GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA - TURMA LII - FACULDADE DE MEDICINA UFMT - UNIDADE CURRICULAR III
Tutoria 01- CONVERSANDO COM O PACIENTE Acadêmico: Gustavo Aguiar de Oliveira FM/UFMT - UC3 - Turma: LII
ANAMNESE OBJETIVOS: O objetivo da anamnese é reconhecer as três dimensões do espaço diagnóstico- o paciente, a moléstia
e as circunstâncias; Ela é indispensável para alcançar uma relação médico-paciente adequada, resultando no grau de
confiança que o paciente depositará no médico, a qualidade das informações que presta ou a colaboração que oferece em relação à aceitação de alguns procedimentos tomados; O médico deve participar dos pensamentos e sentimentos do paciente ao se tornar receptivo às
mensagens verbais e não-verbais, conscientes e inconscientes, assim o médico pode entender e demonstrar interesse e preocupação, em busca do alívio efetivo da moléstia;
LIMITAÇÕES DA ANAMNESE COMO MÉTODO DIAGNÓSTICO:
Sua capacidade de resolução depende de três variáveis: condição clínica, tipo de informante
(paciente) e de entrevistador (médico); Participação do Paciente:
O ideal seria que as informações prestadas pelos pacientes fossem claras e coesas, em relação aos sintomas descrevendo todos eles, abrangendo por completo suas características e a ordem cronológica em que se instalaram, as modificações evolutivas que sofreram, espontâneas ou sob a influência de determinados fatores (terapêuticos ou ambientais);
Alguns fatores podem limitar a anamnese, como deficiências na audição e na fonação, diferenças idiomáticas, depressão do estado de consciência, distúrbios mentais, pequena idade , podem gerar informações incompletas, não fidedignas ou ausentes;
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA- TURMA LII - FACULDADE DE MEDICNA UFMT - UNIDADE CURRICULAR 3
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA - TURMA LII - FACULDADE DE MEDICINA UFMT - UNIDADE CURRICULAR III Participação de Outros Familiares:
Podem prestar informações de grande valor quando o paciente está incapacitado ou não pode fornecer informações sobre os distúrbios que o acometem;
No entanto essas pessoas podem dificultar na obtenção da anamnese, pois podem inibir o paciente de prestar certas informações, por isso sempre que possível, obter informações diretas com o paciente;
Em alguns casos dados complementares podem ser obtidos com outros informantes;
Participação do Médico:
É fundamental para que se obtenha uma anamnese completa através de suas perguntas e da avaliação das respostas obtidas se são coerentes com a alegação do paciente;
O médico deve se adaptar as diferentes situações, pois os pacientes se comportam de forma diferente durante a entrevista;
No entanto, a adoção dos princípios básicos auxiliam e norteiam na sua conduta;
OBTENÇÃO DA ANAMNESE:
Devemos nos atentar para os princípios básicos:
Motivação para ouvir o paciente: consciência da importância da anamnese e interesse genuíno pelo paciente;
Evitar interrupções e distrações;
Dispor de tempo para ouvir o paciente;
Não desvalorizar precocemente informações;
Não demonstrar sentimentos desfavoráveis: impaciência, irritação, desprezo e tristeza;
Não opinar sobre assuntos estranhos à moléstia: religião, política, negócios, profissão, sentimento, moral e comportamento;
Saber interrogar o paciente;
Possuir conhecimentos teóricos sobre as moléstias: fisiopatologia, manifestações, história natural, nosologia prevalente, efeitos da terapêutica;
Observar o comportamento do paciente: captar as informações não verbais;
ASPECTOS GERAIS
A anamnese é uma entrevista, em que o instrumento de que nos valemos é a palavra falada, que tem
por finalidade a reconstituição dos fatos e dos acontecimentos direta ou indiretamente relacionados com a situação anormal na vida do paciente; Pode ser conduzida de duas maneiras: GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA- TURMA LII - FACULDADE DE MEDICNA UFMT - UNIDADE CURRICULAR 3
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA - TURMA LII - FACULDADE DE MEDICINA UFMT - UNIDADE CURRICULAR III
Deixando o paciente falar livre e espontaneamente suas queixas sem nenhuma interferência do médico, maneira aceita pois diminui qualquer influência inibidora;
Anamnese dirigida em que o médico tem em mente um esquema básico, para conduzir a entrevista de modo mais objetivo;
Dificultam na anamnese: a pressa, o espírito de preconcepção e a falta de conhecimentos sobre os
sintomas limita uma investigação completa; Existem muitas doenças em que os diagnósticos são realizados através da história relatada; Muitas vezes os dados da anamnese ficam mais claro se voltarmos a eles durante o exame físico do
paciente; O estudante deve estar atento: 1. Ao primeiro contato com o paciente, pois é nele que se estabelece uma boa relação entre o
médico e o paciente. O médico deve cumprimentá-lo perguntando-lhe o nome e dizendo-lhe o seu. Demonstrar interesse na fala do paciente e procurar identificar de pronto alguma condição especial- dor, sono, irritação, tristeza- para melhor condução da entrevista; 2. Conhecer e compreender as condições culturais do paciente; 3. Ter perspicácia e tato para obter informações sobre doenças estigmatizantes ou distúrbios que
afetam a intimidade da pessoa; 4. Ter cuidado para não questionar o paciente com perguntas que vêem de ideias preconcebidas; 5. O tempo para a anamnese é importante, pois um médico bom, não transfere para intrumentos
e para o laboratório a responsabilidade do diagnóstico; 6. Sintomas devem ser bem investigados para termos um exame físico objetivo; 7. O erro diagnóstico está relacionado com uma história clínica mal colhida; 8. Após obter as queixas, o médico deve procurar um desenrolar lógico dos acontecimentos; 9. Os dados dos exames complementares não suprem os erros cometidos numa anamnese; 10. A anamnese permite ao médico uma visão de conjunto do paciente, fundamental para a
medicina;
SEMIOTÉCNICA DA ANAMNESE
O médico precisa saber como obter as informações do paciente no intuito de ajudar o mesmo a
relatar seus padecimentos. Para obter essas informações é sugerido algumas técnicas; Facilitação: o médico através de sua postura, ações ou palavras que encorajem o paciente, consegue
facilitar o relato do mesmo; Reflexão: consiste na repetição das palavras pelo médico durante o relato do paciente; Esclarecimento: o médico procura definir de maneira mais clara o relato do paciente; Confrontação: mostrar ao paciente algo acerca de suas próprias palavras ou comportamento; Interpretação: o médico faz uma observação a partir do relato do paciente; GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA- TURMA LII - FACULDADE DE MEDICNA UFMT - UNIDADE CURRICULAR 3
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA - TURMA LII - FACULDADE DE MEDICINA UFMT - UNIDADE CURRICULAR III Resposta empática: o médico demonstra compreensão e aceitação sobre algo do relato; Após ouvir todo relato do paciente o examinador pode definir o sintoma-guia da história do paciente:
Sintoma-guia: é o sintoma ou sinal que permite recompor a história da doença atual com mais facilidade e precisão. (Ex: a febre na malária, as convulsões na epilepsia).
Para se estabelecer o Sintoma-Guia, o estudante deve estipular critérios, como: I.
Qual a queixa de mais longa duração do paciente durante o relato;
II.
Determinar a época de início daquele sintoma;
III.
Investigar a evolução do sintoma;
IV.
Obter a informação de como está o sintoma no presente momento;
Assim, pode-se obter através da anamnese uma história que possua um início, meio e fim;
ESQUEMA PARA ANÁLISE DE UM SINTOMA
Início: relaciona-se a época (dia, mês, ano) ou ao modo de início (gradativo ou súbito); Duração: estabelecida a partir da época de início do sintoma; Características: importante para definir a localização, a intensidade e a relação da queixa com
funções do organismo; Evolução: baseia-se no comportamento dos sintomas ao longo dos dias, meses ou anos. É importante
verificar a influência dos tratamentos efetuados; Relação com outras queixas: é procurada a partir de probabilidades mais frequentes, tendo em conta
relações anatômicas e funcionais; (Ex: dor torácica relaciona-se a tosse, dispnéia, palpitações, etc.) Situação atual: encerra a análise, com uma visão de conjunto desde o seu início;
A ANAMNESE EM PEDIATRIA
A particularidade mais marcante reside no fato de a obtenção de informações ser feita por intermédio
da mãe ou de outro familiar. O examinador deve ter cuidado de observar o comportamento da mãe, procurando compreender e surpreender seus traços psicológicos;
ELEMENTOS COMPONENTES DA ANAMNESE
IDENTIFICAÇÃO
É o passo que inicia o relacionamento com o paciente. Saber o nome do paciente é um passo importante para uma comunicação em nível afetivo;
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA- TURMA LII - FACULDADE DE MEDICNA UFMT - UNIDADE CURRICULAR 3
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA - TURMA LII - FACULDADE DE MEDICINA UFMT - UNIDADE CURRICULAR III Os dados de identificação são fundamentais para confecção de fichários e arquivos. A data é outro
dado importante na anamnese; São obrigatórios os seguintes dados:
nome; idade; sexo; cor (raça); estado civil; profissão; local de trabalho; naturalidade; residência; outros (filiação a órgãos de previdência, religião);
Nome: primeiro dado da identificação; Idade: importante pois cada grupo etário tem sua própria patologia; Sexo: existem enfermidades que só ocorrem em determinado sexo; Cor (Raça): devido a intensa mistura de raças no Brasil, prefere-se registrar a cor em branca, parda
ou preta; Estado Civil: informa sobre aspectos sociais, aspectos médico-trabalhistas e periciais; Profissão: dado de crescente importância na prática médica; Local de Trabalho: é importante para associar aos princípios da Medicina do Trabalho, constando no
prontuário a profissão atual e as ocupações anteriores, Naturalidade: local onde o paciente nasceu; Residência: anota-se a residência atual e as anteriores. A mobilidade e os movimentos migratórios
influem de modo decisivo na epidemiologia de muitas doenças infecciosas e parasitárias. A análise desses dados recebe o nome de Geografia médica ou nosogeografia. Nome da mãe: técnica adotada para diferenciar pacientes homônimos; Nome do responsável/cuidador/acompanhante: necessário para se firmar relação de
corresponsabilidade ética no processo de tratamento do paciente (criança, incapaz, idoso, tutelado) Outros dados: é importante complementar ao máximo a entrevista, como por exemplo saber a
religião de um paciente, pois algumas proíbem o uso de hemoderivados ou ingestão de determinados tipos de carne, além da tradição de jejum em certas datas; saber a filiação a órgão previdenciários para que facilite o encaminhamento para exames complementares;
QUEIXA PRINCIPAL
Registra-se a queixa principal que levou o paciente a procurar um médico, repetindo se possível as
expressões por ele utilizadas; Leva o paciente a procurar a assistência médica, deve ser expressa por termos utilizados pelo próprio
paciente (dor de cabeça, inchaço) - Exemplos: dor no peito; tosse há três dias, queimação na urina; febre e dor nas costelas há três dias;
inchaço nas pernas há 15 dias;
HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA)
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA- TURMA LII - FACULDADE DE MEDICNA UFMT - UNIDADE CURRICULAR 3
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA - TURMA LII - FACULDADE DE MEDICINA UFMT - UNIDADE CURRICULAR III A HDA é um registro cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente a procurar assistência
médica, desde o seu início até a data atual; Através do Sintoma-Guia é possível recompor a HDA com mais facilidade e precisão;
INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO
Conhecido também como anamnese especial ou revisão dos sistemas, complementa a HDA; Documenta a existência ou a ausência de sintomas comuns relacionados com cada um dos principais
sistemas corporais; O IS permite que o médico levante possibilidades e reconheça enfermidades que não guardam
relação com o quadro sintomatológico apresentado na HDA; No IS se origina a suspeita diagnóstica mais importante e avalia as práticas de promoção à saúde
(esclarece e orienta o paciente formas de se prevenir certas doenças e evitar risco à saúde); O estudante deve registrar os sintomas presentes e os negados pelo paciente; O médico deve apresentar conhecimento técnico sobre todos os sistemas corporais em seus sintomas
e na promoção da saúde; O médico deve se necessário registrar o estado atual de todo o organismo do paciente, para que se
tenha um parâmetro no caso de futuras queixas e adoecimento; O médico deve estar atento, pois geralmente o acometimento de um sistema corporal tem correlação
com outro sistema;
SISTEMATIZAÇÃO DO INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO
É uma tarefa difícil sintetizar o IS quando se tem uma visão global do paciente, por isso deve-se
levar em consideração os segmentos do corpo, juntamente com os sistemas que geralmente englobam mais de um segmento; (Anamnese Dirigida- AD) A técnica de sistematização será aprendida com o tempo, mas podemos seguir a seguinte
sistematização para aprendermos e dominar o método clínico:
Sintomas Gerais;
Coluna vertebral, ossos, articulações e extremidades;
Pele e fâneros;
Cabeça e Pescoço;
Músculos;
Tórax;
Artérias, veias, linfáticos e microcirculação;
Abdome;
Sistema nervoso;
Sistema geniturinário;
Sistema hemolinfopoético;
Exame psíquico e avaliação das condições normais;
Sistema endócrino;
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA- TURMA LII - FACULDADE DE MEDICNA UFMT - UNIDADE CURRICULAR 3
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA - TURMA LII - FACULDADE DE MEDICINA UFMT - UNIDADE CURRICULAR III
ANTECEDENTES PESSOAIS E FAMILIARES Antecedentes Pessoais É a avaliação do estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo fatores pessoais e
familiares que influenciam seu processo de saúde-doença; Antecedentes pessoais fisiológicos:
Gestação e nascimento: pergunta-se como decorreu a gravidez; uso de medicamentos ou de radiações sofridas pela genitora; viroses contraídas durante a gestação; condições de parto; estado da criança ao nascer; ordem do nascimento;
Desenvolvimento psicomotor e neural: informações sobre a dentição (primeira e segunda); engatinhar (época de início); fala (começo da pronúncia das primeiras palavras); desenvolvimento físico (peso e tamanho ao nascer e posteriormente, se possível comparar com os irmãos); controle dos esfincteres e aproveitamento escolar;
Desenvolvimento sexual: registro da puberdade (início); menarca; sexarca (primeira relação sexual), orientação sexual (siglas H-homem, S-faz sexo com, M-mulher)
Antecedentes pessoais patológicos:
Doenças sofridas pelo paciente: as da infância (sarampo, varicela, coqueluche, caxumba, moléstia reumática, amigdalites, catapora); as da vida adulta (pneumonia, hepatite, malária, pleurite, tuberculose, Hipertensão arterial, Diabetes, artrose, osteoporose, litíase renal, gota);
Alergia: é importante perguntar se o paciente já sofreu com alguma afecção de fundo alérgico (eczema, urticária, asma) e se ele possui alergia a algum medicamento, substância ou alimento;
Cirurgias e outras intervenções: anotar as intervenções e os motivos que a determinaram (com a data, diagnóstico que a justificou e o hospital referido)
Traumatismo:é necessário indagar sobre o acidente e as consequências deste;
Transfusões sanguíneas: anotar o número, onde ocorreu e o por quê;
Histórias obstétrica: anotar os números de gestações (G), partos (P), abortos (A), prematuros e cesarianas (C). (G_P_A_C). Em homens, indaga-se o número de filhos;
Vacinas: anotar as vacinas;
Medicamentos em uso: anotar qual, posologia, motivo e quem prescreveu;
Antecedentes Familiares: Começa com a descrição familiar do paciente (pais, irmãos, filhos, cônjuge, avós, tios, primos), se
tiver alguém doente na família, esclarecer a natureza da enfermidade; Em caso de óbito na família, indagar sua causa e a idade em que ocorreu; Pergunta-se sobre a existência de:
Enxaquecas;
Diabetes,
Tuberculose;
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA- TURMA LII - FACULDADE DE MEDICNA UFMT - UNIDADE CURRICULAR 3
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA - TURMA LII - FACULDADE DE MEDICINA UFMT - UNIDADE CURRICULAR III
Hipertensão Arterial;
Câncer;
Doenças Alérgicas;
Doença Arterial Coronariana (IAM)
Úlcera péptica;
Colelitíase;
AVE
Varizes;
Dislipidemias;
Quando o paciente é portador de uma doença de caráter hereditário (hemofilia, anemia falciforme,
rins policísticos, erros metabólicos) faz-se necessária uma investigação genética;
HÁBITOS E ESTILO DE VIDA
É um item amplo e heterogêneo, desdobrado nos seguintes tópicos:
Alimentação: Devemos avaliar o estado de nutrição do paciente (seus hábitos alimentares), se atentando na
alimentação ideal para aquela pessoa em função da idade, do sexo e do trabalho desempenhado; Devemos questionar sobre o consumo de alimento à base de carboidratos, proteínas, gorduras, fibras,
bem como de água e outros líquidos; Ocupação atual e Ocupações anteriores: Devemos nos atentar na natureza de trabalho desempenhado, com que substâncias entra em contato,
quais as características do meio ambiente e qual o grau de ajustamento ao trabalho; Os dados obtidos referem-se a história ocupacional do paciente, por exemplo, um paciente com asma
brônquica terá quadro agravado se trabalhar em ambiente enfumaçado e empoeirado; Atividades físicas: É importante para relacionar alguns tipos de enfermidades com o tipo de vida levado; Devemos indagar o exercício físico que o paciente realiza, frequência, duração e tempo que pratica; Classificando em: sedentários, atividades físicas moderadas, intensas ou ocasionais;
Hábitos Deve-se investigar alguns hábitos dos pacientes, para uma investigação eficaz, e para que se possa
perceber alguns dados ocultados pelo paciente. Devemos atentar ao:
Consumo de tabaco: costuma não ser negado pelos pacientes. É causador de câncer pulmonar, e sua fumaça provoca efeito nocivo sobre as afecções broncopulmonares (asma, bronquite e enfisema), causa cardiopatias isquêmicas e arteriopatia dos MMII. Deve-se saber a quanto tempo fuma, a natureza e a quantidade usada diariamente;
Consumo de bebidas alcoólicas: é socialmente aceita, mas costuma ser minimizada pelo paciente. Causa efeitos no fígado, cérebro, nervos, pâncreas, coração. perguntar o tipo de bebida e a quantidade ingerida habitualmente. Classifica-se as pessoas em: abstêmicas, uso ocasional, uso frequente, uso diário de pequena, média ou alta quantidade;
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA- TURMA LII - FACULDADE DE MEDICNA UFMT - UNIDADE CURRICULAR 3
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA - TURMA LII - FACULDADE DE MEDICINA UFMT - UNIDADE CURRICULAR III
Uso de anabolizantes e Anfetaminas:
Consumo de Drogas Ilícitas:
CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS E SOCIAIS:
Avaliam a situação financeira, vínculos afetivos familiares, filiação religiosa e crenças espirituais do
paciente, bem como condições de moradia e grau de escolaridade. Desdobrado em: Habitação: É importante para saber o local de moradia do paciente, se é um local sem saneamento e com
condições de se desenvolver algumas doenças. Fato relevante é saber se o paciente mora na zona rural, pois a localidade pode estar cercada com numerosos reservatórios e transmissores de doenças infecciosas e parasitárias; Condições Socioeconômicas: É importante para o médico conhecer as possibilidades econômicas de seu paciente, principalmente a
capacidade financeira para comprar medicamentos. Assim o médico deve compatibilizar sua prescrição aos rendimentos do paciente; Condições Culturais: Parte de um item simples que é o grau de escolaridade, podendo registrar a partir dessa informação
como de nível cultural baixo, médio ou elevado. É importante saber a religião do paciente. Vale anotar, os costumes relacionados a raça e ao grupo social ao qual pertence; Vida Conjugal e Relacionamento familiar: Investiga-se o relacionamento entre pais e filhos, entre irmãos e entre marido e mulher;
RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE: O encontro entre o paciente e o médico é uma relação especial, que se insere uma grande carga de
angústia, medo, incerteza, amor, ódio, insegurança, confiança, determinando uma relação dialética entre o ser doente e aquele que lhe oferece ajuda;
RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE E PRINCÍPIOS BIOÉTICOS: Os princípios bioéticos- autonomia, beneficência, não-maleficência, sigilo e justiça- ganha lugar de
destaque nessa relação médico-paciente; O médico, hoje, busca um relacionamento mais igualitário, que resulta muitas vezes numa decisão
compartilhada, ou seja, um consentimento informado, que é fruto do princípio da autonomia; Na bioética dessa relação, está o conflito entre o emocional e o racional, talvez desgastando o médico
pois ele vivencia todos os seus atos, que significa tratar com a vida, a honra e a saúde de outras pessoas; Na profissão médica, sua prática está diretamente relacionada aos vínculos efetivos, mantidos pela
confiança e pela empatia. O médico nunca deve-se esquecer de que quem o procura é um paciente e não uma doença; GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA- TURMA LII - FACULDADE DE MEDICNA UFMT - UNIDADE CURRICULAR 3
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA - TURMA LII - FACULDADE DE MEDICINA UFMT - UNIDADE CURRICULAR III
ASPECTOS PSICODINÂMICOS DA RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE: Somente a partir de Freud no século XX, começou-se a desvendar os mecanismos inconscientes
envolvidos na relação humana e a dar enfoque não somente na enfermidade como havia acontecido até o momento, o profissional médico começa a se importar para os aspectos psicodinâmicos e a ter uma visão mais profunda do paciente como pessoa humana; A partir do encontro entre o médico e o paciente, levando-se em conta a estrutura psicológica de cada
um, as modificações da enfermidade no paciente, os sentimentos despertados pela doença e as condições de tratamento, podemos ter três tipos de relacionamento:
Médico Ativo / Paciente Passivo: O paciente aceita os cuidados médicos sem questionamento. Quanto mais seguro for o médico, mais tranquilo ficará o paciente;
Médico Dirigindo/ Paciente Colaborando: O médico assume posição autoritária, o paciente aceita e procura colaborar;
Médico Agindo/ Paciente Participando Ativamente: o médico define seus procedimentos e o paciente participa ativamente analisando e assumindo responsabilidade sobre a ação;
O médico cuidador, diferencia-se do médico curador, pois ele se apropria de sentimentos
inconscientes e os traz para o mundo consciente valorizando as emoções que são fundamentais para a relação humana; TRANSFERÊNCIA, CONTRATRANSFERÊNCIA E RESISTÊNCIA: A transferência e a contratransferência são os principais fenômenos psicodinâmicos da relação
médico-paciente; Transferência: são os fenômenos afetivos que o paciente passa para a relação que estabelece com o
médico, o paciente transpõe sentimentos inconscientes antes vividos. O médico deve ser compreensível, para que ocorra a transferência positiva, na qual o paciente se sente amparado pelo profissional disposto ajudá-lo; Resistência: é um mecanismo psicológico inconsciente que atrapalha a relação médico-paciente.
Exemplos práticos é a recusa de fazer exames complementares, abandono de tratamentos, não seguimento de regimes alimentares;
O comportamento do médico influencia nesse item, podendo gerar mais resistência, ou gerar mecanismos que neutralizem esse obstáculo;
Contratransferência: é a passagem dos aspectos afetivos do médico para o paciente;
MÉDICO O médico deve compreender o paciente, utilizando-se de si mesmo para o tratamento, passando uma
visão mais humana sobre a medicina; O médico deve reconhecer o estado de sofrimento do paciente atuando de maneira segura,
estabelecendo uma relação de confiança com o paciente; O médico deve dirigir o encontro, compreendendo, encorajando e respeitando o paciente.
Compreender a cultura em que o paciente está inserido é fundamental; O médico deve valorizar e respeitar as queixas dos pacientes, é importante que ele também se
neutralize sobre suas ideologia; O médico deve procurar o alívio físico e também auxiliar moralmente o paciente; Padrões de Comportamento dos Médicos: GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA- TURMA LII - FACULDADE DE MEDICNA UFMT - UNIDADE CURRICULAR 3
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA - TURMA LII - FACULDADE DE MEDICINA UFMT - UNIDADE CURRICULAR III
O médico deve desenvolver interesse e respeito pela pessoa humana, capacidade de se dedicar a tarefas desgastantes, sendo de responsabilidade bem desenvolvido e conhecimento técnico consolidado;
O médico deve ter empatia (sofrimento alheio) e compaixão (vontade de ajudar);
Alguns padrões comuns são: inseguro, paternalista, agressivo, frustrado (frieza, desinteressado), pessimista (vê maior gravidade do que a real da doença), especialista (só se preocupa com a sua especialidade), rotulador (tem sempre um diagnóstico pronto que agrada o paciente), otimista (não vê gravidade, falta-lhe preocupação), sem vocação e autoritário (é irredutível, costuma ser ameaçador).
PACIENTE É importante saber que o paciente é um ser com personalidade exclusiva; Nota-se que quando um pessoa adoece, ela modifica sua personalidade e determina uma regressão
emocional a níveis infantis, com perda de segurança, buscando no médico uma relação mais dependente; Podemos listar alguns tipos de pacientes:
Paciente ansioso: é um sentimento negativo, que acompanha a inquietude, voz embargada, mãos frias e suadas, taquicardia, boca seca;
Paciente deprimido: apresenta humor triste, cabisbaixo, face exprimindo tristeza, olhos sem brilho, não é raro o paciente chorar durante a entrevista,
Paciente hostil: essa atitude pode ser percebida após as primeiras palavras que podem ser reticentes e com insinuações disfarçadas;
Paciente sugestionável: é o tipo que procura o médico por qualquer coisa e realiza os mais diversos exames com medo de adoecer;
Paciente Hipocondríaco: paciente que não tem nada, e sempre se queixa de sintomas;
Paciente Eufórico: é o tipo inquieto, que se movimenta e costuma falar de suas qualidades;
Paciente Inibido: não encara o médico, fala baixo;
Paciente Psicótico: vive em um mundo fora da realidade, tem alucinações, delírios, pensamentos desorganizados;
Paciente Surdo: geralmente exige a participação de uma terceira pessoa, caso não haja, o médico deverá prestar muita atenção na gesticulação do paciente, resumindo a anamnese;
Pacientes Especiais: exigem uma comunicação mais simples e direta;
Pacientes em Estado Grave: exige comunicação simples, direta e objetiva, pois sua capacidade de colaboração está diminuída;
Paciente fora de Possibilidade Terapêutica: é o paciente terminal, em que sofre de uma doença incurável em fase avançada
Crianças e Adolescentes: implica uma relação com a família, no caso da criança, deve-se conquistar sua confiança e sua simpatia. A conversa com o adolescente deve ser mais cuidadosa, pois envolve assuntos difíceis- sexo, drogas, gravidez precoce, alteração corporal;
Idosos: devem receber atenção e respeito, geralmente chegam com uma perspectiva negativa diante dos aspectos da vida.
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA- TURMA LII - FACULDADE DE MEDICNA UFMT - UNIDADE CURRICULAR 3
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA - TURMA LII - FACULDADE DE MEDICINA UFMT - UNIDADE CURRICULAR III
FAMÍLIA: Muitas vezes, a família é o objeto de investigação, pois temos vários problemas relacionados a
violência mental, moral, psicológica, física e sexual, que geram quadros preocupantes; Os médicos de família devem procurar centrar-se na pessoa, mas com o objetivo de atingir um
ambiente maior, que é a família através dos seguintes componentes:
explorar a doença e a experiência da doença;
entender a pessoa como um todo;
elaborar um plano conjunto de manejo dos problemas;
incorporar prevenção e promoção de saúde;
intensificar a relação entre o médico-paciente;
ser realista;
CÓDIGO DE ÉTICA Capítulo III - Responsabilidade Profissional (Letra Legível) Art. 11. Receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a devida identificação de
seu número de registro no Conselho Regional de Medicina da sua jurisdição, bem como assinar em branco folhas de receituários, atestados, laudos ou quaisquer outros documentos médicos.
Capítulo V- Relação com Pacientes e Familiares É vedado ao médico: Art. 31. Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir livremente sobre a
execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte. Art. 32. Deixar de usar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento, cientificamente
reconhecidos e a seu alcance, em favor do paciente. Art. 33. Deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais em casos de urgência ou
emergência, quando não haja outro médico ou serviço médico em condições de fazê-lo. Art. 34. Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e os objetivos do
tratamento, salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar dano, devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu representante legal. Art. 35. Exagerar a gravidade do diagnóstico ou do prognóstico, complicar a terapêutica ou exceder-
se no número de visitas, consultas ou quaisquer outros procedimentos médicos. Art. 36. Abandonar paciente sob seus cuidados.
§ 1° Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudiquem o bom relacionamento com o paciente ou o pleno desempenho profissional, o médico tem o direito de renunciar ao atendimento, desde que comunique previamente ao paciente ou a seu representante legal, assegurando-se da continuidade dos cuidados e fornecendo todas as informações necessárias ao médico que lhe suceder. GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA- TURMA LII - FACULDADE DE MEDICNA UFMT - UNIDADE CURRICULAR 3
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA - TURMA LII - FACULDADE DE MEDICINA UFMT - UNIDADE CURRICULAR III
§ 2° Salvo por motivo justo, comunicado ao paciente ou aos seus familiares, o médico não abandonará o paciente por ser este portador de moléstia crônica ou incurável e continuará a assisti-lo ainda que para cuidados paliativos. Art. 37. Prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em
casos de urgência ou emergência e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente após cessar o impedimento. Parágrafo único. O atendimento médico a distância, nos moldes da telemedicina ou de outro método, dar-se-á sob regulamentação do Conselho Federal de Medicina. Art. 38. Desrespeitar o pudor de qualquer pessoa sob seus cuidados profissionais. Art. 39 Opor-se à realização de junta médica ou segunda opinião solicitada pelo paciente ou por seu
representante legal. Art. 40. Aproveitar-se de situações decorrentes da relação médico-paciente para obter vantagem
física, emocional, financeira ou de qualquer outra natureza. Art. 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal.
Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal. Art. 42. Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre método contraceptivo,
devendo sempre esclarecê-lo sobre indicação, segurança, reversibilidade e risco de cada método.
Referências: →PORTO, C. C.Semiologia Médica. 6ª ed. Guanabara Koogan, 2009. →BATTES, B. Propedêutica médica. 8ª edição, Guanabara Koogan. 2005. →Código de Ética Médica →Artigo: Documentos Médicos; Leonardo da Silva Fabbro; Instituto de Bioética da PUCRS →Rocco, J. Rodolfo.Semiologia Médica.Elsevier, 2011.
GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA- TURMA LII - FACULDADE DE MEDICNA UFMT - UNIDADE CURRICULAR 3