início de minha carreira, há 30 anos. Na década de 1990, um grande empresário do DF, analisando a vida social da cidade, disse para mim: “Você que é um jovem colunista não pode se esquecer que Brasília tem dois lados. O ocidental, onde estamos nós que construímos esta cidade e aqui criamos nossas famílias. E o oriental, onde estão os outros. Esses lados não se misturam”.

Essa ideia anacrônica de separação de vidas e territórios ainda vingou com força até a consolidação irreversível da globalização e da internet. Numa capital como Brasília, isso se mantinha em lados isolados, à base do torcer o nariz, o que naquele tempo se chamava de “panelinhas”, as tribos sociais. Parêntesis para dizer que este texto é cheio de aspas porque reproduz o que ouvi de viva voz.

O mapa se desenhava assim: do lado ocidental estavam os empreendedores da cidade, candangos e pioneiros com seus descendentes, habitantes das quadras do Plano Piloto e do Lago Paranoá. O lado oriental seria, por definição, a Esplanada dos Ministérios e seus arredores burocráticos, onde perfilavam grupos de políticos, militares e diplomatas.

Com maior ou menor grau de aparhteid, os “brasilienses natos” pouco conviviam com os “forasteiros”. E talvez o caso mais curioso seja em relação aos diplomatas, tanto brasileiros quanto estrangeiros. A disposição ao distanciamento era recíproca. Da parte dos locais porque os achavam “esnobes”. Já os diplomatas padeciam do engessamento de uma instituição mundial que desde seus primórdios sempre foi composta exclusivamente por membros do círculo íntimo das cortes reais.

Mas isso caiu em desuso. O mundo, o Itamaraty e a Avenida das Nações se democratizaram e se existe hoje algo démodé é a tal postura elitista, monárquica, autocrata. Sem falar que o tal “nós contra eles”, num tempo moderno e hiperconectado, tornou-se simplesmente cafona.

Por isso, passou da hora de você ter amigos diplomatas nesta Brasília internacional, jovem e vibrante. É uma cidade repleta de excelentes oportunidades para conversar com eles sobre as coisas do mundo. Seja nas mesas de bares, nos restaurantes e nos salões de festas. Inclusive no dia a dia, que leva ocidentais e orientais a frequentar os mesmos shoppings, feiras livres, consultórios médicos e espetáculos. E que também se informam por veículos de comunicação como este GPS|Lifetime, sala de visitas da cidade.

Brasília é você ponto com o mundo.

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