Grãos Brasil - Edição 102

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EDITORIAL

Caros Amigos e Leitores Ano XVII • nº 102

MAIO / JUNHO 2020

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Diretor Executivo Domingo Yanucci

Colaboradores Antonio Painé Barrientos Maria Cecília Yanucci Victoria Yanucci

Matriz Brasil Rua dos Polvos 415 CEP: 88053-565 Jurere - Florianópolis - Santa Catarina Tel.: +55 48 991626522 / 3304 6522 E-mail: graosbr@gmail.com gerencia@graosbrasil.com.br Sucursal Argentina Rua América, 4656 - (1653) Villa Ballester - Buenos Aires República Argentina Tel/Fax: 54 (11) 4768-2263 E-mail: consulgran@gmail.com Revista bimestral apoiada pela: F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção de Perdas de Alimentos -ABRAPOS As opiniões contidas nas matérias assinadas, correspondem aos seus autores. Conselho Editorial Diretor Editor Flávio Lazzari Conselho Editor Adriano D. L. Alfonso Antônio Granado Martinez Carlos Caneppele Daniel Queiroz Jamilton P. dos Santos Maria A. Braga Caneppele Marcia Bittar Atui Maria Regina Sartori Sonia Maria Noemberg Lazzari Tetuo Hara Valdecir Dalpasquale Produção Arte-final, Diagramação e Capa

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Nos últimos 16 anos tenho a alegria de apresentar a Grãos Brasil, Da Semente ao Consumo. Sempre junto de você, levando a melhor tecnología de pós-colheita para o Brasil. Neste período de pandemia, vemos o quanto nós precisamos nos reinventar, a Grãos Brasil mostra mais uma vez sua força e continua a crescer em conteúdo e em alcançar seu objetivo de chegar ao setor armazenista. Veremos grandes transformações em nossos países e é a oportunidade de criar-nos grandes desafios antes que eles sejam gerados de fora. Por exemplo, se definirmos um grande projeto como nosso objetivo, "crescer em eficiência", o que devemos fazer? Dar um pequeno passo. Está é uma maneira muito inteligente de agir, grandes projetos - pequenos passos. Para dar um exemplo, o que aconteceria em nossos armazéns apenas se medíssemos melhor a umidade dos grãos ?, teríamos: melhor liquidação, classificação, segregação, secagem, conservação, qualidade, conhecimento, menos perdas, etc. etc... Apenas para dar um exemplo, como melhorar um simples ato de determinar a umidade mudaria nossa realidade. Hoje, muitas empresas desenvolveram a tecnologia promovida pelo SAMC (Sistema de Amostragem, Monitoramento e Controle), a fim de ter conhecimento em tempo real e até antecipado do que acontece com grãos e sementes, além das instalações. A verdade é que nunca devemos parar de mover-nos, sempre mobilizados por um ideal, a fim de alcançar a melhoria constante de nossos sistemas. Por isso, é essencial atualizar e treinar a equipe de trabalho, principalmente os jovens que assumem a liderança e têm a responsabilidade de promover mudanças. Grãos Brasil está oferecendo assistência técnica e cursos on-line. Essa é uma maneira de baixo custo de treinar os funcionarios. Vocês sabem que nossa vocação é comunicar tecnologia e, se as viagens forem limitadas hoje, podemos ter outras ferramentas extremamente valiosas que definitivamente entrarão no pacote de possibilidades. Agradecemos às empresas e instituições que apóiam a Grãos Brasil e entendem que melhorar a nossa realidade é responsabilidade de todos, também aos profissionais de prestígio que compartilham suas experiências. Até a próxima. Que Deus abençoe suas famílias e trabalhos. Um forte abraço.

Domingo Yanucci

Diretor Executivo

Consulgran - Granos - Grãos Brasil 0055 48 9 9162-6522


SUMÁRIO

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04 PERDAS & QUEBRA TÉCNICA - Dr. Luís César da Silva 09 SEMENTES DE SOJA VERDE - Carina Gallo, Mailén Martínez e Miriam Arango 14 REVESTIMENTOS PROTETIVOS HM RUBBER - Miquéias De Oliveira Assis 18 A IMPORTÂNCIA DE TER SISTEMA DE EXAUSTÃO E ILUMINAÇÃO NA ARMAZENAGEM DE GRÃOS - Otávio Matos e Adriano Mallet 20 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO GARTEN PARA GRÃOS - Garten 23 EFICÁCIA DA TERRA DE DIATOMÁCEA EM MILHO - Luiz Ricardo dos Santos e Irineu Lorini 28 PANDEMIA: UM BOM MOMENTO PARA REFLEXÃO - Oswaldro J. Pedreiro 32 NOVO RECORD PARA O BRASIL (250,5 milhões de t) 33 REDUZIR A DEPENDÊNCIA DA IMPORTAÇÃO 35 PORTO DE PARANAGUÁ DOBRA EMBARQUES DE SOJA 37 Utilíssimas 38 CoolSeed News 40 Não só de pão... Críticas e Sugestões: gerencia@graosbrasil.com.br

NOSSOS ANUNCIANTES

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TECNOLOGIA

PERDAS & QUEBRA TÉCNICA

A prestação de serviço em armazenagem de grãos, igualmente a outras atividades econômicas, envolve riscos que, em gestão de empreendimentos, são ocorrências previsíveis e seus danos, dependendo da natureza, podem ser mitigados ao adotar medidas sociotécnicas, científicas e, ou, econômicas.

Dr. Luís César da Silva Universidade Federal de Viçosa Departamento de Engenharia de Agrícola silvalc@agais.com www.agais.com

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Especificamente, na gestão de unidades armazenadoras os danos referem-se às perdas quantitativas e qualitativas e, consequentemente, financeiras. A quantificação e minimização dessas perdas constituem uma atividade árdua, devido à dinâmica do sistema unidades armazenadoras, às quantidades de produto processado em curto espaço de tempo e à natureza do ecossistema dos ambientes de armazenagem que possui elementos abióticos e bióticos. Ao armazenar produtos em silos e graneleiors, os elementos abióticos são o ar e as impurezas presentes no espaço intergranular, enquanto os bióticos são os grãos, fungos, ácaros, insetos e, ou, as bactérias deterioradoras. Os quatro últimos proliferam em condições inadequadas de armazenagem, desencadeando perdas quantitativas e qualitativas. Para o armazenamento seguro em condição ambiente é indicado secagem, devido ao menor custo em relação a outros tratamentos térmicos. Com a secagem é removida a água do produto a níveis que a atividade metabólica do produto e a umidade relativa do ar intergranular são reduzidas. O menor teor de água do produto reduz a taxa de respiração e, consequentemente, a perda de matéria seca, que são constituintes químicos dos grãos, exceto água. Sabe-se que no processo de respiração 1 kg de matéria seca normalmente é convertido em 1,5 kg de gás carbônico, 600 g de água e 3.700 kcal. Essa conversão, além de promover perda quantitativa, faz aumentar o risco de deterioração


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consequentemente ocorrerão erros na elaboração dos romaneios de recebimento e em futuras estimativas de estoques durante o armazenamento. Para estimar as quantidades de impureza e água a serem removidas, frequentemente são empregadas, respectivamente, as equações 01 e 02.

fúngica, devido aos aumentos da temperatura do produto e da umidade relativa do ar intergranular. No armazenamento de grãos, o limite aceitável de perda de matéria seca é 0,5%. Ao considerar duas sacas de 60kg de milho, a primeira com teor de água de 20% e a segunda com 13%, na primeira têm-se 48 kg de matéria seca (= 60 x 80%), enquanto na segunda, 52,2 kg (= 60 x 87%). A perda de 0,5% de matéria seca da primeira saca corresponde a 276 g de produto seco, ou a 4,60 kg por tonelada. Ao considerar cotação da saca de milho em R$ 57,00, essas perdas correspondem a R$ 0,26/saca ou R$ 4,60/t. Enquanto, para a segunda, as perdas corresponderiam a 300 g/saca, 5 kg/t, R$ 0,25/saca ou a R$ 4,75/t. As perdas quantitativas e qualitativas estão diretamente associadas a dois importantíssimos parâmetros de armazenagem, que são o teor de água e a temperatura do produto. Assim, por exemplo, ao armazenar milho com teor de água de 20% e temperatura de 25°C em 14 dias ocorrerá 0,5% de perda de matéria seca (Figura 01), enquanto se o teor de água do produto for 13%, esse período estenderia a mais de um ano.

em que: Qi - Ii - If - QU - Ui - Uf -

quebra de impureza, %; teor de impureza inicial, %; e teor de impureza final, %. quebra de umidade, %; teor de água inicial, %; e teor de água final, %.

Desse modo, ao reduzir o teor de impurezas de uma carga de 3 para 1%, a quebra de impurezas será 2,02%, e não simplesmente a diferença em pontos percentuais. De forma semelhante, a redução do teor de água do produto de 20 para 13% implicará na quebra de umidade de 8,05%. Portanto, ao receber uma carga de 18.000 kg, a quantidade de impurezas removida será 364 kg (= 18.000 x 2,02%) e a de água, 1.420 kg (= (18.000-364) x 8,05%). Assim, após o processamento são obtidos 16.216 kg (= 18.000 - 364 - 1420) de produto com 1% de impureza e 13% de teor de água. Em algumas empresas, mediante acordo ente o depositante e depositário, o pagamento dos custos dos serviços de recepção, limpeza e secagem poderá ser feito por meio de produto. Nesse caso, a quebra de umidade é majorada. Tomando por exemplo uma unidade em que não se cobra os serviços na forma de produto e o padrão de armazenagem seja 13% de teor de água, a quebra de umidade de 20 para 13%, conforme a equação 03, seria 8,05% (= (20 -13)x1, 15); ou seja,

Quebras de impureza e umidade As cargas de grãos provenientes das lavoradas com destino às unidades armazenadoras coletoras normalFigura 01 - Período de tempo de armazenamento seguro de milho. (Adaptado de: advancedgrainmanagement.com/) mente apresentam excesso de impureza e umidade, o que requer a condução das operações de limpeza e secagem, visando ao armazenamento seguro, bem como ao atendimento dos padrões de comercialização. Para quantificar os excessos de impureza e água a serem removidos das cargas, requer cuidados na amostragem e pesagem das cargas. Erros na amostragem depreciam a precisão na inferência dos teores de impurezas e de água das cargas,

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a diferença entre os teores de água inicial e final multiplicada pelo coeficiente 1,15.

Ao ser ajustado entre os depositantes e o depositário o pagamento de serviços por meio de produto, o coeficiente supracitado é majorado ao nível correspondente a uma quantidade de produto limpo e seco que cubra os custos. Evidentemente, essa majoração deve ser documentada e exposta claramente entre as partes. Assim, a empresa depositária contará em seu estoque com um quantitativo de produto que, ao ser comercializado, quitará os custos dos serviços de recepção, limpeza e secagem. Importante: a majoração da quebra de umidade em uma unidade racionalmente gerenciada não deve ser aplicada para cobrir perdas associadas a erros operacionais e, ou, deficiências da estrutura de armazenagem. Há sim de ser adotados procedimentos operacionais que minimizem essas perdas. Minimização de perdas Além de limpar, secar e acondicionar o produto adequadamente para o armazenamento, há outras medidas para minimizar perdas. As perdas em unidades estão associadas a erros operacionais como: (i) não segregação das cargas recebidas segundo o teor de água, (ii) regulagens inadequadas das máquinas de pré-limpeza e limpeza, (iii) condução da aeração em momentos inadequados, (iv) descarte indevido de grãos derramados nos pátios, pés de elevadores e tuneis, (v) mistura indevida de grãos e (vi) ação de pragas. A não segregação das cargas recebidas, segundo o teor de água, dificulta a condução da operação de secagem, pois ao encher os secadores com produto com diferentes teores de água pode ocorrer duas situações: a supersecagem ou a secagem inadequada. Na supersecagem o produto é seco a um teor de água abaixo do ideal para comercialização. As-

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sim, por exemplo, uma carga de 18.000kg que tiver a redução do teor de água de 20 para 12%, a quebra de umidade será 9,1% (equação 02), o que implica na remoção de 1.638kg (= 18.000 x 9,1%) de água. Enquanto se a redução fosse de 20 para 13% a quantidade de água removida seria 1.440kg (= 18.000 x 8,0%). Portanto, essa ocorrência implicará em um déficit no estoque de 198kg (= 1440 - 1638), 3,3 sacas de 60kg. A perda relacionada à secagem inadequada está associada ao armazenamento de porções do produto com teor de água acima do recomendado, o que implica em maior disponibilidade de água no ar intergranular. Ao ser recomenda a armazenagem de milho e soja com teor de água de 13% e 11%, respectivamente, é para garantir que a umidade relativa do ar intergranular seja inferior a 65%, pois para proliferação dos fungos do armazenamento é requerida a umidade relativa do ar intregranular entre 65 e 90%, enquanto as bactérias deterioradoras requerem valores acima de 90%. O desenvolvimento de fungos traz perdas quantitativas e qualitativas, bem como há o risco de contaminar o produto com micotoxinas. Portanto, o local onde essas cargas forem acondicionadas, nos silos ou graneleiros, futuramente constituirá em focos de aquecimento em razão da maior taxa de respiração dos grãos e da proliferação de fungos. As perdas devido à má regulagem das máquinas de pré-limpeza e limpeza referem ao descarte de grãos inteiros ou quebrados como se fossem impurezas. Assim, para minimizar essas perdas é recomendado o uso de peneiras apropriadas e a regulagem do sistema de aspiração. Perdas relacionadas à aeração são minimizadas ao certificar constantemente a condição psicrométrica do fluxo de ar aplicado à massa de grãos. O ideal é que o ar esteja em equilíbrio higroscópico com o produto armazenado. Sendo assim, não ocorrerá supersecagem do produto ao insuflar um fluxo de ar seco (umidade relativa inferior a 65%),


TECNOLOGIA como também o aumento da umidade relativa do ar intergranular ao insuflar ar úmido e favorecer a proliferação de fungos. As perdas devido ao descarte dos grãos derramados nos pátios, pés de elevadores e tuneis aparentemente podem ser irrisórios, no entanto, ao longo do tempo representam um quantitativo razoável depreciado do estoque de produtos. A mistura indevida de grãos normalmente decorre de procedimentos inadvertidos, como deixar resto de produto nas caixas de expedição e proceder ao carregamento com outro produto, ou ao direcionar o fluxo de produto para local onde está acondicionada outra espécie de produto. E, por fim, a minimização das perdas por pragas, que é feita pela implantação e gestão do Manejo Integrado de Pragas – MIP. O MIP tem por fundamentos a limpeza e desinfestação das estruturas e dos equipamentos da unidade e a monitoração e o controle de populações de insetos, roedores e pássaros a níveis que não causem perdas quantitativas e qualitativas. Quebra técnica No Brasil o termo quebra técnica foi adotado por gestores de armazéns convencionais com o ob-

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jetivo de justificar a redução da massa de produto por ocasião da expedição dos lotes. Desde então, generalizou a adoção da taxa de 0,3% ao mês. A priori, atribui-se a essa redução de massa as atividades metabólicas dos grãos armazenados, principalmente a respiração. O valor da taxa de quebra técnica não é normatizado por legislação específica, no entanto, é de praxe a definição do valor em contratos de prestação de serviços em armazenagem. A taxa expressa a redução percentual de massa do produto para um dado período de tempo: dia, quinzena ou mês. Assim, a depender do tempo de armazenagem é calculada a quebra técnica e a retenção a título de quebra técnica. A quebra técnica refere-se ao valor percentual do desconto, enquanto a retenção a título de quebra técnica corresponde à quantidade de produto retido de cada expedição. Desse modo, a movimentação de estoque para um dado mês pode ser descrita por meio da equação 04. E se a empresa cobrar a prestação dos serviços de recepção, limpeza e secagem, deverá ser acrescido mais um termo na equação 04.

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TECNOLOGIA em que,

Qparmi - quantidade de produto armazenado ao final do mês, kg; Qparmi-1 - quantidade de produto armazenado ao final do mês anterior, kg; Qpexpi - quantidade de produto expedido no mês, kg; e Qprqti - quantidade de produto retido a título de quebra técnica, kg. Ao final da movimentação de uma safra pode ocorrer que o somatório das retenções a título de quebra técnica gere sobra do estoque físico. Nesse caso, a maioria das cooperativas comercializa essa sobra e rateia proporcionalmente o valor entre os depositantes. Pode também ocorrer que empresas comercializem essa sobra para custear a manutenção preventiva das estruturas e dos equipamentos da unidade. Outro cenário é quando o balanço final do estoque ao final é zero; ou seja, o somatório das retenções a título de quebra técnica cobriu as perdas ocorridas durante o armazenamento. No entanto, o balanço final do estoque pode apresentar déficit. Nesse caso, o somatório das retenções a título de quebra técnica não foi suficiente para cobrir as perdas. Diante desse cenário, pode ocorrer a tendência de majorar a taxa de quebra técnica para a próxima safra, mas naturalmente há um limite imposto pelo mercado. Além disso, o déficit constatado não pode ser exclusivamente atribuído ao metabolismo dos grãos, o que teoricamente é contemplado ao definir a taxa de quebra técnica. Como supradescrito, há diferentes erros operacionais que podem causar déficit no balanço do estoque. Assim, cabe aos gestores e colaboradores adotarem técnicas para minimizar as perdas. Dentre as técnicas destacam-se o APPCC e a Boas Práticas de Armazenagem. Para armazenagem de grãos o APPCC (Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle) consiste

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em: (i) mapear o processo, (ii) elencar os Pontos Críticos de Controle - PCC, (iii) destacar para cada PCC os riscos de perdas quantitativas e qualitativas e (iv) definir para cada uma dessas situações os procedimentos para minimizar os riscos. Esses procedimentos devem ser cuidadosamente descritos no Manual de Boas Práticas de Armazenagem da Unidade. É de extrema importância treinamentos frequentes quanto à observância e prática dos procedimentos constantes no Manual de Boas Práticas de Armazenagem. Nesses treinamentos deverão ser destacados os procedimentos corretos quanto, por exemplo: (i) à pesagem e amostragem dos caminhões na recepção, (ii) às rotinas de classificação e determinação dos teores de impureza e de água das amostras, (iii) à operação dos sistemas de secagem, (iv) à tomada de decisão na aeração de grãos e (v) aos procedimentos do Manejo Integrado de Pragas - MIP. Ponderações Finais A prestação de serviço em armazenagem de grãos agrega dois importantes valores à produção, que são a disponibilidade ao longo do tempo e em local estrategicamente definido, além de possuir grande apelo socioeconômico. Desse modo, são demandados profissionalismo e conhecimentos técnicos para se adotar sistematicamente procedimentos que minimizem as perdas quantitativas e qualitativas e atendam aos preceitos de segurança alimentar. Novas tecnologias de controle, monitoração e automação aplicadas ao armazenamento de grãos estão disponíveis e permitem minimizar as perdas. Ao aplicar essas tecnologias é possível, dentre outras atividades: conduzir a aeração dos grãos armazenados em horários apropriados; mensurar estoques de produtos em silos e graneleiros; quantificar a emissão de gás carbônico em silos e inferir a perda de matéria seca; e monitorar a temperatura do produto e a umidade relativa do ar intergranular e avaliar se a condição de armazenagem está adequada.


Sementes de Soja Verde

SEMENTES

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Tomada de Decisão e Destino dos Lotes

A perda de qualidade nos lotes de sementes de soja devido à presença de sementes com diferentes tonalidades de cor verde ocorreu em anos repetidos. Nesta campanha 2019/20, esse problema voltou a aparecer e é necessário tomar uma série de decisões sobre o destino desses lotes.

Carina Gallo Laboratorio de Sementes Estación Experimental Agropecuaria Oliveros Centro Regional Santa Fe – INTA gallo.carina@inta.gob.ar Mailén Martínez Miriam Arango Laboratorio de Sementes Estación Experimental Agropecuaria Oliveros Centro Regional Santa Fe – INTA gallo.carina@inta.gob.ar

A perda de qualidade nos lotes de sementes de soja devido à presença de sementes com diferentes tonalidades de cor verde ocorreu em anos repetidos. Nesta campanha 2019/20, esse problema voltou a aparecer e é necessário tomar uma série de decisões sobre o destino desses lotes. A presença de sementes verdes em lotes não é um problema novo, nem seu diagnóstico ou suas causas. A realidade nos diz que devemos ter muito cuidado ao decidir quais lotes serão usados como semente para a próxima campanha e quais não. Cabe ressaltar que a disponibilidade de sementes de alta qualidade fisiológica, avaliadas através de sua viabilidade, germinação, vigor e saúde, é essencial não apenas para obter germinação e emergência rápida e uniforme no campo, mas também pelo impacto que possuem esses atributos no potencial produtivo da safra. Por que são produzidas sementes verdes? O aparecimento de sementes verdes está intimamente associado a ambientes estressantes de produção, caracterizados por períodos constantes de altas temperaturas, superiores a 32 ° C, combinados com situações de déficit hídrico prolongado. Sob essas condições ambientais, ocorre um desequilíbrio fisiológico em plantas que podem afetar o processo natural de degradação da clorofila das sementes. Quanto maior a intensidade e a duração do estresse, mais grave é esse desequilíbrio fisiológico. Apesar do estresse ambiental ser a principal causa do apareciwww.graosbrasil.com.br


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mento de sementes verdes, é importante destacar que o momento em que esse estresse ocorre pode favorecer o aparecimento desse fenômeno. Além disso, quando o estresse ambiental ocorre durante o estágio de desenvolvimento do R6, há uma tendência para a produção de sementes verdes, porque esse estágio fenológico é muito suscetível. No R6, as sementes são caracterizadas por apresentar um alto teor de umidade, aproximadamente 60%, e uma cor verde uniforme em toda a sua estrutura. Essa coloração é uma conseqüência do acúmulo natural de clorofila, que é degradada pela própria semente em um processo de maturação natural que ocorre em plantas que não sofrem altos níveis de estresse ambiental. Quando o ambiente de produção é ruim, as plantas são fisiologicamente afetadas e o processo de degradação natural da clorofila pode ser afetado com o consequente aparecimento de sementes verdes. Além disso, o ambiente não apenas causa retenção de clorofila, mas também afeta o desenvolvimento de sementes em um momento chave para determinar a qualidade que é a maturidade fisiológica (estágio R7). Nesse momento, as sementes atingem seu peso seco máximo, adquirem a capacidade de germinar e toleram a secagem e determinam sua longevidade e vigor em potencial. Portanto, o momento da ocorrência, a intensidade e a duração das condições ambientais estressantes podem causar uma variação importante no percentual de sementes verdes e na sua qualidade fisiológica. De fato, essas variações na porcentagem de sementes verdes nos lotes são ainda mais complexas devido à incidência de fatores genéticos que controlam a suscetibilidade de cultivares de soja à formação desse tipo de semente. Por sua vez, existem outros fatores externos que também podem causar desequilíbrio fisiológico das plantas que favorecem o aparecimento de sementes verdes. Entre eles, podemos citar um intenso ataque de insetos, principalmente percevejos e doenças das raízes e das folhas. O gerenciamento inadequado do lote de produção é outro fator que pode favorecer o aparecimento da soja verde. A escolha do grupo de vencimentos e a data da semeadura são elementos importantes da administração que podem influenciar a ocorrência ou não desse problema. Testes realizados na Estação Experimental Agrícola INTA Rafaela, determinaram que cultivares de grupos de curta maturidade (GM III e GM IV) plantadas precocemente apresentam maior tendência a apresentar altas porcentagens de sementes verdes. Isso se deve principalmente ao fato de o momento do enchimento dos grãos coincidir com os meses de janeiro até meados de fevereiro, onde é registrado o maior estresse ambiental. Pelo contrário, nas datas de semeadura posteriores, tanto as cultivares do grupo de baixa maturidade quanto as do grupo Revista Grãos Brasil - Maio / Junho 2020

de longa maturidade (GM VI, VII e VII), geralmente apresentam baixos níveis de grãos verdes quando o período de enchimento não coincide. com o momento de maior estresse ambiental (Cencig e Villar Ezcurra, 2006). A porcentagem de sementes verdes em um lote é determinada pelas condições ambientais durante o período de enchimento e maturação da cultura e influenciada pela suscetibilidade da cultivar. Portanto, as decisões de manejo são essenciais diante das condições de seca e temperaturas extremas, a fim de minimizar o aparecimento de sementes verdes e a consequente redução na qualidade fisiológica do lote. Tipos de sementes verdes Note-se que há uma grande diversidade de sementes verdes e nem todas as sementes verdes têm as mesmas tonalidades, pois existem cores claras e outras mais escuras. Às vezes, a cor verde é geralmente acompanhada de outros danos, como amassados, rugas ou fraturas que também são causados por estresse ambiental Diferentes tipos de sementes verdes aparecem no lote: 1. Sementes totalmente verdes, com coloração esverdeada completa em tegumentos e cotilédones. Eles geralmente têm problemas para germinar porque são imaturos. 2. e as sementes com tonalidade verde que apresentam o tegumento amarelo característico da soja, mas através dela observa-se uma tonalidade verde que corresponde à presença de clorofila nos cotilédones (Figura 1). Neste último tipo de semente verde, o valor de uso para a semeadura dependerá do estado de maturidade do eixo embrionário, uma estrutura que dará origem às raízes, caule e folhas das mudas. Se o eixo embrionário atingiu sua maturidade fisiológica, existe a possibilidade de germinar e produzir uma muda normal mesmo quando os cotilédones são imaturos.

Figura 1 - Amostra de soja com presença de sementes verdes de várias tonalidades


SEMENTES Como saber a qualidade dos lotes com sementes verdes? Se o destino da produção é a plantação, a ocorrência de sementes verdes no lote pode afetar negativamente sua qualidade. Isso implica uma série de ações que devem ser tomadas com a determinação da qualidade fisiológica dos lotes de sementes em mente. Para isso, é necessário recorrer à análise profissional da qualidade realizada pelos Laboratórios devidamente normatizados, através de uma ampla gama de testes laboratoriais que permitem determinar, com precisão e confiabilidade, se as sementes em questão pode ou não ser usado na próxima safra. Dentre os exames laboratoriais mais utilizados para determinar a qualidade dos lotes de sementes, podemos citar o Teste de Germinação, cujo objetivo principal é determinar o potencial máximo de germinação de um lote de sementes. Os resultados deste teste revelam a capacidade de um lote de sementes produzir mudas sem defeitos ou com defeitos leves, que podem ser implantados no campo quando as condições de plantio são adequadas. Como mencionado anteriormente, as sementes verdes podem apresentar falhas na germinação, tanto na taxa quanto na uniformidade e no per-

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centual final de germinação, dependendo do grau de imaturidade dos tecidos. Além disso, danos às sementes verdes, como rugas, amassados ou fraturas, também podem ser manifestados no teste, observando-se defeitos nas estruturas das mudas. Esses defeitos são caracterizados principalmente por lesões ao longo da raiz e / ou caule, chamadas fendas, que afetam o padrão de crescimento normal das mudas e também são uma via potencial para o fungo entrar nos tecidos. Por esses motivos, a avaliação da capacidade de germinação de lotes de sementes verdes é uma ferramenta necessária para conhecer o potencial do lote a ser implantado em campo. Existem também outros testes de laboratório que são excelentes avaliadores da qualidade dos lotes de sementes. Entre eles, podemos citar o teste de viabilidade e vigor do tetrazólio, que permite um diagnóstico rápido e preciso em 24 horas do estado geral do lote de sementes, mesmo antes da mesma colheita. Nesse teste, é inferida a quantidade de sementes vivas capazes de germinar e produzir mudas normais, ou seja, elas não apresentam danos ou são leves. Além disso, o teste de viabilidade e vigor do tetrazólio permite identificar certos

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SEMENTES

elementos que afetam a qualidade, como danos causados por máquinas, danos causados por picadas de percevejos e danos causados pelo ambiente de produção, entre outros. Esses últimos danos geralmente estão presentes, em alta frequência, nas sementes verdes, o que aumenta ainda mais a perda de qualidade. Freqüentemente, danos ambientais são manifestados nos tecidos das sementes, seguindo um padrão bem definido de áreas brancas de tecidos mortos e / ou áreas deterioradas que são observadas como vermelho escuro em diferentes estruturas de sementes. No caso de sementes verdes, além de tecidos mortos e deteriorados, também podem ser observados tecidos verdes imaturos (Figura 2). Esse padrão topográfico do estado respiratório dos tecidos de uma semente permite uma estimativa muito precisa da qualidade das sementes.

te, o formato esférico clássico das sementes de soja é alterado e elas podem ser facilmente eliminadas na pós-colheita. Por outro lado, as sementes verdes enrugadas apresentam rugas típicas de danos ambientais no tegumento localizado na parte dorsal da semente, ou seja, oposta ao fio (Figura 3B). Essas rugas podem ser superficiais ou profundas, dependendo da intensidade e evolução dos danos ambientais, mas as sementes, em geral, mantêm sua forma. As sementes verdes também podem ser esféricas, ou seja, não apresentam rugas ou depressões, preservando a esfericidade das sementes de soja (Figura 3C).

Figura 3 -Sementes verdes com diferentes características físicas: A) amassadas; B) enrugada e C) esférica

Figura 2 - Sementes de soja no final do teste de viabilidade e vigor do tetrazólio. Tecidos com diferentes cores de acordo com o estado respiratório: A) eixo embrionário branco que corresponde ao tecido morto; B) área de cor vermelha indicando tecido deteriorado causado por estresse ambiental C) cotilédone verde devido à presença de clorofila correspondente a tecido imaturo;

A análise da qualidade de um lote com a presença de sementes verdes é complexa devido às características desse tipo de semente. Dependendo da intensidade da cor, da localização dos tecidos verdes nas sementes e da presença ou ausência de outros tipos de danos, o lote pode ter qualidades muito diferentes. Esta disparidade na qualidade dos lotes com sementes verdes é independente da quantidade de sementes verdes presentes; isto é, lotes com uma porcentagem alta de sementes verdes podem ter uma qualidade aceitável, enquanto outros lotes com a mesma porcentagem de sementes verdes podem ter uma qualidade muito baixa e não serem adequados para o plantio. É a partir dessa situação que surge a necessidade de recorrer à análise da qualidade profissional. No entanto, apesar dos problemas de qualidade que os lotes de sementes verdes podem ter, eles podem ser melhorados com uma classificação adequada. As sementes verdes amolgadas são caracterizadas por apresentar depressões que se estendem da zona periférica até a superfície central dos cotilédones (Figura 3 A). Neste tipo de semenRevista Grãos Brasil - Maio / Junho 2020

Com base nessas características físicas (rugas, amassados), que a soja verde pode apresentar, é importante ter em mente que as sementes esféricas e amassadas farão parte da população de sementes destinadas à semeadura. Para eliminar as sementes verdes esféricas e enrugadas do lote, é necessário o uso de tecnologias e / ou equipamentos que possam ser usados em grandes volumes e que permitam a identificação correta pela coloração verde e sua subsequente separação da massa de sementes.


SEMENTES Tolerância às sementes verdes no lote Dado o impedimento de eliminar todas as sementes verdes, é importante ter um parâmetro de orientação sobre o nível máximo de tolerância desse tipo de semente no lote comercial de sementes. Quantas sementes verdes podem ser permitidas no lote sem que a qualidade seja severamente afetada? Para responder a essa pergunta, foram realizados testes no Laboratório de Sementes da Estação Experimental Agrícola Oliveros do INTA, que mostrou que lotes de sementes com conteúdo de sementes completamente verdes iguais ou inferiores a 16% apresentaram valores de germinação iguais ou superiores ao valor. de comercialização de sementes de soja na Argentina (80%). Portanto, o nível máximo de tolerância de sementes verdes para lotes destinados à semeadura pode ser estabelecido em 16%, a fim de garantir o desempenho adequado das sementes no campo, quando as condições ambientais forem favoráveis à germinação e emergência. das mudas. Problemas na indústria A incidência da presença de clorofila na quali-

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dade das sementes verdes não é a única desvantagem causada por essas sementes, mas também tem consequências negativas para a indústria petrolífera. Uma das desvantagens reside na consistência elástica dos cotilédones verdes, o que dificulta o processo de extração de óleo. Além disso, o óleo obtido a partir de sementes / grãos verdes tem um alto teor de clorofila e seus derivados, que são transmitidos ao óleo, dando-lhe uma aparência semelhante à do azeite. Dessa forma, o processo industrial se torna mais caro diante da necessidade de esclarecê-lo. Por outro lado, os pigmentos de clorofila afetam o sabor do óleo e podem promover processos oxidativos que reduzem sua estabilidade de armazenamento, causando maior sensibilidade ao ranço.


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TECNOLOGIA

REVESTIMENTOS PROTETIVOS HM RUBBER

Contribuição Efetiva para a Redução de Perdas Pós Colheita Silos metálicos

Miquéias De Oliveira Assis Engenheiro Agrônomo Mestre em Fitotecnia

Revista Grãos Brasil - Maio / Junho 2020

O Brasil ocupa lugar de destaque no comércio internacional como grande exportador de produtos agrícolas, resultado da sua grande produção de grãos. Como parte dessa produção é armazenada durante um determinado período o país tem enfrentado problemas em virtude de falhas nos processos de armazenagem e de baixa capacidade de estocagem. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capacidade de armazenamento de grãos no Brasil foi 175,5 milhões de toneladas armazenadas em 2019. Em termos de capacidade útil armazenável, os silos predominam no país, com 84,7 milhões de toneladas, o que representa 48,3% da armazenagem nacional. Hoje em dia os silos metálicos de chapa galvanizada são a melhor alternativa para o armazenamento de cereais, devido à sua versatilidade, facilidade de montagem, higiene na manipulação e baixo custo de armazenamento. Saber operar e manter um silo metálico é tão importante quanto saber operar secadores de grãos e máquinas de limpeza, pois, apesar dos silos de armazenagem conseguirem conservar os cerais por longos períodos, alguns problemas ainda causam incômodos às cooperativas, agroindústrias e produtores. As perdas entre a colheita e o armazenamento de grãos tem chegado a cerca de 20% no país e os prejuízos a qualidade e quantidade ocorrem, principalmente, pela presença de contaminantes de natureza biológica, física e química nas fases de pré e pós-colheita. A aplicação de boas práticas de armazenagem é essencial para a manutenção da qualidade e quantidade do produto armazenado, além de


TECNOLOGIA possibilitar ao agricultor dispor sua safra de grãos para serem comercializados em períodos de melhores preços. FATORES QUE AFETAM O ARMAZENAMENTO O teor de água e temperatura da massa de grãos são os fatores mais importantes na conservação durante armazenagem. A manutenção desses fatores em níveis adequados possibilita o controle de insetos, fungos e bactérias.

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armazenados requerem temperaturas ótimas de desenvolvimento entre 28 e 38 ºC. E em temperaturas inferiores a 22 ºC o desenvolvimento é drasticamente afetado. Além disso, baixas temperaturas reduzem as taxas de oposição e fecundidade dos insetos. Além de causar danos com perdas econômicas diretas, devido a deterioração e redução da massa de produto, as pragas de grãos armazenados podem contaminar os produtos e consequentemente os alimentos produzidos. A infestação por insetos também pode resultar em alterações de temperatura do meio e teor de água da massa de grãos, que favorecem o desenvolvimento de fungos. A temperatura da massa de grãos deve ser continuamente monitorada, de forma a evitar a formação de “bolsas de calor” no interior do silo, adotando-se o cuidado de acionar corretamente o sistema de aeração sempre que a temperatura observada atingir índices considerados de risco à conservação do produto.

• TEOR DE ÁGUA O teor de água é um fator importante no controle de perdas dos grãos armazenados. A manutenção do teor de água a níveis baixos possibilita o controle de demais fatores prejudiciais. Observa-se na tabela abaixo que a diferença de apenas 1% no teor de água pode determinar uma variação muito grande no período de armazenamento. O incremento de umidade nos grãos também provoca uma elevação de temperatura da massa de grãos, em vista do aumento respiratório de miIMPERMEABILIZAÇÃO DE SILOS GRANELEIROS crorganismos. Para se desenvolverem, os fungos Elaborado com uma elevada tecnologia pela de armazenamento requerem teores de água na faixa de 13 a 20% para produtos como milho, tri- HM Rubber, uma indústria especializada na fabrigo, sorgo e arroz, e na faixa de 12 a 19% para grãos cação de Impermeabilizantes e Revestimentos Ancom alto teor de óleo como soja, girassol e algodão. ticorrosivos e Termoacústicos de alto desempenho, Os fungos de armazenamento incluem principal- vem possibilitando a redução de perdas durante mente as espécies dos gêneros Aspergilus e Peni- o armazenamento pois essa tecnologia restaura cillium, as quais são capazes de se desenvolver em as condições térmicas ideais, mantendo o teor de meios com baixo teor de água, em torno de 13 a água dos grãos em níveis adequados de armazena18%. A presença desses fungos pode estar associa- mento. O material aplicado sobre as chapas metálida a presença de micotoxinas, cuja detecção pode cas do silo, controla o aquecimento dos grãos e vainviabilizar a utilização dos pro- Teores de água tecnicamente recomendáveis para colheita e armazenagem dutos agrícolas para o consumo humano e animal. • TEMPERATURA MASSA DE GRÃOS Assim como os baixos teores de água dos grãos são desejáveis, as baixas temperaturas favorecem o armazenamento seguro dos produtos agrícolas. Uma vez aquecida, a massa de grãos poderá se manter assim por semanas ou meses, favorecendo o processo de respiração do grão, com o consequente aumento do teor de água e da deterioração. A redução da temperatura da massa de grãos, abaixo de 15 ºC, tem sido eficiente na redução da atividade de água dos grãos e, assim, na prevenção do desenvolvimento de insetos e no controle de fungos. Na tabela 2 podemos observar que muitas espécies de insetos dos produtos

Tabela 1 - Condições de teor de água de grãos e temperatura que favorecem o desenvolvimento fúngico.

Tabela 2 - Temperatura ótima para o desenvolvimento de insetos e temperatura que retarda o desenvolvimento em mais de 100 dias.

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riação de umidade, refletindo em até 90% os raios ultravioletas e diminuindo a temperatura interna dos silos, além de evitar 100% a corrosão - fatores que causam a proliferação de fungos e pragas de armazenamento. O impermeabilizante HM Refletech da HM Rubber é um revestimento refletivo de alta procedência e utilizado por grandes empresas e projetos para uma performance acima da média em superfícies que exigem proteção completa contra o calor, ruídos, umidade e condições climáticas adversas. Com alto poder de refletância do sol, o HM Refletech protege silos contra a variação de temperatura e umidade mantendo o clima ideal para os grãos armazenados em silos. Entre os principais benefícios do HM Refletech Gold está: • Aumento da vida útil do sistema; • Versatilidade; • Alta resistência; • Excelente memória elástica; • Performance acima da média; • Proteção total; • Durabilidade; • Ausência de emendas; • Bom custo-benefício; • Perfeito para áreas de grande movimentação; • Indicado para vários os tipos de superfícies e substratos; • Cura rápida; • Acabamento perfeito nos contornos da superfície; • Resistência às intempéries; • Maneira mais eficiente de evitar problemas estruturais em qualquer edificação;

Telhados metálicos A impermeabilização com a borracha líquida HM Rubber também é um método eficiente para aumentar a vida útil da estrutura de telhados metálicos. A partir desse processo há uma redução termo acústica, proporcionando um aumento no conforto térmico de até 30%. Também ocorre uma diminuição de até 60% no ruído do impacto da chuva.

As vantagens da aplicação do HM Refletech Gold em telhados metálicos: •

Produto HM Refletech Gold aplicado em silo metálico Revista Grãos Brasil - Maio / Junho 2020

ECONOMIA GARANTIDA: A melhora significativa no conforto térmico em até 30% atinge diretamente a economia de energia, isso por que a refrigeração é reduzida. Além disso, ocorre também uma redução nos custos de manutenção de telhados. E mais, a borracha líquida pode ser apontada como uma das principais responsáveis pelo aumento da vida útil do sistema. BENEFÍCIOS NA ESTRUTURA: Entre os principais diferenciais da solução HM Rubber estão a alta refletância e a emissividade. Características essas que estão conectadas com a redução da temperatura interna para diversos setores; do uso em residências à indústrias.


TECNOLOGIA CASES DE SUCESSO Cooperativa Aurora Alimentos A solução impermeabilização da HM Rubber foi utilizada em instalações da Cooperativa Central Aurora Alimentos, uma das maiores produtoras de carne de frango e suína do Brasil. A solução impermeabilização, foi aplicada em tanques de resfriamento da cooperativa, ampliando a segurança de alimentos com a proteção do reservatório de gelo potável utilizado no processo fabril. Cooperativa de Producao e Consumo Concordia – Copérdia A segunda maior cooperativa agropecuária de produção e consumo do Brasil, a Copérdia, localizada em Concórdia, na região Oeste de Santa Ca-

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tarina, teve o telhado metálico de sua sede principal totalmente revitalizado com o produto HM Refletech Gold 4 em 1 da HM Rubber. Por ter alta refletância e emissividade dos raios solares, nosso sistema pode minimizar em até 90% a radiação solar e 30% sensação térmica de calor interna dos ambientes, reduzindo assim custos de refrigeração. O produto é também resistente à abrasão, ao ozônio, impacto, chuva ácida, fungos e bactérias e como não é combustível, não agride ao meio ambiente, sendo uma solução totalmente sustentável, que reduz a emissão de gases do efeito estufa. Outro benefício, além da redução da demanda de pico de energia elétrica, é a acústica que melhora, com a diminuição de ruídos no ambiente aumentando assim a produtividade no ambiente de trabalho.

Produto HM Refletech Gold aplicado em silo metálico

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A IMPORTÂNCIA DE TER SISTEMA DE EXAUSTÃO E ILUMINAÇÃO NA ARMAZENAGEM DE GRÃOS.

Otávio Matos Técnico Agrícola Especialista em Armazenagem Adriano Mallet Engenheiro

A armazenagem e conservação de grãos é uma tarefa que requer muitas habilidades. É preciso muito conhecimento, bons equipamentos e muitos registros. Com este tripé equilibrado é possível entregar a produção estocada com no máximo a mesma característica de quando ela foi recebida. Na prática sabe-se que ocorre a quebra técnica. Esta tem uma variação ampla, dependendo de muitos fatores, como tipo de produto, qualidade deste, manejo na unidade, tempo de estocagem, entre outros. Para trazer soluções ao segmento armazenador muitas tecnologias foram desenvolvidas, como balanças maiores e mais eficientes, automatizadas, caladores pneumáticos para amostragem, sistemas de classificação mais modernos, tombadores, máquinas de limpeza e movimentações com fluxos (t/h) maiores. Tudo isto para dar rapidez ao recebimento. Já nos silos e armazéns observa-se um aumento no tamanho dos silos, equipamentos de distribuição de grãos que diminuem o efeito da seRevista Grãos Brasil - Maio / Junho 2020

paração de grãos e impureza dentro dos mesmos, sistemas de termometria digital e automação da aeração computadorizados e sistema de exaustão. Sistema de Exaustão Cycloar Lux: O Sistema de Exaustão é fundamental para termos uma qualidade e prevenir problemas. Esta aeração natural ou intensificada proporciona equalização do ar entre a massa de grãos e a cobertura do telhado, diminuindo o calor proveniente da radiação solar e eliminando o “bolsão de ar quente” (massa de ar quente e saturada), bem como a condensação sob o telhado, nas chapas laterais dos silos e paredes dos armazéns e o consequente gotejamento sobre os grãos. Este sistema, hoje chamado de Cycloar, proporciona outros benefícios relevantes como uniformidade na massa de grãos, aeração permanente e contínua (extrai calor do ambiente, pó, gases, umidade do ar), evita o apodrecimento (deterioração, mofo, germinação), inibe a proliferação de pragas e, aliado a tudo isso,


TECNOLOGIA preserva a estrutura física do ambiente, pois evitando a condensação, elimina itens como o surgimento de pontos de corrosão nas chapas metálicas da cobertura do armazém. Exaustão com Iluminação: Pesquisas desenvolvidas e exemplos práticos comprovam e proporcionam evidências que a iluminação em um ambiente armazenador traz vantagens e benefícios. Entre estes, se destaca a influência da luminosidade nas infestações de pragas em produtos armazenados. Nas unidades de armazenagem atuais possuímos um estado de penumbra de 24 horas (Dia/Noite), condição que permite a proliferação de traças num ciclo intenso. Com a inclusão da iluminação natural percebe-se a redução significativa destes insetos e, consequentemente, um aumento da qualidade na massa de grãos. Assim, além do ambiente desconfortável aos insetos, os trabalhadores que operam no controle de pragas destas unidades, conseguem obter melhores resultados pela melhoria das condições na hora de realizar procedimentos de expurgo, pulverização ou termonebulização. Estudos revelam que os fungos também se proliferam em ambientes com umidade, calor e preferencialmente nos escuros. A partir desta informação foi desenvolvida uma solução onde se uniu a exaustão com a luz. O resultado foi a geração de um ambiente seco com baixa temperatura, devido à remoção da umidade e do calor através da exaustão e iluminação, gerada pelo Cycloar Lux, quando da colocação neste novo modelo, de uma tampa difusa prismática. Como consequência esta luz natural (claridade) também trouxe para o interior das unidades de armazenagem, outros ganhos como: Redução dos riscos de acidentes, operação e manutenção com segurança, facilidade de limpeza, verificação da cubagem dos silos e armazéns, entre outros. Podemos incluir uma questão muito relevante decorrente da combinação “Exaustão + Ilumina-

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ção”, é a qualificação do ambiente armazenador dentro das “Normativas de Segurança do Trabalho”. Com esta nova tecnologia, todo o processo de trabalho gera mais segurança para os operadores que atuam junto aos silos. E está dentro da lógica da Segurança do Trabalho, atendendo as NRs (Normas Regulamentadoras) que tratam do assunto, como a NR-6 que dispõe sobre EPCs (Equipamentos de Proteção Coletiva) e NHO-11 (Norma de Higiene Ocupacional) normatizando a iluminância. Até mesmo o Corpo de Bombeiros tem visto como imprescindível o sistema como ferramenta para ajudar a minimizar eventuais riscos de incêndios nestes espaços. A tecnologia com iluminação está sendo tão bem recebida em UBS (Unidade de Beneficiamento de Sementes), TSI (Tratamento de Sementes Industrial), Fábrica de Rações, entre outros tantos. Bem como se expandido para outros países da região, como Paraguai, Bolívia, Argentina. Porque as unidades armazenadoras, no pós colheita, devem focar a sua concepção num projeto que garanta a qualidade final do produto armazenado, e utilizar o Sistema de Exaustão, é o caminho mais seguro para obter este resultado. Além disto, é preciso ressaltar ainda eu a taxa de retorno do investimento, o payback, é extremamente curto podendo, em caso de silos, chegar a menos de um ano, ou seja, uma safra.

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SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO GARTEN PARA GRÃOS

O QUE QUEREMOS EM UMA UNIDADE DE RECEBIMENTO DE GRÃOS? 1. Que faça uma perfeita limpeza nos grãos 2. Não tenha quebra nos grãos durante o processo 3. Que a secagem seja rápida, sem danos aos grãos e baixo custo 4. Que o produto armazenado fique sempre seguro e com total qualidade 5. Baixo custo de operação e relatórios de tudo que acontece em tempo real. QUEREMOS ELIMINAR IMPUREZAS: Sabemos que impurezas ocupam 6 vêzes o espaço de grãos. Portanto um silo de 100.000 sacos, com 1% de impureza, pode armazenar no máximo 94.000 sacos. Grãos armazenados sem impurezas trazem menos contaminações e terão mais sanidade. IMPORTANTE: Manter a máquina de limpeza com o máximo de eficiência. SOLUÇÃO GARTEN: Desenvolvemos um equipamento que toma amostra do produto e mede o peso específico periodicamente. Dessa forma podemos instalar antes e depois da Máquina de Limpeza e acompanhar a sua eficiência, alertando o operador. QUEREMOS UMA SECAGEM PERFEITA E RÁPIDA: A secagem para máxima eficiência deve ter um total controle em 5 pontos fundamentais, que são: 1. Controle de nível de carregamento e descarga 2. Temperatura da massa de ar de entrada Revista Grãos Brasil - Maio / Junho 2020

3. Temperatura da massa de grãos 4. Temperatura da massa de ar de saída 5. Medição da umidade do grão em fluxo IMPORTANTE: Termos sensores de nível instalados em pontos chaves, assim como sensores de temperatura, para monitoramento em tempo real. SOLUÇÃO GARTEN: Desenvolvemos um medidor de umidade de grãos em fluxo (MED_UMI®), para ser usado nos diferentes pontos do processo. Medir a umidade em tempo real é fundamental. Esse medidor toma a amostra e faz a leitura de umidade do grão e temperatura da massa do grão, com alta precisão e totalmente automático. O medidor de umidade automático permite que se tenha garantia, de que as condições ideais de secagem, estão sendo cumpridas, para máxima eficiência e qualidade dos grãos. Melhor qualidade e uniformidade dos grãos secos. Maior valor agregado na secagem pode se obter com queima indireta ou uso de valor na fonte de calor.


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TRANSPORTE E MOVIMENTAÇÃO: A movimentação de grãos correta e rápida tem enorme importância, bem como não pode parar. IMPORTANTE: Garantir um monitoramento dos transportadores principais todo tempo, de forma a recebermos aviso de uma potencial quebra. SOLUÇÃO GARTEN: Criamos um equipamento (SHERIFF®), que monitora a temperatura de rolamentos e do motor elétrico, velocidade do eixo movido, sensor de desalinhamento e sensores de obstrução em diferentes pontos. Esse equipamento permite que seja definido o parâmetro de temperatura de cada ponto e emite um aviso, caso esse limite seja superado. Dessa forma não teremos paradas inesperadas, com grandes perdas de produção. Esse equipamento, por ser modular, pode ser expandido para outros equipamentos, além de transportadores, como secadores, máquinas de limpeza, caldeiras, etc.. Esse é o equipamento básico da Indústria 4.0. QUEREMOS SEGURANÇA NOS GRÃOS ARMAZENADOS: IMPORTANTE: Guardar os grãos de forma a não ter perdas por proliferação de insetos, fungos e perdas de características sanitárias. Para segurança do produto armazenado é preciso termos conhecimento do que está ocorrendo dentro do silo e podermos agir para evitar potenciais danos. SOLUÇÃO GARTEN: 1. Desenvolvemos sensores digitais para monitorar a temperatura dentro da massa de grãos e placa eletrônica Digiplex para monitoramento e análise em tempo real. 2. Criamos um equipamento com uma nova tecnologia inovadora para monitorar a ocorrência de gases dentro dos silos e de acordo com os valores medidos poderemos tomar decisões preventivas, antes que qualquer dano seja feito ao grão. 3. Criamos um software que utiliza algoritmos de inteligência artificial (IA), para análise da temperatura, de acordo com normas internacionais para armazenagem de grãos. Isso garante que 24 horas/dia cada sensor estará sendo lido e analisado técnica e qualitativamente, sem necessidade de uma pessoa presente. Os dados são todos armazenados em bancos de dados em servidor próprio ou Cloud Computing (nuvem). As soluções de automação Garten são baseadas em monitoramento de sensores e equipamentos em tempo real, armazenagem de dados na nuvem e acesso facilitado por computadores, tablet’s e smartphones. Todos nossos equipamentos utilizam tecnologia IoT (Internet of Things – Internet das Coisas), com www.graosbrasil.com.br


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acesso em tempo real e possibilidade de armazenagem na nuvem. São equipamentos que fornecem a totalidade dos dados gerados no processo, para acesso a qualquer momento, facilitando a tomada de decisões e eliminando prejuízos. • Sistemas de Automação representa: • Maior qualidade; Maior Produção; • Menor Custo de Produção; • Mais Informações Gerenciais; • Menos Perdas; • Mais Lucro.

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EFICÁCIA DA TERRA DE DIATOMÁCEA EM MILHO

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O uso da terra de diatomácea vem sendo apontada como uma importante alternativa de controle de pragas durante o período de armazenagem dos grãos, que tem causado perdas consideráveis na quantidade e qualidade do produto.

Luiz Ricardo dos Santos Integrada Cooperativa Agroindustrial Acadêmico de Pós-graduação em PósColheita de Grãos na Segurança Alimentar da Unifil luiz.ricardo@integrada.coop.br

Irineu Lorini Integrada Cooperativa Agroindustrial Professor do Curso de Pós-graduação em Pós-Colheita de Grãos na Segurança Alimentar da Unifil irineu@lorini.com.br

Estima-se que, no Brasil, as perdas nas etapas de pós-colheita de grãos são de aproximadamente 10% do produzido, sendo causadas principalmente por insetos-praga, fungos e roedores (IBGE, 2011). Grãos podem ser infestados por insetos ainda no campo, durante o armazenamento, na industrialização, em armazéns, supermercados e no nível doméstico. A presença de insetos nos diferentes produtos agrícolas apresenta relevância econômica devido aos diferentes tipos de danos provocados ou pela contaminação com seus fragmentos, resultando em deságios e, em alguns casos, na recusa do produto na comercialização (PINTO JUNIOR, 2008). De acordo com Lorini (2008), dentre os principais insetos de grãos armazenados, destacam-se Sitophilus zeamais Motschulsky (Coleoptera: Curculionidae) e Tribolium castaneum (Herbst) (Coleoptera: Tenebrionidae). A espécie S. zeamais é uma praga primária interna, ou seja, é capaz de danificar o grão ainda sadio e seu desenvolvimento nas fases imaturas (ovo, larva e pupa) ocorre no interior de apenas um grão. Esta espécie apresenta elevado potencial de multiplicação e capacidade de infestar os grãos ainda no campo, e possui muitos hospedeiros como, por exemplo, milho, trigo, arroz e triticale. A espécie T. castaneum é uma praga secundária devido a não apresentar a capacidade de danificar os grãos ainda sadios. Esta espécie alimenta-se de diversos grãos (milho, trigo e arroz) e causa prejuízos ainda maiores do que os resultantes do ataque de pragas primárias que permitem sua infestação (LORINI, 2008). É comum o uso de produtos químicos para a proteção dos grãos armazenados www.graosbrasil.com.br


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contra o ataque de pragas, como inseticidas piretróides, organofosforados e fumigantes, em geral, sendo todos de alta periculosidade e com período de carência específico. Porém, existem os métodos físicos de controle, como temperatura, radiação, som e o uso de pós-inertes. Dentre os pós-inertes, a terra de diatomáceas destaca-se no controle de pragas de grãos armazenados, por ser um excelente inseticida porque absorve a película protetora que envolve o corpo dos insetos, e estes morrem por desidratação, sem o risco de desenvolverem resistência como no caso de produtos químicos. Segundo esse autor, a morte dos insetos pela terra de diatomácea é atribuída à dessecação provocada pela absorção e abrasividade deste pó inerte, que rompe a camada de cera da epicutícula dos insetos, fazendo com que eles percam água do corpo até morrerem (LORINI et al. 2002). A terra de diatomácea é uma rocha sedimentar biogênica, que se forma pela deposição dos restos microscópicos das carapaças de algas diatomáceas em mares, lagoas e pântanos. Origina-se de depósitos estratificados ou maciços. Apresenta-se de forma porosa, leve (flutua na água, se não estiver saturado dela), absorvente e fina, pulverulenta, quebradiça, insolúvel em ácidos, exceto o ácido hidrofluorídrico, mas solúvel em bases fortes. É insípida e inodora, terrosa e tem ponto de fusão alto: de 1400 °C a 1650 °C. Possui a propriedade de absorver quatro vezes seu peso em água. As partículas que o compõem têm alta dureza, mas, devido à alta porosidade, é uma rocha de dureza baixa. É quimicamente inerte em muitos líquidos e gases, tem baixa condutividade térmica. A cor é branca quando pura, mas pode ser creme, cinza ou marrom-esverdeada, raramente preta, dependendo da presença de impurezas, que podem ser mais ou menos abundantes. Essas impurezas são matéria orgânica, argilas, areia, óxido de ferro, carbonato de cálcio e magnésio, cinzas vulcânicas, espículas de esponjas e menores quantidades de outros

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materiais. Quando as espículas de esponjas predominam, constitui um espongilito. É conhecida no Brasil desde quando nosso país era colônia de Portugal. Hoje sua presença é conhecida em todos os estados, mas as reservas mais importantes estão no Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Amazonas, Maranhão, Piauí, Pernambuco e Paraná. Métodos alternativos de controle estão sendo enfatizados, a fim de reduzir o uso de produtos químicos, diminuir o potencial de exposição humana e reduzir a velocidade e o desenvolvimento de resistência de pragas a inseticidas. Recentemente disponibilizados no mercado, os pós inertes à base de terra de diatomáceas constituem uma alternativa para os armazenadores de grãos para controlar as pragas durante o armazenamento. A qualidade dos grãos armazenados, em especial a física, pode ser afetada pela ação de diversos fatores, entre estes as pragas de armazenamento, em especial Sitophilus zeamais, S. oryzae, Rhyzopertha dominica, Acanthoscelides obtectus, Lasioderma serricorne, Sitotroga cerealella, Efhestia kuenhniella e E. elutella, podem ser responsáveis pela deterioração física do lote de grãos armazenados (LORINI et al. 2010). O tamanho reduzido do corpo dos insetos e seus apêndices longos e delgados resultam em área de grande superfície de evaporação por unidade de volume. Sabendo que os insetos morrem quando perdem cerca de 30% do seu peso total ou 60% do teor corpóreo de água e que estes são protegidos da desidratação por uma barreira lipídica epicuticular. Em virtude dos insetos de produtos armazenados viverem em ambientes cujas condições são muito secas, a conservação de água é crucial para sua sobrevivência. O pó inerte adere à epitícula dos insetos por carga eletrostática, levando à desidratação por absorção da camada lipídica pelos cristais ou de abrasão da cutícula ou de ambos. Quando as moléculas de cera são absorvidas pelas partículas de sílica, ocorre o rompimento da camada lipídica


TECNOLOGIA protetora, o que permite a evaporação dos líquidos do corpo do inseto (GOLOB, 1997; KORUNIC, 1998). O tratamento de grãos com terra de diatomácea possui vantagens em relação aos demais tipos de tratamentos, tais como: a) Controle das diversas pragas que atacam grãos armazenados; b) Longo efeito residual nos grãos; c) Segurança para os operadores manusearem o produto, pois é de origem natural; d) Controle de população de pragas resistentes aos inseticidas químicos e não promove a resistência em insetos (LORINI, 2008).Os grãos, apesar das características morfológicas de resistência e rusticidade próprias de cada espécie, desde sua formação estão sujeitos ao ataque de microorganismos, ácaros, insetos, pássaros, roedores e outros animais, a danificações mecânicas e a alterações químicas e bioquímicas. Esse conjunto de fatores adversos provoca perdas, quantitativas e qualitativas, pelo consumo de reservas e por modificações na composição química dos grãos, redução do valor nutritivo, formação de substâncias tóxicas e diminuição do valor comercial. Por consequência, acaba comprometendo a utilização do produto para o consumo e, mesmo, para industrialização, se não forem adotados métodos adequados e eficientes de conservação (ANTUNES et al. 2010). O objetivo deste trabalho foi de avaliar a eficiência da terra de diatomácea, de forma preventiva em relação ao aparecimento de insetos e na preservação das propriedades físicas durante o armazenamento de milho.

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armazém de fundo chato, sem aeração e ventilação natural limitada devido às paredes do armazém. O período de armazenagem foi de 180 dias que além das avaliações periódicas para detectar a presença de insetos, também foi avaliada a umidade do grão, presença de grãos ardidos, trincados, acidez, teor de amido e óleo, grãos avariados e impurezas. A análise inicial foi feita no dia 20 de fevereiro de 2014 e análise final no dia 19 de agosto de 2014. Resultados e Discussão Através das análises de resultados do experimento, notou-se a vulnerabilidade dos grãos de milho, quando não aplicado a terra de diatomácea como inseticida protetor aos ataques de insetos e posterior alterações nas características físicas. Foram constatadas alterações significativas nos percentuais de grãos avariados, impurezas, amido e trincas, cujo principal motivo foi o ataque e proliferação rápida dos insetos encontrados durante o período de armazenamento experimental (Tabela 1). Nos percentuais de umidade dos três lotes de experimento também ocorreram reduções consideráveis, entende-se que a alta temperatura e a baixa umidade relativa do ar contribuíram para essa ocorrência, as quais foram de 29oC e 45 %, de temperatura média e umidade relativa do ar, respectivamente. Perdas no peso dos grãos, ocasionados por pragas em armazéns, presença de fragmentos de insetos nos subprodutos alimentares, deterioração da massa de grãos, contaminação fúngica, presença de micotoxinas, efeitos negativos na saúde humana e animal, dificuldades para exportação de produtos e subprodutos brasileiros devido ao potencial de risco de contaminação, constituem um dos problemas que a má armazenagem de grãos traz para sociedade brasileira. Os insetos são os principais agentes disseminadores da contaminação biológica e química dos grãos, devido a necessidade de controle (Lorini, 2008).

Material e Métodos O experimento foi instalado na Unidade de Recebimento de Grãos da Integrada Cooperativa Agroindustrial localizada na cidade de Bandeirantes, PR. Os grãos de milho foram entregues na unidade armazenadora pelos cooperados, que no recebimento foram classificados de acordo com o Regulamento Técnico do Milho determinado pela IN 60/2011 e IN 18/2012 do MAPA, após foram limpos, secos a 14 % Tabela 1. Características físicas do milho armazenado em função do tempo de armazenamento e do tratamento com terra de diatomáceas umidade e armazenados. Previamente ao armazenamento, todo o milho foi expurgado visando a eliminação de insetos pragas provenientes do campo. O experimento foi dividido em três lotes de 5 mil quilos de milho cada, isentos de insetos, onde foram aplicados os tratamentos de 1 e 2 kg de terra de diatomáceas por tonelada de milho, para os lotes 1 e 2, respectivamente, e um terceiro mantido sem aplicação da terra de diatomáceas para comparação. O armazenamento do milho foi em Fonte: da pesquisa (2014). www.graosbrasil.com.br


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TECNOLOGIA

As operações de armazenamento e de manutenção dependem do sistema de conservação e podem incluir movimentação, manuseio, expurgo corretivo, intra-silagem, transilagem, aeração, combate a roedores, proteção contra ao ataque de pássaros e retificação da secagem e limpeza. Todas devem ser acompanhadas de amostragens periódicas e monitoramento por análise e observações criteriosas. Os resultados obtidos mostraram que os lotes tratados com terra de diatomácea ficaram isentos do ataque de insetos. Enquanto que o lote que não recebeu aplicação ficou vulnerável ao surgimento e proliferação dos mesmos. As espécies encontradas foram Sitophilus zeamais, pra-

ga primária que apresenta elevado potencial de reprodução, Tribolium castaneum, praga secundária que geralmente depende do ataque de outras pragas para se alojarem e Cryptolestes ferrugineus, praga secundária que ataca grãos fendidos, rachados e quebrados. Constatou-se que a ocorrência das duas primeiras espécies foram em aproximadamente sessenta dias, enquanto que a terceira espécie surgiu próximo aos cento e vinte dias de armazenamento (Tabela 2). Para evitar perdas maiores foram necessários a aplicação de dois expurgos no milho sem o tratamento com terra de diatomáceas, o primeiro após a proliferação dos primeiros insetos encontrados,

Tabela 2. Número de insetos pragas, por espécie, encontradas no milho armazenado em função do tempo de armazenamento e do tratamento com terra de diatomáceas

Revista Grãos Brasil - Maio / Junho 2020


TECNOLOGIA oitenta dias após a instalação dos experimentos. O segundo expurgo foi feito após cento e quarenta dias de armazenamento. As dosagens utilizadas foram de três pastilhas de 2 g/ m³ (Gastoxin B57 a 6 g/m³) em ambas as aplicações. O expurgo ser bem sucedido, ou seja, para que todas as fases de vida do inseto (ovo, larva, pupa e adultos) sejam eliminados, a concentração de fosfina deve ser mantida por no mínimo em 400 ppm por pelo menos 120 horas (LORINI et al., 2011). Conclusões Grãos de milho sem a terra de diatomácea são danificados facilmente pelos insetos, que em aproximadamente 60 dias começaram a surgir e a proliferar-se rapidamente, causando alterações em relação à quantidade e qualidade do milho armazenado. A terra de diatomácea é um produto extremamente seguro para o uso na prevenção do milho contra o ataque dos principais insetos que atacam os grãos armazenados. E na dosagem de 1 quilo por tonelada de milho, mostrou-se suficiente para controlar todas as pragas, não sendo prejudicial aos aplicadores e consumidores porque não deixam residual tóxico no produto tratado, possui uma ação inseticida eficiente e duradoura, não comprometendo o meio ambiente.

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PANDEMIA: UM BOM MOMENTO PARA REFLEXÃO

A Pandemia do COVID-19 derrubou todas as previsões econômicas no mundo, provocando a maior crise de saúde e abastecimento de alimentos em grau extremamente catastrófico.

Oswaldro J. Pedreiro Novo Horizonte - Assessoria e Consultoria contato@nhassessoria.com.br

Com isso acabou pegando de surpresa a maior parte dos países sem o necessário estoque regulador e obrigando a cada um repensar e buscar soluções para atravessarmos VIVO essa grave situação jamais prevista ao longo dos anos. O mundo superou 2 grandes guerras, a crise econômica de 1929, a peste negra, os tsunamis, e algumas outras fatalidades que não me vem à mente no momento, e conseguiu felizmente se superar em cada situação, claro que com perdas significativas, mas com a união dos esforços científicos e com bastante boa vontade para com os governantes de cada país envolvido a se unirem em um único objetivo: juntar as forças para sair de cada crise por sua vez! Os traders permanecem focados na reativação da economia mundial após passado o pico da pandemia do novo coronavírus em alguns países com base no comportamento do dólar; nas perspectivas sobre a demanda chinesa e no clima norte-americano para a safra 2020/21. No quadro climático, de acordo com a consultoria internacional Allendale, Inc., as previsões indicando um aumento das temperaturas em partes do Corn Belt nos EUA nas próximas semanas e de chuvas um pouco mais pesadas chamam a atenção do mercado e exigem monitoramento.

MERCADO INTERNACIONAL

O comportamento chinês no mercado norte-americano também segue acompanhado de perto, principalmente depois das últimas Revista Grãos Brasil - Maio / Junho 2020


SEGURANÇA

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notícias sobre as relações entre os dois países e da necessidade crescente da nação asiática da oleaginosa. Apesar disso, o anúncio de uma nova venda de soja dos EUA pela China pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estimulou as cotações, que terminaram por registrar ganhos de pouco mais de 9 a 10 pontos nos principais vencimentos. "Foi bom, e positivo também no mercado financeiro, até porque nesse ambiente de crise entre China e EUA houve essa notícia de negócios, além de uma melhora no controle da Covid-19 e do início de uma reativação da economia global", explica Flávio França Jr., chefe do setor de grãos da Datagro. França reafirma a necessidade da China de seguir comprando soja dos EUA diante da pouca oferta disponível para o Brasil seguir atendendo os chineses e toda sua necessidade até o final do ano. No entanto, determinar uma tendência para o mercado agora é bastante difícil, principalmente com informações que ainda são muito divergentes. "O ponto central é que não há oferta sul-americana suficiente para atender a necessidade chinesa e eles precisam comprar bom volume ainda de soja americana, e essa é a leitura do mercado", diz o analista.

MERCADO BRASILEIRO

Com quase 50 milhões de toneladas de soja já embarcadas no acumulado de 2020, o Brasil deverá ver seus embarques começando a se desacelerar a partir de julho. Segundo o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, a oferta brasileira é bastante limitada agora e o produtor que ainda possui volumes para vender tende a se retrair um pouco mais agora. "Quem tem soja neste momento a mantém como uma reserva de capital", explica Brandalizze. "Há pouco mais de 15% para se negociar e o produtor não precisa e não quer correr pra vender agora", completa. De acordo com o diretor da ARC Mercosul, Matheus Pereira, o Brasil tem capacidade para embarcar no presente ano comercial, que termina em 31 de janeiro de 2021, 84 milhões de toneladas de soja. "E não me surpreenderá se este volume for de 3% a 5% superior", diz. Afinal, já são 59 milhões de toneladas comprometidas com a exportação, ou seja, grão já embarcado, em fila de embarque ou programado para chegar, o que representa um incremento para o período de 44% em relação a 2019 e de 23% se comparado a 2018, ano recorde, ainda como lembra Pereira. Mais do que isso, o diretor da ARC complementa sua análise trazendo ainda as confusas relações entre China e Estados Unidos que, nesta semana, passam por um novo momento de escalada nas tensões. E assim, o Brasil pode se beneficiar ainda mais desse distanciamento.

No Brasil, permanece o foco do mercado sobre o movimento cambial. Nesta terça-feira (2 de Junho), o dólar perdeu mais de 3% e fechou o dia na casa dos R$ 5,20. Dados safra de soja no PR - Fonte: Deral Todavia, o chefe do setor de grãos da Datagro afirma que para a moeda americana ainda não sinaliza uma tendência definida, especialmente pelos fatores que a interferem internamente. Dessa forma, as referências para a soja brasileira recuaram forte nos portos, com indicativos Dados safra de soja no MT - Fonte: IMEA no disponível entre R$ 103,00 Rio Grande - a R$ 112,00 - Santos. Para safra nova, os preços têm referências entre R$ 100,50 e R$ 105,00/saca. Para França, as expectativas são de prêmios mais valorizados e dúvida em relação ao câmbio, o que poderia distanciar os preços em relação aos melhores momentos da temporada. Ao lado apresentamos um rápido resumo das condições das lavouras no Brasil, e o percentual já comercializado com base em levantamentos recentes. Revista Grãos Brasil - Maio / Junho 2020


ATUALIDADE "Entretanto, cabe o alerta aos nossos representantes para cativar este laço político entre Brasil e Ásia, deixando-o sólido para a manutenção do forte fluxo comercial que o agro brasileiro presencia e continuará presenciando até o fim de 2020", explica o executivo. A imagem a seguir, da Refinitiv, mostra o fluxo de navios carregados com soja em todo mundo, onde é possível perceber que o Brasil segue mandando soja para o mundo todo. As informações datam de 1º de janeiro e mostram navios saindo do porto de Santarem com destinos como Holanda, e México, por exemplo, além do intenso movimento de cargueiros para a China.

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se relacionar sob todos os pontos de vista, seja no âmbito de cada lar, de cada município, de cada país e também o relacionamento a nível internacional, com todos buscando a paz e a harmonia pois essa pandemia veio mostrar à humanidade que há uma força superior que domina o mundo, e com certeza Deus está usando essa situação para mostrar o quanto somos frágeis e de quanto dependemos da SUA proteção!

CONCLUSÃO A única certeza que temos no momento, é que após passarmos por essa pandemia do COVID-19, o mundo terá que se adaptar à uma nova realidade, terá que se adequar a uma nova maneira de

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SAFRA

NOVO RECORD PARA O BRASIL (250,5 milhões de t)

O 9º Levantamento da Safra 2019/2020, divulgado nesta terçafeira (9) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), confirma o crescimento recorde da produção de grãos no país, estimada em 250,5 milhões de toneladas, ou seja, ou 8,5 milhões de t (3,5%) a mais do que o colhido em 2018/19.

Em relação ao levantamento passado, houve queda de 400 mil toneladas na estimativa de produção. Mas o recorde da safra se mantém, resultado de uma área semeada de 65,6 milhões de hectares, com crescimento de 2,3 milhões de hectares (3,6%) sobre a safra passada. Com a colheita finalizada praticamente em todas as culturas de primeira safra, e as de segunda em andamento, o que falta agora é a conclusão do plantio das culturas de inverno e os números resultantes da terceira safra. Além disso, será necessário observar o comportamento climático, que pode influenciar na produtividade destas culturas. A soja apresenta uma produção recorde de 120,4 milhões de t, 4,7% a mais do que a safra 2018/19. Já o milho total, somatório da primeira, segunda e terceira safras chega ao recorde de 101 milhões de t com uma área de 18,5 milhões hectares. A produção nas três safras devem alcançar, respectivamente, 25,4 milhões de t, 74,2 milhões de t e 1,33 milhão de toneladas. A colheita de arroz Revista Grãos Brasil - Maio / Junho 2020

está próxima do fim e sua produção está estimada em 11,1 milhões de t, 6,5% superior ao volume produzido na safra passada. A produção de feijão chegará a 3,07 milhões de t, 1,9% superior ao obtido em 2018/19. A primeira safra está totalmente colhida, enquanto as lavouras de segunda safra estão em processo de colheita e as de terceira safra finalizando o plantio. Já o algodão em pluma tem uma produção estimada em 2,89 milhões de t, 3,9% superior à safra passada. Finalmente, nas culturas de inverno, o trigo têm boas perspectivas, com um crescimento de 6,7% na área a ser cultivada e a produção devendo chegar a 5,7 milhões de t, dependendo do comportamento climático. Safras de milho – Depois de se firmar como uma opção rentável para os produtores que aproveitam melhor a janela de plantio na segunda safra, começa a surgir a terceira safra de milho na região da Sealba (Sergipe, Alagoas e nordeste da Bahia). A estimativa para este ano é uma colheita de 1,3 milhão de toneladas.


REDUZIR A DEPENDÊNCIA DA IMPORTAÇÃO

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A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) promoveu, no dia 04 de junho, uma videoconferência para discutir a Política Nacional do Trigo e os números da safra 20/21 do grão no Brasil, Paraguai e Uruguai.

O evento online, que reuniu representantes da cadeia, debateu o cenário do trigo no país, ressaltando a importância da adoção de medidas que estimulem a produção do grão, visando reduzir a dependência externa. “A pandemia da Covid-19 deixou evidente algumas vulnerabilidades da nossa economia e, no campo dos alimentos podemos dizer que o trigo é a mais latente delas, tendo em vista que ainda somos muito dependentes da importação do trigo internacional. A situação vivida por nós deixa clara a dificuldade do fornecimento do grão para atender as necessidades do mercado nacional, bem como a de compra por conta do custo alto da matéria-prima”, destacou o presidente-executivo da Abitrigo, Rubens Barbosa que fez a abertura da reunião apresentando os pontos da Política Nacional do Trigo, desenvolvida e apresentada ao Governo Federal pela entidade. Barbosa destacou pontos da proposta que já avançaram, mas evidenciou alguns que demandam mais atenção do Ministério da Agricultura,

como facilitar a convergência regulatória internacional, atualizar o regulamento técnico de classificação do trigo, reavaliar a gestão de recursos humanos nos serviços oficiais, fomentar a regionalização e especialização da produção, entre outros. O Diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento do MAPA, Sílvio Farnese, ressaltou que o Ministério acompanha atentamente as questões relacionadas ao trigo no país, principalmente no campo dos incentivos direcionados ao produtor, visando o aumento da produção interna e também nos quesitos que auxiliem o abastecimento do mercado, como a ampliação da cota de importação de trigo por ano, bem como as datas das janelas de compra do grão. “Neste período de quarentena tivemos ainda mais a certeza da relevância dos produtos derivados do trigo para a alimentação básica do ser humano e com isso ficou ainda mais evidente o quanto o grão é importante para a economia do nosso país. Estamos acompanhando de perto as previsões de safra e estamos bem animados com www.graosbrasil.com.br


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os números, que, além de indicarem um volume acima do que foi colhido em 2019, também terão alta qualidade”, afirmou o representante do MAPA. O Cerrado e o trigo Farnese ainda ressaltou que, aos olhos do Ministério, o Brasil pode ter uma produção ainda maior com o crescimento de áreas de cultivo direcionadas ao trigo no Cerrado, que possuem terras disponíveis e se encontram próximas aos principais mercados consumidores. A possibilidade do aumento de produção do trigo na região Centro-Oeste do país também foi destacada na participação do representante da Embrapa, Osvaldo Vieira. Segundo ele, a evolução registrada na produção de trigo nessas áreas se deu pelo uso mais efetivo de tecnologias nas lavouras. “Registramos boas lavouras com perspectivas positiva de rendimento. Os produtores relatam que os campos não apresentam Brusone, um dos principais problemas que afetam o trigo do Cerrado. Estamos trabalhando fortemente na ampliação das áreas de cultivo na região, com testes de novas sementes que atendam às necessidades do campo e que ao mesmo tempo ofereçam a qualidade exigida pelo mercado”, explicou Vieira. Safra 20/21 Segundo a Conab, que também participou do evento com a presença da analista de mercado, Flávia Machado Starling Soares, a estimativa para este ano, de acordo com a revisão feita pela entidade no mês de maio, é que o Brasil tenha um volume de produção acima de 5,4 milhões de toneladas, com crescimento de 2,4% na área total de produção e de 3% na produtividade. A reunião também contou com a apresentação de um panorama da produção do grão em cada

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estado. Representando o Cerrado, Eduardo Elias Abrahim, presidente da Associação dos Triticultores do Estado de Minas Gerais (ATRIEMG), destacou as boas condições climáticas na região, que poderão ajudar nos números positivos esperados para a safra do trigo, que pode chegar a 100 mil toneladas. Para o diretor de operações de mercado agrícola da Castrolanda, José Reinaldo Oliveira, que falou pelo estado de São Paulo, o clima foi um fator de impacto no início do plantio, mas, mesmo com esse desafio, os produtores esperam colher cerca de 290 mil toneladas e registrar uma área de cultivo maior que a do ano anterior. Os números do Paraná, estado que representa mais de 50% da safra nacional, foram apresentados pelo gerente Técnico e Econômico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Flávio Turra, que destacou um atraso no plantio por falta de chuva. Segundo ele, a estimativa é que o estado colha 3,5 milhões de toneladas neste ano, volume superior à safra anterior. O Rio Grande do Sul registrou condições climáticas favoráveis ao plantio do trigo, com a presença de chuvas e espera colher 2 milhões de toneladas, uma safra boa em qualidade e rendimento, segundo o analista de mercado da Serra Morena Commodities, Walter Von Mühlen, que representou o estado no encontro. Também participaram representantes do Uruguai e do Paraguai, que destacaram a importância do Brasil como destino de suas exportações de trigo e o trabalho contínuo junto aos produtores para melhorar a qualidade e a produtividade do grão. Ruben Zoz, da Unicoop Paraguai, informou que o país espera colher uma safra de aproximadamente 1,1 mil toneladas de trigo. Já o Uruguai, que foi representado por Catalina Rava, da MGA, espera um total de 736 mil toneladas.


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PORTO DE PARANAGUÁ DOBRA EMBARQUES DE SOJA

As exportações do complexo soja pelo porto de Paranaguá mais que dobraram em maio. Foram 2,4 milhões de toneladas embarcadas, duas vezes o carregado no mesmo mês de 2019 (1,2 milhão). O resultado confirma o bom desempenho do complexo (grão e farelo), que ultrapassou a marca de 2 milhões de toneladas exportadas, pelo terceiro mês consecutivo, em 2020.

O volume carregado nos cinco primeiros meses do ano já soma 9,6 milhões de toneladas: 33% mais que o embarcado no mesmo período do ano anterior. “Apesar da crise do coronavírus, o mercado se manteve muito forte. O dólar valorizado favoreceu as exportações e o tempo seco garantiu o ritmo de embarques”, explica o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia. A empresa pública investiu em medidas de cuidado com a saúde dos trabalhadores e manteve os serviços. “Foi essencial dar segurança para os portuários e caminhoneiros. No campo, os produtores tiveram a certeza que a safra seria escoada com a eficiência de sempre e toda a cadeia de negócios foi preservada”, completa. Soja Este ano, os três berços do Corredor de Exportação do Porto de Paranaguá só registraram embarque de milho em janeiro. De fevereiro até maio, a soja dominou as movimentações. Especificamente o produto em grão teve um

crescimento de quase 70%, na comparação entre os cinco primeiros meses de 2019 e 2020. Subiu de 4,29 milhões para 7,28 milhões de toneladas. Só em maio, foram exportadas cerca de 1,95 milhão de toneladas. Volume que é 248% maior que as 561.284 toneladas de soja em grão carregadas pelo complexo no mesmo mês do ano anterior. O farelo de soja também teve crescimento. Neste ano, foram 2 milhões de toneladas exportadas, ante 1,8 milhão nos primeiros cinco meses de 2019. Considerando apenas o embarque mensal, maio de 2020 teve crescimento de 76%, com 496.360 toneladas embarcadas. Diferencial O sistema paranaense de embarque de granéis é único no Brasil. A carga pode ser embarcada simultaneamente nos três berços de atracação exclusivos e é possível que um mesmo navio receba mercadorias de diferentes produtores, inclusive dos pequenos. Atualmente, nove terminais privados ou arrenwww.graosbrasil.com.br


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dados operam no Corredor: AGTL Cargill, Centro Sul, Cimbesul, Coamo, Cotriguaçu, Interalli, Louis Dreyfus e Rocha. Juntos, eles somam 1,025 milhão de tonelada de capacidade global. Além disso, a empresa pública Portos do Paraná mantém um silo vertical, com capacidade estática de 100 mil toneladas, e quatro silos horizontais, com capacidade total de 60 mil toneladas. Por eles, operam Céu Azul, Grano Logística, Gransol, Marcon, Sulmare, Tibagi e Transgolf, que trabalham com diversos exportadores menores. Sucesso - Para o chefe da Divisão de Silos do Porto de Paranaguá, Gilmar Francener, os números de movimentação indicam o sucesso do trabalho que é desenvolvido em conjunto, pela iniciativa pública e privada. “O objetivo de todos é ampliar a eficiência e a produtividade, que garantem bons negócios. Os números de 2020 indicam um novo paradigma

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para os embarques do Corredor de Exportação. Nos últimos três meses, as movimentações todas foram superiores a 2,4 milhões de toneladas”, comenta. Menos tempo de espera – Em maio de 2019, 22 navios atracaram nos berços do Corredor de Exportação do Porto de Paranaguá. Neste ano foram 39. O número só foi possível, porque o tempo de espera das embarcações reduziu e a produtividade dos berços aumentou. O tempo que um navio levou para carregar caiu de uma média de 2,9 dias para 2,2 dias. Já o volume movimentado saltou de 801 toneladas/ hora para 1.138 toneladas/hora. Silos públicos – Juntos os silos públicos (vertical e horizontais) carregaram, este ano, volume 103% maior que em 2019. São 1,4 milhão de toneladas exportadas em 2020, contra 694,9 mil toneladas no ano passado.


UTILISSIMAS 37 técnica-científica acessível para alunos de cursos relacionados em nível de graduação e pós-graduação, e tam¬bém para profissionais inseridos nessa cadeia produtiva, pois entendemos ser de extrema importância que esse material possa alcançar as Instituições de Ensino, mas também profissionais inseridos no setor produtivo, onde poderão aplicar conhecimentos presentes nessa obra. Para mais informações: Prof. Maurício de Oliveira mauricio@labgraos.com.br Fone: +44 07514 775427

Novo Livro: TECNOLOGIA INDUSTRIAL DE GRÃOS E DERIVADOS A tecnologia de grãos e de seus derivados é relevante a nível mundial e, muitas vezes, os conhecimentos relacionados aos processos de cada grão e de seus respectivos derivados, estão distribuídos em uma série de obras publicadas por diferentes especialistas de diferentes áreas. Nesse contexto, com essa obra, os autores pretendem trazer um material único que engloba os processos industriais da maioria dos grãos, detalhando os processos utilizados para a obtenção de seus derivados, relacionando com os aspectos da legislação para comercialização de cada um dos produtos apresentados. Os processos tecnológicos vão sendo constantemente melhorados ao longo dos anos, com o objetivo de melhorar a eficiência dos processos, pos¬sibilitando a geração de novos produtos e o aproveitamento dos coprodutos ou subprodutos derivados dessa cadeia produtiva. Dessa forma, os autores apresentam nesse livro, em cada capítulo, as atualidades e tendências de pes¬quisa, dentro de cada grão, com o objetivo de situar o leitor, o que os órgãos de pesquisa estão sinalizando para o futuro e até possibilitar que o leitor e o empreendedor vislumbrem possibilidades para o desenvolvimento de novas tecnologias e produtos. Os autores Cristiano Dietrich Ferreira, Maurício de Oliveira e Valmor Ziegler apresentam uma linguagem

Nova edição de Granos - Ed. 135 Caros leitores A nova edição da Revista Granos já está disponível na internet, o tercera do ano 2020. Nesta edição, com informações muito interessantes sobre: Sementes de Soja Verde: Tomada de Decisão e Destino de Lote - A AGI oferece soluções completas para seus clientes - Análise dos dados de produção e qualidade do trigo e do trigo e da farinha de trigo na safra 2019/2020 - Fusariose no trigo - NSPO e ENSELCO Dos Grandes Projetos Symaga - Perdas de gás em expurgo - COVID 19 Economia e grãos no México e o contexto global - Sistema de automação Garten para pós colheita de grãos – Cool Seed News e várias outras materias. Você pode visualizá-lo on-line em https://issuu. c o m /g r a o s b r a s i l /d o c s / granos135online ou fazer sua assinatura sem custo no email consulgran@gmail.com. Fique sempre bem informado! www.graosbrasil.com.br


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