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ANO 6 « Nº 18 « 2017
INÉDITO
FREIRAS QUE VIVEM RECLUSAS ABREM AS GRADES DO CLAUSTRO
VIDA REAL
Virgil Abloh, o porta-voz da nova geração, dá as cartas em Paris
CAUÃ REYMOND
# 18 / 2017
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DE PERDER O FÔLEGO
Ele é o cara. Em cena, em família ou no imaginário de seus fãs
TUDO OU NADA
PARQUE DA CIDADE CELEBRA 40 ANOS E PRECISA DA COMUNIDADE LAS VENTANAS
É NA RIVIERA MEXICANA QUE SE ENCONTRA O MELHOR HOTEL DO MUNDO
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Diretora de redação Paula Santana Editora-chefe Marcella Oliveira Reportagem Andressa Furtado, Larissa Duarte e Pedro Lira Editora de criação Chica Magalhães Editor de fotografia Celso Junior Fotografia Gustavo Moreno e Sérgio Amaral Produção Executiva Karine Moreira Lima Colaboradores Ana Siqueira, Caroline Vilhena, Duda Portella Amorim, Isabella de Andrade, Luciana Barbo, Marcus Barozzi, Maria Thereza Laudares, Maurício Lima, Morillo Carvalho, Patrícia Justino, Paulo Pimenta, Rafaela Soares, Sonia Vilas Boas, Tiago Chediak e Vini Goulart Revisão Jorge Avelino de Souza Diretor Comercial e Administrativo Rafael Badra Diretora de Marketing Flaviany Leite Diretor de Relacionamento Guilherme Siqueira Representante Comercial José Roberto Silva Tiragem 30 mil exemplares Circulação e Distribuição EDPRESS Transporte e Logística
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SÓCIOS-DIRETORES RAFAEL BADRA PAULA SANTANA FLAVIANY LEITE GUILHERME SIQUEIRA SHIS QI 05, bloco F, sala 122 Centro Comercial Gilberto Salomão CEP: 71615-560 – Brasília-DF Fone: (61) 3364-4512
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EQUIPE
Chica Magalhães
Pedro Lira
Marcella Oliveira
Karine Moreira Lima
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Larissa Duarte
Celso Junior
COLABORADORES
Caroline Vilhena
Gustavo Moreno
Isabella de Andrade
Luciana Barbo
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Morillo Carvalho
Paulo Pimenta
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Sérgio Amaral
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Tiago Chediak
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ANO 6 – Nº 18 – OUT NOV DEZ 2017
Cauã Reymond foi fotografado por Thiago Chediak
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A PORTA DO CÉU
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MEMÓRIAS PARA JAMAIS ESQUECER
40
MUITO AMOR ENVOLVIDO
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TOUCHDOWN... YEAH!!!
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MÚSICA URBANA
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XODÓ DA CAPITAL
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AINDA É CEDO
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À SUA MANEIRA
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OS ANTIGOMOBILISTAS
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DIA DE LUZ, FESTA DO SOL
Freiras abrem as grades do claustro O quase quarentão Parque da Cidade Por onde Renato Russo andou As lembranças de Dona Carminha A paixão por carros antigos
ist ria da primeira oficina
O futebol americano em Brasília Brasiliense Anderson Tomazini A nova cara do rock and roll Os 80 anos de Roberto Menescal
Caixa Dolce&Gabbana p r stificio di rtino – preço sob consulta
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ARTE POR MAURÍCIO LIMA
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OS ATOS DE ATHOS
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DISCRETAMENTE GENIAL
Hilal Sami Hilal em Miami
Mostra do centerário de Athos Bulcão O talento arquitetônico de Arthur Casas
100 PAISAGISTA OU ARTISTA?
Luiz Carlos Orsini e seus jardins
104 ENTRE NÓS POR PATRÍCIA JUSTINO O que tem de cool na temporada
106 ELE SONHA E COZINHA
O novo restaurante de Marcelo Petrarca
110 PÃO DE AMOR
Um roteiro de padarias especiais
116 O CANAL DO VINHO
A paixão pela bebida virou negócio
118 AFIF DOMINGOS
Um bate-papo com o presidente do Sebrae Nacional
124 NARRATIVAS QUE LIBERTAM
As crônicas cotidianas de Martha Medeiros
130 ENSINA-ME A VIVER
Paulo Vieira e seu coach transformador
134 O CONSULTOR DE SONHOS
Marcelo Araújo e imóveis de luxo
142 ARTIGO POR CRISTIANO ARAÚJO
O deputado e o desenvolvimento econômico
144 ARTIGO POR ROBÉRIO NEGREIROS
A inclusão do serviço de libras pela CLDF
146 ARTIGO POR LORENA LEÃO
O tratamento com ácido hialurônico
148 ARTIGO POR LUCIANA ASPER Y VALDÉS A promotora faz análise sobre corrupção
Louis Vuitton – R$ 9.450
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150 ARTIGO POR NICOLE ARAÚJO
232 TETÊ COM ESTILO
152 ARTIGO POR LETÍCIA COSTA REBELLO
234 LAS MARAVILLAS DE MEXICO
Tratamentos para rejuvenescimento íntimo
Os riscos do Acidente Vascular Cerebral
154 MUITO ALÉM DA MEDICINA
Hospital Sírio Libanês em Brasília
160 CAUÃ REYMOND, PERFEITO
Em Nova York, o ator estampa a capa
190 UM LUXO DE BAZAAR
O consumo proposto por Raffaela Prudente
192 Z GENERATION
A geração de jovens que dita a moda
202 WORK IN PROGRESS
Uma turnê por Berlim e seus encantos Por dentro da embaixada mexicana
240 FRIDA KAHLO, A OBRA DE SI MESMA A trajetória da artista mexicana
244 A MORENITA
A devoção à Nossa Senhora de Guadalupe
248 A PRINCESA DO PACÍFICO
O charme do cruzeiro Princess Star
252 UNIVERSO PARTICULAR
O paraíso do Las Ventanas em Los Cabos
258 UMA CASA ESPETACULAR
O refúgio da Ty Warner Mansion
O visionário americano Virgil Abloh
210 DÁ LIKE!
O fenômeno comportamental dos youtubers
230 OLHAR POR DUDA PORTELLA AMORIM
Dicas de beleza e viagens mundo afora
Burberry – Bolsa tamanho médio R$ 3.395 e grande R$ 3.695 (cada)
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EDITORIAL
Paula Santana
Flay Leite
Guilherme Siqueira Rafael Badra
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ar início a 2018 com Cauã Reymond só pode ser o prenúncio de boa vibração para o ano que chega. E é incrível como Deus se encarrega de arrumar sentido a tudo, mesmo sem nos darmos conta no início. Quando percebemos, está perfeitamente costurado, encaixado. Veja só: há algum tempo sentíamos vontade de uma figura masculina na capa, mas deveria ser num momento especial e com um homem que tivesse algo a dizer, além de fama, beleza e talento. Cauã veio no momento perfeito. Ele não é um menino, mas tem frescor e jovialidade. Ele é intenso na profissão, mas leve e sereno em sua postura. Ele é pragmático, objetivo, mas age com a máxima delicadeza. Seu sorriso vem lá de dentro, dispensa qualquer palavra que o defina. Por isso ele é apaixonante. Esses extremos integrados foi o modo como o GPS tentou se comportar ao longo dos seus seis primeiros anos de vida. E chegou o nosso sétimo ano. Tão místico e cheio de significados. Na Bíblia, o número sete simboliza a totalidade. A união do céu e da terra por meio do Pai, do Filho, do Espírito Santo e dos quatro pontos cardeais: Norte, Sul, Leste, Oeste. É exatamente isso que buscamos em nossas mídias social, digital e impressa: sermos completos, sermos o todo que nossos seguidores esperam quando nos leem. Por isso, só poderia ser o Cauã. E não foi fácil. Praticamente o seguimos pelos quatro cantos da terra, até conseguirmos trazê-lo para diante de nossas lentes, em Nova York. Fomos até lá, claro. Buscar essa energia sem fronteiras. Também aproveitamos e mergulhamos num resgate da memória da Capital da República no tema rock and roll. Passado e futuro. Refizemos os locais onde Renato Russo circulava nos tempos de juventude, sob coordenadas de
dona Carminha, sua mãe, que nos recebeu no apartamento onde Renato foi criado. Passamos pelo Parque da Cidade, que completa 40 anos em 2018, parte da nossa rotina emocional, e, agora, governo e comunidade precisam se unir para resgatar o pulmão do Cerrado. Recuperamos um dos mais vibrantes momentos do início de Brasília, as corridas promovidas pela lendária oficina Camber, onde Nelson Piquet e Pupo Moreno eram mecânicos e Galvão Bueno, limpador voluntário de peças. Uma maravilha. Mas divino mesmo foi conseguir entrar no claustro, local onde freiras vivem há três décadas sem sair ou receber visitas. A missão é rezar pela humanidade. A GPS foi o primeiro veículo a atravessar as grades que as separam da realidade. Vale muito a leitura. E já que falamos de novos tempos, fomos em busca da energia transgressora da geração Z, os pós-millennials. Quem nos direcionou foi o norte-americano Virgil Abloh, atualmente o homem mais influente dessa moçada, diretor artístico de Keyne West e o proclamador do pós-streetwear. Ele dominou a moda. Apegados ao design que somos, conversamos com Arthur Casas e Luiz Carlos Orsini, dois mestres da arquitetura e do paisagismo. E em começo de jogo, nada melhor que recompor o pensamento e pensar em melhores performances para si mesmo. Quem fala sobre isso é a escritora Martha Medeiros e o coach Paulo Vieira. Mas férias não tem viagem? Sim… quer escapar da rotina? Vá para o México. Bom demais. E então? Preparados para o primeiro ano do resto de suas vidas? Nós estamos!!
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RETRANCA
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APÓS QUATRO VISITAS PARA VIVENCIAR A ROTINA DO CARMELO NOSSA SENHORA DO CARMO, A PORTA DO CLAUSTRO É ABERTA PELA PRIMEIRA VEZ A UMA EQUIPE DE JORNALISMO. LÁ DENTRO, 13 CARMELITAS FAZEM VIGÍLIA NOITE E DIA. SÃO MULHERES QUE DEIXARAM SUAS VIDAS AMOROSAS, EM FAMÍLIA OU DE ESTUDOS PARA SE DEDICAR A REZAR PELA HUMANIDADE POR PAULO PIMENTA « FOTOS CELSO JUNIOR
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o lado de fora, o silêncio é quebrado apenas pelas cigarras e pássaros. Sem grande movimentação, pode-se pensar que é um lugar inabitado. Todas as janelas são gradeadas. Ao entrar no estacionamento da casa, a sensação é de que, ali, o tempo parou. Ledo engano. A vida dentro do Carmelo Nossa Senhora do Carmo segue ligeira e atarefada, mas, sobretudo, em paz. Treze freiras atuam como atentas sentinelas do mundo: vigiam, oram e intercedem pela humanidade. Carregam o céu na alma.
As fundadoras desse Carmelo chegaram à Capital em 1992. Em dezembro deste ano, comemoram o aniversário de 25 anos. Localizado no fim do Lago Sul, o Carmelo faz parte de uma área que se pode chamar de Terra Santa de Brasília: está entre o Mosteiro de São Bento, o Seminário Redemptoris Mater e a Ermida Dom Bosco. Ao chegar, deparei-me com o portão fechado e precisei descer do carro para alcançar o interfone. Eu parecia ser o único intruso. Para conversar com alguém, procurei pela roda. Nos carmelos, as rodas existem desde a Idade Média. São estruturas de madeira abertas de um lado e que giram 360º, como se fossem barris cortados ao meio na vertical. Elas servem para apoiar a caixa com os pedidos de oração, o sino para chamar as irmãs, e tudo o que precisar ser entregue. Toquei o sino e ouvi uma voz feminina. Após explicar o motivo da visita, fui orientado a aguardar na recepção. Destacavam-se um quadro de Nossa Senhora do Carmo, uma imagem de Santa Teresinha do Menino Jesus e um crucifixo. O corredor dava acesso aos banheiros usados pelos fiéis e à loja de artigos religiosos.
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É desse local que se acessa a clausura. Uma grande porta de madeira, com fechadura apenas do lado de dentro, separa o mundo lá fora. Sobre ela, os dizeres “Aqui é a casa de Deus. Porta do Céu”. Pouquíssimas pessoas – quase ninguém – têm acesso permitido ao outro lado. À equipe da GPS|Brasília, no entanto, foi concedida tal permissão. Após o sino tocar algumas vezes, de uma forma não muito comum, fui direcionado a uma sala chamada Parlatório 2, onde uma das irmãs me receberia. Só mais tarde, eu entenderia que, no lugar de gritar o nome das irmãs quando necessário, para cada uma o sino tilinta de um jeito diferente. A casa conta com três salas para receber os visitantes. São amplas e separadas por uma
grade no meio. Após entrarem no Carmelo, o contato com as freiras só se dá por meio desse “bloqueio”. O mosteiro só pode abrigar, de acordo com a regra, no máximo, 21 carmelitas. Hoje, há 13. Do lado em que eu me encontrava, havia uma janela, seis cadeiras, um quadro da morte de São José, uma imagem de Nossa Senhora do Sorriso e um crucifixo. O outro lado só pude observar quando a Irmã Maria Aparecida abriu a cortina e se apresentou a mim, vestida com hábito marrom, terço na cintura, véu preto, e um pano que só deixava a face à mostra. Ao ver o sorriso no rosto dela, compreendi o porquê de tantas pessoas procurarem as carmelitas em busca de auxílio espiritual diariamente.
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Irmã Maria Aparecida de Cristo Rei veio de Campo Grande (MS) e completou 60 anos em outubro. Queria ser médica ou freira desde criança, mas só entrou no Carmelo aos 38 – um pouco tarde se comparado às outras irmãs. Estudou em escola de freiras e chegou a fazer experiência em outro convento quando adolescente, mas tornou-se funcionária pública e trabalhou em um centro de saúde. Em uma peregrinação ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, diante da imagem da padroeira do Brasil, “ouviu” de Deus a palavra “Carmelo”. Quando foi conhecer um, já queria ficar. Foram seis anos até o momento em que entrou para a vida religiosa. Na casa, as irmãs fazem três votos: pobreza, castidade e obediência. A grade, que muitas vezes assusta quem está do lado de fora, é vista como uma simples separação física. “Ela não é um fim, é um meio que vai favorecer a vida de oração, silêncio, solidão”, pondera a irmã, e finaliza: “É uma liberdade atrás das grades.”. Depois de entrar para o Carmelo, as irmãs só podem sair em três condições: doenças que não possam ser tratadas lá dentro; quando os pais precisam de auxílio (não vale para outros membros da família); e para votar durante o período eleitoral. A conversa com a freira foi interrompida pelo toque do sino que anunciava a hora da oração. Antes de partir, pedi para conversar, outro dia, com a madre superiora da casa. Fui embora com um número de celular em mãos e, pelo WhatsApp, combinei o retorno.
A QUEM TEM DEUS NADA FALTA As irmãs do Carmelo não estão alheias à realidade do mundo. Têm uma televisão, um computador e um celular na casa – sob a supervisão da madre superiora. O uso é regrado. A TV serve apenas para assistir filmes religiosos ou de estudos, além de debates políticos pré-eleitorais. Ainda acompanham assuntos relacionados ao Papa. O computador auxilia nas funções administrativas da casa, no repasse de informações de sites católicos e em alguma demanda por e-mail. Já o celular facilita a comunicação em um mundo cada vez mais tecnológico. O encontro com a Madre Superiora foi em outro dia. Irmã Maria Madalena da Cruz apareceu do outro lado da grade com os olhos desconfiados de uma mãe que protege as filhas, mas um sorriso acolhedor. Brasiliense, já viveu 23 dos 45 anos de vida dentro do Carmelo. O despertar para a vida religiosa se deu no último ano de faculdade
de Ciências Econômicas. Morava no Lago Norte, estudava, trabalhava, namorava há quatro anos e fazia parte de uma companhia de dança. A vida na igreja não era tão ativa até entrar para a Pastoral da Saúde de uma paróquia da Asa Norte. Foi durante um retiro para descansar que pensou em seguir a vida religiosa. “Deus me falou muito forte. Eu saí dali muito mexida”, conta. “Ao conhecer o Carmelo em Uberaba (MG), eu me senti, literalmente, atraída por elas”, diz, ao olhar para as grades.
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“ESPAÇO DE SILÊNCIO E ORAÇÃO ABERTO AO PÚBLICO, O CARMELO É UM LUGAR QUE ACOLHE, QUE ESCUTA SOFRIMENTOS E DORES. É O COLO DE UMA MÃE”
Na missa que marcou a entrada da Madre no Carmelo, seu pai passou mal. Sua mãe chorou bastante. Alguns irmãos eram contra. Mas ela foi. Despediu-se deles na porta principal, como manda o rito, trocou as vestes e encontrou-os novamente já atrás das grades. E está ali, firme, desde os 22 anos. “Nunca tive o pensamento de desistir, de voltar atrás”, revela. Desde março deste ano, pela segunda vez, irmã Maria Madalena está na posição de madre superiora da casa. GPSBrasília « 31
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Escolhida em eleição, é responsável pela administração. “Pensei que aqui era uma vida de anjos, mas tem a estrutura de uma empresa, com contas e funcionários – um motorista, uma porteira e um jardineiro – a pagar”, diz. Também cabe à responsável pela casa escolher o novo nome das freiras. É que, ao entrar para o noviciado, elas passam a ser chamadas por outro vocativo. São novas pessoas com novos hábitos e novos costumes. E esse ato é bíblico. Sempre que Deus chamou alguém para uma missão, trocou o nome dessa pessoa. Irmã Maria Madalena da Cruz, por exemplo, foi batizada pelos pais como Daniela. Irmã Maria Aparecida chamava-se Marioni. A escolha não é imposta, é conversada. Geralmente, tem a ver com um santo ou um título de Nossa Senhora. Todas levam o “Maria” à frente e depois outro nome.
SÓ DEUS BASTA Na semana seguinte, voltei. Dessa vez, falei com a irmã Maria Teresa de Jesus, de 35 anos. A caminhada dela começou há seis anos, quando ainda era conhecida por Dacilene, em Vicente Pires. A vontade de ser carmelita surgiu permeada por dúvidas. Gostava de ir para festas e para a academia. Fazia faculdade de Letras e trabalhava na secretaria de uma paróquia. Pensava em casar, ter filhos e constituir uma família. “Eu tinha um desejo de silêncio, de solidão, de alegria para estar com Deus”, diz. Com o auxílio de um padre amigo, foi conhecer as carmelitas. “Na hora em que eu desci do carro, eu comecei a chorar sem controle. Falei: ‘Gente, é aqui’”, destaca. Passou pela experiência de três meses e enquanto aguardava o contato da madre, se preparava para casar sua irmã. O casal antecipou o noivado para que Dacilene pudesse estar presente e ela ajudou em tudo do casamento antes de ir embora de casa: convite, lembrancinhas e vestido. Não esteve no dia da celebração do matrimônio por já estar no mosteiro, mas teve o sonho de ver a irmã vestida de noiva quando esta apareceu no Carmelo, durante a prévia de noiva, para tirar uma foto com ela. Questionada sobre a vaidade, revela que o desapego acontece sem perceber. “Eu sempre fui muito vaidosa. Sempre gostei de acessórios, maquiagem, salto alto. Era normal. Mas eu fui perdendo o gosto. É maravilhoso não precisar de um espelho de manhã”, constata. Agora, a noviça se prepara para fazer os votos perpétuos.
ASSIM SEJA Apenas na minha quarta visita ao Carmelo tive acesso à área restrita às freiras. Era fim de tarde e chovia
“É MARAVILHOSO NÃO PRECISAR DE UM ESPELHO DE MANHÔ IRMà MARIA TERESA DE JESUS
muito. Pedi para entrar no claustro com a certeza de que receberia uma resposta negativa. Mas minha convicção caiu por terra e a chave girou na fechadura da “Porta do Céu”. Espaço de silêncio e oração aberto ao público, o Carmelo é um lugar que acolhe, que escuta sofrimentos e dores. É o colo de uma mãe. Em formato quadrangular, tem, no claustro, um jardim com varandas que ligam o prédio nas quatro partes. Apesar de ser coberto nas laterais, o centro é aberto para o céu. A área é ampla. Tem um jardim com rosas, palmeiras e alguns bancos. Guarda uma imagem de Nossa Senha Aparecida, Nossa Senhora do Carmo, de São José, uma cruz e uma cascata. Fora do claustro, mas ainda no terreno das carmelitas, há um canil com dois cachorros; uma casa separada, onde cada irmã passa dez dias do ano sozinha, em retiro, a qual chamam de ermida; um jardim de Nossa Senhora, um quiosque um pouco mais afastado com estrutura para refeições e que serve para algumas confraternizações esporádicas; e uma capela mortuária, na qual os corpos das irmãs que falecem são depositados. Como não podem ser enterrados, por questões ambientais, eles são colocados em gavetas suspen-
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sas. As irmãs têm o voto de estabilidade e permanecem no Carmelo mesmo ao descansarem para a vida eterna. “Não saímos daqui nem mortas”, diz a madre. Durante a produção desta reportagem, Irmã Maria Cecília, de 86 anos, a primeira Madre do Carmelo em Brasília, faleceu. No Carmelo, o velório acontece no local em que as irmãs fazem as orações e participam da missa. Vestidas como de costume, não há luxo no velório. À comunidade, a despedida também é através da grade. A casa tem 26 quartos. Alguns têm banheiro, outros, não. Nenhum deles tem espelho. Há também uma sala de reuniões, várias oficinas de imagens, velas e costura, a lavanderia e os três parlatórios. Perto da igreja, existem minipousadas para sacerdotes, pessoas que queiram passar um período lá para rezar ou para as famílias das irmãs que chegam como visitas. O refeitório serve para as três principais refeições do dia e, assim como os outros afazeres domésticos, a comida é feita pelas próprias irmãs. Na alimentação, a carne só é incluída em dias de solenidade da Igreja. Ou seja, alguns domingos, dias de santos importantes
A ROTINA O despertar das carmelitas é às 4h30. Às 5h, rezam juntas na capela. Fazem a oração universal da Igreja, a Liturgia das Horas. Unemse, por meio dela, ao mundo inteiro. Essas orações são salmos. De três em três horas, param todas as atividades e louvam a Deus em comunidade. Às 6h, fazem uma hora de oração mental. Durante a semana, a missa se realiza às e a erta aos fi is m se uida, o ca da manhã. Vão para os afazeres e rezam, mais uma vez, pela manhã. Antes do meio-dia, almoçam. Às 12h, o Ângelus (que remete à anunciação do anjo a Maria) e seguem para o recreio, tempo em que ficam de modo mais descontraído Entre 13h e 14h, é feito o Grande Silêncio, onde cada uma pode fazer o que quiser, inclusive, dormir. Às 15h e às 17h30, rezam de novo. Depois, como de manhã, têm mais uma hora de oração mental. Às 19h30 jantam e outro recreio. Terminam a noite, fazendo as Completas (última ora o da itur ia das oras e o, enfim, descansar depois de um longo dia.
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PARA SE TORNAR CARMELITA Primeiro, é preciso fazer o acompanhamento vocacional. Ao entrar em contato com as monjas, alguns encontros serão marcados quinzenalmente ou mensalmente. A candidata é convidada a passar um período de até três meses de experiência no Carmelo. Depois, volta para sua casa e fica espera da admiss o a data marcada, entra como Postulante. É a primeira etapa e dura um ano. Usa um uniforme e, já com um cabelo acima dos ombros, um véu na cabeça, sem a touca. A fase seguinte é o Noviciado e ela já recebe o hábito, um véu branco, e um novo nome ura dois anos o fim desses primeiros tr s anos, a a rofiss o imples e os otos temporários de pobreza, castidade e obediência. Três anos depois, fazem os mesmos votos para sempre ssa etapa c amada de rofiss o Solene, em que passam a usar um véu preto por cima da touca ranca, que si nifica a morte mística. A veste completa é composta por uma túnica branca por baixo hábito marrom, a touca e o véu. Por cima de tudo, o escapulário, uma espécie de avental também marrom. As mãos n o ficam mostra empre que possí el, ficam embaixo do escapulário. Para dormir, usam uma túnica branca. Nos dias frios, também podem usar uma veste de moletom.
para o Carmelo, Natal e Páscoa. Nos outros dias, elas se abstêm do alimento animal. Quase tudo o que elas têm chega por meio de doação e do dinheiro arrecadado com os produtos que fazem e vendem na própria lojinha. A simplicidade também é observada nos quartos: uma cama, uma cadeira e uma escrivaninha para estudos. Apenas. Como não há necessidade de outras roupas, já que utilizam apenas o hábito, o armário fica no corredor – mas cada irmã tem suas próprias vestes. Elas também têm uma capela individual, cujo quadro com a reprodução do Santo Sudário está fixo na parede lateral e algumas cadeiras para oração. Até um tempo atrás, quando a Ermida Dom Bosco não recebia tantos visitantes, elas costumavam ir até o Lago Paranoá e molhavam os pés. Agora, quase não vão
“A GRADE NÃO É UM FIM, É UM MEIO QUE VAI FAVORECER A VIDA DE ORAÇÃO, SILÊNCIO, SOLIDÃO. É A LIBERDADE ATRÁS DELAS” IRMÃ MARIA APARECIDA DE CRISTO REI
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mais. Para tomar sol, arregaçam as mangas e sobem um pouco a túnica. Nas atividades em que correm o risco de se sujar, usam hábitos mais desgastados. Para os domingos e solenidades, os mais novos. Os sinos insistiram em tocar novamente. As irmãs precisavam ir para a oração. Dessa vez, resolvi ficar para acompanhar. Entendi que a clausura não limita o coração, tampouco a missão daquelas 13 mulheres. Pelo contrário, facilita a intimidade delas com Deus e, consequentemente, a intercessão por nós aqui de fora. Aquele cantinho é silêncio, recolhimento e solidão. É refúgio para os aflitos e necessitados também. A chuva havia acabado quando, em paz, resolvi ir embora. Mas começou a chover dentro de mim assim que fechei a portaria. Já inundado pelo amor, pelas
histórias de vida e pelo afeto das irmãs, chovia para lavar a minha alma naquela porta do céu. Liguei o carro, passei a primeira marcha, cruzei o portão e virei à esquerda. Segui reto e, pouco antes de chegar à quarta marcha, avistei um pequeno congestionamento no horário de pico no Lago Sul. Contagiado pelas irmãs, lembrei-me do poema de Santa Teresa de Ávila, mãe e fundadora da Ordem das Carmelitas Descalças, usado nos intertítulos desta reportagem: “Nada te perturbe, nada te amedronte. Tudo passa, a paciência tudo alcança. A quem tem Deus nada falta. Só Deus basta!” Amém. Carmelo Nossa Senhora do Carmo QL 30, Lago Sul, Ermida Dom Bosco, Brasília (DF) (61) 3032-8480
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PATRIMÔNIO
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ÀS VÉSPERAS DE COMPLETAR 40 ANOS, O PARQUE DA CIDADE PEDE AJUDA À COMUNIDADE PARA MANTER-SE VIBRANTE E INTEGRADO À ROTINA DO BRASILIENSE. DONO DO CORAÇÃO DE TODOS OS QUE DESFRUTAM DE SEUS 4,2 MILHÕES DE METROS QUADRADOS, É DELE QUE EMANA A HISTÓRIA CULTURAL E ARTÍSTICA DE BRASÍLIA POR MARCELLA OLIVEIRA « FOTOS GUSTAVO MORENO
MUITO AMOR ENVOLVIDO
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Q
uem um dia iria dizer que seria possível estacionar o carro sob as árvores e correr ou caminhar a poucos minutos do trabalho? E quem um dia iria dizer que o quase quarentão Parque da Cidade ainda é chamado, vira e mexe, por Pithon Farias? Foi nessa época que Eduardo e Mônica trocaram telefone e decidiram se encontrar. “Se encontraram então no Parque da Cidade, a Mônica de moto e o Eduardo de camelo...” Quem nunca pensou em qual lugar dos 4,2 milhões de metros quadrados do parque teria sido o tal encontro? Eduardo e Mônica se encontraram no imaginário de Renato Russo. Pode ter sido perto do lago, na ponta do foguete, na antiga piscina de ondas, para tomar uma água de coco no Quiosque do Atleta, fazer um passeio no saudoso pedalinho ou perto da roda gigante. Não se sabe. O que sabemos é que, faça chuva ou faça sol, milhares de brasilienses se encontram no segundo maior parque urbano do mundo. E, mesmo diante desse romantismo e desse imponente cenário, como não se entristecer com uma sensaçãozinha de abandono que vemos pelas cercas, banheiros, calçadas? O Parque da Cidade é o pulmão e o coração de Brasília e precisamos cuidar dele. Cuidado que tiveram aqueles que o idealizaram. A beleza do Parque da Cidade envolve sua concepção. O projeto urbanístico estava no croqui de Lúcio Costa, que contou com a ajuda dos arquitetos Oscar Niemeyer e Glauco Campello para idealizá-lo no Setor de Recrea-
ções Sul. Mas, oficialmente, só saiu do papel em 1978, batizado, à época, de Parque Rogério Pithon Farias, nome do filho do então governador Elmo Serejo Farias. Em homenagem à mulher de JK, foi rebatizado em 1997 de Parque da Cidade dona Sarah Kubistchek. Serejo convidou um parque de diversões que estava instalado na Torre de TV para fazer parte do projeto. Em Brasília desde 1968, o Nicolândia passou a integrá-lo logo que foi criado. Vindo do Rio de Janeiro, seu Nico – apelido de Antônio Hilário de Souza, o Tonico – fez
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Detalhe da cifra de Eduardo e Mônica, na praça que leva o nome dos personagens de Renato Russo
raízes e história na cidade. Seu saudoso tobogã é lembrado até hoje pelos nostálgicos. Dava um friozinho na barriga descer lá de cima. Seu Nico faleceu em 2001 e desde então o parque é administrado pela viúva, Maria Gomes, e os dois filhos, Marco e Marcelo Souza. É um grande atrativo do parque e recebe 40 mil visitantes por mês. O destaque fica para a roda gigante que tem uma vista linda lá de cima. Experimente curti-la de noite, toda iluminada. O parque foi crescendo e crescendo. Hoje, a área é tão grande que, sim, ele é maior que o famoso Central Park, em Nova York. Em relação a parques urbanos, só perde para o Phoenix Park, em Dublin, na Irlanda. E ainda tem o charme de ter seu paisagismo criado por
Burle Marx. Eita, que parque bonito! Não à toa que, por semana, cerca de 40 mil pessoas circulam por lá, sendo 20 mil somente no sábado e no domingo. Em dia de eventos, chega a 80 mil. Talvez nos falte a contemplação e o marketing do nova-iorquino, mas a beleza e diversidade são peculiares da nossa terra. Como boa parte do dia a dia do Distrito Federal gira pelo Plano Piloto, o parque é conhecido de muitos. Em uma região muito nobre, e nem que seja só para cortar caminho pelas suas pistas internas, de vez em quando passa-se por lá. Mas, se precisar de um pouquinho de paz, pode parar em um dos 13 estacionamentos amplos, cheios de árvores, para curti-lo mais de pertinho. Pode também saborear muita nostalgia. O famoso foguete, aquele amarelo com a torre azul e uma ponte, que na infância parecia super imenso e radical. Impossível passar despercebido pelo Eixo Monumental em dia de engarrafamento, olhar para o lado e não viajar pelo espaço e o tempo. Símbolo da cidade, fica em um parquinho, junto de um monte de outros brinquedos coloridos, bem simples, incluindo a carruagem que fantasiou tantas histórias de princesas e uma roda giratória que dava muita emoção. O Parque Ana Lídia foi batizado em homenagem à menina que foi sequestrada, torturada e morta aos sete anos, em 1973. Na época, seu irmão foi um dos principais suspeitos, mas o caso nunca foi solucionado. O Ana Lídia parece ter parado no tempo: brinquedos nada modernos, mas mesmo assim
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RAIO X • • • • • • • • • • •
40 mil usuários ao longo da semana. Em eventos, o público chega a 80 mil pessoas 13 estacionamentos somando mais de 10 mil vagas 16 estações de banheiros. Todos com azulejos do artista Athos Bulcão 3 restaurantes 41 churrasqueiras Pavilhão de Exposição para grandes eventos Centro Hípico do Parque Carrera Kart Parque Ana Lídia Parque de diversões Nicolândia Seis espaços de convivência com brinquedos, além de equipamentos de ginástica adaptados para pessoas com necessidades especiais
Azulejos de Athos Bulcão ilustram os banheiros
ainda fica repleto de crianças. O foguete não leva para o futuro e, sim, para um passado delicioso, onde a tecnologia é a imaginação que continua criando memórias. Os pequenos também aprendem sobre meio ambiente por ali, na Escola da Natureza. Todos os dias, ônibus com alunos da rede pública estacionam em frente a uma casinha de madeira para falar de um dos temas mais debatidos no mundo, que é o futuro do meio ambiente.
Um parque público, aberto 24 horas. Cheio de vida, de energia, de memórias. Como não associá-lo à piscina de ondas, desativada no final dos anos 1990, mas que refrescou tantos dias quentes? Hoje, o local só abriga, de vez em quando, festas, como a recente A Volta dos Anos 80. O parque mesmo sem água continua sendo a nossa praia. E como em toda beira de mar não falta música boa, muitas bandas de rock se encontraram ali para tocar. Fechando os olhos dá até para sentir a energia de Renato Russo e companhia. Ah, os anos 80. O parque não abriga apenas histórias dos pequenos. Assim como as árvores, seu público foi crescendo e passou a praticar outros esportes. O ponto de encontro normalmente é no Estacionamento 13, no famoso Quiosque do Atleta. Impossível resistir à água de coco geladinha da dona Maria Augusta. No Estacionamento 10, fica o acesso ao laguinho. Aí é fechar os olhos e lembrar das dezenas de pedalinhos que flutuavam… pena não existirem mais. Ainda vemos uns patinhos por lá, mas, hoje, só os de verdade. O castelinho, ali perto do Estacionamento 4, também tem brincadeiras, cria lembranças e vídeos de trabalho de escola. As 41 churrasqueiras ficam cheias no fim de semana. Tem quadras de esporte de futebol, de
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tênis, de areia, e sempre alguém se exercitando. Um grande pavilhão de exposições, uma pista de kart para quem quiser se aventurar e o Centro de Hipismo para quem quer se divertir com os cavalos nas aulas ali ministradas. No parque é possível do lanche à refeição: são vários quiosques, vendedores de coco e três restaurantes – Gibão, Alpinos e Ilê. Para fisgar aquele brasiliense ou candango mais distante, a estratégia adotada foi fazer do parque uma verdadeira arena de eventos, públicos e privados, que têm sido realizados com muita frequência. A Praça das Fontes passou a ser lugar de vários shows e ganhamos até um Carnaval super animado. Tem ainda feiras, piqueniques, festivais de jazz e de comida, eventos esportivos e até patinação no gelo. A geração Brasília se apropriou e hoje cuida do parque, criando, inventando, ocupando. Novas experiências estão sendo proporcionadas para envolver gente de todas as idades com o xodó da cidade. Aliás, ser um espaço democrático é um dos maiores trunfos do local. O parque é de todos e para todos. Como ficar de fora? Ninguém resiste. Não é só Eduardo, o criado pelo Renato Russo, nem os brasilienses que curtem dar uma volta de bike pelo Parque da Cidade. Quem se lembra de um ilustre visitante em novembro de 2014? O ex-beatle Paul
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RETRANCA
McCartney estava na cidade para um show, hospedado no Setor Hoteleiro Sul, e decidiu circular de “camelo” pelo parque, foi simpático, acenou para os fãs e curtiu o clima da natureza. Paul pareceu ter adorado o passeio. E a gente amou a visita. O Parque não é da cidade toda, ele representa a própria Capital. A começar pelo traçado moderno. Andar por lá é se deparar com curvas como as de Niemeyer. A corrida ou o passeio envolvem entrar em um imaginário
do criador de Brasília. Para direita e para a esquerda, se tiver com o fone de ouvido e uma boa música é possível viajar, sem sair dali. A arte está expressa em cada uma das 16 estações de banheiros, todos eles estampados com os azulejos de Athos Bulcão. Mas por que não dizer que vemos arte em cada ipê, pinheiros, cambuís, mangueiras, aroeiras ou eucaliptos? A natureza foi generosa na região. Encanta os olhares e a vida dos visitantes. O que vemos pelo Parque da Cidade é um vínculo emocional. Continuando a música de Renato Russo: “não existe razão nas coisas feitas pelo coração”. No parque tem amor ao esporte, por cada um que busca saúde. Amor entre casais, que assim como Eduardo e Mônica se encontram ali. Amor de famílias, em cada cantinho que tem um piquenique, um descanso debaixo da árvore, um passeio em grupo. Amor no olhar do turista, em um passeio despretensioso entre as árvores. O
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ABRAÇO COLETIVO
Para avançar nas melhorias no Parque da Cidade, o governo precisa de parceria com a iniciativa privada. or exemplo, uma institui o financeira instalou quatro estações de atividade física. “O governo come ou a perce er a dificuldade de administrar um espaço público tão grande sozinho. Vamos continuar agindo, mas precisamos de parceiros privados. Já estamos com outros projetos em andamento, em breve devem sair do papel”, adianta Jaime Recena. “À medida que as empresas começarem a vir, acho que outras podem se interessar”, acredita. Em novembro, foi lançado o programa Abrace o Parque. A ideia é envolver mais os frequentadores com a gestão. As sugestões de melhoria podem ser feitas pelo e-mail abraceoparque@gmail.com. “Em paralelo, o governo vem trabalhando o projeto de concessão do parque, pela Secretaria de Fazenda. Expectativa é que haja uma primeira consulta pública para que as pessoas possam se manifestar sobre o que pensam”, conclui Jaime Recena.
O PARQUE É NOSSO amor puro e sincero das crianças, em cada sorriso aberto ao descer o escorregador ou ao sentir o vento no rosto no movimento do balanço. Amor em ver do alto a cidade e encontrar um verde imenso, aberto e livre. Andar pelo parque é sentir liberdade. A liberdade criativa de quem o idealizou. Liberdade que busca o esportista que o frequenta. Liberdade de uma infância entre brinquedos, natureza e areia. Ou a liberdade de apenas sentir o amor brasiliense de quem simplesmente passa de carro apressado, avista o foguete e volta no tempo para um espaço, um sonho de um futuro nas nuvens do céu azul bem típico de Brasília.
POTENCIAL TURÍSTICO
“O parque está muito bem localizado, perto do Setor Hoteleiro, e temos de explorar esse potencial”, acredita o Secretário de Turismo, Jaime Recena. A pasta é responsável pela administração do parque desde que o governo de Rodrigo Rollemberg assumiu a gestão do Distrito Federal. Para Recena, investir é uma forma de mostrar que a cidade vai além da Esplanada dos Ministérios. “Brasília tem mais de 70 parques urbanos, e esse é o maior. Meu lado pessoal, o carinho e as memórias se misturaram com o momento de gestor. O parque é um ativo importante para promoção de Brasília como destino turístico”.
Pela sua dimensão e por ser aberto ao público 24 horas, um dos principais problemas do parque é o mau usuário e o vandalismo. “Fizemos esses dias uma limpeza no lago e encontramos copos, latinhas, garrafas, sacos plásticos. Arrumamos os bancos de concreto da churrasqueira e foram quebrados. A população também precisa cuidar, entender que o parque dela, tem que fiscali ar e nos a udar recisamos da sociedade com a ente , afirma o secretario. O orçamento é pequeno, um gasto mensal de manutenção básica que gira em torno de R$ 500 mil. Mas, para investimentos maiores, não tem muito dinheiro. Nesta gestão, algumas melhorias foram feitas, como a construção de dois mil metros de calçadas com acessibilidade nos estacionamentos; uma passarela para pedestres no Estacionamento 8, com 15 metros de comprimento e 30 de guardacorpo metálico; duplicação da ciclovia (separando a pista de atividades a pé das atividades sobre rodas) e sua iluminação; além de brinquedos com acessibilidade no Parque Ana Lídia.
PRATIQUE ESPORTE • • • • • • • •
Pista de corrida de 10km Pista para atividades sobre rodas com 10km 8 campos de futebol de campo 4 quadras de vôlei 3 quadras de areia 1 arena de frescobol 4 quadras de tênis 8 quadras poliesportivas
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Divulgação
NOSTALGIA
MÚSICA URBANA
COM LIRISMO, MAS SEM MELANCOLIA, CARMEM TERESA, IRMÃ DE RENATO RUSSO, PERCORRE OS LOCAIS DA CAPITAL FEDERAL QUE FORAM SUBJETIVAMENTE ETERNIZADOS PELOS VERSOS DO POETA POR MORILLO CARVALHO FOTOS SÉRGIO AMARAL
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E
m 16 de outubro último fez 21 anos que o poeta que mais projetou os lugares de Brasília para o País nos deixou. São muitas as referências. O Parque da Cidade, onde Eduardo e Mônica se encontraram de moto e camelo. A Rodoviária do Plano Piloto onde desembarcou João de Santo Cristo para enfrentar seu faroeste pessoal passando por Taguatinga, Planaltina e o lote 14 de Ceilândia. As tardes enfadonhas e tediosas da juventude no Conjunto Nacional cantada em Anúncio de Refrigerante. Os pegas na Asa Sul, e no Caseb, e no Lago Norte, e na UnB, e na curva do diabo em Sobradinho (que não existe mais), onde morreria João Roberto, o Jhonny, em seu opala metálico azul. Se contar as referências da primeira banda de Renato Russo, a Aborto Elétrico, inclua-se aí a plataforma superior da Rodoviária, onde, por toda ela “você não vê a Torre”.
É claro que o trovador estava falando de vivências. Provavelmente há ficções misturadas à própria história nessas letras. Não há chance de ele ter falado sobre lugares que não passaram por seus olhos. Mas nesta edição, a GPS|Brasília resolveu percorrer os lugares que não estão cantados, mas em que ele cantou. Em muitos deles, cabe o verso de que “mudaram as estações, nada mudou”. Em inúmeros outros, continue a letra e o apropriado é dizer que “sei que alguma coisa aconteceu: tá tudo assim, tão diferente”. Com o auxílio de Carmen Teresa Manfredini, a irmã única de Renato Russo, que é cantora e professora de inglês, preparamos um roteiro em que há qualquer coisa, menos “tédio com um T bem grande pra você”.
303 SUL, BLOCO B – “É PRECISO AMAR AS PESSOAS COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÔ
É impossível não fazer referência ao maior dos hits da Legião Urbana no endereço em que Renato Russo viveu. Pais e Filhos está no quarto disco da banda, lançado em outu ro de , meses ap s o nascimento do fil o, Giuliano, que, como diz a canção, tem nome de santo e acabou indo viver no próprio apartamento, um ano após nascido. Renato chegou a Brasília e a este apartamento em 1973, após a transferência do pai, Renato Manfredini, de Nova York – era funcionário do Banco do Brasil. Antes, viveu na cidade natal, o Rio de Janeiro. Logo após a morte do artista, a família se mudou para a quadra vizinha, depois para uma casa no Lago Sul – onde o pai faleceu. Há um ano, Carmem Manfredini, a mãe, está de volta. “Estátuas e cofres e paredes pintadas, ninguém sabe o que aconteceu” – sim, sabe: dona Carminha mudou todo o layout. Assim, a saudade fica mais con ort el e ela tam m
COLÉGIOS MARISTA, L2 SUL – “NÃO SACO NADA DE FÍSICA, LITERATURA OU GRAMÁTICA” A revolta juvenil cantada por Renato em Química mascara um pouco o geniozinho que era. E foi nos colégios Maristas da Asa Sul que ele estudou, e que embrionaram a carreira artística do futuro líder da Legião. Quanto aos colegas da época, era provável que um não gostasse muito de Renato. E era recíproco, uma vez que ele não faria trabalhos com quem teria de carregar nas costas: “apesar dos pedidos de colegas como Geddel Quadros Vieira Lima para entrar no seu grupo pela arantia de notas altas na a alia o final , narra o ornalista arlos arcelo, na io rafia Renato Russo, o Filho da Revolução. E completa: “Filho do político baiano Afrísio Vieira Lima, o gordinho Geddel era um dos palhaços da turma. Chegava no colégio dirigindo um opala verde, o que despertava a atenção das meninas e a inveja dos meninos – que davam o troco chamando-o de ‘Suíno’. Tinha sempre uma piada na ponta da língua; as matérias, nem sempre”. Será que o ex-ministro de Temer, dono dos R$ 55 milhões, serviu de inspiração pra uma letra? É provável que não – apesar de Geração Coca-Cola soar bem adequado... GPSBrasília « 49
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CULTURA INGLESA, 709/909 SUL – “YOU’RE MY DESTINY”
Renato Russo tem uma versão muito da simpática de Cherish, um dos primeiros sucessos de Madonna. De aluno a professor, o local forjou artisticamente o compositor, já que era lá que a turma do punk se reunia para assistir filmes so re o rock gringo e se deixa a in uenciar o c stico , gravado em 1992, Renato criticava a ascensão de bandas brasileiras, cantando em inglês, pela qualidade sofrível da pronúncia. “Mas o Sepultura é muito bom”, descontava. Também são inesquecíveis a mixagem de Pais e Filhos com Stand by Me dos Beatles, em apresentação ao vivo registrada no álbum duplo Música para Acampamentos e a menção à Strawberry Fields forever, em Dezesseis – «e na saída da aula foi estranho e bonito: todo mundo cantando aixin o stra err fields
ESPAÇO CULTURAL RENATO RUSSO, 508 SUL –“HERDEIROS SÃO AGORA DA VIRTUDE QUE PERDEMOS”
Há Tempos artistas de Brasília tiveram um sonho, o de transformar velhos galpões abandonados após a construção da Capital de livre capacitação e fruição artística. Assim foi formado o Espaço Cultural da 508 Sul, com os teatros Galpão e Galpãozinho. Apesar da robustez do local, há altos e baixos no que diz respeito à administração, nas mãos do GDF. Vivido intensamente por Renato, Carmen Teresa lembra de um espetáculo em especial. “O Último Rango, uma produção do Jota Pingo, foi uma das coisas mais loucas e divertidas que presenciei na minha vida. Foi um dos starts pra eu pensar que queria fazer arte na vida, como meu irmão. Foi em 1981, uma mistura de Aborto Elétrico com sopão, mímica. Aquela noite foi genial”, conta. Está fechado desde janeiro de 2014, com promessa de reabertura para maio do ano que vem. Carmen e Carminha estudam doar objetos e memórias dele para o novo local.
UNB E A COLINA – “VOCÊ DE ESQUERDA, VOCÊ DE DIREITA, SÃO TODOS UNS BABACAS E VELHOS DEMAIS”
Dos locais mais politizados da capital, a Universidade de Brasília abrigou muitos shows do Aborto e da Legião. Era ditadura militar ainda, e Carmen traz à memória uma apresentação, em que a música Despertar dos Mortos virou hino. “Estava com minhas primas lá, e quando a gente vê, vem chegando a polícia de choque pra fazer uma intervenção no show. Peninha Plant sobe no palco incitando ‘verde e amarelo! verde e amarelo!’. Foi uma cena muito bonita, pensei que ia ter confusão”. “Verde e amarelo” é parte do refrão da canção – uma baita música de protesto que é mais uma daquelas que parecem feitas hoje. Cabe lembrar que a turma da Colina foi embrionária para a explosão do rock brasiliense, já que Fê e Flávio Lemos (os irmãos que compunham o Aborto e depois formaram o Capital Inicial) viviam lá, onde o pai, Briquet de Lemos, lecionava. Por falar nisso, vale a pena ler O Diário da Turma, de Paulo Marchetti, publicado pela editora Briquet de Lemos. Nele, dá pra conhecer bem a turma da Colina.
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GILBERTO SALOMÃO, QI 5 DO LAGO SUL – “E A VIDA QUE A GENTE LEVA NÃO É NADA IGUAL AOS ANÚNCIOS DE REFRIGERANTE”
É contraditória a história da turma do punk na relação com o espaço comercial do Lago Sul. Ao passo que foi lá o primeiro show do Aborto (no bar Socana), o o público-alvo do Gilberto passou a ser alvo de críticas, num momento seguinte. Era lá que se instalaram as principais boates da cidade, atraindo a “playboyzada”, da qual os punks tinham verdadeira ojeriza. Em Anúncio de Refrigerante, uma pequena pontada de um crítico bastante juvenil ao estilo de vida ostentador. A visita ao Gilberto vale a pena porque, ainda que a relação tenha esses altos e baixos, há um espaço lá que presta reverência ao cantor: a Praça Renato Russo.
GILBERTINHO, QI 11 DO LAGO SUL – “MOTOCICLETAS QUERENDO ATENÇÃO ÀS TRÊS DA MANHÃ: MÚSICA URBANA”
TEATRO ROLLA PEDRA, TAGUATINGA – “ANDANDO NAS RUAS PENSEI QUE PODIA OUVIR ALGUÉM ME CHAMANDO”
Andar pela Avenida das Palmeiras, que separa Taguatinga em Centro e Norte, não deixa indícios de que ali já houve um teatro ocupado pela turma do rock. Alguns passos no sentido oeste podem levar o transeunte ao Teatro da Praça, mas não é a mesma coisa. O Rolla Pedra é um dos espaços que deixou de existir há tempos. Parece um roubo de história, tal como a gravação de estúdio de BaaderMeinhof Blues, em que Renato gravou a simulação de uma perseguição policial, enquanto ao fundo, guitarras distorcidas amplificam a tens o do ou inte al e aqueles versos de Vento no Litoral, sofridos, que reclamam que “já que você não está aqui, o que posso fazer?” até coubessem aqui também, mas melhor não deprimir tanto a nossa lista...
Em Música Urbana IV, os sons da urbe viram canção. “Os PMs armados e as tropas de choque”, “as antenas de TV”, “armadilhas de crianças sujas no meio da rua”. É um blues, de uma fase já mais madura de Renato com a Legião, que bem pode retratar o Gilbertinho hoje. Mas no começo dos anos 80, foi um espaço ocupado pela turma punk para contrapor o Gilberto Salomão e seu público. Em 1999, um projeto espalhou placas pelos locais de Renato Russo na cidade, e lá está uma das poucas sobreviventes, com um trecho da letra de Índios.
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CICLOVIA DO LAGO NORTE (ATUAL PARQUE VIVENCIAL DO LAGO NORTE) – “NÃO, NÃO VÁ AGORA: QUERO HONRAS E PROMESSAS, LEMBRANÇAS E HISTÓRIAS”
BRASÍLIA RÁDIO CENTER, 702 NORTE – “ÀS VEZES O QUE EU VEJO QUASE NINGUÉM VÊ” Não tem nenhum charme, nenhum glamour e nenhum detalhe arquitetônico que traga nostalgia passear pelo edifício Brasília Rádio Center e que faça referência ao tempo em que 27 salas do local eram alugadas pelas bandas de rock da cidade. Conhecido hoje pelas lojas de doces em atacado, pelos restaurantes populares do térreo e as constantes ocupações do subsolo por faculdades privadas, talvez uma volta pelos andares, com Quase Sem Querer ao ouvido, traga alguma chance de se sentir no clima pulsante que já dominou o prédio.
Foi na Ciclovia do Lago Norte onde aconteceram as apresentações do “Rock na Ciclovia” – evento organizado pela turma do punk, num tempo em que só era possível realizar iniciativas assim na base do “do it yourself”. Brasília nem imaginava ter as quadras do Plano Piloto recortadas por ciclovias, aliás. Pouco requentado, o o e arque i encial fica ali na entrada do bairro e guarda um quê da escala CAFOFO, bucólica proposta por Lúcio Costa para a cidade e a margem do Paranoá. 407 NORTE Então, pode ser uma boa pedida andar ali ouvindo a também – “FEZ AMIGOS, bucólica Eu Sei (especialmente FREQUENTAVA A ASA se na versão acústica). Pra reviver aquele clima, olha que NORTE, IA PRA FESTA DE ROCK om: d pra ficar de ol o PRA SE LIBERTAR”. nas redes sociais, porque o Inaugurado em 1979, virou ponto estratégico para a Rock na Ciclovia voltou e galera da 315 Norte, a turma da Colina e a galera das é organizado por Phillipe embaixadas. Lá, Aborto Elétrico se apresentava no subsolo Seabra, vocalista da Plebe e Renato Russo, no pós-Aborto, também fez algumas Rude, e ocorre em locais apresentações como Trovador Solitário – período em que sugestivos para este roteiro se apresentou solo, até formar a Legião. Mesmo sem aqui, como o Parque da deixar claro o ambiente de cena, é um dos prováveis idade e o final in o do ix o locais que aparecem no filme Somos Tão Jovens. Norte, aos domingos, quando Coincidentemente, foi na 407 Norte onde o rock fechado para os carros. ganhou novo fôlego nos anos 90: várias PARQUE bandas alugaram salas comerciais e iniciaram o que hoje é o Porão CIDADE – do Rock.
DA “EU RABISCO O SOL QUE A CHUVA APAGOU”
A referência mais óbvia possível seria ilustrar o Parque da Cidade com os versos de Eduardo e Mônica. Claro. E é a primeira resposta para a pergunta “que lugares lembram Renato”, na ponta da língua da mãe e da irmã. Mas como não estamos passeando pelos lugares citados nas letras e, sim, pelas memórias afetivas de Renato com Brasília, experimente um passeio pelo Parque com uma das canções mais suaves da Legião, Giz. Vê se não é bem adequado cantar junto, para Renato, que “és parte ainda do que me faz forte, pra ser honesto e só um pouquinho in eli ali s, esse final in o de erso fica em ilustrado quando observada a atual situação da conservação do local. “Mas tudo bem”, é como termina a canção. E este roteiro.
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MEMÓRIAS
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AINDA É CEDO APÓS 20 ANOS, DONA CARMINHA MANFREDINI RETORNA AO APARTAMENTO ONDE RENATO RUSSO FOI CRIADO, NA 303 SUL. NO ESPAÇO REFORMADO, ELA DIZ QUE NÃO SE ALIMENTA DE NOSTALGIA, POIS ELE, O JÚNIOR, CONTINUA PRESENTE EM SEU CORAÇÃO. ACOLHEDORA, ESTÁ SEMPRE PRONTA A REMEMORAR O FILHO E SEU IMENSO LEGADO PARA BRASÍLIA E PARA O ROCK POR MORILLO CARVALHO « FOTOS SÉRGIO AMARAL
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á um ano, dona Carminha Manfredini, 82 anos, resolveu voltar a viver no histórico apartamento da 303 Sul. Foi nele que morou a família toda entre a chegada em Brasília, em 1973, e pouco após a morte de Renato Russo, em 1996. Elegantemente decorado, com 150 metros quadrados, o local abriga na saleta uma parede toda coberta com quadros que retratam o ilustre da família, bem como alguns discos de ouro e platina da Legião Urbana. Não é um memorial, nada que torne o ambiente nostálgico ou triste. Mais um retrato na mesa do canto, entre os dois sofás, e todas as memórias do cantor se completam no ambiente. Era uma tarde de feriado quando ela recebeu a GPS|Brasília. “A agenda fica muito cheia no fim do ano”, justificou ao telefone a escolha da data quando pedida esta entrevista. Sobre a agenda,
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Esse ano completamos 21 anos sem ele. Depois desse tempo, qual é o nível da sua saudade?
Olha, não vou ser dramática, não. Sofri desesperadamente quando meu filho foi embora, mas não tem nada que o tempo não transforme. Hoje em dia, ele está guardadinho aqui. A emoção é quando escuto uma música, quando vou a um show e alguém está cantando uma música do Renato, no caso Renato Russo, ela vem na hora. Mas no dia a dia, não. Toda noite eu deito, rezo, mando luz pra ele, mas aquele desespero não tem mais, realmente agora é super tranquilo... Estamos passeando pelos locais em que o Júnior tocou. Quais são os lugares que a senhora vai e que mais se lembra dele?
referia-se às inúmeras atividades sociais próprias de novembro e dezembro, que envolvem associações, grupos de amigos e os Vicentinos, na Paróquia São Camilo de Léllis, praticamente ao lado do prédio. Com a cidade calma, era possível conversar livremente. Carmen Teresa, a filha, também participou da entrevista. “Não me pergunte datas, eu não me lembro”, pediu Carminha. O sorriso hiperaberto e o acolhimento da nossa equipe com um “entra, guri!” já denotavam, de cara, que seria uma prosa fácil. E foi, apesar do alerta de que “se pudesse, nunca daria uma entrevista”, revelando a timidez carinhosa de quem passa por cima da própria vontade para falar do filho, sempre que solicitada. É quase impossível entrar no apartamento e não pensar que Renato Russo já se esteve ali, caso tenha assistido ao Somos Tão Jovens, último filme sobre ele, lançado há quatro anos, que retrata exatamente o período em que o artista morou naquele espaço. É hora de ouvir a mãe sobre tudo o que se tem lançado sobre o filho, nos últimos dez anos. Muito já se falou sobre o Renato. Vou chamá-lo de Júnior...
Júnior! (sorri) O meu é Júnior...
Olha, o Parque da Cidade, né?... Eduardo e Mônica ficou bem marcado porque foi um dia em que todos nós fomos (referindo-se à inauguração da praça Eduardo e Mônica, que fica em frente ao Estacionamento 10). Outro lugar... Não sei se é porque eu vou muito, é o Gilberto Salomão, que tem uma pracinha lá (uma praça com o nome de Renato Russo), que agora está cheia de cafés. Outro lugar é o Gilbertinho, ali na 11 (QI 11 do Lago Sul)... E aqui, o apartamento que voltei agora. No começo bateu forte, mas como remodelei tudo... É o que digo, ele está aqui dentro, não sai. Agora assim, rua, de eu chegar e pensar “aqui, o Júnior”, não. (Carmen Teresa lembra do Marista). No começo de dezembro a turma do Júnior vai celebrar os 40 anos de formatura, já nos convidaram, eles vão fazer um churrasco lá na chácara do Marista e provavelmente nós iremos passar o dia lá. A senhora falou do apartamento...
Tá completamente descaracterizado, do tempo dele não tem mais nada. Daqui, foram para onde?
Fomos pra 302, ficamos lá pouco tempo, dois anos, depois pra uma casa no Lago e voltamos há um ano pra cá. Mas o Júnior não conheceu nenhum dos dois... Ah, então vocês saíram daqui depois que ele...
Que ele foi embora? Foi, foi. Depois que ele foi embora que comprei o apartamento da 302, aí o Giuliano (Manfredini, filho de Renato) era pequeno, meu marido estava ficando velhinho, aí nós fomos para a casa. E, realmente, o Renato (pai) gostava muito de lá. Ele gostava das árvores. Foi um período bom, ele ficou mais um ano e pouco, e faleceu. Mudar o apartamento serviu pra reduzir um pouco a saudade dele?
O quarto do Júnior era um quarto muito especial. Ele tinha uma parede com colagens de tudo o que ele gostaGPSBrasília « 55
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va. Pôsteres de rock, artistas, uma miscelânea. Os amigos chegavam aqui pra ver aquele paredão porque eu acho que as mães não deixavam eles fazerem aquilo em casa, né? (risos). Aí quando o Giuliano veio pra cá, pequenininho, o Júnior ainda era vivo, eu falei: filho, vou desmontar aquele quarto. Ele ainda reclamou um pouquinho e eu falei: ah, filho, vou fazer um de criança pro Giuliano. Ele concordou. Foi a primeira mudança. Mas ele estava presente sempre lá, por causa do Giuliano também, né? Aliás, presente ele está, mas não com aquela intensidade.
Antônio Carlos da Fontoura (o diretor) que não era ele, ele disse que “não mesmo, que era um representante da juventude daquela época”, questionei: então por que põe o nome do Renato? (muitos risos) Né? Como bode expiatório? (Carmen Teresa interfere, dizendo que “o Thiago está parecido”). Ah, o Thiaguinho, lindo, amei, eu adorei, muito, muito (Thiago Mendonça, o ator que viveu Russo no filme). Ele até fez umas aulas de inglês com Carmen, pra pegar o jeito. E é muito querido, a gente ficou amigo, queria estar com ele outra vez.
Nesses 21 anos, muito se lançou sobre o Júnior, teve muita coisa dele relida, redescoberta, e eu queria conhecer o que a mãe pensa sobre tudo. Há dez anos, por exemplo, estive em um debate com a senhora, quando o Marcelo Fróes lançou o disco Trovador Solitário (todo com remasterização de gravações c seir s do per odo em ue en to c nt so in o entre o fim do Aborto Elétrico e a formação da Legião Urbana). Na ocasião, perguntada sobre o que tinha achado de Renato Russo – O Musical, a senhora disse que tinha sentido raiva e que não via seu fil o li is recentemente os filmes e li ros ue senhora tem achado?
O Giuliano Manfredini organizou aquele show* com a holograma do Júnior em 2013, no Estádio Mané Garrincha...
A gente entende, porque tem a força poética, né? Querem colocar alguma coisa mais sensacional pra chamar público. Mas fui ali ver o Júnior e não vi o Júnior, eu vi um roqueiro doido. Depois que ele foi embora é que eu fui saber que ele aprontou todas, né? Porque mãe não sabe de nada (risos). Muita coisa que eles colocaram na peça, no filme, que dizem que aconteceu, se você perguntar pra mim eu vou dizer que não aconteceu. Eu não vi naqueles dois espetáculos o meu Júnior. Eu vi o Renato Russo. E eu sempre digo: eu sou mãe do Júnior, não sou mãe do Renato Russo. Então não gostei, mas penso: se a turma gostou tanto, deve ter algum motivo.
Aaah (arranhando a garganta, como quem reproduz a emoção do dia), eu fui! Aquele dia, olha, eu não tinha mais de onde tirar lágrimas. Chorei tanto, tanto, tanto, tanto... Aquela hora em que ele vai embora virando aquelas estrelinhas... Foi brabo! Achei bonito! Achei legal, uns cantaram muito bem, outros nem tanto, e a parte da holografia mesmo eu achei muito legal, eu gostei. Quando vi o Júnior aparecendo e sumindo, Jesus, como eu chorei, vontade de subir no palco e agarrar o guri!
Em 2009, teve o lançamento de Renato Russo – O Filho da Revolução, obra importante pra quem acompanha o Júnior. Gostou do que leu?
O livro do Carlos Marcelo achei um trabalho muito cuidadoso. É um profissional excelente, fez pesquisa, tem alguma data ou outra em que talvez eu não concorde, mas eu acho que é um livro muito sério, em que a gente vê mais ou menos o Júnior. o filme o Somos Tão Jovens? A senhora se reconheceu ali?
Eu apareci tão pouquinho, nem deu pra perceber! (risos) Acho que eles tentaram fazer um bom trabalho. Na parte do Júnior, eu não gostei. O Júnior jamais levantaria a mão pro pai. Antes da gravação teve uma cena em que ele empurra o Renato, meu marido, ele cai, eu disse: “de jeito nenhum, o Júnior podia estar do jeito que estivesse que ele respeitava a gente”. Então, muita coisa ali eu não gostei e não era o Júnior de jeito nenhum. Até falei pro
*o show Renato Russo Sinfônico aconteceu em 29 de junho de 2013, prestando um tributo ao artista, contando com Lobão, Fernanda Takai, Zélia Duncan, Ivete Sangalo, Alexandre Carlo (Natiruts), Ellen Oléria, Jerry Adriani, Luiza Possi, Zizi Possi, Sandra de Sá e Renato Rocha, e foi idealizado por Giuliano.
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Dona Carminha e Carmen Teresa, mãe e irmã de Renato Russo
Brigou com Giuliano… “como faz isso com o coração de uma mãe”?
Eu não, ele sabe que eu aguento.
Por falar nele... Naquela mesma ocasião do lançamento do disco, na FNAC de Brasília há dez anos, a senhora foi perguntada sobre o que o Giuliano tinha de semelhanças com o pai. A senhora disse ‘nada’.
Agora é nada vezes nada, mais nada. Não tem nada, nada, nada. Ele está tomando conta do espólio, acho que está se saindo muito bem, mas do Júnior não tem nada, não puxou nada do pai. (interrompe o assunto para alertar) Tem que fazer uma boa edição dessa entrevista, hein? Tá bom, prometo! (gargalhadas no ambiente). Costuma escutar o Júnior?
Olha... Eu não gosto de escutar o Júnior. Me emociono muito quando escuto, porque volta muita coisa. Então, não ouço. E o que a senhora ouve da música atual?
Eu gosto muito de Marisa Monte. Eu ainda sou Paulinho da Viola, que não é de hoje, é de ontem, mas é esse tipo de música. Como eu sou velhinha, tenho 82 anos... Talvez por isso que eu não goste de “música de cerveja sexta à noite” (ela criticou a qualidade das letras atuais, chamando-as assim).
E o que a senhora acha de ter canções do Júnior permanentemente nos shows de bandas de sua geração, como o Capital Inicial?
Ah, eu adoro o Dinho (Ouro Preto). Ele está fazendo muita música. Foi o que ficou do rock antigo, foram essas bandas, como também os Paralamas (do Sucesso). Como a senhora terminaria essa entrevista, agora falando para um “legionário xiita” que certamente está feliz de ler suas palavras (Carmen Tereza havia alertado a nós e à mãe, antes da entrevista, para o cuidado necessário, já que fã de Legião é fã absoluto, “xiita”, e não permite deslizes ao falar sobre o ícone).
Eu tive o privilégio de ser a mãe do Renato Russo, né? Eu continuo sendo a mãe do Júnior. À medida que ele foi crescendo e mostrando a que veio, ele nos deu muito orgulho e deixou um trabalho muito bom, atemporal. Você escuta hoje, escutará daqui a 20 anos e as músicas estarão bem presentes, infelizmente (uma referência indireta às canções politizadas da primeira fase da Legião, como Que País é Esse? e Geração Coca-Cola). Graças à veia poética e à inteligência dele, ele via lá na frente, né? Ele pegava o que estava acontecendo. É um privilégio muito grande. Eu passaria por tudo de novo para ter aquele gurizinho no colo outra vez. GPSBrasília « 57
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PAIXÃO
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Roberto Costa, presidente do Clube dos Veteranos
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aça uma playlist, começando por Roberto Carlos cantando “as curvas da estrada de Santos”. Para manter a Jovem Guarda, inclua Adilson Ramos, anunciando que acaba de chegar “no Karman Ghia”. Se o peito apertar e o cotovelo doer, hora de ouvir Almir Rogério lamentando a perda da amada no velho Fuscão Preto. Mas saia da bad rápido, avançando décadas musicais e aumente o som ao ouvir Camisa de Vênus dizendo que “nem Gordini nem Ford, o bom era o Simca Chambord”. Pra animar mais, inclua Virguloides e sorria com a letra de Chevette Velho e, para encerrar contemporâneo, fique doce como Munhoz e Mariano e tire onda de Camaro Amarelo. Pronto: você está no clima e já pode viajar nesta reportagem. Afinal, a cada grupo de quatro brasileiros, há um carro. A cada dupla de brasilienses, também. Carro é objeto de desejo de quem chega à idade adulta, de qualquer classe social a que pertença. Dadas essas
proporções apontadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), seria exagero dizer que corre gasolina no sangue do brasileiro? Talvez não. Mas nas veias e artérias de quem apresentaremos aqui, há também óleo diesel e talvez um pouco de ferrugem: são donos de automóveis antigos, com no mínimo 30
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BOM INVESTIMENTO
anos. Objetos cheios de história. Caríssimos, portanto. Tão caros que não cabem em valores monetários. Eles são os antigomobilistas – vocábulo formalizado em dicionário por Roberto Nasser, carioca radicado em Brasília e autor da proposta da placa preta para o carro de coleção. Aliás, a equação que coloca Brasília no patamar de ter quase duas vezes mais carros por habitante do que a média nacional não é à toa: ao passo que Juscelino Kubitscheck sonhava e construía a Nova Capital, também impulsionava a indústria automobilística que ainda engatinhava no País. E inaugurava uma Brasília de pistas largas, em que desfilavam luxuosos e elegantes veículos. Tempo em que predominavam nas ruas os importados americanos e europeus do pré-Segunda Guerra e os imediatamente fabricados no pós: os Karmann Ghia, os DKW-Vemag, os Willys Overland, sem esquecer dos FNM-Alfa Romeo. Tempo em que andar de carro era coisa de rico. Então, falar sobre nossa história é também falar sobre eles. Quem é capaz de passar incólume à Rural Willys de JK, estacionada no pilotis do Brasília Palace Hotel? Alguém consegue ficar indiferente à Rolls-Royce Silver Wraith de 1952, o carro oficial da presidência da República, usado apenas quando as urnas decidem dar posse a um novo chefe do Executivo Federal? Eles estão no nosso imaginário e nas mãos de quem pode dedicar a eles tempo – e tempo, todos sabemos, é dinheiro.
Embora seja consenso entre os antigomobilistas que não há preço que determine o valor de um carro antigo e quase ninguém revele qualquer estimativa em dinheiro sobre seus objetos, sabe-se que são investimentos seguros. Estudo da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que quem tem uma Kombi “Corujinha” – modelo fabricado entre 1968 e 1975, cujo apelido revela o traço do design da frente do utilitário da Volks – tem um investimento que valorizou 135,1% em relação à taxa Selic em dez anos – comparando-se o período 2005/2006 e 2015/2016. O ranking dos mais cobiçados neste mercado que apresentaram valorização, segundo o estudo, foram o Dodge Charger (125,9%), o Dodge Dart (117,7%), o Chevrolet Camaro (116%) e o Ford Maverick GT V8 (75,5%). Entrar no “ramo” é saber que os componentes paixão e horas de dedicação serão fundamentais para um bom desempenho – nos motores e na rentabilidade. Quanto maiores a originalidade e a raridade e menor a quilometragem, mais valorizado ele será. Variáveis que levam em conta ainda memória afetiva e determinação em possuir um modelo dos sonhos, o que foge de qualquer critério objetivo.
PAIXÃO E RAZÃO Animou-se a sair correndo atrás de um modelo dos sonhos? Cautela. O publicitário Lipel Custódio tem 66 anos e comprou o primeiro antigo aos 16. Desde então, teve mais de 120 carros e hoje conserva, com orgulho, três xodós da década de 1950: os Fords Thunderbird (1955 e 1959) e um Ford 51. Além deles, uma Escorte XR3 (1985) e uma Jaguar de 1974. São invendáveis: “você venderia sua esposa? Um carro desses não tem preço, posso até comprar um igual, mas não é aquele”, atesta. Fora as cinco décadas de dedicação ao antigomobilismo, Lipel é o autor do livro Carros Antigos e foi presidente do Veteran Car Clube do Distrito Federal por quatro vezes – o clube de colecionadores mais antigo em atividade no DF. Seu livro tem como subtítulo Encontros, como Comprar, Importar, Restaurar e Vender Carros Antigos. Portanto, entende o mercado e suas “cascas de banana”... GPSBrasília « 61
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“Há duas portas possíveis neste mercado: tem a porta da paixão e a porta da razão. A da paixão é quando você olha um carro e se apaixona, fica meio bobo, acaba comprando. Então você pode ver a fria em que você entrou, ou não. A segunda porta, a da razão, é quando você pensa: preciso, quero mesmo? Porque a partir do momento em que você se casa com o carro você esquece o que pagou nele e o que gastará depois”, afirma. Um ramo deste mercado que está em plena expansão é o dos nacionais, o que exige cautela: “tem um monte de picaretas indo para os ferros-velhos, juntando três carros para fazer um”, conta. Há outro lado, porém: “surgiram os clubes e uma verdadeira indústria paralela, o que é fantástico, pois com ela surgem os bons estofadores, peças, tapetes, borrachas. Essa frota de nacionais recuperados cresceu muito e vai crescer mais ainda”. Lipel também aponta motivos impulsionadores para a procura pelos nacionais: “a importação de carros se tornou proibitiva. Primeiro que os preços
no exterior estão absurdos de altos. Antes era possível comprar antigos por US$ 3 mil, hoje custam US$ 18 mil. Depois, a taxação (com a importação) eleva o preço em até três vezes”, afirma. Ainda bem que deu tempo para que ele conseguisse realizar o sonho de infância de ter o Thunderbird 1955 – primeiro ano de fabricação do modelo da Ford, e representante da primeira geração de carros americanos do pós-Segunda Guerra (quando elementos de design foram incorporados, como a inclusão dos para-lamas e lanternas entre os componentes internos do veículo). Era 1995, quando encontrou o exemplar numa loja de usados em São Paulo, rememorando a história que viveu aos oito anos, quando seu avô parou na estrada para ajudar um dono de um Thunderbird. “Quando o dono do carro foi embora, continuei olhando o veículo, apaixonado, e meu coração foi junto até quando ele fez a primeira curva e o perdi de vista”, revela Lipel.
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Marcelo Áquila, colecionador: 17 raridades na garagem
ANOS DE ESTRADA
É claro que nenhum afortunado que detém qualquer desses itens raros fala sobre dinheiro ou pensa em precificar sua coleção. Pelo menos não no que diga respeito à venda. Não há nada que convença o empresário Marcelo Áquila, 43 anos, a vender a Kombi corujinha de seis portas (guardada na garagem que fez exclusivamente para os antigos), que já recebeu uma proposta de R$ 200 mil e sempre sai vencedora de exposições. Ou o Fusca 1952, modelo trazido da Alemanha e montado na antiga fábrica da Brasmotor, sob encomenda. Significa: há um exemplar em Brasília de um carro que começou a ser trazido para o País antes mesmo da instalação da Volkswagen no Brasil, portanto ainda longe do boom e da popularização dos besouros. É todo forrado com tecido em casemira, painel em madeira e ainda tem seta bananinha (ligar a seta significava abrir uma bandeirinha na lateral da porta).
Em 2013, Marcelo foi chamado a participar de uma exposição em São Paulo para colocar à mostra seu Volkswagen Sedan (nome correto do modelo para a época, ainda não chamado de Fusca). Um senhor fez um cheque e colocou no bolso da camisa dele. Virou as costas e esperou num café. “O cheque era de R$ 120 mil. Devolvi, e ele insistiu: ‘achou a proposta pouca? Eu aumento’, ele disse. Eu respondi que não, mas fiquei com o contato dele para o caso de algum dia eu querer vender”, conta, aos risos. A garagem de Marcelo reúne talvez os modelos mais cobiçados de quem gosta de antigos nacionais: Dodge Ram, Gordini, Maverick, Karman Ghia TC – um dos carros “mais lindos” para ele, comprado após menos de uma hora de anúncio na internet do primeiro dono e com baixíssima quilometragem –, uma réplica perfeita de Porshe 356 (1980, da Envemo), Brasília (1975, rodada apenas 30 mil quilômetros), Bianco (com placa de 100% original e rodado 20 mil quilômetros), Willys Interlagos (1964, coqueluche dos colecionadores de carros nacionais), Puma Spider (1972, primeiro modelo conversível e com pouquíssimas unidades disponíveis no país) e o VW SP2 (já eleito o Volks mais bonito do mundo em todos os tempos, fabricado exclusivamente no Brasil, hoje havendo pouquíssimos à disposição). E o valor? “É inestimável. O que ganhei de amigos, o que ganhei de higiene mental para essa vida corrida, não dá pra calcular”, sentencia. E compara: “você não vê pessoas que pagam milhões de dólares num quadro do Picasso, do Monet? Quem não é colecionador de arte olha um quadro daquele e acha horrível. Se colocasse um desses na Feira da Torre por R$ 1 mil talvez eu não compraria, mesmo ele valendo milhões”.
NOVOS FÃS
Para apaixonar-se por um carro antigo não tem pré-requisito: nem idade, nem memória afetiva, nem mesmo dinheiro. Como em qualquer paixão, um instante e uma troca de olhares bastam para tudo mudar. E se tem um antigo que mexe de verdade com a passionalidade humana, este é o Fusca. Não à toa é o Clube do Fusca de Brasília um dos mais antigos da onda de clubes de colecionadores. Arthur Jota Tumelero tem 31 anos e um Fusca há apenas um. A memória mais antiga que tem é a de andar num deles, ainda moleque, na Bahia, com amigos e a mãe. “O momento que define como ‘a partir daqui é paixão’ foi quando comprei o meu. Queria um carro barato. E me apaixonei”. Debutando no mundo dos antigos, Arthur tem um modelo 1972, um Rat Look. Ou seja, faz a linha “detonadão”, expondo ferrugens e as mazelas do tempo na lataria e nas peças. Entretanto, ressalteGPSBrasília « 63
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Chama atenção a Kombi Corujinha amarela: foi o veículo que mais valorizou
-se: este é um estilo de vida, desde que associado à boa performance do motor. Caso a “detonação” ocorra neste setor também, aí seria um modelo no estilo “Hoodride”. No clube, há a presença dos conservadões, dos tunados, dos modificados estruturais – não raro se vê em seus encontros invenções como Fuscas com quatro portas ou mudanças para torná-los esportivos e com apenas os dois bancos dianteiros, ou ainda a inversão na abertura das portas para dar ar futurista (como se imaginava o futuro nos anos 80).
FAZER AMIGOS Provavelmente a maior conquista possível a quem vira antigomobilista são as amizades. Se é difícil imaginar fazer um amigo a partir da venda de um carro atual, é o que mais ocorre quando das negociações em torno de um antigo. Porém, mais que serem espaços de convivência e de novas amizades, os clubes de colecionadores e seus eventos são os locais apropriados para se chegar a este universo, obter informações, aprender como comprar e vender e encontrar peças. Dono de uma história que começa em 1983, o Veteran Car Club Brasília pode ser uma boa para quem pensa em entrar no mercado ou dar vazão à paixão pelos antigos e pretende colecionar. Funcionando no Museu Vivo da Memória Candanga, na entrada da EPNB (Estrada Parque Núcleo Bandeirante), o Veteran tem exposição rotativa de modelos que chegam a 1928, com o Chevrolet 28. “Esse era um carro chamado de Fordinho. Tem farol fora do pa-
ralama, é por demais confortável, conversível. Depois apelidaram como charanga”, detalha Roberto Costa, presidente do clube de veteranos. É possível, lá, apreciar raríssimos, como o Lorena (de 1970). "Produzido para competições em uma fábrica praticamente de fundo de quintal, é um modelo todo artesanal, com linha muito semelhante ao Ford GT40 – conhecido à época como grande campeão de corridas", conta, detalhando o estiloso e pequeno modelo alaranjado estacionado por lá. Como a exposição é rotativa, tem que ter sorte para encontrá-lo, mas uma visita em qualquer data promete não decepcionar, já que o clube tem 115 associados, todos donos de raridades. É certo ver por lá, no entanto, um luxuoso Landau de 1977, que era usado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal. Com sorte, é possível encontrar ainda uma Mercedes 170S, a diesel, lançada em 1950, e um Alfa Romeo Giulia de 1965 – um desses modelos elegantes e lindos que dão nome a modelos atuais apenas para pegar rabeira no legado e na boa reputação. O Veteran, diz Roberto, está “de portas abertas pra toda e qualquer pessoa que goste de automóvel, do cheiro que é particular e especial. Nunca sabemos onde a pessoa trabalha, apenas qual seu carro. Sempre nos reunimos aos sábados, mas a visitação ao Museu é a semana inteira”. Veteran Car Club Brasília Facebook: Veteran-Car-Club-de-Brasília Museu Vivo da Memória Candanga – Via EPIA Sul, SPMS, lote D, Núcleo Bandeirante, Brasília (DF) (61) 3301-2920
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AUTOMOBILISMO
QUEM IMAGINARIA QUE UMA OFICINA NO VAZIO DO PLANALTO CENTRAL SERIA O CASULO DE TRÊS PILOTOS DE FÓRMULA 1? POIS FOI NA CAMBER QUE OS JOVENS MECÂNICOS ALEX DIAS, NELSON PIQUET E PUPO MORENO VIVENCIARAM A PAIXÃO QUE TINHAM POR CARROS. APÓS 50 ANOS, ELA DEIXA PARA BRASÍLIA O MAIOR LEGADO DA TRAJETÓRIA AUTOMOBILÍSTICA DO PAÍS POR
MORILLO CARVALHO « FOTOS GUSTAVO MORENO
O Patinho Feio circulando pelas ruas da cidade
Pilotos que surgiram a partir da Camber: Alex Dias, Pupo Moreno e Nelson Piquet
MEMÓRIAS PARA ESQUECER JAMAIS 66 « GPSBrasília
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O veículo é guardado até hoje como uma relíquia
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lhar Brasília nos anos 1960 era olhar uma espécie de autódromo. O traçado e o frescor de um lugar tão novo permitiam aos recém-chegados mais jovens ver o horizonte com a amplitude impossível dos sonhos. Não à toa, do coração da cidade, de uma pequena oficina mecânica, saíram três nomes para a Fórmula 1: Alex Dias Ribeiro, Roberto Pupo Moreno e Nelson Piquet. Todos crias da Camber, nome do estabelecimento que começou “na garagem da dona Lourdes”, na 706 Sul, transformando-se depois em pequena oficina na W3 Norte – onde cabiam apenas dois carros – e tornando-se, depois, point da cidade, na 503 Sul. E no meio dessa história, há um “Patinho Feio”, só para mostrar que tudo é possível pra quem não embarreira os próprios sonhos, aposta neles e trabalha para a sua plena realização. Falar sobre a Camber é esmiuçar sobre um feito inédito no mundo. O que a pequena oficina conseguiu numa cidade que mal tinha gente, a maior parte dos países do planeta jamais chegou perto de alcançar – uma vez que a grande maioria nunca fez um único piloto de Fórmula 1. Era 1966, Alex Dias Ribeiro era um jovem de 18 anos que desde os 11, quando viu Brasília ser inaugurada, pensava apenas em ser piloto quando crescesse. “Na escola, incentivavam os alunos a formar clubes e fundei um de mecânica. Nos reuníamos na Disbrave e lá aprendíamos. Fizemos amizade com o dono e eles autorizavam a gente até a dar uma garimpada no ferro velho”, conta. Ele e os amigos Zeca Vassalo, Jean Luiz da Fonseca (ambos com 17 anos) e Helladio Monteiro (aos 16), aproveitando a garagem da mãe de Zeca, fundaram a Camber. Uma pequena e rudimentar oficina.
ACIDENTE Acontece que o pai de Alex se envolveu num grave acidente de carro. O Fusca da família teve perda total. O jovem pediu ao pai aquela lataria retorcida, que já não serviria mais para nada. E, a partir da lataria, outro sonho começava a tomar a forma de “Patinho Feio”: Transformaram o ferro em um novo carro. E, quem diria, em setembro de 1967, ele seria o segundo colocado nos 500 Quilômetros de Brasília, prova de rua tal qual as muitas que aconteciam à época. “Um Gordini pesava quilos a mais que o Patinho Feio, esse era o segredo”, revela Alex. “Como a carroceria foi perdida no acidente, aproveitamos apenas o chassi. A suspensão dianteira foi toda construída. Quando a parte mecânica ficou pronta, resolvemos correr e colocamos em cima do chassi só o suficiente pra passar na vistoria técnica. Então ele é muito leve e, como batia na cintura do Fusca, tinha menos arrasto aerodinâmico. E o motorzinho que preparamos lá era um bom feijão com arroz: não quebrava, bebia pouco... O resto foi milagre de Deus”, completa. Ninguém podia acreditar, na verdade: a Camber foi a última equipe a largar na prova, a 31ª. Mas muito rapidamente conquistou a torcida e, ao atravessar a linha de chegada, Alex e Zeca, que dividiam o comando, podiam ouvir a comoção do povo, ovacionando a invenção brasiliense e seus criadores. Conquistaram a inesperada vaga no pódio. GPSBrasília « 67
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Torcedores vibram com o Patinho Feio cruzando a linha de chegada dos 500 quilômetros, na Rodoviária do Plano Piloto: segundo lugar
VELOZES E CURIOSOS Mais surpreendente que subir ao pódio foi ter o carro pronto a tempo. Outro sócio da Camber, Jean Luiz da Fonseca, 68 anos, é quem revela: “desde criança, meu sonho era correr, mas não tinha dinheiro. Quando surgiu o carro do pai do Alex, olhávamos, pensávamos: ‘será que vai dar certo?’ Falavam que éramos doidos. Mas no momento em que ficou decidido que faríamos o carro, faltavam apenas três semanas pra corrida. E ele só ficou pronto no dia. Não teve teste. Ninguém sabia nem se o carro ia andar”. “Sinceramente... Eu já estava feliz se continuasse em último, mas chegasse ao final da corrida. Quando de último você passa pra penúltimo já é a melhor coisa. E chegou em segundo!”, completa Jean. Apesar da velocidade da construção do carro e da prova em si, apesar da milagrosa colocação, apesar da juventude dos realizadores, apesar da incerteza sobre o desempenho que o carro teria e, aliás, apesar de todos os pesares... Não havia imaturidade ali. O Clube de Mecânica de Alex, do qual Jean também participava, dava gabarito e know-how para saberem muito bem o que estavam fazendo. Podemos concluir: se fossem carros, os sócios teriam motores cuja combustão não seria a gasolina, mas a curiosidade. E daí em diante, a Camber passou a ser famosa.
NOTA PROMISSÓRIA José Luiz Moreno trabalhou no setor administrativo da oficina. “Hoje, a W3 Sul está um deserto, mas antigamente ela pegava fogo. A garotada deixava de andar na W3 pra andar na W2, na altura da 503, porque ali tinha a Camber. E o que tinha lá? O Alex, que corria na Fórmula 1, um dos astros da época. Lá vendia moto Yamaha, carro Puma – um dos primeiros vendidos foi para Collor, o Fernando, jovem à época. Todo mundo passava por lá pra ver o pessoal, era um point”, conta. A oficina funcionou por mais ou menos sete anos. Tempo suficiente para a ascensão de Alex Dias à Fórmula 1 e para que outros dois futuros pilotos surgissem ali: Nelson Piquet e Roberto Pupo Moreno. De Piquet, José Luiz guarda a nota promissória de um carro comprado para corrida. O documento, encontrado entre os alfarrábios de Moreno, nunca foi apresentado publicamente. “Eu trabalhava na oficina e aí lançou o Fórmula Ford.
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ILUSTRES O point Camber era frequentado por jovens que depois se tornariam conhecidos. Alex Dias lembra dos irmãos Fernando e Pedro, ambos famosos pelo sobrenome Collor. José Luiz também se lembra de Luiz Estevão, que pilota a art e tin a a quipe e fica a meio cabreiro se o piloto que corresse pela Camber fosse o Piquet”. Jean Luiz se recorda de outro famoso, dessa vez um global: “fato pitoresco é que, nesse monte de ente que ia pra oficina, ainda na sa orte, tin a o Galvão Bueno. Ele morava em Brasília, então ia pra lá, fica a la ando pe as , recorda
CONTINUE ESSA HISTÓRIA Esse ano, do 50º aniversário da Camber, trouxe boas novidades para quem quiser continuar a conhecer essa história. Na também cinquentenária edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro houve o lançamento do documentário O Fantástico Patinho Feio, de Denilson Félix. E se quiser uma leitura, Alex Dias e Jean Luiz escreveram um livro de cem páginas, contando a história da oficina lan ado na esta de anos, em setem ro Ex-funcionário da Camber, José Luiz guarda com carinho a nota promissória da compra do primeiro carro de corrida para Nelson Piquet
Vieram em Brasília, tinham 20 carros à venda. No último dia deles aqui, eu comprei um. Dei o sinal e avisei pro Nelson. Ele falou: ‘deixa o resto comigo’. Ele era muito organizado. Tudo o que planejava dava certo: dizia ‘vou ganhar a terceira corrida’ (de uma competição), e ganhava. Depois o Nelson foi a São Paulo, lá encontrou o Emerson Fittipaldi, que o convenceu a trocar de carro, disse que o bom era o Polar. E é essa a nota que tenho”, rememora. E de Pupo Moreno, José Luiz guarda a lembrança: “Ele era pequenininho e já andava de moto. A gente punha a moto no meio-fio, e ele ficava em cima”, recorda, nostálgico. Perguntado sobre a saudade de trabalhar lá, a resposta vem em uma única letra: “ô!”.
LEGADO Após o fechamento da Camber, Jean Luiz tornou-se administrador, passou a construir casas. Hoje tem na aviação um hobby que leva a sério. E acredita que sua prosperidade está ligada à ousadia e coragem de fazer a oficina, quando jovem. “Criar uma oficina de nome e de sucesso, partindo de uma situação sem nenhum recurso, e chegando aonde chegou, é um
exemplo de empreendedorismo. Significa que quando a gente quer uma coisa, tem um sonho, leva a sério e estuda, realiza integralmente esse sonho. O que é uma lição, em qualquer setor”. Alex é taxativo sobre seus orgulhos e memórias. “Para você ter uma ideia, a maioria dos países do mundo nunca produziu um piloto. A Camber produziu três”. Das memórias, sentencia: “Brasília era um autódromo natural, todo tipo de curva existe na cidade, as de raio longo e as de raio curto”. E quando é pedido a aconselhar os jovens de hoje sob a ótica da própria história, Alex faz silêncio, mas responde: “o mundo mudou muito de lá pra cá. Os caminhos para replicar aquele modelo não são os mesmos hoje. A intenção da nossa festa de 50 anos – celebrada em setembro, no Brasília Palace Hotel – foi deixar um legado para as futuras gerações. Sonhar é mola propulsora das grandes e pequenas realizações. Quando começa a ideia, transformada em paixão e adicionada à busca do conhecimento, tudo se torna possível. Construí com 11 anos um carrinho de rolimã com caixote de bacalhau da Noruega. Se tiver determinação, chega lá”, conclui. GPSBrasília « 69
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ESPORTE
As meninas do Brasília Pilots
. . . N W O D H C U TO U ! ! ! H YEA UMA NOVA PAIXÃO SURGE ENTRE BRASILIENSES QUE SE DISPÕEM A VENCER O AMADORISMO E TODAS AS DIFICULDADES EXISTENTES NO INICIANTE FUTEBOL AMERICANO EM BRASÍLIA PARA SE POSICIONAR ENTRE OS MELHORES DO PAÍS. O BRASIL OCUPA A SEGUNDA POSIÇÃO MUNDIAL FORA DOS ESTADOS UNIDOS ENTRE OS MAIORES ENTUSIASTAS DA MODALIDADE POR RAFAELA
SOARES « FOTOS GUSTAVO MORENO
ma cena comum: dois times de onze jogadores se posicionam ao redor de uma bola. O juiz leva o apito à boca e dá início à jogada. Porém, diferentemente dos dribles com os pés e dos gritos de gol que estamos acostumados, a magia nesta modalidade acontece, na maior parte do tempo, com as mãos. O esporte é o futebol americano. A bola é oval, os jogadores usam equipamentos de proteção para evitar lesões durante o jogo e o chute a gol é secundário. O esporte número um da terra do Tio Sam – e o do marido da Gisele Bündchen – tem conquistado cada vez mais fãs no Brasil. Segundo números da Nacional Football League (NFL), a maior liga do esporte do mundo e que ocorre entre os meses de setembro e fevereiro, o Brasil é o segundo país fora dos Estados Unidos com mais entusiastas no esporte, com cerca de 19,7 milhões de fãs. Fica atrás somente do México.
E quando a TV fica pequena e a vontade de praticar esse esporte ultrapassa as fronteiras entre os dois países? Foi exatamente esse o sentimento que levou Sérgio Weillr e outros quatro moradores de Brasília, em 2004, a arriscarem alguns passes com a bola oval na Esplanada dos Ministérios. Surgia o time Tubarões do Cerrado. Hoje, eles são os únicos representantes da cidade na primeira divisão do Brasil Futebol Americano (BFA), a principal liga do esporte no País. “Comecei a acompa-
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O esporte é uma variação do rugby e é jogado tanto com os pés quanto com as mãos
nhar a NFL e quis jogar. Além da parte física e do contato, é uma modalidade que precisa de muita estratégia. É um esporte muito complexo”, explica Sérgio. O futebol americano surgiu nos EUA como uma variação do rugby. Unindo capacidade técnica e força, é jogado com dois times adversários em campo: a equipe que tem a posse de bola é chamada de time de ataque e tem como objetivo carregar a bola até área pintada no final do campo adversário, chamada de end zone. Quando isso acontece, a equipe marca um touchdown (TD),
que vale seis pontos, e ganha o direito de chutar a bola para dentro do gol em formato de Y, o chamado extra point, que vale um ponto. Ou arriscar uma nova conversão para TD, com uma única chance, o que vale dois pontos. Já a outra equipe é chamada de time de defesa e deve tentar roubar a bola ou impedir que o outro time alcance a end zone que está defendendo. O jogo é dividido em quatro tempos de 15 minutos, mas o cronômetro da partida é parado em algumas situações durante o jogo. Por exemplo, quando um jogador sai pela lateral do campo, em caso de faltas ou se um dos times pontua. Ou seja, uma partida pode levar horas. A complexidade do esporte, muitas vezes mascarada pela aparente truculência do jogo, levou o servidor público Adalberto Correia, conhecido como Dadau, a se arriscar na modalidade. Ele é responsável pela criação e gestão dos Leões de Judá, time de Taguatinga e representante da Capital na liga de acesso da BFA. “Vi no futebol americano uma oportunidade de atingir mais pessoas da minha comunidade. É um esporte muito democrático, no qual pessoas de vários físicos conseguem jogar. Gordinhos, altos, baixos, rápidos ou mais lentos têm espaço no time”. GPSBrasília « 71
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Formação inicial de uma jogada
A bola tem traços alongados e pontudos nas laterais
Essa maior abertura se deve pela quantidade de posições que o jogo tem: um running back, jogador do ataque responsável por correr com a bola, deve ser mais ágil, ao contrário de um center, quem passa a bola por baixo das pernas e dá início à jogada, que deve ter mais força bruta para evitar o avanço do time adversário. Já o quarterback, o grande comandante do ataque do time, deve ter agilidade com as mãos e uma visão de jogo mais rápida, já é responsável por lançar ou passar a bola para os outros jogadores avançarem no campo. Lucas Moreira pesava 120kg quando fez o teste para entrar no Leões de Judá. Ele perdeu mais de 30kg com a prática do esporte e participou da campanha vitoriosa na temporada de 2015, que levou o time ao campeonato candango. “É inexplicável a sensação de jogar”. A modalidade também atraiu o empresário Fellipe Florêncio, de 27 anos. Atleta dos 100 metros rasos, descobriu o futebol americano nas praias do Rio de Janeiro, em 2012. “Percebi que uma das posições era alguém que corresse com a bola e vi que poderia desenvolver essa função”. Depois de passagens por times da capital fluminense, encontrou no Tubarões sua nova casa. “Quem conhece o jogo se apaixona. Mesmo com todas as dificuldades que passamos, como a falta de patrocínio e a grande influência do futebol de bola redonda no País, acho que o esporte tem tudo para crescer”, afirma. Ver o crescimento do esporte no Brasil é objetivo de todos os atletas, comissões técnicas e dirigentes envolvidos na modalidade. Mas o caminho não é fácil. O amadorismo é claro quando vemos a condição de treinos.
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SIGA OS TIMES DE BRASÍLIA Tubarões do Cerrado Site: www.tubaroesfa.com.br Facebook: Facebook.com/TubaroesDoCerrado nsta ram: tdc oficial Twitter: @tubaroescerrado Leões de Judá Facebook: Facebook.com/leoesFA Instagram: @leoesdejudafa Twitter: @LeoesdeJudaFa Brasília Pilots Site: www.brasiliapilots.com.br Facebook: Facebook.com/brasiliapilots Instagram: @brasiliapilots
É preciso coletividade, força e estratégia
Os Leões de Judá, por exemplo, treinam em um campo sintético do Taguaparque, sem as demarcações necessárias para medir o first down, as dez jardas (cerca de 9,14 metros) que o time ofensivo deve avançar em quatro tentativas para garantir a posse da bola. Já os Tubarões do Cerrado treinam em campos particulares, como o do Corpo de Bombeiros, mas não é perfeito para a modalidade. Outro problema são os altos custos dos equipamentos. Por ser um jogo de contato, é imprescindível que os jogadores utilizem o sholder pad, que protege o tronco dos atletas, e o capacete, que evita lesões na cabeça e no rosto. Esses instrumentos são fundamentais para evitar que a força empregada nos tackles, o ato de derrubar o jogador que estiver com a bola para impedir seu avanço, seja absorvida inteiramente pelo corpo do jogador que recebeu a pancada. Na maioria dos times do DF, os equipamentos são custeados pelos próprios jogadores e podem chegar a custar até R$ 3 mil. “A parte financeira é a que mais pesa. Os jogadores arcam com tudo, equipamentos, viagens, e fazem isso por amor, mas existe um limite”, afirma o técnico principal ou head coach dos Tubarões, Fabrício Ataíde. O deslocamento de um time para competições fora de Brasília também é um obstáculo. Segundo Sérgio, eles já contaram com a ajuda do governo algumas vezes, mas o benefício corre o risco de ser cortado por causa da crise financeira local. Porém, quando são questionados sobre a razão de continuarem praticando o esporte, a resposta vem junto com um brilho no olhar e um sorriso quase bobo de quem achou no futebol americano a sua posição perfeita. “Porque é apaixonante”, resume Dadau.
E tanto trabalho já começa a trazer reconhecimento para cidade. Felipe Marques, 26 anos, é um dos representantes brasilienses na seleção brasileira de futebol americano. “Em menos de dois anos de prática, já fui chamado para jogar na seleção”. Felipe reconhece que o cenário do esporte mudou drasticamente em um curto período de tempo. “Eu tinha preconceito, mas vi que quando você começa a entender as regras, percebe que o esporte é um equilíbrio entre força, tática e inteligência”.
UM TACKLE NO PRECONCEITO Parece um treino normal de futebol americano: muito contato entre os jogadores, os rostos cobertos por capacetes, ombros mais protuberantes por causa dos pads e os treinadores atentos a cada movimentação. Mas é só chegar um pouco mais perto e percebemos que o que acontece todas as segundas, quartas e sábados na entrequadra da 313/314 Norte é um verdadeiro tackle no senso comum: é ali que treina o Brasília Pilots, o único time de Brasília na liga nacional de futebol americano feminino. O significado do nome já demonstra que essas meninas não estão ali para brincar: “Brasília é um avião e alguém tem que pilotar. Que esse alguém seja uma menina”, explica Kika Carvalho, 26 anos, fundadora e presidente do time. A ideia surgiu depois que ela assistiu ao Super Bowl, a final da liga de futebol americano dos EUA e um dos eventos mais disputados em todo GPSBrasília « 73
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O equipamento de segurança pode chegar a custar R$ 3 mil
BRASILEIRO NOS EUA Uma das maiores provas de crescimento do esporte no Brasil aconteceu em maio de 2014, quando Cairo dos Santos assinou com o kicker do Kansas City Chiefs e se tornou o primeiro brasileiro a atuar em uma temporada da NFL. Nascido em Limeira (SP), começou sua carreira ao se mudar, em 2007, para um colégio na Flórida, com o interesse em se tornar um jogador de futebol. O garoto começou a mostrar talento para a posição de kicker e foi chamado para atuar no time principal do colégio. Graças ao esporte, conseguiu uma bolsa de estudos em uma faculdade em Nova Orleans e, pelo time, quebrou o recorde de chute mais longo já acertado, de 57 jardas. Após assinar com o time de Kansas, tornou-se titular e fez sua estreia em setembro de 2014. Em 2016, ele foi nomeado pela primeira vez na sua carreira melhor jogador do mês, quando acertou 16 chutes. Em novembro deste ano, o Chicago Bears anunciou a contratação de Cairo como o novo kicker da equipe. Porém, o brasileiro só conseguiu fazer uma partida completa pelo time, já que voltou a sentir uma lesão e foi colocado na lista de contundidos. Santos só deve voltar na próxima temporada.
O futebol americano ganha cada vez mais adeptos no Brasil
mundo, com ingressos que chegam a custar mais de R$ 55 mil. “A vontade de jogar veio em 2015, quando eu comecei a pegar material emprestado com amigos que jogavam em outros times da capital e dar os primeiros passos”. Em setembro do mesmo ano, o time foi criado. O time não conta com as famosas peneiras, mas se engana quem pensa que é só aparecer para entrar em campo e marcar os primeiros touchdowns ou dar os primeiros tackles. Antes mesmo de começar a jogar com as atletas mais experientes, as novatas são assistidas de perto pelos treinadores, que chegam a passar grande parte do treino ensinando o posicionamento básico, além dos termos e regras do jogo. Hoje, o time conta com sete técnicos, entre coordenadores e o técnico principal. Cada um com a sua especialidade. “O grande objetivo aqui, além de fazer um bom trabalho, são os títulos. Queremos fazer história”, diz Alex Andrade, técnico e ex-jogador que abandou os campos por causa de uma lesão. E é história que esses três times estão fazendo. Colocar Brasília na rota de um campeonato nacional, agregando pessoas que nem sempre teriam oportunidade em esportes convencionais. Porém, o mais importante é que eles estão dando a oportunidade do brasiliense ter acesso ao esporte que antes era do marido da Gisele, mas que agora começa a ganhar um pouco dos traços tão conhecidos da cidade.
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TALENTO
XODÓ DA CAPITAL “N
ão durma antes de sonhar”. Conduzido por esse mantra, o brasiliense Anderson Tomazini, de 29 anos, provou que, com força de vontade e determinação, pode-se alcançar qualquer objetivo e até mesmo conquistar um sonho de infância. Em 2017, o ator “chegou, chegando” e fez a sua estreia na televisão em horário nobre com um papel na novela da Rede Globo O outro lado do paraíso, de Walcyr Carrasco.
Mister Brasil 2015, ele trabalhou como modelo em Brasília e São Paulo, com direito a uma temporada em Manila, nas Filipinas, onde concorreu a Mister Mundo e conquistou a segunda colocação. Em seu perfil do Instagram, as fotos entregam o motivo de sua participação na disputa: alto, moreno, corpo sarado, sorriso e olhar penetrantes.... O clássico sexy sem ser vulgar. A veia artística foi herdade de sua mãe Lucineia Tomazini, artista plástica e sua maior inspiração. Nascido e criado em Taguatinga, quando criança, o passeio em família preferido de Anderson era o teatro. “Certa vez, fui assistir a Turma da Mônica e, como o meu favorito era o Cebolinha, fiquei petrificado ao ver na minha frente o personagem que assistia todos os dias na TV. Minha mãe até tentou me explicar o que estava acontecendo, mas na minha cabeça, Teatro e TV era uma coisa só e eu queria brincar como eles brincavam”, lembra. Apesar da influência, a entrada nas artes cênicas não aconteceu imediatamente. Ele ainda trabalhou na empresa
JOVEM E BONITO, ANDERSON TOMAZINI É A MAIS NOVA REVELAÇÃO BRASILIENSE EM HORÁRIO NOBRE DA GLOBO. ESTREANTE NA TELINHA, O ATOR JÁ FOI MISTER BRASIL E DÁ CONTINUIDADE À LEVA DE BONS ATORES ORIUNDOS DE BRASÍLIA POR LARISSA
DUARTE « FOTOS LAÉRCIO LUZ
da família, Ferragens Pinheiro, e depois foi empresário do ramo de autopeças, assim como seu pai. Porém, tudo isso acontecia ao mesmo tempo em que surgiam convites sedutores para trabalhos em campanhas publicitárias em Brasília – os olheiros estavam atentos. “Sempre sonhei em ser ator, mas nunca corri atrás. Felizmente, as oportunidades como modelo me conduziram a seguir em um novo caminho e comecei a participar de workshops, oficinas e testes”, conta. Em Brasília, apresentou, em 2013, uma peça inspirada no clássico O Beijo no asfalto, do romancista Nelson Rodrigues. Embarcou para São Paulo dois anos depois, em 2015, onde poderia trabalhar como modelo e estudar teatro. “A fase como modelo foi ótima, mas não teve jeito, nesse tempo eu me apaixonei pela arte”, confessa.
PARA A TELINHA No fim de 2016, o diretor e professor de teatro da paulista Oficina de Atores Newton Travesso, Ivan Feijó, contou a Tomazini que havia uma indicação para um teste de TV que se encaixava no perfil do brasiliense. Empolgado, aceitou o convite na hora e iniciou a bateria de testes para o papel em O outro lado do paraíso. Foram três audições e quatro meses de espera para saber o resultado. “Durante uma viagem, já sem esperanças, o telefone toca e do outro lado da linha está o diretor Mauro Men-
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donça, quem me dá a grande notícia. Quando desliguei o telefone fiquei uns 40 minutos sem acreditar”, lembra. Sem muita experiência com interpretação, a ansiedade tomou conta do ator. Não demorou muito para embarcar rumo à cidade maravilhosa e enfim começar os trabalhos. Estreante em uma novela que ocupa o horário nobre do canal de maior audiência do País, o brasiliense interpreta o personagem Xodó, que trabalha no garimpo de Sophia (Marieta Severo), construído nas propriedades de Josafá (Lima Duarte) e Clara (Bianca Bin). “É um personagem discreto, trabalhador e de poucas palavras. Leva jeito com as mulheres e por isso faz a festa no bordel da cidade. Entretanto, acredita muito no amor”, conta Tomazini. Seu figurino exalta seu porte físico, fruto de uma rotina de atividade física intensa e dieta regrada. Normalmente, ele aparece com camisa ou colete abertos e um chapéu, assim como o personagem de Juliano Cazarré, seu conterrâneo que também interpreta um garimpeiro na trama. Segundo o ator, gratidão é o sentimento que melhor define a sensação de estar trabalhando ao lado de um time composto por grandes nomes da televisão brasileira. “São artistas que eu sempre admirei e acompanhei. Até o ano passado ainda estudava alguns deles em História do Teatro Brasileiro. Só tenho a agradecer por estar onde estou”, diz.
EM AÇÃO u l oi o m ior des fio em interpret r o od ?
É meu primeiro personagem na TV, então é um estilo de interpretação diferente do que estou acostumado. Todo primeiro persona em um rande desafio
Como é a sua preparação para encarar um personagem?
Inicialmente, junto ao meu coach Alexandre Britto, do Rio de Janeiro, começo a ler coisas por que o personagem se interessaria. Depois começo um processo lento que vai para o corpo, o gestual, a fala e, no fim, ten o uma ideia do que o persona em e assim elaboramos uma proposta que é apresentada ao diretor.
Para você, qual a maior diferença entre atuar em teatros e na novela?
No teatro, o público muda todos os dias, já na novela, o público tende a ser o mesmo. No teatro, nos emocionamos na hora, junto à plateia. Na novela, não temos esse contato, mas podemos alcançar e emocionar um número de pessoas imenso.
FORA DE CENA •
De onde veio? Nasci, cresci e fui criado em Taguatinga
•
Estado civil? Solteiro
•
Altura? 1,85m
• • •
Signo? Libriano
Onde vive? Estou morando no Rio, mas tento ir à rasília sempre que posso para er meu fil o, aio, de 2 anos
•
Passatempo preferido? icar com meu fil o e isitar a família. Também gosto muito de correr no Parque da Cidade
•
Hobby? Cozinhar. Adoro juntar os amigos para bater um bom papo e me arriscar na cozinha
•
Cuidados com o corpo? Sou acompanhado por um endocrinologista para ter saúde em primeiro lugar. Tenho uma dieta controlada, vou à academia de segunda a sábado, corro todo domingo e ultimamente não abro mão de meditar, é o primeiro passo para um corpo saudável
•
Planos para o futuro? Quero montar uma peça in antil em rasília para meu fil o er o pai trabalhando
•
Instagram? @tomazinireal
Qual é a expectativa para o futuro após estrear a sua primeira novela?
A decepção nasce da expectativa, por isso não tenho expectativas, só quero aproveitar esse momento. A gente nunca sabe o dia de amanhã, portanto, considero importante aprender com os melhores atores e profissionais do rasil
Idade? 29 anos
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À SUA MANEIRA
GERAÇÃO
O
O ROCK CONTINUA VIVO E LATENTE NAS RUAS E ESTÚDIOS DA CAPITAL DA REPÚBLICA. UMA NOVA GERAÇÃO DESPONTA VELOZMENTE, MANTENDO BRASÍLIA COMO O CELEIRO. NOS PALCOS, APRESENTAM ACORDES CUSTOMIZADOS, MAS COM O MESMO STATEMENT DE SUA ORIGEM: FAZER UM MUNDO MELHOR POR MEIO DA MÚSICA POR SONIA VILAS BOAS FOTOS SERGIO AMARAL
ano é 1980. O cenário político do Brasil é a Ditadura Militar. O local escolhido é a Colina. Odores de álcool, cigarros e outras drogas se misturam. O espaço é preenchido por conversas e risadas, e nas caixas de som muito rock. Para os mais velhos, saudosas lembranças. Composta por Arthur Brenner, 24 Para os mais novos, uma anos, Gabriel Pasqua, 24, e Lucas Reis, 23, o realidade distante cheia power trio, como se autointitulam, pode até contar de histórias e inspiracom poucos anos de estrada (assumiram o formato atual ções. Aborto Elétriem 2014), mas já carregam na bagagem a responsabilidade co, Legião Urbana, de ter feito participação na novela Rock Story, da TV Globo, e Plebe Rude, Capisubir em palcos de festivais como Tenho Mais Discos que Amigos, tal Inicial e tantos Porão do Rock e Cega Rega. Com planos de lançamento dos novos outros grandes singles para 2018, Arthur, Gabriel e Lucas prometem fazer muito nomes da música barulho pelos próximos anos com seu rock, que conta com referênencontraram em cias do hard e soft rock, muitas vezes beirando o indie pop. “Fazer terras candangas parte da história do rock brasiliense é um prazer e uma enorme a paixão pelas parresponsabilidade. Ser colocado junto da galera que sempre tituras e deixaram carregou a bandeira da cidade, e poder dividir esse peso é aqui raízes que hoje muito importante, por isso tentamos fazer o melhor para servem de referências que a cidade tenha sempre a cena viva, dando para a nova geração de frutos cada vez melhores para quem acomroqueiros da cidade. Fizeram panha nossa trajetória”, explicam. de Brasília a Capital do Rock. E o título ninguém nos tirou até hoje.
ALARMES
Muitas dessas histórias são ofuscadas pelas notícias do Congresso Nacional. Mais que política, aqui fazemos rock and roll. Depois ainda vieram Raimundos com sua Mulher de Fases, Os Móveis Coloniais de Acaju e seus nove integrantes em cima do palco e, mais recentemente, a batida um pouco mais forte da banda Scalene, que brilhou no programa da TV Globo, Superstar. Novas cenas surgem, ainda em garagens, entre amigos, na faculdade. Do atual cenário do rock de Brasília, conheça: Alarmes, Dona Cislene, Lupa, O Tarot e Pollares. Eles vêm das Asas Sul e Norte, Lago Norte, Águas Claras, Sudoeste, Park Way e Guará e mostram que o rock ainda está por toda parte.
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e o, e igos, novos muito erênFazer me e é
Um sonho: nosso sonho é que o Arthur participe do especial de final de ano do o erto arlos Uma colaboração: fazer uma colaboração com o Jack White seria incrível Uma inspiração: Josh Homme Brasília é... quente à beça Lugar preferido da banda em Brasília: Frans Café da 209 Norte Se eu não fosse músico eu seria... Arthur: boxeador Lucas: alguma função relacionada ao palco Gabriel: instrutor de natação Daqui 10 anos esperamos... estar tocando no palco do Glastonbury Festival no horário do sol se pôr Não falta no nosso Spotify: Young the Giant, Fleet Foxes e St. Vincent Um conselho para as novas gerações: ter muito foco, não ter medo de trabalhar e errar. Nós somos muito gratos por todas as oportunidades que nos foram dadas até o momento, e em muitas delas tivemos que dar passos grandes para que pudéssemos crescer, para isso tivemos que deixar o medo de lado onfiem no trabalho, sejam sinceros com suas intenções e permitam-se errar ce oo com l rmes fici l l rmesofici l
DONA CISLENE A relação de Bruno Alpino, 26 anos, Guilherme de Bem, 26, Pedro Piauí, 26, e Paulo Sampaio, 24, vem da escola. Juntos desde 2012, os rapazes, que hoje cantam o autêntico rock pesado, começaram a tocar sem muita pretensão. “A gente começou a tocar para poder estar sempre juntos e se divertir durante o tempo livre. Nosso primeiro show foi em um festival de música no colégio Inei e, a partir de 2012, começamos a nos entregar de corpo e alma e fazer da música nosso trabalho”, contam. No currículo, single com participação de Digão, do Raimundos, e Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial, além de apresentações nos principais festivais do País e shows de abertura para grandes nomes da música, como Offspring, Jason Mraz, Stevie Wonder, Dead Kennedys e Anti Flag. Com dois CD’s lançados, os meninos e leões ainda vão acordar muito os moradores da cidade.
Um sonho: continuar levando sorrisos e libertação em forma de música para todo nosso público, estabilidade financeira a endo m sica e se consa rar como anda no cenário nacional. Desculpa, foram três né... hahaha Uma inspiração: Foo Fighters, Charlie Brown Jr, Natiruts e nossa família Brasília é... nossa casa, onde crescemos e nos criamos como músicos e pessoas. Toda nossa história está no Cerrado. Brasília é se deslumbrar com um céu bonito a cada dia
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Lugar preferido da banda em Brasília: individualmente, temos muitos lugares favoritos distintos, mas um canto mágico em comum é o nosso estúdio perto da barragem do Paranoá. Ali passamos horas nos preparando, nos conectando e criando. Todos os nossos trabalhos até hoje passaram e começaram naquele estúdio Se eu não fosse músico eu seria... nunca pensamos nisso! Desde o momento que nos entregamos por inteiro para esse sonho, que é viver de rock, nunca pensamos em planos B ou na possibilidade de não dar certo Daqui 10 anos esperamos... ter muitos novos trabalhos pela frente, discos, singles, clipes e que a gente continue na mesma sintonia como amigos e banda. Esperamos evoluir mas nunca deixando a essência “donacis” de lado Não falta no nosso Spotify: Foo Fighters, Natiruts, Raimundos, AC/DC, Red Hot Chilli Peppers, Offspring, Charlie Brown Jr. e Gary Clark Jr Um conselho para as novas gerações: Acreditem cegamente nos sonhos de vocês e trabalhem com todas as suas forças pra que eles se realizem. ai am escutar críticas e filtr las com muito cuidado ce oo com on islene fici l don cisleneofici l
LUPA “O Múcio quis, desde o início, se juntar com pessoas que não fossem parte do círculo musical que ele frequentava na época, para poder iniciar uma banda com formato, referências, proposta e sonoridade diferentes do que era feito até então.” E foi assim que, em 2013, nasceu o rock alternativo da banda Lupa. Formado por André Pires, 27 anos, João Pires, 21, Lucas Moya, 25, Múcio Botelho, 25, e Victor Cavalcanti, 26, o grupo tem ideais bastante particulares, que fazem questão de carregar não só na música que produzem, mas também nas relações, na forma como se portam e na forma como enxergam o mundo. Exemplo disso é o primeiro disco de estúdio da banda, intitulado Lupercália, com referências às festividades pagãs. “Uma coisa que sempre insistimos em dizer é que a Lupa não é só sobre música: Lupa é amor. Foram nesses anos iniciais que tudo isso se formou e sem dúvida é por conta disso que hoje nós conseguimos passar nossa mensagem com tanta clareza e autenticidade”, contam. O estilo rock street, as letras que falam de relacionamentos, as melodias e a postura no palco conquistam cada vez mais admiradores.
Um sonho: conhecer de perto quem acompanha a gente e levar nossa mensagem para cada vez mais pessoas nesse Brasil. Nossa agenda de shows está linda, estamos fechando presença em vários festivais e vamos poder passar por várias cidades pra levar ao máximo de pessoas nossa pala ra, e finalmente distri uir os xeros que a ente em prometendo desde o começo do ano Uma colaboração: Francisco, El hombre Uma inspiração: nosso maior ídolo é o Agepê
PARA OUVIR • • • • •
Alarmes – Évora Dona Cislene – Ilha Lupa – Quem te fez rainha? O Tarot – Cabeceira Pollares – Mergulho de Profundidade
Brasília é… uma eterna tensão entre o ideal e o real. Por isso ela pulsa com intensidade em cada metro quadrado Lugar preferido da banda em Brasília: no palco. O palco é nossa casa. É onde a gente é feliz de verdade, onde a gente se entrega e onde a gente pode estar realmente presente no momento se alimentando da energia e do amor que vem da relação entre a Lupa e nossos fãs
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O TAROT Se eu não fosse músico eu seria… Múcio: deputado André: empresário Lucas: lutador de Muay Thai Victor: advogado/empresário João: empresário Daqui 10 anos esperamos… Estar tão felizes quanto nós estamos hoje e vendo cada um dos nossos sonhos e planos virarem realidade Não falta no nosso Spotify: Múcio: no momento estou fazendo uma recapitulação de tudo que eu não ouvi na música desde 1950. Parei de ouvir as coisas que eu sempre ouvia pra explorar e descobrir tudo que é novo pra mim André: Gallant Lucas: Leprous Victor: Aerosmith João: Agepê Um conselho para as novas gerações: metam a cara. Parem de tocar covers e ponham pra fora o que tem dentro de vocês. Se as coisas forem feitas com verdade e com amor, não tem como não dar certo www.facebook.com/bandalupa nd lup ofici l
Caio Chaim, 24 anos, é formado em Direito e atua na área, Lucas Gemelli, 26, se formou em Odontologia e dá aula de poesia, Victor Neves, 23, é assistente administrativo, Vinícius Pires, 27, faz análises e desenvolvimento de sistemas, além de dar aulas de guitarra, já Vitor Tavares, 22 cursa Design. Em comum? A paixão pela música, que uniu pessoas tão distintas em um projeto denominado O Tarot. Nascida em 2014, a banda apresenta mistérios teatrais, que contam com referências ciganas e espanholas. “O Tarot foi formado a partir de uma conversa minha com o Lucas, com a intenção de unir as obras de cada um em um projeto novo. A partir desse dia o grupo foi se formando aos poucos, procurando sempre pelas peças ideais”, conta Caio.
Um sonho: conhecer o Brasil e o mundo através da nossa música. Uma colaboração: da nova geração: Francisco, El Hombre, O Terno, Mustache e Os Apaches, Bixiga 70, Tulipa Ruiz e Criolo. Dos grandes nomes da música: Elza Soares, Caetano Veloso, Jorge Ben Jor e Engenheiros do Hawaii Uma inspiração: Elza Soares Brasília é... a união de todos os sotaques, o ponto de encontro. Fonte valiosa de inspiração para a nossa linguagem: a música nômade Lugar preferido da banda em Brasília: o quintal da casa do Tavares tem uma carga emocional muito forte na banda, é ali que todas as conversas acontecem, todos os sonhos, tudo. É um lugar que nós vamos querer visitar sempre que estivermos em Brasília
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Se eu não fosse músico eu seria... Caio Chaim: guia turístico Lucas Gemelli: jogador de futebol Victor Neves: fotógrafo Vinicius Pires: videomaker Vitor Tavares: chef de cozinha Daqui 10 anos esperamos... ter dificuldade pra escol er o momento mais emocionante entre tantos que aconteceram nesses dez anos Não falta no nosso Spotify: com muito orgulho podemos responder que não falta banda brasiliense no nosso Spotify! É maravilhoso podermos ser amigos de tantas pessoas que a gente admira
POLLARES
A mistura do rock com sintetizadores e timbres diferentes gerou o Space Rock e uniu o trio composto por Pedro Senna, 25 anos, Ugo Ludovico, 24, e Walter Mourão, 31. Familiarizados com o gênero desde os tempos de escola, a Pollares só nasceu mesmo em 2014, e já conta com passagens por palcos de bandas como CPM 22, Fresno e Supercombo. “Depois que nos consolidamos como banda, lançamos nosso primeiro disco, chamado “Indestrutível”, e com ele entramos para a programação de algumas rádios Um conselho para as novas gerações: bem legais da cidade. Agora em 2017 lançamos nosso segundo trabalhe muito, o resto e mais recente disco, chamado Juno. Ele foi produzido por é consequência do seu nós, pelo Toledo (guitarrista do Supercombo) e pelo André esforço. Procure pessoas Nine (produtor do álbum mais recente do grupo de que vibrem na mesma rap Haikaiss) e o primeiro clipe desse disco frequência e lute pelo que você acredita. Como encontra-se hoje nas programações diz a bandeira do Espírito diárias de canais da TV paga”, anto: ra al a e onfia conta Pedro. Não perca a fé em você mesmo, nunca ce oo com ot rotofici l @o.tarot
Um sonho: um dos nossos maiores sonhos e objetivos é tocar em grandes festivais, como Lollapalooza e Rock In Rio Uma colaboração: seria muito interessante alguma colaboração com o pessoal do rap, estilo com que temos ertado muito ultimamente, inclusi e no disco mais recente Uma inspiração: ver uma banda segura, tranquila e se divertindo no palco. Não tem nada mais inspirador
Ugo: biólogo de pesquisa. Sempre gostei do ambiente tranquilo dos laboratórios. Bem diferente dos palcos né? Walter: desenhista de quadrinhos Daqui 10 anos esperamos... estarmos com um trabalho sólido e maduro
Brasília é... Space Rock! Já repararam em como a área ali do Museu e da Esplanada parecem de outro planeta
Não falta no nosso Spotify: Muse, Awolnation, Twenty One Pilots, Anberlin, vários artistas de rap e música eletrônica
Lugar preferido da banda em Brasília: Museu Nacional e Esplanada Dos Ministérios
Um conselho para as novas gerações: trabalhem muito
Se eu não fosse músico eu seria... Pedro: triste. Não me imagino fazendo outra coisa.
www.facebook.com/pollaresrock @pollaresrock
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Thiago Sabino
MÚSICA
ROBERTO MENESCAL
DIA DE LUZ, FESTA DE SOL PARA CELEBRAR 80 ANOS, ROBERTO MENESCAL SE MANTÉM CALMAMENTE INCANSÁVEL. ENTRE O CULTIVO DE BROMÉLIAS E O DEDILHAR NO VIOLÃO, UM DOS PROTAGONISTAS DA BOSSA NOVA SEGUE VEEMENTE COM SUA NOTÁVEL TRAJETÓRIA, INSPIRANDO NOVAS GERAÇÕES E DANDO NOVAS FACES ÀS NOTAS QUE MARCARAM A MÚSICA BRASILEIRA POR PAULO PIMENTA 86 « GPSBrasília
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A
impressão é de que Roberto Batalha Menescal leva mesmo a vida na bossa. Um dos fundadores da Bossa Nova, no dia em que completou 80 anos, o músico desligou o celular e gastou as primeiras horas da nova idade com alguns projetos em um local na casa intitulado carinhosamente de Refúgio. Só à noite, encontrou os três filhos para comemorar a chegada de mais um ano de vida. Menesca, como os amigos o chamam, é grato ao passado, mas o pensamento está sempre no que há de vir. Não tem pressa. Não tem medo da vida. Vive o que aparecer pela frente. Confiante, vai.
Pela manhã, após despertar, o capixaba, radicado no Rio de Janeiro desde a infância, dedica-se às bromélias que cultiva em casa. São 30 mil delas. Após uma hora e meia de cuidados diários, Menescal segue para a música. “As plantas são necessárias para esse sopro de vida que recebo toda manhã. Sem elas, eu não seria o cara que sou hoje. É paixão mesmo”, conta. As bromélias também dividem a casa com sua mulher Yara Menescal, de 77 anos, três cachorros, três gatos e sete tartarugas. Os filhos já não moram mais com o casal. Entretanto, apesar da importância que têm, as plantas nunca ganharam uma canção. “Ali é onde eu respiro, onde eu mudo meu ar. Um é trabalho, o outro é o pulmão”, justifica Menescal.
Fotos: Divulgação
Música e pescaria com o grande amigo Ronaldo Bôscoli
EU E A MÚSICA
Aos 11 anos, Menescal e o irmão ganharam uma gaita de plástico. Os meninos passaram o dia brincando com o presente novo e, à noite, mostraram o que haviam aprendido. O irmão não se saiu bem, mas Menescal surpreendeu o pai. Eleviu que o garoto levava jeito para a música e resolveu colocá-lo na aula de piano. Mas elas não duraram muito. Com 12 anos, o menino-prodígio da música se incomodava com a quantidade de regras. “Achei muito chato porque era rígido demais. Só podia fazer aquilo. Não podia botar uma nota diferente que a professora batia com a varinha nos meus dedos”, recorda. Foi nas férias em Vitória, no Espírito Santo, aos 17 anos, que Menescal começou a ter contato com o violão, instrumento que o tornaria mundialmente conhecido. “Aquilo foi um estouro na minha cabeça”, lembra. Ao voltar para o Rio, começou a se reunir com alguns amigos na casa da cantora Nara Leão para tocar o instrumento. Tempos depois, fariam, juntos, uma turnê da bossa nova. GPSBrasília « 87
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NARA
Menescal conheceu Nara alguns anos antes, quando ele estava prestes a completar 15 anos. Para celebrar a ocasião, resolveu dar uma festa. Como na turma em que andava havia apenas três meninas, passou a chamar as garotas que passavam em frente ao colégio. E Nara era uma delas. “Quando era um aniversário assim, todo mundo se vestia muito bem. Eu conhecia aquelas meninas de uniforme, gravatinha azulzinha. Quando eu abri a porta, entrou Nara com um vestidão azul-marinho, meio tomara que caia. Levei aquele susto com ela e com todas as meninas. Foi uma festança”, conta. Menescal tirou a menina para dançar e, no meio de dois pra lá, dois pra cá, foi alertado por um amigo que Nara tinha apenas 11 anos. O rapaz ficou incrédulo. “Ela era muito desenvolvida fisicamente e culturalmente”, afirma. Mas Nara falou que estudava piano há três anos. “Então vou somar cultura: 11 mais três, 14. E me justifiquei com isso”, alega, sobre a saída encontrada para se tornar amigo de Nara. Um ano depois, começaram a namorar. O relacionamento durou três anos. “Nara era a irmã que eu não tive. Eu tive três irmãos homens. Ela era minha companheira. Mesmo depois que a gente terminou o namorinho e ela começou a namorar o (Ronaldo) Bôscoli, nós ficamos amigos. Depois, eu me casei, ela se casou, foi morar do lado da minha casa, porta com porta”, lembra.
BÊNÇÃO, BOSSA NOVA
Menescal conta que, no começo, eles não tinham noção de que estavam fazendo algo novo. Gostavam de jazz e curtiam samba-canção. “Mas 98% dos sambas-canção eram com aquelas letras ‘pesadaças’: ‘Ninguém me ama, ninguém me quer’; ‘Garçom, apague essa luz que eu quero ficar sozinho’; ‘Se eu morresse amanhã de manhã, minha falta ninguém sentiria’”, brinca. Sentindo-se deslocados de uma melodia da qual gostavam, resolveram fazer uma letra “mais para cima” e brincar. “De repente, quando a gente viu, não tinha o nome bossa nova, mas já tinha música”, comenta. Até que um dia Sylvinha Telles avisou que faria um show em Laranjeiras e perguntou se eles não queriam dar uma canja por lá. Ao chegarem ao local, viram na placa: “Hoje, Sylvia Telles e um grupo bossa nova”. Menescal achou que aquele era outro grupo e ficou preocupado se a banda não ficaria chateada com o fato de eles cantarem também. “Não, rapaz, é que eu não sabia o nome de vocês e botei ‘um grupo bossa nova’”, esclareceu o funcionário da casa. “A gente falou: ‘opa, esse nome é nosso’”, lembra Menesca.
“EU TENHO SEMPRE O VIOLÃO DO MEU LADO. É MINHA BENGALA. IMAGINA EU SEM VIOLÃO... TENHO UM VIOLÃO PENDURADO NO MEU QUARTO, DO MEU LADO. EU NEM LEVANTO. DEITO NA CAMA PARA VER O JORNAL, MEIO RECOSTADO, AÍ PEGO O VIOLÃO. NEM SEI O QUE ESTOU TOCANDO, MAS ESTOU DEDILHANDO. EU VEJO UMA SENHORA FAZENDO TRICÔ. MEU TRICÔ É O VIOLÃO”
BOSSA ENTRE AMIGOS
Esse primeiro grupo, aos poucos, desfez-se. Um virou médico, outro engenheiro. Menescal pensava em ser arquiteto, em fazer o exame para a Marinha ou em prestar o concurso para o Banco do Brasil. A coragem para ser músico veio após uma conversa com Tom Jobim – que ele sempre sonhou em conhecer – aos 19 anos. Carlos Lyra e Menescal tinham uma escolinha de música. Em um fim de tarde, o ídolo bateu à porta para um convite inesperado: gravar a trilha sonora do filme Orfeu Negro. “Jobim era minha meta. Eu queria conhecê-lo, mas não conseguia, porque o cara estava em um padrão além. Eu nem acreditei quando abri a porta com Tom Jobim falando ‘Menesca, você ‘tá’ ocupado?’ Eu ocupado? Imagina se eu estaria ocupado”, diverte-se. Depois de gravar, os dois jantaram juntos e Jobim perguntou o que Menescal queria fazer da vida. Ao contar que pensava em seguir por uma daquelas profissões, foi incentivado a largar os estudos e ser músico. “Eram as palavras que me faltavam”, recorda. Desse dia em diante, Menescal passou a fazer mais músicas e a firmar novas parcerias. Os amigos foram chegando e ganhando espaço com Menescal. “Elis Regina, Tom Jobim e Sylvinha Telles foram meus ídolos. As pessoas que eu mais tive amor pelo trabalho, pelo convívio. Eu tenho paixão pelo Ivan Lins. Nem ele sabe que é tão bom”, completa.
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“Quero ouvir a sua voz e quero que a canção seja você”, é o trecho de A Volta, umas das músicas prediletas de Menescal, feita em parceria com seu grande amigo, Ronaldo Bôscoli. A boa notícia para os que querem ouvir sua melodia, novamente, em Brasília, é que o artista será o homenageado do 4º r mio rofissionais da sica r ani ado pelo músico e produtor brasiliense Gustavo Ribeiro de Vasconcellos, a premiação acontecerá entre os dias 16 e 21 de abril de 2018, na Capital Federal. O prêmio é destinado a mais de 60 categorias e destaca di ersos profissionais en ol idos desde a cria o circulação de produções musicais e audiovisuais.
BYE BYE, BRASIL
Além do apartamento de Nara Leão, os amigos também se reuniam na praia de Copacabana, na altura do Posto 4. Foi ali, inclusive, que Menescal e Yara se conheceram. Ela e uma amiga jogavam frescobol quando a bola caiu perto do músico. Aquilo rendeu uma conversa que logo se estendeu a um convite para ir à casa de Nara ouvir uns amigos tocarem violão. Os dois estão casados há 55 anos. Porém, um tempo antes do casamento, Menescal recebeu uma ligação do Palácio do Itamaraty. Era o convite para participar do Concerto de Bossa Nova, no Carnegie Hall, em Nova York. A princípio, ele negou. Tinha uma pescaria marcada com os amigos em Cabo Frio (RJ) na data – Menescal praticava caça-submarina. Quando soube da recusa do amigo, Jobim interveio. Falou da importância do evento e que o músico tinha de ir. “Aí eu fui obedecer ao mestre”, conta.
Thiago Sabino
A VOLTA
A noite de novembro de 1962 ficou marcada na história da bossa nova. Quando chegaram aos Estados Unidos, viram que a música deles já estava lá. Ao final do show em NY, foram convidados para se apresentar em Washington. Outros convites surgiram para ir para França, México, para continuar em Nova York ou ir para Los Angeles. A bossa nova correu o mundo. A turminha que fazia música toda noite, acabou. Cada um seguiu para um canto. Menescal, no entanto, tinha marcado o matrimônio com Yara e voltou. “O casamento para mim foi bom. Minha base e segurança”, pontua. Depois desse episódio, Menescal ainda rodou o mundo com Elis Regina e fez vários outros shows. Até que o artista foi convidado para ser diretor artístico da gravadora Polygram, hoje, Universal. Foram 15 de anos trabalho intenso com artistas como Alcione, Fagner, Fábio Júnior e Maria Betânia. O trabalho na gravadora foi interrompiGPSBrasília « 89
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do com a notícia de que Nara, sua amiga de infância, estava com um tumor cerebral. Menescal pediu demissão para dedicar-se aos cuidados da amiga e, juntos, gravaram outros discos e fizeram novos shows. “Eu fiz o que ela precisava. Mas foi ela quem me fez uma coisa muito boa: ela me tirou daquilo ali e me botou na música novamente. Nós nos ajudamos até o final”, reconhece.
MAR AMAR
Silvinha Telles, Tom Jobim, Menescal e Marcos Valle
Com Nara Leão e Marco Antonio Bompet
Fotos: Divulgação
A receita para a bossa nova não tinha segredo: talento, sal e sol. “Nossas músicas saíram do mar”, destaca. Canhoto, Menescal teve de aprender a tocar violão com a mão direita. No começo, como não tinha um instrumento próprio, precisou se adaptar aos violões dos colegas destros. Fez do instrumento um amigo fiel e escudeiro. Foi com ele que compôs músicas, fez arranjos e foi para o palco. “Eu tenho sempre o violão do meu lado. É minha bengala. Imagina eu sem violão... Tenho um violão pendurado no meu quarto, do meu lado. Eu nem levanto. Deito na cama para ver o jornal, meio recostado, aí pego o violão. Nem sei o que estou tocando, mas estou dedilhando. Eu vejo uma senhora fazendo tricô. Meu tricô é o violão”, constata. E foi entrelaçando os fios do seu violão que ele festejou os 80 anos, no último dia 25 de outubro. Como parte da comemoração, Menescal lançou alguns álbuns e se prepara para apresentar outros projetos. Junto ao Quarteto do Rio, colocou no mundo o disco Mr. Bossa Nova, com 11 canções autorais – uma com Chico Buarque, três inéditas e sete em parceria com Bôscoli. Deu vida também, em parceria com o escritor e letrista Abel Silva, a O Encontro Inédito, coletânea de uma dezena de músicas compostas em diferentes épocas. No dia em que conversou com a equipe da GPS|Brasília, Menescal recebeu Bossa Nova Meets
The Beatles, 11 hits do quarteto britânico em ritmo de bossa reinventados por ele. Houve ainda os shows de Dia de Luz, Festa de Sol, homenagem feita em alguns palcos do Centro Cultural Banco do Brasil espalhados pelo País. Fernanda Takai e Andy Summers, ex-guitarrista do The Police, também têm projetos no forno com o octogenário. Ele não para. E, assim, Menescal segue a vida. Calmo. Sem planos. À espera do que estiver a caminho. “Eu tive uma cota de ‘parabéns’ que nunca mais vou querer fazer oitenta anos. É muito trabalho”, ri. Diz que tem algumas camisetas com os dizeres “Festa, tô fora” e revela o segredo para chegar onde chegou: “Eu acordo, vou no espelho, o primeiro espelho que passo para escovar os dentes, dou um sorriso para mim e falo: ‘Vamos lá, cara?’ É um treino diário que faço e tem funcionado muito bem. Talvez eu nunca tenha estado tão bem na vida como eu estou com oitenta anos”, garante. No fim das contas, assim como em O Barquinho, a canção mais famosa dele, feita em parceria com Bôscoli, Menesca segue alegre em mais um “dia de luz, festa de sol”. *Todos os intertítulos desta reportagem são nomes de músicas feitas por Menescal e parceiros
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ARTE POR MAURÍCIO LIMA
mauricio@galeriaclima.com.br
HILAL EM MIAMI O
artista Hilal Sami Hilal está com uma bela exposição nos Estados Unidos intitulada Seeds of Dreams (sementes de sonhos), até 28 de fevereiro de 2018, na Galeria Clima de Miami. As obras foram escolhidas por ele e pelo marchand Mauricio Lima.
A abertura da exposição ocorreu durante a semana da Art Basel 2017, período de grande movimentação cultural em Miami. Com o sucesso desta feira, o local em que ela é realizada ficou pequeno para o grande número de galerias que desejavam participar. Com isso, foram criadas dezenas de feiras satélites, que também são realizadas na mesma semana. Em 2016, a feira Pinta foi considerada a melhor feira satélite. Esse grande número de feiras leva milhares de colecionadores, artistas e galerias para a cidade. Um programa imperdível para quem gosta de arte. A exposição de Hilal mostrará trabalhos novos em diferentes materiais e formatos. Um deles ficará suspenso no meio da galeria, a obra chamada Deslocamento tem 92 « GPSBrasília
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o formato de um grande cubo de 2x2x2 metros. Também haverá uma versão menor desse trabalho. A serie Cartas ocupará uma parede de quase dez metros da galeria. São trabalhos em papel artesanal pintado. Hilal sempre teve uma grande afinidade com o papel. Ainda na década de 1970, o artista fez seus primeiros trabalhos sobre papel, eram simples aquarelas, mas, com o desenvolver do pensamento, o papel, que era suporte, transforma-se em obra. Desde então, a fabricação de papel artesanal e o uso dele como obra em si transita na trajetória do artista até os dias de hoje. Para se aprofundar no conhecimento da manufatura do papel, em 1981, Hilal embarca para o Japão onde estuda novas técnicas e fórmulas para desenvolver polpas que o permitiriam fazer novas obras. O resultado de décadas de aprimoramento é claramente visto nos novos trabalhos, onde a incorporação da tinta ao papel cria um volume e uma matéria surpreendente. Os trabalhos em cobre também estarão presentes. Eles fazem com que Hilal seja um dos poucos artistas que consegue conciliar um bom conceito com uma bela execução, de tal forma que o resultado final agrada aos olhos dos maiores conhecedores de arte e também aos dos leigos no assunto: todos se encantam com a beleza dos trabalhos.
Foi no ano 2000 que ele iniciou uma série de estudos e que teve como resultado final uma técnica que usa ácidos corrosivos sobre folhas de cobre e de alumínio para fazer trabalhos delicados e lindos, mas, ao mesmo tempo, fortes e que trazem uma referência à história e ao passado. Esses trabalhos de cobre são feitos manualmente, após fazer a impressão do desenho sobre a folha de metal, a mesma é imersa em um tanque de ácido. Com o passar do tempo, o processo de corrosão começa a atuar sobre áreas pré-determinadas. Com essa técnica, o artista emprega a força do ácido para transformar a dureza do metal em algo leve e delicado. Esse método, que parece ter por resultado algo linear e preciso, sofre a intervenção do acaso, cada folha reage um pouco diferente e, com isso, mesmo que duas folhas tenham o mesmo desenho, ficam distintas em cor e forma. Elas permitem a criação de livros que, por terem em cada uma de suas páginas o mesmo desenho, apresentam incríveis volumes e depressões. Hilal é um artista mais tradicional, pois participa de todo o processo de criação e execução de sua obra. Segundo o artista, ele mesmo gosta de fazer seus trabalhos e não pretende mudar isso, mesmo com a grande procura por suas obras. Hoje, se um colecionador quiser comprar um livro do artista, ele terá de esperar de três a cinco meses para receber sua obra. Não só pela demanda, mas pelo fato de o processo que envolve a criação de um desses objetos ser complexo e demorado. Por isso, o artista consegue produzir tão somente um número pequeno de obras por ano. Seeds of Dreams Do dia 8 de dezembro de 2017 a 28 de fevereiro de 2018 Na Galeria Clima de Miami 4120 NW 26th St, Miami, FL 33142 www.climaartgallery.com
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HOMENAGEM
OS ATOS DE ATHOS NO ANO EM QUE COMPLETA CEM ANOS DE SEU NASCIMENTO, O ARTISTA ATHOS BULCÃO É HOMENAGEADO COM EXPOSIÇÃO EM QUATRO UNIDADES DO CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL PELO PAÍS. O PONTO DE PARTIDA SERÁ NA CIDADE QUE ELE AJUDOU A CONSTRUIR E ONDE VIVEU: A CAPITAL DA REPÚBLICA
A
o circular pela Esplanada dos Ministérios, chama a atenção a quantidade de monumentos criada pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Mas como passar despercebido pelo Teatro Nacional Cláudio Santoro e aqueles quadradinhos em cima dele? Seria parte da obra ou uma obra de arte à parte? Foi assim que Athos Bulcão construiu seu trabalho: uma arte integrada à arquitetura. Mas se no Teatro Nacional o trabalho foi com concreto, em vários outros pontos Athos coloriu Brasília com azulejos. Encantou com a cruz e a pomba do Espírito Santo na Igrejinha da 308 Sul, fez em amarelo e branco o painel do aeroporto, em azul e branco uma parede inteira do Brasília
Palace Hotel. A verdade é que Athos Bulcão é o artista da Capital da República. Não nasceu aqui, mas ajudou a criar a cidade, chegou antes mesmo da inauguração e aqui residiu até morrer, em 2008, aos 90 anos. Em julho de 2018, completa-se o centenário de Athos. E suas cores e seus desenhos únicos, com personalidade e muita arte farão parte de uma exposição intitulada 100 anos de Athos Bulcão, com curadoria de Marília Panitz e André Severo, e que vai circular por quatro unidades do Centro Cultural Banco do Brasil, incluindo, claro, o de Brasília. Depois, segue para Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.
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O acervo que compõe a exposição faz parte, em sua maioria, da Fundação Athos Bulcão, quem cuida do legado do artista. A mostra terá mais de 300 peças, que vão muito além dos azulejos, seus trabalhos mais conhecidos. Não só sua obra pública será ressaltada, mas aqueles que diariamente passam por um objeto de Athos terão a oportunidade de conhecer outro lado dele, como suas pinturas, croquis, séries temáticas, obras sacras, figurinos e trabalho gráfico, caracterizando sua linha modernista. “Athos foi um homem discreto, preocupado especialmente em harmonizar e compor o trabalho do arquiteto na integração de sua arte, mas que também se engrandece quando envolvido em telas, tintas e pincéis, produzindo um dos mais destacados repertórios da arte brasileira”, afirma Valéria Cabral, secretária executiva da Fundação. A exposição está dividida em oito núcleos, que mostram toda a trajetória do artista, suas fases, seu método de atuar, a poesia que fez durante seus mais de 60 anos de profissão. E tem uma parte interativa – em alguns momentos o visitante poderá se envolver com a arte de Athos Bulcão. Em uma espécie de jogo, os famosos azulejos poderão ser mudados de um lugar para outro,
como o jogador quiser. Da mesma forma que Athos fez com os seus: entregava nas mãos dos pedreiros e dizia para colocá-los como quisessem. Só fazia um pedido: que o desenho não se fechasse. Um poeta na arte. E um marco para o Brasil. 100 anos de Athos Bulcão e de neiro de ril de no entro ultur l nco do r sil r s li (SCES, trecho 2, lote 22). De terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada franca. www.bb.com.br/cultura ce oo com cc r sili t itter com
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TRAÇOS
INSPIRADO PELAS OBRAS OSCAR NIEMEYER QUANDO ESTUDANTE, ARTHUR CASAS ELENCA O CLUBE DOS GRANDES ARQUITETOS DO BRASIL. RECONHECIDO POR SEU ESTILO ELEGANTEMENTE MODERNO, ELE UTILIZA A BRASILIDADE E A DESCONTRAÇÃO PARA CRIAR PROJETOS MUNDO AFORA POR RAFAELA SOARES « FOTO SÉRGIO AMARAL
DISCRETAMENTE GENIAL O
Fotos: divulgação
sobrenome era um presságio de que o paulistano iria traçar seu caminho profissional nos desenhos feitos com grafite em uma folha na prancheta. “Tenho uma teoria sobre isso: não poderia ser, por exemplo, um dentista confiável com esse sobrenome”, brinca. Com esse empurrãozinho, Arthur Casas figura entre os arquitetos mais respeitados do Brasil há mais de duas décadas. Formado em uma das universidades mais tradicionais da capital paulista, construiu sua carreira a partir de desenhos de móveis e da arquitetura de interiores, e, posteriormente, acrescentou em seu portfólio residências e projetos urbanos. Claro, não poderia deixar de criar casas.
O seu escritório, Studio Arthur Casas, possui sede física em São Paulo e em Nova York e já assinou projetos em países como Japão e França. Com atuação nas mais diversas áreas, as principais características de suas obras são a elegância e a descontração. Os ambientes projetados ganham traços modernos e a predominância de cores neutras. O uso de vidros e estruturas vazadas permitem que a luz natural interaja com os espaços, além de transmitirem um sentimento futurista. A simplicidade, vista em muitas obras
Projeto da loja do estilista brasileiro Alexandre Herchcovitch no Japão
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lo de in os s
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Fernando Guerra
de Oscar Niemeyer, também aparece nas criações de Arthur, que geralmente são compostas por linhas simples e poucos detalhes, porém com modernismo e brasilidade. A empresa fez mais de 200 projetos nos últimos cinco anos. A equipe, composta por cerca de 40 profissionais, coleciona importantes prêmios como do Retail Design Institute 2014, para o projeto da livraria Saraiva, no Rio de Janeiro, e a eleição da loja de vinhos Mistral, em São Paulo, como o melhor projeto comercial do mundo pela revista Interior Design. Além disso, o escritório foi responsável pela elaboração do Pavilhão Brasileiro da Expo Milão 2015. O projeto, feito em parceria com o estúdio Atelier Marko Brajovic, foi baseado no tema “Alimentando o Mundo com Soluções” e levou ao território europeu um pouco das características brasileiras por meio do cenário construído. Em uma visita a Brasília para participar do 5º Encontro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CAU/DF), na Universidade de Brasília (UnB), Arthur Casas conversou com a equipe da
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para muitos, vista como uma cidade de passagem, um local sem alma, sem esquinas. O tempo provou o contrário”. Casas não possui nenhuma obra concluída na cidade, mas não esconde a admiração. “Cada vez mais gosto da arquitetura, da leveza dos traços, dos palácios suspensos, da estrutura tão leve. Há muita liberdade na sua concepção”. Arthur também não nega a vontade de criar uma edificação por aqui e, se tivesse a oportunidade de voltar no tempo, participaria do processo de criação da Nova Capital. “Hoje, com mais maturidade profissional, acho que sim”, afirma.
INFLUÊNCIAS
O projeto de uma livraria no Rio foi vencedor do Retail Design Institute, em 2014
GPS|Brasília sobre a Capital, que ele tanto admira. Casas pode ser traduzido como um reflexo das suas obras: estilo e modernidade se complementam no vestuário, bem cortado e de bom gosto, e os óculos de graus com armação moderna. A fala é baixa, com sotaque paulista. A tranquilidade, apesar do dia cheio de compromissos, também se destaca. Um homem que, apesar do reconhecimento internacional e da quantidade dos prêmios, prefere não chamar tanta atenção, porém não recusa ou se acua quando abordado para falar do seu trabalho ou para ser tietado. Confira a entrevista.
BRASÍLIA
Amante declarado de Brasília, conheceu a cidade ainda menino, enquanto visitava parentes na região. “Meu tio morava em Anápolis, onde eu passava minhas férias escolares de julho e acabava vindo para Brasília. Era final dos anos 1960. A Capital ainda era icônica
Casas se formou em 1983 na Universidade Mackenzie e aponta o grande nome da construção de Brasília como uma grande referência. “Oscar Niemeyer inspirou muitas gerações, inclusive a minha. A possibilidade de criar uma cidade deve ter interferido muito na minha decisão em ser arquiteto. Posteriormente, durante a faculdade, fui mais influenciado pelos arquitetos da escola paulista, como João Batista Vilanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha”.
PROCESSO CRIATIVO
“Residências, espaços comerciais, produção de mobiliário e objetos pedem um trabalho inicial solitário. Elaboro os desenhos com grafite, régua paralela e escala em uma prancheta como feito há cem anos e submeto o rascunho à minha equipe. Já em grandes projetos, como edifícios multifamiliares e shoppings, há um trabalho coletivo ainda na fase conceitual”.
Relógio de coleção feita em parceria com H.Stern
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Fotos: Divulgação
O trabalho de Arthur Casas tem como característica o modernismo e uso de cores neutras
PATRIMÔNIO
“Ignorância, ignorância, ignorância”. Foi assim que o arquiteto definiu o sentimento profissional ao ver as imagens de destruição de alguns ministérios durante um ato político em maio deste ano. “Difícil para uma população tão carente em educação como a nossa compreender o que é patrimônio público, o que é história. O problema é muito maior, é de base. Eu, por exemplo, cursei uma excelente escola estadual até o ginásio. As escolas públicas foram muito boas um dia, hoje não mais”.
TECNOLOGIA
“Ajuda a agilizar o desenvolvimento do projeto, a minimizar erros, a compatibilizar todas as disciplinas que envolvem nosso trabalho”. Mas garante, não substitui a criatividade e o talento humano “Só não resolve a criação. É um ótimo instrumento e ponto”.
OBRAS PELO MUNDO
O escritório comandado por Casas possui projetos em cidades icônicas, como a loja do estilista Alexandre Herchcovitch, em Tóquio, e a loja da Natura, em Paris. “Basicamente, a legislação local, o sistema construtivo e as necessidades do programa são características daquela sociedade. Invariavelmente, também precisamos de um escritório local para nós auxiliar no processo.”.
SONHOS
“Ainda há muito a se fazer tanto no setor privado como público. O que precisamos é seguir em frente com foco e dignidade”, conclui. Entre as cidades que planeja e sonha trabalhar estão a capital inglesa, Hong Kong, e Xangai. Porém, garante, um dos principais desafios da sua carreira seria em território nacional. “Sem dúvida, um projeto com foco social em uma comunidade brasileira esquecida seria bem desafiador”, conclui. www.arthurcasas.com
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NATUREZA
Juliana Sícoli
PAISAGISTA OU ARTISTA?
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ESTUDIOSO E APAIXONADO POR BOTÂNICA, LUIZ CARLOS ORSINI, UM DOS MESTRES DO LANDSCAPE, LANÇA PORTENTOSO LIVRO SOBRE SUAS OBRAS DE ARTE NATURAIS. AUTOR DO IMENSO JARDIM DE INHOTIM, ELE TRANSFORMA ESPAÇO EM POESIA VERDE POR PEDRO LIRA
“E
u não gosto da expressão lançar tendência. Eu tenho meu estilo e as pessoas ou copiam ou se inspiram. Simples assim”. É sem falsa modéstia que Luiz Carlos Orsini define seu trabalho. Após 37 anos de ofício, é uma das principais referências de paisagismo no Brasil. E tem como inspiração Burle Marx, importante nome para Brasília.
Com visão única das milhares de opções botânicas possíveis na decoração, o profissional transita entre o paisagismo e a arte. Com a mãe natureza como obra-prima e principal musa inspiradora, Orsini transforma o verde em poesia cotidiana. Sob a sombra das palmeiras e o frescor de lagos e cascatas, o mineiro é o responsável pelos mais de 260 mil m² do paisagismo do instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), maior centro de arte ao ar livre da América Latina. Sempre com estilo tropical, não nega a brasilidade. Nem nos projetos, que capricham no verde, nem no jeito informal e brincalhão de ser. Sempre com um sorriso no rosto e forma simples de falar, veio a Brasília para lançar seu novo livro, Orsini – projeto audacioso considerado a maior publicação de um paisagista individual do mundo. São 360 páginas que exibem 30 obras, datadas de 2008 a 2017. Orsini é vencedor dos prêmios Revista Espaço D (1º lugar em 2001, 3º lugar em 2002, 2º lugar em 2004 e 2005 e 1º lugar em 2006 na categoria Paisagismo), Olga Krell – Editora On Line (1º lugar em 2008) e Casa Cor SP (1º lugar
na categoria Mostras em 2009 e na categoria Paisagismo foi 2º lugar em 2009, 1º lugar em 2010 e 2º lugar em 2011). “Eu tiro minha inspiração das próprias plantas. Visito viveiros e só de bater o olho em uma flor crio uma composição com ela”, conta. O segredo do sucesso é manter a visão apurada e as ideias renovadas. “Gosto muito de reinventar as coisas. Uma planta antes taxada de cafona consigo rearranjá-la e torná-la única”, diz. Orsini garante que a experiência é fundamental. “Eu já trabalhei com tudo relacionado a plantas. Floricultura, fábrica de substratos, órgãos públicos, concorrência e muitos projetos”, relembra. Experiências que serviram para acrescentar à jornada. “Sempre tive um objetivo na vida, que é onde estou hoje: trabalhar com público A, com produtos de qualidade e grandes espaços”, explica. Especialista em projetos de jardins maiores, como fazendas, haras e chácaras, tem por landscapes sua grande paixão. “Eu faço arte. Não gosto de pensar coisa pequena. Pego um local simples e transformo num paraíso natural”, garante. Segundo o paisagista, já ouviu muitas vezes que a transformação que fez em seus projetos mudou vidas. “Eu consigo sentir o que o cliente sente. Aquela sensação de prazer e satisfação ao ver o trabalho pronto”. Dom esse que não surgiu por acaso. Foram necessários anos de prática para se tornar o mestre dos jardins. “Trabalhar com grandes formatos não foi uma escolha, foi vivência. Afinal, tenho 37 anos de carreira”, relembra. GPSBrasília « 101
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Divulgação
Projeto na Serra Fluminense
A paixão gerou certa antipatia por projeto pequenos. “Já fiz prédios e jardins verticais. Obviamente trabalho interiores, mas não me peça para cuidar de jardineiras de apartamentos ou vasos domiciliares”, brinca. Um de seus segredos é a relação íntima que tem com as plantas. “É preciso conhecimento para criar algo belo. Minha memória não é boa para pessoas, mas conheço muito de botânica, inclusive com as variações de nomes regionais”, se gaba. “O pulo do gato é saber o comportamento das plantas quando elas forem adultas. Daqui a dez anos, o jardim que faço hoje será completamente diferente”, explica. Para Orsini, as três partes fundamentais de um bom paisagismo são o projeto, a estrutura vegetal alta, como palmeiras e coqueiros, e a topografia. “O resto pode ser sempre alterado, esses três não”.
INHOTIM
Um dos maiores Institutos de Arte Contemporânea da América Latina não poderia deixar de ter a contribuição de diferentes artistas. Entre eles está Luiz Carlos Orsini, que assina os mais de 260 mil m² de paisagismo de Inhotim. O espaço, que começou sua criação
nos anos 2000, e teve o projeto finalizado em 2004, contou com Orsini em seus primórdios. “Meu trabalho em Inhotim é uma obra de arte”, comenta orgulhoso. “Bernardo Paes é dono e amigo pessoal meu. Ele possuía uma fazenda lá onde guardava muitas de suas obras. Me pediu indicação de arquiteto para o primeiro galpão. Em 2000, surgiu o primeiro pequeno museu do espaço”, relembra. Em quatro anos, Orsini transformou o sítio em uma obra a céu aberto, incluindo três lagos. “Quando o Instituto reabriu as portas, a notícia que se espalhou foi que o jardim havia sido projetado por Burle Marx. Entrei na justiça e reivindiquei a autoria do meu trabalho”, conta. Não por acaso Orsini também é figura conhecida nas mansões de celebridades como Cláudia Raia, Flávia Alessandra e Otaviano Costa, além de nomes como Lucilia Diniz, Marcelo Tostes, Salim Matar e Francisco de Castro. “Com a globalização existem muitas pessoas fazendo bons trabalhos. O fato de eu ter um público fiel e de peso é detalhe. Eu sou muito crítico, e garanto que é difícil ver projetos tão lineares e detalhados como os meus”, afirma. Suscinto e simples, aposta sempre na menor quantidade de interferência arquitetônica possível.
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Jomar Bragança
Nas brincadeiras de criança, tudo era motivo para criar uma paisagem. “Desde pequeno, no interior de Minas Gerais, eu brincava de carrinho e fincava plantas e árvores nas garagens dos carros”, relembra. Apesar do dom nato, foi aos 18 anos que decidiu se aventurar como profissional da área. “Minha família era empresária de carros e eu, por amar a natureza, bati o pé e escolhi o paisagismo”. Aos 21 anos, em 1981, mudou-se para Madri, na Espanha, onde estudou na Escuela de Jardineria y Paisajismo Castillo de Batres. “O curso nem vale no Brasil, mas isso não importa, porque sou autodidata”, garante. “Quando voltei, fui abocanhando meu espaço, criando meu nome e ganhando prestígio”, diz o paisagista, hoje com 59 anos. Em 2000, veio para Brasília onde tinha uma namorada. Montou aqui negócios de paisagismo, onde pôde assinar vários projetos no Lago Sul, Park Way e até o do CasaPark Shopping. “No entanto, senti que a demanda em São Paulo estava muito grande e levei o escritório para lá”. Da capital paulista trabalha para todo o País, tendo projetos em Goiás, Tocantins, Bahia, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Paisagismo em Paraopeba (MG) Divulgação
INFÂNCIA CRIATIVA
UM FUTURO PACÍFICO
www.lcorsini.com.br
Jardim de residência em Brasília
Daniel Mansur
Quando questionado sobre os planos para o futuro, a perspectiva é de sombra e água fresca. “Eu tenho uma casa na praia, no litoral Norte de São Paulo, e pretendo investir mais nos livros. Quero publicar mais e me voltar ao meu hobby favorito: fotografia”. A atual namorada de Luiz é fotógrafa e os dois fazem um trabalho partilhado. “Eu ajudo com o olhar de paisagista e ela com as técnicas”, brinca. Quanto ao mercado de trabalho, confia na carreira que já tem construída. “Acredito que, para mim, nunca faltará trabalho, então quero investir mais em livros do cotidiano, com fotos feitas por mim”. Os planos inclusive são traçados na casa de praia, toda projetada pelo profissional. O clichê de que a casa de paisagista é verde e tem lindos jardins é real. “Apesar de difícil, tenho projetos para mim mesmo. O da casa da praia inclusive é um dos meus favoritos”, admite.
Obra em Belo Horizonte (MG)
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ENTRE NÓS POR PATRICIA JUSTINO
pattyjustino@hotmail.com – @patjustinovaz
DESIGNER “HIGH END”
DESTINATION: PARADISE Procurando um lugar especial onde se possa estar rodeado de paisagens estonteantes, instalações requintadas, contemporâneas, desfrutando de serviços impecáveis e experiências gastronômicas memoráveis? Então o seu destino será o complexo cinco estrelas D Maris Bay Hotel,, na Peninsula Datça, Turquia. A aproximadamente 160km do aeroporto de Bodrum, o complexo abriga três praias particulares de águas quentes e cristalinas (perfeitas para a prática de esportes aquáticos), cinco restaurantes, entre eles os famosos Zuma e Il Riccio (originário de Capri), brasserie, beach bar, beach clubes, night club, além de um dos melhores spas do mundo, o Espace Vitalité. Quem já se hospedou lá garante que não dá vontade de sair do resort e que, inclusive, para aproveitar bem tudo o que se oferece, o ideal é permanecer por pelo menos cinco dias. O hotel só funciona no verão e a próxima temporada, que se inicia em abril de 2018, está concorridíssima! www.dmarisbay.com
Guto Carvalho Neto, 39 anos, é natural de Paulo Afonso e radicado em Rodelas, no sertão da Bahia, cidade que desapareceu sob as águas do São Francisco. Este baiano carrega no olhar a paisagem déco nordestina, que permeou a infância e foi embora com o rio, mas deixou rastro. Formado em Design de Moda, Guto aprofundou seus estudos em Paris, onde viveu por um ano. Em 2010, de volta ao Brasil, criou sua pr pria marca que se ue a filosofia do slow fashion) e desenvolve coleções numeradas e atemporais. A roupa de Carvalho Neto – que esse ano, convidado pela artista Rivane Newenshwander, apresentou em colaboração com a artista, a exposição O nome do Medo no museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), e que dá aulas no curso de Antimoda da Escola de Artes Visuais do Parque Laje – vai além do mero equilíbrio entre tramas e padronagens, e diferencia-se pela poética e sensibilidade. São peças que transcedem a moda em si e reverenciam o corpo com todos os seus afetos.
www.gutocarvalhoneto.com
ARTE EM PAPEL “A vida pode ser mais feliz quando nos permitimos pequenos luxos”... Esse é o lema inspirador para as belas criações em papéis da marca Nina Write Brasil. A grife carioca dos criativos empresários Anna Luiza Padua, Fernanda Fróes e Eloi Nascimento desenvolve coleções exclusivas de cartões, agendas, cadernos temáticos e fabulosos kits para presente relacionados ao universo da papelaria de luxo. Mas apague da memória tudo o que você já viu desse segmento por aí, a Nina Write utiliza uma mistura de novas e tradicionais técnicas de impressão, papéis cuidadosamente selecionados, sem falar dos detalhes de acabamento que encantam e atraem todos os olhares: são envelopes com forros em seda, cartões, cadernos e caixas revestidos em tecidos ou couros diferenciados, compondo fabulosas coleções, cartões aquarelados com paisa ens e temas da auna e ora rasileira, enfim, s o muitos os incríveis detalhes da linha de montagem, com uma lin ua em uni ersal da tipo rafia, associados ao design contemporâneo. Tudo isso porque, segundo eles: “...existem palavras e momentos que merecem ser guardados”. Onde encontrar: Multimarcas Dona Coisa, no Rio de Janeiro, e Q.u.a.d.r.a Concept Store, em Brasília.
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PELE DE PORCELANA cantora adonna lan ou oficialmente a sua lin a de produtos de beleza, a MDNA Skin. Um famoso spa italiano da cidade de Montecatini e a empresa japonesa MTG desenvolveram produtos para o seu próprio uso. Após testar e opinar em tudo, Madonna amou o resultado! Ficou tudo t o profissional e de alta qualidade que decidiu comerciali ar e transformar a ideia inicial em negócio. Lançada no Japão em 2014, a marca expandiu, aumentou o mix e só agora chegou aos EUA, na loja Barney’s New York, único ponto de vendas além do site da marca. Todos os produtos levam na fórmula a água termal de ontecatini, onde cientificamente ficou compro ada a exist ncia fontes terapêuticas, excelente para os cuidados da pele. São sete produtos. O principal deles, o Rejuvenator set, combina um poderoso ímã de Neodímio e a tecnologia Derma Infusion, com argila vulcânica, rica em minerais que purificam, idratam e reno am a derme , declaradamente, um dos segredos de beleza da musa pop. www.mdnaskin.com
JOALHERIA X EXPERIÊNCIAS DE VIDA Acaba de ser lançada a primeira coleção da marca de jóias Vertali. Um novo conceito em joalheria premium que cria peças baseadas em experiências vividas, transformando o produto num verdadeiro amuleto. Intitulada Zarinna, a primeira coleção se inspira na África. A joalheria se divide em três momentos: as coleções temáticas, como a Zarinna, que nascem com base em experiências vividas pela designer; a alta joalheria, com pe as mais refinadas e o speciallymade, onde a designer traduz uma experiência vivida pelo cliente para a joia. A marca acaba de fazer uma grande estreia no mercado e a primeira coleção já entrou na wish list dos mais antenados e pode ser encontrada no showroom da marca em SP, por atendimento especial. @vertali.jewelry
CONCEPT STORE Nova York recebe de braços abertos a The Webster, concept store queridinha de Miami. Desde 2009 quando inaugurou a primeira loja na Collin’s Avenue, a The Webster se tornou parada obrigatória de 10 entre 10 fashionistas. E não apenas eles... artistas, celebridades e endinheirados que buscam curadoria de moda impecável, serviços de luxo e produtos diferenciados das grifes mais bacanas do mundo. De lá para cá, o Bal Harbour, South Beach, Houston e Costa Mesa foram os próximos locais que receberam a multimarcas. O local escolhido para a abertura da sexta loja (e segunda maior do grupo) foi um dos bairros mais charmosos da cidade, o Soho. E segundo a sua fundadora, Laure Hériard, em Nova York ela foi pensada para se tornar a única parada de compras das pessoas com os olhares mais especiais da cidade. São seis andares que abrigam moda feminina, masculina e infantil, um andar só de sapatos, outro de objetos para casa, e a “pent house” para atender clientes VIPs e realizar eventos. Alguém duvida do sucesso? www.thewebster.com
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GASTRONOMIA
O salão do novo restaurante, no Lago Sul
ELE SONHA E COZINHA O CHEF MARCELO PETRARCA TEM ENTRE OS INGREDIENTES DE SUA VIDA PESSOAL A CORAGEM. DE TRANSFORMAR ASPIRAÇÃO EM REALIDADE REPLETA DE SABOR, GESTÃO E IDENTIDADE COM A CIDADE. A MAIS NOVA PEDIDA? O RESTAURANTE LAGO POR ANDRESSA FURTADO « FOTOS GUSTAVO MORENO
M
arcelo Petrarca é um empreendedor nato. Desde que decidiu seguir carreira solo, não se limita às dificuldades de trabalhar com gastronomia na Capital Federal. Semestralmente, reorganiza seu calendário de sonhos, prioridades e se arrisca. À frente de uma equipe focada e motivada, orquestra dois restaurantes: Bloco C e Inverso, participa de eventos grandes da cidade, oferece serviço de buffet com o Bloco C em Casa e, recentemente, abriu seu terceiro empreendimento: o Lago.
A empreitada do chef conta com o apoio e gestão também dos irmãos e sócios Carolina e Daniel Petrarca, parceiros em seus atuais projetos. O novo restaurante, localizado na QI 5 do Lago Sul, ao lado da loja da joalheira Carla Amorim, tem assinatura da arquiteta Vanessa Rosset e o bom gosto da empresária e amiga da família, Cristina Arnez Coelho, na decoração. “Cristina deu vários direcionamentos para nosso ambiente. O resultado ficou excelente”, elogia Petrarca.
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Marcelo Petrarca ĂŠ quem orquestra a cozinha do Lago
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O menu será servido em pratos de pedra-sabão
O novo restaurante tem assinatura da arquiteta Vanessa Rosset
Com capacidade para 140 pessoas e uma equipe de 40 funcionários, o chef tem um desafio e tanto. Apesar disso, faz questão de afirmar que conta com uma equipe excelente e que não há motivos para se preocupar. “Minhas casas estão redondas e meus colaboradores são essenciais nesse processo. Inclusive, a nova equipe é formada por pessoas que já trabalham comigo. Acho importante valorizar quem acredita em mim”, afirma. Sobre o cardápio, é diferente do que os brasilienses já estão acostumados – inclusive de pratos de suas outras casas. “São sugestões que testei com clientes e amigos durante esses anos à frente do Bloco C. Tem pratos clássicos, como o Filé Rossini e o Bife Wellington, e opções nada tradicionais, como um cachorro-quente de lagosta e um milho mexicano com maionese de alho”, diz. No almoço, os destaques são o nhoque de galinha caipira e o arroz de costela. Esqueça o churros de banana, a sobremesa que promete fazer sucesso é a rabanada de leite ninho. Imagine poder se deliciar com uma rabanada durante todo o ano sem precisar esperar o Natal chegar? O restaurante tem uma mesa coletiva para 20 pessoas perto do bar, uma sala VIP no térreo, com capacidade
BOAS BAFORADAS
Para o próximo ano, a aposta do trio é o clube de charutos, previsto para começar em março. Vai contar com uma carta bem completa de whisky e conhaque, televisões e jornais internacionais. “Será um espaço mais reservado para quem gosta de boa bebida e pri acidade , finali a o chef.
para 12 pessoas, e duas salas exclusivas em frente à cozinha, no subsolo. Nelas, você pode acompanhar todo o funcionamento interno e até cozinhar junto com o chef. “Você pode preparar pratos comigo numa noite especial”, revela Petrarca. Lá fora, mesas ao ar livre na parte de trás deixam a casa ainda mais charmosa. Até as louças foram pensadas minuciosamente pelo trio, que acabou escolhendo menos cor branca, mais madeira, cobre, copos coloridos de cristal, e muita pedra-sabão. Lago por Marcelo Petrarca SHIS QI 5, bloco D, lojas 01/02, Lago Sul, Brasília (DF) Funcionamento: de terça a quinta, das 12h às 15h30 e das 19h30 à 0h. Sexta e sábado, das 12h à 1h. Domingo, das 12h às 18h. Instagram: @marcelopetrarca
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FORNADA
PÃO DE AMOR N
ão dá para negar o amor que o brasileiro tem por pão. Seja ele da origem que for. Aquele pão caseiro, quentinho, saído do forno com uma camada de manteiga e uma fatia suave de queijo para arrematar. E a casca? Crocante, douradinha, brilhante e bem macia. Se tem algo melhor que isso, desconheço. Há quem prefira a focaccia, o pão com goiabada ou o croissant. No final, o que importa é beijar a ponta dos dedos e ser feliz. Um estudo recente feito pela Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (ABIP) juntamente com o Sebrae comprova que essa paixão é nacional: 66% dos brasileiros apreciam pão no café da manhã e 98% da população são consumidores de produtos panificados. O preferido? Cacetinho, baguetinha, bisnaga ou pão de sal, mas seu nome popular mesmo é pão francês. A paixão nacional tem apelido europeu. E acredite, 86% dos pães comercializados aqui são artesanais, correspondendo 52% ao pão francês. Atualmente, o consumo per capita do brasileiro é de 32,61 kg de pães/ano. O estudo também afirma que as padarias estão deixando de ser apenas estabelecimentos responsáveis pela fabricação artesanal e venda de pães fresquinhos, biscoitos, bolos e outras guloseimas, frequentados pelos clientes em determinados horários do dia e da noite. Estão se transformando em centros de convivência, gastronomia e serviços. Os clientes preferem degustar os quitutes na própria padaria para aproveitar o frescor dos alimentos recém-saídos do forno ou do fogão. Além disso, é um setor
onde não há crise. Ao contrário, seus empresários só falam em crescimento constante. Ano passado, o faturamento estimado do setor foi de R$ 44,9 bilhões. Segundo dados da Abip/Abitrigo, Brasília está em quinto lugar (91,7%) no ranking dos principais mercados de compra de pães em padarias do País. Atrás apenas de Belém (97,2%); Belo Horizonte (93,2%); Fortaleza (93,2%) e Recife (91,8%). Prova disso é a crescente abertura de estabelecimentos do ramo e a permanência de casas de renome, como a tradicional Belini Pães & Gastronomia, as recém-inauguradas Castália e Cardabelle, as francesas La Panière, a L’Amour du pain e a La Boulangerie. Sem esquecer, a Varanda Pães Artesanais. Conheça a história de alguns desses estabelecimentos.
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COM TODO O LIRISMO QUE LHE É DEVIDO, CONSUMIR PÃES NÃO É APENAS UM HÁBITO ROTINEIRO. TORNOU-SE UM PROGRAMA APRECIAR A SUA MANUFATURA, O SEU AROMA, A SUA ORIGEM E SABER UM POUCO MAIS SOBRE AS MÃOS ARTESANAIS QUE OS CRIAM POR ANDRESSA FURTADO « FOTOS SÉRGIO AMARAL
A HISTÓRIA DO PÃO
Atribuiu-se à elite que viajava a Europa a chegada do pãozinho aqui no Brasil, lá nas primeiras décadas do século 20. Era moda, naquela época, em Paris, um pão pequeno de casca dourada. Essa tal elite teria trazido o pão e mandado os padeiros locais copiarem. Só que além da água, da farinha e do sal, a receita também ganhou a adição de açúcar e gordura, e o fermento natural foi substituído por fermento biológico, para agilizar a produção.
CASTÁLIA Um cantinho simples, onde o pão é a grande estrela. Na Castália, o cardápio não tem inúmeras opções. Ali você passeia pela crocância, dá uma paradinha quando sente o sabor e fica tentando desvendar qual outra opção pode ser melhor que aquela que você escolheu. Sob o comando dos irmãos André e Eduardo Neiva Tavares e do primo Pedro Abbott Galvão, a Castália, aberta em janeiro último, já entrou no roteiro de padarias ar-
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tesanais mais queridas da cidade. “Comecei a fazer pão em casa, sete anos atrás, só porque eu achava o processo divertido. A casca crocante e o miolo aerado de um pão fresco são irresistíveis, e eu queria me dar esse luxo no dia a dia”, relembra Eduardo. Na dúvida entre dar continuidade na produção de exposições de arte e na sua empresa de Design Gráfico ou entrar de cabeça na panificação, o empresário optou por investir na segunda opção. “Decidi largar tudo e começar outro projeto de vida.”. E foi estudar panificação em São Francisco. Hoje, a padaria faz quase uma tonelada de pães por semana. Entre os produtos carros-chefes estão os croissants e as baguetes. A produção da Castália segue o processo de fermentação natural. Todos os pães fermentam no mínimo 12h, com alguns chegando até 26h. Eles usam levain – a mistura é feita no dia anterior e fica na câmara fria fermentando no frio bem devagar até o dia seguinte. “A torta de chocolate, o húmus feito em casa e o café Castália também merecem destaque”, indica o empresário, afirmando ainda que o pão ideal depende do que a pessoa procura, pois cada um tem sua preferência. “Se for uma baguete, a casca crocante e o miolo alveolado. Se for o pão de batata doce roxa que fazemos, o aroma e a textura. Mas o importante mesmo é que seja feito com tempo, longa fermentação, com atenção, cuidado, e, claro, muito amor”, finaliza. Para 2018, o trio tem planos de expansão, mas ainda é segredo. Castália CLN 102 Bloco D Lojas 64/74, Asa Norte (61) 3081-8899 @castaliaartesanal
VARANDA PÃES ARTESANAIS Aberta, idealizada e orquestrada pelo engenheiro civil brasiliense, Dilson Oliveira Menezes, a Varanda Pães Artesanais, localizada na 215 Norte, tornou-se parada obrigatória. Os pães, que começaram a ser fabricados na varanda de sua casa, são de longa fermentação natural, feitos com no mínimo 24 horas de antecedência, alguns com até 48 horas – como o Vollkornbrot, uma receita de pão 100% centeio desenvolvida pelo empresário. Todas as manhãs, os pães são assados para serem vendidos no próprio dia. A segunda fornada sai logo após o almoço. São, em média, uma tonelada de pães por semana. Dentre eles, croissants, baguetes, pães integrais e outros com grãos que não foram geneticamente modificados, como o spelta e o kamut. “Esses grãos têm menos glúten e menor índice glicêmico. Não é à toa
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que recebemos várias pessoas que, teoricamente não podiam comer pão mas experimentam e voltam no dia seguinte para comprar mais, dizendo que não sentiram nada daquelas reações que os pães tradicionais dão”, conta Dilson, orgulhoso. Os que tem mais saída são o croissant, o pão de chocolate com laranja e o pão de castanhas. Não podemos esquecer dos queijos, todos brasileiros. São mais de 30 produtores artesanais de todo Brasil, que Oliveira conseguiu reunir na padaria. “Tudo para agregar ao nosso produto principal algo tão original e que pouca gente conhece, que são os queijos brasileiros”, afirma. A sua relação com o pão começou de forma despretensiosa. Uma imersão em livros sobre o assunto e muitos testes. A fermentação natural veio como uma técnica de fabricação que eliminava todos os produtos químicos do pão e dava a real personalidade que o padeiro procurava naquele produto. “Nessa época, minha cozinha já não estava cabendo meus equipamentos de panificação, então eu fazia na varanda do meu apartamento, onde meu forno, masseira, fermentadora, ocupavam toda a área. Com o tempo, montei uma página na internet, onde, uma vez por semana, fazia as vendas para clientes de Brasília e depois saia para entregar”, relembra. A demanda foi aumentando e os equipamentos não cabiam mais na varanda de seu apartamento. Dilson alugou uma sala num subsolo no Sudoeste e transferiu toda a produção para lá. “Meses depois tomei a decisão
de montar minha padaria, onde venderia os pães diariamente. Sempre com apoio da minha mulher, aluguei o imóvel onde hoje é a Varanda na Asa Norte. Sou apenas eu no comando, mas tenho dois padeiros que trabalham comigo”, compartilha. Expansão, só quando o pão deixar. “É ele é quem manda aqui”, finaliza. Varanda Pães Artesanais CLN 215 Bloco D Loja 39, Asa Norte (61) 3033-2002 @varandapaesartesanais
LA BOULANGERIE O francês Guillaume Petitgas começa sua jornada diária às 4 horas. A produção de pães da La Boulangerie é feita sob o olhar atento do mestre padeiro. Precursor no quesito padarias artesanais na Capital Federal, abriu sua primeira loja há dez anos, na 106 Sul, que logo mudou-se para a 306 Sul devido à demanda. Do seu lado, está sua fiel escudeira Thaís Melo. A mistura da França com o Brasil deu certo e perpetua até hoje. Guillaume desembarcou em Brasília, a convite de Daniel Briand, em 2004, após uma boa temporada na Noruega. Thaís estudava Letras Francesas, na Universidade de Brasília (UnB) e volta e meia visitava o café na 104 Norte. Em meio aos petit fours e croissants, o amor aconteceu. Desde então, nunca mais se largaram. GPSBrasília « 113
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Viajaram pelo Nordeste, antes de decidirem morar na França. Lá trabalhou com carnes, deixando de lado o pão por um curto período. Após dois anos, voltaram para Brasília. Foi aí que Guillaume decidiu abrir uma padaria despretensiosa numa pequena loja, na 106 Sul. O investimento inicial foi de R$ 165 mil reais. “Desse dinheiro só sobrou R$ 1,2 mil”, relembra. Fez seu plano de negócio e colocou a mão na massa literalmente. “Alguns pães, simplesmente não saíam. Jogamos muito pão fora”, conta Petitgas. Mas tudo mudou após a jornalista Liana Sabo escrever uma matéria sobre a padaria. O boom aconteceu e a dupla foi surpreendida por uma enxurrada de clientes. Daí em diante, só cresceu. Em 2009, abrimos a segunda loja no Lago Sul, que funcionou até 2012. “Eu não estava preparado. Ficou difícil administrar a produção de pães”, conta. Na sequência, o casal investiu no modelo petit de padaria, ou seja, menor, com um serviço reduzido. São três padarias nesse modelo, além da 306 Sul e o recém-inaugurado bistrô, no CasaPark – sociedade junto com a chef Renata Carvalho.
Guillaume não gosta de nada artificial. Não usa corantes, nem é a favor de frituras. Do cardápio não tira o croissant, o pão de parmesão, nem o de azeitona. Muito menos a éclair. São os produtos carros-chefes da rede, amados e adorados por seus clientes. Para 2018, pretende abrir mais uma filial da padaria. “Não descarto a possibilidade de investir no Noroeste”, antecipa. La Boulangerie l oul n erie l petite CLS 306 Bloco B Loja 10, Asa Sul – (61) 3244-1394 CLN 212 Bloco B Loja 19, Asa Norte – (61) 3033-6568 QI 21, Conjunto 4, Lago Sul – (61) 3797-2726 300, Bloco B, Sudoeste – (61) 3051-1747 CasaPark – (61) 3526-1787
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L’AMOUR DU PAIN Serge e Guillaume não tem só a nacionalidade francesa em comum. Serge Segura também iniciou sua carreira de padeiro em Brasília, ao lado do icônico Daniel Briand. Foram 14 anos trabalhando ao seu lado, para então decidir seguir carreira solo. O boulanger nascido numa região no Sul da França abriu a L’amour du Pain, em meados de 2016, na 115 Sul. Vindo de uma família de cozinheiros, Serge sempre teve aptidão para elaborar receitas. Formado na França pela École Française de Boulangerie, aprendeu com o mestre Christian Vabret – renomado padeiro francês – a preparar deliciosos pães. De lá para cá, apenas aprimorou seu talento. Em seu cardápio, baguetes, éclairs, croissants, omeletes, quiches, croque monsieur. As portas por lá abrem às 7h e fieis clientes aguardam ansiosos por suas criações feitas com farinha orgânica francesa e sem agrotóxicos. “L’amour du Pain é a realização de um sonho. Eu queria juntar três coisas no mesmo lugar: café, padaria e confeitaria. Gostaria de ter um local onde as pessoas pudessem levar pão ou doce para casa, beber um vinho. Experimentar quiches diferentes”, conta.
Serge é a favor da fermentação natural. Usa levin líquido, fermento natural, farinha, água e sal. Deixa a massa agir. Não tem nada congelado em seu estoque. Respeita ao máximo a matéria-prima. Ao seu lado, na confeitaria, está o jovem confeiteiro francês, Remi Champion. E da cabeça dessa dupla sai as mais diversas criações. L’amour du Pain CLN 115 Bloco B Loja 10, Asa Sul (61) 3525-5909 @lamourdupainbsb
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Fernando Veler
ADEGA
Os amigos Rafael Silveira e Flávio Souza: paixão que virou negócio
O CANAL DO VINHO À
mesa, degustar um vinho começa com a escolha na adega. Um delicioso ritual em torno, sobretudo, da atmosfera do momento. Ler o rótulo para relembrar safra e vinícola. Continua com o uso do saca-rolha, que no início pode até parecer difícil, mas a prática torna o ato espontâneo. Logo depois, o decanter para deixá-lo respirar. Na taça, é hora de sentir as fragrâncias antes de iniciar a degustação e a harmonização com iguarias. Além do enredo, são muitos os ensinamentos para aqueles que amam vinho e a história particular de cada um deles. As variedades da uvas viníferas, por exemplo. Ou os termos e suas distinções: assemblage, blend, varietal. É um universo fascinante. E por que não mer-
UM SOMMELIER ONLINE PARA ATENDIMENTO AO CLIENTE. UM PEDIDO, UMA DÚVIDA, UMA SUGESTÃO. A ENTREGA É RÁPIDA. ESSE É O NEGÓCIO DE SUCESSO DA DUPLA RAFAEL SILVEIRA E FLÁVIO SOUZA
gulhar nele, usufruindo de toda a tecnologia disponível? Que tal ter um sommelier online, disponível para elucidar qualquer dúvida a respeito? Foi da expertise com vinícolas e do desejo de compartilhar o tema que os amigos brasilienses Rafael Silveira e Flávio Souza criaram, em setembro de 2016, o e-commerce Canal do Vinho, ativo no Instagram. Amigos há quase uma década, os sócios cultivaram por anos o hábito de tomar vinho juntos. Taça vai, taça vem, os empreendedores perceberam que o sincronismo poderia render bons frutos comerciais. A ideia de montar o Canal partiu de Rafael e Flávio logo comprou a ideia. Antes de a novidade surgir, Flávio trabalhava na área de seguros e Rafael no segmento de mídia externa.
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Segundo os sócios, a proposta do negócio é oferecer ao cliente a garrafa adequada para a ocasião correta, no preço justo e com praticidade. Aquela história de que o vinho é a bebida dos deuses está ultrapassada: vinho é para todos que apreciam. “Queremos difundir a história, desmistificando-o como bebida inacessível”, explica Rafael. O contato do cliente com a empresa é feito pelo Whatsapp ou por e-mail. A marca conta com atendimento personalizado, em que a pessoa tem à sua disposição o serviço de personal sommelier. “Muitos nos procuram com o intuito de aprender a beber vinho, são iniciantes. Temos uma equipe preparada para ajudá-las a escolher a melhor opção”, diz Rafael.
Na combinação dos pratos, os brancos e os rosés harmonizam bem com saladas, peixes, pratos que tenham molho branco e frutos do mar. Já o tinto é uma ótima opção com queijos, carnes vermelhas e massas que levam molho vermelho. Mulheres e homens também têm paladares diferentes. Influencia ainda se a bebida será degustada durante um dia quente ou numa noite fria. Outra ajuda, por exemplo, é o sommelier indicar a temperatura ideal para consumo da bebida, que normalmente é de 15ºC para os tintos e 6ºC para brancos ou rosés. Mas claro que pode variar de acordo com a safra, mistura de uvas ou região de produção. As dicas auxiliam e cada ocasião deve ser customizada. Por isso, a ajuda do sommelier é tão importante. E que tal ter um caderninho para anotar as impressões de característicada degustação? Assim não se esquece as característi cas para uma próxima compra. Depois de eleito o produto, a entrega é feita na casa do cliente. A carta oferecida pelo Canal é extensa, tem rótulos de vinhos de grandes produtores, como Chile, Argentina, França, Itália e Espanha. “Temos vinhos para todos os gostos e bolsos, do iniciante ao expert, que variam de R$ 50 a R$ 50 mil, a garrafa”, afirma Flávio. MelEntre os rótulos cobiçados, alguns clássicos: Don Mel chor, Almaviva, Angelica Zapata, Cobos, Stag’s Leap, Marqués de Riscal, Família Vega Sicilia, Grand Cru Classé, Brunello di Montalcino, Barolo, Pera Manca e Barca Velha. enO serviço opera em nível nacional e realiza en tregas para todas as cidades do Brasil. Na capital, os brasilienses têm um bônus: os pedidos feitos em tarBrasília até meio-dia são entregues na parte da tar de, com exceção de solicitações específicas, como safras únicas e raras. “Fomos influenciados pelo senamor à bebida e nosso objetivo é despertar esse sen timento no cliente”, conclui Flávio. Assim, a ideia é ter mais e mais amantes de vinhos por aí.
PARA TER NA ADEGA • • • • • • • • •
Lirica Brut 750ml (R$ 75) Champagne Taittinger Brut 750ml (R$ 219) Pera Manca Branco 2014 (R$ 230) Marques de Riscal Reserva 2012 (R$ 129) Cartuxa Colheita 2013 (R$ 120) Luigi Bosca Malbec (R$ 120) Almaviva 2013 (R$ 770) Amarone Della Valpolicela Tommasi 2012 (R$ 389) Tignanello 2014 (R$ 599)
Serviço Instagram: @canaldovinho WhatsApp: (61) 99137-0303 Email: atendimento@canaldovinho.com
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AFIF DOMINGOS ENTREVISTA
HOMEM VOLTADO PARA POLÍTICAS PÚBLICAS E PARTICIPATIVO NA GESTÃO DE QUASE TODOS OS PRESIDENTES DO PAÍS DESDE AS ELEIÇÕES DIRETAS, AFIF DOMINGOS PRESIDE O SEBRAE NACIONAL PELA SEGUNDA VEZ E MANTÉM A SUA LUTA NA VALORIZAÇÃO DO EMPREENDEDORISMO POR LUCIANA BARBO « FOTOS
SERGIO AMARAL
O
paulistano Guilherme Afif Domingos é um homem bom de briga. Aos 74 anos, dos quais 41 dedicados à defesa das micro e pequenas empresas, ele acredita no Brasil e confia que a melhoria do ambiente para os pequenos negócios é fundamental para o crescimento do País. Atualmente, busca meios de facilitar cada vez mais a abertura de empresas e o alcance de linhas de crédito por essa categoria empreendedora. Formado em Administração, é notoriamente um homem voltado para políticas públicas. Neto de imigrantes libaneses e educado com rigor em colégio católico, desafiava os superiores com discursos e plateias mirins atentas. Comandou a seguradora da família ao mesmo em que despontava no cenário empresarial. Além de presidir inúmeras associações e instituições, Afif consolidou a sua trajetória tornando-se uma espé-
cie de conselheiro de gestores públicos. Foi secretário de Estado de Paulo Maluf e José Serra, vice-governador de Geraldo Alckmin, ministro de Dilma Rousseff. Com Fernando Henrique foi presidente do Sebrae pela primeira vez. Atualmente, no governo Temer, integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social. Foi ele quem criou o Simples – programa que regula a tributação sobre micro e pequenos empresários – e o Estatuto da Microempresa, vigente até hoje. Afif tornou-se famoso nacionalmente na campanha presidencial de 1989. Foi o sexto candidato mais votado no pleito, com mais de três milhões de votos. Ficou à frente de nomes como Ulysses Guimarães, Roberto Freire e Fernando Gabeira. Quem não se lembra de seu slogan: “Juntos chegaremos lá”? Afif reside em São Paulo, mas passa a semana em Brasília. Ele é casado com Silvia Maria e pai de quatro filhos, Silvia, Guilherme, Arnaldo e Cecília. De volta à presidência do Sebrae Nacional desde outubro de 2015, ele aposta nos jovens e prepara a instituição para se comunicar melhor com esse público cheio de ideias na cabeça e propósitos ao empreender. Em seu gabinete, mantém três imagens de Nossa Senhora Desatadora de Nós atrás de sua cadeira para recorrer a ela quando precisa de um resultado positivo que já não mais dependa de sua força articuladora. Foi lá que Afif recebeu a GPS|Brasília para essa entrevista exclusiva.
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R A
Por que o senhor decidiu defender as pequenas empresas e que conquistas destaca nesses 40 anos de trajetória?
Quando comecei, estávamos vivendo a época do milagre econômico, nos anos 1970, e o que eu mais ouvia era que as pequenas empresas tinham de se fundir para ser grandes. Elas não eram manchete, nem objeto de analistas econômicos. Naquela época, eu já acreditava que os pequenos negócios eram a realidade brasileira, por isso entrei na luta, a partir da Associação Comercial de São Paulo, em 1976. Já em 1979, criamos o primeiro Congresso Brasileiro da Pequena Empresa, que foi a base da articulação sobre o tema no Brasil e para a conquista do Estatuto da Microempresa. Daí para frente vieram a Constituinte, o Sebrae, o Simples Federal e o Simples Nacional. Qual o balanço faz de 2017? O cenário melhorou para o empreendedor?
Foi um ano muito difícil, tivemos uma recessão grande marcada, entre outras coisas, pelo desemprego. Mas acredito que a situação parou de piorar e há uma esperança de melhora para o próximo ano, tendo em vista medidas muito positivas, como a queda da inflação e a diminuição da taxa de juros, que ainda não chegou no consumidor porque o sistema bancário ainda é um cartel, um oligopólio. Esse poder concentrado toma conta do dinheiro e nós precisamos da concorrência para dar um choque nessa realidade. E como fazer isso?
Uma forma é a aprovação no Congresso Nacional o projeto da Empresa Simplificada de Crédito, na qual o cidadão vai poder emprestar o seu dinheiro para a atividade empresarial de sua cidade de forma direta, sem intermediários, ou seja, com taxas menores. Alguns afirmam que isso é agiotagem. Eu digo que agiotagem é o cheque especial, os juros do cartão de crédito. Temos de combater esse spread louco, com base de juros de 7%, que cresce para 40%, 50% na hora de emprestar. Para o Sebrae, quais foram as grandes conquistas do ano?
O Sebrae está bastante concentrado na melhoria do ambiente de negócios para as micro e pequenas empresas, além, é claro, do atendimento e da orientação ao empreendedor. O projeto Crescer Sem Medo, aprovado em 2016, entra em vigor agora, em 1 de janeiro de 2018. Também conseguimos a aprovação no Congresso Nacional da inclusão dos pequenos negócios no programa de refinanciamento de dívidas tributárias, o Refis. Isso significa dar a mais de 600 mil empresas, vítimas da crise, que não conseguiram pagar os seus tributos, a oportunidade de se reorganizar para crescer.
ind dificuld de de empr stimos p r os donos de pe uenos ne cios l m d mpres implific d de r dito o que mais se tem feito para ajudar a mudar isso?
Atualmente, só se dá prata a quem tem ouro. Se a empresa não tem bens, garantia, não é levada em conta. O Sebrae tem um fundo de aval criado há 20 anos que acumula R$ 800 milhões de capital. A partir dele, estamos articulando uma proposta para viabilizar a concessão de crédito por meio das Fintechs. Essas novas financiadoras possuem um sistema com inteligência artificial, que permite encontrar microcrédito e conseguir empréstimo com garantia desse fundo de aval e dinheiro do BNDES. Outra reclamação dos empreendedores é sobre o tempo para abrir e fechar empresas. Como está essa questão?
No Distrito Federal, fizemos um trabalho extraordinário de redução de burocracia com o GDF e a junta comercial. Com a Redesim criada aqui e levada para outros Estados, já é possível abrir uma empresa em quatro dias e meio, em média. Para fechar, é na hora, tendo em vista que acabamos com a exigência do certificado negativo de débito fiscal. Dessa maneira, se aparecer algum débito posterior, ele será cobrado da pessoa física. Também desconectamos a regularidade da empresa da regularidade do imóvel. Então, é possível ter um alvará
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“NO BRASIL, SÓ SE DÁ PRATA A QUEM TEM OURO. TEMOS DE COMBATER ESSE SPREAD LOUCO, COM BASE DE JUROS DE 7%, QUE CRESCE PARA 40%, 50% NA HORA DE EMPRESTAR”
O brasileiro tem empreendido mais por necessidade ou oportunidade?
de funcionamento, mesmo num terreno com problema fundiário, e incentivar a organização da atividade produtiva. Brasília é um exemplo para o Brasil. A Redesim já funciona em outros 7 ou 8 Estados, mas ainda falta organizar algumas questões, como a do licenciamento ambiental. Precisamos construir uma norma nacional que funcione onde não haja uma legislação local. Isso já existe em relação ao licenciamento dos Bombeiros e da Vigilância Sanitária. Já temos um grupo de trabalho no Ministério de Meio Ambiente agilizando essa proposta. u l o m ior des fio p r
uem uer empreender no r sil o e? As pesquisas mostram que os empreendedores querem ter acesso ao crédito e ao mercado. Para atender à segunda demanda, o Sebrae está criando a Praça Eletrônica de Negócios, portal que, de um lado, cadastra empresas, suas habilidades e produtos e, do outro, os tomadores desses serviços. Esse projeto visa, inicialmente, ampliar a participação dos pequenos negócios nas compras públicas, uma vez que governos municipais, estaduais e federal são obrigados por lei a demandar de micro e pequenas empresas as compras de até R$ 80 mil. Esse portal também deve ser internacional, porque somos representantes do Conecta América, que está fazendo o mesmo trabalho em outros países. Será uma revolução digital.
Estávamos vindo com o empreendedorismo por oportunidade maior do que por necessidade. Mas essa curva se inverteu com a crise. Percebemos que muita gente já tinha essa vontade de trabalhar por conta própria, mas não o fazia porque estava na zona de conforto, em um emprego. Até novembro, foram registradas mais de 1,5 milhão de novas empresas em 2017. A média anterior era de 1 milhão. Por aí, já se percebe que o empreendedorismo é a saída para esse cenário onde o emprego está minguando. Essas pessoas que empreendem por necessidade muitas vezes não têm a capacitação necessária. Como o Sebrae pode resolver isso?
O Sebrae precisa atuar não somente de forma presencial, mas também no ambiente digital. O grande investimento que temos feito esse ano é tornar o nosso portal uma espécie de Google da micro e pequena empresa, que ajude a sanar todas das dúvidas e perguntas do empreendedor. Também montamos um núcleo de trabalho para pensar o Sebrae de forma digital e devemos ter produtos disponíveis já no primeiro semestre de 2018. Como os empresários devem se comportar diante da crise?
É preciso enfrentar, inovar, mas sem dar o passo maior que a perna e ter sempre em mente que o dinheiro da empresa não deve se misturar ao das contas pessoais do empresário. Esse é um dos maiores erros. Outra coisa é ter uma gestão digital, que facilita o controle das contas, do estoque. É preciso fazer um plano de negócios e olhar em volta para ver o que está acontecendo. GPSBrasília « 121
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Brasília é conhecida como a capital do concurso público. Como o senhor avalia o empreendedorismo aqui?
O empreendedorismo em Brasília é muito pungente. O problema é que só se fala na Esplanada dos Ministérios. Tenho o privilégio de conhecer a cidade fora desse eixo. O entorno agrícola é extraordinário e o sistema mais desburocratizado possibilitou a formalização de mais de 200 mil empresas irregulares e tem atraído gente de outros lugares que querem empreender por aqui. Brasília está inserida no País que dá certo. Existe alguma política pública sendo discutida e articulada entre o Sebrae e outras instituições sobre a questão dos produtos artesanais?
fi no on resso d icro e e uen mpres em no l n mento do l ri metro em dur nte c mp n para presidente da República, em 1989 (nas ruas, com a m li e com rm ulce e com m e enriette n posse na Associação Comercial de São Paulo, em 2003
Que tendências do mundo do empreendedorismo o senhor destacaria?
Eu acredito que a tendência é a pessoa começar a empreender de acordo com a sua habilidade e fazer diferente da concorrência e agregando valor a seu produto ou serviço. Veja, por exemplo, as barbearias que surgiram nos últimos tempos, nas quais o cliente vai cortar o cabelo, tomar uma cerveja ou realizar outra atividade. Também é preciso apostar nas plataformas digitais para se divulgar e vender. Como incentivar o jovem, acostumado a resolver tudo com um clique pela internet, a não desistir de suas ideias ou cair na informalidade?
Precisamos estar conectados com a mudança, porque quem não muda, dança. Essa turma já nasceu “chipada” (risos). Mais do que melhorar o ambiente de negócios, o Sebrae está se relacionando com esse público. Estamos abrindo em São Paulo um centro nacional de referência de economia criativa e inovação. Vai funcionar no Palácio dos Campos Elísios, que é um símbolo de São Paulo. Será um espaço para fazer essa turma pensar junto, porque ela gosta dessa criação coletiva e de empreender com um propósito e não só para ganhar dinheiro.
Já estamos articulando uma proposta para inserir uma regulamentação na Lei da Micro e Pequena Empresa ou para pedir um decreto presidencial e sanar a questão. Hoje, uma empresa que tem licenciamento municipal só pode vender no município. A nossa ideia é nacionalizar essa licença. E se a empresa quiser vender para fora do país, aí sim precisará do SIF. Esses produtos são de extrema qualidade e têm mercado enorme. Essa proposta pode encontrar resistência por parte das grandes empresas ou das instituições envolvidas?
Já conseguimos inserir no Simples, por exemplo, as pequenas vinícolas, cervejarias e alambiques, e claro que os grandes conglomerados não gostaram. Acredito que a resistência será mais por parte do pessoal que cuida desses licenciamentos, porque quando se facilita os processos, limita-se o poder multiplicador da corporação. Eles defendem que as licenças garantem a segurança alimentar, mas na verdade existe um interesse de manter o domínio sobre o processo. Quais as perspectivas para 2018?
O ano vai ser animado. Já conseguimos transformações profundas, que eu achei que não avançariam por conta desse governo e da forma como ele assumiu o poder. É o caso da reforma trabalhista, da lei da terceirização, da queda da taxa de juros e do controle da inflação. Portanto, temos fundamentos propícios à retomada do crescimento econômico. Acredito que teremos um grande embate político, mas que o ódio vai sucumbir e nós vamos ter a oportunidade de discutir de uma forma moderada o prosseguimento das mudanças.
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LITERATURA
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MARTHA MEDEIROS
CRONISTA DE SUA PRÓPRIA HISTÓRIA, A ESCRITORA MARTHA MEDEIROS DIALOGA COM AS AGONIAS DA VIDA HIPERMODERNA E TORNA-SE CÚMPLICE DE SEUS MILHÕES DE LEITORES, QUE ENXERGAM EM SUAS PALAVRAS O ESPELHO DE SI MESMOS. LEVE E DIVERTIDA, ELA DIZ QUE SEU PROCESSO CRIATIVO É CAÓTICO POR ISABELLA DE ANDRADE « FOTO ANDRÉ ZÍMMERER
NARRATIVAS QUE LIBERTAM
“N
uma sociedade competitiva como a de hoje, não é de estranhar que o fator mais importante da vida seja o trabalho. Ele consome nosso tempo e nossas preocupações: temos que ganhar dinheiro, temos que ser os melhores, temos que superar a concorrência e só então... Só então o quê? Morrer?” Esse poderia ser um argumento de um bate-papo em uma mesa de bar, o tema de uma palestra de autoajuda ou o desabafo entre dois amigos. Mas é como nesse trecho do livro Simples Assim, de uma forma bem real, que a escritora gaúcha Martha Medeiros interage com seus leitores. “Dinheiro é uma bênção. Quem tem, precisa usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando”, diz em Felicidade Crônica.
Martha nos convida para reflexão. Ela nos faz rir. Conta uma história como se fosse alguém íntimo. “Outro dia estava com uma amiga num bar, conversando num final de tarde, quando a noite caiu e as mesas passaram a ser ocupadas por mulheres deformadas pelo excesso de botox” (do livro Coisas da Vida). Ela é leve. Engraçada. Gente como a gente, parece observar o que a gente também observaria, pensar exatamente o que nos viria à cabeça. Tem humor e sagacidade. São 25 livros publicados e uma coleção de páginas que transita entre a crônica, o jornalismo, a poesia e os encantos da vida cotidiana. Dialoga com homens, mulheres, jovens e adultos. As palavras criam a sensação de uma conversa aberta entre grandes amigos. “Certa vez li que a felicidade é a combinação de sorte com
escolhas bem feitas. De todas as definições, essa é a que chegou mais perto do que acredito. Dá o devido crédito às circunstâncias e também aos nossos movimentos. Cinquenta por centro para cada. Um negócio limpo” (em Doidas e Santas). A escritora de 56 anos se multiplica na rotina agitada, como tantas mulheres contemporâneas. Vive em Porto Alegre com suas duas filhas, Julia, de 25 anos, e Laura, de 21, e é grande amiga do ex-marido, o publicitário Telmo Ramos. Ela alterna a prática da escrita com as viagens pelo País para palestras e workshops. Em passagem por Brasília para um talk-show no shopping Conjunto Nacional, conversou com nossa reportagem sobre seu processo criativo. Martha fala com entusiasmo sobre as experiências de vida e sua voz reflete a personalidade forte. A veia de poeta e cronista parecem se alternar. Ela transita com fluidez pela moça por vezes tranquila e pela mulher que fala rápido e de maneira enérgica, gesticulando elegantemente para prender a atenção de seu ouvinte. Com ela, seu companheiro inseparável: um pequeno caderno de anotações que fica escondido na bolsa até que a primeira ideia ganhe forma; é nele que a autora registra temas, frases e ideias até que possam, ou não, ser transformados em crônicas. “Eu busco inspiração na vida. Não tenho um assunto específico, trato sobre tudo. Relações humanas principalmente, mas posso falar de política, sociedade. Alguns temas surgem de mim mesGPSBrasília « 125
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ma, escrever é muito terapêutico e, às vezes, quando estou angustiada, transmito para o papel. Ali a criação se desenvolve e as pessoas se identificam muito com a experiência pessoal”, acredita. Tudo pode virar crônica. Filhos, livros, viagens, experiências, poesia, política e amores. Ex-publicitária, Martha mudou de profissão e se encontrou na narrativa. Semanalmente suas crônicas são publicadas nos jornais Zero Hora, de Porto Alegre, e O Globo, além de colaborar esporadicamente para outras publicações. Seus textos também são frequentemente adaptados para o cinema e para o teatro.
INÍCIO POÉTICO
Formada em Comunicação Social, Martha trabalhava com publicidade e propaganda, mas já se aventurava pela escrita. Seu primeiro livro foi lançado em 1985, chamado Strip-Tease e reunia poemas. Produziu outros dois até o grande recomeço de sua carreira, ocorrido em 1993 durante uma temporada de oito meses em Santiago, no Chile. Seu marido, naquela época, recebeu uma proposta de trabalho na cidade e a autora decidiu que a mudança de país seria uma ótima oportunidade para experimentar novas possibilidades. Em Santiago, ela teve mais tempo para se dedicar à escrita e seus textos foram descobertos pelo jornal Zero Hora, de Porto Alegre, por meio de um amigo brasileiro. As criações ganharam as páginas do veículo e, a partir de então, os caminhos mudaram. Na volta ao Brasil, entregou-se de vez à carreira de escritora. Continuou a criar poemas, mas passou a se aventurar pelas crônicas. A estreia no gênero foi com o livro Geração Bivolt, lançado em 1995. E não parou mais. Sua versatilidade resultou na adaptação de suas obras para televisão, teatro e cinema, como o sucesso Divã, de 2002, que virou peça, filme e série de TV, todos estrelados por Lilia Cabral. O livro de crônicas Doidas e Santas foi adaptado, com sucesso de público, para o teatro, protagonizado por Cissa Guimarães. “Nos palcos e nas telas, a criação ganha novos ares, alinhados com as diferentes leituras de quem participa de cada produção. Adoro ver meus textos trabalhados de outra forma. Além disso, as apresentações em outros meios e plataformas atraem um público diferente, que poderia não chegar até os livros pelo caminho tradicional”, acredita. Seu último livro de poesias foi publicado em 2001, por conta da dedicação voraz a outros gêneros. “Os poemas exigem uma conexão com um lado mais intros-
pectivo. Quando iniciei meu trabalho com as crônicas não tinha experiência, então tive que me colocar ali por completo. Às vezes, alguns leitores me perguntam quando vou publicar novamente poesia e eu digo: calma, elas virão”, garante.
DIÁLOGO
Com uma vivência que espelha mulheres contemporâneas de diferentes idades, Martha não levanta bandeiras na literatura, a autora obedece ao seu próprio desejo interno de se expressar, sem a necessidade de tratar assuntos exclusivamente femininos. É este, aliás, um de seus maiores trunfos: seus textos e crônicas dialogam com homens e mulheres de diferentes idades, sem se restringir a questões de gênero. “Isso quebra aquela ideia de que existem assuntos de homens e assuntos de mulheres. A gente vê que todos passam pelos mesmos dilemas. A vida emocional dos homens também é muito rica. Eu acredito que represento de alguma maneira todo mundo que está querendo viver melhor”, destaca. Seu mais recente trabalho foi publicado em 2016, intitulado Um Lugar na Janela 2, onde faz relatos de viagem. Atualmente, o desafio é escrever ficção. “É muito bom experimentar algo novo,
isso nos move”, afirma. Martha se aventura também na criação de uma peça de teatro, ainda sem nome. Além disso, terminou recentemente seu primeiro roteiro para cinema. Mas, é claro, outras crônicas estão em processo para dar vida a uma nova coletânea em breve. Com veia empreendedora, a cronista é empresária de sua própria carreira e concilia a agenda agitada com a produção literária, inspirando outras mulheres de sua geração. “Não há limite de idade para tomar decisões, fazer novas escolhas e renovar os próprios caminhos”, conclui. Seus livros, de texto ágil, diverso e afiado, mostram-se como uma extensão bem trabalhada de sua própria personalidade. “Somos os roteiristas da nossa própria história, podemos dar o final que quisermos para nossas cenas. Mas temos que querer de verdade. Querer pra valer. É este o esforço que nos falta”, disse, no livro Simples Assim.
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LIDERANÇA
ENSINA-ME A VIVER FENÔMENO NO MERCADO, O CEARENSE PAULO VIEIRA TRANSFORMA VIDAS QUE SE PROPÕEM A SEGUIR SEUS MÉTODOS ORIUNDOS DO COACHING. O SEGREDO? RECONFIGURAR A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL POR PAULO PIMENTA « FOTO CELSO JUNIOR
E
m um dos fins de semana mais quentes da história de Brasília – os termômetros chegaram a marcar 35,6ºC – o Master Coach Paulo Vieira fez o auditório com 3,4 mil pessoas reunidas pegar fogo. Elas estavam lá para repensarem crenças, emoções, comportamentos e atitudes. Essa foi a turma de número 183 do Método CIS (Coaching Integral Sistêmico), criação do próprio Paulo, o maior nome do coaching do País. No total, mais de 300 mil pessoas já foram impactadas por essa dinâmica nos quatro cantos do mundo.
Paulo Vieira hipnotiza. Usa camisa, relógio, pulseira e sapatos pretos, calça jeans e óculos. Anda pelo palco, desce, fala com as pessoas, interage, questiona e parece não se cansar. É quase impossível flagrar algum participante desviando o olhar da palestra para mexer no celular, rabiscar um papel ou conversar com a pessoa do lado. Em cima do palco, simplicidade: coberto de preto, o tablado sustenta uma bandeira do Brasil e uma dos EUA, além de um cavalete grande com folhas de papel.
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O método é de imersão e dura três dias, começa cedo e vai até a madrugada. É exaustivo. “Quando as pessoas estão cansadas, elas se rendem cognitivamente. Elas aceitam, desistem de lutar com seus medos, com as suas idiossincrasias... O cansaço faz parte do processo.”. Mestre e PhD em Coaching pela Florida Christian University (FCU), Vieira é o criador do curso Método CIS. É também o fundador da Febracis (Federação Brasileira de Coaching Integral Sistêmico),, instituição presente em 19 estados brasileiros e quatro cidades do exterior para a formação de profissionais que querem atuar com coaching. A diferença entre esse o tradicional, segundo ele, é que no CIS usa-se a estruturação emocional. “Não só as pessoas sabem, cognitivamente, o que fazer, mas conseguem pôr em pratica. Ela sabe que tem de fazer regime, mas os nossos clientes conseguem fazer regime. Ela tem força emocional para pôr a cabo suas decisões racionais”, explica. De cima do palco, Paulo instiga os participantes. Diz que foco é poder. Questiona, desafia, alerta. Fala sobre estresse, depressão, ansiedade, passado, presente e futuro. Finaliza esse momento com um pacto de presente e de vitória ao entregar, para cada pessoa, uma pulseira com os dizeres “Tem poder quem age”. “As pessoas gostam e precisam se sentir pertencentes a alguma coisa de valor. Quando elas põem essa pulseira, elas pensam: ‘Puxa, eu pertenço a alguma coisa legal, a um grupo de pessoas comprometidas a ser melhores’. Esse pertencimento a algo de valor é muito importante em um Brasil que tem faltado muito”, reforça. A trilha sonora, bem sugestiva, é a música On top of the world (No topo do mundo), da banda estadunidense Imagine Dragons. No intervalo para o almoço, Paulo Vieira recebeu a equipe da GPS|Brasília para uma conversa no camarim. Além da equipe de trabalho, também estavam a mulher, Camila Vieira, a filha Júlia, de 14 anos, e o caçula Daniel, de dois. O filho do meio, Mateus, 11 anos, estava lá fora vendendo algumas coisas com o objetivo de comprar dólares. Eles não se separam nem nas viagens. “A família é a base de tudo e é o que querem destruir hoje”, declara. É a mulher de Vieira que responde o que ele tem em essência que pode ajudar outras pessoas: “Ele tem um amor genuíno pelo ser humano. Essa é a vocação dele”, afirma Camila. Paulo Vieira nasceu em Fortaleza, Ceará, em uma família próspera. Ainda criança foi morar no Rio de Janeiro e, aos 17 anos, voltou para o Nordeste após as empresas da família passarem por dificuldade. Criado com um padrão de vida, precisou aprender a viver com menos. “Dos 17 aos 30 foi uma época muito difícil. Na área financeira, profissional, social”, lembra Vieira. Segundo Camila,
“O COACHING É UMA FERRAMENTA TÃO PODEROSA QUE EU NUNCA VI UMA PESSOA QUE NÃO TIVESSE TIDO GRANDES RESULTADOS”
tudo o que o marido acreditava, até os 30 anos, sobre dinheiro, merecimento e sucesso o manteve em uma situação complicada. Ao completar três décadas de vida, ele participou de um treinamento que o fez “virar a chave”. Então, desde 1998, Vieira faz coaching. Começou com uma empresa de consultoria de gestão comercial que atendia clientes do ramo do varejo. Eram gerentes, gestores e proprietários que não geravam resultados. O coach lembra que os treinava duas ou três vezes, mas, apesar do treinamento ser bom, segundo ele, as pessoas não mudavam. Foi quando ele percebeu que era algo mais emocional e, em 1999, criou o primeiro treinamento de inteligência emocional para esses clientes. “Era um treino bem elementar, de seis horas, e comecei a ver mudança. Intelectualmente, eles já sabiam o que fazer e como fazer, mas não performavam. Comecei com esse treinamento, eu vi gente dos últimos lugares indo para os primeiros lugares. E dali eu iniciei a aprofundar, estudar, cheguei no meus pós-doutorado”, completa.
O SALTO
Hoje, com quase 11 mil horas de sessões individuais acumuladas, Vieira é considerado um dos maiores nomes do ramo no mundo. O público mudou e cada sessão do ciclo de dez encontros custa R$ 15 mil. Agora, são clientes com problemas ou objetivos maiores, não questões do dia a dia. Vieira não resolve o problema para a pessoa, mas a auxilia a encontrar uma solução. “É comum meus clientes fazerem o primeiro ciclo, um segundo e o terceiro. Minha dificuldade em pegar mais clientes é que os antigos não querem me soltar”, reconhece. “As pessoas vêm porque sabem que aqui existem mudanças. Mudanças emocionais, de crenças, comportamentais, de atitude. Quem está aqui quer outra vida”, garante Vieira. GPSBrasília « 131
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ESPIRITUALIDADE
Paulo Vieira é um homem de fé. Menciona Deus em comentários, acredita que a espiritualidade tenha a ver com tudo e que seja um diferencial. “Neurologicamente, é uma vantagem muito competitiva quem tem essa visão espiritual. Se é uma espiritualidade baseada no amor, eu vou respeitar o próximo, vou honrar as pessoas, vou amar as pessoas, vou ajudar as pessoas, vou servir as pessoas”, afirma. Além disso, Vieira acredita que a participação na Igreja pode ser um exercício do bem. “Eu vou para a igreja todo domingo e toda quarta-feira. Ou seja, a palavra de Deus é um treinamento, entre aspas, de amar o próximo, de ser um pai melhor, de fazer o bem. Se a igreja for uma boa igreja, é um centro de treinamento”, observa.
O COACHING
Ao digitar, em um site de busca, a palavra “coach”, mais de 830 milhões de resultados aparecem em menos de um segundo. Os números são reflexo da quantidade de profissionais que se propõem a ajudar clientes na realização de objetivos. A extensa lista, no entanto, deixa o cliente em dúvida de quem é bom e quem não é. “Se separa o joio do trigo com resultados. Você conhece a árvore pelos frutos”, ressalta Vieira. A ânsia por mudança, segundo ele, vem de uma sociedade que precisa de ajuda. “Vivemos um mundo de muita confusão. As famílias estão machucadas, as empresas estão em crise, as instituições estão feridas, as pessoas estão desamparadas”, pontua. É preciso cuidado ao escolher um profissional, mas os resultados são positivos. “O coaching é uma ferramenta tão poderosa que eu nunca vi quem não tenha tido grandes resultados”, afirma. Vieira admite se considerar bem-sucedido e afirma que se contrataria. “Tudo o que eu gostaria seria um coach para me atender”, brinca. “É muita exposição para mim. A liderança é muito solitária”, diz. Se por um lado a liderança traz a solidão, por outro, no caso de Vieira, também traz a gratidão dos clientes. “As pessoas, às vezes, ficam loucas para, de alguma maneira, retribuir as mudanças que elas têm nas vidas delas. Então o que eu vejo é gratidão”, ressalta, sobre o feedback que recebe. Antes de voltar para o palco, Vieira corre para a maca do fisioterapeuta “senão termino com nó no corpo todo”, como ele diz. Três profissionais se revezam para aliviar dores e tensões causadas pelo desgaste físico após tantas horas de palestra em pé. “Eu não descanso até entregar algo extraordinário. Eu vou fazer o que tiver de fazer por isso. É uma busca constante”, finaliza.
Paulo Vieira também é escritor e alguns de seus livros estão entre os mais vendidos no País. O mais famoso é O Poder da Ação, que mostra o caminho para a realização pessoal. Há também Poder e Alta Performance, Fator de Enriquecimento, Foco na Prática e Autorresponsabilidade.
AS SEIS LEIS DA AUTORRESPONSABILIDADE 1 – Não criticar as pessoas 2 – Não reclamar das circunstâncias 3 – Não buscar culpados 4 – Não se fazer de vítima o ustificar seus erros 6 – Não julgar as pessoas
TEM PODER QUEM AGE
Paulo Vieira sensibiliza com palavras, exemplos e par olas o que di , escre e e a , fica claro que um dos segredos para o sucesso é a ação. Em um dos capítulos de O Poder da Ação – o que trata de autorresponsabilidade, ele lembra que é importante reconhecer quando o caminho escolhido não foi o melhor. “Os autorresponsáveis são assim: eles agem, não se imobilizam pensando nas injustiças ou nos fracassos. Eles sabem que, consciente ou inconscientemente, criaram essas situações, seja por comportamento, por pensamento, por ação, seja por omissão. Por isso, eles se reconhecem como os capitães da vida deles, reconhecem quando a rota por eles escolhida não gerou bons resultados, e só lhes resta optar por uma nova rota e um novo caminho a seguir”, escreve.
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Saiba mais em avancar.gov.br
Milhares de obras que ficaram inacabadas, agora, serão finalizadas.
Agora, mais de sete mil obras inacabadas no passado serão finalmente entregues para atender à população. São obras de pequeno, médio e grande porte em todo o Brasil. E o melhor, elas serão finalizadas do jeito certo: com data para começar, data para terminar e custo definido. Obras como a integração do Rio São Francisco, o corredor de ônibus de São Bernardo do Campo e a 2ª ponte sobre o Rio Guaíba, em Porto Alegre.
EMPREENDEDORISMO
O CONSULTOR DE SONHOS EM ASCENSÃO PROFISSIONAL, O EMPRESÁRIO BRASILIENSE MARCELO ARAÚJO É ATUALMENTE UM DOS MAIS PROCURADOS CONSULTORES IMOBILIÁRIOS PARA INVESTIMENTOS DE LUXO EM MIAMI. NO BRASIL, REPRESENTA O IMPONENTE PROJETO DE MORADIA CIDADE MATARAZZO POR SONIA VILAS BOAS « FOTO CELSO JUNIOR
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ovem como Brasília são as dezenas de empreendedores brasilienses que despontam no cenário nacional de negócios. Eles são destemidos, conhecedores de suas áreas e têm pressa em ganhar dinheiro para desfrutar a vida. A GPS|Brasília elenca nesta edição o empresário Marcelo Araújo. Feche os olhos e permita-se fantasiar. Escolha um destino, visualize sua vida na badalada Miami, em uma viela luxuosa em Portugal, ou até mesmo em um dos bairros tradicionais da capital paulista. Neste momento, o que leva-se em conta são os desejos. E, acredite, eles podem, sim, tornar-se realidade. E investimento. É isso que Marcelo faz… vende sonhos reais. Há cinco anos atuando com êxito no mercado imobiliário de luxo, o empresário brasiliense Marcelo Araújo, pode apresentar a um amigo ou cliente o projeto que sequer tem-se ideia de que ele almejaria tanto. Filho da artista plástica Dilza Araújo com o empresário José Maria, Marcelo é uma mistura fina extraída dos pais. Tem a leveza sofisticada da mãe com o pragmatismo empreendedor do pai. Aos 34 anos, conta com portfólio invejável de empreendimentos comercializados no eixo Brasil e Estados Unidos. Cursou Direito no IESB, mas trocou livros e leis por negócios diversos. “Eu nasci empreendendo. Tive de tudo. Fábrica odontológica, oficina
mecânica, boate e também um sex shop”, diz. Mas foi no varejo premium que ele se descobriu. Tudo começou no boom de Miami. Quando a mãe optou por morar na Flórida, Marcelo decidiu que suas inúmeras idas à cidade poderiam ter desdobramento, além de matar a saudade da matriarca. E foi assim que ele tornou-se diretor de operações da construtora JMilton & Associates, construtora que comanda boa parte de Sunny Isles, erguendo prédios de altíssimo garbo. Claro que Marcelo adquiriu inúmeros empreendimentos por lá. Tão logo consolidou seu talento para o ofício imobiliário, passou a investir em outras praças. Seu atual negócio no Brasil está em São Paulo. Ele é o representante exclusivo em Brasília da Cidade Matarazzo, portentoso complexo residencial que mudará definitivamente a dinâmica das moradias no Brasil por seu impacto inovador, tecnológico, arquitetônico e autossustentável. crise fin nceir nos ltimos nos etou de l um m neir o mercado imobiliário de luxo?
Como todo mercado, o imobiliário também é cíclico. É a famosa lei de oferta e procura, que no caso são inversamente proporcionais. Enquanto uma aumenta, a outra diminui, gerando assim a crise ou a oportunidade. No mercado de luxo esta regra não é tão certa, pois se um cliente
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mercado de luxo esta regra não é tão certa, pois se um cliente está comprando para seu bem-estar e uso, ele não está muito preocupado com momento de mercado ou retorno financeiro. O Brasil teve uma alta muito grande de 2007 a 2012, momento de queda no mercado norte-americano (crise), e alta no mercado brasileiro (valorização). De 2012 a 2017, tivemos o inverso. Coincidência!? Não acredito nisso, acho que se pode chamar de equalização de mercado. Mas mesmo nestes altos e baixos, o setor de alto luxo continua fluindo normalmente. Dentre as cidades e países que você opera, qual a diferença do perfil dos clientes?
Eu diria que é o mesmo. O mercado de Portugal surgiu para preencher uma lacuna, sendo considerado um grande investimento, onde podemos unir o padrão de Miami com a oportunidade e ainda adicionar os benefícios, que no caso são limitadores no mercado norte-americano, como o idioma e o visto. Portugal vem se destacando muito para o brasileiro. Miami era considerada a melhor cidade brasileira nos Estados Unidos, e agora Portugal, com voos diretos, incentivos de imigração e belas praias acaba chamando atenção. Mas, em minha opinião, Miami sempre será Miami. Considero a Capital do Mundo. O Mundo todo está lá.
“NESSE MERCADO, NÃO SE COMERCIALIZA UM IMÓVEL E PRONTO. EU COMPARTILHO SONHOS E VENDO ESTILO DE VIDA”
Quais diferenciais do trabalho que você presta para o trabalho de um corretor comum?
Acho que a personalização do serviço. O corretor normal atende o que o cliente esta procurando. No meu caso, eu apresento aos meus clientes e amigos soluções que nem eles sabiam que procuravam. Meu trabalho não ocorre atrás de uma mesa ou por um anúncio de imóvel. As maiores vendas que já fiz foram espontâneas a ponto de eu nem perceber que estava vendendo. GPSBrasília « 135
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Fotos: Divulgação
Cidade Matarazzo, em São Paulo
O mercado imobiliário de luxo é considerado uma tendência, o que te fez perceber isso e motivou seu investimento na área?
Quem não gosta de coisa boa? Desde criança sempre gostei de almejar, sonhar, e nunca me importei de ir a lojas de carro para ficar babando, mesmo sem ter condição. O mercado imobiliário de luxo virou uma paixão, a arquitetura atingiu um nível tão surreal que já entrei em imóveis que não acreditei que podiam existir, como a Cidade Matarazzo, em São Paulo. Unindo vontade e admiração, inconscientemente acabo pensando “eu ainda não tenho condições de ter, mas um amigo/conhecido tem, preciso mostrar isso pra ele”. E assim começou minha carreira no mercado imobiliário de luxo, compartilhando desejos. Como funciona esse serviço?
Geralmente, o cliente tem vontade de ter uma casa fora, uma curiosidade ou ouviu falar de bons investimentos em outros países e me procura para um bate-papo. Dificilmente ele já chega sabendo o que quer. Vamos traçando o perfil. Não vendo somente o investimento, mas também um novo estilo de vida. Já cheguei a vender dois apartamentos em Miami para um cliente que nem de lá gostava. Muitos têm preconceito, pois ainda têm aquela imagem da velha Miami, de eletrônicos e muambas. Mas hoje em dia mudou muito, a cidade amadureceu Por ser um serviço de luxo, as demandas acabam sendo bastante elevadas. Vocês terceirizam algum serviço?
Sim. A parte de aluguéis, tanto de curta, quanto longa temporada acaba sendo terceirizada. Ultimamente, com Airbnb, as pessoas querem cada vez mais alugar apartamentos e abandonar os hotéis. O que é muito benéfico neste ramo, pois você passa pelas experiências de um residente, indo ao mercado, andando de bicicleta, aproveitando a cidade um pouco fora de shoppings. Isso gera o desejo e a ideia de ter um imóvel lá. Como funciona a sua estratégia de marketing?
Hoje em dia, o menos é mais. Acredito que o meu marketing é a excelência do serviço prestado e a indi-
Parque Tower, em Miami
cação de clientes. O brasileiro gosta muito de compartilhar quando fica feliz com alguma coisa. Acredito que a indicação seja a minha melhor campanha. Que outros países/cidades você nota que tem potencial para a expansão desse mercado?
Impressionantemente, o projeto mais luxuoso e chocante que já conheci fica no Brasil. Estamos numa tendência de luxo, somos muito exigentes, gostamos de coisas boas. Jean Nouvell (arquiteto ganhador do prêmio Pritzer) e o designer Philippe Stark lançaram um empreendimento a Cidade Matarazzo, que acredito ser a tendência de mercado. Queremos o luxo, mas queremos aqui. Estamos cansados de pensar que coisas boas só tem lá fora. O Brasil é tão rico, tem tanta cultura, que não precisamos ter que pegar um avião para outro continente para usufruir do alto luxo. Uma pesquisa realizada pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) mostrou que 37% dos entrevistados fazem questão de que marcas de luxo sejam visíveis nos produtos adquiridos. Como isso é trabalhado dentro do imóvel?
Realmente o branding está muito em alta no mercado imobiliário. Estúdios como a Pininfarina (grande designer de carros e barcos), agora estão lançando prédios. Em Miami, temos projetos impressionantes como o da Porsche Design, Armani, Fendi e a Aston Martin (montadora de carros) acaba de lançar um mega empreendimento em Downtown Miami. Cada projeto desses conta com particularidades surreais, como o da Porsche, que, com 60 andares, você estaciona seu carro dentro do seu apartamento.
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BRB PUBLIEDITORIAL
CURTAÍ: UM MUNDO DE VANTAGENS EM QUE TODOS GANHAM NOVO PROGRAMA DE RELACIONAMENTO DA BRBCARD FOI PENSADO PARA CONCEDER BENEFÍCIOS EFETIVOS AO CLIENTE E FOMENTAR A ECONOMIA DO DISTRITO FEDERAL
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odo mundo tem um amigo que escolhe o restaurante, a balada, o show ou as compras pensando no desconto. Todo mundo também tem aquele amigo que gosta mesmo é de ser vip, não dispensa o conforto e todas as regalias que a vida tem para oferecer. E, pensando em perfis tão diferentes, será que é possível criar um programa de relacionamento em que os gastos do cartão de crédito pudessem ser convertidos em benefícios para agradar da Asa Sul à Asa Norte, de Taguatinga a Planaltina? A resposta é sim. Curtida na brasilidade, a BRBCARD renova seus votos de amor com o quadradinho saindo na frente com uma grande novidade. A partir deste mês, os clientes vão aproveitar um Mundo de Benefícios com o lançamento do programa de relacionamento Curtaí. Que curtir é sinônimo de coisa boa é fato, por isso a escolha do nome para um plano de recompensas que é só positividade. O Curtaí veio para substituir o programa de relacionamento Brasília da Gente, com o objetivo de disponibilizar, no site da BRBCARD, funcionalidades e benefícios. O cliente terá mais facilidade para administrar seus pontos e verificar promoções e prêmios disponíveis, graças às parcerias fechadas pela BRBCARD com as principais empresas de Brasília do ramo de gastronomia, cultura, artes, vestuário, manutenção
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automobilística, beleza e, é claro, dos melhores shows e festas da nossa Capital. Tudo isso ao alcance de um só clique (ou curtida) no novo site dedicado ao programa e nas redes sociais da BRBCARD. O Curtaí reunirá dois universos de benefícios para o cliente: o Mundo de Vantagens – formado pe-
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las parcerias comerciais com as principais empresas de Brasília – e o Mundo de Pontos – com referências do segmento de recompensas, como a Multiplus, a Smiles, a Joy Points e o In Mais. No mundo exclusivo do cliente BRBCARD, os pontos serão chamados de “Curtaí”. A partir de 3 mil Curtaís, por exemplo, um cliente já poderá resgatar centenas de benefícios disponíveis no novo site. “É um desejo antigo de qualquer cliente de cartão de crédito ter um programa de recompensa que ofereça benefícios de fato. O que acontece geralmente nos programas é que são estabelecidas metas muito altas para se conseguir um bom prêmio, mas que grande parte dos clientes não consegue alcançar”, resume o diretor de Tecnologias e Canais da BRBCARD, Humberto Augusto Coelho. O novo programa de recompensas da empresa nasceu de uma caprichosa remodelagem gráfica, conceitual e de melhoria nos canais de atendimento e informações para que o cliente tenha facilidade em resgatar os Curtaís acumulados com suas compras. A renovação, no entanto, não se resume a uma melhor apresentação. Estudos dos perfis dos clientes e diagnósticos qualitativos foram realizados para aperfeiçoar o serviço.
MUNDO DE PONTOS
Uma das novidades do Curtaí que contribuirão para que o cliente receba mais benefícios com o programa de relacionamento é a duração dos pontos. “Os Curtaís terão validade de 24 meses”, adianta Humberto Coelho. “A BRBCARD vai presentear o cliente. Os nossos pontos expiravam em 12 meses e, a partir de janeiro de 2018, os pontos da BRBCARD terão validade de 24 meses. Isso é um ganho para o titular do cartão, pois reduz a probabilidade, por exemplo, de o cliente estar juntando uma quantidade de pontos para trocar por uma passagem aérea e os pontos expirarem antes de ele conseguir.”. O Curtaí foi pensado para dar dinamismo à relação entre cliente e esta companhia. Se o titular não quiser resgatar prêmios, ele pode usar sua pontuação para abater da anuidade ou trocar o saldo de Curtaí por crédito na fatura, usando o Cash Back: “Cada 10 mil Curtaís valem R$ 200” em desconto na fatura ou por transferências em dinheiro para a conta corrente BRB do cliente, por meio do In Mais. Se o cliente paga, por exemplo, uma anuidade de R$ 200, quando juntar 10 mil pontos, não pagará mais a anuidade”, afirma o diretor. GPSBrasília « 139
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MUNDO DE VANTAGENS
A partir de janeiro, o cliente BRBCARD terá uma grata surpresa quando a fatura do cartão chegar. Junto ao extrato, o titular receberá um carnê com 30 opções de promoções e descontos para usar em bares, restaurantes, salões de beleza, lojas, festas, shows e tudo de melhor que os estabelecimentos comerciais de Brasília têm a oferecer. “No Curtaí Mundo de Vantagens, o cliente compra um prato em um dos melhores restaurantes de Brasília e ganha o segundo. Ele compra um serviço e ganha outro. Por exemplo, paga pelo corte de cabelo e ganha a barba”, exemplifica Humberto Coelho. Os cupons do Carnê Curtaí têm validade de seis meses. O Curtaí foi pensado para ser um programa em um harmônico modelo de “ganha-ganha.” Os estabelecimentos comerciais aumentam as vendas e reduzem os custos com publicidade ao fechar a parceria com a BRBCARD, a empresa de cartões libera mais créditos e os clientes têm a oportunidade de converter suas compras em vantagens efetivas, pontua o diretor da BRBCARD. “É uma rede do bem. Ao oferecer aos nossos clientes descontos, eles consumirão mais. Um jantar para duas pessoas que sairia a R$ 200 pode custar R$ 100 no Curtaí. Com a parceria, nós fazemos com que o restaurante tenha um movimento interessante, gerando, assim, mais
empregos. O parceiro da BRBCARD ganha, pois, se ele tivesse que fazer algum tipo de publicidade, custaria muito mais. Quando ele consegue atrair o cliente, mesmo abrindo mão de um ganho, ele tem a possibilidade de conquistá-lo. A pessoa atendida, por sua vez, fica muito satisfeita, pois vê de fato uma vantagem.” O diretor de Tecnologia e Canais da BRBCARD explica que o programa foi elaborado com o objetivo ainda de fomentar a economia do Distrito Federal. A escolha dos parceiros que participarão do Curtaí foi feita com base em estudo de comportamento e perfil dos clientes. Tudo isso para entender quais eram os estabelecimentos preferidos dos titulares de cartões em cada região administrativa. Diferentemente da maioria dos programas de relacionamento, que concentram suas ações em áreas, cidades ou bairros específicos, o Curtaí estará presente em todas as regiões administrativas do Distrito Federal. A BRBCARD está tendo o cuidado de fechar parcerias com os estabelecimentos preferidos de seus clientes em todo o quadradinho. Além de atender o consumidor, a medida é benéfica para a geração de empregos e renda. “A BRBCARD, como uma empresa do Banco de Brasília, tem a missão de fomentar a economia local. O papel de um banco público é muito diferente de um banco particular, que visa somente ao lucro, pois tem um viés social.
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ARTIGO POR CRISTIANO ARAÚJO
Deputado distrital pelo PSD e membro titular das Comissões de Segurança e de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Meio Ambiente da Câmara Legislativa do Distrito Federal
POR UM NOVO MODELO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO PARA O DF
A
núncio recente do governo de Brasília de que vai intensificar estímulos voltados a atrair empreendimentos para o DF, e repensar todo o modelo de desenvolvimento econômico, a partir das vocações locais, veio como um sopro alentador para o setor produtivo e àqueles que, como eu, preocupam-se com o futuro da Capital da República.
A situação econômica no Distrito Federal é muito complicada e preocupante não só em decorrência da crise generalizada que afeta o País, mas por causa de problemas próprios e erros cometidos pelos governantes que passaram pelo Buriti nos últimos anos. Vindo do setor produtivo, não tenho a menor dúvida de que os entraves ao desenvolvimento econômico da nossa região são gerados pela falta de uma política efetiva de Estado e não de Governo, uma vez que esse é um mal histórico e infelizmente tem persistido ao longo de décadas. A burocracia excessiva e a centralização administrativa, aliadas à falta de legislação clara sobre temas de fundamental importância para a cidade são um desses sintomas. Exemplo disso é que até hoje não temos uma lei de uso e ocupação do solo, o que desestimula investidores, que não têm como avaliar os riscos dos empreendimentos. É preciso promover um verdadeiro processo de desburocratização no âmbito do GDF, removendo todo o entulho burocrático, acabando com o excesso de forma-
lismo nos procedimentos administrativos, diminuindo a quantidade de níveis hierárquicos e simplificando toda a cadeia decisória. Sem medidas dessa natureza, não conseguiremos avançar. Infelizmente, o governo ainda não conseguiu estabelecer uma política de desenvolvimento econômico para cenários de longo prazo. Todas as ações têm sido imediatistas e sem continuidade. Basta olhar para o passado e ver tantos programas criados e depois abandonados. O desenvolvimento econômico precisa ser pensado, gerido e fomentado com visão de futuro, sem mudanças bruscas quanto à disponibilidade de recursos para investir. É preciso que haja minimamente um marco legal que dê garantias jurídicas aos investidores. Repensar o nosso modelo de desenvolvimento econômico significa também e, prioritariamente, centrar esforços na modernização e dinamização do setor de serviços, sempre deixado de lado. Estou certo de que a principal vocação econômica de Brasília está no setor terciário. Finalmente, é necessário rever a nossa política fiscal e creditícia, que tem sido desastrosa. Basta lembrar a tributação elevada e a profusão de incentivos fiscais e creditícios que remontam aos anos 70 e 80 e que nunca foram reavaliados. Incentivos esses que privam setores emergentes e mais produtivos de preciosos recursos capazes de gerar emprego e renda.
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ARTIGO ROBÉRIO NEGREIROS
Deputado distrital pelo PSDB e segundo secretário da mesa diretora da CLDF
CLDF IMPLANTA SERVIÇO DE TRADUÇÃO DE LIBRAS
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Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) implementou na última Sessão Plenária do projeto Câmara em Movimento, no dia 23 de novembro, no Cruzeiro, o serviço de tradução de Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) nas sessões plenárias e das comissões permanentes. A medida visa dar acesso aos deficientes auditivos ao processo legislativo.
Considero a medida uma atitude tardia. Desde o meu primeiro mandato trabalho para a implementação do serviço de tradução de Libras na Câmara Legislativa. Pela primeira vez contamos com esta proposta tão importante para o acesso dos surdos ao processo legislativo. Em 2013, protocolei um memorando solicitando a realização de curso de treinamento de intérprete de Libras, tendo em vista a ausência do serviço durante
as sessões plenárias. Para justificar o pedido, defendi o direito dos surdos de poderem se comunicar em sua própria língua, assegurado pela Lei 10.436 de 2002. Este ano, já como segundo secretário da Mesa Diretora, protocolei novamente um memorando apontando aos demais membros da cúpula legislativa local a necessidade da contratação de intérpretes para sessões plenárias, sessões solenes, audiências públicas e comissões permanentes. Batalhei por isso porque acredito na igualdade de direitos e porque nós temos que dar o exemplo. O serviço foi licitado no mês de abril e acompanha integralmente a indispensabilidade de incluir os deficientes auditivos no contexto social e político da nossa Capital.
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ARTIGO POR LORENA LEÃO Dentista especialista em estética orofacial
O SEGREDO POR TRÁS DA BELEZA NATURAL
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e olharmos alguns rótulos dos cremes antissinais, provavelmente aparecerá em sua formulação Ácido Hialurônico, o queridinho da atualidade. Fabricada pelo nosso organismo, a substância está presente na pele, nas articulações e até mesmo na estrutura ocular e atua como hidratante natural, conferindo elasticidade e viço à derme.
Apesar de ser chamado de ácido, trata-se de uma molécula de açúcar, presente na segunda camada da pele, cuja produção diminui lentamente após os 35 anos de idade. Sendo assim, ao aplicarmos um creme a base de ácido hialurônico a pele ficará mais hidratada e as rugas atenuadas. O ácido hialurônico na versão creme vem conquistando aos poucos os consumidores, mas a versão injetável já se tornou uma das mais procuradas. Seu uso na estética começou aproximadamente em meados de 1990, para suavização de sulcos e rugas. Somente nos Estados Unidos, a substância foi aplicada cerca de duas milhões de vezes só em 2016, ficando atrás apenas do botox. Ao longo dos anos, o ácido hialurônico foi aprimorado, melhorando sua espessura e integração à pele. No momento, a novidade está na técnica de aplicação. Em vez de ser utilizado como preenchedor, o produto é aplicado profundamente, com o objetivo de levantar pontos flácidos, eliminando a expressão de cansaço em questão de minutos. Eu uso várias tecnologias de ponta para o tratamento da derme, e passei a trabalhar com o ácido hialurônico
na clínica. Temos dois princípios básicos: a escolha de um produto de alta qualidade e densidade e uma aplicação profunda, próxima ao osso. O procedimento é feito por uma cânula fina, depositando pequenas quantidades do produto em pontos específicos do rosto, ajudando a sustentar a pele e levantar estruturas acima dela. O ácido atua como um pilar de sustentação para os ligamentos da face e a quantidade varia de acordo com a idade do paciente e os pontos a serem aplicados. A substância se integra muito bem à pele e não se mexe quando a paciente sorri ou fala. Além disso, não há aumento ou projeção de volume, como os preenchedores superficiais. Há algum tempo, o ácido hialurônico também foi utilizado para dar volume nas bochechas e nos lábios, porém nem sempre o resultado era o esperado. Atualmente as aplicações mais profundas e em pequenas quantidades ganharam destaque por conferir efeito elegante, sem inchaço. Isso é possível porque o produto mais denso sustenta as estruturas acima da pele. Podemos, por exemplo, melhorar a flacidez ao redor dos olhos e a queda das bochechas, suavizando o bigode chinês sem preenchimento direto. O contorno do rosto também pode ser aperfeiçoado, aplicando o produto em áreas esWpecíficas. Com isso, as expressões negativas são amenizadas. Os resultados já aparecem logo após a primeira sessão. Porém, o produto se acomodará perfeitamente no prazo de 15 dias. E é absorvido em média após um ano, que geralmente é o período que repetimos as sessões.
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ARTIGO POR LUCIANA ASPER Y VALDÉS
Promotora de Justiça do Distrito Federal e Territórios
SEU VALOR TEM VALOR? COMO VOCÊ INVESTE NO BRASIL?
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os últimos três anos nenhum outro assunto mais despertou a indignação dos brasileiros que os desvios bilionários da corrupção. A Operação Lava Jato descortinou aquilo que por muitas gerações sempre soubemos: que as relações promíscuas e corriqueiras de troca de favores na gestão pública foram sendo “aperfeiçoadas” em estratégia e valor e são as grandes responsáveis pelo abismo existente entre a nação que naturalmente deveríamos ser: potência econômica mundial, próspera e de grande bem-estar; e aquela que somos de fato: que impõe miséria e ignorância à grande maioria do seu povo. A lava jato nos trouxe um diagnóstico preciso para que o Brasil pudesse buscar os remédios adequados a nossa epidemia. A doença sempre existiu e certamente “estancar a sangria” da investigação só iria nos deixar sangrando eternamente em condições mundiais cada vez piores – já somos considerado o segundo país mais corrupto do mundo atrás apenas da Venezuela. Será que já chegamos no basta? Estamos dispostos a sair da nossa zona de conforto e fazer algo sobre este quadro? Muitos países podem responsabilizar suas crises a fenômenos naturais como furacões ou terremotos, mas neste quesito nós só fomos agraciados com uma natureza riquíssima. O atraso tem um único responsável: nossas
próprias escolhas, aquilo que semeamos. Resta a nós brasileiros uma reflexão individual: quanto estamos dispostos a suportar, a renunciar para construir um caminho de honestidade para o nosso Brasil? Qual a resiliência que temos hoje para lidar com um ecossistema tão corrupto. Seríamos capazes de ao menos cuidar da nossa parte nesta geração, transformando nossos hábitos de “levar vantagem em tudo” para a virtude de ser justo, honesto, responsável por todas as nossas escolhas? Queremos a mudança do Brasil, mas estamos dispostos a mudar nós mesmos?
É tão comum dizermos que nós jamais nos venderíamos por milhão ou bilhão algum, que a nossa dignidade e o nosso valor não tem preço. Será mesmo? Este comentário da teoria para a prática conta com muitas variáveis que se dividem imediatamente em ponderações racionais entre os bônus, os ônus e necessidades diante de cada teste que se apresenta no cotidiano, e não é tão fácil quanto parece, embora seja simples. O fato é que deixamos de nos ocupar com o devido afinco, seja dentro de casa, seja dentro das escolas, com a formação de uma nação composta de pessoas com caráter incapaz de transigir com a ação correta, incapaz de abrir mão da sua identidade de honestidade. Isso precisa de uma condução diária e persistente, pois
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é nadar contra a maré. A maré leva a práticas cotidianas corruptas. É que de tanto ver a impunidade, muitos concluíram que não valia a pena pagar o ônus da honestidade no Brasil e acabaram se deixando levar. Pior, ainda, deixaram os seus filhos sem noção de que a honestidade e o cumprimento de deveres é a principal ferramenta para garantir um futuro melhor para si próprios. Assim é que os mesmos que dizem que nada os compraria, pagam o INSS da empregada com base no salário-mínimo, embora ela receba mais; aceitam apresentar comprovantes de oito consultas do psicólogo quando só foram a quatro, de modo a compensar a restituição do plano que é fixada por consulta; compram a meia entrada, porque, afinal de contas, o empresário dobrou o valor do ingresso, pagam ao “despachante” dez vezes mais que a taxa pública para “agilizar” aquele serviço público ineficiente, pagam a propina exigida pelo fiscal sanitário, ambiental ou urbanístico, mesmo que fruto de exigências/dificuldades absurdas e criadas por ele, desde que a proposta do fiscal vá resolver o problema de forma mais barata e mais rápida que a Justiça e por ai vai. O fato é que em todas essas situações só muda o valor pelo qual o brasileiro está se vendendo, não é mesmo? Um se vende pelos R$ 50 de diferença do
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INSS a menor, o outro se vende para não correr o risco de ter suas atividades interditadas em razão de uma exigência absurda do fiscal. Em todas estas situações, ainda que as justificativas sejam muito bem construídas, o fato é que se está dando às mãos à corrupção e se rendendo ao fatalismo de que o Brasil não tem jeito porque a corrupção tomou conta de tudo. O Brasil novo, livre da escravidão da corrupção sistêmica, depende da postura inicial de ruptura do cidadão, de fazer o que é certo ainda que se sinta o único, mas não deixando para a próxima oportunidade. Foram 517 anos caminhando na estrada errada. Basta. Vamos dar ao Brasil aquilo que dele esperamos. Ele só pode nos dar o que semeamos. Façamos a nossa parte individualmente, buscando união e influenciando o meio. Mude primeiro a si mesmo, assuma a identidade da honestidade e da ação correta, pagando o preço que precisar pagar hoje, porque certamente, quando estivermos caminhando um pouco nesta trilha do Brasil honesto, veremos o quanto vale a pena e o quanto o nosso país poderá fazer por nós também. Só poderemos ter gestores públicos ou privados imunes à corrupção, capazes de escolher a honestidade não por medo, mas por identidade, quando formos, pelo menos um por um nos transformando neste brasileiro honesto.
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ARTIGO POR DRA. NICOLE ARAÚJO
Médica ginecologista, obstetra e mastologista – CRM-DF 21.430
REJUVENESCIMENTO ÍNTIMO NÃO É RECONSTRUÇÃO DE HÍMEN
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uito tem se falado hoje sobre rejuvenescimento íntimo. Mas você sabe o que é isso? São recursos que usamos para recuperar a anatomia e a fisiologia dos órgãos genitais femininos. Existem várias técnicas, como o laser de CO2, preenchimento com ácido hialurônico, peeling químico e ninfoplastia a laser ou cirúrgica. Além disso, a reposição hormonal, para manutenção de níveis adequados, tem papel imprescindível no equilíbrio do nosso corpo e interfere diretamente na homeostase feminina.
Todas nós, mulheres, quando envelhecemos, perdemos colágeno e, com ele, a sustentação e elasticidade da nossa pele. Esse processo ocorre em todo o corpo, inclusive na região genital, onde a preocupação com a flacidez não é apenas estética, mas, principalmente, funcional. A flacidez dos tecidos na região íntima pode acarretar frouxidão, ressecamento e perda da elasticidade vaginal, causando dor nas relações, incontinência de urina e infecções urinárias ou vaginais de repetição. Todos esses sintomas associados comprometem muito a qualidade de vida da mulher e, se negligenciados, podem comprometer seriamente a vida sexual do casal. Mas você sabe por que isso acontece? Explicando cientificamente, o envelhecimento da nossa pele ocorre em função de fatores intrínsecos (tendência genética e níveis hormonais) e extrínsecos (exposição ao sol, tabagismo e estresse). Pensando em envelhecimento genital, o fator intrínseco hormonal tem papel preponderante no processo. Na menopausa, os níveis hormonais de estrógenos, progesterona e testosterona sofrem uma redução significativa, impactando na saúde da mulher como um todo, afetando não só a libido, o sono, a memória, o humor, a disposição física, a saúde óssea e cardiovascular, mas também a saúde da pele e mucosas genitais. Todos esses sintomas podem ser revertidos, de forma muito eficaz, com reposição hormonal, que pode ser feita, preferencialmente, na forma de gel transdérmico ou Implantes
hormonais. Entretanto, existe um limite no resgate do trofismo genital a base de hormônios. É aí que entram as técnicas de rejuvenescimento intimo. Hoje em dia, existem técnicas a laser que, quando aplicadas na vulva e no canal vaginal, estimulam a vascularização local, a inervação e a síntese de colágeno e elastina, melhorando a lubrificação, elasticidade, o tônus da parede vaginal, a sensibilidade e a imunidade locais. Em minha opinião, o melhor deles é o laser de CO2. Seria o mesmo laser aplicado para tratar a pele do rosto. É um procedimento simples, indolor, que não exige internação, aplicado no próprio consultório médico, usando apenas anestésico local na forma de gel. Não é necessário se afastar de suas atividades profissionais e as relações sexuais podem ser retomadas após sete dias. São necessárias três sessões, com intervalos de 30 a 60 dias, e a manutenção pode ser feita uma vez por ano. Outro recurso utilizado é a aplicação de ácido hialurônico para reverter a perda de volume dos grandes lábios. Para aquelas mulheres que apresentam escurecimento da vulva, a técnica de rejuvenescimento íntimo a laser ou mesmo os peelings químicos podem resolver. É importante saber que o rejuvenescimento íntimo não é indicado somente para mulheres na menopausa. Qualquer mulher que apresente queixas como ressecamento e frouxidão vaginal (muito frequentes no pós-parto), hiperpigmentação da vulva ou assimetrias pode se beneficiar do tratamento. Clinica Joana Costa SGAS 915, lotes 69/70 A, sala 360, Asa Sul, Brasília (61) 98268-9565 | (61) 3363-2871 Clinica Metafísicos Complexo Brasil 21, SHS 06 Conjunto A, torre E, salas 820 a 822, Asa Sul, Brasília (61) 3039-8207 | (61) 99663-2016 www.dranicolearaujo.com.br Instagram: dra.nicole.araujo Facebook: Dra. Nicole Araujo
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ARTIGO DRA. LETÍCIA COSTA REBELLO
Neurologista da Brasília Neuro Clínica, especializada em neurologia vascular com fellowship pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre e fellowship em Pesquisa Clínica em AVC pela Emory University em Atlanta. (CRM-DF 16180).
AVC: UMA EPIDEMIA GLOBAL
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Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a segunda principal causa de morte no Brasil e no mundo, e a primeira causa de sequelas permanentes. É causada pela interrupção abrupta do fluxo de sangue nos vasos da cabeça, por um entupimento da circulação de sangue (AVC isquêmico) ou pelo rompimento de um vaso (AVC hemorrágico). Durante muitos anos foi uma doença negligenciada, porém vem ganhando atenção nos últimos anos principalmente pelo desenvolvimento de novas modalidades de tratamento. O AVC acontece a qualquer hora e em qualquer lugar, sem nenhum aviso e de maneira repentina. Os sintomas que o paciente pode apresentar vão depender da área do cérebro afetada e é muito importante que se saiba reconhecer esses sintomas. Os principais são: boca torta (ao pedir para a pessoa dar um sorriso se observa que um lado da boca não se movimenta); perda de força e/ou perda de sensibilidade em todo um lado do corpo: ao se pedir para a pessoa levantar os braços pode-se notar que um dos lados não se movimenta adequadamente; e dificuldade para falar ou entender o que as outras pessoas estão falando. O AVC isquêmico, tipo em que um trombo obstrui o fluxo de sangue em um vaso da cabeça, é o principal tipo de AVC, correspondendo de 80 a 85% dos casos. Para esses casos, as modalidades disponíveis atualmente para o tratamento consistem em uma medicação aplicada da veia do paciente para tentar dissolver esse trombo, ou na retirada mecânica do trombo por meio de um procedimento semelhante ao cateterismo, já realizado pela cardiologia em casos de infarto. Em ambas as modalidades de tratamento, o tempo atua como peça chave na equação de melhores resultados. Durante muitos anos somente se podia oferecer tratamento para pacientes com AVC se o tempo entre a identificação do quadro e o tratamento fosse inferior a 4 horas e meia. No entanto, estudos mais recentes vêm aumentando a possibilidade de tratamento em um intervalo maior. Para casos selecionados, após avaliação criteriosa
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Equipe de AVC da Brasília Neuro Clínica: Dra. Letícia Rebello, Dr. Eduardo Waihrich, Dr. Bruno Parente, Dra. Márcia Neiva e Dr. Carlos Uribe
do paciente por uma equipe especializada, foi demonstrado em estudos que o benefício do tratamento poderia se estender para casos com até 24 horas do incidente. Embora esse dado seja animador, com potencial de trazer um beneficio para um número maior de pacientes, não se deve de forma alguma atrasar o tratamento. Ao se suspeitar de um quadro sugestivo de AVC, socorro médico deve ser chamado imediatamente. O AVC é uma corrida contra o tempo: quanto mais tempo se passa entre a instalação do quadro e o atendimento médico com tratamento adequado, maiores são as chances de sequelas permanentes e morte. A equipe da Brasília Neuro Clínica tem como ponto central, desde a sua formação em 2013, o adequado atendimento e tratamento de pacientes com AVC. Com uma equipe composta por neurologistas e neurocirurgiões especializados no tratamento do AVC, vem desde então obtendo resultados positivos, com redução de sequelas e óbitos. Brasília Neuro Clínica SHIS QI 15, área especial, Centro Médico Brasília, 1º andar, salas 1 e 2, Brasília www.brasilianeuroclinica.com
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SAÚDE
MUITO ALÉM DA MEDICINA HÁ SEIS ANOS, A CAPITAL DA REPÚBLICA FOI A PRIMEIRA CIDADE FORA DE SÃO PAULO A RECEBER UNIDADES DO SÍRIO LIBANÊS. O ÊXITO RENDERÁ NOVO FRUTO: O DESEMBARQUE DE UMA FILIAL DO HOSPITAL EM BRASÍLIA. CONHEÇA A SUA QUASE CENTENÁRIA HISTÓRIA E AS EXÍMIAS AÇÕES SOCIAIS EM PROL DA COMUNIDADE LOCAL
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ospital Sírio-Libanês. Pense rápido: quantas vezes você já ouviu esse nome? Poucos são os que dele nunca ouviram falar. O atendimento individualizado, humanizado, atrelado aos avanços tecnológicos desenvolvidos em prol da saúde no Brasil, estão incrustados na espinha dorsal do hospital que, recentemente, foi o vencedor do Prêmio MarCo 2017 como a marca mais prestigiada do Brasil no setor Saúde. Esta premiação comprova a seriedade de seus valores há quase um século, desde sua fundação por um grupo de senhoras da colônia sírio-libanesa em São Paulo, em agradecimento pela acolhida recebida pelo povo brasileiro.
O Hospital Sírio-Libanês é uma instituição filantrópica fundada em 28 de novembro de 1921 durante uma reunião na casa da libanesa Adma Jafet. Surgiu neste encontro como um sonho, tornou-se um projeto e ganhou corpo dez anos depois, quando outras senhoras libanesas se uniram e formaram a Sociedade Beneficente de Senhoras, promovendo eventos e recolhendo donativos para iniciar a edificação do hospital em 1931. Desde então, o Sírio-Libanês coleciona capítulos memoráveis de uma história bem-sucedida. A sua presença em Brasília, com dois Centros Oncológicos – no Lago Sul e na Asa Sul – e um Centro de Medicina Diagnóstica – também na Asa Sul –, são
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Fotos: Divulgação
A UNIDADE ASA SUL DO CENTRO DE ONCOLOGIA DE BRASÍLIA Está instalada em um edifício exclusivo, com 2,4 mil m², e segue os padrões de segurança e conforto da instituição. O projeto privilegia espaços amplos e acolhedores para pacientes, familiares e profissionais. O Centro dispõe de seis consultórios e 12 amplas suítes, além de dois consultórios e dois aceleradores lineares com simulador dedicado para tratamento radioterápico. as primeiras unidades fora de São Paulo. Numa análise vanguardista, hospital e capital combinam perfeitamente, pois o sonho audacioso de dona Adma Jafet e sua Sociedade de Senhoras encontrou aqui o corajoso projeto de Juscelino Kubitschek. Por aqui, o Sírio-Libanês reúne serviços especializados que trabalham de forma integrada para orientar cada pessoa no que diz respeito à promoção da saúde, qualidade de vida, diagnósticos e tratamentos. “Em Brasília, o Sírio-Libanês já consolidou dois Centros de Oncologia de ponta, com profissionais altamente qualificados e serviços exclusivos. Hoje já oferecemos também um Centro de Medicina Diagnóstica com uma gama completa de exames de análises clínicas e de imagem”, comenta o médico Paulo Chapchap, CEO da instituição. Conheça mais as unidades e os seus serviços.
A UNIDADE LAGO SUL DO CENTRO DE ONCOLOGIA DE BRASÍLIA Tem uma área de aproximadamente 1,6 mil m² e está localizada no Centro Médico Brasília, em frente ao Hospital Brasília, no Lago Sul. A unidade conta com nove consultórios e 17 suítes, disponíveis para o atendimento oncológico.
A UNIDADE DE MEDICINA DIAGNÓSTICA Oferece um mix completo de exames laboratoriais e de imagem, realizados por equipe de profissionais altamente qualificada, além de equipamentos de ponta. A unidade está preparada para fazer com a mesma excelência desde uma simples coleta de sangue até uma tomografia computadorizada, um PET/ CT, uma ressonância magnética e uma tomossíntese. A unidade possui área de 1.250 m², distribuídos em piso térreo com total acessibilidade. GPSBrasília « 155
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O COMPROMISSO SOCIAL A missão solidária abraçou o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). Desde 2014, as crianças em tratamento no HCB que necessitam de radioterapia são atendidas no Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês da Asa Sul. Por meio do convênio, equipes médicas do HCB e do Sírio-Libanês avaliam o caso e decidem conjuntamente sobre o melhor tratamento. Anteriormente, as crianças do Distrito Federal precisavam buscar a radioterapia em cidades distantes, o que trazia sofrimento para as famílias e impacto psicológico nos pequenos. O Sírio-Libanês veio complementar o tratamento de referência oferecido pelo Hospital da Criança, garantindo mais chances de cura e uma vida menos impactada pela doença. Outra ação de forte impacto na comunidade se deu no mês do Outubro Rosa de 2017. O Centro de Diagnósticos da Asa Sul firmou uma parceria com a Sociedade Brasileira de Mastologia e ofereceu, gratuitamente, o exame de mamografia 3D a cerca de 200 mulheres do DF acima de 50 anos, com ou sem rastreio prévio para o câncer de mama. Ao fim do processo de diagnóstico,
18 mulheres foram identificadas como casos complexos, necessitando seguir com acompanhamento médico. E tem mais: no triênio 2015 – 2017, o Centro de Oncologia de Brasília realizou 300 atendimentos em radioterapia para a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).
O FUTURO A Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês quer construir novos capítulos no Planalto Central e estar ainda mais presente no Distrito Federal. “Em 2018, vamos ampliar nossa atuação na Capital Federal com a inauguração de um hospital”, adianta Chapchap. A sociedade brasiliense aguarda ansiosamente os próximos passos. Serviço (61) 3044-8888 www.hospitalsiriolibanes.org.br Unidade Asa Sul – SGAS 613/614, conjunto E, lote 95 Unidade Lago Sul – SHIS QI 15, Centro Médico Brasília
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CAUÃ REYMOND, PERFEITO ELE TEM 37 ANOS E VIVE O APOGEU DE SUA CARREIRA SEMPRE ASCENDENTE DESDE QUE DEIXOU NOVA YORK PARA ESTREAR NA TV GLOBO, HÁ 15 ANOS. É REQUISITADO PELOS MELHORES DIRETORES E RESPEITADO POR COLEGAS DE TRABALHO. NATURALMENTE BELO E COM TRAÇOS QUE EVIDENCIAM BRASILIDADE E SENSUALISMO, O ATOR INTEGRA IMAGINÁRIO COLETIVO DE SEUS FÃS POR MARCELLA OLIVEIRA FOTOS TIAGO CHEDIAK
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avião. Ave de rapina. Grande, com visão e audição apuradas, garras fortes. Alça voos longos. Chama atenção. No Brasil, a versão indígena é chamada Cauã e é um nome de batismo relativamente popular, de origem tupi. Dentre os famosos, impossível não pensar no ator Cauã Reymond. Assim como a ave que dá significado ao nome, ele reina. E seus voos o levam mundo afora. Desta vez, foram parar em Nova York, onde fez um ensaio exclusivo para a GPS|Brasília no intervalo de sua participação no prêmio Emmy Internacional. A sessão de fotos foi pelo movimentado SoHo, bairro cheio de charme e conhecido pelo comércio agitado. Era um típico cenário de outono na cidade, quando as árvores de tom amarelado liberam suas folhas secas, colorindo a calçada. E apesar do clima ameno do final de novembro, o sol compareceu. Tudo perfeito. O ator mais cobiçado de sua geração no Brasil estava bem à vontade. A razão: Nova York já havia sido a sua morada no início da carreira e aquela seria mais uma sessão fotográfica dentre as diversas das quais participa, especialmente quando tem algum trabalho em voga. Mas a intimidade com o local e as câmeras não o impediram de envolver-se com a produção, na intenção da certeza de que o resultado final seria satisfatório. Pontual e extremamente educado, o sorriso vinha fácil, mesmo aquele sendo o seu primeiro compromisso do dia… de folga. Após ter conhecimento das locações e definir as peças de seu acervo pessoal, era a hora de começar. Cauã disponibilizara três horas para nossa equipe. E naquele tempo foi solícito, tranquilo, despojado, natural. “Tão bom um dia de sol gostoso, no comecinho do frio em Nova York. Fiquei muito feliz com o resultado”, contou. Cor favorita? “Azul”. Comida? “Frutos do mar”. Chá ou café? “Chá”. Teatro ou cinema? “Cinema”. Montanha ou mar? “Praia, verão, mar”. Nova York ou Paris? “Nova York, claro”, brincava o ator em um bate-papo para a mídia social enquanto fotografava. Difícil não se encantar. Qual mesmo seria o defeito desse homem tão lindo e gentil, cujos gestos moderados revelam discreta simplicidade? “Sou tímido, mas quando coloco o pé para fora de casa, por mais agitado ou mal-humorado que eu esteja, o que é raro, saio preparado para sempre agir com educação, pois o público e meus colegas de trabalho merecem o meu respeito sempre”, diz, elucidando o questionamento anterior: Cauã não tem defeito para seus fãs. E nem para Giorgio Armani. Eleito pelo estilista italiano a imagem da Emporio Armani no Brasil, o ator só aparece em público trajando as roupas da última temporada da grife. “Sou um homem Armani”, brinca. Durante um desfile em Milão, Giorgio disse que Cauã representa a beleza do homem brasileiro e o chamou de “il bello Cauã”.
Direção: Paula Santana Produção executiva: Karine Moreira Lima Grooming: Ana Siqueira
O encontro com a revista foi após a noite do Emmy, no qual Cauã concorreu duplamente com os sucessos Justiça (Melhor Série Dramática) – interpretando um personagem que fez eutanásia na mulher tetraplégica e acabou preso – e Alemão (Melhor Filme / Minissérie para TV), em que viveu o chefe do tráfico na comunidade do Rio. Ele também foi o coprodutor. Apesar de não ter levado nenhum prêmio para casa, a comemoração pela indicação valeu muito. “Me encheu de alegria”. Nova York tem um lugar cativo no coração do ator. Foi lá que descobriu sua vocação artística, depois de alguns anos trabalhando como modelo. “Aos 20 anos, fui numa aula de atuação e a professora me ofereceu uma bolsa de estudos. Acabei ficando por dois anos. Por isso, é uma cidade tão especial para mim”, lembra, sobre a época em que administrava o curso e a vida nas passarelas. Antes disso, o mais perto que havia chegado de um palco tinha sido na terceira série do Ensino Fundamental, quando interpretou Dom Pedro em uma peça na escola. “Por coincidência, estou produzindo este projeto para o cinema, que terá direção da Laís Bodanzky”, revela.
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A estreia na tevê foi logo na volta ao Brasil, em 2002, em Malhação com o personagem Mau Mau, atiçando as adolescentes da época. O assédio aumentou com o segundo papel na telinha, um garoto de programa na novela Belíssima. Cauã foi amadurecendo, mostrando que, de fato, não era só um rosto bonito. Nesses 15 anos de carreira, são dez novelas, 13 longas-metragens, além de diversos seriados. Já interpretou mais de 30 personagens diversificados e tem trajetória consolidada. Atualmente integra o primeiro escalão de atores da maior emissora do Brasil. A mais recente aparição na telinha foi na minissérie Dois Irmãos. O próximo trabalho nas telonas será Piedade, de Claudio Assis, em que protagonizará cenas calientes com o ator Matheus Nachtergaele. Tem ainda a comédia Uma Quase Dupla, com Tatá Werneck. Em suas redes sociais, começou a postar fotos de seu novo personagem, da série Ilha de Ferro, dirigida por Afonso Poyart. Nascido no Rio de Janeiro, filho de pai psicólogo e mãe astróloga, Cauã tem dois irmãos. Com os pais separados desde que tinha dois anos, ele chegou a passar uma temporada em Santa Catarina, entre os 17 e 18 anos. Foi onde descobriu seu amor pelo surf e pelo mar. “Tenho ótimas lembranças do período com meu pai, mas sou mesmo carioca da gema”, revela. Com a mãe, viveu em Nova Friburgo e na própria Cidade Maravilhosa. Da adolescência, recorda com carinho a época em que chegou a ser campeão de jiu-jitsu. E, imaginem, cursou alguns semestres de Psicologia. Atualmente, mora em um condomínio na praia da Joatinga, no Rio, e tem um filhote de Rottweiller, o Romeu. Há pouco mais de um ano divide o teto com a namorada, a modelo Mariana Goldfarb. Ela esteve com Cauã em Nova York e é comum um acompanhar o outro em viagens a trabalho. Mas a alegria da casa é quando recebe Sofia, sua filha de cinco anos, fruto do relacionamento com a atriz Grazi Massafera. “A paternidade tem um papel especial na minha vida”, diz. Por conta do trabalho, a agenda é agitada e viagens são frequentes. Em setembro último, Cauã esteve na Capital para participar da 50a edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, onde seu mais recente filme, Não Devore Meu Coração, de Felipe Bragança, abriu a mostra para convidados. O longa esteve há pouco tempo em cartaz nos cinemas e narra a tensa relação na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Cauã vive Fernando, o integrante de uma perigosa gangue de motoqueiros.
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“O longa foi muito bem recebido no Festival de Brasília. A ótima estreia ajudou a entrada no circuito nacional”, acredita o ator, extremamente assediado durante a passagem pela capital. “O assédio é a resposta do público que admira o meu trabalho. Quando vejo muitas pessoas pedindo para tirar fotos, fico feliz. É a boa repercussão”, acrescenta. Mas a performance por trás do ofício também lhe atrai. Cauã tem investido cada vez mais na atividade de produtor. Recentemente, fundou a produtora de cinema Sereno Filmes, uma parceria com Mario Canivello. A empresa já tem dois projetos: o já citado Pedro, com Lais Bodanzky; e Azuis, dirigido por Felipe Bragança, que se baseia na obra do falecido jornalista e escritor Rodrigo de Souza Leão. Para tanto trabalho é preciso vigor. Aos 37 anos, Cauã – que era chamado de “bocão” por conta de seus lábios carnudos – preocupa-se com a saúde. Não dispensa uma boa noite de sono. “Dormir bem é uma grande vaidade”, acredita. Para manter a forma, hoje tem optado pelos treinos de boxe e natação – é apaixonado por esportes aquáticos e não é difícil encontrá-lo na praia. Não tem problema em carregar uma marmita com sua refeição, se precisar. “Caso eu esteja em uma situação que não dê para escolher, vou comer até mortadela, se for o caso. Mas geralmente me policio. Tento correr do chocolate, mas às vezes ele me pega de jeito”, brinca. Super ativo nas redes sociais, é sempre possível saber por onde anda e com quem tem trabalhado. “Sinto saudade da época em que resolvíamos as coisas de forma mais simples e sem a necessidade de estar conectado o tempo todo”, confessa. Confira a entrevista. 166 « GPSBrasília
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FORA DAS TELAS
Sou uma pessoa que busca o equilíbrio entre o tempo dedicado ao trabalho, o tempo dedicado à família e o tempo dedicado a cuidar da minha saúde. Sou caseiro, então é bem difícil me tirar de casa. Agora... quando estou viajando, é outra história.
PATERNIDADE
Eu me considerava uma pessoa séria e responsável, mas min a fil a me e re er min as prioridades stou sempre preocupado em separar o tempo e organizá-lo para estar com ela.
A ROTINA
Sou ansioso, mas depende da expectativa em relação a alguma coisa. Não sei se a palavra seria agitado, mas tenho bastante energia... sou inquieto. Por um lado, isso era con ito e a com que eu este a sempre em movimento.
MODA
Acho que sigo um estilo básico. Tenho parcerias com Emporio Armani, Colcci e Lupo e isso me proporciona um guarda-roupa bacana. Geralmente opto por peças discretas. Mas adoro moda, sou consumidor de revistas e através delas me informo sobre esse mercado.
SE NÃO FOSSE ATOR
Já cheguei a pensar em ser político e piloto de helicóptero, não me pergunte o porquê. Atualmente não penso em outra coisa: faço o que amo e sou muito eli na min a profiss o
CARREIRA
Eu comecei no audiovisual, então acabo tendo uma afinidade maior com a te e o cinema as tam m tenho uma grande admiração pelo teatro. Sempre me coloco aberto aos diferentes meios e formas de expressão.
VERSATILIDADE
Acho que cada papel pede uma versão diferente. Talvez o sonho do ator seria fazer uma cirurgia para cada papel, mas como não é possível, mudamos o cabelo, a barba, a maquiagem para tentar entrar no personagem. A gente se organiza dentro das limitações que o corpo oferece, rs...
PREPARAÇÃO
Eu faço coach, que normalmente é orientado pelo diretor do projeto. Além disso, busco inspiração na música, nas artes plásticas e na própria internet, que hoje é uma grande fonte. Também sigo bastante minha intuição, um dos elementos mais importantes para o trabalho do ator.
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PERSONAGEM MARCANTE
Todo papel marca. Às vezes você é bem-sucedido. Às vezes, não, e isso marca de outra forma, mas te leva a crescer c o que o tra al o que fi na s rie Dois Irmãos foi bem emblemático para mim. É uma obra muito bem feita e dirigida e da qual tenho muito orgulho de ter participado.
NÃO DEVORE MEU CORAÇÃO
um filme com dramatur ia cl ssica e primorosa u diria que a composição do personagem Fernando é fruto de conversas com o diretor e análises das indicações do roteiro. A partir daí deixei a intuição tomar conta. A prosódia também ajudou muito nessa construção, pois tínhamos uma grande mistura de sotaques da cultura local. O fato de estar num set de filma em silencioso foi outro fator importante. Costumo dizer que eu me concentro me desconcentrando. Tenho o hábito de fazer brincadeiras e falar bobagens antes das cenas. Mas o diretor Felipe Bragança me isolou do elenco antes do início das filma ens, pois queria concentra o total oi uma nova experiência, e muito boa.
CINEMA BRASILIENSE
Trabalho com Belmonte (José Eduardo, diretor) de forma recorrente. Ele é carioca por nascimento e brasiliense de coração. Um dos maiores cineastas que temos hoje em dia. Ele é criativo e ao mesmo tempo profundo, gosta de desenvolver bons personagens. estou a erto a con ites e adoraria a er mais filmes na cidade. Sei que tem uma galera jovem e muito inteligente movimentando a arte na Capital.
BRASÍLIA
Eu adoro a cidade. Estreei uma peça de teatro chamada Em Alto Mar. Acho Brasília muito acolhedora. Sempre que volto, me sinto abraçado. Acho triste para os seus habitantes o nome da cidade estar sempre vinculado à corrupção por conta dos políticos. Brasília merecia mais.
CRISE POLÍTICA
Fico triste, como a maioria dos brasileiros. Somos a nona maior economia do mundo, pagamos impostos altos e não vemos isso retornando em infraestrutura e, principalmente, em saúde e educação, o que é lamentável. Gostaríamos de ver o País em ascendência, mas nunca acontece.
PRÓXIMOS PROJETOS
Estou gravando uma série chamada Ilha de Ferro, dirigida por Afonso Poyart, de Dois Coelhos e do longa americano Solace, com Colin Farrel e nt on op ins l m disso, ten o dois filmes para estrear em 2018: uma comédia com a Tatá Werneck chamada Uma Quase Dupla, que entra em cartaz em fevereiro, e o longa Piedade, do pernambucano Claudio Assis, um diretor que admiro e havia me convidado para outro projeto, mas que por uma questão de agenda n o aconteceu ora deu certo o filme também estão Fernanda Montenegro, Matheus Nachtergale e Gabriel Leone.
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Com a ideia purista e de leveza diante dos confrontos sociais, o branco se impõe como a cor que tudo pode dizer sem agredir
Giambattista Valli Molly Goddard
SIMPLES ASSIM
RETRANCA
Tom Ford - R$ 12.760
Carolina Herrera - R$ 2.120
Etro
Fendi - a partir de R$ 14 mil
Yves Saint Laurent - R$ 8.360
Carolina Herrera - R$ 4.995 Prada - R$ 5.800
Dolce & Gabbana - R$ 3.500
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COR Dolce & Gabbana - preço sob consulta
Hussein Bazaza - R$ 9.750
Joseph - R$ 3.370
Marni - R$ 8.970
Emilio Pucci - R$ 7.270
SATURED COLORS
Gucci
Stella Mc Cartney Versace
Valentino
Chanel - preço sob consulta
O choque e o impacto podem vir por meio de cores que vibram e que pretendem de algum modo se fazerem notadas Christian Louboutin - R$ 4.990 Fendi - R$ 1.910
Bottega Veneta - R$ 10.220
Fendi - preço sob consulta
Fendi - R$ 7.400
Chanel - preço sob consulta
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FLORES
Diane von Fürstenberg - R$ 1.990
Prada
Marchesa Notte - R$ 9.230 Cruise
Dries van Noten
Louis Vuitton - R$ 10.100
A R A P R I T SEN s as suas s em toda a d ta n e v , elas Rein s criativas e d a id il ib ham e poss desabroc te n e lm ra natu da Valentino - preço sob consulta smo à mo trazem liri
Gucci - R$ 10.440
Gucci - R$ 14.940
Tory Burch - R$ 1.075
Rochas - preço sob consulta Dolce & Gabbana - R$ 13.700
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ESTAÇÃO
Adriana Degreas - R$ 690
Brigitte para Farfetch - R$ 589 A. Brand - R$ 378
Nars - R$ 186
SER LIVRE Maison Michel para Farfetch - R$ 4.760
Aquecido pelo sol e refrigerado pelos ventos tropicais, o verão inspira e fomenta a liberdade do sentir-se bem
Wai Wai - R$ 1.750
Lenny Niemeyer - R$ 376 Gucci - R$ 3.995 Água de coco
Cris Barros - R$ 494
Triya R$ 480
Jo de Mer - R$ 460
Dudu Bertholini para UV.LINE - R$ 329,90 Lolitta
Phyto - a partir de R$ 250 Blue Bird - R$ 379 Chanel - R$ 205
Adriana Degreas - R$ 590
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Alexandre Birman R$ 1.490
Valentino - R$ 3.200
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BRILHO
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Brincos Cornalina com pedras diversas em ouro 18k, Silvia Badra - R$ 2.900
Brincos em ouro 18k, diamante light brown, Silvia Furmanovich - R$ 23 mil
Colar pingente Sonhos, Carla Amorim - R$ 23.130
Colar madre pérolas com brilhantes negros, em ouro 18k, Silvia Badra - R$ 3.950
Colar T'surus em ouro 18k, Silvia Badra - R$ 1.200
DE MÃOS VIRTUOSAS Brincos Bem-querer, Carla Amorim - R$ 67.890
Brincos em ouro 18k, diamante light brown pérola dourada e marchetaria, Silvia Furmanovich - R$ 17.700
Misticismo, artesania, bichos, lugares, elementos da natureza. Formas orgânicas ou minimalistas. As joias estão cada vez mais autorais, expressando a identidade do designer e sua experiência com o tema
rincos rifit
nel rifit Anel Sixteen Stone, Tiffany & Co. - R$ 52 mil
Anel, Carla Amorim - R$ 22.430 Pulseira Fluer de Lis, Tiffany & Co. - R$ 18.545
nel cinco fileir s i n
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S E D A BR A V O D S E R
PASSARELA
Londres, o cenário de onde despontam inúmeros talentos extraídos de prestigiadas escolas de moda, apresenta ideias tribais, cujo o caminho é encontrar o acesso imediato para a caótica moda global sugerida pela nova cultura pop
Preen
Amanda Wakele
Hillier Bartley
Erdem
Rejina Pyo
Roksanda Emilia Wickstea
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PASSARELA
Saint Laurent Balmain
Giambattista Valli
Miu Miu
Isabel Marant
Alexander McQueen Balenciaga
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Hermès Louis Vuitton
Christian Dior
Chanel
Céline
Stella McCartney
Louis Vuitton
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s vei orá stura m co ico me os es da to ún m i ta ós str sen s me prop e r o p d do tos sa nse da um ndido mpac e i ca re si aris s p onde s desp r novo a l are ria rai es, ass -scèn auto ou c p s As e-en eias ncia d mis lora i tendê p x a e ger r de
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PASSARELA
Trussardi
Gucci
Marni Etro
Bottega Veneta
Versace
Prada
O S S E R
Salvatore Ferragamo
G O R P
Bally
Fendi
Em Milão, a temporada serenamente equilibrada rememora o passado icônico e transforma a nostalgia em referência de estilo. Enquanto isso, a passarela dá sinais de que novas gerações se aproximam para um enfrentamento atrativo e desafiador
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RETRANCA
Chanel
Balenciaga
Boss
Valentino
Prada
C I T S A L P R E D R O
r com porta ganha m i os e m se la se acessóri isienses e r a s s ar as o e a p xtrapola esfiles p d a v sd o in al. Ele e a no ástic O pl ambient cia máxim n o apel e tendê d l e v ní
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CONSUMO
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UM LUXO DE BAZAAR
RAFFAELA PRUDENTE INVESTE NO CONCEITO DE BAZARES QUE COMERCIALIZAM PEÇAS DE MARCAS IMPORTADAS, SEMINOVAS OU VINTAGES, E ATRAI PÚBLICO QUE TEM COMO DINÂMICA DE VIDA O DESAPEGO
oupa parada no closet, energia estática na vida. Esse é um dos mantras que circundam entre ativadores e consumidores de moda. Bazares sazonais sempre estiveram presentes no universo fashion. Maisons e brands precisavam virar suas coleções e promoviam um verdadeiro festival de oportunidades. Na última década, o conceito ganhou novo formato. Deixou de ser um “comércio livre” para se transformar num ótimo negócio. E desde então, um mercado paralelo ganhou status de loja. O segredo está na curadoria das peças e no ambiente que envolve essa atmosfera de praticar o desapego. Além dos mais, a atual geração millennial adora o contexto de reaproveitar, do consumo consciente e da experiência de compartilhar.
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Foi assim que o Raffa’s Bazaar surgiu. De maneira despretensiosa. “Foi intuição durante uma viagem a Chicago. Voltando ao Brasil, botei em prática imediatamente”, explica Raffaela Prudente, de portas recém-abertas no Gilberto Salomão, Lago Sul. A seleção das peças é o grande atrativo do Raffa’s, de marcas como Burberry, Dior, Gucci, Fendi e Dolce&Gabbana, dentre outras. A dinâmica é recorrente na hora de se libertar das peças. Entra uma, tira outra. “Eu sempre procurei, aqui em Brasília, um lugar que pudesse revender o que eu já não queria mais, o que nunca havia usado ou aquelas de que queria me desfazer para comprar o modelo mais atual”, diz, reforçando o seu interesse e também do mercado em adquirir boas peças vintages, como as de bazares luxuosos de Paris, de Nova York, de Miami. “Mas o fator decisivo para criar o Bazaar foi quando percebi que estava enviando minhas peças pessoais pra outras cidades para serem vendidas para pessoas que nunca conheci. Era a hora de ter a minha própria loja de desapego”, complementa.
Raffaela desde criança foi desprendida. “Se eu estivesse usando uma peça e alguém quisesse me comprar, eu vendia na mesma hora. Sem dó! E logo pensava no que eu poderia comprar de novo. Cresci, entendendo que é prazeroso estar sempre bem-vestida, ter um closet luxuoso com joias, bolsas, sapatos. Mas felicidade está além disso. Sem contar a velocidade do varejo de luxo, que apresenta cinco coleções ao ano e a cada temporada reconfigura todo o guarda-roupa”. E de onde vem o nome? Foi inspirado em uma das publicações mais importantes da moda, a revista norte-americana, Harper’s Bazaar. Os dois As referem-se ao termo inglês, que designa pequenas liquidações promovidas por várias lojas de alto luxo. “Quem olha só pela vitrine, nem imagina que existe alguma peça com desconto ali. É apaixonante! Ainda mais quando nos certificamos de que a economia gira em torno de 35%, às vezes até 50%”. Raffa’s Bazaar @raffasbazaar f.m | raffasbazaar (61) 99965-9953 SHIS QI 5, bloco D, sobreloja 12, sala 1, Centro Comercial Gilberto Salomão, Lago Sul
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GENERATION TUDO AO MESMO TEMPO, AGORA
POLIGLOTAS, LIVRES, QUESTIONADORES, ATENTOS E PRAGMÁTICOS, OS JOVENS QUE TÊM A MISSÃO PROMOVER UM MUNDO MAIS JUSTO USAM A ROUPA COMO CÓDIGO E FERRAMENTA. MAS NÃO PENSEM QUE ELES VESTEM QUALQUER ALGO. ELES QUEREM EXPERIÊNCIAS E TESTEMUNHOS POR LARISSA DUARTE « FOTOS VINI GOULART
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onscientes, dinâmicos, exigentes e multitask. São essas as principais características da geração que vai dominar todas as áreas de atuação do mercado em até dez anos. Nascidos a partir de meados dos anos 1990 até a metade da primeira década do século 21, os jovens da chamada Geração Z não diferenciam a vida on-line da vida off-line: vivem em modo all-line. Enquanto seus antecessores, os millennials, cresciam paralelamente aos avanços tecnológicos, os “Z” já nasceram conectados, propícios a se adaptarem rapidamente às novidades digitais e usá-las a seu favor. Ansiosa e destemida, a Geração Z vai muito além de um simples perfil comportamental desenvolvido pela Sociologia. O hábito de obter respostas e resultados rápidos faz desses jovens donos de índoles famintas de experimentações, possibilidades, tentativas e acertos. São
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Giovanna Look total Dolce&Gabbana Tiara e brincos Dolce & Gabbana e colar acervo pessoal Francisco Look total Dolce&Gabbana Juliana Look total Dolce&Gabbana Joias Miranda Castro
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Giovanna Look total Gucci Meias acervo pessoal Aneis Carla Amorim, pulseiras e colar acervo pessoal Francisco Look total Gucci Tênis Prada Joias Carla Amorim Juliana Look total Gucci Joias Carla Amorim Meias acervo pessoal Tapete patchwork oriental para Carminati Tapetes
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JULIANA CUNHA CAMPOS, 1997 Um ídolo? Por mais clichê que possa parecer, os meus maiores ídolos são os meus pais! Como eu os acompanho e observo no dia a dia, espelho-me muito neles. São realmente os meus maiores exemplos! No meu Spotify toca... Eu escuto simplesmente todos os tipos de música! Eu estou sempre com o som ligado no volume máximo! Indico a leitura de… A Moda Imita a Vida: como construir uma marca de moda, de André Carvalhal, e o Contágio – por que as coisas pegam, de Jonah Berger!
ONE DAY YOU’LL LEAVE THIS WORLD BEHIND, SO LIVE A LIFE YOU WILL REMEMBER consumistas, mas por um ponto de vista revolucionário: trocam gastos supérfluos por experiências, como viagens, novos projetos e lances no mundo business. Nativos digitais, são ativos em todas as redes sociais, mas não são movidos por elas. Utilizam as plataformas de interação on-line como vitrine para exposição de opiniões e trabalhos de maneira informal, porém inteligente. A GPS|Brasília convidou três boomers da Capital Federal para ilustrar essa ascendência em um shooting ousadamente equilibrado. Além de figuras do cenário fashion, Francisco Borsoi, Giovanna Adriano, Juliana Cunha Campos são jovens de personalidades distintas com uma característica em comum: a objetividade. Aos 19 anos, Giovanna compartilha seus estudos no curso de Direito com um hobby levado bastante a sério: o canal do Youtube de moda e beleza Maravilhosas e de Gatinho. “Eu admiro o Direito e quero muito trabalhar com isso, mas também sinto a necessidade de exercitar a minha criatividade. Felizmente consigo encontrar o balanço perfeito, o que considero um dom da nossa geração. Recentemente montei um escritório em casa para ter meu próprio espaço de criação. Por mais que seja descontraído, encaro o meu trabalho do canal com profissionalismo”, explica. Formanda em Comunicação Social aos 21 anos, Juliana já soma mais de três anos de know-how em realizações de eventos e projetos pessoais, resultados que contribuíram para o seu perfil prodígio de empreendedora. “Sou muito bem decidida, sei aonde quero chegar e batalho todos os dias para isso. Tenho um caminho trilhado, mas também sou muito imediatista. Sempre tenho um objetivo para atingir”, conta.
(Um dia você deixará este mundo para trás, então viva uma vida da qual você irá se lembrar)
oo tot l omm ilfi er Brincos e joias acervo pessoal Tapete Soumak para Carminati Tapetes
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Prestes a concluir o Ensino Médio, Francisco, de 18 anos, não se deixa atingir pela inconsistência que essa fase de transição costuma trazer aos jovens. Muito pelo contrário. Ele sabe convictamente onde quer estar nos próximos anos. “Estou me aplicando para universidades estrangeiras. O meu foco é Nova York. Quero estudar na área de Comunicação, pois sou fascinado por obter e fornecer informação. Em cinco anos me vejo criando e colaborando para essa área”, compartilha. Além do berço tecnológico, os Z’s também se mostram um passo à frente da Geração Y, ou millenials, pelo caráter profissional. Os jovens nascidos no fim dos anos 1970 e início da década de 1990 tendem a lutar por oportunidades gananciosas desde cedo, dispostos a abrir mão de fazer o que gostam em busca de melhores salários. Por outro lado, a Geração Z floresce com um olhar mais cético nesse quesito: o sucesso é conquistado quando vantagens e entusiasmo caminham juntos. Fogem da estagnação, acreditam que podem conquistar o mundo e mostram que nasceram prontos para isso. E enquanto a Geração Alpha, dos super conectados nascidos depois de 2010, ainda não chega ao mercado de trabalho, cabe a Geração Z assumir o controle do esperado “mundo melhor”.
GIOVANNA ADRIANO, 1998 Um ídolo? Vou de 8 a 80 nas minhas inspirações: Kim Kardashian, Grace Kelly, Jackie O., Rosie Huntington Whiteley, Margaret Thatcher... No meu Spotify toca... Eu faço aula de dança e amo dançar, então qualquer ritmo dançante, mas principalmente funk!
Direção criativa: Paula Santana Produção executiva: Karine Lima Stylist: Marcus Barozzi Make up: Júnior Leali, equipe Ricardo Maia Hair & Make up Cabelo: Paulo Muzzatto, equipe Ricardo Maia Hair & Make up Assistente de stylist: Vinnícius Afonso Assistente de produção: Luiz Felipe Mansur
Indico a leitura de… 10% Mais feliz, de Dan Harris, O Segredo, de Rhonda Byrne, e Orgulho e Preconceito, de Jane Austen!
SASSY, CLASSY AND BADASS-Y
(Atrevida, com classe e durona)
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Vestido Prada Bolsa Prada Joias Tiffany & Co. Meias acervo pessoal Tapete Soumak para Carminati Tapetes
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FRANCISCO BORSOI, 1999 Um ídolo? Não sei se tenho ídolos, mas tem pessoas que admiro e me inspiro. O jornalista Pedro Andrade é um deles. c o ele um cara sa a , fino e inteligente, além ser carismático! Também admiro a personalidade da Lady Di e do meu designer favorito, Alexander Girard. No meu Spotify toca... Eu sou bem eclético! Minhas bandas favoritas são Coldplay, Los Hermanos e Beirut. Também adoro MPB e os hits do momento! Tenho que me divertir nas festas, né?! Indico a leitura de… Autores – Histórias da Teledramaturgia, quase um documentário que reúne vários autores de novela. É muito bacana pra quem gosta de entender como nasce uma história!
Look total Prada Tapete Soumak para Carminati Tapetes
LIFE IS ABOUT THE PEOPLE YOU MEET, AND THE THINGS YOU CREATE WITH THEM. SO GO OUT AND START CREATING (A vida é sobre as pessoas que você conhece e as coisas que você cria com elas. Então, saia e comece a criar)
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VISIONÁRIO
WORK IN PROGRESS DISPOSTO A TORNAR-SE O NEO SAINT LAURENT DA MODA, VIRGIL ABLOH É O PORTA-VOZ DA AVASSALADORA GERAÇÃO QUE SE APRESENTA QUESTIONANDO PADRÕES, QUERENDO NOVOS STATEMENTS E USANDO A ROUPA, E NÃO A MARCA, COMO CÓDIGO. O MOVIMENTO CHAMA-SE PÓS-STREETWEAR E DOMINOU O SEGMENTO DE LUXO POR PAULA SANTANA, ENVIADA ESPECIAL
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ão Paulo – Uma nova estrela surge na constelação fashion. EWla se veste com silhuetas largas e ouve hip hop. Também curte skate. E pode ser DJ fazendo boas remixagens nas festinhas. Da rua, incorpora hoodies, tênis com aspecto vintage, t-shirts com logos sobredimensionadas. Cabe também listras e xadrezes. Parece o streetwear norte-americano dos anos 90, não? Sim, é o próprio, mas dessa vez ele cruzou continente e incrivelmente conseguiu chegar a Paris. Desde então, tem gerado o início de uma enorme mudança geracional, extraída das ruas, estimulada pelo movimento agênero e que vem tirando da zona de conforto todo o mercado de luxo. E mais, esse pós-streetwear tem um padrinho.
Ele se chama Virgil Abloh. Tem 36 anos, nasceu em Chicago, filho de imigrantes de Gana. Cursou Engenharia, Arquitetura, mas “criativamente esquizofrênico”, como mesmo se define, ele mergulhou no universo histórico da moda e… apaixonou-se. Atualmente, é considerado o homem mais influente desse segmento, fazendo com que especialistas, pesquisadores e estudiosos tentem decifrá-lo ao mesmo tempo que o admiram. Abloh foi estagiário da Fendi ao lado de Kenye West, em 2003. Desde lá, tornou-se diretor criativo e conselheiro do músico até que em 2013 lançou a sua marca, Off-White. Não tardou e ele foi o único americano a tornar-se finalista do prestigioso LVMH Prize, para jovens estilistas, em 2015. Desde então, a moda de luxo não é mais a mesma.
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“Vivemos num momento em que estamos vendo a ruptura da hierarquia”, explica Abloh. “As tendências surgem da rua e o luxo não mantém o mesmo controle sobre os consumidores”, diz, incorporado ao grupo que lidera a casualização da moda, ao lado de Gvasalia com a Vêtements, e Shayne Oliver da Hood By Air. Suas referências são omni. Tornam-se uma coisa só quando condensadas e transportadas para roupa. Pode vir do passado renascentista de Caravaggio, com a sua inversão sobre a luz, ou do arquiteto holandês de Rem Koolhaas, que metaforiza o tempo atual. Na verdade, Abloh tem espírito livre, é inquieto, procura preencher as lacunas comportamentais que surgem e por isso tem sido o tradutor perspicaz da cultura jovem, as chamadas geração Y e Z. Collabs não lhe faltam. Já colaborou para Moncler, Levi’s, Vlone e tem forte ligação com a Nike. Sem contar um namorico com a Nasa. Ele esteve na Art Basel, em Miami, lançando sua linha de móveis, e há planos de um hotel com seu selo na Ásia. Nas horas de folga, Abloh é DJ e assina como Flat White. Seu primeiro endereço nos Estados Unidos abriu recentemente no SoHo, em Nova York, além de pontos de vendas nos cinco continentes. Quando questionado, durante uma entrevista sobre o que ele pretende, ele não hesitou em responder: «Meu objetivo é criar uma casa criativa no nível de Saint Laurent.”. Virgil Abloh esteve virtualmente em São Paulo, a convite do Grupo Iguatemi, durante o Iguatemi Talks – uma imersão para especialistas sobre as novas diretrizes para o consumo de luxo. Ele concedeu esse bate-papo com a revista GPS|Brasília por meio de uma videoconferência.
A ESTRUTURA DE PENSAMENTO
Eu quero promover o trabalho que estamos fazendo com o sistema. Para mim, uma simples camiseta representa uma comunidade que se identifica com ela, e que est irando ao redor desse caminho de novas ideias. Um fato é moldável pelas pessoas que o estão vivendo. A troca é a experiência.
A TRANSPARÊNCIA QUE DOMINA O MERCADO
O meu Instagram é, praticamente, um Work In Progress (“trabalho em progresso”). Eu não estou escondendo nada pra só dizer “voilà, aqui está o produto final muito mais um di rio do que um jornal.
O COMPORTAMENTO NAS MÍDIAS SOCIAIS
Bem, eu estou fazendo uma exibição no Museum of Contemporary Art aqui em Chicago, que basicamente documenta esse fenômeno, englobando as três gerações que estão vigentes hoje no mundo. O interessante é que, além da Internet, nós estamos entrando em um sistema em que ideias e tendências não vêm de cima para baixo, elas vêm de baixo para cima. Tem sido como um rio mudando o sentido de seu curso.
AS PESSOAS ESTÃO NO PODER
É quem dita o que quer da marca, impedindo que ela tenha essa postura de «estão aqui nossos produtos, nós já pensamos por vocês sob a perspectiva do marketing e sabemos do que vocês precisam”. Agora, os consumidores s o capacitados o suficiente para a er suas pr prias pesquisas. Eu enxergo isso como uma epifania. Esse é o momento de no as ideias in uenciarem todo o resto
AS CONSAGRADAS
Hoje, os consumidores podem pegar uma marca e mudá-la, dar-lhe nova identidade. É hora de dar um update e adotar outras regras. Eu não me vejo usando roupas com as quais n o me identifico Independentemente de qual for, tem de ser um diálogo. Não é só se curvar diante da ideia de marca sagrada.
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A FONTE VEM DA RUA, MAS A MARCA É DE LUXO
Meus produtos são feitos em fábricas nas quais as pessoas trabalham de forma saudável, em um bom ambiente, e a qualidade do tecido é de primeira categoria. É uma decisão de se fazer roupas na maior forma de arte possível. E é esse o setor que dita tendências. Então, pra mim, é uma escolha. Enxergue isso como um projeto de arte sólido e jovem.
OFF-WHITE, UMA DAS LABELS MAIS DESEJADAS
Não penso muito nisso, ainda sou a mesma versão de 17 anos de mim mesmo. Não é fácil, nem diferente. É a única forma que sei operar. Seria bem difícil se eu impusesse a mim mesmo essa necessidade de ter a aprovação do mundo externo. Meu processo de criação é mais parecido com o de um artista, criando pinturas em um estúdio, pouco se importando com o tempo que vai vender e por quanto dinheiro. Meu propósito está ao redor de ideias relevantes. Penso sempre que, se eu gosto, aquilo então existe, e eu me vejo realizado. Eu estou bem, contanto que eu tenha sempre uma plataforma para divulgar meu trabalho. Eu já passo tempo demais sozinho na minha própria cabeça.
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RELACIONAMENTO COM O PÚBLICO
Eu não gosto muito do conceito de comércio, ironicamente falando. A troca entre mim e as pessoas que seguem o meu projeto não é uma simples troca de dólares. Por exemplo, essa nossa conversa é de graça. Os itens que eu faço, eles representam uma ideia que é ratuita, e isso que eu quantifico como marca
O REPENTINO SUCESSO
u n o fico surpreso, mas eu tam m n o tiro o m rito u não registro sucesso como algo positivo. O meu cérebro é todo interligado com essa necessidade constante de preencher espaços vazios. É como água descendo uma montanha. Se algum dia eu encontrar um caminho sem saída, posso continuar por outro rumo. Em uma
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RETRANCA
perspectiva maior, essa é uma nova comunidade. As pessoas sentadas nessa sala fazem parte dessa nova comunidade, a qual ainda n o oi definida e oc tem interesse nessa conversa, si nifica que oc se interessa por um novo futuro, para o qual um jornalista ainda não deu o título.
O STREETWEAR VEIO PRA FICAR
100%. Eu só acho que é algo que ainda est mal definido, mas o sentimento está aqui. E tenho como minha responsa ilidade identificar como isso vai aparecer em formato de passarela. É por isso que estou em Paris. Minha medida de sucesso será em 50 anos, quando analisarmos os tipos diferentes de moda ao longo da história e vermos uma página sobre streetwear. É uma das re ex es mais pro undas entender que estamos coexistindo, definindo juntos o que será essa era para a moda.
O CONFLITO DAS GERAÇÕES
Eu sempre gosto de voltar no tempo. Estamos falando um pouco da geração X, tem algo entre os tempos das gerações Y e Z, mas nosso cérebro está sempre à procura de focar no agora, na unicidade. Mas nós viemos de uma história, sabe? A primeira parte da história que mais me intriga é a Renascença. Houve esse período de grande esclarecimento em que vários tipos de arte se inovaram, novas maneiras de se pensar, de pintar, de criar música. Como Caravaggio pintando luz. Em vez de tudo igualmente iluminado como se fazia, ele se permitiu pintar também a escuridão.
O IMPACTA DO SEU TRABALHO
O Martin Margiela tem um grande impacto no meu trabalho. A premissa dele era fazer roupas de forma slim, mas você pode ver o tanto de inovação e ideias cooperativas que vieram dessa única escolha de usar roupas do dia a dia para inspirar a moda. Um dos meus designers preferidos é o Rick
Owens e todo esse mundo que ele cria em que as roupas são reais e não s ideias em um desfile u tam m me inspiro no Marcel Duchamp, que pregava que o pensar pode ser parte da arte, tanto quanto o objeto em si.
A NOVA ERA
Vivemos em uma era inclusiva. Eu estou em um “modo de troca”, sabe? Nós estamos saindo dessa época em que dizemos: “Deixe eu me esconder por trás dessas câmeras, e você responda à minha voz”. Isso não é legal. Talvez, em épocas passadas, fosse interessante ser elusivo, mas não mais. O compartilhamento é de onde vêm as ideias. É um dos motivos pelos quais eu não escondo minhas referências, pois deixar que as pessoas saibam, e aprendam, é bem mais moderno.
AUTODIDATA NA MODA
Acho que a coisa mais importante a se pensar é que o mundo tem se tornado cada vez menor, e as boas ideias sempre prevalecem. Usualmente, você teria de ir pelo ciclo da faculdade. Quanto a isso, acredito arduamente que a educação é muito importante. Eu tenho diplomas em diferentes áreas, mas a questão é ter educação superior juntamente com a subcultura. A combinação das duas é melhor do que uma ou outra.
OS PADRÕES
Nossa geração tem a menor quantidade de impedimentos. Não vivemos esse tipo de imposição que dita, por exemplo, que trabalhemos das 9h até 17h, ou que precisemos estar pontualmente no trabalho para ser um membro produtivo da sociedade. Sinto que podemos criar nesse espaço vazio algo novo que vá se tornar o próximo padrão.
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F F O A E D E T I H W L I G VIR
MENTE S BELA ROUPA DAS E TA PROJE EIRAMENTE D A D R E V A RNAS N E VERÃO E MOD D A D A R TEMPO CONJUNTO M U . 8 1 0 2 R COM CADO O V DE PRO MENTO CRUZA CIAS QUE ÊN ER REFER PAREC E POD M S QUANDO O DA ABSUR INCRONIA D S A VÊ-SE COM A TWEAR STREE STURA O ALTA-C
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DIGITAL
DÁ LIKE! O YOUTUBE, PLATAFORMA MAIS PROMISSORA DO MOMENTO E COM FÔLEGO PARA ENORME VIDA ÚTIL, JÁ TEM SUAS CELEBRIDADES PRÓPRIAS QUE ATUAM, SOBRETUDO, COM A VERDADE. ELES SÃO PESSOAS QUE EXPLICITAM SUAS ROTINAS REAIS E POR MEIO DELAS TORNAM-SE RICOS, POPULARES E OS NOVOS MIDAS DO MERCADO DIGITAL POR LARISSA DUARTE
N
em apresentadores de TV ou craques de futebol. Nem atores de Hollywood, muito menos cantores internacionais. Os ídolos e perfis influentes da nova geração vieram de outro universo... Um local que melhor se encaixa na era da tecnologia, dos smartphones e tablets: o Youtube. A famosa plataforma de vídeos conta com mais de um bilhão de usuários espalhados pelo mundo, o que representa quase um terço dos usuários da Internet. Desse número, boa parte do mérito vai para os youtubers, criadores de conteúdo que tomaram conta da web, conquistaram fama e passaram a viver de likes. Em 2016, a palavra youtuber entrou oficialmente para o dicionário de língua inglesa Oxford English Dictionary – um dos glossários mais conhecidos mundialmente – com a seguinte definição: “alguém que produz, aparece ou ‘sobe’ vídeos para o site Youtube”. Segundo
o professor de Inovação Digital e especialista em Mídias Digitais, Marcelo Minutti, a verdadeira palavra utilizada pelos intelectuais e pela própria plataforma para representar essas pessoas é creator, em português, “criador”. “A popularidade dos creators é um fenômeno da mídia. A Internet passou a ser um canal que rende milhares de conteúdos com proporção igual ou até maior do que os canais tradicionais, como a televisão”, afirma. O especialista explica que, por mais que pareçam diferentes, o consumo e a produção de conteúdos na Internet e na TV acontecem de modo semelhante. Enquanto milhares assistem a novelas e programas transmitidos na televisão, outros tantos passam horas e horas navegando no Youtube. “É uma forte oportunidade de mídia que vem sendo mais investigada e, consequentemente, mais aproveitada”, diz.
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WHINDERSSON, UMA FIGURA Fazer um upload na plataforma é fácil, assim como ligar uma câmera e se posicionar diante dela para comentar ou expressar sua opinião sobre algum tema. Porém, tornar-se um creator exige muito além disso. Para os que desejam consolidar tal rotina como uma profissão, o trabalho não é tão simples quanto parece. “Definitivamente não acontece de uma hora para a outra. No começo, eu ralava para fazer um vídeo aparentemente simples e o resultado me decepcionava. Ninguém dava bola. Cheguei a desistir algumas vezes, achava que não era para mim”, conta Whindersson Nunes, o jovem de 22 anos que ocupa o posto de youtuber número um do Brasil, com mais de 24 milhões de inscritos em seu canal. Em 2012, o piauiense resolveu se dar mais uma chance e postou em seu canal a paródia Alô, vó, tô reprovado, versão da música Alô, vó, tô estourado,, canção da banda Forró do Movimento. O hit ficou viral em questão de horas. “Tudo começou como brincadeira bem bolada e foi ficando sério, ficando mais profissional, e deu no que deu”, afirma. Resposta ao sucesso, ele foi considerado a pessoa mais influente do País no ano 2017 por uma pesquisa realizada pelo Google. “Minhas conquistas representam a minha vida, tudo o que eu gosto e acredito está na minha trajetória”, compar compartilha. Além de remakes bem humorados de músicas de sucesso, sua página é integrada por outros vídeos cômicos, em sua maioria relatando situações cotidianas pessoais. Com a visibilidade conquistada por meio dos vídeos, o sucesso de web celebrity muitas vezes rende convites para teatros, TV e cinema. Em 2017, Whindersson fez parte do elenco de protagonistas do filme Os Parças, ao lado de grandes nomes da TV, como Oscar Magrini, Tom Cavalcante, Tirullipa e Bruno de Luca. Antes
disso ele já havia feito uma participação no filme Os Penetras 22, que conta com Eduardo Sterblitch, Marcelo Adnet, Mariana Ximenes e outros youtubers. Há ainda boatos de um futuro filyoutubers me sobre a sua história de vida, mas ainda não há confirmações. Devido a popularidade, marcas ficam de olho e veem uma oportunidade de marketing. Assim, os negócios começam a ser feitos no meio digital e o dinheiro entra no jogo. Difícil quantificar em valores quanto os youtubers movimentam, porque pode chegar a milhões, dependendo do produto e do número de seguidores. O que se sabe é que a platafor plataforma se tornou uma forma rentável para quem faz e uma oportunidade para quem quer divulgar sua marca. Empresas passaram a criar estratégias de marketing voltadas exclusivamente para o Youtube e estão de olho naqueles que mais atraem fãs.
FELIPE NETO, O SENSATO insResponsável pelo terceiro canal com mais ins critos do Brasil, Felipe Neto, de 29 anos, conta que também começou a produzir vídeos sem gran grandes intenções. “Eu me filmava para os meus ami amigos e publicava no Youtube para eles assistirem, nesse formato de falar com a câmera, até que um dia viralizou. O canal veio com um personagem ácido na tentativa de fazer algo diferente. No co começo tive muita crítica, mas hoje sou bem menos
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polêmico”, lembra. Vídeos com opiniões que divergiam do pensamento popular marcaram o início da carreira de Felipe na Internet, o que rendeu uma onda de haters. Anos depois, ele voltou ao topo com conteúdos leves e divertidos, dedicados especialmente ao público infanto-juvenil. “A gente amadurece e felizmente as pessoas evoluem! Agora sigo numa linha sensata e coerente”, conta. Apesar do alcance, Felipe acredita que um criador de conteúdo não precisa necessariamente se limitar ao Youtube. Pensando assim, lançou em 2017 um aplicativo homônimo onde compartilha com seus fãs conteúdos exclusivos e independentes da plataforma de vídeos. “O aplicativo é o meu espaço. Faço o que quiser e falo o que eu quiser nele. O Youtube pode te limitar às vezes, por causa de patrocinadores, por exemplo”, entrega.
COMO CRIAR UM CONTEÚDO DE SUCESSO? Criatividade, humor, conteúdo diferenciado, boa performance… Como aprender a se portar diante uma gravação? Pensando nos “perrengues” enfrentados e nos aprendizados, Whindersson decidiu compartilhar sua experiência com as pessoas que desejam seguir seus passos. Em 2017, o youtuber criou o Curso do Whindersson, uma série de aulas sobre conteúdo para web. Como ainda é a primeira turma, não quantificou o número de aprendizes, mas já se sabe que ajudou muita gente. “Ouvia a recorrente pergunta, ‘Whindersson, como se faz sucesso na internet?’ e decidi compartilhar tudo com quem realmente deseja aprender”, conta. Para 2018 já há a previsão de uma segunda turma. Entre as cabeças por trás do projeto, está o publicitário e empresário brasiliense Leandro Neiva, de 32 anos, que trabalha com cursos online desde 2013. A ideia surgiu de uma conversa entre Leandro, Whindersson, a plataforma de educação online E-Gratitude e a Non Stop, empresa que trabalha diretamente com o creator. “É um curso de criação para internet, não apenas para o YouTube. Ensina a pessoa a se comunicar de uma maneira mais atrativa, independe da rede social ou da plataforma”, explica o sócio. Neiva conta que as 77 aulas são divididas em oito módulos: Fundamentos para Criação e Divulgação do seu
Trabalho, Criatividade, Humor, Gravação, Performance, Voz e Canto, Edição e Monetização. “O curso superou todas as expectativas. São muitos os relatos e histórias de sucesso já na primeira turma. Teve gente que dobrou o número de visualizações do canal, pessoas que conseguiram patrocínios grandes”, relata o empresário.
EM ASCENSÃO Entre os plays de sucesso do Youtube, novos canais crescem aos poucos na imensa plataforma. Como exemplo, as brasilienses Agda Carvalho, 28, do Negra e Estilosa, e Isabella Lopes, 28, à frente de uma conta homônima, são criadoras de conteúdo que vêm buscando estabilização no site. Por enquanto, cada uma conta com 3 e 6 mil inscritos respectivamente, mas a ideia é fazer esse número subir. “O foco dos meus vídeos é beleza negra. Busco incentivar o empoderamento de meninas negras por meio de um conteúdo light, como cuidados com cabelo e pele”, explica Agda. Ela confessa que não é uma tarefa fácil dividir seu tempo entre maternidade, faculdade, Youtube e Instagram – plataforma à qual, por enquanto, dedica-se prioritariamente. “Preciso seguir um cronograma, me organizar para equilibrar tudo isso. Mas pretendo me dedicar mais aos vídeos futuramente”, diz.
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DICIONÁRIO DO YOUTUBE
Do Instagram para o Youtube, Crossfit e Estilo de Vida é o tema do canal de Isabella e foi um dos primeiros a abordar assunto no Brasil. “Criei a página por vontade própria de poder falar e mostrar um pouco mais do meu dia a dia e compartilhar experiências. Tive um feedback legal dos meus seguidores do Instagram quando levantei a possibilidade de ter um canal”, lembra. Bella deixa claro que é um baita investimento manter-se ativa plataforma, mas que o retorno positivo dos seus inscritos é sempre um incentivo a mais. “É uma questão de construção e troca. O Youtube ainda não é minha principal fonte de renda, mas é algo que quero para o futuro”, conta.
RANKING YOUTUBERS BRASIL
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VLOG: É a abreviação de videoblog (vídeo + blog), e consiste, basicamente, em um lo filmado m e de textos e ima ens, um vlogger faz vídeo sobre o assunto que deseja. É o formato adotado pela maioria dos youtubers para montar seu conteúdo.
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VIEWS: É a contagem de visualizações de um vídeo. A visualização é uma métrica que permite a análise de desempenho de cada conteúdo postado.
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LIKE/GOSTEI: O botão de like/gostei é igual o “curtir” do Instagram ou Facebook. Porém, no Youtube, a quantidade de likes em um vídeo é importante para conquistar posições de ranking no site. Quanto mais curtidas, mais divulgado o vídeo será.
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SINO: É o ícone de um sininho localizado abaixo do vídeo. Ao ativá-lo você passa a receber um alerta em seu celular ou tablet a cada conteúdo postado pelo canal selecionado.
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INSCRITOS: São como assinantes do canal. O objetivo de um youtuber que busca sucesso é conquistar usuários que se inscrevam em seu canal e voltem para assistir ao conteúdo produzido. A quantidade de inscritos é uma métrica que re ete o n mero de pessoas que acompanham certo canal.
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TAG: Literalmente traduzida por “etiqueta”, a tag é utilizada como uma corrente feita por vários youtubers sobre um determinado assunto. Entre as mais famosas, está a “50 Fatos Sobre Mim”, na qual o youtuber grava um vídeo contando 50 curiosidades sobre a sua vida.
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FAQ: Termo presente na maiorias dos websites, FAQ (Frequent Ask Questions) si nifica, no outu e, uma em que o youtuber responde as perguntas mais frequentes feitas pelos seus inscritos.
(número de inscritos no Brasil)
1º Whindersson Nunes (mais de 24 milhões) 2º Canal Kondzilla (mais de 21 milhões) 3º Felipe Neto (mais de 15 milhões) 4º Canal Canalha – Júlio Cocielo (mais de 14 milhões) 5º Porta dos Fundos (mais de 13 milhões) 6º RezendeEvil (mais de 13 milhões) 7º AuthenticGames (mais de 11 milhões) 8º 5incominutos – Kéfera (mais de 10 milhões) 9º Canal Nostalgia – Felipe Castanhari (mais de 10 milhões) 10º Parafernalha (mais de 9 milhões) Fonte: atualizado em 15 de novembro pela plataforma Social Blade
AS COBIÇADAS “PLAQUINHAS” Assim que um criador de conteúdo do outu e se qualifica e ultrapassa um n mero relevante de inscritos, o canal é presenteado pela empresa com uma cobiçada “plaquinha” personalizada com seu nome. São três tipos de honraria: - Prêmio Prata: ao alcançar 100 mil inscritos - Prêmio Ouro: ao alcançar um milhão de inscritos - Prêmio Diamante: ao alcançar 10 milhões de inscritos
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SOCIAL
Isabella e Carlos Carpaneda
Luciano Antunes, Tessa Ferraz, Tatiana Januário, Isabella e Carlos Carpaneda, Margot Albuquerque e Diomédio Santos
LUXO NO PULSO Milena e Eduardo Godoy
A chegada do Panthére, icônico relógio feminino da Cartier, nas itrines da oal eria rasiliense rifit oi cele rada em festa na casa de Isabella e Carlos Carpaneda, que se transformou em uma França tropical, decorada por Valéria Leão. Recepcionados pelo trio Tatiana Januario, Margot Albuquerque e Diomedio Santos, os convidados puderam ver de perto a joia em bandejas carregadas por ilustres mensa eiros artier o final da experi ncia os in itados levaram para casa uma foto Polaroid, guardando para sempre a sensação do toque Cartier.
Vitor e Elisa Barreto
FOTOS: CELSO JUNIOR
In Loon Lim, Samir Nasr e Paulo Moraes
Eduardo Godoy, André Braga, Rogério Martins, Diomédio Santos e Eduardo Lira
Bruno Mello, Isabella Carpaneda, Juliana Sabino e Bruno Sellani
Isabela Lira e Flay Leite
Ana Luíza Favato, Luciana Cunha Campos e Karina Rosso
Elsinho e Anna Luísa Cascão
Sônia Lim, Anna Luísa Cascão, Margot Albuquerque, Eliane Nasr e Diana Moraes
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RETRANCA
Paróquia São João Batista no Quadrado em Trancoso
AMOR NO QUADRADO
O casal brasiliense Bruna Resende e Rafael Lacerda escolheram a Igreja São João Batista, em Trancoso, na Bahia, para celebrar a união. Após a cerimônia religiosa, os 320 convidados se uniram para a recepção na Pousada Segredos. Na décor, assinado por Valéria e o ittar e e eur ecora es, o tema Mar de Trancoso encantou os presentes com muitas ores ermel as e símbolos praianos, como conchinhas. FOTOS: FER CESAR FOTOGRAFIA
Homenagem aos noivos
Os noivos Vilma Moraes, Eugênio Lacerda, Tatiana Lacerda, Maria José Soares e Geoisa Soares 216 « entre GPSBrasília
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Bruno de Luca, Claudia Bittar, Luis de Luca, Valéria Bittar, Georgia e Luis Felipe de Luca
Diomédio Santos, Fabiano Cunha Campos, Guilherme Siqueira, Bruna Resende e Margot Albuquerque
Jordana Diniz, Paula Ferreira, Julia Barros, Larissa Amaral e Marcela
Nadia Yusuf, Manuella Cruz, Tatá Canhedo, Maria Victória Salomão
Jessica Neiva e Daniel Resende com os noivos
Cristiane Constantino Foresti, Cláudia Bittar, Fabiano Cunha Campos, Márcia Bittar e Luciana Cunha Campos
Bruna e sua mãe Aline Resende
Luciana Câmara, Raquel Jones, Ana Luíza Favato, Junia Souto Lilian Lima, Bruna Resende e Vivianne Piquet
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Cláudia Salomão e Paulo Uchôa
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RETRANCA
Anna Flavya Feitosa e Thiago Peleja se casam
Não faltou animação no casamento de Anna Flavia e Thiago Peleja, em Itacimirim. Cerca de 200 brasilienses desembarcaram na praia baiana. om decora o oral, os con idados tiveram uma noite agitada no luxuoso complexo de casas de frente para o mar, BBlue Beachouses, ao som das bandas Topera (Salvador), Paulo José (Fortaleza) e DJ Guga Guizeline (SP).
A noiva com seu pai Napoleão Feitosa
FOTOS: CELSO JUNIOR
UM CHARME DE CASAMENTO
Os noivos com Ivonete e Napoleão Feitosa Anna com seus pais Ivonete e Napoleão Feitosa
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RETRANCA
Mariana Graça Couto Miziara e Fábio Monteiro Ferreira
LOVE IS IN THE AIR Não teve quem não se encantou com a cerimônia de casamento de Mariana e Fábio, no Santuário Dom Bosco. O amor tomou conta dos 550 convidados, que depois seguiram para recepção na Villa Rizza. A noiva vestiu uma bela criação do estilista Paulo Araújo e beauty de Ricardo Maia. Com cerimonial de Marcelo Pimenta, a festa foi animada pela banda Sideral e adentrou a madrugada. Os presentes puderam levar para casa os bem-casados da Bem Sonhado.
Mariana e o pai Hélcio Luiz Miziara
Fábio Ferreira e Liza Ferreira
FOTOS: CELSO JUNIOR
Coral de crianças
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Os noivos e os convidados
Maria Fernanda Miziara
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SOCIAL
Vânia Santana e Ronaldo Barros
Suely Santana, os noivos e Maria de Lourdes Barros e Eluiso Silva
BÊNÇÃO INTIMISTA O casal Vânia Santana e Ronaldo Barros celebrou o amor no restaurante Oliver. Além da paella do restaurante, a festa contou com doces da Um Doce de Kaka, bolo Doce Dom, bem-casados Lalé e drinks Help!Bar. A décor foi da dupla Maristela e Maria Yvonne, com projeto de Viviane Lemos. A noiva usou modelo exclusivo assinado por Luisa Farani. Tudo sob a supervisão do cerimonialista elipe ar al o anima o ficou por conta do DJ PH Chaves e da banda Essência.
Os noivos entre Tábata Santana e Maria Luísa de Barros
FOTOS: CELSO JUNIOR
Celso Junior, Vânia Santana, Ronaldo Barros e Paula Santana s noi os ofici li m uni o
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RETRANCA
Deborah Toni e Felipe Rocha
PARAÍSO DO AMOR
Fernando de Noronha recebeu uma leva de brasilienses para o casamento de Deborah Toni e Felipe Rocha, na Igrejinha de Noronha. A Praia da Conceição foi decorada com plaquinhas personalizadas e a noiva estava deslumbrante, usando um Carolina Herrera restaurado por Paulo Araújo e com penteado romântico adornado com ores eito por i i orsale ator lo al ia o Martins animou a pista de dança, além dos beats agitados de Sax In The House e Thiago Hartman. FOTOS: CELSO JUNIOR
Deborah e o pai Deivi Toni
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A noiva com as madrinhas
Gabriela Daroit, Fernanda Leão, Marília Terra, Monya Jarjour, Priscila Bueno e Amanda Guerra
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RETRANCA
Virgílio Castro Cunha e Tânia Bulhões
NOVOS AROMAS
A marca Tânia Bulhões está de volta à cidade no Shopping Iguatemi em um soft opening em clima natalino. Bolos e doces por Juliana Inglês adoçaram a tarde, que também contou com as delícias do buffet Mangê e brindes de drinks por elp ar c arme fica por conta das louças, todas desenhadas por Tânia. As Limoges, com desenhos exclusivos da artista, são feitas especialmente para a marca e importadas diretamente da França pelo Grupo Bulhões. FOTOS: RODRIGO ZAGO
Iara Rocha e Alexandre Biancamano
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Valéria Bittar
Maura Mendes
Bruna Lima, Nathalia Salvio, Renata Antunes
Marcelo Chaves, Virgílio Castro Cunha, Isadora Campos, Clayton Camargos
Mayra e Luana Sarkis Berenice Cardoso, Sabrina Cardoso e Fernanda Rodrigues
Marcelo Pimenta, Cesar Serra e Tiago Correia
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Patrícia Garzen
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Mário Mendes e Marisa Berenson Marco Bizzarri
IGUATEMI TALKS Numa imersão com muito conteúdo, o JK Iguatemi, em São Paulo, reuniu profissionais do se mento para uma s rie de palestras, bate-papos, workshops, e mentorships sobre moda. Temas ligados às tendências de mercado e o futuro do setor como Social Fashion, Empoderamento da Mulher, Genderless, Design na Era da Social Midia. No comando, Carlos Jereissati Filho.
Giovanni Bianco, Joyce Pascowitch e Sabrina Sato
FOTOS: NICOLAS CALLIGARO
André Namitala, Paulo Borges, Erika Palomino e Rafael Varandas
Lilian Pacce
Carlos Jereissati Filho
Giovanni Bianco
Vídeo-conferência entre Virgil Abloh, Dennis riedm n e on t n in field
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Laura Ancona, Costanza Pascolato e Adriana Bozon
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OLHAR POR DUDA PORTELLA AMORIM
contatodudapa@gmail.com – @dudaportellaamorim
POP ART O Musée Maillol expõe um acervo de mais de 60 peças do Museu Whitney. Ali, estão trabalhos de grandes artistas, como Robert Raushenberg, Andy Warhol, e também as pinturas de Jim Dine e Roy Linschenstein. Um convite à arte americana no início dos anos at o final dos anos 70.
www.museemailol.fr
NATAL EM PARIS O must de Paris no Natal são as vitrines das lojas de departamento, como Le Printemps, Les Galeries Lafayette e Le Bon Marché. Dessa vez, em especial, mais de cem marionetes em movimento e objetos de desejo das marcas de luxo internacionais narram uma história de Natal para as crianças. Amo todas, mas em especial a da Printemps. A atriz Nicole Kidman participou da inauguração. Os artistas das vitrines são David Molière e o marionetista Jean-Claude Dehix. Imperdível. www.printemps.fr
RITUAL Nos cuidados diários, acho indispensável a limpeza do rosto e descobri recentemente a Água Micelar, da Bioderma, ótima para evitar os problemas mais comuns como oleosidade, acne, cravos e manchas. Passo todos os dias depois do sa onete de limpe a pele fica mais bonita e hidratada. www.bioderma.com.br
COMPRAS O mais famoso supermercado de luxo em Paris, La Grande picerie, que fica ao lado da e on arc em aint Germain des Prés, ganha um novo endereço. Em um espaço de três mil metros quadrados, onde funcionava a loja Franck & Fills, a Grand Épicerie rive droite, com o que há de melhor em matéria de produtos alimentícios, traiteurs, boulangerie, pâtisserie, boucherie e poissonnerie, com carnes de primeira, peixes frescos, doces e pães maravilhosos. Um lindo muro vegetal foi criado entre as vitrines da loja para já dar um tom do que se encontra lá dentro. La Grande Épicerie rive droite 80 Rue de Passy, 75016 Paris
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DE DENTRO PRA FORA Quando estou muito tempo em algum lugar, gosto de procurar fazer atividades locais. Esse é o clube de io a que requento em aris, tem aulas específicas de pilates e ioga, com professores feras e, de quebra, você ainda aprende um francês e faz amizades, um lugar que eu amo. www.letigreyoga.fr
CONFORTO Trabalho e lazer nunca caminharam tão juntos. A vida moderna exige conforto e praticidade, além de peças com acabamentos especiais. Foi com este foco que a Trousseau, marca conceituada no segmento de lifestyle, apresentou seu reposicionamento para a linha homewear. Rebatizada de Everywear, as roupas têm em seu DNA o conforto e versatilidade necessários para encarar o dia a dia. O foco da coleção é a praticidade das pessoas modernas, porque nós todas merecemos ficar elas em casa, ou mesmo confortáveis para sair! www.trousseau.com.br
NA PRATELEIRA PLIÉ Foi o ballet Don Quichotte que a Opéra de Paris escolheu para encerrar a temporada de om coreo rafia deslum rantes de Rudolf Noureev, cenário – que é na Espanha – de Alexandre eliae e fi urino mara il oso de lena i ina, sem d ida um grande momento do ballet contempor neo sica e iluminação estão perfeitas. O espetáculo tem duração de 2h50, em dois atos. Don Quichotte – Opéra de Paris Reservas pelo site www.operadeparis.fr
Para aquelas que, como eu, acreditam que é possível viver em um mundo melhor, começando de dentro pra fora, o livro A dieta da mente, de David Perlmutter, te ajuda a livrar-se das peças que pregamos em nós mesmos, desativar paradigmas antigos e criar novos. Vale muito a leitura.
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TETÊ COM ESTILO POR MARIA THEREZA LAUDARES mtlaudares@blogazine.com.br – @mtlaudares
BERLIM A MUDANÇA COMEÇOU COM A REUNIFICAÇÃO DA ALEMANHA E, AO LONGO DAS ÚLTIMAS DÉCADAS, BERLIM SE REVELOU PLENA DE POTENCIAL. OUSADA, VISIONÁRIA E EXPERIMENTAL, A CAPITAL ALEMÃ É HOJE UMA CIDADE QUE SOUBE SE REINVENTAR
DRINKS OUSADOS O Newton Bar rende homenagem ao lendário fotógrafo berlinense Helmut Newton. Inspirado nos antigos clubes masculinos, o ambiente é decorado com poltronas em couro e mesas de madeira escura. Nas paredes, imensas oto rafias das supermodels em poses provocantes registram a preferência pela sensualidade e erotismo do artista. Para os amantes de charuto, o piso superior revela ser o lugar ideal, com uma boa seleção vinda de Cuba e da República Dominicana. www.newton-bar.de
ILHA DE MUSEUS Conhecida como Museumsinsel, a ilha do rio Spree abriga um complexo de museus com inúmeros tesouros da história e da arte. Entre as obras, o busto da rainha egípcia Nefertiti, o altar de Pergamon e a coleção Schliemann originária da cidade de Tróia. Reserve um dia para explorar os 5 museus – Altes Museum, Neues Museum, Alte National Galerie, Bode Museum e o Pergamon Museum.
KADEWE Se fala Ca–dê–vê e é a maior loja de departamentos da Comunidade Econômica Europeia, um paraíso das compras. O mercado do luxo mundial está aqui distribuído em nove andares. O andar gourmet impressiona com iguarias do mundo inteiro e um time de 150 cozinheiros e padeiros para atender os restaurantes com mais de mil lugares. www.kadewe.de
www.museumsinsel-berlin.de
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LUXO DESCOLADO Referência de moda, a The Corner Berlin parece ser uma wishlist que saiu do papel e tornou-se realidade. A curadoria é única, recheada de peças conceito das marcas mais fashionistas da atualidade. Puro desejo!
MODA VISIONÁRIA Criada em 2003, a Konk trabalha com designers locais de estilo vanguardista. Moda local e independente é o objetivo da loja que comercializa moda criada e produzida na própria cidade, de acordo com os valores de sustentabilidade e respeito ao ambiente.
www.konk-berlin.de
www.thecornerberlin.de
STEAK STAR
ARTE QUE MARCA
À margem do rio Spree, no descolado bairro Mitte, o ambiente reúne estilo contemporâneo e atmosfera acolhedora. Considerado o restaurante mais querido das celebridades, o Grill Royal traz um cardápio conhecido por seu prato de ostras e cortes especiais de carne. Aqui a carne fica exposta em armários refrigerados ao lado das obras de arte que adornam as paredes.
A galeria Max Hetzler é referência quando se trata de olhar visionário na arte. Em 1988, Jeff Koons já fazia parte dos artistas representados. A galeria reafirma o perfil que a cidade imprime na arte: uma combinação de olhares sobre um mesmo horizonte. Considerando essa realidade, a galeria não procura uma escola ou um direcionamento específico, o que se vê são artistas de origens e gerações diversas.
www.grillroyal.com
www.maxhetzler.com
BALADA OBRIGATÓRIA A partir dos anos 90, Berlin se torna a capital da música eletrônica, destino certo para quem gosta de techno. Lenda da noite vibrante, o Tresor é o maior e mais respeitado clube da cidade. Tresor é também um selo de música e muitos DJs começaram suas carreiras aqui. Fundado em 1991 o clube é até hoje uma das baladas mais animadas da noite local. www.tresorberlin.com
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DIPLOMACIA
LAS MARAVILLAS DE MEXICO
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DESDE 1976, A EMBAIXADA DO MÉXICO REVELA POR MEIO DE BRASÍLIA SUA FORTE RELAÇÃO DE AMIZADE COM O BRASIL. SEM MUROS EM SUA ESTRUTURA, ASSINADA POR THEODORO GONÇALVES DE LEON, OS TRAÇOS MODERNISTAS EVIDENCIAM NO CONCRETO O LEGADO DAS GRANDES CIVILIZAÇÕES ESPANHOLAS POR PEDRO LIRA « FOTOS CELSO JÚNIOR
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T
equila, caveiras, pimenta e sombreiro. São muitos os símbolos que caracterizam a cultura mexicana. O país, cheio de costumes e história, é um dos aliados do Brasil na América Latina, não só nas áreas econômica e política, mas também turística. Para representar essa receptividade dos brasileiros aos mexicanos, a Embaixada do México em Brasília é a única da cidade que não possui muros. É possível ver da rua toda a fachada do prédio, assim como quem a visita tem vista privilegiada do Lago Paranoá. Localizada no Setor de Embaixadas Sul, ela se situa em um vasto terreno doado pelo governo brasileiro para fortalecer a sólida relação entre os países. São três grandes prédios que formam o complexo. A construção, inaugurada em 1976, na época em que o modernismo ditava a tendência da arquitetura, tanto no Brasil quanto no México, foi idealizada por Theodoro Gonçalves de Leon. O profissional, que faleceu em 2016, deixou seu legado em várias obras mundo afora, incluindo cinco embaixadas mexicanas. O México foi fundado pela primeira grande civilização da América Latina, os Olmeca. Não é de se surpreender que uma majestosa réplica da cabeça Olmeca receba os visitantes. A escultura exibe o orgulho da nação por seu passado, assim como a representação do escudo da bandeira. Segundo a história, os Mexicas, conhecidos como Astecas, foram os fundadores da Cidade do México. Os antigos, que migravam do norte para o sul, diziam que quando uma águia pousasse no icônico cacto Nepal, aquele seria o local sagrado para fincar raízes. Logo, a visão da águia, enviada pelos antigos deuses, tornou-se o símbolo nacional do país. As construções da embaixada são definidas pelo brutalismo, material exposto que recria as grandes civilizações pré-espanholas. As cores em tons de pedra expressiva remetem à cor do concreto e das antigas edificações. É um prédio moderno, mas conectado com o passado. O primeiro prédio, a chancelaria, é onde são resolvidos todos os trâmites diplomáticos, incluindo o vasto e arejado escritório do embaixador, Salvador Arriola. O local tem uma fachada de vidro, que dispensa o uso da iluminação artificial. Além disso, um grande mezanino gera sensação de amplitude e permite circulação natural do ar. Nada de ar-condicionado. Na decoração, obras de artistas contemporâneos, como Gilberto Rodrigues e Francisco Suni, representantes do modernismo artístico, que dialogam com o prédio. O acervo é uma cortesia do Instituto Nacional de Belas Artes Mexicanas. Outros itens expressivos são as tradicionais talaveras, peças de cerâmica protegidas culturalmente pelo país. Elas foram trazidas
da Espanha, mas hoje representam bem a estética mexicana, unindo cultura e história. Um dos destaques é a biblioteca particular da chancelaria. Os volumes abordam história, economia, sociologia, filosofia, literatura e política. Aberta ao público, o espaço abriga cerca de dez mil volumes. O segundo prédio é a residência oficial do embaixador. Apaixonado por Brasília, Salvador Arriola está em sua segunda missão no País. Apesar do ar sério, sempre esconde um sorriso no rosto e uma curiosa vontade de conversar.
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“Brasília é uma cidade extremamente prazerosa. Fora do meu escritório, sempre aproveito áreas verdes e os inúmeros pássaros e árvores do Cerrado”, diz. A paixão do mexicano se estende também aos brasileiros. “Eu conheço e admiro os brasileiros de muito tempo atrás. O nível de entendimento e amizade que nós mexicanos conseguimos com o povo do Brasil é altíssimo e quase imediato”, conta. Para ele, a profunda alegria de viver e o poderoso desejo de melhorar nossas realidades são as características que as duas nações têm
de similar. “Compartilhamos uma cultura e uma história que nos fazem duas sociedades com muito em comum.” Com vasto gramado, sombreado por um florido flamboyant vermelho, a mansão da Embaixada possui piscina e área de convivência. Sem muros que a isolam da chancelaria, o arquiteto usou o próprio declive do terreno para separar as estruturas, dando privacidade total ao casal de embaixadores. A terceira construção, que também é separada pela inclinação do solo, é um conjunto de sete moradias onde vivem os 12 diplomatas mexicanos. GPSBrasília « 237
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POVO FESTIVO Apesar da comunidade pequena em Brasília, a embaixada não deixa de celebrar as datas importantes do país. A maior delas, a Promoção Cultural do Dia Cívico, ou o El Grito, comemora no dia 16 de setembro a independência do país. Convidados tomam o gramado da residência oficial e festejam o feriado cívico. Outro queridinho dos mexicanos é o famoso Dia de Los Muertos, em 1o e 2 de novembro, que colore os jardins da residência com caveiras e símbolos do halloween. O país, apesar de ser majoritariamente católico, com 80% de cristãos, possui um forte sincretismo com os costumes antepassados. O antigo deus da morte, chamado Mitle, não representa o deus cristão. Para ele, a morte é sagrada e faz parte do ciclo da vida, não havendo castigo ou recompensa para as almas. As caveiras se tornaram então símbolo de alegria e figuras de festa. No turismo, o país recebeu cerca de 35 milhões de visitantes em 2016, número que espera ser superado neste ano. Para os brasileiros que procuram o destino,
até 180 dias de roteiro não necessitam visto, precisando apenas de comprovar renda e ter passagem de ida e volta. Calcula-se que a comunidade brasileira no México varie entre 12 e 14 mil pessoas, normalmente vinculadas a multinacionais brasileiras. Além das festividades, Arriola admite sentir falta da forte cultura. “Meus país é literalmente muito saudoso: desde a vibrante Cidade do México, uma capital rica em diversidade, até a tranquilidade dos chamados Vilarejos Mágicos, como San Miguel de Allende ou Taxco, sem deixar de mencionar a beleza das praias, tanto do Caribe como do Pacífico”, conta. Não são só os mexicanos que amam as belezas naturais. O México ocupa o quinto lugar no mundo e o primeiro das Américas em número de Patrimônios Mundiais da Unesco, com 31 lugares que receberam o título. Em 2007 foi o 10º país mais visitado do mundo, com 21,4 milhões de turistas internacionais. “A culinária merece menção especial. Foi reconhecida em 2013 como Patrimônio Cultural da Humanidade da Unesco. De tudo isso sinto muita falta”, diz o embaixador, saudoso.
ASCENSÃO O México é atualmente a segunda maior economia da América Latina, ficando atrás apenas do Brasil. As indústrias de petróleo, agricultura, finanças e turismo são a principal fonte de renda da nação, que vive da exportação de bens para outros países. A economia está fortemente ligada à sua parceria no Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA), especialmente os Estados Unidos. O México é o primeiro e único país latino-americano a ser incluído no World Government Bond Index ou WGBI, que lista as economias globais mais importantes que circulam títulos da dívida pública. Com população estimada de 119,5 milhões de habitantes, é o 11º país mais populoso do mundo, com renda média-alta consolidada. Para um mercado emergente, o México tem grande coleção de bilionários. Na lista de maiores economias do globo, ocupa a 11a posição, sendo uma das grandes apostas para os próximos anos. Com relação ao Brasil, o México está em processo de expansão de negociações. O Acordo de Complementação Econômica nº 53, firmado em 2002, está na sexta rodada para ampliação de produtos sem taxas. “Nossos países estão em um momento excelente de cooperação e diálogo político ao mais alto nível. O Ministro das Relações Exteriores do México, Luis Videgaray, acabou de vir a Brasília para um encontro com chanceler Aloysio Nunes”, conta Salvador.
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MÉXICO X EUA Já com o vizinho Estados Unidos, a situação não está das melhores. O NAFTA, Tratado de Livre Comércio da América do Norte, sofre risco de alteração com a gestão de Donald Trump. O novo governo norte-americano tem criticado o tratado, afirmando que os EUA estão em desvantagem comercial. O México e o Canadá acreditam que o tratado é bom, e seguem para a quarta rodada de negociações, defendendo a atual situação. Segundo o diplomata Rafael Barceló, o muro, apesar de estar em voga na mídia, não é uma preocupação. “Definitivamente não é um gesto amistoso, mas seria uma construção no território americano, logo não é da
conta do México”, diz. As impressões do embaixador Salvador também são pacíficas. “O México mantêm uma relação diplomática e política de amizade com todos os países, sempre prezando pelo diálogo”, comenta. O problema da imigração têm diminuído nos últimos anos, segundo Rafael Barceló, por conta de melhorias na economia. “As pessoas entram nos EUA por túneis e aviões, logo o muro não vai ajudar muito”. Apesar da forte resistência dos EUA ao México, a recíproca não é verdadeira. O México é o lar do maior número de cidadãos estadunidenses no exterior, o que representa 1% da população mexicana e 25% de todos os cidadãos norte-americanos no exterior. Segundo o professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Aninho Irachande Mucundramo, o muro faz parte de uma política retrógrada de Trump. “Acredito que o problema da imigração existe, mas pode ser enfrentado de outras maneiras. Trump faz uso de algo que chamamos de diversionismo político: ele cria discursos que exercem distração, para agilizar outras decisões de seu interesse”, acusa. O especialista acredita que o muro não é o objetivo do presidente dos Estados Unidos, mas, sim, alguma nova lei punitiva. “Ele pode criar uma lei muito dura e lançar um discurso pior. Sendo assim, as pessoas aceitam a ideia inicial”, explica. Embaixada do México Setor de Embaixadas Sul, quadra 805, lote 18, Brasília (DF) (61) 3244-1011 www.embamex.sre.gob.mx/brasil/
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A MEXICANA FRIDA KHALO COMPLETARIA 110 ANOS E AINDA HOJE INTRIGA E INSPIRA MULHERES PELA FORMA DENSA COM A QUAL ENFRENTOU SUAS DORES, TRANSFORMANDO-AS EM ARTE NUMA EXÓTICA PLÁSTICA. SUA BIOGRAFIA É NARRADA SOB FORMA DE AUTORRETRATOS POR
CAROLINE VILHENA
FRIDA K O
A OBRA DE SI MESMA
sofrimento e as paixões andaram de mãos dadas com a mexicana Frida Kahlo, que deixou para a humanidade não apenas um legado artístico, mas a história de sua própria vida como inspiração para muitas mulheres ao redor do mundo até os dias de hoje. Contraiu uma severa poliomielite na infância, sofreu um acidente grave, que quase lhe levou à morte, passou por 32 cirurgias e, não fosse o bastante, ainda aguentou muitos abortos espontâneos, que lhe causaram grande tristeza, pois – o que pouca gente sabe – sonhava em ser mãe.
Frida transformou sua dor em arte, e sua postura autêntica, que quebrava tabus e questionava padrões estéticos e morais de sua época, atrelada à sua grandíssima inteligência, despertavam o interesse dos homens por onde ela passava, tendo vivido, assim, grandes e intensas
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paixões. O escritor francês, poeta e teórico do surrealismo André Breton, o famoso intelectual marxista Trotsky, o pintor espanhol Pablo Picasso e o empresário norte-americano Rockefeller foram alguns de seus romances, além de esporádicas aventuras homossexuais. O grande amor de sua vida, porém, foi o pintor e muralista mexicano Diego Rivera, com quem se casou por duas vezes e teve um relacionamento bastante conturbado. “A dor, o prazer e a morte não são mais do que o processo da existência. A luta revolucionária, neste processo, é uma porta aberta à inteligência”, escreveu Frida em um de seus diários encontrados após sua morte. De suas muitas frases célebres, esta é uma que resume bem a história da artista, que nasceu há exatos 110 anos e parece nunca ter morrido. A imagem da mulher
Fotos: Divulgação
KHALO
com semblante sério, de sobrancelhas grossas e quase emendadas, com flores nos cabelos e muitas cores é vista frequentemente estampando roupas e objetos por todo o mundo. Magdalena Carmen Frida Kahlo Calderón é cada vez mais lembrada, empresta seu nome a instituições, inspira projetos de fortalecimento da mulher, e firma-se na história como ícone da causa feminista. Apesar de ter sido firme ao posicionar-se e declarar sua resistência contra a condição social das mulheres de seu tempo, sofreu com isso. Em um dos escritos encontrados depois de sua morte, lê-se: “Eu costumava pensar que era a pessoa mais estranha do mundo, mas então pensei, há muita gente no mundo, tem que existir alguém como eu, que se sinta bizarra e danificada da mesma forma que eu me sinto. Consigo imaginá-la, e imagino que ela também GPSBrasília « 241
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Grande parte da sua obra é composta por autorretratos
deve estar por aí, pensando em mim. Bom, eu espero que se você estiver por aí e ler isso, saiba que, sim, é verdade, eu estou aqui e sou tão estranha quanto você”. Frida era ativista do Partido Comunista e entendia que alguns assuntos considerados privados e pessoais da vida das mulheres deveriam ser tratados como políticos e públicos, e muitas vezes usou sua arte para denunciar as consequências trágicas da sociedade machista em que vivia. Uma de suas obras mais famosas, chamada Unos Cuantos Piquetitos (Uns Cortes Pequenos), retrata uma mulher em cima de uma cama, nua e ensanguentada, com um homem em pé ao lado, segurando uma faca. Historiadores acreditam que a imagem, de 1935, é uma denúncia da violência contra as mulheres e a condescendência da cultura machista em sua época. Para a psicóloga Thirza Reis, que trabalha com fortalecimento de mulheres, impressiona em Frida a forma como ela conseguiu traduzir em arte todo o caos que experimentou em várias esferas de sua vida pessoal. “A obra dela traz de forma muito autêntica todos os elementos das raízes de seu país, as referências indígenas do México, unindo tudo isso à dureza da vida que ela levou”, diz. A psicóloga lembra uma das frases mais célebres da artista, que afirmava: “Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, apenas minha própria realidade”. Para Thirza, quando se está diante de uma obra de Frida é possível compreender o que ela quis dizer. “A realidade é tão profunda que chega a ser literal e até infantil, às vezes, na forma como ela retrata seu sofrimento”, analisa.
FRASES DE FRIDA KAHLO “Amuralhar o próprio sofrimento é arriscar que ele te devore desde dentro.” “A beleza e a feiura são uma miragem, pois os outros sempre acabam vendo nosso interior.” “Há alguns que nascem com estrelas e outros com mais algumas, e mesmo que você não queira acreditar, nasci com constelações…” “Queria te dar tudo o que nunca teve, e nem assim você saberia a maravilha que é poder te querer.” “Pode-se inventar verbos? Quero inventar um: Eu te céu, assim minhas asas se tornam enormes para te amar sem medidas.”
VIDA SOFRIDA A poliomielite que lhe acometeu na infância deixou graves sequelas para Frida. Aos 18 anos, o ônibus em que estava se chocou com um bonde e, no acidente, Frida teve a coluna vertebral, as costelas, a perna esquerda e o osso pélvico quebrados, além de ferimentos graves no ombro esquerdo, na vagina e no pé direito, que posteriormente teve de ser amputado. Por causa do tempo de recuperação das 32 cirurgias a que foi submetida, ficou muito tempo sem poder levantar-se da cama e seus pais adaptaram um cavalete ao seu
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A Casa Azul, na Cidade do México, mantém viva a história de Frida
leito, onde aprendeu a pintar, primeiro deitada e depois sentada. Começou com uma série de autorretratos, muitos deles em que ela aparece sangrando, sofrendo ou em hospitais. “Eu me pinto porque eu fico muito tempo sozinha e eu sou a pessoa que me conheço melhor”, dizia. À época de seu primeiro casamento, Frida e Diego passaram uma temporada em Nova York e, ao voltarem ao México, em 1931, encomendaram duas casas ao arquiteto Juan O’Gorman, onde os dois viveriam separadamente, para que cada um tivesse seu próprio espaços artístico, mas conectados por uma ponte entre as duas edificações. O casal só viveu um ano nas casas, pois Frida surpreendeu Diego transando com sua irmã mais nova, Cristina, e deixou temporariamente o artista, voltando a viver na casa de sua família. Depois de alguns anos, os dois reataram o casamento, mas não retornaram às casas conectadas. Quando Frida morreu, Diego voltou à sua casa-estúdio, onde morou até o final de sua vida. Hoje as casas se transformaram no Museu Casa-Estúdio de Diego Rivera e Frida Kahlo, com alguns objetos dos artistas em exposição e aberto à visitação pública.
A MORTE Aos 47 anos, em 1954, Frida morreu de embolia pulmonar, mas há historiadores que sugerem a possibilidade de uma overdose de medicamentos, acidental ou não. As últimas palavras que ela escreveu em seu diário foram: “Espero que o fim seja alegre e espero nunca mais voltar”. Seu corpo foi cremado e suas cinzas ficaram na Casa Azul,
lugar onde ela morou primeiro com sua família e, depois, com Diego. Após sua morte, a Casa Azul foi transformada no Museu Frida Kahlo e recebe milhares de admiradores da artista. O acervo compreende principalmente pinturas de Frida e algumas poucas obras de Rivera. A artista pintava essencialmente autorretratos. Foram, ao todo, 55, cerca de um terço do seu trabalho. Suas principais obras são Autorretrato em Vestido de Veludo, pintado em 1926 como presente para seu namorado nos tempos de estudante, Alejandro Gómez Arias, e considerado o primeiro trabalho sério da artista; e As Duas Fridas, de 1939, em que duas versões da pintora aparecem uma ao lado da outra, diante de um fundo escuro e tempestuoso, com seus corações interligados por uma artéria. O coração da Frida vestida com trajes de gala está inteiro, porém fora do corpo, enquanto a outra, com roupas simples do dia a dia, tem o coração partido. Frida pintou também paisagens mortas e cenas imaginárias, quase sempre retratando seu sofrimento em diversos aspectos, como os inúmeros coletes ortopédicos. Quando encontrou Diego Rivera, Frida passou a usar cores mais fortes e vibrantes em suas obras, mas ainda mostrando seus abortos, dores, traições, o desejo pela maternidade, as muitas estadias em hospitais e as tragédias de sua vida. Seu trabalho é considerado uma autobiografia. As pinturas mais famosas da artista estão em acervos dos Estados Unidos ou em exposições itinerantes ao redor do mundo, como a mostra Frida Kahlo: conexões entre mulheres surrealistas no México, que reuniu 136 obras, entre pinturas, esculturas e fotografias, e esteve em cartaz no Brasil, incluindo Brasília, em 2016. Mas se estiver de passagem pela Cidade do México, vale a pena visitar a Casa Azul e conhecer o belo apanhado de obras de Frida e expandir seu conhecimento sobre sua arte. Museu Frida Kahlo (Casa Azul) Rua Londres 247, centro de Coyoacán, Cidade do México Aberto de terça a domingo, das 10h às 17h45 www.museofridakahlo.org.mx Museu Casa-Estúdio de Diego Rivera e Frida Kahlo Rua Diego Rivera 2, esquina com Altavista, bairro San Ángel, Cidade do México Aberto de terça a domingo, das 10h às 18h www.estudiodiegorivera.bellasartes.gob.mx
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DEVOÇÃO
A MORENITA VEM DO MÉXICO A PADROEIRA DOS LATINOS. A IMAGEM DE NOSSA SENHORA DE GUADALUPE GRAVADA NA ROUPA DE UM ÍNDIO HÁ QUASE 500 ANOS CONVENCE CIENTISTAS, ATRAI MILHÕES DE FIÉIS E OPERA MILAGRES MUNDO AFORA
Vitral na igreja em Brasília
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POR CAROLINE VILHENA
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Cheia de inseguranças, contou para poucas pessoas, e só com o passar do tempo foi acreditando que, dessa vez, tudo daria certo. Até que, aos sete meses, foi levada às pressas ao hospital, teve uma convulsão enquanto esperava pela internação, e precisou ser submetida a um parto de emergência. “O médico disse ao meu marido que ia interromper a gestação para me salvar, e se a Clara nascesse com vida seria lucro”. Clara nasceu no dia 27 de janeiro de 2015, plenamente saudável, ficou 45 dias na UTI neonatal apenas para ganhar peso e hoje é uma criança cheia de saúde. Para Carolina, tudo foi milagre de Nossa Senhora de Guadalupe. “Fui extremamente agraciada com as orações dos nossos amigos e familiares, hoje sei que para Deus nada é impossível e que o amor de Nossa Senhora por nós é infinito”, afirma. São muitos os relatos de graças recebidas por intercessão da “Morenita”, como chamam carinhosamente os mexicanos à sua padroeira, Nossa Senhora de Guadalupe. Sobretudo casos ligados à maternidade. Entre muitas outras curiosidades, a presença de uma flor de quatro pétalas na região do ventre, um símbolo asteca que significa “o lugar onde Deus habita”, chamou a atenção de estudiosos, que acreditam ser um indício de que a mulher da imagem está grávida. Além disso, ela usa ainda um cinto que faz um laço pouco acima da cintura, que era um sinal usado pelas mulheres indígenas para mostrarem a gravidez.
No mesmo dia, pela tarde, a mulher novamente veio ao encontro do índio e pediu-lhe que insistisse na missão dada por ela. Juan encontrou-se com o bispo mais uma vez, sem conseguir convencê-lo. O religioso pediu, então, uma prova. Pela terceira vez, Maria apareceu a Juan Diego e prometeu que lhe daria na manhã seguinte o sinal pedido. Mas Juan não voltou ao Tepeyac porque seu tio, Juan Bernardino, a quem ele muito amava, ficou gravemente doente. Dois dias depois, 12 de dezembro, o estado de saúde de Juan Bernardino piorou muito e Juan Diego saiu em direção à cidade em busca de ajuda. Quando chegou à colina, preferiu ir pelo lado oposto àquele por onde sempre passava, para evitar que a Virgem Maria o visse, já que tinha pressa em atender a seu tio. Mas ela veio a seu encontro e Juan, envergonhado, pediu-lhe desculpas por não ter ido no dia anterior. Ela lhe respondeu: “Ouça e compreenda, filho meu... O que é que te assusta e te aflige? Por acaso não estou eu aqui, que sou tua mãe? Não estás debaixo de meu manto? Que mais lhe falta? Não te aflijas com a enfermidade de teu tio, te asseguro que ele já está curado”. Ao ouvir de Maria estas palavras, Juan se tranquilizou. Ela orientou-o a subir até o topo da colina, onde encontraria diferentes rosas de Castilla, que ele deveria colher e colocar em seu ayate, uma espécie de poncho feito de tilma, um tecido de fibra vegetal confeccionado a partir do cacto agave maguey (típico da região). Deveria então levar as rosas ao bispo como o sinal que ele havia pedido. Era uma época do ano em que não nasciam rosas naquela região. Mesmo assim, Juan obedeceu e foi surpreendido por uma grande quantidade de rosas, que ele colheu e foi levar ao bispo. Ao chegar, desdobrou seu ayate e as rosas caíram ao chão. Foi, então, que todos viram, com grande assombro, a bela imagem de Nossa Senhora de Guadalupe estampada na roupa do índio.
A APARIÇÃO
ESTUDOS SOBRE A IMAGEM
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ra 2008. A brasiliense Carolina Araújo, 43 anos, descobriu sua primeira gestação no dia 12 de dezembro, dia de Nossa Senhora de Guadalupe, de quem é devota. Três meses depois, perdeu o bebê. “Começamos a tentar novamente; fui ao México em fevereiro de 2010 e pedi à Virgem, lá na basílica de Guadalupe, a graça de ser mãe”, conta. Ela engravidou outras duas vezes, mas perdeu novamente os bebês. Com a fé abalada e muitos questionamentos, Carolina decidiu fazer tratamento e, em junho de 2014, engravidou pela quarta vez.
Em dezembro de 1531, Juan Diego era um índio recém-convertido ao catolicismo. Certo dia, ia à catequese e participaria da missa, ao chegar à colina de Tepeyac, já próximo à Cidade do México, foi surpreendido por uma mulher envolta em um esplendor celestial, que lhe chamou pelo nome. Ela identificou-se como a “Imaculada Virgem Maria, Mãe do Verdadeiro Deus” e pediu a Juan que fosse ao encontro do bispo para pedir-lhe que construísse uma igreja no local da aparição. Juan seguiu suas instruções e foi recebido pelo frei Dom Juan de Zumárraga, que não acreditou na história.
Richard Kuhn, prêmio Nobel de Química, descobriu, ao examinar a peça, que a imagem revelada no ayate de Juan Diego não é pintura, porque não existe nela esboço ou marca de pincel, nem qualquer vestígio de corante, o que levou à conclusão de que ela não pode ter sido feita com materiais existentes na natureza ou fabricados pelo homem. Além disso, a fibra vegetal da tilma não dura mais do que 20 anos, embora, milagrosamente, o tecido com a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe já tenha quase 500 anos, sem nunca ter entrado em processo de decomposição. GPSBrasília « 245
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A Basílica Velha, uma das igrejas na Cidade do México
Em janeiro de 2001, o engenheiro peruano José Aste Tonsmman revelou os resultados de uma pesquisa de 20 anos em parceria com a NASA. Ao ampliarem os olhos de Maria 2.500 vezes, os estudiosos perceberam, dentro da Iris e da pupila, o reflexo de 13 pessoas, dentre elas o bispo, no momento da entrega das flores e da revelação da figura gravada no poncho. Descobriu-se, ainda, que as estrelas que aparecem na imagem, no manto da Virgem, estão na posição exata em que estavam no céu no dia em que a imagem apareceu na roupa de Juan Diego. Outra curiosidade é que, segundo o biofísico Phillip Callahan, da Universidade da Flórida, após uma análise do manto com uma tecnologia infravermelha, em 1979, percebeu-se que ele está sempre na mesma temperatura: entre 36,6 e 37 graus Celsius, exatamente a de uma pessoa viva.
PADROEIRA
O entra e sai de fiéis parece não ter fim. Todos os dias, peregrinos visitam a Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, na Cidade do México, e formam filas gigantescas para ver o tecido emoldurado com a imagem da Virgem. Muitos carregam rosas e parecem hipnotizados diante dela. Sua conservação desperta curiosidade: o tecido tem 486 anos – completados em 12 de dezembro – e já deveria ter se desfeito. Mas parece intacto. Católicos do mundo inteiro e também turistas lotam a igreja para ver de perto a imagem da padroeira do Mé-
xico e da América Latina. São cerca de 20 milhões de visitantes por ano, tendo se tornado o santuário católico mais visitado no mundo, atrás somente da Basílica de São Pedro, no Vaticano. São duas construções, uma ao lado da outra, erguidas no local da aparição da Virgem ao índio Juan Diego. O tecido está exposto na construção mais recente, chamada Basílica Nova, inaugurada 1976. Feita em formato de círculo, tem capacidade para dez mil pessoas sentadas. Com arquitetura moderna, é mais bonita por dentro, tem bandeiras de todos os países penduradas sobre o altar e lustres enormes que representam as flores do manto de Nossa Senhora. Atrás do altar está o tecido sagrado onde a imagem da Virgem de Guadalupe apareceu. É possível chegar bem perto. Devido ao grande número de visitantes, várias esteiras rolantes foram colocadas para evitar que alguém fique parado por muito tempo, mas não há limitação de quantas vezes um devoto pode passar por elas para admirar a santa. A antiga basílica é do Século XVI e, como foi construída em cima de um lago aterrado, o Lago de Texcoco, estava com sua estrutura comprometida. Chamada de Basílica Velha, tem um estilo barroco, mas, diferentemente da nova, esta tem mais beleza externa do que interna, com imagens e pequenos detalhes talhados em pedra presentes em sua fachada. Ainda é possível visitá-la, e é fácil notar como seu piso e suas paredes estão tortas. Apesar disso, o prédio não se encontra em risco
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O interior da Nova Basílica, no México, onde está a imagem original
de desabamento, e obras de restauração e reestruturação estão sendo feitas até hoje. Em visita ao Santuário em 1945, o Papa São Pio X declarou a Virgem de Guadalupe “Celestial Padroeira da América Latina”. Em 2002, o Papa João Paulo II canonizou o índio Juan Diego, para quem a Virgem apareceu, que tem sua festa comemorada no dia 9 de dezembro.
Em Brasília, a paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, localizada na Asa Sul, é administrada pelos membros do Movimento Regnum Christi e os sacerdotes da Legião de Cristo, congregação de origem mexicana que se estabeleceu no Brasil em 1985 e chegou à Capital dez anos depois, em 1995. O padre Oswaldo Verdín, de 45 anos, nasceu no México e vive em Brasília há cinco anos. Ele não vê diferença na devoção dos brasilienses à Virgem de Guadalupe em comparação com o que viu a vida inteira em sua terra natal: “Há mais coisas que assemelham o povo brasileiro ao povo mexicano, as duas nações são muito marianas, têm um carinho muito grande por Maria”. Na paróquia, todo dia 12 de cada mês são celebradas as Missas das Rosas, em honra a Nossa Senhora de Guadalupe. “Tenho visto acontecer verdadeiros milagres”, garante o padre. A igreja fica lotada e os fiéis levam rosas para oferecer à Virgem, em sua maioria mulheres, que querem agradecer ou esperam alcançar
A paróquia em Brasília
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DEVOÇÃO BRASILIENSE
a graça da maternidade. “Há também pessoas que não acreditavam e encontraram a fé em Deus por meio de Nossa Senhora de Guadalupe, sem contar as inúmeras graças e favores recebidos na área da saúde”, conta o padre; e completa: “É uma bênção ter uma paróquia aqui em Brasília dedicada à ela, que está sempre nos guardando e falando a todo momento para cada um de nós: ‘não estou eu aqui, que sou tua mãe?’”. Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe EQS 312/311, Asa Sul, Brasília (DF) www.paroquiadeguadalupe.com.br
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TURISMO
A PRINCESA DO PACÍFICO
ACOLHEDOR, O PRINCESS STAR, NAVIO QUE INTEGRA A FROTA DA CINQUENTENÁRIA COMPANHIA PRINCESS CRUISES, TORNA-SE O NEW DARLING DOS ADORADORES DE CRUZEIROS, POIS CONSEGUE AGREGAR LAZER PARA VÁRIAS GERAÇÕES EM AMBIENTE SOFISTICADO E AO MESMO TEMPO DESPRETENSIOSO POR PAULA SANTANA, ENVIADA ESPECIAL
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os Angeles – Um casal norte-americano de idade mediana dava início a mais um cruzeiro. Desta vez havia ganhado de presente do capitão uma visita ao seu ponto de comando, local de acesso restrito inclusive para a tripulação. Mas havia um notório motivo: ambos completavam naquele destino ao México a quinquagésima viagem a bordo de um navio. Neste mesmo roteiro, uma família numerosa celebrava os 80 anos da matriarca. Apaixonada por esse tipo de turismo, a senhora presenteou cada membro convidado com uma cabine. Eram facilmente identificados, pois vestiam-se com camisetas personalizadas que exibiam a foto da animada vovó. Ver jovens apaixonados ao fim da tarde no deck, bem abraçadinhos, sentindo a brisa outonal à despedida do sol, dava vontade de curtir uma segunda lua de mel em alto-mar. Pelas dependências, adolescentes pouco se veem, mas eles existem. Têm o seu espaço reservado, cujo aviso em letras garrafais na entrada anuncia: “Presença permitida entre 13 e 17 anos”. Pais não entram. Lá dentro, jogos reais e virtuais, picapes, lanchonete, pista de dança, bar de drinks fantasiosos. Um paraíso.
A vida num navio parece completa, quase urbana, só que no mar. Por vezes, é preciso olhar pelos largos vidros para lembrar-se do imenso, e sempre lindo, oceano pelo qual a embarcação avança na velocidade média de 20 km/h. São muitas as empresas de navios, geralmente classificadas por sofisticação, estilo e classe. Uma das mais premiadas no segmento é a Princess Cruise, companhia cinquentenária com 18 navios, que atracam em mais de 300 portos de todos os continentes. Há, inclusive, roteiros que duram até 104 noites. Uma dos dengos é o Princess Star, construído em 2002 e reformado em 2017. O Star agrada porque tem sofisticação na medida de sua descontração. Acolhe toda uma família. Diversas gerações. E dentro dessa cidade repleta de atrações cabem 2,6 mil passageiros. Os camarotes com varanda ou com vista são confortáveis e podem ser amplos, permitindo que o trânsito seja extremamente tranquilo, quebrando aquela sensação opressora de microespaços. Todos possuem as amenities dos hoteis de luxo em terra. A experiência em um navio começa no seu embarque, no porto. A tripulação é gentil e sorridente. O clima é, de fato, de lazer. Lá dentro, após ser guiado GPSBrasília « 249
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pelos hosts em torno dos infinitos corredores que dão acesso às suítes, onde se encontram todas as informações e até um daily sobre atividades do dia, todos são destinados para um lindo átrio chamado La Piazza de décor neoclássica, com mármores finos contracenando com muita madeira, tapetes felpudos de estampa nobre e detalhes dourados nos acabamentos. Ali é o coração da embarcação, onde inúmeras atividades divertidas ocorrem ao mesmo tempo em que encaminha os passageiros para a direção correta. Um navio é quase um condado, uma vila, uma cidadela vertical. São 17 pisos, começando do quarto andar. Os norte-americanos não numeram o 13 pavimento, então do 12 pula-se para o 14. O point onde tudo acontece chama-se Promenade, no sétimo andar, com os restaurantes, lounges e decks. Cassino, bares, pubs, wine bar, teatros, lojas, academia, spa, salão de beleza, boate ficam nos andares logo acima ou abaixo. Além das piscinas – coberta, private ou a céu aberto e sempre cercadas de Jacuzzis – um dos spots do navio é o Movies Under The Stars, o famoso cinema ao ar livre. Praticar atividades esportivas fora da equipada academia é outra atração à parte. O deck oferece pista de corrida e espaço para outras modalidades. Alimentar-se dignamente é uma exigência. Cumprida. Come-se muito bem no Stars. Funciona assim: um restaurante self service com iguarias variadas e frescas serve as três principais refeições, acompanhando chá ou água e deliciosas sobremesas. Ao longo do dia, um festival de pizzas, sorvetes, hambúrgueres, hot dogs, cookies. Faz parte do combo. Mas há ainda 12 bares e 10 restaurantes de gastronomia diversa, com excelente adega. Um dos mais disputados é o italiano Sabatini’s e o Crown Grill, especializado em carnes e frutos do mar. Dois celebrados nomes da gastronomia assinam o catering. O chef e restauranteur Curtis Stone e um dos melhores chocolatiers do mundo, Norman Love, da Chocolate Journeys. É, certamente, irresistível. Sem esquecer de citar o celebrado jantar com o capitão, onde todos se vestem de gala, degustam o menu, bebem bons vinhos, ao som do piano de cauda, e recebem os cumprimentos da pessoa mais importante do navio, no caso, um gentil italiano, Stefano Ravera. Criar experiências e dinamizar a agenda de entretenimento é sempre o desafio das companhias que têm o compromisso de manter passageiros entretidos e relaxados por seis dias, revezando com os desembarques nos portos inseridos no roteiro. A Princess Cruises se prepara para nova temporada de sua frota, cuja parceria com o compositor de musicais Stephen Schwartz, pre-
miado com Oscar®, Grammy® e Tony®, trará quatro produções originais, com supervisão de uma equipe da Broadway. E a primeira delas será o musical Magic To Do. Outra possibilidade atraente para os aficionados em celebrações em alto-mar são os casamentos. Em terra ou embarcado, uma equipe de cerimonial organiza tudo para o casal e convidados. Da décor na capela à festa, incluindo noite de núpcias. No Brasil, quem opera a frota do Princess é a Discover Cruises, empresa representante exclusiva das companhias de cruzeiro, como também Cunard Line, Holland America Line, Uniworld Boutique River Cruises e Hurtigruten. O Star Princess atua em várias costas. O destino feito pela equipe da GPS|Brasília dura seis noites. Sai de Los Angeles, Califórnia, rumo ao México, com parada em Cabo San Lucas. Trata-se daquela pontinha de terra californiana, banhada pelo mar do Pacífico, cujo desdobramento se dá na Riviera Mexicana. Mar de azul intenso, água fria e com muita história arraigada aos costumes e cultura do povo latino. rep rter i ou con ite d isco er ruises e m rt onsultori pela companhia United Air Lines
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os Cabos, México – Como classificar um resort de “o melhor do mundo” diante de tantas maravilhas dispersas e reveladas nos sete continentes? Por premiações, selos e certificados… todos documentos que o escalonam na rigorosa prestação de serviços neste delicado segmento. Mas o mais nobre critério de escolha vem do coração – da sensação, da experiência. Surge do depoimento de pessoas que de certa forma tiveram suas vidas transformadas naquele período. Investiram na possibilidade de poder vivenciar dias inesquecíveis, mesmo que eles tenham sido pueris, singelos. Mas revigorantes. Quando satisfeito, um hóspede torna o seu testemunho, a joia mais preciosa desse cenário. O Las Ventanas al Paraíso provoca essa reação espontânea. Na hora da partida, o choro vem fácil. Como é bom sentir-se importante, amado.
O Las Ventanas fica num cantinho super especial e bastante exclusivo da Riviera Mexicana. Escondidinho na península de Baja Califórnia, exatamente onde se dá o encontro das águas do Pacífico com o Mar de Cortês. É possível imaginar a imensidão azul que se funde entre céu e terra. Essa maravilha se situa em Los Cabos, cidade de vida mansa, com bom tráfego turístico e que abriga o maior número de resorts no país, tamanha a quantidade de praias desertas. É por lá que andam os milionários californianos desde 1950. De Los Angeles, o voo dura cerca de duas horas. O percurso até o resort é repleto de expectativa. Uma toalha banhada em ervas aromáticas e refrescantes, entregue no traslado a cada hóspede, dá o tom do que está por vir. Próximo à chegada, o percurso vai revelando
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a paisagem desértica belamente explorada em cactos e areia abundante e suculenta, que culminam numa imensa construção branca, mediterrânea, minimalista, de formas abauladas, típica da arquitetura local. Talvez até com ares das haciendas coloniais. O impacto da chegada é inevitável. A impressão é que naquele momento, entra-se numa outra dimensão. Num universo particular, onde só existirá você e suas vontades. Um shot de tequila e um trio de cordas, cantarolando músicas típicas anunciam as boas-vindas. O Las Ventanas integra o seleto casting de hotéis do aclamado Grupo Rosewood, que vinte anos atrás ergueu tal resort com o propósito de redefinir o conceito de personalização dos serviços hoteleiros. E isso aconteceu. Difícil descrever a forma como o hóspede é acolhido. É preciso ”experenciar”. Para tal relato, fatalmente antes da narrativa, virá um suspiro profundo e o cerrar dos olhos, seguido de um sorriso nostálgico. Quase uma paixonite. Inicialmente, um butler – mordomo – passa a ser o seu bom companheiro. Um Aladim que realiza desejos. 24h. Ao amanhecer, no horário marcado, ele espera o chamado à porta. Conforme a agenda combinada no dia anterior, prepara o desjejum saborosamente. Seja o que for. Ele sabe fazer. Abre as janelas, anuncia a temperatura, traz os jornais ou revistas solicitados no idioma desejado. Aperta o play do iPad com o set list adequado ao seu estilo. Na ausência, ele organiza os banhos aromatizantes, deixa a postos o “look do dia”, elenca o closet por cores. Nada, nunca, fica fora do lugar. Um pincel de maquiagem espalhado na pia? Não há chance. Para adormecer, em meio ao clássico ritual noturno, ele perfuma o ambiente,
o cerca de velas e ainda deixa a cada dia da estada, um presente diferente, com um bilhetinho. Dentre tantos, um kit luxo de amenities Bulgari, uma caixa de costura com linhas nos mesmos tons das suas peças. E as bonequinhas artesanais em cima da cama? Parece sonho. Mas sonho mesmo é o especial departamento de romance – um dos spots do resort, onde tudo o que se refere a casal é detalhadamente programado e realizado. Dormir sob as estrelas. “Sim, por que não?”. Show pirotécnico diante de um pedido ou declaração? “Claro”. Jantar numa praia deserta à luz de velas. “Imediatamente”. No Las Ventanas tudo é motivo para não sair do resort. Em geral, não há tempo, pois a dinâmica é slow, ou, até mesmo, vontade. Especialmente se a morada for uma das 12 villas, construídas há cerca de quatro anos. São casas equipadíssimas, com vista para o oceano, piscina infinita de ponta a ponta, com a máxima privacidade. Há as salas de banhos quente, de frente para o mar, ou frio, num jardim tropical semelhante a uma selva. Uma Jacuzzi morna fica acomodada dentro da piscina para a alternância de temperaturas. E se preferir relaxar assistindo algum filme solicitado, uma sala de cinema abriga tevê de 80 polegadas. Cada acomodação oferece artefatos confeccionados por artesãos mexicanos – incluindo quadros, almofadas, louças e até belíssimas cabeceiras de mosaico de azulejos coloridos ou móveis de madeira talhados esculpidos à mão. Tudo é preciosamente simples e acolhedor. As atividades são inúmeras. Há tendas privadas montadas na praia, lojinhas típicas, academia, aula de Yoga, partidas de golfe no deserto. Que aventura. Para desbravar o oceano, um yacht de 60 pés pode ser solicitado para
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o programa. No Mar de Cortês, um dos mais belos do mundo, por suas águas cristalinas, mergulha-se. Também se pesca no Las Ventanas. Todas as acomodações vêm equipadas por binóculos profissionais, amparados por tripé. Isso para ter o desfrute de assistir ao balé particular que as baleias fazem em frente à praia. Já o spa é um espaço de tratamento ao ar livre, embaixo de uma palapa em meio a flora e fauna do deserto. Todas as massagens têm rituais de cura, com menu holístico, envolvendo os quatro elementos. O lugar perfeito para esquecer a vida. Ah, não convém fazer dieta nos Las Ventanas. Mas não precisa. A comida é saborosa e levísisma, produzida com ingredientes enraizados aos costumes do país. A sensação é de estar em casa, comendo e cozinhando ao mesmo tempo. O chef Fabrice Guisset revela um profundo respeito pelas tradições culinárias. Inclusive, um dos programas imperdíveis é solicitar um jantar preparado pelo chef, durante aula de culinária particular. Os restaurantes estão integralmente incorporados à paisagem oceânica. Sentados, avista-se o mar, sente-se o frescor do vento. Os pratos são cozidos à lenha em forno de barro, temperados com azeites e ervas frescas produzidas no jardim do resort. O mesmo ocorre com os peixes, colhidos diariamente no Oceano Pacífico.
Diante de tantos sabores, sobrou um cantinho para as tequilas de agave azul? Então, prepare-se para degustar, com harmonização de ceviches, mais de 150 tequilas. Uma boa dinâmica é convocar um especialista a fazer um teste cego de gostos entre brancos, reposados, anejos e mescals. E ainda ao final poder solicitar que a bebida seja customizada de acordo com o seu paladar. Os dias no paraíso são assim… envolvidos pela natureza, permitindo que deserto e mar comunguem o mesmo espaço. Apenas esse fenômeno já poderia ser recebido como um presente divino. Mas, além disso, existe uma equipe altamente qualificada de 400 profissionais cuja missão primordial é refrigerar a alma, acalmar a mente, despertar emoções. Ofertar como desejo aquilo que ainda nem se sabe que almeja. Decifrar pensamentos, traduzir sonhos. E ainda permitir que o tempo não escorra pelas mãos. No Las Ventanas al Paraíso as coisas são feitas no seu tempo, ao seu modo e em torno de você. Um enorme privilégio. rep rter i ou con ite d @xmartviaja
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Las Ventanas al Paraíso, a Rosewood Resort n ose del o li orni ur e ico lasventanas@rosewoodhotels.com @lasventanasalparaiso
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UMA CASA ESPETACULAR A Ty Warner Mansion é o refúgio do resort e destinado a quem pode pagar diárias que começam com USD 30 mil, dependendo da temporada. Trata-se de uma belíssima casa de 2,6 mil metros quadrados, destinada a dois casais, mas que acomodam sete pessoas, além de convidados, pois um espaço como este merece ser desfrutado com festas, jantares e recepções. Além de um personal chef, os hóspedes contam com equipe de sete pessoas disponíveis 24h. O projeto é assinado pelo arquiteto Jorge Torres, com interior de Robert Couturier. A Mansão, como é chamada, inclui obras de arte, decorativas e têxteis selecionadas pessoal-
mente pelo proprietário Ty Warner, pesquisadas em Jalisco, Michoacán, Chiapas e Oaxaca ao longo de quatro anos. Uma verdadeira curadoria das raízes mexicanas. Na verdade, Ty é um multimilionário de Chicago, fabricante de brinquedos. Também é filantropo e atua no setor hoteleiro pontualmente. Sua assinatura está em locais peculiares e extremamente luxuosos no México e nos Estados Unidos. Sua relação com o Las Ventanas, o primeiro resort agraciado com o prêmio Five-Diamond, deu-se em 2004. m il t
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É chegada a época em que comer bem certamente estará associado a um componente de alegria. As festas do ano que entra ou o frescor das esperadas férias trazem a sensação da recompensa celebrativa. O ritual de ir a um bom restaurante ou encomendar algo saboroso para reunir-se à mesa de casa envolve gastronomia e a imensa engrenagem que esse mercado representa, especialmente nos últimos 15 anos, quando a culinária, de fato, ganhou o componente da experiência da degustação em torno de sabores, estilos e costumes. Chefs se tornaram personalidades, e devem mesmo ser tratados com a maior deferência ao exercerem sua arte criativa. Em meio a esse fenômeno, Brasília tornou-se o terceiro polo gastronômico do País, e veja que estamos falando de uma Capital com 57 anos de existência. Pesquisas indicam que 60% da população brasileira come fora. E a cada R$ 100 gastos com alimentação, R$ 30 destinam-se a estabelecimentos gastronômicos. Então, rendase ao eterno prazer de comer, saboreando. Nas páginas a seguir, casas de Brasília que se prepararam para a época em que o brasileiro quer, merecidamente, comer e beber com graça e leveza.
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ÚLTIMO SUSPIRO
Relógios IWC – preço sob consulta
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ANO 6 « Nº 18 « 2017
INÉDITO
FREIRAS QUE VIVEM RECLUSAS ABREM AS GRADES DO CLAUSTRO
VIDA REAL
Virgil Abloh, o porta-voz da nova geração, dá as cartas em Paris
CAUÃ REYMOND
# 18 / 2017
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DE PERDER O FÔLEGO
Ele é o cara. Em cena, em família ou no imaginário de seus fãs
TUDO OU NADA
PARQUE DA CIDADE CELEBRA 40 ANOS E PRECISA DA COMUNIDADE LAS VENTANAS
É NA RIVIERA MEXICANA QUE SE ENCONTRA O MELHOR HOTEL DO MUNDO
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