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Novos novamente
A reforma de pneus agrícolas é uma prática comum que agrada grande parte dos produtores por ser uma opção mais econômica do que comprar pneus novos, preservando a durabilidade e a performance
Tratores, colhedoras, pulverizadores, pivôs de irrigação, reboques e carretas agrícolas estão entre as diversas máquinas e implementos que utilizam rodados pneumáticos como seus dispositivos de tração e transporte, e que, portanto, têm seu desempenho influenciado pelas características desses rodados e de sua interação com o solo.
Após o uso intenso dos pneus dos tratores, chegando ao seu limite e, muitas das vezes, até ultrapassando o recomendado pelo fabricante, o uso mais nobre dos pneus dos tratores era virar cocho para tratar do gado, “placa” de uma fazenda ou si- nalização de uma borracharia na beira da estrada.
Com o avanço das técnicas de recondicionamento de pneus, já comuns em pneus rodoviários, chegou a vez para os pneus de máquinas agrícolas. Essas tecnologias possibilitam aos agricultores uma significativa economia na substituição dos pneus de suas máquinas.
Pneus agrícolas de tração são aqueles que recebem potência a partir de um eixo para produzir força de tração suficiente para promover a propulsão do veículo e disponibilizar força para tracionar outras máquinas. Além de apresentar máxima eficiência em tração, precisam ter alta capacidade de suporte de cargas verticais, dirigibilidade, capacidade de amortecimento, boa resistência, durabilidade e baixa probabilidade de ocasionar compactação do solo.
Diferentemente dos pneus on-ro-
Remoldagem: também conhecida como “remold”, o pneu usado é reformado pela substituição da banda de rodagem, dos ombros e de seus flancos ad, apropriados para uso em estradas pavimentadas, os pneus destinados às atividades agrícolas trabalham em condições adversas e de uso intenso, trafegando em terrenos de baixa sustentação (solos preparados), com irregularidades e presença de obstáculos, tais como pedras e tocos, condições que tendem a elevar o desgaste das bandas de rodagem e aumentar o custo com manutenção.
Fatores como a escolha inadequada do pneu em relação ao tipo de operação e às condições de solo, o uso de pressão de inflação incorreta e o desrespeito à capacidade de carga ocasionam desgaste excessivo e reduzem a vida útil do pneu, aumentando o custo com manutenções e trocas.
Os pneus agrícolas representam, portanto, uma parcela significativa dos custos de produção de uma empresa, tornando-se necessário adotar medidas no sentido de prolongar sua vida útil e reduzir o custo do produtor com a aquisição de novos pneus, além do custo ambiental decorrente do processo de fabricação e do descarte de pneus inservíveis.
Estima-se que pneus reformados tenham custo até 70% inferior ao de pneus novos, mantendo-se características de qualidade e durabilidade, podendo-se fazer três ou mais reformas, a depender das condições de uso do pneu. Essa economia faz com que boa parte dos produtores opte atualmente por realizar a reforma dos pneus de suas máquinas agrícolas, bem como de outros veículos.
Por outro lado, a Resolução Conama nº 416, de 30 de setembro de 2009, tornou obrigatória a coleta e destinação adequada de pneus inservíveis pelos fabricantes e importadores brasileiros, estabelecendo que para cada pneu
É importante realizar uma verificaçao detalhada da parte interna e externa do pneu e descartar a existência de possíveis contaminaçoes por derivados de petróleo novo comercializado para o mercado de reposição, um pneu inservível deve receber a destinação ambientalmente adequada.
Do ponto de vista ambiental, os benefícios são maiores ainda. Ao se retirar os pneus, outrora descartados de forma inadequada e em ambientes inapropriados, dando a correta finalização aos mesmos, evita-se que ocorram poluição, proliferação de doenças e outros males à sociedade. Fortalecendo, assim, o elo na busca por mais sustentabilidade e saúde à população.
Durante a raspagem podem aparecer defeitos nao detectados no exame inicial, como excesso de picotamento e deslocamento entre lonas
Esses fatores têm levado ao fortalecimento do mercado de reforma de pneus, desenvolvendo toda a cadeia produtiva, desde os fabricantes de pneus, produtores de insumos para reformas, chegando até o fortalecimento da rede de reformadores credenciados às suas marcas. Isso possibilita o acompanhamento do desempenho dos pneus reformados em campo, para garantir a performance, a durabilidade e a segurança deles.
Nesse sentido, o Inmetro aprovou, por meio da portaria nº 433, de 15 de outubro de 2021, o Regulamento Técnico da Qualidade e Requisitos de Avaliação da Conformidade para Reforma de Pneus, a fim de garantir o máximo de segurança ao pneu reformado, equiparando ao pneu novo, embora a reforma de pneus destinados exclusivamente a uso em máquinas agrícolas e industriais não seja obrigada a cumprir o disposto nesse re-
Para garantir uma boa reforma, o processo deve ser monitorado e realizado com cuidado gulamento. Para garantir uma boa reforma, todo o processo deve ser monitorado, buscando não conformidades que possam surgir.
Por definição, o pneu reformado é aquele que, após uma série de procedimentos controlados, é composto por uma carcaça de pneu reutilizado como base para um novo revestimento de borracha externo, que permitirá seu uso novamente.
De forma geral, temos três tipos de reforma dos pneus: recapagem, recauchutagem e remoldagem.
Recapagem
Recapagem é o processo que substitui apenas a banda de rodagem, muito comum em caminhões e ônibus. Nesse processo, é retirada a banda de rodagem por meio de raspagem, seguida da envelopagem de nova banda. Isso ocorre de duas formas: por meio de aquecimento em uma autoclave a alta temperatura, a qual realiza a moldagem da banda de rodagem, e por meio da recapagem a frio, onde a carcaça do pneu é fundida a uma banda de rodagem previamente moldada.
Os pneus recapados mantêm as identificações originais, sendo adicionadas posteriormente as identificações do reformador.
Recauchutagem e remoldagem
Neste processo, podemos pen-
Para evitar contaminaçao e preservar as lonas internas, é necessário raspar a área demarcada, aplicar cimento vulcanizante na regiao a ser reparada e aguardar a correta secagem. A aplicaçao do reparo deve ser com os taloes em posiçao original sar em uma ampliação no material de substituição da recapagem, não só da banda de rodagem, mas também de seus ombros, o que confere maior segurança quando submetido à aplicação de esforços laterais no pneu.
Essa técnica tem o objetivo de dar ao pneu características semelhantes às dos pneus novos, promovendo maior estabilidade e aderência do pneu, e melhor desempenho em tração. Esse tipo de reforma é realizado por empresas específicas, portando autorização do Inmetro, para que se possa desenvolver tal serviço, garantindo assim a qualidade das matérias-primas e da mão de obra.
Remoldagem ou “remold”, como também é conhecido, o pneu usado é reformado pela substituição da banda de rodagem, dos ombros e de seus flancos.
Processos da reforma do pneu
Para entendermos um pouco mais da reforma de pneus agrícolas, teremos por base os protocolos de reforma da Vipal, que estabelecem cuidados com o pneu, do seu recebimento ao final da reforma.
Ao receber o pneu, ele é higienizado e em seguida é submetido a uma inspeção detalhada, tanto na parte interna quanto na parte externa, buscando-se encontrar a existência de contaminações por derivados de petróleo, como também alguma ruptura na carcaça que inviabilize a reforma.
Sendo aprovado em todos os quesitos, inicia-se a raspagem para remoção da banda de rodagem, adequando a superfície para inserção da nova banda. Caso seja verificado algum defeito não aparente na etapa de classificação, por exemplo, elevado nível de picotamento, desprendimento das lonas, entre outros, o pneu será recusado para reforma.
Na etapa de escareação, o objetivo é encontrar e preparar as avarias que danificaram o pneu, para o posterior reparo. Deve-se ter o cuidado de remover apenas o que se encontra solto ou oxidado, de forma a garantir uma superfície adequada para adesão da borracha com borracha.
A aplicação de reparos é a próxima etapa. O objetivo dessa etapa é realizar os reparos pontuais com aplicações de manchão nos pontos já preparados pela escareação, de forma que se garanta a resistência original do pneu.
Na etapa de aplicação de cola, o pneu é submetido a uma nova avaliação, verificando-se se as etapas anteriores foram devidamente executadas. Após a aprovação, a banda de rodagem é novamente higienizada e em seguida aplicada a cola em toda a superfície, garantindo que não ocorra nenhuma contaminação, por menor que seja.
Para garantir o perfeito nivelamento da superfície do pneu, prin- cipalmente nos pontos em que foram necessárias as aplicações de reparos e as escareações, são realizados os enchimentos nesses pontos. Em seguida, ocorre a adição de lonas sobrepostas, com o máximo de cuidado para que não ocorra ar ocluso (bolhas).
Uma etapa importante é a adição da nova banda de rodagem (camelback). Para cada tipo de pneu, deve-se verificar o tipo de manta de borracha (camelback) adequado, que será adicionada de forma justa ao pneu, comprimida por roletes pneumáticos, eliminando o ar nas interfaces. Em seguida, são dados o acabamento e a identificação da executora da reforma.
A etapa a seguir é a moldagem do pneu, ou seja, momento em que o pneu ganhará forma, onde serão inseridas as garras, que também são conhecidas como tacos. As garras são previamente preparadas, respeitando-se as dimensões e os desenhos, tendo-se o cuidado de co-
Com a roletadeira inflada a uma pressao de 15 a 20 psi, o pneu deve ser posicionado centralizado em todos os planos e as escareaçoes preenchidas com perfil de ligaçao, deixando um excedente máximo de 1 a 2 mm acima do nível do pneu locá-las conforme a disposição original. As garras são unidas ao pneu utilizando-se um adesivo específico chamado de antiquebra, que irá proporcionar a aderência necessária para os esforços que o pneu será submetido e, em seguida, é feita a vulcanização.
A vulcanização consiste em promover a união adequada da banda de rodagem do pneu e demais constituintes, na carcaça do pneu. Para esse processo, utiliza-se de máquinas específicas, portando
Os tacos, previamente preparados, devem ser aplicados respeitando o posicionamento das garras originais moldes exclusivos para cada pneu, sendo necessários cálculos para que encontre a relação adequada de pressão, temperatura e tempo, que propiciarão e potencializarão a união dos materiais envolvidos, garantindo propriedades físicas necessárias para que se obtenham qualidade e segurança do pneu.
Para garantir o máximo de qualidade e segurança do pneu reformado, ele é submetido a uma nova análise interna e externa, buscando encontrar alguma falha ocorrida no processo de vulcanização. Caso seja encontrada alguma falha que possa ser reprocessada, o pneu retor-
Pneus reformados tem custo até 70% inferior ao de pneus novos, mantendo as mesmas características de qualidade e durabilidade na para correção. Caso não seja possível, o pneu será identificado como não conforme e descartado, para o cliente será emitido um laudo técnico, declarando a inviabilidade apresentada.
Ou seja, o pneu reformado que será entregue terá de ser aprovado em todas as avaliações sem ressalvas, garantindo a segurança e a qualidade para o agricultor.