Cultivar Máquinas 206 - Maio

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Cultivar

Cultivar Máquinas • Edição Nº 206 • Ano XVIII - Maio 2020 • ISSN - 1676-0158

Índice

Destaques

04 Rodando por aí 05 Mundo Máquinas 08 Ficha Técnica

Módulos de controle de taxa de aplicação, da Raven

12 Frota

Importância de planejar a manutenção das máquinas agrícolas

16 Pneus

Rodados e pneus ideais para tráfego no canavial

20 Capa - EletroVortex Conheça o Uniport 3030 EletroVortex, da Jacto

28 Irrigação

Uso de tecnologias para auxiliar na tomada de decisão

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32 Tratores

36 Semeadoras

Jacto

Nossa capa

Cuidados na operação para evitar acidentes

Avaliação de 38 semeadoras mostra principais erros no plantio

40 Pulverizadores

Importância de manter os sistemas de pulverização limpos

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. Direção Newton Peter

• Editor Gilvan Quevedo • Redação Rocheli Wachholz Karine Gobbi Cassiane Fonseca • Revisão Aline Partzsch de Almeida • Design Gráfico Cristiano Ceia

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Assinatura anual (11 edições*): R$ 269,90 www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br (*10 edições mensais + 1 conjunta Dez/Jan) Números atrasados: R$ 22,00 CNPJ : 02783227/0001-86 Assinatura Internacional: US$ 150,00 Insc. Est. 093/0309480 € 130,00

• Coordenador Comercial Charles Echer • Vendas Sedeli Feijó Miriam Portugal

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• Assinaturas Natália Rodrigues • Expedição Edson Krause

• Coordenação Circulação Simone Lopes

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: contatos@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


RODANDO POR AÍ Rumo à eletrificação

A FPT Industrial, marca de motores, eixos, transmissões e geradores de energia da CNH Industrial, adquiriu 100% da Potenza Technology, empresa especializada em design e desenvolvimento de sistemas de propulsão elétrica e híbrida. A incorporação representa mais um passo em direção à eletrificação, um dos pilares da estratégia de motores de múltiplas fontes de energia nos segmentos em que a marca atua. Sediada em Coventry, no Reino Unido, a Potenza Technology desenvolve tecnologias de propulsão elétrica desde 1999. “Trabalhamos para aprimorar nossas habilidades de engenharia e temos o prazer de receber a equipe da Potenza Technology, que contribuirá para expandir nossas soluções em powertrain, no que diz respeito à eletrificação”, afirmou a CEO da FPT Industrial, Annalisa Stupenengo.

Annalisa Stupenengo

Acesso on-line

José Carlos Bassetti

Uma plataforma digital que pode ser acessada de qualquer dispositivo com informações e serviços exclusivos para quem possui um equipamento da Kuhn: o MyKUHN foi lançado em fevereiro e já conta com mais de 170 cadastros. O cadastramento é feito com o número de série do equipamento para, através de um login e senha, acessar a plataforma. O agricultor terá acesso a toda documentação técnica, artigos e dicas de especialistas, contato dos revendedores, ofertas e solicitação de peças. “Eles podem, por exemplo, fazer uma solicitação de peça com a revenda mais próxima de sua propriedade e obter informações de forma rápida e fácil de sua frota”, destacou o gerente de Marketing da Kuhn, José Carlos Bassetti.

Preparo do solo

Ao considerar o planejamento e preparo do solo para a próxima safra, a Piccin disponibiliza ao mercado os Distribuidores Master DH BI S em diversas capacidades de carga, conforme o perfil de cada produtor. A linha vem com acionamento hidráulico e esteira de 400mm e 800mm na mesma máquina. Além disso, o implemento possui bomba hidráulica independente, com engate fácil e rápido e acionamento sem depender das condições hidráulicas do trator. Segundo a diretora comercial, Ligia Peccin, o implemento possibilita a distribuição uniforme e precisa de adubos orgânicos e químicos com uma faixa de aplicação de até 36 metros. “O implemento já vem preparado para receber a tecnologia da Piccin e controlador de taxa variável Isobus, com conexão com a maioria dos terminais virtuais de todas as marcas de tratores”, concluiu.

Ligia Peccin

Mercado em expansão

A Tudo Agrícola, concessionária autorizada Mahindra que atua na Serra gaúcha e Campos de Cima da Serra, inaugura no primeiro semestre mais uma unidade em Caxias do Sul. “Estamos crescendo muito na região. Vamos ampliar o espaço em Vacaria, contratar e capacitar mais profissionais da área comercial e logo inaugurar a filial em Caxias do Sul”, disse o sócio-proprietário da concessionária, Elton Sotoriva. O concessionário comentou, também, a aceitação do trator 2025 para agricultores que trabalham na vitivinicultura. “Em questão de economia e força, o trator apresenta um desempenho diferenciado para um modelo de 25cv. Atualmente, já temos clientes adquirindo uma segunda unidade, devido à satisfação atingida durante a safra”, finalizou.

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MUNDO MÁQUINAS

Jacto lança o ecossistema digital Jacto Connect

A Jacto apresentou ao mercado o Jacto Connect, ecossistema digital que visa simplificar o acesso dos clientes a todos os serviços da marca, sendo um ponto de contato único. “Através do Jacto Connect, nossos clientes poderão, por exemplo, solicitar assistência técnica, tirar dúvidas, acessar informações dos nossos produtos, acompanhar informações de telemetria, acessar treinamentos, entre outras possibilidades”, explicou o gerente de Desenvolvimento de Negócio da Jacto, Guilherme Panes. Para as máquinas que já contam com o sistema Otmis

de agricultura de precisão, o Jacto Connect será capaz de disponibilizar informações de telemetria, permitindo que a Jacto faça abertura de chamados quando houver alertas em sua máquina. “Com esta plataforma vamos transformar a experiência dos nossos clientes, facilitando a navegação entre os softwares que já estão disponibilizados”, reforçou o diretor-presidente da Jacto, Fernando Gonçalves Neto. “O cliente Jacto compra mais do que uma máquina. Ele compra todo um ecossistema de serviços e soluções digitais que melhoram a sua experiência de uso do equipamento”, concluiu. O Jacto Connect estará disponível através dos sistemas Android e iOS.

Valley 365 Apresentado ao mercado no mês de maio, o Valley 365 é uma plataforma para gerenciamento remoto de culturas, desenhada para possibilitar a gestão de todas as tecnologias oferecidas pela Valley. Em breve, equipamentos como scanners, câmeras térmicas, sensores e outros dispositivos de irrigação de precisão serão disponibilizados na Valley 365, o que permitirá que o equipamento seja capaz de diagnosticar e relatar as condições da lavoura – incluindo, por exemplo, a falta ou o excesso de nutrientes e a presença de uma praga ou doença. Além disso, a plataforma agrega as tecnologias de telemetria (controle a distância do sistema de irrigação) da Valley. O funcionamento do Valley 365 tem por base o armazenamento de dados em nuvem. A plataforma reúne todas as funcionalidades das tecnologias AgSense, Irriger Connect, Irrigação de Taxa Variável (VRI) e Valley Insights, acessadas por meio de um login único.

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Tratores Agritech com motores eletrônicos

Série de tratores Fendt 900 Vario chega ao Brasil A Fendt lançou para o Brasil a série de tratores 900 Vario, recém-apresentada na Europa. O trator Fendt 942 Vario, reconhecido na última Agritechnica, em Hannover (Alemanha), como o “Trator do Ano 2020”, faz parte da expansão do portfólio de máquinas da marca. Com dois modelos – 939 Vario e 942 Vario –, a série Fendt 900 Vario oferece ao agricultor a tecnologia da série Fendt 1000 Vario, em uma faixa de potência que vai de 385cv a 415cv. A combinação do recém-desenvolvido motor MAN e o conceito Fendt iD trazem alto desempenho em baixa rotação, fornecendo um motor de operação suave com torque máximo e consumo mínimo de 06

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combustível. Já a VarioDrive é uma transmissão continuamente variável (CVT), que opera nos eixos dianteiro e traseiro de forma independente. O motor em linha de seis cilindros se destaca por sua potência. Presente em toda a série Fendt 900 Vario, o sistema Common Rail traz a pressão de injeção de até 2.500bar e um turbocompressor com geometria de turbina variável (VTG), que fornecem a potência de maneira uniforme e dinâmica, mesmo em baixas rotações. Todas as peças do motor são configuradas para um intervalo de manutenção de 500 horas de operação, o que diminui o número de paradas e proporciona mais produtividade ao agricultor.

Com os recentes lançamentos dos modelos 1160, 1175 e 1185, equipados com motores eletrônicos, a Agritech reforça seu portfólio. “Os nossos motores eletrônicos implementados proporcionam uma recuperação rápida quando exigida e oferecem melhor queima de combustível, que resulta em economia no consumo, maior durabilidade dos motores e contribuição ao meio ambiente”, ressaltou o coordenador de Vendas, Cesar Roberto Guimarães de Oliveira. O coordenador explicou que, desde o ano passado, todos os modelos acoplam os motores Yanmar com, também, o governador eletrônico que monitora eletronicamente a injeção, enviando somente o exigido pelo motor. “Com a queima de combustível otimizada, podemos afirmar que temos menos resíduos, aumentando a durabilidade do motor e, consequentemente, reduzimos o custo de manutenção”, finalizou.


LS Tractor apresenta o conceito de HortifrutiTratores

Ao considerar a importância econômica da olericultura e da fruticultura para o agronegócio nacional, a LS Tractor desenvolve os HortifrutiTratores – modelos que agregam diferenciais específicos para atender esses mercados. “A LS Tractor tem sua origem na Coreia do Sul, um dos países mais desenvolvidos no setor

da horticultura. Com essa percepção e a visão sobre o tamanho deste mercado no Brasil, a LS Mtron produziu aqui modelos com diferentes versões que vão de 40cv, 50cv, 65cv e 80cv, e até modelos que chegam a 145cv para atender este segmento, que ganharam o nome de HortifrutiTratores”, explicou o geren-

te de Marketing e Produto da LS Tractor, Astor Kilpp. Os tratores possuem a transmissão de 32 velocidades à frente e 16 à ré, com super-redutor e sistema de reversão Synchro Shuttle, que disponibiliza a velocidade exata para execução de cada tarefa no campo. A reversão facilita nas manobras, principalmente em espaços reduzidos, além de equalizar o consumo de combustível, já que a máquina trabalha na marcha correta sem sofrer grandes esforços. Os tratores possuem ainda um alto vão livre, que favorece a operação em canteiros, menor raio de giro e creeper. Tomada de força independente com três opções, uma rotação ideal para cada tarefa com implementos acionados pela TDP.

Reservatório versátil Agora com quatro configurações possíveis para seu reservatório de sementes, a Stara reforça a versatilidade das semeadoras da Linha Guapa. A Guapa Supra e a Guapa Supra Winter são equipadas com um reservatório central de sementes e fertilizante, que na configuração “só sementes” possui capacidade de 3.000kg. Através da inversão da tampa de repartição é possível ter três outras opções de configuração do reservatório: uma delas possibilita trabalhar com uma capacidade de 1.200kg de sementes e 3.000kg de fertilizante. Outra possibilidade é utilizar o reservatório com 1.500kg de sementes e 2.800kg de fertilizante e, ainda, uma última configuração permite trabalhar com 2.000kg de sementes e 2.000kg de fertilizante. Nas quatro configurações possíveis,

a capacidade pode variar de acordo com a densidade do produto utilizado. As semeadoras Guapa Supra e Guapa proporcionam qualidade na semeadura de arroz. Já a Guapa Supra Winter é a opção ideal para culturas de inverno.

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FICHA TÉCNICA Fotos Raven

Alta precisão Módulos de controle de taxa possuem um ótimo custo-benefício e deixam as aplicações para pulverizadores, distribuidores de sólidos, plantadoras e aplicadores de vinhaça ainda mais assertivas e eficazes

O

s processos para uma agricultura eficiente estão cada vez mais desenvolvidos, tecnificados e controlados. Tem-se maior confiabilidade nos dados gerados no campo e nas operações agrícolas e, como resultado, temos análises e tomadas de decisão mais eficazes. Nos sistemas convencionais as

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aplicações possuem pouco ou nenhum controle da quantidade de produto aplicada, o que gera desperdício e perda de produtividade. Os equipamentos tecnológicos instalados no maquinário facilitam o dia a dia no campo e trazem resultados ainda mais precisos e econômicos nas aplicações. Através de um único módulo po-

de-se controlar diferentes produtos, líquidos e/ou granulares. E por oferecer uma solução tanto para grãos como para cana-de-açúcar, o módulo de controle de taxa e seções Raven RCM é destinado a aplicações em pulverizadores, distribuidores de sólidos, plantadoras e aplicadores de vinhaça. No plantio, ao utilizar o módulo Ra-


ven RCM junto a motores hidráulicos e embreagens é possível realizar o corte por seção ou linha a linha. Já o uso com motores elétricos proporciona, além do corte linha a linha, a compensação em curva, o que possibilita alterar o giro do disco do prato de distribuição de sementes. O resultado é um plantio mais uniforme com a distribuição das sementes no espaçamento desejado em toda área de plantio, inclusive em curvas realizadas, além da redução da sobreposição. Emparelhado ao SGM, módulo de singularidade responsável pelo monitoramento linha a linha das sementes, obtém informações importantes como a média de sementes plantadas por hectare, espaçamento entre sementes e porcentagem de falhas, que contribuem ainda mais com a obtenção de melhores resultados no plantio. Nas aplicações líquidas, o Raven RCM possibilita realizar o corte de até 16 seções acrescidos dois bicos de cerca, caso necessário. No cultivo da cana-de-açúcar, a fertirrigação da vinhaça, resíduo líquido de atividades do setor sucroalcooleiro, em muitos casos é realizada com carretas. Ao trabalhar com o módulo Raven RCM o processo das aplicações é otimizado, a deriva é reduzida, têm-se corte por seções e taxa fixa ou variável. O subproduto da cana é reaproveitado de forma mais eficiente, contribuindo para o meio ambiente. Já na aplicação de sólidos controlam-se os discos distribuidores, as seções e os produtos, sendo possível ainda a leitura da balança. Um controle mais preciso nas aplicações proporciona mais qualidade, economia e resultados satisfatórios.

PERFIS PARA APLICAÇÕES LÍQUIDAS E SÓLIDAS

É possível mover o RCM de uma máquina para outra de forma prática, pois o módulo é fixado por ímãs que facilitam essa movimentação. Além disso, o Raven RCM consegue armazenar até oito perfis de aplicação, sendo possível o controle de taxa para líquidos, sólidos e plantio com uma mesma ECU. Outra característica do módulo é a possibilidade de copiar o perfil de

Características e benefícios do Raven RCM • Controla até cinco produtos, entre líquidos e granulares; • Navegue e gerencie facilmente vários produtos, perfis e dados de sensores; • Testes de diagnóstico e leitura para calibrar facilmente, ajustar e solucionar problemas do sistema; • Compatibilidade com monitores ISOBUS e Controladores de Tarefas; • Corte de seção linha-a-linha até 32 linhas por módulo em plantadoras; • IP 67 para as condições ambientais mais severas; • Suporte multilíngue; • Possibilidade de mover entre máquinas através de suporte magnético que facilita a remoção do RCM da máquina; • Configuração personalizável da tela de execução com base nas preferências do operador para mostrar os dados mais relevantes durante a operação.

um RCM para outro RCM. O módulo de controle de taxa e seções RCM possui níveis de desbloqueios, o que o torna escalável. Para aplicações líquidas e sólidas, o monitoramento de até cinco produtos utiliza-se o level 0, já para o controle de um produto com desligamento de seções utiliza-se o level 1, se houver necessidade de controlar mais produtos, recomenda-se o level 2, que controla até cinco produtos com desligamento de seções.

O sistema pode ser usado para distribuição da vinhaça, com a possibilidade de corte de seção, que evita desperdício de produto

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APLICAÇÕES LÍQUIDAS SISTEMA CONVENCIONAL

No sistema convencional, a aplicação de vinhaça ocorre por meio do carretel enrolador, equipamento que funciona por aspersão e pode operar em diferentes relevos, não há controle de taxa nem corte de seção e ocorre alta deriva. Outra opção utilizada é o caminhão tanque com a barra traseira para irrigação, em que a vazão é desuniforme e também não há controle da aplicação. A vinhaça é o resíduo da destilação fracionada do caldo de cana-de-açúcar fermentado na obtenção do etanol, para enriquecer esse resíduo são adicionados nutrientes químicos, que juntos compõem o adubo líquido utilizado pelas usinas. A vinhaça utilizada possui ótimo desempenho como fertilizante, pois fornece nutrientes para o solo, sendo utilizada com frequência nas áreas de cultivo, porém para uma aplicação correta, que seja efetiva e que não prejudique o meio ambiente, é necessário fazer o controle da quantidade aplicada. Outra dificuldade no modo convencional de aplicação de vinhaça é de ter o real controle de áreas já aplicadas, ou seja, o total de área coberta. E por essa razão, a falta desse controle não impediria, por exemplo, que uma carreta entrasse na mesma área duas vezes. Causando desperdício de tempo e produto, aumentando assim os custos de operação.

APLICAÇÕES LÍQUIDAS COM RAVEN RCM

O sistema fornece corte de seção, redução por excesso de produto lançado no campo sem um devido controle, otimização do uso da vinhaça, com maior controle das taxas de aplicação. Resultando em um real controle de área aplicada e o total de cobertura realizada.

COMPUTADOR DE CAMPO RAVEN CR7™

Junto ao monitor CR7™, o RCM fornece documentação e taxa variável de até cinco produtos. O CR7™ é um computador de campo de sete polegadas, que possui telas personalizáveis de trabalho, configurações facilmente acessíveis, ISO UT (Terminal Universal) e os recursos de controle de tarefas fazem desse dispositivo uma opção plug-and-play. O CR7™ é compatível com transferência de arquivos do sistema de telemetria Slingshot® e suporte remoto, além de piloto elétrico e piloto hidráulico Raven.

APLICAÇÕES SÓLIDAS SISTEMA CONVENCIONAL

A aplicação ocorre via distribuidores, esses caracterizam-se como corretivos a lanço, corretivos em faixa, linhas individuais, orgânicos sólidos, entre outros. Por exemplo, nos distribuidores de esteira, a regulagem da dose aplicada ocorre por meio da variação de velocidade da esteira, bocal de saída e velocidade de deslocamento da máquina. Já os aplicadores por gravidade utilizam força centrífuga para a distribuição. Não há uniformi-

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dade na aplicação, e para se trabalhar com taxa variável a regulagem no distribuidor é realizada manualmente, o controle das informações do processo ocorre de forma imprecisa. Uma vez que um distribuidor é ajustado manualmente, pois não possui controle de taxa automático para a realização das aplicações em campo, torna-se obrigatório o RPM de máquina e velocidades constantes, o que, na prática, é quase impossível devido a fatores como topografia de terreno.

APLICAÇÕES SÓLIDAS COM RAVEN RCM

Nas aplicações sólidas é possível controlar até quatro produtos e quatro seções, controla-se os discos distribuidores e também a leitura de células de carga quando disponível.

COMPUTADOR DE CAMPO RAVEN VIPER® 4+

Junto ao monitor Viper® 4+, o RCM fornece documentação e taxa variável de até dez produtos. O Viper® 4+ integra-se a toda linha de produtos da Raven em uma plataforma co-

Características e benefícios do Raven Cr7™ • Sistema com excelente custo-benefício; • Acesso fácil às configurações disponíveis a partir de qualquer página; • Simplicidade através das opções de configurações agrupadas; • Escalável: Desbloqueie as funcionalidades conforme necessário, como o Task Controller (controlador de tarefas para corte automático de seções) e Taxa Variável para uso de mapa de prescrição; • Personalizável: Possibilidade de adicionar atalhos para as configurações mais utilizadas e Widgets no layout de trabalho; • Pronto para o Slingshot®, possui transferência de arquivos, suporte remoto e atualizações de softwares via internet; • Compatibilidade com dispositivos Isobus; • Sistema de orientação: Barra de luz e diferentes sinais de correção de acordo com a necessidade.


nectada que oferece tela touchscreen de 12.1”, eficiente e intuitiva com interface estilo tablete, de fácil utilização. É possível personalizar o Viper® 4+ por usuário e máquina. Protocolo Isobus de comunicação, o que significa a possibilidade de trabalhar com equipamentos e dispositivos de diversas marcas. Fácil configuração de trabalho, menos toques e maior eficiência permitem recursos extraordinários de gerenciamento de dados.

PLANTADORA SISTEMA CONVENCIONAL

No sistema convencional, a máquina é calibrada para que a distribuição ocorra dentro de uma velocidade constante e o rodado é utilizado para tocar os mecanismos de distribuição, por meio de catracas e correntes interligadas. O que obriga o operador e a máquina a manterem uma velocidade constante durante a semeadura, que de alguma forma impacta no objetivo dos resultados. A falta de controle e monitoramento durante o plantio, pode resultar na sobreposição e aplicação desuniforme, o que impacta diretamente na plantabilidade e como consequência na produtividade. Outros pontos que impactam diretamente na janela de plantio e nos resultados são a manutenção e o cuidado com o maquinário, sendo importante averiguar possíveis entupimentos de linhas de plantio e/ou ausência de insumos nos reservatórios. Esses fatores podem fazer com que o operador percorra longos trechos no campo sem saber que os insumos acabaram alguns metros atrás, ou que uma ou mais linhas estão entupidas, a falha aparecerá apenas quando a germinação ocorrer.

PLANTADORA COM RAVEN RCM

• Controle de até dez produtos; • Orientação vertical e horizontal • Quatro entradas para câmeras que podem monitorar os níveis do reservatório, pontos cegos, operação e outros; • Tempo de inicialização rápido (aprox. dez seg.) otimizando seu tempo para o trabalho; • Personalização por usuário e por máquina; • Configuração de perfis de máquinas e produtos; • Compatibilidade com dispositivos Isobus; • Pronto para o Slingshot®, transferência de arquivos, suporte remoto e atualizações de softwares via internet.

Na prática, utiliza-se um módulo de RCM junto a uma plantadora de 12 linhas com quatro motores hidráulicos e 12 embreagens ou com 16 motores elétricos para o desligamento linha a linha. Já para 60 linhas com embreagens utilizam-se dois módulos do RCM. Para obter o monitoramento no plantio, utiliza-se o level 0, já para o controle de um produto com desligamento de 16 seções com embreagens utiliza-se o level 1; se houver necessidade de controlar mais produtos, recomenda-se o level 2, que controla até cinco produtos com desligamento de 16 seções com embreagens e suporte para balanças; a compensação em curva e o controle de até 32 seções com embreagens são habilitados no level 3. Com o uso dessa tecnologia proporciona-se .M maior qualidade e uniformidade de plantio.

Fotos Raven

O RCM proporciona também o controle de até 32 embreagens e assim realiza o controle on/off das linhas de plantio. Para os casos onde necessita-se controlar motores hidráulicos, é possível até quatro, e nos casos de uso de motores elétricos, a possibilidade é de até 16 com compensação em curva.

Características e benefícios do Raven Viper® 4+

O RCM, quando usado no plantio, possibilita o corte por seção ou linha, com a compensação em curva, alterando o giro do prato de distribuição de sementes

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FROTA Fotos Arquivo

Manutenção é essencial Tão importante quanto a escolha da máquina certa para o trabalho, a manutenção também deve ser planejada com antecedência, prevendo custos que serão dispensados, época ideal para realização e quem prestará o serviço

O

engenheiro aeronáutico norte-americano Joe Sutter sintetiza muito bem as escolhas para manutenção: “Manutenção é isso: quando vai bem, ninguém lembra que existe. Quando algo vai mal, dizem que não existe. Quando é para gastar, acham que não é preciso que exista. Porém quando realmente não existe, todos concordam que deveria existir”. Presencio constantemente essa realidade em meu dia a dia e sempre me vem à mente esta brilhante citação do Engenheiro Joe.

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Máquinas agrícolas (assim como os aviões) não são descartáveis para serem usadas por um curto período e depois dispensadas – talvez no futuro. Sendo assim, necessitam de manutenção para continuarem a executar os serviços para os quais foram construídas. E a escolha da manutenção tem início já na aquisição da máquina. Frequentemente sou abordado com questões: “Qual a marca ou o modelo que dá menos manutenção ou oficina?”, “Qual tem menor custo de manutenção?”, “Qual é de mais fácil ma-


nutenção?” ou, ainda, “Quais máquinas os mecânicos conhecem melhor?”. E agora? Com tranquilidade e paciência é possível esclarecer tais questões. Claro que se fazem necessários tempo e domínio de informações técnicas para adequar a realidade de cada caso e, acima de tudo, não se deixar contaminar por influências das propagandas. Também é de bom senso evitar opiniões emotivas, pois possuímos nossas preferências, e além do mais, carregamos nossas inevitáveis idiossincrasias que fazem parte da existência de cada um. Ruminando todas essas nuances é possível fazer algumas orientações. Então, atrevemo-nos.

camos este tópico, pois é uma realidade que já presenciamos: o proprietário adquiriu duas colheitadeiras novas, investiu no treinamento para três colaboradores e apenas um teve condições de operar o equipamento. Que horror! Máquina pronta, a colheita esperando e falta alguém que coloque o equipamento para produzir.

PÓS-VENDAS

Serviço a ser feito, pessoal qualificado, e agora? Escolha da máquina.

Marca, modelo, recursos tecnológicos... E a manutenção? Nem sempre lembrada que existe. Mas quando não existe, aí sim, chama o engenheiro. Não basta ter máquina excelente, com todos os recursos que a tecnologia oferece, e não ter um bom serviço de pós-venda, em que entram manutenção, peças e pessoas preparadas. A escolha, portanto, deve levar em consideração este aspecto fundamental: pós-venda. E isto tem que ser pesquisado de uma forma local e dentro da realidade nas proximidades da pro-

MÁQUINA CERTA PARA CADA SERVIÇO

Todas as máquinas são construídas para determinado serviço. Este é o início de toda a escolha: identificar o serviço a ser feito. Não existe máquina para fazer todo o serviço, por mais que seja multifuncional. Assim como não existe máquina perfeita – a não ser nas peças cinematográficas. Adequar a máquina às necessidades dos serviços, ou vice-versa, eis a premissa básica, do contrário não há manutenção que resista. Para o homem rural isto significa conhecer muito bem o que deve ser feito pelo maquinário em sua propriedade, com pleno domínio dos serviços que devem ser executados. Isso não é tarefa difícil, mas alguns necessitam buscar orientação de técnicos especialistas, abastecer-se de informações. Eis o primeiro passo. Antes de entrarmos na escolha da máquina é importante identificar pessoas treinadas e qualificadas para a operação e manutenção. Já tivemos casos de máquinas paradas por falta de operador, e também por indisponibilidade de pessoas qualificadas para executarem manutenção. Vivenciamos em nossa realidade um contraste gritante entre pessoas desempregadas buscando serviço e, ao mesmo tempo, falta de pessoal qualificado para determinados serviços, entre os quais operação e manutenção de máquinas agrícolas. De nada adianta ter máquinas com tecnologias de ponta se não houver pessoas preparadas. Desta-

Existem manutenções que são mais complexas, durante os períodos de uso das máquinas ou na entressafra

Algumas manutenções básicas, como a troca de filtros de ar, podem ser realizadas pelo próprio operador

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Fotos Arquivo

viços de pós-venda e assistência técnica, isso tanto na rede de autorizadas quanto nos serviços de oficinas independentes. Mais do que nunca se faz necessário conhecer a realidade de cada local, ou seja, estar com os pés firmes no chão. Saber o que realmente é necessário. No linguajar campeiro: “Calçar o pé na macega e não afrouxar a maneia”, pois os marketings de vendas são cada vez mais agressivos e petulantes, caso o produtor não estiver preparado, entra numa canoa furada. Claro, o homem do campo é bastante maneiro, mas há que se estar atento. A mansidão do Pampa nos aponta para cautela nas escolhas. As manutenções diárias e obrigatórias geralmente são aquelas mais simples, como a verificação do nível de óleo, lubrificantes e líquidos de arrefecimento

Algumas máquinas, como colhedoras de cana ou de algodão, devem passar por manutenções bem complexas na entressafra, para garantir retorno ao trabalho sem contratempos

priedade. Constatar se há oficina credenciada com peças em estoque e pessoal preparado para a execução dos serviços. Também é importante verificar a disponibilidade de oficinas independentes que já estejam preparadas para serviços de manutenção, muitas vezes estas oficinas possuem estruturas superiores às das revendas autorizadas, sendo que há casos de revendas que terceirizam para tais oficinas. Portanto, é uma opção a considerar, mas é necessária uma verificação bem acurada e in loco. Exemplo de situações reais no Rio Grande do Sul: no Sul do Estado há forte

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presença de uma determinada marca de máquinas agrícolas e que presta excelentes serviços de pós-venda, no entanto na região central do Estado é outra realidade, pois a mesma marca deixa a desejar nesse quesito, enquanto outra possui presença marcante junto às propriedades rurais. Fato semelhante também acontece entre as regiões das Missões e a fronteira Oeste do Estado, porém envolvendo outras marcas de maquinários. Podemos afirmar categoricamente que só no Rio Grande do Sul há, no mínimo, quatro situações diferenciadas e bem marcantes nos ser-

ESTRUTURA PARA GUARDAR O MAQUINÁRIO

Agora é a vez de a propriedade preparar-se para receber a máquina escolhida. Máquina nova requer local adequado, o ideal é também ser galpão novo, com ferramentas novas, bancadas novas etc. Aí já é pedir demais: “gastar? Não é preciso que exista”. Tudo bem, então galpão remodelado, limpo, com piso de cimento, e fechado. Sim, que possa proteger o equipamento das intempéries, principalmente do inverno e da alta umidade do Sul. Lembro de um fato que presenciei: um proprietário adquiriu uma colheitadeira já no meio da colheita de verão e a utilizou pouco. Depois se envolveu com armazenagem e comercialização e a máquina foi recolhida para um galpão antigo e aberto, apenas com cobertura e dois lados fechados. Passou o inverno em tais condições. Quando houve necessidade de pô-la em funcionamento, o problema apareceu. Máquina nova dotada de tecnologia eletrônica sofreu interferência de umidade junto aos conectores e cablagem (mesmo sendo blindados) e mais no sistema de combustível, pois a variação térmica associada à umidade do ar penetra nos dispositivos, e não foi possível fazer funcionar. Chama a assistência técnica. Serviços, peças contaminadas, limpeza e descontaminação, algumas substituídas, testes de diagnósticos, deslocamento das equipes de manutenção. Palavras do proprietário: “Encostou


aos R$ 20 mil”. À dura custa aprendeu a lição. Fim de safra: preventiva geral na máquina e guardá-la em local adequado. E mais um item importantíssimo, que frequentemente é esquecido: colocar o equipamento para funcionar ao menos uma vez por mês. Funcionar e pôr para deslocar-se com acionamento de todos os recursos e comandos disponíveis. No mínimo por um período de uma hora – no mínimo.

TREINAMENTO E QUALIFICAÇÃO

Por fim, destacamos os aspectos de qualificação e preparo das equipes de manutenção e de operação. As máquinas atuais exigem cuidados e práticas operacionais e de manutenção diversa entre si e entre as mais antigas. Portanto, mais do que nunca é importante seguir as recomendações previstas nos manuais dos fabricantes. São novos procedimentos e novas rotinas de oficina e de operação que, se comparadas ao maquinário mais antigo, requerem mudanças comportamentais, e isso sabidamente exige bastante cautela e muito treinamento e orientação. Durante muitos anos convivemos com poucos modelos de máquinas e que eram bastante semelhantes. Fato que mudou muito recentemente. Muitas vezes um procedimento operacional aceito em uma determinada máquina não é recomendado para outra. Então: muito treinamento e orientação correta, observando os procedimentos recomendados pelos fabricantes. E nas rotinas de oficina também há mudanças significativas. Além do ferramental tradicional se fazem necessários computadores com softwares especiais, os equipamentos de diagnóstico, bancadas de teste eletrônicas, ferramentas específicas para remoção e instalação de componentes. Um visual diferenciado daquela antiga oficina empoeirada e com sujeiras de óleos e graxas. Agora, o ambiente tem que ser limpo e sem contaminação, do contrário os componentes eletrônicos sofrem alterações e deixam de funcionar corretamente, acarretando maiores custos. Os serviços com

resíduos de óleos e graxas ainda se fazem presentes, mas requerem cuidados e rápida remoção para coleta adequada. Estamos diante de uma nova realidade. Lembro-me de uma velha oficina de um amigo de infância, onde na entrada ele fixou um aviso com os seguintes dizeres: “O difícil já está pronto; o impossível demora um pouco; e milagre a gente também faz”. Esta época de milagres já passou, agora é muito conhecimento, informação e trabalho conectado aos manuais técnicos e às redes de apoio. Para tal, pessoas treinadas e qualificadas. Aquele mecânico tapado de graxa e com macacão sujo faz parte do passado, hoje é o mecatrônico ou equipes multifuncionais na volta da máquina. Os serviços são mais rápidos, desde que executados conforme o recomendado e com ferramental adequado. E o produtor rural, que antes dispunha de alguns operadores que também executavam os principais serviços de manutenção, como faz agora? Manutenção é fundamental. Então, como fazer? Cada administrador possui seus critérios de escolha para manutenção, o importante é que reconheça que existe e que é necessário para o bom desempenho do maquinário. Pode ser toda terceirizada, que é uma tendência no momento. Há os que fazem opção por manutenção com equipe própria, pois mantém um controle mais eficiente dos serviços, talvez com um custo um pouco maior que a terceirização. Há a op-

ção mista, ou seja, mantém uma equipe de manutenção reduzida, mais focada na preventiva básica, e aciona os serviços terceirizados para revisões maiores ou eventuais corretivas e emergenciais. Alguns administradores estão adotando um regime diferenciado, onde um ou dois funcionários assumem a operação e a manutenção preventiva básica da máquina, ou seja, são gestores da máquina. São responsáveis por manter a máquina em plenas condições de funcionamento. Claro que para tal se faz necessário todo um conjunto de apoio de ferramental, local apropriado e estoque de peças e fluidos para substituições nas manutenções preventivas, para agilizar a execução dos serviços. É importante destacar esse aspecto do estoque, pois do contrário haverá tempo ocioso da máquina e do funcionário aguardando a chegada do material. Destaco tal situação por já ter presenciado. Simpatizo bastante com esta sistemática de gestores de máquinas, mas é imprescindível pessoas qualificadas em todos os sentidos: técnico-operacional, conhecimento de manutenção e segurança, e acima de tudo saber trabalhar em equipe e possuir comportamento ético profissional correto, pois exige mais responsabilidade. Confesso que a ética profissional, na conjuntura atual, é algo escasso, .M mas ainda é possível encontrar. Joel S. Alves, Instrutor de Operação e Manutenção de Máquinas e Implementos Agrícolas e Rodoviárias

Pesquisadores da Unesp avaliaram equipamento de distribuição de calcário no cultivo de bananeiras em terrenos montanhosos

.M

Em tratores, por exemplo, o sistema hidráulico exige atenção, já que ele é fonte de ligação também com o sistema de implementos

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PNEUS

Rodado novo

Fotos Victor Aleixo

Para possibilitar a adoção de tráfego controlado em lavouras de cana-de-açúcar, além de alterações nos espaçamentos das entre linhas da cultura, são necessárias novas configurações de rodados e pneus agrícolas para tratores e conjuntos de máquinas que trafegam na lavoura

N

o cultivo da cana-de-açúcar ao final da década de 1990 se iniciou a introdução de máquinas e implementos para desenvolver as operações de plantio e colheita. Adoção de operações mecanizadas em substituição às operações manuais teve um crescimento exponencial após a criação de lei, pelo estado de São Paulo (Lei nº 11.241/2002), que proíbe a queima de 100% das áreas de cana-de-açúcar do estado até

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2021 que podem receber operações mecanizadas. A partir desse fato, as máquinas passaram a trafegar com maior intensidade dentro dos canaviais, com a adoção da distribuidora e da plantadora de rebolos, ambos os equipamentos utilizados no plantio mecânico; a colhedora autopropelida que corta os colmos, subsequentemente processa-os produzindo colmos fracionados, que são descarregados nos transbordos. Por fim, os col-

mos são transportados e transbordados em treminhão ou rodotrem, que seguem para a usina. Os transbordos são rebocados por tratores e/ou montados sobre o chassi dos caminhões, todos utilizados no sistema de cana picada colhida mecanicamente sem queima (cana crua). A partir desse momento, houve o aumento do tráfego e pisoteio na soqueira, ambos provocados pelos rodados das máquinas e equipamen-


Figura 1 - Disposição espacial dos pneus 600/50-22.5 nas entre linhas do canavial

tos, isto gerou redução da produtividade e longevidade dos canaviais. A estes fatores também estão relacionados o aumento da densidade e a compactação do solo. Alguns autores relatam que a compactação do solo causa a redução de 30% na produtividade de uma safra para a outra, a ação do pisoteio sobre a soqueira causa redução de até dez toneladas de cana por hectare, também causando impacto negativo no valor do ATR (Açúcar Total Recuperável) por tonelada de cana processada. Comumente os canaviais são plantados com dois principais tipos de espaçamento entre as linhas, o espaçamento convencional de 1,5m x 1,5m, sendo este o mais adotado, e o espaçamento duplo alternado de 0,9m x 1,5m, chamado de canteiro pelo fato

Figura 2 - Disposição espacial dos pneus 445/65R22.5 nas entre linhas do canavial

de ser formando por duas linhas de cana com distância entre elas de 0,90m. Em ambos os espaçamentos, os rodados trafegam nas entre linhas da cultura que possuem o espaçamento de 1,5m. Muitos são os esforços para os rodados trafegarem distantes das soqueiras, ou seja, passarem no centro das entre linhas da cana desde o momento das operações de quebra-lombo, cultivo, até a colheita mecanizada. Para que isso seja possível em todas as etapas, podemos citar a importância de realizar o ajuste de bitola das máquinas. No plantio com espaçamento convencional (1,5m x 1,5m) a bitola das máquinas deve ser de três metros e no plantio com espaçamento duplo alternado (0,90m x 1,5m) a bitola deve ser de 2,40m.

O ajuste de bitola é essencial para o chamado sistema de tráfego controlado, que consiste em separar as zonas de tráfego das zonas em que há crescimento das plantas, concentrando a passagem de pneus em linhas delimitadas, assim, uma área menor será atingida, embora mais intensamente. Com o intuito de adequar a bitola de acordo com o espaçamento das entre linhas do canavial, usinas e produtores adaptaram peças metálicas nos eixos para servir como alongadores, posteriormente devido a uma exigência dos consumidores, os próprios fabricantes das máquinas passaram a entregar os tratores com os eixos alongados. O uso da tecnologia, com a adoção dos receptores GNSS (Global Navigation Salellite System) embarcados nos

Para adequar a bitola de acordo com o espaçamento das entre linhas, produtores utilizam alongadores de eixos e alguns modelos já podem vir de fábrica com eixos alongados

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Figura 3 - Distância das laterais dos pneus 710/70R38 até a soqueira da cana

tratores, permite a utilização do piloto automático, este equipamento, por sua vez, corrige possíveis erros e desvios de rotas muitas vezes acometidos pelos operadores que não contam com o piloto embarcado no trator. O fator-chave para o sucesso do tráfego controlado de qualidade é a escolha correta de pneus que possuem a banda de rodagem de largura reduzida. Na colheita de cana picada mecanicamente a dimensão de pneu 600/5022.5 na construção diagonal cintada ou radial é a mais utilizada nos transbordos rebocados e/ou nos caminhões transbordos. Com o objetivo de aumentar a distância das laterais do pneu até a soqueira, algumas usinas estão substituindo o pneu 600/50-22.5, principalmente nos caminhões, por outro pneu de menor largura da banda de rodagem, o pneu 560/60-22.5. Essa dimensão possui 40mm a menos de largura quando comparado com o pneu 600/50-22.5. Nos transbordos rebocados por tratores que transportam maior volume de cana, por volta de 22 toneladas, e pos-

Diferença visível entre o local onde ocorre o pisoteio das máquinas e a área sem ação dos rodados

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Figura 4 - Distância das laterais dos pneus 650/75R38 até a soqueira da cana

suem número de eixos superior a três, a dimensão 500/6022.5 tem sido adotada devido à largura menor de 100mm da banda de rodagem. Para obtenção de maiores ganhos da distância das laterais do pneu até a soqueira, uma alternativa para este propósito é a adoção do pneu 445/65R22.5. A largura da sua banda de rodagem é de 445mm, tendo 155mm menos de largura em relação ao pneu 600/50-22.5. Levando em consideração que, a partir da linha de plantio os colmos da cana-de-açúcar crescem lateralmente 20cm para cada lado, totalizando 40cm, a zona de tráfego fica restrita a uma área de 1,10m, quando temos o espaçamento de 1,50m nas entre linhas. Nas Figuras 1 e 2 está ilustrada a disposição espacial dos pneus 600/50-22.5 e 445/65R22.5 nas entre linhas do canavial. As laterais externas e internas dos pneus 600/50-22.5 trafegam com uma distância da soqueira de 250mm. Nos pneus 445/65R22.5, o ganho na distância é maior, sendo a distância das laterais externas e internas do pneu até a soqueira de 327,5mm. Comparando a distância da soqueira até as laterais do pneu 600/50-22.5 e do 445/65R22.5, o pneu 445/65R22.5 trafega 77,5mm mais distante da soqueira. Nos tratores com a potência de 180cv a 230cv utilizados nas operações canavieiras, não são utilizados pneus duplos. Geralmente são usados os pneus simples, sendo eles no eixo dianteiro 600/65R28 e no eixo traseiro 710/70R38. Para tratores com esta faixa de potência, que tracionam transbordos, pode ser adotada para o eixo traseiro a dimensão 650/75R38. Com esta dimensão, além de se obter maior distância das laterais do pneu até a soqueira, ele pode ser montado no aro DW 23Bx38, o mesmo aro utilizado para a dimensão 710/70R38, não havendo a necessidade da aquisição de um novo ou retrabalho no mesmo. A circunferência de rolamento dos pneus possui valores próximos e, deste modo, não há necessidade da troca dos


Fotos Victor Aleixo

rodados dianteiros 600/65R28. Devido à compatibilidade entre os rodados dianteiros e traseiros, o avanço dinâmico vai sempre estar no intervalo de 1% a 5%, valores estes recomendados pelos fabricantes de tratores. Nas Figuras 3 e 4 está ilustrada a distância das laterais dos pneus 710/70R38 e 650/75R38 até a soqueira da cana. A partir destas imagens é possível verificar que as laterais do pneu 650/75R38 estarão 30mm mais distantes das soqueiras quando comparado ao pneu 710/70R38. Para o plantio de um novo canavial, em substituição a outro, são levados em conta alguns parâmetros, como a produtividade de toneladas por hectare e o vigor de rebrota da cana após os consecutivos cortes. Dentre diversos fatores, os rodados com a bitola e a pressão de inflação

Uso de rodados mais estreitos tem o intuito de diminuir o impacto dos mesmos sobre a cana, aumentando, assim, a longevidade e o número de cortes do canavial

incorretas contribuem para a redução da longevidade do canavial. Desta forma, as operações de subsolagem e gradagem no preparo do solo são as mais onerosas, demandam grande quantidade de energia e provocam o aumento do custo das usinas. As soluções propostas de rodados mais estreitos têm o intuito de diminuir o impacto dos rodados sobre a

cana, assim aumentar a longevidade com a elevação da quantidade do número de cortes, sem que a produtividade de toneladas por hectares seja .M reduzida.

Victor Aleixo e Mauro Oliveira, Trelleborg Wheel Systems


CAPA

Uniport 3030 Elet

O

pacote tecnológico que equipa o Uniport 3030 EletroVortex faz deste modelo um pulverizador bastante completo, que agrega tecnologias de ponta em todos os seus sistemas, desde as configurações de motorização, transmissão, suspensão, até chegar aos componentes de movimentação de calda e de distribuição do produto, os sistemas vortex e eletrostático, que são os grandes destaques deste modelo. A adoção de diferentes tecnologias de aplicação, aliadas aos instrumentos de tecnologias de precisão embarcados, permite aos usuários deste modelo maior chance de chegar à eficiência máxima na aplicação de produtos fitossanitários nas lavouras. Nossa capa deste mês aborda um produto de alta tecnologia, fabricado pela Jacto, com o objetivo de elevar a eficácia na aplicação de produtos fitossanitários. Trata-se do Uniport 3030 EletroVortex. Este equipamento da linha de pulverizadores da Jacto, lançado no Show Rural de 2019, em Cascavel (PR), amplia um portfólio de produtos que já conta com vários outros equipamentos autopropelidos, denominados como modelo Uniport. Sem dúvida, combina diferentes tecnologias avançadas e coloca-se na linha de frente para o mercado competitivo brasileiro e mundial de mais de 100 países onde a Jacto atua. Com 72 anos de história e com grande atuação com equipamentos de pulverização, hoje também fazem parte da linha de produtos da empresa máquinas como colhedoras de café, adubadoras, equipamentos portáteis e outros produtos tecnológicos como pontas de pulverização, acessórios, além de produtos e softwares para agricultura de precisão. O Uniport 3030 EletroVortex, que apresentaremos nesta edição, concentra todos os esforços tecnológicos no sentido de aumentar a qualidade na aplicação de produtos líquidos, tendo como consequências diminuição do custo da operação e minimização das perdas de produto. Como um dos efeitos principais da melhoria da qualidade, também resulta em menor contaminação ambiental e redução drástica do efeito sobre as pessoas envolvidas na aplicação. Um dos propósitos deste pacote de tecnologia é a diminuição do volume de calda, sem aumentar a concentração dos princípios ativos, usando meios de incremento de qualidade da operação. Como efeito secundário importante, a autonomia do equipamento aumenta sensivelmente, fazendo mais área no mesmo tempo e aumentando os intervalos de abastecimento. Este pacote tecnológico que agrega elementos de melhoria na formação e condução das gotas até o alvo biológico, como o carregamento eletrostático das gotas e a inserção de corrente de ar na condução, denomina-se como tecnologia EletroVortex. Mas outras tecnologias se

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roVortex

Equipado com diferentes tecnologias, o Uniport 3030 EletroVortex, da Jacto, alia o sistema vortex com o eletrostático, uma combinação que permite maior eficiência na aplicação de produtos Jacto

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Fotos Jacto

O chassi é projetado e construído com elementos para resistir às torções e vibrações

agregam ao equipamento como forma de melhorar a qualidade da operação, como descreveremos. Portanto, este projeto acumulou uma série de experiências comprovadas de uma empresa que é líder mundial no setor, unindo a tecnologia de assistência de ar e os princípios de pulverização eletrostática em um mesmo equipamento, com o objetivo de melhorar a penetração das gotas no dossel das culturas.

MOTOR DE 300CV

O motor que equipa o Uniport 3030 EletroVortex é da marca Cummins, modelo QSC 8.3 a diesel, com 300cv de potência máxima, que serve para acionar tanto o sistema de transmissão do veículo como os elementos tecnológicos de formação e transporte do líquido aplicado. O motor é de injeção eletrônica e está configurado para trabalhar com menor rotação, melhorando os níveis de consumo de combustível e emissões de poluentes, atendendo à Norma Proconve MAR-I e sendo compatível com os combustíveis adicionados com biodiesel até o limite de B20 (20% de biodiesel no diesel).

CHASSI E SUSPENSÃO

O Uniport 3030 EletroVortex é dotado de pneus radiais em todas as quatro rodas. A suspensão é pneumática com bolsas de ar, sensores e válvula de controle automático de altura do nível do terreno, durante o trabalho de aplicação do produto. Como é comum nos equipamentos deste tipo, em que ocorrem vibrações e torções, a união das longarinas e travessas é feita por meio de rebites e parafusos, dando flexibilidade e evitando a fadiga nas uniões por solda e provável rompimento da estrutura.

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O giro nas quatro rodas possibilita diferentes modos de operação: convencional (acima), coordenado (centro) e caranguejo (abaixo)

Os elementos do chassi que necessitam articulação utilizam buchas e rótulas seladas que otimizam a operação de lubrificação. O sistema de frenagem utiliza o conceito ABS de funcionamento integrado ao sistema hidrostático de transmissão, evitando o travamento das rodas. A bitola das rodas e a altura do equipamento podem ser ajustadas de forma a atender medidas que sirvam a uma grande variedade de condições e necessidades das culturas e seus diferentes estágios de desenvolvimento, variando a bitola de 2,60m a 3,15m, chegando à altura máxima de 1,75m do nível do solo. O sistema de direção Unitrack proporciona diferentes modos de operação, sendo o convencional aquele em que a direção se altera com a mudança de posição apenas das rodas dianteiras; e o coordenado, onde as rodas traseiras auxiliam na diminuição do raio de giro, deslocando em oposição ao sentido dado às dianteiras, e pelo curioso modo caranguejo, em que as rodas dianteiras e traseiras deslocam-se para o mesmo lado, fazendo com que o veículo faça um deslocamento na diagonal, para um lado ou para outro. As manobras mais rápidas e precisas com raio de giro 35% menor, proporcionam mais rendimento ope-


Tecnologia EletroVortex racional, reduzem o amassamento na manobra em até 40%, aumentando a área tratada. Ele realiza as manobras 2,5 vezes mais rápido em comparação com máquinas sem o sistema direcional. O controle é efetuado por uma inteligência que utiliza vários sensores de forma a proporcionar melhor desempenho da máquina.

SISTEMA DE PULVERIZAÇÃO

O sistema de pulverização se baseia em uma bomba de pistões modelo JP 300, com vazão máxima de 300 litros por minuto e controle inteligente da rotação de trabalho que alimenta o circuito de pulverização. Este controle da rotação permite otimizar o consumo de combustível e garantir a correta aplicação do litro por hectare desejado. Em conjunto com a bomba de pulverização temos o reservatório que

fornece o produto para o sistema operar. Com um exclusivo projeto de circuito, todo o sistema é interligado do reservatório aos ramais de pulverização em um ciclo contínuo formando o sistema circulante de defensivos. Desta forma, ao iniciar o funcionamento do equipamento toda a linha de pressão se enche, evitando a perda de qualidade na aplicação, principalmente nas retomadas e durante os inícios de trajeto e as manobras. Ao contrário de outros equipamentos, o controle da vazão é feito pela bomba de pulverização, que torna dispensável os equipamentos de medida de vazão e o controlador de abertura e fechamento da vazão. O líquido recirculante chega até os bocais eletrostáticos individuais que estão integrados ao sistema bico a bico. Desta forma é possível fazer o corte de seções de modo a otimizar a sobreposição, permi-

O sistema EletroVortex é composto por dois ventiladores com controle de rotação, responsáveis pelo fluxo de ar, e sistema eletrostático em cada bico, responsável por criar a carga elétrica que conduz a gota até o alvo

A tecnologia EletroVortex permite trabalhar com um outro nível de pulverização trazendo uma série de benefícios para a aplicação: 1) Melhor qualidade no depósito de pulverização O aumento do depósito acontece em toda a estrutura da planta, com até 2x no terço médio, quando comparado com a tecnologia convencional. É gerado por conta do efeito eletrostático, associado à assistência do ar. 2) Redução da deriva Redução da deriva aerotransportada em até 35%. 3) Ganho de rendimento operacional de até 35% Resultante do menor número de paradas para abastecimento, pois permite que a máquina trabalhe por mais tempo. 4) Potencial para diminuir número de aplicações Por conta da maior qualidade da pulverização, oferecemos um efetivo depósito de defensivo no alvo, possibilitando uma ação rápida do produto e mantendo a planta protegida por mais tempo. 5) Potencial maior para aumentar a produtividade da área colhida Melhor qualidade de pulverização e maior depósito ao longo da planta garantem um potencial da cultura para permanecer mais tempo isenta de pragas e doenças, respondendo positivamente à capacidade produtiva. 6) Taxa de aplicação menor Resultado da combinação do efeito eletrostático com assistência de ar. Em testes de campo, já chegamos a fazer aplicações de 40 a 70 L/hectare; 7) Menos parada para abastecimento É possível por causa do menor volume aplicado, possibilitando que o reservatório permaneça cheio por mais tempo. Maio 2020 • www.revistacultivar.com.br

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Fotos Jacto

Este modelo possui barras de 32 metros integradas ao quadro por meio de suspensão hidráulica independente

No modo trabalho a velocidade de pulverização pode chegar até a 35km/h

tindo ganhos na economia de produtos até 10%. Em cada bocal temos uma fonte de alta tensão, ocorrendo então o carregamento eletrostático das gotas formadas pelas pontas de pulverização. As gotas formadas pelos bicos passam pelo bocal de carregamento eletrostático e são conduzidas até o alvo biológico por meio do sistema de assistência de ar. Com isso, as gotas carregadas chegam com precisão no alvo, diminuindo as perdas por deriva. Os bicos de pulverização são colocados em um suporte porta-bicos tipo bijet, onde pode-se utilizar configurações distintas em cada um deles, para facilitar as diferentes necessidades do usuário. Duas características maximizam a qualidade da pulverização. A primeira é que os bicos estão integrados um com o outro na barra e a segunda é que a corrente de ar ocorre ao redor do bico, qualificando a fase de condução das gotas até o alvo. A respeito da corrente de ar do sistema Vortex, ela é gerada por dois robustos ventiladores que podem ser regulados em cinco diferentes níveis de vazão de ar, cada nível está adequado para as condições de aplicação de acordo com o estágio e porte da cultura. Para direcionamento mais preciso da corrente de ar, são colocadas lonas em forma de cone, estreitando-se à medida que a barra se dis-

tancia do centro do equipamento. Esta construção dá uniformidade do fluxo e da velocidade do ar que chega aos bicos de pulverização. A cada trecho correspondente a um bico existem dutos individuais que fazem com que o fluxo de ar envolva o bico e direcione o jato ao alvo. As vantagens conhecidas do sistema Vortex são a redução da perda de produto por deriva e o direcionamento concentrado no local que se deseja colocar o produto. Quanto ao dispositivo de carregamento eletrostático, ele se compõe de fontes que geram alta tensão, porém com baixa corrente elétrica, tendo efeitos reduzidos ao ser humano e ao meio ambiente e somente são direcionadas aos bocais quando a aplicação for iniciada, protegendo os usuários. Existe bloqueio de circulação da corrente para os casos em que a máquina esteja parada, deslocando-se a velocidades inferiores a 5km/h e com o fluxo de ar abaixo do nível três, de cinco possíveis.

TRANSMISSÃO DE MOVIMENTO ÀS RODAS

O equipamento é de antemão um veículo de rodas que necessita receber o movimento que vem do motor e transmiti-lo a outros componentes, entre os quais a transmis-

Reservatório de calda O reservatório principal do Uniport 3030 EletroVortex tem capacidade para três mil litros e é equipado com agitador mecânico com controle automático da rotação. O agitador mecânico é um dos diferenciais no sistema de aplicação, permitindo homogeneização da calda em todo o volume do reservatório. Ele não usa a vazão da bomba de pulverização para agitação da calda, mantendo a bomba exclusiva para o sistema de aplicação. O abastecimento do reservatório pode ser feito através de bocais localizados na frente da máquina ou através do opcional de bomba centrífuga de abastecimento com alta capacidade de vazão de até 900 litros por minuto. Equipado também de série com linha de abastecimento de tamanho 3", permitindo ganhos operacionais de até 7%. 24

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são. Nisto o fabricante tem experiência acumulada de muitos outros modelos e coloca tecnologia de ponta para que o trabalho seja executado com eficiência. A transmissão da potência e do torque é do tipo hidrostático, integral nas quatro rodas, com controle de tração independente automático em cada uma das rodas. Em cada uma delas o movimento passa por um motor hidráulico com redutor planetário, que amplia o torque. Com esta configuração, o equipamento pode desenvolver velocidades reduzidas, mas também alcançar velocidades de transporte de até 65km/h e trabalhar em condições de aplicação com velocidade de até 35km/h. Um sistema de transmissão inteligente que integra o motor diesel e a transmissão, constantemente busca o melhor ponto de rotação do motor diesel para permitir trabalhar com menor consumo de combustível e maximizando o controle de velocidade e tração do veículo; através do exclusivo controle de patinação permite trabalhar nas diferentes condições de solos agrícolas. Este fator é importante, principalmente quando se está trabalhando com taxa variável, em que a manutenção da velocidade é vital para a eficiência da prática. Esta integração se faz por meio dos módulos de controle que atuam sobre a bom-

ba hidráulica ao comando de sinais recebidos de sensores. Os motores hidráulicos também estão integrados ao sistema de transmissão para auxiliar na aderência e equilíbrio de tração do equipamento. Estes módulos atuam também sobre o motor do veículo, adequando a rotação ao torque necessário.

BARRA DE PULVERIZAÇÃO

A barra de pulverização deste equipamento tem 32 metros e é articulada em seções que se fecham e abrem por comando do operador de dentro da cabine. Mesmo parecendo uma operação simples, este fechamento e abertura tem uma sequência que atende normas de segurança, destinadas a impedir o choque contra redes elétricas e no interior de pa-

vilhões, sem o risco de choques e impactos. Como era de se esperar em um equipamento tecnologicamente superior como o Uniport, a barra está integrada ao quadro por meio de uma suspensão hidráulica independente e dotada de sensores eletrônicos trabalhando em conjunto com a suspensão para manter o controle de altura e estabilidade da barra, mesmo sobre uma superfície irregular, como é comum na agricultura. Desta forma, o sistema se ajustará ao que foi programado, fazendo os ajustes de forma a manter a altura e a estabilidade nos dois lados da barra.

CABINE, ACESSOS E ERGONOMIA

De ótimo padrão, a cabine é equipada com sistema de condicionamen-

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lo das câmeras para que o operador tenha a visão mais adequada para cada tipo de situação.

TECNOLOGIA OTMIS

O sistema EletroVortex garante maior eficácia na aplicação dos produtos

Fotos Jacto

to digital da temperatura e tem pressurização para evitar a contaminação interna. Para acessar o posto de operação, o equipamento dispõe de uma escada que se recolhe quando o equipamento está em movimento. O assento do operador é dotado de amortecimento pneumático, que pode ser regulado, adaptando-se à ergonomia do operador, assim como a coluna de direção. Na esquerda do operador, é disposto um assento de acompanhante. No lado direito, em um console está colocado um comando multifunção que proporciona o controle de velocidade, o sentido de deslocamento e todas as funções de controle da barra, do sistema de pulverização e do piloto automático. Logo acima do console, dois monitores proporcionam informação e comando dos sistemas de agricultura de precisão e piloto automático. Ao operador é oferecida, através do monitor, uma imagem traseira da máquina quando as barras estiverem recolhidas. É possível regular o ângu-

A agricultura de precisão é um outro ponto forte do Uniport 3030 EletroVortex; a marca Otmis da Jacto é um dos diferenciais do equipamento. É uma marca individual que oferece soluções de tecnologias Jacto na forma de produtos, informações técnicas e serviços que visam aumentar a precisão das operações, gerenciando a qualidade e a eficiência nos processos. Com ele é possível programar a repetição de operações, de forma que o operador programe o equipamento para que ele repita uma operação previamente gravada. Um dos equipamentos disponíveis pela Otmis é o display Omni 700. Em serviços, o Otmis oferece ao usuário uma conexão com um servidor de rede, de forma que o usuário, gerente ou proprietário possa receber informações sobre o desempenho da máquina pelo smartphone ou em um computador localizado remotamente. O equipamento pode estar equipado com dispositivos de direcionamento automático como a barra de luzes Omni 700 de série ou a LB 1200, que é opcional, ou o piloto automático hidráulico Omni 700 de série ou HP 1200 (opcional). No caso do piloto, o usuário pode escolher utilizar o sinal sem correção, mas também pode optar por sistemas mais precisos com métodos de correção Terra Star (Omni 700) e RTX e RTK. Além disso, os bicos de pulverização podem ser controlados eletronicamente um a um, promovendo a abertura e o fechamento quando necessário.

A cabine é ampla e confortável, com assento pneumático e todos os principais controles do sistema de pulverização posicionados à direita do operador

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Pelo monitor, o operador pode receber informações referentes à operação, como a largura de aplicação e a velocidade de deslocamento, e também de diagnóstico como a dose instantânea aplicada. O pacote tecnológico que equipa o Uniport 3030 EletroVortex faz deste modelo um pulverizador bastante completo, que agrega tecnologias de ponta em todos os seus sistemas, desde as configurações de motorização, transmis-

são, suspensão, até chegar aos componentes de movimentação de calda e de distribuição do produto, os sistemas vortex e eletrostático, que são os grandes destaques deste modelo. A adoção de diferentes tecnologias de aplicação, aliadas aos instrumentos de tecnologias de precisão embarcados, garante aos usuários deste modelo maior chance de chegar à eficiência máxima na aplicação de produtos .M fitossanitários nas lavouras.

Características Técnicas do Uniport 3030 EletroVortex SISTEMA DE PULVERIZAÇÃO BARRAS Comprimento Altura de trabalho Espaçamento entre bicos Porta-bicos Bicos RESERVATÓRIO PRINCIPAL Capacidade BOMBA DE PULVERIZAÇÃO Modelo Vazão máxima Assistência de ar Tecnologia eletrostática

32 m 0,50 a 2,75 m 35 cm Bijet Dois conjuntos de bicos/pontas de jato cônico (escolha do cliente) 3.000 Litros JP 300 300 L/min @ 540 rpm Dois ventiladores com controle de rotação Eletrificação indireta das gotas com eletrodo circular e fonte de alta tensão

Peso (Máquina vazia) DIMENSÕES Comprimento Largura máxima Altura Distância entre eixos Vão livre Ajuste de bitola

DIMENSÕES 11.090 kg 10,5 m 3,50 m 4,27 m 3,80 m 1,55 / 1,75 m 2,60 a 3,15 m

VEÍCULO MOTOR Modelo Cummins QSC 8.3L MAR I Potência máxima 300 cv @ 2500 rpm Combustível Diesel ou Biodiesel B20 Transmissão Hidrostática 4x4 com controle de tração eletrônico independente Suspensão Independente, com molas pneumáticas e amortecedores hidráulicos Pneus IF380/90R46 (Série) ou VF380/90R46 (Opcional) Reservatório de combustível (Capacidade) 400 Litros

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IRRIGAÇÃO

Irrigação de precisão O uso de tecnologias que auxiliam na tomada de decisão e automação da irrigação garante maior eficiência do sistema, aliando otimização dos recursos hídricos e aumento da produtividade

A

agricultura irrigada é uma importante estratégia para aumentar a produção mundial de alimentos. Se por um lado com o uso da agricultura irrigada gera-se atualmente cerca de 40% da produção mundial de alimentos, por outro, a limitação dos recursos hídricos e energéticos exige a sua otimização. Estudos indicam que nos próximos 50 anos a produção irrigada atenderá cerca de 70% da produção mundial total. A irrigação não deve ser considerada isoladamente, mas como um conjunto de técnicas para garantir a produção econômica de uma determinada cultura com o manejo adequado dos recursos naturais. Em função do decréscimo da disponibilidade de água para a agricultura e o aumento dos custos de energia, torna-se necessária a adoção de estratégias de gestão da irrigação que possibilitem economia de água sem prejuízos à produtividade. Dentro do contexto da otimização do uso de recursos hídricos para a agricultu-

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ra irrigada destacam-se as evoluções do agronegócio com enfoque à sustentabilidade. A agropecuária sustentável é uma questão mundialmente abrangente, que envolve todas as esferas da sociedade. O manejo adequado e estratégico da água deve ser realizado utilizando-se a eficiência de uso da água para o planejamento e a tomada de decisão da irrigação, aumentando-se a produtividade da cultura. A irrigação de precisão é uma ferramenta bastante difundida para otimização do uso da água e gestão dos recursos hídricos. Essa ferramenta contempla uso de sensores, estações meteorológicas, imagens de satélite e geotecnologias. Dessa forma, é possível aplicar a lâmina de irrigação adequada considerando a demanda da cultura e variabilidade da área de cultivo. As imagens de satélite permitem o conhecimento da variabilidade espacial dos atributos físico-hídricos do solo, contribuindo para o manejo do solo e da água

adequado a uma situação local. Os sistemas de pivô central possuem mapeamento operacional com imagens de satélite de média e alta resolução espacial. Essas informações permitem a tomada de decisão da agricultura irrigada. Quando observados os sistemas de irrigação localizada, gotejamento e microaspersão, é possível destacar a utilização de sensores e válvulas que permitem a detecção em tempo real de umidade do solo ou variáveis climáticas para obter a demanda de água pela cultura. Os sensores de solo e as estações meteorológicas automáticas são fundamentais para o manejo eficiente e sustentável da irrigação. O aumento da eficiência do uso da água enquadra-se dentro das premissas da sustentabilidade. Dessa forma, a irrigação de precisão, além de minimizar as incertezas quanto à disponibilidade de água à cultura ao longo do ciclo de cultivo, aumenta a produtividade, reduz custos e mantém a pegada sustentável.

MANEJO DE IRRIGAÇÃO

O cenário de escassez hídrica não ocorre apenas em regiões áridas e semiáridas ou com distribuição desuniforme de chuva. A qualidade da água também é um fator que implica disponibilidade dos recursos hídricos, tornando-os não passíveis de uso para atender à demanda dos sistemas de irrigação. A disponibilidade e a qualidade da água são fatores preponderantes para o sucesso das áreas irrigadas. Além disso, o dimensionamento adequado do projeto, a qualidade hidráulica do equipamento, a implantação satisfatória, a qualidade da água e o manejo do sistema de irrigação em cam-


Fotos Catariny Cabral Aleman

Câmara de Scholander identificando o potencial hídrico das folhas e termômetro infravermelho

Emissor do pivô central

po contribuem para a eficiência e a otimização da irrigação.

DIFERENTES MANEJOS

O manejo racional da irrigação é a aplicação de água atendendo à demanda hídrica das culturas. Três perguntas básicas são respondidas para a realização do manejo: Quando? Quanto? Como? Essas perguntas remetem ao intervalo entre as irrigações, a quantidade de água ou lâmina de irrigação, e ao sistema de irrigação utilizado. É possível maximizar a produtividade, melhorar a qualidade do produto, minimizar os custos com água e energia elétrica, aumentar a eficiência dos fertilizantes e manter ou melhorar as propriedades físicas do solo. O intervalo entre as irrigações ou turno de rega e a lâmina de irrigação são de-

terminados a partir do monitoramento do solo, clima ou planta. Quando possível utilizar as três formas de monitoramento, a eficiência do manejo de irrigação poderá ser maximizada. Essas práticas podem reduzir de 30% a 70% do volume de água aplicado e aumentar a produtividade em 20% a 90%. O manejo de irrigação via planta, sem dúvida, é o controle ideal do ponto de vista científico, no entanto apresenta implicações operacionais que dificultam a utilização no campo. Os métodos que permitem o monitoramento da planta são: medições de potencial hídrico, resistência estomática e temperatura da folha. O manejo via solo permite caracterizar o armazenamento de água no solo. A água armazenada no solo possui o limite superior e o limite inferior, denominados, respectivamente, capacidade de campo e ponta de murcha permanente. O limite ideal entre a capacidade de campo e o ponto de murcha permanente depende de vários aspectos, dentre os quais destacam-se a cultura, o sistema de irrigação e a estratégia de manejo adota-

da. Esse limite denomina-se fator de disponibilidade hídrica (f) ou fator de segurança, que tem sua proporção definida segundo o valor econômico e a sensibilidade da cultura ao déficit hídrico. Um fator “f” de 0,4 significa que as plantas podem consumir até 40% de toda água disponível no solo, sem que haja redução significativa na sua produtividade. O monitoramento do solo pode ocorrer através de medidas diretas ou indiretas da umidade. As medidas diretas proporcionam resultados imediatos sobre a condição de umidade do solo. E as medidas indiretas fornecem variáveis que serão transformadas em umidade. O monitoramento da quantidade de água no solo pode ocorrer através de pesagem do solo, uso de tensiômetros, TDR (Reclectometria no Domínio do Tempo), blocos de resistência elétrica, entre outros. A escolha dos métodos dependerá do tempo para obter a informação, do tamanho da área e de custos. Uma alternativa bastante viável para o monitoramento da irrigação é o emprego de variáveis climáticas. Estas variáveis podem ser determinadas através de estações

Wenderson Araujo

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Estação meteorológica automática e Irrigâmetro

meteorológicas, métodos evaporimétricos ou irrigâmetros. Com as estações meteorológicas são determinadas informações como temperatura máxima, mínima e média; umidade relativa máxima, mínima e média; precipitação; radiação solar e velocidade do vento. Essas variáveis são utilizadas em balanços hídricos para determinar a evapotranspiração de referência (ET0) e posteriormente a necessidade hídrica da cultura. Após monitorar o sistema solo-planta-atmosfera, é possível aplicar algumas estratégias de manejo de irrigação. A irrigação com déficit, a irrigação com déficit controlado, o turno de rega fixo ou o turno de rega variável podem se configurar em técnicas que podem permitir economia e eficiência do uso da água. A irrigação com déficit ou déficit controlado caracteriza-se como uma estraté-

gia em que a lâmina de irrigação é reduzida em fases de desenvolvimento onde a cultura é menos sensível ao estresse hídrico. Essa alternativa não afeta a produtividade da cultura e resulta em maximização da eficiência do uso da água. Nas estratégias de turno de rega fixo (TRF) ou variável (TRV), a lâmina de irrigação requerida é aplicada atendendo 100% da demanda. Entretanto, no TRF, na maioria dos casos, irriga-se independentemente da precipitação ocorrida. Dessa forma, pode ocorrer aplicação de excedente hídrico e ocorrer quebra de produção.

IRRIGAÇÃO DE PRECISÃO X SUSTENTABILIDADE

A modernização da agricultura se deu em função do processo de globalização e objetivou aumentar a produção de alimentos no mundo. A Agricultura de Pre-

cisão ou Agricultura 4.0 é um sistema de produção adotado por produtores que utilizam tecnologias avançadas para gerenciar informações e potencializar o aumento da produção. Nesse contexto, a irrigação de precisão é o resultado do avanço das tecnologias e inovações, como Internet das Coisas (IOTs), Big Data, Inteligência Artificial (IA) e Computação na Nuvem. Esses avanços permitem o gerenciamento sustentável da água. Na irrigação de precisão, a lâmina de irrigação corrige falhas da irrigação tradicional através de mapas de produtividade e mapas de características físico-hídricas do solo, a fim de verificar e visualizar a variabilidade espacial de lavoura. A aplicação da irrigação em Taxa Variável permite economizar água e otimizar o processo de bombeamento, reduzindo custos. A busca por diferentes campos da ciência tem se voltado a desenvolver técnicas mais refinadas para identificar com antecedência e precisão plantas estressadas. Essas técnicas permitem avaliar danos causados pelo estresse biótico ou abiótico e auxiliam na tomada decisão precisa e eficiente na lavoura. Sensores hiperespectrais são outras ferramentas aplicadas à irrigação de precisão. Através da reflectância das culturas é possível identificar alterações decorrentes de mudanças climáticas, estresse hídrico e estágio fenológico da cultura. Essas informações auxiliam na tomada de decisão sobre irrigação e tratos culturais. A utilização da irrigação de precisão como ferramenta inserida no manejo de irrigação e gestão dos recursos hídricos é

Figura 1 - Retirada e consumo de água pelas diferentes atividades econômicas (ANA)

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Fotos Catariny Cabral Aleman

Aplicação em Taxa Variável em áreas agrícolas

gia elétrica e os efeitos adversos ao meio ambiente. As inovações tecnológicas podem fornecer subsídios para áreas com recursos hídricos .M limitados, tornando-as sustentáveis.

Catariny Cabral Aleman, Joslanny Higino Vieira, Adelaide Cristielle Barbosa da Silva, Julia Lopes Governici e Matheus Amorim Caliman, UFV

Tony Oliveira

fundamental para reduzir os impactos ambientais. Dessa forma, é possível aumentar a produtividade, economizar água, melhorar a eficiência do uso da água, reduzir os custos com ener-

Sensor hiperespectral terrestre (FieldSpec) e relação entre o comprimento de onda e a reflectância para caracterizar a cultura

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TRATORES

Operação segura Observar as recomendações de segurança durante as operações envolvendo máquinas agrícolas pode reduzir os riscos de acidentes, que muitas vezes são fatais

O

Brasil caracteriza-se, em parte, por ser um país com uma agricultura altamente mecanizada, principalmente quando nos referimos às culturas de maior representatividade econômica, tais como: soja, trigo, milho e arroz irrigado. Outras culturas, também se destacam neste cenário como, por exemplo, o algodão, a cana-de-açúcar e a fruticultura. Nos últimos anos, as linhas de crédito

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oferecidas por meio dos programas governamentais facilitaram a aquisição de máquinas agrícolas pelos agricultores, principalmente, tratores novos, por apresentarem maior nível tecnológico e adequados itens de segurança. A abertura de novas áreas também é uma realidade, sendo que muitas, até então consideradas inaptas à utilização de máquinas, devido à declividade, passaram a ser utilizadas para cultivos agrícolas.

Constantemente, os acidentes envolvendo máquinas agrícolas ocorridos nas diferentes regiões do País, têm sido noticiados pela imprensa e repercutem pelas mídias sociais. Neste sentido, o entendimento das causas que levam a ocorrência dos acidentes envolvendo máquinas agrícolas é o ponto chave para que se possa implementar medidas, visando a orientação ou, até mesmo, a qualificação e capacitação dos usuários. Pesquisas apontam que,


82% dos acidentes envolvendo conjuntos mecanizados decorrem de atitudes inseguras; e as condições inseguras contribuem para o restante dos acidentes. As atitudes inseguras estão relacionadas aos atos do próprio usuário, que se expõe ao perigo. Isso é caracterizado como imprudência, por “saber fazer certo e não o fazer corretamente”, geralmente com a finalidade de aumentar a produtividade no trabalho. Ainda, destaca-se o fator pessoal inseguro, decorrente da própria condição da pessoa que pode ser, desde uma limitação física ao consumo de drogas, destacando-se o álcool. Já, as condições inseguras estão relacionadas aos defeitos e/ou falta de dispositivos de segurança, como também o meio onde são realizados os trabalhos. Dentre os acidentes mais comuns, pesquisadores apontam o tombamento lateral como sendo responsável por aproximadamente 70% dos casos, seguido do empinamento no plano longitudinal e queda da máquina. Outros fatores colaboram para a ocorrência de acidentes como, por exemplo, o desgaste físico, provocado por longas jornadas de trabalho, geralmente nos períodos de semeadura e colheita, déficit de atenção e desconhecimento do equipamento, devido à falta de treinamento.

para realizar determinadas operações agrícolas. Neste sentido, referente à operação com máquinas agrícolas a NR 12 menciona que, a operação, manutenção, inspeção e demais intervenções nas máquinas devem ser realizadas por pessoas habilitadas, qualificadas, capacitadas ou autorizadas para este fim, sendo que essa capacitação deve ser realizada antes que o colaborador assuma a função e sem ônus para o mesmo. Ainda, a NR 12 em seu Anexo XI – Máquinas e implementos para uso agrícola e florestal, apresenta de forma detalhada parâmetros técnicos referentes às proteções, dispositivos e sistemas de segurança que devem integrar as máquinas, desde a sua fabricação, não podendo ser considerados itens opcionais. Esses parâmetros evitam que, muitos acidentes ocorram por erro ou descuido do operador, ou ainda, que procedimentos básicos de segurança possam ser negligenciados de forma intencional.

CUIDADOS DURANTE A OPERAÇÃO

Os acidentes ocorrem tanto em pequenas, quanto em grandes propriedades rurais. Em propriedades maiores, a frequência dos acidentes é menor, o que se justifica, em parte, pelo fato de que as operações apresentam certo grau de complexidade, exigindo operadores qualificados e capacitados. Ainda, nestas propriedades, o nível de comprometimento empresarial ao atendimento às normativas e legislação vigente, relacionadas à questão de segurança, é maior. A menor declividade do terreno permite o uso de máquinas de grande porte; e a facilidade para realizar manobra contribuem para que o número de acidentes seja reduzido. Diferentemente dos veículos rodoviários, as máquinas agrícolas contam com inúmeros comandos de operação, muitos de acionamentos simultâneos, o que requer conhecimentos específicos, bem como sua estrutura/concepção é totalmente diferente. Isso exige capacitação do usuário e até mesmo, anos de experiência

Uma forma de prevenção de acidentes decorrentes de atos inseguros se dá por meio da conscientização e treinamento dos usuários, fazendo com que estes saibam das consequências, que muitas vezes resultam na perda da própria vida. No que se refere às condições inseguras, a observância e melhoria de determinados fatores que formam o ambiente rural são determinantes para evitar possíveis acidentes, devendo-se levar em consideração desde uma simples manutenção na oficina rural, até a declividade e o tipo de terreno onde a operação agrícola mecanizada será realizada. Na propriedade rural, o tipo de operação mecanizada a ser realizada e as condições atípicas do terreno podem se revelar verdadeiras “armadilhas” aos operadores. A existência de um simples buraco coberto por vegetação ou área encharcada, onde o solo não possui capacidade de sustentação ao tráfego de máquinas, podem comprometer a segurança das operações. Neste sentido, o planejamento prévio da operação e o reconhecimento do local onde a mesma será realizada também são considerados fundamentais. Para isso, o operador deve ter em mente as limitações decorrentes da inclinação e dos obstáculos que podem colocar em risco a integridade da máquina e, princi-

A segurança do operador deve ser sempre um dos principais critérios na hora de escolher o modelo de trator

A combinação de atitudes e condições inseguras é a principal causa dos acidentes envolvendo máquinas agrícolas no País

Fotos Charles Echer

Alexandre Russini

ONDE OCORREM OS ACIDENTES

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Charles Echer

Em terrenos com grandes irregularidades deve-se prestar mais atenção ao trafegar com máquinas

veis estejam completamente protegidos. Há necessidade, ainda, do aprisionamento desta estrutura por uma corrente, em ambas as extremidades de fixação, além da presença da proteção tipo escudo, tanto na saída do eixo da TDP do trator, quanto do implemento. No contexto da presença e utilização de elementos de segurança, a EPCC e o cinto de segurança são importantes aliados na prevenção de acidentes, e suas condições devem ser observadas. O efeito na redução das lesões ou de mortes quando da ocorrência de um capotamento, está fortemente relacionado com a presença da EPCC e do uso do cinto de segurança. Quando o trator possui EPCC, o uso do cinto de segurança se torna obrigatório, pois durante uma situação de capotamento o operador ficará “preso” ao assento, o que poderá evitar que seja esmagado pela máquina. Situação inversa ocorre quando os tratores não possuem tal estrutura, onde não se recomenda o uso do cinto de segurança. Neste caso, o uso do cinto fará com que o operador fique “preso” ao assento, porém devido à falta da

Fotos Rovian Bertinatto

palmente, a si mesmo. Por isso, saber das condições do limite de estabilidade lateral e longitudinal da máquina é de suma importância, para evitar acidentes, principalmente, por tombamento lateral. Tanto os usuários quanto os responsáveis técnicos devem estar atentos aos dispositivos e demais elementos de segurança da máquina, tais como: estrutura de proteção contra o capotamento (EPCC), cinto de segurança, proteção da tomada de potência (TDP) e de outros componentes móveis, como correias e polias. Estes itens de segurança, quando corretamente instalados e utilizados, podem evitar acidentes, e reduzir significativamente a gravidade das lesões. O problema consiste na negligência em relação aos elementos de proteção e segurança, contribuindo para o aumento do número de acidentes. A falta de proteção da árvore cardânica é a principal causa de muitos acidentes, na maioria fatais, devido ao enrolamento ou por ocasionar lesões graves, pois atinge tanto membros inferiores quanto superiores. A presença da proteção da árvore cardânica não significa que os elementos mó-

EPCC, o mesmo poderá ser esmagado pela máquina. Outros dispositivos podem colaborar para a prevenção de acidentes. Muitas vezes, tecnologias simples de serem aplicadas são deixadas de lado pelos fabricantes, por questões de custo ou falta de exigência do mercado. Uma delas é o acionamento da tração dianteira auxiliar (TDA) ao acionar os pedais do freio, colaborando para a maior capacidade de frenagem. Sensores de inclinação poderiam ser instalados, no intuito de alertar o operador quanto ao risco de tombamento da máquina quando a operação estiver sendo realizada em terrenos declivosos. Limitadores de velocidade também podem colaborar para a prevenção de acidentes, evitando abusos pelos operadores. Em alguns países Europeus, onde o tráfego de máquinas agrícolas em rodovias é grande, estes itens são obrigatórios. Existem dispositivos que cortam o sistema de injeção de combustível do motor de tratores, para que as velocidades não excedam 40km/h. Tal sistema poderia ser facilmente instalado em motores com injeção eletrônica de combustível. Ainda, na Europa, os tratores são equipados com sistemas hidráulicos ou pneumáticos para acionamento dos freios de reboque. Também, é comum o uso de suspensão dianteira, garantindo maior capacidade de resposta da direção em buracos ou obstáculos e da frenagem, devido às elevadas velocidades. Na Alemanha, por exemplo, é permitido que o trator atinja até 80 km/h, em rodovias. A observação das recomendações de segurança antes e durante as operações agrícolas, bem como durante o desloca-

Árvore cardânica sem proteção (esquerda) e com proteção, porém sem o aprisionamento pela corrente (direita) também são uma grande causa de acidentes relacionados a tratores e implementos

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Recomendações de segurança para os operadores de máquinas agrícolas - Respeitar os períodos de descanso e o evitar o uso de bebidas alcoólicas; - Evitar o uso de roupas largas e calçados abertos; - Certificar-se do domínio de todos os instrumentos e dos comandos da máquina; - Em caso de dúvidas, consultar o manual de instrução do operador ou pedir ajuda a um especialista; - Realizar a inspeção diária dos sistemas complementares, em especial, do sistema hidráulico; - Conferir a pressão interna dos pneus do trator e do implemento, quando for o caso; - Analisar a integridade dos itens de segurança, bem como das proteções das partes móveis; - Planejar antecipadamente a operação agrícola, considerando as condições do terreno, tipo de Antes da operação implemento a ser utilizado e velocidade de trabalho; - Certificar-se antes de dar a partida no motor, da proximidade de pessoas e animais, nunca fora do posto de operação e com o freio estacionário acionado; - Atentar para o acoplamento de implementos no engate de três pontos ou barra de tração, e utilizar pinos com travas; - Evitar movimentações bruscas, sem aviso prévio às pessoas que estiverem auxiliando e usar marcha ré reduzida, - Solicitar apenas ajuda de pessoas capacitadas durante a regulagem e calibração de implementos. - Evitar dar carona na máquina, a não ser que exista assento secundário, geralmente utilizado para treinamentos; - Usar os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e cinto de segurança; - Deixar os pedais de freio unidos, quando em deslocamento por estradas internas; - Manter velocidade compatível: a mesma marcha utilizada na subida deve ser utilizada na descida; Durante deslocamento - Atentar para a presença de pessoas e obstáculos, devido à largura e altura excessiva durante o deslocamento; - Utilizar travas na posição transporte para implementos acoplados ao sistema de engate aos três pontos; - Utilizar, preferencialmente, o caminhão “prancha” para o transporte em estradas e rodovias, devidamente sinalizado; - Deslocar apenas a máquina devidamente sinalizada e com batedores de apoio; - Transportar separadamente a plataforma de corte e equipamentos que excedam a largura da máquina. - Respeitar os limites da máquina, inclinação do terreno e as mudanças momentâneas das condições de operação; - Evitar a proximidade de valas e barrancos; - Nunca remover elementos de proteção de partes móveis e continuar a operação, sem realizar o reparo; - Nunca sair do posto de operação com o eixo da TDP acionada e o implemento ou máquina em funcionamento; - Evitar deixar implementos suspensos no sistema hidráulico de três pontos e controle remoto, Durante operação quando interromper a operação; - Durante reparos, não permanecer de baixo de implementos acionados pelo sistema hidráulico sem a utilização das travas e/ou elementos de segurança; - Evitar a presença de pessoas em cima do trator e implementos; - Deligar a máquina para verificação dos elementos móveis, condições do implemento ou, destra.M var algum mecanismo interno.

mento das máquinas, pode reduzir os riscos de acidentes. Algumas recomendações estão listadas no quadro abaixo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A maioria dos acidentes envolvendo máquinas agrícolas poderiam ser evitados, sendo a im-

prudência durante a realização das operações uma das principais causas. Atitudes inseguras como, saber fazer certo e não fazer, para aumentar o rendimento no trabalho, devem ser constantemente debatidas durante as capacitações, visando conscientização dos .M operadores.

Alexandre Russini, Universidade Federal do Pampa, Campus Itaqui José Fernando Schlosser, Marcelo Silveira de Farias e Rovian Bertinatto, Laboratório de Agrotecnologia, UFSM

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SEMEADORAS

Raios X das semeadoras Avaliação de 38 semeadoras de fluxo contínuo mostra os principais erros e acertos na semeadura de culturas de inverno em lavouras do Paraná

A

s semeadoras em fluxo contínuo, por trabalharem com espaçamentos estreitos, não possuem todos os componentes para a realização de todas as funções no solo, como ocorre nas semeadoras de precisão. Assim,

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um disco duplo desencontrado ou defasado executa o corte da palha e abre o sulco para a deposição de fertilizante e sementes conjuntamente. Os componentes de aterramento e compactação são conjugados, mesmo porque não há muito es-

paço entre eles. A dosagem de sementes pode variar entre dez e 200 sementes por metro linear, dependendo da espécie e da recomendação agronômica, e o fertilizante cai no sulco praticamente junto às sementes (Casão Junior, 2016). As sementes das espécies de plantas alimentícias e plantas de cobertura de inverno variam quanto ao formato, à uniformidade, à rugosidade e à dimensão. São encontrados mais frequentemente o trigo e a aveia, mas também ocorre nessas regiões o centeio, triticale, cevada, nabo, entre outras. Essas máquinas também são apropriadas para semear a cultura de arroz e algumas plantas de cobertura típicas de verão como a moha e o milheto, e quando acopladas com distribuidores específicos, semeiam também braquiárias, as quais estão em expansão nas regiões Sul e mais ao Norte do Brasil, na integração lavoura/pe-


Fotos Ruy Casão Júnior

cuária ou simplesmente como planta de cobertura. No estudo conduzido pelo pesquisador voluntário do Iapar, Ruy Casão Junior, juntamente com outros pesquisadores da instituição, em 2018, foram avaliados 38 modelos de semeadoras em propriedades agrícolas, correspondendo a modelos de dez fabricantes diferentes, estudando as variáreis de qualidade da semeadura a campo. No campo, as semeadoras em fluxo contínuo foram estudadas com 43 variáveis que possam caracterizar seu desempenho na implantação das culturas, assim como suas características construtivas e as de manejo da propriedade. Das semeadoras de fluxo contínuo estudadas, a média do número de linhas foi de 23,9, sendo que a maior possuía 65 linhas e a menor, 13. O espaçamento variou bastante, apresentando média de 17,6cm e coeficiente de variação (CV%) de 15,3%. O menor espaçamento usado foi de 15,5cm e o maior, de 30cm. Este em função de que o produtor semeava aveia sobre densa cobertura vegetal de milheto, o qual optou retirar as linhas intermediárias da máquina. O trigo esteve presente em 27 casos, o triticale em três, a cevada em quatro e a aveia preta ou branca em quatro casos. O

tempo médio de uso do sistema plantio direto (SPD) dos produtores entrevistados foi de 21 anos, sendo que o mais antigo usava o SPD há 31 anos e o mais recente com 2,5 anos. Dos 38 produtores, 30 somente usavam o SPD, mas mobilizavam o solo nas áreas de manobra e onde há compactação pelo tráfego de pulverizadores. Os oito demais preparavam o solo periodicamente em média de 4,2 anos, predominantemente com escarificadores. Quanto ao manejo da vegetação, 33 produtores não efetuavam essa prática, ou seja, a própria colhedora fazia essa operação, três usavam a roçadora no milho e dois usavam rolo faca. Das máquinas estudadas, 18 podiam ser consideradas com menos de dez anos de uso, 13 com idade média entre dez a 20 anos e sete constituindo-se de máquinas velhas com mais de 20 anos. Quanto à topografia do terreno em que as máquinas trabalharam, constatou-se que 12 áreas eram planas, 17 suavemente onduladas e nove áreas eram onduladas. No momento da semeadura, 13 máquinas trabalharam sobre o solo seco, pois no mês de abril e parte de maio não choveu no Paraná. Três produtores semearam no início de maio e aguardaram duas semanas pelas primeiras chuvas, oito aguardaram uma semana e dois semearam um dia antes da chuva. As máquinas que semearam a partir do dia 16 de maio, o fizeram com o solo na consistência friável. Quanto ao tratamento de sementes, 26 produtores semearam com sementes tratadas e 12 com sementes sem tratamento. Três das quatro semeaduras de aveia não trataram suas sementes. A porcentagem média de germinação das sementes foi de 91,2%, considerando que foi constatado um caso com somente 53% de germinação. No caso do vigor das sementes, a média foi de 85%, considerando que o menor caso citado apresentou 28% de vigor. Essa amostra foi descartada para efeito de análise da emergência das plântulas.

ANÁLISE DOS ERROS DE REGULAGEM DE SEMENTES E FERTILIZANTE

Durante as avaliações foi perguntado aos produtores qual a regulagem efetuada em suas semeadoras quanto à dosagem usada para sementes e fertilizante. Esse parâmetro foi conferido

Os modelos avaliados tinham entre 13 e 65 linhas de plantio de culturas de inverno

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Figura 1 - Porcentagem de erros na regulagem de sementes nas semeadoras de fluxo contínuo

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52,3%, com uma média de 18,2% e CV% de 75,2%. Pôde-se constatar com isso que dos 27 produtores avaliados, 33,3% estão errando de 10% a 20% na regulagem de sementes e 37% erraram mais do que 20%. Foram somente 29,7% de produtores que erraram menos que 10% na regulagem. A Figura 2 mostra como foram os erros médios na regulagem de fertilizante das semeadoras a campo. Pode-se dizer que em média os produtores pesquisados não estão regulando adequadamente suas semeadoras de fluxo contínuo, pois ainda há produtores errando muito na dosagem de fertilizante, sendo que foram 70,3% os que erraram mais do que 10% do desejado na regulagem.

EMERGÊNCIA DE PLANTAS E DESEMPENHO DAS SEMEADORAS

A dosagem de sementes esperada pe-

los 26 produtores analisados foi em média 155,5kg/há, que resultaria em uma população de 82,4 sementes/m. A quantidade média de sementes determinada chegou próximo a isso, com 80,1 sementes/m. No entanto, quando se analisou isoladamente cada semeadora, obteve-se um erro médio nas 26 máquinas de 10,7%. Esse fato já havia sido constatado quando da análise de todas as máquinas. Mostrando que os produtores devem melhorar na regulagem de suas máquinas. O estande inicial médio obtido foi de 62,3 plântulas/m, o que resultou em 77,8% de emergência. Destaca-se que 11 máquinas semearam com o solo seco e as sementes ficaram no sulco de uma a duas semanas aguardando chuva e 15 máquinas semearam com solo friável, ou choveu logo em seguida. No entanto, não há nenhuma evidência de melhor emergência entre os dois grupos. Quem semeou no seco obteve em média 77,7% de emergência e quem

Fotos Ruy Casão Júnior

com a amostragem efetuada em três linhas num percurso de 25m. Pôde-se constatar que a dosagem de sementes e fertilizante nem sempre se aproximava do desejado. A dosagem média desejada de sementes para as 38 máquinas foi de 77,5 sem/m linear. A população média determinada de sementes (sementes/m) para 38 máquinas foi bem próxima desse valor (76 sem/m). No entanto, a diferença entre a população desejada com a determinada de cada máquina variou de 0,73% a 30,9%, com uma média de 10,7% e Coeficiente de Variação (CV%) de 71,6%. Pôde-se constatar com isso que dos 38 produtores, 29% estão errando de 10% a 20% na regulagem de sementes e 15,8% erraram mais do que 20%; 55,2% dos produtores erraram menos que 10% na regulagem. A Figura 1 mostra como foram os erros médios na regulagem de sementes das semeadoras a campo. Pode-se dizer que em média os produtores estão regulando medianamente suas semeadoras de fluxo contínuo, mas ainda há produtores errando muito, pois foram 44,8% os que erraram mais do que 10% do desejado na regulagem de sementes. O mesmo foi observado para a regulagem de fertilizante, no qual a dosagem de fertilizante média desejada para 27 máquinas que usaram esse insumo foi de 255,8kg/ha. A dosagem média de fertilizante determinada para essas máquinas, também foi bem próxima desse valor (246,6kg/ha). No entanto, a diferença entre a dosagem desejada com a determinada de cada máquina variou de 0,31% a

Figura 2 - Porcentagem de erros na regulagem de fertilizante nas semeadoras de fluxo contínuo

As máquinas foram avaliadas em diferentes condições de terreno e cobertura de solo


semeou com o solo friável obteve 76,8% de emergência. Considera-se que 76,9% das sementes eram tratadas, o peso médio de mil sementes foi de 33,6g. A porcentagem média de germinação das sementes foi de 94,7% e o vigor de 90,8%. Podendo-se considerar boa a qualidade das sementes de trigo e triticale, pois a pior amostra obteve 87% de germinação e 82% de vigor. A porcentagem de cobertura do solo com palha foi determinada antes e após a passagem da semeadora. Havia em média 88% de cobertura antes e 74,8% depois. Analisando-se isoladamente a porcentagem de redução de palha de cada máquina, observou-se que na média geral a redução foi de 15,2%. Mostrando bom desempenho das máquinas brasileiras. Constatou-se que duas das semeadoras não possuíam componentes para aterramento e compactação do solo sobre as sementes. Tratavam-se de modelos bem antigos e, em uma terceira máquina, também antiga, foram incrementadas uma corrente e viga de madeira para aterramento. Observou-se que 84,4% das semeadoras apresentaram sulcos bem aterrados. Destaca-se que as duas semeadoras que não possuíam componentes aterradores/compactadores, apresentaram somente 8,3% e 30% de sulcos bem aterrados e a máquina que adicionou uma viga atrás, obteve 78,3% de sulcos bem aterrados, mostrando que ajudou na cobertura do sulco. Das 26 semeadoras estudadas 53,8% apresentaram sementes expostas, mas em pequena quantidade, ou seja, a média foi de 0,55% de sementes expostas. As semeadoras que não possuíam aterradores/compactadores, não apresentaram sementes expostas, e a que tinha uma viga atrás apresentou 1,2% de sementes expostas. Destaca-se que a semeadora que apresentou maior porcentagem de sementes expostas obteve valor de somente 2,3%. A velocidade média de trabalho das 26 máquinas foi de 8,94km/h. A média da temperatura do solo foi de 22,70C e a do ambiente de 240C. A profundidade média das sementes foi de 3,67cm com CV% de 21,3%. Como essa profundidade foi determinada com oito repetições, calculou-se em cada caso o CV% dessa profundidade. Assim, o CV% médio das profundidades de sementes foi de 15,7%. Esse valor é importante, pois mostra como as sementes variaram sua profundidade dentro do sulco de semeadura. Destaca-se que o maior CV% foi de 33,7%. Considerando que a profundidade média dessa máquina foi rasa, de 2,44cm, e sabe-se que 95% das sementes permaneceram numa profundidade que variou de 1,62cm a 3,26cm. Assim, várias sementes ficaram muito rasas. Mesmo assim, não foram constatados sementes expostas e sulcos mal aterrados. O erro, nesse caso, parece ter sido de regulagem pelo produtor. O mesmo foi feito para a profundidade do sulco, que apresentou média de 5,06cm (CV% = 10,1%) e CV% médio das profundidades dos sulcos de 15,1%. Destaca-se que o maior CV% foi de 48,2% (na mesma máquina anteriormente citada). Considerando que a profundidade média do sulco dessa máquina foi rasa, de 4,2cm, e sabe-se que 95% permaneceram numa pro-

Figura 3 - Profundidade média do sulco (cm) em função da velocidade de trabalho (km/h)

fundidade que variou de 2,34cm a 6,21cm. Foi possível identificar que a medida que houve aumento da velocidade de trabalho ocorreu tendência de redução da profundidade do sulco (R= -0,49). Fato bem conhecido na literatura e da experiência prática. A Figura 3 mostra a dispersão dos dados, justificada, principalmente pelo fato de que cada produtor regulou sua semeadora de forma personalizada. Esses dados também foram analisados com o objetivo de encontrar grupos de produtores com certa similaridade. Desta forma, como conclusão final, dizer algumas coisas. A velocidade de trabalho é elevada, principalmente nos produtores muito experientes no sistema de plantio direto (25,6 anos), prejudicando a implantação da cultura, apesar de serem os que melhor regulam as máquinas. Os produtores menos experientes no sistema de plantio direto (14,6 anos) foram os que mais apresentaram erros na regulagem das semeadoras, quase que de forma generalizada. Assim, conclui-se que, embora o grande avanço das máquinas e dos produtores na implantação das culturas de inverno, há espaço para melhorar, e se houver maior preocupação com os cuidados na regula.M gem, a produtividade irá melhorar.

Ruy Casão Junior, Hevandro Colonhese Delalibera , Alexandre Leôncio da Silva , Audilei de Souza Ladeira e André Luiz Johann, Iapar

Os autores percorreram dezenas de propriedades agrícolas para realizar a avaliação de 38 semeadoras

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PULVERIZADORES

Limpo e eficiente

Fotos Cesar Henrique Souza Zandonati

É fundamental manter sempre limpos todos os sistemas internos de pulverizadores no período de utilização mais intensa, mas principalmente nos períodos de entressafra, quando a máquina fica algum tempo parada e os resíduos que ficam no seu interior podem danificar sistemas e componentes importantes

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A

entressafra compreende o período entre o fim da colheita principal e o início do próximo cultivo, sendo, em geral, um período em que o solo está em pousio ou cultivado com culturas de cobertura. Normalmente, o período de entressafra acontece entre os meses de maio e setembro e a duração desse período varia muito de acordo com a região de cultivo, com o tipo de cultura e com a quantidade de safras ao longo do ano. O mais importante não é quando esse período acontece, de fato, mas sim o que fazer nesse período em que não há culturas no campo. É extremamente importante fazer a revisão nas máquinas agrícolas nesse período, pois a manutenção preventiva, além de ter um custo menor que a corretiva, ajuda a prolongar a vida útil das máquinas e, principalmente, a evitar que a máquina estrague durante uma operação no campo. A necessidade de manutenção se justifica pela maior demanda de uso dos pulverizadores durante o ciclo das culturas, e também em vista de não se perder o timing da aplicação. Como exemplo, os equipamentos de pulverização são utilizados no mínimo três vezes, como ocorre na cultura do milho, em média oito vezes na safra do café e mais de dez vezes no cultivo do algodão. E infelizmente é muito comum encontrar pulverizadores com barras quebradas e presas por cordões ou arames, bicos desgastados ou com diferentes vazões numa mesma barra, sujeira incrustada e vazamentos. Isso mostra, de certo modo, que a preocupação principal é maior com os defensivos, e não com a forma como eles são aplicados. No caso dos pulverizadores e turboatomizadores, normalmente a revisão engloba a parte de funcionamento das máquinas, peças, óleos, filtros de ar e combustível, mas não contempla o sistema interno de pulverização (limpeza do tanque, mangueiras, tubulações, fluxômetros, filtros de linha e bicos). Parte dos problemas decorrentes de fitointoxicação acontece em função da presença de resíduos de agroquími-


Fotos Mariana Rodrigues Bueno

cos no sistema de pulverização, quando se lava apenas com água. Esses resíduos são detectados apenas quando se realiza uma limpeza interna do sistema. Em algumas regiões já é realidade o uso de produtos específicos para limpeza dos pulverizadores, como os “limpa tanque”, bem como a limpeza constante desses equipamentos. Outro grave problema decorrente de sujeira incrustada no interior da máquina é o entupimento de pontas de pulverização. Os filtros no pulverizador têm a função de reter sujeiras, evitando o entupimento das pontas durante a aplicação. Contudo, quando essa sujeira não é removida, pode se acumular em todo sistema, desde o tanque até a própria ponta. A sujeira que está no sistema de pulverização tem várias origens: a fonte de captação de água, do tanque de abastecimento; do tanque de pré-mistura, que também necessita ser limpo com frequência. Mas a principal fonte de resíduos acontece em virtude das misturas de produto em tanque. Nesse caso, é relevante considerarmos a incompatibilidade entre produtos, a qual pode ser química ou física. Quando ela é apenas química, normalmente não se observam alterações na qualidade da calda, mas o efeito é visível no campo após a aplicação, quando não há uma boa eficácia de controle do alvo. Mas quando essa incompatibilidade é física, além de ser possível observar falhas no controle, há formação de precipitados

Bicos desgastados e sujeira incrustada na barra (esq.) e pulverizador com última sessão da barra quebrada (dir.)

Lavoura de soja com fitointoxicação após a pulverização, causada pela presença de resíduos de defensivo no tanque

e presença de resíduos no tanque ou nos tanques de pré-mistura. Dessa forma, tais resíduos ficam aderidos às paredes do tanque, às mangueiras, aos filtros e fluxômetros, às válvulas antigotejo e às pontas, causando desgaste das peças, entupimentos e vazamentos.

Folhas e galhos provenientes da fonte de captação e do fundo do tanque de abastecimento de água, e resíduos decorrentes de mistura incompatível entre dois produtos

A maior parte desses resíduos não é removida apenas com água, principalmente se estão acumulados há muito tempo no equipamento e se são provenientes do uso de produtos em pó, que possuem baixa solubilidade, produtos muito oleosos e siliconados. Dessa forma,

Tanque de pré-mistura antes e depois da limpeza com produto à base de ácido dodecil benzeno sulfônico

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Fotos Cesar Henrique Souza Zandonati

Como realizar limpeza/descontaminação dos equipamentos de pulverização processo de limpeza também pode ser realizado O em turboatomizadores, aeronaves, pulverizadores costais e tanques de pré-mistura. Basta seguir os passos

Resíduos de produtos fitossanitários acumulados nas terminações das sessões da barra do pulverizador, nos filtros de sessão e em pontas de pulverização

se torna necessário o uso de produtos específicos para limpeza de tanque. É importante observar qual o ingrediente ativo desses produtos, pois água sanitária, ácido sulfúrico, gasolina e diesel, por exemplo, não são recomendados para esse fim. Produtos à base de ácido dodecil benzeno sulfônico, lauril éter sulfato de sódio e surfactantes são mais recomendados para uma limpeza profunda do sistema de pulverização, uma vez que não são corrosivos e não agridem os componentes das máquinas.

COMO REALIZAR A LIMPEZA

Existem diferentes formas de se fazer a limpeza interna dos equipamentos de pulverização, mas em geral o procedimento segue um padrão, mudando apenas o tempo em que o produto ficará em agitação no tanque, a quantidade de água para a limpeza e a dose, os quais variam de acordo com a recomendação de cada fabricante. O box a seguir apresenta sugestão para realizar a limpeza/descontaminação dos equipamentos de pulverização. Esse processo de limpeza também pode ser realizado em turboatomizadores, aeronaves, pulverizadores costais e tanques de pré-mistura, basta adaptar a sequência ao processo de funcionamento de cada um desses equipamentos, bem como seguir a recomendação de cada fabricante. É importante ressaltar que a limpeza e a descontaminação do pulverizador devem ser realizadas de preferência no pátio de descontaminação de produtos fitossanitários. Nas propriedades rurais que não o possuem, recomenda-se escolher uma área isolada, inacessível às crianças e aos animais, longe de cursos d’água e de locais de circulação de pessoas. Por fim, o uso de EPI também é obrigatório durante o processo de limpeza, a fim de evitar pro.M blema de intoxicação. Mariana Rodrigues Bueno, UFVJM Mateus Aparecido Vitorino Gonçalves de Oliveira, JC&F/Bayer César Henrique Souza Zandonadi, Forquímica Sérgio Macedo Silva, UFVJM

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e adaptá-los a cada um dos equipamentos 1º) Adicionar água limpa ao tanque de pulverização (seguindo o volume de água recomendado pelo fabricante). Para uma limpeza profunda sugere-se metade da capacidade do tanque. 2º) Durante o abastecimento, retirar os filtros e as pontas de pulverização e colocá-los de molho em baldes com água limpa e o produto de limpeza. 3º) Adicionar o produto de limpeza na dose recomendada, de preferência pelo edutor do equipamento (quando forem equipados). Ao ser adicionado pelo edutor, o produto auxilia na limpeza da tubulação de retorno do tanque. 4º) Agitar a calda de limpeza no tanque por pelo menos 30 minutos. O tempo de limpeza depende da quantidade de incrustações e resíduos dentro do sistema de pulverização, caso haja grande quantidade pode ser necessário aumentar o tempo de agitação. 5º) Após a homogeneização do produto no tanque (entre cinco e dez minutos de agitação), abrir as sessões e deixar o produto passar por todos os bicos rapidamente. Esse processo visa colocar o produto em contato com o sistema de circulação da barra do pulverizador para facilitar a remoção de incrustações. 6º) Caso o sistema de retorno da máquina não seja acionado automaticamente durante o processo de agitação, ligar o mesmo (aproximadamente cinco minutos) pelo menos uma vez. 7º) Finalizado o tempo de agitação, iniciar o esgotamento do líquido. Remover as capas de drenagem/ terminações das sessões e abrir sessão por sessão para que o líquido saia pelas tubulações (Foto A). Após esse processo, recolocar as capas. 8º) Para esgotar o restante de líquido, abrir novamente sessão por sessão e drenar o líquido pelos bicos (Foto B). Caso tenha muita água no tanque e o sistema estiver limpo, esgotar o restante de água pelo registro do fundo do tanque. 9º) Se houver resíduos nas paredes e fundo do tanque, jatear água limpa dentro do mesmo, com o registro do fundo do tanque aberto para que essa água suja seja descartada. 10º) Para finalizar, adicionar água limpa novamente no tanque, aproximadamente 1/5 da capacidade, agitar por aproximadamente cinco minutos e esgotar pelos bicos da barra. A

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