Revista HNB Abril

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EDITORIAL

Muitas pessoas têm medo de mudanças. Algumas sentem insegurança ao buscar caminhos diferentes ou receio de sair de sua zona de conforto. Porém, pra gente, mudar é algo que nos faz crescer. O aprendizado e trabalho diário abrem nossos olhos e nos fazem entender que, você e nós, queremos e precisamos - cada vez mais – de coisas novas. Por esse e outros motivos é que, nessa edição, nos despedimos da Have a Nice Beer. A partir do próximo mês, você vai conhecer nossa nova marca que chegará cheia de energia para experimentar e democratizar (muito mais) as cervejas em todo Brasil. Um projeto que enxerga o que os outros ainda não percebem e acredita que a diversão é um estado de espírito. Nosso novo site oferecerá ainda mais rótulos e produtos, com um formato de comunicação - reformulação em toda revista, blog, mídias sociais e atendimento - e mais benefícios para os associados do novo clube de cervejas. E isso é só o começo, aliás, o nosso objetivo é aproximar você, cada vez mais, da cultura cervejeira. Empolgação por aqui não falta! Estamos a mil com a finalização de cada detalhe, planejando os próximos passos, pensando sempre no que é melhor para você, até porque já somos bons amigos e, juntamente com a Wine.com.br, tornaremos nossos momentos ainda mais especiais, brindando com você pelos quatro cantos do mundo. Isso e mais novidades sobre o passo a passo dessa nova etapa, você vai conhecer nas próximas páginas dessa revista. Cheers, Equipe Have a Nice Beer

Colaboradores

Danilo Rolim

Diego Cartier

Juliana Gelbaum

Rita Michalsky

Léo Leitão

A turma boa que ajudou a fazer mais uma edição da revista Have a Nice Beer

Alessandro Garcia

Flávia Chaves de Oliveira

Alexandre Petillo


ÍNDICE

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Evento Tudo sobre o Festival Brasileiro da Cerveja, que agitou Blumenau, SC

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Futebol, mulher, cerveja: um papo sério com o jornalista Xico Sá

Viagem Veneza francesa: um bucólico passeio pela bucólica Annecy

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Entrevista

Sinapse Na tela e no copo: encontro de rótulos das geladas e os filmes do Oscar

03 - Editorial

24 - Indicações do BeerHunter

05 - Foto do Leitor

28 - Fome & Sede

06 - Por Dentro da HNBox

37 - Cosmoporita

12 - Na Cozinha

40 - Você Sabia?

22 - Som e Cerveja

42 - Em Maio

Coisas de Londres No prato: fish & chips e outros clássicos de pub

HAVE A NICE BEER Editora-chefe Leticia Rocha Editor de arte/ Projeto gráfico Marcos Lobo CONSELHO EDITORIAL Ingrid Gonçalves Madu Melo Natalia Goldring Ricardo Flores Riccardo P. Rossi COLABORADORES: Alessandro Garcia, Alexandre Petillo, Antônio Carrion Ana Rüsche, Bia Pennino, Danilo Rolim, Diego Cartier, Felipe van Deursen, Flávia Chaves de Oliveira, Giulia Moretti, Juliana Gelbaum, Léo Leitao, Rita Michalsky, Sady Homrich e Sanmy Moura. Have a Nice Beer - Santiago e Lemos Comércio de Bebidas S/A - Rua Comendador Alcides Simão Helou, 1478 - Serra/ ES - CEP 29168-090 IMPRESSÃO Grafitusa

Fernando Ribas


FO LEITOR social@hnb.com.br Inglesas aprovadas: o assinante Paul Campos se surpreendeu com a Gamma Ray do clube de fevereiro

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Clicou. Postou? Compartilhe o seu momento com a gente: social@hnb.com.br

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@haveanicebeer

@haveanicebeer


POR DENTRO DA HNBOX Por Sanmy Moura

Você sabe como a gente adora desafios e buscar novos caminhos é uma maneira de nos renovarmos e experimentarmos o inusitado, quem sabe o extraordinário. O importante mesmo é que mesmice é algo que abominamos! Sempre buscamos sentir a adrenalina, procuramos coisas mais legais e pensamos fora da caixa. Por esse e outros motivos é que anunciamos: estamos de mudança! A partir de maio, você vai conhecer nossa nova marca que chegará cheia energia e animação, pronta para democratizar - muito mais - a experiência e a cultura cervejeira no Brasil. Juntamente com a mudança da marca, vamos reformular nossa loja online, revista, comunicação e atendimento para darmos início a um novo caminho a ser seguido ao seu lado, aliás, bons amigos estão juntos em todos os momentos. Todas essas novidades fazem parte, também, da nossa união com a Wine.com.br - a maior webstore de vinhos da América Latina. Essa

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junção já vinha acontecendo desde 2013 e foi finalizada ano passado, integrando os sistemas operacionais e a equipe, para oferecermos mais inovação, seguirmos com novas metas e realizarmos o brinde perfeito entre cerveja e vinho. Nosso objetivo é aproximar, cada vez mais, a marca de cerveja com a do vinho para mostrarmos aos nossos clientes que somos um único grupo - cada uma dentro do seu segmento de negócio - com um objetivo maior: selecionar, indicar e entregar os melhores rótulos do mundo para você brindar momentos mais do que especiais. Estamos crescendo e o nosso desafio tem se tornado cada vez maior, aliás, queremos sempre entregar as melhores cervejas para você, onde quer que você esteja em nosso enorme Brasil. Agora é só esperar para ver e se surpreender com todas as (boas) novidades que virão por aí.


Por Flávia Chaves de Oliveira*

FESTA

NACIONAL

Se para alguns brasileiros o ano começa após o carnaval, para os cervejeiros o marco no calendário se dá mesmo é depois do Festival Brasileiro da Cerveja, encontro que anualmente em março, reúne especialistas e consumidores para debater, expor e trocar informações sobre universo da cevada. O evento, que em 2015 comemorou a sexta edição, aconteceu como manda a tradição na cidade de Blumenau, SC. O local escolhido foi a Vila Germânica, parque construído para abrigar feiras e eventos, como a já conhecida Oktoberfest. Com cerca de 119 expositores, entre cervejarias e stands relacionados ao mercado da bebida, foi palco de novidades do segmento, tais como acessórios, matérias-primas e equipamentos para a produção de rótulos artesanais. No leque de atrações, ainda divulgação de cursos, palestras com especialistas e shows culturais. No cardápio, comida típica alemã e dicas de harmonização entre petiscos e as cervejas que compõem o cardápio da festa. Neste capítulo, são mais de 600 rótulos, entre eles alguns inéditos e outros criados apenas para a ocasião, vendidos com preços acessíveis.

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NO PÓDIO

para a Berliner Rye Cupuaçu, gelada que segue um estilo típico alemão e ousa, na fórmula um ingrediente típico do norte do país.

Em paralelo com o evento, particularmente um dia antes do início do festival, é realizado o Concurso Brasileiro de Cervejas. A iniciativa, que tem o objetivo de elevar e promover a cultura e a qualidade dos rótulos brasileiros, faz a eleição das cervejarias brasileiras do ano. Premia também as melhores em cada estilo. Para tanto, mais de 400 cervejas de cerca de 80 estilos, são provadas por júri formado por figuras importantes do meio no cenário nacional como como Carolina Oda, Eduardo Passarelli, Marco Falcone, Raphael Rodrigues, além de personalidades internacionais como Melissa Cole e Randy Mosher. Ao lado da análise técnica, essa é uma oportunidade ímpar que o visitante tem de degustar uma seleção tão especial de geladas brasileiras. Depois de muitas provas, eis o veredito: a Tupiniquim, de Porto Alegre, RS, levou a medalha de melhor cervejaria do país, empresa que já ganhava visibilidade no mercado após parcerias com a dinamarquesa Evil Twin. Dentre uma variedade de seus rótulos, vale citar a Polimanga, uma versão da já conhecida Double IPA Polimango, que como o nome sugere, leva adição de manga, o que a torna num exemplar cheio de brasilidade e personalidade única. A melhor cerveja do país foi a Basilicow, produzida pela Seasons, também fabricada na capital gaúcha. A Morada Companhia Etílica, nosso clube do mês de março, recebeu medalhas de ouro, prata e bronze, respectivamente, com os rótulos Hop Arábica, Gasoline Soul e Kölsch. Destaque também

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Outros parceiros e cervejarias que já estiveram presentes no Clube HNB foram destaques na premiação. E faturaram medalhas como, por exemplo, os jovens cervejeiros da Barco, que levaram a prata com a Ça Va, uma Saison refrescante e bem elaborada com cominho, coentro e o famoso lúpulo tcheco Saaz. A Coruja levou a prata com a Coice, uma Lager escura com adição de pau de canela. A já aclamada BodeBrown voltou para casa mais de dez medalhas, entre elas um destaque para o bronze da intensa e complexa Tripel Wood Aged 2014 Merlot, uma versão da Tripel Monfort envelhecida por doze meses em barris que anteriormente abrigavam vinhos da uva Merlot.

Vale lembrar que o festival não se resume a provar vários rótulos e conhecer a rota cervejeira de Santa Catarina. Trata-se de uma ocasião para se orgulhar do cenário cervejeiro, que cresce a cada dia no país e vem atraindo olhares a nível mundial pela qualidade, criatividade e inovação. A cada dia, ganham espaço novos rótulos e matériasprimas, e vêm à tona histórias, culturas, sabores e aromas. E isso é mais que um motivo para abrirmos uma e brindar com muito orgulho.

* Flávia Chaves de Oliveira é beer sommelier da Have a Nice Beer.


CERVEJA DO MÊS

Por Giulia Moretti

Imagine um lugar todo ancorado na história. Nos resquícios, na trajetória, na evolução: todos os passos marcantes que ajudam a contar a trajetória da Saint Sylvestre, a francesa que estrela o Clube HNB deste mês, são pontuados por muita recordação. Isso, leia-se não só saudosismo e sim fatos marcantes que foram importantes em contextos globais. Por exemplo, a Revolução Francesa (1789-1799). No caso, registros mostram que a propriedade que ocupa a empresa em questão, já abrigava uma cervejaria que possivelmente teria sido fundada pelos idos de 1600, ou seja, bem antes do famoso período social e político vivido pela França e que se dissolveu por todo continente europeu. Alguns dados oficiais apontam para domínio familiar iniciado por Louis Devriere, que começou e em 1860 e por três gerações, seguiu até cerca de 1920, período que coincide com a Primeira Guerra Mundial. Nesse tempo, foi que começaram a desaparecer toneis de madeira, que passaram a ser substituídos pelos os de metal, ao mesmo tempo em que as fábricas ensaiavam o processo de envase em garrafas. Começa aí a transição e a expansão além da região dos três montes- Noir, Cassel de des Cats, ao norte francês, quase na fronteira com a Bélgica, graças à também chegada de um pouco mais de estrutura e de transportes motorizados. Mudam também ideias e pensamentos, um dos cervejeiros da família faz um curso em Nantes e decide investir em novidades, tais como o uso de baixa fermentação e a construção de uma sala de fabricação de cerveja, espaço que é ativo até hoje. Com tamanhas inovações para a época e para a região- um vilarejo de cerca de mil pessoas, a cervejaria cresceu muito entre 1966 e 1980, pós Segunda Guerra Mundial. Daí, veio a ideia de redescobrir cervejas tradicionais, explorar os famosos lúpulos locais e os maltes de produtores vizinhos. E desse plano, nasceu a Tres Monts, rótulo emblemático da empresa e que, claro, compõe a seleção do BeerHunter Diego Cartier para o Clube HNB deste mês. Como o nome já ajuda a esclarecer, faz menção aos três montes que cercam a Saint Sylvestre e traduz na bebida a leveza do local. “Dourada, robusta, com destaque para as notas maltadas, picantes e toques frutados. Maravilhosamente amarga e seca, com leve dulçor”, pontua o especialista. Na sequência, veio a Gavroche, cerveja que é outro ícone e faz parte da história da cervejaria. Sua fórmula data de 1997, é um exemplar de guarda – tal como a anterior – e tem um belo equilíbrio entre malte e lúpulo, com notas de caramelo, frutas, ervas, tostados e condimentados. “Refere-se a um garoto generoso e rebelde do conto Os Miseráveis, de Victor Hugo”, conta Cartier.

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Por Danilo Rolim*

Para acompanhar as estrelas francesas do Clube HNB deste mês, do estilo bière de garde, a sugestão parte para a vertente clássica do país europeu. E ao lado do pilar tradição e harmonização, os preparos são daqueles que surpreendem e são bem fáceis de fazer. Para começar, vale destacar que tais rótulos ‘de guarda’ combinam muito bem com queijos. Daí, justifica-se a escolha do Croque Monsieur, um dos sanduíches mais famosos da França. A receita, apesar do nome pomposo, nada mais é que um misto quente, coberto com molho branco bem espesso, queijo ralado e gratinado. Se você completar com um ovo frito por cima do misto, eis que nasce uma versão da receita, o Croque Madame. O cardápio de abril segue com a quiche, uma torta com recheio à base de ovos e creme de leite e sem cobertura, originária da fronteira da França com a Alemanha. Seu próprio nome tem origem na palavra alemã “Küchen”, que significa torta. Pensando nas geladas e no ingrediente sugestivo no casamento bebida e comida, a receita é preparada com o queijo, em uma espécie de creme, que leva ainda alho-poró, ovos e leite. Algumas variações clássicas que também funcionam aqui são chucrute com lombo salgado; cebola, anchovas e azeitonas; e o mais famoso deles, chamado de Lorraine, é de bacon e queijo.

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Receita de Croque Monsieur Rendimento: 4 porções - 50 g de manteiga - 30 g de farinha de trigo - 400 ml de leite - 8 fatias de pão de forma - 150 g de presunto cozido - 250 g de queijo tipo gruyère, emmenthal, prato ou estepe - Sal, pimenta-do-reino e noz moscada

MODO DE PREPARO 1 - Derreta a manteiga em uma panela em fogo médio. Assim que espumar, adicione a farinha e misture, continuamente, até que o aroma da farinha se torne levemente tostado, mas sem escurecer (cerca de um minuto). 2 - Deixe esfriar um pouco fora do fogo e acrescente o leite frio. 3 - Volte ao fogo misturando, sem parar, até que ferva e engrosse. 4 - Tempere com sal, pimenta e noz moscada a gosto; reserve coberto. 5 - Prepare os mistos-quentes com fatias de queijo, presunto e pão com manteiga. 6 - Doure-os levemente numa frigideira e transfira para uma assadeira. 7 - Cubra cada sanduíche com uma boa quantidade de molho branco e queijo ralado e leve ao forno preaquecido em temperatura média até que o queijo esteja derretido.

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Quiche de alho-poró Rendimento: 8 porções Massa - 350 g de farinha de trigo - 150 g de manteiga - 1 colher (chá) de sal - 1 ovo - 50 ml de água Recheio - 30 g de manteiga - 2 talos de alho-poró fatiados - 150 ml de leite - 150 ml de creme de leite - 3 ovos - 50 g de farinha de trigo - 200 g de queijo tipo gruyère, emmental, prato ou estepe ralado

MODO DE PREPARO 1 - Prepare a massa misturando a farinha e o sal. 2 - Adicione a manteiga e misture bem com os dedos até que fique com aparência de areia grossa. 3 - Acrescente o ovo e misture. 4 - Então, adicione água aos poucos enquanto incorpora à massa, mas sem sovar. 5 - Assim que estiver uma massa uniforme e consistente, cubra e deixe descansar na geladeira por, pelo menos, 30 minutos. 6 - Para o recheio, refogue o alho-poró na manteiga, temperando com sal e pimenta, até que esteja macio; deixe esfriar bem. 7 - Em outro recipiente, misture o leite, o creme de leite, os ovos e a farinha; mexa bem e tempere com sal, pimenta e noz moscada. 8 - Para montar, abra a massa já descansada com um rolo de macarrão até a espessura de meio centímetro. 9 - Transfira cuidadosamente para uma forma de torta de cerca de 3 cm de profundidade e 30 cm de diâmetro. 10 - Ajuste bem a massa e retire o excesso. 11 - Sobre a massa, coloque o alho-poró refogado e já frio e cubra-o com queijo ralado e a mistura de leite e ovos. 12 - Leve ao forno preaquecido a 220 C° e asse por cerca de 40 minutos ou até que esteja dourado.

* Danilo Rolim é chef, formado pelo Instituto Paul Bocuse, na França. Em São Paulo, é responsável pela curadoria do Butantã Food Park. Cervejeiro assumido, aqui carrega o desafio de aproximar a bebida ao universo da cozinha. Esteja ela no copo ou na panela!

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ENTREVISTA Por Alexandre Petillo

Cabra marcado para viver Um dos mais importantes nomes do jornalismo brasileiro, Xico SĂĄ dedica seu talento Ă algumas das melhores coisas da vida: futebol, mulher e cerveja


Cena 1. Redação de uma grande emissora de TV do Brasil, alguns anos no passado. Três homens conversam, eu escuto ao lado. Os três colegas jornalistas analisam um texto de Xico Sá sobre a fragilidade do homem moderno. Os três concordam com o argumento do colunista e arrematam: “Xico Sá é a principal cabeça pensante do país”. Ato contínuo, conto essa cena para Xico que, de bate pronto, responde: “pra tu ver onde esse país chegou”. Se a resposta pode lhe parecer uma falsa modéstia, você está errado. Xico Sá é assim, um cara simples, um cabra que vive a vida, ri de si mesmo e de tudo, sempre disposto a conversar, combustível fundamental para quem vive de contar histórias. É um cronista da mesma linhagem de Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Lourenço Diaféria. Gente que vive e extrai suas ideias da observação de homens e mulheres comuns, no seu dia a dia prosaico, atos que viram poesia mais tarde em suas linhas. Diante de seu sorriso largo e cativante, qualquer um conta suas histórias mais secretas. Aprendeu com Leminski: “Pra quê cara feia? Na vida, ninguém paga meia”. Nascido no Crato, no Ceará, foi jovem enfrentar a lama e o caos de Recife, Pernambuco. Dali o mangueboy vestiu terno e gravata, afiou o satélite na cabeça e se tornou repórter de política na Folha de S. Paulo. Na capital paulista, morava na região da Augusta quando essa rua ainda tinha máfama. Ali aprendeu muito sobre o amor e a vida conversando com as moças que davam expediente na noite. Esse gosto por conversar com gente comum lhe deu uma certa vantagem para conseguir informações interessantes sobre figurões e políticos brasileiros. Foi com esse faro que o jornalista descobriu o paradeiro de PC Farias, tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello quando eleito Presidente da República, em 1989, e depois foragido. Hoje, Xico mora no Rio de Janeiro e não poderia ser em outro bairro senão Copacabana. Ai de ti, Copa. Cena 2. Minha casa, minutos antes de começar a escrever esse texto. Dona Beth, uma senhora de 68 anos, empregada fiel do meu lar, vê o “Livro das Mulheres Extraordinárias” ao lado do computador e faz uma confissão: “Seu Alexandre, dia desses fiquei esperando o senhor acordar e li esse livro. Adorei. Queria eu um dia ter um texto desse sobre mim. O senhor não me dá esse livro?”. Claro, Dona Beth, pode levar. A palavra de Xico deve ser propagada. Cena 3. Vila Madalena, São Paulo. Marquei de encontrar Xico em um bar, reduto de literatos paulistanos, pra gente conversar de um novo projeto. Não foi possível. Uma fila de moças entre 19 e 45 anos esperava pra dar um beijo, ouvir uma palavra adocicada com aquele sotaque ou, somente, tirar uma selfie com o homem. Xico se divertia com tudo aquilo, sem subir no salto. Ficou pra depois.


Esse é o menino do Crato. Da infância no sertão, sem luz elétrica, passando pelo “homem de crediário” da Mesbla, para os bastidores da política e, agora, multitarefas. Fala sobre seu Santos e futebol em geral no canal SporTV – alguns meandros desse assunto aprendeu com outro gênio da bola e da cerveja, o amigo Sócrates, com quem compartilhava a apresentação do “Cartão Verde”, na TV Cultura. Sobre a vida no “Saia Justa”, do GNT. Sobre sacanagem, vez por outra, no “Amor & Sexo”, da Globo. E sobre tudo na sua coluna semanal do jornal El País. Um filme, baseado no seu livro “Big Jato”, dirigido pelo pernambucano Claudio Assis (“Amarelo Manga”, “Febre do Rato”), deve estrear nos cinemas ainda esse ano. Um cabra marcado pra viver bem. No meio disso tudo, Xico arrumou um tempo para conversar com a revista Have a Nice Beer. Afinal, como dizia seu velho amigo e xará, Chico Science, “uma cerveja, antes do almoço, é muito bom pra ficar pensando melhor”.

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HNB - Já se acostumou com o fato de estar se tornando o “Chico Buarque da crônica”, o escriba que mais entende a alma feminina? Xico Sá - Só não me acostumei ainda com essa lenda por não acreditar de fato nela. Não que não ame a referência do xará Buarque. Prezo. Sim, continuo na minha obsessão de entender, no mínimo dialogar, com a alma das mulheres. Afinal de contas com a ‘macharada’ é fácil, basta um Corinthians X Santos pra gente tirar uma onda.

prosperem, me digam alguma coisa, virem livros, filmes etc.

HNB - Você faz sucesso com as mulheres. “50 Tons de Cinza” faz sucesso com as mulheres. Tudo isso na teoria. Mas na prática, o metrossexual cheio de creminho ou o machojurubeba?

Xico - Ah, sim, fico me coçando para escrever diariamente, mas foi importante ficar seis meses, depois de quase 30 anos de jornalismo, sem escrever todo dia. Reli, estou voltando melhorzinho, eu creio.

Xico - Macho-jurubeba hoje e sempre. Mas não tem essa de fazer sucesso com as mulheres, talvez eu viva de escutá-las, ouvi-las, sejam amigas, amantes, amores ou simplesmente as primas depois do expediente. HNB – Pegando essa sua resposta e filosofando um pouco, você acredita que a razão de seus textos fazerem tanto sucesso com as mulheres é por que você as escuta? Acha que falta um pouco de compreensão, de troca, de conversa, entre os homens com as mulheres - ainda que de nós com as amigas, de ouvir, bater papo? Xico - Sou um obsessivo nessa arte de escutar as mulheres, observar cada detalhezinho, as entrelinhas, os pedidos guardados, os gestos, as queixas, vivo disso. É o que me interessa. Quem quiser que cuide dos machos, meu destino é ouvir as fêmeas. HNB - “Big Jato” logo chega nas telas do cinema. É um cara ansioso? Como está o sentimento de ver uma obra sua transportada para essa outra arte? Xico - Rapaz, vou fazendo um bocado de coisa ao mesmo tempo e acho lindo que elas

HNB – Você está de volta a crônica semanal no jornal El País, depois de seis meses sabáticos. Estava com saudade?

HNB – Essa revista fala de cerveja e para quem gosta de beber cerveja. O quanto do que você já escreveu nasceu depois de alguns copos? Xico - Tudo, né? Como canta meu primo e cantor brega piauiense Roberto Muller: “Se o amor, nasceu de uma cerveja / outra cerveja beberei para esquecê-la”. HNB – Gosta das cervejas artesanais? São um bom acessório para as noites de conquista? Xico - Gosto demais, o sabor é melhor e a ressaca não mata. Até porque hoje as cervejarias industriais não fazem cerveja, fazem pipoca, quase tudo milho e sobra de cereais. Pipoqueiros, não cervejeiros. HNB - A gente sempre costuma ter uma visão romântica da nossa juventude, de vez em quando cai na armadilha de repetir “no meu tempo era mais legal”, mas você não acha que as relações humanas - de todas as formas - estão mais complicadas hoje? Xico - Fora essa mania maluca de tá todo mundo no celular, mesmo com a mesa de bar cheia, é tudo a mesma confusão de sempre.

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Da estante: os livros de Xico Sá “Paixão Roxa” - Editora Pirata “Chabadabadá” - Editora Record “Big Jato” – Editora Companhia das Letras “Divina Comédia da Fama” - Editora Objetiva “Nova Geografia da Fome” - Editora Tempo d’Imagem “Modos de macho & Modinhas de Fêmea - Editora Record “Caballeros Solitários Rumo ao Sol Poente” - Editora do Bispo “La Mujer És un Gluebo da Muerte” - Editora Yiyi Jambo, Paraguay “Se um Cão Vadio aos Pés de uma Mulher-abismo” - Editora Fina Flor “Catecismo de Devoções, Pornografias” - Editora do Bispo

Intimidades

&

“O Livro das Mulheres Extraordinárias” – Editora Três Estrelas/Publifolha “Tripa de Cadela & Outras Fábulas Bêbadas (contos)” - Editora Dulcinéia Catadora

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SOM E CERVEJA

Por Sady Homrich*

Quem acompanha minha trajetória sabe que comecei a fazer cerveja em casa praticamente ao mesmo tempo em que comecei a tocar bateria, nos idos de 1983. Eu nem sabia se seria um hobby, pois pensava em fazer carreira em Engenharia Química, curso que comecei dois anos antes na PUC-RS. A banda – o Nenhum de Nós - teve seu início formal em 1986, contados a partir do show de estreia no Bar Bangalô, em Porto Alegre, RS. E logo no ano seguinte gravamos o primeiro long-play, aquele que tinha a canção Camila Camila - que 25 anos depois virou cerveja produzida pela Bamberg. A partir daí comecei a me tornar um baterista com hobby de engenheiro químico, recebendo o diploma em 1989. E aplicando os conhecimentos técnicos ao amor dedicado à cerveja. Naquela época o hobby favorito da galera era fotografia e esportes. Quem não tinha muito jeito pras quadras, pistas ou tatames pendiam para o lado da foto. Amigos das mais diversas áreas batalhavam para ter uma máquina bacana – Nikon, Canon, Leica, etc – e gastavam horas revelando os filmes e ampliando negativos manualmente. E isso tinha um custo importante, desde as emulsões com sais de prata à sala escura com a indefectível luz vermelha – pois o filme preto e branco não é sensível à baixa frequência encarnada, passando pelo projetor e insumos. A sequência era mais ou menos assim: coloca o filme na máquina, bate 24 ou 36 fotos, tira o filme da máquina, abre o rolo no escuro e coloca na solução reveladora. Espera um pouco, dá um banho de interrupção e de fixador, enxágua, seca o negativo; amplia no papel fotográfico e corta. Eu olhava toda aquela traquitana e via rolos de filme, reagentes químicos e tempo desperdiçados em fotos sem foco e mal iluminadas, quase incompreensíveis, até que o fotógrafo pegasse a manha e conseguisse traduzir seu olhar em arte, em busca de uma granulometria, textura ou contraste que os laboratórios comerciais não ofereciam. Hoje é uma barbada! Errou? Clica no ‘delete’ e bate outra. Quer dicas de máquinas e técnicas? Corre pro Google. Encheu a memória? Descarrega ou troca o cartão. Com o valor de um rolo de um bom filme inglês Ilford 135 mm ASA 400 de 36 poses dá para comprar um SD Card de 16 Gb, no qual cabem centenas de fotos de boa resolução. Sem contar o compartilhamento, que permite um amigo ver sua foto do outro lado do planeta em uma fração de segundos, se o 4G funcionar... Bater foto ficou muito mais fácil, mas o olho do fotógrafo ainda faz a diferença! Qual o novo hobby trabalhoso que agora é moda em quase todo o mundo? Fazer cerveja em casa! Panelas, fermentadores, moedor, mangueiras, chiller, sacos de malte, lúpulo, leveduras, fogareiro, termômetro, air-locks, densímetro, garrafas e uma série de miudezas que são adquiridas a cada nova brasagem e têm sido o tema de rodas de conversas por todos os bares cervejeiros. Me dei conta que, dentre as minhas relações (fora do mundo cervejeiro) sempre tem alguma referência próxima: primo, irmão,

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amigo, colega ou o próprio interlocutor está se dedicando a produzir a própria cerveja, buscando uma bebida exclusiva e com sabor diferente. De certa forma é uma volta ao passado, pois em todo o Brasil dos séculos XIX e XX, especialmente onde houve colonização europeia, em muitos lares havia produção da bebida. A vida era dura e os produtos industrializados eram caros para os colonos, que ganhavam pouco com muito trabalho. Valorizavam seus ganhos e não podiam gastar a esmo. Então recriavam as receitas dos antepassados, com as adaptações necessárias, para poder beber cerveja nos encontros festivos. As histórias mais recorrentes falam daquele tio, que no meu caso era o Leopoldo, abrindo a garrafa de cerveja, e a tia - no meu caso a Ema - abaralhando** com uma bacia o líquido que jorrava a um par de metros de distância. Sempre exageravam na dose de fermento, que era o mesmo que usavam no pão, e qualquer elevação na temperatura da adega provocava um pipocar de garrafas estourando. Hoje, esse hobby cria paixões arrebatadoras pela bebida produzida e muitos cervejeiros caseiros que começaram seus experimentos durante a década passada, já são proprietários de microcervejarias. Não vamos longe, as três melhores cervejarias do Brasil de acordo com o júri do Concurso Brasileiro de Cervejas 2015, são empreendimentos que começaram na cozinha de casa: Bodebrown, do Paraná, está em 3º lugar; Seasons Craft Brewery, do Rio Grande do Sul, no segundo posto: e a Cervejaria Tupiniquim, também gaúcha, lidera o ranking. Na lista das três melhores cervejas do ano também segue a mesma lógica, apontando as paranaenses RedCor Ryequeoparta e Bastards Brewery Jean Le Blanc, respectivamente, como terceira e segunda colocadas, com a Seasons BasiliCow, do Rio Grande do Sul, coroando o pódio. Por esses motivos, as microcervejarias têm se aproximado dos cervejeiros caseiros para aprender com sua liberdade e inventividade, fazendo concursos para eleger a melhor caseira em determinado estilo e produzi-la em escala maior ou chamando a galera pra brassagens coletivas. Disponibilizam cursos teórico-práticos e desenvolvem gestão sensorial. Enfim, uma simbiose produtiva. Por todo o país, temos Associações de Cervejeiros Artesanais - as ACervAs – cujos membros se reúnem em torno de seu hobby, dividindo informações, ministrando cursos e realizando concursos regionais. Anualmente, fazem um concurso que, a cada edição, tem se consolidado em termos de qualidade e diversidade. Este ano, chega à décima edição e já tem data e local definidos: será de 4 e 6 de junho, em Porto Alegre, RS. Associe-se e envie sua amostra (informações no link no final desta coluna). Claro que, assim como os fotógrafos iniciantes, inúmeros homebrewers como eu tiveram bateladas intragáveis de cervejas que tomamos pela honra de não desperdiçar malte, lúpulo e suor sagrados. Mas, afinal, é assim que se começa. Depois de atingir a excelência nas panelas, muitos passam a sonhar em ter sua própria cervejaria, mas quando se deparam com a realidade brasileira acabam adiando sua saída da informalidade. A carga tributária injusta e irreal aliada às dificuldades burocráticas para se manter uma empresa por essas bandas, causa muita dor de cabeça e inviabilizam o negócio. A paixão faz com que alguns se desdobrem para continuar o sonho. Sempre que penso neles agradeço de coração, dou-lhes os parabéns e peço: que a fonte nunca seque! ** abaralhar, do dicionário gauchês, significa ‘aparar com as mãos, agarrar, pegar, não deixar cair ao solo’. Mais em acervagaucha.com.br/index.php/eventos/concursos/ item/124-10-concurso-nacional-das-acervas

* Sady Homrich pegou gosto pela cerveja nas rodas de família. Hobby que conseguiu seguir, tranquilamente, nos ambientes de trabalho: é engenheiro químico por formação e baterista da banda Nenhum de Nós.

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INDICAÇÕES BEERHUNTER Por Diego Cartier*

Brewdog Punk IPA, 660ml * Diego Cartier é conhecido no meio cervejeiro como um Beerhunter. O motivo? Está sempre caçando cervejas pelo mundo. Volta sempre para casa cheio de bons rótulos e muita história.

Notas frutadas intensas de maracujá, kiwi, lichia, pomelo e toques maltados de caramelo conferem ao rótulo personalidade, equilíbrio e delicioso amargor. O final é seco e pede mais um gole.

preços válidos até 31/04 ou enquanto durarem os estoques

Corre, corre, corre! R$ 31,90 Associados Clube HNB têm 10% de desconto

nicebeer.me/kingsbarco

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St. Feuillien Tripel, 750 ml

Belga intensa e muito frutada. A coloração âmbar, muito característica, é ‘culpa’ dos maltes nobres e o sabor apurado, da refermentação na garrafa. Versátil, é uma bebida que transita bem do verão ao inverno, ou seja, perfeita para estações intermediárias como o outono.

Nørrebro Bryghus Stuykman Witbier, 400 ml Uma Witbier dinamarquesa feita com trigo orgânico. Leve, refrescante e intensa. Notas condimentadas e cítricas de laranja e limão. O diferencial fica por conta dos toques de damasco e flores. Uma cerveja elegante, saborosa e fácil de beber.

R$ 53,00

R$ 21,00

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nicebeer.me/ftripel

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Williams Bros Joker IPA, 500 ml

Trata-se de uma complexa mistura criada a partir de quatro diferentes lúpulos e sete maltes. De coloração dourada, ganha pelo aroma floral e de cedro; e no paladar tem o equilíbrio perfeito entre a doçura e amargor.

Birra del Borgo Duchessa, 330 ml

Exemplar italiana do estilo Saison, produzida com espelta (uma linhagem primitiva do trigo), é complexa e, ao mesmo tempo, daquelas de ótimo drinkability. Dourada e elegante, é suavemente picante e traz flores e frutas.

R$ 25,30

R$ 22,00

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nicebeer.me/indiajoker

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nicebeer.me/beerduchessa


Rogue Yellow Snow IPA, 355 ml

Nómada Tundra, 330 ml

Criada para celebrar as Olimpíadas de Inverno de 2000, em Salt Lake City, nos Estados Unidos, se tornou uma das cervejas mais apreciadas da Rogue em solo americano e no mundo. Leve e fácil de beber, carrega notas cítricas, herbais e final levemente picante.

Espanhola com base na escola belga que conquista pela leveza, refrescância e cremosidade. Uma Saison bem marcada de limão, laranja, ervas e flores. Na boca surpreende com uma leve acidez e intenso toque frutado.

R$ 19,00

R$ 27,70

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nicebeer.me/yellowipa

nicebeer.me/beertundra

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FOME & SEDE Por Giulia Moretti



O outono chegou e com ele, a promessa de dias mais amenos e aquele ventinho na janela. Clima que, depois de tórridos dias de verão, convidam ao aconchego e, nesse quesito, a cozinha pode ser o melhor recanto da casa. Ponto de encontro para reunir amigos para um bom papo, regado a brindes e, claro, comida boa. Mas, se pensar o cardápio já te faz desistir de ir para a cozinha, a solução é apostar em pratos únicos, daqueles que fazem bonito, pedem uma panela só e levam menos de meia hora para ficar pronto. Como um belo risoto, por exemplo. Apesar do prato por aqui ter fama de sofisticado é fácil de fazer, o clássico italiano, não leva tempo e nem pede habilidades culinárias de expert. Tanto é que, em sua terra de origem, é prato do dia a dia, exemplar máximo da cozinha caseira. Tal como o nosso arroz aqui e os icônicos ‘mexidos’ que salvam a vida quando não tem nada na geladeira, o tempo (ou até a grana) são curtos. A prova disso está no beabá enumerado por um expert no assunto: Alejandro Titiuniki é um italiano, claro, e roda o mundo na tarefa de fazer o livro “Guida Gallo’, que reúne os 100 melhores risotos do mundo. Para a regra número 1 do especialista, está o tipo de grão: arborio, carnaroli ou vialoni nano- 400 gramas servem bem seis pessoas. Levar o arroz seco mesmo para refogar com cebola e manteiga. E mexer com colher de pau. Quando estiver douradinho, é a hora de colocar o vinho branco para flambar (a gosto, mas uma taça é suficiente) e deixar até evaporar. Na falta, não tenha medo, vá com o que tiver em casa, para flambar, como a boa e velha cachaça. Só depois disso, começa a etapa do caldo- que, preferencialmente, é melhor deixar de lado os de cubinhos e partir para os mais saudáveis, feitos em casa. Para tanto, basta levar um panelão de água (com uns dois litros) para ferver com legumes como cenoura, salsão e cenoura, para se fazer um bem básico e neutro que vai combinar para todo o ‘recheio’ de risoto que se pensar. Para incrementar, se quiser, é só juntar o que tiver à mão: tiras (ou a gordurinha) daquele bife que sobrou, a pele do peixe ou do frango, cascas e cabeças de camarão, por exemplo. O macete é adicionar uma concha por vez, mexer, deixar absorver o líquido e repetir o processo por cerca de 17 minutos, ponto bem al dente como gostam os italianos. Aos menos puristas e para o paladar do brasileiro, o

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tempo de cozimento são cerca de 20 minutos. Deste ponto em diante, é desligar o fogo, juntar a manteiga e o parmesão- a gosto, mas esse é o tipo de comida que não compensa economizar e vale ser generoso nas quantidades. E está pronto o risoto ‘bianco’, a base mãe de todo risoto e, por si só, já é um prato delícia e que faz bonito. Se a ideia é incrementar, uns dois ou três minutos antes de desligar o fogo, junte o seu ‘tema’ pensando para o risoto: cogumelos em fatias, alho-poró ou abobrinha picadinha ou tirinhas de presunto e ervilha são exemplos bem clássicos. Se a ideia é incrementar, um refogadinho de camarão, bacalhau, polvo, lagostim, funghi seco, abóbora cozida com carne seca ou o que a sua imaginação (ou a sua despensa) mandar. Ainda na dúvida se risoto é das coisas mais simples de fazer e impressionar: sabe aquela sugestão do restaurante bacanão que o chef chama de ‘al limone’? Pegue aquele limão que está esquecido na fruteira, e esprema metade naquela receita básica (descrita acima). Na hora de servir, ‘enfeite’ com raspas da casca. Nada de dificuldade e aplausos certeiros.

No copo Provado que fazer risoto é fácil, rápido e não tem mistério, eis mais uma boa notícia: não é só com vinho que ele casa bem e a cerveja é boa companhia, sim! Para te ajudar nessa tarefa, nosso chef Danilo Rolim enumera uma lista básica de harmonização: para o ‘bianco’, o basicão, vá de Pale Ale, Pilsen, Keller. Sugestões que valem também para os com cogumelos do tipo Paris. Já shimeji e Porcini pedem bebidas mais fortes como Brow Ale, Dubbel ou até uma IPA. Alho-poró pede Weiß, Saison, Bière de Garde e Lagers em geral. Os com frutos do mar combinam bem com Wit, Blanche, Weiß; e bacalhau com Dubbel, Strong Golden Ale, Saison, Pilsen, Amber e Lager.

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COSMOPORITA Por Rita Michalsky*

E chegamos à Barcelona: uma cidade fantástica, perfeita para se refugiar. Foi o que fiz! Os motivos? A capital da província espanhola da Catalunha é imprevisível, rebelde, atemporal. Boto uma mochila nas costas e me deixo levar. Minha aventura começa pelo bairro gótico, mas não a sua face turística. Vou por suas ruazinhas menos conhecidas, contemplando paredes romanas e fachadas peculiares. E, sim, resolvi fazer este passeio à noite, o que me levou a imaginar (e pirar!) por esses cenários que foram morada de mitos como Picasso, Miró, Dali. Gênios que viveram por ali, e embriagados por suas loucuras e vulcões emocionais, fizeram história e marcaram a arte mundial. Tomada por essa emoção, preciso de uma cerveja. Gelada e com urgência. Meu desejo foi bem atendido na 2d2dspuma (leia-se, dois dedos de espuma), um misto de bar e loja que, como o nome já adianta, é todo dedicado às bebidas lupuladas. Não estranhe recadinhos do tipo ‘não escolhemos a sua cerveja, não pagamos a sua conta’, são pílulas típicas do ‘humor’ catalão. Na dúvida das quais escolher, eis o meu palpite: Art Coure e Bizarra Black IPA. Entre um gole e outro, bate a fome e Biel, um amigo espanhol que vive na cidade, sugere partir para uma casa de tapascomidinhas para beliscar bem típico do país. Chegamos ao simpático (e bem escondido) Mosquito Bar, local daqueles só um habitueé da cena cool de Barcelona conhece. Com bons petiscos, cervejas de primeira de todo o mundo, e nessa verve cultural e cosmopolita, nem preciso dizer que ali ficamos por altas horas- coisa rara em capitais europeias e que ajudou a matar a saudade da boemia carioca e das madrugadas paulistanas.

*Rita Michalsky estudou arte, trabalhou com moda, foi produtora de cinema e TV. Cansou da high society e mudou-se para a Europa. Entre França e Itália, já são quatro anos. No Velho Continente, berço gastronômico que é, ela agora usa dólmã e trabalha, feliz da vida, na cozinha.


VIAGEM

Cidade à beira dos Alpes franceses, rodeada pelas águas azuis de um lago formado do desgelo das montanhas locais, Annecy é conhecida como a Veneza dessa bucólica região francesa. Basta um passeio por suas vielas medievais para entender o motivo do apelido. A água do lago – um dos mais limpos da Europa – escoa por canais, atravessando a cidade velha, por vias que lembram a cidade italiana à beira do Mediterrâneo, serpenteando em diversos pontos do Centro, transformando o lugar em cartão postal pronto para ser fotografado. Hoje, é uma cidade com pouco mais de 50 mil habitantes, entre o pequeno burburinho histórico e a comunidade urbana que cresceu ao redor dos canais inteiramente restaurados, há algumas décadas. Um dos interesses desse lugar, além, naturalmente, de paisagens

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Por Antônio Carrion

de tirar o fôlego, já que é um cantinho incontornável da França para os amantes da Idade Média. Flanar pela cidade é fazer um tour de volta ao passado. As casas tortas e antigas, feitas em estuque e madeira aparente, e o cheiro de lenha das lareiras transportam o visitante para os séculos XI e XII, mas há registros e vestígios de uma espécie de vilarejo, no lugar, que data do período Neolítico, ou Idade da Pedra Polida. Mas deixemos a Pré-História e fiquemos com a história antiga e modernidade. O povoado que hoje constitui o espaço urbano foi erguido por povos romanos no século I a.C., com o nome de Boutae. Com a queda do Império Romano, o lugar foi invadido por germânicos, burgúndios e


francos. Somente no século XI, uma nova cidade começou a se formar nas margens do rio Thiou, próxima a torre de um palácio, que se transformaria no Castelo de Annecy, que se mantém intacto até os dias de hoje. Tal construção, cravada fica no centro da cidade, já serviu de residência dos condes de Genebra e de duques de Genevois-Nemours. Edificado numa elevação rochosa, há 470 metros do nível do mar, hoje é propriedade do município, que o transformou num museu e no Observatório Regional dos Lagos Alpinos. Annecy está localizada entre Genebra e Chambéry. Assim como essas cidades, sua história começa a entrar para os anais das belas cidades francesas nos séculos X e XIX. No século XII, por exemplo, consta a construção de uma casa fortificada numa pequena ilha no meio do rio Thiou, edificação conhecida

como Palais de l’Ile, que fica bem no centro da cidade, entre ruas medievais, local em que não faltam lojas de grifes francesas e italianas, ateliês de chocolate artesanal, entre pequenos restaurantes especializados em raclette, prato a base de queijo e um dos mais famosos do lugar. Na região central há placas que contam um pouco da história local. Uma delas, diz que, devido aos conflitos com os bispos suíços, o condado de Genebra se refugiou ali, em fins do século XII. Nesse momento, o lugar se tornou a capital da região de Genebra. Em 1401, foi integrada à Casa de Saboia. Em 1444, os duques de Saboia a nomearam capital da região. Em 1535, tornou-se centro para a Reforma-Católica e a sede episcopal de Genebra se transferiu para lá.

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Bem mais tarde, durante a Revolução Francesa, consta que Annecy foi anexada ao Departamento de Monte Branco, cuja capital era Chambéry. Em 1815, retornou à Casa de Saboia. Ao ser anexada pela França em 1860, tornou-se a capital do novo Departamento da Alta Saboia. Annecy transformou-se, com o passar dos tempos, num lugar que manteve o seu charme e autenticidade. Intimamente ligada à água, foi moldada por esse elemento da natureza e o planejamento urbano atual é testemunha disso. A cidade velha com as suas ruelas, passagens ocultas e casas entrelaçadas são características interessantes para o turista. Há hotéis bons no centro da cidade e as ruas e vielas convidam o pedestre a passeios a pé. Entre os destaques estão as Rue Sainte Claire, Hunter Street e Royal Street. Vale a pena alugar bicicletas nos hotéis e sair para passeios à beira do lago, que se transformam em belas praias, no verão. Já no outono e no inverno, a ideia é alugar carros e, a partir dali, conhecer vales selvagens, nos Alpes, entre pequenos vilarejos franceses onde é possível esquiar, comprar queijos artesanais e chocolates caseiros. Caso a ideia seja aproveitar o que a bucólica cidade tem de melhor em seu perímetro urbano, vale a pena conhecer as feiras livres que acontecem na cidade antiga. Essas acontecem às terças, quartas e sextas-feiras, no período da manhã. É uma oportunidade e tanto para se conhecer os produtos rurais produzidos nesta famosa região francesa, o Rhône-Alpes. O local tem tradição culinária, com seus assados de carnes de caça, cogumelos selvagens, frutas como o mirtilo, além de mel, vinhos e, principalmente, queijos artesanais e cervejas (leia mais no box).

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Um dos queijos mais famosos é o Reblochon, documentado pela primeira vez em 1704, o que faz com que esteja entre as mais antigas iguarias do tipo na França. O nome teria vindo do dialeto local, em que “reblochi” significa “ordenhar as vacas mais uma vez.” Dizem, na região, que vaqueiros ordenhavam as vacas uma primeira vez, na presença do proprietário das terras. Após a saída desses, voltavam a tirar leite, supostamente utilizado na produção de pequenos queijos, fáceis de serem escondidos. Joël René, produtor de queijo local, diz que o seu produto é feito artesanalmente com leite integral orgânico. São quatro semanas de maturação para que o queijo apresente uma pasta de cor marfim clara, fina e lisa, com furos redondinhos e crosta firme. O Tomme é outro queijo que se destaca no lugar. É feito com leite de vaca cru prensado. Pode ser aromatizado com ervadoce. É um regalo ao fim de uma refeição, com um pedaço de pão crocante. Para além da culinária e das belas paisagens, o lugar é um recanto das artes, especialmente as do cinema, pois é palco do Festival International du Film d’Animation d’Annecy, uma espécie de “Festival de Cannes da animação”. Criado em 1960, é realizado anualmente pela Association d’International du Film d’Animation. O evento acontece no mês de junho, levando milhares de pessoas às ruelas, restaurantes e à beira do lago, momento em que a cidade se transforma numa grande festa ao ar livre, fazendo deste um destino interessante para as quatro estações do ano.

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SERVIÇO - Informações sobre hospedagem e rotas turísticas no site oficial da cidade: tourisme-annecy.net - Da estação Gare de Lion, a estação central da capital Paris, partem vários trens diários para Annecy. A viagem dura quatro horas, aproximadamente, e a passagem custa de 64 euros a 163 euros. aileurope.com.br - A cidade tem mais de 50 hotéis, com preços que variam de 50 euros a 487 euros (diária)

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Pólo cervejeiro Rhône-Alpes, a região francesa onde está localizada a cidade de Annecy, configura-se como o maior reduto de microcervejarias na Françadados mostram que há, ao menos, uma centena delas. David Hubert, presidente de uma associação que une trinta cervejeiros do Rhône-Alpes, observa que a produção aumenta no local e também em toda a França, que conta hoje com 600 cervejarias artesanais. A produção regional é de 60 mil hectolitros que são vendidos localmente, em feiras, bistrôs, lojas de suvenires e mercados especializados em bebidas finas. Um negócio que movimenta 17 milhões de euros por ano. A Ninkasi é uma das maiores fabricantes de cerveja desta fae francesa e uma das forças no quesito ‘marca regional’. Muito da importância se dá porque configura-se como uma das pioneiras a aventurar-se no mercado das artesanais por ali. Instalada em Arbresle, a cervejaria Julien Deplanche foi criada em 2011 numa residência e se tornou conhecida pela qualidade e pureza da água alpina. O nome da marca homenageia a esposa do proprietário, Hubert. Alguns cervejeiros locais já fazem a bebida de sua própria cevada, mas a maioria dos ingredientes ainda precisa vir de outras regiões francesas e/ou de outros países. Em lojas e centros de turismo, é possível encontrar guias para visitação das microcervejarias locais.


VOCÊ SABIA ? Por Léo Leitão *

A água, no estado líquido, pode se transformar em vapor. Depois, condensar e voltar a ser líquida de novo. Pode até congelar e se transformar em matéria sólida sem deixar de ser puramente água. Esse é o jeito mais simples que eu consigo te explicar como o raciocínio quântico funciona. Em um mundo em que a gente aprende que só existe o “certo” e o “errado”, o zero e o um, a direita e a esquerda, alguns se perdem quando o cinza vira mais uma opção entre o preto ou o branco. O quântico não só considera todas as possibilidades, ele é todas as possibilidades. Ao mesmo tempo, de uma só vez. A água é liquida, é sólida e gasosa. É água. Tudo ao mesmo tempo, de uma só vez. É quântica.

A gente (e/ou esta revista) já foi HNB Mag, já foi Last Call! For Beer, Have a Nice Beer. Agora, vivemos um período, digamos, de mudança, transição. No bom sentido e sem deixar de ser todo o resto, sabe? É quântico. A gente nunca tentou ser uma revista sobre cervejas, mas sim uma galera que se junta para falar sobre prazeres. Bebidas seja ela qual for, curiosidades, viagens pra todo canto, lifestyle e toda boa gastronomia. E arte, cultura. Uma mistura de tudo que a gente ama e sabe que você também. Desse jeito, tudo ao mesmo tempo, de uma vez só. Sem rótulos nem pressão, só sabor e prazer.

Em breve, nestas páginas, na sua casa, no nosso mundo.

* Léo Leitão é um virginiano atípico, desorganizado e que faz tudo ao mesmo tempo. Acredita que o punk não morreu, que criaturas alienígenas existem e que cerveja é melhor que lasanha.

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COISAS DE LONDRES Por Bia Pennino*

Os amantes de vinho que me perdoem, mas não tem nada mais gostoso do que um peixe fritinho com uma Pilsner gelada. Tanto é que essa é uma das combinações mais famosas do Reino Unido, atende pelo nome de fish & chips e é companhia perfeita ao lado de um pint. Se por um lado não é tão novidade assim que esse é um clássico dos pubs ingleses, é curiosa a ligação entre esse prato e a cerveja. Apesar da culinária britânica não ser uma das mais exaltadas do mundo, quem já provou sabe que o fish & chips (bem feito e longe das roubadas turísticas) é uma delícia. Basicamente, é um prato simples, composto de peixe e batata, ambos fritos. O segredo está em um item especial que vai na massa de empanar e rende aquela casquinha dos deuses: dourada e crocante! Ah, qual é o esse ingrediente? Cerveja! Pois é, e o melhor de tudo é que o tal truque é bem fácil, basta misturar a gelada naquela massa básica de empanar, feita de farinha de trigo e fermento. Para dar mais um ‘up’ na sua receita, sirva com purê de ervilhas! Eu juro, fica muito bom. Aos que não querem se aventurar na cozinha, meu lugar favorito para devorar a iguaria, é o premiado (e charmoso) Poppies, aberto em 1945, em East End. Há também mais uma loja no descolado bairro de Camden Town. O estilo retrô está em tudo, da decoração ao uniforme do staff; o menu é simples e autêntico e se mantém quase 100% fiel à época da abertura.

E nem só o fish & chips que é quesito obrigatório no cardápio de um pub. Outro prato bem famoso é a torta de Steak & Ale. Essa, como o próprio nome já adianta, é base de carne, que é cozida lentamente na cerveja escura (pode ser Stout ou Ale). Algumas versões levam também cogumelos, queijo cheddar e tomate e, geralmente, são servidas com purê de batata. Meu conselho é: peça um pint de Ale para acompanhá-la. Fugindo um pouco do cenário obvio dos bares londrinos, outras casas exploram bastante a cerveja como ingrediente especial em suas produções, caso das padarias e docerias. As receitas de pão feitos com Ale são inúmeras e, vale ressaltar, muito saborosas; sem falar das reduções de cervejas que são usadas como calda de sorvetes e bolos. Nesse capítulo, o mais famoso (e o meu preferido) é o chocolate & Stout cake, do J+A, um café irlandês super charmoso que fica na região de Farringdon. Curiosa que sou, eu bati um papo com a gerente de lá e ela me explicou que vai, basicamente, para uma base de bolo de chocolate, usa-se uma tala inteira de cerveja (568 ml). Para finalizar, uma cobertura a base de manteiga e pouco de Stout, o que remete à espuma branca e cremosa que fica no topo de uma pint. Por essas razões, concluo que: cerveja, aqui no Velho Continente, também é de comer!

* Bia Pennino é curiosa nata, gosta de arte, música, cultura. Trabalha e estuda com um pouco disso tudo. Vive em Londres há dois anos e ainda não quer voltar. O motivo? Sempre descobre uma cerveja nova para provar, mesmo que não seja tão gelada assim como as dos bares de São Paulo.

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Por Diego Cartier*

R$

71,90

2 LA SAISON DU TRACTEUR 2 LA BUTEUSE


Hawinigan é um lugar peculiar. Nas margens do poderoso rio Saint-Maurice, na província de Quebec, no Canadá, é conhecida pela sua identidade histórica de cidade industrial. Mas é também elogiada pela belíssima paisagem natural, encantora, e que é cenário da fantástica Le Trou du Diable, pequena cervejaria que é uma das grandes referências da bebida no país. Um projeto que vem conquistado o mundo com rótulos acima da média, que unem complexidade e equilíbrio, com aquele drinkability que agrada de iniciantes até beer geeks e wine lovers mais exigentes. Não é à toa que essa turma vem colecionando medalhas de ouro e prêmios nas competições mais importantes do mundo, como o European Beer Star e o World Beer Awards. Tudo começou como um brewpub, mas não demorou muito para virar uma cervejaria e ganhar notoriedade. O nome deriva de um ponto turístico da cidade, uma cachoeira que tem um redemoinho sem fundo no rio Saint-Maurice, que é traduzido como “O Buraco do Diabo”. No portfólio, traz de clássicos até verdadeiras pérolas, caso da linha de raridades com cervejas envelhecidas em barris e feitas a partir de blends especiais. A criatividade aliada ao talento de seus criadores são os dois diferenciais da Le Trou du Diable, pois não estão presos às escolas, famílias ou estilos de cervejas- passeiam pela Bélgica, Alemanha e Inglaterra e produzem estilos variados como Saison, Kölsch e IPA, todas com muita personalidade. Resumindo: conseguem mostrar a diversidade do universo cervejeiro, com referências de escolas clássicas, sem perder a identidade claramente empregada em todas as suas cervejas, por mais diferentes que sejam entre si. Isaac Tremblay, André Trudel, Luc Bellerive e toda a sua trupe conseguem traduzir seu talento e carisma em um trabalho muito próximo da perfeição. Tudo começa pela apresentação de suas belíssimas garrafas e seus divertidos rótulos anunciando o “grand finale” com suas cervejas únicas, as quais teremos o privilégio de saboreá-las com exclusividade no próximo mês. São elas: Saison du Tracteur (medalha de ouro no World Beer Awards 2014 como melhor Saison): complexa, elegante e refrescante. Apresenta notas de frutas cítricas, especiarias e flores. La Buteuse (medalha de prata no World Beer Awards na categoria Belgian Strong Ale): encorpada, mas elegante e equilibrada. Com borbulhas de champanhe, é perfumada, com notas de especiarias, mel, grama fresca e frutas como pera, maçã e uva.

Santé!



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