Grande Consumo N.º 50-2018

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N.º50 /2018 MARÇO / PORTU ABRIL G DIRET AL | €4, O 80 PERIO R|BRUNO DICID FARIA ADE S |BIME STRAL

TURISMO DE COMPRAS ATRAIR PELO CONSUMO SMART DISCOUNT CANAL EMERGENTE EM PORTUGAL VEGANISMO EM CRESCIMENTO EUROMADILOGIS PROJETO DE CONVERGÊNCIA MONTIQUEIJO TRADIÇÃO E INOVAÇÃO TIENDANIMAL CHEGA A PORTUGAL ALORNA PROVADA E APROVADA SAMSUNG APOSTA EM QUICK DRIVE



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Que vivemos tempos de mudança, disso ninguém tem dúvidas. Mas qual o real impacto dessa mesma profusão nos nossos hábitos quotidianos, isso ainda falta muito para conseguir perceber na sua verdadeira extensão. Na edição 50 da Grande Consumo, trazemos até vós uma abordagem ao Futuro da Alimentação, tema que tanto tem de atual, assim o validam os especialistas na matéria, como de pertinente pelas razões acima descritas. A título pessoal não consigo formalizar, neste momento, uma opinião concreta sobre esta verdadeira revolução que se prepara para transformar a forma como a cadeia de valor e, sobretudo, a produção se irão organizar daqui para a frente, ao tornar ainda mais local do que nunca a produção e ao democratizar a indústria alimentar. Nada tenho a apontar aos frigoríficos “inteligentes”, que nos relembrem, por via de notificação, a data de validade dos iogurtes, mas confesso que não consigo deixar de considerar estranho uma sobremesa de chocolate impressa ou a carne gerada a partir de uma única célula em laboratório. Com o aumento exponencial da população humana, os sistemas produtivos tal como os conhecemos são, naturalmente, colocados em causa, questionando-se, acredito que com propriedade, a sua eficiência e pertinência atuais. Apesar de incrivelmente produtivo, o atual sistema agrícola, respetivo modo produtivo, processamento e cadeia de abastecimento apresentam-se, igualmente, responsáveis pela emissão massiva de gases com efeito de estufa, enquanto imensas quantidades de alimentos são desperdiçadas, a cada ano, em algumas partes do mundo, face à sua evidente e indesejada escassez noutras. A juntar a este desequilíbrio latente, más condições de trabalho, ecossistemas poluídos e bem-estar animal são outras das preocupações tidas hoje sobre o atual paradigma na produção alimentar e respetiva cadeia de fornecimento. Razão pela qual, e voltando ao chavão do mundo em mudança, é apenas graças ao correto uso da tecnologia que vai ser possível, espera-se, reimaginar e recriar toda esta massiva cadeia de valor, com a tecnologia a permitir concetualizar o que se faz e o modo como se faz com outro saber, mas, desejo, com o mesmo sabor. Sempre ouvi dizer que na indústria alimentar não há inovação sem sabor e, à medida que iremos, tudo indica, ver os arranhas céus das urbes modernas passar a ser palco de produção, com as penetrantes quintas verticais, ambiciono que a ligação humana à alimentação não vá além do seu cariz funcional, como um qualquer medicamento. Acredito, sim, ainda acredito, que o melhor da vida são mesmo as pessoas e o prazer da mesa, do convívio e a amizade, são das melhores coisas a desfrutar nesta vida que nos foge todos os dias. No dia em que me apresentarem uma cápsula com sabor a cozido à portuguesa, todo o meu conceito de refeição será radicalmente adulterado e questionado, assumo. À medida que a população humana cresce e a pressão sobre os recursos essenciais do planeta é progressiva, encontrar, e testar, novas soluções alimentares será essencial para se potenciar e dar uso, de forma equilibrada, a esses mesmos limitados recursos. Com bom senso, equilíbrio, potenciando o que de melhor as máquinas criadas pelo homem nos podem presente, e futuramente, proporcionar, quero acreditar que tal desejo pode ser concretizado. E que poderemos continuar a encontrar na alimentação um prazer e uma forma de sustentabilidade ativa. Boas leituras!


PORTUGAL 1 Ano (6 números) 42€ 2 Anos (12 números) 84€ Digitalize ou fotocopie e envie para: BEYONDMERIDIAN, LDA. - Avenida do Parque N.º 65 A • 2635-609 Rio de Mouro

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o Dias tina Simã Ana Cris : or it ade e Ed rtuguesa da Propried idade: Po 00-255 Alma Nacional , 3.º - 28 24 º N. , io Fe o rias ante Antóni Bruno Fa Rua Comand com Diretor: consumo. de an gr ias@ brunofar : il ma E****** ******** ******** ******** ** ** ** ** ********

IAL 04 EDITOR DO AS DO MUN 06 NOTÍCI DE COMPRAS 08 TURISMO REST O - KOALA 10 OPINIÃ ISCOUNT L SMART D 12 O CANA E CAPA 14 TEMA D - LUSIAVES 22 OPINIÃO ÇÃO A ALIMENTA 24 ATLAS D VEGAN 26 CONSUMO VARRO - ANA CANA 31 OPINIÃO DOS O CONGELA 32 MERCAD O - LOOP 35 OPINIÃ DILOGIS 36 EUROMA QUEIJOS 40 MERCADO COMO ADN INOVAÇÃO , O J I E U Q I 44 MONT ARCUTARIA KANTAR CH E S I L Á N A 46 NIMAL STA TIENDA 52 ENTREVI PET FOOD 56 MERCADO STA SORGAL 60 ENTREVI IDADE O E MODERN Ã Ç I D A R T , 66 ALORNA M STA CETELE 70 ENTREVI K DRIVE TA EM QUIC S O P A G N U S 74 SAM ENS DE EMBALAG 78 DESIGN ÁLIA CIONAL: IT A N R E T N I O 80 MERCAD ALIMENTAR 82 CONSUMO ********

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5 837 R.C. – 12 sto na E. /10 07 65 N.º Regi 30 N.º 2B Legal – D’El Rei Depósito Lagares Rua dos – o oa çã Lisb Reda 1700-268 Sede de N.º 65 A, Porta 1 do Parque a id en - Av o o ur çã Mo da Re Rio de ares 2635-609 0 Exempl 00 5. – média mestral Tiragem Bi – e idad S.A. Periodic ráfica, o – Lisg drigues Ro Impressã na ri - Ca Redação o.com um de ns e co ef Ch ande igues@gr dr usa ro So na a cari Bárbar ; dores – sumo.com Colabora on ec nd ousa@gra des an rn barbaras Fe com Santos consumo. Patrícia s@grande fernande os nt l: sa ia rc patricia ento Come o.com Departam deconsum ral@gran ge 3 79 218 208


Notícias do Mund EUA JD Sports entra nos Estados Unidos da América

A britânica JD Sports Fashion PLC, que protagonizou recentemente uma fusão com a Sport Zone da qual resulta o maior grupo de artigos desportivos da Península Ibérica, entra nos Estados Unidos da América com a compra do operador local Finish Line, por 450,07 milhões de euros. O negócio acontece alguns meses depois de se comentar que o retalhista norte-americano estava a negociar a sua venda à também britânica Sports Direct International Plc, concorrente da JD Sports e também presente no mercado português. “Esta aquisição representa uma excelente oportunidade para a JD estabelecer a sua liderança de mercado multimarca no maior mercado mundial de ‘athleisure’”, afirma Peter Cowgill, diretor executivo da JD Sports. “Proporciona imediatamente uma grande presença nos Estados Unidos da América, um passo óbvio na nossa expansão global. A Finish Line tem muitas semelhanças com a JD, com uma forte base de lojas físicas complementada por uma avançada plataforma digital”. O retalhista norte-americano possui cerca de 556 lojas, a maioria localizada em centros comerciais, e 375 espaços nas department stores Macy’s.

REINO UNIDO Fusão da Asda e da Sainsbury’s cria novo peso-pesado do retalho mundial

A Sainsbury’s e a filial britânica da Walmart, a Asda, acordaram a sua fusão, dando origem à maior cadeia de retalho alimentar do Reino Unido. A faturação combinada dos atuais segundo e terceiro maiores operadores de retalho britânicos é de 57.900 milhões de euros, segundo os dados referentes ao ano de 2017. Os indicadores da Kantar Worldpanel indicam que a fusão dará ao retalhista resultante uma quota de 31,4%. A fusão das duas cadeias, com o objetivo claro de liderar o mercado, permitirá “combinar uma rede complementar de mais de 2.800 lojas Sainsbury’s, Asda e Argos e várias das plataformas web mais visitadas do Reino Unido, para dar mais opções aos clientes através de mais formatos e canais de lojas, com 47 milhões de transações de clientes combinadas por semana”.

Claire’s declara falência

A Claire’s declarou oficialmente a falência da sua divisão americana. A declaração foi apresentada numa altura em que a dívida da empresa ascende a 1,5 mil milhões de euros, que espera reestruturar através deste processo e promover o seu relançamento. Apesar de apenas a divisão americana estar em causa, as restantes serão também atingidas. Na Europa, irá reduzir de 1.069 lojas para 915, até 2022, e 74 serão encerradas já este ano. “Iremos concluir este processo como uma empresa mais saudável e rentável, o que nos irá posicionar para ser um parceiro de negócio ainda mais forte para os nossos fornecedores, parceiros de concessões e franchisados”, afirma Ron Marshall, CEO da Claire’s.

ALEMANHA Vendidos primeiros ativos da Toys ‘R’ Us na Europa

Começaram as primeiras vendas de ativos da Toys ‘R’ Us na Europa. Mais de 90 lojas localizadas na Alemanha, Áustria e Suíça foram vendidas à irlandesa Smyths Toys. Com sede em Galway, a Smyths Toys estabeleceu um acordo para comprar 93 lojas físicas e quatro online naqueles três mercados. A empresa irlandesa possui 110 espaços físicos e online no seu país de origem e na Grã-Bretanha e pretende, assim, expandir a sua marca na Europa continental. Espera-se que a Smyths Toys mantenha os colaboradores regionais da Toys ‘R’ Us, assim como os da sede em Colónia, na Alemanha. O negócio está sujeito à aprovação das autoridades competentes e dos tribunais norte-americanos

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ESPANHA JD.com lança loja online em Espanha

A JD.com seguiu os passos da sua concorrente Alibaba e lançou a sua loja online Joybuy em Espanha. A estreia no mercado espanhol, onde a gigante asiática do comércio eletrónico pretende, também, abrir um centro logístico, faz-se com uma oferta de mais de 100 mil produtos. Esta é a quarta loja em língua estrangeira lançada pela JD.com, depois das plataformas em inglês, russo e indonésio. A Joubuy.es vende sobretudo produtos fabricados na China, incluindo brinquedos, vestuário e dispositivos eletrónicos. No total, a loja conta com 15 categorias de produtos.


RÚSSIA MediaMarktSaturn planeia venda do negócio na Rússia

A MediaMarktSaturn está a estudar a venda das suas operações na Rússia, face às dificuldades causadas pela acesa concorrência, que estão a afetar a sua atividade. A informação foi confirmada à agência Reuters por fontes da Ceconomy, a matriz da MediaMarktSaturn, que indicam, ainda, conversações com a cadeia local M.Video para a venda destes ativos, acompanhada de uma participação minoritária no retalhista russo. Tendo em consideração que as duas principais cadeias retalhistas de eletrodomésticos e eletrónica de consumo na Rússia estão a trabalhar na sua fusão, com a M.Video a preparar-se para adquirir a Eldorado, daria lugar à formação de um grupo com vendas combinadas, em 2022, de 5.800 milhões de euros. Em janeiro, a Ceconomy tinha assegurado que uma das prioridades para 2018 era melhorar as operações na Rússia, assinalando que tinha dado início a um programa de poupança de custos e de redução da dimensão das lojas, ao mesmo tempo que procurava uma “resposta estratégica” para a filial até ao final do ano. As vendas neste mercado caíram 7%, no exercício de 2016-2017, para os 526 milhões de euros.

PORTUGAL Continente apresenta novo produto exclusivo de economia circular

O Continente enriqueceu a oferta de produtos de economia circular com o lançamento do Panana. Trata-se de um produto confecionado a partir de bananas que deixaram de ter valor comercial, por estarem demasiado maduras. A confeção deste novo produto é em tudo semelhante à dos doces e chutneys Continente, lançados em junho do ano passado. É, então, o resultado do reaproveitamento de excedentes alimentares das lojas Continente, que dão origem a um novo produto, voltando ao circuito comercial com uma nova forma. O lançamento do Panana está enquadrado no projeto Transformar.te, que faz parte das iniciativas da Missão Continente e tem por objetivo reduzir o desperdício remanescente através do reembalamento de produtos, iniciativas de escoamento, reutilização de produtos, doações internas e outras ações.

Pingo Doce volta a vender online com entrada no Mercadão

Chama-se Mercadão, é um marketplace aberto em janeiro e tem como âncora o Pingo Doce que, assim, volta a vender online 15 anos depois de ter fechado o primeiro supermercado virtual em Portugal, aberto em 1998. A reentrada da insígnia alimentar da Jerónimo Martins no negócio online fez-se através de um parceiro tecnológico e logístico, a Fonte-Online, especializado na criação de negócios digitais, com o qual assinou um acordo. A “loja” do Pingo Doce está integrada numa plataforma onde também figuram a sua área de saúde e beleza, a Mais Bem Estar, a Arcádia e a Science4you, entre outras. Disponível em Lisboa, Sintra, Porto e Matosinhos, o Mercadão, que antes do verão estará no Algarve e até dezembro nas maiores cidades do litoral, vende uma gama de seis mil produtos e trata das entregas ao domicílio.

CHINA Lojas físicas da Alibaba entregam durante 24 horas

A cadeia Hema Fresh, projeto de lojas físicas da Alibaba, lançou um serviço de entregas 24 horas em 25 dos supermercados que opera em Pequim e Xangai. Deste modo, os clientes Hema que vivam num raio de três quilómetros de uma das suas lojas contarão também com o serviço de entrega em 30 minutos entre as 22 e as 7 horas. Esta funcionalidade está disponível para a maioria dos produtos disponíveis nas lojas, à exceção de alguns frescos. Por outro lado, a entrega de refeições cozinhadas será ampliada até à 1 hora. “Descobrimos que no novo retalho não só se funde o online com o offline, como também se liga o dia à noite. Temos a certeza que existe procura específica no horário noturno”, indica Hou Yi, CEO da Hema.

DIA abandona o mercado chinês

O Grupo DIA vendeu as suas operações em Xangai ao grupo chinês Suning, dando por terminada a sua “aventura” naquele mercado. Foi firmado um acordo com a Najing Suning.com Supermarket LTD, empresa pertencente ao grupo Suning, para a venda de 100% das ações das empresas chinesas Shanghai Dia Retail CO., Ltd e DIA (Shanghai) Management Consulting Services CO. Ltd. Fica, assim, consumada a saída do Grupo DIA do mercado chinês. A operação, cujo montante não é material, de acordo com o grupo, está condicionada à aprovação das autoridades da concorrência e do regulador chinês. Paralelamente, o Grupo DIA está a negociar possíveis acordos de colaboração comercial com o grupo Suning.

FRANÇA Système U troca a Auchan pelo Carrefour

Três semanas após o anúncio da aliança entre Auchan e Casino, a Système U deixou o seu antigo parceiro para passar a colaborar nas compras com o Carrefour. As negociações em comum terão como objeto as grandes marcas nacionais e internacionais, mas, nesta nova parceria, Carrefour e Système U irão ainda procurar outras possíveis sinergias com a fileira agrícola. A parceria tem o prazo de cinco anos e deverá arrancar operacionalmente já no próximo outono, a tempo das negociações para 2019. A aliança entre Carrefour e Système U deverá permitir construir um líder ao nível nacional em França. Tendo também em conta as vendas da Louis Delhaize, já associada do Carrefour, os três parceiros apresentam uma quota de 34,3% no mercado de bens de grande consumo. Esta nova aliança sinaliza o fim da colaboração que Système U e Auchan mantinham desde 2014. Na época, os dois grupos retalhistas contemplaram inclusive a convergência de insígnias, projeto que, dada a sua complexidade, foi abandonado em 2016.

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NOTÍCI|AMASRÇDO O/ n.º50/2018


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O /AB LH MARÇO

Atrair pelas compras

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TEXTO Patrícia Santos Fernandes FOTOS Shutterstock

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As sete colinas de Lisboa, as inacreditáveis praias do Algarve, a beleza da Ribeira no Porto ou mesmo as paisagens dos arquipélagos dos Açores e da Madeira. Portugal está na moda, é um facto. Para além da incontestável beleza natural e arquitetónica, do clima e do custo de vida barato, que conquistam cada vez mais visitantes, existe outro turismo que cresce cada vez mais em Portugal. Falamos do turismo de compras, que traz cada vez mais pessoas a este “pequeno país à beira mar plantado”.

Quase como que de um dia para o outro, Portugal entrou na moda. Entre prémios e “estrelas” internacionais a mudarem-se para o país, o mundo parece ter descoberto o que já sabíamos todos há muito tempo: Portugal é um destino incrível. Só no último ano, o número de turistas que visitaram Portugal alcançou valores recorde. O turismo de compras, ou turismo de consumo, cresceu 36% em 2017. Por turismo de compras entende-se a deslocação dentro de padrões turísticos com motivação ligada às compras, com especificidades relacionadas com o bom preço, a exclusividade ou outras carac-

terísticas que não são encontradas nos países de origem. De acordo com os dados apresentados no Summit Shopping Tourism & Economy Lisbon 2018, Portugal é o país europeu que mais cresceu em Tax Free Shopping, no último ano, sendo que os turistas fora da comunidade europeia gastam, em apenas um dia de compras, o mesmo que um turista europeu numa semana. Os dados da Global Blue sobre Tax Free Shopping, calculados em função do IVA devolvido a estes cidadãos, revelam que os turistas chineses são os que mais dinheiro deixam em Portugal, com um valor médio de 642 euros por dia. Seguem-se os norte-americanos, com 506 euros, os angolanos,


09 com 252 euros, os russos, com 251 euros, os brasileiros, com 225 euros, e, por último, os moçambicanos, com 197 euros. Criada na década de 1980, a Global Blue introduziu o conceito de Tax Free na Europa. Presente em Portugal desde 1985, data da primeira legislação sobre Tax Free no país, a Global Blue colabora com os comerciantes, de forma a fornecer-lhes meios para a emissão do Tax Free, e com os turistas, para que estes sejam reembolsados. Recentemente, anunciou uma verdadeira “revolução” neste processo. A partir do próximo dia 1 de julho entra em vigor o sistema eTaxFree, que vem facilitar o processo de devolução do IVA. Integralmente digital, o eTaxFree é um processo no qual os dados transacionais de cada compra são comunicados online, e em tempo real, à Autoridade Tributária (AT), diretamente nos pontos de venda. A implementação pioneira deste sistema e o impacto na economia são evidentes: menos filas no aeroporto e mais controlo por parte da alfândega em relação às vendas efetuadas. “Este processo de validação digital é um sistema

necessidades do turista de compras. O que queremos é ter cada vez mais soluções adequadas às necessidades de cada nacionalidade. Mais do que o serviço e sistemas, o turista está no centro da nossa atenção, queremos ter um serviço ‘tailor made’”, remata.

com o qual já operamos em cerca de 15 países e de que temos vindo, nos últimos anos, a demonstrar às autoridades portuguesas a sua mais-valia. Quando falamos de Tax Free, aquilo que surge sempre à ideia são as filas no aeroporto para se ter a validação do Tax Free e poder ter depois o reembolso. Ou seja, até aqui, o processo era feito manualmente. A pessoa tinha um formato Tax Free em papel, ficava na fila da alfândega à espera de receber um carimbo manual e só depois ir ao balcão ser reembolsado. Este sistema vem revolucionar isto, fazendo com que o processo seja digital de A a Z. A validação passa a ser feita nos quiosques que a AT instalou nos aeroportos de Portugal, que começou em abril em Lisboa, em maio no Porto e em junho nos restantes aeroportos nacionais. Basicamente, a única coisa que o turista tem de fazer é o scan do seu passaporte neste quiosque e o sistema vai dar-lhe a validação dessas compras Tax Free. Portanto, aquilo que hoje é feito por um agente alfandegário vai ser maioritariamente feito por máquinas. Com isto, as filas de espera vão diminuir, melhorando a experiência do turista à saída de Portugal, levando-o a recomendar o nosso país como destino de compras”, explica Renato Lira Leite, Country Manager da Global Blue Portugal. Para além de economizar tempo, o novo eTaxFree vem permitir à alfândega um maior controlo, uma vez que “o sistema digital implica que todas as compras Tax Free fiquem registadas na base da AT, dotando-a de meios próprios e capazes de fazer toda a análise de risco”, acrescenta. Uma solução prática que ajuda a terminar em beleza a estadia destes turistas em Portugal. Para Renato Lira Leite, a experiência relacionada com o Tax Free poderá vir ainda a ser melhorada nos próximos anos. “O que interessa à Global Blue é acompanhar sempre as tendências daquilo que são as

ciais que levavam a uma maior inibição a este tipo de turismo estão, cada vez mais, a diminuir e, na nossa opinião, a tendência é que continue em forte crescimento, com Portugal a seguir esta tendência. Era quase um desperdício ter tantos turistas em Portugal e não deixarem tanto dinheiro na nossa economia local”, explica ainda o Country Manager da Global Blue. De acordo com a Organização Mundial do Turismo, em 2025, os turistas chineses gastarão 10,5 milhões de euros em compras durante as férias. Este valor representa uma oportunidade para Portugal e para todos os operadores neste segmento de mercado. Não sendo os únicos turistas a ter em atenção, a verdade é que os consumidores chineses se destacam bastante dos demais. Os turistas extracomunitários gastam num dia de compras o mesmo que os europeus numa semana. “É necessário encontrar a fórmula para medir o impacto do turismo em todas as suas vertentes. Não basta analisar o volume dos novos visitantes no sector do turismo, é preciso analisar o impacto dos seus gastos em todos os demais sectores. Só assim se poderá apurar a real dimensão de cada segmento do mercado de turismo nos bens e serviços mais sensíveis à qualidade. É tempo de inovar, de enfrentar novos desafios e de considerar novos modelos de promoção”, explica Dimas Gimeno, presidente do El Corte Inglés. “As nossas cidades possuem características que lhes permitem competir com êxito na ‘liga dos grandes’. Exibem cultura, música, arte, tradição, modernidade, capazes de atrair e encantar cidadãos de todas as partes do mundo. A nossa gastronomia, tanto a tradicional como a alta cozinha desenvolvida por grandes chefs portugueses, merece ser dada a conhecer e a quem, no exterior, tem capacidade para usufruir de toda esta oferta e sabe valorizar a qualidade”, conclui.

Fenómeno em ascensão O turismo de compras é um fenómeno em ascensão nas principais cidades europeias, como é o caso de Lisboa, que concorrem pela captação deste tipo de turistas, que chegam a gastar anualmente 245 mil milhões de euros em artigos de marcas de prestígio nas suas viagens pelo mundo. Este segmento do turismo gera crescimento económico de forma direta e rápida, mas também em “rede”, já que influencia não só o comércio como o investimento em grandes infraestruturas, a captação de investimento hoteleiro, gerando receitas associadas ao uso das novas tecnologias e meios de pagamento e potenciando o património artístico, cultural e até gastronómico. “Claramente, o turismo de compras está a ganhar um peso relativo cada vez mais importante enquanto segmento de turismo. Todas as barreiras ini-

RETA

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OS SABERES DA NOSSA MARCA


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E /AB IS MARÇO

Smart Discount : o

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TEXTO Susana Fernandes Client Manager

novo canal emergente em

Portugal

Aldi e Lidl foram das insígnias que mais desenvolveram compradores durante o ano de 2017, mas com focos de crescimento diferentes. Por um lado, o Lidl cresce via a sua marca própria, apostando na valorização da mesma com ofertas mais premium, enquanto o Aldi cresce sobretudo via a marca de fabricante. Lidl e Aldi são insígnias que já não estão apenas focadas no preço, juntando as preocupações com a qualidade, a experiência em loja e a responsabilidade social. Esta tendência não é só uma aposta em Portugal, mas global, trazendo também novos desafios para as insígnias líderes de todos os países onde estas duas cadeias estão a ter um forte desenvolvimento e impacto.


2017 foi um ano de recuperação para os portugueses e para Portugal, com forte aumento do turismo, mas também com outros indicadores positivos, como é o caso da baixa de desemprego, crescimento do PIB, etc., levando a que estejamos mais confiantes e predispostos a outros tipos de gastos. Gastos estes que passam por comprar mais tecnologia, mais carros, mais viagens, mais vestuário, mas também passarmos mais tempo fora de casa. Esta última tendência leva a que os portugueses continuem a consumir menos em casa, impactando o crescimento das compras para dentro do lar, nas categorias de FMCG, sobretudo nas de alimentação sem bebidas (-4% em volume). Mas existe um “target” que sai fora desta tendência, que são os seniores (50 e mais anos), que representam mais de 60% das ocasiões de consumo em FMCG e são os únicos que aumentam as ocasiões de compra. E quais os canais que mais atraem o “shopper”? O canal dinâmico (hipers/supers e discounts) é aquele onde existe a maior concentração de compras, representando mais de 80% do total do volume feito em FMCG, em 2017, sendo que é também neste canal onde existe um aumento das cestas médias em 2,3 pontos percentuais (p.p) versus 2014, levando a que tenhamos uma menor impulsividade da compra. No entanto, também as promoções, que parecem ter atingido o seu ponto máximo, levam a esta tendência, uma vez que, pela primeira vez nos últimos cinco anos, o número de compras com promoção estabilizou a sua evolução (+0,3% vs. 2016), consolidando a sua posição na rotina do “shopper”, não tendo este agora necessidade em antecipar as suas compras na procura de reduções de preços.

FMCG| % Peso em Volume dos canais da distribuição| 2017 vs homólogos

Insígnias reinventam-se para crescer em 2017 Também nas insígnias da distribuição moderna existe uma maior competitividade, uma vez que 31% dos lares compraram, pelo menos uma vez, em cinco ou mais insígnias (+3,6 p.p vs. 2016). Esta forte duplicação fez com que as insígnias tivessem de encontrar várias vias de crescimento, por um lado, incidindo no sortido/oferta, por outro, na expansão/remodelação. No primeiro caso, todas as insígnias apostaram nas suas marcas próprias, não só para os produtos de alimentação, mas também para os produtos de higiene e beleza, existindo cada vez mais uma valorização das mesmas com ofertas mais premium. Outra aposta foi criar um maior envolvimento com o “shopper”, quer seja por via de ofertas/ ações direcionadas para as crianças, mas também nas ações sociais, campanhas específicas tanto nas novas tendências saudáveis, como ações dentro da loja. No segundo caso, verificou-se uma grande aposta por parte de todas as insígnias em renovações e melhoramentos das suas lojas, para proporcionar uma melhor experiência de compra, mas também no desenvolvimento de formatos de loja de maior proximidade e conveniência. Transversal a todas estas vias de expansão está o canal online que,

apesar de ainda ser pequeno em Portugal, 1% do total do valor gasto em FMCG, assenta o seu crescimento no recrutamento de novos lares compradores (mais 95 mil lares vs. 2014).

FMCG| % Lares segundo o nº de Insígnias Visitadas| 2017 vs homólogo

Smart discounts cada vez mais na mente e na rotina do “shopper” português Dentro destas tendências, nasce também um novo canal, o Smart Discount, que tem como base duas insígnias, Aldi e Lidl, que foram das que mais desenvolveram compradores durante o ano de 2017, mas com focos de crescimento diferentes. Por um lado, o Lidl cresce via a sua marca própria, apostando na valorização da mesma com ofertas mais premium, enquanto o Aldi cresce sobretudo via a marca de fabricante, mas também com a sua marca própria, concentrando estes dois “players” mais de 70% do valor gasto na loja na sua marca própria. No que se refere às categorias de FMCG, o Lidl segue o seu foco em higiene e beleza, sendo esta uma das categorias que mais contribui para o seu crescimento, enquanto o Aldi tem em águas, legumes e verduras as categorias mais dinamizadoras da insígnia. Em comum têm o tipo de “shopper” que os procura, que já não são só os mais velhos, mas também os mais jovens. A sua estratégia de crescimento passa também por aberturas de lojas, mas sobretudo por remodelações, 3 deixando estas de ter o aspeto de armazém escuro e 1 desarrumado para passarem a ser lojas com corredores amplos, arrumados e com muita luminosidade, o que faz com que alguém que entre pela primeira vez nestas lojas não pense num discount. Também a aposta em produtos frescos e focados nas novas tendências saudáveis (produtos biológicos, “free from”, etc.), foi o foco em 2017, com muitas campanhas e ações, mostrando que este modelo de discount está a apostar na variedade e está consciente das preocupações do “shopper”.

FMCG | Penetração das Insígnias e Evolução em Volume | 2017 vs 2016

Lidl e Aldi são insígnias que já não estão apenas focadas no preço, juntando as preocupações com a qualidade, a experiência em loja e a responsabilidade social, ou seja, aliam a experiência da compra ao “value for money”. Esta tendência não é só uma aposta em Portugal, mas uma tendência global na Europa, como, por exemplo, em Espanha e Reino Unido, que está a agitar o panorama do mercado do retalho, trazendo também novos desafios para as insígnias líderes de todos os países onde estas duas cadeias estão a ter um forte desenvolvimento e impacto.

SE ANÁ/2L01I A 8 | M n.º50


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APA L E OC BRI D A Ç / A MAR M | TE /2018 50 n.º

A carne de porco veio de uma única célula suína, transformada em “carne limpa” (“clean meat”, em inglês) num laboratório. O esparguete ou o arroz foram editados geneticamente com CRISPR-Cas9. A alface foi produzida numa quinta hidropónica vertical, dentro de um contentor no centro da cidade. E a sobremesa de chocolate foi imprimida a partir de uma receita descarregada do website do restaurante favorito. Talvez o próprio frigorífico seja “inteligente”, enviando notificações a avisar da data de validade dos iogurtes. A era digital está definitivamente a transformar os alimentos que colocamos na mesa. Mas também está a alterar a natureza fortemente centralizada do atual sistema agrícola, democratizando a indústria alimentar e tornando a produção mais local do que nunca.


A revolução tecnológica está em marcha na indústria de transformação alimentar, pela mão de empresas que estão a desenvolver soluções inovadoras para substituir as quintas e as fábricas tradicionais, com ingredientes e produtos modificados cientificamente. Empresas que estão a replicar a natureza em ambientes controlados, aproveitando os avanços tecnológicos na engenharia de alimentos e de bebidas, tais como a carne produzida em laboratório, as impressoras 3D de comida e a edição genética. Os produtos daqui resultantes ainda são, na sua generalidade, caros e, em alguns casos, vai demorar vários anos até que possam ser comercializados de forma massiva. Contudo, muitos acreditam que este é o futuro da alimentação.

promover a sustentabilidade dos oceanos, desenvolvendo alternativas baseadas em vegetais para frutos do mar. O camarão sintético à base de algas é o primeiro produto da New Wave e, recentemente, tornou-se disponível em mercados selecionados. Estes produtos começam a sair do domínio do laboratório e a chegar ao consumidor. A Impossible Foods, por exemplo, está a aproveitar a tendência do hambúrguer sintético com o seu próprio desenvolvimento, com o nome de Impossible Burger. A empresa sediada em Silicon Valley já criou ondas na indústria das carnes alternativas com o lançamento do Impossible Slider na cadeia de fast-food White Castle, vendido a 1,99 dólares (1,65 euros). Agora, prepara-se para expandir além do mercado norte-americano e levar o seu principal produto para Hong Kong. Em 2017, 26% dos consumidores espanhóis, 13% dos polacos, “Carne limpa” 11% dos franceses, 9% dos italianos e 8% dos alemães com mais Vejamos o exemplo da chamada “carne limpa”, produzida em labora- de 16 anos expressaram que a carne sintética, cultivada ou de latório, onde os investimentos de multinacionais como a General Mills, boratório é uma ideia atrativa, segundo indica a Mintel no relatório Tyson, Cargill e Unilever, assim como do bilionário Bill Gates têm ace- “Tendências Mundiais em Alimentos e Bebidas para 2018”. Também lerado o seu ritmo de desenvolvimento e disponibilidade. o website Futurism identifica uma procura pela carne de laboratório. Tudo começou em 2013, quando o primeiro hambúrguer de carne Os consumidores norte-americanos parecem estar geralmente inteproduzida em laboratório, também conhecida ressados em carnes cultivadas, depois de um como “carne in vitro”, foi produzido pela Mosa estudo recente descobrir que 70,6% deles esMeat, uma startup da Holanda. Os investigatão recetivos a experimentar versões de carne dores foram capazes de desenvolver um hamde vaca criada em laboratório, 69,1% de carne Os consumidores nortebúrguer sintético de cerca de 140 gramas, que de porco, 62,9% de aves e 45% de peixe. americanos parecem realmente parecia e sabia a um hambúrguer O grande empurrão acontecerá quando a “carestar geralmente de verdade. O processo foi complicado e exne limpa” chegar às prateleiras dos supermercainteressados em carnes tremamente caro, levando a três técnicos de dos, o que não deverá estar assim tão distante laboratório cerca de três meses para combinar no tempo. Pelo menos na Índia, acontecerá até cultivadas, depois de um as 20 mil fibras de um hambúrguer. E com um 2025. A colaboração entre a Humane Society estudo recente descobrir custo de 250 mil euros. Entretanto, com os váInternational (HSI) e o Centro de Biologia Ceque 70,6% deles estão rios avanços tecnológicos na indústria, o preço lular e Molecular (CCMB) tem a capacidade de recetivos a experimentar desse hambúrguer foi reduzido para apenas 10 diminuir o consumo de carne e o abate de anieuros. mais em toda a Índia. A parceria opera com a versões de carne de vaca Como resultado, várias empresas já foram lanintenção de não apenas conectar startups a recriada em laboratório, çadas na esperança de estar na vanguarda desta guladores, mas também de promover a tecnolo69,1% de carne de porco, revolução alimentar. A Cargill, por exemplo, fez gia moderna que permita aos cientistas cultivar 62,9% de aves e 45% de um investimento decisivo na startup Memphis carne em laboratórios, usando células estamiMeats, com o objetivo de produzir carne sem nais extraídas de animais. O CCMB, sediado em peixe a necessidade de criar animais. Com sede nos Hyderabad, entre outras organizações de todo Estados Unidos da América, a Memphis Meats produziu a primeira o mundo, está a trabalhar ativamente para aprimorar a produção de almôndega de prova de conceito em 2016. Um ano depois, conse- “carne limpa”, aumentar a produtividade e colocar estes produtos nas guia obter 450 gramas de carne de bovino, mas a um custo de 1.998 prateleiras dos supermercados a um preço acessível. O diretor execueuros. Não obstante, como a empresa planeia trazer para o mercado tivo da HSI India, NG Jayasimha, disse ao The Economic Times que as almôndegas cultivadas em laboratório, bem como protótipos de “a tecnologia de ‘carne limpa’ está a tomar o mundo de assalto e a frango e pato obtidos a partir de células-mãe, tendo fixado como data ser alvo de investimento até dos maiores produtores de carne”. limite o ano de 2021, os custos continuarão certamente a descer. Biologicamente falando, a composição das células de “carne limpa” Introduzir no mercado produtos proteicos inovadores e amigos do não tem diferença para a carne tradicional, o que resulta num produambiente é também o objetivo da Dao Foods International, Inc., uma to que parece e tem o sabor da carne, eliminando a necessidade de nova empresa com sede no Canadá, que está a trabalhar para comer- criar e abater animais para obter os produtos que os consumidores cializar noo mercado chinês proteínas à base de vegetais e “carne desejam. A China, que é um dos maiores consumidores de carne do limpa”. A empresa resulta de um esforço colaborativo entre o grupo mundo, tem assistido, no entanto, nos últimos anos, a um aumende empreendimentos orientados para o impacto ambiental e social to do veganismo. Esta alteração no consumo pode, provavelmente, Dao Ventures, a Moonspire Societal Ventures e a empresa de inves- ser atribuída à mudança nas diretrizes dietéticas, a fim de incentivar timento privado New Crop Capital (NCC). Os grupos foram reunidos as pessoas a cortar no consumo de carne, mas também ao através dos esforços do Good Food Institute (GFI), uma organização fator ambiental. Até porque, em 2016, o Governo chinês norte-americana sem fins lucrativos que se concentra no uso de tec- anunciou planos para reduzir para metade o consumo de 15 nologia alimentar para revolucionar as indústrias de carne, lacticínios carne, até 2030, a fim de combater as alterações climáe ovos. ticas. Porém, nem só de carne vive esta revolução alimentar. A New Wave Para a criação de gado é necessária uma grande quantiTEMA Foods é uma jovem empresa de biotecnologia que tem como missão dade de cereais para o alimentar, assim como de água. n.º50

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ram amplamente adotados na agricultura. Embora os seus impactos positivos ou negativos sobre a produção e sobre o meio ambiente continuem a alimentar o debate, a noção de que o seu consumo não tem efeitos nefastos na saúde humana já conquistou o consenso da comunidade científica. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) afirma que um dos aspetos positivos dos OGM é que os agricultores podem produzir alimentos mais nutritivos. O arroz, por exemplo, alimenta 50% da população mundial. Ao modificar geneticamente o arroz para ter mais vitamina A, reduzir-se-ia a deficiência dessa vitamina nos países em desenvolvimento. A FAO também diz que os agricultores podem cultivar mais alimentos em menos terra com culturas geneticamente modificadas. E hoje são capazes de combater as inundações e as secas, usando culturas que foram geneticamente modificadas para resistir a condições ambientais tão extremas. Segundo o relatório da Mintel, 32% dos compraPor exemplo, para produzir um quilograma de carne de vaca, são ne- dores de frutas nos Estados Unidos da América estão interessados cessários 1.847 litros de água e a mesma quantidade de carne produz em frutas geneticamente modificadas para que durem mais tempo. o equivalente a 22,3 quilogramas de emissões de dióxido de carbono, Em 2011, a percentagem de OGM na produção mundial era de 83% contribuindo para as alterações climáticas a um ritmo alarmante. A para o algodão, 75% para a soja, 32% para o milho e 26% para a indústria da carne é responsável por cerca de 18% de todas as emis- colza. Esta produção encontra-se em 29 países, principalmente nos sões de gases com efeito de estufa, mais do que todo o transporte Estados Unidos da América, Brasil, Argentina, Índia e Canadá. Englobal combinado. quanto isso, o cultivo de OGM permanece proibido em mais de 30 As carnes produzidas “in vitro” são uma maneira de abordar este pro- nações. Em 2015, a maioria dos países da União Europeia decidiu blema. A “carne limpa” usa significativamente menos recursos do que bloquear o cultivo de oito novos tipos de OGM pendentes de novos a produção convencional, reduzindo, assim, a sua contribuição para o dados e aprovação de órgãos reguladores. No entanto, a União Euroaquecimento global. Além disso, o desperdício peia continua a ser o maior utilizador de OGM: e o uso de antibióticos são inexistentes na agri30 milhões de toneladas de grãos de soja e micultura celular. Em termos de saúde, o risco de lho geneticamente modificados são necessários contaminação bacteriana é drasticamente repara a alimentação animal a cada ano. A Organização das Nações duzido. É conhecido o apoio da Food and Drug Na maioria dos casos, os agricultores que usam Administration (FDA) à “carne limpa”, convicta Unidas para Agricultura e tecnologias OGM fazem-no para aumentar a de que a sua introdução poderia ajudar a reduzir produtividade, minimizando perdas relacionaAlimentação (FAO) afirma as doenças transmitidas pelos alimentos. das com pragas, ou retornos financeiros, reque um dos aspetos Estes produtos pioneiros poderão contribuir duzindo a mão-de-obra ou o uso de produtos positivos dos OGM é que para que os consumidores passem a apreciar fitossanitários específicos. Em 2014, uma anáos agricultores podem os benefícios que os produtos cientificamente lise a 147 estudos realizados em todo o munproduzir alimentos mais modificados poderão ter sobre o abastecimendo nos 20 anos anteriores afirmava que, “em to tradicional de alimentos e bebidas, especialnutritivos. O arroz, por média, a adoção de tecnologia OGM reduziu mente em termos da sua capacidade de aliviar o uso de pesticidas em 37%, aumentou a proexemplo, alimenta 50% parte da pressão enfrentada por este sistema, dutividade em 22% e aumentou os lucros dos da população mundial. Ao diz a Mintel. Várias empresas inovadoras estão agricultores em 68%”. modificar geneticamente a tentar criar uma maior consciencialização Embora estas soluções tenham um apelo óbvio o arroz para ter mais sobre o assunto, destacando as vantagens dos para a produção agrícola, os seus opositores envitamina A, reduzir-seseus produtos face às tradicionais cadeias de fatizam que as incertezas persistem em relação fornecimento de alimentos e bebidas. A norteia a deficiência dessa ao seu impacto ambiental. Citam, entre outros -americana Beyond Meat enfatiza que, quando aspetos, a possibilidade de transferir genes para vitamina nos países em os consumidores compram as suas refeições outras espécies, o uso excessivo de certos prodesenvolvimento prontas, produzidas em parceria com a General dutos fitossanitários e a consolidação do cultivo Mills, “estão a ajudar a Mãe Natureza e a ter efeitos positivos nas intensivo em detrimento de outras abordagens mais sustentáveis. A alterações climáticas, ao conservar água, energia e recursos da terra”. questão permanece em aberto e ainda é debatida na maioria dos níA Impossible Foods é ainda mais específica, dizendo que o seu ham- veis governamentais e intergovernamentais. búrguer vegetal usa 95% menos terra, 74% menos água e gera 87% Contudo, à medida que as alterações climáticas estimulam os períomenos emissões de gases com efeito de estufa do que a atual cadeia dos de seca e de inundações em diferentes áreas do planeta, as várias de abastecimento de carne. soluções para a indústria agrícola ficaram debaixo dos holofotes. Uma alternativa à produção massificada de OGM, e que está a ganhar cada Transformação agrícola vez mais tração, é a agricultura urbana. Esta agricultura vertical de in16 Desde que os organismos geneticamente modifi- terior traz armazéns hidropónicos para os centros urbanos e consegue cados (OGM), ou culturas transgénicas, maior produção de alimentos por metro quadrado, além de reduzir apareceram, pela primeira vez, no custos e impactos ambientais. “A maior parte da agricultura moderna início dos anos 1990, fo- é extrativa; tira apenas e não coloca nada de volta. Julgo que os dias

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das grandes empresas e da grande agricultura estão a tornar-se dis- comeriam a galinha, mas muito raramente. Agora, comemos frango funcionais, por causa dessa natureza extrativa”, disse Nick Barnard, todos os dias. Produzimos ovos a partir de um sistema miserável e, de cofundador da empresa Rude Health, numa entrevista à Grande Con- repente, percebemos que a qualidade não é boa. Não têm ómega-6 sumo. “As microempresas começaram a devolver o equilíbrio. Uma suficiente, não são muito bons, não duram muito. Então, apostamos pessoa visita Londres ou Berlim e vê microempresas em todo o lado. no orgânico. Estamos numa fase de transição. Podemos, nas nossas Na agricultura é o mesmo e os jovens estão a começar a voltar-se vidas, tomar decisões sobre os alimentos, mesmo na nossa própria para a agricultura e adicionar as suas próprias ideias. É um passo casa. Podemos produzir a nossa própria comida em casa e responsaainda pequeno, mas está a mudar a paisagem”. bilizarmo-nos pela nossa própria alimentação. Ou assumir a responHá um movimento em rápida expansão para levar este tipo de pro- sabilidade, incentivando os produtores certos, às vezes pequenos”. dução de alimentos aos centros urbanos de todo o mundo. É fácil Já se tornou claro que a agricultura vertical é eficaz. Ao empilhar as ver o apelo. Teoricamente, as quintas hidropóquintas e ao usar os avanços na digitalização e nicas poderiam permitir cultivar alimentos 24 automação, aquelas provaram ser 100 vezes horas por dia, proteger as colheitas de climas mais produtivas por hectare do que as técnicas imprevisíveis e até eliminar o uso de pesticidas, agrícolas tradicionais. Frutas e legumes frescos Já se tornou claro que fertilizantes e herbicidas. Mover a produção de cultivados na mesma cidade onde serão cona agricultura vertical alimentos das zonas rurais para as áreas urbanas sumidos significam, ainda, menos emissões de é eficaz. Ao empilhar reduz os custos de transporte e permite que os dióxido de carbono pelo transporte, produtos alimentos frescos sejam entregues à crescente frescos durante todo o ano e um ambiente conas quintas e ao usar os população urbana global. Só em 2015, cerca trolado, o que reduz o risco de doenças e secas. avanços na digitalização de 9,9% da população mundial envolveu-se, de Além disso, as quintas verticais produzem mais e automação, aquelas alguma forma, na agricultura urbana, produzinrápido enquanto usam 40% menos energia provaram ser 100 do cerca de 17% dos alimentos do mundo. A que as quintas convencionais, com 80% mevezes mais produtivas maior parte desta atividade é de pequena escala nos desperdício de comida e usando 99% mepor hectare do que e, muitas vezes, de agricultura de subsistência, nos água do que os campos ao ar livre. No enmas isso está a mudar à medida que a tecnotanto, o problema para quintas verticais ainda as técnicas agrícolas logia permite uma infraestrutura agrícola mais é o custo e não está claro quando serão viáveis tradicionais compacta. numa base comercial. Nick Barnard descreve ainda que, em Londres, as pessoas estão agora O fisiologista de plantas japonês Shigeharu Shimamura, CEO da Mirai a começar a criar galinhas no seu pequeno quintal e começam a per- Co., fez uma parceria com a GE Japão para construir a maior quinta ceber que podem ter um relacionamento com a natureza e com a co- coberta do mundo na província de Miyagi, no leste do Japão. A antiga mida. “Tratamos as galinhas como uma fonte de carne, desde 1950, fábrica da Sony abriga agora avançados equipamentos de hidroponia de uma forma que os nossos antepassados nunca iriam entender. que permitem que os trabalhadores colham milhares de alfaces por Uma galinha dava-lhes ovos e, talvez, se tivessem uma celebração, dia.

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Por seu turno, a startup nova-iorquina Bowery está as plantas podem absorver, enquanto as plantas limpam a água para a impressionar a indústria de alimentos orgânicos com os peixes. Em comparação com a agricultura convencional, esta teco uso da agricultura vertical em ambientes fechados. Depois nologia utiliza cerca de metade da água e também pode criar uma de conseguir um financiamento de 20 milhões de dólares (16,56 quantidade significativa de peixe. milhões de euros) no verão passado, a empresa está atualmente no processo de construção da sua segunda quinta vertical em Kearny, Impressão 3D Nova Jérsia. Mas existe algo quase tão importante quanto a origem dos produtos. A Bowery é mais eficiente do que a agricultura tradicional, pelo facto Como diz o ditado popular, “os olhos também comem”. Hoje, fornedo processo ser ambientalmente controlado. As quintas convencio- cem-se alimentos a um ritmo diferente de tudo o que já se testemunais estão ao ar livre e sujeitas às estações do ano e à “mão” da na- nhou anteriormente, em grande parte devido à indústria do fast-food, tureza, enquanto as quintas verticais interiores mas pode argumentar-se que isso foi conseguida Bowery podem consistentemente produzir do à custa da apresentação. o mesmo nível de colheitas de boa qualidade Os filmes de ficção científica imaginam um fudurante todo o ano. A Bowery está a repensar turo alimentar em que as refeições aparecem As quintas verticais a aparência da agricultura num mundo onde a magicamente com o pressionar de um botão. produzem mais rápido água é escassa, as pessoas vivem nas cidades Quando se pensa no futuro da alimentação, é enquanto usam 40% e a despertar para os perigos dos pesticidas e impossível deixar de lembrar da tecnologia remenos energia que as outros produtos químicos, explica a equipa. “A volucionária (embora fictícia) conhecida como quintas convencionais, nossa produção pós-orgânica vem de um proreplicadores, um dispositivo usado em todo o cesso crescente que não só tem um impacto universo da série Star Trek, que permitia aos com 80% menos positivo na nossa saúde, mas também na saúseus utilizadores gerar objetos físicos do nada, desperdício de comida de do mundo ao nosso redor”. incluindo alimentos e bebidas. e usando 99% menos A proposta de valor deste tipo de soluções agríHoje, as impressoras tridimensionais, máquiágua do que os campos colas é de tal forma atrativa, que, tal como no nas que cabem em cima de uma secretária e ao ar livre. No entanto, caso da “carne limpa”, está a chamar a atenção criam objetos 3D a partir de plásticos, metais o problema para quintas dos pesos-pesados da indústria alimentar. Ree outros materiais, podem fazer praticamente centemente, a McCain Foods fez um investiqualquer coisa. Jatos de alta precisão produzem verticais ainda é o custo mento estratégico na tecnologia de agricultura implantes médicos personalizados. As imprese não está claro quando vertical. A empresa apostou na empresa canasoras de fibra de carbono fazem protótipos de serão viáveis numa base dense TruLeaf Sustainable Agriculture, que deautomóveis de alta precisão. E os modeladores comercial senvolve uma tecnologia de agricultura vertical mais simples geram brinquedos, joias, decorapara espaços interiores, que permite cultivar verduras durante todo o ções para a casa e roupas personalizadas, com nada mais do que um ano de uma forma sustentável. As quintas verticais permitem que os ficheiro digital. sistemas de cultivo possam localizar-se em plenos centros urbanos Mas há uma nova fronteira na impressão 3D: a alimentação. Inovaou comunidades remotas com climas agressivos, reduzindo os custos ções recentes tornaram possível criar máquinas que imprimem, corelacionados com o transporte e ambientais, defende a TruLeaf. zinham e servem alimentos em larga escala. Idealmente, as impresO investimento nesta empresa destina-se a apoiar diretamente a es- soras 3D de alimentos podem vir a melhorar o valor nutricional das tratégia de inovação da McCain Foods, que tem apostado nas parcerefeições, produzir esculturas intrincadas a partir de produtos rias com empreendedores para desenvolver e comercializar tecnoloquotidianos e resolver a fome em regiões do mundo que não gias agroalimentares. “A McCain possui um registo de 60 anos em têm acesso a ingredientes frescos e acessíveis. práticas agrícolas avançadas, ao serviço da qualidade das culturas A maioria das impressoras 3D de alimentos são de deposie standards ambientais”, afirma Max Koeune, presidente e CEO da ção, o que significa que depositam camadas de matéria-prima empresa. “Ao longo deste tempo, temos trabalhado de perto com num processo conhecido como manufatura aditiva. Uma várias instituições de investigação, parceiros tecnológicos e com nova categoria de impressora 3D - impressoras de ligação a nossa rede global de agricultores. Continuamos comprome– faz aderir materiais com um tipo de cimento comestível. A tidos com esta abordagem e, como tal, estamos semúltima geração de impressoras é mais evoluída, combinanpre recetivos a colaborar com negócios inovadores, do bicos, material em pó, lasers e braços robóticos como a TruLeaf, para continuar a definir novos para fazer esculturas de açúcar, chocolate padrostandards de proteção ambiental e de eficiência nizado e massa folhada entrelaçada. A ChefJet da no cultivo”. 3D Systems cristaliza finas camadas de açúcar em As quintas da TruLeaf localizam-se próximo de pó numa variedade de configurações geométricas. grandes centros urbanos, o que permite reduzir Outra, a Choc Edge da Natural Foods, de Barcelona, a pegada ambiental do campo à mesa. A empredispensa o chocolate das seringas em padrões intrisa vende os seus produtos no retalho e canal de cados. “food service”, sob a marca GoldLeaf. Impressoras mais avançadas podem fazer ainda Outra tecnologia que tem potencial para o futuro mais. A Foodini, por exemplo, usa ingredientes fresdos alimentos é uma combinação única de piscicos carregados em cápsulas de aço inoxidável para cultura (aquacultura) com hidroponia (cultivo de fazer produtos como pizza, massa recheada, quiplantas sem uso de solos). Esta integração é ches e brownies. A Barilla, por seu turno, tem uma relativamente nova. Em suma, os peixes conmáquina que imprime “noodles” a partir de água vertem os seus alimentos em nutrientes que e farinha de sêmola. E há ainda o protótipo de n


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Organização Holandesa para a Pesquisa CienHod Lipson, professor de engenharia mecânica tífica Aplicada desenvolveu um método de na Universidade de Columbia, que fabrica barimpressão para microalgas, uma fonte natural ras nutricionais e pastelaria simples. A população urbana está de proteína, hidratos de carbono, pigmentos e O primeiro restaurante a servir exclusivamente a aumentar em todo o antioxidantes. pratos confecionados a partir de uma impresJoseph F. Coughlin, fundador e diretor do Agesora 3D abriu em 2016 e escolheu Londres mundo e os sistemas Lab no Massachusetts Institute of Technology, para a estreia mundial. Chama-se Food Ink e alimentares de ontem acredita que a impressão 3D pode reduzir o utiliza impressoras 3D fabricadas pela compaem breve estarão abaixo uso de combustível e as emissões de dióxido nhia holandesa byFlow, inventora da primeira do ideal para muitas das de carbono. As mercearias do futuro poderão impressora 3D multimaterial portátil do mundo, ter “cartuchos de alimentos” que duram anos para criar pratos como humus, sobremesas de megacidades, que estão a a fio, em vez de ingredientes inteiros perecíveis, chocolate, biscoitos, caviar de azeite, queijo de “inchar” com dezenas de libertando espaço nas prateleiras e reduzindo os cabra e massa de pizza. Na página da empresa, milhões de pessoas requisitos de transporte e armazenamento. a Food Ink explica que o seu objetivo é “usar Mas estas impressoras poderão fazer mais do a linguagem universal da comida como uma maneira divertida e acessível de promover a consciencialização sobre que produzir alimentos renováveis e amigos do meio ambiente; tamas incríveis possibilidades da impressão em 3D e outras novas tec- bém têm o potencial de revolucionar a nutrição. Neste tema, a NASA nologias promissoras” e que serve como “uma plataforma para uma está na vanguarda. Em 2013, a agência experimentou tecnologias conversa pública sobre as tecnologias emergentes que estão constan- que poderiam preservar os alimentos em missões de longo prazo, contemente a desafiar e a transformar a forma como comemos, criamos, cedendo um contrato de 125 mil dólares (103.485 euros) à Systems & Materials Research Corporation (SMRC) para desenvolver um sispartilhamos e vivemos”. São já várias as cozinhas industriais, padarias e pastelarias comer- tema de impressão alimentar em 3D para astronautas. ciais que estão a usar impressoras 3D de alimentos para economizar As futuras impressoras 3D de alimentos poderão também tornar os tempo e esforço. Há um potencial de mercado. A XYZprinting Food alimentos processados mais saudáveis. Hod Lipson prevê que as futuPrinter que a XYZprinting revelou no Consumer Electronics Show ras impressoras serão capazes de fornecer dosagens exatas de medi2015, em Las Vegas, já está a fazer bolachas prontas a cozinhar, pi- camentos, vitaminas e suplementos, assim como alimentos personazzas, tartes de carne e scones para padarias na China e uma cadeia lizados para as necessidades calóricas específicas de um determinado utilizador. Adicionalmente, a impressão é promissora para aqueles que padecem de doenças e alergias. Na Alemanha, um grupo de lares de idosos adotou uma tecnologia de impressão 3D que prepara vegetais, como cenouras e brócolos, em moldes macios, nutritivos e fáceis de mastigar. E a WASP, uma empresa de impressão 3D italiana, está a testar uma impressora que pode produzir versões sem glúten de alimentos populares.

de retalho alimentar australiana. Hervé Malivert, diretor de tecnologia de alimentos e coordenador de culinária do Centro Internacional de Culinária, defende que a tecnologia é democratizante. “Com uma impressora 3D, pode-se imprimir complicadas esculturas de chocolate e belas peças para decoração num bolo de casamento”, disse à Digital Trends. “Nem toda a gente pode fazer isso - são necessários anos e anos de experiência -, mas uma impressora facilita”. A população global deverá crescer para cerca de 9,8 mil milhões até 2050, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas, e os analistas projetam que a produção de alimentos precisará de ser aumentada em 50% para manter os níveis atuais de consumo. A impressão 3D de alimentos não é uma solução completa, mas os especialistas acreditam que as impressoras que usam hidrocolóides, ou substâncias que formam géis com água, poderiam ser usadas para substituir os ingredientes basilares de pratos familiares com produtos abundantes renováveis, como algas ou lentilhas. Uma equipa da

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O futuro dos alimentos A população urbana está a aumentar em todo o mundo e os sistemas alimentares de ontem em breve estarão abaixo do ideal para muitas das megacidades, que estão a “inchar” com dezenas de milhões de pessoas. O atual sistema agrícola é incrivelmente produtivo, mas também tem sérios problemas. A produção, o processamento e o transporte de alimentos são responsáveis por uma significantiva quantidade de emissões de gases com efeito de estufa e quantidades enormes de alimentos são desperdiçadas, a cada ano, em algumas partes do mundo, enquanto outras regiões sofrem com a escassez. Más condições de trabalho, ecossistemas poluídos e bem-estar animal são ainda outras das preocupações que as pessoas têm sobre o paradigma de hoje na produção alimentar e cadeias de fornecimento. A adaptação ao mundo em mudança, utilizando os avanços da tecnologia, vai permitir-nos reimaginar todo o sistema alimentar. E, à medida que estas novas tecnologias expandem e atingem os mercados, o futuro dos alimentos poderá mudar drasticamente. Muitos produtos irão conhecer o insucesso, mas outros vão manter-se nas cadeias de fornecimento e tornar-se culturalmente aceitáveis e comercialmente viáveis. Cada vez mais, devemos ver os alimentos a serem cultivados localmente em arranha-céus de quintas verticais. Com a população global a crescer em mais de um milhão de pessoas a cada semana, encontrar e testar novas soluções alimentares será essencial para se aproveitar ao máximo os recursos limitados.


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“Supersize Me”

TEXTO Carina Rodrigues FOTOS Shutterstock

10 cadeias de supermercados são responsáveis pela comercialização de quase 50% dos alimentos vendidos na União Europeia. Apenas 50 indústrias garantem metade das vendas de alimentos no mundo, só quatro empresas produzem 60% dos alimentos para crianças e 80% do mercado de chá é controlado por três operadores. Uma monopolização alimentar para a qual a Friends of The Earth Europe alerta, por acarretar riscos em termos de sustentabilidade futura.

O “Agrifood Atlas” proporciona dados sobre a concentração da produção alimentar e as suas consequências em termos de emprego, condições laborais, produção no futuro ou a capacidade de escolha dos consumidores. O estudo foi feito em colaboração com a Fundação Rosa Luxemburgo e a Fundação Heinrich Boll e a sua apresentação coincidiu com a decisão da Comissão Europeia sobre a autorização da fusão entre a Monsanto e a Bayer. De facto, das 12 maiores fusões assinaladas nos últimos dois anos, cinco envolveram empresas do sector agroalimentar. Os negócios entre a Bayer e a Monsanto, a Kraft e a Heinz ou a Dow e a DuPont são apenas a ponta do icebergue. Um outro estudo da responsabilidade do lobby agrícola italiano Coldiretti, apresentado no Fórum Internacional de Agricultura e Alimentação, após a aquisição da Whole Foods Market pela Amazon, a que a Google respondeu com uma aliança com a Walmart, líder mundial em distribuição de alimentos, vem confirmar esta situação. Um pe-

queno número de multinacionais controla a cadeia de abastecimento alimentar global, das sementes aos pesticidas, passando pela transformação industrial e distribuição comercial, prática que, de acordo com o Coldiretti, coloca a liberdade de escolha por parte do consumidor em risco, assim como os standards de segurança alimentar. A associação adverte que 1,4 mil milhões de agricultores estão “nas mãos de poucos grandes grupos multinacionais, que ditam as regras do mercado e, também, controlam a compra e marketing de produtos agrícolas e alimentares”. A montante, o estudo nota que, após as fusões da Dow com a Dupont, da Bayer com a Monsanto e da ChemChina com a Syngenta, três empresas podem passar a controlar mais de 70% dos produtos fitossanitários para a agricultura e mais de 60% das sementes a nível global. Uma situação sem precedentes que desencadeou as preocupações da própria Comissão Europeia, que decidiu abrir uma investigação aprofundada sobre a operação para verificar se a fusão entre a


Bayer e a Monsanto limita a concorrência nos sectores de sementes e produtos de proteção das culturas. A jusante, 90% do mercado de cereais é controlado por quatro grupos, designadamente ADM-Archer Daniels Midland, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus Commodities. Já no processamento alimentar, 10 grandes empresas de alimentação e bebidas representam 37,5% da quota das 100 principais empresas. E no sector do retalho alimentar, outras 10 empresas são responsáveis por 29,3% das vendas globais, lideradas pela Walmart. Recentemente, a Amazon desembarcou neste mundo com a aquisição da Whole Foods e, considerando a sua capacidade para antecipar as necessidades dos consumidores e analisar a procura, espera-se que entre no top 10 da distribuição no espaço de uma década.

liado em 62 mil milhões de dólares e que criou o quinto maior 25 grupo de alimentos e bebidas a nível mundial. No ano passado, através da Kraft Heinz, a 3G tentou comprar a Unilever, que rejeitou a oferta de 143 mil milhões de dólares. Também no sector das bebidas, a 3G tem seguido uma estratégia semelhante. Através de sucessivas fusões em 2004 e 2008, a Ambev, juntamente com a belga Interbrew e a norte-americana Anheuser-Busch formou a AB Inbev, a maior cervejeira do mundo. Em 2015, esta absorveu a SABMiller. O resultado é uma empresa que detém 25% das vendas de cerveja a nível mundial e 45% dos lucros do sector. Juntas, a AB Inbev e a SABMiller controlam sete das 10 marcas de cerveja mais importantes a nível mundial, incluindo a Budweiser, a Corona, a Stella Artois, a Becks e a Jupiler. Estas grandes fusões entre empresas agroalimentares resultam na Percurso intensificação da produção ao longo de toda a cadeia, pelo que, atualO atual sistema agroalimentar remonta as suas origens ao final do sé- mente, 20% dos terrenos agrícolas do planeta estão degradados. A culo XIX, em Inglaterra, que era então a potência comercial dominan- onda de fusões procura dominar e poupar custos no mercado global, te. As primeiras organizações com alcance global surgiram por uma o que, indica a Friends of The Earth Europe, se traduz na perda de misérie de diferentes motivos, tanto de índole tecnológica como insti- lhares de postos de trabalho e na deterioração das condições laborais. tucional. O trabalho agrícola foi mecanizado, os agroquímicos foram O relatório do Coldiretti conclui que, por cada euro gasto pelo coninventados e começaram a ser comercializados, os comboios, barcos e sumidor em alimentação, menos de 15 cêntimos vão para os agriportos revolucionaram o transporte e novas tecnologias melhoraram cultores. O restante é dividido entre a indústria de transformação e a preservação e armazenamento dos alimentos. a distribuição comercial. O preço de um produto multiplica-se quase Com o aumento do protecionismo e o declínio do comércio na pri- sete vezes do campo à mesa, devido às “distorções e especulações ao meira metade do século XX, as grandes emprelongo da cadeia de abastecimento”, mesmo que sas norte-americanas e europeias tornaram-se a situação varie de produto para produto. “Estatransnacionais, ao investir noutros países, em mos a viver”, sublinha o presidente do Coldiretti, vez de se limitarem a exportar os seus produRoberto Moncalvo, “um roubo de valor agregaA globalização da tos. E assim emergiram os oligopólios, onde do onde, sem qualquer benefício para os consuprodução alimentar poucos operadores determinam o que acontemidores, os produtos agrícolas são mal pagos, através das ce, em várias etapas da cadeia de valor. muitas vezes abaixo dos custos de produção”. multinacionais criou O processo acelerou com o processo de reconsuma distância física trução da Europa após a Segunda Guerra MunAlternativas e psicológica entre dial e foi reforçado pela emergência de novas Apesar da elevada produção alimentar, a fome categorias de produto, como o fast food, os continua a persistir entre a população mais eno campo e a mesa. A snacks e as bebidas. O crescimento económico velhecida. A colheita global dos cultivos equicomida chega embalada do pós-guerra e o crescimento dos rendimenvale a uma média de 4.600 quilocalorias por ao supermercado com tos levaram a uma mudança das dietas, com as pessoa e dia, mas mais de metade se perde na poucos vestígios das suas opções alimentares a expandirem. A mercearia cadeia alimentar. origens rurais familiar deu lugar ao supermercado. A globalização da produção alimentar através das multinacionais criou uma distância física e Super potências psicológica entre o campo e a mesa. A comida chega embalada ao Muitos dos atuais líderes foram fundadores do sistema agroalimentar supermercado com poucos vestígios das suas origens rurais. Mas moderno, casos da Cargill (cereais), John Deere (maquinaria), Unile- são cada vez mais as pessoas que questionam este sistema alimenver (processamento alimentar), Nestlé (processamento alimentar), tar dominante. “Um movimento crescente de pioneiros em todo o McDonald’s (fast food) e Coca-Cola (bebidas). Mas estão a emergir mundo está a tentar mudar a forma como se produzem e consomem novos atores. Como nota o estudo “Agrifood Atlas”, duas empresas os alimentos. Estão a tentar tornar os sistemas alimentares mais sobrasileiras são agora líderes mundiais no sector da carne. “A BRF cialmente justos, amigos do ambiente e independentes das grandes (anteriormente Brasil Foods) expandiu-se para a Argentina, o Mé- corporações”, nota a Friends of The Earth Europe. dio Oriente e a Tailândia. A JBS absorveu a Swift, a Pilgrim’s Pride A ideia de agroecologia não é nova e têm existido manifestações e parte da Smithfield Foods, três dos maiores produtores de carne neste sentido há décadas. A diferença é que, agora, os institutos de norte-americanos”. pesquisa, a sociedade civil, as Nações Unidas e alguns governos estão Uma única firma de “private equity”, a brasileira 3G Capital, contro- a começar a adotar o conceito. Um conceito que não deve ser conla alguma das maiores empresas alimentares e de bebidas do mun- fundido com agricultura ecológica ou sustentável, ou seja, produzir do. Fundada em 2004 por Jorge Paulo Lemann, que fez riqueza em mais com menos recursos, porque é mais lato e configura todo um investimentos e aquisições que resultaram na formação da gigante processo transformativo, político e social. A agroecologia promove os cervejeira brasileira Ambev, a 3G é caracterizada pela sua agressiva métodos de promoção que são ligados aos ecossistemas locais e já estratégia de negócios. Em 2010, comprou o Burger King e assumiu está a ser utilizada na produção de arroz a nível mundial. a sua dívida por quatro mil milhões de dólares. Em 2013, uniu-se à Os consumidores, por seu turno, estão também a tornar-se mais indeBerkshire Hathaway de Warren Buffet e assimilou a Heinz. Dois anos pendentes das grandes nacionais, ao optarem por comprar cada vez depois, esta fundiu-se com o Kraft Foods Group num negócio ava- mais diretamente aos produtores.

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TEXTO Bárbara Sousa FOTOS Shutterstock

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O novo consumidor vegan O veganismo, que em termos dietéticos significa dispensar produtos derivados de animais totalmente – parcialmente, no caso dos vegetarianos –, está definido como uma das principais tendências para 2018. De facto, cada vez mais se pode dizer que o veganismo se tornou “mainstream”, à medida que mais restaurantes e supermercados se dedicam a atender às necessidades de uma dieta baseada em plantas. Longe vão os dias em que quem abdicava da carne encontrava escolhas limitadas. Hoje, vegans, vegetarianos e curiosos podem facilmente encontrar alternativas para gelados, pizzas, bebidas e até fast-food.


Um estudo recente, realizado pela Nielsen para a Plant esta tendência, sustentando que o mercado global de proteínas à Based Foods Association (PBFA) e o The Good Food base em plantas deverá ultrapassar os 8,28 mil milhões de euros até Institute, revela que o mercado norte-americano de ali- 2022, crescendo 6,7% durante o período de 2017 a 2022. mentos à base de produtos vegetais acaba de superar os 2,57 mil milhões de euros. Além disso, as vendas destes alimentos Desistir da carne experimentaram um crescimento de 8,1% desde o ano anterior. 70% da população mundial está a abandonar a carne, reduzindo a Francisco Reis, CEO do Grupo Equanto, acredita que irá haver cada sua ingestão ou evitando-a completamente, em favor da proteína vez mais uma preocupação e, a certa altura, a necessidade de alterar vegetal. À medida que os consumidores procuram uma alimentação os hábitos alimentares com o incremento de alimentos à base de mais saudável e com menor impacto no planeta, produtos como a plantas. “O aumento da população e o desafio da produção alimen- proteína de ervilha em pó, hambúrgueres à base de vegetais, queijo tar global, a influência da agropecuária nas alterações climáticas, à base de nozes, miolo de jaca desfiado e chouriço de soja estão a os benefícios reconhecidos de uma alimentação que privilegia o aparecer nos menus dos restaurantes e nas lojas. consumo de vegetais, frutas e leguminosas ou mesmo a preocu- Em 2016, a região da Ásia-Pacífico detinha a maior parcela de conpação com o bem-estar animal são factos que nos levam acreditar sumidores vegan a nível mundial, com aproximadamente 9% das pessoas a seguir uma dieta deste tipo. De acordo com um relatório que o futuro está nos alimentos à base de plantas”. Espera-se que as alternativas lácteas de base vegetal representem da Statista, a China será o mercado onde os produtos vegan irão 40% do total combinado de lacticínios até 2020, quase duplicando crescer mais rapidamente, entre 2015 e 2020, com uma taxa de os 25% de 2016, de acordo com a Packaged Facts. A empresa crescimento de 17,2%, seguida pelos Emirados Árabes Unidos e de estudos de mercado prevê novos tipos de leites vegetais para pela Austrália. encontrar audiências mais amplas, incluindo de cevada, cânhamo, Nos Estados Unidos da América, uma pesquisa conduzida pelo California Walnut Board, em abril, apurou que 83% dos norte-ameriervilha, linho e quinoa. No período entre 2010 e 2015, só as vendas de leite de amêndoa canos estão dispostos a fazer refeições sem carne, usando nozes, cresceram 250%, para mais de 740,62 milhões de euros, segundo legumes, feijões, ervilhas e lentilhas em vez produtos de origem animal. Já no Reino Unido, de acordo com a Nielsen. Durante o mesmo período, indica a a The Vegan Society, o número de pessoas consultora, o mercado total de leite encolheu que se consideram vegan cresceu de 150 mil, mais de 830 mil euros. Em 2015, as vendas em 2006, para mais de 542 mil, em 2016. de leite de amêndoa cresceram 7,8%, enquanIsto significa uma evolução acima de 360%. to as de leite de origem animal caíram 7%. Em Portugal, mais de 20% dos britânicos com menos de 35 anos Isto segue um padrão estabelecido em 2012 e quatro em cada 10 já fizeram uma dieta vegan, o que sugere um 2013, quando as vendas de leite de amêndoa consumidores consideram aumento desta tendência de consumo à mecresceram 59,8% e 50%, respetivamente, ena alimentação dida que as gerações mais jovens adotam este quanto as de leite tradicional diminuíram 0,7% estilo de vida. e 1,7%, respetivamente. vegetariana nutritiva, Por sua vez, um estudo da Mintel descobriu O Market Watch da Mintel informa que a segundo um estudo do que 28% dos britânicos reduziram drasticaDean Foods, a maior fornecedora de leite Centro Vegetariano, mente o consumo de carne no período de seis norte-americana, divulgou um lucro líquido meses concluído em março de 2017. O esde apenas 1,16 milhões de euros no terceiro realizado em setembro tudo também apurou que 54% das pessoas trimestre de 2017, abaixo dos 12 milhões de de 2017 pela Nielsen citavam o bem-estar animal como a principal euros do mesmo período do ano anterior. Esta razão, destacando-se os aspetos ambientais tendência de queda não se limita apenas aos Estados Unidos da América: a maior fornecedora de lacticínios da como os mais importantes para aqueles com menos de 25 anos Austrália, a Murray Goulburn, anunciou uma queda de 22% nas de idade. 50% dos britânicos experimentaram produtos sem carne vendas de leite no ano fiscal passado. Enquanto isso, a Elmhurst, dentro do período do estudo. um dos mais antigos produtores de lacticínios da costa leste norte-americana, decidiu, em 2017, ao fim de 92 anos, passar a produzir Portugal Em Portugal, mais de quatro em cada 10 consumidores consideram apenas leite à base de plantas. O queijo vegan também está a descolar, com um mercado global a alimentação vegetariana nutritiva, segundo um estudo do Centro que deve atingir quase 3,31 mil milhões de euros até 2024, cres- Vegetariano, realizado em setembro de 2017 pela Nielsen, com o cendo a uma taxa anual composta de 7,6%, entre 2016 e 2024, objetivo de analisar a perceção dos portugueses acerca desta opção de acordo com um relatório da Bharat Book. O queijo vegan é feito de consumo. Quando questionados acerca do valor nutricional de completamente à base de plantas e é produzido com leite de amên- uma alimentação com base vegetal, 42% dos portugueses condoa, leite de soja, leite de arroz ou de outras fontes, como leite de cordam que fornece todos os nutrientes essenciais à saúde. Dos inquiridos, 39% indicaram ainda conhecer pelo menos uma pessoa coco ou leite de amendoim. A indústria dos ovos também começou a sentir o aperto. As ações que segue uma alimentação exclusivamente vegetal. “A procura da Cal-Maine Foods, uma produtora de ovos presente, desde 1969, por este tipo de produtos tem vindo a aumentar significativamente em Jackson, no Mississippi, caíram 7% em julho deste ano, regis- e isso pode ser visível com a abertura de novos espaços vegetatando a primeira perda anual da empresa em mais de 10 anos. O rianos e vegan pelas grandes cidades portuguesas”, afirma Tânia CEO da Cal-Maine Foods, Adolphus Baker, culpou a crescente po- Santos, responsável de marketing e publicidade da Ever Vegan. “Novos serviços de catering focados numa alimentação à base de pularidade das alternativas aos ovos. Por sua vez, as vendas de proteína de origem vegetal aumentaram plantas, cafés com componentes no foro da ética praticada, saú6% em relação ao ano anterior, de acordo com os dados da Nielsen. de e sustentabilidade. De acordo com um estudo da Nielsen, 40% Espera-se que o mercado global de substitutos de carne consiga dos inquiridos encontram-se a tentar implementar mais refeições uma receita de 4,3 mil milhões de euros até 2020, registando uma vegetarianas na sua dieta. Esta tendência verifica-se por todos os taxa de crescimento anual composta de 8,4% entre 2015 e 2020, países no mundo”. segundo a Allied Market Research. A ervilha, por exemplo, está a re- O Centro Vegetariano, através de um outro estudo realizado pela volucionar o sector da produção, já que as receitas globais de proteí- Nielsen, concluiu que o número de vegetarianos quadruplicou em na de ervilha são estimadas em 86,10 milhões de euros até 2026, 10 anos, com 1,2% dos portugueses a não consumirem carne indica a Future Market Insights. Os dados da Bharat Book reforçam nem peixe em 2017. 10 anos antes, apenas 0,3% da

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população portuguesa se encontrava nesta categoria. Os resultados também sugerem que, apesar de 20 0/ TE º5 95% dos portugueses manterem carne, peixe, n. lacticínios e ovos na sua alimentação, o consumo frequente de carne e peixe parece ter reduzido, ainda que ligeiramente, na última década, o que indica uma tendência de consumo mais ocasional. Também foi possível concluir que 0,6% da população segue a alimentação vegan. Este número representa o dobro do número de vegetarianos aquando do estudo de 2007. Para todas as categorias de produtos de origem animal, as mulheres e os jovens entre os 25 e os 34 anos são os que têm maior percentagem de não consumo.

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Rótulo vegan O veganismo tornou-se bastante popular entre os Millennials. De acordo com a Statista, mais de um quarto dos norte-americanos desta geração consideram o rótulo vegan como um fator importante para a compra de produtos alimentares. No início deste ano, um estudo compilado pela Technavio identificou os Millennials como a força motriz por trás do lançamento de novos alimentos vegan embalados, com previsão de continuarem a crescer 11% ao ano até 2020. “Se, por um lado, temos aqueles que alteraram, em definitivo, a sua alimentação, passando a consumir apenas refeições vegetarianas, por outro, temos um outro grupo de consumidores que, sempre que pode, opta por opções alimentares mais saudáveis e que têm por base os vegetais, as leguminosas e os frutos secos”, confirma Miriam Bdeir, Marketing Manager da Sun&Vegs. “A preocupação com a alimentação é uma tendência, mas não passageira. Assistimos, hoje, no mundo ocidental, a uma crescente mudança nos hábitos alimentares, com o bem-estar e com a saúde, e que veio para ficar”. Uma nova pesquisa conduzida pelo Barclays no Reino Unido descobriu que os estudantes universitários de hoje, a chamada Geração Z, têm uma maior probabilidade de consumir alimentos baseados em vegetais. Quando comparado com a Geração X, as pessoas nascidas desde meados dos anos 1960 até o final dos anos 1970, o relatório identificou que a Geração Z está a consumir 266% mais abacates, 667% mais óleo de coco, 166% mais quinoa, 189% mais batata-doce e 550% mais leite de origem vegetal. A Geração Z também fuma 43% menos, consome 26% menos café e bebe 33% menos álcool do que as contrapartes mais velhas. “Os hábitos de consumo têm vindo a ser alterados ao longo dos anos, com as pessoas a introduzirem na sua alimentação outros produtos com um perfil mais saudável. O perfil exato dos consumidores vegan são jovens adultos com preocupações vincadas pelo respeito e direito à vida e pela saúde em geral. O mercado de produtos vegan tem vindo a beneficiar de um crescimento, dado que não é apenas consumido por pessoas vegetarianas, mas também por quem procura uma alimentação mais diversificada, de mão dada com o saudável”, expli-

Vegetariano, vegan ou flexitariano, o que são? Vegetarianos: excluem da sua alimentação a carne e outros produtos de origem animal (ovos, lacticínios, mel, gelatina, etc.), alimentandose basicamente de grãos, sementes, vegetais, cereais e frutas. Vegan: excluem a carne e outros produtos de origem animal. Excluem o uso de produtos de origem animal, os produtos testados em animais e os espetáculos onde a exploração animal é motivo de entretenimento. Ovolactovegetarianos: incluem na sua alimentação os ovos e o leite, mas excluem todos os outros produtos de origem animal. Existem duas variações: os ovo-vegetarianos e os lacto-vegetarianos, que, além dos produtos vegetais, incluem ainda ovos ou leite, respetivamente. Flexitarianos - acrónimo que funde os conceitos “vegetariano” e “flexível”. Uma nova tendência nutricional que não é considerado um tipo de vegetarianismo. O termo aplica-se a quem privilegia a ingestão de alimentos vegetais, mas permite concessões como comer peixe, e até, esporadicamente, uma porção de carne.

ca Francisco Reis. Oportunidade de mercado Dado isto, não é surpreendente que as grandes empresas estejam a começar a identificar oportunidades para novos produtos que tirem partido da crescente procura de comida e bebida vegan. O grupo Equanto, através da marca Origens Bio, lançou no mercado uma linha de pequenos-almoços instantâneos. Todos os produtos são 100% naturais, vegan, sem glúten e de origem biológica. E, através da marca Veggis, tem vindo a apresentar produtos puramente vegetarianos, tais como croquetes de vegetais, empadas de soja e rissóis de espinafres. Já a marca Sun&Vegs lançou a gama de saladas Fresco&Frasco, uma mistura de legumes frescos com quinoa, arroz, um toque de super alimentos e molho. A referência Quente&Boa contempla receitas prontas em quatro minutos, com legumes e uma base de arroz, massa ou “noodles”, e a opção Nood&Cru é um acompanhamento. Outra marca especializada em produtos 100% vegetais, biológicos, sem óleo de palma e com uma componente ética é a EverVegan. Esta empresa representa atualmente sete marcas de produtos vegan que estão ou irão estar no mercado, com propostas como quinoas orgânicas, massas pré-feitas biológicas, patés, molhos e maioneses biológicos, substitutos de carne e de ovos, produtos à base de coco e o famoso substituo de carne, a jaca. Mas o potencial deste mercado é aproveitado também pelas empresas mais tradicionalmente associadas à carne e grandes multinacionais. Veja-se a Nobre, que lançou no mercado português a gama Nobre Vegalia, com o selo V-Label da European Vegetarian Union (EVU). A gama inclui três fatiados elaborados à base de clara de ovo e sem glúten, lactose, soja ou corantes, e duas especialidades vegetarianas, disponíveis nas variedades de soja e tofu, que não têm corantes, conservantes, glúten nem lactose e são ideais para quem pratica um regime ovolactovegetariano. “Sabemos que, por diversos motivos, os portugueses cada vez mais procuram novas alternativas de consumo. Não são apenas as pessoas intolerantes ao glúten que compram os produtos isentos, nem tão pouco são os vegetarianos os únicos a fazer refeições sem carne. Por isso, podemos dizer que a charcutaria vegan pode ser uma tendência de futuro e, como todas as tendências, é algo que estudamos e analisamos ao pormenor”, afirma Lia Oliveira, diretora de marketing da Nobre Alimentação. A Unilever anunciou também a comercialização dos gelados Cornetto Vegan, feitos com leite de soja, chocolate vegan e com uma bolacha isenta de glúten. Já chegaram a Portugal, após o sucesso obtido noutros países da Europa e da petição da Associação Vegetariana Portuguesa, realizada em 2017. Outras marcas de gelado têm igualmente abordado a crescente procura por alternativas vegan. A Ben & Jerry’s revelou três novos sabores feitos a partir de uma base de leite de amêndoa, que já chegaram aos supermercados britânicos. Também a marca Häagen-Dazs inclui gelados preparados com leite de soja, que, para já, só se encontram disponíveis nas lojas Target, nos Estados Unidos da América. Ao todo, a marca oferece seis sabores vegan. Não nos esqueçamos da Danone, que comprou a norte-americana WhiteWave Foods, proprietária da marca especialista Alpro, por mais de 11 mil milhões de euros. Além disso, fez um investimento de 49,67 milhões de euros na fábrica de bebidas vegetais em Mount Crawford, nos Estados Unidos da América, com o objetivo de adicionar capacidade de produção e expandir o armazém. Ou ainda da suíça Nestlé, que se distanciou do mundo da carne ao lançar, sob a sua marca Herta, mais conhecida pelos seus produtos à base de porco, a gama Le Bon Végétal. Ao mesmo tempo, a sua filial norte-americana anunciou a aquisição da Sweet Earth, especializada em alimentos à base de plantas, o que possibilitou à Nestlé uma entrada imediata no segmento. Por seu turno, a Coca-Cola lançou a marca Ades no Reino Unido


e em Espanha. Trata-se de uma nova linha de smoothies com uma base de leites vegetais e disponível em três sabores: Manga/Maracujá, Coco/Bagas e Banana/Morango. A Ades foi comprada pela Coca-Cola à Unilever em 2016. Comprar vegan O retalho também tem as suas iniciativas para acompanhar a tendência. A Coop Suíça, por exemplo, inaugurou o supermercado Karma, inteiramente dedicado aos produtos vegan e vegetarianos. O conceito, que abriu em Zug, oferece produtos frescos, cosmética vegan e vegetariana, bebidas preparadas na hora, frutos secos e cereais e uma gama de produtos de conveniência. Pretende responder à forte procura por produtos vegan e saudáveis, já que um terço da oferta do supermercado Karma são produtos orgânicos. A maioria, como a quinoa, muesli e frutos secos, é vendida a granel, o que permite responder à questão do desperdício alimentar. A loja também tem uma cafetaria com lugares sentados. A maioria dos grandes retalhistas dedica-se a lançar gamas especializadas para responder às exigências dos consumidores. “O mercado ainda é considerado um nicho, pois ainda não se verifica uma quantidade considerável de consumidores vegan e vegetarianos para encher um supermercado. Uma boa parte dos produtos em supermercados são adequados a consuNo início deste ano, um produtos são certificados midores vegan (feijão, grão, bolachas, entre estudo compilado pela como 100% vegan. De acormuitos outros), mas maioria do público vegan Technavio identificou os do com a empresa de estudos de e vegetariano tem que se adaptar aos produmercado Xerfi, o mercado vegan tos existentes, o que pode levar a uma maior Millennials como a força francês representa apenas 200 mil dificuldade na escolha deste estilo de vida. motriz por trás do pessoas, ou seja, 0,4% dos consumiPorém, com o aumento da procura, também lançamento de novos dores. São mais consumidores que na surge a demanda e diversas empresas comeAlemanha e menos que no Reino Unido, de çam a apostar em opções 100% vegetais dos alimentos vegan acordo com a consultora Keller & Heckman. seus produtos para colmatar esta procura”, embalados, com previsão Em França, a Xerfi indica o potencial de cresassenta Tânia Santos. “Os portugueses consode continuarem a crescer cimento das vendas nas grandes e médias sumem produtos vegan. Existe uma procura por perfícies de pratos preparados vegetarianos e produtos vegan, ao mesmo tempo, acessíveis, 11% ao ano até 2020 vegan, que estima em 25% até 2020, acima tanto em Portugal como no estrangeiro. O serdos 5% perspetivados para o sector das bebiviço de entregas Just Eat, presente em diversos países com uma base de dados de 20 milhões de utilizadores, das vegetais. indica que a procura por opções vegetarianas aumentou 987% só O alemão Aldi apostou também na sua própria linha de produtos vegetarianos e vegan, a Earth Grown. Esta aposta segue-se em 2017”. Um dos mercados mais evoluídos é o francês onde, em 2015, o ao algum sucesso que a insígnia já obteve com produtos Carrefour lançou uma marca própria chamada Veggie, que conta- vegan nas suas lojas. A nova linha inclui cachorrosva com 16 produtos, dos quais 11 eram vegan. A Monoprix, por -quentes, almôndegas, alguns hambúrgueres seu turno, abriu quatro pequenas lojas Naturalia, em Paris, cujos mais tradicionais e queijos. Tudo sem ser

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de origem animal. Já xava nodeinício ladodeste o leiteano, de origem o Lidl lançou animal, no os mercado ovos e o açúcar português refinado. duas No Reino Unido, os dois maiores retalhistas, a Tesco e a Sainsbury’s, pizzas O óleovegan de coco da emarca a farinha própria de espelta Trattoriasubstituíam Alfredo, nasa variedades farinha de trigo Verlançaram gamas vegan de marca própria, depois de terem visto a dura nesteebolo a Bruschetta. rei. “Sendo um nicho de mercado, é um segmento procura por refeições vegetarianas refrigeradas e as alternativas à que Já noestá início emdeste crescimento, ano, o Lidl comlançou uma oferta no mercado de produtos português cadaduas vez carne crescerem 25%. A nova gama da Tesco, The Wicked Kitchen, mais pizzasdiversificada vegan da marca que tem própria atraído Trattoria cadaAlfredo, vez mais nasconsumidores. variedades VerSe inclui 20 produtos que estão disponíveis em 600 lojas no Reino até duraháe abem Bruschetta. pouco tempo “Sendo os um termos nicho veganismo, de mercado, orgânico é um segmento e integral Unido. Foi desenvolvida pelo chef norte-americano Derek Sarno, causavam que está em estranheza, crescimento, hoje com em dia, uma alimentos oferta decom produtos estas caracteríscada vez cofundador da marca vegetariana Wicked Healthy e diretor de ino- ticas mais diversificada estão presente quenatem alimentação atraído cada dosvez portugueses, mais consumidores. assim como Se vação baseada em plantas da Tesco. A gama inclui uma mistura de em até muitos há bemcorredores pouco tempo dos os supermercados termos veganismo, e hipermercados”, orgânico e integral afiança refeições prontas para preparar no microondas ocausavam CEO do Grupo estranheza, Equanto. hoje em dia, alimentos à base de vegetais, sanduíches e wraps, assim Esta com tendência estas características invade também estãoa presente restauração. na como três opções de saladas. Após alimentação um período dos portugueses, de testes de assim doiscomo meses, em Já a Sainsbury’s apostou nos consumidores no muitos restaurante corredores dedos Tampere, supermercados na Finlândia, e hiper-a flexitarianos, com o lançamento de uma gama McDonald’s mercados”, afiança decidiuo incluir CEO do o McVegan Grupo Equanto. em toSegundo a Associação composta por sete produtos, incluindo a jaca, dos Esta os tendência seus restaurantes invade também na Finlândia a restauração. e Suécia. Vegetariana Portuguesa, uma fruta tropical com sabor neutro e textura O Após McVegan um período é composto, de testes segundo de dois meses, a cadeia, no o número de vegan e que pode ser desfiada, picada ou partida em por restaurante um hambúrguer de Tampere, de nasoja Finlândia, 100% McDonvegetal, pedaços, e salsichas à base de cogumelos molho ald’s decidiu Vegan incluir McFeast o McVegan Sauce, tomates em todos frescos, os vegetarianos aumentou “feios” que de outra forma seriam desperdiçasalada seus restaurantes e pickles. na Finlândia e Suécia. O exponencialmente. Há 10 dos. De igual modo, lançou três novos saboO McVegan consumoé de composto, produtossegundo vegetarianos a cadeia, e vegan por anos, os números davam res de gelado vegan. Estas sobremesas fazem deverá um hambúrguer continuarde a crescer soja 100% nos próximos vegetal, molho anos, conta da existência de parte da gama Deliciously Free From, que se com Vegano McFeast aparecimento Sauce,detomates cada vezfrescos, mais ofertas salada concentra em ser inclusiva de todas as difeinovadoras. e pickles. Segundo a Associação Vegetaria30 mil vegetarianos, rentes dietas, mantendo os produtos livres de na O consumo Portuguesa, de produtos o númerovegetarianos de vegan e evegetavegan atualmente existem 120 trigo, glúten, soja, ovos e leite. rianos deverá aumentou continuar a exponencialmente. crescer nos próximosHáanos, 10 mil, dos quais 60 mil são Ainda no Reino Unido, a Asda lançou uma anos, com oosaparecimento números davam de cada conta vezdamais existência ofertas nova gama de opções de almoço vegan “on de inovadoras, 30 mil vegetarianos, Segundo a Associação atualmente Vegetariana existem vegan the go” e foi a primeira cadeia de supermer120 Portuguesa, mil, dosoquais número 60 de milvegan são vegan. e vegetarianos “Portancados a ter “mince pies” vegan. Estes pastéis são habitualmente to, aumentou acreditamos exponencialmente. que investir em Há linhas 10 anos, de os produtos númerosvegan davam é uma confeitos com carne picada e são consumidos na altura do Natal e do ótima ta da existência estratégiade para 30aumentar mil vegetarianos, a abrangência atualmente do nosso existem negócio 120 Ano Novo. emil, dando dos quais alternativas 60 mil de sãomercado vegan. “Portanto, às cada vez acreditamos mais pessoas queque inEm Portugal, as opções vegan são também mais diversificadas. Se procuram vestir em este linhastipo dedeprodutos alimentação”, vegan édefende uma ótima Francisco estratégia Reis. Tânia para os britânicos não passam sem as suas “mince pies”, os portugueses Santos aumentar concorda a abrangência que a previsão do nosso de evolução negócio eserá dando positiva. alternativas “Prevenão abdicam do bolo-rei no Natal. E este também já se encontra mos de mercado que o crescimento às cada vezsemais mantenha, pessoas não que procuram só com o este público tipoque de numa versão vegan. Em 2017, os supermercados Go Natural dispo- já alimentação”, adota uma alimentação defende Francisco vegetariana, Reis. Tânia masSantos também concorda com o que resnibilizaram uma alternativa desta especialidade natalícia. Ao contrá- tante a previsão público de evolução que se encontra será positiva. cada vez “Prevemos mais curioso que oecrescimento interessado rio da versão tradicional, esta era 100% biológica e deixava de lado numa se mantenha, alimentação não só saudável com o público e variada. queVárias já adota empresas, uma alimentação indivíduos o leite de origem animal, os ovos e o açúcar refinado. O óleo de coco evegetariana, meios de comunicação mas tambémque comdivulgam o restante próximas públicotendências que se encontra mene a farinha de espelta substituíam a farinha de trigo neste bolo-rei. cionam cada vezo mais veganismo curiosocomo e interessado a tendência numa a seguir alimentação em 2018”. saudável e variada. Várias empresas, indivíduos e meios de comunicação que divulgam próximas tendências mencionam o veganismo como a tendência a seguir em 2018”.

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congelados atrativos

TEXTO Carina Rodrigues FOTOS Shutterstock

Os portugueses estão mais preocupados com o equilíbrio entre a sua vida pessoal e a profissional. Com os ritmos de vida cada vez mais acelerados, esta preocupação ganha uma ainda maior relevância, o que tem potenciado o desenvolvimento de alguns mercados associados à noção de conveniência. Caso dos congelados, presença assídua nas cestas de compras. Transversais a todas as gerações de consumidores, têm beneficiado das últimas tendências de consumo. À sua conveniência alia-se a preocupação com a saúde, com estas propostas a fazerem-se valer do argumento de conservarem toda a frescura do alimento em questão, seja o pescado acabado de pescar, seja o vegetal acabado de colher. Ao que se junta o atrativo da promoção, forte indutor de vendas destes produtos.


No ano passado, os portugueses compraram mais bacalhau congelado (+9%), refeições congeladas (+5%) e componentes de refeições congeladas (+1%), segundo os dados da Nielsen relativos ao ano móvel findo à semana 8/2018. O peixe estabilizou os seus volumes, enquanto os vegetais e as batatas congelados foram a única categoria a reduzir vendas (-3%). Importantes aliados na hora de preparar as refeições, as opções dos portugueses quanto aos congelados estão a ir também no sentido dos produtos de maior valor acrescentado, o que fica patente pelos crescimentos em valor acima dos volumes em todos os universos analisados pela Nielsen. Não obstante a conveniência aliar-se à promoção e os congelados ficarem ainda mais atrativos para o consumidor. O consumo de congelados difere consoante as distintas gerações de consumidores. Os “shoppers” com menos de 35 anos privilegiam as refeições congeladas, onde as pizzas dominam, representando 70%

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dos volumes deste segmento. “A compra de pizzas congeladas é motivada, principalmente, pela conveniência de uma refeição que não implica manipulação por parte do ‘shopper’, apenas tem de ser colocada no forno, e pela rapidez de confeção, bastam 10 a 15 minutos no forno para estar pronta a comer. As motivações têm-se mantido as mesmas ao longo dos anos”, analisa Filipa Gomes, Trade Marketing Manager da Dr. Oetker. Conveniência Também os snacks congelados, onde a marca considera as mini pizzas e as baguetes, têm beneficiado desta tendência de valorização da conveniência e apresentado crescimentos a dois dígitos: 17% em valor e 18% em volume. “Apesar dos frescos estarem no foco dos retalhistas, não podemos dizer que o mercado das pizzas congeladas esteja a ser muito afetado e tem apresentado crescimentos positivos nos últimos dois anos”, confirma. Mas se os mais jovens valorizam a practicidade das refeições congeladas, os consumidores com mais de 65 anos privilegiam, so-

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bretudo, a compra de peixe, que continua a ser o congelado de eleição, representando 34% das vendas em volume. Este é o universo por excelência da Gelpeixe, que considera também que o foco nos frescos não invalida as grandes vantagens do produto congelado. “O acesso ao consumo de qualquer alimento, em qualquer época do ano, de qualquer origem e preservado nas melhores condições” são, no entender de Lídia Tarré, diretora de marketing da Gelpeixe, “drivers” que motivam a compra de congelados, sobretudo peixe, porque, ao contrário do que se possa pensar, preserva toda a sua frescura. Cada vez mais, a conveniência é uma variável que o “shopper” procura e pela qual paga sempre que reconhece o seu valor acrescentado. À semelhança do que acontece nas refeições congeladas, no universo do peixe estão também a aparecer soluções que permitem poupar tempo na confeção das refeições, permitindo alcançar o tão

O que diz a especialista? Em 2017, 31% dos portugueses admitiam que o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional era a sua principal preocupação, mas que este era um objetivo muito difícil de alcançar. Os congelados vão ao encontro de um “driver” importante para alcançar este objetivo: a conveniência. Analisando a categoria dos congelados, verificamos que os portugueses estão a comprar mais bacalhau (+9%) e refeições congeladas (+5%). A pizza sai vencedora na hora de compra de refeições congeladas, na medida em que as suas vendas em volume aumentaram 9%, no último ano, representando 70% dos volumes deste segmento. Verifica-se, também, uma diferença no consumo entre as diferentes gerações. Se, por um lado, as refeições congeladas são dos produtos que mais se destacam na cesta de compras dos consumidores com menos de 35 anos, por outro lado, os consumidores com mais de 65 anos são mais tradicionais e privilegiam a compra de peixe dentro dos congelados. O peixe continua a ser o congelado de eleição, representando 34% das vendas em volume, seguindo-se os vegetais e as batatas congelados, ambos com 17%. As batatas, apesar de apresentarem a maior contração de vendas dos congelados (-6%) e realizarem menos vendas com apoio promocional, mantêm-se como um dos segmentos mais vendidos. A conveniência alia-se à promoção e os congelados ficam ainda mais atrativos para o consumidor. Esta tendência verificou-se no último ano, no qual 45% das vendas foram realizadas com promoção, revelando-se um fator dinamizador. Nomeadamente nas marcas de fabricante, que alcançaram 49% do universo de congelados, voltando a ganhar posição face às marcas de distribuição. Vânia Cabreiro, Client Consultant Senior

desejado equilíbrio entre a vida pessoal com a profissional. Por este motivo, em 2017, a Gelpeixe lançou as tranches de pescada temperadas, distinguidas pelos consumidores como Produto do Ano. “Para além de convenientes, são saudáveis, sustentáveis e foram o primeiro produto que a Gelpeixe apresentou ao mercado com o ‘rebranding’ de comemoração dos 40 anos”, acrescenta Lídia Tarré. Sustentabilidade e foco na saúde, dois fatores transversais a todo o universo dos bens de grande consumo e onde os congelados não são exceção. “O foco no saudável é, sem dúvida, uma tendência. Vivemos, hoje, numa sociedade em que as pessoas se preocupam com o bem-estar do seu corpo e da sua mente, cuidando-se muito pelo que consomem. Ser saudável e tudo o que promova a saúde está na moda. O pescado é, sem dúvida, um dos alimentos mais saudáveis da nossa dieta”, defende a diretora de marketing da Gelpeixe.

Saúde Preocupação que se estende ao universo das refeições congeladas. “Os fornecedores procuram oferecer opções que vão ao encontro das necessidades dos consumidores, que procuram variedades mais saudáveis ou que se enquadrem no seu estilo de vida. Por exemplo, se forem intolerantes ao glúten ou à lactose. A Dr. Oetker, atenta a esta tendência, tem à disposição três variedades de pizza sem glúten”, reforça Filipa Gomes. “No mercado das pizzas congeladas, ainda há uma significativa janela de oportunidade no que toca a aumentar a penetração nos lares dos consumidores. A nosso ver, passará por oferecer produtos que aliem a conveniência à qualidade dos ingredientes, tendo sempre em mente a oferta de opções mais saudáveis”. Vetores que vão continuar a ser os eixos da inovação, para acrescentar valor ao mercado dos produtos congelados, onde a pressão promocional é ainda muito marcada. “O nível promocional tem vindo a crescer, nos últimos anos, e ainda hoje o processo de decisão de compra do consumidor é muito influenciado por este fator”, atesta Filipa Gomes.

Em 2017, 45% das vendas de congelados foram feitas com promoção. Não obstante, a forma como as marcas hoje se relacionam com o consumidor vai mais além deste gatilho indutor de vendas. “O consumidor está cada vez mais atento às marcas e respetivos valores, como os da responsabilidade e sustentabilidade”, conclui a diretora de marketing da Gelpeixe.



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“A curto prazo, a verdadeira competitividade e concorrência vai deslocar-se das E .º50/ n

grandes

superfícies para o TEXTO Bruno Farias FOTOS Sara Matos

comércio de

proximidade”

O projeto EuromadiLogis é, em 2018, uma realidade concreta. Uma etapa no percurso da central de serviços EuromadiPort que aponta 2020 como a data para atingir a liderança do comércio de proximidade em Portugal. Percurso no qual conta com a criação de um projeto de logística ambicioso e que visa trabalhar de forma regular, e eficaz, uma área cuja dimensão interna não tem ainda o peso suficiente. Nomeadamente, refrigerados e ultracongelados, ambos em livre serviço, ou, por outras palavras, cerca de 30% do negócio de uma loja de retalho moderno de proximidade. Elsa Gomes, diretora geral comercial da EuromadiPort, faz, em entrevista à Grande Consumo, o balanço do primeiro ano do EuromadiLogis.


Grande Consumo - O projeto EuromadiLogis é hoje uma realidade. A que se deve a aposta num projeto desta índole e o que é o mesmo veio trazer a uma estrutura com a natureza da Euroma-

ram dois anos de trabalho prévio envolvendo, como em todos os projetos, esforços das diversas equipas multidisciplinares, internas e externas, mas que possibilitaram, em abril de 2017, a concretização do EuromadiLogis.

diPort? Elsa Gomes - O EuromadiLogis deixou de ser projeto para ser uma realidade, em abril de 2017. É a consequência de uma solicitação de um conjunto de associados da EuromadiPort, que, sendo uma central de negociação e prestação de serviços, procura sempre atender a estas solicitações, traduzindo-as num incremento real e de valor acrescentado. Tudo iniciou em 2015, após uma avaliação, onde foram ponderados os prós e contras, bem como os diversos investimentos a efetuar, nomeadamente a nível financeiro e de recursos humanos. Após esta reflexão, decidiu-se avançar, ficando definido o ano de 2017 como o ano “zero” de atividade real. Fo-

GC – Esse trabalho prévio que teve um intervalo de dois anos foi a nível de...? EG – Da necessidade de absorver e processar todo a informação interna, assim como o “modus operandi” de cada um dos associados. Encontrar pontos em comum e uniformizar procedimentos foi o verdadeiro desafio indispensável para o equilíbrio inicial. Em paralelo, o desenvolvimento do modelo de trabalho, adequando algumas especificidades do próprio negócio à nossa realidade, obrigou a cedências de todas as partes, envolvendo-as e provocando um comungar dos mesmos objetivos. A escolha do operador logístico


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“consumiu” uma parte significativa deste período devido à singularidade desta operação. Acresce que o EuromadiLogis converge numa plataforma de comunicação, através de um portal, desenvolvido de raiz especificamente para este, e em que todos os “players” desta cadeia de valor interagem. Referimo-nos aos fornecedores, associados, operador logístico e EuromadiPort, que tem igualmente a função de supervisão total desta ferramenta. Para nos apoiar nesta difícil tarefa, assim como no desenvolvimento deste projeto, tivemos o apoio de uma empresa de consultoria especializada nesta área, a Logistema que, com o seu “know-how”, deu um importante contributo. Em suma, os quatro intervenientes têm áreas de trabalho pré-definidas, restritas e consciência das implicações da sua participação. Todos têm objetivos definidos. Só assim é possível gerar mais-valias. Todo este modelo obrigou, necessariamente, a uma alteração de formas de estar e trabalhar. É, acima de tudo, um projeto de convergência.

Tivemos que tomar opções. O “kick off” foi dado com um grupo piloto de associados interessados em investir e desenvolver este projeto. A curto prazo, estará disponível para os restantes associados com princípios e regras bem definidas. Tem que ser assim, pois o EuromadiLogis iniciou um processo de trabalho diferente do praticado até à data e, obrigatoriamente, tem de haver compromisso em prol do benefício de todos os intervenientes. Era impensável um projeto desta índole se não existisse abertura para falar das coisas tais como elas são. Os intervenientes estão a perceber, a pouco e pouco, as mais-valias dessa metodologia, estando, por isso, todas as partes envolvidas satisfeitas. O EuromadiLogis não é algo que se clique num botão e apareça feito no dia seguinte. Passa muito pela confiança e relação que se consegue estabelecer com todos os intervenientes.

GC - Era importante disponibilizarem este serviço aos associados da EuromadiPort? Era o projeto certo, na altura GC – Que balanço pode fazer do primeiro ano do Euroma- certa? Que percentagem de negócio de uma loja até aqui diLogis? não trabalhado é agora passível de ser abordado? EG - Analisando estes 12 meses de atividade, pode-se dizer que o EG - Segundo a Nielsen, cerca de 30%, o que, por um lado, é deEuromadiLogis “veio para ficar”. É reconhecido o valor acrescenta- veras preocupante, mas, por outro, como é efetivamente encarado, do que trouxe a este conjunto de associados e, consequentemente, um real desafio. Tivesse sido alguns anos antes e seria diferente. à EuromadiPort, que traduz sempre a soma dos resultados da indi- Contudo, este serviço passava pela disponibilidade dos associados vidualidade de cada sócio. Não esquecemos o outro interveniente, em percecionarem as suas reais necessidades e disponibilidade para ou seja, o fornecedor, quota parte igualmente investimentos adicionais que não são somenimportante que sentiu as suas vendas increte de aspeto financeiro. Foi este o momento mentarem, não só na globalidade da Euroem que se mostraram predispostos a efetuar madiPort, mas, em particular, neste universo esse movimento. Este gigante passo dado O EuromadiLogis não é especifico EuromadiLogis. pelos associados demonstra, igualmente, o algo que se clique num Há reais ganhos comerciais, porque o objetielevado grau de confiança que depositam botão e apareça feito vo prioritário foi atingido, ou seja, há acrésna sua central. A EuromadiPort faz 12 anos cimo de vendas com mais-valias para as de atividade em setembro e tem vindo a deno dia seguinte. Passa duas partes diretamente envolvidas: quem monstrar ser uma real e credível alternativa muito pela confiança e compra e quem vende. Por linha indireta, os ao elevado e abusivo grau de concentração relação que se consegue comerciantes que são abastecidos através que existe no mercado. estabelecer com todos os destes associados também estão mais competitivos no mercado. O EuromadiLogis, que GC – Mas, em termos práticos, como intervenientes” para atingir um fim optou pela centralização é que essa alternativa tem vindo a ser logística, é um caso raro de sucesso, na medida em que, no primeiro demonstrada ao mercado? ano de atividade, os fornecedores, sempre encarados pela Euro- EG – Por factos e estes traduzem-se em números reais. Crescemos madiPort como parceiros, não perderam vendas, como aconteceu há sete anos consecutivos, mesmo na época de retração de consucom outros projetos de centralização logística no seu início. Um dos mo. E crescemos não só em vendas, como em rentabilidade. Nunnossos compromissos é o cuidado mensal na monitorização desta ca abandonámos o comércio de proximidade. Somos mais de 30 vertente, a fim de tomar medidas corretivas no imediato em caso associados e cada um deles é uma entidade que respeitamos com de desvio. Contudo, não escondemos que um dos objetivos que a sua vontade própria, estratégia, sistema informático, forma de nos move é a melhoria de competitividade, como é óbvio, mas, aci- comunicar, etc., o que obrigou a que, no EuromadiLogis, aprendêsma de tudo, o de incrementarmos exponencialmente vendas, quer semos a comunicar todos do mesmo modo. Contudo, realcemos a montante quer a jusante. Com o EuromadiLogis, estamos taco que cada um dos intervenientes não perdeu a sua individualidade, a taco com outros operadores de mercado e somos, efetivamente, nem tão pouco é essa a intenção. Há, sim, um evidente comungar competitivos. de interesses, objetivos e benefícios. Em suma, o “business plan” aprovado a três anos está a ser cumprido, mas vamos continuar a trabalhar com afinco e pertinência, sem GC - Qual a mais-valia para a central e para os diversos entrar em grandes euforias. “stakeholders” da implementação deste projeto? Trata-se de um projeto cujo retorno é estimado a quantos anos, GC - Como se processa em termos práticos? Quantos for- ou trata-se, somente, de uma procura por melhoria dos necedores estão envolvidos hoje no EuromadiLogis? To- processos? dos os associados da central de serviços aderiram a este EG – Também passa por uma melhoria de processos, mas, acima projeto? de tudo, o objetivo principal é incremento de vendas com as suas EG – Atualmente, são cerca de 24 os fornecedores envolvidos. Se- devidas repercussões, que só são positivas. Uma larga fatia dessas ria difícil colocar o projeto em prática e ter este sucesso se avan- vendas estava a “escapar-nos” por entre os dedos, pelo que procuráçássemos em simultâneo com todos os associados e fornecedores. mos reclamá-las. Essa foi a real necessidade e o que nos fez mover.


GC - Os frescos e perecíveis são, presentemente, uma área estruturante de negócio para o retalho organizado em Portugal. Será esta uma área que irá merecer a vossa atenção nos próximos anos? O EuromadiLogis é a resposta a esses anseios e necessidades por parte dos vossos associados? EG - É, claramente. Dentro do mundo dos frescos e perecíveis, iniciámos esse caminho pelos refrigerados e ultracongelados, ambos de livre serviço. O nosso foco é consolidar esses dois universos e depois, sim, avançar, pouco a pouco, para a introdução das restantes áreas. Alguns destes universos estão a ser estudados, mas preferimos consolidar primeiro o que está em curso. O modelo de funcionamento do EuromadiLogis é único na Península Ibérica, não temos conhecimento de nenhum semelhante em qualquer outro lado, e encontra-se no seu início. Este projeto não termina aqui, mas a segunda fase só avança quando a primeira estiver completamente consolidada e após “break-even” real. Acreditamos que poderá ter lugar antes do período estabelecido no respetivo “business plan”. GC - Acredita que o retalho de proximidade tem ainda por onde crescer em Portugal? EG – Claro. Todos assistimos ao “boom” de hipermercados e supermercados num passado recente, em parte fruto da adesão, em meados da década de 80, à Comunidade Europeia, o que fez com que tivéssemos acesso a um conjunto de bens até então restritos. Esta abertura originou um acréscimo exponencial no consumo, fazendo com que esse modelo vingasse em detrimento do comércio de proximidade. Era “moda” ir aos hipers e supers. Recentemente, devido à crise económica, e não só, todos tivemos que reequacionar os hábitos de consumo. Por razões de orçamento, da importância de disponibilidade de tempo para o lazer, principalmente das gerações mais novas, das limitações de mobilidade da população sénior, a que veio acrescer o turismo e alojamento local, o comércio de proximidade consegue suprimir as necessidades diárias dos consumidores e tudo isso a uma distância muito curta. Por isso mesmo, é que os dois principais “players” do retalho a nível nacional, que nunca acarinharam este canal, há pouco tempo iniciaram um “namoro” e perceberam que um dos eixos de crescimento e diferenciação seria este. De um modo geral, todos os “players” presentes no mercado estão a fazer esse caminho de aproximação ao comércio de proximidade.

o fizemos de ânimo leve, tínhamos perspetivas, estudos e análises realizadas. Em 2017, ultrapassámos várias barreiras importantes, GC - É na força deste canal que poderá radicar a verdadei- consolidámos os vários objetivos que tínhamos, isto é, quebrámos tabus. Os associados e os fornecedores estão satisfeitos, portanto, ra competitividade e concorrência deste sector? 2018 é um ano crucial para que não regridaEG - O consumidor “cresceu” imenso e está mos nessas barreiras. Ultrapassado este ano muito racional, pelo que o grande desafio de crucial, 2019 e 2020 têm tudo para que futuro passará, efetivamente, pelo comércio consigamos atingir a nossa meta macro. de proximidade. Apesar de ainda nem todos Todo este modelo obrigou, Os fornecedores que encaram, e trabalham, os consumidores terem a perceção de que necessariamente, a uma a EuromadiPort e seus associados como um neste comércio de proximidade o preço, facanal alternativo à elevada concentração de tor importante de decisão, é definitivamente alteração de formas de mercado, percebem as efetivas mais-valias. competitivo com as grandes unidades. Este estar e trabalhar. É, acima Temos a nossa esfera de influência, perto de é também outro desafio a curto-médio prade tudo, um projeto de 600 mil metros quadrados de área de expozo, o de fazer passar essa mensagem até ao convergência” sição de venda na soma das áreas retalhista consumidor final. e grossista, além de cerca de três mil colaboGC - Quais são as grandes metas da EuromadiPort para os radores no total das empresas. No somatório do grupo, ultrapassápróximos cinco anos? Foi estabelecido 2020 como a data mos, em 2017, as duas mil lojas entre lojas próprias, comércio intepara se atingir a liderança do comércio de proximidade em grado e associado. São os números consolidados da EuromadiPort que demonstram o quão relevantes somos e que, quem aposta em Portugal. É uma meta realmente exequível? EG – Sem dúvida. Quando avançámos com a data de 2020 não nós, tem o devido retorno.

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A maior categoria em termos

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faturação universo bens grande consumo

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Em 2017, 97% dos lares portugueses compraram queijo. Fizeram-no 23 vezes, o que dá uma média de uma compra a cada 15 dias. Em cada visita, gastaram 3,05 euros. Assim o indicam os dados da Nielsen, que revelam, ainda, que 2017 foi mesmo o ano em que o mercado de queijos foi o maior em termos de faturação no universo de bens de grande consumo no retalho em Portugal. 477,6 milhões de euros faturados, num expressivo crescimento de 4% face ao ano anterior. Isto apesar da estagnação do suporte promocional.

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41 No total, os portugueses compraram 62,7 milhões de quilogramas de queijo, mais 1% que no ano anterior, privilegiando, acima de tudo, segmentos com um preço médio mais elevado, como os queijos curados e os de especialidade, e o queijo flamengo, cuja faturação foi impulsionada pelas marcas de fabricante. O mercado dos queijos tem vindo a crescer devido à diversificação dos momentos e formas de consumo, assim como ao crescimento e maior profundidade da oferta. “No mercado de queijo, temos vários segmentos a apresentar um dinamismo acima da média, nomeadamente o ‘snacking’, que cresce a um ritmo acelerado de mais 8,3% face aos 12 meses anteriores e que já representa 5% do mercado com elevado potencial de desenvolvimento”, analisa Patrícia Caeiro, Shopper Marketing Manager da Bel Portugal. “O queijo curado nacional é o segmento que mais contribui para o crescimento da faturação total (+7,8%) e tem vindo a ganhar uma crescente importância no mercado. A gastronomia e os momentos de convívio estão na voga e os consumidores procuram propostas associadas ao prazer de comer e à partilha. Em termos de volume, o desenvolvimento da categoria tem sido alavancado pelo crescimento do queijo curado nacional e do queijo fresco”, acrescenta. O flamengo continua a ser o queijo mais consumido pelos portugueses, representando 39% do total de vendas em volume. A penetração deste tipo de queijo nos lares portugueses situa-se nos 89%. Por seu turno, o queijo curado nacional já alcança 25% do mercado total. “Mais do que falar em variedades, no mercado de queijo referimo-nos a tipologias de queijos. Queijos curados, frescos

e especialidades representam praticamente 50% desta categoria e apresentam uma evolução muito positiva”, introduz Joana Sousa. gestora de produto queijo da Lactogal. Os dados citados por este responsável indicam que os portugueses preferem claramente os queijos nacionais, já que mais de 80% do total de queijos consumidos são de origem portuguesa. “Em Portugal, temos tradição queijeira: fazemos bons queijos, temos uma diversidade de origens, sabores e texturas muito apreciadas e uma excelente relação qualidade/preço”, sublinha. Tendências Um mercado que tem vindo a crescer sabendo aproveitar as mais recentes tendências de consumo, acompanhando o chamado movimento saudável, com as suas várias alternativas alimentares: magro, “free from”, opções vegetais. As escolhas alimentares refletem opções mais saudáveis e naturais, mas sem nunca renunciar ao sabor e à qualidade. Produtos pouco calóricos, com baixo teor de sal,

mais naturais, sem corantes nem conservantes estão a converter-se numa prioridade nas dietas dos consumidores, com os queijos a beneficiarem da tendência. “A proliferação e o crescimento de queijos com menor teor de gordura, queijos frescos, Mozzarella, requeijão e queijo sem lactose evidenciam a cada vez maior integração deste alimento na dieta alimentar”, destaca Joana Sousa. Ao que se junta a mudança nos hábitos e ocasiões de consumo dos portugueses. Há uma tendência do aumento da repartição do consumo por refeições mais ligeiras e do incremento do consumo fora de casa. “De acordo com alguns estudos recentes, torna-se claro que o queijo entra em cada vez mais refeições ao longo do dia. Refeições estas que já não são as ditas tradicionais, pois elas próprias também evoluíram ao mesmo ritmo dos estilos de vida. Apesar do pequeno-almoço ser ainda o momento privilegiado do consumo de queijo, começa, neste momento, a perder importância para a hora do jantar, os lanches da tarde e o almoço”, detalha a responsável da Lactogal. Neste sentido, a conveniência é um dos fatores de crescimento da categoria, o que se espelha nos seus formatos de corte, porções e embalagem. O grande crescimento do formato de fatiados e a sua representatividade no volume e valor da categoria são disto mesmo um exemplo. O consumidor tem privilegiado as soluções práticas e fáceis de transportar, que possam ser consumidas em diferentes alturas do dia. “Um português tem, em média, um a dois momen-

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O que diz o especialista? O queijo é uma categoria muito procurada pelos consumidores portugueses. Em 2017, 97% dos lares portugueses compraram este produto e, em média, fizeram-no a cada 15 dias. 2017 foi mesmo o ano no qual o mercado de queijos foi o maior em termos de faturação no universo de bens de grande consumo no retalho em Portugal. Consolida-se, assim, um crescimento que vem a acontecer há já alguns anos consecutivos, com os volumes a crescerem 1% e a faturação uns significativos 4% versus 2016, mesmo apesar da estagnação do suporte promocional em 2017. Este crescimento é essencialmente sustentado pelas marcas de fabricante, o que acaba por ter impacto no aumento do preço médio do mercado e no consequente crescimento da faturação acima dos volumes. Esse impacto acaba por se refletir ainda mais pelo facto dos segmentos com um preço médio mais elevado serem aqueles que mais crescem, como é o caso dos queijos curados e dos queijos de especialidades (Mozzarela, Edam, Brie, etc.), e também pelo crescimento do queijo flamengo que, apesar de ter uma oferta de preço mais baixa, é o segmento que representa a maior fatia do mercado e vê a sua faturação crescer impulsionada pelas marcas de fabricante. A grande diversidade de oferta e um mix promocional diferenciado acabou por ajudar ao dinamismo verificado no mercado, principalmente nas marcas de fabricante. Este mercado acaba por refletir de forma próxima o comportamento dos portugueses, uma vez que a quase totalidade dos lares portugueses compraram queijo em 2017. Verifica-se um aumento de confiança e a maior disponibilidade para gastar, que se percebe quando olhamos para os bens de grande consumo, que crescem em faturação ao mesmo ritmo (+4%). Cláudio Batista, Client Development Senior

tos de snack por dia e o lanche da tarde é o momento preferido para o fazer. Este movimento afeta a categoria de queijos, sendo o ‘snacking’ um segmento em crescimento. O desenvolvimento de soluções saudáveis, saborosas e com um alto valor nutritivo cria diferenciação e ajuda a captar e a atrair novos consumidores que valorizem a saúde, sem abdicar do sabor associado ao prazer de comer e da qualidade”, acrescenta Patrícia Caeiro. Existem algumas tendências que estão a marcar o universo alimentar em Portugal e a nível internacional. Por um lado, a procura por soluções de elevada conveniência ajustadas à rotina de hábitos alimentares dos consumidores de hoje, como os prontos a cozinhar ou a consumir em diferentes ocasiões. Por outro lado, a questão da sustentabilidade aliada à naturalidade e em linha com a crescente preocupação dos consumidores face a aspetos como o bem-estar animal, o packaging amigo do ambiente, o comércio justo, a origem local e as preocupações com a saúde ou sensibilidade a certos ingredientes. “Não basta, contudo, apostar nestas tendências”, defende a Shopper Marketing Manager da Bel Portugal. “É necessário saber comunicar eficazmente junto do consumidor, quer através de novos conceitos criativos, que gerem envolvimento emocional e notoriedade, quer através de meios de comunicação e pontos de contacto que promovam a visibilidade: os portugueses adotam um comportamento cada vez mais digital, onde assistimos a um crescimento exponencial do ‘mobile’”.

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Desafios Até porque, nos dias de hoje, já não são as promoções que fidelizam os consumidores, mas sim os produtos e os valores de naturalidade e sustentabilidade que lhes estão associados. Em

2017, a quantidade de queijo comprada em promoção baixou, em comparação com o ano anterior, embora ainda seja significativa. Aproximadamente 39% do total de queijo comprado foi em regime de desconto de preço. Com a categoria presente na quase totalidade dos lares, a chave para o seu crescimento está na frequência do consumo. Mais momentos para consumir queijo permitem às marcas apostar em gamas mais alargadas, não só em variedade como em formato. Fidelizar o consumidor e conquistar um lugar no seu cabaz de compras passa muito por oferecer-lhe o que necessita, o que, neste momento, no caso da categoria de queijo, já não se resume apenas a preço e promoção. “A inovação será cada vez mais determinante, sendo o veículo gerador de diferenciação por excelência e fonte de obtenção de valor acrescentado para o negócio. Além da inovação ao nível de receitas, embalagem, promoção e presença no ponto de venda, é uma imposição do negócio inovar na abordagem aos consumidores, nas suas várias e complexas dimensões. É cada vez mais difícil os fabricantes caracterizarem os consumidores, tendo em conta que a sua identidade é multidimensional, com o próprio consumidor a ter uma palavra a dizer sobre as suas necessidades. O consumidor exige segurança num mundo cada vez mais volátil e procura autenticidade e personalização, mesmo em produtos de consumo massificado. O desafio para as marcas passa por responder a este novo paradigma de consumo, reforçando pontos de contacto com os consumidores, para além dos mais tradicionais, focando-se em soluções sustentáveis a todos os níveis, respondendo pela comunidade e não só pelo próprio negócio”, defende Joana Sousa. Num futuro próximo, as tendências estão identificadas: sabor, prazer, versatilidade, bem-estar, conveniência. Dirigir e apostar na inovação para nichos de consumidores e momentos de consumo pode contrapor a atual aposta em queijos “main stream”.

Queijo casa com cerveja São cada vez mais as propostas de “maridagem” com queijos. Depois das já muito apregoadas harmonizações com vinhos, eis que o universo “foodie” aposta cada vez mais no “pairing” com as cervejas. Tal como os queijos, o universo cervejeiro está cada vez mais atento às novas opções de regime alimentar e necessidades especiais dos distintos consumidores. Afinal, ninguém deverá ser privado de comer um bom queijo ou beber uma boa cerveja só porque segue determinada dieta ou tem alguma intolerância alimentar. No queijo, são cada vez mais as propostas sem lactose, na cerveja, chegam as propostas sem glúten. Daura Damm, a cerveja sem glúten mais premiada do mundo, já está disponível em Portugal. Lançada em abril de 2016, Daura Damm é apta para celíacos e para todos os adeptos de um estilo de vida saudável, mantendo o mesmo sabor que uma cerveja lager normal. Com um teor alcoólico de 5,4% e ingredientes 100% naturais, possui uma cor dourada e um aroma frutado, completado pelo sabor a cereais e a lúpulo. De acordo com a Associação Portuguesa de Celíacos, existem em Portugal 10 mil casos de celíacos diagnosticados, mas estima-se que este número possa atingir os 70 mil a 100 mil. A crescente preocupação com uma dieta mais equilibrada leva ainda muitas pessoas a procurarem alternativas à sua alimentação habitual e a optar por produtos isentos de glúten. Daura Damm tem sido alvo de várias distinções internacionais, sendo, neste momento, a cerveja sem glúten mais premiada do mundo.



Da pequena queijaria aberta, em Lousa, em 1963, já pouco resta. A empresa criada por Carlos e Ludovina Duarte percorreu um longo caminho, desde a época em que os queijos eram vendidos pelos próprios proprietários, em caixas específicas, em Lisboa. Hoje, o mercado da Montiqueijo é o mundo ou os seus queijos não impressionassem os paladares de consumidores tão distintos como os ingleses, franceses, belgas, polacos e até mesmo asiáticos. Com produção própria de leite, para assegurar a qualidade do produto do campo à mesa, a Montiqueijo tem hoje uma capacidade de fabrico de 40 mil litros. Valores impressionantes, mas que começam a ser poucos para a ambição e desenvolvimento da empresa. Se 2016 foi um ano de crescimento e 2017 de consolidação do negócio, 2018 será outro ano positivo. Assim o garante Dina Duarte, diretora geral da Montiqueijo.

Montiqueijo: queijos ADN tradicional com

e

simultaneamente inovador

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A tradição e a inovação estão no ADN da Montiqueijo, empresa que, recentemente, foi distinguida com o Prémio Nacional de Agricultura. “Somos uma empresa que valoriza a qualidade e o rigor tradicional da nossa produção, algo que tem passado de geração em geração. No entanto, reconhecemos a importância da inovação para o crescimento do negócio. Estamos sempre atentos aos nossos consumidores e procuramos inovar os nossos produtos de forma a dar resposta ou antecipar as necessidades e preferências do mercado”, introduz Dina Duarte, diretora geral da Montiqueijo. Com base nesta filosofia, a empresa de Lousa tem vindo a alavancar a sua atividade. Em 2016, o volume de negócios cresceu 22% e 2017 foi mais um ano para consolidar o negócio. Negócio este que tem no queijo fresco a “estrela” em termos de vendas, embora o queijo curado ganhe cada vez mais peso na atividade da empresa. O leite de vaca é a base da produção da Montiqueijo, que produz cerca de 40 mil litros de leite por dia, mas prevê um aumento desta capacidade durante este ano. A fábrica está a ser aumentada, para poder fazer crescer a produção e lançar novas referências de produto. Em 2017, a Montiqueijo vendeu 4.010 toneladas de queijo e produziu 5.888.772 unidades de queijo fresco. As exportações representam 5% do negócio, com a Montiqueijo a vender principalmente para os chamados mercados da saudade. “A nossa aposta principal é a Europa, onde já trabalhamos com distribuidores em Inglaterra, França, Bélgica. Pontualmente, trabalhamos para a Polónia. Estamos também a trabalhar o mercado asiático, que é o mais desafiante por ser tão diferente do europeu”, afiança Dina Duarte. Neste projeto de internacionalização, os maiores desafios estão relacionados com a frescura e manutenção de outras características dos queijos. “Não é fácil exportar queijos frescos, que têm uma validade curta, para mercados longínquos de Portugal, por isso, temos apostado mais nos queijos curados, que têm uma validade um pouco maior e isso permite-nos chegar a mercados como o asiático”. Inovar Mas é o queijo fresco que, efetivamente, tem colocado a Montiqueijo na “boca do mundo”. Em 2016, foi lançado um novo formato em barra, distinguido com o selo Sabor do Ano e com o Prémio Intermarché Produção Nacional. “Para além dos dois prémios portugueses, temos conquistado várias distinções a nível internacional também com este produto, por exemplo, as duas estrelas douradas de Sabor Superior pelo prestigiado International Taste & Quality Institute – iTQi atribuídas ao queijo fresco em barra de tomate e manjericão, em 2017. É uma honra recebermos estes prémios que dignificam o nosso esforço em trazer novas soluções à mesa dos portugueses”. Este formato de queijo foi criado para ser levado à mesa inteiro. Produzido de forma artesanal, é um queijo para momentos de partilha e confraternização entre família e amigos e diferencia-se pelo seu tamanho e forma fácil de cortar. “Sentíamos que faltava no mercado uma solução diferenciadora, que desse mais destaque ao queijo fresco num almoço de família, numa ceia de Natal, em momentos de convívio e partilha ao redor da mesa. Neste novo produto, mantivemos a receita que deu origem ao que é hoje a Montiqueijo e inovámos no formato que estamos habituados a ver. Os consumidores parecem gostar muito do formato e sabores deste queijo. Sempre que promovemos alguma ação nos pontos de venda, a recetividade é grande”, garante a diretora geral. Sempre atenta aos hábitos alimentares do consumidor, os novos produtos lançados para o mercado vão ao encontro das mais recentes tendências. “Lançamos produtos com menos ou mais gramagem, de acordo com a aceitação e exigência do mercado”. Recentemente, foi

apresentada uma versão de 200 gramas do queijo fresco, que vem juntar-se à de 85 gramas já existente no mercado. A questão da conveniência, com o crescimento dos produtos “on the go”, está também a influenciar a oferta colocada no mercado. “Consideramos que as oportunidades de crescimento estão no segmento

dos produtos saudáveis e de consumo imediato, por exemplo, snacks saudáveis. Para continuarmos a crescer e a satisfazer o consumidor, temos de nos adaptar às suas necessidades e gostos e, como tal, lançar novos produtos, disruptivos quer nos formatos quer nos sabores. Nesse sentido, vamos ter algumas novidades, mas que ainda é prematuro divulgar. Serão, contudo, novidades diferenciadoras”, assegura Dina Duarte. Sustentabilidade Mas o consumidor atual atribui também uma importância crescente à sustentabilidade dos produtos que consome, desde a origem até à mesa, e esta é também uma preocupação da Montiqueijo, que em 2014 decidiu investir na energia fotovoltaica. Graças aos 460 painéis solares instalados, foi conseguida uma autossuficiência média mensal de 19,8%, gerando 125.580 kWh de energia solar. “Através da geração de eletricidade solar, conseguimos evitar 162,8 toneladas de emissões de CO2 equivalentes ao CO2 que 1.732 árvores plantadas seriam capazes de absorver”. A empresa foi, igualmente, pioneira a retirar o cincho dos produtos, garantindo maior qualidade aos queijos frescos e reduzindo a utilização do plástico em mais de 50 toneladas anuais. “Temos uma enorme preocupação ambiental, assumimo-nos mesmo como uma empresa ‘eco friendly’. Para além da preocupação em apresentar a máxima qualidade nos produtos, e que sejam saudáveis, temos igualmente preocupações ambientais e, hoje em dia, dada a nossa central fotovoltaica, em média, cerca de 30% dos nossos queijos são produzidos pelo sol. Funcionamos segundo uma economia circular e conseguimos incluir o soro, uma substância rica em proteína, mas altamente poluente, na alimentação dos nossos animais, evitando assim a contaminação do meio ambiente”. Um consumidor exigente, informado e preocupado com a qualidade e origem dos produtos que consome, é este o perfil do cliente Montiqueijo, que acredita poder continuar a crescer ao dar resposta às novas necessidades apresentadas pelo mercado. “Quem conseguir acompanhar as tendências, conseguirá crescer. Vivemos numa sociedade que procura ser cada vez mais saudável, as marcas que conseguirem enquadrar-se no segmento ‘Family First’ conseguirão certamente resultados positivos. As pessoas estão recetivas ao lançamento de novos produtos e gostam de experienciar novos sabores”, conclui.


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Charcutaria mostra sua a

resiliência e dinamismo


A saúde é uma preocupação cada vez maior para os consumidores portugueses, que tendem a evitar alimentos processados ou produtos com muita gordura. Esta tendência poderia ter um efeito penalizador no desempenho do mercado de charcutaria, porém, o dinamismo do último ano indica que a categoria se mostra resiliente e está a responder às necessidades dos consumidores. A charcutaria cresce em volume e em valor, mas é, sobretudo, neste último indicador que se regista uma maior evolução, fruto de uma tendência para a diminuição da profundidade promocional e para o aumento do consumo de produtos de maior valor.

O que é visível, designadamente, no desempenho do presunto, que assinalou o maior crescimento, quer em volume, quer em valor, e onde há cada vez mais lares a entrar para a categoria. De acordo com os dados da Nielsen, as vendas atingiram os 60,8 milhões de euros, num robusto crescimento de 10%. Em volume, foram 4,5 milhões de quilogramas de presunto comprados pelos “shoppers” portugueses, no ano móvel findo à semana 8/2018, num aumento de 9%. Mas não é só no presunto que esta tendência é visível. Também no fiambre, a maior categoria da charcutaria, presente em 89% dos lares, se pode observar um crescimento das vendas em valor de 2%, para os 148,1 milhões de euros, não obstante os volumes terem contraído 3%, para os 19,1 milhões de quilogramas. “Esta tendência é resultado, essencialmente, do trabalho que as marcas de fabricante têm feito na inovação, através do desenvolvimento de produtos que respondam aos novos hábitos de consumo e que, por isso mesmo, aportam mais valor à categoria”, indica Marco Andrade, Marketing Manager do Grupo Montalva. Consequência de uma conjuntura económica mais favorável, as categorias de produtos de maior valor acrescentado estão a entrar com maior regularidade na cesta de compras dos portugueses, caso dos presuntos com um tempo de cura superior, dos chouriços regionais, dos fiambres de qualidade superior e das salsichas em frasco. Mas também dos produtos associados ao chamado movimento saudável, como o segmento de aves, cujo crescimento potenciou o desempenho em valor da categoria do fiambre como um todo. “Cada vez mais, as marcas estão a adaptar a sua oferta, por forma a ir buscar novos consumidores e momentos de consumo, assim com reforçar opções mais saudáveis. Produtos isentos de glúten, com menor teor de sal ou gordura e novos sabores são alguns exemplos”, destaca Andreia Agostinho, Brand Manager da Campogrill. Tendências Este é um mercado que tem vindo a ganhar algum dinamismo, muito através de subcategorias e não da chamada charcutaria tradicional. Existe uma crescente preocupação dos consumi-

dores com a saúde, traduzindo-se num aumento da procura por alimentos seguros, com qualidade, saudáveis, nutricionalmente equilibrados e prontos a consumir. E que respondam a novas tendências de consumo. “Por diversos motivos, os portugueses procuram cada vez mais novas alternativas de consumo. Não são apenas as pessoas intolerantes ao glúten que compram os produtos isentos, nem tão pouco são os vegetarianos os únicos a fazer refeições sem carne. Por isso, podemos dizer que a charcutaria vegan pode ser uma tendência de futuro e, como todas as tendências, é algo que estudamos e analisamos ao pormenor”, afirma Lia Oliveira, diretora de marketing da Nobre. As ocasiões de consumo estão também a diversificar-se, à medida que o próprio ritmo de vida se altera e surgem novas necessidades no consumidor, que valoriza cada vez mais a economia de tempo. Neste contexto, questões como a practicidade e o formato ganham relevância no universo da charcutaria. “A conveniência é, sem dúvida, um dos principais fatores atualmente na ótica do consumidor, pelo que as marcas deverão responder com produtos em conformidade, pesando, não obstante, o volume que poderá representar o desenvolvimento de produtos de nicho face à oferta tradicional, tipicamente com menores custos de produto associados”, sublinha Andreia Agostinho. A charcutaria continua a ser uma categoria presente em cerca de 90% dos lares, mantendo-se o carácter tradicional no seu consumo. Contudo, aumenta a presença dos produtos de algumas subcategorias, especialmente entre os jovens casais e os Millennials, que valorizam igualmente os lanches e pequenas refeições, tipicamente

consumidos fora de casa, embora adquiridos para o lar. “As ocasiões de consumo têm vindo a evoluir em função dos novos hábitos e comportamentos do consumidor. Hoje, há mais coisas a acontecer na vida das pessoas e de forma mais rápida, daí que conveniência seja um benefício essencial e inerente a este mercado. A esse respeito, e relativamente às marcas do Grupo Montalva, Izidoro e Damatta, posso dizer que temos no nosso ‘pipeline’ de inovação alguns projetos que visam encontrar novas soluções alimentares”, partilha Marco Andrade. Soluções para o consumidor cada vez mais em movimento e “on the go”, com a evolução da oferta neste sentido a acontecer também na charcutaria. “O mercado da charcutaria ainda não é aquele onde mais se nota a evolução dessa oferta, talvez por se tratar, na sua maioria, de produtos que, na sua génese, já são muitas vezes

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consumidos por conveniência, mas não tenho dúvidas que surgirão propostas neste sentido”, acrescenta o Marketing Manager do Grupo Montalva. Dinâmica promocional Para fidelizar estes e recrutar novos consumidores para a charcutaria, a estratégia das marcas passa muito por planear e investir na atividade promocional, assegurando presença e competitividade, especialmente na moderna distribuição. “Dependerá de cada marca identificar o mix promocional mais adequado à sua estratégia, para os resultados pretendidos. Atualmente, verifica-se cada vez mais uma aposta direta no ponto de venda para o consumidor fi-

O que diz a especialista? Numa altura em que a saúde é uma preocupação cada vez maior para os consumidores portugueses, evitar alimentos processados ou produtos com muita gordura torna a charcutaria mais suscetível a esta realidade. Contudo, o dinamismo do último ano indica que a categoria se mostra resiliente e está a responder às necessidades dos consumidores. A conveniência e a inovação também têm sido importantes “drivers” de crescimento desta categoria. Os consumidores procuram essencialmente produtos que tornem a sua vida mais fácil e estão bastante atentos a novos produtos, na medida em que estão muito disponíveis para a experiência de consumo que lhes poderão proporcionar. No caso específico do fiambre, a tendência positiva em valor (+2%) está, em parte, relacionada com o crescimento do segmento de aves, segmento de maior valor acrescentado, percecionado como mais saudável. A procura por esta opção demonstra que os consumidores não se importam de pagar mais por produtos que lhes tragam maior satisfação. Já o presunto foi mesmo o mercado com maior crescimento, tanto em valor como em volume, no último ano, e há cada vez mais lares a entrar para a categoria. O comportamento deste mercado não é só reflexo de um consumidor com maior disponibilidade para gastar, mas também pode traduzir-se numa procura a alternativas a produtos mais processados, sinónimo de uma maior preocupação com a saúde. Esta tendência poderá ser exemplo visível entre os seguidores das designadas dietas paleo, que indicam o presunto como uma alternativa mais saudável comparada com outros produtos processados. Mas, para além da questão da saúde, também é importante tirar partido de outras tendências relevantes para esta categoria. Por exemplo, a origem e a qualidade dos produtos podem e devem ser encaradas como oportunidades e constituir uma aposta dos fabricantes. Luísa Lourenço, Client Consultant Senior

nal, através de visibilidade e ações promocionais”, salienta a Brand Manager da Campogrill. A charcutaria continua a gerar tráfego para as lojas, pois é um produto ainda amplamente consumido. As ações promocionais afetam, sobretudo, a charcutaria tradicional, trazendo mais clientes ao ponto de venda e impulsionando a compra. “A dinâmica promocional será sempre um ‘driver’ fundamental de consumo destes produtos, que fazem parte do dia-a-dia do consumidor e que, por isso mesmo, têm um peso significativo no valor do cabaz de compra. Acresce a realidade de continuarmos a ter uma parte significativa dos ‘shoppers’ promodependentes, razão pela qual a estratégia de ‘pack price’, com especial foco na gestão fina da profundidade e frequência promocional, assume tamanha relevância”, reforça Marco Andrade. Por outro lado, e na perspetiva de desenvolvimento das marcas, a estratégia passa pela proximidade com o cliente, especialmente através da presença digital, um imperativo nos dias de hoje. “Queremos cada vez mais ouvir o que têm a dizer, tanto dos produtos que temos atualmente como também que necessidades têm e que poderemos vir a satisfazer. Sabendo que os consumidores estão cada vez mais ativos no online, temos, nos últimos anos, investido neste canal. Temos vindo a desenvolver ferramentas para comunicarmos mais de perto, não só em termos de marca, como também na vertente corporativa. Estamos a reformular o nosso site, temos um canal no Youtube com várias sugestões de receitas para os nossos produtos, estamos presentes no Facebook com a página de responsabilidade social Portugal é Nobre e com a página Nobre focada nas nossas gamas de produto. Acabámos de lançar a nossa página no Instagram e estamos também presentes no Linkedin”, refere Lia Oliveira. A utilização de matérias-primas distintas, um leque mais variado de opções vegan, a inovação ao nível dos processos de fabrico e soluções de packaging, as alterações nos canais de distribuição, impactados pela compra online, que é cada vez mais uma realidade, impli-

cando alterações significativas na cadeia de valor, novos pontos de contacto com o consumidor... Tudo isto são tendências de consumo que estão e irão continuar a afetar o mercado da charcutaria e que as marcas deverão saber antever. Sem esquecer, no entanto, que o mercado português de charcutaria é também consistente e onde os consumidores valorizam muito a relação qualidade/preço. “Ou seja, estão dispostos a pagar algo mais quando percebem a qualidade e benefícios de um determinado produto”, conclui a diretora de marketing da Nobre.



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Marcas da Distribuição democratizam n

charcutaria “premium”

2017 prometia ser risonho para os frescos, depois de em 2016 terem encontrado o caminho da recuperação, mas, na realidade, este mercado voltou a terminar o ano no negativo. A compra dos frescos parece, deste modo, perder prioridade nas dispensas perante o crescente consumo fora de casa dos portugueses. Frutas, legumes e verduras foram as categorias com maior protagonismo neste volte-face, juntando-se, assim, à carne, ao peixe e ao pão no grupo negativo. Porém, existem duas categorias que conseguem permanecer estáveis apesar do contexto desfavorável, curiosamente, ambas bastante mais ligadas ao sabor e prazer do que ingredientes de uma alimentação saudável: a pastelaria (-0,1% versus 2016) e a charcutaria (-1,1% versus 2016). No caso desta última, acaba por ganhar peso no mundo dos frescos, ainda que não verifique um crescimento efetivo.

TEXTO Cláudio Silva, Expert Solutions Executive


Se até 2016 a charcutaria lutava contra a perda de dias de compra, indicador que, desde então, tem-se mantido estável, a mais recente barreira ao crescimento prende-se com a redução do volume na cesta por visita (-1,8% vs. 2016). Em média, os portugueses mantêm o gasto de 141 euros anuais, porém, estão a comprar mais caro (+2,6% no preço/kg final pago). De facto, os portugueses estão a comprar menos, mas com variedades mais caras, sendo que o mercado está, igualmente, a ser impactado pela redução da intensidade promocional. Ambos os cenários ocorrem tanto nos queijos como nas carnes, embora com enquadramentos distintos.

Queijos: de regresso à produção nacional Os queijos têm sido, nos últimos anos, a força maior da charcutaria e os bons resultados conseguidos têm alavancado o mercado, sobretudo em 2016, e evitado que se registasse perdas maiores neste sector. Porém, os resultados de 2017 refletem um abrandamento global, sobretudo devido à redução da quantidade por cesta, que ainda assim não compromete totalmente a performance da categoria (-0,2% volume de compras vs. 2016). Verificou-se, de facto, uma quebra substancial nas compras com produtos em promoção (-13%) e uma descida no desconto médio (18% vs. 21%) e, se em 2016 as promoções representavam 20% do volume de compras de queijo, esse valor fixa-se agora nos 17%. Mesmo com o crescimento das compras fora de promoção (+3,5%), a categoria ressentiu-se com a quebra de variedades como o queijo para barrar e o queijo de cabra, mas, sobretudo, dos queijos frescos e estrangeiros, que em 2016 cresciam exponencialmente. As perdas destas variedades vêm sobretudo das marcas de fabricante, não só pelo impacto da redução promocional, mas também devido ao investimento dos distribuidores em tornar as suas marcas mais “premium”, aumentando a competitividade ao nível do preço nos segmentos de queijo onde o valor/quilograma é mais elevado. O equilíbrio no desempenho dos queijos é conseguido pelo crescimento contínuo de segmentos ligados à produção nacional e à conveniência, com as variedades de flamengo e outras típicas portuguesas à cabeça, seguidas pelo queijo ralado. Nestas variedades, tanto fabricantes como MDD têm conseguido aproveitar esta oportunidade no mercado. Carnes: da rotina semanal para ocasiões especiais Nas carnes de charcutaria, o cenário é mais desafiante. À semelhança do que aconteceu nos queijos, as carnes também verificaram um abrandamento do número de compras em promoção, embora não tão significativo (-3%). O principal obstáculo está em converter esta redução da venda promocional em vendas regulares (-1,9% volume de vendas), que representam 87% do volume desta categoria. Ainda assim, os portugueses logram comprar variedades mais caras, onde o

mix de produtos comprados pago é 3% mais caro do que em 2016. Analisando o consumo feito nos lares portugueses, percebemos como as alterações em algumas rotinas estão a desequilibrar o desempenho dos principais produtos de carne: enchidos, presunto e fiambre. A verdade é que, apesar de existirem mais portugueses a consumir variedades com preço superior à média de enchidos (por exemplo, os salames, paio e painho) e presunto, as ocasiões de consumo tendem a diminuir. Nestes produtos existe um aumento da procura por momentos de prazer, sobretudo no consumo partilhado típico de fim de semana, em detrimento do uso rotineiro, como nas refeições. O fiambre verifica a tendência oposta, regista um menor número de consumidores, mas os que se mantêm estão a consumir mais vezes. Neste caso, a procura por alternativas mais saudáveis (fiambre de frango e peru) promove a inclusão destes produtos nas grandes refeições diárias, como o almoço ou jantar. À semelhança dos queijos, estes segmentos mais “premium” têm sido explorados com sucesso pelas MDD, que já geram cerca de 48% de todo o volume vendido nas carnes de charcutaria. Este crescimento das MDD, tanto nos queijos como nas carnes, acaba por ser influenciado pela tipologia de loja em que são comprados os produtos. Distribuição: discounts marcam posição Em 2016, assistimos a um “boom” do canal tradicional: mais compradores, maior frequência de compra, mais quantidade comprada por ato, mas, em 2017, este canal foi trocado pela compra nos discounts, que, com oferta predominantemente de marca própria, têm sido, nos últimos anos, a principal referência no crescimento do conceito de compra de proximidade. O canal tradicional perdeu quase 5% dos compradores e registou uma quebra de 4% no número de compras efetuadas, tendo mesmo 27% das compras perdidas sido diretamente transferidas para os discounts. Esta transição foi feita sobretudo por lares familiares, os mais numerosos, que, apesar de não ser a tipologia de lar que mais se identifica com o canal tradicional, são os que, globalmente, maior quantidade compram e maior gasto dedicam aos produtos de charcutaria. Deste modo, o principal desafio no mercado da charcutaria prende-se

com a capacidade das marcas oferecem produtos que consigam ser competitivos não só a nível de preço, mas igualmente que se destaquem pela diferenciação e por uma perceção de qualidade superior. Torna-se necessário procurar dinamizar mais momentos de consumo e voltar a criar uma ligação com os produtos menos “premium”, sobretudo nas carnes. É ainda importante perceber como lidar com o crescimento do conceito de canal de proximidade, mas não esquecendo que as cadeias de hiper e supermercados ainda geram 69% de todo o volume de compras neste mercado.


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“Estamos concentrados na

TEXTO Carina Rodrigues FOTOS D.R.

abertura lojas Portugal de

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continuar a crescer em Espanha” A malaguenha Tiendanimal tem um ambicioso plano estratégico de crescimento. O objetivo é ultrapassar as 200 lojas dedicadas ao universo de “pet care” repartidas por todo o território espanhol e Portugal, em 2023. A primeira loja no mercado nacional abrirá portas já este ano. Em entrevista à Grande Consumo, Rafael Martínez-Avial, CEO da Tiendanimal, detalha os planos de uma insígnia nascida no universo online, mas que tem uma pegada cada vez mais física. E que olha ainda para os mercados italiano e francês como destinos apetecíveis de expansão e instrumentais na consolidação da posição de liderança.


Grande Consumo – Com que filosofia foi concebi- pode encontrar qualquer artigo para qualquer animal e uma ampla da a proposta de valor da Tiendanimal? variedade de opções e marcas. Rafael Martínez-Avial – A Tiendanimal foi concebida como um ponto de encontro para todos aqueles que GC – Qual o principal desafio de um negócio de comércio tenham um animal de companhia. Além de cães e gatos, dispõe de eletrónico neste sector de atividade? artigos para pássaros, peixes, roedores, furões, répteis e anfíbios, em RMA – Como empresa, o nosso principal desafio é o de oferecer os melhores serviços e produtos com a melhor relação qualidade/ suma, qualquer animal de estimação. Sob essa filosofia comercial, temos um pilar fundamental pelo qual preço possível. No âmbito do comércio eletrónico, o maior desafio se rege todo o nosso trabalho: ética e respeito pelos animais. Para que enfrentamos é o de ter todos os produtos em stock e gerir uma tal, é fundamental o processo de seleção dos colaboradores, onde logística que consiga entregar os produtos no menor tempo possíse procura atrair o talento dos melhores especialistas em áreas dis- vel. Movemo-nos num ambiente muito competitivo, em que todos os atores do sector lutam para ser os mais tintas, sendo essencial que sejam amigos dos completos quanto à oferta e os mais rápidos animais. Por isso, a Tiendanimal destaca-se quanto às entregas, e isso obriga-nos a mepor oferecer um atendimento enriquecedor e lhorar todos os dias para manter a liderança. personalizado aos seus clientes e, por outro Neste momento, lado, pelo cuidado com os mesmos. em Portugal, onde só GC – Para além da venda de produtos, Na Tiendanimal, distinguimos dois tipos de que outro tipo de serviços são oferecitemos venda online, clientes: os animais e as pessoas que cuidam dos pela Tiendanimal? deles. Como tal, os produtos e serviços escontamos com um volume RMA – Para além de todo o nosso catálotão focados em duas áreas: a satisfação do de clientes que go, oferecemos uma série de serviços, que dono, graças à ampla variedade e qualidarepresentam 20% dos não se conseguem obter através da Internet, de dos produtos, juntamente com um preço na nossa rede de lojas físicas, que atinge, 900 mil totais” acessível, e a assistência total ao animal de atualmente, os 36 pontos de venda em Escompanhia, ao integrar, além de todos os produtos de alimentação, todo o tipo de acessórios e uma completa panha. Contamos com serviços de tosquia e SPA; adestramento; tratamento com ozono terapia; click & collect, para comprar pela oferta de serviços, que incluem tosquia e veterinária. Junto a tudo isto, levamos a cabo uma firme política de responsa- Internet e recolher na loja; serviço de adoção, em colaboração direbilidade social corporativa. Além de não vender animais, temos o ta com associações locais protetoras de animais; farmácia e paraprograma educativo Tiendanimal Educa, para consciencializar as farmácia e também dispomos de uma rede de clínicas veterinárias, crianças sobre a adoção responsável e contra os maus-tratos aos a Clinicanimal, que estamos a abrir anexas às lojas Tiendanimal. animais. A Tiendanimal colabora com mais de 100 associações lo- O nosso objetivo é que os donos de animais de companhia, seja que cais protetoras dos animais, apoiando ações para a sua adoção. animal for, encontrem na nossa oferta qualquer produto ou serviço que necessitem num único local. Só em 2017 colaborámos na adoção de mais de 2.500 animais. GC – Que vantagens proporciona o serviço de comércio eletrónico da Tiendanimal? RMA – As vantagens do nosso serviço online, além da entrega dos produtos entre as 24 e as 48 horas seguintes à compra, são as de poder aceder a um catálogo de mais de 30 mil produtos, no qual se

GC – Desde que a Tiendanimal surgiu, em 2006, quanto evoluiu a parte online do negócio? E a física? RMA – A Tiendanimal começou como uma empresa 100% online, em 2006, com um catálogo de apenas umas centenas de produtos, que atualmente conta mais de 30 mil, crescendo a um


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ritmo de 100 referências por semana, e que já dispõe de oito marcas próprias, evoluindo constantemente em volume de encomendas e de clientes. Quanto à parte física, desde que abrimos a primeira loja, em Málaga, em 2013, continuámos a expandir este canal até chegar aos 36 pontos de venda atuais, com uma média de mil metros quadrados de superfície por local. O nosso objetivo é chegar, apenas em Espanha, às 100 lojas antes do final de 2020. GC - Quanto faturaram em 2017 e quanto esperam faturar neste exercício? RMA – Em 2017, faturámos 72 milhões de euros. Ainda é cedo para falar da faturação deste ano, mas tudo aponta para que continuemos a crescer significativamente, como temos vindo a fazer ano após ano, tanto mais, tendo em conta a nossa capacidade e a dinâmica em que se encontra o sector do “pet care”, que está em pleno auge. GC – A app móvel é um sucesso? Quanto do tráfego é gerado no “mobile”? A app é responsável por quanto das vendas? RMA – Estamos muito satisfeitos com a nossa app. Para além de ser a aplicação mais avançada, tanto em termos de software como em design, no retalho de “pet care”, os consumidores que compram através da mesma podem desfrutar de ofertas e descontos exclusivos. A app foi criada em 2016, para responder à procura dos consumidores espanhóis, que utilizam cada vez mais os seus dispositivos móveis nos processos de compra. O tráfego gerado através da mesma é 7% do tráfego total de Espanha e Portugal e a percentagem de encomendas geridas é de 15,3%, o que representa uma taxa de conversão de 7,7%, muito acima da taxa média do e-commerce.

GC – Quantos clientes têm em Portugal e quanto representa o mercado português nas vendas totais? E fora da Península Ibérica, quais os mercados mais importantes e quanto representam em termos de vendas? RMA – Neste momento, em Portugal, onde só temos venda online, contamos com um volume de clientes que representam 20% dos 900 mil totais. Fora da Península Ibérica, também operamos apenas online em França e Itália, que representam conjuntamente 10% das vendas totais da empresa.

GC – Pretendem abrir alguma loja física em Portugal? Que investimentos preveem fazer fora de Espanha? RMA – O nosso objetivo é começar a ter presença física no país, ao longo de 2018, e continuar a crescer nos restantes países onde só operamos online (França e Itália). A nossa estratégia empresarial baseia-se em passos muito firmes e, nesse sentido, estudamos pormenorizadamente cada oportunidade de negócio, com uma complexa análise que nos permita a maior segurança. Quem sabe, a médio e longo prazo, nos interesse entrar nesses mercados de forma física, mas, de momento, estamos concentrados na abertura de lojas em Portugal e em continuar a crescer em Espanha. GC – Quais são as marcas próprias da Tiendanimal e que percentagem representam em termos de vendas? RMA – Do nosso catálogo de mais de 30 mil referências, mais de 1.500 são de marca própria. A empresa controla a produção e a distribuição de oito marcas: Criadores, Breed Up e Salvaje para a alimentação de cães e gatos; Vivanimals para a alimentação de aves e roedores; Yes!pH de cosméticos e cuidado da pele e pelo dos animais; TK-Pet de acessórios premium para cães e gatos; Wondermals de acessórios de luxo e design e TK-Pet Home para a higiene dos lares com animais de companhia. Face ao total das vendas, estas marcas representam uma percentagem muito significativa e em crescimento, tanto a nível físico como online. GC – Que tendências vão marcar o mundo do “pet care” em 2018? RMA – De acordo com os nossos dados, extraídos a partir de uma análise exaustiva do comportamento dos consumidores e das previsões das empresas que operam nesta área, confirma-se que a opção pelo saudável vai ganhando força no mercado, com uma oferta cada vez mais especializada e baseada em standards elevados. Os donos de animais de companhia exigem, cada vez mais, que a alimentação dos seus cães ou gatos tenha as mesmas ou parecidas qualidades com a sua própria e estão a começar a optar por dietas personalizadas. Cresce, assim, o consumo dos alimentos ecológicos e dos ingredientes naturais certificados e pouco processados. Além disso, e como se tem vindo a observar durante os últimos anos, crescem de maneira consistente os estabelecimentos e locais que permitem o acesso de animais de estimação e que, inclusivamente, dispõem de zonas “pet friendly”, ampliando-se também a opção de que os animais possam utilizar os transportes públicos.



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“Pet food” continua a manter dinamismo no universo dos FMCG n

O mercado de “pet food” tem vindo a crescer de ano para ano, apesar da crise económica que assolou o país. E as perspetivas são de que continue a evoluir ao mesmo ritmo, pois são cada vez mais as famílias portuguesas a terem animais de estimação. A crescente tendência de “humanização” no “pet care” faz com que se transponham para os animais as próprias opções de consumo da família, o que está a motivar o aumento da procura e consequente oferta de produtos mais naturais e com ingredientes selecionados. À medida que cresce a consciencialização do papel dos animais na sociedade, evolui também a consciência das suas próprias necessidades especiais e distintas, com a nutrição personalizada e adaptada a perfilar-se como o próximo foco de inovação.

TEXTO Carina Rodrigues FOTOS Shutterstock

“O mercado do ‘pet food’ continua a ser dos mais dinâmicos no universo dos Fast Moving Consumer Goods, apresentando um crescimento de 3,8% em valor, segundo os dados da Nielsen de 2017”, introduz Pedro Lourenço, Marketing Manager da Purina. Mais de metade dos lares portugueses (55,5%) compraram ali-

mentação para cães e gatos, no período de 52 semanas terminado em 31 de dezembro de 2017. Não obstante, a categoria tem vindo a debater-se com alguns desafios. As cestas perderam intensidade, uma vez que, apesar do “shopper” ir mais vezes à loja para comprar estes produtos, gasta menos dinheiro e enche menos a cesta nessas visitas.


Assim o indicam os dados da Kantar Worldpanel, que revelam, ainda, que o alimento seco continua a ser a ser opção principal, chegando a 89,5% dos lares onde existem animais de companhia, não obstante esteja a perder dinamismo. Em contrapartida, o alimento húmido conseguiu entrar em mais lares, em 2017, reforçando quer a frequência de compra, quer a taxa de repetição. Já os snacks perderam alguma atratividade.

MAIS DA METADE DOS LARES PORTUGUESES COMPRA PET FOOD EMBORA ESTEJAM MENOS DEDICADOS Pet Food | KPI’s | 2017 vs. 2016

12,7 dias Frequência de Compra

55,5%

43,0Kg Compra Média

dos lares Portugueses* compra Pet Food

€ 89,94 Gasto Médio

Gato ganha expressão Pedro Lourenço detalha que, ten2 | do por base os dados da Nielsen para o canal retalho, em 2017, o Dinâmica segmento de gato cresceu 6,9% e o de cão 1,3% em valor. Efeti- Donos de cães e donos de gatos caracterizam-se por objetivos de vamente, apesar de esta ser uma categoria onde o segmento para compra completamente distintos, apesar da conveniência ser funcão sobressai, foi a alimentação para gato que conseguiu conquis- damental para ambos. “Mas é ainda mais importante para os tutar mais lares portugueses (65,4%), dinamizando as opções super tores dos gatos, que procuram proximidade e compram com mais premium (e económica). A análise da Kantar Worldpanel mostra que, SECO CONTINUA A SER A OPÇÃO MAIS ESCOLHIDA EMBORA A PERDER DINAMISMO enquanto no cão os produtos mais económicos representam quase Pet Food | KPI’s dos Segmentos | 2017 vs. 2016 70% do valor, e o super premium Taxa repetição Penetração Relativa Frequência de compra Gasto x Acto € (vs Categoria) não passe dos 7,7%, no segmento para gato as opções mais caras ga100,0 13,4 7,91 88,5 100,0 13,9 7,41 88,5 nham cada vez mais espaço, valendo 60,0 11,7 4,00 79,0 já mais de um quarto da quota de 62,0 3,83 12,1 81,3 mercado em valor. 89,8 10,20 7,2 82,9 A esta tendência não será alheio o 89,5 7,1 9,47 79,0 facto de que quer o alimento hú52,6 5,9 3,87 65,9 mido quer os snacks, normalmente 50,4 6,9 4,06 68,7 produtos que aportam maior valor à categoria, estarem presentes em cada vez mais lares e a consolidar quer uma maior rotina, quer a frequência. Os tutores dos cães são mais funcionais e leais à marca, 3 | repetição da compra. “Ambas as categorias – cão e gato – estão se eles (e os seus cães) estiverem satisfeitos com o produto”, detaem crescimento, apesar do mercado da alimentação felina estar a lha María Ángeles Toscano. crescer mais rapidamente do que o da alimentação canina, tam- Além disso, analisa Pedro Lourenço, “os donos de cães estão mais bém impulsionado pelo alimento húmido para gatos, que tem um centrados na alimentação seca, fazendo, essencialmente, as suas crescimento de dois dígitos todos os anos”, confirma María Ángeles escolhas em função da idade do seu ‘pet’. Os donos dos gatos vão mais ao encontro das necessidades especiais, como é, por exemplo, Toscano, diretora de Corporate Affaires para a Royal Canin Iberia. No caso do segmento para cão, o alimento seco continua a ser o caso de produtos para gatos esterilizados, complementando a aliaquele que chega a mais lares (83,2%), mas as dificuldades que mentação seca com a húmida”. Os fabricantes podem, assim, encontrar no segmento para gato a enfrenta estão a impedir o seu desenvolvimento. sua oportunidade de gerar valor para a categoria. Até porque, face ao meGATO GANHA EXPRESSÃO DINAMIZANDO OPÇÕES SUPER PREMIUM E ECONÓMICO lhor desenvolvimento da distribuição moderna do que do canal especializaPet Food | %Peso em Valor dos Segmentos em Cão e Gato | 2017 vs. Homólogos do, o ambiente tornar-se-á cada vez mais competitivo, dada a intensidade CÃO GATO promocional que se sente no grande 69,9% 65,4% retalho e tendo em consideração a aposta que normalmente fazem nas suas próprias marcas. No canal especializado, revela a Kantar Worldpanel, o “shopper” está menos frequente nas suas compras, enche menos as cestas e gasta menos dinheiro. Já o e-commerce, detalha a responsável %Evolução vs. 2016

*Informação relativa ao Total Painel de Lares, base Multimercado NIM

.PET FOOD

TOTAL PET FOOD HUMIDO

TOTAL PET FOOD SECO

TOTAL PET FOOD SNACK

2016

%Penetração Relativa | 2017

SUPER PREMIUM

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PREMIUM

65,6

ECONÓMICO

SUPER PREMIUM

PREMIUM

2017

ECONÓMICO

36,8

34,9

38,8

40,5

40,4

34,5

%Penetração Relativa | 2017

68,9

27,5

24,7

9,8

9,7

7,7

2015

2016

2017

23,3

22,7

24,7

26,7

2015

2016

2017

%Evolução vs. 2016

4 |

57

ME

n.º5


tos, quer por serem uma ferramenta para alimentar a fidelização dos consumidores. Contudo, é importanGato - Pet Food | KPI’s dos Segmentos | 2017 vs. 2016 te que esta estratégia de mercado Taxa repetição Penetração Relativa Frequência de compra Gasto x Acto € com base em atividade promocional (vs Categoria) seja equilibrada, eficiente e susten100,0 12,9 6,85 85,4 tável a longo prazo”, sustenta Pedro 100,0 13,5 6,35 85,9 Alvarez, Market Head da Mars Iberia 67,6 11,5 4,11 78,1 para Portugal. Já as marcas de distri70,7 12,0 3,87 81,9 buição têm o seu papel. “Acredita89,5 7,2 8,18 80,5 mos que, com ofertas diferenciadas, 88,9 7,1 7,65 79,9 todos temos um lugar no mercado e 29,2 4,4 2,95 54,6 junto das preferências do consumi29,7 5,1 3,14 57,2 dor. A Mars tem uma máxima bastante enraizada na sua estratégia de da Royal Canin, está a crescer muito rapidamente, mas a sua quota mercado: fazer crescer 5a |categoria e crescer com ela. Se o empenho não ultrapassa os 4% a 5% do mercado total de “pet care”. de todos tiver como foco o crescimento de qualidade e sustentado, No entender da diretora de Corporate Affaires da Royal Canin, o todos crescemos”, acrescenta. preço e as promoções não são o mais determinante na hora de es- OPÇÃO SECO, AINDA COM DIFICULDADES, IMPEDE DESENVOLVIMENTO DE CÃO colher o alimento para o animal de Cão - Pet Food | %Evolução Valor | Rolling Mat companhia, mas sim fatores como a confiança, a qualidade e a reco25,0 mendação. “Se perguntarmos aos 20,0 tutores de gatos e cães quais são 15,0 as promoções que preferem, os 10,0 descontos nos produtos que habi5,0 tualmente já compram seria a pri0,0 meira escolha”, reforça. -5,0 Este continua a ser um elemento -10,0 MAT T1 2016 MAT T2 2016 MAT T3 2016 MAT T4 2016 MAT T1 2017 MAT T2 2017 MAT T3 2017 MAT T4 2017 importante e transversal às várias categorias do mercado português, .CAO CAO HUMIDO CAO SECO CAO SNACK sendo valorizado pelo consumidor, mas, no caso específico do mercado de “pet food”, o nível promo- Tendências 6 | cional está abaixo da média dos Fast Moving Consumer Goods. “No Em média, de acordo com os dados da Associação Portuguesa para geral, as promoções têm vindo progressivamente a gerar um menor a Defesa do Consumidor, o orçamento anual dedicado por cada fanível de vendas incrementais, pelo que é importante definir o mix mília portuguesa é de 1.007 euros no cuidado do seu cão e de 865 mais eficiente para que continuem a ser rentáveis. Por outro lado, euros no cuidado do seu gato. Já segundo a GfK, tem vindo a regisos consumidores estão cada vez mais atentos ao ‘value for money’, tar-se um aumento gradual dos gastos mensais com os animais de pretendendo obter o melhor retorno do seu gasto, o que implica companhia, que atualmente ronda os 18% do total do orçamento que, para além da promoção, seja fundamental alavancar outras familiar. Observa-se uma tendência de cada vez maior “humanizadimensões, como é o caso da inovação”, defende o Marketing Ma- ção” no “pet care”, transpondo para os animais de companhia as próprias tendências de consumo da família. É por esta razão que nager da Purina. a oferta de alimentos naturais tem EMBORA CONTINUA A SER A OPÇÃO QUE MAIS CHEGA AOS LARES PORTUGUESES COM CÃES vindo a aumentar. Ao longo dos últimos dois anos, deCão - Pet Food | KPI’s dos Segmentos | 2017 vs. 2016 vido a uma maior consciencialização à volta das necessidades especiais e Taxa repetição Penetração Relativa Frequência de compra Gasto x Acto € (vs Categoria) distintas entre gatos e cães e entre 100,0 9,4 7,27 81,5 as próprias raças de cada espécie, .CAO 100,0 9,9 6,82 80,8 tem vindo a verificar-se também 44,7 8,1 2,89 67,8 uma maior procura de produtos esCAO HUMIDO 43,1 8,7 2,82 72,4 pecíficos. É exemplo a crescente 82,6 4,6 11,66 73,5 procura de alimentação para raças CAO SECO 83,2 10,92 4,5 69,3 pequenas, que têm vindo a ganhar 56,2 4,01 6,0 66,2 protagonismo devido à urbanização. CAO SNACK 54,4 6,9 4,25 66,8 O próximo foco de inovação deste 2016 2017 mercado virá, assim, da nutrição perAté para não se correr o risco de retirar valor à categoria. “Consi- sonalizada, adaptada às7 necessidades de cada animal de estimação, | deramos as promoções como positivas, quer por permitirem da crescente naturalização das gamas e da conveniência ao nível impulsionar a experimentação dos nossos produ- dos produtos e formatos. OPÇÃO HÚMIDA MAIS ATRATIVA EM 2017 CONSOLIDA MAIOR ROTINA E REPETIÇÃO DE COMPRA

.TOTAL GATO

GATO HUMIDO

GATO SECO

GATO SNACK

2016

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2017


Staples Business Advantage Torna o seu dia-a-dia mais fácil Solução Abrangente Sabia que através da Staples Business Advantage, pode usufruir de uma vasta gama de produtos e serviços que incluem papelaria, material de escritório, consumíveis, mobiliário, tecnologia, higiene e limpeza e serviços de cópia & impressão personalizados? Tudo num único fornecedor. A Staples Business Advantage, pretende tornar mais eficaz e eficiente a área de compras dos seus clientes, garantindo rigor, transparência e contribuindo

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A ST/ABRIL I V ÇO

E | MAR TR 18 N 0 2 E 0/ º5 n.

“O ano de 2017

TEXTO Carina Rodrigues FOTOS D.R.

superou

as

expectativas”

O ano de 2017 superou as expectativas da Sorgal, que conseguiu crescer em todas as áreas. Para o presente exercício, em que a empresa celebra os seus 75 anos, o objetivo é consolidar esse mesmo crescimento e apresentar resultados sustentáveis que permitam manter o investimento. Recentemente distinguida com o Prémio Nacional de Agricultura, a Sorgal posiciona-se no mercado como uma empresa que quer produzir mais e melhor, de modo a corresponder às necessidades do mercado, quer interno, quer externo. Afinal, 25% das vendas são já feitas nos mercados internacionais. Sem nunca perder o foco na criação de valor acrescentado, na diferenciação e na inovação do produto, a Sorgal quer ir cada vez mais longe. Isso implica estar constantemente atenta e a par da evolução das necessidades dos animais deste segmento, como nos conta António Isidro, CEO da Soja de Portugal.


Grande Consumo - Como surgiu a Sorgal? António Isidoro - A história da Sorgal remonta a 1943, ano em que um grupo de industriais decidiu fundar, em Ovar, a sociedade Soja de Portugal, inicialmente vocacionada para a transformação industrial de derivados de soja. Em 1955, alterámos este processo e iniciámos as atividades de moagem de cereais que, em 1964, estiveram na origem da produção de alimentos compostos para animais e na criação da marca Sojagado. Esta atividade foi-se desenvolvendo quer através da ampliação da unidade produtiva de Ovar, quer através da aquisição de outras unidades industriais no interior e sul do país e, em 1989, a Soja de Portugal transformou-se numa holding. Através do ‘spin off’ da atividade de alimentos compostos, foi então criada a Sorgal. Parte de um grupo empresarial do sector agroalimentar que comemora, este ano, 75 anos de existência, a Sorgal centra toda a sua atividade na nutrição animal, produzindo e comercializando alimentos compostos para a avicultura e pecuária, aquacultura e animais de companhia, procurando posicionar as suas marcas na conquista de quota de mercado interno e externo. Atualmente, desenvolve a sua atividade através de três áreas de negócio (Sojagado, Aquasoja e Pets Best) e três unidades industriais.

de sinergias, concebendo e disponibilizando ao mercado soluções competitivas, inovadoras e sustentáveis, mantendo elevados níveis de serviço e qualidade, equilibrando os interesses dos diferentes ‘stakeholders’.

GC - Quais os valores que distinguem a atividade da Sorgal? AI - A Sorgal é uma empresa dinâmica, que se distingue, sobretudo, pela cooperação, ambição, responsabilidade, eficiência, rigor, confiança e inovação. Trabalhamos todos os dias para produzir mais e melhor e para corresponder às necessidades do mercado. A nossa missão passa por desenvolver negócios em áreas geradoras

GC - Que peso têm os mercados internacionais nas vendas da Sorgal? Em quantos mercados estão presentes, quais os mais importantes e aqueles onde ambicionam vir a estar? AI - Em termos globais, a Sorgal ultrapassou, em 2017, os 25% de vendas em mercados internacionais, tendo exportado para 15 países. Espanha e Grécia são as áreas geográficas com maior volume.

GC - Como correu o exercício de 2017? Correspondeu às expectativas? AI - O ano de 2017 superou as nossas expectativas. Crescemos em todas as áreas face a 2016 e tivemos um desempenho económico igualmente superior ao do ano transato. GC - Qual é a vossa atual capacidade de produção? Preveem um aumento dessa capacidade ou é suficiente para responder às necessidades do mercado? AI - Na área da produção de alimentos para animais de companhia – ‘pet food’ seco para cães e gatos –, temos uma capacidade produtiva instalada superior a 50 mil toneladas no conjunto das duas fábricas, não se prevendo, a curto prazo, a necessidade de aumento. Estamos a falar de duas unidades relativamente recentes: a linha de produção situada em Ovar (2006) e a de Torres Novas (2013).

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A SOT/ABRIL I V RÇ

E MA TR2018 | N E 50/

No que respeita aos alimentos para animais de companhia, o volume de exportaº n. ção atingiu os 12%, apresentando esta área, nos últimos cinco anos, um crescimento no mercado internacional na casa dos três dígitos.

de, na vossa visão? AI - A Sorgal está inserida no grupo Soja de Portugal, que tem, há vários anos, uma estratégia de sustentabilidade corporativa implementada e onde a política ambiental é um pilar. A título de exemplo, os investimentos feitos pela empresa na procura por soluções amigas do ambiente levaram a que, nos últimos cinco anos, a produção de energia térmica para a nossa atividade recorresse essencialmente a combustível renovável (biomassa), o que evitou a emissão de mais de 52 mil toneladas de CO2 para a atmosfera.

GC - Quais os principais desafios do vosso projeto de internacionalização? AI - Barreiras culturais, linguísticas, burocráticas e logísticas são os principais desafios que, todos os dias, temos de superar para continuarmos a crescer fora de portas. O nosso objetivo é ir mais longe e alcançar mais mercados, mas sem nunca perder o foco na GC - Como está a evoluir o mercado do “pet food” em vocriação de valor acrescentado, na diferenciação e na inovação do lume e em valor? produto que colocamos no mercado. Isto implica estar constante- AI - Na nossa opinião, e face aos números de que dispomos, o mermente atentos e a par da evolução das necessidades dos animais cado de “pet food” em Portugal, em termos globais, deverá ter cresdeste segmento. Por exemplo, a necessidade dos cães e gatos difere cido 4%, nos últimos tempos, prevendo-se que continue a crescer. consoante a zona geográfica, o que exige que tenhamos conhecimento para fazer estes ajustes. Para tal, temos um departamento GC - Quais as categorias mais dinâmicas? técnico constituído por sete pessoas e uma veterinária alocada a AI - O alimento seco e a comida para gato são os que apresentam 100% ao ‘pet food’, que nos tem acompanhado em congressos, maior dinamismo. Tentamos sempre inovar e adaptar-nos às neeventos e feiras internacionais, para perceber cessidades do mercado. as tendências e ajustar as nossas ofertas aos diferentes mercados. Para nós é prioritário GC - Onde está a oportunidade de gerar experimentar o mercado, consolidar e, posvalor para este mercado? Para 2018, a Sorgal quer teriormente, avançar com a expansão, desde AI - O valor está, essencialmente, na inoque tenhamos produto para dar resposta e vação e na diferenciação, uma vez que são continuar a crescer e a acrescentar valor a esse segmento. sempre procuradas as melhores alternativas apresentar resultados nutricionais para os nossos animais de comsustentáveis, que GC - Que importância tem para a Sorgal panhia. permitam manter o ter sido distinguida com Prémio Nacional de Agricultura? GC - Os consumidores transpõem para investimento constante na AI - Este é um prémio muito importante, pois os seus animais as suas próprias tenrelação com os clientes e representa o reconhecimento do nosso tradências de consumo (ex: biológicos?) parceiros” balho, ao longo destes 75 anos de história, De onde virá o novo foco de inovação junto dos nossos clientes nacionais e internapara este mercado? Quais as próximas cionais. É para eles que trabalhamos diariamente e é por eles que tendências de consumo que anteveem? queremos fazer mais e melhor, merecendo a sua total confiança. AI - Claramente que sim. Com a crescente humanização e maior proximidade entre o animal de estimação e a família/lar que o acoGC - As questões ambientais são uma preocupação da Sor- lhe, assistimos a mudanças substanciais a todos os níveis, desde gal? A competitividade está dependente da sustentabilida- os cuidados de saúde aos alimentares. Posto isto, cabe-nos a nós acompanhar e estar atentos a esta mudança de paradigma, que, sem dúvida, ditará a inovação que os produtos terão de sofrer. GC - Em que projetos está a Sorgal a trabalhar? AI - Na área do “pet food”, estamos a trabalhar em vários projetos de inovação em rede, sendo que, nesta data, aquele que será mais relevante é o “MINDOG” com o ICBAS e com a Faculdade de Farmácia do Porto, com o apoio do COMPETE, onde pretendemos desenvolver fórmulas inovadoras na nutrição mineral.

GC - Quais os objetivos da Sorgal para 2018? O que seria um bom ano para a empresa? AI - Para 2018, a Sorgal quer continuar a crescer e a apresentar resultados sustentáveis, que permitam manter o investimento constante na relação com os clientes e parceiros. Celebramos 75 anos, um marco importante na história da empresa, com a afirmação da Sorgal num mercado cada vez mais exigente e competitivo, quer em Portugal como no estrangeiro.



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Periquita: nova identidade

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Portugalidade

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O clássico vinho Periquita, a mais antiga marca nacional de vinho a ser comercializada, chega agora ao mercado com a imagem renovada. A nova identidade do icónico vinho de Azeitão regressa às origens da marca, produzida ininterruptamente desde 1850, e pretende reforçar a autenticidade e a portugalidade. Com uma história que se confunde com a de uma empresa, de uma região e de um país, o Periquita assume-se como um produto autenticamente português. A marca Periquita faz parte do imaginário coletivo dos portugueses, e não só, há quase dois séculos. De tal forma que, a par do “rebranding”, a marca lança também uma nova campanha de promoção, onde reforça a sua origem. O slogan “À nossa mesa desde 1850” remete, nesta campanha, o universo Periquita para um paralelo na

conhecido em Azeitão como o vinho da Periquita, passando a ser comercializado pela José Maria da Fonseca com o mesmo nome. Estavam lançadas as bases para uma marca de sucesso.

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Hoje, a icónica marca portuguesa Periquita está presente em mais de 70 países. A expressão de uma região tornou-se na identidade de um país, que chega a mercados tão distintos como a Suécia, o Brasil, o Reino Unido, os Estados Unidos da América, o Canadá, a Dinamarca e a Noruega. O desenvolvimento da marca Periquita tem sido um processo orgânico e de constante renovação, onde a importância da imagem, da divulgação e da personalização dos vinhos vêm reforçar a consistência e qualidade do mesmo. A família, que conta já com a sétima geração à frente do negócio, tem sabido conjugar este legado histórico da empresa e da marca Peri-

Periquita Tinto 2016 – PVP Recomendado: 4,49€ Periquita Branco 2017 – PVP Recomendado: 4,49€ Periquita Rosé 2017 – PVP Recomendado: 4,49€ Periquita Reserva Tinto 2016 – PVP Recomendado: 8,99€

história. A garrafa Periquita surge no centro como elo de ligação entre duas datas, por um lado, o ano de lançamento da marca e, por outro, o ano de um momento histórico em Portugal. A presença contínua da marca reforça a autenticidade, o carácter e a consistência ao longo de 168 anos. AF IMPRENSA PERIQUITA A4 v2.pdf

José Maria da Fonseca, o homem visionário que há quase dois séculos decidiu plantar uma nova vinha de casta Castelão na Cova da Periquita, em Azeitão, é hoje reconhecido como um dos mais proeminentes nomes da viticultura portuguesa. O vinho aí produzido desde logo provou ser o melhor da região, dando origem a que os outros produtores pedissem a José Maria da Fonseca varas daquela casta para plantarem nas suas propriedades. Desta forma, o vinho tornou-se

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quita com a constante inovação e a autenticidade. Saborear Periquita é sentir, num copo de vinho, a alma de um povo único que se renova, dia após dia, sem nunca esquecer as suas raízes. Na nova identidade da gama de produtos Periquita existem várias novidades nos elementos visuais presentes no rótulo. A marca “umbrella” José Maria da Fonseca surge reforçada, como símbolo de mérito e qualidade, à qual se junta a assinatura do enólogo Domingos Soares Franco, uma marca de carácter, legitimidade e relevância. O brasão da Ordem da Torre e Espada, distinção atribuída pelo rei D. Pedro V a José Maria da Fonseca, em 1856, pelo Valor, Lealdade e Mérito no âmbito da indústria portuguesa, regressa à imagem recuperando a simbologia da sua origem.

PUBLIR

18 n.º50/20


TEXTO Bruno Farias FOTOS Sara Matos

Alorna

provada e aprovada

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Um passado secular e uma marca apreciada por muitos consumidores dentro e fora de portas. Em poucas palavras, assim poderia ser descrita a Quinta da Alorna, marca emblemática dos vinhos do Tejo e que disponibiliza um portfólio rico e diversificado. Onde figura, mais recentemente, uma gama de monocasta brancos e tintos que se pautam pela frescura e aroma, a juntar a “best-sellers” como os Reserva ou os incontornáveis Marquesa de Alorna Grande Reserva. Vinhos a (re)descobrir a uma curta distância do rebuliço de Lisboa.


É na calma de Almeirim que se situa uma ta, hoje, um portfólio rico e diversificado, para diferentes 67 das mais tradicionais e representativas carteiras e ocasiões, onde prevalece uma surpreendente propriedades do passado imenso e fértil relação qualidade/preço, com a frescura e elegância dos que caracteriza a nossa história coletiva. seus néctares a serem uma constante ao longo da gama. A Quinta da Alorna, a magnífica propriedade localiza- “Temos, não só na Quinta da Alorna, mas na região no da à entrada da localidade, hoje rasgada pela Estrada geral, muita frescura e essa frescura e boa acidez faz com Nacional 118, remete a imaginação para o passado, que tenhamos perfis de vinhos muito mais elegantes, muito mais enquanto a sua atividade agrícola e, sobretudo, viti- perfumados do que alguns outros que são mais intensos. Como vinícola transporta-nos para um Portugal moderno, temos um clima com alguma frescura de noite e muito quente duque honra a tradição e a histórante o dia, acabamos por ter plantas que ria, mas que aponta ao amanhã nos permitem também alguma maturação, com convicção. mas com elegância, uma vez que a planta Sob a batuta e mestria da enórepousa durante a noite e ganha uma série Ao todo, são 28 o loga Martta Reis Simões, muide nutrientes importantes para essa frescunúmero de países onde a tos, e bons, são os néctares ra”, reforça. Quinta da Alorna se faz provenientes das suas vinhas Razão pela qual, os vinhos do Tejo passaram que chegam ao mercado, corepresentar, seis dos quais a ser uma aposta mais regular, e visível, na lheita após colheita. Fruto do oferta vínica da restauração nacional, fruto considerados estratégicos investimento contínuo feito na de um trabalho concertado não só a nível e onde tem investido marca, na produção vitivinícola, dos produtores, como também da própria significativamente nos seja ele tempo ou capital. ReComissão Vitivinícola Regional do Tejo, o sultado: aumento de quantidaúltimos anos que se reflete no foro interno mas, também, de e aumento de qualidade. “O a nível externo. Ao todo, são 28 o número de aumento de quantidade é importante, porque temos países onde a Quinta de Alorna se faz representar, dos quais seis são crescido em vendas e, portanto, é necessário ter capa- considerados estratégicos e onde tem investido significativamente cidade de armazenamento para os vinhos que vamos nos últimos anos. Nomeadamente, China, Brasil, Polónia, Rússia, vender nos anos seguintes. Mas temos feito também investimento em aumento de qualidade. Isso é notório nos tintos a partir de 2015. Já fizemos alguns investimentos logo após a vindima e os vinhos em cuba foram feitos de uma forma totalmente diferente, com um incremento de qualidade importante. Depois, uma série de investimentos menores em pequenos equipamentos que nos ajudam a ter transformações em detalhes nos vinhos. Tem sido um foco relevantíssimo e que se tem notado”, introduz Pedro Lufinha, diretor geral executivo da Quinta da Alorna. Menos percetível, o investimento traduzido em forma de tempo, seja em experiências, “coisas novas” que, “de vez em quando”, permite lançar alguns produtos inovadores no mercado, a exemplo dos Grande Reserva Marquesa de Alorna, “os primeiros Grande Reserva da região”. Além de referências como o Quinta da Alorna Reserva Branco (Arinto/Chardonnay), o Touriga Nacional, um vinho com um perfil e posicionamento muito próprio, o Sauvignon Blanc, o Colheita Tardia, entre outros. “No fundo, temos vindo a estabelecer algumas tendências e isso é muito importante para nós. A curtíssimo prazo, temos, ainda, um projeto muito importante, que é crescermos um bocadinho a adega, para ter um produto tinto claramente superior e que nos permita dar um salto de preço e notoriedade muito importante”, reforça Pedro Lufinha. Região Aposta no futuro, de modo a associar, cada vez mais, a região vitivinícola do Tejo a vinhos de qualidade. Para trás, ficou a visão da região “menos amada” com as suas propostas a irem de encontro aos mais altos requisitos de enófilos e consumidores de todo o mundo. Com os seus 220 hectares de vinha, a Quinta da Alorna apresen-

VINH18O|SMA n.º50/20


Inglaterra e Estados Unidos da América, a que se junta a Holanda, onde este produtor acredita ter atingido a maturidade em termos de vendas. “Nos restantes, acreditamos que ainda podemos crescer muito mais. Os Estados Unidos da América são, curiosamente, o que ainda representa menos peso nas vendas, mas onde temos investido mais nos últimos anos e onde vamos continuar a fazê-lo. No Brasil, estamos a crescer imenso, enquanto na China começam a reconhecer os rótulos. Isso começa a ser muito importante para nós, vermos que já há algum reconhecimento de marca a nível internacional. Os monocasta são, claramente, algo que pensamos ser mais adequado ao mercado internacional, porque existem vários mercados que são específicos de monocasta. Os Estados Unidos, por exemplo, são um deles. Consomem muito e até as cartas estão organizadas por castas, portanto, um vinho duocasta tem alguma dificuldade”, valida Pedro Lufinha. Construção de marca Comum aos néctares de “blend” e aos monocasta é a visão de construção de valor acrescentado e de marca, seja no mercado nacional ou nos destinos de exportação. E se o mercado nacional representa 50% das vendas, a aposta na internacionalização é, igualmente, visível, com o ano de 2017 a testemunhar a contratação de uma “brand ambassador” para trabalhar a marca em exclusividade nos distribuidores e no canal “on trade”. Uma presença complementar ao sempre importante negócio da dis-

tribuição moderna. “Temos o Quinta da Alorna Branco e Tinto na distribuição moderna, em todas as superfícies, e com um volume muitíssimo relevante para as nossas vendas. O que queremos é que a esse volume se junte o valor e a notoriedade das nossas marcas, dos nossos Reserva, dos nossos Grande Reserva, dos nossos Colheita, etc.”. Em suma, unicidade. Porque vinhos há muitos no mundo inteiro, pelo que a promoção e o reforço das ligações a consumidores e parceiros de negócio apresenta-se como decisiva para a marca. Relação que se sobrepõe ao rótulo, à especificidade ou qualidade, de um determinado vinho e onde o palácio da Quinta da Alorna se apresenta como um cartão-de-visita distintivo e, em muitos casos, facilitador de negócios. “Este palácio é, claramente, o nosso melhor marketing. Aqui, criamos uma relação com a marca que se sobrepõe a muitos aspetos. Temos de nos diferenciar pela emoção que

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Pedro Lufinha, diretor geral, e Martha Reis Simões, enóloga da Quinta da Alorna.

a nossa marca transmite às pessoas. E, assim, quando vão para os seus países, poderem transmitir toda a emoção que sentiram. Esse é outro investimento que temos feito, em visitas inversas. Ou seja, em premiar os bons vendedores e bons clientes, lançando-lhes o desafio de venderem bem e terem como prémio vir cá. Vemos que, depois, quando regressam, vendem ainda mais”, assegura o diretor geral executivo da Quinta da Alorna. Novas colheitas Para tal, a Quinta da Alorna conta com um portfólio diversificado, onde se destacam, a nível dos monocasta, as propostas Verdelho, Alvarinho, Sauvignon Blanc e Arinto que chegam agora ao mercado com as colheitas de 2017. Isto no caso dos brancos, com o Touriga Nacional a encontrar na colheita de 2015 a novidade em termos de monocasta tinta. Um Touriga Nacional jovem, fácil de beber, uma abordagem distintiva à casta de Portugal e que reforça os motivos de atração a esta gama. Mas sem esquecer os clássicos Quinta da Alorna Branco e Tinto, agora nas colheitas de 2016 e 2015, respetivamente, o sempre apelativo Alorna Rosé (feito de Touriga Nacional) que chega ao mercado na edição 2017, assim como os “best-sellers” Reserva Branco 2017 (Arinto/ Chardonnay) e Tinto 2014 (Touriga Nacional/Cabernet Sauvignon). Por último, aqueles vinhos que enchem a alma e ficam bem em qualquer mesa, com a região do Tejo a demonstrar que também tem potencial de evolução para vinhos que são bons agora e que poderão ser, ainda, melhores no futuro. Falamos, claro está, dos Marquesa de Alorna Grande Reserva Branco 2015 e Tinto 2013, esses mesmos que não se sabe quais são as castas constituintes, mas tem-se a certeza que redundam em duas grandes propostas da Alorna. Empresa que continua a crescer, ano após ano, reforçando a sua presença nos mercados externos, mas sem esquecer a importância de operar no mercado nacional, numa contínua aposta na qualidade. O seu rico passado assim o exige e os consumidores agradeVeja o vídeo da entrevista no seu telemóvel cem.


Muito Obrigado pela sua preferencia.

COM A MESMA QUALIDADE E SABOR TRADICIONAL


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“Confiar numa marca é uma das principais

motivações para

TEXTO Bruno Farias FOTOS D.R.

um se

consumidor manter fiel”


A constante inovação tecnológica e o aparecimento sucessivo de novas aplicações e “gadgets” fomentam a curiosidade do consumidor e o desejo por ter a tecnologia mais recente e moderna. Seja nos smartphones ou nos automóveis, os portugueses admitem que o desenvolvimento tecnológico, a qualidade das ofertas e os serviços prestados pelas marcas mudam demasiado rápido para que possam permanecer fiéis. Conclusões do estudo Observador Cetelem Automóvel 2018, que revela ainda que os portugueses estão cada vez mais atentos a marcas com preocupações ambientais e que este mercado continua a crescer em Portugal, embora a um ritmo mais brando. Pedro Ferreira, diretor Automóvel do Cetelem, analisa o atual momento do sector automóvel nacional, que parece estar em comunhão com a economia do país.

Grande Consumo - Quando se fala de confiança no consumo, fala-se, não raras vezes, de consumo automóvel. Estas premissas estão, de alguma forma, correlacionadas? Pedro Nuno Ferreira - Nas economias desenvolvidas, o consumo das famílias pesa fortemente no Produto Interno Bruto (PIB). Por este motivo, a confiança é um motor essencial. Quando um consumidor considera que o atual momento é bom para mudar de automóvel, esta decisão tem por base uma avaliação que faz da sua situação e do enquadramento económico. Apesar deste juízo acontecer no consumo de forma generalizada, quando acontece no sector automóvel tem especial importância para a confiança no consumo, devido aos elevados montantes envolvidos.

peso significativo que esta compra tem no orçamento familiar face aos rendimentos disponíveis, que são inferiores aos dos seus congéneres europeus. GC - A marca automóvel é considerada sinónimo de utilidade/praticidade ou de status quo? Como é percecionado o valor de um automóvel pelo consumidor português? PNF - A mobilidade dos portugueses está a sofrer alterações. Cada vez mais, o automobilista procura a funcionalidade em detrimento do estatuto e da propriedade. Nos dias que correm, existem muitas formas de transporte, embora a posse de um veículo próprio continue a ter muita expressão.

GC - O tamanho importa neste caso? Grandes motores, GC - Qual a importância das marcas no que ao consumo au- pequenos motores? Ecológicos? Elétricos? Poupados ou menos comedidos? O que faz mover presentemente esta tomóvel/aquisição de viaturas concerne? PNF - Confiar numa marca é uma das principais motivações para grande indústria? Quais os principais vetores de consumo e um consumidor se manter fiel. De acordo com os dados do nosso tendências de mercado? último estudo, só a satisfação com a sua viatura é mais importante. PNF - A preocupação com as questões ambientais é cada vez mais Por outro lado, há marcas que continuam a ser mais valorizadas do evidente. Vai um pouco ao encontro do que já referi e que é fruto de uma crescente perceção da utilidade do veículo, menos como que outras. Não obstante, apesar da esmagadora maioria dos consumidores afirmação social ou económica, e mais como meio de locomoção. dizerem que são fiéis a uma marca, depois, na prática, no momento Assim, em virtude desse maior desprendimento e de uma crescente educação que vai ao encontro de de adquirir ou trocar de veículo, outros valores mais em voga nos nossos dias, valores acabam por falar mais alto. É aumenta o destaque e o interesse por uma posição muito curiosa e que acrenovos conceitos. ditamos ser resultado de uma sociedade Confiar numa marca é uma das Os carros ecologicamente sustentáveis cada vez mais competitiva, com alternaprincipais motivações para um são mais uma resposta a uma sociedade tivas e onde a informação flui e circula a consumidor se manter fiel. De cada vez mais preocupada com o futuro uma velocidade vertiginosa. do planeta e que procura potenciar ao acordo com os dados do nosso máximo fontes energéticas mais limpas GC - Como tem vindo a evoluir o último estudo, só a satisfação e democráticas. Ainda que falte um camercado nacional nessa matéria? com a sua viatura é mais minho a percorrer neste sentido, começa São as marcas ou os PVP’s que leimportante. Por outro lado, há a tornar-se evidente que, no futuro, para vam à aquisição? Ou outros? os consumidores serão cada vez mais PNF - Os motivos são variados, no enmarcas que continuam a ser mais importantes motores pequenos, poupatanto, preços atraentes, confiança numa valorizadas do que outras. dos e elétricos. marca e a avaliação de um modelo esNão obstante, apesar da tão entre os mais importantes. A estes GC - As preocupações ecológicas juntam-se um design atraente, promoesmagadora maioria dos são uma realidade efetiva na menções interessantes e a busca por viaturas consumidores dizerem que são talidade de fabricantes e consumitecnologicamente inovadoras. Por fim, fiéis a uma marca, depois, na dores? O futuro automóvel passará e não menos importante, há ainda que prática, no momento de adquirir sempre por energias e uma combusreferir a procura por garantias de segutão mais limpa? rança. ou trocar de veículo, outros PNF - As preocupações ecológicas têm valores acabam por falar mais aumentado exponencialmente nos últiGC - Como podem ser caracterizaalto. É uma posição muito curiosa mos anos. E isso verifica-se a nível podos os portugueses face a outros e que acreditamos ser resultado lítico, com cada vez mais cidades a placonsumidores europeus? nearem, a médio prazo, a proibição da PNF - Regra geral, os portugueses não de uma sociedade cada vez mais entrada de veículos a diesel, por exemse distinguem dos restantes consumidocompetitiva, com alternativas e plo. Veja-se que, na União Europeia, res europeus. No entanto, poderíamos onde a informação flui e circula a crescem os regulamentos que visam dizer que a oferta comercial ganha uma limitar a produção e circulação de veíimportância preponderante devido ao uma velocidade vertiginosa”


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culos com determinado custo ambiental, em detrimento de novas soluções técnicas. Mesmo no campo fiscal, crescem os incentivos para produção e compra de veículos verdes. Ou seja, compelidas ou impelidas, as marcas não vão querer lidar com um facto consumado para finalmente avançarem novas motorizações. Em suma, estamos perante a tempestade ambiental perfeita. E já todos estão cientes que, nas próximas duas décadas, vamos assistir a uma revolução automóvel. GC - Como é que o online pode ajudar a fidelizar consumidores a uma determinada marca num negócio tão específico como o automóvel? É um primeiro contacto com a marca ou mais do que uma ferramenta de comunicação e um utensílio comercial? PNF - O meio online começa a ser, de forma cada vez mais óbvia, o primeiro contacto dos consumidores com as marcas. Claro que ainda predomina o inevitável boca-a-boca e a influência de familiares e amigos quando toca a escolher a marca e o modelo a comprar. No entanto, a Internet traz vantagens que os fabricantes cada vez mais aproveitam. Os sites mais atrativos e apelativos, a criação de vídeos atrativos e tutoriais que visam atrair os consumidores são apenas alguns dos exemplos mais óbvios. E as redes sociais completam a fórmula, através de fóruns, onde é possível trocar opiniões e experiências. Tudo isto sem necessitar sair de casa, a qualquer hora do dia. O online é comunicação, é utensílio comercial e é influenciador.

Como compram os portugueses os seus automóveis? O receio de não usufruir das últimas novidades tecnológicas tem implicações na fidelização dos automobilistas às marcas automóveis, uma vez que 76% dos portugueses consideram que a inovação tecnológica não permite que se opte sempre pelas mesmas. “Embora a inovação tecnológica traga muitas vantagens aos fabricantes e os torne mais competitivos, o ambiente concorrencial e constantemente evolutivo pode tornar-se demasiado feroz, o que impede as marcas de fidelizarem os seus clientes, que procuram as últimas novidades”, analisa Pedro Nuno Ferreira, diretor Automóvel do Cetelem. Para os inquiridos do estudo Observador Cetelem Automóvel 2018, a fidelização a uma marca depende de vários fatores e é um assunto bastante sensível. Embora 27% dos consumidores portugueses considerem ser mais fiéis a uma marca automóvel do que a uma marca de eletrodomésticos ou telemóveis, 85% refere que, quando perde a confiança, não há nada que esta possa fazer para a tentar restabelecer. E quais as razões para serem ou não fiéis a uma marca automóvel? Em primeiro lugar, para os portugueses, pesa a sua carteira e, por este motivo, as marcas que apresentem uma oferta mais interessante (28%) e que melhorem a sua situação financeira (16%) parecem estar na frente da corrida. Depois, a existência de uma oferta cada vez mais ampla e diversificada no mercado português parece ter também impacto, uma vez que 23% afirma ter comprado outra marca porque foram conquistados por um novo modelo. A estes motivos somam-se a insatisfação com o modelo antigo (19%) e a vontade de mudar, por curiosidade (17%). Para serem conquistados ou fidelizados, os condutores deixam também pistas para os construtores, desde logo, é importante a satisfação com o modelo anterior (67%) e a confiança na marca (47%). Fatores que devem ser aliados a uma oferta comercial interessante (25%). É também relevante para os condutores saberem com o que contam e, neste âmbito, a relação construída entre consumidor e concessionários/stands(13%) pode ser um fator diferenciador, nomeadamente pela qualidade dos serviços prestados e pós-venda. As alterações climáticas e os assuntos relacionados com o meio ambiente são também temas que cada vez mais preocupam os consumidores e influenciam não apenas o seu comportamento de consumo, mas também o seu modo de vida. De acordo com o estudo, 74% dos portugueses afirmam estar atentos aos impactos que o seu automóvel pode ter no meio ambiente, o que demonstra que a preocupação ambiental é um importante fator de decisão na compra e manutenção de um veículo. 71% considera que o envolvimento das marcas em escândalos do foro ambiental e a assinatura de acordos anticoncorrência fazem com que os consumidores confiem menos nas marcas de automóveis e que a fidelização tenda a decair. “As evidências científicas a que temos acesso atualmente mostram-nos que devemos ter presentes preocupações ambientais em quase todos os nossos comportamentos. As escolhas são cada vez mais conscientes e o mercado automóvel é um dos que mais alterações tem sofrido. É importante que as marcas reconheçam a importância do meio ambiente, não só para contribuírem para um mundo melhor, mas também para se tornarem competitivas no mercado”, afirma Pedro Nuno Ferreira.

GC - O fator humano (comercial, assistência, pós-venda) é um decisivo neste negócio ou as marcas vendem por si? PNF - O estudo que desenvolvemos mostra bem que o fator humano é muito considerado na hora de comprar um veículo. O conhecimento técnico que comerciais e mecânicos demonstram é, desde logo, muito bem visto pelos compradores. A capacidade de uma marca apresentar um conjunto de valências que transmitam uma sensação de segurança e confiança junto do consumidor são matérias que inegavelmente marcam pontos.

GC - Qual a importância do pós-venda para a venda? É um argumento essencial à venda ou acessório? PNF - O pós-venda, mais que influenciar a compra de um veículo, pode influenciar a fidelização a uma marca ou modelo. É uma estratégia que se pode associar a um espaço temporal mais alargado. Não é no imediato que tal será relevante para a relação entre marca e consumidor. As ações de pós-venda são fundamentais para as decisões futuras. Uma marca que falhe nos serviços de pós-venda, no apoio técnico, dificilmente conseguirá fidelizar um cliente. Este acabará sempre por procurar outras alternativas.

GC - Como irá o consumo automóvel evoluir ao longo de 2018 em Portugal? PNF - As nossas previsões apontam para um crescimento, ao encontro do que já se verificou em 2017. No entanto, esse crescimento não será tão intenso. As nossas perspetivas apontam para um aumento a rondar os 3,1%, contra os 8% do ano passado. Ainda assim, o mercado português terá o terceiro maior crescimento à escala europeia, apenas suplantado pela Itália e pela França. Em larga medida, estes números justificam-se pelo facto do mercado automóvel nacional estar envelhecido, o que implica um necessário rejuvenescimento. Noutros mercados, mais maduros, ainda que mais ricos, assiste-se a uma estagnação do sector, senão mesmo a uma regressão, como no Reino Unido, na Holanda ou, a uma escala mundial, nos Estados Unidos da América.



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“Estamos a tentar ser um pouco o motor da

viragem

relativamente a esta

vertigem promocional TEXTO Bruno Farias FOTOS Sara Matos

que se

passa no mercado”

O ano de 2017 foi muito positivo para a divisão de eletrodomésticos da Samsung, que viu as suas duas grandes áreas – frigoríficos e máquinas de lavar a roupa -, crescerem a dois dígitos. Para já, decorridos apenas quatro meses, e ainda sem poder contabilizar todo o efeito gerado pelas novidades colocadas no mercado, 2018 mantém a tendência. Um ano onde a Samsung promete dar um novo salto em termos de inovação, com a sua nova gama de máquinas de lavar a roupa Quick Drive. Henrique Pereira, diretor da divisão de eletrodomésticos da Samsung Portugal, revela à Grande Consumo o quão elevadas são as expectativas face a esta novidade por parte da marca que quer continuar a tocar a vida dos consumidores e, ao mesmo tempo, desviar o foco do mercado da vertigem promocional exacerbada.

Grande Consumo - Em 2017, ano em que se compraram 150 mil casas, o mercado de eletrodomésticos cresceu, segundo a GfK, 30%, quando comprado com o ano anterior. Como foi o desempenho da Samsung neste mesmo exercício? Acompanhou esta tendência positiva do mercado? Henrique Pereira - O ano de 2017 foi muito positivo para a divisão de eletrodomésticos da Samsung. As duas grandes áreas da companhia, a área de frigoríficos e a de máquinas de roupa, tiveram um crescimento que, apesar de não chegar aos 30%, está ligeiramente abaixo. Foi um ano excelente, com crescimentos de 20%

em máquinas de roupa e de cerca de 16% na área dos frigoríficos. GC - Que perspetivas têm para o ano de 2018, tendo em conta a tendência tão positiva de 2017, quer para o mercado no seu todo, quer para a Samsung em particular? HP - Temos os dados de janeiro e fevereiro consolidados e estamos a analisar os de março. Podemos dizer que o primeiro trimestre do ano mantém uma tendência de crescimento positiva, não num índice tão elevado como em 2017, mas também com um crescimento acima dos dois dígitos. Em termos da Samsung, começámos em janeiro com um cresci-


mento muito positivo, na ordem dos 10%, fevereiro ficou um bocadinho abaixo e depois terminámos na mesma ordem de grandeza o mês de março. Portanto, digamos que estamos alinhados com o mercado e as quotas que já temos na nossa posse dizem isso mesmo. GC - A retoma do mercado imobiliário tem sido importante para as vendas de eletrodomésticos em Portugal ou este continua a ser um mercado marcadamente de substituição? HP - É evidente que o mercado da habitação e as vendas significativas que se têm feito, quer de casas reconstruídas, quer de novas casas, tem um impacto global muito positivo no mercado de eletrodomésticos. Tudo o que são equipamentos encastráveis tem uma melhor performance derivado desse grande crescimento de venda de casas. A Samsung, concretamente, está mais no mercado da livre instalação e da substituição e acompanha o crescimento consequente da melhoria significativa da nossa economia. Em 2016 já se notou essa tendência. Em 2017, o crescimento económico do país, a diminuição do desemprego, toda a conjuntura muito positiva e de maior confiança no consumo ajudou o mercado no seu todo e, evidentemente, a Samsung tem também crescido bastante com esse incremento do mercado. GC - Como analisam o estado atual da intensidade promocional? É algo que preocupa ou o consumidor está progressivamente a desviar-se das promoções? HP - Não é uma pergunta fácil de responder. Diria que 2016 trouxe uma realidade que já se vinha a sentir de anos anteriores. De facto, a atividade promocional é grande. Procuramos, junto dos nossos parceiros, de alguma forma, equilibrar e evitar que o consumidor tenha a sensação de que só há uma boa compra quando é uma compra promocionada, quando, muitas vezes, isso não é 100% verdade. Há boas propostas de valor que devem ser conhecidas pelo consumidor final. De alguma forma, estamos a tentar ser um pouco o motor da viragem relativamente a esta vertigem promocional que se passa no mercado. O mercado dos eletrodomésticos - e isto não é uma desculpa, é uma verdade - não foi o gatilho desta situação, no sentido em que não iniciou tudo isto. Há outros mercados, como o das televisões ou o da informática, que ao longo dos anos tinham essa tendência muito forte. A verdade é que também chegou à nossa unidade de negócio e temos de aprender a viver com esta realidade e encontrar soluções. O mercado deve ser um mercado de todos os dias e não um mercado pontual, onde temos a Black Friday como um exercício de promoção extremamente agressivo, que fura a realidade dos preços, da competitividade entre os produtos e até confunde o consumidor incutindo-lhe a necessidade que tem de ter um produto em casa. GC - Qual vai ser a grande aposta da Samsung na


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do tempo de lavagem, fazer o seu ciclo e o programa completo, área dos eletrodomésticos este ano? HP - Este ano, temos algumas apostas fortes, a primeira, na área que hoje demora cerca de duas horas, ganhando tempo para estar das máquinas de roupa. A Samsung é conhecida e reconhecida no com a família, com a namorada ou com os amigos. Esse é o nosmercado por ser uma marca de inovação. Todos os anos, ou pelo so objetivo: não comprometer a qualidade que os nossos clientes menos de dois em dois anos, introduzimos uma proposta de va- sabem que as nossas máquinas oferecem, mas, com base nesse lor para os nossos consumidores. A última grande novidade foi em compromisso, reduzir, e muito, o tempo de lavagem em qualquer 2016, com a gama Add Wash, a máquina com a porta extra, a programa. Add Door, que permite, após o início de um ciclo de lavagem, coloGC - Têm, para esta nova proposta, as car alguma peça de roupa que tenha ficado mesmas expectativas, em termos de esquecida. Este ano, a proposta advém dos vendas, que tiveram para a Add Wash, estudos que temos vindo a fazer em diferentes mercados, detetando que havia, claraque pouco mais de um ano depois do Mantemos a gama Add seu lançamento já estava em 100 mil mente, da parte do consumidor um pedido Wash, a Quick Drive não lares? Que “milestone” esperam atingir para que o ciclo da lavagem fosse diminuído, é uma substituição, é um com esta nova máquina? sem que se comprometesse a qualidade descomplemento. Até porque HP - A gama Quick Drive é, do nosso ponsa mesma lavagem. Portanto, aquilo que esto de vista, uma proposta de segmento mais tamos a apresentar neste momento, a nova a Quick Drive tem a Add alto. Portanto, a nossa expectativa é alta. A gama de máquinas de roupa Quick Drive, é Door. Podemos dizer que a expectativa de vendas são algumas dezenas exatamente a resposta a esse pedido. Uma Quick Drive reúne o conjunde milhares de máquinas, até ao final do ano, qualidade de lavagem que se mantém inalteto de tecnologias e de bemas, em termos comparativos com a Add rada, mas com uma redução considerável do Wash, será um número mais reduzido. tempo de lavagem que pode ir até aos 50%. nefícios que temos vindo a Mantemos a gama Add Wash, a Quick Drive introduzir no mercado” GC – É uma revolução na lavagem? não é uma substituição, é um complemento. HP - Temos usado a expressão revolução porque todos sabemos Até porque a Quick Drive tem a Add Door. Podemos dizer que a como se lava roupa e que o que é “difícil” é o processo de des- Quick Drive reúne o conjunto de tecnologias e de benefícios que pender tempo. A revolução é precisamente oferecermos ao temos vindo a introduzir no mercado. É, por isso, uma máquina nosso consumidor a oportunidade de, com metade com a tecnologia Eco Bubble, para uma melhor dissolução do de-


tergente no início da lavagem, tem a Add Door, a inovação Quick Drive e todas as máquinas vêm com conectividade, que permite ao consumidor estar no seu local de trabalho e, com um smartphone e uma aplicação muito intuitiva, decidir o tempo, o tipo de roupa e iniciar a lavagem. Portanto, é um controlo total da máquina através de uma aplicação muito intuitiva.

passou de um espaço de preparação de refeições para um espaço de lazer e de convívio, pesando na decisão de compra de casa.

GC - Que novas tendências detetam no mercado dos eletrodomésticos, quer do lado do consumo, quer da distribuição? HP - O padrão de solicitação que nos é feito não é de 2018, nem já de 2017. É algo que se tem vindo a notar nos últimos três a cinco anos, onde claramente a conectividade é extremamente importante. Depois, há uma tendência transversal a muitos negócios, que é a ecologia. Sem dúvida que a poupança e a preocupação com o meio ambiente são fundamentais. Isso é um padrão do processo de compra, uma vez que quando um consumidor vai à loja já tem bem definido que quer produto que poupe energia e, consequentemente, dinheiro. Há uma preocupação com a pegada ecológica. Acredito que estas são as duas grandes tendências: preocupação ecológica e conectividade. O consumidor quer tirar o maior partido do tempo que tem. Para além disto, os equipamentos já não são caixotes brancos com portas maiores ou menores, hoje, o equipamento que o fabricante desenvolve tem muita atenção ao design, aos materiais e ao enquadramento da cozinha. De há 10 anos a esta parte, a cozinha

GC - Que mais novidades está a Samsung a preparar? O que seria um bom ano de 2018 para a Samsung? HP - Estamos a preparar um lançamento na área do frio, estamos a renovar completamente a gama de Side by Side, com uma aposta clara no design e na melhoria da qualidade da refrigeração. É, no fundo, fazer na área do frio o mesmo que estamos a fazer nas máquinas de lavar a roupa, oferecer ao consumidor o melhor produto para a melhor conservação. Um bom ano para a Samsung é sempre um ano de crescimento de vendas, reforço da posição de liderança de mercado, ter parcerias sólidas, reforçando-as, e que o consumidor nos escolha como marca. Fomos galardoados com o prémio Escolha do Consumidor na gama de máquinas de roupa, o que é para nós um motivo de orgulho, uma vez que o produto confirma a qualidade que comunicamos ao consumidor. É continuar a ser uma marca preferida, reconhecida pela inovação, jovem, presente na vida de todos os consumidores. Temos um portfólio muito alargado e diria que é difícil, num dia inteiro não existir um contacto com a nossa marca. Isso é um motivo de satisfação para nós, poder tocar a vida do nosso consumidor.

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GC - O online e a venda direta ao consumidor são realidades cada vez mais incontornáveis ou a necessidade de aconselhamento que se associa a estes GC - A que consumidores se dirige este novo equipamento? equipamentos farão sempre da loja o protagonista inconHP – Dirige-se claramente a clientes como os da geração Millen- testável em termos de vendas? nial, consumidores que desejam estas novas tecnologias, que vivem HP - O eletrodoméstico é algo que requer um processo de compra uma vida muito agitada e muito ativa e que, de facto, pelo seu um pouco mais detalhado. E contacto. Ou seja, noutros tipos de estilo de vida, têm necessidade de ter um equipamento, como um equipamento, como uma televisão, posso de alguma forma ler toda frigorífico ou uma máquina de lavar a roupa, a informação numa revista da especialidade que se adeque a esta necessidade de fazer e, depois, ir a uma loja online. Apesar do onmuitas coisas, uma vez que são pessoas que line ter hoje uma oferta de informação muito estão fora de casa e constantemente em atimais evoluída, com sites de melhor qualiOs equipamentos já não vidade e, quando chegam, querem ter tempo dade, com vídeos, tutoriais ou fotografias, são caixotes brancos com para si próprios e para a família. Este é o nosna área específica dos eletrodomésticos, o so “target”. consumidor ainda tem muita necessidade de portas maiores ou menotocar. Tocar para perceber se a máquina cabe res, hoje, o equipamento GC - Como vai ser apoiado este lançaou não debaixo da bancada ou ver como é que o fabricante desenvolmento em termos comerciais e comunique a porta abre. ve tem muita atenção ao cacionais? A experiência omnicanal é uma realidade HP - Iniciámos as vendas das primeiras unique todos nós vivemos e, em Portugal, as design, aos materiais e ao dades no princípio de abril e estamos, neste vendas do online têm vindo a crescer signienquadramento da cozimomento, num processo de exposição nas ficativamente nos últimos anos. A expectanha. De há 10 anos a esta principais lojas. Passámos a uma segunda tiva que temos é de que esta tendência se parte, a cozinha passou de fase, mais relacionada com a comunicação vá manter, até porque, comparativamente, ao consumidor final. Até 27 de maio, temos as vendas online em Portugal ainda são cerum espaço de preparação em curso uma ação promocional em que ca de 5% menos do que noutros mercados de refeições para um espaestamos a oferecer, na compra de qualquer europeus. Isso também deriva muito daquilo ço de lazer e de convívio, um dos modelos Quick Drive, uma experiênque é o mercado em si e de como as lojas pesando na decisão de cia para dois, que pode ser uma estadia num físicas estão organizadas. Hoje, podemos dihotel do Grupo Pestana ou uma refeição zer que temos um retalho bem organizado compra de casa” gourmet, no mesmo grupo. Portanto, é um e temos visto, nos últimos anos, parceiros e conceito de menos tempo para lavar, mais tempo para o lazer e, operadores importantes a fazerem fortes investimentos no ponto de facto, é isso que queremos transmitir, porque claramente temos de venda e mudarem um pouco até o conceito da venda, dando um produto que permite ao consumidor ter mais tempo para fazer claramente ao consumidor a possibilidade de experimentar, uma aquilo que mais gosta, ao invés de estar a olhar para a máquina e explicação mais assertiva, com melhor qualidade e conhecimento esperar que o ciclo acabe. do produto que está a ser vendido.

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Criado para o sucesso

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TEXTO Arthur Smith, diretor global de Marketing na Videojet Technologies

Num mundo de agressiva concorrência nas prateleiras do retalho, o design da embalagem é uma arma essencial no arsenal das marcas, em todos os continentes. Uma aparência atrativa na prateleira é vital, uma vez que, só com um toque de diferenciação, é que os produtos podem esperar atrair o olhar dos potenciais consumidores. As tendências no design das embalagens variam significativamente, consoante a categoria do produto em questão, e podem ir desde cores ousadas e letras simples e claras até designs vintage que evocam sensações nostálgicas. Em qualquer caso, a criação de uma sensação de reconhecimento da marca é muito importante e qualquer elemento que tenha o potencial de se desviar da aparência de um produto deve ser cuidadosamente resolvido na fase de conceção.

Entres estes elementos encontram-se a codificação e a marcação, que evoluíram para acompanhar as tendências em tipos de embalagem de modo a garantir que as informações podem ser apresentadas de forma clara e coerente, independentemente do produto em questão. As embalagens individuais, por exemplo, assistiram a uma diminuição no tamanho, deixando uma menor superfície para os profissionais do marketing captarem genuinamente a atenção dos clientes relativamente a compras por impulso. Há muito que os profissionais do marketing das marcas compreendem a importância de lutar a favor das compras por

impulso e a representação e embalagens da marca podem marcar a diferença entre conseguir a venda ou perder a venda. Códigos limpos e nítidos só podem contribuir para a atratividade de uma marca, enquanto os códigos de fraca qualidade podem ter um efeito prejudicial, pelo que é importante considerar as soluções de codificação como parte dos esforços globais de comunicação da marca. No sector alimentar, a flexibilidade das embalagens tem sido uma das principais revoluções nos últimos anos, devido à leveza e às características de conveniência. Inovações como os sacos stand-up, janelas recortadas ou sacos resseláveis oferecem características cada vez mais procuradas pelos consumidores nos bens perecíveis e as embalagens flexíveis podem ser concebidas com propriedades barreira à medida do produto que está a ser embalado, uma importante característica, uma vez que os retalhistas procuram constantemente produtos com uma maior vida útil. A utilização de embalagens flexíveis também pode minimizar os custos de transporte entre o transformador, o embalador, o retalhista e o utilizador final, uma vez que, tipicamente, são mais leves e ocupam menos espaço do que outras opções de embalamento, como as latas ou as caixas. Codificação flexível a pensar no design No que respeita à embalagem flexível, em quase todas as situações, é recomendada a impressão por transferência térmica (TTO) como solução de codificação e marcação. Quando uma marca procura incorporar o elemento de codificação e marcação no design geral de uma embalagem, existem diversas vantagens em trabalhar com um fornecedor perito em tecnologia TTO. Por exemplo, a capacidade de testar várias opções de ribbon num determinado material e design de embalagem em laboratório, em condições especializadas, colherá vantagens. Com isto, os clientes podem garantir a consistência dos respetivos designs e esquemas de cores através de um vasto número de opções, que permitem que a embalagem seja exposta nos locais mais proeminentes das prateleiras. A seleção do ribbon certo é importante, uma vez que nem todos os ribbons são criados iguais. As necessidades específicas para a


aplicação, como a resistência a manchas, códigos de barras de alta resolução ou, até mesmo, o tipo de película das embalagens podem afetar a seleção do ribbon. Além disso, as aplicações que utilizam óleos alimentares, sal ou que apresentam partículas em suspensão determinam o melhor ribbon. Ao compreender estes fatores, os fornecedores experientes devem oferecer um portfólio avançado de ribbons de transferência térmica impressos de alta qualidade e o conhecimento deles pode ajudar as marcas a aproveitarem ao máximo as impressoras TTO. Os requisitos do código devem ser, igualmente, considerados e podem variar muito entre cada produtor. Nos produtos que necessitam de informações sobre o lote e a rastreabilidade, as impressões de jato de tinta contínuo (CIJ) e de laser são uma solução viável, enquanto nos casos nos quais as marcas exigem mais conteúdos, a impressão por transferência térmica acrescenta maior flexibilidade. Outro requisito de codificação para muitos fabricantes de alimentos é a necessidade de imprimir informações sobre os ingredientes. Ao dar resposta a esta necessidade, a impressora por transferência térmica é capaz de imprimir em formato grande, a pedido, textos nutricionais, listas de ingredientes e alertas de agentes alérgenos. Isto ajuda a garantir que os produtores podem cumprir os requisitos mínimos de rotulagem da indústria alimentar a nível global e pode, também, ajudar a reduzir o número de película de embalagem SKU pré-impressa mantida em inventário. As impressoras de transferência térmica oferecem uma qualidade de impressão de 300 dpi (12 pontos/mm), o que as transforma numa excelente opção para a impressão de texto ou gráficos de alta qualidade que não se desviam do design da embalagem.

Avanços tecnológicos acrescentam maior valor Os mais recentes modelos de impressão por transferência térmica que se encontram hoje no mercado têm incorporada uma avançada tecnologia para melhorar, ainda mais, o valor acrescentado para as linhas de produção alimentar. A tecnologia iAssure da Videojet, por exemplo, oferece uma segurança de código inteligente aos clientes através da captura, comparação e análise da imagem. O sensor interno, as lentes e a fonte de luz criam uma imagem do desperdício de ribbon de transferência térmica impresso conforme o ribbon indexa para a próxima impressão. A imagem é processada em tempo real, com vários algoritmos que verificam automaticamente a imagem impressa em comparação com a imagem desejada. As imagens são, então, comparadas e as áreas de divergência entre a imagem impressa e a imagem pretendida são avaliadas com algoritmos sofisticados que examinam defeitos comuns, como a escuridão da imagem, o desalinhamento, o vinco do ribbon e outros que podem produzir uma qualidade de impressão fraca para determinar a aprovação/reprovação da impressão. A tecnologia iAssure pode reduzir o desperdício e o tempo para refazer o trabalho e pode alavancar a tecnologia de captura da imagem e análise para detetar importantes defeitos recorrentes de impressão, garantindo que apenas os códigos com a maior qualidade chegam à cadeia de fornecimento do retalho. A qualidade é tudo no que respeita ao design das embalagens, dado que é este elemento que inspira confiança no produto que se encontra no interior. Ao ter a codificação e a marcação em consideração no processo de design, as marcas podem estar 100% seguras de fechar a porta a um potencial (e evitável) elo mais fraco.

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L NA O I IL

R ACRÇO/AB N R MA

TE2018 | N I 50/ º n.

Incerteza

política e económica facilita entrada de

discounters Itália

TEXTO Bárbara Sousa FOTOS Shutterstock

em

Ao longo da última década, a proporção das vendas a retalho nas despesas do consumidor foi, em grande parte, estável, em Itália. Pouca riqueza adicional foi criada numa economia de baixo crescimento, que também foi prejudicada pela recessão de 2008/2009 e de 2012/2013, de acordo com a Nielsen. No entanto, as vendas a retalho per capita em Itália são relativamente altas pelos padrões da Europa Ocidental. O que se deve ao elevado nível dos preços, resultante de expectativas de alta qualidade e, muitas vezes, de estruturas de distribuição ineficientes, com a existência de grande sector independente, especialmente no sul do país. O retalho italiano caracteriza-se por um dos níveis mais baixos de concentração de mercado na União Europeia, com o top 5 a representar apenas cerca de 20% do total. O país continua a ser moldado por uma forte divisão da riqueza entre o norte e sul e, consequentemente, a concentração é mais elevada nas regiões mais a norte.


A Itália tem uma densidade populacional relativamente baixa pelos padrões da Europa Ocidental, com aproximadamente 200 habitantes por quilómetro quadrado. Isto é especialmente verdade no sul que é, em grande parte, rural. No entanto, com uma população de cerca de 61 milhões, a Itália ainda é um dos maiores mercados consumidores da Europa, de dimensão comparável à França ou ao Reino Unido. Quase 70% da população vive em áreas urbanas, sendo que a população combinada das três maiores regiões de Roma, Milão e Nápoles representa quase 20% da população e 24% do consumo privado nacionais, segundo estima a Nielsen. Apesar do número de habitantes estar a aumentar lentamente, a taxa de natalidade muito baixa (entre as mais baixas da União Europeia), combinada com o envelhecimento da população pode levar a uma tendência descendente nos próximos anos. Os especialistas avisam que a população poderá cair para 52 milhões, até 2050, apesar dos níveis potencialmente crescentes de imigração. A Itália é a quarta maior economia da Europa e a oitava maior do mundo. No entanto, o crescimento económico tem sido lento na última década, abaixo da média da área do euro, e também atingido pela recessão de 2008/2009 e de 2012/2013. Especialmente, à luz das medidas de austeridade do Governo implementadas em 2011, alcançar as economias mais ricas da União Europeia será uma tarefa difícil nos próximos anos. Além disso, a insegurança política e económica em Itália foi exarcebada pela renúncia do primeiro-ministro Renzi, após perder o referendo constitucional, no início de dezembro de 2016. No entanto, segundo o Retail Market Snapshot da Cushman & Wakefield, a economia italiana deu sinais de recuperação ao longo do ano de 2017. Os principais indicadores continuam a melhorar, com altos níveis de confiança dos consumidores. O Produto Interno Bruto (PIB) do país situou-se nos 1,703 mil milhões de euros, em 2017, e a Nielsen estima que este número deva aumentar, até 2023, para 1,953 mil milhões de euros, assim como o PIB per capita, que chegará aos 32.224,73 euros (28.035,83 euros em 2017). Vendas As vendas a retalho per capita em Itália (6.221,04 euros em 2017) são relativamente altas pelos padrões da Europa Ocidental, o que se deve aos elevados níveis de preços, que resultam de expectativas de alta qualidade e, muitas vezes, de estruturas de distribuição ineficientes com a existência de um grande sector independente, especialmente no sul do país. O comércio de produtos alimentares no norte da Itália é muito mais avançado em termos de padrões operacionais do que o comércio tradicional no Mezziogiorno. Além da difícil situação económica geral, outro obstáculo ao crescimento de curto prazo é a divisão económica do país em duas metades, com um norte amplamente saturado (embora não muito consolidado) e um sul muito menos desenvolvido, onde é difícil ter operações lucrativas de larga escala devido à falta de poder de compra local. O desenvolvimento económico no sul dependerá da melhoria da infraestrutura e da segurança jurídica no futuro, permitindo níveis mais baixos de desemprego e salários mais altos. Tais mudanças fundamentais deverão refrear a importância crescente das empresas de discount, que recentemente tiveram uma in-

fluência mais forte nos padrões nacionais de preços. Canais de retalho Os italianos são mundialmente conhecidos pela sua culinária e estilo de vida e, portanto, dão grande ênfase à frescura e à excelente qualidade dos alimentos. Assim, os departamentos de frescos da maioria dos retalhistas oferecem uma ampla gama destes produtos. Os hipermercados italianos são provavelmente dos melhores da Europa, em termos de estilo e aparência. Embora muitas empresas estrangeiras, como a Auchan e o Carrefour, sejam ativas nesse sector, há também um número considerável de “players” domésticos, como, por exemplo, Esselunga, Ipercoop, operado pela Coop, e Iper, operado pela Finiper, e independentes. No sul da Itália, o retalho está cada vez mais organizado em torno de “shopping centers”, que muitas vezes apresentam um hipermercado como âncora. A Itália continua a ser um país clássico de supermercados e pontua bem em termos de densidade de vendas, o que não deverá mudar no curto prazo. Os supermercados ainda são favorecidos pelos italianos pela sua preferência por comprar em pequenas quantidades e com frequência. Assim, funcionam essencialmente como lojas de bairro modernas. Conad, Coop Italia, Auchan, Carrefour, PAM e SPAR (Áustria) são os “players” com as maiores vendas neste formato. A densidade geral de pequenas lojas em Itália continua a ser maior do que na maioria dos outros países europeus, devido ao grande número de lojas tradicionais e de bairro que ainda predominam (por número de locais) no país. É extremamente improvável que isso mude nas próximas décadas, diz a Nielsen, especialmente porque o Governo ainda protege as pequenas lojas, tendo assegurado que quem quiser abrir novos espaços com mais de 250 metros quadrados enfrente enormes condições burocráticas. Apesar disso, o retalho italiano sofreu uma mudança estrutural óbvia nas últimas décadas. Mais de 100 mil pequenas lojas fecharam desde a década de 1970 e, em alguns centros populacionais, os formatos de venda modernos de maiores dimensões têm agora uma quota de mercado de mais de 50%. A Itália não é um mercado de discount particularmente importante, quando comparado com a Alemanha. Desde a entrada do líder do segmento, o Lidl, em 1992, o sector reagiu com uma série de conceitos, embora nem todos tenham sido bem-sucedidos. Atualmente, o formato líder é o “soft discount”, que se adaptou às preferências italianas integrando elementos dos supermercados, como departamentos de alimentos frescos comparativamente luxuosos. A EuroSpin é hoje a maior operadora de discount de Itália, sendo a maioria dos seus estabelecimentos franchisados. O Lidl, propriedade do Grupo Schwarz, está na segunda posição, seguido a grande distância pela Penny da Rewe, lidera o grupo de lojas menores, e pelo retalhista local PAM, que opera a cadeia de descontos In’s. A volatilidade política e financeira deverá fornecer oportunidades de crescimento suficientes para novas insígnias de discount, nomeadamente o Aldi, que irá abrir as suas primeiras lojas em Trento, Verona e Bolzano e um centro de distribuição localizado nos arredores de Verona. Quanto ao formato de conveniência, o Carrefour opera aproximadamente 600 lojas Express (anteriormente Dì Per Dì), mas este formato é dominado pelos operadores internacionais de postos de combustível, incluindo a ExxonMobil, Total e MOL, entre outros. No sector dos cash & carry, há um número de operadores domésticos, mas a lista das principais operações inclui alguns pesos-pesados globais: Metro Group, com a Metro Cash & Carry, e Carrefour, com o Docks Market. A Metro continua a ser o “player” número um indiscutível na sua área. Em janeiro de 2013, o Carrefour adquiriu seis cash & carry GrosMarket do italiano Gruppo Lombardini e converteu-as na insígnia Docks Market. As lojas estão localizadas na parte norte do país. O “player” nacional Lombardini, com a insígnia GrosMarket, está na terceira posição.

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INT

n.º50/


Produtos hortofrutícolas embalados:

benefícios perigos percebidos e

pelo

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consumidor

A inclusão na alimentação diária de produtos hortofrutícolas é essencial para a prática de uma alimentação saudável, nomeadamente devido ao seu efeito protetor no risco de doença cardiovascular. Neste contexto, a Organização Mundial de Saúde recomenda a ingestão diária de, pelo menos, 400 gramas de hortofrutícolas, equivalente a cinco porções diárias. Por sua vez, em Portugal, a Roda dos Alimentos advoga o consumo diário de três a cinco porções de hortícolas e de três a cinco porções de fruta, em função das necessidades energéticas de cada um, correspondendo cada porção a 180 gramas de hortícolas crus e a 160 gramas de fruta. Ora, estas recomendações vão ao encontro das perceções do consumidor português, uma vez que, de acordo com o Projeto Agro Consumidor, o mesmo apresenta um correto entendimento em relação ao conceito de alimentação saudável, o qual proporciona saúde e bem-estar, considerando muito particularmente a necessidade de ingerir frutos e hortícolas diariamente. Por outro lado, as crianças portuguesas apresentam um dos maiores consumos de hortofrutícolas, embora abaixo da recomendação de ingestão de 400 gramas/dia. No entanto, pela análise da Balança Alimentar Portuguesa 2012-2016, estudo do Instituto Nacional de Estatística, verificou-se que os grupos dos “Frutos” e dos “Hortícolas” apresentavam desvios significativos face à Roda dos Alimentos, com disponibilidades deficitárias, em 2016, de 7,3 p.p. e 6,8 p.p., respetivamente (-8,2 p.p. e -8,0 p.p., em 2012). Vários fatores confluem para esta realidade, sendo que a ausência de alternativas saudáveis na restauração, a falta de tempo e a dificuldade em abandonar alimentos preferidos revelam-se como as principais barreiras à prática de uma alimentação saudável por parte dos consumidores portugueses, nomeadamente para o consumo adequado de hortofrutícolas. Desta feita, os “novos consumidores”, no que diz respeito ao consumo alimentar, reivindicam variedade, conveniência e produtos alimentares que sejam simultaneamente saudáveis e seguros. Nesse sentido, o mercado dos produtos hortofrutícolas procurou acompanhar estas evoluções, muito em parte devido à embalagem, impulsionando a indústria alimentar a encontrar soluções que proporcionassem, cada vez mais, conveniência, segurança alimentar e sabor. Se bem que no passado estes alimentos eram oferecidos ao consumidor desprovidos de embalagem ou de qualquer processamento, posteriormente, evoluiu-se para a presença de produtos hortofrutícolas embalados (com a intervenção da embalagem ativa, da embalagem em atmosfera modificada e das embalagens inteligentes) ou prontos para consumo, recorrendo-se, por exemplo, ao processamento mínimo. No entanto, os produtos hortofrutícolas frescos são altamente perecíveis e propensos aos principais mecanismos de deterioração, escurecimento enzimático, perda de humidade e crescimento microbiano. Por outro lado,

a embalagem pode ser, em si mesma, uma fonte de perigos para a segurança e qualidade alimentares, na medida em que compreende materiais de natureza diversa, em contacto direto com o alimento, podendo originar contaminação de natureza química, física e microbiológica e impactos ambientais. O trabalho aqui reportado, tendo por base uma dissertação do Mestrado em Ciências do Consumo Alimentar, da Universidade Aberta, desenvolvida por Rita Isabel de Carvalho Fernandes, sob o tema “Perceção do risco das embalagens de hortofrutícolas por parte dos consumidores”, visou avaliar a perceção do risco das embalagens de hortofrutícolas por parte dos consumidores, concentrando-se na avaliação dos benefícios e nas preocupações face às embalagens de produtos hortofrutícolas frescos inteiros e frescos pré-cortados prontos a consumir, aplicando-se, para o efeito, questionários aos consumidores. Os resultados da investigação indicaram que os benefícios associados aos produtos hortofrutícolas frescos inteiros e pré-cortados prontos a consumir centram-se em torno da “segurança alimentar” e da “saúde”, reforçando a relevância dos produtos hortofrutícolas para a prática de uma alimentação saudável por parte do consumidor, sendo o fator “conveniência” mais importante para os hortofrutícolas pré-cortados prontos a consumir. Em relação às preocupações dos produtos embalados de hortofrutícolas, quer inteiros quer pré-cortados, a preocupação mais valorizada diz respeito à segurança alimentar, sendo que “a possibilidade de a embalagem contaminar o produto” foi mais marcada nas embalagens dos produtos hortofrutícolas frescos pré-cortados prontos a consumir, dado o consumidor ter percecionado uma maior vulnerabilidade destes alimentos. Em causa poderá estar o facto destes produtos estarem pré-cortados, potenciando uma maior alteração química do alimento. Por outro lado, verificou-se que às embalagens de hortofrutícolas frescos e inteiros é sacada uma maior responsabilidade dos perigos ambientais, possibilitando igualmente estas embalagens, para o consumidor, a dissimulação da qualidade do produto. Aceda ao trabalho completo em https://repositorioaberto.uab.pt/handle/10400.2/3377 Ana Pinto de Moura é professora auxiliar na Universidade Aberta, engenheira alimentar pela ESB-UCP e doutorada em Engenharia de Sistemas Industriais pelo INPL, Nancy, França. É investigadora do Green UP, CITAB-UP e coordenadora do curso de mestrado em Ciências do Consumo Alimentar, da Universidade Aberta.


Dizem que Whisky deve ser servido só com uma pedra de gelo.

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