Have a Nice Beer - Ourubro 2014

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FO LEITOR oelho

Instagran: @drfelipehissac

Felipe Hissa Coelho Recife, PE Cerveja sem รกlcool para hidratar depois da corrida!

Insta Anna gran: @ter Recif Terra rinha e, PE Sorri sos e copo cheio de ce rveja

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/haveanicebeer

@haveanicebeer

@haveanicebeer


EDITORIAL

A primeira página já foi virada, e olha que não estamos falando do trajeto da capa para este texto do editorial. Como dissemos na edição anterior, a gente está de mudança, por isso trouxemos novas pessoas para nossa equipe. Aliás, é sempre bom respirar ares frescos, debater ideias, mas sempre acompanhada de uma boa gelada. Começamos apresentando para você a Letícia Rocha, que assume o posto de editora-chefe da revista. Jornalista especializada em enogastronomia e viagens, mora em Roma e já rodou mais de 20 países. Ela entra trazendo um outro caminho para a revista percorrer. Temos também a estreia das colunistas Bia Pennino e Rita Michalsky, que chegaram para contar sobre suas aventuras cervejeiras pelo mundo. Agora que já falamos de algumas das novidades que preparamos, que tal ficar por dentro do que vai rolar nesta edição? Na Itália, invadimos o mundo da Birra del Borgo, ícone da cervejaria artesanal no País da Bota. Entrevistamos o especialista e dono de bar, Edu Passarelli, que nos contou detalhes sobre seu intitulado ‘melhor emprego do mundo’. Falando em expert, nossa edição traz as boas indicações de rótulos do nosso BeerHunter, Diego Cartier. Ele nos falou sobre as descobertas que trouxe da Inglaterra para a seleção de novembro e explicou também o passo a passo do trabalho de um ‘caçador de cervejas’ na seção Por Dentro da HNBox. Além dessa galera que está chegando, estamos mudando a estrutura da revista. A publicação ganha seções e colunas como Palavras Maltadas, Tendências e Na Cozinha. Além das notícias que envolvem o cotidiano da cerveja, incluímos matérias sobre gastronomia, mercado, viagem. Agora é hora de sentar, pegar a cerveja gelada e apreciar a revista sem moderação!

HAVE A NICE BEER Editora-chefe Leticia Rocha Editor de arte/ Projeto gráfico Marcos Lobo Fotografia Rafaella Reis e divulgação CONSELHO EDITORIAL Ingrid Gonçalves Madu Melo Natália Goldbring Ricardo Flores Riccardo P. Rossi

COLABORADORES: Bia Pennino, Danilo Rolim, Diego Cartier, Giulia Moretti, Juliana Gelbaum, Rita Michalsky e Sanmy Moyra. Have a Nice Beer - Santiago e Lemos Comércio de Bebidas S/A - Rua Comendador Alcides Simão Helou, 1478 - Serra/ES - CEP 29168-090

Fernando Ribas

IMPRESSÃO Grafitusa

Nossa revista está consolidada como um novo jeito de falar sobre cerveja no Brasil. Como tudo nesse mundo é dinâmico, neste número, despeço-me do cargo de editor-chefe da publicação para dedicar-me a novos projetos profissionais que assumi recentemente. A revista segue firme e forte, sempre em renovação, ajudando a criar a cultura cervejeira no Brasil. Mas, nada de drama, estarei esporadicamente por aqui, em matérias pontuais. Desejo, de coração, boa sorte e bom trabalho à equipe da Have a Nice Beer! A gente se vê, sempre! Mauricio Beltramelli


ÍNDICE

02

03

FOTO DO LEITOR

EDITORIAL

10

INDICAÇÕES DO BEER HUNTER

06

POR DENTRO DA HNBOX

18

CERVEJA DO MÊS: RÓTULOS ALEMÃES

17

COISAS DE LONDRES: GELADAS NO MUSEU

14

ENTREVISTA: EDU PASSARELLI

20

NA COZINHA: RECEITAS DE CHEF


30

24

PERSONAGEM: FERNANDO RIBAS

VIAGEM: BIRRA DEL BORGO

36

COSMOPORITA: BRUXELAS

32

PRODUTO: COPO AMERICANO

37

40

PALAVRAS MALTADAS: PALADAR

TENDÊNCIA: CLUBES POR ASSINATURA

42

EM NOVEMBRO: SUL DA INGLATERRA


POR DENTRO DA HNBOX Por Sanmy Moura

Cervejas artesanais, selecionadas pelo mundo, chegam à sua casa. Uma vez por mês, protegidas de luz, calor e possíveis imprevistos de deslocamento, dentro de uma caixa milimetricamente

Viagens, muito lúpulo e descobertas: entenda como funciona o processo de seleção dos rótulos do nosso clube

pensada e testada- a HNBox. Pode ser uma encorpada Doppelbock, uma refrescante Witbier ou uma intensa India Pale. Ou, quem sabe, a proposta pode explorar o belo contraste entre uma brasileira com nuances de rapadura e uma clássica inglesa? Nesse processo, não há formulas rigorosas: basta que seja um exemplar que passe pelo crivo do nosso especialista: Diego Cartier, um beerhunter - de tradução livre do inglês, significa ‘caçador de cervejas’. Para tanto, ele visita cervejarias pelos quatro cantos do globo. O desafio é buscar bons rótulos, que tenham algo para contar no quesito aromas e sabores. Cartier vai além e preza por trazer, nessa seleção, experiências e histórias.

06


“Há produtores que trabalham com a alma e tradição, outros se permitem ir além do óbvio. Em comum, produzem bebidas com identidade e marca registrada”

no contexto histórico às inovações que borbulham o mercado. “Temos que atingir desde o iniciante até o

paladar mais

experiente”, ressalta o ‘beerhunter’. “Há produtores que trabalham com a alma e “Em

média,

faço

internacionais

por

viagens

tradição, outros se permitem ir além do

Visito

óbvio. Em comum, produzem bebidas

cervejarias, busco raridades, mas não

com identidade e marca registrada”,

só”, explica o especialista. “Gosto

conclui Cartier.

também

de

cinco ano.

conhecer

um

pouco

da vida do produtor, entender o seu

Até o final do ano, o especialista

cotidiano, o seu entorno. Daí, nascem

garante surpresas. Quebra de monoto-

muitas

nia, com muitas cervejas ‘fora da cur-

descobertas”,

complementa

Diego.

va’, como gosta de brincar.

Aqui, entram também a análise do perfil dos associados e o quanto essa cerveja está antenada e/ou colabora, com o cenário cervejeiro da importância

07


ESPECIAL Por Sanmy Moura

08


Imagine você em um lugar cercado por montanhas, barulho do rio, um pôr do sol encantador. Acompanhado da sua boa e velha cerveja, claro. Em tempos de vida moderna e agenda cheia, pode até parecer sonho. E não é: tal cena é só um dos pontos altos do Beer Weekend, um encontro organizado pela Have a Nice Beer e pelo Parador Casa da Montanha, hotel que a cada dois meses abriga o evento, em Cambará do Sul, RS. O objetivo é criar, em meio às belezas naturais da Serra Gaúcha, um paralelo entre gastronomia e cervejas, histórias e curiosidades. Entre os destaques da programação, a oportunidade de fabricar a própria cerveja: na última edição, realizada em agosto, os participantes desenvolveram um rótulo pensado para os dias de inverno, sob a supervisão do sommelier Gabriel Di Martino, da cervejaria St. Gallen, de Teresópolis, RJ. Na composição, produtos da região como pinhão e maçã, além de canela, lúpulo americano e até água de rio que verte em uma nascente, nas dependências do próprio hotel. Para Salete Medeiros e seu marido Newton, associados do Clube HNB, esta foi uma experiência única e prazerosa. “O mais curioso do evento foi a criatividade dos ingredientes utilizados para a confecção da cerveja, usar aquilo que a natureza oferecia ao nosso entorno. Foi incrível para mim, como nutricionista, fazer a descoberta dessa bebida nutritiva que, há séculos, faz parte da dieta humana com combinações de aromas sutis”, conta Salete. Confraternização na montanha: Bruno Rolim, Madu Melo e Diego Cartier, da Have a Nice Beer com o casal assinante do clube, Salete Medeiros e Newton Medeiros

Além da produção da bebida, o programa inclui um passeio até a região dos famosos cânions do Rio Grande do Sul, a poucos quilômetros do hotel. Ali, a oportunidade de fazer esportes em meio à natureza local: bons exemplos são a trilha do Cotovelo, no Parque Nacional Aparados da Serra; ou a caminhada de sete quilômetros pela borda do cânion de Itaimbezinho, que revela vista panorâmica de todo o parque natural. “Conhecer novas pessoas com a mesma paixão, compartilhar boas

históri-

as, desvendar o universo da cerveja e apreciar um lugar encantador e relaxante é, sem dúvidas, uma emoção única”, afirmou Madu Melo, brand manager da HNB, que representou o clube durante o evento.

09


INDICAÇÕES BEERHUNTER Por Diego Cartier*

* Diego Cartier é conhecido no meio cervejeiro como um beerhunter. O motivo? Está sempre caçando cervejas pelo mundo. Volta sempre para casa cheio de bons rótulos e muita história.

Founders Pale Ale, 355ml Produção americana que é fiel ao estilo que propõe seu rótulo. Com notas frutadas, herbais e florais. Toques de caramelo, refrescante e amargor na medida. Autêntica e daquelas fáceis de beber. E se render.

R$ 15.00 Associados Clube HNB têm 10% de desconto

preços válidos até 10/11 ou enquanto durarem os estoques

Corre, corre, corre!

10

nicebeer.me/founderspaleale


Mikkeller Vesterbro Toilet Bajer, 750ml

Struise Tsjeeses Reserva, 330ml

Com doses extras de especiarias e lúpulo, eis uma bela interpretação dinamarquesa do estilo Wit. Notas gramíneas, terrosas e frutadas em especial, de laranja e damasco. E mais: gengibre, caramelo e canela. Complexa, saborosa e leve.

Do processo de envelhecimento em barris de Bourbon, nasce uma cerveja complexa. Frutada, ora denota pêssego, ora pera. Ainda brinca e intriga, com especiarias, madeira e um leve dulçor.

R$ 54.00

R$ 58.25

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nicebeer.me/mikkellervestebro

nicebeer.me/struisereserva

11


Harviestoun Broken Dial,330ml

Rogue Dead Guy Ale, 650ml

Clássica Amber Ale escocesa. Em destaque, notas cítricas e florais, que ao lado dos picantes e maltados, compõem o equilíbrio entre o doce e o amargo. O final é seco. E pede mais.

Versão americana do tradicional estilo alemão de fazer cerveja, carrega notas maltadas que caminham para caramelo e cereais. Toques florais, cítricos e leves tostados. Seca e ligeiramente amarga.

R$ 19.75

R$ 45.00

Associados Clube HNB têm 10% de desconto

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nicebeer.me/hbdial

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nicebeer.me/roguedead


Coopers Sparkling Ale 375ml

BrewDog Old World Russian Imperial Stout, 660ml

Apresenta intensas notas frutadas, um toque cítrico, evidencia o sabor do malte apresentando um dulçor de caramelo, e no final uma sútil secura. Uma golden ale com sabor distinto, que consegue ser ao mesmo tempo encorpada e suave.

Um rótulo complexo, que apresenta notas de cacau e no paladar, sobressai o amargo-seco. Entretanto, é equilibrada e saborosa. O calor do álcool fica mais no nariz. Chega a lembrar café expresso, rum e por vezes, até licor.

R$ 16.50

R$ 40.00

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13


ENTREVISTA Por Leticia Rocha

Um divertido bate-papo com Edu Passarelli: a vida de especialista em cervejas e dono de bar é mesmo perfeita?

É impossível contar quantas vezes ele já ouviu que possui o melhor trabalho do mundo. Edu Passarelli é especialista em cervejas e dono de bar, roda o Brasil e o mundo para fazer jus ao ofício. Quando alguém, pela enésima vez, solta tal comentário em alusão à ‘boa vida’, ele sorri e não rebate com resposta pronta. Tenta explicar, com paciência e certo tom de humor, que nem sempre é bem assim. Como todo trabalho, está cercado de pontos positivos e negativos. Mesmo assim, é difícil convencer boa parte das pessoas. Sua agenda é sempre pontuada por degustações, visitas à cervejarias e produtores, viagens. Em meio a tudo isso, entra a rotina de empresário e a função do patrão, pois é sócio da filial paulistana do Bar Aconchego Carioca, instalado no bairro dos Jardins. A matriz, como sugere o nome, fica no Rio de Janeiro. Quando chega em casa ou tem uma brecha ao longo do dia, a cerveja ainda ronda o seu cotidiano. Atualizar o blog o Edu Recomenda-,abastecer as redes sociais com novidades, enviar a coluna que escreve, mensalmente, para a revista Prazeres da Mesa. Em um desses tempinhos livres, Edu falou com a HNB.

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O cotidiano de Passarelli: o bar paulistano Aconchego Carioca; e em viagem à Bélgica, o especialista visita as famosas Duvel e Delirium HNB: Como convive com essa imagem de ‘o cara que tem o melhor emprego do mundo’?

Esse ‘beber’ sem fazer a análise, é fácil?

Edu Passarelli: No começo é tudo muito legal.

Optar por cervejas ‘diferentes’ passava, even-

Ter a cerveja como objeto de trabalho parece

tualmente, um ar arrogante. Até o momento

um sonho. Mas não é bem assim... O primeiro

no qual eles também passaram a descobrir

grande desafio é fazer com que as pessoas

as boas cervejas. Aí, virei o fornecedor. Ouvia

entendam que isso é um trabalho, e não um

‘Edu, quando for comprar suas cervejas, lembra

hobby. E talvez a primeira pessoa que deva ser

de nós, hein!’.

No início, me transformei no ‘mala’ da turma.

convencida disso é você mesmo!

como faz essa gestão?

Quando veio o ‘boom’ do cenário cervejeiro no Brasil, o que mudou na sua roda de amigos?

É muito importante criar regras, ter disciplina

Com o desenvolvimento do mercado, o acesso

e buscar evolução constante. Outro ponto é

passou a ser mais fácil. Virei cobaia. O discurso

adequar a sua agenda. Como dono de bar e

passou a ser ‘Edu, prova essa cerveja que en-

especialista em cervejas, na maioria do tempo

contrei hoje no supermercado’. E ai de mim se

trabalho no horário em que meus amigos se

dissesse que não era boa!

divertem. E me divirto no horário no qual eles trabalham.

E como foi essa fase de transição no trabalho? Agora é diferente?

Dá certo?

Com os fornecedores até hoje tenho uma

A tentação de transformar o trabalho em di-

legião dos que me amam ou me odeiam, por

versão é grande! Por isso, vale ter dias definidos

conta das análises. Hoje, mudou: basta que eu

para se divertir com os amigos e tomar uma

faça ou não um pedido para meu bar! Recen-

cerveja sem ter que fazer a sua análise. Apenas

temente, veio a fase do desafio. Com muitos

beber! Por falar em beber, vale também o cui-

especialistas recém-formados no mercado,

dado com a saúde. O fácil acesso ao álcool

é comum alguns deles testarem ou mesmo

pode levar ao consumo em excesso, o que é

discordarem da minha opinião apenas para

prejudicial.

chamar a atenção.

15


E quando o assunto são as viagens?

delidade da companhia aérea permitia um

Também tem de passar por temas cervejeiros.

volume extra de bagagem. Por ‘coincidência’,

Sempre! Acredito que somente conhecendo a

havia uma excelente loja de cervejas perto de

cultura local e bebendo in loco pode-se ter a

nosso hotel. Sorte de viajante cervejeiro!

experiência completa sobre um estilo. Porém, isso nem sempre é simples. Não são tarefas

Viajante, marido e profissional sortudo?

fáceis tirar amigos de rotas turísticas para visi-

Eu amo a vida que tenho! Viajo bastante, lido

tar uma cervejaria, nem tentar achar cervejas

com o público no dia a dia, posso tomar cerve-

boas em locais onde a cultura da bebida é pe-

ja em meu horário de serviço! Hoje, provo cerca

quena. Ainda tenho o desafio de convencer a

de 200 rótulos novos, anualmente. Em média,

esposa de que aquela nossa viagem de férias

devo beber uma cerveja por dia. Na conta

terá um pouco de trabalho...

das viagens, são de 3 4 destinos ao ano. E calculo já ter visitado 300 cervejarias e provado

Como ela reage?

mais de 3 mil rótulos diferentes nestes 10 anos

Recentemente, fomos fazer o enxoval de nos-

em que a minha vida é ligada à cerveja. Do

sa filha nos Estados Unidos. Uma regra foi im-

mais, é uma satisfação pessoal os grandes ami-

posta: apenas três garrafas de cerveja na ba-

gos que fiz no meio cervejeiro e também, ver o

gagem, até porque a prioridade era dos novos

tamanho em que o mercado está chegando.

pertences da pequena. Deixei para contar

No meu começo, achar uma boa gelada - e

apenas nos últimos dias, só quando todas as

alguém para compartilhar ela com você- era

compras estavam feitas, que meu cartão fi-

uma guerra.

Mais em edurecomenda.blogspot.com

Na estrada: Edu visita a cervejaria Trappist Achel, na Bélgica

16


COISAS DE LONDRES

Por Bia Pennino*

Trata-se de uma abertura de uma exposição de arte contemporânea. Nesse cenário, circula aquele público já esperado de críticos, jornalistas e formadores de opinião. Rola um coquetel e a pergunta é: o que essas pessoas estariam bebendo? Se você pensou vinho, se enganou. Era cerveja! Sim, estamos em um território no qual o óbvio, quase sempre, fica de fora. Que lugar é esse? Começo dando a dica da cidade: Londres, Inglaterra. O discurso precisa ir além, porque falar de cervejas em qualquer canto da terra da Rainha, pode ser redundante. Ou simplista em meio a seus tantos pubs e pints. Aqui, um parênteses se faz necessário: tal cena, descrita acima, não se trata de um fato esporádico, pensado para a inauguração de uma mostra. É da natureza londrina surpreender e, como tal, é tendência sair para tomar cerveja no museu! Hoje, a Tate Modern - a galeria de arte moderna mais visitada do mundo - virou de endereço badalado dos apreciadores de cerveja e hit dos foodies da cidade.

Mais uma prova de que o cenário britânico vive dias de ebulição? A Tate criou um pop-up bar, no final de setembro, que ficou aberto por 36 horas, apenas para coroar o último final de semana da exposição do artista Henri Matisse. Para celebrar a ocasião, foi lançada a This. Is. Lager., que como o nome adianta, é uma cerveja do tipo Lager (bem gostosinha, aliás). Por fim, não só a Tate Modern, como também os demais museus do grupo - Britain, Liverpool e St. Ives - tal cultura é levada à sério, com movimentos e iniciativas que provam que sim, cerveja também é bebida de galeria de arte!

Os motivos são muitos: o bar fica no sexto andar do prédio e com vista especial de um dos cartões postais da cidade, a St. Paul’s Cathedral. Imperdível uma passagem ali, antes ou depois de contemplar obras de Pollock, Mondrian, Picasso, Salvador Dali. O espaço, ancorado na tradição e cultura do país, apoia e serve de vitrine para marcas e cervejarias. Há um cardápio especial dedicado à bebida,

* Bia Pennino é curiosa nata,

com quase trinta rótulos, todos britânicos. Dos mais tradicionais como Fuller’s, Sam

gosta de arte, música, cultura.

Smith’s, Suthwyk Ales e Haverston até aos mais modernos e ousados como Brew-

Trabalha e estuda com um

Dog, Meantime, Kernel, Cotswold, Red Church. Esse menu muda com frequência,

pouco disso tudo. Vive em Londres há dois anos e ainda

influenciado pelas edições limitadas, sazonais e novidades de pequenos produtores

não quer voltar. O motivo?

parceiros.

Sempre descobre uma cerveja nova para provar, mesmo que não seja tão gelada assim

Resumo da ópera: caso esteja em Londres, seja ou não arte contemporânea a sua praia, ali a sua pint está garantida!

como as dos bares de São Paulo.

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CERVEJA DO MÊS

Uma composição e tanto encabeça essa Doppelsticke Alt: cinco tipos de maltes e cinco lúpulos alemães. Como não poderia deixar de ser, é forte e complexa. Porém, ganha no equilíbrio, no corpo robusto e nos seus abundantes aromas. Remete a caramelo, ameixas, frutas vermelhas e ainda tende para um leve cítrico e defumado. Bom amargor e final seco.


A receita, um pouco fora do padrão para um Weiss bávara, leva leveduras de Kölsch e doses adicionais de lúpulos. Resultado: é mais seca e leve e não traz as lembranças de banana e cravo das tradicionais do estilo. Com tons cítricos e florais e certa pitada de especiaria, é refrescante e fácil de beber.


Por Danilo Rolim*


Para harmonizar com uma das cervejas do mês, a alemã Freigeist Pimock (veja descrições na página anterior), o caminho aponta mesmo para a leveza, vital para preservar as particularidades da bebida. Desse ponto, a sugestões passam por pratos suaves, como o filé

de tilápia com de purê de mandioquinha - que

traz certa untuosidade e ajuda a balancear a acidez da cerveja. Saladinha de agrião fresco entra para ressaltar o lúpulo.

ingredientes - 4 filés de tilápia médios, com a pele

Purê de mandioquinha - 500 g de mandioquinha descascada - 10 g de manteiga - 200 ml de creme de leite pasteurizado - 1/2 maço de agrião higienizado - 30 ml azeite de oliva extra virgem - Sal e pimenta-do-reino

Tilápia 1 - Certifique-se de que os filés estão sem escamas ou espinhos. 2 - Tempere com sal e pimenta-do-reino; reserve. 3 - Aqueça uma frigideira antiaderente, untada com um pouco de manteiga. 4 - Coloque os filés, com a pele para baixo, cozinhe em fogo médio; deixe até que a pele fique levemente crocante e a carne cozida, mas sem a necessidade de virar os filés.

Purê de mandioquinha 1 - Cozinhe a mandioquinha em água com sal; deixe até que fiquem bem macias. 2 - Escorra e amasse-as. 3 - Adicione o creme de leite misturando bem. 4 - Prove o sal e corrija, caso precise.

Finalização 1 - Tempere o agrião com sal, pimenta-do-reino e azeite. 2 - Sirva os filés sobre o purê, a saladinha verde e a Freigeist Pimock.

21


D

Feito a minha defesa, fica a sugestão: um clássico cheese bacon, crocante e com queijo abundante, com fritas e uma boa Rauchbier, que ganha pelos seus maltes defumados e harmoniza, por semelhança, com este farto sanduíche de carne.

- 180 g de carne moída (sugestão: fraldinha) - 2 fatias de queijo estepe - 1 pão de hambúrguer - 1 folha de alface - 1/4 de cebola em rodelas finas - 1/4 de tomate em fatias - fatias de bacon - Sal, pimenta-do-reino moída, catchup, maionese e mostarda a gosto

Fritas - 200 g de batata Asterix descascadas e cortadas em palito - Óleo vegetal para fritar - Sal a gosto

RENDE 1 PORÇÃO

IO

U TR

O UPLA

No mundo dos casamentos perfeitos, a cozinha é cheia de bons exemplos. Independente da vertente culinária em questão - seja no boteco, na comida típica ou no reino dos restaurantes badalados - certas duplas são imbatíveis: feijoada e caipirinha, azeitona e Dry Martini, bolo e cafezinho. Hambúrguer e batata frita! É dessa união, a mais cosmopolita e universal delas (e não alcoólica), que quero discorrer. Como fica a harmonização nesse caso? Afinal, os dois, a sós, já combinam tanto. É claro que aqui alguns puristas podem intervir e sugerir que o sanduíche em questão vai bem com refrigerante. Ou com milk-shake. Pois bem, pode ser. Mas, já passamos dessa fase (aos adultos e não abstêmios) e garanto: nada melhor que uma boa cerveja. Aí o ‘combo’ dos deuses vira um trio de sonho.

1 - Molde o hambúrguer de modo que ele fique uniforme. 2 - Tempere, dos dois lados, com sal e pimenta-do-reino. 3 - Grelhe em uma frigideira grossa ou chapa. 4 - Assim que o primeiro lado estiver no ponto desejado, vire e cubra com as fatias de queijo.

Fritas

1 - Em uma panela funda, coloque as batatas e óleo - frio - suficiente para cobri-las. 2 - Leve ao fogo alto até que comecem a fritar; abaixe o fogo e deixe cozinhar por cerca de 10 minutos. 3 - Retire as batatas do óleo; reserve em papel toalha e deixe esfriar.

Finalização

Corte o pão de hambúrguer ao meio e doure a parte interna. Assim que a carne estiver no ponto desejado, frite o bacon(opcional) e monte o sanduíche com a salada e os molhos de sua preferência.

* Danilo Rolim é chef, formado pelo instituto Paul Bocuse, na França. Em São Paulo, comanda o bar espanhol La Tapa. Cervejeiro assumido, aqui carrega o desafio de aproximar a cerveja ao universo da cozinha. Esteja ela no copo ou na panela!

22



VIAGEM Por Leticia Rocha


Uma visita (e um mergulho na hist贸ria) para conhecer o imp茅rio romano dos cervejeiros ousados


Nada mais emblemático do que associar a imagem da Itália ao duo pasta e vinho. Natural, é berço cultural indiscutível. Entretanto, nesse compasso contrastante que é o País da Bota - poço de história e polo de tendência - a tradição gastronômica enraizada, vez ou outra, abre brechas para o novo. Desde que respeitam, absolutamente, os pilares vitais do DNA italiano na esfera do comer e beber: valorização do território e do ingrediente local. E assim foi que, nos últimos anos, o país começou a ganhar espaço no mundo das cervejas artesanais. E, tempos antes da bebida carregar o status de respeito e ser a febre que é hoje na terra da ‘bella vita’, em 2005, despontava uma pequena ousadia chamada Birra del Borgo. O nome deriva da localização, Borgorese, uma área rural de verde e montanha, em uma zona pouco conhecida nos confins do Lácio - região que abriga a capital Roma; quase já na divisa com o ‘Estado vizinho’, a província de Abruzo.

precursoras do movimento de (re)nascimento da cerveja no país. “Partimos, primeiramente, para explorar o território em que estávamos. Era uma zona cheia de campos de farro, nunca havia visto uma cerveja com esse ingrediente e é da cultura italiana valorizar os ingredientes do entorno. Resolvi experimentar”, conta Leo. Do teste, nasceu a Duchessa, e dela tantas outras cervejas, de difer-

Tanto arrojo é culpa de Leonardo di Vincenzo, que como tantos, começou a fazer cerveja como

hobby. Terapia de fim de semana, para fugir da cidade, brincar de fermentar na propriedade

entes marcas, feitas a partir do cereal italiano. O exemplar em questão, ao lado da ReAle - que já foi eleita e melhor IPA da Itália - são duas das cervejas que encabeçam o portfólio da empresa.

de família. A passos largos, a coisa começou a crescer: ele largou o doutorado em Bioquímica; vieram tantos outros amigos dispostos a passar sábados e domingos longe do caos romano - em que entrecortam o trânsito, alucinadamente e com certa beleza, suas características vespas,

Birra Del Borgo Duchessa nicebeer.me/duchessa

as ambulâncias frenéticas e, claro, os turistas. Dessa turma, fincou-se Paolo Bertani, hoje um dos cabeças da empresa, responsável pela gestão do mundo Birra del Borgo. É, porque se no começo era fuga do cotidiano, a brincadeira virou negócio. E sério. Foi uma das primeiras a se aventurar, profissionalmente, nesse campo e como tal, está no patamar como uma das

26

Birra Del Borgo ReAle nicebeer.me/birrareale


Da prova de que dá para apostar em fórmulas não convencionais, vieram exemplares feitos com castanha na brasa, com mosto de vinho e as de fermentação espontânea - que, ganharam o privilégio de ter ‘vecchio birrificio’, a antiga sede da cervejaria, somente para elas. As demais são produzidas no novo espaço, com laboratório, ambientação e instalações mais modernas para atender a demanda alcançada. “Em 2008, tivemos a façanha de elaborar uma cerveja com a Dog Fish, um ícone do mercado americano”, relembra Leo.

Evolução natural Arrojo e dedicação não se limitaram à barreira do produzir, pois os meninos entusiastas queriam mais. Precisam sair do gueto, ganhar a cidade. Foi aí que Roma - a cidade natal da dupla começou a ver nascer os primeiros bares dedicados às cervejas artesanais. Como eles não são óbvios, e pensam no contexto da evolução do setor do país, não queriam uma casa para ser reduto da produção própria. Em 2007, criaram o Bir & Fud, no bairro tradicional do Trastevere, entre as janelas com seus varais de roupas estendidas e floreiras, dedicado à pizzas e cervejas artesanais - no cardápio, cerca de 35 opções, vindas de todo o país.

Depois desse ensaio, meio tímido e já certeiro, nasceu em 2009, a Open Baladin- em sociedade com Teo Musso, da cervejaria Baladin, outra visionaria da área. Como chamariz, mais de cinquenta opções da bebida no cardápio, todas obrigatoriamente artesanais e italianas. O projeto causou frisson na época e desde então, é um marco e um dos melhores endereços da capital italiana para beber e ainda, comer bem - o menu está a cargo do badalado chef

Leonardo di Vincenzo (à direita): de bioquímico à empresário e ativista da cerveja

Gabriele Bonci, que carrega a fama de fazer as melhores pizzas da cidade.

27


Do mais, o bar está nos arredores do famoso Cam-

no, diferentes entre si, mas sempre com a premissa

po dei Fiori, em uma ruazinha estreita e de pedras

de trabalhar somente artesanais italianas; o No.Au., vai

tortas, no centro histórico. Como toda portinha ro-

para a vertente natural e orgânica; e o mais novo proje-

mana, surpreendentemente, te leva entre escadas

to da trupe é o La Bottega di Birra del Borgo, um espé-

e passagens, a um espaço enorme de três andares.

cie de mercadinho no qual dá para encontrar rótulos de

Com direito a porão e sótão. “Não que não houvesse

todo o país. Já nos arredores de Roma, em Palestrina,

cerveja artesanal em Roma. Mas, eram poucos os

o Taberna vai além da bebida

lugares e opções. Coisas muito pontuais e isoladas”,

e tende para a cozinha ro-

explica Paolo, que coordena a gestão também das ca-

manesca tradicional rústi-

sas. “Quando chegamos, éramos vistos como revolu-

ca; em Rivoli, na Tos-

cionários. Depois, veio a explosão”, conclui ele.

cana, o Bir & Flut, além das lupuladas,

Estavam esses garotos satisfeitos? Pois bem, não.

serve vinhos natu-

Vieram a terceira, a quarta casa. Todas em solo roma-

rais e champanhe.

Dias de festa: quando a Borgo abre ao público, o mestre cervejeiro Leo conduz o público pelas instalações da fábrica

Haja fôlego Não é que estava nos planos expandir

tanto,

mas as coisas aconteceram em proporções velozes. Hoje, a Borgo é responsável por todas as cervejarias do Eataly - o mega supermercado gourmet italiano, com sede em Turim e filiais nas cidades italianas de Roma, Milão, Florença e Gênova. O grupo, que está prestes a inaugurar em São Paulo, ainda possui filiais em Nova Iorque e Chicago, nos Estados Unidos; em Istambul, na Turquia; em Dubai, nos Emirados Árabes; e em Tóquio, no Japão. Já na Austrália, é de responsabilidade deles a Nomad rewing Co., que agrupa produção própria, bar e uma loja.

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No quesito distribuição das cervejas pelo mundo, a

de cerveja - entre as de portfólio, as sazonais e as

Birra del Borgo ainda é sucesso no sudeste Asiáti-

raridades, fruto das experiências da turma. Conver-

co- sobretudo Tailândia e Singapura; e no Brasil, via

tendo em volume, em média, isso resulta em mais

Have a Nice Beer, com exclusividade, é a queridinha

de um milhão de litros de cerveja fabricados.

entre as cervejas italianas. “Quase não acreditamos quando chegou o pedido para mandarmos o

Feito uma retrospectiva, os meninos meio que se

montante de 50 mil garrafas”, comenta Paolo, so-

olham e até se surpreendem com o tamanho e a

bre a remessa enviada à HNB quando as cervejas

responsabilidade que o negócio tomou. Nesse meio

da Borgo estrelaram o clube, em julho. “O mundo

tempo, vale lembrar que tudo isso aconteceu em

das cervejas artesanais vive um momento contagi-

nove anos. Os dez anos serão completados somente

ante. Especialmente, entre os brasileiros. Todo dia

em 2015. Imagina o que ainda vão aprontar: eles

tem alguém postando nossas cervejas no Twitter”,

não contam, mas com lábios em silêncio, Leo e

completa ele. Para abastecer tudo isso, a cervejaria

Paolo desconversam. E largam aquele sorrisinho

chega a produzir, anualmente, de 130 a 200 tipos

irônico - no bom sentido - no canto da boca.

Programe-se A Birra del Borgo abre as portas, uma vez por mês, para visitas em suas instalações. Basta fazer a inscrição pelo site da empresa e é gratuito. Ainda realiza três aberturas especiais e festiva: em janeiro, o Oyster Day, que une cerveja e ostras; em maio, acontece o BDB Day e marca o aniversário da

Mais em birradelborgo.it

cervejaria; já em novembro, o IPA Day, com suas barraquinhas de comida, música e geladas.

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PERSONAGEM

Por Giulia Moretti


Um dos grandes desafios do criar é a tela em branco. É um misto de sensações que passam da euforia de um novo trabalho à angustia das tantas ideias que permeiam a cabeça. Fernando Ribas, 37 anos, o autor da capa que ilustra a nossa edição, sabe muito bem disso (e convive diariamente) com tal processo. O conflito de ideias passa pela bagagem pessoal, a vontade de extrapolar a criatividade e ainda há as diretrizes do projeto a ser desenvolvido.

No caso do desafio lançado a ele, estampar a capa deste mês, veio de encontro a uma coisa que artista gosta: espírito livre. Essa é a tradução de Freigeist, a cerveja alemã que é uma das estrelas do clube HNB de outubro. Como o rótulo traz um fantasma, ele GOSTOU Dessa brincadeira e apostou nessa referência tanto no conceito quanto no aspecto gráfico. “minha base foi o estilo de pintura a óleo e a ilustração foi feita utilizando técnica vetorial. A finalização de luzes e cores foi no Photoshop CS6”, explica Ribas.

Raio X Fernando Ribas é designer e atua no mercado desde meados do ano 2000. Carrega no currículo um aporte no setor web e, nos últimos anos, passou a se dedicar também à ilustração e pintura digital. “Participei de um workshop com o artista francês Serge Birault, especializado nessa técnica. Desde então, tenho aplicado essa linha ao meu trabalho”, comenta o ilustrador.

Autodidata, sempre foi aquela criança que gostava de desenhar e muito ligada à arte. Já na vida de adulto, passou a ser um curioso pelo universo da cultura pop, games, computação gráfica e ficção científica. Hoje, segue os rumos de empreendedor como sócio de uma empresa de pagamentos mobile, no qual é responsável por toda a criação gráfica, do conceitual do produto aos vídeos e toda a demanda do design. Na trajetória profissional, já trabalhou em empresas como TV Globo, SBT, Grupo RBS, Bolsa de Mulher, Globo.com e algumas agências de publicidade no Rio de Janeiro.

Mais em behance.net/fernandoribas

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COISA DO BRASIL

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Por Leticia Rocha


Da cervejinha do boteco ao café da padaria. Nas entrelinhas, o que há de comum nas duas cenas bem cotidianas dos brasileiros: o copo americano. Um produto que, nos últimos anos, vive um ‘boom’ e deixou de ser só o copinho de bar. Virou hit na cena gourmet, na qual chefs criam receitas dispensam a louça e investem em servir seus pratos no copinho descolado. Ganhou também o mundo da cultura pop e sua forma estampa camiseta, grafite, produtos de design. É exportado para mais de 70 países e, evidentemente, fruto de tanta cópias e imitações. Com tal explosão, chegou a um dos endereços mais badalados de Nova Iorque, nos Estados Unidos: o MOMA, o museu de arte moderna da Big Apple e um dos mais celebrados do mundo. Na ocasião, foi tema de uma mostra dedicada aos ícones de design brasileiro na exposição, foram selecionados 75 produtos para representar esse país de proporções gigantescas.

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Nesse contexto, é paradoxal (no bom sentido) pensar que foi

a Nadir Figueiredo revela que, entre os procedimentos

projetado apenas para ser uma solução barata e resistente

vitais de modelagem da peça, está o modo em que o vidro

para abastecer a grande demanda do setor foodservice -

é trabalhado. Com uma gota de tal matéria-prima, em

voltado para negócios como bares, restaurantes e hotéis.

equipamento moderno especialmente desenvolvido para

Isso aconteceu em 1947 e desde então é fabricado pela

o feitio, o copo americano é modelado em 30 segundos.

mesma empresa, a Nadir Figueiredo, 100% brasileira, com

Desta etapa, percorre esteiras no galpão de produção para

sede em São Paulo. Em 2012, a fabricante comemorou o

receber tratamentos que garantem brilho, resistência e

centenário.

ajuda a evitar quebras espontâneas, um ponto fato comum quando o vidro não passa por minucioso acabamento.

Nesse início, faziam-se somente dois copos por minuto; em 1965, já com uma evolução enorme para a época, o

Portfólio

número subiu para 65 unidades. Com investimentos e

Ao longo da trajetória do produto, a família cresceu. Ao lado

modernização, hoje a fábrica está estruturada para fazer,

do Tradicional, de 190 ml, o chamado de americano; há o

no mesmo tempo, 400 copos. E sem parar, 24 horas por dia.

Rocks, de 300 ml, para destilados. O Long Drink, disponível nas versões 300 ml e 450 ml, é indicado para coquetéis e

Em 2010, para fazer uma associação ao número de

bebidas não alcoólicas, respectivamente. O Dose, de 45 ml,

referência do produto no mercado, a marca resolveu fazer

serve shots. Há também os kits, que são temáticos, com

uma matemática curiosa. Contabilizar, desde a criação até

embalagem ao estilo retrô e boa opção para presentear.

o ano em questão, os números da produção do americano.

O Boteco traz quatro copos do modelo original - o que

O resultado trouxe a marca de 6 bilhões de unidades

serve uma garrafa de cerveja de 750 ml e vem ainda com

fabricadas. Enfileiradas, em série, chegaria à marca de 402

a primeira novidade da marca que não é um copo, uma

mil quilômetros ou 10 voltas ao redor da Terra.

tigelinha que segue as formas da linha. O conjunto Cerveja é composto por seis unidades do americano e o Dose vem

Fórmula A técnica de fabrico do produto é o segredo da marca. Porém,

Versão para presente: de olho no mercado gourmet e com design retrô, marca lança kits temáticos

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com seis copinhos.

Mais em copoamericano.com.br



COSMOPORITA Por Rita Michalsky *

Sigo à risca as palavras de um grande viajante, Mario Quintana. O ‘poeta das coisas simples’, sempre trabalhava suas letras a temática de que a gente deve se deixar levar, com olhar atento e curioso, pelos caminhos do mundo: seja ali, na esquina de casa ou ao atravessar oceanos. Em todas as viagens que realizo, sou intensa. Saio de peito aberto ao desconhecido. Sou desesperada pelo novo. Isso inclui o paradoxal, o cotidiano. Acho que até para assimilar tudo isso é que estou sempre rodeada de arte, viagens e imagens. Prazer, meu caro leitor, sou CosmopoRita! Já chego assim, ancorada em citações, palavras soltas e, talvez, até com alguns exageros. Entre uma narrativa e outra, desejo passar minhas sensações e descobertas pelo mundo. Quando comecei a escrever este texto, pensei, por onde começar? Sem exibicionismos, apenas culpa das trajetórias que a vida nos joga no colo: nasci em São Paulo, digamos que por acaso, por conta de

um trabalho que meu pai havia assumido na época. Como toda a minha família é enraizada no Rio Grande do Sul, aos oito anos, fomos para Porto Alegre. Depois de lá, morei no Rio de Janeiro, Salvador, nos confins da Chapada Diamantina. Na bucólica Provence, na França; na caótica e absurdamente histórica e bela, Roma, na Itáliana qual, hoje, vivo. Mas, se o viés aqui é entremear pelo universo das cervejas, me veio a Bélgica. Ali, aterrei a primeira vez por volta das nove da noite, era outono. A cidade de destino era Bruxelas e eu estava eufórica, como sempre. Coisas clássicas na vida de quem vive entre embarques e desembarques, a bagagem ficou presa em Madri - o voo fazia conexão na Espanha. Fiquei sem nada, mas não perdi o humor. Fiz a ocorrência e pronto. As malas estariam no hotel no dia seguinte. Meus amigos vieram me buscar. Quando a porta automática do aeroporto se abriu, respirei fundo, entrei naquele carro, a trilha era U2. Batia um vento

suave e a cidade, pouco a pouco, se descortinava para mim. Entre esquinas e avenidas, veio ela: La Grand Place, a praça mais famosa da cidade. Naquela noite, acontecia ali o tradicional festival da cidade, conhecido em todo o mundo. Era uma coisa que eu jamais havia visto e provado - o ano era 2004 e o Brasil estava muito longe ainda da explosão gourmet que vive hoje. Ácidas, frutadas, intensas. Como criança que descobre um parque de diversões, queria tudo. E, olha, devo confessar que sai ‘um pouco alta’ de lá. Para amenizar os níveis alcoólicos, resolvemos finalizar a nossa noite, no aconchegante Le Perroquet. Trata-se de um bar, especializado em sanduíches no pão pita - aquele que lembra uma folha; e que abriga recheios diversos e no qual é permitido versar, a cada mordida, maionese e tantos outros molhinhos. Para comer e se lambuzar mesmo! Teve saideira, óbvio! Foi uma Blanche de Namur. E assim, fui para os braços de Morfeu, sorrindo.

*Rita Michalsky estudou arte, trabalhou com moda, foi produtora de cinema e TV. Cansou da high society e mudou-se para a Europa. Entre França e Itália, já são quatro anos. No Velho Continente, berço gastronômico que é, ela agora usa dólmã e trabalha, feliz da vida, na cozinha.


TENDĂŠNCIA Por Giulia Moretti


Pode ser culpa de todo aquele discurso de vida moderna, falta de tempo, praticidade. Talvez, não aponte nada disso e seja, justamente, o inverso: o caminho de volta, o reencontro das coisas simples. Já foi-se o tempo que o melhor jantar do mundo pedia restaurante chique, no bairro das lojas de grife, com cardápio internacional. Luxo, hoje, são pequenos prazeres. Conseguir chegar cedo em casa, preparar o próprio jantar, com ervas que cresceram na varanda de casa ou na janela do apartamento. De chinelo ou pés descalços, botar um som para tocar na vitrola, pegar uma tacinha.

Qual é o seu clube? Cervejas: haveanicebeer.com.br Vinho: wine.com.br Vinil: noize.com.br Ingredientes Gourmet: bistrobox.com.br Esmalte: mariasdoesmalte.com.br Cueca, meia e barbeador: rabixo.com.br Pets: dogbox.com.br


É nesse contexto do ‘menos é mais’, que crescem a passos largos no país, os clubes de assinaturas - iniciativas formatadas para que o cliente receba, periodicamente, uma certa gama de produtos especiais em casa. E nessa oferta, a esteira de opções é extensa: ainda na seara gastronômica, há clube de vinho, de ingredientes gourmet e até de carnes especiais. “Temos a missão de desmistificar e democratizar o consumo do vinho no país”, explica Ricardo Flores, diretor de marketing da Wine. Este, configura-se hoje como o maior clube de vinhos da América Latina, possui mais de 75 mil sócios, conquistados ao longo de quatro anos de vida do ClubeW. “Acreditamos que o mercado de cerveja vai passar pela mesma transformação que o mercado de vinhos: o público deverá priorizar o consumo do produto por sua qualidade ao invés de consumir em quantidade”, complementa Flores, sobre a aquisição da Have a Nice Beer pela Wine, em 2013. Já voltados para o universo feminino, as opções são inúmeras e passeiam do básico, roupas e sapatos e acessórios e chega ao mundo dos esmaltes. Para os meninos, há um filão mais direcionados para o arsenal que eles nunca lembram de comprar, tais como meia, cueca e barbeador. A tendência chegou até nichos como dos pets: com a DogBox, os proprietários podem mimar seus cães, mensalmente, com brinquedinhos pensados, especialmente, para cada porte, tipo e idade de animal. Outro bom exemplo de clube, esse já mais voltado para a onda retrô, é o Noize Record Club, especializado em discos de vinil. Criado em 2013, é uma evolução da revista Noize, que há sete anos já está ligada ao cenário musical. Segundo Maria Joana de Avellar, editora do projeto, o objetivo é fomentar a cultura do vinil e lançar álbuns exclusivos. Na mecânica, o assinante recebe, a cada trimestre, a revista e um disco inédito. E propõe uma experiência de resgate dos processos de ler e ouvir um disco. “Nosso site tem notícias e matérias com a agilidade e a praticidade do streaming, mas a profundidade e o ritual exigido por uma revista impressa se assemelham à experiência que o vinil oferece”, explica o diretor de criação da empresa, Rafael Rocha.


PALAVRAS MALTADAS Por Juliana Gelbaum*

Durante boa parte da minha infância, o ponto alto dos meus finais de semana era espreitar a movimentação dos meus pais para surpreendê-los com o café da manhã - sempre posto à mesa, tão logo eles pisassem para fora do quarto. Para ele, sanduíches ridiculamente grandes e grotescos, envolviam até três fatias de pão de forma entremeadas por quase tudo o que estivesse disponível dentro na geladeira. Carne assada, frios, queijos, maionese, salada, pastinhas, patês... nada ficava de fora! E para ela, era o sagrado e solitário café coado. Eis que, recém-chegada em São Paulo, numa daquelas deliciosas ironias da vida, tive meu primeiro emprego no segmento de alimentos e bebidas. E foi como garçonete em uma cafeteria. Depois de anos de filtro, me vi cercada por aquele pó moído fininho que dá forma a encorpados expressos ou cafés curtos. Foi uma verdadeira invasão de novos aromas, sabores e sensações. A moral dessa história, caro leitor, caso você esteja se perguntando, é que essa experiência foi uma pequena, porém honestíssima revolução pessoal que me fez prestar atenção e, dessa forma, desenvolver meu paladar. Uma evolução clara, inclusive, em relação à cerveja. Sim, porque antes de adentrar nesse infinito universo, eu era aquela que marcava um chope com os amigos, torcia o nariz para os fermentados e, na hora do brinde, pedia uma caipirinha, um uísque ou qualquer outro destilado disponível. Portanto, hoje, consigo perceber, como minha resistência para o amargor, por exemplo, é muito maior do que era há quatro anos. E é essa conclusão que me faz torcer o nariz toda vez que escuto alguém chegar com uma tal de ‘bebida de mulher’. A língua - tal qual o abdômen, o coração ou o glúteo - é um músculo, e assim como todos os outros existentes em nosso corpo, merece ser exercitado. O pulo no gato, no copo ou no prato, é prestar atenção ao que agrada o seu paladar e pesquisar por correspondências. Amargas, ácidas, defumadas, adocicadas, com especiarias, achocolatadas, tostadas, caramelizadas, frescas, cítricas, frutadas ou florais. Cabe de tudo dentro dessas mágicas garrafinhas (ou, em alguns casos, garrafonas!) de cerveja. Sendo assim, preste atenção em tudo aquilo o que você bebe, come, gosta e desgosta, pesquise sobre os estilos cervejeiros e suas nuances, esteja disponível para experimentar e errar – pois o clichê ‘quem não arrisca, não petisca’ é sempre válido. Portanto, vá malhar suas papilas no bar! *Juliana Gelbaum é um misto de jornalista gulosa e garçonete curiosa que come sem fome. Carioca em solo paulistano, devora boas histórias, saliva por novos sabores e se farta de brindes sem razão. E não dispensa uma cerveja.

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PRÓXIMO CLUBE Por Diego Cartier

R$

70,90

2 Axe Edge 2 Jacob’s Ladder

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Buxton é uma cidade termal em Derbyshire, no sul da Inglaterra, conhecida pela qualidade da sua água. E é de lá que vem a cervejaria homônima do nosso clube de novembro. Os romanos chamavam a cidade de “Aquae Arnemetiae”, algo que pode ser traduzido, livremente, como “as águas da Deusa da Primavera”. O mais antigo assentamento encontrado por ali é, realmente, da Idade da Pedra e está localizado em uma área chamada Peak District, rodeado por um parque nacional. Assim, é natural que a cidade atraia turistas de todas as partes do planeta: porém, muita gente chega ao destino somente para aproveitar os spas termais. Desembarcam em busca das cervejas produzidas com a puríssima água local. Atualmente, a pequena cervejaria instalada lá e que leva o nome da cidade, não abre para visitas (mas a procura é tanta que logo eles serão obrigados a abrir!). De qualquer forma, dá para desfrutar do seu tap house, que funciona de sexta a domingo, em horários especiais, disponiveis no site da empresa. No espaço, é possível provar as cervejas de produções regulares, além das sazonais e as de experimentações exclusivas. Para completar, há um menu com foco na culinária regional e uma carta de, digamos, outras bebidas: vinho, gim, rum, vodca e uísque. Os destilados privilegiam os produtores artesanais das cercanias.

O ‘boom’ inglês A Inglaterra vive uma revolução no cenário cervejeiro e a Buxton é uma das grandes referências dessa ‘nova escola’. Chama a atenção do mercado mundial com produções de altíssima qualidade, inovação e receitas com boas doses de ousadia. Tudo isso, leia-se, sem perder as características tradicionais das cervejas britânicas. O resultado são cervejas acima da média, que unem complexidade, equilíbrio e drinkability. Não à toa, foram uma das grandes atrações do Copenhagen Beer Celebration, evento realizado em maio, na cidade homônima, na Dinamarca. Vale ressaltar que, apesar do pouco tempo de vida, já é considerada uma das melhores cervejarias do Reino Unido. Mais pontos para a Buxton: é legitimamente britânica, com uma equipe composta por ingleses, escoceses e irlandeses; e nos rótulos, buscam valorizar a região ao batizar suas cervejas com nomes de características geográficas e geológicas locais.

Para o clube Curiosidades pitorescas a parte, é essa trupe que nos brinda com duas belíssimas cervejas. Exclusivas, em primeiríssima mão no Brasil, para os nossos associados. A Jacob´s Ladder é uma saborosa Session Hoppy Ale, com apenas 2,8% de álcool, ideal para beber em volume, sem enjoar. Seja em um belíssimo dia de sol na beira da piscina ou numa agradável noitada até o amanhecer. Já a Axe Edge é o clássico absoluto da Buxton: rica em aromas e sabores, uma IPA cremosa e seca. Destaque para o frescor irresistível e as notas de frutas tropicais, pinho, abacaxi e grapefruit. Perfeita!

Mais em buxtonbrewery.co.uk



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