Grande Consumo N.º 42-2016

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N.º4 2/20 16 NOVE MB PORT RO/DEZEMB UG RO ANGOL AL | €4 ,8 A | 1 450 A 0 KZ

“O posicionamento

mundial de Portugal tem que passar pela

valorização do

comércio e serviços”

Entrevista com João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal

LIDL À CONQUISTA DOS EUA ELEIÇÃO DE TRUMP IMPACTO PARA PORTUGAL DISCOUNT E E-COMMERCE ROUBAM MERCADO AOS OPERADORES “MAINSTREAM” BIOLÓGICOS CONQUISTAM PORTUGUESES SONAE LANÇA SUPERMERCADOS GO NATURAL BRIO LIDERANÇA CONQUISTADA NIELSEN NATAL POTENCIA VENDAS NO ALIMENTAR EMPOR SPIRITS “BRAND BUILDING” PRIMEDRINKS CRIAÇÃO DE VALOR NA CATEGORIA CONCENTRA 50 ANOS A ENCANTAR UPS DINAMIZA LOGÍSTICA DE “HEALTHCARE”



42 2016

2016 despede-se de nós com a mesma, ou ainda com mais, velocidade com que se apresentou. Entre a despedida do Executivo do PSD, do “final” da austeridade, da Troika, do desemprego galopante, às maravilhas prometidas pela gerigonça do PREC do século XXI, subimos enquanto nação, de forma igualmente galopante, todas as etapas do Inferno de Dante. Uma ascensão quase miraculosa que nos deixou sem perceber muito bem como “estamos” afinal, de tão antagónicos que podem ser, foram e são os discursos de quem nos conduz coletivamente. Continuamos a estar na Europa, continuamos a usar o Euro, continuamos a sonhar a e acreditar que a nosso quotidiano pode ser melhor do que aquilo que terceiros nos querem fazer crer. Seremos um país de serviços? Ou o nosso comércio tem pujança suficiente para ser um motor da economia? Questões colocadas a João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, que aborda os principais temas da confederação em entrevista exclusiva na Grande Consumo. 40 anos do organismo que chama a si a defesa e promoção deste sector de atividade no nosso país, com o seu líder a alertar para a necessidade de repensar o modelo da Segurança Social, tão crucial na sua perspetiva como a concretização de um acordo a médio prazo entre parceiros sociais e o sistema político instalado, que defina, entre outras prioridades, os parâmetros necessários para reformular a economia portuguesa rumo, em definitivo, ao século XXI. Por outras palavras, o eterno recuperar de tempo de um país que ainda anda a discutir como chegar ao salário mínimo de 600 euros, de modo a que seja uma realidade, quer para quem o gostaria de receber quer para quem o terá que comportar. Um claro contraste com os países mais ricos da Europa “comunitária” onde os mais ricos de cá são equiparados nas estatísticas aos “pobres” de lá em termos de riqueza comparável. Na mesma edição onde analisamos o impacto da eleição hollywoodesca de Donald J. Trump para Portugal, assim como damos conta da entrada do Lidl nos E.U.A., onde a rival Aldi já está presente há longa data e leva, assim, um confortável avanço. O terreno de luta mudou-se para o outro lado do Atlântico, mas com o Grupo Schwarz a continuar a apostar forte na manutenção da posição de maior operador retalhista da Europa Ocidental, ao vender, presentemente, mais de 10 mil milhões de euros do que o gigante Carrefour, atingindo os 78 mil milhões de euros. Alguns dos temas para ler na revista Escolha do Consumidor 2017 na categoria “Imprensa Online de Negócios”, cuja distinção nos enche de natural orgulho. No ano em que celebramos o nosso 11.º aniversário enquanto publicação independente de referência no sector do bens de grande consumo, são os consumidores que nos presenteiam com a sua escolha. Sorrio e, humildemente, agradeço, em nome da equipa da Grande Consumo, esta distinção que somente tem o condão de nos levar a fazer melhor. Porque queremos que a Grande Consumo continue a ser a sua referência nos diversos canais onde estamos presentes. Um Feliz Natal e um Próspero 2016. O nosso melhor presente já o recebemos: a sua confiança.


PORTUGAL 1 Ano (6 números) 42€ 2 Anos (12 números) 84€ Digitalize ou fotocopie e envie para: BEYONDMERIDIAN, LDA. - Avenida do Parque N.º 65 A • 2635-609 Rio de Mouro ANGOLA

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mão Dias istina Si : Ana Cr or it Ed ade e rtuguesa Propried idade: Po Almada Nacional - 2800-255 º 24, 3.º N. , io Fe o ante Antóni rias Rua Comand Bruno Fa Diretor: o.com deconsum an gr s@ ia ar of **** un br ******** E-mail: ******** ******** ** ** ** **** ********

IAL 03 EDITOR DO AS DO MUN 06 NOTÍCI OS EUA 08 LIDL N EUA TERNACIONAL 12 MERCADO IN RUMP DE DONALD T 14 ELEIÇÃO LHO G DE RETA 18 RANKIN RCA - CENTROMA 22 OPINIÃO DE PREÇOS 24 GUERRA OS CCP A - 40 AN P A C E D A 26 TEM ICOS 32 BIOLÓG TURAL CADOS GO NA R E M R E P U S A ANÇ 36 SONAE L RIO ERCADOS B 38 SUPERM DIAS RUI ROSA O Ã I N I 41 OP IRA DA GIESTE 42 SOLAR ES 44 LUSIAV NATAL 46 NIELSEN PIRITS 74 EMPOR S RINKS STA PRIMED 76 ENTREVI BERTA ERSIDADE A V I N U Y D U 84 CASE ST RA 86 CONCENT 90 EPSON 92 UPS FIA 96 INFOGRA

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Notícias do Mund EUA Staples vende operação europeia

ALEMANHA Grupo Metro anuncia novo conceito de hipermercados Real

A Staples vendeu a participação maioritária da sua operação europeia ao fundo de capital Cerberus Capital Management, por 50 milhões de euros, para se focar no negócio doméstico. A unidade europeia consiste na operação de retalho, contratos e online em 16 países, responsável por vendas anuais de 1,7 mil milhões de euros. A Staples vai manter 15% de quota no negócio. A transação acontece dois meses após a Office Depot, empresa com a qual não se conseguiu fundir, dada a oposição da autoridade da concorrência norte-americana, ter anunciado também a venda do negócio europeu ao fundo de investimento Aurelius Group.

O novo conceito de hipermercado Real tem foco em alimentos frescos, serviço de alimentação, melhores preços e melhoria do serviço em geral. De forma a garantir um serviço de elevada qualidade, foram contratados mais de 70 funcionários. A loja piloto tem uma área de 11.500 metros quadrados e tem como lema “Das Gute leben”, que significa “Viver Bem”. Tem um “layout” de mercado tradicional e oferece uma ampla gama de produtos, desde a entrada de gama até artigos gourmet, como ostras ou kobe beef. Um dos destaques é o “Manufaktur des guten Geschmacks” (“Fabricantes de Bom Sabor”), que oferece serviços como padaria artesanal, confeitaria, torrador de café, pizzaria e restaurante.

Amazon planeia abrir mais de dois mil supermercados a partir de 2017 Dependendo do sucesso dos protótipos dos novos supermercados, que operam atualmente em fase beta, a Amazon vai abrir novas lojas físicas até ao final do próximo ano. De acordo com o Wall Street Journal, a gigante do comércio digital prepara-se para abrir mais de dois mil supermercados a partir de 2017, como parte do seu plano de expansão no sector alimentar.

PORTUGAL Sonae compra a Go Natural A Sonae celebrou um acordo de aquisição de uma posição maioritária na empresa que detém a Go Natural, marca de referência no sector da restauração saudável em Portugal. Esta operação, que envolve a compra de uma participação de 51% do capital, enquadra- se na estratégia da Sonae MC de aposta na área da saúde e do bem-estar, nomeadamente na alimentação saudável.

REINO UNIDO Danone reduz tamanho de iogurte no Reino Unido A Danone seguiu os passos da Toblerone e da Maltesers e anunciou a redução do tamanho do seu iogurte magro Activia no Reino Unido. O iogurte passará de 500 a 450 gramas, mas manterá o seu preço habitual de 1,40 libras, cerca de 1,60 euros. Os consumidores britânicos mostraram o seu repúdio e, rapidamente, catalogaram a decisão da Danone como uma consequência direta do Brexit. Contudo, um porta-voz da empresa assegura que a mudança para 450 gramas se deve ao relançamento da marca, que inclui uma alteração na receita e na embalagem.

06 NOTÍCIAS DO MUND O n.º42/2016 | NOVEMBRO/DEZ EMBRO


POLÓNIA Biedronka incólume ao fim das aberturas ao domingo A Jerónimo Martins irá resistir à decisão do Governo polaco em proibir o comércio ao domingo, não obstante a previsível perda de 2,1 mil milhões de euros nas vendas a retalho. Os analistas do Haitong consideram que a decisão do Governo polaco em proibir o comércio ao domingo vai ter um forte impacto na atividade retalhista naquele país de Leste, onde a Jerónimo Martins atua com a sua insígnia Biedronka. O retalho será mesmo o sector de atividade na Polónia mais afetado com esta decisão do Executivo local. Mas a Jerónimo Martins irá resistir a este impacto, com os analistas a anteciparem uma adaptação dos hábitos de compra de bens alimentares por parte dos consumidores polacos, que passarão a realizar as suas compras nos outros dias da semana.

07 MUNDO NOTÍCI|ANOSVEDO O MBRO/DEZEMBR n.º42/2016

DINAMARCA Lego divide-se em duas empresas A Lego anunciou a sua cisão e a criação de uma nova empresa encarregue da gestão da sua marca, o Lego Brand Group. De acordo com a fabricante, que lidera o mercado mundial de brinquedos, o objetivo é manter a propriedade da marca na família fundadora, os Kirk Kristiansen, e desenvolver os acordos de licenciamento. A direção da nova entidade será entregue a Jorgen Vig Knudstorp, diretor geral do Grupo Lego desde 2004. Doravante dedicado apenas ao fabrico dos legos, o Grupo Lego passa a ser dirigido por Bali Padda, seu atual diretor de operações.

CHINA Aldi confirma expansão para a China A Aldi confirma a entrada no mercado chinês, avança a IGD. As primeiras lojas irão abrir no final do próximo ano. Antes disso, o operador de discount quer lançar, ainda no primeiro semestre, um website transacional, onde irá oferecer uma gama selecionada de produtos alimentares.

TAILÂNDIA SPAR anuncia entrada na Tailândia ESPANHA IKEA entra no mercado do usado A IKEA vai começar a vender móveis em segunda mão em Espanha, no âmbito da iniciativa de economia circular “Salvemos os Móveis”. A cadeia sueca vai comprar produtos usados pelos clientes para depois os revender na secção de oportunidades. Este serviço começou a ser testado a 12 de dezembro nas lojas em Madrid e inclui, numa fase inicial, mesas, cadeiras, estantes, secretárias, vitrines, cómodas e armários. O objetivo é vender cerca de 600 produtos usados até agosto do próximo ano e estender o projeto às restantes lojas IKEA em Espanha.

A multinacional de distribuição SPAR confirmou a existência de um acordo com o parceiro local Bangchak Retail Compant Limited, para entrar no mercado tailandês. Este acordo prevê um investimento de 74 milhões de euros na abertura de cerca de 300 lojas durante os próximos cinco anos. Com isto, prevê-se que, a partir de 2017, sejam já inauguradas entre 50 a 80 lojas que criarão mais de 2.500 postos de trabalho.


TEXTO Carina Rodrigues FOTOS Shutterstock

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A data está definida. Em 2018, o Lidl chegará, finalmente, aos Estados Unidos da América. Na “bagagem” leva um ambicioso plano de expansão que contempla 80 a 100 lojas logo no primeiro ano de atividade. A cadeia alemã está interessada em todas as localidades com 25 mil a 30 mil habitantes e, embora ainda não se conheça onde se vai implantar a primeira loja, sabe-se já que a expansão iniciar-se-á

americano

na costa atlântica.


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A entrada da cadeia alemã no mercado norte-americano Aldi é há muito antecipada e está a ser cuidadosamente A expectativa é, contudo, que o Lidl vá ter planeada. De facto, o Lidl optou por demorar o tempo um impacto considerável no retalho norteRETA16L|HNOOVEMBRO/DEZE que fosse necessário para acertar todas as agulhas na americano, desde que consiga alguma escala. n.º42/20 abordagem a um mercado onde a eterna rival Aldi já está presente Apesar da expansão ir iniciar-se na costa há 40 anos. Para tal, tem começado a fazer notar leste, onde o Lidl tem a sua presença através da implementação de estado ativamente à procura das melhores escritórios regionais e centros de distribuição. localizações, perfilando-se a Pensilvânia No total, a Aldi possui já Após o anúncio da opção por Arlington para como uma potencial rampa de lançamento, 1.100 lojas nos Estados alojar a sede da sucursal norte-americana, são as informações mais recentes dão também Unidos da América, onde já conhecidas as localizações de Spotsylvania, conta do interesse no Texas, onde a eterna chegou em 1976. No Alamance e, mais recentemente, Cecil County, rival Aldi já possui 90 pontos de venda, momento em que o Lidl no Maryland, para a implantação de centros de concentrados principalmente em Dallas e cortar a primeira fita, distribuição. Mais de mil postos de trabalho Houston, e não pretende ficar por aqui. foram já criados, esperando-se outros 100 já a eterna rival terá Com o Lidl a preparar a sua expansão nos quando o ativo do Maryland, um investimento Estados Unidos, a Aldi está a robustecer as 600 pontos de venda no valor de 100 milhões de dólares, estiver em suas operações. Recentemente, levou a cabo adicionais, ganhando o curso. um evento para os seus fornecedores norteestatuto de cadeia de Tal como aconteceu na Lituânia, o Lidl está americanos, onde Josh Williamson, diretor de âmbito nacional a dar prioridade ao estabelecimento da sua compras, sublinhou o papel destas parcerias: rede logística antes da abertura de lojas. De acordo com o Planet “à medida que continuamos a expandir a nossa presença no país, Retail, esta mesma abordagem está a ser seguida na Sérvia, onde o necessitamos de fornecedores que cresçam connosco. Os nossos início de operações está previsto para 2017. E, no caso do mercado parceiros ajudam-nos a disponibilizar produtos premium e de norte-americano, é plenamente justificada pela “revolução” a que se qualidade excecional que fazem com que os clientes regressem às está a assistir, após a fusão entre a Ahold e a Delhaize, que alterou nossas lojas, o que ajudou à nossa rápida expansão”. significativamente o panorama do retalho alimentar, especialmente No total, a Aldi possui já 1.100 lojas nos Estados Unidos da América, no leste do país. Além de que a Kroger continua a dar indicações das mercado onde chegou em 1976, com a abertura do primeiro ponto suas ambições para expandir a sua presença via fusões e aquisições. de venda no Iowa. Até aqui, tem sido considerada uma espécie de PUB


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gigante adormecido, mas no momento em que o Lidl cortar a primeira fita, já a eterna rival n terá 600 pontos de venda adicionais, ganhando o estatuto de cadeia de âmbito verdadeiramente nacional. Além disso, a popular cadeia Trader Joe’s, gerida pela Aldi Nord, tem cerca de 440 lojas e a ambição de continuar a expandir a sua presença no mercado.

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Estratégia O Lidl tem assim um longo caminho para percorrer, mas a distância que o separa da Aldi não parece retirar o otimismo dos seus responsáveis, a avaliar pelas palavras de Brendan Procter, presidente da operação norte-americana. “Vamos apoiar-nos nos fundamentos do que tornou o conceito Lidl tão bem-sucedido na Europa e, ao mesmo tempo, criar uma experiência única para os consumidores, sem paralelo no mercado”. O que, segundo o Planet Retail, significa o modelo europeu com algumas adaptações. Para evitar ter o mesmo destino que o projeto Fresh & Easy da Tesco, o Lidl deverá lançar as suas lojas norte-americanas com o dobro do tamanho das europeias e mais marcas de fabricante que o normal, atraindo os consumidores não familiarizados com as suas marcas exclusivas. Espera-se que estas marcas sejam disponibilizadas com fortes ações promocionais, despoletando a reação dos retalhistas já estabelecidos neste mercado, que tenderão a responder com as suas “guerras” de preços. Uma vez estabelecidas as lojas, o Lidl deverá começar a introduzir as suas marcas exclusivas. O mercado norte-americano deverá absorver a grossa fatia do investimento de ambos os operadores de discount. Os Estados Unidos da América são particularmente apetecíveis, tendo em conta a sustentada, embora lenta, recuperação económica. Paralelamente, na Europa, estes retalhistas estão a atingir o ponto de saturação em muitos mercados e a enfrentar potenciais problemas económicos, culturais e políticos na Rússia, Ásia e mercados emergentes. O desenvolvimento no mercado europeu permite retirar alguns ensinamentos. E o mais imediato é que a abordagem ao novo

mercado é uma maratona, não um sprint, com os investimentos a serem feitos numa perspetiva de longo prazo. Assim, podese esperar que o Lidl lance, adapte-se e, porque o seu modelo económico também disso depende, rapidamente ganhe dimensão e

de um modo muito consistente. Os Estados Unidos da América são um enorme mercado e muito diverso do ponto de vista geográfico. Logo, terá de haver muita adaptação da oferta, do mesmo modo que se fez com os distintos mercados europeus. O Lidl vai apostar nos produtos regionais e específicos, em marketing dirigido ao consumidor local, fazendo sobressair todas as suas credenciais norte-americanas. As marcas serão uma parte importante do processo, ajudando o operador de discount a ganhar visibilidade e credibilidade. À medida que a densidade da rede de lojas do Lidl aumentar no mercado norte-americano, a aceitação do consumidor gradualmente crescerá, tal como aconteceu em todos os mercados onde o Lidl está atualmente presente. Por tudo isto, o Planet Retail antecipa que o discount se torne num conceito com uma importância significativa nos Estados Unidos da América. Restantes retalhistas e fornecedores deverão encontrar a estratégia mais acertada para lidar com esta disrupção. A crescente pressão sobre os preços e adoção do formato discount pelos consumidores de classe média irá desafiar todo o tipo de retalhistas. Os supercenters, como a Walmart e a Target, sentirão a pressão destas cestas mais convenientes e competitivas. Já os supermercados tradicionais, como a Kroger ou a Food Lion da Ahold Delhaize, enfrentarão dificuldades nos aspetos onde não se conseguirem diferenciar.


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O mercado norte-americano continua a apresentar baixos níveis de concentração quando comparado com a maioria das outras economias altamente desenvolvidas, como as da Europa Ocidental. Os principais fatores que para isto contribuem são a dimensão do país e uma base diversificada de compradores, o que deixa um amplo espaço para os “players” regionais e locais operarem em diferentes partes do país. Assim, predomina a grande variedade de formatos que atendem diferentes segmentos de compras. Alguns operadores de maior dimensão, incluindo a Kroger e a Walmart, gerem um portfólio de insígnias que respondem a distintas necessidades.

Os Estados Unidos da América são, na realidade, um conglomerado de mercados regionais, em vez de um verdadeiro mercado nacional, pelo menos até que haja uma mudança mais forte no sentido de uma cobertura nacional das cadeias de lojas. Com a fragmentação atual, segundo o Planet Retail, há um longo caminho a percorrer até que haja uma grande base de retalhistas com presença nacional, o que cria oportunidades para aberturas de lojas, fusões e aquisições nos próximos anos. A população norte-americana está a desacelerar. O US Census Bureau reporta um crescimento, em 2015, de 0,8%, substancialmente abaixo da taxa de crescimento média anual de 1,2% registada na década de 90. No final de 2015, a população era de aproximadamente 323 milhões de habitantes, fazendo do país o terceiro maior do mundo. Apenas a China e a Índia são mais populosas. A lenta recuperação económica da recessão de 2008, além de crescentes barreiras aos imigrantes, tornaram os Estados Unidos da América menos atrativos para os imigrantes e desencorajaram os residentes de terem filhos. Para os retalhistas, esta população envelhecida irá impactar os tipos de produtos exigidos e também as técnicas mais adequadas de merchandising e marketing. O crescimento do Produto Interno Bruto permanece lento, característico de uma recuperação morosa e gradual. Em 2015, o crescimento nominal do PIB de 3,45% foi mais moderado do que nos três anos anteriores à saída da recessão. Ainda assim, os Estados Unidos são a maior economia do mundo, com quase o dobro do tamanho da China e mais de três vezes que o Japão. Ambiente de retalho O desemprego nos Estados Unidos está realmente baixo, assim como os preços dos combustíveis. A inflação é basicamente inexistente, os valores das casas continuam a subir e existem ganhos salariais legítimos. O mercado de ações está perto de um máximo de sempre. Tudo isto levou a que o nível de confiança do consumidor seja do mais elevado em cerca de uma década. Estes são dados do Bloomberg, que, contudo, refere que “a expectativa era de que a economia iria crescer por vários anos, criando empregos e muita procura que iria recuperar as cadeias de retalho, que tinham sofrido um forte embate durante a recessão. Foi assim que funcionou no passado, mas, sete anos depois, o esperado ‘boom’ do retalho ainda não chegou. Após os resultados e as falências recentes, pode nunca vira acontecer. O que é especialmente preocupante para a indústria é que a combinação de baixa inflação, baixo desemprego e aumento dos salários devia ser terreno fértil para o sucesso.” Os Estados Unidos da América têm um sector de retalho alimentar altamente regionalizado e bastante fragmentado. Poucos retalhistas têm cobertura nacional e os cinco maiores operadores de supermercados possuem cerca de 36% de participação no mercado e são responsáveis por cerca de 23% dos gastos nacionais em

produtos de consumo. Há uma grande variedade de “players” ativos no sector de mercearia norte-americano, variando dos supercenters, uma adaptação do formato de hipermercado originalmente desenvolvido pelos franceses, operados pela Walmart, a pequenas lojas especializadas no canal alimentar. O crescimento de vendas em formatos de maior dimensão está lento num mercado maduro e saturado. As vendas dos supermercados estão a ser desviadas para outros canais, dando maior ênfase à comercialização de alimentos em discounters (por exemplo, lojas de dólar), warehouse clubs e drogarias. A Walmart, por exemplo, vai abrir formatos mais pequenos sob as insígnias Neighbourhood Market, enquanto as aberturas de supercenters diminuíram consideravelmente.

Os discounters permanecerão num percurso de forte crescimento nos próximos cinco anos. Os principais fatores a contribuir para este desenvolvimento incluem a expansão rápida, o aumento da produtividade nas lojas existentes e a maior aceitação de formatos alimentares orientados para uma oferta de valor. Outros canais de nota no mercado norte-americano são os warehouse clubs, drogarias com mercearia, lojas de dólar, farmácias e lojas de conveniência. A loja de conveniência e posto de gasolina tem sido estreitamente associada a este mercado. À medida que grandes empresas petrolíferas procuram reposicionar-se longe do formato supermercado, pode haver oportunidades para os retalhistas tradicionais gerirem operações de conveniência. De acordo com o Planet Retail, os reguladores norte-americanos são rápidos a agir se entenderem que a concorrência está sob ameaça. Vários acordos foram bloqueados para impedir que os operadores de supermercados ganhem uma posição dominante em determinados estados ou cidades. Muitas vezes, como parte de uma aquisição, os retalhistas são obrigados a dispor de certas lojas quando existem demasiadas sobreposições geográficas que impeçam a livre concorrência.

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E agora Trump?

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Para surpresa de todos, a 8 de novembro passado, com os 270 votos do Colégio Eleitoral, Donald J. Trump foi eleito o 45.º Presidente dos Estados Unidos da América. Da surpresa passou-se ao choque e estado de alerta em vários sectores de atividade, dada a incerteza quanto às políticas que vão ser efetivamente seguidas na administração Trump e do quanto da retórica eleitoral se vai concretizar em medidas reais. O retalho está particularmente atento, porque muitas das suas promessas eleitorais terão um impacto direto na sua atividade. Por todo o mundo está-se na expectativa sobre o rumo que os Estados Unidos da América irão tomar quando, em janeiro de 2017, Donald Trump se sentar naquela cadeira da Sala Oval. As decisões terão impacto por todo lado, incluindo em Portugal.

Após serem conhecidos os resultados das eleições acordo com a AICEP. norte-americanas, com a vitória de Donald Trump e Não é por isso de estranhar o sentimento quanto à incerteza das os republicanos a assegurarem tanto o Senado como políticas que serão, de facto, seguidas por Donald Trump. Vai, a Câmara dos Representantes, as taxas das obrigações efetivamente, construir um muro na fronteira com o México portuguesas dispararam, com os juros a atingirem o valor mais elevado desde o Brexit. Segundo uma análise do Expresso, a vitória de Donald Trump põe em causa todo o cenário macroeconómico que sustenta o Orçamento de Estado português para 2017, baseado no crescimento das exportações. Na confessa agenda do presidente-eleito está o regresso dos Estados Unidos a uma atitude isolacionista, contra a globalização, o livre comércio e as importações, aspetos que, no seu entendimento, destroem os empregos dos norte-americanos. Ora, os Estados Unidos da América são um dos maiores clientes das exportações portuguesas, o quinto maior, para se ser mais preciso, destino de 5,2% das nossas vendas ao exterior em 2015. Nos últimos cinco anos, as exportações portuguesas para os Estados Unidos cresceram 14,8%, passando de 1.496 mil milhões de euros, em 2011, para mais de 2.567 mil milhões de euros, no ano passado, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). O mercado norte-americano é, de resto, o maior destino das exportações portuguesas fora da União Europeia. Este ano, Portugal está a exportar menos 12% de bens para o mercado norteamericano, mas, em contrapartida, vende mais 9,1% de serviços. Antes das eleições, o Fundo Monetário Internacional (FMI) previa que as importações norte-americanas disparassem de 2,2% para e deportar milhões de imigrantes ilegais, que representam um 7,2%. Mas Donald Trump já afirmou, por diversas vezes, que a sua importante grupo de consumidores e de trabalhadores? Vai prioridade é o protecionismo comercial, o que ameaça agravar as endurecer as medidas protecionistas, de modo a “devolver a tarifas aduaneiras, reavaliar os acordos comerciais internacionais grandeza à América”, bloqueando os acordos de livre comércio, e travar as trocas com os grandes fornecedores mundiais, como como o NAFTA, com o Canadá e o México, que Donald Trump considera o pior alguma vez assinado, e o Tratado de Livre a China, o México, a Alemanha e o Japão. As consequências Comércio e Investimentos (TTIP)? envolvem uma dezena de países, incluindo O vice-presidente do Banco Central Europeu Portugal, que conta com a aceleração da (BCE), Vítor Constâncio, já manifestou a procura externa e das exportações para alcançar Donald Trump vai herdar sua preocupação com os riscos que a eleição as metas definidas para o próximo ano, tanto a economia mais forte de Donald Trump pode ter na Europa. em termos de crescimento do Produto Interno dos últimos dois anos. Aponta, precisamente, as consequências Bruto (PIB) como do défice. Note-se que 80% económicas devido ao protecionismo já de todos os bens que Portugal consegue vender O PIB norte-americano anunciado pelo presidente-eleito, mas ao exterior têm como destino 13 países, entre no terceiro trimestre também os riscos políticos, com as eleições os quais os Estados Unidos da América. De foi revisto em alta para presidenciais em França e as legislativas na acordo com o INE, as cinco maiores empresas 3,2%, o ritmo mais forte Alemanha e na Holanda no horizonte. E não do país, e que são responsáveis por 15,9% em dois anos, superando nos esqueçamos que Donald Trump ainda das exportações, concentram metade das suas não desmentiu a sua posição em relação vendas em três mercados, entre os quais, uma as expectativas dos à NATO, de que os Estados Unidos não vez mais, os Estados Unidos da América. analistas que previam um atuariam em defesa de nenhum aliado que O que tem este mercado de especial? Para crescimento de 3% não contribua com para o orçamento de além de serem o terceiro maior país e o terceiro defesa da aliança com 2,5% do seu PIB, o mais populoso, com um número de habitantes que representa cerca de 4,4% da população mundial, são ainda a que afeta, diretamente, Portugal. maior economia do mundo. O papel que os Estados Unidos têm nas relações comerciais internacionais é, assim, significativo, ocupando Consequências o primeiro lugar na lista dos maiores importadores mundiais, de São 15 as indústrias e sectores que serão mais influenciados

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com a eleição do candidato republicano, segundo uma análise recentemente realizada pelo The Washington Post. A exploração petrolífera, os gasodutos, a exploração mineira, sobretudo de carvão, a banca, a indústria farmacêutica, a construção, o equipamento industrial e a indústria da defesa serão os principais beneficiados da aposta em trazer os empregos de volta para a América proclamada por Donald Trump. O grande perdedor, lá está, será o comércio internacional, caso o presidente-eleito avance com a sua intenção de renegociar os acordos comerciais. O “ataque” à China e a ameaça de dificultar o Acordo Trans-Pacífico, pacto comercial que iria baixar as tarifas entre os Estados Unidos e 11 outros países, já levou, de resto, o Governo de Pequim a ameaçar um boicote aos produtos de empresas norteamericanas, como a Apple e o seu iPhone. O sector do retalho já está em alerta e pediu a Donald Trump que seja pragmático. De acordo com uma análise da Forbes, as grandes compras, como as de casas e automóveis, irão paralisar. “Os mercados detestam surpresas, assim como os consumidores. Ninguém vai querer fazer compras importantes e avultadas no período mais imediato à eleição”, diz a publicação norte-americana. Mas também as compras mais pequenas irão cair no curto prazo, já que os consumidores ainda não sabem como integrar os resultados das eleições numa base pessoal. A eleição de Donald Trump como o próximo Presidente norteamericano vai afetar particularmente o retalho e o sector da restauração. De acordo com a Morgan Stainley, o maior risco virá da perda de milhões de consumidores como resultado das propostas sobre as reformas da imigração e a ameaça de deportar milhões de imigrantes ilegais. As estimativas apontam para cinco milhões a dez milhões de pessoas, que representam um importante grupo de consumidores e força de trabalho a baixo custo.

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A National Retail Federation teme, assim, agravos no sector, até porque Donald Trump é conhecido pelos conflitos com alguns dos maiores retalhistas mundiais. Se é certo que o anúncio de um alívio na carga fiscal para as empresas e cidadãos norteamericanos, assim como o estímulo ao nível das infraestruturas, irá impulsionar a economia no curto prazo, devolvendo o rendimento aos consumidores e aumentando os postos de trabalho, os preços tenderão a subir, devido ao aumento dos custos de produção e das tarifas aos produtos importados como medida de defesa de um menos eficiente sector industrial norte-americano. O que, no entender do Planet Retail, poderá esbater os previstos efeitos positivos de curto prazo, levando, em última instância, a concretas reduções nos rendimentos disponíveis. Todas as decisões que afetarem o sector do comércio terão repercussões noutras áreas, como a agricultura e a logística. John Dillar, colunista do Farm Journal e especialista em direito agrícola e ambiental, sublinha que “a agricultura é fortemente dependente do comércio para impulsionar os preços das ‘commodities’. A oposição de Trump ao Acordo Transatlântico é preocupante. Além disso, se ele cumprir a sua promessa de destruir o NAFTA (North American Free Trade Agreement), pode ser desastroso para a agricultura a um nível não visto desde o embargo soviético aos grãos”. A agricultura intensiva em mão-de-obra será também prejudicada com a posição de Donald Trump sobre a imigração. De igual modo, a indústria do “shipping” também teme as consequências da eleição do candidato republicado, em particular a sua posição em relação às trocas comerciais com o exterior. “Há poucos detalhes sobre a política comercial de Trump, mas a sua postura protecionista e de antiglobalização vai, provavelmente, ferir a indústria do ‘shipping’, uma indústria que prospera com as poucas barreiras ao comércio de bens”, refere um especialista ao The Wall Street Journal. “No curto prazo, os efeitos nos mercados levarão, muito provavelmente, a menores volumes de tráfego”. Certo é que a inflação nos Estados Unidos da América vai subir, devido ao expectável aumento dos custos laborais e dos preços dos produtos importados. Para o sector do retalho, significa que os custos operacionais irão crescer e os produtos de consumo, sobretudo os importados, tenderão a ver os seus preços aumentar. Os Estados Unidos da América importam bens de consumo de todo o mundo e, se Donald Trump os taxar com um imposto estimado em 35%, o custo das compras poderá aumentar entre 15% e 20%. Segundo a Forbes, o crescimento da inflação levará a Reserva Federal norteamericana a agir, aumentando as taxas de juro, o que elevará os custos dos empréstimos e arrefecerá a economia. Diz a publicação que, a concretizar-se, uma recessão que resulte do aumento dos preços a seguir às eleições será bastante longa. Para já, Donald Trump vai herdar a economia mais forte dos últimos dois anos. O PIB norte-americano no terceiro trimestre foi revisto em alta para 3,2%, o ritmo mais forte em dois anos, superando as expectativas dos analistas que previam um crescimento de 3%. Multinacionais pedem cumprimento de acordo climático 360 grandes empresas, a maior parte norte-americanas, escreveram uma carta a Donald Trump a pedir que cumpra o acordo climático de Paris, assinado em dezembro de 2015, por 197 signatários e já ratificado por 104 países, incluindo os Estados Unidos da América. DuPont, Gap, Hewlett Packard, Kellogg, Hilton, Nike, General Mills, Levi Strauss, L’Oréal, Schneider Electric e Unilever são algumas das empresas que assinaram a carta. “Nós, membros da comunidade empresarial e dos investidores nos Estados Unidos, reafirmamos o nosso profundo compromisso para enfrentar a mudança climática através da aplicação do acordo histórico de Paris”. A carta diz que a não existência de uma economia de baixo carbono coloca em causa a prosperidade dos Estados Unidos da América. Recorde-se que, durante a campanha eleitoral, Donald Trump classificou o aquecimento global como uma “fraude inventada pelos chineses para minar a industrialização dos Estados Unidos” e, após a sua eleição, veio confirmar que abandonará o acordo de Paris.



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Discount e-commerce n

e

roubam vendas aos operadores de retalho “mainstream”

TEXTO Carina Rodrigues FOTOS D.R.

Algo de significativo está a acontecer no grupo dos 10 maiores retalhistas mundiais. Sobretudo, ao nível do top 3. A Walmart continua a liderar, mas no grupo de operadores que a seguem os movimentos são consideráveis. O Carrefour perdeu o terceiro lugar que ocupava há já largos anos para a Amazon, que, não contente com o feito, está já de olho na vice-liderança, para já entregue à Costco. Diz o Planet Retail que, dentro de alguns anos, a composição do top 3, desde há muito dominada pelos chamados “big-box players”, irá mudar completamente para incluir um operador de comércio eletrónico e outro de discount. Tendo em conta os investimentos que o Grupo Schwarz está a fazer na sua operação e a prevalência que o Lidl alcançou já no mercado europeu, não é difícil de adivinhar quem estará com Walmart e Amazon no topo do retalho mundial em 2021.


19 O crescimento das vendas dos maiores retalhistas de A maior subida neste ranking pertencerá, contudo, ao alemão base alimentar está a tornar-se cada vez mais difícil. Grupo Schwarz, dono do Lidl, que deverá alcançar o quarto Combinadas, as vendas dos 10 maiores operadores de lugar em 2021. A consolidação do crescimento da operação retalho do mundo cresceram, de acordo com o Planet europeia, juntamente com a eminente entrada do Lidl nos Retail, 3,6% em 2016. Contudo, excluindo o contributo da Amazon Estados Unidos da América, estará na base deste desempenho. e dos discounters Lidl e Aldi, o aumento foi de, apenas, 2,5% e 1,9%, respetivamente. Liderança consolidada na Europa Mesmo a Walmart, que domina esta lista de Na Europa Ocidental, os operadores de retalhistas e é quase quatro vezes maior que discount continuaram a ganhar posição, O Grupo Schwarz é desde o seu concorrente mais próximo, a Costco, viu no seguimento de um ano difícil para o 2014/2015 o maior as suas vendas estabilizarem, penalizadas pelo retalho, marcado pela deflação. De acordo retalhista da Europa crescimento modesto no mercado doméstico, com o Planet Retail, não se pode, de forma Ocidental e deverá o norte-americano, pelo encerramento de alguma, subestimar a importância assumida reforçar a sua distância um significativo conjunto de lojas e pelas pelo Grupo Schwarz e pela Aldi, que deterão para a concorrência nos flutuações das divisas, que impactaram os os dois primeiros lugares do ranking dos resultados da divisão internacional. maiores retalhistas da Europa Ocidental em próximos cinco anos. Com Em 2016, Carrefour, Kroger e Tesco 2023. Nos próximos cinco anos, abrirão, cerca de 78 mil milhões afundaram posições neste ranking compilado aproximadamente, 1.500 lojas nesta região. de euros em 2016, vende pelo Planet Retail. A cadeia britânica, em O Grupo Schwarz é desde 2014/2015 o mais de 10 mil milhões particular, arrisca-se até a sair do top 10 em maior retalhista da Europa Ocidental e deverá de euros que o segundo 2017, à medida que continua a desinvestir reforçar a sua distância para a concorrência dos ativos internacionais para se focar na nos próximos cinco anos. Com cerca de 78 maior operador da Europa operação doméstica. mil milhões de euros em 2016, vende mais Ocidental, o Carrefour Claro que se alguns descem no ranking, outros de 10 mil milhões de euros que o segundo escalam posições. A principal beneficiada tem sido a Amazon que, maior operador da Europa Ocidental, o Carrefour. O que deve ser tendo ultrapassado tanto o Carrefour como a Kroger em 2016, está atribuído ao rápido crescimento da sua insígnia de discount nos bem posicionada para arrebatar o segundo lugar da Costco já no vários mercados e a suavização do conceito de loja do Lidl, cada vez próximo ano. Outra empresa a seguir com atenção é a Seven & I, mais próximo do formato supermercado. que tem um ambicioso plano de expansão para a cadeia 7-Eleven O Lidl tem vindo ativamente a desenvolver um programa de nos mercados asiático e norte-americano. remodelação dos seus pontos de venda, também visível em

RETAL n.º42/2016

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20 O BRO/DEZEMBRO ALH RET NOVEM | 6 2/201 n.º4

Portugal, com a aposta crescente nos frescos e a instalação de zonas de padaria, entre outras inovações. O que lhe tem permitido aumentar o seu público-alvo e atrair outro tipo de consumidores. A resposta dos operadores de supermercados e hipermercados não se fez esperar. A Tesco, no Reino Unido, e o Carrefour, em França, conseguiram melhorar as suas operações, através de preços mais agressivos. A Tesco, concretamente, mudou para uma abordagem “every day low prices”. Por seu turno, a aquisição, por parte do Carrefour, das lojas Dia em França, convertidas para um modelo de proximidade, revela como se consegue continuar a crescer, através de fusões e aquisições. Nos próximos cinco anos, o principal foco de disrupção continuará, porém, a vir do Grupo Schwarz e Aldi, cada vez mais próximos do modelo de supermercado e menos hard discount. Para contrariar a sua incontornável ascensão, os restantes operadores terão de continuar a investir em preço, o que inexoravelmente afetará as suas margens, e apostar na diferenciação. A pressão sobre os preços obrigar-los-á a reduzir custos, o que poderá resultar em mais alianças entre retalhistas para a negociação com os fornecedores.

e espera-se que desça mais 1% em 2017. Além disso, a Roménia terá a maior taxa de crescimento do Produto Interno Bruto das economias da região, cerca de 4,2%, e, mais importante, ainda

é pouco explorado pelos operadores de retalho, com a quota da distribuição moderna a ser de 52%. Não surpreende, portanto, que os grandes retalhistas europeus estejam atentos à Roménia, caso da Jerónimo Martins. Com o discount a tornar-se cada vez mais popular no país, a retalhista portuguesa poderá considerar a entrada neste mercado através da aquisição da Profi, uma cadeia local com cerca de 500 supermercados. Na Polónia, o crescimento orgânico é cada A atual situação vez mais difícil para a Biedronka, que sente económica da Roménia é também a pressão do Lidl. Não obstante, em altamente favorável para 2016, a Jerónimo Martins subiu para a sexta o sector do retalho. Em posição do top 10 dos maiores retalhistas da Europa Central e de Leste, ao atingir vendas janeiro, o IVA baixou de de 9,6 mil milhões de euros, trocando de lugar 24% para 20% e esperacom a Tesco. se que desça mais 1% em 2017 Lidl encaminhado para o domínio global

Biedronka sobe posição Na Europa Central e de Leste, o Grupo Schwarz é também líder. Dificilmente a sua posição dominante será desafiada no futuro, com o retalhista alemão a apostar na expansão da rede de lojas e a aventurar-se pelo online. Em países como a Polónia e a República Chega, o Grupo Schwarz já tem uma forte presença, tanto com o Lidl como com os hipermercados Kaufland, pelo que está apostado na eficiência das operações, em detrimento da expansão física. Não obstante, em 2016, o Lidl ampliou a sua presença a 12 mercados da Europa Central e de Leste, mais dois do que no ano passado, com as entradas na Sérvia e na Lituânia, estando para breve a Moldávia, assim como Hungria, Bulgária e o importante mercado romeno. A atual situação económica da Roménia é altamente favorável para o sector do retalho. Em janeiro, o IVA baixou de 24% para 20%

O que os rankings do Planet Retail mostram é confirmado por outro estudo da Research Farm, de que o Lidl se encaminha para o domínio global. Em 2016/2017, o Grupo Schwarz planeia atingir a barreira dos 90 mil milhões de euros em vendas e, para tal, vai investir 6,5 mil milhões, cerca de 7,5% das suas vendas, na sua expansão e remodelação do parque de lojas já existente. Grande parte deste investimento será alocado ao Lidl, tanto para a abertura de novos pontos de venda, como para o reforço da gama e infraestruturas logísticas, fundamentais para a implementação do novo conceito de loja e para a maior aposta no online. No futuro, as ambições do Lidl serão ainda maiores. Os 300 milhões de consumidores e a estrutura do retalho norte-americano geram fortes expectativas. Se o Lidl for bem sucedido nos Estados Unidos da América, poderá ser um importante motor de crescimento para a próxima década.





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Uma cada duas empresas está envolvida numa guerra preços E

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Independentemente do sector a que pertencem, oito em cada dez empresas em todo o mundo dizem estar muito preocupadas com a crescente pressão de preços que afeta os seus mercados. 49% das empresas afirma estar a enfrentar uma guerra de preços real com a sua concorrência. Estas são as conclusões do Estudo Mundial de Preços 2016, efetuado pela consultora global de marketing e vendas Simon-Kucher & Partners.

TEXTO Carina Rodrigues FOTOS Shutterstock


O aumento do poder de negociação dos consumidores sobre os preços. 66% apoia-se no lançamento de novos produtos (37%), bem como da concorrência low-cost (60%) como mecanismo para contrariar esta pressão e metade considera são as principais razões apontadas para esta crescente que a opção mais adequada é melhorar a comunicação do valor pressão sobre preços, que vem dificultar a obtenção de dos produtos. 49% indica, ainda, apostar na mudança de perceção aumentos das margens de lucro, através da venda de produtos. No dos consumidores sobre o valor dos produtos e os preços, 37% total, apenas seis em cada dez empresas dizem ter aumentado as opta por reduzir os custos variáveis e fixos e 34% por melhorar as suas margens em relação ao ano anterior. “A situação vai piorar, capacidades de negociação das suas equipas de vendas. uma vez que a subida dos salários em vários Digitalização sectores está a levar a aumentos dos custos A crescente tendência para a digitalização na ordem dos 3%, motivando a adicional dos negócios é vista como uma importante descida das margens”, explica Georg Tacke, A crescente tendência oportunidade para as vendas, mas como um CEO da Simon-Kucher & Partners. O estudo para a digitalização risco para os preços e para as margens. As apurou que, este ano, as margens irão cair, em dos negócios é vista empresas do sector do retalho destacam-se média, 0,7 pontos percentuais. como uma oportunidade neste aspeto, ao reunir a maior percentagem para as vendas, mas de respostas de que a digitalização é um risco Gestão de preços também como um risco (42%). A relação entre o aumento de preços previsto para os preços e para De um modo geral, as empresas planeiam pelas empresas e os aumentos implementados as margens. 42% das recorrer ao digital para chegar a novos em 2015 foi de 77%. Isto significa que uma empresas do sector do consumidores (47%), aumentar o nível de organização que tente aumentar os preços retalho consideram a personalização do marketing (37%) e a em 5% apenas consegue uma subida de, em digitalização um risco quota das vendas online (34%). média, 3,8%. Contudo, alerta o estudo, 10% À luz destes resultados, muitos dos entrevistados reconhecem não ter investido o suficiente na gestão dos inquiridos ainda não têm nada planeado a este 25 de preços. 87% salienta que, para ser competitivas, as empresas respeito. Além de que as medidas apontadas pela necessitam não só de introduzir melhorias na sua estratégia e maioria das empresas são genéricas e focadas nos controlo de preços, como também nas ferramentas que utilizam para volumes, negligenciando a dimensão do preço e ANÁL ISE n.º4 estabelecer e medir os resultados. Segundo o estudo, quase todas das margens, não colhendo todos os benefícios 2/20 16 | NOVE as empresas reconhecem a necessidade de desenvolver estratégias potenciais do digital. MBRO para combater a pressão sobre os preços de forma eficiente. O estudo encontrou um grupo de empresas, 13% da amostra, que Recomendações demonstrou, contudo, eficácia nestas questões. Os seus lucros, Neste sentido, a Simon-Kucher & Partners recomenda algumas medidos com base na margem de EBITDA, são 27% maiores medidas para escapar à pressão sobre os preços, tão nefasta para as que os das restantes empresas analisadas. “Estes valores não margens. Em primeiro lugar, tornar a estratégia e a gestão dos preços caem do ar”, clarifica David Vidal, autor do estudo e partner na Simon-Kucher & Partners. “As melhores empresas são mais profissionais em quase todas as áreas relativas ao preço. Por exemplo, planeiam aumentos de preços regulares no âmbito de projetos que envolvem distintas funções do negócio, em vez de simplesmente delegar esta importante tarefa para a área das vendas. Consequentemente, a sua taxa de implementação dos preços é 39% mais elevada que a das restantes empresas estudadas”. Além disso, estas empresas têm como a maior prioridade e nenhuns cortes devem ser efetuados sem se analisar todos os efeitos dos mesmos. Além de que as empresas uma taxa de sucesso 33% mais elevada com os novos produtos. O estudo apurou, ainda, que quase todas as empresas reconhecem a devem ser mais ambiciosas ao estabelecer metas para aumentos necessidade de sistematicamente contrariar esta crescente pressão dos preços.


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MA2016 | E T 42/ º n.

“Oposicionamento

mundial Portugal de

tem que passar pela

valorização

do

comércio e serviços”

TEXTO Carina Rodrigues FOTOS Sara Matos

Há mais de seis anos na liderança da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, João Vieira Lopes faz um balanço positivo do tempo que leva na presidência do organismo. No ano em que a CCP assinala o seu 40.º aniversário, o presidente da confederação aponta ao futuro e destaca a importância da valorização do comércio e serviços para a afirmação mundial do país. Disposto a discutir métricas e metodologias de subida do salário mínimo, alerta para a necessidade de repensar o modelo da Segurança Social, ao mesmo tempo que considera ser crucial um acordo de médio prazo entre os parceiros sociais e o sistema político que defina os parâmetros necessários para reformular a economia portuguesa e adaptá-la ao século XXI. O presente e futuro do sector do comércio e serviços em Portugal pela voz do presidente da CCP, João Vieira Lopes.

Grande Consumo - Está há seis anos e meio no comando dos destinos da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal. Que balanço pode fazer deste período enquanto presidente da CCP? João Vieira Lopes - Foi um período complicado, com a crise, a intervenção da Troika, uma situação muito complexa para a economia portuguesa, as empresas e as pessoas em geral. Durante este período, trabalhámos fundamentalmente em duas vertentes. A primeira foi, naturalmente, responder às necessidades de compromissos com o Governo, a Assembleia da República, todo o poder político e até a Troika, no sentido de garantir que as consequências da crise fossem menorizadas para as empresas portuguesas. O que não foi fácil, até porque, ao contrário da nossa visão da economia, principalmente da parte da Troika mas também do Governo, houve uma desvalorização do mercado interno. Pelo


contrário, sempre fomos defensores que, sem pôr em causa a importância estratégica das exportações, a economia portuguesa é pequena, existem cerca de 370 mil empresas, das quais 20 e tal mil exportam, mas mesmo essas têm de ter uma componente de venda no mercado interno. Tivemos negociações muito complicadas para tentar fazer prevalecer a importância de manter o conjunto de políticas que garantam a sobrevivência dessas empresas. Mesmo assim, em termos do comércio, o processo decorreu de forma complicada. Durante anos encerraram 100 lojas por dia, houve uma perda de 100 mil postos de trabalho. A segunda vertente foi uma estratégia, para nós clara desde o início, de valorização do comércio e serviços na economia. Hoje em dia, no quadro da globalização, as diferenciações entre sectores não são as que eram há 50 anos. A cadeia de valor é complexa e envolve a conceção, produção, serviços de apoio e pós-venda. Historicamente, havia por parte quer dos decisores políticos quer das próprias escolas de gestão e muitos dos comentadores e jornalistas económicos a tendência para desvalorizar esta parte da cadeia de valor. Ao longo destes anos, acentuámos o peso da confederação na

área dos serviços, mostrando que num país pequeno e dependente, como é o caso de Portugal, o seu posicionamento mundial terá que necessariamente passar por uma valorização nesta área. GC - O comércio e os serviços são, no seu entender, o que de melhor o país tem para oferecer? Deveríamos orientar esforços coletivos para nos assumirmos como um país prestador de serviços? São o comércio e os serviços os verdadeiros motores da economia nacional? JVL - Hoje em dia, a componente de serviços no valor acrescentado dos produtos é essencial e sem canais comerciais estes não chegam ao consumidor. Tem que haver uma visão cada vez mais integrada destas funções. Veja-se o exemplo do iPhone: foi concebido em Silicon Valley, nos Estados Unidos da América, as suas peças foram provavelmente fabricadas no Vietname, Laos ou nas Filipinas, foi montado no seu formato físico na China, terá centros de assistência e pós-venda em todo o mundo. Esta visão integrada da cadeia de valor é essencial. O produto sem esta agregação de comércio e serviços não chega ao consumidor, nem a sua utilidade

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TEM

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é reconhecida. Fizemos um estudo com a consultora dirigida pelo professor Augusto Mateus que demonstrou que, hoje em dia, mais de 30% das exportações portuguesas já estão na área dos serviços e, se se analisar a parte de serviços incorporada nas outras áreas, seja agrícola ou industrial, já ultrapassa os 50%. Portugal é um país que, por razões históricas conhecidas, passou muito ao lado da Revolução Industrial. Neste momento, não pode ter como motor económico algum formato industrialista do século passado, como infelizmente alguns economistas e governantes ainda pensam. n.º42/20

que existam problemas de mobilidade. Simultaneamente, existem custos de transporte cada vez mais altos e também as dificuldades de poder de compra levaram os consumidores a fazer compras mais curtas, mas com maior frequência, o que veio valorizar os conceitos de proximidade. Nalgumas zonas, junta-se o contributo do turismo. Tendencialmente, o facto de estarmos num país onde ambos os membros do casal trabalham, ao contrário de muitos países europeus, das novas gerações também quererem ter disponibilidade e não estarem predispostas a ocupar o fim-de-semana a fazer compras, tudo isso veio facilitar o comércio de proximidade. Mas defendemos todos os formatos, pela sua complementaridade. É evidente que as relações entre os formatos vão-se alterando, continua a haver públicos para todos. Por exemplo, o comércio eletrónico não vai acabar com o comércio de rua. Vai, sim, obrigálo a especializar-se. GC - A proximidade é, também ela, uma forma de serviço e valor acrescentado? JVL - Penso que sim. Por um lado, temos no comércio alimentar, em particular na proximidade, 50% a 60% do consumo dos perecíveis, que são produtos que permitem uma oferta adequada e especializada ao público-alvo de cada zona. Para além disso, a pouco e pouco, todo o comércio de proximidade tem-se vindo a adaptar e a ultrapassar uma resistência que teve durante muitos anos, que tem a ver com horários, sortidos, as características físicas dos estabelecimentos, muito mais modernos e iluminados. Para além de que os preços de prateleira no comércio de proximidade não são muito distintos e, por vezes, até mais favoráveis que nos restantes comércios. A diferença é que não têm os grandes “booms” promocionais apresentados por outros formatos. GC - Vem, a breve trecho, um novo operador retalhista para Portugal. Esta entrada irá ajudar a diluir a concentração que tanto se fala a nível das grandes insígnias? JVL - Em Portugal já entraram várias insígnias que acabaram por sair e vender as suas participações. Por razões históricas, o mercado português tem dois operadores que representam quase 60% do mercado. A distribuição portuguesa é perfeitamente competitiva em termos

GC - A empregabilidade neste sector tem vindo a aumentar? JVL - Este sector, nesta fase da recuperação da crise, tem criado emprego. Durante o período crítico perdeu cerca de 100 mil postos de trabalho. Uma parte significativa também nos grandes operadores. Neste momento, em particular, os serviços têm sido um dos motores da criação de emprego, especificamente o turismo, área em relação à qual os empresários portugueses têm demonstrado um dinamismo extremamente positivo e procurado aproveitar uma oportunidade de mercado que é o facto da instabilidade no Mediterrâneo ter criado um potencial para o turismo português. Não penso que, em termos globais, haja a possibilidade de, a curto prazo, esta situação se alterar. Independentemente disso, as oportunidades também só se concretizam se houver da parte dos empresários capacidade para as aproveitar. GC - Como é que a CCP encara o renascimento do comércio tradicional? Sempre foi um canal de comercialização que acarinhou e defendeu. A que se deve este renovado TEXTO crescimento? Carina Rodrigues JVL - Não diria que é só o comércio tradicional. É um movimento FOTOS mais alargado Shutterstock que envolve o comércio de proximidade como um todo. Não é por acaso que mesmo os grandes operadores, neste momento, não só criam lojas de média dimensão como também têm projetos de master franchising na proximidade. O comércio de proximidade veio responder a várias vertentes da atualidade. Por um lado, o envelhecimento da população leva a

CCP defende conselho estratégico das confederações patronais Num estudo elaborado pela Deloitte sobre a história do movimento associativo empresarial, por ocasião das comemorações do 40.º aniversário da CCP, é defendida a implementação de uma estrutura coordenadora do movimento associativo empresarial, como um conselho estratégico, onde as várias confederações da concertação social teriam assento. “O conselho estratégico para o movimento associativo empresarial seria útil para o desenvolvimento de uma estratégia comum, promoção de códigos de ética e de responsabilidade social comuns, articulação de associações sectoriais e regionais e garantia de um diálogo aprofundado entre as diferentes realidades dos sectores económicos”, refere o documento. A existência de um conselho de coordenação para o movimento associativo empresarial também poderá proporcionar às confederações empresariais “uma atuação de âmbito prospetivo para antecipar tendências de mercado, mapear nichos de mercado globais, desenhar estratégias de inovação para a economia portuguesa e sinalizar mercados externos estratégicos para o crescimento sustentado das empresas portuguesas, atuando assim de forma articulada e colaborativa, no desenvolvimento de planos de ação para o tecido empresarial português”. O documento preconiza ainda um maior envolvimento dos parceiros sociais na vida política, económica e social e defende que “o Governo poderá valorizar ainda mais os parceiros sociais se para estes transferir competências na gestão de fundos comunitários, reforçando a sua posição enquanto organismos intermédios para determinadas áreas, como a formação e a qualificação, que apenas às empresas e aos trabalhadores dizem respeito”.


para a restruturação económica do país, mas as empresas queixam-se da dificuldade no acesso ao mesmo e na Todas as análises elevada burocratização do processo. É europeias mostram que um retrato fiel da realidade? JVL - Desde o início que consideramos que Portugal não é sequer um a própria estruturação da gestão do Portugal dos países onde a carga 2020 foi bastante deficiente. Se no passado fiscal é maior. O problema GC - Pode falar-se em verdadeira houve aspetos errados na gestão dos fundos é que temos volumes de concorrência no nosso país, nesta área europeus, havia, de qualquer modo, uma capital muito baixos, logo de negócio em concreto, com este pano estrutura que funcionava minimamente de fundo? dentro das regras europeias, com alguma essa carga fiscal limita JVL - Houve uma tendência para a curva de experiência. O facto de no início muito a capacidade de desregulação dos licenciamentos em Portugal, do Portugal 2020 se ter procurado fazer investimento” que criou a situação atual. Não vale a pena tudo de novo, desde as regras aos próprios estar agora a escamoteá-la nem pensar que softwares, causou um conjunto de problemas será ultrapassada com facilidade. técnicos de arranque. Ultimamente tem sido feito um esforço para Agora, a concentração existe no comércio, mas também na ultrapassar essa situação, mas o lastro destas opções anteriores indústria. Temos um operador de lacticínios que tem uma quota ainda é bastante grande. Por isso, o Portugal 2020 só não perderá de mercado muitíssimo grande, temos o mercado das cervejas muito dinheiro porque normalmente a União Europeia prolonga a com dois operadores, temos a higiene do lar com três ou quatro sua vigência dois anos para além daquilo que é teoricamente a sua operadores com um grande peso. Evidentemente que isto dificulta validade. De facto, começou a chegar algum dinheiro às empresas, a vida dos operadores de pequena e média dimensão, que têm que mas ainda de uma forma pouco satisfatória. encontrar novas formas de estar no mercado. europeus e até mundiais. Portanto, não será fácil a um operador novo poder, de uma forma muito rápida, alterar todo este panorama. A vinda de novos “players” é sempre interessante, porque cria novas dinâmicas. Mas a minha ideia é que devemos esperar para ver.

GC - A tão anunciada recuperação económica é uma realidade ou uma miragem? As perspetivas do atual Executivo são realistas ou ilusórias no seu entender? Existe ou não uma estratégia económica para Portugal? JVL - É muito difícil, neste momento, pensar que existe uma estratégia estruturada com os condicionalismos que a União Europeia impõe. Preocupa-nos muito que, neste momento, haja a tendência para haver um formato único em relação a um conjunto de regras europeias, tendo em conta a diversidade de países e de economias. Se todos estamos de acordo que é preciso controlar os défices públicos e que o endividamento não pode continuar a desenvolver-se, definir uma política como a que tem sido definida pela União Europeia, extremamente restritiva nesse aspeto, vai reduzir a capacidade de investimento e países como Portugal, com pouco capital privado e numa situação complexa a nível mundial, onde não é fácil atrair o investimento externo, vão ter dificuldade em crescer. As estratégias dos Governos podem ser interessantes em termos de valorizar o equilíbrio entre o mercado interno e o externo e, sobre este ponto, existe da parte deste Governo uma visão que consideramos positiva. Mas, em contrapartida, não nos parece que seja possível sair deste conjunto de impasses sem haver alguma flexibilização em termos europeus. Em particular, um país que tem quase 5% de serviço da dívida, cerca de oito mil a 8.500 milhões de euros por ano, com um Produto Interno Bruto na casa dos 170 mil milhões de euros, terá dificuldade em romper esta situação se não se baixar o custo do serviço da dívida, seja através do prolongamento do prazo de pagamento, seja pela baixa das taxas de juro. As estratégias dos Governos normalmente revelam boas intenções. A deste Governo também. A do anterior tinha uma ótica mais próxima das conceções ortodoxas da União Europeia. Mas não nos parece que as diferenças para o futuro sejam muito grandes em termos de ritmo de crescimento. Há uma questão que, no entanto, tem aspetos positivos. Sabemos que a economia tem uma forte componente de gestão das expectativas e pensamos que alguma estabilidade política e social como a que tem havido melhorou essa gestão. Isso ajuda durante algum tempo, mas se não houver, depois, medidas económicas reais extingue-se. GC - Medidas como o Portugal 2020 são fundamentais

GC - Era fundamental haver mais estímulos ao investimento e uma redução da carga fiscal às empresas para se promover o emprego e o empreendedorismo? JVL - Para nós essa é uma questão fundamental. Todas as análises europeias mostram que Portugal não é sequer um dos países onde a carga fiscal é maior. O problema é que temos volumes de capital muito baixos, logo essa carga fiscal limita muito a capacidade de investimento. Concordamos com um conjunto de medidas promovidas pelo Governo para a capitalização das empresas. Esperávamos que um maior número dessas medidas tivesse reflexo no Orçamento de Estado para 2017. Algumas estão, mas de forma insuficiente. Enquanto for mais favorável para as empresas, em termos fiscais, haver financiamento bancário do que investir capitais próprios, estas vão continuar na senda do endividamento. Atualmente, a banca tem critérios mais restritivos. Neste momento, vai ser muito complexo ter a necessária capacidade de investimento, o que nos preocupa. Se há alguns indicadores positivos, o relativo ao investimento está desastroso. GC - Que comentário lhe merece a adenda ao IMI que contempla o comércio? Estaremos perante mais uma forma

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encapotada de cobrança de impostos? JVL - Pensamos que é uma aberração. Não tem qualquer sentido e está precisamente ligada a uma visão da economia do século XIX, de que a mais-valia e o valor acrescentado eram exclusivamente gerados por outros sectores, sendo o comércio e os serviços quase parasitários. Por isso, a CCP tomou a dianteira na contestação e penso que, no final, prevaleceu o bom sendo e realismo, quer da parte do Governo quer da parte dos deputados, que congratulamos.

empresas como deveria ser. Dentro dos condicionalismos europeus, o Governo teve o mérito de conseguir fazer um orçamento aceitável para a Europa e que tem alguns aspetos positivos em termos de melhoria do poder de compra, da adoção de algumas medidas para as empresas, como o IVA das importações, entre outras. Agora, é claramente insuficiente para ser o orçamento de arranque de uma taxa de crescimento económico alta. Aliás, os próprios objetivos são já de si pouco ambiciosos. 40 anos da CCP Nos seus 40 anos de existência, a atualmente denominada Confederação do Comércio e Serviços de Portugal fez-se a partir da originária Confederação do Comércio Português, constituída em 1976, na sequência do movimento associativo nascido no pós-25 de abril de 1974, por iniciativa das Federações Grossista e Retalhista que, entretanto, tinham sido criadas. Representa atualmente cerca de 80% das associações empresariais no comércio a retalho e cerca de 50% do comércio grossista, para além de associações empresariais do sector dos serviços. Desde 1995, a confederação passou a denominar-se Confederação do Comércio e Serviços de Portugal e permite não só a afiliação de associações, mas também de empresas, com o estatuto de empresa aderente.

GC - 40 anos de CCP, os últimos seis sob a sua liderança. Mais do que nunca esta entidade faz sentido? Como a CCP pode acompanhar as tendências? JVL - Há três anos, a CCP criou o Fórum dos Serviços, no qual agrega empresas, pessoas e associações. Estamos a tentar criar uma dinâmica de abrangência de todos os sectores do terciário, que são muito novos e têm formas de organização incipientes, ao contrário das velhas organizações industriais e comerciais. Essa é, de facto, a nossa grande preocupação atual, conjuntamente com o enquadramento de todas as áreas de funcionamento do comércio e que tenham a ver com o urbanismo comercial. Hoje as cidades são centros económicos. Há 600 cidades em todo o mundo cuja atividade representa 50% do PIB mundial. Estamos numa GC - Para quando o salário mínimo nos 600 euros mensais? fase de urbanização e, dentro destas áreas, temos de encontrar Há condições para a aplicação desta medida? caminhos para trabalhar nestes ambientes. JVL - Sob o ponto de vista do consumidor, quanto mais altos foram A nossa missão é uma adaptação permanente, sem perder o nosso os salários, maior o consumo. Agora há uma questão de realismo código genético, de maneira a podermos encontrar meios de melhor económico. Com a economia e produtividade a crescerem pouco organizar estes sectores. mais de 1% e uma inflação abaixo de 1%, pensar que se pode Por outro lado, temos um grupo de trabalho que está a aprofundar estabelecer uma meta de aumentar 5% ao ano o salário mínimo o papel da Segurança Social. Na época da robótica e das empresas parece-nos irrealista. de capital intensivo, a sustentabilidade da Segurança Social é muito É sempre muito incómodo estar a descer salários tão baixos, complexa. Na prática, as empresas de mão-de-obra intensiva mas a realidade económica tem a ver com é que sustentam a Segurança Social e tem a viabilidade das empresas. Depois da crise que se encontrar novas formas, sob pena passámos por anos em que as empresas do sistema estar desequilibrado. Com tudo Portugal precisa de um tiveram que baixar margens. Neste momento, isto, vamos convergir no primeiro trimestre acordo de médio prazo pensar que estas, por si só, podem absorver do próximo ano para fazer uma grande esse tipo de aumentos salariais – o aumento convenção dos serviços, que nos permita entre os parceiros sociais do salário mínimo tem sempre o efeito de refletir de uma forma aberta sobre todos e o sistema político que arrastamento nas categorias profissionais estes problemas. defina os parâmetros acima – seria uma situação que até acabaria necessários para por prejudicar essencialmente as pequenas e GC - Quais os principais dossiers em reformular a economia médias empresas que não têm massa crítica aberto para 2017? para aguentar. JVL - Este é um deles. Por outro lado, portuguesa e adaptá-la Por isso, concordamos com a subida do Portugal precisa de um acordo de médio ao século XXI” salário mínimo, aliás, a CCP sempre foi das prazo entre os parceiros sociais e o sistema confederações mais abertas, mas a um ritmo político que defina os parâmetros necessários ajustado à economia. Estamos dispostos a discutir métricas e para reformular a economia portuguesa e adaptá-la ao século XXI. metodologias de subida do salário mínimo, mas não valores fixos a É uma questão que não é simples, mas que dará confiança ao priori, independentemente da evolução da economia. investimento internacional e estabilidade económica e social. A comunicação social valoriza muito o aspeto do salário mínimo, GC - O Orçamento de Estado para 2017 foi o possível no mas mais que o problema imediato, esse acordo é que poderá medir atual contexto social e económico? a capacidade que este país tem de, com todos os diferentes pontos de JVL - O Orçamento de Estado para 2017 não é tão “amigo” das vista políticos, económicos e sociais, ter uma linha de evolução.

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Produtos

biológicos conquistam portugueses

TEXTO Patrícia Santos Fernandes FOTOS D.R.

Os portugueses mostram-se cada vez mais interessados em consumir produtos de origem biológica. Questões de saúde, proteção do ambiente ou, simplesmente, a moda de adotar um novo estilo de vida, a realidade é que estes produtos têm cada vez mais procura, potenciando o negócio da agricultura biológica que tem agora espaço para a criação de cada vez mais mercados locais, marcas próprias na grande distribuição e até o aparecimento de novas insígnias.

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EN| NOVEM IM L 0 A 2/2 16 º4 n.


Segundo dados da Euromonitor, os biológicos são a certa parte do ano. Espanha, por terceira categoria de maior crescimento na Europa, exemplo, é um grande produtor, logo a seguir à nutrição desportiva e às intolerâncias, mas não é consumidor, em Portugal apresentando, desde 2010, uma taxa de crescimento acontece o contrário. Há um grande ALIMENTAR média anual de 6%. Também conhecida como orgânica, ecológica trabalho a fazer no sentido de n.º42/2016 | NOVEMBRO/DEZEMBRO ou natural, a agricultura biológica é “um modo de produção que melhorar a organização da oferta e visa produzir alimentos e fibras têxteis de elevada qualidade, tornar os produtos mais acessíveis”, saudáveis, ao mesmo tempo que promove comenta. práticas sustentáveis e de impacto positivo Democratizar a oferta de produtos biológicos no ecossistema agrícola. Assim, através do é um objetivo comum a vários agentes do Retalhistas como o Pingo uso adequado de métodos preventivos e mercado. O estigma sobre o preço destes Doce ou o Continente culturais, tais como as rotações, os adubos produtos em relação aos restantes continua criaram marcas próprias, verdes, a compostagem, as consociações a constituir uma barreira ao negócio. “O Pura Vida e Área Viva, e a instalação de sebes vivas, entre outros, preço continua a pesar sobretudo porque os respetivamente, para a fomenta a melhoria da fertilidade do solo e consumidores já interiorizaram que é mais comercialização deste a biodiversidade. Em agricultura biológica, caro e não vão confirmar. É verdade que, tipo de produtos não se recorre à aplicação de pesticidas nem em termos gerais, os produtos biológicos são

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adubos químicos de síntese, nem ao uso de organismos geneticamente modificados”. Esta é a definição fornecida pela Associação Portuguesa de Agricultura Biológica (Agrobio), um dos agentes mais ativos na promoção deste tipo de agricultura que está cada vez mais presente na vida dos portugueses. Se até há uns anos este tipo de produtos só se encontrava em locais muito específicos, a realidade hoje em dia é diferente. O interesse pelos produtos biológicos cresceu e a oferta tem vindo gradualmente a aumentar com a proliferação de novos mercados locais, insígnias direcionadas exclusivamente a estes produtos e criação por parte das insígnias já existentes não só de marcas próprias, como de espaços dedicados dentro das suas lojas. Para Jaime Ferreira, presidente da Agrobio, o papel da associação tem sido fundamental. “O crescimento da agricultura biológica deve-se sobretudo aos consumidores estarem cada vez mais interessadas em produtos biológicos. Há muitos anos, existia uma única feira anual, a Terra Sã, onde eram divulgados e demonstrados estes produtos. Desde 2003 e promovidos pela Agrobio começaram a existir outros mercados em Lisboa e em diversos pontos do país. A partir da existência destes mercados de proximidade, as pessoas começaram a conhecer melhor o que são os produtos biológicos, a provar e a gostar. Acredito que esta tendência começou do lado da produção e agora são os consumidores que exigem mais”, explica. Sem conseguir divulgar ainda dados oficiais, Jaime Ferreira aponta que em Portugal exista atualmente cerca de 7% de superfície utilizada para agricultura biológica. Apesar da crescente tendência, continua a ficar atrás de alguns países da União Europeia, constituindo um desperdício de recursos tendo em conta as condições de cultivo existentes no nosso país. “A Europa no seu todo está a crescer. A Alemanha é o maior mercado de consumo e produção de produtos biológicos. A Dinamarca propôs o ano de 2020 como a meta para ter grande parte do seu território cultivado só em agricultura biológica, desejando mesmo alcançar os 100%. A Áustria, por exemplo, já tem 20% do seu solo utilizado para agricultura biológica, no entanto, devido ao clima e ao território montanhoso, só consegue produzir em

mais caros, mas se as pessoas consumirem os produtos de acordo com a estacão do ano, onde são mais abundantes, estes são mais baratos. É possível aproximar os preços, apesar de que deve existir a perceção de que estes produtos podem ser mais caros pois, muitas vezes, exigem mais mão-de-obra. É necessário também fornecer mais informação e conhecimentos técnicos que permitam melhorar todo o processo, minimizando os custos para todos”, acrescenta Jaime Ferreira. Com uma oferta abrangente de produtos, a falta de conhecimentos dos consumidores leva muitas vezes a que só sejam procurados determinados tipos de produtos de origem biológica, existindo um profundo desconhecimento do resto. Independentemente do canal de venda, as frutas e legumes são os biológicos mais desejados, no entanto, a produção em Portugal já vai mais longe, conseguindo oferecer ao mercado desde arroz a carne biológica. Novos canais de venda Como em quase tudo, esta tendência revela-se uma excelente oportunidade de negócio para quem a souber aproveitar de forma inteligente e atrativa. As insígnias da grande distribuição foram das primeiras a estar atentas a este fenómeno. Retalhistas como o Pingo Doce ou o Continente criaram marcas próprias, Pura Vida e Área Viva, respetivamente, para a comercialização deste tipo de produtos. Para além das marcas próprias, é já bem visível nos supermercados e hipermercados o aumento do espaço destinado exclusivamente a estes produtos, crescendo a oferta em termos de referências, de tipos de produtos e também em qualidade. Em 2008, entrou um novo “player” no mercado nacional, o Brio, um supermercado dedicado ao comércio destes produtos e que conta já com diversos pontos de venda (ver entrevista completa na página 38). Mais recentemente, a Sonae também apostou neste segmento. Através de um acordo de licenciamento com a Go Natural, é possível desde o início de dezembro encontrar na Avenida 5 de Outubro um novo conceito de supermercado. Com mais de quatro mil referências disponíveis, o espaço dispõe de uma alargada oferta de produtos, tendo cerca de 80% de produtos biológicos (ver entrevista completa na página 36). De acordo com Inês Valadas, administradora da Sonae MC, esta nova aposta demonstra que a “Sonae MC está empenhada em democratizar o acesso dos consumidores a produtos saudáveis e biológicos e alimentos com características nutricionais especiais a preços atrativos. O lançamento dos supermercados Go Natural é um importante passo nesta estratégia, pois permite-nos oferecer aos clientes uma experiência de compra e um serviço distintivo, reforçando a nossa crescente


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especialização na área da alimentação n. saudável. Adicionalmente, os clientes poderão também beneficiar de uma forte dinâmica promocional com diversos descontos diretos e também descontos no cartão Continente, que será válido nestas lojas”. Outra proposta diferente são os canais de venda online dos quais os portugueses já são adeptos. A Península de Setúbal viu nascer, em 2006, o PROVE, um projeto que veio impulsionar o comércio por parte de pequenos produtores. “A iniciativa PROVE pretende contribuir para o escoamento dos produtos locais, fomentando as relações de proximidade entre quem produz e quem consome, estabelecendo circuitos curtos de comercialização entre pequenos produtores agrícolas e consumidores”, explica fonte do projeto. Através do PROVE são constituídos núcleos de agricultores que todas as semanas reúnem as suas produções e preparam um cabaz de hortofrutícolas que entregam diretamente ao consumidor final, sem a interferência de intermediários. Atualmente, existem já 86 núcleos PROVE, que envolvem cerca de 130 produtores agrícolas e sete mil consumidores, Primeira padaria biológica abre portas no Porto que permitem a comercialização de 37 A padaria biológica Pão Nosso inaugurou o seu primeiro espaço físico de produção toneladas de produtos e venda ao público no Porto, depois de hortofrutícolas todas as três anos de consolidação na rede de semanas, nos 120 locais distribuição e Internet. de entrega existentes de A marca, que aposta em pão feito através norte a sul do país. de farinhas biológicas e fermentos naturais, disponibiliza um leque de produtos, desde o A Quinta da Pedra pão de alfarroba, amaranto, pão de mistura, Branca é outro exemplo. de aveia, de arroz, sem glúten, entre outros. Um negócio familiar A marca Pão Nosso foi fundada, em 2013, que começou em 2013 por Filipe Melo, antigo fotojornalista, que no concelho de Mafra. trocou a objetiva pela padaria e que produz pão para uma rede já alargada de outras “Apesar do negócio ter mercearias biológicas e lojas gourmet, iniciado em 2013, na sendo a mais recente a do El Corte Inglés. quinta já se praticava uma agricultura sem tratamentos ou adubos químicos desde 2009, por decisão familiar de ter à mesa comida saudável e saborosa. Com a ideia de alargar a todos os entusiastas do biológico a possibilidade de terem a mesma oportunidade, surgiram em 2012 as estufas e com elas a vontade de comercializar legumes frescos e acabados de colher, para além da fruta, plantas aromáticas e medicinais, ovos e muito mais.

Em junho de 2012 foi contratada uma empresa para certificar oficialmente que as nossas terras estavam isentas de produtos tóxicos e foi então iniciado o processo de certificação”, explica Teresa Soler, cofundadora do projeto. Com cinco hectares 100% biológicos, a quinta produz culturas hortícolas, frutícolas, vinho, ovos e produtos transformados, que são depois comercializados através da encomenda e Existem já 86 núcleos entrega ao domicílio de PROVE, que envolvem cabazes. Com três tipos cerca de 130 produtores de cabazes standard e a agrícolas e sete opção de personalizar, os mil consumidores produtos vão sendo que permitem a utilizados conforme as comercialização de 37 colheitas realizadas. Para toneladas de produtos a cofundadora, o crescimento desta hortofrutícolas semanais tendência é notório. “É em 120 locais de entrega realmente muito significativa a alteração na mentalidade e no comportamento dos consumidores perante a alimentação saudável e a proteção do meio ambiente. O consumidor está mais informado, mais preocupado com a saúde da sua família e com o meio ambiente, optando por definir prioridades financeiras, sabendo os inúmeros benefícios na prática do consumo biológico, inclusivamente o sabor”.


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vender meramente produtos, a

estamos a proporcionar aos consumidores um

TEXTO Patrícia Santos Fernandes FOTOS D.R.

estilo vida saudável” de

A Sonae abriu em Lisboa um novo conceito de retalho alimentar. De nome Go Natural, após acordo de licenciamento com a empresa detentora da marca, trata-se do primeiro supermercado biológico do grupo liderado por Paulo Azevedo. Esta não é, contudo, uma área desconhecida para a Sonae, que já tem no Continente espaços dedicados aos produtos biológicos e alimentação saudável. Estimado em 2.100 milhões de euros, o negócio da nutrição saudável em Portugal ainda é quase incipiente, comparando com mercados como o alemão e o britânico, mas a Sonae acredita no seu grande potencial. E quer liderá-lo, afiança Inês Valadas, administradora da Sonae MC, ao mesmo tempo que pretende democratizar o acesso aos produtos saudáveis e biológicos a preços atrativos.


Grande Consumo - A Sonae acaba de apostar num novo conceito na Avenida 5 de Outubro, os supermercados Go Natural. Como surgiu esta ideia? Inês Valadas - A ideia surgiu há cerca de um ano. Na Sonae MC estamos empenhados em democratizar o acesso dos consumidores a produtos saudáveis e biológicos e alimentos com características nutricionais especiais a preços atrativos. Nesse sentido, temos vindo a implementar diferentes projetos, com o intuito de liderar a área de saúde e bem-estar em Portugal. O lançamento dos supermercados Go Natural foi mais um importante passo nesta estratégia, pois permite-nos oferecer aos clientes uma experiência de compra e um serviço distintivo, reforçando a nossa crescente especialização na área da alimentação saudável.

No supermercado, os clientes encontram um leque alargado de produtos saudáveis, biológicos e dietéticos, alimentos adequados a pessoas com restrições e intolerâncias alimentares, bem como suplementos, vitaminas e nutrição desportiva, com uma proposta de gama alargada e com a ambição de oferecer o melhor preço do mercado. No total, são cerca de quatro mil Sku’s, que permitem responder às necessidades dos clientes. O espaço de 350 metros quadrados conta ainda com um restaurante Go Natural, com 40 lugares sentados, onde é possível encontrar uma oferta de sumos funcionais, sopas, saladas (“low carb e other grains”), massas, sushi, para além de pratos quentes e um “salad bar” que permite criar a sua própria salada. Disponibiliza também uma oferta “go break” com menus de cafetaria para pequenoalmoço e lanche. De entre as várias novidades do restaurante, destaca-se a seleção de mais de 50 ingredientes biológicos e novas embalagens biodegradáveis. GC - É uma preocupação da Sonae apostar, nestes supermercados, em produtores nacionais? IV - A nossa aposta é na produção nacional. Contudo, se em algumas áreas dos perecíveis conseguimos encontrar em Portugal produtores que conseguem apresentar uma proposta de valor adequada e garantias de fornecimento, na generalidade das categorias não há em Portugal produção em quantidade suficiente nem aos preços que os consumidores estão disponíveis a pagar. Queremos inverter esta situação, pelo que estamos a incentivar a produção biológica e a desenvolver uma comunidade de produtores biológicos, tal como fizemos quando lançámos o Clube de Produtores Continente.

GC - Como avalia a agricultura biológica e o comércio de produtos biológicos em Portugal quando comparados com outros mercados europeus? IV - Nos países nórdicos e da Europa Central, a opção por produtos biológicos está já enraizada e faz parte do dia a dia das pessoas. Em Portugal, por seu lado, o consumo é ainda reduzido, sendo que se encontra entre os países europeus onde o consumo per capita é menor. Para se ter uma ideia, o consumo per capita de produtos biológicos em países como a Finlândia e Noruega é mais do quádruplo do registado em Portugal. GC - O consumo de produtos biológicos e a crescente preocupação com a alimentação são uma tendência em crescimento nos últimos tempos. É a existência de oferta que leva ao consumo destes produtos ou eles aparecem como uma resposta à procura dos consumidores? IV - A procura por estes produtos é um grande impulsionador. Por exemplo, no Continente, onde já temos uma boa oferta de nutrição saudável, com muitos produtos biológicos, o crescimento registado é de dois dígitos. Isto resulta do facto de as pessoas estarem cada vez mais preocupadas com a sua saúde e bem-estar, mas também de conseguirem ter no Continente esses produtos a preços razoáveis. Os supermercados Go Natural, que são uma especialização da nossa proposta, surgem precisamente com o objetivo de democratizar o acesso dos consumidores a produtos saudáveis e biológicos a preços atrativos. Se a diferença de preço entre os produtos biológicos e os produtos ditos “tradicionais” diminuir, o seu consumo vai aumentar de forma acelerada. GC - Como está organizado o supermercado Go Natural? IV - O supermercado Go Natural apresenta um conceito totalmente desenvolvido de raiz que tem como objetivo proporcionar uma experiência de compra distintiva, apostando num ambiente orgânico e natural. Este novo conceito procura responder ao crescente interesse por alimentação saudável, oferecendo uma ampla variedade de produtos com elevada qualidade, simplicidade e transparência na comunicação, serviço qualificado e preços acessíveis.

GC - Para além dos produtos alimentares, o supermercado Go Natural também vende cosmética e produtos de limpeza biológica. Os consumidores portugueses reconhecem também estas categorias ou são categorias onde não dão tanta importância ao biológico? IV - Não estamos a vender meramente produtos, estamos a proporcionar aos consumidores um estilo de vida saudável. Queremos ser uma “one-stop-shop” para quem quer adotar hábitos de vida saudáveis. O que verificamos é que as pessoas são cada vez mais congruentes nas suas escolhas, pelo que também estas categorias são alvo de uma atenção crescente. GC - O fator preço continua a pesar muito na decisão de comprar estes produtos ou os portugueses prezam cada vez mais a qualidade? IV - As pessoas estão cada vez mais atentas à qualidade e prova disso é o crescimento do mercado de produtos biológicos, mas o preço continua a ser determinante. Um dos desafios da agricultura biológica e do sector é disponibilizar produtos a um preço que as pessoas possam pagar. GC - Que projetos têm para esta área no futuro? Vão existir mais lojas noutros pontos do país? IV - Prevemos abrir pelo menos cinco supermercados Go Natural no próximo ano, marcando presença em Lisboa e Porto. Em paralelo, temos vindo a reforçar a nossa oferta de nutrição saudável nas lojas Continente, Continente Modelo e Continente Bom Dia, o que permite aos consumidores de todo o país ter acesso à oferta distintiva da Sonae MC através destas insígnias.

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“Em 2017

esperamos ultrapassar cinco milhões os

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euros de faturação” TEXTO Patrícia Santos Fernandes FOTOS D.R.

Em 2008 nasceu o Brio, um supermercado português dedicado ao comércio de produtos 100% biológicos. Se há nove anos a venda e o consumo destes produtos ainda não estavam fortemente desenvolvidos, hoje é um dos mercados tendência em Portugal. Atualmente, os oito supermercados Brio já conquistaram a liderança de mercado e apresentam, este ano, um crescimento de 20% face a 2015. António Alvelos, diretor geral do Brio, explica como foi possível alcançar estes resultados.


Grande Consumo - Os supermercados Brio nasceram em 2008 e, em apenas nove anos, já são líderes nacionais no comércio 100% biológico. Como explica este sucesso? Quais são os principais desafios para um negócio deste? António Alvelos - O balanço destes últimos nove anos é, sem dúvida, muito positivo, sendo que, nos últimos três anos, o Brio registou um considerável crescimento, consolidando a sua presença no mercado. Este crescimento deve-se, sobretudo, à expansão da rede de supermercados e à alteração dos hábitos de consumo dos portugueses. As pessoas estão mais informadas e preocupadas, acreditando que a alimentação é a base para um estilo de vida com saúde e aumentando a procura deste tipo de produtos. Temos hoje uma forte ligação com vários produtores nacionais, com quem trabalhamos em conjunto de forma a melhorar a disponibilidade e qualidade dos produtos. Temos também apostado na relação direta com o cliente, sobretudo em proporcionar a melhor experiência de compra possível, insistindo numa grande proximidade com os clientes e na personalização do serviço. GC - Como avalia a agricultura biológica e o comércio de produtos biológicos em Portugal quando comparados com outros mercados europeus? AA - O mercado biológico tem evoluído bastante a nível europeu e tem um grande potencial de crescimento. Contudo, quando comparado com países como Alemanha e Inglaterra, o sector biológico português tem ainda muito por desbravar. Em primeiro lugar, é importante que os produtores continuem a investir neste mercado, para que a oferta seja cada vez mais profunda e variada. O biológico é uma tendência que está a crescer, pelo que há aqui uma grande oportunidade de negócio para produtores nacionais que estejam atentos. É necessário que existam cada vez mais produtores nacionais que acompanhem o crescimento da procura e que permitam uma democratização da agricultura biológica, acessível a todos os consumidores.

custo da loja de Aveiro, como uma decisão de boa prática de gestão e pragmatismo. Gostaríamos, no futuro, de estar presentes no Porto, contudo ainda não há um plano de expansão definido para fora da área de Lisboa.

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GC - O consumo de produtos biológicos e a crescente preocupação com a alimentação são uma tendência em crescimento nos últimos tempos. É a existência de oferta que leva ao consumo destes produtos ou eles aparecem como uma resposta à procura dos consumidores? AA - Cada vez mais os consumidores demonstram preocupação com os possíveis efeitos colaterais causados pela alimentação, sejam doenças ou malefícios dos pesticidas e antibióticos. Penso que a procura por uma alternativa levou, sem dúvida, ao surgimento do comércio de produtos biológicos. No entanto, atualmente, acabam por ser também os próprios retalhistas a potenciar o consumo de produtos, através do aumento da variedade de oferta. O Brio alerta para a importância da preservação dos recursos, certificando uma grande oferta de alimentos ricos em vitaminas e nutrientes, sem químicos ou outros aditivos, o que coloca a alimentação biológica e a alimentação saudável lado a lado. O interesse tem crescido substancialmente e as pessoas fidelizam-se a este novo estilo de vida.

GC - Para além das lojas de Campo de Ourique, Carnaxide, GC – Atualmente, o Brio tem cerca de 40 mil clientes Chiado, Telheiras, Estoril, Picoas e Amoreiras, o Brio abriu registados no cartão “Brioneiro”. Como funciona este este ano em Aveiro. Faz parte dos projetos futuros alargar cartão? É importante a fidelização neste tipo de negócio? AA - No Brio acreditamos que, ao promover a agricultura o negócio a mais pontos do país? AA - Estes dois últimos anos consistiram num período de grande biológica, estamos a contribuir para um mundo menos poluído, expansão para o Brio, uma estratégia que se revelou acertada, com maior biodiversidade e para uma economia mais sustentável. Acreditamos que é fundamental fidelizar o cliente, pois só com o mas muito exigente do ponto de vista operacional. Atualmente, consumo regular de produtos biológicos é que estamos a entrar num momento de o consumidor vai sentir o impacto positivo consolidação das nossas lojas mais recentes desta opção. De forma a criar uma ligação e a abrandar as aberturas. Uma operação de No Brio acreditamos que, mais próxima com o consumidor, criámos retalho eficiente implica o crescimento por ao promover a agricultura o cartão de cliente que permite acumular “clusters” regionais, para podermos assegurar biológica, estamos a pontos para descontar nas faturas, receber um serviço de qualidade. Neste sentido, uma contribuir para um mundo promoções exclusivas e, ainda, receber loja isolada como Aveiro tornou-se difícil informação adicional através de newsletters menos poluído, com de gerir e a sua performance não atingiu as de forma a usufruir também de vantagens em expectativas. Entre optar por acelerar o projeto maior biodiversidade e serviços de entidades parceiras da cadeia. de expansão ou consolidar as lojas existentes, para uma economia mais optámos pela consolidação das lojas atuais a sustentável”


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GC - O Brio tem disponíveis cerca de 3.500 mil produtos biológicos certificados e livres de aditivos artificiais. Como esperam crescer em termos de produtos nos próximos anos? AA - Numa altura em que a população começa a estar desperta para as vantagens do biológico, temos que tornar a opção destes produtos cada vez mais fácil. Nas lojas Brio, o consumidor não precisa de ler os rótulos para ter a certeza de que está mesmo a optar por um produto biológico, o que simplifica a nossa decisão de introduzir ou não determinadas referências e, por outro lado, o mercado é muito dinâmico. Todos os meses temos introdução de novas referências; no entanto, a razão porque o número se mantém estável é porque estamos sempre muito atentos às referências que vão deixando de ter procura. Estamos atentos às novidades e tendências do mercado, sendo que a procura evolui e a nossa oferta também.

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GC - De 2009 até agora, os produtos de origem nacional comercializados pelo Brio aumentaram 10%. É uma preocupação apostar em produtores nacionais? AA - A nossa preferência vai sempre para os produtores nacionais. No que respeita aos frescos, diria que 90% são nacionais; no entanto, produtos que necessitem de outro tipo de tratamento, como embalamento, existem muito menos em Portugal. No início do negócio, a percentagem de produtos nacionais no total correspondia a 30%, enquanto que 70% eram importados. Atualmente, registamos uma evolução positiva, sendo que 40% já são produtos nacionais e 60% produtos importados. Um dos nossos objetivos, a longo prazo, é aumentar esta percentagem de produtos nacionais.

aumento da procura ao nível de produtos sem glúten, sem lactose e sem açúcar. Primeiro, porque existe muita informação e discussão à volta deles e, segundo, porque de facto existe pouca variedade de oferta nos supermercados convencionais. No Brio temos uma variedade enorme de produtos sem glúten, como massa, pão, cerveja, salsichas ou batatas fritas, a preços acessíveis e que não se encontram nos restantes supermercados. GC - Para além dos produtos alimentares, o Brio também vende cosmética biológica. Como tem sido a adesão do mercado a este tipo de produtos? AA - Tem sido muito positiva. Os produtos de cosmética estão em franco crescimento e já fazem parte das famílias de produtos mais vendidas do Brio. Há cada vez mais pessoas com alergias e problemas de pele que procuram produtos com componentes naturais e no Brio encontram uma oferta variada de produtos como champô, gel de banho, desodorizante ou cremes. GC - O fator preço continua a pesar muito na decisão de comprar estes produtos ou os portugueses prezam cada vez mais a qualidade? AA - Este tipo de produtos é, por vezes, associado a preços mais caros, sendo que este é um dos nossos grandes desafios, pois esta ideia nem sempre corresponde exatamente à verdade. Apesar dos preços serem ligeiramente mais caros, as pessoas estão a fazer escolhas diferentes e a dar mais valor à qualidade em determinados produtos. Habitualmente, os novos consumidores biológicos começam pelas frutas e legumes e vão depois lentamente entrando noutras famílias e experimentando novos produtos. Nos dias de hoje, notamos que esse processo é muito mais rápido. As pessoas cada vez mais prezam a “sua” qualidade de vida, que neste caso pode ser melhorada ao consumir biológico, e para isso estão dispostas a pagar um valor mais elevado. GC - As três novas lojas inauguradas em 2016 representaram um investimento de 500 mil euros. Tendo em conta que no último ano atingiram um volume de negócios de quatro milhões de euros, um crescimento de 20% face ao ano anterior, como prevê o ano de 2017? AA - Em 2017 esperamos ultrapassar os cinco milhões de euros de faturação, com a previsão de crescer mais 10% relativamente a 2016, sem considerar a abertura de novas lojas. O mercado biológico está em franca evolução e está a aparecer uma série de

GC - Como estão organizados os supermercados Brio? Quais são os produtos biológicos mais procurados? AA - Os produtos estão organizados por famílias nos supermercados Brio. As nossas 10 famílias de produtos mais vendidas têm sido as mesmas ao longo dos anos, com a exceção da cosmética que entrou no top 10 este ano. As categorias mais vendidas são frutas e legumes, mercearia doce, lácteos, mercearia seca, granel, padaria, talho, cereais, bebidas e cosmética. GC - Existe uma secção dedicada exclusivamente aos produtos sem glúten e sem lactose. A procura por alimentos “free from” está em crescimento no país? AA - Sim, sem dúvida. No Brio temos registado um considerável

novos “players” que estamos a observar com bastante interesse. Apesar do mercado estar mais competitivo, olhamos para 2017 com confiança e achamos que tendencialmente poderemos continuar com níveis de crescimento de dois dígitos.



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No coração do Alentejo, é criado gado que vai diretamente da pastagem para a sua mesa. Após um século de tradição na produção de gado, o Solar da Giesteira dedicou-se à venda de carne ao domicílio. Esta empresa familiar de Montemor-o-Novo aposta na personalização e qualidade do serviço, a que se soma um preço sem a inflação das margens dos intermediários. Das entregas ao domicílio à preocupação com o alimento e a integridade dos animais, muitos são os fatores que marcam a diferença neste projeto. Carne entregue em mãos, com origem no Alentejo, mas que pode chegar a qualquer parte do país.

Do pasto para a

TEXTO Carina Rodrigues FOTOS Sara Matos

sua mesa


O Solar da Giesteira surgiu da vontade de três primos o montado dá. O projeto Solar da Giesteira assenta no conceito de em levar ao consumidor carne de qualidade. Oriundos sustentabilidade, de ligação entre território e animais”. de uma família que se dedicava à produção de gado Nos 1.350 hectares de pastos passeiam-se bovinos que são fruto há mais de um século, na década de 90, decidiram do cruzamento de quatro raças, a alentejana Mertolenga e as fechar o ciclo produtivo e ir buscar o valor acrescentado de vender francesas Salers, Charolesa e Limousine. “Levámos três anos para diretamente ao consumidor final. Assim, em 1998, Joaquim Freixo, criar o primeiro animal alentejano. Nessa altura, a vaca é cruzada com um animal da raça Salers. São animais que produzem mais sócio-gerente da empresa, criava a marca Solar da Giesteira. No princípio, o negócio era de pequena escala e a carne vendida por telefone. Mas, desde então, soma e fideliza cada vez mais clientes. Ao telefone juntou-se a Internet como forma de encomendar a carne, que o comprador pode escolher a seu belo prazer. O trunfo do negócio é a relação de confiança reforçada pelo facto do produto ir diretamente da origem ao consumidor, o que permite chegar com um preço cerca de 10% a 20% mais barato que num canal normal de distribuição. Preparado o pedido é feita a distribuição. “O processo está todo nas nossas mãos, desde as pastagens até ao acompanhamento do abate no matadouro, desmanche da carne e respetivo embalamento. Essa carne é trazida para os nossos próprios armazéns e daí seguem as encomendas. Desta maneira, é um processo sem os custos acrescidos dos intermediários”, explica Joaquim Freixo. Mas esta não é a única característica distintiva da proposta de valor do Solar da Giesteira. Engenheiro agrónomo de formação, Joaquim Freixo destaca as condições ímpares em que estes animais são criados. “O triângulo que se situa entre Montemor-o-Novo, Évora e Arraiolos constitui uma zona preferencial para a produção de gado em regime extensivo, dada a aptidão natural para a pastagem espontânea de muita qualidade. Todos estes terrenos agrícolas estão situados em montado de sobro e azinho, o que faz com que a pastagem tenha uma proteção natural acrescida”. leite. Aguardamos três anos por novo cruzamento, desta feita com O montado de sobro e azinho providencia abrigo para os animais, um animal de raça Charolesa. Finalmente, pegamos nesta vaca bolota para alimento e proteção à pastagem que cresce resguardada e cruzamos com a raça Limousine. No fundo, vamos buscar as da geada. “A combinação da pastagem com a bolota proporciona melhores características dos animais para produzirmos a carne que aos animais uma alimentação natural inigualável, com equilíbrio pretendemos”, explica Joaquim Freixo. perfeito entre proteína e energia, a qual transmite à carne um sabor e características ímpares ao nível do melhor que a dieta Personalização mediterrânica nos proporciona e completamente diferente da carne Cada animal abatido é desmanchado em função das encomendas. Consoante estas, a carne tem um determinado do resto do mundo”. corte, é processada e embalada em vácuo. Paralelamente, a criação em liberdade é outra Os animais são abatidos semanalmente das características do Solar da Giesteira. Por à segunda-feira e a carne é embalada, cada animal são disponibilizados três hectares, A criação em liberdade é peça a peça, à quarta. A embalagem em assegurando-se assim a renovação natural do uma das características vácuo permite garantir a manutenção das alimento e o crescimento dos animais sem do Solar da Giesteira. características organoléticas da carne e a o stress de um ambiente fechado. TrataPor cada animal são segurança alimentar, com uma validade de um se, assim, de uma carne natural e rica em mês no frigorífico e de um ano no congelador. disponibilizados três ómega 3, livre de hormonas, antibióticos O trabalho personalizado tem continuação ou conservantes. Esta forma de produção hectares, assegurando-se no serviço de entregas. A carne do Solar da dá a estes animais “genuinidade, pureza a renovação natural do Giesteira chega à região de Lisboa duas vezes e qualidade ímpar. No prato provamos a alimento e o crescimento por semana, com entrega personalizada. Para diferença. Não encontramos um bife que, dos animais sem o stress encomendas de valor superior a 20 euros, a durante a confeção, se desfaz em água. No entrega não tem qualquer custo. O leque de de um ambiente fechado nosso caso, os animais só conhecem na sua clientes inclui desde o consumidor final que dieta o leite materno e, mais tarde, aquilo que recebe a carne em mãos no conforto do seu lar, a instituições, como lares de terceira idade, jardins de infância e escolas, restaurantes, Solar da Giesteira lança novas almôndegas casos do Sete Mares, Marítima do Restelo e The Great American artesanais e sem glúten Disaster, de que são fornecedores dos hambúrgueres, entre outros, O Solar da Giesteira lançou dois novos produtos, Almôndegas 100% e também alguns pontos de revenda. Bovino e Almôndegas com Ervas Aromáticas, feitos de forma artesanal À carne foram sendo acrescentados produtos regionais que em Montemor-o-Novo. completam a oferta. Desde o azeite ao vinho e às compotas, “As almôndegas são 100% naturais, isentas de glúten, sendo as vacas passando pelos enchidos de porco preto. alimentadas exclusivamente a bolota e erva, em método extensivo, circulando livremente pelas herdades”, refere a marca em comunicado. Uma oferta que não se encontra nas grandes superfícies, já que a As duas novas referências de produto já estão disponíveis no site, estratégia do Solar da Giesteira é colocar a carne de vitela (até seis o canal habitual de distribuição Solar da Giesteira, com entrega meses), vitelão (de seis a dez meses) e borrego no comércio de personalizada em casa com um PVP de 6,42 euros, para as Almôndegas proximidade. “No fundo é uma distribuição que vai ao encontro dos 100% Bovino, e um PVP de 5,95 euros, para as Almôndegas com Ervas Aromáticas. nossos princípios, a sustentabilidade e o valor acrescentado”.

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“Um percurso que originou um saldo positivo”. É assim que Avelino Gaspar, fundador e presidente do Grupo Lusiaves, avalia o caminho percorrido pela empresa que celebra o seu 30.º aniversário com a comunicação de um investimento de 200 milhões de euros. Além do reforço da liderança do mercado em Portugal, o Grupo Lusiaves, empresa 100% portuguesa no sector avícola, que aposta na produção, transformação e comercialização a partir do território nacional, vai expandir-se para novos destinos sempre com o mesmo mote: a adaptação ao mercado.

Grupo Lusiaves aposta mercados externos TEXTO Bárbara Sousa FOTOS D.R.

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O Grupo Lusiaves irá investir 200 milhões de euros, nos próximos cinco anos, com o objetivo de aumentar a capacidade de produção, disponibilizar novos produtos, integrar novas áreas de negócio e apostar na internacionalização. Mais uma investida do grupo fundado em 1986, na Marinha das Ondas, na Figueira da Foz, por Avelino Gaspar, para quem este foi “um percurso com muito trabalho e muita dedicação. O que de mais importante tem é que conseguimos criar um projeto, acreditar nele ao longo de todos estes anos e conseguir que outros também acreditassem nele”. O Grupo Lusiaves foi crescendo através da aquisição de várias empresas que permitiram verticalizar a sua atividade, tais como a Racentro, produtora de rações que fabrica anualmente mais de 450 mil toneladas de rações; a Campoaves, produtora de frangos do campo e detentora de centro de abate próprio; e a Lusifrota, a empresa de transportes do grupo, criada em 1999, para assegurar que o transporte dos seus produtos é realizado de forma adequada e de acordo com as especificidades próprias de cada etapa do ciclo de vida do produto e respeito integral das condições higiéno-sanitárias. “Neste mercado, temos de controlar muito bem todas as etapas para garantirmos que não há uma contaminação ou desperdícios”, comunitária de 22,5 quilogramas anuais por habitante) e apresenta explica o presidente. “Temos frota própria para todas as matérias- uma autossuficiência de 103% no frango (88% nas aves). A primas. Para o transporte da matéria-prima, do produto acabado, exportação de ovos incubáveis, aves e carne de aves e miudezas transporte para as fábricas de ração, é responsável por quase 10% do Produto transporte de animais vivos, de produtos Agrícola Bruto nacional. transformados e dos ovos. Queremos ter um Avelino Gaspar mostra-se otimista quanto controlo absoluto de todo o processo”. às perspetivas para o sector. “O sector As exportações avícolas agroalimentar, e Mercados em particular o cresceram 10 vezes em Hoje, o Grupo Lusiaves é constituído por 20 sector avícola, tem valor entre 2005 e 2015, empresas que asseguram todo o processo muito potencial ascendendo a 38 milhões produtivo e que opera em todas as etapas de crescimento de euros no ano passado da cadeia de valor. Sem presença física, por porque é o mais ALIMENTAR enquanto, fora de Portugal, o abastecimento sustentável. É o e tornando Portugal n.º42/2016 | NOVEMBRO/DEZEMBRO dos mercados internacionais é efetuado a sector que menos no 10.º maior produtor partir da produção realizada em território contribui para a europeu nacional. “Produzimos e transformarmos pegada ambiental tudo a partir de Portugal. Sempre assim foi, e que menos recursos consome. Uma ave e seguramente continuará a ser, porque estes investimentos que consome muito menos água e emite muito menos poluição do que estão em curso, e outros que estão previstos, vêm mostrar um outro tipo de animais. As carnes brancas são mais saudáveis. Dizcrescimento assinalável na produção nacional. Assim, mantemos se que estão na moda, mas exatamente porque são boas, fiáveis, cá os postos de trabalho e criamos cá a maior parte da riqueza”, confiáveis e têm qualidade. Penso que é promissor.” afirma o fundador. E para os próximos 30 anos do grupo, as bases estão lançadas. Mas também a expansão no território internacional, com especial “As empresas estão capitalizadas, temos equipas de excelência, foco no mercado espanhol, onde já tem uma presença comercial que acreditaram em nós e que estão connosco porque temos tido significativa, é aposta do crescimento do Grupo Lusiaves que já condições para que o sucesso e o crescimento se permita”. exporta para 21 países. “Tudo o que produzimos e comercializamos em Portugal também é exportável”, diz Avelino Gaspar. “Os nossos Grupo Lusiaves produtos têm aceitação. Mas em Espanha, tal como em outros Número de empresas do Grupo Lusiaves: 20 mercados, temos que nos adaptar. Não vamos vender os nossos Produção anual de ovos: mais de 100.000.000 hábitos portugueses. Quando vamos a Espanha, temos que nos Produção anual de pintos: mais de 100.000.000 adaptar ao mercado espanhol e encontrar produtos específicos Produção anual de frangos: mais de 100.000.000 para esse mercado. Temos que nos antecipar a novos requisitos Faturação em 2015: 390 milhões de euros e, felizmente, não temos dificuldade em lado nenhum por não Exportações em 2015: cerca de 10% da faturação total cumprir os requisitos que são exigidos ou hábitos de consumo. 2.500 colaboradores diretos e 2.000 indiretos Temos sabido inovar, criar novos produtos e identificar as necessidades dos nossos consumidores”. Nomeadamente, o Grupo 14 nacionalidades Lusiaves iniciou, em 2015, o contacto com o Instituto Halal de 60% mulheres; 40% homens Portugal/Comunidade Islâmica de Lisboa, que visitou os centros de abate e delineou as necessidades de admissão de magarefes Presença nacional muçulmanos para fazerem o abate, subsequentemente assinando Entrepostos: 11 uma informação de autorização ao Grupo Lusiaves para dar início à Centros de incubação: 2 comercialização de produtos Halal.

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Futuro Segundo uma intervenção do ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, presente no evento onde se celebrou os 30 anos do Grupo Lusiaves, as exportações avícolas cresceram 10 vezes em valor entre 2005 e 2015, ascendendo a 38 milhões de euros no ano passado e tornando Portugal no 10.º maior produtor europeu. Luís Capoulas Santos destacou ainda que Portugal é o maior consumidor europeu per capita de carnes de aves (37,5 quilogramas versus a média

Centros de abate: 5 Núcleos de produção: 17 Produção de alimentos compostos: 2 Unidade de valorização de subprodutos: 1

Principais destinos de exportação Europa: Espanha, Alemanha, França, Itália, Luxemburgo, Suíça África: Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Congo Ásia e América do Sul: Brasil e Perú


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TEXTO Carina Rodrigues FOTOS D.R.

importante para vendas retalho alimentar as

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O mês de dezembro é o período do ano mais importante para as vendas no retalho alimentar, representando cerca de 9% do total de vendas anuais e com o maior pico na semana do Natal e na anterior. Os dados são da Nielsen, que analisou o ano de 2015 e verificou um crescimento de vendas em valor no Natal de 3% face ao ano anterior. Foi também nesta altura do ano que se intensificaram as promoções: em 2015, registou-se um crescimento de vendas em valor com promoção de 19% face a 2014.

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Para algumas categorias é no período do Natal que se concentra uma grande percentagem de vendas. É o caso dos bombons, em que o Natal de 2015 representou 63% do total anual de vendas, e das figuras de chocolate, com um peso de 42%. Para os perfumes, esta época também é especial, sendo a categoria dos Eau de Toilette a que mais cresceu em 2015 (mais seis pontos percentuais face a 2014). Outras categorias com forte impacto no Natal são as bolachas sortidas, os licores, o vinho

do Porto, o whisky, o vinho espumante e o bacalhau seco. “Apesar da sua importância nesta época (19%), as vendas dos frutos secos já não estão tão concentradas no Natal, visto que são cada vez mais consumidos ao longo de todo o ano”, nota Marta Teotónio Pereira, Client Business Partner da Nielsen. Bacalhau O bacalhau seco continua a ser o mais procurado, mas está em queda. Segundo a consultora, “a conveniência tem ganho especial importância no consumo e o bacalhau não é exceção. Apesar do bacalhau seco representar mais de 90% das vendas do bacalhau que é vendido no Natal, nota-se uma dinâmica superior no bacalhau congelado comparativamente ao seco”. O bacalhau congelado representa ainda uma reduzida fatia do mercado, mas revela uma dinâmica positiva, tendo crescido 7% no Natal de 2015, ao contrário do bacalhau seco, que teve um decréscimo de 6%. “As vendas do bacalhau congelado atingem o máximo na semana do Natal, revelando nitidamente ser um produto mais conveniente. Por outro lado, o bacalhau seco tem um decréscimo significativo de vendas na semana do Natal. As suas vendas começam a crescer algumas semanas antes, impulsionadas pela forte atividade promocional”, acrescenta Marta Teotónio Pereira. No Natal de 2015, 60% das vendas de bacalhau foram feitas em promoção.

Bebidas Esta é também uma época forte para as bebidas alcoólicas. No Natal de 2015, o vinho teve um peso de 48% no total de vendas em valor das bebidas alcoólicas. Seguiuse o whisky (16%), o vinho espumante (10%) e o vinho do Porto (9%). “O fenómeno do gin acentua-se ainda 47 mais no Natal. Apesar de ter um peso de apenas 2,6% no total de vendas em valor, o gin mostrou um significativo ANÁ LIS crescimento em volume de 117% no n.º 42/ E 201 6 | Natal de 2015 face ao ano de 2013 NOV EMB RO/ D (no total do ano cresceu 93%)”, comenta. Importa também referir a dinâmica do vinho, que cresceu 6% no Natal de 2015, enquanto as restantes categorias, à exceção do gin, perderam vendas. “As promoções influenciam fortemente esta categoria, levando a um aumento da procura de vinhos mais caros. No Natal de 2015, 46% das vendas de vinhos em


representando 25% do total das vendas em valor das bebidas alcoólicas neste período. Relativamente a 2013, esta categoria cresceu 31% de vendas em volume. Também outras bebidas, como o gin, licores, vodka, vinho, rum e vinho aperitivo, apresentaram crescimentos nesta altura. “Num cenário de recuperação das vendas nos bens de grande consumo e com um ‘shopper’ mais confiante, estamos expectantes para ver se o Natal de 2016 nos trará crescimento, tal como verificado em 2015”, conclui Marta Teotónio Pereira.

volume foram através de promoções, mais 10 pontos percentuais comparativamente ao Natal de 2013”, explica a Client Business Partner da Nielsen.

Qual o tipo de loja mais procurado? Apesar dos supermercados continuarem a representar a maior fatia do consumo, os consumidores aumentam as suas compras nos hipermercados, que conquistam espaço às lojas tradicionais. Este aumento deve-se à conquista de

Perfumaria Na categoria dos Eau de Parfum e Eau de Toilette, as equivalências e os produtos para criança são o principal motor de crescimento. O dinamismo desta categoria é ainda mais evidente no Natal, com as “equivalências” a dinamizarem os Eau de Parfum (58% no Natal versus 23% no total do ano) e o segmento infantil a dinamizar os Eau de Toilette (42% no Natal 2015 versus 12% no total do ano) com embalagens que fazem referência às personagens infantis mais mediáticas. Fim-de-ano No fim-de-ano, o marisco continua a ser uma categoria forte, com uma dinâmica positiva de 10% (versus 4% no total do ano). Nesta altura, o marisco fresco ganha um novos lares compradores e ao aumento da cesta média (mais seis euros por visita no Natal 2015 versus o de 2014). Frutas e legumes, padaria e pastelaria, talho e peixaria atraem novos compradores do Natal. Peixaria, mercearia e bebidas é onde aumentam o valor da cesta. Bacalhau, pastelaria e “outras carnes” (inclui cabrito e borrego) continuam a ser importantes no comércio tradicional, mas apenas a categoria do bacalhau apresenta crescimento.

peso superior ao verificado no total do ano, embora o congelado continue a representar a maior fatia: dois terços do total marisco vendido no fim-de-ano é congelado. O espumante é a bebida alcoólica que mais se destaca,

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As categorias das massas alimentares e do arroz apresentaram resultados menos positivos em relação ao ano anterior. No caso das massas, foram vendidos 54,5 milhões de quilogramas, gerando um total de 70,4 milhões de euros. Apesar de o número de quilogramas ter descido 1%, o valor gerado subiu em igual proporção, o que se explica por um aumento dos preços do produtos. No caso do arroz, os 90 milhões de quilogramas comercializados, equivalentes a 74,9 milhões de euros, revelam uma variação negativa de 4% tanto em volume como em valor.


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Jorge Parreira, diretor comercial e de marketing da algumas insígnias no arroz tipo carolino. Penso que Orivárzea, confirma este decréscimo no consumo de o arroz carolino tem hoje outro valor que não tinha MERC arroz. “Segundo o Instituto Nacional de Estatística, o há quatro anos atrás. Grande parte dos profissionais ADO n.º4 2/20 consumo de arroz situa-se entre as 150 mil e as 160 mil de cozinha já consome, trabalha e dá a cara pelo 16 | NOVE MBR toneladas. No caso da Orivárzea e das suas marcas Bom Sucesso, arroz carolino e isso é um sinónimo da qualidade do Belmonte e Baby Rice, há cerca de quatro anos que mantemos produto”, acrescenta. valores constantes de venda, não verificando sazonalidade neste Já a Mundiarroz vê o mercado de outra forma. Detentora da produto”. conhecida marca Cigala, as ARROZ Considerado uma “commodity’, Arrozeiras Mundiarroz observam um produto de preço, o arroz a emergência de outras “obriga” as marcas a trabalharem variedades e a diminuição da para ser vistas como uma maisimportância do carolino. “O arroz valia, de forma a conquistar as agulha continua na liderança, preferências dos consumidores. como o mais comprado pelos “Os consumidores já olham portugueses. Porém, vemos para o nosso arroz como um outras variedades a emergir produto diferenciador, quer em crescimento e assistimos pela uniformidade e qualidade, à diminuição da importância quer pela embalagem, imagem do carolino. Portugal é o país e estratégia de comunicação”, europeu com o maior consumo explica Jorge Parreira. per capita, contudo, o volume A Orivárzea, uma das maiores tem vido a decrescer de ano produtoras nacionais de arroz, vendeu no último ano mais de para ano. A introdução de novos hábitos gastronómicos levou sete milhões e meio de quilogramas de arroz carolino. “Neste sobretudo à utilização de arrozes mais versáteis como guarnição, momento, o arroz agulha já tem uma quota de mercado maior que destacando-se os produtos vaporizado e basmati”, explica João a do carolino, mas no caso das nossas marcas a predominância Potier, administrador da Arrozeiras Mundiarroz. Com uma oferta de de consumo é de carolino. Hoje, as nossas marcas são líderes em produtos abrangentes, a Cigala acrescentou recentemente novos PUB


produtos à sua oferta. Na gama Cigala Banzai Noodle já é possível encontrar o novo sabor a camarão, na gama de arroz pronto a comer as novidades são os novos sabores lima manjericão e também quinoa e quatro cereais. Não sendo o arroz um produto sazonal, e apesar do forte aumento promocional, comum a outras categorias, o mercado tem vindo a perder tanto em volume como em valor. João Potier salienta ainda a preferência dos consumidores pelas marcas próprias e primeiros preços, que só pode ser combatida com a qualidade dos fabricantes. “O mercado dos bens de grande consumo é dominado pelas marcas da distribuição; contudo, há marcas de fabricante que pela qualidade dos seus produtos se diferenciam dos restantes. É o caso do arroz Cigala”, acrescenta. André Coelho, da direção de marketing da Novarroz, perspetiva um futuro de liderança do arroz agulha, à semelhança do que já acontece. “Existe, de facto, 52 um aumento da preferência pelo que é tradicional e nacional. Mas há um longo trabalho pela frente MERCADO para inverter a tendência dos n.º42/20 16 | NOVE últimos anos, que é o aumento MBRO/DEZ EMBRO de consumo do arroz agulha, significativamente superior ao do carolino. De forma global, não verificamos um aumento do consumo do arroz. Verificamos, sim, uma alteração de preferências. Variedades como arroz para risotto, paella, sushi ou aromáticas, como jasmim e basmati, têm verificado um aumento do consumo, em detrimento de outras variedades, como o arroz agulha, por exemplo”, explica. Massas Também o mercado das massas alimentares registou um volume de vendas mais baixo, mas um valor de receitas mais elevado, fruto do aumento de preços nesta categoria. Segundo dados da Nielsen, no ano móvel findo a semana 35/2016, a categoria transacionou 54,5 milhões de quilogramas, o que representa um decréscimo de 1% face a igual período de 2015. Em termos de valor, a categoria gerou 70,4 milhões de euros, num crescimento de 1%

face ao período homólogo. “2016 tem sido um ano de estagnação no que respeita ao consumo de massa em Portugal, embora com ligeiro crescimento das vendas em valor”, declara João Paulo Rocha, diretor de marketing da Cerealis. A empresa portuguesa é a “mãe” de duas das marcas de massas alimentares mais conhecidas do mercado nacional, a Nacional e a Milaneza. João Paulo Rocha destaca a disponibilidade e aceitação dos consumidores em relação às novidades que as marcas vão acrescentando ao mercado. “As massas alimentícias fazem parte do cabaz base dos consumidores portugueses, com uma elevadíssima penetração nos lares. O preço, como em outras categorias, é um ‘driver’ importante, mas a qualidade, o sabor e a inovação são absolutamente decisivos. Os portugueses estão muito disponíveis para as novidades, facto que se comprova pela quota cada vez maior dos lançamentos neste mercado. Nos últimos anos, tem havido uma transição do esparguete para as massas cortadas, que hoje é o segmento líder”. Consumidas, geralmente, de forma igual ao longo de todo o ano, a exceção está na aletria, fortemente relacionada com as épocas do Natal e da Páscoa. A marca Milaneza tem surpreendido os consumidores com lançamentos frequentes de diversas novidades. Massas com vegetais e vitamina D, couscous e a gama de massas para o wok são algumas das novidades apresentadas ao mercado. Para o diretor de marketing da Cerealis, o facto de as massas alimentares estarem inseridas na roda dos alimentos, e conotadas MASSAS ALIMENTARES

como parte integrante de uma alimentação saudável e equilibrada, ajuda ao negócio. “As massas alimentares são um produto 100% natural. De acordo com a roda dos alimentos, devemos consumir diariamente quatro a 11 porções do grupo dos cereais e derivados e tubérculos, uma vez que estes são fornecedores da energia de que o nosso corpo precisa. Os vetores de desenvolvimento e comunicação da marca têm sido, precisamente, a inovação, o prazer e a nutrição”, explica. João Paulo Rocha espera que, no futuro, se continue a acrescentar valor à categoria através de inovação, garantia de qualidade e uma melhoria da experiência de compra, elevando a qualidade e a organização dos lineares de massas nas diversas áreas comerciais.



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O mercado de azeite em Portugal apresenta, este ano, um decréscimo discreto em quantidade consumida, que vem suavizar a quebra que se registou no ano anterior. Assim o dizem os últimos

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dados Nielsen Market Track que reportam, ainda assim, um aumento das vendas em valor ao longo do período analisado, sendo este explicado pelo aumento do preço por litro.

MERCADO

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Os consumidores portugueses são responsáveis do consumo no mercado interno. Pelo contrário, de acordo com pelos 36,6 milhões de litros comercializados no canal a Acesur, “a constante promoção de azeite contribui para a alimentar. Este volume de vendas representa um desvalorização do preço médio praticado”. E a Gallo concorda. decréscimo de 2% em relação ao período anterior “Apesar da intensificação da atividade promocional, os dados para a categoria de gorduras alimentares em Portugal. Contudo, o relativos ao consumo indicam que existe uma contração do desempenho do mercado nacional de azeite, ao longo do exercício consumo de azeite no mercado nacional. Dados da Casa do Azeite de 2016, é visto com otimismo pela Acesur. “O consumo está com relativos a 2014 revelam uma diminuição de 5,1% em relação ao índices de confiança positivos e isso traduz-se num maior e melhor ano anterior. Em azeite, tal como acontece com outras categorias consumo”, refere Tiago Batel Delgado, country manager da Azeites dentro do FMCG, a intensificação da atividade promocional não Acesur Portugal. conduz necessariamente a um aumento do volume de vendas, mas Até porque, ao nível da faturação, a categoria de azeite apresenta tem permitido estabilizar a penetração da categoria”, diz Susana uma evolução positiva de 7%, com vendas na ordem dos 150,5 Costa. milhões de euros, segundo regista a Nielsen no ano móvel findo a semana 43/2016. De acordo com a consultora, o crescimento verificado em valor justifica-se por um aumento do preço por litro. Susana Costa, brand manager da Gallo, refere ainda uma escassez da matéria-prima como a justificação para a subida de preços e acrescenta que “o aumento do preço médio resulta da quebra na produção mundial Sortido de azeite, que provocou um acréscimo do A distribuição moderna representa mais de preço médio no mercado nacional”. Segundo 90% deste mercado. “Apesar de se verificar a gestora, em resultado do aumento dos A categoria de azeite tem um nível elevado de penetração, ainda existe preços do azeite, tem-se verificado que os uma presença bastante um segmento dos consumidores que se consumidores estão a reduzir a compra média abrangente e pode ser abastece fora dos canais representados”, diz por ato, mas a penetração mantém-se estável. encontrada em 77% a Nielsen. Os lares portugueses compraram De facto, a categoria de azeite tem uma azeite nove vezes durante o ano móvel dos lares em Portugal presença bastante abrangente e pode ser analisado, sendo que adquiriram 1,2 litros e Continental. Mas a encontrada em 77% dos lares em Portugal gastaram 5,05 euros por visita. Mas, apesar Nielsen aponta para a Continental. Mas a Nielsen aponta para a forte da variável preço continuar a ter um peso aposta promocional que o azeite mantém forte aposta promocional elevado na decisão de compra, a inovação e no mercado, em que 60% das vendas são que o azeite mantém no o sortido também se mostram relevantes no feitas com promoção, para explicar este mercado, em que 60% das incentivo do consumo. comportamento. vendas são feitas com A responsável da Gallo considera que o sortido Para as empresas deste sector, no entanto, promoção, para explicar hoje disponível é bastante mais vasto face a a constante presença de azeite em folheto este comportamento um passado não muito distante. Um caminho promocional não tem fomentado o aumento


que julga incontornável “na medida em que, defendemos que a aposta na inovação de qualidade, trazendo valor acrescentado para a categoria de azeites, é fundamental. A maior segmentação deste universo constitui um fator positivo, na medida em que o mercado interno cresceu e é importante para o consumidor poder ter uma oferta alargada e selecionar o azeite que melhor se adapta ao seu perfil, paladar, tipo de alimentos, etc. É, no entanto, importante manter uma simplificação na escolha, face a uma proposta vasta. Por isso, a Gallo lançou quatro graus de intensidade de sabor, identificados por gotas que visam ajudar os consumidores Consumo mundial de azeite cresceu 73% nos últimos 25 anos De acordo com a associação de agricultores italiana Coldiretti, o consumo mundial de azeite atingiu quase os três mil milhões de quilogramas. A Itália lidera a lista dos maiores consumidores com 581 milhões de quilogramas, seguida pela Espanha com 490 milhões de quilogramas e pelos Estados Unidos da América com 308 milhões de quilogramas, registando um crescimento recorde de 250% no período referenciado. Também outros importantes mercados registaram um crescimento do consumo: Japão (+1.400% para os 60 milhões de quilogramas), Reino Unido (+763% atingindo os 59 milhões de quilogramas), Alemanha (+465% com 58 milhões de quilogramas), Brasil (+393% para 66,5 milhões de quilogramas), Rússia (+320% para os 21 milhões de quilogramas) e França (+268% alcançando os 103 milhões de quilogramas). A situação é muito diferente nos países tradicionalmente produtores, como Itália, onde nos últimos 25 anos o consumo se manteve quase estável (+ 8%). Em Espanha houve um pequeno aumento (+ 24%). Já a Grécia registou uma queda de 27%. A tendência mundial de consumo de azeite também beneficiou Itália com um aumento recorde de 8% nas exportações nos primeiros oito meses de 2016. De facto, as exportações aumentaram 18% para a China, 7% para o Japão e 11% para os Estados Unidos, mercado a que corresponde quase um terço das exportações italianas de azeite. Este crescimento está associado aos efeitos positivos na saúde associados ao consumo de azeite, comprovado por muitos estudos científicos.

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a escolher qual a intensidade de sabor que melhor se adapta ao seu paladar ou momento de consumo.” Por sua vez, a Acesur mostra-se mais pessimista quanto à segmentação deste universo, apontando a agressividade promocional como o principal impulsionador para o aumento do sortido. “Acreditamos que em breve o mercado irá ter uma maior preocupação na revisão do sortido”. CATEGORIA AZEITE



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Portugueses

transferem consumo bacalhau congelado para o

TEXTO Bรกrbara Sousa FOTOS Sara Matos


Os hábitos de consumo de bacalhau e seus derivados das famílias portuguesas estão a mudar

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de forma inédita. Consumidores mais jovens, com ritmos de vida mais frenéticos, dispõem de pouco tempo para preparar o tradicional bacalhau seco. Assim, reconhecem e valorizam cada vez mais o valor acrescentado trazido pela categoria de bacalhau congelado.

A categoria de bacalhau seco viu um decréscimo do seu consumo pelas famílias portuguesas, sendo que foram comercializados apenas 37,4 milhões de quilogramas, o que representa uma queda de 5%, segundo os dados da Nielsen relativos ao ano móvel findo a semana 43/2016. Apesar disto, as vendas em valor cresceram e a categoria alcançou um volume de negócios de 244,4 milhões de euros, ou seja, uma evolução positiva na ordem de 1%. Assim, o mercado nacional de bacalhau manteve “a mesma tendência face aos anos anteriores. Os preços no mercado em geral tiveram uma subida substancial, acompanhando a descida gradual das quotas de pesca e o incremento de outros mercados,” diz Gonçalo Bastos, administrador da Caxamar. Ricardo Alves, administrador da Riberalves, aponta a subida do preço da matéria-prima como o fator recente mais relevante do mercado em 2016, “20% a partir de junho e que veio a refletir-se numa subida de preços para o consumidor, de cerca de 10%, graças a um esforço importante por parte da indústria em assumir a diferença”. Este ano, a categoria do bacalhau congelado mostra um crescimento expressivo na ordem dos dois dígitos face o ano anterior. Joselito

MERCA|DNOOVEMBRO/D n.º42/2016

CATEGORIA BACALHAU SECO

Lucas, diretor comercial da Lugrade refere que “o bacalhau salgado seco continua a ocupar o primeiro lugar, apesar do bacalhau demolhado ultracongelado ter vindo a ganhar mercado nos últimos anos”. De facto, segundo os dados da consultora Nielsen, o bacalhau congelado apresenta vendas em volume de 7,3 milhões de quilogramas, o que representa uma evolução positiva de 12%, e um PUB


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valor de 60,7 milhões de euros, num crescimento de 10%. A Lugrade explica que o bacalhau demolhado ultracongelado, de uma forma geral, tem vindo a ganhar terreno visto que o bacalhau seco tem subido de preço. Mas para Ricardo Alves, o crescimento da dimensão da categoria tem princípio nas novas gerações que apreciam a qualidade e o carácter prático. “As referências de bacalhau demolhado ultracongelado já representam mais de 50% na faturação da empresa. Cada vez mais, o consumo do bacalhau pronto a cozinhar é uma realidade. O mercado português de bacalhau vale 65 mil toneladas ao ano e esta categoria já representa 30% desse valor,” acrescenta o administrador da Riberalves. CATEGORIA BACALHAU CONGELADO

maior penetração e é “um grande sucesso no mercado” para a Caxamar, que prevê “melhores cortes e melhor qualidade” para a categoria, cuja evolução das vendas demonstra a procura que se tem vindo a verificar. Distribuição moderna O bacalhau está entre os principais produtos no cesto de compras dos portugueses e a distribuição moderna continua a conter a maioria das compras em ambas categorias. Os supermercados, incluindo o Lidl, representam 71% do valor faturado pela categoria bacalhau seco, enquanto os hipermercados representam 23%. Os dados da Nielsen permitem concluir que 93% das vendas, em valor, de bacalhau seco se fazem nos pontos de vendas da distribuição moderna. Lidl Portugal é a primeira cadeia a ter todo o bacalhau com origem sustentável

Hábitos de consumo A expectativa, de acordo com a Caxamar, é que o consumo de bacalhau seco tenha tendência a diminuir. “Há um consumidor cada vez mais jovem e com menos tempo para preparar o bacalhau seco e que irá cada vez mais procurar o demolhado ultracongelado. A evolução do preço vai depender das quotas a nível internacional, quantidade de bacalhau disponível e a evolução de novos mercados”. A Lugrade acrescenta que, este ano, tem-se assistido a um crescendo das categorias premium, mas que a tendência de subida de preços poderá Lugrade apresenta bacalhau com efetivamente levar a que cura de 20 meses exista alguma redução do consumo do bacalhau em A Lugrade apresenta o bacalhau cura Vintage Portugal, “contudo não de 20 meses. “A Lugrade embarcou numa viagem de tradição e sabor ao passado à acredito que a queda seja descoberta das origens do nosso bacalhau e acentuada”, diz Joselito transportou para o presente o melhor desta Lucas. época. Vintage foi o nome atribuído para Já se pode falar num a cura das curas. A cura que representa o efeito de substituição nos melhor da nossa história e reveste o nosso bacalhau de uma bandeira gastronómica de hábitos de consumo dos gerações”, diz a empresa. portugueses e que dizem O bacalhau cura Vintage é uma respeito a uma transferência edição limitada ao número de dois mil de consumo do bacalhau exemplares do lote 502502, sendo os salgado seco para o bacalhau mesmos numerados de forma a garantir a autenticidade. demolhado ultracongelado. O administrador da Riberalves explica que “isto deve-se também à importância do canal Horeca, onde as vendas têm vindo a crescer significativamente, graças à qualidade do produto e ao dinamismo da restauração e do turismo”. A empresa nacional declara que o bacalhau demolhado ultracongelado já representará 50% no canal Horeca, o que “comprova o momento histórico de transferência de consumo a que assistimos”. O bacalhau demolhado ultracongelado é hoje uma categoria com

O Lidl Portugal será a primeira cadeia de supermercados a ter a totalidade da sua oferta de bacalhau com origem sustentável, contando com o selo da Marine Stewardship Council (MSC). Portugal é o maior consumidor mundial de bacalhau salgado, equivalendo a 20% da totalidade do pescado consumido no país. Devido à pesca intensiva, e de acordo com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), existem várias populações de bacalhau em estado de sobre-exploração, pelo que o ICES (International Council for the Exploration of the Sea) tem recomendado cortes na captura de algumas populações. Nesse sentido, o Lidl tornou-se no único supermercado em Portugal que garante cumulativamente a totalidade do seu bacalhau proveniente de pesca sustentável, com certificação MSC, e produzida em Portugal, garantindo a cura tradicional portuguesa. A atribuição da certificação MSC pela organização não governamental com o mesmo nome à gama de bacalhau Três Velas, à venda em exclusivo no Lidl Portugal, surge no âmbito da política de responsabilidade social e ambiental da empresa. O Lidl é atualmente um dos principais parceiros comerciais da MSC em todo o mundo e está na vanguarda da introdução da certificação MSC na região ibérica. Para o fornecimento de bacalhau certificado, o Lidl Portugal conta com a Riberalves.

Por sua vez, um padrão semelhante se observa na categoria de bacalhau congelado. 67% do valor faturado pela categoria acontece em supermercados, incluindo o Lidl, enquanto os hipermercados representam 24%. O que significa que 91% das vendas, em valor, de bacalhau congelado se fazem nos estabelecimentos da distribuição moderna. A Lugrade explica que a forte presença de bacalhau nas grandes superfícies comerciais portuguesas tem sido um resultado dos “preços extremamente baixos, por vezes abaixo do preço de custo, praticados por algumas empresas da distribuição moderna, que tem servido para que o consumidor se abasteça, permitindo que o consumo de bacalhau não desça”. Mas Ricardo Alves explica a manutenção do consumo de bacalhau pela “forte tradição de consumo, transmitida entre gerações, que faz com que a procura se mantenha. As grandes superfícies têm, naturalmente, que responder à procura existente e, por outro lado, não deixam de recorrer às promoções enquanto forma de estímulo da mesma”. A moderna distribuição representa mais de 70% das vendas de bacalhau em Portugal, “fazendo uma forte pressão nos preços de venda a público, muitas vezes com preços inexplicáveis e, certamente, abaixo do preço de produção”, concorda a Caxamar. “Claro que esse facto leva a mais consumo, no entanto, com um contributo muito negativo para a indústria portuguesa do sector”.



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O MBR

ZE SEOVEMBRO/DE I L N Á |

ANº42/2016 n.

Bacalhau? Na mesa, faz favor! se

TEXTO Marktest Retail

O “fiel amigo” português está de volta à mesa. Sim, sim. O bacalhau! Confecionado ao longo de todo o ano e de todas as maneiras na cozinha portuguesa, ganha particular destaque na ceia de Natal. Na zona norte do país, tradicionalmente no dia 24 de dezembro ao almoço, na zona sul, ao jantar. Mas o que é certo é que, neste dia, chega à casa de todos os portugueses. Cozido! Ou assado! Com natas ou à Gomes Sá! Todos o querem e (melhor!) todos o têm. E é por estarmos oficialmente na época natalícia, que a Marktest Retail apresenta um artigo sobre o impacto desta categoria na comunicação em folhetos (estudo e-Foliotrack – análise de folhetos).


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ANº4Á 2/

Analisando os dois segmentos de bacalhau – fresco e congelado – percebemos, de imediato, que houve um aumento do número de inserções do ano 2015 para o ano de 2016. No caso do bacalhau fresco, não houve um grande aumento (passou de 611 para 649 inserções). No caso do bacalhau congelado, o aumento foi significativo, tendo aumentado cerca de 223 inserções, o que, em termos percentuais, significa uma subida de 8,2 pontos percentuais (p.p). Este facto faz com que o bacalhau fresco, que tinha mais expressão em folheto, com 56,7%, perca esta liderança para o bacalhau congelado, que no presente ano detém 51,5%, ou seja, mais 3 p.p que o bacalhau fresco.

n.

Em 2015, a marca que mais inserções em folheto teve foi a Riberalves (85 inserções), seguida da Pescanova (69) e da Reymar (59). Em 2016, a Reymar ganhou destaque, tendo uma expressão em folheto de 140 inserções (mais 81 que no ano passado), seguida pela Riberalves com 101 inserções e a Iglo com 69. Deste modo, ainda que a marca Riberalves tenha feito mais inserções em folheto face ao ano anterior, foi ultrapassada pela marca Reymar. A marca Pescanova, por sua vez, perdeu o seu lugar no pódio com menos seis inserções em 2016 face ao período homólogo. A Iglo inseriu, em 2016, mais 23 produtos do que em 2015. Relativamente à evolução dos trimestres, depressa constatamos que, no caso do bacalhau congelado, as marcas apostam na comunicação em folheto de forma equilibrada entre os trimestres. Já no caso do bacalhau fresco, a aposta é evidentemente mais forte no último trimestre, altura em que, à partida, o consumo também é maior devido à época natalícia. Ainda assim, os gráficos seguintes também traduzem a informação global já anunciada pelo gráfico anterior, de que o bacalhau congelado conquistou “share of voice” ao bacalhau fresco.

Relativamente, ao bacalhau congelado, destacámos quatro marcas. São elas Iglo, Pescanova, Reymar e Riberalves. Neste segmento, já existiram grandes mutações em 2016 face ao ano anterior.

Relativamente a promoções, nos dois períodos em análise, a promoção mais associada a bacalhau congelado foi a de 50% de desconto direto e a mais associada a bacalhau fresco foi a de 25% de desconto direto. De salientar que, em ambos os casos, houve um aumento no “share of voice” da promoção associada. Para concluir, podemos verificar uma maior aposta na categoria de bacalhau em folhetos, com um grande destaque para o bacalhau congelado, essencialmente em ações promocionais com 50% de desconto direto.

Observações metodológicas

e-Foliotrack

O e-FolioTrack reúne numa plataforma online os folhetos dos principais retalhistas em Portugal em diversas áreas, desde o dia 1 de janeiro de 2009. Os folhetos são um dos principais canais de comunicação entre os retalhistas e o consumidor final, sendo por isso alvo de grande investimento dentro deste sector de atividade. Normalmente, os produtos em folheto representam elevados incrementos nas vendas, pois trata-se de packs promocionais, produtos inovadores ou ações em preço direto, cartão ou talão. Os resultados do e-Foliotrack são fornecidos em suporte digital, através do site http://e-foliotrack.marktest.pt.


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Natal continua impulsionar categoria chocolates

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dos

TEXTO Patrícia Santos Fernandes FOTOS D.R.


Com o Natal a chegar, as prateleiras das superfícies comerciais ficam cheias dos mais variados chocolates. Seja em tabletes, bombons ou calendários do advento, são diversas as ofertas disponíveis aos consumidores numa categoria que continua a apresentar resultados positivos.

Se é verdade que são consumidos durante todo o ano, é inegável que a época natalícia vem potenciar ainda mais o seu consumo. Falamos da categoria de chocolates que, segundo dados da Nielsen, no ano móvel findo a semana 43/2016, registou vendas no valor de 188,1 milhões de euros, o que representa um crescimento de 3% face ao igual período de 2015. 14,2 milhões de quilogramas foram vendidos, mais 1% do que no ano anterior. Para Pedro Loureiro, marketing group manager da Nestlé, a evolução do mercado nacional de chocolates tem sido bastante positiva em 2016. “O mercado continua dinâmico e com crescimento em quase todos os segmentos. A forte intensidade promocional por parte da maioria dos fabricantes e clientes leva a que os consumidores estejam hoje muito mais atentos às promoções. O consumo per capita continua em torno de 1,5 quilogramas. Continua a ser um valor muito baixo quando comparamos com o Reino Unido (11 quilogramas per capita) ou a Suíça (10 quilogramas per capita)”, explica.

Os chocolates com alto teor de cacau, as propostas de categoria ‘free’ e os chamados chocolates 65 ‘éticos’ (totalmente naturais, certificados e com adoçante natural) são uma grande O CAD aposta da Imperial. Enquadrando os VE MER | NO 016 2 / 2 º4 . n seus produtos no conceito de saúde e bem-estar e de benefícios, a Imperial procura atender à multiplicação de consumidores que procuram uma dieta saudável. Por exemplo, a pensar nas sobremesas de chocolate que não possam ser consumidas por diabéticos ou até mesmo no baixo consumo calórico que tantas pessoas procuram, propõe a gama Pantagruel Stevia. Trata-se de um chocolate original com 0% de adição de açúcar e adoçado com stevia, uma planta cuja folha é um adoçante 100% natural e sem calorias”, declara. A Jerónimo Martins Novos hábitos Distribuição (JMD) A mudança de hábitos alimentares dos detém a representação portugueses apresenta-se também como um fator exclusiva para de relevância para o mercado. Se o aumento desta Portugal de várias tendência poderia significar uma preocupação marcas na categoria para os operadores, estes têm outra visão sobre o de confeitaria. assunto. Pedro Loureiro demonstra que há espaço No mercado de para tudo. “O bem-estar pessoal é atingido com chocolates, distribui um equilíbrio perfeito entre um estilo de vida marcas como Lindt, Merci, Baci saudável e momentos de indulgência ou recompensa. É nesta área e Quality Street, assinalando a mais emocional e de prazer que o chocolate desempenha um papel sua presença em três segmentos muito importante e que continua a ser uma das categorias preferidas distintos: tabletes, bombons e figuras. dos portugueses para este papel fundamental de equilíbrio”. “Ao longo do ano de 2016, temos Também Manuela Tavares de Sousa, CEO da Imperial, que detém assistido a novas tendências na marcas como Regina, Jubileu e Pintarolas, destaca as oportunidades categoria. A JMD, em conjunto com que este novo estilo de vida traz para a categoria. “A Imperial tem as suas representadas, acompanha investido e inovado nos produtos premium, incluindo a vertente dos as necessidades do consumidor benefícios para a saúde, inclusões exóticas e sabores inovadores. português e procura dar resposta, contribuindo assim para o desenvolvimento da categoria como um todo. Começamos por destacar Segundo dados Nielsen, a crescente preocupação dos portugueses a categoria de chocolates com hábitos de alimentação saudável e com registou, no ano móvel os níveis de açúcar utilizados em todas as findo a semana 43/2016, categorias da indústria alimentar. A Lindt vendas no valor de estreou em Portugal duas novas receitas 188,1 milhões de euros, sem açúcar para tabletes de 100 gramas de o que representa um chocolate de leite e negro, uma oportunidade crescimento de 3% face de mercado”, afirma José Paulo Louro, brand ao igual período de 2015 manager da JMD.


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Tabletes são as preferidas Verónica Izquierdo, brand MEº42/201 manager da categoria chocolates para n. a Mondelez Portugal, destaca as tabletes de chocolate e o chocolate de leite como os preferidos dos portugueses. “O mercado de tabletes representa 38 milhões de euros até agora e está a crescer cerca de 1,8% face ao ano anterior. O chocolate preferido dos portugueses continua a ser o chocolate de leite”. À semelhança do que acontece noutras categorias, também nos chocolates a inovação é essencial, mais ainda quando se trata de uma das maiores companhias a nível mundial. A gigante internacional Mondelez representa marcas como Toblerone, Cadbury e Milka. “Para a Milka, a inovação é fundamental para satisfazer os consumidores que são cada vez mais exigentes e procuram novos produtos. Por isso, estamos conscientes da importância do investimento em I+D para continuar a crescer e diferenciarmo-nos no mercado. Embora exista uma tendência em torno de estilos de vida mais saudáveis, o chocolate é um produto de impulso que continua a atrair os

A OV RC 6 | N

CATEGORIA CHOCOLATES

como a China e a Índia, entre outros. Por outro lado, os consumidores nacionais estão muito sensíveis aos preços, devido à estagnação económica, o que obriga os operadores do sector a limitar ao máximo as suas margens de comercialização para não impactar de forma significativa o consumo”, explica Manuela Tavares de Sousa. Sendo o Natal um período importante para a categoria de chocolates, as marcas continuam a trabalhar de forma a trazer ao mercado inovação e novidades. Os supermercados continuam a ser o ponto de venda preferido dos portugueses, com 66% do total das vendas realizadas no período analisado, de acordo com os dados da Nielsen. Seguem-se os hipermercados (28%) e o comércio tradicional (6%). Em termos de áreas geográficas, a área da Grande Lisboa e a área III Norte representam mais de metade das vendas feitas no universo estudado (52%). Carga fiscal restringe a capacidade de consumo Apesar do período de crise que afetou algumas áreas de produtos, o consumo de chocolate não teve uma variação negativa. Este é o entendimento de Manuel Barata Simões, secretário-geral e porta-voz da Associação dos Industriais de Chocolate e Confeitaria (ACHOC). Os chamados os bombons, os pralinés, registaram uma subida ligeiramente superior às restantes categorias. Também o chamado chocolate negro tem vindo a crescer.

consumidores”, acrescenta. Com uma oferta muito variada a Milka lançou este ano dois novos produtos: o Milka Triple, um produto com três texturas diferentes, líquida, cremosa e crocante, numa só tablete; e uma nova tablete de grande formato com uma combinação de chocolate Milka com caramelo, amendoim e arroz tufado. Aumento do preço das matérias-primas À semelhança do que aconteceu no ano passado, o progressivo aumento do preço de matérias-primas, como o cacau, tem dificultado a comercialização de chocolates. “Nos últimos anos, tem-se assistido a uma tendência de subida do preço do cacau, que é motivada pelo aumento da procura em vários países emergentes,

Não obstante, o consumo per capita de chocolate em Portugal é o mais baixo da Europa. “Registamos um consumo a rondar os 1,7 quilogramas ao ano, o que é muito inferior por exemplo ao de Espanha, onde excede os 3,5 quilogramas ao ano, ou de Itália ou França, a passar os quatro quilogramas. A Grécia acompanha os consumos médios de Espanha. Outros países com a Alemanha, o Reino Unido ou os países nórdicos rodam os nove a 12 quilogramas anuais. Mesmo os países da Europa Central ultrapassam os valores do consumo individual anual entre nós”, detalha Manuel Barata Simões. Este indicador tem registado um lento crescimento. “Os mitos ainda associados ao chocolate e, sobretudo, a carga fiscal a que está sujeito, restringem a capacidade de consumo”. Além disso, o aumento progressivo do preço das matérias-primas tem sido prejudicial à comercialização de chocolates no país, apesar do esforço por parte dos produtores para limitar esses efeitos. “Esperamos também que da parte da distribuição haja alguma colaboração na contenção desses efeitos sobre a capacidade, e desejo, dos consumidores. Preços mais altos são uma forte limitação ao consumo, do que afinal ninguém tira benefício. O que defendemos, como associação do sector, é uma política ‘win/win’”. Cada vez mais o chocolate é reconhecido pelos seus méritos e benefícios. “A sua matéria-prima de base é o cacau, produto vegetal cuja composição é bastante nutritiva e com excelentes efeitos para a saúde”, sublinha o secretário-geral da ACHOC. Para motivar o consumo, os fabricantes recorrem à inovação, tanto nas composições criativas do produto, como nas diversas apresentações do “pakaging”. Neste âmbito, destaca-se o surgimento de composições mais adaptadas a casos ou necessidades especiais dos consumidores.


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TEXTO Bárbara Sousa FOTOS Sara Matos

Rum gin puxam pelo mercado e

das

espirituosas

As bebidas espirituosas continuam a ser importantes dentro dos bens de grande consumo. Pela positiva e com aumentos a dois dígitos, destacam-se duas categorias: rum e gin. Whisky mantém-se como a principal categoria no mercado português, bem acompanhado pelos espumantes. Além da vodka, todas as categorias prosperam, embora o panorama se mostre pessimista perante o agravamento da carga fiscal nas bebidas espirituosas, nomeadamente o aumento da taxa de IABA delineado no Orçamento de Estado para 2017.


A categoria de gin parece ainda não ter esgotado o seu potencial de crescimento e continua a sua ascendência no mercado das bebidas espirituosas. De acordo com os dados da vaga de julho de 2016 do estudo TGI da Marktest, mais de um milhão de portugueses consumiram gin no último ano. “Ao contrário de um passado recente, em que eram sobretudo as marcas premium que estavam por detrás deste incremento, agora são também as marcas de preço inferior a explicar esta performance”, comenta a Nielsen. Segundo os dados da consultora, a categoria apresenta um volume de 714,9 mil unidades, o que representa um crescimento de 17% no período analisado (ano móvel fim da semana 43/2016), e um valor de 14,1 milhões de euros, mais 15%. Assim, o gin distinguese pela performance positiva, continuando a impulsionar o sector das bebidas, embora exista um abrandamento em relação aos valores apresentados em 2015. “Acreditamos que a tendência de crescimento do gin ainda vai perdurar. O ‘boom’ que se verificou com este crescimento veio sobretudo da variedade na oferta e novos rituais de consumo através da facilidade ‘mixing”, refere Bruno Calvão, head of marketing da Pernod Ricard Portugal. Apesar de dimensão mais pequena, em termos de valor, outra categoria se destacou em crescimento neste período, ganhando um Apesar de dimensão novo fôlego junto do mais pequena, consumidor: o rum. “Apesar de ser uma em termos de valor, categoria mais pequena, o rum destacou-se em o aparecimento em crescimento neste Portugal de novos período, ganhando um ‘players’, aliado ao novo fôlego junto do aumento distributivo consumidor de outros já presentes, fez com que o rum seja aquele que apresenta o maior dinamismo de todos”, explica a Nielsen. A categoria apresenta uma dimensão de 137,1 milhares de litros e um valor de 2,4 milhões de euros, representando um crescimento de 19% em ambos os indicadores. De acordo com um relatório da WIRSPA (West Indies Rum and Spirits Producers’ Association), intitulado “Década do Rum”, esta é a categoria que mais rapidamente cresceu entre 2000 e 2010 a nível

internacional. “Há um enorme otimismo para o futuro da categoria, que está a ser movido por quatro fatores-chave: a amplitude do apelo para o rum, o crescimento de cocktails, a tendência global de ‘premiumização’ e o entusiasmo de profissionais de topo do comércio pela categoria”, diz o relatório.

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Vodka destaca-se pela negativa Pela negativa, apenas se destaca a categoria de vodka que mostra as únicas perdas no mercado nacional de bebidas espirituosas, com uma variação negativa de 5% em volume, com 741,1 milhares de litros, e de menos 4% em valor, com vendas de 8,4 milhões de euros. Segundo a Nielsen, “na grande generalidade da distribuição moderna, esta categoria até cresce em vendas. Contudo, o canal tradicional, apesar de ainda incipiente, apresenta decréscimos a dois dígitos”. CATEGORIA GIN

Contudo, “é importante relembrar que o mercado português continua a ter o seu grande peso na categoria de whisky”, refere Bruno Calvão. A categoria, que é a mais importante de todas, “no último ano tornou-se a mais dinâmica e é onde Jameson é a marca de whisky premium que mais cresce e contribui para esta performance, fruto da inovação através da introdução de novos produtos, como os recentes lançamentos de Jameson Caskmates, Jameson Crested e o Black Barrel, ou novos rituais de consumo, como o Jameson Ginger & Lime, uma proposta de consumo diferenciada e dirigida a um público que não é o consumidor habitual de whisky”. Os whiskies apresentam um volume de vendas de 3,5 milhões de litros, uma variação positiva de 0,2%, e receitas na ordem dos 58,5 milhões de euros, o que representa um crescimento de 2%, CATEGORIA WHISKY

DO

n.º42/ 2016 | NOVEMB RO/DEZ


CATEGORIA RUM

sendo que “a grande fatia continua a pertencer ao Scotch, onde há a destacar a perda do segmento mais premium. Por outro lado, assistimos a um grande dinamismo do segmento Irish”, reporta a Nielsen. Apesar do whisky tornar a ser o preferido dos portugueses, a categoria de espumante volta, mais um ano, a apresentar uma evolução positiva e representa 40,5 milhões de euros, com uma dimensão de 8,7 milhões de litros, apresentando uma subida de 8% das vendas em valor e em volume no período analisado. Falsificação prejudica sectores das bebidas espirituosas e do vinho Mercado em retoma Segundo a Nielsen, “o conjunto Um novo estudo do European Union destas cinco categorias de Intellectual Property Office (EUIPO) bebidas alcoólicas cresceu, neste mostra que 3,3% das vendas são perdidas todos os anos devido à último ano móvel, 5% em valor falsificação de bebidas alcoólicas e 6% em volume. Constata(4,4% das vendas legítimas de se que este dinamismo é bem bebidas espirituosas e 2,3% das superior, cerca de três vezes vendas legítimas de vinho). mais, ao alcançado pela média As vendas anuais combinadas de bebidas espirituosas e de vinhos na dos Fast Moving Consumer União Europeia ascendem a cerca de Goods (2%)”. 38 mil milhões de euros por ano e A contração do consumo de são perdidos 1,3 mil milhões de euros bebidas espirituosas em Portugal (3,3%) devido à presença de produtos nos últimos anos foi causada pela falsificados no mercado. O estudo conclui ainda que 1,7 mil crise económica, que teve um milhões de euros de vendas são efeito particularmente negativo perdidas em sectores relacionados. sobre as vendas entre 2008 e Adicionalmente, conclui que são 2014. Este mercado registou perdidos 4.800 empregos diretos, um volume total negativo de 23.300 postos de trabalho diretos e indiretos são perdidos na economia 3% durante este período; no europeia, dos quais 8.600 postos de entanto, em 2015, as vendas trabalho são perdidos na agricultura deixaram de diminuir, com um e 6.100 postos de trabalho são crescimento de volume total de perdidos na indústria alimentar, e 1%, segundo a Euromonitor. “O perdem-se 1,2 mil milhões de euros de receitas governamentais (impostos, mercado de bebidas espirituosas, contribuições sociais e impostos sobre que representa atualmente cerca consumos específicos). de 2,6 milhões caixas de nove litros, sofreu um decréscimo de aproximadamente um milhão de caixas de nove litros na última década; no entanto, temos observado uma melhoria nos últimos 18 meses, apoiada pela dinâmica nos gins, que duplicou volumes nos últimos três anos, e na performance positiva na categoria de whisky quando comparado com 2015”, refere o responsável da distribuidora de bebidas. Além do forte desempenho

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ADO

do gin, a estabilização das vendas esteve ligada à melhoria das condições de negócio, que se deve à ligeira recuperação verificada na economia do país e aos níveis crescentes do turismo. No entanto, o crescimento moderado registado em 2015 estava ainda abaixo das expectativas dos profissionais da indústria. “Tanto numa categoria (whisky) como na outra (gin), as marcas da Pernod Ricard têm sido as impulsionadoras e dinamizadoras deste crescimento em volume e valor. Quando o mercado de whisky cresce 1% em volume, o portfólio de whisky da Pernod Ricard cresce 10%, através dos desempenhos das marcas Jameson, Chivas, Ballantine’s e Passport. No caso dos gins, categoria com crescimento atual de 10% em volume, a Pernod Ricard, através do portólio premium até ultra premium, com as marcas Beefeater, Seagram’s Gin, Plymouth e Monkey 47, cresce a mais do dobro do ritmo do mercado (25%)”, conclui Bruno Calvão. CATEGORIA VODKA

Orçamento Estado A Euromonitor alerta, contudo, que de acordo com os principais fabricantes portugueses de bebidas espirituosas, será difícil voltar a atingir o nível de vendas anterior à crise. Até porque a carga fiscal que atualmente incide sobre o universo de bebidas alcoólicas observa uma nova subida com o Orçamento de Estado para 2017. No próximo ano, a indústria vai voltar a assistir a um aumento de 3% do Imposto sobre o Álcool e as Bebidas Alcoólicas (IABA). As bebidas espirituosas vão passar, assim, a pagar um renovado CATEGORIA ESPUMANTE

imposto, passando dos 1.327,94 euros por hectolitro atualmente em vigor para os 1.367,78 euros por hectolitro em 2017. Para a Pernod Ricard, este é um tema que tem sido e continuará a ser foco de preocupação, “sendo que os constantes aumentos da carga fiscal vêm sobretudo prejudicar e impactar o consumidor, que já paga quase 50% em imposto na compra de uma garrafa de bebida espirituosa”.



72 O SEVEMBRO/DEZEMBR I L Á O AN 16 | N 2/20 n.º4

William Lawson’s reforça posição

TEXTO Marktest Retail

Nesta época de festas, os portugueses aproveitam para comer as iguarias típicas e para serem um pouco mais permissivos relativamente às bebidas espirituosas. Seja para oferecer ou consumir, a verdade é que, nesta altura, é quando os portugueses mais compram este tipo de bebidas. As marcas sabem e disputam bem as suas posições nos lineares, topos e ilhas, bem como nas embalagens sedutoras, brilhantes e aliciantes. Tudo para ser a escolhida para levar para casa. Neste sentido, a Marktest Retail, através do estudo Precise – Auditoria do Ponto de Venda, apresenta uma análise espaço de linear dos whiskies e gins.

Como podemos verificar no gráfico acima, a classe dos whiskies ocupa mais de um terço do “share of shelf” (SoS) das bebidas espirituosas (35%), sendo que, em segundo lugar, é a classe dos licores (16%) que tem mais presença nos lineares, seguindo-se então a classe dos gins, com 13% de “share of shelf”. Ainda, no que diz respeito às categorias genéricas, verificamos que

o whisky é a classe que detém maior “share of shelf” em todas as insígnias, sendo o E.Leclerc a que apresenta maior discrepância: o whisky tem 58,9 pontos percentuais (p.p), os licores 9,90 p.p e os gins 7,02 p.p. A insígnia na qual a classe dos licores detém mais “share of shelf” é o Intermarché (23,46%) e a aquela na qual a classe dos gins sobressai é o Pão de Açúcar (18,83%).


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No que toca à classe dos whiskies, verificamos então que houve algumas alterações em 2016: a marca J&B era líder em 2015,

sendo ultrapassada pela marca William Lawson’s em 2016. Ainda assim, ambas aumentaram o seu “share of shelf”: a primeira subiu 1,84 p.p e a segunda 20,07 p.p. Em segunda instância, das cinco marcas que mais “share of shelf” detinham em 2015, apenas uma sai deste top – The Famous Grouse – para dar lugar à marca Johnnie Walker. No entanto, todas estas marcas conquistaram quota de espaço de linear no presente ano, na ordem dos 2 p.p, excetuando a William Lawson’s que teve um aumento de cerca de 20 p.p.

Na classe dos whiskies, a ANÁL distribuição do SoS não é sempre ISE n.º4 2/20 igual. Aliás é distribuído quase 16 | NOVE MBRO /DEZ equitativamente entre as várias EMBR O marcas líderes. J&B é a marca que lidera no Intermarché, Lidl e Pingo Doce; William’s Lawsons lidera no Continente, E.Leclerc e Minipreço; The Famous Grouse lidera no Continente Modelo e Ballantine’s no Grupo Auchan. No que toca à classe dos gins, não existem grandes alterações. Em 2015, as três marcas que mais SoS tinham era a Bombay, Tanqueray e Gordon’s. No presente ano, a marca Gordon’s desceu 1,73 p.p, perdendo o terceiro lugar do pódio para a marca Beefeater, que conquistou mais 2,26 p.p. da quota de espaço de linear. A marca líder do ano passado – Bombay – mantém a liderança, aumentando a sua quota de espaço de linear em 1,33 p.p. A marca Tanqueray aumenta 0,18 p.p. Tal como acontece com a classe dos whiskies, nem todas as insígnias dão a mesma importância a cada uma das marcas. Não existe nenhuma insígnia em que a marca Beefeater detenha mais “share of shelf” que as outras marcas. A Tanqueray apenas tem maior SoS no Lidl. Já a marca Bombay

detém maior “share of shelf” no Grupo Sonae e no Grupo Auchan e a Gordon’s no E.Leclerc e no Intermarché. Podemos então concluir que, no ano de 2016, houve algumas alterações. No caso dos whiskies, a marca William Lawson’s assumiu uma posição clara de liderança. No caso dos gins, houve um reforço ligeiro de posição.

Observações metodológicas Precise – Auditoria Ponto Venda A Marktest, através do serviço de auditoria no ponto de venda, Precise, pretende fazer face às necessidades das marcas em acompanhar políticas de preço, presença dos produtos e de ações promocionais, quotas de espaço de linear e outros que decorrem no ponto de venda. A frequência de recolha é efetuada em conformidade com as necessidades do cliente, bem como a seleção de lojas. A recolha de dados é feita com um PDA com software específico para a recolha de dados, sendo a identificação dos produtos realizada através de leitor de código de barras. Módulos de informação recolhida: Preço/Presença, Locais, Promoções, Merchandising, Espaço, Perguntas Qualitativas. Mais Informações em http://ret.marktest.pt/ret


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TEXTO Bárbara Sousa FOTOS Sara Matos

“Brand

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conquista o mercado de bebidas

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Empresa 100% portuguesa, a Empor Spirits dedica-se ao “brand building” e distribuição de marcas de bebidas espirituosas em regime de exclusividade há mais de uma década. Este ano, a distribuidora portuguesa reforçou a sua carteira ao assegurar a representação das marcas do Grupo Campari no território nacional. Uma mais-valia que vem complementar um portfólio vasto e heterogéneo, onde se contam hoje nomes como Bulldog, Ruinart e Aperol, entre outras marcas premium e internacionalmente reconhecidas.


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Em 2010, numa viagem que o leva de passagem 2014. “A Disarono e a Tia Maria foram por Espanha, Caetano Beirão da as marcas que me BEBI Veiga, CEO da Empor Spirits, ajudaram a crescer e DAS n.º4 2/20 descobre o gin, o copo de balão e a trabalhar melhor 16 | NOVE MBRO Para o futuro, o objetivo /DEZ todo um mundo de marcas e ingredientes que o canal “off trade”. EMB da Empor Spirits, que nos ainda não tinham chegado a Portugal. “Assim Nunca antes tínhamos trabalhado últimos seis anos contou que regressei, fui logo a ver as marcas que me este canal porque não tínhamos marcas para com um crescimento da ficaram na cabeça, enviei alguns e-mails e a isso”, detalha o responsável. faturação a dois dígitos Bulldog foi a primeira a responder que não Apesar do evidente sucesso da última década, tinha importador em Portugal. Começámos que foi marcada por um crescimento da e prevê uma atingir os a trabalhar com a marca logo no início de oferta disponível no portfólio da empresa, nove milhões de euros 2011. Quando começou a moda do gin, já que conseguiu a comercialização de marcas em 2016, é manter-se cá estávamos e a investir, a fazer ativações”, de nicho no mercado português “off trade”, no âmbito das marcas diz o CEO da empresa que hoje conta com Caetano Beirão da Veiga confessa que nunca premium 36 marcas em 14 categorias e cerca de 200 pensaram conseguir chegar onde chegaram. SKU’s. “Gostamos de dizer aos clientes e “Ou seja, temos marcas de ‘mass market’ e funcionários que não somos uma distribuidora, somos uma ‘brand vendemos no canal “off trade” e em tudo o que é supermercados. builder’. Fostamos de construir marcas do zero. Agarrar numa Nunca pensámos porque todas essas marcas pertencem aos grupos marca que não existia, como é o caso da Bulldog, Ruinart e Nikka, das multinacionais. Por exemplo, é quase impossível arranjar uma e partir do zero para ver até onde conseguimos chegar”. marca de whisky de grande O verão de 2016 marcou uma nova etapa na história da distribuidora, volume que não pertença Empor Spirits & Wine ao garantir a representação exclusiva das bebidas do Grupo Campari à Pernord, à Diageo ou à Localizada no centro de Lisboa, a no país. Um movimento que permitiu à Empor Spirits ficar com Bacardi”. um portfólio mais alargado, assim como fazer entrar no mercado Não obstante, para o CEO Empor Spirits & Wine concentra mais de 500 referências, onde se da empresa, que tem a encontram marcas premium de gin, construção de marcas – vodka, whiskies e vinhos, assim como o “brand building” – tão uma grande variedade de produtos presente no seu ADN, as gourmet, como compotas, enchidos, marcas criam-se primeiro chocolates, chás, entre outros. Segundo Caetano Beirão da Veiga, no “on trade”, que é onde se CEO da Empor Spirits, “a nossa loja sente mais confortável, visto é um showroom. Não é um negócio. que “o próprio tipo de negócio É mais uma montra e um cartãoimplica uma relação muito de-visita daquilo que podemos ter e temos”. mais humana e próxima”. A loja conta com uma agenda mensal Para o futuro, o objetivo bastante preenchida com provas da Empor Spirits, que nos de produtores, provas temáticas e últimos seis anos contou com workshops. Trata-se de uma garrafeira nacional marcas de nicho, um exercício onde já tinham “dado um crescimento da faturação altamente orientada para a educação. cartas”. Mas também ganhando, pela força da sua reputação como a dois dígitos e prevê uma “brand builder” e especialista em bebidas premium, um portfólio atingir os nove milhões de euros em 2016, é manter-se no âmbito maior em relação ao que já estava a ser trabalhado da Campari em das marcas premium. Sem novidades para anunciar, mas com um Portugal. Ou seja, a distribuidora ficou responsável por comercializar portfólio “muito confortável”, o empenho e o foco da Empor Spirits mais 12 marcas: Aperol, Campari, Carolans, Frangelico, Cinzano, vai estar em trabalhar as marcas que já possui. “Para já, a nossa Sagatiba, Glengrant, Gran Marnier, Skyy, Appleton Estate, Wild ideia é crescer o que temos. São 36 marcas, entre estas 12 marcas Turquey e Espolon, sendo que as três últimas são distribuídas pela da Campari. Muita marca para trabalhar, ativar e colocar na mente primeira vez no mercado português pelas mãos da Empor. dos consumidores”, conclui o CEO. Uma representação do Grupo Campari que se mostra quase fatídica, visto que “a Bulldog tem um acordo de distribuição mundial com a Campari”, comenta Caetano Beirão da Veiga. “A Bulldog tem os próprios donos, mas a Campari toma conta da distribuição mundial com exceção de Portugal e de outros poucos países onde vende diretamente. Já tínhamos a Bulldog antes da PrimeDrinks ter a Campari, em 2014. A Campari viu o trabalho que fazíamos com a Bulldog e contactou-nos para ficarmos com o grupo. Foi a Bulldog que nos fez a ponte e facilitou o contacto com a Campari”. “Off trade” A aquisição da representação da marca Bulldog também teve outro significado para a Empor: a entrada no canal “off trade”. Uma aposta que não se mostrou excecionalmente rentável até a entrada de outras duas marcas “muito simpáticas” no seu portfólio, em


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BRO ZEM STRA I /DE O V RE OVEMB

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São 20 anos a equilibrar, na mesma empresa, realidades tão distintas como a do vinho – mais

familiar e emocional – e a das bebidas espirituosas – mais internacional, com marcas como Grant’s e The Famous Grouse, entre outras. Ao longo destas duas décadas, a PrimeDrinks tem sido pioneira no lançamento e ativação de grandes marcas. Lidera em diversas categorias e segmentos, como por exemplo em vinhos tintos com Monte Velho, verdes com Casal Garcia, whisky standard com Grant’s, cognac com VSOP Rémy Martin, na gama de licores profissionais com Bols ou no gin super premium com Hendrick’s. Em entrevista à Grande Consumo, Catarina Santos, diretora de marketing da PrimeDrinks, aborda a estratégia levada a cabo por esta empresa familiar, que privilegia a criação de valor, em detrimento dos volumes.

“Privilegiamos inequivocamente a

TEXTO Carina Rodrigues FOTOS D.R.

criação de valor”


GC - A PrimeDrinks é afirmadamente uma empresa de valor, em detrimento do volume? Catarina Santos - A nossa missão é, fundamentalmente, a prestação de um serviço de distribuição, promoção e marketing a empresas e marcas com potencial, nos sectores do vinho e das bebidas espirituosas. Privilegiamos inequivocamente a criação de valor. Temos solidificado a nossa liderança de forma continuada e ampliado o nosso âmbito de atuação, num mercado crescentemente competitivo e no qual nos pautamos por uma intervenção diferenciadora e com inúmeras sinergias – geográficas, regionais, de canais de distribuição e de marcas. A nossa inovação, coerência e rigor são fundamentais.

CS - A aposta nos azeites é estratégica e de longo prazo e assenta na construção de uma marca forte com crescimentos sustentados. A construção do novo lagar na Herdade do Esporão, com uma capacidade de produção de um milhão de litros de azeite e com um investimento a rondar os 3.200 mil euros, demonstra o foco neste segmento. Os azeites têm tido uma performance muito positiva. Estamos a prever encerrar o ano com um crescimento acima de dois dígitos.

GC - Proceder a subidas de preços, sobretudo numa situação adversa como a que o país tem vivido, não é fácil. Como se consegue que o consumidor esteja recetivo a pagar o devido valor pelas marcas que representam? CS - A qualidade reconhecida, nacional e internacional, dos produtores e marcas que representamos faz com que sejamos uma referência para consumidores, “trade”, produtores e “brand owners” que procuram uma distribuidora que constrói valor num mercado muito competitivo. Continuaremos focados Neste momento, todos os nossos azeites, à exceção do Virgem, em construir, desenvolver e ativar marcas, através de ações são certificados como produção integrada e temos uma referência diferenciadoras e valorizadas pelo consumidor, aportando valor 100% orgânica/biológica: o Herdade do Esporão Olival dos Arrifes. para as marcas e clientes, nos diferentes canais de distribuição. Para além das grandes iniciativas de marca individuais, continuamos a investir consistentemente em programas multimarca GC - A PrimeDrinks tem um portfólio consolidado diferenciadores, que potenciem a construção de marca e a geração ou continua atenta a potenciais marcas que venham a enriquecer a sua oferta? Que de valor no canal “on trade”, assegurando a características tem de ter uma marca acessibilidade das marcas e o “engagement” para poder integrar o portfólio da do “shopper” no “off trade”. PrimeDrinks? A construção do novo CS - Após a aposta na integração de GC - Uma das máximas da empresa é que lagar na Herdade do produtores/marcas complementares e o todo prevalece às partes e o longo Esporão, com uma com uma cultura familiar consistente com prevalece ao curto prazo. Como é que capacidade de produção a dos seus acionistas, a PrimeDrinks está esta filosofia se tem traduzido ao longo de um milhão de litros focada na consolidação do seu portfólio dos anos? e no desenvolvimento de oportunidades/ CS - A sustentabilidade é um dos nossos de azeite e com um inovação dos produtores que representa. valores e significa que trabalhamos o investimento a rondar Exemplos mais recentes do grande presente, olhando mais à frente. Daí que o os 3.200 mil euros, investimento em Portugal são a entrada do todo prevalece às partes e o longo prevalece demonstra o foco neste Esporão no Douro, em 2008, a ao curto prazo. segmento” construção do novo lagar na Temos sido consistentes nas decisões e Herdade do Esporão, a entrada 7 atuação no mercado, não comprometendo o 7 da William Grant and Sons nas categorias de rum futuro para alcançar resultados no curto prazo. e tequila, este ano, da Aveleda na sangria e a GC - A aposta nos azeites é estratégica? Como tem evoluído aquisição, muito recente, da Aveleda de uma quinta no Douro. ENT este negócio?

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GC - Como está composto e de autoexpressão, cativando através da partilha das artes de o portfólio da PrimeDrinks? cada um. E ainda tivemos um terceiro lançamento na área das E º42/ CS - Para além das marcas dos seus três bebidas espirituosas, o rum caribenho com especiarias Sailor Jerry, n. acionistas Esporão, Aveleda e William Grant criado para dar continuidade ao legado do memorável tatuador and Sons, a Primedrinks distribui Norman “Sailor Jerry” Collins. também os vinhos, espumantes e moscatéis Dada a qualidade dos produtos e da Casa Ermelinda Freitas, os vinhos da posicionamentos de marca nos quais os Atentos às novas Herdade dos Grous, de Fiuza, de João Nicolau consumidores se identificam, estes três de Almeida e Filhos, de Carm, de Luís Pato e, lançamentos tiveram uma aceitação tendências, este ano ainda, marcas como o The Famous Grouse do excelente pelos nossos clientes e superaram alargamos a nossa oferta Edrington Group, o portfólio Rémy Cointreau as nossas expectativas em termos de vendas no Douro com o novo e Lucas Bols e as vodkas do Stoli Group: estimadas. portfólio da Quinta dos Stolichnaya e Moskovskaya. Murças: Minas, Margem GC - A alteração de perfil do consumidor e VV47, três vinhos de GC - Acabam de introduzir em Portugal é também uma tendência no vinho? duas novas bebidas, o whisky Monkey CS - Os consumidores são cada vez mais “terroir” diferenciadores, Shoulder, para uma nova geração de informados e exigentes, experimentalistas, que expressam a consumidores, e a tequila Milagro, uma procuram saber mais sobre a origem, a diversidade, frescura e bebida para pessoas arrojadas e que história, a cultura e os valores das marcas verticalidade da quinta. também é muito ligada à “street art”. que consomem e com as quais se procuram Lançámos também Está nestes novos consumidores de identificar. Em particular, os mais novos Casal Garcia Sangria, bebidas espirituosas a resposta para o procuram vinhos com um grau alcoólico mais uma extensão de gama crescimento do mercado? baixo, sem descurar no bouquet, estrutura e, CS - Os consumidores são cada vez mais mais importante, o sabor. Outra tendência é a que capitaliza e reforça exigentes e procuram continuamente uma procura por vinhos “de autor” e de vinhos que os valores da marca, maior ligação com as marcas, valorizando não apresentam características únicas, atribuídas através de uma oferta só a qualidade, mas igualmente a capacidade à região de proveniência, o “terroir”. Há diferenciada numa de serem surpreendidos e desafiados. Para também cada vez mais acessibilidade e categoria em expansão” além disso, a explosão da categoria de gin variedade nas opções de vinho a copo e o despertou nos consumidores portugueses a conceito veio para ficar. vontade de experimentar e descobrir novos sabores. Atentos às novas tendências, este ano alargamos a nossa oferta no Sendo assim, e num mercado competitivo como o das bebidas Douro com o novo portfólio da Quinta dos Murças: Minas, Margem espirituosas, com uma oferta tão diversa, as novidades lançadas e VV47, três vinhos de “terroir” diferenciadores, que expressam a têm de ser cada vez mais diferenciadoras e ir ao encontro do perfil e diversidade, frescura e verticalidade da quinta. necessidades particulares do consumidor, explorando o seu paladar. Lançámos também Casal Garcia Sangria, uma extensão de gama As nossas inovações foram lançadas tendo em conta este contexto que capitaliza e reforça os valores da marca, através de uma oferta atual. Cada uma delas, integrando categorias bem distintas, vem diferenciada numa categoria em expansão. trazer novas perceções e hábitos de consumo. Monkey Shoulder, whisky escocês de malte e orientado para a mixologia, pretende GC - Portugal não é, tendencialmente, um país consumidor desmistificar o consumo de whisky e torná-lo divertido com a sua de tequila. Que estratégias é que Milagro tem para comunicação atrevida. Milagro, tequila conquistar os portugueses? 100% agave azul, traz uma perspetiva CS - Apesar de Portugal não ter uma cultura de consumo de tequila artística, genuína enraizada, acreditamos no potencial da marca, não só pelo elevado crescimento que a categoria apresentou nos últimos três anos, como também pelo crescente interesse em restaurantes mexicanos por parte dos portugueses e maior curiosidade dos bartenders por bebidas espirituosas exclusivas. Milagro é uma tequila autêntica que pretende preservar os métodos tradicionais da sua produção e, simultaneamente, comunicar o carácter do México moderno através da autoexpressão. Dado isto, a nossa estratégia baseia-se na proximidade e interação com todos aqueles que têm pontos em comum com a nossa forma de estar. Vamos promover a experimentação através de eventos de marca, de clientes e de artistas de forma a transmitir os valores, a história e o posicionamento de Milagro que se destaca no território da “street art”. A marca tem, inclusivamente, como parceiros artistas plásticos mexicanos reconhecidos na atualidade e que já criaram a sua própria interpretação expressionista do agave.

RE NOV NT 2016 |

GC - Em 2006, a PrimeDrinks atingiu a liderança nos whiskies. É uma posição que se mantém? Como se consegue continuar relevante num mercado que, nos últimos anos, tem sofrido quebras ao nível do consumo?


CS - A PrimeDrinks mantém a liderança no principal segmento – os whiskies novos. Compete-nos sempre, e cada vez mais, encontrar soluções novas e diferenciadoras que valorizem as nossas marcas, em contextos de crescente complexidade. Exemplos disso são o “Festival Grant’s Stand Together” e o “The Famous Fest”. GC - O consumo de vinho em Portugal faz-se mais no “on” ou “off trade”? E onde está o foco da PrimeDrinks? CS - A PrimeDrinks distribui diretamente para o canal “off trade” (hipers e supers) e para o canal “on trade” (armazenistas e cash&carries) que, por sua vez, distribui para o canal Horeca. Consoante a categoria e a marca em questão, o peso entre os dois canais varia, mas numa perspetiva global, 60% da nossa faturação situa-se no “on trade”, canal estratégico de construção das marcas. No canal “off” temos também muito investimento, de construção e de ativação, e procuramos diferenciar-nos cada vez mais, num cenário crescentemente competitivo. O aumento da penetração e da frequência de compra, em todos os formatos de distribuição, fazem naturalmente parte da estratégia da PrimeDrinks. São várias as iniciativas que temos para potenciar o consumo e captar novos consumidores. Temos todos os anos eventos e presenças de marca únicos e distintos no mercado, como o “Festival Grant’s Stand Together”, as inusitadas ativações de Hendrick’s, o “The Famous Fest”, a presença fantástica de Casal Garcia no NOS Alive, o inesquecível “Dia Grande” do Esporão ou o “Festival Monte Velho”. Implementámos, em 2016, um forte “pipeline” de lançamentos, com entrada em categorias em que não estávamos, e desenvolvemos ainda diversas plataformas multimarca 360 graus, como “O Ocasião faz o Copo”, o “Aqui há Copo”, o programa “Experience Map” ou o “Cocktail Experience”. GC - O crescimento do turismo em Portugal tem sido no contexto português, sobretudo tendo por base uma estratégia benéfico para as vendas de vinho e bebidas espirituosas? de construção de valor. 2016 está a ser também um ano positivo CS - O crescimento do turismo veio contribuir muito positivamente para a PrimeDrinks, de consolidação para algumas marcas e de para compensar parcialmente a retração de consumo e crescimento para outras, pelo que prevemos um crescimento nomeadamente fora de casa. Não só Portugal tem feito uma superior a 250 mil garrafas e na casa dos 3% em valor, face forte promoção do país no estrangeiro, ao volume de negócios líquido superior a 53 como também tem melhorado as suas milhões de euros de 2015. infraestruturas hoteleiras e ligações aéreas Em 2015, a PrimeDrinks “low-cost” e beneficiado simultaneamente GC - Com que quota e em que posições se vendeu 20,5 milhões de quedas de turismo noutras áreas do globo, posiciona a PrimeDrinks nas categorias como o Norte de África. de garrafas, o que onde está presente? representou um CS - O mercado de bebidas alcoólicas, GC - Como foi a época estival, em termos excluindo as cervejas, e em particular no caso crescimento de 2% de vendas? dos vinhos, é um mercado extremamente versus 2014. Notável CS - Este ano foi atípico em termos fragmentado. Senão vejamos: a PrimeDrinks no contexto português, meteorológicos. Tivemos um verão que lidera a distribuição de vinhos e bebidas sobretudo tendo por chegou tarde, conduzindo ao não crescimento espirituosas com uma quota de mercado das vendas em todos os FMCG nos meses base uma estratégia global em volume de apenas 3,2%, mais 0,7 que o antecederam. Após este pré-verão de construção de valor. pontos percentuais (p.p.) face ao segundo difícil para todas as categorias, registaram“player” de mercado, crescendo 9% nos 2016 está a ser também se crescimentos interessantes face a 2015, últimos três anos (IWSR 2015). um ano positivo para a em especial nas bebidas, sendo que o Os vinhos continuam a ser uma importante PrimeDrinks” vinho e as espirituosas não ficaram de fora alavanca de crescimento, categoria em que a desta performance positiva. A PrimeDrinks PrimeDrinks lidera com uma quota de 7,9% aproveitou naturalmente as altas temperaturas registadas em em valor (mais 2 p.p. versus o segundo “player”), com o domínio Portugal implementando diversas ativações no ponto de venda de Monte Velho nos vinhos tintos e de Casal Garcia nos vinhos e potenciando a comunicação, gerando assim um aumento de brancos, destacando-se ainda o reforço de quota e os crescimentos rotação. de marcas como Assobio, Defesa do Esporão, Quinta da Aveleda, Aveleda Verde, Aveleda Alvarinho, D. Ermelinda, Herdade GC - A PrimeDrinks vendeu, no ano passado, mais de 20 dos Grous, Carm e Fiuza (dados Nielsen 2015) e milhões de garrafas e faturou mais de 53 milhões de euros. o crescimento da entrada mais recente no Como prevê encerrar o ano em que celebra 20 anos? nosso portfólio: a gama Luis Pato. CS - Em 2015, a PrimeDrinks vendeu 20,5 milhões de garrafas, Nos whiskies, a PrimeDrinks detém uma o que representou um crescimento de 2% versus 2014. Notável quota global de 18% em valor (dados

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STRA E I O/D V RE OVEMB

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Nielsen 2015), mantendo a liderança no principal segmento, os whiskies novos, com Grant’s, The Famous Grouse e Tullamore Dew. No gin somos a referência no segmento superior, com a marca Hendrick’s, que lançou em Portugal os gins super premium, apresentando taxas de crescimento absolutamente surpreendentes nos últimos anos e numa altura em que no mercado coexistem mais de 200 marcas de gin.

Neste enquadramento, e porque privilegiamos uma estratégia de criação de valor, temos que ser muito consistentes e inovadores, encontrando soluções novas e diferenciadoras que valorizem as nossas marcas, em contextos crescentemente competitivos. E para aqueles que valorizam o “premiumness”, desenvolvemos por exemplo programas de ofertabilidade, como a plataforma “A Ocasião faz o Copo” (www.aocasiaofazocopo. pt), onde encontramos as bebidas certas, GC - O Orçamento de Estado para 2017 para diferentes ocasiões ou perfis, com traz uma nova subida de imposto para expressão nos pontos de venda e no digital, A expectativa de o sector de bebidas alcoólicas. Entre ou o “The Collection” (Finest Wines Best of consumo para os 2010 e 2015, as taxas sobre vodka, gin Spirits). próximos anos aponta e whisky aumentaram quase 27%, mas a indústria de bebidas espirituosas volta GC - Como prevê a PrimeDrinks que para uma tendência de a assistir, no próximo ano, ao aumento evoluam os segmentos onde está crescimento nos vinhos e de 3% do Imposto sobre o Álcool e presente? sangria e de forma mais as Bebidas Alcoólicas (IABA). De que CS - A expectativa de consumo para os acentuada nas categorias forma o consumo e a atividade do sector próximos anos aponta para uma tendência de gin, vodka e tequila, serão impactados? Antecipa-se uma de crescimento nos vinhos e sangria e de com alguma relevância nova perda de margem por parte dos forma mais acentuada nas categorias de gin, nos segmentos premium distribuidores ou será repercutido no vodka e tequila, com alguma relevância nos consumidor final? segmentos premium e super premium. Os e super premium. Os CS - O agravamento continuado da carga whiskies e brandy permanecerão com uma whiskies e brandy fiscal sobre as bebidas alcoólicas em Portugal tendência de queda, enquanto os licores e o permanecerão com uma tem impactado de forma significativa a rum irão crescer ligeiramente. tendência de queda, procura e a margem dos produtores e das Como líder de mercado, a PrimeDrinks enquanto os licores distribuidoras. 2017 não vai ser exceção, face procura ser pioneira no que diz respeito a e o rum irão crescer aos valores inscritos no Orçamento de Estado. tendências de consumo, construindo novos Temos mantido a veemência, em conjunto hábitos e novas formas de desfrutar o vinho ligeiramente” com a Associação de Vinhos e Espirituosas e as bebidas espirituosas e é nosso objetivo de Portugal, na defesa da manutenção do continuar com essa estratégia no futuro. atual regime de tributação do vinho e das espirituosas e produtos intermédios, sem agravamentos no IVA e no IABA, bem como GC - Depois do gin, qual vai ser, na sua opinião, a próxima opondo-nos à criação de novos impostos ou taxas sobre o álcool bebida da moda? que tenham como objetivo o financiamento da saúde ou o combate CS - O acelerado crescimento da categoria de gin nos últimos ao uso nocivo do álcool. Mas, naturalmente, que a repercussão no anos ilustra o elevado interesse dos consumidores em descobrir consumidor final é inevitável, com impactos continuados no sector. novos sabores, explorar combinações de diferentes ingredientes e experienciar novas formas e ocasiões de consumo. Essa recetividade GC - Serão as marcas de segmentos “mainstream” a pode ser vista como uma oportunidade para as restantes bebidas verificarem a maior perda de competitividade, comparando espirituosas, que terão, imprescindivelmente, de acompanhar esta com as marcas posicionadas em segmentos mais altos? nova procura e inovar no seu “serve” para obter um maior benefício. CS - O fator preço é sempre um desafio, em função dos níveis Para os próximos anos, aponta-se para uma tendência de crescimento crescentes de agressividade promocional em mais acentuado nas categorias vodka e tequila e uma continuidade todo o mercado de FMCGs, no gin, todos eles com maior evidência nos segmentos premium e quer em frequência quer super premium. Whisky e brandy permanecerão com uma tendência em profundidade. de queda, enquanto que os licores e o rum crescerão ligeiramente.

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EM TAEGZEMBRO R O EPOVEMBRO/D LI1R B | N U 6 P º42/20 O Natal é tempo de reunir a família à n.

volta da mesa. Os lugares estão marcados, a louça da mesa é sempre a melhor - aquela que temos guardada apenas para momentos especiais. Vestimos a nossa melhor roupa mesmo que seja para não sair de casa. No Natal temos sempre um minutinho, que nunca aparece no resto do ano, para telefonar aos familiares mais distantes. No Natal há tradições indiscutíveis e rituais imprescindíveis. No Natal há sempre Licor Beirão à mesa!

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Natal há sempre Licor Beirão à mesa!


O Natal continua a ser a época do ano em que reunimos a família à mesa, gastamos horas sem fim na cozinha e não nos importamos de decorar a casa em tons de vermelho e com luzes a piscar. O Natal é – indiscutivelmente – altura de comprar umas garrafas extra de Beirão: para beber com gelo e limão, para experimentar uns cocktails, para dar um sabor único às sobremesas e para surpreender todos aqueles que merecem um presente único e especial. No Natal deste ano, o Licor Beirão não vai deixar de marcar presença à mesa dos portugueses. O Licor de Portugal continua a ser aquele convidado que nem precisa de confirmar. Este ano, pelo sim pelo não, oferece Beirão!

diferentes lojas e para ajustes de última hora à lista de presentes. Por isso, e porque este é um presente apreciado por todos, neste Natal – pelo sim, pelo não – oferece Beirão!

Campanha Solidária Provavelmente todos nós preferimos Beirão! Mas haverá sempre alguém – a avó ou os tios que vêm de longe – que te vai oferecer um cliché natalício: a camisola de lã que não vai nada com o teu estilo ou o robe de xadrez inglês que ficava bem era ao teu avô. Neste Natal não desesperes: faz a tua melhor cara e não tires as etiquetas. Quando chegar dia 26 de dezembro navega até www. preferiabeirao.pt e trata de trocar aquele presente de que não gostaste tanto. No site terás uma lista de associações parceiras do Licor Beirão onde poderás entregar o teu presente – novo e nas perfeitas condições – e receber, em troca, uma garrafa de Licor Beirão.

• Estojo de 4 miniaturas: uma oferta versátil e ótima para todos os tios: os mais próximos e os que vêm de longe com o paladar saudoso. Quatro garrafinhas do mais precioso licor num estojo que também permite escrever uma dedicatória.

Preferias Beirão? Por outro lado, quando fizeres a tua lista de presentes, esquece as meias de lã e pensa que qualquer pessoa preferia Beirão. Para todas as pessoas da tua lista tens uma opção com assinatura Licor Beirão. Tens o jantar da empresa, o “amigo secreto” com os colegas da faculdade, a consoada em casa dos pais, o almoço de dia 25 em casa dos sogros. Tens o jantar com os amigos com quem vais de férias, com a equipa do futebol das quintas-feira à noite, tens o jantar de Natal do pessoal das corridas ao domingo de manhã. Dezembro é pequeno para tanto evento natalício e não há tempo a perder a analisar diferentes opções, a percorrer

O Licor de Portugal reuniu, para este Natal, várias opções para completar a tua lista de presentes (ou desejos): • Estojo com oferta de copo balão: ótimo para o sogro – a sogra também bebe um bocadinho e já dá para ganhar uns pontos extra. Além de uma garrafa de Licor Beirão, recebe a oferta de um copo balão para degustar com uma pedra de gelo e uma casca de limão. • Estojo de 2 miniaturas e 2 copos de shot: para a troca de presentes do amigo secreto. No fim da troca de prendas brindam os dois! Esta caixa traz ainda espaço para escreveres uma dedicatória. • Estojo de 1 miniatura e chocolates Licor Beirão: os chocolates tão procurados estão de volta! Esta é uma boa opção para todas as amigas que adiaram a dieta para depois do Natal. • Estojo individual: uma garrafa de Beirão dentro de uma caixa bonita é sempre uma aposta ganha. Uma boa opção para surpreender o chefe no jantar de Natal da empresa. O contra-rótulo da garrafa pode ainda ser personalizado na loja online: loja.licorbeirao.com.

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Se preferes Beirão lembra-te que não és o único e que essa preferência é comum a todas as pessoas da tua lista. Para além do próprio conteúdo, o packaging deste Natal torna todos estes presentes ainda mais atrativos. Os estojos contam uma história e trazem ao presente as icónicas publicidades pensadas por Carranca Redondo nos anos 50.


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R TA O ENDEZEMBR M I ALVEMBRO/

O UM16 | NO S N CO.º42/20

Será que a procura de uma boa aparência física influência n

as

práticas

alimentares?

A alimentação é a base da saúde. Se bem que a maioria das pessoas tenha consciência dos aspetos básicos sobre nutrição e considere a alimentação um fator determinante do estado de saúde do indivíduo, nem sempre os aspetos nutricionais dos alimentos são considerados aquando da compra/consumo. De facto, o padrão nutricional das sociedades industrializadas assenta no consumo excessivo de lípidos, açúcar e sal, em detrimento do amido e das fibras, o que muito contribui para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cancros, diabetes, entre outras. Paradoxalmente, as mesmas sociedades ocidentais, tendo em conta a silhueta dos seus atuais protagonistas, fomentam a prática de uma alimentação saudável e de uma atividade física regular: o culto do corpo e da boa aparência física assumem preocupações correntes nos tempos atuais, muito particularmente para as mulheres. Ora, o hiato marcante entre o peso real e o peso considerado ideal (este frequentemente inatingível para a maioria das mulheres) contribui para o aparecimento de distúrbios alimentares, tais como a anorexia ou a bulimia. Efetivamente, são as mulheres que mais frequentemente recorrem à alimentação, como resposta emocional (compensação) aos seus problemas. O trabalho aqui reportado, tendo por base uma dissertação do Mestrado em Ciências do Consumo Alimentar, da Universidade Aberta, desenvolvida por Ana Isabel Gomes Alves, sob o tema “Alimentação Saudável e Imagem Corporal: Estudo Exploratório sobre a Perceção das Jovens Estudantes de Cursos Profissionais de Cabeleireiro e de Estética, na Região Autónoma da Madeira”, visou compreender a relação entre a perceção da alimentação saudável e a perceção da imagem corporal, no ponto de vista de estudantes e futuras profissionais que lidam com os cuidados de beleza. Conclui-se que as mesmas apresentam uma adequada apropriação do conceito de alimentação saudável, muito embora admitam poder melhorar a sua alimentação, sendo que a falta de tempo, de aptidões culinárias e a dificuldade em abandonar os alimentos preferidos foram os principais obstáculos identificados à prática de uma alimentação saudável. Em relação à imagem corporal, as entrevistadas apresentam

opiniões ambíguas, dado que mais de metade das mesmas mostrouse satisfeita com a sua imagem corporal, muito embora a maioria tenha reportado eventual desconforto com certas partes do corpo, encetando esforços para a melhoria do seu peso. Por outro lado, não obstante as entrevistadas considerarem que existe uma clara relação entre a alimentação e a imagem corporal, nas propostas citadas para a melhoria da imagem corporal por parte das mulheres insatisfeitas com o seu corpo, a maioria sugere o recurso a intervenções cirúrgicas com objetivos estéticos, em detrimento da prática de uma alimentação saudável e do exercício físico, reforçando a pertinência de se obter resultados assinaláveis e imediatos. De referir, ainda, o facto das entrevistadas darem particular importância à necessidade de terem uma boa aparência (não necessariamente serem bonitas), dado que, segundo as mesmas, hoje não é possível ter sucesso nas suas vidas profissionais com uma imagem profissional descuidada, uma vez que a imagem que estas profissionais de beleza transmitem expõe-nas ao arbítrio das clientes, diferenciando-as. O trabalho pode ser consultado na íntegra em: http://repositorioaberto.uab.pt/ handle/10400.2/3435?mode =simple

Ana Pinto de Moura

Professora auxiliar na Universidade Aberta, engenheira alimentar pela ESB-UCP e doutorada em Engenharia de Sistemas Industriais, pelo INPL, Nancy, França. É investigadora do Green UP, CITAB-UP e coordenadora do curso de Mestrado em Ciências do Consumo Alimentar, da Universidade Aberta.


Catálogo Cabazes de Natal STAPLES 2016 Cabaz 01 Lata Personalizada Temática Fernando Pessoa Vinho Tinto Dão Sonante Reserva Atum em Azeite BIO La Gondola Patê de Caça de Veado Quinta de Jugais Doce de Abóbora c/ Noz Quinta de Jugais Chá IT Rooibos Aromatizado c/ Frutos do Bosque Bolachas Ondina Sésamo Diplomata Figos Secos Postal de Boas Festas Caixa de Cartão p/ Acondicionamento da Lata

1 unidade 1 garrafa 75 cl 1 lata 120g 1 frasco 110 g 1 frasco 280 g 1 lata 100 g 1 caixa 125 g 1 frasco 125 g 1 unidade 1 unidade

32 ,65€

Cabaz 04 Bandeja Fechada Expert Vinho Tinto da Beira Interior Touriga Nacional Castelo Rodrigo Espumante Quinta do Encontro Bruto Queijo Puro de Ovelha Curado Chouriço Serrano “Serra da Estrela” Farinheira Serrana “Serra da Estrela” Patê de Caça de Javali Quinta de Jugais Doce de Abóbora c/ Noz Quinta de Jugais Beijinhos de Pombal Postal de Boas Festas Caixa de Cartão p/ Acondicionamento da Bandeja

Cabaz 09

24,90€

1 unidade 1 garrafa 75 cl 1 garrafa 75 cl 1 embalagem +/- 225 g 1 embalagem +/- 290 g 1 embalagem +/- 260 g 1 frasco 110 g 1 frasco 280 g 1 caixa 90 g 1 unidade 1 unidade

124,49€

Baú de Madeira Azul Vinho Tinto Douro Quinta da Pacheca Vinho Tinto Douro Altano Espumante Quinta do Encontro Bruto Azeite Extra Virgem Jugais Excellens Azeitonas Verdes Inteiras DePrado Vinagre JGS Aromatizado c/ Orégãos Queijo Amanteigado Puro de Ovelha Bacalhau Noruega Crescido Cortado Chouriço Picante Serrano “Serra da Estrela” Chouriço de Vinho Serrano “Serra da Estrela” Patê de Caça de Perdiz Quinta de Jugais Doce para Queijo tipo Serra da Estrela de Abóbora e Castanha Quinta de Jugais Marmelada Receita Tradicional Quinta de Jugais Mel de Laranjeira Quinta de Jugais Chá IT Verde Aromatizado c/ Jasmim Bolo Rei Tradicional Sortido de Biscoitos Paupério Lisboa - Princesa Negra Pêssego em Calda Postal de Boas Festas Caixa de Cartão p/ Acondicionamento do Baú

1 unidade 1 garrafa 75 cl 1 garrafa 75 cl 1 garrafa 75 cl 1 garrafa 50 cl 1 frasco 340 g 1 garrafa 50 cl 1 embalagem +/- 600 g 1 embalagem +/- 1,250 Kg 1 embalagem +/- 290 g 1 embalagem +/- 290 g 1 frasco 110 g 1 frasco 125 g 1 taça 500 g 1 frasco 290 g 1 lata 100 g 1 caixa +/- 400 g 1 embalagem 200 g 1 frasco 700 g 1 unidade 1 unidade

corporate@staples.pt

Desejamos-lhe um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de realizações!


“Destacar brinquedo um

da é

quase

como

pedir um pai escolher que gosta filho mais” para

a

de

TEXTO Patrícia Santos Fernandes FOTOS D.R.

Em 1966, Pedro Feist fazia nascer a Concentra, uma empresa portuguesa que tinha como objetivo o comércio de brinquedos para festas de Natal. 50 anos mais tarde, a Concentra é uma marca de referência no mercado português e que continua a somar sucessos. Produz para um público “complicado”, para quem os gostos mudam a cada dia, mas nem por isso deixou de marcar gerações com os seus brinquedos.

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100% portuguesa e de origem familiar, a Concentra é uma das mais emblemáticas marcas nacionais, que conseguiu atravessar gerações com os seus brinquedos. Iniciou atividade em 1966, com o objetivo de comercializar brinquedos e artigos para as festas de Natal de empresas, onde existia o hábito de oferecer brinquedos aos filhos dos colaboradores, alargando mais tarde a sua atividade para a distribuição nas lojas de retalho nacional. As décadas de 70 e 80 foram de extrema importância para a empresa. Conseguiu alcançar um grande crescimento, fruto da distribuição em exclusivo em Portugal de diversas marcas internacionais de sucesso. Masters of

NÃO

n

AL

The Universe, Action Man e a incontornável boneca Barbie foram alguns dos brinquedos que impulsionaram o crescimento da empresa. Em 1991 chegou também o famoso Game Boy que colocou crianças e adultos a jogar Tetris, Super Mário e Pokémon.


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marcos de uma infância, hoje em dia, NÃO ALIM n.º4 a durabilidade das marcas é cada 2/20 ENTA 16 | NOVE R MBRO vez menor. “É cada vez mais difícil /DEZ EMBR O aparecerem marcas que tenham tanta durabilidade, as marcas são muito mais efémeras. Pode aparecer um fenómeno que tem, durante um ano, grande sucesso, mais depois passa. Penso que antigamente as modas duravam mais tempo. Isso não se nota só nos brinquedos, mas um também em toda a sociedade, tudo é mais efémero. Temos marcas de grande sucesso, mas que deixam de ser revelantes. Existe muito o relançamento de marcas mais antigas, que voltam à ribalta devido a uma série de televisão ou às novas tecnologias. Há sempre oportunidade para relançar sucessos, sempre com uma nova componente, seja mais evoluída tecnologicamente ou sofisticada”, comenta Ricardo Feist.

Barbie

A Barbie chegou a Portugal pela mão da Concentra em 1983. Nessa década, os maiores sucessos de vendas foram as bonecas que tiveram uma campanha de televisão: Barbie Bailarina, Barbie Diamantes, Barbie Hawai, Barbie Top Model, Barbie Super Estrela e o Quarto da Barbie.

Aposta nas suas marcas Ricardo Feist, atual diretor geral da Concentra e filho do fundador, destaca o período menos bom que se seguiu. “Sensivelmente ainda nos anos 90, deram-se grandes transformações no nosso negócio. Marcas como a Mattel, a Fisherprice e, mais tarde, a Hasbro acompanharam a chegada a Portugal do seu maior cliente mundial, a Toys“R”Us, e abriram cá as suas filiais. Ao perder as nossas principais distribuições, vivemos um período complicado, eram marcas que pesavam muito no negócio da empresa”, explica. Alterando o seu posicionamento e diversificando o seu portfólio, a Concentra apostou no desenvolvimento de marcas próprias e de produtos específicos para o mercado nacional. Exemplo disso foram as diversas licenças locais que permitiram a comercialização de marcas como Batatoon, Floribela e Canal Panda, um sucesso ainda hoje, e até de brinquedos do Euro 2004. “Colmatámos as perdas com a criação de marcas próprias e o desenvolvimento de licenças locais. Hoje, voltámos a ter uma posição de grande relevância no mercado e a estar no pelotão da frente do mercado dos brinquedos em Portugal”, acrescenta Ricardo Feist. Para o diretor geral, é muito difícil destacar um brinquedo em 50 anos de Concentra, mas a verdade é que alguns deles ficaram para a história. O conhecido jogo Subbuteo foi um dos primeiros sucessos da empresa e teve direito a um anúncio publicitário nos jornais que contava com o internacional português Eusébio como protagonista. Também a boneca Sindy merece ser relembrada: não só vendeu milhares de exemplares como foi o primeiro anúncio televisivo da empresa. Mas se nas décadas de 70, 80 e 90 os brinquedos eram verdadeiros

Sazonalidade Atualmente, a Concentra tem cerca de 40 marcas, 15 marcas próprias e 25 marcas internacionais, que representa em exclusivo e que dão vida a inúmeros brinquedos para todas as idades. As incontornáveis figuras do Star Wars, as desejadas bonecas do filme Frozen, os colecionáveis Zoomlings, o cão robô Zoomer e a Patrulha Pata são algumas das marcas de maior sucesso nos dias de hoje. Numa indústria que precisa de muita renovação, a empresa procura todos os anos acompanhar o mercado. “Todos os anos renovamos mais de 50% da nossa coleção. Sendo as crianças o nosso ‘target’, mudam rapidamente de tendências e a indústria vive também muito baseada em séries de televisão ou em cinema”, explica. Num mercado fortemente caracterizado pela sazonalidade, a campanha de Natal pode pesar até 70% do total de vendas da empresa. Apesar do esforço para potenciar outras épocas de consumo ao longo do ano, como a Páscoa ou o Dia da Criança, é difícil retirar o peso excessivo da época natalícia. Para além desta característica, que é comum a diversos mercados mundiais, Ricardo Feist destaca ainda outras peculiaridades que afetam o mercado nacional. “Em Portugal, existe muita falta de lojas especializadas de brinquedos. Praticamente deixaram de

He-man

Em 1984, chega He-man – Masters of the Universe. Os brinquedos foram criados pela Mattel no final de 1981 e foram um sucesso de vendas, gerando seis linhas de figuras de ação, quatro séries de televisão, um filme e vários livros de banda desenhada.

existir pequenas lojas de retalho tradicional de brinquedos porque o negócio foi consumido pela distribuição moderna. É um mercado que está muito dependente dos hipermercados ou da Toys“R”Us e, por isso, acaba por funcionar mais como um gerador de tráfego


de marcas muito fortes que estão todas a conseguir performances muito acima das expectativas. Mas são daquelas conjunturas favoráveis que sabemos que podem mudar a qualquer momento”. Com 50 anos de muitos altos e baixos, a empresa que nasceu na Rua Garrett, em Lisboa, promete continuar a dar cartas, ou brinquedos,

Mauzão

O jogo do Mauzão é provavelmente um dos anúncios de televisão que mais memórias traz às crianças dos anos 90: “Mauzão, Mauzão, ninguém lhe põe a mão”. Até à data, já foram vendidos mais de 250 mil brinquedos.

para as suas lojas do que como uma categoria para potenciar em termos de rentabilidade. É também por isso que, em Portugal ,se assiste a outro fenómeno atípico e muito acentuado, a forte componente promocional durante a campanha de natal em relação aos preços. Devemos ser das poucas indústrias em que na altura de maior procura e maior consumo é quando os preços estão mais baixos”. Com o ano quase a terminar, a Concentra assinala o seu 50.º aniversário com um aumento de 30% na sua faturação face a 2015. Ao contrário de outros anos, o diretor geral constata que alguns dos produtos com preço mais elevado são os mais procurados, chegando mesmo a esgotar o stock. “É uma tendência que se tem verificado nos últimos anos. Enquanto nos anos de 2011 e 2012 os produtos com preços mais elevados não se vendiam bem, agora estamos a falar de produtos com PVP’s de 100 euros e, mesmo assim, são

Super Campeões Futebol

Lançadas em 1998, as figuras dos Super Campeões de Futebol existiam na versão da Seleção Nacional e dos clubes Futebol Clube do Porto, Sport Lisboa e Benfica e Sporting Clube de Portugal. Foram vendidas mais de 100 mil figuras.

no mercado português. Reinventar-se e superar desafios são características que fazem já parte do ADN da empresa que assegura continuar no futuro a desenvolver produtos adequados às crianças portuguesas, sempre com a qualidade que lhe é característica. Algumas etapas 1966: Fundada por Pedro Feist, cuja atividade principal era comercializar brinquedos e artigos infantis para festas de Natal, mais tarde, a empresa viria a alargar a sua atividade para armazenista de brinquedos, uma vez que era necessário rentabilizar a estrutura criada para um negócio sazonal de apenas três meses. A empresa estava sediada na Rua Anchienta no Chiado, em Lisboa. Década de 70: Foi uma década de descobertas. As pistas automóveis, os comboios telecomandados da Lima, as bonecas a falar. Muitas novidades apareceram. É feita a primeira campanha de televisão de brinquedos com a boneca Sindy na RTP1 que abriu as portas dos brinquedos na televisão. Década de 80: Muitas modas e marcas apareceram durante esta década. As séries de televisão e o cinema são cada vez mais relacionados com o sucesso dos brinquedos. A Concentra passa a representar a Mattel em Portugal lançando a icónica boneca Barbie em 1983. Fenómenos como He Man Master do Universo, Tragabolas, My Little Pony, Micromachines entram no imaginário das crianças portuguesas

Década de 90: Em 1993, houve a mudança Instalações para o Prior Game Boy

Desenvolvido pela Nintendo em 1989, o Game Boy chegou dois anos depois a Portugal. Já foram vendidos aproximadamente um milhão de Game Boys.

88

dos mais procurados”, explica. Mas se este aumento na faturação é um bom indicador, Ricardo Feist não se deixa deslumbrar. “Neste mercado, vivemos de ciclos e de fenómenos e, este ano, estamos a ter uma conjuntura extremamente favorável, ao contrário de outros anos que foram difíceis. Nota-se que há um retomar do consumo a nível mundial e o mercado de brinquedos está muito mais saudável. Durante a nossa crise, em 2011/12, houve uma enorme retração das famílias que agora, num ambiente menos austero, estão a oferecer novamente os brinquedos que as crianças querem. Para além da conjuntura económica favorável, na Concentra sentimos que as nossas estrelas estão alinhadas. Temos um conjunto

Velho com mais de cinco mil metros quadrados de armazém e showroom. A tecnologia começa a ter mais impacto na forma com as crianças brincam com as suas bonecas, figuras ação, consolas e animais virtuais. A Concentra, em 1991, passou a representar a marca Nintendo em Portugal e lançou o fenómeno Game Boy e Super Nintendo. Marcas como Super Soaker, Mauzão, Matchbox e Polly Pocket fizeram furor.

Década de 2000: Nesta década, a Concentra explora outros mercados, com a criação da Concentra Giochi Preciozi Brasil, uma joint-venture com a multinacional Smoby, e loja no Freeport de Alcochete. Robots, videojogos, brinquedos eletrónicos e educativos que incentivam as crianças a explorar enquanto aprendem. Em Portugal aparecem fenómenos nacionais como Batatoon, Floribela ou Panda. Marcas como Bratz, WWE, Noddy, Hello Kitty, Tartarugas Ninja ou Pokémons invadem os quartos das crianças. Década de 2010: O mundo dos brinquedos entra na era digital com uma relação mais próxima entre os brinquedos e o mundo virtual. As marcas estão cada vez mais dependentes de séries televisão ou filmes. Aparecem fenómenos como Bakugan, Winx, Trash Pack, Zoomer ou Patrulha Pata. Em 2010, a Concentra deixa de representar a Nintendo e muda as suas instalações para Porto Salvo, em Oeiras.



90

RO MB TA ZE DE S / I BRO

EV| NOVEM TR N 0 E 2/2 16

“A inovação não tem que representar º4 n.

custos adicionais”

TEXTO Bárbara Sousa FOTOS D.R.

A Epson fez uma digressão por alguns dos melhores estádios de futebol ibéricos com o mote #Going4Goals. Um roadshow que colocou em campo a aposta da marca na inovação, apresentando as suas últimas novidades em tecnologias de impressão, projeção, microssensores e robótica. De passagem por Portugal, a empresa rumou ao Estádio da Luz onde António Estevão, Head of Business Sales Iberia da Epson Ibéria, falou com a Grande Consumo sobre o sólido compromisso da empresa com a sustentabilidade e as soluções tecnológicas que continuam a atrair uma geração cada vez mais “paperless”.

Grande Consumo - Como está a correr o ano de 2016 para a Epson em Portugal? António Estevão - O ano de 2016, em Portugal, está a correr muito bem. Está em linha com as nossas projeções. Vamos continuar a crescer, pois Portugal tem bastante

potencial. Não do ponto de vista macroeconómico, mas do ponto de vista contextual, sente-se que o nível de confiança dos consumidores e da indústria está a crescer e isso tem um impacto positivo quer no nosso negócio, quer nas nossas expectativas de negócio futuras.


GC - Quais os grandes objetivos para 2016 e como preveem que o negócio evolua até ao final do ano? AE - Até ao final do ano esperamos continuar com a linha de crescimento, em termos ibéricos, que temos tido nos últimos dois anos, onde estamos a crescer à volta dos 10%. Para já, feitas as contas a meio do ano, estamos em linha com os objetivos.

do estar sempre contactável e que faz parte do desafio que nos traz a própria Internet. GC - Há muito que se fala que o negócio da impressão está em queda com a crescente profusão de dispositivos móveis. Como vê o negócio da impressão a médio/longo prazo? AE - Estamos seguros da nossa estratégia para os próximos três anos. O nosso crescimento vai vir de todas as linhas de negócio, mas a maior parte terá origem na área da impressão empresarial. O que se passa, neste momento, é muito curioso. O movimento do escritório sem papéis continua, mas todos os dispositivos móveis têm uma máquina fotográfica associada. O que acontece é que, de facto, existe o movimento de otimização do que se imprime dentro das organizações, mas a quantidade de coisas imprimíveis está a ter um crescimento exponencial. A indústria acaba por não sentir o decréscimo da impressão.

GC - A Epson é hoje uma empresa mais focada no mercado empresarial, em detrimento do consumidor final? Atualmente, que área da empresa mais contribui para o volume de negócios? AE – Não retiramos nenhum foco à nossa área de consumo. Um dos aspetos mais interessantes de trabalhar numa empresa como a Epson é trabalhar numa empresa que tem uma capacidade de inovação invulgar e que é capaz de desenvolver novos produtos ou tecnologias disruptivas, como as EcoTank. Portanto, não existe perda de foco do que é o consumidor e o mercado do consumo. O que estamos a fazer, nos últimos dois anos, é um investimento adicional para sermos um “player” relevante e para crescermos dentro do mercado profissional. GC - As empresas portuguesas já Nos próximos três anos, esperamos ver um compreenderam que a implementação grande crescimento na área da impressão das novas tecnologias poderá ser a única Estamos seguros da profissional e, em particular, pela utilização forma de se manterem competitivas e nossa estratégia para da tinta. atrativas? os próximos três anos. AE - Definitivamente. Nestes eventos, temos O nosso crescimento vai GC - Quais considera serem as novas sempre muito feedback, pois estão presentes necessidades das companhias? revendedores e distribuidores, mas também vir de todas as linhas AE - As empresas portuguesas, neste clientes finais e potenciais que vieram aqui de negócio, mas a maior momento, necessitam de tecnologias tentar perceber qual o tipo de mensagem parte terá origem na inovadoras, fiáveis e competitivas que e que soluções tem a Epson para oferecer. área da impressão permitam estar na linha da frente da O feedback e as perguntas que vamos empresarial” tecnologia, sem grandes acréscimos de recebendo notam uma grande sensibilidade custos. A capacidade de inovação é uma para as nossas soluções. Nesta área, há o mais-valia para as companhias. É uma aposta de valor da Epson, sector público, que está a liderar, mas também em muitas empresas seja através dos seus produtos, projetores, impressoras, ink blotters, privadas há uma consciencialização para a sustentabilidade e mas também através das soluções e de serviços que coloca à eficiência de custos. disposição dos seus clientes, cada um no seu canal. Temos uma oferta muito interessante nesse aspeto. Mas, creio, que a inovação GC - A nova geração tecnológica vai dominar o mundo do não tem que representar custos adicionais. trabalho e dos negócios de amanhã. Como é que, enquanto empresa, podem responder às suas necessidades? GC - A sustentabilidade também é importante para as AE - A mobilidade vai dominar o mundo o trabalho. Hoje, já uma empresas portuguesas? realidade trabalhar a partir de casa e estar-se sempre contactável. AE - A sustentabilidade começa a ser muito importante para as E, aí, penso que estamos bastante confortáveis com as soluções empresas portuguesas. Já temos alguns contactos, não só ao nível que apresentamos, seja com as nossas soluções de interatividade e do sector privado, mas também ao nível do sector público, onde de reuniões interativas, seja o facto de podermos disponibilizar aos estão bastante interessados na adoção destas novas tecnologias nossos clientes e às empresas soluções de impressão distribuída, mais “verdes” com uma menor pegada ecológica. O sector público que podem estar bastante capilares e que permitem também às está na vanguarda da adoção deste tipo de soluções e tecnologias, pessoas terem soluções de impressão na sua casa. com o objetivo de se tornar mais sustentáveis. As empresas acabam por poupar bastante. GC - Que exigências traz consigo a geração da Internet para o local de trabalho? E como pretende a Epson responder às mesmas? AE - A geração da Internet traz-nos o desafio da conectividade constante, da disponibilidade dos serviços onde quer que esteja. Nesse aspeto, a Epson responde com os seus produtos profissionais, tudo o que seja NFC, tudo o que seja disponibilizar rapidamente o acesso à informação que precisa, como os projetores interativos. Há um negócio muito grande à volta do que são as reuniões interativas e “multi site”. Hoje, essa é uma necessidade muito grande das organizações. O que também vem muito desta cultura


92 A DEZEMBRO O/ STNIOVC Í EMBR G O | L 2016

Logística cuidados saúde: 2/ n.º4

de

de

necessidade de uma cadeia de fornecimento a

diferente

TEXTO Bárbara Sousa FOTOS D.R.

Várias empresas no sector de saúde começam a encerrar os seus próprios serviços de distribuição para fazer “outsourcing” da logística a empresas que mostram ser uma solução mais rentável, com envios globais mais flexíveis, permitindo mais espaço a ser dedicado à produção. Mas não sem as suas ponderações. A gestão de custos, o ambiente regulatório, a proteção do produto e as disrupções ao nível da cadeia de fornecimento, que podem ser adversas à qualidade dos produtos, ainda deixam os executivos do sector da saúde desassossegados. É para responder a estas preocupações que a UPS continua a apostar na logística de cuidados médicos, expandindo o seu campus da distribuição na Holanda, que hoje detém uma rede de armazenamento e transporte sensíveis à temperatura, monitorização e segurança 24 horas por dia e uma plataforma global de TI dedicada à gestão de pedidos.


93 Para a UPS, a indústria de “healthcare” está numa conjuntura crítica. A população global está a crescer e a idade média a aumentar. O crescimento da classe média nos mercados emergentes está a subir. A demanda por serviços de saúde nunca foi maior. Mas a mudança na cadeia de fornecimento é lenta. O mais recente “UPS Pain in the Chain”, estudo global que mediu os indicadores críticos da gestão da cadeia de fornecimento de cuidados de saúde, revelou que o ambiente de risco inerente pode estar a impedir o crescimento da indústria de “healthcare”. As condições económicas ainda pesam nas empresas de saúde, incluindo as da Europa Ocidental, e apesar da perspetiva económica global ser mais otimista, os responsáveis pelas decisões da cadeia de fornecimento continuam a sentir o efeito da recessão global em termos de gastos apertados e outras reduções ou cortes. Segundo o relatório, executivos do sector dos cuidados de saúde estão a prepararse para a mudança nos seus negócios e cadeias de abastecimento, em resposta a múltiplas pressões, nomeadamente a alteração ou aumento dos requisitos regulamentares, maior especialização no desenvolvimento de produtos e a alteração dos níveis de reembolso. Por sua vez, os executivos de logística estão a investir, principalmente, em tecnologia, para enfrentar os desafios do sector.

Desafios A pressão para conter custos é uma constante no sector da saúde. Novas regulamentações, mudança de modelos de reembolso e pressões para obter lucros

LOGÍSTI

C

n.º42/20 16 | NO VEMB

explicam esta preocupação que obriga os executivos a encontrar maneiras inovadoras de abordar a gestão de custos nas cadeias de fornecimento. Também o cumprimento dos requisitos regulamentares é muitas vezes difícil. As regras mudaram e continuam a mudar. PUB

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94

O BR

EM A IC BRO/DEZ

T ÍS6 | NOVEM G O 201

L º42/ n.

Consequentemente, a conformidade regulamentar é novamente o principal desafio para os líderes de “healthcare”. Uma visão legislativa turva e regulamentos diferentes por país, especialmente na Europa Ocidental, onde isso é particularmente importante e emaranhado, tornam a questão mais complexa. Contudo, alguns executivos de cuidados de saúde estão a ter sucesso a enfrentar os desafios dos requisitos regulatórios através de parcerias que trazem “expertise” em UPS adquire Marken matéria de legislação. Além das regulamentações, A UPS anunciou um acordo a proteção do produto, de compra da Marken, uma que compreende tanto fornecedora global de logística na a integridade quanto a indústria das ciências da vida que segurança do produto, vai complementar as soluções de continuam a ser o logística da UPS Healthcare. A Marken opera através de uma rede aspeto “top-of-mind” global de serviços de “supply chain” para os executivos do de produtos clínicos, de forma a sector de “healthcare”. responder a uma procura cada vez A preocupação com a mais exigente por parte dos seus proteção em trânsito clientes. Desta forma, a aquisição cresce à medida que desta empresa segue a mesma linha dos vários investimentos da UPS, que os produtos se tornam permitiram expandiram o portfólio mais complexos, muitas de serviços de logística na área de vezes exigindo transporte “healthcare” da empresa. sensível à temperatura, e à medida que os produtos se deslocam para novos mercados, o número de transferências aumenta e a visibilidade da cadeia de fornecimento torna-se ainda mais importante. Adicionalmente, o relatório da UPS revela uma perceção entre os executivos da cadeia de fornecimento de que os eventos disruptivos são raros. Apenas 60% dos decisores de logística de cuidados de saúde colocam planos de contingência como uma prioridade. De acordo com a UPS, estes baixos níveis de preocupação têm, provavelmente, como base o impacto limitado e imprevisível das interrupções para a cadeia de fornecimento.

Estratégia As empresas de saúde têm sido mais lentas do que as de outras indústrias a terceirizar as cadeias de fornecimento. Esse cenário, no entanto, parece estar a mudar. As razões prováveis para a mudança incluem a globalização, as pressões dos custos da indústria, a necessidade crescente de especialização em áreas como conformidade regulatória e a proteção de produtos e expansão para novos mercados. As empresas que abraçam a colaboração podem concentrar-se mais nas competências essenciais, libertando tempo e recursos para perseguir o desenvolvimento de produtos, marketing e vendas.

Por sua vez, as empresas de logística estão a planear investimentos estratégicos significativos em tecnologia para permitir a flexibilidade e visibilidade das encomendas e para proteger melhor os produtos que se movem através de cadeias de fornecimento alongadas. Estes investimentos vão desde tecnologia “front-end”, ou seja, investimentos como gestão de pedidos e sistemas de pedidos online, que refletem a necessidade de os fabricantes prestarem atenção ao papel da tecnologia na frente das operações, e tecnologia de proteção do produto, que se foca na garantia da integridade, bem como no atendimento das preocupações de segurança do produto. Por exemplo, em março, a UPS anunciou o lançamento do UPS Temperature True Cryo na Europa, oferecendo ao sector de ”healthcare” uma solução de transporte “end-to-end”. Este serviço recorre a recipientes criogénicos, que permitem aos clientes da UPS utilizar nitrogénio líquido armazenado em forma de vapor seco para manter os produtos a uma temperatura de -150ºC, durante 10 dias em trânsito ou em armazém, e também permite o acompanhamento das mercadorias em tempo real e intervenção, quando necessária. Caso o envio de mercadorias alcance níveis mínimos de volume, poderá também ser utilizado o UPS Proactive Response Secure, um serviço de proteção financeira que garante cobertura para os envios de mercadorias sensíveis à duração do embarque e à temperatura. Europa Não é de estranhar que a conformidade regulamentar continue a superar a lista de desafios na Europa Ocidental, dadas as exigências da Diretiva de Medicamentos Falsificados, que introduziu uma nova característica de autenticidade obrigatória que deve constar da embalagem exterior dos medicamentos designados, e os controlos de todos os produtos farmacêuticos, e não apenas os que são sensíveis à temperatura. A indústria também se está a ajustar


à revisão das diretrizes de Boas Práticas de Distribuição (GDP), que exigem maior gestão da qualidade da cadeia de fornecimento e processos de documentação mais exigentes. Enquanto os efeitos da recessão global estão a diminuir, do ponto de vista dos executivos de logística na Europa Ocidental, outros desafios estão a crescer. O ambiente regulatório é complexo na Europa, onde as diferentes exigências entre os países - mesmo aqueles próximos tornam difícil manter o controlo das exigências regulatórias. Os regulamentos também criam uma barreira potencial para a criação de novos modelos de distribuição, ou estendê-los para outros países. UPS Healthcare Logistics A UPS desempenha um papel importante como proprietários de um campus de distribuição europeia localizado na Holanda, que a Grande Consumo visitou a convite da empresa. Uma localização central na Europa Ocidental em proximidade com o hub aéreo da UPS em Colónia (90 minutos), o que permite uma para apoiar a investigação redução dos tempos de trânsito dos pedidos urgentes ou tardios farmacêutica e de vacinação. Louis Pasteurweg, Roermond para envios aéreos internacionais, acesso à maioria dos destinos Através de investimentos em europeus em 24 horas apenas e fácil acessibilidade aos principais tecnologia, sistemas de controlo de Em janeiro, a UPS expandiu o campus portos de mar e aeroportos europeus. Mas também porque o temperatura e serviço ao cliente, a de distribuição europeia com a governo holandês apoia procedimentos alfandegários e tributários UPS apoia empresas farmacêuticas inauguração de uma nova instalação simples e transparentes, tais como a armazenagem aduaneira, e investigadores a transportarem dedicado ao “healthcare”. Este terceiro o sistema completo de adiamento do IVA na importação e materiais e espécimes sensíveis centro de logística e transporte procedimentos aduaneiros altamente automatizados. Além de uma em todo o mundo, particularmente dedicado os cuidados de saúde, Louis Pasteurweg, veio assim a fazer localização estratégica para a UPS Healthcare, que permite o fácil para dentro e fora de áreas parte da infraestrutura na cidade de complexas. Um Roermond, onde a empresa já contava acesso a centros populacionais e entregas em hospitais, delegados geográficas de propaganda médica, médicos e farmácias, com mais de 80% do sistema de envios simples e de fácil com o centro Albert Einsteinweg, utilização, a expansão da rede de adicionando um espaço de 41 mil mercado de “healthcare” num raio de mil quilómetros. Operacional desde 1996, este campus da empresa de logística, torres de controlo de “healthcare”, lugares de paletes. Uma infraestrutura interceção de pacotes e multicliente para o armazenamento que se divide entre duas cidades holandesas, Roermond e e distribuição de produtos de saúde capacidades e de ciências da vida, incluindo Venlo, conta atualmente com dez instalações de “re- fármacos perecíveis e equipamentos multicliente, que variam entre os nove mil e os icing”, o de diagnóstico, de acordo com as 35 mil metros quadrados. Entre essas, a UPS “update” das normas internacionais de qualidade, tem três centros de distribuição dedicados Os decisores em saúde operações de com várias zonas multitemperatura exclusivamente aos cuidados de saúde: Marco estão a reconhecer a t r a n s p o r t e (+15ºC até +25°C; +2ºC até +8ºC; Poloweg (22 mil metros quadrados), Albert importância de selecionar de amostras -20ºC; -70ºC). Einsteinweg (20 mil metros quadrados) e operadoras de alta biológicas o mais recente Louis Pasteurweg (24 mil qualidade, velocidade sensíveis à temperatura, para 60 países, metros quadrados). de transporte mais são alguns dos recursos otimizados “É um Paciente, Não é um Pacote” é o rápida e capacidade especificamente direcionados para atender mantra da UPS Healthcare Logistics, o os requisitos e necessidades logísticas dos serviço especializado para empresas da área de intervenção em ensaios clínicos. da saúde e das ciências da vida da empresa trânsito necessária para de logística, que ao longo deste ano tem impulsionar o sucesso Perspetivas sido uma aposta. Nomeadamente, com a na mitigação de danos e Global e localmente, grandes mudanças estão expansão da rede de armazéns dedicados aos deterioração do produto a afetar a entrega de cuidados de saúde que dispositivos médicos – os FSLs (field stocking apresentam desafios logísticos únicos. locations) – na Europa, que são instalações estrategicamente localizadas destinadas a apoiar a distribuição de As preocupações dos decisores na saúde e ciências da vida – encomendas urgentes e a armazenar, de forma eficiente, produtos conformidade com as regulamentações, segurança do produto, para entrega rápida, o que resultou na redução do tempo de entrega gestão dos custos da cadeia de fornecimento e danos e deterioração e aumento da visibilidade do inventário. Na Europa, a UPS tem do produto – são, em grande parte, tratadas com sucesso por meio vindo a fazer o “upgrade” de uma seleção de FSLs chave, mais da colaboração e parcerias com provedores de logística de terceira próximos de infraestruturas hospitalares, com um sistema de parte e análise da cadeia de fornecimento. gestão de qualidade, incluindo uma monitorização constante da Os produtos continuam a tornar-se mais complexos e, em muitos temperatura e visibilidade da validade do produto, o que faz destas casos, exigem um tratamento especial. Os decisores em saúde instalações da UPS uma solução prática e com uma excelente estão a reconhecer a importância de selecionar operadoras de alta 95 qualidade, velocidade de transporte mais rápida e capacidade de relação de eficiência-custo. Mas a UPS também realizou um grande processo de expansão intervenção em trânsito necessária para impulsionar o sucesso na global dos seus recursos específicos aplicados ao “healthcare” mitigação de danos e deterioração do produto.

LOG

n.º42/ 2


96

O MBR FIRA EZE A O/D R B M OG OVE

| N INº4F 016 2/2 n.

58 % das idas às lojas

55 % dos consumidores europeus

visitam lojas com mais frequência desde que começaram a comprar através de

na Europa são planeadas

90 % das compras

ainda são efetuadas numa

loja

click and collect

50%

fará compras adicionais ao levar um artigo comprado dessa forma

1/3

acabará por visitar outras lojas próximas


55 % dos consumidores sabem exatamente o que querem comprar quando visitam uma loja

O pico de afluência às lojas é registado nas manhãs de

sábado 74% com

Apenas 4% se desloca à loja para dar uma vista de olhos

63% prefere

horários noturnos

para que possa combinar a vista à loja com uma bebida ou refeição fora

,

60%

dos consumidores mundiais pesquisam produtos na

Internet antes de os comprar na loja

46%

é a favor de uma

abertura mais cedo

Fonte: Footfall

97 I


O BR EM

98

EZ AR BRO/D

CH| NOVEM FE 16 20

Excelência na experiência de consumo em destaque na próxima European TCG Retail Summit

A .º42/ n

A 29 e 30 de março de 2017, os gestores das principais marcas e retalhistas do sector dos eletrodomésticos e eletrónica de consumo e da indústria dos bens de consumo técnicos irão reunir-se em Berlim, na Alemanha. Estão já confirmadas as intervenções de Klaus-Peter Voigt, CPO da Media Saturn, Hans Carpels, presidente da Euronics International, Andrea Gisle Joosen, membro do conselho de administração da Dixons Carphone, John Coulter, Group Trading Director da ao.com, Enrique Fernandez, CEO da M.Video Rússia, Jaan Ivar Semlitsch, CEO da Elkjop Nordic, Karl Trautmann, membro do conselho de administração da Electronic Partner, Jean Carretteur, diretor comercial global de não alimentar do Grupo Metro, e de Thomas Nowak, vice-presidente sénior de Marketing & Merchandising da Staples Europa. O consumidor e a experiência de consumo serão o tema central da conferência. À medida que o panorama do retalho se torna cada vez mais competitivo, os retalhistas eletro têm de encontrar aquela vantagem única que atrai os consumidores. A criação de uma nova abordagem à experiência de consumo está a emergir como um dos mais importantes fatores de diferenciação. Nesse sentido, a European TCG Retail Summit vai debruçar-se sobre o que atrai os

consumidores atuais, incluindo as novas experiências “in-store”, a nova geração do comércio eletrónico, a nova vaga de tecnologia e o entendimento do que realmente motiva este consumidor cada vez mais individualista, mas conectado. O principal retalhista europeu, a Media Saturn, e o líder de mercado na Rússia, a M.Video, irão partilhar a sua abordagem ao consumidor. Dos Estados Unidos da América virá o testemunho de dois retalhistas inovadores em termos de modelo de negócio. Muito diferentes um do outro, mas ambos muito bem-sucedidos. Do Dubai, Nilesh Khalkho irá explicar os principais fatores de sucesso da Sharaf DG. A juntar a este painel estão alguns dos melhores especialistas internacionais que irão partilhar os mais recentes dados sobre este novo consumidor e as melhores práticas fora do sector. A par do debate sobre as atuais tendências do retalho e de que modo estas afetam os negócios de hoje e de amanhã. A European TCG Summit é a principal conferência internacional e plataforma de networking ao nível da gestão sénior do sector dos bens de consumo técnicos. A quarta edição irá decorrer a 29 e 30 de março de 2017, no hotel Adlon-Kempinski, em Berlim, junto às famosas Portas de Brandeburgo.



Os hambúrgueres, o prato da moda, passaram a ser o ideal de comida rápida a figurar em inúmeros menus de restaurantes, adquirindo a categoria de produto gourmet. A oferta é cada vez maior. Mas não há um hambúrguer perfeito sem o pão perfeito, que se adapte a todos os ingredientes de cada receita. E com um pão de excelência, e bons ingredientes, as possibilidades podem ser infinitas. Por isso, apresentamos-lhe a nossa ampla gama de pão para hambúrgueres que deliciarão os paladares mais exigentes. Como só a Europastry sabe fazer.


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