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Mostra Vida e morte de Van Gogh
A trajetória conturbada do holandês torna-se acessível àqueles que não frequentam museus, mas veem na arte uma forma sensitiva de história e deleite
VIDA E MORTE DE VAN GOGH
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Por Pedro Ângelo Cantanhêde
Em meio a tanta tragédia, a arte. A vida de Vincent Van Gogh pode ser caracterizada assim. Do alcoolismo a um suposto suicídio, foram as cores e as pinceladas que mantiveram a mente do holandês maquinando, por meio de obras que refletiam a rotina e a prodigiosidade do artista.
Hoje, mais de 130 anos depois, o mundo também vive tribulações. Seja em questões sanitárias, sociais ou de confrontos políticos, são muitas as tragédias que atingem a mente de todos. Talvez, mais uma vez, a esperança virá pela arte. A arte dentro de nós; nós dentro da arte.
Beyond Van Gogh é este sopro de crença transformado em realidade. Em exibição em São Paulo, a exposição imersiva chega a Brasília em julho, no ParkShopping, após rodar continentes e ser prestigiada por mais de vinte milhões de pessoas ao redor do mundo.
Fotos: Divulgação
Imagine a sensação de estar em um museu e apreciar cada detalhe de uma obra de cores vibrantes e temas melancólicos, mas sempre tendo como limite a distância entre o quadro e você. Feche os olhos vá além: sinta-se imergindo em cada pincelada da quase fotografia de seu quadro Auto-Retrato, em cada pétala de Os Girassóis e em cada estrela eternizada pelo tempo em A Noite Estrelada.
Em seus dois mil metros quadrados de projeções, o visitante vivencia, agora de olhos abertos, uma viagem por dentro dos sonhos e aflições de Van Gogh, transformados em pinturas pós-impressionistas. De origem calvinista e absolutamente antissocial, Van Gogh se aproxima da arte aos 16 anos, ao trabalhar na galeria da família. Depressivo, tentava ser teólogo enquanto desenhava.
Ao irmão Theo, que o incentivou no início da carreira de pintor, disse: “Eu não quero pintar quadros, eu quero pintar a vida”. A partir daí passa a realizar pinturas a óleo, tomando de uns as pinceladas separadas e de outros as cores precisas. Desta fase surgiram mais de duzentos quadros, entre eles Auto Retrato (1887).
Numa temporada isolado no campo, já com a saúde debilitada, surgem suas obras mais importantes. Entre as mais de cem produzidas, Girassóis (1888), em que uma única tonalidade é valorizada por intermédio de modulações de luz, e Quarto em Arles (1888). Foi nessa época que ocorreu o famoso episódio da orelha cortada, envolvendo uma mulher.
Em relatos, sua amante teria se relacionado com Gauguin, e, ao descobrir, Van Gogh discute e agride o amigo com uma navalha. Arrependido, corta um pedaço de sua orelha e manda num envelope para Gauguin. Durante sua recuperação em casa, pinta o Auto Retrato com a Orelha Cortada (1888).
Van Gogh morreu praticamente no anonimato. O suicídio foi em 1890, quando saiu para um campo de tricô munido de uma arma, prevendo o tiro no peito. Sua trajetória está escrita em mais de setecentas cartas ao irmão, de quem era muito próximo. O artista morreu na França, país onde amontoava mais de setecentos quadros sem comprador. A fama veio após a sua morte.
Na exposição, parte desta trama é contada de maneira bem-humorada numa narrativa de cordel, com referências à Semana da Arte de 22. Pelos ouvidos, a trilha sonora contemporânea em piano acompanha o ritmo acelerado de um coração emocionado. “Você consegue se envolver de maneira completa na obra do artista. O momento é esse, pessoas que talvez nunca entraram em um museu vão se encantar”, afirma o brasiliense Rafael Reisman, CEO da Blast Entertainment, responsável por trazer a exposição ao País.
Beyond Van Gogh @beyondvangoghbrasil