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ANO ANO55««Nº Nº14 14««2016 2016
MENTES MENTES BRILHANTES BRILHANTES AAUNIVERSIDADE UNIVERSIDADE DE DEBRASÍLIA BRASÍLIAEESUA SUA ROTINA ROTINAESTUDANTIL ESTUDANTIL
OS OS QUEIROZ QUEIROZ NO NOCEARÁ, CEARÁ,ABERTO ABERTO O OMAIOR MAIORACERVO ACERVO DE DEARTE ARTEDO DOPAÍS PAÍS
MURALISTA MURALISTA
LUIZ LUIZCOSTA, COSTA,O O ARTISTA CONTEMPORÂNEO CONTEMPORÂNEO DOS DOSMESTRES MESTRES
# 14 14 // 2016 2016 #
CLEO PIRES
CASADA CASADACOM COMAAVIDA VIDAEEDE DECASO CASOSÉRIO SÉRIOCOM COMSI SIMESMA MESMA
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Diretora de redação Paula Santana Editora-chefe Marcella Oliveira Coordenadora Andressa Furtado Reportagem Marina Macêdo, Pedro Lira e Raquel Jones Editora de criação Chica Magalhães E Celso Junior F Fernando Veler Produção e Projetos Karine Moreira Lima Colaboradores Bento Viana, Duda Portella Amorim, Giovanna Bembom, Larissa Duarte, Maria Thereza Laudares, Mariana Rosa, Mariza de Macêdo Soares, Maurício Lima, Nick Elmoor, Patrícia Justino, Patrícia Viana, Pedro Wolff, Rafaella Feliciano, Renato Martins, Sarah Campo Dall’Orto e Ueslei Marcelino
GPS|BRASÍLIA EDITORA LTDA.
Revisão Jorge Avelino de Souza
SÓCIOS-DIRETORES
Marketing e Relacionamento Guilherme Siqueira
RAFAEL BADRA rafaelbadra@gpsbrasilia.com.br
Comercial e Administrativo Rafael Badra
PAULA SANTANA paulasantana@gpsbrasilia.com.br
Contato Publicitário Adriana Chaves
GUILHERME SIQUEIRA guilhermesiqueira@gpsbrasilia.com.br
Tiragem 30 mil exemplares Circulação e Distribuição EDPRESS Transporte e Logística
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SHIS QI 05, bloco F, sala 122 Centro Comercial Gilberto Salomão CEP: 71615-560 Fone: (61) 3364-4512
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EQUIPE
Chica Magalhães
Andressa Furtado
Celso Junior
Marina Macêdo
Raquel Jones
Pedro Lira
Karine Moreira Lima
Fernando Veler
COLABORADORES
André Passos
Carol Almeida Prada
Mariana Rosa
Mariza de Macedo Soares
Flaminio Vicentini
Nick Elmoor
Larissa Duarte
Márcio Vicentini
Pedro Wolff
Rafaella Feliciano
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ANO 5 – Nº 14 – JUL AGO SET 2016
Cléo Pires veste Louis Vuitton. Fotografada por André Passos, com styling de Marcio Vicentini e Flaminio e beleza Carol Prada
20.
PAISAGEM URBANA
72.
OS ENCANTOS DA VILA
30.
A CIDADE DO SABER
76.
ME GUSTA COSTA DEL SOL
40.
HUGO RODAS
80.
TETÊ COM ESTILO POR MARIA THEREZA LAUDARES
46.
50.
58.
63.
68.
Nick Elmoor clica Brasília de nova perspectiva Universidade de Brasília completa 54 anos de história Teatrólogo fala sobre sua relação com a cidade
O AUTÊNTICO CANDANGO
Contos e causos do renomado muralista Luiz Costa
OS ILUMINADORES
Cinco ilustradores brasilienses, seus rabiscos e histórias
PÓS PUNK MAN
Philippe Seabra aos 50 anos celebra a Plebe Rude
REVELAÇÕES DE UM MAGO
Porto de Galinhas atrai turistas do Brasil e do mundo Andaluzia: lugar ao Sul da Espanha merece sua visita
Jornalista desvenda lugares imperdíveis em Londres
84.
BORBULHAS DE LUXO
86.
TEMPERATURA MÁXIMA
96.
SENTE O SOM
Diomédio Santos e Célio Freitas investem em champanheria Henrique Fogaça e suas habilidades além da cozinha Alok, o melhor DJ de house do País é da Capital Federal
J.R Duran abre o jogo sobre mulheres e beleza
100. É COISA NOSSA
PIRI DO MEU CORAÇÃO
108. A CASA EM ORDEM
Uma das cidades mais charmosas do País: Pirenópolis
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Artistas em busca do reconhecimento nacional Presidente da OAB/DF analisa o cenário político atual
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112. O TRABALHO, A JUSTIÇA E O EQUILÍBRIO
O escritório-boutique do advogado Paulo Todde
116. ARTIGO POR CELINA LEÃO
Presidente da Câmara Legislativa com Michel Temer
120. A FÓRMULA DO SUCESSO
Cartão BRB revela estratégias para driblar a crise
122. FISIOTERAPIA, UM BOM COMEÇO
Centro Sarah Brandão é focado no bemestar
126. OLHAR QUE REVELA
Clínica Oftalmed investe no tratamento de catarata
128. ARTIGO POR FAUSTO BERMEO
Cirurgião ressalta os cuidados na hora de fazer plástica
130. TREINADORA DE PRAZERES
Cátia Damasceno tira dúvidas sobre relacionamentos
160. CLEO PIRES, UMA MULHER ESPETACULOSA
A sensualidade da atriz que estampa a revista
178. MADE TO ORDER
Prada permite o cliente a confeccionar seu próprio sapato
180. FEITO DE CORAÇÃO
Jamile El Hajj traz originalidade com suas criações
184. O NOVO HOT SPOT
Patrícia Justino e Gabriela Pena comandam a Q.U.A.D.R.A
188. DELICADAMENTE ELEGANTE
Joalheira Cristina Pessoa é a darling das celebridades
196. O CHANCELER DA ARTE Airton Queiroz celebra 70 anos com exposição grandiosa
202. UM LABIRINTO DE IDEIAS Leandro Erlich surpreende com trabalho intrigante
206. O MELHOR DO MUNDO Conheça a trajetória do renomado designer Yves Béhar
210. ARTE SEM LIMITES OU FRONTEIRAS Trabalho do carioca Raul Mourão conquista Brasília
214. ARTE POR MAURÍCIO LIMA Bechara: tempo como matéria
216. OLHAR POR DUDA PORTELLA AMORIM Bate-papo com o norte-americano Eric Carlson
218. ENTRE NÓS POR PATRICIA JUSTINO
Trends do mercado pelo olhar criterioso da fashionista
232. A NOVA ONDA DA MODA As novidades da primeira edição do Rio Moda Rio
238. CARLINHOS DE SAMBA E LUZ Bailarino da MPB conta sobre sua relação com a música
242. O LADO BOM DA VIDA Empresário do entretenimento Duda Magalhães
246. COMO SERÁ O AMANHÃ? Uma rápida imersão no Museu do Amanhã
250. RIO, ENTRE O CÉU E O MAR Bento Viana mostra o Rio que você ainda não viu Burberry - R$ 10.495
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EDITORIAL
Paula Santana
Rafael Badra Guilherme Siqueira
RECOMEÇAR É PRECISO
A
cada edição fico mais convicta de que esta revista tem vida própria. Nós que a concebemos somos meros operadores de sua vontade. Como se ela soubesse o que é melhor para si mesma naquele momento. Pode parecer maluquice, mas, desta vez, o seu início, ou seja, a comissão de frente de tudo o que vem nas páginas a seguir, surgiu horas antes desse editorial ser escrito. Coisas do jornalismo. Sempre priorizamos começar por um tema relevante sobre nossa cidade. Tínhamos duas belas pautas nas mãos, mas nada que fosse tão contundente quanto as imagens de Nick Elmoor, fotógrafo que desviou seu olhar estético sobre Brasília ao se ver fisicamente debilitado. De sua doença, surgiram ângulos da Capital absolutamente densos e repletos de sobriedade – a nossa Brasília preta, cinza e branca, sem cor. Fomos impactados pelas fotos de Nick, pois quem aqui vive, vem sendo vitimado por esse desbotamento na alma diante de tantos sobressaltos provocados por nossa situação política e econômica. Obra fotográfica difícil de sentir, linda de ver. Daí, diante desses percalços, sentimos necessidade de saber tudo, ou mais, algo que nos aquiete, sem que percamos a lucidez dos fatos. Assim surgiu a vontade de vivenciar um pouco a rotina da UnB. Como os alunos pensadores, que conduzirão nossa Capital em alguns anos, usufruem de uma das mais relevantes universidades da América Latina. São cenas suspirantemente jovens. Falando em UnB, não podemos deixar de contar a história
de Hugo Rodas, um genial dramaturgo que optou por viver lá dentro, montando espetáculos fabulosos e formando atores expressivos. Mas a alegria, a alegria vem do Rio de Janeiro. Foi lá onde fomos buscar fôlego com imagens de Bento Viana e a cidade maravilhosa vista de cima; também a moda, que mostra o seu valor com o movimento Rio Moda Rio; e ainda a ginga de Carlinhos de Jesus, um dos coreógrafos da Olimpíada Rio 2016. Nesse humor, a nossa capa traz a mais empoderada carioca do País e embaixadora das Paralimpíadas. É Cleo Pires, que vive excelente fase pessoal, e cultiva um enorme apreço pelo Cerrado, local onde passa parte de seu tempo de descanso. Como Pirenópolis, a cidade na qual a atriz tem paixão, e que está estampada nas nossas páginas de turismo. E mais… estivemos com inúmeros artistas e os novos caminhos da arte contemporânea. Conhecemos o cearense Airton Queiroz, o maior colecionador de arte do País. E vamos falar de coisa séria? Então dá uma lida na conversa que tivemos com Juliano Costa Couto, presidente da OAB-DF. No mais, enquanto aguardamos dias melhores, nos recarregamos a cada dia do lindo céu de Brasília, que abraça ipês e flamboyants, fazendo-nos ter certeza de que viver aqui vale a pena.
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HORIZONTE
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REAPRENDER A CAMINHAR SOB POÇAS DE CHUVA TROUXE A NICK ELMOOR UMA NOVA ESCALA DE BRASÍLIA. COM CÂMERA DE CELULAR, O FOTÓGRAFO TRANSFORMOU SURPREENDENTE RELATO ESTÉTICO NO LIVRO ALÉM DA LINHA, QUE SUBVERTE COM SENSIBILIDADE O IMAGINÁRIO COTIDIANO DA NOSSA CAPITAL TEXTO E FOTOS NICK ELMOOR 22 « GPSBrasília
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ão era um caminho qualquer, não era simplesmente um deslocamento entre dois pontos, era muito mais do que isso. Era a chance de um recomeço. É incrível como temos diariamente novas oportunidades. A cada novo dia, adentramos em um corredor repleto de infinitas portas que podem nos levar a mil lugares e experiências diferentes, como um mapa cheio de novos caminhos. Às vezes
eu pergunto o que nos leva a ignorar novos percursos? Seria o medo do desconhecido? Seria preguiça de abandonarmos velhos hábitos? Essa não é uma dúvida exclusiva minha e não saberei responder, tampouco. Mas, uma coisa está clara, a vida sabe nos afrontar, nos questionar e exigir outros rumos. Há várias décadas decidi que meu caminhar seria dinâmico e não cairia na tentação de me acomodar. Entre GPSBrasília « 23
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tantas oportunidades e experiências que tive, acabei transformando um hobby de infância na minha profissão. A fotografia chegou numa noite de Natal, junto com uma Kodak Instamatic 33. Aos doze anos, começamos uma relação divertida e duradoura. Por quatro décadas estamos juntos. Com ela pude conhecer e viver mundo afora. Meio nômade, fui seguindo roteiros que surgiam, sempre em busca de novos destinos e fugindo sempre dos atalhos. Em 2009, minha capacidade de renovação foi testada. Depois de um ano profícuo em Toronto, durante uma viagem ao Brasil tive alguns problemas de saúde. Em três meses, perdi parte dos movimentos, vinte quilos e a fini-
tude se apresentou cheia de pompa. Em dezembro, recebi o diagnóstico de uma doença autoimune degenerativa e de um câncer com metástases no mediastino. O que se seguiu foi o esperado: cirurgia, UTI, quimioterapia, radioterapia, quimioterapia... Minha vida foi girando, girando, girando e um ano depois o circulo estava completo. Um sentimento imenso de gratidão tomou conta de mim. Não foi fácil e não gostaria de falar sobre essa parte, mas a certeza que tudo passa é o que importa. Não existe nada que seja eterno. Coisas que gostamos e coisas complicadas vêm e vão. Ninguém é mais coitadinho ou felizardo, nosso caminhar é único e somente nosso, cabe a nós
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mesmos decidirmos aonde queremos chegar e como nos defrontamos com percalços na jornada. Outro retorno a Brasília estava feito. Junto com minha família, decidimos aguardar o tempo necessário para depois pegarmos a estrada novamente. Em julho de 2014, descobri uma recidiva do meu tumor e que mais uma vez o chão iria tremer. Seguiu-se mais uma grande cirurgia e mais um tratamento oncológico, mais dor, mais incertezas e mais uma vez a chance de aprender. Caminhar para recuperar a capacidade de respirar bem foi um dos melhores remédios que me receitaram. Outro recomeço, na cidade que sempre me recebeu
muito bem e me adotou desde minha primeira chegada. Brasília, a cidade que nasceu de um sonho e que por muitos foi idealizada como o lugar onde nasceria um novo Brasil, por vezes se modificou de uma forma não tão bela. Ao contrário de uma semente de um País moderno, Brasília acabou “aprendendo” um pouco do País que ainda insiste em erros do passado. Porém Brasília também teve a chance de recomeçar. Meu reaprender a caminhar começou junto do período das chuvas da cidade, em 2015. O que eram pequenos passos na minha quadra, foram virando felizes excursões solitárias pela cidade. Na primeira manhã
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que consegui chegar à Esplanada dos Ministérios, fiquei maravilhado em rever conhecidos prédios. A escala monumental de Lucio Costa estava se reapresentando de forma espetacular. Poças de água da chuva beirando os meio fios refletiam o céu cheio de desenhos das nuvens e o ato de praticamente mergulhar meu telefone nas poças me trouxe novos e deslumbrantes reflexos. Lembrei-me de Alice, a personagem de Lewis Carroll, que imaginou como seria o mundo do outro lado
do espelho. Nesse dia, imaginei tudo ao contrário, uma nova vida cheia de energia e uma cidade que voltaria a ter a capacidade de nos dar “leite e mel”. Tudo estava ali, além na linha d’água. Não precisei pegar estradas para viver novas aventuras, não precisei rodar o mundo em busca dessas novas emoções. Bastou um novo olhar. As portas estão na nossa frente e devem ser abertas, sem medo do que vem pela frente. Sempre podemos ter boas surpresas.
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Tenho caminhado, literalmente, nesses dois anos e nesses dois períodos de chuva da cidade. Fiquei feliz demais com tudo que vi refletido por aí e pude guardar, com meu iPhone, no Instagram. Além da Linha, é a celebração disso tudo e é um pouco de muita coisa: fé, remédios, sonhos, recomeço, esperança, caminhadas, chuvas, espelhos, Alice, mapas, trilhas e a certeza de que podemos sempre tentar ver as coisas de maneiras diferentes. Além da Linha Brasília virou um livro, esse livro co-
meçou sua viagem mundo afora. Estou muito feliz com o retorno que tenho recebido. A série continua, em junho comecei o Além da Linha Mundo. Não preciso de muita coisa, basta uma poça d’água, um telefone, coragem de continuar buscando o novo, gratidão e certeza de que temos um fim. Porém, antes de ele chegar, podemos fazer muita coisa, é só querermos. erviço www.nickelmoor.com
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PATRIMÔNIO
A CIDADE DO SABER A ETERNA CASA DE DARCY RIBEIRO É AINDA A MECA INDAGADORA DA CAPITAL DA REPÚBLICA. EM MEIO À LUTA PARA MANTER A INTEGRIDADE FÍSICA, SUA ATMOSFERA INTELECTUAL PERMANECE. DA FORÇA DOS MOVIMENTOS ESTUDANTIS À CONGREGAÇÃO DE GRANDES DOCENTES, A UNB OSTENTA 98 CURSOS E FIGURA ENTRE AS DEZ MELHORES UNIVERSIDADES DA POR PEDRO WOLFF « FOTOS CELSO JUNIOR
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Universidade de Brasília (UnB) é agradável, culta e agregadora. Com seus belos prédios e suas imensas áreas verdes, é plural e grandiosa. Descrever assim a universidade não é exagero. Afinal, são quase 40 mil estudantes em graduação, outros cinco mil em mestrado e quase quatro mil em doutorado. Todos distribuídos em 98 cursos e quatro campi. São eles: Darcy Ribeiro, Gama, Planaltina, Ceilândia e Paranoá. Nesses lugares é onde se encontra a diversidade que a torna tão rica. Tem a UnB dos alunos que criam uma bicicleta que gera energia para carregar um celular ou robôs capazes de simular movimento dos répteis. Há ainda a universidade da excelência na produção artística ou aquela das disciplinas inusitadas, como Fundamentos da Produ-
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ção da Cerveja e que abre seus espaços para a comunidade em cursos de Cutelaria Artesanal ou Corpo, Voz e Violão. Muito bem conceituada em nível nacional, em 2015, a instituição recebeu nota cinco no Índice Geral de Cursos (IGC). O conceito tem como base os dados do ano anterior. Essa foi a primeira vez que a universidade alcançou nota máxima na avaliação do Inep/MEC, iniciada em 2007. E é considerada uma das dez melhores universidades da América Latina. Assim, o ranking da consultoria britânica Quacquarelli Symonds classifica a UnB. De 2012 a 2015, a instituição saltou 15 posições na avaliação. Ao avaliar 192 instituições de ensino superior brasileiras, o Ranking Universitário Folha (RUF) classificou a UnB como a nona melhor do País e a quarta melhor no critério ensino. A avaliação do Grupo Folha apontou, ainda, sete cursos da universidade entre o top cinco nacional: Arquitetura e Urbanismo, Ciências Contábeis, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia, Serviço Social e Sociologia. Com orçamento anual de R$ 1,7 bilhão, a UnB é administrada por sete decanatos: Administração; Pesquisa e Pós-Graduação; Assuntos Comunitários; Extensão; Ensino de Graduação; Gestão de Pessoas e Planejamento e Orçamento. Seu principal campus é o Darcy Ribeiro, localizado
na Asa Norte, com seus 505 mil metros quadrados de área construída. Só ele é composto por 26 institutos e faculdades e 21 centros de pesquisa. Hoje, o campus conta com cerca de 440 laboratórios e seis órgãos complementares, sendo eles a Biblioteca Central, Centro de Informática, Editora Universidade de Brasília, Fazenda Água Limpa, UnBTV e Hospital Universitário de Brasília e seis secretarias. Ainda há um hospital veterinário com duas unidades: uma de pequeno e outra de grande porte.
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Para atender à comunidade, há bancos, agência dos correios, posto de combustível, lojas de conveniência, barbearia, sapataria, papelarias, fotocopiadoras, livrarias, restaurantes e lanchonetes.
A UNB DAS PESSOAS A instituição não se resume a números e títulos. Seu epicentro é o Minhocão, apelido carinhoso para o Instituto Central de Ciências (ICC). Lá ocorre o dia a dia universitário, onde você pode ver a diversidade dos alunos no descanso entre uma aula e outra. Um ponto de vista muito especial desse vai e vem de pessoas pode ser contado pelo Gilson
Fernandes Queiroz, 58 anos. Ele que é proprietário da banca que leva seu nome no ICC Sul, instalada lá desde 1970. “A UnB é uma vivência que se aprende. As pessoas são maravilhosas, inteligentes, participativas. Aqui você se forma como um PHD para a vida”, afirma Gilson, que sente saudades dos velhos tempos. Época na qual havia uma vida cultural mais intensa, com a presença de artistas de peso, cantando para os alunos em praça pública, tais como Chico Buarque e Caetano Veloso. Ele faz algumas comparações dessa época com a atual. Primeiro que os movimentos estudantis eram mais focados na educação e na preocupação com a faculdade. “Muito também pelo contexto político da época. Era uma ditadura mesmo.
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Aqui não podia, por exemplo, reunir cinco alunos”, relembra. E ele é só elogios ao sistema de cotas. Hoje, 55% dos alunos da universidade são oriundos dela. “Antigamente era muito elitista. Eu mesmo no início fui contra, mas hoje percebo a mudança que faz na vida das pessoas que nunca conseguiriam entrar aqui. E já penso como isso irá influenciar até mesmo na criação dos filhos deles”, analisa. Gilson, que guarda excelentes memórias das pessoas que passaram por ali em quatro décadas, reclama, hoje, da falta de diálogo da reitoria com o resto da universidade. De acordo com ele, a UnB podia ser mais orgânica, no sentido da integração e livre diálogo entre reitor, funcionários, professores e alunos, de igual maneira como queria Darcy Ribeiro, que Gilson conheceu. “Ele era uma pessoa muito dinâmica. Voltado para a universidade, queria a UnB aberta a todos. Ele tinha uma visão mais ampla da circunstância e era muito comunicativo, coerente e aberto ao diálogo”, afirma.
A VILA DOS PROFESSORES E cravada dentro do campus Darcy Ribeiro há uma quadra residencial, a Colina. Ela nasceu junto com a UnB com os quatro primeiros prédios da chamada Colina Velha. Anos depois vieram mais seis da Colina Nova. Nessa quadra é onde moram os professores e funcionários da instituição, com exceção do último bloco construído, o K, que é habitado por estudantes em pós-graduação. No total, são 11 blocos. Alguns deles foram projetados pelo arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, e na época foram construídos com o objetivo de trazer e manter em Brasília professores de outras cidades. A primeira etapa da empreitada foi concluída na década de 1960 e a última em 1987. Diferentemente de outra quadra qualquer na Asa Norte, a Colina lembra um “interiorzão”, por conta de seu silêncio, do Cerrado aberto e pouca circulação de pessoas. E assim como uma cidade pequena também conta com sua pracinha feita à sombra de uma jaqueira localizada no entorno do único comércio existente no local, uma banca de revistas. Os horários de grande movimento são à hora do almoço e à tardinha. A proprietária da banca, Francisca Carvalho de Maciel, 52 anos, também está lá desde sua construção. Com 26 anos de casa, ela diz que as pessoas começaram a se
reunir há 15 anos, quando um professor de Agronomia cansado de reivindicar por uma melhor sala de aula começou a dar aula ali mesmo. A partir deste pontapé inicial, outros professores começaram a organizar um almoço dominical animado com direito a churrasco e rodas de violão. Foi nessa época que eles providenciaram britas e fizeram os banquinhos com madeiras das árvores da própria Colina. Hoje, a comunidade se reúne ali para almoçar, bater um papo, bebendo água de coco antes de subirem para suas casas. Mas nem tudo são flores. Muitas reclamações sobre as unidades funcionais ganharam as redes sociais meses atrás. É que, com o tempo, a Colina tem perdido seu aconchego. Blocos construídos na década de 60, como o A, B e o C, encontram-se com a pintura desbotada, infiltrações, fios expostos e elevadores quebrados, mesmo após as taxas de ocupação terem aumentado 400% nos últimos dois anos.
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A UNB DA ATIVIDADE FÍSICA Para a galera que não gosta de ficar parada, a universidade dispõe de Centro Olímpico (CO). Além da estrutura física, várias atividades de treinamento e integração social acontecem no espaço. Ele possui duas quadras poliesportivas, com iluminação e arquibancada. O ginásio abriga a parte administrativa do CO, os vestiários, a sala de musculação e fisioterapia, duas saunas, um auditório, salas de aula e o Laboratório de Aptidão Física. São seis quadras de basquete, quatro de vôlei, quatro de futebol de salão ou handebol, quatro de tênis, dois campos de futebol, sendo um iluminado, um campo de futebol de areia, além de uma pista de cross country com 2,5 mil metros de extensão. No parque aquático, três piscinas, sendo uma olímpica, uma semiolímpica e outra destinada a saltos ornamentais. Essas foram reinauguradas em 2015, após passarem nove anos interditadas. Ao contrário do Parque Aquático, uma das duas pistas de atletismo continua abandonada há pelo menos 16 anos. Quando você entra de carro na UnB, da avenida L4 dá para perceber o mato alto. Caminhando por lá, você encontra um material milionário importado da Itália parado há três anos. É o que seria destinado para a revitalização do espaço em um das tentativas de reativar o local. A pista está tomada pelo mato e há placas velhas de borracha amontoadas. Sobre a tão esperada revitalização da pista, o diretor
da gestão da infraestrutura da UnB, André Luiz Aquere, disse que agora só depende de um retorno do Ministério do Esporte para dar início a reforma, com um orçamento de R$ 8 milhões. Ele conta que a reitoria fez o último contato com o ministério em julho. Agora, a partir do momento que lançarem as licitações, deve-se esperar quatro meses para concluir o edital e pelo menos mais dez meses de obras.
UMA MOLDURA DE UMA SOCIEDADE Partindo da premissa de que o ambiente externo e as questões sociais são fatores determinantes na arquitetura, é possível fazer um paralelo dela com os contrastes vividos no Brasil à sua época. Inaugurada dois anos após Brasília, o nascimento da instituição foi protagonizado por Oscar Niemeyer, em 1961, quando começou a desenhar o Instituto Central de Ciências (o Minhocão). Esses desenhos foram feitos a partir de edificações térreas, rapidamente fabricadas. Oscar contou com o auxílio de João da Gama Filgueiras Lima, o Lelé, que inventou o sistema construtivo do minhocão, em grandes vigas de 32 metros de vão livre. GPSBrasília « 35
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Cabe ressaltar que a passagem de Oscar Niemeyer pela UnB foi considerada amarga por ele e que a instituição poderia ser completamente diferente do que é hoje. “Foi uma agressão sem precedentes à minha obra”, disse ele em entrevista à imprensa três anos antes de sua morte. O fato foi que, em 1965, houve uma demissão coletiva de 223 professores em protesto contra o regime militar. Oscar e sua equipe de arquitetos cariocas foram nesta leva. E assim ficou no papel o seu principal projeto para a universidade: a Praça Maior, que, com quatro grandes prédios, foi idealizada para preencher o vazio entre o Minhocão e o Lago Paranoá. Sobrando para a história um conjunto de 11 croquis e 50 esboços que ficaram longe dos olhos do público por quase meio século. Para entender um pouco mais sobre o contexto vivido no Brasil anos atrás, o arquiteto, urbanista e professor da Faculdade de Arquitetura de Urbanismo (FAU) Frederico Flósculo comenta que foi somente no governo de Jânio Quadros que a criação da UnB foi levada com seriedade. “Mas com arriscadas manobras de bastidores, pois Darcy Ribeiro, ministro de Jânio e seu primeiro reitor, era visto como ‘perigoso marxista’ por parlamentares conservadores. JK e Israel Pinheiro tendiam a aceitar uma universidade católica, não laica, pelo medo de uma eterna fonte de protestos”, explica. Vale ressaltar que essa efervescência política, temor dos governantes da época, atravessou as décadas de regime militar e perduram até hoje. Com uma simples pesquisa de internet é possível ver vários protestos das mais diferentes naturezas, como ocupações na reitoria, passando manifestações de cunho social político ou simplesmente por melhores condições de estudo. Ainda sobre esta agitação política ideológica, há temas que dividem os próprios alunos. É o caso do policiamento ostensivo da Policia Militar. Desde 2015, a universidade conta com a ronda realizada por policiais em bicicletas. Entretanto, existia uma divisão quanto à presença
destes profissionais no Campus. Eles reclamavam por não ser condizente a realidade acadêmica. No entanto, após o assassinato de uma estudante em março deste ano, a comunidade se mobilizou, e com o apoio da reitoria o policiamento ostensivo voltou a atuar no campus. Outra questão que incomoda os alunos é a necessidade de reforma de algumas instalações da universidade. O diretor da gestão de infraestrutura da UnB, André Luiz Aquere, responde que as reformas são programadas por meio de licitações. Algumas delas deveriam ter sido iniciadas no ano passado, mas não ocorreram por conta da greve de 2015. Ele declara que este ano será realizado a reforma do laboratório do Instituto de Humanas, o centro de primatologia da fazenda no Park Way, bem como a sala dos professores da Saúde. Ainda nesse segundo semestre se darão inicio as licitações para a reforma do laboratório de Saúde e Tecnologia. Flósculo vai mais além à questão de problemas da gestão da universidade com sua manutenção predial. Inicialmente cita que a instituição sofre embargos ambientais por conta de questões de drenagem e impermeabilização do solo. Flósculo declara, como exemplo, a inundação do ICC Norte por conta da água da chuva em 2011. “Nessa época
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a Oscar Niemeyer, porque assim o antropólogo teria mais chances de interferir e transformar o seu sonho em concreto. Atualmente, o prédio abriga todo o acervo do antropólogo e tem um anfiteatro dedicado à vivência, que para seu criador é “um encontro perfeito entre o sentimento e a razão”. Para Frederico Flósculo, Darcy estava totalmente certo em sua proposta: o Beijódromo como uma sugestão de mais espaços para os jovens expressarem seu amor, de sua intensidade – um lugar para beijar. “Os campi universitários devem ter muitos espaços para a juventude, para seu encontro, para os estudos, para as festas, para as danças, para as novas artes, para sua autoafirmação”, diz Flósculo.
A UNIVERSIDADE QUE PRODUZ ARTE
Gilson Fernandes Queiroz, 58 anos, proprietário da banca que leva seu nome no ICC Sul, desde 1970
eu fazia parte da agenda ambiental da UnB e havia solicitado uma vistoria do Corpo de Bombeiros que me foi negada”, denuncia. Ele afirma que há taxas de manutenção e que estes problemas foram se acumulando durante as gestões.
A UNB DE DARCY RIBEIRO A juventude predomina dentro da comunidade universitária e deve dar aos jovens um espaço repleto de boas experiências. O antropólogo Darcy Ribeiro tinha uma visão muito especial do que pretendia entregar aos mais novos quando idealizou sua última obra no campus, que carrega o seu nome. O Beijódromo, que, apesar de ter sido inaugurado em 2010, teve sua idealização em 1996, em uma reunião entre Darcy e o Lelé. Em entrevista à UnB Agência, o arquiteto contou que Darcy o escolheu para fazer o projeto do memorial, e não
E a universidade cumpre com o seu papel em promover cultura, convívio e bem-estar. Os destaques vão para o Festival Universitário de Música Candanga da UnB (FINCA), que movimenta a produção musical cultural da juventude brasiliense desde 1999. Outro projeto com o mesmo ano de criação, o Tubo de Ensaios, acontece quando o pessoal das Artes Cênicas realiza um misto de festa e galeria de arte, em que os convidados caminham e se deparam com performances inusitadas dos alunos. Não podemos esquecer os vários corais da UnB, que, a partir de 1982, dão oportunidades para as pessoas sem nenhum conhecimento musical aprender a cantar e presenteia o público com belas apresentações. Entretanto, nem tudo é lindo para quem trabalha dentro da instituição. Crítico, Frederico Flósculo, que foi autor do Plano Diretor Físico do Campus Darcy Ribeiro (1998), diz que Darcy Ribeiro estava totalmente certo em suas convicções para a comunidade universitária. Mas aponta que, na contramão de seu principal idealizador, a universidade não dá abertura ao experimentalismo universitário e que pecou em não ter projetado um Centro de Convenções, para abrigar grandes eventos científicos nacionais e mundiais. Há hoje apenas o seu maior anfiteatro, o Auditório 2 Candangos. “Eu mesmo participei do planejamento de um grande centro de convenções, no final dos anos 1990, para abrigar reuniões de 40 a 60 mil pessoas, assim como em uma nova tentativa no final dos anos 2000. Mas todas foram frustradas pelas limitações administrativas da própria universidade”, encerra. GPSBrasília « 37
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partamento de Engenharia Elétrica, no período de 1991 a 1993. Na Aneel, foi assessor da diretoria, de 1999 a 2002, período em que integrou a equipe responsável por gerenciar a crise energética enfrentada pelo País. De volta à Agência reguladora, de 2010 a 2012, assumiu a Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição. O professor aponta o pragmatismo como sua principal característica. “O respeito à diversidade, competência para a gestão e tomada de decisão são meus pontos fortes”, afirma. Ele considera a formação de Engenheiro também como um diferencial. “Acredito que contribui, para a função de reitor, uma visão típica da formação de engenheiro”. 1) Qual o balanço que o senhor dá para a universidade ho e? O Relatório de Gestão que acaba de ser divulgado mostra uma universidade ativa, com muitas conquistas, muita produção e devolvendo à sociedade quadros muito bem formados. Do ponto de vista administrativo, os maiores avanços foram o equilíbrio orçamentário e a regularização da força de trabalho. Temos uma universidade que pode pensar no futuro e que tem todas as condições de ser a melhor da América Latina.
BATE-PAPO COM O REITOR Vinculado à Universidade de Brasília desde 1978, quando entrou para a graduação em Engenharia Elétrica, Ivan Marques de Toledo Camargo é professor da instituição desde 1989. Mestre e doutor em Génie Éléctrique pelo Institut National Politechnique de Grenoble, na França, sua trajetória profissional inclui ainda a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Sua gestão foi do ano de 2012 até setembro deste ano, mas ele irá concorrer à reeleição ao cargo de Reitoria, com mais dois candidatos agora em setembro. Na UnB, foi decano de Ensino de Graduação, de 2003 a 2005; coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, entre 1996 e 1998; e chefe do De-
2) Qual o legado que o senhor pretende deixar para a UnB de sua gestão? Quem deixa legado são os reitores excepcionais, como Darcy Ribeiro, Cristovam Buarque ou Lauro Morhy. O que eu espero deixar é a UnB mais organizada, onde a comunidade acadêmica tenha a oportunidade de mostrar o seu brilho. 3) Quais as dicas que o senhor dá a um aluno que ingressa hoje na Universidade? Aproveite o seu tempo de aluno. Lembro que essa foi a melhor época da minha vida, quando conheci os meus melhores amigos, conheci minha mulher e construí a base da minha carreira profissional. A universidade é muito mais do que a sala de aula. É, também, espaço de arte, cultura e esporte. Os maiores intelectuais do mundo vêm a Brasília e usam o espaço da nossa UnB para passar a sua mensagem. É uma oportunidade imperdível.
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Alexandre Tombini, 52 anos, economista, foi presidente do Banco Central entre 2011 e 2016. Formou-se em Economia
Glória Perez, novelista vencedora do Emmy Internacional, autora de novelas como Salve Jorge, América, Caminho das Índias e O Clone. Formou-se em Direito.
Ana Paula Padrão, 50 anos. Jornalista e apresentadora de tevê, formou-se em Jornalismo pela Universidade de Brasília
Maria Paula Fidalgo, 45 anos, atriz e apresentadora de tevê. Fez mestrado em Psicologia
PERSONAGENS DA UNB A UnB continua como o eterno modelo do universitário que deveríamos ser: corajosos, desprendidos, criativos, intelectualmente brilhantes, protagonistas de nossas vidas inovadoras. E ao longo de sua história, a universidade formou alunos que tiveram notoriedade no cenário brasileiro. A GPS|Brasília selecionou algumas dessas personalidades:
Roberto de Figueiredo Caldas, 54 anos, Juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Formou-se em Direito e fez mestrado em Direito Público
Ellen Oléria, 33 anos, cantora. Graduou-se em Artes Cênicas
Marlui Nóbrega Miranda, 66 anos, cantora e pesquisadora da cultura indígena brasileira. Formou-se em Arquitetura
Hamilton de Holanda, 40 anos, bandolinista e compositor, é bacharel em Composição
Gilmar Mendes, 60 anos, ministro do Supremo Tribunal Federal. Formou-se em Direito
Joaquim Barbosa, 61 anos, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal. Formou-se em Direito.
Tizuka Yamasaki, 67 anos, cineasta, diretora de filmes como Lua de Cristal e Gaijin – Os Caminhos da Liberdade. Formou-se em Arquitetura
Juliano Cazarré, 35 anos, ator brasileiro. Formou-se em Artes Cênicas
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Ney Rosauro, 63 anos, compositor e GPSBrasília percussionista ormou se em sica
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H HUGO O MAIS GENIAL TEATRÓLOGO DE BRASÍLIA É UM URUGUAIO QUE CRIOU E MANTÉM VIVA A DRAMATURGIA LOCAL, APESAR DO ÊXODO DE GRANDES ARTISTAS FORMADOS POR ELE POR MARIANA ROSA
RODAS
CULTURA
F
alar sobre um artista como Hugo Rodas é um desa desafio. O teatrólogo é um daqueles gênios indomáveis: transborda talento, ousadia e repulsa rótulos a res respeito da sua inteligência inata. Admirado pela sagacidade com a qual transforma os palcos em intensa poesia, o ar artista é humilde ao falar sobre os 41 anos – dos atuais 77 de idade – dedicados à Capital Federal, ao teatro e à vida. Hugo Renato Rodas Giusto figura como principal nome do teatro brasiliense. Entre incontáveis feitos: mudou a cena cultural da cidade, enviou talentos para o resto do País, criou companhias de arte, reformulou o Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Bra Brasília (UnB). “Eu sempre lutei por essa cidade. Se você não consegue amar esse horizonte, esse céu, você está perdido e isso não faz sentido”, pondera. Entre as premiações recebidas, destaque para a mais imponente honraria da academia: professor emérito da UnB. O primeiro professor de Artes Cênicas, da história da mesuniversidade a receber tal reconhecimento. Hoje, o mes tre jubilado mantém a veia artística escrevendo um livro.
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PERSONALIDADE Ainda no Uruguai, o teatrólogo iniciou a faculdade de Medicina, trocou para Odontologia, especializou-se em próteses dentárias e chegou a exercer o ofício na cidade natal. Não demorou muito, mudou-se para Montevidéu e na cidade se encontrou ao fazer o que sempre desejou a vida inteira: o teatro. “Porque eu sou louco e apaixonado por tudo que se move e é vivo”, emociona-se ao afirmar isso. A risada de Hugo Rodas é alta, forte e sincera. Ele diz algo com o semblante sério, mas, de repente, solta a maior gargalhada. Impossível não rir junto. Por outro lado, o artista revela ter sofrido muito. Por ser absolutamente extremo: “Meu Deus do céu! Sai de perto. Até eu saía de perto de mim (risos)”, brinca. Felizmente, agora “eu não me aflijo nunca. Jamais. Quando cheguei a Brasília, passei a dominar meu lado negativo e ao mesmo tempo deixá-lo aflorar no trabalho para manter a intensidade”.
Diego Bresani
Não uma autobiografia, por considerar pretensão absoluta tal feito, e, sim, contos que narrem de forma descontraída suas histórias mais saborosas. Reserva outra parte do tempo, atendendo convites para avaliar bancas acadêmicas. Sente-se útil ao fazer algo realmente bom ao colaborar com o trabalho da nova geração. Hugo é natural de Juan Lacaze – cidade com menos de 13 mil habitantes ao Sul do Uruguai –, porém, é tão apaixonado pelo Distrito Federal que seus olhos brilham quando fala sobre o assunto. Ao elogiar a terra que o acolheu, o dramaturgo também lamenta por aquela que poderia ser um exemplo de tudo e manter-se com um paraíso eterno. “E a culpa de Brasília estar caótica é minha. Se é para arrumar um culpado, sempre o primeiro culpado é você, porque você deixou, preferiu omitir-se. Você vive em um paraíso e não o aproveita direito. Precisamos nos respeitar mais. Ninguém pode ser ignorante hoje, só é ignorante quem quer”, analisa.
7x rodas
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Fotos: Diego Bresani
RETRANCA
Hugo e Juliano Cazarré Boleros
Hugo e Antonio Abujamra 7x rodas
Outro tópico que rendeu muito assunto surgiu de uma pergunta simples: “O senhor já foi ou é casado?”. A resposta começou pelo “senhor”. O entrevistado pediu à repórter que não usasse esse pronome de tratamento. “O senhor está no céu”, retrucou. “Como prefere ser chamado?”, questionei. “Hugo está bom”. “Ok!”, concordei. Na sequência, revela ter vivido com algumas pessoas, mas casar-se nunca. Classifica casamento como as relações que viraram amizades eternas ao longo dos seus 77 anos. Daí em diante, o teatrólogo faz um belo discurso sobre “engavetar-se”. A palavra, no sentido utilizado pelo artista, define-se como inclinar-se sexualmente para um ou outro lado: “Eu jamais me engavetei. Não consegui dizer se sou homo ou heterossexual. Nunca me impus regras ou repressão. Sempre acreditei e vivia o que significava o amor ou a paixão naquele momento”.
DRAMATURGIA Voltando ao assunto do teatro, naquela manhã foi possível perceber uma melancolia no olhar do diretor ao falar sobre o seu maior sonho para o teatro da Capital. Ele, realmente, gostaria que as pessoas acreditassem na existência
do teatro brasiliense. De que os artistas não precisassem migrar para Rio de Janeiro ou São Paulo. “A única coisa que eu invejo como os companheiros do Grupo Galpão (companhia de teatro mineira originária do teatro de rua, fundada em 1982 e ainda em atividade) foi a possibilidade que tiveram de ficar 30 anos com o mesmo grupo. As pessoas sonham em sair de Brasília. Eu sonho em ficar aqui. Trabalho para essa realidade. Se eu tivesse o mesmo elenco que eu tive há duas décadas, teríamos um avanço impressionante.” Enquanto isso, torce pelo teatro brasiliense firmar-se no circuito. Orgulha-se de grupos como Setebelos, G7 e Melhores do Mundo, pois todos, em algum momento de suas trajetórias, tiveram a oportunidade de ser orientados por Hugo.
LAR, DOCE LAR O apartamento do artista na Colina é o paraíso para ele. Apesar do movimento das quadras do Eixo Norte, considera morar no conjunto de prédios habitacionais da UnB como se estivesse sozinho em uma fazenda. “Acho que é a única maneira, para mim, de viver sozinho. O que não quer dizer que eu sou infeliz quando vivo com outra pessoa. Eu sou tremendamente feliz, sempre”, conta.
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PRÊMIOS E HONRARIAS •
Do alto do quarto andar, pela longa varanda do apartamento ainda é possível ver o Lago Paranoá. Hugo conta que, quando se mudou, as árvores eram pequenas e dava para ver o Lago inteiro, há mais de 30 anos. “Na época, ninguém imaginava, urbanamente, que as árvores cresceriam tanto e ultrapassariam os prédios de três andares das quadras 400”. Aprendeu com a religião a necessidade de rituais. Ao acordar, a primeira coisa que faz é arrumar a cama. O quarto fica sempre intacto. São sempre três almofadas em cada sofá. O artista possui uma disciplina visual enorme, importante para manter o equilíbrio ao definir-se como alguém “muito doido” e assumir que um ambiente bagunçado significaria aumentar “a desordem enorme que é a minha cabeça”. O portunhol puxado e as ideias velozes de Hugo confundem os ouvidos. Ele mesmo assume essa característica. “Eu me perco com facilidade. Dificilmente estarei num foco só. Eu estou te olhando e pensando no quadro atrás de você, lembrando de uma memória. Vejo tudo como um filme que vem rápido a minha cabeça. Meus atores já sabem... Um dia faço uma coisa, no outro faço outra”, confessa mais essa particularidade com a sinceridade ímpar e típica da genialidade.
Professor emérito da UnB (2014); II Prêmio Sesc de Teatro Candango, por O Rinoceronte (2005); Cidadão Honorário de Brasília (2000); a a t Brasília (1993); a a t Cultural do DF (1991); Título de notório saber em Artes Cênicas, pela UnB (1990); Prêmio Shell de Melhor Direção, por Doroteia (1977); Prêmio do Serviço Nacional do Teatro, por Os Saltimbancos (1977)
PARCERIAS E COLETIVOS •
Grupo Pitú Teatro Brasileiro de Comédia (TBC); Universitário Candango (Tucan); Agrupação Teatral Amacaca (ATA); Irmãos Campana; Diretores Antonio Abujamra e José Celso Martinez Corrêa
ALGUMAS PEÇAS São João Sem Nome (1976), de Oswaldo Montenegro; t a (1996), de Nelson Rodrigues; O Inspetor Geral (2006), de Gogol; Os Demônios (2006), de Dostoiévski; Carícias (2007), de Sergey; Belbel Hamleto (2009), de Giovanni Testori
ALUNOS E ARTISTAS •
Que Horas Ela Volta; Mariana Nunes, a Blandinha da minissérie Liberdade, Liberdade; Rosanna Viegas, da série Supermax; Chico Sant’Anna, produtor do festival Cena Contemporânea; o global Murilo Grossi; o premiado João Campos; Fernanda Rocha do documentário O Último Cine Drive-In; Adriana Lodi do longa a a as t .
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OBRAS
O AUTÊNTICO CANDANGO
Acervo do Supremo Tribunal Federal
Maquete Onze Juízes
ADMIRADO POR ATHOS BULCÃO, LUIZ COSTA É O GRANDE MURALISTA DO PAÍS. DA VIDA DURA NO VALE DO JEQUITINHONHA, ELE VEIO ZELAR POR OBRAS DE ARTISTAS E TORNOU-SE UM DELES POR RAQUEL JONES « FOTOS CELSO JUNIOR 46 « GPSBrasília
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Carroceiro
Lambe-lambe Fotos: Acervo do Sup
remo Tribunal Federal
em ao lado da residência de veraneio do presidente do Brasil, a conhecida Granja do Torto, mora numa casa de muro sem portão um Comendador da República. Ele não é político, não tem cargo público, não possui função administrativa, mas ajudou a construir o futuro intelectual da Capital do País. Luiz Costa é um dos maiores nomes do construtivismo brasileiro. Nascido na Serra dos Aimorés, filho do meio de 12 irmãos, conheceu cedo as mazelas do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Em Brasília, sucumbiu à arte e com coragem decidiu viver dela, encorajado por seus mentores: Athos Bulcão e Alfredo Volpi. À espreita da porta, ele nos espera para a entrevista, de jaleco sujo de tinta, e se revela um típico pintor. Com 61 anos, mantém-se o mesmo apaixonado pela forma, pela cor e pelos grandes mestres. Aguardava-nos com um livro na mão e nem bem esperou que nos sentássemos para começar a declamar poemas de Henri Matisse. “Grande coisa é o amor, é um bem imensamente grande, o único capaz de tornar leve o que é pesado, e suportar com igual alento o que é desigual, porque transporta o peso sem que seja um fardo e torna saboroso e doce o que é amar”, disse. Luiz Costa aparenta se perder nas palavras. Parecem ter brotado de sua mente. O amor sempre esteve presente em sua obra. E O Candango, sua mais notória obra, se tornou sua marca registrada, assim como as mulatas de Di Cavalcanti ou as bandeirinhas de Volpi. Muitas vezes O Candango incorpora personagens e surge como Lampião e Maria Bonita. Mas podem ser ele e Conceição ali encarnados, sua companheira há mais de 40 anos e mãe de seus dois filhos: Luís e Marina. “Avistei Ceicinha numa parada de ônibus. Desconcertado por sua beleza, peguei um pedaço de fósforo molhado, risquei num papel o meu telefone e entreguei a ela. Amor à primeira vista”, recorda. Foi nos braços de Ceicinha que Luiz Costa encontrou o apoio para pintar. Ao longo do percurso, deparou-se com figuras que o encorajaram a seguir adiante, como Darcy Ribeiro a Fernando Henrique Cardoso, grandes entusiastas do artista. Mas como não ser? O jovem que começou limpando quadros numa galeria de arte da cidade é hoje o maior muralista vivo em volume de obras do Brasil. GPSBrasília « 47
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A CARREIRA Um garoto que adorava colecionar revistinhas em quadrinhos e trocá-las na porta das matinês. Luiz Costa tinha os olhos curiosos, mas aprendeu a ler tarde, aos 12 anos. “Depois de grande, percebi que falava diferente dos outros meninos. Eles diziam: ‘Deixa eu ver se esta revistinha eu já li’. Eu dizia: ‘Deixa eu ver se esta revistinha eu já vi”’, relata com a destreza de um mineiro contador de história. “A linguagem visual tomou conta da minha pequena intelectualidade antes de tudo”, rememora o artista autodidata, que só estudou até a quarta série do primário. “Nunca me esqueci do primeiro livro que ganhei. Pedi para lerem o que estava escrito na capa e me disseram: Picasso para Colorir”. Aos 13 anos, o menino pegou um ônibus rumo a Brasília, junto com sua família, em busca de uma vida melhor. Foi a primeira vez que calçou um sapato e viu o asfalto deslizando sobre o Planalto Central. Dormiu ao relento, fez bicos para ganhar dinheiro. Mas por obra do destino acabou caindo no endereço que foi a porta de entrada para o seu futuro na vida: a galeria Oscar Seraphico. “Se Brasília conheceu Volpi, Di Cavalcanti, Waldemar Cordeiro, Francisco Rebolo, foi Seraphico quem os trouxe. Era um homem polido, oficial de chancelaria, viajava o mundo e filtrou muita coisa”, destaca. Luiz Costa trabalhava na conservação do espaço. Tirava com cuidado a poeira sobre os quadros, limpava com carinho as molduras, sempre admirando cada obra. Conviveu com todos eles. Lá, costuma dizer que fechou a boca, abriu os olhos e arregalou os ouvidos. Sua astúcia o fez elo entre colecionadores, pintores e o próprio Oscar. “Era menino novo e levava cafezinho para os artistas. Ouvia muito sobre suas histórias”, lembra. Mas a vida tem suas idiossincrasias. O menino zelador se revelou um dos maiores muralistas do País. “Athos Bulcão elegeu Luiz Costa o artista plástico que mais representou a cidade em sua geração”, endossa Celina Kaufman, curadora de arte e representante do artista na sua galeria Art & Art Galeria, no Lago Sul.
O início da carreira de pintor contradiz a cronologia de um artista. Poderia ser uma história lida de trás para frente. Costa começou ganhando prêmios. Enquanto trabalhava na galeria, pintava, seguindo a orientação dos artistas. Dali surgiam retratos e paisagens. “Primeiro você tem que ter a natureza das formas em mente, antes de criar algo”, diz. Autocrítico, o pintor sentia vergonha de mostrar o que fazia. A saída foi inscrever-se no primeiro salão – data de 1981. As primeiras pinceladas no prêmio lhe renderam de imediato o primeiro lugar no Salão das Cidades Satélites, ao pintar a Igreja de São Sebastião, no Gama. Em seguida, ganhou o primeiro lugar no Salão do Centro-Oeste, com a Igreja Nossa Senhora de Fátima, da Asa Sul. Ao total, 34 prêmios ao longo da sua trajetória. O momento crucial na carreira aconteceu em 1987 com o Salão Nacional de Brasília. Na mesa dos jurados, nada menos que Olivio Tavares, Athos Bulcão e Gracie Maria de Freitas, professores da Universidade de Brasília. Todos lhe concederam o primeiro lugar. Foi a partir daí que Athos Bulcão passou a ser um expectador de sua obra. “O mestre tem faro. Muita gente começou a pintar naquela época, mas ele percebeu que o tempo passava e eu seguia, vivendo da minha obra. Alguns desistiam para tornar-se servidores públicos. E eu fiquei ali, convivendo com figuras como Alfredo Ceschiatti”. Construtivista, Luiz Costa consagrou-se pela forma puramente plástica e linear. Técnica do movimento Bauhaus, a escola dos modernistas. “O alicerce da minha obra é Brasília. Eu sou construtivista. Sou admirador do pintor uruguaio Torres Garcia, que é o pai dessa linha na América Latina. No Brasil, temos artistas como Volpi e o maior muralista do mundo moderno, que foi Athos Bulcão. Não tive como fugir”, complementa. Do tempo da efervescência cultural na qual viveu Brasília, Costa lamenta o fim dos salões. O último foi o que o premiou, com o voto minerva de Bulcão, cujo encontro se deu inesperadamente momentos antes no corredor. “Ele olhou bem nos meus olhos como se dissesse: ‘Meu voto
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será seu’”, recorda. E emenda: “Em nosso último contato, ele já estava bem debilitado. Foi triste vê-lo”. Ao falar de morte, Darcy Ribeiro entra no cerne da conversa. Certa vez, o antropólogo, político e fundador da UnB, disse que estava com medo de morrer. Luiz Costa o aconselhou a não temer, pois ele já havia deixado um legado inenarrável. Ribeiro, que já era Senador na época, rebateu: “Troco meu passado pelo seu futuro”. O pintor chegou até ele a pedido de Vera Brant, uma dama da sociedade, amiga de intelectuais que promovia a cena cultural da Capital. Ribeiro queria um quadro que Costa havia pintado para a embaixada da Espanha, em homenagem os 500 anos da América. A obra ficou no escritório de Ribeiro até a sua morte. O pintor fala com modéstia, mas os títulos que carrega endossam o seu talento. O primeiro prêmio internacional foi no Salão da Bulgaria, com uma fase chamada Engravatados, inspirada na Brasília executiva. Foi dali que surgiu o Candango, seu maior trunfo, pois, na pintura, um dos feitos mais difíceis é desfigurar a figura humana. “Aos poucos, ela foi se diluindo, ficando terna, serena, restando só a poesia” acrescenta. Em 1999, ele recebeu a Ordem do Mérito Cultural, por intermédio do ex-governador de Brasília Joaquim Roriz. Em 2002, Luiz Costa recebeu das mãos do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso o título de Comendador da República. “Esses dois homens colocaram a medalha no meu peito”, enfatiza. As premiações não param. Recebeu o título de Cidadão Honorário de Brasília pela Câmara Legislativa do DF e o título Cervantino de Honor pela Espanha. Sua obra está no Supremo Tribunal Federal, no Instituto de Cultura Hispânica, no Museu de Arte de Brasília, em prédios comerciais, como o América Office Tower, no Setor Comercial Sul; no prédio Paulo Octavio, no Setor Comercial Norte; no Edifício Number One; e no escritório de Advocacia Barros e Barreto. Há, ainda, uma infinidade de murais, quadros menores, pequenas gravuras, esculturas em metal em seu ateliê. Ultimamente, tem pintado animais gigantes que um dia desaparecerão, como o elefante e a baleia. O artista sempre viveu de sua obra. Não fez fortuna, mas graduou dois filhos: uma em Letras na Universidade de Brasília (UnB) e outro em carreira pública no Tesouro Nacional. Costa ainda deu para a mãe, com 91 anos, uma casa, conforme promessa de tempos atrás. “Certa vez, estava reclamando de dinheiro com um amigo e ele me disse uma coisa interessante: ‘Luiz, rico você já é. Você só não é endinheirado”’, relembra, rindo de si mesmo.
Luiz ao lado da mulher, Conceição, em seu ateliê
A BIBLIOTECA “Lembro quando Darcy Ribeiro comentou comigo que as pessoas não estavam passando para frente o conhecimento. Por isso ele trouxe nomes como Glênio Bianchetti e Rubem Valentim para dar aula na UnB”, conta. Naquele tempo, Brasília, que era a síntese do Brasil, desconhecia livros sobre arte brasileira. “A pintura, especialmente, era pouco reproduzida. Começou timidamente na década de 1980”, contextualiza. Hoje, a biblioteca de Luiz guarda dez mil volumes sobre o tema. Ficou cerca de 25 anos mirradinha, até chegar do Rio Grande do Sul o procurador Ricardo Vieira Orsi. “Ricardo começou visitando o ateliê para comprar arte. A conselho do seu pai, frequentava o ambiente de trabalho do artista, porque sabia que ali conseguiria as melhores obras. Certo dia, avistou a biblioteca e perguntou se poderia ajudar. Foi muito bem-vindo”, conta Costa. Ainda hoje, a cada viagem que faz, Orsi traz livros para doar. Na biblioteca, Luiz Costa dá palestras para crianças de escolas públicas e particulares. “Começo perguntando a elas o que é mais sagrado no planeta. Elas ficam um tempo pensativas e eu digo: ‘É a mãe. Depois, o pai, a professora e o coleguinha que está ao lado’”. De fala mansa e olhar que sorri, ele dá enredo à sua história, sem compromisso com o tempo. E reflete, tal qual o regionalismo do conterrâneo Guimarães Rosa, a mítica da realidade: “Falo muito para Ceicinha uma coisa que absorvi dos mestres. Vamos envelhecer longe da malícia e perto da inocência. Para não sermos seres duros, nem perdermos a graça da vida”, diz o artista que em seguida oferece um cafezinho com pão de queijo. Assim são os grandes mestres. Vivem da simplicidade, o mais próximo degrau da sabedoria. GPSBrasília « 49
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TÉCNICA, DESIGN E TECNOLOGIA AMPLIAM O UNIVERSO DE ILUSTRADORES BRASILIENSES, QUE COMEÇAM A CONSOLIDAR SEUS DESENHOS E A GANHAR RECONHECIMENTO DO MERCADO, COMO ARTE ACESSÍVEL E DECORATIVA POR RAFAELLA FELICIANO « FOTOS CELSO JUNIOR
uma folha qualquer eu desenho um sol amarelo…”, mas nem sempre com cinco ou seis retas pode ser possível fazer um castelo. É verdade que se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel, num instante um artista é capaz de imaginar um universo lírico de imagens, tais quais as musicadas por Toquinho ao compor Aquarela. Ao lado de Vinícius de Moraes, ambos compuseram uma obra-prima da Bossa Nova. É possível que eles tenham tocado o coração de artistas atuais. Por que não? Na letra, qualquer traço riscado naquele papel branco se transformaria em algo encantador, como num passe de mágica. Difícil não se emocionar. Mais ainda não usar o enredo para dar sentido à vida. Tal qual a história de cinco artistas brasilienses. Toys Daniel, Mikael Guedes, Rodrigo Nardotto, Rafael Hildebrand e Paulo Amaro, com um simples compasso e num círculo, fizeram da arte o seu mundo. E descobriram que, ali logo em frente, o futuro estaria. Em aeronaves que eles tentam pilotar, driblando o desafio de viver para ilustrar. A música data os anos 80, mas a prática do desenhar para se comunicar não parou de evoluir desde a antiguidade e seus precursores, os egípcios. Na idade média, os já credenciados como artistas passaram a ser chamados de iluminadores. Eles embelezavam os manuscritos. Com a popularização desses profissionais, eles se transformaram em ilustradores. A história se encarrega de sequenciar seus ícones. De Leonardo Da Vinci a Norman Rockwell, ou, recentemente, Alan Lee, de O Senhor dos Anéis. No Brasil, Nina Pandolfo é famosa por suas delicadas bonecas de olhar de expressivo. Atualmente, técnica, design e tecnologia vêm se agrupando ao talento de tantos. O trabalho do ilustrador evolui a cada dia. Não está apenas em jornais e livros como outrora. Videogames, cenários de cinema, animação compõem as possibilidades. O que o diferencia dos demais colegas de trabalho? A sua obra não é criada para museus ou galerias somente, e, sim, para a comunicação de massa. São inúmeras as vertentes de atuação. Além do mercado editorial e publicitário, há as histórias em quadrinhos (HQ). Tem também a ilustração científica e o segmento de animação, cinema e games, story-board e shooting-board, concept art. Sem esquecer os clássicos xilogravuras, nanquim e litogravura. GPSBrasília « 51
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TRAÇOS DE BRASÍLIA Aos 43 anos, o brasiliense Rodrigo Figueira Nardotto costuma dizer que é artista desde menino, mas, só depois de adulto, “permitiu ao menino ser artista”. Apaixonado pela Capital Federal possui séries encantadoras sobre a beleza de Brasília, como os ipês e o céu azul da cidade. “Adoro a luz de Brasília. Nasci e fui criado aqui, debaixo desse céu magnífico, que chega a compensar a falta do mar”, afirma encantado. Nardotto quase se formou em Geografia pela Universidade de Brasília (UnB), mas foi no curso de Publicidade, no Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), que ele descobriu o seu verdadeiro potencial. Já a formação artística inclui aprendizado com artistas renomados, tais como, Déia Francisquetti, Sheila Tapajós, Sonnia Guerra, Bianchetti, Lourenço de Bem e Leandro Giordano. “Procuro sempre a cor. Consigo trazer forma
pelo uso das cores. A linha é secundária para mim, sem desmerecê-la, é claro”. Com quase dez anos no mercado, o ilustrador acredita que a fase de marginalização do artista já passou e o segmento vive um momento de ascensão. “Está acontecendo uma revolução, uma explosão de artistas-ilustradores de alto gabarito e criatividade. Os últimos cinco anos foram de crescimento exponencial. Somos o terceiro mercado de consumo do Brasil, então a expectativa e as perspectivas são positivas quanto ao crescimento”, avalia. Com a rotina pesada em seu ateliê, Nardotto afirma, no entanto, que existe uma inversão de valores sobre o trabalho do artista. “As pessoas consomem arte e acham que estão fazendo um favor ao artista, quando é exatamente o contrário: “a arte salva as pessoas das suas próprias vidas”, já disseram Nietzsche e Pablo Picasso”, engrandece o profissional que possui planos de estudar História da Arte na Europa já no ano que vem. Facebook: /AtelieRodrigoNardotto
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POP ART EM ALTA “Desde que me entendo por gente, eu gosto da linguagem visual. Passei grande parte da minha infância desenhando, criando personagens e fazendo experimentos voltados ao desenho”, conta Daniel Morais, mais conhecido como Toys, personagem criado por ele, cuja obra está espalhada pela cidade. Junto com o ilustrador Mikael Guedes, exploram paredes e ruas de Brasília para mostrar seus desenhos. Também são apaixonados por grafite e street art. Aos 25 anos, ele é formado em Publicidade, pela Universidade Católica, e afirma que o mercado em Brasília
ainda não é tão grande, mas já entrou na rota artística do País. “Os clientes buscam algo exclusivo e assinado e isso agrega valor à marca, ao estabelecimento e ao profissional também. Quando ambos são da mesma cidade, o público que irá ver a ilustração se sente representado e se identifica com a arte”, afirma. E o trabalho também já expandiu para fora do quadradinho. É possível encontrar seus desenhos em cidades nacionais e internacionais. “Tenho trabalhos desde a Ilha do Combú, na Floresta Amazônica, até Valparaíso, no Chile. Também tive a oportunidade de pintar em diversas cidades do Brasil, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Olinda, Belém, Goiânia, São Paulo, entre outras”. Sobre referências, Toys afirma que está sempre de olho em videoclipes, artistas de grafite, tatuadores, e admira o trabalho do coletivo Bicicleta Sem Freio. Seu espaço de criação acaba de ganhar novos ares. Ao lado de Mikael, mudou-se para uma casa no Guará, onde pretende, em breve, promover encontros quinzenais com outros artistas e convidar clientes. nstagram
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RETRANCA
ARTE É SENTIMENTO Onika é uma menina que carrega expressões corporais para transmitir mensagens. Ela não tem boca, nem nariz e os olhos que possui não enxergam. Mas ela não busca a piedade das pessoas, pelo contrário, consegue expressar o que sente de forma universal. A história não é de uma garota real, mas da ilustração mais querida de Mikael Guedes de Oliveira. “Gosto de batizar meus personagens. A Onika me acompanha desde os 12 anos de idade”, compartilha.
Quando pergunto o motivo dela ser alguém sem tantos sentidos, Mikael apressa-se para responder. “Calma. Ela não é uma coitadinha. É cega por não analisar a estética de ninguém. Não tem nariz para não precisar distinguir odor de aroma, seja de um mendigo ou de uma madame. Para ela, ambos são iguais. E não tem boca por não precisar falar o que deseja, e, sim, conquistar por meio da maneira que se expressa”, explica. Aos 23 anos, ele trancou a faculdade de Arquitetura para se dedicar integralmente ao desenho. “Sou privilegiado em fazer parte do mercado de Brasília e ser reconhecido por isso. O preconceito ainda existe, mas ele serve de engrenagem para mim”, confessa. Omik, como é conhecido nas redes sociais, já ultrapassou as fronteiras do Planalto Central em parceria com o artista Sebá Tapajós. O projeto faz parte da modalidade Streetriver, que surgiu em 2012, na região Norte do País. A ideia é levar a arte do grafite aos barcos e casas das comunidades ribeirinhas. Em sua listinha de inspirações e referências, Mikael diz que a figura feminina, os animais e a natureza estão sempre presentes em seus desenhos e ressalta a importância do trabalho da artista polonesa Natalia Rack e do grafiteiro Aryz. Um dos seus trabalhos mais recentes é a ilustração no conhecido Beco da Codorna, rua cultural no centro de Goiânia. Além da beleza, os desenhos do ilustrador possuem contextos que trazem para o debate questões sociais, políticas e sobre a existência humana. A vida refletida em arte. Instagram: @mikaelomik
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RABISCOS HIGH-TECH O publicitário Rafael Coelho Hildebrand tem investido nos aparatos tecnológicos. Publicitário, 32 anos, com especialização em Design Gráfico (IED-IESB), Hildebrand, conhecido nas redes como “anjinho”, produz 90% no computador. “Meu trabalho é vetorial. O mouse é a minha principal ferramenta”, diz. Uma referência que tem o estilo minimalista e vetorial é o trabalho de Stanley Chow. No quesito retrato, Rafael inspira-se em Ioish, Kelsey Beckett e Miss Led. Sobre o domínio da cor ele cita três artistas de rua: o coletivo Bicicleta sem Freio, Aryz e Smithe. Em 2006, ele começou a atuar em uma agência de publicidade, mas, em pouco tempo, percebeu que gostava mesmo do trabalho com ilustração digital. “Minha rotina é me manter antenado, principalmente ao mundo dos dese-
nhos animados e filmes. Sempre que surge aquele tempo livre no trabalho ou na vida eu tento aproveitá-lo para rabiscar algo no computador”. Entretanto, para Hildebrand, o mercado ainda é seleto e, por isso, a ilustração virou um hobby. “Uma coisa que sempre percebi foi a falta de prestígio, o famoso ‘meu sobrinho faz igual e mais barato’”. Para ele, o mercado de ilustração é abrangente, no entanto, “poucos têm o privilégio de realmente fazer parte dele”, complementa. “Como meu ganha-pão não é a ilustração, tenho muito afeto nos trabalhos em que o foco são amigos. Na minha página no Facebook, você pode notar uma série de personagens do mundo da moda, ilustração de livros infantis e cachorros e gatos, por exemplo”. Desde 2008, Hildebrand trabalha como designer gráfico. Atualmente, está na Unesco. “Gosto de desenhar a figura feminina, retratos ou personagens imaginários”, conta. Facebook: /RafHildebrand
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MUSICALIDADE NA PONTA DO LÁPIS Tudo parecia brincadeira para Paulo Amaro, que começou a desenhar quando ainda criança. Aos 13, enchia a biscuit e venmochila com peças de biscuit e dia para os colegas da escola. Aos 16, a diretora de uma escola de Brasília se encantou pelo trabalho de Amaro e, um mês depois, ele já estava dando aulas de Desenho. Resolveu, então, dedicar-se ao seu dom. Formou-se em Artes Visuais, pela Faculdade Dulcina de Moraes, e nunca mais parou. “A maioria dos meus clientes compra ilustrações com a finalidade de decoração. Há seis meses conheci o universo da tatuagem e também tenho explorado essa linguagem”. Paulo Amaro arriscou tudo, largou o emprego fixo e, hoje, dedica-se exclusivamente à própria produção. “Faço meus horários, decido a minha rotina e amo produzir de madrugada”, revela. Tem desenho e pinturas com lápis de cor como a for-ma favorita de expressão. A música é a sua principal inspiração e seus trabalhos incluem a ilustração de trilhas sonoras e trechos que, de alguma forma, marcaram a sua vida. “Amo quando alguém vê a ilustração, identifica a música, e se apaixona pelo trabalho com a mesma intensidade com a qual me apaixonei”. Como inspiração, o cantor Paulinho Moska está entre os principais. “Minha arte acaba se comunicando com as produções dele”. Para criar sua marca registrada, um pequeno esparadrapo no rosto. Usou a primeira vez aos 15 anos para tampar
uma espinha e ficou. “Eu gosto porque desperta a criatividade das pessoas. Sempre vem com uma história diferente, um tratamento, um problema na pele”, conta. Hoje, o esparadrapo é uma forma de assinatura, em que ele literalmente assina obras com ela. “É como as sobrancelhas de Frida Kahlo ou o bigode de Dali. Isso constrói a identidade”, conclui. Instagram: @opauloamaro
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MÚSICA
PÓS PUNK MAN O EM PLENA ATIVIDADE, OR, CANTOR, COMPOSIT E GUITARRISTA PHILIPP ANOS SEABRA CELEBRA 50 O E MANTÉM O MESM QUE ESPÍRITO SUBVERSIVO POR MARIANA O CONSAGROUND O VELER NA
ROSA « FOTOS: FER
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ara os brasilienses dos anos 80, parece que foi ontem. Assistir aos shows do chamado rock garagem de uma galera punk da Capital da República, filha de diplomatas ou de funcionários públicos de alto escalão. Mal sabiam todos, eles inclusive, que a voz da contestação se estenderia pelos dias atuais. O auge já se foi, atropelado por funk e sertanejo universitário. Mas, desde então, jamais se ouviu um brado tão eloquente de protesto e indignação frente aos fatos, especialmente políticos. De lá para cá, o punk ficou new wave, que virou pop. Ainda assim, em shows Brasil afora, Philippe Seabra, o fundador da Plebe Rude, a banda preferida de Renato Russo, continua a entoar nos palcos seus gestos ainda anárquicos: “Não se rendam… Nem todo rock nacional se vendeu”, referindo-se às clássicas concessões do mercado.
Quando analisa a carreira e o sucesso, o músico costuma dizer que prefere ser relevante a ser popular. De fato, é. Ao longo das décadas discorridas do rock nacional, difícil algum músico não reverenciar suas letras tão vivas e pertinentes. Intelectualmente curioso, Philippe é notório por abraçar discussões sobre filosofia ou política que sempre se desdobraram em arranjos e melodias. Esse foi o alimento para o punk, que originou hits como Até Quando Esperar?, Minha Renda, Proteção, Johnny vai à Guerra. Duas vezes Philippe Seabra está de parabéns, em 2016. Completa 50 anos, sendo 35 de banda. Parece que foi outro dia, quando os meninos de Brasília juntaram-se para fazer um som e, meio sem querer, dividiram brutalmente a história do rock de Brasília. “A Plebe Rude vendeu meio milhão de cópias sem nunca ter feito uma can-
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Fotos: Divulgação
Plebe Rude no Quartel General do Exército em Brasília
ção de amor”, orgulha-se. O músico é, certamente, um dos líderes mais lúcidos da turma brasiliense dos anos 1980. Como ele mesmo revela: “Sou o único da minha geração que não fumou maconha, então, eu lembro tudo. Sou o caretão da galera!”. Seabra fala com propriedade e impressionante riqueza de detalhes sobre os 50 anos vividos por ele entre Brasil, Estados Unidos e Europa. Lembra, por exemplo, que a internet da época eram os malotes diplomáticos. Traziam fitas e livros do exterior para os brasilienses. O que tornara verdade momentos como este: “Certeza que eu era o primeiro cara da América Latina a ter o disco do Depeche Mode uma semana depois dele ser lançado na Inglaterra, em 1981. Isso estava aqui, em Brasília; bem antes de chegar ao Rio e a São Paulo”, conta. O bate-papo com o rock star foi no estúdio, em sua residência, no Lago Norte. Inevitavelmente, a poeira e a típica desordem de construção estavam por lá. Mas, logo a atenção é desviada para os inúmeros recortes de jornais antigos emoldurados em quadros – raridades como a notícia do show em Patos de Minas, onde Plebe Rude e Legião Urbana foram presos por causa das músicas, mas liberados em seguida, temendo que fossem filhos de políticos. E ainda troféus e prêmios – Grande Prêmio do Cinema Brasileiro com o filme Faroeste Caboclo pela melhor trilha sonora em 2014 – toneladas de amplificadores, portas de aço, quatro baterias e 30 guitarras. A Plebe surgiu em 1981, em meio à censura. Imagine viver a ditadura militar na Capital do País, recém-construída? A banda pertencia à moçada da Colina, cujos integrantes incluíam Legião Urbana e Capital Inicial. “Tinha repressão no ar e tocávamos em qualquer
buraco apenas pelo prazer de fazer música”. Naquela época, “éramos nós contra um sistema opressor. O inimigo estava bem claro. Agora, é tudo tão extremo e perigoso. Ou é petralha ou é coxinha. Triste ver as pessoas simplificarem tanto”, lamenta. Em 1983, com apenas 15 anos de idade, os meninos da turminha de Brasília foram para São Paulo. Lá, descobriram o universo do rock nacional. Em 1987, viveram o auge o disco Nunca Fomos Tão Brasileiros. Com a morte do pai e a crise econômica, em 1993, Philippe acaba com a banda. Muda-se para Nova York. Passa a trabalhar com produção musical e liderar a nova banda Daybreak Gentlemen. Oito anos depois, recebe o convite para reunir a Plebe Rude e tocar em casa, no Festival Porão do Rock. No mesmo ano, gravam ao vivo o disco Enquanto a Trégua Não Vem, com produção de Herbert Vianna. Em 2009, gravam de forma independente Rachando Concreto: Ao Vivo em Brasília, que concorreu ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro. Nessas idas e vindas, dois integrantes da primeira formação deixaram a Plebe – Gutje (bateria) e Jander Bilaphra (vocal e guitarra) – e deram lugar a Clemente Nascimento e Marcelo Capucci. Em 2010, a música The Wake é destaque na trilha sonora do filme Federal, com Selton Mello no elenco. Em suma, são 25 discos, trilhas sonoras para o cinema, além da produção de bandas brasilienses, como Distintos Filhos, Phonopop e Bois de Gerião. Casado com a funcionária pública Fernanda Seabra, há 13 anos, a união gerou Philippe, agora com quatro anos e meio. É a criança quem consegue deixar o pai durão sem palavras e com os olhos marejados ao falar do futuro. “Eu sou otimista, sim. Queria que ele entendesse o legado do pai, de deixar o rastro positivo de ótimas canções e música com conteúdo”, afirma, com seu jeito sério, que oscila entre toques de humor e ironia sagaz. GPSBrasília « 59
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RETRANCA
MÚSICA NOS NOVOS TEMPOS
“Nosso primeiro show foi no Rio de Janeiro, abrindo para os Paralamas do Sucesso, no verão de 1984. Quando contato da banda para a plateia. Agora, tem página no Facebook, Soundcloud, YouTube. Em tese, é a mesma coisa, mas a gente tinha a música. Hoje, com a indústria da música no chão e só os Wesleys Safadões conseguindo contrato, até vejo com bons olhos essa falta de perspectiva, porque dentro da angústia a arte é criada.”
HISTÓRIA DO PAI
“Meu pai era cônsul americano na década de 1950, em Belém do Pará, onde conheceu minha mãe. Alexandre José Jorge de Seabra, nasceu em Portugal, migrou para França e depois Estados Unidos. Logo meus pais casaram-se. Por isso, eu e meus irmãos nascemos em Washington D.C.. Morei na capital norte-americana até os nove anos e voltei para o Brasil. Quando meu pai se aposentou, continuou trabalhando com tradução durante a gestão do John Kennedy. Ele era o intérprete para línguas latinas. Então, quando João Goulart, Juscelino Kubitschek visitavam os Estados Unidos, meu pai sempre estava junto.”
HISTÓRIA DA MÃE
“Minha mãe atuou como colunista social. Grande jornalista, Sílvia Seabra. Era também prefeita comunitária do Lago Norte. Desde pequeno eu via as articulações, os políticos Tudo para aparecer na coluna. Era até bom, porque eu presenteava minhas namoradas e comia as mangas (risos)! Na época, eu achava engraçado. Agora, olhando para trás, confortável com todo esse lobby, sabe?”
DROGAS
“Parece bem elitista, mas não era. Meus pais não dirigiam e por isso tínhamos motorista. E o primeiro deles era alcoólatra. Eu, aos 12 anos, presenciava surtos dele em casa. Logo passei a ver os abusos do Renato (Russo) com as drogas. O André Pretorius (sul-africano fundador do Aborto
Elétrico) morreu de overdose de heroína. Nunca consegui me envolver com drogas. Não estou sendo moralista, por favor, mas você pode ter sua doideira sem ser doido.”
PUNK
“O meu bisavô foi um dos responsáveis por atrasar quase 50 anos a chegada da Coca-Cola a Portugal. Ele sabia que aquilo não fazia bem à saúde. Ricardo Jorge era um sanitarista famoso no começo do século passado. Tem até um instituto com seu nome e uma estátua dele em Lisboa. Era o Osvaldo Cruz da Península Ibérica. É muito você proibir a Coca-Cola em um país. Deve ser daí que surgiu o meu lado punk!”
PERSONALIDADE
“Eu comecei a faculdade de Letras no UniCeub e acabei largando. Não era para mim. Mas sempre compensei com leitura, discernimento e cultura. Por outro lado, eu também nunca fui de beber. Aprecio um bom chopp, uma caipirinha. Em casa, eu me viro bem na cozinha, preparando uma ótima moqueca capixaba. Agora, se for para comer fora, em Brasília, eu sempre achei a pizzaria Bacco a melhor de todas!”
BRASÍLIA E A PLEBE
“Acho que agora Brasília respira por conta própria. Eu sou produtor e consigo viver aqui. O escritório da Plebe e Inocentes, toca com a gente há dez anos e está em São Paulo. Sempre fomos eu e o André irmãos camaradas. Estou com uma formação de banda que demorou 35 anos para chegar ao que eu queria.”
PRESENTE
"O evento Rock na Ciclovia recria o mesmo que organizávamos há 35 anos na ciclovia do Lago Norte. A gente chegava lá com um equipamento extremamente precário e tocava. Foram os primeiros shows da Plebe, da Legião. Hoje, eu recrio isso sem nenhum centavo de dinheiro público. Juntamos os food trucks, nos encontramos no Eixão, na altura 115 Norte, uma vez por mês, e tocamos rock.”
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FOTOGRAFIA
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REVELAÇÕES DE UM MAGO PRÊMIOS, EXPOSIÇÕES, LIVROS SÃO ELEMENTOS QUE COMPÕEM A TRAJETÓRIA DO ESPANHOL JR DURAN, QUE TRANSFORMOU A LINGUAGEM ESTÉTICA DE MODA E BELEZA NO PAÍS POR ANDRESSA FURTADO « FOTOS FERNANDO VELER
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sol do Cerrado ardia, como faz costumeiramente no inverno, roubando a cena no céu do Planalto Central. Era 15h. Estávamos eu e o fotógrafo Fernando Veler à espera do entrevistado do dia: J.R. Duran. O vento estava frio, a secura intensa. Duran havia saído para almoçar e estava atrasado. Fernando se mantinha na expectativa. Aquela relação de fã e ídolo, o deixou inquieto. Conversamos, mexemos no celular, perguntamos ao concierge do hotel se ele tinha notícias... e nada. Trinta minutos depois, o protagonista dessa entrevista chegou. Ao lado dele, estava o repórter fotográfico Luiz Garrido, outro mestre dos cliques. Sereno e tranquilo, cumprimentou-nos e perguntou: “querem fazer a foto logo?”. Eu respondi que sim. Fomos para a parte externa do hotel, de frente para a piscina e com vista para o Lago Paranoá. Duran não é de muitas palavras. Estava ali, aguardando as perguntas sem delongas. Fernando já tinha mapeado o espaço, escolhido a luz, pensando na foto, mas assim que Duran posou para suas lentes, ele titubeou por uns instantes. Eu entrei em cena e comecei a entrevista. Duran estava em Brasília para participar do evento Cronistas da Fotografia. O bate-papo seria sobre beleza e moda editorial. Duran é expert nesses dois itens. E quando o assunto é nudez então, nem se fala. Desde os anos 70 até hoje, aos 64 anos de idade, realizou incontáveis ensaios e capas de revistas com inúmeros símbolos sexuais do Brasil. De personalidades abastadas às
celebridades abestadas. De musas eternas às turbinadas da hora... Xuxa, Luiza Brunet, Maitê Proença, Monique Evans, Adriana Galisteu, Claudia Raia são algumas que fazem parte do hall de beldades clicadas por ele. A lista é grande. “Não faço ideia de quantas mulheres já fotografei”, afirma. A Playboy foi um capítulo que lhe deu notoriedade. Foram nove capas, entre as dez mais vendidas, sob as suas lentes. Somadas, atingem oito milhões de exemplares. Ao longo desses anos, o fotógrafo, que é considerado o “mago das lentes” e o “rei do nu”, vivenciou cada mudança na estética feminina. “Você pode ter bunda grande e bonita ou um peitão, mas se for uma anta, de nada adianta. Se a pessoa não tem um equilíbrio na estrutura do seu corpo, mas tem energia, não importa. Ela irá cativar ainda mais por isso. Os padrões de beleza não ditam nada. A essência e a personalidade da mulher fazem a diferença”, conta. Durante o bate-papo, o fotógrafo precisou fazer uma pausa. Luiz Garrido apareceu para lhe pedir o pen drive com o arquivo da palestra que daria em poucas horas. Duran pediu licença e foi até o quarto em que estava hospedado. Enquanto isso, Fernando, ainda em busca do ângulo perfeito, foi questionado por Garrido. “E aí, fez a foto dele?”. “Fiz, mas quero fazer outra”, respondeu, mostrando o clique. Garrido logo lhe deu um toque man to man. Assim que o entrevistado voltou, Fernando disse: “Preciso fazer outra foto sua”. Duran respondeu, balançando a cabeça afirmativamente. GPSBrasília « 63
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tagram Fotos: Reprodução/Ins
Nesse momento, o mestre fez questão de reforçar que os equipamentos mais modernos, digitais e tecnológicos não fazem tanta diferença na qualidade de suas imagens. Para ele, o conceito é mais importante. “Um bom fotógrafo é aquele que não mostra fotos ruins. Tem que editar e ter autocontrole. Quanto menos foto ruim você mostrar, mais interessante você se tornará. A pessoa só precisa de uma foto boa. Ouviu rapaz?”, perguntou ao Fernando. A entrevista seguiu em frente. Começamos a falar sobre sua estratégia nas locações, se tem algum ritual, como deixar as mulheres à vontade. Ele diz que na hora de fotografar uma mulher nua, não escolhe uma parte do corpo para iniciar. Primeiro espera que ela se movimente, mostre-se, manifeste-se. Afirma, ainda, que nenhum trabalho é uma surpresa. Ressalta a importância do casting, do estudo antecipado, embasado no personagem. E afirma que não direciona o shooting, tampouco é ligado em rituais. “Eu as deixo fazer o que quiserem. Acredito que coloquei a pessoa certa no lugar certo. É como a construção de uma novela, você tem que identificar o ator perfeito para determinado papel. Assim, tudo flui. Tenho certeza de que elas farão exatamente o que eu espero. Se começo a direcionar, crio barreiras que não existiam e eu preciso das surpresas”, conta. Josep Ruaix Duran nasceu na Espanha, mais especificamente em Barcelona. Decidiu tornar-se fotógrafo por mero acaso. O marido da sua prima, o fotógrafo Oriol Maspons, falecido em agosto de 2013, foi quem o introduziu nesse segmento. “Na verdade, sempre quis retratar o mundo de alguma maneira e me encontrei na Fotografia”, relembra. Aos 18 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro com seus pais, em 1970. Estudou Jornalismo. Seu primeiro estágio por aqui foi com o fotógrafo catalão Marcel Giró, um dos grandes modernistas espanhóis no Brasil. Apesar da experiência de três anos ao lado de Giró, Duran queria mais. Fotografou um universo de objetos, móveis e automóveis na publicidade, mas faltava alguma coisa. Faltava gente. Não pensou
Obras escritas por J.R. Duran
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DE FRENTE COM DURAN Primeira câmera Não faço ideia. Não tenho esse romantismo que as pessoas têm. Não sou ligado ao passado. Não guardo arquivos antigos, nem lembro a primeira foto que tirei. A lente faz diferença? Não me preocupo com a lente, só preciso de uma câmera que não me deixe na mão. A foto ou a ideia da foto eu já tenho pronta antes de ela acontecer. O que te inspira? Tudo o que vejo me inspira. Gosto de gente, da linguagem do corpo, o que elas são, seus tiques. Leio bastante, assisto
duas vezes: arranjou outro emprego e, embora estivesse ganhando menos dinheiro, pensou na experiência conquistada. Finalmente começou a fazer trabalhos freelance mais elaborados. Montou seu estúdio em São Paulo nove anos depois. Atualmente colabora para as principais revistas do País. É casado, mas não fala sobre sua vida pessoal. Viaja bastante e diz que só sai de casa se for a trabalho. Em 1984, realizou sua primeira exposição, Beijos Roubados, na Galeria Paulo Figueiredo, em São Paulo, e na prefeitura de Mataró, em Barcelona. Morou e trabalhou em Nova York, entre 1989 e 1995. Lá ampliou a clientela, passando a trabalhar para o mercado europeu e norte-americano. É também editor da sua própria publicação, a Revista Nacional, distribuída para um mailing seleto ou vendida por cerca de R$ 300. É nela que Duran clica e edita as matérias – e as moças nuas – que a imprensa não viu. Tem seis livros de fotografia publicados, sendo Cadernos Etíopes o mais recente. Escreveu ainda três romances policiais, Lisboa, Santos e Cidade sem Sombras, que formam uma trilogia, e um livro com diários de viagem, Cadernos de Viagem, com aquarelas de todos os quartos de hotel em que fica hospedado. Algumas das telas foram pintadas pelo próprio fotógrafo. A publicação foi finalista no Prêmio Jabuti. “Estou escrevendo mais um romance”, revela sem dar muitos detalhes. Fim da conversa, agradeço a disponibilidade. E lá vai mais uma tentativa. Fernando e Duran seguem para a beira do Lago Paranoá. Foto considerada clichê para uns, foi a escolha assertiva para a saga do jovem fotógrafo. Fernando mostra a foto para Duran e o mestre lhe responde calmamente: “Garoto, não importa o que eu acho da foto que você tirou. Um bom fotógrafo não ouve a opinião dos outros. Ele tem certeza que seu trabalho é bom”. Deduz-se que a insegurança não passa perto deste ícone dos cliques.
você entenda o mundo. Redes sociais Eu não tinha Instagram, mas descobri que podia ganhar dinheiro com isso. Não tenho uma equipe que gerencie minhas contas. Tudo que você vê sou eu que posto, tanto lá quanto no Twitter. Não tenho Facebook. O que te irrita nas redes sociais? É como estar na escola, sempre tem o idiota, o bonito, o inteligente. Não perco tempo com bobagem, é se importar com o que vale a pena. Os belos corpos Mulheres são seres mutantes. Não me atenho aos corpos, o que sei é que antigamente a depilação era uma, hoje é outra. Mas isso é muito pessoal, não me interessa. A Playboy As revistas de celebridades abriram o mercado das famosas e oferecem cachês sem a necessidade de mostrar a nudez. Antigamente, uma atriz queria comprar um apartamento e saía na Playboy. Quando elas começaram a entrar em anúncios em que lucravam sem se despir, a revista perdeu espaço. Fotos de celular Todo mundo acha que é fotógrafo. Mas todo mundo que sabe escrever, é escritor? Uma mulher que não fotografou, mas gostaria... Impossível te responder isso. São várias. Seria injusto nomear apenas uma. O que mais gosta de fotografar? Sou fotógrafo de gente. Fotografo moda, publicidade e nudez. A única diferença é que ora as pessoas estão nuas, ora estão em situações do cotidiano. Usa Photoshop? Eu não uso, mas tem alguém que usa para mim. O Photoshop só é um problema se você distorcer a realidade, mas, se não passar dos limites, otimiza a vida. É um aliado do fotógrafo. Lema de vida Nunca ouça a opinião dos outros. Tanto faz o que eu falei para você, faça o que quiser.
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A POUCAS HORAS DE BRASÍLIA, UMA DAS CIDADES MAIS CHARMOSAS DO PAÍS CONSERVA UM SANTUÁRIO ECOLÓGICO NATURAL E AINDA PRESERVA SUA ORIGEM ARQUITETÔNICA SECULAR. POR MARIANA ROSA
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ara quem não conhece, segue uma breve apresentação do paraíso: um lugar no interior de Goiás, rodeado por cachoeiras exuberantes, carregado de ar puro, bucólico, habitado por um povo hospitaleiro e feliz, onde reinam sonhos e paz. O lugar idílico tem nome: Pirenópolis, o município dos Pireneus. A cidade de 285 anos passou por períodos históricos de altos e baixos. O auge foi durante o ciclo do ouro, da agricultura e do comércio. Depois veio a estagnação e o isolamento após a mudança das rotas comerciais para Anápolis. E o ressurgimento com o turismo, na metade do século passado, fortalecido com a inauguração de Brasília.
Piri apresenta toda a simplicidade do apelido carinhoso que recebeu, sem deixar de ser chique, cool e aconchegante. Vivendo a maturidade da atual fase, mantém o espírito acolhedor. Do bicho-grilo à blogueira, são todos muito bem recebidos pelos 23 mil habitantes. Sem modéstia, tem espaço para todo mundo. De hostels a hotéis premiados, da barraquinha de pamonha ao restaurante da Boa Lembrança. Apenas no município é possível visitar um lugar único e peculiar como a Fazenda Babilônia. Já ouviu falar em café sertanejo? Um belo exemplar é oferecido aos finais de semana. São mais de 40 itens feitos com produtos da própria fazenda, o resgate de receitas típicas do Goiás rural e antigo.
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Pousada Cavaleiro dos Pireneus
Além da comida, o local oferece trabalho histórico e cultural desenvolvido pela proprietária Telma Lopes Machado. A antiga casa de bandeirantes, de 1864, é a última preservada no Estado. Passou pelo período imperial, agrícola e pecuário até ser aberta para o público em 1997.
PIRI PARA DORMIR Antes de colocar o pé na estrada, é interessante fazer uma pesquisa rápida para saber onde ficar. Isso, porque, dependendo da temporada, Piri fica superlotada. A cidade, que abraça todos os estilos de vida, passou a ser considerada a “Paraty do Cerrado” – referência ao local paradisíaco do Rio de Janeiro. A nova fama deu-se, em parte, graças ao casal Geovani e Maristela Ribeiro. Empresários do grupo de hotelaria, os dois partiram em busca da construção do sonho: um hotel de campo. A antiga área de pasto aos poucos tomou forma e deu lugar à Villa do Comendador. A Villa apostou em formas de atendimento baseada na excelência e na estrutura diferenciada das demais pousadas. Tais características os levaram a participar do mais
importante guia Hotéis de Charme do Brasil. O empreendimento oferece espaços Veuve Clicquot, apartamentos com banheiras, bangalôs com piscinas de borda infinita. A grandeza da Pousada dos Pireneus Resort segue o roteiro. O parque aquático recém-reformado atrai crianças de todas as idades, enquanto o acervo histórico e as lojas de artesanato distraem os mais velhos e os workaholics aproveitam a estrutura para eventos, seminários e congressos, mas mantendo o clima leve. No alto de um vale foi construída a Pousada Cavaleiro dos Pireneus. Também integrante do roteiro dos Hotéis de Charme, o local oferece da tranquilidade do campo a opções de lazer. Possuem estrutura para casamentos, SPA, restaurantes, piscina aquecida, ofurô, trilhas para cachoeiras. As diárias giram em torno de R$ 280 a R$ 2 mil.
PIRI PARA URBANOS Depois da hospedagem definida, vale a visita ao Centro Histórico de Pirenópolis. Tombada como Patrimônio Histórico pelo conjunto arquitetônico, urbanístico, paisagístico e histórico, cada metro da cidade merece atenção especial. Casarões e igrejas do século XVIII estão preservados em ruas assentadas de pedras quartzíticas, cercados pelo desfile das águas do Rio das Almas. Logo na chegada, a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, construída entre 1728 e 1732, impõe respeito. Ficou famosa pelo incêndio de 2012, que destruiu em poucas horas tudo o que foi preservado por séculos. A própria sociedade se organizou e reergueu o local. Na praça ao seu redor acontecem os principais eventos religiosos. Ainda dentro de Piri, o visitante pode assistir a shows no Teatro de Pirenópolis, conhecer a antiga Casa de CâmaGPSBrasília « 69
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Igreja matriz Nossa Senhora do Rosário
ra e Cadeia – que funcionaram no local até 1999 – pegar um cineminha no Cine Pireneus, aprofundar-se na história e nos costumes da região ao visitar os museus Rodas do Tempo, das Cavalhadas e da Família Pompeu. Imperdíveis são as tradicionais feirinhas. Os produtos são diversificados por um universo de artesãos que trabalham tecelagem, cerâmica, madeira, palha, papel e doces. Destaque para as joias artesanais em prata e móveis em madeira rústica encontradas na Feira das Artes, todos os sábados das 14h às 23h e domingos das 10h às 23h, no centro da cidade. Se o interesse for comprar verduras, frutas, carnes, flores, biscoitos, existe a Feira da Rua Sizenando Jaime, todos os domingos, bem cedinho.
PIRI PARA GOURMETS Pirenópolis tem tradição em turismo gastronômico desde a década de 1960. Com a chegada de Brasília à região, a cidade era visitada por ilustres como Juscelino Kubitschek, embaixadores e políticos. Todos em busca da farta culinária goiana, como arroz com pequi, pamonha, empadão, guariroba, paçoca de pilão, quitandas e doces.
No restaurante-antiquário Bacalhau da Bibba é possível apreciar o pescado. Outras duas opções requisitadas são os restaurantes Montserrat e Maiale. O primeiro propõe a culinária clássica com toques contemporâneo e mediterrâneo, com o sotaque catalão do chef Juan Pratginestós. O Maiale é igualmente disputado. Entre os destaques está a alta gastronomia embalada por música ao vivo. O lugar destaca-se pela decoração refinada e localização privilegiada: a Rua do Lazer. Apontada como opção imperdível está a Venda do Bento. A casa trabalha com menu à la carte, misturando produtos locais com receitas tradicionais. É conhecido por ser um museu colonial, pelo completo menu de bebidas especiais e pelas salas dedicadas ao folclore local, além de receber convidados ilustres, como o chef Alex Atala. Pirenópolis não falha em alimentação. O turista pode fazer ainda um lanche rápido no Pireneus Café ou no Pé de Café, duas lanchonetes aconchegantes e com opções tipicamente goianas, como pamonha ou empadão. Sem contar as inúmeras residências, onde os próprios donos servem comida caseira a preços ótimos.
PIRI PARA AVENTUREIROS A cidade goiana é famosa pelas belezas naturais. Da Serra dos Pireneus nascem córregos que formam belíssimas cachoeiras. Para chegar até elas, coloque um bom tênis de trilha. Todo esforço é válido na chegada: a cidade é detentora do maior número de Unidades de Conservação do Estado de Goiás, nove no total. Entre as quedas d’água há 82 opções, a maioria aberta para visitação, e com preço entre R$ 15 e R$ 40, a entrada. Destaque para a grandiosidade dos 22 metros da Cachoeira do Abade, bastante procurada para a prática de rappel. A trilha maior passa por mirantes, um aquário natural e pequenas cachoeiras. Dentro da reserva ecológica Vargem Grande ficam as cachoeiras Santa Maria e Láza-
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Sertanejo da Fazenda Babilônia
Cavalhadas
ro. Com oito metros de queda, a primeira é acessível por trilha fácil com dez minutos de caminhada. Outra trilha de 30 minutos leva aos 15 metros da cachoeira do Lázaro e tem paisagem deslumbrante. A cachoeira Meia Lua diferencia-se das demais por desaguar os 200 metros de corredeiras em uma piscina natural. É ideal para casais, famílias e turma de amigos mais tranquilos, que querem realmente relaxar e curtir a natureza. Agora, quem tiver disposição e tempo, vale encarar os 4km das trilhas da Cachoeira dos Dragões. No local, existe o Mosteiro Zen Budista Eisho-Ji. Um guia turístico é necessário. O Santuário de Vida Silvestre Vagafogo atrai particular atenção por ser uma Reserva Particular do Patrimônio Natural. Faz jus ao nome santuário ao conservar árvores centenárias diante da infraestrutura criada para o turista. Dá para passar o dia todo, aproveitar as atividades radicais e servir-se de um banquete no restaurante.
PIRI PARA FESTEJAR As festas movimentam a cidade durante todo o ano. A Festa do Divino é a maior e mais importante da cidade. Começou na cidade no século XIX sempre mesclando festejos religiosos e profanos. Constituída de novenas, folias, procissão, missa, roqueiria, mascarados, cavalhadas e pastorinhas, acontece 50 dias depois da Páscoa, durante o Pentecostes.
Quinze dias depois de A Festa do Divino, a cidade se reestrutura para receber os mascarados nas Cavalhadas. São mais três dias. Encenadas pela primeira vez em 1826, representa a luta entre os mouros e cristãos no ano 800 D.C. Ganhou estrutura própria e é feita no campo das cavalhadas com camarotes, palanques e arquibancadas. A programação continua. No dia da primeira lua cheia do mês de julho, os devotos seguem em romaria em louvor à Santíssima Trindade até o Pico dos Pireneus, por cerca de 20 km. É A Festa do Morro, realizada desde 1927. A partir do século XXI, a cidade ganhou festas com novas temáticas. O Festival Gastronômico e Cultural movimenta os restaurantes e bares, há 11 anos, na Rua das Pedras, no início de junho. A ocasião reforça a importância das tradições culinárias, mesclando as receitas com toques da alta gastronomia. Com a missão de difundir a literatura em cidades pequenas, a FliPiri – Festa Literária de Pirenópolis – cativou os moradores e visitantes fieis da região. Após sete anos de feira, mais de R$ 180 mil em livros foram doados para as unidades de ensino e é um dos grandes orgulhos da cidade.
SEGREDINHOS DE PIRI •
As ruas são assentadas por quartzito, a pedra de Pirenópolis. Até hoje a sua extração impulsiona a economia local. A pedra recebe outros nomes, como quartzo rosa, ametista, olho de tigre
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É possível andar de Tuc-Tuc pelas ruas de Piri – aquele triciclo motorizado com cabine para duas pessoas. Apelidado de Táxi Tur, o transporte propicia um passeio lúdico pelas ruas estreitas
• primeiro hotel design da região. Com conceito de luxo e exclusividade, bangalôs com piscina em cada quarto, entre outras qualidades. A inauguração será em 2017
PIRI ON THE ROAD •
Pirenópolis conta com um aeroporto em boas condições de uso. Possui pista de pouso de 1,3 mil metros de extensão por 30 metros de largura, heliporto para três helicópteros, pista balizada com iluminação noturna, farol rotativo e gerador emergencial. Porém, não existem voos comerciais. Para conhecer os procedimentos para pouso e decolagem, consulte a Anac de Goiânia: (62) 3265 -1575. De carro, por Brasília nas BR-070 / BR-414 / BR-225 e média de duas horas de viagem ininterruptas
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PARAÍSO
OS ENCANTOS DA VILA UMA PONTINHA DO PARAÍSO NORDESTINO, ONDE NATUREZA, GASTRONOMIA E REGIONALISMO SE HARMONIZAM E FLECHAM O CORAÇÃO DO TURISTA QUE SE EMOCIONA COM GENTILEZAS E ACONCHEGO POR RENATO MARTINS, Enviado especial « FOTOS VINÍCIUS LUBAMBO
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orto de Galinhas – Aterrissar no Recife com chuva, com certeza não era o que eu esperava receber de São Pedro para aproveitar aqueles cinco dias em Porto de Galinhas. Não era a minha primeira vez na região e, por isso, eu já sabia que a capital era longe de Porto, e, assim sendo, talvez a chuva já não estivesse lá quando chegássemos à vila. Era longe, ao menos no início dos anos 2000, quando eu estive por aqui pela última vez, mas, pelo que percebi, agora já não é. Em apenas 50 minutos nós chegamos, levados por uma estrada nova, primeiro-mundista, chamada Rota do Atlântico – o progresso, esse “facilitador de vidas”. Porto de Galinhas fica a apenas 50 quilômetros de distância do Recife. Na verdade, a estrada antiga é que aumentava a lonjura em quase o dobro do tempo. E já na chegada fomos recebidos com um maravilhoso pôr do sol de boas-vindas. A vila estava calma, limpa e colorida.
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Era o começo de uma experiência inesquecível de muita diversão, sol, praia e passeios variados. Se você escolher ficar hospedado em alguma unidade hoteleira, estará bem servido de infraestrutura. Lá tem de tudo, no que se refere a praia, lazer, comidas e festas. A praia é um verdadeiro parque de diversões, feita para quem gosta de agito. Se você está em família, tem atividades para todo mundo. Do mergulho com cilindro ao passeio de jangada, caiaque, SUP e snorkeling. O que não posso deixar de mencionar é que, caso você seja um viajante e não um turista, tal como Port, a personagem do escritor Paul Bowles no Céu que nos Protege, então a praia da vila definitivamente não é para você. Ali somos todos turistas em férias. Não sendo esse o seu caso, basta seguir em frente. Logo ao lado há praias isoladas, sossegadas e dignas das pegadas na areia deixadas por um viajante à Port ou Kit, o casal do livro.
ONDE DORMIR As opções de hospedagem são variadas e vão de pousadas a hotéis de uma, duas ou várias estrelas. Uma sugestão é o Summerville Beach Resort, localizado alguns quilômetros fora da vila, mais precisamente R$ 40 o percurso de táxi para cada viagem. O empreendimento possui as piscinas mais deliciosas em que mergulhei nos últimos tempos. É o paraíso das famílias e a criançada adora aquele quase um quilômetro de piscinas com cachoeiras e bar. Não se assuste com casais apaixonados ou em lua de mel. Obviamente, Porto de Galinhas não é só para as famílias e existem por lá dezenas de outros hotéis mais sossegados, exclusivos para curtir ao lado da pessoa amada. A praia do hotel chamada de Muro Alto é linda, mas imprópria para banhos devido aos corais na beira. Mas ao estar de frente para o mar é só virar à esquerda e você vai encontrar uma pequena e encantadora baía, a uns trezentos metros mais à frente, ideal para mergulhar, nadar e se divertir. É também a praia do hotel Nannai Beach Resort. Dizem que só o SPA já vale a diária, mas definitivamente não é para todos os bolsos. Para quem é fã, é sempre possível ombrear em cadeira de praia com famosos globais e aspirantes. Nos meus dias por lá, estava o casal Thaís Araújo e Lázaro Ramos com os rebentos e babás. Ela maravilhosa e esfíngica, como se pede que uma diva seja, e ele, bom, ele é o Lazaro Ramos, o rebento. Nem vou relatar o fuzuê que foi quando o casal decidiu levar a prole para conhecer o Pontal de Maracaípe. Entretanto, caso você queira uma praia só com estrelas do mar e sem estrelas globais, vire à direita e caminhe à vontade, pois tem quilômetros de praias limpas, de areias brancas e águas azuis.
AS DELÍCIAS DA VILA Bom, depois de toda essa descrição, não é possível que você não esteja com fome. Como é óbvio, há hotéis com restaurantes e regimes de meia pensão. Mas tem um em especial, o Pontal de Ocaporã. Ocaporã, traduzindo, com certeza deve significar “acarajé muito gostoso”, já que um companheiro na viagem devorou uns três durante o jantar. Eu, que sou muito mais frugal, fiquei só pelas casquinhas de siri. Quantas? Não digo, mas recomendo.
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Divulgação
Nannai Beach Resort
O primeiro restaurante que pisei na vila foi o Peixe na Telha, comandado pela própria dona e sua filha, simpáticas e hospitaleiras. A comida é feita de delícias variadas e, claro, o delicioso peixe assado na telha, que dá nome ao local. Tem também o Barcaxeira e suas entradas criativas, ambiente descontraído e serviço impecável. Ainda na vila e com requintes de sofisticação, o Beijupirá, ambiente bem decorado e ideal para um jantar romântico na penumbra. A cozinha é inovadora e deliciosa, cujo carro-chefe é o peixe que batiza a casa. Fora da vila não posso deixar de mencionar o bolinho de feijoada do restaurante do João, na praia de Maracaípe.
VIVENDO BEM Quanto aos programas, são várias as opções. Um muito interessante é o de jangada até as piscinas naturais. Ele deve ser feito na maré vazante, já que esse é o melhor momento para se apreciar a caminhada sobre os corais. É obrigatório que você esteja calçado por causa dos ouriços e uma ou outra ponta de coral mais afiada. O passeio é calmo e tranquilo e todo mundo pode fazer, da vovó ao netinho. O trajeto de buggy pelas praias vizinhas é uma segura opção para a família. Nada daquelas dunas e motoristas destemidos tentando quebrar o pescoço do turista incauto que opte por um passeio com aquilo que eles chamam de “emoção”. Porto de Galinhas é plano, as estradas que beiram as praias ladeadas por coqueirais são seguras e bem tratadas. Foi de buggy que chegamos ao Pontal de Maracaípe. Atenção que aqui, sim, é um passeio de jangada com alto
Piscinas naturais
grau de emoção, já que nos possibilita o contato direto com cavalos marinhos preservados pelo projeto Hippocampus. É lindo vê-los “cavalgando”, minúsculos, cheios de encantos e mistérios em seu habitat natural. As crianças ficam fascinadas ao ver seres exóticos assim de tão perto numa aula de Biologia in loco. Depois desta visão de pura beleza, continuamos descendo o Rio Maracaípe até aonde ele deságua no Atlântico. Finalmente, atracamos para um banho de água doce e salgada, já que ali mar e rio se misturam. Delícia revigorante o banho e os sucos de frutas nas poucas barraquinhas que por ali existem. O sol continua a brilhar. Na volta, já no cais do Pontal, uma pausa para provar a tapioca afrodisíaca da Glaice. O resto da tarde foi na praia de Maracaípe, paraíso com ondas ideais para o surf. Na areia, pais entusiasmados e de pés molhados dão instruções aos filhos, que se esforçam praticando esse esporte que ultimamente tem trazido muitas glórias e reconhecimento ao Brasil.
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Nannai Beach Resort
ARTE POR TODO LADO Porto de Galinhas é uma vila cercada de arte. É possível encontrar artistas pintando dos postes às placas de sinalização. Eles têm uma cooperativa de artesãos e uma feira de artesanato, tudo muito bem organizados. Como é de se esperar, existe a opção de passeios mais culturais, como a visita até o ateliê portas abertas do artista conhecido como Carcará. Uma espécie de Franz Krajcberg local. Foi ele quem primeiro teve a ideia de fazer as já famosas galinhas com os coqueiros derrubados que agora adornam a Vila. O ateliê tem peças que valem a pena e podem ser compradas ali mesmo. Confesso que o quadro que mais me atraiu foi o que representava músicos tocando algo que, devido ao barulho das nossas conversas, não consegui distinguir. Parecia jazz sobre um azul Yves Klein. Ele não estava à venda, ainda bem. Da arte à ecologia, um bom passeio é a visita ao museu da ONG Ecoassociados, que desenvolve projetos de conservação das tartarugas-marinhas, baobá e recifes de corais no município de Ipojuca, onde Porto de Galinhas se encontra. O museu é simples, mas o mais interessante é ver o brilho nos olhos de quem lá trabalha, ao explicar o sentido da preservação. Nos dá uma sensação de que nem tudo está perdido. Na verdade, nesse ponto de preservação ecológica, me pareceu que o município está muito à frente do resto do Brasil. E foi assim, com muito sol e diversão, que finalmente cheguei bronzeado ao meu último dia, em que deixei para
mencionar que de tudo o que vi e vivi irei lembrar-me do cheiro do mar, da explosão de cores, das delícias da cozinha local, mas, acima de tudo, da gentileza. A gentileza com que fui tratado pelas pessoas locais, funcionários do hotel, guia e motorista, sempre solícitos e prestativos. Não posso deixar de mencionar que, durante o meu check-out, senti um súbito mal-estar, talvez devido ao calor ou à queda de pressão. Só sei que depois de tudo feito e ao ver a minha cara de quem estava precisando urgentemente sentar, a recepcionista me apareceu com um cartão em meu nome para que eu tivesse acesso à sala VIP do aeroporto. Obviamente, perdi o cartão pelo caminho, mas e daí? Talvez a sala VIP nem fosse assim muito VIP, mas a gentileza e atenção a mim dispensadas me tornaram imediatamente VIP. Porque a gentileza lá em Porto de Galinhas não se vende como capinha de celular, não se aluga como passeio de buggy ou jangada, lá eles simplesmente são gentis de graça. Prometo voltar. Serviço www.portodegalinhas.org.br *O repórter viajou a convite do Porto de Galinhas Convention & Visitors Bureau e da Azul Viagens, com apoio da Associação de Hotéis de Porto de Galinhas, Summerville Beach Resort e da GTA – Global Travel Assistance
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DESTINO
ME GUSTA COSTA DEL SOL AO SUL DA ESPANHA, NA PROVÍNCIA DE MÁLAGA, ESTÁ UM DOS ROTEIROS MAIS DISPUTADOS ENTRE JETSETTERS E INTELECTUAIS EUROPEUS. TRADIÇÃO E CHARME DÃO A IDENTIDADE DO LOCAL PATRÍCIA VIANA, Enviada Especial
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ndaluzia, Espanha – No auge da temporada e com o verão à flor da pele, embarquei para Andaluzia para me atualizar das novidades da aclamada Costa do Sol. Já havia visitado a Espanha diversas vezes, mas nesse belo lugar seria a minha estreia. Foi amor à primeira vista. Começando por Antequera, cidadezinha tranquila e charmosa onde o ritmo é de uma eterna siesta, não foi difícil desacelerar e me permitir explorar as ruelas de pedra e mirantes que emolduram paisagens deslumbrantes. Em slow motion é o ritmo ideal para explorar os labirintos e descobrir os segredos ancestrais da gastronomia andaluz.
Antequera
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Vasco
Vinícula La Melonera
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A preservação do patrimônio culinário é tema sério. A utilização dos produtos sazonais garantem qualidade e tradição, cujas matérias-primas têm denominações de origem, como o azeite de Antequera. Alguns dos pratos famosos são a porra antequerana, o gaspacho e os famosos espetos de sardinha assados na areia. A Andaluzia é repleta de vinícolas charmosas. A caminho de Ronda, a nossa escolhida foi a Finca La Melonera, que desde 2003 elaborou um projeto gigantesco: recuperar três mil anos de tradição. Um grupo de investidores, animados com o desafio, encontrou a melhor localização para que videiras indígenas da região fossem pacientemente rastreadas, culminando nos rótulos La Encina Del Inglés e El Payoya Negra. A degustação começou ali mesmo entre o aroma das alfazemas. Embaixo de uma frondosa árvore, a mesa posta com rusticidade remetia a um filme de Luis Buñuel. Dali, a degustação seguiu para a moderna sede da Finca, onde jamóns, queijos e chouriços, além de outras delícias da culinária local, compunham o ambiente num terraço que se debruçava para as vinícolas. Todavia, a grande surpresa ainda estava por vir… Ronda, um dos lugares mais impressionantes em que já estive. As paisagens são dramáticas. Uma fortaleza natural esculpida pela natureza e que nunca precisou de muros. A cidade está sobre o Tajo de Ronda, desfiladeiro de mais de 150 metros de profundidade, cujo centro histórico é declarado Bem de Interesse Cultural. Uma verdadeira locação cinematográfica. A Plaza dos Toros também impressiona e ali é latente a cultura das famosas touradas. Ronda is all about drama. Próxima parada: Marbella. É ela quem acolhe o emblemático Porto Banus, obra do arquiteto Noldi Schreck, que participou da construção de Beverly Hills. Segundo ele, “Porto não é um lugar adequado para construir arranha-céus”. Propôs fazer um povoado com marina e desde 1970 é frequentado pela realeza, por intelectuais e jet setters. É um dos lugares mais exclusivos do mundo. Por lá instalaram-se Dior, Gucci, Versace, Bvlgari, Dolce & Gabbana. Vem de Marbella o maior faturamento da GPSBrasília « 77
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RETRANCA
rede de armazéns El Corte Inglês. Ao lado do hotel onde me hospedei, o badalado Club Nikki Beach. Mas o ponto alto é seu centrinho histórico, o Casco Antigo. Ali, a presença mediterrânea aflora e a sofisticação despretensiosa está em cada detalhe, com lojinhas, muitas flores, cafés e restaurantes. Inspiração para um guarda-roupa de verão europeu perfeito. Recomendo também se abastecer do verdadeiro bálsamo de longevidade, o azeite espanhol. Tive a oportunidade de participar de uma aula com o expert da D’oliva, uma loja incrível. Imperdível é o Trocadero Playa, um beach club colorido, com atmosfera deliciosa. A dica é o peixe assado inteiro no sal grosso. E para fechar a Andaluzia, uma visita ao berço de dois hombres fuertes e carismáticos, Pablo Picasso e Antônio Banderas – sim, em Málaga. Com sensação térmica de 40 graus, o idílico passeio de barco regado à cava foi muito bem-vindo. Vale destacar dois locais obrigatórios: o Museo Picasso e o Centro Pompidou. Mas o ponto alto foi comer no Parador Gilbrafaro. Se não ficar hospedado, vá ao menos jantar para ser presenteado com a vista mais linda de Málaga. De lá, Madrid, menos de três
horas a bordo da primeira classe do trem AVE. Detalhe: há o serviço de entrega da bagagem de dentro do trem direto para o hotel. Madrid, velha conhecida, está cada vez mais bonita e vibrante. Ali fechei esse roteiro com lacinho dourado e cereja no bolo. Coroei com a verdadeira experiência de hospedagem no legendário The Ritz Madrid, inaugurado em 1910 pelo Rei Alfonso XIII, local usado para receber os viajantes ricos da época. Entre os mimos oferecidos aos hóspedes frequentes estão roupão e chinelos bordados com as suas iniciais. O Ritz está localizado no coração de Madrid, ao lado do Museo do Prado. Um dos seus refúgios especiais é o The Ritz Garden, lugar mágico onde os hóspedes podem desfrutar de uma bebida fresca ou tapas entre fontes e lagos cercados por plantas, flores, pérgulas cobertas por videiras e frondosas árvores exóticas plantadas há 50 anos. O Ritz foi comprado recentemente pelo grupo Mandarin Oriental, que prosseguirá com a excelência. * Patrícia Viana é consul Honorária da Letônia. Viajou a convite da Turespaña pela Agência de Viagens Viana Turismo (www.vianaturismo.com.br), empresa especializada em roteiros de viagem personalizados
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Ronda
Málaga
Puerto Banus Ruela de Antequera
The Ritz Garden
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TETÊ COM ESTILO POR MARIA THEREZA LAUDARES mtlaudares@blogazine.com.br
LONDRES O CONTRASTE ENTRE O FUTURO E A TRADIÇÃO FAZ DE LONDRES A CIDADE ETERNAMENTE JOVEM, ONDE QUESTIONAR JÁ FOI REBELDIA E HOJE É UM DOS PILARES DA IDENTIDADE LOCAL
THE KATE LOOK
RECONTANDO A HISTÓRIA
Inovar na arte por meio de suas exposições fez do Victoria & Albert Museum o melhor Conhecida como a maior fl da museu do mundo em 2016. Em setembro, realeza, Kate Middleton, a duquesa de abrirá suas portas para a mostra You say Cambridge, é símbolo de elegância. Richard Ward, o cabelereiro responsável pelo corte real, you want a revolution? Records and Rebels 1966 – 1970. A rebeldia que sacudiu a de manter, mas admite que uma boa escova faz a política, o design e a moda, com suas diferença. O salão com design de Philippe Stark músicas e performances, serve de pano de atende até 1.200 clientes por semana e o corte alterou nossa visão de futuro. A exposição varia entre 65 e 170 libras esterlinas. permanece em cartaz até fevereiro de 2017. www.richardward.com Richard Ward hair & Metrospa 82 Duke of York Square, Sloane Square
www.vam.ac.uk – Cromwell Rd, London posição You say you want a revolution? Records and Rebels 1966 – 1970 10 de setembro, 2016 – 26 de fevereiro, 2017
ARTE DECORATIVA Aberta em 1985, a Linley é considerada a marca de mobílias e acessórios de colecionador por excelência. David Linley, sobrinho da rainha Elizabeth II e fundador da marca, dedicou-se à arte da marchetaria, que pode ser comparada à pintura feita com madeira. O resultado são peças feitas sob medida, com mecanismos secretos complicados, painéis, móveis e objetos que podem fazer toda a diferença na decoração da casa. www.davidlinley.com – 60, Pimlico Road, Belgravia
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PURA ADRENALINA Já pensou num escorregador de 114 metros de altura? Isso mesmo, o Arcelor Mittal Orbit é o maior escorregador do mundo, com seu percurso de 178 metros combinados em seções escuras e claras, com vista para a cidade. Aberto para visitação recentemente, a estrutura criada pelo artista Anish Kapoor é o encontro do design artístico e a diversão. Ao longo do percurso, são 12 voltas em torno da estrutura em uma viagem de 40 segundos.
TRADIÇÃO O chá da tarde, símbolo da pausa entre o almoço e o jantar, é um conhecido hábito inglês que faz parte do cenário. Localizada no centro de Londres, a Fortnum & Mason comercializa o produto há mais de 300 anos sendo uma referência na capital inglesa. O salão do Jubileu, que foi inaugurado pela própria rainha, oferece uma seleção de chás e acompanhamentos que fazem a experiência inesquecível. Para aqueles que não são fãs da bebida quente, a boa pedida é a limonada feita com xarope de cana de açúcar e água mineral gasosa.
PARA SABOREAR
www.arcelormittalorbit.com Queen Elizabeth Olympic Park
O Qvo Vadis é um daqueles endereços que valem à pena pelo serviço, pelo produto e pelo ambiente. O local, de fácil acesso, oferece café da manhã, almoço, jantar e ainda tem um bar descolado. O restaurante tem espaços exclusivos para sócios, que podem ser reservados para jantares e comemorações particulares. www.qvovadissoho.co.uk 26-29 Dean Street, Soho
www.fortnumandmason.com 181 Picadilly
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RÓTULOS
DIOMÉDIO SANTOS E CÉLIO FREITAS ASSUMEM NOVA EMPREITADA. TENDÊNCIA EXPORTADA DE TERRAS EUROPEIAS, A DIO CHAMPANHERIA DESEMBARCA NO SHOPPING IGUATEMI AINDA NESSE SEMESTRE POR LARISSA DUARTE « FOTOS FERNANDO VELER
Célio Freitas e Diomédio Santos
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uem já foi a lugares, como Itália e Paris, sabe que fazer uma pausa durante as compras não se resume ao consumo. É também um momento de relax. Fazer aquele stop para apreciar uma boa taça de champanhe faz parte do passeio. Os malls internacionais, principalmente em terras europeias, não deixam o cliente passar despercebido. Até mesmo em grandes labels de relógio, joias, bolsas e roupas, é comum ser recebido com um mimo como esse. A boa nova é que essa tendência chegará a Brasília, em breve. A novidade está prestes a desembarcar na Capital Federal. O responsável por essa façanha é o CEO da joalheria Grifith em Brasília, Diomédio Santos. Em suas incontáveis viagens para fora do País, notou o requinte dessa tendência e decidiu trazê-la para a sua loja no shopping Iguatemi. “Fiquei encantado pela ideia de ter um local aconchegante para os clientes, que vai além dos serviços da loja. Um lugar que sirva de ponto de
encontro, para sentar entre amigos e socializar acompanhado de um bom champanhe”, conta. Foi nesse momento que nasceu a ideia da DIO Champanheria. Para dar início ao projeto, Diomédio procurou o empresário Célio Freitas para entrar como sócio-proprietário-gerente do negócio. “Brasília está carente de serviços como esse. A cidade merece, tem público e mercado. Vai ser inovador”, analisa Célio. Diferente de boa parte das champanherias brasileiras desse formato, que não trazem um menu de comidas completo para harmonizar com a carta de champanhes e vinhos, o cardápio da DIO abrirá com opções mais elaboradas. Pastrames italianos, misto de queijos com mel trufado e mostarda de Cremona, caviar, steak tartare, carpaccio, tramezzino de salmão com creme de mascarpone, omelete trufada recheada com muçarela de búfala e torradas estão entre os pratos assinados pelo chef Ronny Peterson. Já no quesito carta de bebidas, os idealizadores ainda estão em prospecção para trazer o melhor dos vinhos e champanhes premium. Para zelar a sofisticação do local, quem assina o projeto do espaço é o escritório do arquiteto Arnaldo Pinho. O quiosque-champanheria acomodará até 28 pessoas com mesas, sofás e cadeiras. Ao contrário dos amantes de drinques lá de fora, o brasileiro não tem mania de explorar o balcão, então esse será um ponto que a DIO pretende despertar nos clientes. Embora reconheçam que o País não esteja em um momento favorável para investimento, os envolvidos acreditam na força do trabalho. “Apresentei o projeto para influencers e representantes de marcas internacionais de relógios e todos demonstraram apoio. Não tem motivo para andarmos para trás. Com dedicação, o melhor resultado vem”, acredita Diomédio. Como a obra e as importações dos produtos exigem tempo, a DIO Champanheria será apresentada aos brasilienses entre o final de outubro e início de novembro. Empolgados com a novidade, Diomédio está confiante com o novo projeto. “Se o modelo der certo, quem sabe não expandimos a ideia pelo Brasil na rede de shoppings Iguatemi”. Dio Champanheria SHIN CA 4, Iguatemi Brasília, Lago Norte Telefone: (61) 3577-5000
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GASTRONOMIA
TEMPERATURA MÁXIMA
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ELE É TUDO AO MESMO TEMPO. CHEF DE COZINHA, ROQUEIRO, PAIZÃO, EMPREENDEDOR, SHOWMAN E AINDA ARRANCA SUSPIROS DE FÃS POR SUA BELEZA E VIRILIDADE. FOGAÇA É FOGO POR ANDRESSA FURTADO
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squeça as panelas e a doma. Imagine Henrique Fogaça em cima da sua moto, sentindo o vento no rosto e encontrando os parceiros da sua banda hardcore chamada chamada Oitão em um dia de ensaio. Cerveja numa mão, microfone na outra. Chegou a hora de dar seu show particular. O vozeirão não engana. O badalado chef sente-se em casa. Seu estilo rock’n’roll é é notável só de olhar. Sua expressão de bad boy e e seu corpo todo tatuado o definiriam muito bem. Mas engana-se quem pensa que ele é apenas isso. Há bons meses, deparamo-nos com o chef de 42 anos dentro das nossas casas, ensinando como ter fama e ao mesmo tempo ser sensível e cativante. de bad boy e E não é a jornalista que escreve essa matéria que afirma isso, mas todas as fãs do Fogaça, que o acompanham. Toda terça-feira, ao aparecer no MasterChef MasterChef, uma “chuva” de comentários sobre ele toma conta das redes sociais. E não são sobre sua competência. O coração dispara ao vê-lo na telinha. “Vem cozinhar na minha casa”, escreve uma. “Henrique, casa comigo?”, pergunta outra. Fogaça reforçou isso quando em um dos episódios se emocionou ao se lembrar da sua filha Olívia. A pequena, de oito anos, é portadora de necessidades especiais e só se alimenta por sonda. Nesse momento, sua “cara de mal” foi substituída por uma ruga de preocupação e lágrimas escorreram em seu rosto. Não precisamos falar que a internet foi à loucura e a fama de sex symbol ganhou mais força. “Acho en-graçado tudo isso, nunca pensei que um dia me encaixaria nesse termo”, conta. O chef esteve em Brasília rapidamente para participar de uma aula-show no Mercadinho do Brasília Shopping. A fila de espera para vê-lo era grande. Mais de duas mil pessoas o acompanharam, ensinando a preparar uma das suas
receitas, o medalhão de filé com molho roti e risoto de queijo brie. Esse prato é servido em seu restaurante Sal Gastronomia, localoca lizado em Higienópolis, na capital paulista. Ele também é jurado de um guia gastrogastro nômico que elegerá os melhores restaurantes da Capital Federal. Que responsabilidade, não é mesmo? Seria se o chef não estivesse acostumado a ser julgado. “Ser avaliado faz parte do nosso dia a dia. Sou julgado diariadiaria mente quando alguém vai ao meu restauranrestauran te”, afirma. Fogaça não se preocupa com o que pensam dele. O que ele quer mesmo é fazer bem feito o que se propôs e, segundo ele, é “comida de qualidade com preço acessível”. Para a realidade de São Paulo e até brasi brasiliense, o Sal não é dos mais caros. Uma coscos telinha de porco com pimenta de maracujá, tomate assado e farofa de milho bem crocante sai a R$ 58. Já em seu outro estabelecimento, o Cão Véio, um gastropub em Pinheiros, é possível comer um petisco bem servido a R$ 40. Por fim, e não menos importante, no Admiral´s Place, local onde se pode bebericar um drink, enquanto se espera uma mesa no Sal, já que fica localizado no piso superior do restaurante, o ticket médio gira em torno de R$ 50.
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ação ivulg Master Chef - Band/D
TELEVISÃO Ao lado dos chefs Erick Jaquin e Paola Carosella, Fogaça é um dos jurados do programa exibido às terças-feiras, na Band. Considerado o “casca grossa” do trio, o chef não deixa passar nada. “Sou rigoroso com os participantes da competição, assim como sou com meus colaboradores nos meus restaurantes. Sem em 2013 e aceitou sem pensar duas vezes. Há poucos dias, estreou no reality show Rolê de Chef, no canal pago TLC. A série tem oito episódios-cápsula, de cinco minutos cada. Neles, o chef visita restaurantes e bares alternativos em São Paulo, todos comandados por
RAPIDINHAS COM FOGAÇA • • • • • • • • • •
Nas horas livres... ando de moto Almoço de domingo tem que ter... bife, arroz e feijão Sonho realizado... a criação do projeto Chefs Especiais Não admite... valores exorbitantes num cardápio Brasília... infelizmente não conheço como gostaria Uma memória gustativa... o bife à milanesa da minha avó Alex Atala... um mestre Número de tatuagens pelo corpo... não faço ideia Para manter o físico... pratico muay thai e musculação É fã de ... AC/DC e Iron Maiden
Henrique movimentou a gastronomia de rua com a criação da feira O Mercado, em 2012, em parceria com Checho Gonzales. O evento reunia barraquinhas de restaurantes de chefs renomados, como Alex Atala, que vendia pratos a preços mais baixos que os oferecidos no cardápio tradicional de seus restaurantes. “Decidi não realizar mais esse tipo de evento porque desgastou. Muita gente começou a fazer sem respeitar a ideia de vender a comida a um preço acessível. Em breve, crio outra novidade para os outros copiarem”, diz sem papas na língua.
EU, COZINHEIRO? O chef não tem medo da rua. Para quem não sabe, foi lá que ele começou sua carreira. Vendendo hambúrgueres em uma Kombi. Inclusive, pode ser considerado um dos precursores dessa onda de foodtrucks que invadiu o Brasil. Seu equipamento era basicamente uma mesa de inox. Seu ponto de trabalho era a Rua Augusta. O nome? Rei das Ruas. Logo criou um cardápio. “Tinha carne louca, calabresa louca, purê de batata e vinagrete, que eu fazia
juntos. Ele participou do processo de escolha de cada um dos locais.
em casa todos os dias”, relembra. No staff, um funcionário para a chapa e uma administradora. Foram sete meses de sucesso, até os integrantes da sua equipe brigarem. Neste momento, decidiu começar tudo de novo. Só que dessa vez, sozinho. Mudou de hambúrguer para sanduíche de baguete, de vários sabores. Ia de porta em porta vendendo seu produto. Locadoras de filme, lan house, escritórios. Da sua avó, quem lhe dava dicas de como cozinhar, reproduzia o bolo de laranja e a mousse de chocolate. Em paralelo a isso, começou a cursar Gastronomia. Abriu mão do emprego como bancário para seguir uma nova carreira profissional, a de cozinheiro. Já em seu novo curso, Fogaça precisava estagiar em algum lugar e rapidamente conseguiu uma vaga no premiado restaurante de Alex Atala, o D.O.M. Não ficou muito tempo por lá, começou no Namesa vinte dias depois. Em seguida, conheceu o fotógrafo Eduardo Brandão, dono da Galeria Vermelho, um espaço de arte contemporânea. O empresário estava em busca de alguém para tocar um café localizado dentro de seu galpão. E Fogaça foi o escolhido. Não demorou para deixar o espaço com sua identidade. Batizou de Sal Gastronomia e sobre a escolha do nome é enfático “sal é um elemento indispensável na cozinha”. O café cresceu e se tornou um restaurante. Hoje, reconhecido como um dos melhores de São Paulo. É preciso ter paciência, pois a fila é grande e o espaço tem poucas mesas. Além de seus bares e do restaurante, o chef possui cervejas com seu nome, assina um molho de pimenta e lançou uma marca de roupas inspirada em suas aventuras com as panelas.
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DEGUSTAÇÃO
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ADAPTADOS PARA O ESTILO DE VIDA BRASILIENSE, OS CAFÉS SÃO VERDADEIROS DARLINGS DA COMUNIDADE LOCAL, QUE BATE PONTO PARA UNIR CONVERSA COM DEGUSTAÇÃO NO MOMENTO RELAX DO DIA… OU DA NOITE POR MARINA MACÊDO « FOTOS FERNANDO VELER
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le pode ser forte ou fraco. Pode ser puro ou encorpado. Pode ser protagonista ou um mero ingrediente de drinks ou sobremesas. Mas seu aroma... Ah! Isso é inconfundível. Esse é o café, o grão que dá sabor à bebida mais clássica do mundo, do árabe ao vienense, os ditos tradicionais. Mas há outro tipo de café… o espaço físico, o estabelecimento cheio de charme e cenário de tantas histórias universais. Sim, esses são creditados aos parisienses.
Especialmente famosos por servirem seus blends, é ainda um ponto de encontro social, envolvendo originalmente música, arte, literatura. Os intelectuais adoram. Os pensadores Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir que o digam. O fascínio pelas cafeterias anda em alta na Capital Federal. Adaptados ao paladar brasileiro, que adora um petisco e um quitute, os espaços são um verdadeiro point de gastronomia peculiar. Cada um tem seu DNA e seu público cativo.
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OS CLÁSSICOS DANIEL BRIAND Com ar romântico, Daniel Briand Pâtissier & Chocolatier traz um pedaço da França para o Cerrado. Instalado desde 1995, o espaço é a concretização da história de amor entre o chef francês com a fotógrafa brasileira Luiza Venturelli. “Em 1991, eu fazia doutorado na França e resolvi fazer um curso rápido de croissant. O Daniel era o professor. Foi quando nos conhecemos. Fiz uma feijoada em casa e o convidei. Entre croissants e feijoada, acabamos nos apaixonando”, recorda Luiza. Com estilo art nouveau, o café começou apenas como confeitaria. “Percebi rapidamente que precisava fazer a parte de salgados também”, diz Daniel. A novidade da casa é confit de canard et sa pomme de terre, que é a coxa de pato confitada, servida com mini batatas assadas com herbes de Provence, lascas de maçã e salada verde. Quando o assunto é doce, estão as tentadoras tortas, macarons e os chocolates. Apesar das receitas serem essencialmente francesas, Daniel revela que também adere ingredientes brasileiros. “Temos bombom de açaí e bacuri. E macarons de araticum”, diz. •
Uma boa pedida: O tradicional croissant, os macarons e a torta Ópera Endereço: 104 Norte, bloco A, loja 26 Telefone: (61) 3326-1135
MARTINICA Considerado o primeiro café noturno de Brasília, o café Martinica soma 26 anos de tradição. “Eu e Adeildo, meu ex-marido, éramos jornalistas e estávamos desgastados da rotina profissional. Após uma viagem que fiz à França, surgiu a ideia de abrir um café. Foi quando chamamos meus irmãos Joel e Marcos Baesse para fazer parte do projeto”, lembra Jurema Baesse. O quarteto não mediu esforços para conquistar seu espaço no mercado. Com receio de abrir apenas um café noturno, Jurema rememora que o espaço abriu com duas vertentes: de café e de um barzinho. Mas a ideia do café vingou. Um gesto rotineiro é bater um papo com o garçom filósofo, como é conhecido Marcos Baesse, sempre com um papo envolvente. Jurema conta que aos poucos introduziram sanduíches e tapiocas. Mas o carro-chefe continua sendo a torta de chocolate. O Martinica é tão emblemático que até ganhou novo endereço, no Brasília Shopping. •
Uma boa pedida: torta de chocolate, cappuccino italiano e café vienense Endereço: 303 Norte, bloco A, loja 4 Telefone: (61) 3326-2357
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CAFÉ & BISTRÔ SEBINHO Fundada em 1985, a livraria reúne os adeptos do universo cult. Nas estantes, os clássicos da literatura, livros best sellers, discos de vinil, CDs e DVDs. Desde 2009, o espaço ganhou mais uma frente, o Café & Bistrô Sebinho. Uma bossa para quem quer eleger seu título tomando um saboroso café. Os quitutes ganham nomes de celebridades como Orson Welles, Glauber Rocha e Castro Alves. Ganha destaque ainda a agitada agenda cultural. “Realizamos saraus literários, lançamentos de livros, pocket shows, exposições. Temos também cursos como o de barista, que ocorre de dois em dois meses”, conta Tiago Sousa Cardoso, responsável pelo café. •
Uma boa pedida: Drink Gelado Troiano, feito com expresso duplo, gengibre, limão e açúcar mascavo, e Greta Garbo, omelete com queijo, tomate concassé e manjericão Endereço: 406 Norte, bloco C, loja 44 Telefone: (61) 3447-4444
OS MODERNINHOS QUINTAL F/508 Idealizado por Raquel Pellicano e Humberto Lemos, o empreendimento abriu as portas há dois anos, com o propósito de ser um espaço de convivência e atender os estudantes do Espaço f/508 de fotografia. “Hoje é uma coisa muito cíclica. Temos alunos que viram clientes, assim como clientes que viram alunos”, diz Raquel.
Situado no primeiro andar do bloco D da comercial da 413 Norte, o espaço é um charme e passa a ideia de ser secreto. “O fato de ser escondido faz parte da graça do lugar. As pessoas se sentem descobrindo um segredo”, salienta. O recinto ostenta ainda uma vista verde para o parque Olhos D’água e exposições fotográficas. Outro diferencial é que o cardápio é renovado mensalmente. Por ser vegetariana, Raquel se preocupou também em inserir opções para esse público. Como os omeletes de queijo brie com shimeji ou brie com alho poró. Sob as caçarolas da chef Sofia Soares, o espaço atualmente está desenvolvendo novidades sem glúten e lactose. •
Uma boa pedida: Chocolate quente (mistura de meio amargo com ao leite) e a fl s com diversos t s Endereço: 413 Norte, bloco D, sala 113 Telefone: (61) 3347-3985
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que o Ernesto Café Especiais poderia ser um cenário cultural. Aos sábados, há uma feirinha com frutas, legumes, flores de pequenos agricultores”, conta. Outra novidade será o e-commerce. “As pessoas vão poder comprar cafés e fornadas semanais para terem em suas casas”, antecipa. • Uma boa pedida: Café coado ou expresso. Além de um pão de queijo com queijo da canastra ou pão com requeijão na chapa Endereço: 115 Sul, bloco C, loja 14 Telefone: (61) 3345-4182
ERNESTO CAFÉS ESPECIAIS Com elementos característicos de Brasília, o Ernesto Cafés Especiais traz em sua arquitetura cobogós e piso cinza que remete ao concreto da cidade. Além de uma varanda com acesso para a quadra residencial, que contempla o verde e o céu. Fruto da paixão da historiadora e barista Juliana Pedro pelo café, a loja foi inaugurada em 2011. “Sempre gostei de café. Foi quando vi oportunidade de negócio e comecei a me qualificar. Trazemos frequentemente novidades no moinho. Às vezes temos café da Bahia, Serra do Caparaó, São Paulo, Minas Gerais. Garimpamos o que tem de interessante em cada safra e em cada ano”, diz. Atualmente, outro carro-chefe da casa é a produção própria de pães. “Nossos pães são todos feitos aqui e demoram em média de 16h a 18h para ficarem prontos. Já que a fermentação é natural, requer tempo e espera”, explica. A agenda do café é enérgica. “Temos clientes que fazem agito cultural na cidade e começaram a perceber
SENHORITAS Com atmosfera intimista, o Senhoritas é um cativante café que fica voltado para a quadra residencial da 408 Norte. Elementos como máquina de datilografia em uma escrivaninha arcaica e rádios antigos resgatam a pegada vintage do espaço. Sonhado pelo proprietário, poeta e escritor Renato Fino, o café traz em seu cardápio, logo na primeira página, uma indagação. Quem desligou o som? “É um protesto
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VEM POR AÍ…
showroom
contra a lei do silêncio. Tínhamos noite de jazz até 2011, foi quando fomos multados e criamos esse movimento chamado Quem desligou o som”, esclarece Fino. A grande sacada é que o local batizou bebidas e comidas com nomes de lugares icônicos da cidade, como: UnB, uma caipirinha tradicional de cachaça e limão; Rodô, feita de Bacardi, suco de limão, soda, hortelã e açúcar; Conic, expresso longo, leite vaporizado; Cine Brasília, expresso longo, leite vaporizado e ganache; Colina, dois expressos longos, dose de whisky flambado, açúcar mascavo, chantilly e cacau em pó. •
Uma boa pedida: Prô-Fino, o sanduíche de
Endereço: 408 Norte, bloco E, loja 42 Telefone: (61) 3340-2696
LABECCA CAFÉ+BISTRÔ Sob o comando do trio de irmãs Amanda, Fernanda e Flávia Labecca, o bistrô carrega o sobrenome da família. “Nossa irmã caçula, a Flávia, já trabalhava com bolos decorados. Abrimos a casa há seis anos e, além dos doces, trouxemos os salgados”, rememora Amanda. Juntas embarcaram para Nova York, Paris e Londres em busca de referências de cafés. Ana Paula Barros e Vanda Riccioppo assinam, respectivamente, o projeto e a ambientação. O décor traz um grande lustre de taças que pendem do teto. O conforto fica por conta das mesas de madeira, cadeiras estofadas e até sofás. Porém, o grande atrativo fica a cargo da vitrine dos doces belgas.
Por lá, o trio combinou a brasilidade do brigadeiro com a sofisticação do chocolate belga. Outro líder de vendas é o Carrossel. “É uma receita de família, que é servida em um copo e feito com camadas de brownie, calda de brigadeiro quente, farofa crocante e sorvete de baunilha”, diz a empresária. A novidade de 2016 é o bolo de rolo com goiabada cremosa. •
Uma boa pedida:
Endereço: QI 13 do Lago Sul, bloco F, loja 10 Telefone: (61) 3364-0007
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ELETRÔNICO
Celso Junior
SENTE O SOM FILHO DE DJs E CRIA DE BRASÍLIA, ALOK É CONSIDERADO O MELHOR DO HOUSE MUSIC DO BRASIL. EM CARREIRA ASCENDENTE, TROCA A CAPITAL PARA ASSUMIR AS PICAPES MUNDO AFORA POR PEDRO LIRA
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Alisson Demetrio
Alok no pré-Carnaval em Curitiba
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ilho de pais nômades, Alok Petrillo tem história para contar de cada lugar onde já morou. Nascido em Goiânia, viveu em Amsterdã, Alto Paraíso, na Chapada dos Veadeiros, Londres e São Paulo, mas, após passar a adolescência na Capital Federal, não tem lugar no mundo que o encante mais. Com apenas 24 anos, o DJ é atração confirmada no maior festival de música eletrônica do mundo, o Tomorrowland, na Bélgica, e já é considerado o grande representante brasileiro do segmento. Ele está na lista dos cem melhores DJs do mundo, segundo a revista especializada DJ Mag, ocupando a 44° colocação. O brasiliense assinou recentemente com a Spinnin Records, a mesma gravadora do badalado Calvin Harris. Além disso, é agenciado pela WME, maior agência internacional de DJs atualmente. Alok é presença constante em festivais em todos os continentes, como Lollapalooza, Villa Mix e Tomorrowland Brasil. O talento e o ouvido apurados para o house music vêm de berço. Alok é filho do casal de DJs Swarup e Ekanta, gigantes da vertente psychedelic trance no Brasil. Foram eles que fundaram o consagrado festival Universo Paralello, que toma a praia paradísiaca de Pratigi, na Bahia, e reúne cerca de duas mil pessoas na noite de Réveillon. Com pais divorciados nos primeiros anos da infância, o pequeno músico teve como playground as raves e festas eletrônicas. “Meus pais tinham seus projetos em vários lugares e nunca deixaram de viver a vida e fazer o que queriam por causa dos filhos”, conta. “Eu e meu irmão
acompanhamos uma hora morando com um, outra hora com outro”, completa. Como era de se esperar, os gêmeos Alok e Bhaskar decidiram ainda bem novos o inevitável: queriam também ser DJs. Trocando os videogames pelas picapes, os garotos foram descobrindo a música dentro de casa. A carreira começou a criar forma aos 12 anos, quando ele e o irmão se autointitularam a dupla Lógica. Os meninos tocavam em raves de Brasília quando fizeram, apenas cinco meses depois de lançar o projeto, a contagem regressiva da virada do ano de 2004 para milhares de pessoas no Universo Paralello. Depois de cinco anos de experiência, os irmãos Lógica, com 17 anos, começaram a fazer turnê pelo mundo e conheceram 19 países por trás da mesa de DJ. “Foi nesse momento que a gente percebeu que não era mais brincadeira de criança. O projeto cresceu muito e nós com ele. Com senso de responsabilidade bem maior, criamos algo completamente autoral de trance”, explica. Mesmo com o sucesso, em 2010, o DJ deixou a dupla e se lançou como Alok, desistindo do trance e investindo no house music. “Eu sempre quis trabalhar com o house, mas fui me encontrando na música com o tempo”, conta. “Acredito que devemos fazer aquilo que faz nosso coração vibrar e era nesse estilo que eu sentia isso”, diz. Com influências de Carl Cox, Rick Amara e, claro, dos pais, o DJ começou a trilhar o caminho que o levaria a ser número um do País. Sempre visionário, o sucesso do artista veio da capacidade em enxergar oportunidade na inovação. “Não posso GPSBrasília « 97
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Alisson Demetrio
Alok levanta o público do Andes Festival, em Santiago, Chile
descrever o que eu faço, meu som não tem definição, as pessoas escutam e sabem que aquela batida é Alok”, explica. Tendo como inspiração Emicida e Criolo, o jovem DJ explica que gosta de artistas que trabalham com uma mensagem por trás e inovam em seus conceitos. Para lançar uma nova carreira, nada melhor que o próprio nome. A inspiração de batizar o filho como Alok veio quando ele ainda estava na barriga, quando os pais viajaram para a Índia. Lá, conheceram Osho, o professor e guru que criou todo um movimento baseado em evolução espiritual pela meditação. Foi ele quem disse que o bebê deveria se chamar Alok, que em sânscrito significa “fora deste mundo”. “Sofri muito bullying na escola, mas o Bhaskar sofreu mais”, conta rindo.
BRASÍLIA, SUA CIDADE Os anos cruciais da adolescência de Alok foram vividos na Capital. Acompanhando os pais nos diferentes projetos, morou em Amsterdã dos cinco aos oito anos, depois em Goiânia, em Alto Paraíso, na Chapada dos Veadeiros. Aos 12 anos chegou a Brasília, onde viveu em Águas Claras até os 19, seguindo para Londres. Agora, com 24, fincou raízes em São Paulo. A infância passou longe do que é considerado normal. “Minha rotina era completamente diferente da dos meus colegas de escola. Morar com pais DJs torna a convivência, as experiências, tudo muito diferente”, afirma. Em Brasília, estudou na Escola Classe 410 Sul, Colégio JK e fez o ensino médio no La Salle. Antes de entrar na faculdade, chegou a fazer cursinho pré-vestibular, mas no dia da prova teve um show para fazer. “Fiquei seis meses estudando para a prova e quando chegou a hora eu tive que viajar”, relembra.
Ainda assim tentou a graduação. Alok chegou a estudar Relações Internacionais, durante dois anos, na Universidade Católica. “Eu fiz quatro semestres, mas à medida que a carreira deslanchava ficava cada vez mais difícil conciliar”, explica. Então, decidiu abandonar e investir completamente na música. “Ainda bem”, diz aliviado. Quem comemorou a decisão foram os brasilienses. Alok era presença constante na tradicional balada eletrônica 5uinto. “Era uma baladinha que eu curtia aqui em Brasília”, relembra. Com a agenda toda voltada para a carreira, Alok faz de 18 a 20 shows por mês. “Não tenho mais tempo para nada. Não posso fazer planos porque minha rotina é imprevisível”, desabafa. As únicas coisas que são sagradas no cotidiano são a academia e a produção de música. “Fazer meu som é prazer. Eu só consigo trabalhar se não estiver sob pressão. As duas coisas são uma espécie de terapia diária”, diz. No quesito comportamento, sempre foi um jovem adulto e garante que nunca deu trabalho. “Eu, por ter tido uma infância única, tive que crescer muito rápido, então sempre fui maduro para minha idade”, conta. O mesmo se aplica ao irmão. Hoje, seu irmão Bhaskar toca no projeto Blue Rose ao lado da sua mulher e sempre que possível se encontra com Alok para trocar figurinhas. Os pais também mantêm a rotina de DJs, moram em Águas Claras, e deixam a cidade apenas para tocar em festas pelo Brasil e exterior. Das experiências na Capital Federal, consegue destacar várias: correr no parque de Águas Claras, andar de skate no Setor Bancário e, claro, curtir o Lago Paranoá no Pontão ou fazendo SUP. “O que mais sinto falta em Brasília é o que ela representa. Ter tempo para fazer as coisas, a sensação e lembranças de crescimento. É por isso que amo aqui. Nos lugares que vou digo que sou brasiliense”, conclui.
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BANDAS
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É COISA NOSSA
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TALENTO NÃO FALTA PARA TRÊS NOMES DA MÚSICA BRASILIENSE. GUGA CAMAFEU, ADRIANA SAMARTINI E A BANDA SURF SESSIONS SÃO CONHECIDOS PELO CARISMA E MUSICALIDADE. UM SONHO? DESPONTAR NO CENÁRIO LOCAL POR PEDRO LIRA
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uando Juscelino Kubitschek idealizou a nova capital do País, não imaginou que a cidade, projetada para fins políticos, teria uma cena musical tão arraigada. Nos anos 80, foi batizada de Capital do Rock. Mas a cidade, que recebe brasileiros de todas as regiões, tornou-se centro multicultural, abrindo espaço para uma juventude com novos ideais. Com influências dos quatro cantos do País, Brasília tem mostrado que seus talentos musicais brincam com batidas que vão do eletrônico ao pagode, seja em composições autorais ou repaginadas pelas vozes candangas. Muito bem representada no cenário nacional, ela deixa o estigma do rock n’ roll para abraçar a diversidade de ritmos populares brasileiros. Nesse cenário, há três talentos que merecem ter suas histórias contadas. Provavelmente você já os ouviu cantando, os reconhece na rua ou até os acompanha em shows pelos bares e festas da cidade. São figurinhas adoradas, repletas de carisma e identidade. Conheça a história de Gustavo Santana, Adriana Samartini e da banda Surf Sessions.
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O SOM DO CAMAFEU O mais recente representante de Brasília na música nacional, Guga Santana, é a estrela do momento no quadro Iluminados, do Domingão do Faustão. Aos 33 anos, o guaraense é o retrato da paixão nacional: Carnaval, música percussiva e futebol. Com essa mistura não é de se surpreender que já tenha passado com sua voz e gingado por praticamente todo o País. Nos palcos, dividiu espaço com Durval Lelys, Margareth Menezes, Saulo, Natiruts, Timbalada e já levou seu alto astral para público de vinte mil pessoas, ao abrir uma das edições do Show da Virada. As influências para seu estilo são brasileiras. “Não tenho como definir a minha música. Faço um som nacional. Escuto Djavan, Elis Regina, misturo com a batida afro e o samba que vem de Salvador. Minha música é a junção de tudo isso. Um dia encontro um nome para ela”, brinca. Com carreira consolidada, já são 16 anos de música em seu currículo. Os planos de se tornar jogador de futebol, não vingaram quando teve problemas no joelho. Resolveu trocar as chuteiras pelo microfone “A galera já gostava da minha voz, na época que eu jogava, e sempre que nos reuníamos alguém tocava um cavaquinho e eu acompanhava”, relembra. Por volta dos anos 2000 formou sua primeira banda, Os Marotos. Era o rei do pagode e cantava em locais como o boliche do ParkShopping, em encontros de bandas na antiga Telebrasília e em eventos da cidade. Com experiência e nome feito, foi convidado em 2007 para cantar na banda Patrulha do Samba, que era um grupo baiano conhecido por apresentações em programas de auditório, como o do Gugu, Raul Gil e Gilberto Bastos. “Eu tive a chance de me apresentar em tevê no passado e isso me ajudou muito a lidar com o Iluminados, na Globo”, conta. Brasiliense de corpo e alma, não teve jeito. Voltou para a capital do País depois de três anos em Salvador. “Aqui relaxei por um ano, coloquei os pensamentos no lugar e
formei o Camafeu”, diz. Hoje, mais ativo do que nunca, define-se como um casamenteiro. “Brinco que o Camafeu é banda de casamento, por ser o que mais faço”, afirma. Em meio a tudo isso, Guga ainda arruma tempo para brincar com seus dois filhos, Otto e Ellis. Para o futuro, o projeto é lançar o DVD Joia Rara, que foi gravado alguns dias antes do convite para o Iluminados. A locação escolhida foi a Mansão dos Arcos. “Acho a arquitetura lá incrível e tem tudo a ver com Brasília”, explica. No repertório do projeto, cinco canções autorais, incluindo o single Meu Camafeu, que será lançado ainda em agosto, com algumas cenas do DVD. Um sonho? Continuar sendo feliz na música e manter sua arte verdadeira, para receber o tão apreciado amor dos fãs. Instagram: @gugacamafeu
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AXÉ BRASILIENSE Banda Eva, Cheiro de Amor e a eterna Micarecandanga são as influências desde muito cedo de Adriana Samartini. A brasiliense tem presente na memória sua primeira experiência, aos 12 anos, assistindo Ivete Sangalo em um vestido preto dominando o palco do Nilson Nelson ao som de Pegue aí. Foi com essa lembrança e com a paixão pelo axé que Adriana despontou na cena musical brasiliense. Com
voz, simpatia e presença de palco natos, conquistou o público da cidade ao se apresentar em casas como Bierfass, no Pontão, e Cadê Tereza e Empório Santo Antônio, na Asa Sul. A pedida? Sempre axé. Adriana saiu da pista e subiu ao trio como brincadeira. “Meus amigos diziam que eu era cantora para me ajudar a subir ao palco e cantar com eles”, lembra. O termo conhecido como ‘canja’ foi o que deu origem à carreira de Adriana. “Com isso, eu fiquei tão frequente em festas na Macadâmia, de formatura e em eventos, que o público passou a me ver como profissional”, diverte-se. Com as canjas dadas nas festas, não demorou a ser convidada para uma banda. Sua primeira participação, agora como cantora oficial, foi no grupo Baquetada, que fazia formaturas e casamentos. “Quando a banda acabou, por volta de 2008, eu tinha o compromisso de cantar no casamento de uma das minhas melhores amigas. Foi aí que me lancei solo, com o nome de Adriana Samartini”, conta. Eis que surgiu a dona do axé em Brasília. Dali, Adriana virou presença constante no Carnaval de Salvador e nos trios de Durval Lelys, Tuca Fernandes, Banda Eva, Daniel Vieira, Trio do Batata e outros. Seu ritmo já passou por Rio de Janeiro, Minas Gerais, Florianópolis e Goiânia, além de Brasília e Salvador, esta última sua grande paixão. Atualmente, Adriana e sua equipe se preparam para um projeto grande. A cantora pretende lançar seu primeiro DVD, com clássicos do axé, apostando em locais icônicos da cidade. “Sempre que vou ao Pontão faço novos planos para gravar lá”, conta. Como uma boa artista do povo, Adriana sonha em atingir o máximo de pessoas possível com sua música e energia. “O céu é o limite!”, diz. Instagram: @adrianasamartini
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Celso Junior
Renato Azambuja, Júnior Fernandes, Felipe Bittencourt, Rafael Monte Rosa e Jorge Bittar
UMA VIBE PRAIANA A falta de uma praia não foi motivo para Brasília não ter sua banda de surf music. Foi nessa onda que os cinco músicos do Surf Sessions se uniram. Além do cover, o grupo traz para o universo da banda, versões autorais dos mais variados estilos. “A Surf Sessions surgiu de forma despretensiosa. Nós começamos a tocar e recriar algumas músicas com uma vibe domingo e fim de tarde”, explica Renato Azambuja, um dos integrantes da banda, oficializada em 2008. “Nós sempre fomos muito bem aceitos. Acredito que pelo fato de Brasília ser muito receptiva e o Surf Sessions brincar com reggae, rock, samba, pop”, explica. A grande referência é o Natiruts. E o envolvimento com projetos musicais de Brasília ajudaram a disseminar o trabalho: “Eixão, Mormaii, Ermida Dom Bosco e, atualmente, no Primeiro Bar e no Na Praia. “Essa pegada de
esporte tem tudo a ver com a gente”, diz Bittenca, como é chamado Felipe Bittencourt. Além das versões musicais de outros artistas, a banda tem produção autoral. O primeiro CD, lançado em 2010, conta com 13 faixas escritas por todos. “A gente vai se complementando, formando ideias e escrevendo juntos”, diz Rafael Monte Rosa. “Um dos diferenciais da banda é que nós temos três vocalistas com a mesma importância, que trazem suas vivências, estilos e referências para formar algo que una tudo”, explica. O grupo tem como padroeiro o empresário, e pai de Bittenca, Avelino Ottoni. “Ele faz parte da banda e está sempre com a gente. Se não fosse o apoio e todo o investimento dado por ele nós não seríamos o que somos”, reconhece o filho. A banda sonha em fazer turnês internacionais. “Queremos sempre conhecer lugares e pessoas novas e passar uma mensagem com nossa música”, conclui. Instagram: @surfsessions
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JUSTIÇA
A CASA EM ORDEM JULIANO COSTA COUTO COMANDARÁ A OAB/DF ATÉ 2018 E DIZ QUE SUA GESTÃO POR RAFAELLA FELICIANO « FOTOS CELSO JUNIOR
“E
u prefiro ser um otimista frustrado a um pessimista realizado. Espero que meus filhos vivam em um País cada vez melhor, com desenvoltura econômica, social e política”. Foi com esse discurso que o presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal (OAB/DF), Juliano Costa Couto, se despediu após conversa sobre o combate à corrupção e o papel do Judiciário. Mestre em Direito Constitucional, aos 40 anos, Juliano coleciona uma carreira extensa na área. No final do ano passado, foi eleito presidente da OAB/DF para mandato até 2018. Casado, pai de dois filhos, ele se formou pela UDF, em 1997, e sempre atuou em seu próprio escritório. Filho do conselheiro do Tribunal de Contas do DF, Ronaldo Costa Couto, Juliano é mineiro e começou na Ordem em 2007, quando se tornou conselheiro da entidade. Ao falar sobre os avanços das investigações no Brasil e a condenação de vários políticos e empresários, Juliano ressaltou que o combate à corrupção também precisa ser enfrentado no dia a dia, dentro de casa, evitando atitudes costumeiras e aparentemente inofensivas, mas que também são corruptas, como não pagar impostos, burlar as leis de trânsito e até mesmo furar filas.
“Para se tornar advogado, é preciso ser aprovado no Exame de Ordem. Para tal, tem que estudar o Código de Ética da Advocacia. Mas eu costumo dizer que o verdadeiro código está dentro da nossa casa, da nossa família, nos atos praticados por nós, nossos pais e familiares”, acredita. Em entrevista para GPSIBrasília, Juliano afirma que o Judiciário tem mostrado que existe luz no fim do túnel para o Brasil e acredita que a impunidade no País tende a ser cada vez menor. “O gigante ainda não acordou, mas ele já vem se mexendo. Ainda lentamente, mas estamos indo em frente”. Como o senhor avalia a efetividade da atuação do Poder Judiciário nas instâncias superiores? Eu entendo que o Brasil tem avançado nos últimos anos. É fato inequívoco que o julgamento e condenação do caso mensalão pelo Supremo Tribunal Federal foi um sinal e talvez uma guinada de que a impunidade talvez não esteja resolvida. É um mal que afeta o País há 500 anos. Porém, pelo menos há a sinalização de que sair imune de um crime será mais difícil. Inclusive, com os crimes de colarinho branco, nos atos de corrupção praticados por grandes empresários ou mesmo por entes políticos.
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\Como o senhor enxerga, hoje, o papel do advogado? A advocacia tem o papel criminal de defender clientes. Mas tem também a responsabilidade de cooperar para o desenvolvimento das leis do Brasil e também da causa pública. Nós, aqui da OAB/DF, criamos uma Comissão de Combate à Corrupção, que vem agindo com a regulamentação da Lei Anticorrupção em voga tanto no Distrito Federal como no âmbito federal. E a Ordem deve contribuir com os órgãos de controle, com os tribunais de contas, controladorias, e, também, fomentar a correta aplicação do dinheiro público. E isso começa lá nos processos eleitorais. E, nesse quesito, a OAB tem servido de ouvidora, partícipe do processo contra o Caixa 2 nas eleições municipais já desse ano. or ue supostos corruptores acabam sendo beneficiados pela prisão domiciliar? in uência e o dinheiro contribuem para esse benefício? Eu acredito que o fato de eles terem condição econômica abastada faz com que tenham capacidade de contratar os melhores profissionais do mercado, que levam ao Judiciário excelentes teses e defesas. E também eles produzem quantidade melhor de provas e contraprovas acusatórias. Eu confio no Judiciário, e as decisões dadas em favor, inclusive dos acusados citados, elas se fazem com base e respaldo técnico e legal. omo o senhor verifica o papel da olícia do inist rio blico e do oder udiciário em operaç es de combate corrupção como a Lava Jato? Não há dúvida de que a Polícia Federal e o Ministério Público têm feito um trabalho dedicado. O juiz Sergio Moro é corajoso e focado na causa em que acredita. O que nós, da advocacia, por vezes, temos tido preocupação, é por quando o aparato do Estado, inclusive por meio das instituições citadas, viola direitos e garantias individuais. Nesse aspecto, a advocacia não vai se calar, nem mesmo a Ordem dos Advogados do Brasil. Somos contrários às investigações arbitrárias, ardis e covardes, como a gravação sem respaldo legal. Mas a Operação Lava Jato, como um todo, me parece ter dado alguma resposta ao Brasil sobre os crimes por ela identificados. metodologia de investigação das operaç es policiais vem sendo questionada. É possível avaliar a sua efetividade? Entendemos, que, por vezes, talvez eles tenham exagerado em alguns momentos, inclusive quando advogados são grampeados. Outra coisa que tem nos preocupado é quanto às delações premiadas. Suas negociações, aparentemente, 110 « GPSBrasília
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“PREFIRO ACREDITAR QUE BOA PARTE DO PODER JUDICIÁRIO É OCUPADO POR PESSOAS HONESTAS”
ocorrem por meio de chantagens e ameaças, retirando deste delator e contribuinte a liberdade e a serenidade que seriam mais convenientes para que a delação fosse celebrada. Existe interferência dos Poderes Executivo e Legislativo e até mesmo de partidos políticos em investigações? Eu prefiro acreditar que não, que a teoria da independência torna-se prática, nesse aspecto. Agora, por óbvio, agentes políticos envolvidos nessas ações fazem uso dos instrumentos de defesa que entendem cabíveis, inclusive não só na primeira instância, mas nas instâncias superiores. Eu penso que o Judiciário não se curva a esse tipo de pressão política ou mesmo social. A melhor decisão para um País é um Judiciário independente e livre. E que a população saiba respeitar essas decisões. Muitos acusados de corrupção têm optado pela delação premiada. Como isso funciona no Direito? A delação é um instituto que vem evoluindo na prática e na lei no Direito brasileiro. E a Operação Lava Jato é um clássico exemplo, porque, diante da complexidade das autoridades e das provas, acaba que se faz conveniente a sua utilização, seja por parte da defesa ou da acusação. E, muitas vezes, uma delação acaba levando a outra, tendo em vista que as provas condenatórias já estão fartamente presentes nos autos, levando o acusado a querer delatar outros partícipes para que eles também sejam beneficiados. Fica muito difícil, por vezes, buscar a absolvição. Ao contrário do que acontece quando os réus não delatam e lutam em conjunto para que as provas, por ventura, não sejam trazidas aos autos; ou seja, a delação premiada acaba resultando o efeito cascata. A opinião pública tem sido bastante considerada. Qual o cuidado ue o udiciário precisa ter para evitar esse tipo de in uência? Não só o Judiciário como a população em geral, não devemos nos deixar levar por notícias midiáticas até exageradas e, muitas vezes, equivocadas. A pré-condenação de
um cidadão que depois se vê absolutamente sem nenhuma relação com aquele delito é uma covardia. Só vivemos uma vez e ter a imagem de condenatório social público atrapalha toda a vida futura. Espero, eu, que a mídia e o Judiciário se pautem, com muito zelo, nessas avaliações. Durante muitos anos, pouquíssimos corruptores foram punidos. Isso também se deve a chamadas “venda de sentenças”? Os Poderes são exercidos por seres humanos. E alguns, por vezes, se submetem e se corrompem no exercício que a eles é atribuído. Mas eu tenho mais que absoluta certeza de que a corrupção no Judiciário, quando existente, é feita por uma minoria absoluta de seus membros. Eu prefiro acreditar que boa parte do Poder Judiciário, assim como do Ministério Público, da Advocacia, e do próprio Poder Executivo, é majoritariamente ocupada por pessoas honestas e bem intencionadas. Porque a má utilização da força do Estado, com ações venais e corruptas, é absolutamente nefasta para a história do País. Qual a sua opinião sobre a decisão do STF da prisão em segunda instância? A OAB/DF tem uma posição clássica, reconhecida e pública sobre o assunto. Até porque já ingressamos no Supremo Tribunal Federal sobre a questão. De acordo com a atual Constituição Federal, uma pessoa só pode ser considera culpada após o trânsito julgado da sentença penal condenatória. Nós entendemos que essa condenação provisória pode gerar mais injustiça do que justiça. O que deve ser feito é que os processos precisam ser agilizados de forma a se alcançar o quanto antes, mas com respeito, o trânsito em julgado. Existe solução para o Brasil? Acredito muito na juventude que está ocupando espaços de liderança política e projeção econômica dentro da sociedade. Avanços vêm acontecendo. GPSBrasília « 111
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DIREITO
O TRABALHO, A JUSTIÇA E O EQUILÍBRIO
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TRIBUTARISTA CONCEITUADO, JOÃO PAULO TODDE DESENVOLVEU MÉTODO OUSADO NO DIREITO E CRIOU O ESCRITÓRIO BOUTIQUE, COM PLANEJAMENTOS CUSTOMIZADOS POR
LARISSA DUARTE « FOTOS CELSO JUNIOR
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edicação e tenacidade são duas qualidades que acompanham João Paulo Todde Nogueira em tudo o que se propõe a fazer. Logo cedo na vida, antes de tornar-se referência nacional na advocacia tributária, o doutor em Direito Tributário Comparado e Mestre em Processo Tributário foi instigado a enfrentar grandes desafios em uma carreira que, apesar de prestígio, exige muita destreza. Aos 16 anos, na véspera do vestibular, a faculdade de Direito não passava em sua mente. Desbravador e entusiasta dos livros, a sua primeira opção era Arqueologia, mas o curso não existia nas universidades da Capital Federal. Para a sua mãe, o sonho era que o filho garantisse um futuro no universo dos juristas. Entre os bons resultados atingidos para as graduações de Geografia, História e Direito, Todde enveredou-se para o conhecimento jurídico. Desde o momento do seu ingresso no UniCeub – onde foi aprovado com a terceira maior nota do vestibular – ele estava determinado a cavar o próprio sucesso. Após o pouso de paraquedas no curso, ainda sem conhecidos ou padrinhos que pudessem lhe guiar na área, Todde saiu em busca de estágio logo no primeiro semestre. “Eu pesquisei muito para encontrar uma carreira no Direito que não dependesse de contatos, pois eu não tinha ninguém. Porém, para que eu superasse uma indicação em um segmento como o Tributário, seria exigido um altíssimo conhecimento. Então, corri atrás disso”, conta. Na bagagem, o ensinamento do avô Ugo Todde, quem o influenciou na ausência do pai falecido e até hoje o inspira: “Não manche o seu nome, pois só temos um. Se denegri-lo, você manchará também o nome da sua família”. Um bom resultado nunca foi o suficiente para Todde. O objetivo era chegar o mais perto possível do melhor. E para alcançar isso ele sabia que o caminho mais curto não era necessariamente o mais próspero. “Persistência é uma máxima na minha vida. Vi meus colegas de turma passando em concursos públicos e ganhando bons salários, enquanto eu trabalhava noite e dia por pouco”, lembra.
Hoje, aos 32 anos, o esforço reconhecido e o talento aflorado do cuiabense se refletem em seus negócios. Suas três empresas fazem parte da holding La Porta Todde, grupo que fundou ao lado da mulher Renata La Porta Todde, banqueteira carioca de renome na cidade, responsável pelo buffet homônimo e pelo La Porta em Casa, duas marcas que também constituem o grupo. À frente da Todde Expertise e do Instituto La Porta Todde – antigo Instituto Honori Dux de Estudos Inteligentes Aplicados (IHDEIA) –, o advogado é CEO da Todde Advogados, uma firma de advocacia nacionalmente reconhecida, que opera somente no conceito escritório-boutique, no qual os serviços são customizados e especializados para cada cliente. Com representantes em todos os estados brasileiros, o escritório, que completa dez anos em 2016, atua em diversos segmentos tributários, como perícia jurídico-contábil-fiscal, readequação de procedimentos e de rotinas fiscais, planejamento, recuperação de tributos, e outros trabalhos que já renderam incontáveis cases de sucesso. Em seu doutorado, Todde desenvolveu um Método de Enriquecimento Tributário – MET –, que funciona como base para o desempenho de sua expertise. Nesse processo, o time de 20 advogados, 60 peritos e mais de 40 consultores identifica benefícios tributários muitas vezes desconhecidos pelo cliente e que podem converter até 18% do faturamento GPSBrasília « 113
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da empresa em alguma forma de crédito, fazendo com que os beneficiamentos e recuperações alcancem até 13% do seu faturamento, transformando tributos em riqueza. Como resultado do trabalho minucioso, realizado entre 30 e 120 dias, seus clientes já foram beneficiados em mais de R$ 400 milhões em compensação fiscal e em mais de R$ 1 bilhão em planejamento tributário. “Essa metodologia é uma maneira otimizada de trabalhar o Direito Tributário. Nós diagnosticamos a empresa, ajustamos sua rotina fiscal e a reestruturamos juridicamente”, afirma.
A BOUTIQUE Além desse serviço, com atuação no sistema full service, outros três planos personalizados merecem destaque. O Plano de Segurança Jurídica Corporativa funciona como orientação profissional preventiva sobre todas as relações jurídicas da empresa, de ponta a ponta. Por meio de um check-up aprofundado, todas as falhas empresariais são detectadas e o escritório apresenta as devidas prevenções, controle de danos ou soluções. O Plano de Segurança Jurídica Familiar é o chamado advogado da família. A pessoa física e seus dependentes legais
são acompanhados 24 horas para garantir proteção e orientação no dia a dia. Por exemplo, na venda ou compra de imóveis, a Todde os orienta desde a negociação até a formalização contratual. E em situações de emergência, como acidentes de carro, um advogado do escritório é designado para acompanhar o caso, protegendo o cliente do início ao fim. O Plano de Segurança Jurídica Institucional funciona como uma consultoria de alto nível para o Poder Executivo, ministérios e secretarias, e para parlamentares em confecções de leis, relatórios, consultas e pareceres. O trabalho é conduzido para tornar o Executivo e o Legislativo mais técnicos e produtivos. O plano também se aplica para instituições sem fins lucrativos, como associações e sindicatos, ou de repercussão social, como ONG’s e OSCIP’s, buscando aparelhar ideias, negócios e atividades. Em contraste com a séria rotina profissional, basta citar a família para abrir um sorriso no rosto do advogado. Pai da pequena Luna Bianchi – ou Lua Branca, como costuma chamá-la –, Todde se prepara para ser papai de segunda viagem. Renata está grávida de um menino, que já é carinhosamente chamado de Noah pela irmãzinha e amigos dos La Porta Todde.
Grupo La Porta Todde SHIN QI 1, Conjunto 9, Casa 18 Tel.: (61) 3322-0502 secretariado@laportatodde.com.br
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ARTIGO CELINA LEÃO (PPS)
Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal
PRESIDENTES DE ASSEMBLEIAS ESTADUAIS REUNIDAS COM MICHEL TEMER
U
m encontro do presidente da República interino, Michel Temer, com presidentes de Assembleias Legislativas estaduais e distrital mobilizou os parlamentares no Palácio do Planalto. A pauta da reunião: pedir apoio à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 47, em tramitação no Senado, que amplia o poder das assembleias estaduais em criar leis. O presidente se empolgou com o tema e destacou a necessidade do fortalecimento de estados e municípios. Na minha avaliação, os deputados defenderam a necessidade do fortalecimento dos parlamentos. Querendo ou não, somos nós que recebemos as demandas dos cidadãos e hoje não temos condições de respondê-los com a rapidez que o cidadão gostaria. Se aprovada, a PEC 47 vai aumentar a competência legislativa das Assembleias. Queremos discutir o verdadeiro federalismo nacional, no qual os estados são federados, mas com autonomia para poder resolver os seus problemas, poder legislar em cima da cultura e da tradição do seu povo, da identidade regional, o que é bem diferente de um estado para outro. O presidente foi muito educado conosco. Ele começou fazendo um diagnóstico do Brasil e de todas as suas ações nos 60 dias de governo – uma prestação de contas. Depois
fez introdução sobre o constitucionalismo brasileiro, falando da necessidade de descentralizar o Brasil, para que o País se desenvolva. E que descentralizar poder, não é abrir mão do poder, mas, sim, dividi-lo, para que o Brasil se desenvolva. Isso é muito importante. Ele apoiou e disse que é favorável à causa. Disse que vamos fazer uma grande marcha com os presidentes de assembleias do Brasil e com os deputados estaduais até o Congresso Nacional, em um segundo momento, para discutir a questão do nosso constitucionalismo. Um dos pontos que fiz questão de destacar foi que, desde 1964 que o presidente não recebe os deputados estaduais, tomando agora seu lugar que é realmente lado a lado com o Executivo, com o Judiciário, representando a vontade da população. Temer garantiu apoio e reconheceu que houve distanciamento dos poderes Executivo e Legislativo, mas que pretende reaproximar os setores. “Vivemos uma federação irreal, disfarçada, fruto de uma vocação centralizadora que levou o país a uma crise atrás de outra. Não adianta distribuir competências sem distribuir recursos. Temos o dever de defender nossas instituições, estabelecendo um novo pacto federativo”, esclareceu.
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CARTÃO BRB ENTREGA SUAS AÇÕES PARA DRIBLAR A CRISE: INVESTIMENTOS NO CORPO FUNCIONAL E DIVERSIFICAÇÃO DE PORTFÓLIO POR PAULA TURBINO « FOTOS FERNANDO VELER
A FÓRMULA DO SUCESSO
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anter-se em constante crescimento e superar o resultado projetado em tempos de retração econômica leva a crer que a Cartão BRB tem uma fórmula de sucesso. Neste primeiro semestre de 2016, a Companhia entregou o melhor resultado de toda a sua história: 31% acima do previsto para o período. “Os resultados financeiros alcançados e o reconhecimento do valor da Cartão BRB demonstram que estamos no caminho certo”, declara Ralil Salomão, presidente da Cartão BRB. De acordo com o presidente, não há formula mágica e, sim, investimentos na diversificação de produtos para os brasilienses, além de uma gestão que prioriza a retenção e capacitação do corpo funcional. “Queremos entregar aos clientes o que há de melhor no mercado, mas entendemos que, para isso, é importante manter um ambiente corporativo saudável, com pessoas qualificadas e motivadas. Por isso investimos tanto em capacitação, programas e ações
para qualidade de vida dos nossos funcionários”, explica. Nesses 19 anos de existência da Cartão BRB, empresa que administra os cartões de crédito do Banco de Brasília, sua história se mistura com a de tantos outros brasilienses, que cresceram e se desenvolveram na Capital Federal. São inúmeros os cases de sucesso desenvolvidos durante a trajetória da empresa. Entre as histórias construídas pela Cartão BRB está a de Simone Nascimento, que entrou na empresa no ano de 2001, como estagiária da área comercial, passou por promoções internas, concluiu sua graduação, iniciou e terminou sua pós-graduação em Projetos. Desde 2010 ocupa cargo executivo na companhia, atualmente à frente da gerência operacional, com mais de 40 pessoas em sua equipe. “É incrível ver o crescimento da Cartão BRB e saber que faço parte de tudo isso. Tenho orgulho de fazer parte desse time”, declara.
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• A funcionária com matricula nº 001, Elisângela Ferreira, também tem boas histórias pra contar. Viu a empresa, que hoje está distribuída em três andares, começar em uma pequena sala de operações. Estudante de Contabilidade, começou em 1997 como estagiária da área comercial e fez parte de todo o desenvolvimento da Cartão BRB, passando pelas áreas operacional, contábil, de controles internos, administrativa, financeira e continua contribuindo com seu histórico vivo, desenvolvendo melhorias para gerência de controle interno e construindo sua carreira.
RETENÇÃO DE TALENTOS Na Cartão BRB, os colaboradores são vistos como clientes. Por isso, a empresa atende aos anseios deste público, dividindo experiências, com ações de relacionamento ou no desenvolvimento de programas e ações para manter um excelente clima organizacional, principalmente aqueles sustentados por pilares de qualidade de vida, estímulo à saúde, bem-estar e capacitação profissional. • Capacitação: no ano de 2015 foram mais de 12 mil horas destinadas a qualificação e motivação, com cursos, seminários, treinamentos e workshops. • Aulas de inglês gratuitas: para potencializar o conhecimento dos colaboradores com a língua inglesa, visto que a Cartão BRB é uma empresa de meios de pagamento, com muitos termos técnicos em inglês, a empresa resolveu disponibilizar aulas gratuitas do idioma, com professor nativo dos Estados Unidos. As turmas são divididas pelo nível de conhecimento dos participantes. • Auxilio Educação: os colaboradores da Cartão BRB podem contar com incentivo para melhorar a sua formação acadêmico-profissional. Para isso, é concedido um ressarcimento dos gastos efetuados em cursos nos níveis de graduação, pós-graduação ou especialização (lato sensu) nas áreas de interesse da companhia, que custeia até 80% do valor investido pelo profissional.
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Clube de Corrida: montado exclusivamente para os funcionários da empresa, os treinos são orientados por profissional, que acompanha os resultados dos alunos. As aulas acontecem no Parque da Cidade, duas vezes por semana, sem custo algum aos participantes. Auxilio academia: reembolso do valor integral ou parcial da academia dos colaboradores que praticam atividade física regular. Um incentivo a mais para manter a prática esportiva e uma vida saudável. A Sala de Relaxamento: ambientada com rede, pufes e colchonetes, além de uma bela imagem de cachoeira estampando o local, a sala de relaxamento está disponível durante o horário de almoço dos funcionários. Programa Empresa Cidadã: preocupada com o bem-estar das funcionárias, a Cartão BRB é adepta ao Programa que, em conformidade com o Decreto 7.052 de 23/12/2009, beneficia as colaboradoras com a extensão da licença maternidade de 120 (cento e vinte) para 180 (cento e oitenta) dias.
CLIENTES Entregar um portfólio diversificado, tecnologia, segurança e os melhores benefícios para os clientes também são prioridades. Para tal, a empresa está em negociação para a implantação de uma carteira virtual e mobile Payment, que permitirá ao cliente transações seguras através do seu aparelho celular. Outra novidade fica por conta da Campanha de Fatura Digital, que consiste na inibição da fatura impressa, uma excelente forma de contribuir para a redução dos impactos ambientais e otimização de tempo e recursos, já que todas as informações referentes à fatura estão disponíveis no site da Cartão BRB e no aplicativo mobile. No segundo semestre do ano, a Cartão BRB dará continuidade ao seu Programa de Educação financeira, que nos primeiros meses do ano promoveu uma jornada de palestras em escolas públicas e privadas do Distrito Federal para educar as novas gerações sobre a importância do planejamento orçamentário e do controle financeiro para uma sociedade mais consciente e com hábitos de consumo saudáveis. GPSBrasília « 121
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SAÚDE
Fisioterapeuta Sarah Brandão
FISIOTERAPIA, UM BOM COMEÇO BRASÍLIA GANHA TECNOLÓGICO CENTRO DE REABILITAÇÃO CONDUZIDO PELA ESPECIALISTA SARAH BRANDÃO. O SEGREDO DA LONGEVIDADE É O MÉTODO PREVENTIVO, QUANDO A PROCURA INDEPENDE DE SINTOMAS POR MARINA MACÊDO « FOTOS CELSO JUNIOR
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á décadas a humanidade mergulha em uma incessante busca pela longevidade, métodos capazes de proporcionar melhor qualidade de vida e envelhecimento de forma saudável. Harmonia entre corpo e mente. Aliado a isso, destaca-se a prevenção de lesões e doenças antes mesmo que surjam. O estresse, a má alimentação e o sedentarismo são os grandes vilões no processo de alcançar a terceira idade em sua melhor versão. “Existem três tipos de envelhecimento: o surpresa, o patológico e o planejado. O primeiro é aquele em que a pessoa é pega de surpresa, quando percebe que o tempo passou. O patológico, também chamado de secundário, é uma mistura entre fatores genético, alimentar e ambiental. Já o planejado é o que se estabelece metas e procura adiar qualquer tipo de doença. De que modo? Observando o quadro hereditário, as probabilidades e tentando sanar qualquer disfunção”, explica a fisioterapeuta Sarah Brandão. Doutora em Filosofia da Educação e Mestre em Ciência da Educação, pela Florida Christian University (USA) e Mestre em Gerontologia, pela Universidade Católica de Brasília, Sarah Brandão aponta a ascensão da fisioterapia preventiva. Trata-se da procura pelo método independentemente de sintomas. Ela esclarece que depois dos 30 anos de idade, o organismo do indivíduo começa a perder funções sistêmicas. “A partir dessa faixa etária, a média é a redução de 1% das funções de cada órgão a cada ano, quando já é indicado iniciar a fisioterapia preventiva. Eu trabalho de forma sistêmica e personalizada, acredito que o ideal é integrar a fisioterapia aos apoios nutricional e emocional”. Sendo assim, um dos segredos da juventude fica a cargo da prática regular de exercícios físicos. “O envelhecimento diminui o metabolismo de todos órgãos, enquanto o exercício o aumenta. Ao aderir à atividade física é possível fazer a inversão funcional”, enfatiza Sarah. A fisioterapeuta afirma que o padrão de uma rotina saudável é fazer exercícios em média de quatro a cinco vezes por semana, no mínimo de 40 minutos.
AS PAUSAS O público-alvo da fisioterapia preventiva inclui ainda jovens com menos de 20 anos, que resolvem estudar para vestibulares ou concursos públicos – jovens que ficam horas sentados estudando, alimentando-se mal e deixando de lado as atividades físicas. “Depois que atingem seus objetivos, em média dois anos sem executar nenhuma modali-
dade, eles resolvem praticar de maneira brusca. É quando começamos a ver o sofrimento da coluna e das vértebras”. E complementa: “Há resultados de ressonâncias desses pacientes que apresentam colunas que parecem de uma pessoa de 50 anos, devido à dinâmica do seu dia a dia. Além disso, o estresse pode provocar Síndrome Miofascial, geradora de nódulos de tensão que tem de ser tratados para aliviar dores, melhorar a função muscular e a mobilidade do paciente – tudo isso está interligado”. Na fisioterapia preventiva, os adeptos praticam uma série de exercícios para potencializar seu bem-estar. Entre eles, está o aquecimento das articulações, com bicicleta, slideboard, esteira, e outros. Na sequência, um trabalho de mobilização articular, para melhorar o movimento geral do corpo do paciente. Depois, flexibilidade de fibra e hipertrofia. Porém, Sarah adverte: “Se o paciente já chega com dor, primeiro é necessário tratar o quadro álgico”.
EM BOAS MÃOS A fisioterapia tem sido vista como uma alternativa para quem cogita cirurgia devido a um quadro avançado de dor. “Tenho um paciente que estava na fila de cirurgia para hérnia de disco e o médico indicou a fisioterapia. Vinha há dois anos com dor de acamamento. Ele chegou no centro de reabilitação em uma cadeira de rodas”, relembra Sarah. “Em seis meses, melhorou 100% e não foi necessário fazer a cirurgia. Entre os destaques dessa evolução está a técnica de Mackenzie, mostrando que é possível anatomicamente voltar o disco para o lugar”, conclui. GPSBrasília « 123
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Uma das salas do centro de reabilitação utilizada para a recuperação dos pacientes
RAMIFICAÇÕES Outro fator que aumentou a procura pelos centros de reabilitações foi a multiplicação de áreas no ramo de fisioterapia. Sarah explica que nos últimos 30 anos o segmento teve procura muito grande em países de primeiro mundo. “No Brasil, notamos essa ascensão de cinco anos para cá. Devido tanto ao aumento do número de profissionais quanto às novas especialidades”. Antigamente, a maior procura era o domínio da Ortopedia. Hoje a realidade é outra. “O leque de opções atualmente é muito variado. Temos fisioterapia: geriátrica, urológica, proctológica, ginecológica, respiratória, cardiológica, neurológica, oncológica, oftalmológica e dermatológica. Sendo essa última voltada para os recursos de beleza e pós-operatório estético, que acelera a cicatrização”, diz. E finaliza: “Inclusive, nós, fisioterapeutas, indicamos a parte pré-cirúrgica, pois o músculo é um sistema de depósito energético. Se você tem musculatura boa antes da cirurgia, sua recuperação será mais rápida e a cicatrização melhor”. Centro de Reabilitação Sarah Brandão SGAS 613/614 Ed. Vitrium Brasília, Sala 222 – Telefone: (61) 3443-0565 orário de funcionamento egunda a se ta das h s h www.sarahbrandao.com.br
TECNOLOGIA DE PONTA O avanço tecnológico também é cúmplice desse aumento de Reabilitação Sarah Brandão conta com o Intelect Shockwave RPW, um aparelho de última geração, que produz ondas de choque acústicas. Quando aplicado dor, melhora da irrigação sanguínea, aceleração da consolidação óssea, redução de aderências e de tecidos Coluna, que melhora as disfunções cervicais e lombares, além do equipamento da Kinesis One e linha Arke, da Technogym, equipamento lúdico que trabalha o progresso do paciente de maneira divertida.
MITOS & VERDADES • também • é preciso encaminhamento de médico. O paciente pode ir direto • assessorando e no limite do paciente •
É VERDADE que melhora o quadro do paciente,
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VISÃO
Clínica ganha nova ala especializada em catarata
Sérgio Elias Saraiva, Sebastião José Ferreira, Jonathan Lake e Celso Boianovsky
OLHAR QUE REVELA OS OLHOS SÃO A JANELA PARA DESCOBRIR PROBLEMAS EM TODO O CORPO. EM BRASÍLIA, UM GRUPO DE ESPECIALISTAS SE DEDICA, HÁ QUASE TRÊS DÉCADAS, AO CUIDADO COM A SAÚDE OCULAR E SEUS DESDOBRAMENTOS. OS PROFISSIONAIS ACABAM DE INAUGURAR UM SERVIÇO EXCLUSIVO DEDICADO AO FIM DA CATARATA POR MEIO DE AVANÇADA TECNOLOGIA POR PEDRO LIRA « FOTOS FERNANDO VELER
E
nvelhecer é um processo implacável para todos. No entanto, diferentemente dos tempos de nossos avós, a visão não precisa sofrer com os efeitos da idade. A catarata, doença natural que atinge homens e mulheres a partir dos 40 anos, e que dificulta enxergar as letras próximas aos olhos, pode ser resolvida com uma cirurgia de cinco minutos e riscos quase inexistentes. Com 120 mil novos casos por ano no Brasil, a doença surge quando o cristalino do olho, pequena lente que existe na parte interna e que cresce desde a infância, não tem mais espaço para se expandir. Com isso, ela começa a endurecer e ficar opaca. Essa é a razão pela qual pessoas mais velhas não enxergam muito bem de perto.
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“A solução é fazer a cirurgia com o uso do Femto Laser, que se baseia na troca do cristalino por uma lente sintética. As tecnologias mais avançadas garantem uma visão nova, tanto para longe quanto para perto. Adeus óculos e lentes de contato”, afirma do especialista da clínica Oftalmed, o oftalmologista Celso Boianovsky. Segundo o também oftalmologista da Oftalmed, Jonathan Lake, o procedimento é tranquilo e sem traumas. “No dia seguinte o paciente já está desempenhando suas atividades normalmente, só que enxergando direito”, brinca. A catarata é natural, mas alguns fatores podem acelerar seu aparecimento, como diabetes, tabagismo, colírios automedicados, exposição intensa ao sol, fatores familiares e estresse.
UMA JANELA PARA O CORPO Para Sebastião José Ferreira Neto, especialista em retina e um dos fundadores da Oftalmed, os olhos são uma janela para se descobrir problemas de saúde no corpo. “A retina, por ser um tecido vascularizado, é suscetível a praticamente todas as doenças infecciosas, autoimunes e metabólicas. Elas atingem todo o corpo, mas podem ser identificadas muito cedo por meio de um exame nos olhos”, diz. O especialista ainda explica que todo exame oftalmológico tem como objetivo prevenir a cegueira. “As pessoas negligenciam o tratamento ocular e procuram ajuda apenas quando acham que precisam de óculos”, conta. O problema disso é que as doenças que chegam aos olhos tendem a ser silenciosas e, quando apresentam sintomas reais, já é tarde para reverter a condição. “A retina suporta até certo nível de dano, então cede de uma vez”, alerta Sebastião. A Oftalmed tem profissionais voltados para as cinco principais áreas da oftalmologia: retina, catarata, glaucoma, córnea e pediatria. “A oftalmologia avançou muito
nos últimos dez anos. Tanto a parte preventiva quanto a resolutiva” conta Sebastião. O médico reforça a necessidade de realizar consultas e avaliações periódicas. “O oftalmologista precisa estar na grade de acompanhamento das pessoas. O exame de grau é o menos importante que se faz, enquanto a lista de doenças oculares é enorme”. Os donos da clínica, que existe desde 1993, sempre focaram na melhor tecnologia para os procedimentos cirúrgicos. A Oftalmed atua com implantes intraoculares, equipamentos que corrigem o grau com laser e até cirurgias que trabalham dentro do olho, com incisões microscópicas. “Esses problemas de saúde precisam ser acompanhados. Os pacientes usam o serviço de oftalmologia de modo mais intenso e frequente e, por isso, desenvolvem uma relação mais próxima com o médico”, explica Sérgio Elias Saraiva, outro fundador da clínica. “Eu tenho pacientes que trato há mais de 15 anos”, conta.
UM CASE DE SUCESSO Foi em 1988 que Sérgio chegou a Brasília. Radicado em Minas Gerais, o oftalmologista veio para trabalhar com um amigo no Hospital Santa Luzia. Quando o amigo se mudou para a Alemanha, repassou para ele o consultório e pediu que Sérgio convidasse seu cunhado para ficar em seu lugar. Esse vinha a ser Sebastião, que está na Oftalmed desde 1993, quando a dupla oficialmente criou a marca. Para fechar o trio de sócios, em 1995, Celso Boianovsky entrou na parceria. Dos anos 1990 para cá, a clínica se expandiu consideravelmente. Pelo alto investimento no espaço Santa Luzia, o trio se transferiu para o Centro Clínico Sul. Alguns anos depois, em 1999, mudaram-se para a Asa Sul, no Centro Executivo Sabin, onde estão até hoje. Ainda com planos de ampliação, criaram um novo espaço em Taguatinga. “Montamos a clínica no Hospital Anchieta, que posteriormente se transferiu para o Santa Marta”, conta Sérgio. Em 2008, inauguraram a unidade Águas Claras e, até o final de 2016, a unidade Asa Norte já estará funcionando. “Nós queremos levar nossos serviços com toda a qualidade para as diversas regiões de Brasília, facilitando o acesso da população, evitando a necessidade de grandes deslocamentos. Sempre fizemos nosso trabalho com paixão e acredito que é por isso que estamos crescendo e tendo um feedback tão positivo da sociedade”, conclui. Visão Oftalmed Centro Executivo Sabin, W4/W5 Sul, 714/914, bloco D Telefone: (61) 2191-9191 www.oftalmed.com.br
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ARTIGO FAUSTO BERMEO*
Médico e cirurgião plástico
HARMONIA E SEGURANÇA NA PONTA DO BISTURI
A
cirurgia plástica está em quinto lugar no desejo dos brasileiros, segundo pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito – SPC –, e essa vontade também tem conquistado a lista de prioridades dos brasilienses. Realizá-la, por vezes, desperta uma força imensa de confiança que o paciente nem imaginava ter. É lindo acompanhar esse processo de transformação. Para quem decide fazer um procedimento com segurança e conquistar os melhores resultados é preciso seguir alguns passos. O que realmente é necessário? Quando se fala em cirurgia plástica, imaginam-se grandes mudanças radicais. É possível melhorar aspectos sem a necessidade de intervenções cirúrgicas, mas, quando necessário, um bom cirurgião plástico vai orientar e recomendar ao paciente o que realmente é necessário. A cirurgia além do físico A decisão em operar deve ser levada a sério, pois é preciso entender que uma mudança corporal leva a uma transformação poderosa do emocional. O cirurgião plástico exerce um trabalho de extrema sensibilidade, transformando os desejos dos pacientes em resultados reais e harmônicos. escolha do m dico Todos querem um cirurgião plástico atencioso, competente e qualificado para realizar seu procedimento. Antes disso, é preciso certificar-se da sua especialidade em cirurgia plástica. Para isso, consulte o site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que disponibiliza o currículo de todos os seus membros. aça perguntas A consulta é o momento para tirar dúvidas e entender o procedimento. Procure, por exemplo, saber quem é o mé-
dico anestesista, ou seja, tenha conhecimento de todos os passos para sentir segurança. a de Um bom candidato para uma cirurgia plástica deve estar com a saúde em dia. Para isso o cirurgião solicitará uma bateria de exames para certificar que tudo está em ordem e evitar qualquer intercorrência. nde operar Verifique com o médico se a clínica ou hospital onde será realizada a cirurgia cumpre com os parâmetros e certificações junto aos órgãos de vigilância e controle. Recuperação No pós-operatório, além do bom acompanhamento médico e de enfermagem, o paciente é corresponsável importante não só do resultado da cirurgia plástica, ele também ajuda a evitar intercorrências e complicações. Cumprir todas as recomendações médicas é fundamental. É importante salientar que, em cirurgias mais complexas, o paciente vai precisar de repouso, necessitando de auxílio no processo. companhamento A cirurgia não acaba após o paciente receber alta. Saiba por quanto tempo o médico vai acompanhar o pós-operatório. O comprometimento do médico após a cirurgia dará conforto e segurança ao paciente no processo de recuperação. Entendendo o processo de uma cirurgia plástica, o paciente ficará mais tranquilo para desfrutar os resultados. Afinal, todos nós buscamos o encontro do real com o ideal, do que queremos com o que é possível concretizar, tendo em mente que o que mais importa é ser feliz. *Doutor em Medicina e Cirurgia, membro-especialista e titular da Sociedade Brasileira de irurgia lástica e diretor da línica nterplástica B interplasticafb com br
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SEXO
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FENÔMENO NAS REDES SOCIAIS, CÁTIA DAMASCENO GANHOU FAMA COACH SEXO E SUAS BENESSES POR MARINA MACÊDO « FOTOS CELSO JUNIOR
TREINADORA DE PRAZERES S
em papas na língua. Ela é um verdadeiro fenômeno na internet. Idealizadora do programa Mulheres Bem Resolvidas, no YouTube, Cátia Damasceno soma mais de duzentos mil seguidores no canal de vídeos e cem mil no Instagram. Sua pauta principal? O sexo. Algo que para muitos é tarefa difícil, para ela é um assunto natural. Em plena forma física aos 40 anos, Cátia é super sensual. Filha de militar, com rigorosa educação, a empresária recorda que no passado foi motivo de chacota dos amigos de sala por ser magrinha e repleta de sardinhas. Casou-se aos 21 anos com o primeiro namorado, mas acabou se separando aos 26 anos, já com dois filhos. Viveu anos de solteirice até encontrar seu atual amor, um homem seis anos mais novo, com quem tem outros dois filhos. “Costumo dizer que já passei por todos os momentos: “atrevida; do tipo acanhada; do tipo vivida; casada carente; solteira feliz; já tive donzela; e até meretriz”, brinca ao referir-se à canção Mulheres, conhecida na voz de Martinho da Vila. Formada em Fisioterapia e com especialização em Uroginecologia, Cátia relembra como iniciou no segmento. “Comecei atendendo gestantes que se preparavam para o parto normal e trabalhávamos o fortalecimento de períneo. Até que certo dia uma noiva me perguntou se eu poderia ensinar a ginástica íntima para ela e amigas”, diz.
Esse foi o divisor de águas. Dias depois recebeu um telefonema, perguntando quando abriria a próxima turma. A partir de então, não parou. Hoje, com 12 anos de estrada, ministra palestras sobre sexualidade, ensina técnicas de pompoarismo e alimenta seu canal no YouTube. Ela revela que as pautas surgem de perguntas e sugestões publicadas nos comentários dos próprios vídeos. Falar sobre sexo sempre foi um tabu. De uns tempos para cá, esse cenário melhorou Você concorda? Ainda existe tabu. As pessoas não estão tão liberais como dizem. Por exemplo, tenho alunas que preferem me mandar e-mails a entrar na nossa comunidade nas redes sociais, que já é fechada, por terem vergonha. Porém, é inegável que o conforto de pesquisar na internet faz as pessoas irem atrás das informações. Vejo ainda que muitas estão perdidas nessa ideia de que “antes não podia nada e hoje pode tudo”. Quando você estava solteira, sua experiência incomodava os homens? Sem dúvida. Boa parte dos homens não está preparada para mulheres empoderadas, que sabem o que querem. Não é porque a mulher é bem-sucedida e poderosa que vá deixar de ser feminina ou de mostrar sua fragilidade. A mulher também precisa permitir que o homem pague a
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conta ou troque o pneu do carro, mesmo que ela tenha condições para isso. Porque os homens falam “eu te amo” por meio de ações e não por palavras. Quando o assunto é relação sexual, e iste algo proibido ou um limite? Acredito que se foi previamente acordado entre os parceiros, ninguém tem nada a ver com isso. Se ambos querem experimentar coisas novas, beleza. Caso contrário, não. Hoje é moda mandar nudes. O que você acha dessa troca entre casais? É preciso ter cuidado para evitar uma exposição desnecessária. Aquilo que a pessoa mais quer ver é o que a gente mais demora a revelar. Melhor que revelar tudo, é fazer uma foto, por exemplo, de uma silhueta e deixar a outra pessoa imaginar. Muitas mulheres passam anos procurando o ponto G. Como encontrá lo? Cadê esse bendito, né? Ele não é um ponto. É uma região que fica ao redor da uretra e, quando a mulher está mais excitada, a região fica mais incha-
da e proeminente. Tanto que na hora em que a mulher estimula, ela percebe uma sensibilidade na região. Vejo mulheres neuróticas, procurando esse ponto. É quando eu falo: “Por que se preocupar com o ponto G se tem um alfabeto inteiro para você brincar?”. Mas a mulher precisa entender que é essencial relaxar e se entregar para ter esse prazer. O pompoarismo é uma das suas maiores demandas. Quais são os benefícios? São vários. Reduz o período menstrual, os sintomas de TPM e as cólicas. Ela ainda facilita o processo do parto, melhora o funcionamento do intestino e a relação sexual. Falando em homens, como reagir diante de uma impotência? Já foi comprovado que 70% dos casos são de fundo emocional. O psicológico influencia muito. Se for a primeira vez, relaxa. Em casos mais frequentes, é indicado procurar um urologista. Ao parceiro ou parceira,
sugiro levar no bom humor e dizer: “Na próxima, você não me escapa”. Já para o outro saber que terá uma outra oportunidade. Nada de cobrança. Quais dicas você daria aos homens ue uerem apimentar a relação? Homem que sabe fazer preliminar é tudo de bom. É importante ressaltar que não são apenas aqueles 20 minutos antes do ato sexual. É também mandar uma mensagem picante ao longo do dia. O homem é visual, enquanto a mulher é conteúdo. Normalmente, eu indico aos homens procurarem um conto erótico e mandar. A mulher enlouquece. Outra atitude é comprar lingerie, brinquedinhos e escolher uma trilha sonora. Qual lingerie ideal para usar na primeira vez com o parceiro? E qual a escolha para reacender a pai ão?
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São dois looks diferentes. Para usar na primeira vez, eu indico investir no pretinho básico ou branco. Nada de espartilho vermelho ou cinta-liga. Esses acessórios são para esse segundo momento, o de apimentar a relação. Para quem nunca ousou, qual sua dica para começar? Acho que deve ser gradual. Primeiro, comprar os famosos gelzinhos – os que esquentam, esfriam, vibram. Num segundo ato, acho legal fazer uma massagem sensual que aí já fica induzido que você não está tão inocente. Depois, partir para um striptease. Aos tímidos, indico o strip da lanterna, em que a pessoa apaga as luzes e ilumina as peças que vai tirando. pli ue o ue o coach de relacionamento? No coach, o foco é o futuro, quais estratégias adotar, as metas. É incrível como as pessoas, em geral, já têm as respostas, mas precisam escutar de um terceiro. O coach faz com que elas enfrentem suas dúvidas e confirmem seus valores. Quan-
do entendemos isso, paramos de responsabilizar o outro pela nossa felicidade. Qual o modelo de parceiro você procura? Ele existe? O que você faz para se tornar mais interessante? Relacionamento não é só com o outro. É com você mesmo. Vale fingir orgasmo? Pare com isso! A mulher tem mania de fingir para agradar o outro. Mas quando você finge, a mensagem que passa é que tudo que o parceiro está fazendo está certo. Aí, na próxima, ele vai fazer a mesma coisa. Caso não esteja do jeito que você gosta, explique como gosta. Mais pra direita, esquerda, fraco, rápido… As pessoas não se conhecem e não sabem atingir o prazer sozinhas. Além disso, depositam a responsabilidade do prazer no parceiro. E quando bate aquela preguiça? Ninguém tem que fazer sexo obrigado. Filmes pornôs na hora H ajudam?
Ajuda sim. Segundo algumas estáticas, 54% das pessoas que assistem são casais casados. A maioria dos assinantes inclusive é mulher, ao contrário do que a gente pensa. Hoje existe até pornô feminino, que tem mais conteúdo. omo lidar com infidelidade? Tanto homem quanto mulheres traem. Normalmente, por motivos diferentes. O homem, se tiver uma briga muito feia dentro do relacionamento, sai para dar uma espairecida. Aí passa uma mulher bonitona e dando mole, a probabilidade de rolar a traição será grande. Já a mulher costuma ser por carência afetiva dentro do relacionamento. Se ela encontra alguém que dê a atenção que o parceiro não dá, a pessoa passa a ser interessante. Site: www.mulheresbemresolvidas.com.br
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AMANDA GUERRA E SANDRO COVRE DIZEM SIM ÀS MARGENS DO LAGO PARANOÁ. PARA O CASÓRIO, A ESTILISTA IDEALIZOU SEU PRÓPRIO VESTIDO DE SEDA PURA E USOU BY FOTOS: CELSO JUNIOR E BRUNO STUCKERT
AMOR ETERNO 136 « GPSBrasília
Sandro com os pais Sullivan e Elsa
arília Vasconcelos ueiros sabela elena Barros Bárbara Barros manda andro Val ria Bittar
ila ambelli e uí a ere o
Os noivos Sandro Covre e Amanda Guerra
manda e uis nt nio uerra omento pai e filho
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SOCIAL
A tão aguardada entrada do noivo
A noiva emocionada
A dança do casal
NOITE PALACIANA Paula Santana, Valéria Perillo e Miranda Castro
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Daminha e pajem se divertem
OS ADVOGADOS DJALMA REZENDE E PRISCILA MAURA SELAM AMOR EM CASAMENTO LUXUOSO. SEDIADA EM APARECIDA DE GOIÂNIA, A FESTA TEVE INSPIRAÇÃO NO ESPLENDOR DO PALÁCIO DE VERSAILLES FOTOS: CELSO
JUNIOR E UESLEI MARCELINO
A cantora Anitta trouxe seus hits
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SOCIAL
Raissa subiu nos tablados com as madrinhas
RAÍSSA & BRUNO Os noivos Bruno Faccin e Raissa Baeta
RAÍSSA BAETA E BRUNO FACCIN RECEBEM BENÇÃO RELIGIOSA NA CATEDRAL METROPOLITANA DE BRASÍLIA. AO SOM DE ROGÉRIO MIDLEJ E ORQUESTRA, A JOVEM ENCANTOU COM MODELO EXCLUSIVO DO ESTILISTA JUNIOR SANTAELLA FOTOS: CELSO JUNIOR, JEFFERSON MODESTO E SERGIO LIMA
Bruno entre os amigos O brinde dos recém-casados com os pais
Os convidados brindando a felicidade dos noivos
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GPSBrasília « 141 As daminhas no altar [GPS_brasilia_edicao_14_final.indd 141
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Nathália Passarinho e Leonardo Torre
Leo ao lado da mãe Fátima Prado
ENFIM, CASADOS NATHÁLIA PASSARINHO E LEONARDO TORRE SELAM UNIÃO EM CERIMÔNIA AO AR LIVRE. FILHA DO MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIOR, A JOVEM TEVE ENTRE OS CONVIDADOS IMPORTANTES JURISTAS BRASILEIROS. FOTOS:
A jovem com o pai Aldir Passarinho Junior
GIOVANNA BEMBOM
Clarissa Passarinho levou as alianças José Eduardo Prado e Lúcia Passarinho
As daminhas
O brinde com os pais
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Os pajens durante a cerimônia
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SOCIAL
Basile Pantazis e Rozana Baracat
Georges Pantazis e Lucyanna Baracat
FESTA GREGA GEORGES PANTAZIS E LUCYANNA BARACAT CASAM-SE COM REFERÊNCIAS GREGAS E LIBANESAS. LADEADA DO PAI, A NOIVA SURGIU RADIANTE USANDO UM MODELO DE ALTA-COSTURA DE ELIE SAAB Rafael e Georgia Pantazis
Lucyanna e José Eduardo Rezek Ajub
FOTOS: FERNANDO VELER
Edmond e Ionny Baracat
Georges com a mãe Sara
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SOCIAL
Os noivos Carlos Flávio Marcílio e Janete Vaz
PARA SEMPRE A EMBAIXADA DA ÁUSTRIA FOI O CENÁRIO ELEITO PARA O CASAMENTO DE JANETE VAZ E CARLOS FLÁVIO MARCÍLIO. PARA OCASIÃO, A NOIVA ELEGEU UM VESTIDO ASSINADO POR MARTHA MEDEIROS. JÁ CARLOS OPTOU POR UM TERNO DA CAMARGO ALFAIATARIA. FOTOS: FERNANDO VELER
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Bruno Amaral e Raquel Vaz
Carlos Flávio Marcílio e Janete Vaz na pista de dança
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Patrícia, Enrico, Matteo e Leandro Vaz
Júlia Zardo e Diego Marcílio
Rafael Vaz e Marcela Corrieri
Ticiana Marcílio e Rômulo Filho
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SOCIAL
Frederico Bonincontro e Rogy Tokarski
Romelita e Rogério Tokarski
Osmani e Sônia Bonincontro
BEM-CASADOS
Romy Tokarski
ROGY TOKARSKI E FREDERICO BONINCONTRO TROCAM JURAS DE AMOR EM BELÍSSIMA CERIMÔNIA NA IGREJA PERPÉTUO SOCORRO, NO LAGO SUL. COM BY NOIVA ENCANTOU AMIGOS E FAMILIARES FOTOS: GIO ANNA EM OM
Igor Tokarski e Bruna Gomes
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Marcelo Ferrer, Paulo Octavio, Eunício Oliveira e Luciano Ferrer
Sérgio Loroza se apresentou no evento
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Os noivos Abdalla Naoum e Laura Vieira
CHUVA DE ARROZ LAURA VIEIRA E ABDALLA NAOUM SOBEM AO ALTAR NA ICÔNICA MANSÃO DOS ARCOS, NO PARK WAY. AO SOM DA ORQUESTRA TOCCATA, A CERIMÔNIA FOI CELEBRADA PELO FREI VICENTE. FOTOS: FERNANDO VELER
Os noivos entre Simone Faria e Francisco
A entrada do noivo com a mãe
Laura Vieira e Francisco Souza
Os recém casados com a família do noivo
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Daminhas e pajens
Abraço de Babi Souza
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Mayra com o pai Nasser Sarkis Simão
CONTO DE FADAS MAYRA SARKIS E LUIZ PHILIPE ARENA CASAM-SE EM NOITE MEMORÁVEL. REALIZADA NA CATEDRAL METROPOLITANA DE BRASÍLIA, A CERIMÔNIA SURPREENDEU, QUANDO CRIANÇAS INTEGRANTES DE UM CORAL ENTRARAM PARA ANUNCIAR A TROCA DE ALIANÇAS FOTOS: CELSO JUNIOR E SERGIO LIMA
Família Sarkis reunida
O brinde de Luiz e Mayra com os pais
Pajens e daminhas
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Noivos e padrinhos
Isabela Helcias, Nathália Abi-Ackel, Kelly Piquet e Raíssa Araújo
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O tradicional Santuário Dom Bosco
SOB OS VITRAIS DO SANTUÁRIO DOM BOSCO, MARIANA ALMEIDA E PEDRO MORAIS FORMAM SUA PRÓPRIA FAMÍLIA. COM ATMOSFERA VIBRANTE, O CASÓRIO TEVE SHOW DE NANDO REIS E NAS PICAPES O DJ BRASILIENSE LUIGI CASTAGNARO FOTOS: CELSO JUNIOR Daminhas e pajem durante a cerimônia
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MARIANA & PEDRO 11/08/16 22:48
Pedro Morais e Mariana Almeida com o Padre Marcelo Cecatto
Os padrinhos Ricardo Fenelon e Marcela Oliveira
Os noivos ladeados dos pais Show de Nando Reis
Mariana com as madrinhas
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Pedro entre os amigos
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SOCIAL
Marcos Emediato e Cida Dechiqui
Gabriela Dechiqui e Ricardo Emediato
Beatri mediato com o filho
Os padrinhos Helder Fernandes e Gabriela Gurgel
Gabi com o pai Swedenburg
AMOR À BEIRA-LAGO
As daminhas e pajens
GABRIELA DECHIQUI E RICARDO EMEDIATO SELAM UNIÃO NO COMPLEXO NA PRAIA, DA R2 PRODUÇÕES. UM CENÁRIO QUE REUNIU PÉ NA AREIA, O VENERADO CÉU DE BRASÍLIA E O LAGO PARANOÁ FOTOS: FERNANDO VELER
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CLEO PIRES
UMA MULHER ESPETACULOSA
MESMA. CASADA COM A VIDA, DE CASO SÉRIO COM O CINEMA E APAIXONADA PELA MÚSICA, CLEO ESTÁ COM SEUS DONS À FLOR DA PELE. EXALANDO SUA SENSUALIDADE ROTINEIRA, ELA TAMBÉM SE REFUGIA NA NATUREZA SELVAGEM PARA RESGATAR SUAS ENERGIAS E SURGIR AINDA MAIS FASCINANTE POR PAULA SANTANA FOTOS ANDRÉ PASSOS STYLING DE MARCIO VICENTINI E FLAMINIO
S
ão Paulo – “Quem sou eu? Ai, tô confusa”, retrucou Cleo Pires diante da pergunta em meio à entrevista que nos concedia enquanto se maquiava para a sessão fotográfica. “Eu sou o que eu quero ser. Eu não tenho presas. Sou livre”, respondeu prontamente, movimentando o rosto no sentido do teto para soltar a fumaça do cigarro de palha preparado por ela. Um pequeno gesto, natural até, mas de uma sensualidade quase inexplicável. Cleo é assim, desconcertante. Adaptando ao termo do momento, ela é empoderada – de beleza, de atitude, de sexualidade. “Eu tenho um gosto por transgredir… tenho, sim”, responde meio risonha. “Subverter me diverte, me atrai. Mas porque gosto de experimentar todos os lados de uma situação”. Ela para um pouco, pensativa, e prossegue: “Mesmo quando tenho medo. Eu vou, recuo, mas vou de novo, porque senão bate o arrependimento”. E entrega: “Eu sou corajosa, porque supero tudo, mas não sou destemida”, pondera. A esta altura, adaptadíssima à estranheza da pergunta, ela se revela mais ainda, amparada pelo olhar de cumplicidade da empresária. “Sou boa amiga, boa amante e boa profissional. Ah, sou também um pouco exagerada e um
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pouco radical”. Pronto, convicta de que havia dado uma definição completa sobre si mesma, Cleo deitou novamente a cabeça na cadeira da sua maquiadora Carol Almeida Prada e deixou-se levar pelos pincéis, que obviamente realçariam a sua beleza ainda mais para as fotos, desnecessários no dia a dia. Cleo é demasiadamente bonita. “Mas eu tinha vontade de mexer no meu nariz”. A sequência da conversa seria pra falar um pouco de sua carreira, que teve início aos 11 anos, na minissérie Memorial de Maria Moura, em 1994, em que viveu a protagonista jovem, sendo substituída por sua mãe, Glória Pires, na fase adulta da personagem. Mas ela se entedia e diz: “Ah, isso você pesquisa na internet. Vamos falar de coisas mais interessantes”. Vamos, claro. Antes, porém, brevemente, ela resolve me contar que vivia no set com sua mãe. Cleo foi criada dentro de estúdios e o fato de ver Glória recebendo tanta ordem a fez ter certeza de uma única coisa: “Aquilo não era para minha vida. Eu não entendia porque minha mãe fazia tanta coisa que não era ela”, relembra. “Mas eu tinha uma atriz dentro de mim. Eu me via em personagens. Não queria o ofício, mas queria interpretar”.
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MacacĂŁo Ralph Lauren e pulseiras Miranda Castro
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Até os 19 anos, Cleo ficou longe desse universo. Em 2003, inesperadamente após um encontro casual com uma diretora, foi convidada a fazer Benjamim, seu primeiro filme. “Eu me apaixonei. Foi uma entrega”. Depois daí, estimulada pelos elogios diante de sua interpretação, não parou mais. Ela conta que após sua estreia oficial como atriz, Gloria e Orlando Morais, a quem ela chama de pai, mudaram-se para Goiânia. Ela, extremamente exposta ao público, e incomodada, seguiu para a fazenda em Goiás, onde passou uma longa temporada. “Eu não queria lidar com aquilo naquele momento. Eu achava chato. As pessoas me olhando na rua, me incomodava muito”, explica. “O assédio existia, porque eu era filha da Glória com o Fábio Junior. Mas piorou, e eu vazei”. Dois anos depois veio a confirmação de que não escaparia do mundo artístico. Cleo viveu Lurdinha em América, uma personagem extremamente sexy, que seduzia o pai da melhor amiga. Desde então, foram onze novelas, oito filmes, três prêmios de melhor atriz. “Eu aceitei o convite do Jayme Monjardim para fazer a novela porque queria ter meu próprio dinheiro, ser independente. Pensei: ‘vou lá me divertir, pirar a cabeça do povo’”, conta. Mas não foi bem o que aconteceu: “No segundo dia de gravação, eu entrei em pânico. Eu chorava o dia inteiro. Foi desesperador porque eu não sabia como funcionava, atrapalhava o elenco, tinha que refazer a cena… uma derrota. Depois, passei a curtir e entendi que podia fazer uma vida com aquilo”. Atualmente, Cleo vive Tamara na novela Haja Coração, cuja personagem vai se apaixonar por Malvino Salvador, com quem já contracenou nos filmes Qualquer Gato Vira-lata. “Adoro trabalhar com ele”. No cinema, a atriz está em cartaz com Mais Forte que o Mundo, uma trama sobre José Aldo, o campeão de MMA, no qual ela contracena com José Loreto.
“MINHA PRIMEIRA PAIXÃO É A MÚSICA”
A MÚSICA Não é exatamente pelas telas de cinema e tevê por quem o coração de Cleo bate mais forte. “Minha primeira paixão é a música”. Ela conta que na juventude tinha uma banda chamada Seedless (sem semente). “Eram só meninos e eu, a vocalista que namorava o baterista”. Mas a televisão se encarregou de dissipar o canto. “Eu fui avoada, enterrei a música dentro de mim e comecei a me sentir frustrada”, lamenta. E explica que atuar e cantar são duas fortalezas diferentes dentro dela. “Ainda não me sinto confortável
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Bla er olce
abbana e colar rifith
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“MINHA MÃE É PACIENTE. QUERIA SER ASSIM”
cantando”. Mas, repare bem… em seu sangue há o DNA da música, assim como em sua trajetória, haja vista os pais cantores, Fábio e Orlando, biológico e de criação, respectivamente. “Ao mesmo tempo em que sou atraída pelo novo, se não tiver uma coisa externa me puxando, eu abandono”, reflete sobre ter deixado à margem a cantoria. “Hoje em dia tento ser mais proativa. E o site me faz desbravar, descobrir outras coisas. Isso me leva para onde quero ir”. Cleo recentemente lançou o www.cleopires.com, após um embate entre a atual cultura do exibicionismo das mídias digitais, o que ela abomina, e a chance de se expressar livremente, sem as amarras que existem em torno de um artista e os personagens que incorpora. “Lá, é a Cleo de verdade, sem ninguém me dizendo como devo ser e o que devo fazer”.
OS PAIS Cleo nasceu no Rio de Janeiro e atualmente mora em Ipanema. Tem 33 anos e é a mais velha de sete irmãos. Convive mais com os da parte materna. “Meus pais são casados há mais de vinte anos. Este meu núcleo familiar é sólido, o que me estruturou. Meu pai Fábio sempre foi solto. Mas nós nos protegemos, até entre os irmãos que não são irmãos. Somos parceiros”. Do pai biológico, ela herdou a intensidade. Entre erros e acertos na relação, ambos foram se reaproximando com os anos, o que rendeu a música Sempre que Estamos Juntos. “São muitas as semelhan-
ças”. Quando ouve o nome Orlando, Cleo abre um sorriso terno e dispara: “Ele é muito único, tem alegria de viver. Para ele, o mais importante é que seja bom para todos os envolvidos”. Essa foi a hora de entrar no assunto Glória. Como é se relacionar com ela? A fama, a maternidade, a convivência. “O que eu amo na minha mãe é a dedicação à família. E acho que herdei dela foi a postura profissional, a seriedade e o foco no trabalho. Agora, em que ela me inspira…ela é muito paciente. Queria ser assim”. A atriz foi criada com muita liberdade, sem amarras ou represálias da família. “Eu nunca fui um problema para os meus pais. Eles sempre me entenderam. Só na escola… eu repeti o Maternal, acredita? Me conta: quem você conhece que repete ano nessa idade”, relembra, morrendo de rir. Talvez por causa do espírito livre, ela precise se esconder de quando em vez, de se refugiar no meio da natureza. “Eu fui criada no meio do Cerrado goiano, tomando banho no Rio Araguaia. “Eu amo o Centro-Oeste. Desde os cinco anos eu frequento”. Isso porque Orlando é goiano e tem fortes laços com a cidade. “Meu pai é muito empreendedor. Ele agora comprou uma pousada em Pirenópolis, chamada Morada do Sol”. Sem contar que nesse dia da nossa entrevista, ela havia acabado de chegar de Barreirinhas, no Maranhão, onde Orlando também tem uma pousada e junto com Glória cuida da reforma. “Foram dias em contato com a natureza selvagem. Fazendo trilha, pilotando carros pelas dunas, um tesão. Voltei apaixonada, só pensando nisso. Estou obsessiva.”
Camisa Miu Miu
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O CORPO Cleo se diz tímida. Difícil acreditar, mas ela insiste. Talvez porque na infância tenha sido “horrorosa cabeluda e gorda”. Conta que só ficou gatinha na adolescência, mas era muito moleca, vivia brincando na rua e pouca importância dava aos afeitos da beleza. É inevitável, mas em toda entrevista ela precisa falar sobre a sua sensualidade. “É aflorada, mas, gente… eu não sei, não me perguntem… eu acordei assim”, responde meio inquieta, meio achando bom, mudando de posição na cadeira. “Não é um personagem, isso tem que ficar claro”. Ok, entendido. E quanto à manutenção da imagem, como faz? Ela pontua: “Ah, meu bem, minha preocupação é ser autêntica”. As 19 tatuagens podem confirmar tal pragmatismo de comportamento. Cleo ama tattoo desde criança. Todas têm significado para ela, não é apenas um apreço estético. “Hoje em dia estou até pegando mais leve, fazendo menos, mas tem que ter a ver com o que estou vivendo”. Perguntei qual a preferida. “Neste momento estou gostando muito do rascunho de um coração flechado. Quando vi, pensei: ‘meu coração não está pronto ainda, mas já foi flechado, porque sou apaixonada pela vida. Esse coração sou eu’”. Ainda sobre o corpo, afinal não há como deixar de falar sobre o tema: “são fases. Já fui radical, super natureba, mas hoje traço um hambúrguer sem receio. Já corri, malhei bastante, mas agora estou sossegada”. Nos lanchinho do dia, ela comeu salada com quiche. Preferiu passar longe dos brownies e fingiu que não viu os pães de queijo quentinhos.
“SUBVERTER ME DIVERTE, ME ATRAI”
COM AMOR Falar sem amarras sobre sexo, fantasias, fetichismo é o tema em que Cleo se diverte. Deita e rola no tema para deleite dos repórteres e leitores. Mas talvez fosse mais excitante explorar o novo… a vida a dois, o que nem todos sabem dela. E veio a revelação: ela é mulher de relacionamentos sérios. Mulher de um homem só. “Modéstia à parte, sou muito boa nisso. Mas minhas histórias sempre foram sofridas. Eu me entrego muito. E nenhum deles é muito bom nessa entrega, então eu me frustro. E prefiro ficar sozinha”, pontua referindo-se aos dois ex-maridos, João Vicente e Rômulo Neto, com quem viveu, respectivamente, de 2010 a 2012 e de 2013 até o início desse ano.
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Sandália e tricô Gucci
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Na verdade, ela se refere ao desleixo do outro, no sentido de não estimular a relação. “Me trava bastante e me dá uma preguiça de prosseguir”. Mas imagine você se Cleo é mulher de ficar sozinha… “Rolou uma paixonite, recentemente, mas eu segurei a onda, saí fora”. Mas se casamento não é o seu destino, haveria espaço para filhos? “Ter filhos, sim; casar, não. Acho lindo se apaixonar, querer fazer uma história… mas não sei se é pra mim”. Pelo sim, pelo não, Cleo decidiu que vai congelar os óvulos. “Tenho pessoas que eu amo e que sei que podem ser ótimos pais, caso eu não me apaixone por alguém que seja tão incrível na relação como eu sou”, diz com firmeza. De todo modo, ela enfatiza que evita qualquer tipo de projeto. “Acho chato demais”. E revela que tentou ter filho com ambos os maridos, “mas não rolou”. Que ótimo que para ela uma coisa não tenha exatamente a ver com a outra. Porque já prestes a encerrar a conversa para ela se vestir e encarar o set, ela respira fundo, olha profundo, e diz: “É legal ter pai e mãe juntos, mas o amor é o que importa”. Verdade. Vindo de Cleo, tudo faz sentido. Ela é tão segura e convicta. “Mas, olha, eu sou muito maternal. Vou ser uma mãe foda”.
“TER FILHOS, SIM; CASAR, NÃO”
O DESFECHO O tempo contava quase uma hora de prosa e precisávamos partir para a segunda etapa da jornada: as fotos. Antes de finalizar, perguntei sobre espiritualidade. “Vou para todos os lados. Umbanda, budismo, espiritismo. Gosto das representações dessas divindades. Tenho me identificado muito com a cabala. Ela aproveitou para falar da transbordante alegria de ser embaixadora das Paralimpíadas. “Foi um convite do Marcelo Rubens Paiva. Eu não queria ficar só de bonita. Então mergulhei na história de cada um deles e me encantei com os depoimentos de superação. Vejo todos como meus super heróis, pois a vontade de viver é maior que qualquer obstáculo ou trauma”. E já ia me esquecendo de perguntar se ela tem planos de ir a Brasília. “Eu adoro. Vou menos que gostaria, mas meu pai tem uma casa no Lago Sul e sempre que está no Brasil fica lá ou em Goiânia. Não se assuste se me vir pelas redondezas”. Agradeço e peço uma frase impactante para fechar a matéria. “O oceano inteiro não é capaz de afundar o seu navio se você não deixar a água entrar”.
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Beleza Carol Prada Produção executiva Karine Lima Calça Burberry e anel Antonio Henrique
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COUTURE
SONHAR ACORDADA É sempre um deleite para a moda reverenciar a alta-costura de Paris, apresentada duas vezes ao ano pela Chambre Syndicale de la Haute Couture. São menos de cinco mil mulheres no mundo, em especial as asiáticas, com acesso à tamanha obra de arte. Mas os tapetes vermelhos e suas atrizes tão belas se encarregam de manter o sonho vivo. As casas que participam são apenas 14, mas os convidados da temporada recebem designação pelo Ministro da Indústria na França para a apresentação. Há regras: é necessário apresentar duas coleções ao ano, com 35 looks,, cada, e ter ao menos 20 funcionários instalados no país para executar ado trabalho handmade.. Aos fashionistas, o momento de admirar a essência da moda e tudo o que ela representa em unreal life. (PS) life. (PS) tempos de fast fashion e unreal
Zuhair Murad
Versace
MULLET NA FESTA
TÁ TRANSPARENTE?
Valentino
Elie Saab
Giambattista Valle
DÁ UM PRINT
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J.Mendel Giambattista Valli Schiaparelli Couture
Alex Mabile
VIVA O TULE
METAL COUTURE
Giorgio Armani Privé
Giambattista Valli
Elie Saab
Giles Deacon
Schiaparelli Couture
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VELUDO SENSUAL
MANGA PUFF PUFF
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CRIAÇÃO
MADE TO ORDER INTERFERIR NO PROCESSO CRIATIVO DE UM SAPATO É A INICIATIVA DA ITALIANA PRADA, QUE PERMITE A INTERAÇÃO COM O CLIENTE E CRIA O VÍNCULO AFETIVO COM A MARCA
V
ocê sabe como é confeccionado um produto Prada, envolvendo toda a excelência dos italianos em lidar com o couro manufaturado? A criatividade é o início de cada processo. O talento de Miuccia Prada, que vem da habilidade em unir sua curiosidade intelectual aos movimentos culturais, faz com que a marca se destaque em inúmeras situações que delineiam a história da moda como uma exímia antecipadora de tendências. Um dos segredos de Miuccia é permitir a troca de ideias e experimentações entre as equipes, o que provoca uma cultura de investigação sistemática destinada a um fim comum. O resultado é a abordagem global e interativa, que se desenvolve em treze locais de produção, todos de propriedade do Grupo Prada e sob supervisão da sede industrial Terranuova Bracciolini, em Arezzo, Toscana.
A engrenagem funciona assim: onze núcleos estão lolo calizados na Itália, um no Reino Unido, um na França, além de uma rede de prestadores de serviços externos, cuidadosamente selecionados. Não é preciso dizer que cada etapa do processo é monitorada desde a aquisição da matéria-prima até a fabricação de protótipos, planejamento e produção terceirizada. Todo o processo para essas coleções, que vai do desenho de mesa à exposição nas lojas, leva de quatro a seis semanas. A explicação não só pela qualidade como pelo DNA do produto tem justificativa: a maioria dos responsáveis atua na empresa há 20 anos; ou seja, o nível de conhecimento adquirido resulta em um nível de expertise que vem sendo transferido às gerações mais jovens. Um dos ícones da Prada é o projeto Made to Order, que há poucos anos chegou ao Brasil e tem gerado frenesi entre as clientes que curtem a possibilidade de criar seu próprio sapato personalizado. São dezenove modelos que incluem odécolleté e o open toe, com ou sem solado plataforma, em sete opções de saltos. Em um dia especial do ano, as principais lojas esperam suas clientes para apresentar a seleção de materiais disponíveis, assim como as variações de cor, couro e estampas. Cada par pode ser ainda mais exclusivo, com a escolha do tom da sola em preto, rosa e azul. E ainda há as iniciais. As peças seguem para a Itália e são entregues em 60 dias.
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BRILHO
APAIXONADA! JOIAS QUE SE MOVIMENTAM NA DIREÇÃO DO DESEJO. FAMÍLIA DE PEDRAS PRECIOSAS JUNTAS ILUMINAM DIAMANTES. EAR CUFFS QUE ENVOLVEM AS ORELHAS. ANÉIS AGIGANTADOS OU ILUSORIAMENTE MÚLTIPLOS. OS COLARES, MINIMAIS E ALONGANDO A SILHUETA
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JOIAS
FEITO DE CORAÇÃO VIAJAR E CRIAR SÃO OS DOIS ELEMENTOS QUE MOVEM A JOALHEIRA JAMILE EL HAJJ. SUAS JOIAS ARTESANAIS CHAMADAS DE SLOW FASHION TRAZEM AO MERCADO ORIGINALIDADE COM RAIZ EM BRASÍLIA POR PEDRO LIRA « FOTOS FERNANDO VELER
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eças atemporais feitas by hand and heart. É assim que a jovem, designer de joias, Jamile El Hajj define seu trabalho. Com apenas 27 anos, a brasiliense, de descendência libanesa, investe em peças artesanais de alta joalheria, que representam o estilo da cidade e têm como inspiração as curvas de Oscar Niemeyer e os traços de Lúcio Costa. Haja vista que sua coleção de mais sucesso chama-se Brasília: do Sonho à Realidade. Inspirada em pontos da cidade, como as tesourinhas, a Igrejinha e o Palácio da Alvorada, suas peças à base de ouro são mescladas a pedras preciosas. Os valores vão de R$ 880 a R$ 16 mil. Definidas como slow fashion, Jamile assina cada etapa do processo. Desde o desenho, passando pela produção, até as vendas. Tudo é feito com paixão. “Meu trabalho tem muita identidade. Se eu copiasse seria mais uma joia a se perder nesse mermer cado amplo”, analisa.
A produção das peças é toda feita na própria casa de Jamile. “Eu montei meu ateliê em casa, bem perto de mim”, brinca. Na etapa das vendas, promove coquetéis de lançamentos das novas coleções e faz visita a domicílio. “É uma correria, mas eu adoro o contato com as clientes”, diz.
A ESCOLHA DE JAMILE Quando Jamile El Hajj se formou em Relações Internacionais, no Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), e Filosofia, na Universidade de Brasília (UnB), não imaginou que sua carreira terminaria em algo completamente diferente. Após duas graduações, ainda procurava pela sua verdadeira paixão. Foi na conclusão da pós-graduação em Fashion Design, no Istituto Europeo di Design, em São Paulo, que sentiu o chamado para a joalheria. Em seu projeto final, não foram vestidos que saíram dos croquis da estudante, mas, sim, desenhos de acessórios. De lá para cá, estudou com Cassio Fernando Mundim, consagrado professor da área em Brasília, e começou a se aventurar pelo mundo das joias internacionais. Especializou-se em Nova York, Itália, Holanda, Portugal e Alemanha. “Acho que em toda profissão é preciso se aprimorar sempre. Eu uno duas grandes paixões: viajar e criar. Assim, acabo estudando mais e mais”, conclui. Serviço site: www.jamileelhajj.com
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LOJA
Gabriela Pena e Patricia Justino
O NOVO HOT SPOT A UNIÃO DE UMA ALAGOANA COM UMA MINEIRA NO PLANALTO Q.U.A.D.R.A, EM QUE A MODA TEM PEGADA CONTEMPORÂNEA COM TOQUES DE SOFISTICAÇÃO POR SARAH CAMPO DALL’ORTO « FOTOS FERNANDO VELER
U
ma quadra de Brasília geralmente precisa de diversidade para acontecer no mercado. Não é esse o caso da Q.U.A.D.R.A., loja conceitual comandada pela alagoana Patrícia Justino e a mineira Gabriela Pena, localizada na QI 13 do Lago Sul. Prestes a completar um ano no bairro mais nobre da capital, o endereço se tornou um dos hotspots para o público consumidor de moda com bossa.
Nas araras chamam atenção marcas como Tuah, Eleonora Hsiung, Fabiana Milazzo, Plural, Lilly Sarti, Patricia Motta, Adriana Degreas, Super Suíte Seventy Seven, Andrea Bogosian, Isolda, Fatima Scofield, Adriana Barra, Helô Rocha, Serpui Marie, Isla, Clé e Gig Couture. Bem relacionada, é Pat quem assina a curadoria fashion, além da direção criativa do espaço, enquanto Gabi otimiza seu
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tempo entre o administrativo e a área financeira. “A nossa cliente é contemporânea, viajada, mas também sabe valorizar produtos locais e gosta de consumir o novo. Esse garimpo cool é algo que a encanta e ela quer ser naturalmente chique”, destrincha Justino. Essa leitura, baseada em feeling e anos de moda em Brasília, é em grande parte o motivo para a operação ter sido tão bem recebida pela clientela local. “Não tenho interesse em ter apenas marcas de luxo e labels caras. Gosto dessa ideia de reunir sofisticação a elementos diferenciados e, claro, dar espaço a vários estilos”, diz a fashionista que atuou na Apoena; passou pela extinta boutique Ana Paula; e gerenciou uma operação de moda masculina no shopping Gilberto Salomão. Empresária do segmento de decoração, Gabi tinha sua própria loja especializada em mobiliário em Uberlândia. “A Allegra funcionava na Rua Princesa Izabel, 649, no bairro do Fundinho. Mas aí casei, me mudei para Brasília, fiquei grávida da minha primeira filha, e precisei fazer algumas escolhas”, conta. Assim que chegou por aqui, se aproximou de Pat. A dupla se conheceu por intermédio dos maridos, dois triatletas apaixonados por esporte. “Não conhecia ninguém quando me mudei e encontrei uma Brasília com círculos sociais muito fechados. Foi a Pat quem me abriu as portas”, lembra Gabi. “Reconheci na história da Gabi o meu próprio background”, confirma Pat. Ao deixar Maceió para estudar Moda na capital, há onze anos, Pat também enfrentou algumas barreiras. Muitas experiências depois, ela abriu a Quintal Produções. Logo a produtora de eventos com foco em moda se transformou em um showroom charmoso que dava visibilidade a marcas independentes. O ano era 2014. Aos poucos o espaço ganhou ares de ateliê e o embrião do que seria a Q.U.A.D.R.A. A concept store ganhou vida. O boca a boca foi impulsionando o movimento e a demanda por um projeto mais profissional foi natural. “Inicialmente abrimos as portas da Q.U.A.D.R.A. com a proposta de unir moda e decoração. A Gabriela trouxe
de Minas Gerais as melhores peças de seu acervo de mobiliário e investimos no mercado. Mas já reformulamos a casa, desistimos do segmento de décor e apostamos na linha fashion”, explica Pat. Dentro dessa nova fase da loja conceito, a dupla focou também em criar um acervo de moda festa. Os longos, mídis e minis ocupam boa parte do subsolo da boutique e tem curadoria pensada para se adaptar totalmente ao calendário social brasiliense, bem como ao gosto da mulher que frequenta o endereço.
OLÉÉÉ E a crise econômica? Em meio a um cenário de instabilidade financeira a dupla enxerga toda movimentação como oportunidade. “Com a crise, o público de Brasília que viajava para consumir no exterior voltou seu olhar para o mercado nacional e esse trânsito foi muito importante para nosso negócio. Mais recentemente identificamos que outras multimarcas que atuavam no mesmo segmento que o nosso fecharam as portas e isso também teve um impacto positivo em nossas vendas”, avalia Pat. Outra aposta das empresárias é alavancar as vendas para todo o Brasil. Nordeste, São Paulo, Rio de Janeiro são os principais destaques. “Essa vertente do negócio começou de forma discreta, mas já identificamos uma demanda nacional e estamos nos preparando para atender a todos os chamados”, revela Patrícia. Em Brasília é comum fazer a distinção entre “loja de shopping” e “loja de quadra”, sendo que a segunda expressão geralmente vem acompanhada de uma carga pejorativa. Longe disso, o projeto das meninas prova que nada pode ser mais charmoso e atual que loja de Q.U.A.D.R.A. GPSBrasília « 185
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PADRONAGEM UMA COLEÇÃO NÃO TEM VIDA SE NÃO TIVER UMA ESTAMPA. ELAS SEMPRE ESTÃO POR PERTO. E AS GRÁFICAS, APESAR DE PARECEREM SÉRIAS, ESTÃO CADA VEZ MAIS LOUQUINHAS, ÓPTICAS, EM SIMETRIA, EM CÍRCULOS, ZIGUEZAGUES, PARALELAS, DESTORCIDAS. TEM QUE CRIAR O EFEITO A.Niemeyer - R$ 692
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DESIGN
DESIGNER BRASILIENSE DÁ VOLTA AO MUNDO E RETOMA SUAS ORIGENS. TRAZ NA BAGAGEM ESTILO, CONTEMPORANEIDADE E PRESENTEIA A CIDADE COM LOJA CONCEITO POR LARISSA DUARTE « FOTOS FERNANDO VELER
DELICADAMENTE ELEGANTE 188 « GPSBrasília
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A
criatividade da mulher pisciana combinada com a persistência taurina e a versatilidade geminiana. Esse foi o combo que fez com que a empresária brasiliense Cristina Pessoa inovasse ao introduzir o universo da escultura e da arquitetura ao mundo da joalheria. Bisneta de diamantário e filha de viajantes, enriqueceu a sua bagagem cultural e profissional com vivências ao redor do mundo, em locais como Los Angeles, Havaí, Salamanca, Florença, Barcelona, Índia, Camboja e Tailândia. Durante esse longo percurso, conquistou diplomas de História da Arte, Decoração de Interiores e História do Estilo, Desenho de Joias, Direção de Arte... Seis anos após aterrissar em Trancoso sem grandes pretensões e abrir uma pop-up store que se tornaria parada obrigatória para fashionistas e celebridades que visitam o Quadrado, a joalheira voltou à sua terra de origem no final de 2015 e abriu a sua primeira loja conceito na Capital Federal. “As brasilienses merecem uma joalheria leve e artesanal, na qual o pouco pode dizer muito, assim como a expressividade da cidade”, analisa. Com o sucesso no balneário, Cristina teve seu nome dissemi-
nado mundo afora por meio dos inúmeros clientes internacionais que se encantaram pelo pingente da icônica Igreja de São João Batista, ou a “Igrejinha do Quadrado”, sua peça hit. O trabalho de Cris é cool, fresh, orgânico e minimal. Delicadamente elegante. Em sua lista de clientes, uma compilação de personalidades com estilos totalmente divergentes, porém, legítimos. São celebridades e figuras influentes do universo da moda e da cultura. Entre eles, o fotógrafo Mario Testino, a atriz Jessica Alba, a top model Karlie Kloss, as brasileiras Fernanda Lima, Bebel Gilberto, Angélica e Vanessa da Mata, além da mãe e filha socialites, Georgina e Bianca Brandolini. O segredo para explorar a singularidade de suas joias está no poder da composição. Na possibilidade de brincar e criar. Com peças delicadas e minimalistas, a intenção da marca é que cada pessoa possa compor um conjunto de joias que reflita a sua personalidade. Sobrepor colares, combinar pulseiras, usar vários anéis ao mesmo tempo... Ousar. “Uma peça é linda sozinha, mas um conjunto montado com liberdade dá um novo significado às joias e agrega mais individualidade na composição!”, garante. Cristina Pessoa Fine Jewellery SHIS QI 9/11, bloco L, loja 3 Telefone: (61) 3797-9075 www.cristinapessoa.com
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COLECIONADOR
O CHANCELER DA ARTE O INDUSTRIAL AIRTON QUEIROZ CELEBRA 70 ANOS, ABRINDO PARA O PÚBLICO O SEU ACERVO CINQUENTENÁRIO, QUE O CREDENCIA COMO O MAIS IMPORTANTE COLECIONADOR NO PAÍS PAULA SANTANA – Enviada especial
F
ortaleza – “Difícil encontrar na história de nosso colecionismo qualquer outro colecionador que tenha sido capaz de amorosamente construir, ao longo de cinco décadas, um acervo de obras significativas, cobrindo cinco séculos de arte brasileira”, relata o curador José Roberto Teixeira Leite. Ele se refere a Airton Queiroz, um industrial cearense que, em seus discretíssimos 70 anos, leva a vida calcada em dar sequência ao portentoso negócio da família e a difundir a arte por meio de suas aquisições. Airton é um dos seis filhos de Edson e Yolanda Queiroz, falecida recentemente. Seus pais, juntos, criaram um império iniciado com a primeira refinaria de gás do País, expandindo-o para os ramos de embarcações, comunicação, mercado imobiliário… numa sagacidade extraordinária. Os Queiroz foram uma das famílias pioneiras no empreendedorismo brasileiro no início do século passado, e jamais deixaram o estado de origem, o Ceará. Airton herdou do pai, morto em um acidente aéreo na década de 80, a sua engenhosidade. A isso acumulou perspicácia, instinto e faro. Com esses atributos, além do amor incontestável pela arte estimulado pela mãe, construiu um panorama da arte brasileira que vai do Brasil holandês aos dias atuais. A coleção é considerada a mais importante e completa do País, segundo seus curadores, Fábio Magalhães, José Roberto Teixeira e Max Perlingeiro. Ao total, sem precisão, conta-se cerca de 1,5 mil obras. Elas estão distribuídas meio a meio en-
Ares Soares
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Deux Figures Dans Un Paysage, 1921, Henri Matisse
A Catedral, 1962, Antonio Bandeira
Pedra da Gávea e Morro Dois Irmãos, Rio de Janeiro, 1846, Johann Moritz Rugendas
Contradição Espacial, 1958, Waldemar Cordeiro
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DO BRASIL HOLANDÊS À REPÚBLICA O Brasil está representado em trabalhos de Albert Eckhout (1610-1655). Três óleos de Frans Post (1612-1680) compõem a presença do século 17. Representa o século 18 uma imagem de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), considerado por muitos como o maior artista nascido nas Américas. O século 19 começa por Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830) e Jean-Baptiste Debret (1768-1848), destacados na chegada ao Rio de Janeiro em 1816. Segue por um conjunto de pintores Henri Vinet, Georg Grimm, Antônio Parreiras, Castagneto, Benedito Calixto, Nicolao Facchinetti, Eliseu Visconti, entre outros. Um grupo de três obras do pintor e gravador cearense Raimundo Cela (1890-1954) fecha este capítulo.
O Colar (Retrato de Yvonne),1922, Eliseu D'Angelo Visconti
tre a Fundação Edson Queiroz e a residência de Airton, construção de dois mil metros quadrados no centro de Fortaleza. Num misto de apego e ao mesmo tempo generosidade, todas as obras, sem exceção, estão distribuídas pelos ambientes. “Ele quer compartilhar a arte. Conhece todas elas e as deixa à mostra para quem quiser apreciar. Ele usa até o teto dos aposentos”, conta Max. Pois foi daí que surgiu a ideia de celebrar os 70 anos de Airton com a coleção que leva o seu nome. Ao total, são 251 obras, incluindo artistas internacionais do porte de Monet, Renoir, Miró e Dalí. José Roberto complementa: “Não é qualquer obra. É ‘a’ obra”. A exposição está dividida entre períodos históricos e movimentos artísticos, totalizando cinco eixos: Do Brasil Holandês à República, Modernismo, Abstração, Contemporâneos e Presença Estrangeira. “A exposição é importante porque poderia ser feita em qualquer parte do mundo. E não é uma coleção curada. Não houve um personagem que o orientasse a adquirir as
obras. Foi o olhar estético dele. O mais emocionante é que ele está sendo generoso ao compartilhar com um público anônimo”, explica Max, sempre entusiasmado. E emenda: “Você sabe quando essas obras vão ser vistas novamente? Nunca. Essa oportunidade é única. Uma exposição como essa é formada por museus que vão buscar obras em diversas coleções pelo País. Aqui, são todas de uma única casa. É extraordinário”, comenta. Airton, que também é chanceler na Universidade de Fortaleza, raramente se pronuncia. De gestos breves, ele fala com o olhar e minuciosos movimentos com as mãos. Admirado por se preocupar em criar critérios didáticos no intuito de instituir a arte no processo educacional, ele prefere observar e ater-se ao prazer estético. “Iniciamos com objetos de arte decorativa despretensiosamente. Eu e minha mulher, Celina. As obras se confundem com nossas vidas. Estas, ao retornarem à nossa casa, lá permanecerão”, explica o Airton, que hoje conta com o auxílio de seus dois filhos Patrícia e Edson.
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MODERNISMO Um dos principais eixos da mostra tem como ponto de partida a obra de Anita Malfatti, na antessala do modernismo. A tela, a “é, sem dúvida, uma das peças mais importantes do acervo. Tratase de uma obra icônica para a história da arte brasileira”, aponta Fábio Magalhães. Na época, a artista tinha 28 anos. Semana t a , pois muitos jovens intelectuais abriram o debate no país ao polemizar contra Monteiro Lobato, que demolia o expressionismo da artista”. “O duelo ajudou a agrupar os futuros modernistas, entre eles Di Cavalcanti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia”, prossegue Fábio. Também na exposição, uma tela de Di Cavalcanti e duas aquarelas de Ismael Nery. A estas somaram-se obras de Lasar Segall, Antônio Gomide, Cícero Dias e Vicente do Rego Monteiro. No segundo momento do Modernismo, Candido Portinari (1902-1963) com um conjunto de 17 pinturas e 15 desenhos. As esculturas também estão presentes na mostra com Victor Brecheret (1894-1955), Maria Martins (1894-1973), Ernesto de Fiori (1884-1945) e Bruno Giorgi – escultor que colaborou com Oscar Niemeyer – (1907-2012) em obras relevantes na implantação de Brasília.
Mulher de Cabelos Verdes, Anita Malfatti
ABSTRAÇÃO Entre as obras da Coleção, merece destaque o Bicho, de Lygia Clark, que faz parte da série de construções geométricas articuláveis produzidas entre os anos de 1960 e 1964. Artistas construtivos de atuação independente, que estão representados. É o caso de Willys de Castro (19261988), representado por três trabalhos realizados entre os anos 1950 e 1980. Há ainda a obra cinética de Abraham Palatnik, pioneiro ao desenvolver pesquisas no campo da luz e do movimento. Merece realce a colagem de Sérvulo Esmeraldo (1929), da série Excitáveis. No conjunto, estão seis trabalhos do cearense Antonio Bandeira. Também se fazem presentes Manabu Mabe, Tomie Ohtake, Hermelindo Fiaminghi, Hélio Oiticica, Lygia Pape e Alfredo Volpi.
Fachada, déc. 1960, Alfredo Volpi
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RETRANCA
PRESENÇA ESTRANGEIRA Nesse segmento, a obra mais antiga e certamente das mais importantes é uma pintura a óleo sobre madeira atribuída Peter Paul Rubens (1577-1640), um dos expoentes máximos da história da pintura ocidental. Claude Monet (1840-1926) é o autor de a a s a s s s s, 1925. Outra importante pintura impressionista é um óleo de Pierre Auguste Renoir (1841-1919) representando Gabrielle. Há a pintura de Marc Chagall (1887-1985). O surrealismo está representado pelo alemão Max Ernst (1891-1976) e os espanhóis Joan Miró (1893-1983) e Salvador Dali (1904-1989). Na América Latina, os uruguaios Joaquín Torres García (1874-1949) e Carmelo Arden-Quin (1913-2010), além do mexicano Diego Rivera (1886-1957) e do colombiano Fernando Botero (1932).
Gabrielle et Jean Renoir, 1900, Pierre August Renoir
CONTEMPORÂNEOS Foi do interesse pelo modernismo que surgiu, por parte do colecionador, o apreço pela arte contemporânea, também presente na exposição em obras de artistas como Adriana Varejão e Beatriz Milhazes, além de Leonilson, Leda Catunda.
Moreno, 2005, Beatriz Milhazes
Serviço Exposição Coleção Airton Queiroz Espaço Cultural Airton Queiroz Universidade de Fortaleza Até 18 de dezembro www.unifor.br
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ILUSIONISMO
Dalston House
UM LABIRINTO DE IDEIAS O ARGENTINO LEANDRO ERLICH PROVOCA O IMAGINÁRIO DO ESPECTADOR AO CRIAR INSTALAÇÕES QUE COMEÇAM CONFUSAS E LOGO TORNAM-SE DIVERTIDAS E SURPREENDENTES POR PAULA SANTANA
S
ão Paulo – O que será que se passa na cabeça de um homem enigmático como Leandro Erlich? Um artista conceitual, com o poder de reconstruir a realidade por meio de suas instalações. Muitos o chamam de “ilusionista”. Ele não gosta, acha “mágico demais”. Outros preferem o credenciar como o “arquiteto das incertezas”. Ele não desaprova, mas enfatiza dizendo que sua obra não é funcional.
Leandro é mais pensativo que falante. Ao decifrar a sua arte, ele fala da “experiência do inesperado”. A real? Ele é provocativo. E justifica: “A surpresa é um elemento muito importante. Ela estimula nossa capacidade de desvendar e reforça uma instância que jamais podemos perder, que é chegar à compreensão do que, em princípio, é uma confusão”.
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Changing Room
O argentino é conhecido e respeitado mundo afo ra, com obras na Tate Moder n, em Londres, e no museu MA CRO, em Roma. Em 2001 , ele representou o seu paí s na Bienal de Veneza e na Bie nal de Istambul. Em 2008 , Erl ich criou uma instalação-p iscina no MoMA , em Nova Yo rk, que transmitia a ideia de estar em seu fundo. No ver ão de 2013, Erlich exibiu, em East London, um enorme esp elh o suspenso a 45 graus, cuj a imagem reproduzia no sol o o tamanho real da fachada de uma casa vitoriana, dan do a aparência de que as pessoa s a escalavam. E assim segue a arte de Erlich, brincando de con fundir o espectador. Há pou co, em celebração dos 50 anos do shopping Iguatemi de São Paulo, ele surgiu com a C hanging Rooms, uma instalaçã o vinda de Xangai, na Ch ina. Ele criou provadores com espelhos ou não. Numa cla ra ilusão de ótica, o visitante interage à medida que ava nça pelas cabines. A sensaç ão é de infinito. “Eu não qu eri a somente uma obra que se casasse com a materialida de. Eu queria o conceito da experi ência”, diz, referindo-se aos 15 espelhos espalhados por 30 provadores. Erlich explica que seus pro jetos implicam em desafio s enormes. Ao longo dos vinte anos de trajetória, ele diz que se relaciona de manei ra participativa com aquele s qu e veem a sua obra. “É com o um escritor com sua me nsa gem dentro da garrafa, seguin do pelo mar sem saber quem a lerá”, contextualiza. “Não me importa se as pessoa s vão gostar, desde que elas int erpretem”, finaliza o am ante de cinema, especialmente de David Linch e Roman Po lanski. GPSBrasília « 203
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para os norte-americanos. Mas os argentinos não podem visitá-lo. É inacessível e por isso faz parte do imaginário popular. A instalação que fiz foi baixar a sua ponta e, por meio de vídeos, reproduzir a vista das quatro janelas que existem no alto. A cidade inteira se envolveu. A sua arte envolve tecnologia? Na realidade, não.
Você tem sempre a intenção de incomodar? Há um incômodo relativo sem ser angustiante. Penso em desestabilizar uma situação. O conforto é o inimigo do humano, porque adormece a nossa capacidade de inventar, de pensar, de imaginar e de sentir. Claro que nossa busca é pelo conforto físico e material, mas temos que ser inquietos. A sua raiz veio da Arquitetura. Você a utiliza na sua arte? Apenas no sentido vivencial e não no sentido funcional. O espaço do qual me apodero está condicionado à experiência de se relacionar. e onde parte a sua concepção? São sempre experimentos. Cada projeto tenho a possibilidade de aperfeiçoar. omo você define o seu trabalho? Me considero um artista conceitual que trabalha com elementos que constroem narrativas visuais. Você parte de alguma matéria-prima especial? Não, e, sim, do interesse profundo pelos espaços cotidianos e da maneira como interpretamos a realidade. Você tem a preocupação em tornar sua obra acessível s pessoas? Estamos vivendo um momento diferente para as artes visuais. Há um questionamento sobre o que significam os espaços de exposição, se a arte deve ser pública. m e emplo seria o belisco maior monumento argentino? Exatamente. Ele é como o Cristo Redentor para o Brasil. A Torre Eiffel para a França. A Estátua da Liberdade
Mas tem a ver com ilusionismo? Não gosto de ser chamado de ilusionista, porque dá ênfase a aspectos fenomenológicos. Me agrada a visão que altera a percepção. O seu processo criativo parte de onde? Não tenho uma fórmula. Cada vez é diferente. Eu penso que o artista está permanentemente expressando emoções e questionamentos. E o sentido de inspiração estará sempre ligado à realidade momentânea. Uma parte se produz dentro da minha cabeça, outra vem da relação de um contexto. O que fomentou o seu desejo de criar? Não tenho um maestro, mas diria Marcel Duchamp, o criador da arte conceitual. Também a literatura de Jorge Luis Borges e Italo Calvino. Mas nunca foi apenas ler e ilustrar. m artista sul americano enfrenta dificuldades para se posicionar nesse universo? Dentro do plano institucional não há diferença. Mas, curiosamente, os artistas mais promovidos provêm de países hegemônicos, como os ingleses e os alemães. Mas percebo menos barreiras. O importante é trabalhar. Porque o artista é uma espécie de embaixador de sua cultura. Em suas vindas ao Brasil, nunca sobrou um tempo para conhecer Brasília? Eu preciso. Mas, infelizmente, não. A minha admiração vem não apenas pela arquitetura de Oscar Niemeyer, mas pela utopia de erguer uma cidade. A realização da invenção de Juscelino Kubitschek. Você tem uma realidade imaginária, uma utopia, como acabou de dizer? Apenas a sorte de poder estar permanentemente construindo a minha fantasia.
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PERSONALIDADE
O MELHOR DO MUNDO UM DOS CEM HOMENS MAIS INFLUENTES DO SÉCULO PENSA NO PRÓXIMO E EM COMO O SEU TALENTO NO DESIGN PODE MELHORAR A VIDA DA HUMANIDADE. ELE SE CHAMA YVES BÉHAR POR PAULA SANTANA
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iami – Já ouviu falar de Yves Béhar? Se não, sem problemas. A fama não o seduz, tampouco o atrai, mas o persegue. Na década de 90, diante da eclosão da tecnologia no Vale do Silício, um suíço absolutamente obcecado pelo futuro utilitário desembarcou na Califórnia para estudar Design Industrial. Engenharia e eletrônica também o atraía. Mas o que ele buscava de fato era como poderia criar produtos que, na prática, impactariam na vida de seus consumidores de maneira direta. Essa busca ainda persiste, mas, desde então, ela lhe concedeu os títulos de o “designer mais influente do mundo”, além de integrá-lo na lista dos “cem homens mais im-
portantes do século”, segundo o ranking da revista Times. Béhar se considera um projetista de ideias e acredita que o design é um esforço estratégico. Essa teoria foi vital no período em que a indústria da inovação invadia o mundo. Não foi surpresa quando passou a desenvolver projetos para gigantes como Apple, Google, GE, Samsung, Herman Miller, Kodak, MINI, Prada; só para citar alguns. O designer tem equipes globais, mas comanda seu estúdio FuseProject de São Francisco, com escritório em Nova York. Seus discípulos sempre têm em mente a necessidade de mudar a vida das pessoas. Senão, o produto não terá a assinatura de Béhar. Um bom exemplo foi o Jambox, um speaker, da empresa wearable Jawbone, com conexão
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Getty Imagens
bluetooth, lançado em uma época em que o mercado ainda estava desenvolvendo autofalantes sem fios. Antes disso, ele apresentou ao mundo um dos seus mais bem-sucedidos sucessos: o One Laptop for Child, uma campanha de inserção à informação na educação uruguaia e nigeriana. Ele desenvolveu um tablet de 7,5 polegadas com teclados magnéticos a USD 149. Eles foram distribuídos a três milhões de crianças entre 6 e 18 anos. No México, 11% dos estudantes entre 8 e 18 anos precisam de óculos com lentes corretivas. O designer criou o See Better to Learn Better, projeto em que foram distribuídos modelos indestrutíveis com custo, praticidade e estética para cerca de 400 mil crianças. Um dos últimos produtos lançados é a AugustLock, uma fechadura que funciona por intermédio de um aplicativo Apple, no intuito de diminuir o volume dos bolsos de calças. Em entrevista para GPS|Brasília, enquanto recebia a premiação Design Award Visionary 2015, durante jantar oferecido pela Panerai, ocasião em que a relojoaria desenvolveu um relógio especialmente para o designer, ele falou
sobre sua trajetória e algo pelo qual se debruça em suas pesquisas: o design sustentável. Criar a sinergia entre o design e a tecnologia um desafio necessário m ue momento o design se mostra mais relevante? Como designer, esta sinergia é crucial, ao mesmo tempo em que pode ser extraordinariamente complicada. Eu acredito que o design sempre vem antes da tecnologia, porque é sobre trazer ideias para a vida. O bom design começa com uma ideia manifestada através da expressão. Por outro lado, a tecnologia é fundamental, pois permite a experiência. À medida que novas tecnologias são inventadas, o papel do designer é encontrar o caminho para adotá-las em nossas vidas, e de uma forma que possa melhorar a experiência com o mundo. O mundo de hoje é mais prático e consciente em relação ao consumo do que no passado? Absolutamente. Com a ascensão das mídias sociais e a transição para comunicação on-line, as coisas tornaram-se
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endo preciso Estou especificamente inspirado no potencial de mudar o jogo. De ideias que surgem onde menos esperamos. Por exemplo, um programa chamado Spring, em que começamos a projetar hands-on com empresários, ajudando-os a dimensionar seus negócios e maximizar o impacto sobre suas comunidades. E percebendo os efeitos tangíveis do design. É por isso que eu faço o que eu faço.
Computadores doados a crianças africanas
Você se considera um revolucionário eco-designer? Adoraria pensar que as minhas ideias em torno da sustentabilidade não são revolucionárias. Há toneladas de líderes dizendo há anos que temos de estar conscientes dos nossos resíduos, das alterações climáticas, em como fazer de uma maneira benéfica em vez de destrutiva. As empresas precisam inovar, transformando a parte mais complexa do negócio, que é produção e logística. E, claro, considerar o ciclo de vida completo de seus produtos: os materiais, como maximizar o tempo de uso, e o que vai acontecer depois que são jogados fora. Este ciclo todo pertence ao design. E devem ser cuidadosamente considerados.
Se você tivesse acesso a todos os recursos do mundo, o que você gostaria de criar? Eu gostaria de apoiar os empresários dos países em desenvolvimento, repensando a saúde. Criar um sistema centrado nas pessoas, trabalhando com as cidades para reconstruir infraestrutura e transporte público. Estas são áreas em que o design ainda tem que realmente tomar posse. Mas eu imagino que não vai demorar para começar a acontecer.
om ual segmento você gostaria de se envolver? Bem, todo mundo está falando de veículos autônomos. E se não precisarmos mais do banco condutor? Ou que tipos de ambientes podemos criar dentro do veículo? Isso pode ajudar a resolver a densidade numa cidade? Estou também a pensando sobre o design para a saúde e os sistemas existentes. Este é um foco muito importante que precisamos ter nos próximos anos, a partir do ponto de vista humano, e claro, econômico. Como se dá o seu processo criativo? Desde a concepção até a chegada ao mercado? As pessoas perguntam muito isso. Depende do cliente e das necessidades. Se existe o componente de engenharia, há um número significativo de outros fatores. E no fuseproject, o design não para. Apoiamos com a fabricação, estratégia de varejo, go-to-market ativações, nomeação. Tudo faz parte do próprio projeto, e precisa ser considerado através da mesma lente. Pode levar seis meses ou cinco anos. O processo criativo em todos os momentos está envolvido na elaboração de uma solução.
O que te inspira? Quando você ama o que faz, você está inspirado todos os dias. Sou inspirado por meu trabalho e as pessoas que eu me cercam. Pela beleza do mundo ao meu redor.
Você pragmático ou sonhador? Eu construí minha carreira como designer por ser um sonhador e eu me tornei bem-sucedido por ser pragmático. Então, eu acho que eu tenho muito de ambos.
Modelos dos óculos modulares distribuídos para crianças carentes
muito mais transparentes. Como consumimos? Como avaliamos as marcas que consumimos? Como nos relacionamos com os outros ao redor desse consumo? De certa forma, isso também trouxe uma era de ouro para o design. As empresas valorizam a relação direta com os seus clientes, e querem se envolver com eles de maneira autêntica.
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ão faz muito tempo, Raul Mourão esteve em Brasília para lançamento do segundo volume da Jacarandá, uma plataforma crossmedia, que tem por conceito divulgar a Arte Contemporânea Brasileira no circuito internacional. A publicação traz Raul Mourão como editor-chefe. Impossível deixar passar em branco a oportunidade de conversar com Mourão, carioca de 49 anos, artista plástico que transita bem, com grande desenvoltura, na criação de esculturas, móveis, desenhos, pinturas, vídeos, fotografias e performances. Calmo no falar, à medida que vai contando como descobriu sua habilidade e o amor pelas artes, deixa transparecer uma movimentada vocação artística que foi alimentada desde sua infância em visitas a museus, na observação aos desenhos e quadros feitos por seu pai por hobbie e, na adolescência, pelo interesse em literatura, cinema, esportes e música. Com tudo isso, nada mais natural que mergulhar em cursos de fotografia e oficinas teóricas de cinema e deixar fluir a habilidade para o desenho. Foi parar na EAV-Parque Lage (RJ), onde frequentou, por aproximadamente três anos, vários cursos e, afirma, onde descobriu a arte e a possibilidade de trabalhar com ela. As mentes criativas são inquietas, movimentadas, e, simultaneamente às aulas no Parque Lage, em 1986, Raul foi graduar-se em Comunicação na Faculdade Helio Alonso. Inscreveu-se no curso de pintura Bloqueios Criativos, realizado por Charles Watson (EAV-Parque Lage), e teve fôlego para estagiar numa produtora de vídeo.
FRONTEIRAS
N
ARTE SEM LIMITES OU
Caroline Bittencourt
ARTE
ENTRE O RIO DE JANEIRO E NOVA YORK, ARTISTA QUE ATUA EM DIVERSAS FRENTES FLERTA COM A CAPITAL FEDERAL E PREPARA EXPOSIÇÃO DE ESCULTURAS E INSTALAÇÕES POR MARIZA DE MACEDO SOARES
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Exposição Moto
Nos anos 1990, Mourão se transferiu para o curso de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro; dividiu ateliê com José Damasceno, partiu para experimentações tridimensionais na produção de esculturas e objetos, como Ovo Violão e Cream Cracker, e em parceria com seu colega criou um artista fictício – Cafio –, que, na verdade, era resultado da junção de seus dois autores. Em 1991 participou do 15º Salão Carioca de Artes na EAV-Parque Lage e, com três desenhos, levou para casa um troféu pela classificação em segundo lugar na premiação, sua primeira vez numa exposição e num salão. Garantiu com isso destaque na mídia não só pela premiação como pelos trabalhos. No ano seguinte, além de uma mudança de ateliê, promoveu uma pequena mostra – Esculturas Desenhos – na Livraria By the Book (RJ). Apresentou duas esculturas em chapa de ferro galvanizado e dois desenhos em óleo sobre papel.
Obras Movimento Repouso
Era março, mas logo em seguida, abril, marcou presença numa coletiva na Galeria de Arte UFF, em Niterói. Uma coisa leva a outra e, atendendo a um convite de Ricardo Basbaum (artista da famosa Geração 80), dividiu mostra com José Damasceno no Espaço de Arte Contemporânea do Atelier Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Daí em diante foi se consolidando mais e mais a merecidamente brilhante carreira artística de Raul, em que não faltou parceria de trabalho com o diretor de cinema Roberto Berliner; co-direção e direção de arte de docu-
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RETRANCA
Obras da exposição Cuidado Quente Exposição Toque Devagar, Praça Tiradentes, Rio de Janeiro, 2012
mentários e videoclipes para estrelas do showbiz, como Skank, Os Paralamas do Sucesso, Lobão, Pedro Luís e a Parede, para citar alguns. Desnecessário dizer que de 1991 em diante as mostras individuais de Raul Mourão se transformaram numa constante – em território tupiniquim e fora dele. E outra arte desse moço, além de documentários, videoclipes, desenhos, esculturas, performances, móveis e fotografias, surgiu para alegria de todos, intelectuais ou não: a criação da revista item, com concepção e editoria dele, em parceria com Eduardo Coimbra e Ricardo Basbaum. Uma grande e inteligente sacada: da item-1 constava desenho de Arthur Barrio e textos de Leonilson, Lygia Pape, Ricardo Basbaum e Sergio Romagnolo. No item-2, o tema era música e teve o desenho assinado por Hermeto Paschoal e os textos levavam as assinaturas de Ronaldo Brito, Arthur Omar, Nuno Ramos, Itamar Assumpção, Paulo Herkenhoff e José Thomaz Brum. A recente Jacaranda pode ser considerada uma volta de Mourão às revistas, mas vale dizer que as letras sempre fizeram parte de sua vida: três livros publicados, o terceiro, com duas edições esgotadas e uma terceira a caminho, confirmam a intimidade do artista com múltiplas manifestações artísticas/culturais. Difícil classificar os trabalhos de Raul Mourão prosaicamente, dividi-los entre melhores e não tão melhores. O lado lúdico e o senso de hu-
mor têm pitadas de inteligente ironia e se manifestam nos títulos, sobretudo das esculturas. É dele o Luladepelucia, um boneco criado logo nos primeiros dias do presidente no comando da nação. É o exemplo perfeito do bom humor. Quanto ao lado lúdico, ele se exalta nas esculturas cinéticas, em aço, que são “interativas, porém não dóceis”, porque reagem ao toque das pessoas… “o artista permite e a obra incentiva”, promovendo mudanças suavemente significantes, mas, se tocadas sem doçura, podem produzir resultados nada agradáveis: podem
Obras da exposição Movimento Repouso
se quebrar ou se ressentir. Por isso, a recomendação do autor aos que quiserem interagir com suas esculturas: “é permitida apenas a interação que passe pela razão além do sentimento”. Fica dado o recado para quando o próximo março chegar e com ele a exposição de Raul Mourão em Brasília, com seus desenhos, vídeos, instalações e esculturas. Por fim, há que se tirar o chapéu para o artista que trabalha em dois continentes sem que o fuso horário atrapalhe – ora cria no seu ateliê do Rio de Janeiro, ora no do Harlem, em New York, cidade que o acolheu e, com ela, mantém firmes e fortes os laços afetivos, e laborais.
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ARTE POR MAURÍCIO LIMA
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BECHARA: TEMPO COMO MATÉRIA
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esde o começo da sua história como artista, José Bechara intervém plasticamente e simbolicamente em materiais cotidianos, trazendo para esses um novo significado e importância. Com isso, objetos que muitas vezes se destinariam ao lixo são aproveitados e todas as suas histórias são preservadas. José Bechara nasceu em 1957, na cidade do Rio de Janeiro, onde vive e trabalha atualmente. Aos 30 anos, inicia seu estudo formal em uma das mais importantes escolas de arte do Brasil, a Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV). Nela, cursou Artes Plásticas entre os anos 87 e 91. Logo ao se formar, o artista começou a integrar um ateliê coletivo na Lapa, centro do Rio de Janeiro, com os artistas Angelo Venosa, Luiz Pizarro, Daniel Senise e Raul Mourão. Durante sua estadia nesse espaço, Bechara começa uma série de experiências com diversos materiais e suportes, pesquisa que se tornou uma característica importante em seu trabalho. Nesse período, sua expressão artística era exclusivamente com pinturas, mas não ficava restrito às telas, o couro bovino e a lona usada de caminhão passam a ser o suporte utilizado, com destaque ao manuseio da lona, material que continua muito presente em sua obra até os dias de hoje. Ao decidir pelo uso da lona, o artista não se contentou em simplesmente comprar uma nova. Buscava histórias, cicatrizes, experiências que apenas um tecido que já tivesse enfrentado diversas intempéries poderia ter. Assim, Becha214 « GPSBrasília
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Romulo Fialdini
Vicente de Mello
ra comprava uma lona nova e se dirigia aos pontos de descanso de caminhoneiros nas beiras das estradas cariocas. Caminhões que vinham de todos cantos do País e com todos tipos de carga traziam lonas que continham histórias estampadas em suas manchas e rasgos. O artista então oferecia ao dono do caminhão uma lona nova em troca da “velha” e essa serviria de suporte. Devido a esse processo, é possível ver em algumas de suas obras remendos e costuras feitas pelos próprios caminhoneiros para impedir a perda da carga. Com o suporte definido, técnicas de oxidação de cobre, ferro e emulsões metálicas começam a ser usadas juntamente com um pensamento construtivo para dar forma aos trabalhos. No primeiro ano, depois de formado, realiza sua primeira exposição individual no Centro Cultural Cândido Mendes (CCCM). No ano seguinte, em 93, participa do 13º Salão Nacional de Artes Plásticas e recebe o prêmio Aquisição. Em 1997, o artista se instalou em seu ateliê no bairro de Santa Teresa no Rio de Janeiro, onde ainda trabalha. Em 2002, Bechara participa de uma residência artística em Faxinal do Céu, no município de Pinhão, Paraná, que contou com a curadoria de Agnaldo Farias e Fernando Bini. Nesse momento, o artista começa a pensar em suas primeiras esculturas. O trabalho que escolheu fazer foi
usando o próprio dormitório, uma casa que também era usada como ateliê. Toda a mobília que já se encontrava no local foi reorganizada e colocada de tal forma que parecia ser expulsa pelas portas e janelas. Esse projeto se desenvolveu de duas formas, a instalação foi alterada e repensada para importantes instituições no Brasil, tais como o Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR), o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), o Instituto Tomie Ohtake em São Paulo, o Museu Vale do Rio Doce em Vitória e o Paço Imperial no Rio de Janeiro. O segundo desdobramento foi a criação de uma série de esculturas que traziam o conceito do projeto. Elas foram integradas às diversas coleções nacionais e internacionais, com destaque a do Centro Pompidou, principal museu de arte contemporânea da França. Em 2010, com a série Gelosia, Bechara começa a trabalhar com o vidro como suporte para suas obras. Placas de vidro com oxidação de aço, placas de fórmica e tinta acrílica constituem peças escultóricas que se apoiam contra as paredes e quinas das salas de exposição. Hoje, Bechara continua a usar vidros, lonas e outros materiais que foram se somando ao seu pensamento com o tempo. Algumas novas paletas de cores também foram agregadas, mas é importante frisar que, mesmo com essa alternância cromática e de material, nunca houve uma ruptura no pensamento, o que se apresenta é uma sobreposição constante de processos. Em parceria com alguns artistas que dividiu seu primeiro ateliê, o grupo Jacarandá foi criado e recentemente abriu um amplo espaço de 600m² num dos endereços mais charmosos do Rio de Janeiro, a Villa Aymoré, conjunto de casas históricas do século XIX na Glória. Lá e em grandes instituições nacionais, como o MAM Rio ou na Pinacoteca de São Paulo, é possível ver os trabalhos desse grande artista brasileiro.
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OLHAR POR DUDA PORTELLA AMORIM
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UMA CONVERSA COM CARLSON
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esta edição, decidi entrevistar o arquiteto norte-americano Eric Carlson e sua empresa, a Carbondale, que são unanimidades no universo do luxo. Em uma rápida visita ao seu escritório, que fica em frente ao Museu do Louvre, em Paris, pude conhecer de perto o dia a dia do expert. Para quem não sabe, ele trabalhou durante sete anos com a Louis Vuitton e foi o responsável pela revitalização do JK Iguatemi, em São Paulo. Aí vai um pouco desse bate-papo para vocês. Espero que gostem! omo começou seu envolvimento com a r uitetura e o mercado de lu o? Sou formado em Arquitetura com especialização em high design. Me envolvi com esse segmento por acidente. A Louis Vuitton me deu a possibilidade de combinar a indústria da moda com design e arquitetura. Juntos, nos tornamos expert no assunto, dando uma nova credibilidade para esse trabalho categórico.
Quais são as suas principais in uências e o ue mais te motiva? Eu preciso de novidade sempre. Sou inspirado pelos meus clientes, o contexto, a cultura e o estilo de vida deles. Nós personalizamos o serviço. Desde restaurantes, lojas ou a casa de uma família. Começamos, entendendo como a pessoa acorda, como ela gosta que a luz entre em seu quarto, seu ritual matinal... tudo influencia. Por esses meios pessoais de expressão, vêm todas as inspirações. A arquitetura precisa ser funcional e bonita como toda arte. É importante proporcionar conforto e beleza e dar qualidade de vida a elas. onte sobre a e periência de dirigir o escrit rio de ar uitetura da Louis Vuitton
Trabalhei com duas pessoas no departamento. Era uma loja muito pequena em termos de arquitetura e quase todas estavam instaladas em shoppings e hotéis. Com a entrada de Marc Jacobs e seu ready to wear, começaram a mudar a contextualização. Precisavam de pessoas que desenhassem espaços maiores. A partir daí, começamos a contratar arquitetos, e rapidamente construímos ambientes diferentes. Quando percebi já tinha 24 pessoas na minha equipe. Eu era o diretor, o mentor de todo o design. Foi um ótimo momento e aprendi muito. Não só com a arquitetura, mas
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Longchamp na New Bond Street
Felipe Paiva
Louis Vuitton, na Champs Élysées
sobre economia. Para mim, o importante sempre foi a qualidade dos meus projetos e como eles eram executados. E porque decidiu sair? A demanda começou a aumentar e eu estava fazendo muitos projetos simultaneamente. Isso faz com que a qualidade caia, porque você precisa entregar tudo no prazo. O cliente e a empresa não ficam satisfeitos e ninguém sai ganhando. Foi aí que informei que sairia para abrir o meu próprio escritório. Nesta transição, tinha acabado de entregar a Louis Vuitton da Champs-Élysées, que é a maior delas. Analisei minha trajetória e percebi que já tinha tido grandes oportunidades. Senti que precisava trabalhar em novos projetos que não fossem lojas. Qual é o principal diferencial do seu escritório Carbondale? A questão é como o cliente e eu podemos construir o melhor para ele. Meu escritório tem uma localização privilegiada, fica em frente ao Museu do Louvre, tem dois andares e 15 arquitetos. A gente tenta continuar pequeno para conseguir acompanhar tudo de perto, de uma forma personalizada. Senão, foge do controle. No mercado de luxo, os clientes são muito exigentes. Entendemos que temos que ser rápidos, mas, em primeiro lugar, precisamos ser muito bons. É necessário muita pesquisa, geralmente de dois a três meses, para entender o cliente e dar o start. Por que escolheu Paris e Brasil para sediar seus escritórios? Não sei se eu escolhi Paris ou se Paris me escolheu. Na verdade, Paris é o centro do luxo no mundo. No Bra-
Escritório
sil, a família Jereissati me contratou para fazer o shopping JK Iguatemi, há cinco anos. Foi meu primeiro projeto no País. Temos muita demanda por lá, então foi necessário ter um escritório para entender as pessoas, como elas vivem, como compram, o que gostam. A equipe do Brasil foi altamente treinada em Paris para realizar os nossos projetos. Adoro trabalhar por lá. Quais você considera ser seus projetos mais importantes em Paris? Difícil responder isso. É a mesma coisa que você perguntar a um pai qual o filho que ele mais gosta. Não existe. Todos são muito especiais. Vou com muita energia em todos os projetos. Adoro desafios e os que estão acontecendo naquele momento são sempre os mais difíceis, pois sempre quero me superar. O que você acha da indústria de luxo? O glamour ainda existe? Acho que existe sim, apesar do significado disso estar em constante mudança. O luxo é relativo e sempre envolGPSBrasília « 217
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Fotos: Divulgação
Loja da BMW
Restaurante Piselli no Shopping Iguatemi
Restaurante TreBicchieri no Shopping JK Iguatemi
vente. Mas para mim pode ser completamente diferente do que é para você. Para várias pessoas luxo é comprar um iate enorme. Para outros, é ter um feriado por ano. Por exemplo, no Brasil, eu acho muito glamorosa a história que se constrói em cima de um casamento. Acho que só vi isso na Índia, as noivas passam um ano planejando todos os detalhes, fazem investimentos grandes, marcam cabeleireiro, fotógrafo, gastam em sapatos, vestidos. Para mim isso é puro glamour. Acho que enquanto existir mulheres, haverá glamour. Como é o processo criativo quando uma marca o requisita? Quais os maiores desafios? É muito complexo e sério. Preciso entender o que o cliente quer e até o que ele não sabe que quer. O ponto alto do high design é quando você dá para a pessoa aquilo que ela nem sonha que poderia ter. Eles gastam milhões de euros, dólares, reais, naquilo, e querem ter o que sonharam. A pesquisa é muito importante. Eu adoro. É um processo mágico, que chamo de “removendo o medo”. A minha equipe é muito boa em abrir a cabeça de todos os envolvidos. O que você acha das mídias sociais? Você tem Instagram? Eu pessoalmente não tenho, não me adaptei. Entendo a importância disso hoje e tento abrir a minha cabeça, mas ainda acho estranho. É importante entendermos e contra-
Revitalização do Shopping Iguatemi
tarmos um especialista para trabalhar a marca, e criar esse universo digital, indispensável hoje em dia. No nosso escritório temos dois experts no assunto para explicar para os clientes a importância disso. Vejo simplicidade no seu olhar e percebo que não se contaminou com a indústria do luxo. Como é lidar com isso? E quanto ao narcisismo na era digital? É muito difícil, mas temos que olhar sempre para dentro e saber a realidade que queremos viver e presenciar. Quanto ao narcisismo, acho que as pessoas ainda estão encontrando um jeito de resolver os problemas pessoais por meio da internet. Infelizmente, os mais jovens podem sofrer com isso no futuro, mas na moda o luxo existe, sim, e muito.
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Osklen
A R NOVA ONDA DA MODA
io de Janeiro – Inventar moda já é bom, selifestyle carioca, então, torna-se um guindo o lifestyle carioca, deleite. Após um hiato opressor de três anos sem uma semana de moda para chamar de sua – com o fim do Fashion Rio –, –, o carioca toma posse de sua passarela, resgata os criadores, faz florescer o estilo próprio. Cria uma atmosfera cool, mixa segmentos, abre para o público, convoca o Brasil e se joga no que faz de melhor: criar com bossa. Foi assim a priRio Moda Rio. Cheio de momeira edição do Rio ral, quebrou as regras ao extinguir a nomenclatura que define a sazonalidade Inverno e Verão. E mais, saiu na frente no que se refere ao formato mundial em que as coleções são apresentadas ao público consumidor em tempo real, o chamado see see now, buy now, recentemente implementado em Londres, Nova York e ainda inédito no Brasil. Os idealizadores reproduzem como mantra ao serem questionados: “Não é um evento, é um movimento”.
Patricia Vieira
EM SUA ESTREIA, RIO MODA RIO RECUPERA A AUTOESTIMA DO FASHIONISTA CARIOCA E APRESENTA UM MOVIMENTO REPLETO DE ATITUDE EM NOVO CONTEXTO PAULA SANTANA, Enviada especial 232 « GPSBrasília
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Lino Villaventura Guto Carvalhoneto The Paradise
Isabela Capeto
Patricia Viera
Martu
Maria Filó
Mara Mac
Lenny Niemeyer
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RETRANCA
Andrea Marques
Guto Carvalhoneto
Para toda criatura há o seu criador. Ou criadores. Começando por Carlos Tuvfesson, estilista e ativista nato. Mesmo afastado de seu ateliê, mas não de sua origem fashionista, ele jogou todo o seu conhecimento da vida mergulhada na moda para se unir a empreenempreen dedores que sabem como ninguém fazer entretenimento. Ou seja… ninguém veio brincar, não. Ainda mais quando entram no circuito Rodolfo Medina e Duda Magalhães, da Dream Factory, e Luiz Calainho, da L21. Está faltando algo, não? Os investidores: SENAI e SESI – ambos integrantes do Sistema FIRJAN –, e a Natura. Os desfiles tiveram a curadoria criativa de Gringo Cardia. “Fui convidado para incentivar os estiesti listas a quebrarem parâmetros normais e fazer uma apresentação de conceitos baseados em performances e atitudes”. Alessa, AnAn drea Marques, Blue Man, Guto Carvalhoneto, Isabela Capeto, Ivan Aguilar, Lenny Niemeyer, Lino Villaventura, Mara Mac, Martu, Maria Filó, Patricia Viera, Osklen e The Paradise compuseram o o line up. Tudo no revitalizado e agradabilíssimo centro da cidade. Precisamente no Pier Mauá, tendo, como anexos, os portentosos Museu do Amanhã e MAR.
Andrea Marques
Ivan Aguilar
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Maria Filรณ
The Paradise Martu
Blueman
Lino Villaventura
Mara Mac
Blueman
Lenny Niemeyer Alessa Osklen Isabela Capeto
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CENAS
A Ç A R G O D FAZEN O RIO DE JANEIRO TEM BOROGODÓ. É DESENCANADAMENTE CHIQUE. A BOSSA É SER AUTORAL, NÃO FUGIR DA SUA VIBE, BUSCAR A SINTONIA… ATRIZES DESCOLADAS, SURFISTAS VIAJANDÕES, NEO YUPPIES, TRANSGÊNEROS COM CHARME, A MOÇADA DO FUNK, AS GAROTAS DO LEBLON – O RIO MODA RIO CAPTOU TUDO ISSO Mara Mac
Backstage
Dudu Bertholini
Fernando Torquatto
Ivan Aguilar
Paola Oliveira
Blueman
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João Vicente, Lilian Pacce e Caio Braz
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omenagem Bett ago Yara Figueredo e Claude Troisgros
Gloria Kalil
Mariana Brennand
Carlos Tufvesson e Lucinha Araújo André Nicolau Thomas Azulay e Patrick Doering
Patricia Viera e Abi-Project
Luiz Calainho
Letícia Cazarré e Juliano Cazarré
Company
Backstage da Martu
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Lino Villaventura
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Maria Paju e Danjah Patra
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ÍCONE
ELE NASCEU E CRESCEU EM MEIO À MUSICA. FORMOU-SE EM PEDAGOGIA, MAS FOI NOS SALÕES DE DANÇA QUE SE REALIZOU, TORNANDO-SE O MAIOR BAILARINO DA MPB POR RAQUEL JONES « FOTOS CELSO JUNIOR
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SAMBA E LUZ E
le extravasa e requebra com a elegância de um mestre-sala. Ao ouvir Exaltação à Mangueira, eternizada pela voz de Beth Carvalho, Carlinhos de Jesus não consegue conter a emoção. Seus joelhos estremecem, o peito do pé salta do chão e o sorriso no rosto aparece. “Mangueira teu cenário é uma beleza, que a natureza criou um morro com seus barracões de zinco, quando amanhece que esplendor”, canta o artista como o típico malandro de Chico Buarque de Hollanda. No compasso da dança, a cabeça titubeia para lá e para cá e o corpo se rende à ginga. Em ambientes mais contidos, Carlinhos apenas levanta as mãos e acena como quem estivesse atravessando a apoteose. Assim é o embaixador do samba que desembarcou em Brasília para inaugurar a Capezio Conceito, marca da qual é embaixador há 40 anos. O coreógrafo e bailarino mais famoso do Brasil é empolgante. “Por gentileza, não me apresente os homens, as brasilienses são lindíssimas”, brinca. É com essa espontaneidade que o garoto nascido em Marechal Hermes, criado em Cavalcanti, subúrbio do Rio de Janeiro, cresceu e se tornou o Gene Kelly da Música Po-
pular Brasileira. Aos quatro anos, dormia embalado pelos batuques das escolas de samba da comunidade. Durante o dia, ouvia canções de Louis Armstrong à Ella Fitzgerald no vinil de sua mãe. Filho do meio de duas irmãs, cresceu numa casa onde aconteciam reuniões promovidas pelo pai, um importante líder político da região. “A dança para mim sempre teve uma conotação social”, diz. Com a predileção em ajudar o próximo, Carlinhos cultivou o sonho em se tornar médico, mas acabou entrando para o curso de Direito. Ao trabalhar numa instituição de amparo ao menor carente resolveu fazer Pedagogia, antes de se envolver na dança integralmente. “Nos intervalos das atividades burocráticas, passei a desenvolver projetos de dança com as internas, o que gerou uma melhora enorme no comportamento delas. No fim, me tornei coordenador pedagógico e diretor da instituição”, lembra. Todavia, Carlinhos de Jesus não só enxergou a dança de salão como uma atividade social, como também a teatralizou. Transformou o popular em clássico ao se apresentar diversas vezes com a bailarina Ana Botafogo. O
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carioca, até então, era visto como um dançarino, mas foi no Carnaval que se consolidou como coreógrafo, responsável pelos passos ensaiados da comissão de frente da Mangueira, por diversos anos consecutivos. Posteriormente, o sambista foi jurado do Estandarte de Ouro do Carnaval, passou pela Beija-Flor, Vila Isabel e retornou à Mangueira. No teatro e na tevê, um legado que endossa o exímio trabalho de um homem que nasceu para criar. Assinou a coreografia de filmes como a Ópera do Malandro, Luar sobre Parador, Navalha na Carne, Lambada – do qual foi protagonista –, além de atuar junto com os atores na preparação corporal dos personagens. Os anos de dedicação à dança não seriam os mesmos se não fosse o apoio incondicional que encontrou nos braços de Rachel Vieira de Jesus. O artista que já desejou ser médico, por ironia do destino, casou-se com uma obstetra, com quem teve seus dois filhos Carlos Eduardo e Tainah. Mas a vida surpreende e nem sempre a história segue o script almejado. Ao falar dos rebentos, muita dor e alegria. Dudu, o mais velho, foi brutalmente assassinado no dia 19 de novembro de 2011 com oito tiros, após o show de sua banda Samba Firme, em Realengo. Em 2013, a polícia prendeu os suspeitos e constatou um crime passional. O mandante do crime foi um miliciano que se envolveu com uma ex-namorada de Dudu. O trágico acidente marcou a família para sempre. Mas o sambista não desistiu de sorrir. Um ano após a morte do filho, a caçula Tainah se casou em cerimônia memorável no Rio de Janeiro. E Carlinhos segue com suas atividades. Aos 63 anos, mantém seu projeto social com jovens da Rocinha, preparando-os para dançar valsa em festas de 15 anos e core-
ografias de casamento. “A ideia é fazer com que esses jovens entendam a dança como um negócio e não somente diversão”, afirma. Há 30 anos, o sambista comanda a Casa de Dança Carlinhos de Jesus, que se tornou a maior do País no segmento de dança de salão, formando centenas de dançarinos. A academia fica em Botafogo no Rio de Janeiro, com filial em São Paulo. O sambista ainda é dono do Lapa 40 Graus Sinuca e Gafieira, também com filial em São Paulo, que reúne, em um ambiente descontraído de bar, shows e dança. Outro feito do artista, não menos importante, é o seu trabalho como palestrante motivacional, em especial de empresas estrangeiras. Ele dá uma verdadeira aula de perseverança. Chegou a ensinar bailarinos russos do Ballet Bolshoi, ensinando-os a sambar; ministrou aulas para a atriz britânica Jacqueline Bisset e foi procurado pelo cineasta espanhol Carlos Saura para encenar seu filme sobre o samba. O dançarino já foi tema de diversas escolas de samba. Em 1995, foi homenageado no Carnaval do Rio de Janeiro com o enredo No Reflexo do Espelho, a Arte de Dançar pela Escola de Samba em Cima da Hora Paulistana. Em 2003, a homenagem veio da Escola de Samba Santa Marta, com o enredo Santa Marta Canta e Encanta com Carlinhos de Jesus, e em 2005, no Carnaval de Porto Alegre, a homenagem veio da Escola de Samba Imperatriz Dona Leopoldina, com o enredo Carlinhos de Jesus, a Brasilidade Dança e Encanta a Dona Leopoldina. “Certamente, esses são episódios importantes na minha carreira. Hoje, sou reconhecido pela arte GPSBrasília « 239 GPS
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Carlinhos no espetáculo Isto é Brasil com Ana Botafogo e em apresentação com Vanessa Nascimento
brasileira e não precisei ser formado para conseguir o respeito. O segredo disso tudo? Não tive ambição. A receita foi o amor à arte, o amor pela minha cultura”, afirma o dançarino que é autodidata.
OLIMPÍADA Faz dois anos que Carlinhos de Jesus pensa, respira e vive o tema Olimpíada. Ao lado de Deborah Colker, dividiu a responsabilidade de coreografar a abertura do maior evento esportivo do mundo. Coube ao sambista, assinar o momento final chamado de Apoteoses. “É a parte que fala da cultura popular brasileira, do samba e do Carnaval”, diz o sambista que faz questão de elogiar o time de peso envolvido na abertura. “Foi muito bom estar envolvido com Fernando Meirelles, Daniela Thomas, Andrucha Waddington e Deborah Colker”, complementa. Carlinhos encenou um espetáculo de dimensões arrebatadoras. No Maracanã, havia 80 mil expectadores, 12 mil atletas, seis mil pessoas como staff e mais de quatro
mil bailarinos. Foram ensaios exaustivos e diários para uma execução perfeita, que surpreendeu toda a imprensa internacional e deu novo fôlego aos brasileiros. “Me preocupei muito com a movimentação da dança, para que a gente não perdesse a característica do gingado típico brasileiro. Nosso espírito latino sul americano em tratar a essência é o espírito da coisa. É preciso deixar o sambista mais solto, as bailarinas dançarem com a alma”, explica o mestre que teve como inspiração situações corriqueiras do dia a dia. Para a Olimpíada, Carlinhos levou toda a sua vivência do Carnaval na avenida. Não entra em detalhes, mas não deixa de aguçar a curiosidade sobre novos projetos. Em 2017, vai ensaiar o tema África para a União da Ilha do Governador, um assunto que ele domina muito bem. Questionado se tem algum sonho que não realizou, o sambista responde com a doçura e o humor que lhe é peculiar: “Minha cara, já não tenho muito que almejar. Já dancei do puteiro da tia Nikita ao Coliseu em Roma”, resume, fazendo juz ao título de artista popular, sem papas na língua.
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O LADO BOM DA VIDA EXECUTIVO DE MAIOR CREDIBILIDADE NA ÁREA DE ENTRETENIMENTO DO PAÍS, DUDA MAGALHÃES ACREDITA QUE O MELHOR EVENTO É AQUELE QUE EMOCIONA. DESPERTAR A ALEGRIA É O GRANDE NEGÓCIO DA ATUALIDADE POR PAULA SANTANA
Juliana Rezende
T
odo mundo tem um dom da vida. Quando ele é descoberto à margem da crise existencial de qualquer jovem de 18 anos, é um grande avanço de etapas. Duda Magalhães viveu isso. Descobriu seu talento ainda jovem: ele acessa a emoção das pessoas. E faz dinheiro com isso. Parece simples, mas foi contemplando as ondas do mar, sob o efeito do filósofo Aristóteles, que ele iniciou a sua jornada de entreter gente. O filósofo grego multidisciplinar, fundador da filosofia ocidental, disseminou a retórica de que o conhecimento e o trabalho visam algum bem. E o bem deve ser a finalidade de toda ação. Pois bem, Duda levou a sério esse fundamento. Hoje é o CEO mais expressivo da área de entretenimento no País. Ele nega o título, mas sob seu comando estão eventos como Rock in Rio, Rio Moda Rio ou a Árvore de Natal da Lagoa, para citar alguns. Surfista ocasional, sua jornada começou no esporte. Nunca foi velejador, mas organizou eventos de kitesurf e windsurf geridos por sua pequenina empresa. Isso tem vinte anos. Ao longo dessa trajetória que veio se moldando naturalmente, está um menino do Rio que se formou em Administração de Empresas pela PUC com a intenção de transformar alegria
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em profissão, sem ser artista de circo. Na verdade, ele monta o circo e apresenta o espetáculo ao respeitável público. Há seis anos Duda deu visibilidade ao seu talento ao associar-se na Dream Factory, empresa do Grupo Artplan, pertencente à família Medina. Foi Roberta Medina, filha de Roberto Medina, quem iniciou o processo de incorporação. A sua vinda deveria gerar um grande reposicionamento na empresa. Dentre eles, gerir os chamados eventos proprietários, aqueles criados pelo grupo - citados acima - e conceber projetos como o Carnaval de Rua, a Maratona Internacional do Rio de Janeiro, o Festival Sonár. O maior desafio de sua carreira? A Jornada Mundial da Juventude. Imagine reunir três milhões de fieis ao longo de dez dias, com a presença do papa, e se responsabilizar por toda a estrutura do evento? Duda diz que sua carreira se divide entre antes e depois da JMJ. “Não somos uma empresa de um projeto só. Temos multisetores, e juntamos os talentos do mercado para atuar com estratégia, processo, gestão”, define, argumentando que “o mundo está autodestrutivo e precisa de pessoas que se conheçam mais e melhor”. Duda comanda uma média de 80 eventos anualmente em diversos formatos. “Um projeto pode levar de seis meses a um ano e meio até ser concretizado. E nós sempre o sequenciamos. Nunca é algo de um momento único. Criamos um movimento”. Ele conta que vislumbra oportunidade de crescimento no Nordeste, além de São Paulo, onde já estão instalados com filial. E há um projeto grandioso em Brasília para 2018, mas ainda sem detalhamento. “Vejo muito potencial em projetos urbanos focados em alimentação, empoderamento feminino, educação financeira”. Aos 38 anos, casado, pai de dois filhos, dono de um cachorro, ele conta que fez análise anos a fio. E que o autoconhecimento foi determinante para lhe posicionar profissionalmente desde o princípio de sua carreira. Além disso, emocionar pessoas e levar alegria são agentes que o estimulam muito mais que o ganho financeiro. “Temos que sonhar todos os dias. Meu desejo é transformar a Dream Factory num mosaico da cultura brasileira, uma composição que nos represente. E que cada criação seja a mais relevante de todas já imaginadas”. Você fala muito da importância de despertar emoções por meio do seu trabalho É uma filosofia de vida? Eu acredito cegamente que quando nos emocionamos, visitamos lugares dentro de nós que não costumamos ir. É científico. Vivemos nossas verdades, questionamos nossas atitudes. Compreendemos e somos capazes de perdoar. É uma
renovação e um estímulo muito positivo proporcionar alegria para as pessoas. Acho até que é um processo de evolução. É um discurso de um verdadeiro entusiasta? Eu sou extremamente emotivo, mas não sou um bobo alegre. Tenho sensibilidade aguçada e a uso no meu dia a dia. Fiz análise vinte anos e foi muito importante para a minha formação, pois vi a importância do autoconhecimento como forma de socialização. Aplico todos os dias no meu trabalho. Mas, lidando com eventos dessa dimensão, você é pragmático, não? Eu não sou daqueles que acham que a intuição leva ao lugar certo e que a conquista vem do céu, não é isso. Acredito puramente em gestão e conhecimento para construir o que desejamos. E você escolheu viver do lado bom da vida? Eu brinco sempre, dizendo que a gente vende alegria, sonho e esperança. A Dream Factory é assim. É a melhor expressão do que somos e acreditamos. E conseguir fazer isso, ganhando dinheiro, é uma vocação. Como veio a consolidação da junção do lúdico com o real, dando frutos tão expressivos? Eu tive sorte de ter esse clique, e perceber no que eu era bom muito cedo. Desde os meus 18 anos eu vinha nessa busca. E aprendi com uma frase de Aristóteles: “No ponto de cruzamento entre a necessidade do mundo e o talento é onde está a sua vocação”. Passei a analisar essas duas vertentes. Foi difícil transformar o talento e o sonho em negócios? Eu era inexperiente e imaturo. A partir da compreensão dessa vocação fui buscar formação acadêmica sólida. Além de cursar Administração na PUC e me especializar em outras instituições, fiz Entretenimento na New York University. Qual era o objetivo da família Medina ao associar-se a você? A minha chegada mudou o posicionamento estratégico da empresa, que tinha perfil de agência de produção e ativação para clientes. Eu vim redesenhar a forma de atuação da Dream Factory. Nós crescemos muito na área de prestação de serviço, como no Rock in Rio, onde todas as brand experiences das marcas foram criadas por nós. E, a partir de 2009, passamos a focar no desenvolvimento de eventos proprietários, como a Maratona Internacional do Rio de Janeiro, o Festival Sonar, em São Paulo, o Carnaval de Rua, dentre outros. GPSBrasília « 243
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Rock in Rio 2015
Maratona do Rio 2016
Thiago Diz
TED Talks Rio 2014
De que forma você atua na empresa? Eu sou CEO. Coordeno sete diretores e sou a ponta do iceberg, a parte visível da estrutura, que se divide em produção, criação, atendimento, comercial, operações e propriedades esportivas. É comum termos três eventos no mesmo final de semana em capitais distintas. Minha contribuição é a visão estratégica do negócio e a instalação de uma governança que possibilite viabilizar os projetos. Mas a minha missão é buscar e manter pessoas que querem compactuar o mesmo sonho que eu. Hoje somos 70 pessoas, nas Olimpíadas, 115. O Rio de Janeiro ainda é o melhor local do Brasil para fazer entretenimento? O Rio tem essa vocação. Aqui são disparadas as tendências de comportamento que ditam o lifestyle brasileiro. E, claro, há a tradição da família Medina no segmento. São cinquenta anos, uma história que começou com Abrão Medina. Prova disso é a árvore de Natal da Lagoa. Imagina que já são vinte anos. Na memória, o show do Frank Sinatra no Maracanã, projeto desenvolvido para o uísque Passport. O Rock in Rio surgiu de uma demanda da cerveja Malte 90. Tudo isso veio dos Medina. Você está vislumbrando alguma área específica? Estamos investigando o território dos games, jogos em geral. É um grande potencial, tanto de público quanto de patrocinadores. Porque não se trata de uma febre. Febre passa. É uma realidade crescente. Há eventos bons, mas estamos formatando um com o nosso olhar.
Thiago Diz
JMJ Rio 2013
Existe crise no entretenimento? Sim, e o impacto direto na disponibilidade das empresas de patrocinarem eventos. Há produtos que sofrem mais que outros. Por outro lado, existem projetos que crescem inacreditavelmente, como o Carnaval de Rua, produzido e comercializado por nós. O crescimento foi cinco vezes maior. Já são sete edições, organizando junto com a prefeitura e a RioTur. E dois anos em São Paulo. É a nossa manifestação popular finalmente saindo do improviso? Claro, por que não fazer um carnaval redondo? Não faz mais sentido aquela desordem. E mais? Como não falar de festa junina. Ainda não temos nada nesse território, mas teremos. O nosso foco a longo prazo é construir a forma que melhor expresse a nossa cultura. Qual o grande desafio de um gestor do entretenimento? É gerar talentos. Não somos a empresa que precisa do melhor computador do mundo. Nosso negócio é gente. Formar e reter. Depois, foco, porque cada peça tem um tempo de maturação e de existência. Entretenimento é cíclico. Por fim, ter consistência nas escolhas. Ser correto nas decisões. Acertar sempre, tendo os erros como aprendizado. Você fala muito em sonho… há uma fórmula para construir um Brasil melhor? Eu tenho o meu sonho dourado: criar um programa educacional nas escolas com terapias para crianças, mostrando que existe uma coisa dentro delas chamada inteligência emocional. E que esse recurso bem desenvolvido, desde cedo, gera transformações gigantescas de postura e enfrentamento da vida e suas frustrações.
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Thiago Diz
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ARQUITETÔNICO
COMO SERÁ O AMANHÃ? I
mponente e intrigante – visitá-lo é fazer uma viagem ao futuro. Uma pausa para reflexão. É como se o mundo estivesse na palma da sua mão e você tivesse a obrigação de fazer algo por ele. Esse é o mix de sensações que o Museu do Amanhã, o mais novo ícone da região Portuária do Rio de Janeiro, proporciona ao seu visitante. Muitos decidem conhecê-lo por mera curiosidade, mas são impactados com a proposta do local. Quem o vê de longe tem a impressão de que ele está flutuando sobre a Baía de Guanabara. Sua estrutura futurística lembra as linhas modernas das obras de Oscar
Niemeyer. Erguido no Porto Maravilha, foi projetado pelo arquiteto catalão Santiago Calatrava e tem como vizinho, o Museu de Arte do Rio (MAR). Nenhuma curva do museu é igual a outra e sua estrutura é totalmente sustentável. O arrojado edifício de formas orgânicas, inspiradas nas bromélias do Jardim Botânico, ocupa 15 mil metros quadrados e foi carinhosamente apelidado pelos cariocas de “baratão”, em referência ao inseto. E tornou-se um cartão-postal da cidade em ano de Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Pode ser considerado o símbolo do renascimento de uma
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área de cinco milhões de metros quadrados, que enfrentava décadas de abandono e atraso. Sua inauguração chegou a ser prevista para a época do Rio+20, em 2012, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, mas alterações no projeto tornaram o prazo inviável. Em dezembro de 2015, após longos quatro anos de espera, o espaço, enfim, foi aberto ao público. A obra custou R$ 308 milhões, sendo R$ 215 milhões pagos com recursos arrecadados pela Prefeitura do Rio de Janeiro e o restante obtido com patrocínio. A receptividade tem sido imensa. O museu recebe quatro mil pessoas por dia. “É um espaço de conhecimento que oferece uma reflexão ética sobre o amanhã que queremos, uma visão dos futuros possíveis que podemos construir a partir das nossas escolhas, em uma perspectiva de convivência com o planeta e entre nós mesmos”, define Hugo Barreto, diretor geral da Fundação Roberto Marinho, uma das realizadoras do projeto. Com apenas sete meses de existência, a instituição recebeu o selo ouro da certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), concedida pelo Green Building Council a empreendimentos com alto desempenho sustentável. A chancela coloca o museu no rol dos prédios mais verdes do País e consagra a tendência da Praça Mauá de ser um ícone da revitalização da Zona Portuária. Em 2013, o Museu de Arte do Rio já havia conquistado o selo prata. Com a certificação, o Amanhã passa a ser o primeiro museu brasileiro a ter esse nível de reconhecimento internacional.
Byron Prujansky
Bernard Lessa
IMPACTANTE E SUSTENTÁVEL, O MUSEU DO AMANHÃ EXAMINA O PASSADO, QUESTIONA O PRESENTE E EXPLORA CENÁRIOS DO FUTURO. TUDO NO TEMPO REAL DO PLANETA POR ANDRESSA FURTADO
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MUSEU DAS PERGUNTAS
Byron Prujansky
O museu examina o passado, apresenta tendências do presente e explora cenários possíveis para os próximos 50 anos a partir das perspectivas da sustentabilidade e da convivência. Existe uma central de inteligência que fica conectada com as principais redes de dados sobre Ecologia. Moderno e multimídia, tem enorme acervo de informações para fazer o visitante sentir e refletir. Logo na entrada, um globo gigante pendurado no teto projeta as correntes marítimas. Quando o visitante vê dados da quantidade de lixo produzida no mundo, por exemplo, ele está vendo um número atualizado em tempo real. Isso quer dizer que cada visita é única, já que os dados mudam constantemente. O importante é não ter pressa. É apreciar cada parada com senso crítico. O ponto alto da visita são os totens de dez metros de altura. “Cada um deles mostra fotos e dados impressionantes de como o homem mudou o planeta. Aparecem imagens de carros e arranha-céus e, junto com elas, números tenebrosos da quantidade de florestas destruídas, lixo jogado fora, rios poluídos. É impressionante. Resumindo: é o museu das perguntas e da reflexão sobre o futuro e não das respostas”, diz.
César Barreto
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Divulgação
César Barreto
PROJETO SUSTENTÁVEL •
Tem 338 metros de comprimento, 20 metros de altura e 30 mil metros de pilares submersos, que suportam o peso do edifício
•
A água da Baía de Guanabara abastece os espelhos d’água e o sistema de refrigeração. Depois, é devolvida limpa ao mar
•
O paisagismo Burle Marx traz espécies nativas e de restinga. São mais de 5,5 mil metros quadrados de jardins
•
A irrigação das áreas verdes, o sistema de arcondicionado e a limpeza do chão não dependem de água encanada
•
5.492 placas voltaicas captam energia solar. A cobertura do edifício se move no sentindo do sol
•
Sistemas de climatização e iluminação de baixo consumo permitem economia de até 50% de energia
•
Os pisos permeáveis de cores claras contribuem para evitar a formação de ilhas de calor
Bernard Lessa
Serviço Museu do Amanhã Praça Mauá, nº 1, Centro, Rio de Janeiro Ingressos on-line: www.museudoamanha.org.br
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ENSAIO
RIO
ENTRE O CÉU E O MAR
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NAS LENTES DE BENTO VIANA, O RIO DE JANEIRO É VISTO SOB OUTRO ÂNGULO. SE JÁ É SUSPIRANTE OBSERVÁ-LO NO NOSSO CAMPO DE VISÃO, IMAGINE VISTO DE CIMA? É QUASE O PARAÍSO POR ANDRESSA FURTADO « FOTOS BENTO VIANA
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O
Rio de Janeiro é um clichê necessário. Admirado de qualquer ângulo, sempre surpreende. É a cidade do samba, da boemia, das favelas, a cidade maravilha. Lá de cima, o Cristo Redentor abraça, observa e abençoa. Ele também recebe e agrega. Para os turistas, está sempre de braços abertos. O visual da praia de Ipanema numa manhã de sol de verão é convidativo. As cores mais vivas, o céu mais limpo, o mar é incrível. Algo perto do paraíso. É lá onde se podem ver mais belezas por metro quadrado, belezas urbanísticas e naturais, em forma de ondas ou em forma de corpos esculturais. E há muito mais, Leblon, Recreio dos Bandeirantes, Joatinga, Prainha… No alto do morro, a vista é um privilégio. O funk toma conta da favela. Da rainha do tamborzão até a mais glamorosa, todas descem até o chão. Ao lado, o samba invade a Lapa, há 15 anos revitalizada. Jovens, idosos, não tem idade. Gente dos quatro cantos da cidade. Bem perto, no Porto Maravilha, a novidade é o Museu do Amanhã, na Baía de Guanabara. O “caçula” é novo ponto turístico mais visitado e adorado. Ir ao Centro é voltar ao Rio antigo. Em uma época em que edifícios tinham pés-direitos altíssimos, acabamentos dourados, mármores de todas as qualidades. Sem falar nas imensas portas de madeira esculpida, peças de ferro finamente trabalhadas e monumentais igrejas. Esse é o local onde transitam milhões de pessoas diariamente – funcionários, alunos, transeuntes, ambulantes. O carioca é livre. Com chinelos de dedo vão da praia ao teatro sem constrangimento. Atire a primeira pedra quem nunca invejou a informalidade desse povo. “Eles não marcam ponto de encontro, simplesmente se encontram”, já dizia Fernando Sabino. A rua faz parte da sua casa. É bem ali que se fazem novos amigos e onde reencontram os antigos. Qualquer “e aí” acompanhado de um copo de cerveja é suficiente para iniciar uma conversa.
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E como conversam... Falam, gesticulam, calam-se. Falam novamente, gargalham, param para ver uma mulher passar, elogiam, logo depois, voltam a conversar. Ninguém parece estar ouvindo ninguém, todos falam ao mesmo tempo. E é em qualquer bar, ou lugar, seja no Belmonte ou no muro da Urca, na Barra ou em Santa Tereza. O pôr do sol é um espetáculo. De diversos pontos da cidade, é possível apreciá-lo. E não tem um dia em que ele não mereça uma salva de palmas. No Arpoador é um clássico. Uma simples parada por lá, nem precisa pagar para
admirar. É de graça. E tem mais, dependendo da época do ano, é possível ver o sol se pondo sob o mar ou sob as montanhas. O pôr do sol é de quem vê. Lindo, não? Lindo, sim! Até uma simples ida para o trabalho pelo Aterro do Flamengo é uma sucessão de cartões-postais. Mas é também a cidade do trânsito – e que trânsito. Duas horas parado em frente à Lagoa Rodrigo de Freitas. Seria lindo, se não fosse caótico. Não dá mais para ficar com a janela aberta, admirando sua beleza. Muito menos passar pela Linha Vermelha.
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Chega o verão. A Orla de Copacabana vira um formigueiro. O Piscinão de Ramos então, nem se fala. Lá vem o tio do mate, o biscoito Globo, vem também o rapaz do quebra-queixo e o gringo vendendo pulseiras. Nas ruas, pura festa. Festa? Alguém aí falou em Carnaval? A cidade é tomada. Qualquer esquina, um bloco cheio de pessoas fantasiadas. Não tem essa de ficar parado. É um caldeirão de ritmos e manifestações. De amor, prazer e felicidade. Suba ao Pão de Açúcar e ao Corcovado, assista a um
jogo do Flamengo, desfile numa escola de samba. Passeie pelo Calçadão. Dê um “Oi” para Drummond. Olha só quem está ali? É o Tom Jobim. Se passar pelo Leme, sente ao lado de Clarice Lispector, a mais nova moradora do pedaço. No Rio é assim. Você encontra todo mundo, de personalidades a celebridades. É natural e não tem estrelismo. Até Gilberto Gil manda “aquele abraço”. O Rio é clichê, é verdade. Mas qual o problema em continuar sendo abençoado por Deus e bonito por natureza?
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