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Maurício Lima Onde tudo começou
ARTE
Maurício Lima
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Consultor em investimento em arte mauricio@galeriaclima.com.br
ONDE TUDO COMEÇOU
A série de trabalhos que deu origem ao estilo que Eduardo Sued se consagrou
Eduardo Sued é inquestionavelmente um dos maiores coloristas que o Brasil já teve e, dentro do movimento artístico construtivista, um dos maiores nomes. Sued começa seu caminho pelas artes em 1949, quando inicia formação como artista plástico no curso livre de pintura e desenho do pintor alemão Henrique Boese (1897 – 1982). Depois desse curso, não parou mais de se envolver com a arte. De 1950 a 1951 colabora como desenhista de arquitetura no escritório de Oscar Niemeyer (1907 – 2012). Durante esse período já fazia algumas aquarelas e com a venda delas consegue ir para Paris em 1951, lá permanece até 1953 e frequenta as Académies Julian e de La Grande Chaumière, que mais do que escolas eram locais onde os estudantes se expressavam livremente por meio do desenho e da pintura. De volta ao Brasil, inicia curso de gravura em metal com Iberê Camargo (1914 – 1994), tornando-se mais tarde seu assistente no ateliê.
Colagem de 1969, um dos primeiros trabalhos construtivistas de Eduardo Sued
Colagem de 1969, um dos primeiros trabalhos construtivistas de Eduardo Sued
Em 1956 inicia a carreira de professor de desenho, pintura e gravura em metal, atividade que abandona 1980. Na década de 60, Sued realiza importante produção de gravuras e participa de mostras como a Bienal de San Juan de Gravura Latino-Americana (1970) e da Bienal Internacional de Gravura (1970), na Polônia.
O interesse por grandes áreas cromáticas e a busca por mais plasticidade levam-no a dedicar-se de forma cada vez mais exclusiva à pintura em meados dos anos 1960, e foi durante essa década que houve uma mudança brusca na pesquisa artística, a qual eventualmente o levou para o construtivismo, movimento que, com o uso de equilibradas combinações de cores, transformou-o em um dos mais importantes coloristas brasileiros.
Essa transição ocorreu de forma relativamente rápida, durante os anos 60 o artista passou por vários estilos.
Em sua pesquisa com gravuras dessa década, Sued ainda transitava por uma arte mais figurativista, retratando pessoas com rostos bem definidos.
Na segunda metade dessa década, a cor apareceu de forma muito forte e já mostrava todo o potencial cromático que o artista apresenta até hoje, com seus 96 anos. Em alguns trabalhos daquele tempo, um resquício de figurativismo pode ser visto principalmente com o uso de cabeças humanas que fazem parte de uma composição repleta de formas sobrepostas, já descartando o uso de sombra para dar tridimensionalidade e usando apenas as variações de cores para criar camadas e certa perspectiva. Posteriormente em seus trabalhos construtivistas Sued utiliza de forma primorosa a variação de cores para gerar um aspecto tridimensional em suas obras.
Até o final da década, o artista continuou desenvolvendo trabalhos nesse estilo, tanto em pinturas, quando em gravuras e desenhos. Sempre variando e criando objetos que se sobrepõem e usando as cores para criar os volumes.
Em 1969 continua com o estilo dos anos anteriores, porém, nesse ano, Sued começa a explorar o movimento construtivista com suas linhas retas e formas geométricas mais regulares e definidas. Foi então que o artista cria alguns de seus primeiros trabalhos construtivistas, uma série de pequenas colagens sobre papel, quase todos pintados na cor prata – nesses trabalhos o artista usa camadas de papel cartão para criar obras tridimensionais.
Nos anos seguintes, algumas dessas obras foram vendidas, mas um grupo de sete colagens ficou guardado no ateliê até 2021, quando foram vendidas. Esses trabalhos são de grande importância histórica dentro da carreira do artista e dentro da história da arte brasileira, pois foram a base construtivista que o artista usou para desenvolver sua pesquisa de quase sete décadas.
Eduardo Sued continua firme e forte trabalhando em seu ateliê no Rio de Janeiro, fazendo lindas pinturas.
Óleo sobre tela de 1967
Gravura de 1965