Jornal Nacional da Umbanda Ed. 42

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Expediente: Pai Rubens Saraceni Pai Alan Levasseur

J o r n a l Quinzenal Jornal Nacional da Umbanda

São Paulo, 01 de Agosto de 2012.

Edição: 42

Ano: 02

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VEREADOR QUITO FORMIGA EM VISITA AO COLEGIO DE UMBANDA

Rubens Saraceni e o Vereador Quito Formiga, que durante sua visita ao Colégio de Umbanda Pai Benedito de Aruanda comentou sobre seus projetos que estão em tramitação na Camara, entre eles o de tornar a Umbanda como Patrimônio Cultural e Imaterial da Cidade de São Paulo. JORNAL NACIONAL DA UMBANDA ED. 42

INDICE DE MATÉRIAS EDITORIAL Aruanda (Altay Veloso) pág. 02 CADERNO DO LEITOR Hades, o Deus do mundo subterraneo 2/2(Wagner Veneziani) pág. 04 Prazeres da melhor idade (Ruy Castro) pág. 08 Preconceito e intolerancia religiosa(Rodrigo Queiroz) pág. 09 A Pinga (Flavio Yoshio Fukuda) pág 10 DOUTRINA Pai Guiné é o vento que balança folha (Denis Moura) pág. 12 Neutralidade e a Evolução (Carla Guedes) pág. 13 Malandro Carioca (Carla Guedes) pág. 14 Oferenda a Natureza(Gerson Junior) pág. 16 Entrevista a Rubens Saraceni (Mary Nogueira - ATUPO) pág. 20 O mistério, o Orixá e a linha de Exu (Fernando Sepe) pág. 23 Pipoca (Ronaldo Figueira) pág. 25 SAÚDE E COMPORTAMENTO Os 10 alimentos mais saudaveis do mundo (josé Edson) pág. 26

Entrevista com Rubens Saraceni na Revista de Portugal - ATUPO. pág. 20

AVISOS CULTURAL

Espetaculo “ Alabê de Jerusalém (Altay Veloso) pág. 27 Bar Templo (JNU) pág. 28 1ª Homenagem a Xango (JNU) pág. 28 Lançamento de livros na 22ª Bienal do livro (JNU) pág. 29 ÚLTIMA PÁGINA Vamos sair da ignorancia (Alexandre Cumino). pág. 30 Jornal Nacional da Umbanda

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EDITORIAL

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ARUANDA

Por: Altay Veloso

E-mail: altayveloso@gmail.com

São pelo menos cinco mil anos no anil céu do nosso planeta. Hoje, nos céus do Brasil, mais que em qualquer céu do mundo. Aruanda, morada do Panteão de Benin, Daomé, de Luanda, do povo Gêge, Banto, Nagô, kêto que une brancos e pretos em torno dos atabaques, os da alta roda, os do gueto, os sem camisa e os de fraque na celebração da vida. E assim, nos céus da nação, o Panteão permanece. Gregos, romanos tiveram os seus, mas deuses não bem cuidados, percebendo-se não tão amados, com tempo desaparecem, migram, silenciam, desligam-se dos humanos. Os que temos foram ciganos, atravessaram oceanos e, em nossos céus, forasteiros, instalaram acampamento. Hoje, do firmamento, desse lindo véu azul, céu do Cruzeiro do Sul, olham por seus terreiros, simpatizantes e herdeiros. Não sabiam o que traziam, os tolos, os sem valia, nos porões de seus negreiros. E no Reino de Aruanda, o Panteão de Ifé unido ao da Santa Sé, inspiram uma fecundação no útero do nosso chão verde e amarelo. E, amparada pelas mãos das Nossas Senhoras, batizada com paixão pelos queridos Pretos-Velhos, vem ao mundo, com graça e delicadeza, intensa de luz, de axé, a mais nova irmã do guerreiro Candomblé, a doce e querida Umbanda. O Alabê de Jerusalém, um filho de Daomé, que conduzido pela fé, um dia, em sua caminhada encontra com a Sagrada Luz de Jesus, o Nazareno, hoje, dois mil anos depois, que o sol nasceu e se pôs, retorna à Mãe Terra, a cortina do tempo descerra e, sob os auspícios da arte, ao som dos tambores reparte o vinho de sua trajetória, reacende a luz da memória e canta. “Meu nome é Alabê de Jerusalém, chamado por essa tão querida Irmandade, cheguei pra matar saudade.” Que os tambores ronquem por essa doce entidade que, com delicadeza, respeito e alegria, vem falar sobre tolerância, união e harmonia. Nós, sentinelas dessa riqueza, que amamos, cremos e adoramos as forças da Natureza.

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CADERNO DO LEITOR

Hades, O Deus do Mundo Subterrâneo - parte 2/2 Por Wagner Veneziani Costa

Hades era um dos seis olímpicos originais. Como ele não fazia nenhuma questão de estar entre os outros, e por isso muito raramente visitava o Monte Olimpo, ficou praticamente banido da companhia de seus irmãos. E isso combinava perfeitamente com Hades, pois não tinha a menor vontade de fazer parte do conselho divino. Mas nem por isso os seus poderes eram menores, porque nenhum outro deus se intrometia no Mundo Subterrâneo. Ele tinha o controle absoluto de seu reino, e mesmo Zeus evitava interferir no seu comando. Embora Hades fosse um deus completamente solitário e que raramente deixava seu reino para visitar a terra dos vivos, dizem que ele visitou a terra dos vivos pelo menos uma vez. Foi durante essa visita que se deparou com a beleza de Perséfone, filha de Deméter e Zeus. Como diz a lenda, Perséfone estava colhendo flores em uma planície na Sicília, acompanhada pelas ninfas, quando Hades se deu conta dela, ficou imediatamente impressionado com sua beleza e sequer perdeu tempo em cortejá-la. Em vez disso, simplesmente a raptou e a levou para o Mundo Subterrâneo. Lá, Perséfone ficou prisioneira. Como você pode imaginar, sua mãe ficou completamente deprimida com o desaparecimento repentino da filha e correu o mundo em busca de Perséfone. É importante, nesse ponto, falarmos sobre a deusa da fertilidade, da colheita e dos cereais, Deméter. Deusa da terra, ela preferia passar a maior parte de seu tempo bem próxima ao solo. Assim, acabava permanecendo apenas o necessário no Monte Olimpo. Mas isso não significa que Deméter não se fazia notar entre os deuses. Ao contrário de Hades, ela era completamente envolvida com os acontecimentos na morada dos deuses olímpicos e sempre participava de conselhos ou tribunais. Mas sua presença era mais bem sentida na terra. Era por isso que ela, mais do que qualquer outro deus, podia reivindicar para si o controle da terra. Com seu domínio, a terra era seu lar. Deméter era uma deusa muito popular por toda a Grécia antiga. Alguns mitos atribuem essa popularidade ao fato de ela sempre estar entre os homens, viajando de um campo a outro. Outros dizem que sua popularidade advém da necessidade de sua bênção. Como era a deusa da colheita e dos cereais, os antigos dependiam dela para conseguir a comida necessária para sobreviver. Era, portanto, natural que ela gozasse de imenso prestígio entre eles. Por outro lado, sua popularidade pode ser creditada ao simples fato de ela ser uma deusa boa e generosa (representa o signo de Virgem – uma virgem regando a terra com ramos de trigo em sua mão). Ao contrário de Poseidon, que era mais temido do que amado, Deméter era mais amada e respeitada do que temida. Mas, de qualquer modo, ela continuava sendo uma deusa e por isso precisava ser reverenciada, pois detinha tanto o poder da destruição quanto o da criação. Apesar de Deméter ser uma deusa bondosa, não podemos esquecer de que as divindades sentiam as mesmas emoções que os humanos. Em um instante, sua generosidade poderia transformar-se em crueldade, o que poderia deixá-la simplesmente assustadora. Quando Deméter perdeu sua filha, deixou que a emoção tomasse controle, o que resultou em tempos terríveis para a humanidade. Um outro exemplo da crueldade nada habitual de Deméter foi vivenciada por um ímpio jovem, Erísicton. Erísicton era filho do rei de Dotion. Ele teve a idéia de construir um grande salão para banquetes, mas precisava de madeira para conseguir erguê-lo. Como não tinha respeito pelos deuses, entrou em um bosque de carvalho sagrado, que pertencia a Deméter, e foi cortando as árvores de que precisava para construir seu salão. Quando começou a cortá-las, as árvores começaram a verter sangue dos ferimentos. Um homem que por ali passava chegou a alertá-lo para não cometer tal sacrilégio, mas Erísicton desafiou e degolou o pobre homem. E não parou, continuou sua tarefa; três espíritos gritaram em Jornal Nacional da Umbanda

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desespero e chamaram por Deméter. Ela se aproximou de Erísicton disfarçada de sacerdotisa. Em um primeiro momento, implorou para que ele parasse de cortar as árvores, mas quando ele se negou a fazê-lo, ela ordenou que ele saísse do bosque. Rindo da audácia da sacerdotisa, Erísicton ameaçou-a com um machado. Deméter recuou e disse a ele para continuar porque ele iria mesmo precisar de uma sala de jantar. Ela estava estarrecida com esse ultrajante ato de sacrilégio. Era algo que ela não poderia deixar por isso mesmo. Então, chamou Peina (a Fome) para atormentar Erísicton pelo resto de sua vida. Peina ficou grata por ajudar Deméter e imediatamente saiu em busca do garoto inescrupuloso. E foi feito, fazendo-o ter um incontrolável desejo de comer e nunca se sentir saciado. Ele comia tudo o que via, mas sem conseguir alívio. Em poucos dias, ele gastou toda a sua fortuna em comida, embora ainda não se sentisse saciado. Finalmente, tornou-se um pedinte, sem ter nada mais que uma filha. Sua filha vendeu-se como escrava para ajudá-lo a conseguir alimento. Como não dispunha de mais nada, Erísicton começou a comer as próprias pernas. Mas isso não deu nenhum resultado e ele continuou faminto. Erísicton enlouqueceu, devorou o resto de sua própria carne e, assim, morreu. Dá para perceber que Deméter era uma deusa que não devia ser contrariada. Doce como uma flor, na maior parte do tempo, ela tinha um lado cruel que brilhava de tempos em tempos, quando a situação pedia por isso. Mas o mito mais popular estrelado por Deméter é aquele em que divide o papel principal com sua filha Perséfone. Lembra-se que Perséfone havia sido raptada por Hades e do desespero de Deméter quando soube disso? Deméter não queria saber de mais nada, e sim procurar a sua filha. Todas as suas tarefas e responsabilidades como deusa da colheita e da fertilidade foram postas de lado por causa da tragédia. Em sua busca frenética, Deméter chegou a percorrer o mundo, vagou por toda a Terra, por nove dias e nove noites, com uma grande tocha na mão. Durante esse tempo ela não comeu, não dormiu, nem bebeu. No décimo dia, encontrou Hécate, uma divindade menor, que sabia do rapto, mas não sabia informar quem o tinha o praticado. Contudo, Hécate levou Deméter até Hélio, o deus Sol,

que, em virtude de sua visão onisciente do mundo, tinha testemunhado o rapto. Hélio contou a história que havia presenciado para Deméter e tentou convencer-lhe de que sua filha estava bem com Hades. Deméter ficou tomada pela fúria, pela dor e pela tristeza. Abandonou o Monte Olimpo e todas as suas responsabilidades como deusa. Sua saída deixou o mundo em um verdadeiro caos, completamente castigado pela seca e pela fome. A terra agora era estéril, e tanto a vegetação nativa quanto as plantações morreram, enquanto as novas se recusavam a crescer. Nas viagens narradas por Homero, Deméter estava determinada a se esconder na Terra até que sua filha retornasse e, por isso, começou a vagar pelos campos. Algumas vezes ela era recebida com acolhimento, outras vezes era ridicularizada. Quando foi recebida na casa de Misme, ofereceram-lhe umas bebidas, como um ato de bem receber. Mas como ela sorveu o líquido muito rapidamente, porque obviamente estava morrendo de sede, o filho de Misme zombou dela. Furiosa com o desrespeito às regras de hospitalidade, Deméter atirou sua bebida no garoto, transformando-o num lagarto. Cheia de dor, transformou-se em uma velha senhora enquanto estava em Elêusis. Lá, parou ao lado de um poço para descansar. A filha do rei Céleo aproximou-se da velha senhora e a convidou para se refrescar em sua casa. Deméter, tocada com o gesto de bondade da moça, concordou, e foi com a garota até o palácio. Lá, foi tratada com imensa cordialidade não só pela filha do rei como também pela rainha. Deméter ficou impressionada com aquela casa e com uma mulher em particular, Iambe, que era a filha de Pan e uma criada na casa de Céleo. Iambe era jovem e era a única pessoa que fazia com que Deméter sorrisse. Deméter tornou-se criada da casa dos Céleo, juntamente com Iambe. Como logo ganhou a confiança da rainha, tornou-se a babá do príncipe Demofonte, em quem encontrou o consolo que só uma criança poderia lhe oferecer. Ela decidiu conceder a imortalidade ao menino. Para fazer isso, Deméter alimentou-o com ambrosia e o colocou na lareira para que o fogo queimasse a sua mortalidade. Mas ela foi descoberta pela rainha, que interrompeu a ação com um berro. Deméter, furiosa com a interrupção, deixou a criança cair. De volta à sua forma natural, Deméter ordenou que a casa real construísse um templo para ela. Ensinou-os também a praticar de Jornal Nacional da Umbanda ● página 4


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modo adequado os ritos religiosos em sua homenagem. Essa prática mais tarde se tornou conhecida como os Mistérios de Elêusis. Esses Mistérios eram os ritos religiosos praticados em homenagem a Deméter e Perséfone, os mais importantes em toda a Grécia antiga. Lembre-se que foi na cidade de Elêusis que Deméter permaneceu a maior parte do tempo de luto por sua filha. Ali, o templo foi construído em sua honra e era onde os Mistérios de Elêusis eram praticados. Dizem que foi a própria Deméter quem instituiu o culto e ensinou o povo como

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lhe prestar homenagens corretamente. Como era um culto secreto, era considerado uma religião de mistério. Apenas aqueles formalmente iniciados podiam participar, e nenhuma palavra sobre o que acontecia durante os rituais podia ser dita. Quem quisesse ser iniciado deveria antes preencher alguns requisitos. Por exemplo, um devoto não poderia ter derramado sangue em nenhum momento de sua vida. As mulheres e os escravos eram proibidos de participar. Os mistérios religiosos incluíam os cultos Dionísicos, Órficos e Cabiri, e, naturalmente, os Mistérios de Elêusis. Vamos conhecer o cativeiro de Perséfone, o Mundo Subterrâneo. Zeus envia Hermes para conversar com Hades para convencê-lo a libertar Perséfone. Hades não poderia admitir desistir de Perséfone, mas a mensagem enviada por Hermes era para ser interpretada como uma ordem direta de Zeus. Hades não tinha outra escolha a não ser deixar a menina partir. Contudo, ele utilizou um truque. Via de regra, todo mundo que comesse algum alimento nas dependências do Mundo Subterrâneo não poderia retornar à terra dos vivos. Enquanto fingia acatar as ordens de Zeus e libertar Perséfone, Hades também enganou a menina, dando-lhe algumas sementes de romã. Perséfone comeu-as enquanto ainda estava no Mundo Subterrâneo, portanto, ela passara a pertencer àquele Mundo. Zeus não podia negar essa Lei. Contudo, como Deméter estava tão desolada e como Hades, em um certo sentido, havia desobedecido Zeus, este chegou a um meio termo. Perséfone viveria com Hades no Mundo Subterrâneo durante três meses do ano e moraria com sua mãe na terra nos outros oito meses. Perséfone tornou-se, assim, a mulher de Hades e, depois, rainha do Mundo Subterrâneo. Ela desempenhou muito bem suas tarefas como mulher (esposa) e rainha. Dizem que ela correspondeu ao amor de Hades. O Mundo Subterrâneo, a Terra dos Mortos, Região de Baixo, a Morada de Hades, Inferno, esses eram alguns dos nomes que as pessoas usavam para se referir ao Mundo Subterrâneo, que também tinha suas leis e possuía várias divisões. Imaginem uma prisão com diferentes blocos com celas. Um bloco de celas era para as pessoas comuns, outro para os realmente excepcionais, normalmente heróis, e um terceiro bloco, para os muito maus, aqueles que precisavam de puJornal Nacional da Umbanda ● página 5


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nição. Mas é óbvio que existia muito mais do que “esses blocos de celas”. Dizem que quando uma pessoa morre, Hermes vem apanhar sua alma para guiá-la até o Mundo Subterrâneo. Deve também atravessar pelo menos um rio, pois são muitos os rios que cercam a Terra dos Mortos: Aqueronte, o Rio da Dor; Cocito, o Rio da Lamentação; Lete, o Rio do Esquecimento; Pyriphlegethon, o Rio do Fogo; e Styx, o Rio do Ódio. Para fazer essa travessia, era preciso utilizar os serviços de Caronte (filho de Erebo e da Noite), o barqueiro dos mortos. Ele exigia uma moeda como pagamento. Contudo, apenas conduzia o barco, e era a alma que teria todo o trabalho de remar. Se, por acaso, a alma não tivesse dinheiro para pagar os serviços, era obrigada a vagar depois da linha do oceano por cem anos, para depois ganhar direito de embarcar novamente. Depois de sofrer a recepção de Caronte, o morto tinha que passar por Cérbero, o cão de Hades (cão com três cabeças e três gargantas, que guardava as portas dos Infernos e do palácio de Plutão, (o deus romano do Inferno ou do Submundo). Cérbero nasceu do gigante Tífon e de Equidna. Ele agradava as almas infelizes que desciam aos infernos e devorava as que dali queriam sair. Quando Orfeu foi buscar Eurídice, ele fez Cérbero adormecer ao som de sua lira; Heracles (Hércules) teve que descer ao reino dos mortos como um dos 12 trabalhos exigidos por Euristeu; Enéias foi visitado pelo fantasma de seu pai na terra dos vivos e foi visitá-lo na terra dos mortos, antes de entrar pelos Portões do Mundo Subterrâneo. Cérbero adorava comer carne fresca e certamente não era o melhor amigo dos homens. Mas parecia se dar bem com as almas que ali entravam. Ele só atacava as que tentassem fugir. Viajando pela rua Divisória, a alma encontrava uma bifurcação, onde era recebida pelos Juízes. Estes decidiam para que parte do Mundo Subterrâneo a alma seria levada para morar para sempre. Tornou-se um hábito entre os antigos colocar uma moeda embaixo da língua dos entes queridos que morriam. Isso permitia que eles pudessem pagar os serviços de Caronte e cruzar o reino dos mortos. Aqueles que não eram enterrados adequadamente, ou sequer fossem enterrados, não conseguiam obter permissão para entrar no Mundo Subterrâneo e ficavam vagando por cem anos. Mas vamos saber mais a respeito daqueles “blocos de cela”. Elíseos, algumas vezes conhecido como Campos Elíseos, era uma ilha para os abençoados. Era para onde os muito bons, geralmente heróis, eram enviados depois da morte. Elíseos era um paraíso em todos os sentidos, onde homens e mulheres curtiam a vida na morte. Jogava-se, tocava-se música e todo mundo se divertia. Os campos eram sempre verdes e o sol sempre brilhava. Alguns mitos, porém, não fazem distinção entre o esplendor de Elíseos e os Campos de Asfodel. Aqueles que eram mandados para os Elíseos não podiam saber a diferença. Como todas as almas eram meramente almas, nenhuma delas poderia adivinhar o que estava acontecendo ao seu redor, e determinar o lugar onde estavam. Mesmo assim, esse é considerado o melhor “bloco” dos três. Os Campos Asfodel era um lugar de limbo. Não era nem bom nem ruim; era um local para o descanso final dos seres mais comuns. Esse lugar era o que abrigava mais almas do que os Elíseos e o Tártaro juntos. As almas, geralmente nos Campos de Asfodel, desempenhavam as mesmas atividades realizadas em vida. A memória não era cultivada. Por isso, uma alma existia e agia, na maior parte do tempo, como uma máquina, sem nenhuma individualidade. Um lugar neutro, sem nenhuma qualidade positiva nem negativa. Um lugar monótono, sem novidades. O Tártaro, ficava abaixo do Mundo Subterrâneo. Acreditava-se que a distância entre o Mundo Subterrâneo e Tártaro era a mesma entre a Terra e o céu. Um lugar escuro e triste e era onde os maus eram mandados para punição eterna. Como o leitor percebeu, a menos que você fosse protegido pelos deuses e fosse enviado aos Elíseos, a vida depois da morte não prometia muita coisa. Os simples mortais, realmente, não tinham o que esperar da morte. Por causa desse desalento é que muitos ritos e cultos religiosos surgiram, como, por exemplo, muitas das crenças novas centradas em uma divindade individual (como Deméter e Dionísio). Supostamente, essas divindades ofereciam àqueles que tivessem fé os segredos do Mundo Subterrâneo, incluindo o mapa do lugar, com todos os seus rios e nascentes, para se evitar beber delas e, portanto, assegurar a morada nos Elíseos. Começa uma nova espeJornal Nacional da Umbanda ● página 6


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rança de uma pós-morte mais digna, muitos se tornaram bastantes crentes e devotos à sua religião e divindade. Depois que a Grécia foi anexada ao Império Romano, a Mitologia Grega passou a fazer parte de Roma, e os deuses e deusas apenas mudam de nome. Baseando-se no panteão das divindades gregas, uma nova psicologia foi apresentada por Jean Shinoda Bolen (psiquiatra e analista junguiana) em seu livro Os Deuses e o Homem, que usou os conceitos de Carl Jung para estudar os oitos deuses gregos que correspondem a oito tipos de personalidade masculina. Nas próximas linhas, transcreveremos apenas os arquétipos de Hades: “Todo aquele que gosta de ficar sozinho, curte a privacidade e não se importa muito com o que se passa no mundo leva a existência de Hades. O Hades ‘puro’ é solitário e vive em seu reino interior. O homem-Hades é introvertido e geralmente alheio às regras de etiqueta e frivolidades. Não está ‘nem aí’ com o que as outras pessoas pensam dele. No trabalho se afina com tarefas repetitivas que lhe permitam certa exclusão. No amor, quando se apaixona, vive experiências profundas com sua parceira e é somente ela que consegue arrancá-lo da toca. Todo homem - Hades tem predisposição para ser solitário e sentir-se inadequado em um mundo muito competitivo, ele se recolherá para dentro de sua concha interior e para uma vida de esterilidade emocional. No mundo de Zeus, ele enfrenta muitas dificuldades, pois se sente inferior, um estranho no ninho. Fora de seu reino, verifica que só é recompensado todo aquele que atinge o topo, que adquire status, que se expõe e que corre riscos. Essa cultura extrovertida dominante é estranha ao homem de Hades, porque lhe faltam a ambição e a comunicação. A menos que desenvolva outros arquétipos, ficará à margem da estrada e só se encaixará em trabalhos que não ofereçam desafios, pois sua vida real é ‘interior’. Um Hades comete todas as ‘gafes’ possíveis em reuniões sociais e diante de uma mulher. É natural, portanto, que muitas vezes seja rejeitado. A única experiência sexual do deus Hades foi com Perséfone que a raptou e a estuprou. A vida pode seguir o mito, mas o homem-Hades que se cuide, porque diferentemente de Zeus e Poseidon, ele tem menos credibilidade e poder e pode vir a ser denunciado e rotulado. O casamento para este homem é crucial, pois sem ele será solitário e excluído. É por meio da esposa e dos filhos que irá relacionar-se com a sociedade. Como pai é sombrio, mal-humorado, sem emoção e só espera de seus filhos organização e dever cumprido. Entretanto, pode compartilhar com as crianças o tesouro de sua vida interior. O maior problema que um homem-Hades cria para os outros sendo como ele é, é que vive em um mundo ‘a parte’, sem se dar chance de envolver-se emocionalmente com outras pessoas. O que se espera é que ele se comunique e nos conte o que acontece lá embaixo. Amar alguém como Hades é bem difícil, pois a qualquer momento pode tornar-se invisível e inabordável. O melhor modo de um Hades crescer é combiná-lo com um Hermes, pois era por intermédio deste último deus que as imagens e as sombras do mundo inferior eram entendidas e comunicadas aos outros. O assunto é vasto e fascinante, mergulhe nesse mundo fantástico que é a Mitologia e veja o quanto ainda temos para aprender. Não tema, conheça mais a respeito do mundo de Hades, em suas leituras. Na próxima edição, pretendo discorrer a respeito de outro deus bastante interessante: Pan. Bibliografia: BOLEN, Jean Shinoda. Os Deuses e o Homem. São Paulo: Paulus, 2002. BOLTON, Lesley. O Livro Completo da Mitologia Clássica – Deuses, Deusas, Heróis e Monstros Gregos e Romanos – de Ares a Zeus. São Paulo: Madras Editora, 2004; COSTA, Wagner Veneziani . O Livro Completo dos Heróis, Mitos e Lendas. São Paulo: Madras Editora 2004.

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PRAZERES DA “MELHOR IDADE” Escrito por: Ruy Castro

A voz em Congonhas anunciou: “Clientes com necessidades especiais, crianças de colo, melhor idade, gestantes e portadores do cartão tal terão preferência etc.”. Num rápido exercício intelectual, concluí que, não tendo necessidades especiais, nem sendo criança de colo, gestante ou portador do dito cartão, só me restava a “melhor idade” - algo entre os 60 anos e a morte. Para os que ainda não chegaram a ela, “melhor idade” é quando você pensa duas vezes antes de se abaixar para pegar o lápis que deixou cair e, se ninguém estiver olhando, chuta-o para debaixo da mesa. Ou, tendo atravessado a rua fora da faixa, arrepende-se no meio do caminho porque o sinal abriu e agora terá de correr para salvar a vida. Ou quando o singelo ato de dar o laço no pé esquerdo do sapato equivale, segundo o João Ubaldo Ribeiro, a uma modalidade olímpica. Privilégios da “melhor idade” são o ressecamento da pele, a osteoporose, as placas de gordura no coração, a pressão lembrando placar de basquete americano, a falência dos neurônios, as baixas de visão e audição, a falta de ar, a queda de cabelo, a tendência à obesidade e as disfunções sexuais. Ou seja, nós, da “melhor idade”, estamos com tudo, e os demais podem ir lamber sabão. Outra característica da “melhor idade” é a disponibilidade de seus membros para tomar as montanhas de Rivotril, Lexotan e Frontal que seus médicos lhes receitam e depois não conseguem retirar. Outro dia, bem cedo, um jovem casal cruzou comigo no Leblon. Talvez vendo em mim um pterodáctilo da clássica boemia carioca, o rapaz perguntou: “Voltando da farra, Ruy”? Respondi eufórico: “Que nada! Estou voltando da farmácia!”. E esta, de fato, é uma grande vantagem da “melhor idade”: você extrai prazer de qualquer lugar a que ainda consiga ir. Primeiro, a aposentadoria é pouca e você tem que continuar a trabalhar para melhorar as coisas. Depois vem a condução. Você fica exposto no ponto do ônibus com o braço levantado esperando que algum motorista de ônibus te dê uns 60 anos. Olha... a analise dele é rápida. Leva uns 20 metros e, quando para, tem a discussão se você tem mais de 60 ou não. No outro dia entrei no ônibus e fui dizendo: - “ Sou deficiente”. O motorista me olhou de cima em baixo e perguntou: - “ Que deficiência você tem? “ - “ Sou broxa! “ Ele deu uma gargalhada e eu entrei. Logo apareceu alguém para me indicar um remédio. Algumas mulheres curiosas ficaram me olhando e rindo... Eu disse bem baixinho para uma delas: - “ Uma mentirinha que me economizou R$ 3,00, não fica triste não” Bem... fui até a pedra do Arpoador ver o por do sol. Subi na pedra e pensei em cumprir a frase. Logicamente velho tem mais dificuldade. Querem saber? Primeiro, tem sempre alguém que quer te ajudar a subir: - Dá a mão aqui, senhor!!! Hum, dá a mão é o cacete, penso, mas o que sai é um risinho meio sem graça. Sentar na pedra e olhar a paisagem. É, mas a pedra é dura e o velho já perdeu a bunda e quando senta sente os ossos em cima da pedra, o que me faz ter que trocar de posição a toda hora. Para ver a paisagem não pode deixar de levar os óculos senão, nada vê. Resolvo ficar de pé para economizar os ossos da bunda e logo passa um idiota e diz: - “O senhor está muito na beira pode ter uma tontura e cair”. Jornal Nacional da Umbanda ● página 8


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Resmungo entre dentes: ... “só se cair em cima da sua mãe”... mas dou um risinho e digo que esta tudo bem. Esta titica deste sol esta demorando a descer, então eu é que vou descer, meus pés já estão doendo e o sol nada. Vou pensando - enquanto desço e o sol não - “Volto de metrô é mais rápido”. Já no metrô, me encaminho para a roleta dos idosos, e lá está um guarda que fez curso, sei eu em que faculdade, que tem um olho crítico e consegue saber a idade de todo mundo. Olha sério para mim, segura a roleta e diz: - “O senhor não tem 65 anos, tem que pagar a passagem”. A esta altura do campeonato eu já me sinto com 90, mas quando ele me reconhece mais moço, me irrompe um fio de alegria e vou todo serelepe comprar o ingresso. Com os pés doendo fico em pé, já nem me lembro do sol, se baixou ou não, dane-se! Só quero chegar em casa e tirar os sapatos... Lá estou eu mergulhado em meus profundos pensamentos, uma ligeira dor de barriga se aconchega... Durante o trajeto não fui suficientemente rápido para sentar nos lugares que esvaziavam... Desisti... lá pelo centro da cidade, eu me segurando, dei de olhos com uma menina de uns 25 anos que me encarava... Me senti o máximo. Me aprumei todo, estufei o peito, fiz força no braço para o bíceps crescer e a pelanca ficar mais rígida, fiquei uns 3 dias mais jovem. Quando, já contente, pelo menos com o flerte, ela ameaçou falar alguma coisa, meu coração palpitou. É agora... Joguei um olhar 32 ( aquele olhar de Zé Bonitinho) ela pegou na minha mão e disse: - “ O senhor não quer sentar? Me parece tão cansado? “ Melhor Idade? Uma ova!

NOTA DE REPÚDIO AO PRECONCEITO E INTOLERÂNCIA RELIGIOSA Enviado por: Rodrigo Queiroz

O Instituto Cultural Aruanda (ICA), em nome de seu presidente Rodrigo Queiroz, de seus membros, alunos, parceiros e de toda comunidade umbandista, vem por meio desta nota manifestar repúdio ao posicionamento tomado pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) no programa Exército Universal, exibido pela Rede Record e pela IURD TV, e divulgado na internet em 07/06/2012, no qual um vídeo de palestra ministrada por Rodrigo Queiroz sacerdote de Umbanda na cidade de Bauru (SP) gravado no ICA – Templo em 05/02/2010 (integrante da série Gira Aberta, produzida pela TV Umbanda Sagrada) foi utilizado sem prévia autorização, para agredir, ofender e desmoralizar a Umbanda, bem como outras religiões de matriz africana, seus seguidores, suas entidades sagradas e seus sacerdotes, além do próprio presidente do ICA. Uma vez que não só a utilização deste material sem autorização, mas sobretudo o preconceito, perseguição e intolerância religiosa são crimes previstos em lei, o ICA informa que está tomando todas as providências judiciais cabíveis frente a este infeliz incidente, divulgado ao vivo em rede nacional, a fim de conquistar o direito de resposta do instituto. “Lutamos para engrandecer a bandeira da Umbanda há oito anos. O ICA vem desenvolvendo um trabalho sólido, contínuo e crescente em vários campos da Jornal Nacional da Umbanda ● página 9


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religião e da sociedade, e não é de hoje que estamos estafados da truculência, dos crimes e da incitação ao ódio preconizado pela IURD. Sabemos que fomos apenas um rápido alvo em meio a tantas ações depreciativas, mas nem por isso ficaremos em silêncio”, declarou Rodrigo Queiroz. Para que mais este crime contra a comunidade umbandista não fique oculto, pedimos o apoio da mídia, parceiros, irmãos de fé e de toda a sociedade na divulgação deste ocorrido. O trecho do programa exibido pela IURD TV pode ser acessado em http://www.youtube.com/watch?v=lnPlkZFM9Q4&feature=player_embedded; já o vídeo original na íntegra da palestra ministrada por Rodrigo Queiroz está disponível em http://www.youtube.com/watch?v=xwkLjSjhutY&list=UUWS3zYgt5HsuUuV0fZ1fPMg&index=1&fea ture=plcp.

A Pinga

Flávio Yoshio Fukuda

Contato: fyfukuda@gmail.com Acredito que todos vocês leitores já presenciaram médiuns ou incorporados por certas entidades consumindo cachaça ou utilizando-as nas feituras de firmezas e oferendas. É um elemento assim tal qual o tabaco, muito presente nos terreiros de umbanda. O uso destes elementos é muito recriminado até mesmo por religiões irmãs, sendo associado ao “baixo espiritismo”, ou seja, espíritos que já partiram, mas que continuam

apegados aos vícios da carne. Criticam, por desconhecerem todo o fundamento que existe por trás de sua utilização e cujas energias são apenas encontradas aqui no plano material. Certas essências por não estarem disponíveis no plano etéreo necessitam de serem manipuladas pelos guias em terra para que sejam cortadas as demandas em certos trabalhos espirituais. Saibam que muitas destas entidades há muito tempo, tamanha a sua luz, já não precisariam mais estar neste Plano da Criação, mas optam por aqui permanecerem em virtude dos intensos desejos de amor ao próximo e de praticar a caridade, que adquiriram ao longo de sua evolução. Mas voltando ao assunto em questão, falar de um dos elementos preferidos daquele Orixá que está mais próximo de nós remete-nos ao tempo da escravidão durante o Brasil-Colônia. Existem muitas controvérsias sobre a origem da cachaça, no entanto estejam certos de que é um

produto genuinamente nacional. Diz a história a cerca da sua descoberta que um dia os escravos que estavam a preparar o melado da cana no engenho descuidaram-se, deixando que passasse do ponto, desta maneira estragando-o. Com muito medo que seu erro fosse descoberto acarretando no seu açoitamento no tronco pelo feitor, os escravos esconderam-no. No dia seguinte pegaram aquele melado que fermentara durante a noite e misturaram ao melado novo que estavam preparando. Algum tempo depois os escravos notaram que começou a formar gotículas no teto do engenho as quais ficavam pingando sobre os seus corpos. Daí o nome de Pinga. Quando estas gotas caiam sobre as feridas causadas pelas chibatadas nas costas, sentiam um grande ardor. Daí o nome Água Ardente. Este líquido também escorria pelos seus rostos, chegando até as suas bocas e então Jornal Nacional da Umbanda ● página 10


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perceberam que quando o engoliam, ficavam mais alegres. Deste momento em diante começaram a beber para esquecer do frio, da saudade de sua terra natal e do seu pobre destino nas poucas festas que lhes eram permitidas fazer pelos senhores de engenho. Um dia um senhor de engenho curioso com a bebida que os deixava naquele estado de euforia experimentou a misteriosa bebida e creio que a história de aqui em diante, já pode ser contada por vocês.

PONTO DE VISTA DE UM MÉDIUM Escrito por Guilherme Duarte

E-mail: gd_duarte@hotmail.com

Tenho aprendido muito e tenho ainda muito que aprender com os guias espirituais sobre a Umbanda, sobre a natureza, sobre a importância da religião na vida dos seres. E tenho refletido bastante, e devagarzinho vou sanando minhas duvidas. Uma coisa que me chama atenção na nossa Umbanda é o carinho, o amor, a paciência das entidades conosco. Eles, com toda sua sabedoria nos ensinam a dar valor à nossa vida, a confiar em nós e a amar nossos semelhantes, pois somos irmãos perante o Criador. Não temos que julgar ninguém, pois cada um tem seu caminho a ser trilhado, podemos sim orientar e mostrar o caminho luminoso aos perdidos, mostrando um ponto de luz no fim do túnel. Se todos colocassem em pratica um pouquinho da paciência dos Pretos Velhos, um pouquinho da sinceridade dos Guardiões e um pouquinho da disciplina dos caboclos, em nossas vidas diariamente seria muito mais fácil resolver nossos problemas. Vamos olhar para dentro de nós e, devagarinho, melhorar o que não é tão bom, porque às vezes vibramos o negativo. Vamos alimentar ainda mais os sentimentos positivos de amor, de fé e de coragem. Somos soldados do Pai nesta terra sagrada e por Ele somos amparados. Temos que procurar não mudar o mundo de uma só vez, mas sim mudar o nosso intimo e a nossa vida, que assim estaremos construindo, de tijolo em tijolo, uma grande morada para nos aquecer do frio e nos proteger do mal. Que a luz de Oxalá conforte cada de seus filhos, de força aos justos para seguirem seus caminhos.

Jornal Nacional da Umbanda

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DOUTRINA

PAI GUINÉ, É O VENTO QUEM BALANÇA A FOLHA INSPIRADO PELO PRETO-VELHO PAI GUINÉ DE ARUANDA Enviado por Denis Moura.

E-mail: denis-dp10@hotmail.com

As coisas estavam um pouco diferentes naquela noite, não esquisita nem estranha, só diferente. O terreiro estava limpo e cheio de energias boas e confortantes, as seguranças feitas e os médiuns dispostos. Os consulentes aos poucos iam chegando trazendo suas dores e seus lamentos para os pais, cada qual com a esperança de melhoras. A sessão começou com todos cantando e elevando seus espíritos a Deus, unidos e amparados pela Luz Divina que vem de Aruanda, do Reino de Oxalá. O guia do dirigente espiritual do terreiro incorporava em seu médium para mais uma sessão de amor e caridade aos irmãos necessitados, ao som de seu ponto cantado: É o vento que balança as folhas guiné, É o vento quem balança as folhas, É, é, é Pai Guiné, é o vento quem balança as folhas. Um a um os consulentes foram sendo guiados para os caminhos de amor através da conversa sincera e dos passes magnéticos dos guias do terreiro, tudo estava correndo normalmente ou parecia estar que até que uma consulente incorpora um kiumba que esperneava e xingava a todos os presentes. Pai Guiné levanta de seu toco deixando seu consulente esperando e vai até o kiumba e apenas olha com resignação e compaixão daquele espírito perdido nas trevas da ignorância, do preconceito e sobretudo do ódio. O kiumba, ao pressentir a chegado do preto para de espernear e com ódio olha para Pai Guiné e fala: - É bem capaz que esse negro vai me fazer parar! Pai Guiné responde: - Parar, esse nego velho não o vai, porque nenhum espírito merece ficar parado nas escalas evolutivas que regem o Universo e se o irmão acha que ficaremos aqui contracenando com esse teatro está muito enganado. O kiumba assustado e sem saber o que fazer segue esperneando e xingando a todos. O preto-velho bate sua bengala no chão e o kiumba para e, vagarosamente, a cada nova batida da bengala do preto-velho ele se desliga dos chacras da consulente, que é energizada e convidada para uma franca conversa com Pai Guiné. - Obrigada Pai, não sei quem mandou aquele encosto, aposto que foi alguém do meu serviço! A consulente foi interrompida de seus delírios de obsessão e o preto-velho lhe responde com sabedoria: -Minha filha, hoje você veio nesse terreiro querendo destruir a todos que lhe rodeiam, irmãos que você supunha serem seus inimigos. Ninguém mandou o encosto para você, minha filha, apenas era um espírito com afinidade de seus sentimentos de ódio e rancor. As palavras do preto-velho faziam a consulente refletir. E, após o silêncio de reflexão, Pai Guiné continua sua conversa -A filha acha que, por ter um bom emprego e um bom cargo, seus colegas lhe invejam e seu chefe lhe persegue, mas não vê que seu emprego apenas reflete aquilo que a filha fez ou deixou de fazer por aqueles colegas que mais precisavam da sua ajuda, virando-lhes o rosto e sendo ríspida com quem hoje poderia ser seu amigo ou sua amiga. A filha veio nesse terreiro procurando o mal e, influenciada pelo kiumba, é o que levaria para casa, mas esse negro velho, inspirado por seu Anjo de Guarda veio ao seu auxílio. Espero que a filha volte ao seu lar, agora com a aura limpa e com um pouquinho mais de sabedoria, que plante sementes de compaixão, humildade e caridade, que, tenho certeza, irá colher paz, amor e muitas felicidades. Jornal Nacional da Umbanda ● página 12


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Ao cessarem as palavras de Pai Guiné a consulente, com lágrimas nos olhos agradece com sinceridade ao humilde e sábio Pai Guiné de Aruanda e sai do terreiro levando amor, um corpo espiritual limpo e uma certeza de ter encontrado a Luz. A cada vento que bate em seu rosto lhe trazendo paz, ela se lembra de que, nos momentos mais difíceis Pai Guiné lhe carrega nos braços, e que ele é o vento quem balança as folhas. Anaruê! Pai Guiné de Aruanda. Anaruê!

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A NEUTRALIDADE E A EVOLUÇÃO Mensagem enviada pela Cabocla Jurema da Praia Anotada por Carla Guedes E-mail: carlitcha_vell@hotmail.com

Neutro é aquele que não toma partido entre fatos antagônicos. Mas preste atenção, pois neutro não é o nada, e sim o equilíbrio. O ponto chave para que tudo transcorra normalmente. Basta olhar a sua volta. Não consegue enxergar a neutralidade? Isto se deve ao fato de que tudo que o homem toca se desequilibra. O homem acha que é o dono da criação, quando não consegue nem ao menos enxergá-la em sua totalidade, quando nem ao menos conhece seus mistérios. Retornemos à neutralidade. Você irá encontrá-la, longe do homem, bem longe. Naquela porção da mata a qual o homem nem sequer colocou os pés. Não existe muitos animais, nem poucos animais, existem os necessários. Não há poucas nem muitas plantas, existe a quantidade exata para alimentar as formas de vida que lá habitam. Aquele rio não está nem com muita nem com pouca água, está na quantidade que certamente irá servir a todos que lá vivem. Muitos ensinamentos são passados através da natureza, basta saber interpretá-la. Nela não existe nem muito nem pouco, ela está neutra, em perfeito equilíbrio. E é exatamente assim que o homem deve estar em todos os sentidos, neutro. Deve sempre buscar o equilíbrio, acima de tudo. Mas insiste em continuar correndo para o lado errado, buscando os bens materiais antes de qualquer coisa. O homem deve se permitir pelo menos uma vez ao dia, despir-se de vaidade e ambição, e observar a natureza. Ver que o equilíbrio é o

que garante sua evolução. Este equilíbrio que permite que as espécies continuem evoluindo, cumprindo sua jornada, como foi determinado pelo Pai Criador. O homem deve buscar na natureza, o equilíbrio que necessita em seu interior, para que assim transmute com sabedoria e assim alcance a evolução consciencial. Considerem minhas palavras, pois a mensagem que aqui vos passo, escutei lá no meio da mata. A NEUTRALIDADE E A EVOLUÇÃO Neutro é aquele que não toma partido entre fatos antagônicos. Mas preste atenção, pois neutro não é o nada, e sim o equilíbrio. O ponto chave para que tudo transcorra normalmente. Basta olhar a sua volta. Não consegue enxergar a neutralidade? Isto se deve ao fato de que tudo que o homem toca se desequilibra. O homem acha que é o dono da criação, quando não consegue nem ao menos enxergá-la em sua totalidade, quando nem ao menos conhece seus mistérios. Retornemos à neutralidade. Você irá encontrá-la, longe do homem, bem longe. Naquela porção da mata a qual o homem nem sequer colocou os pés. Não existe muitos animais, nem poucos animais, existem os necessários. Não há poucas nem muitas plantas, existe a quantidade exata para alimentar as formas de vida que lá habitam. Aquele rio não está nem com muita nem com pouca água, está na quantidade que certamente irá servir a todos que lá vivem. Muitos ensinamentos são passados através da Jornal Nacional da Umbanda ● página 13


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natureza, basta saber interpretá-la. Nela não existe nem muito nem pouco, ela está neutra, em perfeito equilíbrio. E é exatamente assim que o homem deve estar em todos os sentidos, neutro. Deve sempre buscar o equilíbrio, acima de tudo. Mas insiste em continuar correndo para o lado errado, buscando os bens materiais antes de qualquer coisa. O homem deve se permitir pelo menos uma vez ao dia, despir-se de vaidade e ambição, e observar a natureza. Ver que o equilíbrio é o que garante sua evolução. Este equilíbrio que permite que as espécies continuem evoluindo, cumprindo sua jornada, como foi determinado pelo Pai Criador. O homem deve buscar na natureza, o equilíbrio que necessita em seu interior, para que assim transmute com sabedoria e assim alcance a evolução consciencial. Considerem minhas palavras, pois a mensagem que aqui vos passo, escutei lá no meio da mata.

MALANDRO CARIOCA

Enviado por Carla Guedes.

E-mail: carlitcha_vell@hotmail.com

Ele foi um grande conquistador, curandeiro, pai-de-santo, foi um líder religioso que criou seu próprio ritual, atraindo muitos adeptos no século XIX. Seu nome? José Sebastião da Rosa, mais conhecido como Juca Rosa, o mais célebre e importante líder religioso que o Rio de Janeiro Imperial conheceu. Nasceu em 1833, filho de pais africanos, trabalhou como alfaiate e cocheiro antes de se tornar um líder em 1860, que veio a ser conhecido como Pai Quibombo. Viveu no meio da corte, na rua Senhor dos Passos no centro da cidade, a sua associação era misteriosa e para muitos, constituía-se em uma seita e para outros uma irmandade, provavelmente um pouco de cada. Pai Quibombo agregava diversos adeptos, tais como, escravos livres e libertos, capoeirista, políticos, ricos comerciantes e a elite branca e letrada. Com muito prestigio e jogo de cintura ele reunia indivíduos de diferentes camadas da sociedade em busca de seus preciosos e caros (seus trabalhos eram cobrados e o valor era alto, cerca de 60 mil réis cada consulta) conselhos, arranjo de casamento, quebrar feitiço, mau olhado e tantos outros. A maioria de seus clientes eram mulheres da alta sociedade, mas quem pertencia à classe menos favorecida se endividada com o pai ou vendia seus pertences para pagar a referida consulta. Seu nome se tornou um símbolo de liderança religiosa afro-brasileira, também conhecido como feiticeiro negro, que provavelmente não teve uma morte branca. Juca Rosa, também foi chamado preconceituosamente, de negrito e de galo preto (ele fazia sacrifício com galo preto em seus trabalhos), as publicações jornalísticas da época, diziam que ele era associado a práticas supersticiosas de pessoas ignorantes, que ele tinha uma posição importante entre o circulo de mulheres, vítimas O maior jornal umbandista, que queriam manter seus amantes. A conversão de adeptos acorria com dicomunica: versos rituais, música, dança e um juramento de fidelidade ao Pai Quibombo. As filiadas reco- Pedimos aos leitores que não nheciam que suas almas pertenciam ao Rosa, deixem de confirmar seu este se tornaria senhor de suas almas e corpos, cadastro no site: além de curas e conselhos ele era capaz de conseguir amantes ricos, como também castigar os jornalnacionaldaumbanda.com.br homens que as tratassem mal, podemos citar, como exemplo, a perda da virilidade ou que não para evitar que deixem de prestassem para nada até a morte. As filhas se receber o JNU pelo e-mail. sujeitavam aos prazeres da carne com o pai, justificavam seus atos pelo medo das ameaças Jornal Nacional da Umbanda ● página 14

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e do poder sobrenatural que “De uma coisa vocês (ortodoxo, reformista), católicos (jesuítas, beneditinos, o Pai Quibombo exercia sopodem ter certeza, a Umfranciscanos e inacianos), bre elas. espíritas, islã, culto a natu Juca Rosa, um negro banda não veio da mareza e o orixá, ancestralidaque em plena década de cumba de Juca Rosa.” de e animismo, entre várias 1860 conseguiu obter muito sucesso e dinheiro, convivendo com pessoas ri- outras. A religiosidade no Brasil e caracterizada cas e importantes da sociedade, e foi justamen- pelo sincretismo, mestiçagem de culturas, aste uma dessas pessoas da alta sociedade que o sim nasceu à religiosidade do povo brasileiro. denunciou a policia por envolvimento com diver sas mulheres e estelionato, não foi processado por curandeirismo ou feitiçaria, pois neste pe ríodo não eram considerados como crime, se gundo o código do Império. O processo criminal ao qual foi submetido obtinha aproximadamente 400 páginas. E é através deste processo que se constrói a história do misterioso feiticeiro negro. Fatos relacionados a Juca Rosa e os sujeitos sem posses ficaram muito mais documentados do que seu relacionamento com os podeNo meio deste grande entrosamento, foi rosos do Império. No dia 05 de julho de 1871, no tribunal do júri da Corte, dava-se inicio ao julga- que Rosa criou seu ritual, e neste culto o pai mento de um ilustre e controverso personagem Quibombo acolhia o capoeirista, que no Império eram caçados como marginais, e na capoeira da cidade de Rio de Janeiro. Nos anos de 1870 e 1871 o assunto rela- usavam um instrumento chamado macumba, cionado à Lei do Ventre Livre acalorava as dis- que emitia um som de reco-reco, este mesmo cussões no meu intelectualizado, e o discurso instrumento era tocado no ritual de Rosa, provajá deixava bem claro o que essa sociedade alva velmente os adeptos e simpatizantes falavam: pensava a respeito do povo negro, foram consi- vamos ver Rosa tocar macumba ou hoje é dia do derados boçais, inferiores, embrutecidos e peri- pai Quibombo tocar macumba, de tanto falarem gosos. “Europeu, como tal se perdia na incapa- o nome do instrumento que chamava a atenção cidade de reconhecimento do outro” (Souza e no culto, o nome do ritual do pai Quibombo passou a ser conhecido como macumba. Mello). De uma coisa vocês podem ter certeza, a Pai Quibombo foi condenado a seis anos de detenção, ficou na casa de correção da Cor- Umbanda não veio da macumba de Juca Rosa. te até 1877. Após sua liberdade se tornou um Como diz Sampaio (2000): Sem dúvida, as atividades de Juca Rosa guarda municipalista da cidade carioca. Desde que os europeus aportaram em se assemelhavam a várias práticas religiosas uma nova terra ao qual denominaram Brasil, ter- afro-brasileiras. Mas não é possível explicar tais ras de possessões demoníacas, aliás, o euro- rituais como mera continuidade de atividades repeu tinha desde tempos medievais um imaginá- ligiosas de regiões da África, nem do candomblé rio movimentado, a colônia nasceu sob o signo que florescia na Bahia, na mesma época, e para do demônio, e aportaram aqui nesta terra não onde Juca Rosa fazia várias viagens com objesó os portugueses, também os ingleses, holan- tivo de “se limpar”. Certamente, em terras baiadeses e africanos, na terra bestial os amerín- nas, Rosa consultava mestres e pais-de-santo, com o intuito de aprender a realizar algumas de dios. Segundo Freyre (1983) “Iniciada a colo- suas práticas. Da mesma maneira, a associação de nização do Brasil pelo esforço de portugueses, Rosa também não pode ser classificada como ao sangue do colonizador oficial logo se misturou livremente o de europeus das mais variadas algo idêntico ao Candomblé ou a Umbanda que procedências: ingleses, franceses, florentinos, se conhece hoje, ainda que se possa identificar algumas intimas semelhanças [...]. genoveses, alemães, flamengos, espanhóis”. Os mais céticos vão dizer, mais na Fede Juntamente com este povo veio a sua ração Espírita de Niterói não consta nada sobre religiosidade, tais como, luteranos, protestantes (pentecostal ou neopentecostal séc. XX), judeus o dia 15/11/1908 e muito menos sobre Zélio de Jornal Nacional da Umbanda ● página 15


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Moraes, para estes podemos dizer que na documentação do governo também não consta nada sobre o sistema escravocrata (diz à história que Rui Barbosa queria evitar contragolpe após a Lei Áurea, e mandou queimar toda documentação), a “branquitude” não queria uma história marcada de negritude, assim possivelmente, este fato histórico tenha sido eliminado dos registros, até porque, o caboclo das Sete Encruzilhadas, de imediato não foi aceito naquele recinto, foi considerado um espírito atrasado, assim como os índios e negros eram considerados pela sociedade branca, então a Umbanda veio para permitir que todos esses que foram marginalizados e discriminados, pudessem se manifestar prestando sua caridade, tais como, pretos velhos, ciganos, índios e as mulheres... Diante do exposto, podemos concluir que a Umbanda foi fundada e fundamentada pelo caboclo das Sete Encruzilhadas através do médium Zélio Fernandino de Moraes em 15/11/1908, a religião tem sua própria história, tem seu ethos, moral e ética. Umbanda é linda! Umbanda foi constituída de amor e paz, Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade, Umbanda de Oxalá. Salve o caboclo das Sete Encruzilhadas! Salve a amada Umbanda! Salve o Trono do Conhecimento!

MALANDRAGEM

Meu nome é Zé Pelintra, o Malandro. Por diversas vezes confundem a malandragem com mentiras, enganações; Relacionam com um estereótipo de pessoa que sabe fazer de tudo, não importa se bom ou ruim, para alcançar seus objetivos fúteis. Vou lhes dizer, meus caros, que a verdadeira malandragem, é buscar o conhecimento, assim fugindo das trevas da ignorância humana. Malandro é aquele que respeita ao próximo, evitando desavenças. Malandro é aquele que decide servir somente a Deus. Malandro também é aquele, que vive dentro dos conformes da Lei Maior e da Justiça Divina, porque sabe que responderá pelos atos que forem contrários a estas. Malandro sabe que sempre vai haver uma consequência para cada ação, seja ela positiva ou negativa. O Malandro tem consciência de que nem ao menos um suspiro seu deixa de ecoar na tela da Lei Maior e da Justiça Divina. O verdadeiro Malandro sabe fazer de tudo, sempre dentro das Leis Divinas, para alcançar o caminho de evolução e ascensão de retorno aos braços do Pai. Esse é o Malandro, cumprindo cada determinação do Pai Maior com todo o amor, humildade, respeito e reverência. Fonte: Revista de História da Biblioteca Nacional, nº 6 – ano 1- 2005.

OFERENDA À NATUREZA!

Por: Gerson JR – site: www.cantinhodefrancisco.com.br Na prática litúrgica da Umbanda, a oferenda é um dos atos mais sagrados de conexão entre fiel e Divindade. Toda religião tem sua prática ofertatória, quer seja uma fruta no Congá ou até uma nota de R$ 10,00 no envelope. Não importa, este é um ato de oferta, um ato de fé. E cada religião tem a sua leitura própria de como deve ser esta prática. Nas religiões naturais, de culto a Deus e Divindades na natureza, no geral estas religiões tem como pratica ofertatória a oferenda daquilo que vem da natureza, ou seja, flores, frutos, grãos etc. A Umbanda é uma religião natural, ela entende a natureza física como pontos de força, santuário natural, sítio sagrado ou mesmo casa dos Orixás. E encontramos variadas formas de oferendas, tem oferenda para tudo, para energização, para descarrego, para abertura de caminhos, para prosperidade, para amor e por aí vai. O fato é que oferenda está presente no dia a dia do Umbandista. Já que é tão comum o ato ofertatório, principalmente o depositado na natureza ou nos ponJornal Nacional da Umbanda ● página 16


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tos de forças, como: cachoeira, mata, bosque, mar, encruzilhada… fica a pergunta: o Umbandista foi sendo preparado para ter consciência ambiental ? Nunca se falou tanto em meio ambiente, efeito estufa, caos planetário como nestes últimos anos. Todavia se não fosse algo tão sério não se falaria tanto. Claro que podemos ajudar muito fazendo cada um a sua parte, como diminuir o tempo do banho, selecionar o lixo, diminuir o uso do carro, etc. Mas é realmente preocupante o que fazem por aí os Umbandista e demais religiões quando entram na natureza para uma prática e acabam profanando o espaço sagrado. É isso mesmo, profanando! Você já observou a quantidade de lixo que fica no pé da árvore? Na beira do rio? Assustado? Como é que falo lixo? Sim, é lixo mesmo! Este artigo vai ser assim mesmo, um tanto indigesto, é para provocar náuseas e quem sabe comecem a evitar que os Orixás continuem tendo que tolerar nosso lixo. Vamos à parte prática. Reflita comigo, ok? O conceito de oferenda é o ato religioso de interação do fiel com seu guia, Orixá e forças da natureza. Energeticamente a energia das oferendas é usada em beneficio de quem oferenda ou pra quem se destina, ou seja, quando uma oferenda é feita para terceiro. Magicamente é a movimentação de energias e elementais em beneficio próprio ou de outrem. Isso é a síntese pratica de como funciona a oferenda. A Umbanda é o culto à natureza e na oferenda colocamos tudo que é natural. Partindo deste pressuposto fica claro que o conjunto geral da oferenda deve ser um ato salutar para todos os envolvidos, ou seja, o fiel, a natureza e o Orixá. Pense: os pontos de forças naturais são as casas dos Orixás, como a mata está para Oxossi, o mar está para Iemanjá, as cachoeiras estão para Oxum, as pedreiras para Xangô, etc. Oferendar também é uma forma de presentear. Você gosta de receber presentes e eu também, porém, no final, a embalagem jogo no lixo e fico com o que é o presente. Sejamos práticos e objetivos. O saquinho plástico não é oferenda. A garrafa não é oferenda. Os descartáveis não são oferendas. O que é oferenda? As flores, as frutas, as bebidas e as comidas. Se a Umbanda vê a natureza como sagrado, logo deve preservá-la. Todo cidadão precisa de uma consciência ecológica para o exercício da cidadania, mas com o Umbandista a coisa vai mais longe, ecologia é preceito religioso, e isso significa muita coisa. O respeito com a diversidade ritualística que encontramos em nossa religião não pode ser confundido com tolerância aos abusos. Porém, antes de julgar precisamos orientar. Sei que existem muitos conceitos sobre oferendas e posturas dentro dos campos sagrados. Certa vez me falaram que tudo que entra na mata não pode sair, ou seja, aquelas dezenas de sacolinhas plásticas que serviram apenas de condutores materiais tinham que ficar lá. Os copos plásticos, garrafas e bandejas de isopor também. A justificativa: não tirar carrego da mata! Ora, ou aquele lugar é sagrado e como tal é benéfico ou é profano e prejudicial, temos que definir isso na mente. Pelo lado energético ou pergunto: o que vai me atrair negatividades. São as sacolinhas que por sinal são isolantes ou minha vibração mental e emocional? Se é a segunda opção, então qualquer ambiente me fará mal, certo? Então vamos descartar esta obrigatoriedade de poluir o espaço sagrado. Até porque esta pratica é mais atual do que parece. Os antigos zeladores do culto de nação e vertentes afros, anterior á Umbanda ensinavam que as oferendas deviam ser depositadas sobre folhas de bananeira, chapéu-de-couro (a erva) ou folhagens do Orixá ofertado. Isso é sabedoria natural, não existiam ainda campanhas ambientais. Mais que isso, eles ensinavam que para natureza só vai o que ela ofertava. Os elementos orgânicos se decompõem no solo e viram adubo, muitas vezes as sementes brotam e uma nova vida nasce naquele ambiente. Jornal Nacional da Umbanda ● página 17


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Contudo, hoje não vemos isso, o que encontramos são garrafas estilhaçadas ao redor de árvores, panos nobres servindo de toalha para o “banquete divino“ e muitos produtos descartáveis que não oferecem nenhuma utilidade. Além de cuidar do meio ambiente, precisamos zelar pela boa imagem da religião. Pois, para aqueles que não são adeptos, quando chegam em ambientes com estes “ restos “, criam uma imagem bastante distorcida do real significado das oferendas. Questão de Postura! Há algum tempo foi notícia em Porto Alegre – RS uma oferenda na beira do rio Guaíba contendo 77 cabeças de bode, claro que sabemos que não tem nada de Umbanda nisso, mas não foi isso que a mídia local divulgou. Também em Curitiba – PR foi proibido a entrada de Umbandista para pratica de oferendas numa reserva florestal, devido ao excesso de lixo não orgânico deixado na natureza e nem preciso citar as milhares de encruzilhadas diariamente forradas por elementos nada agradáveis. Muitas vezes estes excessos provém da Umbanda, no entanto já foi manchada a nossa imagem e precisamos de postura real e firme, no dia – a – dia do fiel Umbandista, aliado a divulgações e mídias como que realmente a Umbanda se porta em relação à natureza. Em São Paulo capital, dois cemitérios ganharam há seis anos um Santuário de Obaluaiê / Omulú para os fiéis promoverem seus cultos e oferendas. No entanto tivemos notícia que estes espaços serão desapropriados devido à depreciação do ambiente e a quantidade diária de animais mortos despejados ali. Precisamos erradicar o contra senso da má prática ofertatória. Para só depois conseguir mudar a imagem social. Fazendo a Diferença Foi preocupado com a violência urbana, privacidade e meio ambiente, que Pai Ronaldo Linares, presidente da Federação Umbandista do Grande ABC fundou há 30 anos o Santuário Nacional da Umbanda, um espaço que na origem era uma imensa pedreira e terra seca, hoje todo reflorestado com árvores tópicas, cachoeiras, rio e uma imensa área verde, onde o umbandista tem toda liberdade e privacidade para a realização de seus cultos e oferendas, inclusive em praças específicas para cada Orixá ou linha de trabalho. Hoje, 263 terreiros estão construídos nesta área e há 40 lotes disponíveis para aluguel diário aos interessados em fazer trabalhos na natureza. É aberto ao público geral sem restrições. Lá sim, você pode fazer uma oferenda com panos, pratos, descartáveis, vidros etc, pois o Santuário conta com uma equipe de funcionários responsáveis pela limpeza, a coleta é seletiva, o que é reciclado tem seu destino certo, o que é orgânico vira alimento para o minhocário que produz o adubo utilizado para o plantio de 300 mudas mensais e faz parte do reflorestamento da Mata Atlântica que o Santuário mantém. Pai Ronaldo informa que o Santuário tem um compromisso muito sério com o meio ambiente, por isso são feitas três coletas semanais de lixo, totalizando uma média de 8 a 10 toneladas de puro lixo. Não está incluso nesta conta os recicláveis, orgânicos e alguidares. Em épocas de festa chega coletar quase o dobro disso. Todo esse lixo vem das 2 a 3 mil pessoas que frequentam semanalmente o Santuário. O mais interessante é como se aproveita a maioria dos materiais que seriam lixo. Os alguidares são limpos e triturados para servirem de cascalho nas estradas internas do parque. Louças, pratos, copos etc, também são limpos, desinfetados e defumados pela Mãe de Santo, Dona Luiza, que separa tudo e encaminha para várias instituições de caridade. Já os recicláveis são selecionados pelos funcionários que dividem o lucro da venda destes produtos, que não é pouco, sai um caminhão por mês cheio de garrafas e até duas toneladas de plástico, papel e latas, se juntássemos tudo isso, o peso seria em média de 25 toneladas ao mês de “lixo”, evitado de ser despejado e destruir a natureza. Próximo à cachoeira tem uma placa de alerta os visitantes: “ O lixo traz o rato, o rato traz a cobra, a cobra traz a morte”. A limpeza das oferendas é feita sempre com o prazo mínimo de 24 horas após ser arriada. “O Umbandista não precisa de uma catedral como só o gênio humano é capaz de construir. Só precisa de um pouco de natureza, como só Deus foi capaz de criar“, frisa Pai Ronaldo. Jornal Nacional da Umbanda

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Em Juquitiba, também interior de São Paulo, a União de Tenda de Umbanda e Candomblé do Brasil, presidida por Pai Jamil Rachid construiu o Vale dos Orixás com o mesmo fim, porém, restrito aos filiados da federação. Pai Jamil afirma que, por mês, cerca que 2.000 filiados utilizam este espaço. Em Bauru – SP, a Federação Umbandista Reino de Oxalá, presidida por Pai Rubens Amaro, há oito anos fundou o seu “Vale dos Orixás”. Infelizmente, pelo tamanho do nosso corpo religioso são poucas as iniciativas para “privatizar“ santuários naturais e trazer conforto, segurança e ecologia para nossa comunidade. Mas se você reside distante destes espaços, se adapte e faça a diferença! Dicas de Bom Senso De forma geral os Umbandistas se utilizam da natureza pública, poucos tem acesso aos recintos privados, como citamos. Portanto, todos nós podemos adotar atitudes simples que resultam em grande impacto. Quando chegar ao ponto de força da natureza e definir onde irá arriar sua oferenda, priorize forrar o chão com as folhagens do ambiente. Coloque os elementos e comidas sobre as folhas. Dispense pratos ou coisas do tipo. Os líquidos coloquem em copos descartáveis. Acenda as velas e prepare tudo. Não há resultado em oferendas feitas às pressas, lembre – se que este é um ato sagrado e com dedicação deve ser ministrado. Então, faça as preces, cantos e pedidos com tranquilidade. Normalmente, na natureza, em 30 a 40 minutos as velas já queimaram. Ótimo, recolha as borras e coloque no lixo. Antes de sair, jogue o líquido dos copos ao redor da oferenda e os copos descartáveis vão para o lixo. Faça o mesmo com as garrafas e os demais elementos. Certifique – se que ficará na natureza apenas material não poluente. Seguindo esse preceito deixaremos de agredir a natureza sem perder o ato sagrado e ainda alegrar o Orixá. Não acenda as velas no tronco das árvores, você pode queima-las e causar um incendio. Conceitos de Oferendas e a Natureza No livro Rituais Umbandistas de Rubens Saraceni, pela Editora Madras, o autor cita na página 21 que “o ato de fazer uma oferenda ritual a um guia espiritual em um ponto de força abre – lhe a possibilidade de recorrer à própria hierarquia e às forças da natureza, tanto para auxiliarem seu médium como para socorrerem

as pessoas que atender“. Ele ainda complemente que “a oferenda ritual atua como uma chave de abertura e de religação do médium com o Orixá”. O espírito Ramatís no livro A Missão da Umbanda, editora do Conhecimento, na página 94 elucida que na cosmogonia das religiões africanistas, especialmente a ioruba, o ato de “arriar“ uma oferenda estabelece e perpetua uma troca de força sagrada entre dois mundos: o divino oculto e o profano visível. Tudo é energia e tem mais afinidade com este ou aquele Orixá. Essa energia deve estar sempre em movimento em ambos os sentidos: entre o plano concreto – material e o invisível – astral. Assim como a água em seu ciclo sucessivo de chuva, evaporação, resfriamento e degelo, a dinâmica de transferência energética é considerada essencial e parte da vida. Observamos dois autores que ao tratar das oferendas convergem no mesmo ponto. A grandiosidade e a sacralidade da oferenda e dos pontos naturais. Tempo de Indigestão da sua oferenda Material – Tempo de Degradação Alguidar – Indeterminado Louças ( Ibás ) – Indeterminado Lata de Alumínio – 200 a 500 anos Vidro – Indeterminado Isopor – Indeterminado Metal – 100 anos Garrafa Pet – 400 anos Copo de Plástico – 50 anos Bituca de Cigarro – 5 anos Papel – 3 a 6 meses Pano – 6 meses a 1 ano Sacolas Plásticas – 100 anos Tampinha de Garrafa – 150 anos Palito de Fósforo – 6 meses

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ENTREVISTA A RUBENS SARACENI

Enviado por: Mary Nogueira - ATUPO, Portugal. E-mail: nogmary@gmail.com No dia 24 de Outubro de 2011 o jornal Fundamento esteve no Colégio de Umbanda Sagrada, no bairro do Belém, S. Paulo, Brasil, à conversa com Rubens Saraceni, sacerdote, médium, escritor, fundador do Colégio de Umbanda Sagrada Pai Benedito de Aruanda e do Colégio Tradição de Magia Divina. Fundamento: É um pioneiro a nível da psicografia de romances umbandistas. Até então, só havia romances espíritas/ kardecistas. Quando e de que modo é que a psicografia entrou na sua vida? Rubens Saraceni: Ela entrou de uma forma subtil, porque primeiro comecei a receber mensagens (…) e usava para a aula no centro (…). Então, sempre que tinha que dar uma aula, eu sentava e escrevia tudo o que me vinha à cabeça. Eu fui juntando aquelas aulas, para depois reproduzir; isso começou em 88. Até 1990 eram sempre mensagens curtas, sempre orientadoras. Então foi em 1990 que eu sentei e comecei a escrever, a escrever. Pensei que era uma aula, aí não era uma aula e não parei de escrever até acabar o livro. (…) Naquele primeiro dia, eu escrevi até às duas horas da manhã. Não queria parar com medo de perder o fio à meada. Mas quando eram duas da manhã e eu já estava cansado, escutei, “Pode ir dormir que amanhã retomaremos daqui!” (…) fui dormir preocupado! (…) No outro dia, eu acordei, fiz as coisas que tinha que fazer no serviço e depois sentei e de facto começou no meio da frase. Aí eu peguei confiança! Escrevia o tanto que Pai Benedito queria me passar e depois ele me falava, “Agora vai fazer outras coisas!” (…) Fundamento: Quanto tempo demorou a escrever os três livros? (O Cavaleiro da Estrela da Guia) Rubens Saraceni: Os três? Foram trinta dias, porque eu tinha que trabalhar também! De dia eu tinha o serviço e de noite o centro, né? Porque nós trabalhávamos quase todos os dias no centro: segunda, quarta e sexta atendimento ao público. Naquele tempo eu tinha Centro lá no Jardim Ercília. Então foram dias de muita alegria, porque eu vi que não estava mais escrevendo mensagens. Aí ele começou a falar mesmo dentro da minha cabeça. Fundamento: Ele quem? Rubens Saraceni: Pai Benedito de Aruanda! Fundamento: É sempre o Pai Benedito de Aruanda que lhe passa as ideias, textos para psicografar? Rubens Saraceni: É ele que coordena tudo. O coordenador da psicografia é ele! Fundamento: E porque tantos romances sobre Exus? Tem o “Guardião da Meia-Noite”, “O Guardião dos Caminhos- a História do Senhor guardião Tranca-Ruas”, “Guardião das Sete Encruzilhadas”, etc… Se o seu mentor é um preto-velho, porque é que ele lhe passa tantos textos sobre os Exus? Rubens Saraceni: Justamente! Ele dizia e ainda diz que a linha da Esquerda é o calcanhar de Aquiles da Umbanda. E é por aí que os adversários batem forte. A ideia que se tinha e se tem de Exu é que na África e aqui, no Candomblé mais tradicional é que ele é um Orixá. Jornal Nacional da Umbanda

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Já a ideia que se tinha dentro da Umbanda é que Exu era um demónio. Na Umbanda, ele não tinha um campo definido, era a linha da esquerda, que tanto podia fazer o bem como fazer o mal, há livros de umbandistas associando Exu a demónios da Cabala Judaica, do Judaísmo e do Cristianismo! Então, quando o Pai Benedito falou: - “Temos livros de guardiões mesmo, regentes de linhas! E eu quero lhe passar as suas história e mostrar que eles não são demônios, são espiritos humanos que atuam na irradiação do Orixá Exu, espíritos humanos que atuam na irradiação de Ogum, de Oxóssi, quero falar desses Exus que se manifestam na Umbanda, todos eles passaram pela matéria, têm uma história; tudo bem que a história pode ser triste, mas são seres humanos, espíritos humanos que têm de ser entendidos! E o trabalho veio mesmo acontecendo, trazendo histórias desses guardiões. Então, o grande trabalho que Pai Benedito fez para a Umbanda foi resgatar justamente a esquerda! Fundamento: Falamos da esquerda, da entidade Exu. Pergunto agora sobre outras entidades: quem são os Mestres da Luz? Rubens Saraceni: Mestre da Luz é todo o espírito que tem uma responsabilidade com a humanidade de procurar sempre corrigir os erros e semear o saber onde impera a ignorância. Fundamento: Pode dizer-se que na Umbanda existem mestres da luz? Rubens Saraceni: Sim, não é uma classe de espírito específica. Quando nos referimos aos mestres da luz são os espíritos superiores, orientadores. Nesse sentido, não é uma classe específica, é uma forma de se referir aos espíritos que já têm uma responsabilidade para com a humanidade e são orientadores, uns de grupos menores, outros tanto de pessoas quanto de espíritos. Um guia espiritual que sustenta um centro é um Mestre de Luz, tem um compromisso! Não tem só o compromisso de trabalhar no médium dele, ele tem o compromisso de sustentar um ponto de reunião de médiuns (…). Então é um grau que se adquire no plano espiritual; eles são os preparadores do terreno para que as pessoas se reúnam e as suas forças possam se juntar e desenvolver um trabalho de auxílio ao semelhante. Então, todo o guia com um grau de sustentador de trabalho é um Mestre de luz. A Luz é o conhecimento, é o saber, a Luz é Deus, é o Orixá! (…) Fundamento: E o colégio de Magia Divina? Como surgiu? Rubens Saraceni: Nós fizemos uma separação, porque tínhamos os livros, os romances tipicamente umbandistas para criar uma literatura umbandista e criou-se. Graças a Deus e ao Pai Benedito teve sucesso. Hoje tem muitos médiuns escrevendo romances psicografados dentro desse universo religioso umbandista. (…) ninguém pode tirar o mérito ao Pai Benedito, porque antes isso não existia. (…) Então nós temos uma literatura umbandista que começou com Pai Benedito, mas temos um estudo voltado para a religião que fundamenta tudo o que nós praticamos, que começou também com ele, através dos livros didáticos. E, paralelo a esse trabalho, em 1999, começou o ensino da magia divina com a magia das velas, a Magia das Sete Chamas. (…) Então, a magia, na época, foi uma orientação para formar uma egrégora de 7.777 magos emanados numa egrégora para dar base ao que viria depois. Eu criei o Colégio da Magia à parte do Colégio de Umbanda. O Colégio da Magia cuida da magia e o da Umbanda cuida da Umbanda. Fundamento: Mas na Umbanda também há magia! Rubens Saraceni: Tudo o que você faz dentro de um centro de umbanda é magia e é realizador. A defumação é realizadora, o ponto cantado é realizador porque movimenta forças, a defumação movimenta forças, o ponto riscado movimenta forças, a dança de um guia espiritual movimenta forças, então na Umbanda tudo é mágico, tudo! Só que dentro de um sistema religioso. É isso que destaca a Umbanda e faz com que seja muito esmagada, perseguida mesmo!. Porque chega uma pessoa com a sua força espiritual, começa a incorporar o seu guia e aquele que traz uma mediunidade muito aflorada daqui a pouco tempo estará atendendo pessoas e o guia estará fazendo maravilhas. Aí vem alguém e diz: “Não! Quem é você que entrou agora e já está querendo atender os outros, está ajudando os outros?” Esquecem que quem está ajudando é o guia espiritual e que ele não começou a trabalhar no dia em que aquele médium começou a se desenvolver. O guia espiritual tem um histórico de séculos de ajuda à humanidade, não o seu médium. O médium pode ter um dia de umbanda, tem gente que entra a primeira vez, já incorpora, já Jornal Nacional da Umbanda

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dão charuto, água e já fica dando consulta. Não é o médium, é o guia que tem de ser visto ali. O médium precisa de receber preparo, o guia já o tem, já vem preparado. O médium precisa ser preparado sim para entender tudo aquilo. (…) O médium tem de ser preparado e ensinado para se situar nisso tudo e na hora de incorporar ele se doar por completo, para aí sim, o guia trabalhar. Querem confundir o médium de umbanda, que é o que cede o corpo para os espiritos guias com o do Candomblé, que tem que passar por muitas preparações porque lá ele está incorporando o Orixá dentro de um ritual religioso. O Orixá que incorpora nele não vai dar consulta. (…) Tudo bem que os guias espirituais da Umbanda já entraram dentro do Candomblé aqui no Brasil, porque os médiuns umbandistas que foram para lá levaram junto os seus guias. Fundamento: A Umbanda recebeu do Candomblé e agora está o Candomblé a receber da Umbanda! Rubens Saraceni: É, é a troca! É a restituição do bem, porque o Candomblé forneceu os Orixás, o conhecimento para a Umbanda e a Umbanda está pagando, enviando os guias espirituais para o Candomblé e no futuro vai estar tudo assim (ligando as mãos), tudo assim, porque a divindade não é uma só? É Orixá, não é? Se é Orixá no Candomblé, é Orixá na Umbanda! Orixá está regendo tudo! Tudo é o mesmo Orixá! É o mesmo Oxalá Universal, o mesmo Ogum Universal que está regendo tudo, apenas está separado em duas formas diferentes. Na umbanda, cantamos, louvamos os Orixás e trabalhamos com os guias; no Candomblé cantam e louvam o Orixá e giram incorporando-o Orixá. A troca vai continuar crescendo cada vez mais porque tudo é Orixá. (…) o mesmo nome que davam em Yorubá para Exu é o mesmo nome na Umbanda. É o mesmo Exu regendo tudo, todas as qualidades de Exu no Candomblé e todos os Exus de Umbanda. Se a divindade é uma só, então a divisão está sendo feita por nós e não do lado de lá! Fundamento: Por falar em qualidades, Oiá e Egunitá são qualidades de Iansã? Rubens Saraceni: No Candomblé Oyá é o orixá e Egunitá é uma de suas qualidades. Mas para nós, na Umbanda tudo é diferente! Veja, nós temos sete irradiações divinas, temos sete linhas de Umbanda que regem a Criação. Se só tinha sete linhas de umbanda, tinha mais Orixás que as sete linhas. A grande briga do passado foi essa: - As várias escolas de Umbanda no passado tinham dificuldade em acomodar tantos Orixás em apenas sete linhas, porque diziam que Ogum era uma linha, Oxóssi era uma linha, Oxalá era uma linha, Iemanjá era uma linha. Assim, começaram a sobrar Orixás. Então trocavam, tiravam um Orixá e colocavam outro e a espiritualidade mantinha esse segredo fechado a sete chaves. Fundamento: A sete chaves!!! Rubens Saraceni: Viu? O simbolismo está em tudo! Quando Pai Benedito começou a passar alguma coisa sobre as sete linhas, quem é que ficou surpreso? Eu primeiro, porque estava escrevendo quando ele falou: - Filho, as sete linhas não são sete Orixás, são sete irradiações divinas e em cada irradiação estão todos os Orixás: - Na Irradiação da Fé está Oxalá regendo o polo positivo e há um Orixá feminino, cujo nome não foi revelado, que polariza com ele nessa irradiação divina e está no seu outro polo. Só que esse Orixá não tem nome em Yorubá e não tem nome em português! Esse Orixá rege as eras, os ritmos, os ciclos da Criação e está associado ao tempo cronológico, aos ciclos da vida do ser humano, o ciclo de dias, de uma semana, etc. É nesse sentido de tempo que este Orixá faz par com Oxalá, na chamada Irradiação da Fé. Ele rege a Fé do ser humano, Ela direciona a religiosidade. Então, ele falou: - Nós precisamos dar um nome para o orixá que ocupa esse polo receba todo um culto e as pessoas saibam a quem se dirigir! Como não tem nome, coloque aí Oiá-Tempo! Depois, chegou ao polo da irradiação da Justiça Divina, que é a Irradiação de Xangô, a quarta Irradiação na linha da umbanda. Ela tem Xangô assentado no seu polo masculino e no outro polo tem outra divindade feminina, que também não recebeu nome em Yorubá. Não tem o nome revelado. Ela entra naquela classificação dos Orixás não nomeados. E aí ele falou: - “Tem um nome”. “Por empréstimo, pegue Egunitá”! A divindade Iansã permiJornal Nacional da Umbanda ● página 22


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te, porque essa qualidade dela é muito semelhante a essa Orixá do Fogo que faz par com Xangô, porque essa divindade do fogo é purificadora dos negativismos. E a Iansã Egunitá é que faz esse trabalho. Então, usou-se o nome dela por empréstimo para dar o nome a essa divindade que não tinha seu nome, e não tem até hoje, revelado. E por mais que eu tenha falado na época que eram nomes emprestados, muita gente se fez de surdo! Fundamento: Será que entenderam? Rubens Saraceni: Entenderam sim! Não tem besta nesta história! É má intenção! Tudo malintencionado! Estava escrito com todas as palavras: - A 1ª irradiação divina, a irradiação da Fé, na regência do polo passivo, masculino, positivo está Oxalá; e no polo negativo, feminino e ativo está uma divindade não nomeada à qual estamos dando, por empréstimo, o nome de Oiá! Isso está escrito em todos os livros onde aparece o nome Oiá (ou Egunitá), aparece a explicação de que este nomes esta identificando uma divindade não nomeada dentro da teogonia iorubana. Isso está tudo explicado nos livros. Os que aceitaram esses nomes estão sendo ajudados, cantam para Oiá, vem uma corrente gigantesca de espíritos que se manifestam numa gira quando cantam para Oiá. E, tal como acontece quando cantam para Iansã, vêm as Iansãs ou suas caboclas. Se cantar para Egunitá vêm outras, que são seres diferentes pertencentes a dimensões diferentes. Isso está tudo explicado nos livros. No “Código de Umbanda” explica, na “Gênese Divina de Umbanda explica! Só que os que leram e assimilaram e foram atrás, viram que é verdadeiro. Mas tem os outros que já tinham livros escrito e que não tinha nada daquilo, principalmente autores que (e eu falo com a boca cheia!) autores que tinham escrito livros que não tinham fundamentos, viram tudo aquilo e falaram: - “E agora? Vai tudo por água abaixo? Esse aqui enterra o meu?” E enterrou! (…) Estou cansado de ver pessoas mal-intencionadas ou ignorantes falarem mal de uma obra que trouxe tanta respeitabilidade à Umbanda! E é isso! Fundamento: E assim terminamos esta conversa com Rubens Saraceni, que tão gentilmente nos recebeu e acarinhou! Apesar de tudo o que foi dito, podemos dizer que soube a pouco, pois a vontade era de ficar horas conversando com este Mestre de Umbanda que, através dos seus livros, dos seus cursos e de toda a sua obra, tanto tem contribuído para a formação dos médiuns umbandistas e para o esclarecimento do público em geral sobre os fundamentos e práticas da nossa querida Umbanda! Bem haja, Pai Rubens Saraceni!

O MISTÉRIO, O ORIXÁ E A LINHA DE TRABALHO EXU. Escrito por Fernando Sepe

Meu compromisso é trazer em pauta o esclarecimento sem conceito ou preconceito PAZ A TODOS - Parte 2 Exu é, sem sombra de dúvida, a divindade mais incompreendida de todas. Taxado muitas vezes de diabo ou demônio, Exu é cultuado em muitas e muitas culturas com outros nomes. Aqueles que o cultuam, o adoram e gostam muito dele tem uma visão muito diferente das pessoas que não o conhecem. Quando se fala em Exu, estamos falando em um dos três aspectos em que ele se manifesta . Podemos dizer que, acima de tudo Exu é um Trono da Vitalidade, uma divindade que vitaliza toda Criação dando força e vigor para tudo se realizar. Esse Trono da Vitalidade é cultuado em muitas culturas com nomes diversos. Na África ele é cultuado como Exu, quem vem do Yorubá e quer dizer esfera, mas é também cultuJornal Nacional da Umbanda

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ado em muitos outros povos, sendo Loki para os nórdicos, Seth para os egípcios, estando presente em Shiva dos hindus, em Hermes e Dionísio dos gregos e podemos dizer em todas as divindades ligadas à procriação. Percebemos então que ele é uma força divina da Criação e que está em tudo, sendo cultuado em todas as culturas. Esse é um aspecto do “mistério” de Exu. Na África esse orixá recebeu o nome de Exu e todo um culto em seu nome foi sistematizado. A Exu foi consagrado o “Ogó” e este virou o seu símbolo de poder. Ele foi e ainda é uma divindade cultuada pela sua força e vitalidade, além de muitas vezes estar ligado ao vigor sexual. Apesar disso, para melhor compreender esse Orixá é necessário que se entenda que ele não atua apenas no campo da procriação, mas sim, em todos os campos de nossa vida, nos vitalizando quando estamos apáticos em algum sentido e nos desvitalizando quando nos excedemos em outro. Exu também nos cultos afros é considerado o mensageiro dos Orixás, sendo aquele que traz aos homens a mensagens das divindades, ou seja: - dos Orixás. Apesar disso é cultuado como um Orixá da mesma “grandeza” de todos os outros. Em suas lendas e em seu arquétipo humano, achamos talvez o “mais humano dos Orixás”. Muito dual Exu traz em si a luz e as trevas e isso é demonstrado em seu arquétipo ora benevolente, ora cruel. A ele também é atribuído um ótimo senso de humor (com sarcasmo, claro!), além de muitas vezes ser o causador de confusões. Apesar disso é retratado como muito esperto e inteligente. Esse é o Orixá Exu. Na Umbanda, Exu, além de Mistério e Orixá é principalmente “linha de trabalho”. Nela muitos espíritos incorporam e prestam a caridade dando o nome de exus. Para entendermos essa linha vejamos: -Um espírito encarna e em sua vida carnal, comete erros e se torna uma pessoa desvirtuada, criando um verdadeiro inferno consciencial dentro de si mesmo. Quando ele desencarna é atraído e vive esse “inferno” pessoal. Depois de algum tempo seu negativismo se esgota e ele sente a necessidade do trabalho para resgate. Então nessa hora entra a linha de trabalho Exu dando condições a esse espírito de trabalhar para o Criador, dentro de suas condições, e assim voltar novamente a caminhar rumo a Ele. Esse espírito torna - se um “Exu de Lei” (espírito humano que traz a força e qualidades desse Orixá) e dizemos que assenta - se a esquerda de um Orixá ao qual ele responde e trabalha. Assim esse espírito começa a fazer um trabalho específico dos Exus no astral denso, trazendo a força do Orixá Exu e de mais um Orixá ao qual ele responde e ao qual ele também acessa e fundamenta suas forças. A maioria dos Exus que conhecemos tem essa história. Mas é importante entendermos que muitos espíritos denominados Exus já alcançaram um grande grau de evolução consciencial, mas continuam trabalhando nas trevas densas por escolha própria e por achar que lá ele serve melhor ao Criador e aos Orixás. Também temos alguns casos de espíritos muito elevados que nunca tiveram uma “queda” nem passagem por nenhum plano astral denso, mas que também por opção assenta - se nas trevas densas e lá começa a fazer todo um trabalho de sustentação da Lei e de resgate. (os livros O Guardião da Meia Noite e o Guardião Tranca Ruas, de Rubens Saraceni e editados pela Madras Editora mostram esses dois caso). Exu então é Guardião, verdadeiros “policiais” do astral inferior, contendo ataques oriundos do baixo astral, protegendo as casas que realizam trabalho espiritual de qualquer tipo. São também grandes desobsessores, realizando desobsessões dificílimas e recolhem e manipulam facilmente energias densas, sendo muito bons para o “descarrego” e limpeza espiritual, além de cortarem e desmancharem as nefastas magias negativas. Resumindo, Exu normalmente segura muito bem a BUCHA! São grandes trabalhadores, muito protetores também. Tem um jeito muito humano e tudo que tem que falar, falam na cara, não mandando recado. Também fazem maravilhosos trabalhos de cura. Utilizam como elementos magísticos os cigarros, velas (preta e vermelha basicamente podendo ser utilizadas outras como a branca, roxa etc), charutos, pinga, pólvora (fundanga), punhais, pedras, ervas, etc. Temos Exu em todas as sete vibrações e que respondem por cada um dos Orixás. Jornal Nacional da Umbanda ● página 24


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Através da interpretação dos seus nomes simbólicos chegamos a qual força e em qual campo eles trabalham. Deixamos claro aqui que Exu não é o diabo nem o demônio, títulos esses que muitas religiões querem dar a ele. Também não é aquela manifestação ridícula de um espírito que baba, rosna e só sabe falar palavrão. Também, dentro da Umbanda em hipótese nenhuma se utiliza DO SACRIFÍCIO ANIMAL OU SANGUE COMO ELEMENTO MAGÍSTICO” (AQUI NÃO ESTAMOS CRITICANDO, APENAS DEIXANDO CLARO QUE ISSO NÃO É PRÁTICA DE UMBANDA). Também, de forma alguma Exu, dentro da Umbanda, se presta a trabalho de magia negativa. Por isso o chamamos de Exu de Lei, pois trabalha dentro da Lei da Criação e dentro da Lei Religiosa de Umbanda, sendo assim, NUNCA SE PRESTANDO PARA TRABALHOS NEGATIVOS DENTRO DE UM VERDADEIRO TERREIRO DE UMBANDA! Essas são as características e as manifestações de Exu. Escrevi resumidamente e muito pode ser falado sobre esse assunto. A todos sugiro que, caso o consigam, leiam o “Livro dos Exus” e o “Guardião da Meia Noite”, dois livros psicografados por Rubens Saraceni que explica muito bem esse mistério divino. Laroyê Exu! Exu Mojubá! -

PIPOCA

Enviado por Ronaldo Figueira http://9misticos.wordpress.com

O milho das espigas menores é que vem a ser o milho escolhido para se tornar pipoca, ou como alguns diriam “flor de Omolu”. Para tanto, é necessário ser levado ao fogo, passar pelo óleo quente, pois só assim é capaz de estourar a “casca” que aprisiona essa linda flor. Todos nós queremos brilhar; todos nós queremos beleza, perfeição, plenitude. Mas quantos estão dispostos a serem levados ao fogo? O calor da vida parece que nos maltrata! Mas a casca tem de ser tirada. Precisamos renascer e florescer. Aflições, medos, angústias; quanta dor e por que tudo isso? Tudo que é doloroso tem sua razão de ser. Existe no universo uma força que tudo comanda, que tudo enxerga e que tudo vê. Até quando parece que o caos está ali instalado, ainda existe a ordem a circundá-lo. Porque você, caos, está rodeado pela ordenação do universo. Você não existe por si só. Ainda que você queira adentrar em minha Não deixe de nos enviar suas vida, saiba que você está cercado. matérias, textos e informações so- Há, há, há! Uma gargalhada sórdida sai de minhas entranhas, pois no memento, bre festas e cursos. não tenho forças para sorrir. Mas tenho Colocaremos no jornal virtu- forças para viver, pois sou indestrutível. E al e no site do jornal para consulta quando pensas que vai me aniquilar, aí é aberta a todos que visitarem a pa- que te enganas. Surgirei como uma flor de Omulú, Debugina. Lembrando que ao enviar sua ru (o milho de pipoca), que é levado ao fogo, é banhado em óleo quente, estoura matéria, não se esqueça de colocar a casca e salta! seu nome, e autorização para divul- Salve a Força Maior do Universo Salve o Filho da Luz. Atotô gação.

Matérias para o Jornal

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SAÚDE E COMPORTAMENTO OS 10 ALIMENTOS MAIS SAUDÁVEIS DO MUNDO

Enviado por Jose Edson – e-mail: edsonervas@hotmail.com O nutricionista e psicólogo americano Jonny Bowden esteve no ano passado no Brasil para lançar o livro “As Refeições mais Saudáveis do Mundo”. Com doutorado em nutrição pela Universidade Clayton pela Saúde Natural, ele se dedica há mais de duas décadas à pesquisa dos alimentos e aqui enumera quais são os dez mais saudáveis do mundo e que deveriam fazer parte do nosso cardápio diário: 1 - Sardinha: É rica em proteínas e possui minerais essenciais, como magnésio, ferro e selênio, que têm ação anticancerígena. Esse tipo de peixe também ajuda o organismo a liberar o mercúrio e tem altas concentrações de Ômega 3, um tipo de gordura “boa”, essencial para o funcionamento do cérebro, do coração e para a redução da pressão arterial. As sardinhas são chamadas de “comida saudável em lata” por Bowden, que aconselha que sejam compradas as preservadas no próprio óleo ou em azeite, quando não puderem ser consumidas frescas. 2 - Repolho: As folhas do vegetal contêm grandes concentrações de substâncias antioxidantes e anticancerígenas chamadas de indoles e sulforafanos. Uma pesquisa da Universidade de Stanford, nos EUA, apontou que o sulforafano é a substância química encontrada em plantas que mais eleva o nível de enzimas anticancerígenas no organismo. 3 - Folha de beterraba: Geralmente jogada fora, é rica em vitaminas, minerais e antioxidantes. Contém carotenóides, pigmento natural dos vegetais que ajuda a proteger os olhos contra o envelhecimento. Bowden também afirma que a beterraba em si também é um dos alimentos mais ricos que existem. As folhas podem ser comidas cruas na salada ou refogadas, como espinafre. 4 - Açaí: Em suco ou misturado à comida, como é feito no norte do país, o açaí é uma das Jornal Nacional da Umbanda

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frutas com maior concentração de antioxidantes. Também é rica em gorduras monoinsaturadas e poliinsaturadas, que são benéficas e auxiliam na redução do colesterol ruim e na prevenção de doenças cardíacas. Para Bowden, os brasileiros que não consomem a fruta frequentemente desperdiçam a bênção que a natureza lhes proporcionou. 5 - Goiaba: Rica em fibras, minerais e vitaminas. Também possui grandes quantidades de licopeno, o mais antioxidante entre todos os carotenóides. O licopeno auxilia na prevenção do câncer de próstata e reduz os riscos de surgimento de catarata e doenças cardiovasculares. 6 - Cereja fresca: Tem altas concentrações de antocianina, um anti inflamatório natural. Deve ser comida ao natural ou misturada com iogurte ou vitaminas. 7 - Chocolate meio-amargo: Rico em flavanóides, que diminuem a pressão sanguínea e promovem o bom funcionamento do sistema circulatório, tem altas concentrações de magnésio, um mineral importante para mais de 300 processos biológicos do organismo. 8 - Frutas oleaginosas: São as castanhas, as nozes e as amêndoas. Bowden afirma que todas trazem inúmeros benefícios, apesar do elevado teor calórico. Possuem muitos minerais, proteínas e altos níveis de ômega 3 e ômega 9. 9 - Canela: Ajuda a controlar o nível de açúcar e de colesterol no sangue, o que previne o risco de doenças cardíacas. Para usufruir dos benefícios da especiaria, basta polvilhar um pouco de canela em pó no café ou no cereal matinal. 10 - Semente de abóbora: É uma grande fonte de magnésio. Esse mineral é tão importante, explica Bowden, que estudiosos franceses concluíram que homens com altas taxas de magnésio no sangue têm 40% menos chances de sofrer uma morte prematura do que aqueles com baixos índices. Para consumi-las, toste-as no forno e coma-as por inteiro, inclusive com a casca, que é rica em fibras. Fonte: matéria publicada na revista Época. “OS LIMITES SÃO FÍSICOS. AS LIMITAÇÕES SÃO MENTAIS.” “Nossa atitude diante da vida não depende necessariamente do que se passa em volta de nós, e sim do que se passa dentro de nós”. “Sua vontade é soberana. Sua intimidade é um santuário do qual só você possui a chave. Preservá-la das investidas das sombras e abri-la para que o sol possa iluminá-la só depende de você.” Pense nisso.

AVISOS CULTURAL

Espetáculo “Alabê de Jerusalém”. O espetáculo “Alabê de Jerusalém”, de Altay Veloso, que estreia em Agosto no Teatro Clara Nunes, todas as terças e quartas às 21h. A ópera, mas conta a história de Ogundana, um africano que viveu há mais de 2000 e conheceu Jesus Cristo. Hoje, ele volta como um preto-velho para contar essa história, sob a ótica da cultura africana. O DVD da ópera foi lançado em 2005 com a participação de grandes nomes da MPB e do teatro, como Lenine, Ivan Lins, Alcione, Bibi Ferreira, Margareth Menezes, Adriana Lessa, Isabel Fillardis, Jorge Vercillo, Leny Andrade, etc. Jornal Nacional da Umbanda ● página 27


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A ópera teve sua primeira apresentação no Canecão em 2005, dois anos depois no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 2007, no ano seguinte no Vivo Rio e Citibank Hall. E depois de 3 anos, Altay Veloso volta aos palcos o Alabê de Jerusalém, desta vez, com um novo formato, novas músicas e nova direção.

É um espetáculo dirigido por Jayme Periard.

“Alabê” estreia no dia 07 de agosto de 2012 no Teatro Clara Nunes (shopping da Gávea) às 21h. É uma temporada curta, durante todo o mês de agosto e setembro, todas as terças e quartas-feiras às 21h. Informações: Bárbara Velloso Fones: (11) 99929-8618 / 2606-2112 / 2604-3206

Bar Templo

A última segunda-feira de cada mês a partir das 19h00 é de SARAVA SEU ZÉ PILINTRA e a primeira dose de pinga é por conta dele. Toda última segunda-feira de cada mêsvenha cantar com fé aqueles sambas saldando seu Santo ou seu Orixá com o Projeto Samba de Jorge no Bar de todas as crenças. Homem: 25,00 Mulher: 20,00 Rua Guaimbé, 322 - Mooca - São Paulo Informações: (11) 2601.1441 / 981054700 / 4305.3119

1ª FESTA AFRO-BRASILEIRA DE SÃO BERNARDO DO CAMPO Homenagem a XANGÔ Ginasio Paulo Cheidde (Baetão) Rua Dona Julia Cesar Ferreira, 270 - Baeta Neves São Bernardo do Campo - SP Entrada: 1 kg de alimento não perecível Informações: (11) 968771448 Jornal Nacional da Umbanda

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LANÇAMENTO

Novo livro de Rubens Saraceni.

Esta obra contém todo o material dado no Sacerdócio de Umbanda por Rubens Saraceni, conteúdo de aulas, apostilas do último curso realizado no Colégio de Umbanda. Local e horario: Estande da Madras na Bienal do Livro Dia 12 de Agosto, às 14h00 Livro: Umbanda – Rituais de Amaci com Oferendas e Orações Da escritora Domitilde Aparecida Pedro, é fundamental para que templos, terreiros, casas de caridade e centros de Umbanda conheçam um pouco mais sobre obrigações e oferendas, tendo como objetivo a apresentação de mais uma opção fundamentada de trabalho para os sacerdotes.

Colégio de Magia

Rua Irmã Carolina, nº272 Belenzinho - São Paulo Fone: (11) 2796-9059 E-mail: contato@colegiodemagia.com.br

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ÚLTIMA PAGINA

VAMOS SAIR DA IGNORÂNCIA EM NOME DOS ORIXÁS

Por: Alexandre Cumino Deitam e rolam com os nomes de exu e De tempos em tempos aparece algum caso de crime relacionado com Magia Negati- pomba gira, usam e abusam! As pessoas continuam procurando um va, associado ao mal, chamado vulgarmente de atalho, um caminho mais fácil para externarem Magia Negra. De tempos em tempos vemos associa- seus negativismos acumulados. Elas não querem alguns destes crimes à Umbanda, ao Can- rem dor, não querem crescer, não querem assumir seus atos, não querem ser conscientes, domblé ou aos Cultos Afros em geral. São crimes bárbaros, macabros mesmo, querem apenas satisfazer os sentidos viciados com mortes de crianças e estupros, motivados no mundo das ilusões, das paixões que as arpelo que há de pior e mais baixo no ser humano. rastam para atitudes emocionais, animalizadas Enquanto nós ficamos aqui dizendo que e instintivas. Ainda se vê na figura do médium um poisto não tem nada a ver com Umbanda, Can- domblé e Cultos Afros, os criminosos, presos, der de manipular vidas! Um poder de manipular o destino, um pose identificam com estas nossas amadas religi- ões e ainda dizem fazer pactos com satã, demô- der que pode ser comprado, negociado. nio, quando não colocam os nomes sagrados de NÃO EXISTE OUTRA SAÍDA PARA A RELInossos guias e orixás no meio de seus crimes GIÃO, É PRECISO MUDAR O SENSO COMUM, É PRECISO ALCANÇAR O INCONShediondos e passionais. SABEMOS que nossa religião é linda, CIENTE COLETIVO! E A UNICA FORMA É COM EXEMPLOS que não faz pactos, que não existem demônios E NÃO APENAS COM PALAVRAS. em nossos cultos. Há anos, venho batendo na mesma tecla: Um consulente pode apenas frequentar um terUmbanda é Religião e só pode fazer única e ex- reiro, sem ter a mínima idéia do que seja a Umbanda. clusivamente o bem! Enquanto isso, pessoas que nem têm Um consulente, um simples frequentador, pode idéia do que seja religião continuam abusando se denominar católico, ateu, à toa e o que quide nossos fundamentos e valores de forma ne- ser…Este consulente pode, sim, ele pode ser totalmente ignorante… gativa e invertida. UM MÉDIUM NÃO PODE SER IGNO O conceito sobre religião está totalmente banalizado e distorcido, qualquer um cria uma RANTE!!! UM MÉDIUM E PRATICANTE DE UMnova religião e faz o que quer com ela, esta é a BANDA É FORMADOR DE OPINIÃO, SEMverdade. Sempre lembro a primeira definição de Umban- PRE!!! O MÉDIUM É O TEMPLO DA RELIda dada por seu fundador, o primeiro umbandis- ta, Zélio de Moraes e a sua entidade, o Caboclo GIÃO!!! NÃO PODE SER O TEMPLO DA IGNORÂNCIA!!! das Sete Encruzilhadas: -- Umbanda é a manifestação do espírito para a Umbanda não é e não pode ser para pessoas ignorantes. E aqui fica bem claro o sentido e sigprática da caridade! Enquanto isso, no próprio seio da Um- nificado da palavra ignorante: aquele que ignora banda, convivemos com praticantes que não algo. Não se pode praticar Umbanda de forma têm a menor idéia de quem foi ou o que fez o ignorante, sem saber o que está sendo praticaprimeiro umbandista. Pessoas que “dirigem” terreiros, que se deno- do. Quando não estamos bem, e todos nós minam sacerdotes (pai de santo, mãe de santo, passamos por momentos e períodos de negapadrinho, madrinha…) e proíbem seus médiuns tividade, é o conhecimento, a razão, que nos mantém dentro de limites e parâmetros seguros. de estudar! O medo e a ignorância são portas aber- O médium ignorante torna-se uma porta aberta para as trevas. tas para as trevas interiores e exteriores. E vamos continuar vendo casos e mais É aqui que o EGO, a vaidade e os vícios mais casos em que a ignorância rouba, assalta, denibaixos do ser humano se instalam. E todos os dias vemos anúncios de pessoas gre o nome da umbanda e de nossas entidades. oferecendo “serviços” de magias negativas em COMO VAMOS MUDAR ISSO? nome de nossos sagrados valores, de nossa re- Ignorância se vence com conhecimento e estudo… ligião, de nossos guias e orixás. Jornal Nacional da Umbanda

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